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NOÇÃO DO REGISTO CIVIL

Razão: O registo público resulta de uma vontade e necessidade de guardar acontecimentos de factos
que são suscetíveis de produzir factos jurídicos, como o objetivo de poder fazer prova da sua
existência.

O registo civil ocupa-se dos registos de segurança jurídica, registos esse que tem como função
satisfazer determinados requisitos:
1. O controlo da legalidade e da verdade da ocorrência dos factos juridicos objeto do registo +e
assegurado pelo Estado
2. a conexão entre registos, como forma de assegurar a exatidão das situações jurídicas
sucessivamente decorrentes dos factos registados
3. A situação jurídica decorrente do registo é oponível a terceiros – significa que a situação
juridica existe e afeta o direito desses terceiros.
4. A publicidade do registo está assegurada, no sentido de que qualquer interessado pode ter
conhecimento do seu conteudo.

EM SUMA: o registo consiste na memorização de factos jurídicos tipificados na lei, por via da sua
inscrição em suporte próprio, efetuada sob a responsabilidade do Estado com controlo da sua
verdade e legalidade. É um procedimento destinado a memorizar factos de importância juridica
dotando de

PRINCIPIOS ORIENTADORES

1. Princípios da legalidade ou da qualificação: o registo é submetido a controlo da legalidade


por jurista qualificado
2. Princípio da tipicidade ou do «numerus clausus»: só podem ser registados factos que a lei
permite ou determina que o sejam
3. Princípio da presunção da verdade registal: a situação jurídica resultante do registo existe
nos precisos termos dele constantes.
4. Princípio da especialidade: as pessoas e as coisas objeto do registo são claramente
especificadas e individualizadas
5. Princípio do trato sucessivo ou da conexão: a conexão entre registos sucessivos relativos à
mesma pessoa ou coisa é controlada
6. Princípio da prioridade: o direito inscrito em primeiro lugar prevalece sobre os que se lhe
seguirem
7. Princípio da instância: os registos são efetuados a pedido dos interessados
8. Princípio da publicidade: qualquer pessoa pode tomar conhecimento do conteudo dos
registos

OBJETO DO REGISTO: Factos com relevância jurídica a que a lei impõe o registo como
condição para poderem ser invocados perante terceiros e a que atribui valor de prova que só pode
ser ilidida por via contenciosa em que deve também ser pedido o cancelamento ou a retificação do
registo. O registo não pode incorporar factos que não estejam expressamente previstos na lei como a
ele sujeitos.

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Factos jurídicos a registo tem o significado de factos que podem ser levados a registo, ainda que não
necessariamente de forma organizatória.

ESPECIES DE REGISTOS:
1. Registo Civil: Objeto – a publicidade de factos juridicos referentes a pessoas singulares
2. Registo Comercial: Objeto – a publicidade de factos juridicos concernentes à atividade
económica de certas pessoas singulares (comerciantes individuais) e das pessoas coletivas
3. Registo predial: Objeto – a publicidade de factos juridicos referentes a coisas imóveis
4. Registo De Bens Móveis: respeito a factos juridicos relativos a certos bens moveis que a lei
sujeita a registo

A lei registal determina a inscrição de factos jurídicos: desses factos decorrem situações juridicas
- Situação Jurídica Pessoal: conjunto de qualidades juridicas de que +e titular uma pessoa e que constituem
o seu estado pessoal
- Situação Jurídica Real: conjunto de qualidades que determinada coisa possui num certo momento e das
circunstâncias que a afetam

FORÇA PROBATORIA DOS REGISTOS


Os registos são documentos autênticos, fazendo prova dos factos neles acrescentados pelo conservador, como
resulta dos artigos 363.º e 369.º e seguintes CC.

- ARTIGO 369.º CC.


1. N.º 1 – o documento só é autêntico quando a autoridade o oficial público que o exara for competente,
em razão da matéria e do lugar, e não estiver legalmente impedido de o lavrar.
2. N.º 2 – prevê que se considere “exarado por autoridade ou oficial público competente o documento
lavrado por quem exerça publicamente as respetivas funções, a não ser que os intervenientes ou
beneficiários conhecessem, no momento da sua feitura, a falsa qualidade da autoridade ou oficial
publico, a sua incompetência ou a irregularidade da sua investidura.

A presunção legal resultante do registo tem como efeito fazer inverter o ónus da prova: quem tem a seu favor
o registo, não precisa portanto de provar que é titular do direito correspondente, sem prejuízo, como se disse,
de a presunção poder ser ilidida mediante prova em contrário – Artigo 350.º CC

MODALIDADE DE REGISTOS

1. Definitivo ou Provisório
a. Definitivo: após ter sido efetuado o controlo da legalidade e da verdade da ocorrência do facto juridico em
causa, produzindo em consequência todos os efeitos que legalmente lhe são atribuídos
b. Provisório: a provisoriedade pode resultar de uma de duas causas, ou até de ambas – por uma parte,
a existencia de deficiências no pedido de registos, suscetíveis em todo o caso de correção no prazo de seis
meses (registo provisório por dúvidas); por outro lado, a validade ou eficácia do facto juridico estar ainda
dependente da fatura ocorrência e validade de outro facto ou do reconhecimento de um direito (registo
provisório por natureza)

2. Obrigatório ou Facultativo
a. Obrigatório: quando a lei assim o determina, seja expressamente, seja por via da fixação de prazos para o
seu pedido e de sanções para o seu não cumprimento atempado

