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24 de Junho de 2020

2º Grau

Tribunal de Justiça do Distrito Federal e


Territórios TJ-DF : 07158508620208070000
- Inteiro Teor

Processo
07158508620208070000

Órgão Julgador
3ª Turma Cível

Publicação
22/06/2020

Relator
MARIA DE LOURDES ABREU

Inteiro Teor
Trata-se de recurso de agravo de instrumento, com pedido de
concessão de efeito suspensivo, interposto pelo BANCO DO BRASIL
S/A (agravante/réu) da decisão que, nos autos da ação de indenização
por danos materiais (processo n.º 0734656-06.2019.8.07.0001)
movida por TERESINHA GOMES DA ROCHA, SANDRA CAMPOS
DE QUEIROZ, MARIA JOSE OLIVEIRA CAPISTRANO, LUCINEIDE
SOUSA CARVALHO e KATIA MARIA SILVA THE COELHO
(agravantes/autores), afastou as preliminares de ilegitimidade passiva
e de incompetência da justiça estadual e não declarou a prescrição,
nos seguintes termos (id 63184342): (...) Vistos, etc. Cuida-se de Ação
de Indenização por Danos Materiais ajuizada por KATIA MARIA THE
COELHO, LUCINEIDE SOUSA CARVALHO, MARIA JOSÉ
OLIVEIRA CAPISTRANO, SANDRA CAMPOS DE QUEIROZ e
TERZINHA GOMES DA ROCHA em face de BANCO DO BRASIL S/A.
Em síntese, sustentam as Autoras que são servidoras públicas, mas
que quando se dirigiram ao Banco do Brasil para sacar as cotas do
PASEP, como de direito, foram surpreendidas com a quantia irrisória
conforme tabela apresentada, com registros referentes apenas de 1999
em diante. Inconformadas, solicitaram junto ao banco as
microfilmagens do Banco Central referente a todo o período de suas
respectivas participações no PASEP. Dizem que ao receberem as
microfilmagens constataram, conforme esperado, a existência de
depósitos em suas respectivas contas individuais do PASEP entre 1975
e 1988, chegando valores que, acrescidos de juros e correção
monetária por longo período, resultariam em quantia bem superior à
encontrada. Alegam que os valores depositados foram mal
administrados e mal geridos pelo Banco do Brasil, em virtude de
ausência de atualização dos valores depositados, razão pela qual
contrataram perícia contábil que apurou serem devidos os valores
constantes na tabela de ID nº 49668277. Requereram a concessão dos
benefícios da justiça gratuita; o recebimento da prova documental
juntada; a inversão do ônus da prova; e a condenação do Réu no
pagamento das quantias, devidamente atualizadas, e já deduzidos os
valores recebidos, assim individualizadas: KATIA MARIA SILVA THE
COELHO - R$ 45.429,14; LUCINEIDE SOUSA CARVALHO - R$
42.943,01; MARIA JOSÉ DE OLIVEIRA CAPISTRANO - R$ 3.938,59;
SANDRA CAMPOS DE QUEIROZ - R$ 29.923,41; e TERESINHA
GOMES DA ROCHA - R$ 55.328,22. Requereram ainda a condenação
do Réu no ônus da sucumbência. Com a inicial vieram os documentos
de ID nº 49668065 a 49668301. Decisão de ID nº 51469971 indeferiu
a gratuidade de justiça postulada. Custas recolhidas no ID nº
54164278. A decisão de ID nº 54183641 recebeu a inicial e
determinou a citação da parte Ré. Citada, a Ré apresentou
Contestação ID nº 56594110, acompanhada dos documentos de ID nº
56594111 a 56594132. Alega o Réu prejudicial de mérito de prescrição
quinquenal para cobrança de correção monetária incidente sobre o
saldo de contas vinculadas ao PASEP, uma vez que a distribuição de
cotas vigorou até 1988, logo eventual recolhimento deveria ter sido
reclamado até 5 anos após o último depósito; prejudicial de prescrição
quinquenal das obrigações de trato sucessivo, atingindo as parcelas
que venceram até cinco anos antes da propositura da ação; bem como
prescrição decenal para contestação de saques e guarda de
documentos de saques do PASEP. Em sede de preliminar, suscitou
impossibilidade de concessão de assistência judiciária gratuita por
ausência de comprovação dos pressupostos legais; ilegitimidade
passiva do Banco por não possuir poderes de gestão do Fundo PIS-
PASEP e incompetência da justiça estadual, em virtude do
litisconsórcio passivo necessário com a União. No mérito, tece
explicações acera da criação do fundo PASEP e sua unificação com o
