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Nr. 2901
O Império Dourado
Tradução:
Paulo Lucas
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O Império Dourado
Nós registramos o ano 1551 NCG, uns bons três mil anos distantes do século 21
do antigo calendário. Após grandes reviravoltas na Via Láctea, as relações entre os
diversos impérios estelares se acalmaram; em geral, a paz prevalece.
Acima de tudo, os planetas e luas habitadas por seres humanos aspiram a um
futuro positivo. Milhares de mundos juntaram forças para formar a Liga dos
Galácticos Livres, que também incluem aqueles que em anos anteriores teriam sido
chamados de “não-humanos”.
Apesar de todas as tensões que ainda persistem, a visão de Perry Rhodan de
transformar a galáxia em uma ilha estelar sem guerras, parece estar lentamente se
tornando realidade. Há ainda mais contato com outras galáxias.
Nesta situação, acontece um contato, que ninguém esperava. Perry Rhodan é
convidado a concluir uma nova aliança como os Herdeiros dos Peregrinos. O seu
parceiro é o: IMPÉRIO DOURADO....
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Os principais personagens deste episódio:
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1.
Perry Rhodan
Chegada
Então, NGC 4622. Uma galáxia cuja luz esteve a caminho cento e onze milhões
de anos antes que pudesse ser vista da Terra.
Eu olhei para uma exibição da NGC 4622 no globo holográfico central, que
nos disponibilizou o computador de bordo ANANSI.
A galáxia era linda. Os braços espirais exteriores se estendia longe no espaço
livre, como se quisessem pescar outras ilhas estelares e tocá-las. Contudo, um dos
braços internos giravam em sentido oposto, e distorcia a imagem da perfeição.
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Os astrônomos terranos conjecturaram por milênios que NGC 4622 já tinha
sido penetrada por outra galáxia, além disso, chegou a uma luta duradoura de
milhões de anos entre diferentes influências gravitacionais.
ANANSI nos mostrou o que havia acontecido naquela época, eu não prestei
atenção à exibição animada. Meus pensamentos ainda estavam na tripulação e nos
processos de avivamento. Eu tinha dito ao computador da nave para colocar em
serviço apenas aqueles membros da central de comando que estivessem
operacionais em cem por cento. Havia tão pouca necessidade de pessoal como
pressa na restauração da operação máxima da RAS TSCHUBAI.
O Conversor Hipertrans, aquele propulsor especial que havia nos
transportado através do espaço vazio dentro de algumas semanas era perigoso
seres vivos e ativos. Portanto, a tripulação tinha que passar a viagem em nichos de
suspensão.
E agora estávamos lá, alguns milhares de anos-luz das fronteiras externas da
nossa galáxia alvo, para a qual o farol cósmico nos atraíra.
Mas, de onde exatamente vinha esse farol? Quão exatas eram as medições
que fizemos da terra?
O comandante Cascard Holonder estava em seu posto e dava instruções. O
ertrusiano esteve em serviço na RAS TSCHUBAI por décadas. Ele tinha dominado a
vida a bordo. Anteriormente, como um piloto, que havia trabalhado sob um
capacete-SERT e, assim, tornara-se um com a nave. Agora, como um comandante
prudente, que introduzia suas qualidades tipicamente ertrusianas.
Ele falou calmamente com membros de sua equipe de assessores mais
próximos. Minha esposa era um deles.
Eu me virei. — ANANSI – o Stargazer já está na barragem novamente? — eu
perguntei a semitrônica.
— Sim, Perry — ela respondeu, e colocou em contato com o departamento
astronômico da nave.
Voltto Hakanler olhou para mim. Ele parecia amarrotado, como de costume.
Em suas mãos ele segurava um saquinho de nozes, como sempre. — Você quer uma
informação mais exata de mim? — ele perguntou sem uma palavra de saudação.
Também como sempre.
— Corretamente — Voltto.
— ANANSI já me forneceu matérias-primas. Contudo, vai demorar um tempo
até que eu possa dar-lhe informações precisas — ele olhou para o lado e conversou
calmamente com alguém que eu não consegui ver na holografia. — Nós tivemos
discussões no departamento sobre o assunto em curso e, infelizmente, estamos em
desacordo. A minha primeira assistente e o meu segundo assistente terrivelmente
rebelde recusam-se a ter a minha opinião.
Eu suprimi um suspiro. A primeira assistente de Voltto era a sua esposa
Karima Hakanler. O segundo assistente, Konkko Xhasa, era o amante comum. Esta
constelação já tinha levado a queixas de outros membros da tripulação por causa de
sua dinâmica crescente e em parte ruidosa.
O conselho de bordo devia cuidar destas coisas. Para mim, os resultados do
departamento astronômico eram importantes. E o triunvirato sempre os entregara
de forma rápida e confiável.
— Sobre o que é as suas discussões? — Eu chequei.
— Principalmente sobre a segunda e a terceira estrela do farol que nos trouxe
até aqui — Voltto respondeu. — Quando elas foram... hm... colocadas? As rotações
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que ocorreram das galáxias desde aquela época foram incorporadas para nos
mostrar a direção correta para o nosso objetivo? Devem ser medidas pelos focos
principais da massa medianos das estrelas ou pelos focos principais geométricos
medianos?
O quão precisamente esses pontos focais são identificáveis, como se parecem
os vetores de movimento independente dos sóis do farol...
— Você pode me fornecer valores aproximados? Você pode limitar a área de
objetivo dentro da NGZ 4622?
— É claro que podemos fazer isso! — Eu ouvi uma voz profunda dizer de fora
da área de captação.
— É claro que não podemos fazer isso! — Uma voz substancialmente mais
alta contradisse.
Voltto revirou os olhos. — Como você ouve, nós não estamos completamente
de acordo. Dê-me uma hora. Então, você obterá os registros que nos enviou de
maneira correta. ANANSI recolhe mais informações que podemos analisar.
—Tudo bem — Eu interrompi a ligação e olhei novamente no oval da central
de comando da RAS TSCHUBAI.
Nesse meio tempo, quase todos os assentos foram ocupados. Alguns dos
membros da tripulação ainda estavam pálidos em torno do nariz, focinho ou tromba.
Mas, a maioria deles já estava fazendo seu trabalho altamente concentrada.
Sichu rompeu com um grupo de conversação que se formou em torno do
comandante Holonder, e veio até mim. Ela parecia renovada como o novo dia. Como
ela conseguia fazer aquilo, após todo o esforço que a estadia na alcova de suspensão
trazia consigo?
— Nós não nos vemos há algum tempo — disse ela, beijando-me na bochecha.
— Cento e oito dias, para ser exato.
Nós olhamos para o calendário do globo holográfico. Ele mostrava o dia 26
de setembro de 1551 do Novo Calendário Galáctico. Eram oito horas da manhã. A
RAS TSCHUBAI fora lançada da órbita da Terra em 10 de junho deste ano.
— Eu me sinto como um padre no celibato — Eu disse, e abracei os quadris
de Sichu.
— Você já me explicou o conceito de celibato várias vezes, mas eu ainda não
entendo isso — Ela parecia divertida comigo. — As pessoas da sua juventude tinham
costumes estranhos.
— Não apenas por isso, eu estou feliz por viver no aqui e agora — Eu gostava
da proximidade de Sichu, particularmente quanto nos restava apenas alguns
segundos de tempo, já que deveríamos nos dedicar novamente às nossas obrigações.
Um pequeno alarme me cortou a palavra.
— Nós temos contato — disse um operador de rádio soando surpreso. —
Parece que temos sido esperados.
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ANANSI tomou a palavra, inaudivelmente dos outros membros da tripulação.
— Pode ser que haja um informante a bordo que esteja em contato com as potências
estranhas galáxia.
— Você tem uma prova disso? — Eu perguntei na proteção de um campo de
amortecimento. — Surgiram mensagens de rádio ou sinais de nós, desde que o sono
de suspensão foi encerrado?
— Eu não consegui encontrar nada. A propósito, o interlocutor desconhecido
está esperando por você, em uma linha reservada a você.
— As identificações foram trocadas; existe um vocabulário básico para a
comunicação?
— Claro — respondeu ANANSI. Sua voz soou um pouco ofendida.
Eu recolhi meus pensamentos e me concentrei. Eu recebi uma pequena
imagem holográfica diante do nariz. Ela mostrava o rosto de um humanoide com cor
de pele branca que era atravessado por veias azuis. Elas pareciam grãos escuros
sobre um mármore claro.
— No globo! — Eu ordenei. — Sua captura de imagem se concentra
exclusivamente em mim, ANANSI. O meu interlocutor pode apenas ver eu e, nada
mais que possa sugerir o equipamento técnico da RAS TSCHUBAI.
Todos os membros da central de comando acompanharam a conversa. Da
mesma forma, os xeno-departamentos. Eles deveriam começar as avaliações
durante a conversa. O que eles pensavam do meu interlocutor, como avaliar a sua
postura, como o idioma estrangeiro estava estruturado e assim por diante. Por toda
a nave se aplicava o aviso prévio. As naves auxiliares deveriam estar prontas para o
lançamento, e o primeiro batalhão espacial-terrestre de prontidão.
ANANSI confirmou.
Uma contagem regressiva foi de cinco a zero. A pequena imagem projetada
diante dos meus olhos se extinguiu, em vez dela eu olhei a entidade alienígena nos
olhos em uma representação muito maior.
—Você sabe o que tem que fazer, Perry: permanecer amigável, relaxado e
reservado. Não assuma qualquer posição defensiva. Preste atenção na voz, os gestos,
as nuances da conversa.
Eu tinha experimentado inúmeros primeiros encontros e possuía uma
grande riqueza de experiência. Ainda assim, eu tinha sido surpreendido pelo meu
interlocutor até agora. Eu tinha experimentado proximidade empática e simpatia,
mas também completa falta de compreensão e ardente ódio por mim, nos diferentes
casos.
Olhamos um para o outro, em silêncio e esperando. As veias azuis do meu
colega eram particularmente acentuadas na área da bochecha. Os olhos eram
grandes, escuros e fundos, o queixo pontudo. O nariz se assemelhava ao de um ser
humano, bem como as orelhas. Com um pouco de maquiagem, este ser teria passado
na Terra como um terrano colonial.
A representação permitiu-me olhar para a parte superior do corpo do meu
interlocutor. O estranho tinha dois braços com juntas de cotovelo e mãos que
terminavam em seis dedos, em cada caso com dois polegares opositores. Ele movia
suas mãos impacientemente e as mantinha uma e outra vez na frente do torso nu,
apenas enrolado por uma camada fina e transparente de gaze.
Eu suspeitava que o meu interlocutor havia crescido em um mundo quente
— e além disso, inóspito. Uma vez que da testa, cabeça, pescoço e costas, se
esparramava uma carapaça cinzenta na forma de placas sextavadas,
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aproximadamente do tamanho da unha do polegar. Isto dava ao estranho uma
aparência marcial que me causou desconforto. Especialmente, quando ao nível do
pescoço mostrava um tipo de cicatriz. Rachaduras na carapaça que foram infligidas
provavelmente em combate.
— Eu sou o comandante desta nave — Eu disse —, e eu venho em paz.
— Eu saúdo você e seus companheiros, Perry Rhodan — disse o estranho, e
acenou para mim amigavelmente. — É bom que você tenha encontrado o caminho
para Sevcooris.
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2.
A tripulação
Dezio Gattai
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de segurança a bordo da RAS TSCHUBAI, e armazenadas em um calabouço paratron
em uma câmara especialmente preparada para elas. Elas eram a maior parte do seu
interesse.
Certamente, as duas figuras estavam guardas em segurança, não houve
qualquer anormalidade a relatar. ANANSI lhe assegurou que as estátuas não se
moveram durante o tempo da viagem.
— Eu sou necessário? — ele perguntou a semitrônica.
— Não, Dezio — disse ela. —Você ainda está na lista de prontidão. Pode ser
que Perry Rhodan ou Sichu Dorksteiger contate você em um futuro próximo. Até
então, você está livre para se movimentar nas áreas designadas da nave.
Como ele odiava esse paternalismo! Dezio faça isso, Dezio faça aquilo; lá você
não pode, mas, está aqui sim... você é uma peça de xadrez, que é movida
arbitrariamente para frente e para trás.
Ele puxou um recipiente simples da gaveta de seu gabinete e olhou para ele.
Dentro dele estava o bem mais precioso, que ele havia trazido a bordo. Mesmo que
ele não soubesse muito bem como definir esse sentido de valor.
Dezio abriu o recipiente, tirou seu conteúdo com a ajuda de minúsculos
campos de repulsão e pôs sobre a mesa na frente dele.
Ele olhou para uma caixa de madeira. — Comprimento de oito por oito por
quatro centímetros de comprimento — disse ele para si mesmo. — Ébano do Ceilão.
Preto. Polido, com granulação fina e sem poros visíveis.
Ele acariciou suavemente a tampa que se encaixava firmemente e não tinha
mecanismo de fecho aparente.
Dezio sabia que algo estava dentro da caixa, sem ser capaz de explicar este
conhecimento. Até agora ele havia recuado toda vez para não olhar para o conteúdo
e alcançá-lo.
Desta vez, ele acariciou com os dedos nus sobre a tampa preta. Dezio cheirou
uma mudança olfativa — não, mais como uma intensificação pura. O cheiro
agradável, inclassificável, tornou-se mais intenso, sem parecer importuno.
Ele olhou por alguns minutos sobre a caixa e, então, a colocou de volta em sua
embalagem protetora.
— Um dia — disse Dezio calmamente — um dia eu cuidarei de você.
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3.
Perry Rhodan
O thoogondu
— Você sabe o meu nome? — Eu lutei para manter a calma em face dessa
abertura.
— Claro — Ele me encarou sem pestanejar, dos seus olhos profundamente
encovados. — Desculpe-me que eu não me apresentei: Meu nome é Saaperid e eu
sou um thoogondu. Os thoogondu mantém a ordem e a satisfação nesta ilha estelar.
— Ordem e satisfação? — eu perguntei. — Estes são dois conceitos que
sempre se conciliam em harmonia.
Saaperid hesitou por um momento e então disse: — Não conteste as palavras,
enquanto não estejam estabelecidos os parâmetros de uma tradução perfeita.
Nossos computadores se comunicam uns com os outros. Há dificuldades de
adaptação.
— Claro — eu assenti com a cabeça, o thoogondu parecia entender o
movimento. — Mas, os programas linguísticos certamente já estão há muito
sincronizados, de modo que você pode me responder uma pergunta: Você me enviou
sua saudação altamente concentra via rádio. Então, você estava nos esperando.
Como você sabia que minha apareceria bem aqui?
— Nós explicaremos isso a você em uma ocasião apropriada — Saaperid
evitou uma resposta. — Por enquanto, você só precisa saber que nós realmente nos
preparamos para você e a chegada de sua nave. Os convidados da antiga
concentração de poder do Peregrino são bem-vindos. E nós estamos satisfeitos que
você esteja a bordo pessoalmente. Como corresponsável pela fuga do Peregrino você
é muito importante para nós.
Peregrino, sem dúvida queria dizer AQUILO, a superinteligência que por
tanto havia ficado ao nosso lado, e agora foi forçado a afastar-se da Via Láctea.
— Esta é uma honra duvidosa...
— Não se faça menor do que você é, Perry Rhodan! Foi graças a você que o
velho inimigo dos thoogondu foi expulso. Portanto, uma grande recepção deve ser
preparada para você. Em Thooalon. Esse mundo que é o foco desse farol cósmico,
cujo chamado você seguiu.
Tantas pistas, tantas incógnitas. Eu precisava de tempo para pensar através
da informação e tirar minhas conclusões.
— Você recebeu a mensagem na sua cabeça, a que foi enviada a você, Perry
Rhodan?
— É claro.
Eu não a esqueceria tão rapidamente. Ela foi a razão pela qual tínhamos
começado uma viagem através de mais de cem milhões de anos-luz.
O Peregrino desistiu da sua concentração de poder. Seus povos estelares estão
livres novamente. Contudo, a fuga do Peregrino, despertará os desejos dos outros
poderes sombrios e destrutivos.
Nós, os expulsos, oferecemos a nossa proteção. Convidamos o Herdeiro do
Peregrino a se aliar a nós.
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Siga o farol para o Império Dourado. Se a Via Láctea quer viver, ela precisa da
aliança entre você, a humanidade e o Gondunat.
Nós contamos com você, Perry Rhodan.
— E você seguiu a mensagem. Você se preocupa com este encontro.
— Nós estamos curiosos. Notícias deste tipo são incomuns e podem envolver
segredos. Nós sabemos por experiência que é bom se preparar para todas as
eventualidades, e reconhecer sinais de possíveis perigos antes que se tornem
relevantes.
— Eu entendo. Conosco se diz: cautela no presente é a chave para a segurança
no futuro.
— Eu conheço um ditado similar.
— Thoogondu e terranos são semelhantes em muitos aspectos — disse
Saaperid.
— Talvez.
Nós ficamos em silêncio. Eu permaneci conscientemente taciturno. Eu não
queria dizer mais do que o absolutamente necessário. Havia muitas incógnitas nesta
conversa, e, em qualquer caso, meu interlocutor tinha uma vantagem em
informações.
Saaperid limpou-se sobre os olhos, o movimento pareceu errático. Eu
descobri uma característica física: o thoogondu tinha duas pálpebras. Aquelas que
se juntavam de cima para baixo como as dos terranos, e preservava os globos
oculares da desidratação. Além disso, membranas leitosas sentavam-se perto do
septo nasal, e que se moviam levemente. Presumivelmente, estas eram membranas
nictantes que exerceram uma função de limpeza adicional, e podiam ser movidas
para o exterior, se necessário.
— Eu esperava encontrar um interlocutor mais falador — disse Saaperid.
— Você deve aceitar que eu sou um pouco cauteloso.
— É claro. Mas, tenha certeza de que estamos felizes em recebê-los como
aliados. Até mesmo Puoshoor visitará Thooalon e lhe dará a honra de uma recepção.
