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1.1. CONCEITO
Recurso é o instrumento processual (ou remédio processual) por meio do qual a parte, o
Ministério Público ou o terceiro prejudicado se vale para impugnar, no mesmo processo,
determinados pronunciamentos judiciais, objetivando a sua reforma, invalidação,
esclarecimento ou integração.
O Prof. Daniel Assumpção, no seu Manual de DPC, explica que o conceito de recurso
deve ser construído partindo-se de cinco características essenciais a esse meio de impugnação:
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Sucedâneo recursal é o mecanismo processual que não é recurso, mas que poderá gerar
reforma ou invalidação de uma decisão.
a) reexame necessário;
b) pedido de suspensão de segurança; (MS)
c) correição parcial.
Imagine o seguinte exemplo: o juiz defere a antecipação dos efeitos da tutela (tutela
provisória). A outra parte, inconformada, peticiona nos autos, requerendo ao magistrado que
revogue a tutela. Esse pedido não tem o condão de suspender a marcha processual, mas pode
ser que o juiz reconsidere a sua decisão. Nesse caso, haverá a reforma da decisão por meio
de um sucedâneo recursal.
Remessa necessária (Art. 496 CPC) não é recurso, pois não há voluntariedade, apesar
de ser possível a reforma de uma decisão ou mesmo a invalidação da decisão. A remessa
necessária se faz necessária, nos casos expressamente estabelecidos no CPC, como uma
CONDIÇÃO DE EFICÁCIA da sentença.
A súmula 423 do STF diz que não transita em julgado a sentença por haver omitido o
recurso "ex-of cio", que se considera interposto "ex-lege".
A Súmula 325 do STJ diz ainda que a remessa o cial devolve ao Tribunal o reexame
de todas as parcelas da condenação suportadas pela Fazenda Pública, inclusive dos
honorários de advogado.
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Existem pronunciamentos judiciais não sujeitos a recurso, tais como os despachos, mas
tratando-se de pronunciamento com carga decisória (decisão interlocutória, sentença e
acórdão), será sempre cabível o recurso de embargos de declaração.
Esse entendimento não é pací co, os tribunais exigem que a decisão impugnada por MS
seja teratológica ou de agrante ilegalidade, além de ser uma decisão irrecorrível ou de
recurso inútil.
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Conforme entende o STJ, o pedido de reconsideração não interrompe e nem suspende o
prazo recursal.
Quando o recurso tem por objetivo a reforma da decisão, fala-se que a sua causa de
pedir é um error in iudicando, ou seja, erro na decisão quanto ao exame do caso concreto. O
objeto da impugnação é o conteúdo da decisão judicial.
1.4. CLASSIFICAÇÃO
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(ii) Parcial: impugnação de parte do conteúdo da decisão (art. 1002, CPC).
É o que ocorre, por exemplo, no recurso de apelação, no qual o apelante tem liberdade
para aduzir, nas razões recursais, todos os fundamentos possíveis para buscar a reforma ou
invalidação da sentença.
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▪ Embargos de declaração: o recurso se limita a discutir eventual omissão,
contradição, obscuridade ou erro material contido na decisão.
O rol dos recursos é taxativo. Isso é, a parte só poderá se valer de recurso que tenha
previsão legal. O negócio jurídico processual não pode criar um recurso novo.
Obs.: Nem todo recurso precisa ter um nome, a exemplo do recurso inominado - art. 41
da lei nº 9.099/95.
Somente será cabível um único recurso de cada vez para impugnação da decisão
judicial. É importante notar que pode haver mais de um recurso cabível contra uma mesma
decisão. Contudo, devem ser interpostos um de cada vez.
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Não obstante, a lei pode prever exceções. É o que ocorre, por exemplo, com os recursos
extraordinário e especial, os quais serão interpostos, ao mesmo tempo, contra o mesmo
acórdão, nos termos do art. 1.029, caput, do CPC.
É o que ocorre, por exemplo, com os embargos de declaração e o agravo interno. Prevê
o § 3º do art. 1.024 do CPC que:
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No mesmo sentido, o Superior Tribunal de Justiça admite a conversão de embargos de
declaração em agravo interno quando a pretensão declaratória denota nítido pleito de reforma
por meio do reexame de questão já decidida1.
Por outro lado, não será possível a aplicação do princípio da fungibilidade quando a
parte, ao invés de interpor o recurso de agravo de instrumento, interpõe recurso de apelação.
1EDcl no RE no AgInt no AREsp 1416356/RJ, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA,
CORTE ESPECIAL, julgado em 07/04/2020, DJe 16/04/2020.
2AgInt no AREsp 1555814/PA, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado
em 30/03/2020, DJe 02/04/2020.
3EAREsp 230.380-RN, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, por unanimidade, julgado em 13/09/2017,
DJe 11/10/2017.
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b) Observância do prazo previsto na lei para o recurso correto
Esse requisito perdeu um pouco da sua razão de ser, já que, no novo CPC, os recursos,
com exceção dos embargos de declaração, terão o prazo de 15 (quinze) dias.
O julgamento do recurso interposto pela parte, em regra, não gera uma situação jurídica
pior à já suportada por ela. Se o recurso tem por objetivo uma melhora na posição jurídica, o
órgão ad quem não pode, no julgamento, criar um resultado ainda mais desfavorável.
Não obstante, é possível que o próprio sistema recursal preveja exceções a esse
princípio. No caso do sistema brasileiro, são muitas as exceções. Vejamos algumas:
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O princípio da dialeticidade que se refere ao fato de que a parte, ao interpor o recurso,
deve realizar a impugnação especí ca da decisão. Tem relação com o princípio do
contraditório.
Ótimos estudos!
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