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CAPÍTULO I
DOS PRINCÍPIOS
CAPÍTULO II
CAPÍTULO IV
DAS VEDAÇÕES
CAPÍTULO V
Art. 19. São nulas de pleno direito as exigências administrativas que, nos termos da
regulamentação:
I - estabeleça obrigações não contempladas em lei;
II - estejam em desacordo com esta Lei; e
III - obriguem à renúncia do direito de indenização.
Art. 20. Considera-se abusiva, entre outros casos, a exigência que:
I - ofenda os princípios fundamentais do sistema jurídico; e
II - interfira nas decisões gerenciais dos negócios do contribuinte, fora do âmbito tributário.
Art. 21. É vedado à autoridade administrativa, tributária e fiscal, sob pena de
responsabilidade:
I - condicionar a prestação de serviço ao cumprimento de exigências burocráticas, sem
previsão legal;
II - fazer exigência ao contribuinte de obrigação não prevista na legislação tributária ou criá-
la fora do âmbito de sua competência;
III - recusar atendimento às petições do contribuinte de forma a restringir-lhe as operações;
IV - negar ao contribuinte a autorização para impressão de documentos fiscais, usando
como argumento a existência de descumprimento de obrigação principal ou acessória;
V - criar ou fazer exigências burocráticas ilegais;
VI - impor ao contribuinte a cobrança ou induzir a auto denúncia de débito, cujo fato gerador
não tenha sido devidamente apurado e demonstrado;
VII - fazer-se acompanhar de força policial nas ações fiscais, apenas para efeito coativo, em
estabelecimentos comerciais e industriais, sem que tenha sofrido embaraço ou desacato, sem
prejuízo das demais ações fiscais em que a requisição de força policial é necessária à efetivação
de medidas previstas na legislação tributária;
VIII - repassar informação depreciativa referente a ato praticado pelo contribuinte no
exercício de sua atividade econômica;
IX - bloquear, suspender ou cancelar inscrição do contribuinte sem motivo fundamentado ou
comprovado por agente do fisco;
X - recusar-se a identificar quando solicitado;
XI - inscrever o crédito tributário em dívida ativa ou ajuizar ação executiva fiscal quando
souber indevida;
Redação dada ao inciso XII do art. 21 pela LC 122/19, efeitos a partir de 12.06.19.
XII - exigir honorários advocatícios na cobrança de crédito tributário antes de sua inscrição
em dívida ativa;
Redação original, efeitos até 11.06.19.
XII - exigir honorários advocatícios na cobrança de crédito tributário antes de
ajuizada a ação, ainda que inscrito em dívida ativa;
XIII - utilizar-se dos dados cadastrais para dificultar o exercício dos direitos de que trata o
art. 4º desta Lei.
CAPÍTULO VI
CAPÍTULO VII
Art. 25. A norma que estabeleça condição mais favorável ao contribuinte será aplicada ao
parcelamento tributário já deferido ou que se encontre em tramitação, bem como a quaisquer
autuações fiscais com decisão pendente quanto à impugnação ou recurso administrativo que
tenha sido apresentado.
Art. 26. VETADO
Parágrafo único. VETADO
Art. 27. No julgamento do procedimento administrativo-tributário, a decisão será sempre
fundamentada em seus aspectos de fato e de direito, sob pena de nulidade.
CAPÍTULO VIII
CAPÍTULO IX
Art. 29. O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de sessenta dias contados da
data de sua publicação.
Art. 30. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação no Diário Oficial do Estado.
PALÁCIO DO GOVERNO, 1º de agosto de 2006.
SIMÃO JATENE
Governador do Estado
Excelentíssimo Senhor
Local
Senhor Presidente,
Senhores Deputados,
Venho comunicar a Vossas Excelências que, nos termos do artigo 108, parágrafo 1º, da Constituição
Estadual, resolvi vetar parcialmente o Projeto de Lei Complementar nº 05, de 20 de junho de 2006, que
"Estabelece o Código de direitos, garantias e obrigações do Contribuinte do Estado do Pará."
Com efeito, o presente Projeto de Lei apresenta algumas disposições inconstitucionais por vício de iniciativa
e outras contrárias ao interesse público, as quais devem ser vetadas pelos motivos a seguir expostos:
O artigo 11 estabelece que, "consumada a prescrição relativa aos créditos tributários e a outros débitos de
responsabilidade do contribuinte, as repartições fazendárias, de ofício, excluirão de seus sistemas
quaisquer referências a eles."
Nota-se que citado dispositivo, ao determinar que as repartições fazendárias, de ofício, excluirão de seus
sistemas quaisquer referências aos créditos tributários e outros débitos de responsabilidade do contribuinte,
está, na verdade, conferindo atribuição à Secretaria Executiva de Estado da Fazenda - SEFA, o que fere o
artigo 105, inciso II, alínea "d", da Constituição Estadual, que confere a essa matéria a iniciativa reservada
do Chefe do Executivo.
Ressalta-se, ainda, que o veto ao mencionado dispositivo não causará prejuízo ao contribuinte, uma vez
que a prescrição está prevista no Código Tributário Nacional - CTN, nos artigos 156, inciso V, 173 e 174.
O artigo 15, igualmente, confere atribuição àquela Secretaria Estadual ao determinar que cabe ao Estado
implantar, no prazo de 180 dias, um serviço gratuito e permanente de orientação e informação ao
contribuinte, subordinado à SEFA, na forma que dispuser o regulamento, bem como realizar, anualmente,
campanha educativa com o objetivo de orientar o contribuinte sobre seus direitos e deveres.
