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REVELAÇÕES
O TESTAMENTO PÓSTUMO DE PONTICULUS
EX-MAGO DE CEORISBitiurges,
Quão estranho é ter carne novamente…sentir uma pena em minhas mãos, sentar numa cadeira…
passar a mão sobre a superfície desta escrivaninha. Eu sinto uma sensação de alegria, de intoxicação.
Mas isso é diferente da razão de eu ter tomado seu corpo, porque eu seguro sua pena em nossa mão
emprestada. Eu já senti sua vontade lutar contra mim, e eu tenho muito a escrever.
Embora eu tenha morrido muito antes de você nascer, Bitiurges, eu o conheço bem. Eu tenho vigiado
você. Não fique surpreso. Saiba que Ceoris é cheia de olhos, não dois pares trabalhando para o
mesmo fim exatamente. Meus olhos são aqueles de uma sombra miserável e desamparada. Eu vejo
tudo que transpira nesta fossa de ambição cega e assassina. Eu tenho visto o bastante de você para
saber que escondido debaixo de seu ar de futilidade e roupas de pavão está uma mente afiada, faminta
pela verdade. Eu escreverei até que seu braço doa. Alimentarei você com mais verdades do que seu
estômago pode agüentar. Isso pode dá-lo uma pausa, Bitiurges. Mas não deixe o medo ou cautela
impedí-lo de fazer as coisas que são necessárias. Você, de todos os magi ainda vivos, me oferece as
melhores esperanças. Eu acho você mais pé no chão do que aquela estúpida Tosia, beijadora de cruz.
Você certamente vê que a missiva que eu escrevo com sua própria mão é mais do que apenas a
mensagem de algum imp ou diabo interferindo. Investigue os fato que eu ponho diante de você,
Bitiurges. Conheça suas verdades. Aja, eu imploro. Os monstros ainda podem ser destruídos, antes
que tudo seja perdido.
Sua mão não escorregou quando eu escrevi “ainda vivo”, Bitiurges. Leia, eu explicarei...::A
CONSAGRAÇÃO: ANNO DOMINI 980::..Vinte anos antes da virada do milênio, sete homens e
mulheres se encontraram nas florestas montanhosas da Transilvânia central. Eles estavam de pé —
juntos sobre um rochedo próximo de uma rude trilha. Eu era um dos sete. Eu me lembro do sol se
pondo e iluminando as ultimas nuvens com um tom alaranjado. Embora esta beleza naquele momento
fosse algo estranho, ainda era belo. Foi a última visão agradável na qual meus olhos vivos iriam
beber. Nossos guias, soldados e criados mantiveram a sua distância, enquanto observavam os cavalos.
Havia duas dúzias deles, eu suponho. Eu não estava com o hábito de prestar atenção em nossos
empregados.
Na ocasião, eu não teria notado o medo deles. Agora gasto hora e mais horas vigiando os criados de
Ceoris, observando-os em seus desejos e obrigações; agora eu posso reparar melhor. Eles estavam
sabiamente amedrontados. Eles tinham visto e tinham ouvido muitas coisas instabilizantes durante
seus anos de serviço a nós. Como as mulheres que esfregam suas panelas e os homens que vigiam os
seus muros, eles nos viram como excêntricos e mestres severos. Poucos deles nasceram na
Transilvânia, mas agora eles conheciam o lugar bem o bastante para temer uma noite em suas
florestas. Várias criaturas vis e perigosas, enviadas por Satanás, assombravam as suas colinas e vales.
Eles sabiam que se eles não podiam depender de nós para usar nosso poder para protegê-los se as
criaturas viessem. Seriam eles, os criados que deveriam levantar rapidamente os seus machados para
o alto. E por que deviam ser nós, as figuras encapuzadas em uma rocha que aflorava a superfície, a
nos importar pelo destino de meros homens descartáveis?
Nós já tínhamos vivido centenas de anos, mantendo a nossa vitalidade através de ritos místicos e
extratos alquímicos. Nós éramos magi, criadores de maravilhas cujo domínio dos segredos da
feitiçaria nos permitiu transcender acima das leis da natureza, inclusive o envelhecimento de nossos
próprios corpos.