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b. Facultativo: quando a lei, prevendo embora a possibilidade de registo do facto juridico em causa, não
estabelece qualquer prazo para o seu pedido nem quaisquer sanções para a ausencia de pedido

3. Constitutivo ou Declarativo
a. Constitutivo: quando é pelo próprio registo que se cria uma situação juridica nova que consequentemente
não existiria sem a realização do registo: o nascimento do direito resulta assim da inscrição no registo do
facto
que lhe dá origem
b. Declarativo: quando se declara ou enuncia a ocorrência de um facto jurídico valido, constituindo essa
enunciação presunção de que existe a situação jurídica nos precisos termos em que decorre desse facto.
Quando
o registo é meramente declarativo, os direitos nascem, vivem e extinguem-se independentemente da
inscrição
do registo dos factos de que resultam.

4. Aquisitivo ou Consolidativo:
a. Aquisitivo: aquele que resulta de uma aquisição tutelar, ou seja, da aquisição de um direito que só é
válida
porque uma disposição da lei assim o determina. Situação que apenas se verifica no registo predial
b. Consolidativo: corresponde à situação normal decorrente da realização de um registo declarativo e que
tem
como efeito o de impedir precisamente a ocorrência de uma situação que permita a aquisição tabular

5. Por Depósito e Por Transcrição


a. Por Depósito: são da responsabilidade e iniciativa da entidade sujeita a registo, abrange apenas
determinados factos juridicos especificados na lei, não estando sujeito a controlo da legalidade por um
serviço
de registo e não beneficia da presunção legal da verdade
b. Por Transcrição: abrange os factos sujeitos a registo comercial que não estejam referidos na lei como a
efetuar por deposito, está sujeito a controlo de legalidade e verdade, beneficiando, quando definitivo, da
presunção legal de verdade

FORMA DOS ATOS DE REGISTO


- Assento > forma primária
- Registo Civil: assento de….
- Registo Comercial: matrícula, inscrições
- Registo Predial: Descrição, Inscrição

A feitura dos registos obedece a forma definida pela lei: é o assento a forma primária de inscrição no registo
dos factos jurídicos a ele sujeito.

Assento: resultado do ato de exarar em suporte documental proprio a constância de um facto, em regra
apoiado por um título, de modo a surtir os efeitos jurídicos previstos na lei.
- Título: em sentido material, é o ato, acordo de vontades ou negócio jurídico que dá lugar ao
nascimento ou à modificação de um direito; em sentido formal, corresponde ao documento em que se
recolhe ou corporiza aquele ato jurídico.
O uso da palavra Assento mantém-se apenas no registo civil: assento de nascimento, de casamento, de óbito,
etc.; em outras espécies de registo ele toma outras designações particulares.

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Os assentos são atualizados e retificados por averbamentos e anotações que constituem as formas secundárias
ou complementares da feitura dos registos.

ORGANIZAÇÃO DOS REGISTOS – Instituto dos Registos e do Notariado


Os registos são em regra, lavrados nas conservatórias dos registos – artigo 5.º, 6.º r 6.ºA da Lei Orgânica dos
Serviços dos Registos e Notariado.
- Serviços Desconcentrados
A. Conservatórias do Registo Civil
B. Conservatórias do Registo do Predial
C. Conservatórias do Registo comercial
D. Conservatórias do Registo de Veículos
E. Os serviços de gestão de arquivos e documentos
- Serviços Centrais
A. Conservatórias do Registos Centrais
B. Registo Nacional de Pessoas Coletivas

NOÇÃO DE ATOS NOTARIAIS


- ATOS NOTARIAIS: são atos juridicos extrajudiciais a que a intervenção do notário dá forma legal e
confere autenticidade. São assim atos cujo valor probatório é fixado em função da intervenção de um notário e
até da natureza dessa intervenção.

- Notário: o jurista a cujos documentos escritos é conferida fé pública. É um oficial público que confere
autenticidade aos documentos e assegura o seu arquivamento e um profissional liberal que atua de forma
independente, imparcial e por livre escolha dos interessados

Exemplos de atos notariais: atos celebrados por escritura pública, com especial relevo para as habilitações
notariais e as justificações notariais, os testamentos públicos, a aprovação de testemunhas cerrados, os
protestos de letras e outros títulos de crédito.

FORÇA PROBATORIA DOS DOCUMENTOS COM INTERVENÇÃO NOTARIAL

ARTIGO 363.º N.º 2 CC – de acordo com este artigo, são documentos autênticos os documentos exarados por
notário nos limites da sua competência funcional e territorial.
ARTIGO 363.º N. º3 CC – são documentos autenticados os documentos particulares quando confirmados pelas
partes, perante notário
ARTIGO 371.º CC – os documentos autênticos fazem prova plena dos factos que referem como praticados
pela autoridade ou oficial publico respetivo
ARTIGO 375.º e 376.º n.º 1 – os documentos particulares cuja letra e assinatura, ou só assinatura, se mostrem
reconhecidas presencialmente, nos termos das leis notariais, fazem prova plena quanto às declarações
atribuídas aos seus autores.
ARTIGO 377. º CC – os documentos particulares autenticados nos termos da lei notarial têm a força
probatória dos documentos autênticos ainda que os não possam substituir quando a lei exija documento
autêntico para a validade do ato.

