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ROTEIRO - AULA 6 - METABOLISMO DE AMINOACIDOS E CICLO DA UREIA

1 – Bom dia pessoal, hoje nós estudaremos sobre os aminoácidos, e eles


serão o último grupo de macromoléculas que iremos ver neste bloco. Olha que
fofinha essa imagem que eu achei da Glicina, gente! Os carbonos estão em
lilás, os hidrogênios em branco, o nitrogênio em azul e os oxigênios em rosa.
2 – Para falar sobre o metabolismo dos aminoácidos, precisamos antes,
relembrar sua estrutura química. Eles possuem como característica a presença
de um carbono alfa ligado a um grupo carboxila e ligado a um grupo amina.
Além desses dois grupamentos existe também cadeia lateral desses
aminoácidos, representada na figura pelo grupamento R. E é justamente essa
cadeia lateral dos aminoácidos que vai determinar a característica de cada um
deles, podendo ser 20 radicais diferentes representados por essa cadeia lateral
R. Assim, os aminoácidos vão ser classificados dependendo das diferentes
propriedades físico-químicas que cada um deles pode adquirir dentro do
ambiente aquoso em que serão encontrados nos nossos fluidos e células. Essa
cadeia lateral irá definir a estrutura e função dos aminoácidos. Como vocês
podem ver, aqui na figura nós temos justamente essa classificação: os
aminoácidos polares, apolares, básicos e ácidos.
3 - Além disso, existe um outro tipo de classificação dos aminoácidos, e essa
classificação se baseia na capacidade que as nossas células têm de
sintetizarem ou não esses aminoácidos. Então serão classificados como não
essenciais aqueles que possuímos maquinaria para sintetizá-los e essenciais,
aqueles que não possuímos essa maquinaria para síntese, ou seja, nós temos
que adquiri-los pela dieta. Uma curiosidade importante é que nos primeiros
anos de vida, alguns aminoácidos são considerados essenciais por não termos
a maquinaria necessária para produzi-los, como é o caso da arginina, cisteína
e tirosina.
4 - Então nós vimos a estrutura dos aminoácidos e como eles são
classificados. Agora nós veremos as suas funções. A função principal e a mais
conhecida é a formação de proteínas. Na figura conseguimos ver os diferentes
tipos de estruturas. A estrutura primária de uma proteína, que é simplesmente a
sua sequência de aminoácidos. A estrutura secundária que é representada pela
alfa hélice e pela folha beta, estas estruturas são formadas por interações entre
os resíduos dos aminoácidos. A estrutura terciária que é a cadeia polipeptídica,
onde acontecem interações entre as estruturas secundárias e finalmente temos
a estrutura quaternária, onde estabelecem-se ligações entre diferentes
estruturas terciárias (é importante ressaltar que nem todas as proteínas
possuem estrutura quaternária). Além disso, uma informação importante é que
na natureza existem cerca de 300 aminoácidos e apenas 20 deles são
proteinogênicos, ou seja, participam da formação de proteínas. Então por isso,
existem outras funções de aminoácidos que não a formação de proteínas.
5 - Um outro importante papel dos aminoácidos é como neurotransmissores e
percursores de aminas biogênicas. Não é o nosso objetivo aprofundar essa
sinalização, é só a título informativo. A figura mostra a atuação do glutamato
como um transmissor excitatório do SNC.
6 - Com relação as aminas biogênicas, elas serão originadas a partir da
descarboxilação do seu aminoácido percursor, ou seja, a diferença entre um
aminoácido e sua amina biogênica vai ser justamente a falta do grupo carboxila
nas aminas biogênicas. Aqui nós temos como exemplo a serotonina, que é
formada a partir do seu precursor, o triptofano. Aminas biogênicas são bases
orgânicas de baixo peso molecular com atividade biológica, produzidas a partir
da ação da enzima descarboxilase.

