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O conteúdo deste livro está adequado à proposta
da BNCC, conforme a Resolução nº 2, de 22 de
dezembro de 2017, do Ministério da Educação.

Língua Portuguesa Direção de Arte


9o ano do Ensino Fundamental Elto Koltz

Lécio Cordeiro Projeto gráfico


Hilka Fabielly
Editor
Lécio Cordeiro
Coordenação editorial
Revisão de texto Distribuidora de Edições Pedagógicas Ltda.
Dárfini Lima Rua Joana Francisca de Azevedo, 142 – Mustardinha
Recife – Pernambuco – CEP: 50760-310
Editoração eletrônica Fone: (81) 3205-3333
Adriana Ribeiro CNPJ: 09.960.790/0001-21 – IE: 0016094-67
Marcos Durant
Fizeram-se todos os esforços para localizar os detentores dos
Capa direitos dos textos contidos neste livro. A Distribuidora de Edições
Gabriella Correia/Nathália Sacchelli/ Pedagógicas pede desculpas se houve alguma omissão e, em
Sophia karla edições futuras, terá prazer em incluir quaisquer créditos faltantes.
Fotos: ThunderWaffle/shutterstock.com
Para fins didáticos, os textos contidos neste livro receberam,
sempre que oportuno e sem prejudicar seu sentido original,
uma nova pontuação.

As palavras destacadas de amarelo ao longo do livro sofreram


modificações com o novo Acordo Ortográfico.

ISBN: 978-85-7797-710-9
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e
Lei no 9.610, de 19 de fevereiro de 1998.

Impresso no Brasil

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Manual do Educador

Apresentação
Inúmeros estudos no campo da Linguística e a sociedade nos últimos anos desse período,
da Linguística Aplicada — além da própria rea- impulsionadas sobretudo pela globalização, e
lidade, avaliada oficialmente pelo Saeb e pelo a impressionante capacidade de multiplicação
Enem, entre outros instrumentos — têm impos- do conhecimento decorrente das novas tecnolo-
to um grande desafio aos professores e pes- gias da informação e da comunicação geraram
quisadores da área da educação linguística: re- a necessidade de novos parâmetros para a for-
pensar o ensino voltado para a metalinguagem mação dos cidadãos2.
gramatical1, que, devido a vários fatores, não se Assim, consensualmente o objetivo maior está
mostra mais suficiente para atender às inúme- definido já faz algum tempo: desenvolver a com-
ras demandas comunicativas que envolvem os petência linguística do aluno de forma a ampliar
aprendizes neste grande ambiente multimodal sua habilidade comunicativa e facilitar seu trân-
em que estão inseridos: a sociedade densa- sito entre as mais diferentes situações de uso
mente semiotizada em que vivemos (BRASIL, efetivo da língua. Em outras palavras, é nossa
2000). Como bem lembram Dionísio e Vascon- missão, enquanto agentes de socialização, pro-
celos (2013, p. 19), “nossa história de indivíduos mover o letramento dos nossos alunos, levá-los
letrados começa com nossa imersão no univer- a compreender como essa competência funciona
so em que o sistema linguístico é apenas um e como podem fazer para que funcione melhor.
dos modos de constituição dos textos que ma- Entre os imperativos dessa “nova realidade”
terializam nossas ações sociais”. está a indispensável necessidade de trabalhar a
Segundo Rojo (2009, p. 87), entre os anos leitura e a escrita com ênfase na multiplicidade
1970 e 1990, com a chamada virada pragmá- de gêneros textuais. Mas não só isso. É funda-
tica, “propostas, programas e materiais didáti- mental abrir espaço nas nossas aulas para ativi-
cos passaram a se pronunciar decisivamente dades de reflexão sobre a língua e a linguagem,
em favor da presença do texto, e mais, de uma que visam não à metalinguagem técnica, mas à
diversidade de textos, em especial das mídias concepção de que um ensino eficaz se proces-
de grande circulação, em sala de aula”. Assim, sa por meio do percurso
os currículos de Língua Portuguesa se descen-
tralizaram dos conteúdos gramaticais e passa- uso reflexão uso
ram a se caracterizar como centrados em pro-
cedimentos — eixos procedimentais de leitura Ou seja: esse trânsito não é possível se não
e de produção de textos (ROJO, 2009). Desse for feito a partir dos textos. Como não existe tex-
modo, nas últimas décadas do século passado to sem gramática, o grande desafio é conseguir
começaram a se configurar os atuais paradig- unir toda essa teoria, as gramáticas e as boas
mas para o ensino da língua materna. As trans- intenções e transformar tudo em prática — cla-
formações sociopolíticas pelas quais passou ra, interessante e eficiente.

1 Não identificamos essa prática com o ensino tradicional. Percebemos a tradição como um conjunto de práticas pedagógicas cristalizadas ao longo
dos anos, o que não implica, portanto, um posicionamento pejorativo. Como bem lembra Mendonça (2009: 201), “aspectos dessa tradição podem ser
hoje questionados com o devido distanciamento, que nos possibilita um olhar menos envolvido e mais objetivo, mas isso não significa desprezar todo
o trabalho feito em determinados momentos da nossa educação. Por exemplo, na escola tradicional, também há práticas de letramento significativas,
algumas das quais deveriam ser resgatadas, mesmo com outra roupagem. É o caso da recitação de poemas, dos saraus na escola, em que os alunos
eram solicitados a conhecer textos poéticos, memorizá-los e declamá-los, para uma audiência de colegas, professores e pais. Era, enfim, um evento
de letramento significativo dentro da vida escolar”.
2 Cf. Brasil (2000) e Rojo (2009).

III

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Esta coleção foi escrita justamente com esse desde o início. Isto é, propor uma abordagem
propósito, pois muito se discute sobre a viabili- ampla da competência comunicativa por meio
dade de se ensinar gramática na escola, mas das três bases fundamentais:
esse não é o maior problema. A grande ques-
tão é ter bastante claro o que devemos ensinar, leitura, análise linguística
como devemos ensinar e com que finalidade. É e produção textual
essa compreensão que vem norteando o nosso
trabalho pedagógico há quase dez, tanto nos li- Durante esta reformulação, procuramos acres-
vros didáticos que temos publicado quanto em centar ainda mais temas transversais, conscien-
nossa prática nas salas de aula. Talvez por isso, tes de que o aperfeiçoamento dessa competência
desde a publicação da primeira edição, em 2013, deve conduzir, necessariamente, à formação de
esta coleção tem rendido muitos elogios, tanto cidadãos flexíveis, democráticos e protagonistas,
dos estudantes quanto dos professores, que se capazes de realizar leituras múltiplas — a leitura
mantêm fiéis à nossa proposta pedagógica des- na vida e a leitura na escola.
de então. Para nossa felicidade, a excelente re- Por tudo isso, agradecemos a todos os pro-
cepção nos quatro cantos do País nos mostrou fessores e estudantes que acreditam no nosso
que estamos no caminho certo, buscando uma trabalho e permitem a nossa participação na
verdadeira renovação nas formas de ensinar e sua vida. Nada disso teria sentido sem o apoio
aprender a nossa língua. de todos vocês. Muito obrigado!
Nesta segunda edição, buscamos manter o Desnecessário dizer que este trabalho não se
mesmo princípio que norteou o nosso trabalho finda aqui. Ele se estenderá à sua prática diária,
como agente de letramento. Seria um equívo-
co supor que a abordagem feita nos livros dos
alunos é suficiente para alcançar essa forma-
ção. Como acontece em todo trabalho coletivo,
o sucesso será resultado da participação efetiva
de todos. Nada fará sentido se não buscarmos
juntos o mesmo objetivo incansavelmente.
Nesse sentido, para facilitar nosso diálogo,
elaboramos este Manual do Educador. Nele
procuramos trazer subsídios para ampliar ain-
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da mais sua prática e enriquecer a abordagem


do livro do aluno. Desnecessário dizer, também,
que todos os comentários feitos são sugestões
e que nos colocamos sempre a disposição para
dialogar com todos e todas em busca de aper-
feiçoamento. Tenham certeza de que cada su-
gestão e crítica será recebida e analisada com
carinho.

Lécio Cordeiro
leciocordeiro@editoraconstruir.com.br

IVIV

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Manual do Educador

O que
ensinar?
No que se refere ao ensino de língua, um cuschi (2008), isso seria substituir uma metodo-
questionamento é inevitável: por que ensinar o logia inadequada por outra. Na verdade, essa
português aos brasileiros, que o têm como lín- sistematização envolverá uma série de estraté-
gua materna? É aparentemente uma contradi- gias que, por meio da epilinguagem, levarão os
ção: há utilidade em ensinar o que o aluno já alunos a perceber que a língua é perpassada
sabe? Se aprofundarmos ainda mais esta ques- por uma infinidade de saberes, crenças, práti-
tão, podemos nos fazer outra pergunta, conse- cas, papéis sociais, intenções, relações de po-
quência natural da primeira: então, quando se der, etc. Esse conhecimento lhes mostrará que
ensina língua, o que se ensina de fato? a língua não é neutra, e essa consciência permi-
Ora, todos os falantes refletem em algum mo- tirá que, de posse dos recursos que ela mesma
mento sobre a língua que falam. O que ensinar? lhes oferece, eles possam alcançar efeitos de
Em várias ocasiões ela é alvo de avaliações posi- sentido muito mais amplos.
tivas, negativas, estéticas, críticas. É essa a base É claro que muito disso eles já sabem. Não
da atividade epilinguística. Cabe a nós, como é na escola, por exemplo, que eles aprendem
agentes de letramento e socialização, ajudar os que devem se dirigir a determinadas pessoas
alunos a sistematizar essas avaliações para que por meio de senhor, senhora, e que com outras
ampliem a sua competência comunicativa. podem usar você. Mas há uma infinidade de co-
Na prática, isso não quer dizer que as aulas nhecimento que lhes é revelado apenas no am-
de análise sintática devem ser substituídas por biente escolar. Ou seja, devemos levá-los não
aulas de linguística, análise do discurso, filoso- a aprender a língua, mas a ampliar sua compe-
fia da linguagem, etc. Como bem lembra Mar- tência comunicativa.
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Língua e
gramática
Trabalhar com uma língua natural signifi- à outra, à tarde; e à outra, à noite. Como jamais
ca lidar com um objeto científico “escondido”, puderam sair dessa clausura, essas pessoas
como supostamente defendia Ferdinand de veriam a realidade de forma bastante reduzida.
Saussure. Em conformidade com os preceitos Para a primeira, ela seria diáfana; para a segun-
existencialistas, o teórico argumentou no Curso da, crepuscular; e para a terceira, obscura. Qual
de linguística geral (Cultrix, 1972:15) que, para delas estaria certa? Considerando-se o posicio-
revelar e estudar esse objeto, precisamos dis- namento adotado, todas elas seriam adequa-
por previamente de um ponto de vista sobre ele. das. Era exatamente sobre isso que Saussure
Segundo ele, “bem longe de dizer que o obje- certamente falava: o ponto de vista, de fato, cria
to precede o ponto de vista, diríamos que é o o objeto.
ponto de vista que cria o objeto”. Seguindo esse Por outro lado, há de se perceber que a visão
raciocínio, Marcuschi (2008, p. 50) observa que que cada uma delas tinha sobre a realidade,
“o ensino, seja lá do que for, é sempre o ensino apesar de adequada, era incompleta. Os lin-
de uma visão do objeto e de uma relação com guistas são como os presos da caverna. Fazem
ele. Isto vale para o nosso objeto: a língua”. A suas pesquisas e seus questionamentos e todo
forma como a percebemos aponta diretamente resultado a que chegam é — e sempre será —
para os fenômenos linguísticos aos quais nos incompleto. Externalizar esse “objeto escondi-
dedicamos nesta Coleção: o texto, os gêneros, do” e teorizar sobre ele é tarefa extremamente
a compreensão e a análise gramatical. penosa, um verdadeiro trabalho de Sísifo1. E se
Acontece, porém, que várias teorias lançam concebermos a linguagem como o fez Pinker2,
pontos de vista sobre nosso objeto. Para ilus- essa tarefa perdurará talvez por todo o sempre.
trar bem essa pluralidade de concepções de lín- Não obstante, os estudos linguísticos apon-
gua, vale recontar o famoso mito da caverna, tam normalmente em quatro grandes direções
de Platão. Mas, como dizia Machado de Assis, no sentido de desvendar esse “objeto escondi-
quem conta um conto aumenta um ponto. No do”. Cada uma delas conduz a uma noção de
mito original, algumas pessoas vivem presas gramática bastante específica:
no interior de uma caverna, sempre de costas a. A língua é uma estrutura. Essa definição pri-
para a entrada. O único contato que têm com vilegia a análise interna dos elementos lin-
a realidade são as sombras das pessoas que guísticos (fonemas, morfemas, sintagmas e
passam pela entrada da caverna refletidas na proposições) e sua relação entre si. Cabe à
parede. Imagine, entretanto, que, por alguma gramática descrever as diferentes maneiras
razão, três dessas pessoas só pudessem ver de organização dessa estrutura.
esses vultos em períodos específicos do dia: a b. A língua é um somatório de “usos exempla-
uma só é permitido ver as sombras pela manhã; res”. Essa noção leva à concepção de que

1 O mito de Sísifo narra a trajetória de um homem ardiloso que, tendo enganado a morte e meia dúzia de deuses, foi condenado a rolar uma rocha
imensa até o cume de uma escarpada montanha. Mas sempre que chegava ao alto, a pedra despencava, e ele era obrigado a recomeçar a estafante
e ininterrupta tarefa.
2 “O funcionamento da linguagem está tão distante de nossa consciência quanto os fundamentos lógicos da postura de ovos para as moscas”
(Pinker, 2004:13).

VIVI

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Manual do Educador

a gramática deve prescrever, em termos de d. A língua é uma atividade sociointerativa situa-


certo ou errado, a forma como devemos fa- da, perspectiva que se volta para a sociointe-
lar e escrever. Não há aqui qualquer relação ração relacionada a aspectos históricos e dis-
com a realidade de uso dos falantes, mas cursivos. Por essa perspectiva, a gramática é
com um conceito de norma ideal restrita ape- estrutura, cognição, funcionamento, história
nas a essa gramática. e, fundamentalmente, interação entre os su-
c. A língua é um conjunto de processos mentais jeitos.
e estruturantes. Por essa perspectiva, a lín-
gua direciona sua finalidade para a criação Ao longo da produção desta Coleção, a defi-
e expressão do pensamento, levando à no- nição de língua como uma atividade sociointe-
ção de gramática cognitiva-funcionalista. Se rativa situada guiou toda a abordagem dos con-
reduzido, esse ponto de vista a resumiria à teúdos, pois está mais do que provado que se
sua condição exclusiva de fenômeno mental mostra a mais abrangente para a consecução
e sistema de representação conceitual. dos nossos objetivos.

Leitura, produção e
análise linguística
A proposta de língua que norteia a coleção dão. Feito isso, passamos a gramática tradicio-
deixa clara nossa visão acerca da leitura, da pro- nal em revista e procuramos ao máximo fazer
dução de textos e do trabalho com a gramática. uma abordagem teórico-prática que consideras-
Dessa forma, esses três pilares são trabalhados se as demandas comunicativas da nossa so-
de maneira interligada. Há uma influência recí- ciedade e, sobretudo, observasse nuanças im-
proca entre eles: um repercute no outro e todos portantes do português brasileiro que até então
são importantes para a produção de sentido. têm sido veementemente ignoradas pelos livros
Tendo isso em vista, procedemos a uma aná- didáticos. Como dissemos, é uma continuação,
lise bastante criteriosa de textos: literários e revista e ampliada, do estudo iniciado em Con-
não literários, verbais e não verbais, etc. Nosso textualizando a gramática. O professor que tra-
critério sempre se pautou na escolha de textos balhou com este livro encontrará aqui bastantes
cuja leitura e análise despertasse o interesse do subsídios para renovar sua prática de ensino de
aluno e, concomitantemente, contribuísse efe- língua portuguesa.
tivamente para a sua formação enquanto cida-

VII

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A reformulação
Inúmeros propósitos nos levaram a reformular Essa sugestão de organização dos conteúdos
esta coleção, mas o principal foi, sem dúvida, o em sequências didáticas nos pareceu a mais
desejo de continuar participando ativamente da viável para guiar a coleção. Por meio dela, po-
transformação pela qual vem passando o ensino demos abranger vários gêneros e trabalhá-los
de língua portuguesa em benefício da formação em espiral, sempre buscando uma abordagem
cidadã dos nossos alunos. A percepção clara gradativamente mais profunda. É o que reflete a
desse objetivo guiou todos os passos dados du- estrutura dos livros e dos capítulos.
rante todo o trabalho. Cada livro da Coleção está dividido em oito
Desde o início, o desafio e a responsabili- capítulos, segmentados em duas partes e no-
dade de produzir um trabalho sério e honesto meados conforme o gênero e os temas trans-
impuseram a necessidade de assumir um po- versais abordados. Seguindo a proposta de
sicionamento definido a respeito do ensino da Schneuwly e Dolz, na etapa de elaboração do
leitura, da produção de textos e da análise lin- esboço, selecionamos os gêneros que seriam
guística, ponto de vista que já apresentamos trabalhados ao longo dos livros e os agrupamos
em detalhes anteriormente. Feito isso, passa- conforme a sua tipologia textual. A partir daí, pu-
mos a projetar um esboço da coleção de modo demos traçar um roteiro de abordagem dos con-
a contemplar efetivamente esses três eixos nor- teúdos que possibilitasse um trabalho integrado
teadores e as diretrizes recomendadas pelos com os três eixos norteadores da nossa prática
PCN. Nesse esboço, montamos a estrutura dos e passível de realização em tempo hábil.
livros tendo como base a leitura de Schneuwly e
Dolz (2004), que trazem uma proposta de agru-
pamento dos gêneros a partir de noções como Todo o planejamento foi pensado para
domínio social de comunicação, capacidades contemplar aproximadamente 37 aulas
de linguagem, tipologias textuais, etc. Eles pro- teórico-práticas por bimestre, consideran-
põem um trabalho espiralado com gêneros e do o ano com 180 dias letivos e 5 aulas
tipos organizados em sequências didáticas. por semana, incluídas aí as avaliações.
Grosso modo, a ideia é apresentar aos alunos Como há 8 capítulos em cada livro, a in-
ciclicamente tipos e gêneros textuais de forma tenção é trabalhar 2 capítulos por bimes-
a habilitá-los a conhecer e dominar, ao final do tre, ou seja, 1 capítulo a cada 18 aulas.
processo, o máximo de competências possível.
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Manual do Educador

A produção textual
e a leitura

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Em substituição às deno­minadas “aulas de junto destes), des­de a observação analítica de
redação”, o professor de Língua Portuguesa um acontecimento ou leitura atenta de um artigo
atualmente lida com o desafio de trabalhar a lei- científico ou cartum, por exemplo, até a seleção
tura e a escrita sob um termo mais maduro e das palavras e da organização estru­tural que ca-
abran­gente: “produção textual”. Ma­duro porque racterizarão o produ­to final.
implica as diversas etapas da construção do De acordo Bortone e Braga Martins (2008),
conhe­cimento envolvidas na confecção de um saber escrever é hoje, mais do que nunca, uma
texto; abrangente porque não mais se restringe ne­cessidade de sobrevivência em so­ciedades
à composi­ção escrita metódica baseada em es- como a nossa, em que tudo, ou quase tudo,
quemas limitados. é intermedia­ do pela escrita. A escola, infeliz­
Nesse caso, os conceitos de texto também mente, costuma ensinar a produ­ção textual de
têm recebido, na escola, significados plurais e forma inadequada, e isso, em vez de contribuir
mais firmados nas práticas cotidianas, quando para que o sujeito adquira proficiência na es­
se aplicam aos textos ver­bais e não verbais e crita, ajuda a promover bloqueios e temores em
ao serem leva­dos para a sala de aula exemplos relação a essa prática. O sistema escolar, ao
reais de gêneros e tipos textuais. Essa nova avaliar a redação do aluno, preocupa-se em ver
prática pedagógica com certeza representa um somente os erros gramaticais, como ortografia,
avanço na educação de alunos críticos e ca­ acentuação e pon­tuação. Embora todos esses
pazes de bem lidar com os recur­sos disponíveis ele­mentos gramaticais possam incidir sobre a
de sua língua, para proveito próprio e da socie- coerência e coesão textual, por si só não são
dade. elementos sufi­cientes para organizar a tessitura
Sim, quando falamos em produção textual, do texto. Nessa perspectiva, a prá­tica da escrita
nos referimos a todas as atividades necessárias escolar não observa a autoria do aluno, a cria-
para que se construa um enuncia­do (ou um con- tividade, a progressão temática, a função so­cial

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e a intencionalidade do autor do texto. Ao tra- fatoriamente uma primeira e de­cisiva etapa de
balhar com a reda­ção escolar, comete-se uma seu processo de letramento e alfabetização, ten­
série de equívocos, entre eles: do, inclusive, se apropriado de al­gumas práticas
mais complexas e menos cotidianas (relaciona-
• Solicitar que o aluno escreva sem um desti- das a esferas públicas de uso da lin­guagem),
natário real. seja de leitura e escri­ta, seja de compreensão
• Solicitar que o aluno escreva para completar e produ­ção de textos orais. Essas práticas apre-
o tempo da aula. sentam padrões linguísticos e textuais que, por
• Solicitar que o aluno escreva para se atribuir sua vez, deman­dam novos tipos de reflexão so-
uma nota. bre o funcionamento e as propriedades da lin-
• Solicitar que o aluno escreva aquilo que o guagem em uso, assim como a sistematização
professor quer. dos conhecimen­tos linguísticos correlatos mais
re­levantes. Portanto, cabe ao ensino de língua
Sabemos das deficiências que muitos dos materna, nesse nível de ensino-aprendizagem,
nossos alunos enfren­tam no processo de lei- aprofundar o processo de inserção qualificada
tura e es­crita e do empenho reforçado que um do aluno na cultura da escrita:
ensino que abarque tais obje­tivos requer. Ainda
assim, é pa­pel da escola tornar seus alunos efi- • Aperfeiçoando sua formação como leitor e
cientes produtores de textos, acompanhando-os produtor de textos escritos.
em todas as etapas necessárias. • Desenvolvendo as compe­tências e habilida-
O ensino de Língua Portu­guesa nos quatro des de leitura e escrita requeridas por esses
anos finais do Ensino Fundamental apresenta novos níveis e tipos de letramento.
características próprias, devidas tanto ao per- • Ampliando sua capacidade de reflexão sobre
fil escolar do aluna­do desse nível quanto às as propriedades e o funcionamento da língua
deman­das sociais que a ele se apresen­tam, ao e da linguagem.
final do período. • Desenvolvendo as compe­tências e habilida-
Primeiramente, espera-se que o aluno ingres- de associadas a usos escolares, formais e/
sante nesse seg­mento já tenha cumprido satis­ ou públi­cos da linguagem oral.
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Manual do Educador

Em segundo lugar, a trajetória desse aluno Considerando-se tanto as demandas de co-


em direção à autono­mia relativa nos estudos e municação e/ou conhecimentos linguísticos im­
ao ple­no exercício da cidadania pode ser con- plicadas no quadro acima des­crito quanto as
siderada, por um lado, mais de­lineada; e, por recomendações expressas por diretrizes, orien­
outro, ainda não sa­tisfatoriamente consolidada. tações e parâmetros curriculares oficiais. O en-
O que deverá implicar, no processo de en­sino- sino de Língua Por­tuguesa, nos quatro últimos
aprendizagem escolar desses anos, um maior anos do Ensino Fundamental, deve or­ganizar-se
peso relativo para esses eixos de formação. de forma a garantir ao aluno:
Finalmente, o destino do alu­no, ao final des-
se período de es­colarização obrigatória, é bas- • O desenvolvimento da lin­guagem oral, a
tante diversificado. E, muitas vezes, im­plica a apropriação e o desenvolvimento da lingua-
interrupção temporária ou mesmo definitiva de gem escrita, especialmente no que diz res-
sua educação escolar, motivo pelo qual o Ensino peito a demandas oriundas seja de situações
Fundamental deve garantir a seus egressos um e instâncias pú­blicas e formais de uso da
domínio da escri­ta e da oralidade suficiente para língua, seja do próprio processo de ensi­no-
as demandas básicas do mundo do trabalho e aprendizagem escolar.
do pleno exercício da cidadania, inclusive no • O pleno acesso ao mundo da escrita.
que diz respeito à fruição da literatura em língua • A proficiência em leitura e escrita, no que diz
portuguesa. Tais circuns­tâncias atribuem a es- respeito a gê­neros discursivos e tipos de tex­to
ses anos do Ensino Fundamental uma respon­ representativos das principais funções da es-
sabilidade ainda maior, no que diz respeito ao crita em diferentes esferas de atividade social.
processo de formação tanto do leitor e do pro- • A fruição estética e a apre­ ciação crítica
dutor pro­ficiente e crítico de textos quanto do lo- da produção literá­ria associada à língua
cutor capaz de uso adequado e eficiente da lin- portugue­sa, em especial a da literatura bra-
guagem oral em situações privadas ou públicas. sileira.

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• O desenvolvimento de ati­tudes, competên- Já as atividades de compreen­são e interpre-
cias e habilida­des envolvidas na compreen- tação do texto têm como objetivo final a forma-
são da variação linguística e no con­ vívio ção do leitor (inclusive a do leitor li­terário) e o
democrático com a diversi­dade dialetal, de desenvolvimento da proficiência em leitura.
forma a evitar o preconceito e valorizar as Portan­to, só podem constituir-se como tais na
dife­
rentes possibilidades de expres­ são lin- medida que:
guística.
• O domínio das normas ur­banas de prestígio, • Encararem a leitura como uma situação de
especialmen­ te em sua modalidade escrita, interlocução lei­ tor/autor/texto socialmente
mas também nas situações orais públicas con­textualizada.
em que seu uso é social­mente requerido. • Respeitarem as convenções e os modos de
• As práticas de análise e re­flexão sobre a ler próprios dos di­ferentes gêneros, tanto lite-
língua, na medida em que se revelarem rários quanto não literários.
pertinen­tes, seja para a (re)construção dos • Desenvolverem estratégias e capacidades
sentidos de textos, seja para a compreensão de leitura, tanto as relacionadas aos gêne-
do funcionamento da língua e da linguagem. ros propos­tos, quanto as inerentes ao nível
de proficiência que se pretende le­var o aluno
Nesse sentido, as atividades de leitura e es- a atingir.
crita, assim como de produção e compreensão
oral, em situações contextualizadas de uso, de- Por fim, as propostas de produção es­crita
vem ser prioritárias no ensino-aprendizagem des- devem visar à formação do produtor de texto e,
ses anos de escolarização e, por con­seguinte, na portanto, ao desenvolvimento da proficiência em
proposta pedagógica dos livros didáticos de Por- escrita. Nesse sentido, não po­dem deixar de:
tuguês (LDP) a eles destinados. Por ou­tro lado,
as práticas de reflexão, assim como a constru- • Considerar a escrita como uma prática so-
ção correla­ta de conhecimentos linguísticos e a cialmente situada, propondo ao aluno, por-
descrição gramatical, devem justificar-se por sua tanto, con­dições plausíveis de produção do
funcionalida­de, exercendo-se, sempre, com base texto.
em textos produzidos em condições sociais efe- • Abordar a escrita como pro­cesso, de forma a
tivas de uso da língua, e não em situações di­ ensinar expli­citamente os procedimentos en­
dáticas artificialmente criadas. volvidos no planejamento, na produção, na
No trabalho com o texto, em qualquer de suas revisão e na reescri­ta dos textos.
dimensões (lei­tura e compreensão, produção de • Explorar a produção de gê­neros ao mesmo
textos orais e escritos, constru­ção de conheci- tempo diversos e pertinentes para a conse-
mentos linguísti­ cos), é fundamental a diversi- cução dos objetivos estabelecidos pelo nível
dade de estratégias, assim como a ar­ticulação de ensino visado.
entre os vários aspectos envolvidos, de forma a • Desenvolver as estratégias de produção rela-
garantir a progressão nos estudos. Além des­ses, cionadas tanto ao gênero proposto quanto ao
em cada um dos componentes de Língua Portu- ao grau de proficiência que se pretende levar
guesa outros cri­térios afiguram-se fundamentais o aluno a atingir.
para garantir à coleção um desem­penho ao me-
nos satisfatório, em termos metodológicos.

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Manual do Educador

A leitura antecede e acompanha


a produção textual
A leitura regular e de quali­dade não serve Não duvidamos da importân­cia de outras for-
apenas como ar­cabouço de modelos de textos mas de veicula­ção de informação e conteúdo.
a serem apreendidos pelo estudan­te. A prática De fato, o valor da mensagem pode estar além
da leitura, aliada aos constantes exercícios, fará da forma com que é conduzida e, em muitos ca-
com que o aluno assimile, em seu co­tidiano, as sos, essa forma acrescenta interesse à própria
melhores formas de posicionar seus pensamen- mensagem. No entanto, não podemos negar
tos em um texto. que alguém habituado a dialogar com textos nos
Dessa forma, o professor deve, antes de tudo, seus variados formatos e veí­culos torna-se um
ensinar seus alunos a serem bons leitores. Essa melhor leitor, pois abrange sua capacidade de
árdua tarefa não se esgota, é contínua em todas recepção estética.
as aulas e está atrelada aos momentos de pro- Assim, os textos escritos devem continuar fa-
dução tex­tual propriamente ditos: leitura e es- zendo parte da rotina dos alunos e, tal iniciativa,
crita são habilidades que dialo­gam entre si, se deve ser incentivada pela escola a ser tomada
complementam e se aperfeiçoam. durante as aulas.
É notório, todavia, o distan­ciamento ocorrido, Tanto este manual como o li­vro do aluno com o
cada vez mais, entre os jovens e os textos escri­ qual ele inte­rage estão permeados de exem­plos,
tos em suas práticas cotidianas. Ainda que a In- exercícios e orientações de abordagem atrelados
ternet, principal espaço de compartilhamento de aos diferen­tes tipos de texto, em suas for­mas ver-
informações atualmente, ofereça a leitura de di- bais e não verbais. Acredi­tamos na diversidade
versos textos ver­bais, as imagens (especialmen- de conteúdo como uma importante ferramen­ta
te vídeos) e as músicas têm tornado o contato para o aperfeiçoamento do tra­balho do educador
com os textos escritos menos assíduo. bem como do aprendizado do aluno.

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Referências
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Manual do Educador

Competências específicas
de língua portuguesa para
o ensino fundamental
1. Compreender a língua como fenômeno cultu- 6. Analisar informações, argumentos e opiniões
ral, histórico, social, variável, heterogêneo e manifestados em interações sociais e nos
sensível aos contextos de uso, reconhecen- meios de comunicação, posicionando-se
do-a como meio de construção de identida- ética e criticamente em relação a conteúdos
des de seus usuários e da comunidade a que discriminatórios que ferem direitos humanos
pertencem. e ambientais.
2. Apropriar-se da linguagem escrita, reconhe- 7. Reconhecer o texto como lugar de manifes-
cendo-a como forma de interação nos dife- tação e negociação de sentidos, valores e
rentes campos de atuação da vida social e ideologias.
utilizando-a para ampliar suas possibilidades 8. Selecionar textos e livros para leitura integral,
de participar da cultura letrada, de construir de acordo com objetivos, interesses e proje-
conhecimentos (inclusive escolares) e de se tos pessoais (estudo, formação pessoal, en-
envolver com maior autonomia e protagonis- tretenimento, pesquisa, trabalho etc.).
mo na vida social.
9. Envolver-se em práticas de leitura literária
3. Ler, escutar e produzir textos orais, escritos que possibilitem o desenvolvimento do senso
e multissemióticos que circulam em diferen- estético para fruição, valorizando a literatu-
tes campos de atuação e mídias, com com- ra e outras manifestações artístico-culturais
preensão, autonomia, fluência e criticidade, como formas de acesso às dimensões lúdi-
de modo a se expressar e partilhar informa- cas, de imaginário e encantamento, reconhe-
ções, experiências, ideias e sentimentos, e cendo o potencial transformador e humaniza-
continuar aprendendo. dor da experiência com a literatura.
4. Compreender o fenômeno da variação lin- 10. Mobilizar práticas da cultura digital, diferen-
guística, demonstrando atitude respeitosa tes linguagens, mídias e ferramentas digitais
diante de variedades linguísticas e rejeitando para expandir as formas de produzir sentidos
preconceitos linguísticos. (nos processos de compreensão e produ-
5. Empregar, nas interações sociais, a varieda- ção), aprender e refletir sobre o mundo e rea-
de e o estilo de linguagem adequados à si- lizar diferentes projetos autorais.
tuação comunicativa, ao(s) interlocutor(es) e
ao gênero do discurso/gênero textual.

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Língua Portuguesa no Ensino
Fundamental – anos finais:
práticas de linguagem, objetos
de conhecimento e habilidades
Nos Anos Finais do Ensino Fundamental, o jornalísticos – informativos e opinativos – e os
adolescente/jovem participa com maior critici- publicitários são privilegiados, com foco em es-
dade de situações comunicativas diversificadas, tratégias linguístico-discursivas e semióticas vol-
interagindo com um número de interlocutores tadas para a argumentação e persuasão. Para
cada vez mais amplo, inclusive no contexto es- além dos gêneros, são consideradas práticas
colar, no qual se amplia o número de professo- contemporâneas de curtir, comentar, redistribuir,
res responsáveis por cada um dos componen- publicar notícias, curar etc. e tematizadas ques-
tes curriculares. Essa mudança em relação aos tões polêmicas envolvendo as dinâmicas das re-
anos iniciais favorece não só o aprofundamen- des sociais e os interesses que movem a esfera
to de conhecimentos relativos às áreas, como jornalística-midiática. A questão da confiabilida-
também o surgimento do desafio de aproximar de da informação, da proliferação de fake news,
esses múltiplos conhecimentos. A continuida- da manipulação de fatos e opiniões têm desta-
de da formação para a autonomia se fortalece que e muitas das habilidades se relacionam com
nessa etapa, na qual os jovens assumem maior a comparação e análise de notícias em diferen-
protagonismo em práticas de linguagem realiza- tes fontes e mídias, com análise de sites e ser-
das dentro e fora da escola. viços checadores de notícias e com o exercício
No componente Língua Portuguesa, amplia- da curadoria, estando previsto o uso de ferra-
-se o contato dos estudantes com gêneros tex- mentas digitais de curadoria. A proliferação do
tuais relacionados a vários campos de atuação discurso de ódio também é tematizada em todos
e a várias disciplinas, partindo-se de práticas de os anos e habilidades relativas ao trato e respei-
linguagem já vivenciadas pelos jovens para a to com o diferente e com a participação ética e
ampliação dessas práticas, em direção a novas respeitosa em discussões e debates de ideias
experiências. são consideradas. Além das habilidades de lei-
Como consequência do trabalho realizado tura e produção de textos já consagradas para
em etapas anteriores de escolarização, os ado- o impresso são contempladas habilidades para
lescentes e jovens já conhecem e fazem uso de o trato com o hipertexto e também com ferra-
gêneros que circulam nos campos das práticas mentas de edição de textos, áudio e vídeo e pro-
artístico-literárias, de estudo e pesquisa, jorna- duções que podem prever postagem de novos
lístico/midiático, de atuação na vida pública e conteúdos locais que possam ser significativos
campo da vida pessoal, cidadãs, investigativas. para a escola ou comunidade ou apreciações e
Aprofunda-se, nessa etapa, o tratamento dos réplicas a publicações feitas por outros. Trata-se
gêneros que circulam na esfera pública, nos de promover uma formação que faça frente a fe-
campos jornalístico-midiático e de atuação na nômenos como o da pós-verdade, o efeito bolha
vida pública. No primeiro campo, os gêneros e proliferação de discursos de ódio, que possa

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promover uma sensibilidade para com os fatos seus contextos de produção, o que contextualiza
que afetam drasticamente a vida de pessoas e e confere significado a seus preceitos. Trata-se
prever um trato ético com o debate de ideias. de promover uma consciência dos direitos, uma
Como já destacado, além dos gêneros jorna- valorização dos direitos humanos e a formação
lísticos, também são considerados nesse campo de uma ética da responsabilidade (o outro tem
os publicitários, estando previsto o tratamento direito a uma vida digna tanto quanto eu tenho).
de diferentes peças publicitárias, envolvidas em Ainda nesse campo, estão presentes gêne-
campanhas, para além do anúncio publicitário e ros reivindicatórios e propositivos e habilidades
a propaganda impressa, o que supõe habilidades ligadas a seu trato. A exploração de canais de
para lidar com a multissemiose dos textos e com participação, inclusive digitais, também é pre-
as várias mídias. Análise dos mecanismos e per- vista. Aqui também a discussão e o debate de
suasão ganham destaque, o que também pode ideias e propostas assume um lugar de desta-
ajudar a promover um consumo consciente. que. Assim, não se trata de promover o silen-
No campo de atuação da vida pública ga- ciamento de vozes dissonantes, mas antes de
nham destaque os gêneros legais e normativos explicitá-las, de convocá-las para o debate,
– abrindo-se espaço para aqueles que regulam analisá-las, confrontá-las, de forma a propiciar
a convivência em sociedade, como regimentos uma autonomia de pensamento, pautada pela
(da escola, da sala de aula) e estatutos e có- ética, como convém a Estados democráticos.
digos (Estatuto da Criança e do Adolescente e Nesse sentido, também são propostas análises
Código de Defesa do Consumidor, Código Na- linguísticas e semióticas de textos vinculados
cional de Trânsito etc.), até os de ordem mais a formas políticas não institucionalizadas, mo-
geral, como a Constituição e a Declaração dos vimentos de várias naturezas, coletivos, produ-
Direitos Humanos, sempre tomados a partir de ções artísticas, intervenções urbanas etc.

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No campo das práticas investigativas, há ticos, verbetes de enciclopédias colaborativas,
uma ênfase nos gêneros didático-expositivos, vídeos-minuto etc. Trata-se de fomentar uma
impressos ou digitais, do 6º ao 9º ano, sendo formação que possibilite o trato crítico e criterio-
a progressão dos conhecimentos marcada pela so das informações e dados.
indicação do que se operacionaliza na leitura, No âmbito do Campo artístico-literário, trata-
escrita, oralidade. Nesse processo, procedimen- -se de possibilitar o contato com as manifesta-
tos e gêneros de apoio à compreensão são pro- ções artísticas em geral, e, de forma particular
postos em todos os anos. Esses textos servirão e especial, com a arte literária e de oferecer as
de base para a reelaboração de conhecimentos, condições para que se possa reconhecer, valo-
a partir da elaboração de textos-síntese, como rizar e fruir essas manifestações. Está em jogo
quadro-sinópticos, esquemas, gráficos, infográ- a continuidade da formação do leitor literário,
ficos, tabelas, resumos, entre outros, que per- com especial destaque para o desenvolvimen-
mitem o processamento e a organização de co- to da fruição, de modo a evidenciar a condição
nhecimentos em práticas de estudo e de dados estética desse tipo de leitura e de escrita. Para
levantados em diferentes fontes de pesquisa. que a função utilitária da literatura – e da arte
Será dada ênfase especial a procedimentos de em geral – possa dar lugar à sua dimensão hu-
busca, tratamento e análise de dados e informa- manizadora, transformadora e mobilizadora, é
ções e a formas variadas de registro e socializa- preciso supor – e, portanto, garantir a forma-
ção de estudos e pesquisas, que envolvem não ção de – um leitor-fruidor, ou seja, de um sujei-
só os gêneros já consagrados, como apresenta- to que seja capaz de se implicar na leitura dos
ção oral e ensaio escolar, como também outros textos, de “desvendar” suas múltiplas camadas
gêneros da cultura digital – relatos multimidiá- de sentido, de responder às suas demandas e

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de firmar pactos de leitura. Para tanto, as habi- ser e estar no mundo e, pelo reconhecimento do
lidades, no que tange à formação literária, en- que é diverso, compreender a si mesmo e de-
volvem conhecimentos de gêneros narrativos senvolver uma atitude de respeito e valorização
e poéticos que podem ser desenvolvidos em do que é diferente.
função dessa apreciação e que dizem respeito, Outros gêneros, além daqueles cuja aborda-
no caso da narrativa literária, a seus elementos gem é sugerida na BNCC, podem e devem ser
(espaço, tempo, personagens); às escolhas incorporados aos currículos das escolas e, assim
que constituem o estilo nos textos, na configu- como já salientado, os gêneros podem ser con-
ração do tempo e do espaço e na construção templados em anos diferentes dos indicados.
dos personagens; aos diferentes modos de Também, como já mencionado, nos Anos Fi-
se contar uma história (em primeira ou tercei- nais do Ensino Fundamental, os conhecimen-
ra pessoa, por meio de um narrador persona- tos sobre a língua, sobre as demais semioses
gem, com pleno ou parcial domínio dos acon- e sobre a norma-padrão se articulam aos de-
tecimentos); à polifonia própria das narrativas, mais eixos em que se organizam os objetivos
que oferecem níveis de complexidade a serem de aprendizagem e desenvolvimento de Lín-
explorados em cada ano da escolaridade; ao gua Portuguesa. Dessa forma, as abordagens
fôlego dos textos. No caso da poesia, desta- linguística, metalinguística e reflexiva ocorrem
cam-se, inicialmente, os efeitos de sentido pro- sempre a favor da prática de linguagem que
duzidos por recursos de diferentes naturezas, está em evidência nos eixos de leitura, escrita
para depois se alcançar a dimensão imagética, ou oralidade.
constituída de processos metafóricos e meto- Os conhecimentos sobre a língua, as de-
nímicos muito presentes na linguagem poética. mais semioses e a norma-padrão não devem
Ressalta-se, ainda, a proposição de objeti- ser tomados como uma lista de conteúdos
vos de aprendizagem e desenvolvimento que dissociados das práticas de linguagem, mas
concorrem para a capacidade dos estudantes como propiciadores de reflexão a respeito do
de relacionarem textos, percebendo os efeitos funcionamento da língua no contexto dessas
de sentidos decorrentes da intertextualidade práticas. A seleção de habilidades na BNCC
temática e da polifonia resultante da inserção está relacionada com aqueles conhecimen-
– explícita ou não – de diferentes vozes nos tos fundamentais para que o estudante possa
textos. A relação entre textos e vozes se ex- apropriar-se do sistema linguístico que organi-
pressa, também, nas práticas de compartilha- za o português brasileiro.
mento que promovem a escuta e a produção Alguns desses objetivos, sobretudo aque-
de textos, de diferentes gêneros e em diferen- les que dizem respeito à norma, são transver-
tes mídias, que se prestam à expressão das sais a toda a base de Língua Portuguesa. O
preferências e das apreciações do que foi lido/ conhecimento da ortografia, da pontuação, da
ouvido/assistido. acentuação, por exemplo, deve estar presen-
Por fim, destaque-se a relevância desse cam- te ao longo de toda escolaridade, abordados
po para o exercício da empatia e do diálogo, conforme o ano da escolaridade. Assume-se,
tendo em vista a potência da arte e da literatura na BNCC de Língua Portuguesa, uma pers-
como expedientes que permitem o contato com pectiva de progressão de conhecimentos que
diversificados valores, comportamentos, cren- vai das regularidades às irregularidades e dos
ças, desejos e conflitos, o que contribui para usos mais frequentes e simples aos menos ha-
reconhecer e compreender modos distintos de bituais e mais complexos.

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Língua Portuguesa – 6o ao 9o Ano
PRÁTICAS DE LINGUAGEM OBJETOS DE CONHECIMENTO
CAMPO JORNALÍSTICO/MIDIÁTICO – Trata-se, em relação a este Campo, de ampliar e qualificar a participação
das crianças, adolescentes e jovens nas práticas relativas ao trato com a informação e opinião, que estão no
centro da esfera jornalística/midiática. Para além de construir conhecimentos e desenvolver habilidades envolvidas
na escuta, leitura e produção de textos que circulam no campo, o que se pretende é propiciar experiências
que permitam desenvolver nos adolescentes e jovens a sensibilidade para que se interessem pelos fatos que
acontecem na sua comunidade, na sua cidade e no mundo e afetam as vidas das pessoas, incorporem em suas
vidas a prática de escuta, leitura e produção de textos pertencentes a gêneros da esfera jornalística em diferentes
fontes, veículos e mídias, e desenvolvam autonomia e pensamento crítico para se situar em relação a interesses e
posicionamentos diversos e possam produzir textos noticiosos e opinativos e participar de discussões e debates
de forma ética e respeitosa.

Leitura Apreciação e réplica


Relação entre gêneros e mídias

Estratégia de leitura: apreender os sentidos globais do texto

Efeitos de sentido

Produção de textos Relação do texto com o contexto de produção e experimentação


de papéis sociais

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Manual do Educador

HABILIDADES
Vários são os gêneros possíveis de serem contemplados em atividades de leitura e produção de textos para além
dos já trabalhados nos anos iniciais do ensino fundamental (notícia, álbum noticioso, carta de leitor, entrevista
etc.): reportagem, reportagem multimidiática, fotorreportagem, foto-denúncia, artigo de opinião, editorial, resenha
crítica, crônica, comentário, debate, vlog noticioso, vlog cultural, meme, charge, charge digital, political remix,
anúncio publicitário, propaganda, jingle, spot, dentre outros. A referência geral é que, em cada ano, contemplem-
se gêneros que lidem com informação, opinião e apreciação, gêneros mais típicos dos letramentos da letra e do
impresso e gêneros multissemióticos e hipermidiáticos, próprios da cultura digital e das culturas juvenis.
Diversos também são os processos, ações e atividades que podem ser contemplados em atividades de uso e
reflexão: curar, seguir/ser seguido, curtir, comentar, compartilhar, remixar etc.
Ainda com relação a esse campo, trata-se também de compreender as formas de persuasão do discurso
publicitário, o apelo ao consumo, as diferenças entre vender um produto e “vender” uma ideia, entre anúncio
publicitário e propaganda.

(EF69LP01) Diferenciar liberdade de expressão de discursos de ódio, posicionando-se contrariamente a esse tipo
de discurso e vislumbrando possibilidades de denúncia quando for o caso.
(EF69LP02) Analisar e comparar peças publicitárias variadas (cartazes, folhetos, outdoor, anúncios e
propagandas em diferentes mídias, spots, jingle, vídeos etc.), de forma a perceber a articulação entre elas em
campanhas, as especificidades das várias semioses e mídias, a adequação dessas peças ao público-alvo, aos
objetivos do anunciante e/ou da campanha e à construção composicional e estilo dos gêneros em questão, como
forma de ampliar suas possibilidades de compreensão (e produção) de textos pertencentes a esses gêneros.

(EF69LP03) Identificar, em notícias, o fato central, suas principais circunstâncias e eventuais decorrências; em
reportagens e fotorreportagens o fato ou a temática retratada e a perspectiva de abordagem, em entrevistas os
principais temas/subtemas abordados, explicações dadas ou teses defendidas em relação a esses subtemas; em
tirinhas, memes, charge, a crítica, ironia ou humor presente.

(EF69LP04) Identificar e analisar os efeitos de sentido que fortalecem a persuasão nos textos publicitários,
relacionando as estratégias de persuasão e apelo ao consumo com os recursos linguístico-discursivos utilizados,
como imagens, tempo verbal, jogos de palavras, figuras de linguagem etc., com vistas a fomentar práticas de
consumo conscientes.
(EF69LP05) Inferir e justificar, em textos multissemióticos – tirinhas, charges, memes, gifs etc. –, o efeito de
humor, ironia e/ou crítica pelo uso ambíguo de palavras, expressões ou imagens ambíguas, de clichês, de
recursos iconográficos, de pontuação etc.

(EF69LP06) Produzir e publicar notícias, fotodenúncias, fotorreportagens, reportagens, reportagens


multimidiáticas, infográficos, podcasts noticiosos, entrevistas, cartas de leitor, comentários, artigos de opinião
de interesse local ou global, textos de apresentação e apreciação de produção cultural – resenhas e outros
próprios das formas de expressão das culturas juvenis, tais como vlogs e podcasts culturais, gameplay, detonado
etc.– e cartazes, anúncios, propagandas, spots, jingles de campanhas sociais, dentre outros em várias mídias,
vivenciando de forma significativa o papel de repórter, de comentador, de analista, de crítico, de editor ou
articulista, de booktuber, de vlogger (vlogueiro) etc., como forma de compreender as condições de produção que
envolvem a circulação desses textos e poder participar e vislumbrar possibilidades de participação nas práticas de
linguagem do campo jornalístico e do campo midiático de forma ética e responsável, levando-se em consideração
o contexto da Web 2.0, que amplia a possibilidade de circulação desses textos e “funde” os papéis de leitor e
autor, de consumidor e produtor.

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Língua Portuguesa – 6o ao 9o Ano (Continuação)
PRÁTICAS DE LINGUAGEM OBJETOS DE CONHECIMENTO
CAMPO JORNALÍSTICO/MIDIÁTICO
Produção de textos Textualização

Revisão/edição de texto informativo e opinativo

Planejamento de textos de peças publicitárias de campanhas


sociais

Oralidade Produção de textos jornalísticos orais


*Considerar todas as habilidades dos eixos
leitura e produção que se referem a textos ou
produções orais, em áudio ou vídeo

Planejamento e produção de textos jornalísticos orais

Oralidade Participação em discussões orais de temas controversos de in-


teresse da turma e/ou de relevância social

Análise linguística/semiótica Construção composicional

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Manual do Educador

HABILIDADES

(EF69LP07) Produzir textos em diferentes gêneros, considerando sua adequação ao contexto produção e
circulação – os enunciadores envolvidos, os objetivos, o gênero, o suporte, a circulação -, ao modo (escrito
ou oral; imagem estática ou em movimento etc.), à variedade linguística e/ou semiótica apropriada a esse
contexto, à construção da textualidade relacionada às propriedades textuais e do gênero), utilizando estratégias
de planejamento, elaboração, revisão, edição, reescrita/redesign e avaliação de textos, para, com a ajuda do
professor e a colaboração dos colegas, corrigir e aprimorar as produções realizadas, fazendo cortes, acréscimos,
reformulações, correções de concordância, ortografia, pontuação em textos e editando imagens, arquivos sonoros,
fazendo cortes, acréscimos, ajustes, acrescentando/ alterando efeitos, ordenamentos etc.
(EF69LP08) Revisar/editar o texto produzido – notícia, reportagem, resenha, artigo de opinião, dentre outros –,
tendo em vista sua adequação ao contexto de produção, a mídia em questão, características do gênero, aspectos
relativos à textualidade, a relação entre as diferentes semioses, a formatação e uso adequado das ferramentas de
edição (de texto, foto, áudio e vídeo, dependendo do caso) e adequação à norma culta.
(EF69LP09) Planejar uma campanha publicitária sobre questões/problemas, temas, causas significativas para a
escola e/ou comunidade, a partir de um levantamento de material sobre o tema ou evento, da definição do público-
-alvo, do texto ou peça a ser produzido – cartaz, banner, folheto, panfleto, anúncio impresso e para internet, spot,
propaganda de rádio, TV etc. –, da ferramenta de edição de texto, áudio ou vídeo que será utilizada, do recorte e
enfoque a ser dado, das estratégias de persuasão que serão utilizadas etc.
(EF69LP10) Produzir notícias para rádios, TV ou vídeos, podcasts noticiosos e de opinião, entrevistas, comentários,
vlogs, jornais radiofônicos e televisivos, dentre outros possíveis, relativos a fato e temas de interesse pessoal, local
ou global e textos orais de apreciação e opinião – podcasts e vlogs noticiosos, culturais e de opinião, orientando-se
por roteiro ou texto, considerando o contexto de produção e demonstrando domínio dos gêneros.
(EF69LP11) Identificar e analisar posicionamentos defendidos e refutados na escuta de interações polêmicas em
entrevistas, discussões e debates (televisivo, em sala de aula, em redes sociais etc.), entre outros, e se posicionar
frente a eles.
(EF69LP12) Desenvolver estratégias de planejamento, elaboração, revisão, edição, reescrita/ redesign (esses
três últimos quando não for situação ao vivo) e avaliação de textos orais, áudio e/ou vídeo, considerando sua
adequação aos contextos em que foram produzidos, à forma composicional e estilo de gêneros, a clareza,
progressão temática e variedade linguística empregada, os elementos relacionados à fala, tais como modulação
de voz, entonação, ritmo, altura e intensidade, respiração etc., os elementos cinésicos, tais como postura corporal,
movimentos e gestualidade significativa, expressão facial, contato de olho com plateia etc.
(EF69LP13) Engajar-se e contribuir com a busca de conclusões comuns relativas a problemas, temas ou questões
polêmicas de interesse da turma e/ou de relevância social.
(EF69LP14) Formular perguntas e decompor, com a ajuda dos colegas e dos professores, tema/questão polêmica,
explicações e ou argumentos relativos ao objeto de discussão para análise mais minuciosa e buscar em fontes
diversas informações ou dados que permitam analisar partes da questão e compartilhá-los com a turma.
(EF69LP15) Apresentar argumentos e contra-argumentos coerentes, respeitando os turnos de fala, na
participação em discussões sobre temas controversos e/ou polêmicos.
(EF69LP16) Analisar e utilizar as formas de composição dos gêneros jornalísticos da ordem do relatar, tais como
notícias (pirâmide invertida no impresso X blocos noticiosos hipertextuais e hipermidiáticos no digital, que também
pode contar com imagens de vários tipos, vídeos, gravações de áudio etc.), da ordem do argumentar, tais como
artigos de opinião e editorial (contextualização, defesa de tese/opinião e uso de argumentos) e das entrevistas:
apresentação e contextualização do entrevistado e do tema, estrutura pergunta e resposta etc.

XXIII

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Língua Portuguesa – 6o ao 9o Ano (Continuação)
PRÁTICAS DE LINGUAGEM OBJETOS DE CONHECIMENTO
CAMPO JORNALÍSTICO/MIDIÁTICO
Análise linguística/semiótica Estilo

Efeito de sentido

CAMPO DE ATUAÇÃO NA VIDA PÚBLICA – Trata-se, neste Campo, de ampliar e qualificar a participação dos
jovens nas práticas relativas ao debate de ideias e à atuação política e social, por meio do(a):
• compreensão dos interesses que movem a esfera política em seus diferentes níveis e instâncias, das
formas e canais de participação institucionalizados, incluindo os digitais, e das formas de participação não
institucionalizadas, incluindo aqui manifestações artísticas e intervenções urbanas;
• reconhecimento da importância de se envolver com questões de interesse público e coletivo e compreensão
do contexto de promulgação dos direitos humanos, das políticas afirmativas, e das leis de uma forma geral em
um estado democrático, como forma de propiciar a vivência democrática em várias instâncias e uma atuação
pautada pela ética da responsabilidade (o outro tem direito a uma vida digna tanto quanto eu tenho);
• desenvolvimento de habilidades e aprendizagem de procedimentos envolvidos na leitura/escuta e produção de
textos pertencentes a gêneros relacionados à discussão e implementação de propostas, à defesa de direitos e a
projetos culturais e de interesse público de diferentes naturezas.
Envolvem o domínio de gêneros legais e o conhecimento dos canais competentes para questionamentos,
reclamação de direitos e denúncias de desrespeitos a legislações e regulamentações e a direitos; de discussão
de propostas e programas de interesse público no contexto de agremiações, coletivos, movimentos e outras
instâncias e fóruns de discussão da escola, da comunidade e da cidade.

Leitura Reconstrução das condições de produção e circulação e


adequação do texto à construção composicional e ao estilo de
gênero
(Lei, código, estatuto, código, regimento etc.)

XXIV
XXIV

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Manual do Educador

HABILIDADES

(EF69LP17) Perceber e analisar os recursos estilísticos e semióticos dos gêneros jornalísticos e publicitários, os
aspectos relativos ao tratamento da informação em notícias, como a ordenação dos eventos, as escolhas lexicais,
o efeito de imparcialidade do relato, a morfologia do verbo, em textos noticiosos e argumentativos, reconhecendo
marcas de pessoa, número, tempo, modo, a distribuição dos verbos nos gêneros textuais (por exemplo, as formas
de pretérito em relatos; as formas de presente e futuro em gêneros argumentativos; as formas de imperativo em
gêneros publicitários), o uso de recursos persuasivos em textos argumentativos diversos (como a elaboração do
título, escolhas lexicais, construções metafóricas, a explicitação ou a ocultação de fontes de informação) e as
estratégias de persuasão e apelo ao consumo com os recursos linguístico-discursivos utilizados (tempo verbal,
jogos de palavras, metáforas, imagens).
(EF69LP18) Utilizar, na escrita/reescrita de textos argumentativos, recursos linguísticos que marquem as relações
de sentido entre parágrafos e enunciados do texto e operadores de conexão adequados aos tipos de argumento
e à forma de composição de textos argumentativos, de maneira a garantir a coesão, a coerência e a progressão
temática nesses textos (“primeiramente, mas, no entanto, em primeiro/segundo/terceiro lugar, finalmente, em
conclusão” etc.).
(EF69LP19) Analisar, em gêneros orais que envolvam argumentação, os efeitos de sentido de elementos típicos
da modalidade falada, como a pausa, a entonação, o ritmo, a gestualidade e expressão facial, as hesitações etc.
Trata-se também de possibilitar vivências significativas, na articulação com todas as áreas do currículo e com
os interesses e escolhas pessoais dos adolescentes e jovens, que envolvam a proposição, desenvolvimento e
avaliação de ações e projetos culturais, de forma a fomentar o protagonismo juvenil de forma contextualizada.
Essas habilidades mais gerais envolvem o domínio contextualizado de gêneros já considerados em outras
esferas – como discussão oral, debate, palestra, apresentação oral, notícia, reportagem, artigo de opinião, cartaz,
spot, propaganda (de campanhas variadas, nesse campo inclusive de campanhas políticas) – e de outros, como
estatuto, regimento, projeto cultural, carta aberta, carta de solicitação, carta de reclamação, abaixo-assinado,
petição online, requerimento, turno de fala em assembleia, tomada de turno em reuniões, edital, proposta, ata,
parecer, enquete, relatório etc., os quais supõem o reconhecimento de sua função social, a análise da forma como
se organizam e dos recursos e elementos linguísticos e das demais semioses envolvidos na tessitura de textos
pertencentes a esses gêneros.
Em especial, vale destacar que o trabalho com discussão oral, debate, propaganda, campanha e apresentação
oral podem/devem se relacionar também com questões, temáticas e práticas próprias do campo de atuação
na vida pública. Assim, as mesmas habilidades relativas a esses gêneros e práticas propostas para o Campo
jornalístico/midiático e para o Campo das práticas de ensino e pesquisa devem ser aqui consideradas: discussão,
debate e apresentação oral de propostas políticas ou de solução para problemas que envolvem a escola ou a
comunidade e propaganda política. Da mesma forma, as habilidades relacionadas à argumentação e à distinção
entre fato e opinião também devem ser consideradas nesse campo.
(EF69LP20) Identificar, tendo em vista o contexto de produção, a forma de organização dos textos normativos
e legais, a lógica de hierarquização de seus itens e subitens e suas partes: parte inicial (título – nome e data
– e ementa), blocos de artigos (parte, livro, capítulo, seção, subseção), artigos (caput e parágrafos e incisos) e
parte final (disposições pertinentes à sua implementação) e analisar efeitos de sentido causados pelo uso de
vocabulário técnico, pelo uso do imperativo, de palavras e expressões que indicam circunstâncias, como advérbios
e locuções adverbiais, de palavras que indicam generalidade, como alguns pronomes indefinidos, de forma a
poder compreender o caráter imperativo, coercitivo e generalista das leis e de outras formas de regulamentação.

XXV

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Língua Portuguesa – 6o ao 9o Ano (Continuação)
PRÁTICAS DE LINGUAGEM OBJETOS DE CONHECIMENTO
CAMPO DE ATUAÇÃO NA VIDA PÚBLICA
Leitura Apreciação e réplica

Produção de textos Textualização, revisão e edição

Oralidade Discussão oral

Oralidade Registro

Análise linguística/semiótica Análise de textos legais/normativos, propositivos e reivindicatórios

Modalização

XXVI
XXVI

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Manual do Educador

HABILIDADES

(EF69LP21) Posicionar-se em relação a conteúdos veiculados em práticas não institucionalizadas de participação


social, sobretudo àquelas vinculadas a manifestações artísticas, produções culturais, intervenções urbanas e
práticas próprias das culturas juvenis que pretendam denunciar, expor uma problemática ou “convocar” para
uma reflexão/ação, relacionando esse texto/produção com seu contexto de produção e relacionando as partes e
semioses presentes para a construção de sentidos.
(EF69LP22) Produzir, revisar e editar textos reivindicatórios ou propositivos sobre problemas que afetam a vida
escolar ou da comunidade, justificando pontos de vista, reivindicações e detalhando propostas (justificativa,
objetivos, ações previstas etc.), levando em conta seu contexto de produção e as características dos gêneros em
questão.
(EF69LP23) Contribuir com a escrita de textos normativos, quando houver esse tipo de demanda na escola –
regimentos e estatutos de organizações da sociedade civil do âmbito da atuação das crianças e jovens (grêmio
livre, clubes de leitura, associações culturais etc.) – e de regras e regulamentos nos vários âmbitos da escola –
campeonatos, festivais, regras de convivência etc., levando em conta o contexto de produção e as características
dos gêneros em questão.
(EF69LP24) Discutir casos, reais ou simulações, submetidos a juízo, que envolvam (supostos) desrespeitos a
artigos, do ECA, do Código de Defesa do Consumidor, do Código Nacional de Trânsito, de regulamentações
do mercado publicitário etc., como forma de criar familiaridade com textos legais – seu vocabulário, formas de
organização, marcas de estilo etc. -, de maneira a facilitar a compreensão de leis, fortalecer a defesa de direitos,
fomentar a escrita de textos normativos (se e quando isso for necessário) e possibilitar a compreensão do caráter
interpretativo das leis e as várias perspectivas que podem estar em jogo.
(EF69LP25) Posicionar-se de forma consistente e sustentada em uma discussão, assembleia, reuniões de
colegiados da escola, de agremiações e outras situações de apresentação de propostas e defesas de opiniões,
respeitando as opiniões contrárias e propostas alternativas e fundamentando seus posicionamentos, no tempo de
fala previsto, valendo-se de sínteses e propostas claras e justificadas.
(EF69LP26) Tomar nota em discussões, debates, palestras, apresentação de propostas, reuniões, como forma de
documentar o evento e apoiar a própria fala (que pode se dar no momento do evento ou posteriormente, quando,
por exemplo, for necessária a retomada dos assuntos tratados em outros contextos públicos, como diante dos
representados).
(EF69LP27) Analisar a forma composicional de textos pertencentes a gêneros normativos/ jurídicos e a gêneros
da esfera política, tais como propostas, programas políticos (posicionamento quanto a diferentes ações a serem
propostas, objetivos, ações previstas etc.), propaganda política (propostas e sua sustentação, posicionamento
quanto a temas em discussão) e textos reivindicatórios: cartas de reclamação, petição (proposta, suas
justificativas e ações a serem adotadas) e suas marcas linguísticas, de forma a incrementar a compreensão de
textos pertencentes a esses gêneros e a possibilitar a produção de textos mais adequados e/ou fundamentados
quando isso for requerido.
(EF69LP28) Observar os mecanismos de modalização adequados aos textos jurídicos, as modalidades deônticas,
que se referem ao eixo da conduta (obrigatoriedade/permissibilidade) como, por exemplo: Proibição: “Não se
deve fumar em recintos fechados.”; Obrigatoriedade: “A vida tem que valer a pena.”; Possibilidade: “É permitido a
entrada de menores acompanhados de adultos responsáveis”, e os mecanismos de modalização adequados aos
textos políticos e propositivos, as modalidades apreciativas, em que o locutor exprime um juízo de valor (positivo
ou negativo) acerca do que enuncia. Por exemplo: “Que belo discurso!”, “Discordo das escolhas de Antônio.”
“Felizmente, o buraco ainda não causou acidentes mais graves.”

XXVII

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Língua Portuguesa – 6o ao 9o Ano (Continuação)
PRÁTICAS DE LINGUAGEM OBJETOS DE CONHECIMENTO
CAMPO DAS PRÁTICAS DE ESTUDO E PESQUISA – Trata-se de ampliar e qualificar a participação dos jovens
nas práticas relativas ao estudo e à pesquisa, por meio de:
• compreensão dos interesses, atividades e procedimentos que movem as esferas científica, de divulgação
científica e escolar;
• reconhecimento da importância do domínio dessas práticas para a compreensão do mundo físico e da realidade
social, para o prosseguimento dos estudos e para formação para o trabalho; e
• desenvolvimento de habilidades e aprendizagens de procedimentos envolvidos na leitura/escuta e produção de
textos pertencentes a gêneros relacionados ao estudo, à pesquisa e à divulgação científica.

Leitura Reconstrução das condições de produção e recepção dos


textos e adequação do texto à construção composicional e ao
estilo de gênero

Relação entre textos

Apreciação e réplica

Estratégias e procedimentos de leitura


Relação do verbal com outras semioses
Procedimentos e gêneros de apoio à compreensão

XXXXVIII
VIII

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Manual do Educador

HABILIDADES
Essas habilidades mais gerais envolvem o domínio contextualizado de gêneros como apresentação oral,
palestra, mesa-redonda, debate, artigo de divulgação científica, artigo científico, artigo de opinião, ensaio,
reportagem de divulgação científica, texto didático, infográfico, esquemas, relatório, relato (multimidiático) de
campo, documentário, cartografia animada, podcasts e vídeos diversos de divulgação científica, que supõem
o reconhecimento de sua função social, a análise da forma como se organizam e dos recursos e elementos
linguísticos das demais semioses (ou recursos e elementos multimodais) envolvidos na tessitura de textos
pertencentes a esses gêneros.
Trata-se também de aprender, de forma significativa, na articulação com outras áreas e com os projetos e
escolhas pessoais dos jovens, procedimentos de investigação e pesquisa. Para além da leitura/escuta de textos/
produções pertencentes aos gêneros já mencionados, cabe diversificar, em cada ano e ao longo dos anos, os
gêneros/produções escolhidos para apresentar e socializar resultados de pesquisa, de forma a contemplar a
apresentação oral, gêneros mais típicos dos letramentos da letra e do impresso, gêneros multissemióticos, textos
hipermidiáticos, que suponham colaboração, próprios da cultura digital e das culturas juvenis.
(EF69LP29) Refletir sobre a relação entre os contextos de produção dos gêneros de divulgação científica – texto
didático, artigo de divulgação científica, reportagem de divulgação científica, verbete de enciclopédia (impressa
e digital), esquema, infográfico (estático e animado), relatório, relato multimidiático de campo, podcasts e vídeos
variados de divulgação científica etc. – e os aspectos relativos à construção composicional e às marcas linguística
características desses gêneros, de forma a ampliar suas possibilidades de compreensão (e produção) de textos
pertencentes a esses gêneros.
(EF69LP30) Comparar, com a ajuda do professor, conteúdos, dados e informações de diferentes fontes,
levando em conta seus contextos de produção e referências, identificando coincidências, complementaridades
e contradições, de forma a poder identificar erros/imprecisões conceituais, compreender e posicionar-se
criticamente sobre os conteúdos e informações em questão.
(EF69LP31) Utilizar pistas linguísticas – tais como “em primeiro/segundo/terceiro lugar”, “por outro lado”, “dito de
outro modo”, isto é”, “por exemplo” – para compreender a hierarquização das proposições, sintetizando o conteúdo
dos textos.
(EF69LP32) Selecionar informações e dados relevantes de fontes diversas (impressas, digitais, orais etc.),
avaliando a qualidade e a utilidade dessas fontes, e organizar, esquematicamente, com ajuda do professor, as
informações necessárias (sem excedê-las) com ou sem apoio de ferramentas digitais, em quadros, tabelas ou
gráficos.
(EF69LP33) Articular o verbal com os esquemas, infográficos, imagens variadas etc. na (re)construção dos
sentidos dos textos de divulgação científica e retextualizar do discursivo para o esquemático – infográfico,
esquema, tabela, gráfico, ilustração etc. – e, ao contrário, transformar o conteúdo das tabelas, esquemas,
infográficos, ilustrações etc. em texto discursivo, como forma de ampliar as possibilidades de compreensão
desses textos e analisar as características das multissemioses e dos gêneros em questão.
(EF69LP34) Grifar as partes essenciais do texto, tendo em vista os objetivos de leitura, produzir marginálias (ou
tomar notas em outro suporte), sínteses organizadas em itens, quadro sinóptico, quadro comparativo, esquema,
resumo ou resenha do texto lido (com ou sem comentário/análise), mapa conceitual, dependendo do que for
mais adequado, como forma de possibilitar uma maior compreensão do texto, a sistematização de conteúdos e
informações e um posicionamento frente aos textos, se esse for o caso.

XXIX

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Língua Portuguesa – 6o ao 9o Ano (Continuação)
PRÁTICAS DE LINGUAGEM OBJETOS DE CONHECIMENTO
CAMPO DAS PRÁTICAS DE ESTUDO E PESQUISA
Produção de textos Consideração das condições de produção de textos de
divulgação científica
Estratégias de escrita

Estratégias de escrita: textualização, revisão e edição

Estratégias de produção

Oralidade Estratégias de produção: planejamento e produção de


apresentações orais

Estratégias de produção

Análise linguística/semiótica Construção composicional


Elementos paralinguísticos e cinésicos
Apresentações orais

Análise linguística/semiótica Usar adequadamente ferramentas de apoio a apresentações


orais

XXX
XXX

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Manual do Educador

HABILIDADES

(EF69LP35) Planejar textos de divulgação científica, a partir da elaboração de esquema que considere as
pesquisas feitas anteriormente, de notas e sínteses de leituras ou de registros de experimentos ou de estudo
de campo, produzir, revisar e editar textos voltados para a divulgação do conhecimento e de dados e resultados
de pesquisas, tais como artigo de divulgação científica, artigo de opinião, reportagem científica, verbete
de enciclopédia, verbete de enciclopédia digital colaborativa , infográfico, relatório, relato de experimento
científico, relato (multimidiático) de campo, tendo em vista seus contextos de produção, que podem envolver a
disponibilização de informações e conhecimentos em circulação em um formato mais acessível para um público
específico ou a divulgação de conhecimentos advindos de pesquisas bibliográficas, experimentos científicos e
estudos de campo realizados.
(EF69LP36) Produzir, revisar e editar textos voltados para a divulgação do conhecimento e de dados e resultados
de pesquisas, tais como artigos de divulgação científica, verbete de enciclopédia, infográfico, infográfico
animado, podcast ou vlog científico, relato de experimento, relatório, relatório multimidiático de campo, dentre
outros, considerando o contexto de produção e as regularidades dos gêneros em termos de suas construções
composicionais e estilos.
(EF69LP37) Produzir roteiros para elaboração de vídeos de diferentes tipos (vlog científico, vídeo-minuto,
programa de rádio, podcasts) para divulgação de conhecimentos científicos e resultados de pesquisa, tendo em
vista seu contexto de produção, os elementos e a construção composicional dos roteiros.
(EF69LP38) Organizar os dados e informações pesquisados em painéis ou slides de apresentação, levando
em conta o contexto de produção, o tempo disponível, as características do gênero apresentação oral, a
multissemiose, as mídias e tecnologias que serão utilizadas, ensaiar a apresentação, considerando também
elementos paralinguísticos e cinésicos e proceder à exposição oral de resultados de estudos e pesquisas, no
tempo determinado, a partir do planejamento e da definição de diferentes formas de uso da fala – memorizada,
com apoio da leitura ou fala espontânea.
(EF69LP39) Definir o recorte temático da entrevista e o entrevistado, levantar informações sobre o entrevistado
e sobre o tema da entrevista, elaborar roteiro de perguntas, realizar entrevista, a partir do roteiro, abrindo
possibilidades para fazer perguntas a partir da resposta, se o contexto permitir, tomar nota, gravar ou salvar a
entrevista e usar adequadamente as informações obtidas, de acordo com os objetivos estabelecidos.

(EF69LP40) Analisar, em gravações de seminários, conferências rápidas, trechos de palestras, dentre outros, a
construção composicional dos gêneros de apresentação – abertura/saudação, introdução ao tema, apresentação
do plano de exposição, desenvolvimento dos conteúdos, por meio do encadeamento de temas e subtemas
(coesão temática), síntese final e/ou conclusão, encerramento –, os elementos paralinguísticos (tais como: tom e
volume da voz, pausas e hesitações – que, em geral, devem ser minimizadas –, modulação de voz e entonação,
ritmo, respiração etc.) e cinésicos (tais como: postura corporal, movimentos e gestualidade significativa, expressão
facial, contato de olho com plateia, modulação de voz e entonação, sincronia da fala com ferramenta de apoio
etc.), para melhor performar apresentações orais no campo da divulgação do conhecimento.
(EF69LP41) Usar adequadamente ferramentas de apoio a apresentações orais, escolhendo e usando tipos
e tamanhos de fontes que permitam boa visualização, topicalizando e/ou organizando o conteúdo em itens,
inserindo de forma adequada imagens, gráficos, tabelas, formas e elementos gráficos, dimensionando a
quantidade de texto (e imagem) por slide, usando progressivamente e de forma harmônica recursos mais
sofisticados como efeitos de transição, slides mestres, layouts personalizados etc.

XXXI

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Língua Portuguesa – 6o ao 9o Ano (Continuação)
PRÁTICAS DE LINGUAGEM OBJETOS DE CONHECIMENTO
CAMPO DAS PRÁTICAS DE ESTUDO E PESQUISA
Análise linguística/semiótica Construção composicional e estilo
Gêneros de divulgação científica

Marcas linguísticas
Intertextualidade

CAMPO ARTÍSTICO-LITERÁRIO – O que está em jogo neste campo é possibilitar às crianças, adolescentes e
jovens dos Anos Finais do Ensino Fundamental o contato com as manifestações artísticas e produções culturais
em geral, e com a arte literária em especial, e oferecer as condições para que eles possam compreendê-las e
frui-las de maneira significativa e, gradativamente, crítica. Trata-se, assim, de ampliar e diversificar as práticas
relativas à leitura, à compreensão, à fruição e ao compartilhamento das manifestações artístico-literárias,
representativas da diversidade cultural, linguística e semiótica, por meio:
• da compreensão das finalidades, das práticas e dos interesses que movem a esfera artística e a esfera literária,
bem como das linguagens e mídias que dão forma e sustentação às suas manifestações;
• da experimentação da arte e da literatura como expedientes que permitem (re)conhecer diferentes maneiras de
ser, pensar, (re)agir, sentir e, pelo confronto com o que é diverso, desenvolver uma atitude de valorização e de
respeito pela diversidade;
• do desenvolvimento de habilidades que garantam a compreensão, a apreciação, a produção e o compartilhamento
de textos dos diversos gêneros, em diferentes mídias, que circulam nas esferas literária e artística.
Para que a experiência da literatura – e da arte em geral – possa alcançar seu potencial transformador e
humanizador, é preciso promover a formação de um leitor que não apenas compreenda os sentidos dos textos,
mas também que seja capaz de frui-los. Um sujeito que desenvolve critérios de escolha e preferências (por
autores, estilos, gêneros) e que compartilha impressões e críticas com outros leitores-fruidores.
Leitura Reconstrução das condições de produção, circulação e recepção
Apreciação e réplica

XXXII
XXXII

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Manual do Educador

HABILIDADES

(EF69LP42) Analisar a construção composicional dos textos pertencentes a gêneros relacionados à divulgação
de conhecimentos: título, (olho), introdução, divisão do texto em subtítulos, imagens ilustrativas de conceitos,
relações, ou resultados complexos (fotos, ilustrações, esquemas, gráficos, infográficos, diagramas, figuras,
tabelas, mapas) etc., exposição, contendo definições, descrições, comparações, enumerações, exemplificações
e remissões a conceitos e relações por meio de notas de rodapé, boxes ou links; ou título, contextualização
do campo, ordenação temporal ou temática por tema ou subtema, intercalação de trechos verbais com fotos,
ilustrações, áudios, vídeos etc. e reconhecer traços da linguagem dos textos de divulgação científica, fazendo
uso consciente das estratégias de impessoalização da linguagem (ou de pessoalização, se o tipo de publicação
e objetivos assim o demandarem, como em alguns podcasts e vídeos de divulgação científica), 3ª pessoa,
presente atemporal, recurso à citação, uso de vocabulário técnico/especializado etc., como forma de ampliar suas
capacidades de compreensão e produção de textos nesses gêneros.
(EF69LP43) Identificar e utilizar os modos de introdução de outras vozes no texto – citação literal e sua
formatação e paráfrase –, as pistas linguísticas responsáveis por introduzir no texto a posição do autor e dos
outros autores citados (“Segundo X; De acordo com Y; De minha/nossa parte, penso/amos que”...) e os elementos
de normatização (tais como as regras de inclusão e formatação de citações e paráfrases, de organização de
referências bibliográficas) em textos científicos, desenvolvendo reflexão sobre o modo como a intertextualidade e a
retextualização ocorrem nesses textos.
A formação desse leitor-fruidor exige o desenvolvimento de habilidades, a vivência de experiências significativas
e aprendizagens que, por um lado, permitam a compreensão dos modos de produção, circulação e recepção das
obras e produções culturais e o desvelamento dos interesses e dos conflitos que permeiam suas condições de
produção e, por outro lado, garantam a análise dos recursos linguísticos e semióticos necessária à elaboração da
experiência estética pretendida.
Aqui também a diversidade deve orientar a organização/progressão curricular: diferentes gêneros, estilos, autores
e autoras – contemporâneos, de outras épocas, regionais, nacionais, portugueses, africanos e de outros países –
devem ser contemplados; o cânone, a literatura universal, a literatura juvenil, a tradição oral, o multissemiótico, a
cultura digital e as culturas juvenis, dentre outras diversidades, devem ser consideradas, ainda que deva haver um
privilégio do letramento da letra.
Compete ainda a este campo o desenvolvimento das práticas orais, tanto aquelas relacionadas à produção de
textos em gêneros literários e artísticos diversos quanto as que se prestam à apreciação e ao compartilhamento
e envolvam a seleção do que ler/ouvir/assistir e o exercício da indicação, da crítica, da recriação e do diálogo, por
meio de diferentes práticas e gêneros, que devem ser explorados ao longo dos anos.

(EF69LP44) Inferir a presença de valores sociais, culturais e humanos e de diferentes visões de mundo, em textos
literários, reconhecendo nesses textos formas de estabelecer múltiplos olhares sobre as identidades, sociedades e
culturas e considerando a autoria e o contexto social e histórico de sua produção.
(EF69LP45) Posicionar-se criticamente em relação a textos pertencentes a gêneros como quarta-capa, programa
(de teatro, dança, exposição etc.), sinopse, resenha crítica, comentário em blog/vlog cultural etc., para selecionar
obras literárias e outras manifestações artísticas (cinema, teatro, exposições, espetáculos, CD´s, DVD´s etc.),
diferenciando as sequências descritivas e avaliativas e reconhecendo-os como gêneros que apoiam a escolha do
livro ou produção cultural e consultando-os no momento de fazer escolhas, quando for o caso.

XXXIII

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Língua Portuguesa – 6o ao 9o Ano (Continuação)
PRÁTICAS DE LINGUAGEM OBJETOS DE CONHECIMENTO
CAMPO ARTÍSTICO-LITERÁRIO
Leitura Reconstrução das condições de produção, circulação e recepção
Apreciação e réplica

Reconstrução da textualidade e compreensão dos efeitos de


sentidos provocados pelos usos de recursos linguísticos e
multissemióticos

Adesão às práticas de leitura

Produção de textos Relação entre textos

Consideração das condições de produção


Estratégias de produção: planejamento, textualização e
revisão/edição

Oralidade Produção de textos orais

XXXXXIV
XIV

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Manual do Educador

HABILIDADES

(EF69LP46) Participar de práticas de compartilhamento de leitura/recepção de obras literárias/ manifestações


artísticas, como rodas de leitura, clubes de leitura, eventos de contação de histórias, de leituras dramáticas, de
apresentações teatrais, musicais e de filmes, cineclubes, festivais de vídeo, saraus, slams, canais de booktubers,
redes sociais temáticas (de leitores, de cinéfilos, de música etc.), dentre outros, tecendo, quando possível,
comentários de ordem estética e afetiva e justificando suas apreciações, escrevendo comentários e resenhas para
jornais, blogs e redes sociais e utilizando formas de expressão das culturas juvenis, tais como, vlogs e podcasts
culturais (literatura, cinema, teatro, música), playlists comentadas, fanfics, fanzines, e-zines, fanvídeos, fanclipes,
posts em fanpages, trailer honesto, vídeo-minuto, dentre outras possibilidades de práticas de apreciação e de
manifestação da cultura de fãs.
(EF69LP47) Analisar, em textos narrativos ficcionais, as diferentes formas de composição próprias de cada
gênero, os recursos coesivos que constroem a passagem do tempo e articulam suas partes, a escolha lexical
típica de cada gênero para a caracterização dos cenários e dos personagens e os efeitos de sentido decorrentes
dos tempos verbais, dos tipos de discurso, dos verbos de enunciação e das variedades linguísticas (no discurso
direto, se houver) empregados, identificando o enredo e o foco narrativo e percebendo como se estrutura a
narrativa nos diferentes gêneros e os efeitos de sentido decorrentes do foco narrativo típico de cada gênero, da
caracterização dos espaços físico e psicológico e dos tempos cronológico e psicológico, das diferentes vozes
no texto (do narrador, de personagens em discurso direto e indireto), do uso de pontuação expressiva, palavras
e expressões conotativas e processos figurativos e do uso de recursos linguístico-gramaticais próprios a cada
gênero narrativo.
(EF69LP48) Interpretar, em poemas, efeitos produzidos pelo uso de recursos expressivos sonoros (estrofação,
rimas, aliterações etc), semânticos (figuras de linguagem, por exemplo), gráfico- espacial (distribuição da mancha
gráfica no papel), imagens e sua relação com o texto verbal.
(EF69LP49) Mostrar-se interessado e envolvido pela leitura de livros de literatura e por outras produções
culturais do campo e receptivo a textos que rompam com seu universo de expectativas, que representem um
desafio em relação às suas possibilidades atuais e suas experiências anteriores de leitura, apoiando-se nas
marcas linguísticas, em seu conhecimento sobre os gêneros e a temática e nas orientações dadas pelo professor.
(EF69LP50) Elaborar texto teatral, a partir da adaptação de romances, contos, mitos, narrativas de enigma e de
aventura, novelas, biografias romanceadas, crônicas, dentre outros, indicando as rubricas para caracterização
do cenário, do espaço, do tempo; explicitando a caracterização física e psicológica dos personagens e dos seus
modos de ação; reconfigurando a inserção do discurso direto e dos tipos de narrador; explicitando as marcas de
variação linguística (dialetos, registros e jargões) e retextualizando o tratamento da temática.
(EF69LP51) Engajar-se ativamente nos processos de planejamento, textualização, revisão/ edição e reescrita,
tendo em vista as restrições temáticas, composicionais e estilísticas dos textos pretendidos e as configurações
da situação de produção – o leitor pretendido, o suporte, o contexto de circulação do texto, as finalidades etc. – e
considerando a imaginação, a estesia e a verossimilhança próprias ao texto literário.
(EF69LP52) Representar cenas ou textos dramáticos, considerando, na caracterização dos personagens,
os aspectos linguísticos e paralinguísticos das falas (timbre e tom de voz, pausas e hesitações, entonação e
expressividade, variedades e registros linguísticos), os gestos e os deslocamentos no espaço cênico, o figurino e
a maquiagem e elaborando as rubricas indicadas pelo autor por meio do cenário, da trilha sonora e da exploração
dos modos de interpretação.

XXXV

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Língua Portuguesa – 6o ao 9o Ano (Continuação)
PRÁTICAS DE LINGUAGEM OBJETOS DE CONHECIMENTO
CAMPO ARTÍSTICO-LITERÁRIO
Oralidade Produção de textos orais
Oralização

Análise linguística/semiótica Recursos linguísticos e semióticos que operam nos textos


pertencentes aos gêneros literários

TODOS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO


Análise linguística/semiótica Variação linguística

XXXXXVI
XVI

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Manual do Educador

HABILIDADES

(EF69LP53) Ler em voz alta textos literários diversos – como contos de amor, de humor, de suspense, de terror;
crônicas líricas, humorísticas, críticas; bem como leituras orais capituladas (compartilhadas ou não com o
professor) de livros de maior extensão, como romances, narrativas de enigma, narrativas de aventura, literatura
infanto-juvenil, – contar/recontar histórias tanto da tradição oral (causos, contos de esperteza, contos de animais,
contos de amor, contos de encantamento, piadas, dentre outros) quanto da tradição literária escrita, expressando
a compreensão e interpretação do texto por meio de uma leitura ou fala expressiva e fluente, que respeite o
ritmo, as pausas, as hesitações, a entonação indicados tanto pela pontuação quanto por outros recursos gráfico-
-editoriais, como negritos, itálicos, caixa-alta, ilustrações etc., gravando essa leitura ou esse conto/reconto, seja
para análise posterior, seja para produção de audiobooks de textos literários diversos ou de podcasts de leituras
dramáticas com ou sem efeitos especiais e ler e/ou declamar poemas diversos, tanto de forma livre quanto de
forma fixa (como quadras, sonetos, liras, haicais etc.), empregando os recursos linguísticos, paralinguísticos e
cinésicos necessários aos efeitos de sentido pretendidos, como o ritmo e a entonação, o emprego de pausas
e prolongamentos, o tom e o timbre vocais, bem como eventuais recursos de gestualidade e pantomima que
convenham ao gênero poético e à situação de compartilhamento em questão.
(EF69LP54) Analisar os efeitos de sentido decorrentes da interação entre os elementos linguísticos e os
recursos paralinguísticos e cinésicos, como as variações no ritmo, as modulações no tom de voz, as pausas,
as manipulações do estrato sonoro da linguagem, obtidos por meio da estrofação, das rimas e de figuras
de linguagem como as aliterações, as assonâncias, as onomatopeias, dentre outras, a postura corporal e
a gestualidade, na declamação de poemas, apresentações musicais e teatrais, tanto em gêneros em prosa
quanto nos gêneros poéticos, os efeitos de sentido decorrentes do emprego de figuras de linguagem, tais como
comparação, metáfora, personificação, metonímia, hipérbole, eufemismo, ironia, paradoxo e antítese e os efeitos
de sentido decorrentes do emprego de palavras e expressões denotativas e conotativas (adjetivos, locuções
adjetivas, orações subordinadas adjetivas etc.), que funcionam como modificadores, percebendo sua função na
caracterização dos espaços, tempos, personagens e ações próprios de cada gênero narrativo.

(EF69LP55) Reconhecer as variedades da língua falada, o conceito de norma-padrão e o de preconceito


linguístico.
(EF69LP56) Fazer uso consciente e reflexivo de regras e normas da norma-padrão em situações de fala e escrita
nas quais ela deve ser usada.

XXXVII

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Língua Portuguesa – 6o e 7o anos
PRÁTICAS DE LINGUAGEM OBJETOS DE CONHECIMENTO

CAMPO JORNALÍSTICO/MIDIÁTICO
Leitura Reconstrução do contexto de produção, circulação e recepção
de textos

Caracterização do campo jornalístico e relação entre os


gêneros em circulação, mídias e práticas da cultura digital

Apreciação e réplica

Relação entre textos

Estratégia de leitura
Distinção de fato e opinião
Estratégia de leitura: identificação de teses e argumentos
Apreciação e réplica

Efeitos de sentido

Efeitos de sentido
Exploração da multissemiose

XXXXXVIII
XVII

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Manual do Educador

HABILIDADES
6o ano 7o ano

(EF06LP01) Reconhecer a impossibilidade de uma (EF07LP01) Distinguir diferentes propostas editoriais


neutralidade absoluta no relato de fatos e identificar – sensacionalismo, jornalismo investigativo etc. –, de
diferentes graus de parcialidade/ imparcialidade forma a identificar os recursos utilizados para impactar/
dados pelo recorte feito e pelos efeitos de sentido chocar o leitor que podem comprometer uma análise
advindos de escolhas feitas pelo autor, de forma a crítica da notícia e do fato noticiado.
poder desenvolver uma atitude crítica frente aos textos
jornalísticos e tornar-se consciente das escolhas feitas
enquanto produtor de textos.
(EF06LP02) Estabelecer relação entre os diferentes (EF07LP02) Comparar notícias e reportagens sobre
gêneros jornalísticos, compreendendo a centralidade da um mesmo fato divulgadas em diferentes mídias,
notícia. analisando as especificidades das mídias, os processos
de (re)elaboração dos textos e a convergência das
mídias em notícias ou reportagens multissemióticas.
(EF67LP01) Analisar a estrutura e funcionamento dos hiperlinks em textos noticiosos publicados na Web e
vislumbrar possibilidades de uma escrita hipertextual.
(EF67LP02) Explorar o espaço reservado ao leitor nos jornais, revistas, impressos e on-line, sites noticiosos etc.,
destacando notícias, fotorreportagens, entrevistas, charges, assuntos, temas, debates em foco, posicionando-
se de maneira ética e respeitosa frente a esses textos e opiniões a eles relacionadas, e publicar notícias, notas
jornalísticas, fotorreportagem de interesse geral nesses espaços do leitor.
(EF67LP03) Comparar informações sobre um mesmo fato divulgadas em diferentes veículos e mídias,
analisando e avaliando a confiabilidade.
(EF67LP04) Distinguir, em segmentos descontínuos de textos, fato da opinião enunciada em relação a esse
mesmo fato.

(EF67LP05) Identificar e avaliar teses/opiniões/posicionamentos explícitos e argumentos em textos


argumentativos (carta de leitor, comentário, artigo de opinião, resenha crítica etc.), manifestando concordância ou
discordância.
(EF67LP06) Identificar os efeitos de sentido provocados pela seleção lexical, topicalização de elementos e
seleção e hierarquização de informações, uso de 3ª pessoa etc.
(EF67LP07) Identificar o uso de recursos persuasivos em textos argumentativos diversos (como a elaboração
do título, escolhas lexicais, construções metafóricas, a explicitação ou a ocultação de fontes de informação) e
perceber seus efeitos de sentido.
(EF67LP08) Identificar os efeitos de sentido devidos à escolha de imagens estáticas, sequenciação ou
sobreposição de imagens, definição de figura/fundo, ângulo, profundidade e foco, cores/tonalidades, relação com
o escrito (relações de reiteração, complementação ou oposição) etc. em notícias, reportagens, fotorreportagens,
foto-denúncias, memes, gifs, anúncios publicitários e propagandas publicados em jornais, revistas, sites na
internet etc.

XXXIX

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Língua Portuguesa – 6o e 7o anos (Continuação)
PRÁTICAS DE LINGUAGEM OBJETOS DE CONHECIMENTO

CAMPO JORNALÍSTICO/MIDIÁTICO
Produção de textos Estratégias de produção: planejamento de textos informativos

Textualização, tendo em vista suas condições de produção,


as características do gênero em questão, o estabelecimento
de coesão, adequação à norma-padrão e o uso adequado de
ferramentas de edição

Estratégias de produção: planejamento de textos


argumentativos e apreciativos

Textualização de textos argumentativos e apreciativos

Produção e edição de textos publicitários

Oralidade Planejamento e produção de entrevistas orais

XL
XL

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Manual do Educador

HABILIDADES
6o ano 7o ano

(EF67LP09) Planejar notícia impressa e para circulação em outras mídias (rádio ou TV/vídeo), tendo em vista as
condições de produção, do texto – objetivo, leitores/espectadores, veículos e mídia de circulação etc. –, a partir
da escolha do fato a ser noticiado (de relevância para a turma, escola ou comunidade), do levantamento de dados
e informações sobre o fato – que pode envolver entrevistas com envolvidos ou com especialistas, consultas a
fontes, análise de documentos, cobertura de eventos etc.–, do registro dessas informações e dados, da escolha de
fotos ou imagens a produzir ou a utilizar etc. e a previsão de uma estrutura hipertextual (no caso de publicação em
sites ou blogs noticiosos).
(EF67LP10) Produzir notícia impressa tendo em vista características do gênero – título ou manchete com verbo
no tempo presente, linha fina (opcional), lide, progressão dada pela ordem decrescente de importância dos fatos,
uso de 3ª pessoa, de palavras que indicam precisão –, e o estabelecimento adequado de coesão e produzir
notícia para TV, rádio e internet, tendo em vista, além das características do gênero, os recursos de mídias
disponíveis e o manejo de recursos de captação e edição de áudio e imagem.
(EF67LP11) Planejar resenhas, vlogs, vídeos e podcasts variados, e textos e vídeos de apresentação e
apreciação próprios das culturas juvenis (algumas possibilidades: fanzines, fanclipes, e-zines, gameplay, detonado
etc.), dentre outros, tendo em vista as condições de produção do texto – objetivo, leitores/espectadores, veículos
e mídia de circulação etc. –, a partir da escolha de uma produção ou evento cultural para analisar – livro, filme,
série, game, canção, videoclipe, fanclipe, show, saraus, slams etc. – da busca de informação sobre a produção
ou evento escolhido, da síntese de informações sobre a obra/evento e do elenco/seleção de aspectos, elementos
ou recursos que possam ser destacados positiva ou negativamente ou da roteirização do passo a passo do game
para posterior gravação dos vídeos.
(EF67LP12) Produzir resenhas críticas, vlogs, vídeos, podcasts variados e produções e gêneros próprios das
culturas juvenis (algumas possibilidades: fanzines, fanclipes, e-zines, gameplay, detonado etc.), que apresentem/
descrevam e/ou avaliem produções culturais (livro, filme, série, game, canção, disco, videoclipe etc.) ou evento
(show, sarau, slam etc.), tendo em vista o contexto de produção dado, as características do gênero, os recursos
das mídias envolvidas e a textualização adequada dos textos e/ou produções.
(EF67LP13) Produzir, revisar e editar textos publicitários, levando em conta o contexto de produção dado,
explorando recursos multissemióticos, relacionando elementos verbais e visuais, utilizando adequadamente
estratégias discursivas de persuasão e/ou convencimento e criando título ou slogan que façam o leitor motivar-se a
interagir com o texto produzido e se sinta atraído pelo serviço, ideia ou produto em questão.
(EF67LP14) Definir o contexto de produção da entrevista (objetivos, o que se pretende conseguir, porque aquele
entrevistado etc.), levantar informações sobre o entrevistado e sobre o acontecimento ou tema em questão,
preparar o roteiro de perguntar e realizar entrevista oral com envolvidos ou especialistas relacionados com o fato
noticiado ou com o tema em pauta, usando roteiro previamente elaborado e formulando outras perguntas a partir
das respostas dadas e, quando for o caso, selecionar partes, transcrever e proceder a uma edição escrita do texto,
adequando-o a seu contexto de publicação, à construção composicional do gênero e garantindo a relevância das
informações mantidas e a continuidade temática.

XLI

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Língua Portuguesa – 6o e 7o anos (Continuação)
PRÁTICAS DE LINGUAGEM OBJETOS DE CONHECIMENTO

CAMPO DE ATUAÇÃO NA VIDA PÚBLICA


Leitura Estratégias e procedimentos de leitura em textos legais e
normativos

Contexto de produção, circulação e recepção de textos e


práticas relacionadas à defesa de direitos e à participação
social

Relação entre contexto de produção e características


composicionais e estilísticas dos gêneros (carta de solicitação,
carta de reclamação, petição on-line, carta aberta,
abaixo-assinado, proposta etc.)
Apreciação e réplica

Estratégias, procedimentos de leitura em textos reivindicatórios


ou propositivos
Produção de textos Estratégia de produção: planejamento de textos reivindicatórios
ou propositivos

CAMPO DAS PRÁTICAS DE ESTUDO E PESQUISA


Leitura Curadoria de informação

Produção de textos Estratégias de escrita: textualização, revisão e edição

Oralidade Conversação espontânea

Procedimentos de apoio à compreensão


Tomada de nota

Análise linguística/semiótica Textualização


Progressão temática

Textualização

XLII
XLII

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Manual do Educador

HABILIDADES
6o ano 7o ano

(EF67LP15) Identificar a proibição imposta ou o direito garantido, bem como as circunstâncias de sua aplicação, em
artigos relativos a normas, regimentos escolares, regimentos e estatutos da sociedade civil, regulamentações para o
mercado publicitário, Código de Defesa do Consumidor, Código Nacional de Trânsito, ECA, Constituição, dentre outros.
(EF67LP16) Explorar e analisar espaços de reclamação de direitos e de envio de solicitações (tais como
ouvidorias, SAC, canais ligados a órgãos públicos, plataformas do consumidor, plataformas de reclamação),
bem como de textos pertencentes a gêneros que circulam nesses espaços, reclamação ou carta de reclamação,
solicitação ou carta de solicitação, como forma de ampliar as possibilidades de produção desses textos em casos
que remetam a reivindicações que envolvam a escola, a comunidade ou algum de seus membros como forma de
se engajar na busca de solução de problemas pessoais, dos outros e coletivos.
(EF67LP17) Analisar, a partir do contexto de produção, a forma de organização das cartas de solicitação
e de reclamação (datação, forma de início, apresentação contextualizada do pedido ou da reclamação, em
geral, acompanhada de explicações, argumentos e/ou relatos do problema, fórmula de finalização mais ou
menos cordata, dependendo do tipo de carta e subscrição) e algumas das marcas linguísticas relacionadas à
argumentação, explicação ou relato de fatos, como forma de possibilitar a escrita fundamentada de cartas como
essas ou de postagens em canais próprios de reclamações e solicitações em situações que envolvam questões
relativas à escola, à comunidade ou a algum dos seus membros.
(EF67LP18) Identificar o objeto da reclamação e/ou da solicitação e sua sustentação, explicação ou justificativa,
de forma a poder analisar a pertinência da solicitação ou justificação.
(EF67LP19) Realizar levantamento de questões, problemas que requeiram a denúncia de desrespeito a direitos,
reivindicações, reclamações, solicitações que contemplem a comunidade escolar ou algum de seus membros e
examinar normas e legislações.

(EF67LP20) Realizar pesquisa, a partir de recortes e questões definidos previamente, usando fontes indicadas e
abertas.
(EF67LP21) Divulgar resultados de pesquisas por meio de apresentações orais, painéis, artigos de divulgação
científica, verbetes de enciclopédia, podcasts científicos etc.
(EF67LP22) Produzir resumos, a partir das notas e/ou esquemas feitos, com o uso adequado de paráfrases e citações.
(EF67LP23) Respeitar os turnos de fala, na participação em conversações e em discussões ou atividades
coletivas, na sala de aula e na escola e formular perguntas coerentes e adequadas em momentos oportunos em
situações de aulas, apresentação oral, seminário etc.
(EF67LP24) Tomar nota de aulas, apresentações orais, entrevistas (ao vivo, áudio, TV, vídeo), identificando e
hierarquizando as informações principais, tendo em vista apoiar o estudo e a produção de sínteses e reflexões
pessoais ou outros objetivos em questão.
(EF67LP25) Reconhecer e utilizar os critérios de organização tópica (do geral para o específico, do específico
para o geral etc.), as marcas linguísticas dessa organização (marcadores de ordenação e enumeração, de
explicação, definição e exemplificação, por exemplo) e os mecanismos de paráfrase, de maneira a organizar mais
adequadamente a coesão e a progressão temática de seus textos.
(EF67LP26) Reconhecer a estrutura de hipertexto em textos de divulgação científica e proceder à remissão a
conceitos e relações por meio de notas de rodapés ou boxes.

XLIII

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Língua Portuguesa – 6o e 7o anos (Continuação)
PRÁTICAS DE LINGUAGEM OBJETOS DE CONHECIMENTO

CAMPO ARTÍSTICO-LITERÁRIO
Leitura Relação entre textos

Estratégias de leitura
Apreciação e réplica

Reconstrução da textualidade
Efeitos de sentidos provocados pelos usos de recursos
linguísticos e multissemióticos
Produção de textos Construção da textualidade
Relação entre textos

TODOS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO


Análise linguística/semiótica Fono-ortografia
Elementos notacionais da escrita
Léxico/morfologia

Morfossintaxe

XLIV
XLIV

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Manual do Educador

HABILIDADES
6o ano 7o ano

(EF67LP27) Analisar, entre os textos literários e entre estes e outras manifestações artísticas (como cinema,
teatro, música, artes visuais e midiáticas), referências explícitas ou implícitas a outros textos, quanto aos temas,
personagens e recursos literários e semióticos
(EF67LP28) Ler, de forma autônoma, e compreender – selecionando procedimentos e estratégias de leitura
adequados a diferentes objetivos e levando em conta características dos gêneros e suportes –, romances infanto-
juvenis, contos populares, contos de terror, lendas brasileiras, indígenas e africanas, narrativas de aventuras,
narrativas de enigma, mitos, crônicas, autobiografias, histórias em quadrinhos, mangás, poemas de forma livre e
fixa (como sonetos e cordéis), vídeo-poemas, poemas visuais, dentre outros, expressando avaliação sobre o texto
lido e estabelecendo preferências por gêneros, temas, autores.
(EF67LP29) Identificar, em texto dramático, personagem, ato, cena, fala e indicações cênicas e a organização do
texto: enredo, conflitos, ideias principais, pontos de vista, universos de referência.

(EF67LP30) Criar narrativas ficcionais, tais como contos populares, contos de suspense, mistério, terror, humor,
narrativas de enigma, crônicas, histórias em quadrinhos, dentre outros, que utilizem cenários e personagens
realistas ou de fantasia, observando os elementos da estrutura narrativa próprios ao gênero pretendido, tais
como enredo, personagens, tempo, espaço e narrador, utilizando tempos verbais adequados à narração de fatos
passados, empregando conhecimentos sobre diferentes modos de se iniciar uma história e de inserir os discursos
direto e indireto.
(EF67LP31) Criar poemas compostos por versos livres e de forma fixa (como quadras e sonetos), utilizando
recursos visuais, semânticos e sonoros, tais como cadências, ritmos e rimas, e poemas visuais e vídeo-poemas,
explorando as relações entre imagem e texto verbal, a distribuição da mancha gráfica (poema visual) e outros
recursos visuais e sonoros.

(EF67LP32) Escrever palavras com correção ortográfica, obedecendo as convenções da língua escrita.
(EF67LP33) Pontuar textos adequadamente.
(EF06LP03) Analisar diferenças de sentido entre (EF07LP03) Formar, com base em palavras primitivas,
palavras de uma série sinonímica. palavras derivadas com os prefixos e sufixos mais
produtivos no português.
(EF67LP34) Formar antônimos com acréscimo de prefixos que expressam noção de negação.
(EF67LP35) Distinguir palavras derivadas por acréscimo de afixos e palavras compostas.
(EF06LP04) Analisar a função e as flexões de (EF07LP04) Reconhecer, em textos, o verbo como o
substantivos e adjetivos e de verbos nos modos núcleo das orações.
Indicativo, Subjuntivo e Imperativo: afirmativo e
negativo.
(EF06LP05) Identificar os efeitos de sentido dos modos (EF07LP05) Identificar, em orações de textos lidos ou
verbais, considerando o gênero textual e a intenção de produção própria, verbos de predicação completa e
comunicativa. incompleta: intransitivos e transitivos.

XLV

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Língua Portuguesa – 6o e 7o anos (Continuação)
PRÁTICAS DE LINGUAGEM OBJETOS DE CONHECIMENTO

TODOS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO


Análise linguística/semiótica Morfossintaxe

Sintaxe

Elementos notacionais da escrita/morfossintaxe

Semântica
Coesão

Coesão

XLVI
XLVI

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Manual do Educador

HABILIDADES
6o ano 7o ano

(EF06LP06) Empregar, adequadamente, as regras de (EF07LP06) Empregar as regras básicas de


concordância nominal (relações entre os substantivos e concordância nominal e verbal em situações
seus determinantes) e as regras de concordância verbal comunicativas e na produção de textos.
(relações entre o verbo e o sujeito simples e composto).
(EF07LP07) Identificar, em textos lidos ou de produção
própria, a estrutura básica da oração: sujeito, predicado,
complemento (objetos direto e indireto).
(EF07LP08) Identificar, em textos lidos ou de produção
própria, adjetivos que ampliam o sentido do substantivo
sujeito ou complemento verbal.
(EF07LP09) Identificar, em textos lidos ou de produção
própria, advérbios e locuções adverbiais que ampliam o
sentido do verbo núcleo da oração.
(EF06LP07) Identificar, em textos, períodos compostos
por orações separadas por vírgula sem a utilização de
conectivos, nomeando-os como períodos compostos
por coordenação.
(EF06LP08) Identificar, em texto ou sequência textual, (EF07LP10) Utilizar, ao produzir texto, conhecimentos
orações como unidades constituídas em torno de um linguísticos e gramaticais: modos e tempos verbais,
núcleo verbal e períodos como conjunto de orações concordância nominal e verbal, pontuação etc.
conectadas.
(EF06LP09) Classificar, em texto ou sequência textual, (EF07LP11) Identificar, em textos lidos ou de produção
os períodos simples compostos. própria, períodos compostos nos quais duas orações
são conectadas por vírgula, ou por conjunções que
expressem soma de sentido (conjunção “e”) ou
oposição de sentidos (conjunções “mas”, “porém”).
(EF06LP10) Identificar sintagmas nominais e verbais
como constituintes imediatos da oração.
(EF06LP11) Utilizar, ao produzir texto, conhecimentos
linguísticos e gramaticais: tempos verbais, concordância
nominal e verbal, regras ortográficas, pontuação etc.
(EF06LP12) Utilizar, ao produzir texto, recursos de (EF07LP12) Reconhecer recursos de coesão
coesão referencial (nome e pronomes), recursos referencial: substituições lexicais (de substantivos
semânticos de sinonímia, antonímia e homonímia e por sinônimos) ou pronominais (uso de pronomes
mecanismos de representação de diferentes vozes anafóricos – pessoais, possessivos, demonstrativos).
(discurso direto e indireto).
(EF67LP36) Utilizar, ao produzir texto, recursos de coesão referencial (léxica e pronominal) e sequencial e outros
recursos expressivos adequados ao gênero textual.

XLVII

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Língua Portuguesa – 6o e 7o anos (Continuação)
PRÁTICAS DE LINGUAGEM OBJETOS DE CONHECIMENTO

TODOS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO


Análise linguística/semiótica Coesão

Sequências textuais

Modalização

Figuras de linguagem

XLXLVIII
VIII

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Manual do Educador

HABILIDADES
6o ano 7o ano

(EF07LP13) Estabelecer relações entre partes do texto,


identificando substituições lexicais (de substantivos
por sinônimos) ou pronominais (uso de pronomes
anafóricos – pessoais, possessivos, demonstrativos),
que contribuem para a continuidade do texto.
(EF67LP37) Analisar, em diferentes textos, os efeitos de sentido decorrentes do uso de recursos linguístico-
discursivos de prescrição, causalidade, sequências descritivas e expositivas e ordenação de eventos.
(EF07LP14) Identificar, em textos, os efeitos de
sentido do uso de estratégias de modalização e
argumentatividade.
(EF67LP38) Analisar os efeitos de sentido do uso de figuras de linguagem, como comparação, metáfora,
metonímia, personificação, hipérbole, dentre outras.

XLIX

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Língua Portuguesa – 8o e 9o anos
PRÁTICAS DE LINGUAGEM OBJETOS DE CONHECIMENTO

CAMPO JORNALÍSTICO/MIDIÁTICO
Leitura Reconstrução do contexto de produção, circulação e recepção
de textos
Caracterização do campo jornalístico e relação entre os
gêneros em circulação, mídias e práticas da cultura digital

Estratégia de leitura: apreender os sentidos globais do texto


Apreciação e réplica

Relação entre textos

Estratégia de leitura: apreender os sentidos globais do texto


Apreciação e réplica

Efeitos de sentido

Efeitos de sentido
Exploração da multissemiose

Produção de textos Estratégia de produção: planejamento de textos informativos

LL

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Manual do Educador

HABILIDADES
8o ano 9o ano

(EF89LP01) Analisar os interesses que movem o campo jornalístico, os efeitos das novas tecnologias no campo e
as condições que fazem da informação uma mercadoria, de forma a poder desenvolver uma atitude crítica frente
aos textos jornalísticos.
(EF08LP01) Identificar e comparar as várias editorias (EF09LP01) Analisar o fenômeno da disseminação de
de jornais impressos e digitais e de sites noticiosos, de notícias falsas nas redes sociais e desenvolver estratégias
forma a refletir sobre os tipos de fato que são noticiados para reconhecê-las, a partir da verificação/avaliação do
e comentados, as escolhas sobre o que noticiar e veículo, fonte, data e local da publicação, autoria, URL,
o que não noticiar e o destaque/enfoque dado e a da análise da formatação, da comparação de diferentes
fidedignidade da informação. fontes, da consulta a sites de curadoria que atestam a
fidedignidade do relato dos fatos e denunciam boatos etc.
(EF89LP02) Analisar diferentes práticas (curtir, compartilhar, comentar, curar etc.) e textos pertencentes a
diferentes gêneros da cultura digital (meme, gif, comentário, charge digital etc.) envolvidos no trato com a
informação e opinião, de forma a possibilitar uma presença mais crítica e ética nas redes.
(EF89LP03) Analisar textos de opinião (artigos de opinião, editoriais, cartas de leitores, comentários, posts de blog
e de redes sociais, charges, memes, gifs etc.) e posicionar-se de forma crítica e fundamentada, ética e respeitosa
frente a fatos e opiniões relacionados a esses textos.
(EF08LP02) Justificar diferenças ou semelhanças no (EF09LP02) Analisar e comentar a cobertura da
tratamento dado a uma mesma informação veiculada imprensa sobre fatos de relevância social, comparando
em textos diferentes, consultando sites e serviços de diferentes enfoques por meio do uso de ferramentas de
checadores de fatos. curadoria.
(EF89LP04) Identificar e avaliar teses/opiniões/posicionamentos explícitos e implícitos, argumentos e contra-
argumentos em textos argumentativos do campo (carta de leitor, comentário, artigo de opinião, resenha crítica
etc.), posicionando-se frente à questão controversa de forma sustentada.
(EF89LP05) Analisar o efeito de sentido produzido pelo uso, em textos, de recurso a formas de apropriação textual
(paráfrases, citações, discurso direto, indireto ou indireto livre).
(EF89LP06) Analisar o uso de recursos persuasivos em textos argumentativos diversos (como a elaboração do
título, escolhas lexicais, construções metafóricas, a explicitação ou a ocultação de fontes de informação) e seus
efeitos de sentido.
(EF89LP07) Analisar, em notícias, reportagens e peças publicitárias em várias mídias, os efeitos de sentido
devidos ao tratamento e à composição dos elementos nas imagens em movimento, à performance, à montagem
feita (ritmo, duração e sincronização entre as linguagens – complementaridades, interferências etc.) e ao ritmo,
melodia, instrumentos e sampleamentos das músicas e efeitos sonoros.
(EF89LP08) Planejar reportagem impressa e em outras mídias (rádio ou TV/vídeo, sites), tendo em vista as
condições de produção do texto – objetivo, leitores/espectadores, veículos e mídia de circulação etc. – a partir da
escolha do fato a ser aprofundado ou do tema a ser focado (de relevância para a turma, escola ou comunidade),
do levantamento de dados e informações sobre o fato ou tema – que pode envolver entrevistas com envolvidos
ou com especialistas, consultas a fontes diversas, análise de documentos, cobertura de eventos etc. -, do
registro dessas informações e dados, da escolha de fotos ou imagens a produzir ou a utilizar etc., da produção de
infográficos, quando for o caso, e da organização hipertextual (no caso a publicação em sites ou blogs noticiosos
ou mesmo de jornais impressos, por meio de boxes variados).

LI

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Língua Portuguesa – 8o e 9o anos (Continuação)
PRÁTICAS DE LINGUAGEM OBJETOS DE CONHECIMENTO

CAMPO JORNALÍSTICO/MIDIÁTICO
Produção de textos Estratégia de produção: textualização de textos informativos

Estratégia de produção: planejamento de textos argumentativos


e apreciativos

Textualização de textos argumentativos e apreciativos

Estratégias de produção: planejamento, textualização, revisão


e edição de textos publicitários

Oralidade Estratégias de produção: planejamento e participação em


debates regrados

Estratégias de produção: planejamento, realização e edição de


entrevistas orais

LII
LII

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Manual do Educador

HABILIDADES
8o ano 9o ano

(EF89LP09) Produzir reportagem impressa, com título, linha fina (optativa), organização composicional (expositiva,
interpretativa e/ou opinativa), progressão temática e uso de recursos linguísticos compatíveis com as escolhas
feitas e reportagens multimidiáticas, tendo em vista as condições de produção, as características do gênero, os
recursos e mídias disponíveis, sua organização hipertextual e o manejo adequado de recursos de captação e
edição de áudio e imagem e adequação à norma-padrão.
(EF89LP10) Planejar artigos de opinião, tendo em vista as condições de produção do texto – objetivo, leitores/
espectadores, veículos e mídia de circulação etc. –, a partir da escolha do tema ou questão a ser discutido(a), da
relevância para a turma, escola ou comunidade, do levantamento de dados e informações sobre a questão, de
argumentos relacionados a diferentes posicionamentos em jogo, da definição – o que pode envolver consultas
a fontes diversas, entrevistas com especialistas, análise de textos, organização esquemática das informações e
argumentos – dos (tipos de) argumentos e estratégias que pretende utilizar para convencer os leitores.
(EF08LP03) Produzir artigos de opinião, tendo em vista (EF09LP03) Produzir artigos de opinião, tendo em
o contexto de produção dado, a defesa de um ponto vista o contexto de produção dado, assumindo posição
de vista, utilizando argumentos e contra-argumentos diante de tema polêmico, argumentando de acordo
e articuladores de coesão que marquem relações de com a estrutura própria desse tipo de texto e utilizando
oposição, contraste, exemplificação, ênfase. diferentes tipos de argumentos – de autoridade,
comprovação, exemplificação princípio etc.
(EF89LP11) Produzir, revisar e editar peças e campanhas publicitárias, envolvendo o uso articulado e
complementar de diferentes peças publicitárias: cartaz, banner, indoor, folheto, panfleto, anúncio de jornal/revista,
para internet, spot, propaganda de rádio, TV, a partir da escolha da questão/problema/causa significativa para a
escola e/ou a comunidade escolar, da definição do público-alvo, das peças que serão produzidas, das estratégias
de persuasão e convencimento que serão utilizadas.
(EF89LP12) Planejar coletivamente a realização de um debate sobre tema previamente definido, de interesse
coletivo, com regras acordadas e planejar, em grupo, participação em debate a partir do levantamento de
informações e argumentos que possam sustentar o posicionamento a ser defendido (o que pode envolver
entrevistas com especialistas, consultas a fontes diversas, o registro das informações e dados obtidos etc.), tendo
em vista as condições de produção do debate – perfil dos ouvintes e demais participantes, objetivos do debate,
motivações para sua realização, argumentos e estratégias de convencimento mais eficazes etc. e participar de
debates regrados, na condição de membro de uma equipe de debatedor, apresentador/mediador, espectador (com
ou sem direito a perguntas), e/ou de juiz/avaliador, como forma de compreender o funcionamento do debate, e
poder participar de forma convincente, ética, respeitosa e crítica e desenvolver uma atitude de respeito e diálogo
para com as ideias divergentes.
(EF89LP13) Planejar entrevistas orais com pessoas ligadas ao fato noticiado, especialistas etc., como forma
de obter dados e informações sobre os fatos cobertos sobre o tema ou questão discutida ou temáticas em
estudo, levando em conta o gênero e seu contexto de produção, partindo do levantamento de informações
sobre o entrevistado e sobre a temática e da elaboração de um roteiro de perguntas, garantindo a relevância
das informações mantidas e a continuidade temática, realizar entrevista e fazer edição em áudio ou vídeo,
incluindo uma contextualização inicial e uma fala de encerramento para publicação da entrevista isoladamente ou
como parte integrante de reportagem multimidiática, adequando-a a seu contexto de publicação e garantindo a
relevância das informações mantidas e a continuidade temática.

LIII

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Língua Portuguesa – 8o e 9o anos (Continuação)
PRÁTICAS DE LINGUAGEM OBJETOS DE CONHECIMENTO

CAMPO JORNALÍSTICO/MIDIÁTICO
Análise linguística/semiótica Argumentação: movimentos argumentativos, tipos de
argumento e força argumentativa
Estilo

Modalização

CAMPO DE ATUAÇÃO NA VIDA PÚBLICA


Leitura Reconstrução do contexto de produção, circulação e recepção
de textos legais e normativos

Contexto de produção, circulação e recepção de textos e


práticas relacionadas à defesa de direitos e à participação
social

Relação entre contexto de produção e características


composicionais e estilísticas dos gêneros
Apreciação e réplica

Estratégias e procedimentos de leitura em textos


reivindicatórios ou propositivos

LIV
LIV

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Manual do Educador

HABILIDADES
8o ano 9o ano

(EF89LP14) Analisar, em textos argumentativos e propositivos, os movimentos argumentativos de sustentação,


refutação e negociação e os tipos de argumentos, avaliando a força/tipo dos argumentos utilizados.
(EF89LP15) Utilizar, nos debates, operadores argumentativos que marcam a defesa de ideia e de diálogo
com a tese do outro: concordo, discordo, concordo parcialmente, do meu ponto de vista, na perspectiva aqui
assumida etc.
(EF89LP16) Analisar a modalização realizada em textos noticiosos e argumentativos, por meio das modalidades
apreciativas, viabilizadas por classes e estruturas gramaticais como adjetivos, locuções adjetivas, advérbios,
locuções adverbiais, orações adjetivas e adverbiais, orações relativas restritivas e explicativas etc., de maneira a
perceber a apreciação ideológica sobre os fatos noticiados ou as posições implícitas ou assumidas.

(EF89LP17) Relacionar textos e documentos legais e normativos de importância universal, nacional ou local
que envolvam direitos, em especial, de crianças, adolescentes e jovens – tais como a Declaração dos Direitos
Humanos, a Constituição Brasileira, o ECA -, e a regulamentação da organização escolar – por exemplo, regimento
escolar -, a seus contextos de produção, reconhecendo e analisando possíveis motivações, finalidades e sua
vinculação com experiências humanas e fatos históricos e sociais, como forma de ampliar a compreensão dos
direitos e deveres, de fomentar os princípios democráticos e uma atuação pautada pela ética da responsabilidade
(o outro tem direito a uma vida digna tanto quanto eu tenho).
(EF89LP18) Explorar e analisar instâncias e canais de participação disponíveis na escola (conselho de escola,
outros colegiados, grêmio livre), na comunidade (associações, coletivos, movimentos, etc.), no munícipio ou no
país, incluindo formas de participação digital, como canais e plataformas de participação (como portal e-cidadania),
serviços, portais e ferramentas de acompanhamentos do trabalho de políticos e de tramitação de leis, canais de
educação política, bem como de propostas e proposições que circulam nesses canais, de forma a participar do
debate de ideias e propostas na esfera social e a engajar-se com a busca de soluções para problemas ou questões
que envolvam a vida da escola e da comunidade.
(EF89LP19) Analisar, a partir do contexto de produção, a forma de organização das cartas abertas, abaixo-
assinados e petições on-line (identificação dos signatários, explicitação da reivindicação feita, acompanhada ou
não de uma breve apresentação da problemática e/ou de justificativas que visam sustentar a reivindicação) e a
proposição, discussão e aprovação de propostas políticas ou de soluções para problemas de interesse público,
apresentadas ou lidas nos canais digitais de participação, identificando suas marcas linguísticas, como forma de
possibilitar a escrita ou subscrição consciente de abaixo-assinados e textos dessa natureza e poder se posicionar
de forma crítica e fundamentada frente às propostas
(EF89LP20) Comparar propostas políticas e de solução de problemas, identificando o que se pretende fazer/
implementar, por que (motivações, justificativas), para que (objetivos, benefícios e consequências esperados),
como (ações e passos), quando etc. e a forma de avaliar a eficácia da proposta/solução, contrastando dados e
informações de diferentes fontes, identificando coincidências, complementaridades e contradições, de forma a
poder compreender e posicionar-se criticamente sobre os dados e informações usados em fundamentação de
propostas e analisar a coerência entre os elementos, de forma a tomar decisões fundamentadas.

LV

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Língua Portuguesa – 8o e 9o anos (Continuação)
PRÁTICAS DE LINGUAGEM OBJETOS DE CONHECIMENTO

CAMPO DE ATUAÇÃO NA VIDA PÚBLICA


Produção de textos Estratégia de produção: planejamento de textos reivindicatórios ou
propositivos

Oralidade Escuta
Apreender o sentido geral dos textos
Apreciação e réplica
Produção/Proposta
Análise linguística/semiótica Movimentos argumentativos e força dos argumentos

Leitura Curadoria de informação


Produção de textos Estratégias de escrita: textualização, revisão e edição

Oralidade Conversação espontânea

Procedimentos de apoio à compreensão


Tomada de nota

Análise linguística/semiótica Textualização


Progressão temática

Textualização

Modalização

LVI
LVI

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Manual do Educador

HABILIDADES
8o ano 9o ano

(EF89LP21) Realizar enquetes e pesquisas de opinião, de forma a levantar prioridades, problemas a resolver ou
propostas que possam contribuir para melhoria da escola ou da comunidade, caracterizar demanda/necessidade,
documentando-a de diferentes maneiras por meio de diferentes procedimentos, gêneros e mídias e, quando for
o caso, selecionar informações e dados relevantes de fontes pertinentes diversas (sites, impressos, vídeos etc.),
avaliando a qualidade e a utilidade dessas fontes, que possam servir de contextualização e fundamentação de
propostas, de forma a justificar a proposição de propostas, projetos culturais e ações de intervenção.
(EF89LP22) Compreender e comparar as diferentes posições e interesses em jogo em uma discussão ou
apresentação de propostas, avaliando a validade e força dos argumentos e as consequências do que está sendo
proposto e, quando for o caso, formular e negociar propostas de diferentes naturezas relativas a interesses
coletivos envolvendo a escola ou comunidade escolar.

(EF89LP23) Analisar, em textos argumentativos, reivindicatórios e propositivos, os movimentos argumentativos


utilizados (sustentação, refutação e negociação), avaliando a força dos argumentos utilizados.
(EF89LP24) Realizar pesquisa, estabelecendo o recorte das questões, usando fontes abertas e confiáveis.
(EF89LP25) Divulgar o resultado de pesquisas por meio de apresentações orais, verbetes de enciclopédias
colaborativas, reportagens de divulgação científica, vlogs científicos, vídeos de diferentes tipos etc.
(EF89LP26) Produzir resenhas, a partir das notas e/ou esquemas feitos, com o manejo adequado das vozes
envolvidas (do resenhador, do autor da obra e, se for o caso, também dos autores citados na obra resenhada),
por meio do uso de paráfrases, marcas do discurso reportado e citações.
(EF89LP27) Tecer considerações e formular problematizações pertinentes, em momentos oportunos, em
situações de aulas, apresentação oral, seminário etc.
(EF89LP28) Tomar nota de videoaulas, aulas digitais, apresentações multimídias, vídeos de divulgação científica,
documentários e afins, identificando, em função dos objetivos, informações principais para apoio ao estudo e
realizando, quando necessário, uma síntese final que destaque e reorganize os pontos ou conceitos centrais e
suas relações e que, em alguns casos, seja acompanhada de reflexões pessoais, que podem conter dúvidas,
questionamentos, considerações etc.
(EF89LP29) Utilizar e perceber mecanismos de progressão temática, tais como retomadas anafóricas (“que,
cujo, onde”, pronomes do caso reto e oblíquos, pronomes demonstrativos, nomes correferentes etc.), catáforas
(remetendo para adiante ao invés de retomar o já dito), uso de organizadores textuais, de coesivos etc., e analisar
os mecanismos de reformulação e paráfrase utilizados nos textos de divulgação do conhecimento.
(EF89LP30) Analisar a estrutura de hipertexto e hiperlinks em textos de divulgação científica que circulam na Web
e proceder à remissão a conceitos e relações por meio de links.
(EF89LP31) Analisar e utilizar modalização epistêmica, isto é, modos de indicar uma avaliação sobre o valor de
verdade e as condições de verdade de uma proposição, tais como os asseverativos – quando se concorda com
(“realmente, evidentemente, naturalmente, efetivamente, claro, certo, lógico, sem dúvida” etc.) ou discorda de (“de
jeito nenhum, de forma alguma”) uma ideia; e os quase-asseverativos, que indicam que se considera o conteúdo
como quase certo (“talvez, assim, possivelmente, provavelmente, eventualmente”).

LVII

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Língua Portuguesa – 8o e 9o anos (Continuação)
PRÁTICAS DE LINGUAGEM OBJETOS DE CONHECIMENTO

CAMPO ARTÍSTICO-LITERÁRIO
Leitura Relação entre textos

Estratégias de leitura
Apreciação e réplica

Reconstrução da textualidade e compreensão dos efeitos


de sentidos provocados pelos usos de recursos linguísti-
cos e multissemióticos
Produção de textos Construção da textualidade

Relação entre textos

TODOS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO


Análise linguística/ semiótica Fono-ortografia

Léxico/morfologia

Morfossintaxe

LVIII
LVIII

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Manual do Educador

HABILIDADES
8o ano 9o ano

(EF89LP32) Analisar os efeitos de sentido decorrentes do uso de mecanismos de intertextualidade (referências,


alusões, retomadas) entre os textos literários, entre esses textos literários e outras manifestações artísticas
(cinema, teatro, artes visuais e midiáticas, música), quanto aos temas, personagens, estilos, autores etc., e entre o
texto original e paródias, paráfrases, pastiches, trailer honesto, vídeos-minuto, vidding, dentre outros.
(EF89LP33) Ler, de forma autônoma, e compreender – selecionando procedimentos e estratégias de leitura
adequados a diferentes objetivos e levando em conta características dos gêneros e suportes – romances, contos
contemporâneos, minicontos, fábulas contemporâneas, romances juvenis, biografias romanceadas, novelas,
crônicas visuais, narrativas de ficção científica, narrativas de suspense, poemas de forma livre e fixa (como
haicai), poema concreto, ciberpoema, dentre outros, expressando avaliação sobre o texto lido e estabelecendo
preferências por gêneros, temas, autores.
(EF89LP34) Analisar a organização de texto dramático apresentado em teatro, televisão, cinema, identificando
e percebendo os sentidos decorrentes dos recursos linguísticos e semióticos que sustentam sua realização como
peça teatral, novela, filme etc.
(EF89LP35) Criar contos ou crônicas (em especial, líricas), crônicas visuais, minicontos, narrativas de aventura
e de ficção científica, dentre outros, com temáticas próprias ao gênero, usando os conhecimentos sobre os
constituintes estruturais e recursos expressivos típicos dos gêneros narrativos pretendidos, e, no caso de
produção em grupo, ferramentas de escrita colaborativa.
(EF89LP36) Parodiar poemas conhecidos da literatura e criar textos em versos (como poemas concretos,
ciberpoemas, haicais, liras, microrroteiros, lambe-lambes e outros tipos de poemas), explorando o uso de recursos
sonoros e semânticos (como figuras de linguagem e jogos de palavras) e visuais (como relações entre imagem e
texto verbal e distribuição da mancha gráfica), de forma a propiciar diferentes efeitos de sentido.

(EF08LP04) Utilizar, ao produzir texto, conhecimentos (EF09LP04) Escrever textos corretamente, de acordo
linguísticos e gramaticais: ortografia, regências e com a norma-padrão, com estruturas sintáticas
concordâncias nominal e verbal, modos e tempos complexas no nível da oração e do período.
verbais, pontuação etc.
(EF08LP05) Analisar processos de formação de
palavras por composição (aglutinação e justaposição),
apropriando-se de regras básicas de uso do hífen em
palavras compostas.
(EF08LP06) Identificar, em textos lidos ou de produção (EF09LP05) Identificar, em textos lidos e em produções
própria, os termos constitutivos da oração (sujeito e próprias, orações com a estrutura sujeito-verbo de
seus modificadores, verbo e seus complementos e ligação-predicativo.
modificadores).
(EF08LP07) Diferenciar, em textos lidos ou de (EF09LP06) Diferenciar, em textos lidos e em
produção própria, complementos diretos e indiretos produções próprias, o efeito de sentido do uso dos
de verbos transitivos, apropriando-se da regência de verbos de ligação “ser”, “estar”, “ficar”, “parecer” e
verbos de uso frequente. “permanecer”.

LIX

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Língua Portuguesa – 8o e 9o anos (Continuação)
PRÁTICAS DE LINGUAGEM OBJETOS DE CONHECIMENTO

TODOS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO


Análise linguística/ semiótica Morfossintaxe

Elementos notacionais da escrita/morfossintaxe

Semântica

Coesão

LX
LX

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Manual do Educador

HABILIDADES
8o ano 9o ano

(EF08LP08) Identificar, em textos lidos ou de produção (EF09LP07) Comparar o uso de regência verbal e
própria, verbos na voz ativa e na voz passiva, regência nominal na norma-padrão com seu uso no
interpretando os efeitos de sentido de sujeito ativo e português brasileiro coloquial oral.
passivo (agente da passiva).
(EF08LP09) Interpretar efeitos de sentido de
modificadores (adjuntos adnominais – artigos definido
ou indefinido, adjetivos, expressões adjetivas) em
substantivos com função de sujeito ou de complemento
verbal, usando-os para enriquecer seus próprios textos.
(EF08LP10) Interpretar, em textos lidos ou de produção
própria, efeitos de sentido de modificadores do
verbo (adjuntos adverbiais – advérbios e expressões
adverbiais), usando-os para enriquecer seus próprios
textos.
(EF08LP11) Identificar, em textos lidos ou de produção
própria, agrupamento de orações em períodos,
diferenciando coordenação de subordinação.
(EF08LP12) Identificar, em textos lidos, orações (EF09LP08) Identificar, em textos lidos e em
subordinadas com conjunções de uso frequente, produções próprias, a relação que conjunções (e
incorporando-as às suas próprias produções. locuções conjuntivas) coordenativas e subordinativas
estabelecem entre as orações que conectam.
(EF08LP13) Inferir efeitos de sentido decorrentes do
uso de recursos de coesão sequencial: conjunções e
articuladores textuais.
(EF09LP09) Identificar efeitos de sentido do uso de
orações adjetivas restritivas e explicativas em um
período composto.
(EF08LP14) Utilizar, ao produzir texto, recursos de
coesão sequencial (articuladores) e referencial (léxica
e pronominal), construções passivas e impessoais,
discurso direto e indireto e outros recursos expressivos
adequados ao gênero textual.
(EF08LP15) Estabelecer relações entre partes do texto, (EF09LP10) Comparar as regras de colocação
identificando o antecedente de um pronome relativo pronominal na norma-padrão com o seu uso no
ou o referente comum de uma cadeia de substituições português brasileiro coloquial.
lexicais.

LXI

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Língua Portuguesa – 8o e 9o anos (Continuação)
PRÁTICAS DE LINGUAGEM OBJETOS DE CONHECIMENTO

TODOS OS CAMPOS DE ATUAÇÃO


Análise linguística/semiótica Coesão

Modalização

Figuras de linguagem

Variação linguística

LXII
LXII

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Manual do Educador

HABILIDADES
8o ano 9o ano

(EF09LP11) Inferir efeitos de sentido decorrentes do


uso de recursos de coesão sequencial (conjunções e
articuladores textuais).
(EF08LP16) Explicar os efeitos de sentido do
uso, em textos, de estratégias de modalização e
argumentatividade (sinais de pontuação, adjetivos,
substantivos, expressões de grau, verbos e perífrases
verbais, advérbios etc.).
(EF89LP37) Analisar os efeitos de sentido do uso de
figuras de linguagem como ironia, eufemismo, antítese,
aliteração, assonância, dentre outras.
(EF09LP12) Identificar estrangeirismos, caracterizando-
-os segundo a conservação, ou não, de sua forma
gráfica de origem, avaliando a pertinência, ou não, de
seu uso.

LXIII

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Uma coleção que inovará
a sua prática pedagógica
Os capítulos foram elaborados
com base em temas
transversais que contextualizam
os conteúdos trabalhados. A disposição sistemática
dos temas facilita o estudo.

io
Ár
u M Mundo em perigo
s
Denunciando injustiças
Capítulo
3
1
Primeiro momento – O verão mais quente
Capítulo Artigo em 130 mil anos ------------------------100
Primeiro momento – Na escuridão miserável --------------12
expositivo e • Desvendando os segredos do texto ----------------------------102
Conto • Desvendando os segredos do texto ----------------------------14
• Análise linguística ----------------------------------------------------106
social • Análise linguística ----------------------------------------------------21 seminário – Pronomes relativos ----------------------------------------------106
– Período composto por coordenação ------------------------21
• Prática linguística ----------------------------------------------------112
• Prática linguística ----------------------------------------------------25
• É hora de produzir ---------------------------------------------------115
• É hora de produzir ---------------------------------------------------28
Segundo momento – Desertificação --------------------------118
Segundo momento – Jonas e o menino ----------------------30
• Desvendando os segredos do texto ----------------------------122
• Desvendando os segredos do texto ----------------------------32
• Análise linguística ---------------------------------------------------124
• Análise linguística ----------------------------------------------------35
– Orações subordinadas adjetivas-----------------------------124
– Período composto por subordinação -----------------------35
• Prática linguística ----------------------------------------------------126
• Prática linguística ----------------------------------------------------37
• É hora de produzir ---------------------------------------------------130
• É hora de produzir ---------------------------------------------------42
• A escrita em foco -----------------------------------------------------133
• A escrita em foco -----------------------------------------------------45
– Pontuação das orações subordinadas adjetivas --------133
– Uso de algumas palavras e expressões -------------------45
• A escrita em questão ------------------------------------------------134
• A escrita em questão ------------------------------------------------46

Na mente dos personagens


Capítulo
Conto
2 Primeiro momento – O dia das trevas ------------------------56
• Desvendando os segredos do texto ----------------------------58
Capítulo
4
De olho na notícia
Primeiro momento – Por fé e lucro ----------------------------142
• Análise linguística ----------------------------------------------------60
psicológico Dissertação 1 • Desvendando os segredos do texto ----------------------------145
– Orações subordinadas substantivas ------------------------60 • Análise linguística ----------------------------------------------------148
– Oração subordinada substantiva subjetiva----------------63 – Orações subordinadas adverbiais (1) ----------------------148
– Oração subordinada substantiva objetiva direta ---------64 • Prática linguística ----------------------------------------------------152
– Oração subordinada substantiva objetiva indireta ------65 • É hora de produzir ---------------------------------------------------156
• Prática linguística ----------------------------------------------------66 Segundo momento – Rede de notícias -----------------------158
• É hora de produzir ---------------------------------------------------72 • Desvendando os segredos do texto ----------------------------164
Segundo momento – Três copos d’água ---------------------74 • Análise linguística ----------------------------------------------------167
• Desvendando os segredos do texto ----------------------------77 – Orações subordinadas adverbiais (2) ----------------------167
• Análise linguística ---------------------------------------------------80 – Orações subordinadas reduzidas ---------------------------169
– Oração subordinada substantiva completiva nominal --80 • Prática linguística ----------------------------------------------------172
– Oração subordinada substantiva predicativa -------------81 • É hora de produzir ---------------------------------------------------175
– Oração subordinada substantiva apositiva----------------82 • A escrita em foco -----------------------------------------------------177
• Prática linguística ----------------------------------------------------83 – Pontuação das orações subordinadas adverbiais-------177
• É hora de produzir ---------------------------------------------------87 • A escrita em questão ------------------------------------------------178
• A escrita em foco -----------------------------------------------------89
– Pontuação das orações subordinadas substantivas----89
• A escrita em questão ------------------------------------------------91

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Todos os capítulos do livro são


divididos em dois momentos, o que
As propostas de produção
favorece a abordagem em espiral.
textual são verdadeiras
oficinas de escritores.

LXIV
LXIV

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Manual do Educador

Os pontos fortes
desta coleção
Ao aliar as três bases do ensino de língua portuguesa (leitura, produção e análise
linguística) de maneira contextualizada, esta coleção possibilita um trabalho eficiente e
divertido em sala de aula. Conheça os principais pontos da nossa proposta:

Ênfase no trabalho reflexivo com a língua.

Abordagem gramatical renovada.

Trabalho inovador com o português brasileiro.

Abordagem de temas transversais.

Abordagem em espiral da leitura, da análise


linguística e da produção textual.

Propostas de produção de textos voltadas para a realidade.

Questões de concursos voltados para o segmento (Colégios


de Aplicação, Institutos Federais, Colégio Militar, etc.).

Interpretação de texto focada no processo de inferência.

Manuais do educador elaborados para auxiliar


a prática pedagógica de forma eficiente.

E mais: todo o conteúdo é enriquecido com as tirinhas de Preá e Café e seus ami-
gos da escola! Juntos eles têm que enfrentar as excentricidades de uma professora
ranzinza que não mede esforços para manter a língua portuguesa tal como era nos
tempos de Camões.

