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A História de Ceoris

Petralona / 4 de agosto de 2014

REVELAÇÕES
O TESTAMENTO PÓSTUMO DE PONTICULUS
EX-MAGO DE CEORISBitiurges,
Quão estranho é ter carne novamente…sentir uma pena em minhas mãos, sentar numa cadeira…
passar a mão sobre a superfície desta escrivaninha. Eu sinto uma sensação de alegria, de intoxicação.
Mas isso é diferente da razão de eu ter tomado seu corpo, porque eu seguro sua pena em nossa mão
emprestada. Eu já senti sua vontade lutar contra mim, e eu tenho muito a escrever.
Embora eu tenha morrido muito antes de você nascer, Bitiurges, eu o conheço bem. Eu tenho vigiado
você. Não fique surpreso. Saiba que Ceoris é cheia de olhos, não dois pares trabalhando para o
mesmo fim exatamente. Meus olhos são aqueles de uma sombra miserável e desamparada. Eu vejo
tudo que transpira nesta fossa de ambição cega e assassina. Eu tenho visto o bastante de você para
saber que escondido debaixo de seu ar de futilidade e roupas de pavão está uma mente afiada, faminta
pela verdade. Eu escreverei até que seu braço doa. Alimentarei você com mais verdades do que seu
estômago pode agüentar. Isso pode dá-lo uma pausa, Bitiurges. Mas não deixe o medo ou cautela
impedí-lo de fazer as coisas que são necessárias. Você, de todos os magi ainda vivos, me oferece as
melhores esperanças. Eu acho você mais pé no chão do que aquela estúpida Tosia, beijadora de cruz.
Você certamente vê que a missiva que eu escrevo com sua própria mão é mais do que apenas a
mensagem de algum imp ou diabo interferindo. Investigue os fato que eu ponho diante de você,
Bitiurges. Conheça suas verdades. Aja, eu imploro. Os monstros ainda podem ser destruídos, antes
que tudo seja perdido.
Sua mão não escorregou quando eu escrevi “ainda vivo”, Bitiurges. Leia, eu explicarei...::A
CONSAGRAÇÃO: ANNO DOMINI 980::..Vinte anos antes da virada do milênio, sete homens e
mulheres se encontraram nas florestas montanhosas da Transilvânia central. Eles estavam de pé —
juntos sobre um rochedo próximo de uma rude trilha. Eu era um dos sete. Eu me lembro do sol se
pondo e iluminando as ultimas nuvens com um tom alaranjado. Embora esta beleza naquele momento
fosse algo estranho, ainda era belo. Foi a última visão agradável na qual meus olhos vivos iriam
beber. Nossos guias, soldados e criados mantiveram a sua distância, enquanto observavam os cavalos.
Havia duas dúzias deles, eu suponho. Eu não estava com o hábito de prestar atenção em nossos
empregados.
Na ocasião, eu não teria notado o medo deles. Agora gasto hora e mais horas vigiando os criados de
Ceoris, observando-os em seus desejos e obrigações; agora eu posso reparar melhor. Eles estavam
sabiamente amedrontados. Eles tinham visto e tinham ouvido muitas coisas instabilizantes durante
seus anos de serviço a nós. Como as mulheres que esfregam suas panelas e os homens que vigiam os
seus muros, eles nos viram como excêntricos e mestres severos. Poucos deles nasceram na
Transilvânia, mas agora eles conheciam o lugar bem o bastante para temer uma noite em suas
florestas. Várias criaturas vis e perigosas, enviadas por Satanás, assombravam as suas colinas e vales.
Eles sabiam que se eles não podiam depender de nós para usar nosso poder para protegê-los se as
criaturas viessem. Seriam eles, os criados que deveriam levantar rapidamente os seus machados para
o alto. E por que deviam ser nós, as figuras encapuzadas em uma rocha que aflorava a superfície, a
nos importar pelo destino de meros homens descartáveis?
Nós já tínhamos vivido centenas de anos, mantendo a nossa vitalidade através de ritos místicos e
extratos alquímicos. Nós éramos magi, criadores de maravilhas cujo domínio dos segredos da
feitiçaria nos permitiu transcender acima das leis da natureza, inclusive o envelhecimento de nossos
próprios corpos.
Liderando-nos estava um homem alto com olhos negros como o carvão: Tremere, cabeça de nossa
Casa e que uma vez quase se tornou regente absoluto dos magi de toda a Europa. Em cada lado dele
estavam seus ajudantes mais íntimos, o férvido Goratrix e o cauteloso Etrius, em frente estava a
tranqüila e consoladora Meerlinda, enquanto completando o círculo dos sete eram Arundinis cuja
destruição viria antes do próximo século; Anguisa que não sobreviveria outra primavera; e Ponticulus
que tinha apenas minutos para viver. Este é meu nome – Ponticulus. O dia que Ceoris nasceu foi o dia
que eu morri. E eu tenho estado lacrado nesta gaiola desde então.
..::O RITUAL::..
Goratrix tinha examinado o local, criado o ritual e escolhido o equinócio de outono como o melhor
momento para a inauguração. Sobre este local nós poderíamos erigir Ceoris, a jóia culminante na
série de capelas que Goratrix havia feito através da Transilvânia. O território inteiro era rico em vis, a
matéria prima que nós usamos para energizar nossas obras. (Perdoe-me, Bitiugers, se eu escrevo o
que você já sabe. Talvez você precise pressionar estas folhas de pergaminho nas mãos de alguém
alheio à nossas práticas.) Neste ponto, os cálculos esmerados de Goratrix tinham contado que podia
revelar o veio mais abundante de todos. Quando ele passou seu pêndulo de ágata sobre um mero
mapa da região, ele palpitou e parou sobre este ponto. Ataques às vilas que apoiavam nossas outras
capelas tinham aumentado nos meses anteriores. Não havia dúvidas que as crias do inferno estavam
atrás de nós. Este local podia requerer defesas extraordinárias, de acordo com o grande poder que ele
oferecia. Ele poderia ser menos que uma torre de aprendizado do que uma fortaleza de poder, um
ponto forte do qual nós poderíamos dominar o cenário sobrenatural por centenas de ligas em todas as
direções. Tal construção adequaria bem à disposição de nosso líder Tremere, e à nossa própria.
Mas primeiro ele tinha de consagrar. Os últimos raios de luz esvaíram do céu. Goratrix iniciou o rito.
Ele retirou o cetro de ouro de sua sacola e desparafusou suas sete peças. Ele deu uma para cada
participante, dando a cabeça do cetro a Tremere, seu mestre. Goratrix revelou o cálice das esferas,
derramou dentro dele o antigo vinho que ele encontrou em Runcu, adulterando-o com o sal de Thoth.
Ele o passou primeiro a Tremere, que bebeu dele e devolveu. Goratrix bebeu também e passou o
recipiente a Etrius. Goratrix esperou até que todos os sete de nós tivéssemos tomado a poção. Ele
acenou para seu servo, que estava pronto e tocou um berrante de caça para avisar aos outros lacaios
que virassem de costas. Eles fizeram isso imediatamente. Nós nos despimos de nossos mantos,
expondo nossos corpos flácidos e famintos de sol aos ventos frios. Goratrix perguntou se algum dos
presentes desejava fazer um sacrifício maior que o seu. Nós não sabíamos nada para contradizê-lo;
isso era tudo parte do ritual. Ele podia fornecer as raízes, a semente, o tronco da maior árvore que era
pra ser Ceoris. Ele podia invocar o poder da axis mundi, a mítica árvore do mundo que é o centro de
toda existência. Tremere deu-o a foice. Ele a tomou em sua mão direita, alcançando entre suas pernas
com a esquerda. Evidentemente ele pensou que precisaria somente de um simples golpe em arco com
a foice para arrancar seu pênis. Mas levou mais que isso. A carne nem sempre cedia, mesmo para a
lâmina. Goratrix teve que serrá-lo fora. Onde ele havia se ferido, o sangue jorrava como uma fonte.
Isso atingiu Meerlinda, e Etrius, e Tremere e o resto de nós. Eu ainda me lembro da sensação quente e
úmida de seu sangue batendo contra a pele nua de minha barriga. Nenhum de nós recuou. Nós
sabíamos que Goratrix tinha a mágica para, eventualmente, crescer seu pênis de volta. E eu confesso
que nós demoramos a nos acostumar aos atos do sombrio ritual, tendo desenvolvido um gosto pelas
assustadoras páginas de nossos tomos. Mais importante, nós sabíamos que qualquer explosão,
qualquer falha para manter o cântico, podia ser fatal para a mágika. Goratrix fez careta, enrijeceu-se,
rachou o que estava à esquerda e manteve-o para nós víssemos. Cambaleante, ele o pôs sobre o ponto
desejado.
Então meu vacilo. Talvez um vacilo que salvou minha alma. Certamente um para dar-me uma
existência monstruosa ao invés de outra.
Eu fiz o que eu não devia ter feito. Eu falhei em me controlar. Eu lembro a sensação subindo em
mim, o desejo para suprimi-lo, minha tentativa de apertar minha garganta. Meus olhos se enchendo
d’água. Então meus joelhos me traíram, caindo abaixo de mim. Finalmente, o expurgo de meu
estômago. A bile veio subindo em mim e saiu de minha boca. Eu sabia desde então o que eles deviam
fazer para evitar minha fraqueza de prejudicar para sempre este local perfeito. Nem por um instante
eu pensei que eles me poupariam.
Tremere deve ter aprovado a Goratrix, sancionando o inevitável. Apesar de seus ferimentos, Goratrix
encontrou a força para dar um passo à frente e, usando a mesma lâmina com a qual ele se mutilou,
cortou minha garganta. Eu levei minhas mãos à ferida. Eu devia ter levado um deles em meus últimos
momentos, pela imagem final de meus dias de vida ser de minha palma, vermelha e lisa.
Embora eu os odeie, eu não reclamarei que meu assassino brincou facilmente sobre suas almas. Ele
não era ainda tão acostumado a matar seus companheiros. Arundinis e Anguisa silenciosamente
retiraram facas dos bolsos de seus mantos caídos e foram trabalhar sobre meu próprio cadáver. As
facas, preparadas para a demonstração ritual, mostraram-se mal adaptadas para a tarefa. Eu vi o resto
como se do alto. Eu os assisti cortar minha carne e vi meus ossos.
Etrius tomou a liderança pelo resto do ritual. Ele mostrou um saco de terra de Creta e o esvaziou no
meio do círculo. Ele esperou Arundinis e Anguisa terminarem, então pegou minha cabeça cortada
pelos cabelos. Ele a plantou no monte de terra.
Agora uma dúvida dançou pela face de Etrius. Onde colocar o pênis decepado de Goratrix, agora que
minha cabeça tinha de ser enterrada no monte também? Etrius observou a face de Goratrix; nada era
permitido a se falar. Etrius deveria decidir.
Porque Etrius fez a escolha que ele fez? Eu nunca tenho sido privado aos pensamentos de qualquer
um. Tudo que eu posso dizer com certeza é que, com seus dedos, Etrius abriu minha boca morta. O
filho de um Viking bastardo de alma podre pôs o membro de Goratrix dentro de minha boca, que
então ele fechou. Ele jogou a terra sobre minha cabeça. Os seis magi remanescentes completaram o
cântico. Eles colocaram seus mantos de volta. Etrius limpou sua garganta, ruidosamente. Os servos de
Goratrix ouviram e tocaram o berrante. Arundinis e Anguisa levaram Goratrix para uma tenda, onde
Meerlinda realizou um encantamento para parar o sangramento e começar a regeneração.
Daí eu permaneci ali, uma sombra invisível com a consistência de fumaça, porém, certamente não é
coincidência. Os tomos da ordem diziam que era comum para nossa espécie vagar no reino dos vivos
por alguns momentos, mas que eu tenha permanecido todos estes séculos como testemunha para o
poder em ação daquela noite amaldiçoada. Colocando o membro de Goratrix em minha cabeça
decepada, Etrius ligou-me ao local. Aquele demônio pedante alegaria inocência em qualquer destes
esforços, mas não confie nele Bitiurges. Ele subiu como braço direito de Tremere através de astúcia e
traição assim como o resto de nós. Ele pretendia para mim arrastar e crescer, talvez como seu espião
ou escravo, talvez por seu próprio prazer. Não confie nele.