ORGANIZAÇÃO DO NOTARIADO
1. Notário: jurista, profissional liberal dotado de fé pública integrado numa associação pública profissional, a
Ordem dos Notários, e submetido ao Estatuto do Notariado.
2. Estatuto do Notariado
3. Estatuto da Ordem dos Notários:

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4. Cartórios Notariais: local onde os notários exercem a sua atividade, com a competência funcional, sendo a
sua competência territorial correspondente, em princípio, à circunscrição territorial do município em que está
instalado o cartório
5. Sociedades de Notários: sociedade em que os notários podem se associar
6. Cartórios Notariais de Competência Especifica

FÉ PÚBLICA
A fé publica significa a presunção legal:
1. quanto aos registos, da verdade do seu conteudo, da existencia dos direitos deles resultantes e da sua
pertença aos titulares neles inscritos. Dotar de credibilidade aquela situação que foi registada.
2. quanto aos atos com intervenção notarial, da verdade dos factos praticados por notário ou por ele atestados
com base nas suas perceções

A fé publica dimana das disposições da lei civil que a conferem aos atos e declarações de certos funcionários.
Implica também, para os registos, uma dupla presunção:
1. a de que o registo é integral, isto é, de que nada existe para além dele
2. a de que o registo é exato, e portanto conforme à realidade extra-registal

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REGISTO CIVIL

O Registo Civil trata do estado civil das pessoas


a. Estado Civil: situações relevantes, mas diante estas situações, só são destacadas alguma delas para
efeitos de registo. É um conceito mais restrito.
b. Estado Pessoal: a capacidade jurídica, isto é, ao conjunto de direitos e deveres que cada um de
nos pode ser titular

O Registo Civil é a designação de registo do estado civil


OBJETO: O objeto do registo é o de dar publicidade à situação jurídica de pessoas singulares
através do registo dos factos que integram o seu estado civil – isto +ara permitir a qualquer
interessado obter informação sobre os factos registados.

FACTOS SUJEITOS A REGISTO ---------------------------------------------------------------------


Os factos sujeitos a registo são factos que a lei permite que sejam levados ao registo, isto é, lavrados
(redigidos) nos suportes próprios legalmente admitidos para o efeito. Mas não podem ser registados
quaisquer factos.
Quase todos os factos sujeitos a registo devem ser obrigatoriamente registados, mas em determinadas
situações podem ser facultativos

1. Factos Sujeitos a registo OBRIGATÓRIO

a. O registo civil, por força do art. 1 do CRC, estao sujeitos a registo obrigatório os factos quando
respeitantes a cidadão portugueses (onde quer que residam), ou quando ocorram em territorio
portugues, a cidadãos estrangeiros. Ex.: Nascimento, Filiação etc.

- Com o artigo 6.º CRC, os atos de registo lavrados no estrangeiro por entidades
Registos lavrados
estrangeiras no
competentes, ingressam no registo civil nacional em face dos documentos que
estrangeiro e Registo de
os comprovem, de acordo com a respetiva lei e mediante a prova de que não contrariam os
Estrangeiros
principios fundamentais da ordem pública internacional do Estado Portugues.

- Os atos relativos ao estado civil lavrados no estrangeiro que devam ser averbados aos
assentos das conservatórias são previamente registados, por meio de assento, numa
conservatória do registo civil ou na conservatória dos Registos Centrais.

- As decisões dos tribunais estrangeiros relativos ao estado ou a capacidade dos


portugueses estão sujeitas a registo, no entanto, por força do artigo 7 do CRC, apenas
depois de revistas e confirmadas pelo tribunal portugues competente, no artigo 978.º e ss
do CPC.

- Em Matéria de nacionalidade, o artigo 18º da lei da Nacionalidade sujeita a registo obrigatório as


declarações para a atribuição, aquisição ou perda de nacionalidade e a naturalização de
estrangeiros.

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As decisões dos tribunais eclesiásticos respeitantes à nulidade do casamento católico ou à dispensa
de casamento rato e não consumado, são averbados aos respetivos assentos.
As decisões judiciais relativas às responsabilidades parentais estao sujeitas a registo obrigatório
[artigo 1920.º-B e 1920.º-C CC]
O casamento tambem é obrigatório, relativo aos casamentos celebrados em Portugal – artigo 1651.º
n. º1 CC
Tratado de Porto Seguro – estão obrigatoriamente sujeitos a registos os factos atributivos ou
extintivos do estatuto de igualdade de direitos e deveres e do reconhecimento do gozo de direito
politicos a cidadãos brasileiros

O registo é lavrado oficiosamente sem prejuízo de o interessado o poder ou dever requerer

2. Factos sujeitos a registo FACULTATIVO


O artigo 6.º do CRC permite que os atos de registos lavrados no estrangeiro por entidades
estrangeiras competentes (estrangeiros) possam ingressar no registo civil nacional, em face dos
documentos que os comprovem.
A mesma possibilidade, quanto ao casamento, no artigo 1651.º n.º 2 CC.

É exigido que o estrangeiro mostre legitimo interesse na transcrição. Ainda estão sujeitos a registo
civil não obrigatório as convenções antenupciais respeitantes aos casamentos celebrados antes de 1
de janeiro de 1959 e as decisões judiciais anteriores a 1 de abril de 1978 relativos à homologação.

