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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3
1 CONCEITO ............................................................................................................... 4
2 COMPETÊNCIA ....................................................................................................... 7
3 CARACTERÍSTICAS DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS ............................. 7
3.1 Comutativo ............................................................................................................ 8
3.2 Consensual ............................................................................................................ 8
3.3 De Adesão ............................................................................................................. 8
3.4 Oneroso.................................................................................................................. 8
3.5 Sinalagmático ........................................................................................................ 8
3.6 Personalíssimo ...................................................................................................... 9
3.7 Formalismo .......................................................................................................... 11
4 CONTRATOS EM ESPÉCIE .................................................................................. 14
4.1 Contrato de obra pública ..................................................................................... 15
4.2 Contrato de fornecimento .................................................................................... 15
4.3Contrato de prestação de serviço ......................................................................... 16
4.4 Contrato de concessão ........................................................................................ 17
4.5 Concessão de serviço público ............................................................................. 17
4.6 Permissão de serviço público .............................................................................. 18
4.6.1 Hipóteses de uso da permissão de serviço público .......................................... 18
4.7 Concessão precedida de obra pública................................................................. 19
4.8 Concessão de uso de bem público ...................................................................... 20
4.9 Contrato de gerenciamento ................................................................................. 20
4.10 Contrato de gestão ............................................................................................ 21
4.11 Termo de parceria ............................................................................................. 22
4.12 Parceria público-privada (PPP) ......................................................................... 22
4.13 Consórcio público .............................................................................................. 24
4.14 Contrato de convênio......................................................................................... 24
4.15 Contrato de credenciamento ............................................................................. 25
4.16 Contrato de trabalhos artísticos ......................................................................... 25
4.17 Contrato de empréstimo público ........................................................................ 26
4.18 Contrato de serviços de publicidade prestados por intermédio de agências de
propaganda (Lei n. 12.232/2010).................................................................. 26
5 PROGRAMA DE PARCERIAS DE INVESTIMENTOS – PPI ................................ 27
6 GARANTIA............................................................................................................. 28
6.1 Cláusula de retomada.......................................................................................... 31
7 CLÁUSULAS EXORBITANTES DO CONTRATO ................................................. 33
7.1 Alteração unilateral do contrato ........................................................................... 34
7.2 Rescisão unilateral do contrato ........................................................................... 37
7.3 Fiscalização da execução do contrato ................................................................. 40
7.4 Ocupação temporária de bens ............................................................................ 42
7.5 Aplicação de penalidades .................................................................................... 43
8 ALTERAÇÃO CONTRATUAL POR VONTADE DAS PARTES ............................ 49
9 EXTINÇÃO DOS CONTRATOS ............................................................................. 50
9.1 Extinção dos contratos na nova Lei de Licitações (Lei 14.133/2021) .................. 51
10 BIBLIOGRAFIA .................................................................................................... 54
INTRODUÇÃO

Prezado aluno,

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante


ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em
tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora
que lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!
1 CONCEITO

O contrato administrativo é disciplinado pela Lei Federal n° 8.666/93. Trata-se


de norma geral e abstrata de competência da União. As entidades da administração
pública e particulares, havendo um acordo de vontade para criar formação de vínculo
e pactuarem obrigações recíprocas, celebrarão este contrato.
É importante destacar que o contrato administrativo é regido pela Lei nº 14.133,
de 1º de abril de 2021, recentemente promulgada, e conhecida como Lei de Licitações
e Contratos Administrativos.
Maria Sylvia Zanella di Pietro, disserta que “no contrato administrativo, a
administração age como poder público, com poder de império na relação jurídica
contratual, não agindo nessa qualidade, o contrato será de direito privado ” (PIETRO,
2008).
Novamente Pietro define que “costuma-se dizer que, nos contratos de direito
privado, a Administração se nivela ao particular, caracterizando-se a relação jurídica
pelo traço da horizontalidade e que, nos contratos administrativos, a Administração
age como o poder público, com todo o seu poder de império sobre o particular,
caracterizando-se a relação jurídica pelo traço da verticalidade” (PIETRO, 2002, p.
239).
Imposto pela Lei n° 8.666/93, além dos órgãos da Administração direta,
subordinam-se ao regime do contrato administrativo: fundos especiais, fundações
públicas, autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista (e demais
entidades controladas), direta ou indiretamente, pela União, pelos Estados, Distrito
Federal e Municípios.
A execução do contrato precisa estabelecer com precisão e clareza suas
condições, que deverão ser expressas em cláusulas que definam: os direitos, as
obrigações e as responsabilidades das partes, sempre em conformidade com os
termos da licitação, e da proposta a que se vinculam.

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As características dos contratos administrativos são: formal, oneroso,
comutativo e intuitu personae. Formal porque necessita ser formulado por escrito, e
estar nos termos previstos em lei. É oneroso pois há remuneração relativa
contraprestação do objeto do contrato. Comutativo, visto que as partes do contrato
são compensadas reciprocamente. E por fim, intuitu personae, por haver a exigência
para a execução do objeto, que seja pelo próprio contratado.

Dentre as principais características dos contratos administrativos, pode-se


mencionar serem sempre consensuais, e, em regra, formais, onerosos, comutativos e
realizados intuitu personae (devem ser executados, de regra, por quem os celebrou,
não se admitindo a livre subcontratação). Além dessas características, os contratos
administrativos devem ser precedidos de licitação, somente inexigível ou dispensável
nos casos expressamente previstos na Lei (ALEXANDRINO e PAULO, 2007).
As prerrogativas são chamadas de cláusulas exorbitantes e está prevista no
artigo 104 da lei nº 14.133/21 implicitamente presente em todos os contratos
administrativos.

Art. 104. O regime jurídico dos contratos instituído por esta Lei confere à
Administração, em relação a eles, as prerrogativas de:

I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às finalidades de


interesse público, respeitados os direitos do contratado;
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II - extingui-los, unilateralmente, nos casos especificados nesta Lei;

III - fiscalizar sua execução;

IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou parcial do ajuste;

V - ocupar provisoriamente bens móveis e imóveis e utilizar pessoal e


serviços vinculados ao objeto do contrato nas hipóteses de:

a) risco à prestação de serviços essenciais;

b) necessidade de acautelar apuração administrativa de faltas contratuais


pelo contratado, inclusive após extinção do contrato.

§ 1º As cláusulas econômico-financeiras e monetárias dos contratos não


poderão ser alteradas sem prévia concordância do contratado.

§ 2º Na hipótese prevista no inciso I do caput deste artigo, as cláusulas


econômico-financeiras do contrato deverão ser revistas para que se
mantenha o equilíbrio contratual. (BRASIL, 2021)

Essas cláusulas determinam: garantias ao poder público contratante de


modificação unilateral dos contratos, com intuito de adequá-los às necessidades do
poder público; rescisão unilateral da avença por motivo de descumprimento do
contrato ou justificado em razões de interesse público; a aplicação de penalidades que
estejam previstas em lei; e a fiscalização e o controle dos contratos celebrados, assim

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como a possibilidade permitida ao Estado de ocupação temporária de bens da
contratada (para evitar a interrupção do serviço prestado) em casos de necessidade.
Essas cláusulas exorbitantes não serão aplicadas aos contratos privados que
forem celebrados pelo poder público, salvo as situações excepcionais, devendo estar
expressamente definidas no instrumento de acordo.

2 COMPETÊNCIA

A Constituição Federal em seu artigo 22, XXVII define que para legislar sobre
as de licitações e contratos administrativos a União deverá proceder à legislação
acerca das normas gerais:

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades,


para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União,
Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI,
e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos
do art. 173, § 1º, III; (BRASIL, 1988).

Desta forma, União deve editar as leis que traçam as regras gerais, e para os
estados e municípios caberá a edição de normas suplementares, desde que obedeça
às regras da legislação.
A União, no que diz respeito a competência editou a lei 14.133/21,
regulamentando o artigo 37, XXI da Constituição Federal substituindo a lei anterior,
que dispõe sobre as licitações e os contratos administrativos pertinentes a obras,
compras, locações, serviços, alienações, no âmbito dos poderes da União, Estados,
Municípios e Distrito Federal.

3 CARACTERÍSTICAS DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

Para a caracterização, a doutrina se vale de aplicação da teoria geral dos


contratos, para assim, encontrar os elementos essenciais. Há outras características
presentes nas avenças celebradas pelo poder público, ao qual será analisada. Por
isso, todo contrato administrativo será:

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3.1 Comutativo

Previamente gera direitos e deveres definidos para ambas as partes, e não há


submissão a álea (Administração Pública) por parte dos contratantes, não havendo
contratos que corra risco. Diferentes do direito civil que permite celebrar contratos
aleatórios, sem que haja a necessidade de definir obrigações para uma das partes,
Característica que não é permitida nos contratos públicos.

3.2 Consensual

Apenas com o consenso das partes formaliza-se o contrato, não sendo


necessário que se transfira o bem. Portanto, a partir do momento que se firmar o
contrato entre as partes, consequentemente o bem já é transferido.

3.3 De Adesão

No que diz respeito as cláusulas contratuais não é permitido rediscuti-las, por


que elas são impostas por uma das partes (poder público) e outra parte (particular),
sendo necessário analisar e apenas aderir ou não à proposta.

3.4 Oneroso

Em regra geral, não se admite que os contratos firmados com o poder público
sejam gratuitos, o particular deve ser remunerado por executar a atividade ou entrega
do bem do acordo firmado entre as partes.

3.5 Sinalagmático

A execução de uma das partes enseja no adimplemento contratual pela outra,


sendo assim, as obrigações das partes devem ser recíprocas.

