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O conteúdo deste livro está adequado à proposta
da BNCC, conforme a Resolução nº 2, de 22 de
dezembro de 2017, do Ministério da Educação.

Geografia Direção de Arte


7o ano do Ensino Fundamental Vitoriano Júnior

Carlos Alberto Chopinho


Coordenação editorial
Editor Distribuidora de Edições Pedagógicas Ltda.
Lécio Cordeiro Rua Joana Francisca de Azevedo, 142 – Mustardinha
Recife – Pernambuco – CEP: 50760-310
Revisão de texto Fone: (81) 3205-3333
Dárfini Lima CNPJ: 09.960.790/0001-21 – IE: 0016094-67

Projeto gráfico, editoração eletrônica,


iconografia, infografia e ilustrações Fizeram-se todos os esforços para localizar os detentores dos
Allegro Digital direitos dos textos contidos neste livro. A Distribuidora de Edições
Pedagógicas pede desculpas se houve alguma omissão e, em
Capa edições futuras, terá prazer em incluir quaisquer créditos faltantes.
Gabriella Correia/Nathália Sacchelli/
Sophia karla Para fins didáticos, os textos contidos neste livro receberam,
Fotos: Gustavo Frazao/shutterstock.com sempre que oportuno e sem prejudicar seu sentido original,
uma nova pontuação.

As palavras destacadas de amarelo ao longo do livro sofreram


modificações com o novo Acordo Ortográfico.

ISBN: 978-85-7797-914-1
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e
Lei no 9.610, de 19 de fevereiro de 1998.

Impresso no Brasil

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Apresentação teórica da coleção de Geografia
Conhecendo o Manual do Educador
As seções a seguir serão encontradas neste Manual e cada uma delas tem o objetivo de auxiliar o educador a aproveitar o máximo de tudo que
foi selecionado para facilitar seu trabalho em sala de aula.

Sumário do livro do aluno


Sumário
Apresenta o sumário do livro do aluno para que o
Capítulo 1
O ser, o ter e o estar ...................... 9 Cenário 5 – As coordenadas geográficas ... 52
O endereço certo de qualquer ponto
educador possa nortear o seu trabalho ao longo do ano.
Cenário 1 – O ser ..................................... 10 da Terra...............................................................52
A consciência de que sou igual Localização ........................................................52
aos outros ...........................................................10 Encerramento ...................................................54
Cenário 2 – O estar.................................. 14
Sou responsável pelo espaço construído e Capítulo 3
pelo espaço natural...........................................14 Letramento cartográfico............... 59
Paisagem e a constante modificação do
espaço .................................................................17 Cenário 1 – Como apresentar a Terra?.... 60
Cenário 3 – O lugar geográfico ............... 20 Do todo ao particular......................................60
Com afeto e com carinho, este é Um grande instrumento de informação
o meu lugar ........................................................20 chamado mapa ..................................................62
Cenário 4 – A natureza inquieta e Os mapas antigos e o norte ............................64
transformadora ................................................24 Cenário 2 – Detalhando os mapas .......... 67
Cenário 5 – O aprendizado por meio Elementos de um mapa ...................................67
do olhar .................................................... 25 Cenário 3 – Tentativas de representação ... 76
Encerramento ...................................................27 Como representar em um plano o que
é irregular? .........................................................76
Capítulo 2 Cenário 4 – Tecnologia em favor dos
O estar e o orientar-se................... 33 mapas ....................................................... 79
Mapas digitais ...................................................79
Cenário 1 – A dificuldade de Encerramento ...................................................82
encontrar o rumo ..................................... 34
Referenciais ......................................................34 Capítulo 4
Orientação pelos astros ...................................34 Nosso planeta ............................... 85
Orientação pelo Sol .........................................35
Orientação pelo Cruzeiro do Sul ..................36 Cenário 1 – Nossa localização no

Página do manual
A imprecisão dos pontos cardeais .................37 Universo ................................................... 86
Cenário 2 – A prática do dia a dia ........... 37 Fazemos parte de um sistema.........................86
Conhecer o espaço para se localizar .............37 O surgimento do Universo ............................87
Cenário 3 – Quando o céu se esconde ..... 38 Os primeiros estudos sobre o Sistema
Orientação artificial .........................................38 Solar ....................................................................88
Sugestão de
Cenário 4 – Ruas e avenidas .................... 43 A forma da Terra ..............................................88
abordagem
Ao lado de cada abertura do capítulo há boxes com
A criação do sistema de coordenadas ...........43 Cenário 2 – Os movimentos da Terra Cenário 1 Dessa forma, várias sociedades perceberam que o Sol aparecia
todas as manhãs numa determinada posição no horizonte e, depois
Geografia em cena

Nossos paralelos ...............................................45 e suas consequências ................................ 93


Por que Greenwich? ........................................46 O movimento de rotação................................93 Diferente do que normalmente se pensa, A dificuldade de de descrever um “caminho” no céu, desaparecia em uma posição
oposta, ao entardecer. Depois de certo tempo, também perceberam
que a Lua e algumas estrelas e constelações também poderiam ser-
A observação de astros,
como o Sol, para o uso da lo-
calização de pessoas cria a fal-
Latitudes e longitudes das ruas......................48 Sucessão dos dias e das noites ........................94
o Sol não nasce no ponto cardeal leste. O Sol
encontrar o rumo vir como base para a orientação sobre o espaço. sa sensação de que ele está se

os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento da


nasce do lado leste de onde estamos. O mes- movendo em torno da Terra.
As latitudes da Terra ........................................49 Fusos horários ...................................................94 mo acontece para o poente; o Sol não se põe Orientação pelo Sol Esse movimento ilusório é
As longitudes da Terra ....................................51 Caminho aparente do Sol...............................96 no ponto cardeal oeste, mas sim do lado oes- Referenciais chamado de Aparente.
Ao observar que o Sol nasce aproximadamente a Leste (ou
te de onde estamos. Na verdade, a cada dia do Um dos principais desafios dos seres humanos ao longo da sua Este) e põe-se a Oeste, os seres humanos criaram os pontos car-

Base Nacional Comum Curricular (BNCC).


ano o Sol nasce e se põe num ponto diferen- existência foi a localização e orientação sobre a superfície terrestre. deais, ou rumos cardeais, desenvolvendo a base de todo o sistema
Inicialmente, os seres humanos utilizavam elementos do espaço em de orientação.
te, por isso, se tomarmos o Sol como referên-
que viviam como referenciais. Uma montanha, um riacho ou uma Os pontos ou rumos cardeais são quatro e foram determinados
cia para nos orientarmos, cada dia tomare- grande árvore poderiam servir como base ou ponto de referência da seguinte maneira:
mos uma direção diferente ou, por exemplo, para identificar o rumo que deveriam ou queriam tomar.
a. A direção onde o Sol nasce todos os dias passou a ser deno-
Contudo, esses referenciais serviam para pequenos percursos
apontaremos a antena parabólica para lugares

Em todo o Manual serão inseridas as páginas redu-


minada de Nascente, Leste, ou Oriente.
dentro do espaço geográfico, uma vez que os indivíduos depen-
diferentes do céu se a instalarmos em épocas b. Em oposição à nascente, está o Poente, ou posição no hori-
diam da sua visibilidade e, quando precisavam deslocar-se sobre
zonte onde o Sol se põe, denominado de Ocidente, ou Oeste.
diferentes do ano. É fácil perceber isso obser- espaços maiores, como oceanos ou desertos, a tarefa se tornava ex-
CG_6ºano_01.indd 4 07/03/2018 13:34:57 tremamente difícil. A infinita capacidade de observação e criação Esses dois pontos serviram de base para a criação de outros
vando onde o Sol se põe nos meses de junho dos seres humanos os fez perceber que alguns astros, como a Lua, o dois: o Norte, que também pode ser chamado de Boreal, ou Se-
ou julho e onde ele se põe nos meses de de- Sol e determinadas estrelas, “apareciam” e, depois de certo tempo, tentrional, e o Sul, também denominado Meridional, ou Austral.

zidas do livro do aluno. Serão apresentadas orientações


zembro ou janeiro. Faça essa observação aos “desapareciam” sempre em lugares aproximados no céu, podendo,
portanto, ser utilizados para orientação. Zênite
seus alunos e peça para eles anotarem.
Orientação pelos astros
Anotações
didáticas correspondentes ao conteúdo específico e su-
O Universo e os astros que o compõem sempre despertaram
a curiosidade dos seres humanos. Várias sociedades antigas, como
incas, astecas, egípcios, gregos e mesopotâmicos, procuraram nos
cometas, nas estrelas, constelações, no Sol e na Lua explicações Horizonte
O N
para fenômenos que ocorriam na Terra.

gestões de atividade, por meio das quais será possível


Evannovostro/Shutterstock.com

successo images/Shutterstock.com

Sol

Geografia em cena
S L
Zênite é um termo

explorar o assunto trabalhado pelos estudantes.


criado pela astronomia para
Portanto, para orientar-se pelo Sol, basta de manhã cedo esten- estabelecer o ponto imagi-
der o braço direito para o Sol nascente, onde está o Leste. A partir nário em que o Sol passa a
desse ponto, fica muito fácil identificar os outros pontos, ou rumos, incidir de forma vertical em
cardeais: o braço esquerdo estendido em oposição ao direito indi- cima da cabeça de um de-
cará o ponto onde o Sol se põe, ou seja, o Oeste; à frente, estará o terminado observador.
rumo Norte e, às suas costas, o rumo Sul.

34 Capítulo 2 – O estar e o orientar-se Capítulo 2 – O estar e o orientar-se 35


Diálogo com o
professor CG_6ºano_02.indd 34 07/03/2018 13:37:22 CG_6ºano_02.indd 35 07/03/2018 13:37:22

e de abrigo em determinados lugares, a desco- na rosa dos ventos. Posteriormente, veremos


Saber como orientar-se e localizar-se no berta de rotas comerciais e marítimas, o plane- como essa noção primária e geral nos conduz
espaço geográfico sempre foi uma preocupa- jamento estratégico de manobras em campos à noção mais específica de localização no es-
ção do ser humano, desde os primeiros tem- de batalha, a exploração de recursos no sub- paço geográfico, já que os pontos de orien-
pos da humanidade — com o homem paleo- solo, a definição e escolha de locais adequados tação não são suficientes para localizar, com
lítico, passando pelo egípcio, sumério, chinês, para instalação de indústrias; enfim, a investi- precisão, qualquer lugar na superfície da Ter-
grego, romano, árabe e o navegador europeu gação do “lugar certo para a atividade a ser ali ra. Essa “localização precisa” é feita com base
— até os dias atuais, com o homem moderno, desenvolvida”. na delimitação da coordenada geográfica, ou
influenciado pelas tecnologias cada vez mais Neste capítulo, estudaremos inicialmen- seja, no cruzamento, ou encontro, entre um
sofisticadas do mundo globalizado, como sa- te as técnicas tradicionais de orientação (pelo paralelo e um meridiano, elementos cujos
télites e computadores. Esse “saber” está rela- Sol e pela Lua) e a determinação dos pontos conceitos aprofundamos e relacionamos às
cionado à satisfação de suas necessidades ime- cardeais, colaterais e subcolaterais (pontos definições de latitude e longitude, nomes atri-
diatas e específicas, como a busca de alimentos de orientação), bem como sua representação buídos às medidas de suas distâncias.

34

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Estrutura da coleção de Geografia


Partimos do princípio de que a ciência geográfica é constituída tanto pelos conhecimentos das ciências físicas e naturais quanto pelos das ciên-
cias humanas, articulando-os em diferentes níveis de análise. Assim, a Geografia é trabalhada para permitir ao educando uma compreensão do
todo, com base nas inter-relações estabelecidas entre elementos físico-naturais, socioeconômicos, populacionais, culturais e políticos, na tentativa
de superar a dicotomia sociedade versus natureza.
A noção de espaço geográfico é abordada como produto social, resultado das organizações e transformações sociais construídas a partir das
diferentes relações estabelecidas no espaço e no tempo. Também por isso, à medida que avançamos nos volumes da coleção, os temas vão se tor-
nando mais complexos e abrangentes, de forma que os conceitos são gradualmente aprofundados sob o enfoque das relações “norte-sul” (ricos-po-
bres), originadas nos processos de colonização, descolonização e industrialização. E, mais atualmente, nas relações “sul-sul”, que norteiam as rela-
ções internacionais brasileiras em seu processo de inserção no processo de globalização.
Como toda ciência é fundamentada em conceitos, com a Geografia não é diferente. E, embora possa parecer um fato inicialmente contradi-
tório, os conceitos priorizados nessa coleção são os de território, paisagem e lugar, ou seja, o espaço geográfico. No entanto, não estudaremos o es-
paço por si mesmo, mas agregando a ele os conceitos de sociedade, trabalho e natureza, que o complementam.
Por conta disso, optamos por tratar os assuntos dessa coleção de forma semelhante à proposta da Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
que tomamos como base para a elaboração desta obra.

III

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Cenário
Cenário 1

A dificuldade de Cada capítulo é dividido em Cenários para melhor entendimento do texto explicativo e são acom-
encontrar o rumo panhados por mapas, imagens, gráficos, fotos, tabelas e charges que facilitam a compreensão dos aspec-
Referenciais
Um dos principais desafios dos seres humanos ao longo da sua
tos fundamentais dos conteúdos dos capítulos. As imagens (fotos, mapas, tabelas, etc.) contidas no tex-
existência foi a localização e orientação sobre a superfície terrestre.
Inicialmente, os seres humanos utilizavam elementos do espaço em
que viviam como referenciais. Uma montanha, um riacho ou uma
grande árvore poderiam servir como base ou ponto de referência
to não têm apenas o propósito de ilustrá-lo, tornando-o mais agradável, são utilizadas visando suscitar
indagações, reflexões e interpretações sobre o espaço geográfico.
para identificar o rumo que deveriam ou queriam tomar.
Contudo, esses referenciais serviam para pequenos percursos
dentro do espaço geográfico, uma vez que os indivíduos depen-
diam da sua visibilidade e, quando precisavam deslocar-se sobre
espaços maiores, como oceanos ou desertos, a tarefa se tornava ex-
tremamente difícil. A infinita capacidade de observação e criação
dos seres humanos os fez perceber que alguns astros, como a Lua, o
Sol e determinadas estrelas, “apareciam” e, depois de certo tempo,
“desapareciam” sempre em lugares aproximados no céu, podendo,
portanto, ser utilizados para orientação.

Orientação pelos astros


O Universo e os astros que o compõem sempre despertaram

Ensaio geográfico
a curiosidade dos seres humanos. Várias sociedades antigas, como
incas, astecas, egípcios, gregos e mesopotâmicos, procuraram nos
cometas, nas estrelas, constelações, no Sol e na Lua explicações
para fenômenos que ocorriam na Terra.
Evannovostro/Shutterstock.com

successo images/Shutterstock.com

Esse tipo de instrumento não serve apenas para facilitar a com-

A seção Ensaio geográfico é o momento de prati-


preensão do relevo terrestre de superfície. Também pode ser em-
pregado para mostrar os tipos de rocha, rios (hidrografia), geleiras,
além de diversas informações.

Ensaio geográfico car os conhecimentos estudados em cada Cenário, com


1 Em uma viagem de férias, você percebeu que alguns agricultores realizam seus plantios em áreas de
encostas de morro, como no desenho abaixo.
questões reflexivas e críticas.
34 Capítulo 2 – O estar e o orientar-se

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Utilizando o seu conhecimento, que conselhos você daria a esses agricultores?


A melhor alternativa para a prática da agricultura em morros ou montanha é a técnica das curvas de

nível, ou terraceamento.

2 Observe o desenho aproximado do relevo apresentado abaixo.

C D E
B
A

Agora, responda ao que se pede:


a. Identifique e denomine a unidade do relevo representada no espaço da letra A.
Planície litorânea.

b. Verifique e denomine em qual espaço está localizada uma depressão.

Está representada pela letra “D”.

Capítulo 6 – As formas e os agentes internos do relevo 147

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Geografia em cena
As florestas temperadas foram quase totalmente devastadas,
restando apenas poucas reservas, na Europa ou América, restritas
quase sempre a áreas de difícil acesso ou de pouco interesse econô-
mico. Nos países asiáticos, a extensão da Floresta Temperada, mes-
mo que tenha sofrido redução ao longo do tempo, apresenta um
percentual remanescente maior que o da Europa e o da América.
Em meio ao texto referencial, são apresentadas informações adicionais ao conteúdo estudado. Po-
Estepes dem ser curiosidades, definições/explicações de termos possivelmente desconhecidos dos alunos ou,
simplesmente, esclarecimentos a respeito de um item específico do tema tratado.
Trata-se de uma vegetação tipicamente rasteira predominante
em áreas frias e secas numa faixa de transição entre regiões desérti-
cas e regiões florestais. Sofrem os efeitos da continentalidade, apre-
sentando verões quentes e invernos muito frios. Localizam-se na
Mongólia, nos Estados Unidos e na Sibéria russa.
Allocricetulus/Shutterstock.com

Estepe na Mongólia.

Pradarias
São formações vegetais herbáceas (gramíneas rasteiras) situa- Geografia em cena
das em ambientes muito semelhantes aos das estepes, porém com

Pequeno dicionário
mais umidade. Na América do Sul, onde a pluviosidade é maior, A pecuária extensiva
recebe o nome de Pampa, compreendendo as regiões austrais do é a prática criatória de gado
Brasil, da Argentina e do Uruguai; Pradaria é o nome que essa for- sem tantos investimentos.
mação recebe na América do Norte, e lá compreende uma área que Nela, o gado é destinado ao Os países que se situam entre os trópicos, em sua maioria em
vai do Canadá até o sul dos Estados Unidos, passando pelas planí-

geográfico e cultural
corte. Essa prática necessita desenvolvimento (como o Brasil), possuem um fator positivo para
cies centrais desse país. de alguns cuidados, princi- a utilização dessa fonte de energia, visto que essa região apresenta
As pradarias e estepes são ocupadas ou com pecuária extensiva palmente com alimentação uma taxa de insolação relativamente elevada o ano todo. Por outro
e semiextensiva ou com agricultura. e o espaço. lado, a precária (ou inexistente) tecnologia de geração de energia e
os baixos investimentos em pesquisa para sua obtenção inviabili-
Jason Patrick Ross/Shutterstock.com

zam por enquanto seu aproveitamento nessa região do globo.

Pequeno dicionário geográfico e cultural

Pradaria nos Estados Unidos.


Cartel: Conjunto de empresas que estabele-
cem monopólio, distribuindo entre si os mer-
Decomposição: Apodrecimento.
Lobby: Pessoa ou grupo que tenta influenciar
A seção Pequeno dicionário geográfico e cultural
Capítulo 10 – As grandes paisagens vegetais 253
cados e determinando os preços.
Combustível: Elemento que pode ser quei-
mado para gerar energia.
os congressistas (deputados e senadores) a vo-
tarem projetos de seu interesse, ou de grupos
que representam.
compreende uma série de palavras e termos organizados
Compactação: Ato de prensar, comprimir algo. Oleaginosa: Produtora de óleo.

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por ordem alfabética, cuja finalidade é a consulta e o es-
Aprenda com arte clarecimento de termos usados ao longo do texto.
Syriana
Direção: Stephen Gaghan.
Ano: 2005.

Sinopse: Em Syriana, histórias mostram as consequências de uma rede de conspiração e corrupção


na indústria internacional de petróleo. Um funcionário da CIA descobre a verdade sobre seu traba-
lho. Um negociante de petróleo passa por uma tragédia familiar e encontra redenção com um prín-
cipe do petróleo. Um advogado corporativo enfrenta um dilema durante a fusão de duas empresas.
Os personagens envolvidos nesse sistema não têm consciência do impacto de suas decisões sobre o
futuro mundial.

100 anos luz


Direção: Sergio Roizenblit.
Ano: 2013.

Sinopse: Em um passeio pela história da energia elétrica, o filme mostra a transformação da sociedade
rural para a sociedade urbana no século XX, a partir de dez ícones eletroeletrônicos representativos
dessa progressiva transformação e da criação dos conceitos de cidade moderna, conforto e diversão.

350 Capítulo 14 – Os desafios da produção de energia

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IV

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Aprendendo com arte
Pequeno dicionário geográfico e cultural
Babilônico: Habitante da antiga Babilônia, Papiro: Espécie de planta da qual os antigos
Em um mundo marcado pela força das imagens, o cinema é um recurso fundamental para tratar os
na Mesopotâmia (região entre os rios Tigre e egípcios produziam uma espécie de papel.
Eufrates).
Cordilheiras: Conjunto enfileirado de mon-
tanhas de grande extensão.
Perfil: Representação lateral ou silhueta de
algo ou alguém.
Periférica: Região distante do centro.
temas abordados no livro. A seção Aprendendo com arte foi elaborada com o objetivo de chamar aten-
ção da turma para conteúdos históricos a partir deste veículo de comunicação de massa.
Equidistante: Que apresenta a mesma dis- Serras: Conjunto enfileirado de montanhas
tância entre dois ou mais pontos ou objetos de pequena extensão.
considerados. Topógrafo: Profissional responsável pela re-
Jazidas: Áreas onde ocorrem grandes concen- presentação detalhada de partes da superfície
trações de minerais e recursos energéticos. da Terra.

Aprenda com arte

Piratas do Caribe: no fim do mundo


Direção: Gore Verbinski.
Ano: 2007.

Sinopse: O lorde Cuttler Beckett, da Companhia das Índias Orientais, detém o comando do navio-
-fantasma Flying Dutchman. O navio, agora sob o comando do almirante James Norrington, tem por
missão vagar pelos sete mares em busca de piratas e matá-los sem piedade. Na intenção de deter Beckett,
Will Turner, Elizabeth Swann e o capitão Barbossa precisam reunir os Nove Lordes da Corte da Irman-

Encerramento
dade. Porém, falta um dos Lordes, o capitão Jack Sparrow. O trio parte para Cingapura na intenção de
conseguir o mapa que os conduzirá ao fim do mundo, o que possibilitará que Jack seja resgatado. Mas,
para conseguir o mapa, eles precisarão enfrentar um pirata chinês, o capitão Sao Feng.

Encerramento
Piratas do Caribe: navegando em águas misteriosas
Direção: Rob Marshall.
Ano: 2011.
1 No quadro abaixo, cite impactos ambientais produzidos pelas matrizes energéticas apresentadas. Nessa obra contém, ao final de cada capítulo, exer-
Carvão Eólica
Sinopse: O capitão Jack Sparrow vai até Londres para resgatar Gibbs, integrante de sua tripulação Efeito estufa Uso da terra
cícios variados, desde questões discursivas a questões de
no Pérola Negra. Lá ele descobre que alguém está usando seu nome para conseguir marujos em uma
viagem rumo à Fonte da Juventude. Sparrow investiga e logo percebe que Angelica, um antigo caso
que balançou seu coração, é a responsável pela farsa. Ela é filha do lendário pirata Barba Negra, que
está com os dias contados.
Aquecimento global

Chuva ácida
Ruído das turbinas

Interferência eletromagnética
múltipla escolha, algumas de exames vestibulares e do
Capítulo 3 – Letramento cartográfico 81
Poluição atmosférica Mortalidade de aves
Enem, com adaptações pertinentes a cada ano do Ensi-
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2 Existem várias formas não poluentes de se gerar energia; dentre estas, destaca-se a energia geotér-
mica. Por qual motivo nem todos os países podem utilizá-la?
Apenas países que possuem atividades vulcânicas ou sísmicas, onde o vapor de água ou as pedras quen-
no Fundamental.
tes atingem temperaturas superiores a 200 °C.

3 Por que podemos afirmar que a energia solar é a que provoca menos impactos ambientais?
Ela depende unicamente da luz solar para funcionar. Suas instalações ocorrem geralmente no topo de

construções já existentes.

4 O petróleo é uma das matrizes energéticas mais poluentes do Planeta. Contudo, cientistas afirmam
que o petróleo é insubstituível na atualidade. Explique tal afirmação.
Ele é a principal fonte de matéria-prima das indústrias, e cerca da metade da energia consumida no

mundo vem dele.

5 Marque a alternativa que contém apenas fontes energéticas fósseis.


a. Carvão, eólica e petróleo.
b. Lenha, solar e hidráulica.
c. Solar, eólica e maremotriz.
d. X Gás natural, carvão e petróleo.

Capítulo 14 – Os desafios da produção de energia 351

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A importância da Geografia à luz da Base Nacional


Comum Curricular (BNCC)
Estudar Geografia é uma oportunidade para compreender o mun- O raciocínio geográfico, uma maneira de exercitar o pensamento es-
do em que se vive, na medida em que esse componente curricular abor- pacial, aplica determinados princípios (Quadro 1) para compreender as-
da as ações humanas construídas nas distintas sociedades existentes nas pectos fundamentais da realidade: a localização e a distribuição dos fatos e
diversas regiões do Planeta. Ao mesmo tempo, a educação geográfica fenômenos na superfície terrestre, o ordenamento territorial, as conexões
contribui para a formação do conceito de identidade, expresso de di- existentes entre componentes físico-naturais e as ações antrópicas.
ferentes formas: na compreensão perceptiva da paisagem, que ganha

CrispyPork/Shutterstock.com
significado à medida que, ao observá-la, nota-se a vivência dos indiví-
duos e da coletividade; nas relações com os lugares vividos; nos costu-
mes que resgatam a nossa memória social; na identidade cultural; e na
consciência de que somos sujeitos da história, distintos uns dos outros
e, por isso, convictos das nossas diferenças.
Para fazer a leitura do mundo em que vivem, com base nas apren-
dizagens em Geografia, os alunos precisam ser estimulados a pensar
espacialmente, desenvolvendo o raciocínio geográfico. O pensamento
espacial está associado ao desenvolvimento intelectual que integra co-
nhecimentos não somente da Geografia, mas também de outras áreas
(como Matemática, Ciência, Arte e Literatura). Essa interação visa à
resolução de problemas que envolvem mudanças de escala, orientação
e direção de objetos localizados na superfície terrestre, efeitos de dis-
tância, relações hierárquicas, tendências à centralização e à dispersão,
efeitos da proximidade e vizinhança, etc.

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Quadro 1 – Descrição dos princípios do raciocínio
geográfico
Princípio Descrição

Um fenômeno geográfico sempre é comparável a outros. A identificação das semelhanças entre


Analogia
fenômenos geográficos é o início da compreensão da unidade terrestre.

Um fenômeno geográfico nunca acontece isoladamente, mas sempre em interação com outros
Conexão
fenômenos próximos ou distantes.

É a variação dos fenômenos de interesse da geografia pela superfície terrestre (por exemplo, o
Diferenciação
clima), resultando na diferença entre áreas.

Distribuição Exprime como os objetos se repartem pelo espaço.

Extensão Espaço finito e contínuo delimitado pela ocorrência do fenômeno geográfico.

Posição particular de um objeto na superfície terrestre. A localização pode ser absoluta (definida
Localização por um sistema de coordenadas geográficas) ou relativa (expressa por meio de relações espaciais
topológicas ou por interações espaciais).

Ordem ou arranjo espacial é o princípio geográfico de maior complexidade. Refere-se ao modo de


Ordem
estruturação do espaço de acordo com as regras da própria sociedade que o produziu.

Essa é a grande contribuição da Geografia aos alunos da Educa- conceitos da Geografia contemporânea, diferenciados por níveis de
ção Básica: desenvolver o pensamento espacial, estimulando o raciocí- complexidade. Embora o espaço seja o conceito mais amplo e comple-
nio geográfico para representar e interpretar o mundo em permanente xo da Geografia, é necessário que os alunos dominem outros conceitos
transformação e relacionando componentes da sociedade e da nature- mais operacionais e que expressam aspectos diferentes do espaço geo-
za. Para tanto, é necessário assegurar a apropriação de conceitos para o gráfico: território, lugar, região, natureza e paisagem.
domínio do conhecimento fatual (com destaque para os acontecimen- O conceito de espaço é inseparável do conceito de tempo e ambos
tos que podem ser observados e localizados no tempo e no espaço) e precisam ser pensados articuladamente como um processo. Assim como
para o exercício da cidadania. para a História, o tempo é para a Geografia uma construção social, que se
Ao utilizar corretamente os conceitos geográficos, mobilizando o associa à memória e às identidades sociais dos sujeitos. Do mesmo modo,
pensamento espacial e aplicando procedimentos de pesquisa e análise os tempos da natureza não podem ser ignorados, pois marcam a memó-
das informações geográficas, os alunos podem reconhecer: a desigual- ria da Terra e as transformações naturais que explicam as atuais condi-
dade dos usos dos recursos naturais pela população mundial; o impac- ções do meio físico natural. Assim, pensar a temporalidade das ações hu-
to da distribuição territorial em disputas geopolíticas; e a desigualdade manas e das sociedades por meio da relação tempo-espaço representa um
socioeconômica da população mundial em diferentes contextos urba- importante e desafiador processo na aprendizagem de Geografia.
nos e rurais. Desse modo, a aprendizagem da Geografia favorece o re- Para isso, é preciso superar a aprendizagem com base apenas na
conhecimento da diversidade étnico-racial e das diferenças dos grupos descrição de informações e fatos do dia a dia, cujo significado restrin-
sociais, com base em princípios éticos (respeito à diversidade e comba- ge-se apenas ao contexto imediato da vida dos sujeitos. A ultrapassa-
te ao preconceito e à violência de qualquer natureza). Ela também es- gem dessa condição meramente descritiva exige o domínio de concei-
timula a capacidade de empregar o raciocínio geográfico para pensar e tos e generalizações. Estes permitem novas formas de ver o mundo e
resolver problemas gerados na vida cotidiana, condição fundamental de compreender, de maneira ampla e crítica, as múltiplas relações que
para o desenvolvimento das competências gerais previstas na BNCC. conformam a realidade, de acordo com o aprendizado do conhecimen-
Nessa direção, a BNCC está organizada com base nos principais to da ciência geográfica.

VI

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Para dar conta desse desafio, o componente Geografia da BNCC consigam ler, comparar e elaborar diversos tipos de mapas temáticos,
foi dividido em cinco unidades temáticas comuns ao longo do Ensino assim como as mais diferentes representações utilizadas como ferra-
Fundamental, em uma progressão das habilidades. mentas da análise espacial. Essa, aliás, deve ser uma preocupação nor-
Na unidade temática O sujeito e seu lugar no mundo, focalizam- teadora do trabalho com mapas em Geografia. Eles devem, sempre que
-se as noções de pertencimento e identidade. No Ensino Fundamental possível, servir de suporte para o repertório que faz parte do raciocí-
— Anos Finais, procura-se expandir o olhar para a relação do sujeito nio geográfico, fugindo do ensino do mapa pelo mapa, como fim em
com contextos mais amplos, considerando temas políticos, econômi- si mesmo.
cos e culturais do Brasil e do mundo. Dessa forma, o estudo da Geo- Na unidade temática Natureza, ambientes e qualidade de vida,
grafia constitui-se em uma busca do lugar de cada indivíduo no mun- busca-se a unidade da geografia, articulando geografia física e geografia
do, valorizando a sua individualidade e, ao mesmo tempo, situando-o humana, com destaque para a discussão dos processos físico-naturais
em uma categoria mais ampla de sujeito social: a de cidadão ativo, de- do planeta Terra. No Ensino Fundamental — Anos Finais, essas no-
mocrático e solidário. Enfim, cidadãos produtos de sociedades locali- ções ganham dimensões conceituais mais complexas, de modo a levar
zadas em determinado tempo e espaço, mas também produtores dessas os estudantes a estabelecer relações mais elaboradas, conjugando natu-
mesmas sociedades, com sua cultura e suas normas. reza, ambiente e atividades antrópicas em distintas escalas e dimensões
Em Conexões e escalas, a atenção está na articulação de diferen- socioeconômicas e políticas. Dessa maneira, torna-se possível a eles co-
tes espaços e escalas de análise, possibilitando que os alunos compreen- nhecer os fundamentos naturais do Planeta e as transformações impos-
dam as relações existentes entre fatos nos níveis local e global. Portanto, tas pelas atividades humanas na dinâmica físico-natural, inclusive no
no decorrer do Ensino Fundamental, os alunos precisam compreender contexto urbano e rural.
as interações multiescalares existentes entre sua vida familiar, seus gru- Em todas essas unidades, destacam-se aspectos relacionados ao
pos e espaços de convivência e as interações espaciais mais complexas. exercício da cidadania e à aplicação de conhecimentos da Geografia
A conexão é um princípio da Geografia que estimula a compreensão diante de situações e problemas da vida cotidiana, tais como: estabele-
do que ocorre entre os componentes da sociedade e do meio físico na- cer regras de convivência na escola e na comunidade; discutir propos-
tural. Ela também analisa o que ocorre entre quaisquer elementos que tas de ampliação de espaços públicos; e propor ações de intervenção na
constituem um conjunto na superfície terrestre e que explicam um lu- realidade, tudo visando à melhoria da coletividade e do bem comum.
gar na sua totalidade. Conexões e escalas explicam os arranjos das pai- No Ensino Fundamental — Anos Finais, espera-se que os alunos
sagens, a localização e a distribuição de diferentes fenômenos e objetos compreendam os processos que resultaram na desigualdade social, as-
técnicos, por exemplo. sumindo a responsabilidade de transformação da atual realidade, fun-
Em Mundo do trabalho, abordam-se, no Ensino Fundamental — damentando suas ações em princípios democráticos, solidários e de jus-
Anos Finais, essa unidade temática ganha relevância: incorpora-se o tiça. Dessa maneira, possibilita-se o entendimento do que é Geografia,
processo de produção do espaço agrário e industrial em sua relação en- com base nas práticas espaciais, que dizem respeito às ações espacial-
tre campo e cidade, destacando-se as alterações provocadas pelas no- mente localizadas de cada indivíduo, considerado como agente social
vas tecnologias no setor produtivo, fator desencadeador de mudanças concreto. Ao observar e analisar essas ações, visando a interesses indivi-
substanciais nas relações de trabalho, na geração de emprego e na dis- duais (práticas espaciais), espera-se que os alunos estabeleçam relações
tribuição de renda em diferentes escalas. A Revolução Industrial, a re- de alteridade e de modo de vida em diferentes tempos.
volução técnico-científico-informacional e a urbanização devem ser as- Assim, com o aprendizado de Geografia, os estudantes têm a
sociadas às alterações no mundo do trabalho. Nesse sentido, os alunos oportunidade de trabalhar com conceitos que sustentam ideias plu-
terão condição de compreender as mudanças que ocorreram no mun- rais de natureza, território e territorialidade. Dessa forma, eles podem
do do trabalho em variados tempos, escalas e processos históricos, so- construir uma base de conhecimentos que incorpora os segmentos so-
ciais e étnico-raciais. ciais culturalmente diferenciados e também os diversos tempos e rit-
Por sua vez, na unidade temática Formas de representação e pen- mos naturais.
samento espacial, além da ampliação gradativa da concepção do que Essa dimensão conceitual permite que os alunos desenvolvam
é um mapa e de outras formas de representação gráfica, são reunidas aproximações e compreensões sobre os saberes científicos — a respei-
aprendizagens que envolvem o raciocínio geográfico. Espera-se que, to da natureza, do território e da territorialidade, por exemplo — pre-
no decorrer do Ensino Fundamental, os alunos tenham domínio da sentes nas situações cotidianas. Quanto mais um cidadão conhece os
leitura e elaboração de mapas e gráficos, iniciando-se na alfabetização elementos físico-naturais e sua apropriação e produção, mais pode ser
cartográfica. Fotografias, mapas, esquemas, desenhos, imagens de sa- protagonista autônomo de melhores condições de vida. Trata-se, nessa
télites, audiovisuais, gráficos, entre outras alternativas, são frequente- unidade temática, de desenvolver o conceito de ambiente na perspecti-
mente utilizados no componente curricular. Quanto mais diversifica- va geográfica, o que se fundamenta na transformação da natureza pelo
do for o trabalho com linguagens, maior o repertório construído pelos trabalho humano. Não se trata de transferir o conhecimento científico
alunos, ampliando a produção de sentidos na leitura de mundo. Com- para o escolar, mas, por meio dele, permitir a compreensão dos proces-
preender as particularidades de cada linguagem, em suas potencialida- sos naturais e da produção da natureza na sociedade capitalista. Nes-
des e em suas limitações, conduz ao reconhecimento dos produtos des- se sentido, ao compreender o contexto da natureza vivida e apropriada
sas linguagens não como verdades, mas como possibilidades. pelos processos socioeconômicos e culturais, os alunos constroem cri-
No Ensino Fundamental — Anos Finais, espera-se que os alunos ticidade, fator fundamental de autonomia para a vida fora da escola.

VII

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Para tanto, a abordagem dessas unidades temáticas deve ser reali- volvida pelo professor, os alunos podem mobilizar, ao mesmo tempo,
zada integradamente, uma vez que a situação geográfica não é apenas diversas habilidades de diferentes unidades temáticas.
um pedaço do território, uma área contínua, mas um conjunto de re- Cumpre destacar que os critérios de organização das habilidades
lações. Portanto, a análise de situação resulta da busca de característi- na BNCC (com a explicitação dos objetos de conhecimento aos quais
cas fundamentais de um lugar na sua relação com outros lugares. As- se relacionam e do agrupamento desses objetos em unidades temáti-
sim, ao se estudarem os objetos de aprendizagem de Geografia, a ênfase cas) expressam um arranjo possível (dentre outros). Portanto, os agru-
do aprendizado é na posição relativa dos objetos no espaço e no tem- pamentos propostos não devem ser tomados como modelo obrigatório
po, o que exige a compreensão das características de um lugar (locali- para o desenho dos currículos.
zação, extensão, conectividade, entre outras), resultantes das relações Considerando esses pressupostos, e em articulação com as compe-
com outros lugares. Por causa disso, o entendimento da situação geo- tências gerais da BNCC e com as competências específicas da área de
gráfica, pela sua natureza, é o procedimento para o estudo dos objetos Ciências Humanas, o componente curricular de Geografia também deve
de aprendizagem pelos alunos. Em uma mesma atividade a ser desen- garantir aos alunos o desenvolvimento de competências específicas.

Competências específicas de Geografia para o Ensino


Fundamental
1. Utilizar os conhecimentos geográficos para entender a interação sociedade/natureza e exercitar o interesse e o espírito de investigação e de
resolução de problemas.

2. Estabelecer conexões entre diferentes temas do conhecimento geográfico, reconhecendo a importância dos objetos técnicos para a com-
preensão das formas como os seres humanos fazem uso dos recursos da natureza ao longo da história.

3. Desenvolver autonomia e senso crítico para compreensão e aplicação do raciocínio geográfico na análise da ocupação humana e produção do
espaço, envolvendo os princípios de analogia, conexão, diferenciação, distribuição, extensão, localização e ordem.

4. Desenvolver o pensamento espacial, fazendo uso das linguagens cartográficas e iconográficas, de diferentes gêneros textuais e das geotecno-
logias para a resolução de problemas que envolvam informações geográficas.

5. Desenvolver e utilizar processos, práticas e procedimentos de investigação para compreender o mundo natural, social, econômico, político e
o meio técnico-científico e informacional, avaliar ações e propor perguntas e soluções (inclusive tecnológicas) para questões que requerem
conhecimentos científicos da Geografia.

6. Construir argumentos com base em informações geográficas, debater e defender ideias e pontos de vista que respeitem e promovam a cons-
ciência socioambiental e o respeito à biodiversidade e ao outro, sem preconceitos de qualquer natureza.

7. Agir pessoal e coletivamente com respeito, autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, propondo ações sobre as
questões socioambientais, com base em princípios éticos, democráticos, sustentáveis e solidários.

Geografia no Ensino Fundamental — Anos Finais:


unidades temáticas, objetos de conhecimento e
habilidades
Nessa fase final do Ensino Fundamental, pretende-se garantir a toricamente instituídas, compreendendo a transformação do espaço
continuidade e a progressão das aprendizagens do Ensino Fundamen- em território usado — espaço da ação concreta e das relações desiguais
tal — Anos Iniciais em níveis crescentes de complexidade da com- de poder, considerando também o espaço virtual proporcionado pela
preensão conceitual a respeito da produção do espaço. Para tanto, é rede mundial de computadores e das geotecnologias. Desenvolvendo a
preciso que os alunos ampliem seus conhecimentos sobre o uso do es- análise em diferentes escalas, espera-se que os estudantes demonstrem
paço em diferentes situações geográficas regidas por normas e leis his- capacidade não apenas de visualização, mas que relacionem e enten-

VIII

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dam espacialmente os fatos e fenômenos, os objetos técnicos e o orde- brasileiro. Destaca-se também a relevância do estudo da América do Nor-
namento do território usado. te, com ênfase no papel dos Estados Unidos da América na economia do
Para tanto, no 6º ano, propõe-se a retomada da identidade sociocultu- pós-guerra e em sua participação na geopolítica mundial na contempo-
ral, do reconhecimento dos lugares de vivência e da necessidade do estudo raneidade. Nos estudos regionais, sejam da América, sejam da África, as
sobre os diferentes e desiguais usos do espaço, para uma tomada de cons- informações geográficas são fundamentais para analisar geoespacialmen-
ciência sobre a escala da interferência humana no Planeta. Aborda-se tam- te os dados econômicos, culturais e socioambientais — tais como GINI,
bém o desenvolvimento de conceitos estruturantes do meio físico natural, IDH, saneamento básico, moradia, entre outros —, comparando-os com
destacadamente, as relações entre os fenômenos no decorrer dos tempos da eventos de pequenas e grandes magnitudes, como terremotos, tsunamis e
natureza e as profundas alterações ocorridas no tempo social. Ambas são desmoronamentos devidos a chuvas intensas e falta da cobertura vegetal.
responsáveis pelas significativas transformações do meio e pela produção Considera-se que os estudantes precisam conhecer as diferentes concep-
do espaço geográfico, fruto da ação humana sobre o Planeta e sobre seus ções dos usos dos territórios, tendo como referência diferentes contextos
elementos reguladores. sociais, geopolíticos e ambientais, por meio de conceitos como classe so-
Trata-se, portanto, de compreender o conceito de natureza; as dispu- cial, modo de vida, paisagem e elementos físicos naturais, que contribuem
tas por recursos e territórios que expressam conflitos entre os modos de para uma aprendizagem mais significativa, estimulando o entendimento
vida das sociedades originárias e/ou tradicionais; e o avanço do capital, to- das abordagens complexas da realidade, incluindo a leitura de representa-
dos retratados na paisagem local e representados em diferentes linguagens, ções cartográficas e a elaboração de mapas e croquis.
entre elas o mapa temático. O entendimento dos conceitos de paisagem e Por fim, no 9º ano, é dada atenção para a constituição da nova (des)or-
transformação é necessário para que os alunos compreendam o processo dem mundial e a emergência da globalização/mundialização, assim como
de evolução dos seres humanos e das diversas formas de ocupação espacial suas consequências. Por conta do estudo do papel da Europa na dinâmi-
em diferentes épocas. Nesse sentido, espera-se que eles compreendam o pa- ca econômica e política, é necessário abordar a visão de mundo do ponto
pel de diferentes povos e civilizações na produção do espaço e na transfor- de vista do Ocidente, especialmente dos países europeus, desde a expansão
mação da interação sociedade/natureza. marítima e comercial, consolidando o Sistema Colonial em diferentes re-
No 7º ano, os objetos de conhecimento abordados partem da for- giões do mundo. É igualmente importante abordar outros pontos de vis-
mação territorial do Brasil, sua dinâmica sociocultural, econômica e po- ta, seja o dos países asiáticos na sua relação com o Ocidente, seja o dos co-
lítica. Objetiva-se o aprofundamento e a compreensão dos conceitos de lonizados, com destaque para o papel econômico e cultural da China, do
Estado-nação e formação territorial, e também dos que envolvem a dinâ- Japão, da Índia e do Oriente Médio. Entender a dimensão sociocultural e
mica físico-natural, sempre articulados às ações humanas no uso do territó- geopolítica da Eurásia na formação e constituição do Estado Moderno e
rio. Espera-se que os alunos compreendam e relacionem as possíveis cone- nas disputas territoriais possibilita uma aprendizagem com ênfase no pro-
xões existentes entre os componentes físico-naturais e as múltiplas escalas cesso geo-histórico, ampliando e aprofundando as análises geopolíticas,
de análise, como também entendam o processo socioespacial da formação por meio das situações geográficas que contextualizam os temas da geo-
territorial do Brasil e analisem as transformações no federalismo brasileiro grafia regional.
e os usos desiguais do território. Espera-se, assim, que o estudo da Geografia no Ensino Fundamen-
Nesse contexto, as discussões relativas à formação territorial contri- tal — Anos Finais possa contribuir para o delineamento do projeto de
buem para a aprendizagem a respeito da formação da América Latina, em vida dos jovens alunos, de modo que eles compreendam a produção so-
especial da América portuguesa, que são apresentadas no contexto do es- cial do espaço e a transformação do espaço em território usado. Anseia-se,
tudo da geografia brasileira. Ressalta-se que o conceito de região faz parte também, que entendam o papel do Estado-nação em um período históri-
das situações geográficas que necessitam ser desenvolvidas para o entendi- co cuja inovação tecnológica é responsável por grandes transformações so-
mento da formação territorial brasileira. cioespaciais, acentuando ainda mais a necessidade de que possam conjec-
Nos dois últimos anos do Ensino Fundamental — Anos Finais, o turar as alternativas de uso do território e as possibilidades de seus próprios
estudo da Geografia se concentra no espaço mundial. Para isso, parte da projetos para o futuro. Espera-se, também, que, nesses estudos, sejam utili-
compreensão de que, na realidade atual, a divisão internacional do traba- zadas diferentes representações cartográficas e linguagens para que os estu-
lho e a distribuição da riqueza tornaram-se muito mais fluídas e complexas dantes possam, por meio delas, entender o território, as territorialidades e
do ponto de vista das interações espaciais e das redes de interdependência o ordenamento territorial em diferentes escalas de análise.
em diferentes escalas. Por esse motivo, no estudo dos países de diferentes
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continentes (América, Europa, Ásia, África e Oceania), são tematizadas as


dimensões da política, da cultura e da economia.
Nessa direção, explora-se, no 8º ano, uma análise mais profunda dos
conceitos de território e região, por meio dos estudos da América e da Áfri-
ca. Pretende-se, com as possíveis análises, que os estudantes possam com-
preender a formação dos Estados Nacionais e as implicações na ocupação e
nos usos do território americano e africano. As relações entre como ocorre-
ram as ocupações e as formações territoriais dos países podem ser analisa-
das por meio de comparações, por exemplo, de países africanos com países
latino-americanos, inserindo, nesse contexto, o processo socioeconômico

IX

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Geografia – 6º ano
UNIDADES TEMÁTICAS OBJETOS DE CONHECIMENTO

O sujeito e seu lugar no mundo Identidade sociocultural

Conexões e escalas Relações entre os componentes físico-naturais

Mundo do trabalho Transformação das paisagens naturais e antrópicas

Formas de representação e pensamento espacial Fenômenos naturais e sociais representados de diferentes maneiras

Biodiversidade e ciclo hidrológico


Natureza, ambientes e qualidade de vida

Atividades humanas e dinâmica climática

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HABILIDADES

(EF06GE01) Comparar modificações das paisagens nos lugares de vivência e os usos desses lugares em diferentes tempos.
(EF06GE02) Analisar modificações de paisagens por diferentes tipos de sociedade, com destaque para os povos originários.

(EF06GE03) Descrever os movimentos do planeta e sua relação com a circulação geral da atmosfera, o tempo atmosférico e os padrões
climáticos.
(EF06GE04) Descrever o ciclo da água, comparando o escoamento superficial no ambiente urbano e rural, reconhecendo os principais
componentes da morfologia das bacias e das redes hidrográficas e a sua localização no modelado da superfície terrestre e da cobertura vegetal.
(EF06GE05) Relacionar padrões climáticos, tipos de solo, relevo e formações vegetais.

(EF06GE06) Identificar as características das paisagens transformadas pelo trabalho humano a partir do desenvolvimento da agropecuária e
do processo de industrialização.
(EF06GE07) Explicar as mudanças na interação humana com a natureza a partir do surgimento das cidades.

(EF06GE08) Medir distâncias na superfície pelas escalas gráficas e numéricas dos mapas.
(EF06GE09) Elaborar modelos tridimensionais, blocos-diagramas e perfis topográficos e de vegetação, visando à representação de elementos
e estruturas da superfície terrestre.

(EF06GE10) Explicar as diferentes formas de uso do solo (rotação de terras, terraceamento, aterros etc.) e de apropriação dos recursos
hídricos (sistema de irrigação, tratamento e redes de distribuição), bem como suas vantagens e desvantagens em diferentes épocas e lugares.
(EF06GE11) Analisar distintas interações das sociedades com a natureza, com base na distribuição dos componentes físico-naturais,
incluindo as transformações da biodiversidade local e do mundo.
(EF06GE12) Identificar o consumo dos recursos hídricos e o uso das principais bacias hidrográficas no Brasil e no mundo, enfatizando as
transformações nos ambientes urbanos.

(EF06GE13) Analisar consequências, vantagens e desvantagens das práticas humanas na dinâmica climática (ilha de calor etc.).

XI

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Geografia – 7º ano
UNIDADES TEMÁTICAS OBJETOS DE CONHECIMENTO

O sujeito e seu lugar no mundo Ideias e concepções sobre a formação territorial do Brasil

Formação territorial do Brasil

Conexões e escalas

Características da população brasileira

Produção, circulação e consumo de mercadorias

Mundo do trabalho

Desigualdade social e o trabalho

Formas de representação e pensamento espacial Mapas temáticos do Brasil

Natureza, ambientes e qualidade de vida Biodiversidade brasileira

XII

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HABILIDADES

(EF07GE01) Avaliar, por meio de exemplos extraídos dos meios de comunicação, ideias e estereótipos acerca das paisagens e da formação
territorial do Brasil.

(EF07GE02) Analisar a influência dos fluxos econômicos e populacionais na formação socioeconômica e territorial do Brasil,
compreendendo os conflitos e as tensões históricas e contemporâneas.
(EF07GE03) Selecionar argumentos que reconheçam as territorialidades dos povos indígenas originários, das comunidades remanescentes de
quilombos, de povos das florestas e do cerrado, de ribeirinhos e caiçaras, entre outros grupos sociais do campo e da cidade, como direitos legais
dessas comunidades.

(EF07GE04) Analisar a distribuição territorial da população brasileira, considerando a diversidade étnico-cultural (indígena, africana,
europeia e asiática), assim como aspectos de renda, sexo e idade nas regiões brasileiras.

(EF07GE05) Analisar fatos e situações representativas das alterações ocorridas entre o período mercantilista e o advento do capitalismo.
(EF07GE06) Discutir em que medida a produção, a circulação e o consumo de mercadorias provocam impactos ambientais, assim como
influem na distribuição de riquezas, em diferentes lugares.

(EF07GE07) Analisar a influência e o papel das redes de transporte e comunicação na configuração do território brasileiro.
(EF07GE08) Estabelecer relações entre os processos de industrialização e inovação tecnológica com as transformações socioeconômicas do
território brasileiro.

(EF07GE09) Interpretar e elaborar mapas temáticos e históricos, inclusive utilizando tecnologias digitais, com informações demográficas e
econômicas do Brasil (cartogramas), identificando padrões espaciais, regionalizações e analogias espaciais.
(EF07GE10) Elaborar e interpretar gráficos de barras, gráficos de setores e histogramas, com base em dados socioeconômicos das regiões
brasileiras.

(EF07GE11) Caracterizar dinâmicas dos componentes físico-naturais no território nacional, bem como sua distribuição e biodiversidade
(Florestas Tropicais, Cerrados, Caatingas, Campos Sulinos e Matas de Araucária).
(EF07GE12) Comparar unidades de conservação existentes no Município de residência e em outras localidades brasileiras, com base na
organização do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC).

XIII

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Geografia – 8º ano
UNIDADES TEMÁTICAS OBJETOS DE CONHECIMENTO

Distribuição da população mundial e deslocamentos populacionais

O sujeito e seu lugar no mundo


Diversidade e dinâmica da população mundial e
local

Corporações e organismos internacionais e do Brasil na ordem


Conexões e escalas
econômica mundial

Os diferentes contextos e os meios técnico e tecnológico na produção

Mundo do trabalho

Transformações do espaço na sociedade urbano-industrial na América


Latina

Formas de representação e pensamento


Cartografia: anamorfose, croquis e mapas temáticos da América e África
espacial

XIV

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HABILIDADES

(EF08GE01) Descrever as rotas de dispersão da população humana pelo planeta e os principais fluxos migratórios em diferentes períodos da
história, discutindo os fatores históricos e condicionantes físico-naturais associados à distribuição da população humana pelos continentes.

(EF08GE02) Relacionar fatos e situações representativas da história das famílias do Município em que se localiza a escola, considerando a
diversidade e os fluxos migratórios da população mundial.
(EF08GE03) Analisar aspectos representativos da dinâmica demográfica, considerando características da população (perfil etário,
crescimento vegetativo e mobilidade espacial).
(EF08GE04) Compreender os fluxos de migração na América Latina (movimentos voluntários e forçados, assim como fatores e áreas de
expulsão e atração) e as principais políticas migratórias da região.

(EF08GE05) Aplicar os conceitos de Estado, nação, território, governo e país para o entendimento de conflitos e tensões na
contemporaneidade, com destaque para as situações geopolíticas na América e na África e suas múltiplas regionalizações a partir do
pós-guerra.
(EF08GE06) Analisar a atuação das organizações mundiais nos processos de integração cultural e econômica nos contextos americano e
africano, reconhecendo, em seus lugares de vivência, marcas desses processos.
(EF08GE07) Analisar os impactos geoeconômicos, geoestratégicos e geopolíticos da ascensão dos Estados Unidos da América no cenário
internacional em sua posição de liderança global e na relação com a China e o Brasil.
(EF08GE08) Analisar a situação do Brasil e de outros países da América Latina e da África, assim como da potência estadunidense na ordem
mundial do pós-guerra.
(EF08GE09) Analisar os padrões econômicos mundiais de produção, distribuição e intercâmbio dos produtos agrícolas e industrializados,
tendo como referência os Estados Unidos da América e os países denominados de Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
(EF08GE10) Distinguir e analisar conflitos e ações dos movimentos sociais brasileiros, no campo e na cidade, comparando com outros
movimentos sociais existentes nos países latino-americanos.
(EF08GE11) Analisar áreas de conflito e tensões nas regiões de fronteira do continente latino-americano e o papel de organismos
internacionais e regionais de cooperação nesses cenários.
(EF08GE12) Compreender os objetivos e analisar a importância dos organismos de integração do território americano (Mercosul, OEA,
OEI, Nafta, Unasul, Alba, Comunidade Andina, Aladi, entre outros).

(EF08GE13) Analisar a influência do desenvolvimento científico e tecnológico na caracterização dos tipos de trabalho e na economia dos
espaços urbanos e rurais da América e da África.
(EF08GE14) Analisar os processos de desconcentração, descentralização e recentralização das atividades econômicas a partir do capital
estadunidense e chinês em diferentes regiões no mundo, com destaque para o Brasil.

(EF08GE15) Analisar a importância dos principais recursos hídricos da America Latina (Aquífero Guarani, Bacias do rio da Prata,
do Amazonas e do Orinoco, sistemas de nuvens na Amazônia e nos Andes, entre outros) e discutir os desafios relacionados à gestão e
comercialização da água.
(EF08GE16) Analisar as principais problemáticas comuns às grandes cidades latino-americanas, particularmente aquelas relacionadas à
distribuição, estrutura e dinâmica da população e às condições de vida e trabalho.
(EF08GE17) Analisar a segregação socioespacial em ambientes urbanos da América Latina, com atenção especial ao estudo de favelas,
alagados e zona de riscos.

(EF08GE18) Elaborar mapas ou outras formas de representação cartográfica para analisar as redes e as dinâmicas urbanas e rurais,
ordenamento territorial, contextos culturais, modo de vida e usos e ocupação de solos da África e América.
(EF08GE19) Interpretar cartogramas, mapas esquemáticos (croquis) e anamorfoses geográficas com informações geográficas acerca da África
e América.

XV

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Identidades e interculturalidades regionais: Estados Unidos da América,
América espanhola e portuguesa e África

Natureza, ambientes e qualidade de vida

Diversidade ambiental e as transformações nas paisagens na América


Latina

Geografia – 9º ano
UNIDADES TEMÁTICAS OBJETOS DE CONHECIMENTO

A hegemonia europeia na economia, na política e na cultura

O sujeito e seu lugar no mundo Corporações e organismos internacionais

As manifestações culturais na formação populacional

Integração mundial e suas interpretações: globalização e mundialização

Conexões e escalas
A divisão do mundo em Ocidente e Oriente

Intercâmbios históricos e culturais entre Europa, Ásia e Oceania

Transformações do espaço na sociedade urbano-industrial

Mundo do trabalho

Cadeias industriais e inovação no uso dos recursos naturais e


matérias-primas

XVI

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(EF08GE20) Analisar características de países e grupos de países da América e da África no que se refere aos aspectos populacionais, urbanos,
políticos e econômicos, e discutir as desigualdades sociais e econômicas e as pressões sobre a natureza e suas riquezas (sua apropriação e
valoração na produção e circulação), o que resulta na espoliação desses povos.
(EF08GE21) Analisar o papel ambiental e territorial da Antártica no contexto geopolítico, sua relevância para os países da América do Sul e
seu valor como área destinada à pesquisa e à compreensão do ambiente global.
(EF08GE22) Identificar os principais recursos naturais dos países da América Latina, analisando seu uso para a produção de matéria-prima e
energia e sua relevância para a cooperação entre os países do Mercosul.
(EF08GE23) Identificar paisagens da América Latina e associá-las, por meio da cartografia, aos diferentes povos da região, com base em
aspectos da geomorfologia, da biogeografia e da climatologia.
(EF08GE24) Analisar as principais características produtivas dos países latino-americanos (como exploração mineral na Venezuela; agricul-
tura de alta especialização e exploração mineira no Chile; circuito da carne nos pampas argentinos e no Brasil; circuito da cana-de-açúcar em
Cuba; polígono industrial do sudeste brasileiro e plantações de soja no centro-oeste; maquiladoras mexicanas, entre outros).

HABILIDADES

(EF09GE01) Analisar criticamente de que forma a hegemonia europeia foi exercida em várias regiões do planeta, notadamente em situações
de conflito, intervenções militares e/ou influência cultural em diferentes tempos e lugares.

(EF09GE02) Analisar a atuação das corporações internacionais e das organizações econômicas mundiais na vida da população em relação ao
consumo, à cultura e à mobilidade.
(EF09GE03) Identificar diferentes manifestações culturais de minorias étnicas como forma de compreender a multiplicidade cultural na
escala mundial, defendendo o princípio do respeito às diferenças.
(EF09GE04) Relacionar diferenças de paisagens aos modos de viver de diferentes povos na Europa, Ásia e Oceania, valorizando identidades e
interculturalidades regionais.

(EF09GE05) Analisar fatos e situações para compreender a integração mundial (econômica, política e cultural), comparando as diferentes
interpretações: globalização e mundialização.

(EF09GE06) Associar o critério de divisão do mundo em Ocidente e Oriente com o Sistema Colonial implantado pelas potências europeias.

(EF09GE07) Analisar os componentes físico-naturais da Eurásia e os determinantes histórico-geográficos de sua divisão em Europa e Ásia.
(EF09GE08) Analisar transformações territoriais, considerando o movimento de fronteiras, tensões, conflitos e múltiplas regionalidades na
Europa, na Ásia e na Oceania.
(EF09GE09) Analisar características de países e grupos de países europeus, asiáticos e da Oceania em seus aspectos populacionais, urbanos,
políticos e econômicos, e discutir suas desigualdades sociais e econômicas e pressões sobre seus ambientes físico-naturais.

(EF09GE10) Analisar os impactos do processo de industrialização na produção e circulação de produtos e culturas na Europa, na Ásia e na
Oceania.
(EF09GE11) Relacionar as mudanças técnicas e científicas decorrentes do processo de industrialização com as transformações no trabalho em
diferentes regiões do mundo e suas consequências no Brasil.

(EF09GE12) Relacionar o processo de urbanização às transformações da produção agropecuária, à expansão do desemprego estrutural e ao
papel crescente do capital financeiro em diferentes países, com destaque para o Brasil.
(EF09GE13) Analisar a importância da produção agropecuária na sociedade urbano-industrial ante o problema da desigualdade mundial de
acesso aos recursos alimentares e à matéria-prima.

XVII

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Leitura e elaboração de mapas temáticos, croquis e outras formas de
Formas de representação e pensamento espacial
representação para analisar informações geográficas

Diversidade ambiental e as transformações nas paisagens na Europa, na


Natureza, ambientes e qualidade de vida
Ásia e na Oceania

XVIII

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(EF09GE14) Elaborar e interpretar gráficos de barras e de setores, mapas temáticos e esquemáticos (croquis) e anamorfoses geográficas para
analisar, sintetizar e apresentar dados e informações sobre diversidade, diferenças e desigualdades sociopolíticas e geopolíticas mundiais.
(EF09GE15) Comparar e classificar diferentes regiões do mundo com base em informações populacionais, econômicas e socioambientais
representadas em mapas temáticos e com diferentes projeções cartográficas.

(EF09GE16) Identificar e comparar diferentes domínios morfoclimáticos da Europa, da Ásia e da Oceania.


(EF09GE17) Explicar as características físico-naturais e a forma de ocupação e usos da terra em diferentes regiões da Europa, da Ásia e da
Oceania.
(EF09GE18) Identificar e analisar as cadeias industriais e de inovação e as consequências dos usos de recursos naturais e das diferentes fontes
de energia (tais como termoelétrica, hidrelétrica, eólica e nuclear) em diferentes países.

XIX

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Sumário
Sumário

Capítulo 1 Capítulo 3
A formação do território Fronteiras do Brasil ...................... 73
brasileiro ...................................... 7
Cenário 1– Terra Brasilis ......................... 74
Cenário 1 – A organização político- Nosso lugar no mundo ....................................74
-administrativo no Brasil colônia ............ 8 Consequências da nossa localização.............76
O sistema de capitanias hereditárias ............8 Uma ilha chamada Brasil ................................78
O sistema de governo–geral...........................9 Cenário 2 – Um gigante chamado Brasil .....82
Cenário 2 – A organização político- Terras a perder de vista ....................................82
-administrativa no Brasil império............ 11 Pontos extremos do Brasil ..............................84
O sistema imperial monárquico ....................11 Fuso horário do Brasil .....................................86
Cenário 3 – Organização político- Encerramento ...................................................90
-administrativa do Brasil do início da
República aos dias atuais ......................... 13 Capítulo 4
O sistema federativo republicano .................13 Indígenas do Brasil ....................... 97
Questão do Acre...............................................13 Cenário 1 – Terras de Ibirapitanga...............98
Questão da zona de Palmas ............................15 O indígena brasileiro .......................................98
Questão do Amapá ..........................................15 Povos que andam nus ......................................101
Questão do Pirara ............................................16 O choque de culturas ......................................105
O Brasil após o Estado Novo .........................17 Terra de “índio” ou terra de branco? ............106
Cenário 4 – Planejamento regional no Como garantir a terra? ....................................108
Brasil ........................................................ 18 Encerramento ...................................................112
Conceito e utilidade da regionalização........18
Regionalizações oficiais e não oficiais ..........24 Capítulo 5
Encerramento ...................................................34 Brasil: herança cultural ................ 119
Cenário 1 – Um mulato chamado Brasil .....120
Capítulo 2 Quem é a nação brasileira? .............................120
Os brasileiros e o seu espaço ......... 41 Grupos formadores da população
brasileira .............................................................121
Cenário 1– Um lugar chamado Brasil ..... 42 Negro afro-brasileiro e desigualdade............125
A conquista do espaço brasileiro...................42 Diversidade étnica e questão racial no
Onde tudo começou .......................................42 Brasil ...................................................................126
O espaço em constante Encerramento ...................................................129
ampliação ...........................................................45
Um loteamento chamado Brasil ...................46 Capítulo 6
Cenário 2 – Redes de transporte e Brasil: movimentos migratórios ... 133
comunicação ............................................ 56 Cenário 1 – As andanças e a construção do
Transporte de carga por muares – espaço brasileiro.............................................134
O Tropeirismo ..................................................58 Migrações e a construção do espaço
Brasil: o país das rodovias ...............................60 brasileiro ............................................................134
O transporte aéreo brasileiro .........................62 Migrações internas anteriores ao
Encerramento ...................................................65 século XX ..........................................................134

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Migrações no início do século XX ...............136 Construção da espacialidade urbana
Migrações entre as décadas de 1930 brasileira .............................................................198
e 1960 .................................................................136 Causas da urbanização ....................................199
Migrações entre 1950 e 1970 ........................137 Urbanização no Brasil .....................................199
Migrações entre 1970 e 1990 ........................137 Relação campo x cidade ..................................200
Migrações a partir da década de 1990..........138 Histórico da urbanização no Brasil ..............200
Êxodo rural no Brasil.......................................140 Redes urbanas ...................................................201
Emigração ..........................................................142 Hierarquia urbana brasileira ..........................202
Cenário 2 – Fatores econômicos da imigração Regiões metropolitanas brasileiras ...............204
no Brasil .........................................................144 A formação da megalópole brasileira ...........206
A desigualdade social e o trabalho ................149 Problemas urbanos brasileiros .......................207
Encerramento ...................................................153 Cenário 2 – Problemas ambientais
urbanos ...........................................................209
Capítulo 7 Poluição urbana ................................................210
A população brasileira .................. 163 Encerramento ...................................................221
Cenário 1 – Quantos somos e onde
estamos ...........................................................164 Capítulo 9
População gigantesca e mal distribuída .......164 Recursos naturais e exploração do
Crescimento da população brasileira ...........166 espaço brasileiro ........................... 229
Mudanças na natalidade e fecundidade .......166 Cenário 1 – Atividades não urbanas no
Melhoria na qualidade de vida e queda Brasil ...............................................................230
na mortalidade ..................................................168 Extrativismo brasileiro ....................................230
Cenário 2 – O mundo em um país ...............175 Extrativismo brasileiro como atividade de
A imigração e sua contribuição para a coleta...................................................................230
formação da população brasileira..................175 A pesca como atividade primária no
Cenário 3 – Estruturas da população Brasil ...................................................................231
brasileira .........................................................178 Extrativismo mineral brasileiro .....................232
Estrutura etária .................................................178 Principais jazidas brasileiras ...........................233
Cenário 4 – Estrutura da População Agropecuária brasileira ...................................239
Economicamente Ativa (PEA) .....................182 Cenário 2 – Agricultura brasileira................241
Ocupação da população brasileira ................182 O Centro-Sul, o coração da agricultura
Cenário 5 – Desigualdades na estrutura brasileira .............................................................241
social ...............................................................185 Espaço agropecuário paulista.........................242
Participação das mulheres na PEA ...............185 Espaço agropecuário do Centro-Oeste .......243
Encerramento ...................................................190 A tradição do espaço agropecuário da
Região Sul ..........................................................245
Capítulo 8 Minas Gerais: o tradicionalismo cultural....246
O espaço urbano brasileiro ........... 197 O Nordeste ........................................................247
Cenário 1 – O predomínio da selva de Região Norte .....................................................248
pedra ...............................................................198 Cenário 3 – Pecuária brasileira .....................249

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Principais características .................................249 Impactos ambientais e domínios
Encerramento ...................................................255 morfoclimáticos brasileiros ............................305

Capítulo 10 Cenário 3 – A proteção ambiental no


O espaço brasileiro e sua Brasil ...............................................................310
diversidade ................................... 261 As unidades de uso sustentável ......................314
Cenário 1 – A natureza do espaço Encerramento ...................................................319
brasileiro.........................................................262
Características gerais do espaço natural Capítulo 12
brasileiro ............................................................262 As regiões Norte e Centro-Oeste
A calma geológica do território brasileiro .....263 do Brasil....................................... 327
As altitudes do relevo brasileiro .......................265 Cenário 1 – Regionalização oficial
Os planaltos brasileiros e os impactos estabelecida pelo IBGE .................................328
ambientais .............................................................266 Região Norte .....................................................328
As planícies brasileiras ....................................268 Aspectos Naturais ............................................329
As depressões brasileiras .................................269 Aspectos sociais e econômicos ......................334
Cenário 2 – Brasil, a pátria das águas ...........271 A superintendência do plano de valorização
Reservas fluviais brasileiras.............................271 econômica da Amazônia e a ocupação
Um país de extremos .......................................272 desordenada da região .....................................335
Regiões hidrográficas brasileiras ...................273 A ditadura militar e o loteamento da
Águas subterrâneas do Brasil .........................275 Região Norte .....................................................336
Cenário 3 – A climatologia brasileira...........276 Órgãos estruturadores da destruição............338
Massas de ar que atuam sobre o Brasil .........276 Região Centro-Oeste ......................................340
Clima equatorial...............................................278 Aspectos naturais .............................................341
Clima tropical ...................................................278 Aspectos sociais e econômicos ......................344
Alterações na atmosfera brasileira ................281 Encerramento ...................................................350
Encerramento ...................................................285
Capítulo 13
Capítulo 11 As regiões Sul, Sudeste e Nordeste
As paisagens vegetais brasileiras ..... 291 do Brasil....................................... 357
Cenário 1 – Grandes paisagens vegetais Cenário 1 – Região de forte influência alemã e
brasileiras........................................................292 italiana ............................................................358
Perfil e localização das vegetações nativas ...292 Região Sul ..........................................................358
Manguezal, o berçário do mar .......................293 Aspectos naturais .............................................359
A Mata Atlântica, a morte iminente ............295 Aspectos sociais e econômicos ......................363
A força indomável da Caatinga .....................296 Cenário 2 – Região de maior potencial CG

A imponência da Mata de Araucária............298 industrial do Brasil ........................................366


Vegetação de Cerrado: a tecnologia vence Região Sudeste ..................................................366
a natureza ...........................................................298 Aspectos Naturais ............................................367
Vegetação do Pantanal ....................................300 Aspectos sociais e econômicos ......................374
Vegetação de Campos ou Pampas .................301 Principais regiões industriais do Sudeste.....377
Mata dos Cocais ...............................................302 Cenário 3 – Os construtores do Brasil .........378
Cenário 2 – Domínios naturais ou Região Nordeste ...............................................378
morfoclimáticos brasileiros ..........................303 Aspectos naturais .............................................379
Regionalização do território brasileiro em Aspectos sociais e econômicos ......................388
domínios naturais ............................................303 Encerramento ...................................................396

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presentativas das alterações ocorridas en-
tre o período mercantilista e o advento do

Capítulo 1
capitalismo.
(EF07GE09) Interpretar e elaborar mapas te-
máticos e históricos, inclusive utilizando tec-
nologias digitais, com informações demográ-
A formação do território ficas e econômicas do Brasil (cartogramas),
identificando padrões espaciais, regionaliza-
brasileiro A formação do território brasileiro está ligada
ao desenvolvimento de atividades econômicas ções e analogias espaciais.
para exportação, como o café.

Objetivos
pedagógicos

• Estudar a descoberta e as formas de coloni-


zação do território brasileiro.
• Discutir os fatores que influenciaram na
formação do espaço geográfico brasileiro a
partir da expansão comercial e marítima por-
tuguesa, impulsionada pela necessidade de
consolidação dos Estados Nacionais.
• Trabalhar a produção do espaço geográfico
colonial, enfatizando a chegada dos portugue-
ses, o aniquilamento da cultura indígena e sua
exploração e a predominância de uma econo-
mia de exportação, cujas atividades econômi-
cas focalizavam o pau-brasil, o açúcar, a mine-
ração, a borracha e o café.
• Introduzir o conceito de estrutura econô-
mica isolacionista.
O Brasil é formado
por 26 estados e um Distrito
• Compreender questões relacionadas à divi-
Federal (Brasília). Neste capítulo, são política, aos limites e fronteiras.
estudaremos as transformações
político-administrativas que ocorreram • Esclarecer que o processo de colonização
no território brasileiro da colonização ocorreu como uma forma de expansão dos es-
até os nossos dias. Estudaremos como
se deu a atual configuração do mapa tados europeus pela incorporação dos espaços
político do País e o processo de
regionalização. da América, África e Ásia a seus territórios.
severesid/Shutterstock
.com • Compreender as modificações nas paisa-
gens naturais brasileiras como consequência
da relação entre a sociedade e a natureza.
• Explicar que as desigualdades presentes no
CG_7ºano_01.indd 7 29/03/2018 13:52:55 espaço geográfico brasileiro são frutos de in-
BNCC (EF07GE03) Selecionar argumentos que re- tervenções humanas ao longo da história.
Habilidades trabalhadas conheçam as territorialidades dos povos indí-
no capítulo
genas originários, das comunidades remanes-
centes de quilombos, de povos das florestas Anotações
(EF07GE01) Avaliar, por meio de exemplos e do cerrado, de ribeirinhos e caiçaras, entre
extraídos dos meios de comunicação, ideias e outros grupos sociais do campo e da cidade,
estereótipos acerca das paisagens e da forma- como direitos legais dessas comunidades.
ção territorial do Brasil. (EF07GE04) Analisar a distribuição territo-
(EF07GE02) Analisar a influência dos flu- rial da população brasileira, considerando a
xos econômicos e populacionais na formação diversidade étnico-cultural (indígena, africa-
socioeconômica e territorial do Brasil, com- na, europeia e asiática), assim como aspectos
preendendo os conflitos e as tensões históri- de renda, sexo e idade nas regiões brasileiras.
ck.com
severesid/Shuttersto
cas e contemporâneas. (EF07GE05) Analisar fatos e situações re-

55

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Cenário 1

A organização
político-
-administrativa no
Brasil colônia
O sistema de capitanias
hereditárias
N

O L
Maranhão João de Barros e Aires da Cunha (2º Quinhão)

S
Maranhão Fernando Álvares de Andrade

Ceará Antônio Cardoso de Barros

João de Barros e
Rio Grande Aires da Cunha
(1º Quinhão)

Itamaracá
Meridiano de Tordesilhas

Pero Lopes de Sousa


(3º Quinhão)

Pernambuco Duarte Coelho

Bahia Francisco Pereira Coutinho

Ilhéus Jorge de Figueiredo Correia

Porto Seguro Pero de Campos Tourinho

Espírito Santo Vasco Fernandes Coutinho


CG

São Tomé Pero de Góis

São Vicente Martim Afonso de Sousa (2º Quinhão)


Santo Amaro Pero Lopes de Sousa (1º Quinhão)
São Vicente Martim Afonso de Sousa (1º Quinhão)

Santana Pero Lopes de Sousa (2º Quinhão) 0 257 km 514 km

Oceano Atlântico

8 Capítulo 1 – A formação do território brasileiro

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8

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muitas funções antes desempenhadas pelos
donatários. A partir de 1720 os governado-
O sistema de capitanias hereditárias consistia na divisão das
res receberam o título de vice-rei. O Governo-
terras brasileiras, segundo critérios da Coroa portuguesa, em 15 gi-
gantescos lotes de terras, que se estendiam do litoral até os limites -Geral permaneceu até a vinda da família real
da linha de Tordesilhas e que foram entregues aos donatários. Foi para o Brasil, em 1808.
instituído em 1534 e sobreviveu até 1548, devido à sua forma de
organização político-administrativa descentralizada, pois não exis-
Tomé de Sousa, o primeiro governador
tia integração entre as capitanias e cada uma delas era totalmen- do Brasil, chegou em 1549 e fundou a cidade
te autônoma (cada donatário governava com poderes absolutos de Salvador, a primeira da Colônia. Trouxe
nas suas terras), só estando subordinada à autoridade ao rei. Por
diversos problemas, como incapacidade de diversos donatários, a três ajudantes para ocupar os cargos de: pro-
excessiva descentralização impedia a mútua ajuda das capitanias vedor-mor, encarregado das finanças; ouvi-
em momentos de agressões, e a falta de recursos para os donatários dor-geral, a maior autoridade da justiça; e o
investirem na exploração dos seus lotes contribuiu para que apenas
duas capitanias prosperassem: Pernambuco e São Vicente. de capitão-mor da costa, encarregado da de-
fesa do litoral. Vieram também padres jesuí-
O sistema de governo- tas chefiados por Manuel da Nóbrega, en-
carregados da catequese dos indígenas e de
-geral consolidar, por meio da fé, o domínio do
Esse sistema foi instituído por Portugal, em virtude da fracas- território pela Coroa portuguesa.
sada experiência das capitanias. Para incentivar não só a exploração O controle da aplicação da justiça e a ex-
da terra, como também fiscalizar essa exploração, a Coroa portu-
pansão da fé cristã, ações atribuídas ao Go-
guesa decidiu envolver-se diretamente na colonização, instalando
um sistema político-administrativo centralizado, o qual passava a verno-Geral, eram expressivas em relação ao
ser representado em nossas terras por um governador-geral nomea- momento pelo qual passavam as monarquias
do pela corte. O sistema de governo-geral não extinguiu as antigas
europeias: o absolutismo e os movimentos de-
capitanias; sobrepôs-se a elas, que permaneceram como uma divisão
político-administrativa, porém subordinadas ao governador-geral. correntes do surgimento do protestantismo.
Em 1551, no governo de Tomé de Sou-
Governador-Geral sa, foi criado o 1º Bispado do Brasil com
sede na capitania real, sendo nomeado bis-
po D. Pero Fernandes Sardinha. Foram
também instaladas as Câmaras Municipais,
Provedor-mor Ouvidor-mor Capitão-mor compostas pelos “homens bons”: donos
de terras, membros das milícias e do clero.
Nesse período, ainda foi introduzida, nessa
Donatários das Governadores das capitania, a criação de gados e instalados en-
capitanias hereditárias capitanias da Coroa genhos. Com essas medidas, o governo por-
tuguês pretendia reafirmar a soberania e a
autoridade da Metrópole, e consolidar o
Câmaras municipais processo de colonização.
Foi ainda no período do governo de
Capítulo 1 – A formação do território brasileiro 9 Tomé de Sousa que chegou ao Brasil um con-
siderável número de artesãos. De início, tra-
balharam na construção da cidade de Salva-
CG_7ºano_01.indd 9 29/03/2018 13:52:56 dor e, depois, na instalação de engenhos na
Leitura do-a na primeira capitania real ou da Co- região. Eles eram mão de obra especializada
complementar roa, sede do Governo-Geral. Esta medi-
da não implicou a extinção das capitanias
tão necessária na Colônia que a Coroa lhes
ofereceu, caso viessem para o Brasil, isenção
hereditárias e até mesmo outras foram im- de pagamento do dízimo pelo mesmo prazo
O Governo-Geral plantadas, como a de Itaparica, em 1556, e dado aos colonos.
a do Recôncavo Baiano, em 1566. No sécu- Os governadores seguintes, Duarte da
Com a finalidade de “dar favor e aju- lo XVII, continuou a criação de capitanias Costa (1553 – 1557) e Mem de Sá (1557 –
da” aos donatários e centralizar adminis- hereditárias para estimular a ocupação 1572), reforçaram a defesa das capitanias, fi-
trativamente a organização da Colônia, o do estado do Maranhão. zeram explorações de reconhecimento da ter-
rei de Portugal resolveu criar, em 1548, o Um Regimento instituiu o Governo-Ge- ra e tomaram outras medidas no sentido de
Governo-Geral. Resgatou dos herdeiros ral. O documento detalhava as funções do reafirmar e garantir a colonização. Mas en-
de Francisco Pereira Coutinho a capitania novo representante do governo português na frentaram grandes dificuldades: choques com
da Bahia de Todos os Santos, transforman- Colônia. O governador geral passou a assumir os nativos e com invasores, especialmente os
:56
9

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franceses; conflitos com o bispo, e com os pró-
prios jesuítas que se opunham à escravidão in-
A primeira sede do governo-geral foi na cidade de Salvador, na
dígena, e entre antigos e novos colonos.
Bahia, fundada por Tomé de Sousa, primeiro governador-geral do
Brasil. Porém, durante esse sistema, que começou em 1549 e durou
Disponível em: http://www.multirio.rj.gov.br/historia/ até a chegada da Família Real em 1808, a Coroa portuguesa modi-
ficava a administração da colônia, com o interesse de fortalecer o
modulo01/gov_geral.html. Acesso em: 26/12/2017.
seu controle sobre certas áreas que, vez por outra, insurgiam-se, ou
para combater a evasão de riquezas. Assim, de 1573 a 1578, a admi-
nistração da colônia foi dividida entre os Governos do Norte, com
Diálogo com o sede em Salvador, e o do Sul, com sede no Rio de Janeiro.

professor Já de 1621 a 1775, a administração da colônia foi reorganizada


e novamente dividida, desta vez em Estado do Brasil, com sede em
Salvador, e Estado do Maranhão, com sede em São Luís. Durante esse
sistema, houve um aumento substancial no número de capitanias, e em
Sabemos que durante o Período Colonial 1815, bem próximo a nossa independência, já possuíamos quase a atual
a Igreja Católica estava massivamente junto extensão de terras e 26 capitanias (o mesmo número de estados atuais).
com o Estado, e uma forma de mostrar sua au-
toridade era construindo igrejas e ostentando Brasil: divisão política (1751)
seu poder. A partir disso recorra às imagens de N 0 314 km 628 km

igrejas construídas naquela época para que os O L

alunos possam ver as belezas arquitetônicas S


Equador
desse período. São José do Rio Negro
Belém
(Manaus) São Luís

Estado do
Diálogo com o
Grão-Pará
professor Olinda
Recife

Estado
Recomendamos sempre a conexão com do Brasil Salvador
(capital até 1763)
assuntos paralelos ao que estamos apresen- Vila Real
(Cuiabá)

tando. Os textos que recomendamos foram Vila Boa Porto Seguro

pensados em eixos transversais para que pu-


Pacífico
Oceano

Sabará

déssemos abarcar mais temas dentro da Geo- Vila Rica (Ouro Preto) Vitória

grafia. Prepare suas aulas partindo do pon-


São João del Rei
São Paulo Rio de Janeiro
(capital a partir de 1763)
to de que o ensino é um processo holístico, Tratado de Tordesilhas, 1494 São Vicente
Curitiba
interligado e que se é possivel fazer pontes 2
3
Tratado de Utrecht, 1713-1715

Vila do Desterro
Oceano
Tratado de Madri, 1750
com tantas outras ilhas de conhecimento. 4 Tratado de Santo Idelfonso, 1777
42
Porto
Alegre
5 Tratado de Badajoz, 1801
5 Atlântico
Anotações 3
Área disputada por Portugal e Espanha
Áreas em litígio com os países Vila de São Pedro
vizinhos no decorrer do séc. XIX
Colônia do Sacramento

10 Capítulo 1 – A formação do território brasileiro

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C
10

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Cenário 2

A organização
político-
-administrativa no
Brasil império
O sistema imperial
monárquico
Tratado de Limites (1713–1801)
Bogotá a
ad
r an São José de N
G
e

Marabitanas
va
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São Joaquim o
Rio Oiap O L
No São Gabriel Macapá
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Rio Barra do Rio Negro


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São Francisco Xavier


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de Tabatinga Fortaleza
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Vila Bela Salvador


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Rio Paraguai

Vila Boa
Oceano
Pacífico
Coimbra

Mariana
ra

a
P

Território atual do Brasil


o
Ri

São Paulo
Rio de Janeiro
Iguatemi
Tratado de Utrecht (1713) Assunção
Santos
2:56
Tratado de Madri (1750) Vice-Reinado Oceano
do Rio Desterro
Atlântico
Laguna
Tratado de Santo Idelfonso (1777)
da Prata
i
Urugua

Área incorporada ao Brasil pelo


Tratado de Badajós (1801) Rio Grande 0 366 km 732 km
de São Pedro
R io

Fortes
Uruguai

Após a “independência”, prosseguimos com o poder centraliza-


do, agora nas mãos de um português que decidiu optar pelo Brasil
como seu lar. O poder estava ampla e excessivamente centralizado

Capítulo 1 – A formação do território brasileiro 11

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11

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Sugestão de
filme na figura do imperador, que, para isso, declarou a Constituição de
1824, na qual determinava a existência de 4 poderes: Executivo
(exercido pelo imperador e seus ministros), Legislativo (composto
Independência ou morte pelo Senado e pela Câmara dos Deputados), Judiciário (compos-
to pelos Juízes e tribunais) e Moderador (exercido exclusivamente
Diretor: Carlos Coimbra pelo imperador).
Utilizando dos seus amplos poderes, o imperador dividiu pro-
Sinopse: Filme épico e ufanista, feito em plena víncias, como a de Pernambuco. Ampliou outras, como a da Bahia,
e criou outras a partir da subdivisão de antigas capitanias, como a
época da Ditadura Militar em comemoração aos do Paraná (criada em 1853) e as províncias de Alagoas (criadas em
duzentos anos de Independência. Traça o perfil 1817) e Sergipe (criada em 1820), que surgiram durante a regência
de D. Pedro I desde a infância, passando por seu de D. Pedro. No final do período monárquico, o Brasil já contava
com 26 províncias.
envolvimento com a Marquesa de Santos, pela
Proclamação da Independência, até a abdicação do Geografia em cena
imperador.
Após dois anos da Independência do Brasil, entra

Reprodução
em vigor a Constituição de 1824, seguindo os padrões
das monarquias liberais europeias. No enxerto a seguir,
Sugestão de
os cinco primeiros artigos dessa Constituição.
abordagem
“DOM PEDRO PRIMEIRO, POR GRA-
ÇA DE DEOS, e Unanime Acclamação dos Povos,
Imperador Constitucional, e Defensor Perpetuo do
Recomendamos o uso do teatro para Brazil: Fazemos saber a todos os Nossos Subditos,
aproximação dos alunos com o Período Co- que tendo-Nos requeridos o Povos deste Imperio,
lonial. Por isso, indicamos uma peça que re- [...] como Constituição, que dora em diante fica
sendo deste Imperio a qual é do theor seguinte: Dom Pedro I outorgou a primeira Constituição do Brasil.
trata o período Joanino no Brasil. Se necessá-
rio, peça ajuda aos professores de História e de CONSTITUICÃO POLITICA DO IMPERIO DO BRAZIL.
Língua Portuguesa para montar a peça. EM NOME DA SANTISSIMA TRINDADE.
TITULO 1º
O link a seguir traz um breve resumo so- Do Imperio do Brazil, seu Territorio, Governo, Dynastia, e Religião.
bre o teatro para o ensino de História. Art. 1. O IMPERIO do Brazil é a associação Politica de todos os Cidadãos Brazileiros.
Elles formam uma Nação livre, e independente, que não admitte com qualquer outra laço al-
gum de união, ou federação, que se opponha á sua Independencia.
http://historianochaodasaladeaula.blogspot. Art. 2. O seu territorio é dividido em Provincias na fórma em que actualmente se acha, as
com.br/2015/01/teatro-e-ensino-de-histo- quaes poderão ser subdivididas, como pedir o bem do Estado.
Art. 3. O seu Governo é Monarchico Hereditario, Constitucional, e Representativo.
ria.html
Art. 4. A Dynastia Imperante é a do Senhor Dom Pedro I actual Imperador, e Defensor
Perpetuo do Brazil.
Art. 5. A Religião Catholica Apostolica Romana continuará a ser a Religião do Imperio.
Todas as outras Religiões serão permitidas com seu culto domestico, ou particular em casas

Anotações para isso destinadas, sem fórma alguma exterior do Templo.”

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao24.htm

12 Capítulo 1 – A formação do território brasileiro

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C
12

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Cenário 3

Organização
político-
-administrativa do
Brasil do início da
República aos dias
atuais
O sistema federativo
republicano
Esse sistema, que começou a existir em 1889, com um ato de
proclamação liderado pelo Marechal Deodoro da Fonseca, e teve
como seu principal embasamento a Constituição promulgada de
1891, apresentava uma forma de administração que, com algumas
modificações, seguimos até hoje, a exemplo da autonomia parcial
das unidades político-administrativas (Estados) que compõem a
federação (país). Federação é a união política entre províncias ou
estados que se associam sob um governo central, sem perder, con-
tudo, a soberania.
Aos poucos, os diversos regimes republicanos que passaram
pelo Brasil foram moldando a divisão político-administrativa até
chegar à situação atual. Em um primeiro momento, o governo
republicano adotou a denominação de Estado, abandonando a
antiga denominação de província, para identificar as unidades da
federação. Esse período, porém, é bastante proveitoso em confli-
2:57 tos fronteiriços e criação de territórios federais, o que passaremos a
descrever a seguir.

Questão do Acre
A disputa por esta região foi a primeira e mais complicada
questão da nascente República. Começou com a invasão da área
dos seringais bolivianos por brasileiros, no final do século XIX.

Capítulo 1 – A formação do território brasileiro 13

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13

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Quando tudo caminhava para um desfecho diplomático, os bra-
sileiros recusaram obediência ao governo boliviano, criando um
território independente e exigindo sua incorporação ao Brasil. Pro-
blema maior aconteceu em 1899, quando Luís Galvez Rodrigues
de Árias proclamou a República do Acre. Nesse momento, tropas
brasileiras e bolivianas uniram-se para dissolver a nascente Repúbli-
ca, com a recuperação do território pela Bolívia. Porém, o enredo
não estava próximo do seu desfecho, pois, em 1902, os brasileiros
que viviam no Acre rebelam-se novamente sob a liderança do gaú-
cho Plácido de Castro, fundando o Estado Independente do Acre.
Levada adiante a disputa diplomática, as fronteiras acrianas foram
estabelecidas em 1903, através do Tratado de Petrópolis, assinado
entre o Brasil, a Bolívia e o Peru. Esse tratado resultou na compra
do Acre pelo Brasil, pelo valor de 2 milhões de libras esterlinas, das
regiões pertencentes à Bolívia e ao Peru.

Questão do Acre
N

O L A m a z o n a s
S 0 120 km 240 km

Território obtido pelo Brasil

Cruzeiro do Sul

Ferrovia Madeira-Mamoré

A c r e
Sena
Madureira Porto Velho

Rio Branco
Guajará-Mirim
Rio Acre
Território cedido à Bolívia

Peru Bolívia

Além disso, o nosso país


Reprodução

ficou encarregado de assumir a


construção da ferrovia Madei-
ra-Mamoré, no Rio Madeira,
para escoamento da produção
e exportação da borracha bo-
liviana através dos portos de
Belém e Manaus. Em 1904,
o Acre foi definitivamente
incorporado ao território bra-
sileiro, transformando-se em
território federal. A região
mais ao sul foi transformada
em território apenas em 1943,
O Barão do Rio Branco, como diplomata
brasileiro, liderou as negociações com a
com o nome de Território Fe-
Bolívia sobre a Questão do Acre. deral do Guaporé.

14 Capítulo 1 – A formação do território brasileiro

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Questão da zona de
Palmas
Esse conflito começou no Segundo Reinado e envolvia o Brasil
e a Argentina, que pleiteavam uma área de fronteira localizada no
extremo ocidental dos estados de Santa Catarina e Paraná. Só foi
concluído em 1895, com a arbitragem internacional do presidente
dos Estados Unidos Grover Cleveland, dando sentença favorável
ao Brasil, que incorporou o território, estabelecendo o limite entre
os dois países ao longo do Rio Peperi-Guaçu. Essa região foi trans-
formada, em 1943, pelo governo do Estado Novo getulista, em dois
territórios federais, com os nomes de Iguaçu e Ponta Porã.

Questão de Palmas
Paraná
Lapa
Argentina

Palmas Porto União


Joinville

Itajaí
Território disputado pela Argentina Blumenau
incorporado ao Brasil

Santa
Catarina
Florianópolis
Erechim

Rio Grande
do Sul N

O L Oceano
0 57 km 114 km
S
Atlântico

Questão do Amapá
A disputa por este território envolveu o Brasil e a França, pois
o litígio se deu entre a nossa República e a Guiana Francesa, então
colônia da República da França. O conflito se arrastava desde a épo-
ca colonial com os guianenses, reivindicando uma área além do Rio
Oiapoque, no extremo norte brasileiro. Novamente, a questão foi a
julgamento internacional e, em 1º de janeiro de 1900 o presidente
suíço Walter Hauser, que havia sido designado juiz presidente da co-
missão de arbitragem, deu ganho de causa ao Brasil, que incorporou
a região inicialmente ao Estado do Pará, com o nome Araguari (em
virtude da fixação do limite entre as terras dos dois contendores estar
entre os rios Oiapoque e Araguari). Em 1943, esta área foi transfor-
mada em território federal pelo governo Getúlio Vargas.

Capítulo 1 – A formação do território brasileiro 15

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15

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Caiena Questão do Amapá
Cabo Orange
Guiana
Cabo Cassiporé
Francesa e

u
oq
Oceano

ap
N

Oi
Atlântico

Rio
O L

Ilha de Maracá

Território disputado Cabo Nazaré

Ri
o
pela França e Ar
ag
anexado ao Brasil uari
(Amapá)

Rio
0 79 km 158 km

Ja
ri
Macapá

Questão do Pirara
Ilha de
Marajó
Pará
Esse conflito
zona diplomático envolveu o Brasil e a Guiana Inglesa,
s
ma
na época
io colônia da Grã-Bretanha, pela posse das terras no entor-
A

no do Lago Pirara, ao leste do atual Estado de Roraima, onde está


R

localizado o Rio Branco. Mais uma vez, a disputa foi parar em um


tribunal internacional, porém nessa questão o resultado foi desfa-
vorável ao Brasil, pois o rei da Itália, Vittorio Emanuel III, encarre-
gado de julgar o caso, deu ganho de causa à Inglaterra, tendo sido o
território dividido entre os contendores, com a maior fatia cabendo
à Guiana Inglesa. Em 1943, o Estado Novo transformou essa região
em território federal, passando este a chamar-se Rio Branco.

QuestãoRio do
Cuy Pirara
un
i

Venezuela 0 170 km 340 km


Maú

araí ma
Pac Cotingó
N S er ra
Guiana
Rio Uraricoera Holandesa
Ser ra Parima

O L
Guiana
Rio Tacut

S Boa Vista
Inglesa
Roraima aí
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ú

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Rio

Serra Imeri
nau
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este
ombetas

Rio Ne gro

Pará
Cidades
R Amazonas
io

Território cedido ao Brasil


Ne

Rio Amazonas
gr

Território cedido à Inglaterra


o

Rio Tapajós

16 Capítulo 1 – A formação do território brasileiro

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O Brasil após o Estado
Novo
Em 1945, o Brasil contava com 20 estados, sete territórios e um
Distrito Federal. Após esse período, e com o fim do Estado Novo,
houve uma reorganização da divisão política e administrativa brasi-
leira. Em 1946, foram extintos os territórios federais de Ponta Porã e
Iguaçu. Em 1956, o território federal de Guaporé passou a se chamar
território de Rondônia. Além disso, é importante destacar que, em
1960, foi inaugurada Brasília, atual capital federal, tomando o lugar
da Guanabara, que neste momento é transformada em Estado.

Divisão política do Brasil (1945)

Território
do Rio Branco Território
do Amapá
Equador

Território
de Fernando
de Noronha
Amazonas
Pará Maranhão Rio Grande
Ceará
do Norte

Piauí Paraíba
Território
do Acre Pernambuco
Alagoas
Território
do Guaporé Sergipe
Bahia
Goiás
Mato Grosso

Estados Minas
Gerais
Territórios federais
Território Espírito Santo
de Ponta Porã São
Paulo
Rio de Janeiro
Pacífico
Oceano

Território Trópico de
Capricórn
de Iguaçu Paraná io
Santa Oceano
Catarina
Rio Grande
Atlântico
do Sul

0 314 km 628 km O L

Capítulo 1 – A formação do território brasileiro 17

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17

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Leitura
complementar Em 1960, faziam parte do território bra-

Pedro Moraes/Shutterstock.com
sileiro: 21 estados, cinco territórios e um Dis-
trito Federal. Em 1962, em virtude da elevação
Como funciona o processo de da sua arrecadação e da sua população — em
torno de 200.000 habitantes, limite mínimo
criação de novos estados? previsto pela Constituição de 1946 para qual-
quer território federal —, o Acre transformou-
A divisão do Brasil começou em 1534, -se em Estado.
Em 1974, o Estado da Guanabara desa-
quando ainda era uma colônia. Nessa época, foi pareceu ao ser fundido com o Estado do Rio
dividido em 15 faixas, chamadas de capitanias de Janeiro, cuja capital passa a ser a Cidade
hereditárias. Já em 1709, foi segmentado em do Rio. Três anos depois (1977), o Estado do
Mato Grosso foi dividido, e foram criados, do
sete províncias: Grão-Pará, São Paulo, Mara- Palmas, foi fundada em 1989, após a cria- antigo território, os Estados de Mato Grosso (porção norte do anti-
nhão, Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro e São ção do Estado de Tocantins pela Consti-
tuição de 1988, e passou a ser a capital do Es-
go Estado) e Mato Grosso do Sul. Em 1981, quando sua população
Pedro. De lá para cá, aumentou sua extensão e tado em 1990. atingiu a casa dos 500.000 habitantes, o Território Federal de Ron-
dônia foi transformado em Estado.
foi redividido por várias vezes. O mapa atual A atual divisão político-administrativa do Brasil (26 estados
do país é resultado da Constituição de 1988, e um Distrito Federal) foi instituída a partir da Constituição de
1988, com a criação do Estado de Tocantins, a partir do desmem-
que manteve a definição de territórios federais,
bramento do Estado de Goiás, e a transformação dos Territórios de
mas acabou com aqueles que existiam. Com a Roraima e do Amapá em Estados.
nova legislação, Roraima e Amapá foram trans-
formados em estados, Fernando de Noronha Cenário 4
foi incorporado a Pernambuco e Goiás foi des-
membrado, dando origem a Tocantins.
Todas essas mudanças no mapa estão pre-
Planejamento
vistas na Constituição, que diz o seguinte: “os regional no Brasil
Estados podem incorporar-se entre si, subdi-
vidir-se ou desmembrar-se para se anexarem Conceito e utilidade da
a outros, ou formarem novos Estados ou Ter-
ritórios Federais, mediante aprovação da po-
regionalização
pulação diretamente interessada, por meio de Todas as áreas da superfície do Planeta apresentam característi-
plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei cas como cultura, história, economia, sociedade e natureza, que as
individualizam. Essas características, mesmo particularizando cada
complementar”. Ou seja, para que um novo es- área com relação às demais, apresentam complexas relações entre si.
tado seja criado, é necessário que seja apresen- Por exemplo, áreas naturais diferentes implicam atuações sociais di-
ferentes, com o intuito de melhorar a vida dos seus habitantes. Por
tada uma proposta ao Congresso, que pode
sua vez, as modificações impostas pela sociedade sobre o espaço natu-
aprovar a realização de uma consulta popular. ral podem determinar o modelo de desenvolvimento econômico da
Se a população votar pelo sim, o documento região, e as relações entre os seus membros e o meio, e mesmo entre
os próprios homens, são determinantes na construção da história de
volta para o órgão legislativo, onde precisa re- uma determinada porção do espaço geográfico.
ceber a maioria absoluta dos votos (metade
mais um da Casa) para ser aprovado. Depois, 18 Capítulo 1 – A formação do território brasileiro
o projeto ainda dever passar pelo presidente
da República, que poderá sancioná-lo para en-
tão entrar em prática. CG_7ºano_01.indd 18 29/03/2018 13:52:59 CG

Atualmente, 22 projetos para a criação exemplo, o Pará seria dividido ao meio, já que Anotações
de novos estados ou territórios federais trami- seu tamanho dificulta a administração.
tam na Câmara dos Deputados. Mas, como al- Enquanto isso, os territórios de Solimões,
guns deles tratam do mesmo assunto (três de- Juruá e Rio Negro serviriam para garantir mais
les dizem respeito ao território do Rio Negro), fiscalização e controle sobre a Amazônia. Al-
no total, há propostas para dez novos esta- guns desses projetos foram apresentados ain-
dos (Araguaia, Triângulo, Carajás, Rio Doce, da na década de 1990 e até hoje não consegui-
Guanabara, Mato Grosso do Norte, Rio São ram ser aprovados. Mas, se saírem do papel,
Francisco, Maranhão do Sul, Tapajós e Gur- podem mudar o mapa do Brasil mais uma vez.
gueia) e cinco territórios (Pantanal, Oiapo-
que, Rio Negro, Solimões e Juruá). As justifica- Disponível em: https://novaescola.org.br/
tivas para mudar a divisão territorial brasileira conteudo/2259/como-funciona-o-processo-de-criacao-
são as mais variadas. No caso do Tapajós, por de-novos-estados. Acesso em: 13/12/2017.

18

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Sugestão de
leitura
Avenida Paulista – SP

Reproduções
1907 1966 Novos Estados e a divisão territorial do Bra-
sil: uma visão geográfica
Autor: José Donizete Cazollato
Sinopse: Países e Estados já foram criados no
recesso de um gabinete, usando um mapa e
uma régua, sem respeito à Geografia ou aos po-
vos que ali habitavam, com desastrosas conse-
1990 atual
quências: basta ler a história moderna. A cria-
ção de novos Estados é assunto polêmico, que
diz respeito não apenas a pesquisadores e políti-
cos, mas a toda a população, na medida em que
tem profundas implicações econômicas e so-
Transformação do espaço geográfico.
ciais. Às vésperas do plebiscito, marcado para
11 de dezembro de 2011, quando será votada
Essa verdadeira “Torre de Babel” é o que chamamos de região,
área de extensão variável onde os aspectos naturais, históricos, cul-
a proposta de dividir o estado do Pará em três,
turais, sociais e econômicos entrelaçam-se de maneira ímpar, do- formando os novos Estados de Carajás e Tapa-
tando-a, portanto, de uma feição bastante particular em relação às jós, José Donizete Cazollato analisa a questão
demais áreas.
Para fazer a delimitação e discriminar uma região, podem ser
e propõe critérios técnicos para a mais adequa-
enfocados um ou mais aspectos. Por exemplo, quando indicamos da divisão territorial do País, apostando num
a região amazônica, o destaque está centrado no aspecto natural: arranjo mais igualitário, sem unidades gigan-
área constituída por uma densa e diversificada vegetação, tempe-
raturas elevadas, altas taxas de umidade, etc. Por outro lado, quan- tescas ao lado de outras que mal se sustentam.
do citamos a região nordeste dos Estados Unidos, estamos dando Aplicando os critérios geográficos propostos
destaque à economia, pois essa região é bastante industrializada, e contemplando alguns dos projetos atuais de
apresentando uma economia forte e altamente dinâmica.
Existem delimitações de regiões nas quais são enfocados forte- criação de outros estados — além de Carajás e
mente os aspectos históricos e sociais, como as divisões da América Tapajós — o autor constrói um possível cená-
Anglo-Saxônica, formada por países que apresentam aspectos his- rio com 37 Unidades da Federação, dos quais
tóricos, culturais, sociais e econômicos em comum, uma vez que
foram colonizados por ingleses; e América Latina, constituída, 33 são Estados e 3 são Territórios Federais.
principalmente, por países que apresentam aspectos sociais, histó-
ricos, culturais e econômicos em comum, uma vez que a maioria
foi conquistada e “colonizada” por povos neolatinos (portugueses
e espanhóis na maioria) e que apresentam muitos e, praticamente,
os mesmos problemas sociais e econômicos (elevada dívida externa, Anotações
dependência tecnológica, fome, elevada taxa de mortalidade, baixo
consumo de calorias per capita, etc.).

Capítulo 1 – A formação do território brasileiro 19

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19

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Leitura
complementar
Continente Americano: político

O envelhecimento populacional é um processo N


Groenlândia
L Alasca
progressivo na capital e, segundo as projeções, o nú-
O

S (EUA) (DIN)
mero de idosos passará de 6 para cada 10 pessoas
em até 15 anos, em 2010, para 12, em 2030, che- América do Norte

Representa 55% do território conti-


gando a 21 idosos para cada 10 jovens, em 2050. nental americano, formado por três
Canadá países independentes e uma posses-
são europeia, a Groenlândia, sendo
administrada pela Dinamarca.
Em 2015, quando o município de São Pau-
lo completa 461 anos, sua população atinge o pa-
tamar de 11,582 milhões de habitantes. As pro- Estados Unidos
jeções realizadas pela Fundação Seade apontam Oceano
que, em 2050, o contingente da capital será de Atlântico
12,205 milhões de pessoas, após reverter esta Bahamas
Rep. Dominicana
tendência e passar a decrescer no final do perío- México
Haiti
Cuba
do projetado. A redução no ritmo de crescimen- Belize Jamaica
Porto Rico

Guatemala Honduras
to populacional é resultante da interação entre América Central El Salvador Nicarágua Guiana
Suriname
acentuada queda da fecundidade, aumento da Possui o menor território do conti- Costa Rica
Panamá
Venezuela
Guiana Francesa
nente, apenas 2%, mas com grande
longevidade e taxas negativas de migração. quantidade de países continentais e Colômbia
insulares.
A queda da fecundidade destaca-se entre os Equador
principais fatores para a desaceleração do cresci-
mento populacional e as mudanças ocorridas em Oceano Peru Brasil
sua estrutura etária. O número médio de filhos Pacífico
por mulher paulistana caiu de 3,2 para 1,7 filho, América do Sul
Bolívia

entre 1980 e 2010, situando-se, portanto, abaixo Com 43% do território do continen- Paraguai
te, essa parte da América é formada
do nível de reposição. A expectativa é de que, no por doze países, entre eles o Brasil. Chile

futuro, os níveis mantenham-se baixos. Uruguai


Importante resultado das projeções realiza-
América do Norte
Argentina
das pela Fundação Seade é a constatação do ine- América Central
xorável processo de envelhecimento da popula- América do Sul 0 1.281 km 2.562km

ção da cidade de São Paulo. Isso significa que o


contingente de pessoas com idades mais avança-
das será sucessivamente superior ao de crianças e Como pudemos observar, fazer uma regionalização nada
mais é do que dividir o espaço geográfico em porções menores
jovens menores de 15 anos, já a partir de 2027.
(regiões) estabelecendo critérios naturais, culturais, sociais e eco-
Em relação à distribuição dos distritos se-
gundo o índice de envelhecimento, entre 2010 e 20 Capítulo 1 – A formação do território brasileiro
2030, haverá rápido processo de envelhecimento
para a população residente nas diversas áreas da
capital. Já para a população projetada em 2030, CG_7ºano_01.indd 20 29/03/2018 13:53:00

ele deverá variar de 7 idosos para cada 10 jovens, As projeções para 2030 indicam que 30 distri- tos. No âmbito dos distritos, deverá ocorrer uma
em Parelheiros, até 37 idosos para 10 jovens. tos apresentarão saldos vegetativos (nascimentos generalização espacial do crescimento vegetativo
As taxas de fecundidade abaixo do nível de menos óbitos) negativos. A previsão é de que o negativo, consolidando, assim, esse novo regime.
reposição geram volume de nascimentos cada crescimento vegetativo passe a ser cada vez mais
vez menor. Por outro lado, a população mais en- negativo, pressionando incisivamente o decrés- Disponível em: http://www.seade.gov.br/cidade-de-sao-
velhecida determina volume de óbitos crescente, cimo populacional da capital e de seus distritos. paulo-registra-rapido-envelhecimento-e-reduz-o-ritmo-
apesar da diminuição dos níveis de mortalidade As projeções populacionais para o municí- de-crescimento-da-populacao/. Acesso em: 13/12/2017.
e do consequente aumento da longevidade. A re- pio de São Paulo, realizadas pela Fundação Sea-
sultante é um crescimento vegetativo decrescen- de, antecipam a vigência de um novo regime de-
te, tendendo a valores inferiores a zero. mográfico que se caracteriza pelo decréscimo
Esta situação se reproduz de forma diferen- populacional. Ele é resultante do rápido pro-
ciada no âmbito dos distritos, influenciando a cesso de envelhecimento, que passa a produzir
distribuição da população no interior da cidade. um volume de óbitos superior ao de nascimen-
C
20

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nômicos. Em qualquer país, a regionalização não é realizada ape-
nas segundo um objetivo esquemático referencial para título de
ilustração; ela tem como objetivo fundamental questões ou inte-
resses administrativos, para coleta e levantamento de dados, para
que o poder instituído possa planejar suas ações.
No Brasil, o órgão encarregado de realizar e divulgar os dados
estatísticos sobre a população, indicadores sociais, produção eco-
nômica nos diferentes setores, entre outros, é o Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE), fundado em 1937. Esses dados,
que vêm sendo coletados, sistematicamente, pelo órgão desde 1941,
auxiliam os governos Municipal, Estadual e Federal a planejarem
as suas ações, identificando setores (saúde, educação, habitação,
transporte, saneamento básico, segurança pública, etc.) em que se
necessite investir para melhorar a qualidade de vida da sociedade.
São visíveis as fortes desigualdades regionais apresentadas no
Brasil, não seria sequer necessário coletar dados para mostrar essas
disparidades regionais. O bastante é passar um olhar sobre as ima-
gens de cada região, e mesmo em diferentes áreas de uma mesma
região, para se perceber que igualdade é um sonho ainda acalentado
por muitos brasileiros.
Essas disparidades regionais, há muito constatadas, passaram a
ser objeto de discussões, a partir da década de 1950, em virtude do
acelerado desenvolvimento industrial concentrado na Região Su-
deste. Esse desenvolvimento industrial, localizado principalmente
no eixo Rio-Minas-São Paulo, ampliou mais ainda o fosso econô-
mico e social que a separava das outras regiões, principalmente as
regiões Norte e Nordeste.

Celso Diniz/Shutterstock.com

3:00

Na foto, o bairro do Morumbi, em São Paulo, considerado bairro nobre, cercado por habitações populares.

Capítulo 1 – A formação do território brasileiro 21

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21

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Distribuição espacial da indústria

O L

RR
AP
Equador

AM
PA
MA CE
RN

PI PB
AC
PE
RO TO AL
SE
MT BA

DF
GO
Pacífico
Oceano

MG
MS
ES
SP

e Capricórnio PR RJ
co d
Trópi
Número de empresas SC Oceano
100 a 500
501 a 1.000
RS Atlântico
1.001 a 7.600
10.120

45.536

CG

A concentração espacial da indústria no Brasil encontra-se na Região Sudeste. A partir da déca-


da de 1930, sob a liderança do Estado de São Paulo, a região concentrou o processo industrial,
aumentando a distância entre ela e as demais regiões.

A partir desse momento, o governo brasileiro procurou empreen-


der um plano de ação para incentivar o crescimento econômico e so-
cial das regiões menos desenvolvidas ou de economia estanque e que,
por isso, acarretavam maiores problemas sociais. É nesse contexto que

22 Capítulo 1 – A formação do território brasileiro

CG_7ºano_01.indd 22 29/03/2018 13:53:01


22

ME_CG_7ºano_01.indd 22 14/05/2018 12:14:57


Sugestão de
abordagem
a definição de planejamento regional assume toda a sua importância
no Brasil: aquele cuja finalidade é definir espaços com problemas es-
pecíficos, a fim de promover ações visando à sua recuperação e ao seu Recomendamos o uso de fotografias que
desenvolvimento. A partir deste momento, o Estado passa a criar supe- mostrem as evoluções das grandes cidades, e
rintendências, cuja finalidade é executar os planejamentos e coordenar
as ações governamentais nas diferentes regiões do Brasil.
inclusive a possibilidade de trabalhar os as-
pectos ambientais com os alunos. Indicamos
A primeira foi a Superintendência para o Desenvolvimento abordar os impactos ambientais nestas gran-
do Nordeste (Sudene), criada em 1959, encarregada de execu-
tar o planejamento do governo e coordenar suas ações na Região des cidades, a impermeabilização dos solos, o
Nordeste. Sua área de atuação transcende os limites geográficos da desfavorecimento das áreas verdes nos gran-
região, impostos pelo IBGE, chegando a atuar na porção nordeste des centros urbanos, etc.
do Estado de Minas Gerais, área que apresenta os mesmos proble-
mas sociais, econômicos e ambientais da Região Nordeste. Seria interessante abordar aspectos am-
bientais das grandes cidades, como o impac-
Vitoriano Júnior

to ambiental, a impermeabilização dos solos,


o desfavorecimento das áreas verdes, etc.

Anotações

Edifício da Sudene, foi palco de grandes


discussões políticas e econômicas sobre a
Região Nordeste, Recife, Pernambuco.

A segunda foi a Superintendência para o Desenvolvi-


mento da Amazônia (Sudam), em 1966, com objetivos se-
melhantes aos da Sudene. Sua área de ação rompe os limites
dos estados da Região Norte, uma vez que engloba, também,
o oeste do Estado do Maranhão e o Estado do Mato Grosso,
compreendendo, na totalidade, o que se denomina de Amazô-
nia legal, delimitação criada pela própria Sudam. Esta superin-
tendência promoveu a criação da Zona Franca de Manaus, em
1970, a partir de mecanismos de incentivos fiscais a diversas
empresas internacionais que quisessem instalar-se na capital do
Amazonas: essas empresas podiam utilizar peças e componen-
tes importados sem pagar tarifas de alfândega.
A terceira foi a Superintendência para o Desenvolvimen-
to da Região Sul (Sudesul), em 1967. Com a finalidade de
identificar a capacidade de realização dessa região e também
desenvolver estratégias para o crescimento e aprimoramento
de certos setores da economia, tais como agropecuária, expor-
tação de gêneros primários e exploração do carvão mineral.

Capítulo 1 – A formação do território brasileiro 23

CG_7ºano_01.indd 23 29/03/2018 13:53:01

:01
23

ME_CG_7ºano_01.indd 23 14/05/2018 12:14:58


Leitura
complementar A quarta foi a Superintendência para o Desenvolvimento da
Região Centro-Oeste (Sudeco). A princípio, foi criada a Comissão
de Desenvolvimento do Centro-Oeste, na intenção de criar e executar
Divisão Regional do Brasil programas de desenvolvimento da região, tornando-se no ano de 1987
uma superintendência. Naquele momento, essa região mostrava-se pro-
A Divisão Regional do Brasil em Regiões pícia por causa do fluxo migratório para dinamizar a economia local e
Geográficas Imediatas e Regiões Geográficas gerar novos postos de trabalho, especialmente no setor agrícola.
Intermediárias 2017 apresenta um novo qua-
dro regional vinculado aos processos sociais, Regionalizações oficiais
políticos e econômicos sucedidos em terri- e não oficiais
tório nacional desde a última versão da Divi-
são Regional do Brasil publicada na década Desde o início da sua colonização que o Brasil, por questões
políticas, administrativas ou econômicas, vem sendo dividido em re-
de 1990. A revisão das unidades mesorregio- giões ou áreas, como no caso das capitanias hereditárias e dos gover-
nais e microrregionais, que nesse estudo re- nos-gerais. Mais recentemente, essas tentativas de divisões regionais
esbarraram nos limites dos estados, limites estes que se fixaram ao
cebem respectivamente os nomes de Regiões
longo da nossa evolução histórica e política, porém sem se basear nas
Geográficas Intermediárias e Regiões Geo- características que identificam ou diferenciam cada região.
gráficas Imediatas, seguiu uma metodologia
comum para todo o território nacional e inte- Brasil: divisão regional – 1913
grou análises e expectativas de órgãos de pla- N

nejamento estaduais por meio de uma parceria O L

S
mediada pela Associação Nacional das Insti-
tuições de Planejamento, Pesquisa e Estatís-
tica (Anipes). A Divisão Regional do Brasil
em Regiões Geográficas 2017 pretende sub-
sidiar o planejamento e a gestão de políticas
públicas em nível Federal e Estadual e dispo-
nibilizar recortes para divulgação dos dados
estatísticos e geocientíficos do IBGE para os
Setentrional
Norte Oriental

próximos dez anos. Oriental


Meridional
Central 0 550 km 1.100 km

Histórico
A divisão do Brasil em regiões é uma As divisões regionais oficiais do Brasil estão enraizadas na centra-
lização do poder político na esfera federal e na política desenvolvimen-
preocupação que esteve presente desde a cria-
tista, assentada na industrialização nacionalista e de cunho econômico
ção do IBGE. A necessidade de um conheci- de integração das diversas unidades do território nacional implantada
mento aprofundado do Território Nacional, por Getúlio Vargas após a Revolução de 1930. A política varguista
tentava romper com a estrutura econômica isolacionista, que trans-
visando, na década de 1940, mais diretamen- formava o espaço econômico brasileiro em um mosaico separado de
te à sua integração e, nas divisões posteriores, à
própria noção de planejamento como suporte 24 Capítulo 1 – A formação do território brasileiro
à ideia de desenvolvimento, passou a deman-
dar a elaboração de divisões regionais mais
detalhadas do País, isto é, baseadas no agru- CG_7ºano_01.indd 24 29/03/2018 13:53:01 CG

pamento de municípios, diferentemente das Intermediárias 2017 resgata também o con- ritório brasileiro, em seus mais variados for-
divisões até então realizadas pelo agrupamen- texto político-institucional das regionaliza- matos, pode ser visualizado em vários estudos
to dos estados federados. No século XX, fo- ções feitas pelo IBGE no século XX, a con- desenvolvidos no IBGE. O recurso metodo-
ram elaboradas pelo IBGE divisões regionais cepção metodológica que baseou cada uma lógico utilizado na elaboração da presente
contemplando os conceitos de zonas fisiográ- delas bem como artigos publicados na Revis- Divisão Regional do Brasil valeu-se dos dife-
ficas (década de 1940), microrregiões e mesor- ta Brasileira de Geografia. rentes modelos territoriais oriundos de estu-
regiões homogêneas (1968 e 1976) e mesor- dos pretéritos, articulando-os e interpretan-
regiões e microrregiões meográficas (1989). Metodologia do a diversidade resultante. A região torna-se,
Além disso, diversos artigos foram publicados O recorte das Regiões Geográficas Ime- por meio dessa opção, uma construção do co-
na Revista Brasileira de Geografia tratando da diatas e Intermediárias de 2017 incorpora as nhecimento geográfico, delineada pela dinâ-
regionalização do país. mudanças ocorridas no Brasil ao longo das úl- mica dos processos de transformação ocorri-
A Divisão Regional do Brasil em Regiões timas três décadas. O processo socioespacial dos recentemente e operacionalizada a partir
Geográficas Imediatas e Regiões Geográficas recente de fragmentação/articulação do ter- de elementos concretos (rede urbana, classifi-

24

ME_CG_7ºano_01.indd 24 14/05/2018 12:14:59


poles ou capitais regionais, foram utilizados
centros urbanos de menor dimensão que fos-
arquipélagos de prosperidade, para formar em seu lugar uma economia
sem representativos para o conjunto das Re-
espacialmente integrada ou uma verdadeira economia nacional. Para
tal intento, foram implementadas pelo governo diversas ações, como: giões Geográficas Imediatas que compuse-
Extinção dos impostos e tarifas que cada estado cobrava so- ram as suas respectivas Regiões Geográficas
bre as mercadorias provenientes de outros estados. Intermediárias.
Imposição de uma política de legislação única sobre comér-
cio externo, em detrimento da política intolerante que até As Regiões Geográficas Intermediárias
então vigorava, onde cada estado tinha sua própria legislação organizam o território, articulando as Re-
sobre o comércio externo. giões Geográficas Imediatas por meio de um
Implementação de obras em infraestrutura ou serviços,
como transporte, energia, saúde, educação, comunicação, que polo de hierarquia superior diferenciado a
facilitassem a integração da economia e, por conseguinte, de partir dos fluxos de gestão privado e público
todo o território nacional.
e da existência de funções urbanas de maior
Criação do IBGE, em 1937, em virtude da preocupação do
Estado brasileiro em conhecer estatisticamente todo o seu ter- complexidade.
ritório, agora já integrado em quase toda sua plenitude. O trabalho desenvolvido pelos geógra-
Após fazer vários estudos dos elementos naturais, o IBGE elabo- fos do IBGE foi realizado com o auxílio de
rou, em 1941, com base no conceito de região natural, a primeira divi-
sua Rede de Agências e Unidades Estaduais
são regional oficial do Brasil, delimitando cinco grandes regiões: Nor-
te, Nordeste, Leste, Sul e Centro-Oeste. De existência breve, essa na tarefa de recortar o Brasil em unidades ter-
divisão foi substituída, em 1945, por outra, que mantinha as mesmas ritoriais, seguindo critérios claros e aplicá-
divisões regionais, acrescendo apenas um sistema de hierarquia regio-
nal: grandes regiões, regiões, sub-regiões e zonas fisiográficas, além veis a todo o País. De acordo com as defini-
dos Territórios Federais criados em 1942 (Fernando de Noronha) e ções previamente estabelecidas, uma proposta
1943 (Amapá, Rio Branco, Guaporé, Ponta Porã e Iguaçu). preliminar de divisão regional foi enviada à
Brasil: divisão regional – 1938
Rede de Agências e Unidades Estaduais do
IBGE, assim como às Secretarias e/ou Insti-
N

O L
tutos de Planejamento das Unidades da Fe-
S deração. Essa etapa buscou incorporar novos
atores ao processo de delimitação das Regiões
Geográficas, incluindo o conhecimento local
das diferentes formas de organização do espa-
ço brasileiro.

Disponível em: https://www.ibge.gov.br/geociencias-


novoportal/cartas-e-mapas/redes-geograficas/15778-
divisoes-regionais-do-brasil.html. Acesso em:
Norte
Nordeste
Leste 13/12/2017.
Sul
Centro-Oeste 0 550 km 1.100 km

Anotações
Capítulo 1 – A formação do território brasileiro 25

3:01 CG_7ºano_01.indd 25 29/03/2018 13:53:01

cação hierárquica dos centros urbanos, detec- mento do Instituto Nacional do Seguro Social
ção dos fluxos de gestão, entre outros), capa- (INSS), do Ministério do Trabalho e de servi-
zes de distinguir espaços regionais em escalas ços judiciários, entre outros.
adequadas. As Regiões Geográficas Intermediárias
As Regiões Geográficas Imediatas têm na correspondem a uma escala intermediária
rede urbana o seu principal elemento de re- entre as Unidades da Federação e as Regiões
ferência. Essas regiões são estruturas a partir Geográficas Imediatas. Preferencialmente,
de centros urbanos próximos para a satisfação buscou-se a delimitação das Regiões Geográ-
das necessidades imediatas das populações, ficas Intermediárias com a inclusão de metró-
tais como: compras de bens de consumo durá- poles ou capitais regionais do estudo de re-
veis e não duráveis; busca de trabalho; procura des e hierarquia urbana Regiões de Influência
por serviços de saúde e educação; e prestação das Cidades (REGIC-2007). Em alguns ca-
de serviços públicos, como postos de atendi- sos, principalmente onde não existiam metró-

25

ME_CG_7ºano_01.indd 25 14/05/2018 12:14:59


Oceano ES Oceano
Pacífico Pacífico
SP DF RJ
PR
Trópico de
Guanabara Capricó
rnio

SC
Legenda RS
Legenda
Limite regional Limite

Capital do país Capita

stados Unidos do Brasil – 1942 Estados Estadosdo


Estados Unidos
Unidos Unidos
do do Brasil
Brasil
Brasil 1950
–– 1945– 1950 Estados

Terr.
Terr.
do Rio
do Rio Terr.
Terr.do
do
Branco
Equador
0º Branco Amapá
Amapá Equador
Equador

Terr.

Arq. Terr.
de Fernando
de Fernando de Fernando
de Noronha
de Noronha MA de Noronha
AM PA AM
AM PA MA CE
CE
MA CE RN RN
RN
PI PB
PB
PI PB PI PE
Terr. PE Terr. PE Terr.
do Acre AL do Acre Terr. do AL
AL do Acre
SE Terr. do
Guaporé SE
SE
BA Guaporé BA
BA
MT GO
MT GO MT GO
Oceano Oceano
Oceano
Atlântico MG Atlântico
Atlântico
MG
MG
Oceano ES Oceano
Oceano ES Oceano Terr. de ES
acífico Pacífico
Pacífico Pacífico
SP DF Ponta Porã SP DF
DF RJ
RJ
RJ
PR
Trópico de
PR PR
Trópico de Guanabara Tr ópico de Capric
Terr. do
Guanabara Capricó Rio de Janeiro órnio
Capricór
rnio nio

SC Geografia em cena Legenda


Iguaçu
SC
SC Legenda
Legenda RS
Legenda RS N

Na década de 1960, a 0 550 km 1.100 km


Limite
Limite regional Limite
O L
Limite regional regional

capital do Brasil era a Baía


Capital do país
país Capita
S
Capital do país Capital do

de Guanabara, atual Rio de


Janeiro. Durante o gover- República Federativa do Brasil – 1969 Repúblic
stados Unidos do Brasil – 1950 no de Juscelino Kubitschek Estadosdo
Estados Unidos Unidos do Brasil
Brasil – 1960 – 1960
(1956‒1961), Brasília foi Terr.
Terr. construída, sendo a nova ca- de
Terr. Terr. do
Roraima
do Rio
pital brasileira localizada no do Rio Equador
Amapá
0º 0º
Branco Terr. do Branco Terr. do Terr.
Amapá
Centro-Oeste,
Terr. no Estado de
Amapá
Equador 0º Equador
de Fernando
Terr.
de Noronha
Goiás. de Fernando
de Noronha AM PA MA CE
de Fernando
de Noronha
RN
AM PA MA CE AM PA MA CE
RN RN
PB
PI
PB PE PB AC
PI AC PI
Terr.
PE Terr. de PE AL
Terr.
do Acre AL do Acre Rondônia SEAL
Terr. do Terr. de GO BA
Guaporé SE Rondônia MT SE
BA GO BA
MT GO MT DF Oceano
DF Atlântico
Oceano Brasília Oceano
Atlântico Brasília MG Atlântico
MG Oceano MG ES Oceano
Pacífico Pacífico
Oceano ES Oceano ES
acífico Pacífico SP RJ
SP DF RJ RJ
PR SP
Trópico de
Capricó
rnio
PR PR
Trópico de Trópico de
Guanabara Capricó Capricó
SC
rnio rnio
Legenda Legenda
Legenda SC Legenda RS SC
N
Limite regional Limite
RS RS
0 550 km 1.100 km
Limite regional Limite regional
Capital do país
O L Capita
Capital do país Capital do país
S

epública Federativa do Brasil – 1969 O conceitoFederativa


República de região não do
levava em consideração
Brasil – 1980 as questões
humanas e econômicas, pois, segundo o IBGE, como estas são ins-
táveis, não proporcionam bases constantes para uma visão perma-
Terr. Terr.
de de
Roraima Terr. do Roraima Terr. do
26 Capítulo
Terr. 1 – A formação do território brasileiro
Amapá
Equador Equador
Amapá

Terr.
de Fernando de Fernando
de Noronha de Noronha
AM PA AM PA MA CE
MA CE RN
RN
PB PI PB
PI
CG_7ºano_01.indd 26PE
PE C
26 AC
AC 29/03/2018 13:53:02
AL Terr. de AL
Terr. de
Rondônia SE Rondônia SE
GO BA GO BA
MT MT
DF Oceano DF Oceano
Brasília Atlântico Brasília Atlântico
MG MG
Mato
Oceano ES Oceano Grosso ES
acífico ME_CG_7ºano_01.indd 26 Pacífico do Sul 14/05/2018 12:15:00
RJ SP RJ
Oceano Terr. de
Pacífico
ES
Ponta Porã SP DF RJ
PR
Trópico de
Terr. do Rio de Janeiro Capricór
nio
Iguaçu
SC
Legenda RS
Limite regional

Capital do país

nente que permita a comparação dos dados estatísticos em diferen-


Estados Unidos do Brasil – 1960
tes épocas.
Em virtude do avanço da ciência e da tecnologia, que pro-
Terr. porcionaram um melhor conhecimento do território nacional
do Rio
Branco e do gradual
Terr. do crescimento econômico, além da urbanização, que
Amapá
0º Equador

transformou sobremaneira a paisagem Terr.


de Fernando
de diversas regiões brasi-
leiras, a antiga divisão regionaldetornou-se
Noronha obsoleta e falha.
AM
Em
PA decorrênciaMA disso,
CE o IBGE propôs, em 1969, uma nova
RN
divisão regional para PI o Brasil.
PB Essa divisão foi elaborada com
PE
Terr.
do Acre Terr. de
base no conceito de regiõesALhomogêneas, utilizando critérios
Rondônia naturais, econômicos
GO BA e sociais combinados para definir cada
SE
MT
região. MaisDFcomplicada que a antiga, que já era de difícil com-
Oceano
preensão, essa nova regionalização
Brasília Atlântico estabelecia dois níveis bási-
cos de regiões: MG
Oceano ES
Microrregiões:
Pacífico
SP RJ Formavam o nível hierárquico mais baixo
naPRsua caracterização. Eram áreas
Trópico de
Capricóformadas por vários muni-
rnio

cípios que apresentam semelhantes características naturais so-


Legenda SC
ciais e econômicas. Essas microrregiões substituíram as zonas
RS
fisiográficas e constituem a base segundo a qual são agrupados
Limite regional

Capital do país
os dados estatísticos regionais. São exemplos de microrregiões
homogêneas o Vale do Jequitinhonha, o Vale do Paraíba e o
Médio São Francisco.
República Federativa do Brasil – 1980
Macrorregiões: Formavam o nível hierárquico mais elevado,
modificaram de forma profunda a divisão estabelecida em 1945:
Terr.
de
Roraima •Terr. faziam parte da Região Leste
Osdoestados de Sergipe e Bahia, Equador
Amapá
Setentrional, foram anexadosTerr.pela Região Nordeste.

de Fernando
• Houve a eliminação da subdivisão
de Noronha
que existia dentro da Re-
AM PA
gião Nordeste (Nordeste
MA CE
RN Ocidental e Nordeste Oriental).
PI PB
AC • Foi criada, com base PE nos fatores de natureza social (urbani-
AL
Terr. de
Rondônia
zação) e econômica SE (industrialização), a Região Sudeste,
GO BA
MT em substituição à Região Leste. A Região Sudeste é cons-
DF Oceano
tituída por Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo,
Atlântico
que faziam parte da Região Leste Meridional, além de São
Brasília
Mato MG
Oceano Grosso Paulo, que foi desmembrado
ES da Região Sul.
Pacífico do Sul
SP RJ
Atualmente,
PR a divisão regional
Trópico de
Cado Brasil
pricórn apresenta as mesmas
cinco regiões propostas pelo IBGE em 1969 e instituídas em 1970,
io

SC
Legenda apenas incluindo o Estado de Tocantins, criado com a Constitui-
RS
Limite regional
ção de 1988, na Região Norte, além da subdivisão do Estado do
Capital do país Mato Grosso. Essa divisão, porém, ainda não condiz plenamente
com a realidade bastante diversificada, do ponto de vista geográfico
do espaço brasileiro. Ela apresenta graves distorções e um grande
problema: a separação entre as regiões brasileiras é definida pelos li-
mites dos estados, não coincidindo, portanto, com a diversificação
natural, social e econômica.

