Você está na página 1de 20

ISBRAE

PÓS GRADUAÇÃO EM MEDICINA ESTÉTICA

THAIS MARINI RAVAGNANI

TRATAMENTO DE ECTRÓPIO COM FIOS DE PDO

São Paulo, 01 de março de 2024

THAIS MARINI RAVAGNANI


TÍTULO DO TRABALHO: TRATAMENTO DE ECTRÓPIO COM
FIOS DE PDO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Pós-graduação em Medicina


Estética

São Paulo
2024
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Medicina Estética como requisito
parcial para obtenção do diploma de pós-
graduação Lato sensu

Aprovada em: 01 de março de 2023.

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________
Prof. Dr. Giovanny Bettega

_____________________________________________
Prof. Dr. Arthur Pimentel
Para Frajola, Pépe (in memorian), Lilly e Conchito.

AGRADECIMENTOS
Hoje é o dia em que encerro um capítulo e abro um novo livro de possibilidades. Neste
momento de realização, olho para trás com gratidão e para o futuro com esperança. A todos
que fizeram parte desta jornada, meu sincero agradecimento por estarem ao meu lado.

RESUMO
Ectrópio caracteriza-se pela eversão da margem palpebral inferior. A forma clínica
involucional é a mais frequente, cursando com eversão do ponto lacrimal ou de toda a
pálpebra, epífora, hiperemia conjuntival e sensação de ardência ocular, podendo resultar em
dano corneano permanente, com cegueira potencial. Diferentemente das técnicas cirúrgicas
utilizadas, aqui é relatado o tratamento clínico do ectrópio senil com o uso de fios de
polidioxanona (PDO) lisos monofilamentares com involução da lesão da pálpebra inferior, da
hiperemia conjuntival demais sintomas relacionados.

Palavras-Chaves: ectrópio, polidioxanona. flacidez, fios absorvíveis; estímulo de colágeno


ABSTRACT

Ectropion is characterized by eversion of the lower eyelid margin. The involutional clinical
form is the most common, progressing with eversion of the tear point or the entire eyelid,
epiphora, conjunctival hyperemia and a burning sensation in the eye, which can result in
permanent corneal damage, with potential blindness. Unlike the surgical techniques used, here
we report the clinical treatment of senile ectropion with the use of smooth monofilament
polydioxanone (PDO) threads with involution of the lower eyelid lesion, conjunctival
hyperemia and other related symptoms.

Keywords: ectrópio, polidioxanona. flacidez, fio absorvível, estímulo de colágeno

LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Ectrópio da pálpebra inferior: eversão da margem palpebral.
Figura 2 - Fio de PDO do Tipo Mono (1)

LISTA DE SIGLAS
PDO Polidioxanona;
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 14
1.1 RELATO DE CASO................................................................. 15
1.2 PERGUNTA DE 15
PESQUISA...............................................................................
1.3 OBJETIVOS......................................................................................................... 16
1.3.1 Objetivo Geral..................................................................................................... 16
1.3.2 Objetivos Específicos.......................................................................................... 16
2 REVISÃO DA LITERATURA........................................................................ 17
2.1 ECTRÓPIO.......................................................................................................... 17
2.2 FIO DE POLIDIOXANONA.............................................................................. 19
3 ANÁLISE DOS RESULTADOS .................................................................... 22
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................... 22
4.1 CONCLUSÃO ......................................................................................... 22
4.2 LIMITAÇÕES DO ESTUDO….................................................................... 22
REFERÊNCIAS................................................................................................. 23
14

1. INTRODUÇÃO

O envelhecimento é um processo natural, inevitável e progressivo de todo ser humano,


resultante de múltiplos fatores, podendo ser dividido em intrínseco e extrínseco. O
envelhecimento de origem intrínseca já é algo esperado, visto que suas características são
diretamente relacionadas com o tempo de vida do indivíduo. Por outro lado, no
envelhecimento de origem extrínseca é possível observar o processo que da origem a flacidez
e ocorre nas áreas mais expostas do corpo, afetadas principalmente pela exposição aos raios
ultravioletas (1).

Segundo Lopandina (4) sinais causados na pele pelo processo do envelhecimento,


possuem diversos tipos de tratamentos. Com o aumento mundial da população idosa, há
também uma crescente busca em procedimentos que são resultantes no tratamento para
amenizar esses sinais, como rugas, flacidez, linhas, ptoses, entre outros.

