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Aula TP de 28 de novembro de 2023

1.
O direito de livre acesso à profissão está consagrado na Constituição Portuguesa
e em diversos instrumentos de direito internacional. Uma das questões que se tem
levantado no Tribunal Constitucional relativamente ao âmbito de proteção deste direito
refere-se ao problema de saber se a criminalização do lenocínio, prevista e punível nos
termos do artigo 169.º do Código Penal, quando esteja em causa a prática da
prostituição por pessoas livres (afastadas as situações de exploração de carência ou de
desprotecção social de indivíduos) restringe aquele direito.
O Tribunal Constitucional considerou que a norma em causa não é
inconstitucional e na sua fundamentação defendeu que “(t)al perspectiva não resulta de
preconceitos morais mas do reconhecimento de que uma ordem jurídica orientada por
valores de justiça e assente na dignidade da pessoa humana não deve ser mobilizada
para garantir, enquanto expressão de liberdade de acção, situações e actividades cujo
«princípio» seja o de que uma pessoa, numa qualquer dimensão (seja a intelectual, seja
a física, seja a sexual), possa ser utilizada como puro instrumento ou meio ao serviço de
outrem.“
Aprecie a fundamentação do Tribunal quanto à determinação do âmbito de
proteção do direito fundamental de escolha de profissão, tendo presente que o
artigo 169º, nº 1, do Código Penal, tem o seguinte teor:
„Quem, profissionalmente ou com intenção lucrativa, fomentar, favorecer ou
facilitar o exercício por outra pessoa de prostituição é punido com pena de prisão de 6
meses a 5 anos.“

Que tipo de fiscalização é esta? – é uma fiscalização concreta, controlo sucessivo.

Liberdade de consciência e Liberdade de escolha de profissão – Artigos 41º e 47º/1

Saber se a prática de lenocínio é protegida pelo artigo constitucional supramencionado.

(Lenocínio – alguém, para obter uma vantagem, força outrem a prostituir-se. Atividade punida
criminalmente. Prostituição)

Art.º 18 da CRP

Teorias do ambito de proteção, esta pode ser estreito ou alargado.

Alargado – todas as manisfestações do direito, a não ser que estas sejam socialmente ou
juridacamente reprováveis;

O concentimento não é uma formulação absoluta, ou seja, não deixa de ser um crime em certas
situações, art.º 135 código penal – apesar do consentimento, em certos casos o Estado
assume que as vítimas estão sobre um caso de maior vulnerabilidade, então o
consentimento deixa de ser válido, e o caso é visto como um crime.

Para efeitos de interpretação das normas que consagram direitos fundamentais - duas teorias:
âmbito de proteção alargado (norma com grande amplitude) e âmbito de proteção estreito
(norma com menor abrangência)
De acordo com a teoria do âmbito de proteção alargado a norma que consagra o direito
fundamental vai abranger o mais amplo e completo conjunto possível de manifestações do
direito que estiver em causa.
De acordo com Jorge Reis Novais, afastar-se-á do âmbito de proteção alargado apenas as
manifestações do direito que, com toda a evidência, não podem nem merecem ser protegidas
pelo Direito. Isto acontece quando se considera que existe uma reprovação social de forma
consensual.

De acordo com a teoria do âmbito de proteção estreito afasta-se ad initio do âmbito de proteção
aquelas que são as manifestações meramente aparentes do Direito. Neste caso o lenocínio não é
considerado como protegido constitucionalmente.

Portanto, se adotarmos a teoria do âmbito de proteção estreito, o Artigo 169º do Código Penal
não é considerado inconstitucional. Se adotarmos a teoria do âmbito de proteção alargado,
acontece o contrário.

O princípio da Dignidade da pessoa humana aplica-se ao caso: duas perspetivas em que


podemos encarar o princípio - Liberdade ou Necessidade de proibição do lenocínio?

Utilizar a fórmula do objeto – a pessoa é objetificada, logo justifica-se o Artigo 169º do Código
Penal. Não padece de inconstitucionalidade.

2.
Perante o aumento do número de incêndios florestais, um grupo de deputados começou
a estudar uma forma de obrigar indivíduos condenados por fogo posto a usarem uma
pulseira eletrónica ativa, com localização GPS, para toda a vida.
Quid juris?
Artigo 30º/1, uma vez que a pulseira eletrónica faz com que esta pena seja ilimitada ou
indefinida, e este artigo determina que não pode haver medidas de segurança ou retristivas de
duração ilimitada.

O Artigo 26º/1/2, também sai violado pela norma que obriga ao uso de pulseira eletrónica.
O princípio da dignidade da pessoa humana não está a ser respeitada. – art.º 1
O princípio da proporcionalidade, adequação entre meios e fins.
Meio: utilização da pulseira eletrónica;
Fim: prevenção de incêndios.
Pode ser idónea, pode servir para ajudar no incentivo da não prática de crimes. Mas não é apta.
Não é necessário já que, proventura, existem outros meios para chegar ao mesmo efeito. Não é
proporcional em sentido restrito, já que as desvantagens do indíviduo superam as vantagens
para o interesse público.

3.
No Acórdão 509/2002 o Tribunal Constitucional pronunciou-se pela
inconstitucionalidade da norma constante do artigo 4º, nº 1, do Decreto da Assembleia
da República nº 18/IX. A norma questionada, que se inscreve num diploma que cria o
rendimento social de inserção e revoga o rendimento mínimo garantido, previsto na Lei
nº 19-A/96, estabelece que são titulares do direito ao rendimento social de inserção as
pessoas com idade igual ou superior a 25 anos, contrariamente ao que a norma revogada
dispunha sobre esta matéria, considerando titulares do direito à prestação de rendimento
mínimo os indivíduos com idade igual ou superior a 18 anos. Na sua decisão, o
Tribunal considerou que “a norma em apreciação vem atingir o conteúdo mínimo do
direito a um mínimo de existência condigna. Quid juris?
Princípio da dignidade da pessoa humana – Artigo 1º.
Em causa está o direito à segurança social (princípio da socialidade) e é necessário ter
em conta que este rendimento mínimo garantido era uma forma de garantir que os
cidadãos tinham assistência, já que o rendimento é necessário à sobrevivência da
sociedade.
Não há efeito retroativo, uma vez que os jovens não são obrigados a restituir os valores
do rendimento.

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