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3.6 Personalíssimo

O contrato administrativo será celebrado apenas com quem vencer o


procedimento licitatório, não sendo permitido transferir à terceiro. Sendo assim, o
contrato é de natureza intuito personae, e possibilidade de subcontratação do objeto
de acordo, limitado às hipóteses que são permitidas por lei.
Portanto, os contratos só serão celebrados entre os indivíduos que participaram
e venceram o processo licitatório limitando a possibilidade de subcontratação. Salvo
alguns contratos como de concessão de serviço público, que exige a licitação para
subcontratação.
A lei 14.133/21, no artigo 122, no que dispõe sobre a subcontratação, prevê
essa possibilidade quando houver previsão no edital ou no contrato, e também é
preciso haver a concordância da administração.

Art. 122. Na execução do contrato e sem prejuízo das responsabilidades


contratuais e legais, o contratado poderá subcontratar partes da obra, do
serviço ou do fornecimento até o limite autorizado, em cada caso, pela
Administração.

§ 1º O contratado apresentará à Administração documentação que comprove


a capacidade técnica do subcontratado, que será avaliada e juntada aos
autos do processo correspondente.

§ 2º Regulamento ou edital de licitação poderão vedar, restringir ou


estabelecer condições para a subcontratação.

§ 3º Será vedada a subcontratação de pessoa física ou jurídica, se aquela ou


os dirigentes desta mantiverem vínculo de natureza técnica, comercial,
econômica, financeira, trabalhista ou civil com dirigente do órgão ou entidade
contratante ou com agente público que desempenhe função na licitação ou
atue na fiscalização ou na gestão do contrato, ou se deles forem cônjuge,
companheiro ou parente em linha reta, colateral, ou por afinidade, até o
terceiro grau, devendo essa proibição constar expressamente do edital de
licitação (BRASIL, 2021).

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O artigo 92 da referida lei prevê a forma do contrato e cláusulas que são
indispensáveis:

Art. 92. São necessárias em todo contrato cláusulas que estabeleçam:

I - o objeto e seus elementos característicos;

II - a vinculação ao edital de licitação e à proposta do licitante vencedor ou ao


ato que tiver autorizado a contratação direta e à respectiva proposta;

III - a legislação aplicável à execução do contrato, inclusive quanto aos casos


omissos;

IV - o regime de execução ou a forma de fornecimento;

V - o preço e as condições de pagamento, os critérios, a data-base e a


periodicidade do reajustamento de preços e os critérios de atualização
monetária entre a data do adimplemento das obrigações e a do efetivo
pagamento;

VI - os critérios e a periodicidade da medição, quando for o caso, e o prazo


para liquidação e para pagamento;

VII - os prazos de início das etapas de execução, conclusão, entrega,


observação e recebimento definitivo, quando for o caso;

VIII - o crédito pelo qual correrá a despesa, com a indicação da classificação


funcional programática e da categoria econômica;

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IX - a matriz de risco, quando for o caso;

X - o prazo para resposta ao pedido de repactuação de preços, quando for o


caso;

XI - o prazo para resposta ao pedido de restabelecimento do equilíbrio


econômico-financeiro, quando for o caso;

XII - as garantias oferecidas para assegurar sua plena execução, quando


exigidas, inclusive as que forem oferecidas pelo contratado no caso de
antecipação de valores a título de pagamento;

XIII - o prazo de garantia mínima do objeto, observados os prazos mínimos


estabelecidos nesta Lei e nas normas técnicas aplicáveis, e as condições de
manutenção e assistência técnica, quando for o caso;

XIV - os direitos e as responsabilidades das partes, as penalidades cabíveis


e os valores das multas e suas bases de cálculo;

XV - as condições de importação e a data e a taxa de câmbio para conversão,


quando for o caso;

XVI - a obrigação do contratado de manter, durante toda a execução do


contrato, em compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, todas as
condições exigidas para a habilitação na licitação, ou para a qualificação, na
contratação direta;

XVII - a obrigação de o contratado cumprir as exigências de reserva de cargos


prevista em lei, bem como em outras normas específicas, para pessoa com
deficiência, para reabilitado da Previdência Social e para aprendiz;

XVIII - o modelo de gestão do contrato, observados os requisitos definidos


em regulamento;

XIX - os casos de extinção (BRASIL, 2021).

3.7 Formalismo

O artigo 37, XXI da Constituição exige que haja o procedimento licitatório,


valendo também para os contratos celebrados pela administração pública que são
regidos pelo direito privado.
O contrato deve ser escrito e ter um termo que concretize a celebração. Desta
forma o processo licitatório será formalizado em processo regular, e a contratação
deverá respeitar os requisitos determinados por lei.

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Em determinadas situações, a lei permite a celebração de contrato por meio
de: nota de empenho, carta-contrato, ordem de execução de serviço ou autorização
de compra, abstendo-se do termo de contrato propriamente dito todas as vezes que
se tratar de avença celebrada com um valor mais baixo.
Quando se tratar de contratos cujo valor enseje a dispensa de licitação, com
efeito a lei diz que o instrumento de contrato poderá ser dispensado. E assim, o
instrumento de contrato não se faz necessário para: obras e serviços de engenharia
de até R$ 100.000,00; e para a aquisição de bens (e outros serviços) no valor de R$
50.000,00.
Vale destacar para melhor entendimento, que mesmo não tendo sido realizado
o procedimento licitatório por inexigibilidade ou alguma outra hipótese de dispensa, o
instrumento de contrato ainda assim é obrigatório, se não estiver presente algumas
das condições mencionadas acima.
Exemplo 1

Exemplo 2

Assim, não é preciso seguir a forma estabelecida para contratos de compras


com entrega imediata e integral dos bens adquiridos ou contratos de valores baixos,
que não resultem em obrigações futuras. Ou seja, não precisa do instrumento de
contrato, para estes casos a lei permite substituir o termo de contrato por: carta
contrato, nota de empenho da despesa, ordem de serviço e autorização de compra.
É permitido que qualquer licitante tenha conhecimento do termo do contrato e
do processo licitatório, levando-se em conta que o termo de contrato funciona como
documentação do próprio e observando o princípio da publicidade.
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Art. 95. O instrumento de contrato é obrigatório, salvo nas seguintes
hipóteses, em que a Administração poderá substituí-lo por outro instrumento
hábil, como carta-contrato, nota de empenho de despesa, autorização de
compra ou ordem de execução de serviço:

II - compras com entrega imediata e integral dos bens adquiridos e dos quais
não resultem obrigações futuras, inclusive quanto a assistência técnica,
independentemente de seu valor (BRASIL, 2021).

Ao celebrar o contrato deverá ser mencionado: o nome das partes, e de seus


representantes; a finalidade; o ato que autorizou sua lavratura; o número do processo;
da inexigibilidade (ou dispensa); as cláusulas; e a sujeição dos contratantes às normas
desta lei. Em caso alterações, deverá ser realizada através de aditamento, que será
formalizado em conformidade com a lei, e por fim será publicado.
Outro requisito indispensável é a divulgação, deve ser de inteiro teor do
contrato, é decorrente do princípio da publicidade como já mencionado, pois garante
a informação acerca do contrato a toda sociedade no Portal Nacional de Contratações
Públicas (PNCP). O prazo passa contar do momento da assinatura das partes: 20
(vinte) dias úteis no caso de licitação, e 10 (dez) dias úteis no caso de contratação
direta.
Se o contrato não for publicado pela administração, ainda assim, será válido e
perfeito, só não será eficaz, e não produzirá efeito, uma vez que a eficácia depende
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da publicidade do contrato. Ressaltando, que os contratos que são firmados em casos
de urgência, o efeito se dá desde a data da assinatura e também devem ser
publicados nos prazos já mencionados.
Nos casos de contratação profissional de setor artístico, deverá ser identificado
todos os custos, o valor cachê (dos artistas e dos músicos) ou da banda, quando
houver: transporte, hospedagem, da logística do evento e demais despesas.
Já na contratação de obra pública, é preciso ser divulgado o valor da proposta
de cada item, no máximo até 25 dias úteis após a assinatura do contrato. E em até 45
dias úteis após a conclusão do contrato, deve ser divulgado os preços efetivamente
pagos.

4 CONTRATOS EM ESPÉCIE

A legislação brasileira contempla diversas espécies de contratos


administrativos. Segundo Mazza (2022) os mais importantes tipos de contrato são:

 Contrato de obra pública;


 Contrato de fornecimento;
 Contrato de prestação de serviço;
 Concessão de serviço público;
 Permissão de serviço público;
 Concessão de serviço público precedida de obra;
 Concessão de uso de bem público;
 Contrato de gerenciamento;
 Contrato de gestão;
 Termo de parceria;
 Parceria público-privada;
 Consórcio público;
 Contrato de convênio;
 Contrato de credenciamento.

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4.1 Contrato de obra pública

É o ajuste por meio do qual a Administração seleciona uma empresa privada


com a finalidade de realizar a construção, reforma ou ampliação de imóvel destinado
ao público ou ao serviço público.
Segundo Hely Lopes Meirelles (2011), as obras públicas podem ser de quatro
tipos:
a) equipamento urbano: ruas, praças, estádios;
b) equipamento administrativo: aparelhos para o serviço da Administração
Pública em geral;
c) empreendimentos de utilidade pública: ferrovias, rodovias;
d) edifício público: repartições, cadeias etc.
Bastante importante é a distinção entre obra e serviço. Entre outras
consequências da diferenciação, está o fato de que obras públicas podem ser
remuneradas pela cobrança de contribuição de melhoria junto aos contribuintes, ao
passo que a prestação de serviço público enseja a arrecadação de taxa. Na obra,
existe um predomínio do resultado final sobre a atividade, enquanto no serviço
prepondera a atividade sobre o resultado final. Assim, por exemplo, para a construção
de uma ponte, é realizada a tarefa de construir, mas o resultado final, isto é, a ponte
construída, predomina sobre o processo de construção (MAZZA, 2022).
Os contratos de obra podem ter basicamente dois regimes de execução:
a) regime de empreitada: a Administração atribui a execução da obra por conta
e risco do contratado, mediante remuneração previamente ajustada. O pagamento
pode ser realizado por preço global ou preço unitário;
b) regime de tarefa: consistente na execução de obras de pequeno porte com
pagamento periódico, após verificação do fiscal do órgão contratante. Em geral, o
tarefeiro não fornece os materiais, somente a mão de obra e os instrumentos de
trabalho.

