○ Glaucoma é a segunda principal causa de cegueira no mundo e é irreversível.
A grande maioria dos pacientes é assintomática. Ele corresponde a uma doença ou um conjunto de doenças do nervo óptico que ocasiona perda progressiva de células ganglionares da retina, que vem através do nervo óptico; ■ Alterações do campo visual associadas a essa neuropatia óptica caracterizam o quadro; ○ Há duas teorias que tentam explicar a patogênese do glaucoma. A primeira corresponde à teoria mecânica e a segunda, à isquêmica; ■ Mecânica: reitera que o aumento da pressão intraocular lesa as fibras nervosas retinianas quando elas passam pela cabeça do nervo óptico; ■ Isquêmica: reitera que na realidade o aumento da pressão leva a uma alteração na microcirculação da cabeça do nervo óptico, ocasionando isquemia e posteriormente lesão das células ganglionares; ○ Fatores de risco ■ Pressão intraocular elevada; ■ Histórico familiar; ■ Raça negra; ■ Após a 4ª década de vida; ○ Classificação ■ Primário - 70% ● Glaucoma primário de ângulo aberto - 55% ○ Não apresenta nenhum sintoma. O paciente só apresenta sintomas em estágios mais avançados; ○ Grupo de doenças que pode causar lesões típicas e progressivas na cabeça do nervo óptico e perda visual ou ambos por morte de células ganglionares. Sua patogênese não é totalmente conhecida. A PIO pode ou não encontrar-se elevada; ● Glaucoma primário de ângulo fechado - 12% ○ Corresponde a um processo patológico em que a íris fecha o trabeculado, interrompendo a drenagem de humor aquoso, aumentando a PIO e iniciando o processo de crise; ■ Ocorre uma alteração pré-trabecular com aumento da pressão na câmara posterior, ocasionando deslocamento anterior da íris e interrupção da passagem do humor aquoso; ■ É geralmente desencadeado por condições que levam à midríase. ○ Com ou sem bloqueio pupilar - o bloqueio pupilar se refere a uma alteração anatômica. Em ambientes escuros ou pronados, situações em que a íris aumenta a sua alteração de posição, ocorre bloqueio maior do trabeculado. O bloqueio pupilar corresponde a uma aderência da porção pupilar da íris na cápsula anterior do cristalino, impedindo a saída do humor aquoso; ● Glaucoma de pressão normal - danos ao nervo óptico sem PIO elevada ● Glaucoma congênito ○ Uma das principais causas de cegueira evitável na infância, motivo pelo qual o teste do olhinho é realizado; ○ É uma anormalidade da formação do seio camerular, porção onde se localiza o trabeculado. Afeta igualmente ambos os sexos, na maioria das vezes de forma bilateral (80% dos casos); ○ A presença de PIO aumentada na vida intrauterina em olhos complacentes durante o seu desenvolvimento é que ocasiona a apresentação dos olhos alargados - buftalmo. ■ Secundário - 30% ● Processos inflamatórios; ● Catarata; ● Quadro Clínico ○ O principal sintoma associado ao glaucoma é uma alteração característica do campo visual normal; ○ GPAA - assintomático, exceto em casos de doença avançada, em que o paciente se apresenta com história de perda visual; ■ Esses pacientes devem ser avaliados com exame oftalmológico completo. O principal exame para avaliação é a tonometria de aplanação, seguida pela gonioscopia (que avalia o ângulo do trabeculado, descrevendo o grau de acometimento) e pela fundoscopia; ● À fundoscopia, observa-se aumento da escavação, perda localizada do anel neural (notch), hemorragia de papila, assimetria de escavação entre os olhos, perda local ou difusa da camada de fibras nervosas na retina (sinal de Hoyt); ● Outros exames complementares correspondem a: ○ Curva Tensional Diária: em ambiente de internação, a pressão intraocular é mensurada diversas vezes ao dia; ○ Teste de Sobrecarga Hídrica ou de ibopamina: testes que avaliam a variação da PIO com a ingesta líquida. Não é bom para ser feito em bsb pela variação da umidade; ○ Campimetria; ■ Evidencia perda periférica do campo visual, característica do glaucoma avançado; ○ Paquimetria: medida da espessura da córnea, fundamental para a calibragem da mensuração tonométrica; ○ Avaliação da camada de fibras nervosas oculares (AFNO/HRT); ○ Tomografia de coerência óptica (OCT); ○ Ultrassonografia biomicroscópica: avalia o ângulo do trabeculado; ○ Retinografia: documentação fotográfica do fundo de olho; ○ GPAF - o paciente se queixa de perda abrupta de acuidade visual, dor ocular intensa, náuseas, vômitos e visão de halo luminoso. Ao exame ocular, o olho se encontra hiperemiado, com íris em midríase e córnea opacificada. Corresponde a uma