EFEITOS DO REGISTO---------------------------------------------------------------------
1. Presunção de verdade e oponibilidade a terceiros
O registo goza da presunção legal de veracidade e de autenticidade e da presunção legal da verdade
da situação jurídica resultante dos factos inscritos.
Os factos sujeitos a registo obrigatório só podem ser invocados depois de registados, não sendo até
então oponíveis a terceiros (art. 2.º CRC). No entanto, o CC enumera casos de exceção, ou seja, os
factos jurídicos que podem ser invocados ainda que não registados (artigo 1601.º, artigo 1711.º,
artigo 147.º CC)

2. PROVA DOS FACTOS SUJEITOS A REGISTOS


ARTIGO 4.º CRC – a prova dos factos sujeitos a registo só pode ser feita pelos meios previstos no
CRC, precisando o artigo 211.º que os factos sujeitos a registo e o estado civil das pessoas se provam
pelo acesso à base de dados do registo civil ou por meio de certidão

ARTIGO 3.º CRC - A prova resultante do registo civil quanto aos factos que a ele estão
obrigatoriamente sujeitos e ao estado civil correspondente não pode ser ilidida por qualquer outra, a
não ser ações de estado e nas ações de registo

a. Ações do Estado: aquelas que se pretende alterar o estado tal como consta do registo civil
– exemplo anulação do casamento
b. Ação de registo: as que têm por objeto o registo em sim mesmo – exemplo: a sua
inexistência ou omissão

3. Impugnação em juízo dos factos sujeitos a registo

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Artigo 3.º n.2 CRC – “Os factos registados não podem ser impugnados em juizo sem que seja
pedido o cancelamento ou a retificação dos registos correspondentes”
Este artigo tem em vista evitar a incongruência que de outro modo poderia resultar da circunstância
de uma decisão judicial declarar inexistente ou nulo determinado o facto e manter-se inalterado o
correspondente registo.

VÍCIOS DO REGISTO
1. Inexistência Juridica; 2. Nulidade; 3. Irregularidade

1. INEXISTÊNCIA JURÍDICA
Um registo juridicamente inexistente não produz qualquer efeito juridico, sendo considerado como
se nunca tivesse sido efetuado.

1.1. Casos de inexistência previstos nos Codigo do Registo Civil [artigo 85.º CRC]
O registo lavrado por averbamento só é considerado inexistente por falta de aposição do nome do
funcionário se a falta não for sanável nos termos do artigo 74.º

1.2. Casos de inexistência previstos no CC [artigo 1628.º CC]


O artigo 1629.º CC precisa que não se considera juridicamente inexistente o casamento celebrado
perante quem exercia publicamente as correspondentes funções

1.3. Declaração da inexistência jurídica


A inexistência do registo pode ser invocada a todo o tempo por quem nela tiver interesse [artigo 86.º
CRC].
A declaração de inexistência é aplicável o processo de justificação administrativa [artigo 241.º CRC]
e cuja decisão compete ao conservador.
A invocação da inexistência jurídica não está dependente de uma declaração administrativa ou
judicial.

2. NULIDADE
2.1 Casos de nulidade
- O registo é nulo quando – Artigo 87.º CRC
- A falsidade do registo só pode consistir – Artigo 88.º CRC
- O registo só é nulo por falsidade do título transcrito – Artigo 89.º CRC

2.2. Declaração da nulidade do registo


A nulidade do registo, conforme o artigo 90.º CRC, só pode ser invocada depois de declarada por
decisão do conservador; é todavia invocável a todo o tempo e pode ser declarada oficiosamente
[artigo 286.º CC e artigo 241.º n.º 3 CRC]
A declaração de nulidade tem efeito retroativo – artigo 289.º n.º 1 CC
A decisão de declaração da nulidade de um registo é tomada mediante a organização do processo de
justificação administrativa – artigos 92.º e 93.º CRC

3. IRREGULARIDADE
O Registo que enferme de alguma irregularidade que o não torne juridicamente inexistente ou nulo
deve ser retificado [artigo 93.º CRC] mediante o procedimento da retificação administrativa

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4. CANCELAMENTO DO REGISTO
O cancelamento dos registos efetua-se nos termos previstos no artigo 91.º o registo deve ser
cancelado

O registo cancelado não produz nenhum efeito. Quando for cancelado um registo por ter sido
declarada pelo conservador a sua inexistência ou nulidade, mas o facto registado for juridicamente,
deve ser suprida a omissão do registo – artigo 83.º CRC

O cancelamento de registo por responder à duplicação de outro registo regularmente lavrado deve
ser efetuado pelo conservador: 1. Cancela o registo que se não mostre regularmente lavrado; 2. Pela
transcrição do registo na conservatória competente.

O cancelamento do registo incompleto pode ser efetuado pelo conservador que previamente deve
mencionar no assento a razão por que ficou incompleto.

O cancelamento do registo juridicamente existente, por falta de aposição do nome do funcionário.


Pode ser efetuado se a omissão de registo do facto que deles conste já se encontrar regularmente
suprida.
O cancelamento dos registos juridicamente inexistentes – artigo 61.º n.º 1 CRC e artigo 74.º n.º 3
CRC – é efetuado pelo conservador, ato contínuo à feitura da menção da razão pela qual o assento ou
averbamento fica incompleto,.

A omissão de averbamento deve ser suprida oficiosamente, nos termos do artigo 81.º CRC, mas
também pode ser suprida por iniciativa dos interessados em face do documento que comprove o
facto averbar.

