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COMARCA DE BAGÉ

1ª VARA CÍVEL
Rua Bento Gonçalves, 499
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Processo nº: 004/1.08.0005818-9 (CNJ:.0058181-45.2008.8.21.0004)


Natureza: Ordinária - Outros
Autor: Marcos Flavio Lopes Pinto
Réu: Município de Bagé
Juiz Prolator: Juiz de Direito - Dr. Humberto Moglia Dutra
Data: 19/12/2017

Vistos etc.

MARCOS FLAVIO LOPES PINTO ajuizou ação ordinária contra


MUNICÍPIO DE BAGÉ, postulando a condenação do demandado a proceder a revisão da sua
remuneração, face à incorreta conversão dos salários em URV, ocorrida apenas em 01.04.94,
quando o correto teria sido a conversão em 20.02.1994. Pediu, ainda, a concessão de assistência
judiciária gratuita.

Na inicial, alegou, em suma, que foi servidor público municipal, nomeado


sob o regime de cargo em comissão, lotado na Câmara Municipal de Vereadores de Bagé e que
com o advento do Plano Real o ente público requerido não observou a data adequada para
conversão dos seus vencimentos em URV, o que trouxe significativa perda do seu valor.

Deferido o benefício de AJG.

Regularmente citado, o demandado apresentou contestação, arguindo, em


preliminar, que o autor é carecedor da ação, porquanto não era servidor público à época da
conversão das remunerações em URV. Suscitou, ainda, a prescrição das parcelas vencidas no
período que antecedeu em cinco anos o ajuizamento do presente feito. No mérito, alegou que
inexiste inconstitucionalidade na Lei Municipal 3.081/94, a qual deveria ser alegada pela via
própria, perante o TJ/RS. Impugnou certidão acostada pelo autor. Aduziu, ainda, que o autor

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não sofreu prejuízo por ocasião da conversão dos vencimentos em URV, sendo que os
vencimentos dos servidores municipais foram majorados em percentuais maiores do que o
postulado pelo autor. Por fim, discorreu sobre incapacidade jurídica da Câmara de Vereadores
responder pela ação em juízo, cabendo ao ente público sua defesa. Pugnou pelo acolhimento das
preliminares e, no mérito, pela improcedência do pedido.

Houve réplica.

Instadas a se manifestarem acerca do interesse na produção de outras


provas, a parte autora postulou a realização de perícia contábil.

Sobreveio laudo pericial (fls. 50/3).

Apontado defeito processual na intimação da parte autora, foi


oportunizado às partes a apresentação de quesitos periciais.

A parte autora ofereceu agravo retido à decisão acima.

Sobreveio novo laudo pericial (fls. 71/3), dando-se ciências as partes.

O Ministério Público se manifestou, opinando pela improcedência do


pedido.

Foi exarada sentença de improcedência do pedido (fls. 84/6, e verso).

Em sede de apelação interposta pela parte autora, foi dado provimento ao


agravo retido (fls. 156/61), restando desconstituída a sentença, para fins de complementação ao
exame técnico.

Baixados os autos a esta instância, foi reaberta a instrução do feito, sendo


designado novo perito para realização do trabalho técnico.

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Após, idas e vindas do feito, o autor acostou novos documentos,
consubstanciados em laudos periciais produzidos em outros feitos como o da espécie (fls.
218/243).

Designada nova perícia, sendo coligido aos autos o laudo pericial (fls.
258/60 e verso).

Acostado ofício da Câmara Municipal de Vereadores do Município de Bagé


(fls. 275/85), contendo novos esclarecimentos acerca da criação do cargo o qual o autor ocupou,
bem como da remuneração da função, o perito elaborou novo laudo (fls. 303/5, 313/4, 328/9 e 349
e verso).

Encerrada a instrução apenas o autor apresentou memoriais (fls. 354/9).

Vieram os autos conclusos.

É O RELATO.
PASSO A DECIDIR.