PIS, da consequente alteração da destinação dos recursos, e do
impedimento para abertura de novas contas. Alega que a
responsabilidade do Banco do Brasil se resume à administração do
PIS-PASEP, e que a gestão do fundo é atribuição do Conselho Diretor,
vinculado à Secretaria do Tesouro Nacional do Ministério da Fazenda,
conforme estabelecido no Decreto nº 1.608/95. Assim, os índices de
atualização são calculados e publicados pelo Conselho Diretor do
Fundo PIS-PASEP por meio de resolução anual, competindo ao Réu
somente aplica-los. Alega ainda que os rendimentos das Autoras
foram pagos via folha de pagamento, que foram incorporados aos seus
proventos. O saque desses rendimentos era facultado aos cotistas
anualmente. Informa que os participantes do PASEP correntistas do
Banco do Brasil e os vinculados às entidades empregadoras
conveniados com o Banco do Brasil para realizar o PASEP-FOPAG
têm seus rendimentos pagos em sua conta corrente/poupança ou na
folha de pagamento na época determinada pelo Conselho Diretor do
PIS-PASEP. Esclarece que o montante encontrado pelas Autoras em
suas contas individuais vinculadas ao PASEP resulta do fato de não
mais ter ocorrido depósitos a partir de 1988, dos saques dos
rendimentos recebidos anualmente, bem como da incidência de juros
remuneratórios anuais de 3%. Alegou inexistência de dano matéria, e
impugnou os cálculos apresentados pelas Autoras, os quais teriam
sido feitos utilizando índices estranhos aos incidentes nas contas
PASEP, bem como impugnou o Certificado de Auditoria de Contas
juntado pelas Autoras como documento hábil para demonstrar
suposto emprego indevido dos recursos do fundo PASEP. Por fim,
impugnou todos os documentos juntados pela parte Autora, por
constituírem prova unilateralmente constituída. Entende necessária a
produção de prova pericial contábil para a solução da lide. Ao final,
prequestionou todos os dispositivos legais, constitucionais e
infraconstitucionais nos quais se fundamentaram as teses jurídicas
apresentadas pelo Réu. Requereu o acolhimento das prejudiciais de
mérito alegadas; das preliminares suscitadas, com a consequente
extinção do feito sem resolução de mérito; a improcedência de todos
os pedidos formulados pelo autor; a intimação das Autoras para
apresentar comprovante de imposto de renda que justifique a
concessão dos benefícios da justiça gratuita. Requereu ainda, na
eventualidade de não acolhimento das preliminares e da eventual
condenação do Réu no pagamento de indenização, que o valor seja
condizente com o inexistente ânimo de ofender, a falta de gravidade e
a ausência de repercussão da ofensa, e que a restituição do valor seja
feita de forma simples, por ausência de má-fé. Pugnou pela
inaplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor e pelo
indeferimento do pedido de inversão do ônus da prova. Requereu, por
fim, a tramitação do feito em segredo de justiça, em razão da
apresentação de extratos protegidos pelo sigilo bancário. Com a
contestação vieram os documentos de ID nº 56594111 a 56594132.
Decisão de ID nº 56737305 intimou a parte Autora para falar em
réplica, bem como as partes a se manifestarem acerca de provas. O
Réu se manifestou no ID nº 57997110 impugnando as alegações da
parte Autora, e requerendo a produção de prova pericial contábil. Em
réplica de ID nº 57997110, a parte Autora ratificou os termos da
inicial. Decisão de ID nº 58058805 determinou ao Réu a juntada dos
índices que entende aplicáveis. Manifestação do Réu no ID nº
59642414, acompanhado de documento com os percentuais de
valorização dos saldos das contas individuais dos participantes do
fundo PASPE, ID nº 59642415, bem com outros documentos que
entende pertinentes (ID nº 59642417 a 59642428). Intimada para se
manifestar acerca dos documentos juntados, a parte Autora se
manifestou no ID nº 62466512, apresentando novos cálculos
utilizando os índices apresentados pelo Réu, conforme planilha de ID
nº 62466526. O Réu impugnou os novos cálculos no ID nº 62887486.