..::A CONSTRUÇÃO: 981-985::..


A construção começou ao sinal da primavera. Neste meio tempo, minha alma assassinada observava
grupos de lacaios esquadrinhar o lado da montanha, explorando e mapeando suas muitas cavernas
naturais. Construtores e mineradores consultados com Goratrix, mais mal-humorado que o normal em
seu hibernar de segunda puberdade, definindo os detalhes do mais grandioso projeto de engenharia
desde a queda de Roma. Goratrix queria coisas difíceis, coisas mundanas, para fazer seu baluarte
contra as criaturas: soldados calejados pela guerra, muralhas reforçadas, poços mortais, uma porta
corrediça e armadilhas.
Eu encontrei um lar para mim numa pequena semente debaixo da terra. A primavera veio. A semente
começou a crescer. Eu tinha uma forma novamente, embora não um corpo humano.
Um dia Goratrix veio, com Arundinis e Anguisa, para se certificar de que o sinal estava presente. Se o
augúrio estivesse certo, as centenas de trabalhadores que eles tinham preparado seriam trazidas ao
local. Havia suposto a ser um muda de árvore nova crescendo no ponto onde eles enterraram minha
cabeça. Eu os surpreendi. Eu saboreei o olhar de choque e raiva em suas faces. Eu era uma coisa
enorme como um carvalho de folhas oleosas. Eles chegaram perto e viram que delineada em sua
casca minhas feições apareciam. Eu abri minha recém crescida boca, babando seiva, e os avisei que
eles fizeram a ligação de uma coisa que nenhum deles conhecia. Eu senti os seres Acima das Estrelas
e as Raízes de Tudo rasgando através de minhas raízes sombrias. Eu estava quase nomeando-os
quando Goratrix pôs a árvore em chamas com um encanto. Eu revidei. Meus galhos atravessaram o
tórax de Anguisa antes que Goratrix e Arundinis me matassem pela segunda vez. Novamente, eu
estava reduzido ao status de uma sombra medíocre. Eu ouvi Goratrix fazer Arundinis jurar silêncio.
Ele procurou ao redor por outra muda, tirou-a do chão e replantou-a onde minha árvore esteve.

Por quase cinco anos eu os observei completarem a estrutura. Como formigueiro, pequenas tropas de
maçons, demolidores, mineradores, marceneiros, ferreiros, carroceiros e operários trabalharam sobre
a supervisão dos engenheiros chefes de Goratrix.
Novamente, estes eram todos homens comuns, sob os olhos de magos orgulhosos.
Como o tempo dedicado encurtou, Etrius veio examinar o local, e para tão apaticamente questionar a
eficiência dos métodos de construção de seu rival. Eu vi Goratrix encolerizar-se. Era Etrius? Ele era
sempre frio como uma enguia, mesmo quando o sangue que pulsava em suas veias era o seu próprio.
Eu não pude ler suas intenções. Etrius pediu, e recebeu, autorização de Tremere para realizar
magicamente as fortificações de Ceoris. Ele criou uma fissura massiva na terra, cortando uma
trincheira de milhas de profundidade ao redor da capela de Goratrix na montanha, sempre o pequeno
acólito, mostrando suas capacidades ante o mestre.
Quando a construção estava completa, Goratrix e Etrius examinaram a lista de empregados que
trabalharam na construção. Eles selecionaram os homens que sabiam mais que o conveniente sobre a
nova fortaleza. Eles contaram aos mais sensíveis magos da casa que as memórias dos construtores
seriam apagadas magicamente. Eles seriam levados para suas várias terras natais. Eles acordariam de
seu sonambulismo com ouro nos bolsos, e imaginariam pra sempre como isso parou ali.
Goratrix e Etrius tinham matado estes construtores. Aos outros foi permitido se fixarem nas vilas ao
redor de Ceoris. Os magi prometeram terras férteis para cultivar e a proteção de seu poderoso castelo.
Aqueles que não viram as atrações destas ofertas também foram mortos. Alguns destes destinos
foram prolongados: Eles morreram muitos anos depois sobre as mesas de Tremere e Goratrix. Eu
acredito que eles estavam tentando construir homunculi de carne humana. Uma cobaia de laboratório
em particular gritou de um modo singular, como um gato sendo escaldado vivo, e seus gritos ainda
ecoam em meus ouvidos.
(Há alguma coisa que se esgueira entre os pinheiros fora de Ceoris atualmente. Eu posso vislumbrar-
lo somente de forma débil, porque isso está muito longe da fundação a qual eu estou ligado. Seus
uivos relembram-me aqueles gritos. Você deve encontrar esta coisa, Bitiurges. Isso pode ser um
homunculus foragido, louco para acertar as contas. Ele pode confirmar este conto, ou contá-lo
segredos aos quais até mesmo eu não estou ciente.)

..::PRIMEIROS ANOS: 980-999::..