— Puoshoor? — eu verifiquei.
— Ele é o Ghuogondu do Império Dourado e, portanto, o filho do Fiador. O
Fiador é o nosso governante que carrega o título honorário de Gondu.
— Puoshoor é o próximo Gondu designado?
— Correto.
—Assim, o Império Dourado é baseado em estruturas feudais, com todos os
seus pontos fortes e fracos—.
— Eu ficaria feliz em poder escoltá-lo para Thooalon. Eu vou buscá-lo em
duas horas com a minha VOKOTOO, com uma das mais belas espaçonaves penta-
esferas do Império Dourado.
— Com prazer. Contudo, eu devo insistir que faremos a viagem para
Thooalon a bordo da nossa própria nave — Eu formulei cautelosamente. Por outro
lado, não querendo parecer descortês, também acrescentei — É claro que estamos
ansiosos para acompanhar a sua VOKOTOO.
— Muito bem, Perry Rhodan — Os lábios vermelhos e cheios do thoogondu
se repuxaram em um sorriso representação confidencial. — Eu lhes deixo um pouco
de tempo para obter mais orientações. As tensões da longa viagem devem ser
processadas. Espere-me em três horas de sua contagem de tempo. Adeus.
A ligação interrompeu-se. Por alguns segundos, eu olhei para a seção agora
vazia no globo holográfico, tentando ordenar os meus pensamentos. Eu não achei
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que fosse fácil. Havia muitas impressões e muitas perguntas que corriam pela minha
cabeça, assim, logo após o meu despertar.
Sichu caiu em uma poltrona ao meu lado.
— O que você acha de Saaperid? — eu perguntei.
— Os exobiologistas elaboraram um perfil — ela respondeu evasivamente.
— Os fatos são muito tênues. Você não pode esperar mais do que algumas palavras
gerais sobre este thoogondu.
— Eu pedi a sua opinião.
— Eu sei. E tenho que confessar que eu não tenho nenhuma. Se eu confio em
meus instintos, experimentei um ser escorregadio que se esconde por frases e
palavras-chave. Somente quando a conversa se voltou para o Peregrino, Saaperid
tornou-se um pouco emocional.
— E o que a cientista-chefe Sichu Dorksteiger diz sobre esta conversa?
— A cientista-chefe é da mesma opinião que o meu instinto. Ela acha que
temos que ser severamente cuidadosos.
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Ilustração: Dirk Schulz
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— Você está cometendo o erro de colocar uma superinteligência em seu
modo de pensar e em seus modos de agir, no mesmo plano conosco, seres vivos
normais. Tais comparações têm que dar errado.
— Talvez. Mas e se os thoogondu não fazem essa distinção? Se eles se sentem
em pé de igualdade com AQUILO?
— Eu não acredito nisso. Saaperid deu a impressão de que sabia em que
esferas AQUILO estava se movendo.
— Tudo bem. Outro tópico: O que os thoogondu sabem sobre o pano de fundo
que levou ao desaparecimento de AQUILO? AQUILO desapareceu muitas vezes, mas
não tão definitivamente e de modo definitivo como no presente, nunca antes.
Eu suspirei profundamente. — Até mesmo nós não sabemos de tudo sobre
isso. Tudo o que nos disseram é que a Via Láctea não oferece mais uma âncora
passiva para AQUILO, e que por outro lado, também até mesmo repele ativamente a
superinteligências. Presumivelmente, de qualquer maneira. O Eiris1, que é
responsável por isso, não é uma das áreas mais pesquisadas da ciência.
— Nós estamos nisso — disse Sichu, sorrindo. — Nas questões sobre o Eiris
em geral, e AQUILO. Mas isso leva tempo.
— Você está certa — Eu me levantei e me alonguei. — Nós vamos cuidar dos
assuntos importantes.
— Que são?
— Nós seremos escoltados por este Saaperid para Thooalon. Mas,
tomaremos precauções.
Eu produzi uma holografia e criei um link de imagem para Farye Sepheroa-
Rhodan. A minha neta falou instantaneamente.
— Bom dia — eu disse, apropriadamente ao tempo oficial da nave.
— Você precisa de mim?
O sorriso radiante pareceu-me como naquele dia em que eu a conhecera. Ela
era um sol radiante, e eu gostava de trabalhar com ela. — Sim. Que tal uma pequena
viagem a bordo da BJO BREISKOLL?
Farye franziu a testa. — Você precisa de mim como reserva de intervenção?
— Você e as tropas do primeiro batalhão de espacial-terrestre. Então, de seus
homens, tenente-coronel.
— Que eu posso fazer, civil Rhodan — disse Farye despreocupada. — Qual é
a tarefa?
— Por enquanto, não há instruções. Você ficará de prontidão e esperará. Pode
ser que a nossa visita aos thoogondu ocorra absolutamente pacífica, e a BJO
BREISKOLL depois de alguns dias maçantes de voo de manobras atraque na RAS
TSCHUBAI. Mas, a experiência ensina que sempre pode haver problemas ou mal-
entendidos em primeiros encontros. Por apenas no caso, eu vou querer encontrar
um dos meus oficiais mais competentes, incluindo um grupo de soldados de elite
dentro da distância de um grito.
— Você me lisonjeia, avô.
— Se quisesse lisonjear você, eu não apelaria a você em sua carreira, mas
para dizer-lhe o quão grande você parece.
— Para isso você obterá muitas oportunidades quando estiver de folga —
Farye mostrou um sorriso breve e medido com precisão antes que se tornasse séria
novamente. — Quando eu recebo minhas ordens de marcha?
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— Nos próximos dez minutos. Veja que o seu pessoal esteja a bordo da BJO
BREISKOLL. Você se transfere para fora antes que ocorra o encontro com Saaperid.
— Entendido, senhor — Farye saudou militarmente para se despedir, a
holografia se desfez.
— Ela é algo especial — disse Sichu ao meu lado.
— É ela. Quanto mais eu lamento que esteja usando-a novamente para uma
ordem especial. Eu teria preferido que ela não tivesse designada para um posto na
RAS TSCHUBAI.
— Ela é uma das melhores, Perry. Ela tem uma excelente reputação militar,
suas habilidades de voo são incontestáveis – e ela é uma líder. Ela te segue sem
ambiguidade.
— E ela é minha neta. Eu não tenho muitos relacionamentos. E ela
justamente arrisca a sua vida em cada missão.
— Ela é uma mulher madura e autoconfiante, que sabe muito bem cuidar de
si mesma. Além do fato de que ele está imitando você a esse respeito. Farye e você –
vocês são da mesma estirpe. Então, deixe-a seguir o seu caminho e, finalmente aceite
que isso não é necessariamente o mais fácil.
— Tudo bem, tudo bem — Sichu estava certa. Mas a minha vida familiar não
tinha sido particularmente bem-sucedida. De todos os meus filhos, nenhum me
restava. Eu ansiava por um pouco de sorte em ser capaz de pelo menos proteger
minha neta de tudo isso, do que normalmente caía sobre a família Rhodan.
Eu me desviei desses pensamentos antes que eles também pesassem demais
sobre mim. Eu defini as ordens para a tenente-coronel Farye Sepheroa-Rhodan e os
oficiais do cruzador MARTE com o próprio nome BJO BREISKOLL. Eu transmiti
algumas regras comportamentais, obtive um OK de Holonder o comandante da nave
e enviei as instruções.
Apenas cinco minutos depois, recebi o sinal de prontidão da BJO BREISKOLL.
Eu dei permissão para decolar, e o cruzador libertou-se de sua cavidade atracação
no hemisfério superior da RAS TSCHUBAI.
A ausência da nave seria notaria. Mas, eu sabia o que eu tinha a dizer a
Saaperid se ele falasse comigo sobre isso.
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4.
A tripulação
Myrrdin Hawk
Ele despertou com o seu próprio grito. Ele quis se debater e não pôde. Ele se
sentiu apertado, restringido em seus movimentos, indefeso. Cintas se contorceram
ao redor do peito de Myrrdin. Elas o impediram de levantar-se. Ele não conseguia
escapar do fogo, do calor, do caos, da morte...
— Está tudo bem, Myrrdin — Ele ouviu uma voz profunda e clara. — Abra os
olhos e olhe ao seu redor. Você está em sua cabine a bordo da RAS TSCHUBAI. Eu
sou Karthäuschen, seu conselheiro pessoal2. Eu cuido para que nada lhe aconteça.
Hawk se contorceu, atirou-se de um lado para outro. A pressão em volta do
peito não diminuiu. Mas, ele tinha que ir, tinha que saltar em seu planador e fugir. O
sol, os queimaria...
Hawk sentiu frio em seu rosto. Um odor pungente o fez perder o fôlego.
— Abra seus olhos, Myrrdin! — Ele ouviu a mesma voz de antes, e desta vez
ele obedeceu.
Ele olhou para o teto de uma sala escassamente mobiliada. As paredes eram
brancas e nuas. Apenas em um canto da sala se pendurava uma imagem
aproximadamente do tamanho de uma cabeça. Mostrava rabiscos estranhos.
Hawk se lembrou: Esta era a ampliação de um desenho que Cascard Holonder
tinha feito anos atrás. Holonder, o comandante da RAS TSCHUBAI. Ele tinha feito
incontáveis dessas imagens enquanto controlava a nave com o poder da sua mente,
através do capacete-SERT.
Os rabiscos surgiram do subconsciente de Holonder e, de qualquer forma,
fugiam a qualquer interpretação mais profunda. Mas, era consenso que elas
exerciam um efeito calmante sobre muitos animais. Assim, também sobre.
— Eu estou de volta — disse Hawk calmamente, olhando para a imagem. —
Você pode me soltar.
A pressão em torno de seu peito diminuiu. Karthäuschen se aproximou dele.
— Os pesadelos se tornarão menores — assegurou-lhe o posbi. — Eu o
conectei aos instrumentos de medição, e estão verificando constantemente, muito
além do compromisso de ANANSI. Estas são as lembranças da evacuação de
Epechuan que o atormentam.
— Lembro-me do mundo que queimou — disse Hawk rispidamente. — Nós,
por favor, podemos falar sobre outro assunto?
Ele empurrou-se do leito e reprimiu um gemido. Ele era velho, e a estadia na
clínica médica da RAS TSCHUBAI imediatamente antes de sair para NGC 4622 lhe
custara severamente.
Ele tinha agora cento e setenta anos de idade. A maior parte de sua vida ele
tinha passado em sua atividade como um cosmopsicólogo nas profundezas do
espaço, para aprofundar o seu conhecimento sobre o desconhecido. Para
proporcionar a compreensão entre diferentes culturas. Para tornar a galáxia um
lugar mais pacífico. Para fechar todas a feridas que lhes foram causadas; o ódio e o
medo daqueles que perderam entes queridos ou suas pátrias.
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Um tipo de psicoterapeuta posbi. N.T
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— Você parece pensativo — disse Karthäuschen.
— Eu medito sobre a minha vida. Ela foi longa. Há muitas coisas que vêm à
minha mente.
Karthäuschen o ajudou a dar alguns passos pela sala. Hawk tinha uma cabine
maior do que a maioria dos outros membros da tripulação da nave, porque ANANSI
havia levado em conta suas necessidades e sua idade. Hawk era extremamente grato
à semitrônica por isso. Ele odiava o enclausuramento.
Depois de alguns minutos e uma xícara de Thai-Chai, ele se sentiu forte o
suficiente para dispensar Karthäuschen de seu serviço. Agora, o Posbi cuidaria de
Uma Lee, outra sobrevivente de Epechuan, cujo sol havia degenerado por razões
desconhecidas e destruiu todos os planetas habitados do sistema.
— Obrigado — disse Hawk para Posbi. — Eu lhe agradeço por me ajudar.
— Eu não poderia de uma maneira diferente. Em mim as estruturas
biológicas estabelecidas, criam um sentimento de compaixão em mim.
Karthäuschen se virou e saiu da cabine. Hawk tentou ordenar seus
pensamentos. Ele tinha enganado o posbi. Ele já não se sentia tão forte quanto fingia.
Os eventos de Epechuan tinha deixado vestígios nele.
Ele olhou para o relógio. Apenas algumas horas, ele havia se arrastado para
fora do nicho de suspensão. Um exame médico provou que ele não superou o sono
artificial particularmente bem. Então ele tinha recebido medicação para ficar livre
de medos e descansar.
Tinha sido em vão. Os horrores da destruição de Epechuan tinham se
agarrado ao fundo da psique de Hawk. De fato, a recuperação física foi bem-
sucedida, mas a cura de sua alma demoraria algum tempo para ser concluída.
Hawk soube que eles tinham alcançado NGC 4622, através de um canal de
bordo. Houve um contato com seres alienígenas que se chamavam thoogondu. O que
deve acontecer agora, permaneceu um mistério.
Hawk não estava interessado para onde a viagem continuaria. Contudo, ele
ficou tentado em conversar com aquele thoogondu. Assim, ele anunciou sua vontade
de trabalhar para ANANSI, mas ela lhe proibiu qualquer atividade sob as ordens
departamento médico. Ele ainda não era considerado operacional.
Que pena.
Hawk retirou seu brinquedo favorito para fora do armário e colocou a sua
frente. Por um tempo, ele olhou a superfície da pequena caixa. Ela transmitia...
peculiaridade. Ela prometia coisas que ele não poderia explicar, e que era mais
provável para descrever como saudade.
Desta vez, ele iria abri-la! Ele finalmente tinha que descobrir o que estava
escondida nela.
Hawk estendeu os dedos e tocou trabalho fino, elegante e perfeito. Ele tateou
uma borda. Ela era pouco perceptível. Mas, com um pouco de habilidade seria
possível para ele apertar com uma unha e abrir a caixa. Ele foi sob a borda e...
— Não. Ainda não — disse ele, e levou a caixa de volta para seu lugar. — Você
tem que esperar.
19
5.
Perry Rhodan
Thooalon
20
trabalhou na decifração nas partes da comunicação. Eu esperava que em breve
obtivesse notícias substanciais.
— Dê-me Saaperid agora — Eu pedi a semitrônica.
ANANSI me deixou alguns segundos antes de ativar a imagem do thoogondu.
Ele olhou para mim como se não tivesse se mudado do lugar durante as últimas três
horas.
—Errado! Um traço branco corre sobre a cicatriz no pescoço. Como se ele
tivesse tratado sua ferida com uma tira de medicamento—.
— Você me fez esperar — Saaperid repreendeu-me depois de uma breve
saudação.
— Eu tive que me orientar e ordenar os fatos. Eu esperava uma única nave, a
VOKOTOO – e também fui confrontado com várias dezenas de construção diferente.
Você poderia ter me avisado.
— Descobriu-se de tal maneira — disse Saaperid. As veias azuis em seu rosto
pálido claramente emergiram quando ele se inclinou para a frente. — O comitê de
recepção de alguma forma não está completo. Eu espero cinco outras naves da classe
GARANT, ou seja, a série a qual a VOKOTOO também pertence. Elas deveriam
aparecer a cada minuto.
Saaperid queria me pressionar? Não importava qual fosse a orientação
ofensiva dessas naves GARANT, seis espaçonaves penta-esferas formavam uma
pequena frota que poderia ser perigosa para a nossa nave.
— Eu não estou de acordo com isso, Saaperid — Eu disse. — A RAS
TSCHUBAI está protegida da maioria dos perigos, e não temos medo de compará-la
com uma pequena frota espaçonaves GARANT...
— Você me entendeu mal, Perry Rhodan. Todos nós estamos felizes com a
sua chegada. Para buscá-lo e escoltá-lo a Thooalon no comboio. Para cada um de nós,
é uma honra muito especial poder cumprimentar um inimigo do Peregrino.
Eu me virei para Gucky. O pequeno permaneceu perto de mim e certamente
tentava entrar em contato mental com Saaperid ou outro thoogondu. Mas as
distâncias eram simplesmente demasiado grandes. Ele balançou a cabeça. Ele não
sabia se o meu interlocutor estava mentindo ou dizia a verdade.
ANANSI supriu-me com outras informações. Elas ainda eram escassas, mas
inda continuaram a arredondar a imagem que eu ganhara com aquele pequeno
desfile da frota.
Os padrões de identificação energética em nenhum lugar sugeriram sistemas
de armas ativos. Certamente, as naves dos zeé brancos e vermelhos, os
sheoshesenses e os bondria pondh estavam realmente envoltas em campos
defensivos, além de que, todos os indícios de a uma flexão dos músculos, ameaças
ou até mesmo perigos específicos, estavam ausentes.
As vibrações estruturais indicaram a chegada de mais espaçonaves. Eu
rapidamente recebi os recém-chegados na tela. Eram as cinco naves anunciadas da
classe GARANT. Eles voltaram ao espaço normal a uma distância de cerca de meia
hora-luz, longe do resto da frota.
— Eu pedi aos comandantes das outras naves GARANT, que ficassem
afastados — disse Saaperid. — Como outro sinal de nossa deferência.
— Obrigado — Eu me sacudi. Há muito tempo eu não estava convencido da
boa vontade do thoogondu, embora não existisse motivo de desconfiança para isso.
— Eu vejo corretamente que um escaler da sua nave está faltando? —
perguntou Saaperid. — Você teve problemas durante uma parada intermediária?
21
— Não.
— Então, você o desacoplou?
— Certo. Você já provou que você me conhece. Portanto, você deveria saber
que tomei precauções de segurança de acordo com minha natureza.
Saaperid hesitou — e depois disse algo que eu realmente não contava. — Eu
entendo você. Do ponto de vista de um estrategista, este é o método correto de
abordagem — Seus olhos escuros pareciam se iluminar. — Isso é ótimo, Perry
Rhodan. Ainda podemos aprender algo com sua habilidade tática.
22
holográfico. — Você receberá permissão para pousar na capital na altura da décima
latitude norte.
