Você está na página 1de 464

ro

c a d o
E d u 8 An

en
o

t al

o
am

d
nd
Fu

la
o
sin
En

n u a
M a gr a f i nh
o

o
i
op

Ge sA
l be
r to
Ch

r lo
Ca

SSE_ME_Geografia_8A_001a002.indd 1 17/05/2018 11:10


O conteúdo deste livro está adequado à proposta
da BNCC, conforme a Resolução nº 2, de 22 de
dezembro de 2017, do Ministério da Educação.

Geografia Direção de Arte


8o ano do Ensino Fundamental Vitoriano Júnior

Carlos Alberto Chopinho


Coordenação editorial
Editor Distribuidora de Edições Pedagógicas Ltda.
Lécio Cordeiro Rua Joana Francisca de Azevedo, 142 – Mustardinha
Recife – Pernambuco – CEP: 50760-310
Revisão de texto Fone: (81) 3205-3333
Dárfini Lima CNPJ: 09.960.790/0001-21 – IE: 0016094-67

Projeto gráfico, editoração eletrônica,


iconografia, infografia e ilustrações Fizeram-se todos os esforços para localizar os detentores dos
Allegro Digital direitos dos textos contidos neste livro. A Distribuidora de Edições
Pedagógicas pede desculpas se houve alguma omissão e, em
Capa edições futuras, terá prazer em incluir quaisquer créditos faltantes.
Gabriella Correia/Nathália Sacchelli/
Sophia karla Para fins didáticos, os textos contidos neste livro receberam,
Fotos: Chua/shutterstock.com sempre que oportuno e sem prejudicar seu sentido original,
uma nova pontuação.

As palavras destacadas de amarelo ao longo do livro sofreram


modificações com o novo Acordo Ortográfico.

ISBN: 978-85-7797-915-8
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e
Lei no 9.610, de 19 de fevereiro de 1998.

Impresso no Brasil

SSE_ME_Geografia_8A_001a002.indd 2 17/05/2018 11:10


Apresentação teórica da coleção de Geografia
Conhecendo o Manual do Educador
As seções a seguir serão encontradas neste Manual e cada uma delas tem o objetivo de auxiliar o educador a aproveitar o máximo de tudo que
foi selecionado para facilitar seu trabalho em sala de aula.

Sumário do livro do aluno


Sumário
Apresenta o sumário do livro do aluno para que o
Capítulo 1
O ser, o ter e o estar ...................... 9 Cenário 5 – As coordenadas geográficas ... 52
O endereço certo de qualquer ponto
educador possa nortear o seu trabalho ao longo do ano.
Cenário 1 – O ser ..................................... 10 da Terra...............................................................52
A consciência de que sou igual Localização ........................................................52
aos outros ...........................................................10 Encerramento ...................................................54
Cenário 2 – O estar.................................. 14
Sou responsável pelo espaço construído e Capítulo 3
pelo espaço natural...........................................14 Letramento cartográfico............... 59
Paisagem e a constante modificação do
espaço .................................................................17 Cenário 1 – Como apresentar a Terra?.... 60
Cenário 3 – O lugar geográfico ............... 20 Do todo ao particular......................................60
Com afeto e com carinho, este é Um grande instrumento de informação
o meu lugar ........................................................20 chamado mapa ..................................................62
Cenário 4 – A natureza inquieta e Os mapas antigos e o norte ............................64
transformadora ................................................24 Cenário 2 – Detalhando os mapas .......... 67
Cenário 5 – O aprendizado por meio Elementos de um mapa ...................................67
do olhar .................................................... 25 Cenário 3 – Tentativas de representação ... 76
Encerramento ...................................................27 Como representar em um plano o que
é irregular? .........................................................76
Capítulo 2 Cenário 4 – Tecnologia em favor dos
O estar e o orientar-se................... 33 mapas ....................................................... 79
Mapas digitais ...................................................79
Cenário 1 – A dificuldade de Encerramento ...................................................82
encontrar o rumo ..................................... 34
Referenciais ......................................................34 Capítulo 4
Orientação pelos astros ...................................34 Nosso planeta ............................... 85
Orientação pelo Sol .........................................35
Orientação pelo Cruzeiro do Sul ..................36 Cenário 1 – Nossa localização no

Página do manual
A imprecisão dos pontos cardeais .................37 Universo ................................................... 86
Cenário 2 – A prática do dia a dia ........... 37 Fazemos parte de um sistema.........................86
Conhecer o espaço para se localizar .............37 O surgimento do Universo ............................87
Cenário 3 – Quando o céu se esconde ..... 38 Os primeiros estudos sobre o Sistema
Orientação artificial .........................................38 Solar ....................................................................88
Sugestão de
Cenário 4 – Ruas e avenidas .................... 43 A forma da Terra ..............................................88
abordagem
Ao lado de cada abertura do capítulo há boxes com
A criação do sistema de coordenadas ...........43 Cenário 2 – Os movimentos da Terra Cenário 1 Dessa forma, várias sociedades perceberam que o Sol aparecia
todas as manhãs numa determinada posição no horizonte e, depois
Geografia em cena

Nossos paralelos ...............................................45 e suas consequências ................................ 93


Por que Greenwich? ........................................46 O movimento de rotação................................93 Diferente do que normalmente se pensa, A dificuldade de de descrever um “caminho” no céu, desaparecia em uma posição
oposta, ao entardecer. Depois de certo tempo, também perceberam
que a Lua e algumas estrelas e constelações também poderiam ser-
A observação de astros,
como o Sol, para o uso da lo-
calização de pessoas cria a fal-
Latitudes e longitudes das ruas......................48 Sucessão dos dias e das noites ........................94
o Sol não nasce no ponto cardeal leste. O Sol
encontrar o rumo vir como base para a orientação sobre o espaço. sa sensação de que ele está se

os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento da


nasce do lado leste de onde estamos. O mes- movendo em torno da Terra.
As latitudes da Terra ........................................49 Fusos horários ...................................................94 mo acontece para o poente; o Sol não se põe Orientação pelo Sol Esse movimento ilusório é
As longitudes da Terra ....................................51 Caminho aparente do Sol...............................96 no ponto cardeal oeste, mas sim do lado oes- Referenciais chamado de Aparente.
Ao observar que o Sol nasce aproximadamente a Leste (ou
te de onde estamos. Na verdade, a cada dia do Um dos principais desafios dos seres humanos ao longo da sua Este) e põe-se a Oeste, os seres humanos criaram os pontos car-

Base Nacional Comum Curricular (BNCC).


ano o Sol nasce e se põe num ponto diferen- existência foi a localização e orientação sobre a superfície terrestre. deais, ou rumos cardeais, desenvolvendo a base de todo o sistema
Inicialmente, os seres humanos utilizavam elementos do espaço em de orientação.
te, por isso, se tomarmos o Sol como referên-
que viviam como referenciais. Uma montanha, um riacho ou uma Os pontos ou rumos cardeais são quatro e foram determinados
cia para nos orientarmos, cada dia tomare- grande árvore poderiam servir como base ou ponto de referência da seguinte maneira:
mos uma direção diferente ou, por exemplo, para identificar o rumo que deveriam ou queriam tomar.
a. A direção onde o Sol nasce todos os dias passou a ser deno-
Contudo, esses referenciais serviam para pequenos percursos
apontaremos a antena parabólica para lugares

Em todo o Manual serão inseridas as páginas redu-


minada de Nascente, Leste, ou Oriente.
dentro do espaço geográfico, uma vez que os indivíduos depen-
diferentes do céu se a instalarmos em épocas b. Em oposição à nascente, está o Poente, ou posição no hori-
diam da sua visibilidade e, quando precisavam deslocar-se sobre
zonte onde o Sol se põe, denominado de Ocidente, ou Oeste.
diferentes do ano. É fácil perceber isso obser- espaços maiores, como oceanos ou desertos, a tarefa se tornava ex-
CG_6ºano_01.indd 4 07/03/2018 13:34:57 tremamente difícil. A infinita capacidade de observação e criação Esses dois pontos serviram de base para a criação de outros
vando onde o Sol se põe nos meses de junho dos seres humanos os fez perceber que alguns astros, como a Lua, o dois: o Norte, que também pode ser chamado de Boreal, ou Se-
ou julho e onde ele se põe nos meses de de- Sol e determinadas estrelas, “apareciam” e, depois de certo tempo, tentrional, e o Sul, também denominado Meridional, ou Austral.

zidas do livro do aluno. Serão apresentadas orientações


zembro ou janeiro. Faça essa observação aos “desapareciam” sempre em lugares aproximados no céu, podendo,
portanto, ser utilizados para orientação. Zênite
seus alunos e peça para eles anotarem.
Orientação pelos astros
Anotações
didáticas correspondentes ao conteúdo específico e su-
O Universo e os astros que o compõem sempre despertaram
a curiosidade dos seres humanos. Várias sociedades antigas, como
incas, astecas, egípcios, gregos e mesopotâmicos, procuraram nos
cometas, nas estrelas, constelações, no Sol e na Lua explicações Horizonte
O N
para fenômenos que ocorriam na Terra.

gestões de atividade, por meio das quais será possível


Evannovostro/Shutterstock.com

successo images/Shutterstock.com

Sol

Geografia em cena
S L
Zênite é um termo

explorar o assunto trabalhado pelos estudantes.


criado pela astronomia para
Portanto, para orientar-se pelo Sol, basta de manhã cedo esten- estabelecer o ponto imagi-
der o braço direito para o Sol nascente, onde está o Leste. A partir nário em que o Sol passa a
desse ponto, fica muito fácil identificar os outros pontos, ou rumos, incidir de forma vertical em
cardeais: o braço esquerdo estendido em oposição ao direito indi- cima da cabeça de um de-
cará o ponto onde o Sol se põe, ou seja, o Oeste; à frente, estará o terminado observador.
rumo Norte e, às suas costas, o rumo Sul.

34 Capítulo 2 – O estar e o orientar-se Capítulo 2 – O estar e o orientar-se 35


Diálogo com o
professor CG_6ºano_02.indd 34 07/03/2018 13:37:22 CG_6ºano_02.indd 35 07/03/2018 13:37:22

e de abrigo em determinados lugares, a desco- na rosa dos ventos. Posteriormente, veremos


Saber como orientar-se e localizar-se no berta de rotas comerciais e marítimas, o plane- como essa noção primária e geral nos conduz
espaço geográfico sempre foi uma preocupa- jamento estratégico de manobras em campos à noção mais específica de localização no es-
ção do ser humano, desde os primeiros tem- de batalha, a exploração de recursos no sub- paço geográfico, já que os pontos de orien-
pos da humanidade — com o homem paleo- solo, a definição e escolha de locais adequados tação não são suficientes para localizar, com
lítico, passando pelo egípcio, sumério, chinês, para instalação de indústrias; enfim, a investi- precisão, qualquer lugar na superfície da Ter-
grego, romano, árabe e o navegador europeu gação do “lugar certo para a atividade a ser ali ra. Essa “localização precisa” é feita com base
— até os dias atuais, com o homem moderno, desenvolvida”. na delimitação da coordenada geográfica, ou
influenciado pelas tecnologias cada vez mais Neste capítulo, estudaremos inicialmen- seja, no cruzamento, ou encontro, entre um
sofisticadas do mundo globalizado, como sa- te as técnicas tradicionais de orientação (pelo paralelo e um meridiano, elementos cujos
télites e computadores. Esse “saber” está rela- Sol e pela Lua) e a determinação dos pontos conceitos aprofundamos e relacionamos às
cionado à satisfação de suas necessidades ime- cardeais, colaterais e subcolaterais (pontos definições de latitude e longitude, nomes atri-
diatas e específicas, como a busca de alimentos de orientação), bem como sua representação buídos às medidas de suas distâncias.

34

ME_CG_6ºano_02.indd 34 13/04/2018 14:51:56

Estrutura da coleção de Geografia


Partimos do princípio de que a ciência geográfica é constituída tanto pelos conhecimentos das ciências físicas e naturais quanto pelos das ciên-
cias humanas, articulando-os em diferentes níveis de análise. Assim, a Geografia é trabalhada para permitir ao educando uma compreensão do
todo, com base nas inter-relações estabelecidas entre elementos físico-naturais, socioeconômicos, populacionais, culturais e políticos, na tentativa
de superar a dicotomia sociedade versus natureza.
A noção de espaço geográfico é abordada como produto social, resultado das organizações e transformações sociais construídas a partir das
diferentes relações estabelecidas no espaço e no tempo. Também por isso, à medida que avançamos nos volumes da coleção, os temas vão se tor-
nando mais complexos e abrangentes, de forma que os conceitos são gradualmente aprofundados sob o enfoque das relações “norte-sul” (ricos-po-
bres), originadas nos processos de colonização, descolonização e industrialização. E, mais atualmente, nas relações “sul-sul”, que norteiam as rela-
ções internacionais brasileiras em seu processo de inserção no processo de globalização.
Como toda ciência é fundamentada em conceitos, com a Geografia não é diferente. E, embora possa parecer um fato inicialmente contradi-
tório, os conceitos priorizados nessa coleção são os de território, paisagem e lugar, ou seja, o espaço geográfico. No entanto, não estudaremos o es-
paço por si mesmo, mas agregando a ele os conceitos de sociedade, trabalho e natureza, que o complementam.
Por conta disso, optamos por tratar os assuntos dessa coleção de forma semelhante à proposta da Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
que tomamos como base para a elaboração desta obra.

III

ME_CG_8ºano_00.indd 3 16/05/2018 12:07:09


Cenário
Cenário 1

A dificuldade de Cada capítulo é dividido em Cenários para melhor entendimento do texto explicativo e são acom-
encontrar o rumo panhados por mapas, imagens, gráficos, fotos, tabelas e charges que facilitam a compreensão dos aspec-
Referenciais
Um dos principais desafios dos seres humanos ao longo da sua
tos fundamentais dos conteúdos dos capítulos. As imagens (fotos, mapas, tabelas, etc.) contidas no tex-
existência foi a localização e orientação sobre a superfície terrestre.
Inicialmente, os seres humanos utilizavam elementos do espaço em
que viviam como referenciais. Uma montanha, um riacho ou uma
grande árvore poderiam servir como base ou ponto de referência
to não têm apenas o propósito de ilustrá-lo, tornando-o mais agradável, são utilizadas visando suscitar
indagações, reflexões e interpretações sobre o espaço geográfico.
para identificar o rumo que deveriam ou queriam tomar.
Contudo, esses referenciais serviam para pequenos percursos
dentro do espaço geográfico, uma vez que os indivíduos depen-
diam da sua visibilidade e, quando precisavam deslocar-se sobre
espaços maiores, como oceanos ou desertos, a tarefa se tornava ex-
tremamente difícil. A infinita capacidade de observação e criação
dos seres humanos os fez perceber que alguns astros, como a Lua, o
Sol e determinadas estrelas, “apareciam” e, depois de certo tempo,
“desapareciam” sempre em lugares aproximados no céu, podendo,
portanto, ser utilizados para orientação.

Orientação pelos astros


O Universo e os astros que o compõem sempre despertaram

Ensaio geográfico
a curiosidade dos seres humanos. Várias sociedades antigas, como
incas, astecas, egípcios, gregos e mesopotâmicos, procuraram nos
cometas, nas estrelas, constelações, no Sol e na Lua explicações
para fenômenos que ocorriam na Terra.
Evannovostro/Shutterstock.com

successo images/Shutterstock.com

Esse tipo de instrumento não serve apenas para facilitar a com-

A seção Ensaio geográfico é o momento de prati-


preensão do relevo terrestre de superfície. Também pode ser em-
pregado para mostrar os tipos de rocha, rios (hidrografia), geleiras,
além de diversas informações.

Ensaio geográfico car os conhecimentos estudados em cada Cenário, com


1 Em uma viagem de férias, você percebeu que alguns agricultores realizam seus plantios em áreas de
encostas de morro, como no desenho abaixo.
questões reflexivas e críticas.
34 Capítulo 2 – O estar e o orientar-se

CG_6ºano_02.indd 34 07/03/2018 13:37:22

Utilizando o seu conhecimento, que conselhos você daria a esses agricultores?


A melhor alternativa para a prática da agricultura em morros ou montanha é a técnica das curvas de

nível, ou terraceamento.

2 Observe o desenho aproximado do relevo apresentado abaixo.

C D E
B
A

Agora, responda ao que se pede:


a. Identifique e denomine a unidade do relevo representada no espaço da letra A.
Planície litorânea.

b. Verifique e denomine em qual espaço está localizada uma depressão.

Está representada pela letra “D”.

Capítulo 6 – As formas e os agentes internos do relevo 147

CG_6ºano_06.indd 147 07/03/2018 13:47:28

Geografia em cena
As florestas temperadas foram quase totalmente devastadas,
restando apenas poucas reservas, na Europa ou América, restritas
quase sempre a áreas de difícil acesso ou de pouco interesse econô-
mico. Nos países asiáticos, a extensão da Floresta Temperada, mes-
mo que tenha sofrido redução ao longo do tempo, apresenta um
percentual remanescente maior que o da Europa e o da América.
Em meio ao texto referencial, são apresentadas informações adicionais ao conteúdo estudado. Po-
Estepes dem ser curiosidades, definições/explicações de termos possivelmente desconhecidos dos alunos ou,
simplesmente, esclarecimentos a respeito de um item específico do tema tratado.
Trata-se de uma vegetação tipicamente rasteira predominante
em áreas frias e secas numa faixa de transição entre regiões desérti-
cas e regiões florestais. Sofrem os efeitos da continentalidade, apre-
sentando verões quentes e invernos muito frios. Localizam-se na
Mongólia, nos Estados Unidos e na Sibéria russa.
Allocricetulus/Shutterstock.com

Estepe na Mongólia.

Pradarias
São formações vegetais herbáceas (gramíneas rasteiras) situa- Geografia em cena
das em ambientes muito semelhantes aos das estepes, porém com

Pequeno dicionário
mais umidade. Na América do Sul, onde a pluviosidade é maior, A pecuária extensiva
recebe o nome de Pampa, compreendendo as regiões austrais do é a prática criatória de gado
Brasil, da Argentina e do Uruguai; Pradaria é o nome que essa for- sem tantos investimentos.
mação recebe na América do Norte, e lá compreende uma área que Nela, o gado é destinado ao Os países que se situam entre os trópicos, em sua maioria em
vai do Canadá até o sul dos Estados Unidos, passando pelas planí-

geográfico e cultural
corte. Essa prática necessita desenvolvimento (como o Brasil), possuem um fator positivo para
cies centrais desse país. de alguns cuidados, princi- a utilização dessa fonte de energia, visto que essa região apresenta
As pradarias e estepes são ocupadas ou com pecuária extensiva palmente com alimentação uma taxa de insolação relativamente elevada o ano todo. Por outro
e semiextensiva ou com agricultura. e o espaço. lado, a precária (ou inexistente) tecnologia de geração de energia e
os baixos investimentos em pesquisa para sua obtenção inviabili-
Jason Patrick Ross/Shutterstock.com

zam por enquanto seu aproveitamento nessa região do globo.

Pequeno dicionário geográfico e cultural

Pradaria nos Estados Unidos.


Cartel: Conjunto de empresas que estabele-
cem monopólio, distribuindo entre si os mer-
Decomposição: Apodrecimento.
Lobby: Pessoa ou grupo que tenta influenciar
A seção Pequeno dicionário geográfico e cultural
Capítulo 10 – As grandes paisagens vegetais 253
cados e determinando os preços.
Combustível: Elemento que pode ser quei-
mado para gerar energia.
os congressistas (deputados e senadores) a vo-
tarem projetos de seu interesse, ou de grupos
que representam.
compreende uma série de palavras e termos organizados
Compactação: Ato de prensar, comprimir algo. Oleaginosa: Produtora de óleo.

CG_6ºano_10.indd 253 07/03/2018 13:58:40


por ordem alfabética, cuja finalidade é a consulta e o es-
Aprenda com arte clarecimento de termos usados ao longo do texto.
Syriana
Direção: Stephen Gaghan.
Ano: 2005.

Sinopse: Em Syriana, histórias mostram as consequências de uma rede de conspiração e corrupção


na indústria internacional de petróleo. Um funcionário da CIA descobre a verdade sobre seu traba-
lho. Um negociante de petróleo passa por uma tragédia familiar e encontra redenção com um prín-
cipe do petróleo. Um advogado corporativo enfrenta um dilema durante a fusão de duas empresas.
Os personagens envolvidos nesse sistema não têm consciência do impacto de suas decisões sobre o
futuro mundial.

100 anos luz


Direção: Sergio Roizenblit.
Ano: 2013.

Sinopse: Em um passeio pela história da energia elétrica, o filme mostra a transformação da sociedade
rural para a sociedade urbana no século XX, a partir de dez ícones eletroeletrônicos representativos
dessa progressiva transformação e da criação dos conceitos de cidade moderna, conforto e diversão.

350 Capítulo 14 – Os desafios da produção de energia

CG_6ºano_14.indd 350 07/03/2018 14:06:43

IV

ME_CG_8ºano_00.indd 4 16/05/2018 12:07:10


Aprendendo com arte
Pequeno dicionário geográfico e cultural
Babilônico: Habitante da antiga Babilônia, Papiro: Espécie de planta da qual os antigos
Em um mundo marcado pela força das imagens, o cinema é um recurso fundamental para tratar os
na Mesopotâmia (região entre os rios Tigre e egípcios produziam uma espécie de papel.
Eufrates).
Cordilheiras: Conjunto enfileirado de mon-
tanhas de grande extensão.
Perfil: Representação lateral ou silhueta de
algo ou alguém.
Periférica: Região distante do centro.
temas abordados no livro. A seção Aprendendo com arte foi elaborada com o objetivo de chamar aten-
ção da turma para conteúdos históricos a partir deste veículo de comunicação de massa.
Equidistante: Que apresenta a mesma dis- Serras: Conjunto enfileirado de montanhas
tância entre dois ou mais pontos ou objetos de pequena extensão.
considerados. Topógrafo: Profissional responsável pela re-
Jazidas: Áreas onde ocorrem grandes concen- presentação detalhada de partes da superfície
trações de minerais e recursos energéticos. da Terra.

Aprenda com arte

Piratas do Caribe: no fim do mundo


Direção: Gore Verbinski.
Ano: 2007.

Sinopse: O lorde Cuttler Beckett, da Companhia das Índias Orientais, detém o comando do navio-
-fantasma Flying Dutchman. O navio, agora sob o comando do almirante James Norrington, tem por
missão vagar pelos sete mares em busca de piratas e matá-los sem piedade. Na intenção de deter Beckett,
Will Turner, Elizabeth Swann e o capitão Barbossa precisam reunir os Nove Lordes da Corte da Irman-

Encerramento
dade. Porém, falta um dos Lordes, o capitão Jack Sparrow. O trio parte para Cingapura na intenção de
conseguir o mapa que os conduzirá ao fim do mundo, o que possibilitará que Jack seja resgatado. Mas,
para conseguir o mapa, eles precisarão enfrentar um pirata chinês, o capitão Sao Feng.

Encerramento
Piratas do Caribe: navegando em águas misteriosas
Direção: Rob Marshall.
Ano: 2011.
1 No quadro abaixo, cite impactos ambientais produzidos pelas matrizes energéticas apresentadas. Nessa obra contém, ao final de cada capítulo, exer-
Carvão Eólica
Sinopse: O capitão Jack Sparrow vai até Londres para resgatar Gibbs, integrante de sua tripulação Efeito estufa Uso da terra
cícios variados, desde questões discursivas a questões de
no Pérola Negra. Lá ele descobre que alguém está usando seu nome para conseguir marujos em uma
viagem rumo à Fonte da Juventude. Sparrow investiga e logo percebe que Angelica, um antigo caso
que balançou seu coração, é a responsável pela farsa. Ela é filha do lendário pirata Barba Negra, que
está com os dias contados.
Aquecimento global

Chuva ácida
Ruído das turbinas

Interferência eletromagnética
múltipla escolha, algumas de exames vestibulares e do
Capítulo 3 – Letramento cartográfico 81
Poluição atmosférica Mortalidade de aves
Enem, com adaptações pertinentes a cada ano do Ensi-
CG_6ºano_03.indd 81 07/03/2018 13:39:39
2 Existem várias formas não poluentes de se gerar energia; dentre estas, destaca-se a energia geotér-
mica. Por qual motivo nem todos os países podem utilizá-la?
Apenas países que possuem atividades vulcânicas ou sísmicas, onde o vapor de água ou as pedras quen-
no Fundamental.
tes atingem temperaturas superiores a 200 °C.

3 Por que podemos afirmar que a energia solar é a que provoca menos impactos ambientais?
Ela depende unicamente da luz solar para funcionar. Suas instalações ocorrem geralmente no topo de

construções já existentes.

4 O petróleo é uma das matrizes energéticas mais poluentes do Planeta. Contudo, cientistas afirmam
que o petróleo é insubstituível na atualidade. Explique tal afirmação.
Ele é a principal fonte de matéria-prima das indústrias, e cerca da metade da energia consumida no

mundo vem dele.

5 Marque a alternativa que contém apenas fontes energéticas fósseis.


a. Carvão, eólica e petróleo.
b. Lenha, solar e hidráulica.
c. Solar, eólica e maremotriz.
d. X Gás natural, carvão e petróleo.

Capítulo 14 – Os desafios da produção de energia 351

CG_6ºano_14.indd 351 07/03/2018 14:06:43

A importância da Geografia à luz da Base Nacional


Comum Curricular (BNCC)
Estudar Geografia é uma oportunidade para compreender o mun- O raciocínio geográfico, uma maneira de exercitar o pensamento es-
do em que se vive, na medida em que esse componente curricular abor- pacial, aplica determinados princípios (Quadro 1) para compreender as-
da as ações humanas construídas nas distintas sociedades existentes nas pectos fundamentais da realidade: a localização e a distribuição dos fatos e
diversas regiões do Planeta. Ao mesmo tempo, a educação geográfica fenômenos na superfície terrestre, o ordenamento territorial, as conexões
contribui para a formação do conceito de identidade, expresso de di- existentes entre componentes físico-naturais e as ações antrópicas.
ferentes formas: na compreensão perceptiva da paisagem, que ganha

CrispyPork/Shutterstock.com
significado à medida que, ao observá-la, nota-se a vivência dos indiví-
duos e da coletividade; nas relações com os lugares vividos; nos costu-
mes que resgatam a nossa memória social; na identidade cultural; e na
consciência de que somos sujeitos da história, distintos uns dos outros
e, por isso, convictos das nossas diferenças.
Para fazer a leitura do mundo em que vivem, com base nas apren-
dizagens em Geografia, os alunos precisam ser estimulados a pensar
espacialmente, desenvolvendo o raciocínio geográfico. O pensamento
espacial está associado ao desenvolvimento intelectual que integra co-
nhecimentos não somente da Geografia, mas também de outras áreas
(como Matemática, Ciência, Arte e Literatura). Essa interação visa à
resolução de problemas que envolvem mudanças de escala, orientação
e direção de objetos localizados na superfície terrestre, efeitos de dis-
tância, relações hierárquicas, tendências à centralização e à dispersão,
efeitos da proximidade e vizinhança, etc.

ME_CG_8ºano_00.indd 5 16/05/2018 12:07:11


Quadro 1 – Descrição dos princípios do raciocínio
geográfico
Princípio Descrição

Um fenômeno geográfico sempre é comparável a outros. A identificação das semelhanças entre


Analogia
fenômenos geográficos é o início da compreensão da unidade terrestre.

Um fenômeno geográfico nunca acontece isoladamente, mas sempre em interação com outros
Conexão
fenômenos próximos ou distantes.

É a variação dos fenômenos de interesse da geografia pela superfície terrestre (por exemplo, o
Diferenciação
clima), resultando na diferença entre áreas.

Distribuição Exprime como os objetos se repartem pelo espaço.

Extensão Espaço finito e contínuo delimitado pela ocorrência do fenômeno geográfico.

Posição particular de um objeto na superfície terrestre. A localização pode ser absoluta (definida
Localização por um sistema de coordenadas geográficas) ou relativa (expressa por meio de relações espaciais
topológicas ou por interações espaciais).

Ordem ou arranjo espacial é o princípio geográfico de maior complexidade. Refere-se ao modo de


Ordem
estruturação do espaço de acordo com as regras da própria sociedade que o produziu.

Essa é a grande contribuição da Geografia aos alunos da Educa- conceitos da Geografia contemporânea, diferenciados por níveis de
ção Básica: desenvolver o pensamento espacial, estimulando o raciocí- complexidade. Embora o espaço seja o conceito mais amplo e comple-
nio geográfico para representar e interpretar o mundo em permanente xo da Geografia, é necessário que os alunos dominem outros conceitos
transformação e relacionando componentes da sociedade e da nature- mais operacionais e que expressam aspectos diferentes do espaço geo-
za. Para tanto, é necessário assegurar a apropriação de conceitos para o gráfico: território, lugar, região, natureza e paisagem.
domínio do conhecimento fatual (com destaque para os acontecimen- O conceito de espaço é inseparável do conceito de tempo e ambos
tos que podem ser observados e localizados no tempo e no espaço) e precisam ser pensados articuladamente como um processo. Assim como
para o exercício da cidadania. para a História, o tempo é para a Geografia uma construção social, que se
Ao utilizar corretamente os conceitos geográficos, mobilizando o associa à memória e às identidades sociais dos sujeitos. Do mesmo modo,
pensamento espacial e aplicando procedimentos de pesquisa e análise os tempos da natureza não podem ser ignorados, pois marcam a memó-
das informações geográficas, os alunos podem reconhecer: a desigual- ria da Terra e as transformações naturais que explicam as atuais condi-
dade dos usos dos recursos naturais pela população mundial; o impac- ções do meio físico natural. Assim, pensar a temporalidade das ações hu-
to da distribuição territorial em disputas geopolíticas; e a desigualdade manas e das sociedades por meio da relação tempo-espaço representa um
socioeconômica da população mundial em diferentes contextos urba- importante e desafiador processo na aprendizagem de Geografia.
nos e rurais. Desse modo, a aprendizagem da Geografia favorece o re- Para isso, é preciso superar a aprendizagem com base apenas na
conhecimento da diversidade étnico-racial e das diferenças dos grupos descrição de informações e fatos do dia a dia, cujo significado restrin-
sociais, com base em princípios éticos (respeito à diversidade e comba- ge-se apenas ao contexto imediato da vida dos sujeitos. A ultrapassa-
te ao preconceito e à violência de qualquer natureza). Ela também es- gem dessa condição meramente descritiva exige o domínio de concei-
timula a capacidade de empregar o raciocínio geográfico para pensar e tos e generalizações. Estes permitem novas formas de ver o mundo e
resolver problemas gerados na vida cotidiana, condição fundamental de compreender, de maneira ampla e crítica, as múltiplas relações que
para o desenvolvimento das competências gerais previstas na BNCC. conformam a realidade, de acordo com o aprendizado do conhecimen-
Nessa direção, a BNCC está organizada com base nos principais to da ciência geográfica.

VI

ME_CG_8ºano_00.indd 6 16/05/2018 12:07:11


Para dar conta desse desafio, o componente Geografia da BNCC consigam ler, comparar e elaborar diversos tipos de mapas temáticos,
foi dividido em cinco unidades temáticas comuns ao longo do Ensino assim como as mais diferentes representações utilizadas como ferra-
Fundamental, em uma progressão das habilidades. mentas da análise espacial. Essa, aliás, deve ser uma preocupação nor-
Na unidade temática O sujeito e seu lugar no mundo, focalizam- teadora do trabalho com mapas em Geografia. Eles devem, sempre que
-se as noções de pertencimento e identidade. No Ensino Fundamental possível, servir de suporte para o repertório que faz parte do raciocí-
— Anos Finais, procura-se expandir o olhar para a relação do sujeito nio geográfico, fugindo do ensino do mapa pelo mapa, como fim em
com contextos mais amplos, considerando temas políticos, econômi- si mesmo.
cos e culturais do Brasil e do mundo. Dessa forma, o estudo da Geo- Na unidade temática Natureza, ambientes e qualidade de vida,
grafia constitui-se em uma busca do lugar de cada indivíduo no mun- busca-se a unidade da geografia, articulando geografia física e geografia
do, valorizando a sua individualidade e, ao mesmo tempo, situando-o humana, com destaque para a discussão dos processos físico-naturais
em uma categoria mais ampla de sujeito social: a de cidadão ativo, de- do planeta Terra. No Ensino Fundamental — Anos Finais, essas no-
mocrático e solidário. Enfim, cidadãos produtos de sociedades locali- ções ganham dimensões conceituais mais complexas, de modo a levar
zadas em determinado tempo e espaço, mas também produtores dessas os estudantes a estabelecer relações mais elaboradas, conjugando natu-
mesmas sociedades, com sua cultura e suas normas. reza, ambiente e atividades antrópicas em distintas escalas e dimensões
Em Conexões e escalas, a atenção está na articulação de diferen- socioeconômicas e políticas. Dessa maneira, torna-se possível a eles co-
tes espaços e escalas de análise, possibilitando que os alunos compreen- nhecer os fundamentos naturais do Planeta e as transformações impos-
dam as relações existentes entre fatos nos níveis local e global. Portanto, tas pelas atividades humanas na dinâmica físico-natural, inclusive no
no decorrer do Ensino Fundamental, os alunos precisam compreender contexto urbano e rural.
as interações multiescalares existentes entre sua vida familiar, seus gru- Em todas essas unidades, destacam-se aspectos relacionados ao
pos e espaços de convivência e as interações espaciais mais complexas. exercício da cidadania e à aplicação de conhecimentos da Geografia
A conexão é um princípio da Geografia que estimula a compreensão diante de situações e problemas da vida cotidiana, tais como: estabele-
do que ocorre entre os componentes da sociedade e do meio físico na- cer regras de convivência na escola e na comunidade; discutir propos-
tural. Ela também analisa o que ocorre entre quaisquer elementos que tas de ampliação de espaços públicos; e propor ações de intervenção na
constituem um conjunto na superfície terrestre e que explicam um lu- realidade, tudo visando à melhoria da coletividade e do bem comum.
gar na sua totalidade. Conexões e escalas explicam os arranjos das pai- No Ensino Fundamental — Anos Finais, espera-se que os alunos
sagens, a localização e a distribuição de diferentes fenômenos e objetos compreendam os processos que resultaram na desigualdade social, as-
técnicos, por exemplo. sumindo a responsabilidade de transformação da atual realidade, fun-
Em Mundo do trabalho, abordam-se, no Ensino Fundamental — damentando suas ações em princípios democráticos, solidários e de jus-
Anos Finais, essa unidade temática ganha relevância: incorpora-se o tiça. Dessa maneira, possibilita-se o entendimento do que é Geografia,
processo de produção do espaço agrário e industrial em sua relação en- com base nas práticas espaciais, que dizem respeito às ações espacial-
tre campo e cidade, destacando-se as alterações provocadas pelas no- mente localizadas de cada indivíduo, considerado como agente social
vas tecnologias no setor produtivo, fator desencadeador de mudanças concreto. Ao observar e analisar essas ações, visando a interesses indivi-
substanciais nas relações de trabalho, na geração de emprego e na dis- duais (práticas espaciais), espera-se que os alunos estabeleçam relações
tribuição de renda em diferentes escalas. A Revolução Industrial, a re- de alteridade e de modo de vida em diferentes tempos.
volução técnico-científico-informacional e a urbanização devem ser as- Assim, com o aprendizado de Geografia, os estudantes têm a
sociadas às alterações no mundo do trabalho. Nesse sentido, os alunos oportunidade de trabalhar com conceitos que sustentam ideias plu-
terão condição de compreender as mudanças que ocorreram no mun- rais de natureza, território e territorialidade. Dessa forma, eles podem
do do trabalho em variados tempos, escalas e processos históricos, so- construir uma base de conhecimentos que incorpora os segmentos so-
ciais e étnico-raciais. ciais culturalmente diferenciados e também os diversos tempos e rit-
Por sua vez, na unidade temática Formas de representação e pen- mos naturais.
samento espacial, além da ampliação gradativa da concepção do que Essa dimensão conceitual permite que os alunos desenvolvam
é um mapa e de outras formas de representação gráfica, são reunidas aproximações e compreensões sobre os saberes científicos — a respei-
aprendizagens que envolvem o raciocínio geográfico. Espera-se que, to da natureza, do território e da territorialidade, por exemplo — pre-
no decorrer do Ensino Fundamental, os alunos tenham domínio da sentes nas situações cotidianas. Quanto mais um cidadão conhece os
leitura e elaboração de mapas e gráficos, iniciando-se na alfabetização elementos físico-naturais e sua apropriação e produção, mais pode ser
cartográfica. Fotografias, mapas, esquemas, desenhos, imagens de sa- protagonista autônomo de melhores condições de vida. Trata-se, nessa
télites, audiovisuais, gráficos, entre outras alternativas, são frequente- unidade temática, de desenvolver o conceito de ambiente na perspecti-
mente utilizados no componente curricular. Quanto mais diversifica- va geográfica, o que se fundamenta na transformação da natureza pelo
do for o trabalho com linguagens, maior o repertório construído pelos trabalho humano. Não se trata de transferir o conhecimento científico
alunos, ampliando a produção de sentidos na leitura de mundo. Com- para o escolar, mas, por meio dele, permitir a compreensão dos proces-
preender as particularidades de cada linguagem, em suas potencialida- sos naturais e da produção da natureza na sociedade capitalista. Nes-
des e em suas limitações, conduz ao reconhecimento dos produtos des- se sentido, ao compreender o contexto da natureza vivida e apropriada
sas linguagens não como verdades, mas como possibilidades. pelos processos socioeconômicos e culturais, os alunos constroem cri-
No Ensino Fundamental — Anos Finais, espera-se que os alunos ticidade, fator fundamental de autonomia para a vida fora da escola.

VII

ME_CG_8ºano_00.indd 7 16/05/2018 12:07:11


Para tanto, a abordagem dessas unidades temáticas deve ser reali- volvida pelo professor, os alunos podem mobilizar, ao mesmo tempo,
zada integradamente, uma vez que a situação geográfica não é apenas diversas habilidades de diferentes unidades temáticas.
um pedaço do território, uma área contínua, mas um conjunto de re- Cumpre destacar que os critérios de organização das habilidades
lações. Portanto, a análise de situação resulta da busca de característi- na BNCC (com a explicitação dos objetos de conhecimento aos quais
cas fundamentais de um lugar na sua relação com outros lugares. As- se relacionam e do agrupamento desses objetos em unidades temáti-
sim, ao se estudarem os objetos de aprendizagem de Geografia, a ênfase cas) expressam um arranjo possível (dentre outros). Portanto, os agru-
do aprendizado é na posição relativa dos objetos no espaço e no tem- pamentos propostos não devem ser tomados como modelo obrigatório
po, o que exige a compreensão das características de um lugar (locali- para o desenho dos currículos.
zação, extensão, conectividade, entre outras), resultantes das relações Considerando esses pressupostos, e em articulação com as compe-
com outros lugares. Por causa disso, o entendimento da situação geo- tências gerais da BNCC e com as competências específicas da área de
gráfica, pela sua natureza, é o procedimento para o estudo dos objetos Ciências Humanas, o componente curricular de Geografia também deve
de aprendizagem pelos alunos. Em uma mesma atividade a ser desen- garantir aos alunos o desenvolvimento de competências específicas.

Competências específicas de Geografia para o Ensino


Fundamental
1. Utilizar os conhecimentos geográficos para entender a interação sociedade/natureza e exercitar o interesse e o espírito de investigação e de
resolução de problemas.

2. Estabelecer conexões entre diferentes temas do conhecimento geográfico, reconhecendo a importância dos objetos técnicos para a com-
preensão das formas como os seres humanos fazem uso dos recursos da natureza ao longo da história.

3. Desenvolver autonomia e senso crítico para compreensão e aplicação do raciocínio geográfico na análise da ocupação humana e produção do
espaço, envolvendo os princípios de analogia, conexão, diferenciação, distribuição, extensão, localização e ordem.

4. Desenvolver o pensamento espacial, fazendo uso das linguagens cartográficas e iconográficas, de diferentes gêneros textuais e das geotecno-
logias para a resolução de problemas que envolvam informações geográficas.

5. Desenvolver e utilizar processos, práticas e procedimentos de investigação para compreender o mundo natural, social, econômico, político e
o meio técnico-científico e informacional, avaliar ações e propor perguntas e soluções (inclusive tecnológicas) para questões que requerem
conhecimentos científicos da Geografia.

6. Construir argumentos com base em informações geográficas, debater e defender ideias e pontos de vista que respeitem e promovam a cons-
ciência socioambiental e o respeito à biodiversidade e ao outro, sem preconceitos de qualquer natureza.

7. Agir pessoal e coletivamente com respeito, autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, propondo ações sobre as
questões socioambientais, com base em princípios éticos, democráticos, sustentáveis e solidários.

Geografia no Ensino Fundamental — Anos Finais:


unidades temáticas, objetos de conhecimento e
habilidades
Nessa fase final do Ensino Fundamental, pretende-se garantir a toricamente instituídas, compreendendo a transformação do espaço
continuidade e a progressão das aprendizagens do Ensino Fundamen- em território usado — espaço da ação concreta e das relações desiguais
tal — Anos Iniciais em níveis crescentes de complexidade da com- de poder, considerando também o espaço virtual proporcionado pela
preensão conceitual a respeito da produção do espaço. Para tanto, é rede mundial de computadores e das geotecnologias. Desenvolvendo a
preciso que os alunos ampliem seus conhecimentos sobre o uso do es- análise em diferentes escalas, espera-se que os estudantes demonstrem
paço em diferentes situações geográficas regidas por normas e leis his- capacidade não apenas de visualização, mas que relacionem e enten-

VIII

ME_CG_8ºano_00.indd 8 16/05/2018 12:07:11


dam espacialmente os fatos e fenômenos, os objetos técnicos e o orde- brasileiro. Destaca-se também a relevância do estudo da América do Nor-
namento do território usado. te, com ênfase no papel dos Estados Unidos da América na economia do
Para tanto, no 6º ano, propõe-se a retomada da identidade sociocultu- pós-guerra e em sua participação na geopolítica mundial na contempo-
ral, do reconhecimento dos lugares de vivência e da necessidade do estudo raneidade. Nos estudos regionais, sejam da América, sejam da África, as
sobre os diferentes e desiguais usos do espaço, para uma tomada de cons- informações geográficas são fundamentais para analisar geoespacialmen-
ciência sobre a escala da interferência humana no Planeta. Aborda-se tam- te os dados econômicos, culturais e socioambientais — tais como GINI,
bém o desenvolvimento de conceitos estruturantes do meio físico natural, IDH, saneamento básico, moradia, entre outros —, comparando-os com
destacadamente, as relações entre os fenômenos no decorrer dos tempos da eventos de pequenas e grandes magnitudes, como terremotos, tsunamis e
natureza e as profundas alterações ocorridas no tempo social. Ambas são desmoronamentos devidos a chuvas intensas e falta da cobertura vegetal.
responsáveis pelas significativas transformações do meio e pela produção Considera-se que os estudantes precisam conhecer as diferentes concep-
do espaço geográfico, fruto da ação humana sobre o Planeta e sobre seus ções dos usos dos territórios, tendo como referência diferentes contextos
elementos reguladores. sociais, geopolíticos e ambientais, por meio de conceitos como classe so-
Trata-se, portanto, de compreender o conceito de natureza; as dispu- cial, modo de vida, paisagem e elementos físicos naturais, que contribuem
tas por recursos e territórios que expressam conflitos entre os modos de para uma aprendizagem mais significativa, estimulando o entendimento
vida das sociedades originárias e/ou tradicionais; e o avanço do capital, to- das abordagens complexas da realidade, incluindo a leitura de representa-
dos retratados na paisagem local e representados em diferentes linguagens, ções cartográficas e a elaboração de mapas e croquis.
entre elas o mapa temático. O entendimento dos conceitos de paisagem e Por fim, no 9º ano, é dada atenção para a constituição da nova (des)or-
transformação é necessário para que os alunos compreendam o processo dem mundial e a emergência da globalização/mundialização, assim como
de evolução dos seres humanos e das diversas formas de ocupação espacial suas consequências. Por conta do estudo do papel da Europa na dinâmi-
em diferentes épocas. Nesse sentido, espera-se que eles compreendam o pa- ca econômica e política, é necessário abordar a visão de mundo do ponto
pel de diferentes povos e civilizações na produção do espaço e na transfor- de vista do Ocidente, especialmente dos países europeus, desde a expansão
mação da interação sociedade/natureza. marítima e comercial, consolidando o Sistema Colonial em diferentes re-
No 7º ano, os objetos de conhecimento abordados partem da for- giões do mundo. É igualmente importante abordar outros pontos de vis-
mação territorial do Brasil, sua dinâmica sociocultural, econômica e po- ta, seja o dos países asiáticos na sua relação com o Ocidente, seja o dos co-
lítica. Objetiva-se o aprofundamento e a compreensão dos conceitos de lonizados, com destaque para o papel econômico e cultural da China, do
Estado-nação e formação territorial, e também dos que envolvem a dinâ- Japão, da Índia e do Oriente Médio. Entender a dimensão sociocultural e
mica físico-natural, sempre articulados às ações humanas no uso do territó- geopolítica da Eurásia na formação e constituição do Estado Moderno e
rio. Espera-se que os alunos compreendam e relacionem as possíveis cone- nas disputas territoriais possibilita uma aprendizagem com ênfase no pro-
xões existentes entre os componentes físico-naturais e as múltiplas escalas cesso geo-histórico, ampliando e aprofundando as análises geopolíticas,
de análise, como também entendam o processo socioespacial da formação por meio das situações geográficas que contextualizam os temas da geo-
territorial do Brasil e analisem as transformações no federalismo brasileiro grafia regional.
e os usos desiguais do território. Espera-se, assim, que o estudo da Geografia no Ensino Fundamen-
Nesse contexto, as discussões relativas à formação territorial contri- tal — Anos Finais possa contribuir para o delineamento do projeto de
buem para a aprendizagem a respeito da formação da América Latina, em vida dos jovens alunos, de modo que eles compreendam a produção so-
especial da América portuguesa, que são apresentadas no contexto do es- cial do espaço e a transformação do espaço em território usado. Anseia-se,
tudo da geografia brasileira. Ressalta-se que o conceito de região faz parte também, que entendam o papel do Estado-nação em um período históri-
das situações geográficas que necessitam ser desenvolvidas para o entendi- co cuja inovação tecnológica é responsável por grandes transformações so-
mento da formação territorial brasileira. cioespaciais, acentuando ainda mais a necessidade de que possam conjec-
Nos dois últimos anos do Ensino Fundamental — Anos Finais, o turar as alternativas de uso do território e as possibilidades de seus próprios
estudo da Geografia se concentra no espaço mundial. Para isso, parte da projetos para o futuro. Espera-se, também, que, nesses estudos, sejam utili-
compreensão de que, na realidade atual, a divisão internacional do traba- zadas diferentes representações cartográficas e linguagens para que os estu-
lho e a distribuição da riqueza tornaram-se muito mais fluídas e complexas dantes possam, por meio delas, entender o território, as territorialidades e
do ponto de vista das interações espaciais e das redes de interdependência o ordenamento territorial em diferentes escalas de análise.
em diferentes escalas. Por esse motivo, no estudo dos países de diferentes
WAYHOME studio/Shutterstock.com

continentes (América, Europa, Ásia, África e Oceania), são tematizadas as


dimensões da política, da cultura e da economia.
Nessa direção, explora-se, no 8º ano, uma análise mais profunda dos
conceitos de território e região, por meio dos estudos da América e da Áfri-
ca. Pretende-se, com as possíveis análises, que os estudantes possam com-
preender a formação dos Estados Nacionais e as implicações na ocupação e
nos usos do território americano e africano. As relações entre como ocorre-
ram as ocupações e as formações territoriais dos países podem ser analisa-
das por meio de comparações, por exemplo, de países africanos com países
latino-americanos, inserindo, nesse contexto, o processo socioeconômico

IX

ME_CG_8ºano_00.indd 9 16/05/2018 12:07:11


Geografia – 6º ano
UNIDADES TEMÁTICAS OBJETOS DE CONHECIMENTO

O sujeito e seu lugar no mundo Identidade sociocultural

Conexões e escalas Relações entre os componentes físico-naturais

Mundo do trabalho Transformação das paisagens naturais e antrópicas

Formas de representação e pensamento espacial Fenômenos naturais e sociais representados de diferentes maneiras

Biodiversidade e ciclo hidrológico


Natureza, ambientes e qualidade de vida

Atividades humanas e dinâmica climática

ME_CG_8ºano_00.indd 10 16/05/2018 12:07:11


HABILIDADES

(EF06GE01) Comparar modificações das paisagens nos lugares de vivência e os usos desses lugares em diferentes tempos.
(EF06GE02) Analisar modificações de paisagens por diferentes tipos de sociedade, com destaque para os povos originários.

(EF06GE03) Descrever os movimentos do planeta e sua relação com a circulação geral da atmosfera, o tempo atmosférico e os padrões
climáticos.
(EF06GE04) Descrever o ciclo da água, comparando o escoamento superficial no ambiente urbano e rural, reconhecendo os principais
componentes da morfologia das bacias e das redes hidrográficas e a sua localização no modelado da superfície terrestre e da cobertura vegetal.
(EF06GE05) Relacionar padrões climáticos, tipos de solo, relevo e formações vegetais.

(EF06GE06) Identificar as características das paisagens transformadas pelo trabalho humano a partir do desenvolvimento da agropecuária e
do processo de industrialização.
(EF06GE07) Explicar as mudanças na interação humana com a natureza a partir do surgimento das cidades.

(EF06GE08) Medir distâncias na superfície pelas escalas gráficas e numéricas dos mapas.
(EF06GE09) Elaborar modelos tridimensionais, blocos-diagramas e perfis topográficos e de vegetação, visando à representação de elementos
e estruturas da superfície terrestre.

(EF06GE10) Explicar as diferentes formas de uso do solo (rotação de terras, terraceamento, aterros etc.) e de apropriação dos recursos
hídricos (sistema de irrigação, tratamento e redes de distribuição), bem como suas vantagens e desvantagens em diferentes épocas e lugares.
(EF06GE11) Analisar distintas interações das sociedades com a natureza, com base na distribuição dos componentes físico-naturais,
incluindo as transformações da biodiversidade local e do mundo.
(EF06GE12) Identificar o consumo dos recursos hídricos e o uso das principais bacias hidrográficas no Brasil e no mundo, enfatizando as
transformações nos ambientes urbanos.

(EF06GE13) Analisar consequências, vantagens e desvantagens das práticas humanas na dinâmica climática (ilha de calor etc.).

XI

ME_CG_8ºano_00.indd 11 16/05/2018 12:07:11


Geografia – 7º ano
UNIDADES TEMÁTICAS OBJETOS DE CONHECIMENTO

O sujeito e seu lugar no mundo Ideias e concepções sobre a formação territorial do Brasil

Formação territorial do Brasil

Conexões e escalas

Características da população brasileira

Produção, circulação e consumo de mercadorias

Mundo do trabalho

Desigualdade social e o trabalho

Formas de representação e pensamento espacial Mapas temáticos do Brasil

Natureza, ambientes e qualidade de vida Biodiversidade brasileira

XII

ME_CG_8ºano_00.indd 12 16/05/2018 12:07:12


HABILIDADES

(EF07GE01) Avaliar, por meio de exemplos extraídos dos meios de comunicação, ideias e estereótipos acerca das paisagens e da formação
territorial do Brasil.

(EF07GE02) Analisar a influência dos fluxos econômicos e populacionais na formação socioeconômica e territorial do Brasil,
compreendendo os conflitos e as tensões históricas e contemporâneas.
(EF07GE03) Selecionar argumentos que reconheçam as territorialidades dos povos indígenas originários, das comunidades remanescentes de
quilombos, de povos das florestas e do cerrado, de ribeirinhos e caiçaras, entre outros grupos sociais do campo e da cidade, como direitos legais
dessas comunidades.

(EF07GE04) Analisar a distribuição territorial da população brasileira, considerando a diversidade étnico-cultural (indígena, africana,
europeia e asiática), assim como aspectos de renda, sexo e idade nas regiões brasileiras.

(EF07GE05) Analisar fatos e situações representativas das alterações ocorridas entre o período mercantilista e o advento do capitalismo.
(EF07GE06) Discutir em que medida a produção, a circulação e o consumo de mercadorias provocam impactos ambientais, assim como
influem na distribuição de riquezas, em diferentes lugares.

(EF07GE07) Analisar a influência e o papel das redes de transporte e comunicação na configuração do território brasileiro.
(EF07GE08) Estabelecer relações entre os processos de industrialização e inovação tecnológica com as transformações socioeconômicas do
território brasileiro.

(EF07GE09) Interpretar e elaborar mapas temáticos e históricos, inclusive utilizando tecnologias digitais, com informações demográficas e
econômicas do Brasil (cartogramas), identificando padrões espaciais, regionalizações e analogias espaciais.
(EF07GE10) Elaborar e interpretar gráficos de barras, gráficos de setores e histogramas, com base em dados socioeconômicos das regiões
brasileiras.

(EF07GE11) Caracterizar dinâmicas dos componentes físico-naturais no território nacional, bem como sua distribuição e biodiversidade
(Florestas Tropicais, Cerrados, Caatingas, Campos Sulinos e Matas de Araucária).
(EF07GE12) Comparar unidades de conservação existentes no Município de residência e em outras localidades brasileiras, com base na
organização do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC).