Tremere não se mudou para esta nova capela. Como era seu costume, ele se manteve indo de uma
assembléia à outra. Ele tornou Goratrix senhor de Ceoris, mas também instalou Etrius para trabalhar
como seu braço direito. A rivalidade entre os dois homens tornou-se gangrenosa. Goratrix, que
anteriormente exercitava um interesse em assuntos carnais incomuns para um mago, agora dormia
numa cama particular. Eu diria a você que sua “regeneração” deixou alguma coisa a desejar. Ele
resmungava incessantemente sobre isso em seus momentos privados. Ele culpava Etrius por sua
condição lamentável; se Etrius não tivesse posto o membro em minha boca, tudo poderia ter saído
bem. Etrius fez pouco para aliviar a mente turbulenta de Goratrix, continuamente desaprovando-o por
sua suposta ousadia. Este puxa-saco conivente me ferrou como uma sombra e Goratrix como um
eunuco numa tacada só. Outros magi da Casa Tremere entraram. Alguns tentaram se manter em bons
termos com ambos; outros tomaram partido entusiasticamente com um ou com outro dos rivais.

..::UM MISTÉRIO INQUIETANTE::..


Durante este tempo, os magos de Ceoris encararam crescentes frustrações em suas pesquisas.
Investigações de caminhos mágicos que pareceriam úteis, demonstraram-se, uma após a outra,
decepcionantes. Encantos redescobertos encontrados em textos mofados não funcionavam como
descrito. Novos encantamentos tomavam mais tempo para serem formulados. Cada um escondido
atrás de suas próprias estantes de tomos arcanos, no início nenhum dos magos notou que seus colegas
rastejavam-se em busca do conhecimento que venceria os limites. Na França, LeDuc´s Grand
Emanação das Facas Esmeraldas colapsou sem aviso, matando até seus aprendizes. Alguns acharam
que seus filtros de imortalidade pouco fizeram para levantar os músculos ou revigorar os ossos
cansados. Somente em 995 os magos de Ceoris discutiram seu dilema mútuo e resolveram pesquisar
sobre suas causas. Eu vi seus medos e tive prazer nisso. Eles se achavam os mestres de tudo! Seus
conhecimentos ocultos davam uma inigualável compreensão de todas as forças atuantes no mundo.
Ainda agora eles provaram ser tolos. Alguma força que eles não compreendem estava retirando o seu
senso de controle sobre a existência. Minha gargalhada até tornou-se audível, ecoando através dos
meus corredores e subiu até a cúpula da Grande Biblioteca.
Em 996, Etrius provou que a potência da vis da capela estava lentamente mas visivelmente
diminuindo. Em 997, Ceoris hospedou um grande conclave de magi Tremere que vieram de tão longe
quanto a Inglaterra e Jerusalém. A casa notou agora que havia uma diminuição universal de seus
poderes. Seus eruditos expuseram várias hipóteses para justificar isso. A aproximação do milênio
tinha mudado as bases numerológicas para a mágica, era uma teoria popular. Outros disseram que as
estrelas estavam mudando. Outros ainda diziam que os demônios estavam vencendo a guerra no Céu.
O conclave se concluiu em uma orgia de pensamentos cobiçados; somente alguns dissidentes estavam
dispostos até mesmo a recepcionar a possibilidade de usar neles mesmo o poder que eles trabalhavam
há tanto tempo, que em muitos casos mantinha sua imortalidade, podiam acabar como uma vela gasta.
Qualquer que fosse o problema, com certeza era cíclico.
O próprio Tremere decidiu o contrário. Quando os membros do conclave se foram, ele reuniu os
mágicos de Ceoris e propôs que eles procedessem como se o pior estivesse para acontecer. Ele pôs
Goratrix encarregado de uma grande investigação sobre a falha de suas obras. De 998 a 1000,
Goratrix bajulou e coagiu os outros residentes eruditos destes salões a juntarem suas pesquisas como
ele queria. Através de augúrio, meditações visionárias, cálculos astrológicos e análises alquímicas
eles descobriram, eventualmente, que suas obras estavam começando a sumir. O caminho hermético
estava desaparecendo por bem. Goratrix e Etrius contribuíram para o grande salto da compreensão do
projeto.
Etrius queria dividir seus resultados com magos de outras casas. Ele argumentou que se os
pesquisadores de Ceoris foram tão longe em tão pouco tempo, os esforços combinados das melhores
mentes da Europa certamente poderiam encontrar uma solução até mais rápida para o mistério que
passava dos limites. (Bitiurges, se você passar esta carta para um leitor não iniciado, você certamente
explicará que os magi da Casa Tremere são apenas um dos muitos grupos que compõem a Ordem de
Hermes.)
Tremere ordenou a Etrius, e a todos os outros, a silenciar. Eles o obedeceram, naturalmente, mas
murmuravam pelas costas. Porque ele poderia guardar o conhecimento que eles tinham colhido?
Goratrix pensou que Tremere pretendia encontrar novos meios de alcançar a imortalidade para
sobrepor o método conhecido, o futuro do qual agora parecia incerto. Com tamanho novo segredo nas
mãos, sua Casa poderia finalmente governar as outras. Tremere reverteria sua recente falha de tomar
a Ordem de Hermes.
Isso foi por volta do tempo em que Arundinis desapareceu numa jornada ao sul para Atenas, junto
com um quarteto dos robustos guarda-costas da Casa. Um grupo de busca seguiu a trilha de Arundinis
até as margens do Danúbio, onde eles acharam nada além de um acampamento destruído e vegetação
estranhamente enrolada.

..::OS ANOS DE BUSCA: 1000-1021::..


Tremere ordenou a seus seguidores que investigassem todo possível substituto para seus trabalhos de
imortalidade. Ceoris dividiu-se em grupos rivais, cada um certo de seus métodos e ansiosos para
provar o erro dos outros. Nuntius supervisionou um projeto para destilar ervas potentes numa nova
droga de imortalidade; isso não requeriria mágica para a mistura, ele dizia. Paul Cordwood pesquisou
meios de medir e então destilar a alma humana. Epistatia buscou uma disciplina que ela chamou de
migração espiritual, pela qual os magi abandonariam corpos envelhecidos em troca de outros
saudáveis. A alquimista Therimna mandou grupos para os cantos mais distantes do mundo para
capturar alguns dos monstros das lendas, cujas partes seriam então misturadas numa variedade de
poções absolutamente ineficazes.

..::ETRIUS BOCA DO INFERNO::..


O hipócrita Etrius procurou no diabolismo, buscando duplicar os efeitos daqueles campos de rituais
proibidos sem realmente fazer contato direto com demônios. Quão típico de ele fazer tais distinções
insignificantes! O próprio Tremere tinha respingado no diabolismo depois de sua tentativa fracassada,
séculos atrás, para tomar a Ordem de Hermes, mas tinha abandonado isso depois de localizar o seu
paradoxo central. Demônios fracos o bastante para serem dominados por magos mortais nunca são
poderosos o bastante para fazer trabalhos dignos do problema envolvido. Demônios poderosos o
bastante para garantir grandes favores não podem ser dominados; eles sempre enganam o magus de
algum modo. Tremere proibiu seus seguidores de engajarem em contatos infernais, não por fervor
moral ou espiritual, mas porque os encantos não eram efetivos o bastante. Etrius pensou agora que o
poder da adoração diabólica podia estar (ou ser feito a estar) não no poder dos demônios, mas na
repetição das demandas rituais. Ele ganhou aprovação de Tremere para embarcar num cuidadoso
curso de pesquisa nesta proposta. Depois de ver pobres resultados do sacrifício de porcos e galinhas,
ele mandou lacaios no campo para raptar filhas virgens de fazendeiros e animais silvestres. Ele
sacrificou cerca de duas dúzias de jovens mulheres durante suas duas décadas de pesquisa. Etrius
repetiu seus experimentos com bebês recém nascidos como objetos de sacrifício, para nenhum efeito
melhor. Algumas vezes ele conjurava demônios não intencionalmente, algumas vezes ele conseguia
nada além de alguns cheiros nojentos para seu problema.
Porém, sua falha mais espetacular veio no equinócio outonal de 1003. As estrelas estavam direitas
para a atração do Inferno, ele tinha descoberto, e um grande ritual estava em andamento. Ele tinha os
nomes secretos de três príncipes de Dis, ou assim ele pensou, e estava pronto para fazer pedidos
devolvidos pelo sangue de oito novas vítimas. Ele foi bem sucedido muito além de qualquer idéia, e
abriu um portal para o Inferno, permitindo aos demônios tomar um andar inteiro nas cavernas da
capela! Eu não senti nenhuma vergonha ao delicado deleite que me abateu enquanto as criaturas
fluíam das profundezas do inferno, carne queimada e ossos cortados. Dois magi, quatro aprendizes e
meia dúzia de lacaios foram consumidos pelo fogo do inferno ou rasgados em pedacinhos por garras
demoníacas antes que Etrius achasse um meio para reverter parcialmente o ritual, fechando uma porta
e selando o Inferno atrás dela.
Quando a crise passou, as recriminações começaram. Naturalmente, os outros desejavam ver o
favorito de Tremere humilhado, expulso, ou mesmo morto, pelo perigo no qual ele havia posto todos
eles. Eles levaram-no perante o conclave e exigiram que ele se justificasse. Seus discursos retorcidos
em defesa de suas ações foram deliciosos de se observar. Primeiro, ele argumentou que ele havia feito
tudo corretamente, que os outros tinham certamente sabotado-o. Como os olhos de Goratrix
destacaram-se quando ele viu que Etrius buscou mudar a culpa para ele! Eu não pude conter minha
risada; os magi não a ouviram, mas vira as chamas de seus candelabros mexerem. Ao comando de
Tremere, Etrius retirou a acusação e então alegou que os demônios tinham enganado os seus sentidos.
Certamente, ele disse, eles seriam compelidos por sua fé devota a ataca-lo. A declaração de culpa foi
ridícula, e mais alguns optaram por sua destruição. Ainda ao final do conclave, Tremere levantou sua
mão e tomou sobre si a responsabilidade pela falha de Etrius. Ele tinha aconselhado Etrius, guiado
sua teoria e sancionado seu experimento. Se Etrius tivesse de encarar a expulsão, ele também deveria.
Alguém queria continuar por “sua” destruição? O conclave caiu em silêncio. Os olhos úmidos de
Etrius, mirando Tremere adoravelmente, eram como os de um cão lambedor.

