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Espelho do Acórdão
Processo
Apelação Cível 1.0024.14.053189-8/001 0531898-74.2014.8.13.0024 (1)
Relator(a)
Des.(a) Edilson Olímpio Fernandes
Súmula
NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO
Comarca de Origem
Belo Horizonte
Data de Julgamento
31/10/2017
Ementa
Inteiro Teor
não ter sido posicionado no mesmo nível e grau que possuía antes do novo plano de carreira do qual pertence.
ACÓRDÃO
Vistos etc., acorda, em Turma, a 6ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade
da ata dos julgamentos, em NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO.
RELATOR.
VOTO
Trata-se de recurso interposto contra a sentença proferida nos autos Da Ação Ordinária ajuizada por IVONE NOLA
MARTINS E OUTROS contra o ESTADO DE MINAS GERAIS, que julgou improcedentes os pedidos e condenou os
autores ao pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios fixados em R$ 1.000,00 (ff. 217/222).
Os apelantes sustentam que a Lei Estadual nº 15.464/2005 reformulou o regime jurídico dos servidores que integram o
Grupo de Tributação e o cargo de Técnico Fazendário passou a ser denominado de Gestor Fazendário. Afirmam que o
regime jurídico de reposicionamento instituído pela Lei Estadual nº 16.190/2006 e pelo Decreto nº 44.328/2006 levou em
conta apenas o vencimento padrão, desconsiderando o tempo de serviço de cada um. Alegam que a carreira, atualmente,
possui cinco níveis e a nova fórmula de enquadramento prejudica os recorrentes, uma vez que já se encontram no final da
carreira. Destacam que existem servidores no início da carreira percebendo o mesmo vencimento básico de outros que
possuem mais de vinte anos de trabalho prestado ao Estado. Requerem o provimento do recurso com consequente reforma
do julgado de primeiro grau (ff. 223/245).
Versam os autos sobre ação ordinária em que os apelantes - servidores estaduais integrantes do Grupo de Tributação -
pretendem seja declarado o direito de serem reposicionados na carreira computando-se o tempo de serviço efetivamente
exercido no cargo de Técnico de Tributos Estaduais, de modo que seja afastado o enquadramento previsto na regra do artigo
21, I, alínea 'd', do Decreto nº 45.274/2009 e posicionados no Nível II da nova carreira instituída pela Lei Estadual nº
20.748/2013.
O Governo Estadual editou a Lei nº 15.464, de 13.01.2005, instituindo as carreiras do Grupo de Atividades de Tributação,
Fiscalização e Arrecadação do Poder Executivo e as carreiras de Técnico Fazendário de Administração e Finanças e de
Analista Fazendário de Administração e Finanças, e, posteriormente, a Lei nº 16.190, de 22.06.2006, estabeleceu as tabelas
de vencimento básico das carreiras do Grupo de Atividades de Tributação, Fiscalização e Arrecadação do Poder Executivo,
dispondo o artigo 3º que os servidores que integram a respectiva carreira serão posicionados por meio de Decreto.
O Decreto nº 44.328, de 26.06.2006, levou em consideração para posicionamento dos servidores a (i) escolaridade exigida
para o cargo efetivo transformado e o (ii) vencimento básico correspondente ao nível e o grau do cargo de provimento
efetivo transformado:
Art. 2º O servidor que teve seu cargo de provimento efetivo transformado nos termos da Lei nº 15.464, de 2005, fica
posicionado na respectiva carreira conforme os quadros constantes nos Anexos deste Decreto, tendo em vista o disposto no
art. 4º da Lei nº 16.190, de 2006, observada a correlação constante do Anexo IV da Lei nº 15.464, de 2005.
§ 1º Para o posicionamento de que trata o caput considera-se, em relação ao cargo anteriormente ocupado pelo servidor:
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II o vencimento básico correspondente ao nível e o grau do cargo de provimento efetivo transformado, percebido pelo
servidor na data de publicação da Lei nº 16.190, de 2006.