LXV

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AL
AN U
M
o R
a
ç DO
n h e UCA 1 Reprodução do livro do aluno
C o ED
o
ul
p ít
Ca 26

Cada página do manual traz uma


DO
3. Um conto social muito conhecido é Meg Foguete, de Sérgio Capparelli. Nesse conto,
Fátima, a personagem central, pertence a um grupo social de pouca escolaridade, mas
desde cedo é familiarizada com questões ligadas ao trabalho. Leia abaixo um trecho desse
conto e, em seguida, responda às questões propostas.
Sugestão de
Abordagem [...] Esses treze anos deram a Fátima dois olhos vivazes, uma cor de ferrugem

página do livro do aluno em tamanho


e uma certa perplexidade diante do mundo. Ignora o que seja fração, conjuntos,
a capital de Pernambuco, estado sólido, líquido e gasoso. Mas sabe e discute o
No trabalho com a ques- que é hora extra, carteira de trabalho [...].
tão 2, utilize o fragmento do CAPPARELLI, Sérgio. Meg Foguete. Porto Alegre: L&PM, 2011.

conto Meg Foguete, de Sér-

reduzido. Ou seja, reproduzimos todo


a) Como vimos, os contos sociais tratam de temas bastante específicos e sempre funcio-
gio Capparelli para discutir nam como um meio de denúncia de injustiças. Qual é a denúncia social contida nesse tre-
com seus alunos a respeito cho do conto Meg Foguete?

da importância do conhe- Escolaridade versus mundo do trabalho. A menina desconhece conhecimentos básicos,

cimento de mundo para a pois não frequenta a escola, mas entende como funciona o mundo do trabalho.

compreensão de um texto.
b) Qual é a relação de sentido expressa pela palavra mas?
Oposição, adversidade.

Diálogo com
o professor
c) Por que essa relação semântica se estabelece?
Porque, como a personagem tem apenas 13 anos, espera-se que frequente a escola e co-
nheça informações básicas, como qual é a capital de Pernambuco e o que é estado sólido,
líquido e gasoso, mas não que saiba e discuta o que é hora extra, carteira de trabalho, etc.
o conteúdo destinado ao aluno lado a
Muitas vezes, a relação de
oposição indica pressupos-
tos discursivos. Por exem-
plo: Ela queria comprar um
carro, mas era pobre. Nesse
d) Utilizando uma linguagem metafórica, o narrador afirma que os “[...] anos deram a Fátima
dois olhos vivazes”. O que ele quis dizer com isso?
Fátima ficou mais esperta com os anos.

e) O que causou esses “olhos vivazes”?


lado com o conteúdo preparado para
caso, evidenciamos o pres- A passagem dos anos, o amadurecimento precoce.

suposto de que pobres não


compram carros. 26

LPemC_2018_BNCC_9A_Cap1.indd 26 08/05/18 07:26


auxiliar o seu trabalho. Na prática,
BNCC – Habilidades gerais

EF69LP44
EF69LP47
EF69LP54 Anotações
temos dois livros em uma só brochura,
o que torna ainda mais prático o seu
BNCC – Habilidades específicas

EF09LP04
EF09LP08

2626

LPemC_ME_2018_BNCC_9A_Cap1.indd 26 02/06/18 00:40


desempenho em sala de aula.

Manual do Educador

Conto social

19
Capítulo
1
13. O texto que você vai ler agora é um trecho do conto Traba-
lhadores do Brasil, escrito por Wander Piroli em 1959. Durante
Dicionário Sugestão de
a leitura, procure identificar as características que o definem,
primeiro, como um conto e, depois, como um conto de temática Bonde – Antigo meio de Abordagem
social. Após a leitura, responda às questões propostas. transporte que se movia
sobre trilhos.
Trabalhadores do Brasil Esturrada – Extremamente
queimada, torrada. O conto de Wander Piroli
Como uma ilha entre as pessoas que se comprimiam no abri- Alpargata – Sandália que
go de bonde, o homem mantinha-se concentrado no seu serviço. se prende ao pé por tiras aborda uma temática que

Área lateral dos manuais


sugere uma discussão in-
de couro ou de pano.
Era especialista em colorir retrato e fazia caricatura em cinco
minutos. No momento, ele retocava uma foto de Getúlio Vargas,
que mostrava um dos melhores sorrisos do presidente morto. teressante. A situação so-
O homem estava sentado num tamborete rústico, com os joe-
lhos cruzados e a cabeça baixa […]. Nem sequer a chegada do cioeconômica do brasileiro
bonde fez o homem levantar a cabeça. Trabalhava variando de
lápis calmamente, como se não tivesse nenhuma pressa ou mes- mudou com o passar dos
mo não desejasse terminar o serviço. Getúlio na foto continuava
sorrindo para o homem com um de seus melhores sorrisos.
anos? A que período da
Uma mulher esturrada, de alpargata e vestido muito largo, história o texto se refere?
aproximou-se e parou à sua frente. O homem levantou a cabeça:
— Você, Maria. Quem foi Getúlio Vargas?
Ela moveu o rosto com dificuldade e fez o possível para sor-
rir, fixando atenta e profundamente a cara do homem. Qual a importância dessa
figura para a história do
— Aconteceu alguma coisa?

Nas áreas laterais do seu


— Não — murmurou a mulher.
O homem pôs a fotografia e o lápis na mesa e esperou que
a mulher falasse. Olhavam-se como duas pessoas de intensa
Brasil? Talvez este seja um
convivência. bom momento para convi-
— Não houve mesmo nada? — tornou o homem.
— Claro que não, Zé. Eu vim à toa […]. — Fez alguma coisa dar o professor de História
hoje, Zé?
— Fiz um — respondeu levantando-se. — Senta aqui. Você para uma aula interdiscipli-
deve estar cansada. nar. O conhecimento dos

manual, você encontrará todo o


A mulher sentou no tamborete, desajeitada.
[…] fatos históricos é funda-
— Espera um pouquinho aí — disse o homem, e caminhou
na direção de uma das lojas. mental para a compreen-
A mulher permaneceu sentada no tamborete, observou por
um momento o vendedor de agulhas, que continuava gritando,
são deste conto.
depois deteve a vista na foto de Getúlio Vargas sorrindo para
os trabalhadores do Brasil. O homem reapareceu com um sa-
quinho manchado de gordura.

conteúdo preparado para apoiar


[…]
Wander Piroli. Trabalhadores do Brasil. In: Para gostar de ler. Vol. 9.
São Paulo: Ática, 1989.
19

o seu trabalho, enriquecendo a


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Diálogo com
o professor

Acerca dos personagens do tex- desses elementos. Por exemplo: colhas de palavras contribuem
to, comente que a caracterização uma mulher esturrada, de alpar- enormemente para caracteriza-
deles não ocorre aleatoriamente. gatas e vestido muito longo; ros- ção dos personagens, imprimin-
Seria interessante questionar os
alunos sobre a escolha de alguns
pontos relacionados à construção
to lento e sofrido; desajeitada; ou
mesmo o nome dos personagens
(Zé e Maria). Todas essas es-
do-lhes uma aparência austera,
corroborada pela linguagem. sua abordagem com variadas
informações.
19

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o
1
ul
Anotações
p ít
Ca 12
o MoMEnTo Conto social
E ir
iM Na escuridão miserável
Pr
Diálogo com Eram sete horas da noite quando entrei no carro, ali no Jar-
dim Botânico. Senti que alguém me observava, enquanto punha

Os manuais contam com áreas


o professor o motor em movimento. Voltei-me e dei com uns olhos grandes
e parados como os de um bicho, a me espiar, através do vidro
Esperamos que, durante a Antes de
começar a ler
da janela, junto ao meio-fio. Eram de uma negrinha mirrada,
raquítica, um fiapo de gente, encostada ao poste como um ani-
leitura, os alunos relembrem Fernando Sabino foi um malzinho, não teria mais que uns sete anos. Inclinei-me sobre o
algumas características dos advogado, jornalista e banco, abaixando o vidro:
escritor brasileiro nascido
— O que foi, minha filha? — perguntei, naturalmente pen-
contos, como narrativa cur- em Belo Horizonte, Minas
sando tratar-se de esmola.

específicas para você realizar suas


Gerais. Um dos mais

ta, número restrito de perso- — Nada não, senhor — respondeu-me, a medo, um fio de
habilidosos escritores
brasileiros do século
voz infantil.
nagens, apenas um conflito,
XX. Sua obra literária
caracteriza-se pela — O que é que você está me olhando aí?
exploração, com fino trato,
presença de um tipo de nar-
— Nada não, senhor — repetiu. — Esperando o bonde…
de fatos do cotidiano e
— Onde é que você mora?
rador, etc.
personagens anônimos
que, muitas vezes, são — Na Praia do Pinto.
esquecidos. Neste capítulo, — Vou para aquele lado. Quer uma carona?
em que trabalharemos
Ela vacilou, intimidada. Insisti, abrindo a porta:

anotações de forma organizada,


o conto social, iremos
ler o texto Na escuridão — Entra aí, que eu te levo.
BNCC – Habilidades gerais miserável, que narra o Acabou entrando, sentou-se na pontinha do banco, e enquan-
encontro de um homem
to o carro ganhava velocidade, ia olhando duro para a frente, não
EF69LP44 EF69LP53
de classe média com uma
menininha de dez anos que ousava fazer o menor movimento. Tentei puxar conversa:

EF69LP47 EF69LP54 — Como é o seu nome?


trabalha em uma casa de
família. O conto é triste e
— Teresa.
muito angustiante, um soco
no estômago. — Quantos anos você tem, Teresa?
— Dez.
BNCC – Habilidades específicas — E o que estava fazendo ali, tão longe de casa?

registrando todas as informações


— A casa da minha patroa é ali.
— Patroa? Que patroa?
EF89LP33 EF09LP04 Pela sua resposta, pude entender que trabalhava na casa de
EF89LP37 uma família no Jardim Botânico: lavava, varria a casa, servia a
mesa. Entrava às sete da manhã, saía às oito da noite.
— Hoje saí mais cedo. Foi jantarado.
— Você já jantou?

Anotações
— Não. Eu almocei.

importantes referentes à aula


— Você não almoça todo dia?
— Quando tem comida pra levar, eu almoço: mamãe faz um
embrulho de comida para mim.

12

realizada. Assim, ficará muito mais


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fácil localizá-las depois, inclusive


1212

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nos anos seguintes.
o
1
ul
p ít
Ca 10

Objetivos Pedagógicos

Ao final deste capítulo, o aluno


Capítulo 1 Denunciando
deve ser capaz de:
injustiças
Objetivos pedagógicos
• Demonstrar conhecimento bá-
sico sobre o gênero e suas fun-
ções sociais: o que é um conto
social? Para quem é escrito? Por 1. Neste capítulo, trabalharemos um gênero
Conhecimentos prévios

quê? Para quê? E como é feito? textual que possui uma função importante
para a sociedade: o conto social. Qual é
• Expressar-se de forma oral e essa função?
2. Que problemas sociais normalmente cha-
escrita sobre os temas abor- mam a sua atenção?
dados nos textos. 3. Para você, é possível uma pessoa sozinha
mudar a sociedade?

• Reconhecer mais de um tipo


textual em um mesmo texto.
• Realizar leituras inferenciais.
No início dos capítulos,
enfatizamos quais são os objetivos
Caracterizando o gênero
• Identificar fenômenos da lin-
guagem, ambiguidade, aspec- A literatura sempre é vista como uma forma de entreteni-
tos da narração, informações mento, de beleza, de sentimentos amorosos, etc. Mas pode

implícitas e explícitas e o valor


ser também uma importante forma de denúncia de injustiças.
Neste capítulo, vamos estudar o conto social, um gênero
semântico de algumas pala- textual narrativo em que o autor procura chamar a atenção do

pedagógicos que pretendemos


leitor para um problema da sociedade e, a partir disso, sensi-
vras no texto. bilizá-lo e até mobilizá-lo na busca pela transformação social.

• Realizar prática e análise lin-


guística, observando as dis-
tinções estruturais e funcionais
dos períodos compostos por

alcançar. Esses tópicos ajudarão


coordenação e por subordina-
LPemC_2018_BNCC_9A_Cap1.indd 10 08/05/18 07:26

ção.
• Empregar adequadamente as Anotações
expressões ao encontro de /
de encontro a; acerca de / há
cerca de; afim / a fim.
• Planejar, produzir e avaliar um
conto social.
bastante a elaboração do seu
planejamento bimestral.
1010

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LXVI
LXVI

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Manual do Educador

o
1
Diálogo com o professor
ul
p ít
Ca 34
b) No trecho, Heber Costa utiliza essa quebra de expectativa para fazer uma crítica social
de maneira indireta, ou seja, ela não está dita explicitamente no texto. Qual é essa crítica?
Você vê alguma relação entre ela e o quadrinho abaixo?
Diálogo com

Os manuais da coleção foram


Nossa! Um Que absurdo!
o professor gatinho
abandonado!
Você gosta de
leite, miau?
Isso é culpa
do governo!!

Na página 35, proporemos


uma discussão acerca da va-
riação e do preconceito lin-
guístico, abordados na tirinha
Madame. É importante atentar A crítica é que, às vezes, as pessoas se importam com os direitos dos animais, mas ignoram

para as opiniões apresentadas

produzidos buscando um diálogo


os direitos das crianças em situação de miséria. Essa mesma crítica é feita no quadrinho.

pelos alunos, para descons-


truir possíveis preconceitos.
Em discussões como essas,
é comum os alunos entende- Aprenda mais!
rem que não existe erro, que as

permanente com o professor.


O discurso

pessoas podem se expressar Tradicionalmente, identificamos de três formas o discurso dos personagens em textos narrativos:
Discurso direto – O narrador reproduz fielmente a fala dos personagens, exatamente da forma como ele falou.
como bem entenderem, etc. — Nesse caso, utiliza normalmente os chamados verbos dicendi (ou de elocução), como falar, dizer, comentar, e a
fala do personagem é indicada por meio do travessão.

julgamentos que, muitas vezes, Uma mulher esturrada, de alpargata e vestido muito largo, aproximou-se e parou à sua frente. O

são levados para casa e aca- homem levantou a cabeça:


— Você, Maria.

bam revoltando familiares que,


Ela moveu o rosto com dificuldade e fez o possível para sorrir, fixando atenta e profundamente a cara

Assim, utilizamos estes boxes para


do homem.

em avaliações infundadas,
— Aconteceu alguma coisa?
— Não — murmurou a mulher.

questionam o livro didático e a Wander Piroli. Trabalhadores do Brasil.

nossa postura em sala de aula.


Discurso indireto – O narrador reproduz a fala dos personagens de forma indireta, ou seja, utilizando suas próprias
palavras, não as do personagem. Nessa reprodução, ele não utiliza aspas nem travessão.

Infelizmente, para o senso co- […] E ria, de um jeito sombrio e triste; depois pediu-me que não referisse a ninguém o que se passara

mum, variação ainda é sinôni-


entre nós; ponderei-lhe que a rigor não se passara nada […].
Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás Cubas.

mo de erro que ameaça a “in-


tegridade” da língua. Não faz
muito, um livro didático de Lín-
gua Portuguesa causou uma
34

LPemC_2018_BNCC_9A_Cap1.indd 34 10/05/18 11:14


esclarecer nosso posicionamento
polêmica descabida na mídia como se, para tratar de maneira Editorial). Nele, vários linguistas
ao abordar tal fenômeno, mes- científica do infarto do miocárdio, se posicionam contra um pro-
mo fazendo todas as neces-
sárias ponderações e tendo
como base os PCN de Língua
não fosse necessária a formação
médica. O mesmo ocorre quando
se trata de avaliar o emprego de
jeto de lei proposto em 2007
pelo deputado federal Aldo Re-
belo, segundo o qual “todo e
sobre controvérsias teóricas e deixar
claros os motivos que nos levaram a
Portuguesa. O problema é que estrangeirismos. A esse respeito, qualquer uso de palavra ou ex-
cidadãos que ignoram a exis- vale conferir o artigo do professor pressão em língua estrangeira
tência das ciências linguísticas da Unicamp Kanavillil Rajagopa- […] será considerado lesivo ao
se julgam aptos para falar so- lan em Estrangeirismo: guerras patrimônio cultural brasileiro,
bre a língua a qualquer tempo, em torno das línguas (Parábola punível na forma da lei”.

3434

LPemC_ME_2018_BNCC_9A_Cap1.indd 34 02/06/18 00:40


adotar certas posturas.

Manual do Educador

Sugestão de abordagem
Conto social

35
Capítulo
1
Discurso indireto livre – Apresenta as características do discurso indireto, mas normalmente sem os verbos de
elocução, o que produz uma mistura entre a fala do personagem e a do narrador. Esse discurso geralmente revela
dúvidas, angústias, reflexões.

[…] Como nas noites precedentes, uma fila de agricultores se formou na porta de uma padaria, e o
Sugestão de
padeiro saiu a informar que não havia pão. Por quê? O padeiro respondeu que não havia farinha. Onde
então estava ela? Os agricultores invadiram a padaria e levaram o estoque de roscas e biscoitos, a
Abordagem

Ao longo do seu manual, você encontrará


manteiga e o chocolate […].
Garcia de Paiva. Os agricultores arrancam paralelepípedos.
A seguir, propomos algumas res-
postas para a seção Análise lin-
guística:
Análise linguística

inúmeras sugestões de como abordar


1. Ela pensou que o nome da ofi-
Período composto por subordinação cina de costura era Águia de
Leia a tira abaixo. Ouro. Mas, para a costureira,
MADAME/Eudson de Paula
o nome agulha é pronunciado
agúia.
2. Não. É fundamental lembrar
aos alunos conceitos impor-
tantes da comunicação e da
sociolinguística. Seria interes-
sante utilizar a tira para discutir,
melhor os conteúdos em sala de aula.
De visitas técnicas a filmes relacionados
entre outras coisas, a noção de
adequação e variação de re-
1. Na tirinha, o humor é criado a partir de uma confusão feita pela madame. Que confusão
foi essa? gistro (formal/informal), concei-
2. Nessa tirinha, podemos perceber várias informações implícitas a respeito das persona-
tos que, mal compreendidos
gens e da própria situação comunicativa. Pensando nisso, discuta com o professor e
seus colegas: a madame se expressou de maneira adequada à situação? ou ignorados, estão na base
3. A madame tinha algum preconceito com relação à maneira de falar e de escrever da
costureira? Explique.
do preconceito linguístico.
4. No segundo quadrinho, qual é a relação de sentido expressa pela preposição para?
5. No segundo quadrinho, analisando a fala da madame, podemos dizer que ela des- 3. Sim. A madame expressa
confia de quaisquer pessoas? Explique.

35
preconceito quando afirma
desconfiar “de pessoas que
erram o nome do próprio ne-
gócio”, como se a forma como
ao tema trabalhado, procuramos trazer
sugestões úteis para a sua prática
LPemC_2018_BNCC_9A_Cap1.indd 35 08/05/18 07:27

a costureira se expressava a
BNCC – Habilidades gerais tornasse menos competente
Anotações para o trabalho.
EF69LP05 EF69LP55
EF69LP54 EF69LP56 4. Finalidade.

pedagógica. Com isso, ficará muito mais


5. Não, ela desconfia apenas das
BNCC – Habilidades específicas pessoas “que erram o nome do
próprio negócio”.
EF09LP04
6. Porque a oração limita o sentido
EF09LP08
do termo pessoas.

fácil planejar as suas aulas.


35

LPemC_ME_2018_BNCC_9A_Cap1.indd 35 02/06/18 00:40

1
Leitura complementar
o
ul
p ít

Nesta seção, trazemos pequenos


Ca 36
6. Ainda no segundo quadrinho, a oração “que erram o nome do próprio negócio” funciona
como um adjetivo. Explique.
Leitura
No início deste capítulo, revimos as maneiras como orações podem se coordenar na ca-
Complementar deia textual. Agora, veremos como elas podem se subordinar, isto é, estabelecer relações
sintáticas em que uma oração exerce uma função sintática exigida por outra. Como exem-
Talvez o preconceito linguís-

textos teóricos associados ao


plo, vejamos o período a seguir, retirado do segundo quadrinho da tira:

tico mais óbvio seja uma afir- Desconfio de pessoas que erram o nome do próprio negócio.
mação corrente sobre a fala Primeira oração (principal) Segunda oração (subordinada)

de algum grupo (jovem e/ou


pouco escolarizado): eles fa- Nesse período, observamos a presença de duas orações: uma principal e uma subor-
dinada a ela. Perceba que a segunda oração exerce uma função sintática determinada
lam de qualquer jeito. Trata-se pela principal, por isso é chamada de subordinada.

de preconceito no sentido eti-


mológico: um pré-conceito,
ou seja, um conceito emitido
antes da análise dos fatos.
Na prática, as orações subordinadas podem funcionar como substantivos, adjetivos ou
advérbios em relação à oração principal. Por esse motivo, dividimos as orações subordina-
das em três grandes grupos: substantivas, adjetivas e adverbiais. Veja:

Função de adjetivo – A oração restringe


conteúdo trabalhado no capítulo. A
nossa intenção foi enriquecer ainda
o sentido do termo pessoas.

As pessoas têm, eviden- Desconfio de pessoas que erram o nome do próprio negócio.
temente, direito a seu gosto Oração subordinada adjetiva
(musical, linguístico, culinário,
etc.). Assim, é legítimo que
Função de substantivo – A oração funciona como
cada pessoa tenha sua pre- objeto direto do verbo perguntar.

mais a sua prática com sugestões


ferência por sotaques (gostar A madame perguntou se a mulher era a costureira.

mais de ouvir nordestinos do Oração subordinada substantiva

que de ouvir gaúchos ou mi-


neiros, ou vice-versa) e por Função de advérbio – A oração expressa uma

construções sintáticas (gos- condição, papel típico dos advérbios.

tar mais de construções com A madame não pagaria a costureira se o serviço não ficasse bom.

cujo do que de construções

de textos teóricos coadunados com


Oração subordinada adverbial

que o contornam, etc.).


Mas seria bom que ninguém 36

pensasse simplesmente que


seu gosto é o “certo”, porque LPemC_2018_BNCC_9A_Cap1.indd 36 08/05/18 07:27

esta posição, em geral, além Leitura Complementar


de erro técnico, é prova de
pouca cultura. Não é legítimo,
do ponto de vista cultural,
“falar mal” sem fundamento,
No famoso poema O bicho,
o poeta Manuel Bandeira
(1886–1968) retrata uma cena
corriqueira e deplorável da
“bicho” se alimentando de res-
tos de lixo como uma denúncia
aos níveis de pobreza nacional,
levando seus leitores a uma re-
a nossa abordagem. Com isso,
desprezar sem analisar […].
realidade do nosso País. O flexão sobre a dignidade humana
POSSENTI, Sírio.
Não se fala sem gramática.
http://www.cartacapital.com.br/carta-na-
escola/nao-se-fala-sem-gramatica/
Acessado em 24/05/2012.
longo do poema, o autor usa
recursos próprios da poesia
para construir a imagem do
diante da miséria.
Leia uma análise do famoso poe-
ma de Bandeira no endereço a
criamos um elo interessante entre a
3636

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teoria e a prática.

LXVII

LPemC_ME_9A_2015_Paginas_Iniciais.indd 67 02/06/18 00:50


o n o
ça lu
h e oa
n d 2
o
C ro
Capítulo
Na mente dos

li v
personagens

Conhecimentos prévios
1. Quando você tem ansiedade para que algo
importante aconteça, como você sente a

a
et
rij
| Zu
passagem do tempo?

ck
to
rs
2. Você acha que a passagem do tempo é per-

tte
Shu
cebida da mesma forma pelas pessoas?
3. Você acha possível escrever uma narrativa
simulando o fluxo do nosso pensamento?

Caracterizando o gênero
O que estudaremos neste capítulo:
Neste capítulo, estudaremos o con- mos saudade e temos a impressão de
• Características e função social dos contos
to psicológico, uma realização con- que o tempo passa lentamente. Nesse
psicológicos
temporânea do conto em que predomi- gênero, o narrador costuma causar cer-
• Orações subordinadas substantivas subjetivas,
nam o espaço e o tempo psicológicos. to estranhamento no leitor a partir da
objetivas diretas e objetivas indiretas
Esses elementos dizem respeito à for- forma como narra a história. Agora,
• Orações subordinadas substantivas

Abertura de
ma como cada um de nós percebe o vamos mergulhar em contos em
tempo e os espaços em determinadas busca desse estranhamento. completivas nominais, predicativas e apositivas
situações, como ocorre quando senti- • Pontuação das orações subordinadas
substantivas

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Capítulo

Conhecimentos prévios Caracterizando o gênero


Nesta seção, iniciamos o trabalho com o capítulo. Depois de checar o que você já
Aqui você encontrará perguntas cujo objetivo é sabe sobre o gênero, é hora de
despertar a sua curiosidade e o seu interesse pelo sistematizar esse conhecimento,
gênero textual que será tema do estudo. A intenção observando a sua função
é investigar os conhecimentos que você já tem social e suas características
sobre o gênero. composicionais.

O MOMENTO Conto psicológico


E ir
iM O dia das trevas
Pr
Lembro que vivíamos numa casa velha e, embora fosse o
mundo para mim, era reconhecidamente humilde e pequena até
para os padrões já baixos do bairro pobre em que morávamos.
Alheio a tudo, eu não via que minha mãe, com a garganta pre-
Antes de começar a ler
Antes de sa pelo nó do silêncio, sofria um sentimento mudo de solidão.

O objetivo aqui é
começar a ler
Seu sorriso era raro e só se abria quando raios do sol entravam
No capítulo anterior, em prisma pela janela e caíam coloridos sobre mim, contras-
analisamos o texto Jonas
tando com a pele negra, que reluzia seu brilho fascinante e es-
e o menino, de Heber
quecido. Enternecida pela sua solitária condição não apenas

apresentar informações
Costa. Nesse estudo,
caracterizamos esse texto de mãe, mas de mulher, ela me abraçava; eu, sem entender,
como um exemplo de
apenas me sentia mais protegido. Somente outra coisa a fazia
conto social. Nele havia
um narrador-observador, sorrir: a chegada daquele homem. Era um homem branco e
uma denúncia alto, com cheiro forte de riqueza. Entrava em casa com estirpe
social, uma crítica ao
de dono, passava diretamente pela sala e conduzia minha mãe
abandono de crianças

importantes para a
e ao comportamento de para o quarto. Ignorado e ignorando, eu brincava com meus
pessoas que, ignorando caubóis de plástico no velho oeste daquele chão poeirento e
esse abandono,
na savana do carpete sujo. Com o cair da tarde, o abandono
comovem-se mais com a
miséria de animais. Além do sol e o desinteresse das brincadeiras, pesava sobre mim
disso, vimos que, para um sentimento estranho, uma miséria que brotava das minhas
enriquecer a narrativa,
o autor utilizou algumas
palavras em situações compreensão do texto
que será lido. Mais uma
diferentes daquelas em
que normalmente são
empregadas, o que causa
certo estranhamento
no leitor. Esse
estranhamento é o fim
estético do texto, isto é,
do prazer da leitura.
No conto que vamos
ler agora, também
produzido por Heber
Costa e publicado no
seu blogue Manual de
vez, entram em cena os
Astronomia, veremos
uma narrativa semelhante
conhecimentos prévios, DO
O primeiro e o
MOMENTO
ao conto social, mas
algumas diferenças nos
Conto psicológico
permitem classificá-la
N
gu
como psicológica. Leia
com atenção o texto,

necessários para a SE Três copos d’água

segundo momentos
procurando perceber
esses detalhes.
Cheguei àquela pequena cidade por volta das 16 horas da se-
gunda — o céu e seu estranho alaranjado, terras aquietadas no
56

produção de sentido. pé das serras do Agreste. A viagem tinha sido tranquila, poucos
carros. O meu cansaço de meses de trabalho repousou momen-
tos, quanto silêncio depois do nosso nome ter ido embora.
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Antes de Parei o carro na frente da escola. Lembro-me dela e dos
começar a ler meninos correndo, depois das aulas, meus olhos como folhas
O conto que vamos ler
a seguir foi escrito por
secas levadas pelo vento das memórias. O papel timbrado na
mão, com a logo da empresa, parecia o meu caderno, as tare-
fas feitas sempre no dia anterior, minha mãe, meu chefe, meus
Cada capítulo traz dois
textos principais que
Malthus de Queiroz, um
contista cearense de clientes... Será que o portão faria o mesmo ruído daquele dia
grande habilidade. Nesse
conto, Malthus criou em que me formei, um ruído de palavras estranhas.
um verdadeiro labirinto — Bom dia. Eu venho falar com a diretora, D. Dulcineia.
psicológico para contar — Ela não está. Só volta amanhã.

exemplificam o gênero
a história de um homem
que retorna à sua cidade Sentei-me na lanchonete em frente, saíra da faculdade cheio
natal vinte anos depois e de ideias revolucionárias, aquela camisa que eu te dei quando
lá reencontra Dulcineia, parti. Pedi água, nada menos que vinte anos sem ver essa rua.
sua namorada da infância,
agora diretora da escola Muito mudou, mas eu sabia onde estavam as coisas, a vendi-
onde estudaram. Na nha de seu Neno, a namorada eterna de minha infância que

trabalhado. Procuramos
lanchonete localizada em morava descendo o beco, era pobre, mais um copo d’água e
frente à escola, o homem
toma três copos d’água vou-me embora.
enquanto relembra sua Entrei novamente no carro com o timbrado na mão, um tanto
história com Dulcineia, de esperança esquecida. Lembrei do assalto; àquela hora, eu
uma relação marcada por
dormia, dormia, dormia, sede da tua sede de vida, um tiro de

sempre selecionar
sentimentos intensos.
raspão. Dormia.
— D. Dulcineia está?

textos interessantes que


— Ainda não. Mas tem a dona Clécia, que pode ajudar. Quer
falar com ela?
— Não, não. Tem que ser com a Dulcineia mesmo. Obrigado.
Outro dia igual a outro dia. E outros se passariam, água,
tua mão delicada se despedindo sem um movimento, pessoas,
dormia e voltava como um sonho. Era um sonho rever minha
cidade, o Agreste e sua fala, água revirada. Encontraria Dulci-
neia no outro dia.
Quando amanheceu, contei vinte piados de passarinhos di-
ferentes.
pudessem contribuir para
Para discutir
— Oi, eu sou o novo fornecedor. Vim do Recife, antes de
ontem, mas não te encontrei.
Era ela, eu tinha certeza. Parecia morrer nesta esquina, mas
a formação/consolidação
Compartilhe 74
ideias
1. No início do conto, o narrador faz um convite à menina. Que
convite foi esse? Para você, ela deveria ter aceitado a proposta?
2. Apesar de proibido por lei, o trabalho de crianças e adoles-
LPemC_2018_BNCC_9A_Cap2.indd 74 08/05/18 06:47
do hábito da leitura.
centes ainda é uma realidade no Brasil. Por que será que isso
ainda acontece?
3. Na seção Antes de começar a ler, dissemos que esse conto
representa um soco no estômago. Você concorda com essa
afirmação?

Desvendando os segredos do texto

1. Percebemos, nesse conto, a presença de um narrador per-

Para discutir
sonagem que, além de participar das ações narradas, demons-
tra seus sentimentos diante da realidade vivenciada pela me-
nina. Que sentimento tem o narrador em relação à família que
emprega a menina?
a) Admiração.
b) Indiferença.
c) Indignação.
d) Calma.
e) Perplexidade.

2. Podemos classificar esse conto como tendo uma temática


Este é o momento de expressar oralmente as
suas opiniões sobre o texto lido. As questões
social, pois aborda vários problemas enfrentados pela socieda-
de, como pobreza e exploração do trabalho infantil. Em contos
desse tipo, a abordagem do tema sempre busca a denúncia
como forma de sensibilização do leitor. Pensando nisso, res-

que trouxemos enfatizam aspectos discursivos


ponda às questões a seguir.

a) Quantas horas a menina normalmente trabalhava por dia?


Ela normalmente trabalhava 13 horas.

b) Como a menina era tratada no trabalho?


Ela era tratada de forma mesquinha. importantes e ressaltam que a língua não é um
14

LPemC_2018_BNCC_9A_Cap1.indd 14 08/05/18 07:26


meio de comunicação neutro.

LXVIII
LXVIII

LPemC_ME_9A_2015_Paginas_Iniciais.indd 68 02/06/18 00:50


Manual do Educador

Desvendando os segredos do texto Desvendando os


segredos do texto
1. Indique a alternativa em que um dos temas apresentados não é trabalhado no texto.
a) Solidão, cansaço, solidariedade.
b) Pobreza, desigualdade, exclusão.
c) Abandono, solidão, pobreza.
d) Injustiça, miséria, sofrimento.
e) Solidão, desigualdade, injustiça.

2. No início do texto, o autor esclarece que Jonas era acometido pelo cansaço da rotina.
Por que o personagem se sentia assim todos os dias?
De acordo com a leitura do texto, podemos inferir que Jonas se sentia cansado porque já não
Nas questões de
tinha ânimo para viver devido aos inúmeros sofrimentos pelos quais passava com o filho.

3. Agora, releia os dois últimos períodos do texto e explique por que “o menino já não es-
tranhava o abandono”.
compreensão textual, você Análise linguística
Porque o abandono fazia parte da sua vida, do seu cotidiano, pois passava o dia inteiro
sozinho e acostumara-se à solidão.

4. O narrador usa um tempo verbal com muita frequência nesse texto: o pretérito imperfei-
terá de assumir muitas Oração subordinada substantiva
completiva nominal
vezes o papel de detetive Análise linguística
to. Que tipo de narrador é esse? E o que esse uso indica? Para servir de exemplo, destaque
Leia a tirinha.
duas frases do texto em que o pretérito imperfeito foi usado. PREÁ / Eudson e Lécio
Seu texto está muito confuso! Não tem
É um narrador-observador. O pretérito imperfeito dá a ideia de que os fatos narrados eram

das informações ditas e


Preá, cheguei à tempo cronológico, as ações estão fora
conclusão de que você de ordem, os personagens são Um conto
costumeiros e se repetiam sempre. Exemplo: “Jonas sentia um cansaço”, “Chegava perto realmente não sabe contraditórios... O que psicológico!
escrever! você quis escrever?!
das seis”, “Jonas lavava bem sua cabeça”.

5. Apesar do triste desfecho do conto, Jonas parece se importar com o menino. Isso revela
que o personagem vive um forte conflito psicológico. Na sua opinião, por que Jonas aban-
donou o filho? E o que sentiu ao fazer isso? Justifique sua resposta.
não ditas pelo autor. Aqui Nesta seção você verá que
Resposta pessoal, mas espera-se que o aluno perceba que o pai talvez tenha pensado que a

você perceberá que os estudar gramática não é


criança seria mais bem cuidada por outra pessoa, visto que ele não tinha condições. Em relação ao Agora, analise este período:
sentimento, considerando que fazia todo o possível para sustentar o filho, o personagem provavel-
Preá, cheguei à conclusão de que você realmente não sabe escrever.
mente se sentiu culpado pelo que fez. É possível também a interpretação de que o personagem te-

nha sentido algum alívio junto com a culpa, visto que criar o filho era uma grande responsabilidade.

Desde que bem justificadas, diversas interpretações são possíveis. textos escondem muitos 1. Retire desse período o termo de que você realmente não sabe escrever. O que acon-
tecerá com o sentido do período?
decorar regras complicadas.
2. Considerando a sua resposta ao item anterior, identifique a função sintática do termo
32

segredos…
retirado do período.

Muitas vezes, durante a nossa comunicação, utilizamos algumas palavras de sentido in-
completo. Na primeira parte deste capítulo, vimos que essa é uma característica de alguns
Na verdade, como não
verbos, os chamados verbos transitivos. Para se completarem semanticamente, esses

existe texto sem gramática,


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verbos necessitam, portanto, de complementos verbais.


No entanto, essa necessidade semântica não é restrita aos verbos. Existe uma porção
de nomes (substantivos abstratos, adjetivos e advérbios) que têm sentido incompleto,
isto é, exigem um complemento nominal, uma função sintática exercida geralmente por
substantivos.
Observe este período, retirado do primeiro quadrinho da tira:

Nome com sentido incompleto


ela é uma ferramenta
Preá, cheguei à conclusão de que você realmente não sabe escrever.

Oração subordinada substantiva completiva nominal


indispensável para a
80

LPemC_2018_BNCC_9A_Cap2.indd 80 10/05/18 10:25


produção de sentidos.

Prática linguística

Texto

Prática linguística
O vô Maurício e os livros
Eu tinha 7 anos e estava na segunda série. Era início de
inverno e fazia muito frio em Porto Alegre. Meus pais tinham
feito uma reforma em nossa casa e construído uma espécie de
mezanino — uma sala suspensa, formando a metade de um
segundo andar, do meio até o fim da garagem.
Era uma quarta-feira. Como é que eu sei? Porque o vô Mau-
rício e a vó Luísa iam jantar conosco todas as quartas-feiras.
Sempre levavam presentes. Passas de pêssego de Pelotas,
por exemplo, que eu adorava. Língua de gato, meu chocolate
É hora de praticar os
predileto. Um time de botão, quem sabe?, ou um álbum de fi-
gurinhas.
Nesse dia, meu avô levou algo especial. Era um pacote pe-
queno, em forma de retângulo. Achei que fosse algum jogo.
Rasguei o papel de qualquer jeito para ver logo o que era. E
conhecimentos estudados
fiquei com cara de bobo e dei um sorriso amarelo. Disse um
“obrigado” meio chocho, fingindo que tinha gostado. Era um
livro.
A capa branca trazia o desenho de um menino com uma bi-
na seção Análise linguística.
cicleta daquelas bem antigas, que têm a roda da frente enorme
e a de trás pequenininha. O nome do livro era Jim e a bicicleta.
Àquela altura eu já sabia ler, mas nunca tinha lido uma his- Lembre-se: nada de decorar
regras! O mais importante é
tória grande assim sozinho, do começo ao fim. Dava até um
pouco de medo. Mas, para o meu avô não ficar chateado e tam-
bém porque, no fundo, eu estava com uma pontinha de curiosi-
dade, resolvi começar a ler o livro depois do jantar.
Subi para o mezanino, deitei numas almofadas gostosas
que minha mãe tinha feito, deixei uma caixinha nova de língua
de gato aberta do meu lado e comecei a leitura. Comecei e não
parei mais. Minha irmã foi me convidar para brincar, e eu não
quis. Ia passar um programa bom na televisão, mas também
entender como funciona a
não me deu vontade de ver. Só parei de ler quando já tinha pas-
sado bastante da minha hora de ir para a cama e meus avós
me chamaram para se despedir. estrutura da nossa língua e
66

Compartilhe
Capítulo
2
LPemC_2018_BNCC_9A_Cap2.indd 66 08/05/18 06:47
usá-la em nosso favor.
É hora de produzir ideias

Antes de começar a escrever

Proposta
A seguir, você vai analisar o enredo de um conto psicológico
muito conhecido: Eu estava ali deitado, do escritor mineiro Luiz
Vilela.

O conto traz duas narrativas paralelas: uma exterior


(aparente) e outra interior (psicológica). Na primeira,
Carlos está deitado em sua cama. Ele observa as coisas
que estão ao seu redor: as roseiras que vê pela janela,
as venezianas, etc. Está sofrendo devido ao fim de seu
relacionamento com Míriam (narrativa interior). Sua mãe
Todo o trabalho
Capítulo
1
o procura no quarto, preocupada com seu desânimo.
Oferece almoço, mas ele rejeita. A mãe e o pai de Carlos
almoçam em silêncio. Depois, o pai vai até o quarto de
Carlos, procura conversar com ele e o convida para um
realizado com a leitura A escrita em foco

e a análise linguística A escrita em foco


passeio, mas ele também não aceita. O pai sai, e Car-
los continua deitado, pensando em Míriam. Para tentar
esquecê-la, ele conta até quinhentos, recorda o nome Uso de algumas palavras e
expressões

conduz às propostas de
de todas as capitais do Brasil e da Europa, relembra o
nome de diversos rios e montanhas, se remexe na cama
várias vezes. No final do conto, Carlos se surpreende no- Ao encontro de / de encontro a
vamente olhando as roseiras e as venezianas da janela,
Compare os períodos:
exatamente como no início do conto.

produção textual, pois


Ela saiu de casa para ir ao encontro de um sonho.
As péssimas atitudes dela vão de encontro a uma
postura responsável.
Para encerrar os
Proposta
Como você certamente percebeu, no enredo desse conto de
Luiz Vilela, a narrativa se passa com pouquíssimas ações. Des-
os textos são o ponto de
• ao encontro de = união; ser favorável a algo.
• de encontro a = oposição; ser contrário. capítulos, trouxemos
tacam-se o monólogo interior que o personagem central (Car- Acerca de / há cerca de / cerca de
los) trava consigo mesmo e seu estado psicológico, de pros-
tração total devido ao fim de seu relacionamento com Míriam
(narrativa paralela).
partida e de chegada de
Agora, analise estes períodos:

Os deputados estavam discutindo acerca de mudanças


tópicos interessantes e
no Código Florestal.
87

todo o nosso estudo.


Os deputados estão discutindo mudanças no Código
Florestal há cerca de três horas. importantes relacionados
à escrita, como o
Cerca de trinta mudanças foram propostas para o
LPemC_2018_BNCC_9A_Cap2.indd 87 08/05/18 06:47
Código Florestal.

• acerca de = a respeito de.


• há cerca de = indica aproximadamente o tempo transcorrido.
• cerca de = aproximadamente.

Afim / a fim emprego de letras


específicas e a ortografia
Leia os períodos abaixo:

Estou a fim de você.


Ele está a fim de comprar um carro.
Ele está economizando a fim de comprar um carro.

de certas palavras que


Eles tinham projetos de vida afins.
Os estados de Pernambuco e da Paraíba são afins.

45

rA
M
En
To
Muribeca LPemC_2018_BNCC_9A_Cap1.indd 45 08/05/18 07:27
costumam nos confundir.
CE r Lixo? Lixo serve pra tudo. A gente encontra a mobília da
En casa, cadeira pra pôr uns pregos e ajeitar, sentar. Lixo pra po-
der ter sofá costurado, cama, colchão. Até televisão.
É a vida da gente, o lixão. E por que é que agora querem ti-
rar ele da gente? O que é que eu vou dizer pras crianças? Que

Encerramento
não tem mais brinquedo? Que acabou o calçado? Que não tem
Antes de mais história, livro, desenho?
começar a ler
E o meu marido, o que vai fazer? Nada? Como ele vai viver
O conto que você vai sem as garrafas, sem as latas, sem as caixas? Vai perambular
ler agora foi escrito pelo
pela rua, roubar pra comer?
pernambucano Marcelino
E o que eu vou cozinhar agora? Onde vou procurar tomate,

Na reta final do capítulo,


Freire e faz parte de seu
alho, cebola? Com que dinheiro vou fazer sopa, vou fazer cal-
1
livro Angu de sangue. O Capítulo
texto aborda um problema
do, vou inventar farofa?
muito grave das grandes
cidades, os lixões, e, pior, Fale, fale. Explique o que é que a gente vai fazer da vida?
O que a gente vai fazer da vida? Não pense que é fácil. Nem
Mídias em contexto
as pessoas que tiram dele
o seu sustento. O título
remédio pra dor de cabeça eu tenho. Como vou me curar quan-
do conto faz referência
do me der uma dor no estômago, uma coceira […]? Vá, me
ao bairro da Muribeca
(Jaboatão dos Guararapes
– PE), onde funciona um
dos maiores lixões do País.
fale, me diga, me aconselhe. Onde vou encontrar tanto remédio
bom? E esparadrapo e band-aid e seringa?
O povo do governo devia pensar três vezes antes de fazer
revisamos os principais Neste capítulo, trabalhamos o conto social, um gênero de texto narrativo cujo objetivo
é, entre outros, chamar a atenção do leitor para o problema social abordado e, a partir daí,

Mídias em contexto
Atualmente, calcula-se
que lá existam 10 milhões isso com chefe de família. Vai ver que eles tão […] nesse terre- estimular seu senso crítico.
de toneladas de lixo, e
outras 2.800 toneladas são
depositadas a cada dia.
no. Vai ver que eles perderam alguma coisa. É. Se perderam,
a gente acha. A gente cata. A gente encontra. Até bilhete de
loteria, lembro, teve gente que achou. Vai ver que é isso, coisa
conteúdos trabalhados Proposta
da Caixa Econômica. Vai ver que é isso, descobriram que lixo
dá lucro, que pode dar sorte, que é luxo, que lixo tem valor.
Por exemplo, onde a gente vai morar, é? Onde a gente vai realizando atividades A fim de explorar melhor esse potencial, nesta atividade você e alguns colegas
deverão escolher um dos contos que vocês mesmos produziram neste capítulo
para transformá-lo em um curta-metragem. Ao final, os vídeos deverão ser
morar? Aqueles barracos, tudo ali em volta do lixão, quem é
Finalizamos o capítulo
bastante reflexivas e
compartilhados nas suas redes sociais.
que vai levantar? Você, o governador? Não. Esse negócio de

levando a reflexão para


Os vídeos são comprovadamente um dos meios de comunicação com maior poder per-
suasivo, em especial por causa da sua capacidade de explorar diferentes sensações —
principalmente pela visão e audição —, o que provoca percepções complexas no público.
Mas, para transformar o conto social em um curta que realmente alcance esse poder de

contextualizadas. A persuasão, será indispensável produzir primeiramente um bom roteiro. Os links a seguir
são sugestões de sites e canais em que vocês encontrarão bastantes informações sobre
o gênero roteiro. Confiram!
o universo virtual. A
intenção aqui é refletir e Portal Roteiro de Cinema

48
http://www.roteirodecinema.com.br/
intenção é levar você
opinar. Como é um roteiro de cinema e TV?
LPemC_2018_BNCC_9A_Cap1.indd 48 08/05/18 07:27 https://www.tertulianarrativa.com/comoeroteirodecinema

Como são feitos os roteiros de cinema?


compreender melhor
https://www.youtube.com/watch?v=-gT7r1yxcZw

Curso de roteiro Grátis – Episódio 1


esse ambiente e
https://www.youtube.com/watch?v=ese-l5CF5Z4

perceber como ele útil


53

LPemC_2018_BNCC_9A_Cap1.indd 53 08/05/18 07:27


para o seu estudo.

LXIX

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RIO
Á
M
SU

1
Denunciando injustiças
Capítulo
Primeiro momento – Na escuridão miserável---------------12
Conto • Desvendando os segredos do texto-----------------------------14
social • Análise linguística-----------------------------------------------------21
– Período composto por coordenação-------------------------21
• Prática linguística-----------------------------------------------------25
• É hora de produzir----------------------------------------------------28
Segundo momento – Jonas e o menino-----------------------30
• Desvendando os segredos do texto-----------------------------32
• Análise linguística-----------------------------------------------------35
– Período composto por subordinação------------------------35
• Prática linguística-----------------------------------------------------37
• É hora de produzir----------------------------------------------------42
• A escrita em foco------------------------------------------------------45
– Uso de algumas palavras e expressões--------------------45
• A escrita em questão-------------------------------------------------46

2
Na mente dos personagens
Capítulo
Primeiro momento – O dia das trevas-------------------------56
Conto • Desvendando os segredos do texto-----------------------------58
• Análise linguística-----------------------------------------------------60
psicológico
– Orações subordinadas substantivas-------------------------60
– Oração subordinada substantiva subjetiva-----------------63
– Oração subordinada substantiva objetiva direta----------64
– Oração subordinada substantiva objetiva indireta-------65
• Prática linguística-----------------------------------------------------66
• É hora de produzir----------------------------------------------------72
Segundo momento – Três copos d’água----------------------74
• Desvendando os segredos do texto-----------------------------77
• Análise linguística ----------------------------------------------------80
– Oração subordinada substantiva completiva nominal---80
– Oração subordinada substantiva predicativa--------------81
– Oração subordinada substantiva apositiva-----------------82
• Prática linguística-----------------------------------------------------83
• É hora de produzir----------------------------------------------------87
• A escrita em foco------------------------------------------------------89
– Pontuação das orações subordinadas substantivas-----89
• A escrita em questão-------------------------------------------------91

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3
Mundo em perigo
Capítulo
Primeiro momento – O verão mais quente
Artigo em 130 mil anos-------------------------100
expositivo e • Desvendando os segredos do texto-----------------------------102
• Análise linguística-----------------------------------------------------106
seminário – Pronomes relativos-----------------------------------------------106
• Prática linguística-----------------------------------------------------112
• É hora de produzir----------------------------------------------------115
Segundo momento – Desertificação ---------------------------118
• Desvendando os segredos do texto - ---------------------------122
• Análise linguística ----------------------------------------------------124
– Orações subordinadas adjetivas------------------------------124
• Prática linguística-----------------------------------------------------126
• É hora de produzir----------------------------------------------------130
• A escrita em foco------------------------------------------------------133
– Pontuação das orações subordinadas adjetivas---------133
• A escrita em questão-------------------------------------------------134

4
De olho na notícia
Capítulo
Primeiro momento – Por fé e lucro-----------------------------142
Dissertação 1 • Desvendando os segredos do texto-----------------------------145
• Análise linguística-----------------------------------------------------148
– Orações subordinadas adverbiais (1)-----------------------148
• Prática linguística-----------------------------------------------------152
• É hora de produzir----------------------------------------------------156
Segundo momento – Rede de notícias------------------------158
• Desvendando os segredos do texto-----------------------------164
• Análise linguística-----------------------------------------------------167
– Orações subordinadas adverbiais (2)-----------------------167
– Orações subordinadas reduzidas----------------------------169
• Prática linguística-----------------------------------------------------172
• É hora de produzir----------------------------------------------------175
• A escrita em foco------------------------------------------------------177
– Pontuação das orações subordinadas adverbiais--------177
• A escrita em questão-------------------------------------------------178

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RIO
Á
M
SU

5
A linguagem dos jovens
Capítulo
Primeiro momento – O português.com------------------------186
Dissertação 2 • Desvendando os segredos do texto-----------------------------189
• Análise linguística-----------------------------------------------------192
– Concordância verbal---------------------------------------------192
• Prática linguística-----------------------------------------------------197
• É hora de produzir----------------------------------------------------203
Segundo momento – O que é possível dizer
com 140 caracteres--------------------208
• Desvendando os segredos do texto-----------------------------210
• Análise linguística-----------------------------------------------------214
– Concordância nominal-------------------------------------------214
• Prática linguística-----------------------------------------------------217
• É hora de produzir----------------------------------------------------222
• A escrita em foco------------------------------------------------------223
– Uso de este, esse, aquele-------------------------------------223
• A escrita em questão-------------------------------------------------225

6
Ignorância e preconceito
Capítulo
Primeiro momento – Intolerância é ignorância-------------234
Editorial • Desvendando os segredos do texto-----------------------------236
• Análise linguística-----------------------------------------------------241
Artigo de opinião
– Regência------------------------------------------------------------241
• Prática linguística-----------------------------------------------------249
• É hora de produzir----------------------------------------------------254
Segundo momento – Bandeiras incompletas---------------256
• Desvendando os segredos do texto-----------------------------258
• Análise linguística-----------------------------------------------------261
– Colocação pronominal-------------------------------------------261
• Prática linguística-----------------------------------------------------264
• É hora de produzir----------------------------------------------------268
• A escrita em foco------------------------------------------------------270
– O fenômeno da crase--------------------------------------------270
• A escrita em questão-------------------------------------------------272

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7
Para discutir
Capítulo
Primeiro momento – Mandamentos do consumismo-----282
Debate • Desvendando os segredos do texto-----------------------------284
• Análise linguística-----------------------------------------------------288
– Estrutura das palavras (1)--------------------------------------288
• Prática linguística-----------------------------------------------------289
• É hora de produzir----------------------------------------------------290
Segundo momento – Aproveite para mudar o canal------294
• Desvendando os segredos do texto-----------------------------297
• Análise linguística-----------------------------------------------------302
– Estrutura das palavras (2)--------------------------------------302
• Prática linguística-----------------------------------------------------304
• É hora de produzir----------------------------------------------------306
• A escrita em foco------------------------------------------------------308
– Reflexões sobre a flexão de grau----------------------------308
• A escrita em questão-------------------------------------------------309

8
O texto publicitário
Capítulo
Primeiro momento – Anúncio-------------------------------------318
Texto • Desvendando os segredos do texto-----------------------------319
• Análise linguística-----------------------------------------------------322
publicitário
– Principais processos de formação de palavras-----------322
• Prática linguística-----------------------------------------------------327
• É hora de produzir----------------------------------------------------334
Segundo momento – Anúncio------------------------------------336
• Desvendando os segredos do texto-----------------------------337
• Análise linguística-----------------------------------------------------340
– Outros processos de formação de palavras---------------340
• Prática linguística-----------------------------------------------------342
• É hora de produzir----------------------------------------------------345
• A escrita em foco------------------------------------------------------346
– Estrangeirismos e empréstimos------------------------------346
• A escrita em questão-------------------------------------------------347

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o
1
ul
p ít
Ca 10

Objetivos Pedagógicos

Ao final deste capítulo, o aluno


Capítulo 1 Denunciando
deve ser capaz de:
•• Demonstrar conhecimento bá-
injustiças
sico sobre o gênero e suas fun-
ções sociais: o que é um conto
social? Para quem é escrito? Por 1. Neste capítulo, trabalharemos um gênero

Conhecimentos prévios
quê? Para quê? E como é feito? textual que possui uma função importante
para a sociedade: o conto social. Qual é
•• Expressar-se de forma oral e essa função?
2. Que problemas sociais normalmente cha-
escrita sobre os temas abor- mam a sua atenção?
dados nos textos. 3. Para você, é possível uma pessoa sozinha
mudar a sociedade?

•• Reconhecer mais de um tipo


textual em um mesmo texto.
•• Realizar leituras inferenciais.
Caracterizando o gênero
•• Identificar fenômenos da lin-
guagem, ambiguidade, aspec- A literatura sempre é vista como uma forma de entreteni-
tos da narração, informações mento, de beleza, de sentimentos amorosos, etc. Mas pode

implícitas e explícitas e o valor


ser também uma importante forma de denúncia de injustiças.
Neste capítulo, vamos estudar o conto social, um gênero
semântico de algumas pala- textual narrativo em que o autor procura chamar a atenção do
leitor para um problema da sociedade e, a partir disso, sensi-
vras no texto. bilizá-lo e até mobilizá-lo na busca pela transformação social.

•• Realizar prática e análise lin-


guística, observando as dis-
tinções estruturais e funcionais
dos períodos compostos por
coordenação e por subordina-
LPemC_2018_BNCC_9A_Cap1.indd 10 08/05/18 07:26

ção.
•• Empregar adequadamente as Anotações
expressões ao encontro de /
de encontro a; acerca de / há
cerca de; afim / a fim.
•• Planejar, produzir e avaliar um
conto social.

1010

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Manual do Educador

Conto social

11
Diálogo com
o professor

Como sabemos, trabalhar


habilidades de leitura, com-
preensão e produção de
textos significa lançar mão
de inúmeros recursos lin-
guísticos necessários à efi-
ciente produção de sentido
em situações reais de uso
da língua.
ck
to
rs
tte
hu
/s
su
Vi

O conto é um gênero nar-


e
D

rativo cuja riqueza consiste


no infinito imaginário huma-
no, que é muito presente no
uso da língua.

o que estudaremos neste capítulo:


Sugestão de
• Características e funções do conto
social
Abordagem
• Período composto por coordenação
• Período composto por subordinação Antes de apresentar aos
• Uso de algumas palavras e
expressões: ao encontro de / de
seus alunos os textos, apro-
encontro a; acerca de / há cerca veite a oportunidade para
de / cerca de; afim / a fim
checar o que eles conhe-
cem, suas próprias histórias
LPemC_2018_BNCC_9A_Cap1.indd 11 08/05/18 07:26 pessoais, etc. Enredo, tem-
po, narrador, personagem e
clímax são conceitos que
Anotações eles, certamente, já domi-
nam, mas de forma intuitiva
e inconsciente. Nosso pa-
pel é aprofundar e expandir
o domínio consciente e de-
senvolver a habilidade e o
uso reflexivo da língua.

11

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o
1
ul
p ít
Ca 12
o MoMEnTo Conto social
E ir
iM Na escuridão miserável
Pr
Diálogo com Eram sete horas da noite quando entrei no carro, ali no Jar-
dim Botânico. Senti que alguém me observava, enquanto punha
o professor o motor em movimento. Voltei-me e dei com uns olhos grandes
e parados como os de um bicho, a me espiar, através do vidro
Esperamos que, durante a Antes de
começar a ler
da janela, junto ao meio-fio. Eram de uma negrinha mirrada,
raquítica, um fiapo de gente, encostada ao poste como um ani-
leitura, os alunos relembrem Fernando Sabino foi um malzinho, não teria mais que uns sete anos. Inclinei-me sobre o
algumas características dos advogado, jornalista e banco, abaixando o vidro:
escritor brasileiro nascido
— O que foi, minha filha? — perguntei, naturalmente pen-
contos, como narrativa cur- em Belo Horizonte, Minas
Gerais. Um dos mais sando tratar-se de esmola.

ta, número restrito de perso- — Nada não, senhor — respondeu-me, a medo, um fio de
habilidosos escritores
brasileiros do século
voz infantil.
nagens, apenas um conflito,
XX. Sua obra literária
caracteriza-se pela — O que é que você está me olhando aí?
exploração, com fino trato,
presença de um tipo de nar-
— Nada não, senhor — repetiu. — Esperando o bonde…
de fatos do cotidiano e
— Onde é que você mora?
rador, etc.
personagens anônimos
que, muitas vezes, são — Na Praia do Pinto.
esquecidos. Neste capítulo, — Vou para aquele lado. Quer uma carona?
em que trabalharemos
Ela vacilou, intimidada. Insisti, abrindo a porta:
o conto social, iremos
ler o texto Na escuridão — Entra aí, que eu te levo.
BNCC – Habilidades gerais miserável, que narra o Acabou entrando, sentou-se na pontinha do banco, e enquan-
encontro de um homem
to o carro ganhava velocidade, ia olhando duro para a frente, não
EF69LP44 EF69LP53
de classe média com uma
menininha de dez anos que ousava fazer o menor movimento. Tentei puxar conversa:

EF69LP47 EF69LP54 — Como é o seu nome?


trabalha em uma casa de
família. O conto é triste e
— Teresa.
muito angustiante, um soco
no estômago. — Quantos anos você tem, Teresa?
— Dez.
BNCC – Habilidades específicas — E o que estava fazendo ali, tão longe de casa?
— A casa da minha patroa é ali.
— Patroa? Que patroa?
EF89LP33 EF09LP04 Pela sua resposta, pude entender que trabalhava na casa de
EF89LP37 uma família no Jardim Botânico: lavava, varria a casa, servia a
mesa. Entrava às sete da manhã, saía às oito da noite.
— Hoje saí mais cedo. Foi jantarado.
— Você já jantou?

Anotações
— Não. Eu almocei.
— Você não almoça todo dia?
— Quando tem comida pra levar, eu almoço: mamãe faz um
embrulho de comida para mim.

12

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Manual do Educador

Conto social

13
Capítulo
1
— E quando não tem?
— Quando não tem, não tem — e ela até parecia sorrir, me
olhando pela primeira vez. Na penumbra do carro, suas feições
de criança, esquálidas, encardidas de pobreza, podiam ser as
de uma velha. Eu não me continha mais de aflição, pensando
nos meus filhos bem nutridos — um engasgo na garganta me
afogava no que os homens experimentados chamam de senti-
mentalismo burguês. Dicionário
— Mas não te dão comida lá? — perguntei, revoltado.
— Quando eu peço, eles me dão. Mas descontam no orde- Mirrada – Muito magra.
nado, mamãe disse pra eu não pedir. Raquítica – Pouco
— E quanto você ganha? desenvolvida.
Jantarado – Refeição feita
— Mil cruzeiros. à noite cuja comida é a
— Por mês? sobra do almoço.
Diminuí a marcha, assombrado, quase parei o carro, tomado Esquálidas – De aspecto
doentio e desnutrido;
de indignação. Meu impulso era voltar, bater na porta da tal pálidas.
mulher e meter-lhe a mão na cara.
— Como é que você foi parar na casa dessa... foi parar nes-
sa casa? — perguntei ainda, enquanto o carro, ao fim de uma
rua do Leblon, se aproximava das vielas da Praia do Pinto. Ela
disparou a falar:
— Eu estava na feira com mamãe e então a madame pediu
para eu carregar as compras e aí noutro dia pediu à mamãe pra
eu trabalhar na casa dela então mamãe deixou porque mamãe
não pode ficar com os filhos todos sozinhos e lá em casa é sete
meninos fora dois grandes que já são soldados pode parar que
é aqui moço, brigado.
Mal detive o carro, ela abriu a porta e saltou, saiu correndo,
perdeu-se logo na escuridão miserável da Praia do Pinto.
SABINO, Fernando. A companheira de viagem. 4 ed. Rio de Janeiro, Record, 1977.
p.135–7

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o
1
ul
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Ca 14
Compartilhe Para discutir
ideias
1. No início do conto, o narrador faz um convite à menina. Que
Sugestão de convite foi esse? Para você, ela deveria ter aceitado a proposta?
2. Apesar de proibido por lei, o trabalho de crianças e adoles-
Abordagem centes ainda é uma realidade no Brasil. Por que será que isso
ainda acontece?
Para as questões da seção 3. Na seção Antes de começar a ler, dissemos que esse conto
representa um soco no estômago. Você concorda com essa
Para discutir, propomos as afirmação?
seguintes respostas:
1. O narrador oferece uma
carona à menina, que
Desvendando os segredos do texto
aceita o convite. Espera-
mos que a turma perceba 1. Percebemos, nesse conto, a presença de um narrador per-
que o fato de ela ter acei- sonagem que, além de participar das ações narradas, demons-

tado o convite representa


tra seus sentimentos diante da realidade vivenciada pela me-
nina. Que sentimento tem o narrador em relação à família que
um risco para ela, pois emprega a menina?
a) Admiração.
tratava-se de um adulto b) Indiferença.
desconhecido. No en- c) Indignação.
d) Calma.
tanto, seria interessante e) Perplexidade.

questionar a turma se a 2. Podemos classificar esse conto como tendo uma temática

menina, por viver em uma social, pois aborda vários problemas enfrentados pela socieda-
de, como pobreza e exploração do trabalho infantil. Em contos
situação de grande vul- desse tipo, a abordagem do tema sempre busca a denúncia
nerabilidade social, teria como forma de sensibilização do leitor. Pensando nisso, res-
ponda às questões a seguir.
essa compreensão. Im- a) Quantas horas a menina normalmente trabalhava por dia?
portante notar, também, Ela normalmente trabalhava 13 horas.
que o fato de estar sozi-
b) Como a menina era tratada no trabalho?
nha às 19h esperando o Ela era tratada de forma mesquinha.
bonde também constituía
um risco para ela. 14

2. Esperamos que os alunos LPemC_2018_BNCC_9A_Cap1.indd 14 08/05/18 07:26

comentem que fatores


como a miséria e a pró-
pria clandestinidade são Anotações
causas (e consequên-
cias) do trabalho infantil.
3. Resposta pessoal. Espera-
mos que a turma sinta-se
desconfortável com a si-
tuação retratada no conto.

1414

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Manual do Educador

Conto social

15
Capítulo
1
c) A menina se mostra consciente da exploração de que é víti-
ma? Identifique, no texto, uma passagem que justifique a sua
resposta. Sugestão de
Não. Em todo o texto, a menina não questiona a sua realidade, Abordagem
descrevendo-a com naturalidade para o narrador. O trecho em
que isso fica claro é o momento em que o narrador pergunta a Mostre aos alunos que,
ela o que come quando não tem comida e ela responde, pare Aprenda
assim como os diálogos,
cendo sorrir, que “quando não tem, não tem”. mais! a descrição dos persona-
A música como crítica
social
gens e do ambiente ajuda
O cantor Criolo é apontado
pela crítica hoje como
o leitor a imaginar a cena
um dos artistas mais
influentes no Brasil. Isso
narrada no texto. Comen-
3. A menina disse que tinha dez anos, mas o narrador achou porque suas composições
em geral apresentam
te, também, que, nos con-
que não tivesse mais que sete. Que fatores o levaram a pensar
isso?
críticas contundentes aos
problemas vivenciados
tos, como em qualquer
A aparência mirrada e raquítica da menina o levou a pensar que
pela sociedade
contemporânea, como outro gênero, é comum a
coexistência de diferentes
miséria, drogas e violência.
não tivesse mais que sete anos. Assim, como nos contos

tipos textuais, mas é a nar-


sociais, as letras de Criolo
nos convidam a repensar
e questionar o cotidiano de
forma crítica. ração que predomina.
4. No penúltimo parágrafo do texto, alguns fatores chamam
bastante a atenção, como a falta de pontuação e o uso repetiti-
Chame a atenção dos alu-
vo de algumas palavras. Qual foi a intenção do autor ao escre- nos para a linguagem sim-
ples empregada no conto
ver dessa forma?

e para os diálogos, que


A intenção do autor foi reproduzir a forma de falar da menina.

Capa do CD de Criolo Nó na
orelha, aclamado pela crítica
complementam a narrativa
“Quando tem comida pra levar de casa eu almoço: mamãe
construindo a imagem dos
5. como um dos melhores álbuns dos
últimos tempos.
faz um embrulho de comida pra mim […] Quando não tem, não
tem.” Pode-se inferir, dessas passagens do texto, que a menina: fatos narrados. Além disso,
a) só comia o que levava de casa.
b) adorava comer. é importante comentar que
c) almoçava todos os dias. o texto faz uso de metáforas
d) almoçava quando tinha comida na casa da madame.
e) nem sempre comia. de fácil compreensão.

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Anotações

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o
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ul
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Ca 16
6. Podemos deduzir do título do texto — Na escuridão miserá-
vel — que:
a) A cidade onde a menina trabalhava era escura.
Leitura b) A rua onde a menina esperava o bonde não tinha iluminação.
c) Na verdade, a escuridão se refere à realidade social viven-
Complementar ciada pela menina.
d) O lugar onde a menina morava — Praia do Pinto — era vio-
lento.
e) O bairro onde a menina trabalhava era iluminado, enquanto
a Praia do Pinto era um local escuro.

7. Como vimos na abertura deste capítulo, os contos sociais


pretendem chamar a atenção do leitor para um problema so-
cial, que pode ser definido como o tema do texto. Nesse conto,
que problema é abordado?
O trabalho infantil.

8. Na linguagem literária (conotativa), é muito comum o em-


prego das figuras de linguagem — recursos linguísticos que
deixam o texto mais rico e expressivo. Uma figura de linguagem
muito interessante é a hipálage. Essa figura de nome esquisito
nada mais é que a associação de um adjetivo a um substantivo
que não é, logicamente, o seu determinado correspondente.
COSTA VAL, Observe:
Maria da Graça (2004).
Redação e textualidade. Todas as manhãs, tinha de atravessar a
São Paulo: Martins Fontes. avenida barulhenta e rápida.

Nessa frase, os adjetivos barulhenta e rápida se referem ao


substantivo avenida, mas, na verdade, seu determinante lógi-
co são os carros que passam por ela barulhentos e rápidos.
Relendo o conto de Fernando Sabino, identificamos o uso da
hipálage no seguinte trecho:
a) “[…] enquanto punha o motor em movimento.”
b) “[…] mirrada, raquítica, um fiapo de gente […]”
c) “Entrava às sete da manhã, saía às oito da noite.”
d) “[…] um engasgo na garganta me afogava […]”
e) “[…] perdeu-se logo na escuridão miserável da Praia do Pinto.”

16

Sugestão de
Abordagem LPemC_2018_BNCC_9A_Cap1.indd 16 08/05/18 07:26

As questões de 8 a 10 trabalham interessante usar a definição que BNCC – Habilidades gerais


a linguagem literária. Com isso, propomos: a linguagem literária
EF69LP47 EF69LP56
estimule seus alunos a perceber se debruça no trabalho pessoal e
EF69LP55
a diferença entre a linguagem li- criativo do escritor durante a ela-
terária e a linguagem usada no boração de seus textos, fazendo
BNCC – Habilidades específicas
dia a dia. Você pode propor si- com que as palavras utilizadas
tuações didáticas que explorem carreguem novos significados. EF89LP33
essas diferenças. Também seria EF89LP37

1616

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Manual do Educador

Conto social

17
Capítulo
1
9. Estudiosos da literatura costumam afirmar que os textos
verdadeiramente literários, em geral, não revelam os segredos Compartilhe
da narrativa. Neles, os autores preferem deixar o leitor construir ideias
a interpretação a partir da coleta de pistas deixadas ao longo
dos textos. Nesse sentido, a leitura acaba sendo uma expe-
riência ainda mais rica e motivada, pois o leitor é colocado na
posição de uma espécie de “detetive” da narrativa. Observe, no do espírito do artista e retrans-
trecho a seguir, como Fernando Sabino realiza essa tática:
mitida através da língua para
— Nada não, senhor — respondeu-me, a medo, um fio as formas, que são os gêne-
de voz infantil.
ros, e com os quais ela toma
Com o termo fio de voz, percebemos que a menina falou em corpo e nova realidade. Passa,
tom baixo e amedrontado. Agora, analise este trecho:
então, a viver outra vida, autô-
Acabou entrando, sentou-se na pontinha do banco, e
enquanto o carro ganhava velocidade, ia olhando duro
noma, independente do autor
para a frente, não ousava fazer o menor movimento. e da experiência de realidade
Nesse contexto, o que o narrador quis dizer quando utilizou o de onde proveio. Os fatos que
termo destacado? lhe deram origem perderam a
Podemos entender que o termo destacado indica que a menina
realidade primitiva e adquiri-
sentou-se no banco do carro intimidada, pouco à vontade.
ram outra, graças à imagina-
10. Ainda analisando o trecho destacado na questão anterior, o
ção do artista.
termo olhando duro expressa que a personagem olhava para
a frente de maneira:
•• Já Marilena Chaui em seu livro
a) Lenta.
b) Estática. Convite à Filosofia, diz que a
c) Vaga.
d) Atenta.
obra literária não é pura re-
e) Triste. ceptividade imitativa ou repro-
11. Tendo em vista ainda a forma de narrar “soltando pistas” dutiva, nem pura criatividade
para o leitor, um “detetive” da narrativa, analise as afirmações a espontânea e livre; mas “ex-
seguir.
I. Quando encontra a menina na rua, o narrador a percebe na pressão” de um sentido novo,
calçada, olhando-o pela janela do motorista, isto é, do lado
esquerdo do carro.
escondido no mundo, e um
II. O narrador pode ser identificado como um homem jovem, processo de construção do
objeto artístico, em que o ar-
com cerca de 20 anos, rico e individualista.

tista colabora com a nature-


17

za, luta com ela ou contra ela,


separa-se dela ou volta a ela,
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vence a resistência dela ou


Diálogo com o professor
dobram-se as exigências dela.
[...]. O artista é um ser social
•• Afrânio Peixoto, em seu livro poesias, as mais graciosas ex- que busca exprimir seu modo
Panorama da literatura brasi- pressões da imaginação. de estar no mundo na compa-
leira, define a literatura como •• Para Afrânio Coutinho, em nhia de outros seres humanos,
“sorriso da sociedade”. Quan- suas Notas de teoria literária, reflete sobre a sociedade, vol-
do a sociedade” está feliz, o es- a literatura, como toda arte, é ta-se para ela, seja para criti-
pírito se reflete nas artes e, na uma transfiguração do real, é cá-la, seja para afirmá-la, seja
arte literária, com ficção e com a realidade recriada, através para superá-la.

17

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o
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Ca 18
III. Pelo seu trabalho, a menina recebe mensalmente a quantia
Compartilhe de mil cruzeiros, um valor que, hoje, certamente representa
ideias menos que um salário mínimo.
Sugestão de Está correto o que se afirma apenas em:
a) I.
Abordagem b) II.
c) III.
d) I e II.
Após a leitura do conto, se- e) I e III.

ria interessante exibir para a 12. Nos contos sociais, é muito comum a utilização de compa-

turma o curta-metragem O rações com a finalidade de chamar a atenção do leitor para o

melhor sorriso de Getúlio,


problema social abordado. Às vezes, essa comparação é feita de
forma clara. No conto de Fernando Sabino, por exemplo, o narra-
de Fernando Schimidt, que dor nos apresenta a seguinte comparação (primeiro parágrafo):

é uma adaptação do conto Voltei-me e dei com uns olhos grandes e parados como

de Wander Piroli. os de um bicho.

Nesse exemplo, a comparação é feita entre os olhos da menina


e os olhos de um bicho por meio da palavra como. Ou seja, os
olhos da menina pareciam com os olhos de um bicho. Já em
Leitura outras vezes, a comparação é feita de forma indireta, isto é, me-
tafórica. Podemos dizer, resumidamente, que a metáfora é uma
Complementar figura de linguagem que consiste em uma comparação construí-
da sem o emprego de articuladores comparativos. Observe:

No livro Perfis brasileiros: Ge- Voltei-me e dei com uns olhos grandes e parados, eram
olhos de um bicho.
túlio Vargas, de Boris Fausto,
você encontrará informações Nesse caso, como a comparação é feita sem o auxílio de um ar-
ticulador comparativo, temos um exemplo de metáfora, ou seja,
interessantes sobre “o pai dos uma comparação indireta. Agora, releia o primeiro parágrafo do
texto e identifique o trecho em que ocorre uma comparação.
pobres”, um dos mais polê-
a) “Eram sete horas da noite quando entrei no carro, ali no Jar-
micos presidentes do Brasil, dim Botânico.”
para ampliar a compreensão b) “Senti que alguém me observava, enquanto punha o motor
em movimento.”
do conto Trabalhadores do c) “Eram de uma negrinha mirrada, raquítica, um fiapo de gente
[…]”.
Brasil. d) “[…] encostada ao poste como um animalzinho […]”.
FAUSTO, Boris (2006). e) “[…] não teria mais que uns sete anos.”
Perfis brasileiros: Getúlio Vargas. 18
São Paulo: Companhia das Letras.

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BNCC – Habilidades gerais

EF69LP44 EF69LP53
Anotações
EF69LP47 EF69LP54

BNCC – Habilidades específicas

EF89LP33 EF09LP04
EF89LP37

1818

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Manual do Educador

Conto social

19
Capítulo
1
13. O texto que você vai ler agora é um trecho do conto Traba-
lhadores do Brasil, escrito por Wander Piroli em 1959. Durante
Dicionário Sugestão de
a leitura, procure identificar as características que o definem,
primeiro, como um conto e, depois, como um conto de temática Bonde – Antigo meio de Abordagem
social. Após a leitura, responda às questões propostas. transporte que se movia
sobre trilhos.
Trabalhadores do Brasil Esturrada – Extremamente
queimada, torrada. O conto de Wander Piroli
Como uma ilha entre as pessoas que se comprimiam no abri- Alpargata – Sandália que
go de bonde, o homem mantinha-se concentrado no seu serviço. se prende ao pé por tiras aborda uma temática que
sugere uma discussão in-
de couro ou de pano.
Era especialista em colorir retrato e fazia caricatura em cinco
minutos. No momento, ele retocava uma foto de Getúlio Vargas,
que mostrava um dos melhores sorrisos do presidente morto. teressante. A situação so-
O homem estava sentado num tamborete rústico, com os joe-
lhos cruzados e a cabeça baixa […]. Nem sequer a chegada do cioeconômica do brasileiro
bonde fez o homem levantar a cabeça. Trabalhava variando de
lápis calmamente, como se não tivesse nenhuma pressa ou mes- mudou com o passar dos
mo não desejasse terminar o serviço. Getúlio na foto continuava
sorrindo para o homem com um de seus melhores sorrisos.
anos? A que período da
Uma mulher esturrada, de alpargata e vestido muito largo, história o texto se refere?
aproximou-se e parou à sua frente. O homem levantou a cabeça:
— Você, Maria. Quem foi Getúlio Vargas?
Ela moveu o rosto com dificuldade e fez o possível para sor-
rir, fixando atenta e profundamente a cara do homem. Qual a importância dessa
figura para a história do
— Aconteceu alguma coisa?
— Não — murmurou a mulher.
O homem pôs a fotografia e o lápis na mesa e esperou que
a mulher falasse. Olhavam-se como duas pessoas de intensa
Brasil? Talvez este seja um
convivência. bom momento para convi-
— Não houve mesmo nada? — tornou o homem.
— Claro que não, Zé. Eu vim à toa […]. — Fez alguma coisa dar o professor de História
hoje, Zé?
— Fiz um — respondeu levantando-se. — Senta aqui. Você para uma aula interdiscipli-
deve estar cansada.
A mulher sentou no tamborete, desajeitada.
nar. O conhecimento dos
[…] fatos históricos é funda-
— Espera um pouquinho aí — disse o homem, e caminhou
na direção de uma das lojas. mental para a compreen-
A mulher permaneceu sentada no tamborete, observou por
um momento o vendedor de agulhas, que continuava gritando,
são deste conto.
depois deteve a vista na foto de Getúlio Vargas sorrindo para
os trabalhadores do Brasil. O homem reapareceu com um sa-
quinho manchado de gordura.
[…]
Wander Piroli. Trabalhadores do Brasil. In: Para gostar de ler. Vol. 9.
São Paulo: Ática, 1989.
19

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Diálogo com
o professor

Acerca dos personagens do tex- desses elementos. Por exemplo: colhas de palavras contribuem
to, comente que a caracterização uma mulher esturrada, de alpar- enormemente para caracteriza-
deles não ocorre aleatoriamente. gatas e vestido muito longo; ros- ção dos personagens, imprimin-
Seria interessante questionar os to lento e sofrido; desajeitada; ou do-lhes uma aparência austera,
alunos sobre a escolha de alguns mesmo o nome dos personagens corroborada pela linguagem.
pontos relacionados à construção (Zé e Maria). Todas essas es-

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Ca
a) No conto, Zé está trabalhando em uma fotografia de Getúlio
20 Compartilhe
ideias
Vargas, que governou o Brasil em duas ocasiões: 1930–1945
e 1951–1954. O seu governo foi marcado, entre outras coisas,
pela regulamentação das leis trabalhistas. Getúlio regulamen-
tou o salário mínimo, a carteira de trabalho, a jornada de oito
horas diárias, as férias remuneradas, o direito à aposentadoria,
etc. Essas medidas fizeram-no conquistar grande apoio da po-
pulação, tendo ficado conhecido como “Pai dos Pobres”. Em
seus discursos, ele sempre começava se dirigindo aos “traba-
lhadores do Brasil”. Pensando nisso, releia os dois primeiros
parágrafos do conto. Ao que parece, Zé admira ou despreza
Getúlio Vargas? Explique.
Ao que parece, Zé admira Getúlio Vargas. O fato de trabalhar
tão concentrado no retrato do presidente, reproduzindo um dos
seus melhores sorrisos sem pressa, como se não quises-se
terminar, nos faz supor que ele o admirava.

b) No primeiro parágrafo do texto, o que o autor quis dizer com


o termo como uma ilha entre as pessoas?
Ele quis dizer que o personagem estava concentrado em seu
serviço, isolado das outras pessoas como se fosse uma ilha no
oceano.

Aprenda mais!
Quem foi Carolina Maria de Jesus?
Apesar das dificuldades enfrentadas pelas vítimas dos inúmeros contrastes sociais presentes no nosso país,
existem escritores que, mesmo inseridos nesse quadro de discrepância, alcançam reconhecimento literário e usam
a arte para retratar as experiências de luta e resistência vividas. Um bom exemplo é a escritora Carolina Maria de
Jesus (1914–1977), uma das primeiras escritoras negras da nossa literatura, conhecida por obras como Quarto
de despejo: diário de uma favelada, Pedaços de fome, Diário de Bitita, etc. Em seus livros, a autora explorava as
experiências vividas na comunidade do Canindé, em São Paulo, onde trabalhava como catadora de lixo e recolhia
cadernos em que registrava o cotidiano da comunidade. Um desses cadernos originou seu livro mais famoso,
Quarto de despejo, publicado em 1960. Na época, foram três edições, 100 mil exemplares vendidos, tradução para
14 idiomas e vendas em mais de 40 países. Hoje, contabiliza-se 1 milhão de exemplares vendidos em todo o Brasil.

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Manual do Educador

Conto social

21
Capítulo
1
Eu deixei o leito as 3 da manhã porque quando a gente

Wikimedia Commons
perde o sono começa a pensar nas misérias que nos
rodeia. […] Deixei o leito para escrever. Enquanto escrevo
vou pensando que resido num castelo cor de ouro que
reluz na luz do sol. Que as janelas são de prata e as luzes Leitura
de brilhantes. Que a minha vista circula no jardim e eu
contemplo as flores de todas as qualidades. […] É preciso
criar este ambiente de fantasia, para esquecer que estou na
Complementar
No artigo Degraus da His-
favela.
Fiz o café e fui carregar água. Olhei o céu, a estrela Dalva já

tória, Braulio Tavares faz um


estava no céu. Como é horrível pisar na lama. As horas que
sou feliz é quando estou residindo nos castelos imaginários.
Trecho do livro Quarto de despejo, 1960.

Conheça um pouco mais a história de Carolina Maria de Jesus no


interessante reflexão acerca
link abaixo:
do texto narrativo.
A escritora durante a noite de autógrafos do livro
https://www.geledes.org.br/tag/carolina-maria-de-jesus/ Quarto de despejo, em São Paulo, 1960.

Análise linguística

Período composto por coordenação


Releia o trecho abaixo, retirado do conto Trabalhadores do Brasil, de Wander Piroli:

[…] A mulher permaneceu sentada no tamborete, observou por um momento o


vendedor de agulhas […], depois deteve a vista na foto de Getúlio Vargas […]. Revista Língua Portuguesa nº 68.
O homem reapareceu com um saquinho manchado de gordura. Junho de 2011.
São Paulo: Segmento, pp.46-47.
1. Quantas orações podemos identificar nesse trecho?
2. O que essas orações nos dizem a respeito do tempo narrativo?
3. Há quantos períodos?
4. Esses períodos são simples ou compostos? BNCC – Habilidades gerais
5. As orações que compõem esses períodos têm uma estrutura bastante simples, são

EF69LP55
curtas e independem sintaticamente umas das outras. Discuta com o professor e com
seus colegas: em que essas características contribuem para a narrativa?
No conto de Wander Piroli, orações como essas ajudam o narrador a tornar o conto mais EF69LP56
dinâmico e cativante, justamente pela sua simplicidade. Do ponto de vista estritamente
sintático, essas orações são independentes. Observe que elas se coordenam lado a lado,
isto é, organizam-se de forma metódica, estruturada. Isso fica bastante claro no primeiro
período: BNCC – Habilidades específicas
21
EF09LP04
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EF09LP08

Sugestão de Abordagem

Para as questões da seção Análise 4. O primeiro período é com- É interessante chamar a atenção
linguística propomos estas respostas: posto e o segundo é simples. dos alunos para a predominância
1. Quatro. 5. Essas orações mostram cla- de orações coordenadas no con-
ramente a sequência de ações to de Wander Piroli, o que torna a
2. Essas características tornam a narração mais ágil e direta, favore-
narrativa mais dinâmica. e, portanto, a passagem do
tempo narrativo. cendo a construção da atmosfera
3. Dois. de austeridade que o permeia.

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o
1
ul
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Ca

22 A mulher permaneceu sentada no tamborete, observou


por um momento o vendedor de agulhas […], depois de-
teve a vista na foto de Getúlio Vargas […]

Observe que esse período é composto (formado) por três


orações que se coordenam, o que nos leva à noção de período
composto por coordenação.
Quando dizemos que as orações coordenadas se apresen-
tam independentes sintaticamente umas das outras, isso se
deve ao fato de elas não funcionarem como sintagmas (ter-
mos sintáticos) de outra oração. Ou seja, para uma oração ser
classificada como coordenada, ela não poderá funcionar como
sujeito, objeto direto, complemento nominal, etc. de outra ora-
ção. Assim, vamos analisar detalhadamente o exemplo dado.

Primeira oração A mulher permaneceu sentada no tamborete,

Segunda oração observou por um momento o vendedor de agulhas […],

Terceira oração depois deteve a vista na foto de Getúlio Vargas […].

O uso das orações coordenadas, como de qualquer outro


recurso da língua, está estritamente ligado às nossas intenções
comunicativas. No trecho analisado, observe que Wander Piroli
deu dinamismo à narrativa com a ajuda dessas orações, que
expressaram bem a sequência de ações e, portanto, a passa-
gem do tempo narrativo.
Embora independentes sintaticamente, as orações coorde-
nadas podem se relacionar expressando relações semânticas,
isto é, relações de sentido. Estas são expressas no texto por
meio de conjunções. Observe isso neste período:

22

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2222

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Manual do Educador

Conto social

23
Capítulo
1
O homem tirou uma nota do bolso de dentro do paletó
e estendeu-a para a mulher. Leitura
Estruturalmente, esse período é composto por duas orações Complementar
coordenadas. Como você certamente percebeu, entre essas
orações há uma relação semântica de adição, pois uma ação se Em Prática de morfossinta-
somou à outra. Essa relação é expressa pela conjunção e, que
funciona, portanto, como uma conjunção coordenativa aditiva.
xe, encontramos um bom
A presença ou não da conjunção permite a classificação das embasamento teórico para
o trabalho com a análise
orações coordenadas em dois grandes tipos:

Orações coordenadas assindéticas – Não possuem


sintática.
conjunção.
Orações coordenadas sindéticas – Possuem conjunção.

Assim, no exemplo dado, temos:


Conjunção (em grego, syndeton)

O homem tirou uma nota do bolso de dentro do paletó e estendeu-a para a mulher.

Oração coordenada assindética Oração coordenada sindética aditiva

Dependendo do sentido que expressam, as orações coorde-


nadas sindéticas se classificam como:

Aditivas – Expressam ideia de adição. Conjunções aditivas


mais comuns: e, nem, não só... mas também (e semelhantes).
SAUTCHUK, Inez (2010).
Conjunção aditiva Prática de morfossintaxe:
como e por que aprender análise (morfo)
Era especialista em colorir retrato e fazia caricatura em cinco minutos. sintática.
São Paulo: Manole.
Oração coordenada sindética aditiva

23

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Repensando o
Ensino da Gramática

Para desenvolver um trabalho mos situar essa diferenciação, a postas em análise no momento
consistente com mecanismos de princípio, no plano estritamente em que desejarmos explorar sua
coordenação e subordinação, é sintático. As relações semânticas potencialidade discursiva.
preciso esclarecer para os alunos e pragmáticas que se estabele-
que, em ambos os casos, deve- cem entre as orações devem ser

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o
1
ul
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Ca 24
Adversativas – Expressam ideias contrárias, adversas, ao
que se espera da oração anterior. Conjunções adversativas
mais comuns: mas, porém, contudo, todavia, no entanto,
entretanto.
Diálogo com Conjunção adversativa
o professor
Maria foi visitar Zé, mas ele não pôde ficar muito tempo com ela.

As conjunções adversativas
Oração coordenada sindética adversativa

cortam uma expectativa a Conclusivas – A conjunção exprime uma conclusão. Con-


posteriori. Ou seja, contra- junções conclusivas mais comuns: portanto, logo, por isso,
por conseguinte, pois (entre vírgulas).
riam uma conclusão que
uma oração anterior do texto Conjunção conclusiva

faz pensar que seria válida. Ela conhecia bem o assunto, portanto não tinha motivo para ficar nervosa.

Oração coordenada sindética conclusiva


Essas conjunções funcio-
nam de maneira diferente Alternativas – A conjunção expressa uma alternativa. Nes-
se caso, a conjunção normalmente é repetida, o que indica uma
das concessivas, pois estas alternativa entre duas orações. Conjunções alternativas mais
anunciam que uma conclu- comuns: ou, ou...ou, ora...ora, já...já, quer...quer, nem...nem.

são que se poderia tirar das Conjunções alternativas

orações anunciadas por


Ela ora olhava para um canto, ora olhava para o outro.
elas não é válida. Isto é, as
conjunções concessivas Orações coordenadas sindéticas alternativas

cortam uma expectativa a Explicativas – A conjunção exprime uma explicação, uma


priori. Exemplos: justificativa. Conjunções explicativas mais comuns: porque,
que e pois.

Meu pai era contra nossa Conjunção explicativa

viagem, mas viajamos. Maria visitou Zé porque estava com saudade.

Conjunção adversativa Oração coordenada sindética explicativa

24

Embora meu pai fosse contra


nossa viagem, nós viajamos.
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Conjunção concessiva
Anotações
Esclareça para o seu aluno
que a conjunção alternativa
ou nem sempre aparece
em pares. Ela pode apare-
cer sozinha em um período
e não haverá prejuízo para a
compreensão.

2424

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Manual do Educador

Conto social

25
Capítulo
1
ao
as
to, Prática linguística

1. Leia o parágrafo a seguir, retirado do conto Trabalhadores do Brasil:

A mulher sentada e o homem em pé conservaram-se silenciosos durante um


la.
breve e ao mesmo tempo longo momento, ora olhando um para o outro, ora
cada um olhando as pessoas agora espalhadas no abrigo ou não olhando coisa
nenhuma.

on- a) Nesse trecho, o tempo em que se passa a cena é descrito sob dois pontos de vista opos-
so, tos. Essa oposição está representada por quais palavras?
Breve e longo.
b) Qual é a relação de sentido estabelecida pelas palavras destacadas?

a. Alternância.

2. O conto social se caracteriza por representar determinados grupos da sociedade desta-


cando-lhes uma característica marcante. Assim, os personagens geralmente são meninos
es- de rua, trabalhadores rurais sem-terra, desabrigados, vítimas de preconceitos, etc., o que
ma confere a esse gênero a função de denunciar a realidade desses grupos. Com um olhar
ais crítico, o autor mergulha nessa realidade e a transforma em ficção, de tal forma que não
m. é possível para o leitor dissociar o real da ficção. No conto Trabalhadores do Brasil, por
exemplo, a denúncia acerca das condições de vida dos trabalhadores é feita no conto a
partir da representação do modo de vida, do comportamento, da aparência, etc. de Maria
e Zé. A maneira como eles são representados nos permite concluir que eles viviam uma
vida muito dura, com dificuldades financeiras, tristezas, preocupações, privações, etc. Essa
representação pode ser percebida, por exemplo, no diálogo dos personagens. Tendo em
vista o que estudamos sobre a coordenação de orações, responda às questões a seguir.

a) A fala dos personagens é marcada por períodos simples ou compostos?


ma A fala dos personagens é marcada por períodos simples.
ue,
b) Reflita e opine: de que maneira a estruturação das falas dos personagens contribui para
a sua caracterização?
Espera-se que os alunos percebam que a utilização dos períodos simples denota pouca
intimidade entre os personagens, que não conseguem interagir muito bem por meio da
conversa. Ou seja, no meio de privações em que vivem, eles economizam até nas palavras.

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o
1
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Ca 26
3. Um conto social muito conhecido é Meg Foguete, de Sérgio Capparelli. Nesse conto,
Fátima, a personagem central, pertence a um grupo social de pouca escolaridade, mas
desde cedo é familiarizada com questões ligadas ao trabalho. Leia abaixo um trecho desse
conto e, em seguida, responda às questões propostas.
Sugestão de
Abordagem [...] Esses treze anos deram a Fátima dois olhos vivazes, uma cor de ferrugem
e uma certa perplexidade diante do mundo. Ignora o que seja fração, conjuntos,
a capital de Pernambuco, estado sólido, líquido e gasoso. Mas sabe e discute o
No trabalho com a ques- que é hora extra, carteira de trabalho [...].
tão 2, utilize o fragmento do CAPPARELLI, Sérgio. Meg Foguete. Porto Alegre: L&PM, 2011.

conto Meg Foguete, de Sér-


a) Como vimos, os contos sociais tratam de temas bastante específicos e sempre funcio-
gio Capparelli para discutir nam como um meio de denúncia de injustiças. Qual é a denúncia social contida nesse tre-
com seus alunos a respeito cho do conto Meg Foguete?

da importância do conhe- Escolaridade versus mundo do trabalho. A menina desconhece conhecimentos básicos,

cimento de mundo para a pois não frequenta a escola, mas entende como funciona o mundo do trabalho.

compreensão de um texto.
b) Qual é a relação de sentido expressa pela palavra mas?
Oposição, adversidade.

c) Por que essa relação semântica se estabelece?

Diálogo com Porque, como a personagem tem apenas 13 anos, espera-se que frequente a escola e co-

o professor nheça informações básicas, como qual é a capital de Pernambuco e o que é estado sólido,
líquido e gasoso, mas não que saiba e discuta o que é hora extra, carteira de trabalho, etc.

Muitas vezes, a relação de


oposição indica pressupos- d) Utilizando uma linguagem metafórica, o narrador afirma que os “[...] anos deram a Fátima
dois olhos vivazes”. O que ele quis dizer com isso?
tos discursivos. Por exem-
Fátima ficou mais esperta com os anos.
plo: Ela queria comprar um
carro, mas era pobre. Nesse e) O que causou esses “olhos vivazes”?

caso, evidenciamos o pres- A passagem dos anos, o amadurecimento precoce.

suposto de que pobres não


compram carros. 26

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BNCC – Habilidades gerais

EF69LP44 EF69LP54 Anotações


EF69LP47

BNCC – Habilidades específicas

EF09LP04
EF09LP08

2626

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Manual do Educador

Conto social

27
Capítulo
1
4. (Colégio Militar) No período “Um domingo, fiz a primeira co-
munhão, e não ganhei santinho”, observa-se, entre as orações,
uma relação de:
a) Adição. Aprenda Sugestão de
b) Conclusão.
mais!
c) Oposição. Geovani Martins, autor
Abordagem
d) Realce. de O sol na cabeça,
e) Alternância. denuncia, por meio de seus
contos, as desigualdades
Explique para seus alunos
5. Classifique as orações coordenadas conforme o código
sociais vividas pelos
jovens residentes nas que os pressupostos são
abaixo: comunidades do Rio
de Janeiro. Habitante ideias não expressas de
( 1 ) Oração coordenada sindética conclusiva
maneira clara, mas que po-
da comunidade do
( 2 ) Oração coordenada sindética aditiva Vidigal, Geovani é um

dem ser recuperadas no ato


dos representantes
( 3 ) Oração coordenada sindética adversativa
da nova literatura
( 4 ) Oração coordenada sindética alternativa brasileira, que tem sido
( 5 ) Oração coordenada sindética explicativa marcada por obras com da leitura a partir da ativa-
ção de mecanismos linguís-
forte engajamento e
protagonismo social.
a) ( 5 ) Gosto muito de violão, pois estudei esse instrumento
desde criança. ticos e não linguísticos. Ou-
b) ( 2 ) Recebeu a bola, driblou o adversário e chutou para o
gol. tro exemplo: Estudei nesta
c) ( 2 ) Recolheu as roupas sujas, foi à lavanderia e colocou
todas elas para lavar.
universidade, mas aprendi
d) ( 3 ) Estou muito chateada: meu filho estudou bastante, e alguma coisa. Nessa frase,
pressupõe-se que a uni-
não passou.
e) ( 5 ) Não se preocupe com esses problemas, que sempre
estaremos com você. versidade apresenta uma
f) ( 1 ) Ele estudou bastante; deve, pois, passar no próximo MARTINS, Geovani. O sol na cabeça.

vestibular.
São Paulo: Companhia das Letras.
deficiência no ensino, e só
g) ( 1 ) Está chovendo pouco, por conseguinte haverá raciona-
mento de energia.
Conheça um pouco
mais sobre o trabalho de percebemos isso quando
lemos o dado pressuposto.
Geovani Martins no link
h) ( 4 ) Ou você se acalma, ou terei de chamar o segurança. abaixo:
i) ( 2 ) Não o conheço nem espero um dia o conhecer.
j) ( 2 ) Ela não só chorava, como também rasgava as cartas https://www1.
com desespero. folha.uol.com.br/

k) ( 3 ) Choveu muito na região, mas não foi suficiente para en-


ilustrada/2018/03/
morador-de-favela-no-
cher os reservatórios. rio-geovani-martins-
desponta-como-escritor.
shtml

27

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Repensando o
Ensino da Gramática

No trabalho com as questões 4 e ção de sentidos. Portanto, decorar mas explicitada por ela. O senti-
5, é importante deixar claro que as conjunções não será suficiente do é construído pela conjuntura
a relação de sentido não é esta- para definir o tipo de relação se- de elementos textuais, na cadeia
belecida única e exclusivamente mântica que ocorre entre as ora- sintática, e extratextuais, conside-
pela conjunção. Todos os termos ções. Ou seja, a relação semân- rando o contexto sociodiscursivo
da oração participam da constru- tica não é dada pela conjunção, em que o enunciado é proferido.

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o
1
ul
p ít
Ca 28
Aprenda
mais! É hora de produzir
A partir do empoderamento
Leitura social, é possível nos
conscientizarmos não
Complementar somente dos nossos Antes de começar a escrever
direitos como cidadãos,
mas também dos deveres Como vimos, o uso de orações coordenadas pode nos aju-
necessários para que o
As relações gramaticais no
dar muito na construção do texto narrativo, conferindo mais
exercício da democracia
se realize com equilíbrio dinamismo às descrições, às ações, etc. Trazendo isso para
campo sintático são tema e fluidez. Na literatura,
essa prática se manifesta
os contos sociais, podemos utilizar muito bem essas orações
para caracterizar os personagens, que, em geral, são repre-
de Iniciação à sintaxe do quando os autores, além
do prazer obtido pela sentações de grupos específicos. Pensando nisso, complete as
português, obra de refe- experiência da leitura, frases abaixo com orações coordenadas sindéticas a fim de
nos proporcionam construir parágrafos narrativos que servirão de introdução para
rência para a compreensão reflexões tanto sobre as
adversidades do cotidiano o conto social que você escreverá daqui a pouco.

dos mecanismos estruturais quanto sobre os efeitos


possíveis da produção 1. A vida nas ruas transformou Francisco em Chicão antes do
tempo, ou no tempo necessário para continuar vivendo. Ti-
da língua numa perspectiva
artística nas mudanças
sociais. nha apenas onze anos…
mais ampla. Neste livro, o As escritoras Conceição
Evaristo e Carol Rodrigues,
2. O dia começava cedo para Marina no cruzamento da Aga-
menon Magalhães com a Abdias de Carvalho. Na calçada,
autor faz um exame grama- vencedoras na categoria
Contos e crônicas do uma mulher descansava à sombra, ora reclamando da vida,
tical, rediscute conceitos, Prêmio Jabuti (2015),
comentam o fenômeno do
ora fumando, mas sempre com os olhos atentos a vigiar os
passos da menina e, sobretudo, as moedinhas que ela con-
examina os mecanismos
conto como transformador
social para questões de seguia limpando os para-brisas dos carros. O sinal verme-
gênero, destacando a
internos da língua portugue-
lho durava um minuto…
3. “Não quero ficar muito tempo nessa vida”, dizia Rosy. De-
importância da presença
feminina na cena literária
sa, relaciona a sintaxe ao para a desmistificação do pois de concluir o nono ano no interior de Sergipe, veio para

discurso e finaliza com aná-


machismo implícito nas São Paulo de carona com os caminhoneiros. Nunca imagi-
nou o que passaria durante a viagem…
grandes premiações do
ramo. Para elas, a reflexão
lises de textos. Procurando é uma arma poderosa. 4. Em 2 de março de 2000, o céu estava cinza; e o dia, nubla-
do. Nem parecia verão. Não era aquela lembrança que eu
fazer justiça à gramática
Conceição Evaristo
conquistou o prêmio queria guardar do dia em que ganhei a liberdade, a liberda-
pelo livro Olhos d’água. de das ruas. Eu tinha certeza do que queria…
tradicional e num reexame Nessa obra, ela foca

crítico desta, aponta rumos


na condição social da
população afro-brasileira
vítima da pobreza e
Proposta
e apresenta soluções de da violência urbana.
Prestes a completar
Agora, você escolherá um dos parágrafos acima para ser-

análise. 70 anos e reconhecida


internacionalmente,
vir de introdução para o conto social que vai escrever. Ao fi-
nal, a turma se reunirá em um dia determinado pelo professor
Conceição se orgulha de
chamar a atenção com sua
para realizar a leitura dos contos e discutir os problemas neles
obra para temas sociais apontados.

28

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Sugestão de
Abordagem

A hora da produção escrita é de seus alunos responde aos cri-


AZEREDO, José Carlos de (1990). muito delicada e importante para térios de avaliação e crie outros,
Iniciação à sintaxe do português. Rio de
Janeiro: Zahar.
a formação do aluno. Apoie seu se necessário, para avaliá-los.
grupo-classe dando subsídios Lembre-se que definir um públi-
para que ele consiga produzir co leitor é bastante importante
um bom texto. Observe se o texto antes de se começar a escrever.

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Manual do Educador

Conto social

29
Capítulo
1
Planejamento muito importantes, como a
discriminação racial e de
Nos contos, normalmente temos poucos personagens e gênero. Leitura
apenas um conflito, seguido de um desfecho, em geral impac- Já Carol Rodrigues venceu
tante. Pensando nisso, planeje o seu conto definindo: o prêmio com o livro Sem Complementar
vista para o mar – contos
1. Quem serão os personagens? de fuga. Ela concorda com

2. Como eles serão representados?


Conceição ao ver o conto
como um gênero que pode No artigo Camadas de tex-
3. Qual será a importância deles para a narrativa? to, Braulio Tavares trata da
desencadear mudanças na
forma de pensar e de agir

capacidade estilística de se
4. Como os personagens serão caracterizados? das pessoas.

5. Como será o conflito que envolverá o conto?


6. Como será o desfecho?
apresentar a mesma expe-
riência.

Divulgação.
A produção dos personagens é fundamental nos contos so-
ciais, pois o drama vivido por eles deve ser representativo para
todo o grupo ao qual ele pertence. Assim, é muito importante As escritoras Conceição Evaristo e
você abordar, no seu texto, os problemas que eles enfrentam Carol Rodrigues durante a entrega
do 57º Prêmio Jabuti.
diariamente, seus sonhos, os preconceitos e as injustiças de
que são vítimas, etc. Por isso, procure apresentar a vida deles
de maneira real, coerente com a realidade.

Avaliação
1. A avaliação do seu texto será feita no dia da apresentação,
quando você o lerá para toda a turma. Por isso, antes desse dia
você deverá trabalhar seu conto cuidadosamente para produzir
a versão mais elaborada possível. Releia e reescreva seu texto
quantas vezes julgar necessário. Nessas releituras, fique aten-
to para os seguintes pontos:

Aspectos analisados Sim Não Revista


Língua Portuguesa nº 62.
Os personagens estão bem caracterizados,
Dezembro de 2010.
com seus problemas, aflições, sonhos,
São Paulo: Segmento.
etc.? Representam bem o grupo ao qual
pertencem?
O texto está claro?
A linguagem está adequada para seu público?
O texto deixa clara a injustiça de que os per- BNCC – Habilidades gerais
sonagens são vítimas?
O texto levará o leitor a refletir sobre a realida-
de denunciada?
EF69LP44 EF69LP51
29 EF69LP46 EF69LP54
EF69LP47 EF69LP56
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BNCC – Habilidades específicas


Anotações
EF89LP32 EF09LP04
EF89LP35 EF09LP11

29

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o
1
ul
p ít
Ca 30
MoMEnTo
Do Conto social
g un Jonas e o menino
sE Jonas sentia um cansaço. Cansaço de acordar do descanso
Sugestão de pra viver outro dia de novo. As coisas não iam bem. Cada es-
perança de melhorar morria de parto quando vinha à luz mais
Abordagem um sofrido não, rebento do nunca. A mulher morrera sem aviso
nem motivo, condenada pela injustiça ao cruzar caminho com
Leia o texto em voz alta para uma bala leviana de uma briga de trânsito. Deixou-lhe o me-
Antes de nino, aquele franzino que pesava mais que uma vida. Desde
a turma. Durante a leitura, começar a ler então, Jonas sacrificava o que nunca chegou a ter para prover
chame a atenção para os O texto que você vai ler
do bom e do menos pior ao filho. O caminho era duro, mas pra

recursos linguísticos utiliza- agora foi escrito pelo ele a vida não tinha atalho: faltava-lhe malícia e talento pra ma-
pernambucano Heber landragem. Não que lhe faltasse vontade. Na hora de enrolar,
dos pelo autor para a cons- engasgava-se com as mentiras, que lhe saíam sempre cuspi-
Costa e publicado em seu
Manual de Astronomia,
blogue em que divulga das e maculadas de sinceridade. Não levava jeito pra jeitinho,
trução da narrativa voltada seus textos e seu trabalho não sabia ser sabido. Jonas era honesto por falta de opção.
Mas esse atributo raro e inato não pagava as contas. O menino
para a crítica social. Caso
como tradutor. Com um
estilo de narrar marcado
pela riqueza visual, queria, o menino pedia, desprovido da capacidade de prever
deseje delimitar o horizonte pela concisão e pelos
desfechos inquietantes,
futuros negros. Alimentado de meio copo de leite tipo C e uma
porção bem servida de televisão, o menino abstraía-se enquan-
de análise, trabalhe os con- Heber tem se destacado
como um dos melhores to ele trabalhava. Na falta de alguém de confiança, deixava-o
ceitos de coordenação e autores contemporâneos
que publicam de forma
trancado com o vira-lata, brincando com torrões da areia e ti-
jolos velhos — restos inaproveitáveis de uma reforma um dia
subordinação estudados independente na Internet.
Durante a leitura do

no capítulo. conto social a seguir,


procure identificar essas
características e fique

Questione a turma a respei- atento, principalmente,


para a construção da

to da importância dessas narrativa (enlace, clímax e


desfecho).

orações para o dinamismo


da linguagem empregada
no texto.

BNCC – Habilidades gerais

EF69LP44 EF69LP53
EF69LP47 EF69LP54
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BNCC – Habilidades específicas LPemC_2018_BNCC_9A_Cap1.indd 30 08/05/18 07:26

EF89LP33 EF09LP04
EF89LP37
Anotações

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Manual do Educador

Conto social

31
Capítulo
1
sonhada. Chegava perto das seis, esperando encontrar vida
na casa. Achava o menino cheirando a cachorro e com cara
de sessão da tarde. Nada que sabão amarelo não resolvesse.
Jonas lavava bem sua cabeça, e a culpa descia quase toda Dicionário
pelo ralo. Um dia, uma vizinha rica fez uma denúncia contra
aquele absurdo e funcionou: finalmente recolheram o cãozinho Rebento – Filho.
ao canil, estupefatos com a violação aos direitos dos animais. Leviana – Que se
comporta sem seriedade;
Enquanto isso, o menino se afeiçoava à solidão, ao silêncio e imprudente; insensata.
à penumbra. Andava com desenvoltura sob a venda das som- Maculadas – Sujas,
bras, mas se assustava quando a luz acendia. Jonas chegava manchadas.
Inato – Que pertence ao
intruso nesse cenário, constrangido pelos ouvidos das paredes ser humano desde o seu
por não conseguir dedicar suas já parcas palavras ao menino. nascimento; congênito.
Nessa noite, nada tinha mesmo de bom a dizer. Não tinha mais Ermo – Sem destino; ao
acaso.
emprego, não mais-valia. No dia seguinte, saiu a ermo com o Badulaque – Coisa
menino pela mão. Parou numa banca, comprou um badulaque miúda de pouco valor;
pro menino e pediu ao jornaleiro que o olhasse enquanto ia ao penduricalho.

açougue do lado. Nunca mais voltou. No fundo dos olhos, não


se via surpresa ou confusão: o menino já sabia. Não havia es-
tranheza no abandono.
Disponível em: http://manualdeastronomia.blogspot.com.br/2011/06/jonas-e-o-menino.
html. Acesso em 13/04/2015.

31

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o
1
ul
p ít
Ca 32
Desvendando os segredos do texto
1. Indique a alternativa em que um dos temas apresentados não é trabalhado no texto.
a) Solidão, cansaço, solidariedade.
Sugestão de b) Pobreza, desigualdade, exclusão.
Abordagem c) Abandono, solidão, pobreza.
d) Injustiça, miséria, sofrimento.
e) Solidão, desigualdade, injustiça.
A questão 4 traz uma ob-
2. No início do texto, o autor esclarece que Jonas era acometido pelo cansaço da rotina.
servação interessante so- Por que o personagem se sentia assim todos os dias?
bre o tempo verbal na nar- De acordo com a leitura do texto, podemos inferir que Jonas se sentia cansado porque já não
rativa do conto estudado. tinha ânimo para viver devido aos inúmeros sofrimentos pelos quais passava com o filho.

Você pode ampliar a dis- 3. Agora, releia os dois últimos períodos do texto e explique por que “o menino já não es-
cussão proporcionando a tranhava o abandono”.

reflexão de que a utilização Porque o abandono fazia parte da sua vida, do seu cotidiano, pois passava o dia inteiro

dos tempos verbais usados sozinho e acostumara-se à solidão.

de maneira adequada pos- 4. O narrador usa um tempo verbal com muita frequência nesse texto: o pretérito imperfei-
to. Que tipo de narrador é esse? E o que esse uso indica? Para servir de exemplo, destaque
sibilita uma melhor constru- duas frases do texto em que o pretérito imperfeito foi usado.
ção da história. É um narrador-observador. O pretérito imperfeito dá a ideia de que os fatos narrados eram
costumeiros e se repetiam sempre. Exemplo: “Jonas sentia um cansaço”, “Chegava perto
Os tempos verbais situam
das seis”, “Jonas lavava bem sua cabeça”.
o leitor no processo da co-
municação. Por exemplo, o 5. Apesar do triste desfecho do conto, Jonas parece se importar com o menino. Isso revela
que o personagem vive um forte conflito psicológico. Na sua opinião, por que Jonas aban-
pretérito perfeito, o imper- donou o filho? E o que sentiu ao fazer isso? Justifique sua resposta.
feito, e o mais-que-perfeito Resposta pessoal, mas espera-se que o aluno perceba que o pai talvez tenha pensado que a

indicam o que está sendo criança seria mais bem cuidada por outra pessoa, visto que ele não tinha condições. Em relação ao

narrado. O presente, o pas- sentimento, considerando que fazia todo o possível para sustentar o filho, o personagem provavel-

sado composto e o futuro mente se sentiu culpado pelo que fez. É possível também a interpretação de que o personagem te-

nha sentido algum alívio junto com a culpa, visto que criar o filho era uma grande responsabilidade.
caracterizam a situação de
Desde que bem justificadas, diversas interpretações são possíveis.
locução discursiva. Já o
pretérito é o oposto, mostra 32

que há uma narrativa e faz


uma referência às coisas LPemC_2018_BNCC_9A_Cap1.indd 32 08/05/18 07:26

distantes, sem uma urgên-


cia para fazer algo. BNCC – Habilidades gerais
Anotações
EF69LP47 EF69LP56
EF69LP54

BNCC – Habilidades específicas

EF89LP37
EF09LP11

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Manual do Educador

Conto social

33
Capítulo
1
6. Na linguagem literária, muitas vezes vemos expressões que são usadas comumente
serem modificadas para chamar a atenção do leitor, geralmente colocando dentro da ex-
pressão comum uma ou mais palavras que causam estranheza. Procure no texto uma ex-
pressão em que o autor usa esse recurso e compare-a com a sua concorrência mais usual, Leitura
explicando qual foi o efeito criado pela mudança.
Espera-se que o aluno aponte expressões como: “condenada pela injustiça” [condenada
Complementar
pela justiça]; “do bom e do menos pior” [do bom e do melhor]; “uma porção bem servida de
“[…] os fatos que sucedem
televisão” [uma porção bem servida de comida]. A explicação é pessoal.
em uma história — e os ele-
7. Um dos recursos mais comuns no texto literário é a metáfora, uma figura de linguagem
mentos que a compõem
que relaciona as palavras para criar um sentido pouco usual, dando força a uma ideia, como
acontece com as expressões vontade de ferro (vontade firme) e são águas passadas (é pas- (cenário, personagens, pro-
sado). Analise as metáforas abaixo e diga o que você entende, usando suas próprias palavras.
blema, ação, resolução) —
a) “[…] aquele franzino que pesava mais que uma vida.”
nos permitem prever o que
vai acontecer; é um pro-
O menino, apesar de magrinho, era um fardo (uma grande responsabilidade) na vida de Jonas.
b) “Cada esperança de melhorar morria de parto […].”
cesso que deve ser ensi-
Cada nova esperança de melhorar de vida se perdia antes mesmo de se concretizar.

c) “[…] engasgava-se com as mentiras […].”


nado e aprendido. Quando
Não conseguia mentir, enrolava-se na hora de contar uma mentira.
um professor formula aos
d) “[…] a culpa descia quase toda pelo ralo.” alunos suas próprias pre-
A culpa era quase toda esquecida. visões, é importante expli-
8. Como vimos nas questões anteriores, o uso de expressões que causam estranheza e
car-lhes em que se baseia
o emprego de metáforas enriqueceram a expressividade do texto. Nos textos literários, inú- para formulá-las; também
meros recursos contribuem para essa expressividade. Outro recurso desse tipo é a quebra
de expectativa, que pode ser percebida no trecho a seguir. seria conveniente que algu-
mas de suas previsões não
Um dia, uma vizinha rica fez uma denúncia contra aquele absurdo e funcionou: final-
mente recolheram o cãozinho ao canil, estupefatos com a violação aos direitos dos se realizassem e que verifi-
animais.
casse com as crianças por
a) Qual é a quebra de expectativa? Explique como foi criada. que isso aconteceu. Assim,
Até então, o texto vem falando do filho de Jonas, de modo que a expressão “fez uma denúncia contra elas perceberiam que o im-
aquele absurdo” faz pensar na situação de abandono vivenciada pelo menino. A expectativa é quebrada
portante não é a exatidão,
quando se revela que a denúncia foi feita em virtude do abandono do cachorro, não do menino.
mas o ajuste e a coerência”
33 (SOLÉ, 1998, p. 28).

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Anotações

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o
1
ul
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Ca 34
b) No trecho, Heber Costa utiliza essa quebra de expectativa para fazer uma crítica social
de maneira indireta, ou seja, ela não está dita explicitamente no texto. Qual é essa crítica?
Você vê alguma relação entre ela e o quadrinho abaixo?
Diálogo com
Nossa! Um Que absurdo!
o professor gatinho
abandonado!
Você gosta de
leite, miau?
Isso é culpa
do governo!!

Na página 35, proporemos


uma discussão acerca da va-
riação e do preconceito lin-
guístico, abordados na tirinha
Madame. É importante atentar A crítica é que, às vezes, as pessoas se importam com os direitos dos animais, mas ignoram

para as opiniões apresentadas os direitos das crianças em situação de miséria. Essa mesma crítica é feita no quadrinho.

pelos alunos, para descons-


truir possíveis preconceitos.
Em discussões como essas,
é comum os alunos entende- Aprenda mais!
rem que não existe erro, que as O discurso

pessoas podem se expressar Tradicionalmente, identificamos de três formas o discurso dos personagens em textos narrativos:
Discurso direto – O narrador reproduz fielmente a fala dos personagens, exatamente da forma como ele falou.
como bem entenderem, etc. — Nesse caso, utiliza normalmente os chamados verbos dicendi (ou de elocução), como falar, dizer, comentar, e a
fala do personagem é indicada por meio do travessão.

julgamentos que, muitas vezes, Uma mulher esturrada, de alpargata e vestido muito largo, aproximou-se e parou à sua frente. O

são levados para casa e aca- homem levantou a cabeça:


— Você, Maria.

bam revoltando familiares que,


Ela moveu o rosto com dificuldade e fez o possível para sorrir, fixando atenta e profundamente a cara
do homem.

em avaliações infundadas,
— Aconteceu alguma coisa?
— Não — murmurou a mulher.

questionam o livro didático e a Wander Piroli. Trabalhadores do Brasil.

nossa postura em sala de aula.


Discurso indireto – O narrador reproduz a fala dos personagens de forma indireta, ou seja, utilizando suas próprias
palavras, não as do personagem. Nessa reprodução, ele não utiliza aspas nem travessão.

Infelizmente, para o senso co- […] E ria, de um jeito sombrio e triste; depois pediu-me que não referisse a ninguém o que se passara

mum, variação ainda é sinôni-


entre nós; ponderei-lhe que a rigor não se passara nada […].
Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás Cubas.

mo de erro que ameaça a “in-


tegridade” da língua. Não faz 34
muito, um livro didático de Lín-
gua Portuguesa causou uma LPemC_2018_BNCC_9A_Cap1.indd 34 10/05/18 11:14

polêmica descabida na mídia como se, para tratar de maneira Editorial). Nele, vários linguistas
ao abordar tal fenômeno, mes- científica do infarto do miocárdio, se posicionam contra um pro-
mo fazendo todas as neces- não fosse necessária a formação jeto de lei proposto em 2007
sárias ponderações e tendo médica. O mesmo ocorre quando pelo deputado federal Aldo Re-
como base os PCN de Língua se trata de avaliar o emprego de belo, segundo o qual “todo e
Portuguesa. O problema é que estrangeirismos. A esse respeito, qualquer uso de palavra ou ex-
cidadãos que ignoram a exis- vale conferir o artigo do professor pressão em língua estrangeira
tência das ciências linguísticas da Unicamp Kanavillil Rajagopa- […] será considerado lesivo ao
se julgam aptos para falar so- lan em Estrangeirismo: guerras patrimônio cultural brasileiro,
bre a língua a qualquer tempo, em torno das línguas (Parábola punível na forma da lei”.

3434

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Manual do Educador

Conto social

35
Capítulo
1
Discurso indireto livre – Apresenta as características do discurso indireto, mas normalmente sem os verbos de
elocução, o que produz uma mistura entre a fala do personagem e a do narrador. Esse discurso geralmente revela
dúvidas, angústias, reflexões.

[…] Como nas noites precedentes, uma fila de agricultores se formou na porta de uma padaria, e o
Sugestão de
padeiro saiu a informar que não havia pão. Por quê? O padeiro respondeu que não havia farinha. Onde
então estava ela? Os agricultores invadiram a padaria e levaram o estoque de roscas e biscoitos, a
Abordagem
manteiga e o chocolate […].
Garcia de Paiva. Os agricultores arrancam paralelepípedos.
A seguir, propomos algumas res-
postas para a seção Análise lin-
guística:
Análise linguística
1. Ela pensou que o nome da ofi-
Período composto por subordinação cina de costura era Águia de
Leia a tira abaixo. Ouro. Mas, para a costureira,
MADAME/Eudson de Paula
o nome agulha é pronunciado
agúia.
2. Não. É fundamental lembrar
aos alunos conceitos impor-
tantes da comunicação e da
sociolinguística. Seria interes-
sante utilizar a tira para discutir,
entre outras coisas, a noção de
adequação e variação de re-
1. Na tirinha, o humor é criado a partir de uma confusão feita pela madame. Que confusão
foi essa? gistro (formal/informal), concei-
2. Nessa tirinha, podemos perceber várias informações implícitas a respeito das persona-
tos que, mal compreendidos
gens e da própria situação comunicativa. Pensando nisso, discuta com o professor e
seus colegas: a madame se expressou de maneira adequada à situação? ou ignorados, estão na base
3. A madame tinha algum preconceito com relação à maneira de falar e de escrever da
costureira? Explique.
do preconceito linguístico.
4. No segundo quadrinho, qual é a relação de sentido expressa pela preposição para?
5. No segundo quadrinho, analisando a fala da madame, podemos dizer que ela des- 3. Sim. A madame expressa
confia de quaisquer pessoas? Explique. preconceito quando afirma
35 desconfiar “de pessoas que
erram o nome do próprio ne-
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gócio”, como se a forma como
a costureira se expressava a
BNCC – Habilidades gerais tornasse menos competente
Anotações para o trabalho.
EF69LP05 EF69LP55
EF69LP54 EF69LP56 4. Finalidade.
5. Não, ela desconfia apenas das
BNCC – Habilidades específicas pessoas “que erram o nome do
próprio negócio”.
EF09LP04
6. Porque a oração limita o sentido
EF09LP08
do termo pessoas.

35

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o
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Ca 36
6. Ainda no segundo quadrinho, a oração “que erram o nome do próprio negócio” funciona
como um adjetivo. Explique.
Leitura
No início deste capítulo, revimos as maneiras como orações podem se coordenar na ca-
Complementar deia textual. Agora, veremos como elas podem se subordinar, isto é, estabelecer relações
sintáticas em que uma oração exerce uma função sintática exigida por outra. Como exem-
Talvez o preconceito linguís- plo, vejamos o período a seguir, retirado do segundo quadrinho da tira:

tico mais óbvio seja uma afir- Desconfio de pessoas que erram o nome do próprio negócio.
mação corrente sobre a fala Primeira oração (principal) Segunda oração (subordinada)

de algum grupo (jovem e/ou


pouco escolarizado): eles fa- Nesse período, observamos a presença de duas orações: uma principal e uma subor-
dinada a ela. Perceba que a segunda oração exerce uma função sintática determinada
lam de qualquer jeito. Trata-se pela principal, por isso é chamada de subordinada.
Na prática, as orações subordinadas podem funcionar como substantivos, adjetivos ou
de preconceito no sentido eti- advérbios em relação à oração principal. Por esse motivo, dividimos as orações subordina-
mológico: um pré-conceito, das em três grandes grupos: substantivas, adjetivas e adverbiais. Veja:

ou seja, um conceito emitido


Função de adjetivo – A oração restringe
antes da análise dos fatos. o sentido do termo pessoas.

As pessoas têm, eviden- Desconfio de pessoas que erram o nome do próprio negócio.
temente, direito a seu gosto Oração subordinada adjetiva
(musical, linguístico, culinário,
etc.). Assim, é legítimo que
Função de substantivo – A oração funciona como
cada pessoa tenha sua pre- objeto direto do verbo perguntar.

ferência por sotaques (gostar A madame perguntou se a mulher era a costureira.

mais de ouvir nordestinos do Oração subordinada substantiva

que de ouvir gaúchos ou mi-


neiros, ou vice-versa) e por Função de advérbio – A oração expressa uma

construções sintáticas (gos- condição, papel típico dos advérbios.

tar mais de construções com A madame não pagaria a costureira se o serviço não ficasse bom.

cujo do que de construções Oração subordinada adverbial

que o contornam, etc.).


Mas seria bom que ninguém 36

pensasse simplesmente que


seu gosto é o “certo”, porque LPemC_2018_BNCC_9A_Cap1.indd 36 08/05/18 07:27

esta posição, em geral, além Leitura Complementar


de erro técnico, é prova de
No famoso poema O bicho, “bicho” se alimentando de res-
pouca cultura. Não é legítimo,
o poeta Manuel Bandeira tos de lixo como uma denúncia
do ponto de vista cultural,
(1886–1968) retrata uma cena aos níveis de pobreza nacional,
“falar mal” sem fundamento,
corriqueira e deplorável da levando seus leitores a uma re-
desprezar sem analisar […].
realidade do nosso País. O flexão sobre a dignidade humana
POSSENTI, Sírio.
Não se fala sem gramática.
longo do poema, o autor usa diante da miséria.
http://www.cartacapital.com.br/carta-na- recursos próprios da poesia Leia uma análise do famoso poe-
escola/nao-se-fala-sem-gramatica/
Acessado em 24/05/2012. para construir a imagem do ma de Bandeira no endereço a

3636

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Manual do Educador

Conto social

37
Capítulo
1
Prática linguística
Texto
Repensando o
Gente é bicho e bicho é gente Ensino da Gramática
Querido Diário, não tenho mais dúvida de que este mundo está virado ao avesso! Fui on-
tem à cidade com minha mãe, e você não faz ideia do que eu vi. Uma coisa horrível, horripi- Ao analisar o mecanismo da
lante, escabrosa, assustadora, triste, estranha, diferente, desumana... E eu fiquei chateada.
Eu vi um homem, um ser humano, igual a nós, remexendo na lata de lixo. E sabe o que coordenação e da subordinação,
ele estava procurando? Ele buscava, no lixo, restos de alimento. Ele procurava comida!
Querido Diário, como pode isso? Alguém revirando uma lata cheia de coisas imundas e
apontamos o aspecto estrutural
retirar dela algo para comer? Pois foi assim mesmo, do jeitinho que estou contando. Ele co- da língua e levamos o aluno a re-
locou num saco de plástico enorme um montão de comida que um restaurante havia jogado
fora. Aarghh!!! Devia estar horrível! fletir sobre a sua funcionalidade
Mas o homem parecia bastante satisfeito por ter encontrado aqueles restos. Na mesma para a construção do sentido. As-
hora, querido Diário, olhei assustadíssima para a mamãe. Ela compreendeu o meu assom-
bro. Virei para ela e perguntei: “Mãe, aquele homem vai comer aquilo?” Mamãe fez um sim, comentamos, por exemplo, o
“sim” com a cabeça e, em seguida, continuou: “Viu, entende por que eu fico brava quando
você reclama da comida?”
valor semântico das conjunções,
É verdade! Muitas vezes, eu me recuso a comer chuchu, quiabo, abobrinha e moranga. mas indicamos que elas, sozi-
E larguei no prato, duas vezes, um montão de repolho, que eu odeio! Puxa vida! Eu me
senti muito envergonhada! nhas, não são responsáveis pe-
Vendo aquela cena, ainda me lembrei do Pó, nosso cachorro. Nem ele come uma co- las relações que desempenham.
mida igual àquela que o homem buscou do lixo. Engraçado, querido Diário, o nosso cão
vive bem melhor do que aquele homem. Tem alguma coisa errada nessa história, você Esse tipo de abordagem eviden-
não acha?
Como pode um ser humano comer comida do lixo e o meu cachorro comer comida lim-
temente pressupõe o posiciona-
pinha? Como pode, querido Diário, bicho tratado como gente e gente vivendo como bicho? mento epilinguístico que norteia o
Naquela noite eu rezei, pedindo que Deus conserte logo este mundo. Ele nunca falha. E
jamais deixa de atender aos meus pedidos. Só assim, eu consegui adormecer um pouqui- nosso trabalho com a gramática.
nho mais feliz. A intenção é levar o aluno a ana-
Pedro Antônio Oliveira. Gente é bicho e bicho é gente.
Diário da Tarde. Belo Horizonte, 16 out. 1999. lisar criticamente o mecanismo
gramatical para, a partir disso,
usá-lo em favor de uma comuni-
cação cada vez mais hábil e ex-
pressiva.
Nessa perspectiva, é interessan-
te comentar, também, que as ora-
37

ções coordenadas apresentam


independência sintática, não se-
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mântica. Em Carlos faleceu e foi


seguir e converse com seus co-
BNCC – Habilidades gerais enterrado, temos uma coordena-
legas e seu professor sobre as EF69LP44 EF69LP53 ção em que a segunda oração
possibilidades da poesia para EF69LP47 EF69LP54 é aditiva. Contudo, não ocorre o
além da visão romântica tradi- mesmo em *Carlos foi enterrado
cionalmente atribuída a ela: ontem e faleceu. Essas orações
BNCC – Habilidades específicas não se coordenam porque são
http://rascunho.com.br/o-bi- EF89LP33 EF09LP04 semanticamente opostas.
cho-de-manuel-bandeira/ EF89LP37

37

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o
1
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Ca

38 1. Na escrita literária, muitas vezes o autor produz um texto que compartilha várias carac-
terísticas de determinado gênero textual, principalmente quanto à forma. Mas seu objetivo
comunicativo, na verdade, acaba inserindo o texto em outro gênero. Na classificação dos
textos em gêneros, o mais importante é a função que eles têm na sociedade, não sua estru-
tura. Isso pode ser verificado no texto Gente é bicho e bicho é gente. Quanto à sua função,
podemos dizer que se trata de uma crônica, por uma série de fatores. Por exemplo: o texto
foi publicado em um jornal (as crônicas normalmente são publicadas em jornais), teve como
tema um fato do cotidiano, objetiva levar o leitor a refletir, etc. No entanto, estruturalmente
o texto não se configura como uma crônica, mas como um outro gênero. Pensando nisso,
analise as afirmações que seguem:

I. Um dos indícios de que o texto simula uma situação imaginária está no fato de o autor
criar um narrador-personagem que é, na verdade, uma menina.
II. O autor buscou utilizar uma linguagem mais elaborada, into é, mais próxima da realida-
de, da fala espontânea, como ocorre nos textos jornalísticos.
III. Os períodos que iniciam o primeiro e o terceiro parágrafos deixam claro que Pedro An-
tônio Oliveira quis simular um gênero textual em que o autor relata fatos que acontecem
no seu dia a dia.
IV. No gênero textual que o autor busca imitar em sua crônica, é muito comum o caráter
íntimo das anotações.
V. No gênero textual que o autor procurou simular em sua crônica, é normal o autor ver o
suporte em que escreve (um caderno, por exemplo) como seu interlocutor, como fica
claro no primeiro parágrafo do texto com o uso de você.

Estão corretas:
a) I, II, III e V.
b) I, III, IV e V.
c) II, III, IV e V.
d) I, II e IV.
e) Todas.

2. Releia o período a seguir, retirado do primeiro parágrafo do texto:

Fui ontem à cidade com minha mãe, e você não faz ideia do que eu vi.

Considerando a estrutura gramatical e o sentido desse período, é incorreto afirmar que:


a) A palavra com indica companhia.
b) A palavra e indica uma adição de ideias.
c) A oração do que eu vi está completando o sentido da palavra ideia.
d) A oração do que eu vi exerce a função de complemento nominal.
e) O período é composto por três orações que se coordenam.

38

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Manual do Educador

Conto social

39
Capítulo
1
3. (Colégio Militar) Na frase “Querido Diário, não tenho mais dúvi-
da de que este mundo está virado ao avesso!” (primeiro parágra-
Compartilhe
ideias ou privado, comunitário ou indi-
fo), a expressão destacada quer transmitir a ideia de que o mundo:
a) Não está em harmonia, uma vez que seus elementos estão vidual, dependendo do tipo de
coordenados. função (pública) que ele vai re-
b) Não está em harmonia, mas seus elementos estão nos devi-
dos lugares. presentar na/para a comunidade
c) Está em desarmonia, já que seus elementos estão perfeita-
mente interligados.
ou (privada) para o indivíduo en-
d) Está organizado harmonicamente, com seus elementos fora gajado nas redes sociais.
A característica privada do diá-
dos padrões estabelecidos.
e) Não está em harmonia, já que seus elementos não estão nos
devidos lugares. rio, muito própria dos últimos 100
4. (Colégio Militar) No primeiro parágrafo do texto, há a seguin- anos, surge, pela primeira vez,
te estrutura frasal: “Uma coisa horrível, horripilante, escabrosa,
no século X, no Japão, com os
assustadora, triste, estranha, diferente, desumana... E eu fiquei
chateada”. Quanto ao uso das reticências, levando-se em conta chamados pillow books das mu-
o contexto, é correto afirmar que:
a) Foram usadas com o nítido objetivo de dar fim à linha de pen-
lheres da corte de Heian […].
samento da narradora, a qual se mostra indiferente ao que viu. Mantêm o caráter de gênero dis-
b) Foram usadas com a intenção de demonstrar que a narradora
não consegue mais encontrar adjetivos que possam expressar cursivo não literário […]. Trata-se
seu choque diante da cena que viu. de uma prática discursivo-escrita
c) Foram usadas para demonstrar uma interrupção na linha de
raciocínio da narradora, que se mostra afetada positivamente muito comum, principalmente
com o que viu.
d) Foram usadas para demonstrar que a narradora está em dúvi-
entre as mulheres, a partir do
da, pois tem a sensação de que o que viu é um sonho. romantismo, que é o registro de
e) Foram usadas para demonstrar que a narradora encontrou to-
dos os adjetivos possíveis para expressar suas dúvidas diante seu cotidiano, quase que a cada
do que viu. dia. Ficou conhecido como diário
5. (Colégio Militar) No trecho “Ele colocou num saco de plástico íntimo ou pessoal, pois são escri-
enorme um montão de comida que um restaurante havia jogado
fora. Aarghh!!! Devia estar horrível!” (terceiro parágrafo), se esta-
tos pessoais, privados. Inseridos
belecem relações de sentido de: num contexto de comunicação
a) Fato/fato.
b) Finalidade/causa. verbal espontânea, são conside-
c) Oposição/finalidade. rados, segundo Bakhtin, um gê-
d) Fato/oposição.
e) Fato/opinião. nero discursivo de tipo primário,
39 pois, como estilo íntimo, revelam
uma fusão entre locutor/autor e
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destinatário/leitor, já que, muitas
Sugestão de Leitura Complementar vezes, o diário é o próprio interlo-
Abordagem cutor do diarista. Como discurso
O diário é um fenômeno cultu- íntimo, impregna-se de um espíri-
Para resolver a questão 1,
ral de origem remota, de nature- to de confiança, de simpatia, de
será necessário rever com
za pública e comunitária. […] É sensibilidade […]. Por essa ra-
os alunos algumas carac-
um dispositivo de produção de zão, parece que o diário tem no
terísticas do diário íntimo
cultura, tanto no Oriente (Japão) próprio narrador que o enuncia o
e observar a sua relação
quanto no Ocidente. Como forma seu destinatário preferencial […].
com a crônica Gente é bi-
genérica de expressão pessoal COSTA, Sérgio Roberto (2009). Dicionário de
cho e bicho é gente. gêneros textuais. Belo Horizonte: Autêntica, pp.
[…], consolida-se como público 89–91.

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6. (Colégio Militar) O quarto parágrafo do texto é iniciado pela
palavra mas, cuja função, nesse contexto, é estabelecer:
ideias
a) uma relação de oposição entre o que a narradora viu e a atitude
do homem ao recolher os restos de comida do lixo.
b) uma relação de alternância entre a atitude do homem ao re-
colher restos de comida, no terceiro parágrafo, e mostrar-se
contente com isso, no quarto parágrafo.
c) uma relação de oposição entre o fato de a narradora achar que
a comida do lixo era péssima, e ele demonstrar contentamento
com o que encontrou.
d) uma relação de oposição entre o fato de a narradora mostrar
repugnância com a situação em que se encontra o homem e o
assombro dela perante o que presenciou.
e) uma relação de alternância entre o fato de o homem revirar a
lata de lixo e a mãe da narradora ficar brava com a filha por ela
reclamar da comida.

7. Analise as afirmativas abaixo, observando se são falsas (F)


ou verdadeiras (V).
I. ( ) No trecho “Ele colocou num saco de plástico enorme
um montão de comida que um restaurante havia jogado
fora. Aarghh!!!” (primeiro parágrafo), a narradora sente
nojo do fato de o homem recolher comida do lixo.
II. ( ) Em “Puxa vida! Eu me senti muito envergonhada!” (quin-
to parágrafo), a personagem mostra-se indiferente à si-
tuação vivenciada pelo homem.
III. ( ) Em “Como pode, querido Diário, bicho tratado como
gente e gente vivendo como bicho?” (último parágrafo),
a narradora mostra-se revoltada com o fato de um ser
humano ter condições de vida inferiores às condições de
vida de um animal.
IV. ( ) Em “Ele nunca falha. E jamais deixa de atender aos
meus pedidos.” (último parágrafo), a narradora deposita,
em uma figura divina, sua esperança de mudança para a
triste situação que presenciou.

A ordem correta é:
a) V – V – V – F.
b) V – F – F – V.
c) V – V – F – V.
d) V – F – V – V.
e) V – F – F – F.
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Manual do Educador

Conto social

41
Capítulo
1
8.
Atentando para os elementos narrativos que constituem o
texto, é correto afirmar que:
a) Possui um narrador em terceira pessoa, que participa dos
fatos por ele narrados.
b) Embora não fique explícito, compreende-se que o espaço
em que a narradora presencia o fato central da história é a
rua de uma cidade.
c) As falas dos personagens são marcadas pelo travessão, já
que o discurso é direto.
d) A narradora relata o fato ao mesmo tempo que ele ocorre.
e) Possui um narrador em primeira pessoa, que não participa
dos fatos narrados.
9. Observe a ordem de fatos retirados do texto.
( ) Um homem sente-se satisfeito por encontrar o que comer
no lixo.
( ) A narradora se envergonha por presenciar um homem na
humilhante situação de procurar comida no lixo.
( ) A narradora vê um ser humano, que busca o que comer
no lixo.
( ) A narradora conclui que um animal doméstico tem uma vida
bem melhor que a do homem que busca alimento no lixo.
( ) A narradora reza, pedindo a intervenção de Deus.
Ao se enumerar a sequência de fatos acima, de modo cres-
cente, de forma a estabelecer uma ordenação lógica de ações,
tem-se como opção correta:

a) 2 – 3 – 1 – 4 – 5.
b) 1 – 3 – 2 – 4 – 5.
c) 3 – 1 – 4 – 2 – 5.
d) 5 – 3 – 4 – 2 – 1.
e) 3 – 5 – 4 – 2 – 1.