..::A SOLUÇÃO DE GORATRIX::..


Foi Goratrix quem chegou a uma teoria frutífera. Notando que as florestas à noite fervilhavam com
ditos imortais, ele resolveu investigar as criaturas. Ele gastou anos vasculhando textos herméticos
atrás de conhecimentos vampíricos, encontrando pouco uso.
Então alguém deixou a cabeça de Arundinis na entrada de Ceoris. Servos cruzando a ponte levadiça
acharam seus restos dissecados numa úmida manhã de Novembro. Indivíduos desconhecidos a
tinham colocado justo no outro lado do abismo que separa a fortaleza do terreno em volta dela.
Goratrix reclamou a cabeça, querendo testar um encantamento que ele havia encontrado nos textos
necromânticos que ele havia consultado. Realizando um ritual que envolvia moer e ingerir o crânio,
Goratrix reviveu momentos cruciais dos últimos dias de vida de Arundinis. Seu grupo havia sido
atacado por um grupo de criaturas da noite que ele logo veio a conhecer como vampiros. Ele foi
mantido vivo por meses e torturado até ceder. Ele revelou muitos dos segredos da Casa para seu
torturador; uma besta desprezível chamada Roland. Porém, em momentos de autocontrole ele também
supria muita informação falsa, exagerando enormemente o poder dos magos de Ceoris. Goratrix ditou
os assuntos de suas visões para um aprendiz e depois os examinou por pistas do paradeiro da criatura.
Ele mandou grupos procurarem pelos locais que ele havia visto.
Em 1005, Goratrix buscou a benção de Tremere para um audacioso ataque. Ele pessoalmente liderou
um grupo de guerra ao refúgio de Roland. Seus soldados mais barbaramente leais rasgaram seu
caminho através das próprias tropas de lacaios do ancião Tzimisce. Dúzias foram mortos de ambos os
lados da batalha, mas os magos unidos finalmente prenderam Roland em correntes inscritas com
símbolos e o queimaram com fogo. Goratrix prometeu sua liberdade em troca de respostas. De
Roland, ele ganhou seus primeiros vestígios da história e poder dos vampiros. Ele aprendeu que os
vampiros pertenciam a facções, chamadas de Clãs.
Roland, por exemplo, era dos Tzimisce, uma família de aristocratas decadentes que moldavam carne
como barro. Ele também aprendeu que estas bestas se reproduziam drenando o sangue dos mortais,
daí então transformando-os num processo conhecido como o Abraço. Eu não posso, nesse curto
tempo em que controlo sua mão, cobrir tudo que Goratrix aprendeu sobre as criaturas da noite,
Bitiurges; devo continuar minha narrativa.
Quando sua cabeça rodou com respostas e questões adicionais o iludiam, Goratrix ordenou que
Roland Abraçasse dois de seus aprendizes paralisados e insuspeitos, Stephen e Pharus. Ao seu retorno
a Ceoris, Goratrix ordenou que Stephen e Pharus o seguissem descendo até seu “ateliê”. Ele
segregou-se por anos sem gabar-se de qualquer progresso a todos. Logo os habitantes de Ceoris
vieram a falar de Stephen e Pharus no verbo passado.

..::O DESESPERO SE INSTALA::..


Enquanto os anos passavam e um grupo após o outro via exames promissores surgirem e falhar, uma
atmosfera de desespero desceu sobre a capela. Quando experimentos davam errado, magi lançavam
olhares amargos aos seus rivais, certos de que haviam sido sabotados. Vincius, aprendiz de Paul
Cordwood, foi encontrado estrangulado em sua cama em 1011. Isto aconteceu não muito depois que
Epistatia humilhou-se, na frente dos magi reunidos, falhando em projetar sua consciência na mente de
um caçador capturado. Ela tinha acusado Vincius de colocar um mau olhado sobre ela durante sua
demonstração. Ela negou envolvimento na morte de Vincius. Nada foi provado contra ela.
Goratrix veio em sua defesa, mas a um preço: Ele insistiu que ela abandonasse suas pesquisas e o
ajudasse com as suas. Epistatia foi recrutada para ajudá-lo em lançar sua consciência pelo o mundo,
ou talvez através dos reinos fantasmas do mundo inferior, na busca de levantar informações sobre os
vampiros. A ajuda de Epistatia permitiu a Goratrix uma série de mudanças em sua lógica. Tanto que
muitos tiveram fortes suspeitas de que foi ele que assassinou Vicius de forma que pudesse obter seus
favores para sempre (Eu não vi isso acontecer, mas acho que é mais provável que não). Ele contatou
no mínimo duas entidades diferentes que o suprimiram com instruções cruciais. Tendo sido a árvore
do mundo de Ceoris, eu os reconheci como a Raiz-De-Tudo e as Estrelas-Além, os seres que
encheram minhas raízes com ódio. As pesquisas de Goratrix continuaram por outros onze anos.
Bitiurges, você tem que aprender o que estas criaturas são realmente e o que elas querem conosco.
Sem eles, a capela maldita nunca teria sido construída e nossa casa não ficaria dividida e
amaldiçoada. Talvez, armado com estes conhecimentos, você e outros dignos de confiança possam
iniciar a desfazer o que o orgulho e a teimosia tem feito à nós.

..:: A TRANSFORMAÇÃO: 1022::..


Em 1022, Goratrix anunciou a uns poucos seletos que eles eram necessários para ajudá-lo em seus
experimentos finais. Convidados a juntar-se a ele estavam: Tremere, Etrius, Meerlinda e quatro outros
membros mais próximos de nosso fundador. Por sete dias e sete noites os participantes ficaram sem
dormir, engajados numa série de rituais tão complexos que as instruções cobriam mil folhas de
pergaminhos. Estas foram queimadas no decorrer do ritual. No clímax da cerimônia, os participantes
caíram sobre os aprendizes Abraçados, Stephen e Pharus, desmembrando-os com mãos nuas e
comeram sua carne e seu sangue, como as Bacantes enlouquecidas de antigamente. Do delírio
violento eles caíram num estado de agonia extática, e então na inconsciência. Quando eles
despertaram, horas depois, eles eram mortos-vivos. Vampiros.
Ninguém além de Goratrix esperava esse resultado. Calderon, o Espanhol, voou em seu pescoço,
jurando matá-lo por enganá-lo quanto ao propósito do ritual. Etrius, assustado, acusou Goratrix de
intromissão diabólica de primeira ordem e predisse que este dia selaria seus destinos. Tremere,
porém, imediatamente sentiu a eficácia da mágica de Goratrix. Ele falou naquela sua maldita voz de
comando, aquela que o faz esquecer todo senso e decência, e ordenou a todos que parassem. Ele os
manteve a mão, ordenando que castelões governassem suas capelas em seus lugares. Eles ficaram em
Ceoris pelos próximos sete anos, lutando para aprender e dominar as novas leis que governavam seus
corpos. Cada um se tornou um recluso morador noturno, preocupado que seus companheiros de
capela vissem através do ardil. Mas ninguém viu; tipicamente, seus colegas magos estavam muito
preocupados com suas pesquisas pessoais para notar as mudanças na rotina de seus colegas. Eu tentei
gritar em seus ouvidos, mas, como num sonho infantil, não podia me fazer ser ouvido.

