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Objetivo da Unidade:
ʪ Contextualização
ʪ Material Teórico
ʪ Material Complementar
ʪ Referências
QUESTION B AN KS
TEMA 1 de 4
ʪ Contextualização
O cotidiano da profissão requer que o optometrista esteja preparado para orientar corretamente
o paciente diante de certas complicações, sendo necessário as vezes encaminhá-lo aos devidos
profissionais (contatólogo ou oftalmologista).Geralmente, porém, as questões são mais
simplórias: “Poderei usar lentes de contato?”, “Minha dioptria é corrigível com lentes de
contato?”, “Ceratocone cega?”.
De modo geral, o profissional deve entender que mesmo não havendo interesse na área, é de sua
responsabilidade e competência o seu preparo ( técnico ) e o encaminhamento devido do
paciente.
Grosso modo, lentes de contato podem ser usadas por pessoas com olhos sadios e que tenham
motivação para o uso. Na prática não é simples assim. Exige-se uma avaliação criteriosa e
indagações específicas, com o objetivo de definir qual lente indicar e o tempo de uso possível.
Dados de 2000 estimavam que, no Brasil, 1.700.000 das pessoas eram usuárias de lentes de
contato. Porém, pesquisa na Unicamp demonstra que 50% dos adultos até 39 anos precisam de
correção visual – essa faixa etária é justamente a predominante entre os usuários de lentes de
contato no país. Significa isto que, mais de 54.000.000 pessoas podem ser futuras usuárias de
LC.
Outras pesquisas apontam que, entre os usuários de óculos, aproximadamente 41% relatam
inclinação ao uso de lentes de contato. Entre os usuários de LC é raro a inclinação ao uso de
óculos. Sendo assim, o potencial de mercado é extremamente significativo, em contrapartida, o
número de óticas especializadas nessa área é irrisório.
Existe um campo pouco explorado na contatologia pelos profissionais da classe e que vai além
do serviço funcional e básico da ametropia do paciente. Talvez seja a função de reabilitação visual
que mais enaltece a nossa profissão como contatólogo, haja visto que não raro óculos não
atinge a razoável acuidade visual. São pacientes portadores de ceratocone, astigmatismos
irregulares provocados por cirurgias corneais e pacientes com a presença de determinada
patologia para a qual somente as lentes de contato são indicadas para a correção visual.
Nosso objetivo aqui será instigar você a se tornar o contatólogo necessário para vida do
optometrista, que se torne um estudioso dessa arte, demonstrando as maravilhas que as lentes
podem realizar na melhoria visual de seus pacientes.
Bons estudos!
TEMA 2 de 4
ʪ Material Teórico
A lente de contato, portanto, age como barreira ao oxigênio, acumulando produtos entre a
córnea e a lente. Quando não é bem higienizada e desinfetada será um grande vetor de bactérias
e germes, não raro produzindo reações alérgicas devido aos agentes químicos usados na
assepsia.
Para o sucesso na adaptação é importante indicar a melhor lente para cada paciente, reconhecer
possíveis alterações e estar ciente da individualidade dos casos.
A córnea, segundo a maioria das literaturas publicadas antes de 2013, tem divisão morfológica de
apenas cinco camadas, porém, com a descoberta realizada pelo cientista e médico Dr.
Harminder Singh Dua, a córnea pode ser dividida em seis camadas distintas:
Figura 4 – Camadas da Córnea
Fonte: Reprodução
Epitélio
As células do epitélio corneano têm alta demanda em sua atividade mitótica e é caracterizada por
sua alta função regenerativa, com seu “turnover” ocorrendo a cada sete dias, tendo total
renovação do seu epitélio basal. Na região limbar, encontram-se suas células-tronco, que em
sua divisão celular dão origem às células basais. À medida que elas se dividem, ocorre migração
da periferia para o centro, e quando envelhecem descamam, dando lugar a uma nova célula. O
epitélio corneano é não queratinizado, é escamoso, estratificado, constituído por quatro a seis
camadasde células. Da espessura corneana total, cerca de 10% correspondem ao epitélio.