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Compartilhe
ideias É hora de produzir
Sugestão de
Abordagem Antes de começar a escrever
Neste capítulo, lemos dois interessantes contos sociais: Na
Segue o texto proposto na escuridão miserável e Jonas e o menino. Nesses dois textos,
vimos que os personagens não são descritos detalhadamen-
seção Antes de começar a te. Conhecemos suas características, por exemplo, a partir das
escrever complementado. ações que desempenham ao longo da narrativa. E as ações são
expressas principalmente por orações. Assim, o uso de orações
Sugestão: O centro da cida- coordenadas e subordinadas pode ajudar bastante o autor a
caracterizar seus personagens. Pensando nisso, preencha as
de é a casa de Mário, ou o lacunas a seguir com orações (coordenadas ou subordinadas)
a fim de criar o início de um conto social cujo protagonista será
mais próximo disso que ele um adolescente órfão que mora na rua.
conhece. Por muito tempo,
ele sonhou com o futuro, O centro da cidade é a casa de Mário, ou o mais próxi-

mas o dia a dia o fez per- mo disso _________________.

ceber que não adiantava Por muito tempo, ele sonhou com o futuro, mas o dia

planejar. Ele tinha que vi-


a dia o fez perceber _____________________. Ele tinha
que viver o presente, ______________________ e re-
ver o presente, viver cada solver os problemas de todos os dias: encontrar o que
momento e resolver os pro- comer, ______________________. Em noite estrelada,
blemas de todos os dias: _______________________, de onde poderia vislumbrar

encontrar o que comer, e as estrelas. Mas nas noites frias, de chuva intensa, procu-
rava um lugar seguro, onde pudesse dormir seco e sonhar
procurar um lugar seguro
com as estrelas que _______________________.
para dormir. Em noite estre-
lada, deitava num banco
Proposta
da praça, de onde poderia
Nesta atividade, você produzirá um conto social para compor
vislumbrar as estrelas. Mas um livro junto com sua turma. Escolha uma das imagens a se-
nas noites frias, de chuva guir para servir de tema para seu texto. Lembre-se: seu conto
deverá denunciar um problema social.
intensa, procurava um lu-
42
gar seguro, onde pudesse
dormir seco e sonhar com
as estrelas que não conse-
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guia ver.
Anotações
BNCC – Habilidades gerais BNCC – Habilidades específicas

EF69LP05 EF69LP51 EF89LP32 EF09LP04


EF69LP44 EF69LP54 EF89LP35 EF09LP11
EF69LP46 EF69LP56
EF69LP47

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Conto social

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Capítulo
1

arindambanerjee | Shutterstock
erstock
duchy | Shutt

Tema 1 Tema 2
Roman023 | Shutterstock

utterstock
Roman023 | Sh

Tema 3
Tema 4
tterstock

tock
Antonio V. Oquias | Shu

Brandon Seidel | Shutters

Tema 5
Tema 6

Planejamento
Logo que escolher o tema para seu texto, comece a planejá-
-lo. Pense nisto:
1. Quantos e quais serão os personagens? Como eles serão
caracterizados? Você os descreverá por meio de adjetivos
ou os revelará ao leitor lentamente, através de suas ações,
de seu dia a dia?

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2. Qual será o foco narrativo do seu conto? Você utilizará um
Compartilhe narrador-personagem ou preferirá um narrador-observador?
ideias
3. Seu conto deverá denunciar o problema social apontado
nas imagens. Por isso, procure cativar seu leitor na inten-
Diálogo com ção de comovê-lo.
o professor 4. Procure escrever com clareza. Para isso, é muito impor-
tante você definir logo a estrutura narrativa do seu conto:
Como será o conflito? Como ocorrerá o nó? Como será o
O processo de escrita re- desenlace?
quer a observação de uma
sequência de etapas. Nas Avaliação
seções de produção de 1. A avaliação do seu texto será feita por um colega da turma,
cujo texto você avaliará. Para essa avaliação, analisem os
texto, seria interessante dis- seguintes aspectos:

cutir essas etapas com os Aspectos analisados Sim Não

seus alunos. Nesta propos- Os personagens estão bem caracterizados?

ta, comece pela ideia de


Seu colega descreveu os personagens de
maneira clara e coerente?
como iniciar uma narrativa. O foco narrativo está claro?

Dialogue com eles acerca


O conto do seu colega denuncia o problema
social apontado na imagem que ele escolheu
de expressões que, geral- como tema?
Seu colega conseguiu cativá-lo e comovê-lo
mente, anunciam o início de durante a leitura?
uma narração, fale da im- O texto está claro, com a estrutura narrativa
bastante definida?
portância de se pensar os
2.
personagens previamente,
Agora, considerando a avaliação feita pelo seu colega, caso
seja necessário, reescreva seu conto a fim de aperfeiçoá-lo
de se delinear suas postu- ainda mais antes de o entregar para a edição do livro.

ras comportamentais e, as- 3. Ao final, em uma data previamente marcada pelo professor,
sim, desenvolver o enredo. a turma se reunirá para definir como será feita a coletânea
de contos da turma. Será preciso definir o título, a capa,
Vale lembrar a importância as ilustrações, o sumário, o tipo de fonte em que os textos
serão digitados e como será feita a encadernação.
do clímax e do desfecho.
Caso seja necessário, retor-
ne aos textos apresentados
44

no decorrer dos capítulos e


identifique cada um desses
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itens.
Sugestão de Abordagem

A hora da produção escrita é mui- diariamente. Observe se o texto


to delicada e importante para a de seus alunos responde aos cri-
formação do aluno. Apoie seu gru- térios de avaliação e crie outros,
po-classe dando subsídios para se necessário, para avaliá-los.
que ele consiga produzir um bom Lembre-se que definir um público
texto. Explique que a avaliação e leitor é bastante importante antes
a reescrita devem ser praticadas de se começar a escrever.

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Manual do Educador

Conto social

45
Capítulo
1
A escrita em foco e quais são irregulares, exigin-
do que o aprendiz as memorize.
Uso de algumas palavras e Essa distinção nos permite com-
expressões preender que erros ortográficos
Ao encontro de / de encontro a não são “coisas idênticas”, pois
Compare os períodos: erros semelhantes em sua apa-
Ela saiu de casa para ir ao encontro de um sonho. rência – porque envolvem a “tro-
As péssimas atitudes dela vão de encontro a uma
postura responsável.
ca de uma letra por outra” – têm
naturezas diferentes.
• ao encontro de = união; ser favorável a algo.
• de encontro a = oposição; ser contrário.
Tomemos um exemplo: Pedro,
Acerca de / há cerca de / cerca de aluno do terceiro ano, produziu
Agora, analise estes períodos: uma história em que apareciam
Os deputados estavam discutindo acerca de mudanças grafias com *sidade (cidade),
no Código Florestal. *oje (hoje), *cachoro (cachorro)
e *honrrado (honrado). Embora
Os deputados estão discutindo mudanças no Código
Florestal há cerca de três horas.
Cerca de trinta mudanças foram propostas para o todas as palavras contenham er-
ros, podemos nos perguntar se
Código Florestal.

• acerca de = a respeito de.


• há cerca de = indica aproximadamente o tempo transcorrido.
eles são devidos a motivos dife-
• cerca de = aproximadamente. rentes ou se têm uma única ra-
Afim / a fim zão de ser. No caso de cidade e
Leia os períodos abaixo: hoje, não há nenhuma regra ou
Estou a fim de você.
princípio que possa nos ajudar a
Ele está a fim de comprar um carro. saber por que essas palavras se
Ele está economizando a fim de comprar um carro.
Eles tinham projetos de vida afins.
escrevem, respectivamente, com
Os estados de Pernambuco e da Paraíba são afins. C e H. Já no caso de cachorro
e honrado, sem termos que de-
45 corar cada palavra isoladamente,
podemos compreender por que
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se escrevem com rr e r.

Leitura
Complementar

Ao contrário do que muitas pes- ta. Nossa intenção é examinar


soas pensam, aprender ortogra- como está organizada a norma
fia não é só uma questão de me- ortográfica de nossa língua: que
mória. Nem sempre, para acertar correspondências letra-som são
a grafia das palavras, é neces- regulares e, portanto, podem ser MORAIS, Artur Gomes de (2009).
Ortografia: ensinar e aprender.
sário decorar sua forma corre- incorporadas pela compreensão, São Paulo: Ática.

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Sobretudo em situações informais, a expressão a fim de é
46 usada no sentido de estar com vontade de fazer algo ou de
estar interessado em alguém. Pode transmitir a ideia de fina-
lidade, equivalendo a para, com o propósito de.
Já afim indica afinidade, intimidade, parentesco, proxi-
midade.

A escrita em questão

1. Leia a notícia a seguir e preencha adequadamente as lacunas com as palavras ou ex-


pressões do quadro. Mas atenção: nem todas as opções serão usadas e nenhuma deve se
repetir. Faça as alterações necessárias.

ao encontro de de encontro a acerca de


há cerca de cerca de a fim de afim

Brasileiro está produzindo sete vezes mais lixo em apenas dois anos
Pesquisa aponta que a renda cresce, a população brasileira cresce e
o lixo se multiplica; mais da metade do lixo coletado está no Sudeste.
Da Redação do G1

Uma pesquisa mostrou que o brasileiro Ferro elétrico, cafeteiras, estantes, me-
está produzindo sete vezes mais lixo em sas, cadeiras e objetos afins : tudo foi
apenas dois anos. O destino correto do lixo jogado fora pelos moradores do prédio
é um dos maiores desafios para as cidades onde Claudina Barão Modena é síndica.
do País, ainda mais agora que o brasilei- Ela recolheu tudo a fim de aproveitar.
ro está produzindo cada vez mais lixo. É o Nas mãos dela, nada vira lixo. Claudina é
que mostra uma pesquisa da Associação um exemplo perfeito da iniciativa individual
Brasileira de Empresas de Limpeza Públi- para resolver os problemas da reciclagem
ca e Resíduos Especiais (Abrelpe). O pro- de resíduos urbanos aos quais a maioria
blema é reflexo do aumento do poder aqui- das prefeituras das cidades brasileiras não
sitivo da população. consegue dar uma solução. Os números

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Manual do Educador

Conto social

47
Capítulo
1
são assustadores: nossa produção de lixo Nordeste, a situação é tão ruim quanto no
nos últimos anos aumentou mais do que o Sudeste. Na Região Sul, está a melhor situa-
crescimento da nossa população. ção: pouco mais de 23 milhões de pessoas
Esse aumento é um reflexo da ampliação produzindo 21 mil toneladas de lixo por dia.
do poder aquisitivo da população, que foi Em 2010, foi sancionada a Política Na-
ao encontro do consumo, passou a con- cional de Resíduos Sólidos, que dispõe que
sumir mais e, logicamente, passou a gerar todos os municípios tiveram até 2014 para
mais lixo. dar uma destinação adequada ao lixo. Ou
Cerca da metade do lixo coletado no seja, tudo aquilo que puder ser reaprovei-
Brasil está no Sudeste. Nessa região, vivem tado deverá passar por algum processo de
quase 75 milhões de pessoas que produzem recuperação, reciclagem ou afim .
quase 97 mil toneladas de lixo por dia. No http://pe360graus.globo.com/noticias/brasil/meio-ambiente.
Adaptado.

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To
En
M Muribeca
rrA
CE Lixo? Lixo serve pra tudo. A gente encontra a mobília da
BNCC – Habilidades gerais En casa, cadeira pra pôr uns pregos e ajeitar, sentar. Lixo pra po-
der ter sofá costurado, cama, colchão. Até televisão.
EF69LP30 EF69LP47 É a vida da gente, o lixão. E por que é que agora querem ti-
rar ele da gente? O que é que eu vou dizer pras crianças? Que
EF69LP33 EF69LP51 não tem mais brinquedo? Que acabou o calçado? Que não tem
Antes de
EF69LP43 EF69LP53 começar a ler mais história, livro, desenho?
E o meu marido, o que vai fazer? Nada? Como ele vai viver
EF69LP44 EF69LP54 O conto que você vai sem as garrafas, sem as latas, sem as caixas? Vai perambular
EF69LP46 ler agora foi escrito pelo
pernambucano Marcelino
pela rua, roubar pra comer?
Freire e faz parte de seu E o que eu vou cozinhar agora? Onde vou procurar tomate,
livro Angu de sangue. O alho, cebola? Com que dinheiro vou fazer sopa, vou fazer cal-
texto aborda um problema
do, vou inventar farofa?
muito grave das grandes
Fale, fale. Explique o que é que a gente vai fazer da vida?
BNCC – Habilidades específicas cidades, os lixões, e, pior,
as pessoas que tiram dele O que a gente vai fazer da vida? Não pense que é fácil. Nem
o seu sustento. O título
remédio pra dor de cabeça eu tenho. Como vou me curar quan-
EF89LP25 EF89LP37
do conto faz referência
ao bairro da Muribeca do me der uma dor no estômago, uma coceira […]? Vá, me
EF89LP33 EF09LP04 (Jaboatão dos Guararapes
– PE), onde funciona um
fale, me diga, me aconselhe. Onde vou encontrar tanto remédio
bom? E esparadrapo e band-aid e seringa?
EF89LP35 dos maiores lixões do País.
Atualmente, calcula-se O povo do governo devia pensar três vezes antes de fazer
que lá existam 10 milhões isso com chefe de família. Vai ver que eles tão […] nesse terre-
de toneladas de lixo, e
no. Vai ver que eles perderam alguma coisa. É. Se perderam,
outras 2.800 toneladas são
depositadas a cada dia. a gente acha. A gente cata. A gente encontra. Até bilhete de
loteria, lembro, teve gente que achou. Vai ver que é isso, coisa
da Caixa Econômica. Vai ver que é isso, descobriram que lixo
dá lucro, que pode dar sorte, que é luxo, que lixo tem valor.
Por exemplo, onde a gente vai morar, é? Onde a gente vai
morar? Aqueles barracos, tudo ali em volta do lixão, quem é
que vai levantar? Você, o governador? Não. Esse negócio de

Anotações

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Conto social

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Capítulo
1
prometer casa que a gente não pode pagar é balela, é conver-
sa pra boi morto. Eles jogam a gente é num esgoto. Pr’onde
vão os coitados desses urubus? A cachorra, o cachorro?
Isso tudo aqui é uma festa. Os meninos, as meninas naquele
alvoroço, pulando em cima de arroz, feijão. Ajudando a esco-
lher. A gente já conhece o que é bom de longe, só pela cara do
caminhão. Tem uns que vêm direto de supermercado, açougue.
Que dia na vida a gente vai conseguir carne tão barata? Biste-
ca, filé, chã de dentro — o moço tá servido? A moça?
Os motoristas já conhecem a gente. Tem uns que até guar-
dam com eles a melhor parte. É coisa muito boa, desperdiçada.
Dicionário
Tanto povo que compra o que não gasta — roupa nova, véu,
grinalda. Minha filha já vestiu um vestido de noiva, até a aliança
Balela – Boato, mentira.
a gente encontrou aqui, num corpo. É. Vem parar muito bicho Chã de dentro – Carne
morto. Muito homem, muito criminoso. A gente já tá acostuma- macia extraída da parte
do. Até o camburão da polícia deixa seu lixo aqui, depositado. interior da coxa do boi.

Balas, revólver 38. A gente não tem medo, moço. A gente é só


ficar calado.
Agora, o que deu na cabeça desse povo? A gente nunca
deu trabalho. A gente não quer nada deles que não esteja aqui
jogado, rasgado, atirado. A gente não quer outra coisa senão
esse lixão pra viver. Esse lixão para morrer, ser enterrado. Pra
criar os nossos filhos, ensinar o nosso ofício, dar de comer. Pra
continuar na graça de Nosso Senhor Jesus Cristo. Não faltar
brinquedo, comida, trabalho.
Não, eles nunca vão tirar a gente deste lixão. Tenho fé em
Deus, com a ajuda de Deus eles nunca vão tirar a gente deste
lixo. Eles dizem que sim, que vão. Mas não acredito. Eles nun-
ca vão conseguir tirar a gente deste paraíso.
FREIRE, Marcelino. Angu de sangue. Cotia: Ateliê, 2005.

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50 1. Nesse conto, o autor busca chamar a atenção do leitor por


meio da criação de uma situação absurda. Explique que situa-
ção é essa.
No conto, a situação diz respeito à revolta que sente a prota-
gonista quando o governo decide extinguir o lixão da Muribeca,
pois, para ela, o “lixo serve pra tudo”, “é a vida da gente […]”.
Aprenda
mais! 2. Releia estas frases, retiradas do primeiro e do segundo pa-
rágrafos do conto.
Marcelino Freire nasceu
em 20 de março de 1967,
na cidade de Sertânia, “Lixo? Lixo serve pra tudo.”
sertão de Pernambuco, “É a vida da gente, o lixão.”
mas vive em São Paulo
desde 1991. Além de
Angu de sangue (2000), a) Essas frases contribuem para a criação do absurdo proposto
de onde retiramos o conto pelo autor? Explique.
Muribeca, é autor de
EraOdito (Aforismos, 2ª Sim, pois contrariam o senso comum de que o lixo é o lugar do
edição, 2002) e BaléRalé
(Contos, 2003), todos que não nos serve mais.
publicados pela Ateliê
Editorial. Em 2002,
b) A personagem central do conto tem consciência dos perigos
idealizou e editou a
Coleção 5 minutinhos, que o lixão representa para a saúde dela e da sua família? Ex-
inaugurando com ela o plique.
selo eraOdito editOra. É
um dos editores da PS:SP, Não. Para ela, o lixão é um paraíso.
revista de prosa lançada
em maio de 2003, e um
3. Marcelino Freire denuncia um problema muito grave: o li-
dos contistas em destaque
nas antologias Geração 90 xão. Mas não só isso. Esse conto social tem o objetivo de cho-
(2001) e Os transgressores
car o leitor. Entre as opções abaixo, assinale aquela que escla-
(2003), publicadas pela
Boitempo Editorial. Em rece corretamente esse objetivo.
2005, publicou Contos a) Como os personagens vivem no lixão, sua condição de vida
negreiros, pela Editora
os torna revoltados.
Record, com o qual
recebeu o Prêmio Jabuti b) O conto busca chamar a atenção do leitor e comovê-lo ao
de Literatura em 2006, na trazer como protagonista uma catadora que reclama seu di-
categoria Contos.
reito de viver do lixo.
c) O autor quis mostrar ao leitor que a vida no lixão é cercada
de perigos.
d) A partir do desabafo da protagonista, o autor pretendeu cri-
ticar o governo de Pernambuco, que iria desativar o lixão da
Muribeca.
e) O conto explora uma situação imaginária em que uma mulher
expressa toda a sua revolta por tirar seu sustento do lixão.

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Conto social

51
Capítulo
1
4. Qual é a função de cada personagem no conto? Como eles participam?
Em todo o texto, apenas a protagonista tem uma participação expressiva, a partir do seu
desabafo. O homem e a mulher não têm falas, são apenas seus interlocutores. E os demais
somente são citados pela protagonista.

5.Como você certamente percebeu, para apresentar a personagem principal do conto,


Marcelino Freire não recorreu à descrição. Como, então, podemos conhecer melhor essa
personagem?
A partir das informações colhidas na fala da personagem, é possível traçar seu perfil.

6.Durante a leitura, captamos algumas informações relativas à protagonista. Essas infor-


mações nos permitem concluir que ela:

I. É uma mulher casada.


II. Não acredita nos governantes.
III. Tem três filhos homens e uma filha, que vai casar.
IV. Vive no lixão, onde encontra tudo de que precisa para viver.
V. Sonha com dias melhores, com uma vida digna longe do lixão.

Estão corretas:
a) I, II e III.
b) I, II, e IV.
c) III, IV e V.
d) I, II e V.
e) III e V.

7. Ao longo do texto, a protagonista se mostra muito distante do poder público. Pensando


nisso, responda:
a) Qual é o desejo dela acerca do poder público?
Que os governantes permitam que os catadores continuem no lixão.

b) Há uma crítica ao poder público subentendida nesse desejo. A atitude do governo resol-
veria o problema dos catadores? Explique.
A crítica diz respeito à atitude do governo, que pretendia tirar os catadores do lixão, mas, ao
que parece, não previa a inserção deles na sociedade.

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52 8. Considerando a forma como o texto se apresenta, como foi planejado pelo autor, anali-
se as afirmações abaixo.

I. Embora apenas um dos personagens fale, podemos supor que eles estão conversando,
como em uma entrevista.
II. Podemos supor que o conto se iniciou, na verdade, em uma pergunta feita por um dos
personagens, à qual a protagonista respondeu com um desabafo.
III. Além da mulher que fala da importância do lixão para a sua vida, há apenas mais um
personagem, para quem ela parece falar.
IV. Podemos supor que as personagens do conto pertencem a grupos sociais distintos.

Estão corretas:
a) I e II.
b) I e III.
c) I, II e IV.
d) II e III.
e) III e IV.

9. O gráfico abaixo mostra a composição do lixão da Muribeca. Analise-o e, em seguida,


avalie as afirmações.
I. Vidro e metal são as matérias orgânicas menos encontradas
Composição do
no lixão.
lixo da Muribeca
II. A maior parte do lixo é composta de restos de animais e ve-
13%
2% getais.
2% III. Materiais recicláveis compõem 25% do total do lixo da Muri-
8% beca.
60%
IV. Materiais como pneus, restos de construções e tecidos estão
15% incluídos em outros, na legenda.

MAtErIAl OrgânICO Estão corretas:


PAPEl
a) I e II.
b) II e III.
PlástICO
c) I e III.
MEtAl d) II e IV.
VIdrO e) I, III e IV
OutrOs

Fonte: grs/uFPE

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5252

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Manual do Educador

Conto social

53
Capítulo
1
o
Mídias em context

Neste capítulo, trabalhamos o conto social, um gênero de texto narrativo cujo objetivo
é, entre outros, chamar a atenção do leitor para o problema social abordado e, a partir daí,
estimular seu senso crítico.

Proposta

A fim de explorar melhor esse potencial, nesta atividade você e alguns colegas
deverão escolher um dos contos que vocês mesmos produziram neste capítulo
para transformá-lo em um curta-metragem. Ao final, os vídeos deverão ser
compartilhados nas suas redes sociais.

Os vídeos são comprovadamente um dos meios de comunicação com maior poder per-
suasivo, em especial por causa da sua capacidade de explorar diferentes sensações —
principalmente pela visão e audição —, o que provoca percepções complexas no público.
Mas, para transformar o conto social em um curta que realmente alcance esse poder de
persuasão, será indispensável produzir primeiramente um bom roteiro. Os links a seguir
são sugestões de sites e canais em que vocês encontrarão bastantes informações sobre
o gênero roteiro. Confiram!

Portal Roteiro de Cinema


http://www.roteirodecinema.com.br/

Como é um roteiro de cinema e TV?


https://www.tertulianarrativa.com/comoeroteirodecinema

Como são feitos os roteiros de cinema?


https://www.youtube.com/watch?v=-gT7r1yxcZw

Curso de roteiro Grátis – Episódio 1


https://www.youtube.com/watch?v=ese-l5CF5Z4

53

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o
2
ul
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Ca 54

Objetivos Pedagógicos
Capítulo 2 Na mente dos
Ao final deste capítulo, o aluno
deve ser capaz de:
personagens
•• Demonstrar conhecimento bá-
sico sobre o gênero e suas
funções sociais: o que é um

Conhecimentos prévios
1. Quando você tem ansiedade para que algo
conto psicológico? Para quem importante aconteça, como você sente a

é escrito? Por quê? Para quê? passagem do tempo?


2. Você acha que a passagem do tempo é per-
E como é feito? cebida da mesma forma pelas pessoas?
3. Você acha possível escrever uma narrativa
•• Expressar-se de forma oral e simulando o fluxo do nosso pensamento?

escrita sobre os temas abor-


dados nos textos.
•• Reconhecer mais de um tipo
textual em um mesmo texto.
Caracterizando o gênero
•• Realizar leituras inferenciais.
Neste capítulo, estudaremos o con-
•• Identificar fenômenos da lin-
mos saudade e temos a impressão de
to psicológico, uma realização con- que o tempo passa lentamente. Nesse
guagem, ambiguidade, aspec- temporânea do conto em que predomi-
nam o espaço e o tempo psicológicos.
gênero, o narrador costuma causar cer-
to estranhamento no leitor a partir da
tos da narração, informações Esses elementos dizem respeito à for- forma como narra a história. Agora,

implícitas e explícitas e o valor


ma como cada um de nós percebe o vamos mergulhar em contos em
tempo e os espaços em determinadas busca desse estranhamento.
semântico de algumas pala- situações, como ocorre quando senti-

vras no texto.
•• Realizar prática e análise lin-
guística, observando as dis-
tinções estruturais e funcionais
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das orações subordinadas


substantivas. Leitura
•• Pontuar adequadamente as Complementar
orações subordinadas subs-
tantivas. Em Morangos mofados, de Caio
Fernando Abreu, você encontra-
rá interessantes contos psicoló-
gicos que poderão lhe dar uma
ABREU, Caio Fernando (2005).
outra perspectiva do gênero. Morangos Mofados. São Paulo: Agir.

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Manual do Educador

Conto psicológico

55

Sugestão de
Abordagem
É interessante comentar al-
gumas características dos
contos psicológicos para si-
tuar os estudantes na leitura
dos textos que serão lidos
no decorrer do capítulo.
Para iniciar a sua abordagem,

at
ije
esclareça que o conto psico-
ur
|Z
ck
to
rs
tte

lógico é uma narrativa cujo


u
Sh

fator principal sempre está


relacionado a lembranças e
emoções dos personagens,
há a possibilidade de o en-
redo não seguir uma ordem
linear e o espaço onde acon-
O que estudaremos neste capítulo: tece a narrativa é marcado
• Características e função social dos contos
pelo ponto de vista de como
psicológicos as experiências são apreen-
• Orações subordinadas substantivas subjetivas,
objetivas diretas e objetivas indiretas
didas pelo personagem.
• Orações subordinadas substantivas
completivas nominais, predicativas e apositivas
• Pontuação das orações subordinadas
substantivas

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Anotações

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o
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Ca 56
O MOMENTO Conto psicológico
E ir
iM O dia das trevas
Pr
Sugestão de Lembro que vivíamos numa casa velha e, embora fosse o
mundo para mim, era reconhecidamente humilde e pequena até
Abordagem para os padrões já baixos do bairro pobre em que morávamos.
Alheio a tudo, eu não via que minha mãe, com a garganta pre-
Antes de começar a ler o Antes de
começar a ler
sa pelo nó do silêncio, sofria um sentimento mudo de solidão.

texto, seria interessante ini-


Seu sorriso era raro e só se abria quando raios do sol entravam
No capítulo anterior, em prisma pela janela e caíam coloridos sobre mim, contras-
ciar uma discussão com os
analisamos o texto Jonas
tando com a pele negra, que reluzia seu brilho fascinante e es-
e o menino, de Heber
quecido. Enternecida pela sua solitária condição não apenas
alunos a respeito de con-
Costa. Nesse estudo,
caracterizamos esse texto de mãe, mas de mulher, ela me abraçava; eu, sem entender,
como um exemplo de
flitos existenciais. Pergunte conto social. Nele havia
apenas me sentia mais protegido. Somente outra coisa a fazia
sorrir: a chegada daquele homem. Era um homem branco e
se já se sentiram estranhos
um narrador-observador,
uma denúncia alto, com cheiro forte de riqueza. Entrava em casa com estirpe
social, uma crítica ao
em algum momento, se têm
de dono, passava diretamente pela sala e conduzia minha mãe
abandono de crianças
e ao comportamento de para o quarto. Ignorado e ignorando, eu brincava com meus
sentimentos que os dei- pessoas que, ignorando
esse abandono,
caubóis de plástico no velho oeste daquele chão poeirento e
na savana do carpete sujo. Com o cair da tarde, o abandono
xam solitários, pensativos, comovem-se mais com a
miséria de animais. Além do sol e o desinteresse das brincadeiras, pesava sobre mim
confusos, etc. Conclua a disso, vimos que, para
enriquecer a narrativa,
um sentimento estranho, uma miséria que brotava das minhas

discussão observando que


o autor utilizou algumas
palavras em situações

esses momentos que me-


diferentes daquelas em
que normalmente são

xem com a emoção e o es-


empregadas, o que causa
certo estranhamento

tranhamento em situações
no leitor. Esse
estranhamento é o fim
estético do texto, isto é,
diversas são usados por do prazer da leitura.

escritores de contos psico-


No conto que vamos
ler agora, também
produzido por Heber
lógicos e fazem com que Costa e publicado no
seu blogue Manual de
o leitor mergulhe na subje- Astronomia, veremos
uma narrativa semelhante

tividade dos personagens ao conto social, mas


algumas diferenças nos

e muitas vezes se identifi- permitem classificá-la


como psicológica. Leia

quem com eles.


com atenção o texto,
procurando perceber
esses detalhes.

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Diálogo com
o professor

O conto psicológico apresenta constituiu um novo autorretrato cio do século XIX–XX e acabou
uma dualidade de enredo que para o indivíduo, que passou a refletindo essa dualidade em
permite narrar fatos internos por buscar, desde então, uma com- diferentes gêneros, entre eles, o
meio de fatos externos. O con- preensão da vida interior. Essa conto psicológico.
ceito de inconsciente, formulado perspectiva psicológica influen-
por Sigmund Freud (1856–1939), ciou a literatura produzida no iní-

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Manual do Educador

Conto psicológico

57
Capítulo
2
roupas desbotadas e entrava pelos poros, virando outra mi-
séria, mais profunda. Era como uma febre que anunciava sua
chegada, uma moleza de espírito, um arrependimento de algo
que não fiz. Por isso, eu temia aquele homem: era o dia em
que as luzes tardavam em se acender. Toda semana, era o
Dia das Trevas. Na penumbra, eu divisava vultos ameaçado-
res — alguns eram ratos; outros, tenho certeza, demônios. O
desespero endurecia minhas pernas. Nada podia fazer. Sem Dicionário
ter ao que me agarrar, deixava correrem as silenciosas lágri-
mas do medo, salgadas de abandono. Quando já tinha pas- Enternecida – Repleta de
sado o limite do insuportável, entre a vida e o pesadelo, as ternura e afeto.
luzes se acendiam e o homem ia embora. Minha mãe vinha Estirpe – Linhagem;
descendência.
até mim, coberta num véu de culpa, e tentava me consolar Penumbra – Meia-luz.
com biscoitos amanteigados. Enquanto eu mordiscava, ela Divisava – Enxergava;
novamente dava à luz aquelas palavras bastardas: “Papai não avistava.

pode ficar. Ele tem outra família, meu filho”. Palavras refleti-
das num espelho distorcido, mais para si própria do que para
mim. Só anos depois, compreendi o que significavam quase
todos aqueles vocábulos que não eram filhos da boca com o
coração. Exceto aquele que sempre me foi estranho: papai.
Disponível em: http://manualdeastronomia.blogspot.com.br/2010/02/o-dia-das-trevas.
html. Acesso em 13/04/2015.

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Ca 58
Para discutir
1. Como vimos, nos contos psicológicos há o desenvolvimento
das emoções e dos sentimentos em uma perspectiva psico-
lógica. Que sentimento o narrador tinha pelo homem branco,
Aprenda alto, com cheiro forte de riqueza?
mais!
2. No capítulo anterior, vimos também que os textos literários
Sugestão de O menino e o pinto do
costumam reservar ao leitor um papel ativo na construção
Abordagem menino do sentido do texto, ou seja, para entender o texto em sua
totalidade, o leitor precisa buscar “pistas” deixadas pelo autor
No capítulo anterior, ao longo da obra. Isso fica claro, por exemplo, quando anali-
conhecemos um pouco
Você também pode trabalhar de um escritor brasileiro
samos a relação entre o homem estranho e o narrador. Como
muito importante, Wander era essa relação? Ela está dita no texto?
com os alunos o texto Uma es- Piroli, que escreveu o
conto social Trabalhadores

perança, um dos contos psico- do Brasil. Como estamos


estudando agora as

lógicos mais famosos de Clarice


características e funções
dos contos psicológicos,
Desvendando os segredos do texto
Lispector (1920–1977), publicado
aproveite para conferir uma
obra muito interessante de
Piroli, O menino e o pinto
em 1971, na coletânea Felicida- do menino, um excelente
1. Como já vimos, em literatura o tempo é algo maleável, que
de clandestina. Nesse texto, ela
conto psicológico sobre
as mentiras que contamos
serve aos propósitos do autor. No texto O dia das trevas, o
diariamente para nos
mostra um bom exemplo de nar- proteger. narrador-personagem relembra um fato que aconteceu várias
vezes em sua infância. Como esse fato é representado e qual
ração psicológica ao trazer para a relação disso com o título do texto?

o leitor narrativas múltiplas. Após O fato é representado como se acontecesse sempre do mesmo

a leitura, provoque a turma com jeito, como se fosse um único dia que se repete, é por isso que

questões de leitura, como: o título do texto está no singular. Era o dia em que o homem
branco visitava a mãe do narrador-personagem e ficava até tar-
1. No título do conto, o que a de no quarto com ela, enquanto o narrador ficava nas trevas.
palavra esperança significou 2. No tempo em que se encontra, já crescido, o narrador-per-
para você? sonagem entende que o homem era seu pai biológico. Contudo,
sendo alguém com quem ele nunca teve relação afetiva, o narra-
2. No texto, a palavra esperança dor sente que não teve pai. Que aspectos do texto revelam isso?

funciona como um substantivo O fato de o narrador chamar o pai de “o homem” durante todo

concreto ou abstrato do ponto o texto e o fato de o narrador afirmar que não compreende o
significado da palavra papai.
de vista do menino?
58
3. Nos contos psicológicos há o
desenvolvimento simultâneo
de pelo menos duas histórias.
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Você saberia dizer quais são que quais são esses dois sen-
as duas histórias sugeridas já BNCC – Habilidades gerais
tidos e como eles contribuem
na primeira frase do texto? para a narrativa psicológica. EF69LP44 EF69LP53
4. Que opinião a narradora tem 6. No início do conto, a narrado-
EF69LP47 EF69LP54
do sentimento de esperança? ra apresenta seu ponto de vis-
5. No texto de Clarice Lispector, ta sobre a esperança. Qual é BNCC – Habilidades específicas
podemos atribuir dois sentidos esse ponto de vista?
EF89LP33 EF09LP04
à palavra esperança. Expli- EF89LP37

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Manual do Educador

Conto psicológico

59
Capítulo
2
3. Narrativas desse tipo frequentemente atribuem um valor
simbólico a elementos do texto, explorando sentidos que vão Compartilhe
ideias Leitura
além do seu significado cotidiano. Pensando nisso, você acha
que, para o narrador, as trevas eram apenas a falta de luz?
Justifique sua resposta.
Complementar
Resposta pessoal. Espera-se que os alunos percebam que, Primeiras estórias é uma
para o narrador, as trevas são bem mais do que a falta de luz:
coletânea de 21 contos de
Guimarães Rosa que ex-
representam a solidão, o medo, a miséria e o abandono que
sentia quando tinha de ficar sozinho no dia da visita do pai.
ploram, em sua maioria, o
lado místico e psicológico.
Ele vasculha a alma com a
4. Na parte final do texto, o narrador dá pistas de que era filho
de um relacionamento extraconjugal, ou seja, fora do casamen-
to. O autor faz uso de três orações para retomar essa ideia e finalidade de captar suas
inquietações. Autor mo-
reforçá-la. Quais são essas orações?
“[…] ela novamente dava à luz aquelas palavras bastardas […]”;
“Ele tem outra família, meu filho”; e “[…] aqueles vocábulos que
derno, utiliza recursos ino-
não eram filhos da boca com o coração”.
vadores para a sua época,
como a fragmentação li-
5. Assim como em outros textos que estudamos, há uma per-
terária e o intenso uso de
sonagem que vive um conflito pessoal. A mãe encontra-se di- neologismos. Misturando
vidida. A frase abaixo, retirada do texto, ilustra essa divisão.
Analise-a e responda: qual era o conflito da mãe? Você acha
a linguagem culta à popu-
que ela sofria com isso? Por quê? lar e transpondo os limites
do espaço, seus contos
alcançam uma dimensão
Enternecida pela sua solitária condição não apenas de
mãe, mas de mulher, ela me abraçava.
universal.
O conflito era entre sua condição de mãe e de mulher. Espera-
-se que o aluno perceba que a mãe se dividia entre o amor
pelo filho e o relacionamento com o homem, que aplacava sua
solidão. A mãe sofria com isso, visto que sentia culpa e tentava
justificar suas ações para o filho e para si mesma.

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Sugestão de
Abordagem
Para as respostas da seção Para com a leitura do texto, perce-
discutir, propomos as seguintes: bemos que o homem parece,
1. Repúdio, ódio. na verdade, desprezar o me-
nino.
2. A relação entre o homem e o
narrador, quando menino, é de
total afastamento. De acordo

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Ca 60
6. Como vimos, nos contos psicológicos há pelo menos duas
histórias entrelaçadas: uma exterior e uma interior. Normalmen-
te, a ação interior é maior que a exterior, adquirindo, portanto,
Sugestão de mais profundidade e relevo ao longo do texto. Assim, o conflito
psicológico sobressai em relação aos fatos exteriores. Pen-
Abordagem sando nisso, releia o conto e, em seguida, responda às ques-
tões propostas:
O filme O labirinto do Fauno, a) Que fato é exterior à narrativa psicológica?
de Guillermo del Toro, traz A visita do pai.
uma história cujo enredo b) Qual é o efeito psicológico que esse fato desperta no narrador?
tem um desenrolar parecido Ele começa a pensar/refletir sobre o sentimento de abandono
com um conto psicológico. e angústia.

No longa, é fácil perceber


o desenvolvimento de duas
histórias, uma interna e uma
externa à protagonista Ofé- Análise linguística
lia, fundindo elementos fan-
tásticos e psicológicos. Orações subordinadas
substantivas
Leia a tira.
CAFÉ/Eudson e Lécio

BNCC – Habilidades gerais

EF69LP56

1. O que Café está estudando?


BNCC – Habilidades específicas 2. O que o pai de Café entendeu quando o filho disse que
estava estudando orações?
EF09LP04 EF09LP11 3. No último quadrinho, o que o pai de Café quis dizer com a
expressão apelando pros santos?
EF09LP08
60

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Anotações

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Manual do Educador

Conto psicológico

61
Capítulo
2
4. Na nossa comunicação diária, utilizamos bastante o pronome
a gente em lugar de nós. Na tira, a qual grupo de pessoas Compartilhe
esse termo provavelmente se refere? ideias Sugestão de
5. Na tirinha, o verbo perguntar é classificado como transitivo
direto ou indireto? Abordagem
6. Nesse contexto, qual é o complemento do verbo perguntar?

Seguindo a gramática da língua, alguns verbos exigem ne- Para as questões da seção Aná-
cessariamente complementos para terem sentido completo. lise linguística, propomos estas
São os verbos transitivos, como estudar, ler, perguntar e
exigir. Observe: respostas:
A professora Norma gosta. 1. Ele está estudando orações,
Verbo transitivo
conteúdo da disciplina de
português.
2. O pai de Café pensou que ele
Analisando essa estrutura assim, de forma isolada, percebe-
mos que o verbo gostar está incompleto, isto é, sem seu com-
plemento, também chamado de objeto. Por essa razão, po- estava orando.
deríamos nos perguntar: “A professora Norma gosta de quê?”
O termo que ocupará o lugar desse de quê será, portanto, o
complemento verbal, o objeto indireto, pois se liga ao verbo
3. Ele quis dizer que Café estava
indiretamente (por meio da preposição de). recorrendo a orações deses-
Preposição
perado para conseguir uma
boa nota na prova de portu-
A professora Norma gosta de provas difíceis.
guês.
Verbo transitivo indireto Objeto indireto
4. O termo a gente provavelmen-
Algo semelhante ocorre neste outro exemplo selecionado
da tira.
te se refere a todos os alunos
Então, continue. da sala de Café, incluindo ele.
Verbo transitivo
5. É um verbo transitivo direto.
Novamente, o verbo precisa de um complemento: Continue
o quê? Note, no entanto, que o complemento do verbo conti-
6. O complemento do verbo per-
nuar se ligará a ele diretamente, isto é, sem a ajuda de uma guntar é a oração o que a
preposição. Portanto, esse complemento será o objeto direto:
gente não sabe.

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Anotações

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Verbo transitivo direto
Compartilhe
ideias Então continue sua oração.

Objeto direto

Nos dois casos, os verbos precisaram de um complemen-


Repensando o to: o objeto. Na prática, o papel de núcleo do objeto é sempre
exercido por um substantivo ou expressão substantiva. Nesses
Ensino da Gramática casos, os substantivos provas e oração são os núcleos dos
objetos. Veja outro exemplo:
A gramática reflexiva, segundo Verbo transitivo direto exige um objeto direto
Soares (1979), é uma gramática
Ele não entende _____.
em explicitação, que surge da
reflexão com base no conheci- Lugar destinado ao objeto direto (substantivo)

mento intuitivo dos mecanismos Como dissemos, a função do núcleo do complemento verbal

da língua e será usada para o


é desempenhada por um substantivo ou palavra que tenha esse
valor. Nesse caso, poderíamos completar a frase dessa forma:
domínio consciente de uma lín- Verbo transitivo direto Núcleo do objeto direto
gua que o aluno já domina in-
Ele não entende a prática da professora.
conscientemente. Concordamos
com Soares no que respeita à re-
Objeto direto

flexão com base no conhecimen-


Veja outro exemplo, com um numeral substantivo na função
de núcleo do objeto direto.
to intuitivo para domínio cons-
Pedro e Alice são muito diferentes, mas eu amo os dois.
ciente dos recursos da língua,
mas acreditamos que a reflexão Objeto indireto

deve atuar também para o domí- Em todas essas situações, o papel do objeto é exercido por
um substantivo. No entanto, essa função poderia ser desempe-
nio de uma língua (variedades e nhada, sem problema algum, por uma oração, que equivaleria,

recursos) que o aluno ainda não


pois, a um substantivo. Observe estes exemplos:

domina inconscientemente. Sa- Primeira oração Segunda oração

bemos que cada falante adquire 1. Café não gosta de tirar nota ruim.

e internaliza a língua em uma de Objeto indireto

suas variedades: aquela que é 62

predominante em seu meio; por


isso, propugnamos que nosso LPemC_2018_BNCC_9A_Cap2.indd 62 10/05/18 13:43

objetivo como professores de


português para falantes nativos mais diferentes situações de in- b) Das variedades linguísticas
de português não é fazer com teração comunicativa e que, por utilizadas em cada caso, de
que adquiram a língua, como isso mesmo, serão construídos e acordo com as variáveis deter-
no caso do ensino de língua es- constituídos com recursos pró- minantes dessas variedades
trangeira, mas ampliar sua ca- prios: (dialetos e registros).
pacidade de uso dessa língua, a) Dos tipos de textos adequa- TRAVAGLIA, Luiz Carlos (2006).
Gramática e interação: uma proposta para o
desenvolvendo sua competência dos aos diferentes tipos de in- ensino de gramática. São Paulo: Cortez, p. 142.
comunicativa por meio de ativi- teração comunicativa.
dades com textos utilizados nas

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Manual do Educador

Conto psicológico

63
Capítulo
2
Primeira oração Segunda oração

2. A professora Norma odeia que os alunos não estudem.

Objeto direto

Aprenda
mais!
Primeira oração Segunda oração
A gramática normativa
classifica esse que dos
3. O pai pensou que o filho orava.
exemplos 2 e 3 como
conjunção integrante,
Objeto direto pois, ao mesmo tempo
que liga duas orações,
ele integra a segunda
oração, que é subordinada
Nos três exemplos, o objeto é exercido por uma oração que substantiva.
— repetindo — equivale a um substantivo. Você se lembra
A outra conjunção
do que isso significa? Ora, como vimos no capítulo anterior, integrante é se, como
as orações que funcionam como termo de outra são as cha- ocorre em:
madas orações subordinadas. Logo, podemos dizer que,
Ele não sabe se fez a
nos três exemplos acima, a segunda oração é subordinada escolha certa.
substantiva.
Existem seis tipos de orações subordinadas substantivas: Objeto direto
subjetivas, objetivas diretas, objetivas indiretas, completi-
vas nominais, predicativas e apositivas. Agora, vejamos as
três primeiras.

Oração subordinada
substantiva subjetiva
A oração subordinada substantiva subjetiva funciona como
sujeito do verbo da oração principal.

Oração principal

Quem nasce no Recife é recifense.

Oração subordinada substantiva subjetiva

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Ca
64 Compartilhe
Oração principal

ideias É possível que ele tenha viajado.

Oração subordinada substantiva subjetiva

Oração principal

Quem gosta de praia precisa conhecer a Bahia.

Oração subordinada substantiva subjetiva

Oração subordinada
substantiva objetiva direta
Com diz o nome, esse tipo de oração funciona como objeto
direto do verbo da oração principal.
Oração principal

Ele preferiu não aprender piano.

Oração subordinada substantiva objetiva direta

Oração principal

Ela disse que queria silêncio.

Oração subordinada substantiva objetiva direta

Oração principal

Ela percebeu que não estava sozinha.

Oração subordinada substantiva objetiva direta

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Conto psicológico

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Capítulo
2
Oração subordinada
substantiva objetiva indireta
À semelhança da anterior, esse tipo de oração funciona
como objeto indireto do verbo da oração principal.

Oração principal

Lembre-se de que o mundo dá muitas voltas.

Oração subordinada substantiva objetiva indireta

Oração principal

Ele não gosta de comprar roupas caras.

Oração subordinada substantiva objetiva indireta

Oração principal

Ela se esqueceu de comemorar o próprio aniversário.

Oração subordinada substantiva objetiva indireta

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Prática linguística

Texto

O vô Maurício e os livros
Eu tinha 7 anos e estava na segunda série. Era início de
inverno e fazia muito frio em Porto Alegre. Meus pais tinham
feito uma reforma em nossa casa e construído uma espécie de
mezanino — uma sala suspensa, formando a metade de um
segundo andar, do meio até o fim da garagem.
Era uma quarta-feira. Como é que eu sei? Porque o vô Mau-
rício e a vó Luísa iam jantar conosco todas as quartas-feiras.
Sempre levavam presentes. Passas de pêssego de Pelotas,
por exemplo, que eu adorava. Língua de gato, meu chocolate
predileto. Um time de botão, quem sabe?, ou um álbum de fi-
gurinhas.
Nesse dia, meu avô levou algo especial. Era um pacote pe-
queno, em forma de retângulo. Achei que fosse algum jogo.
Rasguei o papel de qualquer jeito para ver logo o que era. E
fiquei com cara de bobo e dei um sorriso amarelo. Disse um
“obrigado” meio chocho, fingindo que tinha gostado. Era um
livro.
A capa branca trazia o desenho de um menino com uma bi-
cicleta daquelas bem antigas, que têm a roda da frente enorme
e a de trás pequenininha. O nome do livro era Jim e a bicicleta.
Àquela altura eu já sabia ler, mas nunca tinha lido uma his-
tória grande assim sozinho, do começo ao fim. Dava até um
pouco de medo. Mas, para o meu avô não ficar chateado e tam-
bém porque, no fundo, eu estava com uma pontinha de curiosi-
dade, resolvi começar a ler o livro depois do jantar.
Subi para o mezanino, deitei numas almofadas gostosas
que minha mãe tinha feito, deixei uma caixinha nova de língua
de gato aberta do meu lado e comecei a leitura. Comecei e não
parei mais. Minha irmã foi me convidar para brincar, e eu não
quis. Ia passar um programa bom na televisão, mas também
não me deu vontade de ver. Só parei de ler quando já tinha pas-
sado bastante da minha hora de ir para a cama e meus avós
me chamaram para se despedir.

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Manual do Educador

Conto psicológico

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Capítulo
2
No dia seguinte, eu não via a hora de chegar em casa e
continuar as aventuras do Jim. O livro era um pouco esquisi- Sugestão de
to, porque era feito em Portugal, e lá eles falam e escrevem
diferente de nós. Esquisito ou não, eu só queria saber do Jim.
Abordagem
Meu avô teve de me trazer mais um livro da série na semana
seguinte. E outro na seguinte, e assim por diante, até completar As narrações normalmen-
te trazem marcas (pistas)
a coleção.
Nunca mais vi esses livros depois que fiquei grande. Talvez
se eu os visse agora não ia entender por que gostei tanto. Mas,
de tempo e de espaço. O
de todos os livros que já li na vida, nenhum foi mais importante
do que Jim e a bicicleta. Gostei mais de outros até, mas ne- texto de Arthur Nestrovski
nhum foi tão importante. Porque foi o que me fez descobrir, por
mim mesmo, o que era essa coisa estranha que os adultos ao
está repleto de marcas de
meu redor estavam sempre fazendo sem que ninguém man- tempo, como Eu tinha 7
anos; Era início de inverno;
dasse: ler um livro.
NESTROVSkI, Arthur. Arte e manhas da linguagem. vol. 4. Curitiba: Positivo, 2002.

Era uma quarta-feira; Nes-


se dia; No dia seguinte; etc.
Seria interessante chamar
a atenção dos alunos para
esses aspectos e solicitar
que eles os identifiquem no
texto.

Repensando o
Ensino da Gramática
Os verbos trazem em si di-
versas informações, desde
seu aspecto até marcas de
67
modo e de tempo. No texto
de Arthur Nestrovski, há o
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uso predominante dos ver-
bos no pretérito perfeito e
imperfeito. Mostre aos seus
BNCC – Habilidades gerais
Anotações alunos que esses tempos
EF69LP47 EF69LP54 verbais, apesar de fazerem
EF69LP53 referência ao passado, não
se referem à mesma fração
BNCC – Habilidades específicas de tempo.

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1. No trecho “Meus pais tinham feito uma reforma em nossa
casa...” (primeiro parágrafo), a expressão destacada pode ser
substituída por:
a) Faziam.
Sugestão de b) Fizeram.
c) Fariam.
Abordagem d) Farão.
e) Fazem.

No trabalho com a questão 2. Analisando o conto como um todo, é correto afirmar que:
a) Não incentiva o despertar do prazer pela leitura.
1, chame a atenção para o b) Não apresenta um objetivo pedagógico.
emprego do passado com- c) Mostra que a leitura é a interpretação do mundo, não de
livros.
posto (o auxiliar ter + parti- d) Tem como tema o despertar do prazer pela leitura.
cípio), muito comum no por- e) Defende que a leitura é apenas uma forma de interpretação
do mundo.
tuguês brasileiro.
3. Agora releia este trecho, retirado do último parágrafo.

Porque foi o que me fez descobrir, por mim mesmo, o que


era essa coisa estranha que os adultos ao meu redor
estavam sempre fazendo sem que ninguém mandas-
Leitura se: ler um livro.
Complementar
a) Podemos afirmar que todos os adultos que o narrador co-
Para mais informações nhecia quando menino tinham o hábito de ler? Explique.

acerca das variadas formas Não. O narrador fala apenas dos adultos ao seu redor, isto é,

de expressão do passado adultos com os quais ele convivia quando menino.

no português brasileiro, po-


b) Antes de ler Jim e a bicicleta, o que o narrador achava da
demos consultar esta gra- leitura?
mática de Mário Perini: Ele achava que era algo estranho.
c) Nesse período, o segmento destacado em negrito é explica-
do por uma oração. Que oração é essa?
Ler um livro.

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PERINI, Mário (2010).


Gramática do português brasileiro. São
Anotações
Paulo: Parábola, p. 279.

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Manual do Educador

Conto psicológico

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Capítulo
2
4. No texto, o personagem é “seduzido” pelo prazer de ler.
Todos os trechos abaixo confirmam isso, de acordo com o con- Compartilhe
ideias
texto, exceto:
a) “[...] e comecei a leitura. Comecei e não parei mais.” (sexto
parágrafo)
b) “[...] resolvi começar a ler o livro depois do jantar.” (quinto
parágrafo)
c) “Minha irmã foi me convidar para brincar, e eu não quis.”
(sexto parágrafo)
d) “[...] eu não via a hora de chegar em casa e continuar as
aventuras do Jim.” (sétimo parágrafo)
e) “Esquisito ou não, eu só queria saber do Jim.” (sétimo pará-
grafo)

5. No trecho “Eu tinha 7 anos e estava na segunda série” (pri-


meiro parágrafo), acerca da forma verbal destacada, é correto
afirmar que:
a) Indica uma noção de tempo passado, por isso pode ser
substituída por terei, que transmite o mesmo sentido.
b) Transmite uma ideia de fato hipotético, já que o narrador não
tem muita certeza da idade que teria no momento do fato.
c) Se refere a um elemento de 3ª pessoa, no caso, o narrador,
que não participa da história.
d) Indica uma noção de tempo passado e demonstra que o nar-
rador volta no tempo para relatar algo que o marcou.
e) Indica uma noção de tempo passado e pode ser substituída
pela forma teria, sem que haja mudança de sentido.

6. O terceiro parágrafo do texto começa com a expressão


Nesse dia, cuja função, no texto, é:
a) Voltar a uma informação citada anteriormente, no caso, a
noção de que era quarta-feira.
b) Antecipar um fato que ainda será apresentado no texto, no
caso, a noção de que era quarta-feira.
c) Voltar a uma informação citada anteriormente, no caso, a
noção de que era o dia em que o personagem entrara na
segunda série.
d) Antecipar uma ação que ainda será apresentada no texto,
no caso, a informação de que o avô levara algo especial ao
neto.
e) Voltar a um fato dito anteriormente, no caso, o dia em que o
avô teve que levar mais e mais livros para o narrador.
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7. Releia o terceiro parágrafo do texto.

Nesse dia, meu avô levou algo especial. Era um pacote


Leitura pequeno, em forma de retângulo. Achei que fosse algum
jogo. Rasguei o papel de qualquer jeito para ver logo o que
Complementar era. E fiquei com cara de bobo e dei um sorriso amarelo.
Disse um ‘obrigado’ meio chocho, fingindo que tinha gos-

O artigo de Juranice Rodri- tado. Era um livro.

gues Que livros os alunos a) Nesse parágrafo, o narrador faz certo mistério sobre o que

devem ler?, publicado na


ganhou, de fato, do avô Maurício, até revelar que foi um livro.
Que termos são utilizados por ele para se referir ao presente
revista Língua Portuguesa, misterioso?

traz uma interessante refle- Algo especial, um pacote pequeno, algum jogo.
b) Nesse contexto, o que significa um sorriso amarelo?
xão acerca da seleção dos
livros para os alunos.
Um sorriso forçado, sem graça.

c) Qual foi a primeira impressão que o narrador teve do presen-


te do avô?
Ele achou que fosse um jogo.
d) O que o levou a fazer essa suposição?
Ele fez essa suposição devido ao tamanho pequeno do pacote
e ao seu formato retangular.
e) A oração que fosse algum jogo completa o sentido do ver-
bo achar. Qual é, então, a função sintática exercida por ela no
período?
Objeto direto.

8. Ainda com relação ao terceiro parágrafo, analise o período


a seguir.
Revista Língua Portuguesa nº63.
Janeiro de 2011. Achei que fosse algum jogo.
São Paulo: Segmento.
Considerando o contexto em que o período ocorre e as inten-
ções comunicativas do narrador, analise as opções a seguir e
indique aquela que poderia substituir a oração destacada sem
alterar o sentido da frase.

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Diálogo com
o professor LPemC_2018_BNCC_9A_Cap2.indd 70 08/05/18 06:47

Este é um bom momento para da leitura, o livro como docu-


Anotações
iniciar uma discussão bastante mento histórico, enfim. Como
produtiva a respeito da impor- tema gerador, podemos usar
tância dos livros para a socie- estes versos de Mário Quin-
dade letrada. Chame seus alu- tana: “Livros não mudam o
nos para discutir o papel que mundo, quem muda o mundo
o livro exerce socialmente, sua são as pessoas. Os livros mu-
relação com o homem, o papel dam as pessoas”.

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Manual do Educador

Conto psicológico

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Capítulo
2
a) Que realmente era um jogo.
b) Que se tratava de um jogo. Compartilhe
c) Que era meu jogo preferido. ideias
d) Que não fosse nada importante.
e) Que era um bom presente.

9. Embora não seja uma regra, muitas vezes podemos trans-


formar as orações subordinadas substantivas em substantivos.
Para isso, devemos observar o verbo utilizado na oração. Veja.

Os índios observaram que as estrelas se movem no céu.

Os índios observaram o movimento das estrelas no céu.

Agora, leia os períodos a seguir e transforme as orações subor-


dinadas substantivas em substantivos.
a) É necessário que se adiante a data da festa.
É necessário o adiantamento da data da festa.

b) Convém que se superem todas as dificuldades.


Convém a superação de todas as dificuldades.

10. Agora, você fará o inverso do exercício anterior: transforme


os substantivos em orações substantivas.
a) Os manifestantes exigiam transparência do governo na ne-
gociação.
Os manifestantes exigiam que o governo fosse transparente na
negociação.

b) É necessário o aproveitamento de fontes alternativas de


energia.
É necessário que fontes alternativas de energia sejam aprovei-
tadas.

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É hora de produzir

Sugestão de Antes de começar a escrever


Abordagem O humorista e desenhista argentino Joaquín Salvador La-
vado, ou simplesmente Quino, começou a publicar as tiras de

Para facilitar o entendimento da Mafalda, sua personagem mais importante e famosa, em 1964.
Produziu até 1973, quando, segundo ele, percebeu que já tinha
reflexão proposta na seção An- dito tudo o que queria com a personagem e seus coleguinhas.

tes de começar a escrever, seria


O grande feito de Mafalda é a maneira como ela percebe e in-
terpreta o mundo. Embora seja uma criança, ela tem opiniões
interessante levar para a sala de extremamente críticas sobre a realidade e se preocupa bastan-
te com os problemas do mundo e de seu país: a Argentina. Por
aula algumas tirinhas de Quino exemplo: durante os quase dez anos em que foram publicadas

(ou o próprio livro, Toda Mafalda: as tirinhas (1964–1973), o mundo vivia em intensos conflitos,
como o autoritarismo dos governos militares, a tensão da Guer-
da primeira à última tira) em que ra Fria, a absurda Guerra do Vietnã, a explosão do consumis-

aparecem as personagens Li-


mo, etc. Assim, todos esses eventos foram temas das tirinhas
de Quino, sempre de maneira muito crítica e reflexiva.
berdade e Burocracia, para que Para você ter uma ideia, esse posicionamento crítico a res-
peito da realidade da época era representado até mesmo no
os alunos possam associar mais nome de alguns personagens. É o que acontece, por exemplo,
facilmente seu nome às suas ca- com a menina Liberdade e a tartaruguinha de estimação de
Mafalda, que ela nomeou simplesmente de Burocracia. Liber-
racterísticas. dade foi desenhada como uma menina cujo corpo era minús-
culo, exatamente como era, na época, o direito das pessoas de
Talvez seja necessário exempli- serem livres. Já o nome da tartaruga representava a lentidão

ficar esta proposta de produção


com que os órgãos estatais realizavam suas ações. Para co-
nhecer melhor esses personagens e se divertir com suas his-
selecionando uma das palavras tórias, confira o livro Toda a Mafalda: da primeira à última tira.
Será uma ótima oportunidade para dar umas boas gargalhadas
dadas. Por exemplo: caso esco- e ter uma aula de crítica inteligente.
Esse recurso de explorar a duplicidade de sentido das palavras
lhesse a palavra muro, o aluno já foi empregado de forma muito engenhosa por alguns autores na
poderia criar externamente uma produção de contos psicológicos. E é isso que você vai fazer agora.

cena em que um personagem Proposta


vem caminhando por uma trilha Agora, você produzirá um conto psicológico para ser lido em
repleta de armadilhas e, de re- uma roda de leitura. Nesse texto, você deverá explorar a du-

pente, se depara com um muro


plicidade de sentido de uma palavra. Mesmo que essa dupli-
cidade não seja aparente, você poderá fazer como Quino, que
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que o impede de prosseguir.
Paralelamente, desenvolve-se a
narrativa psicológica, em que os
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elementos externos podem ser Leitura BNCC – Habilidades gerais


transpostos subjetivamente para Complementar EF69LP44 EF69LP51
a narrativa interna. Assim, a tri- EF69LP46 EF69LP54
lha perigosa pode ser entendida Para enriquecer a proposta, EF69LP47 EF69LP56
como a vida, repleta de situa- seria interessante levar para
ções difíceis. Independentemen- a sala de aula mais exem-
te dessas provações, continua- BNCC – Habilidades específicas
plos de palavras cujo sig-
mos vivendo, até que, um dia, nificado pode despertar a EF89LP32 EF09LP04
nos deparamos com um terrível narrativa psicológica. EF89LP35 EF09LP11
obstáculo (o muro). O que fazer?

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Manual do Educador

Conto psicológico

73
Capítulo
2
criou uma personagem pequenina com o nome de Liberdade,
justamente para criticar a falta de liberdade que marcou aquela Compartilhe É como se o autor “largasse”
ideias
época. A seguir, sugerimos algumas palavras para facilitar sua
criatividade. Você poderá escolher uma delas ou utilizar outra.
a personagem, deixando-a en-
espinho – vida – aurora – céu – estrela – luz
tregue a si mesma, às suas di-
verdade – esperança – joaninha – pena – muro vagações, resultando um texto
que lembra a associação livre de
Planejamento
ideias, de feitio incoerente, des-
Como seu texto será um conto psicológico, será necessá-
rio definir, primeiramente, quais serão as duas narrativas que conexo, sem os nexos ou enla-
você fará em uma só. Lembre-se de que uma dessas narrativas
abordará a realidade exterior e a outra a realidade interior, psi-
ces sintáticos de um texto “bem
cológica. Pensando nisso, defina: comportado”.
1. Como serão a realidade exterior e a interior?
É como se fosse um depoimen-
2. Como o protagonista do conto entrará em contato com seu
interior? to, a expressão livre, desenfrea-
3. Que personagem será antagonista? da, desinibida, ininterrupta, di-
4. Como se dará o conflito psicológico?
5. Como esse conflito será resolvido?
fusa, alógica de pensamentos e
Além desses pontos, é muito importante você observar o uso emoções, muitas vezes de uma
mente conturbada e atônita.
das orações subordinadas substantivas na construção da sua
narração. Elas podem ajudar bastante você a narrar os fatos…
No fluxo de consciência, o pen-
Avaliação samento simplesmente flui, pois
1. Para avaliar seu texto, faça uma releitura observando os
seguintes aspectos:
a personagem não pensa de ma-
Aspectos analisados Sim Não
neira ordenada, coerente, razão
O conto está baseado na duplicidade de senti- por que o texto se apresenta sem
do da palavra escolhida na proposta?
parágrafos, sem pontos, ininter-
Há duas narrativas entrelaçadas (uma exterior
e outra interior)? rupto; numa palavra, caótica.
A realidade exterior e a interior estão caracte- Na literatura universal, os gran-
des mestres desta técnica são
rizadas?
O texto está claro?
É possível ao leitor diferenciar o que é exterior James Joyce (Ulysses), Virgínia
do que é interior? Woolf (Mrs. Dalloway) e William
Há um conflito psicológico?
73 Faulkner (O Som e a Fúria; En-
quanto agonizo).
LPemC_2018_BNCC_9A_Cap2.indd 73 08/05/18 06:47 Em nosso meio, entre tantos
escritores, poderiam ser citados
Leitura Complementar Antônio Callado (Assunção de
Salviano), Autran Dourado (A
Escrever em/um fluxo de cons- sado, realidade e desejos, anseios Barca dos Homens) e Clarice
ciência é como instalar uma câme- e reminiscências, falas e ações se Lispector (Perto do Coração Sel-
ra na cabeça da personagem, re- misturam na narrativa num jorro vagem; A Hora da Estrela).
tratando fielmente sua imaginação, desarticulado, descontínuo, numa
seus pensamentos. Como o pen- sintaxe caótica, apresentando as SCARTON, Gilberto (2002).Guia de produção
textual: assim é que se escreve. Porto Alegre:
samento, a consciência não é orde- reações íntimas da personagem PUCRS, Fale/GWEB/Prograd, [2002]. Disponível
nada, o texto-fluxo-de-consciência fluindo diretamente da consciência, em: < http://www.pucrs.br/gpt >. Acessado em
24/05/2012.
também não o é. Presente e pas- livres e espontâneas.

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DO MOMENTO Conto psicológico

74 g uN
S E Três copos d’água
Cheguei àquela pequena cidade por volta das 16 horas da se-
gunda — o céu e seu estranho alaranjado, terras aquietadas no
pé das serras do Agreste. A viagem tinha sido tranquila, poucos
carros. O meu cansaço de meses de trabalho repousou momen-
tos, quanto silêncio depois do nosso nome ter ido embora.
Antes de Parei o carro na frente da escola. Lembro-me dela e dos
começar a ler meninos correndo, depois das aulas, meus olhos como folhas
secas levadas pelo vento das memórias. O papel timbrado na
O conto que vamos ler
a seguir foi escrito por mão, com a logo da empresa, parecia o meu caderno, as tare-
Malthus de Queiroz, um fas feitas sempre no dia anterior, minha mãe, meu chefe, meus
contista cearense de clientes... Será que o portão faria o mesmo ruído daquele dia
grande habilidade. Nesse
conto, Malthus criou em que me formei, um ruído de palavras estranhas.
um verdadeiro labirinto — Bom dia. Eu venho falar com a diretora, D. Dulcineia.
psicológico para contar — Ela não está. Só volta amanhã.
a história de um homem
que retorna à sua cidade Sentei-me na lanchonete em frente, saíra da faculdade cheio
natal vinte anos depois e de ideias revolucionárias, aquela camisa que eu te dei quando
lá reencontra Dulcineia, parti. Pedi água, nada menos que vinte anos sem ver essa rua.
sua namorada da infância,
agora diretora da escola Muito mudou, mas eu sabia onde estavam as coisas, a vendi-
onde estudaram. Na nha de seu Neno, a namorada eterna de minha infância que
lanchonete localizada em morava descendo o beco, era pobre, mais um copo d’água e
frente à escola, o homem
toma três copos d’água vou-me embora.
enquanto relembra sua Entrei novamente no carro com o timbrado na mão, um tanto
história com Dulcineia, de esperança esquecida. Lembrei do assalto; àquela hora, eu
uma relação marcada por
sentimentos intensos. dormia, dormia, dormia, sede da tua sede de vida, um tiro de
raspão. Dormia.
— D. Dulcineia está?
— Ainda não. Mas tem a dona Clécia, que pode ajudar. Quer
falar com ela?
— Não, não. Tem que ser com a Dulcineia mesmo. Obrigado.
Outro dia igual a outro dia. E outros se passariam, água,
tua mão delicada se despedindo sem um movimento, pessoas,
dormia e voltava como um sonho. Era um sonho rever minha
cidade, o Agreste e sua fala, água revirada. Encontraria Dulci-
neia no outro dia.
Quando amanheceu, contei vinte piados de passarinhos di-
ferentes.
— Oi, eu sou o novo fornecedor. Vim do Recife, antes de
ontem, mas não te encontrei.
Era ela, eu tinha certeza. Parecia morrer nesta esquina, mas

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Manual do Educador

Conto psicológico

75
Capítulo
2
não; apenas se enlaçava a uma vida que e Dulcineia novamente juntos, como nos
eu não mais conhecia, tanto tempo longe, o tempos de criança, timbrado agora nosso
pé da serra de Dulcineia, que terminava no amor. Desde cedo, aprendi a cruzar cami-
beco, sempre antes das oito. Seu pai nunca nhos.
gostou de mim, “o novo fornecedor”. Partimos dois meses depois de vinte
Dulcineia me olhou desconfiada, assus- anos, trinta e cinco eu, dois tiros.
tada com toda aquela novidade. Ofereceu — Levaram a bolsa.
água, tomei café em sua casa, descendo o Levaram. Levaram a bolsa de Dulcineia.
beco, despindo-a para sempre de minha so- Agora volto, os mesmos vinte anos. Nos-
lidão, entrando mais fundo no que eu toma- so filho me pergunta que escola é aquela.
va posse — cansaço depois vinho. Tantas Não consigo dizer o nome. Ainda vendo
vezes. Voltava uma vez por muitas vezes, e produtos escolares, tenho carro e flores
muitas vezes que eu voltasse não me sacia- que deixo em tua casa, como se ela fosse
ria o preço de uma vez. o beco, a descida. Quisera, como quisera!
“Quis vir te buscar há mais tempo”, agora Tantas coisas eu queria, o tempo nunca
trago estes produtos para a escola, minha deixa. Quisera arrancar da terra toda a sei-
comissão sustentará bem a família e a fa- va do teu corpo, assistir aos filmes do Cine
culdade, estou terminando Administração. Bajado, que escola era aquela, uma criança
Fascinava-a a minha volta, queria água, eu sempre corre após as aulas, homens en-

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contram seus destinos ao fugir deles, um copo d’água sempre
e nunca mata a sede. E já não me lembro como se chama amor
de alma, só de mulher.
Parei o carro no mesmo lugar, vinte anos após vinte anos são
como outro dia igual a outros dias. Descemos, eu e meu filho.
— Pai, você quer que eu tente resolver sozinho, para ver se
Dicionário
Leitura eu estou afiado?
Olhei a escola como se olhasse uma estrada. O tempo nun-
Complementar Aquietadas – Que ficaram
quietas, calmas. ca nos leva para longe de nós mesmos.
Declives – Descidas, — Vai lá, filho. Resolve isso pra gente.
A contribuição essencial das inclinações.
— Deixa comigo.
inferências na compreensão Na lanchonete em frente, pedi uma água.
— Essa aqui não era a lanchonete do seu Inácio?
de textos é funcionarem como O homem me disse que era seu pai, tinha falecido há muito

provedoras de contexto inte-


tempo.
— E o senhor é quem?
grador para informações e es- — Alguém que tinha morado aqui há muito tempo, perto do
beco — agora um copo de água para acabar a conversa. —
tabelecimento de continuida- Tenho uma empresinha no Recife, cinquenta e cinco anos não
de do próprio texto, dando-lhe é nada, é só uma rua que se segue, um prédio, mudança de
casa, assalto sempre tem, Dulcineia, Dulcineia... Aquele tiro
coerência. As inferências fun- acidental, nunca aceitei que me tomassem as coisas, principal-

cionam como hipóteses coe-


mente as que conquistei sozinho. Mas já vendi a arma. Nunca
mais reagi.
sivas para o leitor processar o Meu filho se encostou a mim no balcão.

texto. Funcionam como estra-


— Pronto, resolvido. O cheque vai ser depositado amanhã,
a nota fiscal eu envio por e-mail. Tem que ligar pro Sérgio pra
tégias ou regras embutidas no ele reservar a mercadoria. Tá aqui a lista, os dados da escola,
o nome da diretora e tudo mais.
processo. Não se pode, pois, O nome da diretora. Nome são nomes, nunca no singular.
Fiquei orgulhoso do meu filho, a escola eu podia olhar, eram
definir e medir a compreen- ainda quatro da tarde, cinquenta e cinco anos, duas casas alu-
são pela quantidade de texto gadas, um tiro no abdome, três copos d’água, a bolsa de Dulci-

reconstruído pelo leitor, pois


neia perdida. Juro que mirei neles.
Calculei que três horas depois estaria no Recife. Nunca saí
ler compreensivamente não de lá, apesar de tudo. Conheço meus declives, evito as som-
bras das plantas regadas por ela, parei com o cigarro a pedido
é apenas reproduzir informa- do médico, ainda tomo vinho. Abriram uma rua no antigo beco,

ções textuais, nem parafra- que dava para a BR. Era inevitável seguir por ali. Reconheci a
casa, mudada. Algumas coisas continuam, e a saudade é esta
sear. Isto seria o mesmo que rua, que passa e permanece.

supor que compreender um


QUEIROZ, Malthus Oliveira de. Três copos d’água e outros contos.
Recife: Moenda Editorial. No Prelo.
76
texto seria traduzi-lo em outro
equivalente, de modo unívoco,
já previsto pelo original.
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Na compreensão influen-
nos linguísticos, mas também
ciam condições textuais, prag- BNCC – Habilidades gerais
antropológicos, psicológicos e
máticas, cognitivas, interesses
factuais. As inferências lidam EF69LP44 EF69LP53
e outros fatores, tais como co-
com as relações entre esses co- EF69LP47 EF69LP54
nhecimentos do leitor, gênero
nhecimentos e muitos outros as-
e forma de textualização. Por
pectos. BNCC – Habilidades específicas
isso, a compreensão de texto
é uma questão complexa que MARCUSCHI, L. A. (2008). Produção textual,
EF89LP33 EF09LP04
análise de gêneros e compreensão. São Paulo:
envolve não apenas fenôme- Parábola, p. 249. EF89LP37

7676

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Manual do Educador

Conto psicológico

77
Capítulo
2
Desvendando os segredos do texto
Sugestão de
1.
No texto, o narrador relembra alguns momentos significativos vivenciados. Cite, pelo
menos, um momento significativo.
Abordagem
Sugestão de resposta: o namoro do protagonista com Dulcineia.
Durante a leitura do con-
2.
to de Malthus de Queiroz,
No primeiro parágrafo, o personagem relata que a viagem tinha sido tranquila. Confor-
me seu entendimento do texto, o que motivou essa viagem?
O narrador trabalhava em uma empresa de material escolar e foi fornecer produtos para a chame a atenção dos alu-
escola onde estudou quando criança. nos para alguns pontos em
3. No texto de Malthus de Queiroz, podemos atribuir dois sentidos à palavra timbrado.
que o processo inferencial
Quais são esses significados? desempenha um papel im-
A palavra ora é usada para qualificar um documento da empresa de material escolar do portante para a construção
personagem, ora é usada para qualificar o amor entre ele e Dulcineia. Neste caso, seria um
do sentido, por exemplo,
amor definitivo, sério, permanente, com a mesma validade de um documento.
os três copos de água que
4. O conto Três copos d’água se caracteriza pelo conflito entre o personagem-narrador e
sugere certo desespero do
seus anseios, seus desejos e suas memórias. Que nome damos a esse tipo de conflito na
Literatura? personagem.
Conflito psicológico, ou conflito interno.
No conto Três copos d’água
5. Retire do texto passagens que remetam à memória do narrador. é evidente o tom memoria-
Sugestões de resposta: “Lembro-me dela e dos meninos correndo, depois das aulas, meus lístico na narrativa. A partir
olhos como folhas secas levadas pelo vento das memórias.”; “Muito mudou, mas eu sabia
disso, você pode trabalhar
onde estavam as coisas [...]”; “Lembrei do assalto [...]”.
com outros textos, além de
6. Com relação ao conto Três copos d’água, assinale a alternativa incorreta. contos, que trazem essa re-
a) O conflito gira em torno de um narrador-personagem que se defronta com lembranças ao
retornar à sua cidade natal. lação entre literatura e me-
b) O conto é narrado em primeira pessoa. Por esse motivo, a visão dos fatos fica condicio- mória. Para isso, sugerimos
nada à maneira como o narrador os interpreta.
c) O narrador vive no Recife e foi à sua cidade natal a trabalho. o livro Dois irmãos, de Mil-
d) A narração não segue uma cronologia temporal, e sim um tempo psicológico. Assim, não
fica claro o que é passado e o que é presente.
ton Hatoum, uma narrativa
e) A narração não segue uma cronologia temporal, mas ainda assim é bastante clara a de- feita em primeira pessoa na
finição dos fatos passados e presentes.
77
perspectiva de um persona-
gem secundário, Nael, que
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busca sua origem. É possí-
vel explorar o passado pes-
soal e coletivo, com suas
Anotações histórias, acontecimentos e
particularidades.

77

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Ca 78
7. O tempo da narrativa se refere ao encadeamento dos fatos, que nem sempre apresenta
uma ordem cronológica linear (passado–presente–futuro) na narrativa. Com base nisso,
enumere as colunas abaixo de forma que a sequência temporal do conto Três copos d’água
Sugestão de fique linear.
( 6 ) O narrador-personagem volta à cidade com seu filho quarenta anos depois.
Abordagem ( 1 ) O narrador-personagem volta à cidade e reencontra Dulcineia.
( 3 ) O narrador-personagem e Dulcineia têm um filho.
É importante comentar que ( 5 ) O narrador-personagem opta por continuar vivendo na cidade do Recife.

a fragmentação é a quali- ( 2 ) Dulcineia reconhece o narrador-personagem; eles reiniciam o romance interrompido


quando ele foi embora da cidade.
dade do texto de se apre- ( 4 ) Dulcineia morre no assalto.

sentar em fragmentos, em A sequência correta é:


a) 6–1–3–5–2–4. b) 1–3–6–2–4–5. c) 5–6–3–1–2–4.
pequenas ações; e simul- d) 5–6–2–4–3–1. e) 6–1–3–2–5–4.
taneísmo ocorre quando 8. Analise as propostas abaixo, atribuindo-lhes V, para verdadeiro, ou F, para falso.
diferentes ideias são postas ( F ) O conto é narrado em primeira pessoa, e o narrador é onisciente. Pode-se perceber
isso devido aos verbos flexionados na primeira pessoa do discurso (eu) e pelo fato de
ao mesmo tempo no texto, o narrador conseguir relembrar todos os fatos relevantes da trama.
normalmente por meio de ( V ) O conto é narrado em primeira pessoa, sendo a ordem dos fatos apresentada de for-

conectivos aditivos. Essas


ma caótica e não linear.
( V ) O texto apresenta um narrador-protagonista, pois o narrador é também o personagem
duas características são principal da história.
( V ) A subjetividade é uma das características dos contos psicológicos, pois apresenta a
próprias do fluxo da cons- trama segundo a visão do narrador.

ciência. A sequência correta é:


a) V-V-F-F. b) F-V-V-V. c) V-V-V-V. d) F-F-F-V. e) F-F-V-F.
Ao responder a questão
9. A linguagem literária tem mais liberdade formal e não se prende a elementos fixos,
11, chame a atenção dos como ocorre com outros tipos de linguagem. Fazendo uma comparação da linguagem do
alunos para a forma verbal conto com a de um texto jornalístico, que diferenças você apontaria entre elas?

mirei, que deixa claro que


Resposta pessoal. No entanto, o aluno, a seu modo, deve atentar para algumas diferenças
mais notórias, como subjetividade do texto literário e objetividade do texto jornalístico; não
o narrador-personagem as-
relação com a veracidade do texto literário e obrigação de veracidade do texto jornalístico;
sassinou Dulcineia com um busca por um leitor não específico do texto literário e busca por um leitor específico do texto
tiro acidental ao reagir ao jornalístico; intenção de causar prazer na leitura e intenção de informar.
assalto. Essa informação
será útil para identificar
como verdadeiro o item II 78

da questão 12, ou seja, o


narrador sente saudade e LPemC_2018_BNCC_9A_Cap2.indd 78 08/05/18 06:47

culpa ao relembrar a sua


história com Dulcineia.
Anotações
Ainda considerando a
questão 12, comente com
os alunos que o filho do
narrador só poderia ter, no
máximo, 20 anos de idade
quando o acompanhou na
visita à escola.

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Manual do Educador

Conto psicológico

79
Capítulo
2
10.Segundo as pistas deixadas pelo narrador-personagem do texto, qual a sua idade quan-
do ele saiu pela primeira vez de sua cidade e qual a sua idade quando retornou pela última
vez? Explique como podemos identificar essas informações no texto.
No início do conto, ele afirma que passou “vinte anos sem ver essa rua”, e após reencon-
trar Dulcineia, dois meses depois de ter retornado, ele diz: “partimos dois meses depois de
vinte anos, trinta e cinco eu”. Ou seja, se ele passou vinte anos sem ver a cidade e agora
tinha trinta e cinco, quando saiu da cidade pela primeira vez tinha quinze anos. Quando
retorna à cidade pela última vez, ou seja, quarenta anos depois, ele indica a sua idade no
seguinte trecho: “Fiquei orgulhoso do meu filho, a escola eu podia olhar, eram ainda quatro
da tarde, cinquenta e cinco anos, duas casas alugadas [...]”.

11. A subjetividade da linguagem literária permite que o narrador informe um fato sem, no
entanto, descrevê-lo. Com base nisso, indique a passagem do texto que sugere a morte de
Dulcineia.
“[...] um tiro no abdome, três copos d’água, a bolsa de Dulcineia perdida. Juro que mirei
neles.”

12. Analise as afirmações a seguir.


I. Dulcineia foi assassinada por bandidos em um assalto.
II. De acordo com a leitura do texto, podemos dizer que o narrador-personagem sente sau-
dade e culpa ao recordar sua história com Dulcineia.
III. O filho do narrador, ao acompanhá-lo em mais uma visita à escola, teria aproximadamen-
te 25 anos de idade.

Está correto o que se afirma apenas em:


a) I. b) II. c) III. d) I e II. e) II e III.

13. Para você, o conflito apresentado no texto foi resolvido? Justifique sua resposta.
Resposta pessoal. No entanto, sendo a narrativa fortemente marcada pelo sentimento de
saudade e pela culpa, o último parágrafo sugere que o conflito não foi resolvido, tendo em
vista que o narrador-personagem, ao comparar o sentimento da saudade com a BR, afirma
que ambas passam e permanecem, ou seja, é um sentimento que está sempre o acompa-
nhando.

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Análise linguística

Sugestão de Oração subordinada substantiva


Abordagem completiva nominal
Leia a tirinha.
PREÁ / Eudson e Lécio
Para as questões da seção Preá, cheguei à
Seu texto está muito confuso! Não tem
tempo cronológico, as ações estão fora
Análise linguística, propo- conclusão de que você
realmente não sabe
de ordem, os personagens são
contraditórios... O que
Um conto
psicológico!
mos estas respostas: escrever! você quis escrever?!

1. O período ficará com


sentido incompleto.
2. Complemento nominal.
Agora, analise este período:

Preá, cheguei à conclusão de que você realmente não sabe escrever.

BNCC – Habilidades gerais


1. Retire desse período o termo de que você realmente não sabe escrever. O que acon-
tecerá com o sentido do período?
EF69LP56 2. Considerando a sua resposta ao item anterior, identifique a função sintática do termo
retirado do período.
Muitas vezes, durante a nossa comunicação, utilizamos algumas palavras de sentido in-

BNCC – Habilidades específicas


completo. Na primeira parte deste capítulo, vimos que essa é uma característica de alguns
verbos, os chamados verbos transitivos. Para se completarem semanticamente, esses
verbos necessitam, portanto, de complementos verbais.
EF09LP04 EF09LP08 No entanto, essa necessidade semântica não é restrita aos verbos. Existe uma porção
de nomes (substantivos abstratos, adjetivos e advérbios) que têm sentido incompleto,
EF09LP05 EF09LP11 isto é, exigem um complemento nominal, uma função sintática exercida geralmente por
EF09LP06 substantivos.
Observe este período, retirado do primeiro quadrinho da tira:

Nome com sentido incompleto

Preá, cheguei à conclusão de que você realmente não sabe escrever.

Oração subordinada substantiva completiva nominal


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Anotações

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Manual do Educador

Conto psicológico

81
Capítulo
2
Observe que, nesse exemplo, o complemento nominal de conclusão é uma oração
(de que você realmente não sabe escrever). Como essa oração exerce uma função
sintática de outra (cheguei à conclusão), é classificada como subordinada. Consideran-
do que a função de complemento nominal é típica dos substantivos, temos, portanto, um
exemplo de oração subordinada substantiva completiva nominal. Veja outro exemplo
desse tipo de oração:

Nome com sentido incompleto


turação de enunciados” e apren-
O pai do menino tinha certeza de que ele estava rezando.
der “um conjunto de máximas ou
princípios” de como construir um
Oração subordinada substantiva completiva nominal

texto oral (participando de uma


Oração subordinada substantiva conversação ou não) ou escrito,
predicativa levando em conta os interlocuto-
Como vimos na primeira parte deste capítulo, os verbos
transitivos são aqueles que necessitam de um complemento
res possíveis e os objetivos que
verbal. Agora, veremos um outro tipo de verbo, o verbo de li- se tem ao dizer, bem como a pró-
gação, que é incapaz de exercer transitividade. Esses verbos
são assim chamados porque apenas ligam o sujeito ao seu pre- pria situação de interação como
dicativo. Observe. elementos pertinentes nessa
Verbo de ligação (ser) construção e no estabelecimen-
Eu sou o homem dos seus sonhos.
to do efeito de sentido que acon-
Predicativo
tece na interação comunicativa.
Sujeito
Aprender a língua, seja de forma
Analisando esse período, percebemos que o predicativo é natural no convívio social, seja de
exercido por uma expressão que tem como núcleo um substan-
tivo (homem). No entanto, esse termo poderia ser desempe- forma sistemática em uma sala de
nhado por uma oração, formando um período composto. Veja:
aula, implica sempre reflexão so-
Verbo de ligação (ser) bre a linguagem, formulação de
Eu sou o homem com que você sonha. hipóteses sobre a constituição e
Oração principal Oração subordinada substantiva predicativa
funcionamento da língua. Quan-
do nos envolvemos em situações
de interação, há sempre reflexão
81
(explícita ou não e neste caso
automática) sobre a língua, pois
temos de fazer corresponder nos-
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sas palavras às do outro para nos


fazer entender e para entender o
Repensando o outro. Impossível, pois, usar a lín-
Ensino da Gramática gua e aprender a língua sem re-
flexão sobre ela. Esse é um ponto
Ao ensinarmos gramática, que- é preciso entender que dominar importante para a proposta que
remos que o aluno domine a lín- uma língua não significa apenas estruturamos.
gua, para ter uma competência incorporar “um conjunto de itens TRAVAGLIA, Luiz Carlos (2006).
comunicativa nessa língua, mas, lexicais (o vocabulário)”; aprender Gramática e interação: uma proposta para o
ensino de gramática.
como diz Geraldi (1993: 16–17), “um conjunto de regras de estru- São Paulo: Cortez, p. 107.

81

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Ca 82
Como, nesse período, o predicativo é exercido por uma oração, temos uma oração
subordinada substantiva predicativa. Veja outro exemplo:

Leitura Sua esperança era a vitória do time.

Complementar Predicativo

Orações substantivas Sua esperança era que o time vencesse.

Chamam-se orações substanti- Oração subordinada substantiva predicativa

vas os sintagmas nominais resul- Oração subordinada substantiva apositiva


tantes de transposição de uma Agora, analise o período simples abaixo.
oração.
Eu só tinha um desejo: seu respeito.
Características formais
Nesse caso, seu respeito (que é um termo substantivo) desempenha a função de
•• Podem vir anunciadas por um aposto, ou seja, é um termo que especifica o sentido de um desejo. Esse aposto poderia
ser desenvolvido em uma oração:
transpositor e apresentar o
verbo em forma finita — ora-
Eu só tinha um desejo: que você me respeitasse.

ções desenvolvidas: Oração subordinada substantiva apositiva

Ela descobriu que os bem-te-vis Veja outro exemplo:

faziam o ninho na amendoeira. Só pensava nisto: vencer na vida.

Quem saísse por último apagaria Oração subordinada substantiva apositiva

as luzes.
•• Podem apresentar o verbo no
infinitivo — orações reduzidas:
Eles preferiram voltar da festa a
pé.
Características funcionais
Exercem as mesmas funções que 82

o sintagma nominal é capaz de


exercer, a saber: sujeito (oração LPemC_2018_BNCC_9A_Cap2.indd 82 08/05/18 06:47

subjetiva), objeto direto (oração


objetiva direta), complemento re-
lativo (oração completiva relativa), Anotações
complemento predicativo (oração
predicativa), complemento nomi-
nal (oração completiva nominal) e
aposto (oração apositiva).
AZEREDO, José Carlos de (2008).
Gramática Houaiss da língua portuguesa.
São Paulo: Publifolha/Instituto Antônio Houaiss,
p. 310.

8282

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Manual do Educador

Conto psicológico

83
Capítulo
2
Prática linguística
Texto

Pensar é viver
Não tenho nenhuma receita, nenhum facilitador para enten-
Dicionário
dido: fajuta, mas absolutamente
der a vida: ela é confusão mesmo. A gente avança no escuro,
teimosamente, porque recuar não dá. Nesse labirinto, a gente
Alheias – Que não são
encontra o fio de um afeto, pontos de criatividade, explosões de nossas. necessária para a posição que
Esquizofrênico – Que
o texto em questão defende sub-
pensamento ou ação que nos iluminem por um momento que
seja. Coisas que nos justifiquem enquanto seres humanos. demonstra perda de

-repticiamente, sem coragem de


unidade da personalidade.
Tenho talvez a ingenuidade de acreditar que tudo faz algum Transgredir – Passar
sentido e que nós precisamos descobrir — ou inventá-lo. Qualquer além; atravessar;
pessoa pode construir a sua “filosofia de vida”. Qualquer pessoa desobedecer.
Empreitada – Tarefa difícil
confessar. Cabe aos leitores tirar-
-lhe o véu.
pode acumular vida interior. Sem nenhuma conotação religiosa, ou desagradável.
mas ética: o que valho, e os outros, o que valem para mim? O que Excentricidade –
estou fazendo com a minha vida, o que pretendo com ela? Anormalidade; esquisitice;
irregularidade. Um bom exemplo é o de Marx
Essa capacidade de refletir, ou de simplesmente aquietar-se
para sentir, faz de nós algo além de cabides de roupas ou de
Confraria – Irmandade;
associação. lendo os clássicos. Segundo o tal
barbudo, economistas faziam de
ideias alheias. Sempre foi duro vencer o espírito de rebanho, mas Mediocridade –
Qualidade dos que não
esse conflito se tornou esquizofrênico: de um lado, precisamos
conta, não necessariamente por
têm destaque; pequenez
ser como todo mundo, é importante adequar-se, ter seu grupo, espiritual.
pertencer; de outro lado, é necessário preservar uma identidade
e até impor-se, às vezes transgredir, para sobreviver.
má fé, que discutiam o valor do
[…] trabalho, invocavam a oferta e
Dura empreitada, num momento em que tudo parece cola-
borar para que se aceitem modelos prontos para servir. Pen- a procura, etc., mas, de repen-
samento independente passou a ser excentricidade, quando te, usando as mesmas palavras,
não agressão. Família, escola e sociedade deviam desenvolver
o distanciamento crítico e a capacidade de avaliar — e questio- mudavam de tema, o do valor
nar — para poder escolher.
Mas, embora a gente se pense tão moderno, não é o que
da força de trabalho, que é coi-
acontece. Alunos (e filhos) questionadores podem ser um em- sa bem diferente. Um enunciado
baraço. Preferimos nos tornar membros da vasta confraria da
mediocridade, que cultua o mais fácil, o mais divertido, o que como O valor do trabalho é igual
todo mundo pensa ou faz, e abafa qualquer inquietação. ao valor dos meios de subsistên-
Por sorte nossa, aqui e ali aquele olho da angústia mais sau-
dável entreabre sua pesada pálpebra e nos encara irônico: como cia necessários à manutenção e
estamos vivendo a nossa vida, esse breve sopro... e o que real-
mente pensamos de tudo isso — se por acaso pensamos?
à reprodução do trabalho não faz
LUFT, Lya. Pensar é transgredir. Rio de Janeiro: Record, 2004. pp. 177–178.
83
sentido, porque o trabalho não se
reproduz; quem se reproduz é o
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trabalhador. Ou seja, fazem pare-
cer que discutem o valor do tra-
balho quando, na verdade, estão
Leitura Complementar dizendo de quanto um trabalha-
dor precisa para comer e conti-
Escrever para esconder que parecem claras dizem coisa nuar trabalhando.
Muita gente acha que as lín- bem diferente do que parecem […]
guas são instrumentos de comu- dizer. A função ideológica da
POSSENTI, Sírio.
nicação e que suas eventuais fa- linguagem se exerce exatamen- http://terramagazine.terra.com.br/

lhas ocorrem neste domínio. Na te quando uma palavra parece interna/0,,OI1425778-EI8425,00-


Escrever+para+esconder.html. Acessado em
verdade, muitas vezes, palavras justa, mas é fajuta. Bem enten- 24/05/2012.

83

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Ca

84 Compartilhe
ideias
1. Todos os textos têm uma função comunicativa, isto é, por
meio deles alguém expressa informações, críticas, etc. Pen-
sando nisso, explique qual foi a intenção comunicativa de Lya
Luft ao escrever esse texto.
A intenção da autora foi fazer uma reflexão sobre o que é a vida
para ela.

2. Ainda considerando a intenção comunicativa da autora, po-


demos dizer que, nesse texto, ela defendeu pontos de vista,
contou uma história ou expôs informações sobre a vida?
Ela defendeu seus pontos de vista a respeito da vida.

3. Transcreva, do primeiro parágrafo do texto, dois substanti-


vos que expressem o que a vida é para Lya Luft.
Confusão e labirinto.

4. O período a seguir foi retirado do primeiro parágrafo do texto.

Não tenho nenhuma receita, nenhum facilitador para en-


tender a vida: ela é confusão mesmo.

Agora, analise estas afirmações:


I. O termo em destaque é uma oração que esclarece o sentido
do termo vida, expresso anteriormente.
II. O termo destacado funciona, sintaticamente, como comple-
mento do nome vida.
III. A oração em destaque expressa um dado muito importante
para a compreensão do texto: o que a vida significa para a
autora.
IV. A repetição da palavra nenhum e o uso de mesmo contri-
buem enfaticamente para a defesa de um ponto de vista.
V. O verbo entender necessita de um termo que lhe complete o
sentido. No período, esse complemento é exercido por uma
oração.
VI. Podemos dizer que receita e facilitador, no contexto, têm
sentidos equivalentes.

84

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Manual do Educador

Conto psicológico

85
Capítulo
2
Estão corretas:
a) I, II e V.
b) II, III e VI.
c) II, IV e V.
d) I, III, IV e VI.
e) Todas.

5. Releia o trecho a seguir, retirado do segundo parágrafo, e


responda às questões propostas.

Tenho talvez a ingenuidade de acreditar que tudo faz al-


gum sentido […]

a) Qual é a função do termo destacado?


Completar o sentido do verbo acreditar, sendo, portanto, ora-
ção subordinada substantiva objetiva direta.

b) Se substituíssemos o termo destacado por no sentido da


vida, haveria mudança significativa de sentido?
Não.

6.Transforme os termos destacados em orações que exer-


çam a mesma função sintática que eles.
a) Ela tinha certeza da vitória do São Paulo.
Ela tinha certeza de que o São Paulo venceria.

b) Quero somente uma coisa: sua volta.


Quero somente uma coisa: que você volte.

7. (Colégio Pedro II) Leia atentamente o trecho destacado do


texto.

Sempre foi duro vencer o espírito de rebanho, mas esse confli-


to se tornou esquizofrênico: de um lado, precisamos ser como
todo mundo, é importante adequar-se, ter seu grupo, perten-
cer; de outro lado, é necessário preservar uma identidade e até
impor-se, às vezes transgredir, para sobreviver.

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Ca 86
Pode-se resumir o conflito citado acima em duas palavras:
adequação e transgressão. Em outras passagens também do
texto, há expressões que podem ser associadas a cada um
Leitura desses lados conflitantes. Relacione-os e numere os parênte-
ses, obedecendo ao seguinte código:
Complementar
1 – Adequação.
2 – Transgressão.
Produção de texto expressa A seguir, assinale a opção com a ordem correta.
a ação de escrever textos como ( ) “cabides de ideias alheias”
( ) “pontos de criatividade”
um trabalho entre outros: cultivar ( ) “pensamento independente”
( ) “espírito de rebanho”
a terra, pastorear cabras, con- ( ) “explosões de pensamento”
sertar sapatos, dar aulas, apertar
a) 2 – 1 – 1 – 2 – 1
parafusos numa linha de monta- b) 2 – 1 – 2 – 1 – 2
gem ou desapertá-los num ferro c) 1 – 2 – 1 – 1 – 1
d) 1 – 2 – 2 – 1 – 2
velho, engessar pernas quebra- e) 1 – 2 – 1 – 1 – 2

das. Não se trata de compor, isto 8. (Colégio Pedro II) Leia a frase retirada do texto.
é, de juntar com brilho, nem de
redigir, isto é, de organizar, mas
Tenho talvez a ingenuidade de acreditar que tudo faz algum
sentido e que nós precisamos descobrir — ou inventá-lo.
de produzir, transformar, mudar,
O pronome oblíquo lo refere-se a que termo?
mediante a ação humana, o es- O pronome refere-se a sentido.
tado da natureza com vistas a um
interesse humano.
9. (Colégio Pedro II) Reescreva a passagem do Texto 1 trans-
Contemporâneo da crise eco- crita a seguir iniciando-a com o adjunto adverbial de dúvida.
nômica da segunda metade dos Faça somente as alterações necessárias.

anos 1970, o termo produção de Tenho talvez a ingenuidade de acreditar que tudo faz

texto revela a generalizada des-


algum sentido […]

confiança das soluções milagro- Talvez eu tenha a ingenuidade de acreditar que tudo faz algum
sas geradas em inodoros gabine- sentido […]

tes tecnocráticos e aponta para


a produção concreta, para o tra- 86

balho direto com a matéria-prima


como o caminho que pode levar LPemC_2018_BNCC_9A_Cap2.indd 86 08/05/18 06:47

a sociedade brasileira a definir


seu próprio rumo e o modo de entre interlocutores. Não estamos dos competentes, que articulam
para ele movimentar-se. mais num conclave ideal em que didaticamente as palavras de
A linguagem já não é vista ape- cada erudito discursador enun- ordem a serem comunicadas à
nas como instrumento para orga- cia seu pensamento a respeito classe média embasbacada com
nizar o pensamento nem apenas da questão em pauta, na certeza um discurso tão científico (para a
como meio de comunicação. Ela de absoluta impunidade, pois a classe média, pois a plebe con-
é reconhecida como forma de plebe lá fora não entende nada tinua não entendendo nada) […].
ação, processo de estabelecer do que está sendo proferido. E nisso vai uma questão fun-
vínculos, de criar compromissos Não estamos mais na ditadura damental para a prática de es-

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Manual do Educador

Conto psicológico

87
Capítulo
2
Compartilhe
É hora de produzir ideias
BNCC – Habilidades gerais

Antes de começar a escrever EF69LP44 EF69LP51


A seguir, você vai analisar o enredo de um conto psicológico EF69LP46 EF69LP54
muito conhecido: Eu estava ali deitado, do escritor mineiro Luiz
EF69LP47 EF69LP56
Vilela.

O conto traz duas narrativas paralelas: uma exterior BNCC – Habilidades específicas
(aparente) e outra interior (psicológica). Na primeira,
Carlos está deitado em sua cama. Ele observa as coisas
que estão ao seu redor: as roseiras que vê pela janela, EF89LP32 EF09LP04
as venezianas, etc. Está sofrendo devido ao fim de seu EF89LP35 EF09LP11
relacionamento com Míriam (narrativa interior). Sua mãe
o procura no quarto, preocupada com seu desânimo.
Oferece almoço, mas ele rejeita. A mãe e o pai de Carlos
almoçam em silêncio. Depois, o pai vai até o quarto de
Carlos, procura conversar com ele e o convida para um
passeio, mas ele também não aceita. O pai sai, e Car-
los continua deitado, pensando em Míriam. Para tentar
esquecê-la, ele conta até quinhentos, recorda o nome
Anotações
de todas as capitais do Brasil e da Europa, relembra o
nome de diversos rios e montanhas, se remexe na cama
várias vezes. No final do conto, Carlos se surpreende no-
vamente olhando as roseiras e as venezianas da janela,
exatamente como no início do conto.

Proposta
Como você certamente percebeu, no enredo desse conto de
Luiz Vilela, a narrativa se passa com pouquíssimas ações. Des-
tacam-se o monólogo interior que o personagem central (Car-
los) trava consigo mesmo e seu estado psicológico, de pros-
tração total devido ao fim de seu relacionamento com Míriam
(narrativa paralela).

87

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crever: composição pressupõe res que vão dialogar com o texto


leitores iguais ao autor, que vão produzido: concordar e aprofun-
aplaudir a riqueza do vocabulário dar ou discordar e argumentar,
ou o virtuosismo com que o pro- tomando o texto como matéria-
nome oblíquo é colocado, ou, em -prima para seu trabalho.
outro gênero, a riqueza da rima. GUEDES, Paulo Coimbra (2009).
Redação pressupõe leitores que Da redação à produção textual:
o ensino da escrita.
vão executar os comandos. Pro- São Paulo: Parábola, pp. 89–90.
dução de texto pressupõe leito-

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o
2
ul
p ít
Ca 88
Agora, sua missão será produzir um conto psicológico com
Compartilhe base nesse enredo, procurando realizar as duas narrativas pro-
ideias postas (uma exterior, outra psicológica). Importante: elabore
Sugestão de outro conflito psicológico para o personagem protagonista. Ao
final do trabalho, produza um título para o seu conto e, com os
Abordagem colegas e o professor, leia o conto de Luiz Vilela, que trabalha-
remos no Encerramento deste capítulo.
Comente que as narrativas
com viés psicológico são Planejamento
O primeiro passo para planejar seu conto é definir o enredo,
marcadas principalmen- isto é, deixar clara a progressão: começo, meio e fim. Para pro-
te pelo esforço do autor duzir o seu conto com mais facilidade, pense nestas questões:

em tornar compreensíveis 1. Como será a situação inicial do conto?


2.
as motivações por trás de
Como serão os personagens secundários?
3. Qual será o conflito psicológico vivenciado por Carlos?
atos e escolhas visivelmen- 4. Como será o desenlace desse conflito?
te incoerentes dos perso- 5. Procure caracterizar física e psicologicamente o seu prota-
nagens. gonista, mostrando ao leitor como ele está se sentindo.
6. Quem será o antagonista? O que ele fará para atingir o pro-
tagonista e desencadear a narrativa interior?
7. Como será o ambiente em que se desenvolverá toda a cena?

Avaliação
Leitura 1. Peça a um colega para avaliar seu conto. A avaliação de-
Complementar verá contemplar os seguintes pontos:

Aspectos analisados Sim Não


A literatura e O texto está compreensível?
seus conflitos internos O conto apresenta duas narrativas simultâ-
neas, uma exterior e uma interior?
A literatura está repleta de exem-
A narração se passa em apenas uma cena?
plos de narrativas em que perso- Os personagens estão bem caracterizados?
nagens contraditórios, incapazes O personagem principal enfrentou um conflito

de aceitar os padrões de compor-


psicológico?
Há um antagonista?
tamento ou de ler os signos insti- O conflito psicológico teve um desfecho?
tuídos, padecem diante de con- 88
flitos insolúveis. Talvez por refletir
melhor a condição humana, esses LPemC_2018_BNCC_9A_Cap2.indd 88 08/05/18 06:47

personagens se impuseram.
Atormentados por sonhos, ima- lo Honório, em São Bernardo. O evidência situações em que o
gens persecutórias, memórias julgamento que estabelecem da preconceito, o prejulgamento
incertas, vozes internas, eles se realidade é sempre impreciso e ou a atitude aparentemente ir-
encontram diante de um mundo por aproximação. Os conceitos refletida é determinante de fatos
que não compreendem (ou onde e valores que sustentam esse juí- polêmicos poderá compor um
não são compreendidos) e suas zo frequentemente lhes parecem material rico de debate e estru-
atitudes aparecem em completo inadequados. turação de seus contos, ofere-
desajuste. É o caso de Bentinho, Propor aos estudantes que bus- cendo ao mesmo tempo perso-
em Dom Casmurro, ou de Pau- quem notícias que colocam em nagens, temas e argumentos.

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Manual do Educador

Conto psicológico

89
Capítulo
2
Sugestão de
A escrita em foco Abordagem

Pontuação das orações Para as questões de seção A


subordinadas substantivas escrita em foco, propomos estas
Leia a charge abaixo. respostas:
1. quebra da expectativa se dá
justamente no desfecho da fala
do pai do garoto. No semáfo-
ro, a cor vermelha indica que o
motorista deve parar. No entan-
to, essa simbologia é ignorada
pelo personagem em benefício
de um ponto de vista inespera-
do, ou seja, que, no Brasil, parar
1. A produção do humor sempre está ligada à quebra de no sinal vermelho é perigoso.
expectativa do interlocutor. Seja em uma piada, seja em
quadrinhos, o humor ocorre justamente porque o que 2. “Você deve ter atenção”.
esperávamos acontecer não acontece. Essa quebra de
expectativa procura sempre um desfecho que, além de
inesperado, seja surpreendente. Pensando nisso, discuta
3. “Você pode ser assaltado”.
Professor, nessas duas últimas
com o professor e com a turma como se dá o humor nessa
charge.
2. Na charge, podemos identificar a ocorrência de três orações questões é importante discutir
apositivas que esclarecem o sentido das cores utilizadas no
semáforo. Indique em qual dessas orações há um sentido com a turma a importância se-
de obrigatoriedade.
3. E qual dessas orações apositivas expressa probabilidade?
mântica dos modalizadores dever
e poder nas orações em questão.
Nessa charge, como você percebeu, as orações você pode
seguir, você deve ter atenção e você pode ser assaltado
equivalem a apostos que esclarecem o sentido dos nomes

89
Diálogo com
o professor
Nesse caso, a oração prin-
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cipal é Aqui no Brasil, filho,


Tendo em vista a produção de como estratégia narrativa é tam-
as cores do semáforo signi-
um conto psicológico, a narrati- bém outro ingrediente que com-
ficam o seguinte. No contex-
va em primeira pessoa pode ser bina bem com esse narrador.
to, os sinais verde, amarelo e
uma ferramenta privilegiada. O Disponível em: http://www.cartanaescola.com. vermelho (junto às orações
narrador em primeira pessoa au- br/single/show/39. Acesso em 15/04/2015.
apositivas a eles referidas)
toriza reflexões íntimas e coeren- esclarecem o sentido do ter-
tes com o lugar que esse narra- mo o seguinte, exercendo,
dor-personagem ocupa nos fatos portanto, a função de aposto.
narrados. O fluxo de pensamento

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Ca
verde, amarelo e vermelho, respectivamente. Na charge, o
90 Compartilhe
ideias
autor utilizou dois-pontos para separá-las dos nomes aos quais
se referem, mas poderia ter utilizado, também, o travessão:

Verde — você pode seguir.


Amarelo — você deve ter atenção.
Vermelho — você pode ser assaltado!

Assim, podemos dizer que as orações subordinadas subs-


tantivas apositivas são separadas da oração principal por dois-
-pontos ou por travessão.
Já para pontuar os outros tipos de orações substantivas, não
há grandes problemas. Basta lembrar que essas orações exer-
cem funções sintáticas e, portanto, seguem a principal regra
de pontuação, ou seja, não se separam, por nenhum sinal de
pontuação:

• O sujeito do seu predicado.


• O verbo dos seus complementos (objeto direto e objeto in-
direto).
• O verbo de ligação do predicativo do sujeito.
• Um substantivo, um adjetivo ou um advérbio do seu comple-
mento (complemento nominal).
Como dissemos, essa regra deve ser seguida ao utilizarmos,
na escrita, as orações subordinadas substantivas. Assim:
• Uma oração subordinada substantiva subjetiva não deve
ser separada por sinal de pontuação da oração principal.
• As orações objetivas diretas e objetivas indiretas não se se-
param do verbo cujo sentido completam.
• As orações predicativas não se separam do verbo de ligação.
• As orações completivas nominais não se separam do nome
cujo sentido completam.

Além disso, é preciso lembrar, também, outra regra de pon-


tuação muito importante: na escrita, separamos por vírgulas
termos que exercem a mesma função sintática. Veja:

Todo ser humano tem direito a moradia, à alimentação, à


saúde.

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Manual do Educador

Conto psicológico

91
Capítulo
2
Nesse caso, as vírgulas separaram os termos a moradia,
a alimentação e a saúde, que exercem a função sintática de
complemento nominal.
Em um texto dissertativo, como um artigo de opinião, por
exemplo, esses termos poderiam ser desenvolvidos em ora-
ções subordinadas substantivas completivas nominais na in-
tenção de conferir mais força ao ponto de vista apresentado.
Logicamente, a pontuação se manteria. Veja:

Todo ser humano tem direito a viver em uma casa digna, a


alimentar-se adequadamente, a ter sua saúde preservada.

A escrita em questão

1.Imagine que você está produzindo um conto psicológico e


que acabou de escrever o seguinte parágrafo:

Acordou preocupado com as dívidas, com o pouco di-


nheiro, com a falta de trabalho. O que mais o incomodava
era o desespero de não conseguir o que queria: a sensa-
ção de paz. Passava horas pensando nisso. De vez em
quando esquecia, por um segundo, mas logo voltava ao
pensamento inicial. Não encontrava saída.

Ao reler o parágrafo, você percebeu que poderia ser bem


mais expressivo no seu conto, detalhando mais os pensamen-
tos, as ações, o desespero do personagem. Ora, esse proble-
ma pode ser resolvido de maneira muito interessante por meio
do uso de orações subordinadas substantivas. Pensando nisso,
reescreva esse parágrafo transformando em orações substanti-
vas os termos destacados em negrito. Use sua criatividade. Ao
final, você verá como seu texto ficará mais atraente para seu
leitor. Em tempo: observe a pontuação.
Resposta pessoal.

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NTO
E
M
92 rA Eu estava ali deitado
CE r
EN
eu estava ali deitado olhando através da vidraça as roseiras
no jardim fustigadas pelo vento que zunia lá fora e nas vene-
zianas do meu quarto e de repente cessava e tudo ficava tão
quieto tão triste e de repente recomeçava e as roseiras frágeis
e assustadas irrompiam na vidraça
Antes de e eu estava ali o tempo todo olhando estava em minha
começar a ler cama com a minha blusa de lã as mãos enfiadas nos bol-
sos os braços colados ao corpo as pernas juntas
No texto que você vai ler
estava de sapatos Mamãe não gostava que eu deitasse
agora, o estranhamento
característico dos de sapatos deixe de preguiça menino! mas dessa vez
contos psicológicos eu estava deitado de sapatos e ela viu e não falou nada ela
está bastante aparente.
sentou-se na beirada da cama e pousou a mão em meu joe-
Neste conto, o núcleo
narrativo está centrado lho e falou você não quer mesmo almoçar?
num impressionante eu falei que não não quer comer nada? eu falei que não
monólogo interior de um
nem uma carninha assada daquelas que você gosta? com
garoto chamado Carlos.
As ações são rápidas e uma cebolinha de folha lá da horta um limãozinho uma
mostram um personagem pimentinha? ela sorriu e deu uma palmadinha no meu joelho
completamente inserido
e eu também sorri mas falei que não não estava com a
em seu universo social e
psicológico. menor fome nem uma coisinha meu filho? uma coisinha só?
Neste conto, o escritor
eu falei que não e então ela ficou me olhando e então ela saiu
mineiro Luiz Vilela do quarto eu estava de sapatos e ela não falou nada ela não
utilizou uma técnica falaria nada meus sapatos engraxados bonitos brilhantes
com que buscou imitar a
lógica do pensamento,
ele não quer comer nada? escutei Papai perguntando e Ma-
com monólogo interior, mãe decerto só balançou a cabeça porque não escutei ela res-
palavras soltas, etc. Os ponder e agora eles estavam comendo em silêncio os
críticos literários definem
essa técnica como
dois sozinhos lá na mesa em silêncio o barulho dos garfos
fluxo de consciência. a casa quieta e fria e triste o vento zunindo lá fora e nas ve-
Observe também que o nezianas de meu quarto
fluxo de consciência do
personagem é facilitado
— você precisa compreender isso Carlos
pelo discurso indireto livre. — não posso Míriam
— não daria certo
— não daria certo?
— nossos temperamentos não combinam
— não é verdade
— assim será melhor para nós dois
não Míriam não é verdade Míriam não é certo Míriam
não pode Míriam
não pode não pode! ó meu Deus não pode
Papai estava parado à porta pensei que você estava dor-
mindo ele falou eu sorri que vento hem! ele falou e eu olhei
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Manual do Educador

Conto psicológico

93
Capítulo
2
para a vidraça e lá estavam as roseiras frágeis e assustadas,
fustigadas pelo vento esse mês de junho é terrível ele falou
ele estava parado no meio do quarto estava de paletó e gra-
vata de pulôver esfregava as mãos eu vou lá no Jorge BNCC – Habilidades gerais
você não quer ir também? ele ficou olhando pra mim esperando
não papai dar uma volta? não obrigado você vai virar EF69LP44 EF69LP53
sorvete aí dentro ele brincou e eu ri e ele riu e então ficou sério
de novo esfregava as mãos fiquei com pena dele eu sabia
EF69LP46 EF69LP54
que ele queria me dizer alguma coisa sabia quase o que ele EF69LP47
queria me dizer Mamãe devia ter dito a ele Artur chama o
Carlos para dar uma volta e ele dissera isso mas agora era
diferente era ele mesmo que queria me dizer alguma coi-
ficava atrapalhado quando queria
BNCC – Habilidades específicas
sa e estava atrapalhado Dicionário
conversar essas coisas com um filho e então esfregava as
mãos não era por causa do frio Carlos eu sei o que você Fustigadas – Castigadas.
Zunia – Do verbo zunir;
está sentindo ele falou eu sei como é é muito aborrecido
zumbir.
EF89LP32 EF89LP37
mesmo mas há coisas piores sabe?
Cessava – Do verbo EF89LP33 EF09LP04
eu olhei para ele e então ele abaixou a cabeça e de novo cessar; parar.
estava atrapalhado e de novo eu fiquei com pena dele eu sei Irrompiam – Do verbo
que você gosta muito dela eu sei irromper; invadir de
repente.
eu sei que isso é muito aborrecido mas ele olhou pra mim Decerto – Certamente.
não se preocupe Papai eu falei não precisa se preocupar Pulôver – Espécie de
não é nada eu sei mas você não almoçou eu estava sem suéter, agasalho sem
mangas, que se veste
fome pois é e então nós dois ficamos calados ele tirou sobre a camisa.
o relógio do bolso e olhou as horas você não quer ir mesmo
no Jorge? ele perguntou e eu falei que não então ele saiu

Anotações

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Ca
Aprenda
94
do quarto escutei ele abrindo o portão e depois os passos
mais!
dele na calçada o vento zunia lá fora
Quem é Luiz Vilela? eu estava olhando para os meus sapatos ela gostava
Luiz Vilela nasceu em deles assim engraxados bonitos brilhantes você é tão
Ituiutaba (MG), em 1942. cuidadoso Carlos como gosto de você você não pode cal-
Estreou na literatura aos
24 anos, com a coletânea cular o tanto que eu gosto de você se te acontecesse algu-
de contos Tremor de terra, ma coisa se te acontecesse alguma coisa eu não sei o que eu
que lhe garantiu o Prêmio faria mas não vai acontecer nada bem vai? não não vai
Nacional de Ficção. Foi
premiado também no I e não pode se te acontecesse alguma coisa acho que eu mor-
no II Concurso Nacional reria eu gosto demais de você demais demais
de Contos, do Paraná, e fechei os olhos e contei até quinhentos e recordei os nomes
recebeu ainda o Prêmio
Jabuti, da Câmara Brasileira de todas as capitais do Brasil e da Europa e recordei os nomes
do Livro, para o melhor livro das dezenas de rios e dezenas de montanhas e deitei de bru-
de contos do ano, com O fim ços e deitei do lado direito deitei do lado esquerdo e deitei de
de tudo. Suas obras já foram
traduzidas em quinze países. bruços outra vez e pus o travesseiro em cima da cabeça e pus
o travesseiro de baixo da cabeça e apertei a cabeça contra a
Em 2003, a TV Cultura
produziu um programa parede e apertei mais ainda a cabeça contra a parede que ela
chamado Contos da meia-noi- doeu e então virei de costas outra vez e enfiei as mãos nos
te, que exibiu uma adaptação
bolsos colei os braços ao corpo juntei as pernas abri
de Eu estava ali deitado, com
o ator Matheus Nachtergaele os olhos
no papel de Carlos. Confira o e estava de novo olhando através da vidraça as roseiras frá-
vídeo no link abaixo:
geis e assustadas fustigadas pelo vento que zunia lá fora e nas
http://www.youtube.com/ venezianas de meu quarto
watch?v=Qv0f1H7DnTA
VILELA, Luiz. No bar. Rio de Janeiro: Bloch, 1968.

1. Nesse conto, as ações são bastante condensadas no tempo. Quanto dura, mais ou
menos, a narrativa?
A narrativa dura alguns minutos.
2. No conto, temos a sensação de que a mãe de Carlos está bastante preocupada com
ele. Isso fica claro no comportamento dela. Carlos sempre faz algo que ela reprova e, nesse
dia, ele tornou a fazê-lo, mas ela não o reprovou. O que ele fez?
Ele deitou de sapatos na cama.
3. Voltando à questão anterior, o que a mãe de Carlos costumava dizer para repreendê-lo
quando ele fazia isso?
Deixe de preguiça, menino!
4. Por que os pais de Carlos parecem preocupados com ele?

Porque ele está triste, por causa do fim de seu relacionamento com Míriam, provavelmente
sua namorada, e não quer comer.

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Manual do Educador

Conto psicológico

95
5. Releia o trecho a seguir, retirado do quarto parágrafo do texto.
Capítulo
2
nem uma carninha assada daquelas que você gosta? com uma cebolinha
de folha lá da horta um limãozinho uma pimentinha?

a) Que personagem profere essas falas?


A mãe de Carlos.
b) Transcreva as palavras que estão no grau diminutivo.
Carninha, cebolinha, limãozinho, pimentinha.
c) O que essas palavras flexionadas no diminutivo sugerem a respeito da personagem que
as fala?
Sugestão: Essas palavras sugerem o carinho com que a mãe falava com o filho, devido à
preocupação que tinha com ele.
6. Releia este trecho:

— você precisa compreender isso Carlos


— não posso Míriam
— não daria certo
— não daria certo?
— nossos temperamentos não combinam
— não é verdade
— assim será melhor para nós dois
não Míriam não é verdade Míriam não é certo Míriam não pode Míriam não
pode não pode! ó meu Deus não pode

a) No conto, percebemos que o sentimento predominante é o de tristeza do narrador. A


personagem Míriam tem algo a ver com esse sentimento? Explique.
Sim, pois a tristeza de Carlos se deve ao fato de Míriam ter terminado o relacionamento com ele.

b) Transcreva o termo que o narrador utiliza para expressar seu lamento.


“ó meu Deus”
7.No conto, Carlos relembra dois momentos vivenciados com Míriam. Que momentos
são esses?
O momento em que ela termina o relacionamento com ele de maneira fria e o momento em
que ela, apaixonada, confessa seu amor por ele.
8.Na questão anterior, você apontou dois momentos que Carlos vivenciou com Míriam.
Qual desses momentos aconteceu primeiro?
O momento em que ela confessa morrer de amores por ele.

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Ca

96 9. O texto procura representar um fluxo de consciência, ou seja, a livre associação de


ideias do narrador-personagem. Aponte dois recursos expressivos, presentes no texto, que
foram empregados com essa finalidade.
Dois recursos expressivos são a falta de pontuação e o polissíndeto (repetição da conjun-
ção e), que revelam a fragmentação e o simultaneísmo próprios do fluxo de consciência.
10. Cite, do texto, um exemplo do discurso da mãe inserido no fluxo de consciência do nar-
rador.
Sugestões: “deixe de preguiça, menino!” e “você não quer mesmo almoçar?”
11. Agora, releia o trecho a seguir.

Papai estava parado à porta pensei que você estava dormindo ele falou eu
sorri que vento hem! ele falou e eu olhei para a vidraça […] ele estava parado
no meio do quarto estava de paletó e gravata de pulôver esfregava as mãos
eu vou lá no Jorge você não quer ir também? ele ficou olhando pra mim esperando
não papai dar uma volta? não obrigado você vai virar sorvete aí dentro
ele brincou e eu ri e ele riu e então ficou sério de novo esfregava as mãos fiquei
com pena dele eu sabia que ele queria me dizer alguma coisa sabia quase
o que ele queria me dizer Mamãe devia ter dito a ele Artur chama o Carlos para
dar uma volta e ele dissera isso mas agora era diferente era ele mesmo que
queria me dizer alguma coisa e estava atrapalhado ficava atrapalhado quando
queria conversar essas coisas com um filho e então esfregava as mãos não
era por causa do frio Carlos eu sei o que você está sentindo ele falou eu sei
como é é muito aborrecido mesmo mas há coisas piores sabe?

a) Nesse trecho, vemos a cena em que o pai encontra Carlos no quarto. Algo sugere que
o pai não está à vontade. Que gesto seu denuncia isso?
O gesto de esfregar as mãos.
b) Transcreva o período em que o narrador sugere saber por que o pai aparentava certo
nervosismo.
Sugestões de resposta: “sabia quase o que ele queria me dizer” ou “não era por causa do frio”.

12. Nesse conto, o autor optou por utilizar pouquíssimos sinais de pontuação e separar
frases por meio de lacunas. De que forma essa tática facilita a aproximação entre o leitor e
o narrador?
Essa tática aproxima leitor e narrador, pois possibilita uma leitura ritmada com o fluxo de
consciência do narrador-personagem.

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Manual do Educador

Conto psicológico

97
Capítulo
2 dos desafios.
13.No último parágrafo do conto, Carlos se surpreende novamente olhando as roseiras
e as venezianas, exatamente como no início da narrativa. O que essa volta ao começo do c) No filme, Alegria procura o tem-
po inteiro ignorar Tristeza. No
conto sugere para o leitor?

entanto, há momentos em que


Essa volta ao início da narrativa sugere que ela se repetirá.

14. Carlos é o protagonista desse texto de Luiz Vilela. Que personagem é seu antagonista?
a melancolia é necessária para
Míriam.
enfrentarmos as dificuldades
que surgem em nossa vida.
Mídias em contexto d) Esses sentimentos nos livram de
perigos. O medo faz com que
1. Neste capítulo, vimos como a caracterização psicológica dos personagens é importante
para a construção do texto narrativo. Do mesmo modo, essa caracterização é fundamental,
não corramos riscos desneces-
também, para obras audiovisuais baseadas na narração, como filmes. Uma das melhores sários, e o nojo não deixa comer
obras audiovisuais que aborda claramente essa temática é o vencedor do Oscar Divertida
Mente (Disney/Pixar, 2015), que conta a história de Riley, uma garota divertida, de 11 anos, algo estragado, por exemplo. É
que tem de enfrentar várias mudanças em sua vida quando se muda com a família para fundamental equilibrar essas
emoções para não incorrermos
uma cidade longínqua. No cérebro da menina convivem cinco emoções — Alegria, Tristeza,
Medo, Raiva e Nojo —, responsáveis por processar as informações e armazenar as memó-
rias. A líder dessas emoções é Alegria, que procura o tempo inteiro fazer com que a vida
de Riley seja feliz. Entretanto, uma confusão na sala de controle faz com que ela e Tristeza
em exageros, como ter medo
sejam expelidas da mente da menina. A partir daí, elas precisam percorrer as várias ilhas de tudo ou achar que toda co-
existentes nos pensamentos de Riley para conseguir retornar à sala de controle. Enquanto
isso não acontece, a vida da garota muda radicalmente. O desenho foi dirigido pelo ame-
mida está ruim.
ricano Pete Docter, que procurou ajuda de psicólogos e neurologistas para preparar o bri-
lhante roteiro.
e) A felicidade exagerada nos faz
Com seus colegas e seu professor, assista ao filme Divertida
perder a noção das coisas. É
mente, procurando entender como se constitui a mente da per- como se tudo fosse melhor do
sonagem Riley. Nessa reflexão, analise e opine:
que a realidade. No filme, a
a) Qual a relação entre as memórias e as emoções?
b) Existe sentimento pior ou melhor, ruim ou bom? personagem Alegria não cansa
c) No contexto do filme, a tristeza é necessária?
d) Qual a importância do medo e do nojo para a nossa vida?
de ver as coisas com extremo
e) Por que sentir muita alegria é ruim? Como podemos perceber otimismo — mesmo quando a
isso no filme?
f) Por que sentir raiva é importante? situação exige um pouco de
g) No filme, o que são as memórias-base? Qual é a importância medo, tristeza, nojo ou raiva.
delas para nós?

97
f) A raiva tem o potencial de indig-
nar e corrigir possíveis injusti-
LPemC_2018_BNCC_9A_Cap2.indd 97 08/05/18 06:47
ças. Mais uma vez, é fundamen-
tal equilibrar os sentimentos: na
Sugestão de Abordagem medida certa, a raiva estimula a
pessoa a (se) defender; mas se
Na seção Mídias em Contexto, ções que temos, sejam elas ultrapassa os limites, ela torna a
propomos algumas questões para boas ou ruins, trazem consigo pessoa destrutiva.
reflexão coletiva da turma. As res- sentimentos. g) São as memórias que definem
postas a seguir são sugestões: b) Apesar de preferirmos os mo- grande parte da nossa per-
a) As lembranças são fixadas no mentos alegres, todas as emo- sonalidade. No filme, as me-
cérebro junto com um estado ções são importantes. Assim, mórias-base são esferas que
de humor. Todas as recorda- é preciso saber usá-las da guardam momentos especiais
melhor forma possível diante da vida de Riley.
97

LPemC_ME_2018_BNCC_9A_Cap2.indd 97 02/06/18 08:40


o
3
ul
p ít
Ca 98

Objetivos Pedagógicos

Ao final deste capítulo, o aluno


Capítulo
3 Mundo em

ck
perigo

to
rs
te
t
hu
IS
deve ser capaz de:

rit
pi
as
ph
al
•• Demonstrar conhecimento bá-
sico sobre o gênero e suas
funções sociais: o que é um
artigo expositivo e um semi- 1. Você conhece qual é a finalidade dos

Conhecimentos prévios
artigos expositivos?
nário? Em que situações ocor- 2. Você já participou de um seminário na

rem? Quais são suas caracte- escola?


3. Qual é a relação entre esses dois gê-
rísticas e suas finalidades? neros textuais (artigos expositivos e
seminários)?
•• Expressar-se de forma oral e
escrita sobre os temas abor-
dados nos textos.
•• Reconhecer mais de um tipo Caracterizando o gênero
textual em um mesmo texto.
Na primeira parte deste capítulo, estu- predomínio da exposição, veremos como
•• Realizar leituras inferenciais. daremos um gênero textual cujo objetivo podemos repassar as informações em
principal é informar seus leitores: o artigo apresentações orais. O seminário é uma
•• Identificar fenômenos da lin- expositivo. Com uma linguagem simples, atividade de exposição do conhecimento

guagem, ambiguidade, as- compreensível ao grande público, o articu-


lista procura tornar acessíveis as informa-
realizada em situações formais e que re-
quer bastante planejamento. O seminário
pectos da exposição, informa- ções. A grande jogada é saber abordar de permite aprimorar a expressão oral en-

ções implícitas e explícitas e maneira clara temas muitas vezes bastante


complexos.
quanto expomos informações, por isso é
importante tanto para quem o apresenta
o valor semântico de algumas Depois de conhecer bem as caracterís- quanto para quem o acompanha.

palavras no texto. ticas e funções desse gênero, em que há o

•• Realizar prática e análise lin-


guística, observando a fun-
cionalidade dos pronomes LPemC_2018_BNCC_9A_Cap3.indd
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16:47 LPemC_2015_9A_Cap3_090a1

relativos e das orações subor-


dinadas adjetivas para a ca-
deia textual. Anotações
•• Distinguir as orações adjetivas
e pontuá-las adequadamente
nos períodos.
•• Planejar, produzir e avaliar um
artigo expositivo e um semi-
nário.

9898
Manual do Educador

Artigo expositivo e seminário

99
ck
to
rs

fundar sua didática, mas práticas


de linguagem muito diferencia-
das, que se dão, prioritariamente,
pelo uso da palavra (falada), mas
também por meio da escrita, e
são essas práticas que podem se
tornar objetos de um trabalho es-
colar. Essas práticas tomam, ne-
cessariamente, as formas mais ou
menos estáveis que denomina-
s como mos gêneros, dando continuida-
es em de, diversificando e especifican-
é uma
imento O que estudaremos neste capítulo: do uma velha tradição escolar e
que re-
• Características e funções do artigo
retórica. Essa concepção do oral
minário
ral en- expositivo e do seminário como realidade multiforme levan-
• Pronomes relativos
isso é ta numerosas questões importan-
esenta • Orações subordinadas adjetivas
tes: que gêneros trabalhar e por
• Pontuação das orações subordinadas
adjetivas quê? Que relação instaurar com
a escrita? Como definir a relação
fala e escuta?
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Leitura Complementar

Não existe “o oral”, mas “os sição oral ou, ainda mais, do tea-
orais” em múltiplas formas, que, tro e da leitura para os outros —,
por outro lado, entram em relação como também podem estar mais
com os escritos, de maneiras mui- distanciados — como nos deba-
to diversas: podem se aproximar tes ou, é claro, na conversação
da escrita e mesmo dela depen- cotidiana. Não existe uma essên- SCHNEUWLY; DOLZ et al. (2004).
Gêneros orais e escritos na escola. Campinas:
der — como é o caso da expo- cia mítica do oral que permitiria Mercado de Letras, p. 114.

99
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Ca
O MOMENTO Artigo expositivo e seminário
E ir
100 iM O verão mais quente em
Pr Ag
130 mil anos
Efeito estufa pode deixar polos tão quentes em 2100 quanto glo
Antes de na época do último degelo. cli
começar a ler
da
Temperaturas médias globais cerca de 2 ºC mais altas, ní-
O artigo expositivo que re
você vai ler agora traz vel do mar elevado em mais de um metro e grande parte das
informações muito graves
do
camadas de gelo da Groenlândia, do Ártico e da Antártica der-
sobre o aquecimento an
global, um problema
retidas. Não se trata de um duelo de titãs, mas, sim, de uma
mi
ambiental que tem perspectiva realista para um futuro próximo. Segundo pesqui-
atingido todo o mundo. sadores da Universidade do Arizona, em Tucson, nos Estados htt
As previsões não são das
melhores. O artigo aponta
Unidos, apenas 94 anos nos separam dessa situação. Porém,
que o desprendimento de eles avisam, o aumento da emissão de gases causadores do
icebergs tem sido cada efeito estufa pode até encurtar esse tempo.
As previsões alarmantes, reveladas em dois artigos publi-
vez mais frequente em
várias geleiras do leste
da Groenlândia, e os cados na revista Science da semana passada, foram feitas a
resultados são imediatos: partir de um modelo de camadas de gelo criado pela equipe.
aumento do nível dos
oceanos, secas intensas,
Para as simulações, foi usado um programa de computador,
tragédias climáticas. desenvolvido pelo Centro Nacional de Pesquisas Atmosféricas
dos Estados Unidos para prever o clima.
Com o objetivo de testar a precisão do método, os pesqui-
sadores confrontaram informações naturais sobre o clima do
Aprenda
mais! passado (a partir do estudo de sedimentos, fósseis e núcleos
de gelo) com estimativas do programa sobre as condições cli-
Com ventos de mais máticas da época. O último período interglacial, ocorrido há 130
de 280 km/h, o furacão
Katrina causou enormes mil anos, foi o escolhido para a simulação.
prejuízos no litoral sul Verificada a eficácia do modelo, os pesquisadores resolve-
dos Estados Unidos, ram adotá-lo para simular a temperatura do Ártico no ano de
principalmente em torno
da região metropolitana de 2100. O programa revelou que este será o verão mais quente
Nova Orleans, em 29 de da região em 130 mil anos. O que preocupa é que, na última
agosto de 2005. O furacão vez que tais temperaturas foram verificadas, em 127 994 a.C.,
e a tempestade tropical
que o acompanhou foram a Terra estava em pleno período de degelo. O nível do mar era
responsáveis por números até 6 metros mais elevado do que hoje.
terríveis: mais de mil mortos, Para os cientistas, isso quer dizer que, daqui a menos de 100
1 milhão de pessoas
desalojadas, 2 bilhões de anos, muitas cidades costeiras poderão sofrer alagamentos se-
dólares de prejuízo. veros, que causariam enormes danos materiais e financeiros
http://www.conteudoglobal. ou mesmo impossibilitariam a presença humana nesses lo-
cais. Novas tempestades tropicais e furacões, como o Katrina,
com/atualidades/furacoes/
index.asp?action=furacaokatr
ina&nome=Furac%E3o+Katri ocorrido em Nova Orleans, virão ainda mais fortes do que no
na. Acessado em 02/08/2011.
passado.

100

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100
100
Manual do Educador

Artigo expositivo e seminário

101
Capítulo
3
Agora ou nunca
Os pesquisadores são enfáticos ao dizer que o aquecimento
Leitura
global precisa ser combatido logo, antes que esses problemas Complementar
climáticos se tornem irreversíveis. Eles destacam que muitas Dicionário
das consequências do aumento da emissão de gases causado-
res do efeito estufa já são realidade: a temperatura superficial Alarmantes – Assustado-
ras, aterradoras.
Tipo textual designa uma es-
do Ártico, por exemplo, aumenta 0,5 ºC por década desde os
Eficácia – Qualidade do
anos 1970. Além disso, a área de sua camada de gelo tem di- que é eficaz, ou seja, ideal, pécie de construção teórica (em
minuído 7,7% também a cada dez anos.
geral uma sequência subjacente
infalível.
Júlio Mollica
Severos – Graves.
Enfáticos – Certeiros;
http://cienciahoje.uol.com.br/noticias/ecologia-e-meio-ambiente/o-verao-mais-quente-em-130-
-mil-anos/?searchterm=groenlândia. Acessado em 03/05/2011. enérgicos; taxativos. aos textos) definida pela nature-
Irreversíveis – Que não se
podem reverter, voltar ao za linguística de sua composi-
começo.
ção (aspectos lexicais, sintáticos,
tempos verbais, relações lógicas,
estilo). O tipo caracteriza-se mui-
to mais como sequências lin-
guísticas (sequências retóricas)
do que como textos materializa-
dos; a rigor, são modos textuais.
Em geral, os tipos textuais abran-
gem cerca de meia dúzia de ca-
tegorias conhecidas como narra-
ção, argumentação, exposição,
descrição, injunção. O conjunto
de categorias para designar ti-
pos textuais é limitado e sem
tendência a aumentar. Quando
predomina um modo num dado
texto concreto, dizemos que esse
93
101 é um texto argumentativo ou nar-
rativo ou expositivo ou descritivo
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ou injuntivo.

BNCC – Habilidades gerais BNCC – Habilidades específicas

EF69LP01 EF69LP30 EF89LP05 EF09LP02


EF69LP03 EF69LP31 EF89LP29
EF69LP13 EF69LP34
EF69LP16 EF69LP42
EF69LP29 MARCUSCHI,
L. A. (2008). Produção textual, análise de
gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola,
pp. 154–155.

101
o
3
ul
p ít
Ca

102 Tome nota


Compartilhe
Para discutir 5.
res
ideias
1. Caso as previsões expostas nesse artigo se confirmem, para
você como será a vida na Terra no ano 2100?
2. Será que, diante dessas previsões alarmantes, o ser humano
encontrará alguma solução?
3. Os pesquisadores alertam para o fato de que o aquecimento
global precisa ser combatido logo. O que é possível fazer?
4. O que você e sua família têm feito a esse respeito?
a)
É
b)
pe

Desvendando os segredos do texto Pe

c)
éa
1. Qual é o principal objetivo comunicativo desse artigo?
em
Informar o leitor sobre as previsões alarmantes acerca do aque- me
nis
cimento global. as
A

2. Para escrever esse artigo, o jornalista utilizou informações da


de outros textos. Quais foram eles? ap
Dois artigos publicados na revista Science na semana anterior
à publicação do seu texto.

d)

3. É possível identificar a autoria desses outros textos?
Sim
Sim. Pesquisadores da Universidade do Arizona.
de
e
4. Transcreva, do segundo e terceiro parágrafos, os termos tra
utilizados pelo autor para se referir aos autores desses textos.
Equipe (segundo parágrafo) e pesquisadores (terceiro pará-
grafo).

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102
102
Manual do Educador

Artigo expositivo e seminário

103
Capítulo
3
5. Releia o trecho a seguir, retirado do primeiro parágrafo, e

Sugestão de
responda às questões:
para
Temperaturas médias globais cerca de 2 ºC mais altas, Abordagem
mano nível do mar elevado em mais de um metro e grande parte
das camadas de gelo da Groenlândia, do Ártico e da An-
mento tártica derretidas. Para responder à questão 3
er? da seção Para discutir, é im-
a) Essa é uma frase verbal ou nominal? portante chamar a atenção
É uma frase nominal.
dos alunos para a necessi-
b) Transcreva, do primeiro parágrafo, a expressão utilizada
pelo jornalista para resumir essa frase.
dade de reciclar o lixo, utili-
Perspectiva realista. zar mais os recursos natu-
c) Como você se lembra, um importante mecanismo gramatical rais renováveis, economizar
é a concordância nominal, isto é, a relação de concordância água, etc. As questões 1, 2
o? em gênero e número que se dá entre artigos, adjetivos, prono-
o aque- mes e numerais e o substantivo ao qual se referem. Pensando e 4 são de cunho pessoal.
nisso, explique por que a palavra derretidas, nesse contexto,
assumiu essa forma (feminina e plural).
A palavra derretidas (adjetivo) concorda com o termo cama-

mações das de gelo da Groenlândia, do Ártico e da Antártica, que


apresenta traços de feminino e plural.
nterior
Anotações
d) Nesse trecho, a palavra derretidas poderia ser grafada tam-
bém no singular? Explique.
?
Sim. Nesse caso, a palavra concordaria com todo o termo gran-
de parte das camadas de gelo da Groenlândia, do Ártico
e da Antártica, em que a expressão grande parte apresenta
termos traços de feminino e singular.
extos.
pará-

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Ca
6. No contexto em que ocorre, a palavra alarmantes (segun-
104 do parágrafo) poderia ser substituída, sem alteração de senti-
do, por:
a) Otimistas.
b) Enganosas.
c) Preocupantes.
d) Interessantes.
e) Verdadeiras.
Aprenda
mais! 7. No segundo parágrafo, a expressão a partir de tem o valor de:

Oceanos subiriam 7 m só
a) No entanto.
com o derretimento do b) Com base em.
gelo da Groenlândia c) À medida que.
Em outubro de 2010, os d) Apesar de.
repórteres Sônia Bridi e e) Desde que.
Paulo Zero, da TV Globo,
visitaram doze países com
o objetivo de mostrar, bem 8. “O programa revelou que este será o verão mais quente
de perto, a gravidade dos da região em 130 mil anos” (quarto parágrafo). A respeito do
efeitos do aquecimento
global. A primeira parte termo grifado, analise as afirmações abaixo.
dessa missão foi realizada
no extremo norte da I. O termo grifado complementa o sentido do verbo revelar.
Terra, na Groenlândia, o II. O termo grifado poderia ser suprimido sem prejuízo de sen-
lugar que mais sofre os tido.
efeitos das mudanças
climáticas. Na reportagem, III. Não haveria mudança de sentido caso substituíssemos o
eles mostram que, se a termo destacado por que este será o verão mais quente
Terra do Gelo derretesse de todos os tempos.
completamente, o nível dos
oceanos subiria 7 m. Está(ão) correta(s):
a) I.
b) II.
c) III.
d) I e II.
e) II e III.

