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04/03/2024, 14:53 Processos Biológicos

PROCESSOS BIOLÓGICOS
CAPÍTULO 1 - O SURGIMENTO DAS CÉ LULAS:
COMO A QUÍMICA E A BIOLOGIA PODEM
EXPLICAR?

Ana Paula Felizatti / Nícolas Murcia / Vinicius Canato Santana

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Introdução
Você já se questionou de onde viemos e como viemos? Já se perguntou como a vida surgiu? Dentre as teorias
existentes, as teorias evolucionistas do surgimento da vida são as mais aceitas na contemporaneidade para
explicar as questõ es que dizem respeito às inú meras dú vidas sobre o início da vida em suas mais diversas
formas. Você já parou para observar o quão diversa a vida se apresenta? Há uma infinidade de formas de vida,
desde as mais simples, formadas por uma ú nica célula, até as mais complexas, como nó s, os seres humanos,
pluricelulares e altamente organizados. Mas, como foi possível o surgimento dos seres mais simples e como
se deu a formação dos seres mais complexos? A premissa base mais aceita no meio científico é respaldada na
formação da sopa primordial ou sopa orgânica. Trata-se de uma teoria que alia conhecimentos químicos e
bioló gicos para explicar como uma sopa orgânica, contendo inicialmente átomos e moléculas simples, foi
capaz de originar todas as formas de vida. A teoria se fortaleceu com a observação in vitro de tal
acontecimento, com a formação de aminoácidos, blocos estruturais das proteínas, que são as macromoléculas
mais abundantes nos seres vivos (JUNQUEIRA, 2012). Neste capítulo, veremos com mais detalhes sobre a
formação da vida do ponto de vista químico e bioló gico. Assim, poderemos compreender como ligaçõ es
químicas entre átomos e moléculas simples, foram responsáveis pela estruturação de moléculas orgânicas
com enorme importância bioló gica no contexto do surgimento da vida.

1.1 Química dos organismos vivos


A química é uma ciência exata muito atrelada à formação da vida. Há milhõ es de anos, elementos químicos se
agruparam por meio de ligaçõ es químicas em um processo gradual e complexo e deram origem à moléculas
orgânicas precursoras das formas de vida mais simples. Essas formas simples, eventualmente, passaram por
processos evolutivos que deram origem a rotas bioquímicas que possibilitaram a evolução para formas mais
complexas. Mas tudo começou com elementos químicos simples. Não é incrível? Nesta sessão, iremos
explorar os conceitos da química no contexto dos organismos vivos e surgimento da vida.

1.1.1 Composição química das células


Você certamente já ouviu dizer que somos feitos majoritariamente por água, não é mesmo? Essa premissa é
absolutamente correta, visto que somos formados por células, e elas têm, em sua composição, a água como
elemento mais abundante.
Mas, antes de iniciar seus estudos sobre a composição química das células, assista ao vídeo especialmente
desenvolvido para esta seção.
Além da água, outros elementos estão presentes na célula, entre compostos orgânicos e inorgânicos. A
composição química das células segue o padrão aproximado ilustrado pelo objeto a seguir. Clique nos itens
para conferir!
É interessante notarmos que as células são a unidade funcional mais básica dos seres vivos, e têm
características em comum tanto nos seres mais simples como nos mais complexos. Nesta seção, iremos
conhecer e compreender a importância desses elementos comuns em quase todas as células.

1.1.2 Átomos, moléculas e íons

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Os organismos vivos são compostos por somente uma pequena seleção dos 92 elementos químicos que
ocorrem naturalmente (ilustrados na tabela perió dica dos elementos), sendo que apenas quatro deles –
carbono (C), hidrogênio (H), nitrogênio (N) e oxigênio (O) – representam 95% do peso de um organismo e
formam algumas moléculas importantes em nossas células, como água, proteínas, carboidratos, lipídios e
DNA. Os átomos desses elementos são ligados um ao outro por ligaçõ es químicas, formando moléculas.

Figura 1 - Tabela Perió dica dos Elementos.


Fonte: Humdan/Shutterstock.

Mas, você sabe o que são átomos e moléculas? Conhece qual a diferença entre eles? Clique nos itens a seguir e
conheça mais sobre estas questõ es.

Química
A química pode ser definida como o estudo da matéria e das transformaçõ es que ela sofre.


Matéria
Matéria é tudo aquilo que ocupa espaço e possui massa.


Estados da matéria
Toda matéria, pelo menos em princípio, pode existir em três estados: só lido, líquido e gasoso

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Vamos agora conhecer um breve relato histó rico sobre a química e os estudos que a transformaram nessa
ciência importante e imprescindível para a manutenção da vida humana.

Uma molécula é um agregado de, pelo menos, dois átomos ligados em um arranjo definido por forças
químicas (também chamadas de ligaçõ es químicas). Uma molécula pode possuir átomos do mesmo elemento
ou átomos de dois ou mais elementos unidos.
A partir do tipo e nú mero de átomos que uma molécula possui, podemos escrever sua fó rmula molecular.
Confira alguns exemplos, clicando nas abas abaixo.

Dióxido de Carbono (CO2)

Possui dois átomos de oxigênio e um de carbono.

Metano (CH4)

Possui um átomo de carbono e quatro de hidrogênio.

As moléculas que têm carbono na sua composição são chamadas de moléculas orgânicas, e aquelas que não
têm são chamadas de inorgânicas. Posteriormente, iremos abordar as principais moléculas orgânicas, suas
características e funçõ es.
Como dito anteriormente, dois átomos permanecem unidos por ligaçõ es químicas para formar moléculas.
Dois tipos de ligaçõ es químicas são muito importantes para a compreensão da química da vida: ligaçõ es
covalentes e não covalentes. Ligação covalente é a ligação em que há compartilhamento de elétrons entre
átomos; essas ligaçõ es tendem a ser mais fortes. Graficamente são mostradas como um ( – ) entre dois
átomos, e podem ser ligaçõ es simples, duplas ou triplas, como ilustrado a seguir:

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Figura 2 - Anotaçõ es moleculares amplamente utilizadas em bioquímica.


Fonte: Udaix/Shutterstock.

Dentre as ligaçõ es não covalentes, se destacam as ligaçõ es de hidrogênio e as ligaçõ es iô nicas. Esse é um tipo
de ligação química em que não há compartilhamento de elétrons. A ligação é baseada na atração eletrostática
entre átomos, como a ligação que ocorre entre Na+ e Cl- na formação do sal de cozinha.

Figura 3 - Ligaçõ es químicas entre átomos.


Fonte: Adaptada de Nasky; OSweetNature/Shutterstock.

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Por fim, um íon é um átomo ou grupo de átomos que tem uma carga positiva ou negativa. Um ânion é um íon
com carga negativa, em virtude de um aumento do nú mero de elétrons, e um cátion, um íon com carga
positiva, devido à perda de um ou mais elétrons. O cloreto de só dio (NaCl), o sal de cozinha, é denominado
um composto iô nico, pois é formado por cátions e aníons (Na+ e Cl-).

VOCÊ QUER VER?


Quer conhecer inú meros tipos de molé culas? Acesse o site 3DChem.com e confira.
Disponível em: <http://www.3dchem.com/a-z.asp (http://www.3dchem.com/a-z.asp)>

Dando sequência aos seus estudos sobre o surgimento das células, veremos sobre de outro elemento químico
muito importante: a água. Vamos lá?

1.1.3 A Água
A água representa cerca de 70% do peso nos organismos. As teorias evolutivas celebram que a formação da
vida como conhecemos atualmente é resultado das características dos ambientes aquosos primordiais.

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Figura 4 - Molécula da Á gua.


Fonte: Fonte: Shade Design/Shutterstock.com.

As características físico-químicas da água explicam por que a vida pode ter se estabelecido inicialmente em
ambientes aquosos. Para conhecer mais sobre a água, clique nas setas abaixo.

O ponto de ebulição, fusão e vaporização da água é maior na água do que em outros solventes
devido à grande coesão interna entre os átomos de hidrogênio e oxigênio da molécula.

A molécula de água possui dois dipolos elétricos, gerando uma ligação de hidrogênio (VOET,
2013).

Essa ligação é mais fraca que uma ligação covalente, permitindo que a água interaja com diversas
moléculas, solubilizando-as.

Graças a essa propriedade, a água é conhecida como solvente universal.

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Compostos que se dissolvem bem na água são chamados de hidrofílicos.

Aqueles que não se dissolvem, chamados de hidrofó bicos.

Além de solvente, a água também é importante para o processo de tamponamento celular,


garantindo a dissociação de moléculas de hidrogênio e hidroxilas para manutenção do pH celular.

Adicionalmente, a água também tem papel reagente, podendo participar ativamente de reaçõ es
químicas, como condensaçõ es, hidró lise e oxidorredução.

Os seres vivos são adaptados a ambientes aquosos e a grande maioria das reaçõ es bioquímicas ocorrem em
ambiente aquoso, dentro das células, no citosol. Até mesmo as macromoléculas que repelem água se
organizam em estruturas hidrofó bicas de dobramento essenciais para sua estabilidade, e sem a presença de
água para induzir a repulsão, essa estrutura de dobramento não seria possível. Assim, a água é essencial para
manutenção da vida, visto que sem ela, não ocorrem as reaçõ es necessárias para manutenção celular.

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Figura 5 - Manutenção da vida.


Fonte: Fonte: ESB Professional/Shutterstock.com.

A seguir, você aprenderá mais sobre os ácidos e bases. Fique atento!