Morfologicamente, podemos dividi-lo em três categorias: células basais (profunda),
intermediárias (aladas) e superficiais (escamosa).
Essa camada possui numerosas terminações nervosas livres que explicam sua sensibilidade
dolorosa, porém a presença da lente de contato diminui a sensibilidade corneana por processo
reversível.
Camada de Bowman
Esta camada tem espessura muito fina e é considerada uma condensação do estroma, formada
por pequenas fibras de colágeno e mucopolissacarídeos. Não tem capacidade de regeneração,
como o epitélio, e um trauma pode acarretar cicatriz permanente.
Estroma
O estroma corneano constitui cerca de 90 por cento da espessura corneana total e a sua
característica principal é a disposição lamelar de fibras de colágeno. Caracteriza-se por possuir
muitos ceratócitos que podem transformar-se em fibroblastos para reparação do tecido, pós-
traumatismos perfurantes ou edema persistente, porém este processo é danoso para a acuidade
visual, visto que decorrerá um leucoma cicatricial que poderá variar com a extensão e a
localização devido ao processo. Também podem ocorrer neovasos intraestromais por causa da
hipóxiacrônica naqueles que fazem uso contínuo das lentes de contato.
Camada de Dua
Esta camada, tão recentemente descoberta em 2013 pelo médico Dr. Harminder Singh Dua,
ainda não configura em nossos livros de fisiologia ocular. Situa-se entre o estroma corneano e a
membrana de Descemet, e, assim como ela, tem espessura muito fina. Segundo os
pesquisadores, a descoberta terá grande impacto sobre o avanço da compreensão de uma série
de doenças da córnea, incluindo a hidropsia aguda e distrofias da camada de Descemet. A
descoberta ajudará os cirurgiões a melhorarem as cirurgias e os transplantes de córnea, com
melhores resultados para os pacientes submetidos a esses procedimentos.
Camada de Descemet
É uma camada elástica e muito resistente a traumas, formada por filamentos de colágenos
consideravelmente finos. À medida que passam os anos, sua espessura aumenta à custa de sua
porção posterior.
Endotélio
A última camada da córnea atua contra as forças que tendem a introduzir água no estroma
corneano, mantendo a hidratação em níveis normais. A ausência dessa regulação por períodos
prolongados pode ocasionar perda de transparência da córnea. Suas principais funções são
habilidade de transporte de nutrientes do humor aquoso e a manutenção do estado de
turgescência para transparência da córnea. Ela apresenta importante função de manter a
transparência e espessura corneal por dois mecanismos: barreira e bomba endotelial.
A forma hexagonal das células produz um padrão mosaico, que pode ser observado à
microscopia especular.
Figura 6 – Média de células na córnea por idade
Fonte: Reprodução
Tabela 1
10 – 19 2.900 – 3.500
Idade Média Cel/mm2
20 – 29 2.600 – 3.400
30 – 39 2.400 – 3.200
40 – 49 2.300 – 3.100
50 – 59 2.100 – 2.900
60 – 69 2.000 – 2.800
70 – 79 1.800 – 2.600
80 – 89 1.500 – 2.300
Suas células não se regeneram, e quando uma célula morre, as vizinhas aumentam de tamanho,
preenchendo o espaço deixado pela célula morta. Elas reagem com deslizamento, reagrupando e
se hipertrofiando. A ausência da densidade ocular pode comprometer a transparência da córnea
e levar a edema.
Para uma distribuição da lágrima sobre a superfície ocular, é necessário o piscar, que contribui
com a integridade da córnea e conjuntiva. Um segundo após o piscara lágrima se distribui e
adquire forma característica, cuja mucina fica em contato com a superfície do epitélio da córnea;
a fase lipídica fica em contato com o ar; e a fase aquosa fica entre essas duas camadas.
