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FACULDADE TEOLÓGICA E FILOSÓFICA – RATIO

CURSO SUPERIOR EM TECNOLOGIA E OPTOMETRIA

OCENILDE MENDES RODRIGUES

AMBLIOPIA REFRATIVA: uma revisão de literatura

FORTALEZA – CE
2023
OCENILDE MENDES RODRIGUES

AMBLIOPIA REFRATIVA: uma revisão de literatura

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao


Curso de Tecnologia em Optometria da Faculdade
Ratio como requisito parcial para obtenção do grau
Tecnólogo em Optometria.
Orientadora: Profa. Esp. Ednar Lorena Aguiar
Scatolin

FORTALEZA – CE
2023
OCENILDE MENDES RODRIGUES

AMBLIOPIA REFRATIVA: uma revisão de literatura

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao


Curso de Tecnologia em Optometria da Faculdade
Ratio como requisito parcial para obtenção do grau
Tecnólogo em Optometria.

Aprovada em: ______/______/_______

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________________
Profa. Esp. Edna Lorena Aguiar Escatolin
(Professora Orientadora)

___________________________________________________________
(Professor Convidado)

___________________________________________________________
(Professor Convidado)
RESUMO

A amblioplia é causada pela redução funcional da visão podendo ser unilateral ou


bilateral e é popularmente conhecida como doença do olho preguiçoso. Pode ser
caracterizada como; estrábica, por privação ou refrativa, sendo esta última,
caracterizada por uma diferença de grau ou de erro refrativo entre os olhos. Por ser
uma patologia silenciosa e não apresentar sintomas aparentes, é de extrema
importância que nos primeiros meses de vida a criança seja submetida a um exame
ocular e sabe-se atualmente que o optometrista possui autonomia para atuar no
primeiro contato com o paciente diminuindo custos e ampliando o acesso ao
atendimento. O presente trabalho justifica-se pelo crescimento da atuação do
optometrista como a sua importância como profissional de primeiro contato,
diminuindo custos de consultas e tornando o atendimento mais rápido afim de tornar
o profissional eficaz e apto para diagnosticar de forma inicial a patologia afim de
prevenir maiores complicações em decorrência da patologia em si. O objetivo
principal do trabalho foi estudar a ambliopia refrativa através de uma revisão de
literatura e como objetivos específicos saber como é feito o diagnóstico qual o tipo
de tratamento utilizado na patologia supracitada e o papel do optometrista. Diante de
tal fato, busca-se responder o seguinte questionamento: o optometrista possui
relevância no tratamento da ambliopia refrativa? Os resultados foram obtidos através
de 8 artigos onde os mesmos obedeceram a todos os critérios de inclusão e através
desses estudos pode ser concluído que a amblioplia refrativa possui várias
possibilidades de tratamento e quanto mais cedo for diagnosticada melhor p
prognostico. O optometrista pode ser o profissional de primeiro contato pode
identificar, diagnosticar e realizar o tratamento da amblioplia refrativa diminuindo as
possíveis complicações e ofertando através do seu plano terapêutico a restauração
da visão.

Palavras- Chave: Capacidade visual. Anisometrópica. Exame oftalmológico.


ABSTRACT

Amblyopia is caused by the functional reduction of vision, which can be unilateral or


bilateral and is popularly known as lazy eye disease. It can be characterized as; cross-
eyed, deprivation or refractive, the latter being characterized by a difference in degree
or refractive error between the eyes. As it is a silent pathology and does not present
apparent symptoms, it is extremely important that the child undergoes an eye
examination in the first months of life and it is currently known that the optometrist has
autonomy to act in the first contact with the patient, reducing costs and expanding
access to care. The main objective of the work was to study refractive amblyopia
through a literature review and as specific objectives to know how the diagnosis is
made, what type of treatment is used in the aforementioned pathology and the role of
the optometrist. Faced with this fact, we seek to answer the following question: does
the optometrist have a cult in the treatment of refractive amblyopia? The results were
obtained through 8 articles where they obeyed all the inclusion criteria and through
these studies it can be concluded that refractive amblyopia has several treatment
possibilities and the sooner to diagnose the better the prognosis. The optometrist can
be the first contact professional can identify, diagnose and perform the treatment of
refractive amblyopia, observing the possible complications and offering vision
restoration through his therapeutic plan.

Keywords: Visual capacity. Anisometropic. Ophthalmologic examination.


LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Autor/ Ano, títulos e objetivos ................................................. 18


Quadro 2 – Autor/ Ano/título, resultados e conclusão ................................ 19

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – .................................................................................................. 15
Figura 2 – .................................................................................................. 17
Figura 3 – .................................................................................................. 19
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 08
2 DESENVOLVIMENTO .............................................................................. 10
2.1 A AMBLIOPIA......................................................................................... 10
2.1.1 Tipos de ambliopia ............................................................................ 11
2.2 O DIAGNÓSTICO DA AMBLIOPIA REFRATIVA ................................... 12
2.3 O PAPEL DO OPTOMETRISTA DO TRATAMENTO DOENÇA ............ 14
3 METODOLOGIA ....................................................................................... 17
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................ 18
5 DISCUSSÃO DE RESULTADOS ............................................................. 23
6 CONCLUSÃO ........................................................................................... 25
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1 INTRODUÇÃO

