Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Olh o seco
Dryeye
O termo "olho seco" se refere a um grupo de doenças • Alterações metabólicas : A maior prevalência de olho seco
que produzem alteração do filme lacrimal e da superfície ocu em mulheres na menopausa e pós-menopausa sugere possível
lar. Embora muitas vezes utilizados como sinônimos, cerato associação com deficiência de estrógeno. Administração de
conjuntivite seca caracteriza um tipo específico de olho seco, estrógeno sistêmico tem sido empregada por médicos gene
causado por secreção qualitativa e quantitativamente anormal ralistas há décadas, com relatos de provável eficácia, porém não
da glândula lacrimal 1 -3 • comprovada clinicamente 1 2 •
Mais recenteruente, foi demonstrado que o tratamento
FILME LACRIMAL sistêmico com andrógenos anabólicos e/ou modificados
(testosterona, oxandrolona etc) alivia os sintomas de olho
O filme lacrimal foi classicamente descrito por Wolff4, em seco, através da supressão da inflamação da glândula. Além
1 946, como uma estrutura de aproximadamente 7- 1 O µ de es disso, a testosterona parece estimular a atividade funcional da
pessura, formada por três camadas : lipídica externa (O, 1 µ), glândula lacrimal . Pode, entretanto, ocasionar efeitos cola
aquosa intermediária (7- 1 0 µ) e mucosa interna (0,02-0,05 µ) . terais, como virilização, irregularidade menstrual, edema, anor
Posteriormente, foi demonstrado que seria na realidade, muito malidades hematológicas, alterações do comportamento e/ou
mais espesso (34-45 µ) , devido principalmente à maior espes metabólicas .
sura da camada mucosa, intimamente relacionada, através do
glicocálix, à superfície epitelial , considerada então parte inte
ACHADOS CLÍNICOS
grante do filme lacrimal ou uma quarta camada 5- s . Estudos
Teste de Schirmer 2 • 1 0· 1 6• 1 9
lacrimal total (basal + reflexa) . É feito sem a instilação prévia de causar lesão celular que captaria o corante . A quantidade de
colírio anestésico e portanto causa desconforto, de modo que rosa bengala deve, portanto, ser mínima (5 µl) e aplicada sobre
muitos preferem o teste de Schirmer com anestésico tópico, a conjuntiva bulhar superior. A distribuição do corante se faz
que, desta forma, elimina a secreção lacrimal reflexa e mede após o paciente piscar várias vezes.
apenas a basal . Para interpretação do resultado, sob luz aneritra verde, a
Para se obter o máximo de lacrimej amento reflexo, foi superfície ocular é dividida em 3 partes : conjuntiva bulhar
criado o teste de Schirmer com estimulação da mucosa na nasal e temporal e córnea. Cada área é graduada de O a 3
sal ( S chirmer II) . Tsubota demonstrou que o teste de pontos, em que "O" significa ausência de coloração e "3"
Schirmer 1 não diferencia pacientes portadores de olho corresponde à coloração confluente, para um máximo de 9
seco com S S dos que não têm a síndrome . S abe-se que na pontos em cada olho . Valores superiores a 3 pontos em um
S S , as glândulas lacrimais são destruídas por infiltração olho são indicativos de olho seco.
linfocitária, de modo que estes pacientes não respondem à
28 • 29
estimulação nasal e os pacientes sem S S respondem com Coloração com lisamina verde
aumento da secreção 20 · 24 . Corante vital, amplamente comercializado na Europa sob a
Tiras de papel de filtro de 5 x 35 mm são colocadas na forma de solução a 1 % , detecta somente células mortas, dege
pálpebra inferior entre o terço médio e o externo (paciente neradas e muco, mas não células sadias, mesmo quando a
pode piscar) . Após 5 minutos (para Schirmer 1 e basal) e 2 proteção do filme lacrimal é insuficiente.
minutos (para o Schirmer II), mede-se a quantidade (em milíme Vantagem principal é que sua instilação não produz des
tros) de umedecimento do papel. conforto e irritação ocular típicos da rosa bengala.