9. Releia o quinto parágrafo do texto e avalie as informações


que seguem.
I. Haveria mudança de sentido caso substituíssemos a forma
verbal poderão sofrer por sofreriam.
II. A expressão nesses locais se refere a cidades costeiras.
III. As formas verbais não expressam certeza sobre a realiza-
ção dos fatos previstos.
IV. A palavra isso resume as informações expressas no pará-
grafo anterior.

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104
104
Manual do Educador

Artigo expositivo e seminário

105
Capítulo
3
segun- Estão corretas:
a) I, II e IV, apenas. Aprenda
sentido,
b) II e III, apenas. mais! Sugestão de
c) III e IV, apenas.
d) I e IV, apenas.
Ciência com simplicidade Abordagem
Normalmente, os artigos
e) Todas. expositivos são escritos

10.Embora não exista uma indicação direta do ano de publica-


por jornalistas, que têm
como público pessoas Na seção aprenda mais,
comentamos a reportagem
interessadas em ampliar
ção desse artigo, podemos identificá-lo claramente com base seus conhecimentos. Por
nas informações apresentadas. Explique.
feita por Paulo Zero e Sônia
essa razão, esse gênero
alor de:
textual muitas vezes é
No terceiro e quarto parágrafos do texto, o autor apresenta a confundido com o artigo

informação de que o último período interglacial ocorreu há 130


de divulgação científica. Bridi. Caso seja possível,
No entanto, o artigo

mil anos, precisamente no ano 127.994 a.C. Tendo como base


expositivo não se aprofunda
tanto nas informações,
seria interessante exibi-la
o calendário cristão, cujo marco é o nascimento de Cristo, ano
não busca explicar os
fenômenos de que trata e,
para a turma. Você pode
quente 0 (zero), basta subtrairmos 127.994 de 130.000 e chegamos ao
em geral, são publicados
em jornais e revistas de
encontrar essa reportagem
eito do ano de publicação: 2006.
grande circulação. Já
no artigo de divulgação
e todas da série, que foi
elar.
científica, o pesquisador
ou cientista toma para ao ar no Fantástico, no link
abaixo:
si a responsabilidade de
sentido. divulgar para o grande
s o ter- público o resultado de
nte de Bruce Rolff I Shutterstock
seus estudos ou de seus
colegas. Os veículos de ht tp:// fantastico.glo -
bo.com/Jornalismo/
publicação são revistas
e sites especializados,

FA N T/ 0 , , M U L16 247 9 2 -
livros, jornais, etc., que
desempenham o importante
papel de ligar o mundo
acadêmico ou científico ao 15605,00-OCEANOS+SUB
grande público.
Tanto em um gênero quanto IRIAM+SETE+METROS+A
PENAS+COM+DERRETIM
no outro, as informações
divulgadas têm origem
em livros, revistas, sites
mações especializados, entrevistas, ENTO+DO+GELO+DA+GR
outros artigos, etc. Após a
pesquisa, as informações OENLANDIA.html
a forma mais relevantes são
selecionadas e recebem o

eiras.
tratamento adequado para
se tornarem claras para o
lização leitor comum. Assim, esses

BNCC – Habilidades específicas


artigos são uma excelente
fonte de informação para
o pará- compreendermos o mundo
à nossa volta.

105
EF89LP29 EF09LP11
EF09LP04
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Anotações

105
o
3
ul
p ít
Ca 106
Compartilhe Análise linguística
ideias

Diálogo com Pronomes relativos


o professor Releia o trecho a seguir, retirado do quinto parágrafo do texto
de abertura deste capítulo.

Procuramos apresentar uma Para os cientistas, isso quer dizer que, daqui a menos
definição ampla de pronome de 100 anos, muitas cidades costeiras poderão sofrer ala-
gamentos severos, que causariam enormes danos mate-
relativo para não incorrer no riais e financeiros ou mesmo impossibilitariam a presença
humana nesses locais.
engano de simplificar para fa-
cilitar. Entendemos que, caso 1. Podemos dizer que as orações que causariam enormes
danos materiais e financeiros ou mesmo impossibilita-
definíssemos essa classe de riam a presença humana nesses locais acrescentam in-
palavras conforme a tradição formações sobre o termo alagamentos severos? Explique.
2. Qual é o sujeito da forma verbal causariam?
(palavras que retomam termos
Observe que o sujeito da forma verbal causariam não está
que os antecedem substituin- na oração estruturada em torno desse verbo, mas substitui um

do-os), acabaríamos por repro- termo da oração anterior e estabelece relação entre os dois
enunciados.
duzir um conceito confuso. Por Sujeito de causariam

essa definição, qualquer termo “[…] cidades costeiras poderão sofrer alagamentos severos,

com função anafórica pode Oração A Objeto direto da forma


ser entendido como pronome verbal poderão sofrer

relativo. Assim, nos apoiamos que causariam enormes danos […].”

em Azeredo (2008), que define Sujeito de causariam Oração B


esse tipo de pronome como “a
Nessa situação, o pronome que desempenha duas funções
classe de palavras gramaticais muito importantes: ela relaciona as duas orações e atua como
sujeito, retomando uma expressão substantiva expressa an-
que reúne as características teriormente (alagamentos severos). Por essa razão, dizemos
anafóricas do pronome pessoal que essa palavra exerce, nesse caso, a função de pronome
relativo. Assim, os pronomes relativos são palavras que reto-
e a função conectiva da conjun- mam o termo que os antecede, substituindo-o em outra ora-
ção subordinativa” (p. 198). 106

Importante notar que os prono-


mes relativos derivam sintagmas
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adjetivos. Isso ocorre necessa-


riamente quando o relativo é em-
A respeito do uso dos relativos que esta é apenas uma dentre as
pregado após o substantivo ou
precedidos de preposição e dos inúmeras diferenças entre a gra-
pronome ao qual se refere:
relativos chamados eruditos, so- mática do português brasileiro fa-
A história que contei. bretudo cujo, buscamos apontar lado urbano culto e a gramática
O livro cuja capa caiu. o que faz parte da nossa reali- normativa.
dade de uso e o que a gramá-
Duas casas em que trabalhei. tica tradicional postula. Por isso,
Um amigo em que confiamos. é importante mostrar aos alunos

106
106
Manual do Educador

Artigo expositivo e seminário

107
Capítulo
3
ção dentro do mesmo período. Portanto, dizemos que esses

Sugestão de
pronomes subordinam orações.
Nos textos, os pronomes relativos são fundamentais para
evitar a repetição desnecessária de algum termo. No trecho em
análise, observe como ficaria o período caso não utilizássemos Abordagem
o pronome relativo:
Para as questões da seção
Análise linguística, propomos
Para os cientistas, isso quer dizer que, daqui a menos de
100 anos, muitas cidades costeiras poderão sofrer ala-
gamentos severos. Esses alagamentos severos cau- estas respostas:
sariam enormes danos materiais e financeiros ou mesmo
impossibilitariam a presença humana nesses locais.
1. Sim. Essas orações funcio-
Assim, podemos concluir que esse tipo de pronome contribui nam como um adjetivo que
bastante para a fluência do texto, pois as repetições desneces-
sárias tornam a leitura cansativa.
modifica o núcleo substanti-
Na tabela abaixo, conheça os pronomes relativos: vo ao qual se referem.
Pronome Função Exemplos 2. Alagamentos severos.
Que Retoma um substantivo que Li o artigo que você escreveu.
designa pessoa, coisa ou lugar. Adorei a blusa que ela está
usando.
A cidade que visitei era quente.
Quem Retoma um substantivo que Este é o cientista a quem dediquei to dessa classe de palavras,
designa pessoa. meu livro.
Esta é a mulher com quem decidi como a omissão cada vez
me casar.
mais frequente da preposi-
O qual, os Retomam um substantivo que Li o artigo o qual você elogiou.
quais, a qual, designa pessoa ou coisa. As pessoas as quais amamos ção comentada nos exem-
as quais Por isso, são usados como foram convidadas.
plos apresentados na página
equivalentes a que. Gosto dos livros aos quais você se
referiu. 103. Contudo, podemos ir
O porque ao qual fomos é imenso.
mais além. Em linhas gerais,
Onde Retoma um substantivo que Este é o hospital onde fiquei
designa lugar (formalmente internado. em concordância com Bagno
A casa onde morei na infância foi
expressa só essa circunstância).
demolida.
(2011: 900), “ao que parece,
Cujo Retoma um substantivo e Aquela é a casa cujo telhado caiu. os pronomes relativos se redu-
Tenho um amigo cuja imaginação é
expressa uma relação de posse.
bem criativa.
ziram no português brasileiro
falado a um simples concetor
107
— que —, sem nenhuma pro-
priedade pronominal (ou seja,
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sem propriedade anafórica),


Diálogo com
denominado pelos estudiosos
BNCC – Habilidades gerais o professor
relativo universal. A sobrevi-
EF69LP55 Procuramos apresentar os vência dos pronomes relativos
EF69LP56 pronomes relativos de ma- parece cada vez mais restrita
neira ponderada, isto é, abor- aos gêneros escritos mais mo-
dando o entendimento da nitorados. No entanto, mesmo
BNCC – Habilidades específicas aí já encontramos indícios que
gramática tradicional e apon-
EF09LP04 tando aspectos relevantes do anunciam a provável extinção
EF09LP11 português brasileiro a respei- futura desses pronomes”.

107
o
3
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Ca
Emprego dos pronomes relativos
108 Compartilhe
ideias Que de
su
O pronome relativo empregado em todas as variedades da- çã
língua portuguesa é o que, pois é muito mais simples que o Ne
qual (e variações) e é usado para representar coisa, pessoa ou
lugar já mencionados.

Fique com o computador que comprei. (coisa)


Foi ele que me convidou. (pessoa)
A cidade em que cresci mudou muito. (lugar)
Cu
É preciso ter cuidado para não confundir a função do que.
Como vimos no capítulo anterior, essa palavra pode funcionar po
também como conjunção integrante, introduzindo uma oração
subordinada substantiva. Como pronome relativo, que pode ser
substituído por o qual (e variações), o que não acontece quan-
do desempenha a função de conjunção integrante. Observe:

Ela não sabia que sua amiga de infância não a convidaria.

Conjunção integrante – Introduz a oração subordinada


substantiva objetiva direta. Não pode ser substituída por a qual.

Ela não foi convidada pela amiga, que conhecia desde a infância.

Pronome relativo – Pode ser substituído por a qual.

Onde
Esse pronome relativo deve ser usado apenas para substi-
tuir termos substantivos que indicam lugar, mas é possível em-
pregar também outros pronomes:

A escola onde estudei fechou.


A rua onde fui assaltado não tem policiamento.
A praça em que nos encontramos é ótima.
A cidade na qual nasci é patrimônio cultural.

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108
Manual do Educador

Artigo expositivo e seminário

109
Capítulo
3
Embora a gramática normativa imponha a obrigatorieda-
de de usarmos o relativo onde apenas para substituir termos
substantivos que indiquem lugar, nem sempre essa substitui-
ção é adequada às normas de uso, isto é, soa meio esquisito.
Nesses casos, prefira empregar que ou o qual.

O país onde visitamos é incrível. (inadequado)


O país que visitamos é incrível. (adequado)

Cujo

O cujo (e variações) é utilizado para indicar uma relação de


posse. Observe:

Não gosto daquele filme. O personagem principal daquele


filme morre.

Não gosto daquele filme cujo personagem principal morre.

Adoro lugares cujo clima é frio.


Adoro lugares cujos moradores são simpáticos.
Comprei uma casa cujas instalações elétricas estão um
caos.

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Na prática, o relativo cujo está caindo em desuso. Mesmo
em situações de comunicação formal, ele praticamente não é za
utilizado. Em seu lugar, normalmente empregamos o que. Em- ap
bora esse uso seja extremamente cotidiano, a gramática nor-
mativa ainda o condena, explicando que o relativo que não ex-
pressa relação de posse. Portanto, de acordo com a gramática
normativa, são inadequadas construções como:

Prefiro comidas que o tempero é leve.


Admiro artistas que a personalidade não muda com a fama.

O pronome relativo precedido por preposição


vro
Observe a relação existente entre estas duas orações: ve
sim
se
Este é o livro. Eu emprestei este livro. me

O livro

Este é o livro que eu emprestei. E

Primeira oração Segunda oração

Como o pronome que, na segunda oração, retoma o livro,


temos: po
na
que eu emprestei = o livro eu emprestei = eu emprestei o livro éc
pre
pro

tru

çõ

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110
Manual do Educador

Artigo expositivo e seminário

111
Capítulo
3
Agora observe como é esse mesmo processo quando utili-
zamos, por exemplo, o verbo gostar (transitivo indireto – pede
a preposição de):

Este é o livro. Eu gostei desse livro.

o livro

Este é o livro de que gostei.

Preposição exigida pelo verbo gostar.

Como você certamente percebeu, a construção “Este é o li-


vro de que gostei” é um período composto de duas orações, e o
verbo que estrutura a segunda oração é transitivo indireto. As-
sim, a gramática normativa determina que o pronome relativo
seja precedido pela preposição exigida pelo verbo. Observe a
mesma situação com outros verbos transitivos indiretos.

em que / o qual você acredita. → acreditar em algo


de que / o qual você discorda. → discordar de algo
Este é o livro
de cujo tema discordo. → discordar de algo
com que / o qual você simpatiza. → simpatizar com algo

Embora a presença da preposição nos casos acima seja im-


posta pela gramática normativa, ela vem sendo suprimida tanto
na fala quanto na escrita, mesmo em situações formais. Assim,
é cada vez mais comum falarmos (e escrevermos) omitindo a
preposição exigida pelo verbo e utilizando apenas o que como
pronome relativo:

Este é o livro que você acredita.


Este é o livro que você discorda.
Este é o livro que você simpatiza.
O país que a gente sonha.

Embora sejam comuns na nossa comunicação diária, cons-


truções como essas ainda são consideradas erradas pela gra-
mática normativa, ou seja, não deveriam ser usadas em situa-
ções de uso formal da língua.

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Ca 112
5. Ass
a) Todo
Prática linguística b) Muit
Diálogo com c) Algu
O estranho comportamento dos gambás
o professor Há alguns animais que se fingem de mortos. Em vez de cor-
para
d) A ex
rer ou lutar contra o inimigo, eles se deitam imóveis, parecen- dos
e) O e
Tomando como base a do mortos. Isso confunde muitos predadores, que preferem se
seus
alimentar de animais vivos. Esse tipo de comportamento dos
questão 1, seria interessante gambás norte-americanos deu origem à expressão “brincar
6. Em
rememorar o aluno sobre os de morrer”. Quando atacados, eles mancam, caem e rolam no
chão, fecham os olhos e ficam com a língua para fora — o sufi- gos:
tipos textuais e suas carac- ciente para afugentar a maioria de seus inimigos! a) De a
b) Do p
terísticas básicas. A respeito O mundo da natureza — fatos incríveis. São Paulo. Melhoramentos. Adaptado.
c) Dos
dos tipos de textos, Marcus- 1. Podemos dizer que esse texto é predominantemente: d) Dos
a) Expositivo. e) Dos
chi (2008) diz que “um ele- b) Narrativo.
7. “Há
mento central na organiza- c) Descritivo.
d) Argumentativo. no sing
ção de textos narrativos é a e) Narrativo-descritivo. a) Há a
b) Há a
sequência temporal. Já no 2. O objetivo principal desse texto é: c) Há a
caso de textos descritivos a) Mostrar que os gambás são animais covardes. d) Hão
b) Provar que os gambás têm atitudes erradas na natureza. e) Hão
predominam as sequências c) Argumentar contra o estranho comportamento dos gambás.
8. “Há
de localização. Os textos d) Narrar a maneira como os gambás sobrevivem na natureza.
se for e
e) Trazer para o leitor curiosidades interessantes sobre os gambás.
expositivos apresentam o a) Have
3. Alguns animais se fingem de mortos para: b) Hav
predomínio de sequências a) Lutar contra o inimigo. c) Hou
analíticas ou então explicita- b) Devorar os animais vivos. d) Hou
c) Enganar seus inimigos. e) Have
mente explicativas. Os tex- d) Brincar com seus amigos.
9. Ain
tos argumentativos se dão e) Atrair seus predadores.
afirmar
pelo predomínio de sequên- 4. Os gambás, quando atacados, preferem: substitu
a) Deitar-se, ficando sem se mexer. a) Que
cias contrastivas explícitas. b) Andar de olhos fechados. b) Que
Por fim, os textos injuntivos c) Lutar com todas as forças. c) Que
d) Correr para bem longe. d) Que
apresentam o predomínio e) Colocar a língua para fora e fingir cansaço. e) Que
de sequências imperativas”. 112
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Leitura Complementar
Anotações

DIONISIO, Ângela Paiva; MACHADO,


Anna Rachel; BEZERRA, Maria
Auxiliadora (2005).
Gêneros textuais e ensino.
Rio de Janeiro: Lucerna, 2005.

112
112
Manual do Educador

Artigo expositivo e seminário

113
Capítulo
3
5.Assinale a alternativa que contém uma afirmação do texto. Tome nota
a) Todos os animais se fingem de mortos quando são atacados. Compartilhe
ideias
b) Muitos animais gostam de ter como alimento animais vivos.
c) Alguns animais, como o gambá, lutam até ficar com a língua
para fora.
or- d) A expressão brincar de morrer refere-se ao comportamento
n- dos predadores dos gambás.
se e) O estranho comportamento dos gambás afasta todos os
os seus predadores.
ar
6. Em “seus inimigos”, no final do texto, seus refere-se a inimi-
no
ufi- gos:
a) De animais que foram mortos.
do.
b) Do povo norte-americano.
c) Dos animais predadores.
d) Dos gambás.
e) Dos predadores.

7.“Há animais que se fingem de mortos.” Essa frase, escrita


no singular, fica:
a) Há animal que se fingem de morto.
b) Há animal que se finge de morto.
c) Há animais que se finge de mortos.
d) Hão animais que se fingem de mortos.
e) Hão animal que se finge de morto.
s.
za. 8.“Há alguns animais que se fingem de mortos.” Se essa fra-
ás. se for escrita no tempo passado, os verbos ficarão:
a) Haverá, fingiram.
b) Haverá, fingirão.
c) Houve, fingirão.
d) Houve, fingiram.
e) Haveriam, fingiriam.

9. Ainda analisando o primeiro período do texto, podemos


afirmar que, dentro do contexto, a segunda oração poderia ser
substituída por:
a) Que fogem de seus inimigos.
b) Que enfrentam seus predadores.
c) Que assustam seus inimigos.
d) Que morrem para afastar seus inimigos.
e) Que são muito espertos.
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10. No primeiro período do texto, a palavra que pode ser subs-
Compartilhe
ideias tituída por:
a) Cujo.
Leitura b) Onde.

Complementar c) Quem.
d) As quais.
e) Os quais.
Há uma crença muito forte em 11. “Os gambás atacados mancam, caem e rolam no chão.” O
nossa cultura a respeito da habili- motivo do uso da vírgula nessa frase é o mesmo que na seguin-

dade de escrever. Muitas pessoas te frase:


a) Os gambás soltam cheiro ruim, alimentam-se de frutas e se
acreditam que a capacidade de fingem de mortos.
b) Quando os gambás são atacados, eles se fingem de mortos.
escrever está associada à inspira- c) Os gambás se fingem de mortos, mas outros animais tam-
ção e à veia artística de alguns. bém.
d) Em vez de lutar contra seus inimigos, os gambás preferem
Grande engano. se fingir de mortos.
e) Os gambás, quando atacados, se fingem de mortos.
A escrita, muito mais do que
inspiração, requer do escritor 12. Assinale a alternativa que preenche, de acordo com a gra-
mática normativa, o espaço em branco da seguinte frase:
conhecimento prévio, leituras di-
versificadas, investigação sobre Contra ataques, eu _____________ como um gambá.

o assunto abordado, reconheci- a) Se defendo.


b) Defendo-se.
mento da forma e da estrutura do c) Mim defendo.
texto a ser escrito e, claro, traba- d) Me defendo.
e) Me defendo-me.
lho e dedicação no processo de
construção do texto propriamente 13. Analise o período selecionado do texto e, em seguida, ava-
lie as afirmações feitas:
dito. Entende-se dessa forma que
um texto necessita de conteúdo, Isso confunde muitos predadores, que preferem se
alimentar de animais vivos.
informações variadas, estrutura
I. A palavra isso se refere à atitude dos gambás de se deita-
definida, adequação das pala- rem imóveis, parecendo mortos, diante do inimigo.
vras e relação de sentido e um II. A palavra que evita a repetição do termo muitos preda-
dores.
elo entre as ideias apresentadas.
Assim, escrever um texto não é 114

tarefa advinda de dons especiais,


mas um exercício contínuo de LPemC_2018_BNCC_9A_Cap3.indd 114 08/05/18 00:59

produção e aperfeiçoamento de
habilidades específicas necessá-
rias ao escritor para que ele pos- BNCC – Habilidades gerais BNCC – Habilidades específicas
sa se expressar satisfatoriamente.
EF69LP06 EF69LP34 EF89LP02 EF89LP24
BORTONE, Maria Elizabeth; EF69LP07 EF69LP35 EF89LP05 EF89LP25
BRAGA MARTINS, Cátia Regina (2008).
A construção da leitura e da escrita: EF69LP08 EF69LP36
do 6º ao 9º ano do ensino fundamental. São EF69LP32
Paulo: Parábola.

114
114
Manual do Educador

Artigo expositivo e seminário

115
Capítulo
3
III. O sujeito do verbo preferir é o pronome isso.
IV. A palavra que equivale a os quais.
V. Na frase “Ele é homem muito vivo, sempre quer tirar alguma
vantagem”, o adjetivo vivo tem o mesmo sentido que no pe-
ríodo da página anterior.

Estão corretas:
a) I, II e IV.
b) II, III e V.
c) I, III e IV.
d) IV e V.
e) Todas.

14. Na frase “[…] assim como na novela das oito, na qual se


torce para que os personagens se superem ou se afundem em
suas encruzilhadas existenciais”, as expressões em destaque
podem ser substituídas, respectivamente, sem alteração de sen-
tido, por:
a) Qual, onde.
b) Cuja, de modo que.
c) Que, de forma que.
d) Em que, a tal ponto que.
e) Em que, a fim de que.

É hora de produzir

Antes de começar a escrever


Como vimos no início deste capítulo, nos artigos expositivos
o objetivo é levar ao leitor informações importantes em lingua-
gem compreensível ao grande público. Para isso, é comum o
uso de figuras de linguagem (comparações, metáforas, hipér-
boles, metonímias, etc.), como ocorre com a expressão duelo
de titãs no primeiro parágrafo do artigo O verão mais quente
em 130 mil anos. Essa maneira de empregar a linguagem con-
tribui bastante para aproximar autor e leitor e, evidentemen-
te, não ocorre apenas em artigos desse tipo. É comum o uso
de figuras de linguagem, por exemplo, em textos jornalísticos,
como ocorre no relato que você vai ler a seguir. Neste fragmen-

115

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115
o
3
ul
p ít
Ca 116
to, a repórter relata como foi um dos dias que passou na aldeia
dos inuítes na Groenlândia. Os inuítes são um povo da nação
indígena esquimó que vive nas regiões árticas do Canadá, do
Repensando o Alasca e da Groenlândia.

Ensino da Gramática
Neste claro dia de outono, uma baleia gorda será cor-
tada em pedaços que serão distribuídos entre os 123
Diante da multiplicidade de habitantes da aldeia. Por um golpe de sorte, o animal
encalhou vivo, convidando para uma festa da qual to-
gêneros existentes e diante dos sairão de barriga cheia! O odor peculiar e a pobreza
da necessidade de esco- estão no ar, mas a luz brilhante e transparente ilumina as
caras das mulheres e das crianças reunidas para um bai-
lha, pergunta-se: será que le. Um teclado começa a tocar […]. Um rapaz do povoado
filma tudo com sua câmera. O novo se choca com o anti-
existe algum gênero ideal go. A cultura que durante séculos sustentou os nativos da
para tratamento em sala de ilha está perdendo o sentido.

aula? Ou será que existem


Anne Palmers
http://www.terra.com.br/revistaplaneta/edicoes/461/artigo211227-1.htm
Acessado em 30/04/2011.

gêneros que são mais im-


portantes que outros? […] Agora, discuta com os seus colegas e responda às questões
Desde já, deve ficar claro a seguir.
1. Qual é o sentido da expressão golpe de sorte nesse
que não há uma resposta trecho?
consensual. Os próprios 2. Quais figuras de linguagem identificamos entre o verbo con-
vidar e o seu sujeito?
PCN têm grande dificulda- 3. Qual é o sentido da expressão barriga cheia?
de quando chegam a este
ponto e parece que há gê- Proposta
neros mais adequados para Agora, você produzirá um artigo expositivo supondo que ele
a leitura, pois tudo indica será publicado em uma revista de grande circulação do País.
O tema a ser trabalhado deverá se relacionar com o meio am-
que em certos casos so- biente. A seguir, propomos algumas sugestões:
mos confrontados apenas • Desmatamento florestal.

com um consumo receptivo •
Reciclagem do lixo.
Racionalização do uso da água.
e em outros casos temos • Poluição industrial.
• Tratamento do esgoto.
que produzir os textos. As-
116
108
sim, um bilhete, uma carta
pessoal e uma listagem são
importantes para todos os
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cidadãos, mas uma notícia


de jornal, uma reportagem Sugestão de Abordagem
e um editorial são gêneros
menos praticados pelos in- Na seção Proposta sugerimos o conhecimento de mundo deles.
divíduos, mas lidos por to- alguns temas para a produção Seria interessante também dis-
dos […]. do artigo expositivo. Você pode cutir com eles a importância de
levantar suposições e questiona- sistematizar as informações estu-
mentos sobre os tópicos para que dadas, a fim de apresentá-las a
os alunos se familiarizem com os outras pessoas.
temas. Essa atividade irá aguçar

116
116
Manual do Educador

Artigo expositivo e seminário

117
Capítulo
3
a aldeia Planejamento
Compartilhe
Sugestão de
nação
adá, do 1. Para produzir um bom artigo expositivo, é fundamental pes- ideias
quisar o tema e selecionar as informações mais relevantes-
sobre ele. Abordagem
2. Organize as informações selecionadas e amplie sua pes-
cor-
123
quisa buscando várias fontes, como sites, revistas e jornais. Respostas para as ques-
tões na seção Antes de co-
Cite pelo menos duas fontes para fundamentar as informa-
imal ções expostas.
meçar a escrever:
l to- 3. Utilize informações recentes, pois nosso foco é o momento
reza
atual.
a as
bai-
4. Durante a produção do texto, procure escrever com clare- 1. Acontecimento repentino
zae simplicidade. Como vimos ainda há pouco, a lingua-
ado
anti- gemconotativa pode nos ajudar bastante a tornar nosso e imprevisto.
s da texto interessante para o leitor.
5. Considere a revista e o público aos quais seu texto se des- 2. Personificação e ironia.
almers tina. Procure adaptar sua linguagem ao perfil dos leitores.
1.htm
/2011.
6. Não use primeira pessoa. 3. Com a fome saciada.
7. Produza um título atraente.
Seria interessante ampliar
estões Avaliação os temas propostos e, até
1. Para avaliar seu artigo, procure refletir sobre os seguintes
nesse aspectos:
mesmo, propor outros des-
Aspectos analisados Sim Não vinculados do meio ambien-
bo con-
Há o predomínio da exposição, isto é, há rele- te. Nesse caso, podemos
vância nas informações apresentadas?
O tema está claro? aproveitar a oportunidade
A abordagem do tema foi feita com base em para explorar temas de in-
pesquisas?
teresse dos alunos e que
Há pelo menos duas fontes citadas para fun-
que ele
damentar as informações apresentadas? tenham grande importância
o País.
eio am- Além de simples e clara, a linguagem está para a vida deles.
adequada ao público leitor e ao perfil editorial
da revista em que o texto será publicado?
O texto está escrito na terceira pessoa?
O título está atraente?

2. Com base nessa análise, reescreva seu artigo fazendo as


alterações necessárias para que fique um bom texto.
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Anotações

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Ca 118
MOMENTO
dO Artigo expositivo e seminário
g uN
SE Desertificação
Sugestão de A desertificação é definida como processo de destruição do
potencial produtivo da terra nas regiões de clima árido, semiá-
Abordagem rido e subúmido seco. O problema vem sendo detectado desde
os anos 1930, nos Estados Unidos, quando intensos processos
de destruição da vegetação e dos solos ocorreram no Meio-
Antes de começar a ler Antes de -Oeste americano.
começar a ler Muitas outras situações consideradas como graves proble-
o texto, seria interessan- mas de desertificação foram sendo detectadas ao longo do
te convidar o professor de O artigo que você
vai ler agora aborda
tempo em vários países. América Latina, Ásia, Europa, África
e Austrália oferecem exemplos de áreas onde o homem, por
Geografia da escola para
outro grande problema
ambiental relacionado ao causa do uso inadequado e/ou intensivo da terra, destruiu os
auxiliá-lo nesta aula. Vocês
aquecimento global: a recursos e transformou terras férteis em desertos ecológicos e
desertificação, fenômeno
que tem mudado econômicos.
podem interpretar o tex- definitivamente várias […]
regiões pelo mundo, As causas mais frequentes da desertificação estão associa-
to juntos, além de discutir inclusive no Brasil.
Tecnicamente, como diz o das ao uso inadequado do solo e da água no desenvolvimento
questões de meio ambiente. texto, “a desertificação é
definida como o processo
de atividades agropecuárias, na mineração, na irrigação mal
planejada e no desmatamento indiscriminado.
O professor convidado po- de destruição do potencial
produtivo da terra nas

derá explicar alguns termos regiões de clima árido,


semiárido e subúmido
seco”. Simplificando, é
Principais problemas:
que aparecem no texto e a transformação dessas
• Vulnerabilidade às secas, que impactam diretamente a
fazem parte do domínio se-
regiões em terrenos secos
e arenosos. Neste artigo,
agricultura de sequeiro e a pecuária.
mântico da Geografia. Este
veremos quais são as
causas e consequências • Fraca capacidade de reorganizar a estrutura produtiva do-
desse fenômeno e veremos
encontro certamente torna- o que pode ser feito para
sertão.
impedir seu avanço.
• Desmatamento resultante da pecuária extensiva e do uso
rá a aula dinâmica. Durante de madeira para fins energéticos.
a leitura, não se esqueça • Problemas graves de desertificação já identificados.
de explorar o gênero textual • Baixa produção científica e tecnológica para as necessi-

artigo expositivo em sua es-


dades do semiárido.
• Deficiência nos níveis de capacitação da mão de obra ru-
trutura e função social, en- ral, industrial e do comércio.

fatizando a importância do • Fragilidade institucional.


• Gestão municipal sem planejamento e comprometimento-
gênero como ferramenta de com objetivos a longo prazo.
ampliação do conhecimen-
to de mundo. 118

Caso vocês, ou mesmo al- LPemC_2018_BNCC_9A_Cap3.indd 118 08/05/18 00:59

gum dos alunos, conheçam


alguma área em processo
de desertificação, seria in- Anotações
teressante relatar sua expe-
riência ao visitá-la.

118
118
Manual do Educador

Artigo expositivo e seminário

119
Capítulo
3
Diálogo com
o professor
A desertificação ocorre em mais de cem países do mundo.
Por isso, é considerada um problema global. No Brasil, existem
quatro áreas, que são chamadas núcleos de desertificação,
onde é intensa a degradação. Elas somam 18,7 mil km² e se Neste segundo momento
localizam nos municípios de Gilbués, no Piauí; Seridó, no Rio
Grande do Norte; Irauçuba, no Ceará; e Cabrobó, em Pernam- do capítulo, trouxemos um
buco. As regiões áridas, semiáridas e subúmidas secas, tam- artigo expositivo sobre a
bém chamadas de terras secas, ocupam mais de 37% de toda
a superfície do Planeta, abrigando mais de 1 bilhão de pes- desertificação como base
soas, ou seja, 1/6 da população mundial, cujos indicadores são
de baixo nível de renda, baixo padrão tecnológico, baixo nível
para o trabalho com a ora-
de escolaridade e ingestão de proteínas abaixo dos níveis acei- lidade que levará à produ-
táveis pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Mas a sua
evolução ocorre em cada lugar de modo específico e apresenta ção e apresentação de um
dinâmicas influenciadas por esses lugares. seminário.
As regiões sul-americana e caribenha têm inúmeros países
com expressivas áreas de seus territórios com problemas de
desertificação. Os mais significativos são Argentina, Bolívia,
Brasil, Chile, Cuba, Peru e México.

Sugestão de
Abordagem

Antes de promover a leitura


do texto, é importante che-
car os conhecimentos pré-
vios dos alunos acerca do
tema. Algumas questões
podem ser levantadas para
discussão neste momento
inicial:
•• Vocês sabem o que é
119 desertificação?

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•• De que palavra existente
na língua ela se originou?
•• O que será que causa
BNCC – Habilidades gerais BNCC – Habilidades específicas a desertificação?
•• Será que o ser humano
EF69LP01 EF69LP30 EF89LP05 EF09LP02
EF69LP03 EF69LP31 EF89LP29 tem participação nesse
EF69LP13 EF69LP34 processo?
EF69LP16 EF69LP42
EF69LP29

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p ít
Ca 120
Possíveis causas da desertificação
podem ser apuradas

Leitura O desmatamento, que, além de comprometer a biodiversi-


dade, deixa os solos descobertos e expostos à erosão, ocorre
Complementar Dicionário como resultado das atividades econômicas, seja para fins de
agricultura de sequeiro ou irrigada, seja para a pecuária, quan-
Sequeiro – Técnica do a vegetação nativa é substituída por pasto, seja diretamente
Ler para obter uma agrícola que consiste em
revirar o solo, expondo a
para o uso da madeira como fonte de energia (lenha e carvão).
O uso intensivo do solo, sem descanso e sem técnicas de
informação geral parte mais úmida.
Salinização – Processo conservação, provoca erosão e compromete a produtividade,
que torna o solo bastante repercutindo diretamente na situação econômica do agricultor.
Quando lemos para obter uma rico em sais, o que
impossibilita a agricultura.
A cada ano, a colheita diminui, e também a possibilidade de ter

informação geral, não somos pres- Assoreamento – Acúmulo


de sedimentos pelo
reservas de alimento para o período de estiagem. É comum
verificar-se, no semiárido, a atividade da pecuária ser desen-
sionados por uma busca concreta, depósito de terra, areia,
argila, detritos, etc.
volvida sem considerar a capacidade de suporte da região, o
que pressiona tanto o pasto nativo como o plantado, além de
nem precisamos saber detalha- Manejo – Manuseio.
tornar o solo endurecido, compacto.
damente o que diz o texto; é su- A irrigação malconduzida provoca a salinização dos solos,
inviabilizando algumas áreas e perímetros irrigados do semiári-
ficiente ter uma impressão, com do. O problema tem sido provocado tanto pelo tipo de sistema
as ideias mais gerais. Poderíamos de irrigação, muitas vezes inadequado às características do
solo, quanto, principalmente, pela maneira como a atividade é
dizer que é uma leitura guiada so- executada, fazendo mais uma molhação do que irrigando.
Além de serem correlacionados, esses problemas desenca-
bretudo pela necessidade do leitor deiam outros, de extrema gravidade para a região. É o caso do
de aprofundar-se mais ou menos assoreamento de cursos de água e reservatórios, provocado
pela erosão, que, por sua vez, é desencadeada pelo desmata-
nela. mento e por atividades econômicas desenvolvidas sem cuida-
Por exemplo, se quisermos en- dos com o meio ambiente.

contrar a definição de uma palavra Consequências da desertificação


no dicionário, não basta lembrar Natureza ambiental e climática

que essas definições são encon- Perda de biodiversidade (flora e fauna), perda de solos por
erosão e diminuição da disponibilidade de recursos hídricos, re-
tradas no dicionário, e talvez tam- sultado tanto dos fatores climáticos adversos quanto da perda
bém não seja útil ter uma ideia da capacidade produtiva dos solos em razão da baixa umidade
provocada, também, pelo manejo inadequado da cobertura ve-
aproximada da definição buscada. getal.

Tampouco será suficiente ter uma


ideia geral dos ingredientes neces-
120
112
sários para fazer uma torta de be-
rinjelas; é provável que nesse caso LPemC_2018_BNCC_9A_Cap3.indd
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15:55

façamos algo com berinjelas, mas


talvez não possamos assar a torta. te nos parece sugestiva e então so interesse. No caso das ma-
No entanto, quando pegamos o passamos ao cabeçalho, em que térias, muitas vezes somos mais
jornal, não lemos cada notícia ou se sintetiza a notícia. Podemos fi- drásticos: dependendo do autor,
matéria. No caso das primeiras, car por aí, ou talvez desejemos do título e das colunas que ocu-
é bastante provável que leiamos aprofundar um pouco mais, neste pa, podemos decidir se vamos
a manchete; às vezes, essa sim- caso, temos a opção de ler toda lê-la ou não.
ples leitura já é suficiente para a notícia ou “saltear” e procurar SOLÉ, Isabel (1998).
passarmos para outra notícia. o parágrafo que trata de algum
Estratégias de leitura.
Porto Alegre: Artmed, pp. 94–95.
Em outras ocasiões, a manche- ponto concreto que suscita nos-

120
120
Manual do Educador

Artigo expositivo e seminário

121
Capítulo
3
Natureza social
Abandono das terras por parte das populações mais pobres,
Aprenda Sugestão de
Abordagem
diversi- diminuição da qualidade de vida e aumento da mortalidade in- mais!
ocorre fantil, diminuição da expectativa de vida da população e de-
Um continente que seca
fins de sestruturação das famílias como unidades produtivas. Acres-
, quan- centese também o crescimento da pobreza urbana devido às A África é, de longe, o

Seria interessante promo-


continente mais atingido
amente migrações, a desorganização das cidades, o aumento da polui-
pela desertificação. Na
arvão). ção e os problemas ambientais urbanos. borda sul do deserto do
cas de Saara, uma região do ver uma dinâmica de grupo
Natureza econômica tamanho do Estado de
vidade,
ricultor.
Minas Gerais virou areia para analisar as causas da
Destacam-se a queda na produtividade e produção agríco- nos últimos 50 anos. Hoje,
e de ter las, a diminuição da renda e do consumo das populações e
a ameaça de desertificação
atinge quase dois terços
desertificação tanto no Bra-
comum a dificuldade de manter uma oferta de produtos agrícolas de do continente. Além
sil quanto no mundo. Essa
desen- maneira constante, de modo a atender os mercados regional e das constantes secas,
gião, o nacional, sobretudo no caso da agricultura de sequeiro, que é
os solos sofrem com a
substituição das lavouras
dinâmica tem como objetivo
lém de mais dependente dos fatores climáticos. de sustento por culturas
de exportação desde os desenvolver métodos para
solos, Natureza político-institucional anos 1940. O problema
tem consequências sociais lidar com questões do co-
emiári-
tidiano; praticar a solução
graves: nas próximas duas
istema Há uma perda da capacidade produtiva do Estado, sobre-
décadas, cerca de 60
tudo no meio rural, que repercute diretamente na arrecadação milhões de pessoas devem
cas do
dade é de impostos e na circulação da renda. Por outro lado, criam-se deixar as terras atingidas de problemas em equipe e
pela desertificação,
o. novas demandas sociais que extrapolam a capacidade do Es-
tado de atendê-las.
migrando para o norte da examinar questões de pro-
senca- África ou para a Europa.

aso do […] cesso na solução de pro-


vocado CAVALCANTI, Edneida. Para compreender a desertificação: uma abordagem didática e
integrada. Recife: Secretaria de Tecnologia e Meio Ambiente Fundaj, 2001. Adaptado
blemas.
smata-
cuida-
Faça um círculo na sala de
aula para iniciar a discus-
são. Proponha que a solu-
ção da desertificação está
los por
cos, re- nas mãos dos estudantes.
a perda
midade
Então, o que fazer? Anote
ura ve- as possíveis soluções para
resolver a situação. Lembre
a eles que essas análises
121 podem ajudar na hora de
produzir o seminário sobre
09/07/15 15:55 LPemC_2018_BNCC_9A_Cap3.indd 121 08/05/18 00:59 os inúmeros problemas so-
cioambientais que afligem o
Brasil e o mundo.
Anotações

121
o
3
ul
p ít
Ca

122 desvendando os segredos do texto

1. Qual é o assunto abordado no texto?


Aprenda
mais! As causas e consequências do processo de desertificação,
Desertificação no Ceará e bem como mostrar o que deve ser feito para impedir isso.
em Pernambuco

Conhecido como a Terra da


Amizade, o município de
Irauçuba, no Ceará, está
passando por um grave
processo de desertificação.
Ao longo dos anos, a
região foi castigada pelo 2. Com base nas informações presentes no texto, analise as
desmatamento e pela informações a seguir.
criação de gado sem
controle. Quatro séculos
atrás, o local era rico e I. A desertificação é um processo natural de desgaste do solo.
cheio de vida, mas hoje II. O processo de desertificação ocorre somente nos EUA,
sofre com a mudança. Você
pode conhecer melhor desde1930.
a situação assistindo à III. O surgimento de desertos está ligado intimamente à ação
reportagem feita pela dohomem.
jornalista Beatriz Castro
para o programa Globo IV. Embora ocorra em diversas regiões do mundo, o processo
Repórter no link de desertificação é particularmente mais grave no Brasil.
http://www.youtube.com/
watch?v=NgDkrbgkvxw.
Está(ão) correta(s):
a) I apenas.
Já em Pernambuco, a
desertificação se alastra
por vários municípios do b) I e II apenas.
sertão, com destaque para c) III apenas.
d) II e IV apenas.
Itacuruba. Lá, além do
solo inóspito, a população
enfrenta um problema e) III e IV apenas.
extremamente grave: a
depressão. Tudo começou 3. O que a autora quis dizer com o termo desertos ecológi-
em 1988. Até então, a
terra era adequada para a cos e econômicos (segundo parágrafo)?
agricultura, e as famílias (a
maior parte de agricultores) Ela quis dizer que, ao passar pelo processo de desertificação,
conseguiam tirar dela o
seu sustento. As coisas áreas férteis se transformam em terras devastadas e improdu-
começaram a mudar
quando a Companhia Hidro
tivas, prejudicando a natureza e a economia.
Elétrica do São Francisco
(Chesf) inundou as suas
terras e a de outros dois
municípios para construir a
barragem de Itaparica.

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122
122
Manual do Educador

Artigo expositivo e seminário

123
Capítulo
3
4. Entre as opções abaixo, indique aquela que não constitui
Compartilhe
diretamente uma das causas mais comuns da desertificação.
a) Desperdício de água em plantações.
ideias Sugestão de
b) Desmatamento de grandes áreas para a criação de gado. Abordagem
c) Extração desenfreada de minérios.
d) O derretimento das geleiras no Ártico.
e) Queimadas repetidas em áreas rurais para facilitar o plantio.
Na questão 4, você pode
5. Entre as opções a seguir, aponte aquela que não constitui
diretamente uma consequência da desertificação.
expandir a discussão sobre
a) Baixos índices sociais. os problemas ambientais.
b) Alta taxa de mortalidade infantil.
c) Altos índices de desnutrição. Como a alternativa corre-
d) Êxodo rural. ta é a letra D, é pertinente
e) Desvios inadequados do curso dos rios.
usar o derretimento das ge-
6. No Brasil, existem quatro áreas consideradas núcleos de
desertificação. Pesquise quais são elas.
leiras para provocar os alu-
São os municípios de Gilbués (PI), Seridó (RN), Irauçuba (CE) nos sobre outras questões
e Cabrobó (PE). ambientais, neste caso, o
aquecimento global.
7. A desertificação é um problema extremamente grave que
atinge 1 bilhão de pessoas. Podemos dizer que esse processo
ocorre devido a uma série de causas que passam a atuar tam-
bém como consequências, fechando um círculo vicioso.
Pensando nisso, aponte a alternativa que representa bem esse
círculo vicioso em uma região pobre de clima semiárido.
a) Como a população é pobre, o governo arrecada impostos e
investe na melhoria da qualidade de vida. Com esse inves-
timento, os agricultores conseguem plantar e colher mais, o
que impede o desgaste do solo.
b) A população utiliza o solo da forma que pode, procurando
sempre preservá-lo. Essa preservação faz com que mais ali-
mentos sejam produzidos, o que favorece a alimentação das
pessoas. Bem alimentados, os agricultores têm mais dispo-
sição para fazer queimadas e plantar pasto, para a criação
de gado. Com o tempo, as áreas desmatadas se transfor-
mam em desertos.

123

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Anotações

123
o
3
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p ít
Ca 124
c) Como a região é pobre, os agricultores utilizam as técni-
cas de que dispõem para plantar e produzir alimentos, mas,
como essas técnicas muitas vezes são inadequadas, há um
desgaste excessivo do solo. Com o tempo, cada vez menos
alimentos são produzidos e mais pobre a região fica.
Leitura
Aprenda
mais! d) O clima se torna semiárido de repente, o que surpreende os

Complementar
agricultores. Como não tiveram tempo de se preparar para
O combate à a seca, eles começam a plantar de maneira desenfreada, o
desertificação
que prejudica o solo.
Em todo o Planeta, 37%
e) Como a população é pobre, o governo não consegue arre-
Uma matriz proposicional da superfície corresponde
a áreas secas, como o cadar impostos. Sem esse dinheiro, não é possível investir
pode ocorrer no texto sob a
semiárido do Nordeste em ações contra a seca. Assim, a própria população passa a
brasileiro. Segundo
combater a seca, realizando obras no lugar do governo.
forma de um sintagma adje-
dados do Programa das
Nações Unidas para o
Desenvolvimento (Pnud),
tivo, tradicionalmente conhe- existem aproximadamente

cido como oração adjetiva. Análise linguística


1 bilhão de pessoas que
vivem nessas áreas. Para
tentar combater o processo
A respectiva transposição é de desertificação e debater
mais amplamente o
efetuada por um pronome re- problema, a Organização
das Nações Unidas (ONU)
Orações subordinadas adjetivas
lativo, uma espécie de palavra designou 2006 como o Ano
Internacional dos Desertos Leia a tirinha abaixo.
e da Desertificação.
que preenche cumulativamen- XAXADO/Antonio Cedraz

© 2015 King Features Syndicate/Ipress.


A primeira vez que a ONU
te três funções: anafórica (re- alertou para a aceleração
da formação de desertos
toma ou reitera um anteceden- foi em 1994. Foi nessa
época que o assunto

te), conectiva (insere a oração passou a ser tratado como


um desafio global e a

transposta na oração maior) comunidade internacional


passou a ser informada da
1. Na fala de Xaxado, no primeiro quadrinho, há a indicação de
e sintática (é sujeito, comple-
gravidade do problema.
No entanto, pouca atenção
um fato que vai se realizar realmente ou um fato hipotético?
mento ou adjunto na oração
foi dada à questão, o
que fez a 58ª sessão da 2. A tirinha é um gênero textual em que se busca provocar o

transposta): O cachorro está


Assembleia Geral das humor de maneira rápida e inesperada. Por que dizemos
Nações Unidas, em 2004,
que, no último quadrinho dessa tira, ocorre um desfecho
solto / O cachorro avançou no
decidir dedicar o ano de
2006 especialmente à inesperado?
desertificação. 3. Esse desfecho deixa implícita uma informação sobre
carteiro. O cachorro que avan- O dia 17 de junho é o Dia Arturzinho. Explique qual é.

çou no carteiro está solto. Esse 4. No segundo quadrinho, o termo chuva de sete dias aparece
Mundial de Combate à
Desertificação e à Seca.
modificado por algum termo?
que retoma o antecedente O 5. Como se classifica a palavra que na oração “que molhe

cachorro, insere a oração o


nossas roças”?

124
cachorro avançou no carteiro
na construção O cachorro que
avançou no carteiro e exerce
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nesta construção a função de


sujeito.
A construção mencionada antecedente; por meio da oração enunciado pode servir para
acima exemplifica uma forma adjetiva especifica-se cachorro realizar um ato de fala destina-
muito comum de relativização, (que avançou no carteiro) e se do a produzir um alerta.
de função restritiva. Sua im- aduz uma informação pertinen- AZEREDO, José Carlos de (2008).
portância na interlocução con- te para a informação contida no Gramática Houaiss da língua portuguesa.
São Paulo: Publifolha/Instituto Antônio
siste em contribuir para deli- predicado da oração maior (está Houaiss, p. 316.

mitar o raio de referência do solto). Pragmaticamente, esse

124
124
Manual do Educador

Artigo expositivo e seminário

125
Capítulo
3
Na fala do sertanejo, no segundo quadrinho, observe a es-
trutura do período:

Pronome relativo

Senhor, precisamos de uma chuva de sete dias, que molhe nossas roças,

Sugestão de
que encha nossas lagoas e cisternas...

Abordagem
Como você percebeu, esse período é composto por três
orações. A primeira oração apresenta uma estrutura completa, Aprenda
com sujeito, verbo transitivo indireto e objeto indireto: “Senhor, mais!
precisamos de uma chuva de sete dias”. Já as orações “que
A função de adjetivação
Para as questões da seção
Análise linguística, propo-
molhe nossas roças” e “que encha nossas lagoas e cisternas” dos pronomes relativos
têm sua estrutura apoiada na oração anterior, ou seja, são ora-
Como vimos na primeira
ções subordinadas. Isso porque o sujeito dos verbos molhar etapa deste capítulo, mos estas respostas.
e encher está expresso pelo pronome relativo que, o qual re- o papel de adjetivação
toma o termo substantivo uma chuva de sete dias. Ao fazer desempenhado pelos

essa retomada, o pronome relativo introduz duas orações que


pronomes relativos não 1. Um fato hipotético.
ocorre necessariamente
funcionam como adjetivos do substantivo ao qual se referem.
2. Porque, se o persona-
com orações. Essa classe
Logo, as orações são chamadas de subordinadas adjetivas. de palavras sempre
produz adjetivos quando
Devido à função de adjetivo que desempenham, as orações é empregada após o gem Arturzinho fosse
subordinadas adjetivas atuam como adjunto adnominal de um substantivo ou pronome ao
termo presente na oração principal. Por esse motivo, elas são qual se refere: Deus, cobraria cada pre-
extremamente importantes para a construção de sentido do
texto e, obviamente, são fundamentais na expressão de nossas
A história que contei.
A bolsa que ela
ce atendida, o que con-
ideias e intenções. Para que isso fique claro, observe o período comprou.
O livro cuja capa caiu.
traria o papel divino.
simples abaixo: Um amigo em que
confiamos. 3. O quadrinho deixa implí-
As chuvas estão vindo.
A amizade de que
temos orgulho.
cita a informação de que
De acordo com nossas intenções comunicativas, podería- Arturzinho é um menino
mos adjetivar o termo chuvas com diferentes orações subordi-
nadas adjetivas, e cada período novo expressaria informações avarento, egoísta, ambi-
diferentes. Veja: cioso, etc.
(1) As chuvas que caem em janeiro estão vindo.
(2) As chuvas que salvarão a lavoura estão vindo. Orações subordinadas
4. Sim. As orações que
(3) As chuvas que caem na época da seca estão vindo. adjetivas restritivas molhe nossas roças e
que encha nossas la-
(4) As chuvas pelas quais José tanto esperou estão vindo.

(5) As chuvas, que são comuns em junho, estão vindo. Orações subordinadas
adjetivas explicativas
goas e cisternas.
(6) As chuvas, que são um fenômeno natural, estão vindo.

125
5. Pronome relativo.

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BNCC – Habilidades específicas

Anotações EF09LP04 EF09LP09


EF09LP08

125
o
3
ul
p ít
Ca 126
Nesses períodos, podemos observar dois tipos de orações 2. Ob
Compartilhe adjetivas. As orações destacadas nos períodos de 1 a 4 res- tando a
ideias tringem (limitam) o sentido do substantivo chuva, por isso são
Leitura classificadas como orações subordinadas adjetivas restriti- As resp
a) O ba
vas. Nesse caso, não se fala de qualquer chuva, mas somente
Complementar das chuvas que caem em janeiro, das que salvarão a lavoura, O barc
das que caem na época da seca ou daquelas pelas quais um
Parece-nos evidente que a expo- tal José tanto esperou.
Já nos períodos 5 e 6, as orações adjetivas desempenham
sição deva ser tratada como objeto a função de explicar (acrescentar informações) o sentido do b) O ba
substantivo chuva, sendo portanto classificadas como orações
de ensino de expressão oral: “fazer subordinadas adjetivas explicativas. Assim, essas orações
O barc

uma exposição” — ou, segundo a não restringem o sentido do substantivo ao qual se referem,
elas explicam alguma informação sobre ele e não são impres-
terminologia frequentemente utiliza- cindíveis para a compreensão da mensagem.
c) O lix

da na escola, um seminário — re- O lixo q

presenta uma das raras atividades meio a

orais que são praticadas com muita Prática linguística


frequência nas salas de aula, nas d) A po

aulas de francês, mas também 1. Reescreva os períodos a seguir substituindo o adjetivo des- A polui
tacado por uma oração adjetiva correspondente.
nas de ciências, história, etc. Uma riscos à

a) Desde crianças, aqueles meninos têm hábitos incorrigíveis.


pesquisa feita com professores do
7ª ano da Suíça francófona mostra, e) A po
Desde crianças, aqueles meninos têm hábitos que não se po-
dem corrigir. pessoa
por exemplo, que 51% deles recor- A poluiç
rem a seminários frequentemente b) Aquela solução era uma saída inimaginável para nós.
soas qu
ou muito frequentemente e que a Aquela solução era uma saída que não podíamos imaginar.

exposição figura como a quinta


f) O lixo
entre as 21 atividade propostas no c) Os jogos realizados ontem definiram o campeão da rodada.
O lixo
Os jogos que se realizaram ontem definiram o campeão da ro-
questionário, precedida somente precisa
pelas atividades de “leitura em voz dada.

alta” (70%), “compreensão oral de d) Ela fez uma apresentação envolvente.

narrativa” (68%) e “compreensão Ela fez uma apresentação que envolvia.

de instruções e de manuais de uti- 126


lização” (65%). Além disso, a expo-
sição é a atividade mais frequen- LPemC_2018_BNCC_9A_Cap3.indd 126 08/05/18 00:59 LPemC_2015_9A_Cap3_090a1

temente mencionada por esses


mesmos professores, quando se dadeiro trabalho didático tenha sido bastante tradicional, na qual, para
lhes pergunta, dentre as atividades efetuado, sem que a construção qualquer tipo de pedagogia, vêm-
propostas, as três que lhes pare- da linguagem expositiva seja ob- -se expor diante da classe as aqui-
cem mais úteis para desenvolver o jeto de atividades de sala de aula, sições anteriores dos alunos — e
domínio da oralidade. sem que estratégias concretas de mesmo seus dons —, quando não,
Entretanto, se a exposição vem intervenção e procedimentos explí- meramente, a ajuda dos pais no
de uma longa tradição e é cons- citos de avaliação sejam adotados. momento da preparação.
tantemente praticada, muitíssimas Deste ponto de vista, a exposição SCHNEUWLY; DOLZ et al. (2004). Gêneros orais
vezes isso se dá sem que um ver- permanece como uma atividade e escritos na escola. Campinas: Mercado de
Letras, p. 183–184.

126
126
Manual do Educador

Artigo expositivo e seminário

127
Capítulo
3
2. Observe a imagem e reescreva os períodos complementando as lacunas com orações
adjetivas. As respostas são apenas sugestões.

a) O barco foi encontrado na areia da praia █.


O barco foi encontrado na areia da praia onde cresci.

b) O barco █ foi encontrado na areia da praia.


O barco que naufragou ontem foi encontrado na areia da praia.

c) O lixo █ é uma agressão ao meio ambiente.


O lixo que se acumula na areia da praia é uma agressão ao meio ambiente.

d) A poluição, █, representa sérios riscos à saúde do homem.


A poluição, que é provocada pelo homem, representa sérios riscos à sua saúde.

e) A poluição dos mares representa sérios riscos à saúde das pessoas █.


A poluição dos mares representa sérios riscos à saúde das pessoas que vivem da pesca.

f) O lixo na beira da praia, █, precisa ser recolhido.


O lixo na beira da praia, que vem se acumulando há meses, precisa ser recolhido.

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3
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p ít
Ca 128
3. Em textos expositivos, as orações adjetivas são uma ferra-
menta muito eficiente para a transmissão de informações, con-
tribuindo significativamente para a ampliação do conhecimento
Leitura do leitor. Pensando nisso, leia o artigo abaixo.

Complementar Como surge um deserto?

Seminário: uma maneira


Para uma área ser considerada desértica, ela precisa reu-
nir pelo menos dois elementos: solo arenoso e clima quente
diferente de aprender e seco, com baixíssimos índices de chuvas durante um longo
período. Os desertos 1 experimentam há milhares de anos
uma média de chuvas menor que 250 milímetros por ano, um
A exposição representa um índice seis vezes inferior ao da cidade de São Paulo, por exem-
instrumento privilegiado de plo. Isso quer dizer que demora muito tempo para um deser-
to aparecer. “Portanto, não é verdade que as áreas desérticas
transmissão de diversos con- estão avançando pela superfície da Terra durante as últimas
teúdos. Para a audiência, mas décadas. A presença de areia, por si só, não caracteriza um
deserto”, afirma o geógrafo Roberto Verdum, da Universidade
também e sobretudo para aque- Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A origem de tanta con-
fusão é a compreensão errada do conceito de desertificação,
le que a prepara e apresenta, 2 , geralmente por causa do esgotamento dos solos. Mais: ao
a exposição fornece um instru- contrário do que se pensa, não é um fenômeno 3 .
“Estudos recentes mostram que áreas 4 podem recuperar
mento para aprender conteúdos a cobertura vegetal quando termina o período de seca mais
diversificados, mais estrutura- agudo”, diz Roberto. Claro que isso não diminui a gravidade do
problema […].
dos graças ao enquadramento http://mundoestranho.abril.com.br/materia/como-surge-um-deserto
Texto adaptado. Acessado em 25/08/2011.
viabilizado pelo gênero textual.

Shutterstock | Waj
A exploração de fontes diversifi-
cadas de informação, a seleção
das informações em função do
tema e da finalidade visada e
a elaboração de um esquema
destinado a sustentar a apresen-
tação oral constituem um primei-
ro nível de intervenção didática,
ligado ao conteúdo.
128
120
Do ponto de vista comuni-
cativo, a exposição permite
construir e exercer o papel de
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15:56

“especialista”, condição indis- complexo de planejamento, de ligadas ao conteúdo, além, é


pensável para que a própria antecipação e de consideração claro, de aspectos mais técni-
ideia de transmitir um conhe- do auditório. A intervenção didáti- cos, como procedimentos lin-
cimento a um auditório tenha ca no trabalho sobre a exposição guísticos e discursivos carac-
sentido. Esse gênero caracteri- deve, portanto, levar em conta as terísticos desse gênero oral.
za-se também por seu caráter dimensões comunicativas que SCHNEUWLY; DOLZ et al. (2004). Gêneros
bastante monologal e, por isso, lhe são próprias e que visam à orais e escritos na escola. Campinas:
Mercado de Letras, p. 184.
necessita, por parte do expo- transmissão de um saber a um
sitor, um trabalho importante e auditório, mas também questões

128
128
Manual do Educador

Artigo expositivo e seminário

129
Capítulo
3
ra- 4. Tendo por base as informações que você captou neste ca-
on- pítulo sobre a desertificação e o que vimos sobre as orações Compartilhe
ideias
nto adjetivas, identifique em quais lacunas do texto as orações a
seguir devem ser colocadas.

(A) que pode ser reversível


eu- (B) que sofreram com a desertificação
nte (C) que indica a expansão de terrenos arenosos pelo Planeta, e
go não de desertos
os (D) que existem hoje na Terra
um
m- a) 1B – 2A – 3C – 4D.
er- b) 1D – 2C – 3A – 4B.
as c) 1A – 2C – 3B – 4D.
as d) 1D – 2C – 3B – 4A.
um e) 1D – 2A – 3C – 4B.
de
5. Assinale o item que apresenta oração subordinada adjetiva
on-
ão, explicativa.
ao a) Nem tudo que reluz é ouro.
b) O aluno que estuda é aprovado.
rar c) Meu irmão, que mora em Petrópolis, está doente.
ais d) Meu irmão que mora em Petrópolis está doente.
do e) Os cachorros que latem não mordem.

6. Assinale a opção em que houve erro na classificação da


erto
011. oração destacada.
a) Jurei que nunca viajaria de avião. (oração subordinada
Shutterstock | Waj

substantiva objetiva direta)


b) Muitos criticaram os costumes que mudamos. (oração su-
bordinada adjetiva restritiva)
c) O agricultor tinha certeza de que encontraria terras férteis
e clima ameno. (oração subordinada substantiva completiva
nominal)
d) As terras que se tornam arenosas podem ser recuperadas.
(oração subordinada adjetiva explicativa)
e) Convém não esquecer as riquezas do Brasil. (oração su-
bordinada substantiva subjetiva)

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o
3
ul
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Ca 130
É hora de produzir
Tome nota
Compartilhe
ideias

Leitura Antes de começar a apresentação taçã

Complementar
aos
Seminário grup
tas
Neste capítulo, lemos dois artigos de divulgação científica
Ler para comunicar um texto a que trazem informações muito importantes sobre a Groenlân-
Propo
um auditório dia, a Terra do Gelo, e sobre a desertificação. Agora, vamos
transmitir essas informações em uma comunicação oral cujo Com
Este tipo de leitura é própria de maior objetivo é expor conhecimentos, o seminário, que pode bastan
grupos de atividades restritos (ler ser apresentado individualmente ou em grupo.
Normalmente, o seminário é dividido em sete etapas:
blemas
respeit
um discurso, um sermão, uma 1. Abertura – Nesta etapa, o expositor ou o próprio professor
mento,
da de r
conferência, uma aula magistral; explica para a turma qual é o tema e os objetivos da exposi-
respon
ção que será realizada.
ler poesia em uma apresentação). Ago
2. Introdução – O expositor apresenta formalmente o tema rar vári
Sua finalidade é que as pessoas aos seus ouvintes. É fundamental cativar a expectativa do lação, s
para as quais a leitura é dirigida público para que acompanhe atentamente toda a exposi-
ção. Para isso, é interessante, por exemplo, expor os moti-
um tem
que po
possam compreender a mensa- vos que levaram à pesquisa do tema, qual é a importância

gem emitida, e para isso o leitor


do tema para as pessoas, etc. Plane
3. Apresentação do roteiro – Esta etapa funciona como uma
pode utilizar toda uma série de complementação, ou mesmo encerramento, da introdução.
Para
jar dois
recursos — entoação, pausas, Aqui o expositor esclarece qual será o roteiro do seminário, tação.
os tópicos que serão abordados, a ordem e, se o trabalho for
exemplos não lidos, ênfase em realizado em grupo, quem será o expositor de cada tópico. Pesqu
determinados aspectos… — que 4. Desenvolvimento – Constitui a etapa mais importante do 1. Log
sas
envolvem a leitura em si e que es- seminário, pois corresponde à exposição ordenada do tema.
not
5. Recapitulação – Corresponde ao encerramento do seminá-
tão destinados a torná-la amena e rio, quando o expositor ou o grupo recapitulam os principais
o te
tal
compreensível. pontos apresentados.
2. Refl
Neste tipo de leitura, os aspec- 6. Conclusão – Este momento é reservado à mensagem final ble
do expositor ou grupo. 3. Defi
tos formais são muito importan-
7. Encerramento – Esta etapa é responsabilidade de um me- 4. Ago
tes; por isso, um leitor experiente diador, no caso, o professor. O mediador encerra a apresen-
nunca lerá em voz alta um texto 130
122
para o qual não disponha de uma
compreensão, ou seja, um tex- LPemC_2018_BNCC_9A_Cap3.indd
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to que não tiver lido previamen-


te, ou para o qual não dispuser
de conhecimentos suficientes. A voz alta, sua compreensão dimi- tos resolvem-se muito melhor se
leitura eficaz em voz alta requer nuirá com isso, pois ficará preo- o texto que deve ser lido em voz
a compreensão do texto, como cupado com outros aspectos — alta for previamente conhecido,
ocorre com a leitura rápida, que entoação, respeito à pontuação, por exemplo, se ler as duas pági-
é um produto e não um requisito clareza na dicção. Mas ao mes- nas anteriores.
da compreensão. Você mesmo mo tempo, é bastante provável Naturalmente, uma condição
pode comprovar que, se decidir que também tenha problemas na para que a leitura em voz alta
ler as duas páginas seguintes em oralidade. Todos esses aspec- tenha sentido, tanto para o leitor

130
130
Manual do Educador

Artigo expositivo e seminário

131
Capítulo
3
Tome nota
Compartilhe
ideias Sugestão de
tação do seminário e, dependendo da situação, dá a palavra Abordagem
aos ouvintes para que façam perguntas para o expositor ou
grupo. Nesse caso, uma nova etapa é iniciada, com pergun-
tas e respostas acerca do tema.
Organize um grande evento
entífica na escola com inscrições
enlân-
vamos
Proposta de trabalhos, credencia-
al cujo Como vimos neste capítulo, o mundo inteiro está sofrendo mento e entrega de certifi-
e pode bastante com as mudanças climáticas. São inúmeros os pro-
blemas a serem enfrentados pela população não só no que diz cados. Simule um grande
respeito ao aquecimento global, mas à poluição, ao desmata-
mento, à urbanização descontrolada, à exploração desenfrea-
congresso em que seus alu-
nos apresentarão as suas
ofessor
da de recursos naturais não renováveis, à pobreza, etc. Tudo
exposi-
responsabilidade dos seres humanos.
Agora, com a turma dividida em grupos, a proposta é elabo- comunicações individuais.
o tema rar vários seminários sobre problemas que têm afligido a popu- Abra o evento para que as
tiva do lação, seja no Brasil, seja no mundo. Cada grupo deverá definir
exposi- um tema, pesquisar sobre ele e, se possível, apontar soluções outras turmas possam as-
s moti-
rtância
que possam ser postas em prática imediatamente por todos.
sistir, eleja, entre os alunos,
Planejamento os coordenadores do even-
mo uma Para produzir um seminário, é preciso, antes de tudo, plane- to. Se preferir, abra para a
odução.
minário,
jar dois grandes momentos: a pesquisa do tema e a apresen- exibição de mais gêneros,
tação.
alho for
Pesquisa do tema
como pôsteres e vídeos.
pico.

ante do 1. Logo que definir o tema, o grupo deverá iniciar as pesqui-


o tema. sas. Procurem artigos de divulgação científica, reportagens,
notícias, vídeos, livros, etc. que possam ajudá-los a abordar

BNCC – Habilidades gerais


eminá- o tema de maneira aprofundada. Nesta etapa, é fundamen-
ncipais tal fazer anotações.
2. Reflitam sobre quais são os fatores que levam a esse pro-
m final blema e quais são suas consequências. EF69LP06 EF69LP34
3. Definam os aspectos que podem ser abordados. EF69LP07 EF69LP35
um me- 4. Agora, elaborem o roteiro da apresentação. EF69LP08 EF69LP36
presen-
EF69LP32
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BNCC – Habilidades específicas

EF89LP02 EF89LP25
EF89LP05 EF89LP28
como para os ouvintes, relacio- forma com que se diz — pode EF89LP24
na-se ao fato de que estes não ser pouco interessante e custo-
podem ter acesso ao conteúdo so, se tivermos na nossa frente o
emitido de outra maneira; em texto que está sendo lido.
outras palavras, escutar alguém SOLÉ, Isabel (1998). Estratégias de leitura.
lendo — exceto no caso da rap- Porto Alegre: Artmed, pp. 97–98.

sódia, em que costuma ser tão


importante o que se diz como a

131
o
3
ul
p ít
Ca 132
5.
Tome nota
Compartilhe
Embora a apresentação seja oral, ela terá como base um
ideias texto escrito, no qual o grupo deverá expor todas as infor-

Diálogo com
mações relevantes. Para elaborar esse texto, utilizem as
anotações feitas na etapa de pesquisa.

o professor
Apresentação
1. Para realizar uma boa apresentação, é preciso que o grupo

Quando avaliar os seminá- compreenda bem o assunto de que falará.


2. Será necessário utilizar algum aparelho eletroeletrônico,
rios, é pertinente conside- como data-show, som, computador, retroprojetor, etc.?
rar o estado emocional dos 3. Qual será a ordem da apresentação?

estudantes. A ansiedade, a 4. Durante a exposição, é muito importante utilizar exemplos


para ilustrar o assunto tratado.
angústia e a excitação que 5. É necessário fixar bem as informações que serão repassa-
muitos sentem em situação das aos ouvintes.

de exposição podem pre- 6. É fundamental falar de maneira clara e em um tom adequa-


do. Além disso, deve-se observar a postura. Como o semi-
judicar na realização dos nário é uma exposição formal, é mais adequado o grupo
seminários. É interessante apresentar o trabalho em pé, à frente da plateia.

organizar as apresentações
Avaliação
de uma maneira que con- 1. A avaliação dos seminários será feita pelo professor duran-
sigam minimizar estas in- te a apresentação dos grupos. Serão observados os seguintes

fluências emocionais.
aspectos:

Aspectos analisados Sim Não


O tema escolhido é relevante?
O grupo abordou o tema com a necessária
profundidade?
BNCC – Habilidades específicas A apresentação foi clara?
As informações apresentadas foram organiza-
das de maneira lógica e encadeada?
EF09LP04 EF09LP09
A organização do seminário foi adequada?
EF09LP08
O material de apoio utilizado foi interessante e
contribuiu significativamente para a apresen-
tação?

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Anotações

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132
Manual do Educador

Artigo expositivo e seminário

133
Capítulo
3
A escrita em foco
um
or-
as

Pontuação das orações


subordinadas adjetivas
po
Como vimos neste capítulo, as orações subordinadas adje-
co, tivas se diferenciam em dois tipos: restritivas e explicativas.
Essa diferença se dá evidentemente a partir dos sentidos que
elas expressam, isto é, se restringem ou explicam o sentido do
termo ao qual se referem.
os Na fala, a oração subordinada adjetiva explicativa é separa-
da da oração principal por uma pausa, que, na escrita, é iden-
sa- tificada pelas vírgulas ou travessão duplo. Por esse motivo, é
comum dizer que uma das diferenças entre as orações explica-
tivas e as restritivas é o uso das vírgulas: as explicativas vêm
ua-
separadas da oração principal por vírgula, e as restritivas não.
mi-
Observe:
po
(1) Maria mandou um beijo para seu filho que mora no Canadá.
Oração subordinada
adjetiva restritiva

(2) Maria mandou um beijo para seu filho, que mora no Canadá.
an- Oração subordinada
es adjetiva explicativa

No período 1, entendemos que Maria tem mais de um filho


e que mandou um beijo para o que mora no Canadá. Já em 2,
o
entendemos que Maria tem apenas um filho, e que ele mora no
Canadá.

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3
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Ca

134 A escrita em questão

Deserto do Atacama
Paisagens do espaço, secura e poucos sinais de vida
Difícil ver sinal de vida ao redor da pai- azuis, evapora mais rapidamente do que é
sagem de pedras e areia. O único barulho, reposta pelas chuvas, e os sais minerais
além dos próprios passos, é o do vento, permanecem. O resultado é uma quantida-
que chega frio e com leve gosto de sal. O de enorme de imensos lagos de sal que im-
imenso céu azul está tão próximo que pa- pregnam o organismo do flamingo. A saída
rece ao alcance das mãos. No desolado que esses animais encontraram foi eliminar
centro do deserto do Atacama, a sensação o excesso através de pequenas aberturas
é a de que estamos em outro planeta, mui- ao lado das narinas.
to distante do nosso. O solo extremamen- Tal qual o flamingo, algumas plantas
te ressecado […] é o mais parecido com o também dão um jeito de sobreviver nesse
de Marte. A umidade do ar é tão baixa que, local inóspito. A vegetação de loma, mais
aliada à limpeza da atmosfera e à altitude importante ecossistema da região, por
elevada em relação ao nível do mar, tornou exemplo, vive da umidade da névoa que se
o lugar um dos mais propícios do Planeta condensa na superfície das pedras. Essa
para observações espaciais, tamanha é a neblina, chamada de camanchacas, é o
nitidez com que se pode observar o céu resultado da ação da corrente de Humboldt,
[…]. que esfria o ar quente do Pacífico durante
Ao todo, essa região árida estende-se o inverno. A consequência biológica tam-
por mil quilômetros do norte do Chile até a bém colabora para deixar a paisagem mais
fronteira com o Peru […]. A área que englo- charmosa com a neblina matinal. Poucas
ba o deserto do Atacama no Chile, a 1.300 espécies animais habitam os lomas. Al-
quilômetros de Santiago, na costa oeste guns mamíferos, pássaros e lagartos.
da América do Sul, esconde um dos meios A lhama, da família do carneiro, é um
mais rígidos para o surgimento e desen- animal que atrai a atenção dos visitantes e
volvimento da vida na face da Terra. Nas é bastante presente na paisagem desérti-
regiões centrais dessa estreita faixa espre- ca. Infelizmente, um dos tipos de lhama, o
mida entre o Oceano Pacífico, ao oeste, e guanaco, que era comum nos lomas e nas
a Cordilheira dos Andes, ao leste, existem áreas costeiras, está cada vez mais sumi-
lugares nos quais nunca foram registradas do devido à caça […].
chuvas […]. Apesar da secura e pobreza de opções
Os flamingos-rosados, habitantes da para o desenvolvimento, diversos grupos
planície de sal desse deserto, o Salar de humanos ocuparam o deserto durante os
Atacama, são um bom exemplo de espé- últimos 12 mil anos. Hoje, moram 750 mil
cie adaptada. Nesse local, a água que veio habitantes concentrados em cidades lito-
da Cordilheira dos Andes, formando lagos râneas, polos de mineração, vilas de pes-

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Manual do Educador

Artigo expositivo e seminário

135
Capítulo
3
cadores e oásis. São descendentes de es- umidade faz com que artefatos e objetos
panhóis, escravos africanos e indígenas fabricados há milênios permaneçam em
que saíram dos Andes. O processo de po- excelente estado de conservação. Um te-
voamento da região costeira foi favorecido souro para arqueólogos. O aspecto assus-
pela riqueza de nutrientes das águas da tador dessas condições é que há cidades-
corrente marítima de Humboldt, no Pacífico. -fantasmas nas áreas centrais com casas
A área próxima ao Rio Loa, no norte do onde não moram ninguém, mas que per-

deserto, foi ocupada pelos chinchorros, o manecem, por anos, com a mesma apa-
ais
primeiro grupo humano a desenvolver a rência de quando foram abandonadas — a
da-
mumificação artificial. Algumas das mú- impressão que se tem é de que poucas ho-
m-
mias mais antigas do mundo (com mais ras atrás havia pessoas ali.
da
de 9 mil anos) foram encontradas lá. Não […]
nar
é difícil entender o porquê: a ausência de http://super.abril.com.br/ecologia/deserto-atacama-445134.
as shtml. Acessado em 25/08/2011. Adaptado.

as
se
1.
Compartilhe
ais Como vimos, há uma diferença semântica entre as orações ideias
por adjetivas restritivas e explicativas, e essas orações são muito
se úteis nos textos expositivos. A seguir, reproduzimos algumas
sa orações adjetivas do texto. Releia-as em seu contexto, identifi-
o que o termo que cada uma delas adjetiva e classifique-a como
dt, restritiva ou explicativa.
nte
a) […] que chega frio e com leve gosto de sal. (primeiro pará-
m-
grafo)
ais
as Vento. Explicativa.
Al-
b) […] que engloba o deserto do Atacama no Chile […] (segun-
do parágrafo)
um
se Área. Restritiva.
rti-
,o c) […] que veio da Cordilheira dos Andes […] (terceiro parágrafo)
as Água. Restritiva.
mi-
d) […] que impregnam o organismo do flamingo. (terceiro pa-
es rágrafo)
os
Lagos de sal. Restritiva.
os
mil e) […] que esses animais encontraram... (terceiro parágrafo)
to-
A saída. Restritiva.
es-

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Ca
NTO
E
A M
136 r AMBIENTE
CE r
EN
Assim surge um deserto
Solo arenoso, clima
quente e seco e índices
pluviométricos baixos
por longo período.
Essas condições
permitem classificar
uma região como
desértica. Os desertos
que conhecemos
hoje mantêm essas
características há
milhares de anos.
Isso significa que eles
não se formam de uma ■

década para outra, mas


o esgotamento dos solos
tem provocado
a expansão rápida
de terrenos arenosos
ALEXANDRE JUBRAN
E RODRIGO RATIER

Em áreas com terrenos arenosos,


1 a mata nativa é essencial para proteger
o solo da degradação. As raízes das
árvores sustentam a terra e retêm a água,
evitando a erosão. A situação começa
a mudar quando a área é ocupada de
maneira predatória. O desmatamento da
vegetação nativa ou das margens de rios,
as queimadas, a agropecuária intensiva,
o uso indiscriminado de agrotóxicos e as
práticas inadequadas de irrigação podem
iniciar o processo de desertificação

UM CONTINENTE QUE SECA


A África é, de longe, o continente mais
atingido pela desertificação. Na borda deserto do Saara risco agudo de
sul do deserto do Saara, uma região desertificação
do tamanho do estado de Minas Gerais
virou areia nos últimos 50 anos.
risco entre
Hoje, a ameaça de desertificação atinge moderado e alto
quase dois terços do continente. Além
das constantes secas, os solos sofrem
O mau us
com a substituição das lavouras de sustento áreas
desertificadas
3 com a pro
por culturas de exportação desde os anos 1940. baixas e f
O problema tem consequências sociais graves: uma área
nas próximas duas décadas, cerca de 60 com o pla
milhões de pessoas devem deixar as terras efeitos da
rápidos. A
atingidas pela desertificação, migrando para servem c
outras regiões da África ou para a Europa. FONTE PROGRAMA DE CONSERVAÇÃO E
REABILITAÇÃO DAS TERRAS AFRICANAS
Em algun
encostas
plana vira

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Manual do Educador

Artigo expositivo e seminário

137
Capítulo
3

serto

PARTE INTEGRANTE DO ESPECIAL PÔSTERES NOVA ESCOLA


2 Com a ocupação agropecuária, parte da
mata nativa é derrubada para dar lugar
a plantações e pastos. Sem a proteção
das raízes, o solo perde matéria orgânica
e começa a ter camadas removidas. ■
A cada nova cultura, a aragem do terreno
e a ação da chuva carregam nutrientes
do solo, que tem sua espessura original 4 Em poucas décadas, a região fértil
e verde dá lugar a um terreno arenoso
diminuída. A terra nua sofre com a erosão e improdutivo. Com a ação do vento
e os deslizamentos de terra e há uma e da água, toda a faixa do solo
redução do volume do leito dos rios desaparece e só sobra areia
e rocha. Mas isso não significa
que um deserto tenha se formado,
■ porque a desolação tem remédio: a
desocupação do local é o primeiro
passo para que gramíneas e capins
mais resistentes voltem a aparecer.
A recuperação total do solo,
entretanto, pode demorar séculos

do de
ação

e
o e alto

adas
3 O mau uso do solo acaba
com a produtividade nas terras
baixas e força o agricultor a desmatar
uma área na encosta para prosseguir
com o plantio. Nessa região, os
efeitos da erosão são ainda mais
rápidos. As terras abandonadas só
servem como pasto para o gado.
ERVAÇÃO E
AFRICANAS
Em alguns anos, a produtividade nas
encostas também diminui e a faixa
plana vira areia
CONSULTORIA ROBERTO VERDUM, GEÓGRAFO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

ESCOLA NONONONO 2004 39

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1. O infográfico é um gênero textual muito utilizado como ferramenta de apoio para textos
informativos em geral, como o artigo expositivo e o seminário. A intenção é organizar as
informações e apresentá-las junto a imagens, o que facilita a assimilação por parte do inter-
locutor e atrai a sua atenção. Assim, na infografia, textos verbais e imagens são interdepen-
BNCC – Habilidades gerais dentes. Analisando o infográfico Assim surge um deserto, responda às questões a seguir.

a) Nos infográficos, é muito importante deixar clara para o leitor a sequência de leitura que
EF69LP06 EF69LP28 deve ser seguida. Como essa ordem é apresentada no texto lido?
EF69LP07 EF69LP31 No texto, a sequência de leitura é guiada pela numeração dos textos informativos.
EF69LP08 EF69LP42 b) O texto foi publicado na revista Nova Escola. Em que seção da revista ele foi publicado?
O texto foi publicado na seção Ambiente.

2. Analise as afirmações abaixo.

BNCC – Habilidades específicas I. Há um erro na ordenação dos textos. De acordo com a sequência de leitura, os textos 3
e 4 devem mudar de numeração.
II. Para facilitar a ordenação da leitura, podemos trocar os textos 3 e 4 de posição, mas é
EF89LP07 EF89LP32 preciso manter a numeração.
EF89LP24 EF89LP33 III. Para construir o texto, foi necessário recorrer à ajuda de um especialista no tema.
IV. Ao longo da leitura, é possível perceber claramente a relação de causa–consequência,
EF89LP25 EF89LP35 o que caracteriza a argumentação.
EF89LP29 EF89LP36 V. Para facilitar a compreensão do leitor, podemos ordenar os desenhos com os algarismos
1, 2 e 3, da esquerda para a direita.
EF89LP30 EF89LP43
Está correto o que se afirma, apenas, em:
a) I, II e III.
b) I, III e IV.
c) I, IV e V.
d) II, III e V.
e) II, IV e V.

3. Leia a introdução do infográfico.

Anotações Solo arenoso, clima quente e seco e índices pluviométricos baixos por longo perío-
do. Essas condições permitem classificar uma região como desértica. Os desertos
que (1) conhecemos hoje mantêm essas características há milhares de anos. Isso
significa que (2) eles não se formam de uma década para outra, mas o esgota-
mento dos solos tem provocado a expansão rápida de terrenos arenosos.

No capítulo anterior, vimos que a palavra que, ao introduzir orações subordinadas subs-
tantivas, é chamada de conjunção integrante. Já neste capítulo, vimos que, ao introduzir
orações subordinadas adjetivas, a palavra que assume a função de retomar o termo que a

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Manual do Educador

Artigo expositivo e seminário

139
Capítulo
3
antecede e relacioná-lo à oração que introduz. Nesse caso, assume a classe dos prono-
mes relativos, e a oração da qual faz parte é subordinada adjetiva.

a) Nos casos destacados, como se classifica a palavra que?


No caso 1, é pronome relativo. Em 2, é conjunção integrante.
b) No caso em que funciona como pronome relativo, a oração introduzida pela palavra que
expressa uma restrição ou outra explicação do termo que a antecede?
Expressa uma restrição.
c) Substitua a palavra mas por outra que expresse a mesma relação de sentido.
Sugestões: porém, no entanto, entretanto, todavia.

o
Mídias em context

1. Neste capítulo, vimos que os artigos expositivos são textos cujo objetivo principal é
informar os leitores. Vimos, também, que o seminário é um gênero oral igualmente expo-
sitivo. Ambos os gêneros podem ser bem apoiados por infográficos, como estudamos no
encerramento.

Proposta
Agora, você deverá escolher um dos textos expositivos produzidos neste capítulo e enri-
quecê-lo com um infográfico de sua autoria.

Planejamento
Para produzir o infográfico, será necessário delimitar o que será exposto e pesquisar os
tópicos que abordará. Nessa atividade, empregue este planejamento:
1. Pesquise em livros e na Internet informações sobre o tema, observando a delimitação.
2. Esquematize suas ideias e a ordem de apresentação.
3. Defina os recursos gráficos que serão necessários para enriquecer o texto verbal.
4. Utilize algum aplicativo de design para produzir o infográfico em formato digital. Nave-
gando pelos sites de busca, escolha um software online gratuito que possibilite a criação
de infográficos. O Canva.com, por exemplo, oferece uma interface intuitiva, com várias
opções de templates e um banco de imagens bastante rico.
5. Defina o template e passe para o computador o esboço.
6. Reflita sobre a hierarquia das informações e a sequência de leitura que será sugerida ao
leitor.
7. Finalizada a produção, é hora de compartilhar! Você pode publicar seu trabalho em suas
redes sociais ou no Pinterest, uma rede social para compartilhamento de projetos visuais.

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Objetivos Pedagógicos

Ao final deste capítulo, o aluno


deve ser capaz de:
Cap
ítu lo4 De olho
na notícia
•• Reconhecer o gênero, suas
características linguísticas e
funções sociais.

Conhecimentos prévios
1. Você lê notícias com frequência?
•• Planejar, elaborar e avaliar 2. Qual é a principal função social da no-
tícia?
uma notícia. 3. Entre os inúmeros fatos que acontecem
diariamente, por que somente alguns
•• Expressar-se com desenvoltu- são temas de notícias? Quem escolhe
os fatos que serão noticiados?
ra a respeito dos temas estu-
dados no capítulo.
•• Demonstrar compreensão e
habilidade no trato com as
análises linguísticas propos-
Caracterizando o gênero
tas no capítulo, bem como
nos usos de pontuação. A notícia é o texto jornalístico mais ágil e dinâmi-
co, responsável por informar as pessoas acerca dos
fatos e, assim, contribuir para que elas conheçam

Diálogo com
melhor a realidade que as cerca. Com base nessas
informações, a população pode refletir sobre essa
o professor realidade, formular opiniões mais sólidas e até mes-
mo agir para transformá-la. Neste capítulo, vamos
exercitar a produção de notícias e estudar como

A notícia é um gênero textual esse gênero textual se constitui para relatar os acon-
tecimentos.
em que predomina o relato. Nela
são relatados acontecimentos,
informações, recentes ou atuais,
do dia a dia. Qualquer fato pode
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virar notícia, de uma simples bri-


ga de casal a uma nova investi- Uma das características princi- os principais tópicos da notícia.
da do homem no espaço. Como pais da notícia é a objetividade Caracteriza-se pela sua função
esses fatos são veiculados em e a clareza. Para facilitar a leitura de resumir o assunto, ressaltar o
jornal, revista, rádio, programas e a compreensão, a notícia deve fato mais importante e despertar
de televisão, sites, etc., os pró- ser o mais direta e clara possível. a curiosidade do leitor. Assim,
prios veículos selecionam o que Esse aspecto deve ser prioriza- normalmente o lide responde
será noticiado ou não, de acordo do já no título (manchete) e no às seguintes questões: O quê?
com seus interesses e sua linha lide. O lide é um pequeno pará- Quem? Quando? Como? Onde?
editorial. grafo introdutório que apresenta Por quê?

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Manual do Educador

Notícia

141

Diálogo com
o professor

Neste capítulo, seleciona-


mos o gênero notícia para
trabalhar tendo em vista sua
importância social. Duran-
te a produção, procuramos
enfatizar sua utilidade como
instrumento de formação
cidadã e para o desenvolvi-
mento do senso crítico dos
alunos.
ic
ov
rk
nu
ar
ld
|e
ck
to
rs

Anotações
te
ut
Sh

O que estudaremos neste capítulo:


• Características e funções da notícia
• Orações subordinadas adverbiais
• Orações reduzidas
• Pontuação das orações subordinadas
adverbiais

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Apesar de a notícia ter múlti- re a seleção dos fatos que virarão


plos e desconhecidos leitores, é notícia. Na prática, o próprio leitor
possível traçar o perfil deles. De sabe onde encontrar as notícias
acordo com o tipo de jornal ou de seu interesse.
revista comprado, por exemplo,
podemos ter uma ideia de quem
são, do que gostam, a que clas-
se social pertencem, quais são
os seus interesses. Disso decor-

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O MOMENTO Notícia
E ir
iM Por fé e lucro
Pr Estado Islâmico promove onda de destruição
Sugestão de de patrimônio histórico no Iraque

Abordagem Antes de
O grupo extremista islâmico, autodenominado Estado Islâmi-
co (EI), começou a destruir mais um sítio arqueológico no norte
começar a ler
do Iraque, segundo fontes curdas.
Estimule os estudantes a A notícia que você vai ler

relacionar os fatos à Histó- agora foi publicada no dia


7 de março de 2015, no
site da BBC Brasil quando
ria para que possam com- foram divulgadas notícias

preender as questões mais


sobre ações do Estado
Islâmico. O grupo terrorista
divulgou imagens em que
recentes do mundo. É ne- exibe a destruição de
tesouros da humanidade.
cessário incentivá-los a es- Esse delito exigiu pesados
equipamentos e ameaçou
tabelecer paralelos com o 30 séculos de história.
No entanto, nem tudo foi
que aconteceu em outros destruído — algumas obras
foram preservadas para

períodos históricos e ques- ser vendidas no mercado


paralelo de arte. O objetivo:
Hatra era uma cidade fortificada que resistiu a ataques dos romanos.

tioná-los quanto aos moti- conseguir dinheiro para


financiar armamentos
A antiga cidade de Hatra foi fundada durante o império parta,
há mais de 2.000 anos, e é considerada pela Organização das
vos para que eles reapare-
e continuar com sua
ideologia extremista em Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unes-
çam atualmente.
nome da fé.
co), órgão ligado à ONU, um patrimônio histórico da humanida-
de. No início desta semana, militantes do grupo haviam come-
çado a demolir as ruínas da cidade de Nimrud, antiga capital do
império assírio fundada no século XIII a.C.
BNCC – Habilidades gerais O Estado Islâmico também divulgou na semana passada um
vídeo em que destruía artefatos assírios em um museu em
Mosul, cidade localizada a 30 km de Nimrud, Iraque. Relatos
EF69LP03 EF69LP15 Dicionário também dão conta de que extremistas incendiaram uma biblio-
EF69LP13 EF69LP16 teca na mesma cidade, junto com mais de 8 mil manuscritos.
Curdas – Do grupo étnico
EF69LP14 EF69LP18 que se considera nativo de
Essa onda de destruição de patrimônios históricos e cul-
turais gerou revolta entre autoridades e pesquisadores. “Eles
uma região referida como
Curdistão. estão apagando nossa história”, disse o arqueólogo iraquiano
Artefatos – Peças; Lamia al-Gailani.
BNCC – Habilidades específicas objetos.
Manuscritos – Escritos
feitos à mão.

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EF89LP04 EF89LP16 142
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Anotações

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Manual do Educador

Notícia

143
Capítulo
4
Falsos deuses

volta do urânio se processo fracas-


Aprenda sar desatou nó. Um subtítulo como
mais!
o acima por certo foi isca para atrair
O Estado Islâmico (EI)
é um grupo muçulmano o leitor incauto, curioso para decifrá-
-lo. De que outro modo entenderá o
extremista, fundado em
outubro de 2004, a partir

mistério irrevelado em tão poucas


do braço da Al Qaeda,
no Iraque. É formado por
sunitas, o maior ramo do
islamismo. e bem-postas palavras? O que a
obra diz é que o Irã aceitou o acor-
Os sunitas radicais do
Para extremistas, estátuas e outros símbolos promovem a renúncia da fé islâmica. EI consideram que os
xiitas são infiéis e devem
No controle de grandes áreas na Síria e no Iraque, o grupo ser mortos. Aos cristãos, do porque parte de seu urânio seria
os extremistas dão três
extremista segue uma vertente radical da sharia, lei islâmica,
segundo a qual estátuas são usadas para idolatrar falsos deu-
opções: a conversão, o
pagamento de uma taxa
depositada na Turquia, que garantia
ses. Ao mesmo tempo, o grupo terrorista pôs à venda alguns religiosa ou a pena de
morte.
a devolução em caso de falha das
artefatos no mercado negro, transformando antiguidades em
uma importante fonte de renda para o grupo, junto com o petró- negociações.
leo e sequestros.
O primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, prometeu pu- Se o olheiro não estivesse tão
nir os responsáveis. “Esses bárbaros, terroristas, criminosos
interessado em ser misterioso,
estão tentando destruir o patrimônio da humanidade”, disse
Abadi. “Vamos persegui-los para fazer com que paguem por duas vírgulas tornariam seu olho
cada gota de sangue derramada no Iraque e pela destruição da
civilização do Iraque”, conclui o primeiro-ministro.
menos opaco: “Ali Akbar Salehi
afirma à Folha que a devolução
Força política e cultural
do urânio (vírgula) se processo
O império parta era uma grande força política e cultural no
Iraque antigo. No seu auge, no século II a.C., seu território co- Dicionário fracassar (vírgula) desatou nó”. (E
bria uma região que hoje vai do Paquistão à Síria. Localizada a
110 km a sudoeste de Mosul, Hatra era uma cidade fortificada
em vez de volta, devolução.)
Parta – Relativo à Pártia,
que resistiu a ataques do império romano graças às suas mu-
Claro que continuaria ilegível, con-
região da Pérsia (atual
Irã). O império parta se
ralhas e torres. Segundo Said Mamuzini, do Partido Democrata
constituiu por volta do
Curdo, os militantes começaram a destruí-la com pás. “A cidade século III a.C. e durou 600 siderando os padrões mínimos de
de Hatra é grande, e muitos dos artefatos estavam protegidos anos, aproximadamente.
em seu interior”, explicou Mamuzini, acrescentando que extre- clareza exigidos em um texto de jor-
mistas já haviam retirado o ouro e a prata que havia no local. nal. Mas menos. É preciso lembrar,
no entanto, que o pessoal dos jor-
143
nais luta contra a falta de espaço e a
pressão do tempo. Só que, quando
não dá, não dá. Seria melhor algo
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Leitura Complementar assim: “Ali Akbar Salehi afirma que


a confiança em que a Turquia de-
Os estragos que a pressa, a comprovaria as intenções pacíficas volverá o urânio, em caso de fracas-
falta de espaço e alguma ina- do país persa em relação a pesqui- so do acordo, resolveu a pendên-
bilidade podem causar em um sas com energia atômica. A propó- cia”. A informação de que Ali disse
texto jornalístico. sito, a Folha de S. Paulo publicou algo só à Folha, dada para valorizar
No ano de 2010, o então presidente um texto com o seguinte título: Ne- a matéria e o jornal, é dispensável
Lula foi ao Irã com o (então) primei- gociador iraniano diz que garantia no subtítulo; poderia ser incluída no
ro-ministro da Turquia, Recep Er- fez diferença. O subtítulo anunciou: corpo do texto para dar espaço a
dogan, para tentar um acordo que Ali Akbar Salehi afirma à Folha que informações mais relevantes.

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ideias
Sugestão de
Abordagem
As respostas da seção Para
discutir são de cunho pessoal.
Apesar disso, esperamos que
os alunos se posicionem quan- Museu em Mosul, também foi destruído por militantes.

do provocados. Crime de guerra


O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, considerou a des-
Para responder à questão 1, truição um “crime de guerra”, disse seu porta-voz. Na semana
passada, o Conselho de Segurança da ONU proibiu todo o co-
seria interessante propor uma mércio de artefatos históricos vindos da Síria e acusou mili-
pesquisa no livro de História tantes do grupo extremista de saquear a herança cultural para
aumentar sua capacidade de “organizar e realizar ataques ter-
dos alunos, pois o tema é tra- roristas”.
tado neste ano. A perspecti- “Isso deixa claro que nada está à salvo da limpeza cultural
em curso no país”, afirmou Irina Bokova, diretora da Unesco.
va interdisciplinar sem dúvida Esta não é a primeira vez que patrimônios históricos da huma-

contribuirá bastante para a


nidade são destruídos por extremistas. Em 2013, militantes no
Mali incendiaram bibliotecas onde eram guardados manuscri-
aprendizagem. tos históricos. E, em 2001, o Talebã explodiu estátuas conhe-
cidas como os Budas de Bamiyan, que datavam do século VI.
Como até o momento traba- Disponível em: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2015/03/150307_destruicao_es-
tado_islamico_iraque_rb.shtml. Acesso em 28/04/2015.

lhamos apenas com gêneros


tipicamente narrativos, seria Para discutir

interessante conversar com os 1. Você já tinha ouvido falar no Estado Islâmico?


2. Nem todos os artefatos históricos foram destruídos, mas, sim,
alunos sobre o relato, exempli- vendidos para financiar a manutenção do grupo terrorista.
Isso nos leva a concluir que, de forma indireta, o financia-
ficando com gêneros em que mento também se constrói pelas pessoas que compram as
esse tipo textual normalmente mercadorias saqueadas e ilegais, tirando proveito da situa-
ção. Você concorda com essa atitude?
predomina. Em seguida, po-
demos fazer uma breve apre- 144
sentação sobre o jornal, suas
características e função social. LPemC_2018_BNCC_9A_Cap4.indd 144 08/05/18 06:50

As discussões em sala de sempre garantindo que eles


aula também são um método estão exercitando a capacida- Anotações
para estimular a reflexão e o de de seleção de argumentos
compartilhamento de ideias e palavras para defender a
entre os estudantes a partir ideia original. Não se esqueça
de uma notícia de grande re- de pedir para que eles tentem
percussão. Você pode propor identificar soluções para os
diferentes formatos de debate, problemas.

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Manual do Educador

Notícia

145
Capítulo
4
Desvendando os segredos do texto
Aprenda
mais!
1. Qual é o objetivo comunicativo dessa notícia?
Malak e o barco,
Informar ao leitor brasileiro sobre ações terroristas do Estado curta-metragem vencedor
do Festival Internacional
Islâmico contra o patrimônio histórico do Iraque. de Criatividade de Cannes
em 2016, aborda a
2. Em que local é a maior atuação do Estado Islâmico? trajetória de uma garota
síria sobrevivente de uma
Iraque. embarcação de refugiados
que cruzou o Mediterrâneo.
A abordagem do tema
3. Ao informar os leitores, a notícia cumpre uma função so- sob a sensibilidade de
cial muito importante. Pensando nisso, explique por que essa uma produção audiovisual
nos permite diferentes
notícia foi relevante para a sociedade. níveis de reflexão e traz
à tona a necessidade
Porque a história da humanidade pertence a todos e não po-
de compreendermos as
manifestações artísticas
demos tolerar que grupos extremistas estejam destruindo um
como produções tão
patrimônio que é de todos. relevantes quanto as
notícias que consumimos
diariamente.
4. A notícia é um gênero textual marcado pela objetividade e Assista à animação na
clareza no relato das informações. Por esse motivo, geralmente íntegra no link a seguir.

é um texto curto que visa relatar apenas o necessário acerca


https://www.portalraizes.
dos fatos. Textos jornalísticos que investigam mais a fundo os com/malak-e-o-barco-o-
fatos, normalmente tratando-os sob vários pontos de vista, não curta-brasileiro/
são notícias, mas reportagens. Assim, nas notícias o jorna-
lista raramente se estende na abordagem dos fatos. Ele bus-
ca apenas o essencial, que pode ser bem respondido com as
perguntas básicas, como o quê?, quem?, quando?, onde?,
por quê?, como?. Pensando nisso, releia o texto e retire as
respostas, se houver, dessas perguntas básicas.
O quê? Grupo extremista destrói sítio arqueológico. Quem?
Grupo extremista/Estado Islâmico. Quando? No início da se-
mana. Onde? Iraque. Por quê? O Estado Islâmico justifica que
as imagens corrompem a fé em Alá, pois são usadas para ido-
latrar falsos deuses. Como: Usando pás e outras ferramentas.

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Ca

146 Aprenda
mais!
5. Um dos mecanismos textuais que ajuda o autor de um texto
a ser claro e objetivo é a coesão. A coesão é responsável, en-
Em 1990, o jornal O
tre outras coisas, pela relação textual entre palavras e expres-
Estado de S. Paulo sões, evitando repetições desnecessárias. Para entender me-
publicou a primeira edição lhor como esse importante mecanismo textual funciona, releia
do seu famosíssimo
Manual de Redação
atentamente os parágrafos segundo e terceiro, logo abaixo, e,
e Estilo, um guia que em seguida, procure responder às questões propostas.
desde então orienta os
jornalistas na elaboração
de seus textos. Nas
suas Instruções Gerais,
O Estado Islâmico também divulgou na semana pas-
veja o que diz o manual sada um vídeo em que destruía artefatos assírios em um
a respeito da clareza e museu em Mosul, cidade localizada a 30 km de Nimrud,
Iraque. Relatos também dão conta de que extremistas
objetividade:
“Seja claro, preciso,
direto, objetivo e incendiaram uma biblioteca na mesma cidade, junto com
conciso. Use frases curtas mais de 8 mil manuscritos.
e evite intercalações Essa onda de destruição de patrimônios históricos e
excessivas ou ordens
inversas desnecessárias culturais gerou revolta entre autoridades e pesquisadores.
[…]. “Eles estão apagando nossa história”, disse o arqueólogo
A simplicidade é condição iraquiano Lamia al-Gailani.
essencial do texto
jornalístico. Lembre-se de
que você escreve para
todos os tipos de leitor, e a) O termo extremistas retoma qual expressão colocada ante-
todos, sem exceção, têm riormente?
o direito de compreender
qualquer texto […].” Estado Islâmico.

MARTINS, b) Segundo o Manual de redação e estilo do jornal O Estado de


Eduardo.
Manual de
S.Paulo, o jornalista deve procurar escrever com simplicida-
redação e de. Por isso, deve dispensar o uso de palavras raras, de difícil
estilo de O
Estado de compreensão. A regra é bem simples: “Não escreva o que você
S.Paulo.
São Paulo: não diria”. Assim, uma pessoa rejeita um convite, não declina
O Estado de
S.Paulo, 2006.
de um convite; uma solução é adiada, não procrastinada; um
desentendimento gera uma discórdia, não uma cizânia. Tendo
isso em vista, por qual palavra poderíamos substituir a forma
verbal divulgou, sem alteração de sentido?
Publicou.

c) No trecho Eles estão apagando nossa história”, disse o ar-


queólogo iraquiano Lamia al-Gailani, poderíamos usar que pa-
lavra para substituir o termo destacado?
Destruindo.

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Manual do Educador

Notícia

147
Capítulo
4
6. Como a notícia, em geral, é um texto breve, pode ser que
alguns termos ou informações sejam difíceis de compreender
por parte do leitor. Para evitar isso, o jornalista pode recorrer
a termos ou orações de valor explicativo. Essas ferramentas
cumprem o duplo papel de informar o leitor e facilitar a constru-
ção de sentido. Pensando nisso, leia os trechos abaixo obser-
vando os termos destacados:
de nicotina nos cigarros fabrica-
I. “[…] é considerada pela Organização das Nações Unidas
dos pela indústria do fumo.
para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), órgão
ligado à ONU, um patrimônio histórico da humanidade.”
(segundo parágrafo)
II. “Ao mesmo tempo, o grupo terrorista pôs à venda al-
guns artefatos no mercado negro, transformando anti-
guidades em uma importante fonte de renda para o grupo,
junto com o petróleo e sequestros.” (quinto parágrafo)
III. “[…] o grupo extremista segue uma vertente radical da
sharia, lei islâmica, segundo a qual estátuas são usadas
para idolatrar falsos deuses.” (quinto parágrafo)
IV. “Esses bárbaros, terroristas, criminosos estão tentando
destruir o patrimônio da humanidade.” (sexto parágrafo)
Citizenfour
Nesses trechos, o termo destacado esclarece o sentido de um
substantivo expresso anteriormente em: Em um hotel de Hong Kong, a
a) I e II. cineasta Laura Poitras e o jorna-
b) III e IV.
c) I e III. lista Glenn Greenwald se encon-
d) II e IV.
e) I, II, III e IV.
tram com o ex-agente do governo
americano Edward Snowden. Em
janeiro de 2013, ele se identifica-
va com o pseudônimo Citizenfour
ao enviá-los documentos confi-
denciais, escancarando a espio-
nagem indiscriminada na Internet
feita pelos Estados Unidos.

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Sugestão de Abordagem
As aventuras de Agamenon
Como sugestão de trabalhar filme, O filme narra a história de Lo-
notícia e o mundo do jornalismo, well Bergman, produtor do fa- A comédia revela a divertida e
sugerimos os seguintes títulos: moso programa 60 Minutes, que misteriosa vida do jornalista Aga-
em 1995 convenceu o cientista menon Mendes Pedreira, perso-
Jeffrey Wigand, ex-pesquisador nagem criado por Marcelo Madu-
de uma grande empresa de taba- reira e Hubert há mais de 20 anos
co dos Estados Unidos, a revelar e que até hoje assina uma coluna
O informante a verdade sobre a manipulação de jornal.

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Ca 148
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ideias Análise linguística

Repensando o
Ensino da Gramática Orações subordinadas
adverbiais (1)
Como vimos no Capítulo 1, nos períodos compostos por su-
As melhores aulas de portu- bordinação, as orações subordinadas podem exercer funções

guês (especialmente no Ensi- básicas: de substantivo, de adjetivo e de advérbio. Nos capítu-


los 2 e 3, estudamos as orações subordinadas substantivas e
no Fundamental) que alguém adjetivas, respectivamente. Agora é a vez das adverbiais.
Como o próprio nome sugere, as orações subordinadas
pode conceber partem de adverbiais exercem a função de adjunto adverbial da oração
textos reais. Aula que começa principal. Essas orações sempre se iniciam com uma conjun-
ção, responsável por explicitar a circunstância expressa pela
com dado solto (para falar de oração adverbial. Nesta parte, veremos cinco tipos de orações

qualquer questão gramatical: adverbiais e as conjunções mais comuns.

grafia, classificação de pala- Temporais


vras, tipos de oração, etc., ou Expressam uma circunstância de tempo, explicitada normal-
mente pelas conjunções quando, assim que, depois que, an-
mesmo para comparar escri- tes que, enquanto, mal. Observe:
ta correta e escrita errada) é
uma aula que começa mal. A Conjunção

tese também vale para outras


O Estado Islâmico destruiu artefatos quando invadiu a cidade de Hatra.
áreas: botânica deve começar
com plantas (folhas, flores), Oração subordinada adverbial temporal

não com desenhos.


Conjunção

O principal argumento para


Assim que registraram a destruição em vídeo, os extremistas divulgaram na Internet.
sustentar esta tese decorre
da observação de como os Oração subordinada adverbial temporal

humanos aprendem a falar:


as crianças vivem em uma
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comunidade que fala, ouvem
de tudo, ou quase, e, em pou- LPemC_2018_BNCC_9A_Cap4.indd 148 08/05/18 06:51

co tempo, tornam-se falantes


competentes. Sem ter aulas. o que estão errando. Só os textos BNCC – Habilidades específicas
Outra forma de tornar uma dos próprios alunos revelam exa-
aula interessante e produtiva tamente onde há problemas. A EF09LP04
é considerar os textos dos alu- reescrita amigável (e fundamen- EF09LP08
nos. Eles escrevem, mesmo tada!) desses textos ensina com
que precariamente, e, anali- velocidade espantosa.
sando esses textos, sabere- POSSENTI, Sírio. Revista Língua Portuguesa.
mos o que estão acertando e Julho de 2011. São Paulo: Segmento. Texto
adaptado.

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Manual do Educador

Notícia

149
Capítulo
4
Concessivas
Expressam uma circunstância de concessão da oração
principal. A relação de concessão se verifica quando a oração
subordinada anuncia antecipadamente que uma conclusão que
poderíamos tirar da oração que inicia não é válida. As principais
conjunções subordinativas concessivas são embora, mesmo
que, ainda que, apesar de que. Veja:

Embora aleguem questões de fé, os extremistas venderam muitos artefatos.

Oração subordinada adverbial concessiva

Apesar dos protestos internacionais, o Estado Islâmico continua matando e destruindo.

Oração subordinada adverbial concessiva

Compartilhe
Causais ideias
Expressam uma circunstância de causa para o fato que se
declara na oração principal. Essa circunstância é explicitada
normalmente pelas conjunções porque, pois, que, como, já
que, uma vez que, porquanto. Para entender melhor, leia esta
charge:

www.dukechargista.com.br

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Observe que o fato de o cachorro ter convivido por um mês
com membros de uma torcida organizada foi a causa de ele ter
se tornado um animal tão violento. Poderíamos expressar essa
Diálogo com relação de causa assim:

o professor Ele ficou violento porque conviveu com membros de uma torcida organizada.

Isabel Solé, em seu livro Es- Oração subordinada adverbial causal

tratégias de Leitura, no ca-


Como conviveu com membros de uma torcida organizada, ele ficou violento.
pítulo 1, discorre sobre três
características fundamen- Oração subordinada adverbial causal

tais do processo de leitura


que devem ser levadas em
É importante ter atenção para não confundir a relação de
sentido expressa pelas conjunções que, porque e pois. Elas
conta ao se trabalhar o tex- tanto podem ser adverbiais causais como coordenativas expli-
cativas. Na frase “Ele ficou violento porque conviveu com mem-
to em sala de aula: prever, bros de uma torcida organizada”, a conjunção explicita que tal
convivência foi a causa de o animal ter ficado violento. Já numa
verificar e construir uma in-
frase como “Ele está violento, porque está rosnando sempre”,
terpretação. o fato de rosnar não é a causa de o cachorro estar violento,
mas uma explicação para o que se vê. Nesse caso, dizemos
Para ela, “fazemos previsões que o período é composto por coordenação, e a oração “por-
que está rosnando sempre” é coordenada sindética explicativa.
sobre qualquer tipo de texto e
sobre qualquer um dos seus Consecutivas
Expressam uma consequência do fato que se declara na
componentes. Para realizá-
oração principal. Essa relação é comumente explicitada pela
-las, baseamo-nos na infor- conjunção que, precedida de tal, tão, tanto ou tamanho.

mação proporcionada pelo Os membros da torcida organizada eram tão violentos que o cachorro enlouqueceu.
texto, naquela que podemos
considerar contextual e em Oração subordinada adverbial consecutiva

nosso conhecimento sobre


Os membros da torcida organizada batiam tanto no cachorro que ele ficou violento.
a leitura, os textos e o mundo
em geral”. Oração subordinada adverbial consecutiva

Considerando os anos de 150


escolaridade, certamente os
alunos já conhecem mais a LPemC_2018_BNCC_9A_Cap4.indd 150 08/05/18 06:51

fundo algumas característi-


cas formais do gênero. Por Sugestão de
esse motivo, já podem pre- Abordagem Anotações
vê-las e verificá-las na notícia
sobre as ondas em Noronha. Trabalhe com a turma o
mecanismo da coesão
nessa notícia, chamando a
atenção dos alunos para a
sua importância na cadeia
textual.

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Manual do Educador

Notícia

151
Capítulo
4
Uma forma interessante de identificar mais facilmente as
orações adverbiais consecutivas é observar que, onde há con-
sequência, há causa. Logo, se temos uma oração que expres-
sa uma consequência, a outra expressa uma causa. Conside-
ramos subordinada aquela que apresenta a conjunção.

Modais
Expressam uma circunstância de modo para a forma como
se realizou o fato declarado na oração principal. A principal con-
junção modal é a locução sem que. Observe:

Adjunto adverbial de modo

Os extremistas atacaram impiedosamente.

Os extremistas atacaram sem demonstrar piedade.

Oração subordinada adverbial modal

Os casais se encontram sem ter pressa.

Oração subordinada adverbial modal

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o
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ul
p ít
Ca 152
Prática linguística
Leitura 1. Leia a notícia e, em seguida, indique a oração subordinada adverbial mais adequada

Complementar para completar as lacunas dos períodos. Considere as informações presentes no texto.

Ciclone provoca ondas gigantes em Fernando de Noronha


Desde quarta-feira, o arquipélago é atingido por ondas de mais de 4 metros. O swell,
No portal G1 de notícias, site como é chamado por surfistas e meteorologistas, se originou no Oceano Atlântico Norte
de notícias da Globo, há uma Como num dos exemplos da Teoria do vam o Cabo da Boa Esperança, na África, e
seção intitulada Princípios Caos, em que borboletas da Austrália po- a mesma que ocasiona a ressaca”, ensina.
dem causar uma tempestade nos EUA, um Os ventos que estão originando o swell
editoriais das Organizações ciclone no Atlântico Norte está provocan- em Noronha são da ordem de 18 a 20 me-

Globo, documento cujo con- do ondas gigantes, de mais de 4 metros,


em Fernando de Noronha. Chamado pelos
tros por segundo. Percorrem aproximada-
mente 6 mil quilômetros até a ilha.
teúdo expõe muito das prin- meteorologistas e surfistas de swell, o fe- Ao percorrer o Atlântico, o swell se pro-
nômeno está ocorrendo desde quarta-feira paga por profundidades de até 500 metros.
cipais características comuns na ilha, a 545 quilômetros do Recife. Quando se aproxima da praia, a profun-
aos gêneros do domínio jor- “A diferença entre uma onda comum e didade diminui. A energia é reduzida, e a
um swell ”, explica Valdir Innocentini, me- onda acaba se dissipando, sem provocar
nalístico e que pode ser muito teorologista do Instituto Nacional de Pes- danos. O swell pode também se originar no
útil para sua aula. Por exem- quisas Espaciais (Inpe), “está no período,
ou seja, o tempo registrado entre a passa-
Atlântico Sul.
O surfista e engenheiro de pesca Ro-
plo, lá há um tópico que tra- gem de duas cristas. Em uma onda comum, dolfo Aureliano de Melo, em Noronha há
o período é de menos de 10 segundos. No 15 anos, diz que nunca viu swell tão alto.
ta de como o jornalista deve swell, é de cerca de 15 segundos”. “Teve um forte em 1999, mas esse parece
proceder diante do público, e O ciclone extratropical ocorre em am- maior.” Embora altas, as ondas não estão
bos os hemisférios e está associado tanto favoráveis ao surfe, segundo ele. “Esse
diz, dentre outras coisas, que a frentes quentes quanto a frias. Innocentini swell é do norte, mas o vento está sopran-
descarta a relação do swell com mudanças do do leste. O mar fica uma bagunça.”
cada veículo tem um público- climáticas globais, a exemplo do aqueci- O pós-swell, no entanto, é favorável aos
-alvo e deve agir de acordo mento do planeta. “As ondas acontecem surfistas. Segundo Aureliano, quando se
sempre que há ventos soprando sobre o dissipa, o fenômeno costuma cavar o fundo
com as características dele, mar. O swell é a mesma onda que causa- da praia, permitindo a formação de melho-
adaptando a elas pauta, lin- va dificuldades aos portugueses que dobra- res ondas.
Kanokratnok I Shutterstock

guagem e formato. Mas, para


as Organizações Globo, todo
público tem um alto poder de
discernimento e entendimen- 152
to: o menos culto dos homens
é capaz de decidir o que é LPemC_2018_BNCC_9A_Cap4.indd 152 08/05/18 06:51

melhor para si, escolhe vi-


sando à qualidade e entende e o formato não devem ser
tudo o que lhe é relatado de rebuscados a ponto de afas- BNCC – Habilidades específicas
forma competente. Essa con- tar os menos letrados nem
vicção deve ser levada em simplórios a ponto de afastar EF09LP04
conta especialmente pelos os mais instruídos. Se infor- EF09LP08
veículos de massa que produ- marem em linguagem clara
zem informação para pessoas sobre assuntos de interesse
de todos os níveis de instru- de todos, serão sempre bem
ção. Nesse caso, a linguagem entendidos.

152
152

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Manual do Educador

Notícia

153
Capítulo
4
Leitura Complementar
I. _______________________________, o swell não está fa-
vorecendo o surfe. Compartilhe
a) Embora gere ondas baixas ideias
b) Como provoca ondas altas O professor que trabalha cons-
c) Embora provoque ondas de mais de 4 metros
d) Sem que os surfistas tenham notado tantemente com o jornal em sala
II. ________________________________, o swell dificultava
de aula, e não apenas eventual-
a passagem dos portugueses pelo Cabo da Boa Esperança, mente, necessita de objetivos e
na África.
a) Como provoca ondas de mais de 30 metros por segundo de planejamento coerentes com
b) Como gera ondas muito altas o processo de aprendizagem das
c) Embora fosse velho conhecido dos navegadores antigos
d) Embora não cause danos ao arquipélago crianças. Isso se justifica diante
III. As ondas gigantes que atingiram o arquipélago estavam tão
da possibilidade de o jornal vir a
violentas e desordenadas __________________________. ser um instrumento de reflexão e
a) que impediram a prática de surfe
b) que muitos surfistas se aventuraram nas águas de ensino da leitura e da escrita
c) que atraíram jornalistas e turistas do mundo inteiro reflexiva desde a mais tenra ida-
d) que os ventos começaram a soprar do leste
de, desde a educação infantil.
IV. ________________________________, o swell não é pro-
vocado por elas.
Para despertar nos alunos o in-
a) Mesmo tendo forte relação com as mudanças climáticas teresse pela leitura de jornais e re-
b) Mesmo tendo alguma relação com as mudanças globais do
clima vistas é preciso aproximá-los fisi-
c) Embora pareça ter relação com as mudanças climáticas camente desse material de leitura.
globais
d) Embora as ondas gigantes assustem Além da hemeroteca de sala, é
2. O parágrafo abaixo foi retirado da notícia que você leu ain-
possível criar um vínculo de leitura
da há pouco. Releia-o e, em seguida, responda às questões com os alunos a partir da associa-
propostas.
ção de conteúdos estudados em
Ao percorrer o Atlântico, o swell se propaga por profundidades sala e nos livros didáticos às ma-
de até 500 metros. Quando se aproxima da praia, a profundida-
de diminui. A energia é reduzida, e a onda acaba se dissipan- térias, notícias e reportagens pu-
do, sem provocar danos. O swell pode também se originar no
Atlântico Sul. blicadas periodicamente na mídia
impressa. Essa associação é muito
importante para entender aspectos
153
da nossa realidade e, com isso,
compreender melhor o mundo pela
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leitura de jornais e revistas [...].


Para desenvolver o trabalho
com o jornal na sala de aula, não
Anotações
é preciso ler todo o conteúdo dos
periódicos. Por isso, é importante
identificar com os alunos as edi-
torias e os cadernos que subdivi-
dem os jornais e as partes refe-
rentes a diferentes temas.
BORTONE, Márcia Elizabeth; BRAGA, Cátia
Regina Martins (2008). A construção da leitura e
da escrita. São Paulo: Parábola.

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Ca 154
a) Como se classifica a oração “quando se aproxima da praia”?
Oração subordinada adverbial temporal.

b) Reescreva o período substituindo a oração “quando se apro-


Diálogo com xima da praia” por outra equivalente.

o professor Sugestão: Ao se aproximar da praia, a profundidade diminui.

c) Como se classifica a oração “sem provocar danos”?

Os fatores que regem a conexão Oração subordinada adverbial modal.

referencial (realizada por aspec- 3. Assinale o item em que a oração grifada está classificada

tos mais especificamente semân- indevidamente:


a) O ciclone extratropical ocorre em ambos os hemisférios e
ticos) e a conexão sequencial está associado tanto a frentes quentes quanto a frias.

(realizada mais por elementos


(oração coordenada sindética aditiva)
b) As ondas acontecem sempre que há ventos soprando so-
conectivos) em especial ao nível bre o mar. (oração subordinada adverbial consecutiva)
c) O swell é a mesma onda que causava dificuldades aos por-
da cotextualidade, geralmente co- tugueses que dobravam o Cabo da Boa Esperança. (ora-
nhecidos como coesão, formam ção subordinada adjetiva restritiva)
d) Os ventos que estão originando o swell em Noronha são
parte dos critérios tidos como da ordem de 18 a 20 metros por segundo. (oração subordi-

constitutivos da textualidade. Para


nada adjetiva restritiva)
e) O surfista e engenheiro de pesca Rodolfo Aureliano de Melo,
muitos, a coesão é o critério mais em Noronha há 15 anos, diz que nunca viu swell tão alto.
(oração subordinada substantiva objetiva direta)
importante da textualidade.
4. Como vimos, o texto jornalístico é marcado pela objetivida-
Os processos de coesão dão de. Por isso, normalmente os jornalistas buscam ao máximo se

conta da estruturação da se- expressar utilizando o mínimo de palavras, mas sempre bus-
cando a clareza. Essa economia de palavras corresponde ao
quência (superficial) do texto que chamamos de concisão. Uma das técnicas que contribui
bastante para a concisão é a elipse, que consiste em omitir um
(seja por recursos conectivos termo que pode ser facilmente recuperado pelo contexto. Pen-
ou referenciais); não são sim- sando nisso, releia o penúltimo parágrafo da notícia e, depois,
responda às questões propostas.
plesmente princípios sintáticos.
O surfista e engenheiro de pesca Rodolfo Aureliano de Melo, █ em
Constituem os padrões formais Noronha há 15 anos, diz que nunca viu swell tão alto. “Teve um forte
em 1999, mas esse parece maior”. Embora █ altas, as ondas não
para transmitir conhecimentos e estão favoráveis ao surfe, segundo ele. “Esse swell é do norte, mas o

sentidos […]. vento está soprando do leste. O mar fica uma bagunça”.

154
Para muitos estudiosos do texto,
os mecanismos da coesão textual
formam uma espécie de gramá-
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tica do texto. Porém, a expres-


sabemos que vários enunciados parte da linguística textual que de-
são gramática de texto é um tanto
corretamente construídos, quan- termina um subconjunto importante
desnorteante, pois não podemos
do postos em sequência imediata, desses requisitos de sequenciali-
aplicar ao texto as noções usadas
podem não formar uma sequência dade textual.
para a análise da frase. Se, por um
aceitável. Isso quer dizer que um
lado, podemos realizar enunciados MARCUSCHI, L. A. (2008). Produção textual,
texto não é uma simples sequên- análise de gêneros e compreensão.
completos e explicá-los com gra-
cia de frases bem formadas. Essa São Paulo: Parábola, p. 99–100.
máticas de frase, tomando-os in-
sequência deve preencher certos
dependentemente, por outro lado,
requisitos. A coesão é justamente a

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Manual do Educador

Notícia

155
Capítulo
4
a) Que termos foram omitidos nos locais indicados?
Compartilhe
… que está/...estejam. ideias
b) Por que esses termos foram omitidos?
Para evitar a repetição desnecessária do verbo estar.

5. Indique o período composto em que uma oração expressa


uma circunstância de tempo.
a) Os ventos que estão originando o swell em Noronha são da
ordem de 18 a 20 metros por segundo.
b) Percorrem aproximadamente 6 mil quilômetros até a ilha.
c) O swell se propaga por profundidades de até 500 metros.
d) O swell pode também se originar no Atlântico Sul.
e) Segundo Aureliano, quando se dissipa, o fenômeno costuma
cavar o fundo da praia, permitindo a formação de melhores
ondas.

6.
Assinale o item que indica corretamente a relação dos ele-
mentos sublinhados nos períodos a seguir.

I. O técnico berrou tanto que ficou rouco.


a) Causa.
b) Consequência.
c) Modo.
d) Finalidade.
e) Concessão.
II. No meu quarto, estudo sem que ninguém me atrapalhe.
a) Lugar.
b) Consequência.
c) Finalidade.
d) Condição.
e) Modo.
III. Não posso ouvir esta música, conforme falei.
a) Consequência.
b) Conformidade.
c) Adição.
d) Modo.
e) Condição.

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o
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Ca 156

É hora de produzir
Sugestão de
Abordagem Antes de começar a escrever
Agora é a sua vez de produzir uma notícia. Mas, antes disso,
Antes de começar a produção leia o texto a seguir, que traz algumas orientações interessan-
tes para quem deseja produzir um bom texto jornalístico:
das notícias, seria interessan-
te, se possível, apresentar aos Um bom texto jornalístico depende, antes de mais
alunos a alguns sites de no- nada, de clareza de raciocínio e domínio do idioma. Não
há criatividade que possa substituir esses dois requisitos.
tícias e avaliar com eles ele- Deve ser um texto claro e direto. Deve desenvolver-se
mentos textuais importantes. por meio de encadeamentos lógicos. Deve ser exato e
conciso. Deve estar redigido em nível intermediário, ou
Um desses sites poderia ser o seja, utilizar-se das formas mais simples admitidas pela
G1, que indicamos na página norma culta da língua. Convém que os parágrafos e fra-
ses sejam curtos e que cada frase contenha uma só ideia
142. Os estudantes poderão […].
O tom dos textos noticiosos deve ser sóbrio e descriti-
avaliar as notícias à luz dos vo. Mesmo em situações dramáticas ou cômicas, é essa
princípios editoriais que nor- a melhor maneira de transmitir o fato da emoção. Deve
evitar fórmulas desgastadas pelo uso e cultivar a riqueza
teiam a produção dos textos dos vocábulos acessíveis à média dos leitores.
para as Organizações Globo. O autor pode e deve interpretar os fatos, estabelecer
analogias e apontar contradições, desde que sustente
Cada aluno, ou grupo, pode sua interpretação no próprio texto. Deve abster-se de opi-
nar, exceto em artigo ou crítica.
ficar responsável por estudar http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_texto_introducao.htm

um princípio indicado no do-


Acessado em 06/09/2011.

cumento. Por exemplo:


Proposta
•• Avaliar se a linguagem é Usando sua criatividade, imagine um fato que você gostaria
mesmo clara para todos e muito que ocorresse daqui a 30 anos. Como jornalista, de que
maneira você abordaria esse fato em uma notícia? Imagine que
se seus assuntos são real- você está escrevendo essa notícia para um jornal de grande
mente abrangentes. circulação do País e seus leitores são pessoas que vivem co-
nectadas ao que acontece ao redor do mundo.

O documento regulador das 156


Organizações Globo também
toca na questão do sensa- LPemC_2018_BNCC_9A_Cap4.indd 156 08/05/18 06:51

cionalismo, visto como uma


“deformação da realidade” mais coloquial, às vezes com BNCC – Habilidades gerais
que visa “causar escândalo e um toque de humor, mas sem
explorar sentimentos e emo- abrir mão de informar corre- EF69LP06 EF69LP08
ções com o objetivo de atrair tamente”. Tendo esse posi- EF69LP07
uma audiência maior. O bom cionamento em vista, solicite
jornalismo é incompatível com aos alunos que avaliem se ele BNCC – Habilidades específicas
tal prática. Algo distinto, e legí- é respeitado ou não nas notí-
timo, é um jornalismo popular, cias do portal. EF89LP06
EF09LP03

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Manual do Educador

Notícia

157
Capítulo
4
Planejamento
Compartilhe
Para produzir sua notícia, reflita sobre os seguintes pontos: ideias
1. Que fato será noticiado?
2. Que informações você utilizará para reportar esse fato?
Pense nas perguntas básicas para redigir uma notícia: o
quê?, quem?, quando?, onde?, por quê?, como?
3. Esse fato é importante para o Brasil, para o mundo?
4. Que consequências esse fato trará para as pessoas?
5. O que levou à realização desse fato?
6. Para conferir mais veracidade ao seu texto, é muito impor-
tante reproduzir a fala de um entrevistado diretamente en-
volvido com o fato noticiado. Quem será esse entrevistado?
Qual será a sua profissão?
7. Procure escrever com clareza e objetividade.
8. Observe a adequação linguística. Expressar-se com simpli-
cidade é uma boa maneira de produzir um texto claro.

Avaliação
1. Para avaliar seu texto, releia-o tendo em vista os seguintes
pontos:
Aspectos analisados Sim Não
O fato noticiado está claro?
Você respondeu às perguntas básicas para se
redigir uma boa notícia?
As causas e consequências desse fato estão
claras para o leitor?
Você utilizou a fala de um entrevistado para
fundamentar as informações passadas?
Esse entrevistado foi apresentado de modo ade-
quado (nome completo, profissão, idade, etc.)?
O texto está claro e conciso?
A linguagem empregada está adequada aos
seus leitores?

2. Com base nessa avaliação, faça as alterações necessárias


para aperfeiçoar sua notícia até chegar a uma versão bem apri-
morada. Depois, entregue-a ao seu professor.

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MOMENTO
DO Notícia
g uN
SE Rede de notícias
Sugestão de
Abordagem Texto 1 Mundo

Antes de Terremoto no Nepal deixa patrimônio histórico


Antes de iniciar este segundo começar a ler destruído. Veja antes e depois
O terremoto que atingiu o Nepal, no fim de semana, mal du-
momento do capítulo, é impor- Como vimos no início
deste capítulo, as notícias rou um minuto, mas foi o suficiente para fazer um estrago gi-
tante avaliar se os alunos com- levam os fatos ao público
na intenção de informar.
gantesco, deixando milhares de mortos e derrubando séculos
de história do país. Pelo menos quatro dos sete Patrimônios
preenderam bem alguns pontos Mas são inúmeros os
fatos ocorrendo a cada Mundiais da Organização das Nações Unidas para a Educa-
importantes abordados na pri-
instante e muitos deles
ção, a Ciência e a Cultura (Unesco) no vale do Katmandu —
inter-relacionados. É o
sendo três deles praças antigas da região — sofreram grandes
meiro momento. Importante tam-
que veremos agora. As
notícias que você vai ler danos.
a seguir foram publicadas
O editor do Nepali Times, Kunda Dixit, disse à BBC que a
bém verificar seu conhecimento entre os meses de março
destruição representou, “em termos culturais, uma perda incal-
e abril de 2015 e abordam
de mundo a respeito de aspectos fatos relacionados a culável”, ainda que alguns monumentos possam ser reconstru-
catastróficos fenômenos da
relevantes para a compreensão
ídos. Imagens feitas logo depois do terremoto mostram que a
natureza que repercutiram
bastante e causaram Praça Darbar, na cidade velha de Katmandu — um dos locais
de uma notícia. Alguns questio- grande comoção. considerados Patrimônios Mundiais no Nepal —, ficou bastante
destruída.
namentos que podem ser feitos: O local é um conjunto de palácios, praças e templos que a
Unesco chama de “ponto focal social, urbano e religioso” de
•• Uma notícia pode mudar o Katmandu.

comportamento de uma pes- En Bhaktapur, até então a cidade velha mais conservada
do Nepal, metade das casas ruíram com o terremoto e 80%
soa?
•• Ela pode mudar uma socieda-
de?
•• Qual é a importância das notí-
cias para a nossa vida?
•• Quais as características da
linguagem ao se compor um Praça de Durbar antes da tragédia.
Os destroços que restaram na mesma praça de Durbar depois do

texto que alcança diferentes


terremoto.

158
classes sociais?
•• Como é a linguagem das no- LPemC_2018_BNCC_9A_Cap4.indd 158 08/05/18 06:51

tícias feitas para um público BNCC – Habilidades gerais


específico?
•• Um jornalista é sempre imparcial
EF69LP03 EF69LP16 Anotações
EF69LP13 EF69LP18
ao escrever uma notícia?
•• De que forma um jornalista
BNCC – Habilidades específicas
pode conferir mais credibilidade
à sua notícia? EF89LP03 EF89LP06
EF89LP04 EF89LP14
EF89LP05 EF09LP02

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Manual do Educador

Notícia

159
Capítulo
4
Leitura
dos templos foram destruídos. Entre outros edifícios, a torre de
Dharahara acabou derrubada com o tremor de terra e hoje só
restam destroços e um pequeno pedaço da estrutura dela.
Também conhecida como torre Bhimsen, o monumento foi
Complementar
construído pelo primeiro premiê do Nepal, em 1832, e era po-
pular entre os turistas que queriam subir os mais de 200 de- Ler é muito mais do que possuir
graus até a plataforma panorâmica na parte superior da torre.
O principal templo na praça de Bhaktapur perdeu o telhado, um rico cabedal de estratégias e
enquanto o templo de Durga Vatsala, que data do século XVI e
é famoso por suas paredes de arenito e detalhes cobertos de
Torre de Dharahara antes do terremoto. técnicas. Ler é, sobretudo, uma
ouro, também desabou com o tremor. atividade voluntária e prazerosa,
O historiador Prushottam Lochan Shrestha disse ao site local
Ekantipur.com que o patrimônio histórico do Nepal sofreu gran- e quando ensinamos a ler de-
des perdas com o terremoto. “Perdemos a maioria dos monu- vemos levar isso em conta. As
mentos que eram considerados Patrimônio Cultural da Humani-
dade em Katmandu, Bhaktapur e Lalitpur (Patan).” crianças e os professores devem
Disponível em: www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2015/04/150427_nepal_patrimonio_
historico_destruido_rm. Acesso em 29/04/2015. O que restou da torre. estar motivados para aprender
e ensinar a ler. […] Seria preciso
distinguir situações em que “se
trabalha” a leitura e situações em
que simplesmente “se lê”. Na es-
cola, ambas deveriam estar pre-
Dicionário
sentes, pois ambas são impor-
O Nepal é um pequeno
Templo de Durga Vatsala construído no século XVI, fotografado em 2011.
país da Ásia, localizado tantes; além disso, a leitura deve
ser avaliada como instrumento
entre a China e a Índia. É
lá que estão a Cordilheira
do Himalaia e o famoso
Monte Everest, o mais de aprendizagem, informação e
alto do mundo. A religião
principal é o hinduísmo,
que tem vários templos
deleite. Os alunos não vão acre-
históricos no país. O Nepal
foi uma monarquia até
ditar que ler — em silêncio, só
2007, quando se tornou
república.
para ler, sem ninguém lhes per-
guntar nada sobre o texto, nem
O Templo de Durga
Vatsala foi ao chão
solicitar nenhuma outra tarefa
após o terremoto.
referente ao mesmo — tenha a
159
mesma importância que traba-
lhar a leitura — ou qualquer outra
coisa — se não virem o professor
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lendo ao mesmo tempo que eles.


Sugestão de Abordagem
É muito difícil que alguém que
não sinta prazer com a leitura
Seria interessante você traba- de vista da publicação por
consiga transmiti-lo aos demais.
lhar as imagens que acompa- apontar críticas e revelar infor-
SOLÉ, Isabel (1998). Estratégias de leitura.
nham as notícias, afinal, em mações complementares às Porto Alegre: Artmed.
muitos casos, fotos e charges transmitidas por meio do texto.
dizem muito sobre o ponto

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Ca 160
Texto 2 Brasil

Diálogo com
o professor Mais de 10 mil pessoas foram atingidas por tornado em Xanxerê

Números atualizados pela Defesa Civil de Adjunto de Estado da Defesa Civil, Rodrigo

É necessário enfatizar para Santa Catarina mostram que, pelo menos,


10 mil pessoas foram afetadas pelo tornado
Moratelli, visitaram as áreas mais afetadas
pelo tornado. O número de desalojados está
os alunos a importância que atingiu o município de Xanxerê, no dia sendo levantado.
20 de abril. Os moradores estão recebendo rolos de
da linha editorial para um Mais de mil pessoas estão desabrigadas lonas, 570 kits de acomodação, 630 col-
veículo de comunicação. e um balanço preliminar informa que 2,6 mil chões e 300 cestas básicas. Além disso, a
imóveis foram afetados. A Defesa Civil divul- prefeitura do município de Jaraguá do Sul
Embora muitos não saibam gou também que mais de 300 pessoas rece- enviou colchões e cobertores para ajudar as

identificá-la precisamente, beram atendimentos médicos e 120 foram


hospitalizadas. O governador de Santa Ca-
vítimas.
Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noti-

sabem apontar, de forma tarina, Raimundo Colombo, e o Secretário


cia/2015-04/mais-de-10-mil-pessoas-foram-atingidas-por-tornado-
-em-xanxere. Acesso em 29/04/2015.

simples, a “cara” que um

Divulgação/Defesa Civil de Santa Catarina


jornal ou uma revista têm.
Esse perfil é determinado
por inúmeros fatores, como
os objetivos financeiros, os
valores da empresa, sua
missão, etc., mas não é um
elemento estático.
A linha editorial por vezes
é sacrificada tendo em vis-
ta as pressões que cercam
o veículo. Por exemplo: na
televisão aberta, podemos
Mais de mil pessoas estão desabrigadas e um balanço preliminar informa que 2,6 mil imóveis foram afetados pelo tornado em Xanxerê. Divulgação/
identificar claramente tele- Defesa Civil de Santa Catarina.

jornais cuja linha editorial 160


visa contemplar temas de
abrangência nacional e inter- LPemC_2018_BNCC_9A_Cap4.indd 160 08/05/18 06:51

nacional, mas essa linha fre-


quentemente é transgredida Sugestão de Abordagem
em benefício de notícias com
maior apelo popular.
Seria interessante você pro- eventos naturais no que diz
mover a transdisciplinaridade respeito a questões do clima e
corroborando, por exemplo, de grandes catástrofes.
com a Geografia. Atualmen-
te nos deparamos diante de

160
160

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Manual do Educador

Notícia

161
Capítulo
4
Texto 3 Internacional

Vulcão chileno Calbuco entra em erupção e expele grande


coluna de cinzas
Sugestão de
Abordagem
MaciejBledowski/Depositphotos

Podemos desenvolver um
trabalho interessante so-
bre a linha editorial de al-
guns jornais e revistas que
fazem parte do cotidiano
da turma. Para isso, solici-
te aos alunos que tragam
exemplares para a próxi-
Vista panorâmica do Vulcão Villarica, Chile.
ma aula.
No capítulo 4 do livro do 6º
Reprodução/Twitter/@raulpalma

O vulcão chileno Calbuco entrou em erupção nesta


quarta-feira, 22 de abril, e expeliu uma potente coluna de
cinzas de vários quilômetros de altura, o que não acon- ano e no do 7º ano — em
tecia há quase 50 anos, provocando o isolamento das
cidades mais próximas. que trabalhamos, respecti-
Ele está localizado na turística região dos Lagos, 900 vamente, com os gêneros
quilômetros ao sul de Santiago, e sua atividade ocorre no
mesmo momento em que outro vulcão no país, o Villari- notícia e reportagem —,
ca, também está em fase de erupção.
A erupção do Calbuco ocorreu às 18h (horário local).
propomos atividades inte-
Quase meia hora depois do início da atividade, uma co- ressantes a respeito da li-
luna de 10 quilômetros de altura havia se transformado
num verdadeiro cogumelo gigante em direção ao leste. nha editorial dos veículos
Autoridades determinaram o isolamento de um raio de de comunicação. Fazendo
10 km ao redor do vulcão, que faz parte da reserva nacional
Llanquihue. O Chile tem a segunda maior cadeia vulcânica Erupção do Calbuco levou a região de Llanquihue
as necessárias adapta-
e de maior atividade no mundo depois da Indonésia. e Puerto Octay ao estado de exceção.
ções, podemos aproveitá-
-las também no trabalho
Disponível em http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/reuters/2015/04/22/vulcao-chileno-calbuco-
-entra-em-erupcao-e-expele-grande-coluna-de-cinzas.htm. Acesso em 29/04/2015.