XIII

ME_CG_8ºano_00.indd 13 16/05/2018 12:07:12


Geografia – 8º ano
UNIDADES TEMÁTICAS OBJETOS DE CONHECIMENTO

Distribuição da população mundial e deslocamentos populacionais

O sujeito e seu lugar no mundo


Diversidade e dinâmica da população mundial e
local

Corporações e organismos internacionais e do Brasil na ordem


Conexões e escalas
econômica mundial

Os diferentes contextos e os meios técnico e tecnológico na produção

Mundo do trabalho

Transformações do espaço na sociedade urbano-industrial na América


Latina

Formas de representação e pensamento


Cartografia: anamorfose, croquis e mapas temáticos da América e África
espacial

XIV

ME_CG_8ºano_00.indd 14 16/05/2018 12:07:12


HABILIDADES

(EF08GE01) Descrever as rotas de dispersão da população humana pelo planeta e os principais fluxos migratórios em diferentes períodos da
história, discutindo os fatores históricos e condicionantes físico-naturais associados à distribuição da população humana pelos continentes.

(EF08GE02) Relacionar fatos e situações representativas da história das famílias do Município em que se localiza a escola, considerando a
diversidade e os fluxos migratórios da população mundial.
(EF08GE03) Analisar aspectos representativos da dinâmica demográfica, considerando características da população (perfil etário,
crescimento vegetativo e mobilidade espacial).
(EF08GE04) Compreender os fluxos de migração na América Latina (movimentos voluntários e forçados, assim como fatores e áreas de
expulsão e atração) e as principais políticas migratórias da região.

(EF08GE05) Aplicar os conceitos de Estado, nação, território, governo e país para o entendimento de conflitos e tensões na
contemporaneidade, com destaque para as situações geopolíticas na América e na África e suas múltiplas regionalizações a partir do
pós-guerra.
(EF08GE06) Analisar a atuação das organizações mundiais nos processos de integração cultural e econômica nos contextos americano e
africano, reconhecendo, em seus lugares de vivência, marcas desses processos.
(EF08GE07) Analisar os impactos geoeconômicos, geoestratégicos e geopolíticos da ascensão dos Estados Unidos da América no cenário
internacional em sua posição de liderança global e na relação com a China e o Brasil.
(EF08GE08) Analisar a situação do Brasil e de outros países da América Latina e da África, assim como da potência estadunidense na ordem
mundial do pós-guerra.
(EF08GE09) Analisar os padrões econômicos mundiais de produção, distribuição e intercâmbio dos produtos agrícolas e industrializados,
tendo como referência os Estados Unidos da América e os países denominados de Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
(EF08GE10) Distinguir e analisar conflitos e ações dos movimentos sociais brasileiros, no campo e na cidade, comparando com outros
movimentos sociais existentes nos países latino-americanos.
(EF08GE11) Analisar áreas de conflito e tensões nas regiões de fronteira do continente latino-americano e o papel de organismos
internacionais e regionais de cooperação nesses cenários.
(EF08GE12) Compreender os objetivos e analisar a importância dos organismos de integração do território americano (Mercosul, OEA,
OEI, Nafta, Unasul, Alba, Comunidade Andina, Aladi, entre outros).

(EF08GE13) Analisar a influência do desenvolvimento científico e tecnológico na caracterização dos tipos de trabalho e na economia dos
espaços urbanos e rurais da América e da África.
(EF08GE14) Analisar os processos de desconcentração, descentralização e recentralização das atividades econômicas a partir do capital
estadunidense e chinês em diferentes regiões no mundo, com destaque para o Brasil.

(EF08GE15) Analisar a importância dos principais recursos hídricos da America Latina (Aquífero Guarani, Bacias do rio da Prata,
do Amazonas e do Orinoco, sistemas de nuvens na Amazônia e nos Andes, entre outros) e discutir os desafios relacionados à gestão e
comercialização da água.
(EF08GE16) Analisar as principais problemáticas comuns às grandes cidades latino-americanas, particularmente aquelas relacionadas à
distribuição, estrutura e dinâmica da população e às condições de vida e trabalho.
(EF08GE17) Analisar a segregação socioespacial em ambientes urbanos da América Latina, com atenção especial ao estudo de favelas,
alagados e zona de riscos.

(EF08GE18) Elaborar mapas ou outras formas de representação cartográfica para analisar as redes e as dinâmicas urbanas e rurais,
ordenamento territorial, contextos culturais, modo de vida e usos e ocupação de solos da África e América.
(EF08GE19) Interpretar cartogramas, mapas esquemáticos (croquis) e anamorfoses geográficas com informações geográficas acerca da África
e América.

XV

ME_CG_8ºano_00.indd 15 16/05/2018 12:07:12


Identidades e interculturalidades regionais: Estados Unidos da América,
América espanhola e portuguesa e África

Natureza, ambientes e qualidade de vida

Diversidade ambiental e as transformações nas paisagens na América


Latina

Geografia – 9º ano
UNIDADES TEMÁTICAS OBJETOS DE CONHECIMENTO

A hegemonia europeia na economia, na política e na cultura

O sujeito e seu lugar no mundo Corporações e organismos internacionais

As manifestações culturais na formação populacional

Integração mundial e suas interpretações: globalização e mundialização

Conexões e escalas
A divisão do mundo em Ocidente e Oriente

Intercâmbios históricos e culturais entre Europa, Ásia e Oceania

Transformações do espaço na sociedade urbano-industrial

Mundo do trabalho

Cadeias industriais e inovação no uso dos recursos naturais e


matérias-primas

XVI

ME_CG_8ºano_00.indd 16 16/05/2018 12:07:12


(EF08GE20) Analisar características de países e grupos de países da América e da África no que se refere aos aspectos populacionais, urbanos,
políticos e econômicos, e discutir as desigualdades sociais e econômicas e as pressões sobre a natureza e suas riquezas (sua apropriação e
valoração na produção e circulação), o que resulta na espoliação desses povos.
(EF08GE21) Analisar o papel ambiental e territorial da Antártica no contexto geopolítico, sua relevância para os países da América do Sul e
seu valor como área destinada à pesquisa e à compreensão do ambiente global.
(EF08GE22) Identificar os principais recursos naturais dos países da América Latina, analisando seu uso para a produção de matéria-prima e
energia e sua relevância para a cooperação entre os países do Mercosul.
(EF08GE23) Identificar paisagens da América Latina e associá-las, por meio da cartografia, aos diferentes povos da região, com base em
aspectos da geomorfologia, da biogeografia e da climatologia.
(EF08GE24) Analisar as principais características produtivas dos países latino-americanos (como exploração mineral na Venezuela; agricul-
tura de alta especialização e exploração mineira no Chile; circuito da carne nos pampas argentinos e no Brasil; circuito da cana-de-açúcar em
Cuba; polígono industrial do sudeste brasileiro e plantações de soja no centro-oeste; maquiladoras mexicanas, entre outros).

HABILIDADES

(EF09GE01) Analisar criticamente de que forma a hegemonia europeia foi exercida em várias regiões do planeta, notadamente em situações
de conflito, intervenções militares e/ou influência cultural em diferentes tempos e lugares.

(EF09GE02) Analisar a atuação das corporações internacionais e das organizações econômicas mundiais na vida da população em relação ao
consumo, à cultura e à mobilidade.
(EF09GE03) Identificar diferentes manifestações culturais de minorias étnicas como forma de compreender a multiplicidade cultural na
escala mundial, defendendo o princípio do respeito às diferenças.
(EF09GE04) Relacionar diferenças de paisagens aos modos de viver de diferentes povos na Europa, Ásia e Oceania, valorizando identidades e
interculturalidades regionais.

(EF09GE05) Analisar fatos e situações para compreender a integração mundial (econômica, política e cultural), comparando as diferentes
interpretações: globalização e mundialização.

(EF09GE06) Associar o critério de divisão do mundo em Ocidente e Oriente com o Sistema Colonial implantado pelas potências europeias.

(EF09GE07) Analisar os componentes físico-naturais da Eurásia e os determinantes histórico-geográficos de sua divisão em Europa e Ásia.
(EF09GE08) Analisar transformações territoriais, considerando o movimento de fronteiras, tensões, conflitos e múltiplas regionalidades na
Europa, na Ásia e na Oceania.
(EF09GE09) Analisar características de países e grupos de países europeus, asiáticos e da Oceania em seus aspectos populacionais, urbanos,
políticos e econômicos, e discutir suas desigualdades sociais e econômicas e pressões sobre seus ambientes físico-naturais.

(EF09GE10) Analisar os impactos do processo de industrialização na produção e circulação de produtos e culturas na Europa, na Ásia e na
Oceania.
(EF09GE11) Relacionar as mudanças técnicas e científicas decorrentes do processo de industrialização com as transformações no trabalho em
diferentes regiões do mundo e suas consequências no Brasil.

(EF09GE12) Relacionar o processo de urbanização às transformações da produção agropecuária, à expansão do desemprego estrutural e ao
papel crescente do capital financeiro em diferentes países, com destaque para o Brasil.
(EF09GE13) Analisar a importância da produção agropecuária na sociedade urbano-industrial ante o problema da desigualdade mundial de
acesso aos recursos alimentares e à matéria-prima.

XVII

ME_CG_8ºano_00.indd 17 16/05/2018 12:07:12


Leitura e elaboração de mapas temáticos, croquis e outras formas de
Formas de representação e pensamento espacial
representação para analisar informações geográficas

Diversidade ambiental e as transformações nas paisagens na Europa, na


Natureza, ambientes e qualidade de vida
Ásia e na Oceania

XVIII

ME_CG_8ºano_00.indd 18 16/05/2018 12:07:12


(EF09GE14) Elaborar e interpretar gráficos de barras e de setores, mapas temáticos e esquemáticos (croquis) e anamorfoses geográficas para
analisar, sintetizar e apresentar dados e informações sobre diversidade, diferenças e desigualdades sociopolíticas e geopolíticas mundiais.
(EF09GE15) Comparar e classificar diferentes regiões do mundo com base em informações populacionais, econômicas e socioambientais
representadas em mapas temáticos e com diferentes projeções cartográficas.

(EF09GE16) Identificar e comparar diferentes domínios morfoclimáticos da Europa, da Ásia e da Oceania.


(EF09GE17) Explicar as características físico-naturais e a forma de ocupação e usos da terra em diferentes regiões da Europa, da Ásia e da
Oceania.
(EF09GE18) Identificar e analisar as cadeias industriais e de inovação e as consequências dos usos de recursos naturais e das diferentes fontes
de energia (tais como termoelétrica, hidrelétrica, eólica e nuclear) em diferentes países.

XIX

ME_CG_8ºano_00.indd 19 16/05/2018 12:07:12


Sumário
Sumário

Capítulo 1 Capítulo 2
Organização física e política do A distribuição da riqueza no
mundo ......................................... 9 mundo ......................................... 35
Cenário 1 – Como vemos o mundo ........ 10 Cenário 1– O Ocidente geográfico e o
A importância de saber olhar ........................10 cultural ..................................................... 36
Um mosaico de blocos naturais ....................10 O conceito de Ocidente .................................36
Cenário 2– Continentes e oceanos ......... 13 Cenário 2 – Regionalização do mundo ... 38
Distribuição e extensão dos continentes Índice de Desenvolvimento Humano ..........38
e oceanos ............................................................13 O IDH dos países desenvolvidos ..................39
Cenário 3 – Diversidade e semelhanças: Relação entre IDH e PIB ...............................40
quem somos?............................................ 16 Como se constitui um IDH elevado ............40
Não pertencemos a raças ................................16 O IDH dos países subdesenvolvidos............41
Cenário 4 – Os agrupamentos Relação entre IDH e PIB ...............................42
geopolíticos.............................................. 18 Como se constitui um IDH baixo................42
O conceito de Estado-nação ..........................18 Algumas considerações sobre o conceito
A geopolítica das fronteiras atuais ................19 de desenvolvimento humano .........................44
Cenário 5 – A ONU e a regulação da Cenário 3 – Países desenvolvidos e
Ordem Mundial ....................................... 20 subdesenvolvidos ..................................... 46
Atuação da ONU .............................................20 Classificação das nações de acordo com a
Cenário 6 – Quantos somos e onde riqueza ................................................................46
estamos .................................................... 22 O Ocidente recria os conceitos de Norte
Crescimento populacional .............................22 e Sul .....................................................................47
Regionalização da população mundial ........23 Desigualdades entre o Norte e o Sul ............48
Principais adensamentos populacionais ......24 Cenário 4 – Diversidade e igualdade ...... 50
Teorias demográficas .......................................26 A classificação da realidade ............................50
Onde o Norte e o Sul se encontram .............51
Desigualdades planetárias ..............................53
Daxiao Productions/Shutterstock.com

A grande compressão ......................................55


Inversão das tendências ...................................56
Educação e programas de inclusão social ....58
Capítulo 3
Os sistemas socioeconômicos ....... 69
Cenário 1 – O mundo dividido ............... 70
Organização ......................................................70
Cenário 2 – A constante reinvenção do
sistema capitalista .................................... 71
Desenvolvimento do capitalismo..................71
Mutações capitalistas .......................................72
Capitalismo comercial ....................................73
Capitalismo industrial ....................................73
Capitalismo financeiro e monopolista.........74
A crise de 1929 e o keynesianismo ...............75
A crise da década de 1970 e o
neoliberalismo ..................................................77
Cenário 3 – Socialismo: a estrela
vermelha ................................................... 80

CG_8ºano_01.indd 4 30/04/2018 09:39:29 C

ME_CG_8ºano_01.indd 4 16/05/2018 12:13:05


O que é socialismo ...........................................80 Novas tecnologias de transporte e
Evolução do socialismo ...................................81 informação.........................................................107
Socialismo utópico ..........................................81 Cenário 5 – Principais características da
Socialismo científico........................................82 globalização recente................................. 108
Socialismo real ..................................................84 Substituição do homem pela máquina no
Cenário 4 – Formas de implantação do processo produtivo...........................................108
socialismo ................................................ 85 Redução da participação do Estado na
Os diferentes caminhos...................................85 economia............................................................108
No processo de independência e Descentralização do processo produtivo .....109
descolonização ..................................................87 Crescimento da pobreza, concentração de
Cenário 5 – A Guerra Fria ...................... 88 riqueza e desemprego estrutural....................110
As diversas formas de rivalidade ...................88 Cenário 6 – Os grupos de países no mundo
Principais conflitos da Guerra Fria ...............91 globalizado .............................................. 111
Classificação ......................................................111
xieyuliang /Shutterstock.com

Países desenvolvidos ........................................111


Países de economia emergente ......................112
Países em desenvolvimento ............................115
Países ex-socialistas ..........................................116
Cenário 7 – A esfera globalizada ............. 117
Organismos reguladores .................................117
Fundo Monetário Internacional (FMI) ......117
Banco Internacional para Reconstrução
e Desenvolvimento (Bird) ..............................118
Organização Mundial do Comércio
(OMC)...............................................................119
G7, G8 e G20....................................................119
Cenário 8 – Globalização e consumismo ....120
A lógica do mercado ........................................120
Cenário 9 – Crise do capitalismo ............ 122
Capítulo 4 Teorias das crises capitalistas..........................122
A grande sociedade global ............ 99 A crise atual e seus desdobramentos.............123

Cenário 1 – Globalização e pensamento Capítulo 5


complexo .................................................. 100 Natureza, ambientes e qualidade
O que é globalização........................................100 de vida: Ásia, Oceania e Europa.... 133
Cenário 2 – Evolução do processo de
globalização ............................................. 101 Cenário 1 – Aspectos naturais da Ásia,
As Grandes Navegações ..................................101 Oceania e Europa ..................................... 134
Imperialismo: ampliação das fronteiras do
Omer Hindawi/Shutterstock.com

mundo globalizado ..........................................102


Cenário 3 – Bipolaridade ........................ 104
A trava do processo de globalização .............104
Queda do bloco socialista e globalização
recente ................................................................105
Cenário 4 – Fatores atuantes no processo de
globalização ............................................. 106
Empresas transnacionais .................................106
Mídia: uma imagem fala mais do que mil
palavras ...............................................................107

29 CG_8ºano_01.indd 5 30/04/2018 09:39:30

ME_CG_8ºano_01.indd 5 16/05/2018 12:13:05


Continente asiático .........................................134

Filipe Frazao/Shutterstock.com
Domínios morfoclimáticos ............................141
Oceania ..............................................................144
Domínios morfoclimáticos ............................148
Europa ................................................................150
Domínios morfoclimáticos ............................157
Cenário 2 – A ocupação humana e a cultura
na Ásia, Oceania e Europa ....................... 159
Ásia......................................................................159
Oceania ..............................................................163
Europa ................................................................166
Cenário 3 – As fontes de energia: usos e
consequências na Ásia, Oceania e
Europa ...................................................... 175
Fontes de energia hidrelétrica ........................176 Capítulo 7
Fontes de energia termonuclear ....................179 América: regionalização e
Fontes de energia termoelétrica ....................182 integração .................................... 235
Fontes de energias renováveis alternativas.....186
Cenário 1 – Regionalização segundo a
Capítulo 6 língua e a economia.................................. 236
A diversidade natural da América ....197 População nativa versus dominadores ..........236
América latina ...................................................237
Cenário 1 – Regionalização espacial do América Anglo-Saxônica................................237
continente americano .............................. 198 Cenário 2 – Regionalização segundo o
Unificando o norte e o sul ..............................198 modelo colonial ....................................... 238
Cenário 2 – O relevo e a civilização da América desenvolvida......................................238
América .................................................... 200 América em desenvolvimento........................238
A diversidade do relevo americano...............200 Cenário 3 – Diferentes níveis de
Cenário 3 – Rede hidrográfica da desenvolvimento ...................................... 240
América .................................................... 209 As causas do crescimento desigual ................240
Águas americanas .............................................209 Países desenvolvidos ........................................242
Cenário 4 – Diversidade climatológica e Países emergentes .............................................242
botânica ................................................... 212 Países subdesenvolvidos ..................................243
O alongamento territorial em sentido Cenário 4 – Integração político-econômica
norte-sul .............................................................212 na América Latina .................................... 244
Cenário 5 – As condições climáticas na Aprimorando relações .....................................244
América .................................................... 218 O socialismo bolivariano ................................245
Os tipos de clima encontrados na Unasul ................................................................246
América ..............................................................220 Mercosul ............................................................247
Cenário 6 – Os biomas das Américas ...... 224
Capítulo 8
As nações emergentes da América
Siberia Video and Photo/Shutterstock.com

Latina........................................... 257
Cenário 1 – As principais economias
latino-americanas .................................... 258
Construção da espacialidade industrial
emergente...........................................................258
Cenário 2 – O desenvolvimento tecnológico
na América Latina .................................... 262
Ciência e tecnologia nos países emergentes da
América Latina .................................................262
O lado perverso da tecnologia: desemprego
estrutural ............................................................265
Cenário 3 – A Argentina ......................... 267
Território e população .....................................267

CG_8ºano_01.indd 6 30/04/2018 09:39:30 C

ME_CG_8ºano_01.indd 6 16/05/2018 12:13:05


Áreas naturais da Argentina ...........................268 paraguaio ...........................................................310
Sociedade e indústria .......................................272 Espaço econômico atual .................................314
Cenário 4 – O México ............................. 275 Cenário 3 – Uruguai ................................ 315
O espaço geográfico mexicano ......................275 Espaço uruguaio ...............................................315
O espaço natural do México ..........................277 Espaço econômico e tradição.........................318
O espaço social mexicano ...............................280 Cenário 4 – Colômbia ............................. 319
Espacialidade econômica ................................281 Território............................................................319
Agropecuária mexicana...................................282 Espaço social .....................................................320
Extrativismo mineral .......................................284 Espaço econômico ...........................................321
O efeito Nafta sobre a economia mexicana .... 286 Espaço natural...................................................322
Cenário 5 – O Brasil ................................ 287 Cenário 5 – América Central .................. 330
Do imperialismo regional à integração........287 Continental e insular.......................................330
Disputas pela hegemonia regional: Brasil e Natureza agressiva ............................................333
Argentina ...........................................................291 Cenário 6 – Produção agropecuária e fome
nos países latinos...................................... 336
Capítulo 9
Transformações socioeconômicas Capítulo 10
da América Latina ........................ 299 Economias latino-americanas de
base mineral ................................. 343
Cenário 1 – Cuba .................................... 300
Território, população e clima .........................300 Cenário 1 – Venezuela ............................. 344
Sociedade e revolução .....................................301 Panorama atual da Venezuela ........................344
Apoio soviético .................................................302 Economia ...........................................................345
Relações internacionais e a exportação da Espaço natural...................................................347
guerrilha .............................................................303 Espaço social .....................................................350
Crise e novos rumos ........................................304 Cenário 2 – Bolívia.................................. 351
Cenário 2 – Paraguai ............................... 306 Formação do território ....................................351
Território............................................................306 Espaço social e cultural ...................................352
Espacialidade natural.......................................307 Espacialidade econômica ................................353
Espacialidade comercial ..................................308 Espaço natural...................................................355
Espaço social .....................................................309 Cenário 3 – Equador ............................... 357
A construção do espaço geográfico Território............................................................357

Sherry V Smith/Shutterstock.com

Final do Muro fronteiriço Estados Unidos-México localizado entre as cidades de San Diego, Califórnia (EUA) e Tijuana, México.

30 CG_8ºano_01.indd 7 30/04/2018 09:39:30

ME_CG_8ºano_01.indd 7 16/05/2018 12:13:06


Espaço natural...................................................357 Cenário 5 – A maior potência industrial do
Espaço econômico ...........................................360 mundo ............................................................401
Sociedade e espaço ...........................................361 Industrialização precoce .................................401
Cenário 4 – Chile .................................... 362 Manufacturing belt .......................................402
O território chileno .........................................362 Descentralização industrial ............................402
Conquista e construção espacial ...................363 Sun belt ...............................................................404
Espacialidade social .........................................363 Cenário 6 – sul e sudeste ......................... 406
Espacialidade econômica ................................364 Tradicionalismo................................................406
Espacialidade natural.......................................365 A maior agropecuária do Planeta..................407
Cenário 5 – Peru...................................... 367 Organização espacial da agropecuária .........408
Destruição do Império Inca ...........................367 Cenário 7 – Espaço social........................ 410
Espacialidade natural.......................................368 Densidade demográfica...................................410
Espacialidade social .........................................370 Principais concentrações urbanas dos
Espacialidade econômica ................................372 Estados Unidos .................................................412
Cenário 6 – América do Sul não ibérica ... 372 Boswash .........................................................413
Guianas e Suriname .........................................373 Megalópole dos Grandes Lagos ou
ChiPitts .........................................................415
Capítulo 11 Sansan ................................................................415
América desenvolvida: Cenário 8 – Espaço das lutas sociais ....... 416
Estados Unidos ............................ 383 A luta negra pela dignidade ...........................416
A luta dos negros pelos direitos sociais........417
Cenário 1 – América desenvolvida .......... 384 Cenário 9 – Imigração .......................... 419
Construção e apropriação ..............................384 Os hispânicos ....................................................419
Cenário 2 – Estados Unidos .................... 384
O berço das liberdades democráticas ...........384 Capítulo 12
Cenário 3 – As Treze Colônias ................ 386 América desenvolvida: Canadá ..... 429
A conquista do espaço.....................................386
A caminho da independência ........................389 Cenário 1 – Imensidão territorial .......... 430
O massacre de Boston .....................................391 Espaço natural...................................................430
A festa do Chá de Boston Cenário 2 – Qualidade de vida .............. 432
(Boston Tea Party ) ...........................................392 Espaço social .....................................................432
O Congresso da Filadélfia ..............................392 Cenário 3 – Separatismo ......................... 436
O Segundo Congresso da Filadélfia .............393 A questão do Quebec ......................................436
Guerra da Secessão ...........................................394 Cenário 4 – Economia............................. 436
Avanço para o oeste .........................................395 O espaço econômico e industrial ..................436
Avanço para a América Latina .......................397 Principais áreas industriais .............................348
Cenário 4 – Os Estados Unidos no Cenário 5 – Agropecuária ....................... 440
século XX ................................................ 400 Centralização agropecuária............................440
A maior potência econômica do
século XX ..........................................................400
http://www.marines.mil

CG

CG_8ºano_01.indd 8 30/04/2018 09:39:31

ME_CG_8ºano_01.indd 8 16/05/2018 12:13:09


BNCC
Habilidades trabalhadas
no capítulo

Capítulo 1 (EF08GE05) Aplicar os conceitos de Es-


tado, nação, território, governo e país para
Organização física e política o entendimento de conflitos e tensões na
contemporaneidade.
do mundo O canal do Panamá, que liga o Oceano
Atlântico com o Oceano Pacífico, foi (EF08GE03) Analisar aspectos representa-
uma estratégia política para estreitar
e facilitar o comércio entre os países. tivos da dinâmica demográfica, consideran-
do características da população (perfil etário,
crescimento vegetativo e mobilidade espacial)

Objetivos
pedagógicos

• Conhecer a proporção do volume de água


no Planeta.
• Conhecer as principais características dos
oceanos da Terra.
• Compreender o ciclo da vida nos oceanos.
• Perceber e diferenciar os tipos de mar
existentes.
• Compreender conceitos classificatórios de po-
pulação e o processo de crescimento demográfico
mundial, em especial após as duas guerras mun-
diais, quando ele adquiriu grandes proporções.
• Analisar a distribuição geográfica da popu-
lação no mundo.
Neste capítulo, caminharemos juntos
para desvendar a beleza diversa dos
• Demonstrar e compreender a influência de
conjuntos de continentes, suas diferenças fatores naturais, históricos e econômicos na
naturais, sociais e econômicas também distribuição da população.
veremos as semelhanças e diferenças
entre os seres que habitam a Terra. • Compreender que os países com um rápi-
do crescimento demográfico vêm enfrentan-
do dificuldades para gerar um desenvolvimen-
Capítulo 1 – Organização física e política do mundo 9 to econômico sustentável.
• Diferenciar Estado de nação, explicando que
a junção de ambos constitui o Estado Nacional.
CG_8ºano_01.indd 9 30/04/2018 09:39:32

Anotações

31

ME_CG_8ºano_01.indd 9 16/05/2018 12:13:10


Leitura
complementar Cenário 1
Aquecimento e fusão da Terra
primordial Como vemos o
Para entender a atual estrutura em cama- mundo
das da Terra, devemos retornar ao tempo em
que ela foi exposta aos violentos impactos dos A importância de saber
planetesimais e de corpos maiores. O movi-
mento de objetos carrega energia cinemáti-
olhar
ca, ou de movimento. (Pense no modo como Para compreendermos a diversidade de fenômenos que nos
cercam e acarretam transformações no espaço terrestre, gerados a
a energia do movimento comprime um car- partir da natureza ou das ações humanas, é necessário que apren-
ro numa colisão.) Um planetesimal colidindo damos a olhar.
Dos sentidos humanos, o mais importante, do ponto de vista
com a Terra numa velocidade típica de 15 a 20
geográfico, é a visão. Por meio dela estabelecemos contato com o
km/s liberará uma energia equivalente a 100 que nos cerca e identificamos as diversas formas de organização do
vezes o seu peso em toneladas. Quando pla- espaço. Contudo, o mais importante não é o ato de olhar, e sim
o como olhar, pois, sem conhecimento, sabedoria e sensibilidade,
netesimais e corpos grandes colidiram com a poderemos fazer julgamentos superficiais.
Terra primitiva, a maior parte da energia ciné-

Andrey_Popov/Shutterstock.com
tica foi convertida em calor, uma outra forma
de energia. A energia de impacto de um corpo,
com aproximadamente o dobro do tamanho
de Marte, colidindo com a Terra seria equiva-
lente a explodir vários trilhões de bombas nu-
cleares de 1 megaton (= energia de 1 milhão de
toneladas ou 1.015 cal; uma só dessas terríveis
bombas destruiria uma grande cidade). Isso se-
A análise do espaço mundial, como um
ria suficiente para ejetar no espaço uma gran- todo, nos permite relacionar diferentes
momentos históricos com os aspectos geográ-
de quantidade de detritos e gerar calor suficien- ficos atuais.

te para fundir a maior parte do que restou da


Terra. Um mosaico de blocos
Muitos cientistas agora pensam que tal ca- naturais
taclismo de fato ocorreu durante os estágios
Uma das formas mais simples de vermos o mundo é dividin-
tardios de acrescimento da Terra. O grande do-o em gigantescos blocos de terra emersa, circundados por uma
impacto criou uma chuva de detritos tanto da grande massa de água. A esses imensos blocos de terra, foi dada a
denominação de continente, enquanto a massa líquida recebeu o
Terra como do corpo impactante, que se pro- nome de oceano, como podemos observar no mapa-múndi.
palou para o espaço. A Lua agregou-se a par-
tir desses detritos. A Terra teria se reconstituído 10 Capítulo 1 – Organização física e política do mundo
como um corpo em grande parte fundido. Esse
monumental impacto acelerou a velocidade de
rotação da Terra e mudou seu eixo rotacional, CG_8ºano_01.indd 10 30/04/2018 09:39:32 CG

golpeando-o da posição vertical em relação ao tículas são absorvidas pela matéria do entorno,
plano orbital da Terra para sua atual inclina- sua energia de movimento é transformada em Anotações
ção de 23°. Tudo isso há cerca de 4,5 bilhões de calor. O calor radioativo teria contribuído para
anos, entre o início do período de acrescimento aquecer e fundir materiais da então jovem Ter-
da Terra (4,56 bilhões de anos) e a idade das ro- ra. Elementos radioativos, embora apenas pre-
chas mais antigas da Lua (4,47 bilhões de anos) sentes em pequenas quantidades, tiveram um
trazidas pelos astronautas da Apollo. efeito considerável na evolução da Terra e con-
Além do impacto colossal, outra força de tinuam a manter o calor interior.
calor teria causado a fusão nos primórdios da
história da Terra. Vários elementos (urânio, por Fonte: PRESS, Frank. SIEVER, Raimond.
exemplo) são radioativos, o que significa que GROTZIGER, John & JORDAN, Thomas H. Para
se desintegram espontaneamente com a emis- entender a Terra. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006.
são de partículas subatômicas. Como essas par- p. 30–31.

10

ME_CG_8ºano_01.indd 10 16/05/2018 12:13:11


Diálogo com o
professor
Planisfério político
150o 120o 90o 60o 30o 0o 30o 60o 90o 120o 150o 180o
80o Oceano Glacial Ártico
• Conduza uma discussão sobre a quantidade
de água existente no mundo e sobre o acesso à
Círculo Polar Ártico
60o
Ásia
Europa água potável. Pergunte aos alunos se eles acre-
40o

Trópico de Câncer
ditam que a água potável poderá de fato acabar,
20o

América África
Oceano como dizem alguns cientistas e estudiosos.
0o
Equador Oceano
Pacífico
Pacífico
• Introduza o conceito de paisagem como
Oceano Oceania sendo a parte visível do espaço geográfico, em
Índico
o
20

que estão inseridos os elementos naturais, hu-


Trópico de Capricórnio

N
Oceano
40
o
O L
Atlântico manos e culturais responsáveis pelas mudan-
S

Oceano Glacial Antártico


0 1.265 km 2.530 km ças que nele ocorrem, ou seja, como tudo
Antártida aquilo que pode ser captado e experimentado
o
Círculo Polar Antártico
60

80o

pelos sentidos num determinado momento:


o o o o o o o o o o o o
150 120 90 60 30 0 30 60 90 120 150 180

Olhando com atenção, o mapa acima, poderíamos afirmar que


existem três continentes: América, Euro-Afro-Ásia e Antártida, cheiros, movimentos, cores, sons. A partir dis-
além de um grande oceano. Ao fazermos essa divisão, utilizamos so, explique que o espaço geográfico vai além
apenas um critério, o geográfico-geológico. Segundo esse critério,
do que pode ser apenas observado e que ele é
um continente é uma gigantesca porção de terra emersa.
Observe que entre a Europa e a Ásia não existe separação por o resultado da organização econômica e social
águas oceânicas. O continente europeu é apenas uma península da dos seres humanos e das modificações que eles
Ásia, uma extensão natural desse continente. Por esse motivo, po-
demos denominar esse bloco de terra de Eurásia.
imprimem na paisagem, de acordo com suas
Por outro lado, quando, há milhares de anos, o Planeta conso- necessidades históricas.
lidou a sua crosta e os continentes atuais se configuraram, a África
estava ligada à Ásia pelo Istmo de Suez, localizado entre o Egito, no
continente africano, e a Península da Arábia, na Ásia. Contudo, a Leitura
necessidade de se criar uma ligação mais curta entre a Europa e a Ásia
Meridional fez com que, em 1869, fosse construído o canal de Suez, complementar
que corta o istmo, ligando o Mar Vermelho ao Mar Mediterrâneo.

Vida marinha na Antártida


Igor Grochev/Shutterstock.com

provoca mudanças na
alimentação do brasileiro
O canal de Suez facilitou o transporte de
cargas entre Europa e Ásia Meridional.
A vida marinha na Antártida causa impac-
Portanto, a separação entre a África e a Ásia ocorreu em vir- tos diretos na alimentação do brasileiro. É o que
tude da ação humana, e não por causas naturais (geológicas). De afirma o almirante José Eduardo Borges dos San-
acordo com esse ponto de vista, esse grande bloco de terra emersa
seria chamado de continente euro-afro-asiático.
tos, da Secretaria da Comissão Interministerial
para os Recursos do Mar (Secirm) — órgão res-
Capítulo 1 – Organização física e política do mundo 11 ponsável pela execução do Programa Antártico
Brasileiro. O País desenvolve, na Estação Antár-
tica Comandante Ferraz, estudos sobre as mu-
9:32 CG_8ºano_01.indd 11 30/04/2018 09:39:32 danças ambientais na região, suas causas e conse-
quências para a população mundial.
Anotações Os animais que vivem no Mar da Antár-
tida são trazidos para o litoral brasileiro pelas
correntes marítimas. Essas correntes também
transportam nutrientes que vão alimentar os
peixes que vivem em águas brasileiras. “Quanto
maior for a qualidade desses nutrientes, maior
será a qualidade do peixe consumido no Brasil.
Essa dinâmica ajuda no planejamento da pesca
no litoral do nosso país”, contou Santos.
Outro benefício apontado pelo almiran-
te da Secirm diz respeito às pesquisas sobre as
aves da Antártida. Segundo Santos, elas pos-

11

ME_CG_8ºano_01.indd 11 16/05/2018 12:13:12


suem um mecanismo que permite sua perfei-
ta adaptação às baixas temperaturas. “O estudo
Já o que conhecemos como Oceania não se encaixa perfeita-
do organismo dessas aves nos ajuda a descobrir
mente no conceito de continente, pois constitui um mosaico de
dados importantes para o controle de doenças.” ilhas muito próximas do continente euro-afro-asiático, onde a Aus-
Ele citou ainda o estudo das camadas de trália desponta como a maior delas. Portanto, o mais lógico seria
descrevê-la como um arquipélago desse continente.
gelo presentes na região. O almirante disse Se você observar o extremo sul do mapa-múndi, notará que to-
que, a partir da observação desses elementos, é das as águas oceânicas se interligam, porém as denominações parti-
possível avaliar a evolução da atmosfera terres- culares Atlântico, Pacífico, Índico e Glacial Ártico surgiram para
indicar aos navegantes que as águas separam cada bloco continental.
tre nos últimos anos e prever o comportamen- Assim, a divisão de mundo mais usual não utiliza o critério
to ambiental futuro. “Isso nos ajuda a prevenir geográfico-geológico, e sim o critério histórico-cultural. Afinal
catástrofes ambientais e alertar as populações de contas, o elemento humano domina a natureza, impondo sua
cultura e seus valores na organização do espaço. Esse critério leva
sobre os riscos de elas ocorrerem. Todas essas em consideração a história dos povos que habitam o Planeta, bem
pesquisas, enfim, nos permitem preparar me- como a sua cultura, ou seja, os idiomas, as religiões e os costumes.
lhores condições de vida para as futuras gera- Em virtude disso, devemos separar, para efeito de estudo, po-
vos que possuam culturas diferentes. Portanto, como os povos afri-
ções”, concluiu. canos, asiáticos e europeus apresentam culturas e histórias comple-
tamente diferentes, foi necessário fazer uma delimitação dos seus
espaços de vivência, surgindo daí o recorte do continente euro-
Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/
-afro-asiático em três porções distintas: Europa, Ásia e África.
noticia/2005-10-21/vida-marinha-na-antartica-provoca- Por sua vez, a história e cultura dos habitantes da Oceania são
mudancas-na-alimentacao-do-brasileiro-diz-almirante. bastante diferentes da asiática, porção do continente euro-afro-
-asiático mais próxima, por isso a sua singularização como conti-
Acesso em: 26/11/2012.
nente. A partir desse critério, a divisão continental do Planeta é a
apresentada no mapa-múndi, ou seja, seis continentes: América,
África, Ásia, Oceania, Europa e Antártida.
Anotações Planisfério: continentes
o
120o 90o 60o 30o 0o 30o 60o 90o 120o 150o 180o
150
N

Círculo Polar O L
Ártico
S

Trópico de Câncer

Equador

Trópico de Capricórnio
América
Europa
Ásia

0 1.265 km 2.530 km
África
Oceania
Círculo Polar Antártico
Antártida

Fonte: Atlas Geográfico Escolar. 6. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. p.34.

12 Capítulo 1 – Organização física e política do mundo

CG_8ºano_01.indd 12 30/04/2018 09:39:33

Sugestão de
abordagem

Procure orientar os alunos na leitura e interpretação das principais rotas marítimas exis-
tentes na atualidade. Indique os continentes e suas principais nações de modo que eles se fa-
miliarizem. Se achar pertinente, solicite que os alunos realizem anotações para obter melhores
resultados. Busque dialogar com a disciplina de História, para que, dessa maneira, os alunos es-
tabeleçam relações entre as rotas de navegações antigas e atuais.

Veja no link a seguir as principais rotas globais de navios:


http://www1.folha.uol.com.br/folha/ambiente/ult10007u681971.shtml.

C
12

ME_CG_8ºano_01.indd 12 16/05/2018 12:13:12


Cenário 2

Continentes e
oceanos
Distribuição e extensão
dos continentes e
oceanos
A superfície total do nosso planeta é de, aproximadamente,
510.000.000 km2. Desse conjunto, mais ou menos, 375.140.000
km2 correspondem à água, ou seja, aproximadamente 2/3 da sua
estrutura é constituída por uma grande massa líquida, mais especi-
ficamente 71% da Terra é composta por água. Dessas águas, 97,5%
fazem parte do grande oceano, dividido em áreas menores — Índi-
co, Atlântico, Pacífico, Glacial Ártico e Glacial Antártico — para
facilitar a localização dos navegantes. Os 2,5% restantes consti-
tuem a água doce das calotas polares, geleiras, águas subterrâneas,
dos lagos e rios e a água suspensa na atmosfera na forma de vapor.

Planisfério: físico
Oceano Glacial Ártico

Groenlândia

Europa Ásia
América do Norte Oceano
Oceano Oceano Pacífico
Pacífico Oriente
Atlântico Médio Norte
Norte Norte
América Central África

América do Sul Oceania


9:33
Oceano
Oceano Oceano Índico
Pacífico Atlântico
Sul Sul
N

O L
0 850 km 1.700 km
S Oceano Glacial Antártico

Entre todos os oceanos, o que possui a maior área é o Pacífico, e


o menor de todos é o Glacial Ártico, como mostra a tabela a seguir.

Capítulo 1 – Organização física e política do mundo 13

CG_8ºano_01.indd 13 30/04/2018 09:39:33


13

ME_CG_8ºano_01.indd 13 16/05/2018 12:13:13


Área dos oceanos
Oceanos Área (em km2)
Pacífico 165.200.000
Atlântico 76.760.000
Índico 73.560.000

Fonte: Elaborado pelo autor.


Antártico 20.330.000
Ártico 14.060.000
Total 329.580.000
Retirada a superfície líquida, sobram 134.860.000 km2, que
correspondem às terras emersas, ou seja, que estão acima das águas
oceânicas, continentes ou ilhas.
A distribuição das terras e águas do Planeta é bastante desigual
na atualidade, pois, como aprendemos, quando a crosta terrestre
consolidou-se, não existiam continentes, e sim um único supercon-
tinente denominado Pangeia (do grego pan: “todas” / geia: “ter-
ras”), que era cercado por um único grande oceano, cujo nome era
Pantalassa (do grego pan: “todos” / talasso: “mares”). A atual dis-
tribuição dos continentes e oceanos é resultado da quebra e migra-
ção de blocos gigantescos da Pangeia ao longo de milhares de anos,
como você pode observar na figura.

A deriva dos continentes


200 milhões de anos 180 milhões de anos

América do Norte a
Sinus Borealis á s i
Eurásia u r
a Eurásia
P a n g e i

L
Pantalassa Tetid
G

e
Tetide
o

d África
n

Sinus w
África Australis an
América do Sul a
Índia
a

Austrália
Antártida

Dias de hoje 65 milhões de anos

América do Norte América do Norte


Europa Ásia Eurásia

África
América do Sul África
América do Sul Índia
Austrália

Austrália
Antártida Antártida

A movimentação contínua das placas tectônicas provoca os abalos sísmicos, conhecidos como terremotos ou maremotos, que, juntamente com o
vulcanismo, são considerados os agentes modeladores internos do Planeta.

14 Capítulo 1 – Organização física e política do mundo

CG_8ºano_01.indd 14 30/04/2018 09:39:33 C


14

ME_CG_8ºano_01.indd 14 16/05/2018 12:13:13


Desses continentes, o que possui a maior área é a Ásia, e o de
menor área é a Oceania. Veja na tabela.

Área dos continentes


Continentes Área (em km2)
Ásia 44.580.000
América 42.550.000
África 30.220.000

Fonte: Elaborado pelo autor.


Antártida 13.720.000
Europa 10.180.000
Oceania 8.600.000

Para que não houvesse confusão entre as duas porções de terra


emersa, convencionou-se diferenciar ilha de continente pela extensão.
Dessa forma, a Austrália, com seus 7.741.220 km², passou a ser consi-
derada o menor dos continentes, e a Groenlândia, com seus 2.175.600
km², a maior ilha. Entretanto, o mais coerente é chamar a Austrália de
menor massa continental, pois faz parte de um continente — a Ocea-
nia. Enquanto a Groenlândia é um território ultramarino da Dinamar-
ca, portanto inserida no contexto do continente europeu.

Oceania: mapa político


Linha Internacional de Data (Segunda-feira)
(Domingo)

Ásia I. Ogasawara I. Midway


(JAP) (EUA)
Ilhas Havaí
0 440 km 880 km
(EUA)

Ilhas Marianas
Mar de Filipinas do Norte
(EUA
Filipinas Garapan
I. Guam (EUA)
Ilhas Marshall
I. Carolinas
Federação
Koror Uliga
dos Estados Palikir
Palau da Micronésia I. Christman
Bairiki
I n d o n é s i a Nauru
Arq. Bismarck Yaren
Irian
Ocidental K i r i b a t i
(Indonésia)
Papua-Nova Guiné
I. Tokelau I. Marquises
Mar de Arafura Salomão Tuvalu
Port Moresby (NZL) (FRA)
Estr. de Torres Honiara Vaiaku Samoa Samoa
C. York
I. Wallis Ocidental (EUA)
Darwin
Golfo de
I.

Mar de Timor Terra de Mar dos e Futuna


Tu

Corais (FRA) Ápia I. Bora Bora


Arnhem Carpentária I. Cook
am

Terra de Vanuatu (FRA)


ot

(NZL)
u

Tasman Tonga I. Nice I. Tahiti(FRA)


Port Hedland Burketown Suva (NZL)
Fiji Nuku Polinésia Francesa
Mount Isa Nova Caledonia
Alofa (FRA) I. PitCairn
(FRA) I.Gambier
Alice Springs Rockhampton

(FRA) (RUN)

A u s t r á Broken
l i a Ipswich Brisbane

L. Eyre
Southport I. Norfolk I. de Páscoa
(AUS)
g

Hill
(CHI)
Stirling Grafton
lin

Legenda
ar

N
D

Perth Kalgoorlie
Newcastle
Adelaide Murray
Mandurah Dubbo
Capital
Sydney
Esperance Grande Baía
O L
Wollogong
Australiana Caberra Cidades principais
Auckland
Limites administrativos
Geelong Melbourn
Mar da Nova S
Moe
Estr. de Bass
O c e a n o I. Furneaux
Zelândia
Wellington
Tasmânia I. Chatham
I. Tasmânia Hobart Christchurch (NZL)

Í n d i c o Invencargil

Capítulo 1 – Organização física e política do mundo 15

:33 CG_8ºano_01.indd 15 30/04/2018 09:39:34


15

ME_CG_8ºano_01.indd 15 16/05/2018 12:13:14


Anotações
Geografia em cena

Observando atentamente a atual configuração dos conti-


nentes e oceanos, identificamos que a porção norte do Planeta,
ou seja, acima da Linha do Equador, o Hemisfério Norte, apre-
senta maior presença de terras continentais. Já a porção abaixo
da Linha do Equador, ou Hemisfério Sul, é constituída, em sua
ampla maioria, por águas oceânicas.
O extremo norte do Planeta, constituído por um mosaico
formado pelas terras da América do Norte-Groenlândia-Eurásia,
recebe a denominação de Hemisfério das Terras, e essa maciça
formação sólida só é separada por minúsculos trechos de águas
oceânicas. Isso faz com que as características de temperatura se-
jam muito elevadas durante o verão e muito baixas ao longo do
inverno, pois as terras se aquecem e resfriam rapidamente.
Em situação contrária, no extremo sul do Planeta, onde as
águas oceânicas dominam o ambiente, por isso denominado
Hemisfério das Águas, as temperaturas são mais amenas, ou
seja, nem tão altas durante o verão nem tão baixas durante o
inverno, pois as águas se aquecem lentamente, acumulando ca-
lor durante todo o verão, e se resfriam lentamente ao longo do
inverno, em virtude da liberação gradual do calor.

Cenário 3

Diversidade e
semelhanças: quem
somos?
Leitura Não pertencemos a
complementar raças
Você já deve ter ouvido alguém falar que as pessoas pertencem a
Entenda o conflito entre raças diferentes. Essa é uma divisão ultrapassada, tradicional e arbitrá-
ria dos grupos humanos, determinada pelo conjunto de características
israelenses e palestinos físicas hereditárias (cor da pele, formato da cabeça, tipo de cabelo, etc.).
Essa divisão foi criada no século XIX, momento histórico em
que duas ideias, formuladas na Europa, marcaram profundamen-
te a humanidade: os conceitos de progresso e de raça. Assim, a
O conflito entre israelenses e palestinos re-
monta ao início do século passado. Entre a se- 16 Capítulo 1 – Organização física e política do mundo
gunda metade do século XIX e a primeira me-
tade do século XX, uma migração em massa de
judeus de vários países para a Palestina provo- CG_8ºano_01.indd 16 30/04/2018 09:39:34 CG

cou uma mudança na demografia local. Majori- tisfação em torno do mapa definido pela ONU ocupação estrangeira árabe até 1967, quando
tariamente árabe, a região — que até 1917 per- gerou uma guerra civil entre os dois povos. uma nova guerra, a Guerra dos Seis Dias, entre
tencia ao Império Otomano e depois, até 1948, Com a saída dos britânicos, em 1948, Israel e as nações vizinhas, resultou na ocupa-
foi um protetorado britânico — passou a ter países árabes vizinhos tentaram invadir o re- ção israelense da Faixa de Gaza e da Cisjordâ-
uma população judaica cada vez maior. cém-criado Estado de Israel. Mas, ao término nia (incluindo a parte oriental de Jerusalém).
Nos primeiros anos de mandato britâni- do conflito, os israelenses mantiveram seu ter- A partir disso, Israel assumiu uma polí-
co na Palestina, houve confrontos entre árabes ritório e os palestinos perderam a chance de tica de colonização de Gaza e da Cisjordânia
e judeus. Começou-se então a discutir o que fa- criar seu próprio Estado, já que Israel ocupou com judeus, por meio de assentamentos. Por
zer diante daquela situação. Em 1947, pouco an- parte do território destinado aos palestinos vários anos, a ONU considerou a ocupação
tes da retirada dos britânicos, a Organização das pela ONU, o Egito passou a controlar a Faixa dos territórios palestinos ilegal e determinou
Nações Unidas (ONU) colocou em prática um de Gaza e a Jordânia ficou com a Cisjordânia. que Israel retornasse às fronteiras, o que tem
plano de divisão do território em duas partes: [...] sido ignorado pelo governo israelense.
uma para os judeus e outra para os árabes. A insa- Gaza e Cisjordânia se mantiveram sob [...]

16

ME_CG_8ºano_01.indd 16 16/05/2018 12:13:14


[...]
Em geral, os confrontos envolvem o lan-
“ciência“ daquele século defendia a existência de raças superiores
çamento de foguetes pelo Hamas à cidades
e inferiores. As raças superiores eram aquelas originadas dos povos
indo-europeus, que haviam construído as grandes civilizações — aí de Israel e ataques de Israel a Gaza, por meio
se incluía a civilização egípcia, ignorando o fato de se tratar de uma de bombardeios e ofensivas terrestres (quan-
civilização majoritariamente negra. Ao contrário dos povos infe-
riores: os nativos da América, de pele avermelhada; os habitantes
do militares israelenses entram no território
da África, de pele preta; e os povos asiáticos, de pele amarela. palestino).
Durante muito tempo, as diferentes sociedades foram levadas Além dos confrontos abertos, que resul-
a acreditar que o progresso passava pela ocidentalização. Em algu-
mas sociedades, as elites governantes até passaram a achar que não taram em centenas de mortes (na maioria, de
bastava apenas adotar as ideias, o comportamento e a cultura eu- palestinos), a relação entre israelenses e pales-
ropeia, era preciso eliminar as características genéticas e, portanto, tinos, nas últimas décadas, tem sido marca-
raciais que as destinavam ao atraso essas elites passaram, então, a
incentivar a imigração de europeus e a miscigenação como forma da por atentados, conflitos entre militares is-
de “branquear”, europeizar as suas populações. raelenses e civis palestinos, intifadas (revoltas
populares) e tentativas de acordos de paz que

Rawpixel/Shutterstock.com
sempre são emperradas por algum motivo.
Entre os pontos de desacordo estão a divi-
são de Jerusalém, a retirada dos colonos israe-
lenses de terras palestinas, o retorno de refugia-
dos das guerras entre os árabes e os israelenses a
suas antigas terras e o reconhecimento da Pales-
tina como Estado independente.
O conceito de raça é mais social do que biológico.

Dessa forma, a cultura europeia propagou essas ideias que ga- Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.
nharam o mundo com suas teorias. br/internacional/noticia/2014-07/entenda-o-
Atualmente, através do Projeto Genoma — a maior pesquisa gené-
tica já realizada —, sabemos que não existem raças entre os humanos, conflitos-entre-israelenses-e-palestinos. Acessado em:
pois as diferenças genéticas entre diversos grupos humanos são insigni- 230/02/2018.
ficantes. O que significa dizer que, por mais diferentes que pareçamos
(cor da pele, formato do nariz e da cabeça, estatura, tipo de cabelo, cor
dos olhos ou origem geográfica), geneticamente somos praticamente Diálogo com o
iguais, descendentes de uma única espécie, Homo sapiens.
As migrações que os diversos grupos humanos realizaram, desde professor
o surgimento da espécie, acarretaram um grande contato genético,
promovendo um grandioso processo de miscigenação. Assim, um
loiro com olhos azuis, um negro ou um asiático, vistos isoladamente, Professor, recomendamos usar este capí-
são o resultado do cruzamento de diversas etnias, remontando aos tulo do livro para mostrar aos alunos o quão
mais antigos antepassados humanos surgidos no continente africano. rica é a cultura que formou o povo brasileiro e
A hereditariedade não é fundamental no modo de vida de cada
um. O que nos identifica como indivíduos é nossa personalidade fazer debates quanto à intolerância racial, cul-
própria e a convivência dentro da sociedade à qual pertencemos, tural, religiosa e étnica que assola nossa socie-
com sua cultura, língua e seus valores.
dade. É preciso incentivar a promoção de um
Capítulo 1 – Organização física e política do mundo 17 aluno reflexivo e contextualizar o conheci-
mento às problemáticas sociais atuais.

9:34 CG_8ºano_01.indd 17 30/04/2018 09:39:34

Sugestão de
Na Cisjordânia, pouco mudou já que a lítica e militar palestina, tomando o controle
política de assentamentos judaicos e a ocupa- de Gaza, enquanto seu rival político mantinha filme
ção militar do território continuaram. Ainda o controle sobre a Cisjordânia.
hoje, grande parte desse território palestino Visto como um grupo terrorista por Is- O filme Vista minha pele desenvolve uma
tem sua administração civil e militar concen- rael, pelos Estados Unidos e por países euro- problemática que discute a inversão do pre-
trada nas mãos de Israel. peus, o Hamas sofreu uma série de sanções conceito: e se a comunidade branca fosse a ví-
Apesar da devolução de Gaza aos palesti- por parte desses países. O governo israelense tima de preconceito racial?
nos, o território passou a ser o principal foco ampliou a vigilância sobre Gaza, aumentando Tomando como partida essa discussão, o
de problema do conflito entre israelenses e pa- seu controle sobre as fronteiras e restringin- filme, disponível no link abaixo, abre debate
lestinos, já que, em 2006, o Hamas, movimen- do a circulação de produtos e pessoas entre os para o pensamento crítico.
to fundamentalista islâmico, venceu as elei- dois territórios. Desde então, houve uma série
ções parlamentares palestinas. Em seguida, o de confrontos abertos entre as duas partes: o Link: https://www.youtube.com/
Hamas rompeu com o Fatah, organização po- governo israelense e o Hamas. watch?v=JIvjTmQgXOA

17

ME_CG_8ºano_01.indd 17 16/05/2018 12:13:15


Geografia em cena

O Projeto Genoma foi realizado com a participação de bió-


logos de todas as partes do mundo, sob o comando do Doutor
Alan Templeton. Esses profissionais analisaram por dois anos
consecutivos, por meio das mais modernas técnicas de biologia
molecular, DNAs colhidos de doadores anônimos, de diversas
partes do mundo. Africanos, europeus, orientais, latino-ameri-
canos, etc. foram submetidos a análises extremamente rigorosas
e criteriosas em computadores especialmente programados. O
projeto concluiu que é mais fácil encontrar diferenças acentua-
das dentro de um mesmo grupo étnico, ou seja, dois brancos
diferem mais entre si do que de um negro.