São considerados normais, valores entre 10 e 30 mm. Al
guns consideram acima de 5 mm (Schirmer basal), 1 O mm Coloração com fluoresceína 2· 29
Em condições normais, a evaporação da lágrima corres te há diminuição da temperatura corneal ) . Devido à diminui
ponde a menos de 1 0% do total da perda e nos casos de olho ção da evaporação, a temperatura corneal em pacientes com
seco, representa 47 ,5 a 7 8 % do total. olho seco é estável . Foi demonstrado que o esfriamento da
córnea que ocorre sempre que piscamos, é responsável pelo
Osmolaridade 2• 1º· 34
conforto 3 8 , de modo que a temperatura corneal estável pode
Considerado por muitos autores, o teste mais sensível e contribuir para o desconforto ocular em pacientes portado
específico para diagnóstico de olho seco (sensibilidade = res de olho seco, ou sej a, as oscilações da temperatura
94,7%, especificidade = 93, 7% ) , corneal podem ser necessárias para a manutenção do confor
Valores superiores a 3 1 2 mOsm/kg são consistentes com to ocular normal 3 6 •
diagnóstico de olho seco.
};>- Pomadas lubrificantes (óleo mineral, petrolato, lanolina) - Oclusão térmica: Cautério, diatermia e "laser" produzem
podem ser aplicadas antes de dormir, porque muitos pacientes oclusão do canalículo por destruição e encurtamento de sua
têm mais sintomas ao acordar, provavelmente devido à dimi parede.
nuição de produção de lágrima durante o sono. };>- Ó culos com painéis de proteção lateral 4 1 . 46 • 47
Em geral, as preparações menos viscosas são melhor tole Diminuem a evaporação, criando uma atmosfera umidi
radas, principalmente nos casos mais leves de olho seco, ficada no seu interior. Indicados para casos severos. Másca
porém são menos estáveis e requerem instilação mais freqüen ras de mergulho também podem ser utilizadas, porém a estética
temporária de um canalículo (preferencialmente o inferior, por Uso de ciclosporina e interferon parece ser uma das mais
ser de mais fácil acesso e, de acordo com muitos estudos, por
promissoras formas de tratamento, pois permite tratar direta
ser responsável pela maior parte da drenagem) e caso se
mente a doença de base, em certos casos .
obtenha bom resultado, parte-se para oclusão permanente.
Métodos de oclusão : Fator de crescimento epidérmico 4
1
- Tampão: Podem ser utilizados implantes absorvíveis (ce Presente na lágrima normal, parece ter papel importante na
lulose, colágeno, "catgut") e inabsorvíveis ( cianoacrilato,
manutenção e na cicatrização do epitélio. Uma vez que pacien
polietileno) .
Bastões de celulose dissolvem-se em cerca de 6 a 1 2 horas, tes com olho seco têm quantidade reduzida de lágrima, o epitélio
quando colocados no fundo de saco conjuntiva! inferior e em pode receber o fator de crescimento em quantidade insuficiente.
12 a 1 8 horas no canalículo. Seu uso em pacientes com olho seco está sob investigação, mas
Implantes de colágeno sofrem degradação em 3 a 5 dias, os resultados preliminares não são promissores.
mas existem relatos de até duas semanas.
"Catgut" 4.0 pode ser colocado no canalículo e absorve-se
em 7 a 10 dias . CONCLUSÃO
Doenças sistêmicas devem ser sempre investigadas . lacrimal gland. ln: Silverstein A, O ' Connor RG, eds. Immunology and
Os testes diagnósticos são muitos e nenhum pode ser Immunopathology of the Eye. New York: Masson Publishing, 1 979;287.
23. Fox RI, Robinson C A , Curd JG, Kozin F & Howell FV. Sjõgren' s
considerado definitivo e único. Ideal seria que pudéssemos de syndrome. Proposed criteria for classificati o n . Arthritis and Rheum
rotina realizar pelo menos o teste de Schirmer 1 e II, coloração l 986;29(5):577-85.
com rosa bengala, pesquisa de drenagem e osmolaridade da 24. Xu KP, Yagi Y & Tsubota K. Decreased in corneal sensivity and change in
lágrima. Porém nem sempre todos estes testes estão à disposi tear function in dry eye. Cornea 1 996; 1 5(3):235-9.
2 5 . Lemp MA & Harnill JR. Factors affecting tear break up in normal eyes. Arch
ção, de modo que recomenda-se, pelo menos, o teste de
Ophthalmol 1973;89 : 1 03-5.