161 com este capítulo.

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Anotações Diálogo com


o professor

A transdisciplinaridade é o reco-
nhecimento da interdependência
de todos os aspectos do saber
e da realidade, sendo a síntese
dialética provocada pela interdis-
ciplinaridade bem-sucedida.

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162 Texto 4 Web

Tromba-d’água de Piedade gera forte repercussão on-line

Shutterstock | Nazzu
Um fenômeno climático que produz ven-
tos de até 80 km/h assustou banhistas da
praia de Piedade, em Jaboatão dos Guara-
rapes, Região Metropolitana do Recife. Na
Internet, a repercussão foi expressiva. Na
página do Diario de Pernambuco no Face-
book, foram publicados dois vídeos envia-
dos por internautas. O primeiro, de autoria
de Arthur Tavares, foi filmado da sacada
de um apartamento próximo à beira-mar.
Até o fechamento desta matéria, contava
com 925.417 visualizações, 20.329 likes e
Fenômeno se forma devido à presença de nuvens densas.
30.604 compartilhamentos. Um segundo
vídeo, gravado por Vanessa Quechua, por
sua vez, já gerou 697.617 visualizações, de convergência intertropical. “Esses sis-
14.288 likes e 15.208 compartilhamentos. temas juntos trazem umidade, turbulência,
Os dois juntos obtiveram um alcance de ventos fortes e nuvens densas. Condições
mais de 4,4 milhões de pessoas. que propiciam o surgimento do fenômeno”,
A maioria dos comentários na fanpage explicou a meteorologista da Agência Per-
gira em torno dos temas “religião” e “ciên- nambucana de Águas e Clima (Apac), Ed-
cia”, intercalando teorias sobre o fim do vânia Santos.
mundo e explicações climáticas apazigua- A depender da direção do vento, ela pode
doras. Além disso, os posts serviram ao ser deslocada para o continente, como
desabafo de quem esteve presente no local aconteceu em Piedade. Como é um evento
e se assustou com o fenômeno. A própria isolado, não é possível prever quando pode
Vanessa Quechua comentou que o susto acontecer novamente. A orientação para a
foi tamanho que as pessoas saíram cor- população é sempre permanecer o mais
rendo após o vento forte, deixando os co- distante possível da tromba-d’água, dife-
merciantes da praia desesperados por não rente do que muitas pessoas fizeram ten-
receberem o pagamento do que havia sido tando captar imagens. “Quanto mais forte
consumido. estiver, mais perigoso pode ser”, alertou
A provável causa da tromba foi a junção Santos. A Apac irá estudar a ocorrência.
Disponível em: www.diariodepernambuco.com.br/app/
dos efeitos de dois sistemas climáticos, o noticia/vida-urbana/2015/03/02/interna_vidaurbana,563672/
vórtice ciclônico de altos níveis e a zona tromba-d-agua-de-piedade-gera-forte-repercussao-online.shtml.
Acesso em 29/04/2015.

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Manual do Educador

Notícia

163
Capítulo
4
Texto 5 Internacional

Dicionário
Cerca de 40 pessoas morrem em
tempestades no Paquistão Estado de exceção
– Situação política de
emergência nacional
que ameaça a ordem
democrática.
Internautas – Pessoas que
utilizam de forma regular a
Internet.
sos linguísticos utilizados pelo
Fanpage – Uma página
na rede social que o
redator.
internauta pode curtir.
Posts – Mensagens.
Vórtice ciclônico – Área
•• Avaliar se há diferenças rele-
onde os ventos nos níveis
mais altos da atmosfera
vantes entre notícias veicula-
giram no sentido horário.
Província – Divisão
das em mídias diversas. Por
territorial colocada sob a
autoridade de um poder exemplo: há alguma diferen-
ça entre a notícia impressa e
Moradores trabalham em casa destruída por enchente no Paquistão. (Foto: A Majeed/AFP) central.

Chuvas e ventos violentos já mataram pelo menos 44 pesso-


as e feriram mais 200, desde a noite do dia 27 de abril, no Norte aquela publicada em um site?
do Paquistão, anunciaram as autoridades locais.
A tempestade, classificada como um miniciclone por um res- •• Observar a funcionalidade das
ponsável dos serviços meteorológicos paquistaneses, atingiu
a cidade de Peshawar. Telhados desabaram e estradas foram
Shutterstock | mik ulyannikov orações coordenadas e subor-
bloqueadas pela queda de árvores. dinadas para a construção do
“Ventos violentos e chuvas torrenciais danificaram pomares
e campos de trigo”, declarou Mushtaq Ghani, ministro da Infor- sentido.
mação de Khyber Pakhtunkhwa, província da qual Peshawar
é capital. •• Verificar a importância dessas
Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2015-04/pelo-me-
nos-44-pessoas-morrem-em-tempestades-no-paquistao. Acesso em 29/04/2015. orações para a construção do
sentido.
Para realizar a atividade, divida
a turma em grupos, que ficarão
responsáveis por pesquisar notí-
cias em uma mídia. É importante
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que esses grupos mantenham-se
fiéis às suas fontes. Ao final, eles
apresentarão um resumo dos fa-
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tos, a partir do que leram, com


Sugestão de Abordagem uma conclusão opinativa sucin-
Solicite aos alunos que coletem mundo. Os objetivos do trabalho ta. Esses resumos serão compa-
notícias de diferentes fontes so- podem ser: rados diante da turma, a fim de
bre um mesmo assunto. Seria que todos possam investigar se
•• Observar a maneira como di-
interessante que esses textos há ou não grandes diferenças de
ferentes jornais e revistas noti-
reportassem algum aconteci- opinião; depois, solicite que vol-
ciam os mesmos fatos.
mento importante, algo que está tem às fontes e investiguem os
amplamente em pauta na comu- •• Discutir a questão da impar- motivos que levaram os grupos a
nidade ou mesmo no Brasil e no cialidade tendo em vista recur- pensarem de tal forma.

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164 Desvendando os segredos do texto

1. No texto 1, a jornalista utiliza outro termo para se referir ao terremoto. Qual é?


Tremor de terra.

2. Sabemos que as notícias estão, muitas vezes, ligadas por temas que ocasionalmente
se relacionam entre si. Considerando os textos lidos, qual é o tema comum a todos eles?
Todos os textos abordam algum fenômeno natural.

3. No texto 4, há uma explanação do acontecimento que deixou assustados os moradores


de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes. Quando foram divulgados os vídeos na fanpage,
houve muitas visualizações e milhares de likes. Nesse aspecto, o que chama atenção são
os comentários feitos pelos internautas, a maioria deles associados ao fim do mundo e a
religiões. Discuta com os seus colegas e o professor: por que esses tipos de comentários
foram os mais postados?
Sugestão de resposta: Como esse tipo de fenômeno não ocor-re comumente no Brasil,
sobretudo no litoral pernambucano, e como não têm conhecimento sobre isso, muitas pes-
soas tenderam a associá-lo a religiões como um sinal do fim dos tempos.

4. O gênero textual notícia apresenta características comuns em todos os meios em que


são difundidos. Encontramos, geralmente, um texto que busca a impessoalidade, a clareza
e a objetividade. Para isso, os textos jornalísticos respondem às perguntas do lide: quem?,
quê?, quando?, por quê?, como? e onde?. Pensado nisso, identifique, no primeiro pará-
grafo do texto 5, as respostas, se houver, a essas perguntas.

Chuvas e ventos violentos já mataram pelo menos 44 pessoas e feriram mais


200, desde a noite do dia 27 de abril, no Norte do Paquistão, anunciaram as
autoridades locais.

O quê: ocorreram chuvas e ventos violentos. Quando: na noite do dia 27 de abril. Onde:
no Norte do Paquistão. No trecho não há respostas para as perguntas por quê?, como?
e quem?.

5. Sabemos que é necessário haver um isolamento da área afetada assim como ao redor
do vulcão Calbuco, no Chile. Sobre isso, por qual motivo, foi realizado o isolamento ao re-
dor do vulcão?
Para proteger os habitantes que moram próximo a ele.

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Manual do Educador

Notícia

165
Capítulo
4
6. Analisando o título das notícias no início do capítulo, res-
Aprenda
Diálogo com
o professor
ponda às questões a seguir.
a) Qual é o tempo verbal empregado no título de cada notícia? mais!
Presente. O vídeo Como identificar

b) Esse tempo verbal dá ideia de quê?


fake news, do canal
Academia do Jornalista,
Um dos “riscos” de se tra-
Dá a ideia de que o fato está acontecendo na atualidade.
contribui para as reflexões
sobre o tema, despertando
balhar com o gênero notícia
em seu público a atenção
para elementos que podem
é a possibilidade de trazer
7. Se você lesse somente o título das cinco notícias, qual cha-
maria mais a sua atenção?
prevenir a propagação
desses boatos. No link a para sala de aula assuntos
seguir, confira as dicas e
Resposta pessoal. comente com seus colegas que, embora façam parte
do cotidiano, não são ex-
e professor sobre casos
famosos de notícias falsas.

https://www.youtube.com/ plorados pelos jovens. Esse


é um gênero cujas funções
watch?v=SkRqzl21ijY
8. Considerando as notícias lidas, é correto afirmar que:
a) Os textos são expressionistas e de uma subjetividade exa-
cerbada.
sociais são mais nítidas na
b) Os textos relatam fatos reais de forma clara e objetiva. medida em que interferem
c) Nos textos há uma predominância das formas descritivas.
d) Assemelham-se a textos literários de alta subjetividade.
de forma imediata na vida
e) Os textos são fragmentados devido à racionalidade textual. das pessoas.
9. Apesar de seu papel informativo indispensável e de sua
circulação em variados estratos da sociedade, os gêneros jor-
nalísticos integram uma lógica mercadológica e, consequente-
mente, fazem uso de recursos tendenciosos para atrair leito-
res e manter certo destaque em contraste com a concorrência.
Para isso, alguns portais de notícia recorrem a recursos linguís- algumas questões que podem ser
ticos, como o uso excessivo de click baits (do inglês “iscas de
cliques”), ou, em casos mais extremos, às fake news (do inglês
propostas para debate:
“notícias falsas”).
•• Vale tudo pela audiência?
Diferentemente de click baits, que manipulam a notícia com o
intuito de torná-la mais atraente e conquistar cliques por meio •• Até onde podem ir os progra-
de títulos sensacionalistas, as fake news se resumem a boatos mas “pinga sangue” na luta
ou até fatos inventados com objetivos escusos. Portanto, é ne- pela audiência?
cessário cuidado reforçado ao navegar pelo fluxo de informa-
ções a que estamos sujeitos diariamente.
•• Impedir esses programas de
abordar os fatos como quise-
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rem seria uma agressão à li-
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berdade de expressão?
Comente para a turma que o Có-
Sugestão de Abordagem digo Penal Brasileiro, art. 212,
trata do crime de vilipêndio de
Proponha uma discussão sobre pessoas acidentadas, mutiladas, cadáver ou suas cinzas, determi-
o uso e efeitos sensacionais, ca- violentadas. No meio jornalístico nando pena de um a três anos de
pazes de causar impacto, de esses programas são conhecidos detenção e multa. Esclareça que
chocar a opinião pública, sem por pinga sangue. vilipendiar significa, em termos
que haja qualquer preocupação Dentro dessa perspectiva, seria gerais, destratar ou humilhar;
com a veracidade dos fatos. Por interessante iniciar uma discussão tratar com desdém; menospre-
exemplo, telejornais que exploram com a turma acerca da ética den- zar; ofender através de palavras,
em suas imagens e seus vídeos tro do jornalismo. Estas são apenas gestos ou ações.
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166 Aprenda mais!

A capa dos jornais

Como nos livros e nas revistas, a capa dos jornais deve motivar o leitor. Ela fun-
ciona como um atrativo para que o leitor se disponha a navegar em suas páginas.
Nela são indicadas as principais notícias que fazem parte da edição e a manchete da
notícia mais importante. Na ilustração a seguir, veja que elementos compõem a capa
de um jornal.

Chamada/Chapéu – Resumo de
notícia, com indicação da página
ou seção onde ela está localizada.

Título – Com
letras destacadas,
resume a infor-
mação central da
notícia.

Manchete – Título
da principal notícia
da edição.

Lide – É a abertura
do texto jornalís-
Foram quase dois meses de tico. Nas notícias,
paralisação. Professores não fo- deve conter, em
ram às escolas. Alunos ficaram até três frases, os
sem aulas. dados necessários
para fornecer ao
leitor um resumo
do fato.

Capa do Jornal O Tempo, de 26 de maio de 2010.

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Manual do Educador

Notícia

167
Capítulo
4
Análise linguística
Sugestão de
Aprenda
mais!

Orações subordinadas O longa-metragem O


abutre (direção: Dan
Abordagem
adverbiais (2) Gilroy, 2014) retrata a
vida de Louis Bloom (Jake
Gyllenhaal), um jovem Para as questões da seção
que, diante da falta de
Análise linguística, propomos
Leia a charge abaixo:
oportunidades no mercado
CAFÉ/Eudson e Lécio de trabalho, decide
comprar equipamentos de
filmagem e trabalhar como
estas respostas:
freelancer para programas
noticiários. A referência 1. Ele quis dizer que ficaria
à ave carniceira no título
ocorre devido ao modo
de operar do aspirante a
acordado durante toda a
repórter e suas estratégias
para conseguir chegar nos
noite.
locais dos incidentes antes
da concorrência e filmar
com detalhes as cenas
2. Ele passaria a noite em
dos crimes.
claro para não correr o
Em ritmo de suspense, o
filme demonstra uma face
risco de ser incendia-
do jornalismo semelhante
ao que ocorre com as do pelos assassinos do
fake news: diante das
questões de oferta e mendigo durante o sono.
1. Pelo contexto da charge, o que Café quis dizer com a demanda, a falta de ética,
expressão passar a noite em claro? sustentada na trama
pela sede de ascensão 3. Os jovens.
2. Por que Café passaria a noite em claro? e reconhecimento,
3. Para Café, quem eram os prisioneiros mais perigosos, os potencializa ações e
reações cujo interesse em
4. Expressamos conselhos.
jovens ou o criminoso que já estava preso?
comum está na busca pelo
4. Na charge, Café utiliza uma construção muito comum na polêmico e tendencioso.
nossa língua, composta de uma condição (se eu fosse
esse criminoso) seguida de um verbo no futuro do BNCC – Habilidades gerais
pretérito (passaria a noite em claro). O que normalmente
expressamos com esse tipo de construção?
Como vimos na primeira parte deste capítulo, algumas ora-
EF69LP05
ções exercem a função de adjuntos adverbiais de outras, sen- EF69LP56
do, por isso, chamadas de orações subordinadas adverbiais.
Divulgação.

Vimos também que essas orações são classificadas de acordo


com a circunstância que expressam. Nesta etapa, estudaremos
mais cinco orações adverbiais. BNCC – Habilidades específicas
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EF09LP04
EF09LP08
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Anotações

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Condicionais
168 Expressam uma condição imposta para a realização do fato
apresentado na oração principal. As principais conjunções su-
bordinativas condicionais são se, caso, sem que, desde que.
Observe:

Se eu fosse esse criminoso, passaria a noite em claro.

Oração subordinada adverbial condicional

Proporcionais
Expressam uma relação de proporção em relação ao fato
indicado na oração principal. As principais conjunções subor-
dinativas proporcionais são à proporção que, à medida que,
ao passo que, quanto mais... mais, quanto menos... menos.
Veja:

À medida que assistia à televisão, mais gostava.

Oração subordinada adverbial proporcional

Conformativas
Expressam uma relação de conformidade, acordo. As princi-
pais conjunções subordinativas conformativas são conforme,
como, segundo, consoante. Observe:

A mãe dela não agiu conforme o marido pediu.

Oração subordinada adverbial conformativa

Como meu pai diz, a modernidade afastou as pessoas.

Oração subordinada adverbial conformativa

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Manual do Educador

Notícia

169
Capítulo
4 ou naquela religião, e por aí vai, e
Finais
Indicam finalidade para o fato expresso na oração principal.
vai longe… Além disso, a língua é
As principais conjunções subordinativas finais são para que, a um fator importantíssimo na cons-
fim de que. Veja os exemplos:
trução da identidade de cada in-
Desligou a televisão para que a menina não ouvisse mais notícias sobre tragédias. divíduo e de cada coletividade.
[…]
Oração subordinada adverbial final
Numa guerra entre duas das
Mudou de canal a fim de encontrar um programa mais interessante.
tribos de Israel, os galaaditas
e os efraimitas, os primeiros se
Oração subordinada adverbial final
apoderaram dos vaus do Jor-
Comparativas dão, trechos rasos que podiam
ser atravessados a pé. Quan-
Expressam uma relação de comparação. As principais con-
junções subordinativas comparativas são como, que (ou do do alguém atravessava o rio, os
que), quanto.
galaaditas mandavam que pro-
Há programas de televisão que ensinam tanto quanto o fazem os livros. nunciasse a palavra shibboleth
(espiga): na variedade linguística
Oração subordinada adverbial comparativa
dos efraimitas, a palavra era pro-
Ela lia um romance como quem fica hipnotizado. nunciada sibboleth, sem o chia-
do inicial. Quando ouviam essa
Oração subordinada adverbial comparativa
pronúncia, os galaaditas “então
o matavam nos vaus do Jordão.
Orações subordinadas reduzidas Caíram naquele tempo quaren-
ta e dois mil homens de Efraim”
As orações reduzidas são aquelas que não começam por
conectivo e apresentam o verbo numa forma nominal, isto é, no (Juízes 12, 4-6). Portanto, não se
gerúndio, no infinitivo ou no particípio. Essas orações são
classificadas da mesma forma que as desenvolvidas (com co-
pode admitir essa falácia de que
nectivo). Para isso, é preciso observar o sentido da frase. Veja: “o importante é comunicar”. Abrir
a boca para falar é se expor, ine-
169 vitavelmente, aos julgamentos
sociais, positivos e negativos,
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que configuram a nossa cultu-
ra. Falar é comunicar, sim, mas
Leitura Complementar
não “transmitir uma mensagem”
como ingenuamente se pensa:
A língua é muito mais do que A manipulação social da língua
é comunicar quem somos, de
um simples instrumento de comu- nos leva a votar nessa ou naque-
onde viemos, a que comunidade
nicação. Ela é palco de conflitos la pessoa, a comprar tal ou qual
pertencemos, o quanto estamos
sociais, de disputas políticas, de produto, a admitir que determina-
(ou não) inseridos nos modos de
propaganda ideológica, de ma- do evento ocorreu de determina-
ver, pensar e agir do nosso inter-
nipulação de consciências, entre da maneira e não de outra, a ade-
locutor.
muitas e muitas outras coisas. rir a uma ideia, a acreditar nessa

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Reduzidas de gerúndio
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ideias Havia alguns alunos que ouviam música.

Oração subordinada adjetiva restritiva

Havia alguns alunos ouvindo música.

Oração subordinada adjetiva


restritiva reduzida de gerúndio

Embora estivesse desanimado, não desistiu.

Oração subordinada adverbial concessiva

Embora estando desanimado, não desistiu.


Oração subordinada adverbial
concessiva reduzida de gerúndio

Quando ele chegou ao campo, emocionou-se.

Oração subordinada adverbial temporal

Chegando ao campo, emocionou-se.

Oração subordinada adverbial


temporal reduzida de gerúndio

Reduzidas de infinitivo

É fundamental que se creia na sua inocência.

Oração subordinada substantiva subjetiva

É fundamental crer na sua inocência.

Oração subordinada substantiva


subjetiva reduzida de infinitivo

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Manual do Educador

Notícia

171
Capítulo
4
Ele tinha certeza de que era bom músico.

Oração subordinada substantiva completiva nominal

Ele tinha certeza de ser bom músico.


Oração subordinada substantiva
completiva nominal reduzida de infinitivo

Feche as portas quando você sair.

Oração subordinada adverbial temporal

Feche as portas ao sair.


Oração subordinada adverbial
temporal reduzida de infinitivo

Reduzidas de particípio

Quando a partida terminou, a festa começou.

Oração subordinada adverbial temporal

Terminada a partida, a festa começou.


Oração subordinada adverbial
temporal reduzida de particípio

A polícia encontrou o carro que foi abandonado.


Oração subordinada adjetiva restritiva

A polícia encontrou o carro abandonado.


Oração subordinada adjetiva
restritiva reduzida de particípio

Mesmo que sejam derrotados, eles não desanimarão.

Oração subordinada adverbial concessiva

Mesmo derrotados, eles não desanimarão.


Oração subordinada adverbial
concessiva reduzida de particípio 171

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ideias Prática linguística

1. Assinale o item que indica corretamente a relação semân-


tica dos elementos destacados nos períodos a seguir:

I. Parece que, quanto mais estudo, menos sei.


a) Proporção.
b) Modo.
c) Explicação.
d) Tempo.
e) Alternativa.

II.Ele pode sair, desde que termine a prova.


a) Causa.
b) Modo.
c) Condição.
d) Tempo.
e) Meio.

III. Como diz a música, só o tempo muda um coração.


a) Modo.
b) Causa.
c) Finalidade.
d) Conformidade.
e) Meio.

IV. Para que não restasse dúvida, consultou um médico.


a) Modo.
b) Causa.
c) Finalidade.
d) Lugar.
e) Meio.

V. À medida que as horas passavam, ela ficava mais calma.


a) Modo.
b) Causa.
c) Finalidade.
d) Proporção.
e) Conformidade.

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Manual do Educador

Notícia

173
Capítulo
4
VI. Agimos de acordo com nossa educação.
a) Modo.
b) Causa.
c) Finalidade.
d) Proporção.
e) Conformidade.

2. Reduza a oração destacada.


a) Convém que se corrijam as provas o mais rápido possível.
Convém corrigir as provas o mais rápido possível.

b) É preciso que se encontrem soluções.


É preciso encontrar soluções.

c) Quando as máquinas novas chegarem, poderemos pro-


duzir mais.
Chegando as máquinas novas, poderemos produzir mais.

d) Ela gostava muito daqueles doces que eram feitos em São


José.
Ela gostava muito daqueles doces feitos em São José.

e) Encontrei uma resposta quando ouvi meus pais.


Encontrei uma resposta ouvindo meus pais.

f) Assim que comprar aquele livro, começarei a leitura.


Comprando aquele livro, começarei a leitura.

3. (CMB) Assinale a alternativa correta quanto à classificação


do termo destacado no trecho: “O menino, morta a aranha, fez
um trocadilho com o inseto e a nossa esperança”.
a) Oração subordinada adverbial temporal reduzida de particípio.
b) Oração subordinada adverbial temporal reduzida de gerúndio.
c) Oração subordinada substantiva subjetiva.
d) Agente da passiva.
e) Adjunto adverbial de modo.
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174 Compartilhe
4. “As pessoas não devem dirigir veículo alcoolizadas.” A
oração destacada é reduzida de infinitivo com valor de subordi-
ideias
nada:
a) Adverbial.
b) Coordenada.
c) Adjetiva.
d) Substantiva.
e) Reduzida.

5. Qual dos períodos abaixo não apresenta oração substanti-


va?
a) Pensei estar bem informado.
b) Concluí estarmos enganados.
c) Escute para não errar novamente.
d) Paulo era incapaz de cumprir a promessa.
e) É proibido fumar.

6. Indique a alternativa em que a oração destacada está clas-


sificada incorretamente.
a) Naquela noite, o silêncio não deixou Maria dormir. (ora-
ção subordinada substantiva objetiva direta reduzida de
infinitivo)
b) Eles diziam onde as pessoas deveriam guardar seu di-
nheiro. (oração subordinada substantiva objetiva direta)
c) Onde o povo parava para pensar a esperança. (oração su-
bordinada adverbial final reduzida de infinitivo)
d) “Viver é muito perigoso”, segundo dizia Guimarães Rosa.
(oração subordinada adverbial comparativa)
e) Terminarei a casa se tiver dinheiro. (oração subordinada
adverbial condicional)

7. No período “Quanto mais procurava, mais sofria”, ocorre


uma relação de proporção. Assinale a opção em que tal relação
não ocorre.
a) Quanto mais oferecia gratificação, mais havia cooperação.
b) À medida que passavam os dias, mais ficava triste.
c) Procurou tanto que ficou doente.
d) À proporção que os presentes chegavam, mais ficava perplexa.
e) Quanto mais oferecia, menos cooperação existia.

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Manual do Educador

Notícia

175
Capítulo
4
8. A oração destacada no período “Maltratado pela civiliza-
ção branca, o índio refugiou-se nos mais distantes pontos do
país” pode ser substituída, sem alteração fundamental de sen- Leitura
tido, por: Complementar
a) Mesmo tendo sido maltratado pela civilização branca.
b) Por ter sido maltratado pela civilização branca.
c) Apesar de ter sido maltratado pela civilização branca.
d) Antes de ser maltratado pela civilização branca. A escrita, muito mais do
e) Até sendo maltratado pela civilização branca.
que inspiração, requer do
9. Assinale a opção em que a palavra como é usada com o escritor conhecimento pré-
mesmo sentido que apresenta em:
vio, leituras diversificadas,
Com o susto, ficou branca como a neve.
investigação sobre o as-
a) Como estava doente, preferiu não sair. sunto abordado, reconheci-
b) Como sempre, ele chegou atrasado.
c) Nada aconteceu como eles planejaram.
mento da forma e da estru-
d) Nunca entendemos como o caso foi resolvido. tura do texto a ser escrito e,
e) As folhas das árvores estavam imóveis como as estátuas.
claro, trabalho e dedicação
no processo de construção
do texto propriamente dito.
Entende-se dessa forma
que um texto necessita de
É hora de produzir
conteúdo, informações va-
riadas, estrutura definida,
Antes de começar a escrever
Mesmo com todos os avanços tecnológicos que cercam a
adequação das palavras e
televisão e o mundo digital hoje, o rádio continua sendo um im- relação de sentido e um elo
entre as ideias apresenta-
portantíssimo veículo de comunicação. Para a maior parte dos
brasileiros, por exemplo, é muito mais fácil (e barato!) ter à mão
um radinho do que um iPod, iPad, tablet ou mesmo um compu- das.
tador. Além disso, a linguagem do rádio visa sempre se adaptar
aos seus ouvintes, o que leva esse meio de comunicação a Assim, escrever um texto
alcançar ainda hoje grande audiência. No texto a seguir, veja
não é um exercício contínuo
o que diz o professor Antonio Carlos Xavier, da Universidade
Federal de Pernambuco (UFPE), sobre a linguagem do rádio. de produção e aperfeiçoa-
175 mento de habilidades espe-
cíficas necessárias ao es-
LPemC_2018_BNCC_9A_Cap4.indd 175 08/05/18 06:51 critor para que ele possa se
expressar de forma de vida.
BNCC – Habilidades gerais BORTONE, Marcia Elizabeth,
Anotações A construção da leitura e da escrita.
São Paulo: Parábola.
EF69LP06 EF69LP08
EF69LP07

BNCC – Habilidades específicas

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Todo programa de rádio ou televisão na composição dos elementos que farão
é montado a partir de uma proposta de parte da fórmula adequada de conduzir
Sugestão de marketing clara, na qual se define, an- o show. Criar novas sessões dentro do

Abordagem
tes de tudo, o segmento de público-alvo programa ou retirar alguma é uma deci-
que se deseja atingir. Em função disso, são delicada, pois é preciso agradar a
desenha-se um formato plástico e artísti- audiência supostamente homogênea, en-

No Planejamento, orientamos os co, uma espécie de roteiro que serve de


orientação para o funcionamento do pro-
quanto conjunto coletivo, e não esquecer
as particularidades e heterogeneidades
alunos a definirem o formato do grama, dando-lhe identidade em função que fazem dos indivíduos seres singu-
da repetição e previsibilidade de suas lares, dotados de preferências pessoais
programa de rádio tendo em vista partes […]. passíveis de serem contrariadas. É nesse
um público definido. As notícias É fundamental conhecer as preferên- momento que se percebe a importância
cias dos ouvintes, bem como descobrir do investimento em pesquisas de opinião
produzidas poderão contar com os gostos, as vontades e desejos deles que vão justificar uma dada modificação

entrevistas, que enriquecerão o para satisfazer completamente suas ex-


pectativas acerca do programa e, assim,
e indicar o grau de aceitação e funciona-
lidade de cada quadro ou sua indiferença
trabalho. Para isso, oriente-os fidelizá-los definitivamente. Eis, portanto, e até rejeição total por parte do público.
o desafio diário para os produtores de A linguagem do rádio. Catanduva:
a selecionar os entrevistados. rádio, pois é necessário muito cuidado
Respel, 2006. p. 27-28.

Seria interessante contar, neste


momento, com funcionários da Proposta
escola (professores, coordena- Agora, o professor dividirá a turma em grupos, e cada um

dores, serventes, porteiros, se- deles produzirá um programa de rádio no qual haverá a trans-
missão de notícias, entre outros quadros.
cretárias, etc.), pessoas que, pre-
sentes diariamente, compõem a Planejamento
comunidade escolar, mas que, Para produzir adequadamente os programas, os grupos de-
verão observar os seguintes pontos:
em geral, não participam efeti-
Shutterstock | Sashkin

1. O perfil dos seus ouvintes, identificando seus interesses,


vamente do processo de ensino- classe social, preferências, etc.
2. Como será a estrutura do programa, que quadros farão par-
-aprendizagem. te da programação, além do bloco de notícias.
3. Quais alunos serão os repórteres que apresentarão as notí-
cias e quais serão os âncoras (apresentadores) dos progra-
mas.
4. Cada repórter deverá produzir uma notícia, observando
sempre o perfil dos ouvintes.
5. Que fatos serão noticiados durante o programa.
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Diálogo com
o professor LPemC_2018_BNCC_9A_Cap4.indd 176 08/05/18 06:51

Para os linguistas alemães Hei- estratégias de produção de uma cisão em todas as situações diá-
neman e Viehweger, os falantes narrativa, de um comentário, etc. rias e permite que expressemos
dispõem de “um conhecimento Apesar de ser intuitivo e pouco juízos de valor quanto à adequa-
específico sobre estruturas tex- sistemático, este não deixa de ção dos textos produzidos.
tuais globais” que lhes possibilita ser um conhecimento social cuja Apesar disso, lembra Steger,
determinar um certo texto como observância esperamos de todos sabemos muito pouco a respei-
membro de uma classe mais ge- os parceiros de comunicação. to das razões da diversidade de
ral. Isso quer dizer que os falantes Essa competência classificatória gêneros textuais que encontra-
têm uma ideia bastante clara das “ingênua” opera com muita pre- mos pela frente.

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Manual do Educador

Notícia

177
Capítulo
4
Avaliação

BNCC – Habilidades gerais


1. Antes de apresentar o programa para a turma, os grupos
Aprenda
deverão ensaiar o roteiro. Durante os ensaios, é preciso que os mais!
alunos avaliem a produção atentando para os seguintes pontos:
Já é sabido que, na disputa EF69LP16
Aspectos analisados Sim Não por materiais exclusivos

O perfil dos ouvintes está bem definido?


(também conhecidos como EF69LP56
“furos de reportagem”)
O programa está adequado ao perfil desses e demais formas de se
obter prestígio no meio
ouvintes? jornalístico, os portais
A linguagem empregada está de acordo com de notícias manipulam
eventos a favor de seus
BNCC – Habilidades específicas
esse perfil? interesses. Entretanto,
engana-se quem desconfia
As notícias apresentadas e os quadros que
compõem o programa refletem os interesses
apenas de informações EF89LP01 EF09LP02
veiculadas em sites de
e as preferências dos ouvintes? pequeno porte: grandes EF89LP02 EF09LP04
portais de notícias são
2. Feita essa avaliação, o grupo fará a apresentação do pro- flagrados constantemente EF09LP01 EF09LP08
forjando notícias, com
grama “ao vivo” para a turma. a intenção de promover
a própria reputação e
noticiar acontecimentos
supostamente exclusivos.
Diante disso, além das
prevenções rotineiras Anotações
A escrita em foco
contra as fake news, é
preciso que filtremos,
também, o conteúdo
produzido por sites já
consagrados no ramo, visto
Pontuação das orações que estes podem fazer uso
da própria credibilidade
subordinadas adverbiais para “fabricar notícias”.
Conheça mais sobre casos
Como vimos neste capítulo, as orações adverbiais funcio- dessa natureza no link a
nam, sintaticamente, como adjuntos adverbiais da oração prin- seguir.

cipal. Veja os exemplos:


https://www.revistaforum.
com.br/cinegnose/
Ele nunca tem dinheiro no fim do mês. 2017/06/09/2018/

Adjunto adverbial de tempo

Ele nunca tem dinheiro quando o mês está terminando.

Oração subordinada adverbial temporal

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Segundo lembram Heineman e •• Saber interacional. São processadores que operam


Viehweger, os falantes lançam Não se tem uma noção muito como mecanismos que ativam a
mão de conhecimentos de três clara de como se organiza cada produção.
grandes sistemas cognitivos para um desses saberes, mas é cer- MARCUSCHI, L. A. (2008). Produção textual,
processar seus textos. Essas três to que eles não agem de forma
análise de gêneros e compreensão. São Paulo:
Parábola, p. 187.
esferas do saber são: sucessiva e sim interativamente.
•• Saber linguístico. Mas eles não são uma espécie
•• Saber enciclopédico. de “depósito de conhecimentos”
do qual os falantes lançam mão.

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No início da manhã, muitas pessoas preferem fazer seus exercícios físicos.

Adjunto adverbial de tempo

Quando a manhã inicia, muitas pessoas preferem fazer seus exercícios físicos.

Oração subordinada adverbial temporal

Ele teve de economizar bastante para a compra do carro.

Adjunto adverbial de finalidade

Ele teve de economizar bastante para que pudesse comprar o carro.

Oração subordinada adverbial final

Ela percebia — à medida que os anos passavam — que ainda podia ser muito feliz.

Oração subordinada adverbial proporcional

Normalmente, os adjuntos adverbiais são posicionados no


final dos períodos, mas, como sua função é acessória, eles po-
dem aparecer também no início ou no meio do período. Quando
o adjunto adverbial é posto nessas posições (início ou meio),
dizemos que ele está deslocado. O mesmo vale, evidentemen-
te, para as orações adverbiais.
Na norma culta, costumamos separar os adjuntos adverbiais
deslocados por meio de vírgulas. Caso seja interessante enfa-
tizar o sentido do adjunto adverbial deslocado, podemos utilizar
travessões no lugar das vírgulas. Veja isso nos exemplos acima.

A escrita em questão

1.As manchetes a seguir se relacionam com o terremoto que


atingiu o Japão em 2011 e tiveram sua redação alterada. Leia-
-as atentamente e responda às questões propostas.

I. Seis meses após tsunami, cidade japonesa ainda sofre com


ruínas.

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Manual do Educador

Notícia

179
Capítulo
4
II. Terremoto que atingiu o Japão completa 6 meses no domingo.
III. Japão faz primeiro exercício de simulação após catástrofe Compartilhe
de março. ideias
IV. Terremoto no Japão será esquecido pelo mundo segundo
historiador.

a) Indique quais são os termos que funcionam como adjuntos


adverbiais nessas manchetes.
Seis meses após tsunami; no domingo; após catástrofe de mar-
ço; segundo historiador.
b) Em qual dessas manchetes há um adjunto adverbial deslo-
cado?
Em I.

c) Como esse deslocamento do adjunto adverbial deve ser in-


dicado na escrita de acordo com a norma culta?
Ele deve ser separado do restante do período por meio de vírgula.

d) Em qual dessas manchetes o adjunto adverbial expressa um


sentido de conformidade?
Em IV.

2.Reescreva a Manchete II da questão anterior posicionan-


do o adjunto adverbial em diferentes pontos do período. Atente
para o uso das vírgulas.
No domingo, terremoto que atingiu o Japão completa 6 meses.
Terremoto que atingiu o Japão completa, no domingo, 6 meses.

3. Analise esta reescrita da Manchete II:

Terremoto que atingiu o Japão no


domingo completa 6 meses.

O sentido original da manchete se manteve o mesmo? Explique.


Não. Na reescrita, o adjunto adverbial no domingo está atuan-
do sobre o termo atingiu o Japão, levando-nos a entender que
o terremoto ocorreu no domingo, o que não é verdade.

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TO
EN
M O ano das fake news
rrA As fake news terão um papel avassalador na política dos próximos meses
CE
EN
WALCYR CARRASCO

BNCC – Habilidades gerais


09/01/2018 - 08h00

Estava em um almoço de família. Minha prima Júnia co-


Antes de mentou sobre minha novela, O outro lado do paraíso, exibi-
EF69LP14 EF69LP18 começar a ler da pela TV Globo. Estava no salão de cabeleireiro. Conver-
EF69LP15 EF69LP53 A crônica que você vai ler agora sa vai, conversa vem, uma senhora avisou:
é de autoria do escritor Walcyr — Soube que a personagem da Grazi vai se envolver
EF69LP16 Carrasco e foi publicado em sua com o menino, filho da Clara.
coluna na revista Época. O texto
tem como tema um problema Minha prima argumentou:
muito comum atualmente, — Impossível. Como naquele horário poderiam apresen-
sobretudo na comunicação tar uma trama dessas?
BNCC – Habilidades específicas digital: a divulgação e circulação
de fake news (notícias falsas). A mulher tinha certeza. A notícia corria, boca a boca. Eu
sou o autor da novela. Uma mulher e um menino? Jamais.
Se eu escrevesse esse absurdo para o horário, a emissora
EF89LP05 EF89LP33 nunca exibiria, porque tem um código ético. Mais ainda: o
EF89LP06 EF09LP01 Aprenda Estatuto do Menor também não permitiria que a cena fosse
mais! gravada. Essa não é a primeira notícia absurda sobre minha
EF89LP32 novela. Um pastor evangélico já declarou que haveria uma
Mesmo quem se previne
constantemente ao navegar em história homoafetiva entre dois garotos de 8 anos. Imagino
portais de notícias certamente já que esse pastor tem uma mente doentia. De onde ele tirou
caiu em algum click bait ou em uma mentira desse tamanho? Novamente, a história correu
alguma notícia fake. De acordo
com o Grupo de Pesquisa em como um rastilho de pólvora, entre toda a Internet. Nem na

Leitura Políticas Públicas para o Acesso


à Informação (Gpopai), somente
sinopse essas tramas foram sequer insinuadas. Invenção
pura. Recentemente um site publicou uma notícia errada,
Complementar no Brasil cerca de 12 milhões de
pessoas divulgam notícias falsas sem pé nem cabeça. Reclamei. Pediram desculpas, tinham
sobre política. tirado de uma revista. Por trás da reportagem havia uma
Em Por que você acredita em longa cadeia de mentiras. Não era culpa do site. Apenas
Sobre o assunto, confira mais de- fake news, o Canal Nerdologia
procura explicar, de forma
ecoava notícias falsas. Mais tarde surgiu a notícia de que
eu teria mudado todo o rumo da novela. Sempre ressaltei
talhes na matéria a seguir. abrangente e engenhosa, os
motivos por trás do poder atrativo que é inspirada em O Conde de Monte Cristo, de Alexandre
depositado em notícias de
Dumas. Basta ler o livro para descobrir que não mudei uma
procedência duvidosa, alertando
http://www1.folha.uol.com.br/ o público para as possíveis
artimanhas usadas com o
linha. Mas e daí? Pouca gente leu. Até meu irmão veio per-
guntar se eu tinha mudado em função da audiência.
ilustrissma/2017/02/1859726- objetivo de manipular influências
e informações.
De tempos em tempos, a vida de um ator ou atriz famosos
é “devassada”. Falam de eventos nunca vividos. Eu mesmo
-noticias-falsas-existem-des- Confira o vídeo disponível no link.
já passei por isso. Certa vez publicou-se que eu fui à Ilha de
de-o-seculo-6-afirma-historia- https://www.youtube.com/ Caras, devidamente acompanhado. Nunca pisei na Ilha de
watch?v=8quTOBvb8uA Caras. Era para pretensamente devassar minha vida íntima.
dor-robert-darnton.shtml Já perdi a conta das vezes em que fui a um coquetel e fiz um

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Anotações

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Manual do Educador

Notícia

181
Capítulo
4
selfie, a pedido de alguém. A pessoa publi- Sou paranoico? Tenho a convicção de
ca em seu Instagram. E algum site publica que fake news são criadas propositalmente.
o selfie, inventando um caso de amor com Sem citar nomes, mas até por concorren-
gente que nem conheço bem. Rapazes, é tes da emissora. Não posso provar. Mas no
óbvio. Imagino o que passam por causa de exterior já existem agências de fake news.
falsas notícias. Família perguntando, mãe Elas foram fundamentais na campanha de
chorando, e ninguém acreditando em suas Trump à Presidência dos Estados Unidos.
negativas. Afinal, está lá a foto. Mas quem E nós agora?
hoje, sendo mais ou menos conhecido, se Temos uma campanha presidencial pela
recusa a um selfie? Qual a origem desses frente. Governadores, deputados. Agên-
furacões? Dessas notícias falsas e desagra- cias de fake news disfarçadas, já há. Estou
dáveis sobre a novela? Sou um cara religio- certo de que as fake news terão um pa-
so, tenho fé em Nossa Senhora Aparecida, pel avassalador na política dos próximos
pertenço à Ordem Rosacruz Amorc. Escre- meses. Vidas íntimas serão devassadas
vo para crianças e jovens, além da televisão. ou inventadas. Candidatos enterrados vi-
Mal saio de casa. Quem inventa minha vida? vos. A Internet terá um papel fundamental
Estou na televisão há bastante tempo. Não divulgando mentiras. Já vivo recebendo
era assim. Cheguei a ser diretor da Contigo, alertas de todos os tipos, aterrorizantes,
especializada no mundo da fama. Meu lema sobre quedas de energia, golpes em ges-
era jamais mentir. Nem insistir na intimidade tação. No momento em que os candidatos
dos atores. Ao contrário, acompanhar suas mostrarem quem são, será o caos. Minha
causas. Só depois me tornei autor, de pedra experiência árdua com as fake news em
virei vidraça. Que pedras enfrento hoje! Sites novelas é sólida. E me aterroriza quando
publicam fake news, sem nunca enviarem entra no terreno da política. Vamos ouvir
perguntas para constatar se são verdadei- mentiras de todos os lados, sobre todos
ras. O ideal seria que as pessoas só con- os candidatos. O objetivo: desestabilizar.
fiassem em informações de revistas e jor- Repito, nada é inocente. Haverá ondas de
nais conhecidos, assim como em seus sites. notícias falsas. Neste ano as fake news
Onde as notícias são averiguadas. Mas não desembarcarão mais que nunca na política
é assim que acontece. nacional. Salve-se quem puder.
Disponível em: https://epoca.globo.com/sociedade/walcyr-carrasco/noticia/2018/01/
o-ano-das-fake-news.html. Acessado em: 12/04/2018.

1. A crônica é um gênero textual que normalmente transita entre o jornalismo e a literatu-


ra. Pela própria origem da palavra (o nome vem de Cronos, o deus do tempo), podemos
dizer que é um texto predominantemente narrativo, mas também pode apresentar a defesa
de pontos de vista, isto é, a visão pessoal do cronista sobre um fato do cotidiano ou do
noticiário jornalístico. Nesse gênero, chamado de crônica argumentativa, o cronista traz
argumentos para debater o tema, formulando uma tese e defendendo-a por meio da argu-
mentação e da exemplificação. Pensando nisso, responda às questões a seguir.

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a) Que fato do cotidiano despertou o interesse do cronista para produzir seu texto?
182 O comentário que a sua prima fez sobre sua novela durante um almoço em família.

b) Qual é o tema da crônica?


A produção e disseminação das fake news na Internet.

c) Qual é a tese defendida pelo cronista?


As fake news são criadas propositalmente a partir de certos interesses e terão um papel
avassalador na política.

2. Releia o trecho a seguir, retirado da conclusão da crônica.

Estou certo de que as fake news terão um papel avassalador na política dos
próximos meses. Vidas íntimas serão devassadas ou inventadas. Candidatos
enterrados vivos. A Internet terá um papel fundamental divulgando mentiras.

Considerando que o texto foi publicado em janeiro de 2018, por que, segundo o autor, as
fake news teriam um papel avassalador na política nos meses seguintes?
Porque nos meses seguintes aconteceria a campanha eleitoral para as eleições de 2018, e
as fake news teriam um papel fundamental na divulgação de mentiras.

o
Mídias em context

1. Para combater a prática das fake news, muitos profissionais da área jornalística utilizam
programas e técnicas de checagem da veracidade das informações veiculadas na Inter-
net. Como exemplo, temos o site aosfatos.org, que, conforme cita o BuzzFeed, em artigo
intitulado 13 sites que querem mudar o jornalismo brasileiro, constitui uma plataforma de
cobertura diária dedicada à “verificação do discurso público”. Ou seja, o projeto tem como
objetivo checar se falas, documentos e peças publicitárias de políticos e personalidades
são falsas, exageradas, imprecisas ou verdadeiras. De modo geral, o site aosfatos.org
traz subsídios ao leitor comum para que saiba identificar uma informação fake no âmbito
político. Outro site interessante é o Fake ou News? – É falso ou é notícia?, um projeto
da agência Lupa Educação e do Canal Futura que também oferece um guia educativo so-
bre como identificar notícias falsas. Pesquise na Internet outros sites ou ferramentas que
avaliam a veracidade das informações veiculadas na web. Compartilhe o resultado de sua
pesquisa com os seus colegas.

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Manual do Educador

Notícia

183
Capítulo
4
2. Na crônica O ano das fake news, vimos que o autor tratou com certa preocupação a di-
vulgação das notícias falsas na Internet nas vésperas das eleições de 2018. Na conclusão
do seu texto, publicado antes das eleições de 2018, ele fez a seguinte previsão:

Vamos ouvir mentiras de todos os lados, sobre todos os candidatos. O objetivo:


desestabilizar.

Em grupo com alguns colegas, pesquise fake news que foram veiculadas com objetivos
políticos para interferir nas eleições presidenciais de 2018. Ao final da pesquisa, reflitam e
opinem.

1. As fake news desestabilizaram as eleições?


2. Que candidato a presidente foi o principal alvo de notícias falsas? Por quê?
3. Quem se beneficiou e quem se prejudicou com as fake news encontradas por
vocês?

Aprenda mais!
10 dicas para identificar fake news
1. Seja cético com manchetes: notícias falsas frequentemente apresentam manchetes atrativas, escritas
em letras maiúsculas e vários pontos de exclamação. Se as chocantes reivindicações na manchete parecem
inacreditáveis, elas provavelmente são falsas.
2. Observe a URL com atenção: uma URL fraudulenta ou replicada pode ser um sinal de notícia falsa. Muitos
sites de fake news imitam fontes de notícia autênticas fazendo pequenas mudanças na URL. Você pode visitar
os sites para comparar a URL com as fontes estabelecidas.
3. Investigue a fonte: garanta que a história é escrita por uma fonte em que você confia com uma boa reputação
por exatidão. Se a notícia for originada de uma fonte não familiar, cheque a seção “Sobre” deles para saber mais
informações.
4. Atente para formatações não usuais: muitas notícias falsas contêm erros ortográficos ou layouts estranhos.
Leia com cuidado se você identificar esses sinais.
5. Considere as fotos: notícias falsas geralmente contêm imagens ou vídeos manipulados. Às vezes, a foto pode
ser autêntica, mas retirada do contexto. Você pode pesquisar pela foto ou imagem para verificar de onde veio.
6. Inspecione as datas: histórias falsas podem conter temporalidades que não fazem sentido, ou datas de
eventos que foram alteradas.
7. Cheque as evidências: confira as fontes do autor para confirmar que elas são precisas. Falta de evidência ou
confiança em “especialistas sem nome” podem identificar uma notícia falsa.
8. Veja outros relatos: se nenhuma outra fonte de notícias estiver noticiando a mesma história, isso pode indicar
que a história é falsa. Se a história é informada por múltiplas fontes em que você confia, é mais provável que
seja verdade.
9. Observe se a notícia é uma piada: às vezes, notícias falsas podem ser difíceis de distinguir de sátiras e
humor. Verifique se a fonte é conhecida por paródias e se os detalhes e tom da história sugerem que talvez seja
apenas por diversão.
10. Algumas histórias são intencionalmente falsas: pense criticamente sobre as histórias que você lê e
compartilhe apenas notícias que você sabe que possuem credibilidade.

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o
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Ca 184
`

Objetivos Pedagógicos

Ao final deste capítulo, o aluno


Capítu
lo 5A linguagem
dos jovens
deve ser capaz de:
•• Demonstrar conhecimento bá-
sico sobre o gênero e suas
funções sociais: o que é uma

Conhecimentos prévios
1. Qual é a função social do gênero tex-
reportagem? Para quem é es- tual reportagem?

crita? Por quê? Para quê? E 2. Você sabe diferenciar uma notícia de
uma reportagem?
como é feita? 3. Qual critério você utiliza para ler uma
determinada reportagem?
•• Expressar-se de forma oral e
escrita sobre os temas aborda-
dos nos textos.
•• Reconhecer mais de um tipo
textual em um mesmo texto. Caracterizando o gênero

•• Realizar leituras inferenciais. Neste capítulo, estudaremos um gênero textual que é,


por assim dizer, uma ampliação da notícia: a reportagem.
•• Identificar fenômenos da lin- Isso porque ela utiliza vários elementos da notícia, como
guagem, ambiguidade, as- o relato e a exposição de informações, mas não só isso. A

pectos do relato, informações


reportagem amplia esses elementos, explorando-os mais
detalhadamente e analisando os fatos sob vários pontos
implícitas e explícitas e o valor de vista. Ou seja, a notícia vai até o fato, e a reportagem
o ultrapassa, em geral adicionando elementos críticos e
semântico de algumas pala- opiniões de especialistas.

vras no texto.
•• Realizar prática e análise lin-
guística, observando o meca-
nismo da concordância verbal
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e nominal.
•• Empregar adequadamente os Anotações
demonstrativos este, esse,
aquele e variações.
•• Planejar, produzir e avaliar uma
reportagem.

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Manual do Educador

Reportagem

185
Diálogo com
o professor

Como sabemos, traba-


lhar habilidades de leitura,
compreensão e produção
de textos significa lançar
mão de inúmeros recursos
linguísticos necessários à
eficiente produção de sen-
tido em situações reais de
uso da língua.
i c
ovn
va
te
r.s
go
|i
k c
to
rs
te

Sugestão de
ut
Sh

Abordagem

Antes de apresentar aos


seus alunos novos textos,
O que estudaremos neste capítulo:
aproveite a oportunidade
• Características e funções da reportagem para checar o que eles já
• Concordância verbal
• Concordância nominal
sabem acerca do gênero
• Uso de este, esse, aquele reportagem. É importante
aprofundar e expandir o do-
mínio consciente e desen-
volver a habilidade e o uso
reflexivo da língua.
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Anotações

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o
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Ca
O MOMENTO reportagem
E ir
186 iM O português.com
Pr A comunicação expressa das salas de bate-papo e dos
blogues está mexendo com o idioma em casa e nas escolas.
Isso é bom? A vida linguística do futuro está por um fio? Há
quem suspeite que sim e culpe o pragmatismo dos usuários
Antes de da Internet por sua agonia. Na ânsia de se comunicarem num
começar a ler curto espaço de tempo, eles abreviam palavras ao limite do
A reportagem a seguir
irreconhecível, traduzem sentimentos por ícones e renunciam
trata de um tema que às mais elementares regras da gramática. O resultado dessa
tem despertado muitas anarquia comunicativa divide opiniões. Linguista respeitado, o
opiniões conflituosas: a
maneira como as pessoas,
inglês David Crystal, autor do livro A linguagem e a internet,
sobretudo os jovens, chama esses defensores da sintaxe de alarmistas e não prevê
escrevem em ambientes um futuro desastroso para a gramática por causa da rede. E
virtuais representa ou
não uma ameaça ao
lembra um ponto importante: a invenção do telefone provocou a
nosso idioma? Durante mesma desconfiança dos estudiosos, preocupados com o risco
a leitura, procure ficar de uma afasia epidêmica entre os usuários. Por incorporarem
atento à maneira como a
repórter aborda o tema e,
uma linguagem cheia de “hã, hã” e “alôs”, eles corriam o risco
principalmente, às ideias de perder a capacidade de expressão e a sociabilidade. Não foi
apresentadas. o que ocorreu, lembra Crystal. Ele faz uma previsão otimista: o
jargão dos chats (salas de bate-papo) e dos blogues (diários
que se tornam públicos) pode estimular outras formas de litera-
tura e desenvolver o autoconhecimento do jovem, como perce-
beu ao analisar o conteúdo de blogues ingleses.
O outro lado da história é contado por psiquiatras. Pais de
adolescentes com distúrbios de linguagem estão levando os
filhos ao consultório e recebendo um diagnóstico, no mínimo,
preocupante: suspeita-se de uma onda de “dislexia discursiva”.
O jovem, que até então não apresentava nenhum problema na
escola, começa a ter uma avaliação catastrófica dos professo-
res. Perde a capacidade de entender o que lê fora do ambiente
da rede. Sem entender, não tem condições de julgar e, sem

Di Studio I Shutterstock
posição crítica, fica incapacitado de reflexões profundas sobre
a realidade que o cerca. Os pais imaginam que o filho está
mentalmente perturbado ou tomando drogas, mas ele apenas
renunciou a seu potencial expressivo para adotar a linguagem
estereotipada da Internet. Adolescentes viraram suas vítimas
preferenciais.
Os jovens erguem uma barreira contra seus pais, que não
compreendem uma só palavra das mensagens trocadas com
os coleguinhas, mas ficam igualmente isolados, incapacitados

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Manual do Educador

Reportagem

187
Capítulo
5
de escrever segundo os códigos linguísticos formais. O alerta
é do médico e neurocientista paulista Cláudio Guimarães dos
Diálogo com
Dicionário
Santos. “Essa simplificação da linguagem pelos adolescentes o professor
não pode ser entendida como alternativa, porque esse códi- Pragmatismo – Tratamento
go acaba tomando o lugar da escritura convencional”, analisa. prático.
“Ninguém escreve um tratado de Física com carinhas, e usar Afasia – Enfraquecimento
Por troca de mensagens,
o código da rede sem dominar o formal gera erros de percep-
ou perda quase total da

ção.” O psiquiatra refere-se aos ícones conhecidos como emo-


capacidade de se expressar.
Jargão – Código linguístico via e-mail, comunicadores
ticons, que os internautas usam no correio eletrônico e em seus
instantâneos, blogs, as pes-
próprio de um grupo
sociocultural ou profissional
weblogues para comunicar aos interlocutores que estão tristes,
soas (re)adquirem o hábito
com vocabulário especial,
alegres, entediados, eufóricos ou simplesmente indiferentes. difícil de compreender ou

de escrever diariamente. O
Os traços sintéticos dessas “carinhas” e a linguagem tele- mesmo incompreensível

gráfica dos blogueiros não são recursos meramente funcionais,


para quem não faz parte do

que escrevem — e como —


grupo.
adverte o médico. Eles revelam que esses jovens consideram Dislexia – Problema
supérflua a escritura formal. “Ao contrário da fala, a comunica- de aprendizagem da

ção escrita exige aprendizado, e ninguém aprende se não tiver


leitura pela dificuldade
no reconhecimento da
constitui interesse de inú-
interesse genuíno, o que leva o adolescente a optar pelo código
anárquico da rede”.
correspondência entre
sons e letras, bem como na
meros pesquisadores nos
O professor de Língua Portuguesa David Fazzolari, do Co-
transformação de signos
escritos em signos verbais. campos da comunicação,
Sociologia e linguagem. Fil-
légio Nossa Senhora das Graças, em São Paulo, discorda, Estereotipada – Que
argumentando que a curta existência da Internet não justifica é alvo de estereótipos,

mes como Mensagem para


preconceitos.
previsões tão pessimistas. A linguagem usada nas salas de Percepção – Ato ou efeito
bate-papo e nos blogues, diz, é um simulacro da comunica-
Você e A Rede Social ilus-
de perceber.
ção oral, dinâmica por natureza. “As abreviações, os signos Supérflua – Desnecessária.
Simulacro – Imitação.
visuais e a ausência de acentuação representam apenas um
tram esse fenômeno.
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BNCC – Habilidades gerais BNCC – Habilidades específicas


Anotações
EF69LP03 EF69LP15 EF89LP03 EF89LP14
EF69LP13 EF69LP16 EF89LP04 EF89LP16
EF69LP14 EF69LP18 EF89LP05 EF09LP02
EF89LP06

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o
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Ca 188
jeito de se adaptar ao teclado”, observa o Gustavo Simon, garante não usar a “lín-
professor. Ele não acredita que a norma gua” da Internet na aula. Colega dos dois,
culta será contaminada pela simplificação. Rafael Mielnik não confunde rede com es-
Sugestão de “Os adolescentes sabem que ela deve ficar cola. “Só uso a net para inutilidades”.
Educadores não identificam perigo nes-
Abordagem restrita ao ambiente da rede, e não tenho
notado um empobrecimento nos textos dos sa linguagem eletrônica. “Costumamos
alunos por conta da adoção do código da ver com desconfiança aquilo que foge ao
Internet.” Mas as redações poderiam ser
As reportagens especiais tra-
nosso controle, mas não acho que a rede
melhores se a leitura fosse um hábito fami- empobrece a língua”, afirma a orientadora
zem olhares singulares sobre a liar, admite. pedagógica Elione Andrade Câmara. Com
O estudante Leandro Gonçalves, de 17 ela, concorda David Crystal, que costuma
experiência humana, oferecen- anos, mantém seu blogue como um diário rir quando alguém diz que a nova tecnolo-

do mais detalhes e descrições para “criticar” religiosos, “polemizar”. Como


outros blogueiros, começou a usar “eh”
gia está sufocando a gramática e matando
a cultura: “Sinceramente, acho até que a
do que uma matéria comum. no lugar de “é” e trocar “não” por “naum” literatura pode ficar mais rica ao incorpo-
rar expressões de blogueiros do meio ru-
As matérias se concentram em
até pensar no vestibular e concluir que era
melhor render-se à sintaxe convencional. ral, produzindo outros gêneros e abrindo
eventos dando ao leitor a opor- “A rede me estimulou a ler e a escrever uma dimensão diversa para a escrita”. As-
poesia”, conta. Já Victor Zellmeister, de 15 sim seja.
tunidade de refletir mais sobre a anos, acha que a Internet não aprimorou Ana Paula Franzoia e Antônio Gonçalves Filho
Revista Época. pp. 54-55, 09/09/2002.
dimensão do assunto. seu desempenho. Assim como o colega

Seria muito interessante você


estimular seus alunos para rea-
lizarem reportagens. Para isso,
sugerimos alguns pontos para
auxiliar nessa aula:
•• Encontre uma história inte-
ressante e como é possível
falar de um jeito inovador.
Di Studio I Shutterstock

•• Pesquise o assunto que


será trabalhado na reporta-
gem. Auxilie os alunos na
busca de informações mais
profundas. 188

•• Decida com eles que tipos


de matéria querem escrever. LPemC_2018_BNCC_9A_Cap5.indd 188 10/05/18 10:46

•• Considere o perfil do leitor


o quantitativo possível de
das reportagens. Quando
seus alunos iniciarem a pro-
alunos Anotações
dução da reportagem, reflita Para saber mais, sugerimos
com eles sobre quem lerá o site do programa Profissão
esses textos. Repórter, da Rede Globo. Lá
você encontrará reportagens
•• Considere o lugar onde as
interessantes e de perfis va-
reportagens serão socializa-
riáveis.
das. É proveitoso mobilizar

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Manual do Educador

Reportagem

189
Capítulo
5
Para discutir

1. Você utiliza frequentemente a Internet?


2. Para você, qual é a principal utilidade da Internet?
3. Você costuma abreviar palavras, usar emoticons, etc. quando es-
creve em ambientes virtuais, como blogues, Twitter, Facebook?
4. Para você, a linguagem da Internet é uma ameaça à língua?

Desvendando os segredos do texto

1. No primeiro parágrafo do texto, lemos o seguinte questionamento:

A vida linguística do futuro está por um fio?

Qual é o sentido da expressão estar por um fio nesse contexto?


A expressão significa estar em perigo.

2. Ainda a respeito do questionamento reproduzido na questão anterior, o texto afirma que:


a) Está, e é por exclusiva culpa do pragmatismo de todos os usuários da Internet, por abre-
viarem palavras ao limite do irreconhecível.
b) Para David Crystal, respeitado linguista, a invenção do telefone provocou a mesma des-
confiança, porque seus usuários perderam a capacidade de expressão oral e escrita.
c) Os psiquiatras suspeitam de uma onda de “dislexia discursiva” que acomete os adoles-
centes, os quais perderam não só a capacidade de julgar, mas também de conviver fora
da rede.
d) Os pais imaginam que o filho esteja mentalmente perturbado ou tomando drogas, porque
a Internet considera os adolescentes suas vítimas preferenciais.
e) A linguagem usada na Internet pode estimular outras formas de literatura e o desenvol-
vimento do autoconhecimento do jovem que faz uso de chats e blogues.

3. Que recursos os jornalistas utilizaram para fundamentar as opiniões apresentadas no


texto?
Eles recorreram a depoimentos de especialistas das áreas envolvidas no estudo do tema e
de usuários da Internet.

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4. Agora releia o fragmento abaixo, reproduzido do primeiro parágrafo:

Linguista respeitado, o inglês David Crystal, autor do livro A linguagem e a In-


Leitura ternet, chama esses defensores da sintaxe de alarmistas e não prevê um futuro
Complementar desastroso para a gramática por causa da rede.

Para fundamentar as informações apresentadas na reportagem, é comum o jornalista se


Mais do que em qualquer outra apoiar nas palavras de especialistas no tema abordado. Nesse caso, no primeiro parágrafo
do texto, os repórteres lançam a opinião de David Crystal, utilizando o chamado argumen-
época, hoje proliferam gêneros to de autoridade. Como o especialista pode ser desconhecido pelos leitores da reporta-

novos dentro de novas tecnolo-


gem, é preciso que os repórteres o apresentem brevemente. Pensando nisso, responda às
questões seguintes:
gias, particularmente na mídia
a) Como David Crystal é apresentado ao leitor?
eletrônica (digital). Diante disso,
Ele é apresentado como um linguista respeitado e autor do livro A linguagem e a Internet.
vale indagar-se se a escola de-
b) Qual foi a intenção comunicativa dos repórteres ao apresentá-lo dessa forma?
verá amanhã se ocupar de como
se produz um e-mail e outros
A intenção comunicativa foi valorizar a imagem do linguista como uma autoridade.

gêneros do discurso do mundo c) Nesse trecho, a palavra respeitado funciona como um adjetivo, pois qualifica o nome ao
qual se refere. Agora, aponte um adjetivo que possa substituir respeitado nesse contexto
virtual ou se isso não é sua atri- sem mudar a intenção comunicativa dos repórteres.

buição. Pode a escola tranquila- Entendendo que a intenção comunicativa dos repórteres ao utilizar o adjetivo respeitado

mente continuar ensinando como foi exaltar o linguista, poderíamos substituí-lo por renomado, influente, prestigiado, etc.

se escreve uma carta e como se 5. Existem várias formas de se referir aos termos que compõem as orações, como a refe-

produz um debate face a face? rência anafórica e a catafórica. A anáfora ocorre quando um termo faz referência a outro
já expresso, como acontece no trecho “Na ânsia de se comunicarem num curto espaço
Será que o modelo de interação de tempo, eles abreviam palavras ao limite do irreconhecível” (primeiro parágrafo). Nesse
caso, o termo destacado se refere a usuários da Internet, um termo que foi dito antes. Já a
face a face proposto nos anos catáfora é justamente o contrário: o termo ao qual uma palavra se refere ainda será expres-
1970 já deve ser revisto em pon- so no texto, como ocorre em “Só sei disto: o internetês não apresenta um risco à língua”.
Nesse caso, disto se refere a um termo que vem depois dele, a oração “o internetês não
tos essenciais, considerando-se apresenta um risco à língua”.
a presença nos bate-papos? Agora, analise as frases que seguem (retiradas do texto) e responda se o termo destacado

Em princípio, é possível con-


exerce função anafórica ou catafórica.

a) “Isso é bom?” (primeiro parágrafo)


cordar com Tom Erickson, para Função anafórica.
quem o estudo da comunicação
virtual na perspectiva dos gêne- 190

ros é particularmente interessan-


te porque “a interação on-line
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Se tomarmos o gênero enquanto meio tecnológico, que interfere


tem o potencial de acelerar enor-
texto concreto, situado históri- em boa parte dessas condições,
memente a evolução dos gêne-
ca e socialmente, culturalmente deve também interferir na natu-
ros”, tendo em vista a natureza
sensível, recorrente, “relativa- reza do gênero produzido.
do meio tecnológico e os modos
mente estável” do ponto de vista
como se desenvolve. Esse meio
estilístico e composicional, ser- MARCUSCHI, L. A. (2008). Produção
propicia, ao contrário do que se textual, análise de gêneros e
vindo como instrumento comuni- compreensão. São Paulo: Parábola, p.
imaginava, uma “interação alta- 198.
cativo com propósitos específi-
mente participativa”, o que obri-
cos como forma de ação social,
gará a rever algumas noções já
é fácil perceber que um novo
consagradas.

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Manual do Educador

Reportagem

191
Capítulo
5
b) “Na ânsia de se comunicarem num curto espaço de tempo, eles abreviam palavras ao
limite do irreconhecível [...]” (primeiro parágrafo)
Sugestão de
Função anafórica.

c) “E lembra um ponto importante […]” (primeiro parágrafo)


Abordagem
Função catafórica.
d) “[…] e recebendo um diagnóstico, no mínimo, preocupante […]” (segundo parágrafo) Outra maneira de trabalhar
Função catafórica. a reportagem consiste em
e) “O psiquiatra refere-se aos ícones conhecidos como emoticons […]” (terceiro parágrafo) proporcionar novos conhe-
Função anafórica. cimentos para seus alunos,
f) “Os adolescentes sabem que ela deve ficar restrita ao ambiente da rede […]” (quinto dentre eles o jornalismo li-
terário. Um estilo que une o
parágrafo)
Função anafórica.
texto jornalístico à literatura,
com o objetivo de produzir
6. Assinale a opção em que está corretamente caracterizada a ideia ou circunstância ex-
pressa entre parênteses.
a) “Ninguém escreve um tratado de Física com carinhas [...]” (tempo) reportagens mais profun-
b) “Sinceramente, acho até que a literatura pode ficar mais rica ao incorporar expressões
de blogueiros do meio rural […]” (oposição) das, amplas e detalhistas.
c) “Ao contrário da fala, a comunicação escrita exige aprendizado [...]” (oposição) Este ramo do jornalismo
d) “As abreviações, os signos visuais e a ausência de acentuação representam apenas um
jeito de se adaptar ao teclado.” (intensidade) foge do noticiário superfi-
e) “Os adolescentes sabem que ela deve ficar restrita ao ambiente da rede […]” (obriga-
toriedade)
cial, revelando um universo
que geralmente fica oculto
7. Assinale a opção na qual se fez o correto comentário a respeito do(a) verbo/locução
verbal destacado(a) nas orações seguintes: nas entrelinhas das matérias
a) “Adolescentes viraram suas vítimas preferenciais.” (o verbo exprime ação) cotidianas e apresenta um
b) “O jovem, que até então não apresentava nenhum problema na escola, começa a ter
uma avaliação catastrófica dos professores.” (a locução verbal exprime mudança de es- ponto de vista pessoal, auto-
tado)
c) “[…] e, sem posição crítica, fica incapacitado de reflexões profundas sobre a realidade
ral, sobre a realidade. Como
que o cerca.” (o verbo exprime localização) sugestão de filme trouxemos
d) “[…] para comunicar aos interlocutores que estão tristes, alegres, entediados, eufóricos
ou simplesmente indiferentes.” (o verbo exprime estado permanente) para você Capote. O filme
e) “[...] o jargão dos chats (salas de bate-papo) e dos blogues (diários que se tornam públi- narra a história de vida do
cos)...” (o verbo indica o fim de uma ação)
escritor estadunidense Tru-
man Capote, enquanto ele
investiga o assassinato de
191

alguns moradores de uma


pequena cidade do Kansas,
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que serve de trama para o


BNCC – Habilidades específicas livro A Sangue Frio.
Anotações
EF89LP05 EF09LP11
EF09LP04

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Leitura Análise linguística


Complementar
Concordância verbal
A seguir, reproduzimos alguns trechos de um artigo do linguista Sírio Possenti, professor
da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) sobre o miguxês:

A revista IstoÉ/2023, de 13/08/2008, publicou matéria até simpática


sobre o miguxês, uma escrita típica de blogues e chats, que não se
confunde com o internetês. Um pouco estranho é o título da matéria,
Você sabe falar miguxês?, porque miguxês não se fala, só se escreve
Número zero, de Umberto Eco. (mas essa confusão nunca vai acabar). Em compensação, o título é
bem adequado, embora em outro sentido, porque está escrito mesmo
Um grupo de redatores, re- em miguxês: vuXxe sAbE falAH miguXexX?!.
Como sempre, há reclamações de adultos, porque não conseguem
unido ao acaso, prepara um entender nada do que seus filhos adolescentes escrevem, o que os
jornal. Não se trata de um jor- filhos devem achar ótimo, porque não querem mesmo que seus pais
bisbilhotem suas mensagens ou seus bate-papos com amiguinhos/
nal informativo; seu objetivo é as. A matéria também cita o caso de uma jovem que abandonou o
miguxês (“Hoje, tô fora dessa bobagem”, ela declara) depois de tirar
chantagear, difamar, prestar uma nota baixa numa prova por ter levado a tal escrita para a escola.
serviços duvidosos a seu edi- Cá pra nós, em vez de abandonar essa bobagem (o que tem o direito
de fazer, claro, afinal, já tem 16 anos, informa a reportagem!!!), podia
tor. Um redator paranoico, va- apenas ter abandonado o comportamento automatizado de bicho de
gando por uma Milão alucina- circo, que a levou a escrever na escola como se estivesse num chat.
E tudo indica que ela tem competência para não fazer essa confusão.
da, reconstitui cinquenta anos […]

de história sobre um cenário


http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI3088857-EI8425,00-Miguxes.html
Acessado em 15/09/2011.

diabólico.
1. O artigo parte de um texto prévio. Que texto é esse?
2. O autor se mostra a favor ou contra o uso do miguxês em ambientes virtuais?
3. De acordo com o posicionamento do autor apresentado nesse artigo, é adequado ou
inadequado o uso do miguxês na escola?
4. Identifique o sujeito dos verbos destacados no segundo parágrafo.

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Dez dias que abalaram o mun-


do, de John Reed. LPemC_2018_BNCC_9A_Cap5.indd 192 08/05/18 08:03

Dez dias que abalaram o


Sugestão de Abordagem
mundo é não só um testemu-
nho vivo, narrado no calor dos
Para as questões da seção análise linguística, propomos as seguintes
acontecimentos, da Petrogra-
respostas:
do nos dias da Revolução
Russa de 1917, como também 1. Da revista IstoÉ/2023. 3. Não é adequado.
a obra que inaugura a grande 2. A favor. 4. Respectivamente, adultos e filhos
reportagem no jornalismo mo- adolescentes.
derno.

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Manual do Educador

Reportagem

193
Capítulo
5
Leia os períodos abaixo, retirados do artigo do professor Sírio Possenti, observando os
verbos destacados.

A revista IstoÉ/2023, de 13/08/2008, publicou matéria até simpática so-


bre o miguxês, uma escrita típica de blogues e chats, que não se confunde
com o internetês.
Como sempre, há reclamações de adultos, porque não conseguem en-
tender nada do que seus filhos adolescentes escrevem, o que os filhos
devem achar ótimo [...]

Como você certamente percebeu, alguns verbos estão flexionados no singular (publi-
cou e confunde) e outros, no plural (conseguem, escrevem e devem). Essas flexões são
determinadas pelos sujeitos desses verbos. Veja:

A revista IstoÉ/2023 publicou


uma escrita típica de blogues e chats, que não se confunde
adultos, porque não conseguem
seus filhos adolescentes escrevem
os filhos devem

Por essa perspectiva, dizemos que:

o sujeito é o termo da oração que determina a flexão verbal.

Além da flexão de número (singular ou plural), o sujeito apresenta também flexão de


pessoa, podendo ser substituído por um dos pronomes pessoais do caso reto. Observe:

• eu, nós – pessoas que falam;


• tu (você), vós (vocês) – pessoas com quem se fala;
• eles (elas) – pessoas de quem se fala.

Tecnicamente, a relação sintática que se estabelece entre o sujeito e o seu verbo é cha-
mada de concordância verbal.
Com base nisso, podemos formular as regras básicas da concordância verbal.

1. O verbo se flexiona na primeira pessoa do singular ou do plural se o sujeito é ou pode ser


representado pelos pronomes eu ou nós, respectivamente.

(eu) Estou preocupado.


(nós) Estamos preocupados.

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2. O verbo se flexiona na segunda pessoa do singular ou do plural se o sujeito é ou pode
ser representado pelos pronomes tu ou vós, respectivamente:
Repensando o
Ensino da Gramática (tu) Esperas há muito tempo?
(vós) Esperais há muito tempo?

Dois casos especiais de concor- 3. O verbo se flexiona na terceira pessoa do singular ou do plural se o sujeito é ou pode ser
dância representado pelos pronomes ele, ela ou você (singular) ou eles, elas ou vocês (plural):

As gramáticas registram dois ca- Ela gosta de praia.


Vocês estão acordados?
sos de concordância que mere-
cem comentário à parte. Um é o
do sujeito posposto, outro, o do Casos especiais de concordância verbal
verbo distante do (núcleo do) su-
1. Sujeito composto de pronomes pessoais – Nesse caso, se o sujeito composto tem
jeito com o qual deveria concordar. como um de seus núcleos o pronome eu ou nós, o verbo irá para a primeira pessoa do
Chamo a atenção para o fato de plural. Se aparecer tu ou vós e nenhum pronome de primeira pessoa, o verbo fica na

que os gramáticos são unânimes


segunda ou na terceira pessoa do plural. Veja:

em aceitar que o verbo concorde João, Marcos e eu somos amigos há muito tempo.
apenas com o primeiro nome de nós
um sujeito composto por mais de Tu e ele são amigos há muito tempo?
um, quando este sujeito vem de- vocês
pois do verbo (daí a qualificação
de posposto). Tu e ele sois amigos há muito tempo?

O exemplo clássico é Passará o vós

céu e a terra, mas as minhas pala- 2. Sujeito ligado por nem... nem – O verbo geralmente fica no plural, mas também é correto
vras não passarão, mas há outros: o singular na norma-padrão:
Que te seja propício o astro e a
Nem a professora nem o diretor quiseram falar.
flor...; Habita-me o espaço e a so- Nem a professora nem o diretor quis falar.
lidão (citados por Cunha e Cintra,
Nova gramática do português con- 3. O sujeito é constituído pela expressão nem um nem outro – Nesse caso, o verbo fica

temporâneo. Rio de Janeiro, Edito-


no singular.

ra Nova Fronteira, 1985.). 194

O que ocorre nesses casos, se-


gundo os gramáticos? Que o ver-
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bo concorda apenas com um dos se exige que o autor tenha pres- o que ocorre: Passará o céu e a
nomes, o mais próximo. Nos casos tígio… — e este é outro caso em terra...; Que te seja propício o astro
acima, com céu, com astro e com que o erro é aceito como exceção. e a flor...; Habita-me o espaço e a
espaço (em vez de concordar com Mas a observação desses ca- solidão...; Embora ainda falte duas
céu e terra, com astro e flor, com sos juntamente com outros per- semanas para o GP Brasil...; O re-
espaço e solidão — o que resulta- mite elaborar uma hipótese mais ceio é que possa ocorrer proble-
ria em passarão, sejam propícios abrangente e compreender me- mas administrativos...; Faltou na
e habitam-me). A condição para lhor um fenômeno cada vez mais vida de Althusser algumas noites
que essa concordância seja aceita frequente. Coloquemos os exem- que o inspirassem...; Vai chover;
é que o verbo ocorra antes do su- plos acima ao lado de outros, e Elogios faz parte de nossa cultura
jeito, dizem eles. De fato, também observemos com algum cuidado ocidental.

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Manual do Educador

Reportagem

195
Capítulo
5
Nem um nem outro quis falar.
Nem um nem outro soube a resposta.
Anotações
4. Sujeito ligado por ou – O verbo concorda com o sujeito mais próximo se a conjunção
indicar exclusão ou equivalência:

Ou João ou José comprará aquela casa.


O pai ou a mãe deve ser sempre respeitado.

5. O sujeito é composto pelas expressões a maioria de, a maior parte de, grande parte
de... seguidas de nome no plural – O verbo fica no singular ou no plural. Caso essas
expressões sejam seguidas de um nome no singular, o verbo fica no singular:

A maioria dos alunos está presente.


A maior parte dos professores faltaram.

6. O sujeito é formado pela expressão cada um de seguida de um nome no plural – O


verbo fica no singular.

Cada uma das atrizes ganhou três prêmios.


Cada um dos alunos respondeu às perguntas.

7. O sujeito é formado pela expressão um dos que – O verbo fica no singular ou no plural.

Ele é um dos que ficou.


Ele é um dos que ficaram.

8. A concordância com os verbos ter, vir e derivados – Esses verbos apresentam uma
particularidade quando conjugados na terceira pessoa (singular e plural) do presente do
indicativo. É que, no plural, a forma verbal apresenta acento gráfico (circunflexo) e, no
singular, não. Veja:

Ele tem um filho.


Eles têm um filho.
Ele vem sempre às sete.
Eles vêm sempre às sete.

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Talvez se possa propor uma regra singular. Ou seja, a concordância, BNCC – Habilidades gerais
parcialmente diferente, mais geral. nesses casos, é exatamente igual
O verbo não concordaria com o à que ocorre quando as orações EF69LP55
primeiro nome do sujeito composto não têm sujeito. Assim, a regra po- EF69LP56
posposto, como dizem os gramá- deria ser simplesmente: quando
ticos. Ele simplesmente não con- não há sujeito, o verbo vai para a
corda com nada, já que a posição terceira pessoa do singular.
típica de sujeito — antes do verbo POSSENTI, Sírio. Terra magazine. 30 de agosto
— está vazia. Falta acrescentar de 2007.
outro aspecto da regra: nesses ca-
sos, o verbo vai para a terceira do

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Com os verbos derivados de ter e vir, a terceira pessoa do singular recebe acento agu-
196 do, e a terceira do plural recebe acento circunflexo. Observe:

O diretor sempre mantém suas decisões.


Os diretores sempre mantêm suas decisões.
Ele provém de São Paulo.
Eles provêm de São Paulo.

A concordância verbal na língua falada


Na língua portuguesa, não existe uma gramática, mas várias. Uma dessas gramáticas é
a normativa, que determina, em termos de certo e errado, o modo como as pessoas devem
falar e escrever em situações formais, como entrevistas, reuniões de trabalho, palestras,
etc. Assim, essas determinações não são, necessariamente, seguidas por nós na nossa
vida. É aí que entra a gramática de usos, por exemplo. Diferentemente da gramática
normativa, a gramática de usos não determina o que é certo ou errado: ela busca apenas
registrar as regras gramaticais que as pessoas seguem, sobretudo quando falam em situa-
ções informais, descontraídas. Não há aqui critérios como feio ou bonito, certo ou errado.
Dessa forma, todos seguimos regras gramaticais quando falamos ou escrevemos, mas
podemos usar gramáticas diferentes de acordo com a situação. Por exemplo: quem diz “os
menino saiu” segue uma regra de concordância diferente de “os meninos saíram”. Para que
fique mais claro, vamos detalhar um pouco.
Considerando situações e épocas diferentes, podemos identificar três maneiras de con-
jugar o verbo ir, por exemplo, no tempo presente. De acordo com a gramática de usos,
temos o seguinte:
Coluna 1 Coluna 2 Coluna 3
Eu vou Eu vou Eu vou
Você vai
Você vai
Tu vais Tu vais
Tu vai
Tu vai
Ele(a) vai Ele(a) vai Ele(a) vai
Nós vamos Nós
Nós vamos
A gente vai A gente vai
Vós ides Vocês vão Vocês vai
Eles(as) vão Eles(as) vão Eles(as) vai
Na Coluna 1, estão as formas verbais mais comuns no padrão escrito formal e de épocas
mais antigas.
Na Coluna 2, estão as formas mais típicas da fala culta dos dias de hoje, mesmo entre
as pessoas com mais escolaridade. A forma a gente vai é mais comum na fala, enquanto
a forma nós vamos é mais empregada na escrita.
Já na Coluna 3, estão as formas utilizadas por falantes menos escolarizados. Nessa gramá-
tica, há apenas duas formas verbais, o que a deixa bastante parecida ao inglês, por exemplo.

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Manual do Educador

Reportagem

197
Capítulo
5
Prática linguística
A linguagem dos jovens
Jornalista comanda pesquisa inédita que decifra
o que pensa e comunica a juventude brasileira

Luiz Costa Pereira Júnior


Diálogo com
Os jovens de hoje são filhos da mãe. Com todo o respeito. A
constatação, resultado de uma das mais interessantes pesqui- o professor
sas sobre a juventude brasileira, aponta que a figura da mãe se
tornou a referência máxima da geração nascida nos anos 1980
e 1990. Num país em que 20 milhões de famílias são chefiadas É importante dizer aos alu-
por mulheres, valores considerados “maternais” (o afeto como
vetor da felicidade, cultivar amigos, fazer o que gosta e cuidar
nos que a oralidade não é
de quem se gosta) passaram a substituir aqueles tidos como inferior à escrita, muito em-
bora em nossa sociedade
“masculinos” (ganhar dinheiro, subir a todo preço), que predo-
minaram na geração anterior.
A intenção da Novos consumidores 2, pesquisa feita pela a escrita seja vista como
Studio Ideias entre julho e outubro de 2008 com 1.623 jovens
de todo o País e lançada no fim do ano, era medir a relação que superior à fala. Há textos
os jovens mantêm com a publicidade. Mas, a pedido do Nú-
cleo Jovem da editora Abril, que solicitou o estudo, formou um
escritos que têm a fala es-
balanço de como se expressam as pessoas de 13 a 24 anos pontânea como referência,
como é o caso de um bi-
dos centros urbanos. “Tivemos o cuidado de não falar com for-
madores de opinião para retratar o brasileiro médio, com um Syda Productions I Shutterstock

mínimo de acesso à Internet”, diz Brenda Fucuta, a diretora do lhete, mas há outros que se
Núcleo Jovem da Abril, responsável pela pesquisa. […]
distanciam muito do mode-
lo da fala, como uma tese,
por exemplo. Há também
maneiras de falar que se
aproximam do modelo de
escrita, como é o caso de
uma palestra.

197
diferença entre fala e escrita
LPemC_2018_BNCC_9A_Cap5.indd 197 08/05/18 08:03 são as condições de produ-
BNCC – Habilidades gerais ção e de edição de cada mo-
dalidade: a fala é produzida
Leitura Complementar
EF69LP14 EF69LP18 e editada em tempo real, no
EF69LP15 momento mesmo da intenção,
Língua falada e língua escrita enquanto a escrita permite
não são dois universos dis- correções e emendas antes
BNCC – Habilidades específicas
tintos, mas modalidades de de ser publicizada.
EF89LP01 EF89LP06 uso que se interconectam, se
EF89LP04 EF89LP16 influem mutuamente, se mes- BAGNO, Marcos (2012). Gramática
pedagógica do português brasileiro.
EF89LP05 clam. A única e verdadeira São Paulo: Parábola.

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A mulher mudou mesmo os valores juvenis?

Leitura Brenda Fucuta – A juventude atualizou o papel da mãe, que


não é só a mãe querida, mas a mulher admirada, que dá conta
Complementar da casa e do trabalho. Seus filhos herdaram valores “mater-
nais”. Valorizam o coletivo e fazem dos amigos uma família
ampliada. Estar junto, a tolerância, é mais forte do que ganhar
dinheiro e ser bem-sucedido, valores mais “masculinos”. Cha-
mo o período atual de novo matriarcado; e a atual juventude,
A língua materna de filhos da mãe.

É precisamente a língua da
[…]

mãe, a língua que cada pes-


Como isso se reflete na linguagem?
soa começa a adquirir tão logo BF – Na escrita, sob a revolução midiática, nunca se escreveu
Dicionário
nasce e cria o vínculo afetivo- tanto. Ao menos por enquanto, Internet para o jovem é rede
social, uma maneira de conversar com os outros, de mostrar-se
-linguístico com a mãe (ou, na Chamamos de
neologismos palavras
e de ver o que acontece. As pessoas querem cultivar amigos.
Com isso, há uma oralidade sendo transmitida à escrita. Há os
falta dela, com a pessoa que ou expressões novas na
língua ou palavras antigas neologismos da Internet e há os da fala cotidiana.

venha a preencher esse pa-


empregadas com sentido
novo.

pel). É uma língua puramen-


te oral — falada e ouvida —,
mesmo quando provém da O jovem adota gírias só até entrar no mercado?

BF – Pode ser, mas é preciso considerar que o mercado e as


voz de uma pessoa altamen- famílias estão mais abertos a gírias adolescentes do que o in-
verso. Hoje, é comum ouvir, no trabalho, expressões que os
te letrada. Língua do afeto, do pais incorporaram dos filhos. As pessoas falam “beleza” e “tá
desejo, do íntimo, do sonho, certo” mesmo em atividades formais –– e já não soa esquisito.
Os ambientes de trabalho estão mais flexíveis com a lingua-
vive à margem dos ditames gem. A juventude fez isso.

da norma. A língua materna é


intrinsecamente variável, do- A barreira da linguagem reflete nossa ignorância sobre o
jovem?
méstica, familiar, idioma parti-
BF – Há muitos mitos. Não está correta, por exemplo, a ideia de
cular (...). geração que nasceu digital, faz ene coisas ao mesmo tempo e quer
liberdade, espaços abertos, esportes radicais. E, embora o jovem
leve vantagem com as novas mídias, ele lida com as novidades de
maneira espantada, assim como nós. Nesta pesquisa e numa an-
A língua “paterna” terior, de 2005, os jovens se dizem afogados com tanta informação.

198
Quando, na história de cada
sociedade, uma determinada
língua — ou mais precisamen-
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qual procedem patrão e pa-


te, uma das variedades dessa trono). É a língua patrocinada
língua — é alçada à condição pelo Estado e, irradiando-se Anotações
de língua oficial, ocorre uma dele, a língua da escola. […]
importante metamorfose — a A língua paterna é essencial-
língua materna se torna língua mente escrita, ortografizada,
paterna, transformada em pa- normatizada.
drão (do latim patronu-, onde
BAGNO, Marcos (2012). Gramática
está presente a raiz pater — pedagógica do português brasileiro.São
Paulo: Parábola.
“pai”, mesmo vocábulo do

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Manual do Educador

Reportagem

199
Capítulo
5
Que outros mitos ruíram?
BF – O de que eles preferem ambientes abertos. O lugar mais jovem Sugestão de Abordagem
da cidade é a sua casa. É lá que ele se sente à vontade, e os pais o
estimulam a receber amigos. Isso tem a ver com segurança e tam-

É interessante pensar no conceito


bém com a mudança estrutural das famílias, que eram grandes. Ago-
ra, têm poucos filhos, se deslocaram e ficaram longe de avós e tios.
Os amigos cumprem o papel dos antigos primos e irmãos.
[…] de língua materna numa socieda-
de que “atualizou o papel da mãe”
O jovem é superficial e alienado? Ou isso é mito? para chefe de família, cujos filhos
BF – Não diria superficial. Os valores mudaram. Tivemos gerações
empenhadas em política ou em ganhar dinheiro. Hoje, há bandeiras
“herdaram valores maternais”, tais
como “vamos viver a vida com mais prazer e sentido”. Não serão es- como tolerância, amizade, coletivi-
ses os jovens que vão revolucionar o meio ambiente, mas tiveram
mais convites a pensar a questão. O fato é que a presença feminina se dade, amor à natureza, etc.
reflete numa geração mais conservadora e menos individualista, aten-
ta à qualidade da própria vida. Não dá para dizer que é mais alienada.
•• Seria a língua uma das gran-
des responsáveis por isso?
Não há mais informação do que jovens bem informados?

BF – O jovem está, sim, mais informado. Minha geração tinha


•• De que forma, então, isso se
mídias tradicionais para consultar, e isso limitava o número de
pessoas informadas. Hoje é diferente. Uma adolescente me
manifesta?
•• Será que isso explica um pou-
disse algo decisivo: “Não preciso ir até a informação, ela vem
a mim”.

co o forte uso das redes so-


[…]

http://revistalingua.uol.com.br/textos.asp?codigo=11954.
Acessado em 17/09/2011. ciais para fins de combate
ao racismo, à homofobia, aos
maus-tratos dos animais, etc.?
Essas são questões difíceis de
responder, que mais valem pela
pesquisa e pela reflexão. Seria
interessante propor uma pesqui-
sa em que os alunos terão de re-
s

colher exemplos de mobilizações


oto
itph
pos

sociais de qualquer natureza que


r/De
res
and

199
tenham sido promovidas por pes-
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soas comuns, através das redes
sociais, em prol de alguém, de
algo ou de um bem comum. A
Anotações ideia é buscar fatos que sustentem
a teoria da geração dos “filhos da
mãe” e observar de que forma a
língua é usada para fazer aconte-
cer esse comportamento “menos
individualista”. Bons exemplos de
uso da língua nesse sentido são
facilmente encontrados, como nas
correntes enviadas por e-mail.
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1. No primeiro parágrafo do texto, a que se refere a palavra
constatação?
ideias
Ao fato de os jovens de hoje serem “filhos da mãe” .

2. O texto que você acabou de ler teve como base um texto


anterior. Que texto é esse?
A pesquisa Novos consumidores 2.

3. Qual era o objetivo inicial da pesquisa Novos consumidores 2?

Medir a relação que os jovens mantêm com a publicidade.

4. Que outro objetivo foi dado à pesquisa durante a sua reali-


zação?
Formar um balanço de como se expressam as pessoas de 13 a
24 anos dos centros urbanos.

5. Para participar da pesquisa, os jovens tinham de:


a) Viver em qualquer cidade.
b) Acessar a Internet diariamente para responder às perguntas
feitas pelos pesquisadores.
c) Pertencer à classe média alta.
d) Ser rico para poder acessar a Internet durante a pesquisa.
e) Viver nos centros urbanos e ter um mínimo de acesso à Internet.

6. No primeiro parágrafo, o autor identifica os jovens de hoje


como filhos da mãe. No contexto, essa expressão quer dizer que:
a) Os jovens de hoje têm um mau caráter.
b) A juventude normalmente vive apenas com a mãe, sem a
presença do pai.
c) Os jovens da atualidade vivem sob forte influência da mãe.
d) As crianças de hoje são geradas por reprodução programa-
da, método que dispensa a necessidade do pai.
e) Os adolescentes dos dias atuais são criados apenas pela mãe.

7. Analise o período a seguir, retirado do segundo parágrafo:

Mas, a pedido do Núcleo Jovem da editora Abril, que so-


licitou o estudo, formou um balanço de como se expres-
sam as pessoas de 13 a 24 anos dos centros urbanos.

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Manual do Educador

Reportagem

201
Capítulo
5
Qual é o sujeito do verbo destacado?
As pessoas de 13 a 24 anos dos centros urbanos.

8. No segundo parágrafo do texto, por que o verbo manter se


flexionou com acento circunflexo, e não agudo?
Porque está flexionado no plural para concordar com seu sujei-
to, os jovens.

9. Indique o período em que não foram respeitadas as regras


de concordância, de acordo com a gramática normativa.
a) A maioria dos jovens fazem dos amigos uma família ampliada.
b) Nem os professores nem os pais entendem aqueles jovens.
c) Cada um dos jovens vê a Internet como rede social.
d) Marcos é um dos jovens que se acham afogados em informação.
e) Os jovens hoje em dia tem menos preocupações com dinheiro.

10. Assinale a alternativa correta quanto às normas de concor-


dância da língua culta.
a) A pesquisa vêm sendo feita há meses com jovens entre 13
e 24 anos.
b) Cada um dos entrevistados deram suas opiniões.
c) Grande parte dos entrevistados mostrou que os jovens de
hoje lida com as novidades de maneira espantada.
d) Sob a influência materna, a maioria dos jovens aprenderam
a valorizar o coletivo.
e) A juventude atual mantêm uma relação de espanto com a
avalanche de informações que marca a nossa sociedade.

11. Assinale a opção em que a lacuna pode ser preenchida por


qualquer uma das duas formas indicadas entre parênteses.
a) Um dos seus sonhos ________ morrer na terra natal. (era /
eram)
b) Aqui não _________ os sítios onde eu brincava. (existe /
existem)
c) Uma porção de sabiás ________ na laranjeira. (cantava /
cantavam)
d) Não _______ em minha terra belezas naturais. (falta / faltam)
e) Sou eu que _______ morrer ouvindo o canto do sabiá. (que-
ro / quer)

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12. Preencha as lacunas com os verbos do quadro. Observe o
sentido.
ideias
viajaremos – chegamos – compraram –
votamos – escolheu – votou – foram

a) João, a mulher e os filhos foram para o interior.


b) Eu e minha mulher chegamos ontem de Paquetá.
c) Eu e Paula viajaremos para Fernando de Noronha.
d) Cada uma das clientes escolheu um modelo novo de
vestido.
e) Layrane, João e France compraram uma casa nova.
f) Cada um dos alunos votou no representante.
g) Meus irmãos, meus pais e eu votamos no mesmo can-
didato.

13. Os verbos abaixo devem preencher as lacunas do texto.


Observe a concordância.

realçam – cai – começam – têm – ganham – aumenta –


perturbam – estamos – aumentam – localizam –
esticam – conseguimos

Por que a voz dos adolescentes muda?

É culpa dos hormônios, que perturbam o organismo da


moçada nessa fase da vida. Na adolescência, tanto os garo-
tos como as meninas começam a produzir os hormônios que
realçam as diferenças sexuais. Nelas, aumenta a produção
de estrógeno e progesterona. Neles, a testosterona explode,
desencadeando uma série de transformações. Uma das mu-
danças é o crescimento da cartilagem da laringe, onde se
localizam os músculos vocais que compõem a prega vocal. E
é a vibração dessa prega durante a passagem do ar que sai

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Manual do Educador

Reportagem

203
Capítulo
5
dos pulmões que produz a nossa voz. Com o crescimento da
laringe, os músculos vocais se esticam e aumentam de tama-
nho. Com isso, a estrutura vocal muda, e a voz fica mais grave.
Como o crescimento da cartilagem da laringe é muito maior no
corpo masculino, só os garotos ganham nessa fase o famoso
pomo de adão, ou gogó. Antes da adolescência, as crianças de
ambos os sexos têm o mesmo tamanho de laringe, o que
torna as vozes parecidas, entre 250 e 270 hertz (Hz) –– unidade
que verifica a frequência das ondas sonoras. Na “fase das mu-
danças”, a frequência da voz dos meninos e das meninas cai ,
tornando o som mais grave, ou seja, a voz mais grossa. Nas
garotas, porém, como o estrógeno e a progesterona não fazem
tanto efeito na laringe, a alteração na frequência é menor. O
engraçado é que, na velhice, a voz dos homens e das mulheres
se aproximam novamente, pois há uma redução na produção
de hormônios tanto masculinos como femininos. É por isso que,
às vezes, não conseguimos distinguir no telefone se estamos
falando com um homem ou uma mulher de mais idade.
http://mundoestranho.abril.com.br/materia/por-que-a-voz-dos-adolescentes-muda
Acessado em 18/09/2011.

É hora de produzir

Antes de começar a escrever


A produção de uma boa reportagem começa na coleta de in-
formações. É preciso investigar bem os dados para não correr o
risco de entregar ao leitor um texto fraco, sem substância, que
em nada enriquecerá seus conhecimentos.
Pensando nisso, leia a reportagem a seguir selecionando as
informações mais importantes. Elas servirão de base para a
produção do seu próprio texto.

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204 O que querem os jovens
Da família à política, pesquisa com 10 mil jovens revela os ideais
da geração que vai mandar no Brasil daqui a 20 anos
Suzane Frutuoso
Colaboraram: Renata Cabral e Adriana Prado

A juventude sempre foi vista como uma social, como a defesa do meio ambiente.
breve transição para a idade adulta. A or- O que passa pela cabeça dessa geração
dem era trabalhar cedo, casar logo e cons- foi mapeado por um estudo da Organiza-
tituir família. Os anos 1960 romperam com ção das Nações Unidas para a Educação,
esse padrão. Rebeldes, os jovens daquela a Ciência e a Cultura (Unesco). A pesquisa,
década lutaram por várias causas, como li- inédita, com 10 mil brasileiros de 15 a 29
berdade política e sexual e igualdade entre anos, resultou no livro Juventudes: outros
os sexos, e criaram um ideal de juventude olhares sobre a diversidade, da coleção
até hoje cultuado. Vinte anos depois, o es- Educação para todos, do Ministério da Edu-
pírito de rebeldia mantinha-se vivo, mas as cação. É a primeira tese de fôlego no País
causas eram mais difusas. Hoje, a ditadura sobre essa faixa etária, que corresponde a
é uma lembrança e o conflito de gerações 51 milhões de pessoas e só começou a ser
quase desapareceu. O jovem está preocu- estudada há 10 anos. O trabalho traz dados
pado em deslanchar na carreira (sem mui- surpreendentes –– para os mais velhos ––
to stress), valoriza o suporte familiar, e sua sobre a geração que comandará o Brasil da-
atuação política é menos partidária e mais qui a 20 anos.

EU POR MIM MESMO


O que melhor define o jovem nos dias de hoje

Moda e a aparência 26,9%


Consciência, responsabilidade e compromisso 14,6%
Linguagem, música 9,8%
Insegurança pessoal e social 9,6%
Falta de perspectivas 8,1%
Criatividade/empreendedorismo 7,1%

BEM, OBRIGADO
A maioria se diz satisfeita com a vida

Fonte de Fonte de
Mas, com a chegada
69% 22% satisfação insatisfação da vida adulta,
Satisfeito Insatisfeito
Família 43% Emprego 60% o otimismo cai
Saúde 26% Situação do País 12% satisfeitos com
Emprego 8% Governo 8% a própria vida...
Estudo 7% Estudo 5%
Amigos 4% Família 4% 85%
Diversão 4% Saúde 4% de 15 a 17 anos
Relação amorosa 3% Relação amorosa 2%
2%
Muito Situação do País 2% Amigos 1% 69%
Muito 6% insatisfeito
satisfeito Governo 1% Diversão 1% de 27 a 29 anos

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Manual do Educador

Reportagem

205
Capítulo
5
Para eles, a aparência é fundamental. Outro mito derrubado pela pesquisa é o
Quase 27% dos entrevistados disseram que da alienação política. Há uma eterna –– e
a maneira de se vestir os define. Futilidade? injusta –– comparação entre a juventude
Nada disso. A roupa é uma mensagem. “É de hoje e a dos anos 1960. “Uma minoria
uma forma de o jovem marcar seu território da classe média participou da luta contra a
e anunciar qual é sua personalidade”, afirma ditadura. Como foi um momento importante
a socióloga Miriam Abramovay, organizado- da história, esses jovens são idealizados”,
ra da obra e pesquisadora da Rede de Infor- aponta a socióloga Miriam. Quase 50% dos
mação Tecnológica Latino-Americana. entrevistados no estudo da Unesco admi-
A estagiária de Relações Públicas Fer- tem que não dão a mínima para um comício,
nanda Araújo, 23 anos, diz sem medo que mas isso não significa falta de engajamento.
é consumista. Com o primeiro salário do A agenda mudou. A 1a Conferência Nacional
estágio, gastou R$ 600 num sapato. Mas de Políticas Públicas de Juventude reuniu
Fernanda trabalha desde os 15 anos, ajuda 2,5 mil jovens em Brasília, no final de abril.
a pagar a faculdade e é voluntária de uma Os debates foram dominados por temas
entidade. O modo como se veste faz parte como emprego, educação, preservação do
de seu objetivo de crescer profissionalmente. meio ambiente, legalização do aborto, dis-
“Me dedico ao trabalho, sou prática e sei re- criminação contra negros e homossexuais.
solver problemas. Minhas roupas expressam “Há uma mobilização enorme por parte da
essas qualidades”, acredita. Fernanda está juventude. Eles levantam bandeiras que não
satisfeita com os rumos da própria vida, as- estão na pauta de partidos políticos”, afirma
sim como 75% dos participantes do estudo. a socióloga Mary Garcia Castro, professora
“Mesmo com violência, educação defi- da Universidade Católica de Salvador. “São
ciente e um mercado de trabalho disputado, jovens mais sensíveis e tolerantes do que os
o jovem acredita que as dificuldades serão do passado.”
superadas”, diz Miriam. “É uma juventude Hoje, o universo a ser transformado é
forte, que mantém a esperança. São ca- até o doméstico. A estudante de Ciências
racterísticas fundamentais que fazem a so- Naturais da Universidade de Brasília Lud-
ciedade evoluir.” Ao contrário de gerações mila Andrade, 21 anos, convenceu a famí-
passadas, os jovens de hoje encontram lia a reciclar o lixo em casa. Na universida-
confiança e segurança em casa e têm na fa- de, participa do projeto Nosso Câmpus, no
mília sua maior fonte de alegria. É a ela que qual explica a importância de separar os
o estudante carioca Frederico Lacerda, 21 resíduos da maneira correta nas salas de
anos, dedica o tempo livre após o estágio, aula. Pela política partidária, porém, ela não
a faculdade, a namorada e os esportes. Ele se interessa. “Só tem confusão e não leva
janta todos os dias com a mãe, a avó e os a lugar algum. Nosso projeto pode mudar
irmãos. Quando o pai, gerente-geral de um muito mais o mundo”, afirma. As bandeiras,
hotel em Angra dos Reis (RJ), está no Rio, hoje, são mais palpáveis. O jovem dá valor à
os filhos até cancelam compromissos. “Eu e educação –– a pesquisa diz que 37,4% dos
meus irmãos fazemos questão disso. O am- entrevistados apontaram o bom nível de es-
biente em nossa casa é tão bom que amigos colaridade como ferramenta imprescindível
e namoradas gostam de frequentá-la.” para conseguir emprego. Contudo, ele quer

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Ca 206
currículos mais condizentes com o mundo acesso a esses espaços, sobretudo nas gran-
real. “Eles não pretendem abandonar a re- des cidades, melhorou com a meia-entrada
flexão. Mas um mercado de trabalho pouco obrigatória para estudantes e a instituição
inclusivo exige conhecimento prático”, diz o de ingressos a preços populares em algum
Leitura professor Alessandro de Leon, reitor da Uni- dia da semana ou até a entrada gratuita. O
versidade da Juventude, formadora de ges- transporte, porém, ainda é um problema. São
Complementar tores em políticas para os jovens. necessárias políticas públicas para eliminar o
[…] obstáculo da distância, principalmente para
Na pesquisa, salta aos olhos o pouco o jovem da periferia. Em casa, o tempo livre
Imortais do Twitter acesso dos jovens a bens culturais. Metade desta geração é dominado pela tevê. A leitu-
dos entrevistados nunca pôs os pés no ci- ra é a última opção. Quase 20% não abriram
nema, e mais de 70% deles nunca foram ao um livro sequer nos últimos 12 meses.
Academia Brasileira de Letras teatro ou ao museu. […] Nos últimos anos, o […]

movimenta a “tuitosfera” lan-


DIVERSÃO E ARTE Apenas 2% dos jovens leram
çando concursos literários. Como o jovem vive a política, o lazer e a cultura
8 livros em um ano, e 16,8% não
abriram nenhum livro em 12 meses

Foi no Chá dos Acadêmicos, Em casa, Lugares


Distância da política
ritual repetido há mais de um
o que faz no tempo livre onde nunca esteve

Não participa nem pretende 49,2% Assiste à tevê 35% Teatro 74%

século pelos membros da


Participa 18,5% Ouve música 17,6% Museu 71,4%
Não participa, mas quer 16,5% Dorme, descansa 11,1% Cinema 49,6%

Academia Brasileira de Le-


Participou, mas não participa 15,1% Lê livros 7,4% Estádios/ginásios esportivos 44,6%
Bibliotecas 44%

tras, que três usuários do mi- http://www.istoe.com.br/reportagens/11266_O


Acessado em 18/09/2011.
croblog Twitter foram premia-
dos por microcontos. Proposta
Os microcontos vencedores, Tendo como base as informações apresentadas nesse texto,
além de primarem pela conci- você vai produzir uma reportagem destinada ao público jovem.
Imagine que seu texto será publicado na seção Teens (Jovens)
são e informalidade típicas do Aprenda
mais!
de um grande jornal brasileiro. As manchetes abaixo são su-
gestões para dar título à sua reportagem.
microblog, marcam a abertu- Nas reportagens em geral,
ra da ABL a uma linguagem é comum a utilização
de textos multimodais, O que pensam os jovens?
“jovem”, cuja vitrine seria os como os infográficos, que
mesclam a linguagem A geração esperança

textos veiculados por inter- verbal e a não verbal para


apresentar ou sintetizar
A geração que vai mandar no País daqui a alguns anos
Para eles, as dificuldades são sempre passageiras
nautas em redes sociais. informações.

1o lugar
206
“Toda terça ia ao dentista e
voltava ensolarada. Contaram
ao marido sem a menor anes-
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3o lugar
tesia. Foi achada numa quar-
“Não sabia ao certo onde Anotações
ta, sumariamente anoitecida.”
tecer sua teia. Escolheu um
2o lugar cantinho de parede da cozi-
“Joguei. Perdi outra vez! Jo- nha. Acertou na mosca.”
guei e perdi por meses, mas
posso apostar: os dados é
que estavam viciados. So-
mente eles, não eu.”

206
206

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Manual do Educador

Reportagem

207
Capítulo
5
Planejamento
Para produzir uma boa reportagem, é fundamental que você: Sugestão de
Aprenda
1. Abordagem
Utilize informações relevantes e atuais. mais!
2. Busque opiniões de especialistas no assunto. Para dar cre-
Estrutura da reportagem
dibilidade às informações dadas por eles, realize entrevis-
tas. Utilize aspas para identificar a fala desses profissionais A reportagem é um dos
gêneros textuais do É bem oportuno ampliar
a discussão sobre o que
no seu texto (veja como isso foi feito nas reportagens que domínio jornalístico. Sua
lemos ao longo do capítulo). função social consiste,

pensam os jovens sobre o


basicamente, em informar
3. Procure aprofundar o tema levantando dados relevantes. o interlocutor de maneira

futuro. Para isso, recomen-


Para isso, consulte fontes diversas, como livros, pesquisas mais aprofundada que
as notícias. Quando
e outras reportagens sobre o tema. Você também pode en-
damos a reportagem pu-
veiculados da forma
riquecer seu texto com infográficos e fotografias. escrita, ambos os gêneros

blicada no portal UOL notí-


possuem basicamente a
4. Não se esqueça de que a reportagem trata as informações mesma estrutura.
de maneira mais aprofundada que uma notícia e normal-
cias com o título IBGE: um
• Manchete – É o título do
mente apresenta ingredientes críticos. texto. Tem o objetivo de

quinto dos jovens no Brasil


resumir o que será dito e
5. Escreva com clareza e simplicidade, empregando uma li- deve atrair a atenção do
guagem adequada ao seu público-leitor.
é “nem-nem”, que não es-
leitor.

6. • Linha fina – É o subtítulo.


Produza manchete e lide adequados à reportagem.
tuda e nem trabalha. Para
Tem a função de apoiar
7. Releia as reportagens apresentadas neste capítulo obser- o título, lançando mais

ter acesso à reportagem,


informações sobre a
vando as características formais desse gênero. reportagem, com o objetivo

indicamos o link http://no-


de cativar o leitor.
• Lide – É o primeiro
Avaliação
1. Entregue a sua reportagem a um colega para que ele a ava-
parágrafo do texto
jornalístico. Sua função é ticias.uol.com.br/cotidiano/
ultimas-noticias/2013/11/29/
apresentar resumidamente
lie. Nessa avaliação, serão observados os seguintes aspectos: as informações mais

um-em-cada-cinco-jovens-
importantes do texto.
Aspectos analisados Sim Não • Corpo – É o texto

O texto se configura formalmente como uma


propriamente dito,
estruturado em introdução -de-15-a-29-anos-nao-es-
tuda-nem-trabalha-diz-ibge.
reportagem? (início), desenvolvimento
(meio) e conclusão (fim).
As informações apresentadas são relevantes?
Há opiniões de especialistas no assunto? htm.
O texto está escrito com clareza e simplicidade?
A linguagem empregada está adequada ao
público-leitor?
A manchete e o lide sintetizam bem as
informações presentes no texto? Pergunte aos seus alunos:
•• Qual é a função e a im-
207
portância das imagens
LPemC_2018_BNCC_9A_Cap5.indd 207 08/05/18 08:04
numa reportagem?
•• As imagens presentes
nessa reportagem tradu-
zem de forma adequada
BNCC – Habilidades gerais BNCC – Habilidades específicas o que está sendo dito?
•• Qual a importância dos
EF69LP06 EF69LP08 EF89LP06 EF89LP25
infográficos, tabelas com-
EF69LP07 EF69LP32 EF89LP08 EF89LP33
EF89LP09 EF09LP03 parativas, etc. para as re-
portagens? Eis uma boa
sugestão de pesquisa.

207

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o
5
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Ca 208
MOMENTO
DO reportagem
u N
g
SE O que é possível dizer
Sugestão de com 140 caracteres
Abordagem A máxima menos é mais nunca fez tanto sentido como no
caso do microblogue Twitter, cuja premissa é dizer algo — não

Em virtude da integração do mun-


importa o quê — em 140 caracteres. Desde que o serviço foi
criado, em 2006, o número de usuários da ferramenta é cada
do através das redes sociais, su- vez maior, assim como a diversidade de usos que se faz dela.
Do estilo “querido diário” à literatura concisa, passando por
gerimos alguns pontos para ini- aforismos, citações, jornalismo, fofoca, humor, etc., tudo ga-
Antes de nha o espaço de um tweet [pio, em inglês], e entender seu
ciar o trabalho com Tecnologias começar a ler
sucesso pode indicar um caminho para o aprimoramento de um
da Informação e da Comunicação Na reportagem que lemos recurso vital à escrita: a concisão.

(TICs).
no início deste capítulo, Segundo a Sysomos, empresa especializada no monitora-
O português.com, vimos
que, em ambientes virtuais,
mento de mídias sociais, o Brasil é, desde fevereiro, o segundo
país com maior número de tuiteiros, com 8,8% da população
•• Se você quer utilizar a tecno-
tendemos a utilizar uma
linguagem própria, que mundial de usuários (eram 2% em junho). Fica bem atrás dos

logia em sala, comece inves-


simula a fala: o internetês.
Na reportagem que você
EUA, que detêm 50,88% desse universo, mas à frente do Reino
vai ler agora, esse tema é Unido, em terceiro, com 7,2%.
tigando o potencial das ferra- retomado. Mas, em vez de
discutir se essa forma de
O português é a terceira língua mais tuitada. São 4,5 milhões

mentas digitais. comunicação é boa ou ruim


de mensagens no idioma todo dia. O Twitter saltou de 7,8 mi-
para a língua portuguesa, lhões de visitantes brasileiros em dezembro para 9 milhões em
o repórter vai além. janeiro.
•• No planejamento anual, avalie Aceitando que o internetês
é um fato que não se pode
Amadurecimento
quais conteúdos são mais bem mais negar, ele conversa
com especialistas, busca

abordados com a tecnologia informações e reflete para


entender como as pessoas
A crescente adesão brasileira não chega a ser surpresa. Com
uma inclusão digital a pleno vapor, o País atingiu 66,3 milhões
e quais novas aprendizagens, costumam se expressar
num meio bem inovador,
de internautas em 2009, 16% a mais do que em 2008, segundo

necessárias ao mundo de hoje,


o Twitter, em que cada a Ibope Nielsen Online. Na rabeira dessa onda, fenômenos de
postagem se limita a 140 concisão on-line, como o Twitter, ficam mais evidentes.
podem ser inseridas.
caracteres.
No começo, era comum que os usuários da ferramenta se
limitassem a registros do cotidiano ou descrições de estados
•• Familiarize-se com o básico de espírito, como “estou indo pra escola” ou “acordei meio tris-
te”. Embora o estilo confessional persista, sobretudo entre os
do computador e da Internet. mais jovens, a diversidade de vozes é hoje maior, favorecendo

Conhecer processadores de
a pluralidade de estilos. Contar com um público mais maduro
pode ter ajudado a diversidade de textos do Twitter. Só 15%
texto, correio eletrônico e me- dos norte-americanos no Twitter têm menos de 25 anos, segun-
do o Morgan Stanley Research. No Brasil, 61% dos usuários
canismo de busca faz parte do são homens na faixa de 21 a 30 anos.
cardápio mínimo. 208

•• Antes de iniciar a atividade


em sala, certifique-se de que
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você compreende as funções passo o funcionamento de pro- •• Discutir precauções no uso da


elementares dos aparelhos e gramas e recursos. Internet é essencial, sobretudo
aplicativos que pretende usar na comunicação on-line. Leve
•• Ajude a turma a refletir sobre o
na aula. para a classe textos que orien-
conteúdo de blogs e fotologs.
•• A Internet também ajuda na Debata qual o nível de exposi- tem a turma para uma navega-
aquisição de conhecimentos ção adequado, lembrando que ção segura.
técnicos. Procure os tutoriais, cada um é responsável por
textos que explicam passo a aquilo que publica.

208
208

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Manual do Educador

Reportagem

209
Capítulo
5
A ferramenta intensifica a tendência à concisão verbal, uma
das marcas da comunicação on-line. A economia de sinais grá-
ficos deu força, por exemplo, à chamada “tuiteratura”, neolo-
gismo para os enunciados telegráficos com criações originais,
citações ou resumos de obras impressas. Até a Academia Bra-
sileira de Letras se rendeu ao “novo gênero”, criando um con-
curso de microcontos inspirado no Twitter […].

Isca
Para Wagner Martins, o Mr. Manson, criador do Cocadaboa
(blogue com 6 mil acessos diários), se os outros meios de co-
Antonio Pedro Tabet, do Kibe
municação não lidarem com a informação de forma ágil, “sem Loco: “A maior porta de banheiro

encher linguiça”, terão dificuldade de reter a atenção dos inter- do mundo”.

nautas. “O Twitter é a porta para um conteúdo mais profundo.


Uma isca ou manchete que chama a atenção”, explica Martins,
sócio da agência Espalhe Marketing de Guerrilha, para quem o
poder de síntese é característica de pessoas criativas.
Que o diga o publicitário Antonio Pedro Tabet, dono de um
perfil com mais de 247 mil seguidores e criador do Kibe Loco,
blogue de humor com 300 mil acessos diários. Para ele, uma
Dicionário
ferramenta complementou a outra. O Twitter leva pessoas até o
blogue, e o blogue referencia o Twitter. “Um amigo me disse que Máxima – Expressão que
sugere um ensinamento,
o Twitter é a maior porta de banheiro do mundo. Com o agra-
provérbio.
vante de que o papel acabou e sobrou só a primeira página de Premissa – Ideia de onde
jornal”, ironiza o publicitário, que diz já ter deixado de escrever se parte para armar um
raciocínio.
coisa melhor no Twitter por faltarem “dois malditos caracteres”.
Concisa – Resumida ao
Para Tabet, apesar de o humor na tuitosfera ser ágil, informal essencial.
e propenso a experimentações, não significa que seja moder- Aforismos – Ditados.
Neologismo – Palavra
no. O Brasil já teria sua tradição de irreverência concisa. “Sér-
nova.
gio Porto já fazia isso há muito tempo, e o Millôr Fernandes Propenso – Que
faz isso até hoje”, defende Tabet. demonstra tendência,
inclinação para algo.
Para Martins, do Cocadaboa, os brasileiros são mais preo-
Sérgio Porto – Escritor
cupados em procurar assunto com outros usuários, daí se- e jornalista carioca cujos
rem mais propensos à interação nas redes do que os norte- textos eram marcados pelo
-americanos, por exemplo, que costumam ser mais lacônicos, humor. Era mais conhecido
pelo pseudônimo
impessoais e informativos. “É um fenômeno parecido com a Stanislaw Ponte Preta.
transformação do idioma no cotidiano, com a abreviação de pa- Millôr Fernandes –
Humorista, desenhista,
lavras, a ênfase nas onomatopeias e a exclusão de acentos. A
escritor e tradutor carioca.
língua falada é viva e em constante transformação. E as redes Lacônicos – Que se
sociais reproduzem isso”, afirma Martins. exprimem com poucas
palavras, concisos.

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Ca 210
Seja qual for a língua, no entanto, o impacto do Twitter em
nossa relação com a escrita está por ser dimensionado. Crí-
ticos como George Packer, da revista The New Yorker, con-
denam o rio de informações em que o microblogue se tornou,
alertando para o fato de que é preciso bom-senso para beber
Diálogo com dessa água, sob o risco de se afogar num mar de informações.
o professor Por isso, fazer-nos separar o joio do trigo, ao testar os melhores
recursos da síntese, pode ser a contribuição do Twitter à comu-
nicação desta primeira década do século.
Determinadas palavras ou Edgard Murano
http://revistalingua.uol.com.br/textos.asp?codigo=12011

expressões que usamos na


Acessado em 28/04/2011.

nossa comunicação diária


são muito ricas semantica-
mente. Ao descreverem a Desvendando os segredos do texto
realidade
1. No início deste de que
capítulo, dissemos falamos,
que as parábolas são
por exemplo, elas também
textos muito parecidos com as fábulas. Analisando o texto lido 1. De acordo com as informações presentes no primeiro pará-
e considerando os conhecimentos adquiridos no capítulo ante- grafo do texto, o que quer dizer a máxima menos é mais?
veiculam
rior, que diferenças e semelhançasvárias
podemos informa-
observar:
A máxima quer dizer que, no Twitter, expressar-se utilizando o
ções, que podem ser mais mínimo de caracteres necessário é uma regra, mas isso não
ou menos adequadas ao impede uma comunicação eficaz.
momento.
A conotação é o efeito de 2. Para alcançar o maior número de leitores e passar as infor-

sentido por meio do qual pa- mações de modo claro, muitas vezes os repórteres recorrem a
expressões idiomáticas. Essas expressões são agrupamentos
lavras ou expressões trans- de palavras cujo sentido não pode ser entendido literalmente, pelo

mitem informações sobre o


somatório de cada uma delas. O sentido é dado pelo grupo de
palavras e depende bastante do nosso conhecimento de mundo.
falante: quem ele é, de onde É o que ocorre, por exemplo, com as expressões acertar na mos-
ca, andar na linha, dar a volta por cima, trocar seis por meia
vem, como ele vê o seu in- dúzia, tirar de letra, etc. Para entender essas expressões, não

terlocutor, etc. Portanto, a percebemos o sentido de cada palavra individualmente; percebe-


mos o sentido do grupo. Em textos normalmente formais, como as
conotação diz respeito a reportagens, a utilização de expressões idiomáticas confere um

uma maneira pessoal de ver


toque de informalidade, o que facilita a leitura e acaba aproximan-
do autor e leitor. Pensando nisso, explique o que significam as
o mundo, as pessoas, as si- expressões a seguir:

tuações. 210

Em oposição à conotação,
a denotação é o efeito de
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sentido por meio do qual


falamos “neutramente” do Anotações
mundo.

BNCC – Habilidades específicas


BNCC – Habilidades gerais
EF89LP03 EF89LP14
EF69LP03 EF69LP15 EF89LP04 EF89LP16
EF69LP13 EF69LP16 EF89LP05 EF09LP02
EF69LP14 EF69LP18 EF89LP06

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210

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Manual do Educador

Reportagem

211
a) a pleno vapor (quarto parágrafo)
Capítulo
5
Mover-se em sua capacidade máxima, da forma mais acelera- Compartilhe Leitura
ideias
da possível. Complementar
b) sem encher linguiça (sétimo parágrafo)

A definição de conotação e
Não escrever demais, desnecessariamente.
c) beber dessa água (11º parágrafo)
denotação que trouxemos
Experimentar.
teve como base a reflexão
d) separar o joio do trigo (11º parágrafo)
Separar o que é prejudicial do que é útil, bom.
feita por Azeredo (2008).
3. Releia o período abaixo, retirado do segundo parágrafo do
texto:

Segundo a Sysomos, empresa especializada no monitora-


mento de mídias sociais, o Brasil é, desde fevereiro, o segundo
país com maior número de tuiteiros, com 8,8% da população
mundial de usuários (eram 2% em junho).

Caso quiséssemos substituir o termo destacado por uma ex-


pressão idiomática, seria mais adequado dizer que “A Sysomos
é uma empresa especializada em”:
I. tirar o cavalinho da chuva das mídias sociais.
II. tapar o sol com a peneira das mídias sociais. AZEREDO, José Carlos de (2008).
Gramática Houaissda l
III. ficar de olho em mídias sociais.
íngua portuguesa.
IV. dormir no ponto com as mídias sociais.
São Paulo: Publifolha/Instituto
V. seguir o rastro de mídias sociais.
Antonio Houaiss.
Estão corretas as expressões indicadas em:
a) I e III.
b) III e V.
c) I, II e IV.
d) II, III e V. Diálogo com
e) I, IV e V. o professor
4. No texto, o jornalista afirma que a concisão é um recurso
vital para a escrita. O que ele quis dizer com isso?
Ele quis dizer que escrever com o máximo de objetividade pos-
Aproveite o momento para
sível, isto é, utilizando estritamente as palavras necessárias, é desenvolver trabalhos com
bom para a comunicação. os estudantes sobre as re-
211 des sociais. Os jovens, no
dia a dia, estão imersos em
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outras e novas maneiras
de interação social, pois o
avanço das Tecnologias
Anotações da Informação e da Comu-
nicação (TICs), corrobora
para tal fenômeno. Assim,
essa nova aprendizagem,
ao que tudo indica, será o
novo cerne paradigmático
da educação do futuro.

211

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o
5
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Ca 212
5. Tendo em vista o que é o recurso de concisão na escrita,
Compartilhe podemos associá-la a:
ideias
a) Poder de síntese.
Leitura b) Poder de detalhar.
Complementar c) Capacidade de expressar ideias com palavras difíceis.
d) Comunicação confusa.
e) Comunicação exclusiva de textos da Internet.
Redes sociais na
sala de aula 6. Imagine que você é jornalista e está, justamente agora, pro-
duzindo uma reportagem sobre a concisão em textos virtuais.
Suponhamos que você acabou de escrever o parágrafo a seguir:

Diversos estudos enfatizaram A linguagem da Internet demonstra a tendência de ser


a importância que a estrutura resumida ao essencial. É o que dizem os profissionais que se

social tem no desempenho or-


especializaram em estudar o assunto. Essa tendência a resu-
mir é polêmica. Muitos pensam que essa forma de escrever de
ganizacional. A taxa da propa- maneira resumida pode provocar o enfraquecimento ou a per-

gação de convenções sociais


da quase total da capacidade de se expressar, além de gerar
problema de aprendizagem da leitura pela dificuldade no reco-
em uma sociedade é afetada nhecimento da correspondência entre sons e letras, bem como
na transformação de signos escritos em signos verbais. Mas
pela estrutura complexa da os profissionais que se especializaram em estudar o assunto

rede social entre os membros. garantem que não. Para esses profissionais, essa maneira de
escrever é alvo de estereótipos.
As redes sociais on-line cons-
Agora imagine que, antes de finalizar seu texto, você releu esse
tituem relações e estabelecem parágrafo e percebeu que poderia ser mais conciso. Como você
ligações entre os membros de o reescreveria para deixá-lo mais objetivo?

um grupo buscando conectar Sugestão: O internetês é propenso à concisão, é o que dizem

pessoas e proporcionar sua os especialistas no assunto. A questão é polêmica. Muitos pen-

comunicação. A interação de sam que esse recurso pode provocar problemas como afasia e

uma comunidade promove a dislexia, mas os estudiosos garantem que não. Para eles, essa

partilha da informação e do co-


forma de escrita é sofrer preconceito.

nhecimento incentivando o de-


senvolvimento de inovações,
uma vez que os membros de
uma comunidade buscam por
objetivos comuns na grande 212

maioria das vezes. [...]


Convém salientar que a utiliza-
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ção das TICs e das redes so- da vida, sendo evidente que
ciais na escola pode ser feito os objetivos são diferentes em
Anotações
desde a educação pré-escolar cada idade, variando os mo-
até ao ensino superior, isto é, delos pedagógicos e tendo
ao longo de todo o processo aspectos diferentes em cada
educativo. No entanto, embora estádio.
se trate das mesmas tecnolo- Disponível em: https://www.academia.
gias, estas se ajustam à apren- edu/1083078/Redes_Sociais_na_Sala_de_
Aula. Acesso em 30/06/2015.
dizagem em diferentes épocas

212
212

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Manual do Educador

Reportagem

213
Capítulo
5
7. Como você certamente percebeu, o título dessa reporta-
gem (manchete) não está apoiado por um subtítulo, o que não
deixa a essência do texto tão clara para o leitor. Pensando nis-
so, produza um subtítulo adequado.
Resposta pessoal. Sugestão: No Twitter, o limite de caracteres
obriga os usuários a praticarem um recurso vital à escrita.

Aprenda mais!

Estilos do Twitter
Exemplos de perfis que vão do jornalismo ao humor em 140 caracteres

Jornalismo
Por profissão, jornalistas levam ao Twitter a lógica da criação das manchetes (o resumo da
informação, que é também sua peça de “venda”).
Evolução natural: Perfis que capturam não só o resumo da história, como sua significação.
Exemplos:

@luisnassif [www.twitter.com/luisnassif]: “Nova denúncia da Folha é desmentida pelo Esta-


dão” (http://bit.ly/agMxkZ)
@Bob_Fernandes [www.twitter.com/Bob_Fernandes]: “Ideológico não quer dizer ‘de esquer-
da’, explica o linguista Sírio Possenti” (http://migre.me/lgvs)

Humor
Quanto mais ágil a tirada, mais engraçado seu efeito. A aposta dos humoristas na tuitosfera
é responsável por um dos gêneros de maior popularidade das redes sociais.
Evolução natural: A piada curta, o comentário espirituoso e a imagem-síntese dão força ao
gênero. Exemplos:

@kibelocO [www.twitter.com/kibelocO]: “As figurantes do Zorra Total são a ponta de estoque.”


@mrmanson [www.twitter.com/mrmanson]: “Dorflex, o verdadeiro café da manhã dos cam-
peões.”
Edgard Murano
http://revistalingua.uol.com.br/textos.asp?codigo=12011
Acesso em 28/04/2011

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Ca 214
Compartilhe Análise linguística
ideias

Leitura Concordância nominal


Como vimos no início de nosso estudo de análise sintáti-
Complementar ca, as palavras se relacionam. Vimos, também, que há uma
relação de dependência entre as palavras para formar as sen-

Todo nominal usado referen- tenças. Nesse sentido, observamos, na primeira parte deste
capítulo, a necessária harmonia entre sujeito e verbo. Agora,
cialmente, isto é, para deno- veremos que, entre o adjetivo, o pronome (adjetivo), o artigo, o

tar uma coisa, pertence a um


numeral ou o particípio (palavras determinantes) e o substanti-
vo ou o pronome (palavras determinadas), há a mesma relação
gênero. Assim, computador é de harmonia. Como estamos lidando com nomes, chamamos
esse fenômeno de concordância nominal.
masculino, impressora é fe- Para simplificar, a concordância nominal é feita de acordo

minino. Os termos masculino com o que se quer dizer. Portanto, assim como a verbal, a con-
cordância nominal é feita na lógica. É simples, observe:
e feminino designam as duas
A menina com as quatro bolsas coloridas
classes em que se dividem to- tinha uma voz doce.
dos os nominais que têm po-
Observe que os termos que se ligam aos substantivos acom-
tencial referencial, isto é, mar- panham seus traços de gênero e número. Com o termo a me-
nina, por exemplo, o artigo a (determinante) acompanha o gê-
cados [+R]. Dizemos que um nero e o número do substantivo menina (palavra determinada).
nominal referencial tem gêne- Quando temos duas ou mais palavras determinadas, os de-

ro inerente — ele é masculino


terminantes as acompanham também em gênero e número.
Entretanto, se as palavras determinadas forem de gêneros di-
ou feminino. ferentes, a palavra determinante irá para o plural masculino ou
concordará em gênero e número com a mais próxima:
Já um nominal usado qualifica-
• Recuperada a esperança e o otimismo, o homem se-
tivamente mostra — em geral guiu adiante.
• Recuperados a esperança e o otimismo perdidos,
— gênero governado, ou seja, o homem seguiu adiante.
precisa ficar no mesmo gênero • Recuperados da esperança e do otimismo perdidos,
os homens prosseguiram.
que o núcleo de seu Sintagma • O estudo e a dedicação profunda são fundamentais
Nominal; o núcleo, naturalmen- para o sucesso.
• O estudo e a dedicação profundos são fundamentais
te, é referencial e tem gênero para o sucesso.

inerente. Assim, em computa- 214

dor novo, a palavra compu-


tador é masculina — não está LPemC_2018_BNCC_9A_Cap5.indd 214 08/05/18 08:04

no masculino; note-se que não / nova vermelho / vermelha meu cara é feminino, mas também
existe o feminino de computa- / minha etc. que o SN a minha xícara de
dor. Mas novo está no mascu- Todos os nominais usados refe- café é feminino. Isso vale, por
lino — e tem uma forma femini- rencialmente têm gênero ineren- exemplo, para efeitos de con-
na, nova. Consequentemente, te — são masculinos ou femini- cordância: A minha xícara de
os nominais que podem ser nos, sem exceção; e o SN do café está vazia.
qualificativos, marcados [+Q], qual são o núcleo “herda” esse
PERINI, Mário (2010). Gramática do
geralmente vêm em pares, um mesmo gênero, de modo que português brasileiro. São Paulo: Parábola,
p. 280.
masculino e um feminino: novo podemos dizer não só que xí-

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Manual do Educador

Reportagem

215
Capítulo
5
É importante observar que a concordância nominal depende
muito da intenção do emissor. Nos dois últimos exemplos, veja
como o sentido muda: a concordância do adjetivo no feminino
singular (profunda) nos dá a ideia de que apenas a dedicação
é profunda; já a concordância no masculino plural (profundos)
nos leva a concluir que ambos (dedicação e estudo) são pro-
fundos.
Vale notar também que, como acontece com as regras de
concordância verbal, as regras de concordância nominal são
muito variadas. Muitas vezes, as regras impostas pela gramáti-
ca normativa não são seguidas pela gramática de usos, o que
gera alguma confusão durante o estudo. Mas atenção: em si-
tuações formais, procure se expressar de acordo com as regras
da gramática normativa, para não ser alvo de preconceito lin-
guístico, uma terrível forma de discriminação.

Casos especiais de concordância nominal


1. Nem um nem outro, um e outro, um ou outro – A gramá-
tica normativa determina singular para substantivo e verbo:

Nem um nem outro restaurante é bom.


Um e outro funcionário trabalhava.

2. Tal e qual – De acordo com a gramática normativa, concor-


dam em gênero e número com a palavra determinada.

Tais razões me convenceram.


Ele era tal quais seus amigos.
Os filhos são tais qual o pai.

3. A olhos vistos – Essa expressão normalmente é usada em


situações muito formais. Significa claramente, visivelmen-
te. A gramática normativa determina duas regras para ela:
fica invariável ou a palavra visto concorda com a pessoa ou
coisa que se vê.
Ela emagrecia a olhos vistos.
As minhas filhas cresciam a olhos vistas.
A rejeição ao presidente crescia a olhos vista.

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4. Mesmo, próprio, só – Concordam com a palavra determina-
da em gênero e número.

Leitura Eles mesmos prepararam o jantar.


Eles estão sós em casa.
Complementar Elas próprias se entenderam.

5. Menos – É advérbio, por isso não varia. No entanto, é co-


A difícil/fácil tarefa: mum as pessoas flexionarem menos para o feminino para
concordar com uma palavra ou expressão feminina que a
o ensino da concordância segue. Apesar disso, em situações formais o mais adequado
nominal é utilizar menos de maneira invariável:

“Não há fórmulas quan- Ela passou a ter menos confiança.


Havia menos pessoas hoje.
do se trata de ensino. Há
apenas três requisitos para 6. Anexo – Concorda em gênero e número com a palavra deter-
minada, pois é adjetivo. Já a expressão em anexo é invariável.
que o processo de ensino-
-aprendizagem chegue a As fotos estão anexas ao relatório.
Mandei, anexos, os documentos.
bom termo: boa formação, Mandei as frases em anexo.

bom senso e boa didática 7. Meio/meia – Essas duas palavras costumam confundir bas-
da parte do professor.” tante. Isso porque, na prática, principalmente na fala espon-
tânea, é muito comum flexioná-las naturalmente, isto é, femi-
Assim começa um interes- nino com feminino (ela está meia triste/andei meia doente)
e masculino com masculino (ele está meio triste/comi meio
sante texto das autoras Sil- pão). No entanto, na norma-padrão, essa concordância é
via Rodrigues Vieira e Silvia feita de acordo com outras regras. A gramática normativa
determina o seguinte:
Figueiredo Brandão, no livro
• Quando meio é advérbio (= um pouco), não varia.
Ensino de gramática: descri-
Ela parece meio nervosa.
ção e uso, da Editora Con- As meninas estão meio agitadas.
texto. Essa obra sugere al-
• Quando meio é numeral (= metade), varia normalmente.
guns pontos de partida para
se trabalhar não apenas a Tomei meia xícara de café.
Joguei fora meio biscoito.
concordância nominal, mas
muitos outros aspectos da 216
língua como um todo.
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BNCC – Habilidades gerais


Anotações
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EF69LP56

VIEIRA, Silvia Rodrigues;


BRANDÃO, Silvia Figueiredo
(2007).Ensino de gramática:
descrição e uso.
São Paulo: Contexto.

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Manual do Educador

Reportagem

217
Capítulo
5
8. Bastante – Há situações em que a palavra bastante funcio-
na como pronome indefinido e situações em que funciona Compartilhe
como advérbio de intensidade. Em ambos os casos, bas- ideias
tante pode ser substituído por muito, mas, somente quando
funciona como pronome, equivale a muito, muitos, muita,
muitas. Assim, quando advérbio, bastante não tem plural,
é invariável; mas, quando pronome, tem plural (bastantes).
Observe:

Ele é bastante feliz. (advérbio = Ele é muito feliz.)


