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Complicações e Instruções no Manuseio com

LC RGP

Conteudista: Prof.ª Adriana Diniz


Revisão Textual: Aline Gonçalves
Revisão Técnica: Prof.ª Alice Zaramella

Objetivos da Unidade:

Identi car as complicações associadas ao uso de lentes rígidas;

Analisar os sintomas normais e anormais da adaptação;

Entender os depósitos em LC;

Explorar as revisões de controle e produtos de assepsia;

Estudar as instruções de colocação e remoção de lentes rígidas.

ʪ Material Teórico

ʪ Material Complementar

ʪ Referências
QUESTION B AN KS
TEMA 1 de 3

ʪ Material Teórico

Complicações Associadas ao uso de Lentes Rígidas


Dentre as complicações do uso de lentes de contato, a de ciência de oxigenação da córnea
começou a ser notada pela sua importância clínica à medida que os materiais gás permeáveis
se difundiram.

Figura 1
Fonte: Getty Images
Figura 2
Fonte: Freepik

O primeiro tipo de material foi o polimetilmetacrilato, sem hidratação e sem permeabilidade


aos gases. A superfície da córnea, quando exposta a esse tipo de LC, sofria importante
diminuição de suprimento do oxigênio. Hoje em dia, essa lente quase não é mais
comercializada, apesar de ainda ser fabricada. Foram relatadas as primeiras alterações da
sensibilidade da córnea com seu uso rotineiro, tais como sensação de olho seco e desconforto
ao nal do dia. O monitoramento biomicroscópico dos usuários evidenciou hiperemia
conjuntival e algumas ceratites, microcistos epiteliais, edema de córnea e alterações
endoteliais.

Com a evolução dos materiais, na década de 1980, os DK (permeabilidade) tornaram-se cada


vez maiores, fazendo com que os pacientes adaptados às lentes de contato rígidas gás
permeáveis apresentassem menos complicações. Os estudos comprovaram que a melhora na
adaptação e diminuição das complicações se relacionava com o aumento da disponibilidade de
oxigênio para o metabolismo da córnea.

Os sintomas são evidentes ao nal do dia de uso de LC e são impostos pela hipóxia que a lente
ocasiona, mas são exacerbados em certas situações, como: uso inadequado das LC por tempo
além do recomendado, por higiene e conservação inadequada ou mesmo por tempo estendido
na vida útil das lentes.

Isso, por si, justi ca a necessidade de acompanhamentos periódicos para avaliação da


siologia ocular e da integridade das lentes.

As principais complicações são:

Edema de Córnea
Ocorre pela hipóxia ocasionada pelas lentes. Esse edema é o resultado do excesso de água no
epitélio ou no estroma corneal, pode causar desconforto, redução da visão e predisposição a
infecções.
Figura 3 – Edema de Córnea
Fonte: Reprodução

Você já sabe que a presença das lentes de contato sobre o epitélio corneal reduz a quantidade
de oxigênio disponível para a córnea, porém, dependendo do material e da espessura das
lentes, essa redução pode ser maior ou menor. Existe um nível crítico de oxigênio necessário
para manter uma siologia corneal normal, assim, quando está abaixo desse nível, o edema de
córnea se tornará presente.

O edema corneal é, inicialmente, intracelular e pode, posteriormente, se estender para as


camadas mais profundas, se a hipóxia persistir.
Síndrome do Uso Excessivo
Causada por hipóxia aguda da córnea e pode apresentar dor intensa após algumas horas da
retirada das lentes, seguida de fotofobia, lacrimejamento, sensação de corpo estranho e visão
borrada. Esses casos devem ser remetidos ao oftalmologista e, após cura da córnea, deve-se
readaptar a lente com maior DK e reorientar o paciente quanto ao tempo de uso.

Neovascularização de Córnea
A neovascularização pode surgir sob vários estímulos, e se invadir a córnea mais do que 2
mm, é considerada anormal. Essa neovascularização pode envolver o estroma super cial,
médio e profundo, o que dependerá da intensidade e duração dos fatores que desencadearam,
sendo a hipóxia o principal fator. Quando os fatores desencadeantes são removidos, cam
“vasos fantasma” no local da neovascularização. O tratamento consiste em suspender as
lentes, veri car os motivos, dar preferência a materiais com alto DK e rever toda a adaptação.

