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Tradução do
Professor José Warken
EDITORA S. C. J
IMPRIMI POTEST
NIHIL OBSTAT
IMPRIMATUR
Primeira Parte
DEUS É GRANDE
ENTRE AS ESTRELAS
12
A MARGEM DO UNIVERSO
RODA E RODINHA
então o sangue? Foi o que vimos em aula. Por isso não fui ontem
buscar leite, porque teria de passar por um morro, anotado no mapa
com 129 metros, e meu nariz...”
“Ora, Jorge”, repreendeu-o o Silva, “deixe seu nariz fora do
jogo, e cite só a sua preguiça! 129 metros? Nem mesmo 1.000
metros você havia de sentir, quanto menos os 129!”
Apenas terminara o Silva sua observação, um jorro d água
alagou o Jorge. Durante a palestra ajuntara-se uma boa quantidade
d`água no teto horizontal da tenda. Um rapaz quis afasta-la,
empurrando a lona com uma vara. Como porem o pano não
fechava de todo Jorge apanhou uma boa ducha. Saltou como um
gato, escorrendo água e fazendo caretas, e procurava sacudir o
liquido que penetrava pelo colarinho.
“... No entanto, a benção vem do alto, sublinhou, de um canto,
uma consoladora citação”.
“Não faz mal”, consolou o professor ao menino indignado.
“Você sabe que a água corre para baixo, e logo sairá pelos sapatos.
Mas escutem quem me poderá responder à pergunta: por que corre
a água para baixo?”
A pergunta era tão estranha que todos ficaram devendo a
resposta.
Sempre fazendo caretas, Jorge procurou gracejar: Ora, corre
para baixo, porque não quer correr para cima”.
Carlos observou: “Atração da terra”.
“Naturalmente é essa razão. Atenção, também isso é
interessante. Onde há seres vivos, é absolutamente necessário
haver água. Como é admirável que a água, descendo da montanha,
atravessa o solo em todos os sentidos! Que não falte água! Se
houvesse de menos, os rios secariam; se houvesse de mais,
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UMA EXCURSAO
UM RATO NA TENDA
O TRABALHO DA FOLHA
AS SÁBIAS ABELHINHAS
sua teia mesmo dentro duma caixa de vidro, embora devesse saber
se tivesse inteligência, que lá em vão esperará pelas moscas. “A
galinha esgaravata afanosamente o rochedo, onde não poderá
encontrar nem grãos nem vermes”.
“Errado. Seria esta a melhor solução para você, mas não para
o coitado do besourinho! Tanta força ele não tem, para poder
enrolar a nervura central da folha”.
“Então começa nos lados e a nervura fica no meio, e não
precisa tocá-la”.
“Ainda não acertou. Assim ele deveria enrolar a folha inteira, o
que seria tarefa “sobre-humana” para tão pequeno bichinho. E
depois, é importante que a folha enrolada murche, porque as
larvinhas não podem digerir a folhagem fresca”.
“Corta então a folha pelo meio e faz o cartucho com a
metade”.
“Também não vai assim: se cortar a nervura central, o
cartucho cai no chão”.
“Então não sei mais!”
“Você desiste do problema, o besouro não. Ele toma a borda
da folha por evolvente e com o auxilio de calculo integral e
diferencial, corta na folha a evoluta necessária, como se em toda a
vida não tivesse feito outra coisa. Corta no lado direito, da borda até
a nervura principal, um “S”vertical e no lado esquerdo um “S”
deitado, horizontal, (trabalho de um minuto, se tanto); agora enrola
o lado direito até a nervura, enrola por cima o lado esquerdo, dobra
a ponta da folha e o cartucho está fechado. Somente com o auxilio
dos “SS” vertical e horizontal é possível ao besourinho enrolar a
folha (o que já é muito), de modo que não se abra de novo, isto é, o
cartucho é assim o mais resistente, e é possível fecha-lo.