Eles são bastante felizes. (advérbio = Eles são mui-
to felizes.)
Ela parecia bastante calma. (advérbio = Ela parecia
muito calma.)
Elas pareciam bastante calmas. (advérbio = Elas
pareciam muito calmas.)
Ela tem bastantes responsabilidades. (pronome in-
definido = Ela tem muitas responsabilidades.)
9. Obrigado – A concordância dessa palavra, como expres-
são de agradecimento, concorda com o sexo da pessoa que
agradece. Ou seja, homem diz obrigado, e mulher diz obri-
gada, de acordo com a norma-padrão.

10. É proibido – Essa expressão não admite flexão de gênero


quando a coisa proibida não vem antecedida de um determi-
nante. Veja os exemplos:

É proibido entrada de animais na loja.


É proibida a entrada de animais na loja.
É proibido permanência por mais de quinze minutos.
É proibida a permanência por mais de quinze minutos.
É proibido estacionar.

Prática linguística

1. Reescreva estas frases corrigindo os desvios de concor-


dância nominal.
a) Encontrei o pai, a mãe e a criança perdidas na estação.
Encontrei o pai, a mãe e a criança perdida/perdidos na estação.

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b) Sempre compro livro e revista velhas naquele sebo.

ideias Sempre compro livro e revista velha/velhos naquele sebo.


c) Estavam bastantes fracos.
Estavam bastante fracos.
d) Falou bastante verdades.
Falou bastantes verdades.
e) As crianças mesmo limparam a casa.
As crianças mesmas limparam a casa.

f) Preocupadas, a mãe, a filha e o filho resolveram sair.


Preocupados, a mãe, a filha e o filho resolveram sair.
g) Estão anexas a certidão e o requerimento.
Estão anexos a certidão e o requerimento.
h) Em anexos, estou mandando todos os arquivos.
Em anexo, estou mandando todos os arquivos.

i) Os netos eram tal qual o avô.


Os netos eram tais qual o avô.

j) Todas elas ficaram meias tristes com o resultado.


Todas elas ficaram meio tristes com o resultado.
k) Já era meio-dia e meio.
Já era meio-dia e meia.

2. Considerando a norma culta, assinale V ou F.


a) ( )
As crianças ficaram sós.
V
b) ( )
As crianças ficaram só.
F
c) ( V )
Márcia está meio atrapalhada.
d) ( V )
Não há quaisquer respostas.
e) ( F )
Eles mesmo corrigiram o problema.
f) ( )
A desilusão o deixou desconfiado do irmão e da
V
cunhada falsa.
g) ( V ) Tornou-se clara para o leitor minha posição sobre o
assunto.
h) ( F ) Deixei claro para o leitor meus pontos de vista sobre
o assunto.

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Manual do Educador

Reportagem

219
Capítulo
5
i) ( V ) Ficou clara para o leitor minha posição e meus argu-
mentos sobre o assunto.
j) ( V ) Ficaram claras para o leitor minha posição e argu-
mentação sobre o assunto.
k) ( F ) Seguem, anexo, os formulários pedidos.
l) ( F ) Não vou comprar esta camisa. Ela está muito caro.
m) ( F ) Estas questões são bastantes difíceis.
n) ( F ) Estando pronto os preparativos para o início da corri-
da, foi dada a largada.
o) ( V ) Há gritos e vozes trancados dentro do peito.
p) ( F ) Conservam-se trancadas dentro do peito uma voz e
um grito.

3. Leia o anúncio abaixo.

Considerando as regras da gramática normativa, esse anúncio


apresenta uma inadequação de concordância nominal em:
a) Interessados – munidos.
b) Conhecimentos – deverão.
c) Doze e meia – há.
d) Há – bastantes.
e) Bastantes – disponíveis.

4. (Mackenzie) Tercília, você está ............, mas, como ............


apenas dois dias para o encerramento das inscrições, é melhor
você fazer um sacrifício e ir ao colégio.
a) Meio resfriada - falta
b) Meia resfriada - falta
c) Meio resfriada - faltam
d) Meio resfriado - faltam
e) Meia resfriada - faltam

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5. (PUC-Campinas) Assinale a alternativa em que meio fun-
ciona como advérbio.
a) Fica no meio do quarto.
Diálogo com b) Quero meio quilo.
o professor c) Está meio triste.
d) Achei o meio de encontrar-te.
e) Meio galeto, por favor.
Acreditamos que o momento 6. (FCC) Ainda .......... furiosa, mas com ............ violência, pro-
de produção textual, seja em feria injúrias ............ para escandalizar os mais arrojados.
sala, seja em casa, é especial a) Meia - menas - bastantes
b) Meia - menos - bastante
e deve ser contínuo e muito c) Meio - menos - bastante
bem planejado. Se for em sala, d) Meio - menos - bastantes
e) Meio - menas - bastantes
reserve um tempo adequado
para que os alunos possam tra- 7. (Objetivo) “Envio-lhe ............ os planos ainda em estudo e
........... explicações.”
balhar bem. Reforce e valorize a) Anexo - bastantes
a ideia de que são autores e, b) Anexos - bastante
c) Anexo - bastante
por isso, responsáveis pelo que d) Anexos - bastantes
escrevem. Deixe-os à vontade e) Anexo - bastante

para consultar o dicionário e a 8. (FMU) Vão ............ ao e-mail várias fotografias para acal-

gramática. Por fim, considere má-la. Percebo que está ............. nervosa.
a) Anexas - meia
nossas propostas de trabalho b) Anexas - meio
como um guia, e não como um c) Anexo - meia
d) Anexos - meio
limitador. Fique à vontade para e) Anexo - meio
fazer as modificações que jul- 9. Considerando a concordância das palavras, assinale a al-
gar necessárias. ternativa correta.
a) No Dia de Finados, ficaram, sobre o túmulo, algumas flores
Evite atribuir à produção textual vermelhas.
dos seus alunos as seguintes b) Remião e Margarida costumava ficar em casa nos fins de
semana.
funções: c) Muitas coisas esquisita acontece nesse cemitério.
d) Algumas pessoas, no portão, olhavam preocupados para
•• Mera atribuição de notas. Margarida.
e) As atividades de Remião agradava a sua esposa.
•• Mero preenchimento do tem- 220

po da aula.
•• Mera aplicação de teorias.
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Evite, também, determinar o de pesquisas, concursos, en-


conteúdo dos textos e chame a trevistas, etc. Afinal, é com fun- Anotações
atenção deles para o destina- ções, intenções e destinatários
tário. Ou seja, desenvolva suas muito bem definidos que eles
habilidades de escrita dentro lidam todos os dias, a todo ins-
de situações “reais” de uso tante. Sobretudo em tempos
da língua. Por isso, sugerimos como o nosso, cujo domínio
a produção de tantos gêneros da palavra é tão importante e
diferentes, através de jornais, valorizado.

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Manual do Educador

Reportagem

221
Capítulo
5
10. (UPE) Sobre o trecho abaixo:
Compartilhe
ideias
E os pernambucanos, de proverbial sisudez,
sorriem de si próprios.

Se o termo pernambucanos fosse utilizado:


a) No feminino plural, estaria correto mantermos de si próprios.
b) No masculino singular, o verbo sorriem não sofreria quais-
quer modificações.
c) No feminino singular, estaria correta a construção: “E a per-
nambucana [...] sorri de si própria”.
d) No feminino plural, a escrita correta do verbo do trecho seria,
necessariamente, sorriam.
e) No feminino plural, o trecho estaria correto da seguinte for-
ma: “E as pernambucanas [...] sorrião de si própria”.

11. (CMB) Assinale a alternativa que completa adequadamente


as lacunas da frase a seguir:
A funcionária já informou _____________ vezes que, para a
compra de objetos e telas de arte ____________ de seu acer-
vo, é _____________ a apresentação do documento de identi-
dade e do comprovante de endereço.
a) Bastantes – raros – obrigatória.
b) Bastante – raras – obrigatório.
c) Bastantes – raras – obrigatório.
d) Bastantes – raros – obrigatório.
e) Bastante – raros – obrigatória.

12. (CMB) Quanto à concordância nominal, todas as frases


obedecem à gramática normativa, exceto:
a) Os jogadores se movimentam muito, e o futebol surge como
um espetáculo.
b) Os quadros e as esculturas do museu são famosos.
c) É proibido a entrada de animais nesse recinto.
d) O texto estava rascunhado em duas páginas e meia.
e) Com a proximidade das férias, os alunos ficam bastante eu-
fóricos.

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É hora de produzir

Antes de começar a escrever


Sugestão de Por uma série de fatores, o Twitter é uma ferramenta de in-
formação extremamente rápida. Muitas vezes, seus usuários
Abordagem são os primeiros a tomar conhecimento de fatos importantes,
pois os tweets repercutem na rede com uma velocidade im-
pressionante. Como vimos, essa rapidez se deve, entre outros
Na proposta de produção, fatores, à maneira objetiva com que esses textos são escritos
solicitamos aos alunos que (máximo de 140 caracteres). Assim, as frases são reduzidas ao
essencial.
selecionem uma reporta-
gem e a transformem em Proposta
uma notícia, algo semelhan- Agora, você vai pesquisar, em jornais, revistas ou na Inter-
net, uma reportagem de seu interesse. Sua tarefa será resumi-
te ao que fez Manuel Ban- -la ao essencial, para que se torne uma notícia. Procure ser o

deira em seu Poema tirado


mais conciso possível.

de uma notícia de jornal, do Planejamento


livro Estrela da vida inteira. Após selecionar a reportagem:
1. Releia-a atentamente, a fim de identificar as informações
Seria interessante comple- mais importantes.

mentar a proposta permi- 2. Procure identificar os trechos em que o jornalista respon-

tindo que os alunos trans-


de às principais perguntas do jornalismo: O quê? Quem?
Onde? Quando? Por quê?
formem a reportagem em 3. Delimite bem as informações relevantes.

outros gêneros, como poe- 4. Defina a maneira como essas informações podem ser resu-
midas.
ma, conto, artigo expositi- 5. Procure eliminar excessos. Seja o mais objetivo possível.
vo, etc.
Avaliação
1. Agora, entregue sua notícia e a reportagem original para
um colega avaliar. Nesta etapa, ele deverá observar os seguin-
BNCC – Habilidades gerais tes aspectos:

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EF69LP16 EF69LP56

Anotações
BNCC – Habilidades específicas

EF89LP02 EF09LP04
EF89LP05 EF09LP11
EF89LP24

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Manual do Educador

Reportagem

223
Capítulo
5
Aspectos analisados Sim Não
Compartilhe
A notícia produzida está clara? ideias
O sentido do texto original foi mantido?
As palavras estão adequadamente conecta-
das umas às outras? Há palavras ou trechos
que foram retirados da reportagem e que es-
tão prejudicando o sentido da notícia?
A notícia realmente foi escrita de maneira re-
sumida?
A linguagem está adequada?
Há palavras que deveriam ter sido cortadas?
Há algum trecho que poderia ser escrito de
forma mais concisa?
A notícia identifica as informações essenciais
para a compreensão do fato abordado?

2. Durante a avaliação do texto do seu colega, procure sugerir


soluções para os problemas que você identificou. Elas serão
importantes para a reescrita do texto.

A escrita em foco

Uso de este, esse, aquele


Na primeira parte deste capítulo, vimos que, num texto, al-
gumas palavras são responsáveis por fazer referência a termos
que já foram ditos (anáfora) ou que ainda serão ditos (catáfo-
ra). Entre essas palavras, estão os pronomes demonstrativos
este, esse e aquele.
Para evitarmos problemas de sentido, devemos atentar para
o uso desses pronomes segundo a gramática normativa.

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224 Este/esta/isto – São usados para indicar o que ainda será
dito. São empregados também em relação ao que está próximo
da pessoa que fala.

Só te digo isto: vou viajar nas minhas férias.


Aprenda
mais! O pronome indica o que será dito.

Na prática, o português
brasileiro não distingue
mais este de esse (e
Esta é a chave do meu carro.
variações) nem em textos
escritos formais. Com o
tempo, nós simplificamos O pronome indica o que está
as coisas e ficamos, próximo de quem fala.
basicamente, com esse,
para indicar o que está
próximo da primeira e da
segunda pessoas, e com
Esse/essa/isso – São usados para indicar o que já foi dito.
aquele, para indicar o que
está distante. São empregados também em relação ao que está perto da
Para demonstrar mais pessoa com quem se fala.
claramente os objetos,
empregamos como apoio
É preciso estudar sempre. Essa obrigação nos ajuda a crescer.
os advérbios de lugar aqui
e aí. Observe:
O pronome indica o que já foi dito.

Essa caneta aqui (a


caneta está perto da Essa camisa que você está usando é tamanho P?
pessoa que fala).
Essa caneta aí (a caneta
O pronome indica o que está próximo
está perto da pessoa
com quem se fala). da pessoa com quem se fala.

O advérbio ali ou lá
é empregado com o
demonstrativo aquele, Aquele/aquela/aquilo – São usados num texto para indicar
realçando a distância algo mencionado há algum tempo. São empregados também
entre o objeto indicado e a em relação ao que está distante da pessoa que fala e da pes-
pessoa que fala:
soa com quem se fala.
Aquela caneta ali.
Conheci minha esposa em 2007. Naquele ano, eu ainda
Na escrita, no entanto, as estava na faculdade.
distinções da gramática
O pronome indica o ano de 2007, que
normativa tornam-se
relevantes porque, muitas está distante do momento da fala.
vezes, não é possível usar
aqui, aí, ali ou lá.

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Manual do Educador

Reportagem

225
Capítulo
5
Compartilhe
A escrita em questão ideias

1. Preencha as lacunas empregando este, esse, aquele, fle-


xionados ou não.
a) Veja aquela árvore lá no alto do morro.
b) Este meu relógio é ótimo.
c) Você está vendo aquele senhor de pé lá na frente?
d) Filha, esse pedaço de bolo aí é meu!
e) Estas fotos aqui, na minha opinião, estão muito boas.
f) Você conhece aquela criança lá?
g) Essa revista que você está lendo é interessante?
h) Sim, esta revista é ótima.
i) É aquela que você leu ontem?

2.Agora, complete com este(s), esta(s), esse(s), essa(s),


isso ou isto.
a) Estas malas são minhas.
b) Este telefone é meu.
c) Não minta! Isso não está certo.
d) Este é o meu pai.
e) Esta poltrona está ocupada.
f) Vamos escolher esta mesa aqui.
g) Esse lugar aí é melhor.
h) Esta loja aqui está aberta.

3. (Cesgranrio) Assinale a opção que completa adequada-


mente as lacunas da frase seguinte:
Os pesquisadores e o Governo normalmente assumem posi-
ções distintas ante os problemas nacionais: _______________
se preocupam com a fundamentação científica, enquanto
____________ se guia mais pelos interesses políticos.
a) Aqueles, este
b) Esses, aquele
c) Estes, esse
d) Estes, aquele
e) Aqueles, aquele

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Ca 226
TO
EN
M
rrA Manchete
Escravos sem correntes: 14%
CE dos trabalhadores resgatados
BNCC – Habilidades gerais EN
no país são encontrados com
EF69LP03 EF69LP18 restrição de liberdade
EF69LP06 EF69LP21 Linha fina
G1 analisou 33.475 páginas de 315 relatórios de fis-
Antes de
EF69LP07 EF69LP30 começar a ler calização dos anos de 2016 e 2017. Levantamento
mostra eventual impacto de portaria alvo de polêmica.
EF69LP08 EF69LP32 A reportagem que você Dados revelam também que 19 infrações são aplica-
EF69LP13 EF69LP33 vai ler agora foi publicada
em 9 de janeiro de 2018,
das, em média, quando há um resgate.
EF69LP14 EF69LP34 no portal de notícias G1.
Alguns meses antes, o Fonte da reportagem Por Clara Velasco, Gabriela Caesar e Thiago Reis, G1
09/01/2018 06h06. Atualizado 09/01/2018 11h29
EF69LP15 EF69LP43 Governo Federal, por meio
do Ministério do Trabalho,
EF69LP16 publicara uma portaria em Lide De 1.122 trabalhadores libertados em condições
que limitava o conceito de
trabalho escravo à presença
análogas à de escravos nos últimos dois anos, 153
de vigilância armada foram encontrados pelos fiscais em uma situação que
nos locais de trabalho, os impedia de deixar seus trabalhos. O número repre-
BNCC – Habilidades específicas excluindo a servidão por
dívida e as condições
senta 14% do total de resgatados.
degradantes dos critérios É o que mostra um levantamento exclusivo feito
para os fiscais definirem a pelo G1 com base na análise de 315 relatórios de
EF89LP01 EF89LP16 escravidão contemporânea.
fiscalização obtidos via Lei de Acesso à Informação.
Ainda de acordo com
EF89LP02 EF89LP17 o documento, para ser Foram analisadas 33.475 páginas que contêm a des-
considerado trabalho crição do local e da situação verificada in loco pelos
EF89LP04 EF89LP18 análogo à escravidão,
grupos de fiscalização, bem como as infrações apli-
seria necessário que o
EF89LP05 EF89LP19 trabalhador não pudesse cadas, fotos, depoimentos dos trabalhadores e docu-
ter o direito de ir e vir do mentos diversos, como recibos e guias trabalhistas.
EF89LP06 EF09LP02
Das 315 fiscalizações analisadas (de janeiro de
serviço e fosse coagido
por segurança armada. A
portaria foi suspensa por 2016 a agosto de 2017), 117 acabaram com ao me-
liminar do Supremo Tribunal nos um trabalhador resgatado. Só em 22 delas, no
Federal alguns dias depois
entanto, foi constatado algum tipo de cerceamento de

Anotações
de sua publicação.
liberdade (como a retenção de documentos, a restri-
ção de locomoção ou a servidão por dívida).
O trabalho de apuração do G1 começou a ser feito
após o governo publicar, em outubro do ano passado,
uma portaria alterando os conceitos usados pelos fis-
cais para identificar um caso de trabalho escravo. Ela
estabelecia que era preciso haver restrição de liber-
dade para que fosse caracterizado o trabalho análogo
ao de escravos.

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Manual do Educador

Reportagem

227
Capítulo
5
Hiperlinks

Ou seja, se ela estivesse em vigor durante o período analisado pela equipe de repor-
tagem, quase mil trabalhadores resgatados (959) não se enquadrariam na nova defini-
ção e podiam estar até hoje em condições degradantes.
Durante a apuração, no entanto, houve reviravoltas: a portaria foi suspensa pela
ministra Rosa Weber, do STF, o então ministro do Trabalho Ronaldo Nogueira pediu
demissão e uma nova portaria foi publicada, mantendo válidas as regras em vigor há
quase 15 anos, em um sinal claro de recuo do governo.
Atualmente, considera-se em condição análoga à de escravo o trabalhador submeti-
do às seguintes situações, de forma isolada ou conjunta:
Trabalho forçado – aquele exigido sob
ameaça de sanção física ou psicológica e
para o qual o trabalhador não tenha se ofe-
recido ou não deseje permanecer.
Jornada exaustiva – toda forma de traba-
lho que, por sua extensão ou por sua inten-
sidade, acarrete violação dos direitos do tra-
balhador relacionados a segurança, saúde,
descanso e convívio familiar e social.
Condição degradante de trabalho – qual-
quer forma de negação da dignidade huma-
na pela violação de direito fundamental do
trabalhador, notadamente os dispostos nas
normas de proteção do trabalho e de segu-
rança, higiene e saúde no trabalho.
Restrição de locomoção por dívida – limi-
tação do direito de ir e vir em razão de dívida
contraída com o empregador no momento
da contratação ou no curso do contrato de
trabalho.
Retenção no local de trabalho – em razão
de cerceamento do uso de meios de trans-
porte, manutenção de vigilância ostensiva
ou apoderamento de documentos ou objetos
pessoais.

Infográfico mostra dados do levantamento do


G1 com relatórios de fiscalização de trabalho
escravo no Brasil (Foto: Alexandre Mauro/G1)

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Ca
228 Para o frei Xavier Plassat, coordenador da campanha da Comissão Pastoral da
Terra contra o trabalho escravo, a resposta da sociedade civil e da mídia foi tão ime-
diata e contrária às mudanças propostas em outubro pelo governo que discussões
futuras buscando fazer novas alterações foram desencorajadas.
“Deram tiros no pé, o que cria uma situação mais difícil para o Congresso voltar
a discutir essa matéria. Conseguimos mostrar que essas posturas não tinham fun-
damento. Isso esvaziou o potencial de argumentação de quem quer acabar com a
política nacional do trabalho escravo”, afirma.
“Quando um fiscal vai a campo fazer uma
operação de fiscalização de denúncia de tra-
balho escravo, na maioria dos casos, a denún-
cia não se revela fundamentada. Isso já retira
automaticamente o argumento de que tem um
viés ideológico sistemático por parte do fiscal
do trabalho de querer ‘denegrir’ os emprega-
dores brasileiros e prejudicar a nossa econo-
mia. Isso é falso. É fake news”, diz Plassat.
Segundo ele, os números do levantamento
feito pelo G1 confirmam que a maior parte dos
casos de trabalho escravo no país acontece
por conta de violações das condições decen-
tes de trabalho (por jornada exaustiva ou con-
dições degradantes).
De acordo com Plassat, quando as viola-
ções são graves, a situação é considerada
degradante e se enquadra como trabalho es-
cravo. Ou seja, não há necessariamente uma
restrição da liberdade do trabalhador, definição
interligada ao conceito clássico de escravidão.
O coordenador nacional de Erradicação
do Trabalho Escravo do Ministério Público do
Trabalho, o procurador Tiago Muniz Cavalcan-
ti, concorda. “O que é ser escravo? É não ter
o domínio sobre si. Quando a gente fala em
liberdade, a gente fala em liberdade em um
sentido muito mais amplo. É a autonomia pes-
soal. É o livre arbítrio. É liberdade como auto-
determinação”, afirma.
Infográfico mostra perfil dos trabalhadores
resgatados em ações contra trabalho
escravo (Foto: Alexandre Mauro/G1)

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Manual do Educador

Reportagem

229
Capítulo
5

Olho
“Qual é o instrumento atual usado pelo empregador
para guardar e manter essa situação de exploração?
Não é mais a liberdade de locomoção. O escravo não
precisa mais estar acorrentado, não precisa estar
enjaulado”, completa Cavalcanti.

O procurador afirma que o instrumento usado hoje para manter o trabalhador em


situação de exploração é a pobreza e a vulnerabilidade social. “A pobreza extrema
faz com que o trabalhador se perpetue naquela situação, de apropriação, de explora-
ção, característica de escravidão.”
“Não precisamos de portaria alguma. Nem para dizer o que é o trabalho escra-
vo nem para direcionar ou tutelar o trabalho da auditoria do trabalho. Temos uma
legislação-modelo. O Brasil é referência em combate ao trabalho escravo”, afirma o
procurador.
O Ministério do Trabalho afirma, em nota, que a nova portaria, além de restabe-
lecer os conceitos atuais de consenso de todos os órgãos que atuam no combate,
prevenção e repressão ao trabalho escravo, “dá um maior enfoque ao pós-resgate,
como o encaminhamento dos trabalhadores a assistência social para devido acom-
panhamento, além da questão da permanência no país do trabalhador imigrante res-
gatado, tema tratado em resolução do CNIg”.
[...]
Disponível em: https://g1.globo.com/economia/noticia/escravos-sem-correntes-14-dos-trabalhadores-resga-
tados-no-pais-sao-encontrados-com-restricao-de-liberdade.ghtml. Acessado em 16/04/2018.

1. Neste capítulo, vimos que a reportagem é um gênero textual do domínio jornalístico e


que compartilha com a notícia várias características formais. No entanto, uma das princi-
pais diferenças entre esses gêneros diz respeito ao tratamento da informação. Diferen-
temente da notícia, a reportagem vai além do relato simples dos fatos. Nela, o jornalista
aborda um tema com mais profundidade e criticidade, o que torna o seu texto mais próximo
da argumentação que do relato. Pensando nisso, releia o parágrafo a seguir.

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Ca
230 Ou seja, se ela estivesse em vigor durante o período analisado pela equipe de
reportagem, quase mil trabalhadores resgatados (959) não se enquadrariam na
nova definição e podiam estar até hoje em condições degradantes.

a) A que termo se refere a palavra ela?


O pronome se refere à portaria publicada pelo governo federal que alterava os conceitos
usados pelos fiscais para identificar um caso de trabalho escravo.
b) Qual é o posicionamento dos repórteres a respeito da portaria publicada pelo Ministério
do Trabalho em outubro de 2017?
Eles se mostram contrários ao documento.

c) Que recurso sintático os autores utilizaram para expressar esse posicionamento? Explique.
Os autores utilizaram uma oração subordinada adverbial concessiva para construir o racio-
cínio. Assim, caso a portaria estivesse entrado em vigor, quase mil trabalhadores continua-
riam em condições análogas à de escravo.

2. Considerando o texto lido, analise as afirmações a seguir.

I. Na reportagem, a fala de especialistas é acrescentada para com objetivo informativo.


II. Segundo os fiscais do trabalho, a definição de escravidão hoje difere do conceito clássico.
III. O texto mostra que o Ministério do Trabalho suspendeu a portaria publicada em outubro
de 2017 a fim de elaborá-la melhor.
Está correto o que se afirma apenas em:
a) I. b) II. c) III. d) I e II. e) II e III.

o
Mídias em context

1. Ainda hoje, jornais e revistas impressos mantêm endereço físico para correspondên-
cia com o público, que envia ao departamento de redação as chamadas cartas do leitor.
Assim, esses veículos de comunicação possuem uma seção específica para publicar os
comentários opinativos selecionados, abrindo um espaço para o leitor reclamar, discutir,
solicitar, elogiar ou criticar algum assunto abordado na edição anterior ou um assunto qual-
quer de relevância social em tom de denúncia (exercício da cidadania) e/ou buscando aju-
da com a divulgação do seu ponto de vista. No entanto, apesar da aparência democrática

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Manual do Educador

Reportagem

231
Capítulo
5
que a seção procura mostrar, nem todas as cartas são publicadas — apenas algumas
selecionadas “ganham” essa chance, cujo critério de seleção é, por vezes, a adequação
da opinião do leitor aos interesses e posicionamentos da empresa jornalística sobre de-
terminado assunto. Por exemplo, não vemos revistas de direita publicando cartas do leitor
que construam opinião que favoreça a esquerda e vice-versa. Por outro lado, no ambiente
virtual jornais e revistas disponibilizam atualmente espaço para os leitores comentarem os
textos lidos. Nesse caso, os comentários são publicados, em geral, instantaneamente e do
mesmo modo como foram escritos. Os comentários a seguir foram feitos no portal do G1 a
respeito da reportagem sobre trabalho escravo. Analise-os com atenção.

2. Como vimos, nas cartas enviadas à redação há algumas restrições, como a possibili-
dade de os leitores dialogarem apenas com os autores das matérias ou o com o próprio
veículo de comunicação, apresentando seu posicionamento crítico sobre o conteúdo lido.
Nos comentários analisados, essa restrição pode ser verificada?
Não. Nos comentários, os leitores podem dialogar tanto com o texto publicado pelo próprio
site quanto com os comentários feitos por outros leitores.

3.Em grupo com os seus colegas e o seu professor, reflita e opine: os comentários são
adequados ao contexto comunicativo? Resposta pessoal.

4. Em seu caderno, produza um comentário opinativo a respeito da reportagem lida. Im-


portante: procure deixar claro o seu ponto de vista e observe a adequação do seu texto ao
contexto comunicativo. Resposta pessoal.
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Ca
`

232

Objetivos Pedagógicos

Ao final deste capítulo, o aluno deve


Ca
p í tu
lo 6 Ignorância e

l
xe
pi
preconceito

aw
|R
ser capaz de:

k
toc
rs
te
ut
Sh
•• Demonstrar conhecimento bá-
sico sobre os gêneros traba-
lhados e suas funções sociais:
o que é um editorial e um artigo

Conhecimentos prévios
1. Você reconhece a diferença entre um
de opinião? Para quem são es- artigo de opinião e um editorial?

critos? Por quê? Qual é a fina- 2. Qual a finalidade dos gêneros textuais
artigo de opinião e editorial?
lidade? 3. Você sabe como são produzidos estes

•• Expressar-se de forma oral e


gêneros textuais?

escrita sobre os temas aborda-


dos nos textos.
•• Reconhecer mais de um tipo
textual em um mesmo texto.
Caracterizando o gênero
•• Realizar leituras inferenciais.
Como você já sabe, jornais e revistas em geral têm o
•• Identificar fenômenos da lin- objetivo de informar seus leitores. Normalmente, ao faze-
guagem, ambiguidade, aspec- rem isso, procuram abordar os fatos de forma objetiva e
“imparcial”, separando notícia e opinião. Para passar opi-
tos da argumentação, informa- niões, esses veículos utilizam dois gêneros textuais bas-
tante específicos, o editorial e o artigo de opinião, que
ções implícitas e explícitas e começamos a estudar a partir de agora.
o valor semântico de algumas
palavras no texto.
•• Realizar prática e análise lin-
guística, observando o me-
canismo da regência verbal e
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nominal.
•• Empregar adequadamente os Anotações
pronomes pessoais do caso
oblíquo.
•• Empregar adequadamente a
crase.
•• Planejar, produzir e avaliar edi-
toriais e artigos de opinião.

232
232

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Manual do Educador

Editorial e artigo de opinião

233
Sugestão de
Abordagem

Como sabemos, trabalhar


habilidades de leitura e
compreensão e produção
de textos significa lançar
mão de inúmeros recursos
linguísticos necessários à
eficiente produção de sen-
tido em situações reais de
uso da língua. Pensando
nisso, trabalharemos neste
capítulo aspectos textuais
importantes para a constru-
ção da argumentação tendo
em vista as particularidades
dos gêneros trabalhados.

O que estudaremos neste capítulo:


• Características e funções do editorial e do
artigo de opinião
• Regência verbal e nominal
• Colocação pronominal
• O fenômeno da crase

Diálogo com
o professor

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Antes de apresentar aos
seus alunos novos textos,
aproveite a oportunidade
Anotações para checar o que eles já
sabem acerca do editorial e
do artigo de opinião. Nosso
papel é aprofundar e expan-
dir o domínio consciente e
desenvolver a habilidade e o
uso reflexivo da língua.

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o
6
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Ca
O MOMENTO Editorial
E ir
234 iM Intolerância é ignorância
Pr A intolerância não mora em um lugar distante;
“ela está no meio de nós”
No dia do fechamento desta edição, na Internet e nos telejor-
nais, foram divulgadas imagens de policiais militares paramen-
tados com seus coletes à prova de balas e suas calças cargo
atirando à queima-roupa em um moleque de 14 anos desarma-
Antes de do e prensado contra um muro. Qual seria a justificativa? Um
começar a ler ladrão pego em flagrante? Uma ameaça verbal? Um assassino
O editorial é um texto em confesso? Não há justificativa. Mas todas as tentativas passa-
que o jornalista (o editor) rão invariavelmente pelo tema desta edição da Trip.
escreve em nome do
Quando pensamos em intolerância, no primeiro tempo, tende-
jornal ou revista em que
trabalha para expressar mos a visualizar mentalmente situações como as vividas há déca-
o posicionamento desse das na Faixa de Gaza, pensamos na Líbia, na China perseguindo
veículo de comunicação a
até hoje o povo do Tibete. Tendemos a projetar o problema em
respeito de determinado
tema. Assim, o editorial telas distantes, como se a ignorância, mãe superprotetora da into-
aborda criticamente lerância, morasse em algum lugar de Ruanda ou do Afeganistão.
um fato que está,
Aí vai então uma notícia indigesta: “Ela está no meio de
normalmente, em evidência
na sociedade e funciona nós”. Basta olhar para a forma como nos transformamos ao as-
como um atrativo para sumir o volante de um carro nas grandes cidades (vale revisitar
os leitores. Essa é a sua
a entrevista de Roberto DaMatta nas Páginas negras da nossa
função comercial.
O editorial que você
edição de setembro último) ou ir até uma agência bancária per-
vai ler agora apresenta to de casa. Com um pouco de “sorte”, você vai presenciar uma
claramente estes dois das brigas frequentes que vêm sendo reportadas entre grávi-
lados: a defesa de um
posicionamento e a
das e idosos, na busca desesperada por um guichê.
intenção de vender a Nesta Trip, falamos de racismo, de xenofobia, de sexismo,
revista. Leia-o atentamente mas falamos também de formas mais modernas e prosaicas
procurando identificar
essas duas facetas.
de intolerância, como o bullying, ou outras pequenas manifes-
tações da nossa incrivelmente reduzida capacidade de supor-
tar a existência do diferente, do outro em última análise.
Desde o lançamento da nossa primeira edição, 25 anos
atrás, já tínhamos impressa no papel e em nosso DNA, mais
do que o respeito, uma paixão genuína pela diversidade. E te-
mos certeza de que essa paixão foi decisiva para que nos di-
ferenciássemos da carrada de veículos de mídia a serviço do
mercado e do status quo vigentes, que desde lá só fez crescer.
Não só pelo alinhamento absoluto do tema intolerância com o
espírito do tempo em que estamos agora, mas pelas crenças
que nos movem desde sempre, escolhemos tratar dele na edi-
ção que você tem nas mãos.

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Manual do Educador

Editorial e artigo de opinião

235
Capítulo
6
Empatiafobia
[…] Leitura
Complementar
Um dos especialistas consultados por nossa equipe, por
exemplo, o médico Gabor Maté, formulou, em seu livro Scatte-
red minds, uma tese assustadora: pais ausentes, mentalidade
Dicionário
forjada na internet e por estímulos curtos e transitórios, au-
sência de conexão com a natureza, mais drogas lícitas e ilícitas
Paramentados – Cobertos
Reclamamos que nossos
estariam afetando os centros cerebrais associados com senso
moral, insights e a noção de responsabilidade. A explosão do
de ornamentos, enfeites.
Indigesta – De difícil
filhos não estudam, mas,
chamado bullying e da depressão, inclusive a infantil, seriam digestão.
Xenofobia – Antipatia
quando queremos que estu-
apenas alguns dos sintomas. O doutor Maté chegou à devas-
tadora conclusão de que estamos criando uma geração com
por pessoas estranhas,
imigrantes.
dem, começamos a contro-
menores recursos neurológicos para sentir empatia pelo outro. Sexismo – Atitude de
discriminação por sexo. lá-los fazendo valer nossas
Tão assustador e desumano quanto ver pela televisão as Prosaicas – Comuns,
imagens de um garoto sendo violentamente atacado no rosto triviais, corriqueiras. razões, nossos pontos de
com lâmpadas de vidro fluorescentes em plena Avenida Paulis- Genuína – Verdadeira.

ta ou outro, mais jovem ainda, acuado contra a parede levando


Status quo – O estado vista de adultos.
antes (existente).
um tiro de uma autoridade policial amazonense, sem nenhuma Transitórios –
chance de defesa. Passageiros, de curta É interessante observar
como uma criança, manten-
duração.
Paulo Anis Lima – Editor da Revista Trip,
Empatia – Capacidade
edição 198, abril de 2011.
de se identificar com outra
pessoa, de sentir o que ela do sua autonomia, motivada
sente.
por seus valores, é capaz de
disciplinar-se e ficar horas
tentando montar um jogo ou
disputando uma partida de
futebol. É claro que precisa-
mos agregar outros valores
ao universo das crianças,
mas sem destruir os que
elas já possuem. Dizer a um
garoto que pare de jogar
bola e pegue um livro para
ler é totalmente improduti-
235
vo. O que se deve fazer é,
respeitando seu desejo pelo
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esporte, criar nele o desejo
de ler histórias.
Diálogo com o professor
ABREU, Antônio Suárez (2009). A arte
No trabalho com o editorial, é inte- texto? A ideia principal, por outro de argumentar: gerenciando razão e
ressante diferenciar para os alunos lado, informa sobre o enunciado emoção. Cotia: Ateliê Editorial, p. 10.

a noção de tema de ideia principal. (ou enunciados) mais importante


Segundo Solé (1998: 135), o tema que o escritor utiliza para explicar o
indica tudo aquilo do que trata um tema. Pode estar explícita no texto
texto e pode exprimir-se median- e aparecer em qualquer lugar dele,
te uma palavra ou um sintagma. ou pode estar implícita. Exprime-se
Tem-se o acesso a ele responden- mediante uma informação — e di-
do à pergunta: De que trata esse ferente — da que o tema inclui.
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Ca 236
Compartilhe Para discutir
ideias 1. Em textos argumentativos, é muito comum o autor defender

Sugestão de
uma tese, isto é, uma opinião principal sobre o tema discu-
tido. Foi o que fez o editor Paulo Lima nesse texto. Qual é a

Abordagem tese defendida por ele?


2. No texto, o autor criou a palavra empatiafobia. O que ele
quis dizer com essa palavra?
3. Você concorda com a opinião de que muitas pessoas sofrem
Para as questões 1 e 2 da seção de empatiafobia?
Para discutir, propomos estas res- 4. A intolerância é um problema muito grave, que deve ser com-
batido a todo custo por todos nós. Para isso, é fundamental
postas: procurar entender suas origens. Pense nisto: o que origina a
intolerância?
1. No texto, o autor defende que
intolerância é ignorância e que
elas estão entre nós, no nosso
Desvendando os segredos do texto
dia a dia, e não somente em
lugares distantes. 1. Você já sabe que o editorial normalmente tem, entre outras,
uma intenção comercial, isto é, promover a venda do veículo
2. Ele quis dizer que, na socie- de comunicação de que faz parte. Transcreva do texto duas

dade de hoje, as pessoas têm


passagens que deixam claro esse apelo comercial.
Sugestões: “Mas todas as tentativas passarão invariavelmente
cada vez menos capacidade
pelo tema desta edição da Trip” (primeiro parágrafo) e “Nesta
de sentir empatia umas pelas Trip, falamos de racismo, de xenofobia, de sexismo, mas fala-
outras. No caso, a palavra sig- mos também de formas mais modernas e prosaicas de intole-
nifica algo como “ter aversão rância […]” (quarto parágrafo).
a quem tem empatia”.
As questões 3 e 4 são de cunho
2. O objetivo comercial desse editorial, de acordo com o que
pessoal.
você respondeu na questão anterior, se dá:
a) Nas referências à própria revista, às matérias que ela traz.
Para ampliar a discussão do tema
b) Nas informações apresentadas.
com a turma, seria interessante le- c) Na forma de escrever do editor, com palavras difíceis e bo-
nitas.
var para a sala de aula a canção
236
Diversidade, de Lenine, que fala
justamente da importância das di-
ferenças entre as pessoas.
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BNCC – Habilidades gerais BNCC – Habilidades específicas Anotações


EF69LP01 EF69LP14 EF89LP03 EF89LP14
EF69LP13 EF69LP16 EF89LP04 EF89LP16
EF69LP15 EF69LP18 EF89LP06

236
236

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Manual do Educador

Editorial e artigo de opinião

237
Capítulo
6
d) No trecho em que o editor afirma que a ignorância está no
meio de nós.
e) Em todo o texto, pois o objetivo do editor é apresentar suas
opiniões particulares sobre o tema abordado.

3. Como vimos na seção Antes de começar a ler, o editorial é


escrito por um jornalista em nome do veículo de comunicação
que representa. Isso fica bastante claro no segundo parágrafo
do texto, em que o autor envolve também os seus leitores no
que escreve. A intenção é se aproximar deles para criar um tom
de intimidade e, assim, convencê-los mais facilmente de suas
opiniões. Pensando nisso, transcreva desse parágrafo as pala-
vras que deixam essa proximidade em evidência.
Pensamos e tendemos.

4. No final do segundo parágrafo, o que o autor quis dizer com


o termo em algum lugar de Ruanda ou do Afeganistão?
Ele quis dizer que nós tendemos a imaginar que a intolerância
só ocorre em lugares distantes e perigosos, não aqui.

5. Nesse editorial, há claramente a defesa de argumentos


(pontos de vista) sobre o tema discutido, o que o torna um texto
argumentativo. Entre as opções a seguir, indique aquela que
não é uma opinião defendida no texto.
a) A ignorância está em todos os lugares.
b) As crianças estão sendo educadas para terem empatia umas
pelas outras.
c) A forma como muitos se comportam no trânsito e nas filas
mostra a sua intolerância com os outros.
d) No futuro, provavelmente as pessoas não terão facilidade
para sentir empatia umas pelas outras.
e) Nenhuma forma de intolerância pode ser justificada.

6. No editorial que você leu, o editor fez uma referência à en-


trevista que a revista em que trabalha fez com o antropólogo Ro-
berto DaMatta em uma das edições passadas. Em um momento
dessa entrevista, DaMatta fala sobre seu livro Fé em Deus e pé
na tábua, obra em que faz uma reflexão muito bem resumida no
subtítulo: Ou como e por que o trânsito enlouquece no Brasil. A
seguir, reproduzimos um trecho dessa entrevista.

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o
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Ca 238

Sugestão de O que você descobriu sobre o comportamento dos brasileiros estudando


Abordagem nossos motoristas?

Que nosso comportamento terrível no trânsito é resultado da incapacidade de sermos


uma sociedade igualitária, de instituirmos a igualdade como um guia para a nossa con-
Pequena Miss Sunshine é duta. Nosso trânsito reproduz valores de uma sociedade que se quer é republicana e
moderna, mas ainda está atrelada a um passado aristocrático, em que alguns podiam
uma comédia que conta a mais do que muitos, como ocorre até hoje. Em casa, nós somos ensinados que somos
história de uma família nada únicos, especiais. Aprendemos que nossas vontades sempre podem ser atendidas […].
Daí a pessoa chega na rua e não consegue entender aquele espaço onde todos são
convencional que atravessa juridicamente iguais. Ir para a rua, no Brasil, ainda é um ato dramático, porque significa

os EUA numa Kombi ama- abandonar a teia de laços sociais onde todos se conhecem e ir para um espaço onde
ninguém é de ninguém. E o trânsito é o lado mais negativo desse mundo da rua. É
rela para levar a caçula doentio, desumano e vergonhoso notar que 40 mil pessoas morrem por ano no trânsito
de um país que se acredita cordial, hospitaleiro e carnavalesco. No Brasil, você se sente
para um concurso de be- superior ao pedestre porque tem um carro. Ou superior a outro motorista porque tem um
leza. Na travessia, muitas carro mais moderno ou mais caro […].

alegrias, tristezas e desco-


bertas acompanham esses
personagens, que aos pou-
cos vão deixando para trás
velhos anseios, angústias,
diferenças e aprendendo Você fez o diagnóstico dos nossos problemas no trânsito. Mas você também
mais sobre tolerância, res- aponta soluções?

peito, morte, amor e família. A solução é falar mais em igualdade, discuti-la, ensinar igualdade. Nosso lema sem-
pre foi “Os incomodados é que se mudem”. Precisamos mudar isso. Não é só uma
questão de fazer novas leis, de multar e reprimir […]. A gente tem que preparar a so-
ciedade para internalizar as normas no seu comportamento […].
http://revistatrip.uol.com.br/revista/192/paginas-negras/roberto-da-matta.html
Acessado em 05/05/2011.

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BNCC – Habilidades gerais BNCC – Habilidades específicas Anotações


EF69LP05 EF69LP15 EF89LP04 EF89LP06
EF69LP13 EF69LP18 EF89LP05 EF89LP16
EF69LP14

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Manual do Educador

Editorial e artigo de opinião

239
Capítulo
6
a) O quadrinho abaixo representa muito bem um dos argumen-
tos apresentados por DaMatta para justificar o comportamento Compartilhe
egoísta que muitas pessoas assumem não só no trânsito, mas ideias
em qualquer espaço “onde todos são juridicamente iguais”.
Leia-o atentamente e, em seguida, transcreva o trecho em que
essa opinião é dita.
www.dukechargista.com.br

Em casa, nós somos ensinados que somos únicos, especiais.


Aprendemos que nossas vontades sempre podem ser atendidas.

b) No editorial Intolerância é ignorância, o autor defende a di-


versidade, isto é, a opinião de que todos são diferentes. Já na
entrevista acima, o antropólogo Roberto DaMatta defende a
igualdade entre as pessoas. Essas opiniões são opostas? Ex-
plique.
Não. A igualdade de que fala DaMatta é a igualdade jurídica.
Todos têm os mesmos direitos. O editorial, por sua vez, trata
da questão da intolerância às diferenças defendendo que elas
devem ser respeitadas. Assim, os dois textos têm opiniões con-
vergentes.

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240 7. A intolerância, como vimos no editorial de Paulo Lima, não
tem qualquer justificativa. Nenhum motivo é suficiente para levar
uma pessoa a discriminar outra ou mesmo agredi-la por causa
Aprenda das diferenças. No entanto, a intolerância, como ele mesmo afir-
mais!
ma, “está no meio de nós”. Pensando nisso, reflita sobre o car-
E por falar em tum abaixo e responda às questões propostas. Observe como é
intolerância… possível “argumentar” sem utilizar sequer uma palavra.
A terra dos meninos

www.dukechargista.com.br
pelados, de Graciliano
Ramos, conta a história
de Raimundo, um menino
diferente de todos os
outros por ter um olho
preto, o outro azul e a
cabeça pelada. Cansado
da intolerância de seus
colegas com as suas
diferenças, Raimundo
parte para uma viagem
fantástica a Tatipirun,
uma terra encantada
onde todos os meninos
são como ele. Raimundo
busca um lugar onde todo
mundo saiba conviver com
suas diferenças. Logo
nos primeiros contatos a) Qual é a principal opinião defendida pelo autor desse qua-
com seus novos amigos,
drinho?
Raimundo começa a
aprender que nem tudo é Sugestão: O autor defende a opinião de que os meninos de rua
tão igual como parece.
Em 2003, a Rede Globo não são vistos pela sociedade.
produziu um musical
infantil baseado nessa
obra, vencedora do prêmio b) Como essa opinião pode ser identificada no quadrinho?
Essa opinião pode ser identificada no quadrinho pela imagem
de Literatura Infantil do
Ministério da Educação em
1937. A terra dos meninos
do menino, que é, na verdade, uma sombra.
pelados foi ao ar em
quatro episódios, exibidos
em quatro domingos c) Na entrevista, Roberto DaMatta defende a posição de que,
consecutivos.
para termos um trânsito melhor, devemos ensinar e praticar a
igualdade. Esse posicionamento seria útil também para termos
uma sociedade mais justa, sem excluídos? Discuta com seus
colegas e com o professor e anote as suas conclusões.
Resposta pessoal.

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Manual do Educador

Editorial e artigo de opinião

241
Capítulo
6
Análise linguística Sugestão de
Abordagem
Regência
Leia a tirinha abaixo: Para as questões da seção
LUÍZA E LUZIA / Eudson e Lécio
Análise linguística, propomos
estas respostas:
1. Não. Ele utilizava o verbo
assistir apenas no senti-
do de ver.

1. Preá conhecia o sentido com que Luíza utilizou o verbo as-


2. O verbo pode ser usado
sistir? Explique. também no sentido de
2. Pesquise em um dicionário mais um sentido que pode ser
dado ao verbo assistir. ajudar, prestar assis-
3. Como você vê, o verbo assistir pode apresentar mais de
tência e no sentido de
um sentido, além do mais comum, que é ver, presenciar.
Mas esse verbo é utilizado comumente com quais sentidos? ter direito a algo.
Na língua portuguesa, como você sabe, as palavras não são 3. Não. Esses outros senti-
ditas ou escritas em qualquer ordem. Elas são empregadas
conforme leis combinatórias, que são a origem da gramática da dos são pouco usuais.
língua. Uma dessas leis diz respeito à capacidade que algumas
palavras têm de fazer exigências. Exemplo disso são os verbos

BNCC – Habilidades gerais


e alguns nomes. Tecnicamente, essa capacidade é chamada
de regência, ou transitividade. Quando a palavra que exige
outra é um verbo, temos um caso de regência verbal. E quan-
do o termo regente é um nome, temos um caso de regência EF69LP55 EF69LP56
nominal. Agora, vamos detalhar cada um desses casos.

Regência verbal BNCC – Habilidades específicas


Como dissemos acima, a regência verbal acontece quando
um verbo exige um termo para completar sua estrutura. Por EF09LP04 EF09LP07
essa razão, esse termo é chamado de complemento verbal,
ou objeto. Observe:
241
do saber o que os está motivando
intrinsecamente. O que as crian-
ças querem é respeito, atenção,
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Leitura Complementar ver sentido naquilo que estão


aprendendo. O que elas não que-
É preciso, no campo da Educa- camente, mas a transformá-las rem é ser vigiadas e controladas
ção, que professores, diretores em conhecimento, da mesma como se fossem vagabundos ou
e orientadores aprendam a per- maneira como os tijolos podem delinquentes em potencial. Afinal,
suadir os alunos a manter a dis- ser transformados em constru- educadores devem procurar mos-
ciplina necessária para o estudo, ções. Mas, para isso, é preciso, trar às crianças um mundo mais
dando a eles um ensino saboroso, em primeiro lugar, ouvir os alunos, livre, mais atraente e humano.
.
interessante, ensinando-os não a conhecer suas histórias pessoais, ABREU, Antônio Suárez (2009). A arte de
argumentar: gerenciando razão e emoção.
armazenar informações mecani- seus desejos e sonhos, procuran- Cotia: Ateliê Editorial, p. 10.

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Ca
242 Complemento verbal Sentido do verbo

seus pais nos trabalhos de casa. 1 Ajudar, prestar assistência.

Preá assiste a todos os filmes de aventura. 2 Ver, presenciar.

em Roda de Fogo. 3 Morar.

Nesses exemplos, o verbo assistir teve sua estrutura com-


pletada pelos termos 1, 2 e 3. Observe que, dependendo do
que queremos dizer e do tipo de complemento utilizado, o ver-
bo muda de sentido. O mesmo acontece com inúmeros verbos,
como aspirar. Leia os exemplos abaixo, observando os com-
plementos e procure identificar qual é o sentido que esse verbo
assume nas frases:

Complemento verbal Sentido do verbo

o perfume de Luíza. 1 Sorver, cheirar, respirar.


Preá aspirou
a um futuro melhor. 2 Desejar.

Tanto o verbo assistir quanto o verbo aspirar, portanto, exi-


gem complementos. Por essa razão, como você já deve ter es-
tudado, são chamados de verbos transitivos. Esses verbos
exigem complementos de três formas distintas, dependendo da
presença ou não de uma preposição:

Transitivos diretos – Pedem complementos que se ligam


a eles de forma direta, isto é, sem a ajuda de uma preposição.

O menino ouviu a música.

Verbo transitivo direto Objeto direto

Eles tocam vários instrumentos.

Verbo transitivo direto Objeto direto

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Manual do Educador

Editorial e artigo de opinião

243
Capítulo
6
Ela tem vários sapatos.

Verbo transitivo direto Objeto direto


Compartilhe
ideias Repensando o
Ensino da Gramática
Transitivos indiretos – Pedem complementos que se ligam
a eles de forma indireta, isto é, geralmente com a ajuda de uma
preposição.
O uso das preposições tem
gerado muitas dificuldades
Eles precisam de ajuda.
para os alunos, por ter uma
Objeto indireto
relação íntima com as regên-
Verbo transitivo indireto

Ele gosta de sorvete. cias nominal e verbal. Seria


Verbo transitivo indireto Objeto indireto interessante que fossem le-
vantadas questões de regên-
Elas não simpatizam com o time.
cia de alguns nomes e ver-
Objeto indireto
Verbo transitivo indireto
bos com os quais os alunos
precisam lidar diariamente
Transitivos diretos e indiretos – Pedem, simultaneamente,
um complemento direto e um indireto.
em sua vida, como na frase
“Professor, posso ir ao ba-
O técnico deu uma oportunidade ao jogador.
nheiro?”. Esse exemplo pode
Verbo transitivo
direto e indireto
Objeto direto Objeto indireto
servir de âncora para a refle-
xão sobre variação linguística
O delegado exigiu explicações do policial.
e situações de comunicação.
Você pode destacar para os
Verbo transitivo Objeto indireto
alunos que, no dia a dia de-
Objeto direto
direto e indireto

les, não é gerado nenhum


Considerando ainda a transitividade verbal, existe um peque-
no número de verbos que não exigem qualquer complemento. problema de comunicação
São os verbos intransitivos. Observe:
quando dizem “Professor,
Choveu. posso ir no banheiro?”, pois
O bebê nasceu.
a situação de fala é capaz de
243
esclarecer o objetivo comu-
nicativo. O problema é con-
frontar essa realidade com
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as imposições da gramática
tradicional, o que é outra dis-
Anotações
cussão. Importa dizer que,
nos dois casos, como em
todos, o sentido da sentença
não é dado exclusivamente
pela preposição, mas pelo
contexto sociodiscursivo em
que o enunciado é proferido.

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Regência de alguns verbos
Compartilhe
ideias Como você pode perceber, os verbos podem apresentar di-
Sugestão de ferentes regências. Considerando esse mecanismo gramatical,
podem ser, portanto, transitivos diretos, transitivos indire-
Abordagem tos, transitivos diretos e indiretos e intransitivos. É impor-
tante conhecer a regência dos verbos porque ela nos ajuda na
compreensão e produção de enunciados.
Essa confusão que se faz sobre Tendo em vista as regras da gramática normativa, listamos a
seguir alguns verbos e analisamos suas relações de regência.
o uso das preposições se des- Observe:
dobra em muitos outros casos.
Abraçar
No artigo Pode-se confiar nas
Sentido – Envolver com os braços.
gramáticas (Terra Magazine, • Transitivo indireto (quando pronominal, usam-se as prepo-
22 de março de 2007), o pro- sições a, com, contra, em).

fessor Sírio Possenti comentou Ela abraçou-se com os colegas.


esse posicionamento no que se Eles se abraçaram ao professor.

refere ao emprego do acento • Transitivo direto


diferencial. No texto ele mostra Abraçamos os nossos amigos.
que não é a presença ou não Ela abraçou o namorado.

do acento que determina o sen- Sentido – Adotar, seguir.


tido de uma palavra, mas o seu • Transitivo direto
emprego. “Ninguém precisa do
Abracei o sonho de ser mãe.
auxílio da grafia para saber se a Abraçamos os objetivos da escola.
palavra ponto diz respeito a um Agradar
lugar onde esperamos (em vão) Sentido – Contentar, acariciar, fazer carinhos.
o ônibus ou a um tipo de bor- • Transitivo direto
dado ou a um conceito geomé-
Gosto de agradar minha namorada.
trico. E assim sucessivamente, Os pais sempre agradavam os filhos.
provavelmente com todas as
palavras.”
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Possenti complementa seu pon-
to de vista argumentando que
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as regras de acentuação, aliás,


acento, tem-se um verbo, sabia.
são as únicas que se baseiam
Ora […] não é a mudança de posi-
mais ou menos solidamente na
ção ou a eliminação do acento grá-
fala. “A propósito, ouve-se por aí
fico que transforma uma palavra
muita aula errada sobre a ques-
em outra, mas é o fato de a palavra
tão, informando, por exemplo,
ser uma ou ser outra que exige a
que, ao se mudar o acento da
colocação do acento em uma ou
palavra sabiá para o a da pri-
em outra sílaba ou que não haja
meira sílaba, tem-se o adjetivo
nenhum acento gráfico”.
sábia. E, se não houver nenhum

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Manual do Educador

Editorial e artigo de opinião

245
Capítulo
6
Sentido – Causar agrado ou prazer, ser agradável, parecer bem.
• Intransitivo

A prova não agradou.


Há muito tempo esse time não agrada.

• Transitivo indireto (preposição a)

A aula não agradou aos alunos.


O show não agradou ao público.

Aspirar
Sentido – Atrair o ar aos pulmões, cheirar, sorver.

• Transitivo direto

Todos gostam de aspirar um bom perfume.


Cuidado para não aspirar a fumaça.

Sentido – Desejar, almejar.

• Transitivo indireto (preposição a)

Ela aspira a um futuro melhor.


Eu aspirava a ser promovido.

Assistir

Sentido – Presenciar, ver.


• Transitivo indireto (preposição a)

Assisti a um bom filme.


Ele assistiu ao jogo.

Com esse sentido, o verbo assistir é usado normalmente


como transitivo direto (assisti o jogo), mas isso ainda é conde-
nado por muitos gramáticos. Assim, em situações formais, é
mais adequado empregá-lo de maneira indireta, acompanhado
da preposição a.

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246 Compartilhe
Sentido – Ajudar, prestar ajuda, auxiliar.
• Transitivo direto, transitivo indireto ou transitivo direto
ideias e indireto

A enfermeira assistiu os pacientes.


O professor assistiu os alunos na recuperação.

Chegar

Sentido – Atingir o lugar visado.

• Intransitivo ou transitivo indireto (preposição a)

Mamãe chegou.
Chegamos ao supermercado.
Cheguei ao Rio no sábado.

Segundo os gramáticos mais tradicionais, com esse sentido


o verbo chegar não admite a preposição em (chegar em al-
gum lugar), mas seu uso é cada vez mais comum, tanto na fala
quanto na escrita. Segundo esses gramáticos, a preposição em
só pode ser usada diante da palavra casa: chegar em casa.

Esquecer/lembrar

Sentido – Deixar sair da memória/trazer à lembrança, evocar,


recordar-se.
• Transitivo direto ou transitivo indireto (quando pronominal)

Paula se esqueceu de fechar a porta.


Lembro tudo detalhadamente.
Lembro-me de tudo detalhadamente.

Obedecer/desobedecer

Sentido – Submeter-se à vontade ou não, (des)cumprir, (não)


executar.

• Transitivo indireto (preposição a) ou intransitivo

Os alunos desobedeceram ao professor.


Obedeça!

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Manual do Educador

Editorial e artigo de opinião

247
Capítulo
6
Pagar/perdoar
Sentido – Satisfazer dívida, encargo.

• Transitivo direto, transitivo indireto ou transitivo direto e


indireto (preposição a)

Perdoaram o culpado.
Perdoaram ao culpado.
Pague suas dívidas ao banco!

Preferir
Sentido – Dar preferência, gostar mais de.

• Transitivo direto ou transitivo direto e indireto (prepo-


sição a)

Prefiro ficar em casa.


Prefiro verde a azul.

Com esse sentido, a gramática normativa não admite que


esse verbo venha acompanhado por expressões de reforço
(Prefiro mil vezes verde a azul) nem pelo conectivo do que
(Prefiro verde do que azul), embora esses usos sejam comuns.

Simpatizar/antipatizar
Sentido – Ter ou sentir simpatia ou antipatia.

• Transitivo indireto (preposição com)

Simpatizei com você.


A garota antipatizou com o rapaz à primeira vista.

Visar
Sentido – Pôr visto, dirigir a pontaria.
Depositphotos | Zelfit

• Transitivo direto

Já visei o cheque.
Visei o alvo e atirei.

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248 Compartilhe
Sentido – Pretender, ter em vista.

ideias • Transitivo direto ou transitivo indireto (preposição a)


Minha atitude visava outro interesse.
Este trabalho visa a melhorar a qualidade da água.

Regência nominal
Como vimos acima, da mesma forma que verbos, alguns no-
mes desempenham relações de regência. Nesse caso, o termo
que completa o sentido de um nome é chamado, evidentemen-
te, de complemento nominal. Na nossa língua, esse tipo de
complemento é introduzido sempre por uma preposição.
A lista a seguir traz algumas regências nominais importantes.

acessível a composto de, com


afável com, para com conforme a, com
afeição a, por constituído de, por
alheio a, de contente com, de, em
aliado a, com contíguo a
análogo a cruel com, para
ansioso para, por curioso de, por
antipatia a, contra, por desgostoso com, de
apto a, para desprezo a, de, por
atencioso com, para com devoto a, de
aversão a, para, por devoção a, para com, por
avesso a dúvida de, em, sobre
coerente com empenho de, em, por
compaixão de, para com, por fácil de, para
compatível com feliz com, de, em, por
imune a, de rente a
ressentimento contra,
inerente a
com, de, por
junto a, de residente em
lento em respeito a, com, de, por
nocivo a, para simpatia a, por
passível de situado a, em, entre
peculiar a solidário com
pendente de suspeito a, de
preferível a último a, de, em
propício a união a, com, entre
próximo a, de vizinho a, de

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Manual do Educador

Editorial e artigo de opinião

249
Capítulo
6
Compartilhe
ideias Leitura Complementar

Todos nós teríamos muito mais


êxito em nossas vidas, produ-
ziríamos muito mais e seríamos
muito mais felizes se nos preocu-
pássemos em gerenciar nossas
relações com as pessoas que
Cientz Comunicação. Disponível em: http://profdiafonso.blogspot.com.
br/2012_12_18_archive.html. Acesso em: 21/11/2014. nos rodeiam, desde o campo
Segundo a norma-padrão, o texto verbal acima apresen- profissional até o pessoal. Mas,
ta um erro quanto à regência nominal: em vez de “Não tenho
medo que...”, o adequado seria “Não tenho medo de que...”. para isso, é necessário saber
Entretanto, em outras variedades linguísticas, inclusive naque-
conversar com elas, argumentar,
las utilizadas por pessoas escolarizadas e com curso superior,
é comum que as preposições requeridas por nomes (como para que exponham seus pon-
medo, que pede a preposição de) sejam omitidas nas orações
subordinadas que os complementam (“que o mundo acabe em
tos de vista, seus motivos e para
2012”, por exemplo). que nós também possamos fa-
zer o mesmo.
Segundo o senso comum, argu-
Prática linguística mentar é vencer alguém, forçá-lo
a submeter-se à nossa vontade.
Nordestinos são vítimas de preconceitos
Definição errada! Von Clause-
Muitos costumam desqualificar os nordestinos ao associar
a migração para as grandes cidades, como São Paulo, à cri- witz, o gênio militar alemão, uti-
minalidade. O certo é que a miséria estimula a violência, e a
migração, em tempos de pouco emprego, é um ingrediente de
liza-a para definir guerra e não
degradação urbana. argumentação. Seja em família,
Mas o preconceito de determinado tipo de paulistano contra
os nordestinos existe e, assim como o preconceito racial, não
no trabalho, no esporte ou na
política, saber argumentar é, em
249 primeiro lugar, saber integrar-se
ao universo do outro. É também
LPemC_2018_BNCC_9A_Cap6.indd 249 08/05/18 07:20 obter aquilo que queremos, mas
de modo cooperativo e constru-
tivo, traduzindo nossa verdade
BNCC – Habilidades gerais BNCC – Habilidades específicas dentro da verdade do outro.
EF69LP11 EF69LP18 EF89LP03 EF89LP14 ABREU, Antônio Suárez (2009).
EF69LP13 EF69LP55 EF89LP04 EF09LP04 A arte de argumentar: gerenciando razão e
emoção. Cotia: Ateliê Editorial.
EF69LP16 EF69LP56 EF89LP06 EF09LP07

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é discutido nem assumido. Não são poucos os que veem os
migrantes (assim como eram vistos os imigrantes) não como

Diálogo com
gente disposta a prosperar e trabalhar, mas estorvos que ge-
ram pobreza e mesmo violência. Crianças paulistanas acostu-
o professor mam-se a ouvir o substantivo baiano transformado em adjetivo
genérico e negativo para os nordestinos.
Há um indício claro desse preconceito, graças em larga me-
dida ao próprio Poder Público. São Paulo é a maior cidade com
Baseados no livro Argumenta- presença nordestina do Brasil, mas até hoje (e quase ninguém
ção e linguagem, de Ingedore nem sequer pensa no assunto) não se imaginou um museu
para contar a história da presença dos nordestinos na cidade,
G. Villaça Koch, destacamos al- ao contrário do que existe para italianos, espanhóis, portugue-

guns morfemas que, segundo a


ses e judeus.
Fala-se, e muito, na introdução nos currículos escolares da
autora, são elementos que, mais questão africana para estudar o negro. Justo, claro. Mas raras
escolas estimulam seus professores a discutir com os alunos
do que meramente relacionais, a questão nordestina. Quando ocorre, geralmente é pelo lado
“determinam o valor argumenta- depreciativo, como a pobreza das migrações.
Gilberto Dimenstein
tivo dos enunciados, constituin- http://www1.folha.uol.com.br/folha/dimenstein/gilberto/gd110203.htm. Adaptado.
Acessado em 13/09/2011.

do-se, pois, em marcas linguísti- 1. Podemos perceber que, nesse texto, há predomínio:
cas importantes da enunciação” a) Da narração.
b) Da argumentação.
— “conectivos, como mas, po- c) Da descrição.
rém, embora, já que, pois, etc”. d) Do relato.
e) Do relato e da argumentação.
Operadores:
2. Nesse texto, o autor defende uma opinião muito importante

1. Mesmo, até, até mesmo, in- para destruir o preconceito que vitima muitos nordestinos em
cidades grandes como São Paulo. Para ele:
clusive; ao menos, pelo me- a) A imigração dos nordestinos para as grandes cidades é a

nos, no mínimo.
causa da criminalidade.
b) Os nordestinos são pessoas violentas.
c) A imigração gera violência, pois diminui a quantidade de em-
2. E, também, nem, tanto... pregos nas grandes cidades.
como, não só... mas tam- d) O desemprego gerado pela imigração de nordestinos para
São Paulo aumenta a criminalidade.
bém, além de, além disso. e) A imigração não provoca necessariamente o aumento da cri-
minalidade.
3. Ainda, já.
4. Aliás, além do mais. 250

5. Mas, porém, contudo, em-


bora, etc.
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6. Isto é (quer dizer, ou seja,


em outras palavras). para permitir-lhe percebê-las
Anotações
no discurso do outro e utilizá-
7. Tudo, todos; nada, nenhum,
-las com eficácia no seu pró-
muitos, poucos.
prio discurso.
É importante ressaltar a ne-
cessidade de se conscientizar
o usuário da língua do valor
argumentativo dessas marcas,

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Manual do Educador

Editorial e artigo de opinião

251
Capítulo
6
3. Nos textos argumentativos, os verbos cumprem um pa-
pel muito importante na expressão das opiniões do autor. Por Compartilhe
ideias
exemplo: no primeiro parágrafo desse artigo, Gilberto Dimens-
tein empregou o verbo desqualificar para expressar a atitude
de quem culpa os nordestinos pelo aumento da criminalidade
nas grandes cidades, como São Paulo. A força argumentativa
do período já não seria a mesma caso substituíssemos esse
verbo por apontar ou indicar. Pensando nisso, releia os perío-
dos abaixo e, em seguida, procure substituir os verbos grifados
por outros que aumentem a força dos argumentos defendidos
pelo autor ou que sirvam como sinônimos para os que foram
empregados por ele. Observe a regência dos verbos utilizados
e faça as alterações necessárias.
Respostas pessoais.
a) Muitos costumam desqualificar os nordestinos ao associar
a migração para as grandes cidades, como São Paulo, à crimi-
nalidade. (primeiro parágrafo)
Relacionar, vincular.

b) O certo é que a miséria estimula a violência […] (primeiro


parágrafo)
Agrava, incentiva, incita, induz.

c) Não são poucos os que veem os migrantes (assim como


eram vistos os imigrantes) não como gente disposta a pros-
perar e trabalhar, mas estorvos que geram pobreza e mesmo
violência. (segundo parágrafo)
Veem – encaram, consideram; prosperar e trabalhar – crescer,
enriquecer; geram – provocam, acarretam.

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4. Leia o período: “Crianças paulistanas acostumam-se a ou-
vir o substantivo baiano [...]” (segundo parágrafo). Indique a
ideias
opção que apresenta um verbo que expressa o mesmo tipo de
transitividade que o verbo ouvir nesse trecho.
a) Ela abraçou-se com o irmão.
b) Você deve abraçar seus sonhos.
c) Aquele abraço não agradou ao menino.
d) Desde criança, ele aspirava ao trabalho do pai.
e) Você assistiu ao espetáculo?

5. Reescreva os períodos abaixo substituindo os verbos ou os


nomes destacados pelos que estão nos parênteses. Observe a
norma-padrão e faça as alterações necessárias.
a) No cinema, vimos um filme de aventura. (assistir)
No cinema, assistimos a um filme de aventura.
b) O pai presenciou o nascimento do filho. (assistir)
O pai assistiu ao nascimento do filho.

c) Todo posto de saúde deve ajudar a comunidade. (assistir)


Todo posto de saúde deve assistir a comunidade/à comunidade.
d) Ela adorava envolver os filhos nos braços. (abraçar)
Ela adorava abraçar os filhos.

e) Seguimos nossos objetivos. (abraçar)


Abraçamos nossos objetivos.

f) Senti um cheiro ruim na sala. (aspirar)


Aspirei um cheiro ruim na sala.

g) Gosto mais de aventura que de comédia. (preferir)


Prefiro aventura a comédia.

h) Algum dia o banco vai me liberar das dívidas? (perdoar)


Algum dia o banco vai perdoar as minhas dívidas?

i) Você se recorda de mim? (lembrar)


Você se lembra de mim?

j) Este caso é parecido com o da semana passada. (análogo)


Este caso é análogo ao da semana passada.
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Manual do Educador

Editorial e artigo de opinião

253
Capítulo
6
k) Ele se considera capaz de fazer todas as questões. (apto)
Ele se considera apto para fazer todas as questões.
Dicionário
l) Um carro é formado por várias peças. (composto)
Empedernido – Que
Um carro é composto de várias peças. demonstra insensibilidade;

m) O cigarro é prejudicial ao organismo. (nocivo)


insensível.

O cigarro é nocivo ao organismo.

6. O editorial a seguir traz informações muito importantes re-


lacionadas ao tema deste capítulo. Agora, sua tarefa será lê-
-lo procurando preencher as lacunas com as preposições mais
adequadas. Mas atenção: algumas lacunas não precisam ser
preenchidas.

Puro preconceito
É razoável que as pessoas tenham medo tivo. Os 2.901 processos correspondem a
de assaltos. Eles se tornaram rotina nos 5% do total do período. É claro que algum
centros urbanos e, por vezes, têm conse- racista empedernido poderia levantar obje-
quências fatais. Faz todo o sentido, por- ções metodológicas contra o estudo.
tanto, acautelar-se, evitar algumas Mas, por mais frágil que fosse a pesquisa,
regiões em certos horários e, até, evitar pes- ela já serviria para mostrar que
soas que pareçam suspeitas. o vínculo entre mulatos, negros, nordestinos
E quem inspira desconfiança é, no imagi- e assaltantes não passa de uma manifes-
nário geral, mulato ou negro. Se falar com tação de racismo, do qual, aliás, o
sotaque nordestino, torna-se duplamente brasileiro gosta de declarar-se isento.
suspeito. Pesquisa feita em São Paulo, A democracia racial brasileira é, antes
contudo, mostra que essas pessoas não e acima de tudo, um mito. Como qualquer
têm base na realidade. Não passa de pre- outro povo do Planeta, o brasileiro muitas
conceito na acepção literal do termo. Dados vezes se revela racista e pre-
obtidos de 2.901 processos de crimes con- conceituoso. Tem, é claro, a vantagem de
tra o patrimônio (roubo e furto) entre 1991 não se engalfinhar em explosões violentas
e 1999 revelam que o ladrão típico de São de ódio e intolerância. Essa vantagem, con-
Paulo é branco (57% dos crimes) e paulista tudo, tem o efeito indesejável
(62%). de esconder o preconceito, varrendo-o para
Os negros, de acordo com a pesquisa, debaixo do tapete da cordialidade. Como já
respondem por apenas 12% das ocorrên- observou Albert Einstein: “Época triste é a
cias. Baianos e pernambucanos, juntos, por nossa em que é mais difícil quebrar um pre-
14%. O estudo é estatisticamente significa- conceito do que um átomo”.
Folha de S.Paulo. Editorial.

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Compartilhe
ideias É hora de produzir
Sugestão de Antes de começar a escrever
Abordagem Como vimos, o editorial é um gênero textual que traz opi-
niões a respeito do tema abordado. Por esse motivo, é um texto
argumentativo.
Será bem proveitoso você Normalmente, os textos argumentativos se estruturam em
explicar que há, pelo menos, três partes básicas: introdução, desenvolvimento e conclu-
são. Vamos analisar mais atentamente essa estrutura:
quatro tipos de editorial:
•• Explicar ou interpretar: Introdução
Corresponde ao primeiro parágrafo do texto. Aqui, o autor apre-
Esse formato é usado senta brevemente o tema do texto e esboça um direcionamento
para suas opiniões.
para explicar como e por
qual motivo o jornal ou Desenvolvimento
revista tomou determina- São os parágrafos em que o autor de fato desenvolve seus argu-
mentos. Para isso, é muito importante utilizar informações úteis
da posição sobre algum para a discussão, pois elas conferem mais força aos argumentos.

tema controverso.
•• Criticar: Esse formato Conclusão

critica ações ou decisões Corresponde ao último parágrafo do texto, onde o autor deve
concluir o seu posicionamento a respeito do tema.
feitas por terceiros além
de oferecer soluções
Proposta
para melhorias. Serve Agora é a sua vez de expressar suas ideias em um editorial.
mais para avisar os leito- Para isso, imagine que você trabalha em um importante jornal

res de que há um proble-


do País e tem a missão de expressar o posicionamento da em-
presa a respeito de um fato marcante ocorrido recentemente,
ma maior em mãos. no Brasil ou em outra nação. Para isso, faça uma pesquisa em
jornais, revistas e na Internet a fim de encontrar o seu tema.
•• Persuadir: Esse tipo é Aí vai uma dica: temas polêmicos são perfeitos para uma boa
discussão, pois permitem argumentos de todos os lados.
usado para fazer o leitor Quando os textos ficarem prontos, serão afixados no mural

tomar uma ação, concen- 254


da escola.

trando-se em soluções, e
não no problema. LPemC_2018_BNCC_9A_Cap6.indd 254 08/05/18 07:20

•• Elogiar: Esse formato é


usado para demonstrar
apoio a pessoas e orga- BNCC – Habilidades gerais BNCC – Habilidades específicas
nizações na comunidade
que fizeram algo notável. EF69LP01 EF69LP08 EF89LP02 EF09LP03
EF69LP06 EF69LP18 EF89LP06 EF09LP04
Disponível em: http://www.geneseo.
edu/~bennett/EdWrite.htm. Acesso em
EF69LP07 EF89LP10 EF09LP11
30/06/2015.

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Manual do Educador

Editorial e artigo de opinião

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Capítulo
6
Planejamento
Compartilhe
Para produzir seu editorial, observe os seguintes pontos: ideias
1. Defina qual será o seu posicionamento a respeito do tema.
Procure deixá-lo bastante claro para o seu leitor.
2. Feito isso, procure formar bem os argumentos que funda-
mentarão esse posicionamento.
3. Uma boa maneira de fortalecer seus argumentos consiste
em utilizar dados estatísticos, pesquisas, opiniões de espe-
cialistas, etc.
4. Lembre-se de que o editorial é um texto escrito em nome
de um grupo. Por esse motivo, você não deve expressar
opiniões muito pessoais, do tipo eu acho, para mim, na
minha opinião. Procure ser o mais abrangente possível
nas ideias apresentadas.
5. No último parágrafo, procure concluir a discussão e confir-
me seu posicionamento.
6. Produza um título adequado para o seu editorial.

Avaliação
1. Agora, troque seu texto com o de um colega para realizar a
avaliação. Ao lerem o texto um do outro, observem os seguin-
tes aspectos:

Aspectos analisados Sim Não


O editorial expressa com clareza um
posicionamento acerca do tema?
O texto apresenta argumentos convincentes
em defesa do posicionamento?
O texto está estruturado em introdução,
desenvolvimento e conclusão?
A linguagem empregada está adequada ao
seu público leitor?

2. Feita a avaliação, discutam o que pode ser mudado no tex-


to um do outro para torná-lo melhor, mais persuasivo. Então,
passem os textos a limpo e os apresentem no mural.

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DO MOMENTO Artigo de opinião
256 g uN
S E Bandeiras incompletas
Depois de 120 anos da Lei Áurea, a elite brasileira continua
branca. A abolição proibiu a compra e venda de seres huma-
nos, mas manteve o povo negro pobre e um preconceito racial
que não é explícito contra a cor, mas, sim, contra a posição
social: que vem da fortuna, que decorre da falta de formação
profissional, que deriva da falta de uma política de igualdade
na educação de base. Por isso, a imensa maioria da população
negra continuou sem fortuna e ficou sem escola; e, sem escola,
Antes de ficou sem fortuna: em um círculo vicioso de exclusão racial.
começar a ler É nesse quadro que surge, imitando os EUA, a luta dos mo-
vimentos negros pelo direito às cotas para ingresso na univer-
O texto que você vai ler
sidade. Uma maneira de aumentar o número de profissionais
agora é um exemplo de
artigo de opinião, um texto negros, fazendo-os ascender profissionalmente e daí social-
em que o autor apresenta mente, para quebrar o preconceito racial. No mesmo momento,
seus pontos de vista
surgem fortes resistências, inclusive em nome do antirracismo,
sobre determinado tema.
Da mesma forma que como se, ficando debaixo do tapete da história, ele não existis-
o editorial, esse tipo de se. Outros se queixam de que vai cair a qualidade da formação
artigo circula no domínio
universitária, como se a classificação no vestibular definisse a
jornalístico, sendo por
isso muito interessante competência do profissional. Ninguém escolhe um médico pela
para ajudar seus leitores classificação que teve no vestibular.
a formarem melhor sua
Para se beneficiar das cotas, o jovem negro precisa concluir
opinião sobre temas atuais.
Neste artigo, o senador
o Ensino Médio, fazer um cursinho e passar no vestibular: o alu-
Cristovam Buarque traz no que se beneficia da cota não é menos qualificado por causa
sua opinião sobre um tema de décimos na nota do vestibular. Tem uma classificação pior
no vestibular, mas não é necessariamente menos qualificado
muito polêmico: o sistema
de cotas para negros em
universidades públicas. como profissional. Mas é verdade que esses décimos deixam
Leia-o atentamente alguém mais bem classificado para trás. Este é um argumento
procurando identificar o
posicionamento dele nos
forte dos opositores das cotas: um jovem de hoje ficará para
argumentos apresentados. trás pelo crime cometido por gerações anteriores contra escra-
vos e seus descendentes.
Mas os opositores e os defensores das cotas se unem em
um ponto: não se preocupam com os que ficarão para trás por

Shutterstock/ Gelpi
causa da falta de acesso a boas escolas. Os que são contra as
cotas esquecem os dois terços, cerca de 30 milhões de jovens,
que serão deixados para trás porque não vão concluir o Ensino
Médio e outros 5 milhões que terminarão o Ensino Médio, mas
com péssima qualidade.
Mesmo com as cotas, os negros pobres continuarão deixa-
dos para trás. O movimento pelas cotas esquece o imenso nú-
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Manual do Educador

Editorial e artigo de opinião

257
Capítulo
6
mero de brasileiros, especialmente negros, que não terminam o
Ensino Médio. O movimento é para os que terminam o Ensino
Médio, não pela abolição do analfabetismo no País nem para Leitura
que todos os brasileiros terminem o Ensino Médio com quali- Complementar
dade. Nem para que, no Brasil, a escola do filho do pobre seja
tão boa quanto a escola do filho do rico. Elogiam o governo
Lula por ter criado as cotas, mas não criticam a lentidão do Leituras que podem cola-
programa Brasil Alfabetizado. Defendem corretamente a cria-
ção de um Ministério da Igualdade Racial, mas não protesta- borar para a elaboração
ram quando, em 2004, foi fechada a Secretaria do MEC para Dicionário
de uma boa aula sobre ar-
a erradicação do analfabetismo. Lutam pela cota de 30% para
ingressar na universidade, mas não para que 100% terminem Explícito – Claro, evidente.
Deriva – Do verbo derivar;
gumentação:
o Ensino Médio. resultar.
As cotas têm um papel na quebra do preconceito, mas a ver- Contínuo – Constante,
ininterrupto.
dadeira abolição está em fazer com que a escola dos pobres,
Repudiado – Rejeitado.
a maior parte negra, tenha a mesma qualidade da escola dos
ricos, a quase totalidade branca. Mas ninguém vê essa bandei-
ra completa.
A luta por bandeiras incompletas está em todos os movi-
mentos brasileiros. Os que lutam para assegurar o direito de a
criança nascer não lutam para que ela, depois de nascer, tenha
uma escola de qualidade. Muitos lutam para impedir o aborto
biológico, sem se preocupar com o contínuo aborto intelectual,
quando se negam alfabetização e educação de base para tan-
tos. Ninguém percebe que uma pessoa nasce duas vezes: na
maternidade e na escola. Sem a primeira, ela não vive; sem a
segunda, vive em exclusão.
As bandeiras brasileiras são tão parciais que este artigo será
certamente repudiado pelos defensores das cotas e pelos que
se opõem ao aborto. Porque estão concentrados em suas lutas KOCH, Ingedore G. Villaça (2002).
parciais, não conseguem ver as lutas maiores, que incorporam Argumentação e linguagem.
suas bandeiras parciais. São Paulo: Cortez.
Cristovam Buarque
O Globo, 1o/03/2008.

Leituras que podem cola-


Shutterstock/ Gelpi

borar para a elaboração


de uma boa aula sobre ar-
gumentação:

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BNCC – Habilidades gerais BNCC – Habilidades específicas

EF69LP01 EF69LP14 EF89LP03 EF89LP14


EF69LP13 EF69LP16 EF89LP04 EF89LP16
EF69LP15 EF69LP18 EF89LP06
ABREU, Antônio Suárez (2009).
A arte de argumentar:
gerenciando razão e emoção.
Cotia: Ateliê Editorial.

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Desvendando os segredos do texto

Sugestão de 1. De acordo com as ideias apresentadas nesse artigo, por que o autor afirma que “a elite

Abordagem
brasileira continua branca”?
Porque a abolição manteve o povo negro pobre e há um preconceito contra essa pobreza.

Apresente aos alunos tipos dis-


2. O que caracteriza, na opinião do autor, o círculo vicioso de exclusão racial no Brasil?
tintos de argumento:
No Brasil, a maior parte da população pobre é composta de negros, que não têm acesso a
Por analogia: Estabelece com- uma escola de qualidade. Sem educação de qualidade, eles não conseguem bons empre-

paração entre duas situações — gos e, portanto, não recebem bons salários e continuam pobres.

se alguma coisa é válida numa, 3. No artigo, o autor mostra argumentos de pessoas que são a favor e contra o sistema de

então o é na outra, desde que lhe cotas para negros em universidades públicas. Mas qual é o posicionamento principal por
ele defendido?
seja comparável. Ele é a favor da defesa de uma bandeira completa: que a escola dos pobres tenha a mesma qualidade da

“A pessoa paga de boa vontade a


escola dos ricos.

manutenção de seu carro. Por que 4. Aponte dois argumentos apresentados pelos defensores das cotas.

não teria igual cuidado com o seu 1. Como facilitam o acesso de estudantes negros a universidades públicas, as cotas proporcionam a esses

corpo?” estudantes a possibilidade de ascenderem socialmente; 2. Ao terminar o curso universitário, os alunos que fo-

ram beneficiados pelo sistema de cotas não estarão necessariamente menos qualificados profissionalmente.

Causas e efeito: Para dizer que


5. Embora tenha um posicionamento definido a respeito do sistema de cotas, Cristovam
algo é causa e outro é efeito, é Buarque apresenta nesse artigo uma opinião que vai além do problema e que nos leva ao
preciso que a primeira preceda a título do texto. Que opinião é essa?

segunda.
Ele mostra que, independentemente do sistema de cotas, devemos lutar antes para que
todos os brasileiros tenham acesso a uma educação de qualidade.
“No Brasil, um homossexual é mor- 6. Uma expressão muito comum no português brasileiro é defender a bandeira. O sentido
to a cada três dias, o que torna o é o de defender um objetivo, uma causa, uma ideia, enfim, uma bandeira. Pensando nisso,

país um dos mais homofóbicos do explique o que é uma “bandeira incompleta”.


No texto, o autor mostra que as bandeiras incompletas são reivindicações feitas com objetivos in-
mundo, com estatística anual de
completos. Assim, defender o sistema de cotas é defender uma bandeira incompleta, pois, antes, é
198 mortes violentas.”
preciso reivindicar que todos tenham acesso a uma educação pública de qualidade.

Com exemplos: Enumerar fatos 258


dá consistência a uma tese.
“As mulheres antigamente se ca- LPemC_2018_BNCC_9A_Cap6.indd 258 08/05/18 07:20

savam muito cedo. Julieta, em


Romeu e Julieta, de Shakespeare,
não tinha nem 14 anos. Na idade Anotações
média, 13 anos era a idade para o
casamento das Judias. E, no im-
pério romano, muitas se casavam
com 13 anos ou menos.”

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Manual do Educador

Editorial e artigo de opinião

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Capítulo
6
7. As “bandeiras incompletas” a que se refere o autor do texto são um resumo da sua ideia
central. Elas podem ser explicadas a partir de um exemplo simples. A situação a seguir,
imaginária, é uma “bandeira incompleta”. Leia-a atentamente e explique por que é incom-
pleta e o que deveria ser feito para que se tornasse completa.

Em uma escola, há goteiras nas salas de aula. Revoltados, os alunos come-


çam um movimento para exigir que a direção compre baldes e os coloque em-
baixo das goteiras para recolher a água infiltrada.

A reivindicação feita pelos alunos é uma “bandeira incompleta” porque a solução completa
seria defender o conserto do telhado da escola. Colocar baldes para recolher a água infil-
trada não resolveria o problema das goteiras, seria apenas uma medida paliativa.

8. No artigo, percebemos que o autor tem grande preocupação com a educação. De acor-
do com seus argumentos, ela:
a) É uma importante ferramenta de exclusão.
b) Não tem importância para as pessoas.
c) Representa a morte da pessoa na sociedade.
d) É feita de maneira igualitária no Brasil.
e) Favorece a inclusão das pessoas na sociedade.

9.O texto abaixo é um trecho do artigo de opinião Uma justiça cega para o racismo, de
Luciana Abade, publicado pelo Jornal do Brasil. Leia-o com atenção.

Os juristas brasileiros ignoram o crime de racismo. Por isso, a cada 17 denún-


cias de racismo, apenas uma vira ação penal no Brasil. Pior: no Rio, entre as
que viram, 92% delas não são enquadradas como racismo, mas interpretadas
como injúria. A constatação […] é do sociólogo Ivair Augusto dos Santos, que
analisou 12.000 processos e sentenças judiciais em 18 capitais brasileiras. De
maneira geral, na maioria das vezes o crime de racismo é desconfigurado como
tal, o que abranda a pena do agressor, que pode ter liberdade mediante fiança
[…]. E os juízes não veem o crime de racismo porque não aceitam o fato de que
há racismo no País. Muitas vezes, as agressões são entendidas como simples
brincadeiras. Não existe a menor sensibilidade da Justiça para o quanto isso é
doloroso para quem sofre o preconceito.

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Em alguns estados brasileiros, o dia 20 de novembro é marcado como o Dia da Consciên-
cia Negra, em homenagem a um personagem histórico importantíssimo na luta contra a
escravidão, Zumbi dos Palmares, morto nesse dia no ano de 1695. Líder do Quilombo dos
BNCC – Habilidades gerais Palmares, Zumbi foi um símbolo de resistência negra contra a exploração branca. Agora,
tendo em vista as ideias apresentadas no texto de Cristovam Buarque e no trecho reprodu-
zido anteriormente, discuta com os seus colegas e com o professor: defender a criação do
EF69LP01 EF69LP14 Dia da Consciência Negra foi defender uma “bandeira incompleta”?
EF69LP02 EF69LP15 10. No dia 8 de março, comemora-se o Dia Internacional da Mulher. Nessa data, muitas
EF69LP04 EF69LP55 marcas criam ações publicitárias para homenagear as mulheres e, de quebra, divulgar seu
EF69LP05 EF69LP56 nome e seus produtos. Nesse contexto, no dia 8 de março de 2018, uma rede internacional
de restaurantes colocou em prática, em 20 lojas do Brasil, uma campanha publicitária que
EF69LP13 foi amplamente rejeitada nas redes sociais. Na entrada dos restaurantes, foi colocado um
cartaz com a seguinte mensagem:

Força feminina
BNCC – Habilidades específicas Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher hoje estamos operando com
equipe 100% feminina neste restaurante.

EF89LP04 EF09LP04 Nas redes sociais, muitos usuários entenderam que a rede homenageou equivocadamente
EF89LP05 EF09LP10 as mulheres dando folga aos homens. Em nota, a marca esclareceu que não foi dada fol-
ga para os homens e que todos os funcionários trabalharam normalmente conforme suas
EF89LP16
escalas. Na verdade, foi feita uma troca dos locais de trabalho entre os funcionários para
que os 20 restaurantes selecionados para a ação pudessem reunir apenas mulheres na
operação. Ainda em grupo com os seus colegas, reflita e opine: ao promover essa ação, a
rede de restaurantes defendeu uma “bandeira incompleta”?

11. Em novembro de 2011, um grupo de estudantes da Universidade de São Paulo foi


detido por porte de maconha pelos policiais militares que patrulhavam o campus. Imediata-
mente ocorreram vários protestos por parte dos alunos, que pediam a retirada da polícia do
campus. A charge a seguir é alusiva a esses protestos.

Anotações 1968 1992 2011

ABAIXO
FORA
A
DITADURA! COLLOR! SALVE A
MACONHA
NA USP!

Reflita e responda: como o


chargista expressa a ideia de
“bandeira incompleta”?

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Manual do Educador

Editorial e artigo de opinião

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Capítulo
6
Análise linguística Leitura Complementar

Colocação pronominal É tarefa da educação linguística o


Na língua portuguesa, podemos colocar os pronomes pes-
soais oblíquos átonos me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os, as,
ensino sistemático dos clíticos o,
lhes em três posições em relação ao verbo: a, os, as, como algo praticamente
Próclise – o pronome fica antes do verbo: “estrangeiro” para os falantes do
PB contemporâneo. É importante
Foi minha prima quem me chamou para conhecer
o Rio de Janeiro.
chamar a atenção para os gêne-
ros textuais em que eles ocorrem,
Ênclise – o pronome fica depois do verbo, ao qual se liga por mostrar aos alunos o mecanismo
da retomada anafórica, de modo
meio de um hífen:

Hospedei-me em Copacabana. que saibam recuperar, no texto,


a informação pronominalizada na
Mesóclise – o pronome é intercalado ao verbo, que deve
estar no futuro do presente ou no futuro do pretérito do indi-
forma de o, a, os, as.
cativo. No português brasileiro, a mesóclise está em desuso. A importância do gênero tex-
Somente em textos antigos ou muito formais ela ainda pode ser
verificada. tual é óbvia: numa história em
quadrinhos, sobretudo as que
Admirar-te-ei no espetáculo.
reproduzem a vida urbana con-
O uso dos pronomes oblíquos átonos me, te, se, o(s), a(s), temporânea, o uso dos clíticos é
lhe(s), nos e vos em relação ao verbo é bastante livre no Bra- pouquíssimo adequado, a menos
sil: depende muito do ritmo, da harmonia, da ênfase e, princi-
palmente, da eufonia. Como a pronúncia brasileira é diferente que se trate de uma caricatura, de
da portuguesa, aqui a colocação pronominal também difere da
de Portugal. O português brasileiro é essencialmente proclítico,
um personagem pedante.
isto é, quase sempre usamos o pronome na frente do verbo. Não tem cabimento, por outro lado,
Para a escrita de textos formais, entretanto, é preciso conhecer
algumas regras de colocação. reprimir o uso de ele como objeto
direto: na interação falada, é des-
261 perdício de esforço tentar extirpá-
-lo; na escrita, é preciso examinar
LPemC_2018_BNCC_9A_Cap6.indd 261 08/05/18 07:20 os gêneros em que ele costuma
aparecer, em que circunstâncias
(na fala dos personagens ou na
Anotações enunciação do narrador?), em que
contextos, etc.
O uso de lhe como objeto direto
(tanto quanto indireto) é perfeita-
mente legítimo e correto).

BAGNO, Marcos (2011).


Gramática pedagógica do português brasileiro.
São Paulo: Parábola, p. 1004.

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Ca 262
Próclise
Compartilhe
ideias A próclise ocorre quando há palavras que aparecem antes
do verbo e atraem o pronome átono. As palavras “atrativas”
mais comuns são:

Diálogo com 1. Palavras de sentido negativo – não, nunca, ninguém, jamais,

o professor
nada, nenhum, etc.

Não te vi.
Ninguém o escutou.
O uso dos pronomes chega até
2. Pronomes relativos – que, quem, cujo, o qual.
a induzir a forma como encara-
mos uma cultura, para além do Este é o advogado de que lhe falei.
Ainda tenho amigos que me querem bem.
risco de determinismo. Gilberto
Freyre observa, em Casa Gran- 3. Pronomes indefinidos – todo, cada, tudo, etc.

de & Senzala (1933), que a for- Tudo me chamava a atenção.


Todos me ouviram?
mação patriarcal estabelecida
pelos senhores de escravos 4. Advérbios – já, só, talvez, sempre, aqui, bem, etc.

no Brasil colonial se traduzia Sempre te convidarei para passear.


Talvez você se esqueça do convite.
no uso seco dos imperativos,
5. Conjunções subordinativas – se, porque, como, quando, em-
na orientação implacável, na bora, etc.
firmeza de mando. “O modo
Quando te encontrei, meu coração disparou.
português adquiriu na boca Se me der vontade, vou à praia.
dos senhores certo ranço de
Essa “atração” do pronome oblíquo só não ocorre se, en-
ênfase hoje antipático: faça-me tre a palavra “atrativa” e o verbo, ocorrer uma pausa. Nesse
isso; dê-me aquilo”, escreve caso, o pronome deverá ser colocado depois do verbo (ên-
clise). Observe:
Freyre. A herança escrava te-
Atualmente, encontro-me um pouco cansado.
ria aprimorado uma dolência Não. Vejo-te com muito carinho.
vernacular, uma “maneira filial,
Em alguns casos, a próclise deve ocorrer em textos formais
meio dengosa” de se dirigir “ao mesmo sem a presença de palavras “atrativas”. Veja quais são
pater famílias”. […] O brasileiro esses casos:
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teria enfatizado a opção por
um “modo mais doce” de pe- LPemC_2018_BNCC_9A_Cap6.indd 262 08/05/18 07:20

dir: me dê no lugar de dê-me; (Contexto, 2006:132), antecipa


“me faça”, mais brando que fa- o pronome átono para o início Anotações
ça-me, doce aversão ao “impe- da sentença e teria transfor-
rativo antipático” prescrito pela mado em súplica aquilo que
gramática tradicional lusa, com soaria como cerimonioso e até
ênclise e a mesóclise. A prócli- autoritário.
se absoluta, como a chamam
Rodolfo Ilari e Renato Bas-
so em O Português da Gente

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Manual do Educador

Editorial e artigo de opinião

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Capítulo
6
1. Com a preposição em antes do verbo no gerúndio.

Em se iniciando a festa, a comida será liberada.


Em se ouvindo o sinal, a aula termina.

2. Nas orações que expressam desejo (orações optativas).

Deus te ouça!

3. Nas orações exclamativas iniciadas por expressão exclamativa.

Como me enganei com meu time!


Quantos sonhos se passaram esta noite!

4. Nas orações interrogativas iniciadas por expressão interrogativa.

Quantos anos se passaram desde a sua partida?


Quem me chamou?

Mesóclise
Como vimos na análise linguística, a mesóclise é usada so-
mente no futuro do presente e no futuro do pretérito. Normal-
mente está restrita apenas a textos antigos ou muito formais.

Encontrar-te-ei na reunião.
Ouvir-te-ei no programa de rádio.

Caso haja alguma palavra “atrativa”, a próclise deve ocorrer.

Jamais te encontrarei na reunião.


Amanhã te ouvirei no programa de rádio.

Ênclise
Os pronomes átonos devem ser empregados depois do verbo:
1. Nos períodos iniciados pelo verbo (que não exija mesóclise).
Nos contextos mais formais, não se deve iniciar o período
com pronome oblíquo:

Conte-me seu segredo.


Escute-me bem.

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Ca
264 2. Nas orações imperativas afirmativas:

Vá ao centro e encontre-as.
Aprenda a contentar-se.

3. Junto ao infinitivo não flexionado precedido da preposição a:

Comprou a casa e começou a reformá-la.


Fiquei a esperá-la desde que acordei.

Casos facultativos
Poderá ocorrer próclise ou ênclise se a palavra que antece-
de ao verbo for:
1. Pronome pessoal do caso reto:

Ela a comprou numa feira.


Ela comprou-a numa feira.

2. Pronome demonstrativo:
Aquele me chamou a atenção.
Aquele chamou-me a atenção.

3. Infinitivo precedido da preposição para mesmo quando hou-


ver palavra que atraia o pronome:

Não falei nada para não decepcioná-lo.


Não falei nada para não o decepcionar.

Prática linguística
Texto

Carta do leitor
Perdendo a civilidade
Tenho por hábito parar em sinais vermelhos à noite. Mas in-
felizmente sinto que nós estamos perdendo a civilidade. É esse
o último passo para que a violência continue como um problema
crônico na nossa cidade. Digo isso porque diversas vezes, ao

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Manual do Educador

Editorial e artigo de opinião

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Capítulo
6
parar no sinal fechado, levo faroladas e eventualmente sou xin-
gado por motoristas que avançam o sinal por outra faixa ao meu Compartilhe
lado. Como queremos ter o direito de cobrar dos governantes se ideias
não respeitamos o cidadão que quer resistir contra a violência e,
sobretudo, deseja cumprir a lei? Como queremos exigir dos go-
vernantes se nos faltam serenidade e civilidade com o próximo?
A violência está arraigada na nossa cultura e assim continuará
porque não nos movemos para mudar nossas atitudes.
O Globo, 30/03/2008.

1. A primeira frase do texto nos informa que o autor da carta:


a) É prudente e responsável, pois respeita as leis.
b) É imprudente, pois a quantidade de assaltos à noite é enorme.
c) É medroso, pois tem grande receio de levar multas.
d) É bom cidadão, pois respeita os pedestres.
e) É mau motorista, pois não permite a passagem dos demais
motoristas.

2. “[...] sinto que nós estamos perdendo a civilidade.” Quando


usa a forma verbal nós estamos, o autor está se referindo a
que pessoas com o pronome nós?
a) Aos motoristas de táxi.
b) Aos condutores de veículos de passageiros.
c) A todos os leitores do jornal.
d) A todos os cidadãos.
e) Aos motoristas imprudentes.

3. O autor do texto diz que “estamos perdendo a civilidade”; se


perdemos a civilidade, tornamo-nos:
a) Cruéis.
b) Mal-educados.
c) Imprudentes.
d) Irresponsáveis.
e) Medrosos.

4. “[...] ao parar no sinal fechado [...]” equivale a:


a) Quando paro no sinal fechado.
b) Antes de parar no sinal fechado.
c) Depois de parar no sinal fechado.
d) Se paro no sinal fechado.
e) Para parar no sinal fechado.

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5. “[…] e eventualmente sou xingado [...]”; com essa frase, o
autor do texto quer dizer que ele é xingado:
a) De forma violenta.
b) Algumas vezes.
c) Em todas as situações.
Leitura d) Em voz alta.
e) De forma rápida.
Complementar
6. “[...] se nos faltam serenidade e civilidade com o próximo?”;
o verbo faltar está no plural porque concorda com:
Os pronomes têm um papel na a) Serenidade.
b) Civilidade.
articulação e na força retórica c) Nos.
dos textos, pois promovem vín- d) Serenidade e civilidade.
e) Próximo.
culos propositais entre os agen-
tes do discurso. O pronome de 7. A finalidade de o leitor escrever essa carta para o jornal,

tratamento você no lugar do


considerando o seu conteúdo, é de:
a) Condenar a falta de policiais na rua.
pessoal tu, por exemplo, gera b) Criticar os motoristas de ônibus.
c) Reclamar contra o desrespeito às leis.
entre os participantes do dis- d) Elogiar a atitude de alguns motoristas responsáveis.
e) Explicar sua atitude ao dirigir seu carro.
curso uma relação mais estreita,
pois a flexão em 2ª pessoa (tu) 8. “[...] porque não nos movemos para mudar nossas atitu-
des”; nesse segmento do texto, o autor da carta condena:
por tempos esteve presente em a) O conformismo.
discursos distantes da fala coti- b) A desonestidade.
c) A ignorância.
diana. d) O desrespeito.
e) A má educação.
A substituição do pessoal nós
pela expressão a gente sinaliza 9. Releia os dois últimos períodos da carta do leitor:

afeto. Já o artigo indefinido an-


Como queremos exigir dos governantes se nos faltam
tes do pronome indefinido pode serenidade e civilidade com o próximo? A violência está
incidir em redundância ou soar arraigada na nossa cultura e assim continuará porque não
nos movemos para mudar nossas atitudes.
pejorativo:

Um certo dia vi terrível acidente. 266

(redundância)
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Um certo prefeito roubou o di- Recebi suas informações. Em outras, o oblíquo tem fun-
nheiro público. (pejorativo) ção de possessivo (Chutou-me
(= informações vindas de você)
a perna = chutou minha perna).
Recebi informações suas.
O possessivo seu ultrapassa a Demonstrativos não se limitam
(= informações sobre você)
noção de posse se usado como a indicar posição no tempo e
tratamento (Fique tranquilo, seu no espaço, mas também impre-
João) ou assume valor de subs- Há vezes em que o possessi- cisão (Um dia desses irei com
tantivo (Fique junto aos seus). vo “perde” a noção de posse você; João deve ter seus 40
Sua posição na frase muda o e adquire papel intensificador anos).
sentido: (Não faça isso, seu maluco!). Revista Língua Portuguesa nº 67. Maio de 2011.
São Paulo: Segmento, p. 53.

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Manual do Educador

Editorial e artigo de opinião

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Capítulo
6
Os dois pronomes destacados poderiam ser grafados enclíticos
ao verbo, respeitando-se a norma culta? Explique. Compartilhe
ideias
Não. Nos dois casos, a próclise é obrigatória, pois há palavras
atrativas: se, no primeiro caso, e porque e não, no segundo.

10. Reescreva os períodos abaixo colocando o pronome átono


entre parênteses no local adequado. Considere a norma culta.
a) Você não ____ cortou ____. (se)
Você não se cortou.

b) Eu não sabia que ela ____ chamava ____ Marta. (se)


Eu não sabia que ela se chamava Marta.

c) Quando ____ chamarem ____, diga que veio para a entre-


vista. (te)
Quando te chamarem, diga que veio para a entrevista.

d) ____ convidaram ____ para um almoço. (me)


Convidaram-me para um almoço.

e) Ele ____ entendeu _____. (a)


Ele a entendeu./Ele entendeu-a.

f) Em ____ tratando ____ de filmes, prefiro os de aventura. (se)


Em se tratando de filmes, prefiro os de aventura.
g) Que Deus ____ proteja ____! (te)
Que Deus te proteja!
h) Aquela mulher ____ chamou ____. (a)
Aquela mulher a chamou./Aquela mulher chamou-a.
i) As frutas estão caindo. ____ segure ____! (as)
Segure-as!

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Leitura É hora de produzir
Complementar
Antes de começar a escrever
Questionamento No segundo momento deste capítulo, lemos o texto Bandei-
ras incompletas, do senador Cristovam Buarque, que fala, en-
Trate de um problema, de um con- tre outras coisas, do sistema de cotas criado para estudantes
negros ingressarem nas universidades públicas.
flito, equacione-o, encaminhe-o, A discussão é polêmica e atravessa os anos. Em 2006, a
prisão em São Paulo de três homens que colavam panfletos
proponha uma solução, se tiver
racistas nas ruas da capital acendeu a discussão. A notícia que
uma, mas uma solução útil, ao al- segue foi publicada na ocasião:

cance da mão, executável agora


Grupo é preso com cartaz racista anticotas
mesmo. De nada adianta dizer
Três homens foram presos na madruga- Se você não agir agora, quem nos garante
que todos os homens deveriam da de ontem colando panfletos racistas com que eles não roubarão vagas nos concursos
dar-se as mãos para que o mun- críticas ao programa de cotas de vagas para
afrodescendentes nas universidades públi-
públicos? Devemos assegurar a existência
de nossa raça e o futuro de nossas crianças
do fosse melhor [...]. Se não tiver cas. O grupo foi flagrado com o material nas brancas”. Também simula uma prova de ves-
imediações da Vila Mariana, zona sul de
uma, organize uma maneira origi-
tibular feita por um negro com respostas com
São Paulo, próximo a uma universidade. erros grosseiros e o carimbo de “aprovado”.
nal de encaminhar uma reflexão Os três foram indiciados sob a acusação O White Power São Paulo, que é investi-
de crime de racismo — incitar a discrimina- gado pelo Ministério Público desde 2004, se
interessante a respeito dela. Ou, ção ou preconceito de raça, cor, religião, et- diz “nacional-socialista”, prega a valorização
ainda, descubra uma questão a nia ou procedência nacional. O crime é ina- da raça branca, a intolerância contra negros,
fiançável, e a pena é de 1 a 3 anos de prisão. judeus, nordestinos, imigrantes ilegais e ho-
respeito da qual ninguém ainda Os cartazes, que foram impressos do site mossexuais. Os presos disseram à polícia
que não são racistas. À Folha, disseram que
disse nada. Só faz sentido escre- do grupo White Power (Poder Branco) São
Paulo, diziam: “Vestibulando branco. Hoje têm o direito de expressar sua opinião.
ver a respeito de uma coisa que eles roubam sua vaga nas universidades […]
públicas. E chamam isso de direitos iguais.
não está pronta nem clara em nos-
http://aprendiz.uol.com.br/content/slenetrifr.mmp
Acessado em 28/10/2011.

sa cabeça; o que está lá, pronto e


claro já está também pronto e cla-
ro, para nossos leitores [...].
Em outras palavras, só vai ser útil
pro leitor o texto que for útil pro
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autor. Lembre-se de que nossos
conflitos começam pela peculiar
relação que temos com a nature-
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za deste planeta, uma relação de


trabalho, de transformação, de
adequação da natureza a nossas BNCC – Habilidades gerais BNCC – Habilidades específicas
necessidades. Passam, a seguir,
nossos conflitos pela relação forte EF69LP01 EF69LP08 EF89LP02 EF09LP03
EF69LP06 EF69LP18 EF89LP06 EF09LP04
que temos com nossos semelhan-
EF69LP07 EF89LP10 EF09LP11
tes, a partir de nossas afinidades
e interesses divergentes.
GUEDES, Paulo Coimbra (2009). Da redação
à produção de texto: o ensino da escrita. São
Paulo: Parábola, p. 120.

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Manual do Educador

Editorial e artigo de opinião

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Capítulo
6
Proposta
Tendo em vista as informações apresentadas na notícia lida e o seu conhe-
cimento de mundo, produza um artigo de opinião que responda à seguinte per-
gunta:

A liberdade de expressão deve ter um limite?

Planejamento
1. Procure refletir bem sobre o tema antes de começar a escrever seu artigo.
2. Procure definir um posicionamento claro a respeito do tema. Feito isso, enu-
mere os argumentos mais importantes para defender essa posição.
3. Uma forma interessante de dar credibilidade aos seus argumentos consiste
em apontar fatos históricos que provem a sua validade. Pense nisto: que
fatos ou épocas da nossa história você poderia relembrar no seu artigo para
dar mais força aos seus argumentos?
4. Cuidado com informações vagas e posicionamentos radicais. Procure ser o
mais claro possível e exponha seus argumentos com base na razão, não no
achismo.
5. Estruture seu texto em parágrafos, divididos em introdução, desenvolvimen-
to e conclusão.
6. Produza um título adequado para o seu artigo.

Avaliação
1. Agora, peça a um colega para avaliar seu artigo, enquanto você avalia o de
outro colega. Nesta etapa, os avaliadores deverão analisar o seguinte:

Aspectos analisados Sim Não


O artigo traz uma posição clara a respeito da pergunta-tema?
Essa posição está bem fundamentada pelos argumentos apre-
sentados?
Os argumentos são relevantes?
O artigo está dividido em introdução, desenvolvimento e con-
clusão?
A linguagem empregada está adequada ao seu público leitor?
O título está adequado ao posicionamento defendido?

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A escrita em foco
Sugestão de
Abordagem O fenômeno da crase
Crase
Os alunos costumam encarar a Observe a frase:
crase como um conteúdo de di-
Vamos a a faculdade.
fícil assimilação, mas a própria
Nesse exemplo, a palavra a se repete (preposição a + artigo a),
definição do conceito (fusão de causando, na leitura em voz alta, um som incômodo. Para que
preposição com artigo) aponta as isso não aconteça, nosso aparelho fonético contrai naturalmen-

melhores estratégias para o seu


te esses sons iguais tornando-os um só. É esse fenômeno que
chamamos de crase. O termo vem do grego krásis, que signifi-
estudo. Uma delas é procurar re- ca fusão, mistura.
Para indicar a fusão de dois sons a, usamos o acento grave (`).
conhecer a regência dos verbos Veja:
e nomes que transitam para seus
Vamos à faculdade.
complementos por meio da pro-
posição a. Alguns desses verbos Como a crase é a fusão de dois ou mais sons iguais, ela não
ocorre somente com o fonema /a/.
são dar, assistir, referir-se, as- Um bom conhecimento de regência verbal e nominal facilita

cender, fugir, aludir. Entre os


o entendimento e o uso do sinal indicativo da crase sobre a
palavra a. Assim, a crase requer apenas atenção, pois é um
nomes, podem-se citar avesso, fenômeno lógico da língua. Para que isso fique claro, podemos
resumir seu estudo em duas regras básicas:
infenso, hostil, alergia, seme- 1. É necessário que, antes do a (artigo), exista uma palavra
lhante, movido, etc. que exija a preposição a.
2. É preciso que a palavra que vem depois do a (preposição)
Distinguir a presença do artigo admita o artigo a (isto é, seja do gênero feminino).
Exemplos:
é a outra condição para que se
Enviamos o pedido a a Secretaria de Saúde.
assinale corretamente a crase. Enviamos o pedido à Secretaria de Saúde.
Nem sempre uma palavra do Ontem o Irã cedeu a a pressão internacional.
gênero feminino está usada com Ontem o Irã cedeu à pressão internacional.

sentido definido. Isso depende,


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muitas vezes, da intenção do
falante. Eis alguns exemplos do
uso genérico dessas palavras:
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avesso a badalação, infenso a


BNCC – Habilidades gerais
crítica, hostil a balbúrdia, alergia Anotações
a laranja, movido a adrenalina. EF69LP55
Nesses casos, os monossílabos EF69LP56
em negrito são preposições e,
obviamente, não podem receber BNCC – Habilidades específicas
o acento grave.
EF09LP04
EF09LP07

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Manual do Educador

Editorial e artigo de opinião

271
Capítulo
6
Por essas duas regras básicas, podemos concluir que não

Diálogo com
acontece crase antes de: Compartilhe
a) Palavras masculinas: Fomos a cavalo. / Venda a prazo. ideias
b) Verbos: Continuava a examinar o contrato. / Começou a ba- o professor
ter na porta.
c) Artigos indefinidos: Fomos a uma festa muito boa na praia.
Observação: Muitos colunistas, de todas as
O sinal indicativo da crase pode ocorrer também sobre o a áreas (esporte, política, gra-
dos pronomes aquele, aquilo, etc. Observe:
mática) têm falado de dificul-
Eu estava me referindo a aquelas roupas velhas.
Eu estava me referindo àquelas roupas velhas. dades que a nova ortografia
impõe. Ou mesmo a velha.
Casos mais específicos
Com isso, querem mostrar
1. A palavra terra no sentido de bordo
ou que as novas regras im-
Neste caso, a palavra terra não admite o artigo a. Os mari-
nheiros que navegavam no mastro das caravelas diziam “Terra pedem boas leituras ou que
à vista”, e não “A terra à vista”. Assim, devemos escrever “Os
turistas desceram a terra”, sem o acento grave.
certos sinais (como o acento
2. A palavra casa no sentido de lar grave) são cruciais: sem eles
Neste caso, a palavra casa não admite o artigo a. Dizemos não se poderia ler.
“Vim de casa”, e não “Vim da casa”. Portanto, devemos escre-
ver “Voltei a casa”. Entretanto, se a palavra casa vier acompa- Vi, em algum mural, um artigo
nhada de uma expressão determinante, a crase ocorre: “Voltei
à casa de Zé”.
que pretendia mostrar que o
3. Diante de topônimos (nomes de lugar)
sinal de crase é fundamental
Alguns topônimos não admitem o uso do artigo. Exemplo para distinguir, por exemplo,
disso é Brasília. Dizemos “Brasília é a capital do País”, e não Escreve a Machado de Assis
“A Brasília é a capital do País”. Assim: “Voltamos a Brasília”.
Entretanto, se o topônimo vier acompanhado de uma expres- e Escreve à Machado de As-
são determinante, ocorre a crase: “Na década de 1960, fui à
Brasília de JK”.
sis. Sim, é claro, se isso cair
4. Existe crase em locuções adverbiais femininas. Exemplos:
numa prova (isto é, se algum
à noite, à toa, à custa de, às três horas, à uma hora, à vista, idiota colocar isso uma pro-
à moda.
va sem o devido contexto ou
5. Não há crase em locuções em que se repete a mesma pala-
vra (gota a gota, palmo a palmo, passo a passo). texto). Mas, por esse critério,
271
pode-se perguntar também
como se poderia distinguir
LPemC_2018_BNCC_9A_Cap6.indd 271 08/05/18 07:20 lá de lã se uma palavra não
contiver acento agudo e a
outra o til, ou como distinguir
Anotações maga de manga sem o n em
uma delas? Questões de je-
rico, disfarçadas de grandes
problemas!

POSSENTI, Sírio. Terra Magazine. 16 de


julho de 2009.

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272 A escrita em questão

1. Reescreva as frases seguindo o comando:

a) O ódio é um sentimento ao qual você deve resistir.


→ Troque sentimento por sensação.
O ódio é uma sensação à qual você deve resistir.

b) Este é o bloco de Carnaval ao qual ela pertence.


→ Troque bloco por agremiação.
Esta é a agremiação à qual ela pertence.
c) A modelo confirmou a gravidez no jornal ao qual deu entre-
vista.
→ Troque jornal por revista.
A modelo confirmou a gravidez na revista à qual deu entrevista.

d) Eu tenho um sonho ao qual sou fiel desde criança.


→ Troque sonho por determinação.
Eu tenho uma determinação à qual sou fiel desde criança.
e) João é o funcionário ao qual foi negado o acesso.
→ Troque João por Maria.
Maria é a funcionária à qual foi negado o acesso.
f) O pior mal é aquele ao qual nos acostumamos.
→ Troque mal por desgraça.
A pior desgraça é aquela à qual nos acostumamos.
g) Houve divergências em torno do regime ao qual os crimino-
sos deveriam ser submetidos.
→ Troque regime por leis.
Houve divergências em torno das leis às quais os criminosos
deveriam ser submetidos.

h) O computador ao qual desejo me conectar não aparece na rede.


→ Troque computador por máquina.
A máquina à qual desejo me conectar não aparece na rede.

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Manual do Educador

Editorial e artigo de opinião

273
Capítulo
6
2. (Cesgranrio) A frase em que o a deverá receber o acento

Sugestão de
grave indicativo de crase é: Compartilhe
ideias
a) Ele prefere cinema a teatro.
b) Vou a praia quando faz sol. Abordagem
c) Eu a conheço há algum tempo.
d) Ele caminha passo a passo.
e) Irei a uma festa no sábado. Solicite aos alunos que pes-
3. (Consulplan) Assinale a frase em que a crase foi usada in- quisem em jornais e revistas
corretamente:
a) Mãe e filho ficaram à vontade.
exemplos do uso do acento
b) Estava andando à toa por ali. grave cuja ausência prejudi-
c) Comiam às escondidas para que ninguém pedisse um pouco.
d) Sabiam que às casas eram bastante precárias. ca a compreensão do texto.
e) Tudo era feito às claras. É importante que os alunos
4. (Consulplan) Indique a alternativa em que o uso do sinal reflitam se o sentido do texto
indicativo da crase está incorreto:
a) Ele não resistiu à pressão e demitiu-se.
expresso no uso do acento
b) Ninguém resiste às Ilhas Gregas. pode, no caso de sua au-
c) Não é este o cargo à que aspiramos.
d) Voltou à casa paterna.
sência, ser resgatado por
e) Referi-me à sua capacidade. outros elementos contex-
5. (Consulplan) O uso da crase está correto em: tuais. O objetivo não é dar
a) O professor vai para escola à pé.
prosseguimento ao debate
b) Escreveu passo à passo a receita de bolo.
c) Disse à senhora que estava passando bem. sobre a “relevância ou não”
d) A senhora estava disposta à colaborar com o inquilino.
e) Dirigi-me à ela.
do seu emprego no portu-
guês brasileiro, mas incitá-
6. (Consulplan) Em “Abrir o peito à força numa procura...”, a crase
foi utilizada corretamente. No entanto, o mesmo não ocorre em: -los a buscar outras estra-
a) Nada se compara à consciência do dever cumprido. tégias de leitura, diante de
b) Ele escreveu a carta à lápis, porém, ninguém acreditou.
c) Digo adeus à ilusão. situações de ambiguidade.
d) Graças a Deus obedecemos à sinalização.
e) Dirigi-me à piscina.

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Anotações

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7. (Consulplan) “Como pudera ela dar à luz aqueles seres ri-
sonhos, fracos, sem austeridade?” O uso da crase está corre-
ideias
to, assim como no trecho anterior, em:
a) Por favor, encaminhe-se àquela repartição.
b) Rapidamente aprendeu à nadar.
c) Não me prendo à uma loucura dessas.
d) Vou à festas sempre.
e) Eles foram colocados frente à frente.

8. (NCE – UFRJ) “Recorrem à opção mais fácil”; o item em


que o emprego do acento grave indicativo da crase está corre-
to é:
a) Todos devem dedicar-se à educação.
b) Os empregados podem comprar à crédito.
c) Os jovens recorrem à empregos mais bem pagos.
d) As indústrias aumentam à fabricação de bens.
e) Nem todos se dedicam à trabalhar.

9. (Vunesp) Assinale a alternativa em que o uso da crase está


correto.
a) O público estava disposto à eleger o ministro, garantindo a
vitória à presidência.
b) As pessoas que compareceram à assembleia receberam
vários itens do programa e a incumbência de analisá-los e
difundi-los.
c) À construção daquela área residencial obedece as especifi-
cações da Prefeitura de Itu.
d) À medida que foi calculada para a construção das máquinas
não corresponde a realidade do projeto.
e) Os assessores do novo diretor não têm acesso à planilha
que a empresa está organizando à fim de obter fontes possí-
veis de energia renovável.

10. (Vunesp) A alternativa em que o sinal indicativo da crase foi


corretamente empregado está em:
a) Ficou na dúvida entre às marcas Fiat e Ford.
b) O texto refere-se à paixão pelos automóveis.
c) Ele tem diversas multas à pagar.
d) Trocou à bateria assim que chegou o verão.
e) Entregou a chave do carro à Jorge, o manobrista.

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Manual do Educador

Editorial e artigo de opinião

275
Capítulo
6
11. (Vunesp) O uso do acento indicador da crase está correto
apenas em: Compartilhe
ideias
a) Ele parecia disposto à fazer cirurgia plástica.
b) O médico disse à ela que era necessário fazer um regime.
c) O cirurgião informou à essa moça sobre os riscos da lipoas-
piração.
d) Walcyr perguntou à mulher quando a família dela viera do
Japão.
e) Quando ele foi ao hospital, viu à médica que operou seu fi-
lho.

12. (Acafe) O uso do sinal indicador de crase está correto, ex-


ceto em:
a) Saiu às 14 horas.
b) Mostrou-se indiferente àquela algazarra.
c) Chegamos à casa de Lúcia por volta de duas horas da manhã.
d) Voltaremos à Curitiba no próximo ano.
e) Fique à vontade, que já volto.

13. (Ipad) Identifique a alternativa correta quanto ao uso da


crase:
a) Foi à uma loja.
b) Pedro disse à Alberto.
c) Recusou-se à morrer.
d) Eu disse à ela para ir embora.
e) Eu prefiro peixe à portuguesa.

14. (Acafe) Avalie as crases:


I. Não assisto à filmes de terror.
II. Estamos dispostos à trabalhar, à medida que houver reco-
nhecimento.
III. Às vezes, somos surpreendidos por um amor à primeira vista.
IV. Pague suas contas à vista, não a crédito ou a prazo.
V. O ideal é aliarmos a teoria à prática.

Estão totalmente corretas as seguintes orações:


a) I, II e V.
b) I, III e V.
c) II, III e IV.
d) III, IV e V.
e) I, II e IV.

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TO
EN
M
rrA 1. Neste capítulo, vimos que, nos textos opinativos, como o editorial e o
CE artigo de opinião, é muito importante fundamentar os argumentos por
BNCC – Habilidades gerais EN meio de informações. Isso porque, quanto mais informação você tiver à
mão para defender seu ponto de vista, mais convincente você será.
Uma boa maneira de se informar sobre os mais variados assuntos é
EF69LP01 EF69LP24 participar de grupos de discursão. Nesses grupos, você e seus amigos
EF69LP05 EF69LP25 podem discutir sobre os mais variados temas, como livros, filmes, qua-
drinhos, animações, vídeos, artistas, etc. As possibilidades temáticas e a
EF69LP13 EF69LP28 troca de experiências são infinitas e ultrapassam as paredes da sala de
EF69LP14 EF69LP56 aula. Desse modo, vocês poderão transitar entre o aprendizado escolar
e as suas vivências interpessoais com liberdade, sem que haja necessi-
EF69LP15 dade da mediação do professor, por exemplo.
Como pontapé inicial dentro do tema transversal trabalhado neste
capítulo (a intolerância), recomendamos o livro Extraordinário (2012),
da autora norte-americana Raquel Jaramillo Palacio. Adaptada em 2017
BNCC – Habilidades específicas para o cinema, a história gira em torno dos desafios da vida do jovem
August Pullman, que sofre da Síndrome de Treacher Collins, que causa
deformidades faciais. Acompanhando a experiência do menino em so-
EF89LP04 EF89LP27 breviver a uma vida escolar marcada por diversas formas de bullying,
EF89LP16 EF89LP31 podemos refletir sobre o respeito às diferenças e sobre a necessidade
EF89LP21 EF09LP04 de combatermos todas as formas de violência, incluído as psicológicas.
Outro livro interessante sobre intolerância é Eu sou Malala, escrito
EF89LP22 EF09LP11 pela paquistanesa Malala Yousafzai e pela jornalista britânica Christina
EF89LP24 Lamb. Essa obra é um relato de experiência da protagonista e de sua
família, exilada pelo terrorismo, na luta pelo direito à educação feminina
e pelos obstáculos à valorização da mulher em uma sociedade que valo-
riza filhos homens. O livro acompanha a infância da garota no Paquistão,
os primeiros anos na escola, as asperezas da vida em uma região mar-
cada pela desigualdade social e a vida sob o regime Talibã.

2. Assuntos sociais controversos, que Não, são


três!
geram polêmica, normalmente são alvo
Anotações de discussão e, por isso, são um espaço
Quatro!

(temático) produtivo para a negociação de


posicionamentos. Nesse contexto, expli-
que: qual dos dois personagens do cartum
ao lado está certo? Utilize seu caderno.

A intenção do cartum é justamente mostrar que a nossa verdade não deve ser encarada como
absoluta, nem a verdade dos outros, como errada. A realidade pode ser tão complexa que as
observações que fazemos sobre um assunto podem parecer bastante contraditórias se vistas
276 por ângulos diferentes.

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Manual do Educador

Editorial e artigo de opinião

277
Capítulo
6
3. Uma das principais funções do estudo da sintaxe é ajudar na expressão das ideias, in-
tenções, etc. Neste capítulo, estudamos, entre outros conteúdos sintáticos, a regência ver-
bal e a regência nominal. Nesta atividade, você deverá completar os parágrafos abaixo
com complementos verbais ou nominais tendo em vista que o objetivo é fortalecer o ponto
de vista defendido.

a) Opinião: O preconceito tenta estabelecer uma generalização.


O exemplo clássico é a opinião machista e misógina de que as mulheres dirigem mal,
que não encontra apoio matemático . As mulheres matam menos
no trânsito, e a proporção é brutal em relação aos homens como motoristas. Logo,
as companhias de seguro dão descontos às mulheres não por
caridade, mas porque as mulheres têm menos perda total e menos
assassinatos envolvidos do que os homens.
KARNAL. Leandro. Todos contra todos: o ódio nosso de cada dia. Rio de Janeiro: Leya, 2017, p. 50.

b) Opinião: A Internet facilita a vida de quem odeia.


Se a globalização fez com que bobagens alcançassem escala global ,
a Internet maximizou a expressão de ódio , de intolerância, de
exacerbação de preconceitos e da violência da linguagem. Mas a Internet não cria
o sentimento de ódio , talvez apenas torne mais relevante aquilo que só
se daria no campo do relacionamento pessoal.
KARNAL. Leandro. Todos contra todos: o ódio nosso de cada dia. Rio de Janeiro: Leya, 2017, p. 107.

c) Opinião: No Brasil, a pobreza é filha da economia e da riqueza.


Quinhentos anos depois da descoberta do Brasil, já era tempo de os políticos bra-
sileiros descobrirem a pobreza e perceberem que o simples
crescimento econômico não resolve o problema . Há uma lógica
na pobreza brasileira. Ao contrário de outros países, onde a pobreza está relacionada
com a falta de recursos nacionais , no Brasil a pobreza é filha da economia e da ri-
queza. Desde nossa colonização, escolhemos a escravidão , pior tipo
de pobreza, para produzir nossos produtos, no lugar de escolhermos trabalhadores
livres, produzindo para eles próprios. A escravidão cria riquezas ,
mas não reduz a pobreza dos escravos . Libertamos os escravos ,
mas mantivemos a fábrica da pobreza chamada latifúndio exportador. A riqueza cres-
cia e o número de pobres também.
BUARQUE, Cristovan. Os instrangeiros. Rio de Janeiro: Garamond, 2002, p. 63.

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Ca
278 4. Agora, imagine que, navegando em suas redes sociais, você se deparou com o cartum
a seguir, postado por um jornal de grande circulação no estado em que você mora.

“Qual é o problema? É a mesma distância!”


a) Você compartilharia essa postagem?
Resposta pessoal.

b) Faça um comentário para esse post. Im-


portante: procure apresentar seu ponto de
vista com clareza e objetividade.
Resposta pessoal.

“Qual é o problema?
É a mesma distância!”

o
Mídias em context

1. Há muitos anos os meios de comunicação, principalmente a televisão, são frequente-


mente considerados um possante veículo por meio do qual se influencia as pessoas. No
entanto, essa suposição pode ser questionada. Veja esta citação do filósofo Terry Eagleton,
que tiramos do seu livro Ideologia:

O fato politicamente importante acerca da televisão é, provavelmente, o ato de


assistir a ela, mas do que o seu conteúdo ideológico. Passar longos períodos na
frente da televisão firma os indivíduos em papéis passivos, isolados, privatiza-
dos, além de consumir uma boa quantidade de tempo que poderia ser dedicada
a propósitos políticos produtivos.
EAGLETON, Terry. Ideologia. São Paulo: Boitempo, 1997. p. 42.

O cartum a seguir, do cartunista Caulos, representa essa influência exercida pela televisão,
muito questionada entre os anos 1980 e 1990 por ser o veículo de comunicação mais utili-
zado na época.

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Manual do Educador

Editorial e artigo de opinião

279
Capítulo
6

CAULOS. Só dói quando eu respiro. Porto Alegre: L&PM Editores, 1976.

O cartum apresenta apenas o desenho, isto é, linguagem não verbal. Mas é possível cons-
truir uma interpretação dele com base nos detalhes apresentados. Nesse contexto, em
grupo com os seus colegas e seu professor, reflita e opine:

a) O que significam as linhas verticais que partem das mãos e dos pés dos personagens?
b) Podemos dizer que o personagem que aparece na televisão também é influenciado.
Quem o influencia?
c) Que elementos do cartum indicam a época em que foi produzido?
d) Para você, a televisão ainda é protagonista na influência sobre as pessoas?
e) Em 2017, youtubers como Júlio Cocielo, Kéfera e Felipe Castanhari foram eleitos por um
estudo intitulado Os influenciadores – quem brilha na tela dos brasileiros entre as 20 ce-
lebridades mais influentes do Brasil. Como grande destaque dessa edição, o comediante
mais famoso do YouTube, Whindersson Nunes — conhecido pelo seu estilo espontâneo
e despojado —, alcançou o primeiro lugar entre os influentes, desbancando personali-
dades de mídias televisivas, como o ator Lázaro Ramos e o apresentador Luciano Huck,
que ocupava o topo da lista em 2016. Em entrevista, o youtuber afirmou que, apesar de
sua fama e do grande alcance de público do seu canal, prefere não ser considerado um
formador de opinião. Com base nos seus conhecimentos sobre a atuação de youtubers
que você conhece, reflita: quais são formadores de opinião? Eles o(a) influenciam de
algum modo?
f) O que motiva os digital influencers? Vale tudo para conquistar visualizações e likes?

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`

Objetivos Pedagógicos
7 Para

Ca

t ul
discutir
Ao final deste capítulo, o aluno

o
deve ser capaz de:
•• Demonstrar conhecimento bá-
sico sobre o gênero e suas 1. Você sabe o que é um debate?

Conhecimentos prévios
funções sociais: o que é um 2. Quais são as regras para um debate equili-

debate? Em que situações é


brado?
3. É importante considerarmos que o debate nos
feito? Para quê? Quais são as permite expor nosso ponto de vista sobre um
tema. No entanto, o que devemos fazer se as
regras que regem seu funcio- pessoas não concordarem com o nosso posi-

namento? cionamento?

•• Expressar-se de forma oral e


escrita sobre os temas abor- Caracterizando o gênero
dados nos textos.
No dia a dia, o debate é uma discussão • O debate deliberativo, como o pró-
•• Reconhecer mais de um tipo acirrada em que cada um dos envolvidos prio nome sugere, tem como objetivo de-
textual em um mesmo texto. defende suas opiniões, argumentos, a res-
peito de um tema. Seja para definir qual
liberar, ou seja, levar os debatedores (as
pessoas que vão expressar suas opiniões

•• Realizar leituras inferenciais.


será o local para onde os debatedores via- sobre o tema) à tomada de decisões após
jarão na formatura, seja para discutir as- a discussão de um tema na intenção de

•• Argumentar oralmente acerca


suntos extremamente controversos, como resolvê-lo.
a legalização ou não do aborto, o debate • O debate regrado é marcado por re-
dos temas trabalhados. pode ter diferentes finalidades. Assim, nes- gras. Nesse caso, há os debatedores, um
te capítulo, estudaremos dois tipos de de- moderador (quem organiza o debate, apre-

•• Realizar prática e análise lin- bate: o deliberativo e o regrado. Nos dois


casos, a intenção é conhecer diferentes
senta o tema, controla o tempo destinado a
cada debatedor, etc.) e o público. Em época
guística, observando a funcio- ângulos e posicionamentos sobre assun- de eleições, esse modelo de debate é mui-

nalidade dos elementos estru-


tos polêmicos. No entanto, podemos dife- to comum nos meios de comunicação para
renciar essas duas formas de debate de que o eleitor possa analisar as propostas
turadores das palavras para a acordo com sua estrutura: de cada um dos candidatos.

construção do sentido.
•• Compreender os aspectos LPemC_2018_BNCC_9A_Cap7.indd 280 08/05/18 07:28

pragmáticos que envolvem


as flexões de grau no portu-
guês brasileiro. Anotações
•• Planejar, produzir e avaliar um
debate.

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Manual do Educador

Debate

281
Diálogo com
o professor

“O debate regrado, sob o


ponto de vista didático e
pedagógico, é “um debate
por meio do qual os alunos
desenvolvem seus conhe-
cimentos, ampliando seu
ponto de vista, questionan-
do-o e integrando — em
diferentes graus — o ponto
de vista de outros debate-
dores […]. Além disso, um
tal modelo permite também
distingui-lo dos outros tipos
de debate — como o deli-
berativo, em que uma de-
cisão deve afinal ser toma-
um
m
m
m
im

da — e mesmo de gêneros
ax
|m
ck
to

O que estudaremos neste capítulo:


rs
te

mais ou menos próximos,


ut
Sh

• Características e funções do debate


tais como a conversa ou a
• Estrutura das palavras (1): radical e afixos
discussão.”
• Estrutura das palavras (2): vogal temática,
desinências e consoante e vogal de ligação
(SCHNEUWLY; DOLZ; et al.,
2004, p. 259 - 260)
• Reflexões sobre a flexão de grau

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Anotações

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Ca 282
O MOMENTO Debate
E ir
iM Texto 1

Pr Mandamentos do consumismo
Sugestão de A publicidade cerca-nos de todos os lados — na TV, nas
Abordagem ruas, nas revistas e nos jornais — e força-nos a ser mais con-
sumidores que cidadãos. Hoje, tudo se reduz a uma questão
de marketing. Uma empresa de alimentos geneticamente mo-
Para intro- dificados pode comprometer a saúde de milhões de pessoas.
Antes de Não tem a menor importância, se uma boa máquina publicitá-
duzir o tema começar a ler ria for capaz de tornar a sua marca bem aceita entre os consu-
c o nsu m is - Os textos que você
vai ler neste início de
midores. Isso vale também para o refrigerante que descalcifi-
ca os ossos, corrói os dentes, engorda e cria dependência. Ao
mo, seria capítulo abordam, sob
vários aspectos, um
bebê-lo, um bando de jovens exultantes sugere que, no líqui-
do borbulhante, encontra-se o elixir da suprema felicidade.
interessante tema bastante atual: o
consumismo. Cada um A sociedade de consumo é religiosa às avessas. Quase não
apresen- deles traz informações
e posicionamentos
há clipe publicitário que deixe de valorizar um dos sete peca-

tar para a
interessantes a respeito dos capitais: soberba, inveja, ira, preguiça, avareza, gula e lu-
do assunto, e a finalidade xúria. Capital significa cabeça. Ensina meu confrade Tomás
turma o documentário Ilha de Aquino (1225–1274) que são capitais os pecados que nos
deles aqui é servir de base
para a nossa discussão.
fazem perder a cabeça e dos quais derivam inúmeros males.
das flores. Dirigido por Jor-
Então, vamos debater?
Para começar, acompanhe A soberba faz-se presente na publicidade que exalta o ego,

ge Furtado e narrado por


as ideias de Frei Betto no
como o feliz proprietário de um carro de linhas arrojadas ou o
artigo Mandamentos do
consumismo. portador de um cartão de crédito que funciona como a chave
Paulo José, o filme traça capaz de abrir todas as portas do desejo. A inveja faz crianças
disputarem qual de suas famílias tem o melhor veículo. A ira
com humor e criticidade o caracteriza o nipônico quebrando o televisor por não ter ad-
perfil do sistema de consu- quirido algo de melhor qualidade. A preguiça está a um passo
dessas sandálias que convidam a um passeio de lancha ou
mo e da lógica capitalista abrem as portas da fama com direito a uma confortável casa
com piscina. A avareza reina em todas as poupanças e no estí-
a partir do relato de um to- mulo aos prêmios de carnês. A gula, nos produtos alimentícios
ns

mate que reflete sobre sua


uctio

e nas lanchonetes que oferecem muito colesterol em sanduí-


Prod

ches piramidais. A luxúria, na associação entre a mercadoria


própria vida. A obra está
yda
k|S

e as fantasias eróticas: a cerveja espumante identificada com


rstoc

disponível no endereço mulheres que exibem seus corpos em reduzidos biquínis.


e
shutt

Os cinco mandamentos da era do consumo são:


http://www.youtube.com/ 1o) Adorar o mercado sobre todas as coisas. Tudo se ven-

watch?v=Hh6ra-18mY8 de ou se troca: objetos, cargos públicos, influências, ideias,


etc. Em economias arcaicas, ainda presentes em regiões
da América Latina, a partilha dos bens materiais e sim-
Após a exibição do docu- bólicos assegurava a sobrevivência humana. Agora, ao
mentário, faça a relação en- valor de uso se sobrepõe o valor de troca. É preferível
282
tre seu tema e os pontos de
vista apresentados no artigo
Mandamentos do consumis-
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mo, principalmente com o


trecho em que Frei Betto afir-
ma que “é preferível deixar BNCC – Habilidades gerais BNCC – Habilidades específicas
apodrecer alimentos cujos
EF69LP01 EF69LP14 EF89LP03 EF89LP14
preços exigidos pelos pro-
EF69LP13 EF69LP16 EF89LP04 EF89LP16
dutores deixam de oferecer EF69LP15 EF69LP18 EF89LP06
a mesma margem de lucro”
(primeiro mandamento).

