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Registo comercial é o serviço onde se registam os comerciantes e as pessoas colectivas

que genericamente se designam sociedades comerciais e outras figuras afinas. O registo


comercial, enquanto serviço público, coloca meios ao dispor por técnicos habilitados, os
conservadores e oficiais de registo que exercem a sua função de forma isenta e
suprapartes, colocando o direito substantivo e zelando pela legalidade dos factos
sujeitos a registo.

O registo comercial existe para que seja feita a publicidade relevante da situação
jurídica dos comerciantes( sociedades comerciais e figuras afins) tendo em vista a
segurança do comercio jurídico e eficiência da economia empresarial.

Registo comercial tem por finalidade dar a conhecer a qualidade de comerciante das
pessoas singulares e colectivas, sendo definido como obrigatório para a constituição das
sociedades.

A falta de registo das sociedades implica que essas não possam prevalecer-se da
qualidade de comerciante em relação a terceiros, podendo, no entanto, serem chamadas
a responderem pelas obrigações e responsabilidades contraídas nesta qualidade.

As repartições encarregadas do registo comercial são as conservatórias de registo


comercial. Será competente para proceder ao registo a conservatória da área onde
estiver situada a respectiva sede da sociedade.

Objecto e efeitos do registo comercial

Estão sujeitas a registo comercial as seguintes entidades: sociedade em nome colectivo,


sociedade por quotas, unipessoal, sociedade anonima e a sociedade por acções
simplificadas. Assim como, as entidades equiparadas: estabelecimento individual de
responsabilidade limitada, agrupamento complementares de empresas, agrupamento de
interesse económico, cooperativas.

O empresário individual não esta sujeito a registo obrigatório, o estabelecimento


individual de responsabilidade limitada tem registo obrigatório, mas não lhe é atribuída
personalidade jurídica autónoma, porque é apenas um património autónomo.

Forma de registo
Dos factos sujeitos a registo obrigatório são efectuados actos de registo seguindo uma
técnica registal que corresponde a duas formas de elaboração: o registo por transcrição e
o registo por depósito.

Registo por transcrição

O registo por transcrição abrange os actos de registo sujeitos ao controle da legalidade


formal e substancial dos documentos a que respeitam. Esta é feita pelo conservador,
jurista dotado de fé pública.

O registo por transcrição traduz de forma sintética os elementos essências que se


encontram no documento que serve de suporte ao pedido feito em requerimento. No
âmbito, da sua actividade, o conservador qualifica os requisitos formais e substanciais
dos factos societários.

Se existirem irregularidades supríveis por declaração ou juncão de documento, notifica


os requerentes, para fazerem o respectivo suprimento. Caso não o façam, o conservador
lavra o registo por dúvidas, em despacho fundamentado, pelo que produz efeitos por
seis meses ate ser convertido em definitivo, ou pode vir a caducar, uma vez decorrido o
prazo. Os despachos do conservador podem ser impugnados por via hierárquica para o
instituto dos registos e notariado, ou por via judicial.

Registo por depósito

Esta é uma forma de registo que consiste no deposito de documentos e menção no


registo a que corresponde, o conservador não tem poder de qualificar a conformidade
legal dos documentos entregues para deposito. Assim, a lei só lhe confere a função de
rejeitar os pedidos feitos em face de situações tipificadas, tais como, a falta de
legitimidade do requerente, falta de documento, bem como falta de pagamento, ou
ainda, se o facto não for sujeito a registo.

Prazos

Em regra, o prazo estipulado para promover o registo comercial obrigatório de factos


societários é de dois meses a contar da data em que tiverem sido titulados.
Pelo incumprimento da obrigação de promover o registo comercial dentro do prazo
comina a lei a aplicação de agravamento em dobro da taxa ou emolumento a pagar, nos
termos do artigo 15 do código de registo comercial.

Princípios norteadores do registo comercial (artigo 28-53 do código de registo


comercial)

São princípios orientadores do registo comercial aqueles princípios que enformam o


respectivo ordenamento jurídico, inspirando as normas regulamentadoras e auxiliando a
compreensão e correcta interpretação dessas normas.

Princípio da instância (artigo 28 do CRC)

Traduz-se no facto de o registo se efectuar a pedido dos interessados, salvo as situações


de oficialidade, isto é, o registo comercial é efectuado a pedido dos interessados em
impresso próprio de requerimento.

Princípio da legitimidade (artigo 29 do CRC)

O registo pode ser pedido pelos próprios, pelos representantes legais ou pelas pesssoas
que nele tenham interesse. Representantes, para efeitos de registo, são aqueles que
tiverem poderes de representação para intervir, por exemplo os gerentes e
administradores.

Principio da legalidade (artigo 47 do CRC)

A viabilidade do pedido de registo a efectuar por transcrição deve ser apreciada em face
das disposições legais aplicáveis, dos documentos apresentados e dos registos
anteriores, verificando-se especialmente a legitimidade dos interessados, a regularidade
formal dos títulos e a validade dos actos neles contidos.

Principio do trato sucessivo (artigo 31 do CRC)

Este conceito esta estreitamente ligado ao principio da prioridade e aplica-se as


transmissões de quotas. A responsabilidade pelo cumprimento deste princípio é a da
sociedade que incorre em responsabilidade civil, caso não os prova.
O conservador, ainda assim, quando recebe os documentos que servem de base ao
registo por mero depósito, deve verificar o cumprimento de alguns pressupostos, sob
pena de rejeição do pedido.
Referências bibliográficas

José Engrácia Antunes

Filomena Loureiro, direito comercial.

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