Figura 4 – Neovasos na córnea


Fonte: Reprodução
Conjuntivite Papilar Gigante (CGC)
Esta condição está mais associada ao uso de lentes de contato gelatinosas, mas pode ocorrer
em lentes rígidas, uso de ceratoprótese, próteses oculares e suturas oculares com os
expostos. Pode ocasionar prurido, ardor, desconforto e até a intolerância às lentes. As causas
da CGC podem ser o traumatismo constante da conjuntiva tarsal superior e a exposição dessa
conjuntiva aos alérgenos das lentes.

Figura 5 – Conjuntivite Papilar


Fonte: Reprodução

O tratamento varia de acordo com o estágio. Nos casos leves, removedores enzimáticos de
proteínas aplicados no sistema de limpeza das lentes de contato ou a troca das lentes por
novas podem ser su cientes. Nos casos moderados, sugere-se a substituição de lentes de
troca anual por lentes descartáveis de uso diário ou, no máximo, quinzenal. Nos avançados,
quando essas medidas não forem su cientes, se for usuário de lentes gelatinosas, trocar para
rígidas gás permeáveis ou suspender o uso até alta médica.

Ceratite Numular ou In ltrativa


É semelhante à ceratoconjuntivite epidêmica. As opacidades em forma de anel aparecem nas
camadas super ciais ou profundas do estroma corneano. Os sintomas são desconforto,
hiperemia e intolerância às lentes de contato. As causas são reação de hipersensibilidade aos
preservativos ou a hipóxia. As causas mais comuns são piscar por incompleto e desenho
inadequado da borda da lente. Deve-se suspender temporariamente as lentes, tratar a ceratite
corneana e readaptar novas lentes de contato para melhorar a lubri cação e o piscar do
paciente.

Distorções Corneanas
São alterações da sua topogra a, reversíveis ou não, induzidas por lentes de contato e que não
estão associadas com edema corneal. Podem ocorrer com qualquer tipo de LC e levam a
astigmatismos irregulares. O quadro clínico é de baixa visão com as lentes e os óculos, e as
causas mais comuns são: longo tempo de uso das lentes de contato, diminuição da rigidez
corneana, lente mal adaptada ou piscar irregular.

A primeira medida é suspender o uso das lentes por semanas ou meses até a estabilização da
topogra a e refração. Esse tempo varia muito: 14 semanas para usuários de lentes acrílicas, 10
semanas para as rígidas gás permeáveis e cinco semanas para as hidrofílicas.

Hipoestesia Corneal
A hipóxia crônica e o edema podem determinar uma diminuição da sensibilidade da córnea,
ocorre principalmente com as lentes rígidas. A suspensão do uso e a readaptação de lentes de
contato permeáveis ao oxigênio, geralmente, levam à recuperação da sensibilidade, que
demora horas, dias ou até meses.

Abrasão Epitelial
A abrasão epitelial geralmente é resultante de um traumatismo leve e pode decorrer de
acabamento inadequado da LC, do ato de coçar os olhos após a entrada de ciscos, de lente mal
adaptada, usuário com unhas longas, técnica inadequada na colocação e remoção da lente etc.
Atinge apenas as camadas super ciais de células do epitélio. O uso da lente deve ser
interrompido e a regeneração da córnea ocorre dentro de 24 horas. Quando a abrasão atinge
todas as camadas celulares do epitélio, ela é considerada profunda. Surge geralmente em
decorrência de um traumatismo mais severo e apresenta sintomatologia mais acentuada, com
dor, sensação de corpo estranho, lacrimejamento e fotofobia. Nestes casos, o
encaminhamento para o médico responsável se torna necessário e a recuperação pode
demorar até sete dias.

Opacidades Corneais
Opacidades surgem geralmente sem sintomas, provocadas pelo toque excessivo em áreas da
córnea. Ocorre principalmente em usuários de lentes de PMMA e localizam-se, na maioria das
vezes, na área central ou em áreas próximas da borda da lente. O trauma contínuo, o edema
crônico e a dessecação corneal prolongada atuam como agentes causadores.