O filme lacrimal também possui glândulas lacrimais acessórias, como Krause e Wolfring, que
contribuem com a camada aquosa. As glândulas de Krause se situam no estroma do fórnice
conjuntival, entre o lobo palpebral da glândula lacrimal e o tarso; e as glândulas lacrimais
acessórias de Wolfring situam-se nas proximidades dos bordos do tarso. Outras glândulas
acessórias contribuem para parte oleosa, como as de Meibomio, Zeiss e Moll. As células
caliciformes da conjuntiva e criptas de Henle são consideradas como as células superficiais da
camada de mucina, que se desprendem pelo processo de apoptose natural, participando da
camada aquosa. Acamada mucosa está intimamente relacionada com a superfície corneal por
meio do glicocálix ou glicocálice.
A camada lipídica retarda a evaporação da camada aquosa, o que previne pontos secos nos
intervalos do piscar. A camada aquosa é produzida primariamente pelas glândulas lacrimais
principais, situadas na região orbitária temporal superior.
Nas lentes rígidas, no momento de piscar, existe uma troca mecânica do filme lacrimal, que se
situa atrás da lente de contato. Esta troca é possível pela pressão das pálpebras sobre a lente
rígida, que, por sua vez, “expulsa” o filme lacrimal antigo que se situa atrás dela e, ao abrir os
olhos, novo filme lacrimal toma o lugar do antigo, carregando oxigênio para a córnea. Essa
“bomba lacrimal” permite a oxigenação, mesmo em lentes não permeáveis ao oxigênio.
Não podemos esquecer que a córnea deve “respirar”, e este processo inclui assimilação de O2 e
D: dioptria;
PMMA: polimetilmetacrilato;
Ø: diâmetro.
Materiais
Técnicas de Adaptação
É fundamental que o adaptador realize testes com lentes de contato de prova ou lentes
diagnósticas, e para que o profissional possa atender as mais varia das curvaturas de seus
clientes. O primeiro parâmetro a ser determinado é a CCP (Curva Central Posterior) ou CB (Curva
Base), que pode ser expressa em dioptrias ou em milímetros de raio, e cada fabricante opta pela
sua própria forma. Ex.: 45.00 D ou 7.50 mm.
Nas adaptações, nós, profissionais, damos especial atenção à curva mais planada ceratometria,
que é o meridiano mais plano da córnea, conhecido como curva K. Se a escolha da CCP for
paralela ao meridiano mais plano da córnea, diz-se que a lente está sendo adaptada sobre a curva
K, mas poderá ser adaptada mais justa ou mais plana que K. Obtemos a melhor adaptação quando
a lente propicia certo livramento apical, sem acarretar estagnação lacrimal.
As técnicas de adaptação podem ser referidas como “filosofia de adaptação” e estão baseadas na
relação lente/córnea, como: em alinhamento apical (sobre K), com toque apical (mais plana que
K) ou livramento apical (mais justa que K). Esta relação interfere no menisco lacrimal, que
poderá ser mais negativo (mais plana que K) ou mais positivo (mais justa que K).
A regra geral para os atuais fabricantes de lentes de contato considera que os diâmetros maiores
são utilizados para córneas mais planas e, inversamente, nas córneas mais curvas são usados
diâmetros menores. Mas é bom lembrar que para cada modificação de 0,5 mm no diâmetro,
altera-se o raio da CB em 0.25 mm. Desta forma, notamos que temos duas variáveis para fazer
mudanças na adaptação de uma LC: CB e diâmetro.
O grau da primeira LC de prova deve ser escolhido o mais próximo possível da refração dos
óculos, abandona-se o componente cilíndrico quando presente e usa-se o esférico. Quando a
refração for maior que +/-5,00 D (alguns profissionais calculam a DV a partir de 4.50), um
ajuste no grau deve ser feito para compensar a distância ao vértice, que tem em média 12 mm. A
distância ao vértice é a distância do centro da face posterior da lente dos óculos ao vértice da
córnea, e os fornecedores de lentes disponibilizam gratuitamente as tabelas já calculadas.