Liderando-nos estava um homem alto com olhos negros como o carvão: Tremere, cabeça de nossa
Casa e que uma vez quase se tornou regente absoluto dos magi de toda a Europa. Em cada lado dele
estavam seus ajudantes mais íntimos, o férvido Goratrix e o cauteloso Etrius, em frente estava a
tranqüila e consoladora Meerlinda, enquanto completando o círculo dos sete eram Arundinis cuja
destruição viria antes do próximo século; Anguisa que não sobreviveria outra primavera; e Ponticulus
que tinha apenas minutos para viver. Este é meu nome – Ponticulus. O dia que Ceoris nasceu foi o dia
que eu morri. E eu tenho estado lacrado nesta gaiola desde então.
..::O RITUAL::..
Goratrix tinha examinado o local, criado o ritual e escolhido o equinócio de outono como o melhor
momento para a inauguração. Sobre este local nós poderíamos erigir Ceoris, a jóia culminante na
série de capelas que Goratrix havia feito através da Transilvânia. O território inteiro era rico em vis, a
matéria prima que nós usamos para energizar nossas obras. (Perdoe-me, Bitiugers, se eu escrevo o
que você já sabe. Talvez você precise pressionar estas folhas de pergaminho nas mãos de alguém
alheio à nossas práticas.) Neste ponto, os cálculos esmerados de Goratrix tinham contado que podia
revelar o veio mais abundante de todos. Quando ele passou seu pêndulo de ágata sobre um mero
mapa da região, ele palpitou e parou sobre este ponto. Ataques às vilas que apoiavam nossas outras
capelas tinham aumentado nos meses anteriores. Não havia dúvidas que as crias do inferno estavam
atrás de nós. Este local podia requerer defesas extraordinárias, de acordo com o grande poder que ele
oferecia. Ele poderia ser menos que uma torre de aprendizado do que uma fortaleza de poder, um
ponto forte do qual nós poderíamos dominar o cenário sobrenatural por centenas de ligas em todas as
direções. Tal construção adequaria bem à disposição de nosso líder Tremere, e à nossa própria.
Mas primeiro ele tinha de consagrar. Os últimos raios de luz esvaíram do céu. Goratrix iniciou o rito.
Ele retirou o cetro de ouro de sua sacola e desparafusou suas sete peças. Ele deu uma para cada
participante, dando a cabeça do cetro a Tremere, seu mestre. Goratrix revelou o cálice das esferas,
derramou dentro dele o antigo vinho que ele encontrou em Runcu, adulterando-o com o sal de Thoth.
Ele o passou primeiro a Tremere, que bebeu dele e devolveu. Goratrix bebeu também e passou o
recipiente a Etrius. Goratrix esperou até que todos os sete de nós tivéssemos tomado a poção. Ele
acenou para seu servo, que estava pronto e tocou um berrante de caça para avisar aos outros lacaios
que virassem de costas. Eles fizeram isso imediatamente. Nós nos despimos de nossos mantos,
expondo nossos corpos flácidos e famintos de sol aos ventos frios. Goratrix perguntou se algum dos
presentes desejava fazer um sacrifício maior que o seu. Nós não sabíamos nada para contradizê-lo;
isso era tudo parte do ritual. Ele podia fornecer as raízes, a semente, o tronco da maior árvore que era
pra ser Ceoris. Ele podia invocar o poder da axis mundi, a mítica árvore do mundo que é o centro de
toda existência. Tremere deu-o a foice. Ele a tomou em sua mão direita, alcançando entre suas pernas
com a esquerda. Evidentemente ele pensou que precisaria somente de um simples golpe em arco com
a foice para arrancar seu pênis. Mas levou mais que isso. A carne nem sempre cedia, mesmo para a
lâmina. Goratrix teve que serrá-lo fora. Onde ele havia se ferido, o sangue jorrava como uma fonte.
Isso atingiu Meerlinda, e Etrius, e Tremere e o resto de nós. Eu ainda me lembro da sensação quente e
úmida de seu sangue batendo contra a pele nua de minha barriga. Nenhum de nós recuou. Nós
sabíamos que Goratrix tinha a mágica para, eventualmente, crescer seu pênis de volta. E eu confesso
que nós demoramos a nos acostumar aos atos do sombrio ritual, tendo desenvolvido um gosto pelas
assustadoras páginas de nossos tomos. Mais importante, nós sabíamos que qualquer explosão,
qualquer falha para manter o cântico, podia ser fatal para a mágika. Goratrix fez careta, enrijeceu-se,
rachou o que estava à esquerda e manteve-o para nós víssemos. Cambaleante, ele o pôs sobre o ponto
desejado.