..::GAMBITOS FALHOS: 1024-1026::..


* Gambito em xadrez é o sacrifício de uma peça com o propósito de obter algo maior.
Por décadas eu tenho tentado dominar minha própria nova condição, para exercer algum tipo de poder
sobre os eventos em Ceoris. Uma noite, em 1024 eu acho, eu observei Etrius se alimentar de uma
outrora inocente garota raptada de um vilarejo próximo. Eu chorei, como fiz tantas vezes anteriores,
chorando lágrimas tão insubstanciais quanto o resto de mim. Mas desta vez as lágrimas caíram sobre
a testa de Etrius. Ele olhou pra cima, chocado, e cessou sua alimentação. Etrius podia me ver.
Eu o odiei, e ainda aqui tenho uma oportunidade para falar. Ainda havia bastante racionalidade nele
para fazê-lo ver o declínio no qual ele e os outros entraram? Se eu pudesse agarrá-lo pelo pescoço e
sacudi-lo para acordar, eu teria feito. Mas eu tinha palavras como minhas únicas armas. Eu o contei
que eu tinha observado os rituais exploratórios de Goratrix e Epistatia. Eles sentiram minha presença
e várias vezes tentaram me expulsar, e cada vez eu achava uma brecha pela qual me esgueirar. Eu
aprendi que quando humanos bebem o sangue de vampiros, isso é muito longe do usual pra eles se
tornarem vampiros. Eles se tornam carniçais, meio mortais, escravos para aqueles cujo sangue eles
consomem. Mas os patronos do outro mundo de Goratrix e Epistatia haviam fornecido meios de
ignorar esta lei do vampirismo. Eles também forneceram poder para o ritual. Etrius sacudiu a cabeça,
rejeitando minhas palavras. Eu pedi que ele relembrasse do ritual, relembrasse as forças invocadas.
Eu tinha sentido Raiz-De-Tudo e Estrelas-Além, conhecia um deles como um tipo de demônio e o
outro como alguma outra coisa. Os maiores dos Tremere, que sempre se consideravam mestres de
tudo, tinham feito a si mesmos de meros fantoches. E pelo o quê? Pelo o quê? Mera vida, eu gargalhei
honestamente, mera vida! Havia somente um meio de reverter o deslize, para honrar qualquer
grandeza que eles já tiveram. Os oito teriam que tomar o controle total sobre suas próprias existências
e terminá-las. O suicídio seria a única saída.
Etrius acenou com a cabeça e concordou em suicidar-se. Ele procurou Goratrix e contou-lhe de seu
encontro comigo. Junto a Epistatia, os dois vieram até mim, bocas cheias de mentiras e tentaram me
prender para sempre numa cela astral. Não me considere estúpido. Eu estava preparado para uma
possível traição, e tinha aprontado uma artimanha fantasmagórica própria — porque em Ceoris meu
poder é maior. De um modo, eu sou Ceoris. No mínimo, sou tão parte dela quanto estas pedras e esta
argamassa.
Destrua-me, Bitiurges. Destrua Ceoris.

..::COMO OS TZIMISCE SOUBERAM DE NÓS::..


Se os vampiros Tremere não podiam se matar, eu imaginei que eu teria de motivar seus inimigos para
fazer o serviço no lugar deles. Eu esperei um espião Tzimisce aparecer entre nossos lacaios, e certo o
bastante, um apareceu. Eu tomei suas mãos como eu tomo as suas agora e escrevi cartas para seu
mestre, um vampiro chamado Rustovitch. As cartas repetiram os cálculos de Goratrix da captura e
morte de sua cria Roland, o Abraço de Stephen e Pharus e o ritual de usurpação. As cartas
encontraram seu alvo e logo os exércitos de Rustovitch estavam cercando nossas capelas.

..::UMA GUERRA DE VERDADE::..


Exércitos de carniçais liderados por vampiros varreram as outras capelas Tremere da Transilvânia,
destruindo muitas delas no curso de uns meros dois anos. Eu tenho, desde então, aprendido sobre os
outros Clãs de vampiro que se juntaram na guerra de Rustovitch: os bárbaros Gangrel e os horrendos
Nosferatu. Mesmo os magos caíram enquanto onda após onda de soldados gritando com o enxame
que passavam por suas defesas. Sobreviventes se esconderam na floresta e vagaram para Ceoris. A
própria Ceoris sofreu um número de ataques simulados, pretendido por Rustovitch mais para
desmoralizar os Tremere do que para lançar um golpe mortal. Ele e seus aliados estavam vencendo,
mas ainda não tinham nenhum meio real de atravessar estas muralhas.
Como um ingênuo, eu tinha esperança que Rustovitch pudesse ter um meio de matar somente os oito.
Eu não pretendia tornar todos os magos em seus inimigos. Eu nunca quis uma guerra. Eu cessei
minhas cartas e desesperei pela falha de meu gambito. Eu implorei que o destino deixasse a loucura
me tomar, de modo que eu pudesse esquecer meus erros. Mas isso não aconteceria. Isso ainda me
assombra, que eu manobrei somente para acelerar nossa danação quando tentei pará-la.

..::CRISES INTERNAS: 1026-1036::..


A escalada da guerra contra as criaturas da noite fez destes muros uma gaiola de terror. Os magi
mortais sentiam o pânico no ar. Os mais perceptivos deles notaram que algo estava gravemente errado
dentro da ordem. Goratrix e Etrius tinham se retirado das atividades do dia a dia. Outros próximos a
eles estavam se tornando igualmente reclusos. Eles restringiram o acesso a muitas das câmaras
experimentais. Barulhos estranhos emanavam da caverna, agora também proibida para todos, exceto
uns poucos. Eu admito que eu desempenhei um pequeno papel em abrir os olhos. Abrindo uma porta.
Deixando um livro abrir para uma página crucial. Eu ainda temo em intervir tão proximamente, tendo
me comportado tão estupidamente antes.
Eu tomei o prazer insignificante que eu pude em observar as hostilidades criar desavenças entre os
usurpadores. Goratrix argumentava que somente o Abraço imediato de todos os membros da Casa os
dariam a força que eles precisavam para contra-atacar em pé de igualdade seus atacantes vampiros.
Etrius se mostrou um advogado igualmente apaixonado da cautela. O Abraço de magi despreparados
traria nada além de confusão e traição. Seus colegas tinham de ser preparados cuidadosa e
metodicamente para abandonar suas ilusões de moralidade. Tremere concordou com Etrius, mas
colocou os dois homens um contra o outro, nutrindo o ódio a muito tempo fervente entre eles. Em
várias ocasiões, Etrius encontrou-se se desviando de ataques mágicos exploratórios contra ele. Ele
culpou Goratrix e pediu a Tremere por ajuda. Tremere o aplacou, mas fez pouco para checar a fúria
de Goratrix. Os dois rivais concluíram que seu mestre os estava testando. Eles lutariam, e o ganhador
receberia os favores de Tremere. Cada um recrutou aliados entre os magi Cainítas. Calderon e o
francês LeDuc tomaram partido com Etrius, outros apoiaram Goratrix, e a perita Meerlinda buscou
um fim para a disputa. A despeito de seus esforços, os dois lados atacariam um ao outro durante o
curso da próxima década.

..::INCIDENTE EM TESSALÔNICA::..
Este conto crucial, eu só conheço de segunda mão, porque isso ocorreu muito longe de meus portões
e torres. Em 1036, Etrius visitou a capela de outra ordem hermética, os Bonisagi, em Tessalônica. Ali
eles buscavam livros de conhecimentos relativos aos vampiros. Enquanto estavam ali, eles encararam
um assalto de um exército de pequenos e sibilantes homúnculos com dentes de fogo. Eles nasceram
de um encanto lançado por Vitório, um magus mortal sob influência de Goratrix, o qual errou de uma
maneira sangrenta que eu sou cruel o bastante para achar divertida. Se isso falhou porque ele tentou
um ritual mal formado tão apressadamente, ou devido à volatilidade em andamento afetando sua
mágica, eu não sei. O encanto retirou o material essencial para os bonecos autômatos não dos tijolos
ou argamassa da capela, como era esperado, mas da carne e sangue de outros magi adormecidos
próximos ao quarto de Etrius. Nenhum dos magi de Tessalônica foram mortos, mas vários foram
mutilados: Um teve seus olhos perfurados e outro perdeu a carne de ambas as pernas. Furioso,
Bonisagi traçou a cruel magia de volta até a sua fonte. Eles concluíram que Ceoris não estava
somente no meio de uma guerra civil, mas seus mages certamente estavam puxando poderes
infernais. Dentro de meses, este conto se espalhou, com a virulência de uma doença, através das
capelas da Europa. Tremere gastou cinco anos visitando um colega poderoso após o outro,
persuadindo cada um de que o Incidente de Tessalônica havia sido grosseiramente mal entendido.
Vitório foi assassinado e mantido como o único culpado. Como eu desejaria que eu pudesse ter
viajado aos ombros de Tremere, para vê-lo fingir, implorar, adular, e humilhar-se perante aqueles que
ele considerava seus inferiores! Ora, seus amaldiçoados poderes de persuasão, sem dúvida tomando
uma vantagem hábil dos medos e percepções estreitas dos outros, venceu. Os outros concordaram em
não buscar qualquer ação contra sua Casa. Eu temo que ele até recrutou alguns deles sem contar a
qualquer de seus seguidores que ele havia Abraçado magi proeminentes de outras Casas.