emergência oftalmológica que pode levar à cegueira em questão de horas. A PIO está muito acima dos valores normais (normalmente entre 50-60, até 80 mmHg); ■ Ocasionalmente, pode haver câmara anterior muito rasa, hipópio, áreas de afinamento da íris por sofrimento isquêmico e edema de disco; ■ À gonioscopia o ângulo está fechado. À tonometria a PIO está elevada muito acima da faixa de normalidade (10-20 mmHg). À lâmpada de fenda, pode-se observar a presença ou ausência de bloqueio pupilar. ○ GPN - apesar de a PIO não estar acima de 20 mmHg, ○ Glaucoma congênito ■ A principal queixa corresponde a olhos grandes, esbranquiçados, fotofobia intensa e lacrimejamento. ● Pode-se observar rupturas na camada de descemet (estrias de Haab), bem como aumento do limbo;
● Deve-se fazer o diagnóstico diferencial com obstrução da via
lacrimal, úlceras, distrofias da córnea, trauma por fórceps, megalocórnea, esclerocórnea e miopia alta congênita. O retardo do diagnóstico pode significar perda irrecuperável da visão; ● Gonioscopia: não é possível ver a banda do corpo ciliar e parte do trabeculado; ● Ecografia: aumento do diâmetro ântero-posterior do bulbo ocular; ● Tonometria: evidencia diferença superior a 4 mmHg na PIO entre os olhos em casos não bilaterais; ● Oftalmoscopia: pode ser normal no início; ● Conduta ○ Tratamento clínico ■ Tem por objetivo impedir ou desacelerar a destruição das células ganglionares. A PIO alvo deve ser mais baixa quanto mais avançado for o glaucoma. Para atingir este objetivo, lança-se mão de 3 alternativas: ● Diminuição da produção do humor aquoso; ● Diminuição da resistência de escoamento pelo trabeculado; ● Aumento do escoamento úveo-escleral. ■ Os medicamentos tópicos atuam aumentando o fluxo aquoso (análogos das prostaglandinas - primeira linha - e prostamidas, agonistas alfa-2, agonistas colinérgicos, inibidor da rho quinase) ou diminuindo a produção aquosa (agonistas alfa-2, betabloqueadores, inibidores da anidrase carbônica). Os inibidores da anidrase carbônica sistêmica também diminuem a produção de água. ● Análogos de prostaglandinas: têm a vantagem de serem administrados uma vez ao dia e não apresentarem o risco de efeitos colaterais sistêmicos observados com betabloqueadores tópicos; ● Betabloqueadores: mais baratos, principalmente o maleato de timolol tópico; ● Inibidores da anidrase carbônica: podem se apresentar na forma tópica ou sistêmica; ● Mióticos - pilocarpina, mais usado para GPAF pelo risco elevado de efeitos adversos, como descolamento de retina em pacientes muito míopes; ● Preparações tópicas combinadas - podem apresentar mais de uma classe de fármaco no mesmo colírio; ● Agentes osmóticos.
■ Controle da PIO: para glaucomas leves, moderados ou graves,
aceita-se flutuações da PIO de até 2, 4 ou 6 mmHg, respectivamente; ■ Pacientes com glaucoma precisam de usar colírios o resto da vida; ○ Tratamento cirúrgico ■ Laser ● Iridotomia ou trabeculoplastia: facilitam o escoamento do humor aquoso;
■ Trabeculectomia - cirurgia fistulizante para ocasionar saída de humor
aquoso do olho. Realizada por secção na íris e na córnea, consequentemente produzindo uma bolha episcleral na qual haverá vazamento de humor aquoso e drenagem pelos vasos da esclera; ■ Implantes de drenagem - válvulas de drenagem de humor aquoso; ■ Procedimentos ciclodestrutivos - cauteriza-se áreas do corpo ciliar por laser ou criostato para impedir a produção de humor aquoso; ■ Goniotomia ou trabeculotomia; ● A segunda é realizada em glaucoma congênito. ■ Colocação de stent (tubos que auxiliam o escoamento no trabeculado); ○ GPAF ■ Clínico ● Usa-se hiperosmóticos endovenosos (manitol principalmente) e inibidores da anidrase carbônica por via oral para diminuir a PIO o mais rápido possível. Usa-se pilocarpina tópica para induzir miose, além de beta-bloqueadores; ● Trata-se a dor e os vômitos com analgésicos e antieméticos; ● O bloqueio pupilar é revertido com pilocarpina. ■ Cirúrgico ● Para prevenir novas crises: ○ Iridotomia a laser; ○ Glaucoma congênito ■ Apresenta tratamento essencialmente cirúrgico para corrigir as alterações do trabeculado e facilitar a drenagem de humor aquoso. Faz-se trabeculotomia ou goniotomia, seguida de reabilitação sensorial; ● Monitora-se a PIO para manter entre 12-14 mmHg.
Solicitação e Interpretação de Exames Laboratoriais: Uma visão fundamentada e atualizada sobre a solicitação, interpretação e associação de alterações bioquímicas com o estado nutricional e fisiológico do paciente.