4.2 Contrato de fornecimento

É o contrato administrativo por meio do qual a Administração adquire coisas


móveis para utilização nas repartições públicas ou estabelecimentos públicos.
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Exemplo: contrato de fornecimento de gêneros alimentícios para escolas da rede
pública (MAZZA, 2022).
O contrato pode ser de três tipos:
a) fornecimento integral: em que a entrega é realizada de uma só vez;
b) fornecimento parcelado: a entrega fracionada obedece a uma programação
prévia. O fornecimento é encerrado somente após a entrega final da quantidade
contratada;
c) fornecimento contínuo: a entrega é sucessiva e se estende no tempo.

4.3 Contrato de prestação de serviço

É todo aquele que tem por objeto a prestação de uma atividade destinada a
obter determinada utilidade de interesse para a Administração Pública ou para a
coletividade, predominando o fazer sobre o resultado final.
Exemplos: coleta de lixo, demolição, conserto, instalação, montagem,
operação, conservação, reparação, adaptação, manutenção, transporte, locação de
bens, publicidade, seguro ou trabalhos técnico-profissionais (art. 6º, II, da Lei n.
8.666/93) (MAZZA, 2022).
Segundo Hely Lopes Meirelles (2011), os serviços contratados podem ser de
diversos tipos:
a) serviços comuns: são aqueles realizáveis por qualquer pessoa. Exemplo:
limpeza. A contratação dessa espécie de serviço sempre exige licitação;
b) serviços técnicos profissionais generalizados: exigem alguma habilitação
específica, mas não demandam maiores conhecimentos. Exemplo: serviços de
engenharia. A celebração do contrato também pressupõe procedimento licitatório;
c) serviços técnicos profissionais especializados: exigem conhecimento mais
apurado do que nos serviços comuns. Exemplo: elaboração de pareceres. A
contratação desses serviços pode caracterizar hipótese de inexigibilidade se o
contratado tiver notória especialização;
d) trabalhos artísticos: são atividades profissionais relacionadas com escultura,
pintura e música. Contratação de serviços artísticos, em regra, depende de prévia
licitação na modalidade concurso, exceto se as circunstâncias recomendarem a

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escolha de artista renomado e consagrado pela crítica especializada ou pelo público
em geral, caso em que haverá contratação direta por inexigibilidade de licitação.

4.4 Contrato de concessão

O nome “concessão” é utilizado pela legislação brasileira para designar


diversas espécies de contratos ampliativos nos quais a Administração Pública delega
ao particular a prestação de serviço público, a execução de obra pública ou o uso de
bem público.
Todas as modalidades de contrato de concessão são bilaterais, comutativos,
remunerados e intuitu personae (MAZZA, 2022).
ATENÇÃO:
A concessão de jazida prevista no art. 176 da Constituição Federal, na verdade, não
é contrato, mas ato unilateral do Presidente da República: “Art. 176. As jazidas, em
lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica
constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou
aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a propriedade do
produto da lavra”.

4.5 Concessão de serviço público

A concessão de serviço público é o mais importante contrato administrativo


brasileiro, sendo utilizado sempre que o Poder Público opte por promover a prestação
indireta de serviço público mediante delegação a particulares. Exemplos de serviços
sob concessão: transporte aéreo de passageiros, radiodifusão sonora (rádio) e de
sons e imagens (televisão), concessão de rodovias etc.
A base constitucional do instituto é o art. 175 da Constituição Federal, segundo
o qual: “Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de
concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços
públicos. Parágrafo único. A lei disporá sobre: I – o regime das empresas
concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter especial de seu
contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e

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rescisão da concessão ou permissão; II – os direitos dos usuários; III – política tarifária;
IV – a obrigação de manter serviço adequado”.
O referido dispositivo autoriza concluir que ocorre prestação direta quando for
realizada pessoalmente pelo próprio Estado (Administração direta), enquanto será
indireta a prestação quando estiver a cargo de concessionários e permissionários. A
delegação da prestação a concessionários e permissionários, por expressa
determinação constitucional, depende da realização de procedimento licitatório. No
caso da concessão, a licitação deve ser processada na modalidade concorrência
pública ou via diálogo competitivo, ao passo que na permissão pode ser utilizada
qualquer modalidade licitatória (MAZZA, 2022).

4.6 Permissão de serviço público

A concessão de serviço público não é o único instrumento hábil a promover a


delegação da prestação de serviços públicos a particulares. É o que se extrai na
norma contida no art. 175 da Constituição Federal: “Incumbe ao Poder Público, na
forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através
de licitação, a prestação de serviços públicos”.
Segundo a doutrina, a permissão de serviço público é o ato administrativo
unilateral, discricionário, intuitu personae e precário que realiza, mediante prévia
licitação, a delegação temporária da prestação do serviço público (MAZZA, 2022).

4.6.1 Hipóteses de uso da permissão de serviço público

De acordo com Celso Antônio Bandeira de Mello, “o Estado, em princípio, valer-


se-ia da permissão justamente quando não desejasse constituir o particular em
direitos contra ele, mas apenas em face de terceiros” (BANDEIRA DE MELLO, 2009,
p. 753).
Sobre as hipóteses mais frequentes de utilização da permissão, o citado mestre
esclarece: “Pelo seu caráter precário, caberia utilizá-lo quando: a) o permissionário
não necessitasse alocar grandes capitais para o desempenho do serviço, b) poderia
mobilizar, para diversa destinação e sem maiores transtornos, o equipamento
utilizado, ou, ainda, c) quando o serviço não envolvesse implantação física de
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aparelhamento que adere ao solo, ou, finalmente, d) quando os riscos da precariedade
a serem assumidos pelo permissionário fossem compensáveis seja pela extrema
rentabilidade do serviço, seja pelo curtíssimo prazo em que se realizaria a satisfação
econômica almejada”.
E completa o famoso administrativista: “A precariedade significa, afinal, que a
Administração dispõe de poderes para, flexivelmente, estabelecer alterações ou
encerrá-la, a qualquer tempo, desde que fundadas razões de interesse público o
aconselhem, sem obrigação de indenizar o permissionário”.
Como se nota, a comparação entre os institutos da concessão e da permissão
de serviço público é uma preocupação permanente da doutrina. As diferenças mais
notáveis são:
a) quanto à natureza jurídica: a concessão é contrato bilateral; a permissão é
unilateral;
b) quanto aos beneficiários: a concessão só beneficia pessoas jurídicas; a
permissão pode favorecer pessoas físicas ou jurídicas;
c) quanto ao capital: a concessão pressupõe maior aporte de capital; a
permissão exige menor investimento;
d) quanto à constituição de direitos: a concessão constitui o concessionário em
direitos contra o poder concedente; a permissão não produz esse efeito;
e) quanto à extinção unilateral: sendo extinta antecipadamente, a concessão
enseja direito à indenização para o concessionário; a permissão, devido ao caráter
precário, autoriza o Poder Público a extinguir unilateralmente o vínculo, sem ocasionar
ao permissionário direito à indenização;
f) quanto à licitação: a concessão depende de licitação na modalidade
concorrência pública; a permissão pode ser outorgada mediante licitação em qualquer
modalidade;
g) quanto à forma de outorga: a concessão de serviço público se dá por meio
de lei específica; a permissão depende de simples autorização legislativa.

4.7 Concessão precedida de obra pública

O art. 2º, III, da Lei n. 8.987/95, alterado pela Lei n. 14.133/2021, conceitua o
contrato de concessão de serviço público precedida da execução de obra pública

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como “a construção, total ou parcial, conservação, reforma, ampliação ou
melhoramento de quaisquer obras de interesse público, delegados pelo poder
concedente, mediante licitação, na modalidade concorrência ou diálogo competitivo,
a pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para a sua
realização, por sua conta e risco, de forma que o investimento da concessionária seja
remunerado e amortizado mediante a exploração do serviço ou da obra por prazo
determinado”.
Trata-se, na verdade, de uma concessão comum, mas com a peculiaridade de
que, antes do início da prestação do serviço, o concessionário constrói uma obra
pública cujo uso será por ele explorado economicamente. A cobrança pela utilização
da obra construída é a principal fonte de remuneração do concessionário, nessa
modalidade de contrato. É o caso, por exemplo, do concessionário que realiza a
construção de uma ponte para, em seguida, cobrar, como forma de amortização do
investimento, pedágio dos usuários que a utilizarem (MAZZA, 2022).

4.8 Concessão de uso de bem público

Concessão de uso de bem público é o contrato administrativo pelo qual o Poder


Público outorga ao particular, mediante prévia licitação, a utilização privativa de um
bem público, por prazo determinado, de forma remunerada ou não, no interesse
predominantemente público.
Difere da permissão e da autorização pelo fato de essas formas de outorga de
uso de bens públicos serem atos unilaterais, ao contrário da concessão, que tem
natureza de contrato (MAZZA, 2022).

4.9 Contrato de gerenciamento

O contrato de gerenciamento é aquele em que o Poder Público contratante


transfere ao particular gerenciador a condução de um empreendimento, reservando
para si a competência decisória final. O contratante permanece responsável pelos
encargos financeiros da execução das obras e serviços projetados, com os
respectivos equipamentos para sua implantação e operação.

20
O gerenciador exerce em nome próprio uma atividade técnica especializada
(por exemplo, construindo uma obra), mas sempre sujeito ao controle de resultados
feito pelo governo.
Ao contrário dos contratos comuns de obra pública e prestação de serviços, no
gerenciamento o contratado detém uma acentuada autonomia executória para
desenvolvimento da tarefa contratada, permanecendo o contratante com a
competência para aprovação das propostas apresentadas e dos trabalhos realizados
(MAZZA, 2022).