Síndrome da Lente Fixa


O paciente acorda pela manhã com dor, hiperemia perilímbica e sensação de lente apertada.
Fragmentos de muco e restos celulares podem ser vistos na LC e, geralmente, ela está imóvel,
aderida à córnea e à conjuntiva, sua remoção é difícil.

A principal causa dessa síndrome, também chamada de síndrome da adesão, é a adaptação de


uma lente posicionada inferiormente, na, que pode sofrer exão sobre uma pálpebra tensa.
A lente deve ser removida e a estabilização da curvatura corneal aguardada após ter o uso da
LC suspenso. Com a curvatura corneal estável pode ser feita a readaptação de uma lente de
contato em posição interpalpebral ou superior, recomendando-se ao usuário que não durma
usando a lente.

Síndrome das 3 e 9 Horas


É caracterizada por uma dissecação nasal e temporal em usuários de LC rígidas. É bem
tolerada quando em estágio inicial, mas deve ser considerada caso ocorra quadro clínico,
como: sensação de corpo estranho, hiperemia conjuntival localizada nas regiões nasal e
temporal, secreção e intolerância.
Figura 6 – Síndrome das 3 e 9 horas
Fonte: Reprodução

As causas mais comuns são: piscar incompleto, olho seco ou desenho inadequado da borda da
LC. O pro ssional deve pedir que o paciente pisque mais vezes ou até que use colírio
umidi cante.

Sintomas Normais na Adaptação


A adaptação inicial de um usuário de lentes de contato rígida pode ser rápida ou mais
prolongada, em função da sensibilidade corneal (que varia em cada pessoa). Em todo caso, o
pro ssional deve estar atento a certos sintomas que possam sinalizar a realização de alguns
ajustes. Porém alguns sintomas são tidos como normais para a grande maioria dos novos
usuários, são eles:

Sensação de olhos molhados e visão borrada;


Irritação palpebral que pode provocar piscar excessivo ou incompleto: o piscar
incompleto, reação inconsciente de defesa para diminuir o desconforto provocado
pela borda da LC contra a pálpebra. O pro ssional poderá avaliar se o paciente está
piscando corretamente durante o acompanhamento periódico e deve ser corrigido
para evitar problemas com a falta de hidratação adequada;

Di culdade de olhar para cima: o paciente com ceratocone deve sempre se atentar
a esses movimentos bruscos de olhar e, principalmente, de piscar olhando para
cima, o que pode fazer com que a lente seja projetada para fora do olho em função
da alta protrusão da córnea;

Fotofobia;

Tempo de desaparecimento dos sintomas: 1 a 2 meses. Se o usuário seguir


corretamente o período imposto pelo pro ssional de adaptação em relação às
horas de uso, dentro de no máximo dois meses ele deverá estar completamente
adaptado.

Sintomas Anormais na Adaptação


Você já sabe que a adaptação das lentes de contato RGP deve ocorrer de maneira mais
cautelosa em relação às gelatinosas, e as revisões periódicas servirão para que o pro ssional
possa avaliar a integridade tanto da córnea quanto da lente. Nesses encontros, o pro ssional
deverá estar atento à possibilidade de trocar as lentes junto ao fabricante para a namentos ou
mesmo suspender o uso quando necessário. Alguns sintomas anormais que requerem
intervenção imediata são:

Dor e queimação repentina (dor aguda pode ser ocasionada


por corpo estranho sob a lente);

Halo constante e forte em torno das luzes: pode ser induzido por edema de córnea
e deve ser avaliado;

Irritação ocular e vermelhidão progressivas: as irritações iniciais são frequentes e


comuns, porém a característica que marca esse período inicial é a ausência
gradual dos sintomas, e se o contrário ocorrer, pode indicar ajustes necessários;
LC difícil de remover, grudada no olho: se isto ocorrer com frequência, a sugestão
é que a lente está justa, impedindo a remoção normal. Reveja a curvatura dela;

Visão borrada com óculos por mais de uma hora após a remoção da LC: este
sintoma pode denotar distorção corneal provocada pela lente. O pro ssional
deverá rever sua adaptação para afastar a hipótese de a lente estar se ajustando
demais à córnea;

Re exos: são comuns em usuários de LC rígidas, principalmente à noite, porque a


pupila dilata e a imagem entra pela periferia da ZO da LC. Nesses casos, o
contatólogo pode aumentar o diâmetro da lente para evitar esse desconforto
visual.

