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ORGÂNICA E
EXPERIMENTAL
UNIDADE I
Introdução
aos Compostos
de Carbono
Daniela Pires Gouvêa
Química Orgânica
e Experimental
Apresentação
Na disciplina de Química Orgânica e Experimental, abordaremos a estrutura e as
ligações presentes nas substâncias orgânicas, além do estudo das suas propriedades
físicas, da identificação dos grupos funcionais e da abordagem dos conceitos de
ácidos-bases e estereoquímica na química orgânica. Por fim, exploraremos as
técnicas de identificação e caracterização desses compostos, bem como os tipos de
reações orgânicas e as práticas laboratoriais.
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Introdução aos Compostos
de Carbono
Introdução
Existe uma vasta disponibilidade de substâncias orgânicas, tanto de origem natural
quanto sintética. O fato de obtermos tantos compostos contendo átomos de carbono
pode ser explicado pela posição do carbono na tabela periódica. Esse composto
químico está localizado no centro da segunda linha, sendo que os átomos localizados
à sua esquerda apresentam a tendência em doar elétrons e os da direita, de receber
elétrons (Bruice, 2006 ; Clayden, 2012). É nesses elementos que nosso estudo vai
focar. Vamos juntos nesse aprendizado.
Objetivos da Aprendizagem
Ao final do conteúdo, esperamos que você seja capaz de:
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E studo das Ligações, das Propriedades Físicas e da
Estrutura Molecular das Moléculas Orgânicas
O átomo é formado por um núcleo pequeno e denso que se encontra rodeado por
elétrons, os quais estão distribuídos por um volume espacial relativamente grande. O
núcleo apresenta partículas carregadas positivamente, denominadas prótons, além
de partículas que não possuem carga, chamadas de nêutrons. Já ao redor do núcleo,
são encontrados os elétrons que possuem carga elétrica negativa. Um átomo neutro
apresenta o mesmo número de prótons e elétrons (Bruice, 2006).
Atenção
Os átomos podem receber elétrons e adquirir carga negativa,
ou ainda perder elétrons e tornarem-se carregados com carga
positiva. No entanto, o número de prótons presentes no átomo
permanece o mesmo e o número atômico de um átomo é
equivalente ao número de prótons em seu núcleo. Prótons e
nêutrons apresentam aproximadamente a mesma massa e são
cerca de 1.800 vezes mais pesados que um elétron, dessa forma a
maior parte da massa de um átomo está localizada em seu núcleo.
Os átomos se ligam uns aos outros porque formam compostos mais estáveis, ou seja,
que apresentam menor energia quando comparados aos átomos separados. Desse
modo, na formação da ligação química ocorre a liberação de energia, no entanto, é
preciso adicionar energia no sistema para a sua quebra (Bruice, 2006; Clayden, 2012).
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para adquirirem a configuração eletrônica desses átomos, que se encontram mais
próximo dele na tabela periódica (Bruice, 2006; Clayden, 2012).
A teoria de Lewis descreve que um átomo libera, aceita ou compartilha elétrons para
obter uma camada de valência com oito elétrons, de acordo com a regra do octeto.
Dessa forma, o desenho de uma estrutura de Lewis deve respeitar as seguintes regras:
Atenção
Os elétrons compartilhados passam a ser contabilizados para a
eletrosfera dos dois que participam da ligação.
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Na formação da molécula de H2, o átomo de hidrogênio, por conter um elétron na sua
camada de valência, compartilha este com o outro átomo de hidrogênio, formando a
molécula de hidrogênio, a qual tem dois elétrons na sua camada de valência, assim
como o gás Hélio (He).
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Estruturas de Kekulé e condensadas
CH4
H2
CHN
CH3CH2CH2CH2CH2CH3 ou CH3(CH2)4CH3
ou
CH3(CH2)4CH3
Fonte: elaborado pelo autor (2023).
#pratodosverem: tabela com as estruturas de Kekulé e condensadas.
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Formato dos orbitais s, p e d
A TLV propõe que uma ligação covalente é formada quando dois átomos ficam tão
próximos um do outro que o orbital ocupado de um átomo se sobrepõe ao do outro
átomo, propiciando, dessa forma, o emparelhamento dos elétrons nos orbitais que
se sobrepuseram, sendo atraídos por ambos os núcleos e promovendo a união dos
átomos.
Podemos verificar como ocorre isso na molécula de H2, na figura a seguir, em que a
ligação H-H é proveniente da sobreposição dos dois orbitais ocupados Is de cada
átomo de hidrogênio (Bruice, 2006; McMurry, 2017):
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Atenção
Cada ligação covalente apresenta um comprimento e uma força
de ligação característica.
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Atenção
Os quatro elétrons vão procurar orientar os seus orbitais através
de um arranjo espacial tetraédrico, visto que, dessa forma, eles
estarão o mais distante possível uns dos outros, apresentando
ângulo entre os orbitais híbridos de 109,5 graus.
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O carbono também pode formar uma ligação tripla, por meio do compartilhamento de
seis elétrons, como ocorre na molécula de acetileno, C2H2. Para isso, é necessário um
terceiro tipo de orbital híbrido, o qual é chamado de sp, resultando da hibridização do
orbital 2s do carbono com apenas um único orbital p, formando dois orbitais híbridos
do tipo sp e os dois orbitais p do carbono permanecem inalterados (Bruice, 2006;
McMurry, 2017).
