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Modelo de redação Nota 1000

Tema: Invisibilidade e registro civil: pessoas sem documentos (2021)

“Em “Vidas secas”, obra literária do modernista Graciliano Ramos, Fabiano e sua família vivem uma situação
degradante marcada pela miséria. Na trama, os filhos do protagonista não recebem nomes, sendo chamados apenas como
o “mais velho” e o “mais novo”, recurso usado pelo autor para evidenciar a desumanização do indivíduo. Ao sair da ficção,
sem desconsiderar o contexto histórico da obra, nota-se que a problemática apresentada ainda percorre a atualidade: a
não garantia de cidadania pela invisibilidade da falta de registro civil. A partir desse contexto, não se pode hesitar – é
imprescindível compreender os impactos gerados pela falta de identificação oficial da população.
A priori, é nítido que o deficitário registro civil repercute, sem dúvida, na persistente falta de pertencimento
como cidadão brasileiro. Isso acontece, porque, como já estudado pelo historiador José Murilo de Carvalho, para que haja
uma cidadania completa no Brasil é necessária a coexistência dos direitos sociais, políticos e civis. Sob essa ótica,
percebe-se que, quando o pilar civil não é garantido – em outras palavras, a não efetivação do direito devido à falta do
registro em cartório –, não é possível fazer com que a cidadania seja alcançada na sociedade. Dessa forma, da mesma
maneira que o “mais novo” e o “mais velho” de Graciliano Ramos, quase 3 milhões de brasileiros continuam por ser
invisibilizados: sem nome oficial, sem reconhecimento pelo Estado e, por fim, sem a dignidade de um cidadão.
Ademais, a falta do sentimento de cidadania na população não registrada reflete, também, na manutenção
de uma sociedade historicamente excludente. Tal questão ocorre, pois, de acordo com a análise da antropóloga brasileira
Lilia Schwarcz, desde a Independência do Brasil, não há a formação de um ideal de coletividade – ou seja, de uma “Nação”
ao invés de, meramente, um “Estado”. Com isso, o caráter de desigualdade social e exclusão do diferente se mantém,
sobretudo, no que diz respeito às pessoas que não tiveram acesso ao registro oficial, as quais, frequentemente, são
obrigadas a lidar com situações humilhantes por parte do restante da sociedade: das mais diversas discriminações até o
fato de não poderem ter qualquer outro documento se, antes, não tiverem sua identificação oficial.
Portanto, ao entender que a falta de cidadania gerada pela invisibilidade do não registro está diretamente
ligada à exclusão social, é tempo de combater esse grave problema. Assim, cabe ao Poder Executivo Federal, mais
especificamente o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, ampliar o acesso aos cartórios de registro
civil. Tal ação deverá ocorrer por meio da implantação de um Projeto Nacional de Incentivo à Identidade Civil, o qual irá
articular, junto aos gestores dos municípios brasileiros, campanhas, divulgadas pela mídia socialmente engajada, que
expliquem sobre a importância do registro oficial para garantia da cidadania, além de instruções para realizar o processo,
a fim de mitigar as desigualdades geradas pela falta dessa documentação. Afinal, assim como os meninos em “Vidas
secas”, toda a população merece ter a garantia e o reconhecimento do seu nome e identidade. “

Passo a passo para escrever no dia da prova:


Faça um planejamento antes do rascunho – anote as suas ideias, suas teses (causas e consequências), o repertório que
vai usar; faça isso em algum espaço em branco, antes da folha de rascunho;
Depois desse planejamento, comece a fazer seu rascunho; seu texto deve ser organizado assim:

1º parágrafo – Introdução – máximo 8 linhas


• Force ao máximo suas lembranças em busca de um repertório cultural para começar (filmes, séries, livros, músicas,
poemas, fatos históricos – mas se não der, defina claramente a palavra-chave)
• A sua sequência de introdução deve ser assim: REPERTÓRIO CLARO E OBJETIVO + ASSOCIE ESSE
REPERTÓRIO COM O BRASIL DE HOJE + COLOQUE SUAS DUAS TESES.
Para começar sem repertório, faça assim:
Transfobia é a palavra usada para se referir ao preconceito social contra pessoas transsexuais, ou, até mesmo, àqueles
que não se identificam em seus gêneros. (CONTINUE AQUI).