7 – Dando continuidade nas funções dos aminoácidos, uma outra função é a


utilização dessa macromolécula como combustível metabólico para as células.
É importante ressaltar, como eu falei para vocês nas aulas anteriores, é que
diferentemente das outras macromoléculas, como por exemplo carboidratos e
lipídios, os aminoácidos não são estocados, ou seja, tudo aquilo que for
advindo da dieta será utilizado para oxidação. Nós iremos discutir mais a frente
sobre essa função, mas desde já podemos ver essa figura em que os
aminoácidos podem dar origem a alfa-cetoácidos que irão alimentar o ciclo de
Krebs, gerando CO2 e glicose.
8 - E por fim, mas não menos importante os aminoácidos possuem função
relativa ao transporte de nitrogênio, que mais à frente nessa aula, estudaremos
o ciclo da ureia que é uma via metabólica com objetivo de eliminar a amônia do
organismo, na forma de ureia.
9 - A utilização dos aminoácidos como combustível metabólico varia de acordo
com o tipo de organismo. Por exemplo, no caso dos carnívoros eles obtém até
90% de suas necessidades energéticas enquanto nós humanos obtemos cerca
de 10 a 15%, já vimos em aulas anteriores outros tipos de macromoléculas que
são preferencialmente utilizadas. No caso dos herbívoros eles obtém uma
pequena fração das necessidades energéticas e no caso dos microrganismos,
quando necessário eles podem retirar o aminoácido do meio e oxidá-lo como
uma forma de obter energia.
10 - Então quando irá ocorrer Degradação oxidativa de proteínas?? As
proteínas são degradadas naturalmente e com velocidades diferentes de
acordo, por exemplo com a meia vida de cada uma delas. Existem proteínas
que tem uma meia vida mais curta enquanto outras têm uma vida mais longa.
Esse processo de renovação constante das proteínas celulares também é
chamado de turnover proteico (degradação e síntese). Uma outra situação em
que vai ocorrer essa degradação oxidativa é quando existe um excesso
advindo da dieta, ou seja, a pessoa tenha uma dieta hiperproteica com uma
ingestão maior do que as necessidades corporais. E todo esse excedente vai
ser destinado a degradação já que não estocamos aminoácidos. E por fim, no
caso do jejum severo/prolongado e diabetes de mellitus não controlada, que
são 2 momentos em que não há a disponibilidade de carboidratos e a
degradação de proteínas é a opção como fonte energética.
11- E como é feita essa degradação de proteínas? As proteínas serão
degradadas por enzimas presentes no estômago e no intestino que,
respectivamente, são a pepsina e a tripsina. Após essa degradação elas serão
absorvidas pelo intestino na forma de aminoácidos que serão secretados na
corrente sanguínea. A partir daí o destino desses aminoácidos serão diversos
tecidos, mas principalmente o fígado.
12 – Bom, agora que já vimos sobre a estrutura, função, e algumas outras
propriedades dos aminoácidos, vamos tentar entender melhor como ocorre
efetivamente o catabolismo dos aminoácidos. Aqui nós temos a estrutura
química deles, e é extremamente importante vocês lembrarem dessa estrutura
para entender como o metabolismo de aminoácidos acontece. Uma coisa muito
importante é que os aminoácidos possuem esse átomo de nitrogênio,
representado pelo grupo amina. Justamente por isso, o catabolismo dos
aminoácidos vai ser iniciado pela separação do esqueleto carbônico do grupo
amina. Então, a primeira reação para a separação é chamada de
transaminação com o α-cetoglutarato que consiste na transferência do grupo
amina dos aminoácidos ao α-cetoglutarato com a formação de um glutamato.
Resumindo, o grupo amina vai sair do aminoácido e quando ele é adicionado
ao α-cetoglutarato, ele vai se transformar em glutamato. Essa reação é feita