Capítulo 1 – A formação do território brasileiro 27

CG_7ºano_01.indd 27 29/03/2018 13:53:02


27
:02

ME_CG_7ºano_01.indd 27 14/05/2018 12:15:01


República Estados Unidos do
Federativa doBrasil
Brasil– 1969
– 1969

Terr.
de
Roraima Terr. do Equador
Amapá

Terr.
de Fernando
de Noronha

AM PA MA CE
RN
PI PB
PE
AC
Terr. de AL
Rondônia SE
GO BA
MT
DF Oceano
Atlântico
Brasília
MG
Oceano ES
Pacífico
SP RJ Trópico de
Capricór
PR
nio

SC
Legenda
RS N
0 550 km 1.100 km
Limite regional
O L
Capital do país
S

Por ser muito antiga para o desenvolvimento tecnológico atual,


contando com mais de 30 anos e levando em consideração que vá-
rias mudanças econômicas, políticas e sociais ocorreram no País nas
últimas décadas e levando-se em consideração que essas mudanças
atuaram modificando fortemente algumas áreas naturais e o tipo de
relação do homem com o meio, essa divisão regional tornou-se falha
e problemática. Por exemplo: o limite da Região Norte, traçado pela
divisão do IBGE, é muito restrito, excluindo áreas dos estados do
Mato Grosso, de Goiás e do Maranhão que apresentam característi-
cas naturais e humanas semelhantes às dessa região.

Geografia em cena

Sesmaria
A palavra sesmaria derivou-se do termo “sesma”, corres-
pondente a 1/6 do valor estipulado para um terreno que foi de-
volvido ou abandonado. “Sesmo” ou “sesma” também poderia
ter sua origem na época do Brasil Colônia, quando o verbo “ses-
mar” significava avaliar, estimar, calcular; ou ainda pode signifi-
car território repartido em seis lotes, nos quais, durante seis dias
da semana, exceto domingo, trabalhariam seis sesmeiros.

28 Capítulo 1 – A formação do território brasileiro

CG_7ºano_01.indd 28 29/03/2018 13:53:02 C


28

ME_CG_7ºano_01.indd 28 14/05/2018 12:15:02


Brasil: divisão atual

RR
AP
Equador

Fernando de
Noronha
AM PA MA – PE
CE
RN
PI PB
PE
AC AL
RO TO SE
MT BA

DF
GO
Pacífico
Oceano

MG
MS
Oceano
ES
Atlântico
SP
RJ
nio
e Capricór
Trópico d
PR
Região Norte
SC
0 338 km 676 km
Região Nordeste
RS Região Centro-Oeste
N Região Sudeste
O L Região Sul
S

A questão da Região Nordeste também é muito significativa


do ponto de vista da não coincidência da diversificação da realidade
geográfica, pois, na divisão oficial do IBGE, o sertão nordestino
ocupa apenas áreas dentro dos estados que compõem. No entanto,
essa realidade (física e humana) não termina nos limites da região,
avança sobre áreas do norte e sudeste.
Essa divisão, que não é oficial, porém é muito utilizada atual-
mente, reparte o Brasil em três grandes regiões geoeconômicas:

Região Norte: Compreende as terras do oeste do Mara-


nhão, norte de Tocantins e do Mato Grosso, além dos estados
do Pará, Amapá, Roraima, Amazonas, Acre e Rondônia.
Região Nordeste: Compreende o leste do Estado do Mara-
nhão, o norte e o nordeste de Minas Gerais, que, pela divisão do

Capítulo 1 – A formação do território brasileiro 29

:02 CG_7ºano_01.indd 29 29/03/2018 13:53:03


29

ME_CG_7ºano_01.indd 29 14/05/2018 12:15:02


IBGE, não está incluída na Região Nordeste, e sim na Região
Sudeste, além dos estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Nor-
te, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. Observando
esses aspectos, o geógrafo Pedro Pinchas Geiger elaborou, em
1967, uma divisão regional do Brasil utilizando critérios geográ-
ficos e econômicos. Ao contrário da divisão oficial do IBGE, os
limites das regiões não coincidem com as fronteiras dos estados.
Região Centro-Sul: Compreende os estados de São Pau-
lo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina, Rio
Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Goiás, além de parte dos
estados de Minas Gerais e do sul e sudeste do Mato Grosso.

Brasil: regiões geoeconômicas


10º 75º 65º 55º 35º

O L

Roraima
Amapá
Oceano

Equador
Atlântico

Amazonas Pará Rio Grande


Maranhão Ceará
do Norte
Amazônia Piauí
Paraíba
Pernambuco
Acre Alagoas
10º
Tocantins Bahia
Rondônia Sergipe

Mato Grosso
Nordeste
Goiás DF

Centro-Sul Minas Gerais


Espírito
Pacífico
Oceano

20º
Mato Grosso São Santo
do Sul Paulo
Rio de
Janeiro Trópico
Paraná de Cap
ricórni
o

Santa
Catarina

Rio Grande
do Sul
30º

0 314 km 628 km

30 Capítulo 1 – A formação do território brasileiro


40º

CG_7ºano_01.indd 30 29/03/2018 13:53:04


30
C

ME_CG_7ºano_01.indd 30 14/05/2018 12:15:03


Ensaio geográfico
1 Explique uma das razões que levaram Portugal a adotar o sistema de capitanias hereditárias no
Brasil e aponte quais capitanias prosperaram.
Meridiano de Tordesilhas (1/6/1494)

0 403 km 806 km N

Forte de S. Joaquim (1778) O L

S
Forte S. José de Macapá (1687-1764)

a
Cap. do Maranhão 1 Forte S. Luís (1612)
Daniel de La Touche
a
Cap. do Maranhão 2
Forte Tabatinga (1766) Cap. do Ceará Forte N. Sra. do Amparo (1612)
Martim Afonso Soares

Cap. do Maranhão 3a
Cap. de Itamaracá Igarassu
Olinda
Cap. de Pernambuco

Cap. Bahia de Todos os Santos


Cristovão (1530)

Salvador (1549)
Vila Bela (1752) Tomé de Souza
Cap. de Ilhéus
Oceano Vila Maria (1779)
S. Jorge dos Ilhéus

Pacífico
S. Pedro del Rei (1780)
Cap. de Porto Seguro Porto Seguro

Fortes Cap. do Esp. Santo


Espírito Santo
Povoações Cap. da Paraíba do Sul
Área de pecuária Cap. de S. Vicente
Cap. de S. Amaro
S. Sebastião do Rio de Janeiro (1565)
Santos (1549) - Brás Cubas Estácio de Sá
Área de mineração Cap. de S. Vicente São Vicente (1532) - Martim Afonso de Souza
Paranaguá (1640) - Gabriel de Lara
Área econômica S. Francisco (1658) - Manuel Lourenço de Andrade
Cap. de Santana Desterro (1675) - Francisco Dias Velho
Área econômica das drogas Laguna (1688) - Domingos de B. Peixoto

Oceano
Porto dos Casais (1752)
Fronteira de 1750 - Tratado de Madri
Viamão
Fronteira de 1717 - Tratado de Sto. Idelfonso S. José do Monte
R. Grande de S. Pedro (1737) Atlântico
Caminhos históricos (entradas e bandeiras) Forte de Sta. Teresa
Colônia do Sacramento (1680) - Manuel Lôbo

A invasão de estrangeiros no litoral brasileiro pode ser considerada um dos motivos para a implantação

do sistema de capitanias. Pernambuco e São Vicente foram as únicas que prosperaram.

2 (UEL) A centralização político-administrativa do Brasil colônia foi concretizada com a:


a. criação do Estado do Brasil.
b. X instituição do governo-geral.
c. transferência da capital para o Rio de Janeiro.
d. instalação do sistema das capitanias hereditárias.
e. política de descaso do governo português pela atuação predatória dos bandeirantes.

Capítulo 1 – A formação do território brasileiro 31

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3 Observe a imagem e expresse seu significado.

J.K. – Eu vou para MARACANGALHA eu vou! Eu vou com chapéu de palha, eu vou. Se Anália não
quiser ir eu vou só, eu vou só, eu vou só, mas eu vou!
THÉO. Sem título. Careta, Rio de Janeiro, ano XVIX, n. 2.535, p. 40, 26 jan. 1957.

A charge retrata o deslocamento do homem do campo, quando muitos saíram da Região do Nordeste

em busca de oportunidades em Brasília, nova capital do Brasil.

4 No final do século XIX, a extração de látex gerou conflitos envolvendo seringueiros brasileiros e
autoridades bolivianas. Para solucioná-los, o Brasil e a Bolívia assinaram, em 1903, um tratado que
ocasionou o surgimento do Estado do Acre. Como é chamado esse tratado?
Tratado de Petrópolis.

5 É possível a formação de novos Roraima


estados ou territórios federais, desde Amapá

que haja aprovação da população di-


retamente interessada, por meio de Amazonas Pará Maranhão Ceará
Rio Grande

plebiscito, e do Congresso Nacional, do Norte


Paraíba
Piauí
mediante a aprovação e promulgação Acre Pernambuco

de lei complementar. Dessa forma, Rondônia


Tocantins
Bahia
Alagoas
Sergipe
com base no mapa do Brasil, indique Mato Grosso
Brasília
CG

qual espaço poderia ser utilizado para


Goiás
criação de um novo estado. Responda Minas
Gerais
Mato Grosso
em seu caderno. do Sul São
Espírito Santo

Paulo
Resposta pessoal.
Rio de Janeiro
0 550 km 1.100 km Paraná

Santa Catarina N
Rio Grande
do Sul O L

32 Capítulo 1 – A formação do território brasileiro

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32

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Diálogo com o

Geografia em cena
professor
É verdade que o Brasil comprou o Acre por um cavalo?
Conceitos de autonomia política, Esta-
Não. A versão mais aceita é a de que o Brasil deu terras, prometeu construir uma estrada e
do-nação, constituição, democracia, devem
pagou uma grana à Bolívia pelo Acre. O cavalo — na verdade, dois cavalos — teria sido um presen-
tinho extra dos brasileiros aos bolivianos [...] “Apesar de alguns historiadores fazerem referência à
ser trabalhados de forma enfática neste capí-
doação, por parte do Brasil, de dois cavalos brancos como símbolo da amizade entre os dois povos, tulo. Um trabalho em conjunto com os pro-
não consta do Tratado de Petrópolis qualquer referência ao fato levantado por Evo Morales”, afirma fessores de Filosofia e História pode contri-
o historiador Oscar Medeiros Filho, da Universidade de São Paulo. buir para um melhor desenvolvimento desses
http://mundoestranho.abril.com.br/materia/e-verdade-que-o-brasil-comprou-o-acre-por-um-cavalo assuntos.

Anotações
Aprenda com arte

Flor do cerrado: Brasília


Direção: Ana Miranda.
Ano: 2004.

Sinopse: As dificuldades da vida num imenso canteiro de obras, o ritmo vertiginoso com que se
abriam ruas e se levantavam prédios, as formas da arquitetura de Oscar Niemeyer e as festividades
de inauguração, em 1960, são algumas das passagens que se encontram misturadas às observações de
uma garota que assistiu a tudo bem de perto.

Verdadeira história das capitanias hereditárias


Direção: José Baptista de Carvalho.
Ano: 2008.

Sinopse: Nesta obra encontraremos a fundação da Dinastia de Avis. A expansão ultramarina


de Portugal e o descobrimento do Brasil; o reconhecimento, a exploração da costa e o início da
ocupação territorial; a implantação das estruturas de governo; o direito português, as capitanias
e o governo-geral; o desenvolvimento das capitanias hereditárias no período de 1535–1549; o
governo-geral e as capitanias (1549–1572); o governo-geral e as capitanias – II (1572–1591);
o governo-geral e as capitanias – III (1579–1602). A defesa do território e a descoberta das mi-
nas. D. Francisco de Sousa e as capitanias do sul; evolução e desenvolvimento das capitanias no
período de 1549 a 1600; o Brasil de 1602 a 1612 — os governos de Diogo Botelho, de Diogo de
Menezes Siqueira e a nova divisão do Estado do Brasil. A expansão territorial até o Ceará, ao norte
e o Prata, ao sul; o Brasil nas primeiras décadas do século XVII — da invasão francesa no Mara-
nhão (1612–1615) à conquista da Amazônia; as capitanias nas primeiras décadas do século XVII
(1601–1630); Capitanias hereditárias e capitanias reais.

Capítulo 1 – A formação do território brasileiro 33

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Sugestão de
abordagem
Pequeno dicionário geográfico e cultural
Autonomia: Independência ou capacidade de Províncias: Divisão do território brasileiro
Solicite aos alunos, inicialmente, que de-
se governar. criado no Brasil imperial.
senhem, no mapa do Brasil atual, a linha de Donatários: Título cedido a uma pessoa pela Proclamação: Declaração pública.
Tordesilhas. Posteriormente, peça para que Coroa portuguesa a quem recebia um territó- Promulgada: Ato de publicar.
rio para administrar. República: Palavra eleita para designar um go-
tracem os limites das capitanias hereditárias e, Litígio: Conflito de interesses. verno cujo representantes são eleitos pelo povo.
sobre elas, os limites dos estados que dividiam
o Grão-Pará do Brasil. É importante destacar
os principais conflitos internos que o País vi- Encerramento
veu nesse período. Faça pesquisas sobre quais 1 A imagem abaixo é um mapa das capitanias hereditárias feito por Luís Teixeira, provavelmente em 1574.
estados atuais tiveram redução do seu territó-
Apesar do intuito de Portugal em utilizar as capi-
rio e os motivos que provocaram tais reduções. tanias hereditárias como forma de garantir a colo-
nização e o povoamento do território colonial, as
dificuldades econômicas e de enfrentamento das
Anotações populações indígenas impediram o sucesso das
capitanias. Apenas duas capitanias hereditárias
conseguiram obter lucros, e eram as capitanias de:
a. São Vicente e Bahia.
b. Pernambuco e Maranhão.
c. Espírito Santo e Porto Seguro.
d. X São Vicente e Pernambuco.
e. Rio Grande e Ceará.

2 (Unaerp) Em 1534, o governo português concluiu que a única forma de ocupação do Brasil seria
através da colonização. Era necessário colonizar, simultaneamente, todo o extenso território brasileiro.
Essa colonização dirigida pelo governo português se deu através da:
a. criação da Companhia Geral do Comércio do Estado do Brasil.
b. criação do sistema de governo-geral e câmaras municipais.
c. X criação das capitanias hereditárias.
d. montagem do sistema colonial.
e. criação e distribuição de sesmarias.

34 Capítulo 1 – A formação do território brasileiro

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Sugestão de

3 (UFC – Adaptada) Nos primórdios do sistema colonial, as concessões de terras efetuadas pela
filme
metrópole portuguesa pretendiam tanto a ocupação e o povoamento como a organização da produção
do açúcar, com fins comerciais.
O Tratado de Tordesilhas – 1494: A divisão
Identifique a alternativa correta sobre as medidas que a Coroa portuguesa adotou para atingir esses
objetivos. do mundo
a. X Dividiu o território em capitanias hereditárias, cedidas aos donatários, que, por sua vez, distri-
buíram as terras em sesmarias a homens de posses que as demandaram. Sinopse: Duas nações, Portugal e Espanha
b. Vendeu as terras brasileiras a senhores de engenho já experientes, que garantiram uma produção vão protagonizar um feito insólito numa
crescente de açúcar. época governada a sangue e fogo. Essa é a his-
c. Dividiu o território em governações vitalícias, cujos governadores distribuíram a terra entre os tória do Tratado de Tordesilhas, a história dos
colonos portugueses.
homens e das mulheres que protagonizaram a
d. Armou fortemente os colonos para que pudessem defender o território e regulamentou um uso
equânime e igualitário da terra entre colonos e indígenas aliados.
maior divisão do mundo. O Tratado de Tor-
e. Distribuiu a terra do litoral entre os mais valentes conquistadores e criou engenhos centrais que
desilhas, assinado na povoação castelhana de
garantissem a moenda das safras de açúcar durante o ano inteiro. Tordesilhas em 7 de Junho de 1494, foi cele-
brado entre o Reino de Portugal e o recém-
4 O mapa abaixo está destacando uma unidade federativa do Brasil.
-formado Reino da Espanha para dividir as
N
terras “descobertas e por descobrir” por am-
O L
Equador
S
bas. Este tratado surgiu na sequência da con-
testação portuguesa às pretensões da Coroa
espanhola resultantes da viagem de Cristóvão
Colombo, que um ano e meio antes chegou ao
chamado Novo Mundo.

Anotações
rnio
de Capricó
Trópico
Oceano
Atlântico
Pacífico
Oceano

0 440 km 880 km

Marque a alternativa que indica corretamente esse estado e sua capital.

a. X Acre (Estado) e Rio Branco (capital). b. Amapá (Estado) e Macapá (capital).


c. Rio Branco (Estado) e Acre (capital). d. Rondônia (Estado) e Porto Velho (capital).
e. Acre (Estado) e Porto Velho (capital).

Capítulo 1 – A formação do território brasileiro 35

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Diálogo com o
professor 5 O processo de formação econômica do Acre ocorreu no contexto da expansão da frente pioneira
extrativista cuja base era:

Ressalte os interesses políticos e econô- a. A cassiterita.


micos que acarretaram as modificações polí- b. O pau-brasil para indústria madeireira.
ticas no espaço territorial brasileiro ao longo c. X O látex para a produção de borracha.
da história e destaque os interesses políticos e d. A mineração de ouro.
econômicos que levaram o Brasil a entrar em
conflito com os países vizinhos por essas por- 6 Analise as alternativas sobre os aspectos físicos do Estado do Amapá e marque a alternativa incorreta.

ções territoriais. a. Localizado na Região Norte, o território do Amapá é “cortado” pela linha do Equador, possuin-
do porções nos Hemisférios Setentrional e Meridional.
b. O único estado brasileiro que faz fronteira terrestre com o Amapá é o Pará.
c. Com extensão territorial de 142.814,585 quilômetros quadrados, o Estado do Amapá é o me-
Anotações d.
nor da Região Norte.
O clima predominante no Estado do Amapá é o equatorial, fato justificado pela sua localização.
e. X A floresta Amazônica é o principal tipo de cobertura vegetal no território amapaense, que tam-
bém abriga áreas de mangues e mata de araucárias.

7 (UEL) A centralização político-administrativa do Brasil colônia foi concretizada com a:


a. Criação do Estado do Brasil.
b. X Instituição do governo-geral.
c. Transferência da capital para o Rio de Janeiro.
d. Instalação do sistema das capitanias hereditárias.
e. Política de descaso do governo português pela atuação predatória dos bandeirantes.

8 (Unirio) A colonização brasileira no século XVI foi organizada sob duas formas administrativas,
Capitanias Hereditárias e Governo-Geral. Assinale a afirmativa que expressa corretamente uma carac-
terística desse período.
a. X As capitanias, mesmo havendo um processo de exploração econômica em algumas delas, garan-
tiram a presença portuguesa na América, apesar das dificuldades financeiras da Coroa.
b. As capitanias representavam a transposição para as áreas coloniais das estruturas feudais e aris-
tocráticas europeias.
c. As capitanias, sendo empreendimentos privados, favoreceram a transferência de colonos euro-
peus, assegurando a mão de obra necessária à lavoura.
d. O governo-geral permitiu a direção da Coroa na produção do açúcar, o que assegurou o rápido
povoamento do território.
e. O governo-geral extinguiu as donatárias, interrompendo o fluxo de capitais privados para a
economia do açúcar.

36 Capítulo 1 – A formação do território brasileiro

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36

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Sugestão de

9 Por meio da Constituição de 1824, foi instituído o Poder Moderador. Entre as características desse
abordagem
poder, estava:
a. Nomear apenas os membros do Poder Judiciário.
Traga para a sala de aula a Constituição
b. X Nomear e destituir os ministros do Poder Executivo.
Brasileira e oriente a pesquisa sobre a relação
c. Não interferir na composição e na dissolução da Câmara dos Deputados. da Federação com os Estados e as competên-
d. Garantir toda autonomia aos três poderes. cias da União.
e. Não interferir em nenhuma das esferas legislativas do poder.

10 São características da Constituição de 1824, exceto:


a. O unitarismo, proporcionando ao Poder Executivo uma forte centralização.
Anotações
b. X Ter sido outorgada pelo imperador.
c. A criação do Município Neutro.
d. O estabelecimento do Poder Moderador nas mãos do imperador.
e. A vitaliciedade dos Senadores.

11 (Cesgranrio) O controle das fronteiras brasileiras, sobretudo norte e sul, sempre foi motivo de
preocupação dos principais governos republicanos. Acordos de limites, por exemplo, foram vários na
República Velha. Durante o Governo Vargas, porém, este controle foi efetivamente definido com a
criação de Territórios Federais na região, entre eles:
a. X Rio Branco, atual Estado de Roraima, e Guaporé, atual Estado de Rondônia.
b. Acre, atual Estado do Acre, e Guaporé, atual Estado de Rondônia.
c. Ponta Porã, atual Estado de Tocantins, e Rio Branco, atual Estado de Roraima.
d. Iguaçu, atual Estado de Roraima, e Acre, atual Estado do mesmo nome.
e. Amapá e Palmas, atualmente Estados do mesmo nome.

12 Os quatro Brasis
Poderíamos, grosseiramente, reconhecer a existência de quatro Brasis, ou seja, regiões específicas
dentro do País. Num desses Brasis, verifica-se a implantação mais consolidada dos dados da ciência,
da técnica e da informação, além de uma urbanização importante, com um padrão de consumo das
empresas e das famílias mais intenso. Nele se produzem novíssimas formas específicas de terciário supe-
rior, um quaternário e um quinquenário ligados à finança, à assistência técnica e política e à informação
em suas diferentes modalidades.

SANTOS, M. e SILVEIRA, M. O Brasil. Território e sociedade no início do século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2001, p.
268-269. Adaptado.

A descrição dos aspectos geográficos mencionados individualiza o complexo regional denominado:


a. X Centro-Sul. b. Meio-Norte.
c. Amazônia. d. Nordeste.

Capítulo 1 – A formação do território brasileiro 37

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Diálogo com o
professor 13 (Cederj) Analise o mapa a seguir:

Os novos municípios
Leve mapas para a sala de aula e mos-
tre aos alunos quais estados fazem fronteira 0 440 km 880 km

com outros países e o que isso implica no ca-


pital cultural da comunidade onde eles estão
No mapa, qual é o estado que
inseridos. apresenta a maior concentração
dos municípios criados entre
Anotações 1980 e 1997?
a. Bahia.
N b. Goiás.
O L
c. X Mato Grosso.
S
d. Mato Grosso do Sul.
Data de criação
1997
1980
1954
1889
1730

THÉRY, H. e MELLO, N. Atlas do Brasil. São Paulo: Edusp, 2008, p. 58.

14 (UERJ)

Faroeste caboclo
— Não tinha medo o tal João de Santo Cristo. Neste país lugar melhor não há.
Era o que todos diziam quando ele se perdeu. [...]
Deixou pra trás todo o marasmo da fazenda
[...] E João aceitou sua proposta
E num ônibus entrou no
Ele queria sair para ver o mar Planalto Central
E as coisas que ele via na televisão Ele ficou bestificado com a cidade
Juntou dinheiro para poder viajar [...]
De escolha própria, escolheu a solidão
E João não conseguiu o que queria quando veio
[...] pra
E encontrou um boiadeiro com quem foi falar Brasília, com o diabo ter
[...] Ele queria era falar pro presidente
Pra ajudar toda essa gente
Dizia ele: − Estou indo pra Brasília Que só faz sofrer.

Renato Russo, Que país é este?, EMI, 1987.

38 Capítulo 1 – A formação do território brasileiro

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C
38

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O enredo do filme Faroeste caboclo, inspirado na letra da canção de Renato Russo, foi contado
muitas vezes na literatura brasileira: o retirante que abandona o sertão em busca de melhores
condições de vida.

A existência de retirantes está associada fundamentalmente à seguinte característica da sociedade bra-


sileira:
a. Expansão acelerada da violência urbana.
b. Retração produtiva dos setores industriais.
c. X Disparidade econômica entre as regiões nacionais.
d. Crescimento desordenado das áreas metropolitanas.
10º 75º 65º 55º 35º

15 (Uenp) Com base na figura seguinte, assinale a alternativa correta.

O L
Equador

Amazônia
10º

Nordeste
Centro-Sul
Pacífico
Oceano

20º

Trópico
de Capricó
rnio

Oceano
Atlântico
0 488 km 976 km
30º

a. A figura destaca as três macrorregiões naturais do Brasil, segundo o IBGE (1960), que dividiu o
país em Amazônia, Nordeste e Centro-Sul.
b. A Amazônia corresponde à Região Norte, incluindo os estados de Tocantins, Mato Grosso e
40º

3:07 Maranhão.
c. A Região Centro-Sul corresponde às Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, além do Distrito
Federal e do vale do rio São Francisco.
d. A Região Nordeste do país compreende nove estados brasileiros, excetuando-se apenas o Esta-
do do Maranhão e incluindo o norte de Minas Gerais.
e. X A figura representa as três grandes regiões geoeconômicas, ou complexos regionais, que obedecem
a critérios ligados aos aspectos naturais e ao processo de formação socioespacial do território bra-
sileiro. Trata-se de uma proposta não oficial difundida entre os pesquisadores e na mídia em geral.

Capítulo 1 – A formação do território brasileiro 39

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Sugestão de
abordagem 16 (Furg) Entre as últimas alterações da divisão regional oficial do Brasil, podem-se destacar:
a. A extinção dos territórios federais e a criação do Distrito Federal.
Recomendamos o uso de materiais cultu- b. A criação de Fernando de Noronha e a do território federal de Roraima.
rais nordestinos para que assim todos possam c. A extinção do Distrito Federal e a criação do território federal de Tocantins.
compreender a riqueza cultural que o nordes- d. A extinção do território de Roraima e a criação do território de Rondônia.
te tem. Utilize a contextualização geográfica e. X A extinção dos territórios e a criação do estado de Tocantins.
para mostrar que a localização do nordeste fa-
voreceu a entrada e permanência de muitos 17 (UEL) O texto que segue é do poeta cearense Antônio Gonçalves da Silva, o Patativa do Assaré,
cantador do drama dos caboclos nordestinos e dos pobres do Brasil.
povos e com isso várias culturas se fundiram
formando assim, essa grande massa orgânica Brasi de cima e Brasi de baxo
que está sempre em constante mudança. Meu compadre Zé Fulô, É um pobre abandonado;
meu amigo e companhêro, o de Cima tem cartaz,
faz quage um ano que eu tou um do ôtro é bem deferente:
neste Rio de Janêro; Brasi de Cima é pra frente,
eu saí do Cariri Brasi de Baxo é pra trás.
Anotações maginando que isto aqui Aqui no Brasi de Cima,
era uma terra de sorte, não há dô nem indigença,
mas fique sabendo tu reina o mais soave crima
que a miséria aqui do Su de riqueza e de opulença;
é esta mesma do Norte. só se fala de progresso,
Tudo o que procuro acho. riqueza e novo processo
Eu pude vê, neste crima, de grandeza e produção.
que tem o Brasi de Baxo Porém, no Brasi de Baxo,
e tem o Brasi de Cima. Sofre a feme e sofre o macho
Brasi de Baxo, coitado! A mais dura privação.

(PATATIVA DO ASSARÉ. Cante lá que eu canto cá. 11. ed. Petrópolis: Vozes, 1978. p. 271-272.)

Segundo a interpretação do poeta sobre o problema da pobreza, é correto afirmar:

a. A pobreza atinge principalmente os moradores da Região Nordeste, chamada por ele de “Brasi
de baxo”.
b. Na origem da pobreza está o domínio do acaso e do azar, predominando a riqueza em regiões
privilegiadas como o Rio de Janeiro.
c. A pobreza deve-se às diferenças de características pessoais (físicas, psíquicas e raciais, entre ou-
tras) que existem entre os brasileiros do sul e os do norte.
d. X No Brasil, a pobreza atinge tanto a população nordestina como a do sul do País, dividindo os
brasileiros em duas categorias de pessoas.
e. A pobreza no Nordeste e na Região Sul do País decorre do mau aproveitamento dos seus recur-
sos naturais e humanos.

40 Capítulo 1 – A formação do território brasileiro

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40

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• Identificar a área de exploração de minerais
preciosos no Brasil do século XVII.
• Compreender as transformações políticas,
Capítulo 2 neo-econômicas e sociais produzidas pelo Ci-
clo da Borracha.
• Entender os fatores políticos que acarreta-
Os brasileiros e o seu espaço ram a introdução do imigrante como mão de
Vista aérea do Recife, capital de Pernambuco. As
grandes cidades se destacaram pela densidade popu-
obra livre no espaço da cafeicultura.
lacional e pela grande quantidade de construções. • Compreender a marcha pioneira rumo ao
oeste como resultado da expansão da cafeicul-
tura e das ferrovias.

BNCC
Habilidades trabalhadas
no capítulo

(EF07GE01) Avaliar, por meio de exemplos


extraídos dos meios de comunicação, ideias e
estereótipos acerca das paisagens e da forma-
ção territorial do Brasil.
(EF07GE02) Analisar a influência dos flu-
xos econômicos e populacionais na formação
socioeconômica e territorial do Brasil, com-
preendendo os conflitos e as tensões históri-
cas e contemporâneas.
(EF07GE07) Analisar a influência e o papel
das redes de transporte e comunicação na con-
figuração do território brasileiro.
(EF07GE08) Estabelecer relações entre os
processos de industrialização e inovação tec-
O modelo utilizado
no processo de construção
nológica com as transformações socioeconô-
territorial do Brasil será vivenciado micas do território brasileiro.
nas páginas desse capítulo. Assim,
conheceremos os primeiros passos dados (EF07GE09) Interpretar e elaborar mapas te-
pelos portugueses quando chegaram máticos e históricos, inclusive utilizando tec-
aqui, bem como as estratégias, acordos
e tratados que contribuíram para nologias digitais, com informações demográ-
configuração do espaço por meio
dos ciclos econômicos. ficas e econômicas do Brasil (cartogramas),
utterstock.com
identificando padrões espaciais, regionaliza-
Gustavo Frazao/Sh

Capítulo 2 – Os brasileiros e o seu espaço 41 ções e analogias espaciais.

CG_7ºano_02.indd 41 29/03/2018 13:52:27 Anotações


lítico-administrativo durante a Monarquia e a
Objetivos
República brasileira.
pedagógicos • Entender a lógica das modificações na divi-
são político-administrativa entre o final do sé-
• Observar, comparar e diferenciar as etapas culo XIX e a Constituição de 1988.
de construção do território brasileiro. • Compreender os interesses por trás dos
• Identificar os fundamentos do atual territó- projetos de criação de novos estados no Brasil.
rio brasileiro como resultado da luta de diver- • Compreender a relação entre o Ciclo do
sos personagens ao longo da história. Açúcar, a escravidão africana e o desenvolvi-
• Entender os motivos que levaram o Governo mento econômico de diversos países europeus.
português a implantar, como forma inicial de ad- • Perceber as contradições econômicas, so-
ministração, o sistema de capitanias hereditárias. ciais e culturais entre a área da cana-de-açúcar
• Compreender as mudanças no sistema po- e da criação de gado.

41

ME_CG_7ºano_02.indd 41 14/05/2018 12:16:10


Leitura
complementar Cenário 1

Formação territorial do Brasil Um lugar chamado


Com mais de 8,5 milhões de quilôme- Brasil
tros quadrados, o Brasil, que é um dos maio-
res países do mundo, viu consolidada sua ex-
A conquista do espaço
tensa área por meio de uma política que partiu brasileiro
do sistema de colonização. Ao “descobrirem” Diferentemente da América Espanhola, no Brasil Português
o Brasil, os portugueses já dispunham, de di- não foram encontrados, inicialmente, metais preciosos. Esse fato
reito, de uma extensa faixa territorial que lhes obrigou a Coroa a criar estratégias de exploração das terras recém-
-conquistadas que restituíssem os pesados investimentos das gran-
havia sido outorgada pelo Tratado de Torde- des navegações e conquistas ultramarinas. Isso acarretou a explo-
silhas (1494), estabelecendo que as terras por ração inicial da terra na forma de grandes lavouras e a penetração
descobrir fossem divididas entre Portugal e para o interior da civilização lusa e brasileira mestiça pela busca de
metais preciosos, além da presa do nativo e da criação do gado bovi-
Espanha, ficando, para o primeiro, as que se no, fatos que acarretariam uma expansão lenta, porém continuada,
situassem a leste do meridiano que passava a do espaço territorial luso-brasileiro, oposto ao que ocorreu com as
370 léguas das ilhas de Cabo Verde, e, para a áreas coloniais espanholas na América, que sofreram um processo
de fragmentação espacial após a Independência.
Espanha, as situadas a oeste. [...]
O povoamento foi acontecendo por eta-
pas, podendo fazer-se uma tentativa de perio-
Onde tudo começou
dização, estabelecendo como primeira etapa Ao chegar ao Brasil, os portugueses, com suas armas de fogo,
a ocupação da costa, do Rio Grande do Nor- seus vidros coloridos, panos e tecidos, estabeleceram-se ao longo
do litoral, uma vez que a única riqueza encontrada foi o pau-brasil,
te até São Vicente (atual São Paulo). Numa ou ibirapitanga (pau de tinta vermelha), como era chamado pelos
segunda etapa, já no século XVII, pode-se nativos. A tinta da ibirapitanga tinha um bom valor comercial na
admitir uma expansão para o oeste em três Europa, motivo mais do que suficiente para que os nossos conquis-
tadores portugueses começassem rapidamente a derrubar a Mata
pontos bem precisos: ao norte, na Amazô- Atlântica. Os nativos utilizavam alguns dos presentes (facões e
nia, seguindo o leito do grande rio; no cen- machados) dados pelos seus “amigos” caraíbas portugueses para
tro, na área aurífera de Minas Gerais e Goiás, cortar as árvores e depois carregarem as toras para os navios. Essa
exploração da mão de obra fundamentava-se na crença de que tra-
estabelecendo-se até Cuiabá; e no sul, pelo balho pesado não era apropriado para gente (ou cristão), e sim para
avanço paulista em direção às missões jesuíti- animais, supostamente seres sem alma.
Os europeus traziam doenças como a peste, a varíola, a tubercu-
cas, efetivando-se com a destruição destas. O
lose e as infecções sexualmente transmissíveis. Traziam também bons
processo de ocupação não foi sustado e teve objetos de troca, os quais, em uma inocente barganha, trocavam aos
grande dinamicidade e nos séculos XVII e montes, nos primeiros contatos, com os nativos.
Sem encontrar minerais preciosos, os espanhóis e os portugue-
XIX, quando os tratados de Madri (1750) e ses começaram a perceber que as maiores riquezas daquela terra,
Santo Idelfonso (1777) empurraram as fron-
teiras da então América portuguesa para ter- 42 Capítulo 2 – Os brasileiros e o seu espaço
ras anteriormente espanholas. Essa expansão
foi possibilitada graças à união pessoal das
coroas portuguesa e espanhola em mãos do CG_7ºano_02.indd 42 29/03/2018 13:52:27 CG

rei da Espanha. Anotações


Com a união (1580–1640), súditos de
uma e de outra coroa passaram a agir no in-
terior sem nenhum impedimento fronteiriço,
e, realizada a separação, fez-se necessária uma
nova divisão política em que se reconheceu o
uti possidetis. [...]

Fonte: ANDRADE, Manuel Correia de. Formação


territorial do Brasil. In: BECKER, Bertha K. e outros.
Geografia e meio ambiente no Brasil. São Paulo: Hucitec
– Rio de Janeiro: Comissão Nacional do Brasil da União
Geográfica Internacional, 1998.

42

ME_CG_7ºano_02.indd 42 14/05/2018 12:16:11


MEC, o filme se enquadra na política nacio-
nalista de Getúlio Vargas. Contou com a co-
recém-descoberta, eram o seu solo fértil e seu clima quente e úmi-
laboração de Afonso de Taunay, diretor do
do, propícios para a introdução do cultivo da cana-de-açúcar, da
qual se produzia o açúcar, produto de grande aceitação na Europa Museu Paulista, e de Edgar Roquette Pinto,
na época. dois intelectuais reconhecidos em seu perío-
do. Buscando dar fidelidade ao fato históri-

Reprodução
co, o filme cita trechos extraídos da Carta de
Pero Vaz de Caminha. Para a cena da primeira
missa no Brasil, o diretor reproduziu o famo-
so quadro de Victor Meirelles. A trilha sonora
foi composta por Heitor Villa-Lobos, mas, na
versão em vídeo, lançada em 1997 pela Funar-
te, foi completamente adulterada.

Anotações

A primeira mão de obra utilizada no Brasil foi a dos indígenas.

Há 480 anos, chegaram ao Brasil as primeiras mudas de cana-


-de-açúcar. Oficialmente, em 1532, Martim Afonso de Souza trou-
xe a primeira muda de cana ao Brasil e iniciou seu cultivo na capi-
tania de São Vicente, onde foi construído o primeiro engenho de
açúcar. As primeiras mudas que aqui chegaram eram provenientes
da Ilha da Madeira, em Portugal, e com elas também chegou todo
o maquinário para a produção do açúcar.
Desse momento em diante, o açúcar passou a ser o principal
produto de exportação brasileiro durante pelo menos os cem anos
seguintes.
O cultivo da cana-de-açúcar, durante todo esse tempo, devas-
tou imensas áreas da Mata Atlântica, vegetação originária dessa re-
gião. À sua sombra, surgiram os primeiros povoados, como Olinda,
Igarassu e São Sebastião, e outras atividades complementares ou pa-
ralelas, como a criação do gado e a cultura do fumo.
O longo Ciclo do Açúcar deu origem a um grande período de
prosperidade. Porém, foram dizimadas populações nativas e devas-

Capítulo 2 – Os brasileiros e o seu espaço 43

2:27 CG_7ºano_02.indd 43 29/03/2018 13:52:27

Sugestão de Seria interessante pedir que os alunos fi-


abordagem zessem pesquisa sobre como os indígenas fo-
ram representados em obras literárias ao lon-
go da história.
Esclareça como foram construídas as ba-
ses do que hoje é o complexo espaço geográfi- Sugestão de
co brasileiro, com todas as suas contradições.
Utilize a Carta de Pero Vaz de Caminha —
filme
documento que comunica ao rei de Portugal
as possibilidades econômicas do Brasil — e a O descobrimento do Brasil
música Todo dia era dia de índio, de Jorge Ben- Diretor:Humberto Mauro
jor, para demonstrar a relação inicial entre os Sinopse: Realizado com o apoio do Institu-
indígenas e os portugueses. to Nacional de Cinema (INCE), vinculado ao

43

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tadas imensas áreas de florestas, fazendo desaparecer, além da flora,
quase toda a fauna dessa região. Essa prosperidade também motivou
o uso das populações africanas, escravizadas para produzir o açúcar e
criar os primeiros espaços geográficos de que se tem notícia no Brasil.

A economia no século XVI


N

O L 0 258 km 516 km

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Natal
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Terras pertencentes

Terras pertencentes
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dos Ilhéus

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Atlântico
Nossa Senhora da Vitória
Espírito Santo

São Paulo
São Sebastião do Rio de Janeiro
Santos
N. Sra. da Conceição
São Vicente
de Itanhaém

Cananeia

Áreas de ocorrência de Pau-brasil

Cana-de-açúcar

Pecuária

O saldo dessa atividade agrária, criada para a exportação, foi o es-


trangulamento do desenvolvimento regional, uma vez que, ao integrar
a colônia no mercado internacional, deu-se início um ciclo econômico
muito intenso, a exemplo da competição com outras áreas produto-
ras, como as Antilhas holandesas, principalmente após a expulsão dos CG

holandeses de Pernambuco, em 1654, quando levaram todo o conhe-


cimento técnico de como produzir o açúcar. Os holandeses já eram res-
ponsáveis pelo financiamento de toda a estrutura produtiva, inclusive
do refinamento e distribuição do açúcar na Europa. A saída do Brasil
foi prejudicial ao Nordeste açucareiro, diminuindo o lucro da Coroa
portuguesa com a cobrança de impostos, pois os financiamentos para
a produção ficaram escassos e os comerciantes brasileiros tiveram difi-
culdade em distribuir o açúcar na Europa. Esses fatos trouxeram sérias

44 Capítulo 2 – Os brasileiros e o seu espaço

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44

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Sugestão de
consequências para o Brasil Colônia, levando à decadência do Ciclo filmes
do Açúcar nordestino. As estruturas arcaicas, com presença do latifún-
dio e concentração de poder, mantiveram-se na Região Nordeste desde
a colônia, criando um espaço baseado na desigualdade social com con- Caramuru, a invenção do Brasil
sequências terríveis para a qualidade de vida da população da região,
como pobreza e miséria, entre os piores índices do Brasil.
Diretor: Guel Arraes
Sinopse: O filme tem como ponto central a

Reprodução
história de Diogo Álvares, artista português,
pintor talentoso, responsável por uma das len-
das que povoam a mitologia brasileira − a do
Caramuru. Antes, porém, Diogo é responsável
por uma confusão envolvendo os mapas que se-
riam usados nas viagens de Pedro Álvares Ca-
bral. Contratado por Dom Jaime, o cartógra-
fo do rei, para ilustrar o precioso documento,
ele acaba sendo joguete de uma francesa, Isa-
Estudo da Partida da Monção, 1897. Pintura de Almeida Júnior.
belle, que vive na corte em busca de ouro, po-
Foi dessa “civilização” litorânea que surgiu a expressão Civili- der e bons relacionamentos. Ela rouba-lhe o
zação de Caranguejos, comparando o processo de povoamento do mapa, e o artista é deportado. Na viagem, Dio-
País, que se iniciou pelas praias, com o hábitat natural das espécies
típicas dessa região. Logo em seguida apareceram, como fruto do go conhece Heitor, um degredado cult, quase
povoamento litorâneo, as expedições oficiais denominadas de en- precursor do que hoje em dia se conhece como
tradas, com a finalidade de encontrar ouro, pedras preciosas, além mochileiro. Como muitas caravelas que se ar-
da caça ao ameríndio brasileiro. Essas expedições resultaram no
povoamento de diversas zonas no interior. riscavam, a de Vasco de Athayde naufraga. Mas
Diogo consegue chegar ao Brasil e o infortúnio
O espaço em constante acaba sendo um auxílio para dar início à histó-
ria de amor entre ele e Paraguaçu, a índia que
ampliação conhece ao chegar ao Novo Mundo, ao paraíso
Ao se estabelecerem ao longo do litoral, os portugueses bíblico sonhado. Mais tarde, a história do náu-
criaram um intenso comércio com os nativos, verdadeiros do- frago iria se espalhar, assim como a lenda de que
nos da terra. Mas a ganância de Portugal era maior do que o
ele foi o primeiro rei do Brasil.
compromisso assumido perante o Papa em respeitar o limite do
Tratado de Tordesilhas, e, utilizando-se de portugueses e mesti-
ços, o império lusitano rompeu essa linha em busca das drogas
do sertão. Ao mesmo tempo, outras duas correntes invasoras
penetraram o espaço espanhol, ampliando o espaço luso brasi-
Anotações
leiro: os bandeirantes, que, partindo de São Paulo, penetravam
pelos sertões à caça de indígenas para posteriormente vendê-los
como escravos; e as boiadas, que lentamente ocuparam regiões a
oeste da linha divisória.

Capítulo 2 – Os brasileiros e o seu espaço 45

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Diálogo com o Sugestão de


professor abordagem

Este tema é de extrema relevância, pois Seria interessante a utilização de ima-


trata do início da exploração das terras e da gens para o esclarecimento de como se deu
natureza brasileira. Dessa forma, é fundamen- a ocupação da terra a partir de uma visão
tal levar o aluno a compreender que a explora- europeia sobre o nativo e a natureza. Se
ção das nossas riquezas começa no exato mo- for possível, recomendamos a utilização
mento em que os portugueses aqui chegaram do jogo de RPG O desafio dos bandeiran-
e que a ocupação inicial de nossas terras é fru- tes, criado por Carlos Klimick, Luiz Eduar-
to das disputas entre as potências econômicas do Ricon e Fábio Andrade e publicado em
da época. 1992 pela editora GSA.
:28
45

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Principais bandeiras (séculos XVII e XVIII)
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Sete Povos
das Missões Captura de indígenas
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Mineração
Rio Urugu

0 314 km 628 km
Sertanismo de contrato
Região de Palmares
Missões
Buenos Aires Montevidéu

Fonte: Elaborado pelo autor.

Um loteamento
chamado Brasil
Nessa época, o reino português já havia ocupado efetivamente
as terras brasileiras, porém, como estava financeiramente desgasta-
do, em virtude das várias guerras internas, além dos elevados gastos
com grandes conquistas ultramarinas, o Rei de Portugal decidiu
transformar o espaço brasileiro em uma imensa empresa colonial
doando a terceiros grandes levas de terras.
O Brasil foi dividido em 15 gigantescas faixas de terra com
mais de 300 km de largura e que chegavam a ter mais de 1.000 km
de comprimento, partindo do litoral para o interior.

46 Capítulo 2 – Os brasileiros e o seu espaço

CG_7ºano_02.indd 46 29/03/2018 13:52:29 C


46

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Capitanias hereditárias
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Maranhão João de Barros e Aires da Cunha (2º Quinhão)
O L
Maranhão Fernando Álvares de Andrade
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Ceará Antônio Cardoso de Barros

João de Barros e
Rio Grande Aires da Cunha
(1º Quinhão)

Itamaracá
Meridiano de Tordesilhas

Pero Lopes de Sousa


(3º Quinhão)

Pernambuco Duarte Coelho

Bahia Francisco Pereira Coutinho

Ilhéus Jorge de Figueiredo Correia

Porto Seguro Pero de Campos Tourinho

Espírito Santo Vasco Fernandes Coutinho

São Tomé Pero de Góis

São Vicente Martim Afonso de Sousa (2º Quinhão)


Santo Amaro Pero Lopes de Sousa (1º Quinhão)
São Vicente Martim Afonso de Sousa (1º Quinhão)

Santana Pero Lopes de Sousa (2º Quinhão)

Oceano Atlântico 0 257 km 514 km

Fonte: Elaborado pelo autor.

Surgia, para o mundo, o sistema de capitanias hereditárias,


que consistia na concessão de espaços da colônia a nobres portu-
gueses, chamados de capitães donatários, que tinham a obrigação
de povoá-las, explorá-las com recursos próprios (repassando parte
da produção à Coroa) e governá-las em nome da Coroa. As terras,
por direito, pertenciam à Coroa portuguesa, portanto as capitanias
podiam ser herdadas pelos filhos dos donatários, cedidas parcial-
mente a terceiros na forma de usufruto ou arrendamento, contudo
não podiam ser vendidas pelos donatários.
Por sua vez, como se mostrou muito difícil explorar e povoar
essas grandes faixas de terras, já que diversos donatários possuíam
poucos recursos, estes também recorreram à doação de grandes
lotes de terras a terceiros. As terras brasileiras viraram um grande
loteamento. Esses lotes foram chamados sesmarias e foram a base
dos extensos latifúndios atuais.
Mesmo assim, ainda era muito difícil explorar a terra, porque a
pouca disponibilidade de mão de obra também impunha um sério

Capítulo 2 – Os brasileiros e o seu espaço 47

:29 CG_7ºano_02.indd 47 29/03/2018 13:52:29


47

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entrave à colonização e exploração das terras. Quanto ao primeiro
problema, nem Portugal nem os colonos resolveram, mas, em rela-
ção ao segundo, achou-se uma maneira muito cômoda e barata para
solucioná-lo: escravizar o nativo.
Nesse momento, os bandeirantes foram contratados pelos do-
natários e sesmeiros a fim de desbravarem o interior do País e con-
quistarem novas terras. Partindo de Salvador, São Paulo e Olinda,
as bandeiras perseguiam outros interesses, como a caça ao indíge-
na, a procura de riquezas minerais ou a busca de drogas do sertão.
Homens brutos e mestiços foram os responsáveis por ampliar a
construção do espaço geográfico, pois, ao se deslocarem para oeste,
75º 65º 55º 35º

fundaram diversos povoamentos que depois se transformariam em


10º
vilas e cidades.

A economia no século XVII


0 292 km 584 km
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Oceano
Atlântico

48 Capítulo 2 – Os brasileiros e o seu espaço

40º

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48

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A economia no século XVIII
N

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Goiânia

Área conhecida e pouco Oceano


povoada
Ouro Preto Atlântico
Algodão
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Cana-de-açúcar
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Mineração Rio de Janeiro
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Pecuária Trópico de C
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Borracha
Sentido da ocupação Desterro
Limite do Brasil como
estado soberano Porto Alegre
Café 0 488 km 976 km

A economia no século XIX

N
Macapá Equador
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Óbidos
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Recife

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Vila Boa

0 488 km 976 km
Sabará
Vila Rica V. do Ribeirão do Carmo
S. João Del Rei Vitória
Área não conhecida pelos
colonizadores Rio de Janeiro
Exploração do pau-brasil Castro São Paulo Trópico De Cap
Cana-de-açúcar Curitiba ri córnio
Mineração
Pecuária
Oceano
Drogas do sertão
Atlântico
Sentido da ocupação
Domínio espanhol

O século XIX traz com ele a ocupação de novos espaços geo-


gráficos que foram sendo construídos pela força transformadora de
três novas atividades econômicas: a cafeicultura, a cultura do ca-
cau e o extrativismo do látex.

Capítulo 2 – Os brasileiros e o seu espaço 49

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49

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Arquipélagos econômicos
N

O L

Belém
São Luís
Cametá Fortaleza

Natal

Paraíba
Olinda
Recife

Tratado de Tordesilhas
Porto Calvo
Penedo
São Cristóvão

Salvador

Ilhéus
Porto Seguro

Cana-de-açúcar
Pecuária Vitória
Mineração
Espírito Santo
Taubaté
Drogas do sertão São Paulo Rio de Janeiro
Itanhaém Angra dos Reis
Rota da expansão pecuária Cananeia Santos
São Vicente
Divisão política atual Paranaguá
Pacífico
Oceano

0 314 km 628 km Laguna

Oceano Atlântico
Noppadon stocker/Shutterstock.com

Yakov Oskanov/Shutterstock.com
CG

Extração do látex da seringueira, na Região Norte do Brasil. O Estado da Bahia se destacou pelo cultivo e comercialização do cacau.

50 Capítulo 2 – Os brasileiros e o seu espaço

50
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Sugestão de

Geografia em cena
abordagem
A história do feijão tropeiro
Prato típico dos estados de Minas Gerais, Goiás e São Pau- Sugerimos uma atividade que será exe-
lo, o feijão tropeiro foi criado ao longo do período colonial cutada em duas partes: na primeira os alunos
pelos tropeiros, homens que transportavam as mais diversas irão pesquisar quais os alimentos que são na-
mercadorias em tropas a cavalo ou em lombos de burros. Ao
longo do tempo, as tropas de cavalos ou burros foram perdendo turalmente brasileiros e quais, que hoje estão
espaço para modernos caminhões, mas até o século XIX eles presentes em nosso dia a dia, foram trazidos
cortaram ainda boa parte do Estado de São Paulo, conduzin- durante o Período Colonial. Depois em sala,
do gado. Hoje, a figura do tropeiro já não existe, porém o prato
substancioso composto de uma mistura de feijão, farinha de o professor apresentará aos alunos um ma-
mandioca, torresmo, linguiça, ovos, alho, couve, cebola e tem- pa-mudo para que seja colocado, no mapa, o
peros tornou-se um prato básico do cardápio desses homens,
nome dos alimentos que são produzidos em
daí o nome feijão tropeiro.
cada região do Brasil.

rocharibeiro/Shutterstock.com
No link a seguir há o mapa-mudo para
que cada aluno possa fazer suas devidas mar-
cações. https://mapas.ibge.gov.br/escolares/mapas-
-mudos.html. Acesso em: 21/12/2017.

Anotações
O feijão tropeiro é um prato típico das culinárias mineira, paulista e goiana.

O café espalhou-se comercialmente pelo Vale do Paraíba, aden-


sando o povoamento entre os estados de São Paulo e do Rio de Ja-
neiro. Por seu turno, o cacau, retirado da floresta amazônica, foi
introduzido na região sul do Estado da Bahia e proporcionou o po-
voamento dessa porção do território nacional a partir da construção
de vilas como a de Ilhéus. Ao mesmo tempo, em 1839, o americano
Charles Goodyear descobriu o processo de vulcanização da borra-
cha, e as rodas dos veículos passaram a ser revestidas com um material
elaborado a partir da seiva de uma árvore chamada Hevea brasiliensis,
ou seringueira (que recebeu esse nome porque era a partir da sua sei-
va, que se fabricavam seringas), encontrada em grande quantidade
na floresta amazônica. Tratava-se de uma região de difícil penetração
por causa da floresta densa e com árvores de dimensões gigantescas,
mas que, pelo lado humano, apresentava um insignificante número
populacional (excluindo-se os nativos) disponível para o trabalho,
pois o nativo reagiu de forma adversa à escravização.

Capítulo 2 – Os brasileiros e o seu espaço 51

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Leitura
complementar A Amazônia aparecia como o novo “Eldorado” e, para suprir a
deficiência de braços para o trabalho nos seringais, foram desloca-
das grandes levas de nordestinos, que por esta época sofriam as pe-
Café no Brasil núrias de mais uma seca e da política social de desinteresse. Ainda
nessa época, havia a premissa de que o trabalho braçal não era coisa
de gente civilizada, justificando essa transferência de mão de obra.
Devido à diversidade de regiões ocupadas Dessa forma, levas de nordestinos foram deslocadas para construir
pela cultura do café, o País produz tipos variados diversos povoados e arriscar a vida nas selvas amazônicas.

Filipe Frazao/Shutterstock.com
do produto, fato que possibilita atender às dife-
rentes demandas mundiais, referentes ao paladar
e até aos preços. Essa diversidade também permi-
te o desenvolvimento dos mais variados blends,
tendo como base o café de terreiro ou natural, o
despolpado, o descascado, o de bebida suave, os
ácidos, os encorpados, além de cafés aromáticos, Inaugurado em 1896, o Teatro Amazo-
nas é a expressão da riqueza de Manaus
especiais e de outras características. durante o Ciclo da Borracha.

Maior produtor e exportador de café e se- Em resumo, podemos dizer que a história econômica do nosso
país foi marcada pelos chamados ciclos: o Ciclo do Açúcar, res-
gundo maior consumidor do produto no mun-
ponsável pelas primeiras unidades efetivas de povoamento; o Ciclo
do, o produto, no Brasil, figura entre os dez prin- da Mineração, impulsionado pelo declínio da cana-de-açúcar e
cipais setores exportadores, estando na 5ª posição. cuja queda teve início na segunda metade do século XVIII; o Ci-
clo do Cacau, cultivado desde o século XVIII, cujo apogeu deu-se
Segundo o Balanço Comercial do Agronegócio, no século XX; o Ciclo da Borracha, que compreende a segunda
em dezembro de 2016, o produto representou metade do século XIX e a primeira década do século XX; e o Ciclo
9,8% das exportações brasileiras, movimentando do Café, cujo ápice deu-se no início do século XX.
Por meio dessas atividades, o espaço geográfico brasileiro foi
o montante de US$ 600,74 milhões. significativamente ampliado. No início do século XX, o território
O parque cafeeiro está estimado em 2,22 brasileiro assumiu as feições atuais; contudo, se conseguimos, atra-
milhões de hectares. São cerca de 287 mil pro- vés da obra de homens de fibra, desbravar parte da natureza e, atra-
vés de acordos diplomáticos com outros países, construir o espaço
dutores, predominando mini e pequenos pro- geográfico atual, ainda sobram vários espaços inexplorados, resul-
dutores, em aproximadamente 1.900 muni- tado das dificuldades de conquista impostas pelo meio natural.
cípios, que, fazendo parte de associações e

Marc Ferrez
cooperativas, distribuem-se em 15 Estados:
Acre, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás,
Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso
do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernam-
buco, Rio de Janeiro, Rondônia e São Pau-
Os escravos sempre foram a mão de obra
lo. Com dimensões continentais, o país pos- principal no cultivo do café. Com as
pressões inglesas para abolir o tráfico, o Brasil
sui uma variedade de climas, relevos, altitudes usou a mão de obra dos imigrantes europeus.

e latitudes que permitem a produção de uma


ampla gama de tipos e qualidades de cafés. 52 Capítulo 2 – Os brasileiros e o seu espaço
Ressalta-se que a cafeicultura brasileira
é uma das mais exigentes do mundo em rela-
ção a questões sociais e ambientais, havendo CG_7ºano_02.indd 52 29/03/2018 13:52:31

uma preocupação em garantir a produção de constante e assegura a preservação de uma das


um café sustentável. A atividade cafeeira é de- maiores biodiversidades do mundo. Anotações
senvolvida com base em rígidas legislações tra- Atualmente, o café é fonte imprescindível
balhistas e ambientais. São leis que respeitam de receita para centenas de municípios, além
a biodiversidade e todas as pessoas envolvidas de ser o principal gerador de postos de traba-
na cafeicultura e pune rigorosamente qual- lho na agropecuária nacional. Os expressivos
quer tipo de trabalho escravo e/ou infantil nas desempenhos da exportação e do consumo
lavouras. As leis brasileiras estão entre as mais interno de café implicam na sustentabilidade
rigorosas entre os países produtores de café. econômica do produtor e de sua atividade.[...]
Os produtores brasileiros preservam flo-
restas e fauna nativa, controlam a erosão e pro- Disponível em: http://www.agricultura.gov.br/
tegem as fontes de água. A busca do equilíbrio assuntos/politica-agricola/cafe/cafeicultura-brasileira.
ambiental entre flora, fauna e o café é uma Acesso em: 15/12/2017.
C
52

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Brasil: evoluções regionais
Estados
Estados
Unidos
Unidos
do Brasil
do Brasil
– 1942– 1942 Estados
Estados
Unidos
Unidos
do Brasil
do Brasil
– 1945– 1945

Terr. Terr.
do Rio do Rio Terr. do Terr. do
0º 0º Equador Equador 0º 0º Branco Branco Amapá Amapá Equador Equador
Arq. Arq. Terr. Terr.
de Fernando
de Fernando de Fernando
de Fernando
de Noronhade Noronha MA MA de Noronhade Noronha
AM AM PA PA MA AM AM PA PA CE CE
MA
CE RN CE RN RN RN

PB PB
PI PI PB PB PI PI
Terr. Terr. PE PE Terr. Terr. PE PE
do Acre do Acre AL AL do Acre do Acre AL AL
SE SE Terr. do Terr. do SE SE
BA BA Guaporé Guaporé BA BA
MT MT GO GO MT MTGO GO
OceanoOceano OceanoOceano
MG MG
Atlântico
Atlântico Atlântico
Atlântico
MG MG
Oceano Oceano N ES ES Oceano Oceano N Terr. de Terr. de
Pacífico Pacífico Pacífico Pacífico
ES ES
SP DF SPRJ DF L Ponta PorãPonta Porã
SP DF SPRJ DF
O L RJ O RJ
PR PR PR PR
Trópico de Trópico de Trópico de Trópico de
S
GuanabaraGuanabara Capricór
nio
Capricór
nio S Terr. do Terr. do GuanabaraGuanabara Capricór
nio
Capricór
nio
Iguaçu Iguaçu
SC SC SC SC
Legenda
Legenda RS RS
Legenda
Legenda RS RS
Limite regional
Limite regional 0 733 km 1.466 km Limite regional
Limite regional 0 733 km 1.466 km
Capital do país
Capital do país Capital do país
Capital do país

Estados
Estados Unidos
Unidos do Brasil
do Brasil – 1950– 1950 Estados
Estados
Unidos
Unidos
do Brasil
do Brasil
– 1960– 1960

Terr. Terr. Terr. Terr.


do Rio do Rio do Rio do Rio
Branco Branco Terr. do Terr. do Branco Branco Terr. do Terr. do
0º 0º Amapá Amapá Equador Equador 0º 0º Amapá Amapá
Equador Equador
Terr. Terr. Terr. Terr.
de Fernando
de Fernando de Fernando
de Fernando
de Noronhade Noronha de Noronhade Noronha
AM AM PA PA MA MA
CE CE AM AM PA PA MA MA
CE CE
RN RN RN RN
PI PI PB PB PI PI PB PB
PE PE PE PE
Terr. Terr. Terr. Terr.
do Acre do Terr.
Acre do Terr. do AL AL do Acre do Terr.
Acre de Terr. de AL AL
Guaporé Guaporé SE SE Rondônia Rondônia SE SE
BA BA GO GO
BA BA
MT MTGO GO MT MT
DF DF
OceanoOceano OceanoOceano
Atlântico
Atlântico Brasília Brasília Atlântico
Atlântico
MG MG MG MG
Oceano Oceano N ES ES Oceano Oceano N ES ES
Pacífico Pacífico Pacífico Pacífico
O L SP DFSPRJ DF RJ O L SP SPRJ RJ
PR PR GuanabaraGuanabara PR PR
pico de Tró pic Tró Trópico de Trópic
S
Capricór o de Capricór
nio nio S Capricór o de Capricór
nio nio

Legenda
Legenda SC SC Legenda
Legenda SC SC
RS RS RS RS
0 733 km 1.466 km 0 733 km 1.466 km
Limite regional
Limite regional Limite regional
Limite regional

Capital do país
Capital do país Capital do país
Capital do país

República
República
Federativa
Federativa
do Brasil
do Brasil
– 1969– 1969 República
República
Federativa
Federativa
do Brasil
do Brasil
– 1980– 1980

Terr. Terr. Terr. Terr.


de de de de
Roraima Roraima Terr. do Terr. do Roraima Roraima Terr. do Terr. do
Amapá Amapá
Equador Equador Equador Equador
Amapá Amapá
0º 0º 0º 0º
Terr. Terr. Terr. Terr.
de Fernando
de Fernando de Fernando
de Fernando
de Noronhade Noronha de Noronhade Noronha
AM AM PA PA MA AM AM PA PA MA MA
CE CE
MA
CE CE RN RN
RN RN
PI PI PB PB PI PI PB PB
PE PE PE PE
AC AC AC AC
2:31 AL AL AL AL
Terr. de Terr. de Terr. de Terr. de
Rondônia Rondônia SE SE Rondônia Rondônia SE SE
GO GO
BA BA GO GO
BA BA
MT MT MT MT
DF DF OceanoOceano DF DF OceanoOceano
Brasília Brasília Atlântico
Atlântico Brasília Brasília Atlântico
Atlântico
MG MG MG MG
Mato Mato
Oceano Oceano N ES ES Oceano Oceano N Grosso Grosso ES ES
Pacífico Pacífico Pacífico Pacífico do Sul do Sul
O L SP SPRJ RJ O L SP SPRJ RJ
Trópico de Trópico de Trópico de Trópico de
PR PR Capricór Capricór PR PR Capricór Capricór
S
nio nio
S nio nio

SC SC SC SC
Legenda
Legenda Legenda
Legenda
RS RS RS RS
0 733 km 1.466 km 0 733 km 1.466 km
Limite regional
Limite regional Limite regional
Limite regional

Capital do país
Capital do país Capital do país
Capital do país

Capítulo 2 – Os brasileiros e o seu espaço 53

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53

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Sugestão de
abordagem Geografia em cena

Como surgiu o arroz de carreteiro


Sugerimos a utilização de mapas mos- Ao longo dos séculos XVI, XVII, XVIII e XIX, o Rio
trando os caminhos que os bandeirantes fa- Grande do Sul foi uma das maiores áreas de criação de gado
ziam rumo ao interior do Brasil, para que os do Brasil. Era dessa parte do país que vinham os rebanhos que
alimentavam diversas regiões do nosso território. Tangendo e
alunos tenham mais proximidade com o tema conduzindo as boiadas, estava a figura imponente do gaúcho, o
abordado e possam ter mais claro os proces- peão. Sua árdua tarefa o fazia transitar com o gado por longas
sos geográfico-históricos acontecidos no Bra- distâncias em jornadas longas e duras.
Para suprir as suas necessidades alimentares, as comitivas
sil Colonial. tinham um carreteiro, em cuja carreta transportava os manti-
mentos, principalmente o arroz e o charque, pois eram produ-
Anotações tos que não pereciam facilmente.

hiroyamomota/Shutterstock.com
Ensaio geográfico
1 Sobre a construção do espaço territorial brasileiro, descreva a importância do bandeirantismo para
a conquista das áreas a oeste do Tratado de Tordesilhas.
Os bandeirantes foram muito importantes para o processo de ocupação do interior do País. Essas ex-

pedições particulares tinham como objetivo buscar as principais riquezas, como pedras preciosas, ouro

e as drogas do sertão. Também capturavam indígenas e escravos fugitivos.

54 Capítulo 2 – Os brasileiros e o seu espaço

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C
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2 No mapa abaixo, estão indicadas, pelas letras A e B, duas áreas ocupadas ao longo do século XVIII.
Cite o nome das respectivas atividades econômicas que promoveram o seu desenvolvimento.

A economia no século XVIII

Equador
Belém
São Luís
Manaus

A
Fortaleza

Natal
Paraíba
Recife
Drogas do sertão.
A–
Maceió
Aracaju

Pecuária.
Salvador
Cuiabá
Goiânia
B–
Oceano
B Atlântico
Pacífico
Oceano

Ouro Preto
Vitória

Niterói
Rio de Janeiro
São Paulo
Trópico de C
Curitiba apricór nio
N Desterro

O L Porto Alegre
0 488 km 976 km
S

3 Durante o breve período de 24 anos, entre 1630 e 1654, a Companhia de Comércio das Índias
Ocidentais holandesas administrou a parte economicamente mais promissora do Brasil de então, a
Zona da Mata pernambucana, onde o plantio de cana-de-açúcar e a produção de açúcar geravam eleva-
dos ganhos para a Coroa portuguesa. Expulsos do território brasileiro, os holandeses levaram com eles
o conhecimento e a tecnologia do plantio da cana e produção do açúcar e, rapidamente, implantaram
empreendimento semelhante nas ilhas da América Central, denominadas de Antilhas Holandesas.
Sobre o tema, responda, de acordo com o conhecimento produzido neste capítulo: qual o efeito sobre
o Brasil da produção de cana-de-açúcar nas Antilhas Holandesas?
Nesse contexto, a saída dos holandeses gerou uma grande deficiência para quem aqui ficou com essa

responsabilidade. Dessa forma, a economia da colônia açucareira entrou em colapso, originando o fe-

chamento de diversas áreas produtoras e início de um longo processo de decadência que se reflete nos
2:32

dias atuais.

Os holandeses, ao serem expulsos de Pernambuco, levaram consigo todo o conhecimento técnico da

fabricação do açúcar que aprenderam na colônia portuguesa. Como já eram detentores dos meios de

venda e de refino do açúcar, passaram também a ser concorrentes.

Capítulo 2 – Os brasileiros e o seu espaço 55

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55

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Sugestão de
abordagem 4 O início da ocupação efetiva do território brasileiro, a partir da monocultura de cana-de-açúcar,
cunhou uma expressão que, ao mesmo tempo, descrevia e caracterizava-a: “Civilização dos Caran-
guejos”. Segundo os conhecimentos construídos ao longo deste capítulo, explique o significado dessa
Sugerimos utilizar o mapa do IBGE em expressão.
que mostra a logística do transporte terres- A expressão “Civilização dos Caranguejos” está relacionada ao processo de ocupação dos portugueses
tre, aéreo e portuário no Brasil. Com ele, você
em terras brasileiras, que durante muito tempo se deu por meio exclusivamente do litoral.
professor, poderá mostrar quais são os estados
em que há um maior fluxo de transportes.
Cenário 2
Acesse o link: https://loja.ibge.gov.br/logistica-dos-
transportes-mapa-do-brasil.html.
Redes de
Anotações transporte e
comunicação
Por ter um dos maiores territórios do mundo, o Brasil apresen-
ta distâncias consideráveis entre os diversos pontos de concentração
populacional, de produção industrial e de agropecuária. Entende-
-se, assim, que países de dimensões continentais precisam de redes
de transporte planejadas e eficientes para atender às necessidades
do tamanho da sua população e da economia, como é o caso dos
Estados Unidos, da China, ou de outros países importantes como
Alemanha e França.
Algumas cidades brasileiras, inicialmente, foram formadas se-
guindo os fluxos econômicos determinados pelos produtos primá-
rios que interessavam aos mercados estrangeiros. Os portos abriam
as portas para o mundo exterior, principalmente a Europa, pois
eram por eles que partiam as riquezas produzidas aqui para abaste-
cer outros mercados com cana-de-açúcar, café, algodão, borracha,
madeira, minérios, cacau, etc. Cidades portuárias como Recife, Rio
de Janeiro, Porto Alegre, Santos, entre outras, cresceram “de cos-
tas” para o interior do Brasil. Logo, as redes de transportes foram
desenvolvidas de acordo com as rotas de exportação dessas cidades,
mas não para atender às necessidades da população brasileira ou do
mercado interno. Assim, nossas redes de transporte e infraestrutura
são deficitárias, como também são uma barreira ao desenvolvimen-
to econômico e social do País.
As primeiras grandes rotas de transporte no Brasil foram o vas-
to litoral e os rios. O transporte por rio, ou transporte fluvial, forma
redes viárias importantes, as chamadas hidrovias. Os bandeirantes,
quando adentraram o território brasileiro e ultrapassaram a barrei-

56 Capítulo 2 – Os brasileiros e o seu espaço

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56
C

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ra do Tratado de Tordesilhas, usaram os rios como caminhos, que
deram origem a vilas de onde surgiram cidades importantes como
Cuiabá, no Mato Grosso, e Jundiaí, em São Paulo. No Brasil colo-
nial, cidades importantes, como Recife, transportavam todo tipo
de mercadoria (ex.: açúcar) por hidrovias, como foi o caso dos rios
Capibaribe e Tejipió, até o porto e de lá seguiam para a Europa.
Os rios tiveram função importante na formação do nosso territó-
rio, possibilitando o surgimento de polos econômicos importantes,
como o Rio Tietê (São Paulo), Rio Iguaçu (Paraná), Rio Ipojuca e
Rio Capibaribe (Pernambuco), Rio dos Sinos e Rio Caí (Rio Gran-

Brasil: hidrovias e rota de cabotagem

0 314 km 628 km

O L

2:32

Legenda
Cabotagem
Trecho de navegação inexpressível
Trecho navegável nas cheias
Trecho navegável principal

Com a maior rede fluvial do mundo e um litoral de quase 8.000 km de extensão, o Brasil não utiliza plenamente seu potencial hidroviário.

Capítulo 2 – Os brasileiros e o seu espaço 57

57
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Anotações
de do Sul), Rio Paraíba do Sul (Rio de Janeiro), entre outros. Na
Região Amazônica, as hidrovias têm função quase única de trans-
portar carga e passageiros, por possuir a maior bacia hidrográfica
do Brasil, com rios navegáveis o ano todo. Rios como o Amazonas,
Negro e Solimões, e outros rios menores, são as verdadeiras vias de
transporte que levam a grandes cidades como Manaus e Belém.
O transporte marítimo pelo litoral, chamado navegação de
cabotagem, serviu para fazer a ligação entre as cidades litorâneas
importantes como Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Belém, Santos
e outras cidades menores.
Entre as vantagens do modal hidroviário estão: o baixo custo
(cerca de 20 vezes mais barato que o rodoviário); ser menos po-
luente; ter maior capacidade de carga e maior tempo de vida útil; a
manutenção mais barata; e maior segurança.
As desvantagens são a baixa velocidade, a pouca flexibilidade
(depende do volume de água no curso dos rios) e o custo mais alto
nos terminais/portos.

Transporte de carga por


muares – O Tropeirismo
Leitura Além das hidrovias, o transporte de mercadorias no lombo de
complementar animais de carga foi muito utilizado no Brasil colonial até o Impé-
rio, pois as estradas de terra, quando existiam, eram muito ruins,
dificultando a circulação de pessoas e principalmente de cargas.
Nas regiões onde não havia rios navegáveis ou marcados por rele-
História de tropeiros vo acidentado de elevadas altitudes, como em localidades de serras,
escarpas e morros, a única maneira de transportar mercadorias se
dava pelas tropas de muares. Os tropeiros foram muito importan-
As tropas de burros originários da Argen- tes, pois transportavam as mercadorias por um preço relativamente
tina e Uruguai entraram no Brasil no século baixo, já que os animais de carga, os muares, eram baratos.
XVI pelo Rio Grande do Sul. A Argentina As rotas de tropeiros se formaram principalmente nas regiões
Sudeste e Sul. A cidade de Sorocaba, em São Paulo, tornou-se o cen-
trouxe jumentos e éguas da Espanha e foram tro da atividade tropeira devido à feira de muares estabelecida desde
criados em grandes estâncias nesses países vi- 1757. O conhecimento dos indígenas sobre o território foi utilizado
zinhos. Houve tentativas de levar os burros de pelos desbravadores gaúchos e paulistas, porque as trilhas indígenas
eram os melhores caminhos para seguir à pé e logo foram adaptadas
navio desde o Rio Grande do Sul até o Rio de para a passagem de mulas. As rotas dos tropeiros tinham como ori-
Janeiro, mas não deram certo, já que os bur- gem o Rio Grande do Sul, levando produtos agropecuários, como
charque, feijão, farinha, açúcar, toucinho, aguardente de cana, couro,
ros sofriam muito durante a viagem, passavam
entre outros, para a região de Minas Gerais (área da mineração), São
sede, fome e muitos terminavam morrendo. Paulo — que sempre era o centro de convergência —, Rio de Janeiro,
Também tentaram levar os burros pela praia, Espírito Santo, chegando ao Nordeste. No litoral fluminense e pau-
lista, os tropeiros abasteciam as tropas com sal, vinhos portugueses,
mas também não conseguiram. vidros e panelas, e retornavam carregados de mercadorias.
Em 1724, o português Francisco Farias
de Sá, que estava trabalhando na construção 58 Capítulo 2 – Os brasileiros e o seu espaço
do Porto de Laguna, em Santa Catarina, pro-
pôs abrir uma estrada do Rio Grande do Sul
até Curitiba, fez o traçado da estrada, mas os CG_7ºano_02.indd 58 29/03/2018 13:52:32 CG

governadores de Santa Catarina, Paraná e São ros soltos e gado bovino, levando carne seca rigiam para fazer negócios. Esta feira durava
Paulo se opuseram em fazer a estrada por te- das charqueadas de Rio Grande do sul para três meses e devido a ela Sorocaba, que tinha
mor de que os assaltantes argentinos, que vi- Minas Gerais, onde estavam as minas de ex- uma população inicial de 3.500 habitantes,
viam assaltando os tropeiros, invadissem o tração de ouro, era a época da febre do ouro. chegou a ter acima de 40.000 moradores, 200
Brasil. Posteriormente veio ao Porto de Lagu- Cristóvão Pereira de Abreu inaugurou o anos depois. Assim, Sorocaba se tornou o cen-
na um português, Cristóvão Pereira de Abreu, ciclo do tropeirismo do Rio Grande do Sul tro do tropeirismo. Os animais vinham da Ar-
que se interessou pelo caminho proposto por até São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, gentina, Uruguai e Rio Grande do Sul até So-
Francisco Farias de Sá, melhorou o traçado Espírito Santo e algumas tropas foram até o rocaba, sendo tocados pelos próprios donos,
original e conseguiu convencer os governado- norte e o nordeste. Como as distâncias eram tropeiros, e por ajudantes ou peões. As tropas
res em fazer a estrada. Em 1727, Cristóvão Pe- grandes e a demanda de burros também cres- vinham soltas e os burros cargueiros transpor-
reira de Abreu iniciou a construção, que levou cia, em 1757 foi estabelecida uma Feira de tavam carne seca, feijão e farinha.
seis anos e, em 1733 saiu a primeira tropa de Gado Muar em Sorocaba, onde os vendedo- Ao sair do Rio Grande do Sul, os tropei-
dois mil animais entre burros cargueiros, bur- res e compradores de diferentes regiões se di- ros pegavam uma guia para a viagem, em Rio

58

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Diálogo com o
A partir do século XVIII, as rotas de tropas passaram a trans- professor
portar o produto que seria a grande riqueza do Brasil no Segundo
Império e na República Velha, o café. As fazendas do Vale do Paraí- Diamantina
ba fluminense eram o ponto de partida de milhares de mulas que le- Professor, mostre aos alunos como foi im-
vavam o produto até os portos no litoral paulista e fluminense. Elas
eram responsáveis pelo transporte de centenas de milhares de arro-
portante para a economia de São Paulo, Minas
bas de café em estradas que, mesmo para as tropas, eram terríveis. N
Gerais e Rio Grande do Sul a chegada desses
L
animais. Por conta desse advento, esses esta-
O
Reprodução

S
dos são referências econômicas para todo País.
Mariana

Diamantina

São João Del Rei Barbacena


Anotações
Caminho
novo
Caminho
velho
Caminho dos
diamantes
Os tropeiros se locomoviam por meio de muares e cavalos e transportavam uma grande varieda-
de de mercadorias, como açúcar mascavo, aguardente, vinagre, etc. Mariana
Paraty Rio de Janeiro
A integração das regiões de maior dinamismo econômico, no
Barbacena
século XVIII e XIX, tem nos tropeirosSão uma forte
João contribuição
Del Rei

para o desenvolvimento e manutenção do potencial econômico do Caminho


novo
Brasil, principalmente no Sul e Sudeste. Com a chegada das ferro-
vias e das rodovias, os tropeiros foram desaparecendo da paisagem. Caminho
velho
O modal ferroviário apresenta como vantagens: a grande ca- Caminho dos
pacidade de carga e de passageiros (só perde para o hidroviário); a diamantes
possibilidade de realizar viagens de longas distâncias sem sofrer com
A Estrada Real de Minas Gerais ligava
congestionamentos ou problemas decorrentes de condiçõesParaty meteo-
Rio de Janeiro
Minas aos portos do Rio de Janeiro e à
rológicas; o baixo consumo de energia, que o torna ideal para trans- província de São Paulo.
portar cargas volumosas e de baixo valor; e a segurança e economia.
Marc Ferrez

Estação ferroviária em São Paulo na época do Império.

As desvantagens apresentadas são: a pouca flexibilidade nos


itinerários; os altos custos de implantação e manutenção das linhas
férreas; a dificuldade de integração com linhas mais antigas de dife-
rentes bitolas; e a necessidade de outros modais para completar as
entregas de cargas.

Capítulo 2 – Os brasileiros e o seu espaço 59

2:32 CG_7ºano_02.indd 59 29/03/2018 13:52:32

Negro, Santa Catarina, os tropeiros e suas tro-


pas passavam por um registro e com o tempo
foi estabelecido o pagamento de um imposto
em Sorocaba. Os animais ao chegar, ficavam
nas fazendas vizinhas da cidade, e no momen-
to da venda os tropeiros pagavam um impos-
to sobre o valor da venda; posteriormente foi
também cobrado um imposto pela passagem
dos animais, mesmo que eles não fossem ven-
didos em Sorocaba.

Disponível em: https://www.biodinamica.org.br/2/


a/13-historia-de-tropeiros. Acesso em: 18/12/2017.

59

ME_CG_7ºano_02.indd 59 14/05/2018 12:16:19


75º
Brasil: o país das
65º 55º 35º

10º
rodovias
Rodovias federais do Brasil
N
Oiapoque
O L
Boa Vista
RR S
AP

Equador Macapá
Belém
Santarém São Luís
Parnaíba
Manaus
Letícia Caseiro Altamira Fortaleza
AM
Itaituba Marabá Teresina
Benjamin Constant MA CE
PA
Carajás Natal
RN
Cruzeiro
do Sul Humaitá PB João
Boca Araguaína PI Picos Salgueiro Pessoa
do Acre Cachimbo
Porto Velho PE
AC Recife
Rio Branco Juazeiro
AL Maceió
10º
Assis Brasil Guajará-Mirim TO
RO Barreiras SE Aracaju

MT
BA
Vitória da Salvador
Cuiabá Conquista
Brasília
DF Ilhéus

Cáceres GO
Rondonópolis
Goiânia
Corumbá Uberlândia Belo
Campo Santa Fé MG
Grande do Sul Horizonte
MS ES
Pacífico
Oceano

20º Panorama
Vitória

Ponta Porã
SP Rio de Janeiro
RJ
São Paulo
Trópico
PR Santos de Cap
ricórni
Foz do Iguaçu Curitiba o
São Francisco do Sul
SC
Florianópolis
Santa Maria
RS
Porto Alegre
Oceano
30º
Atlântico
0 338 km 676 km Rio Grande

Mesmo antes da existência dos automóveis, foram construídas


e pavimentadas diversas rodovias em nosso território. A primeira
foi inaugurada pelo imperador Dom Pedro II, em 1861, e foi no-
meada Estrada União e Indústria, ligando Petrópolis, no Rio de Ja-
neiro, a Juiz de Fora, em Minas Gerais. Até 1880, outras estradas
40º

foram construídas em Santa Catarina (Estrada Dona Francisca, li-


gando Joinville a São Bento); no Paraná (Estrada Graciosa, ligando
Antonina a Curitiba); e em Minas Gerais (estrada entre Filadélfia
e Santa Clara). O tráfego nessas estradas era feito por carruagens
que atingiam, em média, 20 km/h, e faziam ligações entre cidades
e localidades próximas.

60 Capítulo 2 – Os brasileiros e o seu espaço

60
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Na década de 1920, o então presidente do Brasil, Washington
Luís criou o lema “governar é abrir estradas” e iniciou a construção
das rodovias mais extensas, ligando cidades e regiões importantes
no Estado de São Paulo, como Campinas–São Paulo e Itu–São
Paulo. Para se ter uma ideia, a primeira viagem de carro entre São
Paulo e Rio de Janeiro, em 1907, levou 33 dias, porém, com a inau-
guração da rodovia Rio-São Paulo, passou para 14 horas.
Em 1928, foi inaugurada a estrada Rio-Petrópolis. Apesar
desse desenvolvimento, ainda não tínhamos uma rede de rodovias
capazes de integrar o Brasil a partir do automóvel, e o trem era ab-
soluto no transporte de cargas e passageiros.
O governo Getúlio Vargas criou, em 1944, o Plano Rodoviá-
rio Nacional, que pretendia construir novas rodovias aproveitando
aquelas já existentes. Assim, seriam 27 rodovias federais, sendo 6 lon-
gitudinais (Norte-Sul) e 15 transversais (Leste-Oeste) com mais 6 de
ligação. Esse plano foi a base para o desenvolvimento do sistema viá-
rio nacional, que criou as rodovias federais e um sistema que preten-
dia desfazer o arquipélago que eram as capitais brasileiras e as regiões
produtoras de riquezas com os mercados consumidores.
Com o intenso processo de industrialização pelo qual o Brasil
passou a partir dos anos de 1950 e com a popularização dos automó-
veis, exigiu-se, cada vez mais, a construção de rodovias que atendes-
0 1.100 km 1.200 km
sem às necessidades de um país de dimensão continental como o nos-
so. A construção da nova capital e o privilégio ao modal rodoviário de
Juscelino Kubitschek fizeram surgir o sistema de rodovias radiais li-

BR–1
20
gando Brasília às principais capitais do Brasil, como Belo Horizonte,

–0

BR–153
BR–1
BR–1

BR

74
20
20

–0
–0

101BR–153
BR–153

Belém, Rio de Janeiro, São Paulo, Fortaleza, entre outras localidades,


BR
BR

74
74

BR–070

101
BR

BR–
BR–070 BR–070
em conjunto com as rodovias longitudinais, transversais, diagonais.
101

–0
BR
BR

BR–

40
BR–
–0
–0

Nos governos militares, entre 1960 e 1970, esse sistema continuou a


40
40

se expandir, procurando interligar ao Projeto de Integração Nacional


N

O L

(PIN) os vazios demográficos e de menor produção econômica do S

Norte, Nordeste e Centro-Oeste. De acordo com o Plano Nacional As rodovias radiais ligam Brasília a uma
de Viação (PNV), de 1973, as rodovias estaduais devem seguir a capital estadual ou a pontos periféricos
importantes.
mesma estrutura de organização que as rodovias federais.

0 1.100 km 1.200 km 0 1.100 km 1.200 km 0 1.100 km 1.200 km

BR

19
–2 BR–304

–3
30
BR BR
19

BR–304 BR–304 BR
19

–2 –2
–3

30
–3

30

B
R
BR
BR

BR–1

–3
20

24
B
B

R
R
–0

BR–153
–3
–3
BR

74
24

BR
24

–3
64 65
BR BR –3
BR–070 BR 81
101

–3 –3 65
6–43 65 BR–282 3
64 –3 –
BR

BR
BR–

BR 81 BR 81
BR–282 BR–282
–0

R –3 R –3
4

B B
0

BR–290
N N N
BR–290 BR–290
O L O L O L

S S S

As rodovias transversais seguem a direção As rodovias diagonais seguem tanto na di- As rodovias longitudinais são vias de
Leste-Oeste. reção Noroeste-Sudeste quanto Nordeste- ligação nacional com direção Norte-Sul.
-Sudoeste.

Capítulo 2 – Os brasileiros e o seu espaço 61


BR
19

–2 BR–304
–3

30
BR

B
R
–3
24

BR
–3 65
61
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BR 81
BR–282 – 3
BR

BR–290

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Projetos ambiciosos, como a BR-230, conhecida como Ro-
dovia Transamazônica, com 3.300 km, e que nunca foi terminada,
foram o grande exemplo da importância dada ao modal rodoviário
no Brasil, inclusive com a substituição de trechos de ferrovias defi-
citárias (que não davam lucro ou possuíam uma manutenção cara)
por rodovias. No entanto, as rodovias cumpriram, e continuam
cumprindo, o papel de interligar o País mesmo que a sua manu-
tenção dificulte o transporte de cargas e passageiros e que seja mais
cara que a de outros tipos de transporte, como trens e embarcações,
e encareçam os preços de produtos no mercado interno.
As vantagens do modal rodoviário são: maior flexibilidade de
locomoção (entregas e transporte de passageiros porta a porta); ra-
pidez e preços competitivos em médias e curtas distâncias; a grande
cobertura geográfica no Brasil; a ampliação do setor industrial, de
serviços e comércio com criação de milhões de empregos.
As desvantagens consistem em: menor capacidade de trans-
porte de passageiros e de cargas; muita poluição; altos custos de
manutenção; atrasos e impedimentos de circulação devido ao trân-
sito das cidades e às condições das rodovias; alto índice de aciden-
tes com perdas materiais e de vidas humanas; encarecimento de
custos para grandes distâncias.

O transporte aéreo
brasileiro
Desde a segunda metade da década de 1920, quando iniciaram
os voos comerciais no Brasil, o transporte aéreo cumpre a função
importantíssima de integrar, de maneira rápida e eficiente, as mais
diversas localidades dos mais de 8,5 milhões de quilômetros qua-
drados do quinto maior país do mundo. O modal aeroviário tem
vantagens e desvantagens, mas, cada vez mais, tem sido a preferên-
cia das pessoas na hora de viajar e de enviar cargas leves e de alto
valor para o Brasil e o mundo.
As vantagens do avião como meio de transporte são: a alta ve-
locidade; a eficiência e confiabilidade; a eficiência para entregas ur-
gentes; o baixo custo das taxas de seguro; a proximidade dos aero-
portos dos centros populacionais e industriais; a grande cobertura
geográfica; e mais conforto para o transporte de passageiros devido
ao tempo de viagem ser o mais curto entre todos os modais.
As desvantagens ficam por conta: dos preços mais elevados;
da menor capacidade de transportar cargas; dos altos custos para
implantação e manutenção de aeroportos e terminais; dos impedi-
mentos de tráfego devido às condições do tempo atmosférico; do
alto índice de poluição dos combustíveis de aviação; da poluição
sonora próxima aos aeroportos; da estrutura saturada dos aeropor-

62 Capítulo 2 – Os brasileiros e o seu espaço

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tos; e da impossibilidade de encontrar novas áreas para a constru-
ção de aeroportos nas grandes cidades.
Em 2015, o modal aéreo foi responsável por 14% do transpor-
te de passageiros, num total de 111,5, e por 3,1 milhões de tone-
ladas transportadas por quilômetro útil, correspondendo a 0,4%
do total. Nós temos, no Brasil, 34 aeroportos internacionais e 29
75º 65º 55º 35º

domésticos que interligam o território.


10º

Os principais aeroportos brasileiros

RR AP Equador

AM RN
PA MA CE
PB
PI
AC PE
TO AL
RO
10º

SE
MT BA
DF

GO MG
ES
MS
20º

SP
RJ Trópico
0 488 km 976 km PR de Capricó
rnio

SC
N
RS Oceano
O L Atlântico
30º

Ensaio geográfico
40º

1 Sobre a formação das redes de transporte no Brasil até o início do século XX, aponte verdadeiro
(V) ou falso (F).
F Foram formadas para atender às necessidades do mercado interno.
V Foi responsável pela criação de cidades litorâneas, as cidades portuárias, para exportação de pro-
dutos primários.
V Não tinha como objetivo integrar o território nacional.
V As hidrovias, as mulas dos tropeiros e as ferrovias foram os modais de transporte mais utilizados.

2 O sistema ferroviário brasileiro expandiu-se até a década de 1930 e, nas décadas de 1950 e 1960, foi
deixado em segundo plano pelas autoridades. Cite as causas principais.
As diferenças das bitolas, o privilégio dado ao modal rodoviário, necessidade de altos investimentos

para manutenção e a modernização das linhas férreas.

Capítulo 2 – Os brasileiros e o seu espaço 63

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Diálogo com o
professor 3 O modal rodoviário é o meio de transporte mais utilizado no Brasil. Quais são as vantagens do uso
desse modal?
As vantagens no uso desse modal são: maior flexibilidade de locomoção (entregas e transporte de passageiros
Explique aos alunos que os filmes pro-
postos são de cunho educacional e histórico, porta a porta); rapidez e preços competitivos em médias e curtas distâncias; grande cobertura geográfica no
eles podem achá-los enfastiante, mas mostre Brasil; a ampliação do setor industrial, de serviços e comércio, com criação de milhões de empregos.
a importância deles na construção do saber.
Assim sendo, utilize os filmes indicados para 4 Como deveria ser a política de transportes num país de dimensões continentais como o Brasil?
que os alunos possam ter um conhecimen- A integração modal é a forma mais adequada de realizar transporte em países com as características do
to multimodal e o acesso a outras fontes de
Brasil, pois não existe um modal melhor que o outro. É mais racional aproveitar ao máximo as vanta-
conhecimento.
gens de cada um dos modais e minimizar as desvantagens do que apostar em apenas um modal.

Anotações Aprenda com arte

O Caçador de Esmeraldas
Direção: Osvaldo Oliveira.
Ano: 1979.

Sinopse: A saga do bandeirante Fernão Dias Paes e sua obsessão pelas esmeraldas. No século XVII,
Portugal, envolvido em profunda crise financeira, resolve estender a ocupação do território brasi-
leiro, à procura de ouro e pedras preciosas. Fernão Dias Paes, fiel servidor, tomou a si a tarefa de
descobrir riquezas para manter o luxo da corte. Rico, 65 anos, deixou a mulher e filhas, montou uma
bandeira e saiu em busca do Eldorado. Durante sete anos, percorreu os sertões, enfrentando ataques
de indígenas, doenças, animais selvagens, deserções. Obstinado, mandou enforcar o próprio filho,
acusando-o de traidor. Dos 800 homens que levara consigo na bandeira, apenas 15 retornaram a São
Paulo, trazendo turmalinas que julgavam ser esmeraldas.

Como era Gostoso o meu Francês


Direção: Nelson Pereira dos Santos.
Ano: 1970.

Sinopse: No Brasil de 1594, um aventureiro francês prisioneiro dos Tupinambás escapa da morte
graças aos seus conhecimentos de artilharia. Segundo a cultura tupinambá, é preciso devorar o ini-
migo para adquirir todos os seus poderes: no caso, saber utilizar a pólvora e os canhões. Enquanto
aguarda ser executado, o francês aprende os hábitos dos Tupinambás, une-se a uma indígena, toma
conhecimento através dela de um tesouro enterrado e decide fugir. A indígena se recusa a segui-lo e,
após a batalha com a tribo inimiga, o chefe Cunhambebe marca a data da execução: o ritual antro-
pofágico será parte das comemorações pela vitória.

64 Capítulo 2 – Os brasileiros e o seu espaço

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Diálogo com o
professor
Pequeno dicionário geográfico e cultural
Ameríndio: Indígena do continente americano. Drogas do sertão: Especiarias, como cacau,
Professor, utilize as atividades da seção
Antilhas holandesas: Região localizada nas An- castanha-do-pará e guaraná, retiradas das ma-
tilhas, América Central Insular, constituída por tas do interior brasileiro. Encerramento para tirar dúvidas e agregar
um conjunto de ilhas, como Curaçao e Aruba. Eldorado (El Dorado): Segundo antiga len- mais conhecimento. Já que tratamos de mui-
Barganha: Negociação, troca. da indígena, cidade de ouro e repleta de outras
Bitola: Largura da distância entre os trilhos. riquezas minerais.
tos temas neste capítulo, é recomendável que
Caraíba: Denominação indígena para ho- Sesmeiros: Antigo magistrado português es- faça uma recapitulação para garantir o melhor
mem branco. colhido para dividir e distribuir as sesmarias aproveitamento e rendimento dos alunos.
Charque: Carne desidratada por meio da adi- no Brasil colônia.
ção de sal, visando sua conservação por um Usufruto: Direito à exploração de uma pro-
maior período. priedade ou terra que pertence a outra pessoa.
Donatários: Donos e administradores das ca- Anotações
pitanias hereditárias.

Encerramento
1 O desenvolvimento de algumas atividades econômicas, entre os séculos XVI e XIX, foi importante
para a ocupação efetiva de grande parte do território nacional. Em cada recanto do Brasil, uma vila que
posteriormente foi transformada em cidade tornava-se o centro do dinamismo e do poder. Utilizando
os conhecimentos produzidos ao longo desse capítulo, associe as cidades da coluna 1 à atividade a que
esteve historicamente ligada.

1 Olinda. 5 Monocultura do cacau.


2 Vila Rica. 3 Cafeicultura.
3 São Paulo. 1 Monocultura de cana-de-açúcar.
4 Manaus. 2 Mineração.
5 Ilhéus. 4 Extrativismo da borracha.

2 Julgue a importância dos tratados e acordos internacionais para a formação do espaço territorial
brasileiro.

Os tratados que contribuíram para formação do espaço territorial brasileiro foram muito importantes
por fazê-lo um dos maiores países do mundo, com forte presença regional no continente americano e
de destaque na economia mundial. O Tratado de Tordesilhas (1494) foi importante por conceder aos
portugueses o vasto litoral com acesso ao Oceano Atlântico e de quase a metade do território atual do
Brasil. Com o Tratado de Madri (1750) se teve o reconhecimento, por parte da Espanha, da posse do
Brasil sobre quase todo território atual. Por fim, tivemos o Tratado de Petrópolis (1903), com a cessão
do Acre ao Brasil pela Bolívia, definindo o território atual.

Capítulo 2 – Os brasileiros e o seu espaço 65

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3 No mapa abaixo, identifique a atividade econômica da área verde.

Equador
Belém
São Luís
Manaus
Fortaleza

Natal
Paraíba
Recife
Maceió
Aracaju
Salvador
Cuiabá
Goiânia

Oceano
Ouro Preto Atlântico
Café
Pacífico

Vitória
Oceano

Niterói
Rio de Janeiro
São Paulo
Trópico de C
Curitiba apricór nio
Desterro

N Porto Alegre
O L
0 440 km 880 km
S

4 Sobre a formação histórico-econômica do Brasil, analise as proposições abaixo e assinale V para as


verdadeiras e F para as falsas.
a. V A forte ocupação populacional do litoral brasileiro na atualidade é reflexo direto da dinâmica
histórica de ocupação no Brasil.
b. F No século XVI, a população ocupou intensamente a Região Sul, principalmente os imigrantes
europeus.
c. F O Brasil ganhou força na ordem política e econômica do século XVII após a descoberta de
ouro.
d. F A Zona da Mata do Nordeste foi a última das regiões do Brasil a ser ocupada.
e. V No século XIX, houve o desenvolvimento do Ciclo da Borracha, sendo tal produto um dos
principais impulsionadores do desenvolvimento da Região Norte nesse século.

5 Realize uma pesquisa sobre a importância da União das Coroas Ibéricas para a formação do terri-
tório brasileiro.
Sugestão de resposta: Podemos dizer que a União Ibérica contribuiu para extinção dos limites do trata-

do de Tordesilhas, uma vez que as terras a oeste pertenciam à Coroa espanhola.

66 Capítulo 2 – Os brasileiros e o seu espaço

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6 Viajar é descobrir a beleza da natureza e a riqueza da cultura e história de um país.
Vamos supor que você vá fazer uma viagem e trace o seu roteiro a partir do conhecimento das ativida-
des econômicas que se desenvolveram ao longo da história do Brasil. No mapa abaixo, estão as princi-
pais cidades brasileiras.

Boa
Vista
Amapá
Roraima
Equador
Macapá
Arquipélago
Belém Fernando de
São Luís Atol das Noronha
Manaus Rocas (Distrito de PE)
Fortaleza
Amazonas Pará Ceará Rio Grande
Maranhão do Norte
Teresina
Natal
Paraíba João Pessoa
Piauí
Pernambuco Recife
Acre
Rio
Porto Palmas Alagoas
Velho
Sergipe
Maceió
Rondônia Tocantins
Branco
Aracaju

Mato Grosso Bahia Salvador


Distrito
Federal
Cuiabá
Brasília
Goiânia
Minas
Goiás Gerais Arq. dos
Espírito Abrolhos
Oceano Pacífico

Mato Grosso Belo


do Sul Horizonte Santo
Campo São Vitória
Grande Paulo
Rio de Janeiro
São Paulo
Paraná
Rio de Janeiro
Trópico de
Capricórn
Curitiba io

Santa Catarina
Florianópolis

Rio Grande Porto Alegre


do Sul
Oceano Atlântico

O L
0 338 km 676 km
S

Supondo que você more em Salvador, na Bahia, trace um roteiro ligando as cidades de acordo com a
sequência das seguintes atividades: cafeicultura – mineração – monocultura canavieira – extrativismo
da borracha.
Salvador – São Paulo – Belo Horizonte – Recife – Manaus.

Capítulo 2 – Os brasileiros e o seu espaço 67

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7 (Fuvest) Quanto à formação do território brasileiro, podemos afirmar que:
a. X A mineração, no século XVIII, foi importante na integração do território devido às relações
com o Sul, provedor de charque e mulas, e com o Rio de Janeiro, por onde escoava o ouro.
b. A pecuária no Rio São Francisco, desenvolvida a partir das numerosas vilas da Zona da Mata, foi
um elemento importante na integração do território nacional.
c. A economia baseada, no século XVI, na exploração das drogas do sertão integrou a porção
Centro-Oeste à Região Sul.
d. A economia açucareira no Nordeste brasileiro baseada no binômio plantation e escravidão foi a
responsável pela incorporação, ao Brasil, de territórios pertencentes à Espanha.
e. A extração do pau-brasil, promovida pelos paulistas, por meio das entradas e bandeiras, foi im-
portante na expansão das fronteiras do território brasileiro.

8 Entre as imagens abaixo, uma não faz parte do conjunto das atividades econômicas que foram de vi-
tal importância para a construção do espaço territorial brasileiro. Identifique-a e justifique sua escolha.

Reproduções
A B C

D E F

A figura representada pela letra E corresponde ao modelo industrial. A indústria representou uma

mudança na dinâmica econômica do País a partir da década de 1940. Apesar disso, a definição do ter-

ritório já havia sido praticamente consolidada pelos ciclos econômicos já ocorridos.

68 Capítulo 2 – Os brasileiros e o seu espaço

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9 Qual era o principal objetivo dos empreendimentos marítimos dos séculos XV e XVI?
a. Fazer a navegação ao redor do mundo passando por todos os oceanos.
b. X Descobrir e controlar uma rota marítima para as Índias para comprar especiarias diretamente na
fonte e vender com elevados lucros na Europa.
c. Chegar até o extremo norte do continente americano para iniciar o povoamento da região.
d. Estabelecer e controlar novas rotas marítimas para a Oceania com o objetivo de explorar os
recursos minerais da região.

10 Quais os dois países que mais se destacaram no período das Grandes Navegações e Descobrimentos
Marítimos dos séculos XV e XVI?
a. Inglaterra e França.
b. Holanda e Itália.
c. X Portugal e Espanha.
d. Alemanha e Noruega.

11 (Fuvest – Adaptada) Qual destas definições expressa melhor o que foram as Bandeiras?
a. Expedições financiadas pela Coroa que se propunham exclusivamente a descobrir metais e pe-
dras preciosas.
b. Movimento de fundo catequético, liderados pelos jesuítas para a formação de uma nação indí-
gena cristã.
c. X Expedições particulares que apresavam os indígenas e procuravam metais e pedras preciosas.
d. Empresas organizadas com o objetivo de conquistar as áreas litorâneas e ribeirinhas.
e. Incursões de portugueses para atrair tribos indígenas para serem catequizadas pelos jesuítas.

12 (Fuvest) A exploração dos metais preciosos encontrados na América Portuguesa, no final do século
XVII, trouxe importantes consequências tanto para a colônia quanto para a metrópole. Entre elas:
a. O intervencionismo regulador metropolitano na região das Minas, o desaparecimento da pro-
dução açucareira do Nordeste e a instalação do Tribunal da Inquisição na capitania.
b. X A solução temporária de problemas financeiros em Portugal, alguma articulação entre áreas
distantes da colônia e o deslocamento de seu eixo administrativo para o Centro-Sul.
c. A separação e autonomia da capitania das Minas Gerais, a concessão do monopólio da extração
dos metais aos paulistas e a proliferação da profissão de ourives.
d. A proibição do ingresso de ordens religiosas em Minas Gerais, o enriquecimento generalizado
da população e o êxito no controle do contrabando.
e. O incentivo da Coroa à produção das artes, o afrouxamento do sistema de arrecadação de im-
postos e a importação dos produtos para a subsistência diretamente da metrópole.

Capítulo 2 – Os brasileiros e o seu espaço 69

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13 A agromanufatura do açúcar no Brasil colonial garantia todo o processo de produção, desde o plan-
tio da cana até o produto final, pronto para ser exportado para a Europa, ficando na colônia o açúcar
mascavo e sendo exportado em sua maior parte o açúcar branco. Apesar de controlar todo o processo
de produção, não eram os portugueses que realizavam a distribuição do produto na Europa, cabendo
essa função aos:
a. ingleses.
b. X holandeses.
c. franceses.
d. belgas.
e. espanhóis.

14 A exploração da atividade mineradora e sua fiscalização na região de Minas Gerais geraram algumas
revoltas da população contra a administração portuguesa. Qual das alternativas abaixo indica uma
revolta que não se refere à atividade mineradora?
a. Revolta de Felipe dos Santos.
b. Revolta de Vila Rica.
c. Inconfidência Mineira.
d. X Revolta de Beckman.
e. Guerra dos Emboabas.

15 (PSC) A produção de borracha na Amazônia:


a. favoreceu a ascensão social do seringueiro.
b. propiciou o aparecimento do regatão.
c. instituiu o barracão como unidade produtiva.
d. incentivou o acúmulo de capital e do mercado interno.
e. X consolidou o sistema de aviamento.

16 (Falm) A política de transportes no Brasil se caracteriza por:

I. concentrar grandes investimentos nos transportes ferroviários, gerando um encarecimento dos


produtos transportados.
II. consumir excessivamente os derivados do petróleo, arcando assim com o ônus da importação e
consequentes gastos em dólares.
III. manter uma ineficiente rede de transportes, provocando o encarecimento dos preços dos produtos
transportados.
Assinale a alternativa correta:

a. As afirmativas I e II estão corretas.

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b. X As afirmativas II e III estão corretas.
c. As afirmativas I, II e III estão corretas.
d. Apenas a afirmativa II está correta.
e. As afirmativas I e III estão corretas.

17 (UFMG) Considerando-se as redes que compõem as diferentes modalidades de transporte no


Brasil, é incorreto afirmar que:

a. as ferrovias são, em sua grande extensão, utilizadas, sobretudo, para o escoamento da produção
mineral e subutilizadas no transporte interurbano e inter-regional de passageiros.
b. as hidrovias tornariam o preço do produto agrícola brasileiro mais competitivo no mercado
internacional, mas têm sua implementação dificultada pelo custo e pelos impactos ambientais
decorrentes de seus projetos.
c. as rodovias, principal modalidade de transporte do País, assumem, com alto custo, elevada tone-
lagem no deslocamento de mercadorias diversas e maior percentual de tráfego de passageiros.
d. X o transporte aéreo registra um uso mais intenso nas regiões do País onde há grandes distâncias
entre os principais centros urbanos e fraca densidade das redes rodoviária e ferroviária.

18 (UFGD) Analise os dados das tabelas a seguir.

Dinâmica do transporte de cargas no Brasil Transporte de grãos no Brasil em 2006


Modais 1985 1999 2006 Modais Total
Rodoviário 57,6% 61,8% 60% Rodoviário 67%
Ferroviário 23,6% 19,5% 20,1% Ferroviário 28%
Hidroviário 14,3% 13,8% 14,3% Hidroviário 6%
Outros 4,5% 4,9% 5,6%
Fonte: Geipot, 2007.

Fonte: Ministério dos Transportes, 2007.

Tendo em vista essas informações e as características da infraestrutura de circulação do Brasil, pode-se


afirmar que:

a. houve, no período 1985–2006, investimentos significativos na infraestrutura do transporte fer-


roviário, o que explica o crescimento do percentual de cargas transportado por esse modal.
b. o transporte hidroviário é pouco utilizado no Brasil em virtude de seu custo ser superior ao do
transporte rodoviário.
c. o transporte rodoviário caracteriza-se pelo baixo custo e rapidez nos deslocamentos, o que ex-
plica o predomínio deste na dinâmica de transportes no Brasil.
d. X o predomínio do modal rodoviário na dinâmica de transportes no Brasil relaciona-se às políticas
implantadas a partir da segunda metade do século XX, que concentraram recursos neste setor.
e. o modal rodoviário é o mais adequado para o transporte de grãos (maior quantidade transpor-
tada com menor custo), daí seu predomínio em relação aos demais modais no Brasil.

Capítulo 2 – Os brasileiros e o seu espaço 71

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19 (UEA) Observe os cartogramas que contêm padrões de distribuição de um elemento espacial im-
portante para o desenvolvimento econômico do Brasil.
Radiais Longitudinais

O L

Transversais Diagonais S

(THÉRY, Hervé; MELLO, Nely Aparecida. Atlas do Brasil, 2005. Adaptado.)

Assinale a alternativa que indica corretamente o elemento espacial representado.

a. Principais rios que cruzam o País.


b. Direção das principais redes férreas.
c. Dinâmica dos fluxos migratórios.
d. X Direção das principais rodovias federais.
e. Redes de oleodutos e gasodutos.

20 (Ibmec) O transporte rodoviário é o principal sistema de transporte no Brasil. Por ele passam apro-
ximadamente 56% das cargas movimentadas no País, contra 21% por ferrovia e 18% por hidrovia, con-
forme dados do Ministério dos Transportes. Analisando o sistema de transporte rodoviário no Brasil:

a. X pode-se afirmar que, durante a década de 1950, houve grandes investimentos no setor.
b. não é possível concluir que o Estado diminuiu sua participação no setor após o processo de
concessões à iniciativa privada nas últimas duas décadas.
c. conclui-se que, devido aos baixos investimentos privados, passou por um processo de estatiza-
ção durante a década de 1990.
d. é correto dizer que o País tem uma distribuição equitativa entre rodovias e hidrovias, dado o seu
reduzido potencial hidroviário.
e. é incorreto afirmar que seu potencial está esgotado, já que não existem novos investimentos na
área desde os governos militares.

72 Capítulo 2 – Os brasileiros e o seu espaço

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72

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Objetivos
pedagógicos
Capítulo 3 • Identificar os elementos naturais e culturais
da paisagem e relacioná-los.
Fronteiras do Brasil • Compreender as formas pelas quais se re-
Ponte da Amizade, que liga o Brasil à Ciudad Del produziam os espaços conquistados cartogra-
Este, no Paraguai, passando pelo Rio Paraguai.
ficamente.
• Compreender o crescimento territorial bra-
sileiro a partir da sua conquista pelos portu-
gueses.
• Identificar a localização geográfica do terri-
tório brasileiro entre as latitudes e longitudes.
• Compreender a diversidade natural brasi-
leira como fruto da sua posição geográfica.
• Identificar os pontos extremos do território
brasileiro.
• Compreender a importância dos fusos ho-
rários para o deslocamento de pessoas dentro
do território nacional.

BNCC
Habilidades trabalhadas
no capítulo

(EF07GE01) Avaliar, por meio de exemplos


extraídos dos meios de comunicação, ideias e
estereótipos acerca das paisagens e da forma-
ção territorial do Brasil.
Neste capítulo, viajaremos (EF07GE09) Interpretar e elaborar mapas te-
pelo território brasileiro a fim de máticos e históricos, inclusive utilizando tec-
descobrir a razão de suas riquezas
naturais, como o clima e a vegetação, e nologias digitais, com informações demográ-
sua diversidade cultural. Conheceremos
sua localização no continente americano ficas e econômicas do Brasil (cartogramas),
e no mundo, algumas regionalizações identificando padrões espaciais, regionaliza-
e sua estrutura física enquanto País
continental. ções e analogias espaciais.
terstock.com
R.M. Nunes /Shut

Capítulo 3 – Fronteiras do Brasil 73

CG_7ºano_03.indd 73 29/03/2018 13:52:05

Anotações

73

ME_CG_7ºano_03.indd 73 14/05/2018 12:17:12


Cenário 1

Terra Brasilis
Nosso lugar no mundo
Quando da conquista das terras que futuramente seriam
chamadas de Brasil, o Planeta estava dividido ao meio por um
meridiano de referência muito diferente do atual, Meridiano de
Greenwich, duas principais potências daquela época, Portugal e
Espanha, lutavam pelo domínio dos espaços da Terra já conquis-
tados e decidiram, através do55ºTratado de Tordesilhas, dividir a
esfera terrestre ao meio através de uma linha imaginária chamada
75º 65º 35º

Meridiano de Tordesilhas. Essa divisão dava ao monarca portu-


10º guês o direito de propriedade sobre todas as terras que ficassem a

Tratado de Tordesilhas – 1494

e
0 338 km 676 km

qu
po
Oia
O L
nco
Bra

Equador S
Ja r

Ne
0º gro
i

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as
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So

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u

Parnaíba
Xing

Meridiano de Tordesilhas

be
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Juruá
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10º

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Paraguai

20º

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l
Pa apan
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Para

Trópico
de Cap
ricórni
Terras pertencentes a Espanha o

Terras pertencentes a Portugal


ai
Oceano
u
ug
Ur

Atlântico
30º

74 Capítulo 3 – Fronteiras do Brasil

40º

CG_7ºano_03.indd 74 29/03/2018 13:52:05 C


74

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leste dessa linha, ficando o rei da Espanha com o direito de proprie-
dade sobre todas as terras a oeste dela.
Se observarmos o mapa da página anterior, notaremos que o
território brasileiro, naquele momento, totalizava menos de 50%
do que é na atualidade.
Dessa forma, estava imposto pelos dominadores o primeiro
meridiano de referência, fato que seria modificado no século XIX,
com a criação de outra linha divisória, identificando as terras do les-
te e do oeste na Conferência Internacional do Meridiano, realizada
em Washington, em 1884.
Atualmente, de acordo com as mudanças nas formas de orien-
tação espacial e nos centros de poder, bem como das suas dimensões
continentais, o nosso país é “cortado” por dois dos cinco paralelos
de referência: o Equador, que atravessa os estados brasileiros de
Amazonas, Roraima, Pará e Amapá; e o Trópico de Capricórnio,
que corta o extremo sul dos estados de São Paulo e Mato Grosso do
Sul e o norte do Estado do Paraná. Isso faz com que cerca de 7% das
terras brasileiras estejam localizadas no hemisfério Norte e 93% no
hemisfério Sul. Como mostra o mapa abaixo.

Nossa localização territorial

Guiana
Venezuela Suriname
Guiana Francesa
Colômbia
RR
AP
Equador

Equador
AM Norte PA
MA CE
RN

PI PB
AC
PE
Peru RO TO Nordeste AL
SE
MT BA

Centro-Oeste DF
Bolívia GO

MG
MS
Sudeste ES
io
de Capricórn
SP
Trópico Paraguai
Chile PR RJ
Pacífico

SC
Oceano

Sul
Argentina
RS
Oceano
Uruguai
Atlântico

O L
0 628 km 1.256 km
S

Capítulo 3 – Fronteiras do Brasil 75

:05 CG_7ºano_03.indd 75 29/03/2018 13:52:06


75

ME_CG_7ºano_03.indd 75 14/05/2018 12:17:13


Diálogo com o
professor Desde o século XIX, as terras do Planeta oficialmente já não
são divididas ao meio pela linha de Tordesilhas, uma vez que, com
o declínio político de Portugal e da Espanha e a ascensão da Ingla-
As fronteiras delimitam espaços diferen- terra como a maior potência mundial, esta impôs seus valores ao
mundo, e a esfera planetária passou a ser dividida por uma nova
tes e, no caso das fronteiras nacionais, distin- linha imaginária. Essa linha recebeu a denominação de Meridiano
guem soberania. Abordamos a questão das de Greenwich pelo fato de a linha escolhida para ser o meridiano
fronteiras e dos limites não apenas no sentido de referência (0º) passar pela torre do observatório astronômico
de Greenwich, localizado no bairro de Greenwich, em Londres, na
de posição, mas também da proteção da nos- Inglaterra.
sa soberania, dando relevo ao papel do estado Observando o mapa abaixo, veremos que o nosso país está à
na sua proteção bem como na relação com os esquerda de Greenwich, portanto totalmente incluído no oeste
geográfico do Planeta. Esse fato é ratificado pelo aspecto cultural,
moradores dessas zonas. pois também somos ocidentais.
Estimule os alunos a pesquisar informa-
ções sobre como é o cotidiano das popula- Brasil: localização mundial
ções que vivem nas fronteiras norte, sul, les- o
120o 90o 60o 30o 0o 30o 60o 90o 120o 150o 180o
N
te e oeste do Brasil e, a partir das informações
150

O L

obtidas, discuta a importância da proteção de


Círculo Polar Ártico
S

fronteiras.
Explique também aos alunos que uma
das grandes potencialidades do Brasil é a pos- Oceano
Trópico de Câncer
Atlântico Oceano
Pacífico
sibilidade de ser ponto para a integração polí- Equador Oceano
tica, econômica e social entre todos os países Pacífico
Brasil Oceano
Índico
da América do Sul — projeto inovador e am- Trópico de Capricórnio

bicioso por transcender as propostas de cons-


trução de blocos econômicos.
Círculo Polar Antártico 0 2.467 km 4.934 km

Anotações Consequências da nossa


localização
Como acabamos de estudar, o Brasil possui aproximadamente
93% do seu território localizado no hemisfério Sul, ou seja, abaixo
da linha do Equador. Contudo, a totalidade das terras brasileiras
está localizada entre os trópicos de Câncer e de Capricórnio, o que
corresponde a uma faixa espacial denominada Zona Intertropical,
Tropical ou Tórrida.
Toda essa faixa recebe uma grande quantidade de luz e calor do

76 Capítulo 3 – Fronteiras do Brasil

CG_7ºano_03.indd 76 29/03/2018 13:52:06 CG

Sugestão de
leitura

Roteiro prático de cartografia: da América


portuguesa ao Brasil Império
Autor: (Organizador) Antônio Gilberto Costa
Sinopse: Essa obra tem por objetivo, por
meio de iconografias e dos inúmeros docu-
mentos apresentados, levar ao leitor não ape-
nas informações sobre as técnicas empregadas
para o levantamento de dados e das cartas e
mapas, mas, sobretudo, apresentá-las de for-

76

ME_CG_7ºano_03.indd 76 14/05/2018 12:17:13


O mapa que inventou o Brasil
Autora: Júnia Ferreira Furtado
Sol, já que seus raios incidem perpendicularmente sobre ela duran-
Sinopse: O Tratado de Tordesilhas, celebrado
te o ano inteiro. Isso faz com que, em nosso território, predominem
os climas quentes (Equatoriais e Tropicais). Somente 8% de nosso entre Portugal e Espanha em 1494, não dava
território, que compreendem os estados do Paraná, Santa Catarina, mais conta da realidade territorial resultante
Rio Grande do Sul e as porções do extremo sul dos territórios de
São Paulo e Mato Grosso do Sul, estão localizados fora dessa faixa
da ocupação do continente americano pelos
tropical e encaixados numa faixa de terras denominada Zona Sub- dois países ao longo dos séculos XVI e XVII.
tropical Sul, onde as temperaturas apresentam-se mais amenas, as Os conflitos nas áreas próximas à linha imagi-
chuvas são bem distribuídas durante o ano, além de apresentar ca-
racterísticas das quatro estações do ano. nária de Tordesilhas se agravavam. Teve início,
Como consequência dessa posição latitudinal, o Brasil apre- então, a busca de uma solução definitiva para
senta predomínio de climas tropicais, que, de acordo com diversos as possessões espanhola e portuguesa na Amé-
fatores geográficos regionais, como a altitude, a distância do mar
e as formas de relevo, produzem uma grande diversidade de paisa- rica. As negociações decorrentes culminaram
gens naturais. na assinatura do Tratado de Madri, em 1750,
que aboliu o meridiano de Tordesilhas e defi-
Brasil: biomas niu as novas fronteiras das terras americanas
N
dos dois países naquele período. Para mostrar
O L de que forma se deu a invenção do território
S
Equador
brasileiro, a professora Júnia Furtado Ferrei-
ra, da Universidade Federal de Minas Gerais,
estuda a parceria intelectual entre o repre-
sentante diplomático de Portugal na França,
dom Luís da Cunha, e o cartógrafo francês
Jean-Baptiste Bourguignon d’Anville, voltada
para a elaboração da Carte de l’Amérique mé-
ridionale, mapa que consubstanciava o proje-
to geopolítico advogado por Portugal para as
0 338 km 676 km
suas possessões na América. A elaboração des-
se documento teve início em 1720 e desdo-
brou-se ao longo de três décadas. Como nos
diz a autora, o mapa inventa o Brasil é dá ao
Amazônia

nosso País feições muito próximas ao que hoje


Mata Atlântica
Oceano Pacífico

Trópico de
constitui o território brasileiro.
Cerrado Capricór
n io
Caatinga

Campos sulinos
Oceano Atlântico
Pantanal

Costeiros

Anotações
Capítulo 3 – Fronteiras do Brasil 77

2:06 CG_7ºano_03.indd 77 29/03/2018 13:52:06

ma a facilitar o entendimento da história de uma trajetória que conjuga olhares que enxer-
uma ciência — a Cartografia — e da forma- garam o País pelo mar, pela terra e pelo céu.
ção desse imenso território brasileiro, ambos Dos mapas do século XVI ao Google, a tec-
tão fascinantes. O livro traz textos de Max Jus- nologia, forma, definição e precisão muda-
to Guedes, Beatriz Piccolotto Siqueira Bueno, ram. E a forma de se desenhar os mapas tam-
Márcia Maria Duarte dos Santos e Antônio bém. Este livro visa apresentar essa evolução e
Gilberto Costa. discutir esse olhar sob várias perspectivas — a
partir do oceano, da terra e do céu — para que
Brasil: uma Cartografia o leitor possa conhecer os caminhos do Bra-
Autores: Paulo Knauss, Claudia Ricci e Ma- sil, seu desenvolvimento, suas delimitações e
ria Pace Chiavari sua história.
Sinopse: Este livro procura atravessar o tem-
po apresentando, com uma seleção de mapas,

77

ME_CG_7ºano_03.indd 77 14/05/2018 12:17:14


Uma ilha chamada
Brasil
Aprendemos, no 6º ano do Ensino Fundamental, que o plane-
ta Terra possui seis continentes: Europa, Ásia, África, Oceania, An-
tártica e América. O nosso país está localizado na América, porém
esse continente pode ser dividido de duas maneiras:

De acordo com sua localização geográfica: Estende-se das


altas latitudes árticas, ao norte, até as altas latitudes meridionais ou
do sul, por isso divide-se em: América do Norte, América Central
e América do Sul. Nessa distribuição continental, o Brasil está lo-
calizado na América do Sul, especificamente dominando a porção
centro-ocidental, como mostra a figura abaixo.

As três Américas

Alasca Groenlândia N
(EUA) (DIN) O L

Canadá

Estados Unidos
Oceano
Tróp
ico d
Atlântico
e C ân
cer Bahamas
Rep. Dominicana
Haiti
México Cuba
Porto Rico
Belize Jamaica
Guatemala Honduras

El Salvador Nicarágua Guiana


Suriname
Costa Rica Guiana Francesa
Panamá Venezuela

Colômbia

Equador

Oceano Peru Brasil


Pacífico
Bolívia
Trópico de Capric
órnio
Paraguai

Chile

Uruguai
América do Norte
Argentina
América Central
América do Sul

0 1.133 km 2.266 km

78 Capítulo 3 – Fronteiras do Brasil

78
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De acordo com os aspectos linguísticos e culturais: Divi-
de-se em dois grandes conjuntos: América Anglo-Saxônica, porção
dominada/colonizada pelos anglo-saxões (ingleses), onde predo-
minou a colonização de povoamento; e América Latina, porção
do continente conquistada por povos neolatinos (espanhóis e por-
tugueses), onde predominou a colonização de exploração.
Nessa divisão, o Brasil está incluído na América Latina, como
mostra a figura.

América Latina e América Anglo-Saxônica

Alasca Groenlândia
(EUA) (DIN)

Canadá

Estados Unidos
Oceano
Tróp
ico d
Atlântico
e C ân
cer Bahamas
Rep. Dominicana
Haiti
México Cuba
Porto Rico
Belize Jamaica
Guatemala Honduras

El Salvador Nicarágua Guiana


Suriname
Costa Rica Guiana Francesa
Panamá Venezuela

Colômbia

Equador

Oceano Peru Brasil


Pacífico
Bolívia
Trópico de Capric
órnio
Paraguai

Chile

Uruguai
América Anglo-Saxônica
Argentina
América Latina

O L
0 1.133 km 2.266 km
S

Entre os povos latinos, somos o único país de língua por-


tuguesa, pois a América espanhola se fragmentou em diversas
nações, enquanto o Brasil, após a Independência, manteve a
mesma unidade territorial estabelecida pela colônia portuguesa.
Somos latinos como os países de língua espanhola, mas falamos
português.

Capítulo 3 – Fronteiras do Brasil 79

79
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Anotações
Geografia em cena

Tratado de Tordesilhas dificulta a


descoberta oficial do Brasil

Vários historiadores afirmam que, antes da chegada de Pe-


dro Álvares Cabral ao Brasil, o navegador espanhol Vicente
Yáñez Pinzón já havia achado as terras brasileiras. Pinzón saiu
da Espanha no ano de 1499, com 4 caravelas, na intenção de
chegar às terras achadas por Colombo, mas graças a uma ter-
rível tempestade, a tripulação do espanhol foi impedida de
chegar ao seu destino e terminou desembarcando nas costas
brasileiras, no dia 26 de janeiro de 1500, e ancorando em um
lugar denominado de cabo, por ele chamado de Santa María de
La Consolación. Porém, por causa do Tratado de Tordesilhas,
os espanhóis não puderam oficializar o “descobrimento” das
atuais terras brasileiras.

Ensaio geográfico
1 De acordo com o que aprendemos, localize o Brasil:

a. No mundo.
O Brasil está localizado inteiramente na parte ocidental, tendo também parte de suas terras no hemis-

fério Norte e Sul do globo terrestre.

b. Na América, de acordo com os critérios culturais e linguísticos.


O Brasil está localizado na América Latina.

c. Na América, de acordo com a localização geográfica.


Está localizado na América do Sul, tendo 7% de suas terras no hemisfério Norte e 93% no hemisfério

Sul.

Sugestão de
filme 80 Capítulo 3 – Fronteiras do Brasil

O Tratado de Tordesilhas - 1494: A Divisão CG_7ºano_03.indd 80 29/03/2018 13:52:07

do Mundo sas coroas e não a guerra.” Nos Códices Mi- fins do Planeta. Duas nações, Portugal gover-
Sinopse:“Escrevo-vos Senhora, dois anos neados é uma das figuras menores, uma des- nado pelo hábil D. João II e Espanha, recém-
depois de Cristóvão Colombo ter regressa- sas personagens relegadas para segundo plano -criada depois da união entre Isabel de Castela
do da sua primeira viagem às Índias, pela Gra- na História. Juan Rodríguez Fonseca é, em e Fernando de Aragão, vão protagonizar um
ça de Deus. Após esses meses de árduos traba- 1494, conselheiro pessoal em assuntos marí- feito insólito numa era governada a sangue
lhos, chegou o momento de mostrar ao vosso timos dos Reis Católicos de Espanha, Isabel e e fogo, um tratado internacional que evitará
primo, João II de Portugal, que são vãs as suas Fernando. E vai ser um dos artífices da revo- uma grande guerra por causa da descoberta
aspirações naquelas terras. Eu, Juan Rodríguez lução geográfica dos finais do século XV. Até da América, por Cristóvão Colombo. Esta é
de Fonseca, bispo de Badajoz e servo de vos- este momento, o mundo conhecido na Pe- a história do Tratado de Tordesilhas, um exér-
sa Católica Majestade, creio humildemente nínsula Ibérica abarca pouco mais que a Eu- cito de diplomacia e espionagem sem prece-
que estamos na disposição de assinar um tra- ropa e o Mediterrâneo. Mas graças aos nave- dentes. É a história dos homens e das mulhe-
tado de paz entre Castela e Portugal, para que gadores portugueses e espanhóis, as fronteiras res que protagonizaram a maior divisão do
no oceano reine o entendimento entre as nos- da civilização ocidental vão alcançar os con- mundo.

80
C

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2 Como aprendemos, a maior parte do território brasileiro está localizada entre os Trópicos de Cân-
cer e Capricórnio. Sobre o tema, responda:

a. Por que essa região do Planeta é denominada de Zona Tórrida?


Por que é a área mais quente existente no Planeta.

b. Quais as consequências da localização espacial brasileira com relação ao nosso ambiente?


Além do predomínio de climas quentes, a sucessão de paisagens com características diferentes.

3 Por que o Brasil é considerado um país ocidental?


Além de estar localizado inteiramente a Oeste de Greenwich, o Brasil recebeu influência dos europeus

(ocidentais) durante seu processo de formação.

4 Cite os principais problemas nas fronteiras do Brasil com os países sul-americanos.


Sugestão de resposta. O Brasil possui fronteira com nove países da América do Sul, além do território

da Guiana Francesa. Essa área fronteiriça se estende por 15.719 km, sendo difícil o controle e a fisca-

lização. Nesse sentido, vários problemas ocorrem nas fronteiras do Brasil: entrada ilegal de migrantes,

tráfico de drogas, prostituição, comercialização de produtos falsificados, contrabando de armas, tráfico

de combustíveis, biopirataria, entre outros.

5 Compare a posição e o tamanho do território brasileiro atual e no momento da conquista portuguesa.


2:07
A localização, mesmo após a criação do Meridiano de Greenwich, continua sendo a mesma, o Brasil se

encontra a Oeste do meridiano e dos europeus, porém a dimensão do território brasileiro não é a mes-

ma. O tratado de Tordesilhas, criado para delimitar as áreas entre Portugal e Espanha, foi descumprido

ao longo do desenvolvimento da história do Brasil.

Capítulo 3 – Fronteiras do Brasil 81

81
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Cenário 2

Um gigante
chamado Brasil
Terras a perder de vista
Você, por certo, já deve ter escutado diversas vezes pessoas se
referirem ao nosso país utilizando a expressão: “Brasil, País Conti-
nente”. Por outro lado, há pouco relembramos juntos que o Planeta é
constituído por seis continentes: Europa, Ásia, África, Oceania, An-
tártida e América, que são imensas massas de terra acima da superfí-
cie do oceano. Destes, o maior de todos é a Ásia, com 44,33 milhões
de km2, e os menores são a Europa, com 10,58 milhões de km2, e a
Oceania, com 8,93 km2.
O Brasil, possui nada menos que 8.515.759 km2, o que justifica a
expressão comumente utilizada para representar nosso gigantismo. Em
relação aos 194 países independentes e aos 45 territórios que compõem
o mundo atual, apenas a Rússia, o Canadá, a China e os Estados Unidos
possuem área territorial maior que a do Brasil, como mostra a figura.

Os seis maiores territórios

Canadá Rússia N

17.098.240 km2 O L
9.984.670 km2
S
Estados Unidos China
9.632.030 km2 9.598.089 km
2

Oceano Oceano
Atlântico Pacífico
Equador

Oceano Brasil
Pacífico 8.515.759.090 km2 Oceano Austrália
Índico 7.741.220 km2

0 2.467 km 4.934 km

No entanto, é válido lembrar que nem sempre o Brasil possuiu


essa imensidão territorial de hoje, uma vez que, em virtude do Tra-
tado de Tordesilhas, assinado em 1494 entre Portugal e Espanha, o
mundo estava dividido por uma linha imaginária cuja distância era
de 370 léguas a oeste das ilhas do Cabo Verde. Portanto, cabiam
aos nossos conquistadores apenas as terras que estavam ao leste

82 Capítulo 3 – Fronteiras do Brasil

C
82
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desse meridiano de referência, e à Espanha, todas as terras a oeste.
Por esse motivo, o território que futuramente seria o Brasil possuía
apenas cerca de 40% da extensão atual.
A ampliação das terras que hoje constituem o Brasil foi fruto
da cobiça portuguesa e obra de missionários, bandeirantes, criadores
de gado, militares e colonos, que, rompendo o limite de Tordesilhas,
levaram o domínio lusitano aos territórios espanhóis da América.

Expansão do território brasileiro

Século XVI
Equador

Olinda

O L Salvador

Porto Seguro

0 488 km 976 km
Oceano Nossa Senhora
Pacífico da Vitória

São Paulo São Sebastião


Limite do Tratado de Tordesilhas do Rio de Janeiro
São Vicente Santos Trópico de Capricó
Área não conhecida pelos colonizadores rnio

Exploração do pau-brasil

Oceano
Cana-de-açúcar
Sentido da ocupação Atlântico
Domínio espanhol

Fonte: Elaborado pelo autor.