Cenário 4

Os agrupamentos
geopolíticos
O conceito de Estado-
-nação
Distribuídos mundialmente de forma bastante heterogênea,
por conta de deslocamentos milenares sobre o espaço planetário,
os povos atuais vivem em um determinado território, delimitado
por fronteiras, submetidos a leis e governos que foram criados para
organizar sua forma de viver em conjunto. Estão agrupados em
Estados-nação.
Estado diz respeito à organização política, jurídica e ad-
ministrativa criada para orientar os rumos de uma sociedade.
Possui soberania ou poder dentro de um determinado territó-
rio e autonomia ou independência relativa em relação à ordem
internacional.
Nação constitui-se em um grupo humano que apresenta ca-
racterísticas comuns do ponto de vista histórico e cultural. As
nações são únicas, pois seus membros têm costumes, valores,
crenças, tradições e línguas em comum, que são fruto de uma
longa construção histórica.
Quando nos referimos ao Estado-nação, estamos falando
de um conjunto constituído por um território (porção do espa-

18 Capítulo 1 – Organização física e política do mundo

CG_8ºano_01.indd 18 30/04/2018 09:39:34 C


18

ME_CG_8ºano_01.indd 18 16/05/2018 12:13:15


ço terrestre sobre a qual o Estado exerce seu poder ou soberania)
delimitado por fronteiras, onde habita um ou vários povos, que se
organizaram politicamente e que são soberanos, pois possuem leis
próprias. Não é incomum encontrarmos povos diferentes que vi-
vam em um mesmo território, sob um único Estado.

david156/Shutterstock.com
Um exemplo de nação é a judaica. Por milênios, eles estiveram espalhados pelo mundo mas
mantiveram sua cultura. Só vieram a constituir um Estado em 1948, por meio de uma resolução
da ONU.

A geopolítica das
fronteiras atuais
O mapa político do mundo atual é apenas um retalho que es-
conde as disputas pela criação de novos países ou pela modificação
das fronteiras já existentes. Ele não revela as lutas, muitas vezes san-
grentas, de diversos povos que vivem dentro de territórios tomados
à força por nações mais poderosas, que lhes negam o direito à inde-
pendência e autonomia, agindo com violência e repressão.
Bascos que vivem na fronteira entre a Espanha e a França;
chechenos, na Rússia; tibetanos, na China; curdos, no Iraque e
na Turquia; e palestinos, em Israel, são exemplos de povos ou na-
ções com culturas próprias, diferentes das que predominam nos
países, ou Estados-nação, onde são obrigados a viver, mas que,
como ainda não possuem território próprio e governo autônomo,
não podem ser denominados países, ou Estados-nação, e lutam
para concretizar esse ideal.

Capítulo 1 – Organização física e política do mundo 19

:34 CG_8ºano_01.indd 19 30/04/2018 09:39:34


19

ME_CG_8ºano_01.indd 19 16/05/2018 12:13:15


Diálogo com o
professor Cenário 5

Professor, sugerimos que debata com os


alunos alguns dos principais objetivos da ONU,
A ONU e a
como:
• Manter a paz internacional.
regulação da
• Garantir os Direitos Humanos.
• Promover o desenvolvimento socioeconômi-
Ordem Mundial
co das nações. A atuação da ONU
• Incentivar a autonomia das etnias

Jose Elias da Silva Neto/Shutterstock.com


dependentes. A Organização das Nações Unidas foi criada ao final da Segun-
• Tornar mais fortes os laços entre os países da Guerra Mundial, no dia 24 de outubro de 1945, durante a Con-
ferência de São Francisco, nos Estados Unidos, na qual 51 países (os
soberanos. cinco do Conselho de Segurança e 46 signatários) assinaram uma
Carta de Princípios, que estabelecia, como objetivos principais, a
defesa da paz e da segurança mundial, a partir da cooperação eco-
nômica, cultural e social mútua.
Sugestão de Desde a sua criação, a ONU apresenta duas instâncias básicas

abordagem de deliberação:
Assembleia Geral: Formada por todos os países-membros,
reúne-se uma vez por ano.
Conselho de Segurança: Composto de quinze membros,
Transforme sua aula em um momento de sendo cinco permanentes e com direito de veto — Estados
debate e construção de conhecimento, incen- Unidos, França, Inglaterra, China e Rússia — e dez temporá-
tivando seus alunos a argumentarem e cons- rios, sem direito de veto, eleitos a cada dois anos pela Assem-
bleia Geral.
truírem raciocínios lógicos. Utilize o conhe-

Arnaldo Jr/Shutterstock.com
cimento prévio deles para que juntos possam
discutir a importância da ONU e a promoção
da paz mundial.

Anotações

A ONU é uma organização intergoverna-


mental criada para promover a coopera-
ção internacional.

20 Capítulo 1 – Organização física e política do mundo

CG_8ºano_01.indd 20 30/04/2018 09:39:35

C
20

ME_CG_8ºano_01.indd 20 16/05/2018 12:13:16


A ONU possui reconhecida importância no tênue equilíbrio
internacional, seja no envio de auxílio humanitário às vítimas de
conflitos ou no abrigo aos refugiados de guerra. Grandes potências
e seus aliados têm relativa representatividade na organização inter-
na da instituição.
Essa representatividade fica evidente quando observamos que,
no topo da sua estrutura, existe o Conselho de Segurança, formado
por Estados Unidos, Rússia (herdeira da União Soviética), China,
França e Inglaterra, que têm o poder de veto sobre as decisões das
Assembleias Gerais, que envolvem todos os países-membros da or-
ganização, criando uma espécie de seletividade nas ações da ONU.

Conselho de Segurança da ONU


O Conselho de Segurança é o único órgão da ONU com poder de autorizar uma intervenção militar em um
país. Ele é composto de cinco membros permanentes e dez rotativos, com mandato de dois anos.

Secretário-geral China
França Federação
Subsecretário-geral
Russa

Estados
Unidos

Reino Unido
Membros rotativos
Membros permanentes

Por exemplo, durante toda a


Dr Alexander Mayer

Guerra Fria (período entre o Fim


da Segunda Guerra Mundial e a
9:35
queda do Muro de Berlim, quan-
do os Estados Unidos e a União
Soviética dividiram, politicamen-
te, o mundo), as tropas de paz da
ONU não agiram nos conflitos
que envolveram as duas super-
potências e seus aliados, como as
guerras da Coreia (1950–1953) A queda do Muro de Berlim, em 1989, simbolizou o esfacelamento do modelo socialista no
e do Vietnã (1959–1975). mundo. Na foto, alemães junto ao muro, em 1989.

Capítulo 1 – Organização física e política do mundo 21

CG_8ºano_01.indd 21 30/04/2018 09:39:35


21

ME_CG_8ºano_01.indd 21 16/05/2018 12:13:16


Cenário 6

Quantos somos e
onde estamos?
Crescimento
populacional
População mundial
Segundo a ONU, serão mais de 10 bilhões de seres humanos no mundo em 2100.
10,12
10
Previsões para 2100

Milhões
2011 8 4.596
526 7
América 674
do Norte 347
Europa Ásia
6

739 4.207
4
2,53
África
3.574
bilhões
687
América Latina
e Caribe 596
65 Oceania
1.045 37

1950 1974 1999 2011 2025 2083 2100

Em 2011 Em 2100
Países China 1.348 Índia 1.551
mais 1.242 941
populosos
Índia China
Estados Unidos 313 Nigéria 730
242 478
(milhões)
Indonésia Estados Unidos
Brasil 197 Tanzânia 316
Paquistão 177 Paquistão 261
Nigéria 163 Indonésia 254
Bangladesh 151 R. D. Congo 212
Rússia 143 Filipinas 178
Japão 127 Brasil 177

22 Capítulo 1 – Organização física e política do mundo

CG_8ºano_01.indd 22 30/04/2018 09:39:35


22

ME_CG_8ºano_01.indd 22 16/05/2018 12:13:17


Segundo a ONU, em 2011 o Planeta atingiu os 7 bilhões de
habitantes e, no ano de 2100, deve superar a marca dos 11,2 bi-
lhões, quando o crescimento da população mundial entrará numa
fase de desaceleração. Isso será a consequência da queda das taxas
de fecundidade, fenômeno que já acontece em alguns países.

Países mais populosos (milhões)


Em 2011 Em 2100
China 1.348 Índia 1.551
Índia 1.242 China 941
Estados Unidos 313 Nigéria 730
Indonésia 242 Estados Unidos 478
Brasil 197 Tanzânia 316
Paquistão 177 Paquistão 261
Nigéria 163 Indonésia 254
Bangladesh 151 R.D. Congo 212
Rússia 143 Filipinas 178
Japão 127 Brasil 177

Regionalização da
população mundial
Atualmente, como consequência de diversos fatores, a popu-
lação mundial encontra-se distribuída de forma desigual sobre o
espaço terrestre, como mostra o mapa da população mundial.
Em números absolutos, a Ásia é o continente que concentra a
maior parcela da população mundial (mais de 4 bilhões de habitan-
tes). China e Índia são os países mais populosos do mundo.
No extremo oposto, encontramos a Oceania (cerca de 38 mi-
lhões de habitantes, 0,5% da população mundial). Os outros con-
tinentes, em ordem decrescente, em quantitativo populacional:
África (pouco mais de 1 bilhão de habitantes), América (cerca de
950 milhões de habitantes) e Europa (por volta de 756 milhões de
habitantes).
No que diz respeito ao número de população por países, a Chi-
na está no topo, seguida pela Índia. Contudo, segundo análises de
diversos demógrafos, as posições desses dois países se inverterão,
pois a China, nos últimos 40 anos, praticou uma forte política de
controle de natalidade denominada política do filho único. No
entanto, mesmo com a mudança recente na admissão de dois filhos,
a China vai passar por uma diminuição da sua população até o final
do século XXI devido à melhoria na qualidade de vida.

Capítulo 1 – Organização física e política do mundo 23

:35 CG_8ºano_01.indd 23 30/04/2018 09:39:35


23

ME_CG_8ºano_01.indd 23 16/05/2018 12:13:17


Geografia em cena

A política do filho único

Reprodução
foi adotada, na década de 1970,
como medida para desacelerar
o crescimento populacional —
a China já chegava ao número
de um bilhão de habitantes. Era
proibido à família ter mais de um
filho, sob pena de multas severas.
Após quarenta anos e denúncias
de casos de abortos forçados, em
outubro de 2015 o governo re-
cuou e os chineses foram liberados
para ter dois filhos. Na imagem ao
lado, cartaz chinês promovendo a
política do filho único.

Principais
adensamentos
populacionais
Deslocando-se como nômades sobre a superfície do Planeta,
os seres humanos começaram a se tornar sedentários, há aproxima-
damente 12 mil anos, quando desenvolveram a prática da agricul-
tura. Algumas regiões específicas se tornaram grandes aglomerados
humanos em virtude da quantidade de habitantes que para elas se
deslocaram.
No início, os vales férteis, onde as cheias dos rios fecundavam
as margens, tornando-as propícias à prática agropecuária, passaram
a apresentar uma elevada densidade demográfica, ou população
relativa (relação entre o número de habitantes sobre a área). Na
atualidade, as principais áreas de adensamento populacional são
aquelas onde o desenvolvimento econômico e industrial oferecem
melhores condições de vida.
Observe o mapa a seguir. Nele, as áreas identificadas pela
letra C apresentam grandes concentrações populacionais muito
antigas, que se formaram em virtude de fatores naturais, pois foi
a fertilidade gerada por rios como o Indo e Ganges, na Índia, e
o Yang-Tsé e o Huag Ho, na China, que atraiu povos para essas
regiões. Já as áreas identificadas pela letra A e B são aglomerados
populacionais mais recentes, gerados a partir do grande desenvol-
vimento econômico e industrial.

24 Capítulo 1 – Organização física e política do mundo

CG_8ºano_01.indd 24 30/04/2018 09:39:36 C


24

ME_CG_8ºano_01.indd 24 16/05/2018 12:13:18


Maiores concentrações populacionais
150o 120o 90o 60o 30o 0o 30o 60o 90o 120o 150o 180o N
Oceano Glacial Ártico
o
80
O L
Círculo Polar Ártico
60
o S

B C
40
o
A
Trópico de Câncer

Oceano
o
20

Equador Oceano Pacífico


0o
Pacífico
Oceano
20o
Trópico de Capricórnio Índico

Oceano
40o
Atlântico
0 1.225 km 2.450 km
Círculo Polar Antártico Oceano Glacial Antártico
60o
o
80
150o 120o 90o 60o 30o 0o 30o 60o 90o 120o 150o 180o

São nessas regiões que aparecem as maiores densidades demográ-


ficas mundiais, áreas com mais de 100 hab./km2 (como Bangladesh,
que apresenta 1.000 hab./km2). Contudo, existem também áreas
onde a concentração populacional é muito pequena, com menos de
50 hab./km2; outras, com densidades médias entre 50 hab./km2 e
100 hab./km2, além de vastos vazios populacionais com 1 hab./km2.
MissRuby/Shutterstock.com

Bangladesh tem cerca de 142,3 milhões


habitantes e é a 8ª nação mais populosa
do mundo.

Diversos fatores contribuem para esse espalhamento diferen-


ciado da população sobre a superfície da Terra. Alguns são de or-
dem natural, como o clima, o relevo, as grandes florestas, a dispo-
nibilidade de água e a fertilidade do solo. Geralmente, as áreas com
climas amenos, chuvas regulares, relevo plano, vegetações abertas e
solos férteis apresentam grandes adensamentos populacionais, ao
contrário de regiões de climas extremos (gelados, muito quentes ou
secos), relevo montanhoso, densas florestas e solos pobres, que são
verdadeiros vazios populacionais. Como mostra o mapa a seguir:

Capítulo 1 – Organização física e política do mundo 25

:36 CG_8ºano_01.indd 25 30/04/2018 09:39:36


25

ME_CG_8ºano_01.indd 25 16/05/2018 12:13:18


Planisfério: população total mundial (2014)
o o o o o o o o o o o o
150 120 90 60 30 0 30 60 90 120 150 180 N
Oceano Glacial Ártico
O L

Círculo Polar Ártico S

Oceano
Trópico de Câncer

Pacífico

Equador Oceano
Pacífico Oceano
Oceano Índico
Atlântico
Trópico de Capricórnio

0 1.272 km 2.545 km

2
Atlas Geográfico da Densidade Demográfica por País (hab/km )

Círculo Polar Antártico Oceano Glacial Antártico


0 50 100 250 900

Por outro lado, fatores de ordem econômica, social e históri-


aaabbbccc/Shutterstock.com

ca também interferem na distribuição da população mundial. As


áreas que desenvolveram economias fortes, qualidade de vida, dis-
ponibilidade de serviços sociais, como educação, saúde e lazer, são,
na atualidade, grandes aglomerados populacionais. Nessa situação
podemos indicar o nordeste dos Estados Unidos, a Europa centro-
-ocidental e até a Região Sudeste do Brasil. No entanto, em algu-
mas regiões pobres, onde o desenvolvimento econômico e social é
escasso e a qualidade de vida é baixa, constituem-se em verdadeiros
aglomerados populacionais.

Teorias demográficas
Algumas teorias foram elaboradas numa tentativa de explicar
O Deserto do Saara possui diversos o crescimento populacional. Dentre elas, as mais significativas são
elementos que dificultam a ocupação a teoria malthusiana e a teoria reformista.
humana.

A teoria malthusiana
O malthusianismo tem como base a preocupação com os
problemas relativos ao crescimento populacional, que poderiam
acarretar dificuldades de ordem socioeconômica.
Malthus, pastor anglicano e economista, afirmava que a si-
tuação caótica por que passava a Inglaterra, durante a Revolução
Industrial, era consequência do exagerado crescimento da popu-
lação pobre.

26 Capítulo 1 – Organização física e política do mundo

CG_8ºano_01.indd 26 30/04/2018 09:39:37 C


26

ME_CG_8ºano_01.indd 26 16/05/2018 12:13:19


Segundo Malthus, quando a população não é detida, por al-
gum obstáculo, tende a crescer de forma acelerada, duplicando-se
a cada 25 anos. Já os meios de subsistência, quando encontram
condições favoráveis, nunca aumentarão mais que a população.
Para ele, essa situação acarretaria fome e miséria no Planeta até o
final do século XX.
Para Malthus, os obstáculos para o crescimento populacional
poderiam ser: doenças, epidemias, guerras, catástrofes naturais e
a fome. As práticas anticoncepcionais eram pouco toleradas no
malthusianismo, em virtude da sua formação religiosa, conside-
rando mais coerente a sujeição moral, base de sua teoria de con-
trole da natalidade.
Teoria malthusiana Realidade
30 60
População Produção de alimentos População Produção de alimentos

25 50
Bilhões

20 Bilhões 40

15 30

10 20

5 10

0 0
1850 1900 1950 2000 2050 1850 1900 1950 2000 2050

A sujeição moral implicava na realização do casamento ape-


nas quando o homem tivesse recursos suficientes para educar e sus-
tentar a família e, dessa forma, serviria para conter o crescimento
populacional, afastando o perigo de um crescimento rápido da po-

Iconographic Collections
pulação.
Essa teoria afirma que o crescimento populacional acelerado
dos países subdesenvolvidos é o maior obstáculo ao seu próprio
desenvolvimento econômico, pois essa sobrecarga populacional
desvia grande quantidade dos recursos para investimentos sociais,
como habitação, escolas, saúde e creches, que, segundo os neomal-
thusianos, são improdutivos e impedem investimentos em setores
produtivos da economia, como agricultura, pecuária, industrializa-
ção, extrativismo, etc., criando uma roda-viva de empobrecimento
que aprofundaria o subdesenvolvimento.
Responsabilizando o elevado crescimento demográfico pela
situação de fome e miséria dos países subdesenvolvidos, os neomal-
thusianos indicavam, como solução, o controle da natalidade, o não
investimento em setores sociais e o investimento em setores produ- Intelectual e economista britânico, Thomas
Robert Malthus (1766–1834) desenvol-
tivos da economia como forma de elevar a geração de riquezas, fato veu a teoria malthusiana, relacionando o cresci-
que promoveria o aumento da renda per capita da população. mento populacional à produção de alimentos.

Capítulo 1 – Organização física e política do mundo 27

:37 CG_8ºano_01.indd 27 30/04/2018 09:39:37


27

ME_CG_8ºano_01.indd 27 16/05/2018 12:13:19


Diálogo com o
professor Teoria reformista
A teoria reformista foi elaborada por demógrafos que questiona-
Utilize-se um dos filmes indicados para a vam a validade dos argumentos malthusianos e neomalthusianos de
que a culpa do crescimento populacional acelerado é da população.
amplificação dos assuntos abordados durante Para os reformistas, as causas da explosão demográfica são a pobreza
o capítulo. Assim, o que os alunos desenvolve- e a miséria caracterizadas pelo subdesenvolvimento das populações
ram ao longo do processo discursivo poderá ser mais carentes. O subdesenvolvimento é causa do crescimento acele-
rado da população e não o contrário, como afirma a teoria malthu-
agregado a mais valores conceituais para uma siana. A solução para conter o crescimento demográfico e melhorar
ressignificação daquilo que eles já conheciam. as condições de vida da população seria a reforma socioeconômica
focada em saúde, educação e distribuição de renda. Sendo assim, a
população faria o seu próprio controle populacional.

Anotações Geografia em cena

Criada a partir do neomalthusianismo e do alarmismo ecologista, a teoria ecomalthusiana começa a


sua formação prática a partir dos anos 1980 dentro do movimento ambientalista, ganhando força princi-
palmente após os anos 1990, quando passam a exercer forte influência sobre a opinião pública. Segundo
os seus divulgadores, o crescimento populacional acelerado acarretaria uma forte diminuição dos recur-
sos naturais, principalmente em ecossistemas equatoriais e tropicais, constituindo-se num sério risco
para o futuro do Planeta. Portanto, só haveria uma alternativa à preservação desses patrimônios naturais
para as futuras gerações: o controle do crescimento populacional, principalmente do mundo pobre.

Aprenda com arte

Oceanos
Direção: Jacques Perrin e Jacques Cluzaud.
Ano: 2009.

Sinopse: Aproximadamente três quartos da superfície terrestre são cobertos por água. Por meio de
imagens impressionantes e de rara beleza, esse documentário mergulha fundo no mundo dos oceanos
e revela diversos mistérios escondidos nas águas, hábitos de vida das criaturas marinhas e os perigos
que as cercam. Detalhes de um mundo desconhecido, exibidos de uma forma singular.

As aventuras de Pi
Direção: Ang Lee.
Ano: 2012.

Sinopse: Pi Patel é filho do dono de um zoológico localizado em Pondicherry, na Índia. Após anos
cuidando do negócio, a família decide vender o empreendimento devido à retirada do incentivo dado
pela prefeitura local. A ideia é se mudar para o Canadá, onde poderiam vender os animais para rei-

28 Capítulo 1 – Organização física e política do mundo

CG_8ºano_01.indd 28 30/04/2018 09:39:37

28 C

ME_CG_8ºano_01.indd 28 16/05/2018 12:13:20


niciar a vida. Entretanto, o cargueiro onde todos viajam acaba naufragando por conta de uma terrível
tempestade. Pi consegue sobreviver em um bote salva-vidas, mas precisa dividir o pouco espaço dispo-
nível com uma zebra, um orangotango, uma hiena e um tigre-de-bengala, chamado Richard Parker.

Pequeno dicionário geográfico e cultural


Arquipélago: Conjunto constituído por vá- lher de etnias diferentes.
rias ilhas. Nômades: Povos que não tem moradias fixas
Istmo: Porção de um continente que avança e vivem em constante deslocamento.
em direção ao mar. Península: Ponta de terra que avança para o mar.
Miscigenação: Misturar raças pelo casamen- Veto: Proibir ou manifestar oposição a algu-
to ou coabitação entre um homem e uma mu- ma coisa.

Ensaio geográfico
1 Diferencie o termo raça de etnia.
Raça é um termo utilizado para identificar diferentes povos de uma mesma espécie, levando em con-

sideração a estrutura física e a cor da pele. Já etnia, delimita determinado grupo por seus aspectos

linguísticos e culturais.

2 Além das ações naturais que os continentes sofrem para sua separação, há a mão do homem que,
por questões políticas e econômicas, interfere na organização natural da Terra. Sem a intervenção hu-
mana, como seria chamado o grande bloco de terra da Ásia e África?

Continente euro-afro-asiático.

3 Apresente quais critérios podem ser utilizados para diferenciar um continente de uma ilha.
Critérios como o tamanho, as águas que banham, povoamento e políticas administrativas são bastante

utilizadados nas definições.

9:37

4 Descreva a importância da criação do canal de Suez.


Sua criação teve um impacto bastante positivo para economia, visto que possibilitou a ligação do Mar

Vermelho ao Mediterrâneo, facilitando o transporte de mercadorias entres os continente africano, asiá-

tico e europeu.

Capítulo 1 – Organização física e política do mundo 29

CG_8ºano_01.indd 29 30/04/2018 09:39:38


29

ME_CG_8ºano_01.indd 29 16/05/2018 12:13:20


5 Qual é o termo utilizado para identificar o supercontinente que, há aproximadamente 200 milhões
de anos, formava uma única massa de terra?
Pangeia.

6 Associe a primeira coluna com a segunda.

Primeira coluna:

1 Estado.
2 Território.
3 Estado-nação.
4 Nação.

Segunda coluna:
a. 3 Conjunto constituído por um território delimitado por fronteiras, onde habitam vários povos
que se organizaram politicamente e possuem leis próprias.
b. 4 Grupo humano que apresenta características comuns, do ponto de vista histórico e cultural.
c. 1 Organização política, jurídica e administrativa criada para orientar os rumos de uma sociedade.
Possui poder dentro de um determinado território e autonomia ou independência relativa em
relação à ordem internacional.
d. 2 Porção do espaço terrestre sobre a qual o Estado exerce seu poder ou soberania.

7 (UERJ)“Pense no seguinte: a população da Terra levou milhares de anos, para atingir um bilhão de
pessoas. Então, de forma estarrecedora, precisou apenas de uns cem anos para duplicar e chegar a dois
bilhões. Depois disso, em menos de cinquenta anos, a população tornou a duplicar para quatro bilhões.
Assim, muito em breve chegaremos aos oito bilhões. A demanda por recursos naturais cada vez mais
escassos é astronômica. É cada vez mais difícil encontrar água potável [...]”
BROWN, Dan. Inferno. São Paulo: Arqueiro, 2013.

Com o fragmento lido e os conhecimentos sobre as teorias demográficas estudadas no livro, responda
a qual teoria o trecho faz referência.

Sugestão de resposta: Teoria: neomalthusiana. A teoria neomalthusiana defende a ideia de que os pro-

blemas ambientais globais são resultado do crescimento populacional acelerado.

30 Capítulo 1 – Organização física e política do mundo

CG_8ºano_01.indd 30 30/04/2018 09:39:38 C


30

ME_CG_8ºano_01.indd 30 16/05/2018 12:13:20


Encerramento
1 (ESPM) Observe a afirmação:

Há somente um homem excedente na Terra: Malthus.


P. J. Proudhon.

Com essa frase, o líder anarquista procurava criticar:

a. a tese de que a diminuição gradual da população, a partir das mudanças implementadas pela
Revolução Industrial e urbanização, comprometeria o chamado “exército de reserva”.
b. a tese do crescimento geométrico da produção alimentar em oposição ao crescimento aritméti-
co da população.
c. os marxistas que faziam a apologia ao crescimento demográfico do proletariado como estratégia
revolucionária.
d. a tese reformista em não reconhecer que o crescimento demográfico descontrolado supera e
compromete a produção alimentar que cresce em ritmo aritmético.
e. X a tese demográfica proposta por Thomas Malthus em atribuir ao crescimento demográfico a
responsabilidade pelas mazelas sociais.

2 (Uneal) Analise o gráfico a seguir:

Países mais populosos no ano 2000


(em milhões de habitantes)
1.400
1.275
1.200
1.008
1.000
800
600
400 283
212
200 170

A B C D E

Com base nos índices apontados no gráfico e nos conhecimentos que temos sobre os países
mais populosos do mundo, as letras A, B, C, D e E correspondem, respectivamente, a:

a. Estados Unidos, China, Índia, Indonésia e Brasil.


b. X China, Índia, Estados Unidos, Indonésia e Brasil.
c. Brasil, Índia, Estados Unidos, China e Indonésia.
d. China, Índia, Indonésia, Brasil e Estados Unidos.
e. Estados Unidos, Brasil, Índia, China e Indonésia.

Capítulo 1 – Organização física e política do mundo 31

:38 CG_8ºano_01.indd 31 30/04/2018 09:39:38


31

ME_CG_8ºano_01.indd 31 16/05/2018 12:13:21


3 (UEPB) O mapa da distribuição da população mundial mostra a irregularidade de ocupação hu-
mana pelo espaço, que de um modo geral está associada a três fatores principais: físico ou natural,
histórico e econômico. Identifique as áreas assinaladas pelos numerais de 1 a 5 com os seus respectivos
fatores favoráveis ou não à ocupação humana.

Planisfério: densidade demográfica


150o 120
o
90
o
60
o
30
o
0
o
30
o
60
o
90
o
120
o
150
o
180
o

80
o
Oceano Glacial Ártico
Círculo Polar Ártico
o
60

o
40

Trópico de Câncer

Oceano
o
20

o
Equador Oceano Pacífico
Pacífico
0

Oceano Oceano
20
o

Trópico de Capricórnio Atlântico Índico


N
2
Hab./km

L
0,24 a 21
40
o O
21 a 52
S 52 a 93
Oceano Glacial Antártico 93 a 200 0 1.381 km 2.762 km
o
Círculo Polar Antártico
60 200 a 8.100

o
80 o o o o o o o o o o o o
150 120 90 60 30 0 30 60 90 120 150 180

http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/upload/conteudo/densidade_demografica_mundo.jpg

Norte do Canadá, que deve sua baixa densidade demográfica ao fator climático de influência polar.
Nordeste dos Estados Unidos e Região dos Grandes Lagos, que devem sua intensa densidade de-
mográfica à presença da maior concentração industrial norte-americana.
Leste da China, tem na história muito antiga da sua ocupação um dos motivos para apresentar
uma alta densidade demográfica.
Bangladesh, localizada no delta dos rios Ganges, Bramaputra e Meghna, deve a esses rios as terras de
aluvião, muito férteis, que atraíram uma das maiores concentrações populacionais do mundo.
Planalto do Tibete na Ásia Central, cuja grande altitude e consequente associação de baixa tem-
peratura e pressão atmosférica dificultam a ocupação humana.
A sequência correta da numeração é:
a. 5, 3, 1, 4, 2. b. 4, 3, 2, 4, 5.
c. 3, 2, 5, 1, 4. d. X 3, 4, 1, 5, 2.
e. 4, 3, 2, 1, 5.

4 (PUC-RS) Sobre as teorias malthusiana e a neomalthusiana, é correto afirmar.


a. A teoria malthusiana afirmava que a população crescia em progressão geométrica e a neomal-
thusiana postulava que o crescimento populacional estacionaria no final de século XIX.

32 Capítulo 1 – Organização física e política do mundo

CG_8ºano_01.indd 32 30/04/2018 09:39:38 C


32

ME_CG_8ºano_01.indd 32 16/05/2018 12:13:21


b. A teoria malthusiana defendia o emprego da tecnologia como solução para amenizar a fome
no mundo, enquanto a neomalthusiana não considerava o papel da tecnologia na produção de
alimentos.
c. Ambas propunham o controle da natalidade através do emprego de preservativos e de pílulas
anticoncepcionais.
d. X Embora as duas teorias fossem antinatalistas, os neomalthusianos defendiam o controle da na-
talidade preponderantemente nos países subdesenvolvidos, e os malthusianos propunham um
mecanismo chamado sujeição moral.
e. Também chamados alarmistas, os malthusianos afirmavam que a solução para conter a miséria do
mundo seria a abstinência sexual e o desenvolvimento de tecnologias para o melhoramento genético.

5 (Mackenzie) Leia o texto.

O mundo em 2020
“Será, é claro, um mundo diferente sob vários aspectos. A maior parte deles, imprevisível. Uma dé-
cada é um período longo o suficiente para derrubar certezas absolutas (ninguém prediz uma Revolução
Francesa, uma queda do Muro de Berlim ou um ataque às torres gêmeas de Nova York). Mas é também
um período de maturação dos grandes fenômenos incipientes — dez anos antes da popularização da
Internet já era possível imaginar como ela mudaria o mundo. Da mesma forma, fenômenos detectáveis
hoje terão seus efeitos mais fortes a partir de 2020.”
David Cohen, Revista Época.

Com base no trecho lido, observe as afirmações a seguir, assinalando V (verdadeiro) ou F (falso).
( ) A diminuição da fecundidade no mundo deve-se às transformações econômicas e sociais que se
acentuaram na primeira metade do século XX devido à intensa necessidade de mão de obra no
campo, inclusive de mulheres, fato este que elevou o país ao patamar de exportador agrário.
( ) Devido à mudança do papel social da mulher do século XX, ela deixa de viver, exclusivamente, no
núcleo familiar, ingressando no mercado de trabalho e passando a ter acesso ao planejamento fa-
miliar e a métodos contraceptivos. Esses aspectos, conjugados, explicam a diminuição vertiginosa
das taxas de fecundidade.
( ) As quedas nas taxas de natalidade de um país levam, ao longo do tempo, ao envelhecimento da
população (realidade da maioria dos países desenvolvidos). Neste sentido, verifica-se uma forte
tendência a um mercado de trabalho menos competitivo e exigente, demandando menos custos
do Estado com os aspectos sociais.

Dessa forma, a sequência correta, de cima para baixo é:


a. V, V, V. b. F, V, V. c. V, V, F.
d. X F, V, F. e. V, F, V.

6 (Udesc) A teoria da deriva dos continentes foi enunciada pelo cientista alemão Alfred Lothar Wege-
ner, em 1912. Segundo este autor a Terra teria sido formada, inicialmente, por um único e enorme super-
continente que foi se fragmentando e se deslocando continuamente desde o período Mesozoico, como
se fosse uma espécie de nata flutuando sobre um magma semilíquido e passeando em diferentes direções.

Capítulo 1 – Organização física e política do mundo 33

:38 CG_8ºano_01.indd 33 30/04/2018 09:39:39


33

ME_CG_8ºano_01.indd 33 16/05/2018 12:13:22


Assinale a alternativa que contém o nome com o qual foi chamado este supercontinente.
a. Gaia.
b. Placas tectônicas.
c. Folhelhos de Wegener.
d. Riftis.
e. X Pangeia.

7 (Udesc) Os oceanos estão em constante movimento, e as correntes marinhas causam grande im-
pacto no clima do Planeta, pois transportam águas quentes e frias por todas as partes do globo. Sobre
mares e oceanos, é correto afirmar que:
a. o Oceano Índico é o segundo maior oceano e o mais frio devido à sua localização.
b. mares e Oceanos são sinônimos, pois ambos têm a mesma profundidade.
c. a posição geográfica dos oceanos não influencia na temperatura das suas águas.
d. X o Oceano Pacífico é o maior do globo, cobre mais de um terço da superfície do planeta Terra.
e. a quantidade de água existente nos oceanos equivale à água encontrada nos rios e lagos do mun-
do, por isso há um razoável suprimento de água doce no mundo.

8 (Vunesp) Embora o Brasil esteja colocado entre um dos países mais populosos do mundo, quando
se relaciona sua população total com a área do país, obtém-se um número relativamente baixo. A essa
relação de população versus área, damos o nome de:
a. taxa de crescimento.
b. índice de desenvolvimento.
c. X densidade demográfica.
d. taxa de natalidade.
e. taxa de fertilidade.

9 (UFRN) Para a explicação do crescimento da população e de sua relação com o desenvolvimento,


algumas teorias foram formuladas: a malthusiana, a reformista e a neomalthusiana. Os adeptos da
teoria reformista:
a. consideram que o rápido crescimento demográfico exerce pressão sobre os recursos naturais,
sendo um sério risco para o futuro da humanidade.
b. X defendem a necessidade de reformas socioeconômicas que permitam a elevação do padrão de
vida da população.
c. defendem que o alto crescimento demográfico é causa da pobreza generalizada, sendo impres-
cindíveis reformas políticas rígidas de controle da natalidade.
d. consideram o descompasso entre a população e os recursos necessários para a sua sobrevivência
como causa para a existência da miséria do mundo.

34 Capítulo 1 – Organização física e política do mundo

CG_8ºano_01.indd 34 30/04/2018 09:39:39


34

ME_CG_8ºano_01.indd 34 16/05/2018 12:13:22


• Reconhecer as tendências mundiais de au-
mento da população nas áreas urbanas.
• Detectar os desequilíbrios e problemas dos
Capítulo 2 mundos urbano e rural atuais.
• Aplicar conceitos demográficos em ques-
tões socioeconômicas.
A distribuição da riqueza no • Perceber que a chamada explosão demo-
gráfica ocorreu principalmente nos países em
mundo A desigualdade na distribuição da riqueza
mundial, que divide ricos e pobres, é marcan- desenvolvimento.
te no espaço contemporâneo.
• Discutir os objetivos e métodos da política
antinatalista da China.
• Mostrar a importância do setor primário
na economia chinesa, com predomínio da
agricultura.
• Expor e explicar os principais fatores do
crescimento econômico chinês (liberalização
econômica, matéria-prima acessível, mão de
obra barata).

Anotações

Neste capítulo,
compreenderemos que o
conceito de ocidentalidade foi
resultado da apropriação de elementos
culturais de povos diversos dominados
pelos europeus, o que gerou uma
grave desigualdade social, além de
entendermos que norte e sul revelam
bem mais que posições em um
mapa.

/Shutterstock.com
John Wollwerth

Capítulo 2 – A distribuição da riqueza no mundo 35

CG_8ºano_02.indd 35 26/04/2018 17:35:47

BNCC da América e os países denominados de Brics


Habilidades trabalhadas (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
no capítulo
(EF08GE03) Analisar aspectos representati-
vos da dinâmica demográfica, considerando ca-
(EF08GE07) Analisar os impactos geoeconô- racterísticas da população (perfil etário, cresci-
micos, geoestratégicos e geopolíticos da ascen- mento vegetativo e mobilidade espacial).
são dos Estados Unidos da América no cenário
internacional em sua posição de liderança glo- Objetivos
bal e na relação com a China e o Brasil.
(EF08GE09) Analisar os padrões econômi-
pedagógicos
cos mundiais de produção, distribuição e inter-
câmbio dos produtos agrícolas e industrializa- • Compreender os critérios utilizados para
dos, tendo como referência os Estados Unidos conceituar urbanização.

35

ME_CG_8ºano_02.indd 35 16/05/2018 12:14:29


Cenário 1

Geografia em cena
O Ocidente
geográfico e o
Em 1884, na Conven-
ção de Washington, o Meri-
diano de Greenwich foi de-
finido como marco oficial
da Terra, dividindo o globo
cultural
em Ocidente e Oriente.
Tem esse nome por atraves- O conceito de Ocidente
sar o Observatório Real de
Greenwich, localizado no Geograficamente, o termo Ocidente diz respeito a todas as
distrito de Greenwich, em terras que estão localizadas a oeste, ou à esquerda, do Meridiano
Londres. de Greenwich. Contudo, segundo o conceito cultural, fazem parte do
Ocidente as sociedades herdeiras das culturas greco-romana e judaico-
-cristã. Desse modo, atravessa-se o Meridiano de Greenwich em di-
reção ao Oriente, pois várias nações e Estados-nação, considerados
ocidentais, estão localizados nessa porção do Planeta.

Hemisfério Ocidental Hemisfério Oriental N

o
180 150 o
120 o
90 o
60 o
30 o
0 o
30 o
60 o
90 o
120 o
150 o
180 o O L

S
Círculo Polar Ártico

o
60

o
30
Trópico de Câncer

Equador
0o

Brasil
Trópico de Capricórnio
o
30

0 1.250 km 2.500 km

o
60
Círculo Polar Antártico

o CG
90

Paralelos Hemisfério Norte

Meridianos Hemisfério Sul

A visão de Ocidente está associada originalmente à Europa


Ocidental, porção do Planeta onde sociedades, ao longo da Idade
Média, partiram para dominar outros povos. Dessa forma, os ali-
cerces da cultura ocidental foram construídos pela incorporação de

36 Capítulo 2 – A distribuição da riqueza no mundo

CG_8ºano_02.indd 36 26/04/2018 17:35:47


36

ME_CG_8ºano_02.indd 36 16/05/2018 12:14:30


Diálogo com o
valores culturais de outros povos, como, gregos, egípcios e fenícios. professor
Assim:
O algarismo que o Ocidente utiliza desde a Idade Média é
o indo-arábico, criado e desenvolvido no Vale do Rio Indo, na Professor, o canal americano History
Índia. Channel disponibiliza um documentário que
O alfabeto utilizado pela cultura ocidental foi uma criação explica a formação do lado ocidental e oriental
egípcia, introduzida, em 900 a.C., na Grécia, pelos fenícios,
povo comerciante do Norte da África. Disseminou-se, então, da Alemanha. Recomendamos usá-lo em sala
entre os povos bárbaros da Europa, de onde derivou no alfabe- para que os alunos possam perceber que a di-
to latino. visão pode acontecer dentro de um território.
O sistema de orientação adotado pelos ocidentais tem como
base a bússola, criada pelos chineses e levada para a Europa por
caravanas de comércio árabes. Construção e queda do Muro de Berlim -
O conceito de Ocidente, portanto, para além do recorte geo- History Channel
gráfico, diz respeito a uma uniformização cultural, uma reunião de Link: https://www.youtube.com/
territórios com uma mesma base histórica. Assim sendo, tudo que
não é abarcado por essa suposta massa comum constitui-se uma watch?v=LcuaaOnOJ-g
alteridade. O conceito de Oriente seria, nesse caso, uma criação
ocidental, muitas vezes com a intenção perigosa de estabelecer o
outro como inferior, bárbaro, para justificar ações opressoras e “ci-
vilizatórias”.
Anotações
Geografia em cena

Se, ao falarmos de Ocidente, nos referimos a uma heran-


ça comum greco-romana e judaico-cristã, quando falamos do
Oriente é difícil estabelecer uma matriz política, econômica e
cultural comum. Isso porque os povos considerados por nós,
ocidentais, orientais são bastante diversos. Por englobar uma
região enorme, complexa e variada, o termo deixa a desejar ao
generalizar. Como veremos mais adiante no texto, a noção de
Oriente é uma criação ocidental com interesses específicos.
GMaple Design/Shutterstock.com

Capítulo 2 – A distribuição da riqueza no mundo 37

CG_8ºano_02.indd 37 26/04/2018 17:35:47

:47
37

ME_CG_8ºano_02.indd 37 16/05/2018 12:14:30


Leitura
complementar Cenário 2

Entenda o que é IDH


Regionalização do
Para medir o acesso à educação em gran-
des sociedades, como um país, a taxa de matrí-
mundo
cula nos diversos níveis do sistema educacio- Índice de
nal é um indicador suficientemente preciso.
Todavia, quando o foco está em núcleos so- Desenvolvimento
ciais menores, como municípios, esse indica- Humano
dor é menos eficaz, pois os estudantes podem
Quando foi criada, em 1945, a Organização das Nações Uni-
morar em uma cidade e estudar em outra, dis- das (ONU) tinha como missão se tornar um palco de discussão
torcendo as taxas de matrícula. Daí a opção acerca dos problemas mundiais, bem como a proposição de resolu-
ções em conjunto para minimizar as consequências da desigualda-
pelo indicador de frequência à sala de aula,
de de desenvolvimento entre as nações. No cenário pós-guerra, as
que é baseado em dados censitários. nações mais ricas tinham como desafio a sua reconstrução e recupe-
O que se pretende aferir é a parcela da ração econômica, enquanto os países, do chamado terceiro mun-
do, viviam uma explosão demográfica causada pela extrema pobre-
população daquela cidade que vai à escola em za e subdesenvolvimento que parecia multiplicar seus problemas
comparação à população municipal em ida- sociais, ao mesmo tempo em que alarmava as autoridades mundiais.
de escolar. O outro critério para a avaliação da Na década de 1960, foi criado o Programa das Nações Unidas
para o Desenvolvimento (PNUD), com o objetivo de erradicar a
educação de uma população é o percentual de pobreza extrema resultante da desigualdade social, bem como pres-
alfabetizados maiores de 15 anos. Ele se baseia tar consultoria aos governos dos países mais pobres sobre como ela-
no direito constitucional de que todos os bra- borar políticas públicas que reduzam o problema. O PNUD tem
como foco central o desenvolvimento, com o apoio de instituições
sileiros devem ter acesso às oito séries do ensi- financeiras internacionais, do setor privado e da sociedade civil,
no fundamental. Ao final desse período, que, num esforço em conjunto de melhoria das condições de vida das
pelo calendário normal se encerraria aos 14 populações mais fragilizadas pelo baixo desenvolvimento econô-
mico e tecnológico.
anos de idade, espera-se que o indivíduo seja No ano de 1990, foi criado pelo PNUD o Índice de Desenvol-
capaz de ler e escrever um bilhete simples. Daí vimento Humano (IDH) com a finalidade de dar bases estatísticas
para diagnosticar a situação dos países em relação às suas necessida-
a opção por se medir essa capacidade na popu-
des, fornecendo informação que pode servir de base para projetos de
lação com 15 anos de idade ou mais. desenvolvimento. Esse índice tem como base três pilares (educação,
A taxa de alfabetização é obtida pela di- saúde e renda) que, combinados por meio de políticas públicas, po-
dem reduzir ou erradicar os problemas resultantes da pobreza.
visão do total de alfabetizados maiores de 15 O IDH é medido numa escala de 0 a 1. Quanto mais próximo
anos pela população total de mais de 15 anos de 1 for o índice, mais desenvolvimento humano existirá no país.
de idade do município pesquisado. De 0,001 até 0,499 é considerado baixo; de 0,500 até 0,799 é con-
siderado médio; e de 0,800 até 1 é considerado alto.
Na educação, são levadas em consideração as variáveis educa-
Indicador de longevidade
38 Capítulo 2 – A distribuição da riqueza no mundo
Para avaliar o desenvolvimento humano
no que diz respeito à longevidade, o IDH na-
cional e o IDH municipal usam a esperança CG_8ºano_02.indd 38 26/04/2018 17:35:47

de vida ao nascer. Esse indicador mostra qual a ocorridas em função de doenças quanto
média de anos que a população nascida naque- as provocadas por causas externas (violên- Anotações
la localidade no ano de referência deve viver — cias e acidentes). O Censo 2000 é a base de
desde que as condições de mortalidade existen- cálculo de todo o IDH municipal. Para se
tes se mantenham constantes. Quanto menor chegar ao número médio de anos que uma
for a mortalidade registrada em um município, pessoa vive a partir de seu nascimento são
maior será a esperança de vida ao nascer. O in- utilizados os dados do questionário expan-
dicador é uma boa forma de avaliar as condi- dido do Censo. O resultado dessa amostra
ções sociais, de saúde e de salubridade por con- é expandido para o restante da população
siderar as taxas de mortalidade das diferentes daquele município.
faixas etárias daquela localidade.
Todas as causas de morte são contem- Disponível em: http://www.dhnet.org.br/dados/idh/
pladas para chegar ao indicador, tanto as idh/idh_entenda_oqe.pdf. Acessado em: 23/02/2018.

C
38

ME_CG_8ºano_02.indd 38 16/05/2018 12:14:31


cionais como o índice de analfabetismo e as matrículas escolares
do país. A educação é um dos mais importantes fatores de emanci-
pação e desenvolvimento humano, pode ser responsável por elevar
outros patamares variáveis como saúde e renda, ou seja, com educa-
ção se alcança a plenitude intelectual capaz de melhorar a capacida-
de de um povo de auto-organizar-se e de se emancipar.
A variável da saúde, pertinente ao IDH, é a expectativa de vida,
que inclui dados da mortalidade infantil. O investimento em saú-
de, aliado à educação, é indispensável para manter a qualidade de
vida em níveis regulares de desenvolvimento, pois gera maior pro-
dutividade e consequentemente uma renda maior para os povos.
O PIB é o conjunto de riquezas produzidas por um país no
período de um ano e era usado como único indicador de desen-
volvimento antes da adoção do IDH, em 1990, embora mostrasse
muitas limitações para o entendimento da realidade social. A variá-
vel utilizada pelo IDH, que trata de produção econômica, é a renda
per capita. Essa variável é obtida pela média entre Produto Interno
Bruto (PIB ) e população. É como se pegássemos toda a riqueza de
um país e dividíssemos igualmente entre todos os seus habitantes.
A renda per capita é uma variável que pode ser muito distorcida em
países com extrema desigualdade social, porque os 10% mais ricos
da população acabam ficando com a maior parte da riqueza, mas é
mais realista do que o uso apenas do PIB.

O IDH dos países


desenvolvidos
A relação entre desenvolvimento econômico e desenvolvimen-
to humano não é tão óbvia quanto possa parecer, pois alguns países
com o PIB elevado não estão entre os que possuem alto índice de
desenvolvimento humano. Só podemos compreender o desenvol-
vimento humano quando levamos em consideração fatores como
educação e saúde, fontes de acesso aos bens e serviços essenciais a
uma boa qualidade de vida. O PIB de países como Noruega, Is-
lândia, Dinamarca, Cingapura, Nova Zelândia ou Suécia não estão
entre os das 20 maiores economias do mundo e, mesmo assim, fi-
5:47
guram entre os melhores índices de desenvolvimentos humano. É
claro que temos entre os primeiros no ranking potências econômi-
cas como, Estados Unidos, Japão, Reino Unido e Alemanha, mas
o tamanho da economia não significa necessariamente desenvolvi-
mento humano. Entre os 20 maiores IDHs do mundo, só temos 8
entre as 20 maiores economias. Países como Luxemburgo e Islândia
não figuram nem entre os 100 maiores PIBs, mas têm um sistema
de auto-organização social que permite a população viver com os
poucos recursos que possue.

Capítulo 2 – A distribuição da riqueza no mundo 39

CG_8ºano_02.indd 39 26/04/2018 17:35:47


39

ME_CG_8ºano_02.indd 39 16/05/2018 12:14:31


Leitura
complementar
Relação entre IDH e PIB
Como construir um Indicador 20 maiores IDHs
de Desenvolvimento Posição no ranking PIB
Posição no
País IDH ranking
Sustentável? do IDH mundial (em milhões de US$)
do PIB mundial
Noruega 0,949 1º 389,482 28º
Apesar de sua importância como medi- Austrália 0,939 2º 1.223,887 13º
da da atividade econômica, há que se enfatizar Suíça 0,939 3º 664,603 19º
que o PIB não pode ser tomado como indi- Alemanha 0,926 4º 3,357,614 4º
cador de bem-estar. Afinal, o PIB (e, princi- Dinamarca 0,925 5º 294,951 36º
palmente, o PIB per capita) capta somente a Cingapura 0,925 6º 292,734 38º
renda média do país, não capturando aspectos Países baixos 0,924 7º 738,419 17º
Irlanda 0,923 8º 238,031 43º
importantes para o bem-estar, como distribui-
Islândia 0,921 9º 16,718 110º
ção de renda, incidência de pobreza, preserva-
Canadá 0,920 10º 1.552,386 10º
ção do meio ambiente e qualidade de vida de Estados Unidos 0,920 11º 17.947,000 1º
forma mais abrangente. Dessa maneira, estu- Hong Kong 0,917 12º 309,931 -
diosos do mundo todo vêm discutindo inten- Nova Zelândia 0,915 13º 172,248 55º
samente a substituição do PIB por um novo Suécia 0,913 14º 492,618 23º
indicador que contemple o desenvolvimento Liechtenstein* 0,912 15º 6,664 145º
sustentável e, às perdas variáveis econômicas, Reino Unido 0,909 16º 2.849,345 5º
Japão 0,903 17º 4.123,258 3º
incorpore também as sociais e as ambientais.
Coreia do Sul 0,901 18º 1.376,868 11º
O que mais se aproxima disso em esca-
Israel 0,899 19º 296,073 35º
la global é o Índice de Desenvolvimento Hu- Luxemburgo 0,898 20º 57,423 74º
mano (IDH). Trata-se de um índice que serve Fonte: IDH. Relatório do índice de desenvolvimento humano. http://hdr.undp.org/sites/default/files/2016_human_de-
para comparação entre os países, com o ob- velopment_report.pdf. Acesso em: 18/10/2017.
Fonte: PIB mundial. World Economic Outlook Database, FMI. http://www.imf.org/external/pubs/ft/weo/2016/01/
jetivo de medir o grau de desenvolvimento weodata/download.aspx. Acesso em: 18/10/2017.
econômico e a qualidade de vida oferecida à Fonte: PIB *Liechstentein http://databank.worldbank.org/data/download/GDP.pdf . Acesso em: 18/10/2017.

população. O relatório anual do IDH é elabo-


rado pelo Programa das Nações Unidas para o
Como se constitui um
Desenvolvimento (Pnud). Esse índice é calcu- IDH elevado
lado com base em dados econômicos e sociais
Os países que obtêm altos índices de desenvolvimento hu-
e apresenta valores que vão de 0 (nenhum de- mano são aqueles que possuem excelentes sistemas de saúde e de
senvolvimento humano) a 1 (desenvolvimen- educação acessíveis à população, além de uma distribuição de renda
mais equitativa. Os fatores históricos são preponderantes para en-
to humano total). Quanto mais próximo de 1, tendermos o elevado padrão de vida das nações que se organizam
mais desenvolvido é o país. O IDH também é
usado para apurar o desenvolvimento de cida- 40 Capítulo 2 – A distribuição da riqueza no mundo
des, estados e regiões.
No cálculo do índice, são computados os
seguintes fatores: educação (número médio CG_8ºano_02.indd 40 26/04/2018 17:35:47 CG

de anos de estudos), longevidade (expectativa menor poluição e melhores condições de trans- atende às necessidades do presente sem com-
de vida da população) e o PIB per capita. porte público). Contudo, a correlação entre prometer a capacidade das gerações futuras de
Observa-se que o IDH, indiretamente, IDH e sustentabilidade não é perfeita e pode terem atendidas também as suas. Assim, o de-
capta vários aspectos importantes para a susten- envolver defasagens: uma ação de preservação senvolvimento sustentável deve, no mínimo,
tabilidade. Por exemplo, sociedades com popu- hoje pode se refletir em um IDH mais alto so- salvaguardar os sistemas naturais que susten-
lação mais educada tendem a respeitar mais a mente após vários anos. tam a vida na Terra: atmosfera, águas, solos e
cidadania e a ter maior consciência de proble- Feita essa introdução, antes de discutirmos seres vivos.
mas ambientais. Longevidade maior está usual- as novas propostas de indicadores que tentam Além disso, o desenvolvimento sustentá-
mente associada a uma vida mais saudável, o englobar a sustentabilidade ambiental, há que vel impõe a consideração de critérios de sus-
que decorre tanto de ações que afetam o indiví- se definir o que é desenvolvimento sustentável. tentabilidade social, ambiental e de viabi-
duo (como acesso à saúde, boa alimentação, es- Segundo o Relatório da Comissão Mun- lidade econômica. Apenas as soluções que
tilo de vida mais regrado) quanto de ações que dial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimen- considerem esses três elementos, isto é, que
afetam a coletividade de maneira geral (como to, desenvolvimento sustentável é aquele que promovam o crescimento econômico com

40

ME_CG_8ºano_02.indd 40 16/05/2018 12:14:32


Anotações
de maneira a ter uma boa qualidade de vida e desenvolvimento hu-
mano. Para se ter uma ideia, não encontramos entre os 50 melhores
índices de IDH nenhum país africano, latino-americano ou do Sul
asiático. Nenhum daqueles que figuram entre os primeiros foram
colônia de exploração, exceção do Bahrein, da Arábia Saudita e do
Catar, que foram explorados pelos britânicos, mas que são ricos e
possuem abundantes reservas de petróleo e proporcionam divisas
fortes para o país.
A maioria dos países que estão entre os melhores IDHs têm
a sua população ocupada nos diversos setores da economia, como
os setores bancários, engenharia genética e biotecnologia, informá-
tica, química fina, robótica, telecomunicações, etc., que desenvol-
vem produtos e serviços a serem exportados para o mundo todo,
acumulando riqueza nesses países. A exigência de mão de obra al-
tamente especializada é uma das razões do alto investimento em
educação desses países.