5. RETIFICAÇÃO DO REGISTO
O registo juridicamente inexistente, nulo ou irregular deve ser cancelado ou retificado – artigo 92
É obrigatória a promoção oficiosa da retificação sempre que a irregularidade, deficiência ou
inexatidão a sanar seja da responsabilidade dos serviços.
Se estas responsabilidade não existir, devem os interessados requerer a retificação e poderá a mesma
ser promovida pelo conservador.

Modo de retificar: a retificação é feita por meio de averbamento, a não ser, que se trate de registos
lavrados por inscrição – neste caso, a retificação deve fazer-se imediatamente, por meio de
declaração lavrada pelo conservador.

5.1 Formas de retificação: a retificação pode ser administrativa ou judicial.


A. retificação administrativa: compete ao conservador e é feita por simples despacho ou
mediante decisão proferida em processo de justificação administrativa
B. Retificação Judicial: resulta de decisão tomada em processo de justificação judicial

A. RETIFICAÇÃO ADMINISTRATIVA

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- Retificação por simples despacho do conservador: A retificação administrativa de um registo
irregular é feita mediante simples despacho do conservador, sempre que possível – artigo 93.º n.º
CRC
- Retificação mediante processo de justificação administrativa: a retificação de outras irregularidades
é também efetuada pelo conservador, mas agora mediante prévia organização do processo de
justificação administrativa – artigo 241.º CRC

B. RETIFICAÇÃO JUDICIAL
- Retificação mediante processo de justificação judicial
O registo só pode ser retificado mediante decisão proferida em processo de justificação judicial
[artigo 233.º CRC]

6. SUPRIMENTO DA OMISSÃO DO REGISTO


A omissão de registo não oportunamente lavrado deve ser suprida pelas formas descritas no artigo
83.º CRC

ATOS DE REGISTO EM GERAL


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O Registo civil dos factos a ele sujeitos é lavrado por meio de assento ou de averbamento; o
averbamento é havido como parte integrante dos assentos a que respeitam [artigo 50.º CRC]

1. ASSENTOS
Os assentos são lavrados por inscrição ou por transcrição
- Inscrição: factos declarados diretamente ou ocorridos no serviço competente para o seu registo
[artigo 52.º CRC]
- Transcrição: factos comprovados por título lavrado por serviço intermediário ou por outra entidade
legalmente competente [artigo 53.º CRC]
Os assentos lavrados por transcrição devem conter as menções especiais no artigo 56.º CRC

Os assentos referentes a portugueses realizados no estrangeiro são lavrados em suporte informático e


disponibilizados na base de dados do registo civil nacional [artigo 54.º CRC]
Conteudo dos Assentos: o legislador distingue entre requisitos gerais e requisitos especiais
a. requisitos gerais [artigo 55.º CRC]
b. requisitos especiais: referidos a propósitos de cada um dos atos de registo em especial

ONDE SÃO LAVRADOS: Os assentos são lavrados nas conservatórias ou mediante pedido
verbal dos interessados, nas unidades de saúde ou em qualquer outro lugar a que o público tenha
acesso [artigo 57.º CRC]

FEITURAS DOS ASSENTOS: obedecem a determinadas regras. Devem ser escritos da seguinte
maneira [artigo 59.º CRC]:
1. por extenso
2. na presença daquelas e dos demais intervenientes
3. com base nos documentos apresentados
4. a escrita por algarismos das datas e dos números

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QUEM PODE LAVRAR: podem ser lavrados por um conservador ou por um oficial de registos
[artigo 61.º CRC]

ONDE SÃO LIDOS: Os assentos são lidos na presença de todos os intervenientes e o conservador
ou o oficial de registos apõe neles o seu nome. Se o conservador ou o oficial ficar impossibilitado de
apor o seu nome no assento, ou recusar a fazê-lo, deve ser mencionada a razão que o assento fica
incompleto.
Se não constar a aposição do nome do conservador ou oficial, o conservador que notar a omissão
deve apor nele o seu nome, mencionando a omissão e a data em que foi suprida

2. AVERBAMENTOS
Função: têm a função adicionar aos assentos as alterações. São também o meio próprio de proceder
à retificação de registos.

Os averbamentos são lavrados na sequência do texto do assento [artigo 68.º CRC] e obedecem a
modelos aprovados [artigo 73.º CRC].

Se o documento com base no averbamento for omisso quanto a elementos que não interessem à
substância do fato podem aqueles ser completados com outros documentos.
É permitido o uso de abreviaturas de significado inequívoco.

DEVEM CONTER: 1. A aposição do nome do conservador ou de oficial de registo; 2. Se não


constar essa aposição, o conservador que notar a omissão deve em ele apor o seu nome, mencionado
a omissão e a data em que foi suprida

FEITURA DO AVERBAMENTO: se apos a feitura se concluir que não é possível a aposição do


nome do funcionário, deve ser mencionada a razão por que o averbamento fica incompleto [artigo
74.º CRC].