Eu não precisava de nenhum conjunto de coordenadas ou mais informações
para descobrir a capital de Thooalon, Goenetki. Entre os topos arborizados das
montanhas, estruturas urbanas se moviam pela terra como tentáculos de polvo.
Contudo, o centro histórico da metrópole, deitava-se junto ao mar, onde gigantescos
transatlânticos estavam ancorados em uma baía natural.
— A RAS TSCHUBAI deve permanecer em órbita geoestacionária —
continuou Saaperid. — Você e um grupo de não mais de doze companheiros
desembarcarão no espaçoporto designado nas coordenadas que lhe foram
transmitidas. Você está cordialmente convidado para uma primeira reunião e um
passeio turístico.
Agora, eu permiti ANANSI me suprir com informações sobre o sistema
planetário. Thooalon era o único mundo habitável, outro planeta estava muito perto
do sol e era um inferno incandescente. Dois pedaços de forma irregular se moviam
em orbitas excêntricas demais ao redor da estrela central para proporcionar
condições de vida aceitáveis.
Onde estavam as frotas de patrulha que protegiam Thooalon? Por que não
houve mais nenhuma exploração espacial? Os thoogondu não temiam
conquistadores? Eles eram ingênuos — ou não precisavam proteger seu mundo
central? Ou essas cinco espaçonaves penta-esferas que nos buscaram e nos
conduziram até aqui, cumpriam essa função?
— Você tem perguntas, Perry Rhodan?
Eu tremi. Saaperid me observou com muito cuidado, e tomou consciência de
mim nesses momentos. E ele sabia como interpretar meu pensamento.
— Sim, eu tenho — eu admiti.
— Eu vou responder-lhe muito depois de sua aterrissagem. Muito, mas não
tudo. — É adequado para você se nos encontramos em meia hora no espaçoporto?
— Sim. Meia hora é apropriado.
Saaperid se despediu e eu me senti culpado. Ele não me deu motivo para
desconfiar. E ainda assim eu permaneci cauteloso, mais cauteloso do que o habitual.
As circunstâncias da viagem e da recepção não se adequaram para mim.
Sistemas solares tinham que ser destruídos para nos convidar e nos mostrar o
caminho? Não haveria uma mensagem de rádio ou uma espaçonave não teria sido
muito mais amigável e civilizado? E agora, Saaperid me forçava a desempenhar um
papel que eu não queria assumir de forma alguma. Algo errado ou desonesto
estavam ligados a simpatia e a franqueza com que ele me recebeu.
Ou eu me enganei? As minhas experiências tornaram-me demasiado
desconfiado?
Eu rapidamente reuni uma equipe para o contato inicial com os thoogondu.
Sichu certamente me acompanharia. Além disso, vieram Gucky, Lua Virtanen e
Vogel. Todos tinham qualidades inestimáveis que eu queria usar. Como
multimutante, Gucky estava tradicionalmente disponível para todos os tipos de
opções. Virtanen e Ziellos, que nesse meio tempo foram treinados em xenologia, se
distinguiam de todos os outros por causa de sua biografia: podiam assumir pontos
de vista especiais e coletavam dicas valiosas que poderiam ter escapado aos outros.
De uma lista mais longa de cosmolinguistas disponíveis, eu escolhi Attina
Hopkinson e Ben Jello. Os dois fizeram nome em sua especialidade e eram
considerados como um par agradável, que poderia tirar suas conclusões de algumas
23
pistas. Eles também mantinham contato estreito com Vogel, o que facilitava a
integração no grupo.
ANANSI nos forneceu três membros da segurança interna para ficar ao nosso
lado. Eu estaria mais perto deles durante a aproximação. Eu mal conhecia o
exobiólogo Loo Herrschell-Xing e o nexialista Parsa e Edle de Wonyi.
Uma vez que a semitrônica sempre atribuía grande importância à
homogeneidade dentro de uma equipe de expedição, eu confiei na escolha de
ANANSI.
E conversei com Cascard Holonder. Nós passamos por todas as
eventualidades e concordamos com contato regular. Eu confiava no comandante
experiente. Ele seguiria minhas instruções sobre ponto e vírgula.
Eu olhei em volta. Sichu, Lua e Vogel já tinham ido. Eles encontrariam os
outros membros do grupo no space-jet planejado para o nosso voo. Só Gucky ainda
estava esperando por mim. Ele tinha entrado no SERUN e tinha cuidadosamente
empacotado a cauda a cauda cuidadosamente na bainha da preparação especial.
— Você receberá o transporte especial, e sem quaisquer encargos extras —
ele disse com um largo sorriso. Ele agarrou minha mão, e no mesmo instante eu me
encontrei dentro do space-jet.
Sichu entrou na central de comando do space-jet. Ela se sentou, claro, naquela
cadeira reservada ao piloto.
Eu fiquei ao lado dela e a olhei insistentemente. As manchas em seu rosto
mudavam dependendo da incidência de luz. Isso sempre me fascinava novamente
ao observar esse estranho efeito latente na mulher que eu amava.
— Pronto? — ela perguntou, sem tirar os olhos dos acessórios.
— Sempre pronto — eu respondi com uma frase dos dias da minha infância,
colhendo um olhar um tanto confuso, mas muito afetuoso.
Sim, não havia dúvida: eu tinha um longo passado, mas essa mulher era meu
futuro.
24
O grande continente se espalhou diante de nós em todo seu esplendor. Meu
coração levantou-se em vista das belezas que este mundo tinha a oferecer. Eu podia
ver um tapete de retalhos de diferentes cores: intermináveis planícies verdes com
plantas de árvores, que se moviam em eterna harmonia ao vento, deixando-se
dobrar e depois se erguerem novamente. Os picos das montanhas estavam
embalados em gelo azul-branco e pareciam intocados. Paisagens de savana que
eram atravessadas por animais gigantes. Eles se pareciam com girafas terranas, mas
tinham corpos muito mais maciços. Eles eram seguidos por seres híbridos
estranhos. Eles agiam como uma mistura de pássaros incapazes de voar e insetos
eretos. As fêmeas colocavam um vestígio de ovos, que elas deixavam no esterco da
girafa e que eram imediatamente fertilizados pelos machos...
Infelizmente, como na maioria dos mundos, muitas coisas poderiam ser
descobertas e admiradas em Thooalon. Isso deu-me uma pontada quando eu pensei
em quantas oportunidades de desaceleração eu já havia perdido. Eu sempre me
apressei e puxei minhas trilhas através do desconhecido. Pesquisadores e cientistas
as seguiram, muito mais lentos do que eu. E atrás deles vieram aqueles que
fortaleceram o contato com os seres alienígenas e às vezes o expandiram...
— Mais uma vez, você está mais uma vez muito, muito longe em seus
pensamentos — repreendeu-me Sichu.
— Há tantas lembranças nessa velha e cansada cabeça.
— Você não está nem cansado nem velho na sua cabeça — retrucou Sichu. —
Você mostra apenas esse olhar um pouco insano, que sempre lhe atinge quando você
acha o quão bom seria sair por um tempo e aproveitar a vida em uma viagem pela
natureza intocada.
— Correto.
— Pare de mentir para você mesmo, Perry. Você simplesmente não é isto. Eu
vou fazer todas as apostas que você, encontraria no mundo solitário, o resto à deriva
de uma superinteligência ou a sombra de um cosmocrata. Você parece atrair esses
seres. Admita isto!
— A coisa mais importante, eu lhe atraio...
Eu fiquei em silêncio e continuei observando. O grande continente alcançava
das calotas de gelo do polo norte até a plataforma de gelo do Sul. Nós atravessamos
várias vezes de leste a oeste durante o voo no corredor. O continente menor, no
entanto, só podia ser visto de longe. Era como se o thoogondu quisesse dar-nos a
oportunidade de ver e experimentar tanto desta parte do seu mundo quanto
possível.
A faixa de terra ampliou-se na altura equatorial. Havia condições desérticas
que eram mitigadas por enormes áreas verdes. Presumivelmente, houve formação
planetária em grande escala. No centro das planícies férteis, havia estruturas
urbanas, aparentemente pouco povoadas.
— Goenetki — disse Sichu, apontando para o mar de casas do qual nos
aproximávamos do Leste, após a última travessia do oceano que abrangia o mundo.
A positrônica do space-jet forneceu imagens cada vez mais detalhadas da
cidade. Particularmente impressionantes, eram os gigantes oceânicos de centenas
de metros de comprimento, que eram impulsionados por enormes velas solares, e
cruzavam as águas azul-verde com uma velocidade impressionante. Eles se
dirigiram para baía natural em frente a Goenetki, e eram interceptados por
navegadores em catamarãs e conduzidos a um estacionamento. Lá, eles eram
ancorados e esperavam.
25
Do nada, surgiram superfícies transitáveis, que ligavam os navios à terra. Elas
tinham uma função de faixa deslizante. Os bens foram transportados a terra,
apoiados por robôs de trabalho, que se assemelhavam aos thoogondu em sua
aparência.
Então estávamos sobre a cidade, rodeados por uma multidão de projéteis,
todos os quais agiam como se estivessem seguindo as instruções de um condutor.
Provavelmente, um centro de controle central do tráfego aéreo e terrestre era
responsável e, assim, mantinha o fluxo de tráfego estável.
Eu coletei muitas impressões, mas foi rápido demais para processar tudo
imediatamente. Já estávamos nos aproximando do espaçoporto, a cerca de dez
quilômetros do interior, rodeado por muros de tijolos.
Eu permiti que se ampliasse a alvenaria. Tratava-se de peças de argila que
foram unidas. Na maior parte, elas eram decoradas com caracteres curvos. Aqui e
acolá, líderes thoogondu foram imortalizados com longos bastões de madeira na
alvenaria.
De repente, Loo Herrschell-Xing estava ao meu lado. Com sua natureza
desagradável e desrespeitosa, ela me empurrou um pouco. Ela acenou com a cabeça
para um campo de comando holográfico, que controlava a representação da imagem.
— Veja aqui! — disse a exobióloga excitadamente, mudando a cor um pouco.
A armadura corporal de alguns thoogondu, ainda cinza, apareceram de
repente nas cores mais impossíveis. Era como se um pintor tivesse experimentado
com sua nova caixa de tinta.
— É uma representação de cores falsas, que, no entanto, provavelmente se
aproximam da realidade — disse Herrschell-Xing. — Mas, apenas se o espectro
visual for deslocado ligeiramente para a faixa infravermelha.
— Então, os thoogondu se percebem quando olham uns para os outros? —
Eu perguntei.
— Provavelmente — respondeu Herrschell-Xing, que de repente ficou
insegura.
O espaçoporto era composto de espaços abertos, que eram divididos em
diferentes zonas rodeada por muros. Alguns deles eram enormes, outros pequenos.
Nós nos dirigimos para uma das áreas de pouso menores. Perto de um pequeno
prédio, que assemelhava a um disco pousado sobre palafitas, os thoogondu nos
esperavam. Eu supus que Saaperid estivesse entre eles.
Sichu pousou sem o piloto automático e passou rapidamente as verificações
de segurança usuais.
— O ar em Thooalon é respirável como esperado — disse Herrschell-Xing. —
Contudo, o teor de oxigênio é elevado. Portanto, nós devemos esperar uma sensação
constante de peso. Eu recomendo tomar o ar respirável usual no SERUN fechado,
por alguns minutos a cada hora. Após dois ou três dias, devemos estar aclimatados.
Eu entendi a dica. Herrschell-Xing, como os outros cientistas da nossa
delegação, esperava que ficaríamos naquele mundo por algum tempo.
Nós saímos da central de comando do space-jet. Todos os outros membros
do grupo estavam à nossa espera na frente da eclusa. Os Gothworths bloqueavam a
passagem com seus corpos largos. Eles assumiram o direito de entrar em Thooalon
como os primeiros. Bem, isso deveria estar certo para mim.
Um após outro, os três ertrusianos atravessaram a eclusa e desceram a
rampa. Eu os segui. Eu mantive o meu SERUN aberto. Era um projeto especial, bem
como os modelos dos meus companheiros. Todos estes SERUNS foram construídos
26
de forma ultracompacta. Com alguma boa vontade, eles até mesmo passariam como
trajes sociais — se alguém ignorasse os cintos agregados e os coldres de armas.
A luz brilhante de um sol branco me deslumbrou. Como esperado, eu senti
uma pressão incomum no meu peito assim que fiz a primeira respiração. Mas, eu me
acostumaria com as condições ambientais, especialmente porque a pequena
positrônica do meu SERUNS me monitorava e, em caso de perigo me daria um
alarme.
Concentrei-me nos thoogondu, que saíram da sombra do edifício em forma
de disco e se moveram em nossa direção. Na frente dele, veio o homem em quem
reconheci Saaperid. Ele se elevava acima dos outros de seu povo. Eu calculei que ele
tivesse cerca de dois metros e vinte de altura. Apesar do seu tamanho, ele se movia
elegantemente, quase graciosamente, mas ligeiramente curvado para a frente. Em
sua cabeça, a luz do sol se refletia.
Eu ordenei que os três Gothwerths parassem e me deixassem passar. Eles
obedeceram, mas permaneceram atrás de mim.
— Perry Rhodan! — Saaperid gritou e parou alguns metros à frente de mim.
Ele empurrou sua parte superior do corpo, como se para me testemunhar com sua
posição rígida e correta, em sua cortesia. — Que bom que nos encontramos
pessoalmente! Eu tenho orgulho de ser o primeiro do meu povo a recebê-lo. Você, o
Herdeiro do Peregrino.
27
6.
A tripulação
Uma Lee
Karthäuschen ficou aborrecido. Uma e outra vez ele quis paparicá-la e sentir
pena dela. Ele fez perguntas que eram abundantemente desconfortáveis e lembrou
as coisas que ela queria esquecer, se possível.
Ele deveria cuidar de Myrrdin! O homem sofria muito mais sob a situação
atual. Ele ainda era ágil e mentalmente ativo. Mas, a morte era mais do que um
pensamento vago para ele.
Ela queria ação. Ela queria romper o encarceramento daquelas instalações.
Ver e sentir as maravilhas do universo. Conhecer outras culturas, aprender a
expandir a mente.
Que droga! Ela tinha apenas cinquenta anos e tinha experimentado muito
pouco em sua profissão como xenolinguista. Ela queria sair, sair, sair!
Perry Rhodan havia deixado a RAS TSCHUBAI e avançou com um pequeno
grupo de companheiros em direção a Thooalon. Ele não pensou nela. Apesar do
pedido quase implorante para levá-la consigo.
Bem, ela tinha que ser paciente. Era algo que ela gostava de fazer. Como todo
mundo...
Afinal, ela estava esperando uma visita. Taeller tinha prometido conversar
um pouco com ela para dissipar o tédio.
Ele havia dito Haam. Uma palavra de seu vocabulário, que muitas vezes
aparecia e se ajustava a quase todas as oportunidades. Isso significava bem. Mas, Lee
havia descoberto há muito tempo que a palavra deveria ser interpretada em muitas
direções. Ela podia expressar tédio, irritação, entusiasmo, raiva e também alegria.
Era o som da voz, a vibração, que previa as características distintivas.
Enquanto isso, Lee tinha treinado sua audição e assegurou-se de que o tradutor
traduzisse o mais silenciosamente possível. O idioma do jovem mandaamense
escondia segredos, que ela só queria descobrir.
— Um convidado pede permissão para entrar — disse ANANSI. — Trata-se
de Taeller.
— Entre — disse ela. Imediatamente, a porta sibilou, e o alto Taeller entrou.
Que pena. Ele estava muito adiantado. Ela teria gostado de fazer outra coisa
antes de falar com ele.
Taeller parecia desajeitado. Não era de admirar. Ele tinha apenas dez anos de
idade, mas já tinha quase dois metros de altura, e até agora não sabia como lidar com
esse corpo.
— Sente-se! — ela disse com firmeza. Ela precisava de uma maneira decisiva
de dirigir o trabalho como xenolinguista e ter sucesso.
Taeller curvou as longas pernas e sentou-se na cadeira. Da sua espécie, três
ficariam sentados lado a lado no assento, de tão magro que ele era.
As penas azuis claras das costas moviam-se suavemente como se estivessem
expostas a um vento. Isso também era parte de sua linguagem. As penas indicavam
ou reforçavam as emoções. Se fosse correto, Taeller queria expressar curiosidade,
mas também um pequeno distanciamento.
28
— Obrigado por ter vindo — disse ela ao garoto mandaamense. — Como você
está? Você está gerenciando a vida a bordo?
— Está ótima. É uma pena não encontrar ninguém com quem brincar.
— Eu examinaria as fileiras dos posbis. Alguns deles são muito receptivos a
tais indagações.
— Por que você está falando tão empolado? — perguntou Taeller.
— Como, por favor?
— Quem diz essas coisas como receptivas? Ou gerenciar?
— Eu uso meu vocabulário, Taeller. Faz parte do perfil do meu trabalho, que
requer muita precisão. Uma falsa ênfase ou má interpretação pode levar a terríveis
mal-entendidos.
— Mas a tradução é feita pelos tradutores.
— Eu sou linguista, não tradutora, Taeller Esta é uma grande diferença. Mas,
vamos deixar isso — Seu nariz pequeno, você é irritante. Você deve falar comigo
para que eu possa aprender com você.
Lee se assustou. Pelo contrário, ela não era tão impaciente. O que a levou a
lidar tão grosseiramente com o adolescente? Ele estava sozinho a bordo da RAS
TSCHUBAI e tinha apenas alguns amigos que o ajudaram a reorientá-lo neste
ambiente estranho.
— O que você está segurando em sua mão? — Taeller perguntou, apontando
para as mãos de Lee com o segundo de seus quatro dedos.
Ela olhou para si mesma. Ela segurava a caixa. Esta caixa preta e enigmática
que a fascinava tanto. Como ela veio parar aqui? Lee certamente a manteve debaixo
da cama.
— Isso não é nada, Taeller — disse ela, esperando que o mandaamense não
desse qualquer significado ao tremor em sua voz. — Apenas um tipo de brinquedo.