O IDH dos países


subdesenvolvidos
Os baixos e médios índices de desenvolvimento humano são co-
muns aos países subdesenvolvidos industrializados e não industriali-
zados. Nesse grupo muito heterogêneo, seja no campo econômico,
social ou tecnológico, temos Níger e Haiti como os países mais po-
bres do mundo, com mortalidade infantil acima de 100 a cada mil,
e, Uruguai, Costa Rica e Cuba com 10 mortes a cada mil crianças.
Temos potências econômicas, como China, Índia e Brasil entre as
dez maiores economias do mundo, e Venezuela, que possui a maior
reserva de petróleo do mundo. Como já afirmamos, o IDH não tem
relação direta com o volume de riqueza produzida, mas sim com a
sua distribuição num sistema social mais justo que garanta às pessoas
acesso a bens e serviços como alimentação, moradia, saúde, lazer,
água e esgoto, transporte público, além de trabalho e renda.
saiko3p/Shutterstock.com

Pilha de lixo a céu aberto em Nova Déli,


Índia. Embora com um PIB elevado, o
país não oferece um bom saneamento básico.

Capítulo 2 – A distribuição da riqueza no mundo 41

5:47 CG_8ºano_02.indd 41 26/04/2018 17:35:48

impactos positivos em termos sociais e am-


bientais, merecem essa denominação.
Portanto, ante uma sociedade global que
deixa de pensar unicamente em retorno finan-
ceiro e passa a valorizar o desenvolvimento
sustentável, é natural que surjam questiona-
mentos e discussões sobre a mensuração des-
se novo paradigma.

Disponível em: http://www.brasil-economia-governo.


org.br/2013/02/25/como-construir-um-indicador-
de-desenvolvimento-sustentavel/. Acessado em:
23/02/2018.

41

ME_CG_8ºano_02.indd 41 16/05/2018 12:14:32


Relação entre IDH e PIB
20 maiores PIBs
PIB Posição no ranking
País IDH
(em milhões de US$) do IDH mundial

Estados Unidos 17.947,000 0,920 10º


China 10.982,829 0,738 90º
Japão 4.123,258 0,903 17º
Alemanha 3.357,614 0,926 4º
Reino Unido 2.849,345 0,909 16º
França 2.421,560 0,897 21º
Índia 2,090,706 0,624 111º
Itália 1.815,757 0,887 26º
Brasil 1.772,589 0,754 79º
Canadá 1.552,386 0,920 10º
Coreia do Sul 1.376,868 0,901 18º
Rússia 1.324,734 0,804 49º
Austrália 1.223,887 0,939 2º
Espanha 1.199,715 0,884 27º
México 1.144,334 0,762 77º
Indonésia 858,953 0,689 113º
Países Baixos 738,419 0,924 7º
Turquia 733,642 0,767 71º
Suíça 664,603 0,939 2º
Arábia Saudita 653,219 0,847 38º
Fonte: IDH. Relatório do índice de desenvolvimento humano. 2015. http://hdr.undp.org/sites/default/files/2016_hu-
man_development_report.pdf. Acesso em: 18/10/2017.
Fonte: PIB mundial. World Economic Outlook Database, FMI.2016. http://www.imf.org/external/pubs/ft/
weo/2016/01/weodata/download.aspx. Acesso em: 18/10/2017.

Como se constitui um
CG

IDH baixo
Os países subdesenvolvidos passaram por processos históricos,
na sua formação, totalmente diferenciados dos países com IDH en-
tre os dez primeiros. Esse grupo de países foi colonizado e suas eco-
nomias atendiam aos interesses externos. Não havia preocupação

42 Capítulo 2 – A distribuição da riqueza no mundo

CG_8ºano_02.indd 42 26/04/2018 17:35:48


42

ME_CG_8ºano_02.indd 42 16/05/2018 12:14:33


Sugestão de

quanto ao seu desenvolvimento econômico e social uma vez que, abordagem


em processos de exploração, somente era benéfico às elites locais. A
população não teve acesso à terra como um bem capaz de produzir
renda para si e para o desenvolvimento econômico do país já que o Professor, elabore com seus alunos uma
uso do sistema de escravidão, em alguns desses países e a posterior
lista de ações que podem ser tomadas para o
exploração de mão de obra barata, deixaram sequelas na estrutura
socioeconômica dessas nações, tendo como consequência as precá- IDH de um país, que seja baixo, crescer. Se
rias condições de vida que levaram aos baixos IDHs, principalmen- for possível, peça para os seus alunos criarem
te de países do sul asiático, latinos e africanos.
Os investimentos em educação e saúde nesses países estão abai-
um país fictício e, em grupos que representem
xo das necessidades de desenvolvimento pleno das suas populações ministérios, elaborarem medidas que benefi-
e isso é muito contraditório, pois a maneira mais rápida de melho- ciem os habitantes desse país a fim de juntos
rar a qualidade de vida é através desses serviços básicos que são ca-
pazes de aumentar a renda das pessoas e, consequentemente, mais fazer um IDH alto.
riqueza para o país que passa a ter mais recursos para investir em
outras necessidades.
Os países com IDHs mais baixos do mundo estão predomi-
nantemente localizados no continente africano. Nele, temos os
Anotações
exemplos mais evidentes de como o processo histórico pode in-
fluenciar no desenvolvimento socioeconômico, pois esses países
tiveram toda a sua estrutura cultural, seu modo de organização so-
cial e territorial, totalmente modificado pelos interesses coloniais
europeus entre os séculos XIX e XX e, ainda hoje, a exploração por Segundo relatório da ONU, mais de
80% das crianças de Costa do Marfim,
meio de um comércio desigual é responsável, em grande parte, pela Nigéria e Eritreia, não frequentam um esta-
manutenção da situação de miséria desses países. belecimento de ensino.

JLwarehouse/Shutterstock.com

Capítulo 2 – A distribuição da riqueza no mundo 43

CG_8ºano_02.indd 43 26/04/2018 17:35:48

:48
43

ME_CG_8ºano_02.indd 43 16/05/2018 12:14:33


Os 20 piores IDHs
PIB Posição no ranking
País IDH
(em milhões de US$) do PIB mundial
República Centro-
0,352 1,605 166º
-Africana
Níger 0,353 7,151 141º
Chade 0,396 10,894 129º
Burkina Faso 0,402 11,009 128º
Burundi 0,404 2,881 158º
Guiné 0,414 1,057 173º
Sudão do Sul 0,418 2,627 159º
Moçambique 0,418 14,965 113º
Serra Leoa 0,420 4,882 155º
Eritreia 0,420 4,666 150º
Guiné-Bissau 0,424 1,057 173º
Libéria 0,427 2,035 162º
República Democrática
0,435 38,873 87º
do Congo
Mali 0,442 13,066 119º
Etiópia 0,448 61,629 71º
Djiboti 0,473 1,727 165º
Costa do Marfim 0,474 31,172 95º
Malawi 0,476 6,416 144º
Afeganistão 0,479 19,204 108º
Iêmen 0,482 36,852 90º
Fonte: IDH. Relatório do índice de desenvolvimento humano. 2016 http://hdr.undp.org/sites/default/files/2016_hu-
man_development_report.pdf. Acesso em: 18/10/2017.
Fonte: PIB mundial. World Economic Outlook Database, FMI. 2016. http://www.imf.org/external/pubs/ft/
weo/2016/01/weodata/download.aspx. Acesso em: 18/10/2017.

Algumas considerações
sobre o conceito de
desenvolvimento
humano
A criação do IDH, em 1990, foi importante por traçar crité-
rios mais realistas para medição da qualidade de vida das popula-
ções, por dar aos países em desenvolvimento metas que deveriam

44 Capítulo 2 – A distribuição da riqueza no mundo

CG_8ºano_02.indd 44 26/04/2018 17:35:48 C


44

ME_CG_8ºano_02.indd 44 16/05/2018 12:14:34


ser alcançadas em médio e longo prazo. O investimento em educa-
ção passa pela universalização das matrículas das crianças em idade
escolar e pela redução do índice de analfabetismo, devendo ser fei-
to como prioridade absoluta em conjunto com políticas públicas de
saúde que visam aumentar a expectativa de vida da população, tanto
pela redução da mortalidade infantil quanto pela melhoria do aten-
dimento médico preventivo e curativo. Não podemos esquecer que
um dos critérios adotados pelo IDH é a renda per capita e de que
toda melhoria na qualidade de vida passa por esse item pois, permite
o acesso à alimentação, habitação, bens culturais e materiais que po-
dem dar maiores condições de desenvolvimento humano.

Ensaio geográfico
1 Qual foi a importância da criação do PNUD para os países em desenvolvimento?
O PNUD tem como objetivo, erradicar a pobreza extrema resultante da desigualdade social, bem

como prestar consultoria aos governos dos países mais pobres sobre como elaborar políticas públicas

que reduzam o problema.

2 Por que foi criado o IDH?


Com a finalidade de dar bases estatísticas para diagnosticar a situação dos países em relação às suas

necessidades, fornecendo informação que pudessem servir de base para projetos de desenvolvimento.

3 A relação entre o PIB e o IDH é diretamente proporcional? Justifique sua resposta.

Não. Muitos países que estão entre os maiores IDHs não têm PIB elevado, como Islândia, Nova Ze-

lândia, Noruega, Cingapura, etc., e muitos países com PIB elevado não estão entre os melhores IDHs.

4 Por que alguns países com PIB alto não conseguem ter um IDH entre os primeiros e elevar o pa-
drão de vida da sua população?
Os países que obtêm altos índices de desenvolvimento humano são aqueles que possuem excelentes

sistemas de saúde e de educação acessíveis à população, além de uma distribuição de renda mais

equitativa.

5 Quais são as variáveis consideradas para a formação do IDH?


Para a composição do IDH temos que levar em consideração aspectos como, saúde, educação, renda,

expectativa de vida, matrículas escolares e renda per capita.

Capítulo 2 – A distribuição da riqueza no mundo 45

:48 CG_8ºano_02.indd 45 26/04/2018 17:35:48


45

ME_CG_8ºano_02.indd 45 16/05/2018 12:14:34


Sugestão de
abordagem Cenário 3

Países
Professor, indicamos uma interdisciplina-
ridade com a matéria de História para que haja desenvolvidos e
a discussão sobre as consequências das Grandes
Navegações na configuração atual dos países subdesenvolvidos
mais ricos em relação aos em desenvolvimento.
Classificação das nações
Anotações de acordo com a riqueza
Após o final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, após qua-
tro séculos e meio de exploração pelo Ocidente dos demais espaços,
a grande fronteira da desigualdade mundial estava bem demarcada.
De um lado, os países do Norte, ricos, com grande desenvolvimen-
to econômico, tecnológico, científico e social; do outro, os países
do Sul, pobres, com um subdesenvolvimento nas diversas áreas.
Analisando a conjuntura planetária após a Segunda Guerra
Mundial, o demógrafo, economista e sociólogo francês Alfred Sauvy
cunhou, em 1952, a expressão Terceiro Mundo — originada do termo
Terceiro Estado, usado ao longo da Revolução Francesa para indicar
as pessoas que não faziam parte do clero (Primeiro Estado) nem da no-
breza (Segundo Estado), ou seja, camponeses, artesãos, comerciantes,
profissionais liberais e burgueses. Para Sauvy, faziam parte do Terceiro
Mundo os países que apresentavam pequeno desenvolvimento econô-
mico, tecnológico, científico e social e, por esse motivo, não tinham
participação nas decisões políticas e econômicas mundiais.
Políticos e cientistas sociais, utilizando critérios como de-
senvolvimento econômico e organização política, agruparam os
países do mundo em três diferentes conjuntos: Primeiro Mundo,
formado pelos países capitalistas desenvolvidos; Segundo Mundo,
composto pelas nações socialistas ou de economia planificada; e
Terceiro Mundo, todos os países capitalistas pobres.
Mas essa forma de discriminar os países perdeu seu sentido
ao longo do tempo. A partir da década de 1960, alguns países do
mundo subdesenvolvido começaram um lento, porém continuado,
processo de industrialização. Estes foram chamados de países em
desenvolvimento.
O termo Segundo Mundo perdeu sua validade com o esfacela-
mento da União Soviética, em 1991, e o desaparecimento do bloco
socialista. As expressões Primeiro Mundo e Terceiro Mundo, por
sua vez, foram substituídas por países desenvolvidos e países sub-
desenvolvidos, respectivamente.

46 Capítulo 2 – A distribuição da riqueza no mundo

CG_8ºano_02.indd 46 26/04/2018 17:35:48

C
46

ME_CG_8ºano_02.indd 46 16/05/2018 12:14:35


150o 120o 90o 60o 30o 0o 30o 60o 90o 120o 150o 180o N

O L

S
Círculo Polar Ártico

Trópico de Câncer
Oceano
Pacífico
Equador Oceano
Pacífico
Oceano
Índico
Trópico de Capricórnio

Oceano
Atlântico
Primeiro Mundo
Segundo Mundo
0 1.217 km 2.434 km
Círculo Polar Antártico
Terceiro Mundo

A antiga classificação dos países em Primeiro, Segundo e Terceiro Mundo.

O Ocidente recria os
conceitos de Norte e Sul
No contexto político da década de 1980, Norte e Sul deixam
de ser meramente posições geográficas (acima ou abaixo da Linha
do Equador) para indicarem riqueza e pobreza. Tornaram-se do
Norte os países ricos e desenvolvidos, independentemente de esta-
rem no norte geográfico (a Austrália, por exemplo); e do Sul países
Organização dos países que são considera-
pobres e subdesenvolvidos, independentemente de se localizarem dos desenvolvidos e em desenvolvimento.
no sul geográfico (como o Marrocos).
150o 120o 90o 60o 30o 0o 30o 60o 90o 120o 150o 180o

Círculo Polar Ártico

Trópico de Câncer

Oceano
5:48 Pacífico
Equador Oceano
Pacífico
Oceano Oceano
Trópico de Capricórnio Atlântico Índico

Países do Norte

N
Países do Sul

O L
0 1.217 km 2.434 km
Círculo Polar Antártico

Capítulo 2 – A distribuição da riqueza no mundo 47

CG_8ºano_02.indd 47 26/04/2018 17:35:49


47

ME_CG_8ºano_02.indd 47 16/05/2018 12:14:35


Desigualdades entre o
Norte e o Sul
Ao longo dos séculos, a Divisão Internacional do Trabalho
(DIT), criada a partir da dominação europeia, fez com que a rique-
za fosse acumulada apenas no Ocidente, que exporta produtos ma-
nufaturados, industriais e tecnologias em geral e importa produtos
primários, acumulando, assim, lucratividade e superávits na sua
balança comercial. Enquanto as outras nações exportam produtos
primários (de baixo valor) e importam produtos manufaturados e
industriais (de elevado valor), passando a apresentar endividamen-
to progressivo, o que as leva a recorrer a constantes empréstimos
para saldar as dívidas.
Com essa acumulação de capital, o Ocidente desenvolveu-se
em várias áreas importantes, como a educação, a saúde, a ciência e a
tecnologia, que foram de vital importância à elevação do padrão de
qualidade de vida em suas sociedades. Em contrapartida, países mais
pobres precisaram pedir empréstimos para promover seu desenvol-
vimento, diminuindo, assim, a qualidade de vida dessas populações.

Petróleo: os maiores produtores em 2020

Em milhões de barris/dia
Países 2020 2011

Arábia Saudita 13,2 12,3


EUA 11,6 8,1
Rússia 10,6 10,2
Iraque 7,6 2,5
Canadá 5,5 3,3
Brasil 4,5 2
China 4,5 4,1
Irã 3,4 3,8
Kuwait 3,4 3
Emirados Árabes 3,4 2,7
Venezuela 3,2 2,7
Nigéria 2,8 2,4
Angola 2,6 1,9
Cazaquistão 2,5 1,6
Catar 2,4 2,1

48 Capítulo 2 – A distribuição da riqueza no mundo

CG_8ºano_02.indd 48 26/04/2018 17:35:49 C


48

ME_CG_8ºano_02.indd 48 16/05/2018 12:14:36


Enquanto alguns países se destacam na produção de petróleo,
recurso com altíssimo valor comercial no mundo, a América do
Sul, região subdesenvolvida, é a maior produtora de café, um pro-
duto primário.
O Produto Interno Bruto (PIB) mundial, ou seja, o conjunto
de todos os bens (primários, industriais e de serviços) produzidos
por cada país, ao longo de um ano, mostra claramente a desigualda-
de entre os países ricos e pobres. Como cerca de 70% do PIB mun-
dial é produzido por países ricos, estes possuem um elevado poder
de influência nas decisões econômicas no mundo.

Ranking das maiores economias do mundo


(PIB em milhões de dólares)
1 Estados Unidos 17.947,000
2 China 10.982,829
3 Japão 4.123,258
4 Alemanha 3.357,614
5 Reino Unido 2.849,345
6 França 2.421,560
7 Índia 2.090,706
8 Itália 1.815,757
9 Brasil 1.772,589
10 Canadá 1.552,386
Fonte: FMI.

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), criado pela


ONU para avaliar as condições de vida dos países, é outro indicativo da
distância social entre as nações ricas e as pobres. Esse índice é calculado
com base em três indicadores socioeconômicos: expectativa de vida ao
nascer, nível de escolarização (taxa de alfabetização de adultos e taxas
de matrícula) e PIB per capita. O IDH varia de 0 a 1.
Lisa F. Young/Shutterstock.com

A alfabetização de jovens e adultos ainda


é um problema que precisa ser superado
na educação brasileira.

Capítulo 2 – A distribuição da riqueza no mundo 49

:49 CG_8ºano_02.indd 49 26/04/2018 17:35:49


49

ME_CG_8ºano_02.indd 49 16/05/2018 12:14:36


IDH: nações selecionadas
Quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento humano. Acompanhe o ranking mundial.

1o Noruega 0,944

Os 10 maiores
o
2 Austrália 0,933
3o Suíça 0,917
4o Suécia 0,915
o
5 Estados Unidos 0,914
o
6 Alemanha 0,911
7o Nova Zelândia 0,910
8o Canadá 0,902
9o Cingapura 0,901
o
10 Dinamarca 0,900
brasileira
Posição

79o Brasil 0,744

o
Os 10 menores

178 Moçambique 0,393


179o Guiné 0,392
180o Burundi 0,389
181o Burkina Faso 0,388
o
182 Eritreia 0,381
o
183 Serra Leoa 0,374
o
184 Chade 0,372
o
185 Rep. da África Central 0,341
o
186 Congo 0,338
o
187 Níger 0,337
Fonte: Human Development Report 2014 – PNUD.

Cenário 4

Diversidade e
igualdade
A classificação e a
realidade
Dentro do bloco denominado desenvolvido, estão inclusos
países cujo progresso econômico é menor do que o de países in-
cluídos no bloco subdesenvolvido, como nos mostram os dados a
seguir.

50 Capítulo 2 – A distribuição da riqueza no mundo

CG_8ºano_02.indd 50 26/04/2018 17:35:49 C


50

ME_CG_8ºano_02.indd 50 16/05/2018 12:14:37


País PIB (milhões de dólares) IDH
Portugal 238,880 0,809
Brasil 2.492,908 0,718
Irlanda 217,669 0,908
Índia 1.676,143 0,547
Grécia 303,065 0,861
México 1.154,784 0,770
Islândia 14,048 0,898
Venezuela 315,841 0,735

Pelo observado na tabela, alguns países tradicionalmente clas-


sificados como desenvolvidos apresentam desempenho econômico
inferior ao de países chamados subdesenvolvidos. Mesmo assim, as
nações do mundo desenvolvido apresentam níveis sociais mais ele-
vados do que os das subdesenvolvidas.
Portanto, nem todos os países considerados ricos apresentam o
mesmo nível de desenvolvimento, assim como nem todos os países
subdesenvolvidos apresentam o mesmo grau de pobreza.

Onde o Norte e o Sul se


encontram
Os países mais desiguais do mundo
Geografia em cena
0,634
0,610
0,608
0,605

O Coeficiente de Gini
0,562
0,556
0,542
0,535
0,517
0,515
0,515
0,507
0,507

0,505
0,506

0,504
0,489
0,487
0,485
0,485

é um dado estatístico criado


em 1912 e utilizado para
medir a concentração de
renda em um determinado
lugar. Esse coeficiente esta-
belece uma nota entre 0 e 1,
em que 0 indica distribui-
África do Sul
Namíbia
Haiti
Botswana
Rep. Centro-Africana
Zâmbia
Lesoto
Colômbia
Paraguai
Brasil
Suazilândia
Guiné-Bissau
Panamá
Honduras
Chile
Ruanda
Congo
Guatemala
Costa Rica
Quênia

ção igualitária da renda e 1


aponta que apenas um res-
trito número de indivíduos
concentra a renda total do
local. O Coeficiente de Gini
recebeu esse nome em ho-
menagem ao seu criador, o
italiano Corrado Gini.
Fonte: PNUD.

Capítulo 2 – A distribuição da riqueza no mundo 51

:49 CG_8ºano_02.indd 51 26/04/2018 17:35:49


51

ME_CG_8ºano_02.indd 51 16/05/2018 12:14:37


Sugestão de
abordagem O gráfico apresenta as desigualdades de renda em diversos
países do mundo. Está claro que a riqueza é mais concentrada em
países subdesenvolvidos, mas é interessante observar que os países
Peça para que seus alunos assistam a tre- desenvolvidos vêm sofrendo, desde o início do século XXI, um
avanço continuado da concentração da riqueza.
chos da série Everybody hates Chris (Todo O fato é que essa realidade de igualdade ideal na distribuição
mundo odeia o Chris), e, em sala, debatam so- de riqueza foi escondida sob um manto de prosperidade e desenvol-
bre a organização dos bairros pobres dos Es- vimento econômico, mesmo dentro dos países desenvolvidos.
As últimas décadas do século XX e a primeira do século XXI
tados Unidos e façam uma comparação com foram marcadas por uma violenta concentração da riqueza, disfar-
a do Brasil. Aproveite esse momento para dis- çada pela democratização dos padrões de vida. A partir dos anos
cutir sobre racismo, violência e estereótipos 1950, os países desenvolvidos assistiram a um aumento da apro-
priação da riqueza nacional por 1% da população mais rica. Nos
raciais. Estados Unidos, de 1980 até 2001, a riqueza absorvida por essa
parcela passou de 10% para 20%.
No mundo considerado desenvolvido, sempre existiram focos
Anotações de pobreza, como nos bairros de imigrantes dos países europeus e
nos guetos dos Estados Unidos, embora fossem mostrados como
uma realidade distante.

Mettus/Shutterstock.com
Gueto em Nova York. Gueto é uma região ou bairro onde, em geral, residem pessoas de uma
mesma etnia. O termo também designa um estilo de vida.

Já nos países subdesenvolvidos, onde a riqueza é um sonho ali-


mentado por muitos, existem ilhas de prosperidade, ou seja, uma
pequena parcela da população goza de uma qualidade de vida com
padrões bastante elevados.

52 Capítulo 2 – A distribuição da riqueza no mundo

CG_8ºano_02.indd 52 26/04/2018 17:35:49

C
52

ME_CG_8ºano_02.indd 52 16/05/2018 12:14:38


Donatas Dabravolskas/Shutterstock.com
Vista aérea da comunidade da Rocinha,
sobre a montanha no Rio de Janeiro,
logo atrás é possível perceber a existência de um
bairro nobre.

Desigualdades
planetárias
Analisando o espaço planetário, identificaremos que o nível de
desigualdade varia de um país para outro. Os países que apresen-
tam menores taxas de desigualdade são os escandinavos — Suécia
e Noruega têm os maiores níveis de desconcentração de renda. Do
lado oposto, estão os países africanos, nos quais a riqueza é escassa e
concentrada em uma pequena parcela da sociedade.
Mariia Golovianko/Shutterstock.com

Localizado na península Escandinava e


5:49 com uma população aproximada de 9,2
milhões de habitantes, a Suécia é um dos países
onde a distribuição de renda é mais igualitária.
Calculado pela primeira vez por dois economistas franceses,
François Bourguignon e Christian Morrisson, o Coeficiente de
Gini, ou Índice de Gini, concluiu que a desigualdade global au-
mentou entre os séculos XIX e XX em virtude do crescimento
mais acelerado dos países atualmente denominados desenvolvidos,
face ao crescimento dos chamados países subdesenvolvidos, como
mostra o gráfico a seguir:

Capítulo 2 – A distribuição da riqueza no mundo 53

CG_8ºano_02.indd 53 26/04/2018 17:35:50


53

ME_CG_8ºano_02.indd 53 16/05/2018 12:14:38


Leitura
complementar
Desigualdade global: Banco Mundial

Banco Mundial 1.0


80

0.8 70
O Banco Mundial é uma organização inter-
80 76
nacional que surgiu da Conferência de Bretton 74 72
60
70
0.6
65
Woods (1944) para atender às necessidades de 0.4 50
financiamento da reconstrução dos países devas-
tados pela Segunda Guerra Mundial. O nome
0.2 40
20 24 26 28 30 35

oficial da instituição criada em Bretton Woods 0


1988 1993 1998 2003 2008 2013
30

era Banco Internacional para Reconstrução e Desigualdade dentro do país Índice Gini
Desenvolvimento (Bird). A instituição, que se Desigualdade entre os países
capitalizou a partir da venda de títulos ao mer- Disponível em: https://openknowledge.worldbank.org/handle/10986/25078. Acesso em: 24/10/2017.

cado garantidos pelos países-membros, mudou Antes da Revolução Industrial, as diferenças de renda entre os
gradualmente seu foco para os países em desen- países eram pequenas. Internamente, as nações apresentavam uma
concentração de renda e riqueza desequilibradas, pois uma pequena
volvimento, muitos dos quais se tornaram na- porção da sociedade dominava uma grande parte da população.
ções independentes no pós-guerra.

Reprodução
A estrutura da organização tornou-se
mais complexa e deu origem a outras insti-
tuições — que hoje formam o grupo Banco
Mundial — criadas para suprir demandas a
que o Bird não podia atender. Em 1956, sur-
giu a Corporação Financeira Internacional
(CFI), com o objetivo de promover a expan- Muitas terras produtivas da Inglaterra
eram de propriedade de uma elite que di-
são do investimento privado nos países em de- ficultava o seu uso correto e, consequentemen-
te, a sua produtividade.
senvolvimento. Seguiu-se, em 1960, a criação Com a Revolução Industrial, alargou-se o fosso entre os países,
da Associação Internacional de Desenvolvi- bem como no interior de cada um destes. Com a industrialização e
mento (AID), que tornou possível a conces- o desenvolvimento tecnológico vivenciado pelos países da Europa
Ocidental e, posteriormente, pelos Estados Unidos, Japão, Canadá,
são de empréstimos aos países mais pobres Austrália e Nova Zelândia, criou-se uma elite enriquecida que se
que não preenchiam as condições para aceder distanciou economicamente das outras nações.
Da mesma forma, as disparidades internas se ampliaram,
aos empréstimos concedidos pelo Bird. Entre
pois, com a industrialização, aconteceu um intenso processo de
os países em desenvolvimento, o Brasil tem urbanização. Assim, os migrantes que vieram do campo passaram
sido um dos maiores doadores da AID. a ser absorvidos como mão de obra industrial, e, portanto, seus
ganhos se tornaram maiores do que os daqueles que trabalhavam
O Centro Internacional para Arbitragem na zona rural.
de Disputas sobre Investimentos (Ciadi) e a
Agência Multilateral de Garantia de Investi- 54 Capítulo 2 – A distribuição da riqueza no mundo
mentos (AMGI) foram criadas respectiva-
mente em 1966 e 1988, dentro da perspecti-
va de alavancar o investimento estrangeiro nos CG_8ºano_02.indd 54 26/04/2018 17:35:50

países em desenvolvimento. A estrutura organizacional do Banco Os países com maior poder de voto são, no
O Banco Mundial tornou-se uma referên- Mundial assemelha-se à do FMI, com uma momento, os Estados Unidos (com poder de
cia importante por suas análises e seus experi- Assembleia de Governadores, onde o poder veto), o Japão, a China, a Alemanha, o Reino Uni-
mentos relacionados ao processo de desenvol- de voto é distribuído de acordo com a par- do, a França e a Índia. Brasil, Coreia do Sul, Espa-
vimento. A instituição já foi alvo de críticas, ticipação de cada país como garantia do ca- nha, Índia, México e Turquia, dentre outros, obti-
por financiar projetos que provocaram desas- pital do Banco em caso de inadimplência, veram ganhos significativos. As diretrizes políticas
tres ambientais ou desconsideraram impactos (algo que nunca ocorreu), e um Conselho do Banco Mundial são discutidas e aprovadas em
sociais. O Banco Mundial, entretanto, sofisti- de 25 diretores, eleito a cada dois anos pe- reuniões bianuais (abril e outubro).
cou seus procedimentos para elaboração, análi- los 188 diretores. A diretoria integrada pelo
se e seguimento dos projetos que financia. Para Brasil também representa os seguintes paí- Disponível em: http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/
os países em desenvolvimento, os planos de as- ses: Colômbia, Equador, Filipinas, Guiana, politica-externa/diplomacia-economica-comercial-
sistência do Banco são baseados em estratégias Haiti, República Dominicana, Suriname e e-financeira/120-banco-mundial. Acessado em:
de redução da pobreza. Trinidad e Tobago. 23/02/2018. Adaptado.

C
54

ME_CG_8ºano_02.indd 54 16/05/2018 12:14:39


No topo da nova pirâmide social, constavam os donos das gran-
des indústrias e empresários, que investiram no desenvolvimento de
novos serviços, como indústrias e tecnologias, e passaram a colher
elevados lucros, aumentando de forma exponencial suas fortunas.

A grande compressão
O crescimento econômico acarretou uma ampliação da quanti-
dade de mão de obra industrial. Esses trabalhadores — que sofriam
com baixo poder aquisitivo, falta de seguridade social, medo do
desemprego e outros problemas — começaram a se organizar na
forma de sindicatos e partidos, os quais pressionavam o Estado por
uma redistribuição da renda.
A pressão dos trabalhadores organizados e o medo da explosão
socialista fizeram com que governos de diversos países desenvolvi-
dos criassem programas de desconcentração da riqueza e redução
das disparidades sociais.

Marzolino/Shutterstock.com

No século XIX, ainda não havia direitos


trabalhistas, e muitos operários trabalha-
vam cerca de 12 horas diárias. As mulheres e
crianças recebiam um salário ainda menor.

Na Europa, criou-se o Estado de bem-estar social. Nesse siste-


ma de governo, há uma redistribuição de renda estatal: a taxação de
impostos é elevada principalmente para os mais ricos, e os trabalha-
dores gozam de benefícios sociais, como bons salários, serviços pú-
blicos (educação, saúde, etc.) de qualidade e aposentadoria garantida.
Os Estados Unidos, considerados “berço das liberdades indi-
viduais”, sempre estimularam a igualdade de oportunidades como
5:50
forma de reduzir as disparidades sociais internas. A partir do início
do século XX, investiram em educação de massa. O estímulo à edu-
cação pública implementou a mobilidade social a partir da melhor
qualificação e inclusão profissional, fato que conseguiu, em meados
do século XX, reduzir as disparidades internas.
Como resultado dessas políticas, já se vivenciava, no início da
década de 1970, uma redução das diferenças sociais entre ricos e
pobres nos países desenvolvidos, embora muito menores do que no
início do século XX.

Capítulo 2 – A distribuição da riqueza no mundo 55

CG_8ºano_02.indd 55 26/04/2018 17:35:51


55

ME_CG_8ºano_02.indd 55 16/05/2018 12:14:39


Anotações
Geografia em cena Inversão das tendências
O Brics, formado por Na década de 1980, um grande grupo de nações subdesen-
Brasil, Rússia, Índia, Chi- volvidas deu início à implementação de um conjunto de reformas
na e África do Sul, é um econômicas que provocou uma feroz aceleração do crescimento das
grupo econômico de coo- suas economias.
peração que reúne países Denominados de emergentes, Brasil, Rússia, Índia, China,
com economia emergente África do Sul e outros países passaram a apresentar um crescimento
e em estágio similar. A sigla econômico mais acelerado que o dos países desenvolvidos, provo-
foi criada pelo economista cando uma redução das desigualdades entre os países.
Jim O’Neill em um estu-
do sobre economias com
crescimento promissor e
poucos riscos. Inicialmen-
te, Jim O’Neill agrupou
apenas Brasil, Rússia, Índia
e China, formando o Bric.
Em 2011, já saído do papel,

GrAl/Shutterstock.com
o grupo admite a África
do Sul, tornando-se Brics
(South Africa, em inglês,
portanto o S da sigla).

Leitura
complementar
O crescimento dos Brics
Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul formam o Brics, grupo de países considerados as po-
tências emergentes no cenário econômico mundial do século XXI.

O processo de desenvolvimento econô- Contudo, mesmo com a aproximação econômica de alguns


mico do Brics é crescente e já vem influencian- países subdesenvolvidos, as diferenças sociais ampliaram-se no in-
terior de alguns destes.
do algumas decisões mundiais como na reu- Entre os fatores que provocaram essa nova ordem estão: a glo-
nião da Organização Mundial do Comércio balização econômica; a liberdade de circulação de mercadorias, ser-
(OMC), em 2005. Nessa ocasião, os países em viços e capital; e a revolução tecnocientífica e informacional.
O crescimento da economia dos países emergentes passou a
desenvolvimento, liderados por Brasil e Índia, gerar uma grande quantidade de empregos, elevando o consumo
juntaram-se aos países subdesenvolvidos para interno e, consequentemente, ampliando os lucros da elite empre-
sarial. Esse fato mascara uma dupla realidade: se, por um lado, ex-
impor a retirada dos subsídios governamen-
cluídos sociais passaram a ser incorporados à economia, por outro
tais pela União Europeia e pelos Estados Uni- o fosso social foi ampliado pelos lucros gerados por eles e aboca-
dos e a redução das tarifas de importação. nhados pelos mais ricos.
Da mesma forma, as novas tecnologias estimularam a procu-
Além disso, muito mais que possibilida- ra por mão de obra mais escolarizada e qualificada, o que acarre-
des de crescimento, o Brics é visto como um
grupo com potencial para “mudar o mundo”, 56 Capítulo 2 – A distribuição da riqueza no mundo
seja pelas ameaças ou oportunidades que re-
presentam do ponto de vista econômico, so-
cial e político. CG_8ºano_02.indd 56 26/04/2018 17:35:51

Muitas agências e analistas internacionais Segundo a análise da Goldman Sachs, Goldman Sachs diz que o Brics não se or-
já estão de olho no Brics, e começam a suge- uma vez que estão em rápido desenvolvi- ganiza em um bloco econômico ou uma as-
rir que os investidores prestem mais atenção mento, supõem-se que, em 2050, o conjun- sociação de comércio formal, como aconte-
às oportunidades apresentadas por estes paí- to das economias do Brics possa fazer som- ce na União Europeia. Mas ele aponta fortes
ses. Investimentos nas áreas produtivas e nas bra ao conjunto das economias dos países indícios de que “os quatro países do Bric têm
perspectivas atuais e futuras de seus mercados mais ricos do mundo atual. Afinal, os qua- procurado formar um ‘clube político’ ou uma
consumidores. Pois, em termos demográficos, tro países juntos representam, atualmente, ‘aliança’, e assim estão convertendo ‘seu cres-
temos os dois países mais populosos do Plane- mais de um quarto da área terrestre do Pla- cente poder econômico em uma maior in-
ta e os outros dois de populações considerá- neta, sendo 17 milhões de km2 da Rússia, fluência geopolítica”.
veis. A China representa, sozinha, mais de um 3,2 milhões de km2 da Índia, passando pe-
quinto da população mundial, seguida de per- los 9,3 milhões de km2 da China e pelos 8,5 Disponível em: http://www.geografia.seed.pr.gov.br/
to pela Índia (17,5%) e, bem mais longe, pelo milhões de km² do Brasil; além de 40% da modules/conteudo/conteudo.php? conteudo=173.
Brasil (2,9%) e pela Rússia (2,2%). população mundial. Acessado em: 23/02/2018. Adaptado.

C
56

ME_CG_8ºano_02.indd 56 16/05/2018 12:14:40


tou elevação no rendimento dos trabalhadores das classes sociais
mais abastadas.

http://servicos2.sjc.sp.gov.br
O Parque tecnológico de São José dos
Campos, no Estado de São Paulo, tem
como objetivo o desenvolvimento de Tecnolo-
gia e inovação.

Esse processo também atingiu, em cheio, os países desenvolvi-


dos, onde os trabalhadores menos escolarizados passaram a perder
a competição por melhores empregos, o que vem acarretando uma
ampliação das disparidades sociais nesses países.
Portanto, já não se pode utilizar a classificação das décadas de
1970, 1980 e 1990. Naquele período, uma pessoa era considerada po-
bre quando não possuía bens como televisão, rádio, geladeira e fogão.
No mundo globalizado, a maior parte das pessoas possui tudo isso.
Segundo o Banco Mundial, ser pobre é viver com menos de 2
dólares por dia, e estar na pobreza extrema significa sobreviver com
menos de um dólar por dia. Para ser considerada pobre, a pessoa
deve estar desempregada, sem qualquer renda, ou empregada em
condições ultrajantes, situação em que os rendimentos e os recur-
sos disponíveis são de tal forma inadequados que não permitem
que a pessoa tenha um padrão de vida considerado aceitável pela
sociedade em que vive.
hikrcn/Shutterstock.com

5:51

A situação de pobreza no continente


africano. Acampamento de refugiados
vivendo em circunstâncias difíceis. Dadaab,
Quênia.

Capítulo 2 – A distribuição da riqueza no mundo 57

CG_8ºano_02.indd 57 26/04/2018 17:35:51


57

ME_CG_8ºano_02.indd 57 16/05/2018 12:14:40


Educação e programas
de inclusão social
Em 2008, teve início uma grave crise econômica no mundo
globalizado. Ela revelou que apenas investimentos na economia
não manteriam o planeta estável e inclusivo.
Na Europa, os governos adotaram políticas duras, como demis-
sões em massa, reduções salariais e transferência de investimento das
áreas sociais para setores econômicos. Nos Estados Unidos, a rede de
proteção social formada por seguro-desemprego e sistema de aposen-
tadoria salvou muita gente da pobreza. Por causa dessas duas áreas ri-
cas, houve redução dos investimentos em educação, o que aumentou
a crise vivida pelos mais pobres e até mesmo pela classe média.

Desemprego jovem na Europa em 2011

N
Taxa de desemprego entre os jovens de 15 a 24 anos
0 198 km 396 km L
O

Suécia S
Sem dados Finlândia

5,1 – 10% 19,9%


10,1 – 20%
22,9%
14,7%
20,1 – 30%
29% Reino Dinamarca
Unido 8,6%
> 30%
Irlanda Países
27,7%
Baixos 7,8%
21,3% Zona do Euro Alemanha Polônia
20,7% Bélgica 19,5% Eslováquia
15,2% Luxemburgo
Rep. Tcheca
Áustria 26,7%
França Hungria
22,1% União Europeia
23,8% Eslovênia 35,6%
Espanha 31% Bulgária 26,8%
Portugal Mônaco Itália
A Espanha tem a maior 30,08% 48,7% 8,2%
taxa de desemprego jovem Chipre
da União Europeia
15,2% 25,8%
Fonte: Elaborado pelo autor.

Em um momento histórico em que o avanço da ciência e o


desenvolvimento de novas tecnologias exigem mão de obra com
elevado grau de qualificação, o mundo rico, por questões diversas,
passou a investir menos nos seus sistemas educacionais públicos.
As taxas de formação educacional estão em queda nos Estados
Unidos desde a década de 1970. Na Europa, o fenômeno é recente
e decorre dos custos de formação e da redução da renda.
Dessa forma, surgiram, nos países desenvolvidos, multidões de
desempregados funcionais e moradores de rua.

58 Capítulo 2 – A distribuição da riqueza no mundo

CG_8ºano_02.indd 58 26/04/2018 17:35:51 C


58

ME_CG_8ºano_02.indd 58 16/05/2018 12:14:41


Seguindo outro caminho,

CarGe/Shutterstock.com
algumas nações emergentes pas-
saram a promover elevação de
salários, políticas de transferência
de renda, aposentadorias mais
generosas, gastos adicionais com
a população mais pobre, progra-
mas de inclusão social e, princi-
palmente, investimentos em edu- Morador de rua em São Francisco, Estados Unidos. Ele empurra sua “propriedade” em um car-
cação básica. rinho de compras.

Mudanças estruturais

A evolução da escolaridade no mercado de trabalho


Alta contínua
Fatia de trabalhadores, do setor privado, com 11 anos ou mais de estudo*(em %)

60
55 54,0
51,3 51,8
50,1
50 47,9
44,7 46,1
45 42,3
40
35
30
Dez./2002 Dez./2004 Dez./2005 Dez./2006 Dez./2007 Dez./2008 Dez./2009 Dez./2010

Queda generalizada
Taxa de desemprego por nível de escolaridade (em %)

De 8 a 10 anos 11 anos ou mais Sem instrução e menos de 8 anos


18

16
15,33
17,05 13,11
14
11,79 11,97 9,07
12
10,66
8,96
10

8 6,52
11,00 7,57
9,65
6
8,67

4
6,77 5,54
Mar. Abr. Maio Jan. Dez.
2003 2004 2006 2009 2010

Capítulo 2 – A distribuição da riqueza no mundo 59

:51 CG_8ºano_02.indd 59 26/04/2018 17:35:51


59

ME_CG_8ºano_02.indd 59 16/05/2018 12:14:41


Diálogo com o
professor Invertendo uma lógica secular, os governos dos países pobres/
emergentes, que favoreciam o Ensino Superior — fato que benefi-
ciava a elite que frequentava as escolas privadas de Ensino Básico
Professor, utilize o Ensaio geográfi- — destinaram consideráveis investimentos à educação pública de
Ensino Fundamental e Médio, o que acarretou a expansão e melho-
co para, junto com os alunos, rever o assun- ria da educação para as pessoas com menor poder aquisitivo.
to trabalhado durante o capítulo e, caso haja Essas políticas ampliaram o quantitativo de trabalhadores es-
dúvidas, há a possibilidade de saná-las. Revi- colarizados e qualificados e provocaram, nessa primeira década do
século XXI, uma redução da pobreza e das disparidades sociais em
se com os alunos sempre tomando uma po- algumas dessas nações.
sição crítica e reflexiva, contextualizando-os

Depositphotos_mantinov
no mundo que os cerca.

Anotações O investimento na educação foi uma


alternativa encontrada pelo Japão para
compensar a deficiência em recursos naturais.
Como resultado, a taxa de analfabetismo é pra-
ticamente inexistente.

Aprenda com arte

O grande ditador
Direção: Charles Chaplin.
Ano: 1940.

Sinopse: Adenoid Hynkel assume o governo de Tomainia. Ele acredita em uma nação puramente
ariana e passa a discriminar os judeus locais. Essa situação é desconhecida por um barbeiro judeu,
que está hospitalizado devido à participação em uma batalha na Primeira Guerra Mundial. Ele recebe
alta, mesmo sofrendo de amnésia. Por ser judeu, passa a ser perseguido e precisa viver no gueto. Lá
conhece a lavadora Hannah, por quem se apaixona. A vida dos judeus é monitorada pela guarda de
Hynkel, que tem planos de dominar o mundo. Seu próximo passo é invadir Osterlich, um país vizi-
nho e, para tanto, negocia um acordo com Benzino Napaloni, ditador da Bactéria.

Trabalho interno
Direção: Charles H. Ferguson.
Ano: 2010.

Sinopse: Documentário acerca da crise financeira global de 2007–2012. Em cinco partes, o filme ex-
plora como as mudanças no ambiente político e as práticas bancárias ajudaram a criar a crise financeira.

60 Capítulo 2 – A distribuição da riqueza no mundo

CG_8ºano_02.indd 60 26/04/2018 17:35:52

C
60

ME_CG_8ºano_02.indd 60 16/05/2018 12:14:42


Pequeno dicionário geográfico e cultural
Baixo poder aquisitivo: Pequeno poder de Seguridade social: Conjunto de políticas
compra. sociais para amparar e assistir o cidadão e sua
Desempregados funcionais: Que perderam família em situações de desemprego, doença
emprego por causa das inovações tecnológicas. ou velhice.
Manufaturados: Produtos produzidos por uma Superávits: Saldos positivos da balança co-
fábrica. mercial (lucros).

Ensaio geográfico
1 (UERJ) O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é adotado pela Organização das Nações
Unidas (ONU) para a classificação de países de acordo com indicadores sociais e econômicos.

Evolução do IDH
0,9
Chile
Argentina
0,85 México
Venezuela
0,8 Brasil

0,75 Paraguai

0,7

0,65

0,6
1980 1987 1994 2001

Aponte dois indicadores demográficos que compõem o IDH. Em seguida, a partir da análise do gráfi-
co, justifique a variação desse índice no Brasil nas últimas décadas.
Dois dos indicadores:

- PIB per capita


5:52

- taxa de escolaridade

A elevação do IDH brasileiro foi determinada pelo aumento do grau de instrução e pela elevação da

expectativa de vida da população.

Capítulo 2 – A distribuição da riqueza no mundo 61

CG_8ºano_02.indd 61 26/04/2018 17:35:52


61

ME_CG_8ºano_02.indd 61 16/05/2018 12:14:42


2 Há algum tempo, dizia-se que o nosso país era pobre. Passados alguns anos, a nomeação foi substi-
tuída por país subdesenvolvido. Posteriormente, foi utilizada a classificação Terceiro Mundo, ou país
em desenvolvimento. Hoje, o nosso país é considerado um país emergente.
Sobre esse tema, responda:

a. O que caracteriza um país pobre?


Dependência econômica, política e tecnológica em relação às nações desenvolvidas;

Deficiência tecnológica e baixo nível de conhecimento científico;

Baixo nível de IDH da maioria da população;

Crescimento populacional elevado.

b. Que aspectos classificam o Brasil como um país em desenvolvimento?


O crescimento e estabilização da economia, como também avanços e melhor posicionamento no IDH.

c. Quais classificações, cunhadas por Alfred Sauvy, não devem mais ser utilizadas? Justifique sua resposta.
A classificação estruturada em Primeiro, Segundo e Terceiro Mundo não existe mais, em decorrência

da falência do modelo socialista representado pelo Segundo Mundo.

3 (UFPE) Verifique os dados apresentados a seguir.

Crescimento
Expectativa de
País demográico IDH Analfabetismo
vida M/F*
(% anual)

1 2,4 0,519 25 49/54

2 2,4 0,219 80,8 45/47

3 3 0,252 64,5 48/51

4 2,2 0,295 45,1 42/45

5 0,6 0,960 0 76/82

*M/F (Masculino/Feminino)

62 Capítulo 2 – A distribuição da riqueza no mundo

CG_8ºano_02.indd 62 26/04/2018 17:35:52 C


62

ME_CG_8ºano_02.indd 62 16/05/2018 12:14:42


Tomando-se por base esses indicadores sociais e econômicos, é correto afirmar que:
a. desses países, apenas dois têm economia desenvolvida.
b. os países 1 e 5 devem estar situados na Europa Ocidental.
c. o país 4 encontra-se numa fase de recessão.
d. os países 2 e 3 devem possuir um sistema econômico socialista.
e. X o país 5 é o único que possui uma economia desenvolvida.

4 Coloque V para as proposições verdadeiras e F para as proposições falsas.


a. F Péssima qualidade de vida, baixo nível de desenvolvimento tecnológico e elevada dívida externa
são as principais características dos países desenvolvidos.
b. V A expressão Terceiro Mundo foi criada na década de 1950 pelo francês Alfred Sauvy para indi-
car todos os países capitalistas subdesenvolvidos existentes no Planeta.
c. V Os piores IDHs do Planeta pertencem aos países considerados subdesenvolvidos, principal-
mente os africanos, onde a fome e a mortalidade são extremamente elevadas.
d. V O mundo durante a Guerra Fria foi dividido em Primeiro Mundo, composto pelos países ca-
pitalistas ricos; Segundo Mundo, constituído pelos países socialistas; e Terceiro Mundo, que
englobava todos os países subdesenvolvidos.

5 Observe a imagem e responda: a qual problemática ela está relacionada?

saiko3p/Shutterstock.com

Desigualdade social/Concentração de renda.

Capítulo 2 – A distribuição da riqueza no mundo 63

:52 CG_8ºano_02.indd 63 26/04/2018 17:35:52


63

ME_CG_8ºano_02.indd 63 16/05/2018 12:14:43


Encerramento
1 (ESPM) Observe o mapa:

150o 120
o
90
o
60
o
30
o
0
o
30
o
60
o
90
o
120
o
150
o
180
o

N
Oceano Glacial Ártico
O L
Círculo Polar Ártico
S

Trópico de Câncer
Oceano
Pacífico

Equador
Oceano
Oceano Índico
Atlântico
Trópico de Capricórnio Muito alto

Oceano Alto
Pacífico
Médio
0 1.217 km 2.434 km Baixo

Sem dados
Círculo Polar Antártico
Oceano Glacial Antártico

Ele está representando:


a. a densidade demográfica mundial.
b. o PIB mundial.
c. X o IDH.
d. os países mais populosos.
e. emissão de CO2.

2 (UCPEL) O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) foi criado pelo Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento e é calculado para diversos países desde 1990. O índice varia de 0 a
1, sendo que quanto mais perto de 1, maior é o desenvolvimento humano, ou seja, a qualidade de vida
medida do país ou do local onde é calculado com base em indicadores.

Analise as seguintes afirmativas sobre o IDH.

I. O IDH é calculado em função da média de três componentes: fertilidade, educação e renda do CG

chefe do domicílio.
II. O indicador do nível educacional do IDH é medido por uma combinação da taxa de alfabetização
de pessoas de 15 anos ou mais e da taxa bruta de matrículas em relação à população de 7 a 22 anos
de idade.
III. O indicador de renda do IDH é medido pelo Produto Interno Bruto (PIB) real per capita em dó-
lares, segundo o critério do poder de compra.
IV. O indicador de fertilidade do IDH é medido pelo número médio de filhos por mulher em idade
fértil, ou seja, considerado dos 18 aos 49 anos de idade.

64 Capítulo 2 – A distribuição da riqueza no mundo

CG_8ºano_02.indd 64 26/04/2018 17:35:53


64

ME_CG_8ºano_02.indd 64 16/05/2018 12:14:43


Diálogo com o
V. O indicador de longevidade do IDH é medido pela esperança de vida ao nascer. professor
Marque a opção correta.
a. I e IV estão corretas. Professor, reflita com seus alunos sobre
b. X II, III e V estão corretas. a classificação dos dois primeiros países da
c. III e IV estão corretas.
tabela da questão 3. Leve eles a compreen-
d. II , IV e V estão corretas.
são de que o PIB e o IDH estão relacionados
aos investimentos que esses países fizeram na
e. I, III e IV estão corretas.
educação.
3 (Fatec) Analise a tabela a seguir:

1º Noruega 0,949 81,7 17,7 67,614 Anotações


10º EUA 0,920 79,2 16,5 53,245

45º Argentina 0,827 76,5 17,3 20,945

68º Cuba 0,775 79,6 13,9 7.455

79º Brasil 0,754 74,7 15,2 14,145

154º Zimbábue 0,516 59,2 10,3 1,588

174º Etiópia 0,448 64,6 8,4 1,523

Disponível em: http://hdr.undp.org/en/composite/HDI. Acessado em: 29/03/2018. Adaptado.

Pode-se concluir corretamente que:


a. a Etiópia, por contar com qualidade nos serviços de saúde e de saneamento ambiental, ampliou
a expectativa de vida de seus habitantes.
b. o Zimbábue apresenta a média de anos de escolaridade igual à do Brasil e tem o Rendimento
Nacional Bruto superior ao da Etiópia.
c. Cuba, apesar de ter o rendimento nacional bruto elevado, não investe no setor educacional e na
saúde de sua população.
d. a Argentina, por estar em crise econômica, apresenta os índices de renda, educação e saúde infe-
riores aos do Brasil.
e. X a Noruega tem a maior classificação no IDH por, entre outros fatores, garantir vários anos de
escolaridade para seus habitantes.