1.1.4 Ácidos e Bases


Um dos tipos de reação química mais simples, e que tem grande importância para as células, ocorre quando
uma molécula que possui alguma ligação covalente altamente polar entre um hidrogênio e outro átomo se
dissolve em água. Quando uma molécula polar fica rodeada por moléculas de água, o pró ton (H+) é atraído
pela carga parcialmente negativa do átomo de oxigênio de uma molécula de água adjacente. Esse pró ton pode
se dissociar facilmente do seu parceiro original e se associar ao átomo de oxigênio de uma molécula de água,
gerando um íon hidrô nio (H3O+) (ALBERTS, 2017).
Sendo assim, as moléculas que liberam pró tons quando dissolvidas em água, formando, assim, H3O+, são
denominadas ácido. Já a base é o oposto de ácido: é definida como qualquer molécula capaz de aceitar um
pró ton de uma molécula de água. O interior das células também é mantido pró ximo da neutralidade pela
presença de ácidos e bases fracos (tampõ es), que podem liberar ou receber pró tons pró ximos do pH 7, o que
mantém o ambiente celular relativamente constante sob uma grande variedade de condiçõ es.

1.1.5 Moléculas orgânicas

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As moléculas orgânicas são aquelas que têm carbono como parte estrutural. O carbono é um elemento
versátil, capaz de realizar diferente tipos de ligaçõ es covalentes – simples, duplas, triplas – com diferentes
elementos químicos, como oxigênio, hidrogênio e nitrogênio, formando a estrutura básica das biomoléculas.
Para compreender a química das células, devemos compreender a química dos elementos. Clique nos itens
abaixo e conheça mais sobre o carbono.

O carbono é o elemento primordial para formação dos compostos orgânicos que garantem
sobrevivência celular.


A capacidade de formação de ligaçõ es do carbono reflete os diferentes tipos de biomoléculas


O carbono representa mais de 50% do peso seco total das células, explicitando a organizaç
dos seres vivos em torno deste elemento.


O carbono pode fazer até quatro ligaçõ es simples a partir de seu nú cleo. A estrutura das quat
ligaçõ es remete a um tetraedro, com ligaçõ es nos quatro vértices.

• O carbono também realiza ligaçõ es duplas e triplas, por meio do compartilhamento de par
de elétrons, sendo dois pares compartilhados nas ligaçõ es duplas e três pares nas ligaçõ
triplas.

• A versatilidade das ligaçõ es resulta em um universo muito amplo e diverso de grup


químicos funcionais formados, que têm extrema importância para a dinâmica celular d
seres vivos.

Veja abaixo alguns exemplos de moléculas orgânicas (aminoácido alanina e glicose) e de como o átomo de
carbono pode ser ligar a diversos outros átomos.

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Figura 6 - Moléculas orgânicas.


Fonte: Fonte: Shmitt Maria/Shutterstock.

Agora, para uma experiência mais dinâmica, acesse os links a seguir e explore essas moléculas em 3D!

VOCÊ QUER VER?


Para conhecer a molé cula da Alanina, clique em:
Alanina <http://www.3dchem.com/3dmolecule.asp?ID=36
(http://www.3dchem.com/3dmolecule.asp?ID=36)>.
E para conhecer a molé cula da Glicose, clique em:
Glicose <http://www.3dchem.com/3dmolecule.asp?ID=423
(http://www.3dchem.com/3dmolecule.asp?ID=423)>.

Há centenas ou até milhares de biomoléculas nas células. Essas biomoléculas foram sendo conservadas ao
longo dos processos evolutivos, participando ativamente das vias metabó licas essenciais dos seres vivos.

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As principais biomoléculas, ou macromoléculas, presentes nas células são os carboidratos, lipídios,


proteínas/enzimas e os ácidos nucleicos. Para conhecer mais sobre elas, clique nas abas a seguir.

Clique nas abas

Você sabe quem descobriu o DNA? Dê continuidade aos seus estudos e confira!

VOCÊ O CONHECE?
Watson e Crick sã o considerados os pais da estrutura do DNA, mas foi Rosalind
Franklind que deu passos essenciais para que eles conseguissem desvendar a
estrutura em hé lice. Rosalind infelizmente nã o teve seu talento reconhecido em vida,
mas sua história de vida é inspiradora para todos os amantes da ciê ncia.

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Nas pró ximas sessõ es, você estudará mais detalhes sobre as macromoléculas essenciais. Este e outros temas
serão abordados para que a compressão da importância delas nas células seja esclarecida e melhor fixada.
Vamos continuar explorando a maquinaria celular?

1.2 Origem da vida e teoria celular


Como a vida começou? A explicação da origem da vida para as ciências bioló gicas tem um marco muito
importante: a descoberta das células!
Mas, antes dar continuidade aos seus estudos sobre a origem da vida e teoria celular, assista ao vídeo
especialmente desenvolvido para esta seção.

As células foram descobertas pelo cientista inglês Robert Hooke, no século XVII, com o auxílio de um
microscó pio rudimentar. Hooke observou, pela primeira vez, uma estrutura de cortiça vegetal. Ele foi capaz de
identificar pequenos compartimentos que nomeou de célula, pela origem latina “cella”, compartimento
fechado, ao observar as divisõ es referentes as paredes celulares. Anos depois, cientistas foram capazes de
observar o nú cleo, com microscó pios melhores. Desde o século XIX, os cientistas sabem que todos os seres
vivos são formados por células, e descobertas foram sendo realizadas para construir teorias que possam
explicar a origem das células e início da vida (JUNQUEIRA, 2012).
Nesta seção, iremos compreender como as células surgiram e qual o impacto disso no contexto da evolução
dos organismos.
Mantenha-se atento e bons estudos!

1.2.1 Origem da vida: teorias e o elo com surgimento celular


O processo evolutivo que originou as primeiras células começou na Terra, há aproximadamente quatro
bilhõ es de anos. Naquela época, a atmosfera provavelmente continha vapor d’água, amô nia, metano,
hidrogênio, sulfeto de hidrogênio e gás carbô nico.
Para que o surgimento da vida fosse possível, como você estudou na seção anterior, há milhõ es de anos,
surgiram ligaçõ es entre elementos químicos da atmosfera primitiva. Esses elementos deram origem às
moléculas que permitiram o surgimento das formas mais básicas de vida. Essas ligaçõ es foram resultado de
descargas energéticas que desencadearem desequilíbrio eletrô nico. Esses elementos, por sua vez, se
associaram em uma sopa orgânica, gerando moléculas como os ácidos nucleicos e os aminoácidos
(JUNQUEIRA, 2012).

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VOCÊ SABIA?
O documentá rio “Origem da vida”, produzido pela National Geographic, mostra
uma linha do tempo pautada em eventos científicos importantes para a
compreensã o da origem da vida. É uma sé rie muito interessante para aprender
mais sobre o assunto e conhecer curiosidades sobre as teorias e seus criadores,
incluindo a aná lise de experimentos antigos e atuais. Que tal aprender um pouco
mais sobre esse assunto tã o intrigante?

Eventualmente, apó s o surgimento dessas moléculas essenciais, as células surgiram. Com o surgimento das
células, surgiram os primeiros organismos vivos. Mas como as células surgiram? E como surgiram diferentes
tipos de células? Vamos descobrir?!

1.2.2 A primeira célula seria composta por RNA autoreplicativo!


A formação espontânea de moléculas orgânicas foi demonstrada experimentalmente pela primeira vez na
década de 1950. Na ocasião, Stanley L. Miller e Harold C. Urey demonstraram que a descarga de faíscas
elétricas em uma mistura de H2, CH4 e NH3 na presença de água, levou à formação de uma variedade de
moléculas orgânicas, incluindo vários aminoácidos (JUNQUEIRA, 2012). A hipó tese mais aceita atualmente é a
de que fitas de RNA se formaram e foram englobados em membranas lipídicas, dando origem às protocélulas
(células primitivas). Esse RNA foi capaz de se autoduplicar, proporcionando a divisão das células primitivas.
Um passo crítico no entendimento da evolução molecular foi alcançado no início dos anos 1980, quando foi
descoberto que o RNA é capaz de catalisar uma série de reaçõ es químicas, incluindo a polimerização de
nucleotídeos. Consequentemente, acredita-se que o RNA tenha sido o sistema genético inicial, e acredita-se
que um estágio inicial da evolução química tenha sido baseado em moléculas de RNA autorreplicativas (que
possuem a capacidade de duplicar-se a partir de uma molécula molde, formando có pias de si mesmas). Esse
foi um período de evolução conhecido como o mundo do RNA. As interaçõ es ordenadas entre o RNA
evoluíram para o có digo genético atual e o DNA acabou substituindo o RNA como material genético (COOPER,
2000). Apesar de a teoria da origem da primeira célula ainda ter lacunas, ela é a mais bem aceita no meio
científico, atualmente.
Agora, conheça mais sobre a organização inicial de um RNA autorreplicante no interior de uma bicamada
fosfolipídica de uma célula primitiva, observando a figura a seguir.

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Figura 7 - Organização inicial de um RNA auto replicante no interior de uma bicamada fosfolipídica: célula
primitiva.
Fonte: Adaptada de National Center for Biotechnology Information, [s.d].

Acompanhe, na sequência, como ocorreu o surgimentos dos primeiros organismos. Para tanto, clique nos
itens abaixo.
• Primeiros organismos
Os primeiros organismos eram heterotró ficos (incapaz de produzir o pró prio alimento e q
se nutre de outros seres vivos) anaeró bicos (não utilizavam oxigênio em seu metabolismo
devido à ausência de oxigênio na atmosfera terrestre.