O mais interessante é que ele não faz em todas as folhas os
cortes no mesmo local. Sendo grande a folha, roí perto da ponta,
evitando assim utilizar a largura total, a fim de poupar trabalho. Se o
tempo for quente, ele recorta a folha de maneira que a nervura
58
OS COVEIROS
O ESCARAVELHO
tronco. Durante três anos não faz outra coisa senão furar, roer na
escuridão mais negra e comer serragem! A nós parece insuportável
tal vida. Sempre roer, em noite tenebrosamente calada... Não ver
nada nem ouvir coisa alguma, e, além disso, nada saber!
E agora vem o mais misterioso: O pobre ser que passou três
anos verdadeiramente tristes na escuridão da árvore, torna-se de
repente muito esperto. Revela-se tão inteligente e tão calculador
que só mesmo perguntando quem lhe ensinou tudo...
“Forçosamente um Ser extremamente sabido e previdente”.
“Mas, qual é o mistério?”
“Ouçam: depois de este verme cego ter vagueado por três
anos pelo tronco e ter-se mantido cuidadosamente a boa distancia
da casca...”
“Ele tinha medo dos pica-paus?”
“Naturalmente! E é uma nova pergunta: Como soube ele que
havia pica-paus e que eram seus figadais inimigos?... Mas, enfim,
passados os três anos, abandona de repente os seus hábitos, e
corajosamente se põe a caminho... em direção à casca. Tanto vai
perfurando o tronco até que apenas uma tênue camada o afaste da
luz do dia. Ali para. Não continua a roer, pelo contrario, trata de
reforçar bem a fina camada que ficou: da serragem farinácea
prepara um tabique, que, para segurar melhor, ele reforça com uma
parece de cal. Donde tira este material? Dos seus intestinos.
Interessante! Antes não existia cal no ventre; somente agora, que
precisa do material. Quem ordenou isso tão providencialmente?”
“Quando, pois, a larva está pronta com seu trabalho de
pedreiro, ela volta para o interior do tronco, onde constrói um
cubículo oblongo; não devora mais a serragem, mas toma-a como
colchão para se deitar – e agora, com a cabeça voltada para a
75
SIMULAÇAO
não sentem frio, nem podem gelar, por mais glacial que seja a
temperatura. Por quê?”
“Eu sei”, adiantou Guilherme. “É porque, de outro modo, não
poderíamos sair à rua durante o frio. Assim, no entanto, podemos
fazê-lo, embora tenhamos de proteger os demais órgãos contra a
temperatura fria. Se os olhos também pudessem gelar e
devêssemos cobri-los, não poderíamos dar um passo.”
Júlio intrometeu-se na conversa: “Estou curioso por saber que
nomes receberão o olfato e o gosto, nessa grande fábrica.”
“Ora, são laboratórios químicos, destinados a controlar os
alimentos e ver se não estão deteriorados.”
“E o coração?”
“Nosso coração é uma bomba maravilhosa tal, que ainda a
mais aperfeiçoada técnica não na pode construir. Uma bomba
aspirante e premente, que através dos canais do sistema
espantosamente fino das artérias e veias, fornece a todo o
organismo o sangue vivificador. Os rins são filtros. Os órgãos
digestivos são um sistema central de aquecedor que mantém o
corpo, de continuo na temperatura de 37 graus centígrados. Quer
haja, lá fora, 10 graus abaixo de zero, quer sejam 30 graus de calor,
tanto faz; o corpo mantém sua temperatura de 37 graus.Uma
meditação sobre este único ponto nos levaria horas... Quanto
trabalho, no inverno como no verão a fim de assegurar à habitação
uma temperatura adequada! O corpo vivo fá-lo por si mesmo, sem
que o notemos.”
“Mas, senhor professor, onde há combustão, deve haver
resíduos. Cada dia a empregada retira do fogão cinza e carvão. No
nosso corpo não há produtos de combustão?”
86
O COZIDO DE COUVE
UM EXAME
- Como o sabes?
- Olhai senhor! Vedes pegadas na areia do deserto?
Posso dizer-vos com toda a certeza se são de homem ou de
camelo. Do mesmo modo, ao vagar meus olhares por este
imenso mundo, em toda parte percebo os traços da máxima
Sabedoria e sou obrigado a dizer: Aqui passou Deus!”
leis do universo”?