4.10 Contrato de gestão

Contrato de gestão é a terminologia genérica utilizada pela doutrina para


designar qualquer acordo operacional firmado entre a Administração central e
organizações sociais, para fixar metas de desempenho, permitindo melhor controle de
resultados.
O contrato de gestão é um instituto introduzido no direito brasileiro pela Emenda
Constitucional n. 19/98 como um dos instrumentos de parceria da Administração
característicos do modelo de administração gerencial.
Em relação ao contrato de gestão celebrado entre a União e as organizações
sociais, o art. 5º da Lei n. 9.637/98 afirma que a parceria é estabelecida para fomento
e execução de atividades relativas às áreas do ensino, à pesquisa científica, ao
desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura
e à saúde (MAZZA, 2022).
Nos termos do art. 7º da referida lei, o contrato de gestão discriminará as
atribuições, responsabilidades e obrigações do Poder Público e da organização social,
e conterá especialmente:

I – especificação do programa de trabalho proposto pela organização social,


a estipulação das metas a serem atingidas e os respectivos prazos de
execução, bem como previsão expressa dos critérios objetivos de avaliação
de desempenho a serem utilizados, mediante indicadores de qualidade e
produtividade;

II – a estipulação dos limites e critérios para despesa com remuneração e


vantagens de qualquer natureza a serem percebidas pelos dirigentes e
empregados das organizações sociais, no exercício de suas funções
(BRASIL, 1998).

21
4.11 Termo de parceria

É o instrumento firmado entre o Poder Público e as organizações da sociedade


civil de interesse público – Oscips, caracterizado como um vínculo de cooperação,
fomento e execução de atividades de interesse público (art. 9º da Lei n. 9.790/99).
Bastante similar ao contrato de gestão celebrado com as organizações sociais,
o termo de parceria também constitui um instituto ligado à lógica da administração
gerencial e do controle de resultados introduzida pela Reforma Administrativa
decorrente da Emenda n. 19/98 (MAZZA, 2022).
De acordo com o art. 10 da Lei n. 9.790/99, o termo de parceria deve discriminar
direitos, responsabilidades e obrigações das partes signatárias, tendo como cláusulas
essenciais:

I – a definição do objeto contratual, mediante a especificação do programa de


trabalho proposto pela Oscip;

II – a estipulação das metas e dos resultados a serem atingidos e os


respectivos prazos de execução;

III – a previsão expressa dos critérios objetivos de avaliação de desempenho


utilizados, mediante indicadores de resultado;

IV – a previsão de receitas e despesas a serem realizadas, estipulando as


categorias contábeis usadas pela organização e o detalhamento das
remunerações e benefícios de pessoal, pagos com recursos oriundos ou
vinculados ao Termo de Parceria, aos seus diretores, empregados e
consultores;

V – o estabelecimento das obrigações da Oscip, entre as quais a de


apresentar ao Poder Público, ao término de cada exercício, relatório sobre a
execução do objeto do Termo de Parceria, contendo comparativo específico
das metas propostas com os resultados alcançados, acompanhado de
prestação de contas dos gastos e receitas efetivamente realizados;

VI – a publicação, na imprensa oficial, de extrato do Termo de Parceria e de


demonstrativo da sua execução física e financeira, contendo os dados
principais da documentação obrigatória, sob pena de não liberação dos
recursos previstos no Termo de Parceria (BRASIL, 1999).

4.12 Parceria público-privada (PPP)

Criadas pela Lei n. 11.079/2004, as parcerias público-privadas (PPPs) são um


instrumento contratual concebido para incentivar o investimento privado no setor
22
público, por meio da repartição objetiva dos riscos entre o Estado (parceiro público) e
o investidor particular (parceiro privado).
Trata-se de um tipo peculiar de contrato de concessão, bastante criticado pela
doutrina por transformar o Estado em garantidor do retorno do investimento privado
aplicado na parceria, tornando-se atrativo por reduzir demasiadamente, para o
contratado, os “riscos do negócio” (MAZZA, 2022).
Curioso observar que as PPPs representam uma quarta fase na evolução
histórica das formas de prestação de serviços públicos:
1ª Fase (ausência do Estado na prestação): num primeiro momento, até o
início do século XX, e sob a vigência do chamado Estado Liberal ou Estado-Polícia, o
Poder Público não prestava serviços públicos à coletividade, já que a missão
fundamental atribuída ao Estado consistia na simples fiscalização da atuação dos
particulares.
2ª Fase (prestação direta): com o advento das chamadas Constituições
Sociais, especialmente a mexicana de 1917 e a alemã de 1919, surgiu o denominado
Estado Social ou Estado Providência, encarregado da prestação direta de inúmeros
serviços públicos.
3ª Fase (prestação indireta via concessão e permissão): já na metade do
século XX, ocorreu a conhecida “Crise do Estado Social”, desencadeada, entre outras
razões, pela má qualidade dos serviços prestados pelos organismos estatais. Foi
então, especialmente após a Segunda Guerra Mundial, que a prestação de serviços
públicos deixou de ser realizada diretamente pelo Estado e passou a ser delegada a
empresas privadas por meio de instrumentos de concessão e permissão de serviços
públicos.
4ª Fase (prestação com distribuição de riscos): o alto custo da prestação e
o risco elevado que envolve a condição de concessionário de serviço público,
associados ao desenvolvimento do capitalismo financeiro e à escassez de recursos
públicos, forçaram o Estado moderno a criar novas fórmulas para tornar mais atrativa
a prestação de serviços públicos para o investidor privado. As PPPs nasceram nesse
contexto de falta de recursos públicos, ineficiência na gestão governamental e
necessidade de distribuição de riscos para atrair parceiros privados.

23
4.13 Consórcio público

Tradicionalmente, a doutrina nacional sempre definiu consórcio público como o


contrato administrativo firmado entre entidades federativas do mesmo tipo (Municípios
com Municípios, Estados-membros com Estados-membros), para realização de
objetivos de interesse comum. Exemplo: Consórcio Intermunicipal do Grande ABC
(formado por Municípios da Região do ABC Paulista). Nesse ponto, os consórcios
públicos difeririam dos convênios, à medida que estes também são contratos
administrativos de mútua cooperação, mas entre entidades federativas desiguais.
Exemplo: convênio de ICMS celebrado entre a União e os Estados-membros.
Entretanto, com a promulgação da Lei n. 11.107/2005, que “dispõe sobre
normas gerais para a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
contratarem consórcios públicos para a realização de objetivos de interesse comum”
(art. 1º), foi criada outra espécie de contrato de consórcio público. Na referida lei, os
consórcios públicos podem ser celebrados entre quaisquer entidades federativas, do
mesmo tipo ou não (MAZZA, 2022).
Deve-se, portanto, concluir pela existência de dois tipos de contratos de
consórcio público no Brasil:
a) consórcios públicos convencionais: celebrados entre entidades federativas
do mesmo tipo;
b) consórcios públicos regidos pela Lei n. 11.107/2005: firmados entre
quaisquer entidades federativas.

4.14 Contrato de convênio

Convênio é o acordo administrativo multilateral firmado entre entidades


públicas de qualquer espécie, ou entre estas e organizações particulares, visando a
cooperação recíproca para alcançar objetivos de interesse comum a todos os
conveniados.
Segundo doutrina majoritária, a celebração de convênios sempre depende de
prévia autorização legislativa. Mas o Supremo Tribunal Federal considera
inconstitucional a obrigatoriedade dessa autorização legal por violar a independência
dos Poderes (MAZZA, 2022).
24
Os convênios diferem dos consórcios, essencialmente, quanto a dois pontos:
a) convênios podem ser celebrados entre quaisquer entidades públicas, ou
entre estas e organizações particulares; consórcios são firmados somente entre
entidades federativas;
b) convênios não resultam na criação de novas pessoas jurídicas; os
consórcios da Lei n. 11.107/2005 têm como característica fundamental a instituição
de uma pessoa jurídica autônoma.

4.15 Contrato de credenciamento

Credenciamento é o contrato administrativo pelo qual o Poder Público habilita


qualquer interessado em realizar determinada atividade, sem necessidade de
estabelecer competição. Normalmente, o credenciamento é utilizado para casos em
que todos os interessados podem ser contratados diante da conveniência em
disponibilizar a maior quantidade possível de prestadores da atividade credenciada.
Exemplos: credenciamento de hospitais para o Sistema Único de Saúde – SUS;
credenciamento de clínicas para realizar exame médico de habilitação em motoristas.
Como o credenciamento não envolve competitividade entre os interessados, na
celebração do contrato não se realiza procedimento licitatório (MAZZA, 2022).

4.16 Contrato de trabalhos artísticos

É o contrato celebrado pelo Poder Público visando a realização de obra de arte.


Em regra, tal contratação exige prévio procedimento licitatório na modalidade
concurso (art. 22, § 4º, da Lei n. 8.666/93). Excepcionalmente, se o profissional do
setor artístico for consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública,
admite-se a contratação direta por inexigibilidade de licitação (art. 25, III, da Lei n.
8.666/93) (MAZZA, 2022).

25
4.17 Contrato de empréstimo público

Empréstimo público é o contrato por meio do qual a Administração Pública


obtém recursos junto a instituições financeiras privadas para atender situações de
emergência ou de peculiar interesse público (MAZZA, 2022).