• Autotrofia
Com o passar do tempo, esses organismos passam a apresentar alteraçõ es genéticas q
possibilitam a autotrofia, como observado nas algas azuis.

• Fotossíntese
Surge então, a capacidade de realizar fotossíntese nesses organismos, alterando a atmosfe
primitiva pela geração de oxigênio (JUNQUEIRA, 2012).

• Organismos aeróbicos
A partir dessa alteração, organismos aeró bicos surgem, e a vida, que até então ocorria e
ambiente aquoso, passa a ser possível no ambiente terrestre.

• Procariontes e unicelulares
Os primeiros organismos são classificados como procariontes (material genético n
protegido por nú cleo) e unicelulares.

Supõ e-se que o passo seguinte no processo evolutivo foi o surgimento das células eucariontes (com material
genético protegido por envoltó rio ou nú cleo). Tudo indica que as células eucariontes, caracterizadas por seu
elaborado sistema de membranas internas, tenham se originado a partir de procariontes, por invaginaçõ es da
membrana plasmática. Essa hipó tese é apoiada pela observação de que as membranas intracelulares se
assemelham à membrana plasmática. A invaginação da membrana foi fundamental para a evolução das
células eucariontes, pois formou diversos compartimentos intracelulares, ou organelas, como o nú cleo,

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retículo endoplasmático, endossomos, lisossomos e aparelho de Golgi, que são organelas (microrregiõ es)
com composiçõ es e atividades funcionais específicas (JUNQUEIRA, 2012). Por fim, há evidências sugestivas
de que as organelas envolvidas nas transformaçõ es energéticas, cloroplastos e mitocô ndrias, originaram-se de
bactérias que foram incorporadas e se estabeleceram como simbiontes no interior das células eucariontes
hospedeiras, criando um relacionamento mutuamente benéfico e que se tornou irreversível com o passar dos
anos. A figura a seguir apresenta a teoria da Endossimbiose. Confira!

Figura 8 - a) Ilustração da teoria da invaginação da membrana plasmática; b) Ilustração da teoria da


Endossimbiose.
Fonte: Adaptada de Junqueira; Carneiro (2012, p. 12-13).

Perceba que na imagem A podemos visualizar o processo de invaginação da membrana plasmática que deu
origem ao envelope nuclear e possibilitou que as células evoluíssem de procariotos para eucariotos. Já na
imagem B, observe a internalização de uma célula aeró bia, capaz de realizar fosforilação oxidativa, que
posteriormente evoluiu para as nossas mitocô ndrias.

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VOCÊ SABIA?
Para ampliar seus conhecimentos sobre a origem das cé lulas, sugerimos que você
acesse o site Learn.Genetics – Genetic Science Learning Center. Você terá uma
experiê ncia microscópica, ao comparar a escala de tamanho entre uma cé lula
eucarionte (cé lula de pele = skin cell), procarionte (bacté ria E. coli) e um vírus
(HIV)! Você irá se surpreender o quã o pequenas essas estruturas sã o quando
comparadas à um grã o de arroz!
Disponível em: <https://learn.genetics.utah.edu/content/cells/scale/
(https://learn.genetics.utah.edu/content/cells/scale/)>.

Agora, vamos conhecer outros aspectos relacionados as células procariontes. Para tanto, mantenha-se atento
ao pró ximo subtó pico. Vamos lá?

1.2.3 Células procariontes


Vimos que as células procariontes são mais simples e menores do que as células eucariontes. Para conhecer
as principais características dessas células, cujo material genético não protegido por nú cleo, clique nas abas
abaixo (ALBERTS,2017).

Ausência de núcleo

Ausência de nú cleo (carioteca). A carioteca é uma membrana que envolve o DNA,


compartimentalizando essa região.

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Estruturas funcionais

Não apresentam organelas citoplasmáticas, que são estruturas funcionais limitadas por
membranas.

DNA circular

Seu DNA é cíclico, diferente dos eucariotos que possuem DNA linear (com extremidades livres).

As células procariontes não são capazes de se associar formando tecidos: uma ú nica célula procarionte dá
origem a um organismo procarionte, isto é, um organismo unicelular. Podem ter formas diversas, dentre elas
coco (forma esférica) e bacilo (forma de bastão) e a reprodução ocorre de forma assexuada, por fissão binária
(ALBERTS, 2017).

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Figura 9 - Tipos de bactérias.


Fonte: Designua/Shutterstock.

A célula procarionte mais estudada é uma bactéria chamada de Escherichia coli, e, assim como, ela há
milhares de outras espécies de bactérias. Uma célula procarionte possui o material genético não
compartimentalizado, polissacarídeos formando uma cápsula protetora, parede celular e fosfolipídios
formando a membrana celular, flagelos para locomoção (em alguns organismos), citoplasma e ribossomos
(JUNQUEIRA, 2012). Podemos observar a estrutura da célula procarió tica e seus componentes na parte A da
figura abaixo.

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Figura 10 - A célula procarió tica é mais simples e não apresenta carioteca, contendo estruturas para
locomoção e reprodução em seu exterior.
Fonte: Ducus59us/Shutterstock.

Para complementar seus estudos sobre a origem da vida, na sequência, vamos apresentar outros aspectos
relacionados às células eucariontes. Mantenha-se concentrado.

1.2.4 Células eucariontes


As células eucariontes são mais complexas e organizadas quando comparadas às procariontes. Possuem
organelas celulares e um nú cleo bem definido e compartimentalizado. São capazes de se associar e formar
tecidos. Além disso, essas células podem estar presentes em organismos unicelulares, como leveduras e
parasitas, ou pluricelulares, como plantas e animais. Dentre as organelas mais importantes estão os
ribossomos, lisossomos, peroxissomos, mitocô ndrias, complexo de Golgi e retículo endoplasmático rugoso e
liso (JUNQUEIRA, 2012). A presença de organelas permite a ocorrência de reaçõ es bioquímicas mais
complexas, possibilitando o surgimento de funçõ es que permitiram a evolução das espécies. A figura a seguir
apresenta uma célula eucarionte. Confira!

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Figura 11 - A célula eucarió tica apresenta carioteca e organelas.


Fonte: Achiichiii/Shutterstock.

Agora, convidamos você a explorar algumas organelas celulares. Para tanto, observe os itens que compõ em
cada uma delas e conheça suas funçõ es, segundo Junqueira (2013).

Agora, dando sequência aos nossos estudos, vamos conhecer os aspectos comuns aos dois tipos de células: as
procariontes e eucariontes. Vamos lá?!

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1.2.5 Aspectos comuns em procariontes e eucariontes


Como pudemos estudar nesta seção, ainda há muitas lacunas para a compreensão da origem da vida. Todavia,
temos fortes indícios teó ricos sobre esse assunto, como a hipó tese da sopa orgânica, o surgimento de RNA e
protocélulas e o eventual surgimento de procariontes, muito importantes na formação das células eucariontes,
de acordo com a teoria da endossimbiose. Assim, podemos compreender as semelhanças entre todas as
células, independentemente de sua origem e classificação. O pró ximo ponto é conhecer algumas funçõ es
comuns a todos os tipos celulares (ALBERTS, 2017). Para tanto, clique nas abas a seguir.

Todas as células vivas da Terra armazenam suas informaçõ es hereditárias na forma


O DNA é a de moléculas de DNA de fita dupla. Assim, é possível inserir um pedaço de DNA de
molécula uma célula humana em uma bactéria. Bem como, também é possível inserir um
da vida pedaço de DNA bacteriano em uma célula humana. As informaçõ es, nas duas
situaçõ es, serão lidas, interpretadas e copiadas com sucesso.

As células replicam sua informação genética da mesma forma, a partir de um molde,


para garantir a hereditariedade. Ou seja, as células liberam uma fita simples do seu
Hereditari
material genético como molde no processo de replicação, que servirá de base para a
edade
produção de novas moléculas de DNA ou RNA que serão transmitidas para as outras
células, via sexuada ou assexuada.

A produção de proteínas em todas as células é baseada na transcrição de RNA, que é o


Transcriçã intermediário da informação genética. Todas as células utilizam as proteínas como
o de RNA catalisadores de suas reaçõ es e produzem essas proteínas da mesma maneira, por
meio dos processos de transcrição e tradução.

Sendo assim, podemos concluir que, apesar da distinção entre as células, várias característica essenciais,
pincipalmente voltadas para transmissão de informação genética, são idênticas, fortalecendo a hipó tese de que
todas as células têm um ancestral em comum.

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VOCÊ QUER LER?


O livro “O gene egoísta”, de Richard Dawkins, traz uma visã o diferenciada sobre a
evoluçã o das cé lulas. O livro apresenta um ponto de vista voltada para o DNA, como se
os genes fossem responsáveis pela evoluçã o de modo consciente. É uma obra muito
interessante e que nos faz refletir sobre uma nova perspectiva em relaçã o aos genes e
informaçã o hereditá ria.
Fonte: DAWKINS, Richard. O Gene Egoísta. Trad. Geraldo Florsheim. Belo Horizonte:
Editora Itatiaia; Sã o Paulo: Editora da Universidade de Sã o Paulo, 1978.

Agora que pudemos compreender melhor como surgiu e como funcionam as nossas “usinas bioquímicas”, as
nossas células, podemos estudar melhor as biomoléculas que permitem que toda essa maquinaria se
mantenha ativa! Vamos lá?
Vamos praticar o que estudamos até aqui? A partir de seus estudos sobre a origem das células, clique e arraste
os nomes das partes que compõ em a célula eucarionte para os lugares adequados.