Capítulo 2 – A distribuição da riqueza no mundo 65

CG_8ºano_02.indd 65 26/04/2018 17:35:53

:53
65

ME_CG_8ºano_02.indd 65 16/05/2018 12:14:44


4 (UFPA)

Meu guri Brasil


Quando, seu moço, nasceu meu rebento Pede paz, saúde
Não era o momento dele rebentar Trabalho e dinheiro
Já foi nascendo com cara de fome Pede pelas crianças do país inteiro
E eu não tinha nem nome pra lhe dar Lararará!
Chico Buarque de Holanda. Seu Jorge, Gabriel Moura, Jovi Joviniano.

Sobre a leitura dos textos, podemos afirmar que:


a. o clima seco da Região Norte é o principal responsável pelas mazelas sociais que estão presentes
no Brasil.
b. a falta de oportunidades no setor agrícola brasileiro promove consideráveis problemas socioe-
conômicos, políticos e culturais.
c. paz, saúde, trabalho e dinheiro representam os setores da sociedade brasileira que estão sendo
trabalhados pelo governo.
d. as crianças de todo Brasil estão amparadas pelas famílias, por isso não precisam de políticas
públicas.
e. X o governo brasileiro é omisso em determinadas situações, pois há grandes desigualdades e pro-
blemas sociais.

5 (Uece) O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é um dado utilizado pela Organização das
Nações Unidas (ONU) para analisar a qualidade de vida de uma determinada população. Em 2009, o
Brasil apresentou IDH de 0,813, valor considerado alto. Para definição desse índice são utilizadas três
variáveis básicas que fazem parte do nosso dia a dia.

Para responder, considere os itens:


I. Expectativa de vida.
II. Renda per capita.
III. Taxa de exportação.
IV. Taxa de importação.
V. Educação.
As três variáveis básicas que compõem o IDH são:
a. I, III e V.
b. I, II e IV.
c. X I, II e V.
d. II, III e V.

66 Capítulo 2 – A distribuição da riqueza no mundo

CG_8ºano_02.indd 66 26/04/2018 17:35:53 C


66

ME_CG_8ºano_02.indd 66 16/05/2018 12:14:45


6 (PUC–Camp) Observe a imagem e as afirmações abaixo.

I. Atualmente, os habitantes dos países situados no Hemisfério


Norte têm condições de existência muito superiores às daqueles
que vivem no Hemisfério Sul.
II. A revolução técnico-científico-informacional realizada nos paí-
ses ricos aprofundou o abismo socioeconômico existente entre o
Norte desenvolvido e o Sul subdesenvolvido.
III. A pobreza e a desigualdade social têm origem no sistema capita-
lista, que possibilita a alguns concentrar riqueza.
IV. As pressões exercidas pelas populações do Sul permitirão que,
já na próxima década, ocorra um equilíbrio entre o consumo de
bens pelos habitantes do Norte e do Sul.

A imagem e seus conhecimentos sobre a economia mundial permitem concluir que estão corretas
somente:
a. X I e II.
b. I e III.
c. I e IV.
d. II e III.
e. III e IV.

7 (PUC – RJ)

Observando a charge, a interpretação geopolítica correta se


refere à(ao):
a. X conflito Norte-Sul.
b. poderio da China.
c. Guerra Fria.
d. Nova Ordem Mundial.
e. crise ambiental amazônica.

Capítulo 2 – A distribuição da riqueza no mundo 67

:53 CG_8ºano_02.indd 67 26/04/2018 17:35:53


67

ME_CG_8ºano_02.indd 67 16/05/2018 12:14:45


8 (IFBA)

Aonde os emergentes querem chegar?


“[...] Dois eventos centrais para os países emergentes serão realizados em Brasília em abril: a Cú-
pula Índia, Brasil e África do Sul e a Cúpula Brasil, Rússia, Índia e China. [...] Esperamos que estes
encontros tenham grande ressonância para o futuro da cooperação Sul-Sul, assim como o novo papel
dos países emergentes na política global.”
ROY, Tathin. Aonde os emergentes querem chegar? Folha de São Paulo. São Paulo, 11 de abril de 2010. Opinião. p. A3.

Este novo papel que os países emergentes citados no texto representam na política global refere-se:
a. ao seu extensivo combate à fome, pobreza e exploração do trabalho infantil, por meio de ações
e programas governamentais.
b. à posição de membros efetivos no Conselho de Segurança da ONU, inclusive liderando mis-
sões, como foi o caso do Brasil, no Haiti.
c. à sua recente equiparação, em termos bélicos, a países como Estados Unidos e Japão, o que os
eleva ao patamar de potências militares.
d. X ao aumento da sua influência e poder na governança econômica global, devido aos bons índices
de crescimento de suas economias.
e. ao protagonismo nas questões ambientais e de desenvolvimento sustentável, visto que diminuí-
ram significativamente suas emissões de gases estufa.

9 Com o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), vários povos tomaram consciência do
grande desnível econômico, social, político, científico e tecnológico existente entre os países do
mundo. Um grupo era formado por países ou nações fortes, outro grupo era formado por nações
fracas economicamente. Para diferenciar esses dois conjuntos de países, o francês Alfred Sauvy criou
a divisão em:
a. X países desenvolvidos e países subdesenvolvidos.
b. países do Primeiro, Segundo e Terceiro Mundo.
c. países do centro e países periféricos.
d. países do Norte e países do Sul.

10 Entre as alternativas abaixo, assinale aquela que apresenta apenas nações com as melhores médias
de Índice de Desenvolvimento Humano.
a. Estados Unidos, França e Bulgária.
b. Brasil, Austrália e Japão.
c. Níger, Finlândia e África do Sul.
d. X Noruega, Austrália e Islândia.
e. Japão, Sudão e Suíça.

68 Capítulo 2 – A distribuição da riqueza no mundo

CG_8ºano_02.indd 68 26/04/2018 17:35:54


68

ME_CG_8ºano_02.indd 68 16/05/2018 12:14:45


BNCC
Habilidades trabalhadas
no capítulo

Capítulo 3 (EF08GE07) Analisar os impactos geoeco-


nômicos, geoestratégicos e geopolíticos da
Os sistemas ascensão dos Estados Unidos da América no
cenário internacional em sua posição de lide-
socioeconômicos Os sistemas econômicos capitalista e socialis-
rança global.
ta são opostos no modo de produzir riqueza
desde o século XX.
(EF08GE20) Analisar características de paí-
ses e grupos de países da América e da Áfri-
ca no que se refere aos aspectos populacionais,
urbanos, políticos e econômicos, e discutir as
desigualdades sociais.

Objetivos
pedagógicos

• Apresentar e discutir a origem e a evolução


do sistema capitalista.
• Estudar e compreender as fases do capita-
lismo (comercial, industrial e financeiro), bem
como as principais características do sistema
capitalista.
• Explicar o conceito de liberalismo econômi-
co e sua aplicação.
• Estudar o sistema socialista, seu surgimento
e suas características.
• Entender o surgimento do capitalismo fle-
Neste capítulo, estudaremos
xível e a fase do capitalismo financeiro ou da
a construção de dois regimes globalização.
políticos e econômicos que, durante
boa parte do século XX, disputaram a • Discutir a adoção do sistema socialista por
construção do espaço mundial de acordo inúmeras nações e o surgimento da União So-
com os seus interesses e objetivos,
além das consequências positivas e viética, maior potência socialista do século
negativas dessa disputa no cenário
internacional. XX.
pcruciatti/Shuttersto
ck.com
• Diferenciar o socialismo marxista do socia-
Capítulo 3 – Os sistemas socioeconômicos 69 lismo real.
• Conhecer as diferenças entre o capitalismo
e o socialismo.
CG_8ºano_03.indd 69 26/04/2018 17:39:13 • Localizar, em mapa, os países integrantes
do bloco socialista.
Anotações • Discutir as causas do declínio socialista e do
fim da Guerra Fria.
• Compreender como o socialismo entrou
em crise e os impactos territoriais (fragmenta-
ção ou reunificação) em diferentes países.
• Compreender o surgimento de uma nova
ordem mundial, sob o caráter multipolar e o
caráter unipolar.

69

ME_CG_8ºano_03.indd 69 16/05/2018 12:15:37


Diálogo com o
professor Cenário 1

Professor, antes de apresentar o tema O mundo dividido


do capitalismo, recapitule brevemente o que
foi o sistema feudal, apontando algumas das Organização
causas de sua decadência motivada por trans-
A organização do espaço mundial nem sempre foi a mesma. Ao
formações ocorridas na Europa, como: o Re- longo da história, as sociedades, mais poderosas, o construíram e o
nascimento Comercial, impulsionado prin- desconstruíram, de acordo com os seus interesses. Muitos impérios
cipalmente pelas cruzadas; o aumento da ampliaram os seus domínios, como o macedônico, de Alexandre, o
Grande; o romano, com os Césares; e o mongol, com Gengis Khan.
circulação das moedas nas cidades, que de- Mas nenhuma sociedade teve tanto sucesso em tal tarefa quanto os eu-
sarticulou o sistema de trocas de mercado- ropeus, a partir dos séculos XV e XVI, com as Grandes Navegações.
rias; o aumento dos impostos, que levou os Os processos expansionistas de nações imperiais ocorreram em
diferentes períodos da história da humanidade e tiveram, em co-
reis a contratarem exércitos profissionais, mum, os objetivos de obter riquezas, escravos, novas rotas comer-
acabando com o sistema de vassalagem, típi- ciais, e realizar cobranças de impostos.
co do feudalismo; o surgimento da burgue- Geografia em cena
sia, nova classe social que dominava o comér- Oceano Glacial Ártico
Gengis Khan foi um im-
cio e possuía alto poder econômico. perador mongol que, no século N

XIII, fundou, em cerca de 75 L


Círculo Polar Ártico
O

anos (período muito curto), o Ásia S

maior império Europa


da história em 0 780 km 1.560 km

extensão contínua de terra.


Anotações Estendendo-se pela Ásia Cen-
tral, a unificação desse fabuloso Oceano
Trópico de Câncer
império, entretanto, nunca foi Pacífico
garantida, justamente pela sua
diversidade de povos. Antes de
Oceano sua morte, Gengis Khan já havia
África Equador

Pacífico Oceano
dividido seu território entre seus
filhos, que deram
Atlântico continuidade Oceano Oceania
Trópico de Capricórnio às conquistas. No século XIV, Índico
porém, o império mongol co-
meça a declinar até perder total-
mente seu espaço. O mapa representa a extensão do império de Gengis Khan no século XI.

O fenômeno ultramarino colocou em prática um novo mo-


delo econômico,
Oceano trazendo transformações significativas na vida
Glacial Antártico
das pessoas. O controle de novas rotas marítimas fez com que paí-
Antártida
Círculo Polar Antártico

ses europeus explorassem novas terras, intensificando mais ainda


as negociações e consolidando o novo sistema. Veremos a seguir,
como foi desenvolvido o sistema capitalista.

70 Capítulo 3 – Os sistemas socioeconômicos

CG_8ºano_03.indd 70 26/04/2018 17:39:13

C
70

ME_CG_8ºano_03.indd 70 16/05/2018 12:15:38


Cenário 2

A constante
reinvenção do
sistema capitalista
Desenvolvimento do Geografia em cena

capitalismo O Feudalismo foi o


sistema político-econômico
O sistema capitalista é o regime político e econômico em que os e social, colocado em prática
meios e instrumentos de produção são propriedades privadas, esti- na Europa durante boa parte
mula-se a liberdade de iniciativa e o lucro como o principal objetivo. da Idade Média. Nesse siste-
Esse regime foi construído a partir da ruína do antigo regime ma não havia moeda e, a ri-
feudal europeu e, de forma continuada, ampliou a sua área de in- queza era medida pela quan-
fluência e dominação entre os séculos XIV e XVIII, até que, a partir tidade de terras de homens
do século XIX, tornou-se o modo de produção hegemônico, pri- ricos chamados de senhores
meiro na Europa Ocidental e nos Estados Unidos e, posteriormen- feudais. Na base da pirâmi-
te, de forma direta ou indireta, em praticamente todo o mundo. de havia uma classe sem mo-
O capitalismo é o sistema político-econômico mais duradouro no bilidade social chamada de
mundo, atualmente. A liberdade de iniciativa e investimento, proposta servos.
por ele, gera no inconsciente coletivo a ideia de uma mobilidade so-
cial que pode ser alcançada por todos a partir de esforços pessoais.

9:13

Capítulo 3 – Os sistemas socioeconômicos 71

CG_8ºano_03.indd 71 26/04/2018 17:39:16


71

ME_CG_8ºano_03.indd 71 16/05/2018 12:15:38


Diálogo com o
professor Mutações capitalistas
Fale que as relações comerciais entre a co- Entre os séculos XV e XVIII
lônia Brasil e a metrópole Portugal resulta- O mercantilismo promove a exploração de riquezas de forma indiscriminada pelo mundo, em
ram no chamado pacto colonial, no qual as busca do acúmulo de metais preciosos e de expandir o mercado consumidor.

colônias só poderiam manter relações comer-


ciais com sua metrópole, enviando-lhes as ma-
térias-primas e recebendo os produtos manu-
faturados, gerando acúmulo de riquezas nas
Século XVIII e meados do século XIX
metrópoles e tornando-as o centro do sistema
Com a Revolução Industrial, o Estado perde força em nome da livre iniciativa. Entra em vigor
capitalista. Esse pacto colonial marca a pri- o capitalismo liberal.
meira fase capitalista, chamada de comercial.

Sugestão de
abordagem Meados do século XIX e início do século XX
Pequenas empresas são engolidas, e o capital fica centralizado (monopolita). Grandes blocos
econômicos passam a controlar a produção e comercialização dos bens.
Comente que o capitalismo foi sofrendo
mudanças até chegar ao modo como o conhe-
cemos atualmente e que tais mudanças podem
ser entendidas quando estudamos as suas fa-
ses. Construa no quadro uma tabela com três Terceira década do século XX
colunas, preenchendo-as com as característi- O capitalismo enfrenta sua pior crise e, mais uma vez, se reestrutura. Uma maior intervenção do
cas de cada uma das fases capitalistas à medi- Estado na economia é a base do capitalismo keynesiano.

da que forem apresentadas para que, ao final,


possa-se ter um quadro comparativo da evolu-
ção capitalista, assim como no livro.
Final do século XX
O Estado novamente é deposto dos assuntos econômicos, ficando apenas com a função de fis-
calizar trâmites. O capitalismo neoliberal promove a livre circulação de mercadorias, serviços
Anotações e capitais.
A capacidade de reorganização do capitalismo foi exercitada ao longo das suas crises sistêmicas. E foi
assim que, da primeira forma organizada — denominada capitalismo mercantil, período que construiu
o alicerce de acumulação para o futuro —, o sistema capitalista se reconstruiu como liberal, monopolista,
keynesiano e neoliberal.

72 Capítulo 3 – Os sistemas socioeconômicos

CG_8ºano_03.indd 72 26/04/2018 17:39:16

C
72

ME_CG_8ºano_03.indd 72 16/05/2018 12:15:38


Capitalismo comercial
Também denominada mercantilismo, essa fase da história ca-
pitalista se consolidou na Europa Ocidental, entre os séculos XV e
XVIII, a partir das grandes potências (inicialmente, Portugal e Es-
panha, depois Países Baixos, França e Inglaterra), que dominaram
espaços para explorar riquezas, estruturando o sistema colonial que
dividia-se em metrópoles e colônias. Os habitantes dessas terras do-
minadas eram obrigados a direcionar sua economia para a produção
e exportação de produtos primários em direção aos países dominado-
res, que, como retorno, importavam produtos manufaturados. Essa
fase ficou conhecida como as Grandes Navegações, e o objetivo era
o enriquecimento de uma elite privilegiada nos centros de poder das
metrópoles.

Reprodução

As expansões marítimas, a partir do sé-


culo XV, foram decisivas para o processo
de globalização. O aperfeiçoamento da caravela
foi vital para que isso acontecesse. Na imagem,
representação de uma caravela em azulejos, Lis-
boa, Portugal.

Capitalismo industrial
A acumulação de capital gerada pelo mercantilismo favoreceu o
desenvolvimento de uma nova realidade socioeconômica. No início
do século XVII, esse capital acumulado tornou possível o fenômeno
9:16
mais transformador da história da humanidade: a Revolução Indus-
trial. Nesse momento, a técnica, a liberdade de iniciativa e a produti-
vidade sufocaram o mercantilismo. Surgiu, assim, o que conhecemos
como capitalismo liberal, industrial, ou concorrencial.
Suas principais características são a livre-iniciativa, o predomí-
nio da propriedade privada dos meios e instrumentos de produção
(máquinas, fábricas, terra, etc.), a oposição entre capital (burgue-
sia) e trabalho (proletariado), o trabalho assalariado e a divisão da
sociedade em classes.

Capítulo 3 – Os sistemas socioeconômicos 73

CG_8ºano_03.indd 73 26/04/2018 17:39:16


73

ME_CG_8ºano_03.indd 73 16/05/2018 12:15:39


Progressivamente, esse modelo se ampliou por toda a Europa,
onde prevaleceu a competição entre as diversas indústrias. Em se-
guida, chegou a outras partes do mundo.

Geografia em cena Capitalismo financeiro e


Considerado o pai do monopolista
liberalismo econômico, John
Locke foi um filósofo britâ- O desenvolvimento de novas tecnologias a partir do crescente
nico nascido no século XVII processo de industrialização no final do século XIX e, início do sé-
que criticou a teoria do direi- culo XX, e da concorrência entre as empresas gerou um volume de
to divino dos reis, defen- produção de bens maior do que as necessidades do mercado. Essa
dendo que a soberania não nova situação acarretou uma forte queda do preço dos produtos e,
reside no Estado, mas na consequentemente, dos lucros.
população. Nesse período, as nações da Europa Ocidental, que estavam em
plena arrancada comercial, entraram na primeira crise sistêmica causa-
Reprodução

da pelos abalos na Bolsa de Valores de Nova York, em 1929, e come-


çaram a anular a livre concorrência, reavivando suas políticas protecio-
nistas para preservar ou resgatar o crescimento econômico interno.

A crise persistiu ao longo da década de 1930, terminando apenas com a Segunda Guerra Mundial. Everett Historical/Shutterstock.com

Gradualmente, o sistema capitalista foi recriado. Empresas for-


tes, que possuíam grandes reservas de capital ou que se associaram a
grandes bancos, reduziram o preço dos seus produtos (algumas até
trabalharam com vendas a preço de custo), aniquilando as empre-
sas de menor porte.
Com o desaparecimento das pequenas indústrias, o capital fi-
cou centralizado. A livre concorrência, então, passou a ser entre
grandes conglomerados econômicos, que controlavam a maior

74 Capítulo 3 – Os sistemas socioeconômicos

CG_8ºano_03.indd 74 26/04/2018 17:39:16 C


74

ME_CG_8ºano_03.indd 74 16/05/2018 12:15:39


parte da produção e comercialização de um setor. Esses novos sis-
temas empresariais passam a controlar a totalidade de uma cadeia
produtiva, desde a fonte de matéria-prima e energia até o mercado.
Na Europa Ocidental, surgem os cartéis, estruturas que se ca-
racterizam por acordos comerciais entre diversas indústrias de um
mesmo ramo, as quais, mesmo mantendo autonomia nas suas de-
cisões internas, reuniam-se para dividir o mercado, fixar preços e
condições de venda.
Já nos Estados Unidos, observou-se a formação dos trustes,
diversas empresas de um mesmo ramo se fundiam em uma única
estrutura, que passava a controlar a produção e a distribuição das
mercadorias, regulando a oferta de bens e estabelecendo os preços
de acordo com os seus interesses. No Brasil, a fusão, em 2011, das
empresas Sadia e Perdigão, dando origem à Brasil Foods, passou a
ter um forte controle sobre o mercado desse segmento alimentício.
Já em meados do século XX, surgem as holdings, gigantescos
conglomerados empresariais formados a partir da fusão de empre-
sas de setores diferentes.
Esse processo de centralização do capital, em monopólios, só
foi possível graças aos grandes grupos financeiros, ou bancos de in-
vestimentos. Nestes, os banqueiros, ao se associarem aos industriais, Geografia em cena
abasteciam suas empresas do capital necessário para sua expansão e,
posteriormente, dominavam — por meio da compra de ações — os As empresas transna-
conglomerados que estavam sendo construídos. cionais são grandes cor-
Nessa fase do capitalismo, houve o surgimento das primeiras porações de variados seg-
empresas transnacionais. Elas recebiam do governo dos países in- mentos do mercado, que
dustriais inúmeras facilidades para explorar os recursos nas colô- possuem uma sede no país
nias e nas áreas de influência deles. Ampliação da produtividade de origem, e filiais espalha-
acarretou uma busca desenfreada por novos mercados consumido- das pelo mundo inteiro.
res, novas fontes de matéria-prima, energia e mão de obra barata.

A crise de 1929 e o
keynesianismo
A grande explosão de produtividade do início do século XX e
a corrida para conquistas de novas áreas na Ásia e na África gera-
ram dois fatos que marcariam a história da humanidade: a Primeira
Guerra Mundial, entre 1914 e 1918, e a Crise da Bolsa de Valores
de 1929, produzida pelo rastro de insegurança e desequilíbrio do
pós-guerra.
Ao longo da Primeira Guerra Mundial, os Estados Unidos de-
ram um grande salto industrial, principalmente no setor de bens de
consumo. O crescimento promoveu uma febre consumista entre os
norte-americanos, que compravam especialmente a crédito, provo-
cando uma expansão rápida, porém frágil, do mercado interno do

Capítulo 3 – Os sistemas socioeconômicos 75

:16 CG_8ºano_03.indd 75 26/04/2018 17:39:16


75

ME_CG_8ºano_03.indd 75 16/05/2018 12:15:39


Diálogo com o
professor país. Esse cenário desenvolveu uma enganosa onda de bem-estar, e
a população passou a ter como meta prioritária a compra de rádios,
telefones, televisores, geladeiras, torradeiras, aspiradores de pó, au-
Discuta as ideias da burguesia quanto ao tomóveis, etc., dando origem ao comportamento conhecido como
american way of life (“modo de vida americano”).
liberalismo econômico, explicando aos alunos

Evert F. Baumgardner/National Archives and Records Administration


as pretensões dessa classe social ao afastar “a
prejudicial interferência” do Estado das rela-
ções comerciais e que justificativas utilizavam
para isso. Em seguida, aborde a terceira fase
capitalista, chamada de financeira, ou mono-
polista. Esta é marcada pela união entre ban-
cos e indústrias como condutores da econo-
mia mundial contemporânea e levou à crise A televisão na época do american way of
life era, e ainda é, um dos maiores passa-
de 1929 e, posteriormente à de 1970, chegan- tempos dos americanos.

do ao neoliberalismo. Grande parte da produção estadunidense era exportada para a


Europa. Acabado o conflito, as nações europeias, destruídas econo-
micamente, reconstruíram suas cidades e seus parques industriais.
Após a reconstrução, diminuíram de forma acelerada a importação
de produtos agrícolas e industriais dos Estados Unidos.
Leitura A redução das importações fez com que as empresas aumen-
complementar tassem os estoques de mercadorias, que, por excesso, baixaram con-
sideravelmente de preço. Várias dessas empresas possuíam ações na
Bolsa de Valores de Nova York, onde milhares de pessoas haviam
A crise de 1929 investido. Por conta da desvalorização das ações, os investidores
tentaram vendê-las.
A crise de 1929 ocorreu basicamente Em 24 de outubro de 1929, a Bolsa de Nova York quebrou,
por três fatores: o excesso de produção in- deixando um saldo catastrófico. Muita gente perdeu fortunas, em-
presas faliram, e o índice de desemprego chegou a, aproximada-
dustrial e agrícola, pois os baixos salários mente, 30%.
pagos na época impediam a expansão do

Library of Congress
mercado de consumo interno; a recupera-
ção da indústria europeia, que passou a im-
portar menos dos Estados Unidos; e a exa-
gerada especulação com ações na bolsa de
valores de Nova York, a mais importante da
época. Muitos acionistas, alarmados com a
possibilidade de ter elevados prejuízos, ten-
taram vender suas ações e ficar com dinhei- Alarmados pela crise, acionistas dos
ro nas mãos; os que buscavam vender, entre- EUA fizeram manifestações na tentativa
de recuperar seus investimentos nos bancos.
tanto, superavam os que queriam comprar,
o que resultou em crescente desvalorização 76 Capítulo 3 – Os sistemas socioeconômicos
das ações. A fase mais aguda da crise ocor-
reu no dia 24 de outubro de 1929, quando a
queda do valor das ações das empresas cota- CG_8ºano_03.indd 76 26/04/2018 17:39:17

das na bolsa de Nova York foi tão acentua- acreditava-se, segundo os preceitos liberais, Quando a crise se arrasta por poucos meses,
da que praticamente se tornaram papéis sem que o Estado não deveria intervir na ativida- diz-se que a economia está em recessão, mas,
valor, gerando prejuízos bilionários. A crise de econômica. Mesmo depois da fase mais quando se prolonga por vários anos, caracte-
se propagou pela economia real, que entrou aguda, o governo dos Estados Unidos ainda riza-se uma depressão.
em recessão. Oitenta e cinco mil empresas relutou em intervir na economia para evitar
(indústrias, agrícolas, comerciais e financei- seu aprofundamento. Resultado: a depres- Fonte: MOREIRA, Antônio Carlos & SENE,
ras) foram à falência, gerando 14 milhões são econômica se espalhou pelo mundo no Eustáquio de. Geografia Geral e do Brasil: espaço
de desempregados e provocando uma queda início dos anos de 1930. geográfico e globalização. Disponível em: http://www.
de 20% nos salários dos que permaneceram Depressão econômica: numa crise eco- scipione. com.br/ap/ggb/unidade3_c1_a2.htm#.
trabalhando. Esse quadro de baixa atividade nômica, ocorre uma redução dos indicado- Acessado em: 12/04/2010.
acabou levando a economia à depressão. Po- res de atividade em diversos setores — queda
rém, a ideologia capitalista vigente na épo- da produção, elevação do desemprego, dimi-
ca foi decisiva para o agravamento da crise: nuição dos lucros e aumento das falências.
C
76

ME_CG_8ºano_03.indd 76 16/05/2018 12:15:40


A pior crise do sistema capitalista até então, chamada de Gran-
de Depressão, espalhou-se por todo o mundo, pois vários países
mantinham relações comerciais com os Estados Unidos.

National Archives and Records Administration


A crise econômica foi tão violenta que,
nos Estados Unidos, o governo teve que
criar postos de trabalho tanto no campo, como
na cidade.

Foi nesse panorama que o capitalismo novamente se rein-


ventou, na forma do keynesianismo, baseado na intervenção do Geografia em cena
Estado na economia (Estado regulador); no protecionismo de
mercado; na abertura de uma rede de proteção social (como segu- Economista e empresá-
ro-desemprego e previdência social); na ampliação das liberdades rio britânico, John Maynard
sindicais; e na criação de empresas estatais estruturadoras, como Keynes foi o articulador do
siderúrgicas, petrolíferas e ferroviárias. capitalismo keynesiano, ou
Também conhecido como Estado de bem-estar social (visto keynesianismo, que revisou
no capítulo 2), o capitalismo keynesiano ia de encontro às ideias do as teorias liberais clássicas,
liberalismo clássico por entender que a economia não era capaz de defendendo, entre outras
se autorregular, tornando, o Estado, assim, peça fundamental nesse coisas, a intervenção do Es-
contexto. A intervenção estatal, entretanto, não impedia o desen- tado para conter eventuais
volvimento do mercado, apenas estabelecia políticas públicas que desequilíbrios na economia.
garantissem a seguridade da população.

A crise da década de
1970 e o neoliberalismo
A história do neoliberalismo começou no final da década de
1930, com estudos feitos por diversos economistas, como o fran-
cês Jacques Rueff, o norte-americano Walter Lippmann e o alemão
Alexander Rustow. Essa corrente apresentava os mesmos princípios
do liberalismo econômico do século XVIII, porém acrescida de
uma nova visão estrutural de que os mecanismos de mercado (ofer-
ta e procura, livre-iniciativa, etc.) são capazes de organizar a vida
9:17
política, econômica e social, desde que o Estado deixe de intervir
na economia para apenas fiscalizá-la.
A partir do final dos anos 1970, a economia de grande parte
do mundo é reorganizada de acordo com o novo modelo de capi-
talismo. As práticas protecionistas chegam ao fim, e os mercados se
abrem para a livre circulação de mercadorias, serviços e capitais. As
empresas estatais são privatizadas, e as economias de vários países
passam por um processo de dolarização. O objetivo de todo esse
processo é a ampliação do lucro.

Capítulo 3 – Os sistemas socioeconômicos 77

CG_8ºano_03.indd 77 26/04/2018 17:39:17


77

ME_CG_8ºano_03.indd 77 16/05/2018 12:15:40


Sugestão de
abordagem
Ensaio geográfico
1 Se observarmos, desde a Antiguidade, sempre existiram nações que dominavam as outras e forma-
Professor, peça para que seus alunos levem vam impérios em nome de seus líderes. Cite três grandes impérios da Antiguidade e explique as suas
cartolinas e dividam-nas para formar duas co- motivações expansionistas.
lunas, uma com o nome estatal e outra privati- Como grandes impérios da Antiguidade, podemos citar o Macedônico, Mongol e o Romano. As mo-
zação. Nortei-os na diferenciação de cada uma
tivações desses povos eram de conquistar mais riquezas, mercado consumidor, escravos e cobrar impos-
e quais os seus pontos positivos e negativos. Ao
final, peça para que cada um exponha sua opi- tos dos povos dominados.

nião sobre o assunto.


2 Qual a importância do fenômeno ultramarino e o controle de novas rotas marítimas para a conso-
Anotações lidação do capitalismo?
O fenômeno ultramarino colocou em prática um novo modelo econômico, em que as trocas comer-

ciais proporcionaram grandes lucros para as grandes potências da Europa Ocidental. Esse acúmulo de

capitais foi fundamental para a eclosão da Revolução Industrial e o início do capitalismo.

3 Tomando como base os textos lidos, como podemos caracterizar o termo capitalismo?
É um sistema em que a propriedade privada, a liberdade de iniciativa e o lucro são suas principais ca-

racterísticas.

4 O capitalismo comercial teve como principal característica a acumulação de capital pelos países
europeus. Como era feita a exploração das colônias na fase do capitalismo comercial?
Os habitantes dessas terras dominadas eram obrigados a direcionar sua economia para a produção e

exportação de produtos primários em direção aos países dominadores, que, como retorno, importavam

produtos manufaturados.

5 Suas principais características são a livre iniciativa, o predomínio da propriedade privada dos meios
e instrumentos de produção (máquinas, fábricas, terra, etc.), a oposição entre capital (burguesia) e tra-
balho (proletariado), o trabalho assalariado e a divisão da sociedade em classes.
Estamos caracterizando:
a. os impérios.
b. X o capitalismo industrial.
c. o capitalismo mercantil.
d. o colonialismo.

78 Capítulo 3 – Os sistemas socioeconômicos

CG_8ºano_03.indd 78 26/04/2018 17:39:17

C
78

ME_CG_8ºano_03.indd 78 16/05/2018 12:15:41


6 O capitalismo financeiro, surgido a partir do século XIX, passou a adotar práticas empresariais
monopolistas que passaram a controlar a totalidade de uma cadeia produtiva, desde a fonte da matéria-
-prima até o mercado consumidor.
Relacione práticas empresariais monopolistas corretamente:

1 Cartéis.
2 Trustes.
3 Holdings.
4 Transnacionais.

1 Estruturas que se caracterizam por acordos comerciais entre diversas indústrias de um mesmo
ramo, as quais, mesmo mantendo autonomia nas suas decisões internas, reuniam-se para dividir o
mercado, fixar preços e condições de vida.
4 Empresas com atuação mundial de capital aberto.
3 Gigantescos conglomerados empresariais formados a partir da fusão de empresas e setores dife-
rentes.
2 Diversas empresas de um mesmo ramo se fundem em uma única estrutura, que passa a controlar
a produção e a distribuição das mercadorias, regulando a oferta de bens e estabelecendo os preços
de acordo com seus interesses.

7 Diferencie as práticas capitalistas keynesianas das práticas capitalistas neoliberais numerando-as.


1 Keynesianismo. 2 Neoliberalismo.

1 Protecionismo econômico.
2 Livre circulação de mercadorias, serviços e capitais.
1 Estado regulador.
2 Privatização das estatais.
2 Estado mínimo.
1 Empresas estatais estruturadoras.

8 O que foi a Grande Depressão? Cite as suas causas e as consequências.


9:17

A Grande Depressão foi a maior crise do sistema capitalista, ocorrida no final da década de 1920, e que se

alastrou por todo o mundo na década de 1930. As causas foram: redução das exportações norte-americanas

para os europeus, excesso de estoque de mercadorias das empresas e baixa dos preços. As consequências

foram: desvalorização das ações das empresas americanas, quebra da Bolsa de Valores de Nova York, com

falência de milhares de empresas, e desemprego em massa que chegou a 30% nos EUA.

Capítulo 3 – Os sistemas socioeconômicos 79

CG_8ºano_03.indd 79 26/04/2018 17:39:17


79

ME_CG_8ºano_03.indd 79 16/05/2018 12:15:41


Sugestão de
abordagem 9 Explique a atuação do economista John Maynard Keynes na solução da crise causada pela grande
depressão.
O capitalismo se reinventou na forma do keynesianismo, baseado na intervenção do Estado na economia
Comente que, em oposição ao capitalis-
mo, surgiu um novo sistema econômico. Per- (Estado regulador); no protecionismo de mercado, na abertura de uma rede de proteção social (seguro-
gunte aos alunos se eles sabem que sistema é -desemprego e aposentadoria); na ampliação das liberdades sindicais; e na criação de empresas estatais estru-
esse e apresente — após a participação deles
turadoras, como siderúrgicas, petrolíferas e ferroviárias.
— a definição, a origem e as principais carac-
terísticas do socialismo. Fale sobre os ideali-
zadores do novo sistema e de que forma estava 10 Por que a atuação do Estado é o principal elemento que caracteriza a oposição entre o keynesianis-
mo e o liberalismo clássico?
voltado para a classe proletária.
O capitalismo keynesiano era contrário às ideias do liberalismo clássico por entender que a economia

não era capaz de se autorregular, tornando o Estado, assim, peça fundamental nesse contexto.
Anotações
Cenário 3

Geografia em cena Socialismo: a


A foice, como emble-
ma dos camponeses, e o
martelo, dos trabalhadores
estrela vermelha
industriais, representariam
a aliança entre os dois re- O que é socialismo
presentantes do proletaria-
do. A estrela seria o símbo- A ideologia socialista surge no final do século XVIII como
lo da união do proletariado uma reação à concentração do capital e da riqueza nas mãos da bur-
em todo o mundo, e a cor guesia e, principalmente, em virtude da exploração dos trabalhado-
vermelha, da sua luta. res no regime capitalista de produção.
Em oposição ao capitalismo, o socialismo tem como principais
características a abolição da propriedade privada, que se torna pro-
priedade do Estado, e a socialização dos meios e instrumentos de
konstantinks/Shutterstock.com

produção. Ou seja, na esfera socialista, toda estrutura produtiva —


empresas comerciais, indústrias, terras agrícolas, entre outras — é
de propriedade da sociedade e gerenciada pelo Estado. Do mesmo
modo, a produção é dividida igualitariamente entre todos.
Para os socialistas, a redistribuição da riqueza social extinguiria
a divisão da sociedade em classes.
A bandeira símbolo do socialismo foi criada durante a Revolu-
Foice e martelo são símbolos que repre-
sentam a classe trabalhadora, o trabalho
ção Russa, em 1918, pelo artista russo Evgueni Kamzolkin, que, a
agrícola e o trabalho industrial, respectivamente. propósito, não era socialista.

80 Capítulo 3 – Os sistemas socioeconômicos

CG_8ºano_03.indd 80 26/04/2018 17:39:17

C
80

ME_CG_8ºano_03.indd 80 16/05/2018 12:15:41


Evolução do socialismo
Início do século XIX
O socialismo utópico tenta, sem sucesso, implementar experiências socialistas de produção.

Final do século XIX


Karl Marx e Friedrich Engels propõem a ação efetiva dos trabalhadores contra a burguesia.
Nasce o socialismo científico.

Do início do século XX aos dias atuais


As ideias socialistas foram colocadas em prática em alguns momentos históricos desde a sua
criação. Tem-se o socialismo real.

Socialismo utópico
O sonho e a luta por uma sociedade mais justa, onde não houves-
se a exploração do homem pelo homem, sempre estiveram presentes
ao longo da história da humanidade. Foi assim quando, setenta anos
antes de Cristo, um ex-gladiador chamado Spartacus liderou um
exército de mais de noventa mil escravos contra Roma; ou quando os
estadunidenses lutaram pela sua independência; bem como quando
os revolucionários franceses tomaram a Bastilha e, principalmente,
quando o povo de Paris, em 1871, tomou o poder e implantou, na
Cidade Luz, um governo popular denominado Comuna de Paris.
Reprodução

9:17

Inconformado com as condições de vida


e com os privilégios do burgueses, o povo
parisiense montou barricadas em muitas ruas
de Paris.

Capítulo 3 – Os sistemas socioeconômicos 81

CG_8ºano_03.indd 81 26/04/2018 17:39:17


81

ME_CG_8ºano_03.indd 81 16/05/2018 12:15:42


Anotações
Essa idealização se tornou objeto de estudo de diversos filósofos,
como Saint-Simon, Charles Fourier, Robert Owen e Louis Blanc.
Eles tentaram implementar experiências socialistas de produção em
nações comandadas pela burguesia capitalista. Esses pensadores, de-
nominados de socialistas utópicos, viram suas experiências se de-
sintegrarem, pois não conseguiram elaborar um projeto objetivo e
aplicável à realidade, principalmente pela não participação dos traba-
lhadores na organização e execução das ideias.

Socialismo científico
Os socialistas utópicos acreditavam na formação de uma socie-
dade igualitária, mas nunca conseguiram explicar como se chega-
ria a ela. Como vimos, eles se limitaram a desenvolver experiências
dentro da própria estrutura do capitalismo, pois defendiam que a
revolução social poderia ser alcançada de forma pacífica.
Somente no final do século XIX, com os cientistas sociais Karl
Marx e Friedrich Engels, é que surge uma teoria propondo uma
nova forma de ação efetiva da classe trabalhadora a partir do co-
nhecimento da realidade que a envolvia: o socialismo científico.

Maykova Galina/Shutterstock.com
Monumento de Marx e Engels em Quir-
guistão. O socialismo foi baseado na fi-
losofia alemã, que deu subsídios para a análise
crítica do capitalismo.

A teoria marxista afirma que a história da humanidade se faz


com conflitos de interesses na sociedade, ou seja, da luta entre ex-
plorados e exploradores.
Ainda defende que o desenvolvimento capitalista origina uma
contraditória cadeia de relações como o avanço da tecnologia, que
permite um domínio cada vez maior sobre a natureza, ao invés de
gerar o bem-estar de toda a sociedade acarreta apenas o enrique-
cimento de uma pequena parcela, enquanto a classe operária se vê
Leitura
cada vez mais empobrecida e afastada dos bens materiais de que
complementar necessita para sobreviver.

82 Capítulo 3 – Os sistemas socioeconômicos


Mais-valia

Conceito fundamental da economia po- CG_8ºano_03.indd 82 26/04/2018 17:39:18

lítica marxista, que consiste no valor do tra- zindo não apenas o valor correspondente ao -valia — a relação entre a mais-valia e o capital
balho não pago ao trabalhador, isto é, na ex- de sua força de trabalho (que lhe é pago pelo variável (salários) — define o grau de explo-
ploração exercida pelos capitalistas sobre seus capitalista na forma de salário), mas também ração sobre o trabalhador. Mantendo-se inal-
assalariados. Marx, assim como Adam Smith um valor a mais, um valor excedente sem con- terados os salários (reais), a taxa de mais-valia
e David Ricardo, considerava que o valor de trapartida, denominado por Marx de mais- tende a elevar-se quando a jornada e/ou a in-
toda mercadoria é determinado pela quan- -valia. É desta fonte (o trabalho não pago) que tensidade do trabalho aumenta (aumentando
tidade de trabalho socialmente necessário são tirados os possíveis lucros dos capitalistas a mais-valia absoluta) ou com o aumento da
para produzi-la. Sendo a força de trabalho (industriais, comerciantes, agricultores, ban- produtividade nos setores que produzem os
uma mercadoria cujo valor é determinado pe- queiros, etc.), além da renda da terra, dos ju- artigos de consumo habitual dos trabalhado-
los meios de vida necessários à subsistência ros, etc. Enquanto a taxa de lucro — a relação res (aumentando a mais-valia relativa).
do trabalhador (alimentos, roupas, moradia, entre a mais-valia e o capital total (constante
transporte, etc.), se este trabalhar além de um + variável) necessário para produzi-la — de- Fonte: SANDRONI, Paulo. Novíssimo dicionário de
determinado número de horas, estará produ- fine a rentabilidade do capital, a taxa de mais- Economia. 7. ed. São Paulo: Best Seller, 2001. p. 362–3.

C
82

ME_CG_8ºano_03.indd 82 16/05/2018 12:15:42


Essa realidade, segundo o marxismo, determina a existência de
duas classes sociais com interesses completamente opostos: de um
lado, a burguesia, dona ou proprietária dos meios e instrumentos
de produção, e, do outro, o proletariado, que possui apenas sua for-
ça de trabalho.
Por meio de instrumentos opressivos — como a legislação e a
polícia — e ideológicos — tais quais a educação e a mídia —, a bur-
guesia explora a maioria da classe operária, obrigando-a a vender sua
força de trabalho em troca de um salário que é suficiente apenas para
reproduzir a força de trabalho diária. A remuneração do proletário
é muito inferior ao valor produzido diariamente por ele, cuja maior
parte é apropriada pelos patrões. Marx chamou esse lucro retido pelo
proprietário de mais-valia, a essência da acumulação do capital.

Reprodução

Segundo Karl Marx, as desigualdades so-


ciais são do interesse da burguesia, pois
fazem com que os assalariados (proletários)
trabalhem cada vez mais para alcançar um nível
econômico parecido com o da burguesia, o que,
para os marxistas, é uma ilusão.

Conforme os marxistas, essa irreconciliável diferença de interes-


ses entre a burguesia e o proletariado geraria a luta de classes e somen-
te a organização dos trabalhadores em sindicatos, partidos políticos
9:18
trabalhistas e revolucionários, poderia dar-lhes a plena consciência
de classe. Assim, de forma organizada, os proletários conquistariam
o poder e destruiriam o Estado burguês capitalista, instituindo a di-
tadura do proletariado. Nesse sistema, um Estado socialista, geren-
ciado pelos trabalhadores, dominaria os meios e instrumentos de
produção e promoveria a distribuição da riqueza social e a educação
conscientizadora dos direitos e deveres. Gradualmente, o próprio Es-
tado socialista desapareceria para desembocar em um estágio supe-
rior: o comunismo.

Capítulo 3 – Os sistemas socioeconômicos 83

CG_8ºano_03.indd 83 26/04/2018 17:39:18


83

ME_CG_8ºano_03.indd 83 16/05/2018 12:15:43


Diálogo com o
professor Socialismo real
Quando falamos do socialismo real, estamos nos referindo às
Enumere as nações que aderiram ao so- práticas concretas de implantação (de forma revolucionária ou não)
cialismo e que acabaram por constituir a do modelo socialista por algumas sociedades. Contudo, é necessário
maior potência socialista do mundo: a União esclarecer que da teoria à prática algumas adequações aconteceram.
Em um Estado verdadeiramente socialista:
das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
Comente que o socialismo adotado acabou O pleno controle estaria nas mãos dos trabalhadores, que
aboliriam as classes sociais.
sofrendo modificações na proposta marxista
Haveria uma igualdade quase perfeita entre os membros da
inicial e se denominou socialismo real. sociedade, os quais alcançariam a plena liberdade individual.
As diferenças entre o trabalho intelectual e o trabalho braçal
desapareceriam, e este último seria valorizado.
Cada trabalhador receberia de acordo com o tempo de
trabalho.
Anotações A própria coletividade é quem decidiria, de forma demo-
crática, os planos para solucionar os problemas econômicos e
sociais.

Dessa forma, podemos dizer que existiram algumas experiên-


cias socialistas em momentos específicos da história. Entre elas, a
Comuna de Paris, em 1871; a Revolução Russa, entre fevereiro e
outubro de 1917; o princípio da Revolução Cubana; e o atual so-
cialismo bolivariano da Venezuela.

Everett Historical/Shutterstock.com
Oficiais do exército russo prestam o juramento de fidelidade à Revolução de Outubro.

84 Capítulo 3 – Os sistemas socioeconômicos

CG_8ºano_03.indd 84 26/04/2018 17:39:19 CG

84

ME_CG_8ºano_03.indd 84 16/05/2018 12:15:43


Sugestão de
Nesses momentos históricos, o povo se tornou protagonista, abordagem
sem precisar de intermediários. Viveu-se, mesmo que temporaria-
mente, a experiência da autogestão, uma verdadeira democracia
plena ou direta, em que os diversos setores econômicos e sociais Professor, indicamos abaixo uma en-
tinham sua regulação decidida pelo conjunto da sociedade de uma
forma igualitária, em assembleias, onde todos tinham a liberdade
trevista na qual uma norte-coreana explica
de manifestar suas ideias. como é a vida na Coreia do Norte e desven-
da os mitos que cercam essa comunidade so-
Cenário 4 cialista. Leve esse vídeo aos seus alunos para
uma ampliação de conhecimento.

Formas de Link : https://www.youtube.com/ watch?v=b-NfF6I1e7w.

implantação do
socialismo
Os diferentes caminhos Anotações
O socialismo existiu em diversos países do mundo, ao longo
do século XX, mas não houve uma única forma de implementá-lo.
O processo de estabelecimento do modelo socialista dependeu de
vários fatores, como a conjuntura local e mundial. Vejamos casos
de nações que implantaram o socialismo ou mantiveram formas de
governo voltados ao povo por modos diferentes:

Pela via revolucionária


Nesse contexto, o povo, liderado por um grupo de revolucio-
nários, tomou o poder da elite aristocrática e burguesa e instituiu o
modelo socialista. Isso ocorreu, por exemplo, na Rússia, em 1917;
em Cuba, na década de 1950; e na Nicarágua, nos anos 1970.
Reprodução

Augusto Sandino, no centro. Ele é con-


siderado um dos símbolos de resistência
à dominação norte-americana sob a Nicarágua.

Capítulo 3 – Os sistemas socioeconômicos 85

9:19 CG_8ºano_03.indd 85 26/04/2018 17:39:19

85

ME_CG_8ºano_03.indd 85 16/05/2018 12:15:43


Por imposição da Rússia e da
União Soviética
Nesse grupo, estão a Lituânia, Letônia, Estônia, Bielorrússia,
Armênia, Azerbaijão, Cazaquistão, Moldávia, Quirguistão, Tadji-
quistão, Turcomenistão, Uzbequistão, Ucrânia e Rússia, que for-
maram, a partir do início do século XX, a União Soviética. Além
desses países, podemos incluir a Alemanha Oriental (hoje unifica-
da com a antiga Alemanha Ocidental), Polônia, Checoslováquia
(atualmente dividida em República Checa e Eslováquia), Hungria,
Romênia e Bulgária, que, após a Segunda Guerra Mundial, passa-
Oceano G Ártico da URSS. Mar de
lacial parte
ram a fazer Barents

Europa Oriental e Europa Ocidental na geopolítica do pós-guerra

Islândia
N

O L
Finlândia Países socialistas
S Noruega
não alinhados

Países capitalistas

áltico
Mar Suécia Países socialistas
do
Norte rB
Ma
Cortina de ferro
Dinamarca

Irlanda
Reino
Países URSS
Baixos Alemanha
Unido Oriental Polônia

M
C

ar
Bélgica Alemanha Chec ás
Oceano Luxemburgo
Ocidental oslo
vá qu i a
pi
o
Liechtenstein
Atlântico França Suíça
Áustria Hungria
Romênia
N egro
Mar
Iugoslávia
Mônaco Bulgária
Andorra Itália
Portugal Vaticano Albânia
Espanha
Grécia
0 1.776 km 3.552 km
Mar Mediterrân
eo

Pela via democrática/eleitoral


Isso ocorreu no Chile, de Michelle Bachelet; na Venezuela,
de Hugo Chávez; no Equador, de Rafael Correa; na Bolívia, de
Evo Morales; no Peru, de Ollanta Humala; e no Uruguai, de José
“Pepe” Mujica. No Chile, de Salvador Allende (década de 1970) e
na Guatemala, de Jacobo Arbenz Guzmán (década de 1950) tam-
bém, mas não houve tempo de implementarem reformas, pois mui-
tos dos presidentes foram depostos por golpes militares.

86 Capítulo 3 – Os sistemas socioeconômicos

CG_8ºano_03.indd 86 26/04/2018 17:39:19 C


86

ME_CG_8ºano_03.indd 86 16/05/2018 12:15:44


ymphotos/Shutterstock.com
José “Pepe” Mujica é um agricultor e
político uruguaio que foi presidente da
República Oriental do Uruguai entre os anos
de 2010 e 2015.

No processo de independência e
descolonização
Nações africanas e asiáticas utilizaram o socialismo como ban-
deira de luta contra os países colonizadores e, ao final das guerras
de independência, assumiram esse modelo político-econômico. Na
Ásia, destacam-se China, Vietnã, Coreia do Norte, Laos e Cam-
boja. Na África, Angola, Moçambique, República Democrática do
Congo e Cabo Verde.

A partir da experiência de
resistência ao nazismo
Esse grupo é constituído por apenas dois países: Iugoslávia
(atualmente dividida em diversas nações) e Albânia.
Slade; M J (Sgt) No 2 Army Film and Photographic Unit

A resistência Iugoslava foi representada


principalmente pelos partizans (guerri-
lheiros comunistas do Marechal Tito — acima,
à direita) e pelos chetniks (soldados monarquis-
tas), que combateram a ocupação e expulsaram
os nazistas em 1944, conseguindo se libertar
sem a ajuda do exército da União Soviética.

Capítulo 3 – Os sistemas socioeconômicos 87

:19 CG_8ºano_03.indd 87 26/04/2018 17:39:19


87

ME_CG_8ºano_03.indd 87 16/05/2018 12:15:45


Anotações
Cenário 5

A Guerra Fria
Com o surgimento do primeiro Estado socialista, devido à Re-
volução Russa de 1917, muitos países adotaram o socialismo, en-
quanto os outros permaneciam geridos pelo sistema capitalista. Foi
da existência antagônica desses dois blocos — socialista (liderado
pela União Soviética) e capitalista (orientado pelos Estados Unidos)
— que surgiu o fenômeno político denominado bipolaridade. Cada
modelo político impunha sua ideologia para ampliar seus espaços de
influência e dominação e conquistar a hegemonia mundial.
O termo Guerra Fria foi criado pelo filósofo e sociólogo fran-
cês Raymond Aron. Esse período ganhou esse nome porque a guer-
ra era possível, porém improvável, já que o volume de armas produ-
zidas e estocadas pelas duas superpotências era tão grande que, se
uma guerra fosse deflagrada, o mundo poderia ser destruído.

National Archives and Records Administration


Diálogo com o Leonid Brejnev (à esquerda) e Richard

professor Nixon (à direita). Durante a Guerra Fria,


muitos encontros e acordos foram firmados
pelos líderes das grandes potências antagônicas
mas, mesmo assim, a tensão continuava de for-
ma implícita, pois qualquer “fagulha” poderia
Professor, estimule os alunos a dizer o por- desencadear um conflito nuclear, assim, pode-
ria extinguir os seres humanos da face da Terra.
quê da denominação de Guerra Fria e, depois
que eles manifestarem suas opiniões. Explique As diversas formas de
que esse termo está relacionado ao fato de não rivalidade
ter ocorrido uma guerra bélica direta — que se-
ria em oposição a quente — envolvendo as su- Os Estados Unidos e a União Soviética disputaram em diver-
sos campos:
perpotências capitalista (Estados Unidos) e
socialista (União Soviética), embora fosse acir- Conquista espacial
rada a disputa pelo poderio armamentista.
Para comprovar sua superioridade tecnológica, tanto a União
Soviética quanto os Estados Unidos desenvolveram e lançaram ao
espaço naves, módulos, sondas e satélites artificiais. A ideia era que
aquele que estivesse mais apto a dominar o espaço também teria
mais competência para dominar a Terra.
Sugestão de
abordagem 88 Capítulo 3 – Os sistemas socioeconômicos

Junto com seus alunos, monte um painel


com imagens das invenções que ocorreram CG_8ºano_03.indd 88 26/04/2018 17:39:20 CG

durante a Guerra Fria. nações capitalistas, uma vez que sua concep- ção e não revolução (vários símbolos interna-
ção de mundo e das próprias relações inter- cionalistas foram nacionalizados, passando de
nacionais era frontalmente antagônica. Entre comunistas a soviéticos), inclusive exercendo
Leitura 1917 e 1945, o Ocidente lidava com o pro- pressão sobre os comunistas de outros países.
complementar blema da alternância de fases de isolamento e
pressão ou invasão armada. A resposta sovié-
No início, isso foi possível, mas à medi-
da que a Guerra Fria se configurava, contra-
tica, na linha stalinista, foi a adoção do socia- riando a perspectiva inicial soviética, novas
Guerra Fria lismo num só país. Contudo, como resultado forças comunistas emergiam nos Bálcãs e na
da Segunda Guerra Mundial, Moscou obtive- Ásia oriental, com limitado controle por par-
O caso da União Soviética era peculiar, ra legitimidade (e capacidade) para fazer parte te de Moscou. De qualquer forma, com a inca-
pois o Estado Nacional Soviético, que substi- da ordem mundial (o que não era totalmente pacidade de lograr a formação de um sistema
tuíra a velha Rússia imperial, devido ao seu ca- inconveniente para Washington), daí o dese- europeu de equilíbrio de poder, onde pudesse
ráter socialista, não foi aceito no concerto das jo do Kremlin de apresentar o país como na- influir, Stalin viria a sovietizar o leste do con-

88

ME_CG_8ºano_03.indd 88 16/05/2018 12:15:45


Anotações
Em 1957, a União Soviética enviou para o espaço o primeiro
satélite artificial, Sputnik 1, e o primeiro ser vivo, a cadela Laika.
Em 12 de abril de 1961, o soviético Yuri Gagarin se tornou o pri-
meiro homem a viajar pelo espaço.

