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ATUALIZAÇÃO CONTINUADA

Olh o seco
Dryeye

Maria Cristina Nishiwaki-Dantas

O termo "olho seco" se refere a um grupo de doenças • Alterações metabólicas : A maior prevalência de olho seco
que produzem alteração do filme lacrimal e da superfície ocu­ em mulheres na menopausa e pós-menopausa sugere possível
lar. Embora muitas vezes utilizados como sinônimos, cerato­ associação com deficiência de estrógeno. Administração de
conjuntivite seca caracteriza um tipo específico de olho seco, estrógeno sistêmico tem sido empregada por médicos gene­
causado por secreção qualitativa e quantitativamente anormal ralistas há décadas, com relatos de provável eficácia, porém não
da glândula lacrimal 1 -3 • comprovada clinicamente 1 2 •
Mais recenteruente, foi demonstrado que o tratamento
FILME LACRIMAL sistêmico com andrógenos anabólicos e/ou modificados
(testosterona, oxandrolona etc) alivia os sintomas de olho
O filme lacrimal foi classicamente descrito por Wolff4, em seco, através da supressão da inflamação da glândula. Além
1 946, como uma estrutura de aproximadamente 7- 1 O µ de es­ disso, a testosterona parece estimular a atividade funcional da
pessura, formada por três camadas : lipídica externa (O, 1 µ), glândula lacrimal . Pode, entretanto, ocasionar efeitos cola­
aquosa intermediária (7- 1 0 µ) e mucosa interna (0,02-0,05 µ) . terais, como virilização, irregularidade menstrual, edema, anor­
Posteriormente, foi demonstrado que seria na realidade, muito malidades hematológicas, alterações do comportamento e/ou
mais espesso (34-45 µ) , devido principalmente à maior espes­ metabólicas .
sura da camada mucosa, intimamente relacionada, através do
glicocálix, à superfície epitelial , considerada então parte inte­
ACHADOS CLÍNICOS
grante do filme lacrimal ou uma quarta camada 5- s . Estudos

olho seco" ou desconforto ocular. É importante lembrar que


mais recentes descrevem apenas duas camadas, uma lipídica
Pacientes referem com freqüência o termo "sensação de
externa e uma mucosa interna, sem a camada aquosa interme­
diária. Nesta descrição, a camada mucosa seria formada por lacrimej amento reflexo secundário à deficiência de lágrima,
uma porção aquosa superficial e uma mais densa em contato pode ser queixa comum.
com a superfície epitelial 9 • O exame biomicroscópico simples pode apresentar algu­
• Diminuição da produção de lágrima: alterações congênitas mas alterações, como hiperemia e perda de brilho da conjun­
(alácrima congênita, aplasia do trigêmeo) e adquiridas (doenças tiva bulbar e interrupção do menisco lacrimal sugestivos de

camentos antihistamínicos, antimuscarínicos, bloqueadores �


autoimunes : síndrome de Sjõgren (SS), infecções virais, medi­ olho seco, porém somente com a ajuda de testes específicos é
possível diagnosticar-se olho seco 1 0 •
adrenérgicos, anestésicos gerais).
• Deficiência de mucina: avitaminose A, síndrome de Stevens­
TESTES DIAGNÓSTICOS
Johnson, penfigóide ocular, tracoma, queimadura química) .
• Alteração lipídica: disfunção das glândulas de Meibomius.
Vários são os testes para diagnóstico de olho seco, porém
• Alteração palpebral : paralisia facial periférica, ectrópio.
nenhum pode ser considerado definitivo ou melhor.

Teste de Schirmer 2 • 1 0· 1 6• 1 9

Embora isoladamente não permita diagnóstico de olho


Chefe d o setor d e Doenças Externas d o Departamento d e Oftalmologia d a Santa Casa
de São Paulo.
seco, é o mais freqüentemente utilizado porque é simples, fácil
Pós-graduanda do Departamento de Oftalmologia da Universidade Federal de São e de baixo custo.
Paulo - Escola Paulista de Medicina.
O teste de Schirmer original (Schirmer I) mede a secreção

http://dx.doi.org/10.5935/0004-2749.19990062 ARQ. B RAS . OFTAL. 62( 1 ) , FEVEREIR0/ 1 999 - 101