O olho é uma estrutura de vasta importância no processo de desenvolvimento


visual pois é através dele que os estímulos são captados e conduzidos até o cérebro
humano onde através de uma área específica localizada em região occipital a
mensagem é recebida e decodificada (BARBOSA, 2018).
Com o sistema visual ainda imaturo, tanto anatomicamente como
fisiologicamente, o desenvolvimento da visão se faz de forma progressiva a partir do
nascimento. A acuidade visual vai sendo aprimorada nos primeiros três meses de
idade e depois de forma mais lenta. Entre os 3 e os 4 anos de idade o sistema visual
já está quase 100% visual esteja totalmente desenvolvido, se moldando até os dez
anos de idade (GAIER; HUNTER, 2017).
Qualquer interferência durante esse processo de formação do sistema visual
pode levar a defeitos refrativos no organismo, como a miopia, hipermetropia ou
astigmatismo, ou seja, aquelas que levam a uma visão deficiente devido à desfocagem
dos objetos na retina (WEBBER et al., 2018).
Entre esses defeitos refrativos, tem-se a ambliopia que segundo Oliveira
(2010) é a deficiência do desenvolvimento normal do sistema visual durante o período
de maturação do sistema nervoso central (especificamente para o sistema visual) que
se estende até os seis ou sete anos e idade, sem que haja lesão orgânica
desproporcional a intensidade de baixa visual.
Quando diagnosticado precocemente, tal patologia torna-se reversível. Tendo
em vista que o tratamento da ambliopia ainda produz resposta até os 12 anos de
idade, quando iniciado tardiamente, por exemplo, em pessoas com idade de até 17
anos, podem adquirir algum benefício à resposta tardia ao tratamento. Todavia, em
caráter excepcional, é possível ter um tratamento eficaz após os 07 anos de idade
(BARBOSA, 2018).
O optometrista é um dos profissionais que possuem um papel fundamental no
processo de reabilitação do paciente com essa disfunção através de ações para a
Detecção das alterações da acuidade visual, sensibilidade ao contraste, visão
cromática, disfunções e alterações da visão binocular e campo visual além de
interpretar e usar procedimentos e provas diagnósticas não invasivas, necessárias
para emitir um conceito e definir um plano de ação (COATS; PAYSSE, 2012).
Diante de tal fato, busca-se responder o seguinte questionamento: o
optometrista possui relevância no tratamento da ambliopia refrativa? o presente
trabalho justifica-se pelo crescimento da atuação do optometrista como a sua
importância como profissional de primeiro contato, diminuindo custos de consultas e
tornando o atendimento mais rápido afim de tornar o profissional eficaz e apto para
diagnosticar de forma inicial a patologia afim de prevenir maiores complicações em
decorrência da patologia em si.
O objetivo principal do trabalho foi estudar a ambliopia refrativa através de
uma revisão de literatura e como objetivos específicos saber como é feito o
diagnóstico qual o tipo de tratamento utilizado na patologia supracitada e saber qual
é o papel do optometrista. Desde o diagnóstico até a escolha da intervenção mais
apropriada.
2 DESENVOLVIMENTO

2.1 A AMBLIOPIA

A visão normalmente se desenvolve durante os primeiros anos de vida. Ao


nascer, a visão é muito ruim; no entanto, com estímulo apropriado ela vai se
desenvolvendo. Se os bebês não conseguem usar os olhos por várias razões, a área
cerebral responsável pela visão não se desenvolve, mesmo que anatomicamente os
olhos pareçam normais o que pode acarretar em uma disfunção denominada de
ambliopia (FERNANDES, 2012).
A ambliopia é uma doença frequentemente definida como “doença do olho
preguiçoso” devido as características físicas adotadas pelo indivíduo acometido e se
trata de um processo de privação sensorial que tem causa funcional e orgânica, uma
diminuição, unilateral ou bilateral, da acuidade visual, a qual é decorrente da falta de
estímulos ou presença de estímulos inadequados ou insuficientes durante o período
crítico do desenvolvimento (REIS, 2017).
A palavra ambliopia deriva das palavras gregas “amblios” e “ops” que
conjugadas significam em português “visão fraca” (“amblios” = “fraco/a” e ops = visão).
Nessa disfunção pode ser que ao olho nu seja quase imperceptível e até mesmo
completamente já que não se trata da ausência ou má formação de algum
componente visível do olho e sim porque as vias que transmitem sinal entre o cérebro
e os olhos não são adequadamente estimuladas. O cérebro acostuma com a condição
de ver apenas imagens sujas com o olho (KHAZAENI, 2022).
A ambliopia é a quarta patologia que culmina com a perda de visão ocorrendo
de forma mais frequente em crianças e jovens adultos na Europa e nos Estados
Unidos da América (EUA). Apesar de ser uma patologia pertinente à infância, se não
for diagnosticada de forma precoce os efeitos serão irreversíveis, sendo a causa mais
frequente de perda de visão nos adultos entre os 20 e os 70 anos de idade (WEBBER
et al., 2018).
Essa patologia produz alterações anatômicas e funcionais na retina e no
córtex e culmina em uma menor resolução espacial e redução nos neurônios de
função binocular, alterações nos núcleos extra estriados, déficit motor, dificuldade na
percepção de formas e contorno, na leitura e redução da sensibilidade ao contraste,
existe assim uma perda de conexão com o olho amblíope (WONG, 2012).
Não se trata de uma anomalia orgânica primária dos olhos. Isso quer dizer
que a patologia é uma resposta a uma disfunção inicial e por isso podem preexistir
algumas doenças que sejam o gatilho para que ocorra a ambliopia e assim podem
prosseguir déficits visuais mesmo após a correção de patologias como catarata,
retinoblastoma e outras (FERNANDES, 2012).
Em outras palavras, a Ambliopia classicamente significa baixa visão no qual
não se detecta alteração orgânica que a justifique. Mais recentemente o significado
de ambliopia tem- se ampliado, significando baixa visão com ou sem lesão orgânica.
Porém, o assunto é polêmico e esta definição não é aceita por todos. A ambliopia é,
portanto, uma desordem neural provocada pela estimulação cerebral anormal durante
o período crítico do desenvolvimento visual (GAIER; HUNTER, 2017).
A saúde dos olhos é de extrema importância, sendo que qualquer tipo de
disfunção deve ser identificado e tratada o mais breve possível a fim de minimizar as
intercorrências e devolver a qualidade de vida do indivíduo. Além do mais, o
tratamento precoce minimiza as chances de uma possível progressão da doença
(COATS; PAYSSE, 2012).