Isso me ajuda a manter a calma.
— Você está nervosa?
— Você não? — Ela devolveu ao seu interlocutor. — Nós dois perdemos
muito. Nós tivemos que testemunhar quando os amigos e parentes morreram. Nós
mesmos estivemos em grande perigo. Eu já tinha terminado minha vida quando
chegou à ajuda de Andris Kantweinen.
— Minhas mães sempre diziam: A morte é apenas o fim de um começo. E não
entendo muito bem o que elas queriam dizer com isso.
— Carpe diem.
— O que você quer dizer, Uma Lee?
— Este é um ditado dos meus antepassados que se salvou do passado mais
profundo para o presente. Ele diz, traduzido para nossas condições de vida, que
devemos usar nosso tempo. Provavelmente, era isso o que suas mães queriam lhe
dizer.
— Haam.
Lá estava ele, aquele termo ambíguo. Como ele significava precisamente? O
que Taeller quis dizer?
— Você está falando uma com a outra — ele disse abruptamente.
— O quê?
— Você e essa coisa de madeira que você segura em sua mão, estão tendo um
tipo de entendimento. Não. Há uma palavra melhor para isso. Andris me ensinou.
— E qual é?
29
— Corrispum... correspom... correspondência — disse ele. Isso é o que vocês
estão fazendo, Uma Lee. Vocês estão em contato.
30
7.
Perry Rhodan
Em Goenetki
31
Eu tive que apertar mãos, curvar-me, retribuir saudações estranhas e,
juntamente com um homem robusto solitário parado ali de pé, com cabeça trêmula,
lambendo mais de um pedaço de folha adesiva que ele inseriu em uma espécie de
livro. Não antes, de ele ter tomado notas de nossa reunião.
— Um caracarr — disse-me Saaperid. — Os caracarr não têm memória
emocional e, portanto, eles estão registrando enquanto têm que avaliar seus
interlocutores. Sua prova de lambida os ajuda. Eles mantêm em sua memória
gustativa para sempre e podem assim associar ao encontro com você.
Eu conversei por alguns minutos com o humanoide trêmulo, depois voltei
para os dois seres cibernéticos. Eles representavam os zeé brancos e vermelhos.
Seus corpos serpentinos eram esbeltos e estavam em armaduras delgadas em forma
de colunas. Um brilhava vermelho e o outro branco. A armadura atingia uma altura
de quase três metros e não podia exceder um máximo de cinquenta centímetros de
diâmetro.
Os invólucros eram usados repetidamente. De repente, ruídos de chiados
soaram de dentro. Eu não sabia se era o idioma dos zeé brancos e vermelhos, ou se
eu ouvia ruídos mecânicos. O tradutor não me ajudou desta vez.
— O Gondunat aconselha os nossos amigos cibernéticos, bem como os
representantes de alguns outros povos cujos representantes você encontrará hoje
— disse Saaperid.
— No que eu posso imaginar o termo Gondunat? — eu perguntei. — Ele
representa o Império Dourado dos thoogondu?
— Correto. O Gondunat inclui quase oitenta mil sistemas solares que foram
povoados por nós e cujas populações indígenas, tão presentes, estão em harmonia
com nós, thoogondu — Saaperid apontou para uma criatura que saltitava
animadamente ao redor entre as pernas de criaturas maiores. — Este lalla, por
exemplo, vem de Cyrochin-Allseitz, um mundo para o qual voamos há milhares de
anos atrás. Desde então, os lalla estiveram sob a proteção do Gondunat e desfrutam
de todos os privilégios que o Império Dourado tem para oferecer.
O lalla, um ser semelhante a um marsupial com presas enormes e olhos
arregalados, parecia feliz? Ele estava satisfeito com a vida no Gondunat? — Eu não
sabia o que dizer. O lalla pegava resíduos de comida do chão e, ao mesmo tempo, se
servia um campo holográfico de entrada com garras longas e pontudas. Exatamente
o que ele fazia, fugia ao meu conhecimento.
— Não há apenas o Gondunat — continuou Saaperid. — Os zeé brancos e
vermelhos, os bondria pondh e os sheoshenses representam povos que são
aconselhados pelos thoogondu.
— Então, eles são independentes do Império Dourado?
— A independência é um termo estranho em uma ilha estelar, na qual
oferecemos satisfação. Tenha certeza de que o Gondunat funciona de forma
excelente, e temos prontas todas as respostas certas para os representantes de todos
os povos.
Mais, Saaperid não pôde suscitar sobre este assunto. Eu senti as suas palavras
tão presuntuosas, tanto quanto reconheci no geral, alguma auto evidência e
arrogância nelas, que não me agradou.
Fiz contato visual com Gucky. Ele assentiu com a cabeça como se quisesse me
informar que embora houvesse captado algo telepaticamente, ele ainda não estava
certo sobre o conteúdo da informação. Bem, eventualmente haveria uma
oportunidade para um diálogo.
32
Sanduíches foram servidos. Saaperid garantiu-me que eles seriam
comestíveis para nós. Onde ele conseguiu essa certeza, permaneceu no escuro.
O pão era extremamente crocante e deixava um sabor ligeiramente amargo.
Quando eu engoli a primeira mordida, eu tive a sensação de ter comida areia. Os
diferentes recheios do pão, por outro lado, se provaram frutados e tive que me forçar
a parar com os pequenos bocados.
Uma água com uma cor verde escura foi servida em jarras delgadas; no fundo
das jarras havia duas criaturas semelhantes a vermes em um espaço confinado, e
que se moviam violentamente. Obviamente, elas produziram calor. A água estava tão
quente que tive que me forçar a beber.
Eu conversei aqui e acolá, ouvi os representantes de diferentes povos, e tomei
algumas notas mentais. Os thoogondu eram dominantes em todos os aspectos. Eles
falavam não só por causa de seu tamanho elevado. Além disso, eles argumentavam
com auto evidência, que me pareceu pretensioso aos meus ouvidos, e eles não
gostavam de tomar conhecimento de outras opiniões. Mas, ninguém se incomodava
com isso. Então, eu suspeitei que as estruturas de dominação cresceram
naturalmente. Se aceitava quem e o que eram os thoogondu.
— Agora, nós gostaríamos de convidá-lo para uma viagem de ida e volta
sobre Goenetki — disse finalmente Saaperid.
— Com prazer. Quando nós podemos esperar a chegada do Ghuogondu?
— Ah. Esta é a famosa e infame impaciência terrana que fala de você?
— Eu prefiro chamar isso de uma sede de conhecimento. Eu gostaria de
saber o máximo possível e o quanto mais rápido possível. Há assuntos em meu lar
que eu preciso cuidar.
"Ou seja, acima de tudo, o Adaureste", eu pensei. "Não quero ver a profecia
do Tribunal Atópico se tornar realidade. A ecpirose, a conflagração, um cenário, que
supostamente também seria desencadeado pelo Adaureste — e que eu gostaria de
ver impedido em todas as circunstâncias.
— Nós podemos ir? — perguntou Saaperid, e sem esperar por uma resposta,
nos conduziu pela escada para um veículo semelhante a um planador.
A coisa oval parecia vistosa e estava decorada com todo tipo de
ornamentação. Um pintor havia se imortalizado na fuselagem externa. Eu descobri
partes de uma história que era contada em imagens. Mas, mesmo antes que eu
entendesse os contextos, fui empurrado através de uma grande escotilha.
Assim que nós entramos no planador, ele já decolou. O branco das paredes
tornou-se transparente. As pinturas ficaram visíveis nas laterais por alguns
segundos, então elas se dissolveram. Até mesmo parte do chão tornou-se
transparente.
Saaperid pessoalmente dirigia o planador. Ele trabalhava com uma espécie
de joystick, que ele apertava com os dois polegares de sua mão esquerda. Ele era
hábil em lidar com o comando.
Eu tomei contato visual com Gucky. Ele assentiu a cabeça como se quisesse
me dizer que ele havia captado algumas coisas telepaticamente, mas que ele não
tinha certeza sobre a informação. Bem, haveria a ocasião para um diálogo.
Nós atravessamos um talude de argila e avançamos em uma velocidade lenta
sobre uma paisagem parecida com um parque. Os thoogondu caminhavam através
de uma paisagem de tipo savana, que era interrompida por pequenas florestas. Era
indubitavelmente uma paisagem cultivada, que fora projetada pelos habitantes de
acordo com suas ideias.
33
Goenetki realmente era notável. A cidade estava cercada por parques. Mais
uma vez, nós descobrimos fontes de água e praias artificiais, onde grandes grupos
de thoogondu se reuniam, praticavam esportes, mergulhavam nas águas rasas ou se
caçavam com campos holográficos, tentando se capturar com ajuda de grilhões.
Lembrei-me da agitação dos jogos de paintball, já que mais uma vez estavam na
moda em alguns mundos da Liga dos Galácticos Livres.
As salas flutuantes acabaram por ser formações de filigranas aéreas, que se
assemelhavam a zepelins elegantemente construídos e conduzidos aqui e acolá pelo
vento. Thoogondu agachavam-se nas cabines relativamente grandes. Parecia que se
instalaram nas cabanas, como se estivessem morando lá.
— Correto — Saaperid respondeu minha pergunta correspondente. —
Algumas habitantes preferem passar a maior parte da vida nas salas flutuantes. Eles
usam a correte térmica especial sobre o oceano, o parque e as estruturas urbanas,
para experimentar diferentes condições. Pequenas positrônicas de controle os
apoiam.
— Parece comparativamente estreito nessas cabines — Eu contei dez a doze
thoogondu, que estavam apinhados em um espaço não superior a cinquenta metros
quadrados.
— Nós amamos companhia — afirmou Saaperid.
De fato. Agora, quando ele chamou minha atenção, ocorreu-me que os
thoogondu sempre procuravam a companhia de seus congêneres. Eu mal havia visto
um deles sozinho. Também Saaperid estava cercado principalmente por três ou
quatro outros thoogondu.
Nós voamos sobre as salas flutuantes. Muitos delas seguiam o trajeto do sol,
deixando uma parte de seus corpos aéreos do mesmo lado da luz do dia. Era um
comportamento e estilos de vida muito atraentes para mim, afinal, por tudo o que
isso significava. O fato de que os thoogondu permitiam a individualidade.
As casas, principalmente edifícios quadrados, pareciam limpas e arrumadas.
Em todo lugar, podiam se ver plantações verdes verticais. Nas paredes dos edifícios,
às vezes, havia usinas energéticas ultracompactas.
— Essas muitas elevações circulares, com o diâmetro de uma palma de mão,
capturam a luz solar e armazenam-na em cristais artificiais de Luthite. Eles têm uma
eficiência de noventa e nove por cento. As casas são autossuficientes e podem passar
sua energia em grande parte para as empresas industriais.
Então, nós fomos para o leste. Algumas janelas do planador estavam abertas.
Eu absorvi odores estranhos. Eles vieram de um mar de flores que marcaram o
centro de Goenetki, e o chamado Parque Buraco de Somaari. Além disso, eu pensei
que já tinha o cheiro de maresia em meu nariz.
Nós estávamos impressionados com impressões cada vez mais intensas. Os
thoogondu estavam orgulhosos de suas realizações, e nos mostraram edifícios
arquitetônicos incomuns, estátuas, pistas suspensas, edifícios altos cobertos com
palha ou pistas para triciclos rápidos, sobre as quais muitos dos habitantes estavam
competindo. Além disso, um salão em um trabalho em arte origami e uma arena
esportiva, que me lembrou de uma rodovia elevada de alta velocidade.
De alguma forma, eu tinha visto o suficiente, eu estava farto de impressões.
Eu me concentrei em meus companheiros e tentei descobrir como eles sentiram o
barulho ao qual éramos expostos.
Os Gothwerths não ficaram impressionados com a azáfama. Eles viram o
mundo com os olhos de especialistas militares que estavam procurando por fontes
34
de perigo. Os cientistas do nosso grupo seguravam instrumentos de medição em
suas mãos, faziam anotações ou habilmente simplistas, repetidamente incluíam os
thoogondu nas conversas.
Lua, Vogel e Gucky se mantinham um pouco separados. Os três foram os meus
indicadores mais importantes neste primeiro encontro. Os dois Geniferes3 tinham
as melhores antenas e se tornaram pessoas de confiança absoluta nos últimos anos.
— ...o fogo do interior — eu ouvi Saaperid dizer, e eu me concentrei nele
novamente.
Ele apontou para uma estrutura em forma de saca-rolhas e transparente que
terminava em um funil em expansão, a cerca de cinquenta metros acima do solo.
Dentro, borbulhando líquido vermelho escuro.
Eu estreitei os olhos e tentei ver o que havia dentro do funil.
— Magma — disse Saaperid com orgulho na voz. — Rocha derretida, que é
trazida do interior de Thooalon, e é mantida em ebulição no edifício em espiral. Nas
horas noturnas o fogo do interior é amplamente visto.
Eu recebi uma visão geral. A construção em hélice estava em vários pontos
visuais da cidade. Ele podia ser visto do porto à minha direita, mas também de
alguns esplêndidos edifícios palacianos no Norte, onde viviam os ricos e bonitos da
cidade.
— Impressionante — eu disse. E de fato, esse era o fogo do interior. Eu estava
ciente de que centenas, se não milhares, de toneladas de rocha derretida brilhavam
no edifício helicoidal. De vez em quando o material ígneo era lançado para cima. Era
aprisionado no funil, que provavelmente tinha setenta metros de diâmetro, e correu
lentamente para baixo para ser aquecido novamente.
Nunca material grumoso se esfriava, ou se na parede exterior transparente.
O fogo ardia cada vez mais, alimentado por um calor incrível.
— Nós separamos aposentos nas imediações do fogo do interior — Saaperid
interrompeu meus pensamentos. — Eu gostaria de dar-lhes a oportunidade de se
recolherem e descansar um pouco. Vocês certamente se cansaram de todas as
impressões de hoje. O banquete ocorre no salão dourado imediatamente ao lado do
hotel.
Eu olhei para o relógio. O tempo passou como que voando. Nós tínhamos
deixado o espaçoporto há mais de quatro horas.
"Você sabe exatamente o quanto você nos impressionou, cara,", eu pensei
calmamente. "E agora você quer que deixemos as memórias caírem. Este é o
propósito deste exercício: devemos nos sentir insignificantes em vista das belezas
da cidade e das conquistas de seus habitantes".
— Concordo — eu disse ao thoogondu. — Eu acho que todos precisamos de
um pouco de descanso.
3
Genifer: Intermediário entre seres vivos e positrônica. Atividade muito semelhante ao
emocionauta. N.T
35
8.
A tripulação
36
Mae engoliu e sorriu amplamente para ele. — Isso significa que nossa equipe
em breve estará em ação. O velhote faz sempre isso. Ele quer que agora já nos
preparemos.
— Sim.
— E? Você está ansioso para isso?
— O que eu devo dizer-lhe? — Balthasar encolheu os ombros.
— Que você deve finalmente fazer algo sobre as avarias no seu maldito crânio
— disse o epsalense. — Você quer viver sua vida com o perigo de sentir sentimentos
falsos?
— Você se acostuma com isso.
— Oh, caramba, você não pode ir contra o seu fatalismo! Às vezes, eu gostaria
de jogá-lo fora da RAS TSCHUBAI e observá-lo enquanto lida com isso no espaço
livre. Às vezes você me irrita ainda mais do que os Gothworths.
— Você mente — Balthasar sentiu quando suas sensações gradualmente se
estabilizaram. Ele sentiu raiva, mas também frustração com a culpa nisso.
— Sim, eu sei. Porque eu gosto de você, Karim. Mesmo que eu não saiba
porquê.
— É chamado de instinto protetor, Ero.
O epsalense sacudiu a cabeça. — Eu realmente não tenho isso muito fácil com
você. Bem, é assim que as coisas são. Eu espero que você se prepare
conscientemente para uma possível missão. Eu ficarei perto de você e ter certeza de
que nada lhe aconteça.
— É claro que você vai. Viva!
Houve novamente um daqueles momentos estranhos quando suas emoções
se confundiram e ele não sabia exatamente o que ia dizer.
Ero Mae olhou para ele, intrigado, e silenciosamente comeu mais alguns bifes
e levantou-se. — Eu espero que você esteja melhor quando nos mandarem para a
missão. Caso contrário... — O epsalense deixou a frase incompleta e bateu na cabeça
de Balthasar ao partir.
Soou vagamente, um som como se um sino ecoava nela.
Esta maldita placa de metal rodeava sua prótese cerebral. Esta maldita
construção biopositrônica, que o ajudava na geração de emoções após o trauma
crânio-cerebral, e às vezes não simulava as emoções corretas.
37
9.
Perry Rhodan
38
Lua olhou-me com espanto; mas ela entendeu rapidamente depois que Vogel
pegou sua mão na dele e pressionou-a. Os dois tiveram a tarefa de falar e distrair-
me, assim como Gucky.
O pequeno assentiu com a cabeça para mim. Eu senti o seu toque — e me
encontrei junto com ele em outro lugar. A sala era meio escura, nós estávamos
olhando para paredes nuas. O pequeno nos levou embora via teleportação. Onde
estávamos, não me interessava particularmente.
— Muito rapidamente: nós estamos sendo monitorados. Um Gothwerth me
informou sobre uma palavra de código acordada, que não deveríamos dizer uma
palavra aberta em nossos aposentos. — Vamos ficar dois, talvez três minutos. Então,
devemos voltar e continuar nosso pequeno espetáculo. Então, fique impressionado
com o fogo do interior assim que voltarmos para o nosso quarto de hotel.
— Claro.
— Então, o que você descobriu? — eu perguntei.
— Há thoogondu mentalmente estabilizados — disse o pequeno. Ele fechou
os olhos e concentrou-se. — Provavelmente, eles conhecem seres paradotados. E,
como eles sabem muito sobre nós, é de se presumir que eles conhecem minhas
habilidades. Afinal, eu sou, uma das figuras mais importantes da Via Láctea. Eles
sabem que nós vamos encontrar uma maneira de escapar de seus dispositivos de
escuta.
