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Disciplina: Professores:

Do átomo à célula Diêgo Madureira de Oliveira


FCE 0192 Graziella Anselmo Joanitti
Luis Alexandre Muehlmann

ESTUDO DIRIGIDO

Propriedades da Matéria

Agora que você já aprendeu sobe a composição da matéria (já viu do que somos feitos!), vamos
discutir um pouco a natureza das moléculas. Depois de estudar a composição atômica vai ficar mais fácil
entender porque, quando se unem para formar os diversos compostos, os átomos adquirem novas
características.

Porque isso é relevante?


Você está em um curso da área de saúde humana, entender bem o
funcionamento do organismo é uma das bases para construção dos
conhecimentos específicos da sua futura profissão. Nosso corpo é composto
de diferentes sistemas, formado por órgãos, que por sua vez são compostos
de tecidos vivos (conjunto de células). A estrutura e função desses níveis de
organização do corpo serão abordados durante sua formação na graduação,
mas sendo a célula a unidade básica viva do nosso corpo, para melhor compreender processos
fisiopatológicos, bem como anatomia e desenvolvimento do organismo, é preciso se aprofundar no
entendimento da célula em si.
Você pode imaginar a célula como uma máquina extremamente complexa. Para saber como a
máquina funciona e poder fazer intervenções (consertá-la, por exemplo!), um engenheiro precisa conhecer as
peças que a compõe. Nesse caso, as pequenas peças seriam as moléculas. Entender características gerais das
moléculas o ajudará a entender com uma proteína, ou mesmo o DNA, conseguem exercer suas funções, ou
como um medicamento pode interferir no funcionamento do organismo ao interagir com nossas “pecinhas”.

As moléculas tem forma!

Sim, e isso influencia diretamente em outras características, como polaridade, acidez, reatividade
e até reconhecimento pelo nosso organismo. Essa forma é resultado da conectividade entre os átomos que
forma a molécula (ou seja, a sequência em que estão ligados uns aos outros), mas também das interações
(atração/repulsão) entre eles, e representada pela união da eletrosfera de todos esses átomos.
Vejamos primeiro como a geometria molecular influencia a polaridade. Como você sabe,
elementos distintos possuem diferentes valores de eletronegatividade, nas substâncias compostas
(moléculas formadas por mais de um elemento) os elétrons não ficam homogeneamente distribuídos, pois
são atraídos com diferentes intensidades de acordo com o elemento. Se essa distribuição de densidade
eletrônica for simétrica, a molécula é considerada apolar, mas se há uma distribuição desigual, teremos um
polo negativo (mais “rico” em elétrons) e um polo positivo (com menor densidade eletrônica), e o composto
será polar. Como essa simetria depende da posição dos átomos, a geometria é determinante da polaridade.

1- Com base nessas informações, responda:

As moléculas de amônia (NH3) e trifluoreto de boro (BF3) são ambas formadas por três átomos
iguais ligados a um átomo central. Porém, enquanto a amônia é polar, o BF3 é apolar. Você sebaria explicar
porque?

Dica: Lembre-se da teoria de repulsão dos elétrons livres da camada de valência.

Onde encontrar:
ATKINS P; JONES L; LAVERMAN L. Princípios de Química, Questionando a vida moderna e o meio ambiente, 7ª
edição → FOCO 2. As moléculas → Tópico 2E O modelo VSEPR → 2E.1, 2E.2 e 2E.3 (pag. 103-116) disponível em
http://minhabcedigital.bce.unb.br/

A eletrosfera se “adapta” para


permitir as ligações químicas!

Principalmente quando falamos da camada de valência, ou seja, aqueles elétrons mais distantes do
núcleo do átomo, e portanto mais aptos a participarem das ligações. É assim com o átomo de carbono, um
dos elementos mais importantes na construção das nossas moléculas. Apesar de ter 4 elétrons na camada de
valência, e portanto poder fazer quatro ligações covalentes (compartilhamentos), a configuração desses
elétrons (2s2 2p2) atrapalha a formação dessas ligações, pois o subnível s já possui um orbital completo (com
dois elétrons). Para que seja possível a formação das 4 ligações químicas, os elétrons se reorganizam em
termos de nível de energia, ocupando outras regiões do espaço, e compondo orbitais com um único elétron
cada, possibilitando o compartilhamento. É o que chamamos de HIBRIDAÇÃO dos orbitais. Uma
consequência disso é a posição dos ligantes em torno desse átomo de carbono, que apontam para direções
correspondentes aos orbitais híbridos envolvidos nas respectivas ligações. Mais uma vez, a organização dos
elétrons impacta na geometria molecular.
Outra consequência interessante dessas “formatações moleculares” é composição de substâncias
diferentes a partir dos mesmos átomos! É o que chamamos de isomeria, ou seja, moléculas que se
diferenciam entre si apenas pelas posições relativas ocupadas pelos átomos que as formam. Isômeros podem
ser muito semelhantes em termos de estrutura, mas possuírem características físico-químicas totalmente
diferentes.