Então meu vacilo. Talvez um vacilo que salvou minha alma. Certamente um para dar-me uma
existência monstruosa ao invés de outra.
Eu fiz o que eu não devia ter feito. Eu falhei em me controlar. Eu lembro a sensação subindo em
mim, o desejo para suprimi-lo, minha tentativa de apertar minha garganta. Meus olhos se enchendo
d’água. Então meus joelhos me traíram, caindo abaixo de mim. Finalmente, o expurgo de meu
estômago. A bile veio subindo em mim e saiu de minha boca. Eu sabia desde então o que eles deviam
fazer para evitar minha fraqueza de prejudicar para sempre este local perfeito. Nem por um instante
eu pensei que eles me poupariam.
Tremere deve ter aprovado a Goratrix, sancionando o inevitável. Apesar de seus ferimentos, Goratrix
encontrou a força para dar um passo à frente e, usando a mesma lâmina com a qual ele se mutilou,
cortou minha garganta. Eu levei minhas mãos à ferida. Eu devia ter levado um deles em meus últimos
momentos, pela imagem final de meus dias de vida ser de minha palma, vermelha e lisa.
Embora eu os odeie, eu não reclamarei que meu assassino brincou facilmente sobre suas almas. Ele
não era ainda tão acostumado a matar seus companheiros. Arundinis e Anguisa silenciosamente
retiraram facas dos bolsos de seus mantos caídos e foram trabalhar sobre meu próprio cadáver. As
facas, preparadas para a demonstração ritual, mostraram-se mal adaptadas para a tarefa. Eu vi o resto
como se do alto. Eu os assisti cortar minha carne e vi meus ossos.
Etrius tomou a liderança pelo resto do ritual. Ele mostrou um saco de terra de Creta e o esvaziou no
meio do círculo. Ele esperou Arundinis e Anguisa terminarem, então pegou minha cabeça cortada
pelos cabelos. Ele a plantou no monte de terra.
Agora uma dúvida dançou pela face de Etrius. Onde colocar o pênis decepado de Goratrix, agora que
minha cabeça tinha de ser enterrada no monte também? Etrius observou a face de Goratrix; nada era
permitido a se falar. Etrius deveria decidir.
Porque Etrius fez a escolha que ele fez? Eu nunca tenho sido privado aos pensamentos de qualquer
um. Tudo que eu posso dizer com certeza é que, com seus dedos, Etrius abriu minha boca morta. O
filho de um Viking bastardo de alma podre pôs o membro de Goratrix dentro de minha boca, que
então ele fechou. Ele jogou a terra sobre minha cabeça. Os seis magi remanescentes completaram o
cântico. Eles colocaram seus mantos de volta. Etrius limpou sua garganta, ruidosamente. Os servos de
Goratrix ouviram e tocaram o berrante. Arundinis e Anguisa levaram Goratrix para uma tenda, onde
Meerlinda realizou um encantamento para parar o sangramento e começar a regeneração.
Daí eu permaneci ali, uma sombra invisível com a consistência de fumaça, porém, certamente não é
coincidência. Os tomos da ordem diziam que era comum para nossa espécie vagar no reino dos vivos
por alguns momentos, mas que eu tenha permanecido todos estes séculos como testemunha para o
poder em ação daquela noite amaldiçoada. Colocando o membro de Goratrix em minha cabeça
decepada, Etrius ligou-me ao local. Aquele demônio pedante alegaria inocência em qualquer destes
esforços, mas não confie nele Bitiurges. Ele subiu como braço direito de Tremere através de astúcia e
traição assim como o resto de nós. Ele pretendia para mim arrastar e crescer, talvez como seu espião
ou escravo, talvez por seu próprio prazer. Não confie nele.
Por quase cinco anos eu os observei completarem a estrutura. Como formigueiro, pequenas tropas de
maçons, demolidores, mineradores, marceneiros, ferreiros, carroceiros e operários trabalharam sobre
a supervisão dos engenheiros chefes de Goratrix.
Novamente, estes eram todos homens comuns, sob os olhos de magos orgulhosos.
Como o tempo dedicado encurtou, Etrius veio examinar o local, e para tão apaticamente questionar a
eficiência dos métodos de construção de seu rival. Eu vi Goratrix encolerizar-se. Era Etrius? Ele era
sempre frio como uma enguia, mesmo quando o sangue que pulsava em suas veias era o seu próprio.