— Pode ser. Vamos, Vermelho! — Eu tive que apressar o rato-castor. Às
vezes, ele falava muito desajeitadamente. Ele tinha isso de Bully. O pensamento
sobre ele me deu uma pequena pontada. Eu perdi tanto o gorducho, bem como Atlan.
E ainda assim eu tinha que me dar bem sem eles no momento.
— Muito do que Saaperid e nossos associados nos contaram é verdade. Além
disso, eu concluí, no que diz respeito ao tamanho do Gondunat, ele não exagerou. O
Império Dourado é dominante em Sevcooris. Os thoogondu têm algo com as
características de uma Pax Gondunatia na galáxia. O Gondunat é incontestável como
o poder hegemônico nesta ilha estelar.
— Como os representantes de outros povos lidam com isso?
— Eles aceitam o status quo. Nem todo mundo gosta de seu modo de vida. Eu
sinto uma espécie de resignação. E às vezes raiva da auto compreensão e da
arrogância dos thoogondu.
— O que você descobriu sobre Thooalon?
— Este mundo é apenas um dos muitos – e de modo algum o lar dos
thoogondu. O sistema central do Gondunat é – como devo dizer? – um estranho
ponto cego. Os eventos na galáxia podem ser controlados por lá. Mas é um lugar
cujas coordenadas são mantidas em segredo.
— Como funciona a administração do Gondunat?
— O Império Dourado está presente em suas gigantescas frotas espaciais. Ele
mostra força, sempre e em todos os lugares. E depois há os mundos palacianos.
— Isso significa? Depressa, pequeno! Nosso tempo está acabando.
— Há dez mundos palacianos espalhados por Sevcooris. São planetas em
sistemas altamente protegidos. Muitas vezes eles se encontram no território estelar
de outros povos que o Gondunat aconselha. Eu tenho visto em imagens mentais
como os alienígenas julgam esses mundos. Os mundos palacianos são como vitrines
e baluartes ao mesmo tempo. Existem palácios poderosos do Gondu. Ele mesmo às
vezes vai lá e detém a corte. Ele é o fiador da paz, segurança, prosperidade, felicidade
39
e alegria. Quando ele se move, seus representantes assumem de volta os negócios
diários, os mentores.
— É isso?
— Não totalmente, Perry — Gucky fez uma pausa, franzindo a testa. — Os
habitantes de Sevcooris sentem o Império Dourado como grande. Mas, não é de
alguma forma não tangível. Não posso dar-lhe informações definitivas sobre o
aspecto das estruturas políticas, económicas e militares. Os pensamentos são
embrulhados como em algodão.
— Os sevcoosenses estão influenciados? Um poder superior dirige seus
pensamentos?
— Eu não sei — admitiu Gucky.
— O que eles pensam sobre AQUILO? Ou o Peregrino, como eles o chamam?
E quanto ao farol cósmico em si? Os thoogondu o instalaram? Pelo que eu já vi até
agora, não se pode dar o crédito a eles.
— Eu não descobri nada sobre isso. Como eu disse, há temas que estão
cobertos por uma camada de nevoeiro.
— Tudo bem — eu olhei para o relógio. Nós estávamos ali há três minutos e
meio. — Obrigado, pequeno. Por favor, leve-nos de volta agora.
Eu senti sua mão na minha. Ela parecia fria. Eu tomei esse sentimento e
pensei em nosso quarto de hotel. Nós nos sentamos novamente no círculo de nossos
amigos.
Sichu se juntou à Lua e Vogel. Ela espirrou assim que aparecemos. O ruído
poderia ser associado pelas sondas de espionagem, ao fraco estalo que foi causado
tanto pela rematerialização, tanto quanto pelo deslocamento de ar durante súbito
aparecimento de dois corpos.
— É muito bonito, o fogo interno — disse Gucky, como se estivéssemos
sentados juntos o tempo todo.
— É isso — eu concordei. — Mas, vamos falar sobre o próximo banquete. Eu
gostaria de conciliar as regras de etiqueta, desde que não sejam observadas.
Eu fiz algumas declarações, que foram sobre questões triviais. Eu não me
concentrei, e fiz com que aquele teatro esfarrapado chegasse ao fim tão rapidamente
quanto possível. Eu queria lidar com as informações de Gucky. Elas eram apenas
aspectos parciais da vida local. Mas, eram davam a primeira impressão das
verdadeiras condições no Império Dourado.
Em alguns aspectos, ela diferia do que Saaperid queria que nós soubéssemos.
40
Acima de tudo, o profundo conhecimento oculto dos Maralig, teria se
pendurado como uma teia sobre os espíritos de todos os povos da galáxia, os teria
girado ao redor e, finalmente esmagado mentalmente.
Isso tudo eram slogans, presumivelmente proferidas ao longo de muitas
gerações e cheios de tanta verdade quanto a série de trivídeo sobre as aventuras de
Gucky, o rato-castor. Eu tomei nota deles sem comentários.
Eu me encontrei pela primeira vez com os representantes dos bondria pondh.
Eles pareciam octópodes verticais e usavam quatro de suas oito extremidades. Os
dois braços superiores eram braços instrumentais, os dois braços inferiores eram
vistos como braços finos e mostravam garras separadas.
Um bondria pondh chamado Onthord me enredou em uma conversa mais
longa. Depois de apenas alguns minutos, eu estava procurando a mais ampla
justificação frágil. A conversa foi banal desde o início, e a voz aguda de Onthord doía
em meus ouvidos. Ele penetrou de uma boca parecida a um papagaio que era grande
e forte e mal fechada.
Eu também tive que ver os sheoshesenses. Eles se assemelhavam a um
grande martim-pescador com uma plumagem azul profundo.
Além da linguagem acústica, eles também usavam uma linguagem de
arranhar, para a qual placas especiais foram instaladas em partes do salão dourado.
As pernas poderosas arranhavam alto sobre o terreno áspero e transmitiam
informações, que o tradutor não conseguiu traduzir.
No final da noite, Saaperid me levou de lado. — Você gostou do que viu e
ouviu?
— É admirável tudo o que o Gondunat faz por seus povos — eu disse.
A boca do thoogondu brilhava em um vermelho particularmente forte no
crepúsculo do salão. — Nós fazemos o que podemos, e podemos fazer o que fazemos.
Eu não sabia se ele entendeu a ironia ou se o tradutor a havia engolido. Que
pena. Eu gostaria de ter provocado um pouco o meu interlocutor. Este banquete era
muito suave e sóbrio para o meu gosto. Como que ensaiado.
— Você nos dá licença? Meus amigos e eu tivemos um dia longo e agitado.
Nós vamos nos retirar agora.
— Alguns membros do seu grupo não agem dessa forma, então eles queriam
ir para a cama — Saaperid gesticulou para uma pequena pista de dança onde Lua e
Vogel estavam se movendo nos ritmos de uma banda ao vivo.
— Eles estão todos cansados — eu insisti em meu ponto de vista.
— Eu entendo — Saaperid mostrou-me outro sorriso. — Então, eu espero
que possamos continuar conversando e permutar amanhã.
— Quando é esperado o Ghuogondu? Eu acho que eu deveria falar com ele
em primeiro lugar.
— Isso não pode ser dito exatamente. Ele é um homem ocupado. Mas, seu
mensageiro, o núncio Praanor, já está chegando.
— Então, eu vou voltar para RAS TSCHUBAI e aguardo.
— Claro, Perry Rhodan, é claro. Assim como você deseja. Você é nosso
convidado.
As membranas nictantes do thoogondu se contraíram e, em parte, passaram
sobre suas pupilas. Esta foi a única reação de Saaperid ao meu tom odioso e exigente.
Ele este sob um excelente controle; mas, eu suspeitava que anteriormente ele
estivesse fervendo de raiva. Certamente, não aconteceu com ele muitas vezes que
ele foi tratado assim de cima.
41
"Você foi um bom professor nisso, Atlan", eu pensei para mim mesmo. "Mas,
eu preferiria ter você em meu lugar aqui. Você saberia exatamente como tirar
Saaperid para fora da reserva. Talvez eu faça dele um inimigo. Mas, toda essa
agitação oficial tenha penas um propósito, nos impressionar e acalmar. Eu vou fazer
o diabo e me envolver no jogo dele.
Saaperid se despediu, empurrando sua cruz, e ficou parado por alguns
segundos, antes de ir embora.
Eu tive algumas conversas breves e ouvi a banda por um tempo. Ela consistia
em cinco thoogondu, que usavam mantos de gaze tingidos de forma imaginativa e
estavam particularmente próximos. Eles tocavam com bateria, flautas e
instrumentos de cordas dedilhados. Eu não gostei particularmente daquela forma
de música. Mas, eu também havia crescido com Rock'n'Roll e aprendi a apreciar Led
Zeppelin.
Eu divaguei em meus pensamentos. Mais uma vez.
Eu acenei para que Lua e Vogel me seguissem. Eles obedeceram depois de
longas hesitações e deixaram a pista de dança, abraçando-se.
Eu admirava os dois. Eles se conheciam desde a primeira juventude, e viviam
juntos há mais de trinta anos e nunca tiveram dúvidas sobre esse relacionamento.
E isso era bom. Eles compartilhavam um ativador celular. Se um dos dois
acabasse com o relacionamento, ainda teriam que permanecer para sempre bem
perto um do outro.
42
— Uma pequena rixa entre camaradas, e os serviços de penalização já se
aproximam. E então, este sistema de penalização amaldiçoado... tão logo se causa
turbulência em três cabines, se é transferido para um comboio de treinamento por
motivos disciplinares, e sem tem que lidar com os vegetais jovens. Tem alguma coisa
pior?
— Certamente não.
— Então, nós compartilhemos as penalizações como irmãos, para que
possamos atrapalhar com nossos pontos penais mais ou menos.
— Isso soa muito razoável.
— Mas, só não se tem criaturas terríveis como Betranc e Cyselius como
irmãos. Eles zombam em fazer um pouco de bobagem em meu nome. É claro que
devo vingar-me.
— Sim, claro.
Ele fez uma pausa e olhou para mim, como se de repente estivesse ciente com
quem ele estava realmente falando. — Você vai me delatar?
— Eu não acho que preciso ouvir tudo o que me dizem. Mas, eu gostaria que
vocês três limitassem um pouco mais de suas atividades, e eu preferiria que vocês
passassem algum tempo no campo de treinamento RAS TSCHUBAI.
— É chato, senhor.
— Abcus!
— Sim, tudo bem. Eu entendi!
— Muito bom. Você gostaria de outro café?
— Claro. E você tem um copo maior? É bom para a umidificação da garganta.
— Eu vejo o que posso fazer. Mas, antes responda-me uma pergunta.
— Oh! Tem alguma coisa a ver com a coisa na cantina?
— Que coisa na cantina?
— Não, nada, senhor. Apenas tive uma lembrança de coisas que aconteceram
há anos. Vamos, não é?
— Bem — eu gostava da simplicidade ingênua do ertrusiano. Certamente, ele
e seus irmãos tinham algo no cerne disciplinar. Mas, eles faziam um excelente
trabalho de acordo com suas folhas de serviço. — Nós vamos deixar a cantina fora
do jogo, Abcus. Apenas me diga o que você pensa sobre os thoogondu.
O irmão Gothwerth fez um movimento de cabeça, o que deve me mostrar que
nós éramos monitorados.
— Apenas vermelho, Abcus! — eu exigi. —, e seja sincero.
— Tudo bem — ele entendeu que eu sabia. Ele lambeu os lábios e disse: —
Eu não tenho certeza sobre eles. Eu acredito muito neles, mas não em tudo. Eles
acreditam que são perfeitos e que tudo pertence a eles. O barulho arrogante deles
me vem à cabeça.
— Muito interessante. Obrigado.
— Eu disse algo errado?
— Não, pelo contrário. Você me ajudou muito. A verdade deve ser suportada
por todos. E agora, eu vejo se encontro uma caneca de café maior para você.
Eu voltei para Sichu e a minha suíte, fiz um café mais uma vez e depois voltei
a deitar. Eu dormi instantaneamente.
43
Na manhã seguinte, Saaperid não apareceu. Certamente, ele ouviu o que nós
pensávamos dele e seu povo, e evitou outro encontro. O representante assegurou-
me que nós podíamos nos mover livremente por Thooalon e que deveríamos
solicitar uma autorização especial para apenas alguns quarteirões da cidade.
— Para instalações militares e centros de pesquisa — disse o thoogondu, que
era muito mais sóbrio do que seus superiores. — Você certamente entenderá isso.
— É claro que eu entendo isso. Agora, outra coisa: eu tenho assuntos a bordo
da RAS TSCHUBAI para fazer e retorno amanhã. Até então, o núncio Praanor
provavelmente terá chegado.
— Isso não é certo — disse o representante de Saaperid.
—Então, deixe-me dizer: uma nave como a RAS TSCHUBAI não é fácil de
gerenciar. Você saberá tão bem quanto eu. — eu fingi pensar. — Se você concordar,
eu enviarei mais membros da equipe aqui hoje. Cientistas, técnicos, linguistas e
pesquisadores comportamentais. Uma equipe profissional adicional, que será
composta por uma equipe igualmente treinada de seus especialistas de negociação.
Então, essas regras podem ser estabelecidas para novos encontros.
— Felizmente, Perry Rhodan. Mas...
— Tudo bem! Então, nós estamos todos de acordo — eu apertei a mão do
thoogondu completamente desconcertado, dei o braço para Sichu e fui para o space-
jet. Nós deixamos Thooalon.
— Essa foi a tática certa? — Cascard Holonder perguntou, depois de ter lhe
relatado as nossas primeiras impressões sobre o mundo thoogondu. — Você os
ofendeu severamente.
— Talvez eu tivesse sido um pouco grosseiro. Mas não se trata de fazer um
curso de abraço. Eles jogam algo para nós. O Império Dourado contém segredos que
eu quero trazer a luz.
— O curso que você está dirigindo é arriscado, Perry.
— Pode ser que eu tenha sido um pouco grosseiro. Mas não se trata de fazer
um curso de afagos. Eles estão nos suando para alguma coisa. O Império Dourado
contém segredos que eu quero trazer a luz.
— O curso que você está dirigindo é arriscado, Perry.
— Eu sei — eu cruzei meus braços na frente do peito. — Mas, eu estou aqui
para obter resultados o mais rápido possível.
Como tantas vezes durante os últimos dias, eu tive que pensar no Adaurest.
O ser que estava inseparavelmente ligado ao desencadeamento da conflagração, e
que havia sido descoberta na Terra imediatamente antes da minha partida.
Oh, não posso permitir me deixar enlouquecer. E eu tinha que me concentrar
nos enigmas oferecidos pela galáxia Sevcooris.
Nas próximas horas, Sichu e eu voltamos para a cabine comum. Nós adotamos
a língua franca do Gondunat por hipnotreinamento. O idioma era o Gondunin e foi
fácil de aprender.
Havia mais maneiras agradáveis de acumular conhecimento, mas
definitivamente não a mais rápida. Então, rapidamente deixamos o curso atrás de
44
nós, então tiramos um tempo para nós em uma refeição extensa — e processamos
muitas informações acumuladas. Nós comemos em paz, falamos sobre trivialidades
e evitamos qualquer pensamento do hipnoaprendizado. Quanto menos se pensasse
sobre o processo, mais rápido era o aprendizado.
Sichu e eu voltamos para a central de comando da RAS TSCHUBAI. Eu tinha
mentido para o thoogondu. Eu estava muito bem representado por Holonder. Minha
presença a bordo não era necessária, não neste momento. Na verdade, eu estava há
muito tempo com uma comichão para retornar a Thooalon e descobrir mais sobre o
Império Dourado.
— Você se arrepende da sua pequena charada com nossos anfitriões? —
Sichu perguntou, sorrindo para mim. — Parece-me um pouco exagerado.
— Eu realmente quero entender o que é tudo isso.
— E é por isso que você está incomodando a todos?
— Às vezes você tem que bater na grama para atrair as cobras — eu citei um
antigo estrategista chinês cujos ensinamentos me ajudaram muito.
O sorriso de Sichu se ampliou. — E, a propósito, você gosta disso.
Eu absolutamente não gostava quando ela simplesmente via através de mim.
Nem mesmo minha primeira esposa Thora tinha tido sucesso com isto.
Eu preenchi as próximas horas com discussões que diziam respeito à nossa
abordagem continuada a Thooalon. Eu reuni várias equipes, que logo depois, eu tive
que enviar ao mundo thoogondu. Entre eles estavam principalmente pesquisadores
comportamentais, que estavam acostumados a lidar com povos alienígenas.
E uma pequena equipe que eu esperava um conhecimento especial...
45
10
A tripulação
Karim Balthasar
O mundo parecia estranho. Ele não sabia se isso era bom ou ruim. Confuso
era que ele teve que dar 3011 passos que não correspondiam às suas rotinas diárias.
Com 5045, seu limite de carga era mais alto.
Mas, essa estadia em Thooalon era uma exceção, como Mae havia lhe
explicado com urgência. Ele daria muito mais passos no desconhecido neste dia, mas
ele teria que ir um pouco menos nos próximos dias e semanas.
Thooalon ofereceu uma variedade de novas impressões que Balthasar teve
que encarar. A prótese do cérebro lhe dava conceitos como “lindos”, “magnífico” e
“de tirar o fôlego”. Uma e outra vez ele teve que perguntar a Ero Mae se ele estava
julgando corretamente.
O líder do grupo se pôs em um problema. Embora ele tivesse que lidar com
uma variedade de tarefas, ele assumiu cuidado com ele.
Na verdade, ótimo, era o adjetivo correto? Balthasar duvidou brevemente, e
depois decidiu confiar em sua prótese neste caso.