2- Com base nessas informações, responda:

A fórmula química C2H2Cl2 dá origem a duas moléculas diferentes, uma polar e outra apolar. Você
saberia dizer qual é qual? Como está a configuração da camada de valência dos átomos de carbono que
formam essas moléculas?

Dica: Lembre-se dos carbonos sp1, sp2 e sp3.

Onde encontrar:
ATKINS P; JONES L; LAVERMAN L. Princípios de Química, Questionando a vida moderna e o meio ambiente, 7ª
edição → FOCO 2. As moléculas → Tópico 2F A teoria da ligação de valência → 2F.1 e 2F.2 (pag. 117-120) & FOCO
11. A química orgânica → Tópico 11A A estrutura dos hidrocarbonetos alifáticos → 11A.2 (pag. 783 – 786) disponível
em http://minhabcedigital.bce.unb.br/

Para saber mais:


NELSON DL; COX MICHAEL M. Princípios de Bioquímica de Lehninger, 7ª edição → Capítulo 1 – Fundamentos da
bioquímica → Item 1.2 Fundamentos químicos (pag. 12 – 21) disponível em http://minhabcedigital.bce.unb.br/

Acidez e basicidade também são


características importantes das moléculas!

Ainda mais quando consideramos o meio celular, em que reações químicas e interações entre
componentes distintos dependem dessas características. Os conceitos de ácido e base evoluíram
historicamente, mas para efeitos práticos, vamos focar nas alterações que as moléculas podem provocar no
pH de soluções aquosas, uma vez que a maior parte da composição celular é água. O pH é uma medida de
acidez, ou seja, da quantidade de H3O+ (ou simplesmente H+, para simplificar) no meio. Desse modo,
moléculas que são capazes de liberar H+ acidificam o meio, e são portanto consideradas ácidas. Um exemplo
de como a geometria pode influenciar a acidez são as ligações de hidrogênio intramoleculares que podem
ocorrer em alguns compostos, dificultando a liberação do H+ que fica mais “preso” à molécula.
Os ácidos fracos, ou seja, aqueles que tem a liberação de H+ condicionada ao pH do meio (liberam
mais se o pH estiver mais alto, e vice-versa), são especialmente importantes pois podem compor tampões. A
“força” de um ácido pode ser medida por meio da constante de dissociação ácida (Ka), e melhor representada
pelo pKa (que indica a tendência de liberação de prótons). Uma solução tampão impede a variação brusca de
pH, mesmo após adição de ácidos ou bases fortes, pois o ácido fraco presente nessa solução libera ou capta
H+ do meio, compensando as alterações provocadas pela adição do ácido ou base fortes, resultando assim no
controle do pH.

3- Com base nessas informações, responda:

O ácido acético tem pKa = 4,76. Porque ele não é adequado para tamponar o meio intracelular ou
mesmo nosso sangue?

Dica: Lembre-se que a faixa de tamponamento tem relação com a força ácida.

Onde encontrar:
ATKINS P; JONES L; LAVERMAN L. Princípios de Química, Questionando a vida moderna e o meio ambiente, 7ª
edição → FOCO 6. As reações → Tópico 6A A natureza dos ácidos e bases → 6A.1, 6A.2 e 6A.4 (pag. 445 – 450) &
NELSON DL; COX MICHAEL M. Princípios de Bioquímica de Lehninger, 7ª edição → Parte I – Estrutura e Catálise
→ Capítulo 2 – Água → Item 2.2 Ionização da água e de ácidos e bases fracos (pag. 58 – 63) e Item 2.3 Tamponamento
contra mudanças no pH em sistemas biológicos (pag. 63 – 69) disponíveis em http://minhabcedigital.bce.unb.br/

Para saber mais:


ATKINS P; JONES L; LAVERMAN L. Princípios de Química, Questionando a vida moderna e o meio ambiente, 7ª
edição → FOCO 6. As reações → Tópico 6B A escala de pH → 6B.1 e 6B.2 (pag. 455 – 459); Tópico 6C Os ácidos e
bases fracos → 6C.1 (pag. 460 – 462); Tópico 6G Os tampões → 6G.1 (pag. 499 – 500) e 6G.3 (pag. 505 – 508)
disponível em http://minhabcedigital.bce.unb.br/

Bons estudos!

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