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LEI COMPLEMENTAR N° 58, DE 1° DE AGOSTO DE 2006

 Publicada no DOE(Pa) de 03.08.06.


 Vetos: mensagem 38/06.
 Republicada no DOE(Pa) de 23.08.06.
 Alterada pela Lei Complementar 59/06, 122/19.

Estabelece o Código de direitos, garantias e obrigações


do Contribuinte do Estado do Pará.

A ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO PARÁ estatui e eu sanciono a seguinte


Lei Complementar.

CAPÍTULO I

DOS PRINCÍPIOS

Art. 1º Esta Lei contém o Código de direitos, garantias e obrigações do Contribuinte do


Estado do Pará.
Art. 2º São objetivos do Código:
I - promover o bom relacionamento entre fisco e o contribuinte, baseado na cooperação, no
respeito mútuo e na parceria, visando fornecer ao Estado recursos necessários ao cumprimento
de suas atribuições;
II - assegurar ampla defesa dos direitos do contribuinte no âmbito dos processos
administrativos;
III - assegurar a adequada e eficaz prestação de serviços gratuitos de orientação aos
contribuintes.
Art. 3º Para efeito do disposto neste Código, contribuinte é a pessoa física ou jurídica que a
lei obriga ao cumprimento de obrigação tributária e que, independentemente de estar inscrita
como tal, pratique ações que se enquadrem como gerador de tributos de competência do Estado.

CAPÍTULO II

DOS DIREITOS DO CONTRIBUINTE

Art. 4º São direitos do contribuinte:


I - a igualdade de tratamento, com respeito e urbanidade, em qualquer repartição
administrativa ou fazendária do Estado;
II - o acesso gratuito aos dados e informações de seu interesse registrados nos sistemas de
tributação, arrecadação e fiscalização, e o fornecimento de certidões, se solicitadas, sem
cobranças de taxas, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade
do Estado;
III - a adequada e eficaz prestação de serviços públicos em geral e, em especial daqueles
prestados pelos órgãos e unidades da Secretaria Executiva de Estado da Fazenda;
IV - a efetiva educação tributária e a orientação sobre procedimentos administrativos;
V - a identificação do servidor nas repartições administrativas e fazendárias e nas ações
fiscais;
VI - a apresentação de ordem de serviço nas ações fiscais, dispensada essa nos casos de
controle do trânsito de mercadorias, flagrantes e irregularidades constatadas pelo fisco, nas
correspondentes ações fiscais continuadas nas empresas, inclusive;
VII - o recebimento do comprovante descritivo dos documentos, livros e mercadorias,
programas de computadores e arquivos magnéticos de documentos fiscais, entregues à
fiscalização ou por ela apreendidos, devendo a restituição dos documentos ou livros ocorrer no
prazo máximo de duzentos e quarenta dias após a entrega à fiscalização, ressalvados os casos
em que servirem de prova da infração, assegurado o direito de extração de cópias pelos
contribuintes, como também no caso de apreensão de mercadorias, a qual perdurará pelo tempo
necessário para que se tenha a prova constituída;
VIII - a recusa a prestar informações por requisição verbal, se preferir intimação por escrito;
IX - apresentar no prazo de até trinta dias, os documentos solicitados pelas autoridades
competentes, contados da data da ciência do contribuinte, no caso de fiscalização em
profundidade, casos em que a ação fiscal iniciará após a entrega dos mesmos, e nos demais
casos, o prazo para a entrega dos documentos nunca será inferior a sete dias úteis;
X - a informação sobre os prazos de pagamento e reduções de multa, quando autuado;
XI - a exigência de mandado judicial para permitir busca em local que não contenha
mercadoria ou documento de interesse da fiscalização;
Redação dada ao inciso XII do art. 4º pela LC 122/19, efeitos a partir de 12.06.19.
XII - a faculdade de apresentar petição aos órgãos públicos para defesa, se assim o desejar;
Redação original, efeitos até 11.06.19.
XII - a faculdade de, independente do pagamento de taxas, apresentar petição
aos órgãos públicos para defesa, se assim o desejar;