2.1.1 Tipos de ambliopia

Existem três tipos de ambliopia causadas por fatores distintos e são elas: a
estrábica, a obstrução do eixo visual e a refrativa. Na causa em decorrência do
estrabismo, cada olho produz uma imagem, que comumente são unidas em uma única
imagem no cérebro e que através dessa interconexão produzem imagens
tridimensionais e níveis elevados de percepção da profundidade. Essa competência
de fundir imagens se desenvolve durante a primeira infância (SIMONS, 2015).
Caso as duas imagens produzidas por cada um dos olhos estiverem
desalinhadas, o cérebro irá suprimir uma das imagens e ignora a captação desse olho.
O cérebro não tem ciência da informação formada pelo olho afetado, ainda que ele
esteja estruturalmente normal já que nos adultos, uma vez que as vias visuais já estão
desenvolvidas, ver duas imagens diferentes resulta em (diplopia) em vez da ambliopia
(RICHARDS MD; GOLTZ HC; WONG, 2018).
O segundo tipo de ambliopia é o que se desenvolve quando uma turvação ou
opacificação do cristalino (como a causada pela catarata) ou da córnea diminui ou
distorce a luz que penetra no olho, ou quando outra causa (como glaucoma) leva ao
declínio da visão em um olho. Uma pálpebra muito recaída também pode bloquear a
visão e causar ambliopia (RICHARDS MD; GOLTZ HC; WONG, 2018).
A ambliopia causada por um erro de refração desigual, geralmente são
causadas pela hipermetropia (incapacidade de ver objetos próximos claramente),
miopia (incapacidade de ver objetos distantes claramente) ou astigmatismo (uma
curvatura irregular das superfícies de focalização do olho). Um erro de refração possui
como resultado a produção de imagens embaçadas, gerando diferenças de foco entre
os olhos podendo ser unilateral ou bilateral. Geralmente, é o tipo menos diagnosticado
devido à falta de sinal característico físico (KHAZAENI, 2022).
Uma ambliopia refrativa pode ser tão grave quanto uma ambliopia estrábica e
por isso, mesmo na ausência de estrabismo deve se levar em consideração a
possibilidade de uma anormalidade. Ela ainda é subclassificada em três tipos:
anisometrópica, ametrópica e meridional. Na ambliopia refrativa anisometrópica a
doença ocorre por conta da diferença refracional entre os olhos. Mesmo diferenças
quase que irrisórias podem provocar a ambliopia (BRADFORD, 2016).
A ambliopia ametrópica ocorre de carência visual por alto erro refrativo, sendo,
em geral, bilateral e decorrente de hipermetropia, já a meridional é o resultado da
privação visual em um meridiano, podendo ser tanto unilateral quanto bilateral. É
causada pelo astigmatismo não corrigido (BIRCH et al., 2015).