Olho seco

lacrimal total (basal + reflexa) . É feito sem a instilação prévia de causar lesão celular que captaria o corante . A quantidade de
colírio anestésico e portanto causa desconforto, de modo que rosa bengala deve, portanto, ser mínima (5 µl) e aplicada sobre
muitos preferem o teste de Schirmer com anestésico tópico, a conjuntiva bulhar superior. A distribuição do corante se faz
que, desta forma, elimina a secreção lacrimal reflexa e mede após o paciente piscar várias vezes.
apenas a basal . Para interpretação do resultado, sob luz aneritra verde, a
Para se obter o máximo de lacrimej amento reflexo, foi superfície ocular é dividida em 3 partes : conjuntiva bulhar
criado o teste de Schirmer com estimulação da mucosa na­ nasal e temporal e córnea. Cada área é graduada de O a 3
sal ( S chirmer II) . Tsubota demonstrou que o teste de pontos, em que "O" significa ausência de coloração e "3"
Schirmer 1 não diferencia pacientes portadores de olho corresponde à coloração confluente, para um máximo de 9
seco com S S dos que não têm a síndrome . S abe-se que na pontos em cada olho . Valores superiores a 3 pontos em um
S S , as glândulas lacrimais são destruídas por infiltração olho são indicativos de olho seco.
linfocitária, de modo que estes pacientes não respondem à
28 • 29
estimulação nasal e os pacientes sem S S respondem com Coloração com lisamina verde
aumento da secreção 20 · 24 . Corante vital, amplamente comercializado na Europa sob a
Tiras de papel de filtro de 5 x 35 mm são colocadas na forma de solução a 1 % , detecta somente células mortas, dege­
pálpebra inferior entre o terço médio e o externo (paciente neradas e muco, mas não células sadias, mesmo quando a
pode piscar) . Após 5 minutos (para Schirmer 1 e basal) e 2 proteção do filme lacrimal é insuficiente.
minutos (para o Schirmer II), mede-se a quantidade (em milíme­ Vantagem principal é que sua instilação não produz des­
tros) de umedecimento do papel. conforto e irritação ocular típicos da rosa bengala.
São considerados normais, valores entre 10 e 30 mm. Al­
guns consideram acima de 5 mm (Schirmer basal), 1 O mm Coloração com fluoresceína 2· 29

(Schirmer 1) e 1 5 mm (Schirmer II) . De qualquer forma, valores


Corante vital que detecta áreas de rotura das junções
inferiores a 5 mm são considerados altamente sugestivos de
intercelulares.
olho seco e recomenda-se repetir o teste em outra ocasião.
Utilizada sob a forma de solução a 2% ou tiras impregnadas,
Tempo de rotura do filme lacrimal instila-se uma gota do corante no menisco lacrimal inferior e
solicita-se ao paciente que pisque várias vezes.
Após aplicação de fluoresceína sódica, paciente é orienta­
Nos casos leves e moderados de olho seco, cora apenas a

É importante ressaltar que a coloração com fluoresceína


do a piscar várias vezes até que apareça o primeiro ponto seco
conjuntiva e nos graves, a córnea.
na superfície. Valores inferiores a 1 O segundos são sugestivos
de filme lacrimal instável e inferiores a 5 segundos podem ser
não corresponde à da rosa bengala e nem à da lisamina verde,
considerados anormais 25 •
de modo que, o uso combinado de vários corantes pode evi­
Trata-se de um teste simples, porém de pouco valor diag­
denciar distintas lesões.
nóstico, porque qualquer irregularidade na superfície ocular
pode causar rotura precoce do filme lacrimal. Fluorofotometria 2 • 30 e drenagem da lágrima (tear
O teste pode também ser realizado sem a instilação de clearance rate = TCR) 24 • 3 1
fluoresceína. Neste caso, um xeroscópio proj eta anéis sobre a
Após instilação de 1 µl de fluoresceína 0,005 % na con­
superfície anterior da córnea e mede-se o tempo em que surge
j untiva bulhar temporal superior, mede-se (com fluoro­
a primeira deformação do anel . Valores inferiores a 20 segun­
fotômetro, em uma sala escura) a concentração de fluores­
dos são considerados anormais 26 •
ceína em diferentes tempos .

É o teste de maior utilidade para diagnóstico de olho seco.