Aleks49/Shutterstock.com
O Sputnik 1 foi lançado em 4 de outu-
bro de 1957, como colaboração da União
Soviética. Ele era uma esfera de 50 cm de diâ-
metro e 83,6 kg.
Os Estados Unidos, por sua vez, em 20 de julho de 1969, en-
viaram o primeiro homem à Lua, Neil Armstrong, que, ao pisar em
solo lunar, proferiu a famosa frase: “Este é um pequeno passo para o
homem, mas um salto gigantesco para a humanidade”.
Castleski/Shutterstock.com

Na tarde de 16 de julho de 1969, a nave


Apollo 11 foi lançada à Lua. Após 4 dias,
Armstrong entrou para a história como o pri-
meiro homem a pisar na Lua.

Esportes
Nesse período, disputava-se também a superioridade física. Os
quadros de medalhas nas olimpíadas, em torneios e campeonatos
de futebol, etc., eram supervalorizados. Da mesma forma, eram co-
muns boicotes de um dos blocos a torneios desportivos realizados
em países de outros blocos. Nas Olimpíadas de Moscou de 1980,

Capítulo 3 – Os sistemas socioeconômicos 89

9:20 CG_8ºano_03.indd 89 26/04/2018 17:39:20

tinente e a explorar o avanço dos comunistas lávia e Albânia, onde sobreviveram, mas sem
asiáticos como forma de buscar na Ásia uma controle soviético. Assim, apesar do discurso
compensação, a partir da configuração polí- americano denunciar a “ameaça soviética”, o
tico-diplomática equilibrada que não pudera verdadeiro desafio para a ordem liderada pe-
lograr na Europa. los Estados Unidos era a “ameaça comunista
A busca de segurança tornara-se uma ver- e nacionalista”.
dadeira obsessão, com um temor infunda-
do de algum ressurgimento do poder alemão. Fonte: VIZENTINI, Paulo Fagundes. Manual do
Ironicamente, em sua área de influência no Candidato – História Mundial Contemporânea (1776–
Leste Europeu, os comunistas eram fracos, e 1991). Instituto Rio Branco – Ministério das Relações
a sovietização se revelou problemática. Os co- Exteriores (Fundação Alexandre de Gusmão), Brasília:
munistas eram fortes na França, Itália e Gré- Funag, 2006. Com colaboração de Analúcia Danilevicz
cia, países onde foram contidos, e na Iugos- Pereira. p. 221–222.

89

ME_CG_8ºano_03.indd 89 16/05/2018 12:15:46


Sugestão de
filme por exemplo, os Estados Unidos não participaram como protesto
pela invasão da União Soviética ao Afeganistão. E a União Soviéti-
ca deixou de ir aos Jogos Olímpicos de Verão de Los Angeles (EUA),
Um amor além do muro em 1984, sob a alegação de falta de segurança.
Direção: Dominik Graf

Sergey Guneev/Сергей Гунеев


No verão de 1961, quatro meses antes da
construção do Muro de Berlim, Siggi, um jo-
vem de 20 anos, chega a Dresden para tentar a
vida como cenógrafo. Lá, conhece Luise, uma
jovem poeta cujo trabalho é proibido na Ale-
manha Oriental, sem saber que ela é casada
Abertura das Olimpíadas de Moscou em
com Wolle. Juntos, eles conhecem a boate A 1980. Jimmy Carter, presidente dos Es-
tados Unidos, proibiu a esquadra americana aos
Cacatua Vermelha, onde são apresentados ao Jogos de Moscou e então conseguira a adesão da
Alemanha, Japão e Canadá.
rock’n’roll, a música proibida do Ocidente.
Artes
Adeus, Lênin
Na Inglaterra e nos Estados Unidos, na década de 1950, ob-
Direção: Wolfgang Becker servou-se o advento da pop art. Esse movimento artístico buscava
Após sofrer um infarto em 1989, a mãe de inspiração na cultura de massa e criticava o modo de vida consu-
Alex Kerner entra em estado de coma, razão mista com obras feitas a partir de colagens e serigrafia. Seu maior
expoente é Andy Warhol, que retratou personagens que saíram da
pela qual a queda do muro lhe passa desper- pobreza para se tornarem ícones, como Elvis Presley, Marilyn Mon-
cebida. No verão de 1990, ela recobra a cons- roe e Michael Jackson.
ciência, mas o médico adverte que qualquer Entre os anos 1930 e 1950, o Realismo socialista foi a arte ofi-
cial da União Soviética, a partir do final da Segunda Guerra Mun-
excitação pode ser fatal. Alex terá de esconder dial. Essa estética tinha como objetivo enaltecer a cultura, o espaço
da mãe a extinção do Partido Socialista Úni- e a sociedade socialista.
co, fazendo parecer que a Berlim Oriental ain-

Reprodução
da existe. A ilusão funciona por um bom tem-
po, mas chega o momento em que a verdade
não poderá mais ser ocultada.

Anotações
Rosas para Stalin, de Boris Vladimirski.
O Realismo socialista recorreu a protó-
tipos facilmente reconhecíveis pelas massas: o
operário, o camponês, o soldado.

90 Capítulo 3 – Os sistemas socioeconômicos

CG_8ºano_03.indd 90 26/04/2018 17:39:20

C
90

ME_CG_8ºano_03.indd 90 16/05/2018 12:15:47


Produção bélica
Ao longo da Guerra Fria, a “indústria da morte” se especializou
e se tornou cada vez mais eficiente. Eram produzidos e testados mís-
seis, bombas atômicas, de hidrogênio e de nêutrons, além de armas
químicas e bacteriológicas, para serem usados nos diversos conflitos
regionais em que a URSS e os EUA, ou seus aliados, envolviam-se.

Khalangot Sergey L/Shutterstock.com


Principais conflitos da Míssil soviético com um sistema com três
estágios de combustível sólido.

Guerra Fria
Nunca houve um confronto direto entre os Estados Unidos e
a União Soviética. Entretanto, na segunda metade do século XX
(até o final da década de 1980) houve vários conflitos em que uma
potência ou um aliado estavam envolvidos. Entre eles, a Guerra da
Coreia, Revolução Cubana, Guerra do Vietnã e a invasão do Afe-
ganistão pela URSS.
Keith Tarrier/Shutterstock.com

9:20

A Guerra do Vietnã (1959–1975) ficou


conhecida como o conflito armado mais
violento da segunda metade do século XX.

Capítulo 3 – Os sistemas socioeconômicos 91

CG_8ºano_03.indd 91 26/04/2018 17:39:21


91

ME_CG_8ºano_03.indd 91 16/05/2018 12:15:47


Sugestão de
abordagem
Aprenda com arte
Professor, utilize os termos a seguir para
definir cada um, no quadro, com os alunos, as- Wall Street, o dinheiro nunca dorme
Direção: Oliver Stone.
sim eles poderão ter os conceitos bem fixados. Ano: 2010.

• Capitalismo liberal. Sinopse: Após cumprir pena por fraudes financeiras, Gordon Gekko deixa a prisão. Impossibilitado de ope-
• Capitalismo mercantil. rar no mercado financeiro, ele dedica seu tempo a realizar palestras e a escrever um livro, no qual critica o
• Capitalismo keynesiano. comportamento de risco dos mercados. Um dia, após uma das palestras, ele é abordado por Jacob Moore, um
operador idealista do mercado de Wall Street. Ele vive com Winnie, filha de Gekko que não fala mais com
• Capitalismo monopolista. ele, e usa essa proximidade para conseguir sua atenção. Jacob quer conselhos sobre como agir com Bretton,
• Capitalismo neoliberal. um grande investidor que fez com que seu mentor, Lewis Zabel, tivesse que vender sua tradicional empresa
por uma ninharia. Gekko decide ajudá-lo, pedindo em troca que Jacob o ajude a se reaproximar de Winnie.

Anotações Platoon
Direção: Oliver Stone.
Ano: 1986.

Ales Studeny/Shutterstock.com
Sinopse: Chris é um jovem recruta recém-chegado a
um batalhão americano em meio à Guerra do Vietnã.
Idealista, Chris foi um voluntário para lutar na guerra,
pois acredita que deve defender seu país, assim como
fizeram seu avô e seu pai em guerras anteriores. Mas
aos poucos, com a convivência dos demais recrutas e
dos oficiais que o cercam, ele vai perdendo sua inocên- Oliver Stone ficou conhecido por fazer filmes que causam
cia e passa a experimentar de perto toda a violência e alguma polêmica. Ganhou dois Oscar de melhor diretor
com os filmes Platoon e Born on the Fourth of July .
loucura de uma carnificina sem sentido.

Pequeno dicionário geográfico e cultural


Cadeia produtiva: Série de eventos da produção de Inconsciente coletivo: Traços comuns de uma
um bem ou produto. pessoa herdados de seus familiares, na qual fo-
Conglomerados: Grupos empresariais que reú- ram construídos pela cultura da sociedade em
nem vários tipos de negócios associados como ban- que vivem.
cos, indústrias ou redes de comércio. Livre concorrência: Práticas de competição das
Dolarização: Substituição da moeda nacional empresas por mercado consumidor com regras
pelo dólar dos Estados Unidos em qualquer tran- claras e livres de vícios.
sação comercial. Preço de custo: Ganho igual ao que foi investido
Hegemônico: Dominante. para produzir algo.
Ideologia: Conjunto de ideias.

92 Capítulo 3 – Os sistemas socioeconômicos

CG_8ºano_03.indd 92 26/04/2018 17:39:21

C
92

ME_CG_8ºano_03.indd 92 16/05/2018 12:15:47


Ensaio geográfico
1 Complete o diagrama abaixo e descubra o objetivo maior do capitalismo.

1. Elemento fundamental para a existência do capitalismo.


2. Estrutura empresarial capitalista criada a partir da fusão de diversas em-
presas do mesmo setor.
3. Forma em que a sociedade capitalista está dividida.
4. Tipo de propriedade predominante no capitalismo.
5. Grupo social explorado no capitalismo.

1. C A P I T A L

2. T R U S T E S

3. C L A S S E S

4. P R I V A D A

5. P R O L E T A R I A D O

2 Sobre as mutações do capitalismo, relacione a segunda coluna de acordo com a primeira.

1 Capitalismo liberal. 3 Caracteriza-se pela intervenção do Estado na economia.


2 Capitalismo mercantil. 4 Tem como marca a formação de trustes e cartéis.
3 Capitalismo keynesiano. 5 Privatização de empresas estatais.
4 Capitalismo monopolista. 2 Fase de acumulação primitiva de capital.
5 Capitalismo neoliberal. 1 Propiciado pelo início da livre competição entre empresas.

3 Cite a diferença entre o socialismo utópico e o socialismo científico.


O socialismo utópico deseja uma sociedade sem desigualdades, mas não estabelece meios para con-

quistá-la. O científico, criado por Marx e Engels, afirma que somente a organização dos trabalhadores
9:21
em sindicatos, partidos políticos trabalhistas e revolucionários poderia dar-lhes a plena consciência

de classe. Assim, de forma organizada, os proletários conquistariam o poder e destruiriam o Estado

burguês capitalista.

Capítulo 3 – Os sistemas socioeconômicos 93

CG_8ºano_03.indd 93 26/04/2018 17:39:22


93

ME_CG_8ºano_03.indd 93 16/05/2018 12:15:48


4 Qual fase do sistema capitalista está sendo representada na imagem?

Reprodução
Capitalismo industrial, ou liberal.

5 Observe a história e responda: que tipo de exploração do trabalhador, onde o lucro é retido pelo
patrão, denominada por Marx?

Mais-valia.

94 Capítulo 3 – Os sistemas socioeconômicos

CG_8ºano_03.indd 94 26/04/2018 17:39:22 C


94

ME_CG_8ºano_03.indd 94 16/05/2018 12:15:48


Encerramento
1 O sistema capitalista é um modo de produção de riqueza resultante de um longo processo de evolu-
ção de práticas de acumulação de capital que hoje predomina em todo o mundo. Marque a alternativa
que informa corretamente sobre o surgimento do capitalismo.
a. O capitalismo é o sistema econômico e social que surgiu na América durante a Idade Média, en-
tre os séculos XIV e XV. Lentamente, ele se sobrepôs a outro sistema de produção, o feudalismo,
tornando-se mais dominante a partir do século XVIII.
b. X O capitalismo é o sistema econômico e social que surgiu na Europa durante a Idade Média, en-
tre os séculos XIII e XV. Lentamente, ele se sobrepôs a outro sistema de produção, o feudalismo,
tornando-se predominante a partir do século XVIII.
c. O capitalismo é o sistema econômico e social que surgiu na África durante a Idade Média, entre
os séculos XIV e XV. Lentamente, ele se sobrepôs a outro sistema de produção, o feudalismo,
tornando-se predominante a partir do século XVIII.
d. O capitalismo é o sistema econômico e social que surgiu na Ásia durante a Idade Média, entre
os séculos XII e XV. Lentamente, ele se sobrepôs a outro sistema de produção, o feudalismo,
tornando-se predominante a partir do século XVIII.
2 Segundo a teoria marxista, no sistema capitalista, a sociedade é marcada pela “tensão” entre duas
classes sociais: a burguesia e o proletariado. Marque a alternativa correta.
a. X A burguesia detém os meios de produção (máquinas e equipamentos, matérias-primas, terras)
necessários à produção de bens e mercadorias. Já o proletariado (os trabalhadores), por não pos-
suir os meios de produção, vende sua força de trabalho.
b. O proletariado detém os meios de produção (máquinas e equipamentos, matérias-primas, ter-
ras) necessários à produção de bens e mercadorias. Já a burguesia (os trabalhadores), por não
possuir os meios de produção, vende sua força de trabalho.
c. O proletariado é refém os meios de produção (máquinas e equipamentos, matérias-primas, ter-
ras) necessários à produção de bens e mercadorias. Já a burguesia, por não possuir os meios de
produção, prende a sua força de trabalho.
d. A burguesia é refém do proletariado, com seus meios de produção (máquinas e equipamentos,
matérias-primas, terras) necessários à produção de bens e mercadorias. Já o proletariado (os
trabalhadores), por possuir os meios de produção, vende sua força de trabalho.
3 Durante a fase do capitalismo comercial, a acumulação de capital e as crescentes exigências do
mercado consumidor levaram os donos de oficinas manufatureiras a introduzir inovações na forma de
produzir mercadorias. Essas inovações foram responsáveis pelo surgimento do que hoje conhecemos
como indústria.
O texto acima se refere ao surgimento de qual fase do capitalismo?
a. X Capitalismo industrial.
b. Capitalismo comercial.
c. Capitalismo social.
d. Capitalismo consumidor.

Capítulo 3 – Os sistemas socioeconômicos 95

:22 CG_8ºano_03.indd 95 26/04/2018 17:39:22


95

ME_CG_8ºano_03.indd 95 16/05/2018 12:15:49


4 Quais são as três fases do capitalismo?
a. Levando em conta o processo de desenvolvimento, o capitalismo é classificado em duas fases:
capitalismo de mercado e capitalismo social.
b. Tomando como base o processo de desenvolvimento, o capitalismo é classificado em três fases:
capitalismo agrícola, capitalismo agropecuário e capitalismo bancário.
c. Considerando seu processo de desenvolvimento, classifica-se o capitalismo em três fases: capita-
lismo portuário, capitalismo rodoviário e capitalismo aéreo.
d. X Considerando seu processo de desenvolvimento, classifica-se o capitalismo em três fases: capita-
lismo comercial, capitalismo industrial e capitalismo financeiro.

5 A fase do capitalismo comercial foi marcada pela expansão marítima, com as Grandes Navegações
iniciadas no século XV. A expansão marítima permitiu aos europeus tomar contato com territórios
até então desconhecidos por eles. Esses territórios tornaram-se colônias fornecedoras de mão de obra
escrava, matérias-primas e metais preciosos. As colônias também eram consumidoras dos bens pro-
duzidos nas metrópoles, além de receptoras do excedente populacional europeu. Sobre o capitalismo
comercial é correto afirmar que:
a. o comércio de mercadorias e a exploração das colônias, do século XV ao século XXI, possibili-
taram a acumulação do capital pela burguesia, daí a denominação de capitalismo comercial.
b. o comércio de mercadorias e a exploração das colônias, do século XVIII ao século XX, possibi-
litaram a acumulação do capital pela burguesia, daí a denominação de capitalismo comercial.
c. X o comércio de mercadorias e a exploração das colônias, do século XV ao século XVIII, possibi-
litaram a acumulação do capital pela burguesia, daí a denominação de capitalismo comercial.
d. o comércio de mercadorias e a exploração das colônias do, século XV ao século XX, possibilita-
ram a acumulação do capital pela burguesia, daí a denominação de capitalismo comercial.

6 (Fuvest) O que acontece quando a gente se vê duplicado na televisão? [...] Aprendemos não só du-
rante os anos de formação, mas também na prática a lidar com nós mesmos com esse “eu” duplo. E, mais
tarde, [...] em 1974, ainda detido para averiguação na penitenciária de Colônia-Ossendorf, quando me foi
atendida, sem problemas, a solicitação de um aparelho de televisão na cela, apenas durante o período da
Copa do Mundo, os acontecimentos na tela me dividiram em vários sentidos. Não quando os poloneses
jogaram uma partida fantástica sob uma chuva torrencial, não quando a partida contra a Austrália foi
vitoriosa e houve um empate contra o Chile, aconteceu quando a Alemanha jogou contra a Alemanha.
Torcer para quem? Eu ou eu torci para quem? Para que lado vibrar? Qual Alemanha venceu?
Gunter Grass. Meu século. Rio de Janeiro: Record, 2000, p. 237. Adaptado.

O trecho acima, extraído de uma obra literária, alude a um acontecimento diretamente relacionado:
a. à política nazista de fomento aos esportes considerados “arianos” na Alemanha.
b. ao aumento da criminalidade na Alemanha, com o fim da Segunda Guerra Mundial.
c. X à Guerra Fria e à divisão política da Alemanha em duas partes, a “ocidental” e a “oriental”.
d. ao recente aumento da população de imigrantes na Alemanha e reforço de sentimentos xenófobos.
e. ao caráter despolitizado dos esportes em um contexto de capitalismo globalizado.

96 Capítulo 3 – Os sistemas socioeconômicos

CG_8ºano_03.indd 96 26/04/2018 17:39:22 C


96

ME_CG_8ºano_03.indd 96 16/05/2018 12:15:49


7 (Fuvest) O que ocorreu na União Soviética em decorrência das mudanças sociopolíticas instaura-
das pela Revolução Russa de 1917?
a. X Estatização dos principais meios de produção.
b. Legalização do sistema pluripartidarista.
c. Criação de latifúndios.
d. Igualdade salarial de todos os cidadãos.
e. Eliminação de diferenças culturais e religiosas dos diversos grupos étnicos.

8 Dentre os principais teóricos do socialismo científico, podemos destacar:


a. Thomas Morus e Charles Darwin.
b. Karl Marx e Josef Stalin.
c. X Karl Marx e Friedrich Engels.
d. Josef Stalin e Friedrich Engels.
e. Josef Stalin e Mikhail Gorbachev.

9 Quais das características abaixo podem ser atribuídas ao socialismo?


I. Economia de mercado, propriedade privada e ditadura do proletariado.
II. Economia planificada, propriedade coletiva e ditadura do proletariado.
III. Economia planificada, propriedade coletiva e forte presença da iniciativa privada.
IV. Economia de mercado, propriedade coletiva e forte presença da iniciativa estatal.
Está(ão) correta(s):
a. Apenas a I.
b. Apenas a III.
c. Apenas a I e II.
d. X Apenas a II.
e. Todas estão corretas.

10 Assinale a alternativa que enumera as principais características do capitalismo.


a. Propriedade privada dos meios de produção; economia de mercado; lei da oferta e da procura ;
proibição do lucro.
b. X Propriedade privada dos meios de produção ; economia de mercado; lei da oferta e da procura ;
lucro.
c. Propriedade pública dos meios de produção; economia de supermercado; lei da consulta e da
procura ; gasto.
d. Propriedade pública dos meios de produção; economia de mercado; lei da oferta e da procura ;
lucro.

Capítulo 3 – Os sistemas socioeconômicos 97

:22 CG_8ºano_03.indd 97 26/04/2018 17:39:23


97

ME_CG_8ºano_03.indd 97 16/05/2018 12:15:49


11 (Unicentro) Leia o texto a seguir.

Poetas, seresteiros, namorados, correi


É chegada a hora de escrever e cantar
Talvez as derradeiras noites de luar
Momento histórico, simples resultado do desenvolvimento da ciência viva
Afirmação do homem normal, gradativa sobre o universo natural Sei lá que mais
Ah, sim! Os místicos também profetizando em tudo o fim do mundo
E em tudo o início dos tempos do além
Em cada consciência, em todos os confins
Da nova guerra ouvem-se os clarins
(GIL, G., Lunik 9)

Esse texto faz uma evidente referência ao projeto soviético da conquista do espaço, uma vez que Lunik
9 foi a nave não tripulada que pousou na Lua em 6 de fevereiro de 1966. Assinale a alternativa que
apresenta, corretamente, em qual contexto se insere esse evento da corrida aeroespacial.
a. Guerra da Crimeia.
b. Guerra do Vietnã.
c. Guerra dos Mundos.
d. X Guerra Fria.
e. Guerra nas Estrelas.

12 (Ufal) As mudanças trazidas pela Revolução Industrial provocaram novas reflexões sobre a socieda-
de e seu comportamento. Karl Marx, um dos pensadores marcantes do século XIX, nas suas reflexões:
a. X reconhecia a falta de justiça social, devido aos exageros do sistema capitalista que incentivava a
exploração das classes desfavorecidas.
b. defendia a necessidade de ampliar a intervenção do Estado na gestão da economia, a fim de pôr
fim aos sistemas parlamentares europeus.
c. propunha a luta da sociedade para negar as mudanças sociais, admitindo a volta aos princípios
do mercantilismo.
d. restringia, às classes sociais urbanas, os planos de crescimento da sociedade europeia e de uma
melhor qualidade de vida.

98 Capítulo 3 – Os sistemas socioeconômicos

CG_8ºano_03.indd 98 26/04/2018 17:39:23


98

ME_CG_8ºano_03.indd 98 16/05/2018 12:15:50


BNCC
Habilidades trabalhadas
no capítulo

Capítulo 4 (EF08GE06) Analisar a atuação das organi-


zações mundiais nos processos de integração
A grande sociedade cultural e econômica nos contextos america-
no e africano, reconhecendo, em seus lugares
global A globalização é uma cadeia entre diferentes
partes do mundo que permite a circulação e de vivência, marcas desses processos.
integração econômica, social, cultural e polí-
tica, surgindo a sociedade global.

Objetivos
pedagógicos

• Apresentar e discutir o conceito de globa-


lização, traçando um perfil de sua evolução,
desde o seu surgimento até os dias atuais.
• Discutir os objetivos e as características
da globalização, compreendendo sua relação
com o sistema capitalista.
• Compreender as bases da globalização eco-
nômica e suas implicações para as economias
nacionais.
• Compreender a influência que a globalização
exerce sobre todas as áreas da sociedade.

Anotações

Neste capítulo, entenderemos que, para


além da economia, a globalização é a
construção de um grande mercado global
em que valores e culturas devem ser
preservados diante da padronização.

stock.com
pathdoc/Shutter

Capítulo 4 – A grande sociedade global 99

CG_8ºano_04.indd 99 30/04/2018 09:40:04

99

ME_CG_8ºano_04.indd 99 16/05/2018 12:16:53


Diálogo com o
professor Cenário 1

Inicie o estudo deste capítulo exploran-


do seu título. Pergunte aos alunos o que eles
Globalização
entendem por globalização, se já ouviram fa- e pensamento
lar disso e como a definiriam. Trace uma com-
paração entre o que é local (restrito) e o que Geografia em cena complexo
é global (amplo) para que eles compreendam
o alcance do processo de globalização como O que é globalização?
sendo algo que afeta amplamente o mundo. A palavra complexo vem do grego complexus, que significa “o
que rodeia, o que inclui”. Pensar de forma complexa, portanto, é
se afastar da velha forma de pensamento em que os fenômenos ou

Anotações eventos são analisados isoladamente e incluir novas informações.


Para entender a globalização, é preciso compreender que os fatos
que ocorrem no mundo são interligados — o que acontece em um
lugar tem repercussões e consequências em muitos outros, às vezes
no mundo inteiro. Por exemplo, uma queimada num trecho de flo-
resta na Amazônia interfere não só no clima daquela região, como
também contribui para o efeito estufa, que é um problema global.

Cinemarketing/Shutterstock.com
Apesar de diferentes, sociedades e ter-
ritórios tendem a igualar seus costumes
culturais e de consumo tendo por base, quase
sempre, o padrão ocidental, devido à liderança
de muitos países ricos. Porém, é necessário res-
saltar que a globalização é seletiva, pois benefi-
cia somente alguns lugares e determinadas so-
ciedades ou grupos sociais. Milhões de pessoas
ainda se encontram excluídas desse processo,
isto também é um problema global.
A globalização não é um fato que aconteceu repentinamente,
mas um processo pelo qual o espaço mundial foi adquirindo unida-
de, principalmente mercadológica. Pode ser compreendida como
um conjunto de transformações no âmbito político, econômico e
social, que encurtou as distâncias existentes entre países, tornando
as relações mais intensas.

100 Capítulo 4 – A grande sociedade global

CG_8ºano_04.indd 100 30/04/2018 09:40:04 CG

100

ME_CG_8ºano_04.indd 100 16/05/2018 12:16:54


Diálogo com o

O processo de globalização remonta às Grandes Navega-


professor
ções europeias que com o comércio transoceânico esboçou ini-
cialmente, a organização de um espaço mundial globalizado, na
qual os estados europeus e as colônias definiram suas funções Para apresentar o percurso de evolução
produtivas. da globalização, sua definição e suas caracte-
Geografia em cena rísticas, comente que esse processo surgiu para
atender ao capitalismo e, principalmente, aos
As Grandes Navegações foram um episódio da Idade Mé-
dia marcado por gerar grandes transformações na humanidade.
países desenvolvidos que precisavam buscar
A exploração do Novo Mundo pelos países ibéricos (Portugal novos mercados, já que seu consumo interno
e Espanha) fez surgir uma nova área de influência para os euro- se encontrava saturado. Explique que a globa-
peus, que rapidamente foi impondo seu estilo. Hoje, o conti-
nente americano apresenta, em boa parte, reflexos do modelo
lização é a fase mais avançada do capitalismo,
colonizador dos países da época. predominante no mundo desde a queda do
socialismo, e que seu objetivo de integração
Cenário 2 mundial foi facilitado por dois fatores princi-
pais: as inovações tecnológicas e o incremento
Evolução do no fluxo comercial global.

processo de
globalização Anotações
As Grandes Navegações
Até o século XV, não existiam laços de integração entre as so-
ciedades do mundo. O chamado mundo conhecido se limitava
ao continente europeu e a algumas porções da África e da Ásia, de
onde os europeus ocidentais buscavam especiarias, marfim, ouro e
pele de animais.
Reprodução

O mapa-múndi de 1489, feito por Henricus


Martellus Germanus, omite boa parte
do continente americano, o que se explica pelo
fato de ainda não conhecerem tais terras nessa
época.

Capítulo 4 – A grande sociedade global 101

0:04 CG_8ºano_04.indd 101 30/04/2018 09:40:05

101

ME_CG_8ºano_04.indd 101 16/05/2018 12:16:54


No entanto, dentro dos limites da Europa Ocidental, houve
a criação de uma nova realidade política, econômica e, sobretudo,
técnica, que provocaria o rompimento do espaço desse mundo co-
nhecido e projetaria uma ampliação continuada do espaço econô-
mico mundial até chegar ao que conhecemos na atualidade.
A dominação da América inaugurou a jornada da burguesia
rumo à totalização do mercado global. Aos poucos, intensificou-se
o intercâmbio comercial, político e social entre a Europa Ociden-
tal e o continente “descoberto” por Colombo. Da América, eram
retirados produtos tropicais, ouro, prata, metais preciosos, etc., os
quais eram enviados para a Europa, que, por sua vez, mandava para
a América produtos manufaturados.
O crescimento dessa relação fez com que, no início do século
XVII, o espaço mundial já integrasse a Europa, América e algumas
porções dos continentes asiático e africano.

Reprodução
Devido ao processo de expansão comercial
marítima, protagonizado pelos países da
Europa a partir dos séculos XV e XVI, a civili-
zação ocidental conseguiu influenciar as diversas
culturas do Planeta nos últimos cinco séculos.

Imperialismo: ampliação
das fronteiras do
mundo globalizado
A intensificação do comércio mundial gerado pelas Grandes
Navegações possibilitou à burguesia uma acumulação de capital
nunca antes ocorrida, e isso foi um forte impulso para a expansão do
processo de globalização.
Na segunda metade do século XIX, observou-se uma ampliação da
dominação política, econômica e militar sobre vastas extensões da Ásia e
da África. Esse fenômeno, denominado imperialismo, proporcionou a
aplicação de novas tecnologias à indústria, às comunicações e aos trans-
portes. O que já tinha sido criado e utilizado na Europa Ocidental se ex-
pandiu rapidamente. Automóveis, aviões, telégrafos, rádios, telefones e,
principalmente, a ampliação da malha ferroviária promoveram a expan-
são da globalização econômica para espaços outrora impensáveis.
Desse modo, na eclosão da Segunda Guerra Mundial, o merca-
do global já se constituía quase que plenamente da Europa, América,
Ásia e África.

102 Capítulo 4 – A grande sociedade global

CG_8ºano_04.indd 102 30/04/2018 09:40:05 C


102

ME_CG_8ºano_04.indd 102 16/05/2018 12:16:55


:05
CG_8ºano_04.indd 103

ME_CG_8ºano_04.indd 103
Espacialidade planetária construída pelo imperialismo

O L

Canadá

Estados Unidos
Oceano Japão
Atlântico Argélia
Saara Tripolitânia
Espanhol África Egito
Índia Formosa
Porto Rico Ocidental Oceano
Belize Francesa
Jamaica Goa
Gâmbia Indochina Pacífico
Nigéria Sudão
Guiné
Filipinas
Guianas Serra Leoa
Camarões Somália
Quênia
Costa Nova Guiné
do Ouro Gabão Congo
Oceano Belga África Oceano Índias
Oriental Alemã Holandesas
Pacífico Angola Índico
Sudeste Madagascar
Africano Moçambique
Alemão Austrália
União
Sul-africana

A colonização na época
do imperialismo Bélgica Holanda
Grã-Bretanha Espanha Alemanha EUA

Capítulo 4 – A grande sociedade global


0 666 km 1.333 km
França Portugal Itália Japão

103

30/04/2018 09:40:05
103

16/05/2018 12:16:55
Anotações
Cenário 3

Bipolaridade
A trava do processo de
globalização
Como já estudamos, com o fim da Segunda Guerra Mundial
instaurou-se uma situação de insegurança global com a divisão do
mundo nos blocos políticos: capitalista (Estados Unidos) e so-
cialista (União Soviética). Essa bipolaridade travou o processo de
ampliação do mercado global, pois as trocas comerciais existiam
dentro de cada bloco e praticamente não havia comércio entre
membros dos blocos opostos.

Reprodução
Leitura Charge que ilustra uma crítica à Guerra Fria e o conflito entre as duas potências, representadas

complementar pelo presidente soviético Nikita Kruschev (à esquerda) e o presidente norte-americano John
Kennedy (à direita). Embora os dois países demonstrassem uma ausência de conflito direto, ambos
estavam fortemente armados com a bomba atômica.

A ascensão de Gorbatchev Apesar disso, durante o período da Guerra Fria, houve impor-
tantes avanços na ciência e tecnologia, sobretudo na computação,
robótica, informática, nas telecomunicações e nos transportes, que,
progressivamente, passaram a ser utilizados no processo de expan-
Foi em abril de 1985 que surgiu um fato são da globalização.
novo, decisivo para o futuro da Europa do
Leste. Mikhail Gorbatchev chegava ao po- 104 Capítulo 4 – A grande sociedade global
der na União Soviética, com um amplo pro-
grama de reformas democráticas em seu país.
Um empreendimento que em poucos anos CG_8ºano_04.indd 104 30/04/2018 09:40:05

mudaria sensivelmente a disposição geopolí- funções do Pacto de Varsóvia e desmilitari- partir de agosto de 1989. As autoridades evi-
tica do Planeta. O programa de Gorbatchev zando o teor das conversações internacio- taram um conflito direto com a oposição, para
foi anunciado em 1986, durante o 27° Con- nais sobre assuntos estratégicos. afastar o risco de um banho de sangue como
gresso do Partido Comunista. A era Gorbatchev logo provocou um o da Praça da Paz Celestial, ocorrido pou-
Nos primeiros anos de governo, o lí- novo comportamento político nos países do co antes, em 4 de junho, em Pequim, capital
der tomou medidas de grande impacto. De- Leste Europeu. Multiplicaram-se os movi- da China. No episódio, cerca de dois mil es-
clarou moratória nuclear unilateral, abran- mentos democráticos na Hungria e na Tche- tudantes foram violentamente atacados pelas
dou a censura à imprensa, libertou os presos coslováquia. Na Polônia, o Solidariedade pas- forças de segurança chinesas durante uma ma-
políticos e, em 1988, iniciou a retirada das sou à ofensiva e reconquistou a legalidade. nifestação pela democracia.
tropas soviéticas do Afeganistão, depois de Mas foi na Alemanha, em 1989, que acontece-
nove anos de intervenção militar. No âmbi- ram as transformações mais expressivas. Apro- Disponível em: http://www2.tvcultura.com.br/
to da política externa, Gorbatchev revogou veitando o clima de abertura, milhares de ale- aloescola/historia/guerrafria/guerra7/blocosocialista-
a chamada doutrina Brejnev, esvaziando as mães-orientais começaram a deixar o país, a lesteeuropeu3.htm. Acessado em: 23/02/2018.

C
104

ME_CG_8ºano_04.indd 104 16/05/2018 12:16:56


Queda do bloco
socialista e globalização
recente
Com a queda do Muro de Berlim, em 1989, os antigos países
socialistas se renderam ao capitalismo global, e as novas tecnolo-
gias, criadas e aperfeiçoadas ao longo da Guerra Fria, passaram a
ser utilizadas, acarretando várias transformações na produção, no
transporte e na circulação de mercadorias, serviços e capitais.
Tinha início, assim, um padrão mundial de consumo em que
artigos e produtos são difundidos com maior intensidade. A cultu-
ra sofreu um processo de padronização, e ocorreram a unificação de
quase todos os espaços planetários através da Internet e a formação
de uma vasta rede digital.

pcruciatti/Shutterstock.com

Alguns países que ainda registram-se


como socialistas, bem como a China,
perceberam como seria vantajoso abrir o seu ca-
pital para a economia de mercado às empresas
multinacionais, como é o caso da Walmart.

Essa nova organização mundial pode ser resumida sobre a se-


guinte base político-social: de um lado, uma grande diversidade
socioeconômica e, do outro, uma unicidade alarmante do ponto
de vista político.
VAUko/Shutterstock.com

0:05

Após o desmoronamento do Socialismo


Real e o fim da Guerra Fria, os países
socialistas abriram suas economias ao sistema
capitalista.

Capítulo 4 – A grande sociedade global 105

CG_8ºano_04.indd 105 30/04/2018 09:40:06


105

ME_CG_8ºano_04.indd 105 16/05/2018 12:16:56


Leitura
complementar Cenário 4

O mito da empresa Fatores atuantes


“transnacional”
no processo de
Não há dúvida de que nas últimas dé-
cadas aumentou a proporção de firmas que
globalização
operam em âmbito internacional. As corpo- Empresas
rações industriais e financeiras dos países de-
senvolvidos, e mesmo de alguns países em de- transnacionais
senvolvimento, ampliaram as suas atividades As empresas transnacionais foram de grande importância para
o rompimento das fronteiras dos estados. Criando novos padrões
no exterior e mantêm uma parte dos seus ati- de consumo, quebrando tradições culturais, impondo novas for-
vos fora do seu país de origem. Uma percen- mas de trabalho e se baseando num modelo de competição desleal,
tagem maior do valor adicionado é produzida construíram uma nova espacialidade na qual o capital e a produção
científica são os elementos mais importantes para o sucesso empre-
por subsidiárias estrangeiras, e cada empresa sarial. Ao mesmo tempo, engoliram empresas nacionais em países
individual enfrenta maior número de compe- fora do eixo composto pela América Anglo-Saxônica, a União Eu-
tidores externos, tanto na sua base doméstica ropeia e o Japão, dissolvendo as fronteiras entre os diferentes Esta-
dos-nação que compõem a arena mundial de comércio.
como em outros países. Em decorrência dessa centralização econômica e tecnológica,
Daí não segue, entretanto, que se pos- algumas transnacionais apresentaram uma poderosa influência po-
lítica, econômica e cultural sobre todas as sociedades e os governos,
sa falar em supremacia de empresas “trans-
a ponto de fazerem com que sejam criadas normas e legislações que
nacionais” ou “multinacionais” sem iden- facilitem a sua atuação em diversos países.
tificação nacional específica. Mesmo as Essa interferência acarreta a criação de leis trabalhistas e ambien-
tais mais suaves e incentivos fiscais, como redução ou isenção de im-
grandes empresas, que tendem a ser mais in- postos. Com isso, amplia-se a margem de lucro dessas empresas.
ternacionalizadas do que as pequenas e mé-

Ken Wolter/Shutterstock.com
dias, permanecem marcadas por sua origem
nacional. Corporações verdadeiramen-
te transnacionais são raras, especialmen-
te nas economias de maior porte, que con-
tam com amplos mercados internos. E não
se pode dizer que exista tendência percep-
tível de predomínio de empresas genuina-
mente globais, que não revelam preferência Uma das maiores empresas do ramo ali-
mentício do mundo é a Nestlé que foi
por um país particular. criada em 1867, por Henri Nestlé, na Suíça. É
um exemplo de empresa transnacional.
A própria expressão empresa “transna-
cional” é enganosa, na medida em que insinua 106 Capítulo 4 – A grande sociedade global
a ausência de base ou dependência nacional.
Em geral, o conceito de empresa “transnacio-
nal” não é aplicável, vale dizer, não pode ser CG_8ºano_04.indd 106 30/04/2018 09:40:06

utilizado, como sugere o termo, para designar gados e suas decisões estratégicas na sua base diretores estrangeiros são tão raros quan-
entidades que transcendem as nações e ope- nacional. De um modo geral, a maior parte do to lutadores britânicos de sumô. Por essas e
ram desvinculadas de suas origens nacionais. capital acionário das empresas fica em mãos de outras razões, as corporações devem ser ca-
São poucas as empresas que correspondem a pessoas físicas e jurídicas do país de origem. racterizadas, em geral, como firmas nacio-
esse modelo. A maioria das grandes corpora- A Nestlé, por exemplo, uma das compa- nais com operações internacionais. Mais
ções da Europa, dos Estados Unidos e do Ja- nhias mais internacionalizadas do mundo, apropriado é denominá-las corporações ja-
pão concentra a sua atuação nos respectivos que tem apenas 5% dos seus ativos e empre- ponesas, alemãs, americanas, etc. Empresas
países. Funções centrais, como pesquisa e de- gados na Suíça, limita os direitos de voto de de base nacional, ainda que orientadas para
senvolvimento, e as atividades geradoras de estrangeiros a apenas 3% do total. Em 1991, o mercado internacional.
maior valor adicionado tendem a se realizar apenas 2% dos membros dos conselhos de
no país de origem das empresas. Robert Wade administração das grandes empresas dos Fonte: BATISTA JR., Paulo Nogueira. Mitos da
lembra que a grande maioria das firmas man- EUA eram estrangeiros. Nas companhias ja- “globalização”. São Paulo: IEA-USP, 1997. p. 31–2.
tém a maior parte dos seus ativos, seus empre- ponesas, observou a revista The Economist, (Documentos, 52/Assuntos internacionais.).

C
106

ME_CG_8ºano_04.indd 106 16/05/2018 12:16:57


Mídia: uma imagem
fala mais do que mil
palavras
A mídia (o conjunto de meios de comunicação de massa), na
maioria das vezes, reproduz e idealiza o modo de vida dos princi-
pais centros de poder. Esse ideal circula por todo o mundo — por
meio do cinema, da televisão, Internet, publicidade, etc. —, crian-
do um terreno fértil para os negócios lucrativos das grandes corpo-
rações transnacionais.

Novas tecnologias de
transporte e informação
De suma importância no processo de globalização, os meios de
transporte e informação foram fundamentais para a superação das
barreiras entre os países. Enquanto os primeiros encurtam as distân-
cias com grande velocidade e capacidade de carga, os últimos levam
as informações para todos os cantos do Planeta, em tempo real.
No entanto, esse avanço da tecnologia amplia o fosso social,
já que está disponível apenas para parte da população mundial, em
especial dos países desenvolvidos. Quem já possuía capital para ad-
quirir os bens antes da globalização recente ampliou seu poder e
sua qualidade de vida. Já os que nada ou pouco tinham continua-
ram com seu pequeno poder de compra, se comparado às fortunas
acumuladas pela elite econômica.
Peter Wollinga/Shutterstock.com

0:06

Apesar de conectadas à Internet, através


de computadores e celulares, o consumo
das classes sociais de renda mais baixa ainda é
bem limitado.

Capítulo 4 – A grande sociedade global 107

CG_8ºano_04.indd 107 30/04/2018 09:40:06


107

ME_CG_8ºano_04.indd 107 16/05/2018 12:16:57


Diálogo com o
professor Cenário 5

• Comente que o processo de globalização Principais


propiciou o fim das barreiras comerciais e a
ampliação dos investimentos das empresas em
nível mundial, a partir de alianças entre em-
características
presas e blocos de países, para a abertura de da globalização
novos mercados.
• Exponha que algumas empresas multina- recente
cionais, por meio de sua atuação em escala
mundial, propiciaram uma disseminação geo- Substituição do homem
gráfica dos investimentos e das aplicações fi-
nanceiras dessas empresas em escala mundial. pela máquina no
processo produtivo
O avanço da ciência e tecnologia acarretou a ampliação e quali-
Anotações ficação da produção de bens, mas fez com que o desemprego estru-
tural aumentasse, aumentando também a reserva de mão de obra.

Reprodução
O filme Tempos modernos, de Charles
Chaplin, é um clássico do cinema mun-
dial e uma crítica à mecanização da indústria e
substituição do homem pela máquina.

Redução da participação
do Estado na economia
Como sabemos, o neoliberalismo — doutrina econômica de-
senvolvida a partir da década de 1930 e introduzida como prática a
partir dos anos 1980 — valoriza os mecanismos de mercado (oferta
e procura, livre-iniciativa, etc.) como elementos capazes de organi-
zar a vida política, econômica e social das diversas sociedades, ca-
bendo ao Estado apenas o papel de fiscalizador.

108 Capítulo 4 – A grande sociedade global

CG_8ºano_04.indd 108 30/04/2018 09:40:06 CG

108

ME_CG_8ºano_04.indd 108 16/05/2018 12:16:58


Sugestão de
Implantado inicialmente no mundo rico (Inglaterra, de abordagem
Margareth Thatcher, e Estados Unidos, de Ronald Reagan), o
neoliberalismo posteriormente se espalhou por todo o Planeta.
Esse modelo impõe ao Estado o papel de (re)organizador das esfe- Aproveite esse momento para discutir
ras econômica, política e social sempre que há interesse do capital
internacional, ou seja, para criar leis e agências que beneficiem as
a importância das diferentes formas de tra-
grandes corporações transnacionais. balho. Aborde sutilmente a questão do pre-
O sistema neoliberal, estabelecido a partir da ampliação da conceito em relação a algumas profissões,
atuação das grandes corporações transnacionais pelo mundo, pro-
moveu um pensamento positivo-eufórico sobre o mercado como deixando claro que todas elas são indispen-
promotor maior do desenvolvimento econômico e social. Contu- sáveis. Caso algum aluno deseje falar sobre
do, enfraqueceu as fronteiras nacionais ao facilitar a livre circulação a ocupação de seus pais, aproveite para res-
de mercadorias, serviços e capitais.
saltar a importância da respectiva profissão
Descentralização do para a sociedade.

processo produtivo
O desenvolvimento de novas tecnologias de transporte e infor-
mação em tempo real, como a Internet, interliga os sistemas finan- Anotações
ceiros do mundo e agiliza a comunicação entre as diversas unidades
de uma empresa.

Indústria 1 Indústria 2 Indústria 3

Teclado CPU
Monitor

Montadora

Mercado
Computadores

No mundo globalizado, cada etapa do processo produtivo


pode ser realizada em um país diferente, aproveitando as vantagens
oferecidas pelo governo local, como redução de impostos e pouca
fiscalização. A produção de uma fábrica global pode gerar empre-
gos nos países onde suas diferentes unidades se instalam. Por outro
lado, acarreta graves transtornos sociais a partir da intensa explora-
ção da mão de obra, além de impactos ambientais.

Capítulo 4 – A grande sociedade global 109

0:06 CG_8ºano_04.indd 109 30/04/2018 09:40:06

109

ME_CG_8ºano_04.indd 109 16/05/2018 12:16:58


Rússia
Mongólia

Coreia
do Norte
Coreia Japão
China do Sul
Nepal
N
Butão
Índia O L
Bangladesh
S

Taiwan
Mianmar
Laos
Tailândia
Oceano
Bangcoc Vietnã
Pacífico

as
Manilla
Camboja

Filipin
Sistemas de transmissão
Peças de motor
Brunei
Malásia Equipamentos elétricos
Peças de forjaria
Cingapura

Oceano
Índico Jacarta
Indonésia Papua-Nova Guiné

Timor Leste

0 305 km 611 km

Austrália

Especialização e troca entre filiais de uma corporação automobilística no Sudeste Asiático.

Crescimento da
pobreza, concentração
da riqueza e
desemprego estrutural
Em função da má distribuição de renda, as diferenças sociais se
tornam cada vez maiores. E, com o poder aquisitivo restrito a um
pequeno número de pessoas, a população que não pode adquirir as
ferramentas tecnológicas fica à margem do processo, originando,
assim, o analfabetismo tecnológico.

110 Capítulo 4 – A grande sociedade global

CG_8ºano_04.indd 110 30/04/2018 09:40:07 C


110

ME_CG_8ºano_04.indd 110 16/05/2018 12:16:59


Cenário 6

Os grupos de
países no mundo
globalizado
Classificação
No atual estágio da globalização, os países passam por um pro-
cesso de reorganização de sua estrutura política e socioeconômica.
Iremos, agora, identificar os grupos de nações que emergem dessa
nova organização.

Países desenvolvidos
São chamados de desenvolvidos todos os países com elevado
nível industrial. Eles se destacam na produção tecnológica, pois in-
vestem em pesquisa científica e tecnologia de ponta, como infor-
mática, robótica e engenharia genética. Na área social, têm excelen-
te padrão de desenvolvimento humano.
Nesse conjunto, podemos destacar os Estados Unidos, o Japão
e a Europa Ocidental (Alemanha, França, Noruega, Dinamarca,
etc.). Devemos destacar que esse grupo não é homogêneo em sua
A globalização é um dos fatores pelo qual
totalidade, além de apresentar alguns dos problemas dos países em os Estados Unidos difundiram sua cultura
desenvolvimento, como violência urbana e desemprego. e seu modo de vida para o resto do mundo.

Luciano Mortula - LGM/Shutterstock.com

Capítulo 4 – A grande sociedade global 111

:07 CG_8ºano_04.indd 111 30/04/2018 09:40:07


111

ME_CG_8ºano_04.indd 111 16/05/2018 12:16:59


Países de economia emergente
Esse grupo é constituído por nações que antes eram subdesenvol-
vidas ou países ex-socialistas, que, a partir da década de 1950, come-
çaram um forte processo de desenvolvimento econômico-industrial.
Esses países apresentam pontos em comum. Eles adotaram po-
líticas neoliberais, com privatizações e abertura de economia. Por
terem suas práticas orientadas pelas instituições financeiras inter-
nacionais, tornaram-se áreas com excelentes condições de retorno
para os investimentos dos conglomerados econômicos, como ban-
cos e grandes instituições do mundo desenvolvido.
A maioria desses países passou a desenvolver tecnologias pró-
prias, que, progressivamente, foram aplicadas em diversas áreas,
como agropecuária e produção de energia. Podemos agrupá-los em
três subconjuntos:

Brasil, México, Chile, Argentina, África do Sul, Índia,


China e Rússia
$12 tri

China
$10 tri Índia
Brasil
$8 tri Rússia
África do Sul

$6 tri

$4 tri

$2 tri
1960

1965

1970

1975

1980

1990

1995

2000

2005

2010

2015
1985

$0

Esses países iniciaram seu crescimento econômico entre as dé-


cadas de 1950 e 1970, a partir da abertura de sua economia para
Geografia em cena
a entrada de empresas e capitais transnacionais. Durante muito
Criador do chamado tempo, receberam a denominação de países em desenvolvimento.
socialismo de mercado, Atualmente, estão um degrau abaixo do conjunto dos países desen-
modelo o qual rege a Chi- volvidos.
na nos dias atuais, Deng A China começou suas reformas econômicas na metade da déca-
Xiaoping, foi uma grande da de 1970, com a abertura econômica realizada por Deng Xiaoping e,
liderança do sistema políti- atualmente, disputa a hegemonia econômica mundial com os Estados
co chinês, entre os anos de Unidos. Já a Rússia, após o fim do bloco socialista e da União So-
1978 e 1992. viética, passou por reformas econômicas que acarretaram um cres-
cimento acelerado.

112 Capítulo 4 – A grande sociedade global

CG_8ºano_04.indd 112 30/04/2018 09:40:07 C


112

ME_CG_8ºano_04.indd 112 16/05/2018 12:17:00


Virada

Participação de países emergentes e desenvolvidos no PIB mundial (em %)*


Desenvolvidos Emergentes**
60 60

55 55

50 50

45 45

40 40
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Fonte: Banco Mundial, usando projeções da Panorama Econômico Mundial do FMI.
* Pelo conceito de Paridade de Poder de Compra.
** Inclui economias em desenvolvimento.

Tigres Asiáticos
Rússia
Mongólia
Os tigres da Ásia
Coreia Mar
do Leste
do Norte
Coreia Japão
China Mar
do Sul Tigres Asiáticos
Amarelo
Nepal Novos Tigres
Butão
Mar da
Índia China
N
Bangladesh Oriental
O L
Hong Kong ncer
Taiwan Trópico de Câ S
Mianmar
nal

Laos
ridio
Me

Tailândia Vietnã
Oceano
ina

as

Mar das
Ch

Filipin

a Filipinas
Camboja rd
Ma
Pacífico
Cingapura
Brunei
Malásia Mar de
Célebes

Oceano Equador

Índico Indonésia
Mar de Papua-Nova
Mar de Java Guiné
Banda

Timor Leste

Os Tigres Asiáticos e os Novos Tigres Asiáticos receberam grandes investimentos de capital e tecnologia provenientes do Japão e dos Estados Unidos.
Austrália

Capítulo 4 – A grande sociedade global 113

:07 CG_8ºano_04.indd 113 30/04/2018 09:40:07


113

ME_CG_8ºano_04.indd 113 16/05/2018 12:17:00


Leitura
complementar Chamamos de Tigres Asiáticos os países em desenvolvimento
do sul, sudeste e leste da Ásia que, desde os anos 1970, apresentam
um intenso e acelerado crescimento econômico e industrial. São eles:
Dinâmica geopolítica do Cingapura, Hong Kong (atualmente incorporado à China), Coreia
do Sul e Taiwan. No final do século XX, essas nações já se destacavam
Japão por sua industrialização e seu progresso tecnocientífico.
Para várias culturas asiáticas, o tigre é um símbolo de força,
Temeroso de uma eventual expansão astúcia e agressividade. Foram essas as características apresentadas
pelos governos dessas nações ao destinarem grandes investimentos
russa na região do Pacífico Norte, o Japão à criação de infraestrutura (transportes, comunicação e energia),
aproximou-se dos Estados Unidos. Um dos bem como à educação e ao desenvolvimento da ciência e da tecno-
frutos dessa parceria foi a modernização da logia de ponta.

junjie/Shutterstock.com
economia capitalista. Do ponto de vista mi-
litar, o país dotou-se de um exército e de uma
marinha moderna. Com isso, foram criadas
as condições para o início de um processo de
dominação de territórios para além do arqui-
pélago japonês.
Numa primeira fase, o Japão declarou guer-
ra contra a China, que estava enfraquecida pela
ocupação estrangeira e pelos conflitos internos.
A vitória conquistada em 1895 deixou eviden-
te que a China, por conta de seu tamanho e de
sua enorme população, seria uma preocupação
constante da geopolítica nipônica.
Ao ocupar Taiwan e a Coreia, os japo-
Cingapura, um dos Tigres Asiáticos, é
neses colocaram um pé na Ásia do Norte. uma micronação moderna e organiza-
da, localizada no sul da península da Malásia.
Ali, começaram a entrar em choque com os Com maioria da população de origem chinesa,
sua força se revela nos serviços bancários, no
russos, também atentos à falta de contro- turismo e na indústria de alta tecnologia. Na
imagem, arranha-céus do distrito financeiro da
le do combatido império chinês sobre a sua cidade.