4.18 Contrato de serviços de publicidade prestados por intermédio de agências


de propaganda (Lei n. 12.232/2010)

A Lei n. 12.232, de 29 de abril de 2010, estabelece normas gerais sobre


licitações e contratações pela Administração Pública de serviços de publicidade
prestados necessariamente por intermédio de agências de propaganda, no âmbito da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (art. 1º).
Nos termos do art. 2º da lei, “considera-se serviços de publicidade o conjunto
de atividades realizadas integradamente que tenham por objetivo o estudo, o
planejamento, a conceituação, a concepção, a criação, a execução interna, a
intermediação e a supervisão da execução externa e a distribuição de publicidade aos
veículos e demais meios de divulgação, com o objetivo de promover a venda de bens
ou serviços de qualquer natureza, difundir ideias ou informar o público em geral”.
A licitação será sempre julgada com base nos critérios de melhor técnica ou
técnica e preço (MAZZA, 2022).
Trata-se, na verdade, de um contrato comum de prestação de serviços com
peculiaridades no procedimento licitatório que antecede a contratação, como a
inversão das fases naturais do certame, de modo que o julgamento das propostas
antecede a fase de habilitação (arts. 5º e 6º) e, especialmente, no que se refere à nova
figura da multiadjudicação, que consiste na possibilidade de o objeto da licitação ser
adjudicado a mais de uma empresa licitante.
Após a multiadjudicação, será promovido um novo processo seletivo, com
regras fixadas pelo órgão público ou entidade contratante, somente entre as agências
adjudicatárias, tendo a finalidade de selecionar quem irá celebrar o contrato. É uma
outra competição após a licitação (MAZZA, 2022).

26
5 PROGRAMA DE PARCERIAS DE INVESTIMENTOS – PPI

A Lei nº 13.334, de 13-9-16, criou o Programa de Parcerias de Investimentos –


PPI, destinado ao fortalecimento da interação entre o Estado e a iniciativa privada por
meio da celebração de contratos de parceria para a execução de empreendimentos
públicos de infraestrutura e de outras medidas de desestatização (art. 1º).
Embora utilize o vocábulo “parceria”, a lei não se aplica apenas aos contratos
de parceria público-privada, mas às várias modalidades de contratos mencionadas no
artigo 1º, § 2º, da Lei: concessão comum, concessão patrocinada, concessão
administrativa, concessão regida por legislação setorial, permissão de serviço público,
arrendamento de bens públicos, concessão de direito real de uso e outros negócios
público-privados que, em função de seu caráter estratégico e de sua complexidade,
especificidade, volume de investimentos, longo prazo, riscos ou incertezas envolvidos,
adotem estrutura jurídica semelhante (DI PIETRO, 2022).
A Lei não institui modalidade nova de contrato, já que ela contém medida de
fomento à celebração de contratos entre o poder público e a iniciativa privada, bem
como às demais medidas do Programa Nacional de Desestatização a que se refere a
Lei nº 9.491, de 9-9-97.
Para viabilizar o cumprimento da Lei, o artigo 14 autoriza o BNDES a constituir
e participar do Fundo de Apoio à Estruturação de Parcerias – FAEP, “que terá por
finalidade a prestação onerosa, por meio de contrato, de serviços técnicos
profissionais especializados para a estruturação de parcerias de investimentos e de
medidas de desestatização”. Vale dizer que o FAEP pode ser contratado pelos órgãos
ou entidades públicas para prestação de serviços técnicos profissionais
especializados, ou seja, para a estruturação dos projetos que integrem ou venham a
integrar o PPI (DI PIETRO, 2022).
O FAEP, que será administrado pelo próprio BNDES, é um fundo de natureza
privada e patrimônio próprio constituído por recursos: I – oriundos da integralização
de cotas, em moeda corrente nacional, por pessoas jurídicas de direito público,
organismos internacionais e pessoas naturais ou jurídicas de direito privado, estatais
ou não estatais; II – as remunerações recebidas por seus serviços; III – os recebidos
pela alienação de bens e direitos, ou de publicações, material técnico, dados e
informações; IV – os rendimentos de aplicações financeiras que realizar; e V – os

27
recursos provenientes de outras fontes definidas em seu estatuto (art. 14, caput e §
6º).
O PPI tem aplicação apenas à União. Mas o artigo 17 contém norma voltada
para os demais entes da federação, que exerçam competências de cujo exercício
dependa a viabilização de empreendimento do PPI, exigindo que atuem “em conjunto
e com eficiência, para que sejam concluídos, de forma uniforme econômica e em
prazo compatível com o caráter prioritário nacional do empreendimento, todos os
processos e atos administrativos necessários à sua estruturação, liberação e
execução”. A exigência justifica-se porque, muitas vezes, a execução do
empreendimento, mesmo sendo de iniciativa do governo federal, pode depender de
licenças, autorizações, registros, permissões, direitos de uso ou exploração, regimes
especiais, de natureza regulatória, ambiental, urbanística, de trânsito, patrimonial
pública etc., conforme consta do § 1º do artigo 17 (DI PIETRO, 2022).

6 GARANTIA

Fica definido no artigo 96 da lei 14.133/21 uma possibilidade que se dá ao ente


público, de solicitar do particular a prestação de garantia para a assinatura dos
contratos administrativos, tendo como objetivo, garantir a plena execução do contrato.
A lei prevê como forma de garantia caução que pode ser exigida pelo Estado,
garantindo o ressarcimento de danos nos casos de descumprimento contratual da
parte do particular. E essa garantia poderá ser prestada a critério do contratado
privado, em: títulos da dívida pública, dinheiro, seguro garantia ou fiança bancária.
O valor dessa garantia fica definido no bojo do contrato, e a lei estabelece o
limite máximo de 5% do valor do contrato, e nos contratos que envolvam alta
complexidade técnica (ou riscos financeiros consideráveis) a garantia pode chegar a
10% do valor inicial do contrato. Lembrando da regra que é o ente estatal quem define
o valor da caução.

28
Art. 96. A critério da autoridade competente, em cada caso, poderá ser
exigida, mediante previsão no edital, prestação de garantia nas contratações
de obras, serviços e fornecimentos.

§ 1º Caberá ao contratado optar por uma das seguintes modalidades de


garantia:

I - caução em dinheiro ou em títulos da dívida pública emitidos sob a forma


escritural, mediante registro em sistema centralizado de liquidação e de
custódia autorizado pelo Banco Central do Brasil, e avaliados por seus
valores econômicos, conforme definido pelo Ministério da Economia;

II - seguro-garantia;

III - fiança bancária emitida por banco ou instituição financeira devidamente


autorizada a operar no País pelo Banco Central do Brasil.

§ 2º Na hipótese de suspensão do contrato por ordem ou inadimplemento da


Administração, o contratado ficará desobrigado de renovar a garantia ou de
endossar a apólice de seguro até a ordem de reinício da execução ou o
adimplemento pela Administração.

§ 3º O edital fixará prazo mínimo de 1 (um) mês, contado da data de


homologação da licitação e anterior à assinatura do contrato, para a
prestação da garantia pelo contratado quando optar pela modalidade prevista
no inciso II do § 1º deste artigo. (BRASIL, 2021)

A lei ainda dispõe quais são as possíveis formas de garantia contratual, mas,
quem determina a forma de prestação não é o ente público, e sim o particular
contratado. A garantia poderá ser prestada sob as seguintes formas: dinheiro; títulos
da dívida pública; seguro garantia; e fiança bancária. Para melhor entendimento
analise o quadro abaixo:

29
Ao final do contrato será possível duas situações:

30
6.1 Cláusula de retomada

O edital poderá requerer a prestação da garantia na modalidade seguro-


garantia do tipo “Acordo Performance Bond” na contratação de serviços e obras de
engenharia, com cláusula de retomada, considerando-se o contrato no qual a
seguradora torna-se responsável pelo seu cumprimento na forma como foi concebido,
e essa empresa seguradora será responsável e apta para fiscalizar a execução do
contrato (independente da fiscalização do poder público).
Para haver essa possibilidade, a seguradora deve assinar o contrato como
interveniente anuente, para ter acesso à auditoria técnica e contábil, que possibilitará
também o acesso às instalações onde serão executadas as obrigações contratuais, e
poderá acompanhar a execução e solicitar qualquer tipo de dúvida.
A vista disso, o contrato de seguro será capaz de estabelecer a obrigação de
seguradora em caso de inadimplemento por parte do contratado, assumir a execução
e concluir o objeto do contrato. Condição em que a emissão de empenho se dará em
nome da seguradora ou a quem ela indicar para a conclusão do contrato, que só será
autorizada mediante demonstração de sua regularidade fiscal. Podendo essa
empresa subcontratar a conclusão do contrato: total ou parcialmente.

31
Temos assim, na hipótese de inadimplemento do contrato, as seguintes
situações a serem ilustradas:

A cláusula de retomada é muito comum no mercado de seguros, por ter


melhores soluções para a cobertura dos riscos contratados no seguro-garantia.
Podendo a garantia ser de 30% do valor inicial do contrato.
No que diz respeito a subcontratação total do remanescente do objeto do
contrato pela seguradora, essa possibilidade se caracteriza permissão arriscada para
o poder público, por permitir a ocorrência de fraudes e de acordos indevidos.
Considerando-se o fato de que o ente estatal não terá controle acerca de quem será
subcontratado, o que poderá violar os princípios da impessoalidade e moralidade.
Contudo, esse tipo de contratação pode proporcionar melhoria na execução de
uma obra (de grande porte) através da participação da seguradora desde o momento
que antecede a celebração do contrato até a sua conclusão. As seguradoras deverão
atuar na identificação de falhas nos projetos, e na fiscalização rígida da obra, exigindo
do tomador qualidade e que ele cumpra os prazos contratuais.
A prestação de garantia a 30% da contratação, causa uma grande onerosidade
nos contratos administrativos. Porém, caso a garantia seja inferior a isso, a

32
seguradora optará pelo pagamento do prêmio, não assumindo assim, a finalização do
contrato.
A contratação de seguro com cláusula de retomada é vista de forma
excepcional e pontual.