2.2 O DIAGNÓSTICO DA AMBLIOPIA REFRATIVA

Crianças acometidas com a ambliopia na maioria das vezes nem sequer


notam que em um dos olhos a visão é diferente. Isso ocorre porque são novas demais
para relatar os sintomas. Um estudo realizado em São Paulo apontou que em 77%
dos casos de disfunções oculares, os pais são os responsáveis por observar que há
algum problema. Já nos adultos, essa condição é menos comum. O indivíduo cria
movimentos na tentativa de melhorar a acuidade visual como por exemplo; apertar os
olhos, cobrir os olhos ou podem ainda apresentar olhos estrábicos (PROCIANOV,
2016).
No entanto, as pessoas de forma geral aparentemente parecem não ter
nenhum problema. Quando se trata de ambliopia unilateral, onde um dos olhos
enxerga bem e o outro não, há uma compensação e isso faz com que o indivíduo
ignore durante um período a privação do outro olho (JESUS, 2015).
Em recém-nascidos, é complexa a medida da Acuidade Visual, até mesmo,
porque além dele não conseguir se expressar através de movimentos bruscos, não
consegue também se expressar verbalmente. Entretanto, o estado ocular do bebê
pode ser analisado através de testes como: reflexo corneano, reflexo vermelho e a
reação pupilar (RICHARDS; GOLTZ; WONG, 2018).
Quando se trata de crianças, na fase pré-verbal, o diagnóstico é feito usando
métodos comportamentais através da observação de o quanto a criança se opõe à
oclusão de um olho em relação ao outro. Podem ser usados sistemas de classificação
para medir a fixação de preferência, assim como usar os cartões de acuidade de
Teller. O teste de AV por reconhecimento de optotipos deve ser realizado na fase
verbal (WALLACE et al.,2018).
O teste de AV consiste em uma avaliação feita em crianças onde a
participação é reduzida. Administra-se algumas gotas de cicloplégicas para dilatar a
pupila eliminando assim qualquer possibilidade de focagem permitindo assim que se
saiba objetivamente qual é o verdadeiro estado de refração do paciente
(PROCIANOV, 2016).
O Teste de Teller é realizado através de cartões com listras que contrastam
(estímulo de grades, com listras pretas e brancas). O paciente é disposto de modo a
observar o cartão – escolhido de acordo com a idade – e o Médico Oftalmologista
observa a interação da criança com o cartão e sua resposta visual, tendo-se como
referência o fato de que as crianças tendem a fixar mais o olhar em telas listradas do
que em telas lisas. Por meio da apresentação de diferentes cartões com a incitação
de grades cada vez mais estreito, torna-se possível observar a acuidade visual da
criança pequena e aferir unilateralmente os olhos (KRAUS; CULIACAN, 2019).
Instrumentos mais tecnológicos como os de triagem visual são, permitem que
os profissionais de cuidados de contato inicial façam o diagnostico nos estágios iniciais
e encaminhem as crianças para tratamento oftalmológico especializado em tempo
hábil para obter prognósticos mais favoráveis (BRADFORD, 2016).
As crianças diagnosticadas mais cedo, especialmente as diagnosticadas aos
2 anos, obtêm melhor acuidade visual do que as diagnosticadas entre os 3 e os 4
anos; da mesma forma as acuidades visuais obtidas nas crianças que iniciam
tratamento antes dos 5 anos são melhores do que as que iniciam aos 6-7 anos. Por
isso, o ideal e mais recomendado é realizar testes de acuidade visual nos primeiros
dois meses de vida e realizar novamente após os três anos de idade (PROCIANOV,
2016).
A existência de rastreios para a identificação fatores de risco de ambliopia
incidem numa forma de prevenção secundária, desejável para impedir que a patologia
se desenvolva e evolua para um estado irreversível. A identificação precoce da própria
ambliopia é também essencial para elevar a perspectiva de eficácia do tratamento
(YAN et al., 2015).

2.3 O PAPEL DO OPTOMETRISTA DO TRATAMENTO DOENÇA

O optometrista previne, sempre que possível, a insurgência de distúrbios


visuais por meio da reeducação ou aplicação de metodologias para melhorar a
eficiência da visão. Sua formação permite ainda identificar uma alteração visual de
ordem patológica ocular (ex. a catarata, glaucoma) ou sistêmica (ex. hipertensão,
diabetes), encaminhando nestes casos o paciente ao especialista (ZHAO et al.,2017).
A atuação do profissional Optometrista, em especial na atenção primária,
garante a resolução de cerca de 80% dos problemas visuais, que são de ordem
refrativa, desafogando o sistema e permitindo que milhares de desassistidos
obtenham um atendimento visual de qualidade e amplo acesso (GAIER; HUNTER.,
2017).
Segundo o Conselho Regional de Óptica e Optometria do Estado de São
Paulo (2017), populações mais carentes chegam a esperar cerca de cinco meses em
uma fila do Sistema Único de Saúde (SUS) para realizar uma consulta de vista. Sendo
assim, o profissional de optometria é extremamente importante pois desenvolve ações
em saúde visual e ocular e atua em parceria e cooperação com outras áreas, como a
própria medicina.
O Sindicato Nacional dos Optometristas (2011) declara que o optometrista é
um profissional especializado no estudo da visão, e estabelece cuidados primários e
secundários da saúde visual devendo-se salientar que não utiliza procedimentos
invasivos nem terapia medicamentosa.
A consulta com o profissional de optometria possui uma função importante na
orientação para que os pais levem o bebê ao oftalmopediatra nos primeiros meses.
Há ferramentas que permitem ao oftalmopediatra diagnosticar os erros refrativos em
bebês e em crianças que ainda não falam.
No tratamento da ambliopia refrativa o optometrista orienta o uso de óculos
no olho de pior visão, seguido da oclusão do olho de melhor visão quando a diferença
de acuidade visual persiste após quatro a oito semanas comentam que é possível
conseguir visão igual em ambos os olhos, contudo, para que isso ocorra é essencial
que haja total cooperação por parte dos pais ou cuidadores da criança (COSTA, 2016).
Em muitos casos, além do uso de óculos, a criança é tratada com a terapia
de oclusão ocular, o famoso “tampão”. O tampão é usado no olho saudável para que
o olho afetado pelo problema possa ter a mesma chance de desenvolvimento. No caso
da ambliopia refrativa, o tampão pode ser colocado no olho ou na lente dos óculos
(GAIER; HUNTER., 2017). A Figura 1 demonstra de maneira clara o que o autor cita
na sua referência.
Figura 1 - Ambliopia refrativa com o tampão colocado na lente do óculos