por uma transaminase que tem como coenzima o piridoxal fosfato (forma
enzimática da vitamina B6). O α-cetoglutarato vai carregar o grupo amina do
aminoácido e o aminoácido sem esse grupamento amina vira um α-cetoacido
correspondente desse aminoácido, que nada mais é do que seu esqueleto
carbônico sem o grupo amina.
13 - A segunda etapa dessa separação será a de desaminação oxidativa do
glutamato (lembrem que eu disse que o nome dos processos e das enzimas já
denuncia o que está acontecendo na reação), isso porque na reação anterior
existe uma formação de uma molécula de glutamato. Com isso, essa reação
consiste na remoção do grupo amina do glutamato que foi formado
anteriormente, e a produção de um α-cetoglutarato (α-cetoacido
correspondente do glutamato). Então agora ao invés de estar transferindo essa
amina para outra molécula, liberaremos a amina na forma de amônia e
veremos mais adiante o que ocorrerá com essa molécula. É possível realizar
essa desaminação oxidativa do glutamato porque existe uma enzima chamada
glutamato desidrogenase (GDH) que utiliza uma molécula de NAD ou NADP
como coenzima e atuará em específico no glutamato. O α-cetoacido vai poder
entrar no ciclo de Krebs e ser totalmente oxidado até CO2 ou então ser
destinado para a via gliconeogênica (Lembram dela? É aquela que forma
glicose). Essa enzima (GDH) está restrita na mitocôndria do fígado, e é ela
que, majoritariamente, irá desaminar os aminoácidos. Assim, os aminoácidos
serão transaminados (retirada do grupamento amina e transferência para o
glutamato sendo necessária a presença dessa enzima para a retirada do grupo
amina do glutamato). O glutamato é um aminoácido, mas não precisa sofrer
transaminação e sim, somente a desaminação pela GDH.
14 - No fim das contas, todos os aminoácidos serão convertidos a glutamato!
Existem outras aminotransferases ou transaminases que são a alanina
aminotransferase (TGP) ou transaminase pirúvica e a aspartato
aminotransferase (TGO) ou transaminase oxalacética. Essas duas
transaminases têm como alvo especifico a alanina e o aspartato,
respectivamente e que irão produzir intermediários do ciclo de Krebs no caso
do oxalacetato ou o piruvato, que também poderá alimentá-lo.
15 - Então, trouxe esse slide para podermos fixar bem! A transaminação e
desaminação vai ocorrer dentro da mitocôndria hepática: transaminação:
transferência do grupo amina para o α-cetoglutarato com a produção de um α-
cetoacido e um glutamato, esse glutamato irá sofrer a desaminação oxidativa
pela GDH, com a liberação da amônia! Além da formação de a alfa-cetoácidos
que irão alimentar o ciclo de Krebs, gerando CO2 e glicose. Mas, a amônia é
tóxica para o nosso organismo, e é justamente na mitocôndria hepática, onde
ocorre o metabolismo dos aminoácidos, que é o local onde que estão
presentes as enzimas do ciclo da ureia, e não é por coincidência, já que a
gente libera essa amônia na mitocôndria hepática e ali mesmo ela vai começar
a ser transformada em ureia para ser excretada.
16 – Mas porque a amônia é tóxica? Sua toxicidade se deve ao fato da sua
capacidade de ligação com o α-cetoglutarato que é um intermediário do ciclo
de Krebs, e sabendo que todos os aminoácidos irão transferir o seu grupo
amina para o α-cetoglutarato, em um momento que tivermos uma grande
quantidade de amônia, vai ocorrer uma grande utilização das moléculas de α-
cetoglutarato. Assim ele não conseguirá transminar os aminoácidos e não será
utilizado no ciclo de Krebs. Não alimentando essa via, não haverá a geração de
potencial redutor e ATP. Além disso, por precisar de íons H+ para se estabilizar,
a amônia pode desencadear quadros de alcalose metabólica.