O uso dos fios de PDO se estende a outras áreas além do rejuvenescimento facial(1).
Em um estudo realizado no Centro Cardíaco de Chamran no Irã, foi concluído que a sutura de
PDO é segura no fechamento esternal de cirurgias cardíacas em pacientes pediátricos (1), o
que confirma a segurança do seu uso. Por se tratar de um polímero absorvível, o fio de PDO é
degradado pelo organismo. Zanatti (8) afirma que, além do efeito lifting, o fio induz a
formação de colágeno, permitindo assim o efeito em longo prazo, mesmo após sua absorção.
Lopandina concorda ao relatar que a degradação do fio pode ocorrer entre 180 a 240 dias, mas
o efeito lifting dura por volta de 1,5 a 2 anos devido à neocolagênese (1 apud 4).

1.1 RELATO DE CASO


15

Paciente WADTM, 90 anos , sexo feminino, queixando-se de ardor e lacrimejamento


do olho esquerdo. Este quadro apresentava-se de forma recorrente há dois anos, com piora dos
sintomas nos últimos três meses.

No exame físico apresentava as pálpebra inferior edemaciada, hiperemiada e discreto


edema. A conjuntiva mostra-se hiperemiada e quemótica, protusa e exposta impedindo o
fechamento completo da fenda palpebral. Ao nível da glândula lacrimal apresentava
tumefação e aumento da sensibilidade local.

Como comorbidades relatava hipertensão arterial sistêmica, insuficiência cardíaca


com fração de ejeção preservada, insuficiência arterial periférica, doença arterial carotídea,
insuficiência renal crônica não-dialítica.

Realizada em 20/07/2023 uma sessão de nano agulhamento da pálpebra inferior


utilizando-se mescla Biometil® com DMAE 3%, ácido hialurônico 40mg/2mL, silício
orgânico 1mg/mL e lidocaína1% e inseridos dez fios lisos de polidioxanona i-THREAD®
M3025L30 e cinco M2938K50. Ao final do procedimento feita limpeza com clorexidina
degermante e oclusão da área com Pad Film 3M™ Tegaderm™. Aplicado Liposic® 2mg/g
Eye Gel com curativo ocular oclusivo por 8 horas.

Após 72 horas do procedimento foi retirado o Pad Film 3M™ Tegaderm™ com
melhora significativa da qualidade da pele da pálpebra inferior, diminuição da eversão da
pálpebra inferior e diminuição do edema e da hiperemia conjuntival.

A evolução nas semanas subsequentes foi de melhora do quadro inflamatório


conjuntival e melhora da coaptação das pálpebras. Após 45 dias já evidenciada melhora
significativa da pele da pálpebra inferior. Sessenta dias após o primeiro procedimento foram
inseridos mais cinco fios lisos de polidioxanona i-THREAD® M2938K50, e posteriormente a
cada 90 dias.

1.2 É POSSÍVEL TRATAR O ECTRÓPIO SENIL DE FORMA NÃO CIRÚRGICA COM


BOM RESULTADO A LONGO PRAZO UTILIZANDO FIOS DE PDO?

1.3 OBJETIVOS
- Discorrer sobre a fisiopatologia do ectropio senil
16

- Compreender a restauração da epiderme-derme


- Compreender o mecanismo de ação do fio de polidioxanona na neocolagênese

1.3.1 Objetivo Geral

Apresentar um bom resultado no tratamento do ectropico senil com o uso de fios de


polidoxanona, promovendo reversão da lesão e bem estar do paciente

1.3.2 Objetivos Específicos

Como objetivos específicos deste trabalho foram elaboradas as seguintes ênfases:

● Estímulo de neocolagênese

● Tratamento de ectrópio

● Melhora da qualidade de vida

2. REVISÃO DA LITERATRURA

2.1 ECTRÓPIO

Ectrópio define a situação de eversão da margem palpebral, com afastamento


da pálpebra do globo ocular (6).

Os ectrópios são condições caracterizadas pela eversão da margem palpebral inferior


ou superior. Os ectrópios são classificados nas seguintes formas clínicas: a) congênito, b)
senil ou involutivo, c) paralítico, d) cicatricial e e) mecânico. A forma congênita é muito rara
e de etiologia variada. O ectrópio senil é bastante comum, e só ocorre na pálpebra inferior
devido a frouxidão ligamentar lateral e/ou medial. É discutido o papel da desinserção dos
17

retratores nessa forma de ectrópio. O paralítico aparece nas paralisias de longa duração do VII
nervo, traduzindo a perda de tono do músculo orbicular. Também é restrito à pálpebra
inferior. O ectrópio cicatricial pode acometer tanto a pálpebra superior como a inferior. Ele é
devido a um déficit vertical de lamela anterior que everte a margem. Esse tipo de problema é
comumente visto após traumas, queimaduras, exposição solar crônica e cirurgias palpebrais.
Finalmente, a forma mecânica é a que ocorre, quando uma lesão bulbar empurra a margem
palpebral, evertendo-a. Todos os ectrópios são abordados cirurgicamente. Os procedimentos
vão depender dos fatores causais, variando de acordo com a forma clínica (6).