Coloração com rosa bengala 2• 1 9 O TCR é feito após instilação d e 1 0 µ l d e fluoresceína 0,5%
e colírio anestésico. Paciente deve permanecer com os olhos
abertos por 5 minutos e então, com os olhos fechados, quan­
Trata-se de um corante vital que cora áreas de descontinui­
do a concentração do corante é medida por meio da colocação
dade do filme lacrimal, ou sej a, células mortas, degeneradas, de tiras de papel de Schirmer em diferentes tempos.
filamentos mucosos e, também, células sadias não protegidas Em pacientes com olho seco, a fluoresceína permanece
pelo filme lacrimal. Em condições normais, o epitélio da superfí­ mais tempo.
cie ocular não é corado pela rosa bengala devido à proteção da
albumina e mucina presentes no filme lacrimal que, então, blo­ Evaporação (tear evaporation rate from the ocular

É melhor utilizada sob a forma de solução a 1 % do que em


queiam a captação do corante pelas células epiteliais sadias . surface at 40% ambient humidity = TEROS 40) 2• 32· 33
Mede a alteração de umidade na superfície ocular dentro
tiras impregnadas, pois somente a solução proporciona con­ de uma câmara fechada colocada ao redor dos olhos e das
centração constante. pálpebras, com umidade ambiental constante de 40% . A dife­
Apesar do ardor que provoca, sua instilação não deve ser rença de leitura com os olhos abertos e fechados representa a
precedida de anestésico tópico, pois os anestésicos podem evaporação da superfície.

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Olho seco

Em condições normais, a evaporação da lágrima corres­ te há diminuição da temperatura corneal ) . Devido à diminui­
ponde a menos de 1 0% do total da perda e nos casos de olho ção da evaporação, a temperatura corneal em pacientes com
seco, representa 47 ,5 a 7 8 % do total. olho seco é estável . Foi demonstrado que o esfriamento da
córnea que ocorre sempre que piscamos, é responsável pelo
Osmolaridade 2• 1º· 34
conforto 3 8 , de modo que a temperatura corneal estável pode
Considerado por muitos autores, o teste mais sensível e contribuir para o desconforto ocular em pacientes portado­
específico para diagnóstico de olho seco (sensibilidade = res de olho seco, ou sej a, as oscilações da temperatura
94,7%, especificidade = 93, 7% ) , corneal podem ser necessárias para a manutenção do confor­
Valores superiores a 3 1 2 mOsm/kg são consistentes com to ocular normal 3 6 •
diagnóstico de olho seco.

Teste da samambaia 2• i o, 35 TRATAMENTO

Coloca-se uma gota de lágrima em uma lâmina e após secar,


Trata-se de uma doença crônica, cujo tratamento dificil­
observa-se, em olhos normais, a presença de uma figura com
mente conduz à cura definitiva, porém, com tratamento ade­
aspecto de samambaia, Não se sabe seu real significado.
quado, pode ser controlada de modo a preservar a visão e
Dosagem de proteínas da lágrima aliviar os sintomas .

� dosagem de lisozima 2 • 10 Lubrificação 'º· 4o-43


Lisozima corresponde a 20-40% do total de proteínas da
Atualmente existem inúmeras formulações de lágrimas arti­
lágrima. Sua concentração diminui com a idade, em pacientes
ficiais. Muitas vezes, o paciente deve submeter-se a várias até
em uso de practolol e portadores de olho seco.
encontrar a que lhe oferece maior conforto e benefício.
Níveis inferiores a 1 mg/ml são sugestivos de olho seco.
Os ingredientes ativos mais estudados são os deriva­
� dosagem de lactoferrina 2 • 10 dos de celulose: metilcelulose, hidroxipropilmetilcelulo se,
Corresponde a aproximadamente 25 % do total de proteínas carboximetilcelulose.
da lágrima. Níveis superiores a 1 mg/ml são considerados
� Carboximetilcelulose 1 % é um polímero aniônico que
normais , Embora a especificidade do teste sej a alta (94%), a
provê eletrólitos responsáveis pela manutenção da superfície
sensibilidade é baixa (54% ) ,
ocular, porém pode interagir com metabólitos e debris da lágri­
Raspado conjuntival 2 ma e formar precipitados insolúveis que são prejudiciais à
superfície ocular.
A conjuntiva bulhar em pacientes com olho seco pode
sofrer metaplasia escamosa com resultante queratinização das � Hidroxipropilmetilcelulose 0,3-0,5 % é um polímero neu­
células epiteliais e perda das células caliciformes . tro, altamente solúvel em água e com menor tendência a formar
precipitados solúveis. Esta propriedade permite maior viscosi­
Biópsia de conjuntiva, glândula lacrimal e mucosa labial 2 dade e, portanto, maior estabilidade (permanece mais tempo),
Utilizada apenas para diagnóstico etiológico da cerato­ porém com maior desconforto .