Eu não pude ler suas intenções. Etrius pediu, e recebeu, autorização de Tremere para realizar
magicamente as fortificações de Ceoris. Ele criou uma fissura massiva na terra, cortando uma
trincheira de milhas de profundidade ao redor da capela de Goratrix na montanha, sempre o pequeno
acólito, mostrando suas capacidades ante o mestre.
Quando a construção estava completa, Goratrix e Etrius examinaram a lista de empregados que
trabalharam na construção. Eles selecionaram os homens que sabiam mais que o conveniente sobre a
nova fortaleza. Eles contaram aos mais sensíveis magos da casa que as memórias dos construtores
seriam apagadas magicamente. Eles seriam levados para suas várias terras natais. Eles acordariam de
seu sonambulismo com ouro nos bolsos, e imaginariam pra sempre como isso parou ali.
Goratrix e Etrius tinham matado estes construtores. Aos outros foi permitido se fixarem nas vilas ao
redor de Ceoris. Os magi prometeram terras férteis para cultivar e a proteção de seu poderoso castelo.
Aqueles que não viram as atrações destas ofertas também foram mortos. Alguns destes destinos
foram prolongados: Eles morreram muitos anos depois sobre as mesas de Tremere e Goratrix. Eu
acredito que eles estavam tentando construir homunculi de carne humana. Uma cobaia de laboratório
em particular gritou de um modo singular, como um gato sendo escaldado vivo, e seus gritos ainda
ecoam em meus ouvidos.
(Há alguma coisa que se esgueira entre os pinheiros fora de Ceoris atualmente. Eu posso vislumbrar-
lo somente de forma débil, porque isso está muito longe da fundação a qual eu estou ligado. Seus
uivos relembram-me aqueles gritos. Você deve encontrar esta coisa, Bitiurges. Isso pode ser um
homunculus foragido, louco para acertar as contas. Ele pode confirmar este conto, ou contá-lo
segredos aos quais até mesmo eu não estou ciente.)
..::INCIDENTE EM TESSALÔNICA::..
Este conto crucial, eu só conheço de segunda mão, porque isso ocorreu muito longe de meus portões
e torres. Em 1036, Etrius visitou a capela de outra ordem hermética, os Bonisagi, em Tessalônica. Ali
eles buscavam livros de conhecimentos relativos aos vampiros. Enquanto estavam ali, eles encararam
um assalto de um exército de pequenos e sibilantes homúnculos com dentes de fogo. Eles nasceram
de um encanto lançado por Vitório, um magus mortal sob influência de Goratrix, o qual errou de uma
maneira sangrenta que eu sou cruel o bastante para achar divertida. Se isso falhou porque ele tentou
um ritual mal formado tão apressadamente, ou devido à volatilidade em andamento afetando sua
mágica, eu não sei. O encanto retirou o material essencial para os bonecos autômatos não dos tijolos
ou argamassa da capela, como era esperado, mas da carne e sangue de outros magi adormecidos
próximos ao quarto de Etrius. Nenhum dos magi de Tessalônica foram mortos, mas vários foram
mutilados: Um teve seus olhos perfurados e outro perdeu a carne de ambas as pernas. Furioso,
Bonisagi traçou a cruel magia de volta até a sua fonte. Eles concluíram que Ceoris não estava
somente no meio de uma guerra civil, mas seus mages certamente estavam puxando poderes
infernais. Dentro de meses, este conto se espalhou, com a virulência de uma doença, através das
capelas da Europa. Tremere gastou cinco anos visitando um colega poderoso após o outro,
persuadindo cada um de que o Incidente de Tessalônica havia sido grosseiramente mal entendido.
Vitório foi assassinado e mantido como o único culpado. Como eu desejaria que eu pudesse ter
viajado aos ombros de Tremere, para vê-lo fingir, implorar, adular, e humilhar-se perante aqueles que
ele considerava seus inferiores! Ora, seus amaldiçoados poderes de persuasão, sem dúvida tomando
uma vantagem hábil dos medos e percepções estreitas dos outros, venceu. Os outros concordaram em
não buscar qualquer ação contra sua Casa. Eu temo que ele até recrutou alguns deles sem contar a
qualquer de seus seguidores que ele havia Abraçado magi proeminentes de outras Casas.
..::A CAÇA::..