Alguns dos thoogondu estavam agitando-se ao redor deles. Eles tentavam
cumprir seus próprios desejos não pronunciados. O grupo com quem Balthasar e
Ero Mae estavam viajando incluía oito pessoas, seis pertenciam aos vários
departamentos científicos da RAS TSCHUBAI. Eles eram a cobertura para a ordem
que Mae e Balthasar tinham que cumprir.
— Será possível — perguntou o epsalense —, visitar um dos gigantes
oceânicos? Carl Waynum aqui é biólogo marinho, Kefford Burton xeno-
oceanologista e Bev Bevan climatologista. Eles têm grande interesse em pesquisar
em Thooalon e trocar conhecimento com você.
— Seria uma honra para mim — disse um thoogondu chamado Laalumi,
esticando seu corpo como sinal de aprovação.
Ele olhou para uma holografia em miniatura sobre o pulso direito. — O
SICCUMAN está atualmente ancorado no porto e parte em algumas horas. É
igualmente um barco de cruzeiro e de pesquisa. Eu certamente posso obter uma
licença para uma estadia de um dia e levá-los de volta ao continente amanhã com
um planador.
— Ótimo! — Ero Mae sorriu, seu rosto largo se tornou vermelho.
— Todos vocês estarão a todos a bordo, ou devo organizar outro programa
para uma parte do grupo?
— Não é necessário — respondeu Mae. — Meu pessoal é amplamente
treinado e ficaria encantado de conversar com alguns thoogondu longe dos
caminhos diplomáticos habituais.
— Com alegria — Laalumi realmente parecia entusiasmado. — Quanto maior
a base sobre a qual nos encontrarmos, mais cedo progrediremos e espero que em
breve nos tornemos bons amigos.
— Claro — disse Mae. — Tornar-se amigos. Boa ideia.
Balthasar seguiu a conversa atentamente. Atualmente, a alocação de emoções
funcionava. Ele poderia avaliar corretamente o comportamento do epsalense e seu
interlocutor.
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Laalumi mostrou entusiasmo verdadeiro, embora um entusiasmo exagerado
e de aparência artificial, enquanto Mae trouxe um docinho de suspiro para a
conversa.
47
Balthasar retirou-se discretamente. Ele tinha memorizado o caminho, que ele
tinha que tomar, para descer ao convés inferior. Por lá, ele descobriu que havia
aquelas unidades de computadores que controlavam o navio de cruzeiro e de
pesquisa.
Enquanto Mae imitava a desordem desconcertante de pelo menos quarenta
passageiros com sua presença, ele podia descer e dedicar-se a sua verdadeira tarefa:
a espionagem.
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Balthasar sabia que era pouco estimado como um dos maiores gênios na área
na Liga dos Galácticos Livres. Sua deficiência, que era comparada com o autismo por
mentes simples, o restringia em muitos aspectos. Tanto mais, já que as falhas na
geração de sentimentos sempre causaram dificuldades.
O que outros seres pensavam dele dificilmente o afetava. Ele estava satisfeito
com a vida que lhe era oferecida a bordo da RAS TSCHUBAI. E Mae era um amigo
que o ajudou se ele não soubesse.
De longe, a maior parte do jogo foi uma luta contra o computador thoogondu.
Algo estava errado com esse oponente. Ele estava categorizado de forma diferente
como aqueles com quem ele até agora teve que lidar. A inteligência do computador
sempre escapou do seu acesso e então tinha que ser remasterizada, bem como
configurada. Ela era lisa como um peixe.
De repente, Balthasar entendeu: ele não lidava com uma positrônica. O que
estava diante dele era sim uma neurotrônica.
Ele refletiu. Ele já teve que lidar com essa estrutura computacional tão
neural?
Não. Balthasar conhecia algumas tentativas neste campo. Contudo, a
otimização da positrônica terrana sempre esteve em primeiro plano, e
simplesmente pôde ser melhor financiada. Por que se deveria seguir caminhos
completamente novos e experimentar se as estruturas computacionais eram
excelentes?
Os thoogondu seguiram por outro caminho. Seus neurotrônicos combinavam
elementos positrônicos com estruturas neurais. O material biológico utilizado
diferia significativamente do plasma celular utilizado em amplas áreas da Via Láctea.
Este tipo de máquina pensante thoogondu era bastante simpática para
Balthasar. Sua prótese cerebral era, em certo sentido, semelhante a ela. Isso o
fascinou a obter novas formas de cálculo os resultados resultantes. E isso com um
ritmo igual ao de uma positrônica. Ela possuía mesmo vantagens de velocidade?
Se esperava que isso fosse esclarecido em outro momento. O que o fascinava
em particular era contexto mental da neurotrônica. Esta coisa, que em seu plano
mental, era mais ser vivo do que máquina, possuía sua própria história de vida. Não
era orientado emocionalmente, mas tinha uma certa criatividade que lhe permitia
visualizar e avaliar situações em ângulos incomuns.
O tempo de Balthasar estava em um minuto. Ele descobriu tudo o que queria
saber. Ele só tinha que fazer a neurotrônica esquecer que ele se comunicara com ela.
Esta foi uma questão que levava alguns segundos.
Ele não queria partir. Balthasar queria manter contato com neurotrônica,
brincar com ela, apreciá-la, investigar um pouco sua história. Então, ele usou o
tempo que ainda lhe restava até o último momento. Para posteriormente desfazer
sua interface imaterial com a neurotrônica sob um grande pesar, e voltar à Ero Mae.
Cento e vinte passos até a popa do SICCUMAN.
Balthasar inebriou-se de felicidade por suas experiências.
49
11.
Perry Rhodan
O mensageiro
Eu fui até Goenetki pelo caminho mais rápido. Durante a curta jornada, eu
recebi as informações mais recentes sobre as ações de todos os membros da
tripulação da RAS TSCHUBAI, que estavam atualmente em Thooalon.
50
Gucky e Sichu muitas vezes se mostraram em público. Conversaram com
políticos locais, capitães de negócios ou representantes de uma imprensa liberal.
Eles eram os rostos da Liga dos Galácticos Livres diante dos thoogondu.
Lua e Vogel procuraram o contato com pessoas comuns. Principalmente, eles
permaneceram em Goenetki e caminharam. Eles comeram em muitas lojas
pequenas ao longo dos esplêndidos bulevares, e se entusiasmaram sobre os
excelentes pratos de peixe, eles reservaram excursões pela cidade, visitaram
museus ou exposições de arte, nas quais se pendurava as fotos do calor gondiano. O
efeito disso foi desdobrado para Vogel e Lua apenas quando eles usaram um meio
para tornar falsas as cores que brilhavam na faixa infravermelha.
Os dois se sentiram bem em seu papel, obviamente, seu relatório parecia feliz
e relaxado.
Cientistas e pesquisadores que foram convidados para centros de pesquisa
forneceram informações não críticas e arbitrárias. Os thoogondu mantinham-se
cobertos quando se tratava de realizações técnicas. O que eu não poderia culpá-los,
afinal, nós também agíamos assim.
Quando eu recebi notícias de Ero Mae, tive que sorrir. Karim Balthasar tinha
sido bem-sucedido, o epsalense me informou por meio de algumas palavras códigos.
Assim que este gênio voltasse a bordo, ele e Mae escreveriam um relatório que iriam
contra todas as tentativas thoogondu para esconder seus conhecimentos de nós.
Eu senti uma sensação de má consciência. Eu pedi para espionar os
thoogondu. Eles até agora me deram poucas razões para desconfiar. Mas, a
experiência me ensinava que tinha que trabalhar com meios sujos mesmo contra o
melhor amigo; muito para o meu arrependimento.
Saaperid levou-me ao espaçoporto e me levou com um planador para o Salão
Dourado. Ele sentou-se ao meu lado, olhando lá para fora através das paredes
transparentes.
— Você é estranho — ele reclamou, quando eu saí diretamente diante do
salão dourado. — Nós fazemos todos os esforços para mantê-lo, mas você ainda está
reservado.
— Você não estaria tão desconfiado como eu? — eu perguntei a ele.
— Eu sou um thoogondu! Como poderia ter acontecido comigo?
O treinamento hipnótico me permitiu reconhecer nuances sutis em sua voz.
Saaperid parecia atônito. Ele não sabia o que fazer com a minha pergunta.
51
preciosas, os tecidos aveludados, as várias instalações holográficas e as coisas
milagrosas, como por exemple, livremente flutuando no ar, seres semelhantes a
peixes, que viravam seus corpos em minha direção e, ao fazê-lo, emitiam estranhos
pulsos de luz estranhos de seus olhos. Eles pulverizaram uma substância
brilhantemente luminosa, que caíam ao chão como uma espuma dourada e
evaporava.
Praanor apareceu. As imagens que eu tinha visto correspondiam à verdade.
Praanor era um thoogondu ancião com um tamanho corporal de aproximadamente
2,10 metros de altura, cuja carapaça óssea fora nocauteada aqui e acolá. Esta
deterioração da carapaça era um sinal de fraqueza? Em qualquer caso, Praanor, não
fez nada para esconder sua falha. A gaze, que ele havia espalhado sobre a parte
superior do corpo, era tingida de amarelo-vermelho e semitransparente.
O núncio se aproximou de mim com um passo firme. Todo o esplendor ao
redor dele o tocava tão pouco quanto eu.
— Perry Rhodan — ele disse, apertando a mão à maneira de um terrano,
depois de eu ter lutado para me levantar do sofá. — Eu estou feliz em vê-lo.
— O prazer é todo meu. Contudo, eu ainda não estou completamente certo,
porque a honra de tal recepção me é devida.
— Nós somos o povo expulso, herdeiro de Peregrino. Sem dúvida, nós somos
aliados naturais.
— Estes são slogans, núncio, cujo significado total ainda não foi revelado para
mim.
— Eu tenho certeza de que o filho do Gondus gostaria de falar com você sobre
os detalhes de nossa relação. Até que ele chegue, é meu trabalho prepará-lo para
este evento honroso. A reunião será o clímax de nossa história comum, e será
celebrada em conformidade. O filho de Gondus teria muito prazer em compartilhar
com vocês um discurso. Um que deve ter um efeito muito além das áreas locais.
Eu fiquei cauteloso e hesitei. Praanor continuou onde Saaperid parou. Ele
tentava me levar e usá-lo para seus propósitos. Ou dizendo melhor: para o Império
Dourado. Eu era o representante de uma galáxia distante, e eu estava
completamente incerto sobre a minha importância simbólica.
— Qual é o objetivo deste discurso conjunto?
— Nós nunca nos atreveríamos a dar-lhe temas. Seria bom, é claro, falar sobre
a posição na Via Láctea após a partida do Peregrino. Que planos você está buscando?
Quais as precauções que os terranos tomaram, agora que o Peregrino teve que
deixar sua concentração de poder, graças à sua influência.
Senti-me oprimido, sim, encantoado. O thoogondu exigia algo de mim que eu
não poderia dar a ele.
— Eu não dirigi o Peregrino para fora da sua concentração de poder — eu
falei tão decididamente quanto pude. — A superinteligência se afastou, mas isso é
um efeito colateral de saída da Eiris – e meu amigo e aliado Atlan provavelmente fez
mais por isso.
— Carapaça rachada, Rhodan, carapaça — O núncio Praanor repeliu minhas
objeções com um movimento casual da mão. — Você foi a força motriz por trás de
tudo.
— Você entende mal a situação. Eu...
— Desculpe-me — ele apontou para a interface do usuário a partir da qual
emanavam os sinais holográficos, lutando como se estivessem entrando em erupção.
— Deve ser urgente. Caso contrário, nunca seríamos interrompidos.
52
Praanor revirou um dispositivo de comunicação de tamanho de moeda do
bolso de suas calças, afastou-se de mim e murmurou para si mesmo. Tão baixo que
eu não consegui entender uma palavra.
Depois de um tempo ele colocou o dispositivo de lado e veio em minha
direção. Para o meu gosto, muito perto. Os thoogondu apreciavam uma proximidade,
que ocasionalmente me causava mal-estar.
— Nós temos um pequeno problema — disse ele, com a mesma expressão
facial de antes. — Mas, eu tenho certeza de que podemos resolver isso juntos.
Todos os meus sentidos me atingiram de repente. Perigo!
— Que tipo de problema? — eu perguntei com calma.
— Houve um incidente. Dois do seu pessoal cometeram um assassinato. De
um thoogondu. E eles estão em fuga.
53
— Os alegados autores foram capturados por um observador — disse ele. —
Os dois são em grande parte ilesos e agora estão sendo transferidos para um centro
de detenção.
— Seus nomes, Praanor. Por favor, me diga como os dois se chamam. "Que
não seja os Gothwerths, por favor, por favor..."
— Um deles é um cosmopsicólogo chamado Ben Jello.
“Nunca!”, eu tive problemas para não rir em voz alta. Jello era um cientista
que correspondia exatamente o estereótipo de um nerd fora do toque. Ele era uma
sumidade em seu campo. Além disso, graças à ajuda de sua colega, Attina Hopkinson,
ele conseguia colocar os sapatos adequadamente e encontrar o caminho dos
aposentos na RAS TSCHUBAI para o laboratório de trabalho.
— O segundo infrator — continuou o núncio Praanor —, não é diretamente
um terrano. Seu nome é Vogel Ziellos.
Não, não, e não novamente. Eu conhecia Vogel há mais de trinta anos. Ele
nunca cometeria um assassinato a sangue frio. Essa coisa fedia.
— Você parece surpreso, Perry Rhodan.
Eu repeti em voz alta o que eu tinha pensado e acrescentei: — Este homem é
a paz em pessoa e a absoluta retidão. Devido à sua posição a bordo da RAS
TSCHUBAI, ele foi submetido a dezenas de testes e expostos ao mais difícil teste de
estresse. Eu não consigo pensar em mim nenhum cenário em que ele faria alguma
coisa a outro ser sem motivo.
— Não obstante, ele parece ter feito exatamente isso.
— Eu quero falar com eles assim que puder.
Praanor olhou para mim. Longamente. — Isso não corresponde ao costume
e causará alguma agitação nos órgãos políticos. Mas, eu vou garantir para você.
— Obrigado — A palavra veio aos lábios com dificuldade. Talvez não fosse
tudo culpa do núncio.
Mais uma vez, Praanor conversou com o comunicador. Depois de terminar,
ele deixou-se cair no opulento sofá. — O líder dos observadores da região e da cidade
de Goenetki se chama Koonucal. Ele o levará do salão dourado até os dois
prisioneiros.
— Um observador é...?
—... um membro do nosso serviço secreto — Praanor respondeu minha
pergunta. — Eu tenho certeza de que Koonucal é altamente competente. Ele
observou o fato de que Ben Jello e Vogel Ziellos foram corretamente mantidos. Ele
já interrogou os dois. Ele está ciente de quão delicada é a situação.
— Obrigado — eu disse novamente, e mais uma vez foi muito difícil para mim.
— Nós devemos suspender estas conversações por enquanto, Perry Rhodan.
Fale com o seu povo e deixe os observadores dizer-lhe mais sobre seus atos. Praanor
aproximou-se de mim. Suas duas mãos se debruçaram pesadamente sobre os meus
ombros. — Nós temos que superar essa crise, Perry Rhodan! Você e nós pertencemos
juntos. Nada pode ficar entre nós, nada!
Suas palavras soaram honestas e sinceras. Eu estava inclinado a acreditar
nele.
— Obrigado — eu disse uma terceira vez — e desta vez eu quis dizer minhas
palavras seriamente.
54
12.
A tripulação
Vogel Ziellos
Ele olhou para Koonucal de cima para baixo. Se eles até agora tinham sido
atendidos com bondade e imparcialidade, o observador era de um tipo
completamente diferente.
— Lhe dá prazer nos espancar? — perguntou Vogel.
— Estes não foram golpes, amiguinho, ainda não. Eu simplesmente fiz a
minha lição de casa e determinei onde existem diferenças físicas entre os
representantes dos nossos povos. Eu sei disso agora. Até certo ponto. Não
aprofundarei mais este tópico. Não agora. Porque vocês têm uma visita.
Vogel olhou para Jello. O cientista mostrou uma emoção pela primeira vez,
ele respirou pesadamente. Desde o início de seu voo, ele simplesmente parecia
apático. Ele não entendia o que estava acontecendo ao seu redor.
— Quem é? — perguntou Vogel.
— Seu comandante supremo. Perry Rhodan. Você parece ter alguma
importância para ele. E obviamente, ele conseguiu influenciar o nosso núncio.
Koonucal virou-se e deixou a sala desnuda, onde, exceto por uma mesa e duas
cadeiras, havia um tipo de tigela que servia como um banheiro improvisado. A porta
bateu no batente.
— O que ele quer de nós? — perguntou Jello em um tom lamentável. — Eu
não tenho ideia do que aconteceu.
— Perry vai nos tirar daqui em breve — afirmou Vogel. Mas, ele não tinha
certeza se isso seria tão fácil. Não depois de tudo o que deveria ter acontecido.
A porta se abriu. Realmente era Rhodan quem veio visitá-los. Ele os pegaria
e os livraria desse pesadelo. Vogel estava muito agitado. Sua plumagem facial se
eriçou um pouco. Era uma sensação, então ele havia dito a si mesmo, como se uma
pessoa tivesse um arrepio no braço.
— Vocês foram espancados — disse Rhodan antes de dirigir a palavra a eles.
— Foi você, Koonucal?
— Sim — observou o observador com um tom indistinto. — Foi necessário.
— Não foi! — disse Jello. — Ele simplesmente fez isso.
— E você acabou de matar uma pessoa inocente — Koonucal retrucou.
— Isso é uma mentira — Jello explodiu. — Nós temos... — O cientista ficou
em silêncio.
Rhodan colocou-se diretamente na frente de Vogel e olhou para ele. Com
aqueles olhos cinzentos, cujo aspecto parecia penetrar tudo. Eles já viram a chegada
e o declinar de galáxias. E que haviam se encontrado com os dos cosmocratas.
— O que aconteceu? — Rhodan perguntou calmamente.
Vogel tentou encontrar as palavras certas. Não teve sucesso.