17 – Como vamos falar sobre o metabolismo da amônia, temos que ter em


vista que ela é um composto tóxico para o nosso organismo então não deve
estar presente em altas concentrações. Por isso ela será transformada em
ureia que é a maneira não-tóxica de carregar o nitrogênio e ser excretada nos
rins. Então veremos agora no ciclo da ureia como essa amônia será
transformada em ureia. Ela irá ser metabolizada o ciclo da ureia que é uma via
metabólica para a excreção da amônia. Vamos dividir o ciclo em duas etapas,
sendo a primeira na mitocôndria do hepatócito e a segunda no citosol.
18 - A 1ª etapa dentro da mitocôndria vai ser a síntese do carbamoil-fosfato. A
amônia resultante da desaminação dos aminoácidos junto do bicarbonato, irá
sofrer ação da carbamoil fosfato sintase (existe um consumo de uma molécula
de ATP nessa reação) e irá formar o carbamoil-fosfato.
19 – Assim, o carbamoil-fostato irá se ligar a uma ornitina, já presente na
mitocôndria do hepatócito, pela ação da ornitina-transcarbamoilase e com a
produção de uma molécula de citrulina.
20 - A citrulina será a molécula que vai ser exportada de dentro da mitocôndria
para o citosol, dando continuidade à segunda etapa do ciclo da ureia no citosol.
A primeira etapa no citosol e terceira etapa do ciclo geral, será a formação do
arginino-succinato. A citrulina vai se ligar a uma molécula de aspartato
formando o arginino-succinato (nesse momento a citrulina já é a segunda fonte
de nitrogênio do ciclo e o carbamoil-fosfato é a primeira). Essa reação de
condensação necessita de uma molécula de ATP e é feita pela arginino
succinato sintase.
21 – Após isso, o arginino-succinato será quebrado em arginina e fumarato
pela ação da arginino succinase.
22- A arginina resultante dessa reação vai sofrer a ação da arginase, liberando
uma molécula de ureia (existe um consumo de H20 nessa reação) que será
destinada ao sistema renal para ser excretada no rim. Um ponto importante é
que além dessa ureia, haverá a liberação de uma ornitina que será regenerada
para a mitocôndria hepática a fim de manter o ciclo em funcionamento. Dessa
forma, ela continuará se ligando com o carbamoil-fosfato e produzindo citrulina
dentro da mitocôndria.
23 – Porém, como já vimos nas outras aulas, tudo no metabolismo tem que ser
regulado!!
24 - O ciclo da ureia produz, em uma das suas reações intermediárias, o
fumarato, que será liberado no citosol da célula, e poderá assim ser utilizado no
ciclo de Krebs. Esse fumarato é dá origem ao malato, que é oxidado a
oxaloacetato. E o oxaloacetato tem vários destinos possíveis: ele pode tanto ir
sofrer transaminação a aspartato; pode ser convertido a glicose pela
neoglicogênese; pode ser transformado em piruvato ou ainda pode ser
condensado com acetil-Coa formando citrato. Então esse é um ponto
extremamente importante na regulação do nosso metabolismo!
25 - Na regulação do ciclo da uréia temos que ter em mente que todas as
enzimas do ciclo da ureia podem aumentar ou diminuir a sua atividade
conforme a concentração do substrato. (ex: se temos muito carbamoil-fosfato, a
carbamoil-fosfato sintase diminuirá a sua atividade). Além disso, a carbamoil-
fosfato sintetase é ativada por N-acetil-glutamato (regulação alostérica), e sua
síntese é ativada por arginina.