Século XVII N

O L
Equador
S
Belém
São Luís
Fortaleza

Natal
Paraíba
Recife Olinda

Salvador
Ilhéus
0 488 km 976 km
Porto Seguro

Limite do Tratado de Tordesilhas Vitória


Área não conhecida pelos colonizadores
Sorocaba Rio de Janeiro
Exploração do pau-brasil Santos
Curitiba São VicenteTrópico de Cap
Cana-de-açúcar Paranaguá
ricórnio
Pecuária

Oceano
Drogas do sertão

Atlântico
Sentido da ocupação
Domínio espanhol

Fonte: Elaborado pelo autor.

Capítulo 3 – Fronteiras do Brasil 83

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83
:07

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Anotações
Para compreender a ampliação do território brasileiro, observe
os mapas da página anterior. Nele, fica bastante clara a estratégia
portuguesa: consistia, inicialmente, na ocupação de uma porção
das terras da Espanha por brasileiros e, em seguida, a Coroa portu-
guesa reclamava a sua posse em tribunais internacionais por meio
de Tratados de Limites, como o Tratado de Utrecht, celebrado na
Holanda, em 1713, entre França e Portugal, quando os franceses
“renunciaram” em favor deste último as terras situadas à margem
esquerda do Rio Amazonas, aceitando o Rio Oiapoque como limite
natural entre o Brasil e a Guiana Francesa; o Tratado de Madri, em
1750, firmado na Espanha, que revogava o Tratado de Tordesilhas
e determinava que a posse das terras no Novo Mundo, segundo o
princípio jurídico Uti Possidetis (direito de posse pelo uso), caberia
a quem estivesse ocupando a terra efetivamente naquele momento;
e o Tratado de Badajoz, em 1801, no qual a Espanha “renunciou”
em favor de Portugal a posse da área dos Sete Povos das Missões, no
extremo sul do Brasil. A última porção de terras a ser incorporada
ao território brasileiro foi o atual Estado do Acre, que até 1903 per-
tencia à Bolívia e foi “cedido” ao Estado brasileiro após o Tratado
de Petrópolis. Em troca, o Brasil entregou aos bolivianos algumas
áreas do Mato Grosso, pagou 2 milhões de libras e assumiu o com-
promisso de construir uma estrada de ferro para que a Bolívia pu-
desse escoar a sua produção, a ferrovia Madeira-Mamoré.
Vale ressaltar que a quase totalidade da expansão do território
brasileiro foi efetivada por nativos da terra, uma vez que os colonos,
bandeirantes, criadores de gado e militares eram, em sua maioria,
indígenas, negros e mestiços.

Pontos extremos do
Brasil
Por possuir dimensões continentais, o Brasil apresenta dimen-
sões entre seus pontos extremos norte-sul e leste-oeste quase iguais,
bem como uma grande área de fronteiras (15.179 km), limitando-se,
por conta disso, com quase todos os países da América do Sul, com
exceção do Chile e do Equador.

Norte: Nascente do Rio Ailã, na Serra do Caburaí, divisa Rorai-


ma-República da Guiana.
Sul: Barra do Arroio Chuí, na divisa Rio Grande do Sul–
Uruguai.
Oeste: Nascente do Rio Moa, na Serra da Contamana, divisa
Diálogo com o Acre-Peru.
professor Leste: Ponta do Seixas, Cabo Branco, na Paraíba.

84 Capítulo 3 – Fronteiras do Brasil


Converse com seus alunos sobre a rique-
za cultural que o Brasil tem por fazer frontei-
ra com os países hispânicos. Faça com que eles CG_7ºano_03.indd 84 29/03/2018 13:52:08

reflitam sobre o conceito de ilha linguística. Além da fronteira


Se caso for pertinente peça ajuda ao professor
de Língua Portuguesa para auxiliar na formu- Dados do Consulado Geral do Brasil em Assunção apontam que há cerca de 300 mil brasi-
lação do conhecimento. leiros no Paraguai, formando a maior comunidade estrangeira no país. O Paraguai é ainda o
segundo país onde mais vivem brasileiros no exterior, superando o Japão e ficando atrás ape-
Sugestão de nas dos Estados Unidos. Embora tão próximo, o Paraguai é ainda um grande desconhecido
abordagem do brasileiro em geral, que tem uma imagem distorcida do que se passa por lá. E quem diz
isso são justamente brasileiros que vivem do outro lado da fronteira e que se sentem ofen-
didos com os estereótipos atribuídos ao país vizinho. É o que mostra o documentário além
Para o estudo do Brasil como País fron- da fronteira, produzido pelo jornalista Derlis Dario Cristaldo Jimenez como Trabalho de
teiriço recomendamos o uso do documentário Conclusão de Curso (TCC) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) sobre bra-
Além da fronteira, o qual mostra a vida de bra- sileiros no Paraguai.
sileiros que vivem no Paraguai.

84 C

ME_CG_7ºano_03.indd 84 14/05/2018 12:17:18


75º 65º 55º 35º

10º

Brasil: dimensões e pontos extremos

Monte Caburaí Cabo Orange


5º 16 N Amapá

RR
AP
Equador

AM
MA CE
PA
RN

PI PB
PE
AC
AL
10º
RO TO SE
Serra
Contamana MT
BA Ponta
73º 59 O do Seixas
34º 47 O
DF

GO

MG

MS ES
20º

km
SP
Pacífico
Oceano

RJ
67 Trópico
PR 7.3 de Cap
ricórni
o

SC
Oceano
RS Atlântico
N

O 30º L Arroio Chuí


0 314 km 628 km
33º 45 S
S

Essa grande área de fronteiras facilitaria a integração do nos-


so país com todos os países sul-americanos; porém, contrariando
a lógica, ao longo da sua história, essa integração não foi tão in-
tensa nem teve a forma que se desejaria, pois, desde a conquista
da América, o Brasil e os outros países da América Latina tiveram
40º

as suas economias organizadas segundo o interesse dos conquis-


2:08

tadores, que era abastecer o mercado das metrópoles de produtos


tropicais, como o pau-brasil, o açúcar de cana, o café, o cacau, além
de recursos minerais, como o ouro, a prata, os diamantes e as es-
meraldas. Ou seja, suas economias foram direcionadas para fora.
O que mais interessava aos dominadores era saquear as riquezas e
os recursos americanos para vendê-los no mercado europeu, e, por
esse motivo, não incentivavam o intercâmbio comercial e cultural
entre as colônias, na medida em que inicialmente não priorizavam

Capítulo 3 – Fronteiras do Brasil 85

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85

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Leitura
complementar o povoamento do nosso país. No caso brasileiro, esses interesses le-
varam, consequentemente, a uma organização do espaço em que as
maiores concentrações populacionais foram estabelecidas ao longo
Fuso horário mundial dos 7.408 km do litoral ou próximo deste, onde foram construídos
os portos para escoamento de produtos.
O movimento de rotação da Terra, ao

Vitoriano Jr.
produzir a passagem dos dias e das noites,
causa uma diferença de horário entre pon-
tos da superfície terrestre posicionados a
uma distância significativa um do outro.
Para padronizar essa diferença, foram cria-
dos os fusos horários. A padronização foi
A Ponta do Seixas, em João Pessoa, Pa-
feita considerando-se que a Terra, vista de raíba, é considerada a parte mais oriental
das Américas além de ser um dos pontos extre-
um dos polos, é uma circunferência perfei- mos do Brasil.

ta, com 360°.


Nosso planeta leva 24 horas para dar uma Fuso horário do Brasil
volta completa ao redor do seu próprio eixo. Aprendemos, no 6o ano, que os fusos horários são determinados
Os 360° da circunferência da Terra foram di- pelo Meridiano de Greenwich, ou meridiano inicial, e que, em vir-
tude da posição de nascimento do Sol e do sentido do movimento
vididos pelas 24 horas, com cada hora sendo de rotação, todas as áreas localizadas a leste de Greenwich possuem
representada por uma faixa da superfície ter- horas mais adiantadas que as áreas que estão a oeste desse meridiano.
restre delimitada por linhas imaginárias ver- O Brasil está localizado a oeste ou à esquerda do Meridiano de
Greenwich, portanto todas as horas do nosso país estão atrasadas
ticais que ligam os dois polos. O resultado da com relação a Greenwich. Devido à sua grande extensão territorial
divisão é 15°, o que significa que, a cada 15° no sentido leste-oeste, o Brasil possui atualmente quatro fusos ho-
que a Terra gira, temos a passagem de uma rários, todos situados a oeste do fuso de Greenwich.
O primeiro é o das ilhas oceânicas como Fernando de Noronha,
hora. Essas 24 faixas receberam o nome de fu- que está duas horas atrasado em relação à hora de Greenwich; o se-
sos horários, e dentro de cada uma delas o ho- gundo é a Hora de Brasília; o terceiro é o dos estados de Mato Gros-
rário é o mesmo. so, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Roraima, bem como parcela do
Amazonas; e o quarto corta o Estado do Acre e parte do Amazonas.
Convencionou-se que o fuso horário de Contudo, nem sempre foi assim. Por mais estranho que possa
referência seria o de Greenwich, onde se loca- parecer, até 1914, cada localidade brasileira utilizava o movimento
liza a cidade de Londres. Como a Terra gira de aparente do Sol para determinar a hora local. Esse processo de mar-
car o tempo gerava uma diversidade de problemas para a sociedade,
oeste para leste, partindo de um determinado pois cada cidade, região e estado apresentava horas diferentes em
fuso, a cada 15° que nos movemos para oes- virtude da sua posição geográfica. Por exemplo, quem vivia na por-
ção litorânea possuía horas mais adiantadas em relação àqueles que
te, o horário local aumenta em uma hora. De
moravam no interior.
modo semelhante, a cada 15° que nos move- O professor francês, de fisica experimental, Henrique Morize ins-
mos para leste, o horário local é reduzido em tituiu no Brasil o Sistema de Fuso Horário de Greenwich, que já era
utilizado desde o século XIX. Por esse sistema, o Brasil foi dividido em
uma hora. quatro faixas de horas diferentes, como mostra a figura a seguir.

Fusos horários do Brasil 86 Capítulo 3 – Fronteiras do Brasil


Apesar de serem definidos como fai-
xas delimitadas por linhas retas, na prática,
os fusos horários podem ter limites irregula- CG_7ºano_03.indd 86 29/03/2018 13:52:08

res para acompanhar as fronteiras dos países, deste, Sul e Sudeste, além dos estados do De 2008 a 2013, o Brasil possuiu ape-
evitando confusão de horários dentro de um Amapá, Pará, de Tocantins e Goiás. Por nas três fusos horários devido a uma lei san-
mesmo país. Entretanto, países com território ser o fuso onde se localiza a Capital Fede- cionada pelo então presidente Lula. Só volta-
extenso, como é o caso do Brasil, podem con- ral, sua hora é adotada como a oficial do mos a ter quatro fusos em 10 de novembro de
ter mais de um fuso horário. País, a chamada hora de Brasília. O tercei- 2013, quando o referendo realizado para sa-
O primeiro dos quatro fusos que o ro fuso horário do Brasil abrange os Esta- ber a aceitação popular da mudança de horá-
Brasil possui atualmente tem duas horas a dos de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, rio foi feito. 56,8% dos cidadãos do Acre e de
menos que a hora de Greenwich e abran- Roraima, Rondônia e parte do Amazonas e parte do Amazonas decidiram pela volta do
ge o arquipélago de Fernando de Noronha possui quatro horas a menos que a hora de antigo fuso horário.
e outras ilhas oceânicas pertencentes ao Greenwich. O quarto, e último fuso brasi-
território brasileiro. O segundo tem três leiro, engloba o Estado do Acre e 13 cida- Disponível em: http://www.sedec.mt.gov.br/-/
horas a menos que Greenwich. Nele, es- des do Amazonas e tem cinco horas a me- distancia-das-cidades?ciclo=cv_turismo. Acesso em:
tão contidos os Estados das Regiões Nor- nos que o meridiano de Greenwich. 3/5/2016. (Adaptado).
C
86

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Fusos horários no Brasil

5 h GMT 4 h GMT 3 h GMT 2 h GMT


2 h de Brasília 1 h de Brasília Hora de Brasília + 1 h de Brasília

RR AP Penedos de
São Pedro
e São Paulo

Fernando
Manaus
de Noronha

AM
PA MA CE
RN
PB
PI
PE Recife
AC
Rio Branco
TO AL
RO
SE
MT BA
Brasília Trindade e
Martim Vaz
Limite teórico
GO
Limite prático
MG
MS
ES
Oceano
Pacífico SP
Oceano
RJ
PR
São Paulo
Atlântico

SC

RS

L 0 338 km 676 km
O

O Brasil, devido à sua grande extensão territorial, possui quatro fusos horários.

Essa divisão de fusos existiu até 25 de junho de 2008, quando


2:08
foi substituída em consequência do Projeto de Lei do ex-Senador
Tião Viana, do Partido dos Trabalhadores (PT) do Acre, que foi
sancionado pelo então Presidente Lula. Esse projeto suprimiu o
fuso horário do Acre e de parte dos estados do Pará e Amazonas,
com o objetivo de permitir uma maior integração desses espaços
com o sistema financeiro do País, bem como facilitar as comu-
nicações e o transporte aéreo. No entanto, essa determinação foi
revogada, no ano de 2013, pela então Presidente Dilma Rousseff,
voltando o Brasil a ter quatro fusos horários.

Capítulo 3 – Fronteiras do Brasil 87

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87

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Ensaio geográfico
1 Justifique a utilização da expressão “Brasil: País Continente”.
Essa expressão foi criada para estabelecer a noção do tamanho do Brasil comparando-o com um con-

tinente.

2 Descreva, com suas palavras, o processo de ampliação do território brasileiro.


Resposta pessoal.

Sugestão de resposta: A ampliação do território brasileiro se deu em primeiro lugar ao desrespeito

com o tratado de Tordesilhas, como também o estabelecimento de novos acordos, como o Tratado de

Utrecht, Tratado de Madri, Tratado de Badajoz e Tratado de Petrópolis.

3 Segundo relatos históricos, qual foi o tratado assinado entre Brasil e Bolívia, que culminou com
anexação de terras ao território brasileiro dando origem ao Estado do Acre?
Tratado de Petrópolis.

4 Antônio saiu do Acre às 19 h do dia 31 de dezembro para passar o réveillon em Fernando de Noro-
nha. O voo durou quatro horas. Sobre a viagem de Antônio, responda:

a. Antônio comemorou o réveillon em Noronha?


Não. Perdeu o réveillon.

b. A que horas ele chegou a Noronha.


2h do dia 1º de janeiro.

5 De que forma se identificavam as horas no Brasil antes de 1914?


Cada região do País estabelecia como referência o movimento aparente do Sol para determinar suas

horas.

88 Capítulo 3 – Fronteiras do Brasil

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88

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Geografia em cena

Até meados do século XX, o território do atual Estado


do Acre pertencia à Bolívia, porém sua população era, em sua
maioria, composta de seringueiros brasileiros, que não obede-
ciam às ordens do governo boliviano. Alguns conflitos entre
o governo boliviano e os brasileiros só acabaram quando o
Barão de Rio Branco assinou, em 17 de novembro de 1903,
o Tratado de Petrópolis. Nesse momento, o Acre passou a ser
oficialmente brasileiro.
Como consequência desse tratado, o Brasil teve que pagar 2
milhões de libras esterlinas à Bolívia. Além de entregar algumas
extensões da fronteira do Mato Grosso e construir a estrada de
ferro Madeira-Mamoré, cuja extensão, de 400 km, faria com que
a Bolívia tivesse uma saída em direção ao Oceano Atlântico.

Aprenda com arte

Caramuru: A Invenção do Brasil


Direção: Guel Arraes.
Ano: 2001.

Sinopse: Em 1º de janeiro de 1500, um novo mundo é descoberto pelos europeus, graças aos grandes
avanços técnicos na arte náutica e na elaboração de mapas. É nesse contexto que vive em Portugal o
jovem Diogo, pintor que é contratado para ilustrar um mapa e, enganado pela sedutora Isabelle, aca-
ba sendo punido com a deportação na caravela comandada por Vasco de Athayde. A caravela acaba
naufragando, mas ele, por milagre, consegue chegar ao litoral brasileiro. Lá conhece a bela indígena
Paraguaçu, com quem logo inicia um romance, temperado posteriormente pela inclusão de outra
indígena, Moema, irmã de Paraguaçu.

Amazonia: De Galvez a Chico Mendes


Direção: Marcos Schechtman.
Ano: 2007.

Sinopse: A minissérie é de autoria de Glória Perez, exibida em janeiro de 2006 na TV Globo. Retrata a
história do Acre, com seus conflitos e heróis, ao longo de 100 anos. Baseada em dois romances de autores
acrianos, O Seringal, de Miguel Ferrante, e Terra Caída, de José Potyguara, a trama ficcional começa em
1899 e mostra sob pontos de vistas opostos a vida do seringal. A minissérie revela ainda detalhes da história
real do Acre, que para muitos poderá parecer ficção, já que é riquíssima em aventuras, romances e emoções,
além de homenagear seus três heróis, Galvez, Plácido de Castro e Chico Mendes.

Capítulo 3 – Fronteiras do Brasil 89

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89

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Pequeno dicionário geográfico e cultural
Bandeirantes: Indivíduo que na época do Madeira-Mamoré: A Estrada de Ferro Ma-
Brasil colônia desbravava o interior do país deira-Mamoré é uma ferrovia construída no
por meio de expedições. Brasil entre 1907 e 1912, no atual Estado de
Colonização de exploração: Forma de ocu- Rondônia, como consequência do Tratado de
pação do território onde prevalecem os in- Petrópolis, de 1903.
teresses mercantis, ou seja, a terra é utilizada Meridiano de Greenwich: Por convenção, é
somente para dar lucros à metrópole. o meridiano de longitude igual a zero; a par-
Colonização de povoamento: Tipo de colo- tir dele, são avaliados todos os outros; me-
nização em que os colonizadores povoavam e ridiano fundamental, primeiro meridiano.
desenvolviam a terra. Este meridiano passa pela antiga sede do Ob-
Intercâmbio: Correspondência mútua de rela- servatório Real de Greenwich, na Inglaterra.
ções (comerciais, culturais, etc.) entre nações. Monarca: Indivíduo que exerce o poder su-
Latitudinal: Referente a latitude, que se toma premo num governo monárquico (um rei, um
no sentido da largura. imperador, um sultão, etc.); soberano.
Légua: Unidade de medida para distâncias Observatório astronômico: Local onde se
cujo valor está entre 4 e 7 km atuais. faz observação dos astros do Universo.

Encerramento
1 Sobre a posição geográfica do Brasil, analise as afirmações a seguir.

I. O território brasileiro está totalmente ao sul da Linha do Equador. Portanto, o País pertence
somente ao Hemisfério Meridional.
II. Os extremos do território do Brasil no sentido leste-oeste são: Monte Caburaí (Roraima) e Ar-
roio Chuí (Rio Grande do Sul).
III. O Brasil pertence ao Hemisfério Ocidental, visto que está situado a oeste do Meridiano de
Greenwich.
IV. O Trópico de Capricórnio “corta” o território brasileiro na sua porção sul.
V. “Cortado” ao norte pelo Trópico de Câncer, o Brasil possui 7% do seu território no Hemisfério
Setentrional e 93% no Hemisfério Meridional.

Está correto o que se afirma apenas em:


a. I e II.
b. I e III.
c. II e IV.
d. X III e IV.
e. IV e V.

90 Capítulo 3 – Fronteiras do Brasil

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90

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2 A linha imaginária, que corresponde ao marco inicial (0°) dos fusos horários é:
a. Linha do Equador
b. Trópico de Capricórnio
c. X Meridiano de Greenwich
d. Trópico de Câncer

3 Localize o Brasil no mundo de acordo com os seguintes critérios:


a. No continente americano, de acordo com o segundo tratado com a Espanha.
A Leste do meridiano criado pelo Tratado de Tordesilhas.

b. Na América do Sul.
Localizado na porção centro-oriental da América do Sul.

c. De acordo com a dimensão territorial.


É o quinto país em extensão territorial.

4 Observe o mapa.

Utilizando o mapa ao lado, identifique os


países da América do Sul que não fazem
fronteira com o Brasil.

Chile e Equador.

O L
0 1.190 km 2.380 km
S

Capítulo 3 – Fronteiras do Brasil 91

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91

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5 Indique a diferença de dimensão entre os pontos extremos norte-sul e leste-oeste.
Norte-Sul: 4.394 km

Leste-Oeste: 4.319 km

A diferença entre os dois extremos é de apenas 75 km.

6 Houve uma época em que o Brasil tinha quatro fusos horários, depois passou a ter três e hoje são
quatro novamente. Sobre os fusos horários brasileiros, julgue os motivos que levaram à mudança de 4
para 3 fusos.
A mudança se deu por causa da necessidade de maior integração de espaços com o sistema financeiro

do país, o que de certa forma facilitaria também as indústrias de comunicações e o transporte aéreo.

7 Em 2014, o Brasil sediou a Copa do Mundo da Fifa. Vamos supor que na final, ocorrida em 13 de
julho de 2014, praticamente todas as televisões do Brasil estivessem sintonizadas no evento. O jogo
corria empatado quando, aos 90 minutos, ocorreu o gol da vitória. Sabendo que o jogo começou às 19
horas, horário de Geenwich, em que horário João, que estava no Rio de Janeiro; Dandara, que estava
em Fernando de Noronha; e Ana, que mora no Acre, vibraram, respectivamente?
João: 20h30

Dandara: 19h30

Ana: 18h30

8 Cite as obrigações assumidas pelo Brasil como consequência da assinatura do Tratado de Petrópolis.
O Brasil entregaria à Bolívia áreas do Mato Grosso, como também efetuaria o pagamento de 2 milhões

de libras, além de assumir o compromisso de construir uma estrada de ferro para que a Bolívia pudesse

escoar a sua produção.

92 Capítulo 3 – Fronteiras do Brasil

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92

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9 Observe atentamente o mapa abaixo.

Agora, cite o nome dos países que pos-


suem a menor e a maior faixa de fronteiras
com o Brasil.

Menor: Suriname

Maior: Bolívia

0 1.098 km 2.196 km

O L

10 (Cesgranrio)

A formação do território brasileiro no período colonial resultou de vários movimentos expansionistas


e foi consolidada por tratados no século XVIII. Assinale a opção que relaciona corretamente os movi-
mentos de expansão com um dos Tratados de Limites.
a. A expansão da fronteira norte, impulsionada pela descoberta de minas de ouro, foi consolidada
no tratado de Utrecht.
b. A região missioneira do sul constituiu um caso à parte, só resolvido a favor de Portugal com a
extinção da Companhia de Jesus.
c. X O Tratado de Madri revogou o de Tordesilhas e deu ao território brasileiro conformação seme-
lhante à atual.
d. O Tratado do Pardo garantiu a Portugal o controle da região das missões e do rio da Prata.
e. Os tratados de Santo Ildefonso e Badajoz consolidaram o domínio português no sul, passando
a incluir a região platina.

Capítulo 3 – Fronteiras do Brasil 93

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93

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75º 65º 55º 35º

11 A partir da observação do mapa do Brasil, onde estão colocadas as dimensões e os pontos extremos,
coloque V para a(s) proposição(ões) verdadeira(s) e F para a(s) falsa(s).
10º

0 450 km 900 km
Monte Caburaí
(Roraima)
5º 16’ N 19”


Equador

Serra de Contamana
(Acre)
73º 59’ 32” 4.319,4 km
Ponta do
Seixas
(Paraíba)
10º

34º 45’ 54”

4.394,
7
km
Pacífico
Oceano

20º

Trópico d
e Capri
córnio

Oceano
N Atlântico
O L Arroio Chuí
30º

(Rio Grande do Sul)


S 33º 45’ 99”

a. F Como consequência das dimensões leste-oeste, o Brasil apresenta apenas dois fusos horários,
40º

adiantados em relação ao Meridiano de Greenwich (0°).


b. V No que diz respeito à linha do Equador, o território brasileiro possui terras nos hemisférios
Norte e Sul.
c. V O ponto extremo setentrional do Brasil está localizado na Região Norte.
d. F O ponto extremo meridional do Brasil está localizado na Ponta do Seixas, que corresponde a
34°45’S.

12 (Esal) “Gostaria que espanhóis e portugueses mostrassem onde está o testamento de Adão, que
dividiu o mundo entre Portugal e Espanha.”

Essa frase mostra o descontentamento do rei francês, Francisco I, com:


a. O comércio das especiarias.
b. As expedições de reconhecimento das terras portuguesas e espanholas.
c. A situação geográfica privilegiada de Portugal e Espanha.
d. X O tratado de Tordesilhas.
e. As viagens marítimas europeias.

94 Capítulo 3 – Fronteiras do Brasil

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13 (UFMT) Em junho de 2008, passou a vigorar no Brasil nova distribuição de fusos horários. Sobre
o assunto, marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.

A diferença entre o horário de Brasília e os dos estados do Acre e do Amazonas foi reduzida.
A mudança no fuso horário contribuiu para o processo de integração nacional favorecido pelas
tecnologias da informação, especialmente em relação ao Acre.
A mudança do fuso horário brasileiro também atendeu à solicitação das emissoras de televisão,
depois que o Estado determinou a exibição dos programas em horários de acordo com a classificação
indicativa por faixa etária.
Essas modificações auxiliam o trabalho dos meteorologistas, que deixam de ficar sob o comando
do horário Zulu (Z) e passam a fazer as medições meteorológicas tendo o horário universal do Meri-
diano de Greenwich, na Inglaterra, como referência.

Assinale a sequência correta.


a. V, V, F, F.
b. V, F, F, V.
c. F, V, V, F.
d. F, F, F, V.
e. X V, V, V, F.

14 (UCS) Devido à grande extensão territorial, nosso país se diferencia de outros pela diversidade climá-
tica, pela posição geográfica, pela latitude, pela configuração do território e pelos sistemas atmosféricos.
75º 65º 55º 35º

Observe o mapa do Brasil abaixo e identifique os tipos de clima característicos das regiões indicadas
10º

pelas letras A, B e C.
Assinale a alternativa abaixo em que os
0 640 km 1.280 km
climas listados correspondem, correta e

Equador
respectivamente, às letras A, B e C, loca-
lizadas no mapa.
a. Tropical úmido, tropical semiári-
do, tropical de altitude.
b. Equatorial, tropical, subtropical.
10º

A c. X Tropical semiúmido, tropical de


altitude, subtropical.
Pacífico
Oceano

20º B d. Tropical de altitude, tropical úmi-


Trópico
de Capricó
do, extratropical.
rnio

C e. Tropical semiárido, tropical se-


N Oceano
Atlântico
miúmido, tropical de altitude.
O L
30º

MOREIRA, I. Construindo o espaço do homem. São Paulo: Ática, 2001. p. 200.)

40º
Capítulo 3 – Fronteiras do Brasil 95

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95

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15 (Ufal)

150o 120o 90o 60o 30o 0o 30o 60o 90o 120o 150o 180o N

O L
Círculo Polar Ártico
S

Trópico de Câncer

Equador

Trópico de Capricórnio

A
0 2.563 km 5.126 km

Círculo Polar Antártico

Em geografia, chama-se hemisfério a uma metade da superfície da Terra limitada por um círculo máxi-
mo. A divisão da Terra pelo Equador forma dois hemisférios, assim como sua divisão pelo Meridiano
de Greenwich. O ponto A no mapa encontra-se no hemisfério:
a. Norte oriental.
b. Boreal austral.
c. Meridional oriental.
d. Austral leste.
e. X Sul ocidental.

16 (PUC-PR – Adaptada) A Copa do Mundo de Futebol de 2014 atraiu, para o Brasil, os olhares de
milhões de pessoas. Curitiba sediou alguns jogos desse torneio. Um desses jogos estava marcado para
o dia 23 de junho, às 13 h. Assinale a alternativa que indica o horário que um telespectador que se
encontrava na cidade de Nova York, localizada no fuso de 75º W, e outro que se encontrava em Paris,
localizada no fuso 15º E, assistiram a esse jogo respectivamente. Considere os seguintes fatos:

Nova York e Paris adotam o horário de verão.


Curitiba situa-se no fuso oficial de Brasília (45o W).
a. 11 horas – 14 horas.
b. 10 horas – 15 horas.
c. 10 horas – 17 horas.
d. X 12 horas – 18 horas.
e. 11 horas – 16 horas.

96 Capítulo 3 – Fronteiras do Brasil

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96

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Objetivos
pedagógicos
Capítulo 4 • Entender a diferença entre os povos indíge-
nas, sua diversidade cultural e plurietnicidade.
Indígenas do Brasil • Refletir criticamente sobre as sociedades in-
Os indígenas brasileiros resistem e conservam seu
modo de vida ao mesmo tempo em que aprendem
dígenas e reconhecê-las como uma parcela do
a conviver com o mundo contemporâneo.
povo brasileiro para aceitar as diferenças.
• Desenvolver uma visão crítica sobre o pro-
cesso de contato das populações indígenas no
período colonial, imperial e republicano.
• Saber quem são, onde estão e que línguas fa-
lam os indígenas brasileiros.
• Reconhecer as características básicas de
identificação e autoafirmação indígena.
• Proporcionar a discussão sobre arte, cultu-
ra, religião e crenças dos povos indígenas.
• Discutir a problemática e os conflitos da
legislação indígena vigente e da legislação da
Educação Escolar Indígena.

BNCC
Habilidades trabalhadas
no capítulo

(EF07GE03) Selecionar argumentos que re-


conheçam as territorialidades dos povos indí-
genas originários, das comunidades remanes-
centes de quilombos, de povos das florestas
Neste capítulo, estudaremos as e do cerrado, de ribeirinhos e caiçaras, entre
hipóteses da origem do ser humano
nas Américas e conheceremos a cultura outros grupos sociais do campo e da cidade,
dos indígenas que habitavam o território como direitos legais dessas comunidades.
brasileiro antes da chegada dos
europeus. (EF07GE04) Analisar a distribuição territo-
rial da população brasileira, considerando a
r
diversidade étnico-cultural (indígena, africa-
Marcello Casal Jr./AB
Capítulo 4 – Indígenas do Brasil 97 na, europeia e asiática).
(EF07GE09) Interpretar e elaborar mapas te-
máticos e históricos, inclusive utilizando tec-
CG_7ºano_04.indd 97 29/03/2018 13:51:45 nologias digitais, com informações demográ-
ficas e econômicas do Brasil (cartogramas),
Anotações identificando padrões espaciais, regionaliza-
ções e analogias espaciais.
(EF07GE10) Elaborar e interpretar gráficos
de barras, gráficos de setores e histogramas,
com base em dados socioeconômicos das re-
giões brasileiras.

97

ME_CG_7ºano_04.indd 97 14/05/2018 12:18:14


Cenário 1

Terras de
Ibirapitanga
O indígena brasileiro
Não existe uma definição exata da origem do indígena brasilei-
ro. Por mais que você procure, não há de encontrar consenso entre
os pesquisadores. Atualmente, existem três hipóteses que tentam
explicar a chegada dos povos indígenas às terras da América e, espe-
cificamente, ao Brasil.
A hipótese mais aceita pela comunidade científica internacio-
nal é a de que os primeiros seres humanos que aqui chegaram eram
pequenos grupos de caçadores e coletores nômades originários do
continente asiático e que de lá se deslocaram em busca de caça, atra-
vessando o Estreito de Bering na época das últimas glaciações, pi-
sando esta terra há cerca de 20 mil anos.

Os caminhos do ser humano para a América


Oceano Glacial Ártico
g

0 2.563 km 5.126 km
to de Berin

Alasca
Sibéria
Europa Ásia
Estrei

América
do Norte Oceano
Atlântico
Deserto do Saara

Filipinas
África Terra de Sunda
Nova Guiné
América
Oceano do Sul
Polinésia
Índico Oceania
Oceano
Pacífico N

Prováveis rotas do ser humano para a América O L

Fonte: Elaborado pelo autor.


Uma segunda hipótese, menos aceita, indica como local de
origem do indígena americano a região malaio-polinésia. Di-
ferentemente da primeira hipótese, segundo esta, tais grupos
entre 10.000 e 4.000 anos atrás deslocaram-se através de canoas,
embarcações primitivas, navegando pelo Oceano Pacífico e po-
voando ilhas, como a de Páscoa, até chegar às terras dos atuais
países Peru e Chile.

98 Capítulo 4 – Indígenas do Brasil

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Rawpixel/Shutterstock.com
ESB Professional/Shutterstock.com

Semelhança entre criança mongol e criança indígena brasileira.

Mas as surpresas reveladas pela arqueologia brasileira não


param por aí. Recentemente, na década de 1990, os arqueólogos
Niede Guidon e Flávio Parente revelaram a existência de pinturas
rupestres e restos de fogueiras datados do período entre 20.000 e
32.500 anos atrás no Sítio Arqueológico da Serra da Capivara, no
Piauí. A teoria de Guidon sofre diversas contestações no mundo
científico, e, por essa razão, Luzia ainda é considerado o fóssil mais
antigo. A possibilidade de uma maior aceitação dessa teoria esbarra
na inexistência de fósseis que antecedam o Homo sapiens.
O fato é que, qualquer que seja a teoria que explique a origem
e a vinda do indígena americano, o mais importante é que ele já
estava aqui antes da chegada do europeu.
A terceira hipótese aponta para um surgimento autóctone,
que significa que o indígena surgiu no próprio continente america-
no. Em terras do atual Estado de Minas Gerais, entre 1835 e 1845,
o pesquisador dinamarquês Peter Lund descobriu, no interior de

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99

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Sugestão de
abordagem cavernas localizadas no município de Lagoa Santa, os primeiros
fósseis humanos brasileiros. Eram esqueletos que datavam de apro-
ximadamente 2 mil anos e que ficaram conhecidos como Homem
Para um melhor entendimento dos alu- de Lagoa Santa. Posteriormente, no ano de 1975, Lagoa Santa re-
velou ao mundo o fóssil de um crânio e outros ossos femininos cuja
nos referente aos achados fósseis no Brasil, re- existência remonta há 11.500 anos. Batizada de Luzia, esse fóssil de
comendamos o uso do documentário O ate- mulher passou a ser conhecido como o fóssil humano mais antigo
liê de Luzia - arte rupestre no Brasil. No qual da América.
mostra os sítios arqueológicos brasileiros e

Vitoriano Júnior
suas contribuições para a construção da histó-
ria da humanidade. Se for viável recomenda-
mos a união com a disciplina de História para
uma abordagem completa do tema.

Anotações
Estima-se que o Homem de Lagoa Santa, descoberto em 1840 por Peter Lund, viveu há apro-
ximadamente 12 mil anos.

Contudo, a grande surpresa não foi apenas Luzia ser conside-


rada a ancestral humana da América, mas, sim, quem é Luzia, pelo
formato de seu crânio. Na utilização de sofisticados programas de
computadores, bem como técnicas da medicina legal, chegou-se à
constatação de que ela não possuía características mongólicas asiá-
ticas, e sim negroides.

Vitoriano Júnior
A reconstituição dos traços fisionômicos de Luzia surpreendeu a muitos por apresentar caracte-
rísticas físicas das populações da Oceania.

100 Capítulo 4 – Indígenas do Brasil

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Povos que andam nus
A verdade é muito difícil de encontrar, mas, segundo alguns pes-
quisadores, bem antes da chegada dos europeus, o território brasileiro
era ocupado por milhares de indígenas — muito além dos 2 milhões
divulgados pela Fundação Nacional do Índio (Funai) —, que viviam
espalhados por todo o território e distribuídos em 1.400 nações di-
ferentes, que falavam aproximadamente 1.300 línguas. Observe o
mapa abaixo para se ter noção da dimensão dos diferentes grupos
étnicos que habitavam nosso território à época do descobrimento.

Os “brasileiros” pré-Cabral
Venezuela Guiana
Suriname
Colômbia Guiana Francesa

Equador
0
0

100

Peru Salvador
N

O L Bolívia

S
200
Tupi-Guarani
Jê Paraguai
Capricórnio
Trópico de
Aruaque
Caraíba
Cariri Oceano
Pano
Argentina Atlântico
Tucano 0

0 400 km 800 km
30
Charrua
Outros grupos Uruguai
Oeste de Greenwich
0 0 0 0 0
70 60 50 40 30

Fonte: Elaborado pelo autor.

Quando os portugueses chegaram aqui, maravilharam-se com


os nativos, que apresentavam uma diversidade cultural incrível.
1:47
Eram hábitos muito excêntricos aos olhos dos portugueses, tal a
riqueza de crenças, costumes, hábitos alimentares, vestimentas, or-
ganizações sociais, mitos, arquitetura, etc.
A maioria desses povos vivia da caça, pesca e agricultura de
milho, feijão, amendoim, abóbora, batata-doce e principalmente
mandioca. Além disso, domesticavam animais de pequeno porte,
como a capivara, o porco-do-mato e a anta. A maior parte das tri-
bos indígenas apresentava uma relação baseada em regras sociais,
políticas e religiosas. Muitas criavam alianças em momentos de

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101

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Anotações
guerras, casamentos, cerimônias de enterro ou quando possuíam o
desejo comum de combater uma terceira tribo.
Antes da chegada dos portugueses, o Brasil era habitado por
milhões de nativos que viviam em perfeita harmonia com a nature-
za. Ao longo da história, a maioria desapareceu, perdeu suas terras e
sua cultura. São diversas as justificativas dadas pelos europeus para
a perseguição contra os povos indígenas, ocasionando um verda-
deiro etnocídio, daqueles que deveriam ser considerados os verda-
deiros donos das terras.
Leitura

Reprodução
complementar
Rituais indígenas
Uma grande parte dos rituais realiza-
dos pelos diversos grupos indígenas do Bra-
sil pode ser classificada como ritos de passa-
gem. Os ritos de passagem são as cerimônias
que marcam a mudança de um indivíduo ou
de um grupo de uma situação social para ou-
tra. Como exemplo, podemos citar aque-
les relacionados à mudança das estações, aos
ritos de iniciação, aos ritos matrimoniais,
Dança Tapuia, óleo sobre tela, de Albert Eckhout, 1641.
aos funerais e outros, como a gestação e o
nascimento. Nas aldeias, viviam animais e homens livres. Um cenário
multicolorido composto de araras, tucanos, macacos, micos, qua-
Entre os Tupinambás — grupo indíge- tis, gatos, patos e papagaios, que, junto a homens e mulheres pin-
na extinto que habitava a maior parte da fai- tados e adornados com penas coloridas, formavam uma paisagem
nunca vista em nenhum cenário do Planeta pelo homem euro-
xa litorânea que partia da foz do rio Amazo-
peu. Segundo a tradição, entre os indígenas não existiam roubos,
nas à ilha de Cananeia, no litoral paulista —, traições, adultério, alcoolismo, vandalismo, ganância, inveja, po-
quando nascia uma criança do sexo masculi- breza e outros males tão comuns na nossa sociedade, dita “civili-
zada”. Todos se ajudavam: mulheres plantavam, homens caçavam
no, o pai levantava-se do chão e cortava-lhe o e pescavam, e tudo era dividido igualitariamente entre todos os
umbigo com os dentes. A seguir, a criança era membros da aldeia.
banhada no rio, logo após o pai lhe achatava Nada pertencia exclusivamente a alguém, tudo era de todos.
A terra era um bem comum, não existiam cercas nem propriedades
o nariz com o polegar. Em seguida, a criança privadas, todos a utilizavam com o objetivo de gerar alimentação
era colocada numa pequena rede, onde eram para a coletividade. Não existia trabalho regular, com jornada con-
amarradas unhas de onça ou de uma ave. Co- tada por horas, dias, semanas, etc.; havia a divisão do trabalho por
gênero: às mulheres, cabia a preparação da terra, o plantio e a co-
locavam-se, ainda, penas da cauda e das asas lheita, enquanto os homens encarregavam-se da caça, da pesca e da
dessa ave e, também, um pequeno arco e algu-
mas flechas, para que a criança se tornasse va- 102 Capítulo 4 – Indígenas do Brasil
lente e disposta a guerrear contra os inimigos.
O pai, durante três dias, não comia car-
ne, peixe ou sal, alimentando-se apenas de fa- CG_7ºano_04.indd 102 29/03/2018 13:51:47 CG

rinha. Não fazia, também, nenhum trabalho fe de família. O pai também colocava aos pés ritual de passagem. O reconhecimento da gra-
até que o umbigo da criança caísse, para que da criança um molho de palha, que simboli- videz da mulher colocava o pai e a mãe num es-
ele, a mãe e a criança não tivessem cólicas. Três zava os inimigos. Quando todas essas práti- tado de cuidados especiais, separando-os dos
vezes por dia punha os pés no ventre da espo- cas tinham sido realizadas, a aldeia por intei- demais habitantes da aldeia. Ficavam, assim, se-
sa. Nesses dias, o pai fazia pequenas arapucas ro se entregava às comemorações. Nesses dias, gregados até que a criança nascesse e os ritos de
e nelas fazia a tipoia de carregar a criança; to- era escolhido um nome para o recém-nascido. sua incorporação fossem realizados, momento
mava, também, o pequeno arco e as flechas e Por meio desse rito de incorporação, o em que eles eram reintegrados à vida normal,
atirava sobre a tipoia, pescando-a depois com pai assumia a paternidade e se reconhecia ao desempenhando um novo papel social: pai e
o anzol, como se fosse um peixe. Assim, no fu- recém-nascido, um lugar na sociedade Tupi- mãe de um novo membro da sociedade.
turo, a criança caçaria ou pescaria. Quando o nambá, como homem ou mulher.
umbigo caía, o pai partia-o em pedacinhos e Cabe destacar que nesses rituais ligados Disponível em: http://www.museudoindio.gov.br/
pregava-os em todos os pilares da oca, a fim à gestação e ao nascimento não só a criança, educativo/pesquisa-escolar/239-rituais-indigenas.
de que o filho fosse, no futuro, um bom che- como também seus pais, eram submetidos ao Acesso em: 22/12/2017. Adaptado.

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dos nesse novo continente receberam o ape-
lido genérico de “índios” ou “indígenas” que
proteção da aldeia. Quando não estavam trabalhando na lavoura,
até hoje conservam. Deste modo, não exis-
as mulheres cuidavam dos curumins, faziam utensílios domésticos,
como cestas, potes, jarras, etc.; já os homens construíam arcos, lan- te nenhum povo, tribo ou clã com a deno-
ças, flechas, bordunas, contavam histórias, criavam mitos e lendas minação de índio. Na verdade, cada “índio”
e orientavam os curumins para a vida.
pertence a um povo, a uma etnia identificada
@Renato Soares

por uma denominação própria, como o Gua-


rani, o Yanomami, etc. Mas também muitos
povos recebem nomes vindos de outros po-
vos, como se fosse um apelido, geralmente
expressando a característica principal daque-
le povo do ponto de vista do outro. Ex.: Ku-
lina ou Madjá. Os Kanamari se autodenomi-
Crianças xavantes sendo preparadas pelo
ancião Toptiro para o ritual do Oi´ó, nam Madjá, mas os outros povos da região
a primeira cerimônia pública em que os me-
ninos se engajam em seu processo de iniciação do Alto Juruá os chamam de Kanamari. Des-
como guerreiros, Mato Grosso, 2010.
de a primeira invasão de Cristóvão Colom-
Os indígenas não tinham o interesse de acumular bens, retira-
vam apenas da natureza o necessário para sua sobrevivência. E, se ti-
bo ao continente americano, há mais de 508
nham abundância de pesca, caça, frutos, raízes e gêneros plantados, anos, a denominação de índios dada aos ha-
ninguém precisava trabalhar além do necessário para sobreviver. bitantes nativos dessas terras continua até os
dias de hoje. Para muitos brasileiros a deno-
Frontpage/Shutterstock.com

minação tem um sentido pejorativo resulta-


do de todo o processo histórico de discrimi-
nação e preconceito contra os povos nativos
da região. Com o surgimento do movimento
indígena organizado a partir de 1970, os po-
vos indígenas do Brasil chegaram à conclu-
são de que era importante manter, aceitar e
promover a denominação genérica de índio
ou indígena, como uma identidade que une,
articula, visibiliza e fortalece todos os po-
vos originários do atual território brasilei-
ro e, principalmente, para demarcar a fron-
teira étnica e identitária entre eles, enquanto
habitantes nativos e originários dessas terras,
e aqueles com procedência de outros conti-
Pesca com arco e flecha por indígena
kamayurá, Alto Xingu, Mato Grosso.
nentes, como os europeus, os africanos e os
asiáticos. [...]
Capítulo 4 – Indígenas do Brasil 103
Disponível em: http://unesdoc.unesco.org/
images/0015/001545/154565por.pdf. Acesso em:
1:47 CG_7ºano_04.indd 103 29/03/2018 13:51:48 14/12/2017. (Adaptado).
Leitura (habitantes nativos) do continente america-
complementar no, os chamados povos indígenas. Mas essa
denominação é o resultado de um mero erro
náutico. O navegador italiano Cristóvão Co- Anotações
O nativo brasileiro: o que lombo, em nome da Coroa Espanhola, em-
você precisa saber sobre os preendeu uma viagem em 1492 partindo da
povos indígenas no Brasil de Espanha rumo às Índias, na época uma re-
gião da Ásia. Castigada por fortes tempes-
hoje tades, a frota ficou à deriva por muitos dias
A denominação índio ou indígena, se- até alcançar uma região continental que Co-
gundo os dicionários da língua portuguesa, lombo imaginou que fossem as Índias, mas
significa nativo, natural de um lugar. É tam- que na verdade era o atual continente ameri-
bém o nome dado aos primeiros habitantes cano. Foi assim que os habitantes encontra-

103

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Leitura
complementar Os curumins não iam para a escola, pois viviam dentro dela: a
vida era sua escola. Aprendiam com os mais velhos tudo que fazia
parte da sua vida e do ambiente que os cercava: que plantas usar
Nativos em terras para curar doenças, saciar a sede e a fome, espantar maus espíritos
etc. Aprendiam a reconhecer os sons, as cores e os cheiros da na-
pernambucanas tureza, a reconhecer os animais, a caçar, a pescar, a nadar, a lutar, a
amar a natureza, a conviver com seu semelhante. Uma criança in-
Quando os primeiros europeus chegaram dígena aprende vendo o adulto fazer e imitando-o, sem palmadas
ou violência física como forma de repreensão ou correção. Dessa
ao território brasileiro, no início do século forma, cresce partilhando, ajudando, tornando-se solidário com
XVI, vários grupos indígenas ocupavam a Re- o outro.
gião Nordeste. No litoral, predominavam as Os primeiros habitantes do atual Brasil viveram desta forma
por um longo período. Registros históricos dão conta de que,
tribos do tronco linguístico tupi, como os Tu- dos quase 7 milhões de nativos que existiam nos primeiros 512
pinambás, Tabajaras e os Caetés. No interior, anos de conquista e ocupação das terras do Brasil pelos “civili-
habitavam grupos dos troncos linguísticos Jê, zados”, a população indígena foi desaparecendo e hoje, segundo
a Fundação Nacional do Índio (Funai), restam apenas 817 mil
genericamente denominados Tapuias. nativos resistindo bravamente em aldeias; contudo, devemos sa-
Como em outras regiões brasileiras, a lientar que, nesse conjunto, não estão incluídos os indígenas que
vivem fora das aldeias e que, segundo a própria Funai, somam
ocupação do território em Pernambuco co-
100 mil pessoas. Por outro lado, segundo o Instituto Brasileiro
meçou pelo litoral, nas terras apropriadas para de Geografia e Estatística (IBGE), a quantidade de indígenas
a agroindústria do açúcar, onde os indígenas existentes no Brasil no censo de 2010 é de 896,9 mil pessoas,
incluindo os que vivem em aldeias e outros que, mesmo vivendo
eram utilizados pelos portugueses como mão em cidades, declaram-se indígenas.
de obra escrava nos engenhos e nas lavouras,
especialmente por parte daqueles que não dis- Geografia em cena
punham de capital suficiente para comprar es-
Alguns indígenas vivem isolados no Brasil, perto da
cravos africanos. fronteira com o Peru. A sobrevivência desses nativos está
Após um período de paz aparente, os na- em perigo por causa da presença de madeireiros ilegais na
tivos reagiram a esse regime de trabalho por região. As autoridades brasileiras acreditam que os explo-
radores ilegais estão empurrando os indígenas isolados do
meio de hostilidades, assaltos e devastações Peru para a fronteira brasileira, o que pode causar conflitos
de engenhos e propriedades, realizados prin- entre as tribos isoladas do Peru e do Brasil. É preciso que
as autoridades impeçam esses exploradores ilegais, antes que
cipalmente pelos Caetés, que ocupavam a cos-
seja tarde demais.
ta de Pernambuco.
A guerra e a perseguição dos portugue- Segundo dados do IBGE, em 2010, existiam em solo brasi-
ses tornaram-se sistemáticas, fazendo com leiro 305 etnias, ou nações, que falavam 274 línguas diferentes
e estavam espalhadas por todo o território nacional, porém a
que os indígenas sobreviventes tivessem que
maior parte concentrada na Região Norte, principalmente no
fugir para longe da costa. Porém, a criação de Estado do Amazonas, que aglutina 17% do total. Desses grupos,
gado levou os colonizadores a ocupar terras os Tikunas constituem a maior nação indígena atualmente em
nosso território, correspondendo a 6,8% do total dos nativos
no interior do estado, continuando assim a que habitam o Brasil.
haver conflitos.
As relações entre os criadores de gado e os 104 Capítulo 4 – Indígenas do Brasil
indígenas, no entanto, eram bem menos hostis
do que com os senhores de engenho, mas a so-
brevivência das tribos, que não se refugiavam CG_7ºano_04.indd 104 29/03/2018 13:51:48 CG

em locais remotos, só era possível quando aten- Sabe-se, por intermédio de algumas fon- da, da tribo Arapoá-Assu, nas margens dos
dia aos interesses dos criadores e não era assegu- tes, que nos séculos XVIII e XIX uma quanti- rios Jaboatão e Gurjaú; a aldeia do Brejo dos
rada aos indígenas a posse de suas terras. dade indeterminada de indígenas foi aldeada Padres, dos nativos Pankaru ou Pankararu; al-
Durante os dois primeiros séculos do no território pernambucano, mas aparente- deamentos em Taquaritinga, Brejo da Madre
Brasil Colônia, as missões religiosas jesuíti- mente não há registros de sua procedência. de Deus, Caruaru e Gravatá.
cas eram a única forma de proteção com que Existiam os aldeamentos dos Garanhuns, No século XIX, a região do atual municí-
os nativos contavam. Com a expulsão dos je- próximo à cidade do mesmo nome; dos Cara- pio de Floresta e diversas ilhas do rio São Fran-
suítas, em 1759, os aldeamentos permanece- patós, Carnijós ou Fulni-ô, em Águas Belas; cisco se destacavam pelo grande número de al-
ram sob a orientação de outras ordens reli- dos Xucurus, em Cimbres; dos Argus, espa- deias, onde habitavam os indígenas Pipiães,
giosas, sendo entregues, posteriormente, a lhados da serra do Araripe até o rio São Fran- Avis, Xocós, Carateus, Vouvês, Tuxás,
órgãos especiais, porém as explorações e in- cisco; dos Caraíbas, em Boa Vista; do Li- Aracapás, Caripós, Brancararus e Tamaqueús.
justiças contra os povos indígenas continua- moeiro na atual cidade do mesmo nome; as O desaparecimento da maioria das tri-
ram acontecendo. aldeias de Arataqui, Barreiros ou Umã, Esca- bos deve-se às diversas formas de alienação

104

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nação com brancos e negros, a sua aparência
física perdeu a identidade.
O choque de culturas São nativos aculturados, mas que man-
têm sua sociedade à parte. As tradicionais fi-
O nativo brasileiro não reagiu com violência, ao entrar em
contato com o colonizador português. Segundo relatos históricos guras do cacique e do pajé, ainda sobrevi-
dos próprios lusitanos, o primeiro contato foi amistoso, caracteri- vem em todos os grupos, assim como o toré é
zado pela curiosidade de ambos os lados, porém progressivamente dançado em todas as comunidades, não
essa relação passou a ser de exploração dos portugueses sobre os
nativos da terra recém-descoberta. apenas como divertimento, mas também na
Os europeus invadiram a terra do indígena e começaram a ex- transmissão de traços culturais. Com exceção
plorar as principais riquezas naturais que a vista alcançava. Com
dos Fulni-ô, nenhum dos grupos conservou o
muita malícia, enganaram os nativos e fizeram-nos trabalhar em
troca de presentes, como pedaços de vidros coloridos, espelhos, idioma tribal.
pentes, machados e facões. O nativo teve uma grande influência na
formação étnica, na cultura, nos costumes e na
Geografia em cena
língua portuguesa falada no Brasil.
Em primeiro de maio de 1500, Pero Vaz de Caminha enviava Em Pernambuco, palavras como Gravatá,
ao rei de Portugal uma carta contando sobre a nova descoberta:
Caruaru, Garanhuns e bairros do Recife como
“[...] E estando Afonso Lopes, nosso piloto, em um daque-
les navios pequenos, por mandado do Capitão, por ser homem Parnamirim e Capunga, estão associados a an-
vivo e destro para isso, meteu-se logo no esquife a sondar o por- tigos locais de moradia indígena.
to dentro; e tomou dois daqueles homens da terra, mancebos e
de bons corpos, que estavam numa almadia.
Atualmente, os principais problemas en-
Um deles trazia um arco e seis ou sete setas; e na praia an- frentados pelos grupos indígenas pernambu-
davam muitos com seus arcos e setas; mas de nada lhes servi- canos são os conflitos entre facções rivais da
ram. Trouxe-os logo, já de noite, ao Capitão, em cuja nau foram
recebidos com muito prazer e festa. tribo Xucuru; a influência do tráfico de dro-
A feição deles é serem pardos, maneira de avermelhados, gas entre os Truká e a invasão de terras perten-
de bons rostos e bons narizes, bem-feitos. Andam nus, sem ne- centes aos Fulni-ô.
nhuma cobertura. Nem estimam de cobrir ou de mostrar suas
vergonhas; e nisso têm tanta inocência como em mostrar o ros-
to. Ambos traziam os beiços de baixo furados e metidos neles Disponível em: http://basilio.fundaj.gov.br/
seus ossos brancos e verdadeiros, de comprimento duma mão pesquisaescolar /index.php?option =com.
travessa, da grossura dum fuso de algodão, agudos na ponta
como um furador. Metem-nos pela parte de dentro do beiço; e content&view=article&id=649. Acesso em:
a parte que lhes fica entre o beiço e os dentes é feita como roque 18/12/2017. (Adaptado).
de xadrez, ali encaixado de tal sorte que não os molesta, nem os
estorva no falar, no comer ou no beber.

Nesse contato inicial, dezenas de milhares de nativos morre-


ram, pois os europeus transmitiam diversas doenças contra as quais
o nativo da terra não possuía imunidade natural, tais como a gripe,
Anotações
o sarampo, a tuberculose, a hanseníase, a varíola e a coqueluche.
Mas não foram apenas as novas doenças que exterminaram
centenas de vidas indígenas em terras de Ibirapitanga. Armas de
fogo, cachorros, cavalos, eficientes máquinas de guerra, além do ál-

Capítulo 4 – Indígenas do Brasil 105

1:48 CG_7ºano_04.indd 105 29/03/2018 13:51:48

de terras indígenas no Nordeste ou da reso- nawá, em Buíque; os Atikum, em Carnaubei-


lução do governo de extinguir os aldeamen- ra da Penha, e os Truká, em Cabrobó. Esses
tos existentes. três últimos grupos foram identificados mais
Dos grupos que povoaram Pernam- recentemente.
buco, salvo alguns sobreviventes, pouco Após terem passado por uma série de mu-
se sabe. O fato dos nativos não possuírem danças ambientais e culturais, esses nativos
uma linguagem escrita dificultou muito a conseguiram sobreviver e, apesar de terem es-
transmissão das informações. tabelecido contato com os não indígenas, al-
Existem legalmente em Pernambuco, sete guns conservam, ainda que precariamente,
grupos indígenas: os Fulni-ô, em Águas Belas; traços da sua tradição.
os Pankararu, nos municípios de Petrolândia Todos se autoidentificam como indíge-
e Tacaratu; os Xucuru, em Pesqueira; os Kam- nas e pouco se diferenciam uns dos outros ra-
biwá, em Ibimirim, Inajá e Floresta; os Kapi- cial ou culturalmente. Devido à forte miscige-

105

ME_CG_7ºano_04.indd 105 14/05/2018 12:18:17


Anotações
cool, desagregador social, e a inserção de hábitos ocidentais entre os
povos indígenas, foram fortes aliados no extermínio e na desestru-
turação das culturas indígenas brasileiras.
Desse modo, o nativo brasileiro perdeu, progressivamente, sua
cultura, passando a viver como uma caricatura do europeu. Se não
se submetesse aos valores cristãos ocidentais, seria escravizado ou
exterminado.

Reprodução
Leitura
complementar Indígenas sendo escravizados. Gravura
de Jean-Baptiste Debret.

Geografia em cena
Terras Indígenas combatem o A Fundação Nacional do Índio — Funai —, criada em 5
desmatamento e a emissão de de dezembro de 1967, dedica-se à elaboração e coordenação de
políticas públicas visando proporcionar cidadania e autonomia
gases de efeito estufa aos indígenas. Para tanto, realiza estudos, delimitação, demar-
cação e regularização fundiária das terras indígenas; monitora-
Recentemente, estudos vêm revelando que ção e fiscalização; promoção de políticas de desenvolvimento
as Terras Indígenas são bastante eficientes em sustentável; prevenção ou reversão de impactos ambientais cau-
sados por agentes externos às reservas indígenas; buscar acesso
evitar o desmatamento, e consequentemente as
diferenciado aos direitos sociais pelos indígenas (articulando,
emissões de gases de efeito estufa. Isso é especial- para isso, várias instituições); entre outras.
mente importante quando se pensa na mitiga- Adaptado de: http://www.funai.gov.br/index.php/quem-somos e http://
ção dos impactos da mudança do clima, como o www.funai.gov.br/index.php/servico-de-protecao-aos-indios-spi.

aquecimento global.
Em todo o mundo, terras sob gestão de co- Terra de “índio” ou
munidades tradicionais guardam cerca de 24%
do carbono estocado na superfície, de acordo terra de branco?
com estudo de autoria da Rights and Resources Observando o número da população nativa atual, temos a com-
Initiative (RRI), Woods Hole Research Center preensão da dominação do homem branco sobre as diversas socie-
dades indígenas, pois, quando aqui chegaram, os portugueses en-
(WHRC) e World Resources Institute (WRI). contraram diversas nações indígenas espalhadas ao longo do litoral.
Climate Benefits, Tenure Costs (2016), ou-
tro estudo do WRI, revela que, no caso brasilei- 106 Capítulo 4 – Indígenas do Brasil
ro, as Terras Indígenas têm o potencial de evitar
a emissão de 31,8 milhões de toneladas anuais de
CO2. Isso equivale a tirar de circulação cerca de CG_7ºano_04.indd 106 29/03/2018 13:51:49 CG

6,7 milhões de carros por um ano. caráter permanente, as utilizadas para suas ati- metros quadrados. A maior parte delas, 419, fica
Os autores dessa pesquisa também obser- vidades produtivas, as imprescindíveis à preser- na Amazônia Legal, e corresponde a 23% da área
varam que, nas Terras Indígenas, os serviços vação dos recursos ambientais necessários a seu dessa região e 98,3% da área de todas as Terras
ecossistêmicos fornecidos pela conservação flo- bem-estar e as necessárias a sua reprodução físi- Indígenas no País.
restal, como o ciclo da água ou a possibilida- ca e cultural, segundo seus usos, costumes e tra-
de de atividades turísticas, equivaleriam, em 20 dições” (artigo 231). Ainda pela constituição, as Atitude sustentável e
anos, a recursos entre US$ 523 bilhões e US$ Terras Indígenas pertencem ao Governo Fede- interdependência com a natureza
1,165 bilhões para o Brasil. ral, à União (artigo 20).
Segundo o Instituto Socioambiental (ISA), Apesar de não serem “naturalmente eco-
Mas o que são Terras Indígenas? hoje, no Brasil, existem 705 Terras Indígenas em logistas”, já que pode haver tantas percep-
diversos estágios de demarcação, que abrigam ções do meio ambiente pelos nativos quan-
Elas são definidas na Constituição de 1988 253 etnias. Elas equivalem a 13,8% do territó- to há nações indígenas, elas tendem a ter em
como sendo aquelas habitadas pelos nativos “em rio nacional ou cerca de 1,173 milhão de quilô- comum uma visão sistêmica da existência, o

106

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zônia brasileira, que traz entre outras, críticas aos
grandes projetos de infraestrutura.
Ali se aglomeravam povos de origem Tupi-Guarani. Mais para o
O outro, Áreas Protegidas na Amazônia
interior, os Jês, Karib, Aruak, Tucanos, Charrua, Pano. Onde estão
atualmente essas nações? O que foi feito das suas terras? brasileira: avanços e desafios, trata do conjunto
das Áreas Protegidas, que inclui Unidades de
Distribuição das terras indígenas regularizadas por região Conservação (UC) e terras quilombolas, além
administrativa das Terras indígenas. A maioria dessas áreas está
sob algum tipo de pressão oriunda das atividades
10% ilegais, das queimadas, da exploração inadequa-
19% da dos recursos minerais, das mudanças do uso
6%
Sul do solo e dos grandes projetos de infraestrutura.
Sudeste

11% Norte Disponível em: https://www.bndes.gov.br/wps/portal/


Nordeste
site/home/conhecimento/ noticias/noticia/ terras-
indígenas-combatem-desmatamento. Acesso em:
Centro-Oeste

54% 14/12/2017.

Fonte: Elaborado pelo autor. Anotações


Milhares de indígenas foram submetidos à aculturação, à perda
da posse da terra para os homens brancos europeus, ao extermínio e
à morte. Outros fugiram do litoral, das terras de seus antepassados,
do contato com os europeus e hoje possuem apenas 12% (aproxi-
madamente 107 milhões de hectares) de todo o território brasilei-
ro, que, até a chegada dos portugueses, pertencia-lhes. De acordo
com dados do Censo 2010, esses indígenas estão distribuídos entre
688 terras demarcadas e algumas áreas urbanas.
Contudo, como vivem em áreas de Marcello Casal Jr./ABr

riquezas naturais inexploradas, suas terras


são alvo da cobiça de garimpeiros, madei-
reiros, posseiros e latifundiários. O mais
interessante é que, para ter uma porção
de terra para viver, aquele que era dono de
toda a terra precisa atualmente da conces-
são do governo para ter reconhecido um
pedaço de terra como seu. Para garantir a
posse da terra de seus ancestrais, é preciso o
auxílio da Funai, que demarca a terra como
terra de indígena. O processo é vagaroso e,
na maioria das vezes, esbarra nos diferentes
Além de lutar para manter suas tradições culturais, os indígenas têm que conviver
interesses públicos e privados, nas riquezas com a cobiça dos grileiros, que querem tomar posse de suas terras em função de
naturais e potencialidades da região. muitas terem reservas minerais importantes.

Capítulo 4 – Indígenas do Brasil 107

1:49 CG_7ºano_04.indd 107 29/03/2018 13:51:49

que faz com que, no geral, os povos indíge- da de floresta dentro das Terras Indígenas foi in-
nas percebam mais facilmente sua relação de ferior a 2%, enquanto a média de área desmatada
interdependência com a natureza. No site do na Amazônia foi de 19%.
Instituto Socioambiental (ISA), são apresen- Ainda segundo o estudo, o desmatamen-
tadas algumas explicações para uma atitude to que ocorre no interior dessas áreas está geral-
mais conservadora no uso dos recursos natu- mente associado às atividades desenvolvidas por
rais por parte dos indígenas. não indígenas, como a invasão para a retirada ile-
Essa atitude é evidenciada por dados apre- gal de madeira e atividade garimpeira, além da
sentados no trabalho Terras Indígenas na Ama- invasão de terras para o uso agropecuário.
zônia Brasileira: Reservas de Carbono e Barreiras Para se entender a pressão a que estão sub-
ao Desmatamento, publicado pelo Instituto de metidas essas áreas, é interessante a leitura de
Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam). O es- dois trabalhos do ISA. O primeiro é o Atlas de
tudo mostra que, no período 2000-2014, a per- Pressões e Ameaças às Terras Indígenas na Ama-

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Sugestão de
abordagem Como garantir a terra?
Em primeiro lugar, a Funai nomeia um antropólogo para que,
Desenvolva um debate em sala sobre a em um prazo determinado, realize um estudo de identificação da
relação afetiva do indígena com a terra. Para comunidade indígena e da área. Posteriormente, um grupo espe-
orientar esse debate, sugerimos um documen- cializado composto de sociólogos, advogados, historiadores, et-
nólogos, cartógrafos e ambientalistas utilizam o estudo feito pelo
tário produzido pela TV escola que mostra a vi- antropólogo para realizar estudos mais aprofundados. Ao mesmo
vência de uma comunidade indígena no Acre e tempo, é realizado um levantamento fundiário para delimitar a ter-
ra indígena. A partir desse momento, um relatório contendo dados
acompanha o cuidado desta com a terra.
específicos, de acordo com a legislação vigente (Portaria nº 14, de
09/01/96), com a caracterização da terra indígena a ser demarca-
Índios no Brasil - Filhos da terra da, é apresentado à Funai, que o deverá aprovar (ou não) e, em um
prazo de 15 dias, publicar um resumo no Diário Oficial da União.
Terminada esta etapa, os estados, municípios ou outros interes-
Acostumados a retirar tudo o que preci- sados têm um prazo de até 90 dias, após a publicação do relatório,
sam da floresta, os povos indígenas se acostu- para se manifestar sobre a criação da reserva. Em caso de oposição,
deverá apresentar à Funai suas razões, acompanhadas de provas, de-
mam desde o nascimento a conviver em har- monstrando que o relatório apresenta algum erro ou pedindo algu-
monia com o meio ambiente. Este episódio ma indenização. Passada essa fase, a Funai deve encaminhar o pro-
da série Índios do Brasil mostra a relação ínti- cesso ao ministro da Justiça, que pode aceitar a criação da área ou
negá-la com uma decisão fundamentada. Se a criação da reserva for
ma entre os nativos e a natureza, apresentando aprovada pelo ministro, com a declaração de seus limites, a Funai
como exemplo os costumes do povo Ashanin- ainda fará a sua demarcação física, enquanto o Instituto Nacional
ka, do Acre, que caça e pesca respeitando um de Colonização e Reforma Agrária (Incra) realizará o reassenta-
mento de ocupantes não indígenas que porventura habitem na re-
calendário que se baseia nas estações do ano e gião. Para complementar, o procedimento de demarcação deve ser
no ciclo de reprodução dos animais. analisado pelo presidente da República para que seja reconhecido
oficialmente por decreto. No final, a terra, demarcada e homolo-
gada, deve ser registrada, em até 30 dias, no cartório de imóveis do
Leitura município onde está e no Serviço de Patrimônio da União (SPU).

complementar Esse procedimento pode durar anos e às vezes sequer sai do pa-
pel. É por este e outros motivos que ainda hoje aproximadamente 55
tribos indígenas vivem isoladas sem contato algum com o branco.

O novo movimento indígena

Gleilson Miranda/Secretaria de Comunicação do Estado do Acre/Wikimedia.com


brasileiro
Talvez muita gente ainda não tenha perce-
bido, mas há uma mudança gigantesca no pro-
cesso de luta dos povos originários do Brasil. A
primeira delas é a vertiginosa desvinculação da
igreja, que, de certa forma, sempre foi a mais im- Na foto, indígenas avistados em 2009 em
uma região remota do Acre, Brasil.
portante presença no processo. Num primei-
ro momento, como opressora número um, aju- 108 Capítulo 4 – Indígenas do Brasil
dando os portugueses no massacre aos povos.
Depois, com a ação dos jesuítas nas famosas
missões, houve uma mudança no trato e o obje- CG_7ºano_04.indd 108 29/03/2018 13:51:49 CG

tivo era evangelizar, respeitando alguns aspectos e coisas ruins assomaram nesse período e foi um memória. Era o tempo de criarem entidades or-
culturais e a vida. Mais tarde, já no século XX, lento aprendizado para os povos nativos. ganizadas e dirigidas por eles mesmos. E assim,
atuando como parceira no trabalho de manuten- Mas, desde há algum tempo houve uma vi- nos anos 80 do século XX começou — devagar
ção da cultura e divulgação das denúncias neces- ragem. A caminhada em comunhão com as igre- — essa mudança de rumo. Associações, coorde-
sária por meio do Conselho Indigenista Missio- jas e as ONGs proporcionou muitos saberes nações, confederação, termos já conhecida desde
nário (Cimi). sobre como lidar e viver no mundo dos não na- antes da chegada de Cabral.
Também houve um momento na história do tivos. E nesse caminhar, os indígenas foram des- Assim, os povos indígenas passaram a atuar
século XX em que uma série de organizações não cobrindo que já tinham todas as condições de no campo da luta por direitos e território, em
governamentais (ONGs) brasileiras e estrangei- atuarem por eles mesmos. Não precisavam de instituições constituídas à maneira não índia,
ras, se uniram ao trabalho que já vinha sendo feito mediações. Parceiros na luta sim, mas não mais capaz de dialogar e compreender o intrincado
pelo Cimi e passaram a atuar no processo de orga- de mediações. E, assim, do seio dos povos ainda mundo dos brancos, com suas leis e o falso esta-
nização das comunidades para que a cultura fos- existentes, foi brotando outra vez a velha forma do de direito. Se fosse necessário o combate no
se preservada e as terras demarcadas. Coisas boas de organização da vida, que estivera sempre na campo da lei, para ele deveriam marchar com ar-

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logo, não teriam direito de ter àquelas terras
demarcadas.
Ensaio geográfico Na audiência, o cacique Guarani respondeu a
todas as perguntas na sua língua original. Já basta de
1 Leia a poesia abaixo desrespeito com os indígenas. Já basta do tempo em
que se torturava um homem ou uma mulher origi-
“Quando o português chegou,
Debaixo duma bruta chuva, nária para falar uma língua que não era conhecida.
Vestiu o índio. É tempo de os não nativos que quiserem realmen-
Fosse uma manhã de sol, te estabelecer um diálogo com os povos indígenas
O Índio teria despido
O português.” saberem que eles falam uma língua específica e que
ela precisa ser conhecida e respeitada. Essas línguas
(Oswald de Andrade)
estão vivas e são o sustentáculo da cultura de cada
Agora, assinale a alternativa correta sobre a relação entre indígena e europeu a partir do contato inicial. povo. O pessoal da CPI saiu incomodado, o que
a. X Apesar do contato inicial amistoso, rapidamente os portugueses estabeleceram uma relação de mostra que não há mesmo nenhuma boa vontade
exploração, fato que marcou o futuro das relações entre o nativo brasileiro e o português. em ouvir e compreender a realidade indígena. As
b. A relação entre o indígena e o português foi marcada pela cordialidade ao longo da história do pessoas já vêm com ideias pré-concebidas. No caso
Brasil. do Morro dos Cavalos, os Guaranis estavam ali
c. O português aos poucos foi impondo os seus valores culturais, econômicos e sociais aos nativos sim, antes de outubro de 1988. Mas, se não estives-
brasileiros.
sem, isso só teria acontecido por conta da expulsão
d. Aos poucos, o indígena brasileiro foi impondo os seus valores culturais aos portugueses que
aqui chegaram. promovida pela invasão de colonos. Isso é história
comprovada. Logo, aquela terra é deles por direito.
2 Escola de indígena.
Mas, para os povos nativos, essa é uma bata-
“A educação do indígena é completamente diferente da nossa.” lha antiga. Muitas fases já passaram, desde a tute-
la até a autonomia que vão construindo aos tran-
Sobre este tema, pesquise e aponte as diferenças existentes entre a sua forma de ser educado e a do
indígena.
cos e barrancos. Saíram de uma linha de quase
extermínio, quando chegaram a pouco me-
Resposta pessoal/sugestão de resposta.
nos de 150 mil pessoas, para quase um milhão
Durante muito tempo, a educação dos nativos era realizada por meio de experiências de vida que eram de almas que hoje se expressam, se organizam e
repassadas pelos mais velhos e experientes da aldeia. Não havia um formato de escola com conteúdos crescem. O movimento indígena não é mais o
mesmo. Ele se fortalece e se revigora. Isso não
parecidos com a que utilizamos nas cidades. Nos últimos anos, a LDB (Lei de Diretrizes e Base da Edu-
significa que as coisas vão mudar de uma hora
cação) passou a garantir a educação indígena, assegurando a valorização dos aspectos de sua identidade. para outra. Isso tudo é um processo. Significa
que há mudanças substanciais, que há autono-
mia, que há organização soberana, que há orgu-
lho da língua, que há conhecimento de direitos.
É chegada a hora de as escolas começarem
a ensinar também o Guarani, Tupi, Terena,
Capítulo 4 – Indígenas do Brasil 109 Apinajé, Xokleng, Kaingang e tantas outras
línguas que conformam as mais de 300
comunidades indígenas que vivem no Brasil.
1:49 CG_7ºano_04.indd 109 29/03/2018 13:51:49 Porque os povos estão orgulhosamente falando
mas eficazes também nesse mundo. Hoje, são com uma forma de organizar que é bastante sin- suas línguas e lutando pelo seu território, que, na
muitas as associações que organizam as lutas, gular, única, totalmente articulada entre a tradi- cosmovisão originária, é o espaço pleno da cultura
formações e debates sobre a realidade indígena ção, a cosmologia e realidade de viver num mun- — não apenas terra, mas universo totalizante do
em todo o País. do dominado pelo não nativo. seu modo de ser.
Essas entidades organizativas dos povos in- Toda essa mudança no modo de ser dos po- Os indígenas brasileiros estão em plena ca-
dígenas caminham em articulação com a orga- vos indígenas na relação com o Estado aparece minhada de transformação. E, como já anuncia-
nização original, histórica e tradicional dos que em situações bastante específicas. Uma delas se ram os parentes de Chiapas, no distante 1994:
ainda vivem nas aldeias. É um bem elaborado explicitou na grande Florianópolis, quando a co- “Já basta! Nunca mais o mundo sem a gente”. As-
bailado de ligações entre o secreto que sobrevi- missão de notáveis brancos da CPI da Funai veio sim é. A luta pelo território continua e cresce.
ve na aldeia, e as batalhas que precisam ser tra- entrevistar as lideranças da Aldeia Itaty, do Mor-
vadas no mundo não nativo. Ou seja, as popula- ro dos Cavalos. Segundo os deputados que soli- Disponível em http://www.iela.ufsc.br/povos-originarios/
ções originárias estão avançando no seu processo citaram a CPI, os indígenas que ali vivem, não noticia/o-novo-movimento-indigena-brasileiro. Acesso em:
organizativo de maneira autônoma e soberana, estavam naquele lugar em outubro de 1988, 14/12/2017.

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Sugestão de
leitura 3 Leia o texto abaixo.

[...] A feição deles é serem pardos, maneira de avermelhados, de bons rostos e bons narizes,
Iracema bem-feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura. Nem estimam de cobrir ou de mostrar suas vergonhas [...]
Autor: José de Alencar In: Carta de Pero Vaz de Caminha.
Sinopse: Iracema, a virgem tabajara consagra-
Dentre as alternativas abaixo, existe uma que explica por que o indígena não tinha vergonha de andar nu.
da a Tupã, apaixona-se por Martim, guerrei-
a. Os indígenas brasileiros gostavam de se exibir.
ro branco, inimigo de seu povo. Por esse amor
b. Nossos nativos sentiam muito calor e por isso andavam nus, mesmo sabendo que era errado.
abandona a tribo, tornando-se sua esposa. Ao
c. X Eles desconheciam o artefato do vestuário e não sentiam a necessidade de se cobrir.
perceber, mais tarde, que Martim sente sauda-
des de sua terra e talvez de alguma mulher, co- d. Nossos nativos se vestiam, porém naquele momento queriam chocar os portugueses.

meça a sofrer. Tem o filho, Moacir, enquan- 4 De acordo com o que aprendemos, o indígena foi aos poucos sofrendo as consequências do contato
to Martim está lutando em outras regiões. com o branco europeu. Aponte três consequências desse contato que você julgue positivas e negativas
Quando ele volta, Iracema está prestes a mor- tanto para o branco quanto para o indígena.
rer. A virgem dos lábios de mel tornou-se sím- Resposta pessoal/sugestão de resposta.
bolo do Ceará, e seu filho, Moacir, represen- Positivas: A utilização da medicina moderna, o conhecimento de novas técnicas de produção e o co-
ta o primeiro cearense, fruto da integração das
nhecimento da língua portuguesa.
duas etnias.
Negativas: O desaparecimento da língua original, a falta de interesse em resgatar seus valores culturais,

a perda gradativa de suas terras.

Anotações

5 De acordo com o seu conhecimento de mundo, por que a legalização das terras onde vivem as na-
ções indígenas são tão demoradas e difíceis?
Sugestão de resposta: Muitas vezes a legalização das terras que deveriam ser dos indígenas é impedida

devido aos interesses particulares de grandes latifundiários, garimpeiros, seringueiros, etc. A maioria

das terras são altamente produtivas e compostas de diversas riquezas, sendo dessa forma objeto de in-

teresse.

110 Capítulo 4 – Indígenas do Brasil

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Diálogo com o

Geografia em cena
professor
O indígena, na literatura bra-

Reprodução
sileira, inicialmente foi reprodu- Professor, orientamos usar a literatura
zido de forma romântica, como
como aporte para complementar suas aulas.
um elemento dócil e valoroso,
como nos romances indigenistas Por isso recomendamos a leitura do romance
O Guarani e Iracema, de José de indianista Iracema, de José de Alencar, assim,
Alencar, e na Poesia I-Juca-Pira-
ma, de Gonçalves dias.
o aluno poderá contemplar como eram des-
critas as características dos nativos segundo a
Representação de Iracema por José Maria
de Medeiros, 1884. visão literária da época, se for necessário peça
ajuda ao professor de Literatura para que am-
bos trabalhem juntos essa proposta.
A seguir, segue o link de acesso à obra:
Aprenda com arte http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/
Livros_eletronicos/iracema.pdf. Acesso em:
18/12/2017.
A Floresta das Esmeraldas
Direção: John Boorman.
Ano: 1985. Anotações
Sinopse: Bill Markham é um engenheiro norte-americano que viaja ao Brasil com sua família para
trabalhar na construção de uma grande represa hidrelétrica na floresta amazônica. Para isso, será ne-
cessário devastar diversas áreas verdes e desabitar todas as comunidades que trabalham e moram na
região. Como uma forma de vingança, uma tribo indígena conhecida como “os índios invisíveis”, por
usar um pó à base de esmeraldas, rapta o filho de Bill, Tommy, de apenas 7 anos, que passa a ser criado
como um grande guerreiro de costumes indígenas. Dez anos depois, pai e filho, que agora atende por
Tommé, reencontram-se, e as fortes diferenças culturais tornam a situação constrangedora. Baseado
em uma história real.

Iracema, a Virgem dos Lábios de Mel


Direção: Carlos Coimbra.
Ano: 1979.

Sinopse: Guardiã do segredo do licor da Jurema, Iracema é filha do pajé da tribo Tabajara. Virgem,
seu corpo pertence a Tupã, poderosa divindade indígena, e, caso ela se entregue a alguém, será castiga-
da com a morte. Mas a chegada do guerreiro Martim, em missão de reconhecimento, desperta o amor
de Iracema. Irapuã, cacique dos Tabajaras, apaixonado por Iracema, não contém o ciúme e decide
eliminar o estrangeiro. Mas o amor entre Martim e Iracema é mais forte que a intolerância e as leis de
Tabajara, e o casal, para defender a união, decide fugir.

Capítulo 4 – Indígenas do Brasil 111

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Sugestão de
abordagem
Pequeno dicionário geográfico e cultural
Antropólogo: Profissional que estuda o homem Hipótese: Formulação provisória, com in-
Professor, propomos uma atividade in-
e suas interações na sociedade, bem como as di- tenção de ser posteriormente demonstrada
terdisciplinar que poderá ser trabalhada com versas culturas que o homem produziu. ou verificada, constituindo uma suposição
o professor de Língua Portuguesa. Oriente os Autóctone: Nativo da terra. admissível.
Borduna: Arma indígena semelhante a um Lenda: Narrativa de cunho popular transmi-
alunos a elaborarem uma lista de palavras que porrete. tida principalmente de forma oral, de geração
usamos em nosso dia a dia, que são de origem Civilizado: Que possui os costumes e ideias para geração.
indígena. Depois, com o auxílio da Internet, próprios ao estado de civilização. Bem-educa- Mitos: Conjunto de narrativas utilizadas por
do, cortês. povos para explicar fatos da realidade e fenô-
peça-os para procurarem os significados des- Curumim: Criança indígena. menos da natureza, as origens do mundo e
tas palavras e de que povo ela se originaram. A Estreito de Bering: Separação natural entre a do ser humano, que não eram compreendi-
fim de que eles construam um dicionário léxi- América do Norte e a Ásia. dos por eles.
Etnocídio: Destruição sistemática da cultura Mongólicas: Originário da Mongólia, ou
co etimológico. e dos costumes de uma etnia por um grupo ét- mongol.
nico diferente. Negroide: Relativo ao negro.
Etnólogo: Profissional que estuda os povos e Reassentamento: Ato de dar posse de terra.
Anotações etnias, suas culturas, características.
Fundiário: Referente à posse de terras.
Região malaio-polinésia: Região da Oceania.
Sociólogos: Profissionais das ciências huma-
Glaciações: Períodos em que a temperatura nas que se dedicam ao estudo da sociedade, da
do Planeta caiu vertiginosamente, também organização social e das relações entre os indi-
chamados Era do Gelo. víduos em agrupamentos humanos.
Hectare: Unidade de medida equivalente a Vandalismo: Baderna, arruaça, depredação,
10.000 metros quadrados. distúrbio.

Encerramento
1 Mesmo que não percebamos, a influência da cultura indígena no nosso dia a dia é muito grande.
Sobre esse tema, cite:

a. Três influências indígenas na nossa culinária.


Açaí, tapioca e mandioca.

b. Dez palavras originárias de línguas indígenas que fazem parte do nosso dia a dia.
Abacaxi, gambar, canga, pipoca, caboclo, caipira, capivara, Goiás, jaciara e sapo.

c. Duas influências da cultura indígena em nosso vestuário.


Colares feitos de sementes ou dentes de animais e algumas roupas utilizadas em rituais religiosos.

112 Capítulo 4 – Indígenas do Brasil

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Diálogo com o

2 Observe a imagem abaixo.


professor
Ela apresenta a obra Mulher Tupi, do pintor e paisagista Albert
Reprodução

Eckhout, que foi convidado para ir ao Recife pelo conde Maurício


de Nassau durante o governo holandês. Utilize a seção Encerramento para a fina-
Sobre a obra e o que ela retrata, existe uma diferença entre como lização das ideias e debates levantados duran-
vive o nativo e o que o autor reproduziu. Aponte essa divergência te o capítulo, assim, procure sanar as possíveis
e procure explicá-la.
dúvidas que os alunos puderam carregar du-
Sugestão de resposta: De certa forma, cabia à mulher indígena a
rante o processo de aprendizagem.
tarefa de cuidar das crianças e a colheita de alimentos, sendo assim

coerente com a realidade de vida dos indígenas. No entanto, a saia

branca utilizada juntamente com a paisagem colonial no fundo Anotações


diverge um pouco do modelo indígena, apesar possivelmente da

tentativa do autor de demonstrar uma real relação.

3 A preservação da natureza é de suma importância para todo o Planeta. Contudo, para o indígena,
manter a natureza assume uma importância capital. Com o que você aprendeu e os seus conhecimen-
tos, aponte a importância da preservação da natureza para os indígenas.
Os indígenas precisam de uma reposição imediata da natureza para sobreviverem. Por essa razão, sua

utilização deverá ser extremamente cautelosa em função de suas necessidades alimentares. Apesar da

mudança do perfil indígena, boa parte do que se consome e produz é oriunda da natureza.

4 Cite pelo menos três fatores que impedem a legalização das terras indígenas.
Burocracia, pressão dos latifundiários, falta de profissionais na Funai.

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Leia a oração abaixo para responder à questão.

Oração da causa indígena


(Dom Pedro Casaldáliga)

Pai-Mãe da Terra e da Vida, na reconquista de suas terras,


Deus Tupã de nossos pais e mães, na vivência da própria cultura,
venerado nas selvas e nos rios, na fruição da autonomia livre.
no silêncio da Lua e no grito do Sol: E dá-nos (a nós, neocolonizadores)
pelos altares e pelas vidas destruídas vergonha na cara e amor no coração
em teu nome, profanado, para respeitarmos esses povos-raiz
nesta nossa AbiaYala colonizada, e para comungar com eles em plural Eucaristia.
te pedimos que fortaleças Awere, Amém, Aleluia!
a luta e a esperança dos povos indígenas

5 Ao ler o texto da oração acima ficam bastante claros os objetivos daqueles que lutam pela causa
indígena: o reconhecimento à liberdade, o respeito à cultura e o direito à terra.
Crie agora uma oração ou um poema que sensibilize a sociedade para a causa indígena.

Resposta pessoal

6 Como aprendemos, existem três hipóteses para o surgimento do nativo americano. Duas afirmam
que o nativo americano nasceu em áreas distantes da América e para cá migrou, e uma afirma que este
nasceu no Brasil. Sobre esse tema, responda:

a. Quais as diferenças existentes entre as duas hipóteses que afirmam que o nativo americano não nas-
ceu na própria América?
A hipótese asiática diz que o homem chegou à América por meio da travessia do Estreito de Bering, por

onde se formava uma extensa ponte de gelo que ligava a Ásia à América do Norte; já a malaio-polinésia

afirma que essa travessia se deu por meio de canoas no Oceano Pacífico, realizando paradas em ilhas

estratégicas.

114 Capítulo 4 – Indígenas do Brasil

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b. Existe uma hipótese que afirma que o nativo americano é originário do Brasil. Que tipo de descober-
ta coloca em dúvida essa hipótese?
A hipótese autóctone é construída na ideia de que o homem surgiu na América. Todavia, o desco-

brimento de que o fóssil possui características negroides em vez de mongóis levanta uma enorme

inquietação.

7 De acordo com diversos historiadores, existiam mais de 2 milhões de indígenas habitando o ter-
ritório brasileiro quando os portugueses chegaram. Porém, atualmente, segundo a Funai, não passam
de 900 mil. Sobre esse tema, avalie por que as doenças trazidas pelos europeus foram responsáveis pela
morte de milhares de indígenas.
Os indígenas não possuíam uma sistema imunológico que reconhecesse e combatesse as doenças como

gripe, varíola e hanseníase, muito menos existia o conhecimento de como evitá-la. Inevitavelmente,

milhares de indígenas morreram em virtude da contaminação de algumas dessas doenças.

8 Observe a imagem abaixo.


Reprodução

Capítulo 4 – Indígenas do Brasil 115

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Ela é a representação de um ritual de antropofagia segundo o aventureiro alemão Hans Staden. Antro-
pofagia é o ato de consumir uma parte, ou várias partes da totalidade de um ser humano. Essa prática
escandalizou e assustou o indivíduo “civilizado” europeu. Porém, a antropofagia tem um sentido espe-
cial para o indígena.
Com a orientação de seus professores de História e Geografia, pesquise e descreva o ritual e o significa-
do da antropofagia para os indígenas.

Resposta pessoal. Sugestão de resposta: A antropofagia era praticada pelos Tupinambás e se iniciava a

partir da captura do inimigo, que era levado para o convívio social na tribo, podendo casar-se e algumas

vezes morar por longos anos, mas sempre era reconhecido como inimigo. Até que um dia ele era leva-

do para um ritual em que era morto e tinha seu corpo devorado pela comunidade. Existiam também

outras formas de antropofagia.

9 (Mackenzie – Adaptada) “Enquanto os portugueses escutavam a missa com muito prazer e de-
voção, a praia encheu-se de nativos. Eles sentavam-se lá surpresos com a complexidade do ritual que
observavam ao longe. Quando D. Henrique acabou a pregação, os indígenas se ergueram e começaram
a soprar conchas e buzinas, saltando e dançando [...]”
Náufragos, Degredados e Traficantes. Eduardo Bueno.

Este contato amistoso entre brancos e indígenas foi preservado:


a. pela Igreja, que sempre respeitou a cultura indígena no decurso da catequese.
b. X até o início da colonização, quando o nativo, vitimado por doenças, escravidão e extermínio,
passou a ser descrito como sendo selvagem, indolente e canibal.
c. pelos colonos que escravizaram somente o africano na atividade produtiva de exportação.
d. em todos os períodos da História Colonial Brasileira, passando a figura do nativo para o imagi-
nário social como “o bom selvagem e forte colaborador da colonização”.
e. sobretudo pelo governo colonial, que tomou várias medidas para impedir o genocídio e a escravidão.

10 Eram características dos indígenas nativos do Brasil na chegada dos portugueses, em 1500:

a. X A obtenção de recursos baseada na coleta, na caça e na agricultura.


b. A existência de apenas um idioma comum a todas as tribos.
c. A existência de grandes cidades, como a dos astecas.
d. A ausência de artesanato.

116 Capítulo 4 – Indígenas do Brasil

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11 “São esses canibais que conhecerão com Montaigne uma consagração duradoura. Tornam-se a má-cons-
ciência da civilização, seus juízes morais, a prova de que existe uma sociedade igualitária, fraterna, em que o
Meu não se distingue do Teu, ignorante do lucro e do entesouramento, em suma, a da Idade de Ouro. Suas
guerras incessantes, não movidas pelo lucro ou pela conquista territorial, são nobres e generosas.”
(CUNHA, Manuela Carneiro da. Imagens de índios do Brasil: o século XVI. Estud. av., São Paulo, v. 4, n. 10, Dec. 1990, p. 100.)

O trecho acima se refere ao impacto que a figura de certos indígenas canibais brasileiros teve sobre os
europeus no século XVI e, em especial, sobre o pensador francês Michel de Montaigne. Os indígenas
canibais de que Montaigne teve notícia à época eram:
a. X Os nativos da tribo tupinambá.
b. Os nativos do Alto do Xingu.
c. Os nativos Tupi-Guarani, do litoral paulista.
d. Os nativos da fronteira entre Brasil e Bolívia.
e. Os nativos da tribo xavante.

12 (Enem) “A língua de que usam, por toda a costa, carece de três letras; convém a saber, não se acha
nela F, nem L, nem R, coisa digna de espanto, porque assim não têm Fé, nem Lei, nem Rei, e dessa ma-
neira vivem desordenadamente, sem terem além disto conta, nem peso, nem medida”.
GÂNDAVO, P. M. A primeira história do Brasil: história da província de Santa Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil.
Rio de Janeiro: Zahar, 2004 (Adaptado).

A observação do cronista português Pero de Magalhães Gândavo, em 1576, sobre a ausência


das letras F, L e R na língua mencionada demonstra a:
a. simplicidade da organização social das tribos brasileiras.
b. dominação portuguesa imposta aos nativos no início da colonização.
c. superioridade da sociedade europeia em relação à sociedade indígena.
d. X incompreensão dos valores socioculturais indígenas pelos portugueses.
e. dificuldade experimentada pelos portugueses no aprendizado da língua nativa.

13 (FGV – Adaptada) Com relação aos indígenas brasileiros, pode-se afirmar que:
a. Os primitivos habitantes do Brasil viviam na etapa paleolítica do desenvolvimento humano.
b. Os nativos brasileiros não aceitaram trabalhar para os colonizadores portugueses na agricultura,
não por preguiça, e sim porque não conheciam a agricultura.
c. Os indígenas brasileiros falavam todos a chamada “língua geral” tupi-guarani.
d. Os tupis do litoral não precisavam conhecer a agricultura porque tinham pesca abundante e
muitos frutos do mar de conchas, que formaram os “sambaquis”.
e. X Os nativos brasileiros, como um todo, não tinham homogeneidade nas suas variadas culturas e
nações.

Capítulo 4 – Indígenas do Brasil 117

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14 (Vunesp – Adaptada) Os primitivos habitantes do Brasil foram vítimas do processo colonizador.
O europeu, com visão de mundo calcada em preconceitos, menosprezou o indígena e sua cultura. Ao
acreditar nos viajantes e missionários, a partir de meados do século XVI, há um decréscimo da popu-
lação indígena, que se agrava nos séculos seguintes. Os fatores que mais contribuíram para o citado
decréscimo foram:

a. A captura e a venda do nativo para o trabalho nas minas de prata do Potosi.


b. As guerras permanentes entre as tribos indígenas e entre nativos e brancos.
c. O canibalismo, o sentido mítico das práticas rituais, o espírito sanguinário, cruel e vingativo dos
naturais.
d. As missões jesuíticas do vale amazônico e a exploração do trabalho indígena na extração da borracha.
e. X As epidemias introduzidas pelo invasor europeu e a escravidão dos indígenas.

15 Sobre a organização econômica, social e política das comunidades indígenas brasileiras, no período
inicial da conquista do território pelos portugueses, é correto afirmar que:

I. Os nativos viviam em regime de comunidade primitiva, em que a terra era de propriedade privada
dos casais e os instrumentos de trabalho eram de propriedade coletiva.
II. A divisão das tarefas era por sexo; as mulheres cozinhavam, cuidavam das crianças, plantavam e
colhiam; os homens participavam de atividades guerreiras, da caça, da pesca e da derrubada da
floresta para fazer a lavoura.
III. A sociedade era organizada em classes sociais, sendo o excedente da produção controlado pelos
chefes das aldeias, responsáveis pela distribuição dos bens entre os indígenas.
IV. Os indígenas brasileiros não praticavam o comércio, pois tudo que produziam destinava-se à sub-
sistência, realizando apenas trocas rituais de presentes.

Está(ão) correta(s):
a. Apenas I e II.
b. Apenas I e III.
c. Apenas III.
d. Apenas IV.
e. X Apenas II e IV.

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Objetivos
pedagógicos
Capítulo 5 • Refletir sobre as experiências históricas em
solo brasileiro.
Brasil: herança cultural • Analisar as contribuições e os sentidos de
Pelourinho, Salvador, Bahia. Suas igrejas e casas
são Patrimônio Cultural da Humanidade , título
identidades, tomando como base as constru-
concedido pela Unesco, em 1985. ções histórico-geográficas.
• Compreender a construção do indígena, do
negro e do branco na construção da popula-
ção brasileira.
• Analisar a diversidade étnica para compor a
sociedade brasileira.
• Analisar as diferenças étnico-raciais e a
construção do preconceito.

BNCC
Habilidades trabalhadas
no capítulo

(EF07GE04) Analisar a distribuição territo-


rial da população brasileira, considerando a
diversidade étnico-cultural (indígena, africa-
na, europeia e asiática), assim como aspectos
de renda, sexo e idade nas regiões brasileiras.
(EF07GE09) Interpretar e elaborar mapas te-
máticos e históricos, inclusive utilizando tec-
nologias digitais, com informações demográ-
ficas e econômicas do Brasil (cartogramas),
O processo que culminou
na formação do povo
identificando padrões espaciais, regionaliza-
brasileiro tem na miscigenação um ções e analogias espaciais.
mecanismo de consolidação de uma
identidade nada homogênea. Como (EF07GE10) Elaborar e interpretar gráficos
herança do período colonial, uma de barras, gráficos de setores e histogramas,
parcela da população apresenta um
comportamento preconceituoso e com base em dados socioeconômicos das re-
racista dentro de um contexto tão
diverso como o nosso. giões brasileiras.
k.com
itero/Shutterstoc
Rafael Martin-Ga
Capítulo 5 – Brasil: herança cultural 119

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Anotações

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Leitura
complementar Cenário 1

Cultura afro-brasileira se Um mulato


manifesta na música, religião e
culinária chamado Brasil
Somente a partir do século XX, manifesta- Quem é a nação
ções, rituais e costumes africanos começaram a
ser aceitos e celebrados como expressões artísticas
brasileira?
genuinamente nacionais. Em primeiro lugar, precisamos ter cuidado para não cometer um
O Brasil tem a maior população de origem erro muito comum: confundir nação com Estado-nação. Segundo Au-
rélio Buarque de Holanda, no seu Dicionário Aurélio Escolar, “Nação é
africana fora da África e, por isso, a cultura des- o agrupamento humano, em geral numeroso, cujos membros, fixados
se continente exerce grande influência, princi- num território, são ligados por laços históricos, culturais, econômicos
e linguísticos”. Já para Antônio Houaiss, em seu Dicionário Houaiss
palmente na Região Nordeste.
da Língua Portuguesa, “Nação é uma comunidade de indivíduos que,
Hoje, a cultura afro-brasileira é resultado mesmo dispersos em áreas geográficas e políticas diversas, estão unidos
também das influências dos portugueses e in- por identidade de origem, costumes e religião”. Já o Estado-nação é um
conjunto constituído por um território delimitado, onde vive um ou
dígenas, que se manifestam na música, religião vários povos ou nações e que é soberano, uma vez que é composto de
e culinária. um governo e possui leis próprias. Portanto, como vemos, nação faz
Devido à quantidade de escravos recebi- referência ao povo, que possui uma cultura comum. Já o Estado-nação
é o país. Então, podemos afirmar que a nação pode existir sem o Esta-
dos e também pela migração interna destes, os do-nação, como é o caso dos ciganos, palestinos e curdos. Porém, não
estados de Maranhão, Pernambuco, Alagoas, existe Estado-nação (país) sem nação.
Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de

Jelica Videnovic/Shutterstock.com
Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul foram
os mais influenciados.
No início do século XIX, as manifes-
tações, rituais e costumes africanos eram
proibidos, pois não faziam parte do univer-
so cultural europeu e não representavam sua
prosperidade. Eram vistas como retrato de
uma cultura atrasada.
Mas, a partir do século XX, começaram
a ser aceitos e celebrados como expressões ar-
tísticas genuinamente nacionais e hoje fazem
parte do calendário nacional com muitas in-
fluências no dia a dia de todos os brasileiros.
Em 2003, a lei nº 10.639 passou a exigir 120 Capítulo 5 – Brasil: herança cultural
que as escolas brasileiras de ensino fundamen-
tal e médio incluíssem no currículo o ensino
da história e cultura afro-brasileira. CG_7ºano_05.indd 120 29/03/2018 13:51:29 CG

moçambique. Sons e ritmos que percorrem e Durante décadas, a capoeira foi proibi-
Música conquistam o Brasil de ponta a ponta. da no Brasil. A liberação da prática aconte-
A principal influência da música africa- ceu apenas na década de 1930, quando uma
na no Brasil é, sem dúvidas, o samba. O esti- Capoeira variação (mais para o esporte do que ma-
lo hoje é o cartão-postal musical do País e está Inicialmente desenvolvida para ser uma nifestação cultural) foi apresentada ao en-
envolvido na maioria das ações culturais da defesa, a capoeira era ensinada aos negros ca- tão presidente Getúlio Vargas, em 1953,
atualidade. Gerou também diversos subgêne- tivos por escravizados que eram capturados e pelo Mestre Bimba. O presidente adorou e
ros e dita o ritmo da maior festa popular bra- voltavam aos engenhos. a chamou de “único esporte verdadeiramen-
sileira, o Carnaval. Os movimentos de luta foram adaptados te nacional”.
Mas os tambores de África trouxeram às cantorias africanas e ficaram mais parecidos A capoeira é hoje Patrimônio Cultu-
também outros cantos e danças. Além do sam- com uma dança, permitindo assim que trei- ral Brasileiro e recebeu, em novembro de
ba, a influência negra na cultura musical bra- nassem nos engenhos sem levantar suspeitas 2014, o título de Patrimônio Cultural Ima-
sileira vai do maracatu à congada, cavalhada e dos capatazes. terial da Humanidade.

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popularizou entre os brasileiros. Agrupando
práticas de vários credos, entre eles o catolicis-
É bastante complicado julgar a existência de uma única nação
mo, a umbanda originou-se no Rio de Janeiro,
brasileira, dada à diversidade cultural que existe em nosso territó-
rio. Do ponto de vista político, o Brasil é um Estado-nação, pois no início do século XX.
se constitui num conjunto formado pelo povo, ou nação, que vive
sobre um território delimitado por fronteiras e que está vincu-
lado a um poder central, o qual é eleito de forma democrática.
Culinária
Apesar de sermos juridicamente soberanos, não podemos dizer Outra grande contribuição da cultura
que a nação (no sentido de povo) é homogênea, mesmo que se- africana se mostra à mesa. Pratos como o vata-
jamos unificados, possuidores de sentimentos semelhantes, de
uma consciência coletiva sobre valores e das tradições históricas pá, acarajé, caruru, mungunzá, sarapatel, baba
e culturais, como língua, religião e costumes. Além de um imagi- de moça, cocada, bala de coco e muitos outros
nário destino comum, portanto dotando-nos de um sentimento exemplos são iguarias da cozinha brasileira e
de identidade nacional, não existe homogeneidade naquilo que
chamamos “povo brasileiro”. admirados em todo o mundo. Mas nenhuma
Sob todos os pontos de vista, somos diversas nações, alguns receita se iguala em popularidade à feijoada.
ainda estão na idade da pedra, outros já estão no terceiro milênio. Originada das senzalas, era feita das sobras de
Ao longo de cinco séculos, construímos uma nação de claros con-
trastes, que possui como base de formação três grupos étnicos bas- carnes que os senhores de engenhos não co-
tante diferentes. miam. Enquanto as partes mais nobres iam
para a mesa dos seus donos, aos escravos resta-
Grupos formadores da vam as orelhas, pés e outras partes dos porcos,
população brasileira que misturadas com feijão preto e cozidas em
um grande caldeirão, deram origem a um dos
Segundo a moderna Biologia, que através do Projeto Geno- pratos mais saborosos e degustados da culiná-
ma Mundo e, no Brasil, o Genoma Brasil, não existe raças entre os
seres humanos. O correto é utilizar o termo etnias, que vêm a ser
ria nacional.
grupos definidos pela origem e por traços culturais comuns. Esses
traços comuns podem incluir aspectos físicos, como cor da pele e Disponível em: http://www.brasil.gov.br/
tipo de cabelo, mas estas não são as características mais importan-
tes para se definir a própria etnia, e sim o sentimento inseparável cultura/2009/10/cultura-afro-brasileira-se-manifesta-
de reconhecer-se e ser reconhecido pelos iguais, ou seja, pertencer na-musica-religiao-e-culinaria. Acesso em: 14/12/2017.
a uma determinada comunidade. Esse termo é bastante flexível,
podendo incluir grupo de pessoas que pertencem a uma naciona-
lidade, como os portugueses, espanhóis, alemães e italianos; ou
até mesmo várias culturas, como as diversas sociedades indígenas Anotações
ou africanas.
Os três grupos étnicos que constituíram a base de formação
da população brasileira foram: o indígena, o branco (princi-
palmente o europeu) e o negro africano, que processaram uma
intensa miscigenação, ou cruzamento entre si, resultando nos
mestiços ou “pardos” (como são denominados nas estatísticas
oficiais). Convém lembrar que o termo pardo refere-se à ausên-
cia de cor definida, que é o caso do mulato (branco + negro),
do caboclo ou mameluco (branco + indígena) e do cafuzo (in-
dígena + negro).

Capítulo 5 – Brasil: herança cultural 121

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Religião grupo de sacerdotes. Com a vinda ao Brasil e a


A África é o continente com mais reli- separação das famílias, nações e etnias, essa es-
giões diferentes de todo o mundo. Ainda hoje trutura se fragmentou. Mas os negros criaram
são descobertos novos cultos e rituais sendo uma unidade e partilharam cultos e conhe-
praticados pelas tribos mais afastadas. cimentos diferentes em relação aos segredos
Na época da escravidão, os negros trazidos rituais de sua religião e cultura. As religiões
da África eram batizados e obrigados a seguir afro-brasileiras constituem um fenômeno re-
o Catolicismo. Porém, a conversão não tinha lativamente recente na história religiosa do
efeito prático e as religiões de origem africana Brasil. O candomblé, a mais tradicional e afri-
continuaram a ser praticadas secretamente em cana dessas religiões, se originou no Nordes-
espaços afastados, nas florestas e quilombos. te. Nasceu na Bahia e tem sido sinônimo de
Na África, o culto tinha um caráter fami- tradições religiosas afro-brasileiras em geral.
liar e era exclusivo de uma linhagem, clã ou Com raízes africanas, a umbanda também se

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Leitura
complementar
A formação da população brasileira

Influência da cultura indígena Indígena Branco Negro Amarelo

em nossa vida vai de nomes à


medicina Mestiços
Mulato Ainocô
Caboclo
É provável que você conheça alguém branco Caiçara amarelo
+ Mameluco +
chamado Ubiratan ou Jacira. Pode ser
negro Caipira outras
também Iracema, Tainá, Cauã ou Jandi- Capiau Cafuzo etnias
ra. Quem vive ou já visitou o Rio de Janei- indígena indígena
ro, com certeza ouviu falar em Tijuca, Itai- + +
branco negro
pu, Ipanema, Jacarepaguá, Itapeba, Pavuna
e/ou Maracanã. Em São Paulo, quem não
conhece Itaim, Itaquaquecetuba, Butantã, O indígena
Piracicaba, Jacareí e Jundiaí? Não impor- Várias organizações não governamentais indigenistas avaliam que
ta onde se viva, qualquer brasileiro já teve em 1500, quando aqui chegaram, os portugueses encontraram todo
o território ocupado por aproximadamente 6 milhões de indígenas
contato com uma infinidade de palavras de
— diferentemente dos 2 milhões divulgados pela Fundação Nacional
origem indígena, sobretudo da língua tupi- do Índio (Funai) — espalhados por todo o território, distribuídos em
-guarani (união entre as tribos tupinambá e 1.400 nações diferentes, que falavam aproximadamente 1.300 línguas.
guarani), como carioca, jacaré, jabuti, arara,

Filipe Frazao/Shutterstock.com
igarapé, capim, guri, caju, maracujá, abaca-
xi, canoa, pipoca e pereba.
Mas não foi só na língua portugue-
sa que tivemos influência indígena. Sua he-
rança para a formação da cultura brasileira
vai além: passa da comida à forma como nos
curamos de doenças. Os nativos, por meio
de sua forte ligação com a floresta, descobri-
ram nela uma variedade de alimentos, como Curumim, como são chamadas as crianças pelos vários povos indígenas.

a mandioca (e suas variações como a farinha, Os portugueses se maravilharam com os nativos, que revela-
o pirão, a tapioca, o beiju e o mingau), o caju ram uma diversidade cultural atordoante. Eram certamente hábi-
tos muito estranhos a um português, dada a riqueza de crenças,
e o guaraná, utilizados até hoje em nossa ali- costumes, hábitos alimentares, vestimentas, organizações sociais,
mentação. Esse conhecimento das popula- mitos, arquitetura, etc.
Segundo a Funai, existem aproximadamente 900 mil nati-
ções indígenas em relação às espécies nativas
vos, que vivem distribuídos por 586 áreas indígenas, perfazendo
é fruto de milhares de anos de conhecimento
da floresta. Lá, eles experimentaram o cultivo 122 Capítulo 5 – Brasil: herança cultural
de centenas de espécies como o milho, a ba-
tata-doce, o cará, o feijão, o tomate, o amen-
doim, o tabaco, a abóbora, o abacaxi, o ma- CG_7ºano_05.indd 122 29/03/2018 13:51:29

mão, a erva-mate e o guaraná. O artesanato também não fica de fora. mos todas essas contribuições dos nativos,
Outro benefício que herdamos da in- Bolsas trançadas com fios e fibras, enfeites e com a influência na toponímia (nome dos
tensa relação dos nativos e a floresta é em ornamentos com penas, sementes e escamas lugares), na onomástica (nomes próprios),
relação às plantas e ervas medicinais. O co- de peixe são utilizados em diversas regiões na culinária e no tratamento de saúde uti-
nhecimento da flora e das propriedades das do País, que sequer têm proximidade com lizando as ervas medicinais. Portanto, não
plantas os fez utilizá-las nos tratamento de uma aldeia indígena. devemos fazer essa dissociação”, explica.
doenças. Por exemplo, a alfavaca que tem Segundo Chang Whan, pesquisadora e
função antigripal, diurética e hipotenso- curadora do Museu do Índio do Rio de Ja- Disponível em: http://progdoc.museudoindio.gov.br/
ra, ou o boldo que é digestivo, antitóxico, neiro, embora nós tenhamos o costume de noticias/retorno-de-midia/66-influencia-da-cultura-
combate a prisão de ventre e pode ser usado separar a cultura indígena da cultura brasi- indigena-em-nossa-vida-vai-de-nomes-a-medicina.
também nas febres intermitentes (que ces- leira, essa dissociação não está correta. “A Acesso em: 26/12/2017.
sam e voltam logo) são descobertas dos na- cultura brasileira resulta da conjunção de
tivos utilizadas no nosso dia a dia. muitas influências culturais, inclusive te-
C
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um total aproximado de 101,2 milhões de hectares, o equivalente
a 11,85% de todo o território nacional. Ex-donos de toda a terra,
constituem-se apenas em 227 etnias, a maior65ºparte delas na região
amazônica comunicando-se através de 180 línguas.
75º 55º 35º

10º
Povos indígenas do Brasil atual
Yanomami Makuxi
9.000 15.287 N

Baniwa O L
4.197 Wapixana
5.122 S
Tukano Mawé
2.631
RR
3.000

Apurinã AP
Guajajara
Equador
3.000

6.776
Kulina Potiguara
2.437 4.000

Tikunas Xucuru
18.000 AM 3.000

MA CE
PA RN
PI PB
PE
AC
AL
RO TO SE
10º

Fulni-ô
MT BA 3.500
Kaxinawá (AC e AM)
1.987
DF
Pankararu
Bororo
GO
4.000
4.413

Kamba MG
ES Xakriabá
MS
2.000

20º
3.500
Terena (MS e SP)
Tronco Tupi SP
RJ
9.848
Tronco Jê
PR
Trópico
Kaiowá de Cap
Família Karib 12.000
ricórni
Kaingang (RS, SC, PR e SP)
o
Família Aruak 10.428
Nhandeva
Família Tukano 4.900 SC

RS
Família Pano
Família Bororo

30º
Família Yanomami Oceano
Atlântico
Grupo Tikuna
Yanomami Grupos mais numerosos
0 314 km 628 km
9.000
e número de indivíduos
1:29

O branco
Entre
40º
os grupos culturais brancos que compõem a população
brasileira, predominam os de origem europeia, principalmente os
atlanto-mediterrâneos (portugueses, italianos e espanhóis), germa-
nos (alemães e holandeses), eslavos (poloneses e russos) e asiáticos
do Oriente Médio (turcos, árabes, judeus e libaneses).

Capítulo 5 – Brasil: herança cultural 123

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Leitura
complementar Os primeiros a chegar foram os portugueses no século XVI.
Até a chegada da Família Real, no século XIX, apenas esse grupo
humano branco havia entrado em terras brasileiras, salvo raras ex-
Desigualdades raciais se mantêm ceções. Com o incentivo à imigração, a partir do século XIX, ou-
tros grupamentos brancos europeus passaram a entrar em território
no país, segundo estudo. nacional brasileiro. Nesse momento, houve uma predominância do
grupo italiano, seguido pelos alemães.
As desigualdades raciais e sociais continuam A maior concentração ocorre nas regiões Sudeste e Sul, e os
maiores percentuais de brancos no total da população estão nos es-
altas no País. A constatação é do relatório do Insti- tados da Região Sul.
tuto de Estudos Sociais e Políticos da Universida-

Reprodução
de do estado do Rio de Janeiro (Iesp/UERJ). Os
dados indicam que as mulheres negras estão em
desvantagem em relação a outros grupos.
Carla Lima é a primeira da família a concluir
o ensino superior. Ela, assim como muitas mu-
lheres negras, considera que ainda tem que traba-
lhar a mais para provar a competência e se man- Quadro de Benedito Calixto retrata a
ter na profissão que escolheu. “Esse acúmulo de fundação da Vila de São Vicente, em São
Paulo, primeiro núcleo europeu na terra dos
trabalho, essa [necessidade] de mostrar eficiên- “índios”.

cia, e dizer: ‘eu cheguei lá por mérito’, isso é mui- O africano


to dolorido”, afirma a advogada. “Tem o quanto
A presença do negro no Brasil data da primeira metade do sé-
abandonamos de nossa vida pessoal, social e afeti- culo XVI. Trata-se de uma migração forçada, cuja explicação está
va”, destacou, sugerindo que nem todas as pessoas nos lucros gerados pelo tráfico negreiro para suprir a necessidade
têm oportunidades iguais. de mão de obra que trabalharia na monocultura da cana-de-açúcar
ora iniciada no Brasil.
O relatório elaborado pelo Grupo de Estu- Desde o Ciclo da Cana-de-açúcar (século XVI e XVII) até o
dos Disciplinar da Ação Afirmativa (Gemaa), do início do Ciclo do Café (século XIX), passando pelo da Mineração
Iesp, mostra que, apesar do desenvolvimento eco- (século XVIII), o negro representou a principal força de trabalho
do País.
nômico dos últimos anos, as desigualdades não Os dados oficiais são imprecisos acerca da entrada de africanos
diminuíram e dificultam a vida dos brasileiros. O no Brasil. Não existe uma farta memória documental da origem
documento analisou os números de 2011 a 2015 ou quantidade exata de africanos trazidos forçadamente e talvez
jamais se possa escrever com exatidão a história completa da escra-
da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicí- vidão negra no nosso país.
lio (Pnad), elaborada pelo Instituto Brasileiro de O Brasil recebeu de 3,5 a 4 milhões de negros, sendo a maior
parte representada pelos sudaneses, provenientes da África Ociden-
Geografia e Estatística (IBGE).
tal (Guiné, Costa do Marfim, Nigéria) e pelos bantos (Angola-Con-
Segundo a pesquisa, pessoas pretas e pardas golês e Contra-Costa), provenientes da Angola, Congo e Moçambi-
(chamadas negras pelo próprio IBGE), quando que, além de grupos islamizados, como os Guineo-Sudaneses.
Até que a abolição chegasse, o negro insurgiu-se de diversas
somadas, são maioria entre os brasileiros, 55% da formas ao cativeiro e aos maus-tratos, como mostra a imagem.
população. No entanto, em relação aos rendimen-
tos desse grupo, à escolaridade e às classes sociais, 124 Capítulo 5 – Brasil: herança cultural
estão em desvantagem quando comparadas às
pessoas brancas, no topo dos indicadores.
As mulheres negras, em geral, estão sempre CG_7ºano_05.indd 124 29/03/2018 13:51:30

nos mais baixos patamares. O rendimento de- “Pretos e pardos que nascem, ou melhor, que lho já atinge de maneira mais severa a população
las era o menor da pesquisa, R$ 800, enquanto as estão no alto, que têm os melhores empregos, têm preta, depois a parda e, por fim, a branca. “A ten-
mulheres brancas obtinham, por mês, R$ 1.496. mais dificuldade de manter esse status social, ten- dência histórica em sociedades marcadas pela de-
Já homens brancos alcançaram quase o dobro do dem a cair mais do que os brancos que nascem sigualdade, como a nossa, é de as elites perderem
rendimento médio das mulheres pretas e pardas, nessa condição”, explicou o cientista político João menos em tempos de crise e ganharem mais em
R$ 1.559. Feres Júnior, que é coordenador do Gemaa e do le- tempos de bonança”, conclui o documento, defen-
No quesito educação, as desigualdades per- vantamento com base na Pnad. Ele também afir- dendo a manutenção de políticas públicas especí-
manecem, mostrando que o caso da advogada mou que os negros que nascem pobres têm mais ficas para negros.
Carla Lima é exceção. O estudo do Gemaa afir- dificuldade de subir para as ocupações mais altas
ma que entre as raças, não há mobilidade social. ou médias do que os brancos que nascem pobres. Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-
Ou seja, é muito difícil para uma pessoa negra A pesquisa alerta que, em tempos de crise, a humanos/noticia/2017-08/desigualdades-raciais-e-
ascender socialmente e melhorar de vida ou se tendência é que as desigualdades se aprofundem, de-genero-se-mantem-no-pais-constata. Acesso em:
manter lá. como é o caso do desemprego. A falta de traba- 18/12/2017.

C
124

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Oceano
Glacial
Ártico

Grandes Lagos

M ar
M a r Neg r o


spio
Ma
r Mediterrâneo
0 1.255 km 2.510 km

Oceano
Atlântico África
Costa Costa Costa
do do do Área
Escravo Ouro Marfim islamizada

Equador

São Luis Área do Oceano


Congo

Brasil
Recife Área Índico
Oriental
Salvador
e
Angola qu
Oceano

bi
am
Pacífico

Moç
Rio de Janeiro

Fonte: F. M. Salzano e N. Freire- Bantos N


-Maia, Populações brasileiras,
aspectos demográficos, genéticos e O L
antropológicos, p.28 (com com- Sudaneses
plementação). S

Os negros trazidos escravizados do continente africano para o Brasil pertenciam a diferentes culturas e áreas geográficas.

Negro afro-brasileiro e
desigualdade
Quando a abolição do trabalho escravo dos negros foi alcança-
da, o afro-brasileiro foi jogado à própria sorte, visto que não houve
preparação para que estes ganhassem a tão pretendida liberdade.

Distribuição do rendimento familiar per capita, segundo cor ou raça

1999 2009
Entre 1% mais rico Entre 1% mais rico
88,4
82,5
90 90
80 Entre 10% mais pobres 80 Entre 10% mais pobres

64,8
70 70 70 70
62,9
60 60 60 60
50 50 50 50
1:30
40 40 40 40
30 30 28,7 30 30
20 20 20 14,2 20 25,4
8 8 9,4
1,1
10 10 10 10
1,8
0 0 0 0
Branca Preta Parda Branca Preta Parda Branca Preta Parda Branca Preta Parda

Com o passar do tempo, poucos conseguiram sair das margens


da sociedade. A maioria vive ainda vítima do preconceito, discri-
minação e racismo. Segundo dados do Censo Demográfico 2010, a

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Sugestão de
abordagem desigualdade racial continua no Brasil. Os brancos recebendo salá-
rios mais altos e estudando mais que os negros (pretos e pardos). A
Região Sudeste é onde a situação é mais alarmante. Os rendimentos
Realize uma abordagem interdiscipli- recebidos pelos brancos correspondem ao dobro dos pagos aos ne-
gros. A menor diferença é observada na Região Sul, onde a popula-
nar com auxílio da disciplina de História, que ção branca ganha 70% mais que aquela que se autodeclarou negra.
pode tratar das origens históricas do racismo, Isso revela que, mesmo após a eliminação do trabalho escravo, essa
do preconceito e da discriminação no mundo, etnia ainda é alvo de ações discriminatórias.
e Sociologia, que pode se encarregar da análise
Distribuição dos brasileiros de 15 a 24 anos de idade que
do contexto social do surgimento do racismo frequentavam escola, por cor ou raça, segundo o nível de
no Brasil, bem como das diversas legislações ensino (em%)
antiescravistas e seus desdobramentos para os 50,8
49 49,1
afrodescendentes. Por fim, com Filosofia po-
36,6 34,6
derá ser desenvolvido um trabalho para des- 31,1

vendar pensamentos que justificam o racismo, 19,1


13,4
12,8
o preconceito e a discriminação, enquanto 1,5
0,8 1,3
Geografia trataria das práticas racistas, discri- Branca Preta Parda
minatórias e preconceituosas na atualidade, Fundamental Ensino médio Ensino superior Alfabetização de jovens e adultos

bem como os seus desdobramentos em diver- Fonte: IBGE. Censo Demográfico 2010.

sos níveis e contextos. Discriminação racial é o ato de apartar, separar, segregar pes-
soas de origens raciais diferentes. Parte-se do princípio de que exis-
tem raças inferiores a outras. No Brasil, a Constituição não permite
Anotações que nenhum cidadão seja preterido em virtude de sua cor, sexo, re-
ligião, orientação sexual ou condição social. Isso faz com que essa
discriminação ocorra de forma velada, sem se mostrar claramente.

Diversidade étnica e
questão racial no Brasil
Como vimos, o Brasil não apresenta uma etnia homogênea.
Brancos europeus, negros africanos e indígenas estão na base ge-
nética dos mais de 205 milhões de habitantes do País. Segundo es-
tudos recentes, tendo como base o Projeto Genoma Brasil, mais de
60% dos que se julgam “brancos” têm genes de indígenas ou negros.
Somos majoritariamente mestiços, apesar de o Censo brasi-
leiro operar com categorias margeadas pela cor da pele — branco,
negro ou pardo —, que se fundamentam no contexto social e na
autopercepção.
Um panorama interessante da nossa constituição étnica está
sendo encontrado por um conjunto de pesquisas comandadas pelo

126 Capítulo 5 – Brasil: herança cultural

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Diálogo com o
geneticista Sérgio Danilo Pena, da Universidade Federal de Minas Geografia em cena
professor
Gerais (UFMG). O estudo, intitulado Retrato molecular do Brasil,
identifica com clareza quem deu origem ao “pai” e à “mãe” de cada Ler é essencial. Para que
pessoa, se europeu, africano ou indígena. Os resultados mostraram se compreenda as questões É necessário promover uma discussão
que 97% dos brancos brasileiros têm ancestrais europeus pelo lado étnicas, os principais poe-
da linhagem paterna. Nesse mesmo grupo, as linhagens maternas se
quanto ao papel da sociedade brasileira como
tas são Castro Alves, Luiz
abrem numa árvore de três ramos: 39% são europeias, 33% amerín- Gama e Cruz e Sousa. Leia geradora de preconceitos sociais. Durante as
dias e 28% africanas, ou seja, 61% dos brasileiros brancos têm he- suas obras e suas biografias. aulas podem-se fazer discussões que descons-
rança indígena ou africana em seu patrimônio genético, sempre pelo
lado materno. truam ideais racistas que ainda perpetuamos
sem dar-nos conta.
Ensaio geográfico
1 O Brasil é conhecido por ser um país multiétnico. São colocados como os principais elementos
formadores da nação brasileira: Sugestão de
a. Portugueses, os africanos e os imigrantes árabes, japoneses, italianos e alemães. abordagem
b. Imigrantes italianos, africanos e os imigrantes árabes.
c. Indígenas, imigrantes árabes e os imigrantes japoneses e italianos.
d. X Os nativos brasileiros – os indígenas, os europeus brancos e os africanos, povo que aqui foi es- Professor, use todos os meios possíveis
cravizado. em sua escola para levantar questionamentos e
e. Os africanos negros escravizados, os europeus — essencialmente italianos, holandeses e alemães debates quanto aos problemas de preconceito
— e os imigrantes árabes. que enfrentamos diariamente. A seguir indi-
2 (Udesc) No Jornal Folha de S.Paulo do dia 30 de maio de 2010, ao comentar o futebol e o racismo camos um filme que traz a inversão de papéis,
no Brasil, o pesquisador Victor Andrade de Melo, coordenador do Laboratório de História do Esporte ou seja, os bancos sofrem racismo dos negros.
e do Lazer da Universidade Federal do Rio de Janeiro, declarou que “O futebol não está além da socie-
dade, não está imune ao preconceito racial. Pode ser obliterado pelo racismo à brasileira, uma crença de
que a miscigenação impede o racismo, o que na realidade só deixa mais difícil de ser combatido”. Faça Vista minha pele
um comentário acerca da declaração, relacionando as formas pelas quais as escolas brasileiras podem Direção: Joel Zito Araújo
combater esse “racismo à brasileira” citado pelo pesquisador Victor Andrade de Melo.
O filme coloca a realidade dos negros em evi-
Sendo o racismo um problema tão incrustado na sociedade brasileira, a escola pode ser um local de
dência ao propor uma inversão: narra a histó-
tentativa de criação de uma mentalidade solidária e tolerante com relação à diferença. Ao colocar em ria de brancos e negros, em papéis trocados. A
contato crianças de classes sociais diferentes e de características diferentes mediante um projeto peda-
empregada da família negra rica é branca, os
padrões de beleza são pautados na beleza ne-
gógico que visa derrubar os preconceitos, a escola pode se tornar um local de socialização solidária para
gra etc. Nesse contexto, ele retrata a trajetória
essas crianças. de uma aluna branca que tenta se adaptar nes-
se universo.

Link: https://www.youtube.com/
watch?v=LWBodKwuHCM. Acesso em: 18/12/2017.

Capítulo 5 – Brasil: herança cultural 127 Sugestão de


filme
1:30 CG_7ºano_05.indd 127 29/03/2018 13:51:30

Anotações Xingu
Direção: Cao Hamburguer
Sinopse: Três jovens irmãos decidem vi-
ver uma grande aventura. Orlando, Cláudio
e Leonardo, os Irmãos Villas-Bôas, alistam-
-se na Expedição Roncador-Xingu e partem
numa missão desbravadora pelo Brasil Cen-
tral. A saga começa com a travessia do Rio das
Mortes, e logo eles se tornam chefes da em-
preitada, envolvendo-se na defesa dos povos
indígenas e de suas diversas culturas, regis-
trando tudo num diário batizado de A Mar-
cha para o Oeste.

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Diálogo com o
professor 3 O que se entende por etnia?
A etnia é um grupo definido pela origem, cultura, língua, modo de agir, etc.
Peça para que seus alunos façam uma pes-
quisa sobre as origens do candomblé e da um-
banda. Descubra como essas religiões de ma- 4 Cite três exemplos de práticas que você julga racistas, preconceituosas ou discriminatórias.
trizes africanas se desenvolveram no Brasil e O aluno deve levar em consideração a sua percepção sobre o que vem a ser o preconceito.
peça para eles compararem o panteão dos ori-
xás do candomblé com os santos católicos.
Para isso, faça um trabalho interdisciplinar
com as disciplinas Filosofia e Artes.
Geografia em cena

Anotações O fim de um sonho, o começo de um ideal.

Reprodução
Em 6 de fevereiro de 1694, caía, depois de resistir por 65 anos, a
“Troia” negra, símbolo de resistência e liberdade negra. Na manhã da-
quele 6 de fevereiro, as tropas de Domingos Jorge Velho romperam as
muralhas de Palmares. Zumbi e seus homens lutaram ferozmente para
proteger a cidadela, mas o armamento das tropas inimigas garantiu a
derrota do povo palmarino. Após a perda de 400 homens e o aprisiona-
mento de inúmeros outros, a tomada do Mocambo do Macaco pôs fim
ao Quilombo de Palmares. Os 65 anos de luta garantiram a Palmares o
título de “reduto da liberdade”, e a força e o vigor desse povo foram imor-
talizados na figura de Zumbi.
Palmares caiu, mas o ideal de luta e afirmação do povo negro ecoou
para a eternidade.

Aprenda com arte

Quilombo
Direção: Cacá Diegues.
Ano: 1984.

Sinopse: Por volta de 1650, um grupo de escravos se rebela num engenho de Pernambuco e ruma
ao Quilombo dos Palmares, onde uma nação de ex-escravos fugidos resiste ao cerco colonial. Entre
eles, está Ganga Zumba, príncipe africano e futuro líder de Palmares. Seu herdeiro e afilhado, Zumbi,
contestará as ideias conciliatórias de Ganga Zumba, enfrentando o maior exército visto na história
colonial brasileira. Quilombo foi inspirado nos livros Ganga Zumba, de João Felício dos Santos, e
Palmares, de Décio de Freitas.

128 Capítulo 5 – Brasil: herança cultural

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Sugestão de
abordagem
Amistad
Direção: Steven Spielberg.
Ano: 1997.
Professor, construa com seus alunos uma
definição do que é preconceito e racismo. Peça
para que eles escrevam em seus cadernos os
Sinopse: Baseado em um evento real, este filme relata a incrível história de um grupo de escravos
africanos que se rebela e se apodera do controle do navio que os transporta e tenta retornar à sua conceitos que encontraram e depois exponham
terra de origem. Quando o navio, La Amistad, é aprisionado, esses escravos são levados para os Esta- o resultado de suas pesquisas para toda a turma,
dos Unidos, onde são acusados de assassinato e são jogados em uma prisão à espera do seu destino.
Uma empolgante batalha se inicia, o que capta o interesse de toda a nação e confronta os alicerces do
sempre com sua orientação e seguimento.
sistema judiciário norte-americano. Entretanto, para os homens e mulheres sendo julgados, trata-se
simplesmente de uma luta pelo direto básico de toda a humanidade: à liberdade.
Anotações
Pequeno dicionário geográfico e cultural
Ancestrais: Relacionado ao antepassado.
Autopercepção: Capacidade de se perceber.
Étnicos: Próprio ou referente a uma população, à cultura de um povo.
Islamizados: Que adquiriu características do islamismo.
Linguísticos: Referentes a idioma ou língua.
Soberano: Aquele ou aquilo que reina, ou que tem poder/domínio acima dos outros.

Encerramento
1 A população brasileira é resultante da miscigenação entre etnias brancas, negras e indígenas. Se-
gundo o Censo brasileiro realizado pelo IBGE, a etnia brasileira em maior quantidade no conjunto da
população é a branca, com pouco mais de 50% do total. Marque a alternativa que indica o segundo
maior contingente étnico que constitui a população brasileira.
a. Negro, com aproximadamente 40% do total.
b. Indígena, com aproximadamente 30% do total.
c. X Pardos, com aproximadamente 40% do total.
d. Japoneses, com aproximadamente 20% do total.
e. Mulato, com aproximadamente 35% do total.

2 Associe a segunda coluna com a primeira.


1 Mameluco. 4 Indivíduo híbrido, resultante da mistura de negro com o indígena.
2 Crioulo. 1 Indivíduo híbrido, resultante da mistura do branco com o indígena.
3 Pardo. 3 Indivíduo híbrido, resultante da mistura de negro com o branco.
4 Cafuzo. 2 Denominação generalista que abarca todos os elementos mestiços brasileiros.