Ele baixou os olhos. — Lua, eu e alguns outros cientistas da equipe científica
participamos de uma recepção ao meio-dia em um dos gigantes oceânicos. Você
pode transferir o diário do meu SERUN. Nós dissemos isso devidamente à ANANSI...
— O álcool estava no jogo?
— Havia uma espécie de vinho de fruta. Nós o fizemos examinar por nossos
SERUNS. Ele era considerado inofensivo e era... hm... ligeiramente inebriante. Nada
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que fizesse Jello e eu fazer algo precipitado. Acredite-me – eu sempre passei por esta
situação e...
— O que aconteceu depois?
— Foi engraçado, nos divertimos. Especialmente, com os zeé brancos e
vermelhos. Mesmo se você não acredite, mas... — Vogel se interrompeu. Ele olhou o
semblante de Rhodan. Ele não queria ouvir nenhuma trivialidade. — Em qualquer
caso, eu comemorei com Lua. De alguma forma, ela se afastou e fiquei com o Ben. Ele
apontou para o cosmolinguista. — Se eu me lembro, para as ferramentas de
linguagem do meu bico, e que era realmente uma questão de impossibilidade que eu
pudesse falar inteligentemente. Mais tarde, nós conversamos sobre assuntos
triviais. E então...
— Sim?
— Então, eu não sei mais nada. Nem o Ben. Nós voltamos a si, quando nos
deparamos com observadores. Depois, esse cavalheiro simpático cuidou de nós —
ele apontou para Koonucal.
Rhodan ficou em silêncio por um tempo. — Isso é muito pouco para mim,
Vogel.
— Eu sei. Mas, eu não posso te dar mais.
— Certamente, o SERUN criou um perfil de movimento. Ele nos mostrará o
que você fez.
Vogel respirou fundo. — Nós guardamos os SERUNS a bordo da nave. As
coisas são muito desagradáveis quando está em um clima festivo.
— E isso contra a minha vontade declarada. Eu devo estar muito surpreso,
Vogel.
— Também Sichu e Gucky tiraram seus SERUNS repetidas vezes, Perry.
Pareceu-nos ridículo sentar durante o jantar com aquelas coisas pesadas em nossos
corpos.
— Eu entendo.
— Mas, há alguém que pode lhe contar mais.
— O que é esse?
— Attina Hopkinson — disse Jello. — Ela ainda estava presente depois que
Lua nos deixou.
— Uma testemunha, então.
— Isso é o que eu estou tentando ensinar a esse cara o tempo todo — Ziellos
apontou para o observador — Ele disse que primeiro queria falar conosco.
— Isso é verdade, Koonucal?
— Claro. Após o interrogatório dos dois suspeitos, nós teríamos consultado a
mulher terrana como testemunha.
— Você não pensou que Hopkinson poderia salvar Vogel e Ben? — Rhodan
perguntou com raiva.
— Você não entendeu completamente, terrano. Attina Hopkinson confirmou
nossa suposição em uma primeira entrevista: estes dois aqui cometeram um
assassinato.
56
13.
Perry Rhodan
Eu joguei toda a minha força de persuasão na balança para tirar Vogel e Jello
da prisão e levá-los para a RAS TSCHUBAI. Eu dei a minha palavra de honra a
Praanor que os traria de volta. Eu também tive que levar Koonucal comigo.
O observador quase não deixou os dois suspeitos fora da vista. Ele estava
vigilante e ansioso, e certamente transmitiria essas impressões aos seus superiores,
por quem ele veio a bordo. Então, eu me assegurei de ele pudesse ver o menor
possível da nave. E, claro, prestei atenção ao fato de que ele fosse analisado de cima
para baixo.
Lua viu seu namorado pela primeira vez. Ela se apressou para os alojamentos
que eu providenciei para Vogel e Jello, abraçando-o e trocando ternura com ele. Ela
fez isso não só por se preocupar e amar. Além disso, era necessário que os dois
entrassem em contato um com o outro. Caso contrário, uma decadência celular
ocorreria em Vogel e ele morreria depois de sessenta e duas horas. O efeito do
ativador celular, que Lua carregou consigo, não podia mais ser interrompido.
Em nenhuma palavra nós mencionamos o nosso dilema a Koonucal. Quanto
menos informações recebidas pelo observador, melhor.
Vogel e Jello foram examinados por um médico. Algumas contusões, cortes e
contusões foram tratadas no local. Mais não foi necessário. Quando o médico se foi,
ele olhou de forma ruim para Koonucal. O thoogondu reagiu tão pouco quanto aos
comentários rancorosos de Lua. Ele era endurecido e parecia que tinha tudo sob seu
controle a bordo do RAS TSCHUBAI.
Em alguns momentos, ele me lembrou de Monkey, e isso não era um bom
sinal.
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thoogondu. O papel individual dos gêneros, responsável pelo aumento das crianças,
como as interações sociais são organizadas... tudo isso deve ajudar-nos a explorar a
língua. Trata-se da contextualização...
— Eu entendo. Mais adiante, Attina.
— Houve um ponto na conversa, em que Ben discordou do que disse um dos
thoogondu.
— O nome do morto é Kiimafill — interrompeu Koonucal.
— Certo. Kiimafill. Attina enxugou as lágrimas nos cantos dos olhos e
continuou a falar com uma voz frágil. — Ele fez algumas observações sobre a nossa
maneira de abordar o tema das crianças. Seus comentários foram feitos para
diversão, e Vogel fez uma observação igualmente divertida.
Mas, o tradutor traduziu um provérbio textualmente e cometeu um erro. Ele
inverteu o que foi dito. Isso é uma questão que sempre acontece, como você sabe,
Perry. Qualquer um que uma vez teve que lidar com os tradutores sabe disso e
ignora esta situação. Mas, não neste caso.
— Em sua opinião, a agressão partiu de Kiimafill? Ele tirou Ben e Vogel da
calma?
— A formulação desta pergunta é duvidosa — protestou Koonucal. — Você
dirige o testemunho em uma determinada direção.
— Deixe isso comigo agora! Assim que terminar, pode falar com Attina. Eu
voltei para a cosmolinguista. — Por favor, responda a minha pergunta.
Ela olhou para mim. Os olhos dela estavam novamente aquosos, e suas mãos
tremiam. — Foi o Vogel, que de repente ficou bravo — disse ela. — Ele se levantou
e amaldiçoou. Kiimafill pareceu chocado. Ele não entendeu o que estava
acontecendo e tentou evitar o confronto. Ele quis se retirar, sair da sala. Mas, Vogel
o impediu... agora apoiado por Ben.
Ela tomou um gole do chá. — Eu tentei intervir e fui jogada de lado. Houve
uma briga. Alguns thoogondu quiseram se juntar para ajudar Kiimafill. Eles ficaram
entre mim e os contendentes. Eu quase não pude ver nada.
— Essas testemunhas já foram ouvidas por mim — interrompeu Koonucal.
Não havia vestígios de ódio na voz dele. Ele permaneceu sóbrio e objetivo. — Eles
confirmaram o que esta mulher terrana viu.
— Eu ouvi um som feio — continuou Hopkinson. — Um estalo. Um corpo caiu
fortemente no chão. Então, houve um completo silêncio por alguns segundos. A
próxima coisa que eu ouvi foram os passos de Ben e Vogel. Eles fugiram.
— Eles capturaram um barco e saíram do navio — disse Koonucal. — Eles
conseguiram desembarcar. Eles chegaram a uma fazenda ao norte de Goenetki. Lá,
nós os encontramos e pudemos dominá-los. Existem registros que mostram o
processo de prisão. Eu vou disponibilizá-lo, Perry Rhodan. Você verá que
procedemos com meios razoáveis — e que as suas duas pessoas ofereceram
resistência violenta. Se eles tivessem sido capazes de fazer o que quisessem, muito
mais thoogondu teriam sido mortos.
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Eu deixei Koonucal sozinho com dois soldados e os cientistas, e olhei para
Gucky. O pequeno estava deitado em uma cama em outra cabine lateral. Para o meu
pesar, não se podia ver seu dente roedor.
— E? — eu perguntei. — Será que Attina diz a verdade?
— Sim. Eu vi imagens na cabeça dela que são inequívocas. Não minha opinião,
ela não foi influenciada. Ela testemunhou a agressão e como o assassinato aconteceu
— Gucky suspirou profundamente. — Pode-se também falar de homicídio pelo efeito
da emoção. Eu não posso te oferecer mais, Perry.
— E sobre Jello e Vogel? Você poderia reconhecer algo em sua mente? Talvez
uma forma de influência?
— Você sabe que o Vogel é mentalmente estabilizado. Com ele, eu senti algo
como confusão. E Jello não consegue se lembrar de nada. Não está claro para ele o
que fez nesses minutos.
— Tudo bem. Obrigado, pequeno.
Com um coração pesado, eu me afastei e entrei na passagem. Havia guardas
lá, também. Eu fui alguns passos para cima e para baixo. Eu tinha que ganhar uma
distância.
Eu ainda não desisti. Vogel e Jello tinham que ter sido influenciados de
alguma maneira.
Eu exigiria um exame sob o Capacete-TSEM e só poderia esperar que Vogel e
Jello jogassem. Durante uma conversa sob o capacete-TSEM, ocorria uma profunda
intervenção na personalidade da pessoa que estivesse colocado sob ele.
Com a ajuda do dispositivo, os pensamentos e sentimentos de uma pessoa
eram transferidos para outra. O destinatário tinha que ser especialmente treinado
em tal forma de exame, a fim de poder resistir ao estresse cerebral sensorial. Havia
especialistas a bordo para esta tarefa. E eu os usaria.
Contudo, eu temia que o interrogatório sob o capacete-TSEM não trouxesse
novas descobertas. Era ruim para Vogel e Jello.
Eu devo aceitar a ideia de que eles haviam cometido um assassinato ou
homicídio culposo?
59
14.
A tripulação
Ele estava cheio de informações. Se exigiu um grande esforço para não deixar
nada fosse notado. Ele seguiu Ero Mae, viu-se a bordo do transatlântico, comeu e
bebeu, e em todas as oportunidades, recuou para um canto tranquilo.
Ero Mae permaneceu o mais próximo possível da verdade e disse ao
thoogondu em todas as oportunidades, que Balthasar precisava de tempo para si. Os
estranhos aceitaram e deixaram-no em paz.
Ele passou por muitas etapas naquele dia que era o suficiente para uma
semana inteira. Mas, isso dificilmente desempenhava um papel. Muito mais
importantes eram as coisas que Balthasar havia guardado em sua cabeça. Elas eram
muito multifacetadas para que se pudesse combiná-las em uma imagem geral clara.
Ele teria que selecioná-las de seu cérebro artificial e colocá-las em uma positrônica
terrana. Essa coisa era muito grande para ele. ANANSI deveria lidar com isso.
Com um comando consciente, Balthasar controlou o acesso à informação
sobre os thoogondu. Ele havia aprendido com a neurotrônica sobre todos os
detalhes históricos do Gondunat. De cada momento de sua história, em uma precisão
incomparável. Havia inúmeros discursos, comentários de visitantes em banquetes,
protocolos de festivais e cerimônias, concursos, danças, fantasias e músicas, até a
determinação precisa das bebidas alcoólicas que haviam sido consumidas.
— Demasiado demais — disse Balthasar uma e outra vez, e olhou para o
vazio.
— Está tudo bem com você? — perguntou um thoogondu que tinha vindo por
acaso pelo caminho.
— Muita comida — disse ele, suprimindo o pânico que sentiu de repente.
O estranho riu. — Sim, as rãs marítimas são muito exuberantes. Se você
quiser, eu vou trazer-lhe uma...
— Não, obrigado — Balthasar interrompeu-o duramente.
— Eu só queria...
— Não, obrigado.
O thoogondu se foi. As placas ósseas nas costas bateram audivelmente umas
contra as outras, talvez como um sinal de agressão.
Ele tinha feito a coisa certa? Ou outra falha de seu centro emocional o colocou
em apuros?
Ele não sabia. Então, ele permaneceu sentado e esperou. Para o que, ele não
sabia dizer a si mesmo. Muitas coisas em sua mente corriam mal.
— Você parece exausto — ele ouviu alguém dizer.
— Vá embora! — Balthasar gritou — Deixe-me em paz!
— Sou eu. Ero. Você pode me ouvir?
Ele se sentiu levantado. Vagamente, ele pensou que poderia ver a silhueta do
epsalense. Mas, ele não tinha certeza se o seu cérebro realmente processava as
imagens que seus olhos haviam capturado.
— Leve-me embora daqui — disse ele. — Por favor. Eu não posso mais.
— Você parece muito chateado. Será que isto tem a ver com o seu trabalho?
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Balthasar silenciou. Ele não sabia se podia confiar nesta figura que estava ao
seu lado e avançou passo a passo.
Ele ouviu vozes balbuciando. Comandos. Azáfama. Então, sua cabeça se
fechou completamente. Ele viu, ouviu, provou, mas, não sentiu nada. Balthasar
flutuava num espaço absolutamente vazio lá. No seu interior, fora do qual não se
sentia confortável — e que ainda era a pior prisão que se poderia imaginar.
Do lado de fora, apenas sensações muito vagas invadiram até ele. Eles eram
como vazamento de ondas em uma praia arenosa. Sem sentido.
Então, Balthasar teve uma convulsão. Não era a primeira e provavelmente
não seria a última de sua vida. Era assim que era. Bem, não importava. Neste interior
não havia sequer a oportunidade de ser fatalista. Tudo era como era. A vida era cheia
de equanimidade. Então, ele por enquanto não poderia ser capaz de transmitir o
conhecimento sobre os thoogondu. Ou, no entanto, se alguém tivesse a idéia de
selecionar os dados de seu cérebro artificial.
Em algum momento, ele sentiu uma sensação que o arrancou do seu vale de
lágrimas. Ela era a única saída possível do interior, e ela era chamada dor.
Alguém havia se colocado em seu cérebro artificial; tinha apertado...
parafusos.
A luz penetrou em Balthasar. As sensações sensoriais retornaram, e assim
também as memórias.
Balthasar olhou em volta. Havia muitas luzes que se cristalizaram
gradualmente como sombras e contornos de silhuetas. Ero Mae estava entre elas,
mas também alguns estranhos. E aquela coisinha que ele detestava. Gucky estava lá,
também. Ele detestava a leitura de pensamentos do rato-castor sem ser capaz de
explicar o porquê.
— Eu fico feliz que você está de volta — Ero disse novamente.
— Eu estive longe por muito tempo? — Balthasar tentou levantar-se. Ele não
teve êxito. Seus braços pareciam como borracha. Ele pôde levantar a cabeça apenas
um pouco.
— Várias horas. Você estava completamente... hm... superaquecido. Nós o
trouxemos a bordo da RAS TSCHUBAI e que garantimos que o conhecimento fosse
aproveitado de seu cérebro. Você só foi acordado a pedido de Gucky. Na verdade,
você deve dormir bem.
— Você tem os dados da neurotrônica thoogondu?
— Uma neurotrônica? — perguntou Gucky. — O que você quer dizer?
— Seus computadores parecem diferentes — Balthasar estava terrivelmente
cansado. Ele tinha que dormir, prestar homenagem ao esgotamento devido à
evacuação de parte de seu cérebro. Mas, havia algo que ele realmente queria dizer.
Algo muito importante.
Ele acenou para que Gucky se aproximasse. Ele odiava o cheiro do ser peludo.
Mas ele tinha que compartilhar com ele. Esta informação fez com que ele não
descansasse. ANANSI deve processar o restante dos dados extraídos.
— Sim? — O rato-castor chegou perto de Balthasar ameaçadoramente.
— Você tem que levar uma mensagem para Rhodan. — Esta fadiga, lhe era
terrível. Ele mal conseguiu controlar a voz. — Diga a ele que eu descobri algo sobre
a origem dos thoogondu. Diga-lhe que eles vieram originalmente da Via Láctea.
Balthasar respirou fundo e deixou cair a cabeça sobre o travesseiro. Ele
sentiu-se aliviado e livre. Agora ele conseguia dormir.
61
15
Perry Rhodan
O Ghuogondu
62
— Perry, você não pode...
— Quieto, Gucky. Eu fiz uma promessa, e que eu vou cumprir.
Koonucal ordenou que os dois prisioneiros da sala de interrogatório. Vogel
despedida Luas rasgou meu coração. Ela abraçou e apertou-o, abraçou e acariciou.
Raramente antes eu tinha uma ligação tão íntima entre homem e mulher
experiências como estes dois.
— Ele mais uma vez a partir de agora tem apenas sessenta e duas horas —
sussurrou Gucky depois que Koonucal se despediu.
— Eu sei, pequeno. Vogel e Jello têm prioridade absoluta a partir de agora. Se
não houver solução para o problema dentro de dois dias, eu vou falar com Praanor.
Eu vou contar a ele sobre a situação especial de Vogel e Lua. Tudo será esclarecido.
Eu recebi outra audiência com Praanor. Eu ainda não sabia realmente o que
pensar do ancião thoogondu. Contudo, ele expressou séria preocupação quando lhe
veio o destino das minhas duas pessoas.
— Eu entendo suas preocupações, Perry Rhodan. E eu gostaria de ajudá-lo.
Talvez seja verdadeira a versão deste Vogel Ziellos. Talvez, eles realmente
estivessem afetados. Você já pensou sobre isso?
— Claro — “Porque eu desconfio em você. Porque eu não sei o se o seu se
comportamento é realmente bondade, ou se é calculado”.
— Talvez existam seres a bordo da RAS TSCHUBAI que sejam desleais?
— O que você quer dizer com isso?
— Até mesmo estruturas políticas fortalecidas conhecem traidores.
Possivelmente, agentes de um poder que quer disputar a posição na Via Láctea?
Lembrei-me da suspeita que ANANSI expressara diretamente após a nossa
chegada a Sevcooris. As naves thoogondu estavam muito rápidas e muito
propositalmente apareceram perto de nós. Talvez houvesse alguém a bordo que os
atraiu?