Fonte: terapia de olusão optmetrista - Bing images (2022)

O tratamento da Ambliopia é feito com a estimulação do olho mais fraco


utilizando tampão no olho mais forte ou outros artifícios para o borramento da imagem
no olho mais forte com alguns colírios específicos para isso ou até mesmo com a
utilização de óculos com a lente turva. A partir daí o paciente começa a forçar o
desenvolvimento do olho mais fraco (REPKA, 2008).
Entre os 2 aos 7 anos existe a chamada “janela de oportunidade” que é o
período onde se a patologia for identificada e tratada da forma correta, terá bons
resultados. O tratamento é individual e pode depender de vários fatores podendo
demorar meses ou semanas (ZHAO et al.,2017).
Um outro tipo de tratamento muito utilizado e que constitui uma ferramenta do
profissional de ambliopia refrativa é o treinamento perceptivo que é realizado através
da capacidade que o cérebro tem de adaptar as suas estruturas corticais e funções
existentes em resposta à experiência, aprendizagem, treinamento ou lesão adquiridas
(DADEYA; DANGDA, 2016).
Antigamente, sabia-se que uma vez lesionado, o neurônio não se
regenerava mais, porém, hoje sabemos que após lesionado, os neurônios buscam
novos caminhos, novos mapeamentos afins de reestabelecer conexões perdidas.
Daí o motivo dessas áreas serem “plásticas”, por assumirem determinadas
capacidades que em situações normais que não lhes seria atribuída (DADEYA;
DANGDA, 2016).
Atualmente um recurso que tem sido utilizado com esse objetivo é os óculos
de realidade virtual onde através de um software, o dispositivo identifica e se ajusta
as particularidades do indivíduo e a partir daí, através de simulações do ambiente
real projetados no ambiente virtual, possibilita que o terapeuta ajude o paciente a
trabalhar através dos estímulos que lhes são projetados (MEIER; GIASCHI, 2017).
A Figura 2 apresenta os Óculos de realidade virtual onde permite ao usuário
visualizar um ambiente virtual e interagir com elementos simulados, como se
existissem um mundo real. Graças a diversos sensores de movimentos, a pessoa
utiliza os óculos podendo controlar até mesmo a posição dos olhos e da cabeça.
Figura 2 – óculos de realidade virtual

Fontefonte;( optometria-profesionales.org.2022).

Vale ressaltar que o optometrista não faz prescrição de medicamentos e o seu


atendimento consiste em observar o paciente e ao diagnosticar disfunções de origem
patológica o optometrista deve encaminhar o paciente ao profissional especializado
(oftalmologista) O trabalho do optometrista consiste em prescrever ações corretivas
não invasivas e que não envolvam a utilização de fármacos (ESCOBAR, 2012).
3 METODOLOGIA

Trata se de um artigo pesquisa bibliográfica, exploratória, elaborado através


de revisão. A pesquisa bibliográfica é um apanhado geral sobre os principais trabalhos
já realizados (livros, revistas e publicações), revestidos de importância, por serem
capazes de fornecer dados atuais e relevantes relacionados com o tema (SOARES et
al., 2014).
Para elaborar a revisão, utilizou-se das seguintes etapas: seleção da questão
norteadora, leitura criteriosa para a definição das informações a serem extraídas dos
estudos selecionados e categorizados, leitura exaustiva do material escolhido para a
devida avaliação e interpretação dos resultados, para apresentação da revisão.
O levantamento de dados foi realizado no período de setembro de 2022 a
janeiro de 2023 através das bases de dados do Google acadêmico, Scielo, PubMed,
livros, e revistas online, tendo como eixo norteador as palavras-chaves: “capacidade
visual, anisometrópica, exame oftalmológico”.
Os critérios de inclusão foram todas as pesquisas em inglês e português que
apresentavam resumo completo e todas as pesquisas realizadas entre 2013 e 2023.
Foram excluídos todos os trabalhos que estavam incompletos e que não atendiam aos
objetivos do respectivo trabalho.
Na busca inicial foram encontrados 102 artigos envolvendo as quatro bases
de dados descritas, onde foram selecionados 78 por meio da leitura criteriosa dos
resumos após leitura pormenorizada e exaustiva buscando a compreensão do
conteúdo foram descartados 69, por não abordarem a temática principal, restando 8
artigos que, sendo que estes contemplaram o alcance dos objetivos da pesquisa,
portanto, a amostra final é constituída por 8 artigos, conforme podemos visualizar na
figura 3, que demonstra o fluxograma da coleta nos bancos de dados no fluxograma
logo abaixo:
Figura 3- Fluxograma da Coleta nos Bancos de Dados

Artigos identificados através


do banco de dados
Artigos excluídos por não
(N= 102) atenderem aos critérios de Amostra final (N=8)
inclusão e exclusão (N=69)