XIII - a obtenção de certidões em repartições públicas para defesa de direitos e


esclarecimento de situações de seu interesse, observado o prazo de dez dias pela autoridade
competente para fornecimento das informações e certidões solicitadas;
XIV - a observância, pela Administração Pública, dos princípios da legalidade, igualdade,
anterioridade, irretroatividade, publicidade, impessoalidade, uniformidade e razoabilidade;
XV - a faculdade de se comunicar com seu advogado ou entidade de classe quando sofrer
ação fiscal, sem prejuízo da continuidade desta;
XVI - a ampla defesa no âmbito administrativo, em prazo não inferior a trinta dias, sempre
garantida a dupla instância, e a reparação dos danos decorrentes de abuso de poder por parte do
Estado na fiscalização;
XVII - o acesso às informações dos valores que servirem de base à instituição de taxas.
Art. 5° A espontaneidade se restabelecerá pelo prazo de trinta dias, para eliminar
irregularidades relativas ao cumprimento de obrigação pertinente ao imposto, caso a fiscalização
não se conclua no prazo de cento e oitenta dias, contados da data em que ocorrer o recebimento
pela autoridade fiscal de todas as informações e documentos solicitados ao contribuinte.
§ 1º Quando a empresa auditada estiver jurisdicionada nas unidades fazendárias de
grandes contribuintes e substituição tributária os prazos citados no caput deste artigo passam a
ser de quarenta e cinco dias e duzentos e quarenta dias, respectivamente.
§ 2º Expirados os prazos previstos no caput e parágrafo anterior, se renovará por uma única
vez a ação fiscal e respectiva espontaneidade.
Art. 6º O contribuinte tem direito de gerir seu próprio negócio, sob o regime da livre
iniciativa, sendo vedada a divulgação, por parte da Fazenda Pública ou de seus funcionários, de
informação obtida em razão do ofício sobre a situação econômica ou financeira dos sujeitos
passivos ou de terceiros e sobre a natureza e o estado dos seus negócios e atividades.
Parágrafo único. Excetuam-se do disposto neste artigo os casos previstos nos artigos 198 e
199 do Código Tributário Nacional.
Art. 7º O contribuinte poderá recompor sua conta gráfica quando for detectado erro que não
resulte em recolhimento atrasado de imposto, bem como escriturar créditos a que tiver direito, não
apropriados na época própria, desde que não esteja sob ação fiscal.
§ 1º O contribuinte deverá comunicar a apropriação extemporânea, a repartição fazendária a
que estiver circunscrito, até o décimo dia do mês subseqüente ao da apropriação.
§ 2º A não comunicação no prazo previsto no parágrafo anterior, acarretará as sanções
previstas em lei específica.
Art. 8º O contribuinte terá acesso pleno e gratuito as suas informações cadastrais na
repartição fazendária.
Art. 9º Os cadastros de que trata o art. 8º serão objetivos, claros, atualizados e escritos em
linguagem de fácil compreensão.
Parágrafo único. A Administração Pública não poderá impor ao contribuinte obrigações de
que decorram de fatos alcançados pela prescrição.
Art. 10. O contribuinte, sempre que encontrar inexatidão nos seus dados cadastrais a qual
não deu causa, poderá pedir sua imediata correção, sem quaisquer ônus, devendo o órgão
competente providenciá-la em prazo razoável, fixado em regulamento.
Art. 11. VETADO
Parágrafo único. VETADO
Art. 12. São obrigações do contribuinte:
I - o tratamento com respeito e urbanidade, aos funcionários da administração fazendária do
Estado;
II - a identificação do titular, sócio, diretor ou representante nas repartições administrativas e
fazendárias e nas ações fiscais;
III - o fornecimento de condições de segurança e local adequado em seu estabelecimento
para a execução dos procedimentos de fiscalização;
IV - a apuração, declaração e recolhimento do imposto devido, na forma prevista na
legislação;
V - a apresentação em ordem, quando solicitados, no prazo estabelecido na legislação, de
bens, mercadorias, informações, livros, documentos, impressos, papéis, programas de
computador ou arquivos eletrônicos;
VI - a manutenção em ordem, pelo prazo previsto na legislação, de livros, documentos,
impressos e registros eletrônicos relativos ao imposto;
VII - a manutenção junto à repartição fiscal de informações cadastrais atualizadas relativas
ao estabelecimento, titular, sócios ou diretores.
§ 1º Na hipótese de recusa da exibição de mercadorias, informações, livros, documentos,
impressos, papéis, programas de computador e arquivos magnéticos de documentos fiscais, a
fiscalização poderá lacrar os móveis ou depósitos em que possivelmente eles estejam, lavrando
termo desse procedimento, do qual deixará cópia com o contribuinte, solicitando, de imediato, à
autoridade administrativa a que estiver subordinada as providências necessárias para que se faça
a exibição judicial.
§ 2º Relativamente ao inciso VII, através de procedimento fiscal cabível, tomando
conhecimento de verdade diversa da consignada nos registros sobre o contribuinte, a autoridade
fiscal pode efetuar de ofício a alteração da informação incorreta, incompleta, dúbia ou
desatualizada, devendo o contribuinte ser comunicado das alterações realizadas no prazo de
trinta dias após a alteração.
Art. 13. Os direitos, as garantias e as obrigações previstos nesta Lei não excluem outros
decorrentes de tratados ou convenções, da legislação ordinária, de regulamentos ou outros atos
normativos expedidos pelas autoridades competentes, bem como os que derivem da analogia,
dos costumes e dos princípios gerais do direito.
CAPÍTULO III