1.3 Aminoácidos, proteínas e enzimas: estruturas e função.


As proteínas estão presentes e formam muitos componentes do nosso organismo. Elas representam
aproximadamente 40% do peso seco do nosso corpo e estão presentes em nossas unhas, cabelos, pele, ossos,
mú sculos, e até no sangue. Além de desempenharem uma função estrutural, há uma classe de proteínas
especial, chamadas de enzimas, que aceleram reaçõ es químicas em nosso organismo.
Na sequência, antes de aprofundar em seus estudos sobre os aminoácidos, proteínas e enzimas, assista ao
vídeo especialmente desenvolvido para esta seção.
Todas as proteínas têm uma coisa em comum: são formadas pelos mesmos blocos de montagem – os
aminoácidos. Nesta seção, iremos explorar características importantes dessas moléculas.

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1.3.1 Aminoácidos
Você viu em seus estudos que as proteínas são importantes biomoléculas presentes em nossas células. Todas
as proteínas são formadas por aminoácidos, unidos por uma ligação peptídica. A estrutura básica dos
aminoácidos é composta por um átomo de carbono central (C), ligado à um grupo ácido carboxílico (COOH),
um grupamento amina (NH2) e uma cadeia lateral “R”. A cadeira lateral R é diferente para cada um dos 20
aminoácidos encontrados nas proteínas, e confere propriedades bioquímicas diferentes para cada um deles
(ALBERTS, 2017).

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Figura 12 - Estrutura básica de um aminoácido, ilustrando o grupo ácido carboxílico (COOH em vermelho),
um grupamento amina (NH2 em azul) e uma cadeia lateral R (em amarelo). De acordo com a cadeira lateral,
os aminoácidos adquirem características bioquímicas distintas.
Fonte: Adaptada de Luciano Cosmo/Shutterstock.

Os aminoácidos podem ser nomeados de três formas diferentes. Clique nos itens a seguir e confira quais são
elas.

A primeira delas, é o nome por extenso, como por exemplo “Glicina” ou “Glycine”, do inglês.


A segunda forma, é o có digo de três letras, que utiliza as três primeiras letras do termo e
inglês. Continuando o exemplo da glicina, o có digo de três letras são as iniciais “GLY”.


Por fim, há o có digo de uma letra, onde apenas uma letra, que pode ser a letra inicial ou não
associada a determinado aminoácido. No caso da glicina, temos a letra “G” (ALBERTS ,2017)

A figura a seguir apresenta a lista com todas as nomenclaturas para os 20 aminoácidos principais, assim como
suas estruturas químicas. Atente-se para os grupamentos laterais e as diferenças entre eles, que conferem
características aos diferentes aminoácidos em relação a: solubilidade em água (hidrofobicidade), tamanho da

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molécula, presença de carga, entre outras característica físico-químicas que influenciam diretamente o meio
bioló gico. Em pH neutro, todos os aminoácidos estão em sua forma ionizada (carregada).

Figura 13 - Os aminoácidos possuem diferentes cadeias laterais, que fornecem suas características físico-
químicas. Preto: átomos de carbono; azul: nitrogênio; vermelho: oxigênio; branco: hidrogênio; amarelo:
enxofre.
Fonte: molekull_be/Shutterstock.

As propriedades das cadeias laterais influenciam diretamente nas proteínas que serão formadas, e por isso, é
muito importante compreendermos porquê essas cadeias são tão importantes. A capacidade de repulsão ou
atração de moléculas de água, por exemplo, influenciam no dobramento das proteínas para a sua forma
biologicamente ativa. Portanto, caso ocorra alguma troca de um aminoácido hidrofó bico por um hidrofílico,
por exemplo, a conformação dessa proteína pode ser alterada, resultando em sua inativação (ALBERTS, 2017).
Caso esta proteína seja associada a uma função vital, a célula poderá morrer, e, consequentemente, também

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morrerá o organismo vivo que carrega essa mutação. Diversas doenças têm base na mutação da trinca
codificadora de aminoácidos (chamada de có don), que pode sofrer alteraçõ es que resultam na troca de um
aminoácido por outro.
Nem todos os aminoácidos são produzidos pelos organismos e precisam ser adquiridos via alimentação. Nos
seres humanos, os aminoácidos produzidos por nó s são chamados de não essenciais ou naturais, ao passo
que os que precisamos obter por vias exó genas (alimentação) são os essenciais.

Figura 14 - Aminoácidos essenciais.


Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.

Para conhecer a importância dos aminoácidos para a saú de humana, clique nas setas a seguir.

Além da formação de proteínas, os aminoácidos desempenham outras funçõ es nas células, como
por exemplo em reaçõ es de reparo muscular, resistência física e resposta imunoló gica. Por isso,
uma alimentação equilibrada para adequação dos níveis de aminoácidos é de extrema
importância.

Por meio da alimentação, consumimos proteínas complexas, formadas por muitos aminoácidos e
pela ação de enzimas digestivas. Essas proteínas são totalmente degradadas e os aminoácidos,
absorvidos individualmente.

Para formação das proteínas, um processo que ocorre no interior das células, os aminoácidos são
direcionados aos ribossomos. Nessa organela, eles são unidos, por ligaçõ es peptídicas, que irão
formam a estrutura proteica.

O processo de síntese proteica será abordado melhor na pró xima unidade. A ligação peptídica
ocorre entre o grupo carboxila de um aminoácido e o grupo amina de outro, com a liberação de
uma molécula de água.

A molécula resultante da ligação entre dois aminoácidos é chamada de dipeptídeo, e para aquelas
oriundas da ligação de alguns aminoácidos, damos o nome de oligopeptídeo (a maioria dos
peptídeos apresentam até 30 aminoácidos). Quando muitos aminoácidos se unem, damos o nome

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de polipeptídeos. Aos polipetídeos com função bioló gica damos o nome de proteínas.

Os peptídeos apresentam funçõ es importantes para as células, podendo atuar como hormô nios,
sinalizadores, antibió ticos, entre outros (MARZZOCO, 2015).

Confira, na figura abaixo, uma representação de ligação peptídica entre dois aminoácidos.

Figura 15 - Ligação peptídica entre dois aminoácidos.


Fonte: Marzzoco e Torres, 2015, p. 15.

Perceba que a ligação peptídica ocorre entre a hidroxila (OH) presente no Carbono de um aminoácido e o
Hidrogênio ligado ao Nitrogênio de outro aminoácido. Dessa reação ocorre a liberação de uma molécula de
água.

VOCÊ SABIA?
Você sabia que um dos adoçantes mais utilizados é um peptídeo? Trata-se do
aspartame, formado pelos aminoá cidos fenilalanina e á cido aspá rtico. Ele é quase
200 vezes mais doce que o açú car!

Antes de continuar seus estudos, participe de mais uma experiência enriquecedora. Vamos lá?

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VOCÊ QUER VER?


O convite agora é para explorar a estrutura de algumas molé culas em 3D. Veja se você
é capaz de identificar os dois aminoá cidos!
Para ver a molé cula do á cido aspá rtico, acesse:
Ácido aspártico <http://www.3dchem.com/3dmolecule.asp?ID=51
(http://www.3dchem.com/3dmolecule.asp?ID=51)>.
Para ver a molé cula da fenilalanina, acesse:
Fenilalanina <http://www.3dchem.com/3dmolecule.asp?ID=44
(http://www.3dchem.com/3dmolecule.asp?ID=44)>.
Para ver a molé cula do aspartame, acesse:
Aspartame <http://www.3dchem.com/3dmolecule.asp?ID=24
(http://www.3dchem.com/3dmolecule.asp?ID=24)>.

Agora que já compreendemos como as proteínas são formadas e a importância de reconhecer as propriedades
das cadeias laterais, podemos começar nossos estudos sobre as proteínas. Vamos lá?!

1.3.2. Proteínas
As proteínas são as “engrenagens celulares”. São elas que regulam e possibilitam reaçõ es químicas, participam
de processos estruturais, de proteção e manutenção basal e vital dos organismos vivos. Geralmente, são
formadas pela união de mais de 50 aminoácidos, podendo variar amplamente em conformação e nú mero de
aminoácidos. A distribuição de aminoácidos depende da informação genética e conformação associada àquela
proteína. Usualmente, todos os 20 aminoácidos principais estão presentes, em proporçõ es variadas. As
proteínas têm níveis de estruturação distintos. A estrutura primária engloba a sequência de aminoácidos
per se, representada em um ú nico plano, resultante das ligaçõ es peptídicas.

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Figura 16 - Estrutura primária de uma proteína.


Fonte: Ciência, Educação/Shutterstock.

Observe na parte de cima da figura, em verde, a ligação peptídica entre dois aminoácidos. Já na parte de baixo,
identificamos as extremidades amino-terminal (NH2) e carboxi-terminal (COOH) e os aminoácidos que
compõ em a proteína.
Agora, vamos testar seus conhecimentos sobre a cadeia polipeptídica. Para tanto, clique e arraste a partes
destacadas abaixo para os respectivos lugares.
Para dar sequência aos seus estudos sobre as proteínas, clique nas abas abaixo. Você aprenderá sobre a
estrutura secundária e o nível terciário. Fique atento!

Clique nas abas

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Veja, na figura a seguir, o nível de organização secundário e terciário das proteínas. Perceba que, além das
ligaçõ es peptídicas, ocorrem interaçõ es entre os pró prios aminoácidos. Essas interaçõ es fazem com que a
cadeia de aminoácidos “dobre-se” sobre si mesma. Dependendo como essas interaçõ es ocorrem, formam-se
estruturas características chamadas de alfa hélice e folha beta.

