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BQI 100 - UFV

Prof. Ciro Rossi

CATABOLISMO DE
CARBOIDRATOS
Prof. Rafael Junqueira Borges
Universidade Federal de Viçosa
Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular
rafael.j.borges@ufv.br
BQI 100 - UFV
Catabolismo de carboidratos| Sumário Prof. Ciro Rossi

Introdução

A digestão de açúcares

As fases da glicólise

Fermentação

Via das pentoses-fosfato


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Catabolismo de carboidratos| Sumário Prof. Ciro Rossi
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Catabolismo de carboidratos| Introdução Prof. Ciro Rossi

• Os carboidratos estão entre as biomoléculas mais


abundantes da Terra

• Além de serem a principal fonte e reserva de energia


da maioria dos seres vivos, estão envolvidos com
diversas funções estruturais e de sinalização
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Catabolismo de carboidratos| Introdução Prof. Ciro Rossi

• A glicose ocupa uma posição


central no metabolismo de
plantas, animais e muitos
microrganismos Síntese de Síntese de
polímeros de polímeros
armazenamento estruturais

É a única fonte de energia metabólica


em alguns tecidos e células de
mamíferos (como: eritrócitos, medula
renal, encéfalo e esperma).

• É a base para:
• Armazenamento de
energia na forma de
polímeros ou ATP
• Biossíntese de polímeros Oxidação por
glicólise e
Oxidação na
via das
estruturais fermentação pentoses-fosfato
(síntese de ATP)
• Biossíntese de
glicoconjugados
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Catabolismo de carboidratos| Introdução Prof. Ciro Rossi

De onde vem a glicose que nos fornece energia na via glicolítica?

Dieta (estado alimentado):


Amido Jejum (~8h):
Ox
Sacarose ida o) Glicogênio
çã m
Outros açúcares o( olis
ca
tab atab
olis ( c
o
m çã
o) ida
Ox

Bios
d ação sínt
ese
ox i
eo
t ese e xida
í n ção
Bioss
Aminoácidos
Jejum prolongado (>8h):
glicogênicos
Glicerol dos
triacilglicerídeos
Aminoácidos
glicogênicos (autofagia)
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Catabolismo de carboidratos| A digestão de açúcares Prof. Ciro Rossi

• Os carboidratos da dieta são:


• Polissacarídeos
Não produzimos
enzimas para Celulose
degradá-la β1→4

Amido
α1→4
α1→6

Glicogênio
α1→4
α1→6

• Dissacarídeos: sacarose, lactose e maltose


• Monossacarídeos: glicose e frutose
• Não precisam ser digeridos, são absorvidos
nessa forma
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Catabolismo de carboidratos| A digestão de açúcares Prof. Ciro Rossi

• A digestão de
polissacarídeos se inicia na
boca, onde a alfa-amilase
da saliva hidrolisa ligações
do tipo α1-4.

• Resíduos de
oligossacarídeos formados
(dextrinas)

• Essa digestão continua até


que o alimento alcance o
estômago (o pH ácido inativa
a amilase)
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• No duodeno, o pH do quimo é
neutralizado e a α-amilase pancreática
volta a agir sobre as ligações α1-4.

• A dextrina é quebrada em
oligossacarídeos menores e maltose.

• O restante dos açúcares é digerido por


enzimas produzidas pelo epitélio intestinal,
como a maltase, isomaltase, lactase,
sacarase e trealase

• Os monossacarídeos são absorvidos pela


mucosa intestinal e direcionados ao sangue
através de transporte passivo e ativo
(receptores)
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• Resumindo...
• Alfa-amilase da saliva

• Alfa-amilase pancreática

• Enzimas produzidas pelos enterócitos


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Catabolismo de carboidratos| A digestão de açúcares Prof. Ciro Rossi

• O transporte de glicose e galactose para o


sangue pode ocorrer de forma ativa ou
passiva

• A ATPase SGLT1 bombeia


glicose ou galactose e Na+
para o interior dos
enterócitos

• O transportador GLUT2 difunde


glicose ou galactose para a
corrente sanguínea;
• Uma ATPase K+/Na+ remove o
excesso de Na+ do enterócito
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Catabolismo de carboidratos| A digestão de açúcares Prof. Ciro Rossi