É o relatório. Decido. Trata-se de processo em fase de saneamento. Da
preliminar de Ilegitimidade Passiva. Sustenta o Réu sua ilegitimidade
para figurar no polo passivo da presente demanda, sob alegação de
que não é a responsável pela fixação dos índices de correção do
PASEP. Com efeito, a legitimidade processual é a condição da ação
que diz respeito à pertinência subjetiva da lide, revelando-se na
aptidão para se conduzir validamente um processo. Nesse ponto,
cumpre salientar que o ordenamento jurídico brasileiro adotou a
Teoria da Asserção, de forma que as condições da ação são
consideradas preenchidas a partir das afirmações feitas pela parte
autora. Ao analisar a inicial, verifico que a parte Autora indicou o Réu
como responsável pelos supostos prejuízos da parte Autora em
relação à errônea aplicação do índice de correção monetária.
Consoante a teoria da asserção, a aludida indicação basta para o
reconhecimento da legitimidade passiva, porquanto as condições da
ação devem ser apreciadas à luz das afirmações feitas na exordial. Por
outro giro, a alegação de que é competência da União proceder aos
depósitos e estipular o índice de correção monetária é irrelevante,
porquanto o que se discute nestes autos não é se houve ou não
depósito, ou se os índices fixados são ou não justos, mas se o Banco
Réu aplicou os índices fixados corretamente. Portanto, afasto a
preliminar de ilegitimidade passiva. Da preliminar de incompetência
da Justiça Estadual. Considerando que após a Constituição de 1988,
as contas individuais dos Servidores Públicos participantes do PASEP
deixaram de receber novos aportes periódicos e que o seu saldo está
sujeito apenas à atualização monetária e aos rendimentos ordinários,
a União é parte ilegítima para figurar no polo passivo de demanda em
que servidor federal, que ingressou no serviço público antes de 1988,
alega a defasagem do saldo de sua conta PASEP, cuja gestão, por força
de lei, sempre foi de responsabilidade exclusiva do Banco do Brasil,
conforme art. 5º da Lei Complementar n. 08/1970. Assim, resta
caracterizada a competência da Justiça Estadual/Distrital. Da
prescrição prejudicial de mérito. O Réu alega a ocorrência de
prescrição da presente demanda, eis que o prazo para cobrança da
correção monetária incidente sobre o saldo da conta vinculada ao PIS-
PASEP é de 5 anos. De início é preciso estabelecer que o saldo do
PASEP recebe correção por um índice estabelecido Conselho Diretor
do Fundo PIS/PASEP através da aplicação de uma fórmula
relativamente complexa que não cabe aqui discutir. Com efeito, o
Banco do Brasil só aplica o índice estabelecido pelo Conselho Diretor,
e esse é o limite da lide. Se a pretensão fosse discutir os próprios
índices a ação deveria ser movida contra a União, na Justiça Federal.
Da mesma forma, conforme Jurisprudência já assentada no C. STJ,
incumbe à União a cobrança dos valores devidos ao PASEP de forma a
ausência de depósitos ou sua incompletude, enquanto existiram, até
1988, é matéria da Justiça Federal. Existe jurisprudência assentada
no C. STJ que à prescrição relativa ao PASEP não se aplicam as regras
do FGTS, de forma que não é trintenária, havendo acórdão
representativo da controvérsia julgado em repetitivo conforme o
Tema nº 545, nos seguintes termos: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO
ESPECIAL. FUNDO PIS/PASEP. DIFERENÇA DE CORREÇÃO
MONETÁRIA. DEMANDA. PRAZO PRESCRICIONAL QUINQUENAL
(ART. 1º DO DECRETO 20.910/32). 1. É de cinco anos o prazo
prescricional da ação promovida contra a União Federal por titulares
de contas vinculadas ao PIS/PASEP visando à cobrança de diferenças
de correção monetária incidente sobre o saldo das referidas contas,
nos termos do art. 1º do Decreto-Lei 20.910/32. Precedentes. 2.