Schirmer 1 e II, coloração com rosa bengala e fluoresceína e a 26. Mengher LS, Bron AJ, Tonge SR & Gilbert DJ. A non invasive instrument
medida do tempo de rotura do filme lacrimal. for clinicai assessment of the pre corneal tear film stability. Curr Eye Res
1 9 8 5 ;4:9- ! 2 .
2 7 . Feenstra RPC & Tseng SCG. What i s actually stained b y rose bengal? Arch
Ophthalmol 1 992; 1 1 0:984-93.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 28. Manning FJ, Webely S R & Foulks GN. Patient tolerance and ocular surface
staining characteristics of lissamine green versus rose bengal. Ophthalmology
1 . Lemp MA. Dry eye syndromes: treatment and clinicai triais. Adv Exp Med 1 995; 1 02( 1 2) : 1 953-7.
Biol 1 994;350:553-9. 29. Tseng SCG. Evaluation of the ocular surface in dry eye conditions. Int
2 . Nelson JD. Diagnosis of keratoconjunctivitis sicca. Int Ophthalmol Clin Ophthalmol Clin 1 994;34( 1 ) : 57-69.
1 994;34( 1 ): 37-56. 30. Xu KP & Tsubota K. C o rrelation of the tear c l earance rate and
3. Abelson M & Knight E. Dry eye therapy evaluation of current directions and fluorophotometric a s s e s sment of tear turnover. B r J Ophthalmol
clinicai triais. Adv Exp Med Biol 1 994;350:43 1 -6. 1 995;79: 1 042-5 .
4 . Wolff E. The mucocutaneous junction of the lid and the distribution of the 3 1 . Xu KP, Yagi Y, Toda 1 & Tsubota K. Tear function index. Arch Ophthalmol
tear fluid. Trans Ophthalmol Soe UK 1 946;66:29 1 -308. 1 995; 1 1 34 : 84-8.
5. Tiffany JM. Composition and biophysical properties of the tear film 3 2 . Tsubota K & Nakamori K. Effects of ocular surface area and blink rate on tear
knowledge and uncertainty. Adv Exp Med Biol 1 994;350:23 1 - 8 . dynarnics. Arch Ophthalmol 1 995; 1 1 3 : 1 55-8.
6 . Dilly P N . Structure and function of the tear film. A d v E x p M e d B iol 33. Tsubota K & Yamada M . Tear evaporation from the ocular surface. Invest
l 994;350: 239-47 . Ophthalmol Vis Sei 1 992;33:2942-50.
7. Prydal JI & Campbell FW . Study of precorneal tear film thickness and 34. Gilbard JP, Farris FL & Santamaria J. Osmolarity of tear microvolumes in
structure by interferometry and confocal rnicroscopy. Invest Ophthalmol Vis keratoconjunctivitis sicca. Arch Ophthalmol 1 978 ;96:677-8 1 .
Sei 1 992;33 : 1 996-2005 . 3 5 . Tabbara KF & Okumoto M . Ocular fernicy test: a qualitative test for mucus
8. Prydal JI, Arta! P, Woon H & Campbell FW . Study of human precorneal tear deficiency . Ophthalmology 1 982;89 : 7 1 2-4.
film thickness and structure using laser interferometry. Invest Ophthalmol Vis 36. Morgan PB, Tullo AB & Efron N. Infrared thermography of the tear film in
Sei 1 992;33 : 2006- 1 1 . dry eye. Eye 1 995 ; 1 9 : 6 1 5- 8 .
9 . Chen HB, Yamabayashi S , Ou B , Tanaka Y , Ohni S & Tsukahara S . 3 7 . Fujishima H, Toda !, Yamada M, Sato N & Tsubota K. Corneal temperature
Structure and composition of rat precorneal tear film. Invest Ophthalmol V is in patients with dry eye evaluated by infrared radiation thermometry. Br J
Sei 1 997;3 8 : 3 8 1 -7 . Ophthalmol 1 996;80:29-32.
1 0 . Tabbara KF & Wagoner M D . Diagnosis and management o f dry eye 38. Yagi Y, Fujushima H, Shimazaki J & Tsubota K. Cooled eye drops reduce
syndrome. Int Ophthalmol Clin 1 996;6 1-75. corneal sensation and produce comfortableness. lnvest Ophthalmol Vis Sei
1 1 . Tsubota K, Fujishima H , Toda I, Katagiri S , Kawashima Y & S aito 1. (Suppl) 1 994;35 : 1 67 1 .