• O transporte de frutose é realizado


principalmente pelo transportador
GLUT5, por difusão facilitada
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Catabolismo de carboidratos| A digestão de açúcares Prof. Ciro Rossi

• Transportadores GLUT fazem parte de uma família de


proteínas transportadoras de açúcares, com
características em comum

• São proteínas transmembrana com 12 alfa-hélices


que realizam difusão facilitada

• Todas as células expressam pelo menos uma das 14


isoformas do transportador de glicose GLUT
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Catabolismo de carboidratos| As fases da glicólise: a fase preparatória Prof. Ciro Rossi

• A 5 primeiras reações constituem a


fase preparatória: duas moléculas de
ATP são investidas nas reações

Hexoquinase
• Glicose Glicose-6P

Fosfofrutoquinase
• Frutose-6P Frutose-1,6-bifosfato

• Essas duas reações são irreversíveis e


regulatórias
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Catabolismo de carboidratos| As fases da glicólise: a fase preparatória Prof. Ciro Rossi

• A fosforilação
• (i) retém os intermediários no
interior da célula,
• (ii) conserva energia para a
síntese de ATP em nível de
substrato

• Um composto de 6C (glicose) é
convertido em dois compostos de 3C
(gliceraldeído-3P)

Saldo energético
-2 ATP por molécula de glicose
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Catabolismo de carboidratos| As fases da glicólise: a fase preparatória Prof. Ciro Rossi

Pontos de regulação

• A hexocinase é regulada por glicose-6P de forma não competitiva e por ATP de forma
competitiva
• A hexocinase do fígado tem o Km 100x maior que as demais (dificilmente satura, o
excesso de Glicose-6P gerado é convertido em glicogênio
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Catabolismo de carboidratos| As fases da glicólise: a fase preparatória Prof. Ciro Rossi

Pontos de regulação
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Catabolismo de carboidratos| As fases da glicólise: a fase preparatória Prof. Ciro Rossi

Pontos de regulação

• Os produtos finais da via controlam a


atividade da enzima regulatória de
forma alostérica
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Catabolismo de carboidratos| As fases da glicólise: a fase de pagamento Prof. Ciro Rossi

• Na fase de pagamento, para cada


molécula de glicose, energia é
conservada na forma de 4 ATP
(fosforilação em nível de substrato) e
2 NADH + 2H+

• Uma vez que 2 ATP foram utilizados na


fase de preparação, o saldo líquido é
de 2 NADH e 2 ATP
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Catabolismo de carboidratos| As fases da glicólise: a fase de pagamento Prof. Ciro Rossi

Enzimas-chave

Gliceraldeído-3P-desidrogenase

• Gliceraldeído-3P 1,3biP-glicerato (+2NADH)

Fosfoglicerato-quinase
• 1,3biP-glicerato 3P-glicerato (+2ATP)

Piruvato cinase

• PEP Piruvato (+2ATP)

• Esta última reação (10) é muito


exergônica, portanto é regulatória
• Regulação alostérica pelo ATP
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Catabolismo de carboidratos| As fases da glicólise: saldo global Prof. Ciro Rossi
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Catabolismo de carboidratos| As fases da glicólise: saldo global Prof. Ciro Rossi

A maioria das reações tem o ∆G celular próximo de zero, podendo ocorrer em ambos sentidos.
As reações 1, 3 e 10 são bastante exergônicas e garantem o sentido da reação
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Catabolismo de carboidratos| As fases da glicólise Prof. Ciro Rossi

• As vias de oxidação e
biossíntese de glicose
compartilham grande parte
das reações (e enzimas),
mas em sentidos opostos

• 7 das 10 reações da
glicólise são as mesmas da
gliconeogênese

• Reações muito exergônicas


da glicólise são irreversíveis
e precisam ser contornadas
por outras enzimas
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Catabolismo de carboidratos| Vias afluentes Prof. Ciro Rossi

• Outras fontes de açúcar são


convertidas em glicose (ou
intermediários da via glicolítica) e
também sofrem glicólise:

• O amido é digerido até glicose


pelas alfa-amilases salivar e
pancreática e maltase produzida
pelo epitélio intestinal