DA PROTEÇÃO, DA INFORMAÇÃO E DA ORIENTAÇÃO AO CONTRIBUINTE

Art. 14. O Estado estabelecerá normas e rotinas de atendimento nas repartições


administrativas e fazendárias, que permitam ao contribuinte:
I - a ampla defesa de seus direitos, nos processos administrativos e tributários, com o
acesso a todas as informações que serviram de base para autuação;
II - a proteção contra o exercício abusivo do poder de cobrança de tributo;
III - o sigilo sobre sua condição de contribuinte pontual ou inadimplente, para com a
Administração Fazendária, vedada à divulgação, nos meios de comunicação, de dados sobre
seus débitos;
IV - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais individuais ou coletivos,
na forma da lei, decorrentes da violação dos seus direitos.
Art. 15. VETADO
I - VETADO
II - VETADO

CAPÍTULO IV

DAS VEDAÇÕES

Art. 16. VETADO


I - VETADO
II - VETADO
Art. 17. Fica suspensa a inscrição em dívida ativa, até final do julgamento, de crédito
tributário garantido por depósito judicial, no valor total do tributo exigido objeto de ação que vise a
anular ou desconstituir o crédito ou o seu lançamento.
Art. 18. Não será exigida certidão negativa quando o contribuinte se dirigir a repartição
fazendária competente para formular consultas e requerer regime especial de tributação e
restituição de impostos, resguardado à Fazenda Pública o indeferimento da concessão em caso
de constatação de descumprimento, de obrigação de natureza tributária.

CAPÍTULO V

DAS NORMAS E DAS PRÁTICAS ABUSIVAS

Art. 19. São nulas de pleno direito as exigências administrativas que, nos termos da
regulamentação:
I - estabeleça obrigações não contempladas em lei;
II - estejam em desacordo com esta Lei; e
III - obriguem à renúncia do direito de indenização.
Art. 20. Considera-se abusiva, entre outros casos, a exigência que:
I - ofenda os princípios fundamentais do sistema jurídico; e
II - interfira nas decisões gerenciais dos negócios do contribuinte, fora do âmbito tributário.
Art. 21. É vedado à autoridade administrativa, tributária e fiscal, sob pena de
responsabilidade:
I - condicionar a prestação de serviço ao cumprimento de exigências burocráticas, sem
previsão legal;
II - fazer exigência ao contribuinte de obrigação não prevista na legislação tributária ou criá-
la fora do âmbito de sua competência;
III - recusar atendimento às petições do contribuinte de forma a restringir-lhe as operações;
IV - negar ao contribuinte a autorização para impressão de documentos fiscais, usando
como argumento a existência de descumprimento de obrigação principal ou acessória;
V - criar ou fazer exigências burocráticas ilegais;
VI - impor ao contribuinte a cobrança ou induzir a auto denúncia de débito, cujo fato gerador
não tenha sido devidamente apurado e demonstrado;
VII - fazer-se acompanhar de força policial nas ações fiscais, apenas para efeito coativo, em
estabelecimentos comerciais e industriais, sem que tenha sofrido embaraço ou desacato, sem
prejuízo das demais ações fiscais em que a requisição de força policial é necessária à efetivação
de medidas previstas na legislação tributária;
VIII - repassar informação depreciativa referente a ato praticado pelo contribuinte no
exercício de sua atividade econômica;
IX - bloquear, suspender ou cancelar inscrição do contribuinte sem motivo fundamentado ou
comprovado por agente do fisco;
X - recusar-se a identificar quando solicitado;
XI - inscrever o crédito tributário em dívida ativa ou ajuizar ação executiva fiscal quando
souber indevida;
Redação dada ao inciso XII do art. 21 pela LC 122/19, efeitos a partir de 12.06.19.
XII - exigir honorários advocatícios na cobrança de crédito tributário antes de sua inscrição
em dívida ativa;
Redação original, efeitos até 11.06.19.
XII - exigir honorários advocatícios na cobrança de crédito tributário antes de
ajuizada a ação, ainda que inscrito em dívida ativa;