26 - Outra regulação do ciclo se deve ao fato de que ele ocorre somente no


fígado (local onde estão presentes as enzimas desse ciclo) mas o catabolismo
de aminoácidos ocorre em outros tecidos como por exemplo, no músculo. O
ciclo da Glicose-Alanina é importante para o músculo esquelético eliminar
grupos aminos, enquanto metaboliza a glicose para a produção de energia. O
Músculo esquelético em alta atividade (anaeróbica) produz grandes
quantidades de piruvato e lactato (glicose) e amônia (proteínas). Esses
produtos precisam ser processados no fígado, e a alanina funciona como um
transportador de amônia do músculo até o fígado. Assim, nessa figura
podemos ver que o glutamato está sendo transaminado pela alanina
aminotransferase (há a presença de um piruvato resultando da glicólise que é o
α-cetoacido correspondente). O grupo amina do glutamato agora está na
alanina que será responsável por carregá-lo pela corrente sanguínea até o
fígado. No fígado, a alanina sofre a ação da aminotransferase novamente, mas
no sentido inverso da reação que ocorre no músculo, ou seja, vai ser
transaminada com o α-cetoglutarato. Assim, haverá produção de glutamato
(que será desaminado pela GDH liberando amônia para o ciclo da ureia) e
piruvato (destinado a gliconeogênese). Em outros tecidos o aminoácido
transportador de nitrogênio para o fígado será a glutamina. O glutamato será
fosforilado para receber uma molécula de amônia = 2 átomos de nitrogênio na
glutamina. E após isso, ela sofrera a ação da glutaminase (agora já na
mitocôndria hepática) liberando até 2 aminas para o ciclo da ureia.
27 - Agora iremos para o contexto clínico envolvido no metabolismo de
aminoácidos. Primeiramente iremos ver a Síndrome do hiperinsulinismo e
hiperamonemia que ocorre devido mutações na GDH (enzima responsável por
catalisar a reação de desaminação do glutamato e não só dele, mas
desaminação de todos os outros aminoácidos já que todos serão
transaminados e transformados em glutamato). Essas mutações prejudicam a
sensibilidade ao inibidor alostérico da GDH que é o GTP, mas também
promove um aumento da sensibilidade ao ativador alostérico que é a leucina –
promove um ganho de função da GDH. Essa síndrome é caracterizada pela
frequente hipoglicemia e alta quantidade de amônia no sangue.
28 - A Fenilcetonúria é considerada um erro inato do metabolismo. É doença
genética autossômica recessiva caracterizada pela ausência da enzima
fenilalanina hidroxilase, responsável pela conversão de fenilalanina em tirosina
(ocorre um acúmulo de fenilalanina) promovendo uma diminuição da tirosina
que é um aminoácido essencial para o SNC por ser precursor de
neurotransmissores como dopamina e noradrenalina. Essa doença causa
danos irreversíveis no SNC e por isso não tem cura, mas existe tratamento que
pode ajudar no prognostico. É diagnosticada através do teste de pezinho na
triagem neonatal. Aqui eu coloquei uma imagem com todo o resumo da
doença.
29 – Os níveis de Ureia e Creatinina são marcadores de função renal. Os rins
atuam em outros contextos além da excreção da amônia (exemplo: hormônios
para controle de pressão arterial ou metabolização do álcool por exemplo). Por
serem produzidas constantemente e eliminadas constantemente, são utilizadas
como marcadores (quanto maior a taxa delas, maior o comprometimento renal
e acúmulo desses metabolitos no sangue). A creatinina é uma outra fonte de
nitrogênio para excreção e ela é derivada majoritariamente do metabolismo de
creatina no músculo. É utilizada para armazenar energia no musculo na forma
de fosfocreatina e sua metabolização irá gerar ATP, tendo dessa forma
importante papel no exercício físico.
30 – Os níveis de ALT e AST também são marcadores de disfunção hepática. A
dosagem dessas aminotransferases no sangue não é necessariamente
indicativo de lesão hepática (pelo fato de estarem presentes em outros tecidos,
a lesão também poderá ser extra-hepática, exemplo: doença celíaca). A ALT
está mais abundantemente no fígado e em baixas concentrações nos outros
tecidos, por isso é um marcador mais específico de lesão hepática. As causas
para o aumento das aminotransferases pode ser devido a hepatites virais ou
medicamentos, doença hepática gordurosa não alcoólica e excesso de álcool.
31 – Um outro parâmetro importante é sobre o balanço nitrogenado, que é
definido como a diferença entre a quantidade ingerida e perdida de nitrogênio
pelo organismo em 24 horas. Assim, existe equilíbrio nitrogenado quando a
ingestão de nitrogênio (proteína) é igual à excreção de nitrogênio. No equilíbrio
nitrogenado positivo a ingestão de nitrogênio ultrapassa a excreção, com a
proteína adicional sendo utilizada para sintetizar novos tecidos. Já um maior
débito de nitrogênio, em comparação com a ingestão de nitrogênio (equilíbrio
nitrogenado negativo) indica que a proteína está sendo utilizada para obtenção
de energia e que está havendo uma possível usurpação de aminoácidos,
principalmente a partir do músculo esquelético. Hoje em dia tem uma discussão
sobre isso, principalmente para o pessoal de academia.
32 - Eu escolhi esse artigo que tem tudo a ver com vocês, que é sobre o
balanço nitrogenado e pacientes com covid. Cerca de 5% dos pacientes com
COVID-19 desenvolvem uma forma grave da doença que requer internação em
unidade de terapia intensiva (UTI) não apenas por degradação pulmonar, mas
também em relação à sarcopenia torácica. Inflamação e tempestade de
citocinas são características comuns na maioria desses pacientes internados
em UTI. Esse estado inflamatório inicial em pacientes gravemente enfermos é
usualmente acompanhado por um estado de hipercatabolismo caracterizado
por uma ativação da proteólise muscular. Também tem sido demonstrado que a
perda de massa muscular esquelética em UTI contribui para desfechos clínicos
ruins, incluindo persistência da falência orgânica, perda de autonomia, redução
da qualidade de vida e aumento do risco de morte. E nesse artigo eles foram
justamente investigar isso, se os pacientes críticos que sobreviveram e não
sobreviveram têm diferença no seu balanço nitrogenado.
33 – Então nesse estudo eles conseguiram observar que há um alto nível de
catabolismo proteico durante os primeiros 10 dias após a admissão na UTI, que
tendeu a ser menos acentuado para os sobreviventes do que para os não
sobreviventes após o dia 3, um balanço nitrogenado muito mais negativo para
os obesos do que para os não obesos, um curso de tempo diferente do balanço
nitrogenado entre sobreviventes e não sobreviventes, principalmente para os
pacientes mais velhos, pacientes do sexo feminino e não obesos. Esse estudo
também demonstrou um estado catabólico prolongado em pacientes COVID,
que pareceu mais pronunciado em pacientes não sobreviventes do que em
pacientes sobreviventes. O estudo sublinha a necessidade de monitorar a
excreção urinária de nitrogênio e o gasto de energia para individualizar as
necessidades nutricionais em pacientes COVID-19. Ainda não se sabe se o
catabolismo e as perdas de nitrogênio podem ser revertidos por meio de um
suporte nutricional individualizado aprimorado e se isso melhora o desfecho.
Mas já é um começo pois há escassez sobre esse assunto na literatura.

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