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Sugestão de
abordagem 3 (PUC-MG) Sobre o racismo no Brasil, é correto afirmar que, exceto:
a. Originou-se da escravidão, em que o negro era visto como raça inferior.
Professor, sugerimos que use o mapa no b. O mito da democracia racial mascara e dificulta o debate sobre a questão.
link a seguir. Discuta e interprete com os alu- c. Tornou-se crime inafiançável e imprescritível pela lei Afonso Arinos.
nos os indicadores do mapa. Relacione os co- d. X É mais retórico que real, como demonstra a ascensão social de negros como Pelé e Celso Pitta.
nhecimentos construídos até este ponto, fa- e. Tem no Dia Nacional da Consciência Negra (20 de novembro) um espaço privilegiado para sua
zendo ponte com outras matérias, como discussão.
História. 4 “Eu sou mameluco, sou de Casa Forte, sou de Pernambuco, eu sou o Leão do Norte” (Leão do Norte
Neste mapa há as informações do núme- – Lenine). O refrão da música cita um dos elementos pardos que fazem parte do nosso povo miscige-
nado. Entre as alternativas abaixo, marque aquela que apresenta as partes que, ao se unirem, geraram
ro de pessoas que se autodeclararam negras ou esse personagem da nossa cultura.
pardas no último senso IBGE que houve, em
a. Branco e negro.
2010.
b. Negro e indígena.
c. X Indígena e branco.
Link: https://censo2010.ibge.gov.br/noticias-censo.ht
ml?busca=1&id=1&idnoticia=2507&t=ibge-mapeia-
5 O povo brasileiro é resultado da miscigenação de indígenas, brancos e negros. O resultado deste
distribuicao-populacao-preta-parda&view=noticia . relacionamento em diferentes regiões recebe as seguintes designações:
Acesso em: 18/12/2017. I. Mameluco, caldeamento do indígena com o branco; e mulato, cruzamento do negro com o branco.

Anotações II. Cafuzo, caldeamento do indígena com o negro; e caipira, cruzamento do indígena com o branco.
III. Criolo, caldeamento do branco com o indígena; e caboclo, cruzamento do indígena com o negro.

A alternativa correta é:
a. III.
b. I, II e II.
c. II e III.
d. I e II.
e. X I.

6 (Enem) Torna-se claro que quem descobriu a África no Brasil, muito antes dos europeus, foram os
próprios africanos trazidos como escravos. E esta descoberta não se restringia apenas ao reino linguís-
tico, estendia-se também a outras áreas culturais, inclusive à da religião. Há razões para pensar que os
africanos, quando misturados e transportados ao Brasil, não demoraram em perceber a existência entre
si de elos culturais mais profundos.
(SLENES, R. Malungu, ngoma vem: África coberta e descoberta do Brasil. Revista USP. n. 12, dez./jan./fev. 1991-92 –
Adaptado.)

Com base no texto, ao favorecer o contato de indivíduos de diferentes partes da África, a experiência
da escravidão no Brasil tornou possível a:

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a. X formação de uma identidade cultural afro-brasileira.
b. superação de aspectos culturais africanos por antigas tradições europeias.
c. reprodução de conflitos entre grupos étnicos africanos.
d. manutenção das características culturais específicas de cada etnia.
e. resistência à incorporação de elementos culturais indígenas.

7 (Enem) “A população negra teve que enfrentar sozinha o desafio da ascensão social e fre-
quentemente procurou fazê-lo por rotas originais, como o esporte, a música e a dança. Esporte,
sobretudo o futebol, música, sobretudo o samba, e dança, sobretudo o Carnaval, foram os princi-
pais canais de ascensão social dos negros até recentemente. A libertação dos escravos não trouxe
consigo a igualdade efetiva. Essa igualdade era afirmada nas leis, mas negada na prática. Ainda
hoje, apesar das leis, aos privilégios e arrogâncias de poucos correspondem o desfavorecimento e
a humilhação de muitos.”

CARVALHO, J. M. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006. Adaptado.

Em relação ao argumento de que no Brasil existe uma democracia racial, o autor demonstra que:

a. essa ideologia equipara a nação a outros países modernos.


b. esse modelo de democracia foi possibilitado pela miscigenação.
c. essa peculiaridade nacional garantiu mobilidade social aos negros.
d. X esse mito camuflou formas de exclusão em relação aos afrodescendentes.
e. essa dinâmica política depende da participação ativa de todas as etnias.

8 Leia e observe o que foi apresentado abaixo:

“Às vezes eu acho, Que todo preto como eu, Só quer um terreno no mato, Só seu. Sem luxo, descalço
nadar num riacho, Sem fome, Pegando as fruta no cacho. Aí truta, é o que eu acho, Quero também,
Mas em São Paulo, Deus é uma nota de 100, Vida loka” (Racionais Mc’s – Vida Loka – Parte II).

Sobre a temática apresentada acima, marque a alternativa incorreta.


a. O dia da Consciência Negra é marcado por grandes manifestações em todo o Brasil, pela luta
de melhores condições de vida a essa etnia. A data é uma homenagem à morte de Zumbi dos
Palmares, líder de quilombo que lutou contra a escravidão durante o Brasil colonial.
1:31

b. Devido ao processo de miscigenação que apresenta a atual sociedade brasileira, tanto a etnia
branca quanto a etnia negra está diminuindo proporcionalmente para dar espaço à população
parda ou mestiça.
c. Sempre ocorreu uma valorização dos personagens históricos de cor branca. Como se a história do
Brasil tivesse sido construída somente pelos europeus e seus descendentes. Imperadores, navega-
dores, bandeirantes, líderes militares, entre outros, foram sempre considerados heróis nacionais.
Agora temos a valorização de um líder negro em nossa história e, esperamos que em breve outros

Capítulo 5 – Brasil: herança cultural 131

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personagens históricos de origem africana sejam valorizados por nosso povo e por nossa história.
Passo importante está sendo dado neste sentido, pois nas escolas brasileiras já é obrigatória à inclu-
são de disciplinas e conteúdos que visam estudar a história da África e a cultura afro-brasileira.
d. X Com o sucesso das Cotas Raciais em todas as Universidades públicas — obrigatoriedade deter-
minada pelo governo —, a população negra está tendo acesso à educação pública e de qualidade,
diminuindo assim as desigualdades sociais entre etnias. São Paulo é o Estado brasileiro onde as
desigualdades estão diminuindo mais por consequência da forte ação e fiscalização do Estado.
e. A crítica que se estabelece ao dia da Consciência Negra é que apenas um dia não é o suficiente
para minimizar séculos de exploração e dizimação dessa população. Na charge apresentada, a
atual sociedade desconhece o sofrimento e a luta histórica dessa população, que luta para garan-
tir o mínimo: igualdade étnica, direito e acesso, como afirma o grupo Racionais em sua música.

9 Muitas vezes usamos as palavras sociedade, povo, nação e país como sinônimos. Apesar de parecidas,
essas palavras não significam exatamente a mesma coisa. Portanto, é necessário saber o significado de
cada uma delas.
Assinale a alternativa incorreta:
a. Entende por povo os grupos de pessoas que falam a mesma língua e possuem as mesmas tradi-
ções. Por exemplo: o povo brasileiro, o povo judeu, o povo cigano etc.
b. X Um povo precisa ter necessariamente território próprio, para ser considerado assim.
c. Nação é o mesmo que povo, isto é, um conjunto de pessoas com língua e tradições comuns, e
que possuem um território com governo e leis próprias. Além disso, a ideia de nação tem um
sentido mais amplo de um vínculo que une os indivíduos por meio de uma identidade nacional.
d. Um agrupamento de indivíduos que vive num certo espaço geográfico e se relaciona de acordo
com determinadas regras é uma sociedade. Em Geografia, nosso interesse é a sociedade humana,
pois é ela que modifica profundamente a natureza e constrói o espaço geográfico.

132 Capítulo 5 – Brasil: herança cultural

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Objetivos
pedagógicos
Capítulo 6 • Caracterizar a população ocupacional bra-
sileira desvendando a lógica e os fatores que
Brasil: movimentos migratórios acarretaram historicamente a sua distribuição.
A seca faz, da Região Nordeste do Brasil, a prin- • Descrever os principais fatores que influen-
cipal região de repulsão populacional no País.
ciaram os deslocamentos populacionais sobre
o seu território.
• Entender a nova dinâmica das migrações
internas do Brasil como reflexo de uma nova
política econômica e de geração de emprego.
• Compreender as causas que acarretam o
êxodo rural no Brasil.
• Identificar os principais transtornos provo-
cados pela migração pendular no Brasil.
• Correlacionar crescimento populacional,
desenvolvimento e distribuição de renda/ri-
queza.
• Identificar os diferentes grupos de imigran-
tes que entraram no Brasil no início do sécu-
lo XIX, apontando as suas respectivas áreas de
destino e ocupação.

BNCC
Habilidades trabalhadas
no capítulo

(EF07GE04) Analisar a distribuição territo-


O Brasil foi formado
rial da população brasileira, considerando a
a partir de constantes deslocamentos diversidade étnico-cultural (indígena, africa-
de pessoas de regiões diferentes.
Estudaremos, ao longo deste capítulo, na, europeia e asiática), assim como aspectos
as causas e consequências do processo de renda, sexo e idade nas regiões brasileiras.
de migração. Assim, compreenderemos
uma porção da história que compõe a (EF07GE09) Interpretar e elaborar mapas te-
identidade desse país.
máticos e históricos, inclusive utilizando tec-
hutterstock.com
nologias digitais, com informações demográ-
Luciano Queiroz/S
Capítulo 6 – Brasil: movimentos migratórios 133 ficas e econômicas do Brasil (cartogramas),
identificando padrões espaciais, regionaliza-
ções e analogias espaciais.
CG_7ºano_06.indd 133 29/03/2018 13:56:02 (EF07GE10) Elaborar e interpretar gráficos
de barras, gráficos de setores e histogramas,
Anotações com base em dados socioeconômicos das re-
giões brasileiras.

133

ME_CG_7ºano_06.indd 133 14/05/2018 12:19:59


Diálogo com o
professor Cenário 1

O objetivo deste estudo é estimular no


aluno a consciência valorativa do ser brasilei-
As andanças do
ro. Para isso, utilize músicas que exaltem os as- povo brasileiro
pectos positivos do nosso País e fale sobre as
conquistas nacionais e internacionais de brasi- Migrações e a
leiros em diversos campos.
construção do espaço
brasileiro
Anotações
Migração é o deslocamento da população de um lugar para o
outro. As pessoas deslocam-se de áreas onde as condições de vida
são dificultadas, por fatores sociais e naturais, para áreas que pos-
sam lhes oferecer melhor qualidade de vida.
Migrações internas correspondem aos movimentos popula-
cionais que ocorrem dentro de um país sem alterar sua população
absoluta, embora provoquem significativas mudanças econômicas
e sociais nas áreas onde acontecem. Essas migrações ocorrem na sua
grande maioria em virtude de questões econômicas.

Migrações internas
anteriores ao século XX
Até o início do século XX, a população brasileira deslocou-se
por diferentes ciclos econômicos, pois, como resultado da cons-
trução histórica, a nossa economia esteve voltada para atender os
interesses dos centros de poder, fato que desenvolveu uma econo-
mia na qual, periodicamente, um produto despontava como mais
importante, gerando uma área momentaneamente rica e próspera,
tornando-se polo de atração populacional.
Inicialmente, nos séculos XVI e XVII, a Zona da Mata nordes-
tina, em virtude do desenvolvimento do Ciclo do Açúcar, tornou-
-se a primeira área de povoamento efetivo do Brasil, atraindo para
ela toda sorte de aventureiros, trabalhadores livres e pequenos co-
merciantes (mascates).
Foi a partir da metade inicial do século XVII, com o impedi-
mento da criação bovina na região açucareira, que ocorreu o pri-
meiro deslocamento populacional para o interior do Brasil, com a
penetração da pecuária para o agreste e sertão do Nordeste.
O século XVIII apresenta uma mudança do eixo econômico.
A quebra da economia do açúcar e a descoberta do ouro nas Minas

134 Capítulo 6 – Brasil: movimentos migratórios

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134

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Sugestão de
Gerais do Brasil acarretam um grande deslocamento populacional, abordagem
principalmente de nordestinos e paulistas, para essas áreas. É nesse
momento que o nordestino começa a sua saga de retirante.
Fugindo da seca, dos coronéis e da fome, o nordestino passa a Peça para que seus alunos pesquisem com
migrar progressivamente para outras regiões em busca de melhores
condições de vida.
sua família de onde os familiares são. Se hou-
O esgotamento dos veios auríferos e o fim da escravidão mu- ve migração de alguma das partes do Brasil, as-
daram os rumos das migrações. Um grande contingente migratório sim será possível uma melhor assimilação do
composto basicamente de nordestinos (principalmente cearenses)
dirigiu-se para a Amazônia durante os anos de 1870 e 1910, quando a conteúdo e fará com que eles busquem suas
borracha comandava a economia nacional. Porém, o ciclo foi fugaz. O raízes.
contrabando de mudas de seringueiras, o espaçamento exagerado entre
as árvores, e, depois, a concorrência com a produção inglesa na Malásia
(onde as árvores eram cultivadas em forma de plantation) causaram a
rápida decadência dessa atividade. Como saldo, houve barões enlou- Anotações
quecidos, terras arrasadas e milhares de nordestinos mortos.

Geografia em cena

Em 2012 completou 100 anos do nascimento do Rei do


baião, Luiz Gonzaga, o mais famoso migrante nordestino.
Luiz Gonzaga do Nascimento nasceu no dia 13 de dezem-
bro de 1912, em uma casa de barro batido na Fazenda Caiça-
ra, povoado do Araripe, localizado a aproximadamente 12 km
da cidade de Exu.
Luiz encantou todo o Brasil e o mundo com sua sanfona e
com músicas que mostram a saga do homem do Nordeste, espe-
cialmente o sertanejo. Entre as canções que ficaram imortaliza-
das na sua voz destacamos Asa Branca, parceria com Humberto
Teixeira; Acauã, de Zedantas; A Feira de Caruaru, de Onildo
Almeida; e Triste Partida, de Patativa do Assaré.
Vitoriano Júnior.

Estátua de Luiz Gonzaga no centro do Recife, PE.

Capítulo 6 – Brasil: movimentos migratórios 135

6:02 CG_7ºano_06.indd 135 29/03/2018 13:56:03

135

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Diálogo com o
professor
Migrações no início do
Além de ajudar os alunos a identificar e século XX
compreender as interações entre os fluxos mi- A cafeicultura pouco estimulou a vinda de migrantes de outras
partes do Brasil. Era preferível a mão de obra europeia. Mas, aos
gratórios, é importante promover reflexões
poucos, lá estavam eles novamente. Milhares de brasileiros, prin-
sobre discriminação. Questione os estudan- cipalmente nordestinos, que mansamente entravam nas terras do
tes a respeito do próprio comportamento: eles Sudeste e do Sul. Na maioria, fugiam da Zona da Mata canavieira e
do Sertão, onde a seca é violenta.
têm amigos vindos de outros lugares? Eles res- Caminhando pelas péssimas estradas brasileiras, lá estavam
peitam as variações linguísticas existentes e o eles novamente, ao lado de mineiros, escravos e ex-escravos, em bus-
modo de viver? ca de trabalho e melhores condições de vida nas fazendas de café no
Planalto Ocidental Paulista, no norte do Paraná e no Mato Grosso
(atual Mato Grosso do Sul).
Leitura Com a quebra da bolsa de valores de Nova York, em 1929, a eco-
nomia brasileira sofreu uma grave crise: nosso principal produto de
complementar exportação, o café, não conseguia mais ser comercializado no exterior.

Migrações entre as
Os fluxos migratórios no décadas de 1930 e 1960
Brasil
A quebra da economia cafeeira não diminuiu o poder de
Revisitando o histórico dos fluxos migra- atração da Região Sudeste sobre outras áreas brasileiras, pois essa
porção do espaço brasileiro construiu um parque industrial para
tórios, é possível compreender que eles se es- substituição de produtos importados e, após o término da Segunda
gotam com o tempo. A marcha para o Oes- Guerra Mundial, com o acelerado desenvolvimento econômico de
te do País, em 1970, era formada, sobretudo São Paulo, o Sudeste cresceu economicamente, ao mesmo tempo
em que o Nordeste padecia com a estagnação agroindustrial.
por sulistas em busca de fronteiras agríco- Lá estavam os nordestinos novamente, na estrada, lotando paus de
las e a fim de colonizar estados como Rondô- arara. Vários dos que foram atraídos pela oferta de empregos nas indús-
trias terminaram trabalhando como peões na construção civil ou como
nia, mas perdeu força gradualmente. “E, com
subempregados, fazendo pequenos biscates. Outros grupos de nordesti-
a concentração de terras e a organização de nos, denominados candangos, foram seduzidos
Agência Brasil

pastagens, estados como Mato Grosso deixa- pelo “canto da sereia” e seguiram para construir
Brasília, entre 1956 e 1960. Muitos ficaram por
ram de representar boas oportunidades de- lá, dando origem às cidades-satélites.
pois de 1980”, conta José Marcos da Cunha, Os desencantados com o Planalto Cen-
demógrafo da Universidade Estadual de Cam- tral iniciaram, timidamente, uma migração em
direção às novas áreas de fronteiras no Mato
pinas (Unicamp). O volume de ida para o es- Grosso e em Rondônia, em busca da riqueza
tado de São Paulo também diminuiu conside- nos garimpos de ouro e pedras preciosas.
ravelmente entre 1995 e 2000: os imigrantes Originalmente, a palavra candango era usada para referir-se
(assim denominados os que chegam) eram 1,2 aos trabalhadores vindos principalmente da Região Nordeste
do Brasil para a construção de Brasília.
milhão e, entre 1999 e 2004, passaram a so-
mar 870 mil, segundo dados obtidos na Pnad. 136 Capítulo 6 – Brasil: movimentos migratórios
Mas muitas pessoas também fizeram o cami-
nho inverso no mesmo período: foram 105
mil emigrantes (assim denominados os que CG_7ºano_06.indd 136 29/03/2018 13:56:03

saem) a mais que imigrantes. Cunha. As hipóteses apresentadas para justi- ginários do Nordeste e de estados nortistas.
Conforme explica Fausto de Brito, de- ficar esse movimento estão relacionadas à re- Outra mudança é a do perfil de quem sai.
mógrafo da Universidade Federal de Minas dução e terceirização do emprego na indústria Brito explica que antes a família toda migra-
Gerais (UFMG), o movimento de pessoas faz no Sudeste, aos novos focos de crescimento va. Agora, quem deixa sua terra tende a ir sozi-
parte da dinâmica das sociedades. É normal, econômico no Nordeste e aos programas de nho. “Problemas de moradia, oferta de empre-
portanto, surgirem novos fluxos . Atualmen- transferência de renda do governo federal. go e violência contribuem para isso”, comenta.
te, o movimento que mais chama a atenção é o A lista de novidades inclui movimentos E as intenções também mudaram: o emigran-
de volta aos locais de origem. Muita gente, por que ocorrem dentro de alguns estados, como te de agora almeja ficar fora o tempo suficien-
exemplo, está deixando o Sudeste e voltando o Paraná: sua atratividade está concentrada te para ganhar um bom dinheiro.
para o Nordeste: o crescimento do volume na área metropolitana de Curitiba. E, quanto
de migrantes nesse fluxo foi de 19% entre os aos deslocamentos interestaduais, vale desta- Disponível em: https://novaescola.org.br/
períodos de 1995 – 2000 e 1999 – 2004. “É car o Pará, o único na Região Norte que man- conteudo/2323/os-fluxos-migratorios-no-brasil. Acesso
um retorno expressivo, nunca visto antes”, diz tém um volume crescente de imigrantes ori- em: 18/12/2017. Adaptado.

C
136

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Migrações entre 1950 e
1970
Com a consolidação dos governos militares, após 1970, desen-
volveu-se um plano para a integração do território brasileiro a par-
tir da criação de frentes pioneiras agrícolas para as Regiões Norte
e Centro-Oeste. Nas décadas 1960, 1970 e 1980, as maiores taxas
de crescimento populacional ocorreram exatamente nessas duas
regiões. Quem estava na base desse crescimento eram os nordesti-
nos, porém, nesse momento, não estavam sozinhos: mineiros, para-
75º 65º 55º 35º

naenses e gaúchos também se dirigiram para essas regiões.


10º

Migração – 1950–1970

Oceano
RR
AP
Atlântico
Equador

AM

CE
MA RN
PA
PI PB

PE
AC
AL
RO
TO SE

MT

BA

N DF
GO
O L
MG
S MS
ES

SP
RJ
Principais fluxos
migratórios no
PR Trópico de
Capricó
período de 1950–1970 rnio
Fonte: SANTOS, R. B., 1994.

SC
0 488 km 976 km
Oceano
RS
Atlântico

Migrações entre 1970 e


6:03

1990
O período que compreende as décadas de 70 e 90 continua
a apresentar, como movimento migratório mais forte, o clássico
fluxo de nordestinos para a Região Sudeste. Contudo, essa década
revela ocorrências de fluxos migratórios bem menores: segundo a

Capítulo 6 – Brasil: movimentos migratórios 137

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137

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Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE,
entre 1986 e 1992 os fluxos migratórios movimentaram 5 milhões
de pessoas. O fluxo continua direcionado para as Regiões Norte e
Centro-Oeste, que recebem migrantes da própria região e nordes-
tinos em geral. Isso acontece porque o Sudeste, que desenvolveu
uma economia diversificada, começa a dar sinais de esgotamento
75º 65º 55º 35º

como modelo de absorção de mão de obra, sobretudo de migrantes.


10º

Migração – 1970–1990

Oceano
Equador
RR
AP Atlântico

AM

CE
MA RN
PA
PB
PI
TO PE
AC
AL

BA SE
RO
MT

DF
GO
MG

MG
MS ES
0 488 km 976 km

SP RJ
Trópico de
Principais fluxos PR Capricór
nio
migratórios no
período de 1970–1990
Elaboração: SIMIELLI, 1999, com dados de
SC
SANTOS, R. B., 1994, e OLIVEIRA, A. V., 1996.
Oceano
N
RS
Atlântico
O L

Migrações a partir da
década de 1990
A partir da década de 1990, com a implantação de novas téc-
nicas de produção, surge um novo tipo de migração, denominada
migração de retorno: trata-se de movimentos populacionais de
volta às origens. O migrante retorna a sua terra depois de ter pas-
sado, pelo menos, um ano em outra região. No Brasil, a partir da
década de 1990, esse movimento passou a destacar o retorno de
nordestinos, tanto de aposentados quanto daqueles que voltaram
atraídos pelo crescimento econômico das capitais e cidades médias
do Nordeste, no processo de desmetropolização ou desindustriali-
zação do Sudeste.

138 Capítulo 6 – Brasil: movimentos migratórios

CG_7ºano_06.indd 138 29/03/2018 13:56:03 C


138

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A migração para o Sudeste continua, porém, em ritmo cada
vez mais lento. Surgem outras correntes bastante significativas, em
âmbito inter-regional ou intraestadual, comandados pelos polos re-
gionais de desenvolvimento, acarretando o aumento populacional
de médias cidades. São para esses polos que se dirigem os peque-
nos e bem-localizados fluxos migratórios. Ribeirão Preto, em São
Paulo; Petrolina e Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco; e
Cariacica, no Espírito Santo, são exemplos de polos regionais de
75º 65º 55º 35º

desenvolvimento que passaram a atrair pessoas do Brasil inteiro.


10º

Migração na década de 1990


Oceano
RR
AP
Atlântico
Equador

AM

MA CE RN
PA
PI PB

PE
AC
TO
AL

RO SE
MT
BA

DF
MG
GO

0 488 km 976 km ES
MS

RJ

Principais fluxos Trópico d


SP e Capricór
migratórios na PR nio
década de 1990
SC
N

O L RS

Esse novo padrão migratório tem maior destaque nas Regiões


Nordeste e Sul, as regiões de maiores imigrações nas últimas déca-
das e que agora passaram a reter suas populações e atrair de volta
os que haviam migrado para outras regiões, transformando-se em
polos da migração de retorno.

O aumento da fronteira agrícola em di-


reção ao Centro-Oeste e ao Norte vem
gerando danos profundos aos ecossistemas da
Keystone

região, principalmente queimadas e desmata-


mento da floresta.

Capítulo 6 – Brasil: movimentos migratórios 139

:03 CG_7ºano_06.indd 139 29/03/2018 13:56:04


139

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75º 65º 55º 35º

Sugestão de
leitura 10º

Migração na década de 2000

Um Nordeste em São Paulo: trabalhadores


migrantes em São Miguel Paulista Oceano
Autor: Paulo Roberto Ribeiro Fontes RR
AP
Atlântico
Sinopse: Paulo Fontes analisa e descreve, com
Equador

riqueza de detalhes, a vida dos migrantes nor-


destinos que vieram para o bairro de São Mi- AM

guel Paulista em meados do século XX e que MA RN


PA CE
tanto contribuíram para as grandes transfor- PI
PB

mações econômicas, sociais e políticas da ci- AC


PE

dade de São Paulo. O autor reconstrói o co- RO


TO SE
AL

tidiano desses trabalhadores, em casa, no MT


BA

trabalho, na rua e no lazer, e apresenta ao lei-


tor um painel vivo de suas lutas e desafios. Em DF
MG
GO
vez de vítimas de processos impessoais, os mi-
grantes atuaram como sujeitos da sua própria MS
ES
história, é o que esse livro demonstra.
SP RJ
Trópico de
Capricó
PR
rnio

Anotações
Principais fluxos
migratórios na
década de 2000 SC

RS

O L

Êxodo rural no Brasil


Desde o final da década de 1950, com a progressiva mecaniza-
ção da agropecuária, começou a ocorrer um relativo fluxo migrató-
rio do campo em direção às cidades, principalmente para as cidades
de São Paulo e Rio de Janeiro. Porém, é a partir da década de 1970
que esse fluxo migratório explode em todas as regiões brasileiras,
desequilibrando o percentual de população entre as áreas rural, que
passa a perder população, e urbana, que passa a receber a população
vinda do campo.

140 Capítulo 6 – Brasil: movimentos migratórios

CG_7ºano_06.indd 140 29/03/2018 13:56:04 CG

140

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então, como uma contribuição da Geografia
aos estudos contemporâneos sobre popula-
Esse vultoso êxodo rural é provocado principalmente pela in-

Vitoriano Junior/Shutterstock.com
ção, com forte apelo didático, na perspectiva
tensa mecanização da agricultura, acarretando uma modernização
do processo produtivo, onde o elemento humano é, progressiva- das ciências humanas e do ideal de cidadania.
mente, substituído por máquinas e equipamentos, como tratores,
colheitadeiras, arados mecânicos e ceifadoras.
Por outro lado, a estrutura fundiária sofre um processo ace- Sugestão de
lerado de ampliação de concentração, a partir da capitalização dos
grandes proprietários, pois estes podiam comprar as novas tecno-
filme
logias ou receber empréstimos públicos para adquiri-las e passaram Fugindo da seca e da miséria, a imigração
a comprar as terras dos pequenos e médios proprietários que, por nordestina é muito forte na Região Su-
não ter acesso às novas tecnologias, faliram. deste, principalmente em São Paulo. Acima,
quarteto de forró pé de serra, que representa a
O menino e o mundo
O campo esvaziou-se; em contraposição, a cidade inchou, a cultura do Nordeste se apresentando em bairro
comercial da capital paulista.
comunidade cresceu, e a zona urbana passou a apresentar uma série
de problemas, como hipertrofia do setor terciário, que se entope Direção: Alê Afreu
de subempregados, biscateiros e vendedores ambulantes. Uma vez Sinopse: O filme conta a história de uma
que a industrialização não gerou empregos suficientes para todos, o criança que vive no campo com seus pais. No
cinturão de miséria cresce a cada dia, deixando expostos os proble-
mas do êxodo rural. entanto, logo no início ela passa por uma si-
tuação que é responsável por marcar toda a
Geografia em cena sua vida: seu pai parte em busca de melhores
O maior ponto de concentração de nordestinos no Sudeste condições sociais. Assim como retratado no
é atualmente chamado de Centro Luiz Gonzaga de Tradições filme, o êxodo rural (abandono do campo por
Nordestinas, também conhecido como Feira de São Cristó-
melhores condições de vida) era um dos des-
vão, um pedaço do Nordeste no Rio de Janeiro. São cerca de
700 barracas fixas, semelhante à Feira de Caruaru, onde se pode tinos de grande parte da população do Nor-
encontrar praticamente tudo a respeito da cultura nordestina. deste brasileiro, principalmente. O índice de
Para quem deseja matar a saudade do Nordeste são oferecidas
comidas típicas, como tapioca, carne de sol, sarapatel e bucha-
migrações campo-cidade foi maior nas dé-
da; além de outras atrações, como artesanato, trios e bandas de cadas de 1960 e 1980 e teve como alguns de
forró, dança, cantores, repentistas e literatura de cordel. A feira seus motivos a urbanização das médias e gran-
está localizada no Campo de São Cristóvão, no Rio de Janeiro.
des cidades (que gerou grande oferta de em-
Tomaz Silva/ABr

pregos nas fábricas) e a mecanização da ativi-


dade agrícola (que fez diversos trabalhadores
migrarem em busca de novas formas de sus-
tento). Esse fenômeno é também o responsá-
vel por ocasionar o crescimento desordenado
das cidades, levando ao inchaço urbano e às
péssimas condições de infraestrutura.

Anotações

Capítulo 6 – Brasil: movimentos migratórios 141

6:04 CG_7ºano_06.indd 141 29/03/2018 13:56:05

Sugestão de nos pontos mais complexos e polêmicos,


leitura como a teoria de Malthus sobre o crescimen-
to populacional, o êxodo rural, o fenômeno
da urbanização nos países subdesenvolvidos
Geografia de população: uma abordagem e o perfil da realidade social brasileira, ten-
social do como fundamento estatístico dados do
Autora: Maria Neugesila Lins Wagner Censo 2000, do Instituto Brasileiro de Geo-
Sinopse: A obra destaca o espaço cultural, grafia e Estatística (IBGE). Destaca-se, ain-
social e histórico no qual as populações são da, um trabalho realizado em uma favela de
vistas como categoria fundamental no estu- Maceió (Favela da Federal – Assentamento
do de sua produção. Em dez capítulos, a co- da Petrobras), por uma equipe do curso de
nexão população e espaço é analisada com Geografia da Universidade Federal de Ala-
simplicidade didática e coerência, mesmo goas, sob a orientação da autora. Resume-se,

141

ME_CG_7ºano_06.indd 141 14/05/2018 12:20:03


Leitura
complementar Emigração
Os retirantes, de volta ao Emigração é o movimento de saída de pessoas de uma deter-
minada área do espaço geográfico. O Brasil nunca se caracterizou
Nordeste. como um país de emigração, contudo, em alguns momentos espe-
cíficos da nossa história, algumas parcelas da nossa população dei-
xaram o País, motivadas por fatores diferentes.
É uma cena que se repete há cem anos e, O primeiro ocorreu entre as décadas de 1960 e 1970 e tinha
como mostram os relatórios oficiais, veio ga- uma causa puramente política. Vivíamos um período em que uma
feroz ditadura militar e civil perseguia, prendia, torturava e assassi-
nhando expressão à medida que o tempo avan-
nava pessoas que possuíam pensamentos e ideias diferentes daque-
çava. Ficou evidente nos anos 1930, com a ex- las vigentes. Muitos jovens fugiram para não morrer, outros foram
pansão da produção agrícola no estado de São expulsos e passaram a viver espalhados pelo mundo. Também du-
rante a década de 1970, outro grupo de brasileiros emigrou, porém
Paulo, e ainda mais pujante na década de 1960, os motivos foram outros.
com o boom experimentado pela construção ci- O governo do Paraguai autorizou o loteamento e a venda de
vil na capital e pelo acelerado processo de indus- uma vasta faixa de terras na fronteira com o Brasil e permitiu que
brasileiros comprassem terras nessa região. Aproximadamente 500
trialização puxado pelo setor automobilístico, mil brasileiros cruzaram a fronteira passando pelo Paraná ou pelo
que começava a se desenvolver nos municípios Mato Grosso do Sul e foram viver no país vizinho, passando a ser
do ABC (Santo André, São Bernardo e São Cae- chamados de brasiguaios.
A última emigração registrada de brasileiros ocorreu na dé-
tano). Primeiro, eles somavam alguns milhares; cada de 1980, em virtude da crise econômica que se abateu no
depois, passaram a ser contados aos milhões. O País. Muito do nosso povo partiu em direção aos Estados Unidos
contingente de nordestinos que deixaram o es- e ao Japão (principalmente os descendentes, chamados no Japão
de decasséguis).
tado de origem, fugindo da fome, da miséria e
da seca atrás de melhores oportunidades e con-
Ensaio geográfico
dições de vida no Sudeste, em especial na cida-
de de São Paulo, mudou para sempre a cara do 1 Descreva, de forma geral, as causas que provocavam as migrações internas no Brasil antes do início
Brasil. Algo parecido com o legado herdado das do século XX.

imigrações europeia e japonesa, que contribuiu Durante todo esse período as migrações no Brasil estavam condicionadas aos ciclos econômicos.

extraordinariamente para o desenvolvimento


da nação e ainda hoje se faz sentir. O movimen-
to interno de pessoas do Nordeste em direção
aos estados do sul, no entanto, é uma coisa bem
2 Cite os principais motivos que transformaram a Região Nordeste na principal área de repulsão
maior, quase uma epopeia expressada em núme- interna do Brasil.
ros grandiosos e que só poderiam mesmo ganhar Problemas naturais gerados pela seca e falta de investimento econômico, que refletem na saúde e na
vida num país de dimensões continentais fusti-
educação.
gado por problemas de toda ordem nos planos
econômico e social.
É sabido que, entre os anos 1940 e 1980,
cerca de 57 milhões de brasileiros mudaram de 142 Capítulo 6 – Brasil: movimentos migratórios
cidade ou trocaram de região. E que, de acordo
com o Instituto Brasileiro de Geografia e Esta-
tística (IBGE), com base no censo de 2000, de CG_7ºano_06.indd 142 29/03/2018 13:56:05 CG

cada 100 brasileiros 16 residiam em estados que nho Baptista, docente da Pontifícia Universi- Região Metropolitana da capital paulista, cons-
não lhes serviram de berço. Ceará, Bahia, Minas dade Católica (PUC) de São Paulo. “Dadas as tituída de 38 municípios onde moram 18 mi-
Gerais, Paraíba e Pernambuco são as unidades precárias condições de vida no lugar de origem, lhões de pessoas (censo de 2000). “É difícil ter
da Federação de onde mais partem grandes levas eles continuam correndo atrás de uma vida me- números precisos sobre o caminho de volta,
de migrantes, segundo Luiz Bassegio, secretário lhor, alimentados pela ilusão de que São Paulo mesmo porque há muita gente que se vai por
do Serviço Pastoral dos Migrantes da Conferên- é a resposta a seus desafios”, diz. Isso está crista- conta própria e não é contabilizada nas rodo-
cia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e do lino nos números do último censo do IBGE e viárias”, diz Bassegio. Dados tabulados pelo
Grito dos Excluídos Continental. nos registros dos estudiosos do assunto. A mi- IBGE mostram que, de 1991 a 2000, teriam
O destino preferencial dessas pessoas, gração continua ativa, mas seu padrão mudou saído do estado rumo a outros pontos do ter-
como se sabe, foi e continua sendo São Paulo. na década passada: segundo pesquisas realiza- ritório nacional 468 mil pessoas (os nordesti-
“A industrialização e a urbanização da capital das, São Paulo está mandando mais gente em- nos puxam a lista) e chegado, no mesmo perío-
paulista sempre atraíram os brasileiros do Nor- bora do que recebendo. O fenômeno se ma- do, 400 mil.
deste”, observa a socióloga Dulce Maria Touri- nifesta em todo o estado, com destaque para a A Pesquisa Nacional por Amostra de Do-

142

ME_CG_7ºano_06.indd 142 14/05/2018 12:20:04


Diálogo com o

3 Observe a charge abaixo.


professor

Sempre direcione as aulas para uma con-


textualização história, preocupando em vin-
cular os fatos como consequências de outros
eventos. Todos os fatores geográficos estão, in-
trinsecamente, ligados à História, então, caso
haja necessidade, recorra aos conhecimentos
Através dessa imagem, indique as causas do êxodo rural no Brasil e suas consequências. do professor de História para fazer com que
A grande concentração de terras por parte de latifundiários e a mecanização motivaram a saída do homem
suas aulas atinjam seus objetivos.

do campo para cidade, que teve como consequência o inchaço urbano e a formação de habitações irregulares

como as favelas. Anotações


4 (PUC-RS) Aproximadamente, 300.000 brasileiros vivem fora do País, produzindo em terras es-
trangeiras. São agricultores que saíram para trabalhar além da fronteira, provocando tensão geopolítica
entre o Brasil e o país vizinho.
O país vizinho referido e os estados brasileiros que se limitam com esse país são:
a. Uruguai – Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
b. Paraguai – Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul.
c. Argentina – Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná.
d. X Paraguai – Paraná e Mato Grosso do Sul.
e. Uruguai – Rio Grande do Sul e Paraná.

5 Observe o mapa abaixo.

RR
AP

Identifique o período histórico e qual o principal mo-


AM tivo de atração para os migrantes.
CE
PA
MA

PI
RN

PB Década de 70 e 90. Ocupação da parte norte e central


PE
AC
AL

RO
MT
TO BA SE
do Brasil, devido a uma nova dinâmica da economia

do sudeste que apresenta sinais de desindustrialização.


DF
GO
MG

MS ES

N
SP RJ

O L PR

S SC

RS
0 628 km 1.256 km

Capítulo 6 – Brasil: movimentos migratórios 143

6:05 CG_7ºano_06.indd 143 29/03/2018 13:56:06

micílios (Pnad), do IBGE, também indica o parece que está havendo um processo de ‘circula-
abrandamento da migração. José Marcos Pinto ridade’ da migração”, explica ele.
da Cunha, demógrafo e pesquisador do Núcleo Fato é que, apesar de todos os problemas, o
de Estudos de População (Nepo) da Universida- Sudeste persiste exercendo um fascínio sobre os
de Estadual de Campinas (Unicamp), diz que, migrantes. Isso se explica por uma série de fatores,
com base nos números da Pnad de 2004, divul- como a continuada preferência pela cidade de São
gados no final de 2005, é possível concluir que a Paulo, onde, em relação a algumas outras capitais,
migração recuou em torno de 29%. “Não se trata o migrante tem mais chances de sobreviver.
de uma redução calculada em função do aumen-
to do retorno, embora ambos os fenômenos pos- Disponível em: https://www.sescsp.org.br/online/
sam ter relação (ou seja, se mais pessoas voltam artigo/compartilhar/399 7_OS+ RETIRANTES
talvez isso implique diminuição da ida). Não é +DE+VOLTA+AO+NORDESTE. Acesso em:
possível fazer uma associação direta, até porque 18/12/2017.

143

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Leitura
complementar Geografia em cena

Para compreender melhor a saga do nordestino, como principal elemento migrante do Brasil,
Com crise, mais brasileiros indicamos duas leituras: O Quinze, de Rachel de Queiroz, e Morte e Vida Severina, de João Cabral
de Melo Neto.
passaram a trabalhar por conta
própria
Cenário 2

A proporção de pessoas que trabalham


por conta própria entre o total de ocupados
Fatores
aumentou de 17,9%, em janeiro de 2013, para econômicos da
19,8% em novembro de 2015, segundo cálcu-
los do Instituto de Pesquisa Econômica Apli- imigração no Brasil
cada (Ipea), com base na Pesquisa Mensal de
A formação econômica e territorial do Brasil teve como resul-
Emprego (PME) do Instituto Brasileiro de tado o povoamento de regiões com diferentes configurações em
Geografia e Estatística (IBGE). suas economias e nos perfis socioeconômicos. O espaço geográfico
O levantamento cobre as seis principais reflete, em suas paisagens, essas heranças como consequência direta
na vida das pessoas, sejam realidades com maior ou menor desi-
regiões metropolitanas brasileiras (Rio de Ja- gualdade social.
neiro, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Ale- Os processos de migração no Brasil foram muito intensos e
gre, Recife e Salvador). Na avaliação do eco- moldados pelos ciclos econômicos que se desenvolveram desde a
colonização. As migrações obedeceram aos fluxos produtivos —
nomista e pesquisador do Ipea Miguel Foguel, como os ciclos econômicos da cana-de-açúcar, da mineração, do
o aumento do trabalho por conta própria está café, da borracha e a industrialização — e ajudaram na formação
das diferentes regiões brasileiras. Tais ciclos foram os grandes res-
relacionado à crise econômica e à consequente
ponsáveis pelo desenvolvimento econômico e funcionaram como
redução dos empregos formais. polos de atração de populações que se deslocaram em busca de me-
Segundo Foguel, os trabalhadores por lhores condições de vida.
No caso do Nordeste, a área do semiárido brasileiro, ao sofrer
conta própria podem ser divididos em dois com a recorrência do fenômeno da seca combinado com a desi-
grupos: os que contribuem para a Previdên- gualdade social e a decadência da atividade canavieira na Zona da
cia Social e os que não contribuem. Em 2013, Mata desde o século XVII até os dias atuais, tornou-se a principal
fornecedora de mão de obra e, ao mesmo tempo, aquela que mais
os autônomos do primeiro grupo eram 5,2% contribuiu para o povoamento das demais regiões.
do total de ocupados nessas seis regiões. Esse A história do povoamento no Brasil e os processos migratórios
percentual subiu para 7,4%, em novembro de que contribuíram para o crescimento econômico e populacional ti-
veram origem com as pretensões da Coroa portuguesa de explorar
2015. Já os trabalhadores por conta própria os territórios recém-descobertos por Cristóvão Colombo ao final do
não contribuintes permaneceram estáveis: século XV. Como aqui não foram encontrados metais e pedras pre-
12,8%, em janeiro de 2013; e 12,4%, em no- ciosas, foi feita a concessão a diversos comerciantes para exploração
de pau-brasil no início do século XVI. Entretanto, a atividade de ex-
vembro de 2015. tração do pau-brasil durou pouco e, nos anos de 1530, já não existia
De acordo com o economista do Ipea,
provavelmente, esse fenômeno tem a ver com 144 Capítulo 6 – Brasil: movimentos migratórios
a reação defensiva do trabalhador diante de
um mercado de trabalho em crise, em que as
empresas estão demitindo e deixando de con- CG_7ºano_06.indd 144 29/03/2018 13:56:06 CG

tratar. “Aí, a reação deles ante a dificuldade O fotógrafo Fernando Azevedo, do Rio te não contribui para a Previdência Social.
de encontrar emprego é buscar algum tipo de de Janeiro, é um desses trabalhadores. Depois Já o professor de educação física Pedro
renda por meio de um microempreendimen- de atuar por 18 anos em várias editoras e asses- Copelli, também autônomo, começou recen-
to ou alguma atividade que se configura como sorias de imprensa, resolveu dar uma guinada temente a contribuir para o INSS como forma
por conta própria, e continuar contribuindo total na vida. Ele se tornou criador de móveis, de se preparar para a aposentadoria. Embora
para a Previdência Social, mas agora não mais só fotografa suas criações e há cerca de um mês tenha curso superior e não enfrente dificul-
como um empregado formal”. abriu uma loja em Maricá, na Região dos La- dades em arranjar emprego, ele preferiu tra-
No entanto, segundo Foguel, dependen- gos, para venda de seus produtos. balhar por conta própria, mas não descarta a
do da restrição orçamentária e da oferta de tra- O empreendimento está dando tão certo possibilidade de retorno ao mercado formal.
balho na nova fase profissional, alguns deixam que Azevedo está se preparando para contra- “Se aparecer algum emprego legal com cartei-
de pagar o Instituto Nacional do Seguro So- tar uma funcionária para a loja, além dos dois ra assinada eu pego porque, na nossa área, é di-
cial (INSS) porque não podem ou não que- marceneiros que já trabalham com ele. O fo- fícil você trabalhar em um só lugar”, disse.
rem bancar essa despesa. tógrafo e agora designer de móveis atualmen- Copelli dá cursos de exercícios funcio-

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Previdência Social não é informal, não está ha-
vendo um crescimento da informalidade, mas
uma quantidade de pau-brasil que viabilizasse novas expedições. No
se eles forem incorporados como informais,
entanto, nesse curto período foram fundadas feitorias, ao longo do
litoral, sem resultarem em povoamentos efetivos, deixando a costa li- então, sim, há um aumento da informalidade.
vre para a visita de estrangeiros, como os franceses, que não reconhe- Vai depender de como cada um define” [esse
ciam o Tratado de Tordesilhas, celebrado entre Portugal e Espanha
como garantia de posse do Novo Mundo pelos países ibéricos.
conceito], ponderou o economista.

Alena Zharava/Shutterstock.com
Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/
economia/noticia/2016-01/crise-eleva-trabalho-por-
conta-propria-no-brasil-indica-economista-do-ipea.
Acesso em: 19/12/2017.

Sugestão de

A cidade de Olinda foi um dos primeiros núcleos de povoamento do Brasil, iniciado em 1535.
abordagem
Com a implantação das Capitanias Hereditárias, começou
efetivamente o processo de colonização do Brasil, em 1534, com A reflexão sobre o papel do ser humano
a chegada de Duarte Coelho, para assumir a capitania de Pernam-
dentro da sociedade onde vive é importante.
buco, e de Martim Afonso de Souza, em São Vicente, no litoral
paulista, gerando a onda dos primeiros imigrantes portugueses que Leve os alunos à reflexão de que eles são se-
vieram povoar e explorar a terra. A prosperidade das duas capita- res socialmente ativos e modificadores do seu
nias se deu a partir do cultivo da cana-de-açúcar para produção do
açúcar, de alto valor comercial no mercado europeu. A exportação
meio. Use os textos da leitura complementar
do ouro branco foi parte de um ciclo econômico que trouxe mais para enriquecer suas aulas.
colonos portugueses e também mão de obra africana para trabalhar
em todas as etapas da produção do açúcar, desde o plantio até a ex-
portação, que deu origem a núcleos de povoamento no Nordeste,
como Olinda e Salvador, bem como Sergipe e o recôncavo baiano.
O Agreste e o Sertão nordestinos foram ocupados pela pecuária,
pois não era admitido outra atividade produtiva na Zona da Mata
Anotações
que não fosse relacionada com o açúcar. Dessa maneira, o forne-
cimento de carne, queijo e couro era feito pelas fazendas de gado
do Sertão e do Agreste, tendo consequência no povoamento des-
sas regiões. Os africanos imigraram como escravos, e os indígenas
foram dizimados e suas terras ocupadas, pois não se adaptaram ao
trabalho nas lavouras de cana.
Com a invasão holandesa, tivemos a chegada de mais uma leva
de imigrantes, como os novos cristãos (judeus convertidos), por
causa das perseguições religiosas, além dos próprios holandeses.
Claro que a motivação sempre foi econômica, pois o Brasil seria
uma terra de novas oportunidades tanto para os portugueses e ho-
landeses como para os judeus. Com a retirada dos holandeses, em

Capítulo 6 – Brasil: movimentos migratórios 145

6:06 CG_7ºano_06.indd 145 29/03/2018 13:56:06

nais e aulas de futebol feminino há seis anos O avanço do trabalho por conta própria
em um clube em Botafogo, zona sul do Rio de também pode ter impacto sobre os números
Janeiro. No mesmo bairro, dá aulas de futsal da informalidade no Brasil, de acordo com o
em um colégio e está pensando em ampliar o economista do Ipea. Segundo ele, consideran-
trabalho, com a abertura de turmas de futevô- do que os trabalhadores por conta própria se
lei, na praia. Segundo ele, trabalhar por conta subdividem entre os que contribuem para a
própria está sendo compensador e, até agora, Previdência Social e os que não contribuem,
a crise econômica não afetou suas atividades. alguns analistas associam o aumento desse
“Tenho um número razoável de alunos tipo de trabalho como um indicador de cres-
porque não tenho muito concorrente. Com cimento da informalidade, já que nem todos
o fechamento das escolas de futebol feminino pagam o INSS.
do Fluminense e do Flamengo, muitas meni- “Se a gente considerar que esse trabalha-
nas migraram para nós”, disse o professor. dor por conta própria que contribui para a

145

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Sugestão de
abordagem 1654, parte dos judeus se dirigiu para a América do Norte, mas ou-
tra parte foi atraída pelo nascente Ciclo do Ouro, em Minas Gerais.
Foi justamente a expulsão dos holandeses que causou uma crise
Utilize este curto documentário para na produção de açúcar no Nordeste, pois, após anos de guerras, a
estrutura de produção ficou prejudicada, além da indenização que
acercar os alunos do período em que o Brasil os produtores foram obrigados a pagar tiveram uma grande con-
vivia a sua consolidação, para que entendamos corrência, pois os holandeses aprenderam com os brasileiros a pro-
o que acontece hoje, é necessário perceber os duzir o açúcar e foram produzir nas Antilhas. Essa situação teve
como consequência a decadência progressiva da produção açuca-
acontecimentos passados. reira no Nordeste, pois, nos séculos XVII e XVIII, os holandeses
passaram a disputar o mercado europeu, desfazendo o monopólio
A seguir, acesse o link: https://tvescola.mec.gov.br/tve/ que o Brasil tinha no comércio do açúcar na Europa.
A decadência na economia açucareira levou a uma intensa mi-
video/historia-do-brasil-por-boris-fausto-imperio. gração da população e à venda dos escravos da Zona da Mata nor-
destina para Minas Gerais, que despontou, no século XVIII, como
História do Brasil por Boris Fausto – Império a nova fonte de riquezas para a Coroa portuguesa, inaugurando o
Ciclo do Ouro. A região da mineração tornou-se um polo de atração
populacional de várias regiões do Brasil e de Portugal, num fluxo de
As paisagens selvagens davam lugar a uma migração acelerado que povoou rapidamente partes do Mato Gros-
so, Goiás e, principalmente, Minas Gerais. Com a mudança da capi-
nova sociedade que surgia a partir do Império
tal da colônia de Salvador para o Rio de Janeiro, povoou-se e formou-
Português, que se instalou no Brasil. Dividi- -se uma área de economia mais dinâmica na atual Região Sudeste,
do em três fases — Primeiro Reinado, Regên- pois havia condições para a formação do mercado interno brasileiro,
onde tudo que se produzia era para atender às necessidades da popu-
cia e Segundo Reinado —, esse período tem lação local, que trabalhava na extração do ouro e das pedras preciosas,
fim com a Proclamação da República. A força além de compra de carne, charque e queijo da Região Sul e Nordes-
da monarquia se fez presente quando D. João te, e produtos agrícolas de São Paulo. A população cresceu devido à
prosperidade econômica e formou vilas e cidades importantes, como
VI transformou a colônia em metrópole. Ape- Ouro Preto, Mariana e São João del Rei, em Minas Gerais; na Bahia
sar disso, aqui o reinado era diferente, porque (Chapada Diamantina), Lençóis e Mucugê; em Mato Grosso, com a
a terra, jovem, não tinha uma aristocracia de fundação da Vila Real do Bom Senhor de Cuiabá (futura Cuiabá);
e, no atual Estado de Goiás, a fundação da Vila Boa de Goiás (antigo
sangue, o que fez com que o monarca pudesse Goiás Velho).
usar os títulos para obter mais controle. É nes-

Cassandra Cury/Shutterstock.com
sa época, também, que o poder da cafeicultu-
ra começa a surgir.

Anotações

Cidade de Ouro Preto, antiga capital das


Minas Gerais.

146 Capítulo 6 – Brasil: movimentos migratórios

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Diálogo com o
No início do século XIX, a região mineira já se encontrava em professor
plena decadência. A então próspera Minas Gerais passa a ser uma
área de repulsão populacional, passando a sua economia a se dedi-
car à lavoura e à pecuária leiteira. O tema aborda o primeiro processo de
As famílias mineiras mais prósperas passaram a comprar ter-
ras no Vale do Paraíba, no Rio de Janeiro, e apostaram na cultura
integração espacial brasileiro, envolvendo as
do café, que havia chegado ao Brasil desde o século XVII, mas que ligações entre as Minas Gerais e o Nordeste,
só passou a ter relevância econômica a partir do início do século fornecedor de escravos e gado; as Minas Ge-
XVIII, ao espalhar seu consumo pela Europa. Sendo assim, o Vale
do Paraíba passou a receber milhares de trabalhadores escravos afri- rais e os Pampas, que fornecia charque e gado;
canos para atender às necessidades das centenas de empreendedo- as Minas Gerais e o litoral paulista, de onde
res que se instalavam por causa da nova atividade econômica. As vinham tropas carregadas de produtos, como
fazendas de café prosperaram na região e, já na década de 1830, era
o principal produto de exportação do Brasil, superando a cana-de- tecido, pólvora, armas, pratos, etc.; e as Mi-
-açúcar e o algodão. Até o fim do século XIX, o café migrou do Vale nas Gerais e o Rio de Janeiro, transformado
do Paraíba para o oeste paulista em busca de terras férteis e com le- em centro administrativo. Por se tratar da ri-
vas de fazendeiros, escravos e, mais tarde, trabalhadores imigrantes
europeus, num intenso fluxo populacional que povoou também o queza mineral, o Ciclo do Ouro no Brasil foi
norte do Paraná e alavancou a economia do Estado de São Paulo, bastante intenso economicamente, e a Região
pois, além da produção ser transportada por ferrovias que ligavam a
das Minas Gerais se tornou o primeiro centro
áreas produtoras, a exportação era feita principalmente pelo porto
de Santos. O café era responsável, na década de 1890, por nada me- de convergência de diversos personagens na-
nos que 64% das exportações brasileiras, fazendo da economia da cionais e de diversas partes do mundo. Palco
Região Sudeste o polo econômico mais importante do Brasil, com
a maior concentração populacional.
de lutas de movimentos políticos e culturais,
a construção do espaço dessa porção do Bra-
Alf Ribeiro/Shutterstock.com

sil pode ser revelada a partir de trabalhos in-


tegrados entre Geografia e outros vários com-
ponentes curriculares, como História, Arte,
Literatura, Filosofia e Sociologia.

Anotações

O café foi a principal riqueza do Brasil


até a década de 1930. Plantação em Mi-
nas Gerais, 2006.

No século XIX, concomitante ao Ciclo do Café, desenvolveu-


-se o Ciclo da Borracha na Região Norte, que foi responsável pelo
desenvolvimento das cidades de Belém e Manaus como centros do
poder da atividade econômica que atraiu milhares de migrantes

Capítulo 6 – Brasil: movimentos migratórios 147

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Sugestão de
leitura para a coleta do látex. Os fluxos populacionais para a região tiveram
como origem o Nordeste brasileiro, que, no final do século XIX,
sofria com mais um evento de seca que vitimava a sua população
A Política do Café com Leite – mito ou com a fome, obrigando-a à retirada. O apogeu da borracha se deu
da década de 1880 até a primeira década do século XX, e foi res-
história? ponsável pela atração de milhares de nordestinos em busca de uma
Autor: José Alfredo Vidigal Pontes fonte de renda e melhores condições de vida. No entanto, ainda na
Sinopse: Este livro investiga a justeza da ex- década de 1910, a concorrência com a borracha da Malásia, pro-
duzida pelos britânicos, com um produto de melhor qualidade e
pressão “política do café com leite” para ca- maior oferta, levou à falência os produtores nortistas e, consequen-
racterizar a condução dos governos brasileiros temente, milhares de nordestinos perderam sua fonte de renda.
durante a primeira fase do regime republica- O fim do atrativo econômico foi impactante para os migrantes, e
parte deles permaneceu na floresta em condições precárias, tendo
no — o período entre 1889 e 1930, conheci- outra parte migrado para a Região Sudeste.
do como República Velha. A expressão com-

Filipe Frazao/Shutterstock.com
porta mais de uma interpretação. A primeira
delas, repetida à exaustão em livros de auto-
res desatentos e em salas de aula, sustenta que
naquele período se revezaram na presidência,
um sucedendo ao outro, políticos paulistas e
mineiros. Como São Paulo detinha a hege-
monia na produção do café e Minas Gerais a
do leite e dos laticínios, eis a engrenagem café Teatro Amazonas em Manaus – um dos
símbolos do período de riqueza do Ciclo
com leite se impondo ao resto do País. Ora, da Borracha.

apenas duas vezes — na sucessão de Rodrigues Na Região Sudeste, a atividade econômica começou a ganhar
Alves por Afonso Pena e na de Artur Bernar- força com a diversificação dos setores da economia, pois o setor ter-
ciário começava a ganhar força para atender às necessidades da região
des por Washington Luís — ocorreu uma tro- mais próspera do País, onde a renda das famílias era maior e o con-
ca de político paulista por mineiro, ou minei- sumo de serviços em maior escala e de melhor qualidade também. O
ro por paulista. surto de industrialização, devido à Primeira Guerra Mundial, foi ou-
tro fator de diversificação da economia do Sudeste, que tinha o maior
mercado consumidor do Brasil. O café ainda era a principal riqueza,
mas já mostrava sinais de perda de força e era muito dependente das
ações do Governo Federal para manter a sua estrutura produtiva. Na
Anotações década de 1930, após a crise de 1929, toda a cadeia produtiva do café
ruiu, deixando um vazio econômico no Brasil, que perdeu seu prin-
cipal produto de exportação desde a década de 1830. No entanto,
houve uma migração dos capitais do café para a implantação daquela
que viria a ser a principal atividade econômica a atrair fluxos de imi-
grantes para a região: a industrialização.
O governo Vargas passou a incentivar a indústria com a políti-
ca da substituição das importações. Com isso, o Brasil, a partir da
década de 1940, iniciou um irreversível processo de industrializa-

148 Capítulo 6 – Brasil: movimentos migratórios

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Diálogo com o
professor

É fundamental mostrar a relação da cafeicultura com a industrialização pau-


listana. Também é interessante estabelecer comparações entre a agropecuária da
Região Sudeste e das regiões Nordeste e Centro-Oeste, apontando semelhanças
e diferenças.
Algumas obras, como O lavrador de café e Colhedores de café, de Candido Portina-
ri, Operários e A metrópole, de Tarsila do Amaral, além de livros, como Memórias pós-
tumas de Brás Cubas e Dom Casmurro, de Machado de Assis, podem ajudar a fazer um
retrato da época abordada.

148

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Sugestão de
ção que seria responsável pela transferência em massa da população abordagem
rural para as cidades, que culminaria com a urbanização do Brasil já
no início da década de 1970. A industrialização, ávida por mão de
obra tanto para atividades diretas como apara atividades indiretas, Novamente o tema pode ser trabalhado
construção civil e para o setor terciário, teve na Região Nordeste
um forte impacto, pois passou a atrair daquela região milhões de
em parceria com Literatura e Arte. Leve para a
migrantes, que fizeram desse um dos maiores fluxos de migração já sala de aula trechos de livros, como Dom Cas-
vistos na história do País, pois a Região Sudeste, em acelerado cres- murro, de Machado de Assis; além de filmes,
cimento, oferecia mais oportunidades de emprego e renda.
como O café – história e penetração no Brasil,

Alf Ribeiro/Shutterstock.com
de Humberto Mauro; Jubiabá, de Nelson Pe-
reira dos Santos; e obras como O Lavrador de
Café, de Cândido Portinari.

Sugestão de
filme

Sede da Federação das Indústrias do Es- Gaijin, caminhos da liberdade.


tado de São Paulo – Fiesp. São Paulo tem
o maior PIB estadual do Brasil e produz mais
de 30% da riqueza nacional.
Direção: Tizuka yamazaki
A desigualdade social e No início do século XX, um grupo de japone-
ses vem para o Brasil para trabalhar em uma
o trabalho fazenda de café em São Paulo. Lá, eles encon-
A formação do espaço geográfico brasileiro se deu pela desi- tram dificuldades para se adaptar, pois são
gualdade na apropriação dos recursos econômicos por uma peque- tratados com hostilidade, tendo que traba-
na parte da população que, de início, atendia aos interesses por- lhar quase como escravos além de serem rou-
tugueses na exploração das suas colônias, mas que, ao longo do
tempo, adquiriu uma dinâmica própria com as elites locais. Esse bados pelo patrão. Apenas alguns colonos os
modelo de colonização, no Brasil, foi baseado na atividade agroex- tratam bem, entre eles, Tonho, o contador da
portadora escravocrata, que concentrava propriedade nas mãos de
fazenda.
poucos proprietários, que, por sua vez, formaram uma sociedade
agrária com o objetivo de atender ao consumo externo de produtos
tropicais como açúcar, café, cacau, etc. Essa configuração do espaço
brasileiro gerou distorções que perduram até hoje e são responsá-
veis, em parte, pela desigualdade social atual, pois a parcela da po-
Anotações
pulação, desde a colonização, que não teve acesso a terra nem a ren-
da é mais propensa a ser pobre e dependente. Não podemos deixar
de lembrar que o fenômeno da escravidão e extermínio dos povos
indígenas, no Brasil, são um dos componentes mais importantes

Capítulo 6 – Brasil: movimentos migratórios 149

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Anotações
para entender a desigualdade social no Brasil, pois deixou como
legado discriminação e segregação espacial e social.
Países que desenvolveram suas economias baseando-se no
acesso ao binômio terra–renda, como os Estados Unidos, têm um
desenvolvimento socioeconômico entre os melhores do mundo.
No Brasil, a maior parte da população não teve acesso a terra e,
num contraste com as elites enriquecidas, cresceu e povoou o ter-
ritório em situação de penúria e pobreza, sempre obedecendo aos
interesses econômicos, deslocando-se em busca de oportunidades
independente das suas vontades.
As migrações têm como motivação a busca por melhorias nas
condições de vida, podendo ser espontâneas ou forçadas.
No Brasil, as constantes mudanças dos polos produtivos ilus-
trados pelos ciclos econômicos, ao longo da sua história, fizeram
com que populações inteiras sofressem com a decadência econômi-
ca de suas regiões, levando ao deslocamento para áreas que surgiam
com novas atividades econômicas, com exigência de população e
mão de obra. Esse contexto caracteriza-se como migrações espon-
tâneas, pois, por escolha, as populações se direcionam para regiões
que possam ter mais emprego e renda e, consequentemente, melho-
res condições de vida.
As migrações forçadas são aquelas decorrentes de guerras, per-
seguições étnicas, políticas e religiosas ou por catástrofes naturais
(furacões, enchentes, secas, terremotos, etc.). No caso brasileiro, o
Leitura fenômeno da seca no semiárido nordestino forma a maior área de re-
complementar pulsão populacional desde o século XIX, pois a seca, combinada com
fatores sociais, resulta em problemas econômicos, no impedimento
do desenvolvimento das atividades agropecuárias, paralisando fazen-
das, comprometendo a economia das cidades e consequentemente
Depois do terremoto no Haiti tirando a renda da maioria das famílias sertanejas, obrigando-as a
deixar a sua região de origem em busca da sobrevivência.
imigrantes haitianos buscam O fator renda é um dos mais importantes para o desenvolvi-
refúgio no Brasil e recebem mento humano e está diretamente atrelado às condições de edu-
cação e saúde, porque uma população é mais capaz e produtiva
vistos quando tem acesso a esses serviços. Ou seja, quanto maior os níveis
educacionais e de saúde de uma população, maior será a sua renda.
No Brasil, os serviços de saúde e educação não satisfazem às
O Haiti foi devastado por um terremoto necessidades da população, limitando as possibilidades de entrada
em janeiro de 2010, deixando centenas de mi- no mercado de trabalho a uma faixa de renda mais baixa, que não
proporciona qualidade de vida condizente com padrões mínimos
lhares de mortos e mais de 3 milhões de pes- da Organização das Nações Unidas (ONU), que é de, pelo menos,
soas desabrigadas. A economia do país já es- US$ 1,25 por dia.
Dentro da diversidade de contextos econômicos do Brasil,
tava devastada pela instabilidade política, que
apresentado pelas diferenças do desenvolvimento regional, a renda
motivou, inclusive, a intervenção da ONU. do trabalhador é muito variada. Em 2015, segundo o IBGE, a ren-
Nesse cenário, a imigração foi o caminho da per capita média, no Distrito Federal, era de R$ 2.252, a maior
encontrado por milhares de haitianos. E uma
alternativa foi a busca de oportunidades no 150 Capítulo 6 – Brasil: movimentos migratórios
Brasil. Os primeiros imigrantes chegaram ao
País ainda em 2010, geralmente em situação
de grande vulnerabilidade social e sanitária. CG_7ºano_06.indd 150 29/03/2018 13:56:07 CG

Mas a Polícia Federal já mapeou que não “Os haitianos não tinham visto para entrada, baixou a Resolução Normativa nº 97/12, que
se trata apenas de uma migração espontânea. mas chegavam à fronteira e solicitavam refú- criou o visto por razões humanitárias para os
Os haitianos são trazidos para o Brasil por gio. Somos obrigados a dar entrada em pedi- imigrantes do Haiti.
uma máfia de facilitadores (os “coiotes”), que dos de refúgio, mas essas regiões não estavam Desde então, 1.300 vistos humanitários
cobram caro por isso. Nessa rota, os imigran- preparadas para receber um fluxo tão grande foram autorizados, de um total de mais de
tes haitianos seguem de avião do Haiti até o de estrangeiros”, disse Souza. 4.500 imigrantes haitianos que ingressaram
Equador, onde não precisam de visto, e atra- Porém, o Comitê Nacional para Refugia- no Brasil desde 2010. Porém, o conselho limi-
vessam de ônibus o Peru, por onde chegam ao dos (Conare) concluiu não haver fundamen- tou o número de vistos desse tipo a 1.200 por
Brasil. A viagem chega a levar três meses. tos para a concessão do status de refúgio para ano. Cada visto pode incluir os familiares do
O diretor do Departamento de Imigra- os haitianos no Brasil, já que refúgio pressupõe beneficiado. O visto especial tem validade de
ção e Assuntos Jurídicos do Ministério de Re- que a pessoa seja vítima de perseguição em cinco anos e, para obtê-lo, o interessado preci-
lações Exteriores do Brasil, Rodrigo do Ama- seu país. Assim, o Conare enviou o caso sa apresentar apenas passaporte e negativa de
ral Souza, conta o que acontece nas fronteiras: para o Conselho Nacional de Imigração, que antecedentes criminais.

150

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Sugestão de

do País, e, no Maranhão, era de R$ 509, a menor, sendo a média abordagem


nacional de R$ 1.113. É preciso salientar que essa média é obtida
dividindo o PIB estadual (conjunto de riquezas produzidas em um
ano) pelo número de habitantes, não é uma renda mensal. A má Professor, explique aos alunos as formas
distribuição de renda é causada pela desigualdade social, pois no
nosso país a diferença de renda entre os mais ricos e os mais pobres
de entrar no Brasil por pedido de asilo. Se caso
é uma das maiores do mundo, fazendo do Brasil um dos piores paí- for necessário utilize o link do Ministério das
ses em distribuição de renda. De acordo com a Organização para a Relações Exteriores e explique as leis para que
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em 2013,
tínhamos a segunda pior colocação e, em 2015, passamos ao dé- o visto de asilado seja concedido.
cimo quarto lugar entre os piores índices de distribuição de renda
entre os países da organização. Link: http://www.portalconsular.itamaraty.gov.br/asilo-
A renda insuficiente do trabalhador brasileiro tem como con-
sequência a baixa qualidade de vida da maioria da população, pois o no-brasil. Acesso em: 19/12/2017.
acesso à habitação, aos serviços de transporte público, abastecimen-
to de água, coleta de esgoto e de lixo, educação, saúde, entre outros,
é extremamente limitado e precário. O resultado disso são os altos
índices de violência no campo e na cidade, cadeias superlotadas, Anotações
mortalidade infantil, desnutrição, atraso econômico, etc.
De acordo com a Organização Internacional do Trabalho
(OIT), em 2012, 77% da renda familiar vinha do trabalho e o res-
tante de outras rendas como aposentadorias, pensões e programas
sociais. No trabalho decente, apoia-se a solução para proporcionar
às famílias de situação social fragilizada melhor qualidade de vida. O
conceito de trabalho decente se origina do ideal de inclusão social
pelo trabalho com boas condições, com acesso aos direitos sociais e
igual tratamento e oportunidades de crescimento no emprego. Isso
gera mais renda, reduzindo a pobreza extrema e os episódios de fome
entre a população brasileira, causados pela má distribuição de renda.

Ensaio geográfico
1 Faça uma relação entre o apogeu e a decadência dos ciclos econômicos e migrações entre as diversas
regiões do Brasil.
As migrações obedeceram aos fluxos produtivos e ajudaram na formação das diferentes regiões brasilei-

ras, como os ciclos econômicos. Uma região em seu apogeu econômico atrai imigrantes, mas, quando

em decadência, sofre com a emigração.

2 O ciclo da mineração foi muito importante para o povoamento do Brasil. Apresente duas justifica-
tivas para essa afirmação.
O fluxo de migração acelerado povoou rapidamente partes do Mato Grosso, Goiás e principalmente

Minas Gerais. A mudança da capital de Salvador para o Rio de Janeiro.

Capítulo 6 – Brasil: movimentos migratórios 151

6:07 CG_7ºano_06.indd 151 29/03/2018 13:56:07

“Demos prioridade para a situação do


Haiti depois do terremoto e queremos tirar os
haitianos do controle dos ‘coiotes’”, explicou
o subsecretário-geral das Comunidades Bra-
sileiras no Exterior do Itamaraty, embaixador
Eduardo Ricardo Gradilone Neto.

Disponível em: http://www.senado.gov.br/noticias/


Jornal/emdiscussao/defesa-nacional/sociedade-armadas-
debate-militares-defesa-nacional-seguranca/depois-
do-terremoto-no-haiti-imigrantes-haitianos-buscam-
refugio-no-brasil-e-recebem-vistos.aspx. Acesso em:
19/12/2017.

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3 Explique a diferença entre o Brasil e os Estados Unidos em relação à terra e à renda.
Países que desenvolveram suas economias baseando-se no acesso ao binômio terra–renda, como os

Estados Unidos, têm um desenvolvimento socioeconômico entre os melhores do mundo. No Brasil, a

maior parte da população não teve acesso a terra e, num contraste com as elites enriquecidas, cresceu e

povoou o território em situação de dependência, penúria e pobreza.

4 Qual a relação entre educação e saúde com trabalho e renda?


O fator renda é um dos mais importantes para o desenvolvimento humano e está diretamente atrelado às

condições de educação e saúde porque uma população é mais capaz e produtiva quando tem acesso a esses

serviços. Ou seja, quanto maior os níveis educacionais e de saúde de uma população, maior será a sua renda.

Aprenda com arte

Gonzaga: De Pai pra Filho


Direção: Breno Silva.
Ano: 2012.

Sinopse: Decidido a mudar seu destino, Gonzaga sai de casa ainda jovem e segue para cidade
grande, em busca de novos horizontes e para apagar uma tristeza amorosa. Lá, ele conhece uma
bela mulher, Odaleia, por quem se encanta. Após o nascimento do filho e complicações de saúde da
esposa, ele decide voltar para a estrada para garantir os estudos e um futuro melhor para o herdeiro.
Para isso, deixa o pequeno aos cuidados de amigos no Rio de Janeiro e sai pelo Brasil afora. Só não
imaginava que essa distância entre eles faria crescer uma complicada relação, potencializada pelas
personalidades fortes de ambos. Baseada em conversas realizadas entre pai e filho, esta é a história
do cantor e sanfoneiro Luiz Gonzaga, também conhecido como O Rei do Baião, ou Gonzagão, e
de seu filho, popularmente chamado de Gonzaguinha.

Central do Brasil
CG

Direção: Walter Salles.


Ano: 1998.

Sinopse: Central do Brasil é um filme comovente e emocionante. Dora escreve cartas para analfabetos
na estação Central do Brasil. Uma das clientes de Dora é Ana, que vem escrever uma carta com o seu
filho, Josué, um garoto de nove anos, que sonha encontrar o pai que nunca conheceu. Na saída da esta-
ção, Ana é atropelada, e Josué fica abandonado. Mesmo a contragosto, Dora acaba acolhendo o menino

152 Capítulo 6 – Brasil: movimentos migratórios

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Sugestão de

e envolvendo-se com ele. Termina por levar Josué para o interior do Nordeste, à procura do pai. À medida abordagem
que vão País adentro, esses dois personagens, tão diferentes, vão-se aproximando. Começa, então, uma
viagem fascinante ao coração do Brasil, à procura do pai desaparecido.
Com a atividade 1 da seção Encerramen-
Pequeno dicionário geográfico e cultural to, peça para que os seus alunos façam uma re-
flexão sobre o quadro de Portinari , o qual re-
Aventureiro: Aquele que se aventura. duto ou uma atividade comanda a economia. trata o êxodo rural. Peça para que eles narrem
Biscates: Pequenos trabalhos temporários. Contingente: Quantitativo populacional.
Brasiguaios: São imigrantes brasileiros ou Estrutura fundiária: Organização das pro- fatos ou situações que conhecem de pessoas
seus descendentes que vivem no Paraguai. priedades rurais. que saíram de sua terra-natal para buscar uma
Canto da sereia: Sedução. Diz-se de oportunida- Paus de arara: Tipo de veículo, caminhão
situação de vida melhor.
des aparentemente muito vantajosas, numa alu- adaptado para transporte de pessoas.
são ao poder de sedução que elas exercem sobre Saga: Destino, aventura.
as pessoas, tais como o canto das lendárias sereias. Veios auríferos: Depósitos de ouro injetado Diálogo com o
Ciclos econômicos: Fases em que um pro- nas rochas por processos metamórficos.
professor
Encerramento
Use a seção do Encerramento para sanar
1 Observe a imagem abaixo.
as possíveis dúvidas dos alunos. Se for neces-
Agora, responda: sário volte alguns temas para que todo o con-
Reprodução

a. Que tipo de migração ela expõe? teúdo seja bem trabalhado.


Êxodo rural.

b. Quais as consequências desse tipo de migração


para as cidades?
Anotações
Formação de favelas, desemprego e inchaço urbano.

c. Que motivos provocaram essa migração?


Os retirantes fugiram dos problemas provocados

pela seca, pela desnutrição e pelos altos índices de

mortalidade infantil no Nordeste.


Os Retirantes - Cândido Portinari, 1944.

2 (UFF – Adaptada) No século passado, durante as décadas de 60 e 70, a migração interna no


Brasil assumiu a direção campo-cidade. Entretanto, nas últimas décadas, passou a ganhar desta-
que a migração cidade-campo, num movimento cotidiano que envolve milhares de trabalhadores.
Tendo em vista as duas modalidades de migração apresentadas, exemplifique dois fatores que promo-
veram (e ainda promovem) a migração campo-cidade.
Seca e mecanização da lavoura.

Capítulo 6 – Brasil: movimentos migratórios 153

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:07
153

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3 Ao longo da história do Brasil, os nordestinos foram os maiores migrantes. A principal área de
atração de nordestinos foi o Estado de São Paulo.
Sobre o tema, responda:

a. Por quais motivos São Paulo tornou-se a maior área de atração populacional do Brasil ao longo do
século XX?
Devido ao momento econômico representado pela industrialização desde a década de 1940.

b. Quais os tipos de empregos nos quais os nordestinos se ocuparam quando chegaram a São Paulo?
Construção civil e em várias atividades do setor terciário, como o comércio.

4 Observe:

Houve um momento na história do Brasil em que diversos intelectuais e jovens “rebeldes” foram expul-
sos ou deixaram o país, caracterizando um pequeno movimento de emigração. Sobre o tema, responda:

a. Que momento histórico foi esse?


Ditadura Militar (1964-1985).

b. Quais as causas dessa emigração?


Repressão política e social e negação aos direitos fundamentais dos cidadãos brasileiros.

CG

5 O que são os “brasiguaios” e qual o motivo da sua migração?


São os brasileiros que imigraram e decidiram viver no Paraguai. Muitos migraram em busca de terras

e novas oportunidades, outros aproveitaram a construção da hidrelétrica de Itaipu, onde se estabelece-

ram nas fronteiras devido ao baixo preço das terras paraguaias.

154 Capítulo 6 – Brasil: movimentos migratórios

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154

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Diálogo com o

6 (Ufba) Observe o mapa abaixo.


professor
Migrações internas nos últimos 5 anos
Professor, utilize a questão 4 da página
154 para fazer uma breve explanação com o
tema da ditadura militar e explique o motivo
pelos quais muitas pessoas, incluindo artistas,
Norte
Residentes no Nordeste
vindos de São Paulo. foram expulsas do Brasil e tiveram que buscar
Nordeste Residentes em São Paulo refúgio em outros países. Caso seja necessário,
Centro-Oeste
vindos do Nordeste.
busque auxílio com o professor de História
Escolaridade
Tempo médio do estudo, em anos, com para que os temas sejam integrados.
N pessoas na faixa etária dos 18 aos 31 anos.
O L MG

7,7
Anotações
S
ES 7,1
0 488 km 976 km
SP
6,4 6,4 6,4 5,4
RJ

Sul
Mulheres Homens Total

(UFBA — Adaptada) Com base na análise do infográfico e nos conhecimentos sobre as migrações no
Brasil, com destaque para as nordestinas, é correto afirmar que:
a. a seca, a pobreza e a atração econômica exercida pelas outras regiões brasileiras foram os princi-
pais motivos dos fluxos migratórios extrarregionais dos nordestinos.
b. o Estado de São Paulo, nas últimas décadas, tem recebido um pequeno número de migrantes,
porém, é perceptivo aos nordestinos como no passado, em virtude, sobretudo, da saturação do
mercado de trabalho para a mão de obra não qualificada.
c. a “migração de retorno” é formada por pessoas de mais de 50 anos, com alta escolaridade, que
são atraídas pela boa qualidade de vida do Nordeste.
d. a migração realizada entre os estados do Nordeste é relativamente baixa, porque os benefícios
fiscais dos governos estaduais atraíram inúmeras indústrias, cujo mercado de trabalho absorveu
toda a mão de obra disponível em seus estados.
e. X as migrações internas no Brasil, ao longo da sua história, sempre ocorreram no sentido Centro-
-Oeste/Sul.

7 (Ufscar) Sobre a dinâmica demográfica brasileira, assinale a afirmação correta.


a. O ritmo de crescimento da população brasileira está em declínio, comprovando que estamos no
início do processo de transição demográfica.

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b. O crescimento demográfico é positivo, porém o crescimento vegetativo é negativo e a expecta-
tiva de vida está em alta.
c. O aumento da violência e do número de abortos explicam as altas taxas de mortalidade, entre os
jovens de 14 a 21 anos, nas dez maiores metrópoles do País.
d. X O saldo migratório no Brasil é negativo e os países que mais têm recebido emigrantes brasileiros
são os Estados Unidos, o Paraguai e o Japão.
e. As taxas brasileiras de fecundidade e de mortalidade infantil são as menores dentre os países da
América do Sul.

8 Observe a imagem abaixo, retratando a migração da Região Nordeste em diferentes períodos da


História brasileira.
Norte - 1970
Transamazônica

Minas Gerais
Norte e Centro- Goiás
-Oeste Mato Grosso
(Planos de (Mineração – século
colonização) XVIII)
1970-1980

Centro-Oeste
Amazônia
(Construção de
Borracha
Brasília)
1860-1910
Década de 1960

São Paulo
Rio de Janeiro
Indústria
Após 1930

Qual a mensagem transmitida por ela?


A mensagem transmite a participação dos nordestinos em diversas regiões e diferentes atividades eco-

nômicas, tendo como o migrante nordestino um papel fundamental no processo de construção do Bra-

sil. É importante atentar para a caracterização do migrante não se encontrar caracterizado pela figura

estereotipada do nordestino, geralmente retratado de forma depreciativa e preconceituosa.

156 Capítulo 6 – Brasil: movimentos migratórios

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9 Para responder às perguntas abaixo, analise com atenção o mapa.
Norte
184.634
Nordeste
219.793 541.733
729.602

Centro-Oeste
418.143
281.553 Sudeste
656.386
668.801
Sul N

O L
252.947 Legenda
S
154.094 Imigrante
Emigrante

a. Qual a região brasileira em que ocorreu maior taxa de imigração?


Sudeste.

b. Quais as duas regiões em que houve maior taxa de emigração?


Nordeste e Sudeste.

10 (Uneal) A expressão “brasiguaios” vem sendo empregada pela geografia dapopulação para designar:
a. os proprietários de terra paraguaios que vivem no Brasil, dedicando-se ao cultivo, em larga esca-
la, de soja e milho, particularmente no Centro-Sul do País.
b. X os camponeses, “sem-terra”, arrendatários e proprietários de terra, provenientes do Brasil, que
ultrapassam a fronteira com o Paraguai e se estabelecem em áreas agrícolas desse país.
c. os camponeses paraguaios que se dedicam às atividades artesanais, nas cidades fronteiriças com
o Brasil.
d. os traficantes de drogas que se instalam em cidades brasileiras e paraguaias, alternando-se ao
longo do ano.
e. os arrendatários paraguaios que se dedicam à pecuária extensiva no Mato Grosso do Sul, mas
que obtiveram a cidadania brasileira.

Capítulo 6 – Brasil: movimentos migratórios 157

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11 (UERJ)

A restituição da passagem

As famílias chegadas a Santos com passagens de 3ª classe, tendo pelo menos 3 pessoas de 12 a 45 anos,
sendo agricultores e destinando-se à lavoura do Estado de São Paulo, como colonos nas fazendas ou esta-
belecendo-se por conta própria em terras adquiridas ou arrendadas de particulares ou do governo, fora dos
subúrbios da cidade, podem obter a restituição da quantia que tiverem pago por suas passagens.
Adaptado de O imigrante, nº 1, janeiro de 1908.

A publicação da revista O imigrante fazia parte das ações do governo de São Paulo que tinham como
objetivo estimular, no final do século XIX e início do XX, a ida de imigrantes para o Estado. Para isso,
ofereciam-se inclusive subsídios, como indica o texto.

Essa diretriz paulista era parte integrante da política nacional da época que visava à garantia da:
a. X oferta de mão de obra para a cafeicultura.
b. ampliação dos núcleos urbanos no interior.
c. continuidade do processo de reforma agrária.
d. expansão dos limites territoriais da federação.

12 (Fuvest) Segundo dados do IBGE (2006), o Estado de São Paulo tem-se caracterizado por um
número maior de pessoas que dele saem. Segundo estudiosos, tal fenômeno é relativamente novo e diz
respeito, principalmente, à:
a. “migração de retorno” de estrangeiros radicados no Estado, os quais, por motivos de ordem econômica,
estão voltando a seus países de origem, cujas economias demonstram, na atualidade, maior dinamismo.
b. emigração de paulistas para os Estados Unidos, atraídos por melhores condições de trabalho e
de vida, bem como pela possibilidade de remeter valores às suas famílias que aqui permanecem.
c. X “migração de retorno” de brasileiros, sobretudo nordestinos, que, ao buscarem melhores condi-
ções de vida, e por não as encontrarem, retornam a seus estados de origem.
d. migração de paulistas para outros estados do país, em busca de novas frentes de emprego e qua-
lidade de vida, dada a estagnação do setor terciário paulista.
e. emigração de um grande número de paulistas descendentes de japoneses, para o Japão (decassé-
guis), devido às excelentes condições de vida a eles oferecidas naquele país.

13 (UFRN) “O Ministério da Justiça brasileira, entre 2009 e o primeiro semestre de 2011, regulari-
zou a permanência no Brasil de 18.004 bolivianos. De acordo com as estatísticas, os bolivianos são a
comunidade estrangeira que mais cresce em São Paulo, e a principal motivação para esse deslocamento
é a busca por emprego.”
Disponível em http://bolivianosnobrasil.blogspot.com.br/2012/05/bolivianos-sao-comunidade-estrangeira.html. Aces-
so: 21/03/2018.

158 Capítulo 6 – Brasil: movimentos migratórios

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Nesse contexto, o deslocamento feito pelos bolivianos:
a. X coloca-os na condição de imigrantes em território brasileiro.
b. corresponde a um processo de migração pendular.
c. classifica-os como emigrantes no espaço brasileiro.
d. configura um processo de migração sazonal.

14 (Urca) Leia com atenção.

Pau de Arara
Luiz Gonzaga

Quando eu vim do sertão,


seu môço, do meu Bodocó
A malota era um saco
e o cadeado era um nó
Só trazia a coragem e a cara
Viajando num pau de arara
Eu penei, mas aqui cheguei (bis)
Trouxe um triângulo, no matolão
Trouxe um gonguê, no matolão
Trouxe um zabumba dentro do matolão
Xóte, maracatu e baião
Tudo isso eu trouxe no meu matolão

A letra da música pode ser relacionada a qual fenômeno social?


a. Aglomeração. b. Conurbação.
c. X Êxodo rural. d. Hipertrofia do terciário.
e. Transumância.

15 Com relação à população brasileira, assinale a alternativa correta.


a. O êxodo rural é uma modalidade de migração que vem ocorrendo em nosso país com pequena
intensidade, o que tem preocupado muito pouco as autoridades brasileiras.
b. A população brasileira economicamente ativa revela marcante equilíbrio entre a participação
dos sexos masculino e feminino, embora as mulheres venham diminuindo sua proporção no
total dessa população.
c. A distribuição de renda, no Brasil, é bastante equitativa, embora a pobreza e a riqueza sejam
fenômenos comuns em todo o mundo.
d. X A população brasileira distribui-se de forma irregular pelo espaço, alternando áreas de elevadas
densidades demográficas, como o litoral, com outras praticamente vazias, a exemplo da Amazônia.
e. O contínuo aumento nas taxas de crescimento vegetativo, verificado em nosso país, é um fenô-
meno comprovado pelos últimos censos.

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16 (UFPE – adaptada) Mudanças significativas ocorridas na economia do Brasil recentemente mo-
dificaram os fluxos migratórios internos no país. Sobre esse tema, considere as afirmações a seguir em
Verdadeiras ou Falsas.
a. F Por conta da considerável melhoria dos padrões sociais e, em face da política de transferência de
renda para as áreas interioranas do Nordeste, particularmente o Agreste e partes do Sertão, os
fluxos migratórios se dirigem, mais intensamente, para essas regiões.
b. V Os movimentos migratórios internos são uma expressão de cenários nos quais as histórias fami-
liares se misturam aos fenômenos econômicos e sociais de uma cidade ou de uma região.
c. V Os empregos que estão atraindo mais trabalhadores para a Região Norte concentram-se na pro-
dução de minerais metálicos, principalmente alumínio e ferro, e no extrativismo mineral.
d. V A Região Centro-Oeste, que se encontra em franca expansão econômica, em face do agronegó-
cio, está sendo a que mais atrai imigrantes de outras regiões do país.
e. F Em decorrência da transformação da economia de outras regiões brasileiras, constata-se que
uma onda de migração de retorno tem acontecido para a Região Sudeste, sobretudo a partir da
década de 1990, reordenando o processo de urbanização.

17 (UFV) De acordo com diversas estatísticas, inclusive as do próprio governo, mais de 30% da população
brasileira vive abaixo da “linha de pobreza”, isto é, não consegue satisfazer condições mínimas de alimenta-
ção, saúde, transporte, moradia etc. Assinale a opção abaixo que aponta uma causa correta dessa situação.
a. O modelo de desenvolvimento industrial centrado na produção de bens de capital.
b. O elevado crescimento populacional nos centros urbanos.
c. As longas secas que afetam a Região Nordeste.
d. O processo de migração do campo para a cidade, intensificado na década de 70.
e. X A excessiva concentração de renda.

18 (UERJ) “Em 1989, quase todos os 407 operários da cidade de Pacajus (CE) estavam na fábrica de
suco e castanha-de-caju Jandaia. Hoje, a cidade abriga a fábrica de jeans da Vicunha, a Rigesa, produto-
ra de papel, e uma cadeia de fornecedores. O número de empregos chegou a 5.188, um salto de 1.147%.
‘São Paulo já foi o Eldorado de todo cearense’, diz o mecânico de tecelagem Genival Soares da Silva, que
morou nove anos na capital paulista. ‘Mas hoje o futuro está aqui’, completa o operário, que ganha R$
550,00, metade do que recebia em São Paulo.”
Adaptado de Folha de S.Paulo, 19 set. 99.

A partir do texto, as mudanças na relação entre a economia paulista e algumas áreas do Nordeste, no
que tange ao emprego, podem ser traduzidas pela seguinte afirmação:

a. X a crise econômica no Centro-Sul estimula as migrações de retorno e a criação de empregos mais


baratos no Nordeste.
b. a política de incentivos fiscais do governo paulista expulsa empresas e impulsiona o trabalho
mais qualificado no Nordeste.

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c. a saturação da cidade de São Paulo força a desconcentração industrial e estimula a absorção de
empresas paulistas por nordestinas.
d. a ação do governo nordestino abre novas possibilidades de investimentos e dificulta a solução
dos problemas de poluição industrial no Sudeste.
19 (UFF) “Os fatores de conservação transformaram o semiárido em uma região aparentemente sem
história, dada a permanência e imutabilidade dos problemas. Como se com o decorrer das décadas
nada tivesse se alterado e o presente fosse um eterno passado. A cada seca, e mesmo no intervalo entre
uma e outra, milhares de nordestinos foram abandonando a região. Sem esperança de mudar a história
das suas cidades, buscaram em outras paragens a solução para a sobrevivência das suas famílias. Foi nos
sertões que permaneceu inalterado o poder pessoal dos coronéis, petrificado durante o populismo e
pela migração de milhões de nordestinos para o sul.”
(VILLA, Marco Antônio. Vida e morte no sertão: história das secas no Nordeste nos séculos XIX e XX. São Paulo: Ática,
2000, p. 252).

Com base no trecho acima, é possível concluir que:


a grande evasão das populações do Nordeste em direção à Região Sudeste resultou no boom da
a.
borracha ocorrido na década de 1970.
as secas nordestinas não podem ser historicamente explicadas, já que decorrem de fenômenos
b.
estritamente geográficos.
a “indústria da seca” no Nordeste beneficiou diretamente as grandes capitais da região, estimu-
c.
lando sua industrialização em inícios do século XX.
as secas do Nordeste, resultando na multiplicação de fortes correntes migratórias, transforma-
d.
ram o homem nordestino em sinônimo exclusivo de flagelado.
a grande mobilidade dos nordestinos, mais que uma decorrência das secas, foi fruto de um siste-
e. X
ma de dominação baseado na propriedade da terra que marginalizava homens livres e pobres.
20 (UFF) Com o agravamento do desemprego e da fome, acentuou-se o problema dos desequilíbrios
regionais no Brasil. Tais desequilíbrios tiveram sua origem no processo que estabeleceu o papel de cada
região na divisão territorial do trabalho, ao longo do desenvolvimento industrial brasileiro.
Considere o desenvolvimento desigual ocorrido no Brasil e numere a coluna da direita de acordo
com a esquerda, associando cada região ao papel econômico que lhe coube na divisão territorial
do trabalho.

Papel Econômico: Regiões:


1. Fornecimento de mão de obra por meio de migrações internas. ( 3 ) Centro-Oeste.
2. Abastecimento alimentício dos principais centros industriais. ( 1 ) Nordeste.
3. Oferta de espaços amplos para as frentes de expansão agrícola. ( 4 ) Sudeste.
( 2 ) Sul.
4. Polarização e organização nacional do processo produtivo.
Assinale a opção que apresenta a numeração na ordem correta.
a. 1, 2, 4, 3. b. 2, 1, 3, 4. c. 2, 3, 1, 4.
d. X 3, 1, 4, 2. e. 4, 3, 2, 1.

Capítulo 6 – Brasil: movimentos migratórios 161

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161

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21 (UEPB – Adaptada)

Triste Partida
Patativa do Assaré

Setembro passou E o mesmo verão Sem cobre quebrado


Outubro e novembro [...] E o pobre acanhado
Já tamo em dezembro Apela pra março Procura um patrão
Meu Deus, que é de nós, Que é o mês preferido [...]
Meu Deus, meu Deus Do santo querido Trabaia dois ano,
Assim fala o pobre Senhor São José Três ano e mais ano
Do seco Nordeste [...] E sempre nos prano
Com medo da peste E vende seu burro De um dia vortar
Da fome feroz Jumento e o cavalo [...]
[...] Inté mesmo o galo Distante da terra
Rompeu-se o Natal Venderam também Tão seca mas boa
Porém barra não veio [...] Exposto à garoa
O Sol bem vermeio E assim vão deixando À lama e o paú
Nasceu muito além Com choro e gemido Faz pena o nortista
[...] Do berço querido Tão forte, tão bravo
Sem chuva na terra Céu lindo azul Viver como escravo
Descamba janeiro, [...] No Norte e no Sul
Depois fevereiro Chegaram em São Paulo Ai, ai, ai, ai

Disponível em: http://www.construirnoticias.com.br/a-triste-partida-patativa-do-assare/. Acesso em 11 out 2017.

De acordo com os fragmentos da composição, podemos afirmar:

I. As regiões abordadas na composição são o agreste e a Zona da Mata nordestina, onde a ocorrência
de chuvas é no outono/inverno, predominante entre os meses de março e agosto.
II. A seca é um fenômeno natural, suas consequências sobre a população camponesa pobre é de cunho
puramente socioeconômico. Enquanto os pobres são duramente penalizados com as secas, os ri-
cos, donos de terras, até chegam a ser favorecidos com a estiagem.
III. O migrante nordestino, além das questões econômicas e sociais, também sofre problemas de
ordem afetiva e psicológica com o choque cultural, o preconceito do qual é vítima, a baixa
autoestima, a perda de referenciais de identidade e a necessidade de adaptação a outro estilo
de vida.
Está(ão) correta(s).
a. Apenas as proposições I e III.
b. X Apenas as proposições II e III.
c. Apenas as proposições I e II.
d. Apenas a proposição I.
e. Todas as proposições.

162 Capítulo 6 – Brasil: movimentos migratórios

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162

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gratórios brasileiros, destacando as suas estru-
turas, lógicas e consequências sobre os espaços

Capítulo 7
natural e social.
• Compreender os motivos das migrações.
BNCC
Habilidades trabalhadas
A população brasileira no capítulo
A Rua 25 de Março é uma região de comércio po-
pular muito grande e perto do centro de São Paulo,
Brasil.

(EF07GE09) Interpretar e elaborar mapas te-


máticos e históricos, inclusive utilizando tec-
nologias digitais, com informações demográ-
ficas e econômicas do Brasil (cartogramas),
identificando padrões espaciais, regionaliza-
ções e analogias espaciais.
(EF07GE10) Elaborar e interpretar gráficos
de barras, gráficos de setores e histogramas,
com base em dados socioeconômicos das re-
giões brasileiras.

Anotações

Conheceremos, no
decorrer deste capítulo,
os principais conceitos que
estruturam o estudo da população
brasileira. Examinaremos a dinâmica de
crescimento populacional de nosso país
e os índices que precisam ser revistos
pelos governantes a fim de melhorar
a qualidade de vida da populção
brasileira.

hutterstock.com
Diego Grandi/S
Capítulo 7 – A população brasileira 163

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Objetivos problema do desemprego e do subemprego na


pedagógicos atualidade.
• Entender os fatores que produziram a am-
pliação do IDH brasileiro ao longo dos últi-
• Compreender a evolução da pirâmide mos 20 anos.
populacional brasileira a partir da análise • Perceber a evolução dos indicadores sociais
e avaliação dos indicadores sociais e eco- e da qualidade de vida no Brasil de acordo
nômicos. com as camadas sociais.
• Identificar as causas do envelhecimento da • Compreender a lógica da ocupação/apro-
população brasileira, apontando desdobra- priação do espaço territorial brasileiro.
mentos atuais e futuros. • Identificar as áreas com elevada concentra-
• Estabelecer parâmetros analíticos entre a ção populacional.
PEI e a PEA brasileira, destacando o grave • Caracterizar os diferentes movimentos mi-
163

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Cenário 1

Quantos somos e
onde estamos
População gigantesca e
mal distribuída
Número de habitantes no Brasil
205.041.421
200 milhões
190.732.694
169.799.170
150 milhões 146.825.475

119.002.706
100 milhões
93.139.037
70.070.457
51.941.767
50 milhões
30.635.605
14.333.915
10.112.061 41.165.289
17.318.556
0

1870 1890 1900 1910 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2015

Em 2015, superamos a marca de 205.041.421 habitantes,


14.308.787 a mais do que os 190.732.694 registrados no Censo
Demográfico do IBGE de 2010, como mostra no gráfico acima.
Isso nos coloca como o quinto maior país em população absoluta
do Planeta (total de habitantes), como mostra a imagem a seguir.

Os seis países mais populosos do mundo

China O L
1.387.977.982 habitantes
S
Paquistão
193.200.000 habitantes

Estados Unidos
323.100.000 habitantes

Indonésia
261.120.000 habitantes

Índia
1.324.100.000 habitantes

População dos países 3,7 bilhões, aprox.


Todos os outros países 3,5 bilhões, aprox.
0 2.050 km 4.100 km Brasil
207.700.000 habitantes População mundial 7,2 bilhões.

Fonte: IBGE, Banco Mundial.

164 Capítulo 7 – A população brasileira

C
164
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População absoluta é o quantitativo total de habitantes de
determinada região. Uma região com elevada população absoluta é
considerada populosa. Já a população relativa diz respeito à rela-
ção entre a população absoluta e a extensão territorial, obtendo-se
assim, o número de habitantes por km2 da região analisada. Essa
relação é também chamada de densidade demográfica. Quando
uma região apresenta um número elevado de habitantes por quilô-
metro quadrado, é considerada povoada.

Brasil: distribuição populacional


Venezuela Guiana
Francesa
Colômbia Suriname Região Nordeste
Guiana
População (em
Amapá
Roraima Área (em km²) milhões de
Equador habitantes*)
Amazonas 1.556.001 53,1

Região Norte
População (em
Área (em km²) milhões de Rio Grande
Maranhão Ceará
habitantes*) do Norte
3.869.637,9 15,9
Paraíba
Piauí
Pará
Acre Pernambuco
Alagoas
Tocantins Sergipe
Rondônia
Bahia
Mato Grosso
Peru
N
Brasília 0 314 km 628 km L
O
Região Centro-Oeste
Goiás
População (em
Bolívia
S
Área (em km²) milhões de
habitantes*) Minas Gerais
Mato Grosso
1.612.077,2 14,1 Espírito Santo
do Sul

São Paulo
Rio de Janeiro
nio Paraguai
de Capricór
Trópico
Paraná
Chile
Oceano
Região Sul Atlântico
Pacífico
Oceano

Santa Catarina
População
Argentina (em Região Sudeste
Rio Grande
Área (em km²) milhões de
do Sul
habitantes*) População (em
Área (em km²) milhões de
575.316 27,5 habitantes*)
Uruguai 927.286 80,4
Fonte: Elaborado pelo autor. Dados do Censo demográfico do IBGE, 2010.

Nem toda região populosa é povoada e vice-versa. Isso porque


muitas vezes o país pode ter uma pequena extensão territorial e
elevada densidade demográfica sem ser, contudo, populoso. Nesse
caso, o que ocasiona a elevada densidade populacional é a peque-
na dimensão territorial. Já no Brasil, ocorre o contrário. Trata-se

Capítulo 7 – A população brasileira 165

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165
:42

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Anotações
de um país populoso, pois a população absoluta é muito grande;
porém, em virtude de diversas questões históricas e naturais, essa
população está mal distribuída. Nossa população relativa, ou den-
sidade demográfica, é muito pequena. Ao dividirmos nossa popu-
lação atual pela área territorial do nosso país, identificaremos que a
nossa densidade demográfica é de apenas 22,4 hab./km2. A razão da
baixa população relativa do Brasil está no seu tamanho territorial.
A verdade é que a divisão da população absoluta com a extensão
territorial gera uma equalização da densidade.
Contudo, convém salientar que este número é uma média,
pois, ao analisarmos por áreas específicas, veremos que, em virtu-
de de diversos fatores, a densidade demográfica varia. Por exemplo,
a região norte Amazônica, onde a natureza dificultou a ocupação
humana, a densidade demográfica é muito baixa: 4,12 hab./km2.
Por outro lado, na Região Sudeste, em virtude da forte economia
que a tornou o principal centro de atração populacional do Brasil,
a densidade demográfica é de 86, 9 hab./km2.

Crescimento da
população brasileira
O crescimento vegetativo é o resultado da subtração entre a
taxa de natalidade e a taxa de mortalidade, TN – TM. Quando
esse valor é positivo, ou seja, quando a natalidade é superior à mor-
talidade, significa que houve crescimento. Já quando a mortalidade
é superior à natalidade, significa que a população está em declínio.
Para entendermos o que é crescimento vegetativo, precisamos com-
preender antes dois conceitos: taxa de natalidade e taxa de morta-
lidade, que serão abordados mais detalhadamente logo em seguida.

Nascimento - óbitos x 1.000


Crescimento natural =
Número de habitantes

Diálogo com o
Mudanças na natalidade
professor e fecundidade
A taxa de natalidade diz respeito ao número de nascidos vi-
vos a cada 1.000 habitantes de um país, estado, cidade ou região
Os temas deste capítulo podem ser traba- ao longo de um ano. Para encontrar a natalidade, divide-se esta
lhados fazendo um corte transversal por todos quantidade de nascidos vivos pelo total de habitantes existente no
mesmo período. O resultado é multiplicado por mil. Seu resultado
os campos de conhecimento, mas, para que é acompanhado pelo símbolo ‰, que significa por mil.
isso desemboque num ensino realmente signi-
ficativo, é preciso elaborar um projeto em que 166 Capítulo 7 – A população brasileira
estejam descritos os papéis a serem desempe-
nhados pelos diversos componentes curricula-
res, as metas de cada um e os objetivos que se CG_7ºano_07.indd 166 29/03/2018 13:55:42 CG

quer alcançar. Leitura dos foram publicados, no Diário Oficial da


complementar União.
No ranking dos estados, os três mais po-
Sugestão de pulosos estão na Região Sudeste, enquanto os
População brasileira passa de
abordagem 207,7 milhões em 2017
cinco menos populosos estão na Região Nor-
te. O líder é São Paulo, com 45,1 milhões de
habitantes, concentrando 21,7% da popula-
Existem diversas fontes pelas quais se po- Pesquisa do Instituto Brasileiro de ção do País. Roraima é o estado menos popu-
dem tornar o trabalho dos temas do capítulo Geografia e Estatística (IBGE) indica que loso, com 522,6 mil habitantes (0,3% da po-
mais interessante. Ferramentas como a Inter- o Brasil tem 207,7 milhões de habitantes e pulação total).
net (site do IBGE e do Ipea), jornais, revistas, uma taxa de crescimento populacional de Mais cinco estados têm população acima
músicas, filmes, etc., podem ser utilizadas a 0,77% entre 2016 e 2017, um pouco me- de 10 milhões de habitantes: Minas Gerais
fim de uma maior apreensão do tema. nor do que a de 2015/2016 (0,80%). Os da- (21.119.536), Rio de Janeiro (16.718.956),

166

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A redução populacional concentra-se, prin-
cipalmente, no grupo de municípios com até 20
mil habitantes (32,5% ou 1.236 municípios). A
Nº de nascimentos x 1.000
TN= diminuição acontece com mais frequência na
População absoluta ou total
Região Sul, enquanto no Norte e no Centro-
-Oeste estão as maiores proporções de municí-
Entre 1940 e 1960, o Brasil vivenciou a existência de taxas de
natalidade bastante elevadas, resultado de diversos fatores comple- pios com taxas de crescimento acima de 1%.
mentares: uma população que vivia mais no campo, cujo pensa- Segundo a gerente de estimativas e pro-
mento era ter muitos filhos para ajudar na agropecuária, atividade
de sustento do núcleo familiar; a política pró-natalista do gover-
jeção de população do IBGE, Izabel Marri,
no de Getúlio Vargas, cujo lema era “Crianças hoje, trabalhadores os resultados do cálculo das estimativas mos-
amanhã”; e a pequena disponibilidade de métodos contraceptivos. tram a reorganização da população no terri-
Porém, no final da década de 1960, a taxa de natalidade brasilei-
ra começou a cair vertiginosamente como consequência de três
tório. “Há uma tendência de deslocamento
fatores complementares: a economia brasileira passou progressi- das pessoas que moram em pequenos municí-
vamente a ser industrial, fato que provocou um deslocamento de pios para cidades maiores em busca de melho-
grande parte da população das zonas rurais em direção às cidades
em busca de melhores condições de vida (empregos regulares com res condições de vida e melhor acesso à educa-
salários maiores, assistência médico-hospitalar, moradias dignas, ção e ao emprego”, explicou.
educação de boa qualidade para os filhos, etc.); nas cidades, os
custos para manutenção são bastante elevados, o que acarretou a
redução do número de filhos por casais; por outro lado, a mulher Disponível em: http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-
começou a participar mais efetivamente do mercado de trabalho e, justica/2017/08/populacao-brasileira-passa-de-207-7-
para isso, as famílias optaram por menos filhos ─ neste contexto, milhoes-em-2017. Acesso em: 19/12/2017.
foi muito importante a disponibilidade crescente dos métodos
contraceptivos.
areeya_ann/Shutterstock.com

Anotações

Lançada no mercado no começo dos


anos 1960, a pílula anticoncepcional é o
método contraceptivo mais usado no mundo.

Essa redução do número de filhos por mulher foi fundamental


para a diminuição do ritmo de crescimento populacional brasileiro.
A quantidade de filhos por mulher (em período reprodutivo, ou
seja, entre os 15 e 45 anos) é o que chamamos taxa de fecundida-
de. No Brasil, em virtude da crescente urbanização, essa taxa vem
declinando ao longo dos últimos 50 anos. Na década de 1960, era
de 6,3; em 2000, atingiu 2,4; e atualmente é de 1,8, como mostram
os dados da figura a seguir.

Capítulo 7 – A população brasileira 167

5:42 CG_7ºano_07.indd 167 29/03/2018 13:55:42

Bahia (15.344.447), Rio Grande do Sul 2042 e 2043), a população vai atingir seu li-
(11.322.895) e Paraná (11.320.892). mite máximo (228,4 milhões), e passará a de-
O Distrito Federal que, no ano passado, crescer nos anos seguintes.
tinha 2,98 milhões de habitantes, agora tem
mais de 3,039 milhões de pessoas. Acre (829,6 Cidades
mil), Amapá (797,7 mil) e Roraima (522,6 As estimativas de população dos municí-
mil) são os estados que registram população pios mostram que quase um quarto dos 5.570
inferior a 1 milhão de habitantes. municípios brasileiros (1.378 municípios)
A taxa de crescimento populacio- teve redução populacional. Além disso, em
nal (0,77%), entretanto, vem desacelerando mais da metade deles (2.986), as taxas de cres-
nos últimos anos, em razão principalmente cimento populacional foram inferiores a 1%,
da queda na taxa de fecundidade. A projeção e em apenas 258 municípios (4,6% do total) o
demográfica prevê que daqui a 26 anos (entre aumento foi igual ou superior a 2%.

167

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Taxa de fecundidade total
Brasil – 1940–2010
7,0

6,0

5,0

4,3 filhos
4,0

3,0

2,0

1,0

0,0
1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020
Fonte: IBGE, Censo Demográfico 1940/2000 e resultados preliminares da amostra do Censo Demográfico 2010.

De acordo com os dados oficiais recentes, cerca de 70% das


mulheres brasileiras casadas ou unidas, com idade entre 15 e 44
anos, recorrem a algum método anticoncepcional. Destas, 44% fi-
zeram histerectomia e não poderão ter mais filhos.

Evolução da taxa da mortalidade infantil


Brasil 1940–2004
144,7
160
140
118,1
120 117
100
87,9
80
63,2
60
33,7 31,9 30,4 28,4 26,8 25,6 24,3 23,6 22,6
37,9
40

0
2001

2002
40/50

50/60

60/70

70/80

2000

2004
1996

1997

1998

1999

2003
1985

1995

Melhoria na qualidade
de vida e queda na
mortalidade
Tecnicamente, a taxa de mortalidade corresponde ao número
de óbitos por 1.000 habitantes de uma região. É calculada a partir
da divisão do número de óbitos em um determinado período pela
população total e a multiplicação desse resultado por mil.

168 Capítulo 7 – A população brasileira

168
CG_7ºano_07.indd 168 29/03/2018 13:55:42 C

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Nº de mortes x 1.000
Taxa de mortalidade =
Nº de habitantes

No Brasil, há um dado para festejar. Ao longo da sua história,


a taxa de mortalidade foi sendo reduzida progressivamente, como
mostra a imagem abaixo. Esse declínio é consequência de diversos
fatores que ocorreram no mundo e no Brasil e que atuam de forma
complementar, tais como:

Avanços na medicina, como a produção de novos medica-


mentos, diagnósticos e novas formas de tratamento que pas-
sam a curar diversas doenças.
Melhorias nas condições sanitárias, como criação do sistema
de abastecimento de água, redes de coleta, tratamento de esgo-
tos e coleta sistemática do lixo.
Ampliação do sistema de educação pública.
Ampliação da oferta de alimentos.
Campanhas de vacinação.
Elevação da renda média do trabalhador.

A conjunção desses fatores foi fundamental para a elevação da


expectativa de vida (ou esperança de vida) da população brasileira.

Expectativa de vida

1980 1991
80 e + 80 e +
70 a 79 70 a 79
Faixa etária (anos)

Faixa etária (anos)

60 a 69 60 a 69
50 a 59 50 a 59
40 a 49 40 a 49
30 a 39 30 a 39
20 a 29 20 a 29
10 a 9 10 a 9
0a9 0a9

15 10 5 0 5 10 15 15 10 5 0 5 10 15
Percentual da população Percentual da população

2000 2010
80 e + 80 e +
70 a 79 70 a 79
Faixa etária (anos)

Faixa etária (anos)

60 a 69 60 a 69
50 a 59 50 a 59
40 a 49 40 a 49
30 a 39 30 a 39
20 a 29 20 a 29
10 a 9 10 a 9
0a9 0a9

15 10 5 0 5 10 15 15 10 5 0 5 10 15
Percentual da população Percentual da população

Capítulo 7 – A população brasileira 169

169
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IDH e qualidade de vida no Brasil

IDH: 0,699 (na faixa de países com alto desenvolvimento humano)


73º posição entre 169 países
Rendimento anual por capital - US$ 10.607
Expectativa de vida - 72,9 anos
Escolaridade - 7,2 anos de estudo
Expectativa de vida escolar - 13,8

0,69
0,70

0,68
0,66 0,65
0,64
0,62 Fonte: Programa das
2000 01 02 03 04 05 06 07 08 09 2010 Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é um in-


dicador comparativo utilizado para classificar os países pelo seu
grau de “desenvolvimento humano”. A estatística é composta
a partir de três dados específicos: expectativa de vida ao nas-
cer, educação e produto interno bruto per capita (PIB/PPC) ─
este último é o produto interno bruto dividido pelo total de ha-
bitantes do país. Nosso país iniciou o século XXI apresentando
uma melhoria do nível do seu IDH. Contudo, essa evolução não
traduz plenamente a realidade do Brasil

guentermanaus/Shutterstock.com

A melhoria do IDH no Brasil não é real


para todas as regiões. Na foto acima, po-
demos verificar as condições de vida e de higiene
de uma comunidade em Manaus, Amazonas.
Mesmo que tenhamos melhorado o nosso nível de escolariza-
ção, ampliado a expectativa de vida e o PIB, ainda estamos muito
longe de uma distribuição de renda justa. Nesse quesito, ainda esta-

170 Capítulo 7 – A população brasileira

CG_7ºano_07.indd 170 29/03/2018 13:55:43


170 C

ME_CG_7ºano_07.indd 170 14/05/2018 12:21:17


mos muito aquém de países como Argentina e Venezuela e, mesmo
que a nossa educação tenha praticamente incluído quase todos os
alunos em sala de aula, ainda carecemos de uma valorização e qua-
lificação maior, como mostra o infográfico.

Evolução do analfabetismo (Anos 2000)


Em 2010, o País ainda tinha 14 milhões de jovens e adultos que não sabiam ler e escrever.

Queda lenta Tragédia educacional


O analfabetismo
em outros países
Na década em que milhares de pessoas Em quatro estados, mais de um quinto da população
saíram da pobreza, o analfabetismo entre as em comparação jovem e adulta não sabe ler nem escrever.
pessoas com 15 anos ou mais caiu só 4 pontos. com o Brasil
Em % (2009, em %) Em %
Alagoas 24,3
13,6 Brasil Piauí 22,9
12,4 9,7
11,8 11,6 11,2 Paraíba 21,9
10,9
10,2 9,9 10 9,7 9,6
México
6,6 Maranhão 20,9
China Ceará 18,8
6
Argentina Rio Grande do Norte 18,6
2,3
Uruguai Sergipe 18,4
1,7
Pernambuco 18
Chile
1,4 Bahia 16,6
Acre 16,5
Tocantins 13,1
Pará 11,7
Roraima 10,3
Amazonas 9,9
Rondônia 8,8
2000 01 02 03 04 05 06 07 08 09 2010 Mato Grosso 8,5
Amapá 8,4
Concentração RR AP Minas Gerais 8,3
Norte e Nordeste são
Espírito Santo 8,1
as regiões que concentram AM
PA MA CE
RN Goiás 8
as maiores taxas de PI PB
PE
AC AL
analfabetismos do País TO
Mato Grosso do Sul 7,7
RO SE
MT BA
Paraná 6,3
DF
% de Acima de 20,1 GO Rio Grande do Sul 4,5
analfabetismo MG
De 10,1 a 20 MS ES
Rio de Janeiro 4,3
SP
De 5,1 a10 RJ
PR São Paulo 4,3
De 3 a 5 SC

RS
Santa Catarina 4,1
Distrito Federal 3,5

Nas últimas décadas, várias ações do Governo Federal brasi-


leiro vêm promovendo políticas de inclusão social, que têm como
objetivo combater as desigualdades sociais. O desenvolvimento de
programas como Bolsa Família, Sistema de Cotas, novos investi-
mentos em geração de emprego e habitação permitiram ao Brasil,
mesmo que lentamente, uma reordenação na distribuição de ren-
da e elevação da qualidade de vida e dos rendimentos sociais. O
resultado dessas ações governamentais tem sido associado ao au-
mento do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que em
2013 colocou o País em 79º lugar no ranking global. De acordo
com o Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH), o Brasil
obteve um crescimento de 95% nos últimos 30 anos, tendo sido

Capítulo 7 – A população brasileira 171

:43
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171

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o maior crescimento entre os países da América Latina. O RDH

rodrigues/Shutterstock.com
é um instrumento importante, pois permite o desdobramento de
um indicador global em indicadores específicos, com os quais po-
demos analisar em que aspectos houve um melhor desempenho,
como saúde ou educação, por exemplo.
Essas mudanças na dinâmica demográfica, que apontam redu-
ção da natalidade, da fecundidade e da mortalidade, bem como a
ampliação da expectativa de vida, projetam, para um futuro próxi-
mo, alterações profundas na estrutura etária do país: ampliação na
proporção de idosos (acima de 65 anos), enquanto a população de
jovens está diminuindo.
Em sua última fase de um longo processo de mudanças, que
como vimos começou nos anos 1950-1960, a população brasileira
continua crescendo, porém de forma cada vez mais lenta; apresen-
Em breve, o Brasil se tornará um país com
alto número de idosos, segundo dados do tamos uma taxa de crescimento vegetativo de 1,2%, como mostra-
IBGE. do nos gráficos a seguir:

O Brasil cresce... Variação


12,3%
...mas desacelera
A população em cada censo, em milhões Taxa média de crescimento anual, em %

190,7 2,99 2,89

169,8 2,48
2,39
146,8
1,93
119 1,64
93,1

70,1 1,02
51,9
41,2
30,6
10,1 14,3 17,4

1872 1890 1900 1920 1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000 2010 1940–50 1950–60 1960–70 1970–80 1980–91 1991–00 2000–10

Crescimento natural da população brasileira

Taxas %
50
45 44 44 Natalidade
45
40 38

35 19 Mortalidade
24
30 Crescimento natural 26
25 26 29
25 20
20
20 19 15
15 13
10 9
9
5 7 7 6
0
1920 1940 1960 1980 2000 2020
Década

172 Capítulo 7 – A população brasileira

C
172
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Se for mantido esse desempenho, o Brasil chegará ao ano 2050
com um crescimento populacional nulo e contará então com uma
população inferior a 250 milhões de habitantes, o que significa que
estaríamos concluindo o nosso processo de transição demográfica,
como mostra a imagem abaixo.

Distribuição da população, segundo grupos de idade (%)

0 a 24 anos 25 a 39 anos 40 a 59 anos 60 anos ou mais

50 46,3 45,5 44,5 43,5 42,4


45 41,6
40
35
30
22,9 23 23,2 23,4 23,3 23,7
25

21,5 22,1 22,7 23,2 23,4


20
21,1
15

11,1 11,3
10
9,7 9,9 10,2 10,5
5
0
2004 2005 2006 2007 2008 2009
Fonte: IBGE

Geografia em cena

Quantas pessoas já viveram no mundo?

Cerca de 107 bilhões – mais ou menos 16 vezes mais do que a população atual do Planeta. O
cálculo foi feito pelos pesquisadores do site Population Reference Bureau (www.prb.org), que reúne
dados sobre demografia. Os números obviamente são bem aproximados, a começar pelo primeiro ano
de vida humana na Terra: por falta de opção melhor, eles assumem que, no ano 50.000 a.C., havia dois
habitantes no planeta — o primeiro homem e a primeira mulher. Daí em diante, a conta é dividida
por períodos e se baseia na média de natalidade de cada um. Por exemplo, de 50000 a.C., pulamos
para 8000 a.C., quando o homem descobriu a agricultura e a natalidade explodiu. Nesse intervalo,
a população passou de 2 para 5 milhões de habitantes, seguindo uma taxa média de natalidade de
80 nascimentos a cada mil habitantes. Nos períodos seguintes, a taxa de natalidade foi caindo até
chegar aos atuais 23 nascimentos por milhar. Somando todos os períodos, o prb.org chegou, em
2002, ao resultado de 106,4 bilhões de pessoas. Acrescentamos a esse número os dados mais recen-
tes da ONU, que dá conta de que, em 2007, atingimos a marca de 6,7 bilhões de habitantes, ou seja,
485 milhões de pessoas a mais do que os 6,215 bilhões que existiam em 2002. Assim, chegamos ao
total de 106,941 bilhões de habitantes.
http://mundoestranho.abril.com.br/materia/quantas-pessoas-ja-viveram-no-mundo. Acessado em: 21/03/2018.

Capítulo 7 – A população brasileira 173

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173
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Ensaio geográfico
1 Descreva os motivos que acarretaram a queda das taxas de mortalidade no Brasil.
As taxas de mortalidade caíram substancialmente devido ao avanço da medicina, às melhorias nas

condições sanitárias, à entrada da mulher no mercado de trabalho, à ampliação da oferta de alimentos

e melhorias na renda média do trabalhador.

2 Observe o gráfico abaixo.

Crescimento natural da população brasileira


Taxas %
50
45 44 44 Natalidade
45
40 38

35 19 Mortalidade
24
30 Crescimento natural 26
25 26 29
25 20
20
20 19 15
15 13
10 9
9
5 7 7 6
0
1920 1940 1960 1980 2000 2020*
Década * Estimativa
Alceu V.W. de Carvalho. A população brasileira: estudo e interpreta-
ção. Rio de Janeiro, IBGE, 1960./Anuário Estatístico do Brasil. Rio
de Janeiro, IBGE, 1998.

Com base na análise do gráfico e nos conhecimentos sobre a população brasileira, defina crescimento
natural, ou vegetativo, e explique a evolução demográfica do País, no século XX, indicando as causas
da queda do crescimento vegetativo brasileiro

Crescimento natural: É a dinâmica natural de crescimento da população observando a diferença entre


as taxas de natalidade e mortalidade, resultando no crescimento vegetativo ou natural.
Nas últimas décadas, as taxas de natalidades e mortalidades caíram, porém o Brasil ainda vem apresen-
tando dados de crescimento populacional intenso.
As quedas no crescimento vegetativo nas últimas décadas estão relacionadas principalmente à diminui-
ção da natalidade. A participação da mulher no mercado de trabalho, o êxodo rural, melhores condi- CG

ções de moradia, educação de qualidade são alguns dos fatores que contribuíram para essa baixa.

3 Por que é correto afirmar que o Brasil é um país populoso e pouco povoado?
O Brasil é um país de uma população que ultrapassa os 205 milhões de habitantes. Isso o torna um país

populoso. Porém, sua densidade demográfica não ultrapassa a marca de 22,4 hab./Km2, fazendo com

que seja pouco povoado.

174 Capítulo 7 – A população brasileira

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174

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imigrantes e o próprio ritual católico adqui-
riu certas especificidades nas comunidades
4 (UEL) Da Copa de 1970 à Copa de 2010, a população brasileira passou de 93.139.037 para uma alemãs.
população estimada em 193.114.840 habitantes.
A vida cultural dos imigrantes também
(IBGE - Popclock em 23 jun. 2010)
teve um papel importante na formação da cul-
Com base nos conhecimentos sobre a dinâmica do crescimento vegetativo da população no Brasil, ao tura brasileira, especialmente no que diz res-
longo desses 40 anos, assinale a alternativa correta. peito a certos hábitos alimentares, encena-
a. A taxa de crescimento anual da população brasileira foi maior na primeira década do século ções teatrais típicas, corais de igrejas, bandas
XXI que nos anos 1970, apesar da estabilização da taxa bruta de mortalidade.
de música e assim por diante. Exemplo carac-
b. X A contínua redução da taxa de fecundidade explica a queda na taxa de crescimento anual da
terístico é a Oktoberfest, que, a princípio, sur-
população, apesar de o número total de habitantes ter mais que dobrado.
giu como uma forma de manifestação con-
c. Nas duas últimas décadas, apesar do aumento das taxas brutas de natalidade, as taxas anuais de
crescimento vegetativo da população brasileira se estabilizaram devido ao comportamento do tra as atitudes tomadas pelo Estado Novo ao
saldo migratório. proibir atividades culturais que identificas-
d. O crescimento absoluto de aproximadamente 100 milhões de habitantes foi proporcionado sem a germanidade. Hoje, ela é uma festa que
pela elevação das taxas de fecundidade no Brasil ao longo do período.
simboliza a alegria alemã, tendo incorporado,
5 Quais explicações poderíamos utilizar para justificar o envelhecimento da população brasileira? com adaptações e modificações, a gastrono-
mia, a música, a língua alemã.
A diminuição da taxa de fecundidade e o aumento da expectativa de vida.

Disponível em: https://brasil500anos.ibge.gov.br/


territorio-brasileiro-e-povoamento.html. Acesso em:
19/12/2017.
Cenário 2

O mundo em um Diálogo com o


professor
País
Professor, utilize o texto acima para con-
A imigração e sua textualizar a influência alemã na construção
contribuição para a dda cultura Brasileira. Caso seja necessário,
formação da população utilize os conhecimentos do professor de His-
tória e explique o acordo feito com Dom. Pe-
brasileira dro I em trazer os germânicos para o Brasil.
Poucos países do mundo são considerados tão acolhedores como
o Brasil. Ao longo de séculos, uma diversidade enorme de povos, de
todo o Planeta, para cá convergiu em busca do seu destino: a maioria Anotações
deles por vontade própria; outros, como os africanos, aqui introduzi-
dos como mão de obra escrava.

Capítulo 7 – A população brasileira 175

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Leitura O imigrante alemão difundiu no Brasil


complementar a religião protestante e a arquitetura germâ-
nica; contribuiu para o desenvolvimento ur-
bano e da agricultura familiar; introduziu no
Território brasileiro e País o cultivo do trigo e a criação de suínos.
povoamento Na colonização alemã, não se pode negar, está
a origem da formação de um campesinato típi-
A imigração e a colonização alemã no Bra- co, marcado fortemente com traços da cultura
sil tiveram um importante papel no processo de camponesa da Europa Central.
diversificação da agricultura e no processo de ur- No domínio religioso, há de se reconhe-
banização e industrialização, tendo influencia- cer a influência dos pastores, padres e religio-
do, em grande parte, a arquitetura das cidades e, sos descendentes de alemães. Várias igrejas lu-
em suma, a paisagem físico-social brasileira. teranas foram implantadas com a chegada dos
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175

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Neste país-continente, europeus, asiáticos e africanos junta-
ram-se aos indígenas para criar essa sociedade caracterizada pela
miscigenação. Entre os grupos de imigrantes que aqui aportaram
de forma espontânea, destacam-se os portugueses, italianos, espa-
nhóis, alemães e japoneses, além de sírios, libaneses, poloneses, rus-
sos, ucranianos, holandeses e até chineses e coreanos.
Esses imigrantes contribuíram de três formas para a constru-
ção do espaço e da população brasileira. Em primeiro lugar, contri-
buíram para o crescimento populacional do Brasil entre o começo
do século XIX e a década de 1930, período em que o nosso cresci-
mento vegetativo era muito baixo, como mostra o gráfico abaixo;
em segundo lugar, promoveram a ocupação de vastas áreas do sul
e sudeste brasileiro; e terceiro, ampliaram a oferta de mão de obra
para a cafeicultura e, principalmente, para a nascente industrializa-
ção do início do século XX.

Imigrantes entrados no Brasil (1808–1973)


Milhares
Lei Eusébio de Queiroz

Crise econômica mundial


Primeira Guerra Mundial
220
Abolição da

200
escravidão

180

Lei de Cota de Imigração

Industrialização
160
140

Segunda Guerra Mundial


120

Regime Militar
100
80
60
40
20
0
1850

1884

1890

1900

1910

1920

1930

1940

1950

1960

1970
1973
1808

1895

1905

1915

1925

1935

1945

1955

1965

Contudo, com a criação das Leis de Cotas de Imigração, ins-


tituída por Getúlio Vargas em 1934, cujo objetivo oficial era prote-
ger o mercado de trabalho para o brasileiro, a imigração decresceu, CG

uma vez que a lei estabelecia uma cota anual de 2% do total de cada
nacionalidade que havia imigrado nos últimos 50 anos.
Mais recentemente, como consequência do crescimento eco-
nômico brasileiro, correntes de imigrantes de países pobres têm
afluído para o Brasil em busca de emprego e qualidade de vida.
Muitos são latino-americanos, como bolivianos e haitianos;
outros, vêm livremente da África fugindo da fome e das guerras,
como nigerianos e angolanos. Os anos de 2015 e 2016 foram

176 Capítulo 7 – A população brasileira

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176

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Sugestão de
marcados pela chegada intensa de sírios. A Síria, envolvida em abordagem
um enorme conflito armado comandado pelo Estado Islâmico,
assistiu a sua população migrar para diversas partes do mundo em
busca de uma nova chance. O Brasil, apesar de ser um dos países Professor, indicamos uma peça teatral
eleitos pelos sírios, não oferece uma estabilidade econômica para
acomodar de forma saudável qualquer tipo de imigrante.
que aborda a temática do êxodo rural. Suge-
rimos a realização dela em sala, para um me-
Geografia em cena lhor entendimento do que está por trás da saí-
da de sua terra.
Entenda a diferença entre migrante e
refugiado
Link: http://artigos.netsaber.com.br/resumo_
Diante da crise dos refugiados, muitos países estão fechan-
artigo_12259/artigo_sobre_peca- de-teatro--o-exodo-
do as portas para qualquer pessoa síria que busque ajuda. A cri-
se dos imigrantes, que também abala a Europa, também é tema rural--. Acesso em: 19/12/2017.
de discussões. Explicamos para você qual a distinção entre os
dois termos:
A principal diferença entre refugiados e migrantes está no
motivo pelo qual essas pessoas se deslocam de um lugar para o
outro. Enquanto os refugiados precisam de ajuda por motivos Anotações
de guerra ou perseguição em seus países de origem, os migran-
tes geralmente saem por vontade própria, para buscar melhores
condições de vida.
http://super.abril.com.br/historia/qual-a-diferenca-entre-migrante-e-refu-
giado. Adaptado.

Ensaio geográfico
1 Descreva o motivo pelo qual Getúlio Vargas implantou a Lei de Cotas de Imigração.
Proteger o mercado de trabalho para os brasileiros e garantir a estabilidade econômica.

2 Explique a importância do imigrante para a formação do espaço e da população brasileira.


O imigrante exerceu um papel bastante importante no processo de formação da identidade brasileira.

Além de ocupar determinadas áreas que deram origem a grandes centros urbanos, a mistura entre eles

deu origem em cada região ocupada a um novo modelo de cultura.

3 Cite os principais grupos de imigrantes que entraram no Brasil.


Portugueses, espanhóis, italianos, alemães, russos, chineses, ucranianos e outros.

Capítulo 7 – A população brasileira 177

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177

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4 (UFG) Leia o gráfico a seguir. Homens
80 ou +
milhares 75 a 79
220 70 a 74
65 a 69

Lei de Terras

Lei de Cotas
60 a 64
55 a 59
50 a 54

Idade
180 45 a 49
40 a 44
35 a 39
30 a 34
25 a 29
20 a 24
140
15 a 19
10 a 14
5a9
0a4
100
10 8 6 4 2
Po
60

Homens
20
80 ou +
75 a 79
70 a 74
0

1960

1970
1808

1850

1890

1900

1910

1920

1930

1940

1950

1975*
65 a 69
60 a 64
55 a 59
50 a 54

Idade
45 a 49
* Dados do IBGE.
40 a 44
35 a 39
Fonte: Azevedo, Aroldo de. Brasil: a terra e o homem. São Paulo: Nacional/Edusp, vol. II, 1970. [s. p., tabela 4.] 30 a 34
25 a 29
20 a 24
15 a 19

Analisando os dados do gráfico, verifica-se que a oscilação de maior expressão representada decorre:
10 a 14
5a9
0a4
10 8 6 4 2

a. da promulgação das leis que proibiram o tráfico de escravos, facilitando o afluxo de imigrantes. Po

b. das consequências da crise econômica mundial, motivando o aumento do fluxo de imigrantes.


c. X da abolição da escravidão, intensificando a opção pela mão de obra imigrante.
d. da política racial da Era Vargas, expulsando grandes contingentes populacionais.
e. da Segunda Guerra Mundial, que resultou no afluxo populacional de deslocados.

Cenário 3

Estruturas
da população
brasileira
Estrutura etária
Para começar, precisamos entender o conceito de pirâmide
etária. Uma pirâmide etária é a representação gráfica que mostra a
quantidade de pessoas de uma área de acordo com a idade e o gêne-
ro. Qualquer pirâmide etária explica as alterações sobre a evolução
e o crescimento populacional de um país, ou seja, as mudanças na
fecundidade, natalidade, mortalidade e expectativa de vida.
Para compreendermos as mudanças que a população brasileira
vem sofrendo ao longo da sua história, observe a sequência evolu-
tiva da pirâmide etária brasileira apresentada nos gráficos a seguir.

