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MANAUS
2023
RODRIGO DA SILVA JUSTO
MANAUS
2023
3
rjrodrigojusto25@gmail.com
ORIENTANDOR2
Resumo
O fisioterapeuta dentro da UTI possui como foco melhorar a capacidade funcional geral dos
pacientes, assim como restaurar a independência respiratória e física, diminuindo assim o risco
de complicações associadas à permanência no leito. O objetivo desse estudo foi revisar na
literatura atual a importância da atuação do fisioterapeuta nas Unidades de Terapia Intensiva
(UTIs), bem como os benefícios do atendimento fisioterapêutico nas referidas unidades. A
metodologia abordada foi uma revisão sistemática de literatura na busca por artigos nas bases
de dados Medline (PubMed), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Scielo e Google Acadêmico.
Os resultados obtidos foram satisfatórios e atenderam às expectativas. Conclui-se, portanto,
que os estudos atuais destacam a necessidade desse profissional no âmbito hospitalar e a
eficácia de suas contribuições, especialmente nos casos de pacientes em pós-operatório e
cuidados intensivos, ajudando a reduzir os efeitos nocivos que podem surgir após longos
períodos em respiração mecânica ou hospitalização prolongada.
Palavras-chave: Fisioterapia hospitalar; Unidade de terapia intensiva; Reabilitação;
Assistência ao paciente. Humanização.
___________________________________
1
Pós-graduando (a) em Fisioterapia em Unidade de Terapia Intensiva
2
Orientador (a):
4
1. Introdução
No início da década de 70 reconheceu-se a importância da fisioterapia nos hospitais, o
que remonta essa época à inserção da fisioterapia respiratória brasileira que, com seu rápido
conhecimento consolidou-se indispensável em todos os hospitais, até o momento que essa
especialidade passou a ser obrigatoriedade na composição da equipe multidisciplinar1.
As Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) representam um ambiente hospitalar crucial
para o atendimento de pacientes em estado crítico, que abrigam cuidados intensivos e
especializados. Nessas unidades, a equipe de saúde enfrenta desafios únicos para fornecer o
melhor tratamento possível e garantir a recuperação desses indivíduos que lutam contra
enfermidades graves e debilitantes. Nesse contexto, a fisioterapia surge como uma disciplina
fundamental para a reabilitação e melhoria da qualidade de vida dos pacientes2.
A fisioterapia é uma especialidade da área da saúde que pode subdividir-se em subáreas,
sendo elas: fisioterapia cardiorrespiratória, fisioterapia neonatal, fisioterapia geriátrica, entre
outros. A fisioterapia é parte da assistência multiprofissional proporcionada nas UTIs. O
contínuo desenvolvimento do tratamento fisioterapêutico nas UTIs levou a melhora de técnicas
e recursos para toda a população, o que contribuiu para redução da morbidade no ambiente
hospitalar2.
A atuação do fisioterapeuta na UTI é ampara para dirimir os efeitos adversos causados
pela imobilidade prolongada, as intervenções médicas invasivas e a instabilidade clínica que
muitas vezes marcam a trajetória dos pacientes internados nesses ambientes. O fisioterapeuta
desempenha papel essencial ao trabalhar em estreita colaboração com a equipe multidisciplinar,
encorajado para o diagnóstico precoce de disfunções respiratórias e motoras, além de planejar
e executar intervenções terapêuticas aplicadas a cada paciente4.
Dentre as disfunções associadas ao alto tempo de permanência da UTI, encontra-se a
imobilidade, a falta de condicionamento físico e a fraqueza muscular, considerados problemas
frequentes e que estão associados a maior incapacidade e à reabilitação prolongada, ou seja,
pelo tempo que o paciente fica acamado sem se mover. Na UTI hospitalar, é possível observar
pacientes nos mais diversos casos, em estado crítico, instáveis com prognósticos graves e vários
deles sob alto risco de morte, e muitos sem estimativa de alta3.
Portanto, o presente trabalho possui como objetivo revisar na literatura atual a
importância da atuação do fisioterapeuta nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), bem como
os benefícios do atendimento fisioterapêutico nas referidas unidades.
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2. Fundamentação Teórica
A fisioterapia foi legalizada como profissão em 13 de outubro de 1969 pelo decreto lei
nº 938. O seu trabalho envolve a aplicação de métodos, técnicas e procedimentos terapêuticos
aplicados diretamente no paciente, consciente ou não. É uma das profissões da área da saúde
mais recente, com o objetivo de prevenir e tratar lesões cinéticas decorrentes de doenças ou
traumas, utilizando mecanismos terapêuticos próprios4.