A prescrição da dioptria da LC rígida pode ser feita pela refração sobre a lente de prova (sobre
refração), após cessar o lacrimejo. O componente cilíndrico não residual é opticamente
eliminado pela lente lacrimal formada entre a lente de contato esférica e a córnea.
O desenho da face posterior da LC e a superfície anterior da córnea criam a chamada relação
lente-córnea (L/C). Este espaço é preenchido pela lágrima, formando uma lente lacrimal
refrativa (ou menisco lacrimal) que interfere no grau final da LC e deve ser compensado. Quando
o profissional escolhe uma adaptação mais justa ou mais plana que K, forma-se uma lente
lacrimal de poder dióptrico positivo ou negativo, devendo este ser diminuído do grau dos óculos
na transposição para o grau da lente de contato. O valor da lente lacrimal é a diferença entre a
CCP da lente de contato e a leitura ceratométrica do meridiano mais plano da córnea (K), que
deve ser compensado no grau final da lente.
Quando o contatólogo se deparar com casos em que o astigmatismo da refração for maior que a
diferença dos meridianos corneais, o profissional adaptador deverá recorrer às lentes tóricas,
podendo ser de material gelatinoso ou rígido. Podemos sempre recorrer às lentes rígidas tóricas
quando a lente rígida esférica não proporcionar visão aceitável devido aos astigmatismos
residuais.
O astigmatismo residual se refere àquele que não é corrigido pela lente rígida esférica, e suas
causas podem ser devidas a: astigmatismo lenticular maior que o astigmatismo corneano;
diferenças no meridiano, opacidade ou inclinação do cristalino; variações do índice de refração
da córnea, do cristalino, corpo vítreo, posição excêntrica ou forma da fóvea. Este astigmatismo
não pode ser corrigido com lente rígida esférica.
Quando não conseguimos boa adaptação com lentes rígidas convencionais, seja porque o
astigmatismo residual é muito grande, seja porque há muita instabilidade da lente, podemos
utilizar lentes tóricas. Astigmatismos residuais maiores do que 0,75 D geralmente causam
diminuição da acuidade visual e desconforto, principalmente naqueles pacientes que
anteriormente utilizavam óculos, com boa visão.
Existem três tipos de lentes rígidas tóricas:
Movimento: a lente deve apresentar certo movimento, se for muito pequeno, pode
prejudicar a troca lacrimal e ocasionar hipóxia, e se for muito excessivo, pode
ocasionar desconforto e embaçamento pela descentração da zona óptica;
Visão: deve alcançar a mesma qualidade da visão dos óculos, sendo necessário,
muitas vezes, algum afinamento, e a melhor forma de observar a AV do paciente é
na semana após a adaptação inicial, quando cessaram os lacrimejos iniciais
provocados pela presença da lente na córnea.
Saiba Mais
Em aula, você conseguirá visualizar uma córnea em uso de uma lente
frouxa e justa com auxílio da luz azul de cobalto e fluoresceína para
melhor assimilação.
Importante!
Mudanças no diâmetro da LC afetam o raio da CB; se aumentarmos o
diâmetro, a LC torna-se mais curva (mais apertada) porque provoca
aumento da profundidade sagital. Reduzindo-se o diâmetro da LC, sem
mudar o raio da CB, altera-se a profundidade sagital e a LC torna-se
mais plana (mais frouxa). Essa mudança no diâmetro da LC também
afeta a lente lacrimal e, consequentemente, altera o poder dióptrico da
LC.
Em Síntese
A adaptação de lentes rígidas requer mais atenção e cautela que as
lentes gelatinosas, pois elas podem ocasionar danos epiteliais
importantes. Os profissionais da área necessitam ter o aparelhamento
completo, bem como caixas de prova para viabilizar o sucesso na
adaptação.
TEMA 3 de 4
ʪ Material Complementar
Leitura
ACESSE
TEMA 4 de 4
ʪ Referências
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