Depósitos em LC, Revisões de Controle e Produtos de


Assepsia
Embora não sejam um depósito verdadeiro, as abrasões são mencionadas como a causa mais
provável para a troca das lentes, durante o período inicial de aprendizado de uso das lentes de
contato. Pode ocorrer danos físicos como riscos, cortes e até mesmo perfurações.

Frequentemente, quando pequenas, essas abrasões têm pouco efeito em relação ao conforto
durante o uso, porém com o uso contínuo podem provocar o aparecimento de outros
depósitos.
Figura 7 – Depósitos em lentes RGP
Fonte: Reprodução

Os depósitos em lentes de contato constituem a maior queixa dos usuários no que diz respeito
à manutenção das lentes. A formação de depósitos ocorre com grande frequência, tornando as
lentes desconfortáveis e causando secreção, hiperemia, irritação do tarso superior e até
abandono do uso. Uma vez formado o depósito, não há mais possibilidade de aproveitamento
da lente, alguns deles são:

Abrasões: embora não sejam um depósito verdadeiro, as


abrasões são mencionadas devido a sua importância como a
causa mais provável para a troca das lentes, principalmente
durante o período inicial de aprendizado de uso das lentes.
Elas incluem danos físicos como risco, cortes e perfurações.
Frequentemente, abrasões pequenas têm pouco efeito em
relação ao conforto durante o uso, porém com o uso contínuo
podem provocar o aparecimento de outros depósitos;

Proteínas e mucopolissacarídeos: são os depósitos que ocorrem com maior


frequência, são encontrados na lágrima e vão se acumulando gradativamente
sobre a superfície da lente. O acúmulo de proteínas forma uma película
esbranquiçada e opaca, que acaba por reduzir a transparência da lente,
acarretando sérios problemas, como a diminuição da acuidade visual, irritação,
olho vermelho, e podem levar a complicações mais sérias, como a conjuntivite
papilar gigante;
Figura 8 – Lente com depósito de mucopolissacarídeos
Fonte: Reprodução

Lipídios: os depósitos lipídicos são originados pelo acúmulo


de gordura derivada do próprio lme lacrimal, que pode ser
eliminada pela limpeza diária com o surfactante. Sempre que
removemos a lente esses depósitos são encontrados
juntamente com as células epiteliais;

Sais de cálcio: também presentes na lágrima e se associam às proteínas e aos


lipídios. Embora de aparência mínima (se assemelham a pequenos grãos de sal),
são ásperos, irritando as pálpebras. Têm coloração branca e caracterizam-se por
formar círculos de maior espessura no centro. Uma vez formados, não há
remoção possível;

Micro-organismos: mais fáceis de encontrar nas lentes gelatinosas em função do


seu conteúdo aquoso, eles se desenvolvem sobre a superfície da lente e tornam
seu uso desaconselhado, tanto pelo incômodo provocado quanto pelo perigo
potencial que representam. Os mais encontrados em lentes de contato são os
fungos e as bactérias. Os fungos formam colônias que podem ser de cor preta,
cinza, castanha ou branca. Uma vez instalado, o fungo vai se desenvolvendo.

É imprescindível que os usuários de lentes de contato façam a desinfecção diária para prevenir
o desenvolvimento de micro-organismos e auxiliar na prevenção de todos os tipos de
depósitos. Importante salientar que algumas pessoas necessitam do reforço da remoção
proteica em função do tipo do lme lacrimal.

Revisões de Controle
Após a adaptação, o controle das lentes de contato é importante para assegurar perfeita
relação entre as lentes e a superfície ocular, devendo ser realizado entre os primeiros 10 dias
de uso, dependendo do caso, para constatar a perfeita adaptação, avaliar o resultado visual,
higiene e conservação das lentes de contato. As outras revisões periódicas devem transcorrer
dentro de 1, 3 e 6 meses de uso, como pro laxia para riscos oculares.

O acompanhamento do usuário de lentes de contato tem como principais objetivos: garantir a


melhor correção óptica, veri car os cuidados dispensados à higiene e à conservação das
lentes de contato e prevenir situações de risco ou complicações.

Se possível, passe as informações de uso por escrito aos usuários, pois no dia da entrega das
lentes o paciente recebe muitas informações e pode esquecer detalhes importantes.