Trata-se de ação de cobrança ajuizada pelo autor, servidor lotado na


Câmara de Vereadores de Bagé, na qual alega a existência de diferenças decorrentes da
aplicação incorreta dos critérios previstos na legislação, na época da conversão dos
vencimentos dos servidores, de cruzeiros reais em URV (Plano Real).

De saída, ressalto que as preliminares de falta de interesse de agir e de


ilegitimidade ativa, como condições da ação e da forma como postas em contestação,
confundem-se com o mérito e como tal serão analisadas.

Já quanto à prescrição, em se tratando de benefício de prestação


continuada, a prescrição não atinge o fundo de direito, mas somente o direito à percepção das

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parcelas vencidas há mais de cinco anos da data do ajuizamento da ação, conforme
entendimento já sedimentado na jurisprudência, inclusive na Súmula nº 85 do STJ, in verbis:

“Nas relações jurídicas de trato sucessivo em que a Fazenda Pública figure como
devedora, quando não tiver sido negado o próprio direito reclamado, a prescrição atinge apenas as prestações
vencidas antes do quinquênio anterior à propositura da ação.”

Assim, no caso de eventual procedência do pedido, deverá ser observada a


prescrição das parcelas eventualmente devidas, referentes ao período que antecedeu os cinco
anos anteriores ao ajuizamento da ação.

No mérito, trata-se de analisar a existência de perdas decorrentes da


alegada indevida conversão dos vencimentos dos servidores em Real.

Como já decidi em outros processos similares, o simples fato do ingresso


no serviço público ter ocorrido depois do período em que houve a conversão das remunerações
dos servidores públicos municipais em URV, por ocasião da instituição de denominado Plano
Real, não afasta, por si só, o direito a eventuais perdas salariais, já que se trata de correção
geral de vencimentos dos cargos públicos.

Outrossim, as informações prestadas na fl. 276 pela Câmara Municipal de


Vereadores de Bagé, evidenciam que o cargo de assessor parlamentar do Poder Legislativo
Municipal, para o qual o autor foi nomeado em 01.07.2003, foi criado pela Lei Municipal nº
2.468, de 07 de janeiro de 1988 anterior, portanto, a lei que determina a conversão dos
vencimentos e proventos em URV. Aplicável, portanto, ao caso dos autos.

Pois bem, revendo posicionamento anterior, passo a adotar o


entendimento da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, que ao julgar o recurso
especial nº 1101726/SP, submetido ao regime do artigo 543-C do CPC, concluiu que “é obrigatória
a observância, pelos Estados e Municípios, dos critérios previstos na Lei Federal nº 8.880/94 para a
conversão em URV dos vencimentos e dos proventos de seus servidores, considerando que, nos termos

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do artigo 22, VI, da Constituição Federal, é da competência privativa da União legislar sobre o sistema
monetário” e que os “reajustes determinados por leis supervenientes à Lei nº 8.880/94 não têm o
condão de corrigir equívocos procedidos na conversão dos vencimentos dos servidores em URV, por se
tratarem de parcelas de natureza jurídica diversa e que, por isso, não podem ser compensadas”.

Portanto, o entendimento atual da jurisprudência do STJ é de que todos os


entes federativos devem observância obrigatória aos critérios previstos na Lei Federal nº
8.880/94 para a conversão da URV, pois o texto constitucional prevê que é da competência
privativa da União legislar sobre o sistema monetário, bem assim que os reajustes
determinados por leis supervenientes não ensejam a correção dos equívocos na conversão dos
vencimentos dos servidores públicos em URV.

Nesse sentido, cito também o seguinte precedente do STJ;

“ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL. DIFERENÇA DECORRENTE DA


CONVERSÃO DA MOEDA EM URV. APLICAÇÃO DA LEI N. 8.880/94. COMPENSAÇÃO
COM REESTRUTURAÇÃO DA CARREIRA. IMPOSSIBILIDADE. 1. A Terceira Seção desta
Corte, em julgamento de recurso especial processado nos termos do art. 543-C do
Código de Processo Civil, confirmou o entendimento de que é obrigatória a observância,
pelos Estados e Municípios, dos critérios previstos na Lei Federal nº 8.880/94 para a
conversão em URV dos vencimentos e dos proventos de seus servidores, considerando
que, nos termos do artigo 22, VI, da Constituição Federal, é da competência privativa
da União legislar sobre o sistema monetário. 2. Em tal precedente, firmou-se a
compreensão de que os reajustes determinados por lei superveniente à Lei nº 8.880/94
não têm o condão de corrigir equívocos procedidos na conversão dos vencimentos dos
servidores em URV, por se tratarem de parcelas de natureza jurídica diversa e que, por
isso, não podem ser compensadas (REsp 1101726/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA
DE ASSIS MOURA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 13/5/2009, DJe 14/8/2009). 3. Inviável
a compensação da diferença decorrente da conversão da moeda com o reajuste
conferido pela Lei Delegada Estadual n. 43/2000, que reestruturou a carreira militar
mineira. 4. Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp 1137350/MG, Rel. Min. Jorge
Mussi, Quinta Turma, DJe 07DEZ09).”

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Nesse passo, o aumento salarial concedido aos servidores públicos por leis
posteriores não tem o condão de corrigir os equívocos efetuados quando da conversão dos
vencimentos para a URV, pois se tratam de parcelas de natureza diversa, o que impede a
compensação.

No presente caso, o laudo pericial apresentado nas fls. 349 e verso pelo
perito nomeado, no caso específico do cargo ocupado pelo autor, encontrou uma diferença
referente a perdas salariais no percentual de 4,121%, fazendo jus à parte autora a sua
implantação nos seus vencimentos, com vistas a reparar o prejuízo decorrente da incorreta
conversão da URV (perda de 8,13 URVs).

Sobre casos assemelhados, destaco os seguintes julgados do TJRS:

APELAÇÃO CÍVEL. SERVIDOR PÚBLICO. MUNICÍPIO DE BAGÉ. CONVERSÃO DOS


VENCIMENTOS EM URV. LEI Nº 8.880/94. PERDA SALARIAL. PACIFICAÇÃO DA
MATÉRIA NO ÂMBITO DO STJ. AGRAVO RETIDO NÃO CONHECIDO. Agravo retido não
conhecido, pois não reiterada sua apreciação nas razões recursais. O STJ pacificou a
matéria no julgamento do Recurso Especial Repetitivo n° 1.101.726-SP, concluindo que é
obrigatório que os Estados e Municípios observem os critérios previstos na Lei Federal
nº 8.880/94 para a conversão em URV dos vencimentos e dos proventos de seus
servidores, considerando que, nos termos do art. 22, VI, da CF, é da competência
privativa da União legislar sobre o sistema monetário e que os reajustes determinados
por leis posteriores à Lei nº 8.880/94 não têm o efeito de corrigir os equívocos
procedidos na conversão dos vencimentos dos servidores em URV, por se tratarem de
parcelas de natureza jurídica diversa e que, por isso, não podem ser compensadas.
Prova pericial contábil que aponta perdas salariais do servidor municipal, vinculado ao
Poder legislativo de Bagé, na ordem de 10,87%. A Lei Municipal nº 3.069/1994 não tem o
condão de compensar as perdas salariais decorrentes da conversão da URV, por ser
anterior a esta, não fazendo qualquer menção quanto à mesma, bem como por versar
sobre parcelas de natureza jurídica diversa. NÃO CONHECERAM DO AGRAVO RETIDO
E DERAM PROVIMENTO AO APELO. UNÂNIME. (Apelação Cível Nº 70046011490,

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Quarta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Alexandre Mussoi Moreira,
Julgado em 23/05/2012)

SERVIDOR PÚBLICO. MUNICÍPIO DE BAGÉ. CONVERSÃO DA URV. PERDAS SALARIAIS.