As ligações químicas também podem ser explicadas pela Teoria dos Orbitais
Moleculares (TOM), a qual considera que os orbitais atômicos (OAs) que se
encontram na camada de valência dos átomos, quando ocorre a formação da ligação
química, são substituídos por um novo conjunto de níveis energéticos, os quais são
correspondentes às novas distribuições da nuvem eletrônica, chamados de Orbitais
Moleculares (OMs) (Bruice, 2006; Clayden, 2012).
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De acordo com a TOM, os orbitais atômicos combinam-se como ondas, em fase ou
fora de fase, gerando o mesmo número de orbitais moleculares. No entanto, quando
a combinação ocorre fora de fase – também chamada de destrutiva –, é formado
um orbital molecular que apresenta um formato contendo um plano nodal entre os
núcleos. Caso os elétrons sejam colocados nesse orbital, não haverá densidade
eletrônica na região situada entre os dois núcleos (Bruice, 2006; Clayden, 2012).
Orbitais moleculares de H2
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Formação da ligação πna molécula do etileno
Além das ligações química, existem interações que ocorrem entre as moléculas,
as quais são muito mais fracas quando comparadas com as ligações covalentes,
que são denominadas forças intermoleculares. Dentro dessa classe, encontramos a
força íon-dipolo, ligação de hidrogênio, dipolo-dipolo, íon dipolo-induzido e dispersão
de London (Bruice, 2006; McMurry, 2017).
Visto que a interação íon-dipolo ocorre através da atração de um íon por um dipolo, o
qual é proveniente de uma molécula polar de carga oposta. Já a ligação de hidrogênio
prevalece quando ocorre a interação entre o átomo hidrogênio de uma molécula com
átomos eletronegativos de outra molécula, como flúor, oxigênio e nitrogênio. A força
dipolo-dipolo, proveniente da interação entre dipolos de cargas opostas de duas
moléculas, força íon dipolo-induzido, ocorre entre um íon com uma molécula apolar e
a dispersão de London, a qual é a interação que ocorre entre as moléculas apolares
que possuem dipolos momentâneos quando estão próximas (Bruice, 2006; McMurry,
2017).
Mesmo sendo mais fracas do que uma ligação química, as forças intermoleculares
apresentam total influência nas propriedades físicas das substâncias orgânicas,
como ponto de fusão e ebulição, solubilidade, densidade, entre outras, visto que,
quando comparamos moléculas que apresentam massas moleculares equivalentes,
quanto mais fortes são as forças entre as moléculas, maior será seu ponto de fusão
e ebulição (Bruice, 2006; McMurry, 2017).
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Estudo e Identificação dos Grupos Funcionais das
Substâncias Orgânicas
Grupos funcionais são caracterizados como um grupo de átomos que determinam
o funcionamento da molécula, visto que os estes determinam as características
químicas dessas moléculas, além de determinar de qual maneira elas reagem (Bruice,
2006; Clayden, 2012).
Na tabela a seguir estão presentes diversos grupos funcionais, sendo que alguns
apresentam somente ligações duplas ou triplas entre carbonos; outros possuem
átomos de halogênios, e outros ainda possuem átomos de oxigênio, enxofre ou
nitrogênio (Bruice, 2006; Clayden, 2012).
Alcano
Alceno
Alcino
Álcool
Fenol
Enol
Haleto
Aldeído
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Cetona
Ácido Carboxílico
Éster
Amida
Amina
Sulfeto
Tiol
Atualmente, a definição de ácido e base que mais utilizamos foi estabelecida por
Brønsted e Lowry em 1923. De acordo com essa definição, um ácido é uma espécie
que doa um próton, e a base é a espécie que aceita um próton. Na reação abaixo, o
cloreto de hidrogênio (HCl) age como um ácido, doando um próton para a água, e a
água, por sua vez, satisfaz a definição de uma base porque ela aceita um próton do
HCl, visto que ela apresenta um par de elétrons livres (Bruice, 2006; Clayden, 2012).
Atenção
Pares de elétrons livres também podem formar uma ligação
covalente com um próton. E na reação inversa o H3O+ é um ácido,
pois ele realiza a doação de um próton para Cl, já o Cl- é uma base,
pois aceita um próton do H3O+.
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De acordo Brønsted e Lowry, um ácido não sofre dissociação em água, mas atua
transferindo o seu próton para a água, gerando o íon hidrônio em uma reação de
equilíbrio, além de propiciar a formação de uma base conjugada do ácido em questão.
No entanto, a base recebe um H+ da água e, nesse caso, a água age como ácido.
Nessa reação sempre haverá dois pares conjugados ácido-base.
Ácido-base
Em 1923, foi criada a definição de Lewis para ácidos e bases, a qual é mais geral,
levando em consideração os ácidos não próticos, os denominados ácidos de Lewis,
como o Boro no BF3, que apresenta hibridização sp2 e possui o orbital p vazio, estando
disponível para receber um par de elétrons de uma base.
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Saiba mais
Para saber mais sobre o tema, acesse o artigo A linguagem química
e o ensino da química orgânica.
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Conclusão
As ligações covalentes desempenham um papel importante na determinação das
propriedades dos compostos orgânicos, resultando em moléculas estáveis. Essa
estabilidade influencia diretamente as propriedades físicas e químicas, como ponto
de fusão e reatividade química. Além disso, os compostos orgânicos podem exibir
propriedades ácidas ou básicas com base na presença de grupos funcionais.
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Referências
BRUICE, P. Química orgânica. 4. ed. São Paulo: Pearson, 2006. v. 1.
CLAYDEN, G. W. Organic Chemistry. 2nd ed. New York: Oxford University Press, 2012.