178 Capítulo 7 – A população brasileira

C
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1970 1980
1970 1980
1991 1991
Homens Mulheres Homens
Homens Mulheres
Mulheres Homens
Homens Mulheres
Mulheres Homens Mulheres
80 ou + 80 ou 80
+ ou + 80 ou +80 ou + 80 ou +
75 a 79 75 a 79
75 a 79 75 a 7975 a 79 75 a 79
70 a 74 70 a 74
70 a 74 70 a 7470 a 74 70 a 74
65 a 69 65 a 69
65 a 69 65 a 6965 a 69 65 a 69
60 a 64 60 a 64
60 a 64 60 a 6460 a 64 60 a 64
55 a 59 55 a 59
55 a 59 55 a 5955 a 59 55 a 59
50 a 54 50 a 54
50 a 54 50 a 5450 a 54 50 a 54
Idade

Idade
Idade

Idade

Idade

Idade
45 a 49 45 a 49
45 a 49 45 a 4945 a 49 45 a 49
40 a 44 40 a 44
40 a 44 40 a 4440 a 44 40 a 44
35 a 39 35 a 39
35 a 39 35 a 3935 a 39 35 a 39
30 a 34 30 a 34
30 a 34 30 a 3430 a 34 30 a 34
25 a 29 25 a 29
25 a 29 25 a 2925 a 29 25 a 29
20 a 24 20 a 24
20 a 24 20 a 2420 a 24 20 a 24
15 a 19 15 a 19
15 a 19 15 a 1915 a 19 15 a 19
10 a 14 10 a 14
10 a 14 10 a 1410 a 14 10 a 14
5a9 5a9 5a9 5a9 5a9 5a9
0a4 0a4 0a4 0a4 0a4 0a4
10 8 6 4 2 0 2 4 6 8 10 10 10
8 86 64 42 20 02 24 46 68 810 10 10 810 86 64 42 20 2
0 4
2 6
4 8
6 10
8 10 10 8 6 4 2 0 2 4 6 8 10
Porcentagem Porcentagem
Porcentagem Porcentagem
Porcentagem Porcentagem

2000 2007
2000 2007
1996
Homens Mulheres Homens
Homens Mulheres
Mulheres Homens
Homens Mulheres
Mulheres
100 +
80 ou + 80 ou 80
+ ou + 80 ou + 95 a 99
75 a 79 75 a 7975 a 79 75 a 79 90 a 94
70 a 74 70 a 7470 a 74 70 a 74 85 a 89
80 a 84
65 a 69 65 a 6965 a 69 65 a 69 75 a 79
60 a 64 60 a 6460 a 64 60 a 64 70 a 74
55 a 59 55 a 5955 a 59 55 a 59 65 a 69
50 a 54 50 a 5450 a 54 50 a 54 60 a 64
Idade

Idade
Idade

Idade

Idade

55 a 59
45 a 49 45 a 4945 a 49 45 a 49
50 a 54
40 a 44 40 a 4440 a 44 40 a 44 45 a 49
35 a 39 35 a 3935 a 39 35 a 39 40 a 44
30 a 34 30 a 3430 a 34 30 a 34 35 a 39
25 a 29 25 a 2925 a 29 25 a 29 30 a 34
25 a 29
20 a 24 20 a 2420 a 24 20 a 24 20 a 24
15 a 19 15 a 1915 a 19 15 a 19 15 a 19
10 a 14 10 a 1410 a 14 10 a 14 10 a 14
5a9 5a9 5a9 5a9 5a9
0a4
0a4 0a4 0a4 0a4
10 8 6 4 2 0 2 4 6 8 10 10 10
8 86 64 42 20 02 24 46 68 810 10 10 810 68 46 24 0
2 2
0 4
2 46 8
6 10
8 10

Porcentagem Porcentagem
Porcentagem Porcentagem
Porcentagem

Fazendo uma comparação entre as pirâmides etárias brasileiras,


perceberemos um envelhecimento progressivo de nossa população.
Segundo os dados do Censo 2010, atualmente a faixa etária jovem
abrange 40,5%; a dos adultos, 50,6%; e a de idosos, 8,9% do total
da população. Essa elevação da longevidade da população brasilei-
ra está associada principalmente à queda das taxas de fecundida-
de e natalidade, que fizeram com que diminuísse a participação de
crianças e adolescentes na composição da pirâmide populacional
brasileira, ao mesmo tempo que fez crescer a quantidade de idosos.
Observando ainda as imagens, notaremos que a distribuição
etária da população brasileira, e a quantidade de jovens, a partir de
1970, começa a cair a ponto de, em 1991, as crianças e adolescentes
até 14 anos representarem apenas 34,73% do total da população já
o número de idosos com pelo menos 65 anos, em 1991, era igual a
4,83%; em 1996, este dado ascendeu para 5,37%. Outro dado bas-
tante revelador desse envelhecimento está no índice que compara a
população idosa, com 65 anos ou mais, com a população de crian-
ças menores de 15 anos. Em 1991, para cada 100 crianças, o Brasil
tinha, aproximadamente, 14 idosos (13,9%); já em 1996, esse nú-
mero subiu para 17 idosos (16,97%).
Podemos afirmar que o Brasil encontra-se na fase final do está-
gio de transição de um país jovem para adulto, o que os demógra-
fos chamam de bônus demográfico ou janela demográfica, ou seja,
apontando que hoje nosso país encontra-se, pelo menos do ponto
de vista teórico, numa situação etária ideal para o desenvolvimento
econômico até 2050, pois a sociedade brasileira passa a ser compos-
ta de uma maioria de pessoas em idade economicamente ativa em
relação à quantidade de pessoas inativas (idosos e crianças).

Capítulo 7 – A população brasileira 179

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179
:44

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Pirâmide etária – Brasil 2010
100 anos ou mais

90 a 94 anos

80 a 84 anos

70 a 74 anos

60 a 64 anos

50 a 54 anos

40 a 44 anos

30 a 34 anos

20 a 24 anos

10 a 14 anos

0 a 4 anos
Homens Mulheres

A pirâmide
em 1960

49% 51%
Homens Mulheres
Homens Mulheres

Contudo, um dado deve ser levado em consideração: o


ritmo do envelhecimento da população brasileira apresenta-se
mais acelerado do que em diversos países europeus. Se hoje pos-
suímos 8% do total de pessoas com mais de 65 anos no total da
população, em 2030 possuiremos aproximadamente 15%. Esse
fato deverá obrigar o governo brasileiro a investir mais em saúde
do idoso, previdência social, lazer, bem como a iniciativa priva-
da deve investir em requalificação profissional para reincorpo-
rá-los ao mercado de trabalho.

180 Capítulo 7 – A população brasileira

C
180
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O Brasil em 2050
80 anos e mais
75 a 79 anos
70 a 74 anos
65 a 69 anos
60 a 64 anos
55 a 59 anos
50 a 54 anos
45 a 49 anos
40 a 44 anos
35 a 39 anos
30 a 34 anos
25 a 29 anos
20 a 24 anos
15 a 19 anos
10 a 14 anos
5 a 9 anos
0 a 4 anos O País terá, daqui a quatro décadas, um
perfil etário na forma de pote, semelhan-
6,5 5,5 4,5 3,5 2,5 1,5 0,5 0,5 1,5 2,5 3,5 4,5 5,5 6,5 te ao da França atual. Haverá quase tantos ido-
sos quanto jovens, pressionando os gastos com
(em % da população) saúde e previdência.

Geografia em cena

Como o ser humano

Nolte Louren/Shutterstock.com
envelhece?
O principal motor do envelhecimento
humano fica dentro de nossas células. Lá,
as mitocôndrias fazem a respiração celular
para produzir energia, mas acabam gerando
como resíduos radicais livres, moléculas com
um elétron a menos e que reagem facilmente,
danificando a própria célula. Com o tempo,
os danos se acumulam, fazendo o corpo en-
velhecer. Além disso, a divisão celular desor-
denada também ajuda a envelhecer. Ao lon-
go da vida, algumas células se multiplicam
constantemente. A cada divisão, fragmentos
de DNA são perdidos, causando pequenos
erros genéticos que são passados para as cé-
lulas-filhas. Isso acontece até que a célula não
consegue mais se dividir ou é destruída pelo
próprio organismo por conter muitos erros.
O envelhecimento do ser humano é, no final das contas, uma série de
Aí, game over. “erros” cometidos pela nossa estrutura molecular.

Capítulo 7 – A população brasileira 181

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181
:44

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Diálogo com o
professor Cenário 4

Utilize os conhecimentos prévios dos alu-


nos quanto ao trabalho informal e peça para
Estrutura da
que eles comentem como é o trabalho infor-
mal perto de onde moram e como é a experiên-
População
cia deles com esse tipo de trabalho. Recomen- Economicamente
damos sempre abordar os assuntos tomando
como ponto de partida o pensamento crítico, Ativa (PEA)
assim, efetivamente as aulas serão produtivas.
Ocupação da população
Anotações brasileira
Segundo o IBGE, a População Economicamente Ativa (PEA)
é o conjunto de pessoas que trabalham ou estão à procura de um
emprego e constituem a potencial de mão de obra que pode ser ab-
sorvida pelos setores produtivos da atividade econômica. São três os
setores produtivos:

Primário: agrupa todas as atividades não urbanas, como


agropecuária e extrativismo (caça, pesca e coleta de minerais).

shutterstock_738493324 Ksenia Ragozina.tif/Shutterstock.com


Barcos pesqueiros ancorados em Barrei-
rinhas, Maranhão. A atividade pesqueira
é considerada uma atividade primária.

Secundário: envolve todas as atividades de transformação,


como indústria e construção civil.

Alf Ribeiro/Shutterstock.com
Construção em Osasco, São Paulo. Como
é uma atividade transformadora, ela é con-
siderada uma atividade secundária.

182 Capítulo 7 – A população brasileira

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182

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to do IBGE, Cimar Azeredo, esse aumento é
muito positivo para a economia do País.
Terciário: compreende todas as atividades de prestação de

Matyas Rehak/Shutterstock.com
“Essa massa de rendimento de trabalho
serviços e comércio, como educação, transportes, administra-
ção pública e privada, bancos, etc. Contudo, esse setor deve maior movimenta a economia, pois você vai
ser dividido em formal e informal. O setor terciário formal é ter mais pessoas consumindo e, com isso, o
constituído por uma maioria de trabalhadores legais, ou seja,
que possui carteira assinada. Por outro lado, o setor terciário
mercado de trabalho pode entrar em um pro-
informal é composto na sua maioria de trabalhadores que não cesso virtuoso, diferente do que a gente viu
apresentam qualquer vínculo empregatício. nos meses anteriores”, comenta.
Segundo dados do IBGE, a população economicamente ati- Trabalho informal: no Brasil, milhares de
va (PEA) do Brasil chegou, em 2010, a 79,3 milhões de pessoas, pessoas trabalham sem carteira assinada.
Desemprego permanece maior que
56,5% do total de habitantes do país. Desse total, porém, cerca de
71,6 milhões apresentavam alguma ocupação e aproximadamente em 2016
7,6 milhões (9,6%) estavam desempregados em busca de emprego.
Convém salientar que muitos desses trabalhadores estão inseridos Ainda de acordo com a Pnad Contínua,
no setor terciário informal, pois, em virtude da urbanização, que não
foi acompanhada por uma geração compatível de emprego, um verda- na comparação anual, a taxa de desemprego se
deiro exército de “vendedores de semáforos”, “guardadores de carros” e mantém acima da apresentada no mesmo tri-
ambulantes invadiu as ruas das cidades brasileiras, acarretando o que se mestre de 2016 (11,6%) e o número de empre-
denomina hipertrofia ou inchação do setor terciário.
Quanto à sua distribuição por setor, identifica-se um claro gados com carteira assinada caiu 2,9%, passando
esvaziamento do setor primário, que em 1980 ocupava aproxima- de 34,3 milhões para 33,3 milhões de pessoas.
damente 30% da PEA brasileira e, segundo o Censo 2010, passou
Cimar ressalta que nesse tipo de compa-
a ocupar 22,5%. Essa redução dos empregados do setor primário
pode ser explicada pela modernização/mecanização que a ativida- ração também é possível observar a tendência
de agropecuária vem sofrendo desde a década de 1970, liberando à informalidade no mercado de trabalho. Se-
grande quantidade de mão de obra, que passou a procurar emprego
na zona urbana, inicialmente no setor secundário; este, por sua vez,
gundo o coordenador, o aumento de 15,2%
não conseguiu absorver todos aqueles que foram liberados pelo no número de pessoas trabalhando com ali-
setor primário. Até o setor secundário passa atualmente por certo mentação é um dos indícios.
esvaziamento, em virtude da introdução de tecnologias sofisticadas
em diversas etapas do processo produtivo, como robôs, compu-
“Em um ano, o grupamento alojamento e
tadores e braços mecânicos gerados. Segundo a Pesquisa Nacional alimentação teve um aumento de 683 mil pes-
por Amostra de Domicílios (Pnad), de 2009, predomina no Brasil soas. Esse acréscimo foi, mais especificamen-
o setor terciário, que emprega 61% da população economicamen-
te ativa (em 1940, o mesmo setor empregava apenas 19,8% e, em te, relacionado à alimentação. Esse é um gru-
1960, 33,3%); os outros 39% da nossa PEA estão distribuídos da pamento voltado, principalmente, às pessoas
seguinte maneira: 22% estão empregados no setor secundário e que, para fugir da desocupação, estão fazendo
apenas 17% executam atividades do setor primário.
No Brasil atual, o número de empregados com carteira assinada comida em casa e vendendo na rua”, explica.
sofre fortes oscilações segundo estudos realizados pelo Departamen-
to Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.
Os principais fatores de elevação do número de pessoas ocupadas e,
principalmente, com carteira assinada foram as obras estruturadoras gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/
do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e os novos em- noticias/16155-trabalho-informal-faz-desemprego-cair.
preendimentos industriais que entraram no Brasil. O Porto de Sua-
html. Acesso em: 26/12/2017.
pe, as novas áreas industriais nordestinas, construção de estádios para

Capítulo 7 – A população brasileira 183


Anotações
5:45 CG_7ºano_07.indd 183 29/03/2018 13:55:45

Leitura os postos de trabalho foram gerados, em sua


complementar maioria, na informalidade. O aumento acon-
teceu, principalmente, entre os empregados
sem carteira assinada (mais 468 mil pessoas) e
Trabalho informal faz os trabalhadores por conta própria (mais 351
desemprego cair mil pessoas). Já a população com carteira assi-
nada manteve-se estável (33,3 milhões).
Na passagem dos trimestres terminados Esses dados são da Pnad Contínua, divul-
em abril e julho, mais de 1,4 milhão de bra- gada pelo IBGE. A pesquisa mostrou, tam-
sileiros saíram da fila do desemprego, fazen- bém, que a massa de rendimento recebida por
do o número de trabalhadores atingir os 90,7 toda a população ocupada subiu 1,3%, passan-
milhões de pessoas. Com isso, a taxa de de- do de R$ 183,6 bilhões para R$ 186,1 bilhões.
semprego caiu de 13,6% para 12,8%. Mas Para o coordenador de Trabalho e Rendimen-

183

ME_CG_7ºano_07.indd 183 14/05/2018 12:21:23


Leitura
complementar a copa 2014 estiveram entre os diversos empreendimentos geradores
de emprego. Todavia, o ano de 2015 foi marcado pelo mergulho pro-
fundo em uma crise, abalando todas as estruturas do governo. Mar-
Mulheres ganham espaço no cas históricas de desemprego vêm sendo batidas dia a dia, colocando
em risco o crescimento ocorrido nos últimos anos.
mercado de trabalho
Nos últimos 50 anos, as mulheres têm Ensaio geográfico
deixado de atuar apenas no ambiente priva- 1 Diferencie o setor terciário formal do informal.
do para também se lançarem no mercado de Terciário formal é composto por trabalhadores com carteira assinada. Já no informal o trabalhador não
trabalho. Os avanços nas leis trabalhistas per-
apresenta vínculo empregatício.
mitiram o crescimento dessa mão de obra. Em
2007, as mulheres representavam 40,8% do
mercado formal de trabalho; em 2016, passa-
2 Aponte os motivos que, no Brasil, provocaram o deslocamento de indivíduos do setor primário
ram a ocupar 44% das vagas. para os setores secundário e terciário.
“Essa diferença tende a ser reduzida. Não A forte mecanização da lavoura e a falta de melhor distribuição de terras.
faz sentido que mulheres capacitadas e em ida-
de produtiva sejam preteridas no mercado de
trabalho pelo único fato de serem mulheres.
O Brasil tem reduzido essa injustiça. Esse é
3 Sobre o setor terciário da economia, podemos afirmar corretamente que:
um caminho sem volta”, disse o ministro do
Trabalho, Ronaldo Nogueira. a. apresenta uma grande dependência das variações climáticas.

Os estados com menos diferença de b. limita-se a oferecer produtos e mercadorias materiais.


participação no mercado de trabalho for- c. condiciona a sua dinâmica ao desempenho do setor primário.
mal entre homens e mulheres são Roraima d. encontra-se emancipado dos demais setores da economia.
(49,6% das vagas de trabalho são ocupa- e. X abriga uma grande carga de trabalhadores informais.
das por mulheres) e Acre (47,2%). Distri- 4 A economia é dividida em três e há quem fale em quatro setores. Assinale a alternativa que apresen-
to Federal e Mato Grosso são as unidades ta o conjunto de atividades econômicas responsável por extrair ou produzir as matérias-primas sobre
o meio natural. No Brasil, é uma das atividades que menos oferecem empregos, mas uma das que pos-
da federação com menos percentual de mu- suem os maiores rendimentos.
lheres em atividades formais, segundo o le-
vantamento do Cadastro Geral de Empre- O texto acima define a característica principal de qual setor produtivo?

go e Desemprego (Caged) e da Relação a. X Do setor primário.


Anual de Informações Sociais (Rais) – 39% b. Do setor secundário.
e 39,5%, respectivamente. A média brasilei- c. Do setor terciário.
ra é de 44%. d. Apenas da atividade industrial.
Além disso, o desemprego afetou menos e. Apenas da atividade agrícola.
as mulheres nos últimos cinco anos do que os
homens, apontam dados do Instituto Brasilei- 184 Capítulo 7 – A população brasileira
ro de Geografia e Estatística (IBGE) com base
em informações do Cadastro Geral de Empre-
go e Desemprego (Caged) e da Relação Anual CG_7ºano_07.indd 184 29/03/2018 13:55:45 CG

de Informações Sociais (Rais), do Ministério sivamente aquelas nas quais não há a presença gos de chefia e gerência nas empresas e orga-
do Trabalho. De acordo com o IBGE, entre masculina: em 34% delas, havia a presença de nizações, ainda é preciso avançar. Isso porque
2012 e 2016, o total de homens empregados um cônjuge. entre 5% e 10% dessas instituições são chefia-
sofreu redução de 6,4%, contra 3,5% entre as Apesar dessas melhoras, as mulheres ain- das por mulheres no Brasil, de acordo com um
mulheres. da ganham em média menos do que os ho- estudo da Organização Internacional do Tra-
A renda dessas trabalhadoras também mens, mesmo tendo mais tempo de estudo e balho (OIT).
tem ganhado cada vez mais importância no qualificação. No total, a diferença de remune-
sustento das famílias. Os lares brasileiros es- ração entre homens e mulheres em 2015, ano Setores da economia
tão sendo chefiados por mulheres. Em 1995, com os dados mais recentes do indicador, era O levantamento aponta um crescimen-
23% dos domicílios tinham mulheres como de 16%. O rendimento médio do homem era to na ocupação formal por mulheres entre
pessoas de referência. Vinte anos depois, esse de R$ 2.905.91, e o pago às mulheres, de R$ 30 e 39 anos (43,8%) e entre 50 e 64 anos
número chegou a 40%. Cabe ressaltar que as 2.436,85. (64,3%). Os setores em que o percentual de
famílias chefiadas por mulheres não são exclu- Contudo, quanto à participação em car- mulheres ocupadas é superior ao dos homens

184

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Diálogo com o

5 Observe a charge abaixo e responda a qual setor na economia ela representa como tema.
professor

Professor, trace uma linha histórica sobre


o papel da mulher na sociedade desde as polis
gregas até os dias de hoje. Busque mapear com
Terciário.
os alunos quais lutas e ganhos as mulheres ti-
veram para conseguir ocupar os mesmos espa-
ços que os homens.

Anotações
Cenário 5

Desigualdade na
estrutura social
Participação das
mulheres na PEA
O Censo 2010 registrou que, no Brasil, o número de mu-
lheres é maior que o número de homens. Do total da população,
98.223.155 são mulheres, enquanto que 93.576.015 são homens,
ou seja, 50,8% são mulheres, enquanto 49,2% são homens.
A taxa de masculinidade indica que, para cada grupo de 96,9
homens, existem 100 mulheres. Esses dados são resultantes de uma
maior longevidade feminina, que, segundo biólogos, tem origem
em fatores biológicos, mas que se acentuam em virtude de aciden-
tes de trânsito, homicídios e estresse, fatores aos quais os homens
estão mais expostos. Como resultado, a diferença na expectativa de
vida entre homem e mulher é de aproximadamente oito anos de
vida a mais para as mulheres.
Acontece que esse fato não é uniforme sobre todo espaço bra-
sileiro, sendo maior a proporção de mulheres nas áreas de emigra-
ção, onde o homem parte em busca da melhoria de vida deixando a
mulher e os filhos, fato típico de vastas áreas do Nordeste semiárido.
Por outro lado, as regiões de novas fronteiras agropecuaristas, como
Roraima, Acre, Amapá, Mato Grosso, Tocantins etc., apresentam um
maior quantitativo de homens, uma vez que são áreas de imigração.

Capítulo 7 – A população brasileira 185

5:45 CG_7ºano_07.indd 185 29/03/2018 13:55:47

são administração pública e serviços, en-


quanto os homens são maioria na indústria
de transformação; agropecuária, extração ve-
getal, caça e pesca; construção civil, servi-
ços industriais de utilidade pública; e extra-
tiva mineral. No comércio, a participação de
homens e mulheres é bem equilibrada, sendo
que 20,1% dos homens e 19,9% das mulhe-
res estão no setor.

Disponível em: http://www.brasil.gov.br/economia-


e-emprego/2017/03/mulheres-ganham-espaco-no-
mercado-de-trabalho. Acesso em: 26/12/2017.

185

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Em um país onde a maioria da população é feminina, são gran-
des o preconceito e a discriminação contra a mulher, mesmo que
esta tenha conseguido conquistar ao longo da história do Brasil es-
paços cada vez mais importantes na sociedade. Hoje, comparado a
outros momentos da nossa história, é grande a participação da mu-
lher em vários espaços, como na política e no mercado de trabalho,
aumentando sua participação na PEA.

Distribuição da população ocupada, por grupos de idade, segundo o sexo (%) – (2003 e 2011)*

65,2
62,7

16,9 16,8 17,6


15,6

0,6 0,5 2,2 1,9

10 a 14 anos 15 a 17 anos 18 a 24 anos 25 a 49 anos 50 anos ou mais

2003 Homem 2003 Mulher

63,9
61,0

22,9
20,9
14,3 13,6

0,2 0,2 1,6 1,4

10 a 14 anos 15 a 17 anos 18 a 24 anos 25 a 49 anos 50 anos ou mais

2011 Homem 2011 Mulher


Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, Pesquisa Mensal de Emprego 2003–2011. * Média das estimativas mensais.

Amordaçada pela discriminação durante vários séculos, no


decurso do século XX, a mulher brasileira foi despertando para o
fato de que ter independência em um mundo onde as pessoas são
valorizadas pelo que têm, e não pelo que são, é ter rendimento e
autonomia financeira. Por esse motivo, começamos a observar o
crescimento no número de mulheres estudantes, qualificando-se
e lançando-se no mercado de trabalho, onde passaram a competir
com os homens. Contudo, convém salientar que ainda falta muito
para que a sociedade sepulte totalmente a discriminação contra a

186 Capítulo 7 – A população brasileira

C
186
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mulher, acabando definitivamente com a desigualdade tratando-a
com respeito. Um dos graves problemas a ser enfrentado está no
fato de as mulheres que trabalham em empresas privadas, na mes-
ma ocupação que um homem, receberem aproximadamente 30% a
menos de salário que ele, conforme o gráfico a seguir.

Rendimento médio real do trabalho das pessoas ocupadas, por sexo (em R$ e preços de
dezembro de 2011) – 2003 – 2011*

1.857,63
1.808,39
1.741,41
1.696,82
1.643,43
1.590,77
1.524,27
1.519,07

1.500,46

1.343,81
1.308,06
1.259,19
1.204,97
1.158,89
1.122,61
1.084,59
1.076,04

1.065,90

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011


Homens Mulheres

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, Pesquisa Mensal de Emprego 2003–2011. * Média das estimativas mensais.

Um fato da atualidade brasileira que chama a atenção está jus-


tamente ligado à crescente inclusão das mulheres no mercado de
trabalho: o aumento da quantidade de mulheres chefes de família.

Mulheres em chefia de família

Evolução da fatia com mulheres na chefia em uma década em %

Cresce parcela de chefes de família mulheres

2000 2010 Quem são os chefes de família, em milhões

Mulheres Homens
77,8% 62,7% 40
Homens Homens 31,7 31,3
30

20 18,6

9
22,2% 37,3% 10

Mulheres Mulheres 0
2000 2010
Fonte: IBGE Total 40,7 49,9

Capítulo 7 – A população brasileira 187

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187
:47

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Sugestão de
abordagem A expressão “mulheres chefe de família” é usada para explicar
as mulheres que assumem a responsabilidade pelo sustento da casa.
Grande parte das mulheres trabalhadoras termina por acumular
Introduza o conceito de megalópole, ques- uma dupla jornada: durante o dia, 8h na empresa, na qual está em-
pregada, e à noite, com as tarefas domésticas.
tione os alunos sobre o que eles entendem pela
expressão coração econômico do Brasil, atribuí-
da à Região Centro-Sul, e, depois de ouvir as Ensaio geográfico
respostas deles, explique-as.
1 Cite os motivos que fazem com que a mulher viva mais do que o homem.
Fatores biológicos e questões relacionadas ao envolvimento do homem em acidente de trânsito, homi-

Anotações cídios e estresse.

2 Que tipo de educação as mulheres recebiam em épocas históricas mais antigas que as atuais no
Brasil?
As mulheres, durante muito tempo, recebiam uma educação voltada ao trabalho doméstico e aos cui-

dados das crianças.

3 Segundo a tabela da página 187, qual a relação salarial entre os homens e as mulheres no Brasil atual?
As mulheres recebem 30% a menos que os homens.

4 O que significa a expressão “mulher chefe de família”?


São as mulheres que trabalham, exercendo uma função importante no mercado de trabalho, sendo com

isso independente, com a função de sustentar sua família.

5 Quais os principais problemas enfrentados pelas mulheres trabalhadoras?

Preconceito, desigualdade salarial, profissional e desrespeito.

188 Capítulo 7 – A população brasileira

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188

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Diálogo com o

Geografia em cena professor


Adoniran Barbosa, o filho de imigrante com alma paulistana
Relembre o conceito de produção do es-

Reprodução
Seu nome verdadeiro era João Rubinato. Nasceu na
cidade de Valinhos, São Paulo, em 6 de agosto de 1910. paço geográfico e leve-os a perceber que cada
Filho de Ferdinando e Emma Rubinato, imigrantes italia- região estudada apresenta uma forma específi-
nos da localidade de Cavárzere, província de Veneza. Era ca de construção e transformação desse espa-
cantor, compositor, ator e humorista. Encarnou a alma
do paulistano descendente de imigrante, vivendo em uma ço. Aborde detalhadamente os aspectos envol-
São Paulo em constante transformação. vidos nesse processo: a exploração das riquezas
Cantou e mostrou com alegria as dificuldades de minerais, o desenvolvimento de atividades agrí-
imigrantes que viviam em bairros como Brás, Bexiga
e Mooca. São inesquecíveis obras-primas como Trem colas e comerciais e a criação de animais.
das Onze, Saudosa Maloca, Tiro ao Álvaro e Samba do
Arnesto.
Escute suas músicas e aprenda um pouco mais.
Anotações

Aprenda com arte

Aleluia, Gretchen
Direção: Sylvio Beck.
Ano: 1976.

Sinopse: Uma família foge da Alemanha nazista, desembarcando no Brasil por volta de 1937. Ao
chegar, compra um hotel no interior do Paraná, que se torna ponto de simpatizantes do nazismo, ape-
sar de o chefe da família ter ideias mais liberais. Só que seus integrantes encontram muitos problemas
de adaptação a essa nova terra, além de terem de enfrentar os traumas da guerra.

Leila Diniz
Direção: Luiz Carlos Lacerda.
Ano: 1987.

Sinopse: Biografia da estrela lendária Leila Diniz, nascida em 1945, filha de um casal de comunistas.
Leila foi criada para ser única e indefinível. Causou escândalo e polêmica (teve vários namorados),
quebrou tabus (surgiu grávida na praia) e brilhou como artista. Sempre provocando, foi diversas
vezes presa pelo governo militar, que a considerava subversiva. Aos 26 anos, logo após ter tido uma
filha, morreu num trágico acidente de avião quando voltava de um festival de cinema na Austrália,
em 1972.

Capítulo 7 – A população brasileira 189

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189

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Diálogo com o
professor Geografia em cena

Quem quiser conhecer mais de perto os encantos, as alegrias e as tristezas dos imigrantes que
Professor, utilize a seção Encerramento vieram para o Brasil, dois livros são recomendados: Anarquistas, Graças a Deus, de Zélia Gattai, e
O Vento do Oriente, de Licius Bossolan, Roberto Lobato Correa, André Uesato e Martha Werneck.
como forma de avaliar a compreensão dos seus
Boa Leitura!
alunos. Verifique se houve dúvidas quanto ao
entendimento deles e tente saná-las.
Pequeno dicionário geográfico e cultural
Demógrafo: Profissional que estuda o cresci- Iniciativa privada: Iniciativa própria, empresa
Leitura mento da população. particular.
complementar Estrutura etária: Estrutura de idades.
Etapas do processo produtivo: Fases da pro-
Imigração: Movimento de entrada de pessoas em
países ou região diferente do seu local de origem.
dução de um bem. Longevidade: Vida longa.
Hipertrofia: Inchamento do setor terciário. Métodos contraceptivos: Técnicas e instru-
Taxa de fecundidade caiu Histerectomia: Técnica que consiste obstru- mentos que evitam a gravidez.
18,6% em 10 anos no Brasil ção das tubas uterinas para impedir irreversi-
velmente a passagem das células reprodutivas
Miscigenação: Mistura de etnias diferentes.
Taxa de masculinidade: Indica a relação entre
femininas e, consequentemente, a gravidez. o número de homens e mulheres.
As mulheres brasileiras têm menos fi- Inclusão social: Melhoria da qualidade de vida Transição: Mudança, modificação.
lhos hoje do que há 10 anos. É o que indica pela concessão de oportunidades a grupos his-
toricamente privados delas.
levantamento do Instituto Brasileiro de Geo-
grafia e Estatística (IBGE). A taxa de fecundi-
dade brasileira passou de 2,14 filhos por mu- Encerramento
lher, em 2004, para 1,74, em 2014, queda de
1 Observe a figura.
18,6%, aponta a Síntese de Indicadores So-
ciais 2015.
A taxa de natalidade despencou – em total de filhos por mulher

A faixa etária de maior fecundidade em Em 1960, a brasileira Em 1980, passou Em 2000, Em 2020, a
tinha em média 6 filhos para 4 crianças eram 2 filhos média será 1,5
2014 era a das mulheres de 20 a 24 anos (91,9
filhos por mil mulheres), correspondendo a
26,5% do que era registrado em 2004. Esse re-
corte da pesquisa indica uma taxa de fecundi-
dade específica, ou seja, razão entre o número 1960 1980 2000 2020
de filhos nascidos vivos no ano e o número de Indique os motivos que levaram o Brasil a vivenciar o que está apresentado na figura acima.
mulheres em cada grupo etário. Participação das mulheres no mercado de trabalho, melhorias no setor educacional e planejamento
Nesses dez anos, a fecundidade adoles-
familiar.
cente (de 15 a 19 anos) caiu de 78,8 para
60,5 filhos por mil mulheres, mas a partici-
pação desse grupo na fecundidade total per-
maneceu alta (17,4%). Dentre as jovens de 190 Capítulo 7 – A população brasileira
15 a 19 anos que tiveram algum filho nasci-
do vivo, 35,8% residiam na Região Nordeste,
65,9% tinham 18 ou 19 anos, 69% eram pre- CG_7ºano_07.indd 190 29/03/2018 13:55:48

tas ou pardas e a média de anos de estudo foi Houve uma grande diminuição na razão
de 7,7 anos, sendo que somente 20,1% ainda de dependência dos jovens, passando de 43,0, Anotações
estavam estudando e 59,7% não estudavam e em 2004, para 33,5, em 2014. Já para o grupo
não trabalhavam. dos idosos, o indicador teve elevação de 15,3
No Brasil, a razão de dependência to- para 21,2, reflexo da redução da fecundidade
tal caiu de uma proporção de 58,3, em 2004, e do envelhecimento populacional (a partici-
para 54,7, em 2014, por cem pessoas em ida- pação das pessoas de 60 anos ou mais na po-
de potencialmente ativa. Esse indicador do pulação passou de 9,7% em 2004 para 13,7%
estudo mede a proporção de pessoas econo- em 2014).
micamente dependentes, ou seja, de jovens
de até 15 anos e idosos com 60 anos ou mais, Disponível em: http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-
em relação àquelas potencialmente ativas, de justica/2015/12/taxa-de-fecundidade-caiu-18-6-em-10-
15 a 59 anos. anos-no-pais. Acesso em: 19/12/2017
C
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2 Observe o gráfico abaixo.

Proporção de crianças e idosos dependentes, para cada


grupo de 100 adultos
86 87
83 82

82 73
78 77
81 59
Total
66
Crianças e
idosos
53 52
Crianças 46
31
45
Somente
28
idosos
(65 anos ou mais)
33
13 24
28
6 7 8 Somente
4 5 5 crianças
Idosos
(0 a 14 anos)

1900 1910 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020 2030 2040 2050

Projeções

Notamos o crescimento do grupo de idosos com mais de 65 anos. Sobre esse fenômeno, responda:

a. Quais as causas que estão provocando esse fenômeno?


As quedas nas taxas de mortalidade e fecundidade, além de melhorias na qualidade de vida das pessoas,

como emprego, habitação, educação e saúde.

b. Que medidas os governos devem tomar com relação a esse crescimento de idosos?
Inclusão dos idosos no mercado de trabalho, melhorias na acessibilidade urbana, a eficácia das leis ela-

boradas ao seu favor e programas que venham consolidar o respeito para com eles.

5:48
3 (Unifesp) No Brasil, a presença feminina em postos de trabalho cresceu, mas ainda não é elevada
em cargos de chefia, quando comparada a dos homens. Isso se deve à:
a. baixa taxa de desemprego.
b. X dupla jornada de trabalho e barreiras culturais.
c. elevada taxa de fertilidade do País.
d. escolaridade superior entre as mulheres, maior que entre os homens.
e. contratação da mulher em atividades domésticas.

Capítulo 7 – A população brasileira 191

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191

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4 “Em 1960, a população brasileira aumentava 2,9% ao ano. Os censos de 1991 e 2010 demonstra-
ram um declínio dessa taxa para 1,9% e 1,02%, ao ano respectivamente.”

Entre as alternativas abaixo, assinale aquela que indica o motivo que leva a população brasileira a cres-
cer atualmente, em números reais, mais do que antes.
a. As medidas tomadas pelos governos para melhoria das condições de higiene e saneamento
(água e esgotos tratados).
b. A grande quantidade de estrangeiros (imigração) que entram no País com a finalidade de aqui
permanecer.
c. As melhores condições de vida e da evolução da ciência médica, que vêm permitindo a sobrevi-
vência de um maior número de crianças.
d. X A taxa de crescimento vegetativo, que, embora seja mais baixa, incide sobre uma população
muito maior do que na década de 60.
e. O país haver atingido um alto grau de qualidade de vida, existindo, em decorrência desse fato,
um número muito maior de pessoas idosas.
5 Observe o mapa abaixo.

O L

S
+ 80
75 a 79
70 a 74
65 a 69
60 a 64
+ 80
55 a 59
50 a 54 Homens Mulheres 75 a 79
Idade

70 a 74
45 a 49
65 a 69
40 a 44
60 a 64
35 a 39
55 a 59
30 a 34
50 a 54 Homens Mulheres
25 a 29
Idade

45 a 49
20 a 24
40 a 44
15 a 19
35 a 39
10 a 14
30 a 34
4a9
25 a 29
0a4
20 a 24
9 6 3 0 3 6 9 15 a 19
Porcentagem
10 a 14
4a9
0a4
9 6 3 0 3 6 9
Porcentagem

+ 80
75 a 79
70 a 74
65 a 69
60 a 64
55 a 59
50 a 54 Homens Mulheres
Idade

45 a 49
40 a 44 0 314 km 628 km
35 a 39
30 a 34
25 a 29
20 a 24
15 a 19
10 a 14
4a9
0a4
9 6 3 0 3 6 9 SILVA, B.C.N.; SILVA, S.B. de M.; COELHO,
Porcentagem A.S.;SILVA, M;P; Estruturas etárias da população
do Brasil e dos estados brasileiros. In: RDE – Revis-
ta de Desenvolvimento Econômico, ano IX, n.16,
p.93–97, dez., 2007. (Adaptado).

192 Capítulo 7 – A população brasileira

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Nele, estão apresentadas as pirâmides populacionais das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Sul. Faça
uma comparação entre as pirâmides das Regiões Norte e Centro-Sul.
A pirâmide da região Norte apresenta características da população brasileira típica da década de 60 e

70, com altas taxas de natalidade e baixa esperança de vida. Já a pirâmide da Região Centro-Sul, apre-

senta um estreitamento em sua base e um alargamento do cume, caracterizada por uma diminuição

significativa da natalidade e um aumento da esperança de vida.

6 (UERJ)

As pirâmides etárias brasileiras


Anos Em 1980 Anos Em 2010

Homens Mulheres Homens Mulheres


80+ 80+
70 - 74 70 - 74
60 - 64 60 - 64
50 - 54 50 - 54
40 - 44 40 - 44
30 - 34 30 - 34
20 - 24 20 - 24
10 - 14 10 - 14
0-4 0-4

10.000 8.000 6.000 4.000 2.000 0 2.000 4.000 6.000 8.000 10.000 10.000 8.000 6.000 4.000 2.000 0 2.000 4.000 6.000 8.000 10.000
O Globo, 25/04/2010.

Nas duas últimas décadas, o Governo Federal vem propondo ações no sentido de oferecer uma resposta
às transformações na composição etária da população brasileira.
Essas ações têm seguido uma tendência que se manifesta mais diretamente em qual das iniciativa abaixo:
a. Revisão das bases da legislação sindical.
b. X Alteração das regras da previdência social.
c. Expansão das verbas para o Ensino Fundamental.
d. Ampliação dos programas de prevenção sanitária.

7 Marque a alternativa que apresenta dois dos maiores grupos de imigrantes que deram uma grande
contribuição populacional para o conjunto da população brasileira.
a. Portugueses e japoneses.
b. Italianos e alemães.
c. Alemães e espanhóis.
d. Japoneses e espanhóis.
e. X Portugueses e italianos.

Capítulo 7 – A população brasileira 193

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Leitura
complementar 8 (UFRR) O envelhecimento da população está mudando radicalmente as características da popula-
ção da Europa, onde o número de pessoas com mais de 60 anos deverá chegar, nas próximas décadas, a
30% da população total. Graças aos avanços da Medicina e da Ciência, a população está cada vez mais
Brasil tem desafio de garantir velha. Isso ocorre em função do:
envelhecimento populacional a. X declínio da taxa de natalidade e aumento da longevidade.
com qualidade b. aumento da natalidade e diminuição da longevidade.
c. crescimento vegetativo e aumento da taxa de natalidade.
De acordo com dados do Sistema Úni- d. aumento da longevidade e do crescimento vegetativo.
co de Assistência Social (Suas), há, no Brasil, e. declínio da taxa de mortalidade e diminuição da longevidade.
1.669 instituições de acolhimento de idosos.
Muitas pessoas conhecem apenas as institui- 9 (Enem) O quadro abaixo nos mostra a taxa de crescimento natural da população brasileira no
ções de longa permanência, conhecidas po- século XX:
pularmente como asilos. Não obstante, exis- Período Taxa anual média de crescimento natural (%)
tem outros modelos em funcionamento no
1920–1940 1,90
País, como os centros de convivência, onde
1940–1950 2,40
idosos que têm autonomia praticam ativida-
des recreativas e aprendem novos ofícios, e os 1950–1960 2,99
chamados centros-dia, que em geral recebem 1960–1970 2,89
pessoas que precisam receber algum tipo de 1970–1980 2,48
atendimento terapêutico. Tais opções ainda
1980–1991 1,93
são restritas e estão concentradas em grandes
1991–2000 1,64
centros urbanos, mas podem ser saídas para a
situação vivenciada por muitos idosos que não Analisando os dados, podemos caracterizar o período entre:
têm companhia e também para os membros a. 1920 e 1960, como de crescimento do planejamento familiar.
de famílias que precisam ou desejam trabalhar b. X 1950 e 1970, como de nítida explosão demográfica.
fora de casa, mas têm responsabilidades com c. 1960 e 1980, como de crescimento da taxa de fertilidade.
os mais velhos. d. 1970 e 1990, como de decréscimo da densidade demográfica.
Atualmente, cerca de 60 mil pessoas usam e. 1980 e 2000, como de estabilização do crescimento demográfico.
os diferentes serviços de acolhimento existen-
tes, informa a coordenadora-geral de Servi- 10 (Unisc – Adaptada) A população do Brasil é:
ços de Acolhimento do Ministério do Desen- a. Regularmente distribuída, predominando os brancos e, etariamente, o jovem.
volvimento Social, Nilzarete de Lima. Apesar b. X Irregularmente distribuída, predominando, etnicamente, o pardo e, etariamente, o adulto.
de o número ser expressivo, Nilzarete diz que c. De elevado crescimento vegetativo, elevado nível cultural e com predominância étnica do negro.
ainda há desconhecimento sobre os serviços d. De grande crescimento vegetativo, etariamente jovem e com a predominância do branco.
e também preconceitos. “É muito presente a e. De alto crescimento vegetativo, com predominância dos mestiços e elevado consumo de energia.
ideia de que as pessoas acolhidas nessas insti-
tuições são aquelas que não têm mais família e 194 Capítulo 7 – A população brasileira
que, por isso, o atendimento dado não é ade-
quado e não respeita a individualidade delas”.
Nilzarete reconhece, contudo, que proble- CG_7ºano_07.indd 194 29/03/2018 13:55:48 CG

mas existem, e diz que tem buscado superá-los. Nilzarete, “a gente vem trabalhando com uma ções da sociedade civil, objetiva estudar a rede
Um problema central é a diversidade de pa- política de inclusão dos idosos à comunidade existente e propor esse reordenamento. Finan-
drões adotados nas instituições, o que está rela- e de reordenamento dessas unidades, para que ciamento, estrutura dos locais e características
cionado ao fato de 70% a 80% delas serem liga- seja adotada uma nova visão, como política de dos serviços ofertados são algumas das questões
das a instituições filantrópicas ou outros tipos Estado, de direito e de proteção social”. Em analisadas. “Queremos que as famílias tenham
de organizações da sociedade civil, explica Nil- vez de um lugar onde os idosos são abando- a segurança de que vão deixar alguém no servi-
zarete. O governo federal participa dessa políti- nados ou de um hospital permanente, ela pro- ço de atendimento, mesmo o temporário, e de
ca por meio do cofinanciamento das ações e do põe que as instituições sejam as casas dessas que esse parente vai ser cuidado”, afirma.
estabelecimento de regras de funcionamento. pessoas e ofereçam atendimento humanizado.
Nos últimos anos, o governo atua para Para promover essa visão, ela ressalta que Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/
reordenar a prestação dos serviços. Superando o Ministério do Desenvolvimento Social par- geral/noticia/2017-09/brasil-tem-desafio-de-garantir-
a antiga concepção assistencialista rumo à afir- ticipa de uma câmara técnica que, junto com envelhecimento-populacional-com-qualidade. Acesso
mação da assistência social como direito, diz outras pastas, conselhos de direitos e organiza- em: 26/12/2017

194

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Diálogo com o

11 (Unicentro) Observe as pirâmides a seguir e responda as duas próximas questões.


professor
Homens Mulheres

1960 Porcentagem
de idosos
2000 Porcentagem
de idosos
2010 Porcentagem
de idosos
Professor, esclareça aos alunos que o nú-
mero de idosos ativos é um dado importante
Acima de 70 Acima de 70 Acima de 70
65 a 69 4,7% 65 a 69 8,5% 65 a 69 10,8%
60 a 64 60 a 64 60 a 64
55 a 59 55 a 59 55 a 59

para definir a qualidade de vida de uma deter-


50 a 54 50 a 54 50 a 54
45 a 49 45 a 49 45 a 49
40 a 44 40 a 44 40 a 44

minada sociedade, baseando-se no que o Es-


35 a 39 35 a 39 35 a 39
30 a 34 30 a 34 30 a 34
25 a 29 25 a 29 25 a 29
20 a 24 20 a 24 20 a 24

tado oferece em segurança, educação e saúde.


15 a 19 15 a 19 15 a 19
10 a 14 10 a 14 10 a 14
5a9 5a9 5a9
0a4 0a4 0a4
4.000.000 0 4.000.000 5.000.000 0 5.000.000 5.000.000 0 5.000.000

População total 70.070.457 População total 169.799.170 População total 190.732.694444


Total de idosos 3.312.423 Total de idosos 14.536.029 Total de idosos 20.590.599

(Disponível em: <http://s.glbimg.com/jo/g1/f/original/2012/04/30/idade4.jpg>. Acesso em: 13 jul. 2013.)

Com base na evolução da pirâmide etária no Brasil em 1960, 2000 e 2010 e nos conhecimentos sobre Sugestão de
dinâmica populacional, considere as afirmativas a seguir. abordagem
I. A transição demográfica brasileira está se concretizando na atualidade devido às altas taxas de
natalidade e de fecundidade da população.
Reflita junto com seus alunos a relação
II. A pirâmide de 1960 apresenta um aspecto triangular, indicando que o percentual de jovens no
conjunto da população era alto nessa década. entre a pirâmide etária e suas projeções com
III. O envelhecimento de uma população representa a diminuição proporcional da população mais as possíveis causas de suas variações. Reco-
jovem do país, por isso, na pirâmide de 2010, a diferença da base para o topo foi reduzida. mendamos usar dois países com grandes dis-
IV. Os dados revelam a necessidade de maior investimento das políticas públicas nos setores da previ- crepâncias para fazer as análises, direcione os
dência e da saúde pública voltados para a terceira idade. alunos em seus argumentos para que juntos
elaborem motivos plausíveis para esses dados.
Assinale a alternativa correta.
A seguir disponibilizamos um link que con-
a. Somente as afirmativas I e II são corretas.
tém informações dos países. Você pode ficar
b. Somente as afirmativas I e IV são corretas. livre para escolhê-los, pois apenas você sabe a
c. Somente as afirmativas III e IV são corretas. realidade de suas turmas.
d. Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e. X Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. Link: https://www.populationpyramid.net/pt/
mundo/2016/.
12 (Unicentro) Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, os fatores que explicam o envelhe-
cimento da população brasileira.
a. Aumento da taxa de fecundidade e declínio do crescimento vegetativo.
b. Aumento da taxa de natalidade e redução da mortalidade infantil. Anotações
c. X Decréscimo da taxa de fecundidade e aumento da expectativa de vida.
d. Crescimento vegetativo acelerado e densidade demográfica elevada.
e. Combinação entre aumento da fecundidade e declínio da mortalidade infantil.

Capítulo 7 – A população brasileira 195

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195

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Leitura
complementar 13 (IFSul) Observe o texto abaixo.

ONU diz que população Conforme dados do Censo Demográfico de 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), a população total do Brasil é de 190.755.799 habitantes.
mundial chegará a 8,6 bilhões
de pessoas em 2030
Novas projeções demográficas da ONU
mostram que a população mundial chegará a

Stephen Finn/Shutterstock.com
8,6 bilhões até 2030, um aumento de 1 bilhão
de pessoas em 13 anos. A organização fez uma
atualização de seus cálculos que confirmam as
tendências apontadas no último relatório des-
te tipo, publicado em 2015. As informações
são da agência EFE e da ONU News.
As Nações Unidas esperam que a popula-
ção mundial chegue a 9,8 bilhões de pessoas em A partir do texto, o Brasil é definido como um país:
2050 e que, para 2100, o mundo tenha quase a. Povoado, pois é populoso.
11,2 bilhões de habitantes. Os dados constam b. Povoado, pois a densidade demográfica é baixa.
do relatório Perspectivas da População Mundial: c. Populoso, pois a densidade demográfica é alta.
Revisão de 2017, lançado pelo Departamento d. X Populoso, devido à população absoluta.
dos Assuntos Econômicos e Sociais da ONU.
Mais da metade do crescimento popu- 14 (UERJ) A proporção entre a população e a superfície territorial é um dos elementos que define a
lacional entre hoje e 2050 se concentrará em relação entre sociedade e espaço. Observe os dados informados abaixo:
nove países: Índia, Nigéria, República Demo- País População absoluta (habitantes em 2008) Superfície (km2)
crática do Congo, Paquistão, Etiópia, Tanzâ- China 1.313.000.000 9.572.900
nia, Estados Unidos, Uganda e Indonésia.
França 61.000.000 543.965
Entre os dez países mais populosos do
Holanda 16.300.000 41.528
mundo, a Nigéria é onde a população cresce
Argentina 38.700.000 2.780.403
a um ritmo mais forte. Atualmente, o sétimo
De acordo com a tabela, o país mais povoado é a:
país por população, as projeções dizem que a
Nigéria superará os EUA como o terceiro país a. China.
mais populoso antes de 2050. b. França.
c. X Holanda.

Brasil, China e Índia d. Argentina.

O relatório da ONU revela que, no Bra- 196 Capítulo 7 – A população brasileira


sil, o crescimento demográfico será mais len-
to devido às taxas de fertilidade, que baixaram
em quase todas as regiões do mundo. O Bra- CG_7ºano_07.indd 196 29/03/2018 13:55:49

sil está entre os 10 países que registraram me- te todas as regiões, inclusive em lugares onde Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/
nor fertilidade em relação ao nível de reposi- segue sendo muito alta, como na África. internacional/noticia/2017-06/onu-diz-que-populacao-
ção entre 2010 e 2015. De fato, nos últimos anos a Europa foi o mundial-chegara-86-bilhoes-de-pessoas-em-2030.
Enquanto isso, a Índia — que atualmente único continente onde o número de filhos por Acesso em: 19/12/2017.
tem 1,3 bilhão de habitantes ou 18% da popu- mulher aumentou, passando de 1,4 no período
lação mundial — passará em aproximadamen- 2000–2005, para 1,6 no período 2010–2015.
te sete anos a China — que agora tem cerca de Apesar disso, a Europa será a única região onde
1,4 bilhão de habitantes — como o país mais o número de habitantes se reduzirá entre 2017 e Anotações
populoso do Planeta. 2030, passando de 742 milhões para cerca de 739.
Apesar da população do mundo seguir Em comparação, a população da África
aumentando, isso acontecerá a um ritmo mais aumentará nesse período, passando de 1,256
lento do que nos últimos anos devidos a uma bilhão para cerca de 1,7 bilhão e a da Ásia de
redução da taxa de fertilidade em praticamen- 4,5 bilhões para 4,94 bilhões.

196

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de renda, violência, criminalidade, tráfico de
drogas, lixo e esgoto, poluição, congestiona-

Capítulo 8
mento, etc.
• Abordar o conceito de megalópole e apre-
sentar os principais centros urbanos brasileiros.
• Compreender que o processo de urbaniza-
O espaço urbano brasileiro ção não pode ser caracterizado apenas como
A população de Belo Horizonte é estimada em 2,5 milhões de habi-
tantes, sendo o 6º município mais populoso do País, segundo dados
crescimento das cidades, mas que se trata de
de 2017, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). algo mais amplo, envolvendo modificações
significativas no território, na sociedade e na
economia.

BNCC
Habilidades trabalhadas
no capítulo

(EF07GE04) Analisar a distribuição territo-


rial da população brasileira, considerando a
diversidade étnico-cultural (indígena, africa-
na, europeia e asiática), assim como aspectos
de renda, sexo e idade nas regiões brasileiras.
(EF07GE09) Interpretar e elaborar mapas te-
máticos e históricos, inclusive utilizando tec-
nologias digitais, com informações demográ-
ficas e econômicas do Brasil (cartogramas),
identificando padrões espaciais, regionaliza-
ções e analogias espaciais.
(EF07GE10) Elaborar e interpretar gráficos
de barras, gráficos de setores e histogramas,
com base em dados socioeconômicos das re-
O fenômeno da
industrialização atrai de
giões brasileiras.
imediato a urbanização. O Brasil,
como outros países da América Latina,
Ásia e África, inseriu, de forma tardia,
a indústria em sua atividade econômica.
Neste capítulo, estudaremos o processo
de urbanização brasileira, o êxodo Anotações
rural e a industrialização

Shutterstock.com
Ronaldo Almeida/
Capítulo 8 – O espaço urbano brasileiro 197

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Objetivos • Apresentar os conceitos de metropoliza-


pedagógicos ção e de hierarquia urbana (que classifica as
cidades por ordem de importância em: me-
trópole global, metrópole nacional, metrópo-
• Demonstrar a relação de complementarida- le regional, centros regionais e cidades locais).
de entre o espaço rural e o espaço urbano. • Estudar o espaço urbano brasileiro a partir
• Discutir o processo de urbanização brasi- dos conceitos de cidade formal e cidade in-
leira, demonstrando sua interligação com a formal.
industrialização e a economia de mercado. • Reconhecer indicadores da desigualdade
• Reconhecer algumas características do pro- social no Brasil decorrentes do processo de ur-
cesso de urbanização no Brasil. banização das grandes cidades.
• Diferenciar e explicar a definição de urba- • Apontar e discutir os principais problemas
nização e de crescimento urbano. urbanos do Brasil: favelização, desigualdade

197

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Diálogo com o
professor Cenário 1

Questione os alunos quanto ao que eles


consideram como problemas urbanos e peça
O predomínio da
que apresentem exemplos, inclusive da região selva de pedra
em que moram. Discuta com eles os princi-
pais problemas de urbanização enfrentados no Construção da
Brasil, explorando as realidades da concentração
urbana que provoca, entre outras coisas, a
espacialidade urbana
favelização, a desigualdade de renda, a violência, brasileira
a criminalidade, o tráfico de drogas, o lixo e esgo-
Urbanização é o crescimento da população da cidade em rit-
to, a poluição, o congestionamento, etc. mo mais acelerado do que o da população rural. Contudo, duas
coisas devem ser esclarecidas: não se trata de um processo em que
a população da cidade apresenta uma taxa de crescimento vegeta-
Anotações tivo maior que a população do campo, e sim de um crescimento
da população urbana a partir da transferência da população rural
para as cidades; e não se trata de um crescimento da área da cida-
de, ou crescimento urbano, e sim da concentração de pessoas que
passam a viver nelas. O crescimento urbano ocorre em virtude do
crescimento progressivo da população, que passa a viver na cidade,
pois, quanto mais habitantes nas cidades, maiores as necessidades
de habitação, educação, saúde, segurança e serviços.

Maciej Bledowski/Shutterstock.com
Cidade de São Paulo.

198 Capítulo 8 – O espaço urbano brasileiro

CG_7ºano_08.indd 198 29/03/2018 13:55:17 CG

Leitura fia e Estatística (IBGE). No entanto, a urba-


complementar nização cresceu de forma desigual, abrangen-
do poucas cidades que concentram população
e riqueza e multiplicando pequenos centros ur-
IBGE: País migrou para banos que abrigam uma força de trabalho pou-
o interior e urbanização já co qualificada e fortemente vinculada às ativi-
atinge 80% da população dades primárias.
O atlas atualiza as informações geográ-
ficas sobre o território brasileiro, articulando
Mais de 80% da população brasileira já textos e imagens de satélite produzidas com
vive em cidades, segundo dados da nova edi- técnicas avançadas, ampliando a capacidade
ção do Atlas Nacional do Brasil Milton Santos, de observar a complexa realidade do País.
lançada pelo Instituto Brasileiro de Geogra- As aglomerações urbanas e as 49 cidades

198

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Nessa região, a expansão de uma agro-
pecuária caracterizada pelo emprego de má-
Causas da urbanização quinas e insumos explica que sua expansão
econômica tem reforçado um processo de ur-
Em qualquer lugar do mundo, o processo de urbanização é de-
sencadeado por dois fatos complementares e que ocorrem em áreas banização que cresce em apoio a essa atividade
distintas: pouco absorvedora de mão de obra.
Isso revela uma modificação na geografia
Industrialização: O processo de urbanização está intima-
mente ligado à industrialização, tendo sua origem a partir da brasileira ocorrida na última década, aprofun-
Primeira Revolução Industrial em meados do século XVIII. dando o processo de interiorização e alteran-
Pois a atividade industrial, um fenômeno espacial urbano, gera
do o traçado da rede urbana nacional, a densi-
oferta de empregos bastante elevada, fato que serve de atração
sobre as pessoas de todos os lugares em busca de trabalho. dade e mobilidade populacional, a articulação
O êxodo rural: As zonas rurais são ligadas milenarmente a do espaço econômico e a intensificação do uso
atividades em que o homem atua diretamente sobre a natureza, de recursos naturais.
plantando e criando animais com o auxílio de instrumentos
O Atlas Nacional do Brasil Milton San-
simples. Contudo, a partir da industrialização, novos instru-
mentos e tecnologias são criados com o objetivo de auxiliar o tos capta dois importantes processos da dinâ-
trabalho no campo. Rapidamente, a agricultura e a pecuária mica brasileira na primeira década deste sécu-
passam a dispor de máquinas e equipamentos, que, de forma
progressiva, passam a substituir os seres humanos; estes, livres,
lo: a melhoria de condições de vida de parte
passam a migrar para as cidades em busca de emprego. da população e a valorização da potencialida-
de do território. Responsável pela difusão do
Urbanização no Brasil conhecimento geográfico do Brasil entre es-
No Brasil, o processo de urbanização começa a acontecer com tudantes de todos os níveis de ensino, o Atlas
velocidade a partir da década de 1950, com a industrialização que reúne o maior conjunto de informações le-
se instalou nas cidades. A concentração de terras rurais nas mãos de vantadas pelas instituições públicas do País,
poucas pessoas e a modernização das atividades do campo, como a
agricultura e a pecuária, foram os fatores que mais contribuíram para constituindo-se como instrumento estratégi-
acelerar o processo de urbanização no Brasil. Atualmente, somos um co para o planejamento de seu futuro.
país plenamente urbanizado, como mostra o gráfico abaixo.

Disponível em: http://www.brasil.gov.br/


Taxa de urbanização brasileira
governo/2010/12/ibge-pais-migrou-para-o-interior-
População urbana População rural e-urbanizacao-ja-atinge-80-da-populacao. Acesso em:
19/12/2017.
19% 16%
26%
34%
44%
69% 64% 55%

66%
74% 81% 84% Anotações
56%
36% 45%
31%

1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000 2010

Capítulo 8 – O espaço urbano brasileiro 199

5:17 CG_7ºano_08.indd 199 29/03/2018 13:55:17

com mais de 350 mil habitantes abrigam 50% lém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Hori-
das pessoas em situação urbana no País e detêm, zonte, Curitiba, Porto Alegre e Goiânia.
aproximadamente, 65% do Produto Interno
Bruto (PIB) nacional. No outro extremo, estão Interiorização
4.295 municípios com menos de 25 mil habitan-
tes, que respondem por 12,9% do PIB. O Atlas revela ainda que o Brasil teve sua
Na evolução da rede urbana brasileira, geografia alterada na última década no senti-
observa-se a predominância de 12 centros que do de aprofundar o processo de interioriza-
reforçam sua atuação e se mantêm como as ção, o que se expressa pela expansão das ca-
principais cabeças de rede do sistema urbano deias produtivas de carne, grãos e algodão em
brasileiro entre 1966 e 2007. No topo, além direção ao Centro-Oeste e ao Norte, a exem-
de São Paulo, figuram Rio de Janeiro e Brasí- plo dos municípios de Sorriso e Lucas do Rio
lia. O quadro é completado com Manaus, Be- Verde, ambos em Mato Grosso.

199

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Sugestão de
abordagem Relação campo x cidade
Com a urbanização, as cidades assumem o controle da espa-
Solicite aos alunos que busquem imagens cialidade e passam a apresentar uma importância muito grande
antigas da sua cidade e façam uma compara- para as sociedades. Dessa forma, as zonas urbanas tornam-se o
ção com fotografias atuais. Assim será possí- centro da produção de bens e materiais, da prestação de serviços e
das decisões políticas e econômicas. Por sua vez, as zonas rurais se
vel observar mais de perto, as mudanças que subordinam às zonas urbanas, estabelecendo-se uma relação em
os espaços sofrem com a intervenção do ho- que o campo produz os bens primários, geralmente agropecuá-
rios, que serão consumidos nas zonas urbanas; estas, por sua vez,
mem. Fomente seus alunos para que eles pen-
produzem máquinas, como tratores, caminhões, além de serviços
sem sobre o seguinte tema A morte das áreas como educação, saúde, lazer e bancos financeiros, que serão ab-
verdes e o avanço do concreto. sorvidos também pela zona rural.

Histórico da
Leitura
complementar urbanização no Brasil
Nossa urbanização aconteceu tardiamente, na década de 1950,
em virtude do atraso histórico da nossa industrialização. Foi apenas
No Brasil e em outros países a partir desse momento, em que o Brasil começou a deixar de ser
emergentes, a urbanização um país predominantemente agrário e rural, passando a se tornar
amplamente industrial, que o urbano passou a comandar a nossa
ainda é um desafio a vencer espacialidade.
Com a industrialização das principais cidades da Região Su-
deste, entre as décadas de 1950 e 1960, a população urbana come-
Nos países desenvolvidos, a urbaniza- çou crescer progressivamente. Cidades como São Paulo e Rio de
ção ocorreu gradualmente. As cidades se ex- Janeiro tornaram-se o centro de atração para correntes de êxodo
pandiram ao longo dos últimos 100 anos rural que saíam de outros estados, principalmente nordestinos, em
busca de emprego nas indústrias e qualidade de vida nessas cidades.
(ou mais), à medida que os empregos saíam Por volta da primeira metade da década de 1970, a população ur-
dos campos para as fábricas. Esse ritmo per- bana passava a contar com 56% do contingente e do País, e o cam-
mitiu uma série de tentativas e erros nas po- po brasileiro já não dominava mais o espaço geográfico nacional: a
partir da industrialização, as cidades passavam a monopolizar os
líticas e nos padrões de crescimento. interesses econômicos.
Já os países em desenvolvimento não É nessa porção do espaço que estão as maiores fatias de inves-
têm essa vantagem. Eles enfrentam uma mi- timento e a maior quantidade da força de trabalho. De forma pro-
gressiva, o campo vê-se subordinado à cidade, fornece a ela cada vez
gração rápida, que mexerá na proporção da mais mão de obra, e sua produção, ao contrário de épocas anterio-
população urbana do mundo. Em algumas res, quando era primordialmente para exportação, visa abastecer a
sociedades, o percentual passará de menos cidade com gêneros alimentícios.
As cidades brasileiras passam a ser fornecedoras de máquinas,
de 20% (hoje) a mais de 60% em apenas 30 equipamentos e diversos produtos utilizados pelas atividades agrí-
anos. colas. Cria-se uma nova estrutura no espaço brasileiro: o campo e
a cidade não estão mais totalmente desvinculados, como acontecia
As lideranças urbanas agora precisam
até o final do século XIX, quando o campo produzia para atender
descobrir como oferecer lares acessíveis,
transporte público, empregos, infraestrutu- 200 Capítulo 8 – O espaço urbano brasileiro
ra básica e serviços necessários para apoiar
as crescentes populações urbanas. E, ao mes-
mo tempo, como fazer isso causando o míni- CG_7ºano_08.indd 200 29/03/2018 13:55:17

mo impacto ambiental e preparando-se para cas a identificar os impedimentos à urbani- o bem da economia, da igualdade e da sus-
vulnerabilidades e mudanças climáticas. zação e traçar políticas viáveis do ponto de tentabilidade das cidades. A maneira como
Acertar esse processo de urbanização vista técnico, político e fiscal. eles se preparam para a urbanização impor-
é essencial para conquistar um crescimen- O relatório ajuda a pensar sobre ques- ta não só para o futuro das próprias cidades,
to sustentável. E o desafio vai muito além tões como: o que é preciso ser feito para mas também para o progresso econômi-
do planejamento: os governos precisam en- criar empregos e expandir serviços básicos? co global”, diz Somik Lall, autor do estu-
contrar maneiras inovadoras de financiar a O que falta para melhorar as condições de do e economista (da área urbana) do Ban-
infraestrutura. vida em favelas e áreas sujeitas a desastres? co Mundial.
Um novo estudo do Banco Mundial O que é necessário para gerenciar as formas
traz uma série de noções importantes para da cidade? Disponível em: http://www.worldbank.org/pt/news/
o planejamento e o financiamento urbanos. “Lideranças urbanas em todos os ní- feature/2013/01/28/What-city-leaders-Brazil-Latin-
Esses conceitos são apoiados por estudos de veis têm de começar a agir agora. Precisam America-need-to-know-as-countries-urbanize. Acesso
caso, que ajudam os formuladores de políti- planejar cuidadosamente o uso do solo para em: 20/12/2017.
C
200

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às necessidades e aos interesses do mercado externo, enviando para
as cidades apenas o excedente de produção, e as cidades eram sepa-
radas entre si por espaços naturais imensos.
75º 65º 55º 35º

10º Brasil: densidade demográfica

O L

Boa Vista
Oceano
Macapá
Atlântico
Equador

Belém
São Luís
Manaus

Fortaleza

Teresina
Natal

João Pessoa

Recife
Rio
Branco Porto
Velho Palmas Maceió
10º

Aracaju

Salvador

DF
Cuiabá
Brasília
Goiânia

Legenda
Densidade demográfica
2 Belo Horizonte
(Habitantes por km ) Campo
Grande
20º Menos de 1 Vitória

1 a 10
Rio de Janeiro
São Paulo
10 a 50 Trópico
de Cap
ricórni
50 a 200 o
Curitiba
Mais de 200
Florianópolis

0 338 km 676 km Porto Alegre


Oceano
Atlântico
30º

5:17

Redes urbanas
A rede
40º urbana é um conjunto de cidades que mantêm relações
comerciais, industriais, culturais, financeiras e políticas entre si, em
escalas globais, regionais e locais. Essas relações são comandadas
por uma cidade que, dentro do espaço, apresenta a maior diversida-
de e o desenvolvimento do setor de serviços.

Capítulo 8 – O espaço urbano brasileiro 201

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201

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Diálogo com o
professor Relações entre as cidades Relações entre as cidades O fenômeno industrial liga definitivamente o campo à cidade,
em uma rede urbana em uma rede urbana com esta última dominando e conduzindo o primeiro, além de criar
uma relação hierarquizada entre as cidades: as maiores, que apresentam
Professor, acesse o site a seguir eMetrópole
use o nacional grande desenvolvimento econômico e social, além de uma população
Metrópole
regional
numerosa, monopolizam o espaço e subordinam as menores. Em ou-
mapa de acordo com seu estado para que seus regional
Metrópole
tras palavras, criou-se, em terras brasileiras, uma cadeia em que as ci-
alunos coloquem dados nele, fazendo sua le- regional
Centro
dades pequenas dependem das médias, e as cidades médias dependem
Metrópole
Centro regional
genda no próprio mapa, com as seguintes das metrópoles. Dessa forma, já na década de 1970, havíamos reprodu-
nacional

zido no espaço brasileiro uma divisão territorial do trabalho, onde os


Cidade local
solicitações:
Cidade local
Vila centros maiores monopolizavam o espaço e, até certo ponto, condu-
ziam a economia e o ritmo de vida das cidades menores.
Vila

• Qual município é o mais populoso? Figura 1 Figura 2

• Qual município contém o maior PIB do Hierarquia urbana


estado?
• Qual município é responsável pelo maior
brasileira
número de turistas? Na Bahia, existe uma cidade reconhecida pela produção de ca-
• Oriente-os a usar os dados do IBGE. cau. Seu nome é São Jorge de Ilhéus. Eternizada por Jorge Amado,
através do romance Gabriela, Ilhéus é muito diferente da cidade de
São Paulo. São Paulo é um mundo. Tudo se encontra nela, em meio
https://sidra.ibge.gov.br/territorio#/N6/1303403. a uma correria intensa de pessoas num trânsito engarrafado.
São Paulo e Ilhéus são duas cidades que estão em polos opostos
da rede hierárquica brasileira. Ilhéus é uma cidade pequena ou um
local que está na parte mais baixa da hierarquia urbana brasileira.
Anotações Consegue exercer influência apenas sobre as vilas que estão no seu
entorno, bem como sobre a sua zona rural. Iguais a Ilhéus, existem
milhares de cidades pequenas. Já a cidade de São Paulo e a do Rio
de Janeiro são metrópoles globais, ou seja, cidades gigantescas que
influenciam todo o território brasileiro, atraindo pessoas e institui-
ções mundiais e praticamente comandando a vida do País através
das suas indústrias, seus centros de pesquisas, bancos, estabeleci-
mentos comerciais, suas universidades e bolsa de valores.
As cidades de Recife, Brasília, Fortaleza, Salvador, Belo Hori-
zonte, Curitiba e Porto Alegre ocupam a posição de metrópoles
nacionais, pois influenciam praticamente todo o território na-
cional. Contudo, sua área de influência costuma estar restrita ao
território nacional, e suas relações com a economia internacional é
geralmente mediada pelas metrópoles globais.
As cidades como Manaus, Belém e Goiânia são consideradas
atualmente metrópoles regionais apesar de apresentarem econo-
mia diversificada, sua área de influência limita-se ao seu entorno
das regiões nas quais estão localizadas.
Por outro lado, cidades como Rio Branco, Porto Velho, Cuia-
bá, Campo Grande, Londrina, Ribeirão Preto, Campinas, Floria-
nópolis, Natal, João Pessoa, Maceió e Aracaju são consideradas
centros regionais. Essas capitais regionais estão subordinadas às

202 Capítulo 8 – O espaço urbano brasileiro

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C
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metrópoles globais, nacionais e a uma metrópole regional, porém
influenciam uma parcela da região comandada por estas últimas.
Abaixo dessas capitais
75º
regionais, aparecem
65º
os centros sub-re-
55º 35º

gionais, como Caruaru, Campina Grande, Vacaria, Formiga e Ja-


les, que são influenciadas pelas capitais regionais, mas influenciam
um número imenso de pequenas cidades.
10º

Brasil: hierarquia urbana


N
Boa Vista
O L
RR
AP S
Equador Macapá

Castanhal

Belém São Luís


Parnaíba
Manaus Fortaleza
AM Caxias Sobral
Mossoró
Marabá Imperatriz
Teresina CE
PA RN Natal
MA Campina
Juazeiro do Norte Grande João Pessoa
Araguaína PB
PI
PE Caruaru Recife
Porto Velho
AC Rio Branco Petrolina Garanhuns
Palmas Juazeiro AL Maceió
10º SE Arapiraca
RO TO Aracaju

MT BA
Salvador
Vitória da
Cuiabá Brasília Conquista Ilhéus
Anápolis Itabuna
Rondonópolis Goiânia
GO MG Montes Claros
Rio Verde Teófilo Otoni

Uberlândia Sete Lagoas Governador Valadares


Hierarquia Campo Grande Uberaba Ipatinga
São José do Itabira ES Linhares
MS Rio Preto Belo Horizonte Vitória
Presidente
Metrópole global
20º
Ribeirão Preto Cachoeiro do Itapemirim
Dourados Prudente SP Campos dos Goytacazes
Bauru Campinas RJ
Metrópole nacional
Maringá Cabo Frio
Metrópole regional Londrina Rio de Janeiro T
Curitiba Santos rópico d
Centro regional Cascavel PR São Paulo
e Capric
Paranaguá
órnio
Centro sub-regional 1 Guarapuava
Blumenau Joinvile
Pacífico
Oceano

Centro sub-regional 2 Chapecó Navegantes


Lages Florianópolis
Passo Fundo SC
RS Caxias do Sul
Uruguaiana
Santa
Maria
Porto Alegre Oceano
30º
Pelotas
Rio Grande
Atlântico

5:18

0 314 km 628 km

Ainda não completamos, contudo, a formação dessa hierarquia


urbana,
40º fato que só ocorre nas áreas de maior industrialização, onde
a articulação das diversas cidades já se estabeleceu. Ou seja, a rede
urbana brasileira, apesar de grandiosa, continua marcada pela irre-
gular distribuição geográfica e pela descontinuidade. Nas regiões

Capítulo 8 – O espaço urbano brasileiro 203

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203

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Diálogo com o
professor pouco industrializadas, como o Norte, o Centro-Oeste e o Nor-
deste, a rede urbana é completamente desarticulada, apresentando
diversos espaços vazios entre as cidades, bem como uma cadeia não
Professor, utilize os meios tecnológicos sequenciada. Já as Regiões Sudeste e Sul dispõem de redes urbanas
densas, bem hierarquizadas e com razoável grau de continuidade.
para aprimorar suas aulas. Se caso sua esco-

Thiago Leite/Shutterstock.com
la não tiver laboratório de informática, peça
para que seus alunos pesquisem em casa ou até
mesmo em seus aparelhos celulares. Aprenda a
usar as ferramentas disponíveis para fazer com
que, de fato, seus alunos sejam seres reflexivos
e saibam usar a Internet como ferramenta de
enriquecimento intelectual.
Geografia em cena

O ABCD Paulista, ou
Sugestão de região do ABCD, é uma
abordagem área formada pela sigla de
quatro cidades industriais
da Região Metropolitana
de São Paulo. São elas:
O IBGE dispõe de uma ferramenta cha- Santo André, São Ber-
mada Atlas do Desenvolvimento Humano no nardo do Campo, São Cae- São Paulo se destaca como a capital financeira do Brasil.
tano do Sul e Diadema.
Brasil, que permite acessar os dados demográ-
ficos, etários, e o IDH numa escala de proje-
Disponível em: http://www2.
santoandre.sp.gov.br/index.php/ Regiões metropolitanas
ção de 10 anos. Recomende que seus alunos cidade-de-santo-andre/historia.

pesquisem e, em sala, façam discursões refe-


Acesso em: 18/01/2018. brasileiras
rente às mudanças que os municípios passa- O processo de urbanização, que se intensificou a partir de
ram. Para isso, sugerimos o site: 1970, acarretou um crescimento populacional acelerado nas ci-
dades. Isso resultou na expansão dos limites urbanos de várias
metrópoles e cidades brasileiras, que terminaram por se encon-
http://atlasbrasil.org.br/2013/. trar com os limites urbanos das cidades vizinhas. Esse fenômeno
é chamado conurbação e consiste na superposição ou no encon-
tro de duas ou mais cidades próximas devido ao crescimento dos
respectivos sítios urbanos. As aglomerações resultantes podem
Anotações ser do porte da região do ABCD da Grande São Paulo.
Na verdade, a região metropolitana corresponde a um
conjunto de municípios próximos e integrados socioeconomi-
camente a uma cidade central, apresentando serviços públicos
e infraestrutura comuns. Em virtude do seu crescimento popu-
lacional em conjunto, essas cidades têm alguns problemas ur-
banos, como deficiência de sistema de transporte, água, ilumi-

204 Capítulo 8 – O espaço urbano brasileiro

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C
204

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nação pública, segurança e esgoto, que devem ser abordados e
solucionados por meio de uma ação conjunta.
Atualmente, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísti-
ca (IBGE) cataloga 69 regiões metropolitanas no Brasil, porém
esse número deverá crescer nas próximas décadas em virtude da
ampliação do crescimento urbano brasileiro.
Além dessas regiões, existem as regiões integradas de de-
senvolvimento econômico, que são definidas como regiões
metropolitanas onde o processo de conurbação ocorreu entre
cidades de dois ou mais estados, como Juazeiro-Petrolina, o
Distrito Federal e a grande Teresina. Há ainda outras áreas do
País que desejam se transformar em regiões metropolitanas. São
elas: Cuiabá; Uberlândia; Caxias do Sul; Pelotas-Rio Grande e
o Vale do Paraíba.

Brasil: regiões metropolitanas


N

RR O L
AP
S
Macapá Equador

Manaus Belém São Luís

AM
PA MA Fortaleza
Sudoeste CE
RN
Maranhense Teresina
Natal
Cariri Campina PB
AC PI Grande João Pessoa
PE
AL
Recife
RO TO Petrolina/Juazeiro Maceió
SE
MT BA
Vale do Rio Cuiabá e
entorno metropolitano GO Salvador
DF
Goiânia
Vale do aço e
MG colar metropolitano
MS Belo Horizonte e ES
colar metropolitano
SP Vitória
RJ
Região metropolitana Campinas
Maringá São
Paulo
Rio de Janeiro
Baixada Santista Tróp
Colar metropolitano, entorno Londrina
ico de Capr
5:18
metropolitano e área de PR Curitiba ic órnio
SC
expansão
Região integrada de
RS
desenvolvimento (RIDE)
Porto Alegre
Aglomeração urbana (A.U.)
Oceano
0 338 km 676 km
Atlântico

Fonte: Elaborado pelo autor.

Capítulo 8 – O espaço urbano brasileiro 205

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205

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A formação da
megalópole brasileira
O termo megalópole vem do grego mega (grande) e polis (ci-
dade). Em sentido geográfico, megalópole é o encontro ou conur-
bação de várias metrópoles, ou regiões metropolitanas, formando
uma gigantesca e infindável área urbanizada. No Brasil, observa-se
a formação de uma megalópole a partir da conurbação entre as re-
giões metropolitanas da Grande São Paulo e do Rio de Janeiro. O
processo de formação dessa megalópole começou recentemente e
teve como eixo de conurbação a Via Dutra e a antiga Estrada de
Ferro Central do Brasil, que serviram de escoadouros de pessoas e
mercadorias entre as duas regiões metropolitanas.
O acelerado crescimento populacional e de instrumentos urba-
nos, econômicos e sociais entre as duas regiões mostrou, já na década
de 1980, a incapacidade desses dois eixos de ligação em interligá-las.
Isso provocou diversos transtornos para as populações da área e os em-
presários que se estabeleceram ao longo do eixo de conurbação. Para
solucionar esses problemas e modernizar as funções e serviços, o gover-
no paulista construiu a Rodovia Ayrton Senna (Rodovia do Trabalha-
dor), de traçado paralelo à Via Dutra, porém que não chega até o Rio
de Janeiro, pois se liga à Via Dutra no município de Guararema.
No sentido oeste, a megalópole brasileira em formação vai de
São Paulo até Limeira, aglutinando Jundiaí, Campinas e Ameri-
cana, através da via Anhanguera e da Rodovia dos Bandeirantes,
construída na década de 1980 para desafogar a primeira.

A megalópole brasileira

N
Minas Gerais
O L
Rio de Janeiro
S Volta Redonda Petrópolis
Teresópolis

Mogi Guaçu Resende Barra do Piraí


Mogi Mirim Barra Mansa Magé
Limeira Cruzeiro
Duque
Nova Iguaçu de Caxias Itaboraí
Campos do Jordão São
Americana Lorena
Nilópolis S. João Gonçalo
Guaratinguetá
Itaguaí do Meriti
Niterói
Campinas Bragança Pindamonhangaba
Paulista Angra dos Reis Rio de Janeiro
Taubaté CG

Atibaia Parati
São José dos Campos
Jundiaí 0 314 km 628 km
Jacareí
Itu Guarulhos Ubatuba

Sorocaba Mogi das Cruzes


Osasco
São Caetano do Sul
População das cidades Área da megalópole
Santo André Caraguatatuba 10.000.000 hab.
Diadema Mauá
Área urbanizada
5.000.000 hab.
São Bernardo do Campo
São Paulo Cubatão
Santos
São Sebastião
1.000.000 hab.
Ferrovia
Divisa interestadual
São Vicente 500.000 hab.
Oceano Rodovia
Atlântico Rodovia – pista dupla

206 Capítulo 8 – O espaço urbano brasileiro

206
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Sugestão de

Problemas urbanos abordagem


brasileiros Professor, sugerimos como atividade refe-
Com o intenso processo de urbanização, começaram a sur- rente ao texto Problemas urbanos brasileiros, a
gir diversos problemas de inadequação entre o ritmo acelerado de elaboração de um relato de experiências diá-
crescimento urbano e o crescimento das indústrias. O processo de
industrialização dependente, que trouxe parques industriais já aca- rias no qual o aluno anotará em seu caderno
bados, não respeitou o traçado das antigas cidades, adaptando-se quais problemas urbanos são perceptíveis por
de forma violenta às necessidades da atividade industrial. Por outro
ele no bairro em que mora, durante sete dias e
lado, a urbanização reproduziu a concentração de riquezas, expon-
do problemas sociais que separam nossa sociedade: de um lado, no final ele reunirá esses dados e fará uma aná-
uma minoria privilegiada, rica e influente; do outro, uma massa de lise reflexiva do que pode melhorar em seu en-
pobres oriundos do campo e de empobrecidos urbanos, que foram
jogados para as áreas suburbanas.
torno e o que ele, como cidadão, pode fazer
para melhorar sua rua, seu bairro, sua cidade.

sFred Cardoso/Shutterstock.com
Assim, formaremos um jovem ciente do seu
papel social, comprometido com sua realida-
de e responsável para com a sociedade.

Anotações

A divisão desigual da renda entre as pes-


soas é vista claramente nesta foto. Ao
fundo, um bairro com imponentes edifícios,
em contraste com a comunidade em primeiro
plano. Na imagem, Morro do Papagaio, Belo
Horizonte, Minas Gerais.

Vários problemas se reproduzem dentro da urbanidade, po-


rém os mais graves decorrem da excessiva valorização do preço da
terra urbana, pois existe uma carência de áreas em face do aumento
exorbitante da população. Esse problema desemboca num proces-
so duplamente cruel: de um lado, desenvolve-se uma sociedade em
que minoria rica constrói conjuntos residenciais fechados, em tor-
no dos quais despontam residências modernas, salões de belezas,
academias de ginásticas, playgrounds, restaurantes, lanchonetes,
piscinas, etc.; do outro, um intenso processo de guetização e peri-
ferização que obriga uma grande parcela da população humilde a
viver sob péssimas condições de saúde e habitação.

Capítulo 8 – O espaço urbano brasileiro 207

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207
:19

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Diálogo com o
professor Em todas as grandes cidades e até nas médias cidades, prolife-
ram cada vez mais favelas e cortiços, em virtude da falta de recursos
financeiros gerados pelo desemprego, subemprego ou pelos baixos
Professor, orientamos a sua interação salários. Muitos habitantes das grandes cidades já se deslocaram
para a chamada “periferia distante”, áreas nos limites entre dois
com a Filosofia para criar um pensamento re- municípios onde a paisagem é mais rural do que urbana, dada a
flexivo no que viria ser uma periferia urbana escassez de instrumentos urbanos, como pavimentação, iluminação
e os motivos de sua constituição. Pensemos, pública, água canalizada, esgoto, coleta de lixo e segurança pública.
pois, que em Mumbai, Índia, 55% de seu terri-

Jales Valquer/Shutterstock.com
tório é preenchido por favela, e se nós formos
refletir sobre isso, poderíamos pensar:

• Quais parâmetros usamos para definir o Como a urbanização de áreas pobres foi
que vem a ser periferia urbana? feita de forma desordenada, na maioria

• Como contextualizar sua inserção nas me-


das vezes os dejetos são jogados em córregos,
como mostra a foto de uma comunidade em
São Paulo.
trópoles e a sua localização periférica?
• Como poderíamos vincular o conceito de Migrações pendulares e o
periferia urbana nos EUA e no Brasil? transtorno dos trabalhadores
Um dos maiores problemas urbanos é exposto como decor-
Tomando como base as perguntas aci- rência de um movimento migratório diário que ocorre dentro das
ma, direcione seus alunos a compreender e grandes cidades, denominado de migração pendular. Esse tipo de
migração nada mais é do que o deslocamento diário dos trabalha-
descontruir o conceito de favela e reformular dores dentro das zonas urbanas. Repetindo o movimento do pên-
seus conceitos. dulo do relógio, os trabalhadores urbanos deslocam-se de manhã
de casa para o trabalho e, no final do dia, do trabalho para casa.

Ensaio geográfico
Anotações
1 Diferencie urbanização de crescimento urbano.
A urbanização ocorre quando a população da cidade cresce em um ritmo mais acelerado que a popu-

lação do campo. Já o crescimento urbano está intimamente ligado a questões estruturais, onde devido

ao aumento da população haverá necessidade de mais educação, habitação, segurança e outros serviços.

2 Descreva as causas que acarretaram a urbanização brasileira.


A chegada da industrialização, a concentração de terras rurais e a modernização do campo.

208 Capítulo 8 – O espaço urbano brasileiro

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C
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3 Observe o quadro abaixo e coloque nos espaços vazios as categorias das cidades apresentadas.

Cidade Categoria
Recife Metrópole Nacional

Manaus Metrópole Regional

São Paulo Metrópole Global

Caruaru Centro Regional

4 Cite os principais problemas da urbanização brasileira.


Inchaço populacional das cidades e o surgimento de favelas.

5 Correlacione os fenômenos urbanos à respectiva descrição.

1 Conurbação. 4 Espaço em rede onde as cidades menores estão subordinadas


às cidades maiores.
2 Metrópole.
1 Integração espacial entre as estruturas urbanas de duas ou mais
3 Megalópole.
cidades.
4 Hierarquia.
3 Área espacial formada pela conurbação de duas ou mais me-
trópoles.
2 Cidade que em virtude da sua importância comanda a hierar-
quia urbana de um país/região/ou do mundo.

Cenário 2

Problemas
5:19
ambientais urbanos
As cidades são por si só um local de problemas devido às altas
concentrações populacionais, como, por exemplo, as megacidades
de Tóquio, com 37 milhões de habitantes, ou de São Paulo, com 12
milhões. As fontes poluidoras próprias das atividades industriais,
dos serviços e do consumo encontram nas cidades grandes e médias
uma produção de rejeitos tão grandes que ultrapassam a capacida-
de da natureza de reciclar e renovar os sistemas naturais dos rios,
córregos e lagos, do solo, do ar, prejudicando a própria estrutura,

Capítulo 8 – O espaço urbano brasileiro 209

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209

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Anotações
manutenção e qualidade de vida das cidades. Assim, a inversão tér-
mica, ilhas de calor, chuva ácida, o lixo, poluição hídrica, poluição
atmosférica, poluição do solo, poluição sonora e visual são os gran-
des desafios aos gestores das cidades.

Poluição urbana
As grandes cidades brasileiras, em virtude da concentração in-
dustrial, de veículos, além da transformação do espaço natural em
artificial, apresentam uma série de transtornos ambientais. Poluição
sonora; por rejeitos industriais, que, por não terem tratamento espe-
cífico, terminam contaminando a água dos rios e lagos; por dejetos
químicos, que, pela infiltração no solo, contamina rios, mananciais e
lençóis subterrâneos, envenenando e matando a vida, etc. Contudo,
a forma de poluição urbana que mais tem causado danos às cidades é
a atmosférica, provocada pela contínua emissão de gases oriundos da
humanização do espaço. Suas principais consequências são:

Inversão térmica: Analisando a atmosfera, em condições


normais, esta apresenta camadas de ar dispostas uma sobre as
outras, estando as mais quentes mais próximas ao solo. Este
é um fenômeno normal que ocorre durante todas as noites.
Quando uma camada de ar frio infiltra-se entre outras de ar
quente, temos uma inversão térmica. Em metrópoles como
São Paulo, durante o inverno, a camada de ar frio termina
“aprisionando” os gases poluidores lançados por automóveis
na camada mais baixa da atmosfera, tornando o ar irrespirável.

Frontpage/Shutterstock.com
Leitura
complementar

Brasil promove avanços


A rápida urbanização e industrialização
brasileira têm tido impactos sobre a quali-
Ilhas de calor: Fenômeno presente nas grandes metrópoles
dade do ar nos grandes centros urbanos. No brasileiras, onde o solo é impermeabilizado pelo asfaltamento,
entanto, segundo o relatório do Pnuma, o gerando uma elevação da taxa de absorção de calor. A retirada
de cobertura verde e as construções de grandes edifícios impe-
Brasil tem implementado vários incentivos
dem a circulação dos ventos. Por outro lado, veículos e fábricas
regulatórios, institucionais e econômicos que geram uma taxa de calor anormal pela queima de combustíveis
estimulam investimentos em energia renová- fósseis, bem como uma redoma de poluição que impede a dis-
sipação do calor. Atualmente, quase todas as metrópoles bra-
vel, especialmente eólica, solar e mini-hídrica. sileiras são ilhas de calor ou apresentam o fenômeno em algu-
O Programa de Eficiência Energética bra-
sileiro, por exemplo, exige que produtores gas- 210 Capítulo 8 – O espaço urbano brasileiro
tem, no mínimo, 5% em programas de eficiên-
cia energética.
Em relação ao transporte, mesmo ainda CG_7ºano_08.indd 210 29/03/2018 13:55:19 CG

com grandes desafios, tais como o crescimen- estão sendo implementadas, incluindo um sis- Cerca de 80% dos curitibanos vão ao tra-
to do número de veículos, frotas antigas, com- tema rápido de ônibus, com novas linhas que balho utilizando o sistema de ônibus mais rá-
bustível sujo, pouca condução pública, o Bra- estão sendo adicionadas para os Jogos Olímpi- pidos, contribuindo para uma redução de
sil tem apresentado avanços. cos de 2016, bem como a expansão do metrô. aproximadamente 27 milhões no número to-
A agência da ONU destaca que, como re- Em Curitiba, corredores de trânsito de tal de viagens dos veículos por ano. O con-
sultado dos protestos de junho de 2013, o go- alta densidade foram integrados no plano da junto de pessoas que usam transporte públi-
verno federal aumentou os investimentos em cidade para promover o desenvolvimento re- co aumentou 50 vezes nos últimos 20 anos, na
transporte por meio do Pacto de Mobilida- sidencial e industrial em algumas áreas. cidade.
de — iniciativa que tem por objetivo oferecer Como resultado dessa ação e de outras
maior qualidade ao transporte público e desa- decisões de planejamento de trânsito inteli- Disponível em: https://nacoesunidas.org/poluicao-
fogar o trânsito nas cidades. gente, Curitiba usa cerca de 30% menos com- do-ar-nas-cidades-aumenta-8-e-mata-7-milhoes-de-
O levantamento do Pnuma ressalta tam- bustível per capita em comparação a outras pessoas-por-ano-alertam-agencias-da-onu/. Acesso em:
bém que, no Rio de Janeiro, uma série de ações oito cidades brasileiras de tamanho similar. 20/12/2017.

210

ME_CG_7ºano_08.indd 210 14/05/2018 12:22:30


Anotações
mas partes do seu território. Como resultado de tal processo,
temos a elevação da temperatura média nas áreas próximas aos
centros dos grandes núcleos urbanos, diminuindo quando nos
deslocamos para as áreas suburbanas onde existem mais áreas
verdes, menos asfalto e prédios.

Maiores
temperaturas

Menores
temperaturas

A formação de ilhas de calor está associada às temperaturas mais elevadas à medida que se aproxima
dos centros urbanos, onde há concentração de prédios que utilizam concreto e vidro e de asfalto.

Chuva ácida: Muito comum em áreas industriais, a chuva


pode apresentar alto teor corrosivo. É provocada pela emissão
de gases das indústrias, como as metalúrgicas e as siderúrgicas,
que contêm óxidos de enxofre e nitrogênio. Essas substâncias,
ao reagirem com a luz solar e a umidade presente na atmosfera,
transformam-se em soluções compostas de ácidos nítrico e sul-
fúrico. Esses compostos podem provocar a contaminação de
lagos, rios e oceanos ou acidificá-los, prejudicando a reprodu-
ção animal ou o desenvolvimento dos vegetais. Algumas áreas
brasileiras, como Cubatão, São Paulo; Duque de Caxias, Rio
de Janeiro; e o Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais, já apre-
sentaram ocorrência desses fenômenos.
steveball/Shutterstock.com

Geografia em cena

Ler é fundamental. Um
dos romances mais interes-
santes para compreender
os sentimentos, as ideias, as
sensações e os momentos
da vida de um paulistano
é Paulicea Desvairada, de
Mário de Andrade.
Efeito da chuva ácida em uma construção antiga na Europa.

Capítulo 8 – O espaço urbano brasileiro 211

5:19 CG_7ºano_08.indd 211 29/03/2018 13:55:20

Diálogo com o
professor

Professor, discuta com seus alunos os pro-


blemas que existem da precarização do trans-
porte público e o impacto no meio ambiente.
Faça uma relação do alto número de carros nas
ruas e da falta de estrutura política para via-
bilizar a troca do carro pessoal pelo transpor-
te público.

211

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Anotações
O problema do lixo nas cidades brasileiras: Lixo é deno-
minado qualquer resíduo sólido, aparentemente sem valor, re-
sultante das atividades humanas e que é descartado por pessoas,
instituições públicas, indústrias, comércio ou prestadores de ser-
viço. Atualmente cada cidadão do Planeta produz 1,2 kg de lixo
por dia, resultando em 1,4 bilhão de toneladas anuais e, como as
cidades concentram em torno de 55% da população mundial,
esse lixo está sendo produzido em sua maioria em ambiente ur-
bano. Em 2015, o Brasil produziu 218 mil toneladas de lixo por
dia e, como nossa taxa de urbanização está próxima a 85%, as
cidades brasileiras foram produtoras de quase 68 milhões de to-
neladas de lixo naquele ano. O grande problema é que estamos
Leitura entre os dez maiores produtores mundiais de lixo, junto com
complementar países ricos como Estados Unidos e França, mas descartamos
lixo da mesma maneira que fazem os países pobres. Para termos
uma ideia, em 2015, 41,3% do lixo foi parar em lixões a céu
aberto. Isso representou em torno de 33 milhões de toneladas
Crise econômica diminui de lixo sem nenhum tratamento. O lixo sem tratamento gera o
geração de lixo pela primeira chorume e gases tóxicos, que são altamente danosos ao meio am-
biente e à população em geral. O chorume é um líquido escuro
vez em 13 anos e viscoso, resultante da decomposição do lixo orgânico mistu-
rado com elementos químicos e metais pesados dos produtos
A geração de lixo no Brasil reduziu 2,04% industrializados, que sofrem degradação em contato direto com
o solo, contaminando o lençol de água subterrâneo e os rios. Os
em 2016 em comparação com 2015, segundo gases, como metano e dióxido de carbono, resultantes do lixo e
panorama divulgado pela Associação Brasilei- da ação das bactérias anaeróbias são gases estufa com potencial
de contribuírem para o aquecimento global.
ra das Empresas de Limpeza Pública e Resí-
duos Especiais (Abrelpe). Foram gerados 78,3 O lixo é um dos mais graves problemas ambientais urbanos,
milhões de toneladas de resíduos sólidos no pois é responsável pela contaminação do solo, do lençol freático e
das águas dos rios. Muitas pessoas descartam seu lixo de modo im-
ano passado. próprio e assim, auxiliam para que ocorra o entupimento das galerias
Carlos Silva Filho, presidente da Abrel- de escoamento das águas pluviais causando enchentes nas cidades e
pe, não atribuiu a redução do lixo à conscien- prejuízos ambientais.
Foi instaurada em 2010 a Lei da Política Nacional de Resíduos Só-
tização ambiental da população, mas à crise. “É lidos (PNRS) que obriga todos os municípios brasileiros a descartar o
a primeira vez que temos decréscimo de resí- seu lixo em aterros sanitários até agosto de 2014, no entanto em 2016
ainda eram 3,5 mil lixões a céu aberto com 60,7% dos municípios em
duos sólidos no Brasil desde 2003, fruto da cri-
desacordo com a Política de Resíduos Sólidos. No aterro sanitário, o
se econômica, que afetou diretamente o poder lixo é acondicionado para se decompor de maneira segura, impedindo
de compra da população e trouxe, como conse- a contaminação do ambiente.
A reciclagem é apontada como solução para o lixo, pois pode gerar
quência, o menor descarte de resíduos sólidos.” renda para milhões de pessoas e matéria-prima para a indústria, redu-
Outro aspecto negativo atribuído à reces- zindo custos e evitando a exploração de matéria-prima virgem da na-
são econômica foi o aumento do uso de lixões, tureza. A compostagem é o reaproveitamento de resíduos orgânicos,
como alimentos, e outros resíduos de origem vegetal por meio da sua
com 2.976 ainda presentes em todo o País. Ti- decomposição por bactérias num processo controlado por técnicos.
veram destinação inadequada, em 2016, 81
mil toneladas de lixo. O uso de lixões a céu 212 Capítulo 8 – O espaço urbano brasileiro
aberto cresceu de 17,2% em 2015 para 17,4%
em 2016.
Os aterros controlados, que ainda exis- CG_7ºano_08.indd 212 29/03/2018 13:55:20 CG

tem no País, são semelhantes a lixões, por ve- de aterro gira em torno de R$ 90 a R$ 100 por A coleta seletiva no Brasil estava pre-
zes cercados, com cobertura de terra para es- tonelada. “É uma economia burra, pois deixa sente em 69,3% em 2015, e registrou ligei-
conder os resíduos, mas sem captação de gás de pagar o aterro, mas, automaticamente, vai ro aumento em 2016, passando a 69,6%.
e chorume. Houve ligeiro aumento, passando contaminar o meio ambiente e a pessoas, vai Entre as regiões brasileiras, o Sul foi o que
de 24,1% em 2015 para 24,2% no ano passa- pagar mais no Sistema Único de Saúde”, disse mais implementou coleta seletiva (89,8%),
do. O tratamento de lixo ideal, em aterro sa- o presidente da Abrelpe. seguido pelo Sudeste (87,2%), Norte
nitário, feito em ambiente confinado para re- Segundo o panorama, 96 milhões de pes- (58,4%), Nordeste (49,6%) e Centro-Oes-
duzir o volume de resíduos conforme os anos, soas terão a saúde afetada por contaminação te (43,3%).
caiu de 58,7% para 58,4%. dos lixões. “São doenças como alergias, infec-
Sete municípios, não revelados pelo pa- ções estomacais, doenças causadas por vetores Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/
norama, abandonaram o uso de aterros sani- que se proliferam no lixo como dengue, zika, noticia/2017-08/crise-economica-diminui-geracao-
tários e passaram a usar lixões, em razão da re- chikungunya, câncer, pressão arterial. Bastan- de-lixo-pela-primeira-vez-em-13-anos. Acesso em:
dução de receitas municipais. O custo do uso te preocupante.” 20/12/2017.

212

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Diálogo com o
professor

Bildagentur Zoonar GmbH/Shutterstock.com


Professor, orientamos conscientizar os
alunos da importância das cooperativas de
reciclagem como forma de proteção e res-
tauro do meio ambiente. Apresente a Lei
12.305/2010, sobre a Política Nacional de Re-
síduos Sólidos, relativa ao contrato de coope-
Aterro sanitário na Alemanha.
rativas pelos municípios para coleta e triagem

Kawin168/Shutterstock.com
de material reciclável. Conscientize-os tam-
bém que a rede de reciclagem produz empre-
go e renda, tanto em cooperativas quanto nas
indústrias que reciclam o material recolhido.
Pois, além das pessoas cooperadas receberem
salário pelo trabalho que realizam, a poluição
pode ser reduzida, beneficiando a sociedade e
Lixão a céu aberto. o meio ambiente. E, com o auxílio do profes-
sor de Ciências, relembre os alunos a política
Poluição hídrica: A degradação dos recursos hídricos por
resíduos sólidos, esgoto doméstico ou rejeitos industriais com dos 3Rs: Reduzir, Reutilizar e Reciclar.
redução da qualidade da água (água com altos índices de coli-
formes fecais, produtos químicos e baixa disponibilidade de oxi-
gênio dissolvida na água), perda de biodiversidade, produção de
gases, como o gás sulfídrico e metano, e o assoreamento carac-
terizam a poluição das águas dos rios, córregos, lagos, lagoas, do Anotações
lençol freático e das águas litorâneas oceânicas. Os agentes con-
taminantes do esgoto doméstico, como bactérias, vírus, vermes
e protozoários, causam doenças associadas à diarreia que matam
milhões de crianças no mundo todo e os rejeitos industriais quí-
micos que contaminam e exterminam a flora e a fauna marinha.
A poluição hídrica é mais prejudicial para os países em desenvol-
vimento, já que não têm recursos e tecnologia para dar soluções a esse
problema, fazendo com que a população sofra com a baixa qualidade
de vida. O agravante para os países em desenvolvimento é a falta de
saneamento básico e de acesso à água encanada, levando as pessoas a
utilizarem água de rios poluídos.
A coleta e tratamento de esgotos e do lixo, o acesso à água po-
tável, além do tratamento de efluentes das indústrias — que são os
principais poluidores dos recursos hídricos — são soluções aponta-
das para a poluição hídrica.

Capítulo 8 – O espaço urbano brasileiro 213

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213

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Leitura
complementar
Como e por qual motivo
separar o lixo?
A preservação do meio ambiente come- 9,1 toneladas 45% 55%
da população possui
de esgotos são geradas da população não possui
ça com pequenas atitudes diárias, que fazem todo dia. tratamento de esgotos.
esgotamento sanitário
adequado.

toda a diferença. Uma das mais importantes


é a reciclagem do lixo. As vantagens da sepa- Distribuição da carga de Situação da população em Parcela da população, por
relação ao esgoto no Brasil região, com esgotamento
ração do lixo doméstico ficam cada vez mais esgotos gerada
sanitário adequado
3,9 mil T são
evidentes. Além de aliviar os lixões e aterros encaminhadas para
tratamento coletivo; Norte
Nordeste
33%
sanitários, chegando até eles apenas os rejei- 1,1 mil T é
encaminhada 48%
para fossas 43% coletado e tratado
tos (restos de resíduos que não podem ser rea- 1,7 mil T
sépticas
(solução 12% solução individual
Centro-Oeste
63%
individual Sudeste
proveitáveis), grande parte dos resíduos sóli- é coletada,
mas não é
adequada);
18% coletado e não tratado
27% não coletado e não Sul
58%
submetida a
dos gerados em casa pode ser reaproveitada. A tratamento;
2,4 mil T são despejadas a
céu aberto.
tratado 65%

reciclagem economiza recursos naturais e gera Fonte: Agência Nacional das Águas. http://atlasesgotos.ana.gov.br/

renda para os catadores de lixo. O Atlas Esgotos: Despoluição de Bacias Hidrográficas revela que menos da metade (42,6%)
Segundo a última pesquisa nacional de sa- dos esgotos do País é coletada e tratada. Apenas 39% da carga orgânica gerada diariamente no País
(9,1 mil T) é removida pelas 2.768 Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) existentes no Brasil
neamento básico do Instituto Brasileiro de Geo-
antes dos efluentes serem lançados nos rios, lagos e mares.
grafia e Estatística (IBGE), são recolhidas no O restante, 5,5 mil toneladas, pode alcançar os corpos hídricos. A Resolução Conama 430 (2011)
Brasil cerca de 180 mil toneladas diárias de resí- prescreve o tratamento de pelo menos 60% do DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio), antes do
lançamento. Do total de municípios, 70% não possuem uma estação de tratamento de esgotos.
duos sólidos. O rejeito é resultante de atividades
Fonte: Agência Nacional das Águas (ANA).
de origem urbana, industrial, de serviços de saú-
de, rural, especial ou diferenciada. Esses mate- Poluição atmosférica: Se caracteriza pela presença excessiva de
riais gerados nessas atividades são potencialmen- gases e partículas em suspensão no ar atmosférico, que tem origem
na ação antrópica, como os gases dióxido e monóxido de carbono,
te matéria prima e/ou insumos para produção de dióxido de azoto ou de nitrogênio, dióxido de enxofre, ozônio e
novos produtos ou fonte de energia. partículas de amianto, tolueno, cádmio, cromo, além das partícu-
Mais da metade desses resíduos é joga- las do solo, fuligem e poeira.

da, sem qualquer tratamento, em lixões a céu Esse é um problema apontado como uma das principais cau-
sas de mortes em ambientes urbanos, porque causa doenças respi-
aberto. Com isso, o prejuízo econômico pas- ratórias de todos os tipos, sendo responsável por 5,5 milhões de
sa dos R$ 8 bilhões anuais. No momento, ape- óbitos em todo o mundo. Além das doenças respiratórias, outros
nas 18% das cidades brasileiras contam com distúrbios como pneumonia, bronquite, acidente vascular cerebral
(AVC), diabetes, doenças do coração, câncer e até infertilidade hu-
o serviço de coleta seletiva. Ao separar os re- mana, também ocorrem. As crianças, com 1,7 milhões de óbitos, e
síduos, estão sendo dados os primeiros passos os idosos, com 3 milhões de mortos somente na China e Índia, são
para sua destinação adequada. Com a separa-
ção, é possível: a reutilização; a reciclagem; o 214 Capítulo 8 – O espaço urbano brasileiro
melhor valor agregado ao material a ser reci-
clado; as melhores condições de trabalho dos
catadores ou classificadores dos materiais re- CG_7ºano_08.indd 214 29/03/2018 13:55:21 CG

cicláveis; a compostagem; menor demanda jornais, revistas, caixas, papelão, garrafas PET, micas, porcelana. Pilhas e baterias de celular
da natureza; o aumento do tempo de vida dos recipientes de limpeza, latas de cerveja e re- devem ser devolvidas aos fabricantes ou depo-
aterros sanitários e menor impacto ambiental frigerante, canos, esquadrias, arame, todos os sitadas em coletores específicos.
quanto à disposição final dos rejeitos. produtos eletroeletrônicos e seus componen-
tes, embalagens em geral e outros. E as embalagens mistas: feitas de
O que é reciclável? plástico e metal, metal e vidro e
O que não vai para o lixo reciclável? papel e metal?
É reciclável todo o resíduo descartado
que constitui interesse de transformação de Papel-carbono, etiqueta adesiva, fita cre- Nas compras, prefira embalagens mais
partes ou o seu todo. Esses materiais poderão pe, guardanapos, fotografias, filtro de cigarros, simples. Mas, se não tiver opção, desmon-
retornar à cadeia produtiva para virar o mes- papéis sujos, papéis sanitários, copos de papel. te-a separando as partes de metal, plástico
mo produto ou produtos diferentes dos origi- Cabos de panela e tomadas. Clipes, grampos, e vidro e deposite-as nos coletores apropria-
nais. Por exemplo: Folhas e aparas de papel, esponjas de aço, canos. Espelhos, cristais, cerâ- dos. No caso de cartelas de comprimidos, é

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dros de automóveis ou temperados, cerâmica
e porcelana.
os mais afetados. É um problema que fica mais evidente nas cida-
des, pois é o ambiente onde se acumulam as fontes mais poluidoras,
como indústrias, usinas de energia, queima de carvão e madeira e • Metais:
veículos automotores, pois os resíduos gasosos são tóxicos e contêm Além de todos os tipos de latas de alumí-
micropartículas que são aspiradas pelos humanos, elas vão até os
pulmões e caem na corrente sanguínea, envenenando e adoecendo
nio, é possível reciclar tampinhas, pregos e pa-
a população urbana. rafusos. Atenção: clipes, grampos, canos e es-
Além dos problemas diretos para a saúde humana, a poluição at- ponjas de aço devem ficar de fora.
mosférica é a causa de outros distúrbios ambientais, como inversão tér-
mica, ilhas de calor, chuva ácida e efeito estufa local, que causa danos
ao patrimônio público e privado e à qualidade de vida dos moradores • Isopor:
das cidades. Ao contrário do que muita gente pensa, o
As soluções para esse tipo de poluição são caras e complexas,
porque necessitam de mudanças estruturais na indústria e dos mo- isopor é reciclável. No entanto, esse processo
dais de transporte, com a utilização de máquinas e motores não não é economicamente viável. Por isso, é im-
poluentes que não fazem da queima de combustíveis fósseis a sua portante usar o isopor de diversas formas e
fonte de energia, além da regulação de bares e restaurantes que uti-
lizem madeira e carvão e indústria da construção civil, que produ- evitar ao máximo o seu desperdício. Quando
zem poeira, entre outras atividades produtivas que causam a polui- tiver que jogar fora, coloque na lata de plásti-
ção atmosférica.
cos. Algumas empresas transformam em ma-
Andrew Babble/Shutterstock.com

téria-prima para blocos de construção civil.

Curiosidades:

• A reciclagem de uma única lata de alumí-


nio economiza energia suficiente para manter
uma TV ligada durante três horas.
A cidade de Bolshaya Pokrovka, na Rús- • Cerca de 100 mil pessoas no Brasil vivem
sia, em 8 de agosto de 2010 sofreu com
uma forte poluição atmosférica devido aos in- exclusivamente de coletar latas de alumínio
cêndios florestais próximos de sua área urbana.
e recebem em média três salários mínimos
Poluição do solo: É a deposição e infiltração de resíduos
contaminantes na forma líquida, gasosa ou sólida no solo, tan- mensais, segundo a Associação Brasileira do
to de origem química quanto de origem orgânica. A contami- Alumínio.
nação dos solos tem efeitos nocivos e diretos para a população
em geral, pois contamina também as águas subterrâneas. As-
• Uma tonelada de papel reciclado economi-
sim, as pessoas podem se contaminar pelo consumo de alimen- za 10 mil litros de água e evita o corte de 17
tos produzidos nessas áreas ou pela utilização da água de poços árvores adultas.
e nascentes atingidos pelos poluentes. • Cada 100 toneladas de plástico reciclado
Os principais causadores da contaminação do solo são os re- economiza 1 tonelada de petróleo.
jeitos industriais, lixões e esgoto doméstico in natura. O primeiro
é responsável pela deposição e infiltração no solo de inorgânicos
• Um quilo de vidro quebrado faz 1kg de vi-
tóxicos como chumbo, cádmio, mercúrio, arsênico e os organo- dro novo e pode ser infinitamente reciclado.
• O lacre da latinha não vale mais e não deve
Capítulo 8 – O espaço urbano brasileiro 215 ser vendido separadamente. As empresas reci-
clam a lata com ou sem o lacre. Isso porque
o anel é pequeno e pode se perder durante o
5:21 CG_7ºano_08.indd 215 29/03/2018 13:55:21 transporte.
difícil desgrudar o plástico do papel metali- cigarro, fitas adesivas, fotografias, papéis sani- • Para produzir 1 tonelada de papel é preci-
zado, então descarte-as junto com os plás- tários e papel-carbono. so 100 mil litros de água e 5 mil KW de ener-
ticos. Faça o mesmo com bandejas de iso- gia. Para produzir a mesma quantidade de pa-
por, que viram matéria-prima para blocos • Plásticos: pel reciclado, são usados apenas 2 mil litros de
da construção civil. 90% do lixo produzido no mundo são à água e 50% da energia.
base de plástico. Por isso, esse material mere-
Outras dicas: ce uma atenção especial. Recicle sacos de su- Disponível em: http://www.mma.gov.br/informma/
permercados, garrafas de refrigerante (PET), item/8521-como-e-porqu%C3%AA-separar-o-lixo.
• Papéis: tampinhas e até brinquedos quebrados. Acesso em: 20/12/2017.
Todos os tipos são recicláveis, inclusive
caixas do tipo longa-vida e de papelão. Não • Vidros:
recicle papel com material orgânico, como Quando limpos e secos, todos são reci-
caixas de pizza cheias de gordura, pontas de cláveis, exceto lâmpadas, cristais, espelhos, vi-

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Leitura
complementar clorados dos pesticidas resultantes da indústria química e petro-
química (óleos e combustíveis derivados do petróleo). Os lixões
contaminam o solo com elementos químicos e orgânicos presentes
Agricultura orgânica é no chorume e com gás metano e dióxido de carbono e; por fim, o
esgoto doméstico contamina o solo com coliformes fecais, que são
incentivo nos municípios que bactérias como Salmonela, Escherichia coli, Shigella, além de ver-
controlam o uso de agrotóxico mes intestinais, vírus e protozoários. O contato com um solo con-
taminado por esgoto causa doenças como diarreias (maior causa de
morte infantil no mundo), hepatite A, giardíase, disenteria ame-
Dos 5.281 municípios com atividade biana, febre tifoide, ascaridíase, leptospirose, entre muitas outras.
agrícola, 35,8% incentivaram a promoção Como solução para a poluição do solo, há a necessidade de
e prática da agricultura orgânica. Os muni- universalizar o saneamento básico (coleta e tratamento de esgoto
em todas as residências e estabelecimentos comerciais), fiscalização
cípios com contaminação do solo por uso e punição para indústrias químicas e petroquímicas poluidoras e
de agrotóxicos e fertilizantes têm chance enviar o lixo para aterros sanitários.
2,8 maior de incentivar a agricultura orgâ-
nica. Os municípios com atividade agríco- As três principais causas de contaminação do solo
la prejudicada por pragas têm 60% a mais

John Wollwerth/Shutterstock.com

Mikadun/Shutterstock.com

kaband/Shutterstock.com
de chance de incentivar a agricultura orgâ-
nica em relação àqueles onde o problema
não existiu.
Do total dos municípios onde há fiscali-
zação e/ou controle do uso de agrotóxicos e
fertilizantes, 61,5% incentivaram a prática de
agricultura orgânica. Esse percentual para o
grupo de municípios que não fiscaliza o uso
de agrotóxico é de apenas 28,6%.
Esgoto a céu aberto com patógenos. Resíduos químicos e petroquímicos. Lixo direto no solo: chorume e gases tó-

Falta de saneamento afeta a maioria xicos.

dos municípios brasileiros Poluição sonora: Tem como definição o excesso de sons e
ruídos no ambiente urbano que excedem os níveis suportados
Dentre os problemas de degradação pelos seres humanos, no curto ou longo prazo, além de pertur-
bar o sossego da população, a lei e a ordem pública. Os seus
ambiental, a falta de saneamento básico é efeitos para a saúde humana são nocivos, podendo provocar
o que afeta a qualidade de vida das pessoas perda de audição, problemas comportamentais e psicológi-
cos que agravam patologias como gastrite, úlcera, aumento da
na maior parte dos municípios brasileiros.
pressão arterial, etc.
De acordo com a Munic, a presença de esgo-
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), o nível de pres-
to a céu aberto prejudica comunidades em são sonora a partir de 50 dB é considerável como o fim do conforto
1.031 municípios (46%), seguido pelo des- auditivo e o nível de 55 dB, como o início do estresse; acima de
matamento, em 1.009 municípios (45%),
as queimadas, em 948 municípios (42%), 216 Capítulo 8 – O espaço urbano brasileiro
e a presença de vetores de doenças, em 896
municípios (40%). Informaram pelo me-
nos um problema ambiental com impacto CG_7ºano_08.indd 216 29/03/2018 13:55:21 CG

negativo sobre a vida das pessoas, 41% dos dos municípios de Santa Catarina tinham es- Campo Grande, Cuiabá, Curitiba, Guaru-
municípios. goto a céu aberto. lhos, Porto Alegre, São Gonçalo, Sorocaba
No Nordeste, o estado com mais muni- Entre os municípios com até 100 mil e Uberlândia.
cípios com pelo menos um impacto ambien- habitantes, esgoto a céu aberto (44%) e
tal relevante foi Pernambuco, onde 82% deles desmatamento (44%) empataram como Inundações, deslizamentos, secas
têm esgoto a céu aberto. No Norte, destacou- alterações ambientais que interferem na e erosão são os desastres mais
-se o Amapá, onde 81% dos municípios ti- qualidade de vida. Já entre os municípios frequentes
nham doença endêmica ou epidemia. No com mais de 100 mil habitantes, a ocupa-
Centro-Oeste, 68% dos municípios do Mato ção desordenada (47%) e os esgotos a céu No Brasil, os desastres mais comuns são
Grosso do Sul tinham “lixões” próximos a aberto (42%) foram mais apontados. Nove inundação, deslizamentos de encostas, secas
ocupações humanas. No Sudeste, 66% dos dos 33 municípios com mais de 500 mil e erosão. Entre 2000 e 2002, 2.263 municí-
municípios do Rio de Janeiro relataram conta- habitantes relataram não ter alterações pios brasileiros (41% do total) declararam
minação de rios e baías; enquanto no Sul, 41% ambientais afetando a população: Belém, ter sofrido algum tipo de alteração ambien-

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Diálogo com o
70 dB o ruído pode causar danos como diminuição da concentra- professor
ção intelectual e produtividade no trabalho; acima de 85 dB essa
pressão começa a danificar o mecanismo que permite a audição. Na
natureza, com exceção das trovoadas, das grandes cachoeiras e das Professor, recomendamos trabalhar os
explosões vulcânicas, poucos ruídos atingem 85 dB.
O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) estabe-
textos deste capítulo com a ajuda do profes-
lece, por meio de uma resolução de 1990, níveis máximos de sons sor de Ciências, que pode detalhar as cau-
e ruídos em áreas habitadas, visando ao conforto da comunidade. sas dos impactos e, juntamente com Geogra-
Em áreas hospitalares, é de 50 dB diurno e 45 dB noturno; em áreas
predominantemente residenciais, 55 dB diurno e 50 dB noturno; fia, apontar soluções possíveis. O trabalho de
em áreas industriais, o máximo é de 70 dB, durante o dia, e 60 dB campo para estudo do meio é um bom recur-
no período da noite. so para construir juntamente com o aluno sa-
As fontes da poluição sonora nas cidades são muitas, dificultan-
do a fiscalização e punição pelos órgãos competentes, como veículos beres sobre esse tema. Para isso, é essencial um
automotores (ruídos dos motores e buzinas), pouso e decolagens de projeto interdisciplinar, elencar metas, estabe-
aeronaves, construção civil e obras públicas, bares e casas noturnas, lecer objetivos e fazer pesquisas anteriores so-
cultos religiosos, alarmes, sirenes, carros de som, e até a vizinhança
com aparelhos de som e latidos de cães. bre o projeto que deve ter como tema gerador
A poluição sonora é considerada crime ambiental, com pena a qualidade da água dos rios da região.
de reclusão de um a quatro anos. Portanto, a solução passa pela re-
gulação, fiscalização e punição com multas e prisões dos causadores
das fontes poluidoras por órgãos municipais ligados ao meio am- Sugestão de
biente ou controle urbano.
filme
Vinicius Tupinamba/Shutterstock.com

Entre rios
Direção: Caio Silva Ferraz

Sinopse: Este minidocumentário, rea-


lizado por alunos de Audiovisual do Centro
Universitário Senac em 2009, não poderia ser
mais atual. Traçando uma retrospectiva histó-
Os trios elétricos alcançam 130 dB, 80 dB acima do máximo suportável pelo ouvido.
rico-geográfica da urbanização de São Paulo,
Poluição visual: Distúrbio ambiental provocado pelo exces- o vídeo traz uma análise do desenvolvimento
so de informação visual, que degrada a qualidade de vida da po-
pulação urbana. É causada pela comunicação em propagandas paulista pela ótica dos rios — mais tarde cana-
e anúncios de produtos, espetáculos, serviços e outras ativida- lizados — que permeavam a pequena vila São
des econômicas por meio de placas, outdoors, faixas, cartazes e
Paulo de Piratininga, sem deixar de lado as-
totens na fachada de lojas e prédios, em postes, muros, torres
de telefonia celular, etc. pectos políticos e financeiros, sempre presen-
tes nas decisões que dão as diretrizes do plane-
O excesso de propagandas publicitárias em anúncios lumi-
nosos, na maior parte das cidades grandes do Brasil e do mundo,
jamento urbanístico da cidade. Um filme que
aborda a discussão da água em São Paulo por
Capítulo 8 – O espaço urbano brasileiro 217 outros aspectos. Um problema estrutural, que
tem suas raízes aprofundadas para além da su-
perfície de asfalto. Submerso nos canos que
5:21 CG_7ºano_08.indd 217 29/03/2018 13:55:21 passam embaixo de nossas avenidas.
tal que afetou as condições de vida da popu- guido pelo Sul (23%), Nordeste (16%), Norte
lação: 16% tiveram deslizamento de encos- (8%) e Centro-Oeste (5%). No caso de altera-
ta e 19% sofreram inundações. Dos 1.954 ção por erosão, a distribuição foi: 38% dos ca-
municípios (35%) que informaram altera- sos aconteceram no Sudeste; 25%, no Nordes- Anotações
ção da paisagem, 676 (35%) disseram que a te; 20%, no Sul; 9%, no Centro-Oeste e 7%,
causa foi a erosão do solo (voçorocas, ravi- no Norte.
nas, deslizamentos).
Dos municípios que sofreram alteração Disponível em: https://censo2010.ibge.gov.br/noticias
ambiental por deslizamento da encosta, quase -censo.html? busca=1&id=1& idnoticia=363&t=ibge-
a metade (49%) fica no Sudeste, com Nordes- investiga-meio-ambiente-5-560-municipios-
te (23%), Sul (13%), Norte (9%) e Centro- brasileiros&view=noticia. Acesso em: 20/12/2017.
-Oeste (6%). Quando a causa é a inundação,
predomina, novamente, o Sudeste (48%), se-

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Leitura
complementar compõe um ambiente desorganizado e caótico, gerando prejuízos
estéticos, como cansaço visual, e estresse na população que está
continuamente exposta. A possibilidade de ocorrência de acidentes
Tipos de poluição: urbana, automobilísticos resultantes do desvio da atenção de motoristas e
visual e sonora motociclistas e até acidentes com ciclistas e pedestres pode ser um
resultante da poluição visual.
A publicidade exagerada das cidades grandes é resultado do pro-
De acordo com a legislação brasileira cesso de incentivo ao consumo de produtos e serviços com o objetivo
(Lei 6.938/81, Art. 3o, III) é definido como de lucro dos anunciantes, criando necessidades artificiais que acabam
por influenciar o comportamento das populações urbanas em busca
poluição a “degradação da qualidade am- dos produtos e serviços anunciados. O consumismo é altamente pre-
biental…” que prejudica a saúde, a seguran- judicial para as pessoas, porque pode se tornar um distúrbio compul-
sivo, e para as cidades, por aumentar a quantidade de resíduos sólidos
ça e o bem-estar da população, se for direta
que são descartados.
ou indiretamente, criando condições contrá-

Luciano Mortula - LGM/Shutterstock.com


rias às atividades sociais e econômicas e afe-
tando desfavoravelmente a biota e as condi-
ções do ambiente. Existem diversas maneiras
de se identificar a poluição, que na maioria
das vezes é encontrada de forma visual, so-
nora e tem grande concentração nos grandes
centros urbanos.
Cerca de 70% da população está concen-
trada nos centros urbanos, porcentagem que
só tende a aumentar. Devido a essa grande
concentração da população, os centros urba-
nos estão expostos a vários tipos de poluição:
sonora — muitas vezes causadas pelas buzi- A cidade de Nova York exibe excesso de propagandas e letreiros luminosos.

nas, propagandas com carros de som, etc.; vi- Um dos grandes problemas da poluição visual está na descarac-
sual — por exposições de cartazes, folhetos, terização da cidade, pois esconde a arquitetura e a beleza de edi-
fícios e casas, causando deformação de ruas e avenidas, pois não
etc., e ainda a poluição atmosférica causada respeita um planejamento urbano que valorize a qualidade de
pelos gases de veículos, decomposição de ma- vida e não somente a produção de riqueza. Ao tratar dos aspec-
téria orgânica, etc. tos arquitetônicos da poluição visual, temos ainda o abandono
de imóveis nas cidades, que entram em processo de degradação
Contudo, a poluição urbana pode ser devido à falta de manutenção, o que colabora para uma paisa-
encontrada também em forma de lixo, fu- gem urbana distorcida em prejuízo do bem-estar das pessoas.
maça, mau cheiro e outras formas facilmen- O aperfeiçoamento da legislação com fiscalização e leis efeti-
te identificáveis. vas, além da contratação de pessoal com qualificação e em quan-
tidade suficiente para resolver o problema, seria capaz de dar uma
maior qualidade de vida no ambiente urbano.
Poluição visual
Concentrada principalmente em out- 218 Capítulo 8 – O espaço urbano brasileiro
doors, cartazes, e diversos outros meios de co-
municação, imperceptivelmente, o uso exa-
gerado e desnecessário de tanta propaganda CG_7ºano_08.indd 218 29/03/2018 13:55:22 CG

é que vem aumentando o problema da polui- trole da sinalização e publicidade em diver- simultaneamente, alcança elevados decibéis
ção visual. Mesmo sendo pouco conhecida, sas categorias de vias, mas o problema ainda (dB), apesar de muitas vezes passar desper-
ela já é bastante prejudicial, começando por é grande. cebido, causando problemas de saúde, como
paredes pinchadas, ruas cheias de placas de neurose e a perda gradativa da audição.
propagandas, “camadas” de cartazes, faixas Poluição sonora Segundo a OMS (Organização Mundial
nos postes. Mesmo não causando problemas São vários os fatores responsáveis pela de Saúde) o limite máximo tolerável para a
à saúde, a poluição enfeia o meio ambien- poluição sonora nos fluxos urbanos, os prin- saúde humana é de 65 dB. O efeito sobre a
te, deixando-o sujo. E, além disso, a grande cipais são os barulhos emitidos pelos veícu- saúde humana dependerá, contudo, do nível
preocupação em relação à poluição visual, los automotores (caminhão, ônibus, carros e de ruído e do tempo de exposição, por exem-
principalmente em vias públicas, é que esse motos), e também na construção civil, onde plo, uma pessoa que trabalhe 8 horas por
tipo de poluição pode ser um colaborador são produzidos o tempo todo e em grande al- dia, todos os dias, com ruídos do nível de 85
para acidentes automobilísticos. Muitos paí- tura. O que causa tanto problema é que, o dB, após dois anos, apresentará, com certe-
ses contêm legislações específicas para o con- conjunto de emissores de sons, funcionando za, problemas auditivos causados pela polui-

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Sugestão de
abordagem
Ensaio geográfico
1 Em geral, a poluição se caracteriza pelo desequilíbrio ambiental provocado pelas atividades pro-
Professor, peça para seus alunos analisa-
dutivas humanas e que colocam em risco espécies animais e vegetais, impactando a qualidade de vida
humana negativamente. rem o bairro onde moram e o caminho até a
Cite 3 tipos de poluição urbana que prejudicam a sua qualidade de vida no dia a dia e explique pelo escola e observar se há poluição visual. Caso
menos um deles.
haja algum tipo de poluição visual, peça para
Sugestão de resposta: O aluno deve considerar a sua realidade, como local de moradia e seus itinerários que registrem e levem à aula para que deba-
pelos bairros de sua cidade, relacionando-os ao tema poluição urbana. tam meios para solucionar esse problema a fa-
zer com que o bairro fique com sua arquitetu-
ra preservada.

2 O lixo, a poluição hídrica e a poluição do solo têm impacto muito grande sobre a saúde humana.
Cite os agentes contaminantes que resultam na poluição urbana e rural.
Anotações
Os agentes contaminantes são os patógenos presentes no esgoto doméstico, como bactérias, vírus, ver-

mes e protozoários; o chorume, que é rico em substâncias tóxicas, da decomposição de produtos quí-

micos e materiais orgânicos; os produtos químicos (chumbo, arsênico, cádmio e organoclorados, como

os pesticidas) e petroquímicos, como os derivados do petróleo (combustíveis e óleos).

3 Aponte soluções para a poluição sonora e visual na sua cidade.


A fiscalização e o aperfeiçoamento da legislação reguladora do uso de fontes sonoras e exposição de

propaganda no ambiente urbano, incluindo um contingente de trabalhadores suficientes para reprimir

os desvios da lei.

4 Por que o ambiente urbano é propício à poluição?


Devido às altas concentrações populacionais, são muitas as fontes poluidoras próprias das atividades

industriais, dos serviços e do consumo encontradas nas cidades grandes e médias. Uma produção de

rejeitos tão grande ultrapassa a capacidade da natureza de reciclar e renovar os sistemas naturais dos

rios, córregos e lagos, do solo, do ar, prejudicando a própria estrutura, manutenção e qualidade de vida

das cidades.

Capítulo 8 – O espaço urbano brasileiro 219

5:22 CG_7ºano_08.indd 219 29/03/2018 13:55:22

ção sonora. Uma forma de amenizar a polui- • As construções que utilizam máquinas ba-
ção sonora é a utilização de equipamentos de rulhentas.
segurança (fones de ouvido, por exemplo) e a • Casas noturnas que deixam o volume do
aplicação de tecnologias menos ruidosas ou som muito alto.
que abafem os ruídos.
Esse tipo de poluição, como já mencio- Disponível em: http://www.educacao.cc/ambiental/
nado no decorrer do texto, pode causar mui- tipos-de-poluicao-urbana-visual-e-sonora/. Acesso em:
tos danos ao organismo, principalmente 20/12/2017.
porque nós não nos preocupamos com ele,
alguns causadores da poluição sonora são:

• Os veículos que fazem ruídos e sua buzina.


• As indústrias.
219

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Diálogo com o
professor Geografia em cena

Onde terá surgido o futebol de salão? Acredita-se que te-


Professor, utilize a seção Encerramento nha surgido há 72 anos, em São Paulo. Mas essa não é a única
versão a respeito do surgimento desta modalidade desportiva.
para verificar se houve alguma dúvida duran- De acordo com o que se afirma, o futebol de salão surgiu no
te o processo de ensino—aprendizagem. Cer- Brasil, na década de 1940. Como os frequentadores da Asso-
tifique-se que os conceitos foram bem fixados. ciação Cristã de Moços de São Paulo tinham dificuldade de
encontrar campos disponíveis para jogar futebol nos finais de
Lembre-se que vincular os assuntos ao cotidia- semana, decidiram jogar numa quadra de basquete e hóquei.
no dos alunos é imprescindível. Devido ao espaço, a quantidade de jogadores foi diminuída e a
bola passou por modificações, como a diminuição do tamanho
e aumento do peso. Por esse fato, esse esporte foi também cha-
mado de “o esporte da bola pesada”.
Anotações De acordo com a segunda versão, esse desporte surgiu em
1934, no Uruguai, por motivos semelhantes ao do Brasil. Os
membros da Associação Cristã de Moços de Montevidéu te-
riam criado essa modalidade esportiva devido à falta de espaço,
porém com um nome diferente: indoor-football.

A_Lesik/Shutterstock.com
Aprenda com arte

5x Favela: Agora por Nós Mesmos


Direção: Cacau Amaral/Cadu Barcelos.
Ano: 2010.