Figura 17 - Nível de organização secundário e terciário das proteínas.


Fonte: magnetix/Shutterstock.

No nível quaternário, mais complexo, ocorre a interação entre cadeias peptídicas distintas, podendo gerar
proteínas com mais de uma subunidade. Nem todas as proteínas possuem esse nível de organização. Nos
ú ltimos níveis, a representação ocorre tridimensionalmente como ilustrado pela molécula de hemoglobina a
seguir (MARZZOCO, 2015).

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Figura 18 - Estrutura tridimensional da molécula de hemoglobina.


Fonte: molekull_be/Shutterstock.

Perceba, na imagem, que é possível visualizar quatro cadeias, duas alfa e duas beta representadas em amarelo
e vermelho. O grupamento heme contendo ferro, ao qual se liga o oxigênio, está representado em verde.
O enovelamento das proteínas ocorre em busca da conformação energeticamente mais favorável, ou seja, com
menor energia livre. Cada proteína tem uma conformação espacial característica e definida. É importante
compreendermos que as estruturas não são fixas, e podem ser alteradas de acordo com o meio e a necessidade
celular. Estados transitó rios às vezes fazem parte do mecanismo funcional dessas proteínas.
A classificação das proteínas pode ser de acordo com sua forma, sendo então classificadas como globulares
ou fibrosas. Para conhecer sobre elas, conforme Marzzoco (2015), clique nas abas abaixo.

Proteínas globulares

Apresentam forma enovelada, pró xima a uma forma esférica. A classe das proteínas globulares é
composta por proteína solú veis que desempenham funçõ es no citosol principalmente.

Proteínas fibrosas

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Possui forma alongada e tem função estrutural. Um exemplo de proteína fibrosa, é a queratina,
responsável pela rigidez das unhas, e o colágeno, importante componente da matriz extracelular
dos tecidos.

Para dar sequência aos seus estudos sobre os tipos de proteínas, realize a experiência prevista a seguir.
Aprender mais é gratificante. Aproveite!

VOCÊ SABIA?
Para ter uma experiê ncia mais dinâ mica, explore as formas tridimensionais de
proteínas fibrosas e globulares.
A proteína do colá geno pode ser vista em:
<http://www.3dchem.com/3dmolecule.asp?ID=195
(http://www.3dchem.com/3dmolecule.asp?ID=195)>.
Já a Proteína-Tirosina-Fosfatase 1B pode ser acessada em:
<http://www.3dchem.com/3dmolecule.asp?ID=117
(http://www.3dchem.com/3dmolecule.asp?ID=117)>.

O estudo de todas as proteínas se um ser vivo é chamado proteoma. A análise do proteoma permite identificar
muitas informaçõ es sobre um organismo, desde seus ancestrais, até a compreensão de doenças em nível
molecular.
As proteínas são formadas a partir da informação genética, em que as bases nitrogenadas dos nucleotídeos
que formam o DNA são transcritas em RNA mensageiro, que, por sua vez, será traduzido em aminoácidos
pelos ribossomos. Esse processo é chamado de Expressão Gênica, e será trabalhado em mais detalhes nas
pró ximas unidades!

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VOCÊ QUER LER?


Com o avanço da biotecnologia, é possível produzir proteínas com alto valor agregado
de modo recombinante, ou seja, construindo um DNA carregador contendo a
sequê ncia para a proteína de interesse, e transformando esse DNA em um organismo
que otimize a expressã o e produçã o desta proteína para fins comerciais. A insulina é
produzida de maneira recombinante, atualmente. Para saber mais, clique em:
<http://profissaobiotec.com.br/insulina-recombinante-como-afetou-vida-dos-
pacientes/ (http://profissaobiotec.com.br/insulina-recombinante-como-afetou-vida-
dos-pacientes/)>.

As proteínas podem estar associadas a compostos não proteicos, como açú cares, lipídios e íons metálicos.
Esses grupos são chamados grupos prostéticos e são essenciais para o correto funcionamento das proteínas.
Dependendo do componente que estiver associado, a proteína passa a ser chamada de, por exemplo,
lipoproteína (se estiver associada a um lipídio), glicoproteína (se estiver associada a um açú car), e assim por
diante. Um grupo especial de proteínas com função catalítica, aceleram processos químicos nas células, que
são as enzimas. Vamos aprender mais sobre elas? Para tanto, fique atento ao pró ximo subtó pico de estudo.

1.3.3 Enzimas
As enzimas são proteínas com ação catalisadora ou catalítica. Mas o que é uma ação catalítica? É uma ação que
resulta no favorecimento de uma reação química, pela diminuição da energia necessária para que ela ocorra.
Diversas reaçõ es químicas ocorrem em nosso organismo o tempo todo e a manutenção da vida celular
depende de dois fatores (MARZZOCO, 2015). Para conhecê-los, clique nas abas abaixo.

Velocidad As reaçõ es químicas devem ocorrer em uma velocidade adequada, para que não haja
e falta nem excesso de certas substâncias em nosso organismo.

Especifici As reaçõ es químicas precisam ser altamente específicas, para que produtos definidos
dade sejam produzidos, pois eles são fundamentais para a vida.

O primeiro passo da reação enzimática, é a ligação ao substrato por meio do seu sítio ativo (porção da enzima
o qual se liga ao substrato). A catálise se inicia com o reconhecimento do substrato pela enzima, formando um
estado de transição enzima-substrato, que é energeticamente mais favorável a formação dos produtos. Apó s a
ação da enzima, forma-se o produto, que agora é energeticamente estável.

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VOCÊ QUER LER?


Durante muito tempo, admitiu-se que todas as enzimas eram proteínas! Ou seja, que
todos os catalisadores biológicos eram proteínas, polímeros de aminoá cidos. No início
da dé cada de 1980, entretanto, verificou-se que molé culas de RNA catalisavam reações
químicas celulares. A descoberta foi surpreendente e este tipo particular de
catalisador recebeu o nome de ribozima. Para saber mais sobre o assunto, acesse:
<https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3770912/pdf/nihms413112.pdf
(https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3770912/pdf/nihms413112.pdf )>.

É importante entendermos que a enzima faz parte da reação, mas não é modificada durante o processo. A
ligação ao substrato é altamente específica, e a reação chega a ser acelerada por fatores, que, às vezes, ficam na
casa de milhares!

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Figura 19 - Ilustração da ação de uma enzima sob seu substrato específico. No primeiro caso, a enzima age
sobre o substrato formado o produto 1 + 2. No segundo caso, a enzimas agem nos substratos 1 + 2,
formando o produto.
Fonte: VectorMine/Shutterstock.

Há um sistema alfa numérico bastante complexo, o qual organiza a nomenclatura das enzimas, de acordo com
sua ação, substrato e produto gerado. Por exemplo, a enzima que catalisa a oxidação do etanol por NAD+ é
designada álcool: NAD+: oxirredutase e tem o nú mero de classificação EC 1.1.1.1 (EC de Enzyme Comission).
Porém, o que prevalece no cotidiano é o nome usual da enzima, nesse caso a enzima é conhecida como álcool
desidrogenase. Na terminologia usual, o nome é dado indicando o substrato, seguido de outra palavra
terminada em “ase”, que especifica o tipo de reação que a enzima catalisa (MARZZOCO, 2015).
As enzimas são classificadas em seis grupos, de acordo com o tipo de reação que catalisam (HARVEY, 2015).
Para saber mais sobre elas, clique nos itens abaixo.

Oxirredutases
Fazem oxidação-redução de moléculas.


Transferases
Fazem transferências de grupos.

• Hidrolases

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Catalisam a quebra de ligaçõ es pela adição de água.


Liases
Adicionam grupos em moléculas que possuem dupla ligação.


Isomerases
Rearranjos intramoleculares.


Ligases
Condensação de duas moléculas, consumindo ATP.

Há enzimas que necessitam de cofatores para exercer sua função catalítica. Esses cofatores, se associam aos
sítios ativos das enzimas e podem ser íons metálicos ou moléculas orgânicas, de complexidade variada, que
recebem o nome de coenzimas. Íons metálicos como Zn2+, Fe2+, Cu2+, Mg+, Mn+, e algumas vitaminas são
importantes coenzimas. As vitaminas são compostos orgânicos sintetizados por plantas ou microrganismos,
indispensáveis ao crescimento e às funçõ es normais dos animais superiores e são requeridos na dieta em
pequenas quantidades (microgramas ou miligramas diários). As vitaminas são classificadas como
lipossolú veis (vitaminas A, D, E K) e hidrossolú veis, que incluem a vitamina C e as vitaminas do complexo B.
Essas são coenzimas importantes para muitas enzimas que participam de vias metabó licas para produção de
energia e uma ingestão inadequada pode levar a sérias complicaçõ es como anemia, fadiga e perda de memó ria
(HARVEY, 2015).

VOCÊ SABIA?
A evoluçã o da ciê ncia permite que, atualmente, enzimas sejam sintetizadas em
laboratório. Um grupo de pesquisadores brasileiros conseguiu criar uma enzima
sinté tica capaz de clivar DNA de patógenos, com potencial aplicaçã o para a saú de.