É digno de nota também que seu paciente está praticamente 24 horas por dia recebendo
diversas informações pela internet. Dentre essas pode encontrar ótimas fontes embasadas
cienti camente, ou então encontrar verdadeiras falácias. Cabe a você como pro ssional ser a
fonte de informação con ável e atualizada.

Algumas Dicas

Lavar não é desinfetar as lentes, desinfetar não é lavar as


lentes: certi que--se de que o paciente está ciente dessas
suas diferenças. Soluções enzimáticas não substituem a
desinfecção;

Lavar e enxaguar as mãos sempre antes de manipular as lentes;

Não usar lentes de contato com o olho vermelho ou irritado;

Se a visão piorar ou surgir dor ocular durante o uso das lentes de contato, tirá-las
imediatamente e procurar o contatólogo ou oftalmologista;

Não usar as lentes de contato enquanto dorme, salvo liberação formal do


pro ssional;
Não umedecer as lentes de contato com saliva;

Ao se maquiar, colocar antes as lentes de contato. Remover a lente de contato


antes de remover a maquiagem;

Nunca usar lentes além do prazo recomendado pelo seu contatólogo, e caso
necessite deixar de usar lentes por três dias, iniciar a adaptação de horas.

Na revisão deve-se proceder ao exame biomicroscópico da córnea e da lente com auxílio de


lupa ou lâmpada de fenda. A acuidade visual deve ser aferida e proceder ao exame de
sobrerrefração para ajustes de grau.

Exames complementares podem ser solicitados com a indicação do usuário ao médico para
topogra a corneana e microscopia especular, e em casos de suspeita de olho seco, a
semiologia lacrimal avaliará o lme lacrimal quantitativa e qualitativamente com o teste de
Schirmer.

A topogra a pode evidenciar distorções no relevo corneano e a microscopia avaliará a


morfologia das células endoteliais.

Produtos de Assepsia
A importância da manutenção das lentes é fundamental para obter sucesso e manter a
continuidade de seu uso, já que as complicações oculares devido à falta de obediência dos
usuários em relação à manutenção e ao período de troca resumem as maiores causas de
desistência no uso.

O número de pacientes que abandonam o uso de lentes por causa de problemas que poderiam
ser solucionados com tratamentos simples ou com orientação mais adequada é muito alto;
pensando na praticidade para os usuários, as grandes empresas do meio farmacêutico criaram
soluções multiuso, que visam à rapidez e à facilidade na assepsia.
As soluções multiuso facilitam para o paciente no cuidado das LC, uma vez que limpeza,
enxágue e desinfecção são feitos com o mesmo produto. As macromoléculas reduzem a
penetração do desinfetante na córnea, limitando seu acúmulo na matriz da lente.

As classes dos componentes e suas funções são:

Surfactantes: ingredientes das soluções que têm como função


a limpeza das LC;

Desinfetantes: têm ação antimicrobiana;

Preservativos: previnem a proliferação de micro-organismos após a abertura dos


frascos das soluções de limpeza das LC, evitando sua contaminação;

Agentes quelantes: reduzem depósitos de cálcio da superfície das LC;

Agentes de tonicidade: fazem com que a condição isotônica da solução se


assemelhe à tonicidade da lágrima;

Agentes umectantes: melhoram o contato da LC com o olho, diminuindo a tensão


super cial, lubri cando e mantendo o conforto durante o uso;

Enzimas: com a nalidade de diminuir a incidência de depósitos proteicos;

Agentes iônicos: prevenção de depósitos.

Instrução de Colocação e Remoção de Lentes Rígidas


As RGP podem apresentar os mesmos tipos de depósitos das LCG, embora em menor
quantidade. A formação de depósitos é facilitada por alterações de umectabilidade da
superfície, por áreas hidrofóbicas ou por um tempo de rompimento do FL abaixo de 10
segundos. Os micro-organismos aderem facilmente a uma LC com depósitos, mas
di cilmente a uma LC limpa.
Como Limpar RGP

Lave as mãos, evitando sabonetes com perfumes ou cremes;

Inicie o manuseio sempre pela mesma LC, direita ou esquerda, para evitar a
inversão;

Pingue três gotas de solução limpadora/multiuso em cada superfície da LC,


friccione suavemente as LC e enxague com a mesma solução;