7 CLÁUSULAS EXORBITANTES DO CONTRATO

Tratadas pela lei como prerrogativas da Administração Pública, as cláusulas


exorbitantes são aquelas que extrapolam as regras e, são características dos
contratos que apresentam vantagem excessiva à administração pública. Por decorrer
da supremacia de interesse público sobre o interesse privado, e colocar o Estado em
posição de superioridade jurídica na avença.
Em todos os contratos administrativos, essas cláusulas são implícitas, não
dependendo de previsão expressa no acordo, por decorrerem da lei. Não são
cláusulas necessárias uma vez que as garantias do poder público decorrem
diretamente do texto legal.
Estas cláusulas estão previstas no art. 104 da lei 14.133/21, e ensejam à
administração pública a prerrogativa de alteração unilateral do acordo ou rescisão
unilateral, assim como a possibilidade de fiscalização e controle da relação contratual,
somada a possibilidade de aplicação de penalidades e de ocupação temporária dos
bens da contratada, buscando evitar a paralisação da atividade pública.
Confira a ilustração abaixo do artigo 104:

33
7.1 Alteração unilateral do contrato

Para regular as disposições contratuais na busca contínua pelo interesse


público, o Estado contratante poderá modificar a avença, apesar do consentimento da
outra parte, desde que não prejudique o contratado e desde que essa modificação
seja feita nos limites estabelecidos por lei.
A lei determina que é possível a alteração unilateral quando houver mudança
do projeto ou das especificações, para ajustar técnicas aos objetivos, e quando for
preciso a modificação do valor contratual, em resultados de acréscimo ou diminuição
quantitativa de seu objeto. A vista disso, a administração não poderá alterar o objeto
do contrato, pois tal atitude iria burla a licitação.
É quantitativa a modificação do projeto, e será plausível sempre que o projeto
original apresentado pelo Estado, por algum motivo público (justificado) não atender
aos desejos da administração. Já a modificação referente ao valor da contratação,
sua natureza de alteração é quantitativa e, no que lhe diz respeito, tem os limites

34
definidos por lei, que prevê que o particular deve aceitar as alterações feitas
unilateralmente pela administração pública em até 25% do valor original do contrato,
para acréscimos ou revogações.

Por isso, deve-se ter a seguinte regra em mente:

É necessário destacar que os limites tratados, devem ser aplicados da mesma


forma para as modificações qualitativas. Embora seja matéria controversa,
ocasionando divergência doutrinária, a maioria entende que a alteração no projeto
original não pode ensejar um aumento (de custos) acima de 25% do valor originário
do contrato, com a ressalva de 50%, quando se referir a contratação de reforma.
Se a alteração unilateral for realizada no que tange o projeto original, ou se for
alteração atinente à quantidade do objeto contratado, a legislação em vigor, entende
que se aplica os limites percentuais definidos de acordo com a lei.
Seja qual for o motivo para a alteração contratual, ainda assim, esta alteração
encontra uma barreira que o Estado não pode ultrapassar, seja qual for o equilíbrio

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econômico financeiro do contrato. Isso significa que independente do que acontecer,
a margem de lucro contratada será mantida, por nada poderá ser alterada pela
administração pública, e o particular não terá prejuízos nem redução nos lucros.
Na celebração de contratos administrativos, a partir do seu efeito, ficam
presentes a s vontades dos contratantes, o interesse público e o lucro almejado pelo
particular contratado. Por este motivo, a administração pública tem poder de modificar
o contrato, buscando assim, satisfazer os interesses da sociedade, desde que não
desequilibre os valores previamente acordados.
Porém, se o particular comprovar despesas já feitas com material de mil
quilômetros, poderá o mesmo ser indenizado pela administração de acordo com o
valor da nota fiscal (dos produtos) para assim, não ter prejuízo.
Assim dispõe o artigo 129 da lei 14.133/21:

Art. 129. Nas alterações contratuais para supressão de obras, bens ou


serviços, se o contratado já houver adquirido os materiais e os colocado no
local dos trabalhos, estes deverão ser pagos pela Administração pelos custos
de aquisição regularmente comprovados e monetariamente reajustados,
podendo caber indenização por outros danos eventualmente decorrentes da
supressão, desde que regularmente comprovados (BRASIL, 2021).

Do mesmo modo, se a administração pública ao invés de reduzir precisar


acrescer o valor do objeto do contrato em 20%, esse valor será acrescido
proporcionalmente para a administração pública no objeto contratual. Lembrando que
essas alterações contratuais não podem atingir a margem de lucro inicialmente
pactuada, pois é garantia irremovível do contratado.
Para mais, vale frisar, que alterações unilaterais que são feitas pela
administração pública deverão ser por motivo de interesse público devidamente
justificada. Ou seja, o contratante precisará demonstrar qual fato originou a

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contratação que dá ensejo a necessidade de modificação de cláusulas contratuais,
para assim, evitar prejuízo maior ao interesse da coletividade.

7.2 Rescisão unilateral do contrato

A rescisão unilateral é um benefício dado ao ente público de colocar fim à


avença, com ou sem a autorização do particular, e, sem depender de decisão judicial,
assim dispõe o artigo 137 da lei 14.133/21.
Sendo assim, o contrato poderá ser extinto antes do prazo determinado no
acordo. Podendo ser em razão do inadimplemento do particular ou, interesse público
devidamente justificado.
Na rescisão motivada por interesse público, deverá a administração indenizar
o particular em caso de dano, assim como deverá indenizar também os investimentos
não amortizados do contrato, em razão da extinção antecipada do acordo. Além do
ressarcimento, a lei dispõe que dos prejuízos comprovados, o particular contratado
terá direito à devolução da garantia prestada, aos pagamentos devidos pela execução
do contrato até a data da rescisão.

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Os valores devidos a particular em casos de rescisão unilateral por motivo de
interesse público, a lei excluiu, não por acaso, a obrigação de pagar lucros cessantes,
por se tratar de mera expectativa de direito. Não passível de indenização, nesses
casos.
Caso o particular seja inadimplente, o mesmo deverá indenizar a administração
pública pelos danos que causar em virtude dessa situação. O poder público
identificando algum caso de inadimplemento do particular contratado, deverá assumir
imediatamente o objeto do contrato (no estado e local que estiver), ocupar e utilizar o
local, material, instalações, e equipamentos empregados na execução do contrato,
essenciais à sua continuidade, executar a garantia contratual para o ressarcimento da
administração e dos valores das multas e indenizações a ela devidos. Retendo os
créditos decorrentes do contrato até o limite dos prejuízos causados à administração.
O art. 139 da referida lei leciona que:

Art. 139. A extinção determinada por ato unilateral da Administração poderá


acarretar, sem prejuízo das sanções previstas nesta Lei, as seguintes
consequências:

I - assunção imediata do objeto do contrato, no estado e local em que se


encontrar, por ato próprio da Administração;

II - ocupação e utilização do local, das instalações, dos equipamentos, do


material e do pessoal empregados na execução do contrato e necessários à
sua continuidade;

III - execução da garantia contratual para:

a) ressarcimento da Administração Pública por prejuízos decorrentes da não


execução;

b) pagamento de verbas trabalhistas, fundiárias e previdenciárias, quando


cabível;

c) pagamento das multas devidas à Administração Pública;

d) exigência da assunção da execução e da conclusão do objeto do contrato


pela seguradora, quando cabível;

IV - retenção dos créditos decorrentes do contrato até o limite dos prejuízos


causados à Administração Pública e das multas aplicadas.

§ 1º A aplicação das medidas previstas nos incisos I e II do caput deste artigo


ficará a critério da Administração, que poderá dar continuidade à obra ou ao
serviço por execução direta ou indireta.

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§ 2º Na hipótese do inciso II do caput deste artigo, o ato deverá ser precedido
de autorização expressa do ministro de Estado, do secretário estadual ou do
secretário municipal competente, conforme o caso (BRASIL, 2021)

A lei 8.987/95 garante nos contratos de concessão de serviços públicos a


rescisão unilateral dos contratos administrativos.

Se o ente estatal determinar suspensão de execução do contrato, por prazo


superior a 3 meses, ou se acontecerem repetidas suspensões que totalizem 90 dias
úteis, independente do pagamento obrigatório de indenização pelas sucessivas e
contratualmente imprevistas desmobilizações e mobilizações, ou, ainda em casos de
atraso superior a 2 meses (contado da emissão da nota fiscal) dos pagamentos ou de
parcelas de pagamentos devidos pela administração, por despesas de obras,
fornecimentos ou serviços, o particular poderá suspender a execução do contrato,
conforme está disposto no art. 137, § 3º, II da lei 14.133/21.
A rescisão do contrato por iniciativa do particular em virtude de inadimplemento
do Estado, nesse caso é obrigatório decisão judicial, o que deixa claro que o particular
não pode simplesmente determinar rescisão unilateral. Porém, poderá suspender a
execução do contrato pela “exceção de contrato não cumprido” ou exceptio non
adimplenti contractus. Por se tratar de cláusula implícita em acordos de vontade,
dispondo que se uma das partes não cumprir corretamente sua obrigação no contrato,
não poderá exigir cumprimento da outra parte.
Apesar de que uma parte da doutrina seja a favor de sua não aplicação aos
contratos administrativos, a lei reforça e é clara ao dispor que caso aconteça alguma
das situações mencionadas acima (que configure irregularidade da administração),
além do direito de pleitear judicialmente a extinção do contrato, o particular poderá

39
optar pela suspensão do cumprimento das obrigações assumidas, até a normalização
do ocorrido, e até restabelecer o equilíbrio financeiro do contrato.
Essa exceção de contrato não cumprido se aplicará aos contratos
administrativos, apenas por parte do particular, caso a administração pública esteja
inadimplente por mais de 2 meses, ou suspenda por ato próprio, a execução contratual
por mais de 3 meses consecutivos, ou, alternadamente faça essa suspensão por
diversas vezes e atinja o limite de 90 dias úteis de suspensão. Ou seja, o particular
contratado deve suportar o inadimplemento do poder público, por determinado tempo
(prazo regulamentado por lei), sem que se justifique a paralisação do contrato. Após
o prazo legal estipulado, poderá o contratado suspender a execução do contrato.
Mesmo na legislação anterior o STJ se manifestava a favor dessa paralisação.
Ela previa a possibilidade de paralisação por parte do particular em casos de não
pagamento do poder público, por mais de 90 dias.
A vista disso, como garantia do princípio da continuidade, o particular
(contratado) não terá autonomia para suspender a execução do contrato, ainda que a
administração pública seja inadimplente. Se não estiverem configuradas as hipóteses
de suspensão expressamente previstas no texto legal. Vale ressaltar que a redução
da tolerância do particular antes de se valer da exceção do contrato não cumprido,
será de 90 dias, para 2 meses.
O novo regime proporcionou a redução do período de inadimplemento que o
particular precisará suportar para valer-se da execução do contrato não cumprido.