O núncio não me deixou terminar meus pensamentos. Ele disse: — E se
alguém tivesse alguma coisa contra a estabilização das condições na Via Láctea? Um
certo Tamaron, por exemplo?
Eu tentei esconder meu espanto. Os thoogondu sabiam tão bem sobre a
situação política na galáxia nativa? Eles sabiam sobre a tensão entre o Império
Tefrodense e a Liga dos Galácticos Livres?
— Ou há... assistentes da superinteligência expulsa na RAS TSCHUBAI?
Aqueles que querem definir o humor para o Peregrino? Ele é esperto e conhece
todos os truques, a fim de comprar o afeto dos seres simples.
— Pergunto-me, de onde você consegue todas as suas informações sobre a
posição galacto-política na Via Láctea, Núncio Praanor.
— Não cabe a mim responder a essa pergunta. Talvez o Ghuogondu esteja
pronto para isso. E com isso estamos com o assunto ao qual devemos nos dedicar
predominantemente, Perry Rhodan. A DAAIDEM, a nave do filho do Gondu chegará
em poucas horas. Ele está ansioso para vê-lo.
Praanor levantou os braços e os estendeu no ar, como se estivesse em êxtase
religioso. Eu não engolia aquela devoção totalmente, quando ele disse: — Toda
Goenetki, toda Thooalon estará de pé, e verá este encontro histórico entre vocês
dois. O esplendor e a magnificência vão se desdobrarão nesta reunião.
63
*
Puoshoor um pouco menor do que eu, sua pele facial um pouco mais escura
do que a média thoogondu. Ele parecia digno sem ser arrogante ou afetado. Ele
preenchia o papel como herdeiro do trono com a própria concepção natural.
Eu apertei sua mão e sacudiu algumas das saudações cerimoniais que eram
esperadas de mim. Em torno de nós voavam inúmeras sondas de gravação de
diferentes meios de comunicação. Elas captavam imagens e sons, que deveriam ser
utilizados nas próximas horas em muitas partes da galáxia Sevcooris.
O lugar do nosso confronto foi habilmente escolhido. Nós estávamos de pé
naquele fuso de vidro que restringia o fogo do interior. A noite havia caído sobre
Thooalon, a ejeção de magma era amplamente vista. O espetáculo de fogo muito
acima de nós formava um quadro imponente para a reunião realmente banal.
Tudo deveria estar certo comigo. Eu queria conversar com Puoshoor, para eu
formar um julgamento sobre ele — e pedir-lhe na próxima oportunidade disponível
por Jello e Vogel.
Ainda não foi tão longe. Primeiro, eu tive que me afirmar e encontrar as
palavras certas.
Os espectadores se aglomeraram juntos, e ainda vieram os habitantes de
Goenetki que chegaram reunidos. Nós estávamos em uma plataforma que me
permitia uma boa visão. Nas imediações estavam guardas e notáveis como Saaperid
ou Praanor.
— Eu sou Puoshoor! — O filho do Fiador começou a falar. — Eu sou um de
vocês! — ele estendeu os braços para o alto, e a multidão aplaudiu. — Eu vim aqui
para provar a um aliado do Império Dourado a honra que ele merece. Congratulem
Perry comigo, que tem o mérito de ter expulsado o Peregrino da galáxia nativa.
Os aplausos foram ótimos. Eu me perguntava se os thoogondu sequer sabiam
o que era. Que imagem tinham do superinteligência? Houve um debate público sobre
essas coisas, ou AQUILO era apenas um cenário de pesadelo que o Gondu e seu filho
repetidamente evocavam?
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Eu ouvi o Ghuogondu atentamente. Ele era um orador habilidoso que sabia
exatamente o que estava dizendo e o que tinha a dizer e o que não tinha. Ele fez um
discurso presidencial. Ele era inteligente e sofisticado, e apresentou-se com
autoconfiança.
Puoshoor forneceu o espírito do otimismo. Com minha chegada uma nova era
começava. O velho inimigo se foi, a Via Láctea estava livre. O momento dessa
liberdade era beneficiar-se dela e — e se proteger.
Aplausos assustadores surgiram. Quem dirigia essa peça — também incluíra
o fogo interior na encenação. A ejeção do magma intensificou-se mais e mais. Eu
acreditei sentir o calor nas costas, aquelas forças elementais aparentemente
contidas pelo vidro, e que se elevavam do interior do planeta.
Os gritos e aplausos diminuíram. Todos os olhos se voltaram para mim, o
thoogondu deu um passo atrás. A minha hora havia chegado.
— Eu agradeço pela recepção calorosa em Thooalon — eu disse
cautelosamente. — É bom ser tratado como um amigo e ser cobertos com elogios
prematuros.
Mais uma vez, se aplaudiu e gritou. Devia haver centenas de milhares que
haviam se reunido nesse meio tempo.
O entusiasmo se transferiu até um pouco sobre mim e produziu um
sentimento de euforia em mim. Tanto mais eu sentia muito em ter que decepcionar
o thoogondu.
Eu elogiei os thoogondu, apontado para as impressionantes belezas do
mundo, e me surpreenderam e divertiram, me deixaram satisfeito e cauteloso.
Eu tive o cuidado de soar confiante e não deixar que a emoção ficasse muito
grande. Eu tinha que encontrar o equilíbrio certo entre a lisonja e a verdade. Porque
eu não estava disposto a citar os fatos de forma diferente do que eles se
apresentaram para mim.
— Com todo o entusiasmo que eu recebi desde a minha chegada em Thooalon
— eu disse para o final do meu discurso —, eu não quero deixá-lo ficar muito grande.
Os terranos e todos os povos da Via Láctea estão satisfeitos com novos aliados. Nós
somos gratos por qualquer ajuda, a fim de atender os principais problemas da nossa
ilha estelar. Mas, estejam cientes de que o êxodo do Peregrino é percebido como uma
perda em grandes partes da nossa galáxia. A nossa própria história esteve
intimamente ligada a ele por um longo tempo. Só o tempo dirá se a retirada do
Peregrino provoca o bem ou o mal.
Tinha ficado quieto. Esporadicamente, eu ouvi expressões de
descontentamento, mas elas mantiveram-se dentro dos limites.
— Esta fase de reorientação certamente levará muitos anos. Então, me
perdoe se eu não concordar com o júbilo geral dos thoogondu.
Houve uma calma tensa. Certamente, aquelas palavras não eram o que as
pessoas reunidas queriam ouvir.
— E mais uma vez eu quero agradecer pela recepção calorosa em Sevcooris
— eu concluí meu discurso. — Eu estou feliz por ter chegado aqui. É ótimo em
Thooalon, entre tantos amigos!
Eu colhi aplausos moderados. Aqui e acolá, pequenos grupos de thoogondu,
aplaudira. Mas muitos deles fizeram-me sentir que não concordavam com a minha
opinião.
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Eu fui tão diplomático quanto possível. Minha posição não facilitaria as
negociações com Puoshoor. Mas, eu gostava quando as linhas de batalha eram claras.
E nunca tinha tolerado diplomacia de afagos.
O Ghuogondu se aproximou de mim. — Isso foi... interessante — disse ele
calmamente e diplomaticamente.
— Obrigado.
— Não obstante, nós temos um problema.
— Você quer dizer a prisão de dois do meu pessoal, Ghuogondu? Eu já queria
sobre este assunto delicado com você...
— Não é delicado. É extremamente desagradável — ele me olhou friamente.
As veias azuis de seu rosto pareciam mais marcantes do que antes. — Houve uma
tentativa de resgate.
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16.
A tripulação
Gucky (recentemente)
Os eventos ao redor de Vogel e Ben Jello não lhes deu descanso. Então, ele
persistiu na trilha mental dos geniferenses o melhor possível, enquanto Vogel e o
cientista eram levados de volta para Thooalon.
Curiosamente: o rastro telepático de Jello se perdeu por algum tempo. Vogel,
por outro lado, permaneceu tangível de forma indefinida. Havia um tipo de ruído na
cabeça Gucky, que, apesar da estabilização mental de Vogel, pelo menos transmitia
emoções simples: medo, raiva e ansiedade.
Esta miscelânea de sentimentos era normal em face do que Vogel estava
atualmente passando. Ele foi levado para um local desconhecido, de encontro a um
destino incerto. Apesar da garantia de Perry de que ele não o abandonaria e Jello, ele
estava com medo.
Por que Perry havia dado a ordem de justamente não enviar uma sonda espiã
para o dois, ou marcá-los? — às vezes seu amigo era muito hesitante e muito
diplomático.
Durante uma hora, o estado emocional dos geniferenses permaneceu o
mesmo. De uma forma quase imperceptível, algo novo foi introduzido nos
pensamentos de Vogel. Gucky precisou de um tempo, até que ele identificasse estas
novas emoções. E quando ele teve a certeza de que era dor, ele decidiu agir.
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— Pare de mentir para mim! Você sabe alguma coisa! Diga-me
imediatamente o que está acontecendo com Vogel. Ou nós dois teremos um
problema sério.
Oh.
Pior do que as crianças que escovando a pele de um rato-castor a contrapelo,
apenas mulheres humanas que estavam lutando por seus homens. Elas não
conheciam piedade nem compaixão. “Eu preferiria levar uma dúzia de caotarcas, do
que alguém como ela...”
Ele contou o que soube sobre Vogel, e quando ela disse com absoluta certeza
em sua voz que apoiaria definitivamente Gucky em sua tentativa de resgate, e ele
apenas soube assentir.
Talvez fosse correto e apropriado que ele não realizasse esta pequena viagem
sozinho à Thooalon. Lua poderia lhe garantir as costas, enquanto ele estivesse
lutando com os dispositivos de proteção do centro terapêutico criminal.
As informações fornecidas ANANSI sobre o complexo eram vagas e
igualmente preocupantes. Os observadores entenderam seu negócio e,
provavelmente, estariam preparados. Também os campos defensivos poderiam ser
perigosos para Gucky, e eles tinham que ser desativados.
A relação especial entre Lua e Vogel garantiria que a genifer sensível se
ajustasse mais rapidamente a situação. De modo que Gucky pudesse dedicar-se ao
nervoso Ben Jello.
ANANSI lhes disponibilizou um jet-LAURIN. Comandante Holonder se
justificou em frente Gucky com um reconhecimento secreto em Thooalon, o que
também era verdade em certo sentido.
O dispositivo de voo que era adequado para missões planetárias, tinha modos
furtivos e estava equipado com unidades de propulsão especialmente amortecidas.
Eles desembarcaram despercebidos em Thooalon, perto de um oásis agrícola
em um vale, a cerca de 20 km do centro terapêutico criminal.
— Você está pronta? — ele perguntou a Lua.
— Se você está — A Genifer puxou sua arma do coldre, a verificou
rotineiramente e a colocou de volta no lugar.
Suas mãos estavam completamente calmas. Apenas a palidez ao redor do
nariz revelava a tensão nervosa.
Gucky se concentrou. Este oásis era inesgotável. Ele fazia parte de uma
combinação que se espalhava por grande parte desta parte da terra, e era mantido
por equipamentos robóticos de colheita.
Ele deixou seus pensamentos vagarem para mais longe — e encontrou-se
rapidamente no centro terapêutico criminal. Gucky mediu pelo menos uma centena
de diferentes correntes de pensamentos. Alguns deles eram confusos e apontaram
que alguns dos detentos e guardas dormiam.
Com muito prazer ele teria se ocupado intensivamente com aquelas imagens
mentais. Mas, ele tinha vindo por outras razões para este lugar. Amigos estavam
esperando para serem libertados.
— Você já encontrou Vogel?
— Eu ainda recebo vagos impulsos de dor. Eles estão embaraçados de uma
forma estranha com a estabilização mental.
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— Então, nos leve até eles! — exigiu Lua. — Agora!
— Seja paciente! — alertou Gucky. — Enquanto eu não sei sobre o centro,
não vou arriscar.
— Você é o salvador do universo? Você é um covarde!
— Deixe de absurdo! — ele virou-se para a xenologista. — Quanto melhor
nos prepararmos, maiores as chances de libertar os dois.
— Tudo bem. Desculpe, Gucky — subitamente, os olhos Luas estavam
molhados de lágrimas. — Você sabe o quanto Vogel é querido por mim.
— Desculpas aceitas.
Ele mergulhou novamente nos mundos dos pensamentos dos reclusos e
guardas. Até que ele pensou ter encontrado a pista determinante.
Um thoogondu, que estava muito surpreso sobre uma criatura com o bico
pássaro — e o fato de que ele sofria de uma dor tão grave.
— É isso — disse ele à Lua. — Dê-me sua mão. Nós saltamos.
Ele não podia esperar mais. Se era verdade que ele tinha visto nos
pensamentos do thoogondu, não era bom para o Vogel Ziellos.
Gucky sentiu um toque suave. Ele fechou o SERUN, pensando na área-alvo,
como tinha memorizado em várias imagens, e saltou.
Ele pousou em uma sala vazia, cujo piso estava coberto com uma camada fina
de água. Nas paredes havia quadros que eram quase irreconhecíveis como tal.
Representações que emitiam calor, como o SERUN anunciou.
Então, as telas energéticas se iluminaram em verde e vermelho. Elas
dividiram a sala em inúmeros retângulos, cujas paredes se deslocavam
repetidamente umas contra as outras.
— Uma armadilha! — gritou Lua. — Leve-nos para longe...
Gucky saltou — e foi jogado de volta imediatamente. Ele aterrissou no chão,
na água com a altura de um dedo. Ele foi aprisionado em uma para-armadilha. Eles
estavam esperando por ele.
Ele olhou para si mesmo. Seus braços e pernas tremiam incontrolavelmente,
e diante de seus olhos tudo estava borrado.
“Estranho. Eu não sinto nenhuma dor... ou é o choque?”
O teleportação dolorosa! Com sua ajuda, ele até mesmo poderia penetrar
naqueles campos defensivos e escapar...
Não. Ele não conseguia se concentrar suficientemente.
As paredes estavam ameaçadoramente perto. Era como se elas pudessem
farejar a sua presença.
Gucky quis se levantar e fugir.
Mas para onde? Ele estava preso. Suas pernas não lhe obedeciam. Lua jazia
encurvada no chão e gemia. Ele estava sozinho, para evitar o fracasso desta missão...
Que missão? O que ele estava procurando neste lugar?
Não importava mais. Ele só estava cansado e queria dormir. Queria escapar
do tormento que lhe agarrou de repente e da dor que queimava em seu cérebro.
Gucky fez uma última tentativa de se concentrar.
Ele ficou inconsequente. Ele estava muito cansado. Ele só queria... só...
69
17.
Perry Rhodan
Revelações e promessas
70
traidor em suas fileiras, um traidor que está acima de qualquer suspeita – quem
seria um candidato mais adequado do que o ilt?
A conjectura era ultrajante. Eu simplesmente não tinha palavras.
“E se ele estiver certo?” Anunciou uma voz na parte de trás da cabeça, fina e
suave. “E se Gucky foi influenciado?”
— Esta acusação não vale a pena uma resposta — eu disse.
— Eu entendo — Puoshoor estendeu o corpo. — Mas, tem que dar uma
resposta, uma promessa que você terá que me fazer.
— E qual seria?
— Eu exijo que não haja nenhuma outra tentativa para libertar os quatro
prisioneiros.
— Claro — eu ativei o comunicador de pulso e me anunciei na central de
comando da RAS TSCHUBAI, sem ter criado uma ligação com imagem.
— Sim, Perry? — informou uma voz masculina, sem dúvida de Cascard
Holonder. Ela parecia tensa.
— Ouça-me com atenção, comandante: Eu confio nos thoogondu, em nossos
anfitriões aqui, em termos de seu julgamento dos prisioneiros. Eu peço que ninguém
a bordo da RAS TSCHUBAI não faça nada sobre a sua libertação. Rhodan desliga.
Eu terminei a conversa abruptamente e olhou para os três thoogondu. Eles
pareciam satisfeitos com a minha explicação.
Eu mudei de assunto abruptamente. — Vocês vão entender que eu tenho um
monte de perguntas para vocês sobre outras coisas também. Por exemplo, qual
ligação os thoogondu têm com a Via Láctea e AQUILO... o Peregrino.
O filho de Gondus procurou brevemente um contato visual com Praanor e
então disse: — Poderia se dizer que nós somos o povo perdido do Peregrino. Nós
somos...
— Que quer dizer?
Puoshoor hesitou brevemente. — Também para nós — ele disse finalmente
—, o Peregrino uma vez olhou amigavelmente. E eu quero deixá-lo, Perry Rhodan.
Meu coração bateu mais rapidamente. O povo perdido do Peregrino... essas
palavras colocadas mais perguntas. Mas, eu suspeitava que aquela conversa havia
chegado ao fim.
No que estava certo. Porque eu recebi um enfeixamento ultracurto que
consistia de apenas duas palavras: — Sim. Farye.
Eu suprimi um sorriso. Minha neta tinha entendido. Ela estava a bordo da BJO
BREISKOLL — e esta tinha sido liberada Da RAS TSCHUBAI.
Assim, eu manteria a minha palavra — e ainda assim teria Farye em uma
missão. Ela resgataria Gucky, Lua, Vogel e Jello.
FIM
Perry Rhodan foi recebido amigavelmente na distante galáxia NGC 4622, que é
chamada de Servcooris por seus habitantes, mas, ele continua desconfiado. Para
explorar o Império Dourado de um ponto de vista bastante turístico ou manter
conversações políticas de alto nível, é um aspecto, mas para experimentar a vida
cotidiana e lidar com os cidadãos do império, é outra coisa. Esta experiência é agora
iminente para a tripulação da Ras TSCHUBAI.
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Oliver Fröhlich escreve o próximo episódio de PERRY RHODAN, que tem por
título: NO CALABOUÇO ESTELAR.
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GLOSSÁRIO
Exército HaLem
Metal HaLem
Metal lêmur
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NGC 4622
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