Figura 1 - Ectrópio da pálpebra inferior: eversão da margem palpebral.

O ectrópio involucional ou senil afeta as pálpebras inferiores, principalmente de


pacientes idosos e é caracterizado por excesso de comprimento horizontal das pálpebras,
associado à fraqueza da porção pré-tarsal do músculo orbicular. Este quadro é freqüentemente
acompanhado por flacidez dos tendões palpebrais medial e lateral (3).

O ectrópio extenso, que afeta toda a pálpebra inferior, requer procedimentos de


encurtamento horizontal da pálpebra, tais como os seguintes: procedimento de Bick:
envolve excisão de um fragmento trapezóide da pálpebra no canto lateral (JELKS; SMITH,
1990); procedimento de Kuhnt-Szymanowski modificado: consiste em excisão de um
triângulo de pele no canto lateral e um pentágono mio tarsoconjuntival da porção lateral da
18

pálpebra (ROGERS, 1979); procedimento do Retalho Tarsal Lateral: inclui cantotomia


lateral, com confecção de fita tarsal e ancoragem desta fita à margem orbitária lateral
(ANDERSON; GORDY, 1979)(9)

2.2 FIOS DE POLIDOXANONA

O fio de polidioxanona (PDO), um polímero sintético, biodegradável e com baixa


reação inflamatória entre o tecido e o fio. Fornece suporte e estimula os tecidos das áreas ao
redor do defeito estético através da produção de colágeno, assim, neutralizando os efeitos do
envelhecimento (10).
A sigla PDO refere-se ao material que compõe esses fios, a Polidioxanona. Esta, por
sua vez, é derivada do poliéster e foi utilizada como fio de sutura por muito tempo em
cirurgias cardíacas e oftalmológicas. Mas, ao longo dos anos, com o crescimento dos estudos
sobre seu potencial bioestimulador, grande resistência conferida ao seu poder de tração e por
ser absorvível, os fios de PDO estão em constante evolução e passam cada dia mais a fazer
parte da rotina de procedimentos minimamente invasivos, que visam o rejuvenescimento
facial(10).

A Polidioxanona tem características não tóxicas, não alergênicas e não piogênicas,


devido à sua absorção espontânea ser por hidrólise, o polímero forma dois monômeros de
ácido 2-hidroxi-etoxi-acético (C4H8O4), que depois são decompostos em H2O e CO2 e
absorvidos pela pele. Além disso, o material é capaz de promover uma reação inflamatória
moderada seguida por neocolagênese, o que faz com que o Lifting Facial seja mais duradouro
(10).

A compreensão da composição química é imprescindível, pois explica como esse material se comp
19

A neocolagênese inicia-se no momento de inserção da agulha ou cânula no corpo. A


partir desse microtrauma, ocorre ativação e agregação plaquetária na tentativa de oclusão do
tecido lesionado. Então, inicia-se uma fase inflamatória em resposta ao trauma e ao corpo
estranho (fio de PDO), devido à vasodilatação e à quimiotaxia de células de defesa, os
neutrófilos são enviados para verificar a presença de infecção local e “substituídos” por
macrófagos, quando não identificam um potencial infeccioso (10).

A resposta inflamatória cicatricial do corpo depende do balanço entre a quantidade de


macrófagos do tipo M1 (pró-inflamatório) e do tipo M2 (anti-inflamatórios). Os fios
estimulam receptores específicos de macrófagos M2, ou seja, geram uma resposta
inflamatória branda(10).

Nesse mesmo instante, há a formação do tecido de granulação com a perfusão de


novos capilares no local e quimiotaxia de fibroblastos. Assim, há diminuição da celularidade
dos macrófagos e início da secreção de colágeno tipo 3, também chamado de colágeno
reticular, ao redor dos fios. Esse colágeno é delgado e desordenado e passa a ser gradualmente
substituído pelo colágeno do tipo 1 ou colágeno fibroso, que, por sua vez, é um tecido
organizado, denso e mais duradouro (10).

À medida que o fio vai sendo hidrolisado e substituído por dióxido de carbono e água,
o estímulo aos fibroblastos vai cessando gradativamente, fazendo com que as fibras de
colágeno tipo 3 se tornem cada vez mais escassas e o colágeno tipo 1 predominante por até 18
meses. Após esse período, o corpo reabsorve quase todas as fibras restantes e o fio já não
pode ser encontrado nos tecidos, pois foi completamente absorvido (11).