Sinopse: Um filme em cinco episódios escrito, dirigido e realizado por jovens cineastas moradores de
favelas do Rio de Janeiro e produzido por Carlos Diegues e Renata de Almeida Magalhães. Os temas
dos episódios tratam sempre do convívio humano e social em cada comunidade abordada. Eles falam
de ética e educação, amizade e amor, solidariedade e tolerância, família e comunidade, sem ignorar a
violência e as dificuldades cotidianas que sofrem os moradores dessas comunidades.

220 Capítulo 8 – O espaço urbano brasileiro

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C
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Pequeno dicionário geográfico e cultural
Bens primários: Produtos originários da agro- Periferização: Crescimento horizontal das cidades.
pecuária e do extrativismo. Sítios urbanos: Locais onde a cidade foi cons-
Êxodo rural: Emigração, saída de pessoas em truída.
massa de zonas rurais para zonas urbanas. Suburbanas: Que pertencem aos subúrbios, das
Guetização: Isolamento em áreas específicas. periferias das cidades.
Hierarquia urbana: Forma de organização entre as Transferência: Troca ou mudança de um lugar
cidades, onde os grandes centros urbanos apresen- pelo outro.
tam influência sobre as médias e pequenas cidades. Urbanidade: Formalidades e procedimentos que
Mananciais: Nascentes de rios e córregos. demonstram boas maneiras e respeito entre os
Monopolizar: Dominar sozinho. cidadãos.

Encerramento
1 Observe a imagem abaixo.

monotoomono/Shutterstock.com
Trânsito intenso na maior cidade da Índia, Mumbai. Julho de 2016.

Identifique as causas do transtorno retratado na foto.


Os transtornos estão ligados à concentração populacional nas grandes cidades, aumentando o fluxo de

carros, e à falta de planejamento urbano.

5:22 2 (Furg) Nas grandes cidades brasileiras, a falta de moradia e o aumento do desemprego estão direta-
mente relacionados à existência de que tipos de habitação?
a. Favelas e condomínios.
b. X Favelas e cortiços.
c. Mansões e vilas.
d. Vilas e bairros.
e. Lugarejos e condomínios.

Capítulo 8 – O espaço urbano brasileiro 221

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221

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3 Observe a imagem abaixo.

Identifique e descreva o fenômeno retratado


Estágio 1
na imagem.
As imagens demostram algumas fases do
Cidade Cidade Povoado
processo de urbanização e o crescimento ur-

bano de uma determinada área.


Estágio 2

Estágio 3

4 (UFV) De acordo com o que se considera, no Brasil, como área de influência urbana, Manaus se
classifica como:
a. X metrópole regional.
b. centro regional.
c. metrópole nacional.
d. centro local.
e. vila.

5 (PUC–Camp – Adaptada) Leia a história em quadrinhos apresentada a seguir e responda o que se pede.

Por que “Tomar conta” de


não carro? ...você não faz ...ganha o
arruma nada! quê? Uns ...me arruma
um 300 por uma boca
...é um
trabalho? semana! dessas.
parasita da
Já insegurança
tenho urbana! E tem
um. ...nem paga mais:
imposto!

Fonte: Folha de S. Paulo. 18/5/97.

222 Capítulo 8 – O espaço urbano brasileiro

222
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O tema apresentado evidencia uma situação:
a. X típica das metrópoles brasileiras, onde a baixa qualificação e a diminuição do número de empre-
gos têm contribuído para a ampliação das atividades informais.
b. comum nas pequenas cidades brasileiras, que têm atraído grande número de migrantes em fun-
ção das possibilidades de emprego.
c. comum nas grandes cidades do Centro-Sul, por causa do forte crescimento demográfico, mas
praticamente inexistente nas áreas urbanas do Norte e Nordeste.
d. de crescente valorização das atividades do setor terciário em detrimento dos outros setores que
não têm conseguido se modernizar.
e. de necessidade da utilização de mão de obra em atividades consideradas essenciais, para a popu-
lação das médias e grandes cidades brasileiras.

6 Cite os municípios que fazem parte da região metropolitana da capital do seu estado.
Sugestão de resposta: A região metropolitana do Estado de Pernambuco é Itamaracá, Itapissuma,

Abreu e Lima, Igarassu, Paulista, Olinda, Araçoiaba, Recife, Jaboatão dos Guararapes, Camaragibe,

São Lourenço da Mata, Moreno, Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca e Goiana.

7 Observe a figura abaixo.

33º
32º
Temperatura 31º
no final 30º
da tarde (ºC)

Identifique o fenômeno retratado e descreva-o.


Esse é o fenômeno chamado de Ilha de calor. Formado a partir da imensa estrutura urbana e da po-

luição de determinadas cidades, devido à concentração de fatores geradores de calor, como materiais

retentores (asfalto, concreto, vidro), falta de vegetação, produção de calor em motores automotivos e

em aparelhos de ar condicionado e construções que impedem a circulação dos ventos.

Capítulo 8 – O espaço urbano brasileiro 223

223
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8 (ESPM)
%
90

80

70

60

50

Fonte: IBGE. Censo Demográfico 2010.


40

30

20

10

0
01.07.1950 01.09.1960 01.09.1970 01.09.1980 01.09.1991 01.08.2000 01.08.2000
(1)
Urbana Rural
(1) Para o cálculo de taxa, foi utilizada a população presente em 1950, en-
quanto para os anos seguintes foi utilizada a população presente.

As linhas representam uma inversão da realidade naciona, pois trata-se:


a. das taxas de natalidade e mortalidade.
b. do crescimento e diminuição das exportações e importações brasileiras no período.
c. da inversão da PEA nos setores primário e secundário.
d. do crescimento do PIB nacional e deflação.
e. X da evolução da população urbana e rural.

9 (UCS) A produção do espaço geográfico tem gerado várias paisagens, entre elas a urbana. Analise
as afirmações e marque (V) para a s verdadeiras e (F) para as falsas quanto à urbanização.

( ) O fluxo de pessoas e mercadorias entre cidades é conhecido como rede urbana.


( ) O conjunto formado pela metrópole e pelas cidades vizinhas é chamado de região metropolitana.
( ) Uma cidade com mais de 10 milhões de habitantes é chamada de megacidade.

Assinale a alternativa que preenche corretamente os parênteses, de cima para baixo.


a. V – V – V.
b. V – V – F.
c. V – F – F.
d. F – F – F.
e. X F – V – V.

224 Capítulo 8 – O espaço urbano brasileiro

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224

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10 (UFPA)

Fonte: http://www.belem.pa.gov.br/planodiretor/Cartilha/CartilhaWeb.pdf. Acesso em: 22/03/2018.

No estudo das interações da sociedade com o meio físico devem-se considerar fatores sociais, econômi-
cos, tecnológicos e culturais estudados na dimensão do tempo e do espaço. Ao analisar a representação
da paisagem urbana apresentada na imagem, conclui-se que:
a. as formas de organização do espaço consideram a dinâmica natural das áreas de várzeas e de
terra firme.
b. os aspectos da poluição das águas, como o depósito de resíduos sólidos, são de responsabilidade
da população do entorno.
c. o modo de vida ribeirinho apresenta resistência diante da pressão da modernização urbana.
d. a população urbana encontra diferentes formas de adaptação na adversidade do ambiente urbano.
e. X o contraste de formas revela as desiguais condições de vida da população da cidade.

11 (Fuvest)
Situação I A recente urbanização brasileira tem características
parcialmente representadas nas situações I e II dos
esquemas ao lado. Considerando essas situações, é
Momento 1 Momento 2

correto afirmar que, entre outros processos:


a. I representa a involução urbana de uma
metrópole regional.
Legenda b. I representa a perda demográfica relativa
Limite municipal da cidade central de uma região metropo-
População urbana
Situação II
litana.
Área urbana c. II representa o desmembramento territo-
rial e criação de novos municípios.
Momento 1 Momento 2

d. X II representa a formação de uma região


metropolitana, a partir do fenômeno da
conurbação.
e. II representa a fusão político-administra-
tiva de municípios vizinhos.

Capítulo 8 – O espaço urbano brasileiro 225

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225

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12 (UERJ) Na imagem, visualiza-se a região da Baixada Santista, com as diversas cidades que com-
põem esse espaço do litoral paulista.

Cubatão Serra do Quilombo

São Vicente
Santos
Ilha de São
Vicente Guarujá
Praia Grande

Oceano Atlântico

A análise da imagem permite reconhecer a ocorrência da qual processo socioespacial comum em cida-
des de áreas metropolitanas?
a. Favelização. b. X Conurbação.
c. Gentrificação. d. Verticalização.

13 (UERJ)

A zona portuária do Rio de Janeiro vem recebendo muitos investimentos públicos e privados com o
objetivo de promover sua renovação física e funcional.
Considerando a charge, a nova dinâmica espacial pode ter qual consequência sobre o processo de urba-
nização nessa região da metrópole carioca?
a. X Mudança do perfil social.
b. Degradação do setor comercial.
c. Aumento da atividade industrial.
d. Redução da acessibilidade viária.

226 Capítulo 8 – O espaço urbano brasileiro

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14 (Uece) “A questão ambiental deve ser compreendida como um produto da intervenção da socieda-
de sobre a natureza. Diz respeito não apenas a problemas relacionados à natureza, mas às problemáticas
decorrentes da ação social.”
RODRIGUES, Arlete Moysés. Produção do e no espaço - problemática ambiental urbana. Ed. Hucitec, 1998, p.8.

A partir do excerto acima, pode-se concluir corretamente que os problemas ambientais globais residem:

a. X na forma como o homem em sociedade apropria-se da natureza.


b. nas relações de consumo e não nas relações de produção.
c. principalmente na forma de exploração dos recursos naturais não renováveis.
d. apenas nas relações de produção, porque estas não têm vinculação com o consumo.

15 (PUC–SC – Adaptada) As grandes cidades brasileiras enfrentam grandes problemas socioam-


bientais que afetam a todos, mas as consequências mais graves recaem com maior intensidade sobre as
parcelas mais pobres da população. Com relação a esses problemas, assinale a alternativa correta.

a. X A universalização da água encanada e da coleta/tratamento do esgoto, além da fiscalização das


atividades produtivas mais poluentes, melhoraria significativamente a vida população de baixa
renda e da população em geral.
b. A produção do lixo urbano, apesar de problemática, vem sendo reduzida de forma substancial
em virtude da conscientização da população sobre os efeitos nocivos do consumo.
c. As temperaturas atmosféricas nas metrópoles tendem a aumentar da periferia para as regiões
centrais das cidades. Esse fenômeno chama-se inversão térmica e ocorre em todas as grandes
cidades brasileiras.
d. A mobilidade urbana não chega a ser um problema no Brasil, uma vez que o governo tem de-
senvolvido vários programas para resolvê-lo, a exemplo da implantação de metrôs nas grandes
metrópoles brasileiras.
e. Todas as cidades brasileiras possuem Plano Diretor, o que vem provocando a diminuição dos
problemas socioambientais, uma vez que ele obriga o poder executivo a atuar de acordo com as
normas de sustentabilidade.

16 (Uepa) O crescimento precipitado das cidades em decorrência do acelerado desenvolvimento tec-


nológico da segunda metade do século XX produziu um espaço urbano cada vez mais fragmentado,
caracterizado pelas desigualdades e segregação espacial, subemprego e submoradia, violência urbana e
graves problemas ambientais. Sobre os problemas socioambientais nos espaços urbano-industriais, é
correto afirmar que:

a. X os resíduos domésticos e industriais aliados aos numerosos espaços marginalizados, problemas


de transportes, poluição da água e do solo, bem como os conflitos sociais, são grandes desafios
das cidades na atualidade.
b. as ações antrópicas, em particular, as atividades ligadas ao desenvolvimento industrial e urbano,
têm comprometido a qualidade das águas superficiais sem, contudo, alcançar os depósitos sub-
terrâneos.

Capítulo 8 – O espaço urbano brasileiro 227

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c. os conflitos sociais existentes no espaço urbano mundial estão associados à ampliação de po-
líticas públicas para melhoria de infraestrutura, que provocou o deslocamento de milhões de
pessoas do campo para a cidade.
d. a violência urbana, problema agravado nos últimos anos, está associada à má distribuição de
renda, à livre comercialização de armas de fogo e à cultura armamentista existente na maioria
dos países europeus.
e. a chuva ácida ocorrida nos países ricos industrializados apresenta como consequências a des-
truição da cobertura vegetal e a alteração das águas, embora favoreça a fertilização dos solos
agricultáveis.

17 (Enem) Um dos grandes problemas das regiões urbanas é o acúmulo de lixo sólido e sua disposição.
Há vários processos para a disposição do lixo, entre eles o aterro sanitário, o depósito a céu aberto e a
incineração.
Cada um deles apresenta vantagens e desvantagens. Considere as seguintes vantagens de métodos de
disposição do lixo:
I. diminuição do contato humano direto com o lixo.
II. produção de adubo para agricultura.
III. baixo custo operacional do processo.
IV. redução do volume de lixo.
A relação correta entre cada um dos processos para a disposição do lixo e as vantagens apontadas é:

Aterro sanitário Depósito a céu aberto Incineração


a. I II I
b. X I III IV
c. II IV I
d. II I IV
e. III II I

18 (Enem) A falta de água doce no Planeta será, possivelmente, um dos mais graves problemas deste
século. Prevê-se que, nos próximos vinte anos, a quantidade de água doce disponível para cada habi-
tante será drasticamente reduzida. Por meio de seus diferentes usos e consumos, as atividades humanas
interferem no ciclo da água, alterando:

a. a quantidade total, mas não a qualidade da água disponível no Planeta.


b. X a qualidade da água e sua quantidade disponível para o consumo das populações.
c. a qualidade da água disponível apenas no subsolo terrestre.
d. apenas a disponibilidade de água superficial existente nos rios e lagos.
e. o regime de chuvas, mas não a quantidade de água disponível no Planeta.

228 Capítulo 8 – O espaço urbano brasileiro

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228

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que levaram a Região Centro-Sul a ocupar pa-
pel central na economia do País.

Capítulo 9 BNCC
Habilidades trabalhadas
no capítulo

Recursos naturais e exploração


(EF07GE04) Analisar a distribuição territo-
do espaço brasileiro Carajás, Pará. Maior mina de minério de fer-
ro do mundo. A mina é operada a céu aberto. rial da população brasileira, considerando a
Estima-se conter 7,2 bilhões de toneladas de
minério de ferro por ano. diversidade étnico-cultural (indígena, africa-
na, europeia e asiática), assim como aspectos
de renda, sexo e idade nas regiões brasileiras.
(EF07GE06) Discutir em que medida a pro-
dução, a circulação e o consumo de merca-
dorias provocam impactos ambientais, assim
como influem na distribuição de riquezas, em
diferentes lugares.
(EF07GE08) Estabelecer relações entre os
processos de industrialização e inovação tec-
nológica com as transformações socioeconô-
micas do território brasileiro.
(EF07GE09) Interpretar e elaborar mapas te-
máticos e históricos, inclusive utilizando tec-
nologias digitais, com informações demográ-
ficas e econômicas do Brasil (cartogramas),
identificando padrões espaciais, regionaliza-
ções e analogias espaciais.
(EF07GE10) Elaborar e interpretar gráficos
de barras, gráficos de setores e histogramas,
com base em dados socioeconômicos das re-
O Brasil possui uma
posição geográfica privilegiada.
giões brasileiras.
Além de não apresentar fenômenos
naturais, o país detêm espaços bastante
proveitosos para a prática da agricultura
Anotações
e da pecuária. A seguir, estudaremos
o agronegócio e seus efeitos, e
conheceremos as principais fontes
produtoras do setor primário
brasileiro.

ck.com
photography/Shuttersto

Capítulo 9 – Recursos naturais e exploração do espaço brasileiro 229

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Objetivos • Identificar as desigualdades socioespaciais,


pedagógicos estabelecendo um paralelo com as desigualda-
des entre as regiões do País.
• Abordar as características da vegetação e da
• Refletir sobre os meios de produção extrati- hidrografia do Centro-Sul.
vista na economia brasileira. • Reconhecer o papel exercido pelas regiões
• Reconhecer a relação entre os fatores natu- brasileiras com relação à economia interna-
rais e econômicos e a organização do espaço cional.
nordestino. • Discutir como a diversidade presente na
• Demonstrar as várias diferenças naturais, Região Nordeste contribui para a construção
sociais e econômicas existentes entre as áreas e transformação de seu espaço geográfico.
urbanizadas e industrializadas. • Conhecer os fatores histórico-econômicos
229

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Anotações
Cenário 1

Atividades não
urbanas no Brasil
Extrativismo brasileiro
Estamos na segunda década do século XXI, e, em nosso terri-
Leitura tório, diversas comunidades continuam praticando o extrativismo
complementar como forma de sobrevivência direta ou como atividade comple-
mentar. Contudo, essas comunidades coletoras convivem com gi-
gantescas empresas, que enxergam a natureza como fonte de lucro,
e não de sobrevivência, pouco se importando com as consequên-
Região Norte lidera cias que essa atividade produz.
extrativismos vegetal e mineral

Frontpage/Shutterstock.com
Extrativismo vegetal
O extrativismo vegetal é mais intenso na
Região Norte do País. O Pará é o estado brasi-
leiro com a maior produção de madeira em to-
ras, segundo o IBGE.
A produção florestal ganha força com a Sem se importar com os danos causados
à natureza, muitas indústrias extrativistas
tendência de aumento da participação da sil- devastam florestas para a fabricação de papel ou
para a criação de gado, o que intensifica ainda
vicultura, ou seja, da manutenção, aproveita- mais o efeito estufa. Imagem de desmatamento
no Brasil.
mento e uso racional das florestas ou criação
de uma área para cultivo de determinada plan-
ta, por exemplo, o eucalipto.
Extrativismo brasileiro
Atualmente, o Brasil é o grande exporta- como atividade de
dor de produtos florestais e aparece como o
maior produtor e exportador de celulose de
coleta
madeira de eucalipto. Diversas são as comunidades brasileiras que retiram das matas
nativas elementos que são para promover o sustento direto e indire-
Além da extração de madeira, a Região to. Dessa forma, nativos da floresta amazônica utilizam diversos ve-
Amazônica também é responsável pela pro- getais para alimentação, cura de doenças, construção de canoas, etc.
dução nacional de castanha do Pará, látex No Maranhão e no Piauí, comunidades interioranas complemen-
tam sua renda a partir da extração dos cocos de babaçu e carnaúba,
(retirado da seringueira), babaçu entre outras de onde tudo se utiliza: da quenga, para produção de botões, ao
sementes e frutas tipicamente brasileiras, ma-
nufaturadas pelas indústrias alimentícia, far- 230 Capítulo 9 – Recursos naturais e exploração do espaço brasileiro
macêutica e até de combustíveis.
Essas atividades garantem a subsistên-
cia de famílias e movimentação dos mercados CG_7ºano_09.indd 230 29/03/2018 13:54:49 CG

locais. Outro local de grande potencial é o esta- ce destaque. A Bacia de Campos, no Rio de Ja-
do de Minas Gerais – o maior produtor de mi- neiro, é responsável pela maior parte da pro-
Extrativismo mineral nério de ferro do Brasil, segundo o Instituto dução de petróleo nacional. Segundo maior
O extrativismo mineral, com destaque Brasileiro de Mineração (Ibram). produtor na América do Sul, o Brasil vive em
para o ouro, ferro bauxita e cassiterita, tam- O Brasil tem também a maior reserva constante crescimento da produção diária de
bém concentra sua produção na Região Nor- mundial de nióbio, mineral misturado ao aço barris de petróleo.
te, desde a década de 1960. e usado na fabricação de produtos, como tur- Já o extrativismo animal concentra-se
Com rico potencial mineral, a Amazônia binas de avião. principalmente na pesca e na aquicultura (cul-
tem atualmente grandes projetos de explora- O potencial hídrico do Brasil está entre tivo de animais aquáticos).
ção como: Carajás e Rio Trombetas no Pará os cinco maiores do mundo: o País tem 12%
(ferro e bauxita); Serra do Navio no Amapá da água doce superficial do planeta e condi- Disponível em: http://www.brasil.gov.br/economia-e-
(manganês); Serra Pelada no Pará (ouro); em ções adequadas para exploração. emprego/2012/04/regiao-norte-lidera-extrativismos-
Porto Velho (cassiterita). A exploração de petróleo também mere- vegetal-e-mineral. Acesso em: 20/12/2017.

230

ME_CG_7ºano_09.indd 230 14/05/2018 12:23:46


Diálogo com o
coco, a extração de óleo que se transforma em combustível. Porém, professor
ao lado dessas práticas, encontramos atividades predatórias, como
o corte ilegal da madeira para exportação, produção de móveis ou
produção de carvão. Utilize o mapa mineralógico do Brasil

guentermanaus/Shutterstock.com
para confirmar a riqueza do subsolo do País.
Faça questionamentos sobre as áreas que ain-
da não foram exploradas. Questione quais mi-
nerais não estão presentes no mapa. Mostre
a importância estratégica da localização do
quadrilátero ferrífero — próximo aos gran-
des centros industriais do Sudeste. Aproveite
para fazer um debate sobre o que é mais im-
portante: os recursos minerais e energéticos
O extrativismo vegetal ilegal é uma das
causas do desmatamento. Na imagem, ou a industrialização.
área na Amazônia brasileira.

A pesca como atividade Link: http://geoftp.ibge.gov.br/produtos_educacionais/

primária no Brasil mapas_tematicos/mapas_do_brasil /mapas_nacionais/


informacoes_ambientais/recursos_minerais.pdf. Acesso
Como o Brasil foi agraciado pela natureza com um amplo em: 20/12/2017.
litoral, a atividade pesqueira no país é muito produtiva. Diversas
comunidades litorâneas, independentes ou organizadas na forma
de cooperativas, vivem diretamente da pesca e da coleta de diversos Sugestão de
crustáceos para consumo direto ou para sua comercialização.
Nas áreas de manguezais, as comunidades que vivem à sua abordagem
margem ganham a vida a partir da comercialização de carangue-
jos, mariscos e ostras, além da pesca. Os resultados dessas atividades
tanto servem para subsistência quanto para a complementação da Para iniciar o tema, é importante a uti-
renda da família.
lização do mapa mineralógico do Brasil e do
T photography/Shutterstock.com

Pará, para que os alunos tenham noção da es-


pacialidade em questão. Num segundo mo-
mento, faça, com a utilização de um mapa
geoestratégico, uma análise sobre a organiza-
ção espacial construída na região de Carajás,
para que o aluno possa entender a importân-
cia dessa região mineralógica para a economia
A pesca é a atividade extrativista animal
internacional (mostre as fábricas, a ferrovia e o
mais praticada no litoral brasileiro. Na
imagem, pesca no litoral maranhense.
seu traçado, a represa / hidrelétrica, etc.). Em
seguida, estimule uma pesquisa para que os
Capítulo 9 – Recursos naturais e exploração do espaço brasileiro 231 alunos identifiquem as principais empresas (e
suas respectivas nacionalidades) que explora-
ram / exploram os recursos regionais. Por fim,
4:49 CG_7ºano_09.indd 231 29/03/2018 13:54:49 faça um debate, incentivando os alunos a ar-
gumentar se foi adequada a forma como a re-
Anotações gião foi explorada.

Link: http://www.cprm.gov.br/publique/ Geologia/


Geologia-Basica/ Cartografia-Geologica-Regional-624.
html. Acesso em: 20/12/2017.

231

ME_CG_7ºano_09.indd 231 14/05/2018 12:23:46


Extrativismo mineral
brasileiro
Segundo a Constituição de 1988, “A pesquisa e a extração de
recursos minerais [...] somente poderão ser efetuadas mediante au-
torização ou concessão da União, no interesse nacional, por brasi-
leiros ou empresas brasileiras de capital nacional, na forma de lei,
que estabelecerá as condições específicas quando essas atividades se
desenvolverem em faixa de fronteira ou em terras indígenas”.
Segundo geólogos do Departamento Nacional de Produção Mi-
neral (DNPM), o subsolo do nosso país é uma verdadeira fonte de
riqueza. Eles afirmam que, mesmo com a retirada contínua dos nos-

Brasil: recursos minerais


Ouro e diamantes/RR
Década de 1970 N

O L
Manganês, Serra do Navio/AP
Década de 1940 S
Equador

Região
Ouro no rios Tapajós e salineira/RN
Teles Pires/AM e MT Projeto Grande Século XIX
Década de 1950
Carajás/PA
Década de 1970

Serra Pelada/PA
Década de 1990
Cassiterita em RO
Década de 1940

Chapada
Ouro, Vale do Guaporé/MT
Século XVIII Diamantina/BA
e MG
Séculos XVII e XVIII
Ouro e diamantes, Cuiabá/MT
Século XVIII

Recursos minerais Quadrilátero


Maciço do Ferrífero/MG
Minerais metálicos Minerais não metálicos
Urucum/MS Século XVII
Alumínio Bário Década de 1930
Chumbo Diamante
Cobre Flúor
Estanho Fósforo Trópico de
Ferro
Cap ricórnio
Calcário
Manganês Carvão
Nióbio Sal
Níquel
Áreas produtoras
Ouro de petróleo e gás
Região carbonífera/SC e RS
Tório Tipos predominantes Século XIX
Tungstênio
Urânio
de rochas
Cristalinas
Oceano
Zinco Sedimentares 0 314 km 628 km
Atlântico
Fonte: Elaborado pelo autor.

232 Capítulo 9 – Recursos naturais e exploração do espaço brasileiro

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232

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sos minerais, ao longo da conquista e exploração do nosso território,
ainda não foram sequer retirados 2% de todo o nosso minério. Ao
longo dos anos, novas jazidas e áreas de mineração são descobertas,
contudo uma parte considerável é ilegal e acarreta impactos ambien-
tais e sociais. Além disso, muito dos minerais aqui explorados são
exportados clandestinamente, fazendo com que o País perca divisas.
Para tentar impedir a perda de divisas, a extração de minérios
metálicos no Brasil foi controlada, até o ano de 1997, pelo Go-
verno Federal através da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD),
uma das mais lucrativas empresas de mineração do mundo. Porém,
durante esse período, a CVRD sofreu privatização. Isso acontece
quando uma empresa que pertence ao Estado é vendida para o setor
privado e passa a ser gerida por agentes desse setor. Com isso, foi
feita a concessão para a exploração mineral.

Principais jazidas brasileiras


Quadrilátero Ferrífero (MG)

Localizada na região central do Estado de Minas Gerais, essa


província mineralógica produz cerca de metade do minério de fer-
ro do País, além de manganês, bauxita e cassiterita. Para beneficiar
o minério extraído, foram criadas diversas usinas siderúrgicas, que
estão localizadas entre os estados de Minas Gerais e do Espírito
Santo, formando o chamado Vale do Aço. Porém, outro nome lhe
é conferido, em virtude do elevado grau de poluição ambiental in-
fringida sobre a região: “Vale da Morte”.

Quadrilátero ferrífero
N

O L
Belo João Monlevade
Horizonte Sabará
Caeté S
Barão de Cocais
Nova Lima
Santa Bárbara

A
D
Brumadinho

Grupo Itacolomi B
Itabirito
Supergrupo Minas
Supergrupo Rio das Velhas Mariana
Embasamento C Brasil
Ouro Preto
Cidade
Capital do Estado Minas
Gerais
Bacias investigadas Quadrilátero
A - Fechou Ferrífero
B - Carta Branca Conselheiro Lafaiete
C - Maracujá
D - Caroço

Fonte: Elaborado pelo autor.

Capítulo 9 – Recursos naturais e exploração do espaço brasileiro 233

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233

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Em vários países, a legislação para a exploração do ambiente é
extremamente rigorosa. No Brasil, mesmo com toda a exigência,
a legislação muitas vezes é enganada. Para que você tenha ideia da
dificuldade para explorar legalmente a nossa natureza, é necessário
possuir do Governo uma licença ambiental, fornecida pelo Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama). No entanto, para obter essa licença, é necessário possuir
um Relatório de Impactos Ambientais (Rima), que é produzido a
partir de um Estudo de Impactos Ambientais (EIA) realizado por
diversos profissionais ligados ao estudo do meio ambiente, como
biólogos, geógrafos, ecologistas, etc. Nesse estudo, são apontadas
as possíveis alterações no ambiente natural que podem provocar
impactos ambientais, bem como alternativas viáveis para impedir
que aconteçam ou para minimizar seus efeitos.

Projeto Carajás

Localizada na Serra dos Carajás, sudoeste do Pará, a descoberta


desta gigantesca província mineralógica aconteceu entre as décadas de
1960 e 1970, quando a companhia transnacional estadunidense do aço
United States Steel começou a pesquisar de forma contínua, com con-
sentimento do governo brasileiro da época, o subsolo da Amazônia.
A companhia contou com o trabalho do geólogo Breno Augusto dos
Santos e descobriu, em 1967, entre os rios Xingu e Araguaia, aquela
que viria a ser a maior província mineralógica do mundo.

Projeto Carajás

N Oceano
Amapá
Atlântico
O L Macapá
Equador
S

Belém
Santarém Transamazônica
(BR-230)
Amazonas Represa de
jás

Tucuruí São Luis


Altamira a
ar
sC
rr ovia do
Pará Fe
Marabá
Imperatriz

Xambicá Tocantinópolis Piauí


Rodovia
Cuiabá-Santarém

0 192 km 384 km
Transamazônica
(BR-230)
Conceição do Araguaia

Essa descoberta ocorreu num momento histórico em que a


procura por minérios obrigava os países industrializados, como os
Tocantins
Mato Grosso
Estados Unidos, o Canadá, o Japão e os atuais membros Bahiada União
Europeia, a uma verdadeira caçada, em virtude do esgotamento das
suas jazidas e da independência de várias
Goiásde suas colônias, sobretu-
do as africanas.

234 Capítulo 9 – Recursos naturais e exploração do espaço brasileiro

CG_7ºano_09.indd 234 29/03/2018 13:54:50 C


234

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Durante sete anos, entre 1970 e 1977, a Província de Cara-
jás foi explorada por um consórcio entre a Amazônia Mineração
S.A. (AMZA), subsidiária da estadunidense United States Steel no
Brasil, e a ex-estatal Vale do Rio Doce. Contudo, em virtude da
queda dos preços do minério de ferro no mercado mundial e da
necessidade de grandes aportes de capital para investimentos em
infraestrutura para exploração e escoamento até o litoral, a AMZA
saiu da sociedade no final do ano de 1977.
Após a retirada da AMZA, a Vale do Rio Doce desenvolveu um
arrojado projeto, chamado Amazônia Oriental. Além da exploração
de minérios, como ferro, manganês, bauxita, estanho, ouro, cobre e
níquel, incluía investimentos em potenciais agropecuário e madeirei-
ro. Esse projeto ficou conhecido como Projeto Grande Carajás. Na
verdade, o Projeto Grande Carajás levou o Estado brasileiro a am-
pliar sua dívida externa, uma vez que necessitava de grandes investi-
mentos em capital e tecnologia e, como o nosso país já possuía uma
grande dívida externa, foi necessário recorrer mais uma vez a recursos
oriundos do sistema financeiro e comercial internacional.
Para promover a criação da infraestrutura necessária (constru-
ção de ferrovias, rodovias, produção de eletricidade, portos maríti-
mos e indústrias de beneficiamento dos minérios), a Companhia
Vale do Rio Doce associou-se a diversas empresas estrangeiras. Dessa
forma, foram-se construindo os suportes para a exploração da região.
Em primeiro lugar, foi implantado o Projeto Ferro Carajás, com a
construção inicial da Estrada de Ferro Carajás, inaugurada em 1989,
ligando, através dos seus 890 km, a província de Carajás até o porto
de Ponta da Madeira ou Itaqui, em São Luís do Maranhão.
Fernando Santos Cunha Filho.

Inaugurada em 1985, a Estrada de Ferro Carajás não é só grande: ela também lidera o ranking
das ferrovias mais eficientes do Brasil graças ao constante investimento em tecnologia.

Capítulo 9 – Recursos naturais e exploração do espaço brasileiro 235

:50 CG_7ºano_09.indd 235 29/03/2018 13:54:51


235

ME_CG_7ºano_09.indd 235 14/05/2018 12:23:49


Amazonas

Lábrea
Vale do Rio Trombetas Humaitá

Cruzeiro do Sul
Essa região começou a ser explorada a partirBoca de 1966, quando
do Acre
Porto Velho
ricas jazidas de bauxita foram descobertas pela mineradora estran-
Acre
geira Alumínio Canadense (Alcan). Após essa fase,Branco
Rio os governos mi- A
litares brasileiros, entre as décadas de 1970-1980, passaram a pro- Ariquemes

mover a ocupação e exploração da região tal qual Carajás, gerando a Ji-Paran


Assis Brasil
criação da infraestrutura de beneficiamento necessária aos minériosGuajará-Mirim
da região e a desnacionalização das empresas estatais. Através da Rond
associação entre a Vale do Rio Doce e diversas empresas Costa interna-
Marques
cionais do ramo minerador, o Brasil, a partir da Região Norte, é Vilhen

inserido precocemente no processo de globalização recente.


Peru
Para as empresas, lucro. Para o meio ambiente, devastação. A
instalação dessas indústrias acarretou uma maior necessidade de
novos fluxos de energia elétrica, e, para resolver esse problema, a so-
ciedade empresarial Centrais Elétricas Brasileiras S.A (Eletrobrás).
Eletrobrás rapidamente derrubou a floresta para a construção de
duas grandes hidrelétricas: a de Tucuruí, no Rio Tocantins, e Bal-
bina, no Rio Uatumã, que acarretaram dois dos maiores desastres
ambientais do País.

Carajás e vale do rio Trombetas


0 180 km 360 km
Oceano
Atlântico
AP
Ri
o Trombetas

Equador
Almeirim

Oriximiná Belém

e Ca p ri c ó rnio
Vila do Conde

d
Trópico
Alunorte São Luís

Tucuruí Paragominas
Albras
ás
raj
ia Ca
rov
Fer Alumar
Rio X ing

Marabá
MA
PA Chile Imperatriz
u

Tocantinópolis
rém

nica
azô
Pacífico
Oceano
Rodovia Cuiabá-Santa

Ro am
dovia Trans
ia
Bel -Brasíl
ém
Rio Tocantins
ia
gua

N
TO Argentina
ia
ov
Ara

Ro d

O L
Rio

Ferro Exportação

Manganês Hidrovia

Cobre Energia hidrelétrica

Níquel
Indústria
Bauxita

236 Capítulo 9 – Recursos naturais e exploração do espaço brasileiro

CG_7ºano_09.indd 236 29/03/2018 13:54:51 C


236

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Pará Maranhão Ceará Rio Grande
do Norte

Humaitá O Projeto
Novo
Carajás-Trombetas provocou um duplo efeito so-
Progresso
Paraíba
bre as realidades nacional e regional. Do ponto de vista nacional, Piauí
Conceição
rto Velho colocou as empresas estatais na economia globalizada;
do Araguaiapor outro
lado, em esfera regional, acarretou a devastação de imensas áreas Pernambuco
Cotriguaçu
Aripuanã pela exploração dos recursos naturais, provocando impactos am-
Ariquemes Alta Floresta
bientais Palmas
de consequências catastróficas para o meio ambiente e as Alagoas
Porto
Ji-Paraná sociedades nativas.
Sorriso Nacional
Juína São Félix do
Araguaia
Sergipe
Rondônia Maciço do Urucum
Sinop Gurupi

Sorriso Tocantins Bahia


Vilhena Jazida mineral localizada dentro da região do Pantanal Mato-
Mato(MS),
-grossense Grosso
nas proximidades da cidade de Corumbá. Em Uru-
cum, são encontrados grandes
Águadepósitos
Boa de manganês, porém a ex-
Porangatu

ploração é limitada por causa da sua localização, distante dos grandes


Tangará
da Serra
mercados consumidores
Cuiabá e portos de escoamento. DepoisBrasília
Barra das da criação
do Mercado
Várzea Grande Comum do Sul (Mercosul)
Garças e do desenvolvimento da
hidrovia Tietê-Paraná a área passou a ser mais explorada.
Cáceres Anápolis

0 163 km 326 km

Goiás
Coxim

Corumbá
Mato Grosso Paranaíba
Minas
do Sul Gerais
Aquidauana Espírito Santo
Campo Grande

Bauru
Bela Vista Dourados
São Paulo
Paraguai Ponta Porã

Paraná
N
Maciço do Urucum
O

S
L
E. F. Brasil-Bolívia
Oceano
Serra do Navio
Atlântico
Área extrativa localizada na região central do Estado do Ama-
pá, às margens do Rio Amapari (afluenteLagesdo Araguari), que apre-
ntina sentava ricas jazidas de manganês. A década de 1940 marcou o
Rio Grande
início da exploração regional através da Indústria e Comércio de
Minérios (Icomi), empresa domineradora
Sul nacional vencedora da lici-
tação para o processo de exploração da área promovido pelo gover-
no de Eurico Gaspar Dutra, que lhe concedeu a área por 50 anos.
Posteriormente, a Icomi associou-se a duas outras empresas de ex-
ploração: a Bethlehem Steel, estadunidense, e a brasileira Caemi, do
grupo Azevedo Antunes.
Uruguai
Capítulo 9 – Recursos naturais e exploração do espaço brasileiro 237

:51 CG_7ºano_09.indd 237 29/03/2018 13:54:51


237

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Aos poucos, para explorar e escoar a produção, cujo destino é
prioritariamente o mercado internacional, essas empresas provocaram
modificações sobre o espaço natural, como a construção da Estrada de
Ferro do Amapá, que liga a área de extração até o porto marítimo de
Santana. Porém o minério, com altos teores de manganês, esgotou-se,
fazendo com que a Bethlem Steel abandonasse o empreendimento e a
Icomi redirecionasse os seus esforços para a extração e o beneficiamen-
to de cromo na Mina do Vila Nova e a construção de uma usina de
beneficiamento desse minério em Porto de Santana.
O pior impacto, no entanto, está por vir: as jazidas ainda exis-
tentes no Amapá, na região da Serra do Navio, durará no máximo
dez anos, o que implicará em uma verdadeira catástrofe para a po-
pulação do município que se desenvolveu à sombra dessa atividade.
Isso resultará na necessidade de buscar novas atividades econômi-
cas para a sobrevivência dessas comunidades.

Serra do Navio: localização no Brasil


Suriname

Guiana
Francesa

O L

Oceano
Atlântico
Amapá

Amazonas
Pará
0 71 km 142 km

Geografia em cena

Uma das maiores empresas de mineração do mundo pode


ter o seu projeto mais ambicioso da exploração de ferro para os
próximos 40 anos impedido por causa de milhares de cavernas.
Como essas cavernas guardam vestígios arqueológicos dos pri-
meiros habitantes da região amazônica fica o impasse entre a pre-
servação do meio ambiente e de pistas que indicam as origens da
humanidade e o desenvolvimento dos projetos da mineradora.

238 Capítulo 9 – Recursos naturais e exploração do espaço brasileiro

CG_7ºano_09.indd 238 29/03/2018 13:54:51 C


238

ME_CG_7ºano_09.indd 238 14/05/2018 12:23:52


Agropecuária brasileira
Lá pelos idos de 1500, Pero Vaz de Caminha, em carta ao rei de
Portugal, dava conta de que a terra era muito fértil. As palavras de
Caminha profetizaram aquilo que seria o futuro do Brasil: celeiro
agrícola do mundo.

Valor Bruto da Produção (VBP)


VBP* dos principais produtos agropecuários do País (em R$ bilhões)
Lavouras Pecuária
350

300,72 298,75 293,32


300
275,56
256,86
250
224,45 213,23 221,34
195,78 185,75
177,47
200
173,51
157,85
150
126,22 135,38
109,89 108,92 113,67
100,24
100 87,93

50

0
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Total 261,44 296,02 334,33 322,15 335,01 383,08 410,93 458,57 476,22 479,07

Principais produtos (em R$ bilhões)


Ano Soja Bovinos Frango Cana Milho Leite

2013 88,75 56,05 54,37 51,57 38,00 25,90


2014 89,57 64,99 61,40 45,03 35,41 28,03
Título
2015 94,19 72,97 61,47 42,14 32,53 27,60

Divisão regional (em bilhões)

Lavouras Pecuária

Norte Nordeste Centro-Oeste Sul Sudeste


9,87 29,74 82,32 25,54 90,86
2013 11,69 2013 9,18 2013 32,37 2013 40,16 2013 33,73
11,04 33,80 84,74 79,05 85,87
14,21 11,64 41,59 55,93 44,82
2014 2014 2014 2014 2014

2015 10,96 2015 36,06 2015 78,58 2015 79,99 2015 81,05
14,92 12,37 44,71 57,66 47,22

O L

Capítulo 9 – Recursos naturais e exploração do espaço brasileiro 239

:51 CG_7ºano_09.indd 239 29/03/2018 13:54:51


239

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Anotações
Nessa terra onde não são encontrados climas extremos, onde
as chuvas na maioria do território são regulares, onde o solo é fértil
e encontram-se vastas áreas planas, foram, ao longo de mais de 500
anos de existência, introduzidas várias culturas agrícolas diferentes,
muitas até estranhas ao nosso ambiente. Por outro lado, podemos
encontrar, atualmente, vários sistemas agrícolas que vão desde a
mais extensiva prática agrícola até o mais elevado grau de investi-
mento em capitais e tecnologia. Foram introduzidas várias espécies
de animais de criação, que se adaptaram plenamente ao nosso am-
biente, fazendo com que estejamos, sempre entre os maiores produ-
tores mundiais de gêneros agropecuaristas.
Contudo, não devemos esquecer que a agricultura brasileira
apresenta graves problemas, a maioria ligados ao passado de domina-
ção colonial, que organizou nossa economia para satisfazer, em pri-
meiro lugar, às necessidades dos principais centros de poder, pouco
levando em conta as necessidades internas da sociedade brasileira.
Diálogo com o

Fotokostic/Shutterstock.com
professor

Professor, é imprescindível que os alu-


nos aprendam a ler mapas e gráficos. Durante
todo o processo de ensino-aprendizagem in-
dicamos mapas extras e gráficos para que pos-
sas usar em sala de aula.
Os latifúndios crescem a cada dia, mar-
Leitura cando o característico processo de con-
centração de terras no Brasil.

complementar No mesmo sentido, a estrutura histórica de uso da terra difi-


culta a exploração desta de uma forma ideal, pois não tem como
objetivo a diversificação da produção voltada para atender às neces-
Agropecuária brasileira é uma sidades internas. No Brasil de ontem e de hoje, a terra é considerada
um bem particular, devendo ser utilizada com a única finalidade
das que mais cresce no mundo de se obter lucro sobre ela, e não como um bem que deva cumprir
uma finalidade social, ou seja, gerar alimentos e empregos, o que
A agropecuária brasileira é uma das que acarretaria melhoria das condições de vida da população que vive
e/ou sobrevive da sua exploração.
apresenta maior ritmo de crescimento no
Além da questão da posse, utilização da terra e destinação da
mundo. A conclusão é de um estudo do De- produção, a agropecuária brasileira encontra outro entrave a co-
partamento de Agricultura dos Estados Uni- mercialização da produção, que, pela ineficiência e falta de orga-
nização (estradas sem infraestrutura e conservação, inexistência de
dos. A pesquisa apontou que entre 2006 e armazéns nos principais pontos de abastecimento, além da falta de
2010, o rendimento da agropecuária aumen-
tou 4,28% ao ano no Brasil. 240 Capítulo 9 – Recursos naturais e exploração do espaço brasileiro
O País é seguido pela China (3,25%),
Chile (3,08%), Japão (2,86%), Argentina
(2,7%), Indonésia (2,62%), Estados Unidos CG_7ºano_09.indd 240 29/03/2018 13:54:52 CG

(1,93%) e México (1,46%). “Ao longo dos últimos 50 anos, o cres- um expressivo exportador de uma pauta diver-
Os pesquisadores americanos usaram o cimento da produtividade permitiu ofer- sificada de produtos agropecuários.
indicador expresso em Produtividade Total tas mais abundantes de alimentos a preços
dos Fatores (PTF), que considera todos os mais baratos”, assinala Gasques. “No Bra- Crescimento da produção
produtos das lavouras e da pecuária e os re- sil, isso pode ser verificado pela redução A taxa média de crescimento da produti-
laciona com os insumos usados na produção. dos preços reais de grãos relevantes na ali- vidade agropecuária no Brasil foi de 3,58% ao
De acordo com o coordenador-geral de mentação humana, por exemplo, arroz, mi- ano entre 1975 a 2015. Na década de 2000, a
Estudos e Análises da Secretaria de Política lho, soja e trigo.” média foi de 4,08% ao ano. “Isso mostra que a
Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuá- Com ganhos de produtividade obtidos agricultura tem crescido principalmente com
ria e Abastecimento, José Garcia Gasques, o nos últimos anos na agricultura, destacou o base na produtividade. No Brasil, essa variável
aumento da produtividade agrícola tem sido coordenador da SPA, o Brasil deixou de ser é responsável por cerca de 90% do crescimen-
a forma mais segura de suprir as necessidades país importador de alimentos, com enormes to da produção, enquanto que 10% se deve
crescentes de alimentos em todo o mundo. crises de abastecimento, e se transformou em aos insumos”, salienta Gasques.

240

ME_CG_7ºano_09.indd 240 14/05/2018 12:23:53


Diálogo com o
fiscalização, pouco financiamento e incentivos governamentais aos professor
pequenos agricultores, etc.), facilita o surgimento de um poderoso
grupo de intermediários ou atravessadores, que acabam dominan-
do a chegada desses produtos aos consumidores. Professor, com a ajuda do professor de

Reprodução
Ciências, mostre aos alunos as propriedades
do solo, vegetação a qual favorece o desenvol-
vimento das produções agrícolas. Em contra
partida, evidencie o alto índice de fertilizante
e agrotóxico usado para, cientificamente, fa-
zer com que as frutas e verduras alcancem um
estado de maturação mais rápido e fora do pe-
ríodo natural.
As péssimas condições das estradas do
Oeste da Bahia, agravadas pelas chuvas,
estão ameaçando a produção e o escoamento
dos produtores locais.
A sua prática “comercial” é extremamente prejudicial ao pro-
dutor, de quem compra o produto extremamente barato, e também Anotações
ao consumidor, que compra o mesmo produto extremamente caro.
Muitas vezes, o produto ao sair das mãos do produtor passa pelas
mãos de 4, 5 ou até 6 intermediários até chegar ao consumidor.

Cenário 2

Agricultura
brasileira
O Centro-Sul, o coração
da agricultura brasileira
Em algumas áreas desta região, a agricultura atingiu o mais alto
grau de modernização e eficiência. Apresenta, no conjunto, uma
grande produtividade por hectare, pois a maioria das unidades
agrícolas utiliza técnicas modernas em todas as fases do processo
produtivo. Um batalhão de máquinas, diferentes fertilizantes, pes-
ticidas e sementes melhoradas, mão de obra extremamente quali-
ficada, além da especialização por produção, fazem da agricultura
desta parte do País o motor que puxa o campo brasileiro. Nesta
região, podemos destacar o seguinte espaço agrícola.

Capítulo 9 – Recursos naturais e exploração do espaço brasileiro 241

4:52 CG_7ºano_09.indd 241 29/03/2018 13:54:52

Três tecnologias são consideradas pela


Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuá-
ria (Embrapa) como essenciais ao aumento da
produtividade da agricultura brasileira: viabi-
lização da segunda safra de verão, resistência
genética às principais doenças e plantio dire-
to na palha.

Disponível em: http://www.brasil.gov.br/


infraestrutura/2017/05/agropecuaria-brasileira-e-
uma-das-que-mais-cresce-no-mundo. Acesso em:
20/12/2017.

241

ME_CG_7ºano_09.indd 241 14/05/2018 12:23:54


Sugestão de
abordagem Espaço agropecuário paulista

É uma das regiões agrícolas mais desenvolvidas e produtivas do


A seguir indicaremos um link o qual ha- País. Utiliza máquinas e equipamentos modernos, além de pesados
verá gráficos da agricultura de São Paulo até investimentos em mão de obra e conhecimento científico. Dentro
desta região, destaca-se a região da Bacia do Paraná, onde a produ-
2015. Com esse gráfico, será possível analisar ção agrícola é policultora e está diretamente ligada às indústrias de
junto com os alunos o crescimento agrícola beneficiamento.
nas cidades do Estado de São Paulo. Essa prática comercial convive lado a lado com um complexo
zoneamento agroindustrial, onde despontam cidades com produ-
ções especializadas. Em cidades como Campinas, Rio Claro, Ribei-
Link: https://cidades.ibge.gov.br/painel/economia. rão Preto, Jaboticabal e Piracicaba, espalham-se campos cultivados
com cana-de-açúcar. Já em cidades como São José do Rio Preto, Be-
php?codmun=261070. Acesso em : 20/12/2017.
bedouro, Matão, Ribeirão Preto, Araraquara e Taquaritinga, são as
laranjais que reinam na paisagem agropecuária. Plantios diferentes,
porém relações de trabalho semelhantes. Nestas regiões predomina
Anotações o trabalho temporário efetuado por boias-frias, onde a sazonalida-
de da colheita estabelece fluxos de camponeses sem-terra, vindos 10º
principalmente da região do Vale do Jequitinhonha e do Paraná. O
contraste entre a riqueza da agroindústria e a pobreza do camponês
marca claramente a dura face das paisagens dessas regiões.

Alf Ribeiro/Shutterstock.com
Equador

O Estado de São Paulo produz, sozinho,


um total de 79% de toda a produção de
laranja no País. Responsável pela produção de
. metade do suco consumido mundialmente, o
Brasil é o maior produtor e exportador de suco
de laranja.

Contudo, em contraste com essa riqueza agrícola, encontra-


mos o Vale do Ribeira, ao sul do Estado de São Paulo, que não con-
seguiu modernizar-se e segue com sua produção agrícola baseada
em práticas tradicionais realizadas por camponeses, o que provoca 10º
o entrave da sua produção.

242 Capítulo 9 – Recursos naturais e exploração do espaço brasileiro

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20º

C
242 30º

ME_CG_7ºano_09.indd 242 14/05/2018 12:23:55


Alf Ribeiro/Shutterstock.com

75º 65º 55º 35º

Nos últimos anos, o Brasil tem se man-


tido entre os cinco maiores produtores
mundiais de algodão, ao lado de países como
China, Índia, EUA e Paquistão. O Estado de
São Paulo é um grande responsável pela manu-
tenção desses números.

Espaço agropecuário do
Centro-Oeste
Esta região, até a década de 1960, esteve esquecida pela agrope-
cuária brasileira e começou a ser conquistada em meados da década
dor de 1970 com o avanço da sojicultura. Porém, com a utilização de
novas tecnologias, aliadas ao baixo custo da terra e à facilidade de
acesso às linhas de crédito, ocorreu uma verdadeira avalanche de
empresários rurais de diversas partes do País, principalmente do
Centro-Sul em direção a esta região.

Centro-Oeste: uso da terra

O L
0 227 km 454 km
S

Grande agricultura
comercial
Pequena agricultura
comercial e de subsistência

Pecuária melhorada
4:52

Pecuária primitiva (extensiva)

Extrativismo vegetal

Oceano
Atlântico
Trópico de
C apricórnio

Capítulo 9 – Recursos naturais e exploração do espaço brasileiro 243

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243

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Rapidamente, o cerrado foi dominado, e o avanço da sojicul-
tura criou uma nova fronteira agrícola, onde se multiplicaram em-
presas rurais que adotam modernas técnicas de gerenciamento e
utilizam um enorme cabedal tecnológico e insumos, gerando altos
índices de produtividade.
Atualmente, a agricultura da soja é 100% mecanizada, e o cer-
rado passou a ser denominado “eldorado verde” da agricultura mun-
dial. O cerrado é responsável, atualmente, por uma grande fatia da
produção de grãos do País, como mostra a tabela abaixo. Convém sa-
lientar que 8% de todo o PIB nacional está concentrado nesta região.

Soja – 52% da produção nacional


Milho – 26% da produção nacional
Arroz – 34% da produção nacional
Café – 21% da produção nacional

Alf Ribeiro/Shutterstock.com
Segundo o Instituto Brasileiro de Geo-
grafia e Estatística (IBGE), a safra agrí-
cola da soja, no Centro-Oeste, deve crescer
26,2% e será responsável por 20% do PIB da
região em 2019.

Cereais, leguminosas e oleaginosas


Grande Regiões e Unidades da Federação
Participação na produção
25,7

2017

Sul
35,5%
17,5

Sudeste
Participação %

9,5%
15,1

Nordeste
7,5% CG
9,8

Centro-Oeste
Norte
7,9

43,7% 3,6%
5,9

3,7
3,8
2,9
1,9
1,6
1,5
1,1
0,8
0,3
0,3
0,2
0,1
0,1
0,1
0
0
0
0
0
0
0
MT

PR

RS

MS
GO

MG

SP

BA

SC

MA

PI

TO

PA

RO

DF

SE

CE

PE

RR

PB

AC

AL

RN

ES

AM

RJ

AP

244 Capítulo 9 – Recursos naturais e exploração do espaço brasileiro

CG_7ºano_09.indd 244 29/03/2018 13:54:53


244

ME_CG_7ºano_09.indd 244 14/05/2018 12:23:56


Sugestão de

A tradição do espaço abordagem


agropecuário da Região Professor, sugerimos a interdisciplinarida-
Sul de com as matérias de Ciências e História para
abordar temáticas como:
Diferentemente de outras regiões do País, na Região Sul nota-
-se com clareza, na paisagem, a prática da policultura introduzida
pelos imigrantes europeus, que foram trazidos entre o século XIX • Em quais aspectos o processo de coloniza-
e o início do século XX para colonizá-la. Contudo, nesta região,
ção, que ocorreu na Região Sul, favoreceu a
passado e presente convivem lado a lado, pois, ao longo do século
XX, várias empresas agrícolas modernas, bem como empresas de agricultura local?
transformação e beneficiamento, passaram a se instalar no seu ter- • Quais tipos de alimentos foram produzidos
ritório, criando um novo quadro de espacialização da atividade
agropecuária regional. Neste novo quadro destacam-se:
influenciados pelas características climáticas
da Região Sul?
Norte do Paraná: Área de expansão da cafeicultura paulista
na primeira metade do século XX, mas que atualmente assiste
• O solo influenciou na agricultura local?
ao avanço do milho e da soja, por áreas de antigas matas tropi-
cais derrubadas para o plantio do café. Apresenta elevado grau Essas perguntas servirão de base para uma
de mecanização e capacidade produtiva dos grandes latifúndios reflexão junto com os alunos e as outras maté-
implantados, a partir da compra de pequenas propriedades sem
poder de competição. Esse fenômeno criou uma horda de de- rias. Os outros professores podem abordar es-
sempregados que migram constantemente para as cidades ou sas temáticas em suas aulas para que todas as
para as áreas de fronteiras agrícolas da Amazônia (atualmente,
disciplinas trabalhem em consonância.
esta região é um grande foco de expulsão de população).
Região da Serra Gaúcha: Desde o início do século XX, Para embasar as discussões, disponibiliza-
desenvolve-se nesta região a cultura da uva. Está ligada dire-
Os descendentes de italianos que coloni-
remos um link do IBGE no qual contêm dados
tamente à indústria vinícola, concentrada principalmente nas
cidades de Garibaldi, Caxias do Sul e Bento Gonçalves.
zaram a região da Serra Gaúcha trouxe-
ram consigo técnicas típicas de cultivo de uva.
e gráficos para ajudar na construção das ideias.
Lisandro Luis Trarbach/Shutterstock.com

Disponível em: https://www.fee.rs.gov.br/


sinteseilustrada/%20caracteristicas-da-agropecuaria-do-
rs/. Acesso em: 20/12/2017.

Anotações

Capítulo 9 – Recursos naturais e exploração do espaço brasileiro 245

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:53
245

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Região das Coxilhas: Estende-se pelos estados do Paraná,
de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, onde encontramos
uma verdadeira associação entre a agropecuária e a indústria.
Campos plantados com soja e milho, no Paraná e Rio Grande
do Sul, alimentam as indústrias de óleo e farelo para ração; tri-
gais, no Rio Grande do Sul e no Paraná, despejam sua produ-
ção nas indústrias de fabricação de bolos e pães; e as culturas de
fumo do Rio Grande do Sul alimentam a produção de cigarros
de empresas como a Souza Cruz.

Áreas de produção alimentar em pequenas propriedades poli-


cultoras que se espalham por diversas áreas da Região Sul, voltadas
para o consumo e o mercado local e nacional.

Região Sul: produção agrícola

N N
Cornélio Procópio Cornélio Procópio
O L O L

S S
Umuarama

PR PR Curitiba
Curitiba
Ponta Grossa

Chapecó Joinville Chapecó


SC Blumenau
SC Itajaí
Erechim Lages Florianópolis Erechim Florianópolis
Lages
Santo Ângelo
Santo Ângelo
Caxias do Sul Santa Cruz do Sul

RS Garibaldi Porto Alegre


Santa Maria
Porto Alegre

Algodão Trigo RS Oceano


Pelotas
Uva Soja
Pelotas Atlântico
Arroz Culturas comerciais
(soja, café, laranja,
Milho cana-de-açúcar)
0 151 km 302 km
Fumo

Minas Gerais: o
tradicionalismo cultural CG

O Estado de Minas Gerais apresenta o predomínio da agricul-


tura tradicional. Atualmente, é responsável pela maior produção
brasileira de café, cerca de metade da produção nacional, além da
segunda maior safra de feijão do Brasil, perdendo apenas para o Pa-
raná. Sua agropecuária abrange, atualmente, 70% de seu território,
porém a maior concentração da sua produção está localizada na re-
gião do Triângulo Mineiro.

246 Capítulo 9 – Recursos naturais e exploração do espaço brasileiro

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predatório da terra, tirando dela o máximo
Alf Ribeiro/Shutterstock.com
possível em produtividade sem a preocupa-
ção com o esgotamento. O principal fator foi
o desmatamento excessivo, que deu fim à ve-
getação em torno das nascentes dos rios. Isso
mesmo: sem as árvores, secam o rio e a fonte
de onde vem a água.
Sem a proteção do verde, o solo frágil e
arenoso não resiste, e a região torna-se árida.
Com isso, o clima muda: há menos chuvas. E
o lugar é ocupado pela caatinga, ou se trans-
A produção de silagem serve para ali-
mentar o gado da produção de leite. Ela forma em deserto.
é um produto oriundo da conservação de for-
ragens (planta) úmidas ou de grãos de cereais
com alta umidade, em locais denominado silos.
Fonte: Adaptado: VESENTINI, José William.
A Região Nordeste Geografia: o mundo em transição. São Paulo: Ática,
2009. p. 736.
Aparece sem grandes transformações tecnológicas. Usam-se,
na maior parte das lavouras de plantation, como as de cana-de-
-açúcar e cacau, as mesmas técnicas seculares. Teve sua produção Diálogo com o
aumentada pela ampliação da área plantada. Hoje, podemos veri-
ficar, em determinados trechos da Zona da Mata, a troca de mo- professor
nocultura tradicional, como a da cana, por outras culturas, como
seringueira, banana, coco, eucalipto e floricultura.
Na região do agreste, encontramos uma agricultura de policul- Professor explique que, no clima semiári-
tura que, junto à pecuária leiteira, tem sua produção voltada para
atender às demandas dos grandes centros do litoral, como Recife, do, a chuva é um fenômeno que acontece de
Salvador e Fortaleza, além de outras cidades do litoral, do agreste e maneira irregular, durante cerca de três meses
até do sertão. por ano, mas que é possível ter água sempre.
Vitoriano Jr.

Debata sobre uma solução bastante utilizada


pelo sertanejo: as cisternas, pequenas constru-
ções de cimento que reservam as águas plu-
viais. Ressalte a importância de manter esse
sistema simples e vital para a vida no campo.

Sugestão de
abordagem
A cana-de-açúcar é plantada na Zona da
Mata de Pernambuco, na chamada zona
canavieira há cinco séculos.
Professor, use o site do Climatempo para
Capítulo 9 – Recursos naturais e exploração do espaço brasileiro 247 estudar com os alunos o índice de chuvas no
nordeste do Brasil em relação a outras regiões.
Nele pode-se fazer a impressão de relatórios
CG_7ºano_09.indd 247 29/03/2018 13:54:54 de chuvas e juntos fazerem uma interpretação
Leitura Em 1951, um grupo de estudiosos deter- dos dados.
complementar minou os limites da região atingida por estia-
gens periódicas, que passou a ser chamada Po- Link: http://clima1.cptec.inpe.br/
lígono das Secas. Mas o Polígono das Secas monitoramentobrasil/pt. Acesso em: 21/12/2017.
Polígono das Secas aumentou de tamanho. O Maranhão, que não
estava na área de ocorrência de secas longas,
Há séculos existem as secas periódicas no vem enfrentando o problema nos últimos vin-
Sertão nordestino. Sucessivos governos têm ten- te anos. Nas regiões atingidas, é comum a es- Anotações
tado resolvê-las, sem sucesso. As políticas de com- tiagem se prolongar por dois ou três anos. Isso
bate à seca no Nordeste remontam à época do Im- gera uma situação de calamidade para milhões
pério. Dom Pedro II determinou a construção de de sertanejos. A ampliação da área da seca está
açudes, entre outras ações, para diminuir os efei- relacionada à forma de ocupação humana nes-
tos da estiagem, entre os anos 1877 e 1879. sa região, desde o século XVI. Trata-se do uso
:54
247

ME_CG_7ºano_09.indd 247 14/05/2018 12:23:59


Leitura
complementar Já na região do sertão, encontraremos a agricultura tradicio-
nal de roça, principalmente feijão, milho e mandioca, destinada,
prioritariamente, ao próprio consumo do agricultor e à sua família,
Transposição do Rio São além da pecuária extensiva. Porém, algumas áreas da caatinga são
Francisco atinge 81% de conquistadas pela introdução de irrigação e novas tecnologias e es-
tão produzindo frutas para exportação. O exemplo mais claro é o
execução polo de fruticultura irrigado, na Região do Vale do São Francisco,
entre Petrolina, Juazeiro e Lagoa Grande, que atualmente produz
melancia, melão, manga e uva de mesa para exportação, além de
Maior obra hídrica da história brasileira uvas viníferas, vinhos e espumantes.
já opera em algumas regiões e se aproxima da

Vitoriano Júnior
sua finalização.

A transposição do Rio São Francisco, a


maior obra hídrica do Brasil, chegou em mar-
ço deste ano a 81% de seu andamento. Um
dos mais importantes cursos d’água da Amé-
rica do Sul cuja extensão se dá por 5 estados, o
Rio São Francisco está tendo parte de seu cur-
so desviado para regiões do Sertão brasileiro,
no intento de melhorar as condições de vida Algumas espécies de uva se adaptaram ao
da população local e viabilizar a produção clima do sertão pernambucano. Na foto,
vinícola em Petrolina (PE), cidade responsável
agrícola da região. Na previsão do Ministério por 20% da produção de vinhos finos do Brasil.

da Integração Nacional, a obra, cuja intenção


é beneficiar cerca de 12 milhões de pessoas, Região Norte
será finalizada até o início de 2017. Esta região, vive uma situação de forte contradição. De um
A transposição, analisada pela sua divisão lado, uma área que se caracteriza por sua pobreza em nutrientes
estrutural, já completou 82,2% no eixo norte no solo; do outro, um forte crescimento na agricultura. Isso só é
possível graças às novas técnicas de correção de solo, que possibili-
e 79,2% no eixo leste. No total, mais de 10 mil tam sua produtividade. Predominantemente, as atividades econô-
pessoas estão trabalhando na obra. micas desenvolvidas na região são oriundas do setor primário, ou
seja, agricultura, pecuária e extrativismo sem o emprego da tecno-
logia industrial. Uma imensa fronteira agrícola foi estabelecida na
Transposição já funciona em região, sendo ela motivo de fortes disputas lideradas por grandes
algumas regiões empresas que visam aumentar seus latifúndios. Nesse contexto, em
pleno século XXI, é possível verificar a existência de hábitos co-
Embora pouco divulgada pelos meios de
loniais que permitiram o surgimento de grandes concentrações de
comunicação, a integração do Rio São Francis- terras, causando grandes transtornos para os pequenos produtores
co já opera em algumas regiões. Em agosto de rurais, uma vez que não conseguem competir com os grandes em-
presários. Muitas dessas terras foram conquistadas de forma ilícita
2015, iniciou-se o funcionamento no interior pela falta de organização do Estado. Pessoas falsificavam documen-
de Pernambuco, por meio da Estação de Bom-
beamento 1 (EB1), em Cabrobó. O canal da 248 Capítulo 9 – Recursos naturais e exploração do espaço brasileiro
transposição local chega até a Barragem de Tu-
cutu, localizada no eixo norte do empreendi-
mento. Também em 2015, um trecho do Ca- CG_7ºano_09.indd 248 29/03/2018 13:54:54

nal do Sertão, que passa pelas cidades de Olho teórica, jamais concretizado, surgiu na Dita- O projeto só se tornou realidade no go-
d’Água do Casado, Inhapi, Senador Rui Pal- dura Militar, com Figueiredo (1979–1985), verno Lula (2003–2010), com a aprovação,
meira e Água Branca, todas em Alagoas, foi após uma das mais violentas secas da história em 2004, do Plano Decenal de Recursos
inaugurado pela presidente Dilma Rousseff. brasileira. Itamar Franco (1992–1994) pro- Hídricos da Bacia do São Francisco. Em ju-
pôs um decreto ao Senado Federal que amplia- lho de 2007, após longos debates entre en-
Histórico ria os estudos do potencial da Bacia Hidrográ- tidades ambientais e o Conselho Nacional
A ideia de transpor o Rio São Francisco fica do Rio São Francisco, mas não apresentou de Recursos Hídricos, a obra de transposi-
para as regiões mais afetadas pela seca surgiu nenhum projeto sobre o tema. Fernando Hen- ção teve início.
com Dom Pedro II, em 1847. Por mais que o rique Cardoso (1995– 2002), por sua vez, as-
tema fosse discutido entre intelectuais da épo- sinou o documento Compromisso pela Vida do Fonte: Caio Tardelli. Disponível em: http://
ca, somente foi politicamente retomado por São Francisco, propondo a construção de canais br.blastingnews.com/brasil/2016/03/transposicao-do-
Getúlio Vargas em seu Estado Novo (1937– de transposição. A sua ideia, não obstante, nun- rio-sao-francisco-atinge-81-de-execucao-00854679.
1945). O primeiro projeto com consistência ca saiu do papel. html. Adaptado. Acesso em: 06/06/2017.
C
248

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tos, em um processo denominado de grilagem, para justificar tal
dimensão do empreendimento. Parcela significativa das produções
agrárias na região é voltada ao mercado externo. Como consequên-
cia dessa prática, temos a anexação das pequenas terras às grandes
propriedades, tendo na maioria das vezes os trabalhadores rurais
que migrarem para as cidades em decorrência da mecanização da
lavoura típica da agricultura moderna. Paralelamente, a disputa de
terras indígenas na região também é motivo de diversos conflitos.

Agricultura – Região Norte


N

O L

Equador S

Produtos agrícolas
Produtos tropicais
Alimentares e oleaginosos cacau,
café, cana-de-açúcar (açúcar e álcool*),
frutas, amendoim, dendê, coco-da-baía
Matéria-prima para indústria algodão,

Floresta Amazônica
fumo, juta, rami, sisal
Policultura associada à pecuária (feijão,
mandioca, milho)
Grãos
Arroz
Milho
Soja

Extrativismo e agricultura
Babaçu, látex, castanha-do-pará, guaraná,
madeira, pimenta-do-reino
* Álcool, combustível, aguardente, uso farmacêutico, higiene.
0 300 km 600 km

Cenário 3

Pecuária brasileira
Trópico
de Capricór
nio

Principais
4:54
características
O Estado de Minas Gerais, agropecuarista por natureza, abriga
o segundo maior rebanho bovino do Brasil: aproximadamente 21
milhões de cabeças de gado, superado apenas pelo Mato Grosso.
Porém, apresenta a maior produção de leite brasileira, 6 bilhões de
litros por ano. Atualmente, é responsável por 10% da produção na-
cional de ovos e possui um plantel de 78,5 milhões de frangos.
O Vale do Paraíba, localizado estrategicamente entre os grandes
mercados consumidores paulista e carioca, desenvolveu a principal

Capítulo 9 – Recursos naturais e exploração do espaço brasileiro 249

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249

ME_CG_7ºano_09.indd 249 14/05/2018 12:24:00


Leitura
complementar bacia leiteira da região. Nas regiões do extremo oeste paulista, desen-
volveu-se a pecuária moderna de corte, onde técnicas de zootecnia,
como inseminação artificial e seleção de espécies, são aplicadas para
A Pecuária e as mudanças melhoria constante do rebanho. Estão presentes nesse circuito cida-
des como Andradina, Fernandópolis, Araçatuba e Barretos, onde se
climáticas instalaram os principais frigoríficos industriais de São Paulo.
Nesse imenso e aparentemente inesgotável manancial, criou-
A destruição das florestas para abertura de -se uma forte e integrada cadeia de produção entre a agricultura,
pecuária e indústria, que promoveu uma elevação acentuada das
pastos e campos de cultivo para alimentação do exportações brasileiras de carne bovina, suína, frangos e ovos, pois,
gado tem diversas implicações, como o com- em virtude da fartura de produção do milho e da soja, houve uma
prometimento da biodiversidade e a promoção acentuada redução dos custos de alimentação dos rebanhos insta-
lados nessa região e, logicamente, uma elevação de competitividade
de processos erosivos e de desertificação. Mas no mercado internacional.
a importância das florestas não se limita à pre-

Programa Estadual da Cadeia Produtiva do Leite


servação de nossos recursos hídricos e absorção
de poluentes, as florestas também funcionam
como sumidouros de carbono da atmosfera,
contribuindo para a regulagem do clima global.
Quando as plantas realizam fotossíntese,
captam CO2 da atmosfera e aproveitam esse
carbono para a síntese de diferentes molécu-
las orgânicas, inclusive seus próprios tecidos. A O Estado do Mato Grosso criou o Pro-
grama Mato-grossense de Desenvolvi-
queima de uma floresta devolve para a atmos- mento da Cadeia Produtiva do Leite, no qual
incentiva o médio e grande produtor na produ-
fera grande parte desse carbono absorvido pe- ção pecuária do leite e seus derivados.

las plantas. Estudos mostram que, pelo menos, Nos Pampas, a tradicional Campanha Gaúcha, na pecuária ex-
70% das emissões de gases do efeito estufa es- tensiva, sofre em virtude da competição desleal com a forte agrope-
cuária argentina. Até mesmo o arroz introduzido nessa região per-
tão relacionadas ao desmatamento e à pecuária. de competitividade para o arroz importado do Mercosul e da Ásia,
pois seus custos de produção são bastante elevados em virtude dos
Pecuária e gases de efeito estufa altos valores pagos pelo arrendamento da terra.

Toniflap/Shutterstock.com
Os gases do efeito estufa são principal-
mente o dióxido de carbono (CO2), o meta-
no (CH4), os clorofluorcarbonetos (CFCs) e
os óxidos de nitrogênio (NOx). A queima de
matéria orgânica (madeira e combustíveis hi-
drocarbonetos), como vimos, está relacionada A Região Sul conta com uma série de
fatores que contribuem para uma alta
com a emissão de dióxido de carbono (CO2). produtividade agropecuária, como solos férteis
e chuvas regulares durante o ano.
O nitrogênio proveniente dos resíduos
animais é fonte importante do óxido nitroso 250 Capítulo 9 – Recursos naturais e exploração do espaço brasileiro
(N2O). As emissões de N2O dos solos ocor-
rem principalmente como consequência da
desnitrificação a partir de nitrogênio mine- CG_7ºano_09.indd 250 29/03/2018 13:54:56 CG

ral (N). A desnitrificação consiste na redução mosfera. O processo de formação do gás ocor- Emissões de metano pela pecuária
microbiana do nitrato (NO3) às formas in- re durante o processo digestivo de fermenta-
termediárias de N e então às formas gasosas ção entérica de animais ruminantes (bovinos, O rebanho mundial de bovinos é hoje es-
(NO, N2O e N2) que são comumente perdi- bubalinos, ovinos e caprinos), sendo o meta- timado em mais de 1 bilhão de cabeças. A EPA
das para a atmosfera. Estima-se que as emis- no subproduto deste processo, liberado para (2000) estimou as emissões globais de metano
sões globais de N2O pelo homem sejam de a atmosfera pela flatulência e eructação dos geradas a partir dos processos entéricos de ru-
cerca de 5,7 milhões de toneladas de nitrogê- animais. Em média, estima-se que 6% de todo minantes de criação em 80 milhões de tonela-
nio por ano. As emissões diretas por parte de o alimento consumido pelo gado no mundo das por ano, correspondendo a cerca de 22%
animais de criação comercial (principalmen- seja convertido em gás metano. O metano é das emissões totais de metano geradas por ati-
te bovinos e suínos) foram estimadas em 1,6 24 vezes mais potente do que o dióxido de car- vidades humanas. O mesmo relatório estimou
milhões de toneladas de nitrogênio por ano. bono para causar aquecimentos atmosféricos, a emissão proveniente de dejetos de animais
A pecuária é também uma das maiores contribuindo com 15% do total do aqueci- em cerca de 25 milhões de toneladas ao ano,
fontes de emissão de gás metano para a at- mento global. correspondendo a 7% da emissão total.

250

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Terra na atmosfera. Sem este efeito, a tempe-
ratura na superfície da Terra à sombra seria de
Ensaio geográfico - 4ºC (quatro graus centígrados negativos).
No entanto, o acúmulo atmosférico de gases
1 Leia a charge a seguir e responda qual conflito existe nela. do efeito estufa que passou a ocorrer a partir
QUE ABSURDO! da industrialização e aumento nas atividades
ESTA FLORESTA INVADIU NOSSAS
TERRAS HÁ MILHARES DE ANOS pecuárias, tem levado a um rápido aumento
E HOJE ATRAPALHA NOSSO
AGRONEGÓCIO! das temperaturas médias terrestres.
Estima-se que, se a taxa atual de aumento
de gases do efeito estufa no Planeta continuar
pelo próximo século, as temperaturas médias
globais poderão subir até 0,8 ºC por década.
Desta forma, em 2100 a terra poderia estar
3,5 ºC mais quente do que é hoje. Tal aumen-
to nas temperaturas implicaria em drásticas e
graves consequências em escala global.
Existe um conflito entre empresários e o meio ambiente. Os empresários necessitam do latifúndio para
Parte dessas consequências pode ser fa-
cilmente verificada pelo aumento na frequên-
expandir e lucrar mais com os negócios e enxergam a floresta nativa como obstáculo.
cia de desastres naturais. Do clima dependem
os regimes de ventos e chuvas, das correntes
oceânicas, a umidade do solo, radiação solar
2 Observe a imagem a seguir: e o fluxo de águas superficiais, entre outros.
Alterações climáticas implicam não apenas
Ewais/Shutterstock.com

em desequilíbrios ambientais e extinções em


massa de animais e plantas, mas afetam direta-
mente atividades humanas, como a agricultu-
ra, por exemplo.

Disponível em: https://www.svb.org.br/home/205-


vegetarianismo/saude/artigos/15-a-pecua-e-as-mudan-
climcas. Acesso em: 21/12/2017.

A pecuária desenvolvida com o gado confinado, utilizando ração, cuidados sanitários constantes, vi- Sugestão de
sando à precocidade do crescimento e do abate ou o aumento da produção de leite é conhecida como
criação:
abordagem
Intensiva.
Junte-se com o professor de Ciências e pro-
Capítulo 9 – Recursos naturais e exploração do espaço brasileiro 251 ponha um projeto didático em conjunto. Façam
uma conscientização em toda a escola sobre a
importância da preservação da natureza. Quere-
4:56 CG_7ºano_09.indd 251 29/03/2018 13:54:56 mos cultivar nos alunos esse senso crítico, inves-
O Brasil possui o maior rebanho bovi- presentada por bovinos (87% corresponden- tigador e problematizador, sempre levando o co-
no comercial do mundo. De acordo com o do aos bovinos de corte e 13% aos bovinos nhecimento por um caminho reflexivo.
Inventário Nacional das Emissões de Ga- de leite). Estimou-se que as emissões de me-
ses de Efeito Estufa provenientes de Ati- tano pela pecuária brasileira em 1995 fora de Anotações
vidades Agrícolas, realizado desde 1996 cerca de 9,2 milhões de toneladas de CH4,
pela Embrapa Meio Ambiente, 96% do considerando-se os efetivos de bovinos (160
metano produzido na agricultura do milhões de animais) e a produção de dejetos
País provém da pecuária bovina de cor- animais à época.
te e de leite. Outros animais como bubali-
nos, muares, caprinos, asininos, equinos e Efeito estufa e alterações climáticas
suínos são responsáveis pelos 4% restantes
das emissões de metano. O efeito estufa é um processo natural que
Cerca de 68% da pecuária nacional é re- permite manter parte do calor irradiado pela

251

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3 (Ufal)

Evolução das balanças comerciais do agronegócio e total brasileira


80,00

70,00

60,00

50,00

40,00

30,00

20,00

10,00

0,00

10,00
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010

2012
2011
Total Agronegócio
Fonte: MDIC / MAPA / Scot Consultoria - www.scotconsultoria.com.br

A análise da balança comercial brasileira, no período mostrado no gráfico, permite inferir que:
O agronegócio é responsável pelo maior volume de exportações do Brasil.

4 No campo, a prática da agropecuária pode ser classificada de diversas formas, tudo a depender do
critério utilizado para avaliação. No caso da divisão das atividades rurais em extensivas e intensivas, a
classificação é realizada com base em:
a. tamanho de propriedades.
b. legalidade de posses.
c. intensidade de produção.
d. X impactos ambientais gerados.
e. gestão da mão de obra.

5 Embora muitos especialistas recomendem o uso da agropecuária intensiva, em razão de seus be-
nefícios, a utilização do modelo extensivo ainda é muito comum em todo o país e também em várias
partes do mundo, principalmente em áreas com menor oferta tecnológica. Uma das vantagens que
justifica o emprego da agropecuária extensiva é:
a. X o menor uso de fertilizantes e agrotóxicos.
b. a possibilidade de produção de transgênicos.
c. a redução do preço dos produtos agrícolas.
d. o diminuto índice de desflorestamento.
e. a maximização da relação custo/benefício.

252 Capítulo 9 – Recursos naturais e exploração do espaço brasileiro

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252

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6 (UEA)

Região Norte: unidades político-administrativas

O L Roraima
Amapá
S
1

2
Amazonas 0 313 km 626 km

Pará

3
Acre
Tocantins
Rondônia

Os pontos numerados no mapa indicam importantes áreas de exploração mineral na região Norte do
País, com extração de manganês, bauxita, ferro, cobre, ouro e níquel. Os grandes projetos relacionados
aos pontos 1, 2 e 3 são, respectivamente:
a. Trombetas, Carajás e Quadrilátero Ferrífero.
b. X Serra do Navio, Trombetas e Carajás.
c. Serra do Navio, Carajás e Maciço do Urucum.
d. Trombetas, Serra do Navio e Paragominas.
e. Maciço do Urucum, Alumar e Carajás.

Geografia em cena

Será que existe a possibilidade de a Amazônia se tornar um deserto?


Apesar de ser uma possibilidade remota, especialistas afirmam que sim, caso o desmatamento
não seja contido. Se continuarmos desmatando a floresta e utilizando o solo para a agricultura,
daqui a milhares de anos a Amazônia vai apresentar uma vegetação semelhante à do cerrado ou
poderá se transformará em um deserto.
guentermanaus/Shutterstock.com

Capítulo 9 – Recursos naturais e exploração do espaço brasileiro 253

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Aprenda com arte

Serra Pelada
Direção: Heitor Dhalia.
Ano: 2013.

Sinopse: 1980. Juliano e Joaquim são grandes amigos que ficam empolgados ao tomar conhecimento de Ser-
ra Pelada, o maior garimpo a céu aberto do mundo, localizado no Estado do Pará. A dupla resolve deixar São
Paulo e partir para o local, sonhando com a riqueza. Só que, pouco após chegarem, tudo muda na vida deles:
Juliano se torna um gângster, enquanto que Joaquim deixa para trás os valores que sempre prezou.

Amazônia Revelada: os Descaminhos ao Longo da BR-163


Direção: Thieres Mesquita.
Ano: 2005.

Sinopse: Documentário com enfoque histórico, sociológico e político sobre a região Amazônica. Mostra
o impacto ambiental e social da construção da BR-163, do desenvolvimento da região feito à custa da ex-
ploração da madeira e do povo nativo. Descreve o caso da morte de Dorothy Stang, contém depoimentos
de jornalistas, políticos, ativistas e do povo sobre problemas diplomáticos, sobre a soberania da região, so-
bre o tráfico genético e biológico, sobre a questão indígena e as decorrências das construções das rodovias.

Pequeno dicionário geográfico e cultural


Boia-fria: Trabalhador rural que vive de tare- culação de bens e serviços entre os integrantes.
fas temporárias sem vínculo empregatício. Pecuária: Atividade relacionada à criação de
Grilagem: Prática antiga de envelhecer docu- gado.
mentos forjados para conseguir a posse de de- Plantation: Sistema agrícola caracterizado
terminada área de terra. Os papéis falsificados pela monocultura voltada para exportação,
eram colocados em uma caixa com grilos vivos. pelos latifúndios e pela mão de obra escrava
Com o passar do tempo, a ação dos insetos dava ou sub-remunerada. Apesar de ser um siste-
aos documentos uma aparência envelhecida. ma típico do período colonial, diversos países
Licitação: Processo administrativo pelo qual o subdesenvolvidos ainda o adotam.
Poder Público adquire bens e serviços necessá- Plantel: Lote de animais de boa qualidade
rios ao desempenho de suas atividades, selecio- destinados para reprodução.
nando entre fornecedores aqueles que atendem Perda de divisas: Em comércio internacional,
aos critérios predefinidos e, ao mesmo tempo, a perda de divisas se dá quando o país compra
oferecem uma boa relação preço-qualidade. mais do exterior do que vende e fica com um
Mercosul: Sigla de Mercado Comum do Sul, saldo negativo em moeda estrangeira (dólar).
um bloco econômico que reúne diversos paí- Zootecnia. É o ramo da ciência responsável
ses da América do Sul, dentre os quais o Brasil, por estudar os animais juntamente com seu
criado com o intuito de proporcionar livre cir- processo de reprodução e produtividade.

254 Capítulo 9 – Recursos naturais e exploração do espaço brasileiro

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254

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Encerramento
1 (ETEC–SP) Na alimentação, a carne bovina é fonte de fósforo, ferro e de vitaminas do complexo
B. As Regiões Norte e Centro-Oeste, onde se situam a floresta Amazônica e o cerrado, são as que apre-
sentam as maiores taxas de expansão do rebanho bovino no Brasil.
Nas regiões citadas, a criação de gado bovino é:
a. intensiva, com o gado confinado e alto rendimento financeiro.
b. intensiva, com o gado criado em pastos e produção de carne para exportação.
c. X extensiva, com o gado criado à solta em pastos e produção destinada ao corte.
d. extensiva, com o gado confinado, rebanhos escassos e uso de pouca mão de obra.
e. leiteira, com o gado solto em pastos e produção destinada à obtenção de carne.

2 (FEI) As localidades de Itabira (em Minas Gerais) e Vale do Paraopeba (da Serra dos Carajás no
Pará) são áreas conhecidas no País, devido:
a. às jazidas de petróleo exploradas pela Petrobrás.
b. às jazidas de cobre e diamantes explorados pela Acesita.
c. X à atuação da Vale na exploração de minérios, sobretudo o minério de ferro.
d. à criação de gado, pois são regiões pecuaristas por excelência, com predomínio da pecuária in-
tensiva voltada para exportação de carnes e derivados.
e. à instalação de hidrelétricas de grande porte do sistema Eletrobrás Furnas.
75º 65º 55º 35º

10º

3 (UENP) Observe a região destacada no mapa a seguir e assinale a alternativa correta.

N
Oceano
O L
RR
Atlântico
AP
0º S Equador

AM
PA MA CE RN
0 418 km 836 km

PI PB
PE
AC AL
RO TO
MT SE
BA

DF
a. X A área em destaque refere-se à Serra
GO
dos Carajás, no sudeste do Estado do Pará. A área da Serra
está totalmente inserida no Projeto Grande
MG
Carajás, um projeto de extração mineral em opera-
ção. Anteriormente à colonização,
MS esse território
ESera povoado pelos povos Karajá e Kayapó.
20º

b. A área corresponde à Usina Hidrelétrica


SP
de RJ
Belo Monte, uma central hidrelétrica que está sendo
construída no rio Xingu, no Estado do Pará, nas proximidades
PR
Trópico
de Cap
ricórnida cidade de Altamira.
o

c. A área equivale ao território doSCfuturo estado do Tapajós, que devido à grande extensão territo-
RS

30º Capítulo 9 – Recursos naturais e exploração do espaço brasileiro 255

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40º
255

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rial do Pará tem sido um dos argumentos utilizados para uma divisão desse território e a conse-
quente formação de dois novos Estados, além do atual Pará: Tapajós e Carajás.
d. O Estado de Tapajós terá 722.000 quilômetros quadrados, sendo, portanto, o mais extenso.
Apesar de compreender a maior área do Pará, essa região é a menos populosa: cerca de 1 milhão
de habitantes. Sua capital será a cidade de Santarém. Essa região apresenta pouco desenvolvi-
mento econômico, composta por grandes áreas preservadas e muitos rios.
e. A região corresponde à área de cultivo da pimenta-do-reino (pipericultura) no Pará (maior
produtor e exportador nacional), que vai receber uma “injeção” tecnológica concentrada com
as atividades de um novo projeto da Embrapa Amazônia Oriental, a ser lançado na cidade de
Bragança (PA).

4 “Líder no mercado mundial de minério de ferro até a deflagração da crise financeira de 2008, o
Brasil perdeu para a Austrália a hegemonia, embora a Vale ainda lidere, isoladamente, o comércio do
insumo. A mineradora brasileira trabalha agora com um horizonte de cinco anos para que o País recu-
pere o mercado perdido em meio à crise.”
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,brasil-perde-lideranca-na-producao-de-minerio-,916731,0.htm

De acordo com a notícia acima, a mineradora brasileira Vale é a maior exportadora mundial de minério
de ferro. Sobre ela, responda:
Onde estão situadas as maiores jazidas da empresa?
As maiores jazidas da Vale localizam-se na Serra dos Carajás, no Estado do Pará e no Quadrilátero

Ferrífero, no Estado de Minas Gerais.

5 (Udesc) A extração de minérios pesa na economia de vários países da América do Sul. Assinale a
alternativa que apresenta os maiores produtores de ferro da América Latina.
a. Bolívia e Argentina.
b. Colômbia e Equador.
c. X Brasil e Venezuela.
d. Argentina e Peru.
e. Brasil e Uruguai.

6 (UTFPR) O Projeto Carajás, localizado no divisor Araguaia-Xingu, é uma província mineralógica


de grande importância para a região onde está inserido. Essa reserva mineral está localizada:
a. na Região Nordeste, no Estado do Maranhão.
b. na Região Centro-Oeste, no Estado do Tocantins.
c. na Região Norte, no Estado do Amazonas.
d. X na Região Norte, no Estado do Pará.
e. na Região Norte, no Estado do Amapá.

256 Capítulo 9 – Recursos naturais e exploração do espaço brasileiro

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7 (Unicamp) “O campesinato neste continente [América Latina] sempre precisou se movimentar para
procurar terras de trabalho. Locomove-se movido pelo interesse de trabalhar com terras e ao mesmo tem-
po à procura delas. Ora consegue-as por ocupações e as perde por despejo judicial ou por grilagem; ora
perde-as economicamente em função da política de preços que leva à perda de prazos de vencimento da
hipoteca consumada para obter crédito para a lavoura. Perde-as ainda em função de determinações mais
estruturais do processo de acumulação capitalista no campo em cada conjuntura – proletarização, subor-
dinação à agroindústria ou transformação do segmento de produtores familiares numa determinada área
em bolsão de reserva para o capital enquanto mão de obra disponível para exploração eventual ou inter-
mitente. Ou, como pequeno produtor, se proprietário permanentemente endividado, acaba amarrado a
contratos draconianos de parceria com os ‘tubarões’ da agricultura de exportação.”
Ana Maria Motta Ribeiro. Sociologia do narcotráfico na América Latina e a questão camponesa, em Ana Maria Motta Ribei-
ro; Jorge Atílio S. Iulianelli (Orgs.), Narcotráfico e violência no campo. Rio de Janeiro: DP&A, 2000, p.24.

a. O que significa grilagem de terras? Como surge o termo “grilagem”?

A grilagem de terra é um ato ilegal, fundado na tentativa de apossamento de terras alheias ou públicas

mediante falsas escrituras de propriedade. O termo se deve ao uso de grilos (insetos) para dar a aparên-

cia de envelhecimento ao papel dos documentos por conta dos dejetos dos insetos.

8 (Unisa) Observe o mapa para responder à questão.


N

O L

Nas formações proterozoicas, que ocupam cerca de 4% do território nacional, encontra-se a maior par-
te dos minerais metálicos do Brasil. No mapa, a área assinalada pela letra A exemplifica a importância
econômica desses terrenos com a produção mineral de:
a. X ferro, no Quadrilátero Central, sob o controle da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) asso-
ciada a outras empresas.

Capítulo 9 – Recursos naturais e exploração do espaço brasileiro 257

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257

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b. ouro, no Vale do Jequitinhonha, sob o comando da Indústria e Comércio de Minérios S.A.
(ICOMI).
c. manganês, na Serra do Navio, sob o controle do Grupo Antunes, com capitais nacionais e es-
trangeiros.
d. ferro e manganês, no Maciço de Urucum, controlados pela Indústria e Comércio de Minérios
(ICOMI).
e. bauxita, no Distrito de Paragominas, comandada pela Mineração Rio do Norte, associação da
CVRD com outras empresas.

9 (Mackenzie) “A maior concentração de jazidas de minérios de ferro no Brasil, conhecidas e medidas,


se encontram em Minas Gerais (2/3 do total brasileiro), localizadas no Quadrilátero Ferrífero ou Central.”
Melhem Adas - Panorama Geográfico do Brasil.

Assinale a alternativa que identifica o eixo de escoamento dessa produção que abastece o mercado in-
terno das siderúrgicas do Sudeste do País e o que abastece o mercado externo, respectivamente.
a. Vale do Rio Paraíba do Sul – Vale do Rio Doce.
b. Vale do Rio São Francisco – Vale do Rio Paraíba do Sul.
c. X Vale do Rio Paraopeba – Vale do Rio Doce.
d. Vale do Rio Doce – Vale do Rio São Francisco.
e. Vale do Rio Paranaíba – Vale do Rio Paraopeba.

10 (FGV) Analise o gráfico.

Cereais, leguminosas e oleaginosas


Área e produção – Brasil
25,7

1980 a 2011

Sul
35,5%
17,5

Sudeste
Participação %

9,5%
15,1

Nordeste
7,5%
9,8

Centro-Oeste
Norte
7,9

43,7% 3,6%
5,9

3,7
3,8
2,9
1,9
1,6
1,5
1,1
0,8
0,3
0,3
0,2
0,1
0,1
0,1
0
0
0
0
0
0
0
MT

PR

RS

MS
GO

MG

SP

BA

SC

MA

PI

TO

PA

RO

DF

SE

CE

PE

RR

PB

AC

AL

RN

ES

AM

RJ

AP

(www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/agropecuaria/ lspa/lspa_201107comentarios.pdf )

258 Capítulo 9 – Recursos naturais e exploração do espaço brasileiro

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A partir da leitura do gráfico e dos conhecimentos sobre a dinâmica territorial da agricultura brasileira,
é correto afirmar que, no período analisado:
a. X a produtividade agrícola do País apresentou crescimento significativo.
b. a maior parte da área cultivada no País destinou-se à produção de cereais.
c. o fraco aumento da área cultivada indicou o esgotamento da fronteira agrícola.
d. a instabilidade da produção esteve relacionada aos problemas climáticos.
e. a região Sudeste é a que apresenta maior área e produção agrícola do País.

11 (Fatec) “O agronegócio envolve operações desde as pesquisas científicas relacionadas ao setor até
a comercialização dos produtos, determinando uma cadeia produtiva entrelaçada e interdependente.”
ALBUQUERQUE, Maria Adailza Martins de et alii. Geografia: sociedade e cotidiano. São Paulo: Escala, 2010.

Podem-se acrescentar quais outras características ao agronegócio?


a. mantém centros de tecnologia avançados, voltados à agricultura orgânica.
b. expande os cultivos de grãos da Região Centro-Oeste para a Região Sudeste.
c. X promove a concentração de terras e o desemprego no campo.
d. possibilita ao país a autossuficiência nas matérias-primas para a indústria.
e. planeja a expansão das lavouras, barrando o desmatamento e os impactos ambientais.

12 (Uncisal) Situações como a descrita no texto que segue têm sido comuns pelo menos desde a década de
70 e estão relacionadas ao crescimento, no campo brasileiro. Marque a alternativa correta nas opções abaixo.
O grupo móvel do Ministério do Trabalho (MT) encontrou 421 trabalhadores em condições consi-
deradas degradantes, em Quirinópolis no sul do Estado de Goiás. O MT diz ter resgatado os traba-
lhadores. Originários na maioria de outros estados, eles atuavam no plantio e corte da cana-de-açúcar,
em frentes de trabalho da empresa Agropecuária Campo Alto, Sociedade Anônima dirigida por um
conselheiro da ÚNICA (União da Indústria de Cana-de-açúcar).
(Disponível em: folha.uol.com.br).

a. A prática do arrendamento capitalista, por cooperativas de trabalhadores.


b. As relações de meação em áreas da agricultura familiar.
c. X O trabalho assalariado temporário, nas áreas de monocultura.
d. O sistema de colonato, nas áreas de culturas tradicionais.
e. A agricultura orgânica, baseada no uso intensivo da mão de obra.

13 (ETEC–SP) No Brasil, parte da produção de alimentos é feita por trabalhadores agrícolas que se
deslocam diariamente para a propriedade rural, executando tarefas sob empreitada, em condições in-
dignas e perigosas, trabalhando nas terras de outros por salários que não são suficientes nem para uma
pessoa, que dirá para uma família.
http://www.infoescola.com/geografia. Acesso em: 30/08/2011. Adaptado.

Capítulo 9 – Recursos naturais e exploração do espaço brasileiro 259

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É correto afirmar que os trabalhadores rurais mencionados no texto são os:
a. meeiros, pois repartem com o dono da terra a metade da produção.
b. arrendatários, pois pagam pelo uso de terras durante um tempo determinado.
c. parceiros, pois pagam pelo uso da terra oferecendo parte do lucro da produção.
d. X boias-frias, pois trabalham em diversas lavouras, mas não possuem suas próprias terras.
e. posseiros, pois têm a posse legal de um imóvel rural ou estão de posse de uma terra devoluta.

14 (ETEC–SP) A criação de pastagens para a prática da pecuária, nas regiões mencionadas, tem como
consequência(s):
a. X o aumento das já elevadas taxas de queimadas e de desmatamento.
b. a contaminação dos lençóis freáticos, já que descompacta os solos.
c. o agravamento da poluição de rios e a diminuição das áreas de assoreamento.
d. a proteção das florestas, já que se evitam problemas como o da desertificação.
e. a diminuição de problemas urbanos como as ilhas de calor e o aquecimento global.

15 (Unesp) A produção agrícola brasileira é grande, diversificada e de distribuição geográfica bem


ampla. No entanto, quando se consideram os valores recentes da produção de cada estado em relação
ao valor total do País, nota-se, por exemplo, que a produção da laranja, da cana-de-açúcar, do café e do
cacau, respectivamente, é mais elevada em:
a. X São Paulo, São Paulo, Minas Gerais e Bahia.
b. São Paulo, Alagoas, Minas Gerais e Pará.
c. Alagoas, Pernambuco, São Paulo e Bahia.
d. Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Bahia.
e. São Paulo, Pernambuco, Minas Gerais e Pará.

16 (Mackenzie) Considere as afirmações abaixo, relativas ao desmatamento.


I. Diminuição da biodiversidade do Planeta, com a destruição da população endêmica de animais e plantas.
II. Desproteção do solo, tornando-o exposto ao intemperismo químico e físico.
III. Alteração no índice pluviométrico, ao impedir que a umidade retorne para a atmosfera por meio
da transpiração das árvores.
Assinale:
a. se somente I estiver correta.
b. se somente I e II estiverem corretas.
c. se somente II e III estiverem corretas.
d. se somente I e III estiverem corretas.
e. X se todas estiverem corretas.

260 Capítulo 9 – Recursos naturais e exploração do espaço brasileiro

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260

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Objetivos
pedagógicos

Capítulo 10 • Compreender a diversidade natural brasi-


leira como fruto da sua posição geográfica.
O espaço brasileiro e sua • Diferenciar as características socioambien-
tais das regiões brasileiras.
diversidade Podemos identificar alguns elementos que
compõem o espaço brasileiro: os objetos naturais • Identificar os fatores estruturais que orien-
e os modificados pelo ser humano e, com isso,
entender sua dinâmica e diversidade. tam a atuação e o deslocamento das massas de
ar sobre o território brasileiro.
• Identificar espacialmente a distribuição das
chuvas sobre o território brasileiro.
• Entender os fatores estruturais que expli-
cam a diversidade de biomas existentes em
território brasileiro.
• Reconhecer os diferentes tipos climáticos
existentes no território brasileiro.
• Refletir em como a configuração do terri-
tório brasileiro influencia no clima.
• Conhecer a hidrosfera, isto é, as diferentes
formas de acúmulo de água na superfície ter-
restre, em aquíferos e lençóis freáticos.

BNCC
Habilidades trabalhadas
no capítulo

(EF07GE09) Interpretar e elaborar mapas te-


Conheceremos o processo máticos e históricos, inclusive utilizando tec-
de formação e estruturação
geológica do território brasileiro. nologias digitais, com informações demográ-
Assim, entenderemos a diversidade
natural que constitui a nossa paisagem, ficas e econômicas do Brasil (cartogramas),
bem como sua dinâmica climática e identificando padrões espaciais, regionaliza-
hidrológica. Em seguida, analisaremos
alguns dos impactos negativos ções e analogias espaciais.
causados pelo ser humano ao meio
ambiente.
(EF07GE10) Elaborar e interpretar gráficos
rovic/Shutterstock.c
om
de barras, gráficos de setores e histogramas,
Aleksandar Todo
Capítulo 10 – O espaço brasileiro e sua diversidade 261 com base em dados socioeconômicos das re-
giões brasileiras.

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Anotações

261

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Diálogo com o
professor Cenário 1

Professor, explique aos alunos que toda a A natureza do


formação terrestre brasileira, assim como de
todo o planeta Terra, sofreu influência do in- espaço brasileiro
temperismo e condições naturais, como ter-
remotos e vulcanismos atuando como modi- Características gerais
ficadores de paisagens. Utilize fotografias de do espaço natural
paisagens naturais e relacione com os proces-
sos histórico-científicos. brasileiro
Muito já se falou sobre a beleza, riqueza e diversidade do espaço
Link: http://www.funape.org.br/geomorfologia/cap2/ natural brasileiro. De Pero Vaz de Caminha aos ambientalistas atuais,
index.php#título2.2.1.2c. Acesso em: 21/12/2017. é unanimidade que o território do nosso país apresenta uma diver-
sidade natural riquíssima. Um relevo de múltiplas feições, que vão
desde regiões rebaixadas até picos acima de mil metros de altitude;
uma climatologia que apresenta como característica predominante
as temperaturas elevadas e chuvas abundantes na maior parte do ter-
Anotações ritório, favorecendo a existência de rios caudalosos e uma vegetação
farta e diversificada, compõem o quadro natural do Brasil. Contudo,
o longo processo de apropriação, conquista e construção do espaço
geográfico brasileiro produziu impactos sobre praticamente todos os
ambientes naturais, que variam de intensidade conforme as necessi-
dades e os interesses envolvidos.

Celomozer
O Pico da Bandeira, com 2.891,32 metros de altitude, é considerado o ponto mais alto da Região
Sudeste e o terceiro mais alto do Brasil. Ele recebeu esse nome porque, em 1859, por ser consi-
derado o ponto mais alto do Brasil, D. Pedro II ordenou que fosse fixada uma bandeira em seu cume.

262 Capítulo 10 – O espaço brasileiro e sua diversidade

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C
262

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A calma geológica do
território brasileiro
Segundo estudos geológicos, o território brasileiro apresenta
uma extraordinária calma tectônica, pois não é atingido por gran-
des abalos sísmicos ou atividades vulcânicas. Essa calma geológica
é explicada pela antiguidade de formação do nosso território e por
seu posicionamento na Placa Sul-Americana.
N

O L

Placa Placa S
da Anatólia Euro-Asiática

Placa
Placa Iraniana
Americana Placa
Placa Placa
Placa Arábica do Pacífico
Placa da Grécia Placa
do Caribe
de Cocos das Filipinas
Placa
EQUADOR Africana

Placa
do Pacífico Placa
Placa Sul-Americana
de Nazca Placa
Indo-Australiana

Placa Antártica

0 2.637 km 5.274 km Limite da placa


Direção do deslocamento das placas

Como estudamos no ano anterior, o nosso planeta é formado


por grandes massas continentais que flutuam e se deslocam aleato-
riamente sobre o magma pastoso, denominadas placas tectônicas.
Se você observar com atenção a figura acima, notará que o nosso
país está localizado no centro da Placa Sul-Americana, distante,
portanto, da área de choque desta com a Placa de Nazca. Ou seja:
distante da área de ocorrência de terremotos e vulcões.
Por outro lado, o nosso território começou a ser formado ao
longo das eras Arqueozoica e Proterozoica. Foi nesse momento
4:23
geológico que surgiram os primeiros escudos cristalinos brasileiros
(Escudo Brasileiro e Escudo das Guianas) e as serras do Mar e da
Mantiqueira. O território passou por processos de levantamento e
rebaixamento ao longo das outras eras, terminando por desgastar-se
em virtude da ação dos agentes erosivos; portanto, falhamentos já
ocorreram, atualmente não ocorrem mais, e dobramentos moder-
nos não são produzidos em nosso território, graças ao seu distan-
ciamento da área de colisão entre placas. Nossos dobramentos são
antigos, produzidos, aproximadamente, há 700 milhões de anos.

Capítulo 10 – O espaço brasileiro e sua diversidade 263

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263

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Diálogo com o
professor

Indicamos o link a seguir para a utilização


das imagens que explicam a influência das forças
exógenas e endógenas sobre a formação da terra
e de suas características físicas.
Falha normal.

Link: http://www.funape.org.br/geomorfologia/cap2/ Contudo, devemos destacar que o território brasileiro não está
index.php#título2.2.1.2c. Acesso em: 21/12/2017. totalmente imune aos tremores de terra. Com certeza, algumas
vezes você já foi pego de surpresa pela televisão, que noticiou de
forma bastante assustada um tremor de terra em algum ponto do
Brasil. Esse assombro não devia ocorrer, pois nosso país pode apre-
sentar, como em qualquer lugar do Planeta, pequenos terremotos
Anotações em virtude do assentamento de falhas ou do desabamento do teto
de cavernas subterrâneas.

Dobras (pressões horizontais).

Quanto aos vulcões, atualmente, nenhum deles encontra-se ati-


vo no território brasileiro, porém existem evidências geológicas de
que aqui ocorreram intensas atividades vulcânicas, principalmente
durante a Era Mesozoica, principalmente na região que vai de São
Paulo até o Rio Grande do Sul, onde ocorreu um intenso derrame
vulcânico (basáltico), dando origem, mais tarde, a um dos solos mais
férteis do Brasil, a terra roxa. Outras manifestações mais recentes
ocorreram no final da Era Mesozoica e no início da Era Cenozoica
Terciária, apresentando como resultado a formação das ilhas oceâ-
nicas brasileiras, como os arquipélagos de Fernando de Noronha,
Trindade e Martin Vaz, os penedos de São Pedro e São Paulo. Nesse
mesmo período, essas manifestações também foram muito intensas
no território brasileiro, nas seguintes áreas brasileiras:

Poços de Caldas e Araxá, em Minas Gerais.


São Sebastião e Jacupiranga, em São Paulo.
Itatiaia, Cabo Frio, Medanha e Tinguá, no Rio de Janeiro.
Lajes, em Santa Catarina.
Bacia Amazônica.
Iporã, em Goiás.

264 Capítulo 10 – O espaço brasileiro e sua diversidade

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C
264

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As altitudes do relevo
brasileiro
Se fôssemos descrever o relevo brasileiro como descrevemos a um
indivíduo, diríamos que ele é velho, baixo e tranquilo. Traduzindo
geológica e geomorfologicamente, o relevo brasileiro é velho, uma vez
que começou a ser formado em eras geológicas muito65ºantigas; baixo,
por causa do grande período de exposição aos agentes da erosão, re-
75º 55º 35º

sultando em altitudes modestas em relação a outras áreas da crosta; e


tranquilo,
10º pois praticamente inexistem atividades geológicas internas,
como vulcanismos, dobramentos e grandes abalos sísmicos.

Brasil: relevo
Mte. Roraima Mte. Caburaí
2.734m 1.456m
Cabo Orange
raima

e
ca

qu
Sa. Pa
Sa

po
Oia
.

Pa
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nco

a
Pico da Neblina ue
S
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2.993m
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Pico 31 de Março

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2.972m
Equador N egr
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I. de
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Sa. dos Carajás

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Ja

Serra
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Oceano

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Cabo Frio
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do I. de São Sebastião e Capricó
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I. de Santa Catarina
Morro da Igreja
1.828 m

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Oceano
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Serra Geral

N
Atlântico
0 275 km 550 km
Laguna dos Patos

O L
30º
S
Lagoa Mirim

Arroio Chuí

Capítulo 10 – O espaço brasileiro e sua diversidade 265

CG_7ºano_10.indd 265 29/03/2018 13:54:24


40º

265

ME_CG_7ºano_10.indd 265 14/05/2018 12:25:04


Em nosso território predominam altitudes em torno de 500 m,
e, como não temos dobramentos modernos, formadores de gran-
des cordilheiras montanhosas, prevalecem três formas de relevo:
planaltos, planícies e depressões, que coexistem com outras, menos
abundantes.

Os planaltos brasileiros e
os impactos ambientais
Sabemos que os planaltos são formas de relevo que apresen-
tam altitudes em torno de 300 a 600 m, cujo topo é suavemente
ondulado e é limitado por declives. Se você observar atentamente a
imagem abaixo, notará que, em sua maioria, os planaltos brasileiros
apresentam a parte mais baixa das suas vertentes em contato direto
com regiões de depressão.
Quando analizamos de forma particular, a Região Norte, o Pla-
nalto da Amazônia Oriental é limitado pelas depressões marginais
Sul e Norte-Amazônica e sulcado ao meio pela Planície do Rio Ama-
zonas; a Região Nordeste, o Planalto da Borborema é limitado ao les-
te pela planície e por tabuleiros litorâneos e ao oeste pela Depressão
Sertaneja; as regiões Centro-Oeste e Sudeste, os planaltos e as chapa-
das da Bacia do Paraná são separados pela erosão do Rio Paraná, limi-
tados a oriente pela Depressão Periférica da Borda Leste da Bacia do
Paraná e a ocidente pela Planície do Pantanal Mato-Grossense; nesta
mesma região, os planaltos e as serras do Atlântico estão encaixados
entre a pequena planície litorânea a leste e a Depressão Periférica da
Borda Leste da Bacia do Paraná.

VItoriano Júnior

Planalto da Borborema, trecho situado no Agreste pernambucano.

266 Capítulo 10 – O espaço brasileiro e sua diversidade

CG_7ºano_10.indd 266 29/03/2018 13:54:24 C


266

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Perfis topográficos

Três grandes recortes ajudam a 1


enxergar a cara de nosso país 1 2
1 2
2 N

O L

S
3
1 3
1
1
3.000 m
Planaltos Residuais
Norte-Amazônicos
Planaltos Residuais
Planalto da
Amazônia Oriental
Planalto da
3
Norte-Amazônicos
Planaltos Residuais Amazônia Oriental
Planalto da
3.000 m Norte-Amazônicos Amazônia Oriental Planaltos
Depressão Marginal
2.000
3.000 m
m Norte-Amazônica Planície do residuais
Depressão Marginal Planaltos
Sul-Amazônicos
Depressão Marginal Rio Amazonas
Sul-Amazônica
2.000 m
1.000 Norte-Amazônica
Depressão Marginal Planície do residuais
Planaltos
2.000 m
m Norte-Amazônica Rio
Depressão Marginal
Amazonas
Planície do Sul-Amazônicos
residuais
Sul-Amazônica
Depressão Marginal Sul-Amazônicos
1.000 m Rio Amazonas
Sul-Amazônica
0m
1.000 m

Norte0 m
Esse perfil (noroeste-sudeste), com cerca de 2 mil quilômetros, vai das altas serras de Roraima
0m
até Mato Grosso. Mostra as faixas de planícies às margens do rio Amazonas, a partir das quais
vêm extensões de terras mais altas: planaltos e planícies.
2
2
2
3.000 m Planaltos e
Escarpa
(ex-serra) Planalto da
chapadas da Tabuleiros
3.000 m doEscarpa
Ibiapaba Borborema
2.000 litorâneos
3.000 m
m Planaltos
bacia doe
chapadas
Planaltos da
e
(ex-serra)
Escarpa Planalto da
Tabuleiros
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(ex-serra) Depressão Borborema
Planalto da Oceano
2.000 m Rio Parnaíba bacia doda
chapadas litorâneos
Tabuleiros
1.000 Sertaneja Borborema Atlântico
2.000 m
m riobacia
Parnaíba
do
do Ibiapaba
Depressão
litorâneosOceano
Rio Parnaíba rio Parnaíba Atlântico
Oceano
1.000 m Sertaneja
Depressão
0m Rio Parnaíba Atlântico
1.000 m Sertaneja
0m
0m
Nordeste
Com quase 1,5 mil quilômetros, esse perfil vai do Maranhão a Pernambuco. É um retrato fiel do
relevo da região, com destaque para os dois planaltos (o da Bacia do Parnaíba e o da Borbore-
ma) cercando a Depressão Sertaneja (ex-Planalto Nordestino).
3
3
3
3.000 m Planaltos e
chapadas da
Depressão
periférica da Planaltos e
Planaltos e Depressão
borda leste serras do Atlântico
3.000 m Planície do Pantanal bacia do Paraná
2.000 periférica
Depressão
da bacia da
do Paraná Planaltos e
leste-sudeste
3.000 m
m Mato-Grossense
chapadas
Planaltos da
bacia
e
do Paraná
chapadasRiodaParaná borda leste
periférica da serras do Atlântico
Planaltos e
Planície do Pantanal da bacia
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Paraná Oceano
2.000 m bacia do Paraná leste-sudeste
serras do Atlântico
1.000 Mato-Grossense
Planície do Pantanal Atlântico
2.000 m
m Mato-Grossense
Rio Paraná da bacia do Paraná leste-sudeste
Oceano
1.000 m Rio Paraná Atlântico
Oceano
0 m
1.000 m Atlântico
0m
0m
Centro-Oeste e Sudeste
Esse corte, de cerca de 1,5 mil quilômetros, vai de Mato Grosso do Sul ao litoral paulista. Além
da Planície do Pantanal, pode-se ver a Bacia do Paraná formada por rios de planalto, que abriga
as maiores hidrelétricas do país.

Capítulo 10 – O espaço brasileiro e sua diversidade 267

:24 CG_7ºano_10.indd 267 29/03/2018 13:54:25


267

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Sugestão de
abordagem Visto dessa forma, podemos afirmar que houve em território
brasileiro um grande processo erosivo por meio da força de agen-
tes externos, como os rios e as chuvas, ao longo do tempo geoló-
A seguir há um documentário produzido gico e que os nossos planaltos são áreas compostas de rochas mais
resistentes e por isso sofreram menos rebaixamento, tornando-se
por um canal americano o qual trata das pla- resíduos testemunhos de uma era em que as nossas altitudes eram
nícies africanas. Diversifique sua aula e aborde mais elevadas. Na atualidade, grande parte desses planaltos, serras e
temas transversais. chapadas encontra-se amplamente ocupada por cidades, povoados
e culturas vegetais.

Sugestão de As planícies brasileiras


filme Como aprendemos, planícies são áreas baixas suavemente on-
duladas, tendendo a planas, onde predominam os processos de de-
posição de sedimentos por agentes externos, como as águas dos rios,
O homem e a natureza: planícies dos mares e dos lagos, bem como pelos ventos. No caso brasileiro, os
únicos agentes que não construíram planícies foram os ventos.
Sinopse: A vida selvagem pode ser encontrada Podemos dividir as planícies brasileiras em dois tipos:

em todos os ecossistemas. Desertos, florestas Planícies costeiras ou marítimas: localizam-se ao longo do


tropicais, planícies e outras áreas — incluin- litoral e são resultantes da acumulação de sedimentos marinhos
ou fluviomarinhos. Os principais exemplos são as planícies li-
do as cidades mais desenvolvidas — todas têm
torâneas nordestinas e da Lagoa dos Patos, no Rio Grande do
formas distintas de vida selvagem. Embora na Sul; o litoral de Barreiras; as falésias do Nordeste; o litoral de
cultura popular a expressão geralmente se re- Dunas, do Rio Grande do Norte, entre outros. Atualmente,
essas áreas encontram-se, em virtude do povoamento espacial
fira a animais intocados pela presença huma- do nosso território, que se concentrou nessa região, comple-
na, a maioria dos cientistas concordam que tamente modificadas pela construção de grandes cidades, a
a vida selvagem ao redor do Planeta sofre, de exemplo de Recife, Rio de Janeiro, Salvador.
um modo ou de outro, o impacto das ativida-

Marcio Jose Bastos Silva/Shutterstock.com


des humanas.

Link: https://www.youtube.com/watch?v=
ijtMXFbCY08. Acesso em : 21/12/2017

Anotações

Contraste dos edifícios históricos de


Olinda e os contemporâneos do Recife
(ao fundo), Pernambuco.

268 Capítulo 10 – O espaço brasileiro e sua diversidade

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C
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Planícies continentais: estão situadas no interior do con-
tinente brasileiro e são formadas pela ação de diversos rios a
partir da deposição de sedimentos. Como exemplos, temos
as planícies do Pantanal e do Rio Amazonas. Essas planícies,
em virtude dos obstáculos impostos pela natureza brasileira,
foram tardiamente incorporadas ao espaço geográfico nacio-
nal, contudo, em virtude da pecuária bovina e da mineração,
surgiram nessas áreas diversos povoados que se transformaram
em grandes cidades.

Uwe Bergwitz/Shutterstock.com
Vista aérea da Planície do Pantanal, Mato-Grosso.

As depressões brasileiras
Depressões são rebaixamentos na crosta continental resul-
tantes de diversos processos geológicos, ou seja, feição do relevo
4:25
que apresenta altitudes mais baixas do que as áreas que as cercam.
Existem dois tipos de depressão: as depressões relativas, que apre-
sentam altitudes mais baixas do que as áreas vizinhas, mas que estão
acima do nível das águas marinhas; e as depressões absolutas, que
apresentam altitudes abaixo do nível do mar.
No Brasil, não existem depressões absolutas, contudo em nos-
so território são abundantes depressões relativas, que apresentam
altitudes entre 200 e 500 m, havendo alguns casos em que as atitu-
des chegam a estar entre 500 e 800 m.

Capítulo 10 – O espaço brasileiro e sua diversidade 269

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269

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Brasil: Relevo
Classificação Jurandir L. Ross
75º 65º 55º 35º

N
10º
O L

5
5 5

Equador
13

12 1 28

23 1

12
6 6 2 2
12 14
10
6 2
10º 19
25 24
20
4 28
Planaltos
15
1 Planalto da Amazônia Oriental 17 9 16
2 Planaltos e Chapadas da Bacia do Parnaíba
3 Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná 8
4 Planaltos e Chapadas dos Parecis 26
5 Planaltos Residuais Sul-Amazônicos
6 Planaltos Residuais Norte-Amazônicos
7
7 20º
Planaltos e Serras do Atlântico Leste-Sudeste 3
8 Planaltos e Serras de Goiás-Minas
9 18
9 Serras Residuais do Alto Paraguai
10 Planalto da Borborema Trópico d
11 Planalto Sul-Rio-Grandense 21 e Capricó
r nio
Depressões

12 Depressão da Amazônia Ocidental


13 Depressão Marginal Norte-Amazônica
14 Depressão Marginal Sul-Amazônica
Oceano
15 Depressão do Araguaia 22
16 Depressão Cuiabana
17 Depressão do Alto Paraguai-Guaporé 11
Atlântico
30º
18 Depressão do Miranda
19 Depressão Sertaneja e do São Francisco
27
20 Depressão do Tocantins CG

21 Depressão Periférica da Borba Leste da Bacia do


Paraná
22 Depressão Periférica Sul-Rio-Grandense

Planícies

23 Planície do Rio Amazonas


24 Planície do Rio Araguaia
25 Planície
40º e Pantanal do Rio Guaporé

26 Planície e Pantanal Mato-Grossense 0 293 km 586 km


27 Planície da Lagoa dos Patos e Mirim
28 Planícies e Tabuleiros Litorâneos

http://marcosbau.com.br/geobrasil-2/relevo-brasileiro/

270 Capítulo 10 – O espaço brasileiro e sua diversidade

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270

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Sugestão de
Para entender como estão distribuídas as depressões no País, bem abordagem

Vitoriano Júnior
como os planaltos e planícies, observe o mapa Brasil: Relevo, na pági-
na 270. Veja que as áreas de depressões estão localizadas entre áreas de
planaltos, e algumas até fechadas por eles, como é o caso específico da Professor, indicamos um mapa elaborado
depressão periférica da borda leste da Bacia do Paraná, que, no mapa,
está identificada pelo número 21. Não precisamos de esforço algum,
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e esta-
além do olhar, para percebermos que ela está cercada pelos planaltos tísticas (IBGE) que mostra as reservas aquífe-
e pelas serras do Atlântico leste-sudeste (nº 7), planaltos e serras de ras no Brasil.
Goiás-Minas (nº 8), planaltos e chapadas da Bacia do Paraná (nº 3).
Partindo dessas informações, fica claro que essas depressões
foram formadas a partir do progressivo desgaste (erosão) das áreas Link: http://geoftp.ibge.gov.br/atlas/nacional/atlas_
de planalto, pela ação de agentes atmosféricos. Atualmente, várias nacional_do_brasil_2010/2_territorio_e_meio_
áreas deprimidas encontram-se ocupadas por cidades, que foram
sendo construídas à medida que os desbravadores brasileiros foram ambiente/atlas_nacional_do_brasil_2010_pagina_81_
subindo os rios, os quais, por escavamento dos planaltos, criaram- area_de_recarga_dos_principais_sistemas_aquiferos.
-nas, como mostra a imagem. Contudo, dentro dessas áreas depri- A Depressão Sertaneja e do São Francis-
pdf. Acesso em: 21/12/2017.
co localiza-se no Nordeste brasileiro e no
midas, porções de relevo resistem à ação erosiva e ao avanço da ocu- centro-oeste de Minas Gerais. Sua altitude va-
pação humana: são as chamadas cuestas. ria entre 20 m e 500 m.

Anotações
Cenário 2

Brasil, a pátria das


águas
Reservas fluviais
brasileiras
O nosso país concentra, aproximadamente, 12% de toda a
água doce do Planeta, constituindo-se na maior reserva deste bem.
Isso se deve ao fato de o Brasil apresentar climas que se caracterizam
pela abundância de chuvas na maior parte do seu território, com
exceção do Sertão nordestino. Em nosso território, predominam
rios extensos e com grandes volumes de água, fato que interfere di-
retamente no modelado do relevo brasileiro, principalmente a ação
erosiva nas áreas elevadas do relevo.
Como vimos no cenário anterior deste capítulo, no nosso ter-
ritório há o predomínio de relevos planálticos, o que acarretou a
formação de rios como o Paraná e o São Francisco, cuja caracterís-
tica principal é a formação de diversos trechos encachoeirados, os
quais, por sua vez, propiciaram a construção de diversas hidrelétri-
cas para aproveitar o elevado potencial hidráulico.

Capítulo 10 – O espaço brasileiro e sua diversidade 271

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:25
271

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Leitura
complementar As nascentes dos nossos principais rios surgem do Planalto das
Guianas, da Cordilheira dos Andes e do Planalto Brasileiro, consi-
derado a “grande caixa-d’água da hidrografia brasileira”. A maioria
O que é um Aquífero? dos rios brasileiros é de planalto – o que implica pouca navegabi-
lidade em virtude de seu caráter irregular, mas, em compensação,
apresenta um enorme potencial gerador de energia – e produz foz
Um aquífero é toda formação geológi- de estuário. Além disso, são alimentados desde a nascente com
ca subterrânea capaz de armazenar água e que águas das chuvas (pluviais).
possui permeabilidade suficiente para permi-
tir que esta se movimente. São verdadeiros re- Um país de extremos
servatórios subterrâneos de água formados Distribuindo espacialmente as águas superficiais do território
por rochas com características porosas e per- brasileiro, a Amazônia é a região que detém a maior bacia fluvial
meáveis que retém a água das chuvas, que se do mundo, pois é nessa região que está o maior rio da Terra em ex-
tensão, número de afluentes e volume de água. Por isso, essa região
infiltra pelo solo, e a transmitem, sob a ação apresenta extrema importância para o Planeta.
de um diferencial de pressão hidrostática, O outro lado da moeda é a região do Sertão nordestino, onde o
para que, aos poucos, abasteça rios e poços clima apresenta escassez de chuvas e predomínio de rios temporários
ou sazonais, que secam durante boa parte do ano. Convém salientar
artesianos. que, nessa região, o Rio São Francisco é o único que não é temporário.
É por meio dos aquíferos que o curso de No que diz respeito à disponibilidade de água potável, pode-
águas superficiais (rios, lagos, nascentes, fon- mos dizer que o Brasil é um país que apresenta “escassez em abun-
dância”, ou seja, apresenta um volume maravilhoso de águas de
tes, pântanos e afins) são mantidos estáveis e superfície, contudo, pela má utilização desse recurso em algumas
o excesso de água é evitado pela absorção da áreas, a água é inapropriada para o consumo da população.
água da chuva. Como podem ser utilizadas Ao longo da história, rios e lagos brasileiros vêm sendo
comprometidos pela queda de qualidade da água disponível para
como fonte de água para consumo, exigem captação e tratamento. Rios da Amazônia e do Pantanal sofrem
cuidados para sua preservação a fim de evitar a com a contaminação por mercúrio, metal pesado utilizado nos ga-
rimpos clandestinos.
sua contaminação.

Ingridgaab
Aquíferos podem ser classificados de vá-
rias formas. De acordo com o armazenamen-
to da água, podem ser:

Aquíferos livres ou freáticos

São reservatórios formados por rochas


permeáveis, parcialmente saturados de água,
cuja base é formada por uma camada imper- O Complexo Hidrelétrico de Paulo Afon-
so é um conjunto de usinas, localizado
meável (por exemplo, argila) ou semipermeá- na cidade de Paulo Afonso, Bahia, que produz
4.000 megawatts de energia, gerada a partir do
vel. O topo é limitado por uma superfície livre desnível natural de 80 metros da cachoeira de
Paulo Afonso, no rio São Francisco.
de água (superfície freática) que se encontra
sob pressão atmosférica. O nível da água é de- 272 Capítulo 10 – O espaço brasileiro e sua diversidade
terminado pelo regime de chuvas. É o tipo de
aquífero mais comum e mais explorado e, por-
tanto, o mais suscetível à contaminação. CG_7ºano_10.indd 272 29/03/2018 13:54:26 CG

ocorre, é muito mais lenta e, portanto, mui- armazenam, e por sua ocorrência em grandes
Aquíferos confinados ou artesianos to mais difícil de ser recuperada. áreas. Ocorrem nas bacias sedimentares e em
todas as várzeas onde acumularam sedimen-
Nestes reservatórios, o teto e a base Aquíferos porosos tos arenosos.
são formados por extratos rochosos im- Esses tipos de aquíferos apresentam po-
permeáveis. Além disso, ele está completa- ros por onde a água circula. São comumente Aquíferos fraturados ou fissurados
mente saturado de água. A água subterrâ- formados por rochas sedimentares consolida-
nea está confinada sob uma pressão maior das (os detritos apresentam-se ligados por um Os aquíferos fraturados estão associados
que a pressão atmosférica. Por este motivo, cimento, como é o caso das brechas) ou não à rochas ígneas e metamórficas. A capacida-
quando se perfura para a extração de água consolidadas (os detritos não estão ligados en- de dessas rochas em acumular água está rela-
(um furo artesiano), ela sobe para um o ní- tre si, como no caso das dunas) e solos areno- cionada à quantidade de fraturas, suas aber-
vel muito superior, podendo até jorrar. Nes- sos. Representam os tipos de aquífero mais turas e intercomunicação. Poços perfurados
se tipo de aquífero, a contaminação, quando importante, pelo grande volume de água que nessas rochas fornecem poucos metros cúbi-

272

ME_CG_7ºano_10.indd 272 14/05/2018 12:25:08


do Chaco-Paraná. Estima-se que quinze mi-
lhões de pessoas habitem a área de ocorrência
Na Região Centro–Oeste, a moderna agricultura da soja des-
do aquífero.
peja sobre a lavoura uma elevada carga de agrotóxicos que se infiltra
no solo, contaminando as águas subterrâneas, ou escoa pela super- O Guarani é um aquífero livre e poroso:
fície contaminando rios e córregos. consiste primariamente de sedimentos are-
Outro grave problema é a construção de hidrelétricas ao longo
dos trechos encachoeirados dos rios, alterando seu curso e causan-
nosos que, depositados por processos eólicos
do problemas até na quantidade de peixes. durante o Período Triássico (há, aproxima-
Já nos grandes centros urbanos, a água tem sua qualidade com- damente, 220 milhões de anos), foram modi-
prometida por causa do despejo de esgotos domésticos e indus-
triais, além do uso dos rios como convenientes transportadores de ficados pela ação química da água, pela tem-
lixo, como mostra a figura. peratura e pela pressão e se transformaram em
arenito, uma rocha sedimentar muito porosa e

Vitoriano Júnior
permeável que permite a acumulação de água
no seu interior.
Nomeado em homenagem ao povo Gua-
rani, em 1996, possui um volume de aproxi-
madamente 55 mil km³ e profundidade má-
xima por volta de 1.800 metros, com uma
capacidade de recarregamento de aproxima-
damente 166 km³ ao ano por precipitação.
Apesar de ser reputadamente capaz de abas-
tecer a população brasileira com água potá-
vel por 2.500 anos, não é a maior reserva exis-
tente. Essa distinção pertence a outro aquífero
brasileiro, o Aquífero Alter do Chão, locali-
Rio poluído e entulhos em uma área urbana. Água poluída e lixo são assunto sério no Rio Ca- zado em Alter do Chão, Pará.
pibaribe, em Pernambuco.

Regiões hidrográficas Disponível em: http://www.oeco.org.br/dicionario-


ambiental/28001-o-que-e-um-aquifero/. Acesso em:
brasileiras 21/12/2017.

Em virtude de tais problemas, em 2003, o Ministério do Meio


Ambiente, através do Conselho Nacional de Recursos Hídricos,
Anotações
criou, mediante publicação oficial, a Divisão Hidrográfica Nacio-
nal, instituindo12 regiões hidrográficas no País.
Por esse instrumento, cada uma das 12 regiões hidrográficas
é constituída por uma bacia hidrográfica ou por um grupo destas,
que apresentam semelhanças naturais, econômicas e sociais. O ob-
jetivo de tal medida é a orientação para o aproveitamento racional
dos recursos hídricos do País.

Capítulo 10 – O espaço brasileiro e sua diversidade 273

4:26 CG_7ºano_10.indd 273 29/03/2018 13:54:27

cos de água por hora. A possibilidade de ter Aquífero guarani


um poço produtivo dependerá, tão somente,
de o mesmo interceptar fraturas capazes de No Brasil, está localizada uma das maio-
conduzir água. res reserva subterrânea de água doce do mun-
do, o Aquífero Guarani. Tem, aproximada-
Aquíferos cársticos mente, 1,2 milhão de km², abrange partes dos
territórios do Uruguai, Argentina, Paraguai e
São formados em rochas carbonáticas, principalmente do Brasil, onde está 70% da sua
como o calcário. Constituem um tipo pecu- área total (840 mil km²), sob a Região Centro-
liar de aquífero fraturado, onde as fraturas, de- -Sudoeste. O restante se distribui entre o nor-
vido à dissolução do carbonato pela água, po- deste da Argentina (255 mil km²), noroeste
dem atingir aberturas muito grandes, criando, do Uruguai (58.500 km²) e sudeste do Para-
verdadeiros rios subterrâneos. guai (58.500 km²), nas bacias do rio Paraná e

273

ME_CG_7ºano_10.indd 273 14/05/2018 12:25:08


Brasil: regiões hidrográficas
75º 65º 55º 35º

O L
10º
S

Ura quera

ue
ri

oq
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Oi
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i. Maracá

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Nordeste Ocidental Ibicu
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Laguna dos Patos

30º
Atlântico Atlântico Leste La. Mirim
NordesteOriental
La. Mangueira
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Prata

Atlântico Sudeste Atlântico Sul Oceano


Atlântico
40º

0 314 km 628 km

274 Capítulo 10 – O espaço brasileiro e sua diversidade

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274

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Águas subterrâneas do
Brasil
Não só de abundância da água de superfície vive o Brasil, uma
vez que as águas subterrâneas, ou de aquíferos, são bastante presen-
tes e volumosas. Na natureza, aquíferos são formações geológicas
que armazenam águas infiltradas das chuvas ou de pequenos rios.
As águas dos aquíferos constituem grandes reservatórios naturais,
que são formadores de nascentes e responsáveis pelo abastecimento
de cidades a partir da perfuração de poços. No nosso país, estão os
dois maiores aquíferos do mundo: o Aquífero Guarani, na Região
Sul, e o Aquífero Alter do Chão, na Região Amazônica.