2º e 3º parágrafos – expandir as teses – use toda a explicação possível para deixar claro para o leitor por que você acredita
nessa sua opinião – máximo 14 linhas.
ESTUDE UM FILÓSOFO DE CUNHO SOCIAL QUE DÊ PARA QUALQUER TEMA (DICAS: BAUMAN, KANT, LOCKE,
HOBBES, PAULO FREIRE – Leia em casa antes de ir.
Use a técnica dos porquês – pergunte ao seu argumento – porque isso acontece (pelo menos 2x).

4º parágrafo – propostas de solução – faça uma proposta que atinja as duas teses – máximo 8 linhas
Por exemplo, se você indicou que é problemas culturais, na solução você precisa indicar soluções culturais; se sua tese
indicava como problema o descaso governamental, sua intervenção deve ser a partir do governo; precisa indicar uma
solução para cada problema.
As propostas de intervenção devem contar: AGENTE (QUEM VAI FAZER – DESMEMBRADO, CLARO E OBJETIVO
QUEM VAI SER O RESPONSÁVEL POR EXECUTAR A SOLUÇÃO ) – A AÇÃO (O QUE VAI SER FEITO BEM
DETALHADO E CLARO) – PARA QUE SERÁ FEITO (objetivo da ação). RETOMADA DO REPETÓRIO LÁ DA
INTRODUÇÃO PARA FECHAR O TEXTO DE FORMA COESA (ex.: para que casos como o de “Vidas Secas” fique apenas
na literatura nacional”.)

Dicas:
SÓ FAÇA UM TÍTULO SE SOBRAR LINHA, CASO CONTRÁRIO NÃO É OBRIGATÓRIO.
NÃO FAÇA O TEXTO DIRETO, SEM UM RASCUNHO!
MELHORE SUA LETRA, DIFERENCIE MAIÚSCULAS DE MINÚSCULAS!
PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija
texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “O desafio de proteger
a população transexual no Brasil”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione,
organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para a defesa de seu ponto de vista.

TEXTOS MOTIVADORES

TEXTO 1

A liberdade sexual e de gênero e as novas configurações que surgem na sociedade a partir desse contexto podem
provocar dúvidas entre aqueles que têm menos intimidade com o tema. Seja por desconhecimento ou por preconceito
deliberado, homens e mulheres transexuais são vítimas de discriminação, diariamente.
Aline Marques nasceu em um corpo masculino, mas tinha identificação pelo universo feminino. Hoje, aos 37 anos e
integrante do projeto Transcidadania em São Paulo, luta para ser respeitada como mulher e pelos direitos da população
LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros).
Além de ser vítima de ódio e discriminação, os transexuais ainda são desconhecidos por boa parte da população. E a
falta de conhecimento impede que transexuais sejam tratados da maneira adequada, mesmo nos casos em que há
respeito por parte do interlocutor.
A gestora pública Ana Paula Benete, que trabalha com ações de inserção profissional de mulheres trans no Distrito
Federal, esclarece que uma mulher transexual é “alguém que nasce como homem (sexo biológico), mas se reconhece
como mulher”.
A falta de conhecimento se deve em parte ao tratamento que a grande mídia dá aos transexuais, defende a universitária
pernambucana Maria Clara Araújo, jovem que se tornou um símbolo nas redes sociais da luta pelos direitos dessa
população.

Fonte: https://www.ebc.com.br/trans Acesso em 11 agosto 2017.

TEXTO 2

343 LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais)


foram assassinados no Brasil em 2016. Nunca na
história desse país registraram-se tantas mortes, nos
37 anos que o Grupo Gay da Bahia (GGB) coleta e
divulga tais homicídios. A cada 25 horas um LGBT é
barbaramente assassinado vítima da “LGBTfobia”, o
que faz do Brasil o campeão mundial de crimes contra
as minorias sexuais.

Matam-se mais homossexuais aqui do que nos 13


países do Oriente e África onde há pena de morte
contra os LGBT. Tais mortes crescem
assustadoramente: de 130 homicídios em 2000,
saltou para 260 em 2010 e para 343 em 2016

Fonte: Mapa da violência do Brasil

TEXTO 3

INSTRUÇÕES:

1. O texto definitivo deve ser escrito à tinta preta, na folha própria, em até 30 linhas.
2. A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de
linhas copiadas desconsiderado para a contagem de linhas.
3. Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que:
3.1. tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada “texto insuficiente”;
3.2. fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo;
3.3. apresentar parte do texto deliberadamente desconectada do tema proposto;
3.4. apresentar nome, assinatura, rubrica ou outras formas de identificação no espaço destinado ao texto.

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