O modelo industrial adotado pelos Tigres Asiáticos é o de pla-


periferia (Manchúria, Mongólia e Tibete).
taformas de exportação, ou Industrialização Orientada para a Ex-
Enxergando a Grã-Bretanha como um im- portação (IOE), pois as indústrias transnacionais que se estabele-
portante aliado contra as pretensões rus- ceram neles e as empresas locais implantaram um parque industrial
destinado, principalmente, ao mercado externo.
sas, o Japão assinou com os britânicos, em
1902, um tratado de aliança. Pouco depois, Dragões Asiáticos, ou Novos Tigres
em 1904–1905, promoveu uma campanha
Na década de 1990, houve uma expansão do processo de in-
militar vitoriosa contra a Rússia (guerra dustrialização dos Tigres Asiáticos para os seus vizinhos do sudes-
russo-japonesa).
Pelo Tratado de Portsmouth, o Japão to- 114 Capítulo 4 – A grande sociedade global
mou dos russos a porção meridional da Ilha de
Sacalina, reafirmou seu interesse sobre a Co-
reia e anexou um pequeno território ao sul da CG_8ºano_04.indd 114 30/04/2018 09:40:09 CG

Manchúria. Logo depois, o império nipônico região. Os imperialistas japoneses seguiam De 1930 a 1939, o país optou pela dou-
e o império dos czares partilharam zonas de duas estratégias, a siberiana (ou continental) trina continental. Todavia, em 1941, após as-
influência sobre a Manchúria e a Mongólia. e a colonial. A primeira encarregou o exérci- sinar um pacto de neutralidade com a URSS,
Na Primeira Guerra Mundial, o Japão aliou-se to de expandir o domínio japonês para a Chi- o governo japonês adotou a estratégia colo-
à Tríplice Entente, aliança militar entre o Rei- na do norte, Mongólia e Sibéria, rivalizan- nial. Assim, no final de 1941, o Japão atacou
no Unido, a França e o Império Russo, e, com do principalmente com a União Soviética. A a base norte-americana de Pearl Harbour no
a derrota alemã, apoderou-se das colônias ger- estratégia colonial, delegada à marinha, visa- Havaí, ação que lhe trouxe duas consequên-
mânicas existentes no Pacífico Norte. A incor- va o controle de colônias inglesas, francesas e cias: a entrada dos Estados Unidos na guerra
poração das Ilhas Marianas, Carolinas e Mar- holandesas na Ásia. Todavia, o principal obs- e a dominação das colônias europeias do Leste
shall ampliou o domínio japonês no Pacífico. táculo a esse projeto expansionista era a for- e Sudeste asiáticos.
A partir da década de 1930, o Japão lan- te presença dos Estados Unidos no Pacífico A derrota do Japão também se acelerou
çou-se numa política de expansionismo terri- (Alaska, Ilhas Aleutas, Filipinas e, principal- porque a URSS declarou guerra ao país em
torial, com contínuas agressões aos países da mente, Havaí). 1945, logo após o encerramento do confli-

114

ME_CG_8ºano_04.indd 114 16/05/2018 12:17:01


Anotações
te, estimulando um processo de industrialização em países como
Indonésia, Vietnã, Malásia, Tailândia e Filipinas. Com o início do
desenvolvimento, essas nações receberam investimentos de países
desenvolvidos, principalmente Estados Unidos e Japão. Elas são
chamadas de Dragões Asiáticos, ou Novos Tigres.
Diferentemente dos Tigres Asiáticos, que investiram fortemente
em educação e qualificação da mão de obra, os Novos Tigres possuem
uma mão de obra de baixa qualificação, porém muito mais barata.
Nesses países, não foram instaladas indústrias de alta qualifica-
ção, e sim tradicionais, como têxteis, de calçados, brinquedos, ali-
mentos e produtos eletrônicos. Mas, com essa industrialização, hou-
ve o surgimento de milhares de pequenas empresas que produzem
mercadorias sob encomenda, criadas e planejadas em outras nações.

amadeustx/Shutterstock.com

Jacarta, capital da Indonesia, um dos


novos tigres asiáticos que tem uma das
principais economias do Planeta.
Apesar do grande desenvolvimento industrial e econômico, os
Dragões Asiáticos não conseguiram superar os diversos problemas
sociais, como pobreza, violência urbana, déficit habitacional e má
distribuição da riqueza.

Países em desenvolvimento
Mesmo com o desenvolvimento de algumas indústrias, as nações
em desenvolvimento apresentam o conjunto de sua economia ligado
às atividades primárias, como agropecuária e extrativismo mineral.
No mundo em desenvolvimento, são marcantes o grau de po-
breza, a baixa expectativa de vida, a péssima distribuição de renda
e as elevadas taxas de analfabetismo e desemprego. Diversos paí-
ses africanos como Angola, Etiópia, Chade, Madagascar; asiáticos
como Afeganistão, Nepal e Bangladesh, e o Haiti, no continente
americano, compõem essa extensa lista de países que também po-
dem ser denominados na atualidade de menor sócioeconômico.

Capítulo 4 – A grande sociedade global 115

0:09 CG_8ºano_04.indd 115 30/04/2018 09:40:09

to no cenário europeu. Os soviéticos retoma-


ram a Manchúria, o norte da Coreia e as ilhas
Sacalinas e Kurilas. Chegaram ainda a exigir
uma zona de ocupação no Japão, mas os Es-
tados Unidos recusaram e ocuparam todo o
arquipélago japonês. Com o fim da guerra, o
Japão perdeu todas as anexações territoriais
obtidas após 1895. [...]

Disponível em: http://www.clubemundo.com.br/pages/


revistapangea/show_news.asp?n=311&ed=4. Acessado
em: 03/05/2010. Adaptado.

115

ME_CG_8ºano_04.indd 115 16/05/2018 12:17:01


Anotações

AGLPhotography/Shutterstock.com
Aproximadamente 80% da população
na Etiópia sobrevive da agricultura, que
corresponde a 90% do PIB.

Países ex-socialistas
Com a queda do Muro de Berlim, algumas nações da Europa
realizaram profundas reformas econômicas e adotaram o capita-
lismo. A industrialização foi facilitada pelos consideráveis inves-
timentos em educação, desenvolvimento científico e indústrias de
base (siderúrgicas, metalúrgicas e químicas) feitos na era socialista.
Apesar disso, muitos ainda enfrentam problemas contunden-
tes na esfera social e econômica. A transferência para o sistema ca-
pitalista não poderia causar significativas mudanças a todos, visto
que é necessário atender uma série de critérios para que investidores
possam despejar capitais e tornar a economia competitiva. Por isso,
alguns estão na condição de em desenvolvimento ou de menos de-
senvolvido, como é o caso da República Democrática do Afeganis-
tão e a Republica Democrática de Moçambique.
Outros, a minoria, possuem melhoras nos índices sociais,
como expectativa e qualidade de vida, bem como uma industria-
lização de porte. Todavia, ainda continuam um pouco distante do
modelo de desenvolvimento atual. Por exemplo, a Rússia, que foi
berço de todo processo do sistema socialista, tendo como grande
inimigo os Estados Unidos, e a China, apesar de sua forte produção
industrial e elevado PIB.

BartlomiejMagierowski/Shutterstock.com
Com aproximadamente 100 milhões de
pessoas trabalhando em fábricas, a China
tem quase 36% de seu PIB vindo das indústrias.

Leitura
complementar 116 Capítulo 4 – A grande sociedade global

Fundo Monetário CG_8ºano_04.indd 116 30/04/2018 09:40:09

Internacional (FMI) • Empréstimos aos países-membros: Uma • Capacitação: Programa de capacitação do


responsabilidade central do FMI é dar em- FMI — assistência técnica e treinamento —
A missão do FMI é realizada de três préstimos aos países-membros que enfrentam auxilia os países-membros a desenhar e imple-
maneiras: problemas — atuais ou potenciais — de ba- mentar políticas econômicas que promovam
lanço de pagamentos. Esta assistência finan- a estabilidade e o crescimento, fortalecendo
• Monitoramento do sistema monetário in- ceira permite aos países reconstruir suas re- suas capacidades e habilidades institucionais.
ternacional: O FMI monitora o sistema mo- servas internacionais, estabilizar suas moedas, O FMI busca desenvolver sinergias entre as-
netário internacional e as políticas econômi- continuar pagando as importações e restaurar sistência técnica e treinamento para maximi-
cas e financeiras dos seus 189 países-membros. as condições para um forte crescimento eco- zar sua eficácia.
Neste processo, que ocorre tanto em nível glo- nômico, ao mesmo tempo que implementam
bal como em nível individual de cada país, o políticas para corrigir problemas subjacentes. Disponível em: https://nacoesunidas.org/agencia/fmi/.
FMI destaca os possíveis riscos para a estabili- Ao contrário dos bancos de desenvolvimento, Acessado em: 27/02/2018.
dade e aconselha sobre políticas econômicas. o FMI não empresta para projetos específicos.
C
116

ME_CG_8ºano_04.indd 116 16/05/2018 12:17:02


Cenário 7

A esfera
globalizada
Organismos reguladores
A economia mundial é gerenciada e organizada por algumas
instituições que, em teoria, têm um poder maior que os países. A
seguir, veremos as principais.

Fundo Monetário Internacional


(FMI)
O Fundo Monetário Internacional é um organismo da ONU,
criado em 1944, com sede na cidade estadunidense de Washington.
Teoricamente, o FMI tem como principal objetivo promover
a cooperação econômica em escala global a partir da estabilidade
financeira e do favorecimento das relações comerciais internacio-
nais. Por meio de planos, estimula a geração de emprego e o desen-
volvimento sustentável como formas de atingir o equilíbrio social e
a redução da pobreza.

Beto Barata/PR

0:09

O G-20 tenta encontrar meios para ajudar-se economicamente e ajudar os países pequenos a movimentarem suas economias.

Capítulo 4 – A grande sociedade global 117

CG_8ºano_04.indd 117 30/04/2018 09:40:10


117

ME_CG_8ºano_04.indd 117 16/05/2018 12:17:02


Diálogo com o
professor Hoje, com exceção de Coreia do Norte, Cuba, Liechtenstein,
Andorra, Mônaco, Tuvalu e Nauru, todos os membros da ONU
fazem parte do FMI, e cada um deles possui uma cota estabelecida
Professor, mostre aos alunos o quão im- de participação no fundo. Por apresentarem PIB elevado, os países
desenvolvidos detêm as maiores cotas e, por isso, são responsáveis
portantes, para o desenvolvimento dos países, pela gerência do organismo. A única nação com poder de veto é os
são os recursos oferecidos pela ONU. Mostre Estados Unidos.
que a organização não faz apenas trabalhos de A ajuda do FMI, destinada a países com dificuldades finan-
ceiras, ocorre geralmente na forma de empréstimos. O governo que
pacificação, mas também se preocupa com os receber esse auxílio deve cumprir metas estipuladas pelo organis-
países de modo geral, pois só é possível ter um mo. Nesses compromissos assumidos pela parte devedora, estão
mundo equilibrado quando todas as nações elencados planos de ação, como ajuste orçamentário, cortes nos
gastos públicos, monitoramento da taxa cambial e controle salarial
estão estabilizadas. para desestimular o consumismo e a inflação.

Banco Internacional
Anotações para Reconstrução e
Desenvolvimento (Bird)
O Bird foi criado em 1° de julho de 1944, pela ONU, para
ajudar os países destruídos ao longo da Segunda Guerra Mundial.
Sua sede também está localizada em Washington (EUA). Na atuali-
dade, o objetivo principal do organismo é oferecer financiamentos
para governos que queiram investir na melhoria de áreas estruturais
— como transporte, geração de energia e saneamento — e sociais.

Shiny Things
O Banco Mundial atua em todas as áreas
do desenvolvimento e com soluções para
os desafios que enfrentam.
Diferentemente do FMI, o Bird pode financiar empresas de
grande porte, as quais devem apresentar a viabilidade da implan-
tação de projetos e a garantia de que o país de origem da empresa
realize o pagamento dos recursos.

118 Capítulo 4 – A grande sociedade global

CG_8ºano_04.indd 118 30/04/2018 09:40:10

C
118

ME_CG_8ºano_04.indd 118 16/05/2018 12:17:03


O banco tem 187 países-membros. Os que possuem maior po-
der de voto, devido à participação no capital, são: Estados Unidos
— o único com poder de veto em todas as decisões —, Japão, Chi-
na, Alemanha, Reino Unido, França e Índia.

Organização Mundial do
Comércio (OMC)
A Organização Mundial do Comércio foi criada em 1º de ja-
neiro de 1995, como encerramento de um processo iniciado depois
da Segunda Guerra Mundial. Inicialmente denominada Organi-
zação Internacional do Comércio (OIC), não foi aceita pelos Es-
tados Unidos, que instituiu o Acordo Geral de Tarifas e Comércio
(GATT). Houve uma série de acordos até o estabelecimento efeti-
vo da OMC.
As funções primordiais dessa instituição são as de fiscalizar e
regulamentar o comércio mundial.

G7, G8 e G20
O Grupo dos Sete (G7) foi criado de maneira informal, em
1975, pelas seis maiores economias capitalistas daquele período da
Guerra Fria: Estados Unidos, Japão, Alemanha, Inglaterra, França e
Itália. Um ano depois, houve adesão do Canadá. Do ponto de vista
jurídico, o G7 nunca existiu como instituição.
Esse organismo tinha uma finalidade teórica: discutir os
problemas econômicos e políticos mundiais. Contudo, na prá-
tica, a ação do G7 constituiu-se, ao longo da Guerra Fria, em
desenvolver estratégias que ampliassem o poder político-econô-
mico dos seus membros. Dessa forma, o grupo impôs a quebra
do protecionismo comercial de Estado, gerenciou as dívidas ex-
ternas dos países e estabeleceu acordos e normas para o funcio-
namento do comércio internacional e empréstimos aos países
devedores.
Com o fim da Guerra Fria, em 1991, o Grupo dos Sete incluiu
a Federação Russa (Rússia) entre os seus membros e passou a se cha-
mar Grupo dos Oito (G8). Livre do socialismo, a entidade passou
0:10
a interferir claramente na economia e na política mundial.
Na pauta das suas discussões e deliberações, estão o funciona-
mento e a liberalização dos mercados, além do controle da dívida
externa dos países. Passaram a fazer parte da agenda temas como
globalização, meio ambiente, terrorismo de Estado ou de facções e
conflitos localizados.
Em março de 2014, a Rússia foi afastada das reuniões com o
G7 devido à anexação do território da Crimeia, que pertencia à
Ucrânia.

Capítulo 4 – A grande sociedade global 119

CG_8ºano_04.indd 119 30/04/2018 09:40:11


119

ME_CG_8ºano_04.indd 119 16/05/2018 12:17:03


Leitura
complementar Houve uma nítida fusão e especialização de funções. A aber-
tura das economias dos países pobres e o controle das suas dívidas
foram efetuados através do FMI e da OMC.
Como o consumo desenfreado Recentemente, o avanço da globalização e as críticas de diver-
sos setores contra seus efeitos catastróficos fizeram com que alguns
prejudica o meio ambiente países emergentes criassem, em 1999, o Grupo dos Vinte (G20).
Entre eles, China, Índia, Brasil, México, Coreia do Sul, Indonésia
Em um mundo globalizado, dominado e Turquia. A soma das economias dessas nações representa 90% do
PIB mundial e 80% do comércio transnacional, além de comporem
pelo capitalismo, o consumo está diretamen- 2/3 da população do Planeta.
te interligado ao desenvolvimento da socie-
dade. Quanto mais se consome, maior é o de- Cenário 8
senvolvimento e a estabilidade econômica de
cada estado e região.
Para os pesquisadores, o consumo de-
Globalização e
senfreado é reflexo das diversas crises econô-
micas que o mundo já enfrentou e vem en-
consumismo
frentando. Estudos apontam que a sociedade
atual reconhece que o consumo é sinônimo A lógica do mercado
de felicidade e bem-estar, e até mesmo de A continuada marcha da globalização instaurou no mundo o
prestígio e de status. fenômeno do consumismo. Nos países desenvolvidos, os elevados
rendimentos levaram a sociedade a usufruir intensamente dos bens
O problema é que há uma relação estrei- e serviços oferecidos. É importante destacar que alguns desses pro-
ta e forte entre o consumismo e o meio am- dutos podem ser considerados bens de consumo dispensáveis.
biente. Isso porque para atender à demanda A publicidade, por meio dos veículos de comunicação e pro-
paganda, contribuiu para a febre de consumo, promovendo o bom-
da produção e do consumo é necessário retirar bardeio diário do modo de vida consumista.
matérias-primas da natureza, fabricar e trans-

Peter Gudella/Shutterstock.com
portar materiais, fazer grande uso de energia
elétrica e de água, entre outros. Tudo isso gera
emissão de gases poluentes, degradação e de-
vastação ambiental, poluição e, consequente-
mente, a destruição de ecossistemas.
Essa relação entre consumo e sustentabi-
lidade, no entanto, vai além da etapa de pro-
dução. Com a grande quantidade de opções
e a alta tecnologia, cada vez mais os produtos
tem menor tempo de vida útil e maior dificul- O consumismo desenfreado é o grande
causador da produção de lixo que está
dade de conserto, o que gera um enorme nú- trazendo um impacto devastador ao meio am-
biente.
mero de resíduo eletrônico.
Atualmente, o desenvolvimento susten- 120 Capítulo 4 – A grande sociedade global
tável é a principal solução contra a crise am-
biental que o Planeta enfrenta, já que é consi-
derado o equilíbrio entre sociedade, natureza CG_8ºano_04.indd 120 30/04/2018 09:40:11

e economia. Além disso, a educação ambiental é um Anotações


Nesse sentido, com o aumento dos pro- importante passo para o desenvolvimento
blemas ambientais, governo, empresas e orga- sustentável. Isso porque, é preciso conscien-
nizações se unem para procurar maneiras de tizar todos os setores da sociedade para que
fazer com que o país se desenvolva de forma haja um movimento completo e eficiente
sustentável, a fim de garantir seu progresso em prol do meio ambiente. Por isso, grandes
sem comprometer o futuro. fabricantes colocam no seu dia a dia ações
Para isso, algumas estratégias e políti- que visam à sustentabilidade e à redução de
cas foram instituídas para possibilitar mu- gastos e emissões.
danças nos padrões de consumo. Entre as
ações está a instituição de produtos reciclá- Disponível em: http://www.pensamentoverde.com.
veis e biodegradáveis, como as sacolas im- br/meio-ambiente/como-o-consumo-desenfreado-
plantadas em supermercados. prejudica-o-meio-ambiente/. Acessado em: 27/02/2018.

C
120

ME_CG_8ºano_04.indd 120 16/05/2018 12:17:04


A lógica do mercado é a de que se a produção é alta, os lu-
cros são maiores. É necessário vender para lucrar. A oferta de novas
tecnologias cresce à medida que o tempo vai passando, e essa pro-
dução exagerada resulta em uma quantidade grande de lixo, já que
muitos produtos possuem um tempo curto de vida útil. Além disso,
ao ampliar a exploração dos recursos minerais do mundo, aumen-
tam também os níveis de poluição ambiental.

robert cicchetti/Shutterstock.com
Por meio da propaganda, a indústria cultu-
Geografia em cena ral transforma meros desejos em necessida-
des, intensifica o desejo de consumir e, para sa-
ciar esse desejo, vende produtos com a chamada
O consumo sustentável envolve a escolha de mercadorias “obsolescência programada”, ou seja, produtos
que são facilmente reaproveitadas ou recicladas, que garantem feitos para dar defeitos em curto prazo ou pro-
dutos que, mesmo em perfeito funcionamento,
o emprego decente aos que as produzem, e para as quais foram tornam-se ultrapassados em relação às novas tec-
destinados menos recursos naturais em sua produção. Essa prá- nologias lançadas. Fila para a feira de lançamen-
to de um smartphone, Nova York.
tica envolve comprar aquilo que é realmente necessário e esten-
der a vida útil dos produtos tanto quanto possível.
AYA images/Shutterstock.com

0:11

O consumo sustentável pode reduzir significativamente a produção de lixo.

Capítulo 4 – A grande sociedade global 121

CG_8ºano_04.indd 121 30/04/2018 09:40:12


121

ME_CG_8ºano_04.indd 121 16/05/2018 12:17:04


Cenário 9

Crise do
capitalismo
Teorias das crises
capitalistas
Segundo Karl Marx, em sua análise da economia do capitalis-
mo, a evolução desse sistema apontava para o seu fim, o que deno-
minou Teoria da catástrofe inevitável. Essa crise ocorreria como
consequência da irracionalidade e do processo produtivo capitalis-
tas: a concorrência desenfreada levaria a uma anarquia produtiva,
gerando superprodução, queda dos lucros, falências e desemprego,
o que provocaria uma luta de classes.
Outro economista, o russo Nikolai Kondratiev, já na primeira
metade do século XX, alertava para o caráter cíclico das crises da
estrutura capitalista. Segundo ele, por conta das transformações
tecnológicas, a cada longo intervalo de aproximadamente 50 anos,
uma crise se abateria sobre o sistema capitalista e seria acompanha-
da por demoradas depressões, as quais se alongariam pelas décadas
posteriores, originando as chamadas ondas de Kondratiev.
Posteriormente, essa teoria foi aperfeiçoada pelo economista
austríaco Joseph Schumpeter, com a denominação de teoria do ci-
clo econômico. Esse estudioso apontou que, para a economia sair
de um estágio de equilíbrio e entrar em um processo de expansão
(ou boom), é necessário algo que, do ponto de vista econômico, al-
tere de forma considerável as condições de equilíbrio estabelecidas.

As ondas de Schumpeter
O processo de inovação é cada vez mais rápido em tempos de Internet
Para Schumpeter, os negócios vivem ondas de inovação, que surgem e desaparecem. No século XVIII, a primeira leva inovadora veio com a energia
hidráulica, a indústria têxtil e o tratamento do aço. Os ciclos eram longos, duravam de 40 a 60 anos — agora encurtaram.

Energia hidráulica Vapor Eletricidade Petroquímicos Redes digitais


Têxteis Aço Químicos Eletrônicos Softwares
Aço Estradas de ferro Motor de combustão Aviação Novas mídias
interna

Primeira Segunda Terceira Quarta Quinta


onda onda onda onda onda

1785 1845 1900 1950 1990 1999 2020


60 anos 55 anos 50 anos 40 anos 30 anos

122 Capítulo 4 – A grande sociedade global

CG_8ºano_04.indd 122 30/04/2018 09:40:12 C


122

ME_CG_8ºano_04.indd 122 16/05/2018 12:17:04


Segundo Schumpeter, são exemplos de inovação a introdução
de um novo bem no mercado, a descoberta de um novo método de
produção, uma nova modalidade de comercialização de mercadorias,
a conquista de novas fontes de matéria-prima ou de energia, o desen-
volvimento de uma nova matriz energética e, o que é mais importante,
a quebra de monopólios modificando a estrutura de mercado vigente.
Schumpeter denominou de ato empreendedor a introdução
de uma inovação no sistema econômico. Esse ato ocorre com o ob-
jetivo de ampliação de lucro, por parte do empreendedor, o qual
abarcaria uma parcela extraordinária de capital, muito acima do
capital investido e da média exigida pelo mercado contemporâneo
para que ocorram novos investimentos e transferências entre os di-
ferentes setores da economia.
O mesmo economista afirma que, para que uma inovação seja rea-
lizada, é necessário que pelo menos três condições sejam cumpridas:
A existência de novas e mais vantajosas possibilidades de a
economia privada investir em determinado setor.
Acesso limitado às pessoas físicas que possuem crédito e
qualificações necessárias.
Equilíbrio econômico.

A crise atual e seus


desdobramentos
O setor imobiliário, desde o início do século XXI, constitui-se
em uma das áreas mais dinâmicas da economia mundial. O estopim
da crise ocorreu por volta de 2008–2009, onde surgiu uma intensa
especulação desse mercado, possibilitada pela elevação da procura

David Shankbone
de imóveis, decorrente do crescimento da classe média mundial e
a elevação do seu poder de compra e de crédito. O mercado não
tinha capacidade para atender tal demanda. A procura gigantesca e
a pouca oferta estimularam um desenvolvimento sem precedentes
da atividade imobiliária.
Esses entraves econômicos causaram um grave desequilíbrio
nos Estados Unidos, que arrastou o resto do mundo. Diversos gi-
gantes bancários foram à falência.
Vivemos, com certeza, uma crise sem precedentes na história
do capitalismo. Não se trata apenas de uma crise do modelo produ-
tivo, como foi a da passagem da Primeira para a Segunda Revolução
Industrial, ou como a crise política, econômica e financeira gerada
pela quebra da Bolsa de Valores em Nova York. Está em xeque o
atual modelo de produção e consumo.
Claro que não se trata, como teorizou Marx, do fim do capita-
Sede do banco Lehman Brothers, em
lismo, mas de uma crise que abalou de forma irreversível os alicerces Nova York, EUA. Um dos bancos atingi-
do atual modelo de desenvolvimento e ultrapassou as barreiras finan- dos pela crise imobiliária em 2008.

Capítulo 4 – A grande sociedade global 123

:12 CG_8ºano_04.indd 123 30/04/2018 09:40:12


123

ME_CG_8ºano_04.indd 123 16/05/2018 12:17:05


Leitura
complementar ceiras, aprofundando outras crises, minimizadas ou até escondidas do
grande público, como a alimentar, a energética, a política e a ambiental.
Podemos observar algumas consequências dessa crise:
Capitalismo em crise: os Advento do neokeynesianismo. Com a crise, várias empresas
antecedentes da tormenta privadas recorrem ao governo do país onde estão sediadas, o qual
libera volumosos pacotes de socorro com dinheiro público. Isso re-
sulta em um maior controle do Estado sobre o sistema financeiro.
Ao contrário do que ocorreu no final da O surgimento de aproximadamente 29 milhões de desem-
Primeira Guerra Mundial, porém, e que le- pregados, incluindo desempregos estruturais e, principalmen-
vou à crise do capitalismo desregulado de en- te, conjunturais.
Ampliação do subemprego com a consequente precarização
tão, cujo ápice foi a depressão de 1929 e dos do trabalho
anos 1930 — em 1944 os EUA tomaram a Agravamento da miséria — em 2009, mais de 140 milhões
de pessoas sobreviviam com menos de 2 dólares por dia.
decisão política de não repetir os erros do
Instabilidade política.
passado. O Plano Marshall e o impulso dado Multiplicação das mobilizações sociais e ampliação do papel
à reconstrução europeia para a unificação das ONGs.
Redução dos investimentos nas áreas sociais em virtude do
econômica foram decisivos para a economia desvio de capital para socorrer as instituições privadas.
alemã e a francesa se rearticularem. Da mes- Desenvolvimento de novas relações de poder no cenário in-
ma forma, o financiamento norte-americano ternacional, marcado pela multipolaridade.
Enfraquecimento do FMI, da OMC e do Bird.
foi o divisor que permitiu a reconstrução eco- Ascensão de novos centros de poder — Brics, Mercosul.
nômica japonesa. Ampliação das relações comerciais entre os países pobres e
A impressão dominante naquele momen- emergentes.
to era a de que o capitalismo estava diante de Geografia em cena
um sólido e prolongado ciclo de expansão a
A hora mundial
salvo das flutuações cíclicas violentas ineren-
Desde 1884, na Convenção de Washington (Estados Unidos), estabeleceu a padronização da
tes à sua dinâmica de crescimento. Novas for- hora internacional através do sistema de fuso horário.emAntes da adoção desse sistema, era utilizado
Geografia cena
mas de regulação e controle do sistema haviam o movimento aparente do Sol, mas tal prática ficou inviável após o aumento das viagens internacio-
sido introduzidas sob o impulso de forças so- nais a partir da segunda metade do século XIX porque causava muitos problemas, principalmente
com as datas.
ciais que emergiram ao final da guerra, entre A economia mundial, desde 1884, tem se beneficiado com mais segurança nas transações co-
elas os partidos comunistas, que tiveram pa- merciais de exportação e importação, trocas de divisas, atuação dos sistemas bancários, sincroniza-
pel relevante na definição das estratégias de re- ção entre as diversas sedes e filiais das transnacionais, atualização das bolsas de valores e mercados
financeiros, além das inúmeras viagens de avião que são feitas diariamente, entre outras melhorias
construção do capitalismo europeu. Entre as causadas pelo sistema de fuso horário, o qual garante a segurança na organização do tempo e cum-
principais características dessa nova institu- primento de compromissos internacionais.
cionalidade estava a admissão de que o Estado, Não poderíamos ter uma economia globalizada se não fosse o uso que fazemos do sistema
de fuso horário, pois nos permite mais precisão e regulamentação de decisões tomadas em nível
obrigatoriamente, deveria promover a regula- mundial, já que os sistemas de telecomunicações, de informática e, principalmente, dos transportes
ção do ciclo econômico. necessitam de previsibilidade para se organizar. Se não tivéssemos um padrão de fuso horário e cada
país criasse sua própria hora, seria um caos.
Os Estados nacionais passaram então a se
apropriar e a dispender uma fatia do produto
nacional muito superior àquela observada nos 124 Capítulo 4 – A grande sociedade global
anos de 1920. O maior controle público so-
bre o excedente evitaria que as flutuações do
ciclo econômico redundassem em ajustes ba- CG_8ºano_04.indd 124 30/04/2018 09:40:13

seados na contração quase automática da ren- Woods envolvia as seguintes balizas: o dinhei- gar aos mercados a regulação do fluxo mone-
da e do emprego como ocorrera até 1929. A ro internacional seria simplesmente uma moe- tário internacional. Tampouco eles deveriam
segunda característica associada às coligações da de conta, permitindo que os países trocas- assumir a responsabilidade pelo fornecimen-
sociais e políticas que emergiram nesse perío- sem mercadoria por mercadoria. O dinheiro to de liquidez aos países que porventura regis-
do foi o crescimento do salário real e dos be- funcionaria assim apenas como referência de trassem déficit na balança de pagamentos.
nefícios sociais, paralelamente ao aumento da cálculo. Os países que tivessem déficit regis-
produtividade do trabalho. Um terceiro pilar trariam num banco internacional, em sua con- Disponível em: http://www.inesc.org.br/noticias/
fundamental de sustentação dessa arquitetura ta, a dívida com os demais. A compensação noticias-gerais/2008/outubro/capitalismo-em-crise.
foi a instituição do controle dos movimentos entre os déficits e superávits tornaria desne- Acessado em: 27/02/2018. Adaptado.
de capitais entre os países, sobretudo dos capi- cessário saldar dívidas por meio de movimen-
tais de curto prazo. tos de capitais de curto prazo. Keynes, a partir
Vale lembrar que a reforma que Keynes da experiência nefasta dos anos de 1920, esta-
e Dexter White tentaram aprovar em Breton va convencido de que não era prudente dele-
C
124

ME_CG_8ºano_04.indd 124 16/05/2018 12:17:05


Aprenda com arte

o meio ambiente quando descartada, e que durante sua elaboração não foram utilizados recursos da natureza que vem sendo esgotados.
Sugestão de resposta: Sim. O consumo deverá está atrelado a real necessidade do cidadão, além disso, devemos perceber se a mercadoria não irá agredir
Trabalho interno
Direção: Charles Ferguson.
Ano: 2008.

Sinopse: Em 2008, uma crise econômica de proporções globais fez com que milhões de pessoas per-
dessem suas casas e empregos. Ao todo, foram gastos mais de US$ 20 trilhões para combater a situa-
ção. Através de uma extensa pesquisa e entrevistas com pessoas ligadas ao mundo financeiro, políticos
e jornalistas, é desvendado o relacionamento corrosivo que envolveu representantes da política, da
justiça e do mundo acadêmico.

Os delírios de consumo de Becky Bloom


Direção: P.J. Hogan.
Ano: 2009.

Sinopse: Rebecca Bloomwood é uma garota que adora fazer compras e seu vício a leva à falência. Seu
grande sonho é um dia trabalhar em sua revista de moda preferida, mas o máximo que ela consegue é
um emprego como colunista na revista de finanças publicada pela mesma editora. Quando enfim seu
sonho está prestes a ser realizado, ela repensa suas ambições.

Pequeno dicionário geográfico e cultural


Privatizações: Empresas ou serviços públicos Neokeynesianismo: Retomada dos princípios
postos sob controle do setor privado. econômicos que defendem uma maior partici-
Mercadológica: Relativo ao mercado, comércio. pação do Estado na economia.
Transoceânico: Aquele que transpassa de um Burguesia: Camada da população que detém os
continente ao outro através dos oceanos. meios de produção e a riqueza de um país.
Falência: Perda da capacidade de uma empresa Fosso social: Diferença de renda entre pobres
0:13 de continuar suas atividades por excesso de dí- e ricos numa sociedade, geralmente é marcada
vidas, incapacidade de competir no mercado ou entre os 10% mais ricos e os 10% mais pobres.
por incompetência administrativa.

Ensaio geográfico
1 Reflita e justifique sua resposta, em seu caderno, relatando se é possível praticar o consumismo
sustentável.

Capítulo 4 – A grande sociedade global 125

CG_8ºano_04.indd 125 30/04/2018 09:40:13


125

ME_CG_8ºano_04.indd 125 16/05/2018 12:17:06


Sugestão de
abordagem 2 Observe a charge abaixo e responda: qual fenômeno do modelo capitalista ela compreende?

Professor, utilize a questão 3 para trazer à


sala de aula mais propagandas usadas durante
a Guerra Fria. Mostre aos alunos como os go-
vernos soviético e norte-americano faziam para
controlar a população por meio do patriotismo.

Anotações

Consumismo.

3 (Unicamp) O cartaz abaixo foi usado pela propaganda soviética contra o capitalismo ocidental,
durante o período da Guerra Fria. O texto diz: “Duas infâncias. Na URSS (parte superior) crianças
são apoiadas pelo amor da nação! Nos países capitalistas (figura inferior), milhões de crianças vivem
sem comida ou abrigo.”
a. Como o cartaz descreve a sociedade capitalista ocidental?
A propaganda soviética faz uma crítica aos cuidados

com a infância na sociedade capitalista, representando,

na parte inferior da imagem, crianças em um ambiente

degradado e marcado pela pobreza, consequência das in-

justiças sociais e econômicas que os socialistas criticam

no sistema capitalista.

b. Cite dois conflitos bélicos do período da Guerra Fria.


Poderiam ser citados conflitos bélicos ocorridos na Ásia

(Guerra da Coreia, Guerra do Vietnã), na África (lutas

de descolonização), na América (Crise dos Mísseis e In-

vasão da Baía dos Porcos, em Cuba) e no Oriente Médio


Reprodução

(invasão do Afeganistão pela U.R.S.S.).

126 Capítulo 4 – A grande sociedade global

CG_8ºano_04.indd 126 30/04/2018 09:40:14

C
126

ME_CG_8ºano_04.indd 126 16/05/2018 12:17:06


4 (Ufes) “Nos anos oitenta do século passado, em plena Guerra Fria, após a queda de um avião no
mar, um grupo de cadetes militares americanos se vê isolado em uma ilha deserta. Percebendo que as
chances de resgate são mínimas, os jovens se aproximam pelo medo e desespero. À medida que vão
tomando conta da ilha, a competição pelo poder começa a dividi-los em dois grupos. Ralph lidera um
grupo e prega a engenhosidade civilizada e cooperação, mas Jack não quer saber de nada disso e cons-
trói uma facção de caçadores impiedosos. Essa poderosa mudança de consciência transforma garotos
normais em assassinos primitivos, iniciando uma batalha devastadora do bem contra o mal e trazendo
à baila a perturbadora metáfora do selvagem que há dentro de todos nós.”

LOPES, José de Sousa Miguel. O senhor das Moscas: os labirintos do poder. In: A diversidade cultural vai ao cinema. TEI-
XEIRA, Ines Castro; LOPES, José de Sousa Miguel (orgs.). Belo Horizonte: Atlântica, 2006, p. 65.

Explique o que foi a Guerra Fria.


Foi a tensão entre o mundo capitalista e o socialista, iniciada logo após a Segunda Guerra Mundial

(1939-1945) e que não se limitou ao confronto ideológico e às ações de caráter bélico. O confronto

denominado Guerra Fria manifestou-se de diversas formas: na corrida espacial, nos modelos de desen-

volvimento econômico e social e no acesso da população a bens de consumo.

5 Observe a imagem:
Vitoriano Júnior

0:14

A falta de compromisso com o descarte do lixo é uma realidade no Brasil. Cite três problemas relacio-
nados às questões de coleta e descarte de lixo na região onde você mora:
Sugestão de resposta: Depósitos de lixo a céu aberto, coleta seletiva insuficiente, lixo domiciliar sem o

armazenamento necessário, acúmulo de materiais não biodegradáveis.

Capítulo 4 – A grande sociedade global 127

CG_8ºano_04.indd 127 30/04/2018 09:40:14


127

ME_CG_8ºano_04.indd 127 16/05/2018 12:17:07


Encerramento

1 (UCS) Observe o trecho da música Disneylândia, dos Titãs, que faz referência ao processo de
transformação do mundo capitalista, principalmente a partir da década de 1980.

Disneylândia
“[...]
Música hindu contrabandeada
por ciganos poloneses faz sucesso
no interior da Bolívia [...]
Multinacionais japonesas instalam
empresas em Hong Kong e
produzem com matéria-prima brasileira
para competir no mercado americano. [...]”
Disponível em: Titãs. CD Titanomaquia, Rio de Janeiro.WEA,1993. In: DADÁ, Martins e outros. Geografia, Sociedade e
Cotidiano. São Paulo: Educacional, 2010, p. 486.

Esse processo ficou conhecido como:


a. Nova Ordem Mundial.
b. Organização do espaço mundial.
c. Regionalização.
d. X Globalização.
e. Ordem geopolítica.

2 (UPE) Analise o texto a seguir:

“Há um modo de pensar a superação da crise a partir da teoria keynesiana, mediante o aumento
dos gastos sociais, socializando os custos da reprodução social, numa linha oposta à neoliberal, de priva-
tização de tais custos em termos de previdência, de educação. A socialização de tais custos me parece um
bom caminho inicial. A outra peça da teoria keynesiana é o investimento em infraestrutura. Os chineses
perderam 30 milhões de empregos entre 2008 e 2009, por conta do colapso das indústrias de exportação.
Em 2009, eles tiveram uma perda líquida de só três milhões de empregos, o que significa dizer que eles
criaram 27 milhões de empregos em cerca de nove meses. Isso foi resultado de uma opção pela construção
de novos edifícios, novas cidades, novas estradas, represas, todo o desenvolvimento de infraestrutura, li-
berando uma vasta quantidade de dinheiro para os municípios, para que suportassem o desenvolvimento.
Essa é uma clássica solução “sinokeynesiana” e me parece que uma coisa semelhante aconteceu no Brasil,
por meio do Bolsa-Família e de programas de investimento estatal em infraestrutura.”
David Harvey, 2012. Revista do IPEA. Adaptado.

O autor cita a teoria keynesiana e sua linha oposta, o neoliberalismo. Sobre as diferenças entre essas
duas posições teóricas, é correto afirmar que o:

128 Capítulo 4 – A grande sociedade global

CG_8ºano_04.indd 128 30/04/2018 09:40:15 C


128

ME_CG_8ºano_04.indd 128 16/05/2018 12:17:07


a. X keynesianismo é um conjunto de ideias que propõem a intervenção estatal na vida econômica,
enquanto o neoliberalismo é um sistema econômico que prega uma participação mínima do
Estado na economia.
b. ideário do neoliberalismo tem como ponto forte o aumento da participação estatal nas políticas
públicas, enquanto a ideologia keynesiana fomenta a liberdade e a competitividade de mercados.
c. neoliberalismo estimula os valores da solidariedade social conduzida pelo Estado máximo, en-
quanto o keynesianismo faz a defesa de um mercado forte em que a iniciativa privada deve
intervir como promotora de privatizações.
d. ideário do keynesianismo defende um mercado autorregulador no qual o indivíduo tem mais im-
portância que o Estado, enquanto o neoliberalismo argumenta que quanto maior for a participa-
ção do Estado na economia mais a sociedade pode se desenvolver, buscando o bem-estar social.
e. poder da publicidade na sociedade de consumo para satisfazer a população é um grande aliado
da política keynesiana, enquanto as ideias neoliberais não são favoráveis a soluções de mercado,
opondo-se ao corporativismo empresarial.

3 (Uneal) “A primeira eleição de Ronald Reagan para a presidência dos Estados Unidos (1980)
coincidiu com o início do governo de Margaret Thatcher, líder do Partido Conservador, na In-
glaterra. Orientados por uma mesma concepção de governo, dariam dimensão internacional ao
neoliberalismo [...]”
Alceu L. Pazzinato e Maria Helena V. Senise, História Moderna e Contemporânea.

A doutrina econômica a que o texto se refere defende:


a. o estado de bem-estar social nas nações subdesenvolvidas.
b. a prática da estatização dos recursos naturais.
c. X a intervenção mínima do Estado da economia.
d. o desestímulo à livre circulação de capitais internacionais.
e. a criação de rígida legislação de proteção ao trabalho.

4 “Trata-se, na verdade, de uma tentativa de conciliar o processo de abertura econômica (o estímulo à


iniciativa privada, abertura do país ao capital estrangeiro, à modernização do país) com a manutenção,
no plano político, de uma ditadura de partido único.”
SENE. E. & MOREIRA, J.C. Geografia Geral e do Brasil: Espaço Geográfico e Globalização. São Paulo, Scipione, 1998, p.178.

O texto refere-se ao sistema político-econômico adotado na:


a. Índia.
b. Coreia do Sul.
c. Rússia.
d. X China.

Capítulo 4 – A grande sociedade global 129

:15 CG_8ºano_04.indd 129 30/04/2018 09:40:15


129

ME_CG_8ºano_04.indd 129 16/05/2018 12:17:07


5 Relacione os chamados Tigres Asiáticos com os itens a seguir:

1. Indonésia, Índia, Laos e China.


2. Área de influência do capital japonês.
3. Subdesenvolvimento com base industrial e tecnológica.
4. Área de influência do capital norte-americano.
5. Taiwan, Coreia do Sul, Cingapura e Hong-Kong.
6. Subdesenvolvimento com base agrária.
7. Área de influência dos capitais ingleses.
8. Desenvolvimento autocentrado.
9. Vietnã, Irã, Afeganistão e Paquistão.

Na caracterização dos chamados Tigres Asiáticos, os itens pertinentes são:


a. 1, 2, 6 e 7.
b. 3, 5, 6 e 7.
c. 2, 4, 8 e 9.
d. 2, 3, 7 e 9.
e. X 2, 3, 4 e 5.

6 (Inatel) Observe a figura abaixo. Ela representa:

a. a expansão do agronegócio.
LOGOS/Shutterstock.com

b. o poderio da robótica.
c. a vulgarização da Internet.
d. o fortalecimento do mercado interno.
e. X a mundialização do capital.

7 A região do extremo oriente apresenta o país que detém a 2ª maior potência econômica do Planeta,
que tem o crescimento mais acelerado deste século; um país desenvolvido com alto Índice de Desen-
volvimento Humano (IDH) e desenvolvimento tecnológico (3ª economia mundial); e, ainda, um país
que se declara socialista, de regime fechado. Esses países são, respectivamente:
a. China, Taiwan e Coreia do Sul.
b. China, Coreia do Norte e Mongólia.
c. China, Japão e Taiwan.
d. X China, Japão e Coreia do Norte.

130 Capítulo 4 – A grande sociedade global

CG_8ºano_04.indd 130 30/04/2018 09:40:15 C


130

ME_CG_8ºano_04.indd 130 16/05/2018 12:17:08


8 Devido ao rápido desenvolvimento econômico durante a década de 1970, além da localização, qua-
tro países da Ásia ficaram conhecidos mundialmente como os Tigres Asiáticos. Marque a alternativa
que indica essas quatro nações.
a. Indonésia, Coreia do Sul, China e Taiwan (Formosa).
b. Índia, Cingapura, Coreia do Norte e Hong Kong.
c. X Coreia do Sul, Hong Kong, Taiwan (Formosa) e Cingapura.
d. Taiwan (Formosa), Coreia do Sul, Malásia e Cingapura.

9 O consumismo desenfreado de produtos alimentícios, eletroeletrônicos, automóveis, entre outros,


incentivado por vigorosas campanhas publicitárias custeadas pelas grandes corporações industriais e
comerciais vem acarretando profundas consequências nas esferas social, cultural, econômica e ambien-
tal. Entre elas são verdadeiras:

I. Preservação das culturas locais e exploração racional do meio ambiente.


II. Padronização cultural.
III. Valorização das culturas locais e preservação do meio ambiente.
IV. Modificação das culturas locais.
V. Exploração irracional do meio ambiente.

A sequência correta é:
a. X II, IV e V.
b. I, II e III.
c. II, III e IV.
d. III, IV e V.

10 (UEA)
A questão colocada em debate pela charge é:
a. o desenvolvimento que não pode ser alcan-
çado com a presença de áreas verdes.
b. a falta de materiais de proteção individual
para as pessoas próximas às caçambas.
c. o caráter efêmero das construções civis que
um dia serão destruídas.
d. a situação precária dos trabalhadores liga-
dos ao transporte de carga no Brasil.
e. X o descarte irregular de lixo e os impactos
Reprodução

ambientais e sociais implicados.

Capítulo 4 – A grande sociedade global 131

:15 CG_8ºano_04.indd 131 30/04/2018 09:40:15


131

ME_CG_8ºano_04.indd 131 16/05/2018 12:17:08


11 Após a Primeira Revolução Industrial, as grandes potências europeias ampliaram seus tentáculos
dominadores para os países da África, Ásia e América, onde impuseram seu modelo cultural. Entre as
afirmativas abaixo, marque aquela que indica o nome desse processo.
a. Colonialismo.
b. Liberalismo.
c. X Imperialismo.
d. Fordismo.
e. Monopolismo.

12 (PUC–PR) Leia o poema seguir:

Eu etiqueta
Em minha calça está grudado um nome Minha gravata e cinto e escova de dente e pente
Que não é meu nome de batismo ou de cartório, [...]
Um nome ..... estranho. Desde a cabeça ao bico dos sapatos,
Meu blusão traz lembrete de bebida São mensagens,
Que jamais pus na boca, nesta vida, Letras falantes,
Em minha camiseta, a marca de cigarro Gritos visuais,
Que não fumo, até hoje não fumei Ordens de uso, abuso, reincidência,
Minhas meias falam de produto Costume, hábitos, premência,
Que nunca experimentei Indispensabilidade, e fazem
Mas são comunicados a meus pés. de mim homem-anúncio itinerante [...].
[...] Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,

Carlos Drummond de Andrade.

O poema acima refere-se:


a. X ao consumismo, entendido como um fator importante para o desenvolvimento da sociedade
capitalista.
b. à moda jovem, da sociedade globalizada e das comunicações em rede em escala planetária.
c. à vida nas metrópoles e nas cidades globais cujos habitantes usam um vocabulário estrangeiro
para expressar o processo de globalização.
d. às relações comerciais desiguais em escala planetária, em que os países pobres consomem produ-
tos fabricados em diferentes lugares do globo.
e. aos produtos expostos nas vitrines dos shoppings centers das cidades brasileiras.

132 Capítulo 4 – A grande sociedade global

CG_8ºano_04.indd 132 30/04/2018 09:40:15


132

ME_CG_8ºano_04.indd 132 16/05/2018 12:17:08


Objetivos
pedagógicos
Capítulo 5 • Caracterizar o relevo, a hidrografia, a vege-
tação e o clima do continente asiático.
Natureza, ambientes e qualidade • Estudar o clima de monções e sua
importância.
de vida: Ásia, Oceania e Europa A Austrália, com seu Índice de Desenvolvi-
mento Humano (IDH) em 2º lugar, é um • Discutir os prejuízos que a superlotação das
exemplo de como preservar a natureza, de-
senvolver a economia e ter qualidade de vida. cidades gera: problemas com a produção ali-
mentícia; precárias situações, como criação de
comunidades; poluição; lixo, etc.
• Explicar a constituição e as transformações
do espaço econômico europeu a partir do
crescimento dos principais setores da econo-
mia (agropecuária, pesca, atividade extrativa,
indústrias e transportes).
• Apresentar a constituição da Oceania: seus
arquipélagos (Melanésia, Micronésia, Poliné-
sia) e ilhas, a Austrália e a Nova Zelândia.
• Descrever e discutir os aspectos físicos, eco-
nômicos e populacionais da Austrália e da
Nova Zelândia.
• Explicar a geopolítica da Oceania: as suces-
sivas e alternantes dominações pelas quais pas-
sou e as visões estratégicas de cada país que a
compõe.
• Apresentar um perfil geopolítico do Leste
Europeu e explicar como o regime socialista
inibiu seu desenvolvimento socioeconômico.
• Conhecer as características do relevo, do
Neste capitulo, estudaremos a clima, da hidrografia e da vegetação do con-
Ásia, com seus grandes contigentes
populacionais; a Europa, que detém os tinente europeu.
melhores indicadores sociais do Planeta;
e a Oceania, onde residem apenas 37,1
milhões de habitantes, distribuídos Anotações
em 14 nações.

k.com
beeboys/Shutterstoc

Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa 133

CG_8ºano_05.indd 133 16/05/2018 09:31:10

BNCC tivos da dinâmica demográfica, consideran-


Habilidades trabalhadas do características da população (perfil etá-
no capítulo
rio, crescimento vegetativo e mobilidade
espacial).
(EF08GE01) Descrever as rotas de disper- (EF08GE18) Elaborar mapas ou outras for-
são da população humana pelo Planeta e os mas de representação cartográfica para ana-
principais fluxos migratórios em diferentes lisar as redes e as dinâmicas urbanas e rurais,
períodos da História, discutindo os fatores ordenamento territorial, contextos culturais,
históricos e condicionantes físico-naturais as- modo de vida e usos e ocupação de solos.
sociados à distribuição da população humana (EF08GE19) Interpretar cartogramas, mapas
pelos continentes. esquemáticos (croquis) e anamorfoses geográ-
(EF08GE03) Analisar aspectos representa- ficas com informações geográficas.

133

ME_CG_8ºano_05.indd 133 16/05/2018 12:18:39


Cenário 1

Aspectos naturais
da Ásia, Oceania e
Geografia em cena
Europa
Com 44,5 milhões de km², a Ásia é o mais extenso continente
do Planeta. Ao leste temos o Estreito de Bering e, a oeste, a cadeia
do Cáucaso e os montes Urais. Os montes Urais, cadeia montanho-
sa antiga e desgastada, são considerados a principal divisão da Euro-
pa com a Ásia. Na parte setentrional há o Oceano Glacial Ártico e,
como limite orogênico, os oceanos Índico e Pacífico.

Continente asiático
A Ásia localiza-se no Hemisfério Norte do Planeta, desde a
Indonésia, chegando até as mais altas latitudes, ao norte, na Rús-
sia asiática. Podemos encontrar nesse continente, climas tropicais
(mais ao sul), subtropicais, temperados, até os polares (mais ao nor-
te). Se estendendo desde o Japão, mais ao leste, até os montes Urais
na Rússia, a oeste, são muitas as faixas longitudinais, fazendo da
Ásia um continente com muitos fusos horários. O grande destaque
dessa região é o relevo com grandes cadeias montanhosas com as
maiores altitudes do mundo, principalmente a cadeia do Himalaia
— que alcança, no Nepal, altitude de 8.848 m — cujo ponto mais
alto é o Monte Everest.
O continente asiático foi dividido em sete partes, que levam
em consideração tanto aspectos físicos como humanos: Ásia Cen-
tral, Cáucaso, extremo oriente, Vietnã, Oriente Médio, Sibéria e
subcontinente indiano.

Pavel Ivashechkin/Shutterstock.com

Cáucaso é uma região montanhosa da


Europa Oriental e da Ásia Ocidental.
Eles dividem-se em uma porção geografica-
mente europeia e outra asiática.

134 Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa

CG_8ºano_05.indd 134 16/05/2018 09:31:10 C


134

ME_CG_8ºano_05.indd 134 16/05/2018 12:18:40


:10
CG_8ºano_05.indd 135

ME_CG_8ºano_05.indd 135
Ásia: mapa político

0 280 km 560 km N

O L

Europa S

Federação Russa
I. Sacalina

I. Kurilas

Mar Mediter
âne r
o
Mar Negro
L. Baikal
Turquia Geórgia
Chipre Mar Cazaquistão
Cáspio Japão
Armênia
Líbano Azerbaijão
Israel Síria L. Balkash Coreia
Uzbequistão Mongólia do Norte
Iraque Turcomenistão
Quirquistão Coreia Oceano
do Sul
Tadjiquistão
Kuwait Irã Afeganistão Pacífico
Mar da
Barein China China
Arábia Saudita Oriental
Catar
Paquistão

Mar Vermelho
Emirados
Árabes Nepal
Unidos Butão Taiwan
Mar das
Iêmen Omã Bangladesh Filipinas
F
Go Mar Arábico il
lfo de Ád
en Índia Mianmar Laos
ip
in

I. Socotra (IEM)
as

Tailândia
ridional

África Golfo de Vietnã


Bengala
Me

Camboja
na

I. Mindanac
hi

Golfo C Mar de
de
da
Mar Célebes
Sri Lanka Sião

Malásia
Oceano Mar de
Banda
Indonésia

Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa


Índico I. Sumatra
Timor Leste
Oceania
Mar de Java

135

16/05/2018 09:31:11
135

16/05/2018 12:18:40
O relevo
O relevo asiático tem como destaque os planaltos elevados, as
extensas e férteis planícies, e as cadeias montanhosas. Encontramos
as planícies ao norte; no território siberiano, ao sul, encontramos
os planaltos e depressões; e, no centro do continente, temos cadeias
montanhosas, que são o destaque na Ásia. Dentre estas, primeira-
mente, temos uma grande cadeia que se estende da Anatólia até
Pamir, como as montanhas do Cáucaso; os montes Zagros; o In-
docuche; o Himalaia; e a bacia do Rio Kolima. Em segundo pla-
no, devido às altitudes mais modestas, se comparado ao primeiro
conjunto, temos os montes Urais e as montanhas de Nova Zembla.

