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Aula 14

Exercício (simulado de peça) de recurso de revista

Tonassiando Camargo, brasileiro, propôs reclamação trabalhista, pelo rito sumaríssimo, em face de sua ex-
empregadora Indústria Petroquímica Transforma Ouro e Glamour Ltda.

O reclamante apresentou pedidos líquidos, postulando equiparação salarial com Patrícia Hebe, a qual laborava na
mesma função, mas recebia R$ 500,00 a mais do que ela; adicional de periculosidade, face ao labor realizado em
contato com inflamáveis, calculado sobre o salário mensalmente recebido e correção monetária a partir do mês da
prestação dos serviços.

A reclamada sustentou que o labor não era perigoso, que as diferenças salariais não eram devidas porque a pa-
radigma tinha maior produtividade que o reclamante e que a correção monetária deve incidir apenas a partir do
mês subsequente ao da prestação dos serviços.

O laudo foi juntado aos autos pelo perito nomeado pelo juízo, que concluiu pela existência de periculosidade.

Foi proferida sentença deferindo o pagamento das diferenças salariais perseguidas em razão da equiparação
salarial, por entender pela ausência de prova do fato impeditivo alegado pela reclamada; o adicional de
periculosidade, em razão da conclusão do laudo pericial, calculado sobre o conjunto de parcelas de natureza
salarial do reclamante; e a correção monetária a partir do mês da prestação dos serviços, sob o argumento de que
a concessão ao empregador de prazo para pagamento dos salários até o 5º dia útil do mês subsequente ao da
prestação dos serviços é benefício que deve ser interpretado restritivamente, não abrangendo a correção monetá-
ria.

O juízo ainda arbitrou como valor da condenação a quantia de R$ 19.189,00 e, como custas processuais no im-
porte de 2% sobre o valor da condenação.

Contra a decisão proferida pelo juízo de primeiro grau, a reclamada, tempestivamente, interpôs recurso ordiná-
rio, impugnando integralmente a condenação imposta na sentença, repetindo os argumentos apresen-
tados na defesa e destacando os casos de violação ao texto de lei e à jurisprudência sumulada. Para tanto, a re-
clamada realizou o depósito recursal no importe de R$ 9.189,00 e recolheu as custas processuais.

O Tribunal Regional do Trabalho entendeu por conhecer do apelo patronal e negar-lhe provimento ao recurso
ordinário.

Na qualidade de advogado, considerando que a decisão foi publicada ontem, formule a peça processual cabível
em favor da reclamada.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO


TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA ....REGIÃO

Processo nº

INDÚSTRIA PETROQUÍMICA OURO E GLAMOUR LTDA., já qualificada nos autos em epí-


grafe em que contende com TONASSIANDO CAMARGO, também qualificado, vem respeito-
samente perante Vossa Excelência por intermédio de seu advogado abaixo assinado, com
fulcro no art. 896, § 6º da CLT, INTERPOR

RECURSO DE REVISTA

para o Colendo Tribunal Superior do Trabalho.

Encontram-se presentes todos os pressupostos de admissibilidade deste recurso, dentre os


quais se destacam:

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a) o depósito Recursal: recolhido no valor de R$ 10.000,00, conforme guia anexa.

b) as custas processuais foram recolhidas quando da interposição do recurso ordinário. Frisa-


se que não houve acréscimo no valor das custas e, portanto, não há valor algum a ser reco-
lhido.

c) prequestionamento: a matéria objeto do recurso está prequestionada, uma vez que foi
tratada no acórdão impugnado, nos termos da Súmula 297 do Colendo TST.

d) transcendência: a causa oferece transcendência com relação aos reflexos gerais de natu-
reza política, uma vez que a decisão recorrida foi proferida com desrespeito à Súmula do
TST, nos moldes do art. 896-A, § 1º, II, da CLT.

Diante do exposto, requer o recebimento do presente recurso, a intimação da outra parte


para apresentar contrarrazões ao recurso de revista no prazo de 8 dias, conforme estabelece
o artigo 900 da CLT e a posterior remessa ao Colendo Tribunal Superior do Trabalho.

Nesses Termos,
Pede deferimento.
Local e Data.
Advogado
OAB n°

AO COLENDO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO

RAZÕES DO RECURSO DE REVISTA

I - MÉRITO

1. Adicional de periculosidade

O Egrégio TRT manteve a sentença que fixou como base de cálculo do adicional de
periculosidade o conjunto de parcelas de natureza salarial do reclamante. Observa-se pelo
trecho a seguir do acórdão recorrido que a matéria está prequestionada: “...”.

Tal decisão caracteriza divergência jurisprudencial. Observe-se:

A súmula 191 do TST estabelece o seguinte:

“Súmula 191, I, TST.


I – O adicional de periculosidade incide apenas sobre o salário básico e não sobre
este acrescido de outros adicionais.
(...)”

Apesar da súmula 191 do TST estabelecer que a base de calculo do adicional de


periculosidade é o salário base do empregado, o juízo “a quo” posicionou-se de forma con-
trária, fixando como base de cálculo o conjunto de parcelas de natureza salarial.

Não se pode admitir decisão regional contrária ao entendimento consolidado do Co-


lendo TST.

Diante do exposto, requer a reforma do acórdão para que seja estabelecida como base
de cálculo do adicional de periculosidade o salário base do reclamante.

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2. CORREÇÃO MONETÁRIA

O Egrégio TRT manteve a sentença que condenou o reclamado ao pagamento da corre-


ção monetária a partir do mês da prestação dos serviços, sob o argumento de que a conces-
são ao empregador de prazo para pagamento dos salários até o 5º dia útil do mês subse-
quente ao da prestação dos serviços é benefício que deve ser interpretado restritivamente,
não abrangendo a correção monetária. Observa-se pelo trecho a seguir do acórdão recorrido
que a matéria está prequestionada: “...”

Tal decisão caracteriza divergência jurisprudencial. Observe-se:

A súmula 381 do TST estabelece o seguinte:

“Súmula 381, TST.


O pagamento dos salários até o 5º dia útil do mês subseqüente ao vencido não está sujeito à
correção monetária. Se essa data limite for ultrapassada, incidirá o índice da correção mone-
tária do mês subseqüente ao da prestação dos serviços, a partir do dia 1º.”

Apesar da súmula 381 do TST estabelecer que a correção monetária deve incidir a
partir do mês subsequente ao da prestação dos serviços, o juízo “a quo” posicionou-se de
forma contrária, condenando o reclamado a pagar a correção monetária a partir do mês da
prestação dos serviços.

Não se pode admitir decisão regional contrária ao entendimento consolidado do Co-


lendo TST.

Diante do exposto, requer a reforma do acórdão para que a correção monetária seja
fixada a partir do mês subsequente ao da prestação dos serviços.

II – REQUERIMENTOS FINAIS

Diante do exposto requer o conhecimento do presente recurso e, no mérito, o provimento do


recurso para fins de reforma do acórdão nos itens supra mencionados.

Nesses Termos,
Pede deferimento.
Local e Data.
Advogado
OAB n°...

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