1. PRELIMINAR DE NULIDADE DA SENTENÇA POR CERCEAMENTO DE DEFESA.
Inocorrência. Aplicação do artigo 130 do CPC. 2. PRESCRIÇÃO. Não tem incidência na
espécie o art. 1º do Decreto nº 20.910/32. As prestações se caracterizam como sendo de
trato sucessivo, não tendo o Poder Público negado frontalmente o direito vindicado.
Aplicação ao caso do verbete nº 85 da Súmula do Superior Tribunal de Justiça. 3.
CONVERSÃO DA URV E PERDA SALARIAL: A Lei-Bagé nº 3.081, de 29ABR94, não tem o
condão de compensar a perda salarial sofrida com a instituição da unidade real de
valor - URV, porquanto é posterior à conversão, sem qualquer referência a ela e por se
tratar de parcelas de natureza jurídica distintas. Precedentes jurisprudenciais.
Jurisprudência desta Corte atestando as perdas salariais sofridas pelos servidores
integrantes do Poder Legislativo Municipal de Bagé, no índice de 10,82%. PRELIMINAR
AFASTADA. APELAÇÃO PROVIDA. (Apelação Cível Nº 70038134995, Terceira Câmara
Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Nelson Antônio Monteiro Pacheco, Julgado em
29/03/2012)

APELAÇÃO CÍVEL. SERVIDOR PÚBLICO MUNICIPAL. BAGÉ. URV. CONVERSÃO DOS


VENCIMENTOS DE CRUZEIRO REAL PARA UNIDADE REAL DE VALOR. - O art. 22, VI,
da Constituição Federal prevê a competência privativa da União para legislar sobre o
sistema monetário. Lei nº 8.880/94 que tem caráter nacional e é de observância
obrigatória para todos os entes da Federação. - Prova pericial contábil que comprova a
defasagem dos vencimentos gerada pela inobservância das regras previstas para a
conversão, realizada a contar de 1º de abril de 1994 pela Lei Municipal nº 3.081/1994.
DERAM PROVIMENTO À APELAÇÃO. (Apelação Cível Nº 70038076436, Terceira Câmara
Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Matilde Chabar Maia, Julgado em 15/03/2012)

As parcelas atrasadas deverão ser corrigidas monetariamente e acrescidas


de juros de mora, a contar da citação.

Sobre o tema, o tema, o art. 1º-F da Lei 9.494/97, com redação conferida

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pela Lei 11.960/2009, trouxe novo regramento para a atualização monetária e juros devidos pela
Fazenda Pública, prevendo que "nas condenações impostas à Fazenda Pública, independentemente
de sua natureza e para fins de atualização monetária, remuneração do capital e compensação da
mora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais de
remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança.”

O Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade parcial, por


arrastamento, do art. 5º da Lei 11.960/09, que deu nova redação ao art. 1º-F da Lei 9.494/97, ao
examinar a ADIn 4.357/DF, Rel. Min. Ayres Britto. No ponto, a Suprema Corte declarou
inconstitucional a expressão "índice oficial de remuneração básica da caderneta de
poupança"contida no § 12 do art. 100 da CF/88. Assim entendeu porque a taxa básica de
remuneração da poupança não mede a inflação acumulada do período e, portanto, não pode
servir de parâmetro para a correção monetária a ser aplicada aos débitos da Fazenda Pública.
Igualmente reconheceu a inconstitucionalidade da expressão "independentemente de sua
natureza" quando os débitos fazendários ostentarem natureza tributária. Isso porque, quando
credora a Fazenda de dívida de natureza tributária, incidem os juros pela taxa SELIC como
compensação pela mora, devendo esse mesmo índice, por força do princípio da equidade, ser
aplicado quando for ela devedora nas repetições de indébito tributário.

Em virtude da declaração de inconstitucionalidade parcial do art. 5º da


Lei 11.960/09, pacificou-se o entendimento no sentido de que a correção monetária das dívidas
fazendárias deve observar índices que reflitam a inflação acumulada do período, a ela não se
aplicando os índices de remuneração básica da caderneta de poupança, e os juros moratórios
serão equivalentes aos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicáveis à caderneta de
poupança, exceto quando a dívida ostentar natureza tributária, para as quais prevalecerão as
regras específicas.