XIII - utilizar-se dos dados cadastrais para dificultar o exercício dos direitos de que trata o
art. 4º desta Lei.

CAPÍTULO VI

DO CONSELHO ESTADUAL DE DEFESA DO CONTRIBUINTE - CODECON

Art. 22. VETADO


§ 1º VETADO
§ 2º VETADO
Acrescido o art. 22-A pela LC 59/06, efeitos a partir de 29.12.06.
Art. 22-A. Fica instituído Conselho Estadual de Defesa do Contribuinte - CODECON, órgão
de composição paritária, integrado por quatro representantes da Secretaria Executiva do Estado e
da Fazenda - SEFA, dois de entidades empresariais e dois de classe, e respectivos suplentes,
com atuação na defesa dos interesses dos contribuintes, na forma desta lei.
§ 1º O Secretário Executivo do Estado e da Fazenda, na qualidade de membro nato, é o
Presidente do CODECON, cabendo-lhe indicar os demais representantes, titulares e suplentes, da
SEFA.
§ 2º Os membros, titulares e suplentes, representantes das entidades empresariais e de
classe, serão indicados em lista tríplice ao Secretário Executivo de Estado e da Fazenda.
§ 3º Os representantes da SEFA e das entidades empresariais e de classe indicados na
forma dos parágrafos anteriores serão designados pelo Governador do Estado.
§ 4º As entidades empresariais e de classe a serem representadas no CODECON serão
indicadas pelo Secretário Executivo de Estado e da Fazenda.
Art. 23. VETADO
Acrescido o art. 23-A pela LC 59/06, efeitos a partir de 29.12.06.
Art. 23-A. O mandato dos membros do CODECON será de dois anos, admitida a
recondução.
Art. 24. VETADO
Acrescido o art. 24-A pela LC 59/06, efeitos a partir de 29.12.06.
Art. 24-A. As atribuições e o funcionamento do CODECON serão regulamentados por ato
do Poder Executivo Estadual.

CAPÍTULO VII

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 25. A norma que estabeleça condição mais favorável ao contribuinte será aplicada ao
parcelamento tributário já deferido ou que se encontre em tramitação, bem como a quaisquer
autuações fiscais com decisão pendente quanto à impugnação ou recurso administrativo que
tenha sido apresentado.
Art. 26. VETADO
Parágrafo único. VETADO
Art. 27. No julgamento do procedimento administrativo-tributário, a decisão será sempre
fundamentada em seus aspectos de fato e de direito, sob pena de nulidade.

CAPÍTULO VIII

DAS DISPOSIÇÕES ESPECÍFICAS QUANTO ÀS MICROEMPRESAS


E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

Art. 28. VETADO


§ 1° VETADO
§ 2° VETADO
§ 3° VETADO
§ 4° VETADO
§ 5° VETADO
§ 6º VETADO
Acrescido o art. 28-A pela LC 59/06, efeitos a partir de 29.12.06.
Art. 28-A. A Secretaria Executiva de Estado da Fazenda priorizará a orientação às
microempresas e empresas de pequeno porte.
§ 1º Dar-se-á por meio de Termo de Ajustamento Procedimental - TAP, a ser regulamentado
pela Secretaria Executiva de Estado da Fazenda, a orientação prévia a que se refere este artigo.
§ 2º A solicitação de baixa de inscrição no Cadastro de Contribuintes da Secretaria
Executiva de Estado da Fazenda e na Junta Comercial do Estado do Pará - JUCEPA será feita
por simples requerimento, nos termos do regulamento.
§ 3º A certidão de baixa da inscrição de que trata o parágrafo anterior somente será
fornecida após a constatação da inexistência de pendências tributárias de qualquer natureza.
§ 4º As microempresas e empresas de pequeno porte poderão solicitar à Secretaria
Executiva de Estado da Fazenda mediante simples requerimento, a suspensão de suas
atividades.