• Outras enzimas produzidas pelos


enterócitos incluem a sacarase,
trealase e lactose, que hidrolisam
os dissacarídeos correspondentes

• O glicogênio reservado é
hidrolisado pela glicogênio
fosforilase e uma enzima de
desramificação
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Catabolismo de carboidratos| Fermentação Prof. Ciro Rossi

• Em atividade vigorosa, o músculo esquelético tem


que funcionar em hipóxia porque não há
suprimento suficiente de O2
NAD+
glicose
• O NADH formado durante a oxidação da
glicose não pode ser regenerado a NAD+ na NADH + H+
CTE, embora este seja requerido para a
continuação da oxidação do piruvato.
etanol

• Nestas condições, o piruvato é reduzido a


lactato, de forma que o NAD+ seja restaurado
para permitir que a glicólise aconteça. 2 piruvato

• Em leveduras e outros microrganismos, o lactato


catabolismo do piruvato pode levar à produção 2 acetil-CoA
de etanol e CO2. Fermentação
alcóolica ou lática,
Oxidação em condições de
completa em 4CO2 + 4H2O
anaerobiose
aerobiose
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Catabolismo de carboidratos| Fermentação Prof. Ciro Rossi
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Catabolismo de carboidratos| Via das pentoses-fosfato Prof. Ciro Rossi

• Células em divisão rápida têm uma


grande demanda por nucleotídeos e
derivados = a glicose-6P entra na via das
pentoses-fosfato

• Nesta via, o NADP+ é o aceptor final,


formando NADPH, necessário em vias
biossintéticas

Nucleotídeos,
coenzimas (NAD,
FAD, ATP, CoA),
DNA e RNA
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Catabolismo de carboidratos| Via das pentoses-fosfato Prof. Ciro Rossi

• A via pode ser dividida em duas fases:


• Fase oxidativa | Conversão de G6P
em ribose-5P, gerando NADPH
• Fase não oxidativa | Quando a
necessidade por NADPH é muito
maior que a de ribose-5P, a G6P é
regenerada para reiniciar o ciclo
Nucleotídeos,
coenzimas (NAD,
FAD, ATP, CoA),
DNA e RNA
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Catabolismo de carboidratos| Via das pentoses-fosfato Prof. Ciro Rossi

Fase oxidativa

• Tem como objetivo principal a síntese de


ribose-5P e NADPH

• A primeira reação é realizada pela G6P


desidrogenase, que utiliza o NADP+ como
aceptor de elétrons

• Uma segunda reação, catalisada por outra


desidrogenase, forma outra molécula de
NADPH e CO2 (gerando assim uma pentose)

• Em alguns tecidos, a via das PF termina neste


passo, com a produção líquida de ribose-5P
e NADPH
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Catabolismo de carboidratos| Via das pentoses-fosfato Prof. Ciro Rossi

Fase não oxidativa

• Envolve uma série de reações complexas e


ramificadas, envolvendo açúcares de 3 a 7
carbonos

• Rearranjo no citoesqueleto de seis açúcares


de 5C darão origem a cinco açúcares de
6C, reciclando a G6P

• O destino da G6P na via glicolítica, portanto,


depende das necessidades celulares e,
principalmente, da concentração de NADP+
no citosol

• Quando a célula está em processo


biossintético, esta coenzima é abundante,
estimulando alostericamente a via das
pentoses fosfato
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Catabolismo de carboidratos| Via das pentoses-fosfato Prof. Ciro Rossi

• O destino da G6P na via glicolítica, portanto,


depende das necessidades celulares e,
principalmente, da concentração de NADP+
no citosol

• Quando a célula está em processo


biossintético, esta coenzima é abundante,
estimulando alostericamente a via das
pentoses fosfato
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Catabolismo de carboidratos| Via das pentoses-fosfato Prof. Ciro Rossi

• Os níveis celulares de NADPH regulam


alostericamente a via das pentose-fosfato

Pouca
Muita biossíntese
biossíntese

Muito NADPH NADPH não


sendo consumido consumido

Falta de
Muito NADP+ livre NADP+

Estímulo Favorecimento
alostérico da PPP da glicólise
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Referências Prof. Ciro Rossi

Slides cedidos por Prof. Ciro César Rossi do DBB - UFV.

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