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Manual do Educador

Debate

283
Capítulo
7
deixar apodrecer alimentos cujos preços exigidos pelos produ-
tores deixam de oferecer a mesma margem de lucro. Segundo
o mercado, tombam os seres humanos, mas seguram-se os Dicionário
preços.
2o) Não profanar a moeda, desestabilizando-a. Dizem que Descalcifica – Do verbo
descalcificar; diminuir
outrora povos indígenas sacrificavam vidas humanas para a quantidade de cálcio
aplacar a ira dos deuses. Abominável? Nem tanto. O ritual contida nos ossos ou no
prossegue; mudaram-se apenas os métodos […]. sangue.
Exultantes – Cheios de
3o) Não pecar contra a globalização. Graças às novas tec- alegria.
nologias de comunicação, o mundo se transformou numa pe- Elixir – Na Idade Média,
quena aldeia. De fato, o Planeta ficou pequeno frente às imen- era toda substância a
que as pessoas atribuíam
suráveis ambições das corporações transnacionais. Por que poderes mágicos.
investir na proteção do meio ambiente se isso não aumenta o Tomás de Aquino – Santo
valor das ações na Bolsa? da Igreja Católica, foi
um frade dominicano e
4o) Cobiçar os bens estatais e públicos em defesa da privati- teólogo italiano que viveu
zação. Se não é o bem comum o valor prioritário, e sim o lucro, no séc. XIII.
privatize-se tudo: saúde, educação, rodovias, praias, florestas, Nipônico – Japonês.
Arcaicas – Antiquadas,
etc. Privatizar é afunilar a pirâmide da desigualdade social [...]. obsoletas, ultrapassadas.
5o) Prestar culto aos sagrados objetos de consumo. Percor- Profanar – Tratar com
remos aceleradamente o trajeto que conduz da esbeltez física irreverência, desrespeitar.
Aplacar – Acalmar,
à ostentação pública de celulares, da casa de veraneio ao car- abrandar, diminuir.
ro importado, fazendo de conta que nada temos a ver com a Imensuráveis – Que não
dívida social. se podem medir.
Afunilar – Dar a forma de
Expostos à má qualidade dessa mídia eletrônica que nos um funil.
oferta felicidade em frascos de perfume e refrigerante, alegria Esbeltez – Qualidade de
em maços de cigarro e enlatados, já não há espaço para a poe- quem é esbelto, elegante.
Ostentação – Exibição de
sia nem tempo para curtir a infância. Perdemos a capacidade luxo, poder, riqueza.
de sonhar sem ganhar em troca senão o vazio, a perplexida- Perplexidade – Espanto.
de, a perda de identidade. [...]
Frei Betto
http://www.alainet.org//active/12320&lang=pt. Acessado em 08/05/11.
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Ca 284
Para discutir
Compartilhe 1. Para Frei Betto, a publicidade nos força a ser mais consumi-
ideias dores que cidadãos. O que ele quis dizer com isso?
Sugestão de 2. Nesse artigo, o autor apresenta uma posição positiva ou ne-

Abordagem gativa sobre a publicidade?


3. Você concorda com esse posicionamento?
4. Para Frei Betto, a sociedade de consumo é religiosa ao aves-
Para as questões da seção Para so. O que ele quis dizer com isso?

discutir, propomos estas res-


postas:
Desvendando os segredos do texto
1. Ele quis dizer que a publicida-
de incentiva tanto o consumo 1. No segundo parágrafo do texto, qual é o sentido da expres-

que, muitas vezes, as pessoas são perder a cabeça?

deixam de lado seus compro- Agir ignorando a razão.

missos com a cidadania. É o 2. Explique a diferença que o autor estabeleceu entre a eco-

que acontece, por exemplo, nomia arcaica e as regras de mercado contemporâneas no pri-
meiro mandamento do consumismo do Texto 1.
quando compram produtos Enquanto na economia arcaica a divisão de bens era neces-
falsificados ou contrabandea- sária para garantir a sobrevivência, hoje o valor de mercado
dos. Este é um ponto de vista sobrepõe-se a qualquer outro.

interessante para discussão 3. Para explicar o segundo mandamento do consumo, Frei

com a turma. Para ampliar a Betto relembra que, antigamente, povos indígenas sacrifica-

discussão, questione:
vam vidas humanas para aplacar a ira dos deuses. Mas, para
ele, esse ritual ainda continua. “Mudaram-se apenas os méto-
dos”. Explique.
•• Por que as pessoas compram Ao incentivar o consumo de seus produtos, as empresas visam
produtos piratas, mesmo sa- ao lucro, muitas vezes a qualquer custo. Assim, se as vendas
bendo que são ilegais? caírem, por exemplo, uns funcionários são demitidos, outros

•• Que prejuízos eles trazem para passam a ser explorados, etc. Nesses dois exemplos, os fun-

a sociedade?
cionários não são literalmente mortos, mas a demissão e a ex-
ploração podem ser entendidas, em muitos sentidos, como for-
•• A compra desses produtos mas de sacrifício.

traz algum benefício para as 284

pessoas?
2. Negativa.
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3. Resposta pessoal. Diálogo com o professor


4. Ele quis dizer que o consumo 12 homens e uma lar, se o réu é culpado ou não de
incentiva as pessoas a come- sentença é um um assassinato. Sua decisão po-
terem ao menos um dos sete excelente exem- derá livrá-lo ou não da pena de
pecados capitais. plo de debate de- morte. Onze jurados estão plena-
liberativo. O filme mente convencidos de sua culpa
conta a história de e apenas um se mostra indeciso.
doze homens que O filme inteiro apresenta o deba-
precisam decidir, num júri popu- te entre os personagens.

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Manual do Educador

Debate

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Capítulo
7
Texto 2

De sapatos a cortinas, cliente pode personalizar quase tudo Sugestão de


Lojas ampliam oferta de produtos feitos sob medida
Abordagem
Algumas lojas levam a sério a máxima de e camisetas são feitas com a caricatura de
que gosto não se discute — ainda mais com menino ou menina. Já para os adultos, os
o cliente. E, por isso, permitem ao consumi- sapatos saem da loja do jeitinho que o clien- Caso disponha de tempo e
dor escolher exatamente como deseja o seu te pedir. “Um sapato aberto pode virar um recursos audiovisuais, seria
produto. Assim, se o salto da sandália não modelo fechado, e cores e materiais podem
agradou, é só optar por outro. Se o perfume ser alterados. Além dos produtos expostos, muito produtivo apresentar
do ursinho é forte, basta pedir um mais leve. trabalhamos com encomendas. As clientes à turma um destes filmes:
E, se o dono adora fotos, pode montar bolsa que nos procuram gostam dessa diferença”,
com elas ou até mesmo estampar seu retra- diz uma vendedora da loja. 12 homens e uma sentença
to numa cortina. Para os amantes de fotografias, várias e O júri. Você pode se pro-
gramar para pausar a exi-
Em certa ótica, é possível criar os próprios são as opções. Persianas chegam a exibir a
óculos. Após escolher a armação, o cliente imagem de seu dono ou qualquer outra ilus-
indica a cor de preferência e aplica detalhes tração. Crianças têm como fazer a produção bição em momentos-chave
da foto no estúdio da própria loja.
para debater com seus alu-
[…]. Se quiser, podem ser gravados nome e
telefone nas hastes. Em lojas de bebê, tênis O Globo, 20 de agosto de 2006 (adaptado).

de criança até 12 anos ganham bordados, nos o andamento da histó-


4. O Texto 2 tem caráter quase propagandístico. Responda:
ria, chamando a atenção
a) O consumismo, nesse texto, assume conotação positiva ou negativa? Explique.
deles para a construção
No Texto 2, o consumismo assume um sentido positivo, porque não há uma crítica a ele,
dos argumentos.
mas, sim, o estímulo à compra de produtos personalizados.
b) Qual mandamento do Texto 1 pode ser exemplificado pelo Texto 2?
O Texto 2 exemplifica o quinto mandamento.

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Fitch, um especialista em sele-
cionar os jurados de forma a ga-
rantir de antemão sua vitória no
Outro filme igual- siderar que uma grande empre- julgamento. Porém o que Fohr
mente interessan- sa é a culpada pela morte de seu e Fitch não contavam é que um
te para trabalhar marido, uma viúva decide entrar dos jurados, Nicholas Easter,
a argumenta- com um processo na justiça pe- tem seus planos para manipular
ção oral é O júri, dindo uma indenização milioná- o júri. E, com o apoio de Marlee,
que também traz ria. Para defendê-la ela contrata passa a chantagear a dupla avi-
como pano de o advogado Wendell Fohr. Porém sando que o veredicto desejado
fundo um julgamento. Após con- Fohr precisará enfrentar Rankin sairá bastante caro.

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Texto 3

Eu tenho as compras
Publicitários e bancos estão de olho na mesada dos adolescentes
Sugestão de
Pais e filhos, quando vão discutir dinhei- con-SP) mostra que eles estão mais preocu-
Abordagem ro, acabam diante de um dilema. O que é pados com a estampa que em se divertir.
melhor: estabelecer uma mesada fixa ou Mesmo os mais pobres gastam muito
soltar o dinheiro aos poucos, conforme a ne- mais comprando roupas para sair à noite
Seria interessante observar cessidade? Esse segundo estilo, que vem do que na noite em si. Outro dado é que

de que forma esse univer-


crescendo nos dias de hoje, é apelidado de cada vez mais os adolescentes dão palpi-
“mesada pinga-pinga”. Ambos os sistemas tes nos produtos comuns da casa, princi-
so do consumo influencia a têm vantagens e desvantagens. Segundo os palmente na área tecnológica. “Há dez ou

nossa língua. Por exemplo,


especialistas, a principal virtude da mesada vinte anos, o publicitário visava à dona de
fixa é que ela ensina o adolescente a lidar casa”, lembra Daniel Bárbara, diretor da
alguns nomes próprios de com as próprias finanças desde cedo. Ela agência DPZ. “Hoje, ele deixou de se preo-
cupar tanto com a mãe e se concentrou de
serve como um ensaio para a vida adulta,
marcas que de tão popula- porque o jovem entende o valor do dinhei- uma vez no filho. É ele quem apita nas mar-

res se tornaram “comuns” ro e aprende a administrá-lo. Já a mesada


pinga-pinga, por outro lado, estimularia no
cas da maior parte dos eletroeletrônicos.”
[...]
na língua falada. Ao dizer adolescente a iniciativa e a capacidade de Os jovens gostam de consumir e sabem

“onde você guarda o bom-


argumentar como forma de obter o que quer. o que querem em termos de marcas e pro-
Independentemente do estilo, é ponto dutos. Nada há de errado nisso. Os pais, no
bril”, poucas pessoas se pacífico que os jovens brasileiros de classe entanto, ganharam um problema extra. Além
média nunca tiveram tanto dinheiro na mão. de conversar sobre sexo, namoro, drogas e
preocupam em averiguar se E eles consomem mesmo. Principalmente escola, cada vez mais terão de falar com os
filhos sobre dinheiro.
a esponja de aço em ques- roupas. Pesquisa da Fundação de Proteção
e Defesa do Consumidor de São Paulo (Pro- Danilo Valentini. Veja, setembro de 2001.

tão é mesmo a da marca


Bombril. O mesmo aconte-
ce com cotonete, modess,
sazon, maisena, gilete e
danone, que, por metoní-
mia, estendem seu signifi-
cado aos produtos que no-
meiam.
Além disso, muitas vezes o
valor agregado à marca pela 286

publicidade é tão marcante


que passa a figurar com va- LPemC_2018_BNCC_9A_Cap7.indd 286 08/05/18 07:28

lor adjetivo: Eu sou Bombril:


Leitura Complementar
tenho mil e uma utilidades;
Isso é bom, mas não chega
a ser uma Brastemp. Solicite “São adolescentes, mas pode sileiro como um dos mais consu-
aos alunos que tragam para chamá-los de maquininhas de mistas do mundo. “O resultado da
a sala de aula outros exem- consumo”. pesquisa, que tomou como base
plos. A partir dessa brincadeira, o jor- um trabalho da Organização das
nalista Pedro Rubens apresenta Nações Unidas (ONU) chama-
dados sérios de uma importante do Is the future yours? (O futuro
pesquisa que aponta o jovem bra- é seu?) foi significativo: os brasi-

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Manual do Educador

Debate

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Capítulo
7
5. No final do Texto 3, observa-se um alerta aos pais: “Além
Compartilhe
de conversar sobre sexo, namoro, drogas e escola, cada vez
mais terão de falar com os filhos sobre dinheiro”. Em qual dos
ideias Sugestão de
cinco “mandamentos”, a que se refere o Texto 1, poderíamos Abordagem
enquadrar o alerta dado no Texto 3? Por quê?
O alerta dado no Texto 3 relaciona-se ao mandamento no 5,
porque diz respeito aos apelos do consumo desenfreado, por
Solicite à turma uma pes-
parte dos jovens.
quisa sobre textos que tra-
tem do tema consumismo
6. Agora, reescreva os períodos a seguir, retirados do Texto
em uma perspectiva crítica,
3, substituindo o termo em negrito por uma palavra ou expres- como o fez Drummond no
são adequada de forma que o sentido original seja preservado.
Faça apenas as alterações necessárias.
poema Eu, etiqueta e Chico
a) “O que é melhor: estabelecer uma mesada fixa ou soltar o
César, na música De uns
dinheiro aos poucos, conforme a necessidade?” (primeiro pa- tempos pra cá.
rágrafo)
O que é melhor: estabelecer uma mesada fixa ou liberar/dar o
dinheiro aos poucos, conforme a necessidade?

b) “Já a ‘mesada pinga-pinga’, por outro lado, estimularia no


adolescente a iniciativa e a capacidade de argumentar como
forma de obter o que quer.” (primeiro parágrafo)
Já a mesada dividida/parcelada, por outro lado, estimularia no
Brasil seu terceiro maior mercado
adolescente a iniciativa e a capacidade de argumentar como em todo o mundo.” Por isso, a in-
forma de obter o que quer. dústria investe pesado na propa-
ganda para fazer cada vez mais
c) “É ele quem apita nas marcas da maior parte dos eletroele- a cabeça do jovem brasileiro. “Há
em curso uma corrida para con-
trônicos. [...]” (terceiro parágrafo)
É ele quem decide/escolhe as marcas da maior parte dos ele-
troeletrônicos.
quistar o coração dessa rapaziada
(e o bolso dos pais). As grandes
marcas desenvolvem estratégias
milionárias para tornar esse públi-
co fiel desde já. [...] Essa influên-
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cia é exercida já em tenra idade.


Nos dias de hoje, um indivíduo é
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considerado consumidor aos 6


anos (...).”
leiros ficaram em primeiríssimo midos pela moçada, o refrigerante
Uma entrevista com a jornalista
lugar no ranking desse quesito, é um dos campeões. “Nos lares
americana Alissa Quart, autora de
deixando para trás franceses, ja- com jovens entre 18 e 24 anos,
um livro sobre hábitos de compra
poneses, argentinos, australianos, a hierarquia é surpreendente. O
dos adolescentes, finaliza a repor-
italianos, indianos, americanos e refrigerante lidera o ranking, se-
tagem. Vale a pena conferir.
mexicanos.” guido por leite, óleo vegetal, cer-
veja e café torrado — o que ex- http://veja.abril.com.br/especiais/
Dentre os produtos mais consu-
plica o fato de a Coca-Cola ter no jovens_2003/p_080.html

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288 Análise linguística

Estrutura das palavras (1)


Radical e afixos
Observe:

crianças
criançada
criancinha

Nessas palavras, o elemento crian- não muda, é invariável. A esse elemento, damos o
nome de radical. Por esse motivo, o radical serve de base para a formação de outras pala-
vras, que manterão seu sentido básico. Assim, dizemos que:

O radical é a parte imutável da palavra e contém seu significado básico.

Portanto, para formar algumas palavras, muitas vezes basta apenas acrescentar outros
elementos ao radical. Esses elementos que se ligam ao radical para formar palavras são
chamados de afixos. Assim como o radical, os afixos também têm significado. Observe:

normal – anormal
feliz – infeliz
necessário – desnecessário
motor – motorista
atual – atualmente

Nesses exemplos, as partículas destacadas são os afixos. Como você pode perceber,
esses afixos podem ocorrer de duas formas: antes do radical (prefixos) ou depois do radi-
cal (sufixos).
Quanto à formação, as palavras podem ser primitivas ou derivadas, simples ou com-
postas.

• As palavras primitivas não se originaram de outras. Ex.: jardim.


• As palavras derivadas se originaram de outras. Ex.: jardineiro.
• As palavras simples têm apenas um radical. Ex.: água.
• As palavras compostas apresentam mais de um radical. Ex.: aguardente.
As palavras que apresentam o mesmo radical são chamadas de cognatas. Exemplos:
real, realizar, realmente, surreal.

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Manual do Educador

Debate

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Capítulo
7
Prática linguística Diálogo com
1. Em cada grupo de palavras cognatas, identifique o elemen-
o professor
to comum e indique o seu significado. Se for necessário, con-
sulte um dicionário.
Na questão 2, esperamos
a) Democracia – demagogia – demografia
Elemento comum: demo/significado: povo.
que o aluno perceba traços
b) Micróbio – microfone – microscópio mínimos que excluem essas
Elemento comum: micro/significado: pequeno. palavras dos campos se-
c) Audição – auditório – audiometria
mânticos apresentados.
Elemento comum: audi(o)/significado: ouvir.
d) Polivalente – poliedro – policlínica
Elemento comum: poli/significado: muito. BNCC – Habilidades gerais
2. Ainda há pouco, vimos que as palavras cognatas apresen- Nesta atividade, espera-
tam o mesmo radical e, por isso, aproximam-se umas das ou- mos que o aluno perceba
EF69LP55
tras em relação ao sentido. No entanto, a aproximação semân- traços mínimos que ex- EF69LP56
tica entre palavras não ocorre, necessariamente, devido à sua cluem essas palavras dos
estrutura. Assim, existem os chamados campos semânticos, campos semânticos apre-
em que o sentido das palavras é o que as aproxima, mesmo sentados.
que possuam radicais diferentes. Pensando nisso, sublinhe a BNCC – Habilidades específicas
palavra que apresenta um traço semântico relevante (estrutura,
utilidade, características formais, etc.) que a particulariza em EF09LP04
relação às demais.
a) Brócolis – caju – cebola – cenoura – pimentão (não é legume)
b) Alface – laranja – tangerina – acerola – pitanga (não é fruta)
c) Orquídea – azaleia – rosa – copo-de-leite – couve-flor (não é flor) de linguagem muito diferencia-
d) Recife – Aracaju – Natal – Fortaleza – Campinas (não é capital)
e) Amazônia – João Pessoa – Caruaru – Salvador – Manaus (não é cidade)
das, que se dão, prioritariamente,
f) Romance – novela – conto – notícia – fábula (não é literário) pelo uso da palavra (falada), mas
3. Assinale a única opção em que ocorre variante do radical: também por meio da escrita, e são
a) Dizer, dizes, dizia essas práticas que podem se tor-
b) Faço, fazes, façamos
c) Amaria, amavas, amou nar objetos de um trabalho escolar.
d) Quero, queres, querias
e) Vencia, venceste, vence
Essas práticas tomam, necessaria-
mente, as formas mais ou menos
estáveis que denominamos gêne-
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ros, dando continuidade, diversifi-


cando e especificando uma velha
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Leitura Complementar tradição escolar e retórica. Essa


concepção do oral como realida-
de multiforme levanta numerosas
Não existe “o oral”, mas “os orais” mais, do teatro e da leitura para os
questões importantes: que gêne-
em múltiplas formas, que, por outro outros –, como também podem es-
ros trabalhar e por quê? Que rela-
lado, entram em relação com os es- tar mais distanciados – como nos
ção instaurar com a escrita? Como
critos, de maneiras muito diversas: debates ou, é claro, na conversa-
definir a relação fala e escuta?
podem se aproximar da escrita e ção cotidiana. Não existe uma es-
mesmo dela depender – como é o sência mítica do oral que permitiria SCHNEUWLY; DOLZ et al. (2004). Gêneros orais
e escritos na escola. Campinas: Mercado de
caso da exposição oral ou, ainda fundar sua didática, mas práticas Letras, p. 114.

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É hora de produzir

Antes de começar a debater


No nosso dia a dia, muitas vezes temos de tomar deci-
sões junto aos nossos amigos. Imagine, por exemplo, que
a sua turma tivesse de definir o lugar para onde viajaria, no
final do ano, para comemorar a formatura. Para isso, cada
um de vocês teria de apresentar suas opiniões sobre essa
viagem e defender com argumentos o lugar para onde gos-
taria de ir. Ou seja, vocês fariam um debate deliberativo, e a
maioria deveria chegar a um consenso.

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Manual do Educador

Debate

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Capítulo
7
Nesse sentido, o que nos faz pessoas singulares é a nossa autonomia em
expressar nossa opinião, em revelar nossa posição crítica frente à realidade
da qual fazemos parte. A capacidade de tomar decisões, a partir de nossas
escolhas, é uma maneira de expressarmos opiniões diante de um determi-
nado assunto.
Por esse motivo, dizemos que o debate deliberativo é um gênero social inti-
mamente ligado à democracia, um sistema de governo que surgiu lentamente
em Atenas (Grécia) a partir do século VI a.C. Através dela, as pessoas anali-
sam e confrontam ideias, ouvem novas opiniões, fazem propostas, mudam de
posicionamento, etc. Ao final, todos votam e decidem, democraticamente, qual
é a melhor forma de resolver o assunto em discussão.
As deliberações de um debate normalmente resultam em ações sociais.
Essas ações variam de uma situação para outra. Assim, além do tema, as
deliberações vão depender dos objetivos pretendidos pelo grupo, do tempo
disponível, da quantidade de pessoas envolvidas, etc. Desse modo, as de-
liberações podem levar a ações como:
• Produção de faixas, cartazes e panfletos.
• Busca de parcerias com instituições ligadas ao tema.
• Produção de abaixo-assinados, cartas de reclamação,
cartas de solicitação, ofícios, etc., destinados a instituições
públicas ou privadas.
• Redação de regras a serem seguidas pelo grupo.
• Elaboração de campanhas de conscientização.

1. No início, a democracia ateniense era


direta, isto é, as decisões eram tomadas
em assembleias públicas.
2. O orador apresentava as suas opiniões
em uma tribuna. Todos os cidadãos po-
diam fazer uso da palavra.
3. O tempo da exposição oral era marcado
por um relógio de água chamado clepsidra.
4. Na votação dos projetos, contavam-se
as mãos levantadas.

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Proposta
292 Atualmente, em vários âmbitos sociais, vem-se discutindo a
redução da maioridade penal no Brasil de 18 anos para 16 anos.
Sempre que um crime praticado por um menor ganha destaque
nos meios midiáticos, instaura-se um sentimento de revolta e a
polêmica sobre a maioridade penal volta a ser discutida. Hoje,
os menores de 18 anos não respondem criminalmente por seus
delitos. Dezesseis anos é a idade mais discutida para o ado-
lescente ser julgado como um adulto. O principal argumento
apresentado na defesa dessa posição é o amadurecimento
muito precoce dos jovens, pois hoje o acesso às informações
é imenso e há discernimento suficiente, inclusive, para votar.
Por outro lado, os contrários a essa mudança esclarecem que
outros casos surgirão com jovens com idades inferiores. Diante
deste embate, veremos, a seguir, os principais argumentos a
favor ou não da redução da maioridade penal.

Argumentos a respeito da redução da maioridade penal


Contra A favor
1. A redução da maioridade penal fere uma das cláu- 1. A mudança da Constituição de 1988 não seria
sulas da Constituição de Federal que não podem ilegal, uma vez que a nova lei apenas coloca-
ser modificadas por congressistas. ria novas regras.
2. A inclusão de jovens a partir de 16 anos no sistema 2. A impunidade gera mais violência. Os jovens,
prisional brasileiro não iria contribuir para a sua atualmente, têm consciência de que não po-
reinserção na sociedade. dem ser presos e punidos como adultos. Por
3. A pressão para a redução da maioridade penal isso, continuam a cometer crimes.
está baseada em casos isolados, e não em dados 3. A redução da maioridade penal iria proteger os
estatísticos. jovens do aliciamento feito pelo crime organi-
4. Em vez de reduzir a maioridade penal, o governo zado, que tem recrutado menores de 18 anos
deveria investir em educação e em políticas públi- para atividades, sobretudo, relacionadas ao
cas para proteger os jovens e diminuir a vulnera- tráfico de drogas.
bilidade deles diante da violência. 4. O Brasil precisa alinhar a sua legislação à de
5. A redução da maioridade penal iria afetar, princi- países desenvolvidos, como os Estados Uni-
palmente, jovens negros, pobres e moradores dos, onde, na maioria dos Estados, adolescen-
de áreas periféricas do Brasil, na medida em que tes acima de 12 anos de idade podem ser sub-
este é o perfil de boa parte da população carcerá- metidos a processos judiciais da mesma forma
ria brasileira. que adultos.
5. A maioria da população brasileira é a favor da
redução da maioridade penal. Em 2013, pes-
quisa realizada pela Confederação Nacional
do Transporte (CNT) indicou que 92,7% dos
brasileiros são a favor da medida.
Fonte: http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2015/03/31/veja-cinco-motivos-a-favor-e-cinco-
-contra-a-reducao-da-maioridade-penal.htm. Acesso em 19/05/2015. Adaptado.

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Manual do Educador

Debate

293
Capítulo
7
Algumas questões importantes para refletir:
• Qual é a finalidade da redução da maioridade penal? Compartilhe
• Qual a importância dos meios de comunicação no debate em ideias Leitura
torno do tema? Complementar
• Qual é a contribuição do jovem para a violência?

Planejamento
Antes de iniciar o debate, o grupo deverá eleger um modera-
dor e definir o tempo destinado aos debatedores para apresen-
tarem suas opiniões. Importante: para falar, os debatedores
devem pedir ao moderador que os inscreva. Assim, cada deba-
tedor falará conforme sua ordem de inscrição.
Lembrem-se de que o debate é um gênero textual predomi-
nantemente argumentativo, ou seja, a intenção é sempre con-
vencer as pessoas envolvidas por meio de argumentos. Por
isso, os debatedores devem apresentar opiniões claras e bem
fundamentadas e ter cuidado para não desrespeitar princípios
democráticos, como agir e falar com agressividade, insultar, CABRAL,
menosprezar as opiniões dos outros, etc. Ana Lúcia Tinoco (2010).
Ao final do debate, o grupo deverá definir as deliberações. A força das palavras.
Ou seja, o que deverá ser feito para conscientizar as outras São Paulo: Contexto.
pessoas sobre as conclusões a que chegaram?

Avaliação
1. A avaliação do debate deverá considerar os seguintes pontos:

Aspectos analisados Sim Não


Sugestão de
As regras definidas para o debate foram res- Abordagem
peitadas?
Algum dos debatedores falou mais que os Na proposta de produção de
outros?
Se sim, por que isso aconteceu? um debate sobre a redução
As opiniões foram fundamentadas? ou não da maioridade pe-
A discussão foi aprofundada? nal, seria interessante traba-
Algum dos debatedores foi antidemocrático?
lhar com os alunos as emo-
A linguagem utilizada pelos debatedores foi
adequada à situação? ções no debate. Um debate
sobre um tema como esse
293 pode ser acalorado e bem
enérgico, aflorando trocas
LPemC_2018_BNCC_9A_Cap7.indd 293 08/05/18 07:28 de ofensas e acusações.
Assim, podem surgir nos
alunos sentimentos como
BNCC – Habilidades gerais BNCC – Habilidades específicas preocupação, raiva, ansie-
EF69LP01 EF69LP13 dade, medo, insegurança e
EF89LP04 EF89LP21
EF69LP06 EF69LP14 EF89LP12 EF89LP22 tristeza. É quase impossível
EF69LP07 EF69LP15 EF89LP15 EF89LP27 acabar com eles, no entanto
EF69LP08 EF69LP24 EF89LP16 é possível aprender a lidar
EF69LP10 EF69LP25 com essas adversidades.
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DO MOMENTO Debate
294 g uN Texto 1
S E
Aproveite para mudar o canal
Durante muitos anos, no século passado, a frase era a mais
repetida lá em casa: “Aproveite que está de pé e aumente o
som”. Ninguém se arriscava a se levantar. Nem para beber
água nem para ir ao banheiro. Sempre dava para aguentar
mais um pouquinho, ver se alguém desistia primeiro e, em vez
de ouvi-la, falar a frase ou uma de suas variações:
— Aproveite que está de pé e melhore o contraste.
Antes de Quem está chegando agora não pode imaginar o que era o
começar a ler
mundo sem controle remoto. Um aparelho de televisão tinha,
Os textos que você vai ler no mínimo, seis botões. O primeiro era para ligar e desligar (e
neste segundo momento
aumentar e diminuir o som). E era botão mesmo, e não uma
do Capítulo 7 tratam de um
mesmo tema: a televisão. tecla de apertar ou soltar. Um botão que se virava para a direita,
Leia-os atentamente, e, ao ouvir-se o clique, sabia-se que a TV estava ligada. (Para
procurando identificar as
desligá-la, fazia-se o caminho contrário.) Ligar a TV não signifi-
ideias defendidas pelos
autores a respeito desse cava que se passava imediatamente a assistir a um programa.
veículo de comunicação, Tinha que esperar o aparelho pegar no tranco. Ou esquentar o
um dos mais populares do
tubo. Aí, sim, aparecia a imagem. O que ainda não significava
mundo.
um programa no ar. Quem reclama dos intervalos das emis-
soras de TV a cabo de hoje não faz ideia do que era um inter-
valo comercial na televisão a certa altura do século passado.
Às vezes, entre dois programas de meia hora, aturavam-se 40
minutos de anúncios.
Lembro-me especialmente do Teatro de comédias da Im-
peratriz das Sedas, atração de sábado à noite na TV Tupi.
O patrocinador, como o próprio nome indica, era uma loja de
tecidos. O programa apresentava comédias teatrais em três
atos. Entre um ato e outro, exibiam-se os anúncios que de-
moravam o tempo exato para mudanças de cenário e trocas
de figurino. Quando essas mudanças eram complexas, dava
tempo de o espectador conhecer toda a linha de tecidos da
loja, pelo menos, duas vezes. Era comum a gente se dis-
trair e até se esquecer de que peça estava em cartaz. Você,
acostumado com a era moderna da televisão, deve estar se
perguntando: “Mas por que não mudavam de canal no in-
tervalo?”. É aí que entra aquela frase do início deste texto.
Alguém tinha que se levantar para o resto da casa explodir
em coro das suas poltronas:
— Aproveita que está de pé e muda de canal.

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Debate

295
Capítulo
7
Mas ninguém entregava os pontos. Até porque mudar de ca-
nal não significava, por exemplo, passar por todos os filmes
da coleção de Telecines. Mudar de canal era girar o seletor
BNCC – Habilidades gerais
(um dos botões era o seletor de canais) do 6 ao 13 e ver o que
estava passando na TV Rio. Geralmente, era a mesma coisa. EF69LP01 EF69LP14
Ou seja, anúncios. A programação era assim: se a Tupi fazia
sucesso com Rin Tin Tin, a Rio contra-atacava de Lassie. Se o
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13 exibia Ivanhoé, o 6 rebatia com Guilherme Tell. Este Norte EF69LP15 EF69LP18
é de morte era a atração de uma emissora; Eta Nordeste da
peste tentava segurar a audiência na concorrente. Bem, tinha
também o canal 9, a TV Continental. Mas ninguém assistia ao
canal 9. Mudar de canal era balançar entre o 6 e o 13. E, assim, BNCC – Habilidades específicas
íamos vivendo em paz.

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Hoje, será que a alta tecnologia


está reformulando um pouco nos-
sa mera condição “passiva” de
telespectador? Será que o aces-
so fácil a múltiplas fontes de infor-
mação além-tevê, o exercício da
leitura e da escrita na Internet, os
video games interativos, etc. estão
nos deixando mais autônomos e
também menos sedentários?
295
Essas são questões interessan-
LPemC_2018_BNCC_9A_Cap7.indd 295 08/05/18 07:28 tes para uma discussão. Elas
enriquecerão bastante o trabalho
Diálogo com o professor com o tema, pois despertarão a
necessidade de buscar informa-
Segundo Artur Xexéu, quando a mento levou o sedentarismo para ções em outros textos e relativiza-
tecnologia era mais simples, “não os lares e a obesidade para saúde rão o discurso que vê como pés-
dava para ficar sentado 15 minu- pública, ao mesmo tempo que as sima a condição das gerações
tos seguidos” e as emissoras eram emissoras se desenvolviam e di- atuais, cujo futuro será catastrófi-
poucas, monopolizavam a infor- versificavam a sua programação: co no que se refere à educação,
mação e padronizavam os seus o monopólio e a influência da tevê à democracia, às mídias, à saú-
conteúdos. Depois o desenvolvi- sobre as pessoas só aumentava. de, etc.

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296 Falei de dois botões. Faltam quatro, né? Bem, dois eram
meio inúteis: o de brilho e o de contraste. Não valia a pena
abandonar a poltrona para tentar regular essas questões na
imagem. Se a imagem estivesse ruim, com fantasmas, por
exemplo (era muito comum “dar” fantasma na imagem), o jeito
era mexer na antena.
— Aproveite que está de pé e dê uma mexida na antena.
Essa era a tarefa mais difícil. Geralmente, necessitava de
duas pessoas. Uma ficava em pé, atrás do aparelho, mexendo
nas antenas para baixo, para cima, para os lados, enquanto o
Dicionário outro, sentado na poltrona, ia dando as dicas:
— Melhorou. Piorou. Mais pra direita. Volta um pouquinho.
Contraste – Variação Só um pouquinho!
nas tonalidades de Os dois botões que sobraram eram os mais complexos: ver-
luz e sombra, claro e
tical e horizontal. Às vezes, sem mais nem menos, a imagem
escuro, zonas opacas e
transparentes em pinturas, começava a rodar, como se fosse um carrossel. Era tão sensí-
fotografias, imagens, etc. vel o ponto exato em que o botão do vertical fixava a imagem
Doença de São Guido –
que, dependendo da situação, valia a pena continuar senta-
Doença de fundo nervoso
que provoca a perda dos do e tentar assistir assim mesmo. Com o Falcão Negro ou os
movimentos involuntários Patrulheiros Toddy dando a impressão de que estavam com a
e voluntários, sem motivo
doença de São Guido. Não paravam quietos. Mas o defeito
aparente.
no horizontal era impossível de ser ignorado. A tela era coberta
por riscas que não deixavam o espectador ver nada do que es-
tava sendo exibido. Aí, não tinha jeito: era preciso se levantar e
ajustar o botão.
Acho que isso tem um pouco a ver com a geração de gordos
criada a partir do fim do século passado. Ela apareceu, princi-
palmente, nos Estados Unidos. Há quem atribua sua existência
à dieta baseada em gorduras, característica daquelas bandas.
Não sei, não. Acho que tem muito a ver com a família inteira
sentada diante de um aparelho de TV comandando um con-
trole remoto. No meu tempo, não tinha isso, não. Ver televisão
queimava tantas calorias quanto uma sessão de academia.
Não dava para ficar sentado 15 minutos seguidos. Se bem que,
hoje, lá em casa, a situação não mudou muito, não:
— Aproveite que está de pé e procure o controle remoto.
Artur Xexéo. Aproveite para mudar o canal. O Globo. Segundo Caderno,
14 de dezembro de 2003, p. 8.

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Debate

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Capítulo
7
S. Paulo pelo publicitário Nizan
Desvendando os segredos do texto Compartilhe
ideias Guanaes. A partir de um único
1. É muito comum os jornalistas recorrerem à linguagem co-
pigmento, vai se formando aos
loquial para escrever seus textos. Utilizando o registro formal poucos a imagem de um homem
na tela, enquanto um locutor diz
da língua, reescreva as sentenças substituindo as expressões
destacadas abaixo por outras, sem alterar o sentido original.
o seguinte texto:
a) “Tinha que esperar o aparelho pegar no tranco.” (terceiro
parágrafo)
“Este homem pegou uma nação
Tinha que esperar o aparelho iniciar o funcionamento./Tinha
destruída. Recuperou sua eco-
nomia e devolveu o orgulho ao
que esperar o aparelho funcionar.

seu povo. Em seus quatro primei-


b) “Mas ninguém entregava os pontos.” (sexto parágrafo)
ros anos de governo, o número
de desempregados caiu de seis
Mas ninguém cedia./Mas ninguém se rendia.

2. (CAP-UFRJ) Explique, com suas palavras, a seguinte frase


milhões para 900.000 pessoas.
de acordo com o contexto em que está inserida:
Este homem fez o produto inter-
no bruto crescer 102%. E a ren-
Ver televisão queimava tantas calorias quanto uma sessão
de academia. (penúltimo parágrafo)
da per capta dobrar. Aumentou
Por não existir o controle remoto, mudar de canal significava o lucro das empresas de 175 mi-
levantar-se várias vezes do sofá. Isso deixava as pessoas me-
lhões para 5 bilhões de marcos
e reduziu uma hiperinflação para
nos sedentárias do que hoje, porque elas eram obrigadas a

no máximo 25% ao ano. Este ho-


fazer esse exercício.

mem adorava música e pintura.


3. (CAP-UFRJ) O sexto parágrafo do texto traz a principal es-
tratégia usada pelas emissoras para driblar a concorrência. Ex-
E quando jovem imaginava se-
plique como as emissoras tentavam garantir a audiência. guir a carreira artística.”
As emissoras tentavam garantir a audiência exibindo progra-
mas parecidos.
E a imagem se completa:
Então o locutor conclui:

297 “É possível contar um monte de


mentiras dizendo só a verdade.
LPemC_2018_BNCC_9A_Cap7.indd 297 08/05/18 07:28 Por isso é preciso tomar muito
cuidado com a informação do
Diálogo com o professor jornal que você recebe […].
Vídeo completo no link:
A falácia é a condução de um imprensa e nas mídias em geral, http://www.youtube.com/
raciocínio que parte de informa- sobretudo na propaganda, as- watch?v=zxBqjczUZHA
ções verdadeiras para chegar a sunto que veremos com detalhes
uma conclusão falsa. É um recur- no próximo capítulo. Um bom
so que pode ser facilmente en- exemplo de como funciona uma
contrado nos debates. Há muitas falácia é a famosa propaganda
falácias no discurso político, na criada em 1988 para a Folha de

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4. (CAP-UFRJ) Em alguns momentos do texto, observa-se
que o enunciador trava um diálogo com o leitor. Transcreva
uma passagem do texto que comprove essa interlocução.

Leitura “Você, acostumado com a era moderna da televisão, deve estar


se perguntando [...]”/“Falei de dois botões. Faltam quatro, né?”
Complementar

Condições de
Texto 2
Argumentação
A nova novela espetacular: realidade e
A primeira condição da argu- ficção no Big Brother Brasil
mentação é ter definida uma Vivemos em uma época em que o espaço público da Anti-
tese e saber para que tipo de guidade, que sediava as ações do homem, foi substituído pelo
espaço virtual da televisão. Se antes a intimidade era um valor
problema essa tese é respos- a ser preservado, na sociedade do espetáculo, expor a intimida-

ta […]. De nada adianta lançar de e ter a imagem divulgada passaram a ser os grandes valores
almejados em um reino de aparências. Exibir-se passou a ser
uma ideia para um grupo que sinônimo de existir. Os reality shows surgem como um produto

não conhece a pergunta. É


preciso primeiro fazer a per-
gunta ao grupo. Quando todos
estiverem procurando uma so-
lução, aí, sim, é o momento de
lançar a ideia, como se lança
uma semente em um campo
previamente adubado.
Uma segunda condição da
argumentação é ter uma “lin-
guagem comum” com o au-
ditório. Somos nós que temos
que nos adaptar às condições 298
intelectuais e sociais daqueles
que nos ouvem, e não o con- LPemC_2018_BNCC_9A_Cap7.indd 298 08/05/18 07:28

trário […]. Em um processo BNCC – Habilidades gerais


argumentativo, nós somos os ouvi-lo. Noventa e nove por
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únicos responsáveis pela cla- cento das pessoas não sa-
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reza de tudo aquilo que dis- bem ouvir. A maior parte de EF69LP05 EF69LP18
sermos. nós tem a tendência de falar
o tempo todo. BNCC – Habilidades específicas
A terceira condição de ar-
ABREU, Antônio Suárez (2009). A arte de
gumentação é ter um contato argumentar: gerenciando razão e emoção. EF89LP03 EF89LP14
positivo com o outro, (...) saber Cotia: Ateliê Editorial, p.35. EF89LP04 EF89LP16
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Debate

299
Capítulo
7
sob medida para viabilizar os anseios do homem e retirá-lo do
anonimato em que vive na sociedade massificada. Ao fazerem
isso, sob a ideia de um programa que transmite a realidade da
vida de pessoas comuns 24 horas por dia, não ficam imunes
à contaminação da sociedade do espetáculo, em cujo contex-
to se desenvolvem. No espetáculo, onde as engrenagens da
indústria cultural estão sempre em movimento, a realidade é
uma ficção, e a ficção, uma realidade. Assim, o famoso show de
realidade transforma-se na telenovela do banal.
A estrutura da narrativa ficcional da novela é a mesma a
impulsionar os capítulos de Big Brother Brasil. O reality show
também faz surgir tramas, intrigas, romances e resolve-se no
happy end da narrativa de realização, própria dos produtos fic-
cionais. A mistura de elementos reais e imaginários já não nos
causa estranheza. Aceitamos o programa como se ele de fato
fosse o espaço onde a realidade se mostra. Surge, então, a
dúvida. Se a tela da televisão é uma superfície de absorção
de nossa realidade e se nossa realidade está tão contaminada
pela ficção, talvez os personagens do Big Brother Brasil este-
jam mesmo sendo reais em seu desempenho fictício.
Fernando Albuquerque Miranda. XII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação
da Região Sudeste. Juiz de Fora (MG).

5.(CAP-UFRJ) Em que sentido o enunciador do Texto 2 apro-


xima o Big Brother das narrativas de ficção, como as novelas?
Ambos têm estrutura de narrativa de ficção, com tramas, intri-
gas, romances e final feliz.

6. (CAP-UFRJ) O texto A nova novela espetacular trata do ex-


tremo valor que se dá à exposição da imagem na chamada
sociedade do espetáculo. Retire do texto um período que re-
suma essa ideia.
“Exibir-se passou a ser sinônimo de existir.” (primeiro pará-
grafo).

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300 Compartilhe
Texto 3

ideias Meditação transcendental


Para meditar,
o homus modernus ocidentalis
cruza as pernas,
deixa as costas eretas,
os braços relaxados,
concentra a atenção num
ponto e, assim, imóvel
em pensamento e ação,
liga a televisão.
Ulisses Tavares

7. (CAP-UFRJ) Por que foi empregada a expressão em latim


homus modernus ocidentalis no poema acima?
Sugestão: A expressão indicaria o estágio do homem na escala
evolutiva. De acordo com essa escala, o homem moderno de-
veria ser bastante evoluído, mas encontra-se submisso à TV.

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Capítulo
7
Texto
PREÁ/Eudson e Lécio

8. (CAP-UFRJ) Comparando a postura física em que se en-


contra Preá diante da televisão à descrição feita no poema
Meditação Trancendental, apresente uma semelhança e uma
diferença em relação à atitude do telespectador.
A semelhança é que ambos se posicionam de forma passiva pe-
rante a TV. Porém, no poema, o homem assume uma postura de
seriedade, rígida, enquanto na tira, o personagem assume uma
postura relaxada.

9. Releia a passagem abaixo:

No espetáculo, onde as engrenagens da indústria cul-


tural estão sempre em movimento, a realidade é uma fic-
ção, e a ficção, uma realidade. Assim, o propalado show
de realidade transforma-se na telenovela do banal. (Texto
2, primeiro parágrafo)

Relacione essa passagem à tirinha da página anterior, expli-


cando a semelhança de pontos de vista existente entre eles.
Sugestão: A tirinha confirma a passagem acima, porque, para
o personagem, os inúmeros escândalos de corrupção parecem
não ter fim, o que confere à realidade uma semelhança com as
novelas, que são ficção.

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302 Compartilhe Análise linguística
ideias

Estrutura das palavras (2)


Na primeira parte deste capítulo, vimos que a base de uma
palavra é chamada de radical, o elemento que possui seu sen-
tido básico. Ao radical, podemos acrescentar afixos, que pos-
sibilitam a criação de palavras. Tanto o radical como os afixos
são estruturas mínimas que possuem sentido. Por exemplo: a
letra f, isolada, não possui sentido, mas, quando combinada
com outras, forma radicais bastante produtivos, como fil-, que
está na base de palavras como filho, filiação, filial, filhote,
etc. O radical veicula sentido, mas a letra f, isolada, não.
Tecnicamente, chamamos de morfema as menores estrutu-
ras linguísticas capazes de veicular sentidos, como o radical e
os afixos. Agora veremos mais alguns tipos de morfemas.

Vogal temática
A vogal temática ocorre tanto nos nomes quanto nos ver-
bos. Nos verbos, ela indica a conjugação: a (primeira conjuga-
ção), e (segunda conjugação) e i (terceira conjugação). Veja:

aproximar receber ouvir


primeira segunda terceira
conjugação conjugação conjugação

A junção do radical com a vogal temática é chamada de


tema. Nos exemplos, são temas aproxima, recebe e ouvi.
A vogal temática nominal aparece no final de nomes (subs-
tantivo e adjetivo) que não apresentam a oposição masculino/
feminino. Observe:

alegre - livro - toalha - mesa - quente - fogo

Desinências
As desinências são morfemas que se ligam aos radicais para
caracterizar as flexões (variações) que os nomes e os verbos

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Capítulo
7
podem apresentar. Por esse motivo, podem ser nominais ou
verbais. As desinências nominais marcam o gênero (masculino
ou feminino e o número (singular ou plural) de substantivos e
adjetivos. Já as desinências verbais marcam a pessoa, o nú- Diálogo com
mero, o tempo e o modo das formas verbais. Observe:
o professor
• Desinências nominais

A definição de vogal temá-


filh - inh - a
menin - a - s
tica que apresentamos a
considera como um morfe-
Radical Desinência Radical Desinência
Desinência de número de gênero
de gênero
ma classificatório, devido
Sufixo indicador

• Desinências verbais
de grau à sua importância grama-
tical. Esse é um traço dis-
tintivo entre essa vogal e
viv - e - ría - mos

as vogais e consoantes de
Desinência
Radical Vogal de pessoa e
número
ligação, que não têm valor
temática Desinência
de tempo e

mórfico. Estas são fonemas


modo

Consoante e vogal de ligação cuja função se resume a,


São fonemas que facilitam a pronúncia de algumas palavras. de fato, ligar morfemas le-
xicais e derivacionais. Essa
Para isso, eles são posicionados entre os morfemas natural-
mente. Ou seja, tanto a consoante quanto a vogal de ligação
não são morfemas, pois não veiculam sentidos. Observe: junção “consiste em evitar
Radical Sufixo Radical Sufixo
dissonâncias na juntura da-
chaleira cafeicultura
queles elementos” (Koch e
Consoante de ligação Vogal de ligação
Silva, 2003, p. 37).

Radical Sufixo Radical Sufixo

cafeteira gasoduto
Consoante de ligação Vogal de ligação Leitura
Complementar
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Anotações

KOCH, Ingedore V.;


SILVA, M. Cecília P. de Souza (2003).
Linguística aplicada ao
português: morfologia.
São Paulo: Cortez.

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Prática linguística

1. Escreva duas palavras cognatas para cada um dos itens a


Repensando o seguir:
Ensino da Gramática a) Chuva.
Sugestões: chuvisco e chuvarada.

Existe na gramática de cada língua b) Nascer.


uma série de morfemas respon- Sugestões: nascimento e nascido.

sáveis exatamente por esse tipo c) Cultura.

de relação, que funcionam como Sugestões: cultural e aculturação.

operadores argumentativos ou dis- d) Público.

cursivos. É importante salientar Sugestões: publicar e publicidade.

que se trata, em alguns casos, de 2. Assinale a opção em que há erro na identificação do ele-

morfemas que a gramática tradi- mento mórfico grifado.


a) Compostas: desinência de feminino.
cional considera como elementos b) Quadrado: radical.
meramente relacionais — conecti- c) Adorarei: vogal temática.
d) Pareceram: vogal temática.
vos, como mas, porém, embora, e) Influência: desinência de feminino.
já que, pois, etc. — e, em outros,
3. Indique a palavra que apresenta desinência de gênero.
justamente de vocábulos que, se- a) Segredo.
gundo a Norma Gramatical Brasi- b) Curiosidade.
c) Força.
leira (NGB), não se enquadram em d) Verbo.
nenhuma das classes gramaticais. e) Alheia.

Rocha Lima chama-as de palavras 4. Assinale a alternativa em que a palavra apresenta consoan-
denotativas e Bechara de deno- te de ligação.
a) Aplaudias.
tadores de inclusão (até, mesmo, b) Acordou.
também, inclusive), de exclusão c) Faltarás.
d) Venda.
(só, somente, apenas, senão), de e) Pezinho.
retificação (aliás, ou melhor, isto é)
e de situação (afinal, então). Celso 304

Cunha diz que se trata de palavras


“essencialmente afetivas”, às quais LPemC_2018_BNCC_9A_Cap7.indd 304 08/05/18 07:28

a NGB “deu uma classificação à


parte, mas sem nome especial”.
gerativa.
Na gramática estrutural, esses ele-
É a macrossintaxe do discurso —
mentos são descritos, em grande
ou a semântica argumentativa —
parte, como morfemas gramaticais
que vai recuperar esses elementos,
do tipo relacional, em oposição aos
por serem justamente eles que de-
morfemas lexicais, sendo relegados
terminam o valor argumentativo dos
a um segundo plano na descrição
enunciados, constituindo-se, pois, KOCH,
linguística. E é esse, também, o tra- Ingedore V. (2002).
em marcas linguísticas importantes
tamento que recebem na gramática Argumentação e linguagem.
da enunciação. São Paulo: Cortez.

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Manual do Educador

Debate

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Capítulo
7
5. Identifique o tipo de elemento estruturador destacado nas
palavras abaixo. Compartilhe
ideias
a) Pontiagudo – vogal de ligação
b) Cafeteira – consoante de ligação
c) Frutífero – radical
d) Amoroso – sufixo
e) Prever – prefixo
f) Namoramos – vogal temática
g) Ouviam – tema
h) Nervoso – desinência de gênero
i) Nervosos – desinência de número

6. Assinale o par de vocábulos cujos sufixos possuem valor


semântico idêntico ao dos sufixos de paraibano e jardineiro,
respectivamente.
a) Gripe/mansidão.
b) Laranjeira/honradez.
c) Cearense/dentista.
d) Budismo/venenoso.
e) Francês/leitura.

7. Assinale o vocábulo cujo sufixo traz a mesma ideia que o


sufixo de bebedouro.
a) Duradouro.
b) Ouro.
c) Satisfatório.
d) Vindouro.
e) Dormitório.

8. Assinale o par de vocábulos cujos prefixos guardam entre si


oposição semântica.
a) Inconsciente/anormal.
b) Antevisão/previsão.
c) Contracultura/anticorpo.
d) Interplanetário/entrelinha.
e) Importado/exposto.

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9. Assinale o par de vocábulos cujos prefixos possuem valor
locativo, indicando, respectivamente, as ideias de em cima e
embaixo.
BNCC – Habilidades gerais a) Sobreviver/sobrevida.
b) Sobrevir/subnutrido.
c) Superposição/anormal.
EF69LP01 EF69LP13 d) Hipersensibilidade/subchefe.
EF69LP06 EF69LP14 e) Sobreloja/subsolo.

EF69LP07 EF69LP15 10. Indique a palavra cujo prefixo se distingue semanticamente


EF69LP08 EF69LP24 do de imprevisto.
EF69LP10 EF69LP25 a) Atípico.
b) Inútil.
EF69LP12 c) Intertextualidade.
d) Imperfeito.
e) Incompetência.

BNCC – Habilidades específicas

EF89LP04 EF89LP21 É hora de produzir


EF89LP12 EF89LP22
EF89LP15 EF89LP27
Antes de começar a debater
EF89LP16
Como vimos no início deste capítulo, o debate regrado é um
gênero textual muito comum em época de campanha eleitoral.
As emissoras de TV e rádio sempre convidam os candidatos a
debaterem suas propostas de governo, o que torna os debates
Shutterstock | Arthimedes

excelentes oportunidades para eles apresentarem suas ideias


e, assim, conquistarem votos.
Para participar de um debate, os candidatos se preparam

Anotações previamente, com ajuda de seus assessores. Como ocuparão


cargos públicos importantes caso eleitos, os candidatos devem
demonstrar que conhecem bem a cidade, o estado, o país, a
instituição, etc. que querem administrar. É aí que entram os
assessores. Eles ajudam seus candidatos das mais variadas
formas: buscando informações sobre dados estatísticos, inves-
tigando seus opositores, apontando falhas argumentativas no
discurso dos adversários, etc.

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Manual do Educador

Debate

307
Capítulo
7
Proposta
Pensando nisso, vamos agora simular um debate regrado
com base em dados reais sobre a sua cidade ou o seu estado. Aprenda
Para isso, vamos dividir a turma em grupos (partidos), e cada mais!
grupo deverá indicar um membro para ser “candidato” a algum
O andamento de um debate
cargo público (prefeito, vereador, deputado, governador, etc.). regrado normalmente se
Feito isso, os demais membros dos grupos atuarão como os dá desta forma, com tempo
assessores. predeterminado para cada
etapa:
Como dissemos ainda há pouco, tanto os assessores quanto
• Um dos debatedores
os candidatos devem conhecer bem o tema do debate. Então,
escolhe o participante
antes de começar o debate, todos deverão pesquisar dados para quem fará uma
recentes sobre a cidade e o estado em que vivem. O próximo pergunta.
passo é planejar o debate. • O participante escolhido
responde à pergunta
colocando seus
Planejamento argumentos.
• O debatedor que
O planejamento será feito em duas etapas. Na primeira, perguntou tem tempo
toda a turma e o professor deverão estabelecer as regras do para réplica, isto é,
debate. É preciso definir, por exemplo, o tempo destinado a questionar a resposta
apresentada.
cada candidato para perguntas e respostas, qual será a ordem
• O participante que
das perguntas, como serão as etapas, como serão sorteados recebeu a réplica tem
os temas das perguntas e a ordem para cada candidato res- direito à tréplica.
ponder, etc. É importante frisar que
Depois, será necessário que os grupos se reúnam para dis- não é permitido fazer
intromissões nas falas dos
cutir as informações pesquisadas e preparar os candidatos.
debatedores. O mediador
Nesta etapa, é muito importante que eles saibam o que per- deve manter a ordem, de
guntar e responder sobre temas de extrema importância para a forma que a cada debatedor
seja garantida a integridade
sociedade, como segurança, saneamento básico, desemprego,
da fala.
assistência médica, educação, etc. Quanto mais informações
os candidatos tiverem, mais facilidade terão para discutir, ques-
tionar, responder.
Além disso, como o debate é um gênero interativo, as dis-
cussões podem tomar diferentes rumos, é preciso que os as-
sessores fiquem atentos o tempo inteiro para repassar aos
seus candidatos informações novas que possam ajudá-los a se
sair bem no debate. Lembrem-se: em um debate regrado como
este (tipicamente argumentativo), é comum que as ideias apre-
sentadas se oponham. Por isso, o mais importante é que cada
“candidato” consiga defender bem os seus argumentos para,
assim, conquistar eleitores.

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Avaliação
1. A avaliação do debate será feita por toda a turma. Ao final, vocês deverão discutir os
Leitura seguintes aspectos:
Complementar Aspectos analisados Sim Não
Os candidatos se mostraram bem preparados pelos seus assessores?
As perguntas feitas ajudaram na discussão?
Tamanho é documento
As respostas foram esclarecedoras?
O uso generalizado dos sufixos As respostas apresentaram argumentos que contribuíram para

-ão e -inho pode ser um sinal de


convencer o eleitor?
Houve momentos em que a discussão saiu do controle?
quanto os falantes do idioma são
passionais. Compartilhe
ideias
Um mito é o de que aumentati- A escrita em foco
vos representam coisas grandes,
e diminutivos coisas pequenas. Reflexões sobre a noção de grau
“Fogão” não é fogo grande; “ba- Nos nomes, o grau se expressa de duas maneiras: aumen-
tativo e diminutivo. No entanto, na maior parte das vezes, o
lão” não é bala gigante. Além grau não diz respeito à noção de tamanho. Frequentemente
desses casos extremos de au- empregamos as palavras no aumentativo ou no diminutivo de

mentativos e diminutivos pura-


acordo com nossas intenções comunicativas. Para que essas
intenções sejam compreendidas pelo nosso interlocutor, é pre-
mente formais, existem muitos ciso que ele observe bem as informações contextuais, ative seu
conhecimento de mundo, etc. Por exemplo: quando alguém vê
outros (a maioria) que revelam um automóvel muito caro e bonito desfilando nas ruas, diz que
viu um carrão. Ora, empregada no aumentativo, a palavra car-
muito menos o tamanho do ob- rão nada tem a ver com o tamanho propriamente dito do carro,
jeto do que nosso estado de es- mas com o seu alto valor de mercado, sua beleza, etc. O mes-
mo acontece quando chamamos Carlos de Carlinhos, Paula
pírito em relação a ele. Meu “fi- de Paulinha, Pedro de Pedrinho. Nesses casos, a desinência
lhinho” pode ter um 1,90 m de de grau normalmente expressa a intimidade com que tratamos
essas pessoas.
altura, meu “brinquedinho” pode Interessante notar também que, ao adicionarmos uma de-

ser uma Ferrari, meu “cãozinho” sinência a um radical, não estamos produzindo uma palavra
nova. Assim, pedrinha não é uma palavra derivada, mas uma
pode ser um mastim napolitano. variação da palavra pedra.

Às vezes, um diminutivo é au- 308


mentativo: “rapidinho” é muito
rápido, “cedinho” é bem cedo. LPemC_2018_BNCC_9A_Cap7.indd 308 08/05/18 07:28

Nenhuma língua que eu conhe- Enfim, se é verdade que as lín- generalizado dos sufixos -ão e
ça usa aumentativos e diminuti- guas podem revelar a visão -inho, que se agregam a prati-
vos tão abundantemente como o de mundo de seus falantes, camente qualquer classe gra-
português. E, o que é mais inte- eu arriscaria dizer que vemos matical, mostra o quanto somos
ressante, com as mais variadas o mundo com olhos sentimen- passionais.
nuanças de sentido, do apreço tais e compassivos. Nossa fala
(“queridinho”) ao desprezo (“mu- é impregnada de sentimento, BIZZOCCHI, Aldo. Revista Língua Portuguesa nº
lherzinha”), do carinho (“filhão”) mesmo quando pretendemos
66. Abril de 2011. São Paulo: Segmento

ao ódio (“bandidão”). ser neutros e objetivos, e o uso

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Manual do Educador

Debate

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Capítulo
7
Sugestão de
A escrita em questão
Abordagem
1. Leia as capas de jornal abaixo:
Antes de finalizar os trabalhos
Capa 1 Capa 2
com este capítulo, aproveite
para pedir aos alunos que
levem para a sala de aula
anúncios publicitários, tema
que iniciaremos na próxima
aula. É importante que a tur-
Aqui PE, no 408 Aqui PE, no 300 ma conheça as principais
Para entendermos bem os textos que circulam à nossa volta, precisamos utilizar nosso características desse gênero,
conhecimento de mundo. Informações prévias são bastante úteis na interpretação. Por
exemplo, para entendermos a manchete principal da Capa 1, precisamos ter algumas in- que é tão rico e passível de
formações: o Sport, um dos clubes de futebol do Recife, é conhecido como Leão, e um dos diversas interpretações.
seus rivais é o Náutico, cujo estádio fica no bairro dos Aflitos, no Recife. Pensando nisso,
responda às questões a seguir: Ao analisar os anúncios pu-
a) Que fato é abordado na manchete principal da Capa 1?
blicitários pesquisados, ajude
A derrota do Sport para o Náutico no estádio dos Aflitos.
os alunos a fazer uma leitura
crítica desses textos, obser-
b) Na Capa 2, qual é o sentido da expressão foi em cana?
vando tanto os elementos ver-
A expressão quer dizer que quem agrediu a criança foi preso.
bais quanto os não verbais.
c) Nas duas capas, podemos identificar, na manchete principal, a ocorrência do diminutivo.
Explique, com suas palavras, qual é a importância dessa flexão de grau nos dois casos.
Leve-os a identificar os diver-
Na Capa 1, o diminutivo sugere um tom de gozação com os torcedores do Sport devido à sos elementos que compõem
derrota para o Náutico. Nesse caso, podemos dizer que, durante o jogo, a equipe do Sport um anúncio, como as ima-
foi arrasada pelo adversário. Já na Capa 2, o diminutivo é responsável por despertar no gens, cores, letras, slogans
leitor a indignação diante do fato abordado. Nesse caso, a flexão de grau amplia o sentido e o texto verbal propriamente
de indefensabilidade da criança. dito. Esse exercício certamen-
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te contribuirá para o desen-
volvimento da habilidade de
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interpretar exemplares desse
gênero e facilitará o trabalho
com o capítulo seguinte.
Anotações

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Ca
310 2. Produza três frases utilizando palavras no aumentativo ou no diminutivo em que as de-
sinências de grau não expressem noções de tamanho.
Resposta pessoal.

3. A palavra caminhãozinho, no grau diminutivo, nos recorda que são válidas todas as
considerações abaixo sobre esse assunto (diminutivo), menos uma. Aponte a exceção.
a) O plural de caminhãozinho é caminhõezinhos, como o de anelzinho é aneizinhos.
b) Além de expressar o “tamanho diminuído” do ser, pode, a forma diminutiva, expressar
emoções ou sentimentos de diversas naturezas: carinho (mãezinha), ironia (santinho),
depreciação (padreco), etc.
c) Em certos adjetivos, sufixos característicos do diminutivo podem expressar verdadeiro
superlativo (“Ele faz tudo muito certinho”).
d) Encontramos, em português, diversas desinências caracterizadoras do diminutivo, entre
elas a forma -ote (frangote, saiote, rapazote, etc ).
e) O diminutivo jamais pode indicar sentido pejorativo.

4. Aponte a sequência de substantivos que, sendo originalmente diminutivos ou aumenta-


tivos, perderam esse sentido e se constituem em formas normais, independente do termo
derivante.
a) Pratinho – papelinho – barraca.
b) Tampinha – estantezinha – elefantão.
c) Cartão – golfinho – cavalete.
d) Bocarra – vidrinho – portão.
e) Palhacinho – narigão – boquinha.

5. O personagem Cascão, de Maurício de Sousa, tem esse apelido por não gostar de ba-
nho. Nesse contexto, a palavra Cascão significa aquele que tem pele grossa por sujeira
e expressa a ideia de aumentativo. Assinale a alternativa em que há uma palavra no grau
aumentativo.
a) O limão é uma fruta ácida, mas que faz bem à saúde.
b) Macarrão contém muito carboidrato e, por isso, engorda.
c) O Timão venceu o campeonato de futebol muito à frente dos adversários.
d) O acidente ocorreu porque um carro veio na contramão.
e) O catalão é a língua falada em uma região da Espanha.

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Manual do Educador

Debate

311
NTO Capítulo
7
E
A M
r
CE r
EN 1. A pesquisa de opinião é um levantamento estatístico da opinião das pes-
soas sobre vários aspectos de um tema. Há anos as pesquisas de opinião são
utilizadas com diversos objetivos. Um dos usos mais comuns desse tipo de pes-
quisa é o eleitoral. Pensando nisso, em grupo com os seus colegas e o seu pro-
fessor, reflita e opine:
a) Qual é o objetivo de uma pesquisa de opinião eleitoral?
b) As pesquisas eleitorais interferem no processo de eleição? Explique.

Texto

Como é feita uma pesquisa de opinião?


Uma pesquisa simples, com poucas questões e entrevistados, custa em média 40 reais por questionário

Primeiro, o cliente se reúne com a empresa de pesquisa e passa um briefing — ou seja,


especifica precisamente o que ele quer saber. Por exemplo, um cliente pode querer lançar
uma nova revista de games e encomenda uma pesquisa para saber qual a preferência
nacional: Wii, PS3, Xbox... A partir do briefing, a empresa de pesquisa define as áreas e
grupos de pessoas que devem ser pesquisadas, assim como as perguntas dos questioná-
rios (Que jogo prefere? Possui algum? Gosta de ler sobre games?). No caso dos games, o
foco seria o público jovem, e não pessoas da terceira idade. As entrevistas são feitas, em
geral, por e-mail, telefone ou pessoalmente, o chamado face a face. Além de catar a galera
na rua, o e-mail seria uma boa opção no caso da pesquisa sobre games, já que é mais
barato e os jogadores de videogame geralmente usam a Internet. Terminado o trabalho de
campo, as respostas de todos os questionários são digitadas duas vezes no computador,
por pessoas diferentes, para garantir que não haverá erros. Feito isso, todos os dados são
compilados por um software, que disponibiliza cálculos, porcentagens e gráficos. Enquanto
rola a análise dos dados, o instituto volta a 20% das casas dos entrevistados. “Isso serve
para certificar que os pesquisadores realmente visitaram as casas e aplicaram os questio-
nários”, diz Márcia Cavallari, diretora executiva de atendimento e planejamento do Ibope.
Por fim, o instituto de pesquisa faz uma apresentação final para o cliente, na qual explica
o que é possível concluir dos resultados. Por exemplo, sabendo qual é o game preferido
e onde ele faz mais sucesso, além de quanta gente lê revistas de games, o cliente pode
decidir se lança ou não a sua revista.
Luiz Fujita
Disponível em https://mundoestranho.abril.com.br/
cotidiano/como-e-feita-uma-pesquisa-de-opiniao/. Acessado em: 20/04/2018.

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2. Sobre as pesquisas de opinião, analise as afirmações a seguir.
I. As pesquisas de opinião visam identificar o ponto de vista de um grupo qualquer de en-
trevistados, tendo em vista os objetivos pretendidos.
BNCC – Habilidades gerais II. As empresas de consultoria que oferecem o serviço de pesquisa de opinião costumam
seguir um passo a passo para a realização do trabalho.
III. os resultados das pesquisas ajudam o cliente na tomada de decisões, por isso é indis-
EF69LP01 EF69LP20 pensável a realização de pesquisas de opinião para todos os ramos de atuação.
EF69LP19 EF69LP27
Está correto o que se afirma apenas em:
a) I. b) II. c) III. d) I e II. e) II e III.

BNCC – Habilidades específicas 3. Sobre os recursos linguísticos empregados no texto, responda às perguntas abaixo.

a) O texto foi escrito em linguagem formal ou informal? Por quê?


EF89LP17 EF89LP27 O texto foi escrito em linguagem informal, para se adequar ao seu público leitor.
EF89LP21 EF89LP28
EF89LP22 EF89LP31 b) No trecho “A partir do briefing, a empresa de pesquisa define as áreas e grupos de
pessoas que devem ser pesquisadas”, substitua a palavra destacada por uma de sentido
EF89LP24
equivalente.
Sugestão de resposta: Ouvidas.

c) Na palavra pesquisadas, destaque o radical e escreva ao menos duas palavras que


possuem essa mesma base.
Anotações Pesquis-. Sugestões de palavras escritas com o mesmo radical: pesquisa e pesquisador.

4. Agora, releia o trecho a seguir e analise as afirmações feitas.

Por exemplo, um cliente pode querer lançar uma nova revista de games e enco-
menda uma pesquisa para saber qual a preferência nacional [...].

I. A palavra nova pode ser suprimida sem prejuízo de sentido.


II. A palavra nacional é derivada.
III. A palavra cliente é derivada de clientela.

Com relação às palavras empregadas nesse período, está correto o que se afirma apenas
em:
a) I. b) II. c) III. d) I e II. e) II e III.

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Manual do Educador

Debate

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Capítulo
7
o
Mídias em context

1. Neste capítulo, vimos que o debate é um gênero oral predominantemente argumentati-


vo, isto é, por meio dele os interlocutores defendem pontos de vista sobre os temas deba-
tidos com o objetivo de convencer o público. Quando o debate possui regras, que devem
ser seguidas pelos participantes, recebe o nome de debate regrado. As regras podem ser
bastante variadas, mas procuram sempre garantir a igualdade entre os participantes e a
integridade da fala. Assim, o tempo para cada um falar é sempre predeterminado, o tema
e a ordem de participação de cada um são sorteados, etc. Os debates regrados são mui-
to comuns em épocas pré-eleitorais, quando cada um dos candidatos procura conquistar
eleitores por meio da defesa do seu programa de governo, que é uma lista das propostas
(para a saúde, a economia, o meio ambiente, etc.) que pretende colocar em prática caso
seja eleito.

Em 2018, foram realizadas as eleições para governadores, deputados e presidente do


Brasil. Em função disso, vários debates foram realizados com os candidatos.

a) Você se lembra quem foram os candidatos para governador do seu estado?


Resposta pessoal.

b) E quem foram os candidatos à presidência do País?


Resposta pessoal.

2. Procure na Internet o último debate realizado com os presidenciáveis antes da eleição


e assista ao vídeo na íntegra.
a) Quem foram os debatedores que participaram?
Professor, a edição deste livro foi finalizada em abril de 2018, portanto anterior às eleições.
Por esse motivo, algumas atividades feitas nesta seção não contêm resposta.

b) Com que intenção o debate foi realizado?


Resposta pessoal.

c) Na sua opinião, qual dos debatedores se saiu melhor?


Resposta pessoal.

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Ca
314 3. No filme Obrigado por fumar (2015), de Jason Reitman, o personagem principal é Nick,
o maior lobista das grandes empresas de cigarros. Sua função: defender os direitos dos fu-
mantes nos Estados Unidos. Assim, Nick manipula informações com o objetivo de diminuir
os riscos do cigarro, pede ajuda a um poderoso agente de Hollywood, para fazer com que o
cigarro seja promovido nos filmes, etc. Aos poucos ele vai ganhando reconhecimento em seu
trabalho, mas diz repetidamente que trabalha somente para pagar as contas. Apesar disso, a
atenção cada vez maior que seu filho dá ao seu trabalho começa a preocupá-lo. Um dia, Nick
vai à escola do filho para falar da sua profissão. No debate com os alunos em sala de aula,
ele trava o seguinte diálogo com duas crianças ao mencionar sua profissão de lobista:

Aluno: O que é isso?


Nick: É como ser astro de cinema. É o que eu faço: ganho a vida falando.
Aluno: Sobre o que você fala?
Nick: Eu falo em nome dos cigarros.
Aluna: Minha mãe fumava. Ela diz que os cigarros matam.
Nick: É mesmo? Sua mãe é médica?
Aluna: Não.
Nick: É pesquisadora científica ou algo parecido?
Aluna: Não.
Nick: Bem, ela não parece ser uma especialista confiável, não é?”

Todos nós sabemos que fumar faz mal. Então como o lobista Nick convence as pessoas
do contrário? Ora, para ser competente em seu trabalho, ele precisa ter uma boa argumen-
tação, usar de todas as estratégias argumentativas para convencer as pessoas. Uma
dessas estratégias consiste em desqualificar o argumento do interlocutor. Na cena repro-
duzida acima, ele desqualifica o discurso da mãe da aluna mostrando que o seu argumento
de autoridade é fraco, pois ela não é pesquisadora nem médica. Firme em sua função, o
protagonista faz com que as pessoas revejam seus conceitos e se convençam da verdade
do que está sendo dito. Ou, como ele mesmo ensina, fiquem convencidas de que o outro
está errado.
a) Nos debates pré-eleitorais, é comum os debatedores utilizarem estratégias argumen-
tativas para tentar desqualificar os argumentos utilizados pelos adversários. No debate
analisado, indique algumas estratégias utilizadas pelos participantes para enfraquecer os
argumentos dos adversários.
Resposta pessoal.

b) Muitas vezes, no nosso dia a dia, ouvimos ou usamos a expressão falta de ética para
indicar indignação em relação ao comportamento de alguém. Por muito tempo, a ética foi
vista como um campo do conhecimento restrito a especialistas, como filósofos, médicos e
advogados. Mas hoje esta palavra é de uso corrente em nosso cotidiano. Você sabe o que

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Manual do Educador

Debate

315
Capítulo
7
é, de fato, ética? O que significa ser antiético? Pesquise essas respostas na Internet. Assis-
ta a seguir, dois vídeos que sugerimos sobre o assunto.

O que é ética: Mario Sergio Cortella


https://www.youtube.com/watch?v=yntQBwITdys

Vida sem ética dá mais trabalho: Leandro Karnal


https://www.youtube.com/watch?v=fyt9IXUDUHM

c) Agora que você conhece um pouco mais sobre o conceito de ética, responda: algum dos
debatedores foi antiético?
Resposta pessoal.

4. Pesquise na Internet notícias produzidas pelos principais jornais do País sobre o deba-
te. Leia com atenção cada notícia encontrada, analisando com cuidado cada uma das suas
partes (manchete, linha fina, lide, etc.).
a) De que maneira as notícias abordaram o tema? Todos os jornais tiveram a mesma opi-
nião sobre quem se saiu melhor? Explique.
Resposta pessoal.

b) Muito comumente se acredita que o texto jornalístico deve ser imparcial, isto é, deve
informar o público de maneira neutra, sem expressar opiniões. Assim, ao escrever uma
notícia o jornalista “deve” se limitar a, apenas, relatar os fatos exatamente como eles acon-
teceram. Tendo em vista os conhecimentos que você adquiriu até agora, reflita e opine: é
possível produzir um texto jornalístico imparcial?
Resposta pessoal.

c) Nas notícias pesquisadas, é possível perceber posicionamentos argumentativos? Justi-


fique sua resposta.
Resposta pessoal.

d) As notícias abordaram o debate com ética? Explique.


Resposta pessoal.

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`

Objetivos Pedagógicos

Ao final deste capítulo, o aluno


deve ser capaz de:
Ca
pí tu
lo 8 O texto
publicitário
•• Demonstrar conhecimento bá-
sico sobre o texto publicitário,
observando suas característi- 1. Nos anúncios publicitários, emprega-se uma

Conhecimentos prévios
cas e função social.
linguagem que chame a atenção para os pro-
dutos ou serviços anunciados, fazendo com

•• Expressar-se de forma oral e


que as pessoas consumam, mesmo que seja
desnecessário. Você já se sentiu persuadido
escrita sobre os temas abor- por alguma propaganda?
2. Na nossa sociedade, as pessoas valorizam
dados nos textos. mais o ter ou o ser?
3. Você reconhece os diferentes contextos e as
•• Reconhecer mais de um tipo intencionalidades das propagandas?

textual em um mesmo texto.


•• Realizar leituras inferenciais.
•• Realizar prática e análise lin- Caracterizando o gênero
guística.
•• Reconhecer o processo que
Desde o primeiro momento em que al- que o objetivo continua o mesmo: persua-
guém usou um argumento para convencer dir, ou seja, utilizar um conjunto de argu-
levou à formação de palavras o outro a adquirir ou fazer algo, utilizou-se mentos que leve o interlocutor a crer ou
o texto publicitário. Oral ou escrito, o fato mudar de opinião, aconselhá-lo de modo
comuns ao seu dia a dia. é que esse tipo de discurso é muito mais que ele assuma determinados com-
antigo do que pensamos. Muitos séculos portamentos. Neste capítulo, va-
•• Argumentar oralmente acerca se passaram desde que alguém o utilizou mos conhecer mais de perto o
pela primeira vez, e de lá para cá a publi- texto publicitário.
dos temas trabalhados. cidade evoluiu muito. Mas podemos dizer

•• Reconhecer os estrangeiris-
mos e os empréstimos linguís-
ticos como elementos que
contribuem para a expressivi- LPemC_2018_BNCC_9A_Cap8.indd 316 08/05/18 08:02

dade.
•• Planejar, produzir e avaliar um Anotações
texto publicitário.

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Manual do Educador

Texto publicitário

317

Diálogo com
o professor

O site Desencannes criou


um jeito alternativo de brin-
car com o repertório de lin-
guagem da publicidade:
lançando concursos para
inventar campanhas falsas
para empresas fictícias. Vale
a pena conferir.
http://www.desencannes.
com.br/

O que estudaremos neste capítulo:


• Características e funções do texto
publicitário
• Processos de formação de palavras:
derivação e composição
• Outros processos de formação de palavras:
redução, onomatopeia e sigla
• Estrangeirismos e empréstimos linguísticos

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Sugestão de Abordagem

Alguns aspectos precisam ser como o uso de frases curtas e regionalismos e neologismos. Ao
abordados antes do início do tra- concisas. Observe também o pre- longo do trabalho, a participação
balho com anúncios publicitários. domínio dos verbos no modo im- dos alunos será fundamental para
Seria interessante analisar com a perativo, assim como construções a construção de um espaço dialó-
turma as principais características sintáticas pouco usuais em outros gico que preze pela discussão do
do gênero, como os recursos vi- gêneros, como a linguagem figu- tema proposto.
suais e os recursos linguísticos, rada por meio de metáforas, gírias,

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O MOMENTO Texto publicitário
E ir
iM
Pr
Sugestão de
Abordagem

Antes de apresentar aos Antes de


começar a ler
seus alunos novos textos,
aproveite a oportunidade
O texto que você vai
ler agora é um texto
publicitário, um gênero
para checar o que eles co- textual com características
bastante definidas.
nhecem a respeito do texto Normalmente, os anúncios
são veiculados de três
publicitário. Nosso papel formas: em meios de
comunicação (revistas,
é aprofundar e expandir o sites, jornais, televisão,
etc.), afixados (em

domínio consciente e de- paredes, quadros, murais,


etc.) ou distribuídos

senvolver a habilidade e o (folhetos). Sua função é


divulgar produtos, marcas,
serviços de profissionais,
uso reflexivo da língua. empresas, instituições,
órgãos… Além disso, são
usados muitas vezes para J. Walter Thompson
promover campanhas 28o Anuário da Criação
de interesse público ou

BNCC – Habilidades gerais


político.
A criação de um anúncio
passa por vários
momentos. A princípio,
EF69LP02 EF69LP16 o anunciante se reúne
com o publicitário para Para discutir
EF69LP04 EF69LP17 lhe dizer quais são seus
objetivos, como ele deseja
1. Você conhece a marca promovida nesse anúncio?
EF69LP13 ver sua marca. Essas
informações são chamadas 2. Que produtos ela vende?
tecnicamente de briefing,
que, em bom português, 3. Esses produtos são destinados a clientes com poder aqui-
significa instruções. sitivo alto ou baixo?
4. Você acha que, na nossa sociedade, as pessoas são julga-
Anotações das mais por sua aparência ou pelo seu caráter?

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Manual do Educador

Texto publicitário

319
Capítulo
8
Desvendando os segredos do texto Aprenda
mais!
Leitura
1. Diferentemente do que normalmente acontece, nesse
O que é a mídia?
Para alcançar seu público,
Complementar
anúncio o produto promovido não é apresentado. No entanto, a publicidade conta com
duas palavras do texto nos levam a compreender que produto uma infinidade de meios de
comunicação, a chamada
é esse. Quais são essas palavras? mídia. Esse termo deriva
do latim e significa meios,
Rolex e pulso.
referindo-se a um conjunto
de ferramentas para
armazenamento e difusão
de informação. A televisão,
2. Observe a oração abaixo: o computador, o rádio e até
aquele adesivo colado na
Se ninguém percebe o seu pulso […] traseira de um automóvel
constituem mídia. Assim,
a publicidade pode contar
Considerando o contexto no qual se insere o anúncio, apresen- com meios:
Visuais: anúncios em
te um sinônimo para a palavra destacada nessa oração.
jornais e revistas, outdoors,
cartazes, faixas (banners).
Relógio.
Sonoros: spots (peças
publicitárias radiofônicas,
com ou sem música), CARRASCOZA,
jingles (canções criadas João Anzanello (1999).
3. Os anúncios publicitários sempre têm um anunciante, isto exclusivamente com fins A evolução do texto publicitário.
é, a empresa, instituição, pessoa, etc. que os encomenda. Nes- publicitários), carros de som.
São Paulo: Futura.
on se caso, qual é o anunciante desse texto? Audiovisuais: filmes em
iação TV, cinema e Internet,
A Rolex. vinhetas.
Apesar da evolução dos
meios de comunicação
e da infinidade de
4. É muito comum o texto publicitário deixar informações im- possibilidades criada com
a utilização isolada ou
plícitas a respeito dos produtos promovidos e das pessoas que conjunta desses meios,
farão uso deles ou não. Considerando o tipo de produto promo- o texto publicitário ainda
utiliza recursos como os
vido nesse anúncio e o texto como um todo, responda: o que
discursos deliberativo
a agência publicitária que o elaborou deixou implícito sobre o — que aconselha ou
cliente que utilizar um produto desse anunciante? desaconselha determinada
ação ou escolha — e
O texto deixa implícito que, ao utilizar um relógio Rolex, o clien- demonstrativo — que
aponta atributos ou
te permanecerá vivo para a sociedade. defeitos, conforme a
necessidade, além da
vinculação da imagem
do produto à de alguém
famoso e do apelo para o
emocional.

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Sugestão de Abordagem

Para as questões da seção Para 3. Como são relógios de luxo, os com base no artigo de Frei Betto
discutir, propomos estas respos- clientes visados pela empresa Mandamentos do consumismo e,
tas: têm alto poder aquisitivo. indiretamente, por remeter a outro
1. Resposta pessoal. 4. Resposta pessoal. A questão é texto seu de grande relevância: A
interessante por retomar a dis- religião do consumo.
2. A Rolex é uma empresa espe-
cializada na confecção de reló- cussão feita no capítulo anterior
gios de luxo.
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Ca
320 5. A linguagem empregada nos textos publicitários normal-
mente se adapta ao perfil do seu público-alvo e à mídia em
que eles serão publicados. É comum, nesse gênero textual, a
presença de verbos flexionados no modo imperativo, aquele
que usamos para ordenar algo, como não perca, compre já,
ligue agora, saia já do sufoco, etc., e a utilização de recursos
visuais, sonoros e linguísticos (figuras de linguagem, ambigui-
dade, trocadilhos). Pensando nisso, faça o que se pede.

a) Como não há uma referência direta ao produto promovido


pelo anúncio, como imagens, o sentido do texto depende fun-
damentalmente da compreensão das palavras que você indi-
cou na questão 1. Caso o leitor não compreenda o sentido de-
las, o anúncio não alcançará seu objetivo. Um problema desse
tipo poderia ser facilmente evitado com uma frase que deixasse
o sentido mais claro para todos os leitores. Produza uma frase
com essa intenção utilizando um verbo flexionado no modo im-
perativo.
Resposta pessoal. Sugestão: Compre um relógio Rolex e se
mantenha vivo.

b) Agora, ainda com relação ao item a, produza uma frase no-


minal (sem verbo) com o mesmo objetivo.
Resposta pessoal. Sugestão: Relógios Rolex, a vida no seu
pulso.

6. Agora, leia estes dois anúncios:

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Manual do Educador

Texto publicitário

321
Capítulo
8
a) Eles têm o mesmo objetivo do anúncio do Rolex?
Compartilhe
Não. Esses anúncios têm um objetivo contrário ao do Rolex, isto ideias
é, fazem uma “antipropaganda” do produto vendido (o cigarro). Diálogo com
o professor

b) Nesses dois anúncios, qual é o sentido do verbo advertir? A tradição publicitária cons-
Alertar, avisar. truiu uma série de pressu-
c) Transcreva a frase que, nesses anúncios, expressa uma or- postos e critérios que fun-
dem ao consumidor do produto. damentaram a criação de
Pare de fumar.
inúmeras frases publicitárias
d) No anúncio que abre o capítulo, vimos que o anunciante é ao longo da história. Mas
uma famosa marca de relógios de luxo. Qual é o anunciante
dos textos acima? nem sempre tais critérios
O Ministério da Saúde. são respeitados.
e) Esses anúncios são veiculados em que mídia? 1. Deve ter um único pe-
Esses anúncios são veiculados na própria embalagem do ci- ríodo.
garro. Exceção: “Algumas coisas
f) Qual é a intenção do anunciante ao veicular anúncios desse não têm preço. Para todas
tipo nessa mídia?
as outras, existe Master-
Alertar o fumante sobre os malefícios causados pelo tabagismo.
card.”
2. Deve respeitar a ordem
g) Qual é a importância das imagens presentes nesses anún-
cios? Caso retirássemos essas imagens, eles causariam o direta dos termos gramati-
mesmo efeito de sentido no leitor?
cais.
As imagens têm o objetivo de chamar a atenção do fumante
Exceção: “Se é Cica, bons
de forma bastante direta, chocante. Caso fossem retiradas, a
intenção comunicativa seria prejudicada.
produtos indica.”
3. Deve ser uma frase afir-
mativa.
321 Exceções: “Não dá para
não ler.” (Folha) “Não tem
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comparação.” (Brastemp)
“É fresquinho porque vende
Leitura Complementar mais ou vende mais porque
é fresquinho?” (Tostines)
Vale a pena conferir o artigo está disponível no link abaixo:
Revista Língua Portuguesa nº 16.
Neologismos no português bra- http://iberystyka-uw.home.pl/ São Paulo: Segmento.

sileiro contemporâneo: aplica- pdf/dialogos-lusofonia/coloquio_


ção ao ensino de português isiii-uw_8_ferraz-aderlande-
para estrangeiros, de Aderlande -pereira_neologismos-no-portu-
Pereira Ferraz (UFMG). O artigo gues-brasileiro.pdf.

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Análise linguística
Sugestão de
Abordagem
Principais processos de
formação de palavras
No site do Clube de Cria-
Como qualquer outra língua natural, a língua portuguesa
ção de São Paulo, você en- passa por um processo constante de mudança. Essas transfor-

contrará inúmeros anúncios mações são determinadas pela sociedade: se ela muda, a lín-
gua também muda. Assim, ambas estão em constante diálogo.
para apoiar seu trabalho em Isso fica bastante claro quando pensamos em palavras como
internet, tablet, smartphone, etc. Elas não existiam até o ins-
sala de aula. Não deixe de tante em que o surgimento desses objetos criou a necessidade
apresentar alguns deles e de um nome para cada um deles. Por esse motivo, podemos di-
zer que as mudanças sociais se refletem na língua, que cresce a
refletir com os alunos acerca partir da criação de palavras. Enquanto não forem dicionarizadas
e fizerem parte “oficialmente” do vocabulário da língua, essas
da construção do sentido. palavras são chamadas de neologismos.
Mas atenção: com o tempo, palavras “velhas” podem ganhar
Você pode ter acesso no novos significados, sendo também consideradas neologismos.
link http://ccsp.com.br/ É o que ocorre hoje com o verbo abalar, por exemplo. Além dos
sentidos tradicionais, hoje esse verbo significa também causar
boa impressão, chamar a atenção das pessoas. Ex.: “Essa
maquiagem que você fez está abalando!”.
Agora, leia a tirinha abaixo:
SILVESTRE/Eudson de Paula

Leitura
Complementar

Para Silva e Koch (2003, p.


33), a derivação é o “proces-
No último quadrinho, encontramos a palavra telefone. Veja
so de formação de novas a sua estrutura:
palavras […] por meio de afi- tele + fone
xos agregados a um morfe- de longe som

ma”. Ou seja, se não ocorrer


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a agregação de afixos a um
radical, não há derivação. LPemC_2018_BNCC_9A_Cap8.indd 322 08/05/18 08:02

Nessa perspectiva, a ideia


de derivação imprópria e Diálogo com o professor
de derivação regressiva são
inadequadas. As palavras,
Um exemplo interessante de atribui-
nesses casos, passam por
ção de novo significado a uma pala-
processos sintático-semân-
vra preexistente: a palavra carro, até
ticos, não morfológicos.
a primeira metade do século passa-
KOCH, IngedoreV.; SILVA, M. Cecília P.
de Souza (2003).
do, indicava essencialmente o carro
Linguística aplicada ao português: de boi. Hoje é a mais usada para indi-
morfologia. São Paulo: Cortez.
car os automóveis.

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Manual do Educador

Texto publicitário

323
Capítulo
8
A criação dessa palavra é atribuída ao inventor inglês Ale-
xander Graham Bell, em 1849, justamente para dar nome à Compartilhe
sua mais nova invenção. Como, por meio do seu invento, ele ideias
conseguiu transmitir de longe (tele) o som da sua voz (fone),
essa palavra foi bastante adequada para suprir a necessidade
de dar nome a um objeto que até então não existia. As inven-
ções e as ideias são as grandes motivadoras para a formação
de novas palavras.
É importante notar que, uma vez formada uma palavra, é
preciso que ela seja usada pelas pessoas, que passam a em-
pregá-la cada vez mais naturalmente. Com o tempo, ela tende
a se cristalizar e, então, deixa de ser um neologismo.
Mas nem sempre as mudanças sociais repercutem na lín-
gua sob a criação de palavras novas. Muitas vezes utilizamos
palavras já existentes (mesmo provenientes de outras línguas)
para nomear os novos fenômenos, processos, ações, objetos,
etc. Assim, elas ganham novos significados. Exemplo disso são
palavras como deletar, celular, galaxy, e-book, print.
Veremos, agora, os dois principais processos de formação
de palavras.

Derivação
A derivação é um dos processos de formação mais pro-
dutivos. Consiste na criação de uma palavra a partir de outra,
chamada primitiva. A derivação pode se dar principalmente de
quatro diferentes maneiras:
1. Por prefixação – Acrescentamos um prefixo ao radical, como
em desaconselhar, inútil, prever, desfaz, reler, anormal.
2. Por sufixação – Acrescentamos um sufixo ao radical, como
em motorista, cozinheiro, atualmente, jardinagem.
3. Por prefixação e sufixação – Acrescentamos um prefixo e
um sufixo ao radical. Nesse caso, ao tirarmos um ou outro,
teremos palavras diferentes. Observe: infelizmente, des-
lealdade, readaptação, desconstrução, etc.
4. Por parassíntese – Acrescentamos um sufixo e um prefixo ao
mesmo tempo. As palavras formadas por parassíntese quase
sempre são verbos e têm como base um substantivo ou um
adjetivo. Observe: empobrecer, enlouquecer, desalmado,
enraivecer, etc.

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Observe que, nas palavras formadas por derivação paras-
sintética, o prefixo e o sufixo são adicionados ao radical simul-
ideias taneamente. Por isso, a palavra despedaçar (des + pedaço +
ar) é formada por parassíntese. Não existe o verbo pedaçar.
Além dessas quatro principais possibilidades, a tradição gra-
matical normalmente identifica mais duas formas de derivação:

– Derivação por regressão – Substituímos a terminação


de um verbo (-ar, -er e -ir) pelas vogais temáticas -a, -o
ou -e para criar substantivos, os chamados substanti-
vos deverbais, ou pós-verbais. Observe: pul(ar) – pulo,
combat(er) – combate, chor(ar) – choro, pesc(ar) – pesca.

Esse processo de derivação é chamado de regressivo por-


que é mais comum criarmos verbos a partir de substantivos
(ou adjetivos), e não o inverso. Há uma infinidade de verbos
formados dessa maneira, como discar (de disco), telefonar
(de telefone) e ancorar (de âncora).

– Derivação imprópria – Mudamos a classe de uma pa-


lavra. Por exemplo: a palavra verde é, originalmente, um
adjetivo (“Paula tem olhos verdes”). Mas, em “O verde é
uma cor que me atrai”, funciona como substantivo.

Como você pode notar, este último caso não se configura


verdadeiramente como exemplo de derivação, pois não há a
criação de palavras a partir de uma já existente — não ocorrem
mudanças na estrutura da palavra. Nesse caso, palavras de
uso corrente apenas são empregadas em contextos diferentes
do normal.

Composição
Composição é o processo pelo qual formamos palavras
a partir da associação de duas ou mais palavras ou radicais.
Essa junção pode ocorrer de duas maneiras:

1. Por justaposição – Unimos duas (ou mais) palavras ou radi-


cais sem alterar sua estrutura. Exemplos: conta-corrente, la-
va-louças, amor-perfeito, passatempo, girassol, televisão.
2. Por aglutinação – Unimos duas ou mais palavras (ou radi-
cais), alterando sua estrutura. Exemplos: aguardente (água
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Manual do Educador

Texto publicitário

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Capítulo
8
+ ardente), embora (em boa hora), planalto (plano + alto).

Principais casos de emprego do hífen


O hífen, chamado também de traço de união, é um peque-
no traço que, entre outras funções, desempenha a união dos
elementos que formam palavras compostas e derivadas.

O hífen em palavras compostas

1. Com substantivos e adjetivos compostos


• Substantivos → guarda-noturno, mico-leão,
ministro-chefe, banana-prata
• Adjetivos → camisa azul-clara,
clássico latino-americano, acordo franco-espanhol
Observe que, nesses casos, as palavras compostas devem
ser entendidas como blocos de sentido, ou seja, a compreen-
são não é dada pelo sentido de cada palavra isoladamente,
mas pela união do todo. No entanto, cada elemento formador
se mantém independente foneticamente, ou seja, todas as pa-
lavras que participam da composição permanecem com seu
acento tônico.
Por outro lado, existem palavras compostas que, segundo os
dicionaristas, perderam a noção de composição, sendo, portan-
to, escritas sem hífen:

aguardente pontapé paraquedas


girassol benfeito

Ainda segundo os dicionaristas, as palavras compostas em


que a ligação é feita por meio de uma preposição também per-
deram a noção de composição. Embora elas continuem for-
mando um bloco de sentido, não são escritas com hífen. Veja:

pão de forma mestre de cerimônias fim de semana


sala de jantar cor de vinho

O hífen é sempre usado em palavras compostas com os ele-


mentos além, aquém, recém e sem.

além-mar recém-casado recém-nascido


sem-teto sem-terra

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O hífen em palavras derivadas por prefixação
Normalmente, os prefixos se ligam diretamente ao radical,
Sugestão de isto é, dispensam o uso do hífen. Mas há alguns casos em que

Abordagem
ele deve ser usado. Veja os principais:

1. Com os prefixos ex-, pós-, pré-, pró- e vice-:

Aprofundando a observa- ex-policial ex-jogador pós-operatório pré-escolar


pró-reitor vice-presidente
ção feita na página 298 a
respeito do emprego do 2. Com a maior parte dos prefixos (anti-, contra-, hiper-, in-

prefixo co-, comente que o fra-, super-, etc.) e dos chamados falsos prefixos, que são
radicais gregos e latinos (aero-, neo-, pseudo-, semi-, etc.),
hífen é usado somente em devemos utilizar o hífen quando:

três palavras: co-herdar, a) O segundo elemento começa por h:

co-herdeiro e co-hipôni- anti-herói infra-hepático super-homem neo-helênico


mo. Como são palavras de semi-humano

uso muito restrito, optamos


b) O prefixo ou o falso prefixo termina com a mesma vogal que
por não indicá-lo para os inicia o segundo elemento:
alunos. Entendemos que
anti-inflamatório contra-argumento micro-ondas
assim evitamos a proble- semi-intensivo
mática das exceções.
c) Os prefixos hiper-, inter- e super- são seguidos de palavras
iniciadas por r:

BNCC – Habilidades gerais hiper-resistente inter-regional super-romântico


super-responsável

EF69LP55
EF69LP56 Observação: Com os prefixos co- e re-, não usamos hífen:

coordenar coparticipar cooperação

BNCC – Habilidades específicas


reeditar reelaborar reescrita

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Anotações

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Manual do Educador

Texto publicitário

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Capítulo
8
Compartilhe
Prática linguística ideias
Sugestão de
1. O texto publicitário é normalmente uma fonte inesgotável Abordagem
de criatividade e exemplo da riqueza da nossa língua. Em ge-
ral, as mensagens são passadas de maneira rápida e eficiente
por meio do uso inteligente dos recursos que a língua oferece.
Para ampliar a análise dos
Observe isso nos anúncios a seguir e avalie o emprego da pa-
lavra vivo nas duas situações: anúncios 1 e 2, podemos for-
Anúncio 1 Anúncio 2
mular mais perguntas. Dando
continuidade ao item e, ques-
tione os alunos:
•• Com a substituição do
verbo ficar pelos verbos
continuar e permanecer,
o sentido de inteligente,
esperto da palavra vivo
a) Aponte dois sinônimos para a palavra vivo no Anúncio 1.
Sugestões: esperto, inteligente.
permanecerá? (Não.)

b) Esses sinônimos servem também para o Anúncio 2?


•• Como deveríamos rees-
Apenas o sinônimo esperto. A construção Fique inteligente crever o Anúncio 1 caso
não seria usual. passássemos claramente
c) A frase “Sou vivo”, no Anúncio 1, deixa implícito um posicio-
o foco da mensagem para
namento a respeito de quem usa drogas. Que posicionamento o receptor? (Seja vivo. Não
é esse?
use drogas.)
Quem usa drogas não é vivo (esperto, inteligente).

d) No Anúncio 2, a palavra vivo pode ter outro sentido. Qual é?


Podemos também enrique-
Ela pode expressar também o sentido de permanecer com
cer a abordagem do Anúncio
vida. 2 discutindo com a turma a
importância do emprego da
327 oração subordinada adver-
bial condicional e da oração
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coordenada aditiva.

Anotações
BNCC – Habilidades gerais

EF69LP02 EF69LP16
EF69LP04 EF69LP17
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e) Para que o sentido da palavra vivo no Anúncio 2 fique mais
328 claro, podemos substituir o verbo ficar por outros que facilitem
essa relação. Aponte dois desses verbos.
Sugestões: continuar (continue vivo), permanecer (permane-
ça vivo)…

2. A palavra vivo tem origem no latim: vivus (que tem vida).


Assim, ela é originalmente um adjetivo, pois se relaciona a um
substantivo, atribuindo-lhe a qualidade de ter vida. Sabendo
disso, confronte o seu emprego nesses dois textos ao que ocor-
re no encarte do CD de Chico César:

Aos Vivos é o primeiro CD do cantor e compositor paraiba-


no Chico César. Gravado em voz e violão em 1994 e lançado
no ano seguinte, o disco já traz as características que viriam
a marcar a carreira de Chico. Segundo a crítica, seu canto é
afinado e pulsante, possui belas letras românticas, realiza com-
binações surpreendentes.
a) Nesse encarte, qual é o sentido da palavra vivos?
A palavra se refere às pessoas vivas, que têm vida.

b) O sentido se manteria igual caso Chico César escrevesse no


encarte o título do CD no singular? Explique.
Não. Caso o título do disco fosse escrito no singular (ao vivo),
teria outro significado. Ou seja, o título, na verdade, seria o
nome do artista, e o termo ao vivo seria a indicação de que o
disco foi gravado na hora do show, não em um estúdio.

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Capítulo
8
c) No encarte, a palavra vivos tem valor adjetivo?
Compartilhe
Não. No encarte, vivos é um substantivo. ideias
d) Poderíamos afirmar que a palavra vivos, no encarte, for-
mou-se por composição?
Não. Na verdade, essa palavra sofreu derivação imprópria, pois
é originalmente um adjetivo e está empregada como um subs-
tantivo. (Importante lembrar o que discutimos acerca da noção
de derivação regressiva e imprópria.)

3. A língua segue uma mecânica própria, uma gramática, que


internalizamos ainda nos primeiros anos da infância. Essas re-
gras gramaticais são de fácil dedução, porque sempre se repe-
tem. Para entender melhor como isso ocorre, podemos refletir
sobre a formação de algumas palavras. Por exemplo: nossa
gramática internalizada nos diz que partículas como -eiro e
-ista são formadoras de palavras que indicam profissões, como
em carteiro, enfermeiro, maqueiro, psicanalista, esteticista,
etc. O mesmo acontece com a partícula -mente, que em geral
indica uma noção de modo. Não é necessário consultar uma
gramática normativa para saber disso. Tanto é assim que, se
houvesse uma necessidade, poderíamos até inventar palavras
utilizando essas partículas.
Digamos que uma mulher de sua família (vamos chamá-la
de Sabrina) nunca consegue encontrar os objetos que procura
devido ao simples fato de desempenhar a ação de procurar de
modo muito rápido, desinteressado. Então você poderia di-
zer a algum membro da família que ela procura as coisas sabri-
namente. Ora, mesmo tendo criado essa palavra para nomear
o modo como Sabrina procura as coisas, você seria compreen-
dido pelo seu interlocutor, pois o processo de formação da pala-
vra sabrinamente faz parte da mesma gramática que todos nós
conhecemos muito bem, a nossa gramática internalizada.
Tendo tudo isso em vista, leia as dicas e identifique a pala-
vra correspondente a cada uma delas.

a) O que não se pode controlar é:


Incontrolável.

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b) O profissional que possui formação em Farmácia é:
330 Compartilhe
Farmacêutico.
ideias
c) A pessoa que defende a superioridade dos homens em rela-
ção às mulheres é:
Machista.

d) O que não é necessário é:


Desnecessário.

e) O verbo que nomeia a ação de fazer algo novamente é:


Refazer.

f) O atleta que é cinco vezes campeão de um mesmo torneio é:


Pentacampeão.

g) O que acontece de modo inesperado acontece:


Inesperadamente.

4. Como vimos ainda há pouco, a nossa gramática internaliza-


da possibilita a compreensão de palavras até mesmo inventa-
das recentemente, os neologismos. Essas palavras são criadas
justamente para dar conta de alguma necessidade comunicativa
e ainda não estão registradas nos dicionários. Devido ao dina-
mismo e à criatividade da publicidade, o texto publicitário utiliza
frequentemente neologismos. Pensando nisso, faça uma pesqui-
sa em textos publicitários e identifique alguns neologismos for-
mados por derivação e outros formados por composição.
Sugestões de resposta: Neologismos formados por derivação:
superoferta, superpromoção, superfácil, antiácaro, antimofo,
multifuncional, cadernão. Neologismos formados por composi-
ção: lava-tudo, carrinho-berço, gabinete-fruteira.

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Manual do Educador

Texto publicitário

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Capítulo
8
5. Utilizando os prefixos que você conhece, indique as pala-
vras compostas que correspondem às expressões dadas. Veja
o modelo:

quase intensivo = semi-intensivo

a) quase deus = semideus


b) operação microscópica = micro-operação
c) quem não é mais atleta = ex-atleta
d) período anterior à História = Pré-História
e) sentido contrário à rotação dos ponteiros do relógio =
anti-horário
f) que obteve o segundo lugar em um campeonato =
vice-campeão
g) o que será feito novamente = refeito
h) ataque contrário, reação contrária = contra-ataque
i) quem não é mais presidente = ex-presidente
j) muitíssimo feliz = superfeliz

6. Como vimos, a criação das palavras acompanha as inova-


ções culturais e tecnológicas da sociedade, entre outras. E, por
outro lado, palavras velhas podem ganhar novos significados.
Pensando nisso, procure explicar o sentido das gírias a seguir,
consideradas neologismos semânticos.
a) caô – mentira, boato
b) caozeiro – quem mente demais
c) bonde – coletivo de amigos de uma mesma comunidade
d) mala – pessoa chata, inconveniente; jovem infrator
e) pisante – tênis, sapato
f) zoar – agitar, fazer agitos
g) tchutchuca – garota bonita
h) x9 – informante, dedo-duro
i) sangue bom – pessoa de qualidade, de boa índole
j) rolé – passeio
k) responsa – confiável, importante

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Ca 332
7. Os processos de derivação que estudamos neste capítulo
Compartilhe são os mais conhecidos, porém há ainda muitos outros. Um
ideias
deles é a derivação delocutiva. Por esse processo, uma ora-

Leitura
ção inteira, que em princípio nomeava uma ação ou situação,
passa a funcionar como uma palavra, nomeando essa mesma
Complementar ação ou situação. Muitas dessas palavras tiveram origem em
diferentes línguas, como o latim, o árabe, o grego, etc. Outras
têm origem duvidosa. Mas o fato é que fazem parte da nossa
comunicação diária. Pensando nisso, explique o que significam
Alguns exemplos antigos e re- atualmente estas expressões:
centes de derivação delocutiva a) Ir catar coquinho – Sair de perto de alguém.
em português b) Falar pelos cotovelos – Falar muito.
c) Fazer uma vaquinha – Juntar algum dinheiro para comprar algo.
Rodolfo Ilari d) Guardar a sete chaves – Guardar algo com muito cuidado.

Quando Benveniste definiu a de- e) Entrar com o pé direito – Ter sorte em alguma ação.
f) Acabar em pizza – Acabar de forma impune.
rivação delocutiva na década de
g) Ninguém merece – Estar chateado.
1960, a ideia de que é preciso
h) Estar ligado – Estar entendendo.
recorrer à situação em que as pa- i) Pode crer – Pode acreditar.
lavras são usadas para explicar a j) Estar de boa – Estar tudo bem.
evolução de seus sentidos já esta-
8. As palavras formadas por derivação delocutiva são cha-
va bem estabelecida em linguísti- madas tecnicamente de expressões idiomáticas, isto é,
expressões do nosso idioma, como tirar o cavalinho da chu-
ca. Essa ideia tinha mesmo sido to-
va. Uma característica decisiva da expressão idiomática é
mada como princípio por algumas que ela não pode ser compreendida somando o significado
das palavras que a compõem. O ato de tirar o filhote de um
escolas que estudaram a evolução equino da chuva, por exemplo, em princípio não tem nenhu-
do sentido, em vez de tratar de ma relação com o seu sentido: desistir de algo. A seguir, co-
locamos algumas ilustrações que identificam algumas das
evolução das formas, à maneira nossas expressões idiomáticas. Observe-as atentamente e
dos neogramáticos […]. procure identificar a expressão do nosso idioma que repre-
sentam. Em seguida, escreva com suas palavras o significa-

A decisão de considerar as situa- do de cada uma delas.

ções de emprego também tinha


permitido explicar por que acon-
tece tantas vezes que uma deri- 332

vação se interrompe e outra co-


meça no momento em que uma LPemC_2018_BNCC_9A_Cap8.indd 332 08/05/18 08:02

palavra cede o lugar a outra com de entre iecur e as formas fígado, com figos tinha um iecur ficatus,
a qual não tem nenhuma relação hígado, foie, fegato, etc., mas o e, a propósito dessa expressão,
evidente. Nas línguas românicas, o desaparecimento de iecur tinha repetiu-se a história de sempre: foi
caso mais célebre dessa situação colocado os romanistas diante de o adjetivo que ganhou a parada,
é, como todos sabem, o das pala- um mistério que só começou a ser dando origem a fígado e a todos
vras que designam o fígado. A pa- resolvido quando se lembrou que os seus cognatos românicos. Uma
lavra latina para o fígado era iecur, uma das técnicas mais eficazes explicação análoga já foi proposta
gen. ieconis, um cognato do gre- para obter fígados gordos consis- para as palavras que designam o
go hepar, que deu origem a hepa- tia em superalimentar os gansos toucinho em português e em espa-
tite e hepático. Não há continuida- com figos: um ganso engordado nhol.

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Manual do Educador

Texto publicitário

333
a)
Capítulo
8
Pagar o pato. Significado: ser responsabilizado pe- Anotações
las consequências de ações realizadas por outras
pessoas.

b)

Pisar em ovos. Significado: Agir com muito cuidado.

c)

Encher linguiça. Significado: Não ir direto ao ponto;


preencher espaços com enrolação; enrolar.

d)

Engolir sapo. Significado: Ouvir xingamentos, humi-


lhações sem revidar.

e)

Descascar abacaxi. Significado: Resolver um pro-


blema muito difícil ou chato.

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Também a ideia de uma derivação ge de sê-lo do ponto de vista do


delocutiva soluciona certo número sentido. O procedimento que cria
de problemas de etimologia, mas salutare a partir de salus é o da
é de natureza bem diferente. Seu derivação denominal. Como os
exemplo mais célebre são as pa- verbos formados por derivação
lavras latinas salus e salutare. En- denominal contêm normalmente
tre essas palavras, há uma relação a ideia de fazer, salutare deveria
morfológica de derivação bastante significar fazer sadio, tornar sa-
evidente, mas o que é simples do dio e, portanto, curar […].
ponto de vista da forma está lon-

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Compartilhe
ideias É hora de produzir
Diálogo com
o professor
Antes de começar a escrever
Embora o texto publicitário seja bastante rico nos usos da
A intenção aqui é levar os alunos nossa língua, algumas vezes não é tão inteligente assim: em
a pensar criticamente sobre pro- muitas situações, ele se mostra repetitivo e, justamente por
isso, não nos surpreende. Exemplo claro dessa repetição é o
pagandas que, muitas vezes, re- que normalmente acontece com propagandas de sabão em pó,
produzem a ideologia dominante que sempre trazem roupas brancas sujas com terra, molho de
macarrão ou qualquer outra coisa igualmente capaz de man-
e, por serem tão comuns e repe- char. Então vem uma personagem que lava com o sabão X as
roupas que seu filho sujou e, sempre muito feliz, as coloca para
titivas, acabam passando incólu- secar ao sol. Esse é um modelo de propaganda que reproduz
mes pelo nosso senso crítico. Nas uma série de ideias preconcebidas. Em conjunto com os seus
colegas, discuta:
propagandas de sabão em pó, • Que ideias preconcebidas são essas?
• Como são feitas normalmente as propagandas de creme
como a que descrevemos, são dental?
reproduzidos vários preconcei- • Como são representados os homens em propagandas de
cremes de barbear?
tos: somente as mulheres lavam • Qual é o papel da mulher em propagandas de cerveja?
roupas; a qualidade do sabão é • Por que as mulheres são tão felizes em propagandas de
absorvente?
associada à beleza e riqueza da • Qual é o conceito de felicidade passado em propagandas
mulher que o utiliza (daí a imagem de automóveis?

de uma mulher branca, rica e fe- Proposta


liz); a mulher que utiliza o sabão Agora, imagine que você e mais dois ou três colegas da tur-
na propaganda é sempre mos- ma trabalham em uma agência publicitária que deverá elabo-
rar uma nova campanha para um produto que normalmente é
trada como uma dona de casa oferecido de maneira repetitiva e preconceituosa. A missão de
moderna; ela é sempre mãe de vocês será criar uma propaganda que apresente o produto de
maneira inteligente, diferente da habitual. Imagine que a propa-
uma ou duas crianças travessas ganda de vocês será exibida na televisão. Durante o planeja-
mento, tenham em vista que deverão apresentar seu trabalho
(a evocação da infância sugere para toda a sala na seção Avaliação.
uma ideia de sujeira); etc. Nessa
mesma linha, segue uma infinida- 334

de de propagandas-modelo, e é
para essas que queremos chamar LPemC_2018_BNCC_9A_Cap8.indd 334 08/05/18 08:02

a atenção dos nossos alunos. cheguem às conclusões neces-


sárias. Para facilitar a abordagem,
A proposta de produção traz im- Anotações
podemos trabalhar com eles as
plícita uma série de informações
dúvidas suscitadas na seção Pla-
que devem ser esclarecidas aos
nejamento. A partir das respostas
alunos. Seria interessante levá-los
encontradas, poderemos traçar
a refletir sobre as peculiaridades
passo a passo alguns pontos im-
que envolvem a elaboração de
portantes para a elaboração do
uma campanha publicitária para
texto.
a TV com o propósito de que

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Manual do Educador

Texto publicitário

335
Capítulo
8
Planejamento
O primeiro passo para produzir a propaganda logicamente Sugestão de
deve ser escolher o produto que será trabalhado. Feito isso, os
questionamentos a seguir facilitarão o trabalho do grupo:
Abordagem
1. Qual é o público-alvo desse produto?
2. Qual horário é o mais indicado para ser veiculada a propa-
ganda de vocês?
O imperativo publicitário é
3. Como esse produto normalmente é apresentado nas propa- o motor do mundo
gandas?
4. O que vocês podem fazer para criar uma propaganda dife- O vídeo indicado no link
rente?
abaixo pode ser usado para
5. A propaganda de vocês terá uma duração de quanto tem-
po? Atenção: o tempo deverá ser cronometrado. Lembre- debater com seus alunos a
-se: mais do que em qualquer outra situação, aqui tempo
realmente é dinheiro…
importância da publicidade
6. Que materiais serão necessários para produzir toda a pro- para a sociedade.
paganda?
7. Quais de vocês serão os personagens que estarão em cena? http://www.youtube.com/
8. O que cada um dos personagens falará? watch? v=zM Fq13 L _
9. Neste momento, valorizem a expressão verbal e corporal,
tendo em vista o tempo e a necessidade de serem bem R0s&feature=related
compreendidos.
10. Como será o desfecho da propaganda? É importante fechar
o texto com um slogan.
BNCC – Habilidades gerais
Avaliação
Dicionário
1.A avaliação do trabalho do grupo será feita durante a apre- EF69LP02 EF69LP09
sentação para o professor e para a turma. Nesse momento, eles O slogan é um sucinto EF69LP06 EF69LP14
analisarão o trabalho dos grupos tendo como base os seguintes e ritmado textinho, uma
questionamentos: breve expressão, que EF69LP07 EF69LP15
pretende encapsular o
Aspectos analisados Sim Não valor que se quer atribuir a EF69LP08 EF69LP16
determinada empresa ou
A propaganda está adequada ao público-alvo e ao ho- produto e, assim como a
rário de exibição? logomarca, é fácil de ser
lembrado pelo consumidor.
O tempo de apresentação foi rigidamente cronometrado?
O grupo conseguiu fazer uma propaganda diferente BNCC – Habilidades específicas
das habituais?
Os personagens conseguiram se expressar com clareza? EF89LP02 EF09LP04
O desfecho foi adequado?
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EF89LP11

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Anotações

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MOMENTO
DO Texto publicitário
u N
g
SE Anúncio 1
Repensando o
Ensino da Gramática

Metonímia é a substituição
de um termo por outro que
Antes de
com ele tem relação de sen- começar a ler
tido lógica e constante. Há Os textos que você vai
ler agora são anúncios F/Nazca S&S
entre os termos afinidade publicitários produzidos 26o Anuário da Criação
pela agência publicitária
ou continuidade de sentido. F/Nazca S&S para a
fundação S.O.S. Mata
“Hoje é dia de sofá”, foi o Atlântica, uma organização
não governamental
slogan da rede de locadoras destinada à proteção desse
ecossistema. Leia-os

de vídeo e DVD Blockbus- com atenção procurando


identificar as intenções dos

ter, transfere, por sinédoque seus elaboradores.

(tomar a parte pelo todo, o


singular pelo plural, a maté-
Anúncio 2
ria pelo produto), a ideia de Quem destrói florestas não
exibição de filmes na TV da mata apenas árvores.

sala de estar para a do ob-


jeto em que isso ocorre na
sala. Assim também ocorre
com o slogan de O Boticário
(“frascos de natureza”), em
que se toma a substância F/Nazca S&S

pelo recipiente. 25o Anuário da Criação

A metonímia é apenas um 336

dos muitos recursos retóri-


cos e literários usados pela
LPemC_2018_BNCC_9A_Cap8.indd 336 08/05/18 08:02

publicidade para elaborar


as mensagens com que BNCC – Habilidades gerais
vende produtos, empresas,
Anotações
EF69LP02 EF69LP16
imagens e conceitos. O co-
EF69LP04 EF69LP17
nhecimento desses recur- EF69LP13
sos torna mais fácil materiali-
zar uma ideia.

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Manual do Educador

Texto publicitário

337
Capítulo
8
Sugestão de
Desvendando os segredos do texto Compartilhe
ideias

1. Nesses textos, podemos identificar claramente o uso da lin-


Abordagem
guagem verbal junto à linguagem não verbal. Como essa rela-
ção é feita?
Vários anúncios com temas
Nos anúncios, as imagens (linguagem não verbal) são claras
semelhantes podem apoiar
ilustrações do texto verbal.
o estudo dos textos apre-
2. Caso as imagens fossem retiradas desses anúncios, o efei-
to comunicativo se manteria o mesmo?
sentados neste segundo
Não. As imagens têm a função de apoiar o texto verbal, amplian- momento do capítulo. A se-
do sua força comunicativa e contribuindo para a construção do guir, trouxemos alguns que
sentido. podem auxiliar o trabalho
de compreensão de textos
3. Ainda explorando a relação entre linguagem verbal e não dos alunos.
verbal, que palavra relaciona diretamente a imagem ao texto
escrito no Anúncio 1?
O verbo ver, em “Eu vi […]” e “A natureza vê […]”.

4. Considerando o contexto comunicativo do Anúncio 1, a


quem se refere a palavra você?
a) Aos membros da Fundação S.O.S. Mata Atlântica.
b) Aos seres humanos que devastam florestas.
c) A todas as pessoas que lerem o anúncio.
d) A qualquer pessoa.
e) Aos idealizadores do anúncio.

5. A intenção comunicativa dos autores do Anúncio 1 ao utili-


zar a palavra você foi:
a) Sensibilizar todas as pessoas que se depararem com o
anúncio.
b) Criar um tom de proximidade com os leitores.
c) Sensibilizar os principais agentes do desmatamento.
d) Identificar o sujeito do verbo cortar.
e) Mostrar que a natureza nada pode fazer contra o desmata-
mento.

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Anotações

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6. No Anúncio 2, a relação entre o período “Quem destrói flo-
Compartilhe
ideias restas não mata apenas árvores” e a imagem deixa implícita a

Sugestão de ideia de que:


a) A destruição de florestas é uma ação praticada pelos seres
Abordagem humanos.
b) A natureza é testemunha do desmatamento.
c) O homem destrói o meio ambiente desnecessariamente.
Seria interessante incenti- d) O desmatamento desequilibra o meio ambiente, pois causa
a morte de vários animais.
var os alunos a pesquisar e) A destruição de florestas ocorre em áreas muito ricas em
árvores, como a Floresta Amazônica e o Pantanal.
o processo de formação
de palavras aplicado em 7. Agora, leia o anúncio a seguir.

muitos neologismos empre-


gados em anúncios, como
este do banco Bradesco:

a) Esse anúncio foi elaborado com que propósito?

É muito comum nas propa- Combater o comércio ilegal de animais silvestres.

gandas o uso de pseudo- b) Nesse anúncio, a palavra você se refere às mesmas pessoas

prefixos, como hiper, super,


que você indicou na questão 4?

mega, ultra, multi, anti, etc.,


Não. Nesse caso, o pronome se refere às pessoas que com-
pram animais silvestres.
participando da formação de
c) No anúncio, a relação entre texto verbal e imagem é muito
novas palavras. Por exemplo: forte. Nesse caso, qual foi a intenção comunicativa dos ideali-
infiltrante, antienvelheci- zadores do anúncio ao utilizarem essa imagem?

mento, ultrarrefrescante, Sensibilizar as pessoas que compram animais silvestres.

extraconfortável, etc.
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Anotações

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Manual do Educador

Texto publicitário

339
Capítulo
8
d) Como vimos na primeira parte deste capítulo, em muitos tex-
tos publicitários é comum a utilização de verbos flexionados no
modo imperativo, o que impõe ao interlocutor a ordem para rea-
lizar as ações desejadas pelo anunciante. No caso do anúncio
da questão, que verbo é utilizado com esse propósito?
Denuncie.

8. O uso do modo imperativo torna mais clara a intenção co-


municativa dos textos publicitários. Pensando nisso, leia os
perfis de anunciantes descritos abaixo e, em seguida, elabo-
re frases que possam finalizar adequadamente seus anúncios.
Flexione os verbos no modo imperativo.
Respostas sugeridas.
a) Perfil do anunciante: Uma instituição governamental que
desempenha o importante trabalho de coletar sangue e doá-lo
para pessoas necessitadas está com seu estoque acabando.
Venha doar! / Participe! / Doe sangue e salve várias vidas!

b) Perfil do anunciante: Uma agência de automóveis impor-


tados recentemente instalada no País está enfrentando sérias
dificuldades financeiras devido às poucas vendas. O motivo é a
desconfiança dos consumidores em relação à marca, que ain-
da é desconhecida.
Confie na nossa qualidade! / Acredite na nossa potência! / Dei-
xe nossos carros surpreender você!

c) Perfil do anunciante: Uma grande construtora de edifícios


teve suas vendas diminuídas drasticamente devido a boatos
inventados por uma concorrente a respeito do perigo de desa-
bamento de seus prédios.
Não acredite em boatos, acredite em qualidade! / Não deixe
que boatos estraguem o seu sonho!

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Compartilhe Análise linguística
ideias
Leitura
Complementar Outros processos de
formação de palavras
No nosso dia a dia, é muito Como vimos na primeira parte deste capítulo, a derivação e
a composição são os processos de formação de palavras mais
comum também a criação produtivos. Falando mais especificamente, a sufixação, a prefi-
xação e a composição são responsáveis por aproximadamente
estilística de neologismos 90% da formação de palavras no português atual.
formados por sufixação. No entanto, há muitos outros processos. Nesta etapa, ve-
remos mais alguns que, apesar de mais restritos, são muito
Essa é, sem dúvida, uma importantes.
forma interessante de se
Redução
conseguir alcançar efei- A redução, também chamada de abreviação vocabular,
tos semânticos curiosos. A consiste em formar palavras a partir da redução de uma pa-
lavra primitiva. As palavras formadas dessa maneira são mui-
esse respeito, vale a pena to comuns em situações informais, funcionando muitas vezes
conferir o excelente artigo como gírias. A redução da palavra primitiva é imprevisível e não
segue padrões definidos. Observe: portuga (de português),
Expressividade das cria- mina (de menina), japa (de japonês), Fla (de Flamengo), Flu
(de Fluminense).
ções lexicais estilísticas
formadas por derivação Onomatopeia
sufixal, de Elis de Almeida Onomatopeias são palavras formadas a partir da tentativa
de reproduzir ruídos, vozes de animais, sons da natureza, etc.
Cardoso, da USP, dispo- Exemplos: atchim, cocoricó, cri-cri, miau, pocotó, reco-reco,
nível em: http://www.filolo- tique-taque, zás.

gia.org.br/ileel/artigos/arti- Sigla
go_386.pdf. A sigla é uma palavra formada a partir da união da letra ou
da sílaba inicial de cada um dos componentes da expressão ou
título. Observe:

Polícia Militar = PM
Sistema Único de Saúde = SUS
Universidade de Pernambuco = UPE
Fundação Nacional do Índio = Funai
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Sugestão de
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Abordagem

É importante comentar com carros; em Portugal, auto- BNCC – Habilidades gerais


a turma que, como mantêm carros; no futebol brasileiro, EF69LP55
uma relação contígua com a temos goleiro; no futebol por- EF69LP56
sociedade, os processos de tuguês, guardador de redes;
formação de palavras são uma aqui temos toque-toque; nos
BNCC – Habilidades específicas
interessante fonte de variação. EUA, knock-knock.
Exemplos: no Brasil, temos EF09LP04

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Manual do Educador

Texto publicitário

341
Capítulo
8
Neologismo
A língua sempre está mudando. O português que nossos
avós falavam não é o mesmo que nossos pais falavam quando
jovens, que, por sua vez, é diferente do nosso. A todo momen- Dicionário
to, palavras nascem (neologismos), transformam-se ou mor-
rem (arcaísmo). Por isso é comum, e certo, dizer que a língua Arcaísmo: Palavra ou
construção antiga e fora
é um “organismo” vivo que acompanha as demandas e trans-
de uso atual utilizada
formações sociais. apenas para se recriar
Por exemplo, o campo da tecnologia, com sua aparente in- uma época.
finita capacidade de inventar dispositivos, práticas e serviços,
tem sido um espaço fértil para os neologismos.

Copyright: http://1.bp.blogspot.
com/-fkIRpzf5or4/UQRYWftZxZI/
AAAAAAAACeY/kqF2psxI9aU/s1600/
macumbeiro+moderno.jpg.

O texto acima explora as palavras e os serviços digitais para


reinventar, modernizando com o uso tecnológico, uma prática
bem mais antiga — a encomenda de serviços espirituais, o que
gera certo contrassenso (facilitar e simplificar rituais espirituais)
e, consequentemente, provoca o humor.
É também possível formar neologismo, de maneira produti-
va e interessante, quando inventamos uma nova palavra para
um significado já existente, como em inverdade, que significa
mentira, ou quando uma palavra antiga ganha um novo signifi-
cado, como em zebra significando azar.
O estado de neologismo é provisório, pois as novas palavras
podem ser esquecidas ou podem ser incorporadas oficialmente
ao vocabulário oficial depois de consagradas pelo uso — em
ambas as situações, deixam de ser neologismos.
O neologismo já foi considerado um vício de linguagem, com
valor negativo, por ser visto como um desvio da norma-padrão.
Hoje não mais, pois as investigações linguísticas têm demons-
trado que a formação de novas palavras é um processo saudá-
vel de manutenção da existência e da eficiência da língua com
vistas à expressividade. 341

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Ca 342
Compartilhe
ideias Prática linguística
Sugestão de
Abordagem Texto 1

Há algumas informações importan- Golden Plus Bloqueador


tes a respeito das siglas que vale a Solar Multiativo FPS 40
pena comentar com a turma: Loção com absorção rápida e
textura bastante agradável. Au-
1. As siglas podem originar pala- menta em 40 vezes a proteção na-

stockyimages I Shutterstock
tural da pele exposta ao sol e pode
vras, como ocorre com petista ser aplicado sobre o corpo e o ros-

(pessoa filiada ao PT) e uspia- to. Ultraproteção para peles claras


e sensíveis!
no (estudante da USP). http://internet.boticario.com.br.
Acessado em 11/02/09.

2. As siglas têm o plural marcado 1. (Ipad) É correto afirmar que o texto possui a função de:
com o acréscimo de s, não ’s. a) Informar sobre pontos comuns a todos os produtos de prote-
ção solar da empresa.
Observe: ONGs (não ONG’s, b) Discutir cientificamente a composição química do produto.
para organizações não gover- c) Fazer uma campanha de prevenção ao câncer de pele.
d) Caracterizar o bloqueador solar Golden Plus.
namentais), CEPs (não CEP’s, e) Comparar o produto com o da concorrência.
para Códigos de Endereçamen- 2. (Ipad) Leia as afirmações seguintes sobre o texto 1.
tos Postais). Caso a sigla repre- 1. É predominantemente narrativo por apresentar uma sequên-

sente uma expressão já expres-


cia de fatos.
2. É predominantemente descritivo porque reproduz caracterís-
sa no plural, essa marca não é ticas de um produto.
3. É predominantemente dissertativo, uma vez que o autor ma-
passada para a sigla: os PCN nifesta opiniões pessoais.
(os Parâmetros Curriculares Na- Está(ão) correta(s):
a) 1 apenas.
cionais), não os PCNs. b) 2 apenas.
c) 3 apenas.
3. As siglas são consagradas d) 1 e 3 apenas.
pelo uso, por isso normalmente e) 1, 2 e 3.

não sofrem mudanças, mesmo 342

que a expressão original mude.


Exemplo: MEC hoje identifica LPemC_2018_BNCC_9A_Cap8.indd 342 08/05/18 08:02

o Ministério da Educação, mas Caso a sigla seja de uso muito são escritas apenas com a ini-
originalmente designava o Mi- comum, dispensa-se a relação cial maiúscula. Observe: IEL,
nistério da Educação e Cultura. com o nome original. SUS, DVD, USP, IML, FGTS,
5. Siglas grafadas com até três UFRPE, CPRH, Ibama, Otan,
4. Nos textos, normalmente es- Fuvest, Senai, Incra, Impe,
crevemos a expressão com- letras são escritas com letras
maiúsculas, mesmo que pos- Unicamp, etc.
pleta seguida da sigla, escrita
entre parênteses. Na segunda sam ser pronunciadas como
ocorrência no mesmo texto, uma palavra. Já as siglas com
escrevemos apenas a sigla. mais letras que podem ser pro-
nunciadas como uma palavra

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Manual do Educador

Texto publicitário

343
Capítulo
8
3. Assinale a alternativa que contém, respectivamente, as pala-
vras com o mesmo sentido de bloqueador e sensível no texto.
a) Protetor e sentimental.
b) Bronzeador e delicada.
c) Protetor e delicada.
d) Defensor e sentimental.
e) Bronzeador e delicada.

4. Entre as palavras a seguir, retiradas do Texto 1, indique


aquela que é uma sigla.
a) Golden.
b) Bloqueador.
c) Multiativo.
d) FPS.
e) Ultraproteção.

5. Considerando o sentido do texto, podemos afirmar que a


palavra FPS é sinônima de:
a) Forma de Proteção da Saúde.
b) Fator de Proteção Solar.
c) Fenômeno Prático do Sol.
d) Ferramenta de Princípio Solar.
e) Fundo Público de Saúde.

6. Não é formada por derivação sufixal:


a) Multiativo.
b) Bloqueador.
c) Agradável.
d) Sensibilidade.
e) Textura.

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o
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Ca 344
Texto 2

Sugestão de
Abordagem

Em parceria com o professor


de História, seria interessan- 7. Nesse texto, observamos o predomínio de palavras forma-
das por:
te convidar os alunos a fazer a) Sigla.
uma pesquisa sobre a utiliza- b) Onomatopeia.
c) Abreviação.
ção de anúncios publicitários d) Derivação.
e) Composição.
pelo governo brasileiro du-
rante a Ditadura Militar, tema 8. Esse predomínio se justifica devido:
a) Às características formais do texto, que deve ser breve.
que certamente está sendo b) Ao fato de qualquer texto expressar o que se deseja com o
estudado por eles. menor número de palavras possível.
c) À estrutura do texto, que deve trazer todas as informações
Até o fim da Ditadura, em necessárias sem importar o número de caracteres.
d) À vontade do autor, que escreveu dessa maneira porque
1985, uma de suas princi- quis.
e) Ao fato de um texto desse gênero poder ser escrito com uma
pais armas foi a propaganda grande quantidade de caracteres.
política. Um dos principais
9. A causa apontada na questão 8 se explica porque:
órgãos responsáveis pelas a) Os anúncios são textos escritos com o objetivo principal de
campanhas do governo era chamar a atenção do leitor.
b) Devemos sempre procurar expressar nossas ideias com o mí-
a Assessoria Especial de nimo de palavras necessário.
c) O valor pago por textos desse tipo é inversamente proporcio-
Relações Públicas (AERP). nal à quantidade de caracteres que ele apresenta, ou seja,
Criada em 1968, a AERP quanto maior for o texto, menor será seu preço.
d) Os anúncios de jornal são textos pagos pelo anunciante e cujo
contava com uma equipe preço varia de acordo com a quantidade de caracteres: quan-
formada por jornalistas, so- to menor for o texto, menor será o valor pago por ele.
e) Os anúncios são textos publicados gratuitamente pelos jor-
ciólogos e psicólogos que nais. Assim, devem ser curtos, para que sobre espaço para
analisavam os temas e o foco outros anúncios na página.

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que dariam às suas ações.
Depois, encaminhavam suas
propostas para agências de
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publicidade e lá eram pro-


duzidos documentários para
Anotações
televisão e cinema, matérias
para jornais e slogans, como
Você constrói o Brasil; Nin-
guém segura este País; Bra-
sil, conte comigo; Este é um
País que vai pra frente; Brasil,
ame-o ou deixe-o.

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Manual do Educador

Texto publicitário

345
Capítulo
8
É hora de produzir
Sugestão de
Antes de começar a escrever Abordagem
Como vimos, o texto publicitário é marcado pela intenção de levar o interlocutor a desem-
penhar determinadas atitudes, como comprar, doar, investir, etc. Com os anos, esse tipo de
texto vem se desenvolvendo bastante e, hoje, é parte inseparável do nosso cotidiano e da Essa proposta de produção,
nossa história. Não entendeu? Alguma vez você já se deu conta de que, em época de elei- como se vê, envolve uma
ção, a propaganda dos candidatos é o que normalmente faz a diferença? Pois bem: lá está
o texto publicitário, procurando convencer os eleitores de que cada candidato é a pessoa demanda muito grande de
mais indicada para nos governar.
gêneros. Caso haja tempo,
Proposta seria interessante promo-
Agora, toda a turma voltará aos grupos que trabalharam na produção do debate político ver na escola uma semana
do capítulo anterior, com os mesmos candidatos e assessores. O objetivo agora será pro- eleitoral, em que os alunos
duzir a propaganda eleitoral de cada candidato. Neste trabalho, os grupos deverão elaborar
propagandas que normalmente são feitas em época de campanha, como slogans, santi- de todas as turmas do 9º
nhos, jingles, panfletos, vídeos, etc. Os grupos deverão valorizar ao máximo a criatividade
e o bom humor. A propósito: o objetivo, evidentemente, será promover os candidatos e
ano pudessem eleger, por
levá-los a vencer a eleição. exemplo, um representante
do ano para ser seu porta-
Planejamento
Antes de começar os trabalhos efetivamente, cada grupo deverá se reunir e traçar as
-voz junto à direção, aos
estratégias da campanha. Neste momento, discutam: professores, à coordena-
1. Quantos textos serão produzidos? ção, etc. O evento marcaria
2. Que gêneros textuais serão utilizados?
bem demandas comunicati-
3. Haverá alguma propaganda para ser veiculada na televisão?
4.
vas que envolveriam a pro-
Quais serão as propostas de campanha do candidato?
5. Entre essas propostas, quais têm mais apelo popular? dução e recepção de inú-
6. Que pontos positivos devem ser explorados nos textos e quais devem ser omitidos? meros textos publicitários.
7. Que materiais serão necessários?

Avaliação
BNCC – Habilidades gerais
1. O professor marcará com a turma um dia para a apresentação dos grupos e avaliação
dos trabalhos. Nesse dia, procurem estar com todos os materiais preparados para apresen-
tá-los à turma, como se fosse realmente época de campanha. EF69LP02 EF69LP09
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EF69LP06 EF69LP14
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BNCC – Habilidades específicas


Anotações
EF89LP02 EF09LP04
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Ca
346 Compartilhe
A escrita em foco
ideias
Estrangeirismos e empréstimos
Ao longo da história, o contato natural e inevitável dos brasilei-
ros com outros povos levou a muitas mudanças na nossa língua.
Como esse contato continua, as mudanças também continuam.
Isso não quer dizer, entretanto, que com o tempo deixaremos de
falar o português brasileiro simplesmente porque utilizamos dia-
riamente várias palavras de origem inglesa, por exemplo. Isso é
um engano. A nossa língua mantém-se firme e forte, independen-
temente dos estrangeirismos e dos empréstimos linguísticos.
O estrangeirismo ocorre quando utilizamos palavras de
outro idioma nas nossas comunicações. Isso acontece ou por
questão de status ou sempre que a nossa língua não dispõe de
formas usuais e correspondentes à palavra ou expressão es-
trangeira, que, então, passa a ser usada tal qual ocorre na sua
língua de origem. Ou seja, os estrangeirismos não passam por
qualquer mudança ortográfica. É o que acontece com palavras
e expressões como fast-food, ringtone, self-service, iceberg.
Já os empréstimos são palavras que, vindas de outras lín-
guas, se adaptaram ao português, ou seja, foram aportuguesa-
das. Exemplo claro disso é o que ocorreu com o nome inglês
stress, que designa uma doença relativamente nova. Nós o pe-
gamos emprestado e o transformamos em estresse, que é por-
tuguês. Ou seja, a palavra foi “emprestada” e “devolvida”. O que
se incorporou à nossa língua foi a forma aportuguesada, não a
forma inglesa. Tanto é assim que hoje contamos com palavras
como estressado, estressante, estressar, desestressante.
As pessoas normalmente têm uma visão negativa dos es-
trangeirismos. Defendem que eles devem ser evitados, ou
mesmo proibidos, pois supostamente destroem a nossa língua
e ameaçam a nossa identidade. Não é bem assim. O emprego
de palavras estrangeiras na língua é um fato natural, dado o
contato que temos com outras culturas. Não há risco a correr,
pois, ao contrário do senso comum, essas palavras ampliam a
nossa língua. Pensar que o português sofre ameaça de pala-
vras estrangeiras é o mesmo que pensar que um bebê corre o
risco de crescer. Tanto é assim que isso sempre aconteceu e
sempre acontecerá, mas não deixaremos de falar o português
brasileiro por causa disso.
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Manual do Educador

Texto publicitário

347
Capítulo
8
A escrita em questão
o tempo, essas palavras sejam
1.Qual é o principal argumento de quem defende que os estrangeirismos e os emprésti-
mos empobrecem a língua? aportuguesadas. Então, de posse
Sugestão de resposta: O senso comum acredita que a frequência de uso de termos estran- de uma palavra “nova”, aportugue-
geiros faz com que, aos poucos, deixemos de falar português para falar outra língua. sada, “devolvemos” a palavra em-
prestada.
2. Que contra-argumento você daria à opinião apresentada na questão anterior? Em todo caso, é importante obser-
Sugestão de resposta: Os estrangeirismos e os empréstimos enriquecem a língua, são em- var que, em ambos os processos,
pregados conforme as nossas necessidades comunicativas. não devemos considerar apenas
3. Agora, leia a tirinha a seguir: os significantes em questão.
PREÁ E CAFÉ/Eudson e Lécio
Muitas vezes, o significado tam-
bém é importado, trazendo consi-
go forte valor semântico e pragmá-
tico. Ora, língua e sociedade são
elementos indissociáveis. Assim,
quando tomamos emprestado o
a) Que palavras estrangeiras identificamos nessa tirinha? termo cheese (queijo, em inglês),
Brother e news. nós o adaptamos à estrutura fono-
b) Qual delas é utilizada normalmente na linguagem informal?
lógica da nossa língua e importa-
Brother. mos a cultura de que ele faz parte.
Isto é: nós o tomamos emprestado
c) Um ponto de vista interessante sobre o uso de estrangeirismos e empréstimos linguísti-
cos é o fato de que, na maioria das vezes, os empregamos sem perceber. Como isso fica e o convertemos simplesmente em
claro na tirinha?
X (como em x-burguer), mas isso
Esse ponto de vista fica claro no último quadrinho, quando percebemos que o nome do jor-
só aconteceu porque importamos
nal (TV News) possui um estrangeirismo. Ou seja, o próprio nome do jornal contradiz a sua
também princípios da geração
posição a respeito do uso do estrangeirismo.
sanduíche, com seus hambúrgue-
res, batatas fritas e Coca-Cola. O
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mesmo aconteceu na origem len-
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dária da palavra forró. Conta-se
que durante a construção das li-
Leitura Complementar nhas férreas do Nordeste brasileiro
no final do século XIX, os ingleses
Para Câmara Jr. (1998), o emprés- velando-se estrangeiros nos fone- promoviam festas for all (para to-
timo ocorre quando uma língua X mas, na flexão e até na grafia. dos), nas quais o acesso era livre.
acaba por integrar uma unidade Quando é sentido como necessá- Ou seja, independentemente de
ou um traço linguístico que exis- rio, ou pelo menos útil, o vocábulo nacionalidade e classe social, os
tia precedentemente em uma lín- estrangeiro tende a adaptar-se à ingleses e os operários se diver-
gua Y. Já os estrangeirismos são fonologia e à morfologia da língua tiam juntos. Logo, os nordestinos
os empréstimos vocabulares não que o toma emprestado. No nos- transformaram o for all em forró,
integrados à língua nacional, re- so caso, o uso faz com que, com isto é, uma festa para todos.
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TO
EN
M
rA
1. Diariamente nos deparamos com textos, veiculados em dife-

CE r rentes mídias, que pretendem nos convencer sobre necessidades,

Sugestão de EN
crenças e valores, levando-nos às compras ou a comportamentos
supostamente desejáveis. São as propagandas. Na TV, em jornais e
Abordagem revistas, em outdoors, nas rádios, em panfletos, em filmes, na Inter-
net, etc., esses textos muitas vezes prometem resolver nossos pro-
blemas e ressaltam as inúmeras vantagens de se aderir à ideia vei-
O texto publicitário utiliza culada ou de se adquirir o produto/serviço vendido. As propagandas
muitas vezes são alvo de críticas, por incentivar o consumismo, mas
frequentemente palavras esses textos também podem educar ou orientar a população — por

estrangeiras com o propósi- exemplo, na promoção da saúde e do bem-estar, por meio de textos
prescritivos de cunho educativo e lúdico. Analise o texto a seguir.
to de tornar o produto mais
atraente ao consumidor. A
ideia é a de que essas pa-
lavras agregam valor justa-
mente devido à impressão
do senso comum de que
produtos importados têm
melhor qualidade. Seria in-
teressante pedir aos alunos
que fizessem uma busca de
a) Que tipo de conselho o anúncio dá na primeira parte (“As coisas mais importantes pre-
anúncios, rótulos, panfletos, cisam ser ditas em vida”)?
etc. em que possam iden- O conselho é que devemos falar tudo que é importante enquanto estamos vivos.
tificar o uso de estrangei-
b) Na segunda parte (“Diga para o mundo que você é doador de órgãos”), há uma nova
rismos com essa finalidade leitura da primeira, isto é, o conselho é feito agora com mais ênfase, ganhando o sentido
comercial. de ordem. Que recurso linguístico expressa essa ordem?
A ordem é expressa por meio da flexão do verbo no modo imperativo (diga).

c) Algumas palavras do anúncio estão destacadas. Qual é o objetivo desse destaque?