Brasil: águas subterrâneas


Venezuela Guiana
Francesa N
Colômbia Suriname
Guiana O L
Amapá
Roraima S
Equador

Aquífero Alter do Chão


Amazonas
Pará Maranhão Ceará Rio Grande
do Norte

Paraíba
Piauí
Acre superficial do Alter do Chão é menor
A extensão Pernambuco
Alagoas
que a do Aquífero Guarani, mas tem maior
Tocantins
volume de água.
Sergipe
Dados preliminares apontam Rondônia
um volume de Mato Grosso
3
água superior a 86 mil km no Aquífero Alter do Bahia

Peru
Chão. A capacidade do Aquífero Guarani gira
3
em torno de 45 mil km .
Brasília

No caso do Aquífero Guarani, sua grande extensão Goiás


Bolívia brasileira, chegando
superficial ultrapassa a fronteira
a outros países. A gestão do Aquífero Alter do Chão
será facilitada porque é exclusivamente nacional e Minas Gerais
Mato Grosso Espírito Santo
da Amazônia, pertencendo aos Estados do Pará,
do Sul
Amazonas e Amapá.

São Paulo
Rio de Janeiro
nio Paraguai
de Capricór
Trópico
Paraná
Chile Aquífero Guarani
Oceano
Pacífico
Oceano

Santa Catarina

Argentina
Atlântico
Rio Grande
do Sul

0 314 km 628 km
Uruguai

Capítulo 10 – O espaço brasileiro e sua diversidade 275

:27 CG_7ºano_10.indd 275 29/03/2018 13:54:27


275

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Sugestão de
abordagem Geografia em cena

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Es-


Professor, recomendamos, caso sua es- tatística (IBGE) e o Instituto Geográfico Nacional do Peru
(IGN), o rio Amazonas seria o maior rio do mundo. Com apro-
cola tenha laboratório de informática, usar o
ximadamente 6.800 km, ele seria maior que o Rio Nilo, no Egi-
site do Climatempo. Assim os alunos poderão to. Concluiu-se que a nascente do Amazonas está localizada na
acompanhar o clima de diferentes regiões do região do Nevado Mismi, uma montanha ao sul do Peru, e não,
como os estudiosos pensavam na década de 1960, no Monte
País e fazer comparações com outros climas. Huagra, mais ao norte daquele país. No entanto, estudos mais
recentes (2009) colocaram mais uma vez o rio Amazonas na
Link: https://www.climatempo.com.br/. Acesso em: segunda posição; apesar disso, ele ainda permanece sendo o rio
mais caudaloso e tendo a maior bacia hidrográfica do planeta.
21/12/2017

Harald Toepfer/Shutterstock.com
Anotações

Rio Amazonas, o maior rio do mundo em volume de água.

Cenário 3

A climatologia
brasileira
Massas de ar que atuam
sobre o Brasil
Observe a figura da página seguinte. Nela, você começará a com-
preender porque, em matéria de clima, o Brasil é considerado um país
“abençoado por Deus”: não apresenta climas extremos, como polares
e desérticos ou de altas montanhas. O máximo de extremos são o cli-
ma quente e seco sertanejo e o frio das serras do Rio Grande do Sul,
Paraná e Santa Catarina. Essa vantagem é consequência de dois fato-
res complementares: as pequenas altitudes de nosso relevo e a nossa
posição no globo terrestre, pois mais de 90% do nosso território está
localizado na faixa de baixas latitudes intertropicais.

276 Capítulo 10 – O espaço brasileiro e sua diversidade

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276
C

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75º 65º 55º 35º

10º

Oceano

Equador Atlântico

10º

0 488 km 976 km

Tropical

Equatorial
20º

Semiárido
Trópico de
Capricó
Tropical de altitude rnio

Tropical atlântico

Subtropical N

O L

Distribuição de climas no Brasil.


30º
S

Para produzir esse ambiente climático, existem cinco massas


de ar que, dependendo da estação do ano, de forma isolada ou em
combinação, atuam sobre o Brasil.
75º 65º 55º 35º

40º

10º

Brasil: massas de ar

mEa
Equador

mEc

10º

Equatorial
atlântica (mEa)

Equatorial
continental (mEc)
4:28
20º Tropical
atlântica (mTa)

Tropical
continental (mTc)

Polar mTc mTa Cinco grandes massas de ar atuam no


atlântica (mPa) território brasileiro, como você pode
observar no mapa. A Equatorial continental
(mEc), a Tropical atlântica (mTa) e a Equato-
30º
N Oceano rial atlântica (mEa) são as mais intensas. No
0 488 km 976 km mapa, vemos a atuação das massas de ar durante
O L Atlântico o inverno, quando a massa Polar atlântica, fria
S mPa e úmida, reduz as temperaturas até mesmo na
Amazônia.

Capítulo 10 – O espaço brasileiro e sua diversidade 277


40º

277
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Sugestão de
abordagem A massa Equatorial Continental, quente e úmida, formada
sobre a Amazônia, atua sobre praticamente todo o Brasil durante o
verão, provocando chuvas. Por seu turno, a massa Polar Atlântica,
Depois de trabalhar os climas brasileiros, fria e úmida, provoca a diminuição da temperatura no Sul e Sudes-
te do Brasil durante o inverno e, com a ajuda da massa Tropical
indicamos o documentário que dispõe de in- Atlântica, quente e úmida, forma a Frente Polar Atlântica, que
formações sobre as mudanças climáticas na acarreta pesados aguaceiros ao longo da costa brasileira, principal-
Escócia. O documentário mostra a ação do mente no litoral oriental nordestino. A massa Tropical Atlântica
atua o ano inteiro, acarretando elevada umidade em grande parte
aquecimento global em regiões de clima frio. do Brasil. Por outro lado, a massa Tropical Continental, quente
Leve seus alunos à sala de multimídia e exiba e seca, tem sua área de atuação limitada ao oeste do Brasil central,
esse documentário. onde eleva a temperatura e aridez do ar. Por fim, a massa Equa-
torial Atlântica, quente e úmida, durante o verão pode provocar
chuvas fortes no litoral nordestino e na Região Norte.
Sugestão de Compreenda agora as características naturais dos diferentes
climas brasileiros.
filme
Clima equatorial
O Clima - criando a paisagem Sua área de dominação está localizada ao longo dos estados que
constituem a Amazônia, como Acre, Amazonas, Pará, Roraima,
Sinopse: Durante a Revolução Indus-
Rondônia, Amapá e o norte do estado do Tocantins, além do oeste
trial, os cientistas e engenheiros escoceses aju- do Maranhão, na Região Nordeste, e do norte do estado do Mato
daram, involuntariamente, a iniciar uma rea- Grosso, na Região Centro-Oeste. É um clima quente e úmido. O cli-
ma equatorial apresenta, como principal característica, chuvas abun-
ção em cadeia que hoje conhecemos como dantes o ano inteiro (acima de 2.000 mm anuais), principalmente
mudança climática — um processo que está entre o verão e o início do outono, além de temperaturas elevadas.
transformando a atmosfera e aquecendo o
nosso Planeta. A Escócia está prestes a sofrer Clima tropical
outra revolução: a transformação da econo- Clima predominante no território brasileiro, pode ser dividi-
mia baseada no carbono para uma economia do, de acordo com o regime de chuvas, em quatro subtipos: tropi-
“verde”. Uma série histórica, em cinco partes, cal típico ou do Brasil Central, tropical litorâneo úmido, tropical
semiárido e tropical de altitude.
como a paisagem bela e peculiar da Escócia foi
moldada ao longo dos séculos. Em um país ce- Clima tropical típico ou do Brasil Central: típico do Bra-
lebrado por sua beleza “natural” única, ele re- sil Central, esse clima apresenta, como principal característica,
a existência de duas estações bem definidas: uma chuvosa, que
vela como cada centímetro quadrado da paisa- vai do final da primavera (novembro) e perdura até o final do
gem escocesa foi afetado ao longo dos séculos verão (março), e uma seca, que se estende por todo o inverno
pela atividade humana. (de junho até setembro). Em seu período seco, ocorrem muitas
queimadas espontâneas, que acabam renovando a vegetação
do Cerrado e dando prejuízos aos agricultores.

Clima tropical litorâneo úmido: rega as terras do litoral

Anotações brasileiro, de São Paulo ao Rio Grande do Norte, em virtu-

278 Capítulo 10 – O espaço brasileiro e sua diversidade

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C
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de das chuvas provocadas por massas de ar vindas do Oceano
Atlântico. Contudo, durante o período de inverno, quando
a massa Polar Atlântica avança pelo litoral, encontrando os
ventos úmidos vindos do mar, acontecem pesados temporais,
provocando enchentes, deslizamentos de barreiras e muita
destruição na Região Nordeste. A concentração das chuvas, no
Nordeste, ocorre no outono-inverno e, na Região Sudeste, no
verão. Nesse clima, as temperaturas variam em torno de 24ºC
no Nordeste e 20ºC na Região Sudeste, e a quantidade de chu-
va varia de 1.200 a 2.000 mm anuais.

Clima tropical de altitude: predomina nos planal-


tos e nas serras do Sudeste brasileiro, abrange o sul de Mi-
nas Gerais e do Espírito Santo e partes dos estados do Rio
de Janeiro e São Paulo, onde há altitudes acima de 1.000
m, como nas serras da Mantiqueira, do Espinhaço, da Ca-
nastra e do Mar. Nessas áreas, durante o inverno, as frentes
frias originárias da massa Polar Atlântica podem provocar
geadas. Mesmo durante o verão, as temperaturas raramente
ultrapassam os 30°C, e as chuvas são volumosas, chegando
a superar a casa dos 1.500 mm anuais.

Clima tropical semiárido: caracteriza-se pela presença de


pouquíssimas chuvas, geralmente abaixo de 750 mm anuais,
e por uma irregularidade brutal, na medida em que às vezes
a estiagem é tão longa que se passam anos com chuvas abai-
xo da média. Se a ausência das chuvas faz sofrer a sociedade, a
vegetação e os animais, a sua presença é concentrada nos me-
ses de dezembro a abril, principalmente ao longo do mês de
março, e geralmente ocorrem na forma de pesados aguaceiros,
acarretando transbordamento de rios que, durante todo o res-
tante do ano, estão secos, erosão de encostas de montanhas e
desabamento de árvores. As temperaturas são bastante eleva-
das, geralmente acima dos 30ºC, fazendo com que, quando as
chuvas ocorram, evaporem rapidamente, pouco se infiltrando
ou acumulando sobre o solo. Devido às adversidades impostas
por esse clima à sobrevivência e à realização de atividades de
subsistência, como a agricultura e a pecuária, é muito comum
4:28
ocorrer o êxodo, quando os nativos dessa região migram para
cidades como Recife, Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro em
busca de melhores condições de vida.

Clima subtropical úmido: ocorre abaixo do Trópico de


Capricórnio, abrangendo o sul do estado de São Paulo, a maior
parte do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e o extre-
mo sul de Mato Grosso do Sul. É influenciado pela massa Polar
Atlântica, que determina temperatura média de 18°C e ampli-

Capítulo 10 – O espaço brasileiro e sua diversidade 279

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279

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Leitura
complementar tude térmica elevada (10°C). As chuvas são pouco intensas,
em torno de 1.200 mm anuais, mas bem distribuídas durante
o ano. Este tipo de clima apresenta ocorrência de geadas com
frequência e eventuais nevadas. As estações do ano são bem
Poluição do ar é a maior marcadas, sendo o verão muito quente, podendo ultrapassar
assassina do Planeta, afirma os 30°C de temperatura, e o inverno ameno e frio, podendo
alcançar temperaturas inferiores a 0°C.
ONU
Observe as imagens abaixo e perceba os extremos climáticos
brasileiros, pois, mesmo que predominem no Brasil regiões com
Ela mata 6,5 milhões de pessoas a cada boa quantidade de chuvas, o semiárido é caracterizado pelo oposto,
ano, em decorrência de doenças associadas aos a sua falta.

poluentes do ar; São Paulo tem uma chance

Cassandra Cury.tif/Shutterstock.com
agora de reduzir esse problema.
A terceira Assembleia Ambiental das
Nações Unidas (UNEA), que aconteceu em
Nairóbi, no Quênia, esta semana, emitiu um
alerta claro: estamos envenenando o meio
ambiente e a nós mesmos em uma proporção
alarmante. A degradação ambiental está rela-
cionada a 12,6 milhões de mortes por ano no
mundo, e poluição nas águas, no solo e no ar é
responsável por 9 milhões dessas mortes. Mas
Seca atinge milhares de pessoas do semiá-
6,5 milhões delas são decorrentes apenas da rido da Região Nordeste.

poluição do ar.

Gero Rodrigues/Shutterstock.com
Segundo o ministro do meio ambiente e
energia da Costa Rica, Edgar Gutiérrez, que
presidiu a assembleia com representantes de
mais de 100 países, não dá mais para empurrar
o problema com a barriga ou tentar ignorar
sua gravidade. “Nosso objetivo comum deve
ser o de adotar ações que reduzam a polui-
ção drasticamente. Apenas por meio de fortes
ações coletivas, podemos dar início à limpeza
do Planeta e salvar um número imensurável de
vidas”, afirmou.
Rua inundada no extremo leste da capital
paulista.
Cidades estão no centro do
problema 280 Capítulo 10 – O espaço brasileiro e sua diversidade

O relatório usado como base das dis-


cussões demonstra que 80% das cidades no CG_7ºano_10.indd 280 29/03/2018 13:54:29 CG

mundo estão acima dos padrões de qualida- diesel dos ônibus do transporte público na ca- do transporte público. Não podemos acei-
de do ar da ONU. Várias capitais brasileiras pital paulistana. Os números são igualmente tar nada menos ambicioso ou relevante do
fazem parte dessa realidade sombria, como alarmantes: cerca de 4 mil mortes ao ano e um que já está nas mãos dos vereadores. Preci-
São Paulo, cujo nível de poluição está 90% custo de perda de produtividade (decorrente samos dar um passo certo em direção à re-
acima do considerado seguro. Mas se as ci- das mortes) de R$ 54 bilhões até 2050, além dução da poluição na cidade e na direção da
dades são partes do problema, também são a dos gastos milionários com internações no sis- eliminação do uso do petróleo no transpor-
solução. A própria assembleia da ONU vem tema público de saúde. te. Manter o petróleo no solo, para que ele
discutindo um plano para lidar com a po- deixe de enterrar vidas é uma obrigação do
luição que passa, invariavelmente, pelo se- Hora de mudar poder público.
tor de transportes.
Nós mesmos, aqui no Greenpeace, já de- A cidade tem um projeto de lei que Disponível em: http://www.greenpeace.org/brasil/
nunciamos em nossos estudos como essa po- deve ser votado e que traz metas míni- pt/Noticias/Poluicao-do-ar-e-a-maior-assassina-do-
luição assassina é alimentada pela queima do mas de redução das emissões de poluentes planeta-afirma-ONU/. Acesso em: 21/12/2017.

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Sugestão de

Alterações na abordagem
atmosfera brasileira Professor, junto com seus alunos pense em
Como já aprendemos, o clima é o conjunto de condições at- formas de sanar os problemas de poluição que
mosféricas que caracterizam uma determinada região. O clima, ao enfrentamos no Brasil. Tente levá-los à reflexão
contrário do tempo (que é o estado momentâneo da atmosfera de
um lugar), não apresenta modificações tão rápidas, suas condições de que, mesmo jovens, são responsáveis pelo fu-
são duradouras, uma vez que, para apresentar qualquer alteração turo do Planeta e que eles podem começar as
em suas características, seriam necessários 30 anos, no mínimo.
mudanças em seu bairro e em sua cidade.
Contudo, se as características gerais dos nossos climas não sofreram
alterações tão profundas, em algumas áreas, principalmente urba-
nas, a atmosfera se apresenta gravemente agredida, e já se começam
a perceber algumas alterações na climatologia local. Anotações

estudio Maia/Shutterstock.com

Panorama da cidade de São Paulo. Ao fundo, uma nuvem de poluição.

Em algumas das principais metrópoles brasileiras, o lançamento


na atmosfera de gases tóxicos, como monóxido e dióxido de carbono,
dióxidos de chumbo e enxofre, tem deixado o ar irrespirável, além de
criar transtornos ambientais, como a ocorrência de chuva ácida e o de-
senvolvimento da ilha de calor.

Geografia em cena

Graciliano Ramos, um dos maiores escri-


tores brasileiros, escreveu um romance mos-
trando a dura realidade daqueles que vivem
na região do Sertão nordestino, onde o clima
quente e seco provoca diversos dramas so-
ciais. O nome do romance é Vidas Secas.

Capítulo 10 – O espaço brasileiro e sua diversidade 281

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Resposta pessoal.
Ensaio geográfico Sugestão: Utilizar o caderno ou uma folha de papel sulfite
para realização da atividade.
1 Uma das formas de relevo predominantes no Brasil são os planaltos. Por descrição, um planalto
é uma superfície relativamente alta, com escarpas inclinadas e topo mais ou menos plano, onde pre-
dominam processos de erosão. Crie uma sequência de desenhos que ilustre como foram formados os
planaltos brasileiros.

2 Observe a fotografia abaixo e responda à questão.

Vitoriano Júnior
Esta é a Pedra do Elefante, localizada no Parque Arqueológico das Furnas do Catimbau, no município
de Buíque, na região agreste do Estado de Pernambuco. Observe que ela se destaca na paisagem por ser
mais alta do que as outras áreas que estão próximas. Sobre essa forma interessante de relevo, procure
desvendar os motivos pelos quais ela é mais elevada que a maior parte da região.
As rochas que compõem a estrutura da Pedra do Elefante são mais resistentes que as áreas vizinhas.

Certamente, o processo de erosão na estrutura maior se perpetuou por muito tempo, acarretando seu

rebaixamento e deposição de sedimentos nas áreas mais baixas.

3 Nas cidades de Maceió, Salvador e Recife, principalmente no mês de julho, são comuns as ocorrên-
cias de chuvas que provocam grandes enchentes. São as chamadas “chuvas de inverno”, que atingem o
litoral oriental do Nordeste.
Levando-se em consideração a dinâmica das massas de ar no Brasil, pode-se afirmar que essas chuvas
são provocadas pelo encontro da:
a. X Polar atlântica (mPa), fria e úmida, com a massa Tropical atlântica (mTa), quente e úmida.
b. Equatorial continental (mEc), quente e seca, com a massa Tropical atlântica (mTa), quente
úmida.
c. Equatorial continental (mEc), quente e úmida, com a massa Tropical continental (mTc), quente
e seca.
d. Polar atlântica (mPa), fria e úmida, com a massa Tropical continental (mTc), quente e úmida.

282 Capítulo 10 – O espaço brasileiro e sua diversidade

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4 Observe a imagem abaixo.

Cassandra Cury/Shutterstock.com
Com base na observação, identifique o clima brasileiro a que a imagem está associada e descreva as
características.
O clima seco e com escassez de chuva, denominado de semiárido.

75º 65º 55º 35º

5 No mapa abaixo, nomeie as massas de ar que atuam sobre o Brasil, indicadas, respectivamente, pelas
10º

letras A e B.

Equador

A
Massa Equatorial
10º
A–
continental

Massa Polar atlântica


B–
20º

de Capricórnio
Trópico

0 488 km 976 km

30º

N
Oceano
L
Atlântico
O

S B
40º

Capítulo 10 – O espaço brasileiro e sua diversidade 283

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283

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Diálogo com o
professor 6 Diferencie o clima tropical típico do tropical litorâneo úmido.
A diferença entre o clima tropical típico, também chamado de tropical continental, e o clima tropical
Professor, utilize o Encerramento para ve- litorâneo úmido, está simplesmente na concentração das chuvas. Enquanto que o clima tropical lito-
rificar se seus alunos não guardaram dúvidas.
râneo úmido tem suas chuvas concentradas fortemente entre as estações do outono e inverno, o clima
Lembre-se de voltar aos assuntos que eles não
compreenderam. Recomendamos os mate- tropical típico é marcado por verões quentes e úmidos, e invernos secos.
riais audiovisuais para fazer com que as aulas
sejam aproveitadas ao máximo por eles.

Anotações
Geografia em cena

Como se faz a previsão do tempo? Por que ela erra tanto?

Trata-se de uma operação mundial altamente automatizada. Isso é necessário porque as condi-
ções meteorológicas em uma determinada região do Planeta podem afetar outras partes do globo.
Só para elaborar a simples previsão a que assistimos todos os dias na TV, é posto em marcha um
exército de dezenas de milhares de pessoas no mundo inteiro, além de equipamentos dos mais
diversos e complexos. Depois de toda essa coleta de dados, as informações obtidas em cada país
são enviadas aos centros meteorológicos mundiais. Neles, tudo o que foi coletado é processado em
computadores, junto com imagens de satélites. O resultado é o chamado “estado inicial global”, um
amontoado de números que descreve, da maneira mais fiel possível, a situação do clima mundial
em um único instante. Sabendo como está o tempo agora, é possível prever como ele se tornará no
futuro, por meio de complexas equações matemáticas.
http://mundoestranho.abril.com.br/materia/como-se-faz-a-previsao-do-tempo-por-que-ela-erra-tanto

Aprenda com arte

Uma verdade Inconveniente


Direção: Davis Guggenheim.
Ano: 2006.

Sinopse: Em 2006, o ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore, lançou um documentário


sobre o aquecimento global, com o objetivo de “alertar as pessoas para o que vai acontecer no nosso
planeta”. No filme, o político ambientalista mostra imagens e documentos que comprovam o aque-
cimento terrestre, e pede uma posição das pessoas quanto às ações que estão sendo tomadas para
refrear o aquecimento global. Assinatura dos Estados Unidos no Protocolo de Kyoto é uma delas.

284 Capítulo 10 – O espaço brasileiro e sua diversidade

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O Dia Depois de Amanhã
Direção: Roland Emmerich.
Ano: 2004.

Sinopse: Mesmo que o filme “ignore” as leis da Física e esteja “repleto de referências científicas equivo-
cadas”, o conselheiro científico do governo britânico, David King, acredita que ele é uma forma positiva
de chamar atenção para o problema das mudanças climáticas. É que, na história, o aquecimento global
interrompe os ventos que formam a corrente do Golfo e ocasiona uma era glacial no hemisfério Nor-
te. Apesar de esse fenômeno demorar milhares de anos para acontecer, caso aconteça, de acordo com
King, o filme soube explicar uma teoria científica em poucas linhas de diálogo.

Pequeno dicionário geográfico e cultural


Abalos sísmicos: Ou terremotos, são tremo- Foz de estuário: Quando o ponto de desagua-
res da superfície terrestre produzidos no inte- mento de um rio apresenta um único canal de
rior da Terra. ligação com o oceano.
Água potável: Água própria para o consumo. Geadas: Orvalho, sereno congelado.
Climatologia: Ciência que estuda o clima. Geomorfologicamente: Referente a formas
Cordilheira dos Andes: Vasta cadeia de mon- de relevo terrestre.
tanhas ao longo da costa ocidental da América Magma: Massa mineral pastosa, em estado de
do Sul. fusão, encontrada no interior da Terra.
Escassez: Carência, insuficiência, falta de al- Pesados aguaceiros: Chuva forte, tempestade.
guma coisa. Pico: Ponto mais alto ou culminante.
Estiagem: Ausência de chuvas. Placas tectônicas: Blocos que compõem a ca-
Falésias: Tipo de costa em que o relevo apre- mada superficial sólida da Terra.
senta paredões. Sulcado: Escavado.

Encerramento
1 Sobre o Aquífero Guarani, descreva uma das suas principais características.
É a maior reserva de água doce subterrânea do mundo. Está localizado na região Centro-leste da Amé-
4:30
rica do Sul e ocupa uma área que se estende pelo Brasil, Paraguai, Uruguai e pela Argentina. O volume

de água é suficiente para atender toda a população da Terra durante mais de um século.

Capítulo 10 – O espaço brasileiro e sua diversidade 285

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285

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2 Analise o texto a seguir:

“A água na atmosfera, que chamamos vapor de água, provém de um ciclo contínuo. Os rios, que se
formam por precipitações pluviais, formam por sua vez nuvens como consequência de sua evaporação.
Deste modo, a água da chuva retorna para a atmosfera através da evaporação da água e da transpiração
das plantas que ela mesma alimenta.
A Amazônia é uma região de alta umidade, devido às altas temperaturas da região e sua frondosa
e extensa vegetação. Na realidade, tudo está interconectado, a Amazônia, seus rios e a atmosfera são
como uma grande bacia hidrográfica alimentando-se reciprocamente e se vinculando estranhamente
através dos mecanismos da chuva.”

LOPES, F. N. Amazônia, mãe do clima do Brasil. Epoch Times. Disponível em: http://www.epochtimes.com.br/amazo-
nia-mae-do-clima-do-brasil-2/

A partir da leitura do texto e com base em seus conhecimentos, ressalte a importância da Floresta Ama-
zônica para a Bacia Amazônica.
A Floresta Amazônica é de fundamental importância para os rios da região Norte do país, pois esses se

abastecem através das chuvas ocasionadas pelo acúmulo de umidade gerado pela evapotranspiração da

vegetação. Além disso, as matas ciliares são importantes para a manutenção dos cursos dos rios, evitan-

do a ocorrência de processos erosivos que poderiam modificá-los ou até extingui-los.

3 “Ainda não existem estudos detalhados sobre toda a área de ocorrência do Aquífero Guarani no
Brasil e nos outros países do Mercosul. Entretanto, teria sido melhor denominá-lo Sistema Aquífe-
ro Guarani, já que se trata de um conjunto heterogêneo de unidades hidroestratigráficas que podem
conter muita, pouca ou nenhuma água. Sinteticamente, essas unidades poderiam ser descritas como
formações geológicas portadoras de água, em maior ou menor quantidade.”
MACHADO, J. L. F. A redescoberta do Aquífero Guarani. Scientific American Brasil. Disponível em: <http://www2.uol.
com.br/sciam>. Acesso em: 12/06/2015.

Sobre o Aquífero Guarani, podemos afirmar que:


a. X é um aquífero aberto e livre, composto por rochas porosas.
b. apresenta imunidade à contaminação por agrotóxicos.
c. é, ainda, parcamente utilizado para as atividades humanas.
d. encontra-se afastado das áreas mais densamente povoadas do país.
e. possui um nível de recarga maior do que a possibilidade de retirada de suas águas.

286 Capítulo 10 – O espaço brasileiro e sua diversidade

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4 (Uespi)A fotografia a seguir mostra uma rede de drenagem em determinada região brasileira.
Observe-a.

Anton_Ivanov/Shutterstock.com
Esse tipo de hidrografia, pelas características observadas, é tipica do seguinte tipo de relevo:
a. paisagens geomorfológicas fluviais apalachianas.
b. planaltos cristalinos.
c. cuestas flúvio-lacustrinas.
d. X planícies fluviais.
e. maciços residuais.

5 Observe as características do relevo da cidade onde você mora, e descreva, em seu caderno, suas
formas e particularidades.Resposta pessoal.

6 Observe a imagem e responda:

Planaltos e chapadas
da bacia do Parnaíba Planalto
da Borborema

II I
2.000 m Rio Parnaíba
Oceano
1.000 m Atlântico
0m

a. Em qual região podemos encontrar os planaltos acima mencionados:

Nordeste.

b. Como podemos classificar a forma do relevo presente na região II?

Planície litorânea.

Capítulo 10 – O espaço brasileiro e sua diversidade 287

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287

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Sugestão de
abordagem 7 Com base nos tipos de clima no Brasil, assinale qual representação de clima abrange uma porção
maior do território e melhor caracteriza o país.
a. X Clima Tropical.
Para auxiliar suas aulas sobre climato-
b. Clima Equatorial.
logia recomendamos o site do Instituto Na-
cional de Meteorologia, a qual mostra a mo- c. Clima Subtropical.

vimentação das nuvens sobre os estados em d. Clima Semiárido.

tempo real. e. Clima Desértico.

8 Por meio das características apontadas abaixo, defina que tipo de clima estamos retratando.
Link: http://www.inmet.gov.br/portal/. Acesso em:
21/12/2017. Temperaturas médias elevadas ao longo do ano.
Latitudes baixas.
Baixa precipitação anual e chuvas mal distribuídas.
Localizado em uma depressão.
Anotações Semiárido.

9 Explique as características e as causas da ocorrência do clima subtropical no Brasil.


Causas: Localizado abaixo do trópico de capricórnio, recebe influência da massa polar atlântica, além

da existência do planalto meridional que influencia devido à altitude.

Características: Temperatura média de 18°C, amplitude térmica elevada (10°C), chuvas bem distribuí-

das ao logo do ano, presença de geadas e estações do ano melhor definidas.

10 Ilhas de calor afetam cidades médias de SP

“(…) Uma pesquisa realizada por pesquisadores da Unesp (Universidade Estadual Paulista) cons-
tatou que a existência do fenômeno é cada vez mais evidente também em cidades médias paulistas.
Segundo João lima Sant’Anna Neto, professor do Departamento de Geografia do campus de Presi-
dente Prudente (oeste do Estado), um levantamento feito em 14 cidades verificou que houve aumento
de 1ºC na temperatura nos últimos 49 anos.”
(Folha de S. Paulo. Disponível em: www.folha.uol.br)

Os registros da difusão de ilhas de calor nas cidades médias paulistas podem estar vinculados:
a. ao aquecimento global.
b. aos danos causados pelo efeito estufa.
c. X à verticalização dos ambientes urbanos.
d. à construção de espelhos d’água.
e. à falta de infraestrutura, a exemplo da não pavimentação das ruas.

288 Capítulo 10 – O espaço brasileiro e sua diversidade

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C
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11 (Udesc) A Mata Atlântica é uma cobertura vegetal que se estende ao longo do litoral brasileiro des-
de o Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul e possui uma diversidade biológica, que se justifica
por estar localizada em áreas:
a. com muitas unidades de conservação.
b. litorâneas com bastante umidade.
c. de diferentes altitudes.
d. X de clima tropical e subtropical úmido e diferentes altitudes.
e. de diferentes altitudes com ocorrência de chuvas regulares.

12 (UCS) Devido à grande extensão territorial, nosso país se diferencia de outros pela diversidade
climática, pela posição geográfica, pela latitude, pela configuração do território e pelos sistemas atmos-
75º 65º 55º 35º

féricos.
Observe o mapa do Brasil abaixo e identifique os tipos de clima característicos das regiões indicadas
10º

pelas letras A, B e C.

Equador

A
10º

0 488 km 976 km

B
20º

de Ca pricórnio
Trópico

C Oceano
N Atlântico
O L
30º
S

MOREIRA, I. Construindo o espaço do homem. São Paulo: Ática, 2001. p. 200.

4:31 Assinale a alternativa abaixo em que os climas listados correspondem, correta e respectivamente, às
letras A, B e C, localizadas no mapa acima.
40º

a. Tropical úmido, tropical semiárido, tropical de altitude.


b. Equatorial, tropical, subtropical.
c. X Tropical semiúmido, tropical de altitude, subtropical.
d. Tropical de altitude, tropical úmido, extratropical.
e. Tropical semiárido, tropical semiúmido, tropical de altitude.

Capítulo 10 – O espaço brasileiro e sua diversidade 289

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289

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13 (Ufal) A imagem de satélite a seguir mostra a ação de um importante sistema atmosférico que age
sobre o Brasil e que está indicado pela seta. Assinale-o.

Reprodução
a. Convergência Intertropical.
b. Ciclone Extratropical.
c. Massa Equatorial Continental.
d. X Frente Polar Atlântica.
e. Onda de Leste.

75º 65º 55º 35º

14 (UCS) O Brasil tem um grande potencial em sua rede hidrográfica, por apresentar rios caudalosos,
grande volume d’água, predomínio de rios perenes, de foz em estuário, de regime pluvial de drenagem
exorreica, de grande potencial hidráulico e outros. Observe o mapa das bacias hidrográficas brasileiras.
10º

A linha que vai de “A” a “B” passa sobre três


0 370 km 740 km
bacias hidrográficas, que são:
a. Amazônica, do Tocantins-Araguaia, do

Equador Nordeste.
b. Do São Francisco, do Nordeste, do
Leste.
c. Platina, do São Francisco, do Sul-Su-
deste.
d. X Do Tocantins-Araguaia, do São Fran-
cisco, do Leste.
10º

A
e. Do Norte, Platina, do Leste.
B

20º

Trópico
de Cap
ricórn
io

Oceano
Atlântico N

O L
30º

290 Capítulo 10 – O espaço brasileiro e sua diversidade

40º

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290

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• Localizar e identificar espacialmente as for-
mações vegetais psamófilas.
• Depreender as principais formas de apro-
Capítulo 11 veitamento econômico e os principais impac-
tos ambientais sobre as formações litorâneas,
apontando alternativas de uso racional.
As paisagens vegetais • Identificar espacialmente os biomas exis-
tentes no território brasileiro e entender os
brasileiras Caatinga é o único bioma exclusivamente brasi-
leiro, o que significa que grande parte do seu pa- fatores estruturais que explicam a devastação
trimônio biológico não pode ser encontrado em
nenhum outro lugar do Planeta.
desses biomas.
• Entender os níveis de formação vegetal do
bioma amazônico a partir do relevo regional.
• Compreender os motivos pelos quais o
bioma de Mata Atlântica está atualmente res-
trito a menos de 30% de sua área originária.
• Descrever o que são formações de transição
entre biomas.
• Localizar espacialmente a Mata dos Cocais
identificando os respectivos biomas com os
quais essa formação se relaciona.

BNCC
Habilidades trabalhadas
no capítulo

(EF07GE12) Comparar unidades de conser-


vação existentes no Município de residência e
em outras localidades brasileiras, com base na
organização do Sistema Nacional de Unida-
des de Conservação (SNUC).
As dimensões territoriais
e a localização geográfica do
Brasil permitem a existência de
diferentes paisagens. Com base nessa
lógica, analisaremos os biomas que
Anotações
constituem o espaço de nosso país e a
interação entre diferentes elementos que
formam a nossa paisagem, isto é, os
domínios morfoclimáticos.

hutterstock.com
Luciano Queiroz/S

Capítulo 11 – As paisagens vegetais brasileiras 291

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Objetivos rais que influenciam na sua caracterização.


pedagógicos • Identificar espacialmente as áreas onde
ocorre o processo de desertificação.
• Identificar espacialmente o bioma panta-
• Entender os fatores estruturais que expli- neiro e de campos, compreendendo os fato-
cam a diversidade de biomas existentes em res naturais que influenciam na sua formação
território brasileiro. e caracterização.
• Depreender as causas estruturais que pro- • Descrever a diversidade e as característi-
vocam a irregular distribuição de chuvas so- cas da vegetação do bioma pantaneiro, apon-
bre o território brasileiro. tando a sua diversidade de espécies da fauna
• Identificar a área do bioma de cerrado. e da flora.
• Identificar espacialmente a área do bioma • Identificar espacialmente as áreas de man-
de caatinga, compreendendo os fatores natu- guezais ao longo do litoral.

291

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Diálogo com o
professor Cenário 1

Professor, recomendamos que junto com Grandes paisagens


o professor de Ciências, elabore um projeto
que busque meios de preservar esse ecossiste- vegetais brasileiras
ma, tão importante para a natureza, e trans-
Perfil e localização das
75º 65º 55º 35º

forme essa atividade numa ação escolar na


qual a escola inteira possa se mobilizar e cons- 10º vegetações nativas
cientizar todo corpo escolar da necessidade de
preservação. Brasil: vegetação

Anotações O

S
L

Equador

10º

Amazônia
20º Cerrado
Pampa
Trópico de
Capricó
Caatinga rnio

Pantanal
Mata Atlântica 0 293 km 586 km
Pacífico
Oceano

30º Oceano
Atlântico

292 Capítulo 11 – As paisagens vegetais brasileiras

40º

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C
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Como mostrado na figura, em virtude da sua climatologia
predominantemente tropical, com temperaturas elevadas e chuvas
abundantes em grande parte de seu território, nosso país apresen-
ta uma cobertura vegetal de intenso verde, com formações vegetais
que apresentam uma grande variedade de espécies e árvores muito
próximas umas das outras. Apenas nas áreas fora da região dos tró-
picos, como os estados do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e
do Paraná, além do extremo sul dos estados de São Paulo e Mato
Grosso do Sul, onde o clima apresenta temperaturas mais baixas, a
formação vegetal é menos verde e mais aberta. Apenas uma forma-
ção vegetal de nosso território apresenta inospitalidade para o ser
humano, a Caatinga. Agora, iremos conhecer as diferentes forma-
ções vegetais do nosso país.
O mapa da página 292 nos esclarece que, no Brasil atual,
não existem formações vegetais puras, pois todas, de forma mais
ou menos acentuada, sofreram impactos ambientais fruto da
apropriação humana.

Manguezal, o berçário

Vitoriano Junior/Shutterstock.com
do mar
Formação vegetal encontrada ao longo da faixa costeira situada
principalmente nas proximidades das fozes (área onde o rio despeja
suas águas no mar) dos rios, o manguezal ou mangue é constituído
por quatro espécies dominantes: mangue vermelho (Rhizophora
mangle), mangue branco (Lagunculária racemosa), mangue preto
ou canoé (Avicennia sp.) e mangue de botão (Conocarpus erectus),
que apresentam como principais características troncos finos, fo-
lhas grossas, além de raízes que ao mesmo tempo servem para fi-
xação do vegetal ao solo lamacento e são aéreas fundamentais para
que as plantas possam respirar.
Manguezal, berçário da vida marinha. Na
Importância do manguezal imagem, mangue em Ipojuca, Pernambuco.

Berçário para diversas espécies animais, principalmente aves,


peixes, crustáceos e moluscos, o manguezal é fundamental para ma-
7:50
nutenção da vida marinha. Com raízes do tipo pneumatóforos, que
protegem as zonas litorâneas contra ação dos oceanos. Esse fato faz
com que o manguezal produza mais de 95% do alimento que as
sociedades humanas retiram do mar, sendo, portanto, de vital im-
portância para a sobrevivência das comunidades de pescadores que
vivem no seu entorno.
Além do mais, essa formação vegetal funciona como elemento
fixador da terra, impedindo o processo de erosão da costa litorânea
e das margens dos rios.

Capítulo 11 – As paisagens vegetais brasileiras 293

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293

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Sugestão de
abordagem Principais impactos ambientais

Portal da Copa - ME
em área de manguezais
O bioma de manguezal é objeto de tra- Atualmente, o manguezal agoniza, como consequência da in-
balho de vários compositores nacionais, entre sensatez de grupos econômicos e de parte da população. Por sua
eles Gilberto Gil, com a música Vendedor de vez, a necessidade de uma parte significativa da população acarre-
tou a depredação de diversas áreas dessa formação vegetal ao longo
caranguejo; e Manguetown, de Chico Scien- do litoral brasileiro. Os ataques aos manguezais vão desde o corte
ce e Nação Zumbi. Estabeleça uma ligação da sua vegetação para utilização da sua madeira na produção de car-
vão até a construção de grandes cidades, como mostra a imagem,
com Arte e Literatura para estimular os alu- Rodovia Via Mangue. Recife, Pernambuco.
passando pela transformação de seus espaços em depósitos de lixo,
nos. Explore também o universo ecológico das construção de marinas, lançamento de esgotos urbanos transporta-
Ciências, que pode explicar a importância dos dos pelos rios, pesca predatória, carcinicultura, etc.
manguezais para a fauna marinha.
Geografia em cena

MangueBeat (a arte que vem do mangue)


No início dos anos 1990, surge na cidade do Recife um
Anotações movimento musical formado por bandas como Chico Science
& Nação Zumbi e Mundo Livre S/A, que mesclam vários gê-
neros musicais, como o rap, as várias vertentes eletrônicas e o
rock neopsicodélico inglês, aos gêneros tradicionais da música
de Pernambuco (maracatu, coco, ciranda, caboclinho etc.). Pri-
meiramente denominado de Mangue Bit (o termo bit se refere
à unidade de memória dos computadores), o primeiro manifes-
to do movimento, Caranguejos com Cérebro, foi escrito pelo
ex-punk Fred 04 (do Mundo Livre) e por Renato L e publicado
em 1992 pela imprensa local.

Vitoriano Júnior
294 Capítulo 11 – As paisagens vegetais brasileiras

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C
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A Mata Atlântica, a Mata Atlântica em 1500 Mata Atlântica em 2007

morte iminente
N

O L

Essa formação vegetal, que primitivamente recobria de forma


exuberante parte do nosso território, ocupava toda a região de cli-
ma tropical ùmido, que compreende a faixa litorânea penetrando
pelo continente até 170 km em direção ao interior. Constituía-se
primitivamente de uma floresta densa e fechada, como mostra a fi-
gura, ou seja, com árvores cuja altura chegava a atingir de 20 a 30 m,
como o pau-d’arco, o jacarandá, o pau-brasil, o visgueiro, a sucupi- Oceano Oceano
ra, a peroba e a maçaranduba. Atlântico Atlântico
0 514 km 1.028 km

Tupungato/Shutterstock.com
Mata Atlântica em 1500 Mata Atlântica em 2007
N

O L

A Mata Atlântica vem sendo depredada desde a chegada dos portugueses.

Principais impactos ambientais


Oceano
Atlântico
Oceano
Atlântico
em área de Mata Atlântica 0 514 km 1.028 km

Quando nos referimos à Mata Atlântica, estamos falando de


uma das formações vegetais mais depredadas de toda a história do
Brasil. Desde 1500, quando começou a conquista da nossa terra,
a Mata Atlântica vem, progressivamente, desaparecendo, restando
apenas algumas áreas descontínuas de preservação ambiental.
Xico Putini/Shutterstock.com

7:51

Fragmento da Mata Atlântica.

Capítulo 11 – As paisagens vegetais brasileiras 295

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295

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Sugestão de
filme A extração do pau-brasil inaugurou a temporada de devastação

Svetlana Gajic/Shutterstock.com
da Mata Atlântica, porém nenhuma atividade acarretou tanta des-
truição a essa formação vegetal como as monoculturas de cana-de-
A Seguir sugerimos alguns documentários so- -açúcar, café, e, mais recentemente, de soja.
Infelizmente, as condições ambientais que facilitaram o surgi-
bre a caatinga. mento da Mata Atlântica (clima quente, elevado índice de chuvas
e um solo chamado massapê, extremamente fértil) também eram
Pequenos agricultores mostram a beleza da favoráveis à implantação de uma atividade que gerasse riqueza para
os conquistadores portugueses. E assim as monoculturas foram
caatinga derrubando a mata primitiva e reinando na paisagem.
Sinopse: O documentário retrata o ma- Ao lado dessa atividade econômica, outro fator serviu como
nejo agroecológico da caatinga desenvolvido predador da Mata Atlântica: o processo de crescimento urbano, que
subtraiu áreas de mata primitiva ao construir núcleos populacionais
no território do médio sertão alagoano. Vi- como Recife, Salvador e Rio de Janeiro. Mesmo protegida por legis-
vendo em harmonia com o meio ambiente lação específica, a Mata Atlântica ainda vem sofrendo constantes ata-
e respeitando a natureza, o vídeo documen- Corte de árvores nativas da flora brasileira. ques, como retirada de madeira ou queimadas criminosas.

ta as ações do movimento “Minha Terra”, no


qual pequenos agricultores trabalham de for- A força indomável da
ma organizada e mostram como pode ser bela Caatinga
a caatinga.
De uma beleza ao mesmo tempo generosa e agressiva, consti-
tuída por uma vegetação rala, rasteira e espinhenta (onde predomi-
Caatingas em risco nam arbustos e cactáceas como o mandacaru, o xiquexique, o fa-
O documentário “Caatingas em Risco”, cheiro, a coroa de frade, a jurema, o quipá, a faveleira, o pião bravo,
dirigido por Augusto Amorim e Neison Frei- a umburana, o juazeiro).

hecke61/Shutterstock.com
re, aborda a situação atual das 14 unidades de
conservação do Bioma Caatinga que se en-
contram sob a administração federal. A caa-
tinga é o bioma brasileiro menos pesquisado e
o mais degradado dentre todos. O documen-
tário resulta da pesquisa Mapeamento e Análi-
se Espectro-Temporal das Unidades de Conser-
vação de Proteção Integral da Administração
Federal no Bioma Caatinga, coordenado na
Fundação Joaquim Nabuco por Neison Frei-
re entre os anos de 2013 e 2016, com a parti-
cipação de Débora Moura, Janaína Silva e Ale-
xandrina Sobreira.
Cactáceas, espécies adaptadas a climas áridos e semiáridos.

Link : https://www.youtube.com/
watch?v=RVlBmFHSvyc. Acesso em: 21/12/2017. 296 Capítulo 11 – As paisagens vegetais brasileiras

Anotações CG_7ºano_11.indd 296 29/03/2018 13:57:52

C
296

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Caatinga é uma formação vegetal encontrada nas áreas subú-
midas do agreste e na maior parte do Sertão semiárido nordesti-
no. O seu nome é originário da língua nativa tupi e significa “mata
(Caa) branca (tinga)”. A Caatinga constitui-se na única formação
vegetal exclusivamente brasileira.
É comum julgar a Caatinga frágil em função do porte acanha-
do dos seus vegetais. No entanto, apesar do frágil equilíbrio, esse
bioma apresenta uma perfeita adaptação e resistência aos rigores do
clima semiárido. Seus arbustos perdem todas as folhas durante a es-
tação seca (que pode durar anos) para preservar a umidade (dando
um aspecto de queimado), e, ao longo do seu demorado processo
de adaptação, a presença dos espinhos no caule impede a perda de
água por evapotranspiração. Contudo, durante o curto período
chuvoso, a Caatinga revela-se verde e exuberante, exalando frescor
e odores agradáveis.

Principais impactos ambientais


em área de Caatinga
Ao olhar uma imagem da Caatinga, será que você é capaz de
identificar o quanto de depredação essa formação vegetal sofreu?
Se você ficou em dúvida, não se preocupe: você não é o único a não
observar o tamanho da agonia que essa vegetação vem passando. O
estrago é disfarçado, pois, em várias áreas onde a vegetação primi-
tiva foi retirada, outras espécies, como a palma e a algaroba, foram
plantadas, mas não com o objetivo de reparar o dano, e sim para
alimentar o gado.
Neste processo de destruição, nem mesmo a aparente agressi-
vidade da Caatinga ou as durezas da seca do clima semiárido foram
suficientes para preservar esta formação vegetal da predação hu-
mana. O primeiro ataque ocorreu já na segunda metade do século
XVI, quando as boiadas foram expulsas da Zona da Mata e subiram
as encostas da Borborema em direção ao Sertão. Nesse momento,
uma fração da Caatinga foi tombada para o levantamento de pe-
quenos núcleos populacionais. Talvez você viva em uma cidade que
surgiu por causa dessa ação.
Mais recentemente, no século XX, o processo de ampliação da
pecuária (criação de gado), no Agreste e no Sertão, acarretou sobre
7:52
a Caatinga uma destruição assustadora. Progressivamente, sua co-
bertura primitiva foi sendo derrubada, e em seu lugar foi plantado
capim para alimentação do gado. Por outro lado, a introdução do
caprino marca uma marcha invisível para a destruição da Caatinga,
uma vez que a cabra e o bode adaptaram-se perfeitamente ao am-
biente duro e desolado, alimentando-se de tudo o quanto encon-
tram de espécie vegetal pela frente.
Somam-se a essas formas de destruição o corte e retirada da
madeira para fabricação de carvão.

Capítulo 11 – As paisagens vegetais brasileiras 297

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Leitura
complementar A imponência da Mata

Nelson Akira Ishikawa/Shutterstock.com


O bioma Cerrado de Araucária
O Cerrado é o segundo maior bioma É uma formação florestal predominante no Sul do Brasil (Paraná,
da América do Sul, ocupando uma área de Santa Catarina e Rio Grande do Sul), mas que pode ser encontrada
no extremo sul dos estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul e sul
2.036.448 km², cerca de 22% do território de Minas Gerais.
nacional. A sua área contínua incide sobre Nela predominam árvores como o imponente pinheiro-do-
-paraná (Araucaria angustifolia), símbolo dessa formação. Em con-
os estados de Goiás, Tocantins, Mato Gros-
sequência do relevo elevado e do clima menos chuvoso e mais frio,
so, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Ba- apresenta pouca variedade de espécies. Podemos, portanto, afirmar
hia, Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná, São que este tipo de formação florestal apresenta maior homogeneida-
Mata de araucária está em extinção.
de que as florestas tropicais.
Paulo e Distrito Federal, além dos encraves no
Amapá, Roraima e Amazonas. Neste espaço Depredação e aproveitamento

Nelson Akira Ishikawa/Shutterstock.com


territorial encontram-se as nascentes das três econômico
maiores bacias hidrográficas da América do
Sul (Amazônica / Tocantins, São Francisco e Localizada nas áreas de chapadas e planaltos da Bacia do Para-
ná e em regiões serranas do Sul, essa formação florestal foi espaço
Prata), o que resulta em um elevado potencial da colonização europeia introduzida no Brasil, fato que provocou a
aquífero e favorece a sua biodiversidade. sua derrubada, e consequente utilização para a construção de mora-
dias e móveis. Contudo, após a imigração, essa floresta, por possuir
Considerado como um hotspots mundial
uma madeira mole e de fácil manuseio, passou a ser largamente uti-
de biodiversidade, o Cerrado apresenta extrema lizada na fabricação de engradados, móveis, além de seu emprego
abundância de espécies endêmicas e sofre uma para produção de papel e construção civil, acarretando o desapare-
cimento de aproximadamente 98% da sua área nativa. Atualmente,
excepcional perda de habitat. Do ponto de vista o que ainda sobrevive desta formação florestal localiza-se nas áreas
da diversidade biológica, o Cerrado brasileiro é Devastação da mata de araucária. de encostas serranas de difícil acesso.
reconhecido como a savana mais rica do mun-
do, abrigando 11.627 espécies de plantas nati- Vegetação de Cerrado:
vas já catalogadas. Existe uma grande diversi-
dade de habitats, que determinam uma notável
a tecnologia vence a
alternância de espécies entre diferentes fitofi- natureza
sionomias. Cerca de 199 espécies de mamíferos
Segunda maior formação vegetal do Brasil em área, a vegeta-
são conhecidas, e a rica avifauna compreende ção do Cerrado ocupa aproximadamente 25% de todo o território
aproximadamente 837 espécies. Os números de nacional. Típica da região Centro-Oeste, mas que também pode
ser encontrada em Minas Gerais, no oeste da Bahia, no sul do Ma-
peixes (1.200 espécies), répteis (180 espécies) e
ranhão e em parte da região Sul-Amazônica, é uma vegetação ar-
anfíbios (150 espécies) são elevados. O núme- bustiva que surge nas áreas de climas tropicais menos úmidos ou
ro de peixes endêmicos não é conhecido, po- continentais, onde a estação chuvosa ocorre no verão.
Caracteriza-se por apresentar o predomínio de arbustos que va-
rém os valores são bastante altos para anfíbios e riam de 2 a 3 m de altura, algumas poucas árvores que apresentam
répteis: 28% e 17%, respectivamente. De acor-
do com estimativas recentes, o Cerrado é o re- 298 Capítulo 11 – As paisagens vegetais brasileiras
fúgio de 13% das borboletas, 35% das abelhas e
23% dos cupins dos trópicos.
Além dos aspectos ambientais, o Cerrado CG_7ºano_11.indd 298 29/03/2018 13:57:52 CG

tem grande importância. Muitas populações e vendidos nos centros urbanos, como os frutos Depois da Mata Atlântica, o Cerrado é o bio-
sobrevivem de seus recursos naturais, incluindo do Pequi (Caryocar brasiliense), Buriti (Mauritia ma brasileiro que mais sofreu alterações com
etnias indígenas, quilombolas, geraizeiros, flexuosa), Mangaba (Hancornia speciosa), Cagaita a ocupação humana. Com a crescente pressão
ribeirinhos, babaçueiras e vazanteiros que, juntas, (Eugenia dysenterica), Bacupari (Salacia crassifolia), para a abertura de novas áreas, visando incre-
fazem parte do Patrimônio Histórico e Cultural Cajuzinho do cerrado (Anacardium humile), mentar a produção de carne e grãos para ex-
brasileiro, e detêm um conhecimento tradicional Araticum (Annona crassifolia) e as sementes do portação, tem acontecido um progressivo es-
de sua biodiversidade. Mais de 220 espécies têm Barú (Dipteryx alata). gotamento dos recursos naturais da região.
uso medicinal e mais 416 podem ser usadas na Contudo, inúmeras espécies de plantas Nas três últimas décadas, o Cerrado é
recuperação de solos degradados, como barreiras e animais correm risco de extinção. Estima- degradado pela expansão da fronteira agríco-
contra o vento, proteção contra a erosão, ou para -se que 20% das espécies nativas e endêmi- la brasileira. Além disso, o bioma Cerrado é
criar habitat de predadores naturais de pragas. cas já não ocorram em áreas protegidas e que palco de uma exploração extremamente pre-
Mais de 10 tipos de frutos comestíveis são pelo menos 137 espécies de animais que ocor- datória de seu material lenhoso para produ-
regularmente consumidos pela população local rem no Cerrado estão ameaçadas de extinção. ção de carvão.

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Sugestão de

troncos retorcidos e troncos com aspecto de queimado em meio a abordagem


um tapete de vegetação herbácea. Suas folhas são miúdas e cobertas
de cera, e os vegetais apresentam raízes longas, pois precisam apro-
fundar-se bastante nos solos arenosos em busca da umidade do lençol Professor, solicite que seus alunos avaliem
freático. Entre as principais espécies vegetais, encontramos o arati-
cum, o barbatimão, a gabiroba, o pequizeiro, a sucupira e o indaiá.
a comunidade onde moram e vejam quais ti-
pos de vegetação existem. Peça para que eles

Vitoriano Júnior
cataloguem, procurem os nomes científicos e
depois, observem se há alguma referência com
as espécies típicas do Cerrado brasileiro.

Anotações

A vegetação do Cerrado é adaptada ao solo pouco fértil.

Depredação e aproveitamento
econômico
Até o início da década de 1970, a região de Cerrado foi aos
poucos tomada pela pecuária extensiva, já que apresentava uma am-
pla área de pastagens naturais, e pela utilização da madeira das suas
espécies para a produção de carvão vegetal. Porém, com desenvol-
vimento de novas técnicas para corrigir a acidez dos solos, como
o adicionamento de calcário, aquele solo, considerado imprestável
para a prática da agricultura, tornou-se uma área de nova fronteira
agrícola por onde se expandiu a agricultura de soja mecanizada, e
que praticamente erradicou 65% de sua área primitiva.
Os resultados dessa devastação indiscriminada são visíveis a
olho nu: solo erodido em vastas áreas, principalmente nas áreas
marginais aos rios, onde estavam localizadas as matas de galerias,
acarretando assoreamento destas, bem como poluição das suas
águas por intensa utilização de agrotóxicos, resultando em impac-
tos ambientais irreversíveis.

Capítulo 11 – As paisagens vegetais brasileiras 299

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Apesar do reconhecimento de sua impor-


tância biológica, de todos os hotspots mun-
diais, o Cerrado é o que possui a menor por-
centagem de áreas sobre proteção integral. O
Bioma apresenta 8,21% de seu território le-
galmente protegido por unidades de con-
servação; desse total, 2,85% são unidades de
conservação de proteção integral e 5,36% de
unidades de conservação de uso sustentável,
incluindo Reserva Particular do Patrimônio
Natural (RPPNs) (0,07%).

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Diálogo com o
professor

Alf Ribeiro/Shutterstock.com
Sonde seus alunos para saber se eles já ti-
veram contato com algum bioma menciona-
do nesse capítulo, lembre-se que alguns nunca
ouviram falar de alguns desses, então mostre
cada detalhe e riquezas de tais ecossistemas.

A agropecuária foi responsável pela per-


da de uma grande área original do Cer-

Anotações
rado. Colheita de soja em Campo Verde, Mato
Grosso.

Vegetação do Pantanal
Esse bioma também pode ser chamado de Complexo do Pan-
tanal. No Brasil, ocupa as planícies de inundação do Rio Paraguai
e de seus afluentes, uma área de 140.000 km² entre os estados do
Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul, porém estendeu-se por ter-
ras paraguaias e bolivianas, onde recebe a denominação de Chaco.
Por estar localizado em uma área de baixa altitude (entre 100
e 200 m) que apresenta chuvas concentradas no verão, sendo cor-
tada, pelo Rio Paraguai e por seus afluentes, podemos destacar três
áreas diferentes: as sempre alagadas, onde se destacam as gramí-
neas; as alagadas periodicamente, onde se destacam as palmeiras;
e as mais elevadas, que não sofrem inundações e são mais densas,
onde se destacam o quebracho, o ipê e o angico.

ESB Professional/Shutterstock.com
Complexo do Pantanal, região alagada
de outubro a março.

300 Capítulo 11 – As paisagens vegetais brasileiras

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Depredação e aproveitamento
econômico
Atualmente, a região pantaneira é considerada um Santuário
Ecológico, onde diversas espécies de vegetais como a poaia, a sucu-
pira, o quebracho, a tabebuia, etc. e animais como tuiuiús, biguás,
jacarés, veados pantaneiros, guarás, antas e diversas aves convivem
perfeitamente em um equilíbrio harmonioso mas que, desaparece
rapidamente e pode ser rompido por atividades predatórias.

Vegetação de Campos
ou Pampas
São formações vegetais onde predominam gramíneas (capins).
Ocupam vastas áreas de planícies do Rio Grande do Sul, onde
recebem a denominação de Campos Limpos, Estepes Úmidas,
Campos da Campanha Gaúcha ou Pampas. Nessas áreas, existem
pouquíssimas árvores, que aparecem isoladas apenas em um vasto
tapete verde de gramíneas dispersas na paisagem.
Foto 4440/Shutterstock.com

Os pampas são frágeis e podem sofrer com a erosão.

Depredação e aproveitamento
econômico
Desde o início do povoamento da região sulina, no final do sé-
7:53
culo XVII, os Campos, de maneira geral, são explorados de acordo
com a sua aptidão natural para a criação de gado bovino e ovino de
forma extensiva e semiextensiva; porém sem o devido respeito à sua
capacidade de recomposição, acarretando a destruição de aproxi-
madamente 98% de sua área originária. O intenso pisoteio do gado,
motivado pelo mau dimensionamento das áreas de pastagem, bem
como as queimadas para eliminar as sobras das pastagens, vem pro-
vocando a destruição quase irreversível das áreas de campos, acar-
retando arenização.

Capítulo 11 – As paisagens vegetais brasileiras 301

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Sugestão de
abordagem Mata dos Cocais
É classificada como uma formação florestal localizada na
Professor, sugerimos os documentários a transição entre a floresta amazônica, a oeste; a Caatinga, a leste;
seguir que tratam da relação entre as mulheres e o cerrado, ao sul, abrangendo áreas do Maranhão, do Piauí, de
e o babaçu, fruto presente na região das ma- Tocantins, do Ceará e do Rio Grande do Norte. Nesta região de
transição climática (o equatorial, o tropical continental e o tropi-
tas de cocais. O mesmo é comercializado pe- cal semiárido), predominam, como apresentado na figura abaixo,
las mesmas e considerado como única fonte de espécies palmáceas, como o babaçu, a carnaúba, o buriti e a oiticica.
renda para o sustento da família. Mostrar essa

Leonardo Barbosa
realidade de dependência do ser humano é
importante para que os alunos vejam de outra
forma o vínculo entre o homem e a natureza.

Disponível em= Quebradeiras do Maranhão garantem


sustento de suas famílias.
: https://www.youtube.com/watch?v=VlnQcmjJaTU.
Acesso em: 21/12/2017.

Floresta de transição entre Norte, Nordeste e Centro-Oeste.


Disponível em= Raimunda a Quebradeira de Coco.
https://www.youtube.com /watch?v=m26P_NZx1C4.
Depredação e aproveitamento
econômico
Acesso em: 07/03/2018.
Estreitamente ligada à vida da sociedade que nela habita, em
Anotações virtude da utilização das suas diversas espécies para diversos fins, a
Mata dos Cocais sempre foi utilizada de modo racional, sem que o
equilíbrio fosse rompido, porém, em virtude da ampliação do povoa-
mento da região do Meio-Norte no início do século XIX, sua vegeta-
ção passou a sofrer constante depredação, transformando-se em uma
formação florestal secundária. Nem mesmo a carnaúba, denominada
“árvore da vida” ou “árvore da providência”, foi poupada pela amplia-
ção da agropecuária sobre a região.
A única espécie que conseguiu sobreviver, por naturalmente
renascer com rapidez e liberdade, foi o babaçu, pois, com a retira-
da das outras espécies, passou a não ter competidores. Porém, até
mesmo ela pode estar com os dias contados se não houver a criação
de reservas de proteção ambiental, em virtude da sua ampla utili-
zação pela modernidade industrial e da busca de novas alternativas
para produção de matérias-primas e energia. Do babaçu, tudo se
aproveita. Da sua palma, confeccionam-se esteiras, cestos, chapéus
e outros objetos; o tronco pode ser aproveitado para construção de

302 Capítulo 11 – As paisagens vegetais brasileiras

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casas, produção de lenha ou como combustível; do caule da palmei-
ra-macho, retira-se o palmito para ser consumido pela população
ou comercializado. O óleo extraído da semente é consumido na ali-
mentação popular, bem como serve de matéria-prima para a produ-
ção de margarinas, sabão, além de perfumes e cremes para barbear.
Sua sobra prensada torna-se excelente alimento para o gado.
Recentemente, estudos demonstraram que o babaçu é fonte
de alcatrão, gás, fenol, e seu carvão pode ser usado como filtro em
máscaras para gases, além de ser um combustível melhor do que o
coque Cardiff, por seu grande poder calorífico, baixo teor de cinza
e total ausência de enxofre. É ideal como matéria auxiliar na produ-
ção de ligas metálicas leves e resistentes.

Cenário 2

Domínios naturais
ou morfoclimáticos
brasileiros
Regionalização do
território brasileiro em
domínios naturais
Domínios naturais, ou morfoclimáticos são porções do
espaço natural que apresentam características que os tornam
diferentes, singulares. O termo surgiu a partir de profundos
estudos do espaço natural brasileiro realizados pelo professor e
geógrafo Aziz Nacib Ab’Saber. Segundo o professor Ab’Saber,
o clima e o relevo são fatores fundamentais na definição das
7:53
paisagens naturais do nosso território. Esses dois elementos
combinados produziriam as outras faces da natureza, como a
hidrografia, o solo e, principalmente, a formação vegetal, uma
vez que esta é o espelho do clima e das interações entre os ele-
mentos naturais.
Fundamentado no resultado desses estudos, o professor
Ab’Saber construiu uma regionalização (divisão) do território
brasileiro em domínios ou grandes porções do espaço territo-
rial, em que cada um é diferenciado do outro por apresentar

Capítulo 11 – As paisagens vegetais brasileiras 303

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303

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características de clima, relevo e vegetação, além de hidrogra-
fia e solo próprios. Dessa forma, surgiram os domínios mor-
foclimáticos brasileiros.

Domínios morfoclimáticos do Brasil


Classificação de Aziz N. Ab’Saber

Equador

Oceano
Pacífico
0 488 km 976 km

ricórnio
Trópico de Cap
Pacífico
Oceano

Domínio Amazônico
Domínio do Cerrado

Oceano
Domínio da Caatinga
Domínio dos Mares de Morros

Atlântico
Domínio das Araucárias
Domínio das Pradarias

No mapa, podemos observar uma pro-


Faixa de transição

posta de regionalização do Brasil elabo-


rada conforme seus elementos naturais, pelo
N
geógrafo Aziz Ab’Saber, em 1969. O território
brasileiro seria dividido em seis grandes domí- O L
nios naturais, também chamados de domínios
morfoclimáticos, isto é, relacionados à forma S
do relevo e ao tipo de clima na região.

Podemos classificar os domínios morfoclimáticos brasileiros


em duas áreas diferenciadas pelo porte da vegetação:

Domínios florestados: formados por grandes florestas na-


turais, fazem parte deste conjunto o Domínio Amazônico, o
Domínio dos Mares de Morros cobertos pela Mata Atlântica e CG

o Domínio das Araucárias.


Domínios das formações vegetais naturais herbáceas e
arbustivas: nele, incluem-se o Domínio da Caatinga, o Domí-
nio do Cerrado e o Domínio das Pradarias.

Entre esses domínios, localizam-se as faixas de transição, por-


ções do espaço onde as características de um domínio se confun-
dem ou se misturam com as de outros.

304 Capítulo 11 – As paisagens vegetais brasileiras

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Diálogo com o

Impactos ambientais professor


e domínios Solicite que o professor de Ciências abor-
morfoclimáticos de em suas aulas os animais existentes no bio-
ma dos Mares de Morro. Orientamos, sempre,
brasileiros a interdisciplinaridade nas aulas, pois sabemos
Não existe domínio morfoclimático brasileiro que não tenha que todos os assuntos estão interligados e as-
sofrido impacto ambiental. De forma mais ou menos aguda, todos
sim, os alunos poderão desenvolver suas com-
os domínios sofreram agressões ao longo dos mais de 500 anos de
“humanização” do espaço natural brasileiro, em alguns casos tão petências com mais reflexão.
fortes que é impossível recuperá-lo.

Domínio dos Mares de Morro


Domínio constituído por um conjunto de morros em forma de Anotações
“meias laranjas”, outrora cobertos pela Mata Atlântica, foi um dos
que mais sofreu com a ação humana no espaço. Sua devastação co-
meça com as monoculturas que ocuparam seus morros ao longo dos
séculos XVII, XVIII, XIX e XX; permanece agonizando em virtude
da urbanização que sofreu ao longo da história, uma vez que é nes-
sa região que se concentra mais de 70% da nossa população. Nesse
quadro, os morros foram ocupados pela expansão desordenada das
cidades, fato que vem provocando tragédias sociais com o desaba-
mento das encostas. Por outro lado, a implantação de indústrias tem
provocado a contaminação do solo e das águas dos rios.
Andrevruas

Mar de morro em Araxá, Minas Gerais.

Domínio Amazônico
A dificuldade imposta pela densa vegetação deste domínio im-
pediu a ação devastadora do homem. Madeireiras devastam suas
matas, colocando em risco de extinção a sua rica fauna e flora. As
áreas baixas sofrem com a erosão provocada pelo desmatamento.

Capítulo 11 – As paisagens vegetais brasileiras 305

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:54
305

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Anotações
O assoreamento toma conta dos rios, que agonizam pelo mercú-
rio das mineradoras, e as áreas mais elevadas, chamadas de baixos
planaltos, assistem à construção de diversas hidrelétricas que inun-
dam trechos imensos da floresta. Com isso, populações inteiras de
nativos migram para as cidades, onde nem sempre conseguem ob-
ter os mesmos bens e recursos que possuíam anteriormente.

yanami/Shutterstock.com
Queimada na floresta amazônica.

Domínio do Cerrado
Neste, que é o domínio das imponentes chapadas e dos chapa-
dões, a destruição vem através dos impactos ambientais que se dividem
entre o atraso histórico da mineração ilegal, que devasta as barrancas
dos rios causando assoreamento, a contaminação das águas dos rios e a
modernidade da sojicultura mecanizada, que vem devorando imensas
áreas de vegetação de cerrado, pondo em risco sua rica fauna.

Domínio dos Pampas


Considerado lar do gaúcho, corresponde a cerca de 2,4% da
vegetação brasileira, localizada no Rio Grande do Sul. Ultimamen-
te vem agonizando devido à ampliação da pecuária bovina sobre
as suas planícies e coxilhas (morros ou colinas baixas). Esse tipo de
pecuária pisoteia o amplo tapete de gramíneas, impedindo o seu
renascimento, o que tem acarretado um intensificado processo ero-
sivo que transforma vastas áreas em manchas de arenização.

Domínio das Araucárias


Típicas da região Sul do Brasil, aparentando uma taça, regida
pelo clima subtropical, a araucária se impõe sobre os planaltos. São
arbóreas podendo chegar cerca de 25 a 30 metros da altura. O corte

306 Capítulo 11 – As paisagens vegetais brasileiras

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Leitura máticas (COP22), o ministro da Agricultu-


complementar ra Blairo Maggi apresentou a meta do País
de aumentar a produção agrícola, mantendo
a qualidade dos produtos, reduzir as emissões
Brasil apresenta produção de gases de efeito estufa (GEEs) na agrope-
agrícola com preservação cuária e, ao mesmo tempo, preservar a maior
ambiental na COP 22 biodiversidade do Planeta.
O encontro entre representantes de 190
País foi um dos primeiros a ratificar o países ocorre em Marrakesh, Marrocos, para
Acordo de Paris; meta brasileira é a de reduzir debater a aplicação do Acordo de Paris. A re-
37 % das emissões de carbono até 2025. união pretende regulamentar as propostas do
Durante a Conferência da Organiza- acordo de manter o aumento da temperatura
ção das Nações Unidas sobre Mudanças Cli- média global abaixo de 2ºC em relação aos ní-

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Observatório do Clima para a Contribuição
Nacionalmente Determinada (CND), o Bra-
ilegal das suas árvores devastou cerca de 97% de sua área originá-
sil se compromete a trabalhar 55,5 milhões de
ria, colocando-a entre as que mais correm risco de desaparecer. Da
família das coníferas, diversas espécies são bastante valorizadas no hectares e mais 12 milhões para recuperação
mercado, merecendo destaque o Pinheiro-do-Paraná. e recomposição de florestas, o que representa
Faixa de transição do Pantanal mais de um quarto de todas as terras usadas
pela agropecuária. Nenhum outro país assu-
Com cerca de 250 mil km2, localizado ao Sul do Mato Grosso,
miu proposta tão audaciosa”, ressaltou o pes-
e a Noroeste do Mato Grosso do Sul. Essa verdadeira miscelânea
(mistura) natural vem sofrendo a morte e a agonia em razão do quisador da Embrapa Meio Ambiente, Celso
garimpo ilegal, que contamina seus rios, o que ameaça diversas es- Manzatto.
pécies da fauna. Por outro lado, a caça ilegal e a pecuária concorrem
para erradicar a fauna nativa.
Para Manzatto, a Plataforma é uma va-
liosa iniciativa, tanto para validar os resulta-

Roberto Tetsuo Okamura/Shutterstock.com


dos alcançados e gerar dados para certifica-
ção de produtos agropecuários sustentáveis
quanto como ferramenta para disseminar es-
sas tecnologias.
De acordo com o presidente da Embrapa,
Maurício Antônio Lopes, o Brasil concentra
todas as condições para se tornar líder mun-
O Pantanal é marcado pela riqueza da biodiversidade.
dial em intensificação baseada em tecnologias
“poupa-recursos”, de baixa emissão de carbo-
Domínio da Caatinga no e em ganhos na produtividade da terra. Se-
gundo ele, o País é um dos poucos do mundo
A Caatinga, típica do Sertão nordestino brasileiro, tem seu
ambiente desolado e ameaçado por atividades que na atualidade com grandes extensões de terra com aptidão
vem provocando diversos impactos ambientais: a pecuária, aliada à para uso sustentável.
má utilização do solo, bem como o corte e a queimada da vegetação,
que se espalha por essa vasta depressão pontilhada por montanhas
isoladas, chamadas inselbergs, tem produzido manchas incontá- Produtos brasileiros
veis de desertificação.
Na COP-22, a comitiva brasileira ainda
Vitoriano Júnior

ressaltou que a extensão das áreas de preser-


vação em propriedades rurais brasileiras cor-
respondem aos territórios da França e da No-
ruega juntos. Por conta do cumprimento de
regras ambientais rigorosas, o ministro da
agricultura defendeu que os produtos agríco-
Bioma de equilíbrio frágil. las brasileiros tenham preferência no merca-
do global.
Capítulo 11 – As paisagens vegetais brasileiras 307
Disponível em: http://www.brasil.gov.br/meio-
ambiente/2016/11/brasil-apresenta-producao-agricola-
7:54 CG_7ºano_11.indd 307 29/03/2018 13:57:55 com-preservacao-ambiental-na-cop-22. Acesso em:
veis pré-industriais e garantir esforços para li- 2025, com indicativo de chegar ao corte de 21/12/2017.
mitar o aumento da temperatura a 1,5ºC. 43 % em 2030.
O setor agrícola se propôs a contribuir
Compromisso brasileiro com a recuperação de 15 milhões de hectares Anotações
de pastagens, aumentar em 5 milhões de hec-
Até o momento, 110 países já transfor- tares os sistemas de produção integrada e for-
maram as metas assumidas internacional- necer matérias-primas para biocombustíveis
mente em leis nacionais. O Brasil foi um como etanol e biodiesel, que deverão respon-
dos primeiros a fazer essa ratificação nacio- der por 18% do consumo energético nacional
nal, após aprovação em tempo recorde pelo em 2030.
Congresso Nacional. Considerada uma das “Somando-se as metas voluntárias assu-
mais ambiciosas, a meta brasileira é a de midas anteriormente com o compromisso ra-
reduzir 37% das emissões de carbono até tificado pelo País por meio da Proposta do

307

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Diálogo com o
professor
Ensaio geográfico
Professor, tente fazer com que os seus alu- 1 (UFMA) O manguezal é um dos principais ecossistemas brasileiros e também um dos mais devas-
nos consigam dialogar com outros temas den- tados pela urbanização desordenada. Apresente duas justificativas que confirmem a importância dos
manguezais como ecossistema.
tro dos assuntos de Geografia. Exija deles re-
Berçário de inúmeras espécies de peixes e crustáceos, suas raízes protegem as zonas costeiras contra os
flexão sobre os problemas expostos e cobre
deles soluções para esses problemas. Nossa in- oceanos.
tenção é cultivar alunos críticos e capazes de
resolver os problemas que a sociedade atual
está por desenvolver.

2 Observe a imagem abaixo.

Anotações Descreva as principais características da forma-

Nelson Akira Ishikawa/Shutterstock.com


ção vegetal apresentada.
Vegetação típica de clima subtropical, é arbórea

podendo chegar a até 30 m de altura. A diversi-

dade de espécies vegetais é pequena, apresentan-

do homogeneidade.

75º 65º 55º 35º

3 Identifique, nominalmente, as formações vegetais brasileiras indicadas no mapa abaixo, respectiva-


mente, pelas letras A e B.
10º

O L
Equador

a. Cerrado e Caatinga.
b. Pantaneiro e Pampas.
10º

A
c. Amazônico e Manguezal.
d. Cerrado e Araucárias.
20º
B
Trópico de
Capricór
nio e. X Cerrado e Mata Atlântica.

0
30º
628 km 1.256 km Oceano
Atlântico

308 40º
Capítulo 11 – As paisagens vegetais brasileiras

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C
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75º 65º 55º 35º

4 (Ufac) A figura abaixo representa a distribuição geográfica dos biomas no território brasileiro,
10º

segundo IBGE (2006).

O L

S
Equador

2
10º

5 4
20º

Trópico de
Capricó
rnio

0
30º 400 km 800 km 6 Oceano
Atlântico

Assinale a alternativa que associa, corretamente, o espaço numerado no mapa aos biomas correspon-
dentes.
a. 1 – Amazônia, 2 – Cerrado, 6 – Pampa.
40º

b. 3 – Caatinga, 5 – Pantanal, 2 – Cerrado.


c. 2 – Amazônia, 6 – Mata Atlântica, 5 – Pampa.
d. 4 - Cerrado, 5 – Caatinga, 2 – Mata Atlântica.
e. X 2 – Caatinga, 6 – Pampa, 5 – Pantanal.
7:55

5 Utilizando os conhecimentos produzidos neste cenário, explique o que é um domínio morfocli-


mático.
O domínio morfoclimático é resultante da combinação de relevo, clima, solo e vegetação, que intera-

gem formando uma paisagem.

Capítulo 11 – As paisagens vegetais brasileiras 309

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309

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Anotações
Cenário 3 Cenário 3

A proteção
ambiental no Brasil
Devido à diversidade de paisagens do imenso território bra-
sileiro e ao rápido crescimento econômico baseado em produção
agrícola e exploração de minérios, existe a necessidade de preserva-
ção e conservação de partes dos biomas por meio da implementa-
ção de leis com ordenamento das áreas que serão mantidas seguras
da exploração econômica predatória.
Desde o início do século XX, as autoridades brasileiras dis-
cutem como preservar, ou conservar, áreas de florestas, mas essa
discussão, desde aquela época, sempre tem em primeiro plano os
interesses econômicos que veem nessas regiões possibilidades de
desenvolvimento e geração de riquezas para o Brasil. No entanto, à
custa da degradação de imensas áreas dos biomas, os lucros verda-
deiros da exploração dos recursos naturais servem a pequenos gru-
pos que, na verdade, não têm como objetivo desenvolver as regiões
exploradas, concedendo vantagens às populações locais.
Com a criação da primeira reserva florestal no antigo território
do Acre, em 1911, do Serviço Florestal do Brasil, em 1921, e do
Código Florestal, em 1934, o Brasil, que ainda era um país total-
mente agrícola, passou a regular o uso das florestas por força da lei.
Devido à aposta dos governantes brasileiros na industrialização, na
década de 1930, e perda da força do setor agrícola, as discussões
sobre áreas florestais não tiveram maiores repercussões.
A construção da capital, Brasília, e de rodovias, na década de
1950, trouxe novamente à tona essas discussões, pois imensas áreas
virgens do Cerrado passaram a ser ocupadas devido a um acelera-
do processo de migração rumo ao Centro-Oeste, que era, naquele
momento, uma fronteira a ser vencida para o desenvolvimento do
Brasil. Esse processo ganhou força com o governo militar, que criou
projetos de expansão das fronteiras agropecuárias e a exploração
extrativista de madeira e de minérios em direção à Floresta Amazô-
nica, ao Norte, que provocaram impactos desastrosos para o bioma
e para os indígenas.
Na década de 1970, foram criadas as estações ecológicas, áreas
de proteção ambiental, e o Conselho Nacional do Meio Ambiente
(Conama). O Conama instituiu, em 1981, a Política Nacional do
Meio Ambiente, que passou a exigir os Estudos de Impactos Am-
bientais (EIA) e o Relatório de Impactos Ambientais (Rima) para
uso do solo ou da exploração dos recursos naturais na cidade, no

310 Capítulo 11 – As paisagens vegetais brasileiras

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Leitura produção de minério de ferro pela minerado-


complementar ra Samarco − empresa controlada pela Vale e
pela britânica BHP Billiton.
Seiscentos e sessenta e três quilômetros
Entenda o acidente de de rios e córregos foram atingidos; 1.469
Mariana e suas consequências hectares de vegetação, comprometidos; 207
para o meio ambiente de 251 edificações acabaram soterradas ape-
nas no distrito de Bento Rodrigues. Esses
Na tarde do dia 5 de novembro de 2015, são apenas alguns números do impacto, ain-
o rompimento da barragem de Fundão, locali- da por ser calculado, do desastre, já conside-
zada na cidade histórica de Mariana (MG), foi rado a maior catástrofe ambiental da histó-
responsável pelo lançamento no meio ambien- ria do País.
te de 34 milhões de m³ de lama, resultantes da A enxurrada de rejeitos rapidamente se

310

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menos de cinco dias. No dia 21, alcançou o
mar em Linhares – blocos de contenção fo-
campo ou nas áreas de florestas. Ou seja, nenhum projeto mobi-
ram posicionados na foz do rio para contro-
liário, industrial, de extrativismo mineral poderia ser autorizado e
licenciado se não tivesse esses documentos. A partir da atuação do lar o impacto ambiental da chegada da lama
Conama, o Brasil passou a ter uma ação institucionalizada em re- ao mar.
lação aos problemas ambientais, com poder de paralisar projetos,
multar e até prender os infratores, classificando como crime (com
Um laudo técnico parcial, divulgado pelo
a Constituição de 1988) impactos negativos no meio ambiente Ibama no início de dezembro, aponta para a
causados pelos agentes econômicos. A lei de crimes ambientais de gravidade sem precedentes do desastre. “O ní-
1998 passou a definir a poluição do ar e da água, desmatamento,
pesca predatória, caça da fauna silvestre, entre outros, como crime vel de impacto foi tão profundo e perverso,
ambiental, e foi considerada um marco importante para a preserva- ao longo de diversos estratos ecológicos, que
ção e conservação do meio ambiente até hoje. A Lei 9.985, do ano é impossível estimar um prazo de retorno da
2000, selou definitivamente a regulação do uso e exploração dos
recursos naturais, criando as Unidades de Conservação de acordo fauna ao local, visando o reequilíbrio das es-
com a situação de cada região. pécies na bacia”, diz o documento.
O trabalho de ajuda às vítimas começou
Pedarilhos/Shutterstock.com

logo após o acidente, assim como as ações emer-


genciais de preservação da fauna e da flora locais.
O desafio agora é reconstruir o que foi danifica-
do, garantir alternativas de subsistência a quem
perdeu seus meios de trabalho, responsabilizar
os culpados pelo desastre e recuperar o Rio

Disponível em: http://www.brasil.gov.br/meio-


ambiente/2015/12/entenda-o-acidente-de-mariana-e-
suas-consequencias-para-o-meio-ambiente. Acesso em:
21/12/2017.
Rodovia Transamazônica, símbolo da tentativa de ampliar o comércio da Região Norte com
outras regiões do Brasil.

Atualmente, temos 12 categorias de unidades de conservação


no Brasil compondo o Sistema Nacional de Unidades de Conser-
vação (SNUC), divididas em Unidades de Proteção Integral e Uni- Anotações
dades de Uso Sustentável. Os termos e definições utilizados para
classificar e diferenciar as unidades de conservação estão de acordo
com a Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000:

Unidade de conservação: espaço territorial e seus recursos


ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com caracterís-
ticas naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Pú-
blico, com objetivos de conservação e limites definidos, sob
regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias
adequadas de proteção;

Capítulo 11 – As paisagens vegetais brasileiras 311

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espalhou pela região, deixou mais de 600 fa- de peixes apontadas como nativas antes da tra-
mílias desabrigadas e chegou até os córregos gédia, 11 são classificadas como ameaçadas de
próximos. Até o momento, foram confirma- extinção e 12 existiam apenas lá.
das as mortes de 17 pessoas. O fornecimento de água para os mora-
Em questão de horas, a lama chegou ao dores de cidades abastecidas pelos rios da re-
Rio Doce, cuja bacia é a maior da Região Su- gião, como Governador Valadares, em Mi-
deste do País − a área total de 82.646 quilô- nas Gerais, teve que ser temporariamente
metros quadrados é equivalente a duas vezes o interrompido, sendo retomado dias depois,
estado do Rio de Janeiro. quando laudos de órgãos técnicos do gover-
O aumento da turbidez da água, e não no descartaram a contaminação da água por
uma suposta contaminação, provocou a mor- materiais tóxicos.
te de milhares de peixes e outros animais. De A lama avançou pelo rio com grande
acordo com o Ibama, das mais de 80 espécies velocidade, chegando ao Espírito Santo em

311

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Diálogo com o
professor As unidades de proteção integral são unidades de conservação
que não permitem exploração econômica nenhuma, pois têm como
objetivo a preservação da fauna e da flora em suas características
Professor, reflita com seus alunos sobre mais originais possíveis. Só é permitida a entrada de pesquisado-
res autorizados por órgãos competentes, como Instituto Brasileiro
como o papel deles é importante na preserva- do Meio Ambiente (Ibama) e Instituto Chico Mendes. Cada uma
ção do meio ambiente. Comente com eles que dessas unidades tem características próprias, por isso são divididas
o princípio da preservação começa em casa, em Estação Ecológica, Reserva Biológica, Parque Nacional, Monu-
mento Natural e Refúgio de Vida Silvestre. Recorremos à lei do
com as práticas de separar o lixo corretamen- SNUC para definirmos unidades de proteção integral e cada uma
te, na utilização consciente da água, etc. das suas divisões:

Unidades de proteção integral:

Anotações Manutenção dos ecossistemas livres de alterações causa-


das por interferência humana, admitido apenas o uso indi-
reto dos seus atributos naturais;
Preservação: conjunto de métodos, procedimentos e polí-
ticas que visem a proteção a longo prazo das espécies, hábi-
tats e ecossistemas, além da manutenção dos processos eco-
lógicos, prevenindo a simplificação dos sistemas naturais;
Manejo: todo e qualquer procedimento que vise assegurar
a conservação da diversidade biológica e dos ecossistemas;
Uso indireto: aquele que não envolve consumo, coleta,
dano ou destruição dos recursos naturais;

As unidades de proteção integral são:

Estação Ecológica: tem como objetivo a preservação da na-


tureza e a realização de pesquisas científicas.

Fábio de Paina Nunes


Araras-azuis-de-lear na estação ecológica Raso da Catarina, Paulo Afonso, Bahia. Unidade de proteção integral.

312 Capítulo 11 – As paisagens vegetais brasileiras

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Reserva Biológica: tem como objetivo a preservação inte-
gral da biota e demais atributos naturais existentes em seus limi-
tes, sem interferência humana direta ou modificações ambientais,
excetuando-se as medidas de recuperação de seus ecossistemas alte-
rados e as ações de manejo necessárias para recuperar e preservar o
equilíbrio natural, a diversidade biológica e os processos ecológicos
naturais.

Rodrigo Pereira Barbosa

Reserva biológica do Atol das Rocas, no litoral do Rio Grande do Norte. Objetiva preservar as
espécies daquele ecossistema.

Parque Nacional: tem como objetivo básico a preservação


de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e bele-
za cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e
o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação
ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turis-
mo ecológico.
Monumento Natural: tem como objetivo básico preservar
sítios naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica.
Vitoriano Junior/Shutterstock.com

Iuliia Timofeeva/Shutterstock.com

7:56

Parque nacional da Tijuca, no Rio de Ja-


Monumento natural do São Francisco, beleza singular no semiárido da Região Nordeste.
neiro, é a maior floresta urbana do mundo.

Capítulo 11 – As paisagens vegetais brasileiras 313

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Sugestão de
abordagem Refúgio de Vida Silvestre: tem como objetivo proteger am-
bientes naturais onde se asseguram condições para a existência
ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da
Sugerimos o site do Sistema Nacional de fauna residente ou migratória.
Unidades de Preservação para que, acessando

Marcos Simanovic
o banco de dados, seja possível analisar os ma-
pas e gráficos oferecidos.

Link: http://www.florestal.gov.br/snif/recursos-
florestais/sistema-nacional-de-unidades-de-conservacao?
print=1&tmpl=component. Acesso em: 21/12/2017.

Anotações Refúgio da vida silvestre de Alcatrazes, litoral norte de São Paulo. Refúgio de aves marinhas.

As unidades de uso
sustentável
As unidades de uso sustentável têm objetivos conservacionis-
tas aliando o uso racional, planejado e cuidadoso com exploração
econômica e geração de renda para famílias ou empresas instaladas
nessas áreas de conservação. A permissão de exploração é regula-
da pelos órgãos responsáveis desde que obedeçam aos princípios
desse tipo de unidade. As unidades de uso sustentável são área de
proteção ambiental, área de relevante interesse ecológico, floresta
nacional, reserva extrativista, reserva de fauna, reserva de desenvol-
vimento sustentável e reserva particular do patrimônio natural. De
acordo com a Lei 9.985, que regulamenta as unidades de conserva-
ção, tem-se a definição e as unidades de uso sustentável:

Definição das unidades de uso sustentável


Uso sustentável: exploração do ambiente de maneira a
garantir a perenidade dos recursos ambientais renováveis e
dos processos ecológicos, mantendo a biodiversidade e os
demais atributos ecológicos, de forma socialmente justa e
economicamente viável;
Objetivo básico das unidades de uso sustentável: com-
patibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável
de parcela dos seus recursos naturais;
Conservação da natureza: o manejo do uso humano da

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natureza, compreendendo a preservação, a manutenção, a
utilização sustentável, a restauração e a recuperação do am-
biente natural, para que possa produzir o maior benefício,
em bases sustentáveis, às atuais gerações, mantendo seu po-
tencial de satisfazer as necessidades e aspirações das gera-
ções futuras e garantindo a sobrevivência dos seres vivos em
geral;
Recurso ambiental: a atmosfera, as águas interiores, su-
perficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o
solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora;
Uso direto: aquele que envolve coleta e uso, comercial ou
não, dos recursos naturais;
Extrativismo: sistema de exploração baseado na coleta e ex-
tração, de modo sustentável, de recursos naturais renováveis.

As unidades de uso sustentável são:

Área de Proteção Ambiental: é uma área em geral exten-


sa, com certo grau de ocupação humana, dotada de atributos
abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente impor-
tantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações
humanas, e tem como objetivos básicos proteger a diversidade
biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sus-
tentabilidade do uso dos recursos naturais.
LucVi/Shutterstock.com

7:56

A Costa dos Corais cobre o litoral do sul de Pernambuco e o litoral norte de Alagoas. Na foto,
praia de Carneiros, no litoral sul de Pernambuco.

Área de Relevante Interesse Ecológico: uma área em ge-


ral de pequena extensão, com pouca ou nenhuma ocupação
humana, com características naturais extraordinárias ou que
abriga exemplares raros da biota regional, e tem como objeti-
vo manter os ecossistemas naturais de importância regional ou

Capítulo 11 – As paisagens vegetais brasileiras 315

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Diálogo com o
professor local e regular o uso admissível dessas áreas, de modo a compa-
tibilizá-lo com os objetivos de conservação da natureza.

Arquivo ICMBio
Professor, utilize a seção Ensaio geo-
gráfico para sondar o nível de compreensão
dos alunos referente aos assuntos aborda-
dos neste capítulo. É de suma importância
que as dúvidas sejam tiradas e que todos os
temas sejam bem trabalhados em sala. Por
isso, reforce aquilo que foi falado e, se ne-
cessário, volte aos temas.

Anotações
Área de relevante interesse ecológico: Floresta da Cicuta, em Volta Redonda, no Rio de Janeiro.
Região do Bioma Mata Atlântica.

Floresta Nacional: é uma área com cobertura florestal de


espécies predominantemente nativas e tem como objetivo bá-
sico o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pes-
quisa científica, com ênfase em métodos para exploração sus-
tentável de florestas nativas.

Wagner Nunes Soares


Floresta Nacional dos Carajás, no Pará. Bioma amazônico.

Reserva Extrativista: é uma área utilizada por populações


extrativistas tradicionais, cuja subsistência baseia-se no extrati-
vismo e, complementarmente, na agricultura de subsistência e
na criação de animais de pequeno porte, e tem como objetivos
básicos proteger os meios de vida e a cultura dessas populações, e
assegurando o uso sustentável dos recursos naturais da unidade.

316 Capítulo 11 – As paisagens vegetais brasileiras

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Reserva de Fauna: é uma área natural com populações ani-
mais de espécies nativas, terrestres ou aquáticas, residentes ou
migratórias, adequadas para estudos técnico-científicos sobre
o manejo econômico-sustentável de recursos faunísticos.
Reserva de Desenvolvimento Sustentável: é uma área na-
tural que abriga populações tradicionais, cuja existência baseia-
-se em sistemas sustentáveis de exploração dos recursos naturais,
desenvolvidos ao longo de gerações e adaptados às condições
ecológicas locais e que desempenham um papel fundamental na
proteção da natureza e na manutenção da diversidade biológica.
A Reserva Particular do Patrimônio Natural: é uma área
privada, gravada com perpetuidade, com o objetivo de conser-
var a diversidade biológica.

Ensaio geográfico
1 A partir de qual momento da história brasileira os recursos florestais passaram a sofrer mais pressão
com a expansão e ocupação territorial?
Na década de 1950, com a construção da capital Brasília e das rodovias que interligaram o Brasil.

2 Quais são os documentos exigidos pelo Conama para autorizar/licenciar a exploração dos recursos
naturais?
Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto Ambiental (Rima).

3 Baseado na leitura do cenário, explique a importância da criação de unidades de conservação no


Brasil.
Devido à diversidade de paisagens do imenso território brasileiro e ao rápido crescimento econômico

baseado em produção agrícola e exploração de minérios, existe a necessidade de preservar e conservar

partes dos biomas por meio da regulação por leis, com ordenamento das áreas que serão mantidas se-

guras da exploração econômica predatória.

7:58

4 Qual a diferença entre unidades de proteção integral e unidades de uso sustentável?

As unidades de proteção integral são unidades de conservação que não permitem exploração econô-
mica nenhuma, pois têm como objetivo a preservação da fauna e da flora em suas características mais
originais possíveis.
As unidades de uso sustentável têm objetivos conservacionistas, aliando o uso racional, planejado e cui-
dadoso com exploração econômica e geração de renda para famílias ou empresas instaladas nessas áreas
de conservação. A permissão de exploração é regulada pelos órgãos responsáveis desde que obedeçam
aos princípios deste tipo de unidade.

Capítulo 11 – As paisagens vegetais brasileiras 317

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317

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Diálogo com o
professor
Aprenda com arte
Professor, o uso de recursos audiovisuais é
importante para o processo de ensino-apren- Patrimônios da Caatinga
dizagem. É necessário englobar no processo os Direção: Sérgio Túlio Caldas e Toni Nogueira.
Ano: 2003.
diversos estilos de aprendizagem, colaborando
para uma melhor compreensão do conteúdo.
Sinopse: O documentário revela a riqueza da biodiversidade encontrada neste ecossistema que ocu-
pa 10% do território nacional e é exclusivamente brasileiro. Quando o assunto tratado no Brasil é
meio ambiente, a Amazônia e a Mata Atlântica geralmente estão em destaque. Mas a Caatinga abriga
um conjunto de espécies da flora e da fauna que surpreendem a ciência. O filme tem como objetivo
Anotações quebrar o preconceito de que a Caatinga é um bioma pobre em recursos naturais, onde existem ape-
nas chão arenoso e árvores retorcidas.

O Curandeiro da Selva
Direção: John McTiernan.
Ano: 1992.

Sinopse: Após se separar da sua esposa e parceira de pesquisa por um longo tempo, Robert Camp-
bell, um cientista, transfere seu laboratório para o interior da Floresta Amazônica. Depois de três
anos de total silêncio, ele pede uma assistente e um cromatógrafo a gás, sem dar maiores explicações.
Na verdade, ele aparentemente encontrou a cura do câncer, mas não consegue duplicá-la em labora-
tório. Rae Crane é uma bioquímica que veio dos Estados Unidos para auxiliá-lo em seu trabalho e
tentar entender o que acontece, pois o Laboratório Aston, que patrocina o projeto, nunca recebe um
relatório de gastos e de descobertas, e Crane é o juiz e júri que pode acabar com a verba de Campbell.
Essa situação provoca inicialmente um choque de personalidades, que gradativamente é transforma-
do em respeito mútuo. Juntos, eles tentam entender por qual motivo o soro, que aparentemente tem
origem na bromélia, uma flor que só cresce lá há 30 m do solo, não consegue ser sintetizado.

Geografia em cena

Ler sempre é uma ma-

Olhos do Brasil
neira de viajar sem sair de
casa. Para quem quer conhe-
cer os ambientes nordesti-
nos da Mata até a Caatinga
e do Cerrado, as obras Mor-
te e Vida Severina e Grande
Sertão Veredas são leituras
obrigatórias.

318 Capítulo 11 – As paisagens vegetais brasileiras

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Pequeno dicionário geográfico e cultural
Arenização: Perda de solos por erosão devido Desertificação: Modificação climática para
à retirada da cobertura vegetal em climas sub- ambientes áridos.
tropicais, formando bancos de areia. Evapotranspiração: Perda de água da superfí-
Assoreamento: Processo de deposição de se- cie terrestre para a atmosfera pela evaporação
dimentos no leito dos rios com prejuízo do do solo e da transpiração dos vegetais. :
volume d’água. Freático: Lençol de água subterrâneo situado em
Biota: Conjunto de todos os seres vivos de nível pouco profundo e explorado por poços.
uma região. Inselbergs: Formação residual de encostas
Carcinicultura: Cultivo de crustáceos (cama- com declives acentuados.
rão) em cativeiro. Pinheiro-do-Paraná: Vegetação arbórea típi-
Coque Cardiff: Combustível utilizado no ca de clima subtropical.
processo de fundição de compostos metálicos, Sojicultora: Cultivo de soja.
oriundo do carvão mineral metalúrgico.

Encerramento
1 A extensão territorial de um país é um fator decisivo para sucessão de climas diferentes. Assim, o
Brasil, como um país continental, não foge à regra. Com base nessa afirmação e com os mapas das páginas
292 e 304, estabeleça uma relação espacial com seu respectivo clima. Utilize os quadrinhos necessários.

1 Região Nordeste. 5 7 Campos/Pampas.


2 Estado de Mato Grosso do Sul. 2 1 4 Cerrado.
3 Região Norte. 7 Mata Araucária.
4 Região Centro-Oeste. 6 1 5 7 Mata Atlântica.
5 Estado do Rio Grande do Sul. 2 4 Pantanal.
6 Região Sudeste. 3 Floresta Amazônica.
7 Região Sul. 1 Caatinga.

2 A Caatinga significa “mata branca”. Essa vegetação rala, pequena e cheia de espinhos apresenta al-
gumas características singulares em virtude da adaptação ao ambiente onde está. Aponte as principais
características da vegetação de Caatinga.
7:58 Formada por galhos retorcidos e secos, raízes profundas, a Caatinga é uma vegetação típica do semiári-

do nordestino. É comum de áreas com baixo índice de chuva e de solos bastante secos.

Capítulo 11 – As paisagens vegetais brasileiras 319

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319

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Diálogo com o
professor 3 Analise a tirinha abaixo e responda qual é a relação existente com a realidade no manguezal.

Traga os conteúdos vivenciados para a


realidade dos seus alunos. Utilize exemplos,
fotos, que mostrem aquilo que é próximo a
eles, tornando a aprendizagem significativa e
assim, motivadora.

As regiões litorâneas onde estão localizados os mangues vêm sofrendo devido às ações desenfreadas dos
Anotações empresários da construção civil. O hábitat natural das espécies que lá vivem sofre com a especulação

imobiliária e assiste ao fim de suas comunidades.

4 (PUC-RJ) Sobre os cartogramas selecionados, assinale a única opção que indica um fator não rela-
cionado à redução da área do domínio morfoclimático mostrado.
Principais remanescentes de
Área de distribuição original do Cerrado vegetação nativa de Cerrado em 2002

N N

O L O L

S S

a. Intensa urbanização da região Centro-Oeste do País.


b. Devastação ambiental do complexo do Pantanal.
c. X Transposição das águas do Rio São Francisco.
d. Expansão do complexo sojicultor brasileiro.
e. Extensividade da pecuária bovina de corte.

320 Capítulo 11 – As paisagens vegetais brasileiras

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5 Associe a segunda coluna à primeira.
A Clima semiárido. C Floresta Amazônica.
B Clima tropical continental. D Pampas/Araucária.
C Clima equatorial. B Cerrado.
D Clima subtropical. E Mata Atlântica.
E Clima litorâneo úmido. A Caatinga.

6 Observe o desenho abaixo.

Planalto da Borborema

Zona da Mata Sertão

Agora, responda:
De que forma o relevo elevado do Planalto da Borborema interfere na formação da natureza sertaneja?
A massa úmida que vem do oceano, ao subir com o objetivo de ultrapassar o planalto, se precipita.

Dessa forma, as áreas centrais do planalto e posteriores não são influenciadas por essa massa úmida, o

que acarreta na escassez de chuva nas áreas correspondestes, influenciando na formação paisagística.

7 (FMJ) “É um mosaico de coberturas vegetais que formam uma diagonal que separa as duas florestas
tropicais do Brasil: a noroeste, a Floresta Amazônica e a leste, a Mata Atlântica. Esse mosaico se desen-
volve numa área de baixas pluviosidades. As causas da pouca chuva e sua distribuição irregular estão
associadas aos fortes ventos alísios, que não trazem umidade para a região.”
José Bueno Conti e Sueli Angelo Furlan. Geografia do Brasil, 2005. Adaptado.
7:59

O domínio morfoclimático tratado pelo texto é o:


a. das pradarias.
b. X das caatingas.
c. das araucárias.
d. dos cerrados.
e. dos mares de morros.

Capítulo 11 – As paisagens vegetais brasileiras 321

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321

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8 (Fuvest) Estas fotos retratam alguns dos tipos de formação vegetal nativa encontrados no território
nacional.

Vitoriano Júnior

Iuliia Timofeeva/Shutterstock.com

Vitoriano Júnior.
I II III

Vitoriano Júnior

FCG/Shutterstock.com
IV V

Correlacione as formações vegetais retratadas nas fotos às áreas de ocorrência indicadas nos mapas
abaixo.

I II III IV V

a.

b.

c. X

d.

e.

322 Capítulo 11 – As paisagens vegetais brasileiras

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322

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9 (FGV-eco) A questão está relacionada ao mapa e ao texto apresentados a seguir.

1
2

N
0 550 km 1.100 km 4 O L

“... é um complexo de vegetação heterogênea, um mosaico de cerrados, florestas e até mesmo caa-
tinga. [...] Inúmeros programas nacionais e internacionais de proteção ao ambiente foram instaurados
para defender esse ecossistema único, frágil e ameaçado, ao mesmo tempo pela pecuária extensiva, pela
dispersão de mercúrio e pelos resíduos de pesticidas (utilizados pelos agricultores) carreados do pla-
nalto que o domina, e pela exploração de suas matas galeria, o que aumenta a erosão e a sedimentação.”

Hervé Théry & Neli Aparecida de Mello. Atlas do Brasil. São Paulo: Edusp, 2005. p. 67-68. Adaptado.

O texto refere-se à área do mapa indicada com o número:


a. 1.
b. 2.
c. 3.
d. 4.
e. X 5.

10 (Unitau) A distribuição irregular de calor e a precipitação propiciam o desenvolvimento de dife-


rentes tipos de vegetação na superfície terrestre, com sua fauna associada. São exemplos de biomas no
Brasil:
a. Floresta Amazônica e Antártica.
b. Pampas e Ilhas Oceânicas.
c. Floresta Amazônica e Restinga.
d. X Floresta Amazônica e Pampas.
e. Pampas e restinga.

Capítulo 11 – As paisagens vegetais brasileiras 323

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323

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11 (Cederj) Analise a imagem a seguir:

Rafael Nolêto
Na imagem, registra-se a seguinte vegetação natural do Brasil:
a. Cerrado, com prevalência de espécies epífitas.
b. Caatinga, com abundância de espécies xerófitas.
c. Mata de Araucárias, com adensamento de tipos de pinhais.
d. X Mata de Cocais, com predominância de extensos babaçuais.

12 (Unesp) A extração de madeira, especialmente do pau-brasil, os ciclos do açúcar e café e o desmatamento


para instalação de indústrias são eventos de nossa história que contribuíram para a degradação desse bioma.

O texto refere-se ao bioma:


a. X Mata Atlântica.
b. Caatinga.
c. Cerrado.
d. Pantanal.
e. Floresta Amazônica.

13 (FGV) Considere os seguintes processos de degradação ambiental descritos abaixo:

I. A desertificação resulta da expansão de práticas agropecuárias predatórias e do desmatamento das


espécies nativas, usadas para a produção de lenha.
II. A arenização é causada pela ação dos processos erosivos sobre depósitos arenosos pouco consolida-
dos em ambiente de clima úmido, e é agravada pelo manejo inadequado dos solos.
Os biomas brasileiros em que esses processos ocorrem são, respectivamente:
a. X Caatinga e Campos Sulinos.
b. Caatinga e Cerrado.
c. Cerrado e Mata Atlântica.
d. Pantanal e Mata de Araucária.
e. Cerrado e Mata de Araucária.

324 Capítulo 11 – As paisagens vegetais brasileiras

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14 (Uncisal) Esse bioma brasileiro se estendia originalmente por uma vasta área de aproximadamente
dois milhões de quilômetros quadrados (km2); atualmente, restam apenas 18% desse total. Esse bioma
apresenta solo deficiente em nutrientes e rico em ferro e alumínio, abriga plantas de aparência seca,
entre arbustos esparsos e gramíneas e um tipo mais denso de vegetação, de formação florestal. Estima-se
que 10 mil espécies de vegetais, 837 de aves e 161 de mamíferos vivam ali. Essa riqueza biológica, po-
rém, é seriamente afetada pela caça e pelo comércio ilegal. Esse bioma é o sistema ambiental brasileiro
que mais sofreu com a ocupação humana. Identifique o bioma brasileiro a que o texto faz referência.
a. Campos. b. X Cerrado. c. Caatinga.
d. Floresta Equatorial. e. Floresta Latifoliada.

15 (UEL) Analise a figura a seguir.

Vitoriano Junior/Shutterstock.com

Com base na figura e nos conhecimentos sobre os manguezais, considere as afirmativas a seguir.
I. São formados em ambientes de transição das águas fluviais para as águas oceânicas, nas zonas de
contato entre terra e mar.
II. Trata-se de um domínio morfoclimático que se desenvolve graças à biodiversidade ambiental que
caracteriza as suas florestas.
III. Sua fauna representa importante fonte de alimentos para o habitante, que depende deste ecossis-
tema para extrair seu meio de subsistência.
IV. A ausência de legislação de proteção aos manguezais resultou no seu desaparecimento em escala
global.

Assinale a alternativa correta.


a. Somente as afirmativas I e II são corretas.
b. X Somente as afirmativas I e III são corretas.
c. Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d. Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.
e. Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

Capítulo 11 – As paisagens vegetais brasileiras 325

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325

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16 (Uema) “Na sub-bacia hidrográfica do Rio Maracanã, na Ilha do Maranhão, existem duas Uni-
dades de Conservação (UCs). São elas, o Parque Estadual do Bacanga e a Área de Proteção Ambien-
tal (APA) do Maracanã, que sofrem impactos ambientais, apesar dos objetivos de proteção que as
norteiam.”

Fonte: SÂO LUÍS (Prefeitura). Projeto Recuperação das águas degradadas de recarga e descarga do Aquífero Barreiras da
Sub-bacia do Rio Maracanã – Nº 574484/2008. São Luís, 2011.

As Unidades de Conservação (UCs) foram criadas para:

a. utilizar os seus recursos sob quaisquer formas e processos.


b. expressar esforços do homem para alterar as condições do ambiente.
c. diminuir a degradação ambiental, explorando os recursos da natureza.
d. X conservar o estado de equilíbrio do ambiente e dos recursos naturais.
e. racionalizar as intervenções em determinado lugar com foco na satisfação do homem.

17 (Enem) Analisando-se os dados do gráfico, que remetem a critérios e objetivos no estabelecimento


de unidades de conservação no Brasil, constata-se que:

Percentual dos biomas protegidos por unidades federais – Brasil, 2006


Uso sustentável Proteção integral
14
12
10
8
6
4
2
0
Amazônia Caatinga Cerrado Mata Atlântica Pampa Pantanal Brasil
Ministério do Meio Ambiente. Cadastro Nacional de Unidades de Conservação.

a. o equilíbrio entre unidades de conservação de proteção integral e de uso sustentável já atingido


garante a preservação presente e futura da Amazônia.
b. as condições de aridez e a pequena diversidade biológica observadas na Caatinga explicam por que
a área destinada à proteção integral desse bioma é menor que a dos demais biomas brasileiros.
c. o Cerrado, a Mata Atlântica e o Pampa, biomas mais intensamente modificados pela ação hu-
mana, apresentam proporção maior de unidades de proteção integral que de unidades de uso
sustentável.
d. X o estabelecimento de unidades de conservação deve ser incentivado para a preservação dos re-
cursos hídricos e a manutenção da biodiversidade.
e. a sustentabilidade do Pantanal é inatingível, razão pela qual não foram criadas unidades de uso
sustentável nesse bioma.

326 Capítulo 11 – As paisagens vegetais brasileiras

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326

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• Compreender a relação entre a sojicultura
e o desenvolvimento econômico, urbano e so-

Capítulo 12
cial da Região Centro-Oeste.
• Compreender as formas pelas quais ocor-
reu o povoamento da região.
• Identificar as modificações na base econô-
As regiões Norte e mica ao longo do processo de construção his-
tórica.
Centro-Oeste do Brasil O bioma Pantanal, situado no Centro-Oeste do
Brasil, concentra algumas espécies de plantas e • Compreender o dinamismo da economia
animais, que só são achadas nessa localidade do
Planeta. atual a partir da associação agricultura mo-
derna e indústria de beneficiamento.

BNCC
Habilidades trabalhadas
no capítulo

(EF07GE09) Interpretar e elaborar mapas te-


máticos e históricos, inclusive utilizando tec-
nologias digitais, com informações demográ-
ficas e econômicas do Brasil (cartogramas),
identificando padrões espaciais, regionaliza-
ções e analogias espaciais.
(EF07GE10) Elaborar e interpretar gráficos
de barras, gráficos de setores e histogramas,
com base em dados socioeconômicos das re-
giões brasileiras.

Anotações
Faremos um passeio
por duas importantes regiões
do Brasil, a fim de conhecermos
a história, as riquezas naturais e
os empreendimentos econômicos.
Verificaremos os principais problemas
ambientais causados pela cobiça
humana — entre eles, as modificações
climáticas e o desaparecimento de
diversas espécies.

m
FCG/Shutterstock.co

Capítulo 12 – As regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil 327

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Objetivos • Identificar os principais polos urbanos e in-


pedagógicos dustriais da Região da Amazônia.
• Observar, comparar e diferenciar dimen-
sões distintas do espaço geográfico da Região
• Compreender a diversidade climática e bo- Centro-Oeste.
tânica e a dimensão territorial do Brasil. • Identificar os elementos naturais e culturais
• Compreender a diversidade do relevo da da paisagem.
Amazônia. • Caracterizar a diversidade de climas e for-
• Analizar a Bacia Amazônica em sua vasta mações vegetais.
complexidade. • Identificar a inter-relação entre clima, solo,
• Compreender a diversidade natural e a im- relevo e hidrografia.
portância social e econômica dos biomas da • Compreender a diversidade do complexo
Floresta Amazônica e do Cerrado. pantaneiro e sua importância ecológica.

327

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Cenário 1

Regionalização
oficial estabelecida
pelo IBGE
Região Norte
Formada pelos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Rondônia,
Pará, Roraima e Tocantins, esta região é a maior das cinco regiões
geográficas brasileiras, pois ocupa uma área total de aproximada-
mente 3.852.967,7 km2, o que corresponde a quase 50% do territó-
rio brasileiro. Suas vastas terras, drenadas pelos rios da grande Bacia
Amazônica e do Tocantins, situam-se entre o Escudo das Guianas
ao norte, o Planalto Central ao sul, o Oceano Atlântico a noroeste
e a Cordilheira dos Andes a oeste.

Região Norte: político

0 282 km 564 km N
Venezuela O L
Guiana
S
Guiana Francesa
Suriname
Colômbia Boa Vista
Amapá
797.722 habitantes Oceano
Atlântico
Roraima Macapá
522.636 habitantes
São Gabriel Bragança
da Cachoeira Belém
Óbidos

Manaus Santarém Altamira


Parintins
Tucuruí Paragominas
São Paulo de Olivença Tefé
Coari
Benjamin Constant Carauari
Itaituba
Marabá Maranhão Ceará
Eirunepé Amazonas Parauapebas

Cruzeiro do Sul
4.063.614 habitantes Pará Araguaína

Feijó Porto Velho


8.366.628 habitantes Conceição Piauí Pernambuco
Tarauacá do Araguaia

Acre Rio Branco


Ariquemes Palmas

829.619 habitantes
Rondônia Gurupi

1.805.788 habitantes Tocantins Bahia


1.550.194 habitantes
Mato Grosso
Peru
Bolívia Goiás
Minas Gerais

328 Capítulo 12 – As regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil

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328

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Aspectos Naturais
Clima

Por estar localizada próxima à linha do Equador (corta os es-


tados do Amapá, Pará, Roraima e Amazonas), esta região apresen- Equatorial úmido
ta um predomínio do clima equatorial, porém apresentando duas Manaus (AM)
manchas de clima tropical semiúmido. 600 30

Equatorial
500 25

Este tipo de clima apresenta temperaturas elevadas durante 400 20

todo o ano, pequenas amplitudes térmicas, elevados índices plu- 300 15

viométricos durante todo o ano e ausência de estação fria. De 200 10

acordo com as características regionais de temperatura e umidade, 100 5


podemos subdividi-lo em dois: 0 0
J F M A M J J A S O N D

Clima equatorial superúmido, localizado na região noroeste Temperatura (ºC)


do estado do Amazonas, porção oriental da Ilha de Marajó e Precipitações (mm)
parte do litoral nordeste do Pará.
Clima equatorial com uma pequena estação seca, que abran-
ge a maior parte da Região Norte.

Tropical semiúmido
Esse tipo de clima ocorre em duas pequenas áreas da Região
Norte: uma parte que compreende a porção oriental do estado de
Roraima, e outra que vai do extremo nordeste do Amazonas até o no-
roeste do Pará. Apresenta duas estações bem definidas: uma seca, que
corresponde ao verão, e uma chuvosa, que corresponde ao inverno.

Vegetação Ian Dyball/Shutterstock.com

Em virtude do clima equatorial quente e úmido, na Região


Norte predomina a vegetação de floresta equatorial amazônica,
também denominada de Floresta Pluvial ou Hileia, que apresenta
características bastante particulares:

Elevada biodiversidade ou heterogeneidade de espécies.


Árvores de porte bastante elevado.
Diversidade de estratos vegetais, ou seja, árvores de tama-
nhos e idades variadas.
Predomínio de árvores com folhas largas (latifoliadas) e que
nunca caem (perenifólias).
Floresta fechada (densa) e intrincada.

Esta floresta pode ser subdividida de acordo com sua localização, Córrego na floresta equatorial amazônica
em três tipos de matas diferentes: que funciona através da vegetação verde
densa no verão. Um paraíso tropical perdido.

Capítulo 12 – As regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil 329

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329

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Caaetê, ou mata de terra firme: localizada na região

Dr Morley Read/Shutterstock.com
de relevo mais elevado da floresta, nunca alcançada pe-
las cheias dos grandes rios. É composta de árvores muito
altas, algumas com mais de 60 m. Caracteriza-se por ser
uma mata fechada, com quase nenhuma penetração de luz
solar.
Nela, encontramos as principais espécies extrativas da flo-
resta amazônica, como a castanheira, o mogno, o guaraná
e o caucho, que também é um bom fornecedor de látex.
Mata de várzea: mais compacta e localizada entre a caae-
tê e a caaigapó, sofre inundações periódicas nas épocas de
enchentes dos grandes rios. Nesta mata, encontra-se uma
das mais importantes espécies do extrativismo vegetal da
floresta amazônica, a seringueira, além do jatobá, do ca-
Grandes árvores da floresta amazônica caueiro e de diversas palmáceas.
são extraídas como matéria-prima para
móveis e outros objetos. Caaigapó: ou mata de igapó, localizada nas regiões baixas
das planícies, são permanentemente alagada pelos rios da
região. Bastante intrincada, é formada por árvores baixas,
Sergiobaffoni

diversos cipós e palmeiras, como a piaçava, porém a espécie


vegetal que mais caracteriza essa mata é a vitória-régia.

Chico75
Igapó na divisa entre as cidades de Envira,
Eirunepé e Ipixuna, no Estado do Amazo-
Mata de várzea.
nas, no Brasil.

Amazônia – Perfil topográfico – Relevo / vegetação


Paraná
ou furo Rio principal
Lago
temporário
Lago permanente

1
2
3

Sedimentos Terreno de aluviões recentes Sedimentos


terciários terciários
Nível do rio 1 – nas grandes cheias
principal 2 – nas cheias médias
3 – nas vazantes médias

330 Capítulo 12 – As regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil

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330

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Além da vegetação de floresta amazônica, a Região Norte
apresenta outras formações localizadas nos limites do clima equa-
torial, no domínio do clima tropical semiúmido e na região lito-
rânea. São elas:
Cerrados: Surgem nas áreas de clima tropical dos estados
de Roraima e Tocantins, além de pequenas porções na região
oriental de Rondônia e no meio-norte do Amapá.
Campos: Estendem-se por áreas contínuas na região central
da Ilha de Marajó e do Estado do Amapá, além do norte do
Estado de Rondônia e pequenos trechos nos vales de alguns
rios no Estado de Roraima.
Mangues: Desenvolve-se por todo o litoral dos estados do
Amapá e do Pará, além da porção oriental da Ilha de Marajó.
Relevo

Perfil Noroeste-Sudeste da região Amazônica

B
m Planaltos residuais
Norte-Amazônicos
3.000
Planalto da Amazônia oriental
Planície amazônica Planaltos residuais
2.000 Sul-Amazônicos

Depressão marginal Rio Depressão marginal


Norte-Amazônica Amazonas Sul-Amazônica
1.000
N
0 O L
A B
NO SE S

Apesar de aparentar uma uniformidade topo-altimétrica, a


Região Norte, de acordo com a classificação do relevo brasileiro
elaborada pelo Professor Jurandyr Ross, apresenta compartimentos
diferentes de relevo:
Planaltos
Formam o compartimento do relevo de menor extensão terri-
torial da região e estão subdivididos em duas porções:

Planalto das Guianas, ou Norte-Amazônico: De forma-


ção proterozoica, composto de rochas cristalinas, está locali-
zado no extremo norte da região, e é nele que se encontram as
áreas mais elevadas do nosso território, como o Pico da Nebli-
na (3.014 m), ponto culminante do Brasil.
Planalto Brasileiro: Formado na Era Arqueozoica, rico em
minerais metálicos (nesta região, estão localizadas as serras de
Carajás e Pelada). Pode ser subdividido em Planalto da Ama-
zônia Oriental e pelos Planaltos Residuais Sul-Amazônicos.

Capítulo 12 – As regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil 331

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331

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Planície Amazônica
Formada na Era Cenozoica (Período Quaternário), ocupa as
estreitas faixas de terras que margeiam o Rio Amazonas e seus prin-
cipais afluentes.

Planície Litorânea
Também conhecida como Planície Costeira, foi formada no
Período Quaternário, localiza-se especificamente no litoral do Es-
tado do Pará.

Depressões
Modelado de relevo predominante na Região Norte, suas alti-
tudes situam-se entre 100 e 500 metros. Estão localizadas entre as
planícies e as áreas de planalto. Foram formadas a partir de longos
processos de aplainamentos que atuaram sobre as áreas de planal-
tos, por isso apresentam inclinações suaves, além de ser mais aplai-
nadas do que estes. Exemplos: Depressão da Amazônia Ocidental,
Depressão Norte-Amazônica, Depressão Sul-Amazônica, Depres-
são Araguaia-Tocantins.

Região Norte: físico

Oceano
0
5
Se

Atlântico
800 metros
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a
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ue
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500 metros 31 de março Serra P uera

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75 70 65 60 55 50 Greenwich 45

332 Capítulo 12 – As regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil

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332

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Além dessas unidades de relevo, a Região Norte apresenta um
incontável número de ilhas formadas pelo trabalho de sedimenta-
ção dos rios Amazonas e Tocantins, como a de Marajó.

Hidrografia

Principais rios da bacia Amazônica


Venezuela Guiana
N Francesa
Suriname

ue
L Uraricoera Oiapoque
O

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o Alta Floresta TO
Palmas
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ar
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Gu
RO
Peru ap
oré MT Navegáveis
m or é

Pederneiras Navegáveis nas cheias


Ma

0 200 km 400 km
Bolívia Navegação inexpressível

Por ser dominada por climas com intensos regimes pluviomé-


tricos, a Região Norte apresenta rios bastante caudalosos e perenes.
Sua principal bacia hidrográfica é a Amazônica, que fica localiza-
da entre os planaltos das Guianas ao norte, o brasileiro ao sul, o
Oceano Atlântico a leste e os Andes a oeste, abrangendo uma área
aproximada de 7.000.000 km2, que drena terras de nove países sul-
-americanos: Guiana, Venezuela, Colômbia, Equador, Bolívia, Su-
riname, Guiana Francesa, Peru e, claro, Brasil.
No Brasil, a Bacia Amazônica domina uma área que com-
preende, aproximadamente, 4.800.000 km2, ou seja, 56,2% da
superfície total do país; comunicando-se com a Bacia do Rio Ori-
noco, na Venezuela, pelo Canal de Cassiquiare; e com a Bacia do
Paraguai, pela Chapada dos Parecis, em Mato Grosso; bem como
através do Rio Guaporé.

Capítulo 12 – As regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil 333

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333

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Anotações
O principal rio dessa bacia é o Amazonas, maior rio do mundo

Filipe Frazao/Shutterstock.com
em extensão, 6992,06 Km, e volume de água. Nasce na Cordilheira
dos Andes, no Peru, e recebe três denominações: Apurimac, Uca-
yali e Marañon, antes de penetrar em território brasileiro, quando
recebe o nome de Solimões, somente passando a ser chamado de
Amazonas próximo a cidade de Manaus, quando encontra com as
águas do Rio Negro. O Amazonas, apesar de ser de planície, apre-
senta um grande potencial hidroelétrico ao longo da sua bacia,
sobretudo os afluentes que descem do Planalto das Guianas, onde
encontramos a hidrelétrica de Balbina, no rio Uatumã (Estado
do Amazonas), e os que descem do Planalto Brasileiro, onde são
encontradas as hidrelétricas de Samuel, no Rio Jumari (Estado de
Rondônia) e a de Curuá-Una, no Rio Curuá-Una (Estado do Pará).
Rio Amazonas, potencial hidrelétrico pou- Nesta região, destaca-se também a bacia do Rio Tocantins, que
co explorado.
apresenta o terceiro potencial hidrelétrico do País. Essa bacia hi-
drográfica é formada pela conjunção das águas dos rios Tocantins e
Araguaia: ambos nascem no Estado de Goiás, drenam o Estado de
Tocantins, percorrendo-o no sentido sudoeste-nordeste, indo de-
sembocar no litoral paraense, ao sul da Ilha de Marajó.
Nessa bacia, encontramos a hidrelétrica de Tucuruí, localizada
no Rio Tocantins, encarregada do fornecimento de energia para os
projetos Carajás e Alumínio Brasileiro S.A. (Albrás). O Rio Ara-
guaia, apesar de não ser o mais importante, desenvolveu no seu cur-
so a maior ilha fluvial do mundo: a Ilha do Bananal.

Bruno Huberman
Leitura
complementar

Economia
A energia consumida pelo Pará é gera-
O maior estado do Brasil possui a maior da pelas usinas hidrelétricas Tucuruí e
Curuá-Una, responsáveis pelo atendimento a
floresta tropical do mundo com 98% de sua mais de 99% do mercado paraense.

área preservada. Aliando seu potencial ecoló-


gico a uma política de negócios embasada na Aspectos sociais e econômicos
sustentabilidade, a capital do Amazonas tor- Apresenta uma população absoluta de 15.865.678 milhões de
nou-se a 6ª cidade mais rica do País. habitantes e uma densidade demográfica de 4,1 hab./km2, sendo a
região menos povoada do Brasil. Por outro lado, é a que apresen-
Parte desse sucesso se deve ao Polo In-
ta os maiores índices de crescimento populacional, em virtude dos
dustrial de Manaus (PIM), um modelo de de- constantes fluxos migratórios ao longo do século XX — que afluí-
senvolvimento regional que abriga inúmeras ram em busca, principalmente, de novas fronteiras agrícolas —,
bem como do seu inquestionável crescimento demográfico: 2,09
empresas nacionais e internacionais, gerando %, o maior entre todas as regiões brasileiras.
mais de 100 mil empregos diretos e um fatu-
ramento de 35 bilhões de dólares em 2010. O 334 Capítulo 12 – As regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil
PIM é o principal mecanismo irradiador do
desenvolvimento no modelo Zona Franca de
Manaus, que concede incentivos fiscais para a CG_7ºano_12.indd 334 29/03/2018 13:57:26 CG

produção. Essa política de incentivos gera em- to de atividades voltadas ao aproveitamento municípios, incluindo a capital, e a constru-
prego, renda e aumento da arrecadação de tri- de recursos naturais nas áreas de agroindús- ção da Ponte do Rio Negro, que vai interligar
butos federais, estaduais e municipais não só tria, bioindústria, fruticultura, turismo, ener- a região metropolitana de Manaus à cidade de
no Amazonas, onde está situado o PIM, mas gia, dentre outras potencialidades abundantes Iranduba e áreas adjacentes.
nos demais estados da Amazônia Ocidental na região. No interior do estado é crescente a abertu-
(Roraima, Acre, Rondônia), além das cidades As políticas públicas do estado estão vol- ra de novas oportunidades de emprego e ren-
de Macapá e Santana, no Amapá (a área de tadas para a melhoria da qualidade de vida e da, com investimentos em áreas como a pisci-
atuação do modelo Zona Franca de Manaus). o desenvolvimento sustentável. A exemplo de cultura, agroindústria e produção rural. Para
Em sua política de desenvolvimento eco- investimentos em Programas como a Zona isso, o governo do Amazonas mantém um sis-
nômico, o governo do Amazonas busca atrair Franca Verde e Bolsa Floresta; o Programa tema de apoio ao setor produtivo que alia as-
investidores comprometidos com o meio am- Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus sistência técnica, fomento e comercialização.
biente, direcionando esforços para diversifi- (Prosamim); o gasoduto Coari-Manaus, que O Amazonas surpreende pela combina-
car a economia a partir do desenvolvimen- veio para mudar a matriz energética de oito ção de modernidade e conservação da natu-

334

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Diálogo com o
Essas migrações, porém, apresentam consequências drásticas professor
sobre as populações indígenas, cujas terras são constantemente in-
vadidas para a extração de madeira ou para a extração de ouro em
garimpos ilegais. Mesmo apresentando uma impagável imensidão Professor, recomendamos o acesso ao site
verde, a população de pequenas dimensões apresenta-se levemen-
te concentrada em cidades como Manaus, Belém e Palmas, já que
da IBGE o qual contêm gráficos e dados que
73,53% é o percentual da sua população urbana. podem ser utilizados como material comple-
mentar de suas aulas.

Ryan M_Bolton/Shutterstock.com
Link: https://cidades.ibge.gov.br/painel/
economia.php?codmun=130260 . Acesso em:
22/12/2017.

Anotações
Os garimpeiros ilegais utilizam o mercú-
rio para atrair o ouro diluído na bateia,
formando uma liga entre as substâncias. O
mercúrio pode provocar graves complicações à
saúde de garimpeiros ou de pessoas que indire-
tamente são infectadas.

A superintendência do plano
de valorização econômica
da Amazônia e a ocupação
desordenada da região
Até a década de 1960, a região amazônica era uma porção de
terras completamente afastada dos espaços brasileiros. Sua floresta
fechada dificultava a penetração humana, e as suas águas impediam
qualquer interligação terrestre com o restante do Brasil. Mesmo com
um boom desenvolvimentista na região por causa da exploração do
látex, este foi fugaz e beneficiou apenas uma pequena elite de seringa-
listas. Nesse período, que aconteceu no final do século XIX, grupos
de nordestinos, retirantes de uma das piores secas que se abateu sobre
o sertão, invadiram a Amazônia para dedicar-se ao trabalho nas áreas
extrativas, principalmente nos seringais.
Com a crise da borracha e a falência de muitos seringalistas,
os nordestinos e seus descendentes foram jogados à própria sorte,
e apenas poucos sobreviveram para relatar suas aventuras aos seus
descendentes. A floresta se fechou e a região mergulhou em um
profundo processo de marginalização dentro do espaço geográfico
brasileiro.

Capítulo 12 – As regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil 335

7:26 CG_7ºano_12.indd 335 29/03/2018 13:57:26

reza, dispondo de arrojados espaços culturais,


shopping centers, excelente rede hoteleira, res-
taurantes de categoria internacional, rede de
ensino diversificada, parques ecológicos e es-
paços de integração social, que asseguram
qualidade de vida e bem-estar à população. O
estado conta ainda com diversas opções de tu-
rismo que vão da visita de cavernas e cachoei-
ras, a prática do arvorismo, pesca esportiva,
festivais folclóricos e patrimônios históricos.

Disponível em: http://www.amazonas.am.gov.br/o-


amazonas/economia/. Acesso em: 22/12/2017.

335

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Sugestão de
filme Somente com a Segunda Guerra Mundial, a economia regional
começou a se reerguer, e novas levas de nordestinos (os “Soldados
da Borracha”) deslocaram-se para a floresta. Como de costume, o
O recurso audiovisual é importante para ciclo se fechou, e novamente o esquecimento nacional se abateu
sobre a Amazônia.
que o estudante compreenda melhor o tema

Reprodução
estudado. Para isso, sugerimos alguns docu-
mentários para serem usados na sala de aula.

Amazônia desconhecida

Sinopse: A Amazônia é um dos lugares


mais famosos do mundo e, curiosamente, um
dos menos conhecidos. Em meio a tanta desin-
formação, o documentário propõe uma difícil
missão: buscar as inúmeras verdades existentes,
Na década de 1920, a atividade econômi-
derrubando mitos e levando ao público um re- ca de extração do látex da Amazônia, an-
tes a única do mundo, passou a responder por
trato mais fiel da maior floresta tropical do Pla- apenas 5% do abastecimento mundial do pro-
duto. Jornais da época noticiaram a angústia
neta. Quais são os vilões do desmatamento? da população, que ficou ociosa. Parte dos ha-
bitantes migrou para as cidades, verificando-se
Qual o caminho para o desenvolvimento sem também a criação de novos povoados. Na foto,
produção de borracha na Amazônia em 1900.
agredir a natureza? Essas são algumas das ques-
Foi pensando nesse esquecimento histórico, no baixo contin-
tões cruciais envolvendo a Amazônia e que ain- gente populacional e na quase inexistente integração econômica da
da esperam por respostas convincentes. Tra- Região Norte às demais regiões brasileiras que o Governo Fede-
ral criou, em 1953, a Superintendência do Plano de Valorização
ta-se de um filme sobre a Amazônia, feito por
Econômica da Amazônia (SPVEA). O órgão surgiu com objeti-
brasileiros, mas com uma visão global do tema, vos bastante claros: planejar e promover o desenvolvimento econô-
e apoiado nas mais recentes descobertas e pes- mico da região.
A partir da década de 1950, a ocupação dessa região passou a
quisas científicas. Um filme que abriga visões ligar-se diretamente à extração mineral (não que se tenha esqueci-
conflitantes, e que abre espaço para que muitas do o látex da seringueira) e à abertura de estradas, como a Belém-
vozes possam ser ouvidas. -Brasília (BR-153) e a Cuiabá-Santarém (BR-163). Para Juscelino
Kubitschek, presidente do país entre 1956 e 1961, integrar a Ama-
zônia ao restante do Brasil era construir estradas.
Link : https://www.youtube.com/
watch?v=GWmmrgQUXh4 . Acesso em: 22/12/2017.
A ditadura militar e o
loteamento da Região Norte
Amazônia, da impertinência à conciliação.
Intensificando o projeto juscelinista de construção de estradas
como forma de desenvolver e integrar a Região Norte ao restante
Sinopse: Conheça os territórios protegi- do Brasil, os militares e civis que se apossaram do poder após o gol-
dos criados para preservar a floresta, as unida-
des de conservação. Como funcionam, os be- 336 Capítulo 12 – As regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil
nefícios que elas geram e as dificuldades para
que cumpram a missão de manter a Amazônia
em pé. E também, algumas atividades que já CG_7ºano_12.indd 336 29/03/2018 13:57:26

são feitas pelos moradores para gerar renda de sados. No Brasil existem 305 etnias indígenas, que integram uma população com cerca de 897
forma sustentável. Baseado em auditoria coor- mil pessoas. Apesar de se reconhecerem como indígenas, nem todos os grupos conseguiram con-
denada pelo TCU. quistar seu território. Os Guaranis Kaiowá, por exemplo, ainda lutam pelo reconhecimento da
terra sagrada.
Link : https://www.youtube.com/watch?v=-
S9osbdOcqc . Acesso em: 22/12/2017. Link : https://www.youtube.com/watch?v=iOSUYeCD4tw. Acesso em : 22/12/2017.