Há fatores que podem interferir na eficiência de uma enzima: temperatura, pH e concentração do substrato! A
estrutura e a forma do sítio ativo dependem da estrutura tridimensional da enzima. Essa conformação pode
ser afetada por quaisquer agentes capazes de provocar mudanças na conformação da proteína. Para a maioria
das enzimas, existe uma faixa de pH e temperatura em que sua eficiência é máxima. Se alteraçõ es drásticas no
pH ou na temperatura do ambiente ocorrerem, a enzima pode ter sua eficiência reduzida. Há locais em nosso

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corpos, como o estô mago, em que o pH é extremamente baixo. Já locais como o intestino, o pH é mais elevado.
As enzimas presentes em cada um desses locais não teriam a mesma eficiência se o pH fosse diferente. Esse
efeito do pH e da temperatura sobre a estrutura das proteínas é chamado de desnaturação.
A velocidade da reação pode variar de acordo com a concentração de substrato disponível. A velocidade de
uma reação (V) é o nú mero de moléculas de substrato convertidas em produto por unidade de tempo;
geralmente, a velocidade é expressa como μmol (micromol) de produto formado por minuto (μmol/minuto).
Quanto maior a concentração do substrato disponível, maior será a velocidade de uma reação catalisada, até
que se atinja uma velocidade máxima. Quando se chega a esse “platô ” na velocidade de reação (altas
concentraçõ es de substrato), temos o momento de saturação e estabilização da velocidade da reação, pois
todos os sítios ativos encontram-se virtualmente preenchidos (HARVEY, 2015).

Fonte: VectorMine/Shutterstock.

A atividade enzimática pode ser diminuída, também, pela ação de substâncias, genericamente chamadas de
inibidores. Esses inibidores podem ser irreversíveis ou reversíveis. Estes, por sua vez, são classificados em
competitivos e não competitivos (quando competem ou não com o substrato pelo sítio ativo da enzima).
Algumas dessas substâncias são constituintes normais das células, outras são estranhas aos organismos
(como alguns compostos organofosforados presentes em pesticidas, e fármacos, como a aspirina e
penicilina).
Os inibidores enzimáticos encontrados nas células que cumprem um papel regulador importante são
designados reguladores alostéricos. Como esses inibidores são produzidos pelas pró prias células, a variação
de sua concentração é um recurso largamente empregado por elas no controle da velocidade das reaçõ es
(MARZZOCO, 2015).
Vamos explorar como o pH pode interferir na eficiência de uma enzima?!

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Agora, chegou outro momento importante: realizar uma atividade especialmente preparada para você. Você
deverá, na sequência, representar a enzima com e sem inibidor, indicando o que vai ocorrer em cada situação.
Vamos lá?!
Fique atento, pois no pró ximo tó pico vamos estudar sobre outras estruturas importantes para compreender a
composição química dos organismos vivos: os carboidratos e lipídios. Siga em frente!

1.4 Carboidratos e lipídios: estrutura e função


Antes dar continuidade aos seus estudos, convidamos você a acompanhar um vídeo que trata dos carboidratos e
lipídios. Nele, você poderá ver quais as principais funções biológicas desempenhadas pelos carboidratos e
lipídios nas células. Fique atento e aproveite essa oportunidade enriquecedora.

Você estudou sobre a importância dessas moléculas na formação das células e origem da vida, não é mesmo?
Nesta seção, iremos aprofundar nossos conhecimentos sobre essas moléculas tão importantes. Vamos lá?!

1.4.1 Carboidratos
A fó rmula geral dos carboidratos é dada por (CH2O)n. Perceba que seu nome está diretamente ligado à sua
fó rmula química (hidrato de carbono), embora alguns carboidratos fujam à essa regra. Os carboidratos estão
presentes em nossa alimentação, e muitos conferem sabor doce aos alimentos como glicose, frutose e
sacarose e são chamados de açú cares ou sacarídeos. Os carboidratos podem ser classificados quanto ao
nú mero de suas unidades componentes em monossacarídeos e oligossacarídeos e polissacarídeos. Os
monossacarídeos são o tipo mais simples de carboidratos, formados por apenas uma molécula. Podem ser
nomeados de acordo com o nú mero de carbonos presentes em sua estrutura: em trioses (3C), tetroses (4C),
pentoses (5C) e hexoses (6C). Os monossacarídeos são classificados de acordo com o grupo funcional que
possuem, em cetoses e aldoses, que contêm grupo funcional do tipo cetona ou aldeído, respectivamente
(MARZZOCO, 2015).
Veja na pró xima figura a estrutura linear de monossacarídeos com diferentes nú meros de carbonos e grupos
funcionais.

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Figura 20 - Estrutura linear de monossacarídeos com diferentes nú meros de carbonos e grupos funcionais.
Na linha superior, temos as aldoses. Na linha inferior, temos as cetoses.
Fonte: Marzzoco, 2015, p. 84.

Em soluçõ es aquosas, como o citosol, os monossacarídeos com mais de quatro carbonos apresentam
estrutura cíclica. Por exemplo, as moléculas de glicose e frutose são monossacarídeos com seis carbonos,
chamadas de hexoses e adquirem a estrutura cíclica em meio aquoso.
Em geral, as formas cíclicas prevalecem nas células. Para a molécula de glicose, por exemplo, apenas 1%
permanece na forma aberta (HARVEY, 2015).

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Figura 21 - Estrutura cíclica da glicose.


Fonte: Marzzoco, 2015, p. 84

Os oligossacarídeos são polímeros de monossacarídeos, ligados por ligações glicosídicas. As ligaçõ es


glicosídicas são ligaçõ es covalentes que ocorrem entre dois monossacarídeos, por meio da interação entre
duas hidroxilas, com liberação de uma molécula de água.
Agora, observe na figura a seguir, uma ligação glicosídica alfa-1,4, em outros termos, uma ligação glicosídica
entre o carbono 1 de um monossacarídeo e o carbono 4 de outro monossacarídeo.

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Figura 22 - Ligação glicosídica entre o carbono 1 de um monossacarídeo e o carbono 4 de outro


monossacarídeo (ligação glicosídica alfa-1,4).
Fonte: Marzzoco, 2015, p. 86.

Os oligossacarídeos com maior função bioló gica são os dissacarídeos (união de dois monossacarídeos). Entre
os dissacarídeos, os mais comuns são consequência da ligação entre glicose e frutose, gerando a sacarose
(componente do açú car de mesa); glicose e galactose, gerando, por sua vez, a lactose (o açú car presente no
leite).

Figura 23 - Dissacarídeos e monossacarídeos em sua forma cíclica. Por meio da união de dois
monossacarídeos, com uma ligação glicosídica, forma-se um dissacarídeo.
Fonte: lyricsaima/Shutterstock.

Você sabia que a junção de centenas de monossacarídeos dá origem aos polissacarídeos? Eles são moléculas
de reserva nos seres vivos, como o glicogênio nos animais e o amido nos vegetais.

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VOCÊ QUER VER?


Antes de continuar seus estudos sobre o tema, que tal conhecer algumas molé culas de
carboidratos em 3D?
Para conhecer a molé cula da lactose, clique em:
Lactose (dissacarídeo presente no leite): <http://www.3dchem.com/3dmolecule.asp?
ID=58 (http://www.3dchem.com/3dmolecule.asp?ID=58)>
E, para conhecer a molé cula da Sacarose, clique em:
Sacarose (dissacarídeo do açú car de mesa):
<http://www.3dchem.com/3dmolecule.asp?ID=59
(http://www.3dchem.com/3dmolecule.asp?ID=59)>.

Os polissacarídeos podem ainda ter função estrutural, como a quitina e a celulose nas plantas. Para saber mais
sobre o tema, clique nas abas abaixo.

Fator chave

A ligação glicosídica é um fator chave para a formação estrutural desses carboidratos complexos,
que exercem as funçõ es primordiais de armazenamento e estrutura, além de diversas outras, como
sinalização celular.

Adição de moléculas

A adição de moléculas, para formação das estruturas lineares longas é possível, pela presença das
extremidades redutoras que possibilitam a adição e remoção de novas moléculas de glicose e
alongamento ou diminuição da estrutura (MARZZOCO, 2015).

A figura a seguir apresenta uma estrutura de carboidratos. Observe que os destaques em verde são as unidades
formadoras. Em azul, temos as unidades de ramificação. E, por sua vez, em vermelho, estão as unidades
redutoras, pelas quais é possível fazer a adição ou remoção de unidades.

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Figura 24 - Estrutura de carboidratos.


Fonte: Elaborada pelo autor, 2018.

As funçõ es principais dos polissacarídeos são de armazenamento e estrutural. Além disso, são fonte principal
para o metabolismo energético das células. As moléculas mais simples, como a glicose, são o combustível
celular e base de rotas bioquímicas complexas que necessitam de energia ou precursores gerados na via da
glicó lise. Para ampliar seus conhecimentos sobre a glicose, clique nas abas abaixo.

Principal carboidrato

A glicose é o principal carboidrato obtido pela alimentação nos


seres humanos, que é baseada essencialmente na ingestão de amido
(polissacarídeo de glicose), sacarose (dissacarídeo de glicose) e
lactose (dissacarídeo de glicose e galactose).

Vias metabólicas

Essa glicose é, então, clivada e utilizada pelas vias metabó licas,


garantindo a sobrevivência das células. (MARZZOCO,2015)

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Você sabe por que os seres humanos não digerem a celulose, presente na alface e na rú cula? Mesmo sendo um
polissacarídeo de glicose, assim como o amido (presente na batata e no arroz), os seres humanos não
conseguem digeri-la para obter moléculas de açú car isoladas e utilizar para produzir energia! Na celulose, as
unidades de glicose são polimerizadas por ligaçõ es glicosídicas entre os carbonos 1 (com configuração β) e 4:
ligaçõ es β-1,4. Os seres humanos não possuem a enzima digestiva necessária para a quebra desta ligação
específica, e, portanto, a celulose proveniente dos vegetais que ingerimos não é digerida em nosso trato
gastrointestinal, sendo considerada uma fibra dietética (HARVEY, 2015).