CAPÍTULO IX

DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 29. O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de sessenta dias contados da
data de sua publicação.
Art. 30. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação no Diário Oficial do Estado.
PALÁCIO DO GOVERNO, 1º de agosto de 2006.
SIMÃO JATENE
Governador do Estado

MENSAGEM Nº 038/06-GG Belém, 1º de agosto de 2006.

Excelentíssimo Senhor

Deputado MARIO COUTO FILHO

Presidente da Assembléia Legislativa do Estado

Local

Senhor Presidente,

Senhores Deputados,

Venho comunicar a Vossas Excelências que, nos termos do artigo 108, parágrafo 1º, da Constituição
Estadual, resolvi vetar parcialmente o Projeto de Lei Complementar nº 05, de 20 de junho de 2006, que
"Estabelece o Código de direitos, garantias e obrigações do Contribuinte do Estado do Pará."
Com efeito, o presente Projeto de Lei apresenta algumas disposições inconstitucionais por vício de iniciativa
e outras contrárias ao interesse público, as quais devem ser vetadas pelos motivos a seguir expostos:
O artigo 11 estabelece que, "consumada a prescrição relativa aos créditos tributários e a outros débitos de
responsabilidade do contribuinte, as repartições fazendárias, de ofício, excluirão de seus sistemas
quaisquer referências a eles."
Nota-se que citado dispositivo, ao determinar que as repartições fazendárias, de ofício, excluirão de seus
sistemas quaisquer referências aos créditos tributários e outros débitos de responsabilidade do contribuinte,
está, na verdade, conferindo atribuição à Secretaria Executiva de Estado da Fazenda - SEFA, o que fere o
artigo 105, inciso II, alínea "d", da Constituição Estadual, que confere a essa matéria a iniciativa reservada
do Chefe do Executivo.
Ressalta-se, ainda, que o veto ao mencionado dispositivo não causará prejuízo ao contribuinte, uma vez
que a prescrição está prevista no Código Tributário Nacional - CTN, nos artigos 156, inciso V, 173 e 174.
O artigo 15, igualmente, confere atribuição àquela Secretaria Estadual ao determinar que cabe ao Estado
implantar, no prazo de 180 dias, um serviço gratuito e permanente de orientação e informação ao
contribuinte, subordinado à SEFA, na forma que dispuser o regulamento, bem como realizar, anualmente,
campanha educativa com o objetivo de orientar o contribuinte sobre seus direitos e deveres.
Assim, sendo o Projeto em comento de iniciativa parlamentar, não pode conferir atribuições à Secretaria
Estadual, pois viola o artigo 105, inciso II, alínea "d", da Constituição Estadual, que determina ser tal matéria
de competência privativa do Chefe do Executivo. Por outro lado, a SEFA já pratica, entre suas atividades
institucionais, a orientação e a informação ao contribuinte.
O artigo 16 apresenta um erro grave: determina serem vedadas, "em prejuízo" das garantias asseguradas
ao contribuinte e do disposto no artigo 150 da Constituição da República e na legislação complementar
específica, as condutas que descreve nos incisos I e II.
Ora, ao prejudicar as garantias asseguradas ao contribuinte e as disposições constitucionais aplicáveis, pré-
citado artigo fere os direitos e garantias fundamentais assegurados constitucionalmente ao cidadão,
ensejando, assim, a sua inconstitucionalidade. Todavia, o veto não causará prejuízo, posto que os preceitos
estão assegurados na Constituição Federal.
Os artigos 22, 23 e 24 também apresentam vício de iniciativa. Isso porque o artigo 22, ao instituir o
Conselho Estadual de Defesa do Contribuinte, órgão de composição paritária com atuação na defesa dos
interesses dos contribuintes, na realidade está criando um órgão público, o que é competência privativa do
Chefe do Executivo, nos termos do artigo 105, inciso II, alínea "d" da Constituição Estadual.
Portanto, a proposta em questão, sendo de iniciativa dos parlamentares, não respeitou o processo
