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REGISTO EMPRESARIAL

Os empresários quer sejam pessoas singulares ou sociedades empresariais são obrigados a


inscrever no Registo os actos a ele sujeitos, conforme resulta da alínea c) do artigo 19 do
Código Comercial e no artigo 2 do Regulamento do Registo de Entidades Legais – RREL,
aprovado pelo Decreto-lei no 1/2006, de 3 de Maio.

O registo empresarial é um "registo" ou inscrição de factos referentes a pessoas singulares ou


colectivas que exercem uma actividade empresarial.

Trata-se de registo público correspondente a necessidade de dar publicidade em sentido técnico


(publicidade registal) à situação jurídica do empresário e da sua actividade empresarial, uma
vez que esta não se limita a tornar público, isto é, a dar a notícia dos factos registados, mas
ainda lhes acrescenta a produção de efeitos legalmente previstos.

1. Finalidade do Registo

Em conformidade com o artigo 36 do Código Comercial o registo empresarial visa dar


publicidade à situação jurídica dos empresários e da sua actividade empresarial, tendo como
finalidade a segurança jurídica e a produção de efeitos perante terceiros.

Como indica o artigo 1 do RREL, nele se incluem os factos jurídicos relativos à actividade
empresarial , aos empresários e à verificação da admissibilidade das firmas e denominações,
bem como garantir a sua protecção a nível nacional.

Nesse sentido, à nível do Direito Comercial, são objecto do registo empresarial,


designadamente, os empresários e os factos a eles relacionados que por lei estão sujeitos a
registo, nos termos das alíneas a) e f) do artigo 2 do RREL, conjugado com o no 1 do artigo 36
do Código Comercial.

Portanto, o registo empresarial permite tornar público os actos e factos que estabelecem a
situação jurídica de empresários - sociedades empresariais e empresários individuais. Através
do registo empresarial podem ser registados acontecimentos relativos aos empresários e ao
exercício da sua actividade, por exemplo, a constituição, extinção das sociedades empresariais,
etc.

De acordo com Adelaide Leitão (P:12), o registo empresarial procura eliminar os custos de
investigação e de pesquisa de informação, que seriam elevados sem uma base de dados que

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permita elucidar, indagar e garantir as correspondentes e sucessivas situações jurídicas,
o que é feito através da inscrição dos factos relevantes para o efeito num sistema de registo.

2. Factos sujeitos a Registo

A matéria dos actos de registo pressupõe uma articulação entre o Código Comercial e o
Regulamento de Registo de Entidades Legais, aprovado pelo Decreto-lei n° 1/2006, de 03 de
Maio.

Assim, de acordo com o disposto no artigo 36 do Código Comercial, os actos relativos aos
empresários e actividade empresarial estão sujeitos a registo e publicação, nos termos da lei.

Os factos sujeito a registo relativo à actividade empresarial, à luz dos artigos 3, 5 e 6, todos, do
Código do Registo de Entidades Legais, só a lei os pode declarar ou sujeitar como factos a
registo, designadamente:

a) O acto constitutivo, incluindo os estatutos e respectivas alterações;

b) A firma e a sede social;

c) A unificação de quotas;

d) A suspensão de actividades;

e) Sentenças declaratórias de falência; etc.

O registo empresarial destina-se a dar publicidade os actos que compreendem a descrição, a


identificação do empresário e todos os actos relevantes que como tal a lei os qualifica como
sujeito a registo, tendo como finalidade a segurança jurídica e a produção de efeitos perante
terceiros, bem como a atribuição de personalidade jurídica das sociedades empresariais, nos
termos do artigo 70 do Código Comercial.

3. Vantagem do registo

A vantagem do registo está na publicidade, pois, através do registo publicam-se os actos


relativos ao empresário e aos exercício de actividades empresarial para o conhecimento, não só,
daquele que contrata com um empresário, como também do público em geral, nos termos dos
artigo 36 do Código Comercial, neste caso, o acto registado passa a ter segurança jurídica e a
produzir efeitos perante terceiros, sem prejuízo do direito que assiste o terceiro de boa-fé.

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4. Princípios do Registo Comercial

É relevante para a compreensão do escopo do registo empresarial a análise prévia dos


princípios que o norteiam. São eles que inspiram o legislador na procura das normas mais
convenientes à forma como o registo é materializado. Mas, também, orientam o interprete no
entendimento e aplicação das normas que regem o registo.

