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TEORIA GERAL DOS

RECURSOS – 2ª. aula


ANA BEATRIZ LISBOA PEREIRA MELO
UNEB
RECURSOS – CLASSIFICAÇÃO
 Toda classificação tem imprecisões mas o seu caráter didático faz com se torne necessária a melhor compreensão de uma categoria,
A melhor alternativa é faze-la então observando o direito positivo de determinado pais. Neste sentido estudaremos uma
classificação, a mais utilizada pela nossa doutrina, que considera a dogmática brasileira, ou seja o regime jurídico dos recursos no
Brasil
 Art. 994. São cabíveis os seguintes recursos:
 I - apelação;
 II - agravo de instrumento;
 III - agravo interno;
 IV - embargos de declaração;
 V - recurso ordinário;
 VI - recurso especial;
 VII - recurso extraordinário;
 VIII - agravo em recurso especial ou extraordinário;
 IX - embargos de divergência.
RECURSOS CLASSIFICAÇÃO

 1. ÂMBITO: recurso total ou parcial


 2. MOMENTO DA INTERPOSIÇÃO: recurso independente e recurso adesivo
 3. FUNDAMENTAÇÃO: recurso livre ou vinculado
 4. OBJETO: recurso ordinário e extraordinário
Há ainda classificação pertinente a possibilidade de efeito suspensivo que não
adotaremos aqui vez que há recursos que embora não tenham efeito suspensivo
automático, previsto em lei, pode ter tal efeito por atribuição do juízo.
RECURSOS CLASSIFICAÇÃO

 1. AMBITO: Recurso total ou Parcial


 Considera-se recurso total aquele que abrange todo o conteúdo impugnável da
decisão objeto do recurso – o recorrente se insurge contra toda a decisão.
 Por sua vez o recurso parcial abrange apenas uma parte do conteúdo impugnável da
decisão.
 A principio a escolha pelo recurso total ou parcial depende de livre opção recorrente.
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 2. MOMENTO DA INTERPOSIÇÃO: Recurso independente ou adesivo


 No recurso independente cada uma das partes recorre, no prazo determinado por lei,
de forma autônoma, sem relação com a existência ou não de recurso da outra parte,
observando as exigências legais.
 O recurso independente pode acontecer em casos em que apenas uma das partes foi
vencida, bem assim nos caso de sucumbência reciproca.
 O recurso adesivo, ou recurso subordinado, ocorre quando há sucumbência
reciproca e uma das partes – que não recorreu de forma independente – tem a
oportunidade, no prazo suplementar de resposta para recorrer visando melhorar sua
própria situação.
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 Alguns doutrinadores dizem que o CPC de 1973 ao introduzir na sistemática


brasileira tal modalidade de recurso visava “influenciar na psicologia do litigante
desestimulando o recurso”. O CPC de 2015 adotou a mesma técnica no art. 997 §1º:

 Art. 997. Cada parte interporá o recurso independentemente, no prazo e com


observância das exigências legais.
 § 1º Sendo vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer deles poderá aderir
o outro.
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 “O Recurso Adesivo nada mais é do que recurso contraposto ao da parte adversa por aquela que se
dispunha a não impugnar a decisão, e só veio a impugná-la porque o fizera o outro litigante” (Barbosa
Moreira, Comentários ao CPC, p. 310)
 Alguns autores entendem que trata-se muito mais de uma SUBORDINAÇÃO do que de uma ADESÃO
porque esta modalidade de processamento determina que o destino do recurso adesivo esta ligado ao do
recurso independente. Explica-se:
 § 2º O recurso adesivo fica subordinado ao recurso independente, sendo-lhe aplicáveis as mesmas regras
deste quanto aos requisitos de admissibilidade e julgamento no tribunal, salvo disposição legal diversa,
observado, ainda, o seguinte:
 I - será dirigido ao órgão perante o qual o recurso independente fora interposto, no prazo de que a parte
dispõe para responder;
 [...]
 III - não será conhecido, se houver desistência do recurso principal ou se for ele considerado
inadmissível.
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 “Não se trata de um recurso novo, mas de simples modalidade de processamento de


recursos existentes, variável quando se manifesta a dupla sucumbência” (Galeano
Lacerda. O Novo direito processual civil pag. 84)
 O recurso independente e o adesivo se submetem as mesmas condições de
admissibilidade (custas, prazo, etc...)
 Não é possível interpor recurso adesivo em todos os casos, apenas nas modalidades
previstas em lei

 Art. 997 § 2º II - será admissível na apelação, no recurso extraordinário e no recurso


especial - ROL TAXATIVO
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 O objeto do recurso adesivo é a parte da sentença desfavorável ao recorrente


adesivo. Não é preciso que entre recurso independente e recurso adesivo exista liame
substancial, tanto assim que o STJ já reconheceu que se dispensa correlação
temática entre o recurso independente e aquele que a ele aderiu.
 “Revela-se indispensável, por outro lado, que o recurso principal subsista na data da
interposição do subordinado. Se o recurso independente não foi admitido porque
deserto, ou o recorrente dele desistiu, antes de escoado o prazo de resposta, já não
poderá recorrer seu adverso” (Araken de Assi, manual dos Recurso, pag. 77)
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 Não existe a possibilidade de recurso adesivo nos caso de reexame necessário.