Embora o Relator da ADIn no Supremo, Min. Ayres Britto, não tenha


especificado qual deveria ser o índice de correção monetária a ser adotado, há importante
referência no voto vista do Min. Luiz Fux, que apontou para o IPCA (Índice de Preços ao
Consumidor Amplo), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, como sendo o índice que

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melhor reflete as perdas inflacionárias, de modo que tal índice é o que tem sido adotado no
âmbito das decisões do STJ e que adoto, do mesmo modo, no caso em apreço.

Logo, no caso dos autos, a correção monetária deverá se dar pelo IPCA e
os juros de mora devem ser calculados em 0,5% ao mês, até a entrada em vigor da Lei 11.960/09
(até 28/06/2009), sendo que, a partir de então, o cálculo dos juros de mora se dará com base no
índice oficial de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança, nos termos da
regra do art. 1º-F da Lei 9.494/97, com redação da Lei 11.960/09.

Sobre o tema, arrolo o seguinte precedente do TJ/RS:

APELAÇÃO CÍVEL. LICITAÇÃO E CONTRATO ADMINISTRATIVO. AÇÃO DE


COBRANÇA. PRESTAÇÃO DE CONTAS. CONVÊNIO. SERVIÇOS DE ENSINO
INFANTIL. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO PELO ENTE PÚBLICO. DESCABIMENTO.
VEDAÇÃO DE ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA. 1. (...) 3. A respeito dos índices de
atualização das condenações impostas à Fazenda Pública, a
inconstitucionalidade do art. 1º-F da Lei 9.494/97, restringe-se tão somente ao
índice de correção monetária, e não aos de juros mora. 4. Desse modo, no tocante
aos juros de mora contra a Fazenda Pública, estes devem incidir, a contar da
citação, no percentual de 0,5% ao mês até 28/06/2009, data da publicação da Lei
nº 11.960/09 e, após, em índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados
à caderneta de poupança. 5. Com relação ao índice de atualização monetária,
adota-se o IPCA-E por ser o atualizador monetário oficial do governo e o
indicador que melhor recompõe o poder aquisitivo da moeda. (...) . NEGADO
PROVIMENTO AO RECURSO. (Apelação Cível Nº 70069043966, Primeira Câmara
Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sergio Luiz Grassi Beck, Julgado em
31/08/2016).

Por fim, no que diz com as custas processuais, tendo em vista que o feito
foi ajuizado anteriormente a 15.06.2015, antes, portanto, a vigência da Lei Estadual nº
14.634/2014, há que ser condenado o requerido ao pagamento das custas processuais pela
metade, na forma do artigo 11, alínea “a” da Lei Estadual nº 8.121/85, em sua redação original.

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64-1-004/2017/245986 - 004/1.08.0005818-9 (CNJ:.0058181-45.2008.8.21.0004)
Assim, deve ser julgado procedente o pedido declinado na inicial.

ISTO POSTO, a teor do art. 487, inc. I, do CPC/15, julgo procedente o pedido
ajuizado por MARCOS FLAVIO LOPES PINTO contra MUNICÍPIO DE BAGÉ, para condenar o
requerido a implementar o percentual de 4,121% nos vencimentos do autor, bem como ao
pagamento das respectivas diferenças salariais, observada a prescrição quinquenal. Os valores
atrasados deverão ser corrigidos monetariamente e acrescidos de juros de mora, nos termos da
fundamentação.

Condeno o demandado, outrossim, ao pagamento de metade das custas


processuais e da integralidade dos honorários periciais, bem como de honorários advocatícios
do procurador da autora, a ser calculado de acordo com o previsto no art. 85, §§2º a 5º, do
CPC/15, em razão da iliquidez da decisão, por ocasião da liquidação da sentença.

Sentença sujeita ao reexame necessário, diante da iliquidez da decisão, nos


termos do art. 496 do CPC/15.

Com o trânsito em julgado, arquive-se com baixa.

Publique-se.
Registre-se.
Intimem-se.

Bagé, 19 de dezembro de 2017.

Humberto Moglia Dutra,


Juiz de Direito

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64-1-004/2017/245986 - 004/1.08.0005818-9 (CNJ:.0058181-45.2008.8.21.0004)

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