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Função social do contrato

Evolução histórica

Em Roma, o contrato já era reconhecido, embora não se conseguisse alcançar o conceito


do instituto. Havia o contrato tido como acordo de vontades ( conventio) e o
pacto( pactum), este decorria do “ acordo de duas ou mais pessoas sobre o mesmo
objecto”, que gerava mera obrigação moral, aquele que decorria da formalização deste
acordo, gerando, apenas a partir dai a obrigação.

Nesses moldes, o direito romano era tido como “ acordo de duas ou mais pessoas sobre
o mesmo objecto, seguidas formalidades e produzindo efeitos jurídicos sobre os
contratantes. (Morreira Alves, José Carlos)

Para os romanos, o contrato não regulava relações jurídicas em geral, mas se limitava a
criar relações obrigacionais. Nesse período o vínculo não se dava pela vontade das
partes, mas pelo cumprimento das formalidades impostas.

E no direito Germânico que se traçam as primeiras possibilidades de alteração do


vinculo obrigacional, o que não era aceito no direito romano. Não havia, pois,
limitações quanto a liberdade de contratar ou contratual, de modo que o contrato era
amplamente utilizado como meio de exploração da liberdade humana (Assevera Pablo
Malheiros).

A ideia de função social foi formulada pela primeira vez por São Tomas de Aquino,
quando afirmou que os bens apropriados individualmente teriam um destino comum,
que o homem deveria respeitar, a propriedade seria condição indispensável para a
prosperidade e grandeza da sociedade e, portanto, a propriedade não seria um direito,
mas uma função social( Duguit)

SIGNIFICADOS DE FUNCAO SOCIAL

Podem-se identificar três significados para o termo “ função social”, o primeiro


significado de função social, usado em sentido amplo, é o de “ finalidade”, ou “papel”.

Esse significado de função social refere-se á ideia de Karl Renner sobre a função social,
como imagem da função económica de determinado instituto. Nesse sentido, todos os
institutos jurídicos tem função social. A propriedade, por exemplo, tem diversas funções
ou papeis. Pode funcionar como um destinado á moradia, ou para a subsistência de
quem mora no campo, ou para o exercício da actividade económica. Também funciona
como reserva de valor, como ocorre nos países ibérica, nos quais as pessoas adquirem “
bens de raiz” para investirem suas economias.

O segundo significado, usado em sentido restrito, é o de serviço realizado em benefício


de outrem. A função indica relação entre duas pessoas, sendo que uma delas age ou
presta serviços em benefício da outra.

Nesse sentido, o termo função social relaciona-se com o seu etimológico, do latim
funtio, de fungi ( exercer, desempenhar), que significa o direito ou dever de agir,
atribuído ou conferido por lei a uma pessoa, para assegurar o preenchimento de uma
função.(Silva, 1963, pag.722-723). Na tutela, por exemplo, o tutor exerce uma função,
que é a de agir no interesse do tutelado. O administrador de uma empresa exerce o seu
cargo em benefício dos sócios ou dos accionistas. o funcionário é uma pessoa cuja
profissão é prestar um serviço em nome do Estado.

No caso da função social, o funcionário é o titular do direito, o beneficiário da relação


funcional é a sociedade.

O terceiro significado de função social, usado de maneira impropria, é o de “


responsabilidade social”. Nesse caso, que aparece relacionado á função social da
empresa, é o de atribuição de deveres não relacionados com a actividade da empresa,
tais como auxiliar na preservação da natureza, no financiamento de actividades
culturais, ou no combate de problemas socias, como o trabalho e prostituição infantis.

A função social do contrato

A função social do contrato consiste em uma transposição do instituto da função social


da propriedade para o âmbito contratual. A função social do contrato recebeu destaque
dentro do titulo que cuida dos contractos em geral. Esta prevista no artigo 405 do
código civil. O controle da liberdade contratual é feito apenas pela lei, a função social
do contrato, portanto, tem por objecto restringir a liberdade de contratar.

Para compreender a função social do contrato, é preciso analisar quais são as visões
existentes sobre a liberdade de contratar, para, em seguida, compreender de que maneira
a função social agira sobre a mesma.
Existem duas visões sobre a liberdade contratual: a visão realista, e a visão legalista. A
visão realista da liberdade contratual é aquela segundo a qual a liberdade contratar é
inerente ao individuo. Nessa visão o individuo é capaz de se autodeterminar, no sentido
de estabelecer para si mesmo uma conduta determinada e cumpri-la. Foi Kant quem
sustentou o fundamento da obrigação da conduta ética ser a autonomia da vontade, a
qual, por sua vez, decorria da liberdade humana.

Por sua vez, a visão legalista da liberdade de contratar consiste no facto de essa somente
existe porque o direito a confere.
Referências bibliográficas

Aguiar Júnior, Rui Rosado, jornada de direito civil, 2002.

Barboza, Heloísa helena, Moares, maria celina Bodin, vol.II,

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