Increased leveis o f Epstein Baar virus D N A in lacrimal glands of Sjõgren ' s 3 9 . Lemp M A . Management of the dry eye patient. lnt Ophthalmol Clin
syndrome patients. Acta Ophthalmol Scandinavia l 995 ;73 :425-30. 1 994;34( 1 ) : 1 0 1 - 1 3 .
12. Warren DW. Hormonal influences on the lacrimal gland. Int Ophthalmol Clin 4 0 . Lemp M A . Recent developments i n dry eye management. l n : Cavanagh HD,
l 994;34( 1 ) : 1 9-26. ed. Transactions of the World Congress on the Cornea III. New York: Raven
1 3 . Rocha FJ, Sato EH, Sullivan BD & Sullivan DA. Comparative efficacy of Press Ltd, 1988 ;9- 1 3 .
androgen analogues in suppressing lacrimal gland inflammation in a mouse model 4 1 . Tsubota K. New approaches in dry eye therapy. Int Ophthalmol Clin
(MRLJl yr) of Sjõgren' s syndrome. Adv Exp Med Biol 1 994;350:697-700. 1 994;34( 1 ) : 1 1 5-28.
14. Sato EH, Ariga HH & Sullivan DA. Impact of androgen therapy in Sjõgren' s 42. Sibley M . Artificial tear issues. Adv Exp Med Biol 1 994;350:437-40.
syndrome: hormonal influence o n lymphocyte populations and I a expression 43. Toda 1, Shinozaki N & Tsubota K. Hydroxypropyl methylcellulose for the
in lacrimal glands of MRL/MP-Ipr mice. Invest Ophthalmol Vis Sei treatment of severe dry eye associated with Sjógren' s syndrome. Comea
l 992;33(8):2537-45 . 1 996; 1 5(2): 1 20-8.
1 5 . Vendramini AC, Soo CH & Sullivan DA. Invest Ophthalmol Vis Sei 44. Murube J & Murube E. Treatment of dry eye by blocking the lacrimal
1 99 1 ;32: 3002. canaliculi. Surv Ophthalmol 1 996;40(6):463-80.
1 6 . Jones LT. The lacrimal secretory system and its treatment. Am J Ophthalmol 45 . Diamond JP, Morgan JE, Virjee J & Easty DL. Canalicular occlusion with
1 966;62:47-60. cyanoacrylate adhesive: a new treatment for the dry eye. Eye 1 995 ;9 : 1 26-9.
1 7 . Clinch TE. Benedetto DA, Felbey NT & Laibson PR. Schirmer's test: a 46. Tsubota K, Yamada M & Urayama K. Spectacle side paneis and moist inserts
closer look. Arch Ophthalmol 1983; 1 0 1 : 1 383-6. for the treatment of dry eye patients. Comea 1 994; 1 3(3) : 1 97-20 1 .
1 8 . Lamberts DW, Foster CS & Perry HD. Schirmer test after topical anesthetic 47 . Korb DR, Greiner JV, Glonek J , Esbah R , Finnemore V M & Whalen AC.
and the tear meniscus in normal eyes. Arch Ophthalmol 1 979;97 : 1 082-5 . Effect of periocular hurnidity in tear film lipid layer. Comea 1 996; 1 5(2): 1 29-34.
1 9 . Van B irj sterveld OP. D i agnostic teses in the sicca syndrome. Arch 48. Faarri s RL. Contact l e n s e s and the dry e y e . Int Ophthalmol C l i n
Ophthalmol 1 969;82: 1 0-4. 1 994;34( 1 ) : 1 29-36.
20. Tsubota K. The importance of the Schirmer test with nasal stimulation. Am 49. Tseng SCG, Maumenee DE, Stark WJ. Topical retinoids treatment for
J Ophthalmol 1 9 9 1 ; 1 1 1 ( 1 ) : 1 06-8. various dry eye disorders. Ophthalmology 1 985 ;92: 9 1 7-27 .
2 1 . Adamson TC, Fox RI, Frisman DM & Howell FV. Immunohystologic
analy sis of lymphoid infiltrates in primary Sjõgren ' s syndrome using
monoclonal antibodies. J Immunol 1 983 ; 1 30:204.
Agradecimento especial ao Dr. Kazuo Tsubota pela cola
22. Berfort R & Mendes NF. T and B lymphocytes in the human conjunctiva and boração na revisão deste tema.