Ouço uma sinfonia de Beethoven. Fantástico! Quem foi
o compositor? “O acaso”.
Assim não podemos responder, não é verdade? Pois
bem, pode-se então explicar a tão imensa e tão exata
maquina e a sublime harmonia do universo com um
“ninguém”, com “rígidas leis da natureza”, ou com o “acaso”?
Não, mil vezes não!
Nunca percebi e senti tão claramente que toda a
ciência não é nada mais do que o soletrar do Pensamento
Divino.
A incomensurável grandeza dos corpos celestes nos
esmaga, o tamanho microscópico dos micróbios nos enleva.
E entre esses dois extremos, o incalculavelmente grande e o
indizivelmente pequeno, está o homem, cujo orgulho se
aniquila nesta humilde oração:
“Como se enleva meu coração, quando penso em vós,
ó Onipotente!”
Como se aniquila, quando olho para mim mesmo!”
Enquanto andava nesses pensamentos, uma sensação
indescritível apoderou-se de mim. Respeito e admiração me
enchiam a alma: para onde quer que eu volvesse o olhar,
surgia a mão divina.
O verdejante prado, as flores sonhadoras, o murmuro
regato, aqui meus dois camaradas adormecidos... tudo
beleza, tudo formosura! Como deve ser então belo quem
criou tudo isso! Sentia que, doravante, a beleza de Deus se
me patentearia na florescência dos campos; os cimos dos
montes irradiariam sua magnitude; no canto dos pássaros eu
122
O ULTIMO ACAMPAMENTO
*
* *
Segunda Parte
FÉ VERSUS CIENCIA
DEMOLIR OU EDIFICAR
A “CIENCIA IMPARCIAL”
POR QUÊ?
DARWINISMO
A ÁGUIA E A CURRUIRA
notório que não possuam uma única idéia cativante que seja
nova deveras! Nenhuma, por cujo amor deveríamos aderir a
eles, nenhuma que não seja propriedade do Cristianismo,
desde 2000 anos.
Afinal de contas, isso não é erro. O essencial não é que
alguém ensine novidades, mas que pregue a verdade. Se,
por, Tagore e outros filósofos do Oriente encontraram
verdades do Cristianismo, temos a alegria de verificar quão
universalmente aplicável é a doutrina de nossa religião e
quão arraigada está na natureza humana! Não! Os sábios
hindus não nos podem oferecer senão uma valorização
ainda mais profunda da fé cristã.
Outros quereriam criar antagonismos entre a Igreja e a
cultura, quando é do conhecimento de todos que devemos à
Igreja toda a cultura moderna. Quem primeiro levou a cultura
para o seio dos povos pagãos? Quem ensinou aos povos os
elementos da agricultura, arar, semear, manusear os
produtos? Quem transformou a mata virgem em campo
agrícola? Quem drenou os pantanais? Quem propagou por
primeiro a civilização? A historia nos responde; os
missionários, os claustros, os ministros da Igreja Católica.
Quem manteve, durante séculos, as escolas?
Exclusivamente a Igreja Católica, quando ninguém se
importava de ciências, nem mesmo o Estado. A quem se
deve que tenham chegado até nós as obras dos clássicos
gregos e romanos? Ao zelo dos monges da Idade Media,
que incansáveis copiaram essas obras.
É bem conhecida a fábula da competição entre a águia
e a curruira.
146
dia.
Muitos rapazes, após uma aula de religião, se queixam:
“Sempre crer, sempre acreditar!” Nada mais natural! Existe
um sem numero de coisas ao redor de nós, na vida
cotidiana, que não conhecemos, e no entanto aceitamos! A
respeito da fé religiosa, pode sorrir zombeteiro apenas
aquele que julga conhecer tudo no mundo, mas não tem a
mais leve noção do numero incalculável de enigmas e
mistérios que nos circundam.