BNCC – Habilidades gerais A intenção dos destaques é ressaltar a informação mais importante, esclarecendo para o
leitor a finalidade do anúncio.
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EF69LP04 EF69LP17
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Anotações
BNCC – Habilidades específicas

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EF89LP04 EF89LP28
EF89LP16 EF89LP30
EF89LP22 EF89LP31
EF89LP26 EF89LP37

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Manual do Educador

Texto publicitário

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Capítulo
8
2. Para despertar a atenção e o interesse do interlocutor com
os textos publicitários, sendo estes os primeiros estágios que
levam ao desejo e à ação (geralmente comprar), é recorrente o Aprenda
mais!
uso de uma linguagem criativa e livre, em que a expressivida-
de é buscada no uso inusitado das palavras, nas relações de Polissemia é um
ideias incomuns, na quebra de expectativa, que gera o humor, fenômeno linguístico
entre outras estratégias. Nesse sentido, a polissemia é um em que uma palavra ou
expressão em contexto
produtivo recurso linguístico que prende a atenção e o interes- específico apresenta mais
se, leva o interlocutor a refletir, fazendo a informação perdurar de um sentido possível.
mais tempo na memória e associando a marca a uma imagem
positiva. Explique o uso da polissemia no slogan abaixo.

Número 1 em
Inglês é mais que inglês. É cultura. recomendações de dentistas

A palavra cultura apresenta um intencional duplo sentido: tanto


se refere à cultura dos ingleses, quanto ao curso Cultura In-
9 em cada 10 dentistas
glesa. A polissemia atribui, assim, uma dupla função ao curso Recomendam Sensodyne.

(uma vantagem em relação aos concorrentes): ensinar a língua


inglesa e a cultura dos ingleses.
O mais usado entre
os dentistas

3. Muitas vezes, os slogans são construídos por meio do uso


de uma hipérbole, isto é, de um exagero. Esse exagero é o
Sugestão de resposta:
ALGUÉM ESTá MENTINDO...
que desperta humor no meme ao lado, encontrado na Internet
e em redes sociais. Analisando o contexto de uso do meme e
os dados não verbais, produza uma frase que expresse o pen-
samento do personagem.
Resposta pessoal.

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Ca
350 4. A língua, além de ser apenas um sistema de códigos que se encerra em si mesmo,
reflete os modos de ser e de dizer a vida. Se pararmos para observar, por exemplo, os
anúncios publicitários publicados no século XIX e os de hoje, perceberemos várias dife-
renças que apresentam os costumes e as convenções de cada época. Considerando seus
conhecimentos sobre o texto publicitário, comente as principais diferenças que você perce-
be entre os três anúncios a seguir. Aponte, por exemplo, aspectos relacionados à sintaxe,
tipologia textual, ortografia, estratégia argumentativa.

1. Anúncio publicado em jornal do séc. XIX

VENDAS Quem quizer comprar hum pomar, na estrada da Caza Grande, que
vai para a ribeira, que foi do falecido boticário Gilberto de Pádua, pode dirijir-se a
Dona Fabiana Gitana, que esta passando a festa no Engenho do Prata.

2. Anúncio publicado em jornal no final do séc. XX

BOA VIAGEM APARTAMENTOS VENDA 3QTS CARACTERÍSTICAS: salão de


festas; piscina; interfone; banheiro social; varanda; sala de jantar; sala de estar;
cozinha; área de serviço MAIS INFORMAÇÕES: 1vg; 3qts; 1suíte; 2banheiros;
58m². LIGUE (40) 9999-9999 BOA LOCALIZAÇÃO, NASCENTE, NOVO. R$
400.000,00

3. Anúncio publicado em site de vendas em 2018

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Manual do Educador

Texto publicitário

351
Capítulo
8
A língua, como forma de interação social, revela-se, entre outros aspectos, um objeto de
estudo flexível, mutável no tempo, no espaço e segundo as pessoas que proferem os dis-
cursos e para quem são proferidos. E as marcas dessa pluralidade são percebidas desde Sugestão de
as unidades mínimas de sua estrutura, como ocorre nos processos de formação de pala- Abordagem
vras. Pensando nisso, analise as sentenças a seguir e considere-as verdadeiras ou falsas.

I. ( ) A onomatopeia é um processo de formação de palavras em que se tenta reproduzir


ruídos, sons da natureza, vozes de animais, etc.
Na questão 3 do Encerra-
II. ( ) Na composição por aglutinação, unem-se duas ou mais palavras alterando sua es- mento, o aluno deve apontar
trutura, como a palavra hidrelétrico.
III. ( ) A derivação por parassíntese ocorre quando se cria uma palavra por meio do acrés- aspectos como: no século
cimo simultâneo de um prefixo e um sufixo a uma palavra primitiva. Um exemplo é a XIX, há a presença de sin-
palavra infelizmente.
IV. ( ) Na redução de palavras, cria-se uma palavra a partir da redução de uma palavra taxe subordinada (uso do
primitiva. Muito utilizadas em contextos informais, as palavras formadas por esse
processo funcionam geralmente com gírias.
conectivo que); aparecem a
V. ( ) A derivação imprópria consiste em mudar a classe de uma palavra por meio do seu localização e a identificação
uso em função diferente da original. Por exemplo: na frase “Liguei várias vezes, mas
o bonito não me atendeu”, a palavra bonito, cuja classe gramatical é primitivamente do antigo dono; ortografia e
um adjetivo, funciona nesta frase como substantivo. acentuação diferentes das
A alternativa que apresenta a ordem correta é: regras utilizados hoje. Já
a) V – V – F – V – V.
b) V – V – V – F – F.
o anúncio 2 traz períodos
c) F – F – V – V – F. compostos por coordena-
d) F – V – F – V – F.
e) V – F – F – F – F. ção, com palavras justa-
postas, sem conectivos e
abreviadas, a facilidade de
comunicação imediata via
Mídias em contexto telefone, descrições impor-
tantes grafadas com desta-
1. Uma forma muito interessante de fazer marketing atualmente se dá por meio de in- que. O aluno deve perceber
fluenciadores digitais — pessoas aparentemente “comuns” responsáveis por alavancar o
sucesso de campanhas publicitárias através das redes sociais e na Internet. Esses influen-
que esses aspectos trazem
ciadores “determinam” o que é tendência ao publicar conteúdos relevantes para seu públi- o caráter evolutivo e hetero-
co-alvo e conquistam milhares de seguidores nas mais variadas plataformas digitais, como
Instagram, Snapchat, YouTube, blogs e vlogs. gêneo da língua e, por isso,
a relativa estabilidade dos
351
gêneros textuais.
LPemC_2018_BNCC_9A_Cap8.indd 351 08/05/18 08:02 Por fim, no anúncio 3, é
possível perceber registo
informal da linguagem, mar-
Anotações cas da oralidade, emprego
de recursos visuais possibi-
litados pela plataforma digi-
tal, etc.

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Acesse agora a reportagem on-line do jornal Folha de S.Paulo intitulada Inscreva-se, curta
e acredite, que trata dos influenciadores digitais youtubers brasileiros, e entenda melhor o

Sugestão de
universo da fama dessas pessoas.

Abordagem Inscreva-se, curta e acredite


Youtubers criam relação de confiança com milhões de seguidores em busca de
fama para faturar com marketing

As respostas para a questão 2 http://temas.folha.uol.com.br/influenciadores-digitais/a-fama/brasil-so-perde-pa-


são pessoais. No item e, espe- ra-os-eua-em-tempo-de-visualizacao-de-videos-on-line.shtml

ra-se que os alunos percebam


2. Você estudou neste capítulo como funciona o texto publicitário e teve acesso a sites e
certamente os seguintes ele- documentários disponíveis na Internet sobre como o marketing atua de forma a influenciar
mentos: nossos hábitos de consumo. Viu também que uma das estratégias mais comuns das mar-
cas para atingir um público massivo é contar com os influenciadores digitais.
Usos linguísticos que marcam
E é bastante recorrente os influenciadores fazerem resenhas de produtos que “estão em
uma relação de proximidade alta” no mercado. Essas resenhas consistem em textos que apresentam as características

com os leitores, como vocativo dos produtos ou serviços de determinadas marcas, comentando seus pontos positivos e
negativos, preços, além de mostrarem aos seguidores como acessá-los. É muito comum
afetivo “Olá, meus amores” e também posts com “batalhas de produtos” e listas do tipo “Top 10” em que se comparam e
se elegem o que “vale mais a pena”. Claro, o layout desses textos e vídeos é carregado de
perguntas retóricas “[...] vamos uma linguagem que conduz os seguidores a pensarem como aquele produto é “indispensá-
conferir?”. vel” para sua rotina. Pensando nisso, assista a algum vídeo ou leia alguma resenha do tipo
Top 10 para responder às questões a seguir.
Linguagem apelativa ao con- a) Quem foi o influenciador digital que você analisou?
sumo do produto e à participa- b) Qual é o perfil do seu público-alvo?
c) Quais foram os produtos apresentados?
ção do leitor seguidor, como d) Como é feita a abordagem dos produtos? Observe a linguagem, o jogo de imagens, as
“Quais são os favoritos de vo- avaliações sobre os produtos, etc.
e) Em seu caderno, produza uma análise das estratégias argumentativas utilizadas para
cês, galera? Me contem!”. convencer o público. Apresente recursos textuais que justifiquem sua análise e depois
discuta com a turma.
Detalhamento das característi-
cas de cada um dos produtos
da marca, além da experiência
do influenciador com os pro-
dutos, trazendo inclusive a fai-
xa de preço. 352

Uso de adjetivos e expressões LPemC_2018_BNCC_9A_Cap8.indd 352 08/05/18 08:02

adjetivas que valorizam o pro-


duto e marcam a opinião do ser acessada clicando aqui”.
influenciador. Anotações
Expressões que simulam que
Indicação das opções de aces- o influenciador realmente usa
so ao produto: “Lembrando que o produto, estratégia de con-
você encontra esses produtos vencimento ao leitor: “Já fica
nas lojas, supermercados e dentro do meu box do banhei-
perfumarias, e também na loja ro porque é um dos meus pre-
online da [marca], que pode feridos [...]”.

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

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Gêneros, Leitura e Análise
Ensino Fundamental Lécio Cordeiro

o Ano
9
Licenciado em Letras pela UFPE e pós-graduado em Linguística e Ensino.
Autor de Contextualizando a Gramática e da coleção Língua Portuguesa em Contexto.
É editor do Ensino Fundamental II e do Ensino Médio da Editora Construir.

Editor: Lécio Cordeiro.


Revisão de texto: .Wandersson Hidayck
Projeto gráfico: Hilka Fabielly.
Direção de arte: Elto Koltz.
Editoração eletrônica: Sophia Karla.
Ilustrações: Luiz Fernando.

Coordenação editorial: www.editoraconstruir.com.br

Direitos reservados à Multi Marcas Editoriais Ltda.


Rua Neto Campelo Júnior, 37 – Mustardinha – CEP: 50760-330 – Recife/PE
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Fizeram-se todos os esforços para localizar os detentores dos direitos


dos textos contidos neste livro.

A Editora Construir pede desculpas se houve alguma omissão e, em


edições futuras, terá prazer em incluir quaisquer créditos faltantes.

As palavras destacadas de amarelo ao longo do livro


sofreram modificações com o novo Acordo Ortográfico.

C794g Cordeiro, Lécio, 1984-


Gêneros, leitura e análise : 9º ano : ensino fundamental /
Lécio Cordeiro ; ilustrações: Luiz Fernando. – 2. ed. – Recife :
Ed. Construir, 2015.
80p. : il.

1. PORTUGUÊS – GRAMÁTICA – ENSINO FUNDA-


MENTAL. 2. GÊNEROS LITERÁRIOS – LEITURA E
EXECUÇÃO. 3. INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS. 4.
INTERNET NA EDUCAÇÃO. I. Fernando, Luiz. II. Título.

CDU 806.90-5
CDD 469.5

PeR – BPE 15- 366

ISBN professor: 978-85-403-0696-7


ISBN aluno: 978-85-403-0695-0

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei no 9.610, de 19 de fevereiro de 1998.

Impresso no Brasil
2a edição

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Apresentação
Os textos permeiam os mais diversos aspectos da nossa vida. No
enredo daquele filme, no noticiário, naquele blog ou em uma revista de
história em quadrinhos, ele está lá, a serviço da nossa comunicação e
facilitando a nossa vida para que possamos entender uns aos outros.
Se formos analisar a quantidade de gêneros textuais presentes desde
o livro didático até o smartphone, passando pela bula do remédio, encon-
traremos uma infinidade deles. Isso é um dificultador? De jeito nenhum!
Isso mostra o quanto dispomos de uma riqueza enorme de meios para
expressar opiniões, sentimentos, dúvidas, novidades...
A coleção Gêneros, Leitura e Análise buscou disponibilizar um pouco
desse universo — um pouco mesmo, pois ele é imenso! — para que pos-
samos não só exercitar a nossa compreensão de textos como o nosso
conhecimento da Língua Portuguesa. Nada melhor do que exercitar com
exemplos práticos, com aquilo que vivenciamos. Para isso, cada texto foi
cuidadosamente selecionado para que você leia, compreenda e, sobre-
tudo, reflita. Para trazer novos conhecimentos e novos questionamentos
também. Porque, à medida que conhecemos mais, mais curiosidades e
dúvidas desenvolvemos e, portanto, maior torna-se a nossa vontade de
aprender.
E esse processo não acaba nunca, isso é apenas o começo. Portan-
to, esperamos que para você seja um bom começo.
Boa leitura, boa reflexão, boa análise e bom trabalho!

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IO
ÁR
M
SU

Capítulo
1 Conto social--------------------------------------------------------------- 6
Texto 1 – Trabalhadores do Brasil ------------------------------------ 6
Texto 2 – O poço ---------------------------------------------------------- 12
É hora de produzir ------------------------------------------------------ 16

Capítulo
2 Conto psicológico ------------------------------------------------------ 18
Texto 1 – Uma esperança ---------------------------------------------- 18
Texto 2 – O peru de Natal ---------------------------------------------- 24
É hora de produzir ------------------------------------------------------ 28

Capítulo
3 Artigo expositivo e artigo de divulgação científica---------- 30
Texto 1 – Fome e desperdício de alimentos ----------------------- 30
Texto 2 – Lixo hospitalar ------------------------------------------------ 32
É hora de produzir ----------------------------------------------------- 36

Capítulo
4 Notícia----------------------------------------------------------------------- 38
Texto 1 – Erro do capitão provocou a
morte de quase 800 imigrantes --------------------------------------- 38
Texto 2 – Dengue já fez mais vítimas
que em 2014 no Recife ------------------------------------------------- 42
É hora de produzir ------------------------------------------------------ 44

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
5 Reportagem e infográfico -------------------------------------------- 46
Texto 1 – Inteligência a serviço do mal ------------------------------ 46
Texto 2 – Índice de obesidade no Brasil
aumenta 54% em seis anos ------------------------------------------- 54
É hora de produzir ------------------------------------------------------ 58

Capítulo
6 Editorial e artigo de opinião ----------------------------------------- 60
Texto 1 – Como crescer sem dor ------------------------------------- 60
Texto 2 – Preconceito contra crianças e idosos é enorme ----- 64
É hora de produzir ------------------------------------------------------ 66

Capítulo
7 Debate----------------------------------------------------------------------- 68
Texto 1 – Serão menores, todos os menores? -------------------- 68
É hora de produzir ------------------------------------------------------ 70

Capítulo
8 Texto publicitário -------------------------------------------------------- 72
Texto 1 – Incondicionalidade mãe ----------------------------------- 72
Texto 2 – Compras solidárias ------------------------------------------ 74
Texto 3 – Igualdade de sexos ----------------------------------------- 76
Texto 4 – Doe sangue --------------------------------------------------- 78
É hora de produzir ------------------------------------------------------ 79

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l
N ER O O CIi Aa Texto 1
g Ê OS
NT Trabalhadores do Brasil
C O Wander Piroli

Como uma ilha entre as pessoas que se comprimiam no


abrigo de bonde, o homem mantinha-se concentrado no seu
serviço. Era especialista em colorir retrato e fazia caricatura em
cinco minutos. No momento, ele retocava uma foto de Getúlio
Vargas, que mostrava um dos melhores sorrisos do presidente
morto.
O homem estava sentado num tamborete rústico, com os
joelhos cruzados e a cabeça baixa. À sua direita, havia uma
mesinha de desarmar, entulhada de lápis de vários tipos e co-
res, folhas de papel em branco, borrachas, tesouras e um pou-
co de estopa. Havia ainda uma tabuleta em cima de uma pe-
quena mesa, apoiando-se na pilastra onde estavam expostos
seus trabalhos: fotografias coloridas de grandes personalida-
des e caricaturas também de grandes personalidades.
Nem sequer a chegada do bonde fez o homem levantar a ca-
beça. Trabalhava variando de lápis calmamente, como se não
tivesse nenhuma pressa ou mesmo não desejasse terminar o
serviço. Getúlio na foto continuava sorrindo para o homem com
um de seus melhores sorrisos.

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
1
Uma mulher esturrada, de alpargata e vestido muito largo, aproximou-se e parou à sua
frente. O homem levantou a cabeça:
— Você, Maria.
Ela moveu o rosto com dificuldade e fez o possível para sorrir, fixando atenta e profun-
damente a cara do homem.
— Aconteceu alguma coisa?
— Não — murmurou a mulher.
O homem pôs a fotografia e o lápis na mesa e esperou que a mulher falasse. Olhavam-
-se como duas pessoas de intensa convivência.
— Não houve mesmo nada? — tornou o homem.
— Claro que não, Zé. Eu vim à toa.
— E os meninos?
— Mamãe está lá com eles.
— Como é que você arranjou para vir até aqui?
— Uai, eu vim.
— A pé? Você não devia ter vindo, Maria. Estou achando que houve alguma coisa.
— Não teve nada, não. Mamãe chegou lá em casa, e então eu aproveitei para dar um
pulo até aqui.
— Ah — o homem sorriu. E uma onda de carinho, quase imperceptível, assomou-lhe o
rosto lento e sofrido.
— Fez alguma coisa hoje, Zé?
— Fiz um — respondeu levantando-se. — Senta aqui. Você deve estar cansada.
A mulher sentou no tamborete, desajeitada.
— Você não devia ter vindo, Maria — disse o homem.
— Eu sei, mas me deu vontade. Mamãe ficou lá com os meninos.
— Mas ela não estava doente?
— Você sabe como mamãe é.
— E o Toninho?
— Está lá.
— O carnegão saiu?
A mulher fez sim com a cabeça e, em seguida, olhou para o abrigo, onde havia pequenas
lojas de frutas, café, pastelaria.
— Espera um pouquinho aí — disse o homem, e caminhou na direção de uma das lojas.
A mulher permaneceu sentada no tamborete, observou por um momento o vendedor de
agulhas, que continuava gritando, depois deteve a vista na foto de Getúlio Vargas sorrindo
para os trabalhadores do Brasil. O homem reapareceu com um saquinho manchado de
gordura.
— Esses pastéis.
— Oh, Zé, para que você fez isso?
— Vamos, come um.

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l
N ER O O Ci a
g Ê OS
NT
C O — Você não devia ter comprado.
— Vamos.
A mulher retirou um pastelzinho do saco e começou a mastigá-lo com muito
prazer.
— Come o outro, Zé.
— Já comi uns dois hoje. Esse outro também é seu.
— Então eu vou levar ele pros meninos.
— É pior, Maria.
O homem ficou de pé, ao lado da mulher, observando-a comer o segundo
pastel. A mulher acabou de comer, limpou a boca na manga do vestido e fez
menção de levantar-se.
— Fica aqui, Zé. Pode aparecer alguém.
— Não, eu passei a manhã toda assentado.
A mulher sentada e o homem em pé conservaram-se silenciosos durante
um breve e ao mesmo tempo longo momento, ora olhando um para o outro,
ora cada um olhando as pessoas agora espalhadas no abrigo ou não olhando
coisa nenhuma. A mulher se ergueu:
— Acho que eu vou andando.
— Já vai?
— Mamãe não aguenta eles, você sabe.

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

— Ah, é mesmo. Você não devia ter vindo.


Capítulo
1
O homem tirou uma nota do bolso de dentro do paletó e estendeu-a para a
mulher.
— Volta de bonde.
— Não, Zé.
— É muito longe, criatura.
— Não.
— Ora, minha nega.
A mulher pegou o dinheiro com a mão indecisa.
— Vou ver se levo.
O homem assentiu com a cabeça, abriu a boca, mas não disse nada. A mu-
lher desviou o rosto e piscou os olhos várias vezes.
— Não chega tarde não, viu, Zé.
— Chego não.
— Você vai fazer.
— Hoje eu sei que vai melhorar.
— Vai sim, Zé. Eu sei que vai. Eu sei.
A mulher afastou-se rapidamente, sem voltar o rosto. O homem empinou-se
um pouco para vê-la atravessar a rua. Depois sentou no tamborete e pegou um
lápis e o retrato.
Durante muito tempo, o homem permaneceu com a cabeça baixa, imóvel
dentro de sua ilha, curvado sobre a foto que mostrava o presidente morto com
aquele sorriso de seus melhores dias.
PIROLI, Wander. Trabalhadores do Brasil.
In: Para gostar de ler. Vol. 9.
São Paulo: Ática, 1989.

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1. Escrito em 1959, esse conto denuncia a situação vivida pelos trabalhadores do Brasil
na época. Com base no texto, discuta com o professor e com seus colegas como era essa
situação.
De acordo com o que se pode perceber no conto, era muito difícil e situação dos trabalhadores, que

sofriam, por exemplo, com a ameaça de desemprego e com os baixos salários.

2. O conto se passa em quantas cenas e qual é o principal fato narrado?

O conto se passa em apenas uma cena. O principal fato narrado é a visita inesperada de Maria a

Zé no ponto de bonde onde ele trabalha.

3. Tanto na leitura quanto na escrita, os conhecimentos de mundo são fundamentais para


o leitor/escritor. Por meio deles, é possível compreender melhor a realidade retratada no
texto. Pensando nisso, identifique no texto uma passagem que prova que o conto se passa
realmente em 1959.
As passagens são: “como uma ilha entre as pessoas que se comprimiam no abrigo de bonde, o

homem mantinha-se concentrado no serviço” e “volta de bonde”.

4. Onde o personagem Zé trabalhava e o que ele fazia?

Ele trabalhava num abrigo de bonde. Era especialista em colorir retrato e caricaturista.

5. No primeiro parágrafo, o termo presidente morto retoma que outro termo?

Getúlio Vargas.

6. Releia a frase abaixo, retirada do primeiro parágrafo do conto:

“Era especialista em colorir retrato e fazia caricatura em cinco minutos.”

O termo destacado expressa uma informação muito importante sobre o trabalho de Zé.
Analisando esse termo no contexto em que ocorre, avalie as afirmações que seguem:
I. Seu sentido é apenas temporal.
II. Expressa o talento e facilidade de Zé para fazer caricaturas.
III. Expressa o modo como Zé fazia caricaturas, isto é, sem demora.
IV. Não haveria mudança de sentido se substituíssemos esse termo por rapidamente.
V. O sentido não se manteria o mesmo caso o termo destacado fosse substituído por num
piscar de olhos.

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Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
1
Estão corretas:
a) I, IV e V.
b)
X II, III e IV.
c) II, III e V.
d) I, II e IV.
e) II, III, IV e V.

7. Analise a frase abaixo, retirada do segundo parágrafo do conto:

“O homem estava sentado num tamborete rústico, com os joelhos cruzados e a


cabeça baixa.”

Agora, analise as afirmações abaixo:


I. O termo o homem se refere a Getúlio Vargas, expresso no parágrafo anterior.
II. Podemos concluir que o homem estava de cabeça baixa porque se sentia desanimado.
III. O homem se sentia bastante desanimado, por isso não estava trabalhando.
IV. A palavra rústico poderia ser substituída, sem alteração de sentido, por grosseiro.
V. Ao descrever a forma como o homem estava trabalhando, o autor ajuda o leitor a ima-
ginar a cena.

Estão corretas:
a) I e II.
b) III e IV.
c) I e IV.
d)
X IV e V.
e) II, III e V.

8. Devido à sua curta extensão, os contos muitas vezes deixam abertas algumas lacunas
para serem preenchidas pelo leitor. Pensando nisso, analise as afirmações seguintes:

I. O narrador não deixa claro qual é o tipo de relação ou parentesco existente entre Zé e Maria.
II. Maria costumava visitar Zé no trabalho.
III. Não é possível saber se Zé e Maria são casados e se os meninos de que falam são seus
filhos.
IV. A mãe de Maria parece ajudá-la bastante.
V. Zé e Maria levavam uma vida muito difícil, com pouco dinheiro.
VI. Zé e Maria não se davam muito bem, dadas as dificuldades que enfrentavam, como a
falta de dinheiro.

Estão corretas:
a) I, III, IV e V.
X
b) I, II, V e VI.
c) I, II, III e IV.
d) III, V e IV.
e) I, II e V. 11

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N ER O O Ci a Texto 2
g Ê OS
NT
C O O poço
Mário de Andrade

O poderoso e autoritário fazendeiro Joaquim Prestes decide


construir um pesqueiro em sua fazenda. Ali, manda erguer uma
bela casa de campo e, quando está quase pronta, resolve fazer
um poço. Para a obra são chamados seis empregados da pró-
pria fazenda que, preocupados com o perigo de malária, não
ficam felizes de ter que realizar esse trabalho insalubre. Num
dia do final de julho, faz um frio feroz no pesqueiro.
Joaquim vai visitar a obra com um visitante. Fica tomado de
raiva por ver que os operários não estão trabalhando no poço.
Os homens explicam que, com aquele tempo, não aguentam
permanecer no buraco úmido. Por isso, estão dando uma mão
no acabamento da casa. O prepotente Joaquim não gosta da
notícia. Tinha ordenado que trabalhassem no poço. Um dos
trabalhadores, mulato e forte, informa que o poço, já com qua-
renta e cinco palmos de profundidade, tinha começado a minar
água. Desse modo, o trabalho fica ainda mais penoso. Outro
trabalhador, Albino, já está doente, “fraco do peito”. Seu irmão,
José, quer poupá-lo da umidade e do perigo de desabamento,
mas o jovem Albino é corajoso e insiste que pode trabalhar.
Como o tempo está péssimo, Joaquim Prestes manda que
os trabalhadores fiquem cuidando mesmo da casa, mas pede
que Albino o acompanhe para vistoriar o poço. Lá, tentando es-
piar a água lá embaixo, Joaquim Prestes deixa cair sua caneta-
-tinteiro.

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
1

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N ER O O Ci a
g Ê OS
NT Irritado, diz não pode ficar sem a caneta e manda Albino
C O chamar os outros homens. Quer que desçam para apanhá-la.
Albino tira os sapatos e a roupa e é descido no poço, para preo-
cupação do irmão José.
Demora lá dentro e, quando sai, está coberto de lama e mor-
to de frio. Mas nada da caneta. Para encontrá-la, só secando
o poço. Joaquim Prestes não se faz de rogado: manda que
sequem e vai almoçar com sua visita.
Quando volta do almoço, Albino está ardendo em febre.
Mesmo assim, Joaquim não se compadece. Quer a caneta de
qualquer jeito. O estado de saúde de Albino vai piorando até
que José se revolta. Para surpresa de todos, enfrenta o patrão
e diz que o irmão não desce mais. Joaquim Prestes permite
que a busca continue no dia seguinte. Afinal “não é nenhum de-
salmado”. Dois dias depois, levam a caneta em seu escritório.
Ele a experimenta e vê que está rachada e não escreve mais.
Resmunga: “Pisaram na minha caneta! Brutos...”. Joga a ca-
neta no lixo e tira de uma gaveta uma caixinha. Dentro dela,
várias lapiseiras e três canetas-tinteiro. Uma de ouro.
ANDRADE, Mário de. Contos novos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2011.

1. Nesse conto, o autor denuncia a injustiça social e a alienação dos trabalhadores que
são explorados. Pensado nisso, justifique essa afirmativa usando, pelo menos, dois trechos
do texto.
Sugestões de resposta: “Joaquim vai visitar a obra com um visitante. Fica tomado de raiva por ver

que os operários não estão trabalhando no poço.” “Quando (Joaquim Prestes) volta do almoço,

Albino (trabalhador) está ardendo em febre. Mesmo assim, Joaquim não se compadece. Quer a

caneta de qualquer jeito.”

2. Que tipo de narrador identificamos no texto? Justifique.

Narrador-observador, onisciente.

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
1
3.Analisando o papel do personagem Joaquim Prestes nesse conto, ele seria protagonis-
ta ou antagonista? Justifique sua resposta.
Nessa análise, esperamos que o aluno perceba a inversão de papéis criada por Mário de Andrade.

No conto, o personagem Joaquim é protagonista, pois é o personagem principal. Seu antagonista

é o personagem José, que o enfrenta. No entanto, as ações de ambos nos levam a considerar o

contrário.

4.Quando Joaquim, o dono das terras, resolveu fazer um poço, chamou seis empregados
para realizar a obra. Por que essa atitude provocou um conflito entre o protagonista e os
trabalhadores?
Porque os trabalhadores não queriam realizar a obra, pois temiam contrair malária no aguaceiro.

5.Leia o trecho: “Albino, já está doente, ‘fraco do peito’ […]”. O que certamente quer dizer
a expressão em destaque?
Que Albino está certamente com pneumonia ou mesmo tuberculose. Essa suposição pode ser feita

com base no contexto e na informação de que o personagem teve febre.

6. Considerando a compreensão global do conto de Mário de Andrade, analise as afirma-


ções a seguir.
I. Apesar da febre, Albino consegue reaver a caneta de Joaquim.
II. Joaquim exige que os trabalhadores que recuperem a sua caneta, apesar de ela, aparen-
temente, não ter um significado especial para ele.
III. A atitude de Joaquim ao exigir que lhe tragam a caneta de volta a qualquer custo é possí-
vel somente na Literatura, pois na realidade os trabalhadores contam com leis que proíbem
explorações desse tipo.
É correto o que se afirma apenas em:
a) I.
b) II.
X
c) III.
d) I e II.
e) II e III.

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produzir
É hora de

Antes de começar a escrever


Nos contos em geral, os personagens não são descritos detalhadamente. Conhecemos
suas características, por exemplo, a partir das ações que desempenham ao longo da nar-
rativa, da sua participação nos diálogos, da forma como o narrador os apresenta. Podemos
dizer o mesmo sobre os ambientes em que se passam as narrativas.
Pensando nisso, releia o conto O poço, de Mário de Andrade, observando a forma como
ele nos apresenta tanto os personagens quanto os ambientes. Durante essa releitura, iden-
tifique as palavras-chave que ele utilizou para construir a narrativa. Essa observação será
muito útil para a elaboração do conto que você e seus colegas escreverão agora por meio
da técnica chamada brainstorming.

Proposta
Originária da língua inglesa, a palavra brainstorming significa “tempestade de ideias”.
Nesta atividade, com a ajuda do professor você e seus colegas anotarão no quadro, pri-
meiramente, palavras ou expressões cuja significação esteja associada a algum problema
social, como miséria, violência e exploração sexual. Em seguida, vocês farão o mesmo

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
1
com nomes de pessoas, isto é, substantivos próprios. Os nomes definidos pela turma serão
personagens dos contos que cada aluno produzirá. Feito isso, será o momento de escrever
um adjetivo, ou expressões de valor adjetivo, para cada nome próprio. Ou seja, cada per-
sonagem terá ao menos um adjetivo qualificando-o. Observe alguns exemplos:

Problema social Personagem Descrição


Pobreza Carlos Olhos tristes
Abandono Neném Voz raquítica

Terminado o brainstorming, cada aluno deverá escolher os termos que achar mais inte-
ressantes para escrever um conto social que será apresentado para toda a turma.

Planejamento
O planejamento é muito importante para a realização da atividade de forma clara, objeti-
va e sem desperdício de tempo. Para isso, atente para as seguintes perguntas:
1. Qual será o tema do conto?
2. Quais serão os personagens?
3. Como os personagens serão qualificados?
4. De que maneira se dará o conflito no conto?
5. Como ocorrerá o clímax?
6. Que solução você dará ao conflito?

Avaliação
1.A avaliação dos contos será feita por toda a turma e pelo professor durante as apresen-
tações. Nessa avaliação, cada aluno deverá observar os seguintes aspectos:

Aspectos analisados Sim Não


O tema está claro?
O problema social abordado no conto está bem definido?
Os personagens estão caracterizados coerentemente?
O contexto social dos personagens está bem retratado?
A linguagem está clara?
O conto esclarece a injustiça de que os personagens são vítimas?
O texto propõe uma reflexão da realidade?
O texto apresenta começo, meio e fim?

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O
ó gI C
ER O IC Ol Texto 1
gÊN PS
N T O
CO Uma esperança
Clarice Lispector

Aqui em casa pousou uma esperança. Não a clássica, que


tantas vezes verifica-se ser ilusória, embora mesmo assim nos
sustente sempre. Mas a outra, bem concreta e verde: o inseto.
Houve um grito abafado de um de meus filhos:
— Uma esperança! E na parede, bem em cima de sua ca-
deira! — Emoção dele também, que unia em uma só as duas
esperanças, já tem idade para isso. Antes surpresa minha:
esperança é coisa secreta e costuma pousar diretamente em
mim, sem ninguém saber, e não acima de minha cabeça numa
parede. Pequeno rebuliço: mas era indubitável, lá estava ela, e
mais magra e verde não poderia ser.
— Ela quase não tem corpo — queixei-me.
— Ela só tem alma — explicou meu filho e, como filhos são
uma surpresa para nós, descobri com surpresa que ele falava
das duas esperanças.

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
2

Ela caminhava devagar sobre os fiapos das longas pernas,


por entre os quadros da parede. Três vezes tentou renitente
uma saída entre dois quadros, três vezes teve que retroceder
caminho. Custava a aprender.
— Ela é burrinha — comentou o menino.
— Sei disso — respondi um pouco trágica.
— Está agora procurando outro caminho, olhe, coitada,
como ela hesita.
— Sei, é assim mesmo.
— Parece que esperança não tem olhos, mamãe, é guiada
pelas antenas.
— Sei — continuei mais infeliz ainda.
Ali ficamos, não sei quanto tempo, olhando. Vigiando-a como
se vigiava na Grécia ou em Roma o começo de fogo do lar para
que não se apagasse.
— Ela se esqueceu de que pode voar, mamãe, e pensa que
só pode andar devagar assim.

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Andava mesmo devagar — estaria por acaso ferida? Ah não,
senão de um modo ou de outro escorreria sangue, tem sido
sempre assim comigo.
Foi então que, farejando o mundo que é comível, saiu de trás
de um quadro uma aranha. Não uma aranha, mas me parecia
“a” aranha. Andando pela sua teia invisível, parecia transladar-
-se maciamente no ar. Ela queria a esperança. Mas nós tam-
bém queríamos e, oh! Deus, queríamos menos que comê-la.
Meu filho foi buscar a vassoura. Eu disse fracamente, confusa,
sem saber se chegara infelizmente a hora certa de perder a
esperança:
— É que não se mata aranha, me disseram que traz sorte...
— Mas ela vai esmigalhar a esperança! — respondeu o me-
nino com ferocidade.
— Preciso falar com a empregada para limpar atrás dos qua-
dros — falei sentindo a frase deslocada e ouvindo o certo cansa-
ço que havia na minha voz. Depois devaneei um pouco de como

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
2

eu seria sucinta e misteriosa com a empregada. Eu lhe diria ape-


nas: “Você faz o favor de facilitar o caminho da esperança”.
O menino, morta a aranha, fez um trocadilho, com o inseto
e a nossa esperança. Meu outro filho, que estava vendo tele-
visão, ouviu e riu de prazer. Não havia dúvida: a esperança
pousara em casa, alma e corpo.
Mas como é bonito o inseto: mais pousa que vive, é um es-
queletinho verde e tem uma forma tão delicada que isso explica
por que eu, que gosto de pegar nas coisas, nunca tentei pegá-la.
Uma vez, aliás, agora é que me lembro, uma esperança bem
menor que esta pousara no meu braço. Não senti nada, de tão
leve que era, foi só visualmente que tomei consciência de sua
presença. Encabulei com a delicadeza. Eu não mexia o braço
e pensei: “E essa agora? Que devo fazer?”. Em verdade, nada
fiz. Fiquei extremamente quieta como se uma flor tivesse nas-
cido em mim. Depois não me lembro mais o que aconteceu. E
acho que não aconteceu nada.
LISPECTOR, Clarice. Uma esperança. In: Felicidade clandestina.
Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

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1. Releia a primeira frase do conto:

“Aqui em casa pousou uma esperança.”

No texto de Clarice Lispector, podemos atribuir dois sentidos à palavra esperança. Expli-
que quais são esses dois sentidos e como eles contribuem para a narrativa psicológica.
A palavra pode se referir ao inseto ou ao sentimento. Essas duas significações possibilitam a

narração de duas histórias, comum nos contos psicológicos. É importante mostrar aos alunos

que essa duplicidade semântica permite à autora narrar a vida interior dos personagens a partir

de fatos externos. Assim, quando a narradora diz que não sabia “se chegara infelizmente a hora

certa de perder a esperança”, por exemplo, podemos chegar a duas interpretações: uma em relação

ao inseto e outra referente à própria narradora e sua relação com o sentimento de esperança,

marcando uma narrativa de experiência interior. Daí o caráter psicológico do conto.

2. No início do conto, a narradora apresenta seu ponto de vista sobre a esperança. Qual é
esse ponto de vista?
Para ela, a esperança é, muitas vezes, ilusória, mas sempre nos sustenta.

3. Nos contos psicológicos, normalmente percebemos duas ou mais histórias entrelaça-


das: uma exterior e uma interior. Em geral, a ação interior é maior que a exterior, adquirindo,
portanto, mais profundidade e relevo ao longo do texto. Assim, o conflito psicológico sobres-
sai em relação aos fatos exteriores. Pensando nisso, releia o primeiro parágrafo do conto e,
em seguida, responda às questões propostas.

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
2
a) Que fato é exterior à narrativa psicológica?
O inseto pousou na parede da casa.

b) Qual é o efeito psicológico que esse fato desperta na narradora?


Ela começa a pensar/refletir sobre o sentimento de esperança.

4.Como ocorre normalmente nos textos narrativos, também nos contos psicológicos po-
demos identificar a presença de vilões, isto é, personagens antagonistas ou obstáculos que
se põem no caminho do protagonista. Por essa perspectiva, responda:

a) Que personagem protagoniza esse conto?


A esperança.

b) Qual personagem é seu antagonista?


A aranha.

5. Analise as passagens do texto indicadas a seguir.

I. “[…] esperança é coisa secreta e costuma pousar diretamente em mim, sem ninguém
saber, e não acima de minha cabeça numa parede […]”.
II. “Eu disse fracamente, confusa, sem saber se chegara infelizmente a hora certa de perder
a esperança…”

Assinale a alternativa correta.


X Em I, a esperança de que fala a narradora é o sentimento.
a)
b) Em I, esperança funciona como substantivo concreto.
c) Em II, a narradora mostra-se indiferente à situação.
d) Em I e II, percebe-se que a narradora se diverte com a situação.
e) Em II, a esperança à qual a narradora se refere é o inseto.

6.Assinale a alternativa que apresenta a razão da surpresa da mãe em relação ao filho.


X O menino falava, ao mesmo tempo, do inseto e do sentimento.
a)
b) Embora criança, o filho percebeu que esperança não pousa em parede.
c) O filho percebeu a esperança na parede, bem acima da cadeira da mãe.
d) Como era criança, o menino não compreendia os sentidos da palavra esperança.
e) O filho afirmou que esperança quase não tem corpo.

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O peru de Natal
Mário de Andrade

O nosso primeiro Natal de família depois da viu ir ao cinema, de luto pesado! A dor já esta-
morte de meu pai, acontecida cinco meses an- va sendo cultivada pelas aparências, e eu, que
tes, foi de consequências decisivas para a fe- sempre gostara apenas regularmente de meu
licidade familiar. Nós sempre fôramos familiar- pai, mais por instinto de filho que por esponta-
mente felizes, nesse sentido muito abstrato da neidade de amor, me via a ponto de aborrecer
felicidade: gente honesta, sem crimes, lar sem o bom do morto.
brigas internas nem graves dificuldades econô- Foi decerto por isso que me nasceu, esta
micas. Mas, devido principalmente à natureza sim, espontaneamente, a ideia de fazer uma
cinzenta de meu pai, ser desprovido de qual- das minhas chamadas “loucuras”. Essa fora
quer lirismo, de uma exemplaridade incapaz, aliás, e desde muito cedo, a minha esplêndi-
acolchoado no medíocre, sempre nos faltara da conquista contra o ambiente familiar. Desde
aquele aproveitamento da vida, aquele gos- cedinho, desde os tempos de ginásio, em que
to pelas felicidades materiais, um vinho bom, arranjava regularmente uma reprovação todos
uma estação de águas, aquisição de geladeira, os anos; desde o beijo às escondidas, numa
coisas assim. Meu pai fora de um bom errado, prima, aos dez anos, descoberto por Tia Velha,
quase dramático, o puro-sangue dos desman- uma detestável de tia; e principalmente desde
cha-prazeres. as lições que dei ou recebi, não sei, de uma
Morreu meu pai, sentimos muito, etc. Quan- criada de parentes: eu consegui no reformató-
do chegamos nas proximidades do Natal, eu já rio do lar e na vasta parentagem, a fama conci-
estava que não podia mais pra afastar aquela liatória de “louco”. “É doido, coitado!”, falavam.
memória obstruente do morto, que parecia ter [...]
sistematizado pra sempre a obrigação de uma Era costume sempre, na família, a ceia de
lembrança dolorosa em cada almoço, em cada Natal. Ceia reles, já se imagina: ceia tipo meu
gesto mínimo da família. Uma vez que eu suge- pai, castanhas, figos, passas, depois da Missa
rira à mamãe a ideia dela ir ver uma fita no ci- do Galo. Empanturrados de amêndoas e nozes
nema, o que resultou foram lágrimas. Onde se (quanto discutimos os três manos por causa

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
2
dos quebra-nozes...), empanturrados de casta- do, tímidos como pombas desgarradas, até que
nhas e monotonias, a gente se abraçava e ia minha irmã resolveu o consentimento geral:
pra cama. Foi lembrando isso que arrebentei — É louco mesmo!...
com uma das minhas “loucuras”: Comprou-se o peru, fez-se o peru, etc. E de-
— Bom, no Natal, quero comer peru. pois de uma Missa do Galo bem mal rezada, se
Houve um desses espantos que ninguém deu o nosso mais maravilhoso Natal. Fora en-
não imagina. Logo minha tia solteirona e santa, graçado: assim que me lembrara de que final-
que morava conosco, advertiu que não podía- mente ia fazer mamãe comer peru, não fizera
mos convidar ninguém por causa do luto. outra coisa aqueles dias que pensar nela, sentir
— Mas quem falou de convidar ninguém! ternura por ela, amar minha velhinha adorada.
essa mania... Quando é que a gente já comeu E meus manos também estavam no mesmo
peru em nossa vida! Peru aqui em casa é prato ritmo violento de amor, todos dominados pela
de festa, vem toda essa parentada do diabo... felicidade nova que o peru vinha imprimindo na
— Meu filho, não fale assim... família. De modo que, ainda disfarçando as coi-
— Pois falo, pronto! sas, deixei muito sossegado que mamãe cor-
E descarreguei minha gelada indiferença tasse todo o peito do peru. Um momento aliás,
pela nossa parentagem infinita, diz-que vin- ela parou, feito fatias um dos lados do peito da
da de bandeirantes, que bem me importa! Era ave, não resistindo àquelas leis de economia
mesmo o momento pra desenvolver minha teo- que sempre a tinham entorpecido numa quase
ria de doido, coitado, não perdi a ocasião. Me pobreza sem razão.
deu de sopetão uma ternura imensa por ma- — Não senhora, corte inteiro! Só eu como
mãe e titia, minhas duas mães, três com minha tudo isso!
irmã, as três mães que sempre me divinizaram Era mentira. O amor familiar estava por tal
a vida. Era sempre aquilo: vinha aniversário de forma incandescente em mim, que até era ca-
alguém e só então faziam peru naquela casa. paz de comer pouco, só pra que os outros qua-
Peru era prato de festa: uma imundície de pa- tro comessem demais. E o diapasão dos outros
rentes já preparados pela tradição, invadiam a era o mesmo. Aquele peru comido a sós, redes-
casa por causa do peru, das empadinhas e dos cobria em cada um o que a quotidianidade aba-
doces. fara por completo, amor, paixão de mãe, paixão
Não, não se convidava ninguém, era um de filhos. Deus me perdoe, mas estou pensan-
peru pra nós, cinco pessoas. E havia de ser do em Jesus... Naquela casa de burgueses
com duas farofas, a gorda com os miúdos, e bem modestos, estava se realizando um mila-
a seca, douradinha, com bastante manteiga. gre digno do Natal de um Deus. O peito do peru
Queria o papo recheado só com a farofa gorda, ficou inteiramente reduzido a fatias amplas.
em que havíamos de ajuntar ameixa-preta, no- — Eu que sirvo!
zes e um cálice de xerez [...]. “É louco, mesmo”, pois por que havia de
Quando acabei meus projetos, notei bem, servir, se sempre mamãe servira naquela casa!
todos estavam felicíssimos, num desejo dana- Entre risos, os grandes pratos cheios foram
do de fazer aquela loucura em que eu estou- passados pra mim e principiei uma distribuição
rara. Bem que sabiam, era loucura sim, mas heroica, enquanto mandava meu mano ser-
todos se faziam imaginar que eu sozinho é que vir a cerveja. Tomei conta logo de um pedaço
estava desejando muito aquilo e havia jeito fácil admirável da “casca”, cheio de gordura, e pus
de empurrarem pra cima de mim a... culpa de no prato. E depois vastas fatias brancas. A voz
seus desejos enormes. Sorriam se entreolhan- severizada de mamãe cortou o espaço angus-

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tiado com que todos aspiravam pela sua ressava aquela luta entre os dois mortos.
parte no peru: Cheguei a odiar papai. E nem sei que
— Se lembre de seus manos, Juca! inspiração genial, de repente me tornou
Quando que ela havia de imaginar, a hipócrita e político. Naquele instante, que
pobre!, que aquele era o prato dela, da hoje me parece decisivo da nossa famí-
Mãe, da minha amiga maltratada [...] que lia, tomei aparentemente o partido de
sabia meus crimes, a que eu só lembrava meu pai. Fingi, triste:
de comunicar o que fazia sofrer! O prato — É mesmo... Mas papai, que queria
ficou sublime. tanto bem a gente, que morreu de tanto
— Mamãe, este é o da senhora! Não! trabalhar pra nós, papai lá no céu há de
Não passe não! estar contente... (hesitei, mas resolvi não
Foi quando ela não pôde mais com mencionar mais o peru) contente de ver
tanta comoção e principiou chorando. Mi- nós todos reunidos em família.
nha tia também, logo percebendo que o E todos principiaram muito calmos,
novo prato sublime seria o dela, entrou falando de papai. A imagem dele foi dimi-
no refrão das lágrimas. E minha irmã, que nuindo, diminuindo e virou uma estrelinha
jamais viu lágrima sem abrir a torneirinha brilhante do céu. Agora todos comiam
também, se esparramou no choro. En- o peru com sensualidade, porque papai
tão principiei dizendo muitos desaforos fora muito bom, sempre se sacrificara
pra não chorar também, tinha dezenove tanto por nós, fora um santo que “vocês,
anos... Diabo de família besta que via meus filhos, nunca poderão pagar o que
peru e chorava!, coisas assim. Todos se devem a seu pai”, um santo.
esforçavam por sorrir, mas agora é que Minha mãe, minha tia, nós, todos ala-
a alegria se tornara impossível. É que o gados de felicidade. Ia escrever “felicida-
pranto evocara por associação a imagem de gustativa”, mas não era só isso não.
indesejável de meu pai morto. Meu pai, Era uma felicidade maiúscula, um amor
com sua figura cinzenta, vinha pra sem- de todos, um esquecimento de outros
pre estragar nosso Natal, fiquei danado. parentescos distraidores do grande amor
[...] familiar. E foi, sei que foi aquele primei-
Principiou uma luta baixa entre o peru ro peru comido no recesso da família, o
e o vulto de papai. Imaginei que gabar início de um amor novo, reacomodado,
o peru era fortalecê-lo na luta, e, está mais completo, mais rico e inventivo, mais
claro, eu tomara decididamente o parti- complacente e cuidadoso de si. Nasceu
do do peru. Mas os defuntos têm meios de então uma felicidade familiar pra nós
visguentos, muito hipócritas, de vencer: que, não sou exclusivista, alguns a terão
nem bem gabei o peru que a imagem assim grande, porém mais intensa que a
de papai cresceu vitoriosa, insuportavel- nossa me é impossível conceber.
mente obstruidora. [...]
— Só falta seu pai... ANDRADE, Mário de. Contos Novos. Rio de Janei-
ro: Nova Fronteira, 2011.
Eu nem comia, nem podia mais gostar
daquele peru perfeito, tanto que me inte-

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
2
1. Por que, segundo o autor, a sua família era considerada feliz?
Porque estava dentro dos padrões de uma família patriarcal burguesa, honesta, unida, sem graves

problemas financeiros.

2. Que impacto a morte do pai causara à família? E ao narrador?


A família entrou em luto, e esse luto se estendeu mais por obrigação de demostrar sentimento pela

perda do ente do que propriamente pela saudade. Já o narrador, que não tinha muito apego ao pai,

não suportava mais a situação de luto permanente e tentava restabelecer a alegria da casa.

3.Por que o narrador era considerado louco? Qual foi a “loucura” que desencadeou a
trama do conto?
Porque ele não se preocupava em manter as aparências e se prevalecia da sua condição de “louco”

para falar e fazer o que tinha vontade. Ele teve a ideia de a família comer peru no Natal, apesar do

luto.

4.No trecho “Meu pai, com sua figura cinzenta, vinha pra sempre estragar nosso Natal,
fiquei danado” e em diversas passagens do texto, ao mencionar o pai, que imagem o nar-
rador transmite sobre o personagem?
De um homem austero, castrador.

Por que o narrador afirma que o primeiro Natal após o falecimento de seu pai fora de
5.
consequências decisivas para a felicidade familiar?
Porque a ideia de realizar um ceia de Natal, apesar do luto, fez com que diversos sentimentos es-

pontâneos, inibidos pela estrutura patriarcal da família, aflorassem e que os familiares, pela primeira

vez, experimentassem um sentimento de felicidade verdadeira, sem a excessiva preocupação com

as aparências que caracterizava a família.

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produzir
É hora de

Antes de começar a escrever

O conto machadiano e o perfil psicológico


No Brasil, em meados do século XIX, o nem tudo é o que se apresenta de forma
conto atingiu seu auge, o lugar mais alto clara. Com um olhar crítico e diversificado,
com Machado de Assis (1839–1908). Com capaz de andar por todas as classes so-
grande habilidade nesse gênero textual, ciais, registrando e mostrando a fragilidade
Machado deixou um legado significativo de ética e moral do ser humano, independen-
produções, as quais foram primeiramen- temente de sua posição social, Machado de
te publicadas em jornais e revistas. Sendo Assis revela a sua visão e o seu modo de in-
uma das fortes características do autor ana- terpretar a sociedade. Ou seja, ele oferece
lisar de forma psicológica a alma humana. ao leitor uma oportunidade para repensá-la
Durante a leitura dos seus textos, é pre- e analisá-la friamente, juntamente com as
ciso atentar para os detalhes a fim de com- atitudes dos indivíduos que a integram.
preender as entrelinhas do texto, porque

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
2
Proposta
Agora, você produzirá um conto psicológico demonstrando seu posicionamento crítico
sobre a sociedade atual, exatamente como fez Machado de Assis em sua época. Lembre-
-se de que seu texto não pode ser colocado de forma clara, ou seja, ao longo do conto deixe
pistas para o leitor “ler as entrelinhas”.

Planejamento
Como seu texto será um conto psicológico, será necessário definir como você abordará
a realidade interior. Pense nisto:
1. Escolha uma situação, um momento. Pode ser um acontecimento que lhe cause indig-
nação ou estranheza social.
2. Elabore o conto a partir de alguma experiência do cotidiano que lhe causou estranha-
mento. É nesse momento que você sairá da realidade para o campo da ficção.
3. Construa os personagens. É importante nessa etapa você problematizar os persona-
gens, com descrições não só físicas, mas também psicológicas.
4. Coloque o protagonista em contato com seu mundo interior. Essa é a parte em que você
começará a definir com se dará o conflito psicológico.
5. Como o conflito será resolvido? Lembre-se que os contos, como todo texto de ficção,
possui narrador, personagens, conflito, clímax e desfecho.

Avaliação
1. Para avaliar o seu texto, releia-o observando os seguintes aspectos:

Aspectos analisados Sim Não


A realidade interior está bem caracterizada?
A situação do conto partiu de algum fato cotidiano que lhe causou
estranhamento?
A construção dos personagens está com descrições físicas e
psicológicas?
Há um conflito psicológico?
O conflito psicológico foi resolido?

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Fome e desperdício de alimentos


Milhares de pessoas no mundo todo passam fome, entretanto o desperdício de
alimentos acontece desde sua produção até na nossa cozinha, demonstrando
a necessidade de se rever conceitos e atitudes em relação a essa situação
Claudete Likes Penteado

A fome é um problema que assombra grande parte dos habitantes do Planeta,


e, para solucionar essa questão, não basta aumentar a produção de alimentos por
intermédio da ampliação da área plantada ou pelo aumento de safras, fazendo-
se necessário que se tomem atitudes relacionadas também com o controle dos
desperdícios.
O ciclo de desperdício de alimentos começa no campo, continua no transporte,
na armazenagem e na comercialização, para se fechar na cozinha do consumidor.
Enquanto isso, milhares de pessoas padecem na fome e na miséria.
Outrossim, faz-se necessário aqui fazer um parêntese entre a relação fome e des-
perdício de alimentos, visto que, mesmo se fossem tomadas medidas de controle
como parte de uma política agrícola, além de uma campanha para melhor utilização
no preparo e consumo de alimentos, não estaria assegurado um maior acesso des-
ses gêneros aos famintos.
Isso porque o custo e o consumo de alimentos dependem de variáveis sociais e
de mercado que determinam o acesso da população aos alimentos. São elas: a con-
centração da terra e da renda, o desemprego e as desigualdades do desenvolvimento
econômico, agravantes dos mecanismos das iniquidades regionais, todas produtos
de um processo de desenvolvimento desigual e excludente para a maioria.
Assim sendo, a relação entre desperdício e fome nacional tem sua razão de ser,
visto que se acredita ser possível diminuir o preço dos alimentos se essa margem de
perdas fosse exterminada dos cálculos de produção, levando a um barateamento dos
alimentos. Porém, não se tem a pretensão de resolver o problema da fome no Brasil
ou no mundo simplesmente resolvendo a questão dos desperdícios alimentares. Por
outro lado, não é possível conceber o desperdício onde a fome ainda existe.
O desperdício é um mal que precisa ser combatido por todos e iniciado, preferen-
cialmente, dentro da própria casa. Não se conseguem grandes mudanças mundiais
apenas pensando-se globalmente com projetos mirabolantes. Grandes mudanças do
comportamento universal começam de forma humilde, com o exemplo próprio. Pen-
sar globalmente — agir localmente. Cada um faz a sua parte, e o grande resultado
se constrói.
Disponível em www.sermelhor.com.br/espaco/fome-e-desperdicio. Acessado em 21/04/2015

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
3
1. Segundo o texto, qual é a relação entre a fome e o desperdício de alimentos?
De acordo com o texto, há milhares de pessoas no mundo que passam fome porque também se

perdem muitos alimentos no campo, no transporte, na armazenagem, na comercialização e na co-

zinha do consumidor.

Por que medidas de controle de alimentos e campanha para melhor preparar e con-
2.
sumir esses alimentos não seriam suficientes para um maior acesso desses gêneros aos
famintos?
Porque a fome também está atrelada ao custo e ao consumo de alimentos, dois aspectos que de-

pendem de variáveis sociais e de mercado, como a concentração de terra e de renda, o desempre-

go e as desigualdades no desenvolvimento econômico, que excluem a maioria das pessoas.

3.Que relação podemos estabelecer entre o desperdício de alimentos e o preço dos pro-
dutos?
Acredita-se que, se o desperdício não fizer mais parte dos cálculos de produção, os alimentos pas-

sarão a ficar mais baratos e, portanto, mais acessíveis aos famintos.

4. De acordo com o texto, onde se daria o melhor combate contra o desperdício?


Conforme o texto, o combate deve ocorrer, preferencialmente, em nossa própria casa, uma vez que

a ação individual gera uma mudança global.

5. Qual é sua opinião sobre a importância do combate ao desperdício de alimentos para


a diminuição da fome no Brasil e no mundo?
Resposta pessoal.

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A Rt igO
gÊNERO ivO E ífiC A
Texto 2
sit t
g O ExpO ãO CiE N
ARti vul gAç
i Lixo hospitalar
dE d Fátima Christóforo e Janice Veiga

A preocupação com a questão ambiental torna o gerencia-


mento de resíduos um processo importante na preservação da
qualidade da saúde e do meio ambiente. A questão ambiental,
mais especificamente, a educação em saúde ambiental, tem
o papel de determinar e avaliar os problemas ambientais de
modo integrado, interdisciplinar e global, sem considerar a exis-
tência de fronteiras políticas. As ações para a resolução desses
problemas devem ser implementadas a partir do microambien-
te (casa, rua, bairro), para o macroambiente, respeitando as
singularidades culturais, políticas e religiosas. A questão am-
biental está relacionada à produção de lixo/resíduo. Quando
falamos em lixo, pensamos em material que não presta e que
se despreza, é inútil e com sujidade. Tratando-se do ambiente
hospitalar, acreditamos que todo o lixo produzido é contamina-
do.
Na literatura, encontra-se definição de lixo: “tudo o que não
presta e se joga fora. Coisa ou coisas inúteis, velhas, sem va-
lor”. O resíduo é definido: “aquilo que resta de qualquer subs-
tância, resto”. O Resíduo de Serviço de Saúde (RSS) neces-
sita de processos diferenciados em seu manejo, exigindo ou
não tratamento prévio à sua disposição final. Essas definições
mostram a relatividade da característica inservível do lixo, pois,

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
3
para quem o descarta, pode não ter mais mitindo com isso reduzir o volume de resí-
serventia, mas, para outros, pode ser a ma- duos perigosos e a incidência de acidentes
téria-prima de um novo produto ou proces- ocupacionais, dentre outros benefícios à
so. Por isso, há necessidade de se refletir saúde pública e ao meio ambiente.
o conceito clássico e desatualizado de lixo. O acondicionamento dos RSS deve ser
Considerando os serviços de saúde, só em sacos ou recipientes que evitem vaza-
uma pequena parte dos resíduos derivados mentos e resistam às ações de punctura
da assistência necessita de tratamento es- e ruptura. A capacidade dos recipientes de
pecial. Uma adequada segregação diminui acondicionamento deve ser compatível com
significativamente a quantidade de RSS a geração diária de cada tipo de resíduo.
contaminados, impedindo a contaminação O tratamento do resíduo antes da dis-
da massa total dos resíduos gerados. posição final (aterro sanitário) consiste na
É responsabilidade dos serviços de saú- aplicação de método, técnica ou processo
de o gerenciamento de todos os RSS por que modifique as características dos riscos
eles gerados, atendendo às normas e exi- inerentes aos resíduos, reduzindo ou eli-
gências legais, desde o momento de sua minando o risco de contaminação, de aci-
geração até a sua destinação final, com o dentes ocupacionais ou de dano ao meio
objetivo de minimizar a produção de resí- ambiente.
duos e proporcionar aos resíduos gerados Nos serviços de saúde, fala-se em pre-
um encaminhamento seguro, de forma efi- paro de medicação, procedimentos cirúrgi-
ciente, visando à proteção dos trabalhado- cos, vacinação, procedimentos invasivos,
res, a preservação da saúde pública, dos sutura e coleta de exames. Dessa forma,
recursos naturais e do meio ambiente. há necessidade de se verificar qual tipo de
resíduo determinada assistência produz.
Segregação e tratamento Exemplificando-se o preparo de medica-
A segregação dos RSS deve iniciar no ção, os resíduos gerados são: a embala-
momento e no local de sua geração, per- gem da seringa e da agulha, as quais têm

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A RtigO
gÊNERO sit ivO E ífiC A
t
g O ExpO ãO CiE N
ARti vul gAç
i
dE d

papel e plástico, podendo ser segre- público, no tratamento do resíduo ge-


gado e reciclado; o frasco do medi- rado se iniciou em 2000, com a capa-
camento vazio, também é segregado citação de todos os profissionais da
e reciclado. Por outro lado, a agulha instituição para a segregação correta
utilizada nesta medicação é um artigo do resíduo gerado. Simultaneamen-
perfurocortante contaminado e deve te, houve a aquisição dos recipientes
ser desprezado em caixa de descar- e a vigilância do descarte do resíduo
te para material perfurocortante, jun- no recipiente apropriado para receber
tamente com a seringa. Esses são o tratamento específico. Em 1998,
considerados contaminados, por en- instituiu-se a Comissão de Resíduos,
trarem em contato com os fluidos cor- a qual elaborou o Plano de Geren-
porais, portanto não são recicláveis. ciamento de Resíduos de Saúde –
PGRS, obedecendo a critérios técni-
Segurança ocupacional cos, legislação ambiental, normas de
coleta e transporte dos serviços locais
Os profissionais envolvidos direta-
de limpeza urbana.
mente com os processos de higieni-
Atualmente, todo resíduo produzi-
zação, coleta, transporte, tratamento
do é segregado (infectante, comum e
e armazenamento de resíduos de-
reciclável), acondicionado, pesado e
vem ser submetidos a exame médico
encaminhado para transporte e trata-
admissional e periódico. Devem ser
mento específico.
imunizados em conformidade com o
Considerando a proteção dos tra-
Programa Nacional de Imunização;
balhadores, a preservação da saúde
capacitados e mantidos sob educa-
pública, dos recursos naturais e do
ção continuada para as atividades de
meio ambiente, espera-se que todos
manejo de resíduos, incluindo a sua
os serviços de saúde tenham uma
responsabilidade com higiene pes-
comissão de resíduo e uma gerên-
soal, dos materiais e dos ambientes.
cia atuante, que se preocupe com
A experiência de um hospital
os resultados da segregação, acon-
dicionamento, transporte, tratamen-
de ensino
to e destino final, com o objetivo de
A experiência do Centro de Atenção diminuir agravos ao meio ambiente e
Integral à Saúde da Mulher (Caism) custos desnecessários com o descar-
da Unicamp, hospital prioritariamen- te inadequado.
te de ensino universitário, estadual e Disponível em comciencia.br/comciencia/?section=
8&edicao=32&id=371. Acessado em 02/05/2015.

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
3
1. Por que, segundo as autoras, o conceito mais comum de lixo precisa ser revisto?
Porque normalmente o lixo é associado a inutilidade, sujeira ou contaminação, e isso desconsidera

o caráter reutilizável dos resíduos.

Segundo o artigo, podemos afirmar que todo lixo hospitalar é contaminado? O que po-
2.
demos fazer para reduzi-lo?
Não. Apenas uma parte do lixo hospitalar é contaminada e, se for feita uma separação adequada

dos resíduos contaminados, evita-se que a porção contaminada contamine o restante dos resíduos.

3. Que cuidados os profissionais envolvidos no manejo dos resíduos hospitalares devem ter?
Devem ter capacitação adequada para o manejo dos resíduos, ser submetidos a exames de saúde

admissional e periódicos e receber imunização apropriada.

4. Em que categorias o hospital universitário da Unicamp segregou o lixo hospitalar?


Infectante, comum e reciclável.

Na sua opinião, qual a importância de iniciativas como a do Centro de Atenção Integral


5.
à Saúde da Mulher (Caism)?
Resposta pessoal.

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produzir
É hora de

Antes de começar a escrever


Nos artigos expositivos, o objetivo é levar ao leitor informações importantes em lingua-
gem compreensível ao grande público. Para isso, é comum o uso de figuras de linguagem
(comparações, metáforas, hipérboles, metonímias, etc.). Essa maneira de empregar a lin-
guagem contribui bastante para aproximar autor e leitor e, evidentemente, não ocorre ape-
nas em artigos desse tipo.

Proposta
Você redigirá um artigo expositivo sobre o sarampo, destrinchando as informações apre-
sentadas logo abaixo. Para tanto, faça uma pesquisa prévia em livros, revistas, jornais ou
na Internet, procurando abordar contágio, prevenção, sintomas e controle. Lembre-se de
que seu texto será apresentado na Feira de Conhecimentos da sua escola.

Sarampo

Inflamação das vias


Dor de cabeça e febre
respiratórias

Manchas avermelhadas

Disponível em
www.eco4u.
wordpress.
com/2012/03/24/
sarampo-sinais-
sintomas-e-
tratamento-
conheca-mais-
essa-doenca/.

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
3
Planejamento
1. Para produzir um bom artigo expositivo, é fundamental pesquisar o tema e selecionar
as informações mais relevantes sobre ele.
2. Organize as informações selecionadas e amplie sua pesquisa buscando várias fontes,
como sites, revistas e jornais. Cite pelo menos duas fontes para fundamentar as infor-
mações expostas.
3. Utilize informações recentes, pois nosso foco é o momento atual.
4. Durante a produção do texto, escreva com clareza e simplicidade. A linguagem conota-
tiva pode nos ajudar bastante a tornar nosso texto atraente ao leitor.
5. Considere a revista e o público aos quais seu texto se destina. Procure adaptar sua
linguagem ao perfil dos leitores.
6. Não use primeira pessoa.
7. Produza um título atraente.

Avaliação
1. Para avaliar seu artigo, reflita sobre os seguintes aspectos:

Aspectos analisados Sim Não


No texto, há o predomínio da exposição, isto é, há bastante relevância
nas informações apresentadas?
O tema está claro?
A abordagem do tema foi feita com base em pesquisas?
Há pelo menos duas fontes citadas para fundamentar as informações
apresentadas?
Além de simples e clara, a linguagem está adequada ao público leitor e
ao perfil editorial da revista em que o texto seria publicado?
O texto está escrito na terceira pessoa?
O título está atrativo?

2. Com base nessa análise, reescreva seu artigo, fazendo as alterações apropriadas.

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RO A Texto 1

ÍCI
N E

OT
N i/Reuters
Imigrantes que
tentavam chegar à
Grécia são resgatados
após naufrágio.
Foto: Argiris Mantikos/Eurokiniss

Erro do capitão provocou a morte


de quase 800 imigrantes
O naufrágio do barco no domingo frente ao litoral da Líbia foi o
incidente mais mortífero no Mediterrâneo já registrado
Publicado em 21/04/2015, às 09h38

O barco naufragou depois de ter colidi- Ali Malek, é inquestionável, segundo a pro-
do com o cargueiro português que tentava curadoria de Catânia, na Sicília, já que o
socorrê-los homem provocou o naufrágio por ter sobre-
O capitão da embarcação lotada com carregado o barco e se mostrar sem condi-
centenas de imigrantes e que naufragou no ções de realizar manobras adequadas.
fim de semana, foi designado pela procu- Essa catástrofe tem duas causas princi-
radoria italiana como o único responsável pais, segundo a justiça, em um comunicado.
pela tragédia, uma das piores já ocorridas “Por um lado, as manobras equivocadas
no Mar Mediterrâneo. decididas pelo comandante do barco que, em
Ainda abalados e exaustos, os sobrevi- uma tentativa de abordar o cargueiro (que
ventes desse novo desastre marítimo, que acudiu em socorro), provocou a colisão com
supostamente matou 800 pessoas, chega- essa embarcação maior”, afirmou a fonte.
ram nesta terça à Sicília, ao mesmo tempo “Por outro lado, o excesso de passagei-
que dois traficantes de seres humanos fo- ros no barco, que perdeu o equilíbrio por
ram presos. causa dessas manobras equivocadas e
A responsabilidade do capitão do bar- pelo deslocamento dos imigrantes a bor-
co, um tunisiano de 27 anos, Mohammed do”, acrescentou.

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
4
O barco afundou por esses motivos, en- A investigação prosseguirá para deter-
fatiza o texto. minar o número de mortos, inclusive proce-
A procuradoria também destaca que o dendo à recuperação dos restos da embar-
cargueiro português que tentou socorrer cação. O chefe de governo italiano, Matteo
os imigrantes “não contribuiu em absoluto Renzi, aludiu a essa possibilidade para “dar
para o naufrágio”. uma sepultura decente às vítimas”.
O balanço oficial da tragédia é de 24 “Havia um pouco mais de 800 pessoas a
mortos e 28 sobreviventes, mas o número bordo, entre elas crianças de 10, 12 anos. Ha-
de desaparecidos soma cerca de 800 pes- via sírios, eritreus, somalis... Saíram no sába-
soas, entre elas crianças e mulheres, se- do, às 8h, de Trípoli”, segundo Carlota Sami,
gundo organizações humanitárias interna- porta-voz na Itália do Alto Comissariado das
cionais. Nações Unidas para Refugiados (Acnur).
O porta-voz da Acnur, Adrian Edwards,
Presos no porão por sua vez, declarou que o naufrágio do
barco no domingo frente ao liberal da Líbia
A justiça não confirmou essa cifra, mas
é “o incidente mais mortífero no Mediterrâ-
calcula em 850 o número de imigrantes a
neo já registrado”.
bordo da embarcação, com base em rela-
Essa cifra foi confirmada por um porta-
tos dos sobreviventes e estimativa da tripu-
-voz da Organização Internacional para as
lação da embarcação portuguesa.
Migrações (OIM), Flavio Di Giacomo.
Somente 24 corpos foram recuperados,
A OIM informou ainda que mais de 1.750
e esse pequeno número de sobreviventes é
imigrantes perderam a vida no Mediterrâ-
explicado pelo fato de que muitos imigran-
neo no decorrer do ano, um número 30 ve-
tes, em sua maioria mulheres e crianças,
zes maior que no mesmo período de 2014.
estavam presos no porão do barco.
Foto: MARIO LAPORTA / AFP

Imigrantes esperam para


desembarcar de navio
militar após operação de
salvamento no porto de
Salerno, no sul da Itália.

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RO A
ÍCI
N E

OT “Com a mais recente contagem, a OIM calcula que o número de
N mortos desde o início de 2015 é atualmente 30 vezes superior ao
de 2014 nesse mesmo período, quando foram assinalados 56 mor-
tes de imigrantes no Mediterrâneo”, declarou o porta-voz da OIM,
Flávio Di Giacomo, em Genebra.
“A OIM teme que o total de 3.279 mortes de imigrantes em 2014
seja superado este ano em algumas semanas e possa alcançar
os 30.000 até o final do ano, se nos basearmos no balanço atual”,
acresentou.
Segundo Edwards, apenas no mês de abril, foram 1.300 mortos,
o que estabelece um trágico recorde de mortes.

Medidas da UE
Na véspera, a União Europeia convocou uma cúpula de chefes
de Estado e de governo e revelou um plano de ação para tentar dar
respostas ao drama dos imigrantes no Mediterrâneo.
O plano de ação apresentado pela Comissão Europeia possui
10 pontos, que incluem reforçar as operações de controle e resgate
para responder à situação de crise migratória.
Esse plano será apresentado na quinta-feira aos chefes de Es-
tado e de governo da União Europeia durante a cúpula extraordiná-
ria, informou a comissão em um comunicado.
“Não podemos continuar assim, não podemos aceitar que cente-
nas de pessoas morram tentando atravessar o mar para chegar à
Europa”, afirmou o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk,
ao anunciar essa reunião extraordinária dos chefes de Estado e de
governo.
A reunião foi pedida no domingo pelo chefe do governo italiano,
Matteo Renzi, com apoio de outros dirigentes, após o naufrágio no
qual cerca de 800 pessoas morreram ao largo da costa da Líbia no
domingo.
O plano apresentado também propõe a apreensão e a destrui-
ção de embarcações utilizadas para transportar os migrantes, o
reforço da cooperação entre as organizações europeias e um pro-
grama para deportação rápida dos candidatos à imigração não au-
torizados a permanecer na UE.
Disponível em jconline.ne10.uol.com.br/canal/mundo/internacional/noticia/2015/04/21/erro-do-
-capitao-do-barco-provocou-a-morte-dos-quase-800-imigrantes-177630.
Acessado em 10/04/2015.

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
4
1.Que fato chama a atenção do leitor quanto às circunstâncias em que se deu o naufrágio
do barco no domingo frente ao litoral da Líbia, no Mediterrâneo?
O fato de que o barco naufragou depois de ter colidido com o cargueiro português que tentava so-

correr as pessoas.

2. Quais seriam as causas do naufrágio segundo a procuradoria de Catânia, na Sicília?


Uma seria o excesso de pessoas no barco, e a outra as manobras imprudentes do capitão

do barco ao tentar abordar o cargueiro que tentou socorrer as pessoas.

3.Que argumento legal garante o não envolvimento do cargueiro português no naufrágio do


barco no Mar Mediterrâneo?
Do ponto de vista legal, o que atesta a não participação do cargueiro português no naufrágio é a

palavra da procuradoria de Catânia, segundo a qual “não contribuiu em absoluto para o naufrágio”.

4.Se a justiça estima que o número de imigrantes chegue a 850, por que só poucos corpos
foram recuperados?
Embora o número de imigrantes chegue a 850, poucos corpos foram recuperados porque a maioria

deles, era composta de mulheres e crianças e ficou presa no porão do barco.

5. O que estaria motivando todo esse processo migratório no Mediterrâneo?


Embora o texto não deixe claros os motivos de tantas pessoas se arriscarem no Mediterrâneo para

chegarem à Europa, tudo indica que os imigrantes procuram melhores condições de vida, sem guerras,

sem fome, sem desemprego.

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RO A Texto 2

ÍCI
N E

OT Dengue já fez mais vítimas
N
que em 2014 no Recife
Nos quatro primeiros meses de 2015, o número de casos da doença (2.234) é mais
que o dobro do ano passado (1.052)
Publicado em 28/04/2015, às 06h00

No Recife, o número de pessoas com “Consequentemente, esses casos não


sintomas de dengue nas primeiras 16 se- foram notificados. Por isso, acredita-se
manas deste ano praticamente duplicou, que o volume de pessoas com suspeita
em comparação a todo o ano de 2014, de dengue é maior do que existe em re-
quando foram notificados 3.745 casos. gistro”, acrescenta Denise. Para contro-
Até o último dia 25, foi verificado um salto lar a investigação dos casos atípicos da
grande: 6.652 pessoas com suspeitas da doença, a Secretaria Estadual de Saúde
doença. Os casos confirmados seguem recomendou, na última semana, que os
o mesmo cenário: 1.052 em todo o ano pacientes que chegarem às unidades de
de 2014, contra 2.234 nas primeiras 16 saúde com manchas avermelhadas na
semanas deste ano. O bairro da Cohab, pele (acompanhadas ou não de febre e
Zona Sul da cidade, concentra o maior outros sintomas) deverão ser notificados
volume de notificações até agora, com como casos suspeitos de dengue, assim
422 pessoas que apresentaram sinto- como aquelas pessoas com sinais clás-
mas de dengue. Em seguida, vêm o Ibu- sicos.
ra (309), também na Zona Sul, e Casa Febre baixa, manchas vermelhas no
Amarela (285), na Zona Norte. corpo, inchaço nas articulações de mãos
“A situação preocupa porque o núme- e pés e fraqueza são os sintomas mais
ro de casos notificados está acima do comuns nessa epidemia. Quem apre-
limite máximo esperado para este ano”, senta quadro desse tipo deve ir a uma
diz a secretária-executiva interina de Vi- unidade básica de saúde para que seja
gilância à Saúde do Recife, Denise Oli- iniciado o tratamento, com o objetivo de
veira. Segundo boletim epidemiológico evitar complicações decorrentes da do-
da capital, a marca aceitável para as 15 ença. A notificação do caso é obrigatória
primeiras semanas deste ano é de até nos serviços de saúde e ajuda a orientar
1.041 casos notificados. O número atual as ações de campo, a fim de evitar que
é quase sete vezes maior. novos casos ocorram.
“Continuaremos a trabalhar com plan- O trabalho da Vigilância Ambiental da
tões de combate aos focos de dengue Secretaria de Saúde do Recife resultou,
para frear a epidemia”, diz Denise Olivei- no último fim de semana, na inspeção de
ra. Ela avalia que essa inflação diagnós- 3.915 imóveis em todos os distritos sani-
tica da doença ainda é subnotificada, já tários da cidade. De março até agora, os
que muitas pessoas com quadro clínico agentes de saúde ambiental e controle
suspeito de dengue foram consideradas de endemias já visitaram mais de 32 mil
pacientes com virose. residências durante os mutirões.

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
4
Inicialmente, os mutirões de fim de semana realizados tratamento focal onde há larvas do
estavam previstos para terminar no fim de mar- mosquito, bloqueio químico em áreas com alta
ço. “Como a epidemia permanece, os plantões infestação de mosquitos e busca pelos casos
continuam em maio. As ações são focadas na de dengue.
prevenção e eliminação dos focos de reprodu- Disponível em jconline.ne10.uol.com.br/canal/cidades/sau-
de/noticia/2015/04/28/dengue-ja-fez-mais-vitimas-que-em-2014-
ção do mosquito”, diz o gerente de Vigilância
-no-recife-178638.php. Acessado em 05/05/2015.
Ambiental do Recife, Jurandir Almeida. São

1. O que chama mais atenção na notícia sobre a dengue?


O ponto mais importante na notícia é o fato de o número de casos de dengue nos quatro primeiros

meses ser praticamente o dobro do número de casos observado em todo o ano de 2014.

2.Por que a secretária-executiva interina de Vigilância à Saúde do Recife, Denise Oliveira,


acredita que “o volume de pessoas com suspeita de dengue é maior do que existe em registro”?
Porque muitas pessoas com quadro clínico suspeito de dengue foram consideradas pacientes com

virose. Nesse caso, muitas dessas pessoas podem realmente estar com dengue, o que aumenta o

número de casos.

Que plano de ação a Secretaria Estadual de Saúde implementou para que o número de
3.
casos de dengue fosse detectado com mais exatidão?
O plano de ação foi registrar todos os casos suspeitos de pacientes que chegassem às unidades de

saúde com manchas avermelhadas na pele (acompanhadas ou não de febre e outros sintomas) ou

de pacientes que apresentassem os sinais clássicos de dengue.

4. Quando o tratamento contra a dengue deve ser iniciado?


O tratamento contra a dengue deve começar quando a pessoa apresenta os sintomas mais comuns

da doença, como febre baixa, manchas vermelhas no corpo, inchaço nas articulações de mãos e

pés e fraqueza.

5. Qual é a importância da notificação dos casos de dengue pelas unidades de saúde?


A notificação dos casos de dengue ajuda a orientar as ações de campo, para que se evitem novos

casos da doença.

Em sua opinião, o que a população pode fazer para diminuir o número de casos de
6.
dengue?
Resposta pessoal.

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produzir
É hora de

Antes de começar a escrever


Do bate-papo entre amigos às conversas formais, tudo gira em torno das notícias que
circulam na mídia. Lemos jornais, revistas, vemos telejornais, ouvimos rádio, navegamos
pela Internet, a fim de ficar por dentro dos acontecimentos e mais bem qualificados para
viver numa sociedade letrada.
É fundamental que os estudantes dominem a leitura, sejam aptos para compreender, in-
terpretar, selecionar e criticar as notícias veiculadas nos jornais. Matéria-prima dos jornais,
a notícia relata os fatos verdadeiros que estão acontecendo na cidade, no país, no mundo.
A intenção da notícia é informar o leitor com exatidão. Mas mesmo tendo a pretensão de
ser neutra, confiável, ela traz, em si, concepções, princípios, ideologia de quem a escreve.

Proposta
Agora é sua vez de produzir notícias! Que tal cobrir o próximo evento de sua escola?
Entreviste pessoas relacionadas ao evento, colha todo tipo de informação útil para os alu-
nos de outros anos e produza uma notícia que será veiculada em um jornal produzido pela
turma.

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
4

Planejamento
Antes da produção de sua notícia, é importante fazer um breve esboço das informações
que você pretende apresentar e desenvolver. Para isso, leve em conta o seguinte:
1. Que informação deveria vir no título? Vai haver algum apelo? Se sim, de que tipo? Para
atrair quem?
2. Como a informação do título será ampliada no lide?
3. Quais informações precisam aparecer no lide?
4. O que deveria ganhar destaque?
5. Que elementos visuais você utilizará (fotos, gráficos, etc.)?
6. Como outros gêneros poderiam ajudar na construção da notícia?
7. Defina quem serão os entrevistados.
8. Escreva com clareza e objetividade.

Avaliação
1.Troque sua produção com um colega para que ele observe se ela apresenta caracterís-
ticas de uma notícia. Nessa avaliação, serão observados os seguintes aspectos:

Aspectos analisados Sim Não


O lide apresenta as informações centrais de uma notícia?
A notícia responde às perguntas básicas do texto jornalístico
(o que?, onde?, quando?, como?, por quê?)?
Há falas de outras pessoas na notícia? Como elas são incorporadas ao
que você noticiou?
Há verbos de elocução e expressões nominais caracterizando essas
pessoas? Como esses elementos são utilizados?

2. O texto está sempre inacabado e as possibilidades de melhoria são constantes! Por


isso, é muito importante revisar e editar o texto, tantas vezes quantas forem necessárias, na
busca de uma (última) versão satisfatória. Observe os aspectos avaliados acima e reescre-
va seu texto para uma maior clareza expressiva dentro dos objetivos do gênero em estudo.

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ERO E M E Texto 1
gÊN g O
TA I CR
EP O R ÁF
R FOg
IN Inteligência a serviço do mal
Thiago Minami

O que acontece quando os melhores cientistas do mundo


decidem alugar o cérebro para fins nada nobres

William Happer está preso em seu la- motivo dos protestos. Entre os colegas de
boratório há 3 dias. As portas estão tran- Happer estavam dois integrantes do gru-
cadas e do lado de fora um bando raivo- po secreto Jasons, acusado pela opinião
so grita insultos e o chama de assassino. pública de contribuir para crimes de guer-
Para sobreviver, conta com a esposa, ra cometidos na Guerra do Vietnã.
que discretamente entrega cobertores e Não é difícil de entender o porquê de
comida por uma janela que dá para a rua. tanta revolta. Imagine uma equipe de
Happer está cercado por colegas que se cientistas altamente qualificados, mui-
acomodam pelo chão e esperam a multi- tos deles ganhadores do Prêmio Nobel,
dão enfurecida dispersar-se. contratados para ajudar o governo a de-
A cena acima aconteceu em abril de senvolver as mais eficientes (leia-se “le-
1972, no campus da Universidade Co- tais”) armas de guerra. Agora acrescente
lumbia, no coração de Nova York. Para o fato de que eles trabalham em segre-
chegar à beira do linchamento, Happer do, sem divulgar o resultado do trabalho
cometeu um único crime: medir a rotação para o resto do mundo — exatamente o
de núcleos atômicos e estudar técnicas oposto do que cientistas deveriam fazer.
de bombeamento óptico. Não entendeu? Pois esses são os Jasons, coadjuvantes
Bem, vale dizer que Happer é um físico de alguns dos capítulos mais controver-
e seu objeto de pesquisa não faria mal a sos da história americana recente: entre
uma mosca. Seu único problema eram eles, a disputa armamentista na Guerra
as más companhias que frequentavam Fria e a matança de civis no conflito com
a mesma equipe de trabalho — e daí o o Vietnã.

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
5

Ciência por baixo dos panos


Tudo começou em 1957. Disposta a pro- Durante anos, ninguém fora da elite cien-
var sua superioridade tecnológica, a União tífica soube que os Jasons existiam — ape-
Soviética enviou ao espaço o Sputnik, pri- sar de o grupo reunir entre os fundadores
meiro satélite da história. Os EUA entra- cérebros do calibre de Charles Townes e
ram em pânico. Eram tempos de Guer- Marvin Goldberger, veteranos do Projeto
ra Fria, quando cada lado precisava se Manhattan, que desenvolveu a bomba atô-
mostrar mais forte que o outro. Ao lançar mica. O mistério começava pelo nome —
o Sputnik, os soviéticos pavoneavam a “Jason” era o cachorro de Marvin. Mas tam-
seguinte mensagem: “Ei, americanos. Se bém se referia ao mito de Jasão, herói da
temos um foguete capaz de chegar ao es- mitologia grega, e às iniciais, em inglês, dos
paço, não há dificuldade em explodi-lo no meses julho, agosto, setembro, outubro e
quintal da sua casa”. Os EUA concluíram novembro, período em que ocorriam os en-
que, para dar o troco, precisariam investir contros. Sete pesquisadores — ou um terço
pesado em ciência. Era hora de mostrar dos que participaram da equipe nos primei-
aos russos com quantos paus se faz uma ros anos — ganhariam o Nobel no futuro.
bomba. Na primavera, a cúpula dos cientistas
Foi nessa época que um grupo de cien- se reunia com os todo-poderosos do país
tistas decidiu se organizar para formar um para discutir quais assuntos seriam pes-
pelotão especial. Eles trabalhariam inde- quisados no verão seguinte. O grupo tinha
pendentes do governo, mas reuniriam um tratamento VIP na Casa Branca — e não
dream team da física para pesquisar armas era para menos. Se a humanidade não foi
de guerra. Tudo no maior segredo. O local dizimada por uma guerra nuclear, isso se
de trabalho seria bem longe da aridez uni- deve em parte ao fato de que, em 1967,
versitária: junto das famílias, os integrantes os Jasons reprovaram o uso de armas nu-
viajariam durante as férias de verão para cleares no Vietnã. Sem entrar em questões
uma cidade paradisíaca, a fim de tomar éticas, demonstraram que as maiores víti-
sol, beber cerveja aguada, preparar ham- mas da hecatombe seriam as próprias ba-
búrgueres na churrasqueira e desenvolver ses americanas, e não as inimigas.
pesquisas que mudariam o mundo. E, cla- Nem só de guerras viviam os supercien-
ro, juntar uns trocados — alguns milhares tistas. No final da década de 1970, eles
de dólares, digamos. Os resultados seriam selecionaram uma equipe para analisar o
passados ao governo na forma de acon- aquecimento global. Na época, ainda não
selhamento. “Bons cientistas são bons se sabia ao certo as causas do fenômeno.
conselheiros. Os métodos de pensamento A solução para a pesquisa — nada mo-
deles eram os mais objetivos e consisten- desta — foi elaborar um modelo do mun-
tes que a humanidade já inventou”, diz a do em miniatura, a fim de testar os efeitos
jornalista e professora da universidade da emissão de dióxido de carbono na at-
Johns Hopkins Ann Finkbeiner, autora de mosfera. Não foi suficiente para resolver o
The Jasons (sem tradução em português). problema, porém, a partir da invenção, foi
Assim nasceram os Jasons. possível compreendê-lo melhor.

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A ciência da guerra
O mais importante legado dos Jasons, gassem ao Sul e cortar o deslocamento
porém, foi militar. Em 1966, por exemplo, de suprimentos de uma parte a outra. O
inventaram um equipamento que muda- meio mais eficiente para isso seria atacar
ria as guerras até hoje. Naquele momen- uma longa rede de rotas e trilhas chama-
to, o Exército americano, apoiado pelo da de Trilhas Ho Chi Minh, por onde cir-
Vietnã do Sul, sofria com a resistência culavam quase todos os recursos do ad-
dos comunistas do Norte. Técnicas tra- versário. A solução apontada foi levantar
dicionais de batalha não funcionavam — uma barreira invisível, que não precisas-
a economia baseada na agricultura de se de soldados para vigiá-la. Impossível?
subsistência era difícil de ser atingida por Não para os Jasons.
bombardeios aéreos. As maiores indús- A engenhoca funcionava (e ainda fun-
trias não produziam artefatos militares, ciona) assim: aviões derrubam pequenos
que vinham todos da China e União So- artefatos sonoros nas trilhas. Quando
viética. Após um ano e meio de conflito, o uma tropa passa pelo aparelho, um si-
inimigo só crescia. nal é disparado. Computadores analisam
O governo pediu, então, a ajuda dos sua origem e avisam a força aérea sobre
Jasons. A conclusão foi rápida — e unâ- o local que deve ser bombardeado. “Há a
nime. Para vencer a guerra, seria neces- possibilidade de esse ser um dos maio-
sário impedir que as tropas do Norte che- res avanços em artefatos militares des-

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Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
5

de a pólvora”, disse, na época, o senador a expressão “criminoso de guerra”. Dick


Barry Goldwater. De fato, a invenção da Garwin foi chamado de “assassino de
barreira eletrônica modificou o jeito ame- bebês” num voo, e outros tantos colegas
ricano de fazer guerra, permitindo driblar foram expulsos de conferências científi-
o desconhecimento do território inimigo. cas. O ápice do conflito se deu quando o
Com algumas modificações, a criação foi físico Charles Schwartz, da Universida-
utilizada em todas as guerras até hoje e de da Califórnia, publicou o feroz artigo
também na fiscalização de imigrantes na Ciência Contra as Pessoas – A História
fronteira com o México. do Jason, em que convocava a popula-
O mar de rosas dos Jasons durou até ção a pedir esclarecimentos aos cole-
1971, quando a imprensa publicou uma gas. “Nós temos um direito, na verdade
coletânea de arquivos do Pentágono re- um dever, de cobrar a responsabilidade
latando as principais ações dos grupo na final pelos serviços prestados aos milita-
Guerra do Vietnã. O resultado: a revolta res”, escreveu.
da população contra os cérebros mais Em seu documento, Schwartz apon-
brilhantes da nação. Em Santa Bárbara, tou que a participação de cientistas em
a garagem do integrante Gordon Mac guerras não é nova. O matemático Arqui-
Donald foi incendiada. Ken Watson viu medes, por exemplo, entrou nas Guerras
os muros da vizinhança pichados com Púnicas para livrar Siracusa dos romanos.

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Contemporânea é apenas a discussão decidiu juntar-se aos Jasons. Após ter
ética sobre até onde ciência e guerra de- sido quase linchado, ele concluiu: “Com
vem andar de mãos dadas. É fato, porém, tantos inimigos desprezíveis, eles certa-
que uma necessariamente influencia a mente devem ser muito bons”. Se para o
outra. “Os conflitos aceleram o desenvol- bem ou para mal, já é outra questão.
vimento científico”, diz Shozo Motoyama, Como diz uma das principais regras
professor de história da ciência na USP. da ciência, para acertar é necessário er-
“Desde a revolução tecnocientífica, no fi- rar muito. Pois logo no primeiro estudo,
nal do século XIX, esses períodos propor- os Jasons pisaram na bola. A missão era
cionam uma oportunidade de transformar desenvolver uma barreira antimíssil para
em prática o que se sabe na teoria.” O proteger os EUA da ameaça comunista.
que não significa colocar a busca pelo de- Por algum tempo, cogitou-se uma solu-
senvolvimento acima de tudo — afinal de ção de fazer inveja a George Lucas: des-
contas, se a ciência existe em prol da hu- truir as armas inimigas com laser. Isso
manidade, utilizá-la para o nosso próprio em 1963! A ideia obviamente fracassou.
extermínio é, no mínimo, contraditório. A medalha de ouro na categoria “cien-
Todas essas questões pesaram na de- tista louco”, porém, vai para o greco-
cisão de William Happer — o jovem físico -americano Nicholas Christofilos. Um
do início da reportagem — quando ele dos primeiros a se juntar aos Jasons, ele

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Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
5

não era um professor acadêmico, mas submarinos. A proposta: transformar os


proprietário de uma firma para manuten- estados de Wisconsin e Minnesota — e
ção de elevadores. Leitor de publicações talvez metade do Canadá — na maior an-
científicas, ele enviou uma ideia genial por tena já imaginada. Essa nem saiu do pa-
correio e foi convidado a se juntar aos cé- pel. O cientista só deixou as maluquices
rebros do grupo. quando morreu, em 1972.
Para solucionar o problema da barrei- Um dos últimos fracassos dos Ja-
ra antimíssil, ele deu uma sugestão de sons foi no atentado do 11 de Setembro
fazer inveja aos melhores roteiristas de ao World Trade Center. Mas certamente
ficção científica: criar uma enorme nu- não por culpa deles — eles bem que ten-
vem de elétrons presa ao campo magné- taram avisar, mas, segundo a jornalista
tico da Terra que fritaria qualquer corpo Ann Finkbeiner, o governo Bush não é lá
que por ela passasse. A ideia foi levada muito chegado em dar ouvidos a palpites
a cabo e, por incrível que pareça, deu de cientistas. Por esse motivo, o grupo,
certo. Só que, em vez de destruir armas, que existe até hoje, anda em baixa. Quem
atingiu alguns satélites em órbita — e o sabe com o próximo presidente(...)
projeto foi sepultado. Disponível em super.abril.com.br/superarquivo/2007/
Outro projeto de Christofilos tinha por conteudo_485235.shtml.
Acessado em 25/07/2011.
objetivo melhorar a comunicação com

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1. Qual era o motivo da revolta da sociedade contra os Jasons?

Eles eram cientistas reconhecidos, mas que estavam usando seu conhecimento em prol de objetivos

pouco nobres e contrariando alguns princípios éticos da pesquisa científica.

2. De que maneira nasceu o grupo dos Jasons e como eles pretendiam lucrar com suas
pesquisas?
Eles decidiram se reunir e trabalhar de forma independente, longe do governo ou da academia, e

em segredo. Assim viajavam com suas famílias para locais onde aproveitavam as férias de verão e,

ao mesmo tempo, desenvolviam suas pesquisas. Pretendiam disponibilizar seus resultados para o

governo sob a forma de aconselhamentos.

3. Os Jasons realizaram apenas pesquisas com fins bélicos?

Não, eles realizaram pesquisas relacionadas ao aquecimento global, que, embora não tenham re-

solvido o problema, ajudaram a compreender melhor o fenômeno.

4. Analise a letra de música abaixo e responda, com base no texto:

A Canção do Senhor da Guerra


Legião Urbana

Existe alguém esperando por você Existe alguém que está contando com você
Que vai comprar a sua juventude Pra lutar no seu lugar
E convencê-lo a vencer Já que nessa guerra não é ele quem vai morrer

Mais uma guerra sem razão E quando, longe de casa, ferido e com frio
Já são tantas as crianças com armas na mão O inimigo você espera
Mas explicam novamente que a guerra gera empregos Ele estará com outros velhos
Aumenta a produção Inventando novos jogos de guerra

Uma guerra sempre avança a tecnologia Que belíssima cena de destruição!


Mesmo sendo guerra santa, quente, morna ou fria Não teremos mais problemas com a superpopulação
Pra que exportar comida Veja que uniforme lindo fizemos pra você
Se as armas dão mais lucros na exportação? E lembre-se sempre que Deus está do lado de
quem vai vencer

O Senhor da Guerra não gosta de crianças.


Legião Urbana. Música para Acampamentos, 1992.

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a) Identifique, na reportagem, argumentos que reforçam os versos da música destacados.
“Contemporânea é apenas a discussão ética sobre até onde ciência e guerra devem andar de mãos

dadas. É fato, porém, que uma necessariamente influencia a outra. ‘Os conflitos aceleram o desenvol-

vimento científico’, diz Shozo Motoyama, professor de história da ciência na USP. ‘Desde a revolução

tecnocientífica, no final do século XIX, esses períodos proporcionam uma oportunidade de transformar

em prática o que se sabe na teoria.’”

b) Mesmo com os avanços tecnológicos que uma guerra pode trazer, é coerente, de acordo
com a reportagem, utilizar a ciência em favor da guerra?
Não, uma vez que a ciência deve trazer desenvolvimento à humanidade, é contraditório usá-la numa

atividade que pode causar seu extermínio.

5.No final da reportagem, o repórter faz uma projeção para o próximo governo dos Esta-
dos Unidos. Você acredita que o status do grupo mudou com o início de um novo governo?
Justifique.
Resposta pessoal.

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Índice de obesidade no Brasil aumenta
54% em seis anos
Dados de pesquisa do Ministério da Saúde também mostram que 51% da popula-
ção acima de 18 anos está acima do peso ideal

Publicado em 28/08/2013

A incidência de obesidade entre os brasileiros aumentou 54% entre 2006 e


2012. De acordo com pesquisa do Ministério da Saúde divulgada ontem, esse
mal atinge 17,1% da população do País. Em 2006, o percentual era de 11,6%.
Nesses seis anos, em nenhum momento houve recuo no avanço dos índices
de obesidade.
“A hora é agora. Caso algo não seja feito, em dez anos podemos ter nú-
meros semelhantes aos dos Estados Unidos”, afirmou o ministro da Saúde,
Alexandre Padilha, durante a apresentação dos números. No país dos ham-
búrgueres, a obesidade atinge 27,7% da população.
Os dados da mesma pesquisa indicam que a maioria dos brasileiros adultos
está acima do peso. Ao todo, 51% da população acima de 18 anos apresenta
índice de massa corporal igual ou acima de 25. Os homens são maioria: 54,5%
bikeriderlondon | Shutterstock.com

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Capítulo
5

da população adulta do sexo masculino está gordinha. Entre as mulheres, esse


índice é de 48,1%.
Quando se trata de obesidade, o quadro se inverte. Pelos dados do Ministério
da Saúde, 17,7% das mulheres são obesas, enquanto a doença atinge 16,6%
dos homens. A escolaridade é outro fator relevante. O índice de pessoas obesas
com até oito anos de escolaridade é de 21,7%; entre os brasileiros com 12 ou
mais anos de estudo, o percentual é de 14,4%.
A diferença é mais acentuada entre as mulheres. De acordo com a pesqui-
sa, a obesidade atinge 24,6% das brasileiras de menor escolaridade e apenas
12,9% das que estudaram 12 anos ou mais.
Hábitos alimentares e sedentarismo ajudam a explicar o avanço da doença.
Embora tenha havido um aumento no percentual de brasileiros que consomem
a quantidade mínima recomendada de frutas e verduras, o crescimento ainda é
tímido: o índice era de 20% em 2008, e agora passou para 22,7%. O percentual
é inferior ao de brasileiros que consomem carne com excesso de gordura — cer-
ca de 30% dos brasileiros — e refrigerante regularmente — aproximadamente
26% da população do País.
Também houve um pequeno aumento no percentual de brasileiros que pra-
ticam exercícios físicos com frequência. Em 2009, esse grupo correspondia a
29,9%; no ano passado, o percentual passou para 33,5%.
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Ações
Apesar da tendência de crescimento da obesidade entre os brasileiros, o
Ministério da Saúde pretende manter a política para prevenção e combate ao
excesso de peso da população. Entre as ações planejadas, está a construção
de academias e a contratação de profissionais para orientar a população no
uso dos aparelhos e o programa de orientação nutricional para os alunos da
rede pública de ensino.
“Percebemos a necessidade de preparar os adultos do futuro, mas também
é necessário dar alternativas aos adultos de hoje que já se encontram com
sobrepeso”, afirmou o secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa.

EM CRESCIMENTO
Números indicam avanço da obesidade entre os Mulheres são maioria
brasileiros nos últimos seis anos. entre os obesos
Em % Em % 2006 2012

17,1
14,9 15,8
13,4 13,8
12,8
11,6

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Homens Mulheres

Vizinhos
Brasileiros ainda são mais magros que norte-
-americanos e vizinhos da América do Sul.
Em %.
27,7
25,1 16%
22,8
19,9 20,5
17,1 dos adultos
curitibanos
são obesos

Brasil Uruguai Argentina Paraguai Chile EUA

Disponível em www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo. Acessado em 18/12/2014.

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Capítulo
5
1. Qual é o problema da população brasileira em relação à obesidade?
A incidência de obesidade entre os brasileiros aumentou 54% entre 2006 e 2012.

2. Que preocupação o Ministério da Saúde tem em relação aos números sobre a obesi-
dade no Brasil?
A preocupação é que, se algo não for feito, o número de casos de obesidade no Brasil, em dez anos,

será semelhante ao número apresentado nos Estados Unidos.

3.O que o texto nos mostra sobre o aumento de peso e a obesidade entre homens e mu-
lheres no Brasil?
Em relação à massa corporal, 54,5% da população adulta do sexo masculino está gordinha. Entre

as mulheres, esse índice é de 48,1%. Quanto à obesidade, essa situação se inverte, indicando que

17,7% das mulheres são obesas, enquanto a doença atinge 16,6% dos homens.

4. Que papel tem a escolaridade no número de pessoas obesas?


Pessoas com menos escolaridade são mais atingidas pela obesidade, ao passo que os indivíduos

com maior escolaridade são menos atingidos pela obesidade.

5. Quanto aos hábitos alimentares e físicos, como estão os brasileiros?


Em relação à questão alimentar, o número de brasileiros que consomem verduras e frutas passou

de 20% em 2008 para 22,7% em 2013, número bastante inferior ao dos indivíduos que consomem

carne com excesso de gordura (cerca de 30% dos brasileiros) e refrigerante regularmente (aproxi

madamente 26% da população do País). Quanto ao número de brasileiros que praticam exercícios

físicos, saltamos de 29,9% em 2009 para 33,5% em 2012.

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pr oduzir
É hora de

Antes de começar a escrever


Como sabemos, o infográfico é um gênero textual que, mesclando signos linguísticos e
não linguísticos, explica ou informa, da forma mais didática possível, um determinado as-
sunto. Por esse motivo, os infográficos são muito utilizados para ilustrar notícias e reporta-
gens. E para compreender as informações neles apresentadas, é necessário observar bem
os detalhes. O gráfico a seguir foi retirado do Censo 2010, uma pesquisa que o Instituto
de Geografia e Estatística (IBGE) realiza a cada dez anos para colher informações sobre a
população brasileira. Analise-o com atenção e, em seguida, responda à questão proposta.

Gráfico 1 – Proporção da população residente, por situação


do domicílio - Brasil - 1950/2010
%
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70,0

60,0

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10,0

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01.07.1950 01.09.1960 01.09.1970 01.09.1980 01.09.1991 01.08.2000 01.08.2010
(1)

Urbana Rural

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 1950/2010.


(1) Para o cálculo da taxa foi utilizada a população presente em 1950,
enquanto para os anos seguintes foi utilizada a população residente.

1. Com base no gráfico, avalie as afirmações abaixo:


I. Por volta de 1965, a população urbana era praticamente equivalente à população rural.
II. Em 1990, a população urbana correspondia a 40% de toda a população brasileira.
III. Estima-se que, em 2020, quando será divulgado o próximo Censo, a população rural
será de 1%.

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Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
5

Está correto o que se afirma apenas em:


a) I.
X
b) II.
c) III.
d) I e II.
e) II e III.

Proposta

Primeiro momento
Em grupo com alguns colegas, vocês deverão produzir uma reportagem sobre a popula-
ção brasileira, mostrando suas principais características apontadas pelo Censo 2010. Para
isso, visitem o site do IBGE e identifiquem as informações mais interessantes apresentadas
nessa pesquisa. Lembrem-se de que, na reportagem, os dados são analisados de forma
crítica e aprofundada.

Segundo momento
Finalizada a reportagem, o grupo deverá elaborar um infográfico para ilustrá-la. Pro-
curem apresentar as informações da forma mais didática possível fazendo uso de textos
verbais e não verbais.

Avaliação
Ao final das produções, os grupos deverão apresentar os trabalhos para toda a turma e
o professor. Nessa avaliação, serão observados os seguintes pontos:

Aspectos analisados Sim Não


A reportagem foi produzida de acordo com a proposta?
As informações foram apresentadas de forma crítica e aprofundada?
O texto está claro e objetivo?
O texto abordou aspectos importantes sobre o Censo 2010?
O infográfico foi produzido de acordo com a reportagem?
As imagens e os textos apresentados no infográfico estão claros?
O infográfico está contribuindo para a leitura da reportagem?

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a Como crescer sem dor
Mediante o crescimento do consumismo, como vamos
lidar com o impacto nas grandes cidades?

Paulo Lima
Maxx-Studio | Shutterstock.com

Pode até haver algum grau de otimismo ufanista embutido nos dados, mas,
salvo melhor juízo, são números com base científica, apurados e publicados
por órgãos respeitáveis e sérios.
• O Brasil será em breve um mercado com mais de 200 milhões de consumi-
dores de alto poder aquisitivo.
• Segundo o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, 100 milhões
de novos consumidores devem chegar à idade adulta nos próximos anos.
• De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), hoje
mais da metade da população é de classe média, e a miséria deixará de
existir em 2016.
• A taxa de pobreza cairá de 28,8% da população, em 2008, para 4%, em
2016, percentual semelhante ao de países como Itália e Espanha.
Se os dados acima se materializarem, teremos, sim, um avanço expressivo
da atividade econômica e, automaticamente, consequências bastante positi-
vas no plano material. Imaginar que as taxas de miséria caiam drasticamente

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
6

no Brasil é a materialização de um dos sonhos mais recorrentes e improváveis


que tivemos por aqui nas últimas décadas.

O outro lado da moeda. Mas falta pensar no resto.


Como estamos nos preparando para lidar com o crescimento enorme do
consumo e do consumismo? Como se organizarão os aglomerados urbanos
conforme atingirem as proporções que as estatísticas começam a desenhar?
Como vamos fazer para lidar com o impacto que o suposto avanço trará em sua
cauda? E não estamos falando apenas na tão falada sustentabilidade em seu
sentido mais banal e evidente, mas na ansiedade que a competição crescente
vai gerando, no volume de pressão que pesa sobre a cabeça e o corpo de quem
está metido no meio dessas estatísticas e tabelas.
Claro que o catastrofismo é tão perigoso quanto o ufanismo, mas não é ra-
zoável olhar para as previsões de crescimento econômico como se fossem algo
isolado e blindado positivamente.
JrCasas | Shutterstock.com

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ER O E iniã o
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di to o d
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a
A boa notícia é que há também muita inteligência sendo aplicada para pen-
sar o outro lado da moeda. E não há dúvida de que a arquitetura, o urbanismo
e a habilidade de pensar os espaços em função do equilíbrio, das pessoas
e do ambiente, formam um dos saberes mais evidentemente necessários e
urgentes para que o balanço dessas forças encontre uma equação ao menos
satisfatória.
Nossa primeira edição de 2010 tem a pretensão de sobrevoar esses te-
mas. A começar pelo espaço dedicado a uma das figuras mais brilhantes e ao
mesmo tempo mais desconhecidas que o Brasil já produziu. Lelé Filgueiras
é dono de uma biografia extensa e irretocável de dedicação incondicional a
pensar não só objetos e espaços mais coerentes e inteligentes, mas um país
mais equilibrado e em cujos equipamentos urbanos mais gente possa viver
dignamente.
Que nosso trabalho possa inspirar um pensamento abrangente, sempre
que depararmos com as projeções, positivas ou não, do que seria o chamado
“desenvolvimento”.
Disponível em www.revistatrip.uol.com.br/revista/185/editorial/como-crescer-sem-dor.html.
Acessado em 26/07/2011.

PathDoc | Shutterstock.com

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Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
6
1. Na sua opinião, quais as vantagens e desvantagens do crescimento econômico?
Resposta pessoal.

2. Na opinião do editor, devemos ser otimistas ou pessimistas em nossas projeções?


De acordo com o autor, não devemos nem ser ufanistas demais nem catastróficos demais, mas olhar

o crescimento de uma forma razoável, de modo a compreender seus aspectos positivos e negativos.

3. Na sua opinião, quais são as consequências do consumo além do aspecto econômico?


Resposta pessoal. Professor, é importante falar nos impactos ao meio ambiente, tanto causados pela

atividade fabril quanto pelo elevado descarte de materiais, nem sempre biodegradáveis. Ressalte a

importância de se levar em consideração o descarte dos materiais no ato da aquisição.

4. Para o editor, qual é a boa notícia decorrente desse crescimento econômico?


O uso da inteligência para descobrir novas formas de manter o equilíbrio entre a sociedade e o meio

ambiente.

5. Qual é o propósito dessa edição da revista, conforme seu editor?


Inspirar um pensamento abrangente acerca do desenvolvimento.

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ER O E iniã o Texto 2
N
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E r ti g
a Preconceito contra crianças
e idosos é enorme
Marcelo Migliaccio

Falei no texto anterior sobre como seria que é jovem. Ela é obrigada a dizer: "Ei,
bom se velhos e crianças mandassem no falem com ela; ela veio resolver o proble-
mundo, e muita gente não entendeu. Cla- ma, eu só estou acompanhando!". Só pela
ro que se trata de uma utopia. O que eu aparência, julgam um idoso incapaz.
quis dizer pode ser resumido no seguinte: Por alguns comentários irados ao
1. Precisamos aprender mais com as texto anterior, também pude medir a
crianças, provas vivas de que o ser quantas anda o preconceito com ve-
humano é viável quando desprovido lhos e crianças. Vejamos as condições
de preconceito e quando tem o cora- dos asilos onde muitas pessoas, até
ção aberto. com boa situação financeira, mantêm o
2. Precisamos ouvir o que têm a dizer os parente idoso. Visitei um na Zona Sul
idosos, pois acumularam experiência onde se paga quase R$ 3 mil por mês.
de vida e a proximidade da morte faz Não falta nada, exceto amor. Foi o lugar
qualquer um passar a dar valor ao que mais triste em que já estive. [...] Outro
realmente importa. asilo, para idosos carentes, recebeu há
Alguns leitores argumentaram que exis- alguns dias a visita dos dóceis cães do
tem crianças e velhos muito maus. Pois projeto Patinhas do Bem, filantrópico
não é a esses que me referi, mas à grande e idealizado por Denizard Baldan, que
maioria, que não é má coisa nenhuma. não conheço. Ele leva seus cães para
O que mais me choca hoje é que os divertir e dar afeto a pessoas de idade
adultos não ouvem as crianças. Ou re- avançada e crianças enfermas. Para
primem demais, ou mimam demais, dois muitos anciãos, a única manifestação
erros de quem busca o caminho que jul- de carinho que recebem em anos são
ga mais fácil por comodismo. Converse as desses animais.
de igual para igual com uma criança e E os abrigos públicos para menores
verá que maravilha, quanto aprendizado, desamparados? Sempre foram grandes
quanta alegria genuína e contagiante. cadeias formadoras de adultos marginais.
E me choca também que ninguém te- O futuro que semeamos negando
nha saco para aprender com os mais ve- atenção às crianças e desprezando a ex-
lhos. Uma amiga minha sempre leva a periência dos velhos é o presente caótico
tia, que já passou dos 80, ao banco. A se- em que vivemos.
nhora está lúcida, mas tem dificuldade de Talvez por isso cometamos tantos
locomoção, por isso a sobrinha a ajuda. erros...
Pois, na agência bancária, os funcionários Disponível em www.jblog.com.br/rioacima.
php?itemid=14081.Acessado em 27/07/2011.
não se dirigem à anciã, só à minha amiga,

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
6
1. Que erros os adultos costumam cometer ao lidar com crianças?
Não costumam ouvi-las e não encontram o necessário equilíbrio entre reprimir demais e mimar

demais.

2. Que exemplo de preconceito contra o idoso o autor menciona no artigo?


O exemplo da amiga que acompanha uma idosa lúcida ao banco apenas para ajudar na sua locomo-

ção, mas os funcionários julgam a idosa incapaz e sempre se dirigem à moça, embora a cliente seja

a senhora.

3. Por que, segundo o texto, deveríamos ouvir mais os idosos?


Porque eles têm maior experiência de vida acumulada, e a proximidade da morte faz com que eles

deem valor ao que realmente é importante.

4. Na sua opinião, o que podemos aprender com crianças e idosos?


Resposta pessoal. Sugestão de atividade:

Professor(a), aqui poderão ser trabalhados temas como o Estatuto da Criança e do Adolescente e

também o Estatuto do Idoso. Promova um debate sobre esses assuntos.

5.Releia o trecho: “Não falta nada, exceto amor”. Na sua opinião, é mais importante para
o idoso estar abrigado num lugar confortável e até luxuoso ou ter a família por perto?
Resposta pessoal.

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produzir
É hora de

Antes de começar a escrever


Como você viu, é possível apresentar, por meio do artigo de opinião, um posicionamento
diante de um determinado assunto, fundamentando-o através de argumentos consistentes.
O autor, que pode ou não ser uma autoridade no tema abordado, geralmente discute algum
problema atual de ordem econômica, social, política ou cultural. E seu objetivo é convencer
o outro sobre seu ponto de vista, em um processo de constante sustentação das afirma-
ções, realizada por meio da apresentação de dados ou de opiniões que corroborem a sua.
Para tanto, um autor pode se valer de diversas estratégias argumentativas e estruturar
seu texto de maneira relativamente flexível, o que pode indicar aspectos de seu estilo. Tam-
bém é possível perceber, certa tendência a retomar uma dada situação, no início do artigo,
que vai se desenvolvendo até que a questão a ser discutida seja exposta.

Proposta
Agora é você que fará um artigo de opinião. Como vimos, para que sua opinião esteja
formada sobre um determinado assunto, é preciso ler bastante sobre o tema, principalmen-
te textos que reflitam posições distintas. É bom lembrar que sua opinião está sempre sujeita
a mudanças em função dos textos que você for lendo ao longo de sua formação, podendo
ser ajustada ao se desconsiderar pontos equivocados, consolidada por melhores funda-
mentos, negada se observada que é falha, etc. A seguir, apresentamos uma lista de temas
para seu artigo. Escolha um deles, ou outro que desejar, e produza seu texto imaginando
que ele será publicado em um jornal de grande circulação da sua cidade.

Tema 1
A luta pela preservação da natureza não é responsabilidade de um país isoladamente. O
esforço deve ser mundial, pois os efeitos dos desastres ecológicos são globais. Depende,
portanto, de cada um de nós...

Tema 2
Banalização da violência: um fenômeno social.

Tema 3
Qual é a perspectiva de um país que não respeita suas crianças?

Tema 4
O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que
acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas in-
comparáveis (Fernando Pessoa).

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Gêneros, Leitura e Análise

Tema 5
Capítulo
6
Não basta que todos sejam iguais perante a lei. É preciso que a lei seja igual perante
todos (Salvador Allende).

Tema 6
Seca: escassez de água ou de vontade política?

Tema 7
Na sociedade atual, ao proporcionar acesso aos meios de informação e de produção,
a escola torna-se um elemento-chave que dota de oportunidades ou agrava situações de
exclusão?

Tema 8
Na era da comunicação, as pessoas estão cada vez mais incomunicáveis.

Planejamento
Depois de se aprofundar no tema escolhido, procure definir o ponto de vista que você irá
defender. Associado a ele, procure listar os argumentos que você julga pertinentes para tor-
nar sua opinião convincente. Esboce a maneira como sua argumentação será desenvolvida:
1. Você fará retomada de algum acontecimento (partilhado socialmente ou pessoal) para
iniciar seu texto?
2. Qual será o seu posicionamento sobre o tema?
3. Há algum discurso a que você se opõe acerca do tema?
4. Quais argumentos você usará para fundamentar a sua opinião?

Avaliação
1. Depois de escrever seu artigo, procure levar em conta as questões abaixo e tente refle-
tir sobre sua própria produção e/ou a de um colega:

Aspectos analisados Sim Não


Os argumentos utilizados fornecem uma explicação consistente
para sustentar seu ponto de vista?
As estratégias argumentativas utilizadas são eficientes?
Os enunciados são bem estruturados e estão em conformidade
com a norma-padrão da língua?
Os parágrafos estão concatenados por meio de elementos coesivos
adequados?
Seu artigo apresenta introdução, desenvolvimento e conclusão?

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RO Texto 1
g ÊN E T E
bA
DE Serão menores, todos os menores?
José Paulo Cavalcanti Filho
Não há uma idade mínima consensual estabelecimento educacional (art. 112,
para a responsabilidade penal. Na Euro- VI) — um eufemismo que corresponde
pa, a média é 13 anos. Na Ásia, 9,9. Na à privação de liberdade. O problema é
África, 9,7. No Oriente Médio, 9 (mulhe- que, no máximo quando fizerem 21 anos
res) e 15 (homens). Nos Estados Unidos, (art. 121, § 5º), estarão todos livres em
entre 6 e 18, a depender do Código Penal nossas calçadas. Com folhas corridas
de cada um dos seus 51 Estados (contan- limpas, na polícia (arts. 143 e 144).
do o Distrito Federal). Explicando-se es- São regras muito distintas, para rea-
sas diferenças porque, não obstante bio- lidades não tão distintas assim. Quem
logicamente iguais todas as pessoas, em mata alguém com 18 anos e 1 mês, pode
alguns países logo começam a exercer receber pena de 30 anos de prisão. Mas
responsabilidades. E, também, em razão se estuprar ou for executor de grupos de
da intensidade das angústias sociais por extermínio, e tiver 17 anos e 11 meses,
segurança. No Brasil, temos a mais alta estará livre 3 anos depois (art. 121, § 3º).
idade, entre todos os países — 18 anos. Simplesmente não parece justo. Sem
Acompanhando tendência da América La- contar que este cenário vai se banalizan-
tina, que oscila entre 18 (Colômbia, Peru) do, resultando a cada dia mais numero-
e 16 anos (Argentina, Chile). Tudo justi- sos os casos de menores envolvidos em
ficado pela apartação social, decorrente crimes bárbaros. Aqui em Pernambuco,
de um modelo econômico excludente que por exemplo, circulou por vários Centros
entulha nossas penitenciárias de pretos, de Acolhimento um menor envolvido na
pardos e pobres. pistolagem de Garanhuns. Mesmo jo-
Seja como for, para o futuro, mui- vem, já respondia por numerosas mor-
to provavelmente essa idade tenderá a tes. Nesses Centros, aproveitou e au-
ser reduzida. Sobretudo por estarem os mentou sua estatística. Para evitar que
jovens se tornando maduros mais cedo continuasse a matar, acabou mandado à
— em razão de estímulos ao consumo distante Petrolina, onde passou a ocupar
e da rude competição pela subsistência. alojamento (art. 124, X) — em verdade,
Assim, mais cedo amadurecendo, mais uma cela individual. Por pouco tempo.
cedo tenderão também a responder por Que, ainda com 20 anos, sairá fagueiro
seus atos. Inclusive penalmente. e sem qualquer registro na folha corrida,
Complicado, entre nós, é que essas para dar sequência à sua vida profissio-
diferenças de idades, na legislação, re- nal. O mais elementar bom-senso suge-
sultam enormes. Maior, criminoso, vai às re que, sob nenhum pretexto, um quadro
penitenciárias. Enquanto menor, autor assim pode ser defendido.
de ato infracional (art. 103 do Estatuto É que, na essência, o problema está
da Criança e do Adolescente), cumpre fundamentalmente nos casos concretos.
12 diferentes medidas socioeducativas Em outras palavras, cumpre saber se a
(arts. 101 e 112). Inclusive internação em regra geral da proteção ao menor pode

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
7
(ou deve) ter exceções. Se assim for, deve- consciência do caráter criminoso de seus
mos começar por definir um outro sistema atos. Atuando isoladamente ou em con-
de proteção no Estatuto da Criança. Sendo junto com o Ministério Público; e também,
necessário produzir sistema em que alguns se for o caso, com entidades da socieda-
desses menores criminosos, de (muito) di- de civil — tudo como se vier a definir.
fícil recuperação, possam deixar de rece- Em resumo a decisão de manter nos-
ber os generosos benefícios da minoridade sa maioridade nos 18 anos de hoje, como
protegida. Passando, então, a ser julgados regra, parece aceitável apenas quando se
como se maiores fossem. retirem, da regra geral da impunidade (no
Um sistema assim poderia se operar fundo é isso) do Estatuto, menores apenas
em duas possíveis direções: a) com o es- em suas carteiras de identidade. Crimino-
tabelecimento de critérios objetivos, em sos (no fundo é isso) que devem responder
que o menor deixaria de ter o benefício do por seus crimes, como se maiores fossem
Estatuto — por exemplo a partir de quan- — posto o serem de fato, no mundo real.
tidade e natureza dos crimes praticados; Aqueles contra os quais o indeterminado
ou b) conferindo ao Juiz poder para julgar, cidadão comum tem direito de se defender.
como se maiores fossem, aqueles ainda José Paulo Cavalcanti Filho. Adeus Penderama e
formalmente menores que tenham plena outros escritos. Rio de Janeiro: Ateliê Editorial, 2007. pp.
176–178.

1. Considerando a tipologia textual predominante nesse texto, podemos afirmar que:


X É um texto cujo maior objetivo é expor pontos de vista sobre a maioridade penal brasileira.
a)
b) É um texto essencialmente informativo, pois apresenta informações de extrema relevân-
cia para se discutir a maioridade penal.
c) O autor procurou enriquecer o seu texto com dados estatísticos importantes sobre a
maioridade penal.
d) Este texto enquadra-se no gênero crônica, pois procura conduzir o leitor a uma reflexão
baseada num tema bastante atual e polêmico.
e) É um texto fundamentalmente argumentativo, pois o autor procurou discutir o problema
da falta de consenso entre os países para estabelecer a maioridade penal.

2.De acordo com as informações apresentadas no 1º § do texto, é correto pensar que:


a) A maioridade penal na América Latina é a mais severa do mundo.
b) Não há motivos concretos que justifiquem a tendência de os países da América Latina
apresentarem uma baixa média de maioridade penal.
c)
X A alta média de maioridade penal na América Latina reflete o modelo socioeconômico
reinante nos países do continente.
d) Os países da América Latina apresentam uma elevada maioridade penal porque acom-
panham uma tendência dos países pobres.
e) No oriente médio, a idade de 15 anos para responsabilizar criminalmente os homens e de
9, para as mulheres, é estabelecida pelo Alcorão, que prega a superioridade masculina.

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produzir
É hora de

Antes de começar a ler


A discussão sobre a maioridade penal no Brasil é sempre alvo de muitas controvérsias.
A seguir, você vai ler outro artigo sobre o tema. Leia-o com atenção procurando identificar
o posicionamento do autor a respeito do tema.

Redução da maioridade penal: grande falácia


Diariamente o Brasil é abalado com a notícia de que um crime bárbaro foi praticado por
um adolescente, penalmente irresponsável nos termos do que dispõe os artigos da Cons-
tituição Federal (CF) e do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A sociedade clama
por maior segurança. Pede pela redução da maioridade penal, mas logo descobrirá que
a criminalidade continuará a existir, e haverá mais discussão, para reduzir para 14 ou 12
anos. Analisando a legislação de 57 países, constatou-se que apenas 17% adotam idade
menor de 18 anos como definição legal de adulto.
Se aceitarmos punir os adolescentes da mesma forma como fazemos com os adultos,
estamos admitindo que eles devem pagar pela ineficácia do Estado, que não cumpriu a lei
e não lhes deu a proteção constitucional que é seu direito. A prisão é hipócrita, afirmando
que retira o indivíduo infrator da sociedade com a intenção de ressocializá-lo, segregando-
-o, para depois reintegrá-lo. Com a redução da menoridade penal, o nosso sistema peni-
tenciário entrará em colapso.
85% dos menores em conflito com a lei praticam delitos contra o patrimônio ou por atua-
rem no tráfico de drogas, e somente 15% estão internados por atentarem contra a vida. Afir-
mar que os adolescentes não são punidos ou responsabilizados é permitir que a mentira,
tantas vezes dita, transforme-se em verdade, pois não é o ECA que provoca a impunidade,
mas a falta de ação do Estado. Ao contrário do que muitos pensam, hoje em dia os adoles-
centes infratores são punidos com muito mais rigor do que os adultos […].
A prevenção à criminalidade está diretamente associada à existência de políticas sociais
básicas e não à repressão, pois não é a severidade da pena que previne a criminalidade,
mas sim a certeza de sua aplicação e sua capacidade de inclusão social.
ZIPPIN FILHO, Dalio.
Disponível em www.gazetadopovo.com.br/opiniao/artigos/reducao-da-maioridade-penal-grande
-falacia-ems1jrgy501486ya77d8wzb66. Acesso em 02/06/2015.

O jornal Gazeta do Povo, mesmo jornal onde o advogado criminalista Dalio Zippin pu-
blicou o artigo que você acabou de ler, consultou os leitores sobre o tema e sobre o que
acharam da opinião desse especialista. Veja o resultado:

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Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
7
5401 respostas
Resumo

Você concorda com a opinião A maioridade penal no Brasil deve ser: Você acha que o Estado é eficaz quando
do especialista? Aos 18 anos 1709 32.3% tenta ressocializar o adolescente infrator?
Aos 16 anos 2116 40%
Sim 3142 61.7% Sim 879 16.9%
Aos 12 anos 1459 27.6%
Não 1949 38.3% Não 4313 83.1%

16.9%
32.3%
38.3% 40%
61.7%
83.1%
27.6%

Proposta
Pensando nisso, você e seus colegas de classe vão realizar um júri simulado sobre a
redução ou não da maioridade penal no Brasil. Como o nome já diz, é a simulação de um
tribunal do júri, em que os participantes têm funções predeterminadas.

Planejamento
A turma irá formar três grupos, um a favor da redução da maioridade penal para dezes-
seis anos e outro contra. Uma equipe ocupará a função dos jurados, isto é, será responsável
pelo veredicto. O papel do professor, nessa atividade, será coordenar a prática, colocando
o tempo para cada grupo defender sua tese e atacar a tese defendida pelo grupo oponente.
É muito importante os grupos se prepararem previamente para defender o tema com
argumentos relevantes. A partir desse momento, cada grupo lançará sua tese inicial, defen-
dendo seu ponto de vista. Em seguida, ocorrerão replicas e tréplicas.
Após o debate, o júri popular, então, deverá se reunir para chegar a uma conclusão.

Avaliação
1.Depois que o debate foi realizado, você deve fazer uma avaliação da atividade em con-
junto com o professor e a turma. Reflitam:

Aspectos analisados Sim Não


Os grupos demonstraram bem preparados?
Os argumentos foram bem colocados?
Alguma ideia ficou vaga? Será preciso pesquisar mais
sobre algum assunto?
Em algum momento em que a discussão saiu do controle?
Será necessário a turma realizar um novo debate?

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O
ER O Texto 1
g ÊN
O TÁ RI
xT CI
TE U blI
P

Incondicionalmente mãe

Disponível em www.padrealbinosaude.com.br/?pagina=shownoticia&noticia=87
Acessado em 06/09/2011.

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Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
8
Com base no anúncio acima, responda: todo texto publicitário aborda os atributos do
1.
anunciante?
Não, o anúncio acima apenas traz uma mensagem de homenagem com a assinatura do anunciante

2. Por que, segundo o anúncio, a maternidade é incondicional?


Porque não depende de raça, etnia, crenças, etc., toda mulher pode ser mãe.

3. Você acredita que a maternidade é um privilégio da raça humana? Justifique.


Resposta pessoal, mas é importante mencionar que a maternidade ocorre em diversas espécies,

não apenas com o humano.

4.No texto publicitário há o seguinte trecho: “Não é padecer no paraíso e, sim, dar luz à
Terra”. Sobre isso, responda:
a) O que o autor quis dizer com o termo dar luz à Terra?
É uma metáfora para o novo, o nascimento de uma vida.

b) No trecho lido no enunciado, há, de forma sutil, uma intertextualidade, isto é, influência
de um texto sobre outro que o toma como modelo ou ponto de partida. Qual é o outro texto?
No texto publicitário, quando se diz que as mães não devem padecer no paraíso, ele faz uma

referência ao mito da criação do mundo, mais especificamente à narração da história de Eva e seus

filhos.

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ER O Texto 2
g ÊN
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xT CI
TE U blI
P

Compras solidárias

Disponível em www.ceciliasouza.com.br/2011/04/compras-beneficentes/
Acessado em 06/03/2012.

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
8
1. De que maneira podemos ajudar a AACD em seu trabalho beneficente?
Comprando peças ofertadas no Outlet Solidário.

Carregar sacolas basta? Por que a campanha afirma que você pode ajudar carregando
2.
sacolas?
Não. É necessário comprar e, ao comprar, precisamos carregar as compras em sacolas.

3. De que maneira, comprar roupas e acessórios pode ajudar uma instituição beneficente?
O lucro obtido na venda das peças é doado à instituição.

Você acha que a promoção de um Outlet Solidário é uma opção acessível a todos que
4.
desejarem ajudar a instituição? Por quê?
Resposta pessoal. Professor, espera-se que o aluno observe que nem todas as pessoas dispõem

de recursos para comprar roupas ou acessórios, mas que poderiam fazer doações de baixo valor

ou até prestar trabalho voluntário.

5.Pesquise a história e o trabalho de instituições como a AACD e responda em seu cader-


no: Qual é a importância de uma instituição como esta para a sociedade?
Resposta pessoal.

6. Que palavra, empregada no anúncio, revela o tratamento dado ao interlocutor?


Você.

7.
A palavra milhar é empregada usualmente como numeral. No entanto, no anúncio ela
não é empregada dessa forma, o que revela uma derivação imprópria. Qual é a classe que
essa palavra assume no texto?
Pronome indefinido.

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Igualdade de sexos

Disponível em wp.clicrbs.com.br/alongue-se/tag/dia-mundial-de-luta-contra-a-aids/
Acessado em 06/09/2011

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

Capítulo
8
1. Por que a campanha afirma que as mulheres não querem esse tipo de igualdade?
Pois igualar o número de soropositivos entre os sexos significaria um aumento do número de mu-

lheres com Aids.

2. O anúncio remete a um tipo de causa defendida pelas mulheres há tempos. Qual?


A igualdade de direitos.

3. Você acha que um número igual de pacientes soropositivos de ambos os sexos ajudaria
a promover a igualdade de gêneros ou reforçaria a vulnerabilidade das mulheres? Por quê?
Resposta pessoal.

4. No anúncio publicitário, há uma informação implícita sobre a história da mulher. Que


informação é essa?
A mulher era vista como um ser que não tinha plenos poderes sobre seu próprio corpo, sua história.

5. “Metade das pessoas que têm aids no mundo são mulheres.” O texto não deixa claro
qual é o motivo dessa afirmação. No entanto, é possível suscitar hipóteses sobre tal afir-
mativa. Reflita sobre essas hipóteses com os seus colegas e o professor.
Resposta pessoal. Espera-se que a turma comente as formas de contágio pelo vírus HIV e que o

anúncio sugere que as mulheres devem exigir dos seus parceiros sexuais o uso do preservativo.

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Doe sangue

Disponível em www.mp.go.gov.br/portalweb/2/noticia/f3ae392b558500394ec30fcdd4c32eed.html
Acessado em 06/09/2011

1. Qual a importância da relação entre imagem e texto no anúncio acima?

A imagem de um bebê contrasta com a idade da personagem, reforçando a ideia de que ela renasceu

após receber uma transfusão de sangue.

2. Apesar de curto, o texto publicitário acima narra uma história. Qual?

Ju, de 31 anos, sofreu complicações no parto e correu risco de vida. Foi salva por uma doação de

sangue. É como se ela tivesse renascido.

3. Qual é o argumento central da campanha acima?

Doar sangue é dar ao paciente a uma nova oportunidade de nascer.

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Manual do Educador

Gêneros, Leitura e Análise

É hora de produzir Capítulo


8
Antes de começar a ler
Vimos que o anúncio publicitário é um gênero predominantemente injuntivo, porque
pretende prescrever ações e comportamentos, quer vender um produto, um serviço ou
uma ideia. Rico em símbolos e significados, especialmente por conta do desenvolvimento
das tecnologias da informação e comunicação (mídias impressas, rádio, TV, Internet, etc.),
veiculado em diferentes suportes (revista, jornal, panfleto, cartaz, outdoors, blogs, sites,
etc.), o gênero em análise caracteriza-se por explorar a expressividade da língua, gozando
de bastante liberdade linguística e composicional.
Quanto a sua estrutura, o texto publicitário apresenta dois importantes (e exclusivos)
elementos — a logomarca e o slogan, responsáveis pela identidade visual da empresa e
pela veiculação de valores e crenças.
Quanto aos recursos linguísticos, a polissemia — grande número de significados em
uma só palavra — é uma recorrente estratégia, criando textos inusitados que despertam e
prendem a atenção e o interesse dos consumidores potenciais, além de dar vida longa às
informações na mente dos interlocutores.

Proposta
Agora é sua vez de elaborar um anúncio! Em grupo com alguns colegas, vocês deverão
inventar um produto e elaborar uma propaganda — ou roteiro de vídeo publicitário, texto
radiofônico, cartaz, etc. — com slogan para promovê-lo. Procurem ser criativos, explorando
diferentes recursos linguísticos, como a polissemia e a linguagem conotativa.

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produzir
É hora de

Planejamento
O primeiro passo para produzir a propaganda, logicamente, deve ser escolher o produto
que será anunciado. Feito isso, os questionamentos a seguir facilitarão o trabalho do grupo:
1. Qual é o público-alvo desse produto?

2. Que horário é mais indicado para ser veiculada a propaganda?

3. Como esse produto normalmente é apresentado nas propagandas?

4. O que vocês podem fazer para criar uma propaganda diferente?

5. A propaganda terá duração de quanto tempo? Atenção: o tempo deverá ser cronome-
trado. Lembre-se: mais do que em qualquer outra situação, aqui tempo realmente é
dinheiro…
6. Que materiais serão necessários para produzir toda a propaganda?

7. Quem serão os personagens que estarão em cena?

8. O que cada um dos personagens falará? Nesse momento, valorizem a expressão ver-
bal e corporal, tendo em vista o tempo e a necessidade de serem bem compreendidos.
9. Como será o desfecho da propaganda? É importante concluir o texto com um slogan,
uma frase concisa e fácil de lembrar que caracteriza uma marca, um produto, um políti-
co, etc.

Avaliação
A avaliação do trabalho do grupo será feita durante a apresentação para o professor e
para a turma. Nesse momento, eles analisarão o trabalho dos grupos tendo como base os
seguintes questionamentos:

Aspectos analisados Sim Não


A propaganda está adequada ao público-alvo e ao horário de exibição?
O tempo de apresentação foi rigidamente cronometrado?
O grupo conseguiu fazer uma propaganda diferente das habituais?
Os personagens conseguiram se expressar com clareza?
O desfecho foi adequado?

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