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1ª VARA CÍVEL
Rua Bento Gonçalves, 499
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Vistos etc.
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64-1-004/2017/245986 - 004/1.08.0005818-9 (CNJ:.0058181-45.2008.8.21.0004)
não sofreu prejuízo por ocasião da conversão dos vencimentos em URV, sendo que os
vencimentos dos servidores municipais foram majorados em percentuais maiores do que o
postulado pelo autor. Por fim, discorreu sobre incapacidade jurídica da Câmara de Vereadores
responder pela ação em juízo, cabendo ao ente público sua defesa. Pugnou pelo acolhimento das
preliminares e, no mérito, pela improcedência do pedido.
Houve réplica.
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Após, idas e vindas do feito, o autor acostou novos documentos,
consubstanciados em laudos periciais produzidos em outros feitos como o da espécie (fls.
218/243).
Designada nova perícia, sendo coligido aos autos o laudo pericial (fls.
258/60 e verso).
É O RELATO.
PASSO A DECIDIR.
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parcelas vencidas há mais de cinco anos da data do ajuizamento da ação, conforme
entendimento já sedimentado na jurisprudência, inclusive na Súmula nº 85 do STJ, in verbis:
“Nas relações jurídicas de trato sucessivo em que a Fazenda Pública figure como
devedora, quando não tiver sido negado o próprio direito reclamado, a prescrição atinge apenas as prestações
vencidas antes do quinquênio anterior à propositura da ação.”
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do artigo 22, VI, da Constituição Federal, é da competência privativa da União legislar sobre o sistema
monetário” e que os “reajustes determinados por leis supervenientes à Lei nº 8.880/94 não têm o
condão de corrigir equívocos procedidos na conversão dos vencimentos dos servidores em URV, por se
tratarem de parcelas de natureza jurídica diversa e que, por isso, não podem ser compensadas”.
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Nesse passo, o aumento salarial concedido aos servidores públicos por leis
posteriores não tem o condão de corrigir os equívocos efetuados quando da conversão dos
vencimentos para a URV, pois se tratam de parcelas de natureza diversa, o que impede a
compensação.
No presente caso, o laudo pericial apresentado nas fls. 349 e verso pelo
perito nomeado, no caso específico do cargo ocupado pelo autor, encontrou uma diferença
referente a perdas salariais no percentual de 4,121%, fazendo jus à parte autora a sua
implantação nos seus vencimentos, com vistas a reparar o prejuízo decorrente da incorreta
conversão da URV (perda de 8,13 URVs).
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Quarta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Alexandre Mussoi Moreira,
Julgado em 23/05/2012)
Sobre o tema, o tema, o art. 1º-F da Lei 9.494/97, com redação conferida
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pela Lei 11.960/2009, trouxe novo regramento para a atualização monetária e juros devidos pela
Fazenda Pública, prevendo que "nas condenações impostas à Fazenda Pública, independentemente
de sua natureza e para fins de atualização monetária, remuneração do capital e compensação da
mora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais de
remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança.”
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melhor reflete as perdas inflacionárias, de modo que tal índice é o que tem sido adotado no
âmbito das decisões do STJ e que adoto, do mesmo modo, no caso em apreço.
Logo, no caso dos autos, a correção monetária deverá se dar pelo IPCA e
os juros de mora devem ser calculados em 0,5% ao mês, até a entrada em vigor da Lei 11.960/09
(até 28/06/2009), sendo que, a partir de então, o cálculo dos juros de mora se dará com base no
índice oficial de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança, nos termos da
regra do art. 1º-F da Lei 9.494/97, com redação da Lei 11.960/09.
Por fim, no que diz com as custas processuais, tendo em vista que o feito
foi ajuizado anteriormente a 15.06.2015, antes, portanto, a vigência da Lei Estadual nº
14.634/2014, há que ser condenado o requerido ao pagamento das custas processuais pela
metade, na forma do artigo 11, alínea “a” da Lei Estadual nº 8.121/85, em sua redação original.
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Assim, deve ser julgado procedente o pedido declinado na inicial.
ISTO POSTO, a teor do art. 487, inc. I, do CPC/15, julgo procedente o pedido
ajuizado por MARCOS FLAVIO LOPES PINTO contra MUNICÍPIO DE BAGÉ, para condenar o
requerido a implementar o percentual de 4,121% nos vencimentos do autor, bem como ao
pagamento das respectivas diferenças salariais, observada a prescrição quinquenal. Os valores
atrasados deverão ser corrigidos monetariamente e acrescidos de juros de mora, nos termos da
fundamentação.
Publique-se.
Registre-se.
Intimem-se.
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