Recurso Especial a que se dá provimento. Acórdão sujeito ao regime
do art. 543-C do CPC e da Resolução STJ 08/08. (REsp 1205277/PB,
Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA SEÇÃO,
julgado em 27/06/2012, DJe 01/08/2012). Ocorre que esse acórdão
só pode ser aplicado em parte. Com efeito, a parte aplicável, que é a
inaplicabilidade do prazo trintenário, nem sequer consta da ementa,
apenas do voto. Mas o prazo de quinquenal não pode ser aplicado
porque esse tema foi baseado especificamente em precedentes de
ações contra a União, ou seja, contra a Fazenda Pública, conforme
consta expressamente pela aplicação do Decreto-Lei nº 20.910/1932,
que rege os débitos fazendários. Ocorre que o Banco do Brasil, aqui
Réu, não é fazenda pública e não goza do benefício do decreto acima.
Assim, inaplicável a regra do FGTS e dos débitos da fazenda, resta a
regra do Código Civil. Este não tem disposições especiais acerca do
tema de forma que incide a regra da prescrição decenal do art. 205.
No TJDFT existe substancial divergência, com alguns acórdãos
aplicando a prescrição quinquenal e outros aplicando a prescrição
decenal. Não havendo orientação jurisprudencial firmada, sigo
conforme o raciocínio externado da prescrição decenal. Aliás, existem
julgados que trataram da questão acerca de prestações devidas ainda
antes do Novo Código Civil em que se reconhece a prescrição
vintenária daquele código, que é também a regra geral, e não há razão
para interpretar de forma diferente em relação ao novo código. A
propósito um julgado nesse sentido. APELAÇÃO. AÇÃO DE
CONHECIMENTO. PRELIMINARES DE AUSÊNCIA DE INTERESSE
DE AGIR E DE ILEGITIMIDADE PASSIVA REJEITADAS.
PRESCRIÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. PRAZO DECENAL. PASEP.
GESTÃO DOS RECURSOS DEPOSITADOS. BANCO DO BRASIL.
RESPONSABILIDADE. HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS.
MINORAÇÃO. INVIABILIDADE. RECURSO CONHECIDO E
DESPROVIDO. 1. Nos termos do art. 5º da Lei Complementar n.
08/1970, que instituiu o Programa de Formacao do Patrimonio do
Servidor Público (PASEP), "O Banco do Brasil S.A., ao qual competirá
a administração do Programa, manterá contas individualizadas para
cada servidor e cobrará uma comissão de serviço, tudo na forma que
for estipulada pelo Conselho Monetário Nacional". 2. Logo, se o autor,
ora apelado, questiona nos autos a gestão realizada pelo Banco do
Brasil S.A., ora apelante, no que diz respeito à administração dos
recursos referentes ao PASEP, não há falar em ausência de interesse
de agir, tampouco em ilegitimidade passiva ad causam daquela
instituição financeira. Preliminares suscitadas no recurso rejeitadas.
3. Não transcorridos dez anos entre a ciência da parte autora do saldo
de sua conta individual relativa ao PASEP e o ajuizamento da ação,
não há falar em prescrição, nos termos do art. 205 do CC. Prejudicial
de prescrição afastada. 4. O Programa de Formacao do Patrimonio do
Servidor Público (PASEP) foi criado pela Lei Complementar n.