Os princípios do registo empresarial são regras que orientam o respectivo ordenamento


jurídico, inspirando as normas, regulamentos e auxiliando a compreensão e correcta
interpretação dessas normas, designadamente:

a) Princípio da Instância

O princípio da instância vem consagrado no artigo 39 do RRE, segundo ele, o registo


apenas se efectua a pedido dos interessados, com excepção das situações de conhecimento
oficioso.

b) Princípio da tipicidade

Também conhecido por princípio do numerus clausus, este princípio estabelece que
apenas os factos constantes na lei como sujeitos a registo podem ser registados.
O princípio do numerus clausus dos factos sujeitos a registo implica a impossibilidade de à
respectiva enumeração legal serem pelo intérprete acrescentados novos factos, a título de
integrar lacunas da lei. É que dispõe o artigo 6 do RREL que estarão ainda sujeitos a registo
quaisquer outros factos que a lei declarar a sua sujeição ao registo empresarial.

c) Princípio da Presunção da Verdade

Este princípio vem consagrado no artigo 17 do RREL, segundo ele, o registo definitivo
constitui presunção de que existe a situação jurídica, nos precisos termos em que é definida.
Trata-se de um princípio de manifesta importância, estabelece que o conteúdo do registo
empresarial se presume verdadeiro e também exacto, presunção ilidível, mediante apresentação
de prova em contrário (Cfr. artigos 349 e 350 do Código Civil).

É que, o registo permite uma inversão do ónus probatório (prova em contrário – artigo 344 do
Código Civil), uma vez que fica presumido que o direito inscrito existe e corresponde à
verdade. O efeito principal do registo é pois o da presunção da verdade, ou seja, de que a
situação jurídica existe tal como o registo a define.

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d) Princípio da Publicidade

Este princípio vem consagrado nos artigos 36 do Código Comercial, como sendo aquele para o
qual o registo empresarial se orienta, visando garantir a segurança do jurídica e a produção de
efeitos contra terceiros. É o que se pode igualmente depreender o artigo 1 do RREL, segundo o
qual o registo destina-se a dar publicidade à situação jurídica dos empresários e outros entes
previstos no mesmo diploma legal, bem como aos factos jurídicos, especificados na lei,
referentes aos entes sujeitos, bem como verificar a admissibilidade das firmas e denominações
e sua protecção a nível nacional.

E, em consequência da sua publicidade (artigos 90 e 91 do RREL), qualquer pessoa pode pedir


certidão dos actos registados e os documentos arquivados, nos termos do artigo 111 do RREL.

e) Princípio da Especialidade

Segundo este princípio, o registo empresarial deve evidenciar, de modo claro e específico, os
elementos respeitantes às pessoas singulares e colectivas sujeitas a registo empresarial. O
Regulamento de Registo de Entidades Legais, no seu artigo 61, refere quais os elementos
fulcrais a constar da matrícula, considerando esta destinada à identificação das entidades legais
sujeitas a registo, conforme o disposto no artigo 53 do mesmo diploma legal.

f) Princípio da Legalidade

O princípio da legalidade vem contemplado no artigo 16 do RREL que impõe a necessidade de


apreciação da viabilidade do pedido de registo a efectuar em face das disposições legais
aplicáveis, dos documentos apresentados e dos registos anteriores, verificando-se
especialmente a legitimidade dos interessados, a regularidade formal dos títulos e a validade
dos actos neles contidos.

Trata-se pois de um juízo de qualificação apenas e somente aplicável aos casos de registo por
transcrição, não sendo aplicável nos casos de estarmos perante um registo por depósito.

g) Princípio da Prioridade

Também este princípio encontra consagração específica na lei, nomeadamente no artigo 19 do


RREL (artigos 42 e 43). Significa que o facto que seja primeiramente registado prevalece sobre
os que se lhe seguirem, relativamente aos factos, quotas, partes sociais ou bens, segundo a ordem
do respectivo pedido.

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h) Princípio do Trato Sucessivo

Este princípio encontra-se consagrado no artigo 20 do RREL, segundo ele, para poder ser lavrada a
inscrição definitiva de actos modificativos da titularidade de quotas ou partes sociais e de direitos
sobre elas é necessária a intervenção nesses actos do titular inscrito.

5. Tipos de actos de Registo

São actos do registo a matrícula (artigo 53 e ss), as inscrições (artigo 70 e ss), os averbamentos
(artigos 87 e ss) e as publicações (artigo 90 e ss).

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