Artigos selecionados para a


leitura (N=78)

Fonte: Elaborada pelo autor (2023)


4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Através dos autores pesquisados ficou evidente que a ambliopia refrativa


embora muitas das vezes descoberta de forma tardia, possui formas diversas de ser
diagnosticada bem como uma variedade de opções de tratamento conforme
esquematizado no quadro 1:

Quadro 1 – Autor/ Ano, títulos e objetivos


Autor / Ano Título Objetivos
Taylor et al., 2012. Intervenções para Estabelecer os efeitos
ambliopia refrativa da correção refrativa e
unilateral e bilateral da terapia de oclusão
para o tratamento da
ambliopia refrativa.
Examinar o efeito do
tratamento resultante da
correcção refrativa
isolada; examinar o
impacto da terapia de
oclusão

Magalhães Augusto, A Ambliopia: Um Saber a importância na


2016 problema de saúde implementação de um
pública. - Projeto de Programa de Rastreio
Rastreio Nacional – de Nacional - de Saúde
Saúde Visual na Visual na Infância (RN-
Infância (RN-SVI) SVI)
Zagui, 2019 Ambliopia: revisão da Conhecer a amblioplia e
literatura, definição, saber quais os avanços
avanços e tratamentos no tratamento da doença
Reis, 2017 Ambliopia: uma patologia Conhecer o estado de
na qual a prevenção é arte relativamente ao
eficaz foto-rastreio,
comparando as
vantagens e
desvantagens do
mesmo.
Eibschitz-Tsimhoni et O rastreamento precoce Avaliar a eficácia de um
al.,2015 de fatores de risco programa de triagem em
ambliogênicos reduz a massa para ambliopia e
prevalência e a gravidade ambliogênica fatores de
da ambliopia risco em lactentes
Holmes et al., 2016 Efeito da idade na Determinar se a idade no
resposta ao tratamento início do tratamento para
com ambliopia em ambliopia influencia a
crianças resposta entre crianças
de 3 a menos de 13 anos
de idade com ambliopia
unilateral que têm
acuidade visual ocular
amblíope de 20/40 a
20/400.
Pascual et al.,2014 Fatores de risco para Avaliar fatores de risco
ambliopia na visão em para ambliopia unilateral
estudo de pré-escolares e para ambliopia bilateral
no estudo Vision in
Preschoolers (VIP).
Budan Hu et al.,2022 A prevalência global de Determinar a prevalência
ambliopia em crianças: global de ambliopia em
uma revisão sistemática crianças.
e meta-análise

Milla; Molina-Martín Eficácia a longo prazo Avaliar a eficácia do


;Piñero, 2022 da combinação de tratamento combinado de
terapia ativa da visão e oclusão e terapia ativa da
oclusão em crianças visão em um total de 27
com ambliopia crianças ambliópicas
estrabísmica e
anisometrópica

Fonte: Elaborado pela autora (2023)

Conforme os resultados encontrados percebeu-se pelos estudos que a


ambliopia é um grande problema de saúde pública com uma grande prevalência,
sendo seu tratamento eficaz quando realizado entre 7 e 13 anos conforme estudos
com resultados e conclusões apresentados no quadro 2 abaixo:

Quadro 2 – Autor/ Ano/Título, Resultados e Conclusão


Taylor et al., 2012 A terapia de oclusão no A terapia de oclusão é
estudo demonstrou ser um recurso que oferece
Intervenções para
eficaz tanto na amblioplia uma grande
ambliopia refrativa unilateral quanto bilateral oportunidade de
unilateral e bilateral sendo que nesta última os resolutividade de não
efeitos da terapia se progressão da doença .
deram de forma mais
lenta.
Magalhães Augusto, 2016 A ambliopia representa A identificação precoce
um importante problema dessas causas, e o seu
de Saúde Pública, tratamento em tempo
A Ambliopia: Um problema conhecida a história útil, terão como
de saúde pública natural da doença na resultado uma
ausência de diagnóstico e diminuição muito
tratamento em tempo útil, significativa da
conhecidos os bons prevalência e da
resultados de uma gravidade da ambliopia
intervenção pública, no
combate à sua elevada
prevalência, e aos seus
custos individuais e
sociais
Zagui, 2019 O tratamento da ambliopia A descoberta de que há
é mais eficaz em plasticidade neural
Ambliopia: revisão da
pacientes com menos de 7 significativa no cérebro
literatura, definição, anos de idade. Apesar amblíope após o
avanços e tratamentos. disso, crianças de até 13 “período crítico”
anos de idade tiveram potencialmente abriu
melhora embora com taxa portas para o estudo de
mais lenta de resposta ao novas modalidades de
tratamento, recuperação tratamento mesmo
incompleta e necessidade durante a adolescência e
de maior quantidade de a vida adulta
oclusão1