VOCÊ QUER LER?


Conheça mais sobre as fibras dieté ticas e seus benefícios para a saú de lendo ao artigo
“Fibra alimentar – Ingestã o adequada e efeitos sobre a saú de do metabolismo.” Você
irá se surpreender com o quanto é importante manter uma alimentaçã o equilibrada,
rica em fibras!
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/abem/v57n6/01.pdf
(http://www.scielo.br/pdf/abem/v57n6/01.pdf )>.

A glicose é um carboidrato chave para a sobrevivência humana. Ela é o combustível básico das funçõ es
neuroló gicas e, sem ela, o cérebro pode entrar em colapso. Por isso, períodos longos de jejum ou atividade
física muito intensa sem reposição energética podem causar danos ao cérebro. Toda a maquinaria celular é
sustentada pela via da glicó lise e outras rotas alternativas, que geram energia, sob a forma de calor e ATP.

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VOCÊ SABIA?
Você sabia que seu tipo sanguíneo (A, B, O e AB) é determinado por carboidratos
presentes na superfície das hemá cias? Isso mesmo, dependendo do tipo de açú car
presente na superfície das suas cé lulas, você será de um tipo sanguíneo específico.
Indivíduos do tipo A, possuem o “Açú car A”, indivíduos do tipo B possuem o
“Açú car B”, indivíduos AB possuem ambos e indivíduos O nã o possuem nenhum.
Para saber mais sobre esse assunto, leia o artigo “Aspectos moleculares do Sistema
Sanguíneo ABO”, disponível em: <https://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S1516-84842003000100008⟨=en
(https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-
84842003000100008&lang=en )>

Para complementar seus estudos sobre o tema, conheça o caso de uma jovem de 21 anos e aprenda mais sobre
a lactose.

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CASO
E. J. D., 21 anos de idade, sexo feminino. Apresenta quadro de diarreia e dor
abdominal há seis meses. Acreditava que seu quadro estava atribuído a estresse,
poré m, mesmo após início das fé rias escolares nã o houve melhora. Orientada por
um amigo se automedicou com antiparasitá rio pois acreditava estar com
“vermes”. O tratamento també m nã o surtiu efeito. Ela entã o decidiu procurar um
mé dico. Na consulta, relatou que os sintomas aparecem principalmente no
período da manhã 1h – 2h após o café da manhã . Relata que costuma consumir
pã o, leite, café , queijo e frutas. Alguns dias consome iogurte batido com aveia e
frutas. O mé dico suspeita de um quadro de intolerâ ncia à lactose e a jovem entã o
relata que seus pais apresentam a condiçã o. O mé dico solicita que a jovem
suspenda laticínios da dieta e faça um exame chamado de teste de tolerâ ncia a
lactose. No laboratório, a jovem mediu a glicemia as 7h da manhã em jejum. Ela,
entã o, ingeriu uma quantidade grande de lactose, na forma de um líquido. À s 8h
e as 9h mediram novamente os índices de glicose na corrente sanguínea. Os
índices nã o se elevaram, ficando quase iguais ao índice medido em jejum. Frente
aos resultados, o mé dico sugeriu o diagnóstico de intolerâ ncia a lactose. Você sabe
como é possível justificar os fatos observados?
Se justifica porque, em indivíduos normais, a enzima lactase age sobre a lactose
no intestino, rompendo a ligaçã o glicosídica, resultando em molé culas de
galactose e glicose. A glicose, ao ser absorvida, eleva os seus níveis na corrente
sanguínea. Em indivíduos intolerantes, a enzima nã o é produzida. Sendo assim, a
lactose permanece na forma de dissacarídeo e nã o é absorvida. Por isso, os níveis
de glicose no sangue nã o se alteram e o acú mulo de lactose no intestino causa a
diarreia e a cólica.
Nas cé lulas podem ocorrer associações entre os carboidratos e lipídios ou
proteínas, formando glicoconjugados, como os glicolipídios e glicoproteínas com
funções diversas nas cé lulas, incluindo sinalizaçã o e proteçã o celular.

Vamos testar os conhecimentos adquiridos até aqui? Para isso, realize a atividade especialmente preparada
para você. Você deverá, então, clicar e arrastar os respectivos nomes para as moléculas que o representam.
Agora que você já conheceu sobre a estrutura e função dos carboidratos, vamos, dando sequência aos seus
estudos sobre o surgimentos das células, aprender sobre os lipídios. Mantenha-se concentrado e bons
estudos!

1.4.2 Lipídios

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O termo lipídio, conhecido como gordura ou ó leo em nosso cotidiano, muitas vezes é tachado como vilão da
nossa dieta. Porém, essas moléculas são importantes fontes de energia para nosso organismo. Isto porque os
lipídios participam da estrutura das nossas membranas plasmáticas e servem como precursores para a
síntese de vitaminas e hormô nios. Os lipídios formam um grupo de moléculas bastante diverso e possuem a
característica de serem pouco solú veis em água. Fazem parte desse grupo de moléculas os ácidos graxos e os
esteroides (como por exemplo o colesterol). Vamos conhecer um pouco mais sobre essas moléculas? Clique
nas abas abaixo e confira!

Os ácidos graxos geralmente são compostos por uma cadeia carbô nica longa, com
Ácidos nú mero par de átomos de carbono e sem ramificaçõ es, podendo ser saturada (conter
graxos apenas ligaçõ es simples entre os átomos de carbono) ou conter uma ou mais
instauraçõ es (ligaçõ es duplas) ao longo da cadeia.

Ácidos Os compostos que contém apenas ligaçõ es simples são chamado de ácidos graxos
graxos saturados.
saturados

Monoinsat Já aqueles que contém apenas uma ligação dupla são chamados de monoinsaturados
urados e e duas ou mais ligaçõ es duplas poli-insaturados (RODWELL, 2017).
poli-
insaturad
os

Agora, confira, na figura a seguir, a estrutura molecular e tridimensional de dois ácidos graxos.

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Figura 25 - Estrutura molecular e tridimensional de dois ácidos graxos. Ambos possuem 18 átomos de
carbono, porém em (a) temos ácido esteárico, saturado e em (b), ácido oleico, insaturado (b). A presença da
dupla ligação cis resulta em uma dobra na molécula.
Fonte: Marzzoco, 2015, p. 89.

Analisado a estrutura da molécula, perceba que em uma das extremidades temos uma carboxila (COO-) e na
outra extremidade um CH3. Em uma das nomenclaturas utilizadas para identificar as ligaçõ es químicas das
moléculas de ácidos graxos, o carbono da extremidade CH3 é identificado como carbono de nú mero 1 ou
também chamado de carbono ô mega (ω). Ao representar a fó rmula geral de um ácido graxo, identificamos em
primeiro lugar o nú mero de carbonos totais da molécula, em seguida (separado por dois pontos), o nú mero de
ligaçõ es duplas que ela possui. Por fim, indicamos a posição da primeira ligação dupla presente na cadeia.
Lembre-se de que o primeiro carbono da cadeia extremidade CH3 é chamado de ô mega, e, se a primeira ligação
dupla está no segundo carbono, ela será chamada de ô mega-2, se estiver no 6 carbono, ô mega-6. (MARZZOCO,
2015). Para ampliar sua compreensão sobre o tema, vamos tomar como exemplo o ácido oleico, apresentado
anteriormente; veja:
18:1 ω-9
Observe que esse ácido graxo possui 18 carbonos e uma ligação dupla em sua estrutura. A ligação dupla está
no carbono nú mero nove. Como vimos, os ácidos graxos poli-insaturados chamados de ô mega-3 são aqueles
que possuem uma ligação dupla entre o terceiro e quarto carbono da cadeia (numerado a partir do carbono 1,
ou carbono ô mega). Pode haver mais duplas ligaçõ es ao longo da cadeia, porém, apenas uma é identificada.
Alimentos como peixes (atum, salmão e sardinha) e azeite de oliva são fontes destes ácidos graxos.

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Figura 26 - Á cidos graxos do tipo ô mega 3.


Fonte: Perception7/Shutterstock.

Lembrando que o EPA é o ácido eicosapentaenoico. Há o DHA é o ácido docosahexaenó ico. E, por sua vez, o
ALA é o ácido alfa-linolênico; são ácidos graxos do tipo ô mega-3, que trazem inú meros benéficos à saú de. O
ú ltimo é encontrado no azeite extra virgem, e os dois primeiros, em peixes como salmão e sardinha.

VOCÊ QUER LER?


Nos ú ltimos anos, as investigações científicas tê m comprovado que as dietas com
quantidades adequadas de á cidos graxos poli-insaturados desempenham papel
importante na prevençã o de doenças cardiovasculares e aterosclerose! Nessa revisã o
da literatura, descubra diversos benefícios relacionados ao consumo regular desse tipo
de á cido graxo. Leia o artigo Á cidos graxos poli-insaturados n-3 e n-6: metabolismo em
mamíferos e resposta imune, disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/rn/v23n6/13.pdf
(http://www.scielo.br/pdf/rn/v23n6/13.pdf )>

À temperatura ambiente, os ácidos graxos podem apresentar consistência diferentes. Á cidos graxos saturados
com mais de 14 carbonos são só lidos e, se possuírem pelo menos uma dupla ligação, são líquidos.