Posteriormente, foi editado o Decreto nº 45.274/2009 que efetuou novo reposicionamento para a carreira de Gestor
Fazendário (artigo 1º, VII), desta vez considerando o "tempo de serviço":
Art. 3º A contagem do tempo de efetivo exercício a ser considerado para o reposicionamento de que trata este Decreto terá
início a partir da data do último ato de posicionamento na classe, progressão ou promoção na carreira antiga e terminará na
data da vigência do posicionamento na nova carreira.
(...)
§ 7º Será deduzido da contagem de tempo de efetivo exercício, a ser considerado para o reposicionamento por tempo de
serviço nas carreiras de que tratam os incisos VII e VIII do art. 1º deste Decreto, o período correspondente ao interstício
necessário para a progressão por mérito de que trata o item 1 do § 1º do art. 22 da Lei nº 6.762, de 23 de dezembro de 1975,
caso o servidor não tenha obtido a referida progressão em virtude de avaliação de desempenho insatisfatória ou não
atendimento aos requisitos estabelecidos na citada Lei.
(...)
Art. 5º O servidor que não possuir o nível de escolaridade exigido para o nível da carreira em que for reposicionado, poderá
ser reposicionado até o último nível passível de reposicionamento, correspondente à sua escolaridade, contando o tempo
excedente somente para efeito de progressão no nível.
§ 1º Na hipótese prevista no caput, o reposicionamento ocorrerá por meio de progressões em número proporcional ao tempo
de efetivo exercício, contando-se um grau para cada interstício de 01 (um) ano de efetivo exercício, a partir do grau A,
observado o disposto no art. 3º.
Referida norma legal foi editada para corrigir a situação dos servidores que não obtiveram as promoções e progressões na
carreira antiga, ou seja, a carreira em que pertencia o cargo de provimento efetivo ocupado pelo servidor antes da vigência
do posicionamento realizado pela Lei Estadual 16.190/2006.
O Estado, com o novo regramento jurídico, procedeu ao reenquadramento do pessoal da Tributação levando em conta não só
o tempo de serviço na data do último ato de posicionamento do servidor na respectiva classe, mas também a progressão ou
promoção antiga até a data de vigência do posicionamento na nova carreira (30.06.2010), pelo que não há falar em nova
contagem de "tempo de serviço exercido no cargo de Técnico de Tributos Estaduais" (f. 26), conforme já decidiu a colenda
Terceira Câmara Cível em caso análogo:
Por fim, apenas para argumentar, anoto que o fato de ter havido reestruturação na carreira do quadro de pessoal o qual os
apelantes integram não lhes assegura o direito de manter a classificação em uma nova estrutura, pois, com a criação,
extinção e reclassificação de alguns cargos e atribuições, todo o parâmetro de níveis e graus é refeito para adequação dos
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vencimentos.
Diante desse quadro, o fato de ocupar e integrar, no passado, cargo classificado, à época, no último nível da carreira, não
garante o direito de manter dita classificação em uma nova estrutura, pois, com a criação, extinção e reclassificação de
alguns cargos e atribuições, todo o parâmetro de níveis e graus é refeito para adequação dos vencimentos.
A Administração Pública possui discricionariedade para instituir o regime jurídico e plano de carreira de seus servidores,
sendo vedado ao servidor invocar o direito adquirido visando manter o mesmo nível e padrão de vencimento que possuía
antes do seu reenquadramento.
O poder discricionário da Administração encontra limite sempre no princípio da irredutibilidade de vencimentos. Não
havendo redução de vencimentos, descabido o pleito de recebimento de diferenças remuneratórias pelo fato de o servidor
não ter sido posicionado no mesmo nível e grau que possuía antes do novo plano de carreira do qual pertence.
Inexistindo redução nominal nos vencimentos dos recorrentes, cuja prova dos fatos lhes competia (artigo 373, I, do CPC),
não se pode afirmar como ilegítima a alteração dos critérios remuneratórios.
Forçoso concluir que considerando que o servidor público não tem direito adquirido a regime jurídico e a fórmula de
composição de sua remuneração, o fato de a Administração Pública promover a criação de novos níveis e graus na carreira
não lhe confere o reenquadramento em outro nível, desde que não importe em redução nominal dos proventos (cf. AC nº
1.0313.13.015517-6/001, de minha relatoria, (DJe: 08.06.2015).
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