Reis, 2017 Foi possível identificar O foto-rastreio é um bom


através do foto rastreio método para
valores refrativos que identificação dos fatores
Ambliopia: uma patologia representam risco de de risco ambliogénicos.
na qual a prevenção é devolver ambliopia nas No entanto, são ainda
crianças submetidas ao necessários mais
eficaz estudo. estudos para melhorar a
capacidade de deteção
de algumas condições,
nomeadamente o
estrabismo e para
encontrar a idade ideal,
com melhor custo-
benefício, em que se
deve iniciar o rastreio.
Eibschitz-Tsimhoni et A prevalência de O programa de
ambliopia na população rastreamento para
al.,2015
de 8 anos de idade ambliopia e fatores de
rastreada na infância foi risco ambliogênicos em
O rastreamento precoce de 1,0% em comparação com lactentes, seguido por
2,6% na população de 8 tratamento adequado, é
fatores de risco anos de idade que não eficaz na redução
ambliogênicos reduz a tinha sido rastreados na significativa da
infância (P =0,0098). A prevalência e gravidade
prevalência e a gravidade prevalência de ambliopia da ambliopia em
da ambliopia com acuidade visual de crianças
≤5/15 (20/60) na
ambliópica olho foi de
0,1% na população
rastreada em comparação
com 1,7% na população
não rastreada
(P =0,00026). Na
população infantil
rastreada, 3,6% foram
encaminhados da triagem
exame para um exame
confirmatório e 2,2%
foram tratados. Os
exames de triagem
apresentaram
sensibilidade de 85,7% e
especificidade de 98,6%
para ambliopia. O positivo
o valor preditivo do exame
de triagem foi de 62,1% e
o preditivo negativo o valor
foi de 99,6%.
Holmes et al., 2016 Crianças de 7 a menos de A ambliopia é mais
13 anos de idade foram responsiva ao
Efeito da idade na resposta significativamente menos tratamento entre
ao tratamento com responsivas ao tratamento crianças menores de 7
ambliopia em crianças do que os grupos etários anos de idade. Embora a
mais jovens (crianças de 3 resposta média ao
a <5 anos de idade ou tratamento seja menor
crianças de 5 a <7 anos de em crianças de 7 a
idade) para ambliopia menos de 13 anos de
moderada e grave (P < idade, algumas crianças
0,04 para todas as 4 mostram uma resposta
comparações). Não houve acentuada ao
diferença na resposta ao tratamento.
tratamento entre crianças
de 3 a menos de 5 anos de
idade e crianças de 5 a
menos de 7 anos de idade
para ambliopia moderada
(P = 0,67), mas houve
uma sugestão de maior
responsividade em
crianças de 3 a menos de
5 anos de idade em
comparação com crianças
de 5 a menos de 7 anos de
idade para ambliopia
grave (P = 0,09).
Pascual et al.,2014 O risco de ambliopia foi Estrabismo e erros
resumido pelas razões de significativos de refração
Fatores de risco para
chances e seus intervalos foram fatores de risco
ambliopia no estudo da
de confiança de 95% para ambliopia
visão em pré-escolares
estimados a partir de unilateral. Astigmatismo
modelos de regressão bilateral e hipermetropia
logística. bilateral foram fatores de
risco para ambliopia
bilateral. Apesar das
diferenças na seleção da
população do estudo,
esses resultados
validaram os achados do
Multi-Ethnic Pediatric
Eye Disease Study e do
Baltimore Pediatric Eye
Disease Study.
Budan Hu et al., 2022 Os resultados da análise A ambliopia é um
de meta-regressão problema de visão
mostraram que não houve significativo em todo o
A prevalência global de associações significativas mundo, e as estratégias
ambliopia em crianças: entre a prevalência de de saúde pública de
uma revisão sistemática e ambliopia e área rastreamento,
meta-análise geográfica, ano de tratamento e manejo
publicação, idade, precoces são
tamanho da amostra e se importantes.
foi realizada em um país
desenvolvido ou em
desenvolvimento
Milla; Molina-Martín Em ambos os grupos de A abordagem
ambliopia, foram combinada do
;Piñero, 2022
encontradas melhorias tratamento avaliado é
Eficácia a longo prazo da significativas na acuidade eficaz para proporcionar
combinação de terapia visual à distância e uma melhora na
ativa da visão e oclusão próxima no olho não acuidade visual e na
em crianças com dominante (p < 0,001). função binocular na
ambliopia estrabísmica e ambliopia
anisometrópica anisometrópica e
estrabísmica, que foi
mantida ao longo do
tempo.
Fonte: Elaborado pela autora (2023)
5 DISCUSSÃO DE RESULTADOS