..::A PEDRA ANGULAR DA PIRÂMIDE: 1037::..


Tremere então cometeu um ato o qual tinha se tornado o mais aberto segredo na cultura do Clã.
Usando o incidente de Tessalônica como um pretexto, ele convocou os sete para sua câmara, onde ele
os forçou à um Laço de Sangue com ele. Comandando a lealdade mística de cada um, ele poderia
terminar a guerra civil. Assim, somente Tremere ganhou com a luta entre Goratrix e Etrius. Ele,
deliberadamente, atiçou a chama de suas rivalidades, esperando que um deles precipitasse uma ação
justificando o Laço de Sangue? Claro que ele atiçou.
Tremere contou aos sete que o Laço de Sangue era somente o primeiro passo para a renovação da
Casa. A sobrevivência dependia do exercício de uma vontade única e determinada. Ele instituiria uma
hierarquia de ferro através da qual cada Cainíta Tremere recém-Abraçado obedeceria completamente
suas ordens. Ele desenrolou um pergaminho sobre o qual ele desenhou um diagrama mapeando uma
pirâmide de lealdades. Tremere estava no topo da pirâmide. O Conselho Interno dos Sete, como ele
chamava agora seus confederados, ficava imediatamente abaixo dele. Quando o Abraço da Casa
estivesse completo, cada um comandaria um número de lordes, que em por sua vez supervisionaria
largas áreas, ou reinos, contendo muitas capelas. Os regentes, cada um cabeça de uma capela menor,
comandaria os magi e aprendizes que vivessem ali. O Laço de Sangue asseguraria os votos que cada
Cainíta fez ao seu superior dentro da pirâmide. Na iniciação, os aprendizes beberiam o sangue de seus
mestres, misturados com aquele do Tremere e dos conselheiros. Magi beberiam da vitae de seu
regente; o regente, de seu lorde e assim por diante. Este controle firme sobre as ações dos subalternos
provaria ser uma arma até maior contra os outros Cainítas do que o domínio Tremere sobre a magia,
ele disse ao seu conselho. O caos estava varrendo a Europa e aqueles que ficassem firmes triunfariam.
Antes de liberar o Conselho dos Sete, Tremere informou-os que Etrius iria acompanha-lo numa
viajem pela Europa e a Terra Santa na busca de segredos Cainítas. Goratrix finalmente governaria
Ceoris sozinho. Um sorriso arrastou-se pelos lábios de cada um — até que cada um viu o outro. Então
as faces dos rivais se espelharam no cuidadoso desgosto.

..::O REINADO DE GORATRIX: 1037-1133::..


Eu vi Goratrix engolir seus pressentimentos quando Tremere e os outros conselheiros partiram. Agora
ele triunfava em seu domínio total sobre Ceoris. Ele sempre pretendeu governar sozinho. Porque
então ele teria prendido tanto de sua magia pessoal nisso? Tanto quanto Etrius, ou qualquer outro
participante no ritual original o ocupou, o centro de seu poder seria obscurecido. Eu o ocupei
também, naturalmente em muitas formas, mas evidentemente o velho e morto Ponticulus não entrava
em seus cálculos.
Ele mirou sua fúria na guerra contra os Tzimisce, cujos exércitos de carniçais mais uma vez
avançavam seus ataques. Estes assaltos cresceram e diminuíram durante a década seguinte. As
criaturas da noite devastariam as capelas mais afastadas, viriam uivando até os próprios portões de
Ceoris e fariam cerco nela. Então os magi desesperados dirigiriam seus poderes minguados, destruiria
as criaturas com uma obra terrível e os mandaria latindo de volta para seus refúgios no nordeste da
Transilvânia. No início eu tinha esperanças de que a guerra pudesse mudar as coisas, mas quando o
ciclo se repetiu, eu só vi tédio nisso e talvez uma piada secreta do destino. Talvez você seja
familiarizado das datas, Bitiurges, assim eu listarei as datas das piores lutas: 1040, 1046, 1062, 1066,
1086 e 1105. Eu não compreendo inteiramente as longas pausas entre os ataques, porque eu não tenho
nenhuma idéia da mente Tzimisce. Em qualquer padrão, os magi, durante o período de 1047 a 1061 e
de 1067 a 1085, foram capazes de levantar proteções para impedir as criaturas da noite até mesmo de
se aproximar de nossas propriedades. Eles reconstruíram as capelas afastadas durante este tempo,
estocando vis freneticamente para usos futuros. Então as proteções falharam, os exércitos inimigos
uma vez mais desceram, e os magi fugiram para suas capelas da capelas.
Muitos que moram dentro destes muros foram Abraçados nesta época. Você conhece a língua afiada
da Malgorzata. Você sabia que ela não é uma nobre, mas uma jovem local que Goratrix comprou dos
pais camponeses? Ele a tornou sua aprendiz, protegendo-a de seus rivais. Como ocorre em muitos
casos com os aprendizes, ela se tornou uma versão mais rude e menos sutil de seu mestre, imitando e
exagerando suas características mais visíveis. Sua coragem e ascensão rápida garantiram poucos
amigos, mas ganhou a admiração de outros aprendizes. Cinco anos depois de seu próprio Abraço, ela
trouxe seu admirador mais babão, Jervais, para o grupo Cainíta.
Uma grande ofensiva Tzimisce veio em 1105. Ela esmagou todas as capelas da Transilvânia fora
Ceoris. Goratrix lutou contra o chamado do Laço de Sangue, desejando Abraçar todos os magi de
Ceoris de uma vez para melhor alistá-los para a guerra. Embora ele Abraçasse alguns indivíduos, ele
não podia romper com a influência de Tremere sobre ele tão logo depois da cerimônia do Laço de
Sangue.

..::A CRIAÇÃO DAS GÁRGULAS::..


Necessitando de uma arma com a qual rechaçar os Tzimisce e seus aliados, Goratrix voltou-se uma
vez mais para suas bibliotecas de pesquisas. Com Malgorzata e Epistatia como apoio, ele Abraçou
camponeses na intenção de estudar as mudanças ocorridas em sua anatomia pelo processo do
vampirismo. Ele recolheu muito de seu programa de dissecação de vida, mas em 1109 ele considerou
que o estudo de Cainítas recém-Abraçados tinha alcançado seu limite. Epistatia, sua mente nadando
em intuições de outro mundo, aconselhou Goratrix a buscar material experimental mais velho que ele
mesmo. Ele teria de capturar alguns Cainítas genuínos.
Goratrix começou a Abraçar não os magi de Ceoris, mas seus lacaios, especialmente soldados. Veja
que isso não contrariava ao pé da letra a ordem de Tremere. Ele mandou seus neófitos em missões
suicidas para capturar Cainítas “abituados”. Cinco ou seis dúzias deles morreram trabalhando para
completar seus comandos. Uns poucos grupos tiveram sucesso, trazendo Tzimisce, Gangrel e
Nosferatu furiosos para encarar o bisturi de seu mestre. De 1110 à 1120, as cavernas de Ceoris
reverberaram com os gritos de Cainítas mutilados. Um novo nome entra no conto agora, um que você
reconhecerá: a magi recém-Abraçada Virstania, que mesmo então estava três quartos louca. Foi seu
amor distorcido pelas criaturas que eles estavam fazendo que os mantiveram maleáveis e infundiu-os
com ódio por seus antigos companheiros. A aprendiz mais leal de Goratrix, Malgorzata, impediu os
participantes de vagar em vôos teóricos de extravagâncias, repreendendo-os quando eles se
esqueciam de que suas vidas dependiam do sucesso do projeto.
Em 1121, Goratrix revelou o primeiro de sua raça refeita. O primeiro Gárgula foi chamado de
Chaundice. Ele se tornou típico de sua espécie, com aparência demoníaca, pele pedregosa, garras
temíveis e asas de morcego. Mas Goratrix, Malgorzata e Virstania criaram muitos outros tipos de
Gárgulas, completamente menos bem sucedida em design, durante estes anos.
Em 1125, eles criaram bastante destas criaturas terríveis para jogá-los sobre seus inimigos. As
Gárgulas viraram a maré da guerra contra os Tzimisce. Eles voaram sobre o campo de batalha,
mirando sobre os poucos vampiros entre a multidão de carniçais loucos por sangue e aterrorizaram os
guerreiros mortais. Eles mergulhavam e os agarrava para levá-los para Ceoris, onde eles também se
tornariam matéria-prima para novas Gárgulas.
Em 1126, Chaundice foi mandado em uma missão e não retornou. Eu presumo que os Tzimisce o
encontraram, rasgaram-no em pedaços e aprenderam do que ele era feito. Eles nos atacaram com
ferocidade renovada logo depois que nós perdemos Chaundice, nos permitindo presumir que eles
reagiram com horror e ódio. (Eu tenho ouvido Virstania murmurar para seus discípulos Gárgulas
sobre um de seus números que tem escapado e criado sua própria colônia além do controle Tremere.
Eles o chamam de Senhor Pedra. Do que eles dizem, eu não acho que seja Chaundice, mas pode ser).