de de adsorção sobre a superfície ocular. É pouco viscoso e


conjuntivite seca. � Á lcool polivinílico 1 - 1 ,4% é um polímero com proprieda­

Citologia de impressão da conjuntiva 2


portanto, mais confortável. Permanece aproximadamente uma
De acordo com o número de células caliciformes e o grau de hora e meia a duas horas após a instilação .
anormalidade epitelial, cada espécime é graduado de O a 3, em � Hialuronato de sódio O, 1 % é preparado a partir do "healon"
que "O" corresponde a número normal de células caliciformes e utilizado para cirurgia intraocular. Seu uso em pacientes portado­
células epiteliais de aspecto normal e "3", ausência de células res de olho seco melhora a coloração com fluoresceína, mas não
caliciformes e células epiteliais ceratinizadas.
com rosa bengala, de modo que a indicação do hialuronato de
Embora sej a um teste útil para diagnóstico de olho seco,
sódio para esta finalidade é bastante controversa.
existem variações regionais na superfície conj untiva! que difi­
� Á cido poliacrílico é disponível sob a forma de um gel
cultam sua interpretação, isto é, olhos secos geralmente apre­
sentam grau maior que ou igual a " 1 ", porém, mesmo nestes que, em contato com a superfície ocular, torna-se fluido, De
casos, a conjuntiva palpebral inferior tende a apresentar as­ consistência relativamente mais viscosa, permanece cerca de
pecto normal (grau "O" ) . 4 a 6 horas após instilação.
� B astões de hidroxipropil metilcelulose (lacriserts) são
Temperatura da córnea 3 6 · 3 7 bastões que liberam lentamente a lágrima artificial. Em contato
Medida com termômetro infravermelho de não contato, a com a superfície ocular, o efeito pode durar de 6 a 1 2 horas.
temperatura corneal sofre influência da evaporação da lágri­ Requer habilidade do paciente para sua colocação e, por ser
ma e pode alterar-se a cada piscada (após piscar, normalmen- muito viscoso, é comum a queixa de embaçamento visual.

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Olho seco

};>- Pomadas lubrificantes (óleo mineral, petrolato, lanolina) - Oclusão térmica: Cautério, diatermia e "laser" produzem
podem ser aplicadas antes de dormir, porque muitos pacientes oclusão do canalículo por destruição e encurtamento de sua
têm mais sintomas ao acordar, provavelmente devido à dimi­ parede.
nuição de produção de lágrima durante o sono. };>- Ó culos com painéis de proteção lateral 4 1 . 46 • 47
Em geral, as preparações menos viscosas são melhor tole­ Diminuem a evaporação, criando uma atmosfera umidi­
radas, principalmente nos casos mais leves de olho seco, ficada no seu interior. Indicados para casos severos. Másca­
porém são menos estáveis e requerem instilação mais freqüen­ ras de mergulho também podem ser utilizadas, porém a estética

É importante lembrar o papel dos preservativos (cloreto de


te, o que pode ser um transtorno para os casos mais graves. não é boa.

benzalcônio, clorobutanol, timerosal, poliquad) na formulação Acetilcisteína 10-20%


das lágrimas artificiais, com a finalidade de aumentar sua dura­ Aplicada 4 a 5 vezes ao dia, pode diminuir a viscosidade do
bilidade e retardar o crescimento de microorganismos. Suas filme lacrimal, porém a própria solução tende a ser irritante.
concentrações nas soluções normalmente é muito baixa, po­
rém em um epitélio já comprometido, como freqüentemente Antiinflamatórios 40
ocorre na ceratoconjuntivite seca, seu uso regular pode indu­
Corticóides e antimetabólitos, em geral, não são utilizados
zir doença iatrogênica de superfície ocular.
no tratamento de olho seco, exceto nos casos de SS associada
Produtos sem preservativos podem ser formulados a custo
a inflamação severa com esclerite e ceratite e processos infla­
mais elevado, porém devem ser recomendados para pacientes
matórios intensos de superfície ocular, como penfigóide.
que necessitam uso freqüente de lágrima artificial (mais de 3 a
4 vezes ao dia por tempo prolongado ou indefinido). Lente de contato terapêutica 48
Portanto, a lágrima artificial ideal seria a que fosse mais
Pode ser utilizada para prover cobertura úmida e troca de
bem tolerada, estável, sem ser irritante, sem preservativos e a
um custo baixo, acessível para a maior parte da população . fluido com o epitélio, nos casos de ceratite filamentar resisten­
te a tratamento. Pode, entretanto, predispor a infecção e des­
Estimulação da lágrima 40 conforto, razão pela qual não é rotineiramente indicada.
Agentes lacrimomiméticos (pilocarpina e bromexina tópica Retino[ 4 1 • 49
e sistêmica) estão sob investigação para pacientes que te­
nham um mínimo de secreção lacrimal funcionante. Aplicação tópica de retino! está sob investigação para
reverter alterações das células conjuntivais nos pacientes
Preservação da lágrima portadores de olho seco.
};>- Oclusão canalicular 44 · 45
Estrógenos 1 0• 1 2
Indicada especificamente para tratamento de olho seco por
deficiência aquosa, porém realizada, de modo geral, em qual­ Não há comprovação de que a administração tópica ou
quer tipo de olho seco, uma vez que as deficiências são sistêmica de estrógeno promova melhora do olho seco.
interrelacionadas .
Para evitar epífora, recomenda-se inicialmente a oclusão Imunoterapia 41