No atendimento multidisciplinar oferecido aos pacientes encontrados na unidade de
terapia intensiva (UTIs), o fisioterapeuta se faz atuante em vários segmentos do tratamento
intensivo, tais como o atendimento a pacientes que não necessitam de suporte ventilatório;
assistência durante e após a recuperação pós cirúrgicos, com o objetivo de evitar complicações
respiratórias e motoras e assistência a pacientes graves que necessitam de suporte ventilatório2.
De acordo com a Associação Brasileira de Fisioterapia Cardiorrespiratória e Fisioterapia
em Terapia Intensiva (ASSOBRAFIR), é recomendado a presença do Fisioterapeuta nos CTIs
adulto, pediátrico e neonatal, num total de 24 horas ininterruptas. Essa recomendação se faz
necessária devido à alta complexidade dos atendimentos realizados atualmente pela Fisioterapia
em Terapia Intensiva e no grande número de ocorrências clínicas e admissões que ocorrem
durante esse período1.
Sob esse viés, os profissionais fisioterapeutas de acordo com a Lei nº 8.856/94 estão
sujeitos à prestação máxima de 30 horas semanais de trabalhado, sendo regidos e
supervisionados pelo COFFITO5.
O fisioterapeuta dentro da UTI possui como objetivo melhorar a capacidade funcional
geral dos pacientes, assim como restaurar a independência respiratória e física, diminuindo
assim o risco de complicações associadas à permanência no leito. Entretanto, é importante
entender que o papel dos fisioterapeutas na UTI varia consideravelmente entre países e depende
de fatores como nível, treinamento e especialização dos profissionais6.
Na Alemanha, por exemplo, estima-se que a UTI seja responsável por 20% de todos os
custos hospitalares. No Brasil, ainda faltam estudos que analisem os custos de internação e
permanência prolongada na UTI6. Ainda assim, um estudo dirigido por Nangino el al7, calculou
o impacto financeiro de pacientes internados na UTI com infecções nosocomiais e obteve como
resultado maior gasto por paciente e maior gasto diário quando em comparação com pacientes
sem infecção.
Por sua vez, no atendimento multidisciplinar oferecido aos pacientes na UTI, o
fisioterapeuta se faz presente em vários segmentos do tratamento intensivo. A fisioterapia
respiratória pode atuar na prevenção e no tratamento das doenças respiratórias utilizando-se de
6
3. Metodologia
4. Resultados e Discussão
4.1 Resultados
Ao final da triagem, foi observado que os artigos a seguir foram os mais relevantes para
a revisão, pois encaixavam-se dentro dos critérios de inclusão previamente estabelecido. Na
tabela 1 destaca-se os artigos mais relevantes dentro da amostragem.
4.2 Discussão
O presente estudo objetiva analisar na literatura os benefícios da atuação fisioterapêutica
em pacientes internados nas unidades de terapia intensiva (UTIs). Dessa forma, todos os artigos
selecionados retratam a ação da fisioterapia nas mais diversas áreas de atuação, apresentando
como indispensável a presença desse profissional na UTI devido seus conhecimentos e
benefícios para os pacientes.
No Brasil, embora os fisioterapeutas estejam cada vez mais presentes nas UTIs, sua
atuação difere em cada instituição não estando seu papel bem definido. Entre 1973 e 1979,
reconheceu-se a importância da fisioterapia nos hospitais, especialmente com a fisioterapia
respiratória, o que leva essa época a ser a mais importante para a inserção da fisioterapia
respiratória brasileira que, com seu rápido crescimento na década seguinte, consolidou-se como
indispensável em todos os hospitais, quando então essa especialidade passou definitivamente a
compor também as equipes de terapia intensiva4.
A fisioterapia possui um arsenal abrangente de técnicas que complementam os cuidados
a pacientes graves. Entre as principais indicações estão: a melhora da função pulmonar, terapia
para alivio da dor e dos sintomas psicofísicos e atuação na prevenção e reabilitação de
complicações osteomioarticulares, cardiovasculares e neurológicas. O benefício a ser buscado
pelo fisioterapeuta na UTI é preservar a vida, melhorando sua qualidade e aliviando os sintomas
físicos, dando oportunidade, sempre que possível, para a independência funcional do paciente8.