7.3 Fiscalização da execução do contrato

Trata-se de poder-dever da administração pública, tendo em vista que,


constatada a ausência de fiscalização, poderá o Estado responder por omissão, por
danos causados pela empresa e também no que se refere ao inadimplemento das
obrigações trabalhistas.
Para essa fiscalização, a administração pública deve disponibilizar um ou mais
agentes públicos para ficarem por conta de fiscalizar a execução do contrato,
aplicando penalidades e exigindo o cumprimento das obrigações. Assim determina o
art. 117 da lei 14.133/21:

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Art. 117. A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por
1 (um) ou mais fiscais do contrato, representantes da Administração
especialmente designados conforme requisitos estabelecidos no art. 7º desta
Lei, ou pelos respectivos substitutos, permitida a contratação de terceiros
para assisti-los e subsidiá-los com informações pertinentes a essa atribuição.

§ 1º O fiscal do contrato anotará em registro próprio todas as ocorrências


relacionadas à execução do contrato, determinando o que for necessário para
a regularização das faltas ou dos defeitos observados.

§ 2º O fiscal do contrato informará a seus superiores, em tempo hábil para a


adoção das medidas convenientes, a situação que demandar decisão ou
providência que ultrapasse sua competência.

§ 3º O fiscal do contrato será auxiliado pelos órgãos de assessoramento


jurídico e de controle interno da Administração, que deverão dirimir dúvidas e
subsidiá-lo com informações relevantes para prevenir riscos na execução
contratual.

§ 4º Na hipótese da contratação de terceiros prevista no caput deste artigo,


deverão ser observadas as seguintes regras:

I - a empresa ou o profissional contratado assumirá responsabilidade civil


objetiva pela veracidade e pela precisão das informações prestadas, firmará
termo de compromisso de confidencialidade e não poderá exercer atribuição
própria e exclusiva de fiscal de contrato;

II - a contratação de terceiros não eximirá de responsabilidade o fiscal do


contrato, nos limites das informações recebidas do terceiro contratado.
(BRASIL, 2021)

O agente púbico que é o responsável pela administração, deve realizar


anotações de todas as ocorrências relacionadas à execução do contrato, indicando o
que for preciso para a regularização dos defeitos e das falhas observadas. Todas as
decisões, e providências que excederem a competências do representante,
precisarão ser solicitadas aos seus superiores em tempo hábil, para assim, tomar as
medidas necessárias.
Para mais, o contratado precisará se manter preposto, aceito pela
administração pública, no local da obra (ou serviço) para representa-lo na execução
do contrato. Lembrando que a fiscalização contratual não reduz ou exclui a
responsabilidade do particular contratado que continua sendo responsável pelos
danos causados diretamente à administração ou terceiros, decorrente de sua culpa
ou dolo na execução do contrato. Não havendo redução, ou exclusão de sua
responsabilidade em virtude da fiscalização, ou, o acompanhamento pelo órgão de
que tenha interesse.
41
Serão os órgãos de assessoramento jurídico e de controle interno da
administração, que irão auxiliar o fiscal do contrato, e também deverão suprir as
dúvidas e auxiliá-los com informações relevantes para evitar riscos na execução do
contrato.
Por fim, a contratação de terceiros para assessorar o fiscal do contrato, não
anula sua responsabilidade, a partir das informações recebidas pelo contratado. Isso
porque a empresa contratada assume responsabilidade civil objetiva pela veracidade
e precisão das informações prestadas.

7.4 Ocupação temporária de bens

Refere-se a cláusulas exorbitantes que visam a garantia do princípio da


continuidade do serviço prestado. Há determinadas situações que para manter a
prestação dos serviços prestados pela parte contratada, o Estado precisa ocupar os
bens da contratada temporariamente. Com efeito, em casos de serviços essenciais, a
administração pública tem poder de ocupar provisoriamente os bens: móveis, imóveis,
pessoal e também serviços que são vinculados ao objeto do contrato, em hipóteses
de necessidade de acautelar apuração administrativa de faltas contratuais pelo
contratado, assim como na hipótese de rescisão do contrato.

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A ocupação temporária poderá ser precedida de processo administrativo, em
que sejam assegurados o contraditório e a ampla defesa ao particular contratado,
garantindo ainda, o direito à indenização por eventuais prejuízos.

7.5 Aplicação de penalidades

Na lei 14.133/21 em seu art. 104, IV, define como cláusula exorbitante o poder
da aplicação de penalidades à particulares contratados em decorrência de
descumprimento do acordo.
Nesse âmbito, o artigo 155 da referida lei enumera infrações que podem
possibilitar a aplicação dessas penalidades. Para melhor entender e memorizar,
observe o esquema abaixo:

43
Estas penalidades estão previstas na legislação, e dividem-se em 4 (quatro)
hipótese, e será aplicada de acordo com a gravidade da infração cometida. Confira:

Vale ressaltar que a multa não deve ser confundida com ressarcimento por
prejuízo. Além do dever de ressarcir ao erário por eventuais danos que forem
causados, poderá ser aplicada à particular sanção de multa punitiva. E a multa deve
44
ser antecedida para o acusado apresentar defesa, com prazo de abertura de 15 dias
pelo poder público.

A lei determina que o contrato deve regulamentar os valores da multa. Não


podendo ser inferior a 0,5% (cinco décimos por cento) nem superior a 30% (trinta por
cento) do valor do contrato licitado.
É importante frisar que se trata de penalidades que são aplicadas por
autoridades de maior nível hierárquico. Sendo assim:

No que diz respeito à aplicação das sanções de impedimento de licitar,


contratar, e de declaração de inidoneidade, decorre da instauração de processo de
responsabilização a ser orientado por comissão que componha 2 ou mais servidores,
e estes irão avaliar fatos e circunstâncias conhecidos, e intimar o licitante (ou
contratado) no prazo de 15 dias úteis (a contar da data de intimação), para apresentar
defesa escrita, e especificar as provas produzidas, com garantia do princípio do
contraditório.
Observe abaixo quais são as possibilidades de reabilitação do licitante ou
contratado, e quais as exigências.

45
Há diferença entre penalidades de: impedimento de licitar e contratar e de
declaração de inidoneidade. No impedimento de licitar e contratar atingirá apenas o
ente federativo que aplicar a pena (incluindo todas as entidades do ente federativo)
ou seja, irá atingir entes da administração direta e indireta da esfera do poder daquela
entidade. Já a declaração de inidoneidade atingirá todos os entes da federação, e a
empresa que for declarada inidônea não poderá contratar com nenhuma entidade da
administração pública (direta ou indireta) de quaisquer dos poderes da: União,
Estados, Municípios ou Distrito Federal. O prazo de duração poderá variar nos termos
da lei, que será de 3 a 6 anos.
A nova legislação inovou, e passou a permitir a aplicação em conjunto com a
lei de anticorrupção (lei 12.846/13). Portanto, as infrações que estiverem previstas na

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lei 14.133/21, ou em outras leis referentes a licitação e contratos da administração
pública.
Os atos lesivos tipificados no art. 5º da lei 12.846/13 também se aplicará e
serão apurados e julgados nos mesmos autos. São eles:

Art. 5o Constituem atos lesivos à administração pública, nacional ou


estrangeira, para os fins desta Lei, todos aqueles praticados pelas pessoas
jurídicas mencionadas no parágrafo único do art. 1o, que atentem contra o
patrimônio público nacional ou estrangeiro, contra princípios da
administração pública ou contra os compromissos internacionais assumidos
pelo Brasil, assim definidos:

I - prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vantagem indevida a


agente público, ou a terceira pessoa a ele relacionada;

II - comprovadamente, financiar, custear, patrocinar ou de qualquer modo


subvencionar a prática dos atos ilícitos previstos nesta Lei;

III - comprovadamente, utilizar-se de interposta pessoa física ou jurídica para


ocultar ou dissimular seus reais interesses ou a identidade dos beneficiários
dos atos praticados;

IV - no tocante a licitações e contratos:

a) frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro


expediente, o caráter competitivo de procedimento licitatório público;

b) impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato de procedimento


licitatório público;

c) afastar ou procurar afastar licitante, por meio de fraude ou oferecimento de


vantagem de qualquer tipo;

d) fraudar licitação pública ou contrato dela decorrente;

e) criar, de modo fraudulento ou irregular, pessoa jurídica para participar de


licitação pública ou celebrar contrato administrativo;

f) obter vantagem ou benefício indevido, de modo fraudulento, de


modificações ou prorrogações de contratos celebrados com a administração
pública, sem autorização em lei, no ato convocatório da licitação pública ou
nos respectivos instrumentos contratuais; ou

g) manipular ou fraudar o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos


celebrados com a administração pública;

V - dificultar atividade de investigação ou fiscalização de órgãos, entidades


ou agentes públicos, ou intervir em sua atuação, inclusive no âmbito das
agências reguladoras e dos órgãos de fiscalização do sistema financeiro
nacional.
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§ 1o Considera-se administração pública estrangeira os órgãos e entidades
estatais ou representações diplomáticas de país estrangeiro, de qualquer
nível ou esfera de governo, bem como as pessoas jurídicas controladas,
direta ou indiretamente, pelo poder público de país estrangeiro.