Somos como um homem sentado no fundo dum poço,
a olhar para cima. Que vê ele? Um pedacinho do
firmamento, do tamanho da palma da mão “assim é o saber
humano. O químico Schönbein escreve: “Embora os homens
considerem o conjunto das ciências como coisa grandiosa, o
sábio experimentado lhe sente as lacunas e imperfeições, e
está convicto de que o homem conhece hoje apenas uma
parcela modestíssima daquilo que a natureza encerra.”
O mesmo exprimem as palavras do grande naturalista
Reinke”: “Já para Sócrates, o principio da filosofia foi a
consciência de nada sabermos; o final da filosofia é a
evidencia de que devemos crer. Esse é o imutável destino
da sabedoria humana.”
Dessa maneira humilde se externam grandes sábios. E
o operário ou aquele nosso amigo quintanista, “só crêem
naquilo que podem enxergar”!
“Há coisas entre o céu e a terra, Horácio, de que nossa
sabedoria escolar nem cogita” diz Shakespeare. Ele tem
razão, assim como o escritor húngaro Gardonyi: “Quem tudo
crê, suspeitamos que seja um tolo; quem nada crê, já nem
149
Estudemos, estudemos,
Pois sábios nunca seremos:
O fim de nosso saber
É, sim, que devemos crer.
(Geibel)
ORATÓRIO E LABORATÓRIO
ASTRONOMOS
FISICOS
170
Alexandre Volta.”
OUTROS ESPECIALISTAS
poder.”
O naturalista francês Becquerel (1788-1878) escreve:
“Uma vida orgânica só poderia ter surgido de um solo,
emergido da água. Como porem se processou a transição,
da vida inorgânica para a orgânica? É segredo do Criador...
Devemos admitir, inevitavelmente, a existência duma causa
criadora, que se manifestou em determinado tempo, e
parece estar ativa ainda hoje, conservando as espécies
existentes.”
O húngaro Weszelszky, professor de universidade,
termina sua obra sobre a radiação e teoria atômica com a
seguinte profissão de fé: “Quanto mais profundamente
penetramos nos segredos da natureza, tanto mais
claramente verificamos a perfeição com que, ainda nos
menores detalhes, é construída a grande natureza. O próprio
naturalista em suas investigações, não chega a resultado
diverso do poeta que exclama: - Deus, ao qual o espírito
atilado do sábio não pode abranger...” (Weszelszky, Rádio e
Átomos, Budapest 1925).
Lavoisier (1766-1794), pai da química moderna, morreu
sob a guilhotina, durante a Revolução Francesa, porque era
convicto católico.
O inglês Dalton (1766-1844), que erigiu a teoria dos
átomos, era, segundo seu biógrafo, “um modelo de virtude e
religiosidade”.
O francês Cauchy (1879-1857), foi chamado o maior
matemático do século XIX. Maior porem do que seu labor, foi
sua religiosidade. Num papel avulso, escrito em defesa dos
colégios jesuítas franceses, faz a corajosa e consciente
177
POETAS E ARTISTAS
GUERREIROS
INDICE
PRIMEIRA PARTE
DEUS É GRANDE!
O trabalho da folha 54
As sábias abelhinhas 57
O “Rhynchites betuleti”, construtor de funis 60
A mosca pairadora e outras coisas mais 63
Os coveiros 69
Calieurgus, o caçador vermelho 71
O escaravelho 76
Simulação 82
O que o corpo nos revela 88
O cozido de couve 95
Um exame 97
Carlos está sangrando 101
Enquanto os pequenos brincam 106
Céu, noite e silencio 116
O ultimo bivaque 128
Demolir ou edificar? 133
Poderemos ainda ser cristãos 135
A “ciência imparcial” 138
Por que? 141
Darwinismo 144
A águia e a curruira 150
Creio apenas naquilo que vejo! 153
Cremos ser ver 155
Quanta coisa cremos? 157
Se tivéssemos sentidos mais apurados! 159
E se tivéssemos mais sentidos? 162
Quanta coisa não entendemos 166
Oratório e laboratório 172
Astrônomos 173
188
Físicos 175
Outros especialistas 180
Poetas e artistas 185
Guerreiros 187
EMOLDURANDO
EDITORA S.C.J
TAUBATÉ – S. PAULO