..::AS PESQUISAS DE TREMERE E ETRIUS: 1037-1133::..


Tremere e Etrius não estavam à toa em seu quase um século de derramamento de sangue. De 1037 a
1121, eles viajaram de uma capela para a outra, conduzindo os experimentos secretos que criaram sua
arte vampírica da Taumaturgia. Eles tinham iniciado tal trabalho em Ceoris e agora o continuavam
fora de casa. Eles converteram os feitiços e encantos da magia hermética para um sistema de poder
que não dependia de vis, mas da potência sobrenatural do sangue enquanto convertido e estocado pelo
corpo do vampiro. Os dois apareciam em Ceoris somente para trocar suas teorias resultantes com
aquelas lapidadas do projeto das Gárgulas de Goratrix. Muitas das sete primeiras décadas de suas
buscas consistiram de trabalho teórico. Atalhos práticos foram aparentemente lentos em chegar e eu
vi Goratrix usar as propriedades viciantes de seu sangue para escravizar vários magi para servirem
como seus procuradores no projeto Gárgula e em outros assuntos.
Tremere e Etrius gastaram os vinte anos finais encontrando feitiços herméticos e rituais específicos
cômodos para conversão em magia do sangue e traduzindo-os em fórmulas taumatúrgicas. Talvez,
Bitiurges, você possa levantar em conversas os nomes de magos como Gyrus, Tabellarius, Decorar e
Cautus. Veja qual reação seus nomes provocam. Eles foram escravizados por nossos supostos
superiores, usados como magos burros-de-cargas, então mortos, seus cérebros e corações dissecados
para as visões que Tremere pensava que poderiam ser encontradas neles — para nenhum propósito
útil, como posso lhe contar.

..::A CAÇA::..
Em 1121, conhecendo o sucesso de Goratrix na criação das Gárgulas, eles se sentiram prontos para
seguir as varias pistas e referencias na literatura do vampirismo. Acompanhados por alguns recentes
Gárgulas, eles perambularam através dos cantos escuros da Europa, algumas vezes posando como
vampiros de outros Clãs (Aqui eu dependo novamente de conversas ocorridas em Ceoris, cujos
alcances eu não posso cruzar). Eles reuniram mais fatos básicos da existência vampírica. Eles
descobriram que eles poderiam aumentar seus poderes bebendo o sangue mais próximo daquele de
Caim, o primeiro vampiro (Sim, Cain o primeiro assassino). Tremere testou imediatamente esta
teoria, matando um vampiro mais velho em Roma e consumindo sua vitae. Tão logo ele soube que
uma hierarquia existia, Tremere trabalhou fervorosamente para achar seu ápice e derrubar quem o
ocupasse. De 1126 a 1132, ele e Etrius rastrearam os antigos vampiros conhecidos como Matusaléns.
Onde eles encontrassem um, eles planejavam cuidadosamente um assalto, chamando os outros
Conselheiros de seus postos para juntarem-se na morte. Embora isso significasse que eles
aumentavam o poder de seu próprio sangue, em troca reforçavam a força de sua Taumaturgia.

..::A PRÓXIMA PERVERÇÃO::..


No lamentável estado que Etrius e os outros me condenaram, minha percepção não vai mais longe do
que meus próprios muros, Bitiurges. Eu não sei o que os monstros, que outrora eu chamei de colegas,
fazem quando estão longe de mim, assim, o próximo capítulo neste lamentável conto são apenas
conjecturas. Do que eu tenho reunido, a caça por anciões vampiros levou Tremere a querer encontrar
uma criatura que ele chamava de Antediluviano. Esta coisa era um pai dos vampiros, fundador de
uma das grandes linhagens das crias do inferno. Tremere queria este poder para si, eu só posso
presumir que assim ele estabeleceria seu título para superioridade vampírica.
Etrius e Tremere viajaram longe e amplamente e eu tenho suposto que suas jornadas deram frutos nas
terras agora controladas pelos Muçulmanos. Eu tenho ouvido rumores de que eles estavam
procurando o refúgio do próprio Set, vil deus do Egito antigo e um pai de vampiros. Mesmo se isso
fosse verdade, eles não o encontrariam. Ao invés disso, em 1133, Tremere convocou o Conselho dos
Sete até ele e eu espiei Goratrix relatar que seu mestre tinha encontrado a tumba de uma criatura
chamada Saulot. Trazendo o terceiro olho da sabedoria, este antigo vampiro era o pai de uma
linhagem de criaturas chamadas Salubri. Goratrix foi com esperança de novo poder. Ele não retornou
de mãos vazias, nem sozinho. Todo o conselho chegou, com o corpo prostrado de Tremere carregado.
Alguns estavam fluindo com novo poder, outros enfurecidos contra a tolice da hubris. Goratrix
permaneceu em silêncio, mas andava com um novo ódio em seus passos.
Eu não sei exatamente o que aconteceu, Bitiurges. Parecia que Tremere bebeu o sangue de Saulot e o
matou. Agora ele tinha o poder dos antigos, mas tinha estado propenso a sonos profundos, misteriosas
mudanças de personalidade e forma física. Tremere já foi um homem, já foi um vampiro. Agora ele é
um monstro além das lendas. Ninguém parecia preparado para este resultado e eu tenho ouvido
alguns rumores que eles previram a queda da Casa Tremere quando Tremere cometeu este novo
crime.
Encontre a verdade se você puder Bitiurges, mas cuidado.

..::Goratrix::..
Durante um tempo acordado em Ceoris, Tremere definiu o desenvolvimento futuro de seu Clã
autonomeado. LeDuc, mestre da florescente Capela de Paris, foi viajar para o Levante para procurar
mais pistas e eventos que tinham desencadeado. Ele caçaria Salubri e seus segredos, aparentemente.
Goratrix deixaria de ser Lorde de Ceoris e iria para a França tomar os salões parisienses. Fixo, Etrius
tomaria Ceoris, vendo para isso que o descanso de Tremere fosse imperturbado.
Goratrix conteve sua fúria apoplética até que ele alcançou sua câmara, onde eu o vi desabafar na
presença de Malgorzata e Jervais. Foi ele, Goratrix, quem tinha salvado a Casa criando as Gárgulas e
recuando as criaturas da noite! Foi ele quem havia sacrificado sua essência mística para construir
Ceoris. Ela foi sempre suposta a ser sua! Sua força poderia ser arrendada para sempre se ele não a
ocupasse! O covarde Etrius tinha lhe passado a perna depois de tudo. Aquele lacaio sabia que a real
posição de poder estava a direita de Tremere. Que contribuição ele havia feito? Ele certamente
convenceu Tremere a tomar Ceoris dele. Que tapa de luva esse! A renuncia de tudo que Goratrix
tinha feito! Etrius tinha estado ali meramente para bajular Tremere, para atender seus confortos.
Etrius não tinha feito nada, mas ganhou tudo!
Goratrix pegou uma espada na parede e disse que desceria o corredor até a câmara onde Tremere
estava e tomaria sua vida como Tremere havia tomado a de Saulot. Mas então uma mudança de
expressão caiu sobre sua face; eu estou certo que isso foi mais do que um truque da luz tremulante da
vela. Algumas vezes, quando eu trago o momento à lembrança, eu acho que ele deve ter sido
subjugado com o amor ao Tremere, como demanda a jura de sangue. Mas então é bem provável que
ele fosse avesso a chamar qualquer maldição que tivesse voltado-se para Tremere na tumba de Saulot
diretamente para si. Então dessa forma ele contou para Malgorzata que ele iria para França e
encontraria um meio de fazer da capela de Paris o que Ceoris deveria ter sido. Etrius governaria só da
boca pra fora, ele disse. Ela teria de governar secretamente, conspiratoriamente. Embora fosse
verdade que eles queriam se mover mais rápido, e que Etrius era tímido e muito cauteloso, ela nunca
deveria esquecer a verdadeira questão da luta. Era sobre dois homens, Goratrix e Etrius, e sobre a
repugnância entre eles. Goratrix sentia um ódio tão grande que qualquer um poderia se abrigar sob ele
e tirar forças disso. Garantir a lealdade de alguém para um homem, isso é um engano, disse Goratrix,
porque os homens a abandonam. Eles o surpreendem. Eles hesitam. Mas dê sua alma ao ódio e você
crescerá e ganhará força. Ele foi realmente muito ativo. Eu mesmo posso ter caído na linha com ele,
se meu próprio já não tivesse sido consignado ao ódio a muito tempo atrás — um ódio que o inclui
como um de seus principais objetos.