§ 2o Para os efeitos desta Lei, equiparam-se à administração pública


estrangeira as organizações públicas internacionais.

§ 3o Considera-se agente público estrangeiro, para os fins desta Lei, quem,


ainda que transitoriamente ou sem remuneração, exerça cargo, emprego ou
função pública em órgãos, entidades estatais ou em representações
diplomáticas de país estrangeiro, assim como em pessoas jurídicas
controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público de país estrangeiro
ou em organizações públicas internacionais (BRASIL, 2013).

Vale frisar, que essa lei trata dos atos lesivos que qualquer indivíduo (pessoa
jurídica) praticar contra a fazenda pública, e a referida lei determina infrações de
natureza civil e administrativa.
A lei 14.133/21 em seu art. 160, prevê a possibilidade de desconsideração da
personalidade jurídica:

Art. 160. A personalidade jurídica poderá ser desconsiderada sempre que


utilizada com abuso do direito para facilitar, encobrir ou dissimular a prática
dos atos ilícitos previstos nesta Lei ou para provocar confusão patrimonial, e,
nesse caso, todos os efeitos das sanções aplicadas à pessoa jurídica serão
estendidos aos seus administradores e sócios com poderes de
administração, a pessoa jurídica sucessora ou a empresa do mesmo ramo
com relação de coligação ou controle, de fato ou de direito, com o sancionado,
observados, em todos os casos, o contraditório, a ampla defesa e a
obrigatoriedade de análise jurídica prévia (BRASIL, 2021).

Já as punições, serão aplicadas em consonância ao princípio da


proporcionalidade, não se admitindo a aplicação de penalidades mais intensas ou
extensas. Os agentes públicos que praticarem qualquer ato que o prejudique a
licitação ficarão sujeitos às sanções administrativas penais e civis cabíveis. E a lei
14.133/21 define as sanções penais a serem aplicadas a esses agentes.

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8 ALTERAÇÃO CONTRATUAL POR VONTADE DAS PARTES

Em algumas situações o contrato administrativo poderá ser modificado de


forma bilateral, que é o acordo de ambas as partes. Havendo quatro hipóteses:

Quando há fatos supervenientes que ensejam a necessidade de revisão


contratual, se dividem entre situações de: caso fortuito, interferências imprevistas,
força maior, além de hipóteses de fato da administração e fato do príncipe, que

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caracteriza situação excepcional que ameace a manutenção do equilíbrio financeiro
contratual.

9 EXTINÇÃO DOS CONTRATOS

Os contratos administrativos se extinguem pelo decurso do prazo contratual,


ou pela execução do objeto. Porém, a extinção dos contratos poderá ocorrer de forma
prematura quando houver impossibilidade de continuidade do ajuste, rescisão culposa
ou não, assim como se constatada ilegalidade na licitação ou no contrato, ocorrerá
anulação do contrato.
Os motivos que podem facilitar a rescisão de contratos administrativos, está
previsto no art. 78 da Lei 8.666/1993. Se dividem em três hipóteses:

O mencionado artigo utiliza a expressão “rescisão” em casos de


inadimplemento do contratado e da Administração, como também para as hipóteses
não imputadas às partes.
A rescisão dos contratos administrativos pode ser: unilateral, que é quando
determinada pela Administração por razões de interesse público ou em caso de falta
contratual imputada ao particular; judicial, quando a extinção por sentença judicial

50
normalmente ocorre por iniciativa do particular, quando há falta contratual cometida
pela Administração, uma vez que lhe é vedado impor a alteração na via administrativa;
e por decisão arbitral, em que a utilização da arbitragem nos contratos administrativos
encontra fundamento. E em qualquer uma destas hipóteses, a rescisão do contratado
deverá ser motivada, bem como deverá se respeitar o princípio da ampla defesa e do
contraditório.

9.1 Extinção dos contratos na nova Lei de Licitações (Lei 14.133/2021)

Os contratos administrativos após a fundamentação formal, ampla defesa e


contraditório, poderão ser extintos pelos motivos elencados no art. 137 da nova Lei de
Licitações, que indica os motivos de extinção prematura da relação contratual,
exigindo-se motivação, ampla defesa e contraditório para sua formalização, o que não
exclui a denominada extinção natural do contrato, que ocorre com o cumprimento
integral das obrigações, ou, com o advento do prazo de vigência fixado no instrumento
contratual.

Art. 137. Constituirão motivos para extinção do contrato, a qual deverá ser
formalmente motivada nos autos do processo, assegurados o contraditório e
a ampla defesa, as seguintes situações:

I - não cumprimento ou cumprimento irregular de normas editalícias ou de


cláusulas contratuais, de especificações, de projetos ou de prazos;

II - desatendimento das determinações regulares emitidas pela autoridade


designada para acompanhar e fiscalizar sua execução ou por autoridade
superior;

III - alteração social ou modificação da finalidade ou da estrutura da empresa


que restrinja sua capacidade de concluir o contrato;

IV - decretação de falência ou de insolvência civil, dissolução da sociedade


ou falecimento do contratado;

V - caso fortuito ou força maior, regularmente comprovados, impeditivos da


execução do contrato;

VI - atraso na obtenção da licença ambiental, ou impossibilidade de obtê-la,


ou alteração substancial do anteprojeto que dela resultar, ainda que obtida
no prazo previsto;

51
VII - atraso na liberação das áreas sujeitas a desapropriação, a desocupação
ou a servidão administrativa, ou impossibilidade de liberação dessas áreas;

VIII - razões de interesse público, justificadas pela autoridade máxima do


órgão ou da entidade contratante;

IX - não cumprimento das obrigações relativas à reserva de cargos prevista


em lei, bem como em outras normas específicas, para pessoa com
deficiência, para reabilitado da Previdência Social ou para aprendiz (BRASIL,
2021).

Estas hipóteses elencadas no mencionado artigo, são em grande medida


parecidas com os casos indicados no art. 78 da Lei 8.666/93. Além de alguns ajustes
na redação, o novo dispositivo legal inseriu novas situações que podem justificar a
extinção prematura do contrato notadamente, indicadas nos incisos VI, VII e IX do art.
137.
Já o artigo 138 determina que:

Art. 138. A extinção do contrato poderá ser:

I - determinada por ato unilateral e escrito da Administração, exceto no caso


de descumprimento decorrente de sua própria conduta;

II - consensual, por acordo entre as partes, por conciliação, por mediação ou


por comitê de resolução de disputas, desde que haja interesse da
Administração;

III - determinada por decisão arbitral, em decorrência de cláusula


compromissória ou compromisso arbitral, ou por decisão judicial.

§ 1º A extinção determinada por ato unilateral da Administração e a extinção


consensual deverão ser precedidas de autorização escrita e fundamentada
da autoridade competente e reduzidas a termo no respectivo processo.

§ 2º Quando a extinção decorrer de culpa exclusiva da Administração, o


contratado será ressarcido pelos prejuízos regularmente comprovados que
houver sofrido e terá direito a:

I - devolução da garantia;

II - pagamentos devidos pela execução do contrato até a data de extinção;

III - pagamento do custo da desmobilização (BRASIL, 2021).

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Caso ocorra extinção que decorra de culpa exclusiva da Administração Pública,
o contratado deverá será ser ressarcido pelos prejuízos, desde que sejam
comprovados, como dispõe o § 2º do art. 138.
Na nova legislação, podemos notar, que há possibilidade de convenção de
arbitragem para dirimir conflitos nos contratos administrativos, na linha já permitida
pelo art. 1.º, §§ 1.º, e 2.º, e art. 2.º, § 3.º, da Lei 9.307/1996, alterada pela Lei
13.129/2015.
Os artigos 151 a 154 da nova Lei de Licitações, permitem a utilização de meios
“alternativos” de prevenção e resolução de controvérsias, a conciliação, a mediação,
o comitê de resolução de disputas, e a arbitragem.

Art. 151. Nas contratações regidas por esta Lei, poderão ser utilizados meios
alternativos de prevenção e resolução de controvérsias, notadamente a
conciliação, a mediação, o comitê de resolução de disputas e a arbitragem.

Parágrafo único. Será aplicado o disposto no caput deste artigo às


controvérsias relacionadas a direitos patrimoniais disponíveis, como as
questões relacionadas ao restabelecimento do equilíbrio econômico-
financeiro do contrato, ao inadimplemento de obrigações contratuais por
quaisquer das partes e ao cálculo de indenizações.

Art. 152. A arbitragem será sempre de direito e observará o princípio da


publicidade.

Art. 153. Os contratos poderão ser aditados para permitir a adoção dos meios
alternativos de resolução de controvérsias.

Art. 154. O processo de escolha dos árbitros, dos colegiados arbitrais e dos
comitês de resolução de disputas observará critérios isonômicos, técnicos e
transparentes (BRASIL, 2021).

O processo de escolha dos árbitros, dos colegiados arbitrais e dos comitês de


resolução de disputas observará critérios isonômicos, técnicos e transparentes, como
dispõe o art. 154.
A nova Lei reforça a tese que sustentamos em outra oportunidade, segundo a
qual a escolha dos árbitros e das câmaras arbitrais, revela hipótese de inexigibilidade
de licitação, em razão da inviabilidade de competição, o que não exclui a necessidade
de critérios isonômicos, técnicos e transparentes por parte da Administração Pública,
o que pode ser garantido, por exemplo, por meio do credenciamento ou
cadastramento, por parte da Administração Pública de instituições arbitrais que
cumprirem os requisitos básicos fixados pela Administração.

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10 BIBLIOGRAFIA

ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Administrativo Descomplicado.


17. Ed. São Paulo: Método, 2009.
ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Administrativo. Niterói: Impetus,
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BRASIL. Lei nº 12.846, de 01 de agosto de 2013.
BRASIL. Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993.
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