legislativo estabelecido na Constituição Estadual, que determina pertencer à reserva de iniciativa privativa
do Chefe do Executivo a criação de órgãos, sendo, sob esse aspecto, igualmente inconstitucional.
Ressalta-se que é nesse sentido que o Supremo Tribunal Federal vem declarando inconstitucionais as leis
de iniciativa parlamentar que criam conselhos estaduais, com base no entendimento de que a criação de
órgãos públicos é de iniciativa reservada do Chefe do Executivo, nos termos do artigo 61, parágrafo 1º,
inciso II, alínea "e", da Constituição Federal (v.g. ADI 2654-2, ADI 1391-2 e ADI 2295-4).
Com o veto ao artigo 22, que cria o Conselho Estadual de Defesa do Contribuinte - CODECON os artigos
23 e 24, que também trazem disposições acerca do CODECON, igualmente merecem ser vetados porque
decorrem daquele artigo.
O artigo 26 determina que, em qualquer fase do procedimento administrativo tributário em que for juntado
novo documento, o contribuinte será intimado a se manifestar e terá renovado o seu prazo de defesa.
Referido dispositivo merece ser vetado por atentar contra o interesse público, tendo em vista que,
consoante manifestação da SEFA, a possibilidade de juntar qualquer documento e, por conseguinte, ser
aberto novo prazo para defesa poderá viabilizar a apresentação com intuito meramente protelatório. Além
disso, o direito de defesa do contribuinte está assegurado na Lei Estadual nº 6.182, de 30 de dezembro de
1998, que dispõe sobre os procedimentos administrativos tributários no Estado do Pará, especificamente
nos artigos 13, 21 e 22, que dispõem sobre o mesmo assunto de maneira mais precisa, evitando-se a mera
protelação, com a dilação do prazo de defesa.
Finalmente, aponta-se a inconstitucionalidade do artigo 28 e seus parágrafos, mais uma vez por
inobservância da iniciativa reservada ao Chefe do Executivo para conferir atribuições à Secretaria Estadual,
no caso a SEFA, violando o artigo 105, inciso II, alínea "d", da Constituição Estadual.
Destaca-se que o parágrafo 2º do mencionado artigo, além de conferir atribuição à SEFA, consoante
informações daquele Órgão, imobiliza a atividade fiscalizatória e dá amparo legal à recidiva do erro e da
infringência.
Ressalta-se que os demais parágrafos, por estarem subordinados ao "caput" e igualmente tratarem de
atribuições da SEFA, merecem ser vetados por não subsistirem de per si e por serem, da mesma forma,
inconstitucionais por vício de iniciativa, dada a inobservância ao artigo 105, inciso II, alínea "d", da
Constituição Estadual.
Esclareça-se, ainda, que o veto ao artigo 28 e seus parágrafos não prejudicará as microempresas e
empresas de pequeno porte, haja vista que o Estado dispõe de uma lei específica sobre elas; trata-se da
Lei nº 6.616, de 7 de janeiro de 2004, que "Disciplina o Regime Simplificado de Apuração do ICMS - Pará-
Simples, aplicável à microempresa, à empresa de pequeno porte e ao contribuinte pessoa natural no Estado
do Pará, e dá outras providências."
Sendo assim, sinto-me no dever de vetar os artigos 11 e parágrafo único, 15, 16, 22 e parágrafos 1º e 2º,
23, 24 e 28 e seus parágrafos dada a inconstitucionalidade dos mesmos e por não terem observado as
disposições constitucionais relativas à reserva de iniciativa do Chefe do Executivo para dispor sobre a
criação de órgãos públicos e atribuições de secretarias estaduais, nos termos do artigo 105, inciso II, alínea
"d", da Constituição Estadual, bem como de opor veto ao artigo 26 e seu parágrafo único por contrariedade
ao interesse público.
Essas, Senhor Presidente, Senhores Deputados, são as razões que me levaram a vetar parcialmente o
Projeto em causa, as quais ora submeto à elevada apreciação de Vossas Excelências.
SIMÃO JATENE
Governador do Estado

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