Indígenas, a luta dos povos esquecidos - Os Anotações


caminhos da reportagem.

Sinopse: Os caminhos da reportagem vai


a várias partes do País e mostra a luta dos nati-
vos para permanecer na terra de seus antepas-
C
336

ME_CG_7ºano_12.indd 336 14/05/2018 12:27:54


pe de 1964 desenvolveram um audacioso projeto de construção de
rodovias para a integração nacional. Nesse momento, o País vivia
uma situação extremamente delicada, no campo interno, com os
constantes embates com grupos de oposição clandestinos, e na are-
na internacional, com grupos econômicos e países que cobiçavam
o nosso “Eldorado Verde”.
Estrategicamente, o governo passa a promover o desenvolvi-
mento da Região Norte a partir da construção de rodovias como
a Transamazônica (BR-230), Perimetral Norte (BR-210), Cuiabá-
-Porto Velho (BR-364) e Manaus-Porto Velho (BR-319), que se-
riam as veias por onde afluiriam, aos lugares pouco habitados do
País, nordestinos, sertanejos da seca e camponeses de regiões onde
ocorressem conflitos fundiários, em direção às agrovilas, novas ci-
dades, áreas de extrativismo e criação de gado, que foram funda-
mentais para o processo de ligação da região com o resto do País,
facilitando a penetração e estimulando a sua ocupação.

Rodovia Radial: Belém-Brasília Transamazônica


Trecho Trecho a
percorrido percorrer

Belém
Altamira
Tucuruí

Marabá
MA
PA Oeiras
Curionópolis Estreito
Picos

Balsas PI
Piranhas
AL
Guaribas
Poço Redondo
Maceió
SE

N Oceano
O L
Atlântico
Brasília 0 192 km 384 km

7:26
S
DF
A criação da Sudam, em 1966, funcionou como chamariz para
a população, capitais e os empreendedores para a região. Pensava-se
assim promover o desenvolvimento regional através da implanta-
ção de grandes projetos, porém esse rápido processo de ocupação
terminou por causar graves problemas aos nativos, em consequên-
cia da ocupação das suas terras, da modificação das suas culturas e
dos diversos impactos ambientais, como a contaminação dos rios
por metais pesados (como o mercúrio).

Capítulo 12 – As regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil 337

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Leitura
complementar Órgãos estruturadores da
destruição
Ditadura militar foi Para construir o projeto de desenvolvimento da Região Norte-
responsável por matar 2 mil -Amazônica, o Governo Federal cometeu um grande equívoco: o
de proceder parcelando-o, e não integrando o projeto para estabe-
indígenas na Amazônia. lecer os riscos e impactos ecológicos, sociais e econômicos que isso
acarretaria.
O levantamento sobre as inconsequen- Assim, a colonização, ao ser efetivada de forma isolada pelo
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), não
tes ações dos governos militares no estado do
levou em consideração os impactos sociais e ecológicos resultan-
Amazonas faz parte de uma investigação feita tes da implantação de núcleos de colonização em áreas de natureza
em duas ações civis públicas do Ministério Pú- primitiva, distantes dos centros urbanos e sem ajuda financeira aos
assentados ou sistema judiciário e militar instalado. Dessa forma, a
blico Federal no Amazonas (MPF-AM). A in- devastação se alastrou rapidamente, e os assassinatos por posse da
vestigação aponta que os militares, a pretexto terra e grilagem multiplicaram-se.
de “ocupar uma terra sem homens” (Amazô- A atividade industrial da Região Norte é pequena, e foi inicial-
mente incentivada, a partir de 1967, quando houve a criação, pelo
nia), foram responsáveis pela morte de milha- governo militar, da Superintendência da Zona Franca de Manaus
res de indígenas durante a construção das BR- (Suframa). Esse órgão foi criado com um único objetivo: atrair in-
174 (Manaus-AM/Boa Vista-RR) e BR–230, dústrias para a região de Manaus. Desde o início, sua estratégia con-
sistia em construir obras estruturadoras, e para isso criou um distrito
a Rodovia Transamazônica. industrial, além de oferecer isenção de impostos para importação de
matérias-primas, isenção de impostos e empréstimos para as empre-
Waimiri e Tenharim sas nacionais e transnacionais que quisessem se instalar na região.

Reprodução
As ações foram abertas após denúncias
de indigenistas que atuam na região desde o
período militar. A primeira, sobre os Waimi-
ri Atroari, ainda não foi concluída porque, se-
gundo o procurador Júlio Araújo, precisa de
profundas investigações.
Há notícias de que os militares atuaram
num ataque direto e violento à aldeia dos Wai-
miri. Os registros indicam, segundo o procu-
rador, que antes da construção da BR-174 ha-
Vista aérea do polo industrial da Zona Franca de Manaus.
via cerca de três mil indígenas (década de 70).
Na década de 80, os registros apontavam para O que inicialmente parecia a solução para o desenvolvimento
300 indígenas na aldeia. e integração — uma vez que se instalaram na região diversas mon-
tadoras de eletroeletrônicos, gerando muito capital e pouco desen-
A segunda ação já foi apresentada à justiça, volvimento — tornou-se um enorme problema em virtude do des-
que, por conta dos conflitos recentes, concedeu
liminar para reparações imediatas sobre danos 338 Capítulo 12 – As regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil
permanentes sofridos pela população Tenha-
rim e Jiahui durante a construção da Transama-
zônica. Os Jiahui eram apenas 17 indígenas em CG_7ºano_12.indd 338 29/03/2018 13:57:27 CG

2004, quando suas terras foram demarcadas. cerramento da placa do início da obra em Al- um território ‘verde’, em nome de uma arran-
A obra da Transamazônica, segundo o tamira, no Pará, pelo então presidente Emilio cada histórica para o ‘progresso’”, diz trecho
MPF, cooptou os Tenharim para trabalhos Garrastazu Médici com o seguinte teor: “Nes- da ação.
forçados, os obrigou a mudar de território tas margens do Xingu, em plena selva Ama- O procurador da República Júlio Araú-
e infectou parte da população com doenças zônica, o senhor Presidente da República dá jo afirmou que as populações tradicionais são
(como sarampo e catapora) trazidas pelo con- início à construção da Transamazônica, numa desprezadas desde a época do Brasil Colonial.
tato com os operários da Paranapanema, res- arrancada histórica para a conquista deste gi- “Foram várias formas de violação, até mesmo
ponsável pela obra. gantesco mundo verde”. as táticas de pacificação, provocaram essa de-
Para o MPF, já no seu primeiro passo a sestruturação. A Ditadura não adotou méto-
Método do Brasil Colonial obra liderada pelos militares dá sinais do des- dos diferentes. Em nome do desenvolvimento,
compromisso com os povos que já habita- se aprofundou a violação. Dentro dessa con-
A construção da Transamazônica come- vam a região. “O teor do discurso demons- cepção, não considerou a diferença e os indí-
çou em outubro de 1970. Há registro do des- tra a perspectiva de ‘conquista’ e ocupação de genas acabaram sendo um empecilho ao pro-

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Muitos indígenas morreram por causa
de epidemias de sarampo, catapora — doen-
cuido com o meio ambiente e do progressivo desemprego gerado
ças trazidas por operários da Paranapane-
pela renovação tecnológica e pela fuga de empresas após a abertura
da livre concorrência, instalada no País a partir do neoliberalismo ma. A crença dos indígenas é que maldições
do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. acompanham aqueles que abandonam seus
Dentro da floresta do sudoeste do Pará, nasceu para o mundo,
em 1967, um monstro em todos os sentidos: Carajás apresentava in-
antepassados.
contáveis jazidas de minério de ferro, manganês, bauxita, ouro, cassi- A Transamazônica causou, ainda, a des-
terita, cobre, níquel e centenas de outros minerais. O Eldorado estava truição de cemitérios indígenas. “O progres-
ali, e o governo militar não tardou a criar o Projeto Grande Carajás,
no final da década de 1970. Contudo, dispondo de pouco capital, o so e o desenvolvimento idealizados com a ro-
Governo Federal cometeu outro erro estratégico: estimulou parcei- dovia não pressupuseram uma convivência em
ros da iniciativa privada para, juntamente com a antiga estatal Vale harmonia e respeito aos povos indígenas. Isso
do Rio Doce, promover a exploração dos recursos da região.
conduziu a desestruturação étnica de povos

Fernando Santos Cunha Filho


como os Tenharim e Jiahui, a homogeneiza-
ção de culturas, a divisão de territórios e a pro-
vocação de tensões na região de Humaitá, Ma-
nicoré e Apuí”, afirma trecho da ação.
Em outro trecho, o MPF indica: “A pers-
pectiva homogeneizante colocou-se em pri-
meiro plano, não se oferecendo qualquer al-
ternativa àqueles que ousassem enfrentá-la
(…) O resultado dessa perspectiva é a ocorrên-
cia de danos aos povos indígenas, os quais se
prolongam no tempo em razão da omissão de
Operada pela Vale S.A., a Estrada de Fer-
ro Carajás tem uma extensão total de 892 adoção de medidas reparatórias”.
km. Apesar de ser especializada em transporte
de minérios, transporta também passageiros.
.
Vertiginosamente, a floresta tombou para a construção de estra- Disponível em: http://axa.org.br/2014/03/ditadura-
das e da Estrada de Ferro Carajás. O caudaloso Rio Tocantins teve militar-foi-responsavel-por-matar-2-mil-indigenas-na-
suas águas, que corriam livres no leito, estancadas para a construção
da Usina Hidrelétrica de Tucuruí, visando gerar energia elétrica para amazonia/. Acesso em: 22/12/2017.
as indústrias que começaram a circundar o polo mineralógico de Ca-
rajás, como a Albrás e Alumar. Um “formigueiro humano” passou a
povoar o seu entorno, criando vilas sujas e cidades decadentes, mas
o “progresso” definitivamente havia chegado à Região Norte e, ain-
da hoje, apesar de toda a exploração, o Projeto Grande Carajás é de Anotações
grande importância para o desenvolvimento regional.
Considerada o “Eldorado verde do Planeta”, a Região Norte-
-Amazônica entra no novo milênio com profundas marcas da
exploração que se perpetrou sobre ela. Dos 4 milhões de Km2 da
floresta primitiva, aproximadamente 15% já foi consumida pelas
queimadas e motosserras, o que, além de afetar diretamente a fauna

Capítulo 12 – As regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil 339

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gresso e à conquista da região”, declarou o Na abertura da estrada, os Tenharim fo-


procurador Júlio Araújo. ram obrigados a deixar a margem direita do
rio Marmelos, num local chamado São José.
Transamazônica violou indígenas Pela investigação do MPF, os Tenharim fi-
caram às margens da rodovia porque a estra-
Os danos provocados pela construção da da foi construída por cima de locais sagrados
Transamazônica aos Tenharim e Jiahui são alvo para a cultura deles.
de um pedido de indenização de R$ 20 milhões A invasão do território também trouxe con-
por parte do MPF por danos coletivos sofridos sequência na estrutura da vida por causa dos pre-
pelas etnias. A construção da estrada em Hu- juízos ao solo e atividades agrícolas. Até na caça,
maitá foi feita pela empresa Paranapanema, que pela destruição da fauna, os Tenharim tiveram
depois também passou a explorar minérios no que mudar seus costumes, segundo a pesquisa
Amazonas atingindo outras terras indígenas. antropológica exposta na ação do MPF.

339

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e a flora, prejudica a vida de milhares de indígenas e caboclos, que

guentermanaus/Shutterstock.com
perdem sua fonte de vida, sendo obrigados a fugir para as cidades e
passando a viver em bairros pobres e infectos. Não é à toa que estão
entre os piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do
Brasil, (ganhando apenas para o Nordeste), além da quarta maior
taxa de mortalidade infantil, 29,2%, em 2010. Na Região Norte,
portanto, a riqueza da biodiversidade contrasta com a pobreza de
seus habitantes.

Região Centro-Oeste
Esta região, composta dos estados de Mato Grosso, Mato Gros-
so do Sul e Goiás, além do Distrito Federal, ocupa 1.606.445,5 km2,
aproximadamente 19% de todo o território nacional. Localizada
na porção central do Brasil, limita-se amplamente com as demais
Feitas de madeira e construídas sobre iga- regiões brasileiras. Em virtude da sua localização, a Região Centro-
rapés ou rios, as palafitas são o retrato da
pobreza em áreas da Região Norte. -Oeste está quase que totalmente dentro de uma área intertropi-
cal (apenas o sul do Estado de Mato Grosso do Sul é cortado pelo
Trópico de Capricórnio), apresentando, portanto, predomínio do
clima tropical.

Região Centro-Oeste
N

O L

Mato Grosso

Cuiabá Brasília
Goiás
Goiânia

Mato Grosso
do Sul
Campo Grande

0 183 km 366 km

340 Capítulo 12 – As regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil

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340

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Aspectos naturais
Clima
Como já vimos, o clima predominante na região é o tropical,
que apresenta duas estações bem definidas: verão chuvoso e inverno
Tropical
Cuiabá (MT)
seco. Porém, ocorrem outros três tipos climáticos, de acordo com a
localização geográfica. São eles: 600 30

500 25

Clima tropical de altitude: Localizado no sul do Estado do 400 20

Mato Grosso do Sul, área de domínio dos planaltos e chapadas 300 15


da Bacia do Paraná, onde a altitude acarreta uma diminuição
da temperatura.
200 10

Clima subtropical: Ocorre no extremo oeste do Mato Gros-


100 5

so do Sul, abaixo do Trópico de Capricórnio. Caracteriza-se por


0 0
J F M A M J J A S O N D
apresentar chuvas bem distribuídas e temperaturas baixas.
Clima equatorial: Quente e úmido, com chuvas abundan-
Temperatura (ºC)

tes todo ano, ocorre no norte do Estado do Mato Grosso.


Precipitações (mm)

Vegetação

Nesta região, dominada pelo clima tropical, a vegetação carac-


terística é a de Cerrados, que apresenta as seguintes características:

Vegetação adaptada a solos pobres, areno-argilosos, lixivia-


dos, deficientes em nutrientes e ricos em ferro e alumínio.
Apresenta raízes profundas.
Apresenta dois estratos de vegetação: um arbóreo, composto
de árvores baixas, normalmente com folhas cerosas, que fabri-
cam cera para evitar a perda de água, e com aspecto retorcido e
queimado, no qual predominam o pequi, o araticum, a lixeira
e o pau-santo; e outros, herbáceos, formados por gramíneas e
vegetação rasteira.
Vitoriano Júnior

Vegetação do cerrado: galhos retorcidos e casca grossa.

Capítulo 12 – As regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil 341

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341

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Além dessa formação vegetal, surge, ao norte e ao noroeste do
Estado de Mato Grosso, área de clima equatorial, a vegetação de
floresta amazônica.

Campos limpos: Vegetação composta de gramíneas, surge


no sul do Mato Grosso do Sul, e recebe a denominação regio-
nal de campos de vacaria.
Pantanal: Localizado entre os Estados do Mato Grosso e
Mato Grosso do Sul, caracteriza-se por ser a maior planície
inundável do Planeta, por possuir um complexo e heterogê-
neo ecossistema onde estão presentes espécies de quase todas
as formações vegetais brasileiras. O quebracho, árvore da qual
se extrai o tanino, utilizado na indústria para curtimento de
couro, é uma das espécies dessa complexa formação vegetal.
Vegetação de mata galeria: Formação vegetal que margeia
diversos leitos de rios da região. Além desta, encontram-se pe-
quenas manchas de florestas tropicais no sudeste de Goiás e
porção oriental do Mato Grosso do Sul.

Relevo

Esta região apresenta como forma de relevo reinante a chapada


e, em menor abundância, os planaltos.

vitormarigo/Shutterstock.com
Chapada dos Veadeiros.

Planaltos e chapadas da Bacia do Paraná: Constituídos


por rochas basálticas, estão localizados na porção sul da região
Centro-Oeste. Nesta região desenvolveu-se o solo de terra
roxa, de alta fertilidade natural. Destacam-se nesse planalto as
serras do Maracaju, Caiapó, Bodoquena e Estrela.
Planaltos e chapada dos Parecis: Unidades de relevo lo-
calizadas na porção centro-oeste. Destacam-se nessa área as

342 Capítulo 12 – As regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil

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342

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serras Formosa, do Tombador, do Roncador e a Chapada dos
Parecis.
Planaltos e serras de Goiás-Minas: Formado por terrenos
cristalinos, onde merecem destaque a Chapada dos Veadeiros e
as Serras dos Pirineus e Dourada.

Centro-Oeste: físico

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Roosevelt

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10º

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baí

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icórnio
Trópico de Capr
65º 60º 55º 50º 45º

Além dessas unidades geomorfológicas, destacamos outras


duas:

As depressões: Unidades de relevo que se localizam em pe-


quenas áreas entre os planaltos e as chapadas, dentre as quais
podemos destacar:

• A Depressão Cuiabana.
• A Depressão do Alto Paraguai-Guaporé.
• A Depressão de Miranda.

Capítulo 12 – As regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil 343

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343

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Leitura
complementar A Planície do Pantanal: Localizada entre o Mato Grosso e
o Mato Grosso do Sul. Caracterizada como a maior planície de
inundação do Planeta, apresenta uma área de 150.000 km², que
A Economia de Mato Grosso se estende pelo Paraguai, onde recebe a denominação de Chaco.

do Sul Hidrografia

As principais fontes econômicas de Mato A região Centro-Oeste caracteriza-se como “a caixa-d’água”


do Brasil, pois é nos planaltos dessa região que nascem os rios que
Grosso do Sul são agricultura e pecuária. A drenam quatro das principais bacias hidrográficas brasileiras: a
área econômica que mais se destaca no estado Amazônica, a do Tocantins, a do Paraguai e a do Paraná. Porém,
é a do planalto da bacia do Paraná com seus o rio que apresenta maior importância é o Paraguai, pois é esse rio
que, em seus períodos de enchentes, inunda a planície pantaneira,
solos florestais e de terra roxa. Nessa região, levando fertilidade e vida. Além disso, por ser um rio de planície,
os meios de transporte são mais eficientes e os serve como via de transporte para escoamento da produção agro-
mercados consumidores da Região Sudeste es- pecuária, bem como de minérios de ferro e manganês extraídos do
Maciço de Urucum.
tão mais próximos.
A maior produção agropecuária concen- Aspectos sociais e econômicos
tra-se na região de Dourados onde é desenvol-
vida uma agricultura diversificada com cul- Sendo a segunda maior região do Brasil, 1.606.371Km2, o
Centro-Oeste apresenta atualmente 14.058.094 habitantes e uma
turas de soja, arroz, café, trigo, milho, feijão, densidade demográfica de aproximadamente 8,7 hab./km2. É a se-
mandioca, algodão, amendoim e cana-de-açú- gunda região em crescimento populacional, em virtude da imple-
car. Nos campos limpos, pratica-se a pecuária mentação da agricultura da soja e garimpos auríferos, que passaram
a atrair diversos migrantes em busca do novo “Eldorado agrícola
de corte, com numeroso rebanho bovino, e os brasileiro”. Além disso, o seu crescimento populacional em 2010 al-
suínos assumem importância nas áreas agrí- cançou o patamar de 1,91%, perdendo apenas para a Região Norte.
colas. No pantanal, a oeste, estão as melhores

Arquivo/ABr
pastagens do estado.

Energia e mineração

A maior parte da energia consumida em


Mato Grosso do Sul é produzida pela hidre-
létrica de Jupiá, instalada no rio Paraná, no
estado de São Paulo. As indústrias de Mato
Grosso do Sul são responsáveis por 20% desse
consumo. Importantes jazidas de ferro, man-
ganês, calcário, mármore e estanho são encon-
tradas na Região Oeste. Colheita dos campos de soja no Cerrado. O Brasil é um dos maiores produtores de soja do mundo.

Uma das maiores jazidas mundiais de


ferro é a do monte Urucum, situado no mu- 344 Capítulo 12 – As regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil
nicípio de Corumbá. De modo geral, o solo
tem boas propriedades físicas, mas proprieda-
des químicas fracas, o que exige a correção de CG_7ºano_12.indd 344 29/03/2018 13:57:29 CG

cerca de 40% da área total com o emprego de Grosso do Sul. Corumbá é o maior núcleo in- Aquidauana e Corumbá, com um ramal em
calcário. dustrial do Centro-Oeste, com indústrias de direção a Ponta Porã.
cimento, fiação, curtume, beneficiamento de O principal eixo rodoviário é o que
Indústria cereais e uma siderúrgica que trata o minério liga Campo Grande a Porto Quinze de
de Urucum. Novembro, no rio Paraná, e a Ourinhos
A principal atividade industrial do estado (SP). O sistema viário contribui em boa
é a produção de gêneros alimentícios, seguida Transporte e comércio medida para o escoamento da produção
da transformação de minerais não metálicos agropecuária. A navegação fluvial, que já
e da indústria de madeira. Os beneficiamen- Mato Grosso do Sul é servido por uma teve importância decisiva, vem perdendo
tos de carne bovina e de arroz tem seu centro única linha ferroviária, que corta o estado de a preeminência. O principal porto é o de
em Campo Grande, capital. Até antes do des- Três Lagoas (na divisa com São Paulo) até Corumbá, ao qual se seguem os de Ladá-
membramento, toda a carne produzida em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia. A mes- rio, Porto Esperança e Porto Murtinho, to-
Mato Grosso era beneficiada no atual Mato ma linha serve as cidades de Campo Grande, dos no rio Paraguai.

344

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Sugestão de
A sojicultura mecanizada, que transformou o Cerrado em po- abordagem
tência internacional, serviu também para elevar o padrão e a quali-
dade de vida de parte da população, de forte predominância urba-
na, pois aproximadamente 90,1% vivem em cidades como Cuiabá, Pegue um mapa mudo da Região Centro-
Dourados, Ponta Porã, Aquidauana e Cáceres. Contudo, devemos
salientar que essa região, em virtude da urbanização acelerada, vem
-Oeste do Brasil e oriente que os seus alunos
produzindo um elevado processo de favelização no entorno dos façam marcações nele de acordo com as infor-
crescentes centros urbanos, na medida em que a sojicultura apre- mações passadas sobre as características eco-
senta elevadíssimo grau de modernização, portanto expulsando,
progressivamente, de suas áreas trabalhadores de menor qualifica- nômicas de cada um dos estados que o com-
ção que para ela afluíram. põe . A seguir, disponibilizaremos o link para
o seu acesso.

ValterCampanato/ABr
Link: ftp://geoftp.ibge.gov.br/produtos_educacionais/
mapas_mudos/mapas_do_brasil/mapas_ regionais/
regiao_centro_oeste.pdf. Acesso em: 22/12/2017.

Anotações
Esgoto a céu aberto em rua da Cidade
Estrutural, no Distrito Federal. A Cida-
de Estrutural se formou a partir da invasão de
catadores de lixo com o intuito de trabalhar no
aterro sanitário. A população dessa cidade sofre
com péssimas condições de saneamento básico,
educação, saúde, segurança e infraestrutura.

Em 2010, a mortalidade infantil foi de 16% (a menor taxa de


mortalidade infantil é da Região Sul), e o IDH só foi superado
pelo das regiões Sul e Sudeste. Nesta Região, o desmembramento
do Estado de Goiás deu origem ao estado de Tocantins, no ano de
1988, que passou a fazer parte da Região Norte. O povoamento
da região passou a ocorrer de uma forma mais veemente a par-
tir de 1960, graças à construção de Brasília e de estradas federais
que passaram a atrair capitais. Os principais centros urbanos da
Região são Campo Grande, Goiânia, Cuiabá, Corumbá, na fron-
teira com a Bolívia, e Brasília.
As vias de transportes naturais da região, da mesma forma que
na Região Norte, são os rios como o Paraguai; porém, por terra, a
região pode-se ligar a São Paulo através da Estrada de Ferro Noroes-
te e das rodovias Belém-Brasília e Cuiabá-Porto Velho.
Durante muitos anos, ao longo do período colonial, a econo-
mia desta região esteve ligada diretamente à mineração de ouro e
de diamante, uma vez que fazia parte das Minas Gerais do Brasil.

Capítulo 12 – As regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil 345

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O turismo ecológico também representa


uma importante fonte de receita para o esta-
do. A região do pantanal sul-mato-grossen-
se atrai visitantes do resto do País e do mun-
do interessados em conhecer a beleza natural
da região.

Disponível em: http://www.ms.gov.br/a-economia-de-


ms/. Acesso em: 27/12/2017. Adaptado.

345

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Diálogo com o
professor Ao exaurirem-se as jazidas, esta região passou a ser tipicamente pe-
cuarista, pois diversos coronéis do gado, durante o Ciclo do Ouro,
tinham deslocado suas boiadas do Sul e do Nordeste para alimentar
Professor, relacione os meios de produção de a população atraída.
cada região estudada com seus históricos de colo-

branislavpudar/Shutterstock.com
nização. Você pode dividir a sala em 4 grupos e
cada um ficará responsável por apresentar fatores
histórico-político-cultural-econômico do Cen-
tro-Oeste brasileiro. Assim todos os alunos toma-
rão conhecimento das características de cada esta-
do de modo dinâmico e participativo.

Anotações
A pecuária é um dos principais destaques do Centro-Oeste.

Até certo tempo, esta região caracterizou-se apenas por esta ati-
vidade econômica — ainda hoje, é bastante comum encontrarmos,
espalhados pelos cerrados e campos alagados da região, gigantescas
boiadas criadas de forma extensiva. Em 2011, o maior rebanho bo-
vino brasileiro ainda pertencia a esta região, aproximadamente 80
milhões de cabeças de gado —, porém, mais recentemente, quem
passou a tomar conta da paisagem foi a agricultura de milho, arroz,
algodão e principalmente a sojicultura mecanizada para exporta-
ção. A região figura entre as maiores produtoras nacionais de sorgo,
algodão em plumas e girassol, além de apresentar-se como uma das
líderes na produção de arroz e milho do Brasil.
A soja é um capítulo à parte dentro da economia do Centro-
-Oeste. De forma vertiginosa, devastou, contínua e crescentemen-
te, o Cerrado, utilizando correção agrícola do solo de baixa ferti-
lidade, e provocou, no início — e ainda de certa maneira provoca
—, diversos impactos ambientais, como o assoreamento de diver-
sos rios e manchas de desertificação; porém alçou a agropecuária
brasileira a um papel de destaque no cenário mundial, por sua alta
produtividade e modernização.
No campo industrial, o progresso e a ampliação do setor vie-
ram a reboque do desenvolvimento agropecuário, uma vez que, à
sua sombra, desenvolveu-se um portentoso sistema de cadeia pro-
dutiva dominada pelo Agronegócio, onde desponta um leque de
empresas que fornecem implementos para a agricultura, como
adubos, fertilizantes, rações, máquinas e equipamentos, ao lado de
outras que se nutrem da produção advinda do campo, como indús-
trias de alimentos, óleo vegetais, abatedouros, frigoríficos.

346 Capítulo 12 – As regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil

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C
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Geografia em cena

A história política do Brasil republicano – Região Centro-Oeste


Incorporado ao Brasil pelos bandeirantes que, partindo de São Paulo, ultrapassaram a linha ima-
ginária do Tratado de Tordesilhas e lutaram contra a Coroa espanhola por mais um pedaço de Brasil,
o Centro-Oeste continua exibindo com nitidez as marcas do passado. Na trilha sonora dos vilarejos
às margens dos rios pantaneiros, as polcas paraguaias são mais frequentes que os acordes do samba ou
da bossa-nova. As feições do povo se assemelham às dos indígenas bolivianos. Até outubro de 1977,
quando Mato Grosso do Sul foi desmembrado de Mato Grosso, apenas o estado de Goiás completava
a região — que só passou a ter relevância nacional com a inauguração de Brasília, nos anos 60. Mais do
que partidos, a história política republicana do Centro-Oeste é baseada em personagens. Entre eles se
destacam o temido Filinto Müller, em Mato Grosso, e os Ludovido e os Caiado, em Goiás.

http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/a-historia-politica-do-brasil-republicano-regiao-centro-oeste

Ensaio geográfico
1 Observe o mapa abaixo e identifique qual número corresponde à região Centro-Oeste, como tam-
bém seus respectivos estados.

0 628 km 1.256 km
A região Centro-oeste é representada pelo núme-

ro 1. Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e o


3
2 Distrito Federal.

4
Pacífico
Oceano

N 5
Oceano
O L
Atlântico
S

7:30

2 Faça uma análise e descreva quais são as principais atividades econômicas desenvolvidas na região
Centro-Oeste.
As atividades ligadas à agroindústria vêm sendo o setor de maior importância na economia do Cen-

tro-Oeste. Merecendo destaque a produção de soja, sorgo, arroz e milho. Além do mais, a região

também se destaca por possuir o maior rebanho de gado bovino do País.

Capítulo 12 – As regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil 347

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3 (UEPG – Adaptada) A respeito da Região Centro-Oeste do Brasil, coloque (V) nas alternativas
verdadeiras e (F) nas falsas.
a. V A Região Centro-Oeste é composta pelos estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul
e também pelo Distrito Federal.
b. F O Distrito Federal situa-se no estado de Goiás, que é o menos populoso da Região Centro-Oeste.
c. V A Região Centro-Oeste tem o maior rebanho bovino do País e se destaca na agroindústria e no
cultivo de algodão e soja.
d. V O Distrito Federal, que é composto por Brasília e várias cidades-satélites, tem no setor de ser-
viços o destaque da sua força de trabalho, da qual a maior parte é centrada na administração
pública.
e. F Na Região Centro-Oeste situam-se quatro grandes chapadas: a Chapada dos Veadeiros, a Cha-
pada dos Guimarães, a Chapada Diamantina e a Chapada do Araripe.

4 Observe o climograma e descreva a característica climática da região Norte do Brasil.

Clima equatorial Na região Norte, existe o predomínio


(2.892 mm)
do clima equatorial, bastante úmido,
mm Uaupés (AM) ºC
425 31 composto por temperaturas elevadas

durante a maior parte do ano, com


400 30
375 29
350 28 médias de 24°C a 26°C. Essa região
325 27
300 26 se destaca por possuir os maiores per-
275 25
250 24 centuais de chuva do País. Encontra-

mos também ao norte do Pará o cli-


225 23
200 22
175 21 ma tropical.
150 20
125 19
100 18
75 17
50 16
25 15
0 14
J F MA MJ J A S ON D
5 (UERJ) A agricultura familiar, apesar das críticas quanto à sua viabilidade econômica, mantém-se
como um segmento produtivo importante do setor primário brasileiro. Observe nos gráficos as pro-
porções percentuais do número de estabelecimentos da agricultura familiar e da área ocupada por eles
por macrorregião em relação ao total do País.

348 Capítulo 12 – As regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil

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Agricultura familiar
Número de Área ocupada
estabelecimentos pelos estabelecimentos

16% 19% 16% 16%


Nordeste
5% 12% Sudeste
10%
35% Sul
50% 21% Centro-Oeste

Norte

O tamanho médio das propriedades familiares é maior nas seguintes regiões brasileiras:
a. Sul e Nordeste.
b. Nordeste e Norte.
c. Centro-Oeste e Sul.
d. X Norte e Centro-Oeste.

Aprenda com arte

A Nação que Não Esperou por Deus


Direção: Lucia Murat.
Ano: 2015.

Sinopse: O documentário gira em torno da tribo indígena Kadiwéu que vive no Mato Grosso do Sul.
A diretora visitou a tribo primeiramente em 1999 para gravar outro filme e novamente em 2013/2014.
Nesses quase 15 anos, a luz elétrica, a televisão e as igrejas evangélicas chegaram ao local, além da luta de
terra dos Kadiwéu contra os pecuaristas. A intenção é analisar os diferentes caminhos da tribo perante
os acontecimentos.

Amazônia
Direção: Thierry Ragobert.
Ano: 2014.

Capítulo 12 – As regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil 349

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Sinopse: Após um acidente de avião, Castanha, um macaco prego nascido e criado em cativeiro, se vê
perdido e sozinho na imensidão da selva amazônica. O pequeno macaco se sente desamparado com a
inesperada liberdade. Diante de um mundo totalmente coberto por uma densa e exuberante vegetação
e repleto de animais, Castanha precisa encontrar seu caminho e se proteger das armadilhas da natureza.
Rapidamente, ele entende que achar outros macacos pregos e conseguir ser adotado por eles pode ser
a única forma de sobreviver. Acompanhando a jornada de Castanha, o espectador irá conhecer o ciclo
de vida da Floresta Amazônica.

Pequeno dicionário geográfico e cultural


Agronegócio: Relação da agricultura e pecuá- rais do solo, reduzindo sua fertilidade.
ria com a indústria. Palmácea: Plantas de troncos altos e folhas
Aplainamentos: Remover irregularidades da grandes.
superfície plana. Soldados da Borracha: Nome atribuído aos
Boom: Expansão, aumento súbito de algo. brasileiros que extraiam borracha, enviando-a
Favelização: Transformar em favela. aos Estados Unidos durante a Segunda Guer-
Heterogeneidade: Aquilo que é composto ra Mundial.
por partes distintas. Topo-altimétrica: Aquilo que se refere à al-
Índices pluviométricos: Medida em mm de timetria, ou seja, à representação de espaços
quantidade de precipitações. verticais, tendo como referência a altura. A al-
Lixiviados: Solos que sofreram o proces- timetria, junto à planimetria (que diz respeito
so de lixiviação, um tipo de erosão leve na à representação de superfícies horizontais),
qual a água das chuvas arrasta os sais mine- compõe a topografia.

Encerramento
1 (Fatec) Ao pensar em sua infância, José sente-se nostálgico e se lembra da vegetação característica
da região onde morava: árvores de cascas grossas e galhos retorcidos, e com raízes muito profundas.
Entre uma árvore e outra, havia espaço suficiente para correr e, no inverno seco, a vegetação ganhava
aspecto amarelado e, no verão chuvoso, tudo voltava a ficar verdinho.
Atualmente, a vegetação de que José se recorda não existe mais, tornou-se uma extensa plantação de soja.

É correto concluir que José passou sua infância no estado:


a. do Acre.
b. X de Goiás.
c. de Roraima.
d. do Rio Grande do Sul.
e. do Rio Grande do Norte.

2 (FGV) “[Na Amazônia] boa parte dos municípios que compõem a ‘mancha pioneira’ apresenta
as maiores taxas de desmatamento do bioma amazônico nos últimos anos... e um expressivo e perverso
processo de especulação fundiária, no qual a grilagem e a venda ilegal de terras (inclusive pela internet)

350 Capítulo 12 – As regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil

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é o seu principal artífice. [...] A rarefeita presença humana e os meios rudimentares de sobrevivência
de boa parte da população local, desprovida de capital e de qualificação, levam à configuração de um
espaço descontínuo.”
(Daniel Monteiro Huertas. Da fachada atlântica à imensidão amazônica. São Paulo: Annablume, 2009. p. 226. Adaptado.)

Na “mancha pioneira”, que forma um arco de desmatamento, são predominantemente encontrados(as):


a. Extração de madeira e agricultura de cana e milho.
b. X Extração de madeira, pecuária e cultivos de soja.
c. Pecuária, cultivos de cana e extração de minérios.
d. Extração de minérios, agricultura de milho e cana.
e. Agricultura de soja e arroz e extração de minérios.

3 (UPE) “O desmatamento é a atividade humana que afeta diretamente as maiores áreas na parte
florestada da Amazônia brasileira. A área desmatada é maior que a França.”
Philipe Fearnside.

Diversas mudanças ambientais, decorrentes do desmatamento referido pelo pesquisador, afetam nega-
tivamente os seres humanos na Amazônia.
Sobre elas, analise os itens a seguir:
I. Redução de ciclagem d’água.
II. Perda da capacidade produtiva dos ecossistemas.
III. Decréscimo no armazenamento do carbono.
IV. Alteração na formação de nuvens e na química da atmosfera.
V. Aumento do assoreamento de cursos fluviais.
Estão corretos:
a. apenas II e V.
b. apenas I, II e III.
c. apenas I, IV e V.
d. apenas II, III e V.
e. X I, II, III, IV e V.

4 (UEA) Tipo de vegetação característica da Floresta Amazônica, situada nas áreas de planícies inun-
dáveis pelas cheias sazonais dos rios, com árvores que não ultrapassam 20 metros de altura. Essa vege-
tação corresponde à
a. Mata de Mangue. b. Mata de Veredas.
c. X Mata de Igapó. d. Mata de Babaçu.
e. Mata de Terra Firme.

Capítulo 12 – As regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil 351

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5 (UERJ) Nos mapas abaixo, são representadas as médias históricas de variação da chuva no territó-
rio brasileiro, em milímetros, por estação do ano.

 150 251 a 375

521 a 625 751 a 875


Verão Outono
N 125 a 250 376 a 500
O L

S 626 a 750  875

0 1.413 km 2.826 km

Inverno Primavera

Considere os seguintes climogramas:


Clima A
Comparando os mapas com os gráfi-
chuva (mm)

temperatura (º)

700
cos, identifique as macrorregiões brasi-
32
600 28
500 24 leiras nas quais predominam os climas
400 20 A e B, respectivamente. Em seguida,
300 16 explique a pequena variação anual da
temperatura em ambos os climas.
12
200
8
100 4 Clima A: região Norte
0 0
J F M A M J J A S O N D
meses do ano Clima B: região Centro-Oeste

Clima B
chuva (mm)

temperatura (º)

500
40
400 35
30
300 25
20
200
15
100 10
5
0 0
J F M A M J J A S O N D
meses do ano

352 Capítulo 12 – As regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil

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6 A partir da análise do climograma, identi- mm ºC
fique qual o clima e a vegetação da região
brasileira abordada. 400 30

Tropical continental e Cerrado.


300 25

200 20

100 15

0 10
J F M A M J J A S O N D
meses do ano 16º S 56º W 165 m

AYOADE, J. Introdução à climatologia para os trópicos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001, p. 258.

7 (Ufam) O período comumente denominado de “anos dourados” marcou uma etapa da recente his-
tória brasileira associada ao desenvolvimentismo (abertura de rodovias, expansão da rede hidrelétrica,
implantação da indústria automobilística, descentralização da capital) e à atmosfera cultural, marcada
pelo surgimento da Bossa Nova. A que governo tal período está associado:
a. X Juscelino Kubitschek.
b. João Goulart.
c. Getúlio Vargas.
d. Eurico Gaspar Dutra.
e. Jânio da Silva Quadros.

8 (Unesp) As considerações a seguir dizem respeito à cidade localizada no mapa.

I. Seu polo industrial é fruto de um Decreto-lei da época do regime militar, portanto, imposto à
sociedade brasileira.
II. Suas empresas realizam operações básicas de montagem incorporando, gradativamente, compo-
nentes de fabricação nacional.
III. A produção industrial é altamente subsidiada.
IV. O regime tributário estabelece concorrência desleal com os produtores de outras regiões do país.
Assinale a alternativa correta.
a. Polo Têxtil de Belém.
0 1.060 km 2.120 km

b. Distrito Industrial de Santarém.


c. X Zona Franca de Manaus.
N
d. Polo Siderúrgico de Porto Velho. O L

e. Zona Petroquímica de Palmas. S

Capítulo 12 – As regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil 353

:31 CG_7ºano_12.indd 353 29/03/2018 13:57:31


353

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9 (Cesgranrio)

O L
RR AP
S

Santarém
AM
Manaus BR
BR
230 MA
Lábrea
319 PA
BR
Porto Velho 163 0 360 km 720 km

AC TO
RO

MT
Estrada
Limite da Amazônia Legal Cuiabá

Um domínio da Amazônia legal

“É o domínio da lavoura tecnificada. Trata-se de uma porção onde predominam os cerrados, e


não as florestas, e onde foi mais patente o progresso técnico na agricultura brasileira, tendo em vista a
expansão do cultivo da soja com alta produtividade.”
BECKER, Bertha. Amazônia: Geopolítica na virada do III milênio. Rio de Janeiro: Garamond, 2004, p. 82.

É possível associar o transporte de grãos de soja provenientes da porção amazônica, descrita acima, a
uma das três estradas apresentadas no mapa.

O trecho de estrada que torna essa associação possível é:


a. X Mato Grosso – Pará, BR–163.
b. Maranhão – Pará, BR–230.
c. Tocantins – Pará, BR–230.
d. Pará – Amazonas, BR–230.
e. Rondônia – Amazonas, BR–319.

10 (UTFPR) O projeto Carajás, localizado no divisor Araguaia-Xingu, é uma província mineralógica


de grande importância para a região onde está inserido. Essa reserva mineral está localizada:
a. na Região Nordeste, no estado do Maranhão.
b. na Região Centro-Oeste, no estado do Tocantins.
c. na Região Norte, no estado do Amazonas.
d. X na Região Norte, no estado do Pará.
e. na Região Norte, no estado do Amapá.

354 Capítulo 12 – As regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil

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354

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11 (FGV) “Líder no mercado mundial de minério de ferro até a deflagração da crise financeira de
2008, o Brasil perdeu para a Austrália a hegemonia, embora a Vale ainda lidere, isoladamente, o comér-
cio do insumo. A mineradora brasileira trabalha agora com um horizonte de cinco anos para que o País
recupere o mercado perdido em meio à crise.”
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,brasil-perde- lideranca-na-producao-de-minerio-,916731,0.htm

De acordo com a notícia acima, a mineradora brasileira Vale é a maior exportadora mundial de minério
de ferro. Sobre ela, responda: onde estão situadas as maiores jazidas da empresa?
As maiores jazidas da Vale localizam-se na Serra dos Carajás, no estado do Pará, e no Quadrilátero

Ferrífero, no estado de Minas Gerais.

12 (PUC-camp) Considere o mapa com as áreas de queimadas registradas pelo INPE (Instituto Na-
cional de Pesquisas Espaciais) em Junho de 1996. A leitura do mapa permite afirmar que os principais
pontos de fogo encontrados no período cartografado correspondem:

N
a. X ao cerrado e às áreas antigamente
O L
recobertas pela floresta, hoje desma-
Nenhum registro
S
tadas e que fazem parte da chamada
1 a 82 pontos fronteira agrícola.
b. ao cerrado em terras do Planalto
80 a 904 pontos

Central, onde se instalaram carvoa-


Equador rias destinadas a atender aos projetos
minerais da região.
c. às áreas florestadas da Amazônia,
onde predominam as culturas espe-
culativas de soja e de cana-de-açúcar.
d. às áreas campestres e aquelas reco-
bertas pela floresta que passam por
sucessivas queimadas para se trans-
formarem em pastagens.
de C apricórnio e. às áreas há muito desmatadas e que,
Trópico
desde o início da década, têm sido
Oceano ocupadas por posseiros e por inte-
Atlântico grantes do MST (Movimento dos
Sem Terras).

0 550 km 1.100 km

Capítulo 12 – As regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil 355

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355

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13 O Pantanal é um tipo de bioma que se caracteriza por ser uma das maiores planícies inundáveis do
Planeta. Marque a alternativa que corresponde aos estados brasileiros que possuem esse bioma.
a. Goiás e Mato Grosso.
b. Bahia e Minas Gerais.
c. Pará e Amazonas.
d. X Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
e. Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

14 (Ufes) Leia o texto a seguir.


Brasis: diversidade
O “desenvolvimento” da Amazônia tem-se caracterizado por políticas, projetos e ações impostos
de fora pelo poder central, combinado a poderosos grupos econômicos transnacionais e a grupos pri-
vados regionais, que criam riquezas voláteis e empregos precários na região, desestabilizando-a. A lista
é longa. Para ficar nas últimas décadas, mencionamos a mineração; o complexo hidrelétrico/mineral/
siderúrgico (Polo Carajás); a agroindústria; as milhares de madeireiras; as terras raras do Noroeste da
Amazônia brasileira; a pecuária extensiva; a exportação de animais silvestres; o extrativismo de madei-
ras e essências (pau-rosa); a pesca industrial; a Zona Franca de Manaus; os projetos de colonização. No
período mais recente, assistimos ao avanço da fronteira agrícola, com a expansão da produção de soja,
expansão esta acompanhada pela abertura de hidrovias e estradas.
(Le Monde Diplomatique Brasil, abril, 2008. Adaptado.)

Sobre a mineração na Amazônia, citada no Texto III, é correto afirmar que:


a. a Serra do Navio se destaca na produção de bauxita.
b. X o estado de Rondônia se destaca na produção de cassiterita.
c. o estado de Roraima é o principal produtor de estanho.
d. o Projeto Jari, no Amapá, caracteriza-se pela extração de manganês.
e. o Quadrilátero Ferrífero é a principal área de produção de manganês.

356 Capítulo 12 – As regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil

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356

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• Identificar as principais regiões industriais
da Região Sudeste.
• Compreender os motivos que fazem a agri-
Capítulo 13 cultura do Sudeste ser a mais desenvolvida do
Brasil.
• Reconhecer o papel periférico do Nordes-
As regiões Sul, Sudeste e te no sistema econômico brasileiro e o que o
caracteriza.
Nordeste do Brasil Localizada no extremo oeste do Paraná, na divisa
do Brasil com o Paraguai e a Argentina, a Catarata
do Iguaçu possui encostas levemente onduladas, • Estudar a região geoeconômica do Nordes-
com solos de textura argilosa, de origem eruptiva,
profundos e ricos em matéria orgânica. te, destacando como passou de área mais rica
do País a “região-problema”.
• Identificar e relacionar as características so-
cioeconômicas da região Nordeste: alta con-
centração da propriedade e da renda e baixo
nível socioeconômico da população.
• Demonstrar a existência de “vários Nordes-
tes”, ou seja, de vários e distintos aspectos que
caracterizam a região, como a diversidade na-
tural, os contrastes populacionais e as dife-
renças socioeconômicas.
• Apresentar a regionalização do espaço
nordestino, com base em seus aspectos físico-
-naturais, e as características de suas sub-re-
giões: Zona da Mata, Agreste, Sertão e Meio-
-Norte.
• Reconhecer a relação entre os fatores natu-
rais e econômicos e a organização do espaço
nordestino.
• Estudar os rios do Nordeste, destacando
sua importância.
Neste capítulo,
estudaremos as regiões Sul,
• Discutir a questão da transposição do Rio
Sudeste e Nordeste do Brasil. Dados São Francisco.
demográficos, localização, economia,
questões naturais e a construção • Reconhecer os problemas socioeconômi-
histórica são alguns dos temas que serão cos da região do semiárido, em sua maioria
abordados. Assim, compreenderemos
as razões que permitiram a decorrentes das secas.
existência de diferentes níveis de
desenvolvimento econômico

/Shutterstock.c
om
e social. BNCC
Jan Schneckenhaus
Habilidades trabalhadas
Capítulo 13 – As regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil 357
no capítulo

CG_7ºano_13.indd 357 29/03/2018 13:56:51 (EF07GE09) Interpretar e elaborar mapas te-


Objetivos • Entender os motivos pelos quais a Região máticos e históricos, inclusive utilizando tec-
pedagógicos Sul apresenta o melhor Índice de Desenvolvi-
mento Humano (IDH) do Brasil.
nologias digitais, com informações demográ-
ficas e econômicas do Brasil (cartogramas),
• Observar, comparar e diferenciar distintas • Identificar as diferentes unidades do relevo identificando padrões espaciais, regionaliza-
dimensões do espaço geográfico das Regiões da Região Sudeste do Brasil. ções e analogias espaciais.
Sudeste e Sul. • Identificar as diferentes bacias hidrográficas. (EF07GE10) Elaborar e interpretar gráficos
• Compreender as diferenças entre os climas • Compreender a diversidade climática da de barras, gráficos de setores e histogramas,
da Região Sul e os climas das outras regiões Região Sudeste e sua relação com o relevo re- com base em dados socioeconômicos das re-
brasileiras. gional. giões brasileiras.
• Relacionar as formações regionais de relevo • Compreender a distribuição populacio-
ao clima e à vegetação da Região Sul. nal do Sudeste como resultado do desen-
• Relacionar à hidrografia regional ao relevo volvimento econômico regional diferen-
e clima da Região Sul. ciado.

357

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Cenário 1

Região de forte
influência alemã e
italiana
Região Sul
Constituída pelos estados do Paraná, de Santa Catarina e do Rio
Grande do Sul, é uma região bastante particularizada, uma vez que é
a menor do Brasil, abrangendo apenas 576.300,8 km2, o que perfaz,
aproximadamente, 6,7% do total territorial brasileiro, além de ser a
única localizada, na sua maior parte, fora da zona intertropical.

Região Sul: político


N

O L

S
Trópico de Capricórnio Londrina
Maringá
São Paulo
Paraná
Ponta Grossa
Cascavel
Curitiba
Paraguai Joinville
Blumenau
Itajaí
Concórdia
Santa Rosa Florianópolis
Lajes
Rio Grande Santa Catarina
do Sul Caxias do Sul
Santa Maria
Porto Alegre
Santana do
Livramento Oceano
Bajé Pelotas Atlântico

Uruguai 0 115 km 230 km

358 Capítulo 13 –Argentina


As regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil
50º O

CG_7ºano_13.indd 358 29/03/2018 13:56:51 C


358

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Aspectos naturais
Clima
Luciano Queiroz/Shutterstock.com

Subtropical
Blumenau (SC)
600 30

500 25

400 20

300 15

200 10

100 5

0 0
J F M A M J J A S O N D

Temperatura (ºC)
Precipitações (mm)

Garoa em Cambará do Sul, Rio Grande do Sul.

Nesta região, predomina o clima subtropical, que pode ser sub-


dividido em:

Subtropical com verões quentes, localizado no estado do


Paraná.
Subtropical com verões brandos, que ocorre no Rio Grande
do Sul, no litoral e no interior da Região Sul.

Principais características do clima subtropical:

Gradiente térmico anual muito grande, entre 9ºC e 13ºC


(a maior do País).
Chuvas bem distribuídas entre as estações do ano, não se
registrando a presença de estação seca, salvo por anomalias at-
mosféricas.
Médias térmicas anuais inferiores a 20ºC.
Chuvas relativamente elevadas, acima de 1.500 mm anuais.
Nas áreas mais elevadas do relevo, apresenta verão suave e
inverno rigoroso, com queda de neve.
Nas áreas menos elevadas, o inverno é suave, e os verões,
quentes.
Apresenta sujeição às massas de ar polares.

Capítulo 13 – As regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil 359

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359

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Além do clima subtropical, podemos encontrar, no extremo
norte do Estado do Paraná (próximo ao Trópico de Capricórnio),
o clima tropical de altitude com chuvas de verão e verões brandos.

Região Sul: clima

MS MG
SP RJ
Londrina

Paraguai PR Tropical de altitude


Ponta Grossa
Subtropical com
Curitiba verões quentes
Subtropical com
Blumenau
verões suaves
Curitibanos
SC Florianópolis
Lajes
São Joaquim

Argentina RS Vacaria

Caxias do Sul Oceano Atlântico


Uruguaiana Santa Porto Alegre
Maria
N
Santana do Livramento
O L

Uruguai 0 144 km 288 km

Vegetação

Na região sul, a vegetação originária praticamente foi extinta


em virtude da exploração humana. Podemos destacar, como vege-
tações nativas desta região:

Mata de Araucária: Originariamente, localizava-se em vastas


áreas da porção Centro-Oeste da Região Sul. Formada, predo-

Iuliia Timofeeva/Shutterstock.com
CG

Mata de Araucária marca a vegetação da Região Sul.

360 Capítulo 13 – As regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil

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360

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Sugestão de
minantemente, pela Araucaria angustifolia, ou pinheiro-do- abordagem
-paraná (espécie de pinheiro nativo do Brasil e que emprestou
o nome a esta formação vegetal), foi praticamente destruída.
Inicialmente, para utilização de sua madeira considerada “mole” Disponibilizaremos um link no qual será
e, posteriormente, para dar lugar a diversas culturas agrícolas, so-
bretudo à cafeicultura. As principais características do pinheiro
possível observar características físico-ambien-
Araucária são as folhas aciculifoliadas (em forma de ponta de tais da Região Sul do País. Tente adequar as in-
agulhas), a copa em forma de cone e altura em torno de 30 m. formações de acordo com o perfil de sua turma.
Campos, Pampa Gaúcho ou Campanha Gaúcha: Origi-
nalmente localizada no extremo sul da Região Sul, é constituí-
do por gramíneas e vegetação herbácea, que se estendem por Link: ftp://geoftp.ibge.gov.br/produtos_educacionais/
uma vasta área planáltica, onde se destacam algumas ondula- mapas_mudos/mapas_do_brasil/mapas_regionais/
ções do relevo, formando colinas que são denominadas coxi-
lhas. Essa região sofreu um intenso processo de apropriação, regiao_sul.pdf . Acesso em: 22/12/2017.
principalmente através da pecuária intensiva e da agricultura.

A Jellema/Shutterstock.com
Anotações

Gaúcho com suas ovelhas nos pampas.

Floresta tropical: Localizada no norte da Região Sul, foi


totalmente devastada pela utilização agrícola.
Vegetação litorânea: Desenvolve-se na forma de mangues e
restingas que cobrem uma estreita faixa litorânea em trechos do
Paraná, de Santa Catarina e no norte-leste do Rio Grande do Sul.

Relevo

Nesta região, encontramos poucas planícies. Podemos citar,


como exemplo deste modelo de relevo, a Planície da Lagoa dos Pa-
tos e Mirim, na região litorânea do Rio Grande do Sul. Predomi-
nam na Região Sul grandes extensões de planaltos, bem como de
depressões. As áreas de planaltos localizam-se nas porções leste e
oeste da Região Sul e são separadas pelas áreas de depressões.

Planaltos e Serras do Atlântico: Ocupam a porção orien-


tal, que vai do Paraná até Santa Catarina, e chegam até o lito-
ral, onde formam diversas falésias. Sua composição é cristalina.

Capítulo 13 – As regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil 361

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:53
361

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Planalto da Bacia do Paraná: De origem sedimentar, mas
que, durante a Era Mesozoica, recebeu sucessivos derrames ba-
sálticos formadores das áreas de terras roxas de extrema fertili-
dade, domina toda a porção oeste do Paraná e Santa Catarina,
bem como grande parte das terras do Rio Grande do Sul.
Planalto Sul-rio-grandense: Embasamento de estilo com-
plexo, formado predominantemente por rochas cristalinas,
situa-se no Rio Grande do Sul, especificamente na porção
centro-sul, entre a Planície da Lagoa dos Patos e Mirim e a
Depressão Periférica Sul-rio-grandense.

Minas
Região Sul: físico Gerais
Rio de
Trópico de Capricórnio Janeiro
São
Paulo
Paraná

Paraguai
Santa Catarina

Rio Grande do Sul


Oceano
Laguna Atlântico
dos Patos

Uruguai
Planalto N
0 115 km 230 km
Planície O L

Depressão S
50º O
Fonte: Elaborado pelo autor.

As áreas de depressão encontram-se incrustadas entre as áreas


de planaltos e são as seguintes: CG

Depressão Periférica da Borda Leste da Bacia do Paraná:


De formação sedimentar, localiza-se entre os planaltos e serras
do Atlântico a leste e o Planalto da Bacia do Paraná a oeste.
Depressão Periférica Sul-rio-grandense: Também de ori-
gem sedimentar, localiza-se entre o Planalto Sul-rio-grandense
e a Planície da Lagoa dos Patos e Mirim a leste e o Planalto da
Bacia do Paraná a oeste.

362 Capítulo 13 – As regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil

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362

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Diálogo com o

Hidrografia
professor
Esta região é banhada pelas águas de três bacias hidrográficas:
Professor, a Secretaria do Meio Ambien-
Bacias do Paraná e do Uruguai: Fazem parte da Bacia Plati- te e Recursos Hídricos por meio do Instituto
na, onde se destaca o Rio Paraná, na bacia do mesmo nome, que,
sendo um rio de planalto, possui grande potencial hidrelétrico. É das Águas do Paraná, dispõem de mapas, grá-
bastante explorado pelas diversas usinas construídas ao longo do ficos e fotos de satélite da bacia hidrográfica
seu curso, como Itaipu, ou em seus afluentes, como as de Barra Bo- do Paraná e Uruguai. Use esses recursos para
nita e Bariri, construída no Rio Tietê. Também merece destaque a
Hidrovia Tietê-Paraná, chamada de Hidrovia do Mercosul. ampliar suas aulas e reforçar os a visão dos alu-
Bacia do Uruguai: Banha terras catarinenses e gaúchas. O nos sobre esses ambientes.
Rio Uruguai nasce do encontro dos rios Canoas, catarinense, e
Pelotas, gaúcho, em um trecho encachoeirado, porém próximo à
foz torna-se um típico rio de planície. Serve como limite natural Sugerimos o Link a seguir: http://www.
entre o Brasil, Argentina e Uruguai. aguasparana.pr.gov.br/modules/conteudo/
Bacia do Sul: É uma bacia secundária formada por pequenos
rios, como Itajaí e Tubarão, em Santa Catarina, Ribeira do Igua-
conteudo.php?conteudo=79. Acesso em:
Rio de pe e Jacuí, no Rio Grande do Sul, que possuem pequeno poten- 27/12/2017.
Janeiro cial hidrelétrico e apenas são navegados em pequenos trechos.

Aspectos Sociais e Econômicos Anotações


A Região Sul apresenta, segundo o censo 2010, uma população de
27.384.815 de habitantes, que se espalham de uma forma mais ou menos
homogênea sobre o seu território, o que perfaz uma densidade demográ-
fica de, aproximadamente, 47,5 hab./km2. Essa população, porém, cresce
de forma lenta atualmente — aproximadamente, 1,2% ao ano.
Durante muito tempo, foi domínio espanhol. Sua colonização efe-
tiva foi completamente diferente da do restante do Brasil, deu-se tardia-
mente, de forma organizada (colonização de povoamento) e racional,
com o objetivo de garantir a posse da terra, por meio da introdução de
imigrantes trazidos da Europa, principalmente italianos, germânicos e
eslavos, pelo governo, a partir do princípio do século XX.
Inicialmente, foram ocupadas as terras da Campanha Gaúcha por
colonos portugueses vindos dos Açores, que introduziram a pecuária A Usina Hidrelétrica de Itaipu é binacional, localizada no Rio Paraná, na fronteira entre o Brasil
e o Paraguai. Construída por ambos os países entre 1975 e 1982, é, atualmente, a maior usina
extensiva. Posteriormente, levas de colonos italianos, alemães, russos, hidroelétrica do mundo.
ucranianos e poloneses instalaram colônias de imigrantes nas regiões ser-
ranas. Depois, grupos de japoneses instalaram-se no norte do Paraná. O
modo de vida e a cultura trazida por esses imigrantes para a região mar-
caram de forma permanente a cultura, a economia e o desenvolvimento
social da região.
A estrutura fundiária apoiou-se na existência de minifúndios po-
licultores, introdução do cultivo da uva, da produção vinícola e de ou-
tros produtos de clima temperado. Por outro lado, a cultura europeia,
preservada dentro do Brasil, passou a contribuir com a disseminação de

Capítulo 13 – As regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil 363

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Domingos Mancuso/Wikimedia.com
Colonos italianos em Caxias do Sul,1918.

hábitos diferentes daqueles dos nativos, porém que viriam somar-se de


forma qualitativa à cultura nacional. Atualmente, essa região apresenta o
melhor IDH do Brasil, 0,756 desde 2010, e a menor taxa de mortalidade
infantil, 20,3% (2000).
A natureza singular propiciou a esta região uma história econômica
que sempre esteve ligada diretamente à agropecuária.
A sua agricultura, hoje moderna e diversificada com uma elevada
produção de uva, fumo, soja, trigo, arroz, milho, batata, amendoim e fei-
jão, foi inicialmente estabelecida por colonos europeus que trouxeram
para as terras do Sul novas práticas, como a vitivinicultura, praticada nas
encostas serranas por italianos.
O café floresceu nessa região, principalmente no norte do Estado
do Paraná, em virtude das condições de clima (subtropical) e solo (terra
roxa). Esse avanço dos cafezais devastou completamente a Mata de Arau-
cária. Em virtude das geadas, o café foi substituído pela sojicultura e até
por cana-de-açúcar.
Lisandro Luis Trarbach/Shutterstock.com

A região dos Pampas é dominada pela pecuária extensiva de


ovinos e bovinos, cujo pisoteio vem servindo historicamente para
devastar esses campos. Porém, ao lado das estâncias e da figura do
gaúcho típico (de bombacha, montado no seu cavalo crioulo), sur-
giram várias fazendas modernas onde se pratica a pecuária extensiva,
que se utiliza de novas técnicas de criação, como seleção de animais,
inseminação artificial e estabulamento.
No campo industrial, a Região Sul vem apresentando um contínuo
e gradual crescimento, que começou na segunda metade da década de
1990, resultado de uma forte política de incentivos fiscais a empresas
estrangeiras dispostas a instalarem-se na região. Ancorada nessa políti-
ca, atualmente destacam-se as regiões metropolitanas de Porto Alegre
No Rio Grande do Sul, os imigrantes e Curitiba, onde diversas montadoras de veículos instalaram-se, bem
italianos dedicaram-se principalmente à
plantação da uva.
como outras empresas, prestadoras de serviços a essas montadoras.

364 Capítulo 13 – As regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil

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Além dessas novas áreas de industrialização, podemos destacar ou-
tras mais antigas, como o município de Canoas, na Grande Porto Alegre,
e seu grande polo petroquímico; Blumenau e Joinville, em Santa Cata-
rina; a região serrana do Rio Grande do Sul (Caxias, Garibaldi, Bento
Gonçalves, etc.).

Principais concentrações industriais na Região Sul

MS Cornélio Procópio

SP
Maringá Londrina
Cianorte Apucarana

Campo Mourão

Paraguai Cascavel Paraná Ponta Grossa


Guarapuava Curitiba

Campo Largo Paranaguá


São José dos Pinhais
Joinville
Mafra Jaraguá do Sul

Santa Catarina
Blumenau
Itajaí
Chapecó
Brusque
Concórdia Curitibanos
Erexim Florianópolis
Lajes
Passo Fundo
Lauro Müller Imbituba
Vacaria
Argentina Rio Grande do Sul Urucanga
Criciúma
Bento Gonçalves Araranguá
Caxias do Sul
Santa Maria Garibaldi Novo Hamburgo
Esteio São Leopoldo
Alegrete Canoas
Uruguaiana Cachoeira do Sul Porto Alegre

Oceano
Santana do Livramento
Atlântico
Bagé
Pelotas

N
Uruguai Rio Grande

O L 0 115 km 230 km
S

Na Região Sul, de Curitiba a Porto Alegre, estendem-se concentrações industriais cada vez mais
integradas às estruturas produtivas e financeiras do Sudeste, resultantes da atuação da sociedade
sobre o meio natural, transformando-o em espaço geográfico.

A única área de jazida carbonífera comercialmente explorada


do Brasil localiza-se entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul, que
alimenta as indústrias siderúrgicas da região. Também vale ressaltar
o grande potencial hidrelétrico gerado pela bacia do Paraná, que é
utilizado pelas indústrias e pelos domicílios da região.
Lisandro Luis Trarbach/Shutterstock.com

Região portuária de Porto Alegre, Rio


Grande do Sul.

Capítulo 13 – As regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil 365

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365

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Cenário 2

Região de maior
potencial industrial
do Brasil
Região Sudeste
Esta região, considerada o centro mais dinâmico da econo-
mia nacional, apresenta apenas quatro estados: Espírito Santo, Rio
de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, que perfazem uma área de
924.573,8 km2, ou seja, 10,85% do território nacional.
Essa porção do território apresenta um quadro socioeconômico
bastante heterogêneo, no qual riqueza e pobreza convivem lado a lado.

O L 0 97 km 194 km Bahia
S

DF

Goiás
Minas Gerais

Belo Horizonte
20º S Espírito
Santo
Mato
Grosso
Vitória
do Sul

São Paulo
Rio de Janeiro
Trópico de Capricórnio
Rio de Janeiro
São Paulo

Oceano
Paraná Atlântico
50º O 40º O

366 Capítulo 13 – As regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil

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366

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Aspectos Naturais
Relevo

Perfil Nordeste-Sudeste, abrangendo as terras das regiões Centro-Oeste e Sudeste

m A
2.000
Planaltos e serras
Planaltos e chapadas da do Leste-Sudeste B
Bacia do Paraná Depressão
Pantanal Rio Paraná periférica
1.000
mato-grossense Oceano
Atlântico
0
A B
NO SE

Assim como na Região Sul, predominam no Sudeste as áreas


de planalto e de depressões; a área de planície restringe-se apenas à
região litorânea do estado do Espírito Santo. As áreas de planaltos
predominam na paisagem e delimitam depressões interiores. São as
seguintes:

Planaltos e serras do Leste-Sudeste: Conjunto de forma-


ção cristalina, as serras que formam a escarpa do planalto estão
localizadas a leste da região, onde podemos destacar as serras
do Mar, da Mantiqueira, do Espinhaço e do Caparaó, ou Chi-
bata. Adentrando o continente, encontraremos o Domínio
dos Mares de Morro, relevo em forma de meia laranja desen-
volvido por agentes erosivos que desgastaram rochas cristali-
nas. Logo após essa região, encontraremos relevos aplainados,
modelados sobre terrenos sedimentares antigos.
Fulviusbsas/Wikimedia.com

Serra dos Órgãos, Rio de Janeiro.

Capítulo 13 – As regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil 367

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Planaltos e serras de Goiás-Minas: Formados por terrenos de
origem cristalina localizados no oeste do estado de Minas Gerais,
onde merecem destaque as serras da Barcaça e dos Tropeiros.
Planaltos e chapadas da Bacia do Paraná: Formada por ter-
renos sedimentares, mas que durante o Mesozoico recebeu
derrames basálticos, localiza-se na porção oeste do estado de
São Paulo, onde desenvolveu manchas de solos de terra roxa.
Na borda leste destas unidades, em São Paulo, localizam-se as
frentes de cuestas de Botucatu, Franca e Fartura.

As depressões são duas e estão localizadas entre as áreas de ser-


ras e planaltos:

Depressão Sertaneja-São-Franciscana: Formada por terre-


nos cristalinos, localiza-se entre os planaltos e serras de leste-
-sudeste, a leste, e os planaltos e serras de Goiás-Minas, a oeste.
Depressão Periférica da Borda Leste da Bacia do Paraná:
Unidade de relevo formada por material sedimentar, está en-
caixada entre as serras de leste-sudeste, a leste, e os Planaltos e
Chapadas da Bacia do Paraná, a oeste.

Sudeste:
Tocantins unidades de relevo

Bahia
0 141 km 282 km
Mato N
Grosso
O L

Brasília S
1
Goiás
5
4

2 3
Mato Minas Gerais 7
Grosso Espírito
do Sul Santo

São Paulo Rio de Janeiro


6
3
Oceano
Paraná Atlântico
Planaltos Depressões
1 – Planaltos e chapadas da Bacia do Parnaíba 5 – Depressão Sertaneja e do São Francisco
2 – Planaltos e chapadas da Bacia do Paraná 6 – Depressão Periférica da Borda Leste da Bacia do Paraná
Santa Catarina
3 – Planaltos e serras do Atlântico Leste-Sudeste Planícies
4 – Planaltos e Serras de Goiás-Minas 7 – Planícies e Tabuleiros Litorâneos

368 Capítulo 13 – As regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil

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Hidrografia

Esta região é drenada pelas águas das seguintes bacias:

Bacia do Paraná: É de vital importância para o desenvolvi-


mento econômico-industrial da região, pelo aproveitamento
hidráulico das suas águas com a construção das usinas hidre-
létricas ao longo do Rio Paraná (trecho da Região Sudeste),
como as de Ilha Solteira, Jupiá, e São Simão. Também há o
aproveitamento dos seus afluentes, como nas hidrelétricas de
Promissão, Ibitinga e Bariri, no Tietê, além das de Marimbon-
do e Volta Grande, no Rio Grande. Outro fator de importân-
cia desta bacia é a hidrovia Tietê-Paraná, elo comercial e de
escoamento da produção do Mercosul.

Bacia Tietê-Paraná
GO
0 44 km 88 km
Santa Clara d’Oeste

Eclusa de Ilha Solteira

MS Eclusa de Jupiá Eclusa


Pereira Barreto

Três Irmãos Eclusa Nova Avanhandava

Buritama Eclusa Promissão

Rio Paraná Panorama


Eclusa de Ibitinga

Presidente Epitácio
Rio Tietê Ibitinga
Bariri
Eclusa de Bariri
Eclusa de
Porto
Primavera Pederneiras
Eclusa de Barra Bonita
Barra Bonita Águas
Rosana de São
Pedro
Anhembi

O L

Bacia de Leste: Bacia secundária composta de diversos rios,


como o Vaza-Barris, o Paraguaçu e o das Contas, que apre-
sentam condições de temporalidade em seus cursos médios e
superior, e os rios Jequitinhonha, Paraíba do Sul e Doce, que
são permanentes. Destes, merece destaque o Paraíba do Sul,
que nasce em São Paulo, na Serra do Mar, e desemboca no Es-
tado do Rio de Janeiro: foi no seu vale que se desenvolveu a

Capítulo 13 – As regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil 369

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369

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Leitura
complementar cafeicultura e, posteriormente, a região mais industrializada e
urbanizada do País. Destaca-se também o Rio Doce, que nasce
em Minas Gerais e deságua no litoral capixaba, percorrendo
Dois anos depois, atingidos uma das regiões mais ricas em minério de ferro e mais poluídas
do Brasil, por causa das diversas siderúrgicas instaladas no seu
por barragem em Mariana curso para beneficiar o minério e exportá-lo pelo Porto de Tu-
barão, no Espírito Santo. Não é à toa que o vale por onde corre
ainda não foram indenizados recebe os sugestivos nomes de “Vale do Aço” e “Vale da Morte”.
Bacia do São Francisco: Formada pelo Rio São Francisco,
O rompimento da barragem de Fun- que nasce na Serra da Canastra, em Minas Gerais, área de cli-
dão, pertencente à Mineradora Samarco, ma tropical, e segue em direção à Região Nordeste. Na Região
afetou pelo menos 500 mil pessoas ao longo Sudeste, drena áreas da Depressão Sertaneja-São-Franciscana,
onde, a partir da cidade de Pirapora até a Juazeiro na Bahia, apre-
de 670 km de curso d’água da Bacia do Rio senta um extenso trecho navegável. Nesta região, foi construída
Doce. O número inclui desde pessoas que a usina hidrelétrica de Três Marias, uma das maiores do Brasil.
tiveram familiares mortos e casas destruídas
Geografia em cena
até os que sofreram a interrupção do abaste-
cimento de água em 39 municípios. Tragédia em Mariana
A tragédia provocou uma avalanche de O Brasil assistiu em 5 de novembro de 2015 à Tragédia em
processos judiciais, levou à criação de ações Mariana (MG), o maior desastre ambiental de que se teve notí-
civis públicas e a necessidade de vários tipos cia. O acidente aconteceu por causa do rompimento de duas bar-
ragens no complexo de Alegria, da mineradora Samarco. Entre as
de indenização. A situação mais crítica é a vítimas fatais estão 19 pessoas, e além das centenas de desabriga-
dos atingidos de Mariana, onde os rejeitos dos, da destruição da fauna e da flora da região, a cidade também
provocaram os maiores estragos. teve soterrada muito da nossa história. Com mais de 300 anos, o
distrito de Bento Rodrigues, por exemplo, fazia parte da Rota da
A maior dificuldade das vítimas, segun- Estrada Real do século XVII e abrigava outros elementos histó-
do a Comissão de Atingidos da Barragem de ricos e culturais, que foram, em questões de minutos, sepultados
Fundão, é a definição do que faz da pessoa pelos mais de 62 milhões de metros cúbicos de lama.

Rogério Alves/TV Senado


uma atingida. São casos como o de Marle-
ne Agostinho Martins dos Reis, de 45 anos,
que morava na cidade de Mariana, mas ti-
nha a mãe morando em um sítio em Pedras,
povoado do mesmo município que foi atin-
gido. Embora a lama não tenha afetado a
casa de Marlene, mudou sua vida. Manicu-
re e cabeleireira, deixou o serviço depois da
tragédia para cuidar da mãe. A idosa sofreu
danos psicológicos severos e sua hiperten-
são ficou descontrolada.
Ela argumenta também que perdeu
acesso a alimentos com o soterramento do 370 Capítulo 13 – As regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil
sítio. “Quando eu vou na reunião com os
funcionários da Samarco, perguntam assim:
o que você perdeu? Eu perdi sim, porque CG_7ºano_13.indd 370 29/03/2018 13:56:54

eu dependia da minha mãe. Eu moro aqui Diálogo com o Anotações


em Mariana, mas verdura eu não compra-
va. Não comprava frango, ovos, fruta, quei-
professor
jo, leite. Verdura fresquinha, peixe. Meu tio
tinha uma lagoa lá do tempo do meu bisavô. Utilize imagens que mostre o antes e o
E lá a gente pescava, no rio, na lagoa. Então depois de Mariana. Conscientize-os do pa-
era uma coisa maravilhosa da gente. A gen- pel fundamental do homem na conservação
te perdeu tudo”. da natureza.

Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/


noticia/2017-11/dois-anos-depois-atingidos-por-
barragem-em-mariana-ainda-nao-foram-indenizados.
Acesso em: 22/12/2017.
C
370

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Clima

Esta região é um mosaico bem apurado de todos os climas que


existem no território brasileiro, porém predomina o clima tropi-
cal. A disposição do relevo, a posição geográfica, o efeito da con-
tinentalidade e a altitude preparam essa verdadeira bricolagem
climática. Isso faz com que, ao norte do Estado de Minas Gerais,
encontremos temperaturas mais elevadas e que, paulatinamente,
vão diminuindo em direção ao Trópico de Capricórnio, localizado
ao sul de São Paulo. Por outro lado, o relevo serrano ao longo do
litoral provoca abundantes chuvas orográficas nessa área e acarreta
diminuição da pluviosidade do litoral.

Sudeste:
Tocantins clima
Mato Bahia
0 141 km 282 km
Grosso N

O L

Brasília S

Goiás

Minas Gerais
Mato Espírito
Grosso Santo
do Sul

São Paulo Rio de Janeiro

Paraná Semiárido
Tropical
Oceano Tropical de altitude
Atlântico Tropical úmido
Santa Catarina
Subtropical
6:54

Principais tipos climáticos

Clima tropical: Abrange as regiões do Triângulo Mineiro, a


porção centro-oeste de Minas Gerais e o oeste paulista. Apre-
senta duas estações bem definidas: verão chuvoso e inverno seco.
Clima tropical de altitude: Predominante nas regiões mais
elevadas da Região Sudeste, como as áreas serranas do Rio de
Janeiro e de São Paulo, o centro-sul de Minas Gerais, além da

Capítulo 13 – As regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil 371

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parte do planalto ocidental paulista, apresenta como caracte-
rística marcante verões chuvosos e invernos secos.
Tropical úmido: Domina toda a fachada litorânea desta re-
gião. Seus índices de pluviosidade são bastante elevados, cerca de
3.500 mm anuais na região da Serra do Mar. Suas temperaturas
são elevadas e há chuvas abundantes durante o ano inteiro.
Clima tropical semiárido: Restrito aos vales do São Francis-
co e Jequitinhonha, no norte de Minas Gerais. Apresenta tem-
peraturas bastante elevadas e chuvas raras e mal distribuídas.
Clima subtropical: Restringe-se ao extremo sul do Esta-
do de São Paulo, região localizada fora da área intertropical.
Apresenta baixas temperaturas no inverno e chuvas regulares
durante todo o ano.

Vegetação

Esta região, em virtude do elevado processo de apropriação do


espaço natural, apresenta suas formações vegetais profundamente
depredadas e modificadas pelas atividades humanas.

Sudeste: vegetação
Tocantins

Mato Bahia
N
Grosso
O L

S
Brasília

Goiás

Minas Gerais
Mato Espírito
Grosso Santo
do Sul

São Paulo Rio de Janeiro

Oceano Atlântico
Paraná Florestas
Cerrado
0 141 km 282 km
Caatinga
Campos
Santa Catarina
Formações complexas

372 Capítulo 13 – As regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil

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372

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Principais formações:

Floresta tropical: Formação vegetal profundamente altera-


da e que teve a sua maior parte devastada pelas atividades ur-
bano-econômicas. Sua área original abrangia vastos trechos de
todos os estados que compõem a Região Sudeste. Hoje apenas
podemos encontrá-las em alguns argueiros de mata nas regiões
litorâneas, onde se apresenta mais densa, e nas regiões interio-
ranas de Minas Gerais e São Paulo, além de diversos parques
e reservas de proteção ambiental no Espírito Santo, litoral do
Rio de Janeiro e de São Paulo. Caracteriza-se por ser uma flo-
resta latifoliada, perenifólia e bastante heterogênea. Algumas
das suas principais espécies são o jequitibá, a peroba, o amare-
lo, o pau-d’arco, o pau-brasil, o araçá, etc.

Rafael Xavier/Shutterstock.com

Vegetação formada por floresta tropical, Ilha Grande, sul do Rio de Janeiro.

Cerrado: Esta formação vegetal originalmente cobria vas-


tas áreas do centro-oeste mineiro e diversas áreas ao longo da
fronteira nordeste, entre Minas Gerais e São Paulo, além de
uma estreita área que se estendia do centro do estado de São
Paulo em direção à fronteira com Minas Gerais. Tipicamente
Denis A. C. Conrado/Wikimedia.com

Cerrado mineiro.

Capítulo 13 – As regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil 373

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373

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Sugestão de
filme formada por estratos arbustivos e herbáceos, essa formação ve-
getal foi gradativamente destruída pela utilização da lenha de
suas espécies, transformada em carvão, para alimentar os altos
A Imigração Italiana fornos das diversas siderúrgicas, sobretudo as de Minas Gerais.
Além desse processo predatório, o Cerrado, em vastas áreas,
Link: https://www.youtube.com/
passou a ser utilizado para a prática da pecuária extensiva, para
watch?v=EisqPz1vmBs. alimentar os frigoríficos industriais.
Floresta subtropical: Formada por pinheiros, como o
pinheiro-do-paraná (Araucaria angustifolia), este tipo de for-
Brasil abaixo de zero mação vegetal só é encontrado na Região Sudeste nas áreas
Link: https://www.youtube.com/ paulistas de altitudes mais elevadas ou próximo ao Trópico de
watch?v=R5U4iNHvqtE. Capricórnio, onde as temperaturas são mais amenas.

Vitoriano Jr.
Campos do Jordão - A cidade mais alta do
Brasil
Link: https://www.youtube.com/
watch?v=CLnh86wV5Uw.

Águas do Paraná
Link: https://www.youtube.com/
watch?v=Hzdpex3xa9Q.

Anotações
Pinheiro do Paraná, próprio da Floresta Subtropical.

Caatinga: Formação vegetal xerófila, é composta basica-


mente por cactáceas e espécies arbustivas encontradas no ex-
tremo nordeste de Minas Gerais, especificamente nos vales dos
rios Jequitinhonha e São Francisco, onde o clima é semiárido.
Vegetação litorânea: Desenvolve-se ao longo de todo o lito-
ral da Região Sudeste, nas formas de mangues e restingas.

Aspectos sociais e econômicos


Esta região apresenta, atualmente, uma população de
25.107.616 habitantes, o que totaliza, aproximadamente, 50% de
toda a população brasileira, bem como a maior densidade demo-
gráfica do País: 47,38 hab./km2. Esse portentoso quantitativo po-
pulacional deveu-se a diversos fatores, como a instalação e amplia-
ção da cafeicultura e, posteriormente, da indústria, que passou a

374 Capítulo 13 – As regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil

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C
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atrair levas e mais levas de imigrantes de outros países e migrantes
brasileiros, como os nordestinos. O crescimento natural apresenta
índices relativamente baixos, em torno de 1,6% ao ano, que, con-
jugado à retração do fluxo migratório, faz com que o crescimento
total da população seja relativamente lento.

lazyllama/Shutterstock.com
Complexo do Alemão, Rio de Janeiro.

De distribuição populacional tipicamente urbana, apresenta


90,52% de pessoas vivendo em cidades. É nesta região que se desen-
volveram aglomerados humanos gigantescos, como as duas maiores
metrópoles brasileiras, Rio de Janeiro e São Paulo, que formam, pela
interligação dos seus espaços construídos, uma verdadeira megalópole.

Região Sudeste: a organização atual do espaço geográfico

Região mais urbanizada e industrializada: a megalópole


Bahia
Região urbana e industrial importante
Área de agropecuária mais modernizada
Área de agropecuária menos modernizada
Metrópole global
Metrópole nacional Montes Claros
Centro regional
Outros centros
Limite das áreas mais modernizadas
Rodovias principais Teófilo Otoni

Patos de
Minas Governador
Valadares
Uberlândia

Mato Grosso Uberaba Belo


do Sul Horizonte
S.J. do Divinópolis
Rio Preto
Cachoeiro de Vitória
Ribeirão Barbacena
Araçatuba
6:57 Preto Itapemirim
Araraquara Poços de
Presidente Caldas Juiz de Fora
Oceano
Varginha
Prudente Marília Piracicaba
Campos
Volta Redonda

Atlântico
Bauru Nova Friburgo
Campinas
Trópico de Capricórnio
São Paulo
Ourinhos Taubaté
S.J. dos Campos Rio de Janeiro

Paraná Sorocaba N
0 111 km 222 km O L

S
50º Oeste de Greenwich

Capítulo 13 – As regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil 375

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Diálogo com o
professor Ao lado desse gigantismo estrutural, a Região Sudeste apre-
senta um quadro social e humano profundamente multifacetado,
há uma pequena parcela da população em que se encontra os privi-
Professor, relembre os alunos dos tex- legiados social, econômica e urbanamente convivendo ao lado de
uma enorme parte da população muito desfavorecida. Não é à toa
tos vistos sobre êxodo rural e peça para que que o IDH dessa região, que é a mais rica do Brasil, não chega a
eles façam uma reflexão sobre a construção ultrapassar a da vizinha Região Sul, além de apresentar uma morta-
do Sudeste brasileiro e a mão de obra dos lidade infantil superior à das Regiões Centro-Oeste e Sul.
nordestinos.

T photography/Shutterstock.com
Anotações

O Porto de Santos, localizado nos municípios de Santos e Guarujá, no Estado de São Paulo,
configura-se como o mais importante complexo portuário do País. Por meio dele, é movimen-
tado um quarto da balança comercial brasileira.

No conjunto, o Sudeste apresenta a economia mais dinâmica


do espaço brasileiro. Do ponto de vista industrial, a região apresen-
ta uma imensa diversificação de indústrias modernas e utilizando
tecnologia de ponta. Diversas siderúrgicas e montadoras de veícu-
los imprimem um dinamismo típico de países ricos. Desde a década
de 1950, a locomotiva que move a fluente economia do Sudeste é
São Paulo, que, sozinho, abarca cerca de 36,5% do PIB nacional.
Mesmo que, a partir da década de 1990, alguns ramos industriais
tenham desacelerado em virtude da política de incentivos fiscais
implementada por outros estados, a Região Sudeste chega ao século
XXI totalizando 66,2% do PIB industrial brasileiro.
Os maiores centros industriais estão instalados nesta região,
principalmente formados por empresas transnacionais atraídas por
inúmeras vantagens, como incentivos fiscais, mão de obra abun-
dante e barata e grande mercado consumidor. Em virtude disso, é
na Região Sudeste que o meio ambiente é mais agredido e depre-
dado, as florestas nativas são completamente destruídas, os rios são
plenamente poluídos e o ar é irrespirável.

376 Capítulo 13 – As regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil

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Frontpage/Shutterstock.com
Vista aérea de São Paulo onde podemos
ver, claramente, a poluição contrastando
com os edifícios.

Principais regiões industriais do


Sudeste
São Paulo e região do ABCD (Santo André, São Bernardo,
São Caetano e Diadema).
Oeste Paulista.
Rio de Janeiro.
Belo Horizonte.
Vale do Paraíba (Volta Redonda, São José dos Campos e
Campos).
João Monlevade (Minas Gerais) e o Vale do Aço (Ipatinga,
Timóteo).
Vitória, Cachoeiro de Itapemirim e Aracruz, no Espírito
Santo.

A agricultura dessa região apresenta um elevado padrão de


desenvolvimento técnico e de produtividade. Podemos destacar
a cafeicultura paulista e mineira; o plantio de cana-de-açúcar, no
interior do Estado de São Paulo, em cidades como Sertãozinho, Ja-
boticabal e Guariba; laranja, no interior paulista (São José do Rio
Preto); bem como a sojicultura do oeste paulista.
Alf Ribeiro/Shutterstock.com

6:57

Colheita de cana-de-açúcar em Bariri, SP.

Capítulo 13 – As regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil 377

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Cenário 3

Os construtores do
Brasil
Região Nordeste
Esta região apresenta o maior número de estados: Maranhão,
Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Ala-
goas, Sergipe e Bahia. Abrange uma área total de 1.554.257,0
km2, aproximadamente 18,26% do território brasileiro. Apresen-
ta características fisiográficas que a particularizam em relação às
demais regiões.

Região Nordeste: político


O L
São Luis

Pará S

Fortaleza

5º S Ceará
Maranhão Rio Grande
Teresina do Norte
Natal

João
Piauí Paraíba Pessoa

Pernambuco Recife

10º S
Maceió
Tocantins Alagoas
Aracaju
Sergipe
Bahia

Salvador

15º S
Goiás
Oceano
DF
Atlântico

Minas Gerais

0 151 km 302 km

Espírito Santo
20º S
45º O
40º O 35º O

378 Capítulo 13 – As regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil

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Aspectos naturais
Climas

Região Nordeste: climas


São Luís

Pará
Oceano
Fortaleza Atlântico
5º S Ceará
Maranhão Rio Grande
Teresina do Norte
Natal

João
Piauí Paraíba Pessoa

Pernambuco Recife

10º S
Maceió
Tocantins Alagoas
Aracaju
Sergipe
Bahia

Salvador

Goiás
15º S
Equatorial úmido
DF
Tropical
Tropical litorâneo
Tropical semiárido

Minas Gerais
N
0 151 km 302 km
O L
Espírito Santo
20º S S
45º O
40º O 35º O

O Nordeste apresenta predomínio de climas quentes do tipo


tropical e suas variantes. Vamos a eles:

Clima tropical
Predomina em parte do Estado da Bahia, na porção oriental do Es-
tado do Ceará, na fachada ocidental dos estados do Rio Grande do Norte
e do Piauí, além da porção centro-oriental do Estado do Maranhão. Esse
clima é influenciado pelas massas de ar equatorial continental e atlântica,
além da massa tropical atlântica. Apresenta as seguintes características:

Elevadas temperaturas e umidade.


Duas estações bem definidas: verão chuvoso e inverno seco.
Amplitude térmica anual em torno de 7ºC.
Temperaturas médias anuais em torno de 21ºC.
Precipitações em torno de 1.500 mm anuais.

Capítulo 13 – As regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil 379

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Clima tropical atlântico ou Litorâneo
Domina toda a fachada oriental (litorânea) do Nordeste, do
estado do Rio Grande do Norte até o sul da Bahia. Este clima so-
fre os efeitos da atuação conjunta de duas massas de ar: a tropical
atlântica, quente e úmida, e a polar atlântica, fria. Essas massas, ao
se encontrarem, provocam formações de frentes frias (frente po-
lar atlântica) que acarretam chuvas frontais. Apresenta as mesmas
características do clima tropical, porém existem algumas variantes
que o particularizam: chuvas concentradas nos meses de outono-
-inverno, amplitude térmica anual em torno de 15ºC e temperatu-
ras que variam dos 18ºC aos 27ºC, aproximadamente.

Ksenia Ragozina/Shutterstock.com
Lagoa Tatajuba, Jericoacoara, Ceará. Um
ótimo lugar para os turistas e moradores
aproveitarem o clima tropical litorâneo.

Clima tropical semiárido


Domina todo o Sertão nordestino e o norte de Minas Gerais.
Suas características são bastante acentuadas e marcam a vida dos
habitantes desta sub-região nordestina:

Elevadas temperaturas médias – Chuvas escassas, em torno


de 400 a 700 mm anuais, mal distribuídas e concentradas num
só período, normalmente entre dezembro e março, quando as
massas Equatorial continental e Equatorial atlântica têm força
suficiente para levar umidade até o sertão. Em algumas épocas,
as chuvas podem vir concentradas em um curto período, no in-
verno, pela ação da massa Tropical atlântica, que, mesmo per-
dendo grande parte da sua umidade ao transpassar a Borborema,
ainda consegue levar um pouco de chuva ao Sertão.
Longos períodos de estiagem – Mesmo fazendo parte do
grupo de climas tropicais, alguns atores colaboram, acarretan-
do a grande ausência de chuvas que marca este clima. São elas:
Formação de uma célula de alta pressão sobre o Sertão, que
provoca o afastamento das massas de ar úmidas.
Existência de uma barreira natural, o Planalto da Borborema,
que impede a passagem dos ventos úmidos vindos do litoral
em direção ao Sertão, provocando chuvas na Zona da Mata e
no Litoral e aridez no Sertão.

380 Capítulo 13 – As regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil

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380

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Representação do Planalto da Borborema e chuvas orográficas

Vento seco Ventos úmidos


(alísios)

Chuvas orográficas

Planalto da
Borborema
Planície Costeira
Depressão Sertaneja

Existência da corrente fria de Benguela, que atua provocando


condensação do vapor no oceano, acarretando precipitações
sobre este e levando seca aos litorais do Rio Grande do Norte
e do Ceará.
Saindo do domínio de climas tropicais, em direção ao norte
encontraremos, na porção ocidental do Estado do Maranhão,
o clima equatorial, que apresenta chuvas abundantes durante
todo o ano e temperaturas bastante elevadas.
Vegetação

A vegetação é o espelho do clima. Na Região Nordeste, a ins-


tabilidade climática e suas características regionais refletem-se nas
formações vegetais, que podem, em uma mesma área, variar de
acordo com as condições regionais de clima, relevo e solos. As prin-
cipais formações são:

Floresta equatorial: Aparece no oeste do Estado do Ma-


ranhão, área de domínio do clima equatorial. Caracteriza-se
por ser uma formação vegetal de porte tipicamente arbóreo,
heterogênea, fechada, de vegetais com folhas largas, perenes e
sempre verdes.
Mata Atlântica: Praticamente destruída pela exploração ao
longo da história de apropriação do território nordestino. Ini-
cialmente, parte de sua área foi devastada para extração do pau-
-brasil; posteriormente, grandes áreas de mata foram retiradas
para a implementação da monocultura de cana-de-açúcar; e,
mais recentemente, a urbanização quase a erradicou da Região
Nordeste. Localizava-se originalmente na região de domínio do
clima tropical atlântico (Zona da Mata litoral e parte do Agres-
te). Caracteriza-se por ser uma formação vegetal perene, sempre

Capítulo 13 – As regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil 381

:58 CG_7ºano_13.indd 381 29/03/2018 13:56:58


381

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Anotações
verde e heterogênea, possuindo espécies como o pau-brasil,
pau-de-jangada, visgueiro e jequitibá.

Tupungato/Shutterstock.com
Mata Atlântica em Paraty, Rio de Janeiro.

Caatinga: Vegetação que singulariza uma porção do espaço


planetário, surge na região de clima semiárido e é composta de
diversas plantas xerófilas, como o mandacaru, o xiquexique, o
caroá, a coroa-de-frade e a jurema, além de algumas árvores,
como o umbuzeiro, o marmeleiro e a cajazeira. Uma das princi-
pais características dos vegetais da caatinga é a manutenção da
vida nos longos períodos de estiagem; para que isso seja possí-
vel, várias espécies são caducifólias, perdendo as folhas durante
a estiagem, e outras adaptaram suas folhas transformando-as
em espinhos para não perder umidade por evapotranspiração.

Kleber Cordeiro/Shutterstock.com
A caatinga ocupa cerca de 11% do território brasileiro.

Cerrado: Ocorre nas áreas de clima tropical continental da


porção oeste dos estados do Piauí e da Bahia. É composto de
vegetais arbóreos e herbáceos, com árvores retorcidas e com
aspecto queimado.
Mata dos Cocais: Vegetação de transição entre o Sertão
seco, área de domínio da caatinga, e a Região Norte, de cli-
ma muito úmido e dominado pela floresta equatorial. Abarca

382 Capítulo 13 – As regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil

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km, chegando a 300 ou 350 km em alguns quitibá. Nesta região, as árvores chegam a atingir
Leitura pontos. A Mata Atlântica faz parte da Zona da mais de 30 metros de altura.
complementar Mata Costeira e no sul da Bahia e norte do Es-
pírito Santo é conhecida também como Hileia Caatinga
Baiana e Mata dos Tabuleiros.
Aspectos do quadro natural Em suas áreas mais densas, suas árvores al- Designa o conjunto de espécies vegetais
Mata Atlântica. cançam alturas entre 15 e 20 metros. As princi- de porte arbóreo e arbustivo que cobrem o se-
pais espécies da Mata Costeira são: pindoba, em- miárido nordestino. Os solos que compõem o
Caracterizada pela grande umidade, a baúba, pau-d’alho, azeitona-da-mata, visgueiro, ecossistema da caatinga são arenosos ou are-
Mata Atlântica se estende paralelamente ao li- sapucaia, ingá e pau-d’arco. Na Bahia, já na área no-argilosos, pedregosos e pobres em matéria
toral brasileiro, a partir do Cabo de São Ro- chamada de Hileia Baiana, a vegetação é rica em orgânica.
que, no Rio Grande do Norte, até o Rio Gran- espécies de madeira de lei, como o jacarandá, a Também chamada de Sertão, Carrasco e Se-
de do Sul. A Mata tem largura média de 200 maçaranduba, o jatobá, o cedro, a cerejeira e o je- ridó, a caatinga apresenta uma série de variações

382

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cies mais típicas dos cerrados os seguintes
exemplos: faveira, mangaba, pequi, araçá,
a região denominada meio-norte, localidade entre os estados
babaçu, ipê-branco e carnaúba.
do Piauí e do Maranhão, e é composta de diversas palmeiras,
como o babaçu e a carnaúba, que regionalmente é denominada
de “árvore da providência”.
Vegetação de praias, dunas e
Vitoriano Jr.

restingas
Incluem-se nesta categoria as diversas for-
mas de vegetação que ocorrem nos litorais are-
nosos. A vegetação de praia e as dunas sofrem
contínua ação dos ventos marinhos, carrega-
dos de sal. Esta combinação, associada à água
do mar e às areias, confere à vegetação litorâ-
nea um aspecto particular. O capim-da-areia,
o alecrim-da-praia, a pimenteira, a grama-da-
Mata dos Cocais no Piauí.
-praia e o capim-paraturá estão entre as espé-
Relevo cies vegetais encontradas nestas áreas.

Nesta região, predominam planaltos e depressões nas porções


interioranas, porém, ao longo do litoral, desenvolve-se uma grande Mangue
área de planície sedimentar que vai do Maranhão até o sul do Estado
da Bahia. Essa planície nem sempre apresenta a mesma largura, sendo Este tipo de vegetação ocorre em quase
mais larga nas proximidades do Golfão Maranhense, pela deposição
toda a extensão das regiões litorâneas tropi-
de sedimentos trazidos pelos rios que deságuam próximo à região, e
mais estreita na altura do Recôncavo Baiano. Convém salientar que, cais do mundo inteiro. A vegetação de man-
em diversos trechos desse litoral, surgem áreas de dunas, como no gue constitui-se de espécies que se desenvol-
Ceará e em parte do Rio Grande do Norte, bem como vastas áreas
de tabuleiros sedimentares no Rio Grande do Norte, na Paraíba, no
vem em solos de pequena declividade, sob a
norte de Pernambuco, em Alagoas e em parte de Sergipe. ação das marés de água salgada. As caracte-
rísticas dos mangues não diferem muito en-
Perfil oeste-leste da Região Nordeste tre as regiões quanto ao seu aspecto florís-
tico. No entanto, a altura das árvores nos
mangues variam bastante. No Maranhão e
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no litoral norte, as espécies alcançam por-
3.000
te bem mais elevado, formando verdadeiras
florestas.
Planaltos e chapadas Planalto da
2.000 da Bacia do Parnaíba Borborema
Depressão

As espécies mais representativas são: o


Rio Parnaíba Sertaneja Tabuleiros
1.000 litorâneos
N
0
A Oceano Atlântico A O L mangue vermelho, o mangue siriuba e o man-
O L S gue branco.

Capítulo 13 – As regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil 383 Disponível em: IBGE. Geografia do Brasil. Região
Nordeste. Rio de Janeiro. 1977. Atlas Nacional do Brasil.
Rio de Janeiro. 198. Acesso em: 22/12/2017.
6:59 CG_7ºano_13.indd 383 29/03/2018 13:56:59

na região: caatinga seca e agrupada, caatinga seca hia são as regiões do Nordeste que têm este
e esparsa, caatinga arbustiva densa, caatinga das tipo de cobertura vegetal. Relacionado ao Anotações
serras, caatinga da Chapada do Moxotó, além da clima quente, semiúmido, com ausência
caatinga do litoral. Dentre as espécies vegetais de chuvas num período entre cinco e seis
mais comuns da caatinga, estão a jurema, o um- meses, suas áreas mais distintas estão asso-
buzeiro, o marmeleiro, o mandacaru, o xique-xi- ciadas a um relevo de chapadas e tabulei-
que, a faveleira e o pinhão-bravo. ros. Os cerrados são formações herbáceo-
-lenhosas, com árvores de pequeno porte,
Cerrados de troncos e galhos retorcidos, revestidos
por espessa casca. As copas das árvores e
Ocupa, aproximadamente, um quin- arbustos do cerrado são abertas, permitin-
to do território brasileiro. O sul e leste do do a passagem de luz aos extratos herbá-
Maranhão, sudoeste do Piauí e oeste da Ba- ceos. Podem ser enumeradas como espé-

383

ME_CG_7ºano_13.indd 383 14/05/2018 12:29:51


Região Nordeste: físico
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Recifes da Pedra Grande
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A região de planaltos nordestina pode ser dividida em três


grandes unidades:

Planaltos e chapadas sedimentares da Bacia do Parnaí-


ba: Dominam praticamente todo o Estado do Maranhão e do
Piauí, bem como parte do Estado da Bahia, onde encontra-se

384 Capítulo 13 – As regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil

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384

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com a continuidade final da área dos planaltos e das serras de
Goiás-Minas, de origem cristalina. Nesta porção, encontrare-
mos as chapadas e serras do meio-norte-Araripe. Nesse conjun-
to do relevo, despontam as Serras do Gurupi e Tiracambu, nos
limites do Maranhão com Tocantins e Goiás, respectivamente;
a Serra das Alpercatas, na porção central do Maranhão; e a Ser-
ra da Ibiapaba, localizada entre os estados do Maranhão e do
Piauí, além da Chapada do Araripe, localizada entre os estados
de Pernambuco, Ceará e Piauí. O Espigão Mestre compreende
a porção oeste do estado da Bahia e está em uma área de con-
tato entre os planaltos e as chapadas sedimentares da Bacia do
Parnaíba, ao qual pertence, e a região de planaltos e serras cris-
talinas de Goiás-Minas, da qual recebe algumas interferências.
Planalto da Borborema: De origem cristalina, localiza-se
na porção leste da Região Nordeste, destacando-se por estar
justamente no centro da grande depressão sertaneja.
Chapadas e planaltos da Diamantina: Conjunto de origem
cristalina que faz parte da área dos planaltos e das serras de leste-
-sudeste localizada na porção centro-sul do Estado da Bahia.

ANDRE DIB/Shutterstock.com

Chapada Diamantina.

Além da região dos planaltos, encontramos também a Depres-


são Sertaneja, localizada entre as áreas de planície litorânea e dos
planaltos e chapadas. É uma região que resulta de intensos proces-
sos erosivos sobre terrenos cristalinos do Nordeste. Esse processo
forma diversos compartimentos de relevo nessa região. Entre eles
podemos citar os inselbergs, que são formas de relevos isoladas so-
bre as áreas de pediplanos, ou os chamados morros testemunhos.

Capítulo 13 – As regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil 385

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385

ME_CG_7ºano_13.indd 385 14/05/2018 12:29:52


Leitura
complementar

Vitoriano Jr.
A rede hidrográfica do
75º 65

Nordeste é constituída
principalmente pelas seguintes
bacias
10º

Bacias Maranhenses
Constituída pelos rios Itapecuru, Mea- Vale do Catimbau, no Sertão de Pernambuco.

rim, Grajaú, Pindaré e Turiaçu, todos rios pe- Hidrografia


renes, alimentados por uma pluviosidade mé-
Esta região apresenta rios com características bem distintas
dia de 1.000 a 1.800 mm .
dependendo da sub-região em que se localizam. De uma manei-
ra geral, podemos destacar dois tipos de rios que drenam as terras
Bacia do Parnaíba nordestinas:

O primeiro é o grupo dos rios permanentes. Neste, destaca-


Com área de cerca de 338 mil km², ba- mos os que fazem parte da Bacia do Nordeste ocidental, mais
Equador
nha quase todo o estado do Piauí, 9,8% do voltados para a porção norte, região do meio-norte (Mara-

nhão-Piauí), como o Gurupi, o Pindaré, o Grajaú, o Mearim,


Ceará e, aproximadamente, 17% do território o Poti e o Parnaíba. Outros, como o Jequitinhonha e o Pardo,
do Maranhão. É representada principalmente pertencentes à Bacia Hidrográfica do Leste, estão localizados
pelo rio Parnaíba, de vazão perene. no sul da Bahia, área úmida também, e são permanentes.
O segundo grupo, em virtude das condições climáticas de
semiaridez da área onde nasce (Sertão) e que percorre (Sertão
Bacias do Nordeste Oriental e Agreste), apresenta temporalidade completa em seu curso
ou em parte dele. Desse conjunto, podemos destacar os rios
Canindé, Acaraú, Jaguaribe, Pranhas-Açu e Paraíba do Norte,
São constituídas pelos rios Acaraú, Curu, que fazem parte da Bacia do Nordeste Oriental, e Vaza-Barris,
Jaguaribe, Apodi, Piranhas, Paraíba do Norte, Paraguaçu, de Contas, que fazem parte da Bacia do Leste, além
de pequenos rios espalhados pelo Sertão que surgem apenas
Capibaribe e Mundaú. Localizam-se em áreas
no curto período de chuvas, desaparecendo assim que estas
com escassez de precipitações e de curta esta- cessam.
ção chuvosa.
10ºA Bacia do São Francisco é um caso à parte, pois o seu rio prin-
cipal assume um papel de importância para os habitantes das regiões
Bacias de Sergipe e Bahia drenadas por suas águas, uma vez que é o único rio permanente que
corta o sertão nordestino. Isso se deve ao fato de sua nascente estar
localizada em uma área de clima tropical úmido em Minas Gerais,
São formadas pelos rios Vaza Barris, Ita- fazendo com que, mesmo durante as mais fortes estiagens, suas águas
picuru, Paraguaçu, Contas, Pardo e Jequiti-
nhonha. Esses rios têm seu baixo curso numa 386 Capítulo 13 – As regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil
área de pluviosidade elevada, sendo que, as ba-
cias superiores do Vasa Barris e do Real locali-
zam-se em terras semiáridas. CG_7ºano_13.indd 386 29/03/2018 13:57:00

Bacia do São Francisco Açudes


Compreende uma área de 487 mil km² e Diante do problema da escassez de recursos
20º hídricos, dezenas de açudes foram construídos

suas cabeceiras situam-se em áreas de precipita- no Nordeste. As grandes obras de açudagem têm sido realizadas pelo poder público, visando o
ção abundante. O São Francisco tem a sua ori- abastecimento da população sertaneja e a irrigação de terras. Dentre os principais açudes, vale
gem fora dos limites da Região Nordeste, em destacar o Armando Ribeiro Gonçalves, no Rio Grande do Norte, que tem a maior capacidade
Minas Gerais, banhando ao longo do seu per- de armazenamento de água, 2,4 milhões de metros cúbicos. O Orós, segundo maior, situa-se no
curso terras dos estados da Bahia, Sergipe, Ala- Ceará e tem capacidade de armazenamento de 2,1 milhões de metros cúbicos.
goas e Pernambuco. O rio tem um significado
muito especial para a região, pelo que represen- Disponível em: http://www.sudene.gov.br/area-de-atuacao/regiao-nordeste-estatisticas/hidrografia. Acesso em:
ta na vida socioeconômica do nordestino. 22/12/2017.

C
386
30º

ME_CG_7ºano_13.indd 386 14/05/2018 12:29:53


percorram o semiárido todo até desembocar em outra área de clima
chuvoso, na divisa litorânea entre os estados de Alagoas e Sergipe,
65º 55º 35º

próximo ao povoado de Pontal do Peba (AL) e às cidades de Neó-


polis (SE), Penedo e Piaçabuçu (AL). Até mesmo alguns dos seus
afluentes, como os rios das Rãs, Paramirim e Jacaré, são temporários;
apenas os afluentes localizados em áreas mais úmidas, como Carira-
nha, Correntes, Grande e das Velhas (nascem em áreas tropicais), e
o Pardo, que nasce em área de clima tropical atlântico, são perenes.
Este rio de planalto é aproveitado como fonte geradora de
energia, contando com cinco hidrelétricas construídas na Região
Nordeste: Sobradinho, Moxotó, Itaparica, Paulo Afonso e Xingó,
além de Três Marias, na Região Sudeste. Também apresenta um
largo trecho navegável entre as cidades de Pirapora (MG) e Juazei-
ro (BA). Fonte de vida e desenvolvimento para a economia, visto
que, por meio da irrigação, favorece a agricultura ao longo do seu
i. Maracá
percurso, o São Francisco recebe várias denominações, como Velho
Chico, I.Rio dos Currais e Rio da Integração.
Caviana
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do Parnaíba São Francisco Arq. de Abrolhos

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Nordeste Oriental

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Nordeste Ocidental I. Grande Trópico d
I. de São Sebastião eC apricórn
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I. de São Francisco
Capítulo 13 – As regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil 387
I. de Santa Catarina

CG_7ºano_13.indd 387 29/03/2018 13:57:00

Laguna dos Patos


387

La. Mirim
La. Mangueira
Arroio Chuí

ME_CG_7ºano_13.indd 387 14/05/2018 12:29:54


Diálogo com o
professor Aspectos sociais e econômicos
Apresenta atualmente uma população de 53.081.950 habitan-
Professor, recomendamos um documen- tes e uma densidade demográfica de 34,1 hab./km2, apesar de ser
to emitido pelo IBGE que mostra alguns da- a maior área de emigração do Brasil. Curioso é saber que a região,
que foi o primeiro centro econômico do País, apresenta a menor
dos referente ao Nordeste do Brasil. Use como população urbana do Brasil, 69,40%, e crescimento populacional
manual de consulta para preparar suas aulas. de 1,1% ao ano (o menor de todas as regiões).
Por outro lado, economia arcaica e historicamente engessada,
que ainda vive do passado agrícola e algumas áreas industriais es-
Link: https://www.bnb.gov.br/ tanques, apresenta, neste novo milênio, aceleração progressiva em
documents/88765/89729/nordeste_mapas_2012_net. virtude de novos investimentos em algumas áreas pontuais. Novos
ventos sopram para o Nordeste, com a ajuda governamental. Diver-
pdf/ c42a3f67-5dd9-4311-824d-ce418e4ea8a8. Acesso
sos estados, devido a incentivos fiscais, atraem novos investimentos
em: 22/12/2017. industriais, como o polo Ford, na Bahia; o polo industrial portuá-
rio de Pecém, em Fortaleza; além dos polos de desenvolvimento
industrial portuário de Suape; o polo gesseiro do Araripe, em Per-
nambuco; e o polo vinícola de Juazeiro-Petrolina.

Anotações

Bradleyzm/Wikimedia.com
Complexo industrial e portuário de Suape, Pernambuco.

O Nordeste sempre foi o ponto central de diversas e intensas


migrações que, juntamente com a seca sertaneja e as monoculturas,
símbolo da concentração fundiária, singularizam-no. Essa conjuga-
ção de diversos fatores, tais como a concentração da riqueza social,
a falta de investimento em setores sociais, o não investimento em
uma política de geração de emprego ou renda mínima, é um grande
problema para o Brasil como um todo, expostos pelos péssimos in-
dicadores sociais, os piores dentre todas as regiões brasileiras: IDH
de 0,608, taxa de mortalidade infantil de 52,3% ao ano, taxa de
analfabetismo de 17,7% e renda per capita de US$ 1.312,00.

388 Capítulo 13 – As regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil

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C
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A população do Nordeste encontra-se espalhada internamente
nas seguintes Sub-regiões:

Nordeste: sub-regiões

São Luís

Pará
Oceano
Fortaleza Atlântico
5º S Ceará
Maranhão Rio Grande
Teresina do Norte
Natal

João
Piauí Paraíba Pessoa

Pernambuco Recife

10º S
Maceió
Tocantins Alagoas
Aracaju
Sergipe
Bahia
0 180 km 360 km

Salvador

Goiás
Zona da Mata
15º S

Agreste
DF
Sertão
Meio-Norte

Minas Gerais
N

O L
Espírito Santo S
20º S
45º O
40º O 35º O

Zona da Mata litorânea

Corresponde à faixa oriental do Nordeste. Os fatores naturais


são bastante favoráveis a atividades agrícolas, em virtude do solo
de massapê, extremamente fértil, e do clima tropical quente e úmi-
do. A estrutura fundiária formou-se desde a introdução da cana-
-de-açúcar em latifúndios monocultores voltados para exportação,
com práticas tipicamente manuais. Nesta sub-região, também foi
desenvolvido o cultivo similar de outras culturas agrícolas, como o
7:01
tabaco e cacau (no Recôncavo Baiano).
É nesta região que estão instaladas as maiores áreas industriais
e urbanas, como Recife e região metropolitana, com suas indústrias
têxteis, alimentícias, e o Porto de Suape; Salvador, com a refinaria
de Petróleo Landulfo Alves; o polo petroquímico de Camaçari; e
o polo industrial da Ford; além de Fortaleza, com suas indústrias
têxteis e seu novo polo de industrialização de Pecém; e outras zo-
nas urbano-industriais importantes, como João Pessoa, na Paraíba;
Aracaju, em Sergipe; e Maceió, em Alagoas.

Capítulo 13 – As regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil 389

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Vitoriano Junior/Shutterstock.com
Adam Gregor/Shutterstock.com

Recife (esquerda) e Salvador (direita) são as duas principais metrópoles da Zona da Mata litorânea. A primeira encontra-se localizada em plena Zona
da Mata açucareira, e a segunda em uma área rica em petróleo.

Agreste

Área de transição entre a Zona da Mata litorânea e o Sertão. O


agreste é uma estreita faixa de terra que se estende do Rio Grande
do Norte até o sul da Bahia, assentada sobre o Planalto da Bor-
borema. Podemos destacar duas áreas distintas nesta sub-região: a
localizada na vertente voltada para o litoral, portanto sujeita aos
ventos úmidos, que apresenta solos férteis e maior pluviosidade; e
a outra, que está voltada para vertente a sotavento da Borborema,
em contato com o Sertão, apresentando solos de baixa fertilidade e
escassez de chuvas.
A sua vegetação apresenta uma miscelânea de espécies da Mata
Atlântica e da Caatinga, variando no predomínio de uma sobre a
outra de acordo com a localização. As densidades demográficas são
menores que as da Zona da Mata, porém maiores que as do Sertão.
Nele, encontramos diversos polos regionais, como Caruaru e Gara-
nhuns, em Pernambuco; Campina Grande, na Paraíba; e Feira de
Santana, na Bahia.

Vitoariano Jr.

Cidade de Caruaru, localizada no Agreste pernambucano.

390 Capítulo 13 – As regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil


. .

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A economia é claramente agropecuarista, com o predomínio
de pequenas propriedades policultoras e pecuária leiteira voltada
para abastecer o mercado dos grandes centros urbanos.

Sertão

É a mais extensa das sub-regiões nordestinas, contando com


aproximadamente 50% do total de suas terras. Corresponde ao
vasto ambiente do clima semiárido, onde predominam a vegetação
de Caatinga e os rios temporários, ou intermitentes. Seus solos são
ricos em minerais, porém pobres em matéria orgânica, pois a pouca
que é depositada pela vegetação catingueira é queimada pelas ele-
vadas temperaturas e baixa umidade. A área de períodos secos pro-
longados, com grande escassez de pluviosidade, que vai do norte de
Minas Gerais a todo o Sertão, é denominada Polígono das Secas.
O Sertão é uma área de baixa densidade demográfica e de
economia baseada na pecuária extensiva de corte e agricultu-
ra tradicional de milho, arroz, mandioca e feijão em consórcio,
praticada nos vales úmidos e nos sopés, além da cana-de-açúcar
e do algodão.

Polígono da Seca no Nordeste


N
0 137 km 274 km
São Luís O L
Pará S
Fortaleza

5º S Ceará
Maranhão Rio Grande
Teresina do Norte
Natal

João
Piauí Paraíba Pessoa

Pernambuco Recife

10º S
Maceió
Tocantins Alagoas
Aracaju
Sergipe
rancisco

Bahia
oF

Oceano
Rio

Salvador

Goiás
15º S Atlântico
DF
Projeto de irrigação

Polígono das secas


Minas Gerais Precipitações inferiores a 750 mm

Espírito Santo
20º S
45º O
40º O 35º O

Capítulo 13 – As regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil 391

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“A indústria da morte”

A criação da Sudene, em 1959, visava executar o planejamento


do governo e coordenar suas ações na Região Nordeste, além das
áreas territoriais do nordeste do Estado de Minas Gerais, área que
apresenta os mesmos problemas sociais, econômicos e ambientais
da Região Nordeste. A sua fundação parecia a solução para todos
os obstáculos que preocupavam o espaço sertanejo e a população.
De fato, a Sudene mudou a cara do Nordeste, ao estabelecer,
estrategicamente, políticas de desenvolvimento para todas as sub-
-regiões nordestinas, e não apenas para solucionar problemas rurais,
uma vez que, ao longo do processo de apropriação desse espaço,
diversas ações haviam beneficiado apenas os grandes latifundiários
sertanejos e da Zona da Mata.
Segundo o Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do
Nordeste (GTDN), equipe de trabalho criada pelo Governo Federal
em 1959 (embrião de criação da Sudene) e liderada pelo economista
paraibano Celso Furtado, o problema do atraso do Nordeste não era
consequência da seca ou da baixa competitividade das monoculturas,
mas, sim, da falta de indústrias modernas, que poderiam promover
um crescimento econômico totalizante. Em outras palavras, a solu-
ção para o Nordeste era muito simples: incentivar a instalação de in-
dústrias. Mas um problema se apresentou: o estímulo à construção de
indústrias numa região onde não existem estruturas.

Samory Pereira Santos/Wikimedia.com

Usina Hidrelétrica de Xingó, vista de Sergipe.

Muitas obras gigantescas começaram a ser construídas, a fim


de embasar esse novo modelo de desenvolvimento e sem pensar nos
impactos ambientais, o Rio São Francisco teve o seu curso talha-
do por gigantescas hidrelétricas, estradas foram construídas para
escoar a produção em direção aos grandes centros consumidores
e aos portos, que começaram a ser aparelhados para exportar essa
nova produção.

392 Capítulo 13 – As regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil

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Meio-Norte

Toa55/Shutterstock.com
Região de transição entre a Amazônia equatorial e o Sertão se-
miárido, que compreende os estados do Piauí e do Maranhão. Esta
região apresenta o predomínio de atividades extrativas vegetais,
principalmente do babaçu e da carnaúba. Porém, nos vales dos rios
Mearim, Pindaré e Parnaíba, desenvolve-se com destaque a agricul-
tura de arroz e mandioca. Nas áreas de Cerrado, localizadas ao sul,
destaca-se a pecuária bovina praticada em sua forma extensiva. .
A região apresenta conflitos violentos pela posse da terra, sobre-
tudo na sua porção sul, área próxima ao estado da Bahia. Atualmente,
a região passa por um processo de crescimento econômico em virtu-
de da construção do porto de Ponta da Madeira, em São Luís, que
liga o litoral ao grande Projeto Carajás através da Estrada de Ferro Carnaúba, planta nativa do Nordeste bra-
Carajás, que corta a segunda maior cidade do Maranhão, Imperatriz. sileiro.

Geografia em cena

A transposição do rio São Francisco

Em 1847, ainda no Brasil Império, deu-se início às discussões sobre a transposição do Rio São
Francisco, o terceiro maior do país. De acordo com alguns especialistas, a transposição é inviável
porque a água que dispõe o semiárido é insuficiente para a manutenção da vida do nordestino;
outros, por sua vez, afirmam que o problema está na má distribuição de água na região, e também o
projeto de transposição apresenta deficiências que precisam ser revistas. Enquanto isso, o sertanejo
sofre com a seca e suas consequências.

Rio Jaguaribe
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Eixo Norte
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Fr
an
c

BA isc
o AL
Oceano
Atlântico Reserva indígena
N Açudes e reservatórios

L
Bacias do Nordeste setentrional (receptoras)
O Área de proteção ambiental
Sub-bacias do Rio São Francisco (receptoras)
S Bacia do Rio São Francisco (doadora)
Monumento Natural
Vale dos Dinossauros

Capítulo 13 – As regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil 393

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Diálogo com o
professor
Ensaio geográfico
1 Faça uma análise do potencial econômico da região Sul e depois descreva quais são suas principais
Professor, utilize o Ensaio Geográfico para atividades desenvolvidas.
sondar se os alunos ficaram com dúvidas ao
Sugestão de resposta: A sua agricultura, hoje moderna e diversificada, foi estabelecida por colonos
longo do processo de aprendizagem. Recapi-
tular é sempre importante, por isso, se for ne- europeus que trouxeram novas práticas de produção. A região dos Pampas é dominada pela pecuária

cessário, volte aos assuntos que para eles não extensiva de ovinos e bovinos. No campo industrial, vem apresentando um contínuo e gradual cresci-
foram claros.
mento, que começou na segunda metade da década de 1990. Além, também, do turismo.

2 Analise as afirmativas e marque a afirmativa incorreta acerca da região Sul do Brasil:


Anotações a. A região Sul é a menor das regiões, porém é a terceira mais populosa do país.
b. X Na região Sul está a maior proporção de negros no total da população do Brasil.
c. A economia da região se baseia na indústria e na agropecuária.
d. A região é a segunda mais rica do país.

3 Sabemos que a Região Sudeste se destaca por ser a região de maior potencial econômico do País.
Explique quais motivos que levaram a isso.
A acumulação de capital obtido por meio da atividade cafeeira permitiu o investimento maciço na

implementação das indústrias, o que foi facilitado também em decorrência da mão de obra abundante

de imigrantes que escolheram a região para viver.

4 Observe a imagem abaixo e descreva qual sub-região nordestina está sendo representada.

A sub-região do Sertão
nordestino.

394 Capítulo 13 – As regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil

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5 (UEM) A região destacada no mapa a seguir caracteriza-se entre outros fatores por:
0 257 km 514 km

a. apresentar uma estrutura agrária exclusivamente de lati-


fúndios dedicados à lavoura de cana-de-açúcar.
b. dedicar-se à pecuária extensiva, lembrança da principal
atividade desenvolvida no período colonial.
c. aproveitar suas terras mais úmidas para a fruticultura,
não necessitando, desta forma, de irrigação.
d. X englobar a maior produção de arroz de toda a região
nordestina.

N
e. fornecer mão de obra temporária para as plantações de
O L
cana-de-açúcar da Zona da Mata.
S

Sub-região do Nordeste brasileiro.

Aprenda com arte

O auto da Compadecida
Direção: Guel Arraes.
Ano: 2000.

Sinopse: As aventuras dos nordestinos João Grilo, um sertanejo pobre e astuto, e Chicó, o mais
covarde dos homens. Ambos lutam pelo pão de cada dia e passam por vários episódios enganando a
todos do pequeno vilarejo de Taperoá, no sertão da Paraíba. Adaptação da obra de Ariano Suassuna.

Cidade de Deus
Direção: Fernando Meireles.
Ano: 2002.
7:04

Sinopse: Buscapé é um jovem pobre, negro e muito sensível, que cresce em um universo de muita
violência. Buscapé vive na Cidade de Deus, comunidade carioca conhecida por ser um dos locais
mais violentos da cidade. Amedrontado com a possibilidade de se tornar um bandido, Buscapé acaba
sendo “salvo de seu destino” por causa de seu talento como fotógrafo, o qual permite que siga carreira
na profissão. É pelo seu olhar atrás da câmera que Buscapé analisa o dia a dia da comunidade.

Capítulo 13 – As regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil 395

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Sugestão de
abordagem
Pequeno dicionário geográfico e cultural
Bricolagem: Termo utilizado nas ciências so- Disseminação: Semear ou espalhar algo.
Utilize músicas e vídeos que tenham pes-
ciais para se referir à mistura de vários elemen- Gradiente térmico: Denominação criada
soas das Regiões Norte, Nordeste, Sul, Su- tos, criando um novo. para explicar a variação da temperatura de
deste falando, para que os alunos percebam a Chuvas orográficas: Chuvas de moderada acordo com a altitude.
intensidade que ocorrem quando uma massa Sotavento: Direção para onde sopra o vento;
grande variedade de cultura linguística que o de ar úmido desloca-se para cima ao chegar a lado contrário àquele de onde sopra o vento.
Brasil tem. Se for necessário, converse com o uma área de relevo elevado, que constitui um Xerófila: Referente à xerófita, tipo de vegetal
professor de Língua Portuguesa para que ele obstáculo para essa massa de ar. adaptado à vida em ambientes com bastante
Consórcio: Na geografia, o consórcio de plan- escassez de água, apresentando, para isso, raí-
fale sobre preconceito linguístico e variedade tas é caracterizado pelo cultivo de duas ou mais zes, caules e folhas adaptadas ao armazena-
linguística. culturas em uma mesma área e ao mesmo tempo. mento de água por longo período.

Anotações Encerramento
1 (FMJ) É um mosaico de coberturas vegetais que formam uma diagonal que separa as duas florestas
tropicais do Brasil: a noroeste a Floresta Amazônica e a leste a Mata Atlântica. Esse mosaico se desen-
volve numa área de baixas pluviosidades. As causas da pouca chuva e sua distribuição irregular estão
associadas aos fortes ventos alísios, que não trazem umidade para a região.
( José Bueno Conti e Sueli Angelo Furlan. Geografia do Brasil, 2005. Adaptado.)

O domínio morfoclimático tratado pelo texto é o:


a. das pradarias.
b. X das caatingas.
c. das araucárias.
d. dos cerrados.
e. dos mares de morros.

2 (Unesp) A extração de madeira, especialmente do pau-brasil; os ciclos do açúcar e café e o desmata-


mento para instalação de indústrias são eventos de nossa história que contribuíram para a degradação
desse bioma.

O texto refere-se ao bioma:


a. X Mata Atlântica.
b. Caatinga.
c. Cerrado.
d. Pantanal.
e. Floresta Amazônica.

396 Capítulo 13 – As regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil

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3 (Cederj) Analise a imagem a seguir:
Pedro Helder Pinheiro/Shutterstock.com

Na imagem, registra-se a seguinte vegetação natural do


Brasil:
a. Cerrado, com prevalência de espécies epífitas.
b. Caatinga, com abundância de espécies xerófitas.
c. Mata de Araucárias, com adensamento de tipos
de pinhais.
d. X Mata de Cocais, com predominância de extensos
babaçuais.

10º

4 (Fatec) Analise o mapa a seguir.

Equador

0 605 km 1.210 km A zona sombreada no mapa representa a área típica


de ocorrência de uma vegetação do País. Essa vege-
tação corresponde
a. aos Cerrados.
b. à Mata Atlântica.
c. à Floresta Temperada.
d. X à Mata das Araucárias.
o
de Capricórni
Trópico
N
e. às Pradarias ou Pampas.
O L Oceano
Atlântico
S

5 (UFC) Os municípios de Petrolina-PE e Juazeiro-BA têm-se destacado no Nordeste como polos


7:04
agrícolas destinados à produção comercial. Sobre a produção e a destinação dos produtos nesses muni-
cípios do interior nordestino, assinale a alternativa correta.
a. Fumo e cacau para o mercado nacional e internacional.
b. Mamona, dendê e caju para a produção de biodiesel.
c. Cana-de-açúcar e beterraba para a produção de álcool.
d. Algodão arbóreo para a indústria têxtil regional.
e. X Uva para produção de vinho tipo exportação.

Capítulo 13 – As regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil 397

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6 (UPE) O corte topográfico e geológico, mostrado a seguir, representa, grosso modo, um perfil feito
por um pesquisador que se deslocou da área costeira para o interior do Brasil, objetivando realizar um
estudo integrado do meio ambiente de uma região do país. Nesse corte, estão indicados pelos números
1 e 2 importantes compartimentos regionais de relevo.

1
m
3.000

2.000 2 Tabuleiros
Rio Parnaíba litorâneos
1.000

0
Oceano Atlântico
Terrenos cristalinos
Terrenos sedimentares

Considerando-se as informações contidas no gráfico, é correto afirmar que esses compartimentos são,
respectivamente:
a. Chapada do Apodi e Planalto da Borborema.
b. Chapada do Araripe e Depressão Sertaneja.
c. Planalto de Diamantina e Bacia do Parnaíba.
d. X Planalto da Borborema e Depressão Sertaneja.
e. Chapada do Araripe e Planalto do Meio-Norte.

7 O Quadrilátero Ferrífero em Minas Gerais é a principal área:


a. industrial da região Sudeste.
b. de maior concentração de ferrovias do país.
c. X mineradora da região Sudeste.
d. urbanizada e povoada da região Sudeste.

8 (EsPM) “Com investimentos de US$ 50 bilhões, Nordeste vira rota de grandes empresas. Já se foi
o tempo em que as belas praias impulsionavam quase solitariamente a economia do Nordeste. Nos úl-
timos anos, a região deixou de apenas atrair turistas e passou a ser receptora também de investimentos
de peso, ajudando os Estados a se industrializarem.”
Fonte: http://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2013/02/19/com-investimentos-de-mais-de-r-100-bi-nordestevi-
ra-rota-de-grandes-empresas.htm. Acesso: 01/08/2013.

Comprovam a informação fornecida na matéria:


a. a ampliação da rede hoteleira em Alagoas com a conclusão do complexo de Sauípe.
b. a consolidação da agroindústria e setor sucroalcooleiro no sul da Bahia.
c. a instalação de uma indústria automobilística em Sergipe e Rio Grande do Norte.
d. X a instalação de complexos industrial-portuários em Pecém (CE) e Suape (PE).
e. a migração da indústria siderúrgica do Sudeste para o Nordeste.

398 Capítulo 13 – As regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil

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9 (Unifor) A questão está relacionada aos mapas e às afirmações a seguir.

Processo de descentralização da indústria automobilística

O L

1980 2006
0 770 km 1.540 km

(Hervé Théry e Neli Aparecida de Mello. Atlas do Brasil. São Paulo: Edusp, 2005.p. 159)

I. As novas unidades produtivas implantadas fora do Sudeste não conseguiram diminuir as diferen-
ças regionais de industrialização.
II. Com a redistribuição das indústrias automobilísticas, São Paulo perdeu a liderança nacional no
quesito pessoal empregado na indústria.
III. Há uma verdadeira guerra fiscal entre os estados e inúmeras empresas são atraídas para outras re-
giões do País.
IV. Vários tecnopolos foram implantados no Nordeste, associados à indústria automobilística.

A leitura dos mapas e os conhecimentos sobre a dinâmica industrial brasileira permitem afirmar que
estão corretos somente:
a. I e II.
b. X I e III.
c. I e IV.
d. II e III.
e. III e IV.

10 (Fatec) Nestas últimas décadas, está ocorrendo no Sudeste brasileiro um fenômeno muito impor-
tante: a formação de uma megalópole, isto é, a:
a. X integração espacial de áreas metropolitanas.
b. concentração das agroindústrias em espaços reduzidos.
c. descentralização das atividades culturais pelas médias cidades.
d. desconcentração das indústrias de média e alta tecnologia.
e. recuperação de áreas ambientalmente degradadas.

Capítulo 13 – As regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil 399

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11 (Unifor) No contexto industrial brasileiro, a Região Nordeste do Brasil ocupa a terceira posição.
Sobre a atividade industrial da Região, afirma-se:
I. Recentemente, a participação do Estado foi decisiva para a instalação de uma grande siderúrgica
em Pernambuco.
II. O processo de industrialização é antigo e data da segunda metade do século XIX.
III. Dois estados são responsáveis pela produção industrial na região: Bahia e Pernambuco.
IV. No estado da Bahia, destacam-se as indústrias petroquímicas que utilizam o petróleo extraído do
Recôncavo Baiano.
Está correto o que se afirma somente em:
a. I e II.
b. I e III.
c. I e IV.
d. II e III.
e. X III e IV.

12 (Ufam) A maior parte do capital aplicado na industrialização brasileira, a partir de 1930, teve ori-
gem nos lucros obtidos com a exportação de:
a. soja.
b. açúcar.
c. X café.
d. petróleo.
e. carvão.

13 Assinale a alternativa que apresenta as quatro principais sub-regiões do Nordeste brasileiro:


a. X Zona da Mata, Agreste, Sertão e Meio-Norte.
b. Zona da Mata, Recôncavo Baiano, Planalto da Borborema e Sertão Maranhense.
c. Agreste, Polígono das Secas, Zona açucareira, Litoral norte.
d. Sertão, Região da Caatinga, Cangaço e Norte Úmido.
e. Litoral, Meio-Norte, Noroeste e Oeste.

400 Capítulo 13 – As regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil

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