08/1970, com o objetivo de estender aos funcionários públicos os
benefícios concedidos aos trabalhadores da iniciativa privada pelo
Programa de Integracao Social ? PIS. 5. Malgrado seja de atribuição
do Conselho Diretor do Fundo PIS/PASEP fixar os índices de
atualização monetária incidentes sobre os depósitos vertidos pela
União, a operação bancária de efetivo crédito da correção monetária
cabe à instituição financeira responsável pelo Programa, qual seja, na
espécie, o Banco do Brasil S.A., ora apelante. 6. Dessa forma, se a
instituição financeira apelante, enquanto administradora das contas
vinculadas ao PASEP e detentora da documentação referente aos
respectivos recursos, não demonstrou que os valores depositados pela
União na conta individual do apelado foram adequadamente
atualizados, deve reparar o correntista pela diferença de numerário
apurada, razão pela qual não há falar em reforma da r. sentença no
aspecto. 7. Se observado que os honorários sucumbenciais foram
fixados em observância ao art. 85, § 2º, do CPC, não há falar em
minoração de tal verba ao patamar de um salário-mínimo, tal qual
pretendido pelo recorrente, o que encerraria importância irrisória e
dissociada das particularidades da demanda 8. Recurso conhecido e
desprovido. Honorários majorados. (Acórdão 1189291,
07372026820188070001, Relator: SANDRA REVES, 2ª Turma Cível,
data de julgamento: 24/7/2019, publicado no DJE: 20/8/2019. Pág.:
Sem Página Cadastrada.) Sob essa premissa, é preciso agora
estabelecer o termo inicial da aplicação da prescrição, porque é
interpretação pacífica da doutrina e jurisprudência que este se fixa
quando o interessado tem conhecimento da lesão. Este conhecimento
poderia advir desde a data em que deveria ser creditada qualquer
correção, até um eventual momento em que o Autor tomasse
conhecimento de eventual crédito a menor. É matéria de fato. No
caso, as Autoras afirmam que tomaram ciência inequívoca dos
alegados danos causados pelo Réu ao seu patrimônio no momento do
saque, em datas que variam entre 22/11/2017 a 08/08/2018,
conforme constante do ID nº 49667647, pág. 7. Admite-se, é claro,
que o Réu comprove que houve conhecimento do saldo do PASEP
antes dessa data. Tratando-se de fato extintivo do direito do Autor, a
prova lhe incumbe. Desde que a fase de produção probatória ainda
não se esgotou, o que se verifica é que a questão da prescrição não
pode ser decidida no presente momento processual haja vista que
ainda é possível ao Réu demonstrar uma data anterior em que o Autor
tenha tomado conhecimento do saldo de sua conta no PASEP. Assim,
a questão deve ficar para solução na sentença. Da revogação do
pedido de justiça gratuita. Quanto a esse aspecto, nada a dizer, uma
vez que o pedido foi indeferido, e a parte Autora recolheu as devidas
custas, conforme ID nº 54164278. As partes são legítimas e estão bem
representadas. Concorrem as condições da ação e os pressupostos de
desenvolvimento válido e regular do processo. As preliminares de
mérito suscitadas foram afastadas. A questão prejudicial de mérito
será decidida na sentença. Não há vícios a serem sanados ou outras
questões processuais pendentes. Saneado o feito, passo a organizar o
processo. Os fatos de interesse para a solução da lide são: 1 ? a data
em que cada uma das Autoras tomou conhecimento do saldo de sua
conta no PASEP; 2 ? os índices fixados pelo Conselho Diretor do
Fundo PIS/PASEP aplicáveis ao período discutido nos autos; 3 ? os
índices que o Banco do Brasil aplicou ao saldo da conta das Autoras
no PASEP; 4 ? verificar se há diferença entre os índices estabelecidos
pelo Conselho Direito do Fundo e aqueles aplicados pelo Banco do
Brasil; 5 - havendo diferença, o saldo devido ao Autor em razão desta.