Assim, sendo o Projeto em comento de iniciativa parlamentar, não pode conferir atribuições à Secretaria
Estadual, pois viola o artigo 105, inciso II, alínea "d", da Constituição Estadual, que determina ser tal matéria
de competência privativa do Chefe do Executivo. Por outro lado, a SEFA já pratica, entre suas atividades
institucionais, a orientação e a informação ao contribuinte.
O artigo 16 apresenta um erro grave: determina serem vedadas, "em prejuízo" das garantias asseguradas
ao contribuinte e do disposto no artigo 150 da Constituição da República e na legislação complementar
específica, as condutas que descreve nos incisos I e II.
Ora, ao prejudicar as garantias asseguradas ao contribuinte e as disposições constitucionais aplicáveis, pré-
citado artigo fere os direitos e garantias fundamentais assegurados constitucionalmente ao cidadão,
ensejando, assim, a sua inconstitucionalidade. Todavia, o veto não causará prejuízo, posto que os preceitos
estão assegurados na Constituição Federal.
Os artigos 22, 23 e 24 também apresentam vício de iniciativa. Isso porque o artigo 22, ao instituir o
Conselho Estadual de Defesa do Contribuinte, órgão de composição paritária com atuação na defesa dos
interesses dos contribuintes, na realidade está criando um órgão público, o que é competência privativa do
Chefe do Executivo, nos termos do artigo 105, inciso II, alínea "d" da Constituição Estadual.
Portanto, a proposta em questão, sendo de iniciativa dos parlamentares, não respeitou o processo
legislativo estabelecido na Constituição Estadual, que determina pertencer à reserva de iniciativa privativa
do Chefe do Executivo a criação de órgãos, sendo, sob esse aspecto, igualmente inconstitucional.
Ressalta-se que é nesse sentido que o Supremo Tribunal Federal vem declarando inconstitucionais as leis
de iniciativa parlamentar que criam conselhos estaduais, com base no entendimento de que a criação de
órgãos públicos é de iniciativa reservada do Chefe do Executivo, nos termos do artigo 61, parágrafo 1º,
inciso II, alínea "e", da Constituição Federal (v.g. ADI 2654-2, ADI 1391-2 e ADI 2295-4).
Com o veto ao artigo 22, que cria o Conselho Estadual de Defesa do Contribuinte - CODECON os artigos
23 e 24, que também trazem disposições acerca do CODECON, igualmente merecem ser vetados porque
decorrem daquele artigo.
O artigo 26 determina que, em qualquer fase do procedimento administrativo tributário em que for juntado
novo documento, o contribuinte será intimado a se manifestar e terá renovado o seu prazo de defesa.
Referido dispositivo merece ser vetado por atentar contra o interesse público, tendo em vista que,
consoante manifestação da SEFA, a possibilidade de juntar qualquer documento e, por conseguinte, ser
aberto novo prazo para defesa poderá viabilizar a apresentação com intuito meramente protelatório. Além
disso, o direito de defesa do contribuinte está assegurado na Lei Estadual nº 6.182, de 30 de dezembro de
1998, que dispõe sobre os procedimentos administrativos tributários no Estado do Pará, especificamente
nos artigos 13, 21 e 22, que dispõem sobre o mesmo assunto de maneira mais precisa, evitando-se a mera
protelação, com a dilação do prazo de defesa.
Finalmente, aponta-se a inconstitucionalidade do artigo 28 e seus parágrafos, mais uma vez por
inobservância da iniciativa reservada ao Chefe do Executivo para conferir atribuições à Secretaria Estadual,
no caso a SEFA, violando o artigo 105, inciso II, alínea "d", da Constituição Estadual.
Destaca-se que o parágrafo 2º do mencionado artigo, além de conferir atribuição à SEFA, consoante
informações daquele Órgão, imobiliza a atividade fiscalizatória e dá amparo legal à recidiva do erro e da
infringência.
Ressalta-se que os demais parágrafos, por estarem subordinados ao "caput" e igualmente tratarem de
atribuições da SEFA, merecem ser vetados por não subsistirem de per si e por serem, da mesma forma,
inconstitucionais por vício de iniciativa, dada a inobservância ao artigo 105, inciso II, alínea "d", da
Constituição Estadual.
Esclareça-se, ainda, que o veto ao artigo 28 e seus parágrafos não prejudicará as microempresas e
empresas de pequeno porte, haja vista que o Estado dispõe de uma lei específica sobre elas; trata-se da
Lei nº 6.616, de 7 de janeiro de 2004, que "Disciplina o Regime Simplificado de Apuração do ICMS - Pará-
Simples, aplicável à microempresa, à empresa de pequeno porte e ao contribuinte pessoa natural no Estado
do Pará, e dá outras providências."
Sendo assim, sinto-me no dever de vetar os artigos 11 e parágrafo único, 15, 16, 22 e parágrafos 1º e 2º,
23, 24 e 28 e seus parágrafos dada a inconstitucionalidade dos mesmos e por não terem observado as
disposições constitucionais relativas à reserva de iniciativa do Chefe do Executivo para dispor sobre a
criação de órgãos públicos e atribuições de secretarias estaduais, nos termos do artigo 105, inciso II, alínea
"d", da Constituição Estadual, bem como de opor veto ao artigo 26 e seu parágrafo único por contrariedade
ao interesse público.
Essas, Senhor Presidente, Senhores Deputados, são as razões que me levaram a vetar parcialmente o
Projeto em causa, as quais ora submeto à elevada apreciação de Vossas Excelências.
SIMÃO JATENE
Governador do Estado