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O grau de fluidez das membranas bioló gicas depende, então, do tipo de ácido graxo presente nos seus lipídios
estruturais. A diversidade lipídica é espécie-dependente, sendo que alguns só são produzidos por vegetais,
outros apenas por microrganismos e outros apenas por mamíferos, por exemplo. Sendo assim, o consumo de
diferentes formas de ácidos graxos é o ideal para a manutenção da saú de humana (RODWELL, 2017).
Os ácidos graxos livres são pouco encontrados nos organismos vivos e mais frequentemente estão ligados a
uma molécula de glicerol (um tipo de álcool) formando os triglicerídeos ou triacilgliceró is. Clique nas abas
abaixo e conheça mais sobre o assunto.

Tecido adiposo

Nos vertebrados, os triacilgliceró is são estocados no tecido adiposo, localizado no espaço


subcutâneo e visceral. Esse tecido atua também como isolante térmico e na proteção contra os
choques mecânicos.

Reserva de energia

Os triacilgliceró is são os lipídios mais abundantes na natureza, atuam como reserva de energia e
são formados por três moléculas de ácidos graxos esterificadas (ligadas) a uma molécula de
glicerol.

Gorduras animais

Os ácidos graxos podem ser iguais ou diferentes entre si. Os triacilgliceró is das gorduras animais
são ricos em ácidos graxos saturados, o que atribui a esses lipídios uma consistência só lida à
temperatura ambiente.

Óleos vegetais

Os ácidos graxos de origem vegetal, ricos em ácidos graxos insaturados, são líquidos.

Os ó leos vegetais que são utilizados para a fabricação de margarinas passam por um processo de
hidrogenação, que reduz parte de suas duplas ligaçõ es e os torna só lidos à temperatura ambiente
(MARZZOCO, 2015).

Acompanhe, na sequência, uma representação de um triacilglicerol formado pela ligação de um glicerol e três
ácidos graxos.

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Figura 27 - Triacilglicerol formado pela ligação de um glicerol e três ácido s graxos.


Fonte: Marzzoco, 2015, p. 92.

Outro tipo de lipídio com importante função bioló gica são os fosfolipídios. Eles são compostos de maneira
semelhante aos triacilgliceró is, porém, possuem apenas duas cadeias de ácidos graxos ligados à molécula de
glicerol. Na terceira posição do glicerol, liga-se um grupo fosfato, que ainda pode se ligar a outras moléculas.
Essa configuração molecular confere aos fosfolipídios um caráter anfipático. Isso significa que uma porção
da molécula é hidrofílica ou polar (cabeça de fosfato), e a outra é hidrofóbica ou apolar (cauda de ácidos
graxos) (RODWELL, 2017). Essa propriedade é fundamental para a organização da membrana plasmática e
será mais explorada nas pró ximas unidades. Fique atento!

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Figura 28 - Fosfolipídeo.
Fonte: Alberts, 2017, p.72.

Na estrutura do fosfolipídeo observe uma porção hidrofó bica (caudas de ácidos graxos) e uma hidrofílica
(grupamento fosfato ligado ao glicerol).
Além dos ácidos graxo, triglicerídeos e fosfolipídios há uma outra classe de lipídios importantes, chamada de
esteroides.
Os esteroides possuem uma conformação bastante diferente dos ácidos graxos, que são cadeias carbô nicas
lineares. Essa classe de lipídios apresenta um nú cleo tetracíclico característico em sua estrutura. O principal
representante desse grupo é o colesterol.
O colesterol é o esteroide mais abundante nos tecidos animais. É capaz de servir de precursor para síntese de
todos os outros esteroides, que incluem hormô nios esteroides (hormô nios sexuais e do có rtex das glândulas
suprarrenais), sais biliares e vitamina D (MARZZOCO, 2015).
Por fim, o colesterol apresenta uma função estrutural importante, compondo a membrana plasmática das
células, conforme veremos nos pró ximos capítulos.

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Figura 29 - Molécula de colesterol.


Fonte: Marzzoco, 2015, p. 95.

A figura ilustra a molécula de colesterol, na qual podemos observar os quatro anéis carbô nicos, o grupo polar
(OH) e a região apolar com aspecto mais linear. Essas características tornam a molécula anfipática.

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VOCÊ O CONHECE?
Bruce D. Roth (nascido em Junho de 1954) é um americano PhD em química orgâ nica
que, com a idade de 32, descobriu a atorvastatina enquanto trabalhava na empresa
Warner-Lambert, posteriormente adquirida pela gigante farmacê utica Pfizer. Essa
droga pertence à classe das estatinas e é vendida como o medicamento Lipitor™ que se
tornaria o medicamento mais vendido na história da indú stria farmacê utica! Ele é
utilizado para reduzir os níveis de colesterol e na prevençã o de doenças
cardiovasculares e já auxiliou no tratamento de milhões de pessoas em todo o mundo.
Entre 1996 e 2012 estima-se que o medicamento tenha um resultado de vendas de
mais de 125 bilhões de dólares!
Para saber mais sobre o Bruce D. Roth, consulte o site:
<https://www.crainsnewyork.com/article/20111228/HEALTH_CARE/111229902/lipi
tor-becomes-world-s-top-selling-drug
(https://www.crainsnewyork.com/article/20111228/HEALTH_CARE/111229902/lipi
tor-becomes-world-s-top-selling-drug)>.

Os triacilgliceró is e as moléculas de colesterol provenientes da dieta, e mesmo aquelas produzidas por via
endó gena, viajam na corrente sanguínea em partículas chamadas de lipoproteínas. São agregados moleculares
solú veis formados por um nú cleo central hidrofó bico de triglicerídeos e ésteres de colesterol (colesterol
ligado a um ácido graxo).
Esse nú cleo é envolto por uma cada de fosfolipídios e proteínas chamadas de apoproteínas. Essa partícula se
torna solú vel em água devido à cabeça do fosfolipídio ser hidrofílica. Dependendo do tamanho e composição
(quantidade de lipídios e proteínas) dessas Lipoproteínas elas são chamadas de Lipoproteínas de alta (HDL),
baixa (LDL) e muito baixa (VLDL) densidade além dos quilomícrons (RODWELL, 2015).

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VOCÊ QUER LER?


Diversos estudos clínicos, epidemiológicos e experimentais tê m mostrado de maneira
incontestável a relaçã o entre dosagem sé rica dos níveis de lipoproteína de alta
densidade (HDL) e doença cardiovascular.
Baixos níveis de HDL estã o presentes em aproximadamente 10% da populaçã o e
representam um dos mais frequentes achados de dislipidemia nos pacientes com
doença arterial coronariana (DAC).
Leia o artigo e descubra fatos interessantes sobre ela: estrutura, metabolismo e
funções fisiológicas da lipoproteína de alta densidade.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/jbpml/v42n3/a05v42n3.pdf
(http://www.scielo.br/pdf/jbpml/v42n3/a05v42n3.pdf )>.

Na sequência, observe a representação de lipoproteínas de alta e baixa densidade (HDL e LDL) transportadoras
de colesterol e triglicerídeos na corrente sanguínea.

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Figura 30 - Lipoproteínas de alta e baixa densidade (HDL e LDL), transportadoras de colesterol e


triglicerídeos na corrente sanguínea.
Fonte: lyricsaima/Shutterstock.

Graças às lipoproteínas é possível transportar moléculas de ácidos graxos e colesterol por todo organismo
para que eles possam desempenhar suas funçõ es energética, estrutural, de sinalização e precursora de
hormô nios nos diferentes ó rgãos.

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VOCÊ QUER VER?


Você já ouviu falar na relaçã o existente entre colesterol e doenças cardíacas? Para
entender melhor essa relaçã o, precisamos descobrir como essas molé culas de lipídios
sã o transportadas pela corrente sanguínea. Afinal, eles sã o lipídeos, insolú veis em meio
aquoso e o plasma sanguíneo é um composto aquoso! Como isso acontece? Assista ao
vídeo e saiba mais sobre as lipoproteínas de alta e baixa densidade (LDL e HDL) e o
transporte de lipídios pela corrente sanguínea. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=9dghtf 7Z7fw
(https://www.youtube.com/watch?v=9dghtf 7Z7fw)>.

Sendo assim, podemos entender os lipídios e carboidratos não somente como moléculas provenientes da
nossa dieta que nos fornecem energia, mas também como importantes constituintes estruturais das nossas
células. Eles são essenciais para a manutenção da vida celular e, por consequência, de todo nosso organismo.

Síntese
Concluímos o primeiro capítulo sobre Evolução das células e composição química dos organismos. Agora
você já conhece as células e as macromoléculas fundamentais para a vida. Espero que você tenha
compreendido e aproveitado as informaçõ es.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:

• descrever como a vida surgiu na Terra;


• conceituar átomos e moléculas essenciais para a vida;
• relacionar a forma das proteínas com sua composição de
aminoácidos;
• descrever carboidratos e lipídios com funções biológicas
relevantes;
• relacionar as moléculas a condições fisiológicas e patológicas que
ocorrem em nosso organismo.

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Bibliografia
ALBERTS, Bruce. Fundamentos da Biologia Celular. 4 ed. ArtMed, 2017.
______ et al. Biologia Molecular da Célula. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.
BBC EARTH. As teorias para o surgimento das primeiras células – e da vida na Terra. Disponível em:
<https://www.bbc.com/portuguese/vert-earth-38205665 (https://www.bbc.com/portuguese/vert-earth-
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