Diversas técnicas podem ser usadas por fisioterapeutas como: drenagem postural,
posicionamento no leito, vibração e compressão torácica, aumento do fluxo expiratório,
aspiração de vias aéreas superiores e traqueal visando a reexpansão pulmonar e desobstruções
de vias aéreas. O RTA (reequilíbrio toraco-abdominal) é feito de uma forma mais sútil
objetivando também a desobstrução brônquica e otimização da ventilação pulmonar, sendo
assim o tratamento e acompanhamento fisioterapêutico tem um papel primordial no cuidado de
pacientes internados na UTI possibilitando melhora e equilíbrio de variáveis hemodinâmicas9.
Dependendo da complexidade, o paciente crítico permanece por um tempo prolongado
em UTI, predispondo a incidência de várias complicações advindas da imobilidade. Essa
imobilidade prolongada é deletéria, com rápida redução da massa muscular e da densidade
mineral óssea, assim como comprometimento em outros sistemas do corpo, sendo essas
manifestações visíveis já na primeira semana de estadia, o que contribui para o declínio
funcional e a redução da qualidade de vida. Sendo que o desenvolvimento de fraqueza muscular
generalizada é uma complicação que acomete de 30% a 60% dos pacientes internados nas UTIs,
11
podendo persistir entre seis meses até dois anos após a alta da unidade e, consequentemente,
acarretando impactos na função física desses pacientes. Além disso, pacientes com força
muscular periférica reduzida permanecem um maior tempo em ventilação mecânica. No
entanto, esses efeitos deletérios do imobilismo podem ser revertidos ou amenizados pela
atuação do fisioterapeuta1.
Nesse contexto, apesar de a literatura ressaltar a necessidade de atendimento
humanizado, pouco se sabe a respeito da implementação e dos resultados de medidas que visem
minimizar a impessoalidade do paciente. Desta forma, a avaliação do ponto de vista do paciente
atendido pelo fisioterapeuta na UTI poderá ajudar a edificar uma nova relação terapêutica de
respeito, afeto e vinculo, a fim de melhorar a qualidade da atenção dispensada ao paciente e
construir um hospital humano8.
Atualmente, um importante fator observado nos serviços de saúde é a mudança no
comportamento de seus usuários, que exigem cada vez mais serem envolvidos nas tomadas de
decisões relativas às suas doenças e tendem a avaliar mais efetivamente a execução e a
qualidade dos serviços prestados, trazendo a necessidade de avaliar o nível de satisfação da
assistência oferecida. Muitas estratégias para melhorar os serviços prestados pela fisioterapia
estão baseadas na satisfação dos pacientes. Ouvir e observar o comportamento dos pacientes
dentro de um hospital é fundamental para a compreensão e melhoria do serviço e ambiente
hospitalar10.
5 Conclusão
Ao longo das últimas décadas, a fisioterapia no contexto hospitalar experimentou um
crescimento notável. Além disso, as pesquisas têm sido conduzidas para validar a eficácia de
suas técnicas, reforçando ainda mais a importância do fisioterapeuta nesse ambiente. De fato, a
presença contínua do profissional nas UTIs, UTINs e enfermarias é essencial. É fundamental
ressaltar que o fisioterapeuta que atua nesse ambiente deve possuir especialização adequada,
para assim colaborar de forma efetiva com a equipe multidisciplinar no cuidado e tratamento
dos pacientes críticos. Os estudos atuais destacam, portanto, a necessidade desse profissional
no âmbito hospitalar e a eficácia de suas contribuições, especialmente nos casos de pacientes
em pós-operatório e cuidados intensivos, ajudando a reduzir os efeitos nocivos que podem
surgir após longos períodos em respiração mecânica ou hospitalização prolongada.
12
6. Referências
17. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria GM/MS nº 3432. - DOU Nº 154 Estabelece critérios de
classificação para as Unidades de Tratamento Intensivo – UTI. Agosto de 1998.
18. NOZAWA, E. et al. Perfil de fisioterapeutas brasileiros que atuam em unidades de terapia
intensiva. Fisioterapia e Pesquisa, v. 15, n. 2, p. 177–182, 2008.
20. SANTUZZI, C. H. et al. Aspectos éticos e humanizados da fisioterapia na UTI: uma revisão
sistemática. Fisioterapia em Movimento, v. 26, p. 415–422, 2013.
21. SARMENTO, T. et al. Physiotherapeutic performance in the care of patients with Covid-
19 / Atuação fisioterapêutica no atendimento dos pacientes com Covid-19. Brazilian Journal
of Health Review, v. 4, n. 4, p. 17729–17750, 2021.