A distribuição do ônus da prova se dará pela regra ordinária, cabendo
às Autoras a prova dos fatos constitutivos de seus respectivos direitos,
e ao Réu a prova dos fatos extintivos ou modificativos dos mesmos. A
questão de direito relevante para a decisão é se o Banco do Brasil
violou o dever legal de, enquanto gestor da conta do Autor no PASEP,
aplicar os índices de correção fixados pelo Conselho Diretor do
Fundo. A primeira questão de fato é extintiva do direito das Autoras e,
pelo ônus da prova estabelecido, incumbe ao Réu. A prova admissível,
considerada da natureza da questão, é a documental. A segunda
questão de fato é constitutiva do direito das Autoras, cuja prova lhe
incumbe. A prova admissível, considerada da natureza da questão, é a
documental. A terceira questão de fato é extintiva do direito das
Autoras e incumbe ao Réu. A prova admissível, considerada da
natureza da questão, é a documental. A quarta e quinta questões de
fato demandam conhecimento especializado e admitem, considerada
a natureza da questão, apenas a prova pericial. Destarte, sua
realização fica condicionada ao atendimento das questões 2 e 3
porque são dela dependentes. Assim, ficam intimadas as partes a
juntar aos autos os documentos para atendimento das questões de
fato 2 e 3, em 20 dias, sob as penas do art. 400 do CPC. No mesmo
prazo poderão requerer, se assim desejarem, a produção da prova
pericial. Outrossim, podem as partes solicitar esclarecimentos ou
ajustes em 5 dias, na forma do art. 357, § 1º do CPC. Acerca desta
questão de fato deverá recair a atividade probatória. A prova
admissível, considerada a natureza da questão, e, ainda, que o prazo
para produção de documentos já se esgotou, será a pericial. Assim,
acaso tenham interesse na produção de prova nos limites
estabelecidos, digam as partes, em 5 dias. (...) Em suas razões
recursais (id 16756222), o agravante alega que é mero depositário das
quantias do PASEP e que a gestão do fundo é de responsabilidade do
Conselho Diretor vinculado à Secretária do Tesouro Nacional do
Ministério da Fazenda, portanto, é parte ilegítima para figurar no polo
passivo da demanda. Defende que ?a competência da Justiça Estadual
para julgar o presente feito não deve prosperar, eis que da análise dos
documentos que instruem a inicial, indene de dúvidas que há
interesse da União em discussão na presente lide, evidenciando,
portanto, a incompetência absoluta da Justiça Estadual.? (id
16756222) Afirma que o prazo prescricional para pleitear o
ressarcimento de perdas sofridas em virtude de diferenças de correção
monetária em saldos de contas PIS/PASP é de 5 (cinco) anos. Aduz
que ?a distribuição de cotas do PASEP vigorou até 1989, eventual não
recolhimento de valores pela União Federal poderia ser reclamado até
o quinquênio seguinte ao último depósito. Com a promulgação de
Carta Magna descabem novos depósitos e, somente até 1994 poderia
ser proposta ação reclamando eventuais valores não creditados.? (id
16756222 ? Pág. 3) Subsidiariamente, alega que a prescrição deve
alcançar as diferenças havidas antes dos 5 (cinco) anos que
antecederam o ajuizamento da demanda. Ao final, requer a concessão
do efeito suspensivo e, no mérito, o conhecimento e provimento do
recurso. Preparo (id 16756223). É o relatório. DECIDO. Nos termos
do artigo 932, III, do Código de Processo Civil, incumbe ao Relator
não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha
impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida. O
caso é de manifesta inadmissibilidade do recurso, em razão de sua
intempestividade. Com efeito, o § 5º do artigo 1.003 do Código de
Processo Civil estabelece o prazo de 15 (quinze) dias, para a
interposição do recurso de agravo de instrumento, o qual é contado na
forma dos artigos 219 c/c 231, VII, ambos do diploma processual civil.
No caso, em que pese o agravante alegar que tomou ciência da decisão
agravada em 21/05/2020, verifico que sua publicação ocorreu em
19/05/2020 (id 51171013 dos autos de origem), iniciando-se,
portanto, a contagem do prazo recursal, na forma do artigo 231, VII,
do Código de Processo Civil, no dia 20/05/2020 e findando no dia
09/06/2020. Dessa forma, tendo o presente recurso de agravo de
instrumento sido interposto somente no dia 12/06/2020, é de se
reconhecer sua manifesta intempestividade, impondo-se o seu não
conhecimento, com fulcro no artigo 932, III, do Código de Processo
Civil. Ademais, o agravante não comprovou qualquer situação que
comprove justo impedimento para a interposição do recurso fora do
prazo legal. Ante o exposto, nos termos do artigo 932, III, do Código
de Processo Civil, NÃO CONHEÇO do recurso, pois manifestamente
intempestivo. Comunique-se o teor desta decisão ao Juízo da origem.
Publique-se.

Disponível em: https://tj-


df.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/864653977/7158508620208070000/inteiro-teor-
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