Desinfete com soluções especí cas ou multiuso por quatro horas ou durante toda
a noite (use sempre soluções novas e veri que se a LC cou completamente
submersa);

Esvazie o estojo, enxague-o e deixe-o aberto para secar. Recomenda-se limpar a


LC sempre que for removida do olho, e não no dia seguinte;

Armazene LC rígidas sobressalentes, limpas e secas no estojo. Antes de utilizá-las,


devem ser limpas e deixadas em solução desinfetante por pelo menos quatro
horas.
Figura 9 – Estojo Sujo
Fonte: Reprodução

Importante!
O estojo sujo e mal desinfetado é uma das principais causas de
infecção ocular.
Colocação de LC Rígida

1º passo: feche o ralo da pia ou coloque uma toalha de papel


limpa sobre o buraco antes de manusear as LC para evitar sua
perda;

2º passo: lave as mãos para remover sujeira e micro-organismos que podem se


acumular nas LC e causar irritação ou infecção. Seque com toalha sem apos de
tecido;

3º passo: enxague com solução multiuso ou soro siológico estéril para remover
das LC possíveis traços de sujeira, apos de tecido ou outras partículas. Corpos
estranhos podem car presos sob a LC e causar desconforto ocular;

4º passo: coloque a LC sobre o dedo indicador da mão dominante. Com o dedo


médio da outra mão, prenda os cílios superiores para levantar a pálpebra superior.
O dedo médio da mão dominante deve ser colocado diretamente sobre a pálpebra
inferior, puxando-a para baixo. Após a colocação da LC, liberar primeiro a
pálpebra inferior, depois a superior.

Remoção da LC Rígida

Abra uma toalha e coloque sobre a mesa para evitar a perda


da LC;

Utilize o dedo indicador da mão direita para remover a LC do olho direito, e o


indicador da mão esquerda para a remoção da LC do olho esquerdo. O dedo é
colocado na junção da borda lateral da pálpebra. Abra bem os olhos, puxe as
pálpebras para o lado; ao mesmo tempo pisque, olhando xamente para a frente, a
m de que a LC possa ser ejetada. Esse procedimento pode ser realizado tanto
com o dedo indicador quanto com o polegar da mesma mão. A outra mão pode ser
posicionada abaixo do olho para aparar a LC. Outra forma seria utilizando as duas
mãos de forma a prender a LC entre as bordas 88 palpebrais para que elas
empurrem as lentes para fora ao piscar;

Caso o usuário tenha tensão palpebral fraca, a ventosa pode ser utilizada.

A área da saúde é uma ciência em constante evolução e, à medida que novas pesquisas e a
experiência clínica ampliam o nosso conhecimento, são necessárias modi cações em nosso
trabalho. Para realizar este conteúdo consultei fontes consideradas con áveis, com artigos
atuais, em um esforço para oferecer informações completas e de acordo com os padrões
aceitos para nossa época. Mas é bom salientar que a celeridade nas descobertas cientí cas em
função do avanço tecnológico pode possibilitar alguma informação que não proceda mais aos
moldes atuais.

Espero ter contribuído com sua capacitação ao longo do livro e terei a grata satisfação de me
tornar, no futuro, sua colega de pro ssão e de trabalharmos conjuntamente em prol da
difusão da Optometria no Brasil!

Você poderá observar a córnea com a avaliação da lâmpada de fenda,


que é um aparelho que ajuda muito o trabalho do contatólogo.

Importante!
O contatólogo pode usar a ventosa como recurso para o usuário que
tenha di culdades em retirar e colocar as lentes RGP, mas é
interessante que ele tente aprender a manuseá-las também sem o
auxílio delas, visto que pode haver ocasião de extravio ou perda, o que
poderá fazer o usuário exceder no uso ou até dormir com LC pela
ausência da habilidade no manuseio.

Em Síntese
Nesta unidade, você pôde aprender que as lentes devem ser usadas
com responsabilidade e que se o usuário seguir as corretas
recomendações por parte do pro ssional, poderá usar lentes por toda
a sua vida!
TEMA 2 de 3

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Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta


Unidade:

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Doenças do Segmento Anterior Ocular Associadas a Lentes


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TEMA 3 de 3

ʪ Referências

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