O sistema músculo aponeurótico superficial (SMAS) é o plano correto para inserção


do fio, por ser uma estrutura de suporte que conecta os músculos da expressão facial à pele,
sendo utilizado também no lifting facial cirúrgico(1). É necessário ter bastante atenção no
20

momento da inserção, pois o fio com garras, por exemplo, inserido no tecido gorduroso não
vai trazer a sustentação necessária para fazer o movimento de tração na pele. A profundidade
de inserção vai depender da idade do paciente e a espessura do fio será escolhida de acordo
com a espessura da pele. O uso dos fios de PDO é indicado para pacientes com idade entre 25
e 35 anos com finalidade de prevenir o envelhecimento facial e entre 35 e 75 anos para
tratamento do envelhecimento (4).

Figura 2 - Fio de PDO do Tipo Mono (1)


21

3. ANÁLISE DOS RESULTADOS

A utilização de fios de PDO no auxílio do tratamento do ectrópio senil mostrou


resultado satisfatório no período de 8 meses de acompanhamento. Durante este período não
houve recidiva da inflamação conjuntival, que pode ser devido a melhora significativa do
aspecto e elasticidade da pele da pálpebra inferior da paciente.

Ainda muito deve ser estudado e a técnica deve ser reproduzida para poder-se ter
resultados passíveis de comparação e poder-se afirmar a eficácia da técnica de tratamento

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

4.1 CONCLUSÃO

Pode-se concluir que a neocolagênese promovida pela degradação da polidioxanona


contribui para a melhora do ectrópio senil.

4.2 LIMITAÇÕES DO ESTUDO

Por tratar-se de um relato de caso e não haver descrição da técnica na literatura médica o
estudo limita-se da data do primeiro atendimento até a edição deste trabalho. A paciente será
acompanhada periodicamente e optado por manter a colocação de cinco fios de PDO a cada
90 dias.
22

REFERÊNCIAS

1. Albuquerque LV, et al. Lifting facial não cirúrgico com fios de polidioxanona: revisão de
literatura Odontologia Clínico-Científica v.20(2021)
2. Portela DPB, Dutra R. Inovações terapêuticas para rejuvenescimento facial: uma
abordagem biomédica. Rev. Eletrônica Biociências, Biotecnologia e Saúde. Curitiba.
2018;23(12):27-38.
3. Cruz AAV; Chahud F & Guimarães FC. Patologia dos anexos oculares. Medicina, Ribeirão
Preto, 30: 36-51, jan./mar. 1997.
4. Lopandina I. Fios PDO: nova abordagem ao rejuvenescimento da pele. 2. Ed. São Paulo:
MultiEditora; 2018. Livro 50p.
5. Papazian MF, Silva LM, Crepaldi AA, Crepaldi MLS, Aguiar AP. Principais aspectos dos
preenchedores faciais. Rev. Faipe. 2018;1(8):101-16
6. Flávio Antônio Romani Prevalência de transtornos oculares na população de idosos
residentes na cidade de Veranópolis, RS, Brasil. Arquivos Brasileiros de Oftalmologia,28
Nov 2005
6.Aplicação das técnicas de retalho tarsal lateral e Kuhnt-Szymanowski modificada no
tratamento do ectrópio senil. HU rev, Juiz de Fora, v.32, n.4, p.91-95, out./dez. 2006
7. Silva LB, Silva LM. Dermossustentação no tratamento do envelhecimento cutâneo. Anais
do V Congresso de ensino, pesquisa e extensão da Universidade Estadual de Goiás. 2019.
8. Zanatti DM. Revista Saúde, 2015. Harmonização orofacial: fios de sustentação. Disponível
em:http://rsaude.com.br/bauru/materia/harmonizacao-orofacial-fiosde-sustentacao/12278
9. UTHOFF D; GORNEY M & TEICHMANN C. Cicatricial ectropion in ichthyosis: A novel
approach to treatment. Ophthalmic Plast Reconstr Surg 10: 92-95, 1994.
10.https://lapidareinstituto.com.br/fio-de-polidioxanona-e-suas-propriedades-bioestimuladors/
(visitado em 24 de dezembro de 2023)
11. Mecanismos envolvidos na cicatrização: uma revisão. Carlos Alberto Balbino; Leonardo
Madeira Pereira; Rui Curi. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas. Mar 2005
12. Redação do relato de caso – Yoshida WB J Vasc Bras 2007, Vol. 6, Nº 2
23

Você também pode gostar