Em 1121, conhecendo o sucesso de Goratrix na criação das Gárgulas, eles se sentiram prontos para
seguir as varias pistas e referencias na literatura do vampirismo. Acompanhados por alguns recentes
Gárgulas, eles perambularam através dos cantos escuros da Europa, algumas vezes posando como
vampiros de outros Clãs (Aqui eu dependo novamente de conversas ocorridas em Ceoris, cujos
alcances eu não posso cruzar). Eles reuniram mais fatos básicos da existência vampírica. Eles
descobriram que eles poderiam aumentar seus poderes bebendo o sangue mais próximo daquele de
Caim, o primeiro vampiro (Sim, Cain o primeiro assassino). Tremere testou imediatamente esta
teoria, matando um vampiro mais velho em Roma e consumindo sua vitae. Tão logo ele soube que
uma hierarquia existia, Tremere trabalhou fervorosamente para achar seu ápice e derrubar quem o
ocupasse. De 1126 a 1132, ele e Etrius rastrearam os antigos vampiros conhecidos como Matusaléns.
Onde eles encontrassem um, eles planejavam cuidadosamente um assalto, chamando os outros
Conselheiros de seus postos para juntarem-se na morte. Embora isso significasse que eles
aumentavam o poder de seu próprio sangue, em troca reforçavam a força de sua Taumaturgia.
..::Goratrix::..
Durante um tempo acordado em Ceoris, Tremere definiu o desenvolvimento futuro de seu Clã
autonomeado. LeDuc, mestre da florescente Capela de Paris, foi viajar para o Levante para procurar
mais pistas e eventos que tinham desencadeado. Ele caçaria Salubri e seus segredos, aparentemente.
Goratrix deixaria de ser Lorde de Ceoris e iria para a França tomar os salões parisienses. Fixo, Etrius
tomaria Ceoris, vendo para isso que o descanso de Tremere fosse imperturbado.
Goratrix conteve sua fúria apoplética até que ele alcançou sua câmara, onde eu o vi desabafar na
presença de Malgorzata e Jervais. Foi ele, Goratrix, quem tinha salvado a Casa criando as Gárgulas e
recuando as criaturas da noite! Foi ele quem havia sacrificado sua essência mística para construir
Ceoris. Ela foi sempre suposta a ser sua! Sua força poderia ser arrendada para sempre se ele não a
ocupasse! O covarde Etrius tinha lhe passado a perna depois de tudo. Aquele lacaio sabia que a real
posição de poder estava a direita de Tremere. Que contribuição ele havia feito? Ele certamente
convenceu Tremere a tomar Ceoris dele. Que tapa de luva esse! A renuncia de tudo que Goratrix
tinha feito! Etrius tinha estado ali meramente para bajular Tremere, para atender seus confortos.
Etrius não tinha feito nada, mas ganhou tudo!
Goratrix pegou uma espada na parede e disse que desceria o corredor até a câmara onde Tremere
estava e tomaria sua vida como Tremere havia tomado a de Saulot. Mas então uma mudança de
expressão caiu sobre sua face; eu estou certo que isso foi mais do que um truque da luz tremulante da
vela. Algumas vezes, quando eu trago o momento à lembrança, eu acho que ele deve ter sido
subjugado com o amor ao Tremere, como demanda a jura de sangue. Mas então é bem provável que
ele fosse avesso a chamar qualquer maldição que tivesse voltado-se para Tremere na tumba de Saulot
diretamente para si. Então dessa forma ele contou para Malgorzata que ele iria para França e
encontraria um meio de fazer da capela de Paris o que Ceoris deveria ter sido. Etrius governaria só da
boca pra fora, ele disse. Ela teria de governar secretamente, conspiratoriamente. Embora fosse
verdade que eles queriam se mover mais rápido, e que Etrius era tímido e muito cauteloso, ela nunca
deveria esquecer a verdadeira questão da luta. Era sobre dois homens, Goratrix e Etrius, e sobre a
repugnância entre eles. Goratrix sentia um ódio tão grande que qualquer um poderia se abrigar sob ele
e tirar forças disso. Garantir a lealdade de alguém para um homem, isso é um engano, disse Goratrix,
porque os homens a abandonam. Eles o surpreendem. Eles hesitam. Mas dê sua alma ao ódio e você
crescerá e ganhará força. Ele foi realmente muito ativo. Eu mesmo posso ter caído na linha com ele,
se meu próprio já não tivesse sido consignado ao ódio a muito tempo atrás — um ódio que o inclui
como um de seus principais objetos.