 Podem recorrer adesivamente apenas as pessoas recorridas no recurso principal.
Assim se o recurso principal exclui um dos litisconsortes, e desde que não se trate de
litisconsorte unitário, este não poderá recorrer adesivamente.
 Na oposição, o opoente poderá, uma vez aceIta – julgada procedente a oposição –
recorrer adesivamente em caso de recurso de autor ou reu porque seu interesse se
opõem a ambas as partes.
 Não podem recorrer adesivamente terceiro prejudicado e o Ministério Público
quando atuando como fiscal da lei.
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 Quanto as hipótese de cabimento cabe recurso adesivo nos casos em que também
caberia recurso independente
 Não pode recorrer adesivamente a parte que já recorreu de forma independente
porque o recurso adesivo não se destina a complementação do recurso independente.
Reabre o prazo apenas para parte que tendo interesse não recorreu, mesmo que o
recurso independente não tenha sido admitido, mesmo que tenha sido por
intempestividade.
 O prazo para interposição do recurso adesivo é o mesmo prazo para interposição do
recurso principal contado da intimação para contrarrazões.
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 Há divergência jurisprudencial quando a necessidade de simultaneidade das


contrarrazões e do recurso adesivo. O STJ entende não ser necessário, posicionamento
distinto do de outros tribunais que entendem ser necessário interposição simultânea
sobre pena de preclusão consumativa.
 Segue exatamente o mesmo procedimento do recurso principal inclusive no que tange a
autoridade perante a qual será interposto.
 Deve ser apresentado em petição independente, mas há casos em que se admitiu o
recurso interposto na peça de contrarrazões.
 As condições de admissibilidade do recurso adesivo são apreciadas conforme a situação
deste recurso e do recorrentes, como por exemplo no caso da isenção de pagamento de
custas, ou seja, a isenção do recurso principal não isenta o recurso adesivo e vice versa.
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 Uma vez interposto, e admitido, o recurso subordinado segue o mesmo procedimento


do recurso principal com intimação do recorrido para contrarrazoar no prazo de
lei, e juízo de admissibilidade. Tramita com independência, exceção feita aos caso em
que o recurso principal não seja inadmitido ou haja desistência, hipóteses em que
resta prejudicado o recurso subordinado (resta sobrestado em caso de recurso da
decisão de admissibilidade ate o julgamento final)
 A inadmissibilidade ou desistência do recurso adesivo, por sua vez, não afeta o
recurso principal.
 Os recursos principal e adesivo serão julgado conjuntamente: primeiro o principal e
em seguida o subordinado no mesmo acordão
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 3. FUNDAMENTAÇÃO: Recurso de motivação livre e vinculada


 Os recurso de fundamentação vinculada tem motivos pre determinados pela lei, ou
seja, a parte deve demonstrar a ocorrência de uma das hipóteses de cabimento
indicadas taxativamente no dispositivo legal, sob pena de não ser conhecido o recurso
por violação do principio da congruência. Ex: Embargos de declaração
 Os recurso de motivação livre podem atacar qualquer ponto – quanto ao procedimento
ou juízo de mérito – da decisão. Ex: Apelação O principio da congruência exige apenas
ligação entre a fundamentação do recurso e as razões do ato decisório atacado.
 Esta classificação é importante para a compreensão das condições de admissibilidade
dos recurso
RECURSOS CLASSIFICAÇÃO

 4. OBJETO: recursos ordinários e extraordinários


 Classificação herdada pelo CPC de 1973 da doutrina europeia que reconhece a
possibilidade de recursos extraordinários que atacam a coisa julgada, o que não é possível
no Brasil.
 Aqui a classificação tem que ver com a defesa imediata do direito objetivo, tornando-se o
interesse particular do recorrente objeto mediato da pretensão recursal. É o caso do
recurso extraordinário fundado em violação da Constituição federal, ou na violação
expressa de lei Federal.
 Aqui o objeto é a preservação da integridade do direito constitucional e
infraconstitucional.
 Tal classificação tem importância quanto aos requisitos de admissibilidade, explica porque
o recurso extraordinário exige repercussão geral.
RECURSOS CLASSIFICAÇÃO

 Distingue-se da classificação quanto a fundamentação por aqui não se trata apenas


de motivos pre determinados por lei – fundamentação vinculada – trata-se de função
do recurso na preservação da integridade da ordem jurídica, e portanto, interesse
publico.
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DOS
RECURSOS

 1. PRINCIPIO DA TAXATIVIDADE
 O princípio da taxatividade significa que, por imperativos ligados a necessidade de
duração razoável do processo não se pode deixar livre as partes a criação de meios
de impugnação da decisão judicial.
 No Brasil isso significa que os meios de recurso devem estar expressamente previstos
na lei federal – art 994 do CPC e leis extravagantes como a lei dos juizados;
 Cada recurso tem pressupostos de cabimento, procedimento e finalidade próprias.
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DOS
RECURSOS

 2. PRINCIPIO DA SINGULARIDADE OU UNIRRECORRIBILIDADE


 O princípio da singularidade indica que não é possível interpor mais de um recurso
da mesma decisão salvo exceções expressamente previstas em lei Ex: Recurso
Especial e recurso extraordinário
 O principio significa para alguns que há apenas um recuso cabível, e para parte da
doutrina aplica-se mesmo quando há alternativa para parte, devendo ela escolher
entre as modalidades de recurso hipoteticamente cabíveis EX: Embargos de
Declaração e Apelação.
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DOS
RECURSOS

 3. PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE
 Abrigado em termos gerais pelo CPC 2015 e significa que salvo hipótese de
intempestividade os recurso podem ser admitidos quando a parte recorrente interpôs
o recuso inadequado.
 4. PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE
 Significa o ônus do recorrente de motivar o recurso no ato de interposição,
correlacionando as razões do recurso com os fundamentos da decisão atacada. Não
pode haver fundamentação genérica.
 5. PRINCIPIO DA VEDAÇÃO DA REFORMATIO IN PEJUS

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