MATERIA DE AVERBAMENTO: 1. Assentos de nascimento [artigo 69.º CRC]; 2. Assentos de


casamento [artigo 70.º CRC]; 3. Assentos de óbito [artigo 71.º CRC]; 4. Assentos de perfilhação
[artigo 72.º CRC]

Artigo 78.º CRC – os tribunais devem comunicar a qualquer conservatória do registo civil as
decisões proferidas em ações respeitantes a factos sujeitos a registo

PROCESSO DE INSOLVÊNCIA: Os averbamentos respeitantes a isso são eliminados mediante a


elaboração oficiosa de um novo assento de nascimento nas situações [artigo 81-º - A CRC]

3. INTERVENIENTES NOS ATOS DE REGISTO


Intervêm, além do conservador, as partes e pode ter lugar a intervenção de outras pessoas,
designadamente testemunhas, procuradores ou interpretes.

a. PARTES

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Partes – o declarante e as pessoas a quem o facto diretamente respeite, ou de cujo consentimento
dependa a plena eficácia deste [artigo 39.º CRC]
Os declarantes são identificados mediante a menção do seu nome completo e residência habitual
[artigo 40.º CRC]

Partes trata-se de designar as pessoas ligadas entre si por uma relação processual equivalente ao
binómio.

Pode ser representado – as partes podem fazer-se representar por procurador com poderes
especiais para o ato [artigo 43.º CRC]. A procuração pode ser outorgada por documento assinado
pelo representado, com reconhecimento presencial da assinatura por documento autenticado ou por
instrumento público.

EXEMPLO Casamento: no ato da celebração do casamento só um dos nubentes pode fazer-se


representar por procurador [artigo 44.º CRC].

- Intervenção de pessoas surdas, mudas e surdas-mudas – artigo 41.º


- Intervenção de partes que não conheçam a língua portuguesa: caso as partes não conheçam a
lingua portuguesa, o funcionário do registo civil, se também não dominar o idioma em que a parte se
exprime, deve nomear-lhe intérprete [artigo 42.º CRC]

b. TESTEMUNHAS
intervêm tambem testemunhas que abonam a identidade das partes, bem como a veracidade das
respetivas declarações, e respondem, no caso de falsidade, tanto civil como criminalmente [artigo
45.º n.º 3 CRC]

Nos assentos de nascimento podem intervir das testemunhas e nos de casamento entre duas a quatro
testemunhas [artigo 45.º n. º1 CRC]

4. INSTRUÇÃO DE ATOS E DE PROCESSOS DE REGISTO


Para a instrução é dispensada a apresentação de certidões de atos ou documentos, sempre que estes
estejam disponíveis na base de dados do registo civil ou tenham sido lavrados ou se encontrem
arquivados na conservatória onde foi requerido o ato ou processo [artigo 48.º CRC]

Os documentos passados em país estrangeiro podem servir da base a atos de registo ou instruir
processos independentemente de prévia legalização [artigo 49.º CRC]
5. PEDIDOS ONLINE DE ATOS E DE PROCESSOS DE REGISTO
Os pedidos online de atos e de processos de registo civil efetuam-se através do sítio na Internet com
o endereço www.civilonline.mj.pt

- Pedidos apresentados por cidadãos: devem ser autenticados eletronicamente através da utilização
de certificado digital qualificado podendo ser utilizado o certificado digital do cartão de cidadão
[artigo 3.º p CRC]
- Pedidos apresentados por advogados e solicitadores: devem fazer-se através da utilização de
certificado digital que comprove a respetiva qualidade profissional [artigo 4.º P CRC]

Os elementos necessários à instrução devem ser preenchidos pelos serviços [artigo 5.º P CRC]

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ATOS DE REGISTO EM ESPECIAL ------------------------------------------------------------------------

1. Nascimento
a. declaração de nascimento
O nascimento ocorrido em territorio portugues deve ser declarado verbalmente dentro dos 20 dias
imediatos, em qualquer conservatória do registo civil ou, se o nascimento ocorrer em unidade de
saude onde seja possivel declarar o nascimento [artigo 96.º n. º1 CRC]

O nascimento deve ser declarado na unidade de saúde para onde a parturiente tenha sido transferida
[artigo 96.º n. º2 CRC]
A declaração de nascimento ocorrido em unidades de saúde privadas depende, segundo o artigo 96.º-
A, da existencia de protocolo celebrado entre os membros do Governo responsáveis pelas áreas da
justiça e da saúde e estas unidades de saúde.

A declaração de nascimento compete as pessoas e entidades previstas no artigo. º 97 CRC

A falta de declaração no prazo legal constitui contraordenação punida


- Pessoas singulares: minimo 50 euros; máximo 150 euros
- Pessoas coletivas: minimo 150 euros; máximo 400 euros [artigo 295.º CRC]

Se já tiver decorrido mais de um ano sobre a data do nascimento.

Artigo 99.º CRC: determina que a declaração voluntária de nascimento ocorrido há mais de um ano
só possa ser recebida quando prestada por qualquer dos pais, por quem tiver o registando a seu cargo
ou pelo próprio interessado se for maior de 14 anos.
Para a declaração de nascimento ocorrido há mais de 14 anos, deve ser exigida a intervenção de
duas testemunhas

Se o nascimento for simultaneamente declarado com o óbito, deve fazer-se constar do assento de
nascimento, lavrado com as formalidades normais, que o registando já faleceu [artigo 100.º CRC]

b. EXECUÇÃO DO REGISTO
devem constar do assento de nascimento requisitos especiais [artigo 102.º CRC]

a) o nome próprio e os apelidos


b) o sexo
c)a data do nascimento, incluindo, se possível, a hora exata
d) a freguesia e o concelho da naturalidade
e) o nome completo, a idade, o estado, a naturalidade e residência habitual dos pais
f) o nome completo dos avos
g) as menções exigidas por lei em casos especiais

Os elementos são fornecidos pelo declarante devendo ser exibidos os documentos de identificação do
país [artigo 102.º CRC]
O funcionário que receber declaração deve averiguar a exatidão das declarações prestadas.