temporária de um canalículo (preferencialmente o inferior, por Uso de ciclosporina e interferon parece ser uma das mais
ser de mais fácil acesso e, de acordo com muitos estudos, por
promissoras formas de tratamento, pois permite tratar direta­
ser responsável pela maior parte da drenagem) e caso se
mente a doença de base, em certos casos .
obtenha bom resultado, parte-se para oclusão permanente.
Métodos de oclusão : Fator de crescimento epidérmico 4
1

- Tampão: Podem ser utilizados implantes absorvíveis (ce­ Presente na lágrima normal, parece ter papel importante na
lulose, colágeno, "catgut") e inabsorvíveis ( cianoacrilato,
manutenção e na cicatrização do epitélio. Uma vez que pacien­
polietileno) .
Bastões de celulose dissolvem-se em cerca de 6 a 1 2 horas, tes com olho seco têm quantidade reduzida de lágrima, o epitélio
quando colocados no fundo de saco conjuntiva! inferior e em pode receber o fator de crescimento em quantidade insuficiente.
12 a 1 8 horas no canalículo. Seu uso em pacientes com olho seco está sob investigação, mas
Implantes de colágeno sofrem degradação em 3 a 5 dias, os resultados preliminares não são promissores.
mas existem relatos de até duas semanas.
"Catgut" 4.0 pode ser colocado no canalículo e absorve-se
em 7 a 10 dias . CONCLUSÃO

É fundamental que se valorizem os sintomas, uma vez que


"Plugs" inabsorvíveis de silicone, teflon, metilmetacrilato
podem também ser utilizados.
- Cirurgia: Pode ser feita sutura do ponto lacrimal com os sintomas do paciente portador de olho seco são geralmente
mononylon 1 O.O ou exérese do canalículo. vagos .

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Olho seco

Doenças sistêmicas devem ser sempre investigadas . lacrimal gland. ln: Silverstein A, O ' Connor RG, eds. Immunology and
Os testes diagnósticos são muitos e nenhum pode ser Immunopathology of the Eye. New York: Masson Publishing, 1 979;287.
23. Fox RI, Robinson C A , Curd JG, Kozin F & Howell FV. Sjõgren' s
considerado definitivo e único. Ideal seria que pudéssemos de syndrome. Proposed criteria for classificati o n . Arthritis and Rheum
rotina realizar pelo menos o teste de Schirmer 1 e II, coloração l 986;29(5):577-85.
com rosa bengala, pesquisa de drenagem e osmolaridade da 24. Xu KP, Yagi Y & Tsubota K. Decreased in corneal sensivity and change in
lágrima. Porém nem sempre todos estes testes estão à disposi­ tear function in dry eye. Cornea 1 996; 1 5(3):235-9.
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ção, de modo que recomenda-se, pelo menos, o teste de
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Schirmer 1 e II, coloração com rosa bengala e fluoresceína e a 26. Mengher LS, Bron AJ, Tonge SR & Gilbert DJ. A non invasive instrument
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Agradecimento especial ao Dr. Kazuo Tsubota pela cola­
22. Berfort R & Mendes NF. T and B lymphocytes in the human conjunctiva and boração na revisão deste tema.

ARQ. BRAS . OFTAL. 62( 1 ), FEVEREIR0/ 1 999 - 105

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