De acordo com os estudos supracitados, todos se mostraram unânimes no


que se refere ao diagnóstico precoce estar relacionado a um bom prognostico do
tratamento. Magalhães Augusto (2016) em seu estudo com o objetivo de saber a
importância na implementação de um Programa de Rastreio Nacional concluiu que se
houver a identificação da patologia nos estágios iniciais há uma maior chance de
diminuição da gravidade da doença.
Esses dados corroboram com o estudo de Holmes et al (2016) que ao avaliar
se a resposta ao tratamento seria maior em crianças menores que 2 anos verificou
que quanto mais cedo for ofertado o tratamento maior as chances de um bom
prognostico e que crianças acima de 2 anos possuem uma resposta um pouco mais
lenta ao tratamento.
Reis (2017) relata que a foto rastreio é um excelente método de diagnóstico
simples e rápido. É realizado através de uma qual uma câmara capta várias fotografias
dos olhos não dilatados da criança onde através da exposição a um flash, os
equipamentos de foto-rastreio são capazes de estimar os erros refrativos presentes
essas imagens são interpretadas posteriormente por um profissional especializado
para encaminhar o paciente para o tratamento.
Em relação aos fatores associados a amblioplia, o estudo de Pascual et al
(2014) constatou que a patologia é uma resposta secundaria e por isso sempre está
associada a uma patologia primária sendo as mais prevalentes o estrabismo, o
astigmatismo e a hipermetropia. Eibschitz-Tsimhoni et al (2015) acrescenta que por
isso é essencial um programa de rastreio dos fatores de risco para que assim se
obtenha uma redução significativa da prevalência e gravidade da ambliopia em
crianças, conforme explicitado no quadro 2 abaixo:
Em relação ao tratamento ofertado em crianças acometidas pela amblioplia
refrativa, os autores divergem quanto ao tratamento que possui mais eficácia. No
estudo de Taylor et al (2012) concluiu que a terapia de oclusão seria a mais indicada
para o tratamento da patologia supracitada.
De acordo com o estudo de Zagui (2019), se ofertado os estímulos corretos
para o olho acometido pela amblioplia este consegue se recuperar através da
plasticidade neural. A plasticidade neural é uma possibilidade e por isso o profissional
deve buscar meios para estimular as áreas responsáveis por esse fenômeno.
Sabemos que o cérebro jovem apresenta uma plasticidade maior e mais
rápida do que o cérebro adulto. Existe plasticidade nos níveis sináptico, celular e da
representação cortical em ambos. Uma interpretação deste contexto é que o período
crítico termina com o aumento do limiar para plasticidade, mas não com seu
fechamento completo; portanto, é necessário descobrir estímulos e táticas de
estimular a plasticidade (WEBBER, 2018).
Um tratamento de oclusão combinado com a terapia ativa pode ser uma boa
opção para a reabilitação visual, porém, como o tratamento de oclusão é realizado
através de tampões e essa terapia possui um baixo custo e praticidade, no entanto,
possui uma baixa aderência já que algumas crianças relatam desconforto ou se
mostram resistentes por questões estéticas (CRUZ, 2017).
Existem ainda os oclusores eletrônicos que são óculos capazes de bloquear
a passagem da luz pelas lentes através da polarização. Ele utiliza a mesma tecnologia
dos óculos 3D utilizados. A vantagem desse tipo de dispositivo é o conforto, o fato de
não comprometer a estética, porém há poucos modelos comerciais.
O optometrista possui um papel de grande relevância para o diagnóstico e o
processo de reabilitação da ambliopia. O profissional atua desde os primeiros meses
de vida da criança realizando testes de acuidade visual e verificando a presença de
disfunções. Por conta disso, nos países onde a profissão é desempenhada livremente
a prevalência de amblíopes é extremamente reduzida (SILBERT; MATTA;
ANDERSEN, 2013).
De acordo com o estudo de Magalhães Augusto (2016), a amblioplia refrativa
constitui um problema de saúde pública devido a prevalência em crianças menores de
2 anos e faz se necessários incentivos educacionais acerca da patologia
principalmente aumentando as estratégias de atuação do optometrista como fator de
prevenção diminuindo a prevalência e minimizando a progressão da doença.
Esse estudo concorda com os estudos de Budan Hu et al (2022) que conclui
que iniciativas de rastreio, diagnóstico e tratamento precoce da doença demonstra
resultados significativos na regressão da patologia e promove uma reabilitação mais
rápida. Ainda De acordo com o autor supracitado, a consulta com o optometrista é de
suma importância nos primeiros anos de vida da criança e deve-se estimular estudos
que promovam ações estratégicas por parte desse profissional.
6 CONCLUSÃO

A saúde visual é de grande importância, sendo que qualquer tipo de patologia


deve ser observado o mais breve possível, a fim dar início ao tratamento e assim evitar
que o problema se torne irreversível. Porém, devido à falta da capacidade de
comunicação de forma bem articulada pelas crianças pequenas ou ainda a falta dela
no caso das “não verbais” torna-se bastante difícil a identificação da patologia,
retardando o diagnóstico e por consequência disso o tratamento para reabilitação
Os optometristas são os profissionais aptos a realizar o atendimento a nível
primário na função visual. Atuam de forma direta na prevenção das patologias
oculares e no tratamento de disfunções. Realizam a triagem e em casos necessários
encaminham para o oftalmologista. a Organização Mundial da Saúde (OMS) já
reconhece o optometrista como o responsável principal pelo atendimento primário da
saúde visual.
O ideal é que a criança fosse submetida a uma avaliação entre os seis
primeiros anos de vida. Ela é rápida e indolor devido ao fato dos equipamentos
utilizados para o diagnóstico do optometrista não serem invasivos podendo envolver
o uso de óculos, terapia de oclusão, exercícios para os olhos, atividades motoras e
neurológicas, etc.
No presente estudo sobre a amblioplia refrativa ficou evidenciando os
benefícios do tratamento realizado de forma precoce além das diversas possibilidades
de tratamento, evidenciando também que apesar do prognostico ser melhor nos
estágios iniciais, devido ao fenômeno de neuplasticidade, também pode ser tratada
em idades mais avançadas e em todas essas etapas a presença do optometrista é de
extrema importância.
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