Nascimento em Portugal:
artigo 101.º CRC - É competente qualquer conservatória do registo civil, a unidade de saúde onde
ocorreu o nascimento ou aquela para onde a parturiente tenha sido transferência
artigo 101º-A n. º1 CRC - Se o nascimento tiver ocorrido em unidades de saúde, estas unidades
devem inserir em registo informático de acesso exclusivo das unidades de saúde

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artigo 101.º-B CRC - Quando lavrado o assento de nascimento pelas unidades de saude, procede-se
à inserção de facto no respetivo registo informático e à comunicação dos dados relevantes para
efeitos de inscrição da criança nos serviços de segurança social e de saude
artigo 102.º n. º5 CRC – sempre que o nascimento ocorra em território português em unidade de
saúde onde não seja possível declarar o nascimento, deve ser exibido documento emitido pela
unidade de saúde que comprove a ocorrência do parto e indique o nome da parturiente; artigo 102.º
n. º6 CRC – se o nascimento ocorrer em território português fora das unidades de saúde mas com
acompanhamento posterior em unidade de saude, deve ser exibido documento nos mesmos termos do
número anterior

Nascimentos ocorridos no estrangeiro


Artigo 11.º Conservatória dos Registos Centrais – é da competencia da conservatória dos registos
centrais quando são ocorridos nascimentos no estrangeiro, ou em viagem, a bordo de navio ou
aeronave portugueses.

c. CONCEITO DE NATURALIDADE
Naturalidade: o lugar em que o nascimento ocorreu ou o lugar em territorio português, da
residência habitual da mãe do registando, à data do nascimento, cabendo a opção ao registando, aos
pais, a qualquer pessoa por eles incumbida de prestar a declaração ou a quem tenha o registando a
seu cargo; na falta de acordo entre os pais, a naturalidade será a do lugar do nascimento – artigo
101.º n. º2 CRC

d. NOME: indicação; composição; alteração

a. Indicação: a indicação do nome deve ser feita pelo declarante; se este não o fizer, cabe tal
encargo ao funcionário que receber a declaração [artigo 103.º n.º 1 CRC]; no artigo 1875.º n.º 2
CRC dispõe que a escolha do nome próprio e dos apelidos do filho menor pertence aos pais que, na
falta de acordo entre estes, é ao juiz que compete decidir; a indicação de nome completo compete
sempre ao conservador no caso de registando abandonado [artigo 108.º CRC]

b. composição: deve compor-se de seis vocábulos no máximo, simples ou composto, dos quais só
dois podem corresponder ao nome próprios e quatro a apelidos [artigo 103.º n.º 2 CRC]. A
composição do nome segue a determinadas regras; são ainda demitidos os nomes próprios da
onomástica religiosa da religião professada [Lei da Liberdade Religiosa artigo 8.º alínea g)]

c. alteração: o nome fixado no assento de nascimento pode ser posteriormente modificado designado
pelo processo de alteração de nome regulado nos artigos 278.º a 282.º

direito dos cônjuges


artigo 1677.º CC – atribui aos cônjuges o direito a conservarem os seus próprios apelidos e a
acrescentar-lhes apelidos do outro, até ao máximo de dois, faculdade esta última que não pode ser
exercida por quem conservar apelidos do cônjuge de anterior casamento

Processo de alteração de nome:


artigo 104.º CRC permite, sem recurso, ao processo de alteração de nome, as modificações
resultantes de:
a); b); c); d); e);…g);
f) A alteração que consista na mera adoção do nome inicialmente pretendido pelos interessados, quando o
assento de nascimento tenha sido lavrado na pendência de consulta onomástica sobre a sua
admissibilidade.
O requerimento para a alteração do nome para o inicialmente pretendido pelos interessados, no caso acima
referindo na alínea f) de pendência de consulta onomástica, deve ser apresentado no prazo de 6 meses;
As alterações de nome dos registados, uma vez averbadas são comunicadas ao serviço de identificação

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A possibilidade de alteração do nome por efeito da filiação está prevista no artigo 1875.º n. º3 e 1876.º CC;

Maternidade ou Paternidade
Se a maternidade ou a paternidade forem estabelecidas posteriormente ao registo do nascimento,
permite o artigo 1875.º n. º3 que os apelidos do filho possam ser alterados nos termos dos nºs 1 e 2
do mesmo artigo
O artigo 1876.º permite, quando a paternidade se não se encontre estabelecida, que possam ser
atribuídos ao filho menor apelidos do marido da mãe se esta e o marido declararem ser essa a sua
vontade.

Adoção Plena
No caso de adoção plena determina, no artigo 1988.º, que o adotado perde os seus apelidos de
origem, sendo o seu novo nome constituído com as necessárias adaptações, nos termos do artigo
1875.º
A pedido do adotante, pode o tribunal, modificar o nome próprio no menor, se a modificação
salvaguardar o seu interesse.