..::UMA VELHA RIVALIDADE REASCENDIDA::..


Goratrix fugiu para a capela de Paris, da qual ele lançou um distante jogo de xadrez: opor-se a Etrius.
Ambos usaram meios taumatúrgicos de comunicação para recrutar aliados. Malgorzata manteve
Goratrix informado dos eventos ocorridos dentro destes muros. Secretamente, seus relatórios me
mantiveram bem informado, também; eu prestei atenção neles com a mordaz calma que o tempo me
ensinou a cultivar.
Eu observei como Malgorzata, mais charmosa que Etrius, chamou a simpatia de muitos neófitos para
a facção conspiradora de Goratrix. Goratrix se movia cuidadosamente, porque Tremere mostrava
agora pouca tolerância pelo prosseguimento continuado da rixa. Em 1140, um dos novos peões mais
efetivos de Goratrix, Misia Gies, atraiu a atenção de Tremere; eu ainda não estou certo do que ela fez.
Ele a convocou aqui. Meses depois, ele terminou com ela e a mandou de volta a Paris, com sua
consciência totalmente apagada. Goratrix, eu posso imaginar, viu isso como um aviso de seu mestre e
cedeu o campo de batalha para Etrius.
O modo como Goratrix pensa é tão familiar para mim que às vezes eu acho que eu o ouço sussurrar
em meu ouvido. Até um momento mais propicio para confrontação surgir, ele irá esperar, construindo
seu poder. Eu não conheço aqueles que ele tem Abraçado, ou talvez feito carniçais, na corte do Rei
Luis VII da França. Ele contou a Malgorzata que ele acha a política mortal intrigante. No início, ela
pareceu refrescante: Depois de tudo, mortais podiam agir rapidamente porque seu tempo de vida era
curto. Então ele descobriu que outros cortesãos eram brinquedos de Clãs vampíricos somente
vagamente familiares para ele. Ele entrou nesse mundo e ali forjou alianças com os Clãs vampíricos.
Ele encontrou sucesso particular com os Clãs Lasombra e Cappadocian. Você esfrega ombros com
seus peões, Bitiurges: Giacomo Guicciardini e Margaret Vasa, convidados freqüentes da Casa
Tremere, são na verdade enviados vampíricos ao Clã Tremere. Eles começaram a vir para cá no início
da década de 1150.
Etrius não poderia permitir a Goratrix supera-lo como um conspirador. Em 1155, ele provou seu
vigor para intriga recrutando o primeiro desertor de outro Clã de vampiros: Dauud o Copta,
anteriormente um seguidor do deus serpente do Egito, Set. Etrius também reconstruiu e defendeu
agressivamente as capelas afastadas. Os magos mortais clamaram a ele para retomar as capelas mais
ricas em vis. Embora ele os garantisse que faria isso, ele estava construindo capelas em locais
estratégicos. Elas eram fortalezas em tudo menos no nome. Ele contratou mercenários e bandidos que
usavam as capelas para aterrorizar as populações dos vilarejos Tzimisce. Elas eram usadas como base
para as expedições de caça quando os vampiros precisavam de presas frescas.

..::A INFINDÁVEL GUERRA CONTINUA::..


A tediosa balança da guerra com os outros Clãs vampíricos da Transilvânia continuava. 1169 foi um
ano especialmente ruim para os assaltos Tzimisce, e 1176 foi pior. Isso foi até quando o novo
campeão Tzimisce, Ioan, tomou o comando de seus exércitos. Eu tenho aprendido pouco deste Ioan
exceto que ele é um experiente general. Durante suas primeiras campanhas, ele esmagou muitas das
capelas remotas e cortou pela raiz membros infiltrados e espiões.
Agora ele continua a fazer avanços lentos e firmes contra os Tremere. Isso é pior do que lhe contam.
Você sabe que as capelas remotas novamente jazem em ruínas. Você não sabe que as proteções
originais têm falhado. É a magia de sangue dos vampiros, não os rituais Herméticos de nossos
colegas, que impede os inimigos de subir através de meu portão frontal.
Muito abaixo de você, onde a maior parte do tempo ele sofre o tormento do meio-sono que os
vampiros chamam de torpor, Tremere sonha e profetiza. Eu gasto muito de meu tempo empoleirado
perto de seus lábios, tentando encontrar o sentido de seus murmúrios. Ele declara que seu Clã um dia
olhará de volta para estes tempos desesperados de uma posição de poder inimaginável, que o mundo
inteiro pagará homenagens desconhecidas a ele. Eu posso ver a dúvida nos olhos até mesmo do lambe
botas do Etrius. Quando Ioan recua, os vampiros Tremere retomam suas intrigas uns contra os outros.
Eles são ratos presos juntos numa gaiola.
Você também está na gaiola, Bitiruges. Agora que você vê isso, você deve agir. É muito tarde, mas
talvez nem tanto. Sua mão está cansada, e eu sinto você combater o meu controle. Eu tenho
extrapolado minha estadia. Talvez amanhã à noite, eu volte e contarei mais. Claro que você não deve
deixar ninguém ver isso até que nós tenhamos decidido o que você deve fazer com esse
conhecimento.

..::O DESTINO DE CEORIS::..


Nascida em assassinato e traição, Ceoris é uma casa maculada conduzida para um fim ignóbil. Mas
isso ainda está longe e muitas tribulações encaram os residentes antes que eles a deixe para trás de
uma vez por todas.
Em apenas alguns anos a Ordem de Hermes descobre o segredo Tremere e marcha contra Ceoris. Esta
guerra de bruxos, chamada Massasa pelos magi herméticos, é uma batalha terrível combatida em
circunstâncias desesperadas. Nenhum dos lados tem os recursos de outrora e ambos encaram outros
inimigos freqüentemente mais urgentes. Os Tzimisce não dão licença simplesmente porque magos
mais arrogantes querem atacar os Usurpadores. Ceoris enfrenta assaltos devastadores, mas as mágicas
herméticas tradicionais estão falhando e os magos mortais eventualmente desaparecem.
A guerra com os magos determina de uma vez por todas o caso de Abraçar os membros mortais
restantes da Casa Tremere. Os Cainitas caem sobre seus companheiros mortais como lobos famintos e
a maioria das novas crias terminam gratos por sua imortalidade; as outras são simplesmente mortas.
Isso acalma a rivalidade dentro do clã por algumas décadas, mas o ódio e inveja entre Etrius e
Goratrix se recusa a sumir. Eles encontram outros assuntos para competirem, Etrius argumentando
por cautela e Goratrix por ação. O entorpecido Tremere no fim das contas apóia Etrius ainda que
somente por sua inércia. Após uma reprimenda final em 1314, Goratrix dá as costas para o homem
que ele outrora adorou e constrói uma facção rebelde de Usurpadores, que eventualmente se torna os
Tremere antitribu dentro do emergente Sabá. (Os detalhes da reprimenda final de Goratrix aparecem
no Transylvania Chronicles I: Dark Tides Rising).
No final do século XV, enquanto os Tremere estão ajudando a fundar a Camarilla e terminar a
Revolta Anárquica, Ceoris tem seus próprios problemas. A facção de Goratrix faz-se conhecida entre
os anarquistas e Virstânia junta seus amados Gárgulas na revolta. Enquanto alguns da linhagem
permanecem leais, muitos fogem para as montanhas e fixam seus próprios feudos. Os Tzimisce não
hesitam em atacar os odiados Usurpadores em seus momentos de fraqueza.
Tanto Goratrix quanto Vistânia eram familiares aos segredos de Ceoris antes de sua traição, tornando
a capela ainda menos segura. Armado com este argumento, Etrius finalmente convence o Conselho
Interno a permitir mover o Tremere e o manto de poder para Viena. Ele deixa Adan de Golden Lane
para administrar Ceoris. Algumas décadas depois, os dois cooperam em finalmente abandonar Ceoris
de uma vez por todas. A prezada criação de Goratrix descansa em ruínas por volta de 1600.

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