Divorcio
No caso do divorcio, é permitida a conservação de apelidos por parte do cônjuge divorciado,
mediante autorização do ex-cônjuge [artigo 104.º n. º6 CRC]

2. FILIAÇÃO
A menção da maternidade e da paternidade obedece às disposições dos artigos 112.º e ss.

a. maternidade
- O declarante do nascimento deve desde logo, quando possivel, identificar a mãe do registando
[artigo 112.º CRC e artigo 1803.º CC]
- Se o nascimento tiver ocorrido há menos de um ano, a maternidade mencionada no assento
considera-se estabelecida, sem prejuízo de a mãe dever ser notificada desse facto quando a
declaração não tiver sido feita por ela própria ou pelo seu marido [artigo 113.º CRC e artigo 1804.º
CC]
- Se o nascimento tiver ocorrido há mais um ano ou mais, a maternidade indicada só se considera
estabelecida se ocorrer uma das seguintes hipóteses [artigo 114º CRC e 1805.º CC]
a. A mãe for ela própria a declarante
b. No ato de registo, a mãe estiver presente ou estiver representada por procurador com
poderes especiais
c. Se for exibida prova da declaração de maternidade feita pela mãe em escritura, testamento
ou termo lavrado em juízo.

Se não tiver ocorrido nenhum dos casos, o conservador deve notificar pessoalmente a pessoa
indicada como a mãe para vir declarar em auto se confirma a maternidade.
Se a pretensa mãe negar a maternidade ou se não puder ter sido notificada a menção da maternidade
fica sem efeito

b. Paternidade

- OBRIGATORIEDADE DA PATERNIDADE: É obrigatoriamente mencionada no assento de


nascimento a paternidade presumida [artigo 118.º n.º 1 CRC]. Presume-se que o filho nascido tem
como pai o marido da mãe [artigo 1826.º n.º 1 CC]

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- CASAMENTO POSTERIOR: Se o casamento dos pais for posterior, a paternidade presumida é
oficiosamente averbada ao assento do nascimento se dele ainda não constar [artigo 118.º n.º 2 CRC]

- AFASTAMENTO DA PRESUNÇÃO: A mulher casada pode afastar a presunção da paternidade


se fizer declaração do nascimento com indicação de que o filho não é do marido [artigo 119.º
CRC e 1832.º CC]

- PATERNIDADE NÃO LEGALMENTE PRESUMIDA: admitida quando houver


reconhecimento voluntário ou judicial [artigo 120.º CRC]

- Se o registo de nascimento de menor mencionar apenas a maternidade, o conservador deve remeter


ao tribunal certidão de cópia integral do registo [artigo 121.º CRC]

A remessa a certidão não tem lugar se, o conservador verificar que este e a mãe são parentes [artigo
124.º n.º 1 CRC

c. PERFILHAÇÃO
- NOÇÃO: o reconhecimento do filho nascido ou concebido fora do patrimonio efetua-se por o
perfilhação [artigo 1847.º CC]

- MODO DE FAZER: pode fazer-se por declaração prestada perante o funcionário do registo civil
por testamento, por escritura pública ou por termo lavrado em juizo [artigo 1853.º CC]

- TEMPO PARA A PERFILHAÇÃO: pode ser feita a todo o tempo [artigo 1854.º CC], mas a
perfilhação do nascituro só pode ser objeto de registo se for posterior à conceção e o perfilhante
identificar a mãe [artigo 132.º n.º 1 CRC e artigo 1855.º CC]

- MAIOR EMANCIPADO: só produz efeitos aquele ou estes derem o seu consentimento [artigo
1857.º n.º 1 CC]

- ASSENTO: deve mencionar o assentimento do perfilhado [artigo 130.º CRC]

d. novo assento de nascimento


O legislador permite que seja lavrado novo assento de nascimento os casos previsto no artigo 123.º
CRC
O assento primitivo é cancelado; a mudança de nome só dá lugar à feitura de novo assento se resultar
de alteração da filiação ou de sexo

3. CASAMENTO
a. Processo de Casamento

1. processo preliminar
A capacidade dos nubentes para contrair matrimónio é comprovado por meio do processo
preliminar de casamento organizado nas conservatórias [artigo 1597.º n.º 1 CC]; declará-lo numa
conservatória do registo civil [artigo 135.º CRC]
Competencia: qualquer conservatória do registo civil [artigo 134.º CRC]
A declaração para casamento pode ser feita pessoalmente pelos nubentes ou por intermédio de
procurador

Casamento Católico: A declaração para instauração de processo relativa a casamento católico pode
também ser prestada pelo pároco competente para a organização do processo canónico; a declaração
se for prestada por pároco e os nubentes pretenderem casar civilmente, é necessário que estes
renovem a declaração inicial

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Casamento Civil sobre forma religiosa: pode ser prestada pelo ministro do culto da igreja ou
comunidade religiosa radicada no País;

Os nubentes podem apresentar o pedido de dispensa de impedimentos matrimoniais [artigo 253.º


CRC] e de suprimento da autorização para casamento de menor [artigo 255.º CRC]

A declaração para casamento deve [artigo 136.º CRC] constar de documento com aposição do nome
do funcionário do registo civil ou de documento assinado pelos nubentes.
ELEMENTOS DE DECLARAÇÃO: A declaração deve conter os elementos no artigo 136.º n.º 2
e deve ser instruída com os documentos de identificação dos nubentes, ou, titulo ou autorização de
residência [artigo 137.º CRC]

Se o nubentes for estrangeiro deve apresentar certidão do registo de nascimento.

Na sequencia da declaração inicial é imediata e oficiosamente consultada a base de dados do registo


civil de forma a comprovar os registos de nascimento dos nubentes e o registo de óbito do pai ou mãe
de nubente menor, que o progenitor

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