Ásia: relevo
Es
tr.
Oceano Glacial Ártico
70º 0º 90º
Oeste de Greenwich Leste de Greenwich de
60º 170º 180º 170º
50º I. Terra do Norte Mar da B ering
Sibéria Oriental
Mar de Península Mar de

olimá
Cír Kara de Taimir
cul
I. Nova Zembla
Bering
oP Koly
20º
ma
olar

sK
Ár Pen.

MLeona
tico nt

te
0 308 km 616 km es rkhoya n Kamchatka
Ve nsk Mo
Planalto
10º Central Mar de
Okhotsk
ais

Planície Siberiano
da Sibéria
Ur

Mte oi
Europa s. Stanov
ntes

40º
I. Sacalina
O Ie
b n
Mo

R.
Am
is

vy
e

ur
i
ol

o
b

on
To

bl
L. Baikal
I. Hokkaido

. Ia
Mtes

es
.S t
ai a n M
Ural

Mar N es
são Caspia
Mo Mar do
eg I. Honshu
ro nte Planalto
pr

30º
na

Leste
De

sA
Mar áspio

L. Aral
Sy
L. Balkash ltai da Mongólia
rD

Tau
Fuji

ia
rus ca i
ari

ore
ob
u

3.778 m
s
C

o
eG
Oceano

aC
Ararat
n
Am

Tian Sha to d
5.166 m
r Mar

d
ng-Ho

se
uD

r.
D Ho

st
E
Pico Comunismo
Amarelo
I. Kiushu
ari

g-
an
Eu

Pacífico
o)
Tigre

7.496 m
oa

Elbur z
a

Deserto do H Ho l
f

re
ra

a
de Suez
Canal

m
tes

Pamir
20º
Takla Makan ng
Mo

(A
Mar da China
Kunlun a )
Demavend
ul
nt

Ki
De5.670 Ca é-
sert sh Oriental
m
u Ts
es

D z
od do K n g-
(A
o Hin ra
Za

Ya
es

Planalto Irã co Planalto


H
gro
er

do Irã rum do Tibete


to

a
cer
Minya Konka
s
s
Go
da

mo

m ân
7.590 m
Ma r V

a l a i a
lfo
Ará

C
e For

Dhaulagiri

de
8.172 m Everest
rs

I. Formosa
bia

Planalto ico
co
8.848 m

ópi
do
r. d

da Arábia
Ga

a Sikiang
er m e

utr
Tr
In

Pl
n

es
10º
ap
st

Go
g

an hm E
lfo íci Bra
d e Omã ed M
o Ganges
lho

eko
Saluen

I. Luzon
Mar das
ng

Golfo

Mar Planalto
de
Filipinas
do
Arábico Decã To
nk
ridional

im
Golfo Golfo de Península
Gate

Mek
l

de Áden
a

Bengala da Indochina
nt

ong
rie


Oci

Altitudes
Me
de n

Gate

Mar de
Oceania
Kinabalu
N
na

i
tal

2.000 metros Picos


Ch
Golfo
4.175 m
Célebes
de Sião
da
1.000
400
I. Ceilão
O L Mar
0
Equa S
I. Nova Guiné
Es
I. Borneo
dor I. Maldivas tr.
de

África
la

Oceano Índico
10º I. Sumatra I. Sulawesi
ca
Kerinci

Mar de Java
3.805 m

I. Timor
Leste de Greenwich Arq. Chagos I. Java
20º 30º 40º 50º 60º 70º I. Diego Garcia 80º 90º 100º 110º 120º 130º 140º 150º 160º

136 Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa

CG_8ºano_05.indd 136 16/05/2018 09:31:11 C


136

ME_CG_8ºano_05.indd 136 16/05/2018 12:18:41


A origem do relevo asiático remonta às primeiras movimenta-
ções tectônicas da Pangeia, há, aproximadamente, 200 milhões de
anos, que se separou, formando os continentes atuais. A movimenta-
ção de enormes placas tectônicas deu uma configuração ao território
asiático com muitas áreas de tectonismo por movimentos convergen-
tes nas bordas das placas, ao mesmo tempo tanto, na região central
quanto a leste do continente. As grandes cadeias montanhosas estão
relacionadas a esses movimentos, resultando em cadeias orogênicas,
ou dobramentos modernos nas áreas centrais desde a era cenozoica,
quando o subcontinente indiano se chocou com a Ásia.
Um dos destaques do continente Asiático é a atividade vulcâ-
nica bastante intensa resultante desses movimentos orogenéticos
ao leste. Existe um imenso anel conhecido como “círculo de fogo
do Pacífico”, onde ocorrem vulcões e, por vezes, tsunamis resultan-
tes dos terremotos principalmente na península de Kamchatka e
nas ilhas Kurilas.
Na parte central da Ásia, encontramos os planaltos da Mon-

Katoosha/Shutterstock.com
gólia e as planícies do norte da China; as estepes do Cazaquistão,
Quirguistão e Isin; a bacia do Tarim; a depressão da Dzungária e
Turaniana; e, por fim, a planície desértica de Gobi.
A diversidade das formas de relevo da Ásia, devido a sua gran-
de extensão, fica evidente na sua parte norte. A oeste, a partir dos
montes Urais, passando pelas grandes planícies da Sibéria ociden-
tal, central e na parte mais oriental, aparece uma linha de monta-
nhas e vales, como a planície de Kolimá e os montes Verkhoyansk,
Cherski e Kolimá, a partir do Rio Lena.
No sul da Ásia, o relevo é composto por vales, planícies e pla-
naltos importantes, como as planícies da Mesopotâmia; e os vales do
Indo e do Mekong; como os planaltos da Arábia, do Irã e do Decão.
Oceano
Pacífico Hidrografia
Devido à presença das cadeias de montanhas, a Ásia possui uma
grande rede hidrográfica, com destaque para o Ganges, Indo, Azul e
Amarelo. O derretimento anual da neve das montanhas, a presença
de climas tropicais e o fenômeno das monções são geradoras de uma
vasta e densa hidrografia composta ainda por lagos extensos, como o
Baikal e Balkhash, e por mares, como Morto, Aral e Cáspio.
Ao sul e ao leste, temos os mais importantes e extensos rios do
continente, o rio Amarelo (Huang Ho) e o rio Azul (Yangtzé) da
Oceania China; o Ganges, Brahmaputra e o Indo na Índia; e, no Oriente
Médio, os rios que ganham destaque são o Tigre e o Eufrates.
Na parte setentrional, predominam os rios siberianos: Ob,
uiné
O Rio Amarelo (em chinês, Huang Ho,
ou Huang He) é o segundo rio mais longo
Ienissei, Lena e Kolimá, que encontram, no Oceano Ártico, suas da China, com extensão de 5.464 km, o primei-
fozes. São rios que ficam congelados grande parte do ano. ro é o Rio Azul (Yang-tzé) com 6.300 km. É
muito importante para a economia chinesa,
Na parte central, têm-se o rio Darin, da China; e os rios Amu pois o seu vale possui terras férteis e importan-
150º 160º
Daria e Sir Dari, alimentando o mar de Aral onde deságuam. tes jazidas minerais.

Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa 137

:11 CG_8ºano_05.indd 137 16/05/2018 09:31:11


137

ME_CG_8ºano_05.indd 137 16/05/2018 12:18:42


Principais rios asiáticos
N o
rtic

O L ol a
lo P
Círcu

Yen
S

is

na
ei
Ob A mur

Le
Mar

i
do Lago Lago
Mar Baikal
Aral Balkash
Cáspio -H

Sr
Dar ng

i
ia

o
a
Am

Hu
Tigr
Eu

Da ng-T

u
fra
ria Ya

Br
e
s m

te
a putra

a
o
Ind
Tróp
ico d an

Mo
e Cânc
er
ges
o

k
ng
Oceano
Linh
Índico 0 507 km 1.014 km
a do Equad
or

Clima
A extensão latitudinal da Ásia, desde as proximidades do Equa-
dor até o Círculo Polar Ártico, e a presença das cadeias de montanhas
conferem à Ásia uma grande diversidade de climas. O fenômeno das
monções também é um fator preponderante, pois a grande massa de
água do Oceano Índico e Pacífico e a grande massa continental so-
frem influências recíprocas, causando chuvas torrenciais ao sul e su-
deste durante o verão, e tempestades nos oceanos durante o inverno.
Cidades como Mumbai, na Índia; Karachi, no Paquistão; e Daca, em
Bangladesh, sofrem todos os anos com o clima de monções.

O fenômeno das monções na Ásia


Ásia Ásia
Monções de 0 1.123 km 2.247 km
Monções de
verão inverno
CG
Trópico de Câncer Trópico de Câncer

Oceano Oceano
África Pacífico África Pacífico
Oceano Oceano
Índico Equador Índico Equador

Oceano Oceano
Atlântico Atlântico
Oceania
Oceania
Alta pressão Trópico de Capricórnio Alta pressão Trópico de Capricórnio
N
Baixa pressão Baixa pressão
O L
Massas de Massas de
ar úmidas S ar secas

138 Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa

CG_8ºano_05.indd 138 16/05/2018 09:31:12


138

ME_CG_8ºano_05.indd 138 16/05/2018 12:18:42


Leitura

Clima mediterrâneo complementar


Clima com verões secos e quentes, e invernos amenos e mais
chuvosos. Ocorre na Ásia ocidental, principalmente no litoral oes- China ratifica acordo do clima
te do Oriente Médio.
de Paris
Clima polar e subpolar A Assembleia Nacional Popular, do par-
Na Ásia, é chamado de siberiano devido às altas latitudes e lamento chinês, ratificou o acordo alcançado
temperaturas baixas, com médias térmicas entre -28 ºC e -34 ºC.
na reunião da cúpula sobre o clima, que acon-
Possui invernos rigorosos e a neve cobre o solo por quase seis meses.
No verão, as temperaturas não passam de 0 ºC, mas são o suficiente teceu em Paris (COP21), um importante pas-
para derreter a neve e permitir o aparecimento de vegetação. so para que o pacto possa entrar em vigor.
O clima de frio subpolar aparece na parte central da Rússia e é
muito influenciado pela continentalidade. Por estar bem na linha
Os deputados votaram a favor de adotar
do Círculo Polar Ártico — de invernos congelantes durante pou- “a proposta de rever e ratificar o Acordo de Pa-
co mais de sete meses e verões quentes, além de um baixo índice ris”, no final da sessão bimestral da Assembleia
pluviométrico o ano todo — é uma das regiões com um dos climas
mais extremos do Planeta. Nacional Popular.
O Acordo de Paris é o primeiro pacto
Clima árido universal para combater as alterações climá-
Predominante na Ásia Central, possui precipitações que não ul- ticas e só entra em vigor após ser ratificado
trapassam 250 mm, mesmo com verões um tanto mais chuvosos. Por
estar em latitudes médias, a temperatura é baixa no inverno e, no verão,
por pelo menos 55 países que somam no total
é amena, como nos desertos da China e da Mongólia, com temperatu- 55% das emissões globais.
ras mais altas durante o dia e queda de temperatura durante a noite em A ratificação do acordo por parte do par-
amplitude térmica. No Oriente Médio, temos o clima desértico tropi-
cal e subtropical quente no norte do Paquistão e parte central do Irã, lamento chinês era fundamental para conse-
onde as temperaturas chegam a 35 ºC e baixa precipitação no inverno. guir esse objetivo, já que a China e os Estados
Unidos são os dois países mais poluentes do
Clima temperado
mundo, somando cerca de 38% das emissões
No nordeste da Ásia, temos o temperado oceânico, com mé-
dias térmicas mais amenas, com verões influenciados pelas mon-
globais.
ções com altas precipitações e invernos secos. Como nos climas Destinado a substituir em 2020 o Proto-
litorâneos, a maritimidade regula a temperatura, impedindo am- colo de Kioto, o Acordo de Paris tem como
plitudes térmicas muito acentuadas.
O clima temperado continental é mais evidente na região cen-
objetivo manter o aumento da temperatura
tral da Ásia, principalmente no Sudoeste da República da Rússia. média mundial abaixo de 2 graus centígrados
Possui uma amplitude térmica muito acentuada e temperaturas em relação aos níveis pré-industriais.
médias muito baixas no inverno devido ao efeito da continentali-
dade, mas com verões quentes com quantidade de chuva anual con-
centrada nessa época e na primavera. Disponível em: http://www.jornaldenegocios.pt/
economia/mundo/asia/detalhe/china_ratifica_acordo_
Clima tropical
do_ clima_de_paris. Acessado em: 12/03/2018.
Predomina no sul da Ásia, Filipinas, Indonésia e outras ilhas.
São duas estações nesse clima, com verões quentes e chuvosos e

Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa 139


Anotações
CG_8ºano_05.indd 139 16/05/2018 09:31:12

:12
139

ME_CG_8ºano_05.indd 139 16/05/2018 12:18:43


invernos mais secos na parte central da Índia e no Vietnã, e sem-
pre com médias térmicas altas o ano inteiro. O sul da Índia e su-
doeste da Indochina são influenciados pelas monções, com verões
abundantemente chuvosos, pois recebem umidade carregada pelos
ventos que vêm do Oceano Índico. Já na parte insular e no sudes-
te asiático, predomina o clima tropical úmido, com uma média de
temperaturas altas e chuvas bem distribuídas no ano.

Clima subtropical
Ocorre no Japão, norte da Índia e sudeste da China. É muito
influenciado pelas monções, com invernos secos e verões chuvo-
sos. No norte da Índia, com latitudes médias, temos os invernos
mais secos e verões influenciados pela umidade que vem do ocea-

Climas do continente asiático

0 297 km 595 km
O
ce
Polar Desértico
tic

o
ano
Continental Clima de montanha
Glacial Ár
Temperado Tropical monçônico
Mediterrâneo Equatorial
Semiárido Isoterma de inverno

Europa

I. Kurilas
I. Sacalina

L. Baikal

L. Balkash

Oceano
Mar Vermelho

Pacífico

Trópic
o de Capricórnio

CG

África

Equ Sri Lanka


a dor

Oceano
Índico
N
I. Sumatra

O L
Oceania
S I. Bali

140 Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa

CG_8ºano_05.indd 140 16/05/2018 09:31:12


140

ME_CG_8ºano_05.indd 140 16/05/2018 12:18:44


Diálogo com o

no com alta pluviosidade do fenômeno das monções. Já no Japão professor


e no sudeste da China, as precipitações são distribuídas ao longo
do ano, com invernos mais rigorosos devido à latitude mais acen-
tuada, e os verões são quentes. Professor, apresente aos seus alunos que,
apesar da intensa modernização econômi-
Domínios ca, mais de 50% da força de trabalho asiática
está empregada na agricultura, especialmen-
morfoclimáticos te nas nações do subcontinente indiano (Ín-
Vegetação dia, Paquistão e Bangladesh). A Ásia responde
por, aproximadamente, um terço da produção
Floresta tropical mundial de cereais, com destaque para o ar-
Ocorre no sul e sudeste do continente e no leste da Índia devi- roz (90% do que se produz no Planeta). Mas,
do ao clima tropical, onde a alta incidência de energia solar e a umi-
ainda assim, precisa importá-los para suprir a
dade acentuada favorecem o desenvolvimento das espécies vegetais,
bem como a sua multiplicidade de espécie de animais. A floresta demanda interna, especialmente a da China.
pluvial tropical possui estratificação vertical devido à diversidade Além disso, o desmatamento e a atividade in-
de árvores perenes altas, elevando-se até 40 m e, por vezes, apare-
cem algumas árvores mais altas, que se elevam até 55 m de altitude.
dustrial descontrolada provocam graves pro-
blemas ambientais no continente.
Quick Shot/Shutterstock.com

Anotações

Floresta tropical no Nepal. Essa região


segue o regime de monções com cerca
de três meses de chuvas.

Estepes e pradarias
As estepes ocupam a parte central da Ásia e não possuem espé-
cies de porte arbóreo, sendo compostas principalmente por herbá-
ceas de porte pequeno devido ao baixo índice de pluviosidade, pois
os climas predominantes são áridos e frios.
As pradarias são formações vegetais em que predominam as
gramíneas, formando vastas pastagens influenciadas pelo clima
com baixas temperaturas das regiões ao centro-sul da Rússia, sul
da China, norte da Coreia do Norte e, também, no noroeste da
Mongólia. As herbáceas, nas pradarias, podem alcançar pouco mais
de 1,5 metro, mas não aparecem espécies arbóreas. O clima frio e
de baixa pluviosidade favorece a homogeneidade na vegetação com
baixa biodiversidade.

Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa 141

CG_8ºano_05.indd 141 16/05/2018 09:31:13

:12
141

ME_CG_8ºano_05.indd 141 16/05/2018 12:18:44


Tundra
Na Sibéria e em todo o norte da Ásia, o clima polar permite ape-
nas a existência da Tundra, vegetação formada por musgos, liquens e
herbáceas altamente adaptada, às rigorosas condições do clima.

Mediterrânea
Na parte ocidental do Oriente Médio, banhada pelo Mar Me-
diterrâneo, aparece uma vegetação esparsa composta de espécies de
porte arbustivo e também arbóreo. Os verões quentes e secos com
invernos frios e chuvosos conferem ao bioma da vegetação mediter-
rânea um aspecto peculiar.

Taiga, floresta de coníferas ou floresta


boreal
As florestas de coníferas da Ásia são consideradas as maiores
florestas do mundo, pois a sua extensão vai de oeste para leste desde
a Rússia, passando pelo norte da China, até o Japão, na presença
do clima subpolar, onde enfrentam um clima árido e com médias
térmicas abaixo de zero na maior parte do ano. São chamadas de
coníferas porque predominam os pinheiros com forma de cone e
as folhas são em forma de agulhas, adaptadas ao clima com pouca
água disponível, e com aspecto de homogeneidade sem maior di-
versidade de espécies vegetais e animais.

Savanas
As savanas estão presentes nas zonas de transição entre os de-
sertos e as áreas tropicais na parte oriental; ao norte, com as estepes
e pradarias; e aparecem, como algumas manchas, em partes da Ín-
dia e do Paquistão. Nas savanas, predominam as gramíneas com a
presença de arbustos de pequeno porte e podem ser xerófilas.

vectorx2263/Shutterstock.com

As savanas são caracterizadas pela pre-


sença de uma camada contínua de vege-
tação herbácea e com as copas das árvores com
poucas folhagens.

142 Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa

CG_8ºano_05.indd 142 16/05/2018 09:31:13 C


142

ME_CG_8ºano_05.indd 142 16/05/2018 12:18:45


:13
CG_8ºano_05.indd 143

ME_CG_8ºano_05.indd 143
Mapa do continente asiático: vegetação
Es
60º 70º 0º 90º 170º 180º tr. 170º
Oeste de Greenwich Leste de Greenwich Oceano Glacial Ártico de
50º Mar da B ering
Sibéria Oriental N
Mar de Mar de O L
20º
tlântico Cír Kara Bering
ceano A cul
oP Koly
ma
S
O

L
olar

ena
Ár tico

10º Mar de
Okhotsk
40º Tundra

O
Floresta de coníferas (Taiga)
b Ie
Europa n

is
R. Floresta temperada e subtropical

ei
Am

ol
ur

b
Vegetação mediterrânea

To
L. Baikal Pradarias / Estepes
Deserto

Ural
Mar do Savanas
Mar N

M
30º eg Leste

a
rM ro Floresta tropical e equatorial
Sy
L. Aral L. Balkash

rD
ed Vegetação de altitude
ia

ari
re

ite

C
Co

rrâ Regiões cultivadas


n
da

Am
r.

eo
o
Mar
st

uD

Mar áspio
E

-H

ng-Ho

ari
g

a
o) Amarelo

Eu
oa

f
Tró
an el
H Ho

ra
ar

Tigre
20º pic
m

tes
(A ng
a

od
Mar da China

Canal
)
Ki

de Suez
ul
z

eC
é-
Ts
(A

ânc n g- Oriental
Ya

er
s a

Go
mo

lfo
Oceano

P
ér
e For

si

Ma r V
co o

Ga
r. d

nd

I
Pacífico

n
10º tra Sikiang

g
st

es pu
Go h ma E
lfo Bra

er m e
d e Omã M
eko

lho
ng

Mar das
Saluen

África Mar Filipinas


Golfo

de
Arábico To
nk im
Golfo Golfo de
Mek
ional

de Áden
0º Bengala
ong
Merid

Mar de
na

Golfo i
de Sião Ch Célebes Oceania
da
Mar

Equa Es
dor tr.
de
10º Má
la ca Mar de

Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa


Oceano Índico Banda
0 325 km 650 km
Mar de Java
Leste de Greenwich
20º 30º 40º 50º 60º 70º 80º 90º 100º 110º 120º 130º 140º 150º 160º

143

16/05/2018 09:31:13
143

16/05/2018 12:18:46
Oceania
A Oceania é o menor continente do Planeta, com uma área
em torno de 8,5 milhões de km², formado por ilhas continentais,
de corais e vulcânicas da Melanésia, Micronésia e Polinésia, e pela
Austrália, que é uma plataforma continental. A Austrália se destaca
porque domina cerca
180º de 85% do território da Oceania. América
do
Ásia Oceania: continente Norte
I. Midway
(EUA)
Trópico de Câncer
Ilhas Havaí (EUA)
Marianas do Norte Honolulu
(EUA) I. Havaí

Ilhas
Garapan
I. Johnston(EUA)
Marshall Oceano

P
I. Carolinas
Mic
ron

O
Federação Dalap-Uliga-Darrit
Pacífico
dos Estados
ési

L
da Micronésia
a
M

I N
Koror
Palikir
Palau el I. Gilbert
Nauru Bairiki
I. Christmas
an

É
Equador Arquipélago
Irian é sYaren
Bismark

S
I. Malden
Ocidental Papua Nova i aTuvalu Kiribati

I A
Ind onésia Guiné Ilhas
Salomão Valaku Polinésia
Port Honlara
Samoa I. Tokelau I. Flint Francesa
Moreby I. Wallis
I. Marquisis
Vanatu (FRA)
Novas Hébridas Fiji Aple
I Samoa
(EUA) I.
(FRA)
I. Sociedade(FRA)
Cook Papeete
Porto Vila Suva Tonga (NZL) I. Tuamoku
I. Taiti (FRA)
Nova Caledônia (FRA)
Nukualofa I. Mururoa
Trópico de Capricórnio (FRA) I. Pitcairn
(RUN)
Austrália I. Tubai
(FRA) I. Rapa Iti
Oceano
Linha Internacional da Data

(FRA)

Índico
Camberra Sydney

Melbourne
Nova
Wellington

Zelândia
Capital N
0 488 km 976 km
Cidades principais O L
Limites administrativos / Tratados
S
180º

A Austrália é a maior porção de terra contínua da Oceania, for-


mando uma imensa plataforma continental que está entre os maiores
países do mundo com 7,69 milhões km2. Está isolada no centro da
placa indo-australiana, não sofre com eventos geológicos, como ter-
remotos e vulcões, e possui rochas muito antigas na formação do seu
território, já bastante desgastadas.
Das mais de 10 mil ilhas contidas na Oceania, a região da Po-
linésia está mais a leste do Oceano Pacífico. É o conjunto de ilhas
mais distante da Austrália. De origem predominantemente vulcâ-
nica, tem como característica os picos com mais de 2.400 m aci-

144 Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa

CG_8ºano_05.indd 144 16/05/2018 09:31:13 C


144

ME_CG_8ºano_05.indd 144 16/05/2018 12:18:46


ma do nível do mar. As maiores e mais habitadas ilhas da Polinésia
são Tuamotu, Taiti, Midway, Samoa, Tonga, Bora Bora, Cooke e o
Havaí. Além das ilhas vulcânicas, essa região aparece com a maior
concentração de atóis do mundo com centenas de ilhas menores de
origem coralíneas.
A Melanésia está na parte central da Oceania e possui algumas
das maiores ilhas do continente, como Papua Nova-Guiné, Tuvalu,
Nauru, Vanuatu, Fiji, Ilhas Salomão e o arquipélago de Bismarck.
Ao nordeste da Austrália, algumas dessas ilhas são compostas de
rochas cristalinas bem antigas como as que formam a Austrália.
As ilhas Marianas, Kiribati, Palau, Marshall, Carolinas, Guam,
etc., são as principais ilhas da Micronésia a nordeste da Austrália e
ao norte da Melanésia, formadas por ilhas coralíneas e vulcânicas.

O relevo
O relevo da Oceania está dividido em quatro regiões com dife-
rentes características geomorfológicas: o do Pacífico, os geossincli-
nais da Tasmânia, o escudo australiano e os arcos melano-zelandeses.

Oceania: relevo

0 258 km 516 km Altitudes



Jaya
5.030 m
Até 100 m
Mte. Vitória
4.073 m Arq. Bismarck Até 200 m

Até 500 m
I. Nova Guiné Wilhelm
4.509 m
I. Salomão
Até 800 m

Mar de Arafura
Até 1.200 m
e Torres
Estr. d 10º
A partir de 5.000 m
G ra

Pico
nd

Terra de Golfo de Profundidade


eB

Mar de Timor Arheim


Carpentária
Cor

Mar dos
arr

Terra de ira
e

Co Corais
d il

Tasman ral I. Novas Hébridas


ina I. Fiji
he

Grande Deserto
ira

de Areia
Au
st

20º
I. Nova Caledônia
ra

Deserto de Gibson
lia

Mte. Bruce
1.227 m
na

Grande L. Eyre Oceano


Deserto Vitória ng
Pacífico
Flinders

rli
Da
o
Ri
s. Darling

ay
urr
oM ec
Ri
Mtes.

Grande Baía ad 30º


rm

Australiana Mte. Kosciusko


Ke
Mte

2.228 m
Mar da Tasmânia
a
ss

10.047 m
Fo

C. Naturalista
de Bass
Estr. I. Furneaux
N Oceano I. Tasmânia Mte. Ruapehu
2.795 m

Índico
Mte. Cook
3.764 m
O L
Su
l

I. Nova Zelândia
do 40º
S es
Alp
I. Chatham
110º 120º 130º 140º 150º 160º 170º 180º

Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa 145

:13 CG_8ºano_05.indd 145 16/05/2018 09:31:14


145

ME_CG_8ºano_05.indd 145 16/05/2018 12:18:47


A unidade geomorfológica do Pacífico aparece principalmente
na Polinésia, que adentra no oceano. Formado por ilhas vulcânicas
e coralíneas, fica numa região assísmica, embora, no passado, tives-
se intensa atividade geológica. Com profundidades entre 4 e 6 mil
metros, a sua crosta é mais delgada em relação a outras regiões de
assoalho oceânico do mundo, com 5 km em média.
Na parte oriental e a sudeste da Austrália (região da Tasmânia)
aparecem os geossinclinais que demonstram as maiores altitudes da
Austrália. Os geossinclinais, estruturas geológicas gigantescas na
forma de bacias alongadas, sofrem sedimentação intensa de áreas
periféricas e depois passam por um processo de soerguimento com
a formação de cadeias de montanhas. A 300 km para dentro do
continente, encontra-se a Grande Cadeia Divisória (Great Diving
Range) com altitudes modestas. No entanto, a maior altitude dessa
unidade geomorfológica é de 2.228 m no monte Kosciuszko.
O escudo australiano é do período Pré-Cambriano (antes de 600
milhões de anos), no centro e na parte ocidental da Austrália. Seus
afloramentos aparecem na parte noroeste, em Hamersley; ao norte,
em Kimberley e em Alice Springs, na região central. No restante do
território, o escudo é recoberto por sedimentos de diferentes perío-
dos geológicos, inclusive dos mais recentes, como o quaternário.

Bildagentur Zoonar GmbH/Shutterstock.com

A Tasmânia é a 26ª maior ilha do mundo, Por fim, temos os arcos melano-zelandeses, que se caracterizam
com 334 ilhas adjacentes, das quais cerca
de 45% consistem de reservas naturais e par-
por uma série de ilhas vulcânicas, que formam uma ordem em arco
ques nacionais. e vão da Nova Guiné até a Nova Zelândia. Na Melanésia, aparece o
pico Sukarno, na Nova Guiné ocidental, que se mostra como o relevo
mais emerso da Oceania, com 5 mil metros de altitude. Nas Ilhas Fiji,
há oito alinhamentos separados por depressões entre 2.800 a 3.900
metros. A região dos arcos melano-zelandeses ainda é bastante ativa
e os processos orogenéticos continuam a elevar o relevo.

146 Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa

CG_8ºano_05.indd 146 16/05/2018 09:31:14 C


146

ME_CG_8ºano_05.indd 146 16/05/2018 12:18:48


Clima
Oceania: climas
Ilhas Belau Ilhas Marshall
(Palau)
Estados Federados da Micronésia

Kiribati
Nova Guiné Papua
Nova-Guiné Tuvalu
Ilhas Salomão

Samoa
Oceano Mar
Índico de Corais Vanuatu
Fiji
Nova Caledônia Tonga

Brisbane
Austrália
Perth Oceano
Grande Baía
Autraliana
Camberra Sidney Pacífico
Mar da
Tropical úmido
Melbourne Tasmânia
Tropical seco

Wellington
Subtropical quente-úmido

Nova Zelândia
Subtropical quente-mediterrâneo
N
Subtropical úmido
0 275 km 550 km O L
Árido
Alta montanha S

A porção insular da Oceania e a parte continental (Austrália)


têm comportamentos climáticos diferenciados devido a diferentes
variáveis. Na porção insular (Melanésia, Polinésia, Micronésia), a
localização acima do Trópico de Capricórnio possui temperaturas
mais elevadas já que a influência da maritimidade causa uma menor
amplitude térmica. Na parte sul da Austrália e na Nova Zelândia,
que estão acima de 23º de latitude, o comportamento climático
tende a ter temperaturas médias mais baixas, mas fatores como o
relevo e a maritimidade exercem bastante influência.
A região insular e do norte da Austrália, na zona intertropi-
cal, possuem climas tropicais pluviais com temperaturas médias
altas e pluviosidade acentuada e, devido à maritimidade, com bai-
xa variação entre as temperaturas máximas e mínimas. Mais pró-
ximo da Ásia, aparecem climas tropicais quentes com alternância
de estações úmidas e secas devido à influência das monções. As
altitudes mais elevadas na Papua Nova-Guiné proporcionam uma
variação do clima de montanha, que é mais seco e com tempera-
tura mais amena.

Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa 147

:14 CG_8ºano_05.indd 147 16/05/2018 09:31:14


147

ME_CG_8ºano_05.indd 147 16/05/2018 12:18:48


Na parte central da Austrália, aparecem desertos que caracteri-
zam o clima semiárido em região subtropical, pela impossibilidade
da chegada de umidade devido à presença constante de zonas de
alta pressão de influência subtropical. A precipitação da região cen-
tral não passa de 350 mm, com verões quentes e invernos amenos.
Ao sul, encontramos climas influenciados pela faixa subtropi-
cal devido à latitude, como na Nova Zelândia e sudeste da Austrá-
lia. Esses climas mesotérmicos têm chuva bem distribuída ao longo
do ano, verões quentes e invernos amenos. No litoral sul, predomi-
na o clima mediterrâneo devido à corrente marítima fria circum-
polar antártica e de zonas de alta pressão locais, o que ocasionam
invernos mais chuvosos e verões secos.
Na parte centro leste da Austrália, mais próxima ao litoral, as
precipitações são bem distribuídas durante o ano, com estações
bem caracterizadas e um clima subtropical úmido de verões quen-
tes. Na costa oeste, aparece o mesmo clima subtropical típico da re-
gião centro-leste litorânea. Por fim, temos, no nordeste australiano,
o clima subtropical úmido de invernos secos, com quatro estações
bem definidas, verão quente e com alto índice de pluviosidade.

Domínios
morfoclimáticos
Vegetação
Utilizando-se da divisão da Oceania, em parte insular e con-
tinental, e das suas diferentes características climáticas (sistemas
de alta pressão subtropical, maritimidade e continentalidade), po-
demos concluir que a vegetação da Oceania é muito diversificada,
resultando na presença de vários biomas.
Os climas tropicais dominantes nas ilhas e no norte e nordeste
da Austrália são responsáveis pela predominância de florestas tro-
picais pluviais, com elevados índices pluviométricos e temperaturas
mais altas, resultando em uma floresta frondosa com árvores que
podem alcançar 40 metros, em camadas superiores. No norte, tam-
bém aparece a floresta equatorial de porte alto e com riquíssima
diversidade de espécies. Na transição entre os desertos da parte cen-
tral e do norte tropical, aparecem as savanas, com predominância
de gramíneas e espécies xerófilas.
A vegetação adaptada a climas extremamente secos, como as
hiperxerófilas, predomina na região central da Austrália, pois essa
área é composta por desertos. As hiperxerófilas têm como prin-
cipal representante as cactáceas de caule suculento. As espécies
arbustivas adaptadas a esses climas têm cascos muito duros, folhas
encobertas de cera ou espinhos para diminuir a transpiração, e as

148 Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa

CG_8ºano_05.indd 148 16/05/2018 09:31:14 C


148

ME_CG_8ºano_05.indd 148 16/05/2018 12:18:49


Austrália – vegetação
Mar de Arafura r. de Torre
Es t s 0 200 km 400 km

Mar de Timor Darwin


Golfo de
Carpentária
Mar dos
Corais
Floresta tropical úmida
Floresta subtropical Cairns Ilhas do
Eucalipto Mar dos Corais
(Austrália)
Townsville
Savana

Port Hedland
Deserto
Semideserto Mackay

Estepe Alice Springs


Rockhampton
pricórnio Gladstone
o de Ca
Trópic

Brisbane
Gold Coast
Geraldton

Kalgoorlie
Broken Hill
Perth
Whyalla Newcastle
Bunbury Grande Baía Sydney
Esperance Australiana Adelaide Camberra
Wollongong

Bendigo

Oceano Geelong
Melbourne
ss
Estr. de Ba
O
N

L
Índico
S Hobart

raízes profundas, na forma de cabeleira (ramificadas), para garantir


maior absorção de água do solo.
Em latitudes mais altas, encontramos, no litoral oriental da
Nova Zelândia, a predominância de grandes campos de gramíneas
com árvores latifoliadas nas matas ciliares dos rios.
A vegetação mediterrânea, de complexo arbustivo, aparece no
litoral sul e grande parte do litoral leste da Austrália, por ser adap-
tada aos climas mais secos e com invernos chuvosos, com aspecto
retorcido e alternando entre bosques e pastagens.
A floresta temperada tem presença marcada por manchas en-
cravadas na parte leste da Austrália e domina quase toda a Nova
Zelândia, menos no litoral leste. A floresta temperada tem uma
biodiversidade reduzida em espécies vegetais, onde convivem pi-
nheiros e árvores de folhas largas, todas de grande porte que estão
entre as maiores do mundo.
Nas áreas de montanha da Papua Nova-Guiné e da Nova Zelân-
dia, aparece, adaptada a climas frios de montanha, a Tundra Alpina.
A característica dessa vegetação é de alternar o seu desenvolvimento
entre as épocas de congelamento e de degelo nas montanhas para o
desenvolvimento de musgos, liquens, gramíneas, e até arbustos nas
condições adversas de altitudes elevadas e solos pobres.

Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa 149

:14 CG_8ºano_05.indd 149 16/05/2018 09:31:14


149

ME_CG_8ºano_05.indd 149 16/05/2018 12:18:49


Hidrografia
A hidrografia da Oceania é pobre se comparada com a dos ou-
tros continentes, pois a grande maioria das ilhas não tem extensão su-
ficiente para a formação de rios com grande capacidade de navegação
ou produção hidrelétrica. No entanto, cumprem a função de forne-
cer água para o consumo onde se estabeleceram as ocupações huma-
nas. Como na maioria dos climas do continente há regularidade de
chuvas, esses rios sempre são abastecidos e mantêm sua perenidade.
Na plataforma continental australiana, a ocorrência dos rios é
dificultada pela baixa pluviosidade de climas áridos e semiáridos,
que formam desertos na parte centro-leste do país.
Os principais rios da Oceania são: na Austrália, o Murray e
seus afluentes Murrumbidgee e Darling; na Nova Zelândia, des-
taca-se o Waikato; e, em Papua Nova-Guiné, o Daru, Fly, Kikori,
Purari, Ramu e Sepik.
Ilhas Belau Ilhas Marshall
(Palau) Oceania: hidrografia
Estados Federados da Micronésia

N
Kiribati
O L
Nova Guiné Papua
S
Nova-Guiné Tuvalu
Ilhas Salomão

Samoa
Oceano Mar
Mitch Vanuatu
Índico ell de Corais
Fitz
roy Da
ly Fiji
Flin

Fo de
rs
Ge

r te scue a Nova Caledônia Tonga


org a

Austrália
n
om nti
in

ma

n
so

so Brisbane
hi
Da

Murc Lago
Th

Eyre
Perth
chla
n Sidney Oceano
La
Grande Baía
Autraliana Mu
Camberra Pacífico
rray Mar da
Melbourne Tasmânia

Wellington
Nova Zelândia
0 275 km 550 km

Europa
A localização da Europa, na parte mais ocidental da Eurásia
e seu litoral, extremamente recortado, levam alguns estudiosos a
considerar o continente apenas como uma extensão da Ásia, uma

150 Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa

CG_8ºano_05.indd 150 16/05/2018 09:31:15 C


150

ME_CG_8ºano_05.indd 150 16/05/2018 12:18:50


península. A Europa está totalmente inserida no Hemisfério Norte
e, em sua maior parte, no Oriente, sendo os seus limites naturais os
montes Urais, o Mar Cáspio e o Rio Ural, a leste; ao sul, o Mar Me-
diterrâneo e o Mar Negro; o Oceano Atlântico, a oeste; e, nas altas
latitudes, o Oceano Glacial, ao norte. Com apenas 10,5 milhões
km2 (é menor do que a Rússia) e ocupando cerca de 7% das áreas
continentais, a Europa é um dos mais importantes e influentes con-
tinentes do mundo.
40º W 30º W 20º W 10º W 0º W 10º E 20º E 30º E 40º E 50º E 60º E 70º E 80º E

Groenlândia (Din.)
Oceano G
lacial Ártico Continente europeu
Mar de Rússia asiática
Barents
Cí r
cu
lo
P ola 0 142 km 284 km
r Árt
ico
Reikjavic
Islândia

Suécia
Finlândia

Oceano Noruega Helsinki


Rússia
Europeia
Atlântico Tallin
50
ºN

Oslo Estocolmo
áltico

Estônia
Moscou
Letônia
rB

Riga
Mar Lituânia
Ma

Dinamarca Casaquistão
do
Belfast Copenhague Rùssia Vilna Minsk
Norte
Irlanda Países Belarus
Dublin Reino Unido
Baixos Berlim Varsóvia
Amsterdan Kiev
Londres Polônia

M
Bélgica Ucrânia
C

ar
Alemanha Praga
Bruxelas ás
Rep. Tcheca Eslováquia pi
Luxemburgo Bratislava Kichinev
Mar
de Azov o
Paris
Viena ºN
Moldávia
40
Liechtenstein Áustria Budapeste Geórgia
França Hungria Romênia Azerbaijão
Berna
Suíça Liubliana Zagreb Armênia
Eslovênia Croácia Sérvia Bucareste Negro
Bósnia- Mar
Belgrado N
-Herzegovina Bulgária Irã
Kosovo Sófia
Mônaco Sarajevo
Pristina Turquia L
Itália Montenegro Escópio europeia
O
Portugal Espanha Andorra Vaticano Roma Tirana Macedônia
Turquia asiática S
Lisboa Madri Albânia
Grécia
Atenas Síria Iraque
Mar Mediterrân Chipre
eo
Marrocos Argélia Tunísia Israel Jordânia

Relevo
A Europa fica na parte oeste da placa tectônica Euroasiática,
como uma península, e a organização de seu relevo mostra contrastes
entre o sul, elevado com cadeias montanhosas; o norte, desgastado
com planaltos elevados de médias altitudes; e, na região central, as
planícies. Na parte norte, predomina um relevo de planaltos maciços
desgastados que geraram deposição de sedimentos formando imen-
sas planícies na região central. Ao sul, o contato com a placa Africana

Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa 151

:15 CG_8ºano_05.indd 151 16/05/2018 09:31:15


151

ME_CG_8ºano_05.indd 151 16/05/2018 12:18:51


Geografia em cena causa intensa atividade geológica desde o Terciário, o que contribuiu
para o surgimento de uma série de cadeias montanhosas.
Em quase todos os conti- As regiões montanhosas ao sul têm elevadas altitudes e sofrem
nentes do Planeta, há do- com fenômenos tectônicos constantemente, gerando terremotos e
bramentos modernos, ou vulcões devido ao choque da placa Africana com a placa Euroasiá-
cadeias orogênicas, ou cin- tica, causando dobramentos que construíram montanhas ao longo
turões orogênicos, formação dos últimos 70 milhões de anos. São os dobramentos modernos.
geológica mais recente cons- Dentre eles, os pontos mais expressivos são os Alpes, que formam
tituída de rochas magmáti- uma cadeia de montanhas que aparecem entre a Áustria, Suíça, Ale-
cas e sedimentares. Na Euro- manha, Itália e França, com 1.100 km de extensão. Na França, com
pa, podem ser encontrados 4.807 metros de altitude, o ponto mais elevado é o Mont Blanc. Na
em diversos países: Itália, Itália, aparecem os Apeninos, que percorrem o território de norte
França, Suíça, Alemanha, a sul por 1.500 km, caracterizando essa região como uma das mais
Eslovênia, Áustria, Mônaco, ativas em vulcanismo na Europa. Os Pirineus são uma cadeia de
Liechtenstein, entre outros. montanhas que podem atingir 3.000 metros de altitude e se alastra
b-hide the scene/Shutterstock.com
numa faixa de 450 km de extensão na fronteira da França com a
Espanha.
Os Cárpatos, que ocorrem nas terras da Eslováquia, Polônia,
Ucrânia e Romênia, têm nas montanhas Tatras suas mais elevadas
altitudes com 2.655 metros, do pico Gerlachov.
O pico mais proeminente da Europa é o Monte Elbrus, loca-
lizado no conjunto de montanhas do Cáucaso, com 5.642 metros
acima do nível do mar. Situa-se entre o Mar Negro e o Mar Cáspio
nos territórios da Rússia, Geórgia, Armênia e Azerbaijão.
Nas partes norte e central da Europa, é expressiva a presença de
planícies, que podem se estender por 2 mil km, como a Grande Pla-
nície do Norte, que vai desde o litoral francês até os montes Urais.
Essas planícies são, em geral, muito férteis, como o solo tcherno-
zion, na Ucrânia, e que foram cruciais para o desenvolvimento do
povoamento no continente. Outras planícies importantes da Euro-
Na Islândia, o parque nacional his- pa são a planície russa, planície germano-polonesa e a grande pla-
tórico Thingvellir é um exemplo
de desdobramento moderno: a abertura nície húngara.
do solo, causada pelas placas tectônicas Os planaltos europeus formados por maciços antigos têm altitu-
do Atlântico, localizada na divisa entre a
América do Norte e a Eurásia. des modestas quando comparados com os dobramentos modernos
ao sul do continente. São localizados no centro-norte do continente
e podem ser reservas de minérios como ferro, manganês, bauxita, etc.
Os montes Urais funcionam como um marco divisório entre a
Europa e a Ásia. Estendem-se por 2.500 km, desde a fronteira norte
do Cazaquistão até o Oceano Ártico, e têm o monte Narodnaya
como ponto culminante.
Na Europa setentrional, fazem parte do escudo escandinavo os
Alpes Escandinavos, cadeia montanhosa predominante na penín-
sula escandinava; Noruega, Suécia e Finlândia.
Os montes Peninos, localizados no centro-norte da Inglaterra,
foram grande fonte de minérios e tiveram grande importância na
Revolução Industrial inglesa. Com 402 km de extensão, seu ponto
culminante é o monte Cross Fell, com 893 metros de altitude.

152 Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa

CG_8ºano_05.indd 152 16/05/2018 09:31:15 C


152

ME_CG_8ºano_05.indd 152 16/05/2018 12:18:52


:15
CG_8ºano_05.indd 153

ME_CG_8ºano_05.indd 153
Europa: relevo Is. Nova Zambia


rc
N
ulo
Po
la Oceano Glacial ÁrticoMar d
e Barents
rA
ntá O L
rt ico
S

M o
I. Islândia Península
0 122 km 244 km

s
a
de Kola

vo
c

a
Mar t

ti
Branco
e

din
Legenda

n
I. Faeroe

a
s

c
Altitudes

ie
rm

Es
otn
U

a
L.

s
1.000 metros

eB
I. Shetland Guttertind Onega

S
r

2.472 m

pe
400
Lago

Al
Ládoga

Golfo d
a

ie
200
0 c
a ní
i s

G.
Pl
Mar do de Riga Planalto

ic o
I. da Irlanda Norte de Valda
Mar

Bált
da Irlanda r Planalto
Ma do Volga
Ilhas Britânicas
Oceano I. da Brã-Bretanha Ásia
lto
Pl a R
na u

Plan
ície Germânica ss Cen
Atlântico Can
al da Mancha
o tra
l as
pia
na
C
ão
ss
pre
De

Blockner
Cárpat
Mar

Arq. Açores Gereachovsky o


Mte. 3.798
Branco 2.655 m
Golfo de Mar de
s

4.810 m
(28 metros abaixo
Cabo Finisterra Maciço Azov Mte. Elbrus
Biscaia
Central
e s Planície do nível do mar)
6.542 m
Francês l p da Hungria C Cá
Aneto s
á u
Al
3.404 m

A
A c a s o
pi

pe

Pi
p
s
o

re
neus e Di e g ro
Mar N
M


a

ric
n
rA os
I. Córsega dr Bálcãs

i

tic
Península o
n

Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa


Ibérica Vesúvio

Es
I. Sardenha

tr
1.270 m
o

.d I. Baleares
eG Mar
Pi n

ibr
alta Tirreno Mar
do

r
Egeu Ásia

153
I. Sicília
Mar Mte. Parnaso
Mar Mediterrân
eo Etna Jônico 2.657 m
3.274 m

Is. Canárias I. de Rodes


I. de Creta
África I. Malta

16/05/2018 09:31:16
153

16/05/2018 12:18:52
Clima
Localizada totalmente no Hemisfério Norte, acima do Trópi-
co de Câncer, a Europa apresenta uma diversidade grande de cli-
mas, pois chega a adentrar no Círculo Polar Ártico.

Mediterrâneo
Bem caracterizado no sul da Europa, possuem verões quentes e
secos com invernos chuvosos. Ocorrem na Espanha, Grécia, Itália
e Portugal.

Olaf Holland/Shutterstock.com
A Ilha de Sardenha possui temperaturas
suaves, mesmo no inverno, com prima-
veras e outonos quentes e verões ainda mais
quentes.

Subpolar

Em latitudes próximas ao Ártico, possui invernos longos e ri-


gorosos que podem atingir mínimas de –50º C e, no verão, as tem-
peraturas ficam entre 16 ºC e 21 ºC. Ocorre na Suécia, Finlândia,
Rússia e mais ao norte da Noruega.

Climas temperados
O clima temperado oceânico ocorre na Europa ocidental (In-
glaterra, França, Alemanha, Bélgica, Holanda, entre outros). É bas-
tante influenciado pela corrente marítima quente do Golfo, que
ajuda a tornar as temperaturas mais amenas.
A corrente do golfo faz a diferença entre uma Europa toda
congelada e uma Europa com a presença de diferentes variações de
climas, como os temperados, ao centro; frio continental, para leste;
mediterrâneos, ao sul; e polares e subpolares, ao norte.
As chuvas se concentram no inverno e na primavera. Já o
clima temperado continental tem influência no centro e no leste
da Europa e se caracteriza por grandes amplitudes térmicas, pois
está sob efeito da continentalidade. Devido à menor influência
do oceano, recebe menos umidade e as chuvas são reduzidas com
predominância no verão. O clima temperado continental tem
médias térmicas de –3 ºC no inverno e não ultrapassam os 10 ºC no
verão. Na parte central e leste, como na Rússia, Ucrânia, Bielor-
rússia, alcançam -38 ºC no inverno e, nos verões, acabam por ul-

154 Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa

CG_8ºano_05.indd 154 16/05/2018 09:31:16


154

ME_CG_8ºano_05.indd 154 16/05/2018 12:18:53


trapassar os 10 ºC. Quanto maior a distância dos oceanos maior
a amplitude térmica.

Frio de altitude
Ocorre em áreas montanhosas como nos Alpes, Pirineus e
Apeninos. As nevadas e geadas caracterizam invernos rigorosos e
longos. A presença das montanhas é responsável pela manutenção
da chuva por todo o ano, com distribuição regular.

Europa: clima
40º W 30º W 20º W 10º W 0º W 10º E 20º E 30º E 40º E 50º E 60º E 70º E 80º E

Mar de
Oceano G
lacial Ártico Barents
Cír
cu
Polar
lo
Po
lar
Árt
Frio
ico
Temperado
Subtropical

fo
ol
Mediterrâneo

o g
d
Frio de montanha

nte
e
Semiárido
r r ºN

co
50
áltico

O L
rB

Mar
Ma

S
do
Norte

M
C

ar
ás
Oceano Mar pi
o
de Azov
Atlântico 40
ºN

Negro
Mar

0 164 km 328 km
Mar Mediterrân
eo

Hidrografia
O relevo europeu tem bastante influência na hidrografia do
continente devido à presença de 2/3 de seu território de áreas pla-
nas. As planícies fluviais, com rios navegáveis, proporcionaram um
aproveitamento econômico com o transporte de mercadorias com
custos muito reduzidos. As regiões mais elevadas, onde predomi-
nam as cordilheiras, têm um papel importantíssimo com nascentes
de muitos rios importantes, pois funcionam como área de disper-
são das chuvas a barlavento ou na época do derretimento da neve.

Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa 155

:16 CG_8ºano_05.indd 155 16/05/2018 09:31:16


155

ME_CG_8ºano_05.indd 155 16/05/2018 12:18:54


Europa: hidrografia

rc
ulo Oceano Glacial Ártico
0 186 km 372 km
Po
lar
Ant
ár tic
o

L.
Onega
Volga
Lago
Ládoga
al
Ur

Oceano T
âm
Ásia

Do
isa

El

n

Atlântico

ba
s

Rh

Od
Se n r Dne

tu
p

ei
r

la
n
Loire a

Ma
a
no
G

rC
Pó D an sp
ro

Róda

á
Douro úb i
na

io
Eb

Mar Negro

o
ro

T ibre

Tejo
N

Mar Mediterrân Ásia O L


eo
S
África

Principais rios europeus:

Loire – Também chamado de Líger (em português), é o


maior rio da França, pois atravessa o país de leste a oeste. Nasce
em Ardèche e percorre 1.012 km por toda a França, para de-
sembocar no Oceano Atlântico, na região de Loire-Atlantique,
através de um estuário. É o maior rio em território francês.

Elba – Nasce nas montanhas Karkonosze, com altitude de


1.386 metros acima do nível do mar, no norte da República
Tcheca, na Europa central, percorrendo a Alemanha até a sua
foz no mar do norte, em Cuxhaven, ainda na Alemanha. Tem
1.165 km de extensão e sua bacia ocupa 148 mil km².

Reno – Sua nascente é nos Alpes, no leste da Suíça, e per-


corre quatro países (Liechtenstein, Áustria, Alemanha, Fran-
ça) até desaguar no Mar do Norte na cidade de Roterdão, nos
Países Baixos, depois de 1.233 km.

Ródano – Surge na geleira do Valais, com altitude de 2.150


metros, nos Alpes suíços; percorre 812 km pelo território suí-

156 Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa

CG_8ºano_05.indd 156 16/05/2018 09:31:17 C


156

ME_CG_8ºano_05.indd 156 16/05/2018 12:18:55


ço e francês e desemboca no Mar Mediterrâneo. Sua bacia hi-
drográfica abrange 95.500 km².

Volga – É um rio inteiramente russo. Nasce no planalto


de Valdai, no norte da Rússia, e deságua no Mar Cáspio, a
sudoeste. Possui 3.668 km de extensão e banha uma área de
1.380.000 km2.

Domínios morfoclimáticos
Vegetação

40º W 30º W 20º W 10º W 0º W 10º E Europa: vegetação


20º E 30º E 40º E 50º E 60º E 70º E 80º E

0 158 km 316 km Mar de


Oceano G
Tundra
lacial Ártico Barents Floresta boreal (coníferas/taiga)
Cír
cu
lo
Po
Floresta temperada e subtropical
lar
Árt
ico Vegetação mediterrânea
Pradarias
Vegetação de altitude
Regiões cultivadas

ºN
50

Oceano
áltico

Atlântico
rB

Mar
Ma

do
Norte

M C
ar ás
pi
Mar
de Azov o
ºN
40

Negro
Mar

O L
Mar Mediterrân
eo S

Ao sul do continente europeu temos a vegetação mediterrânea,


formada por árvores, em geral, de pequeno porte, com nódulos no
tronco e de folhas perenes (sempre verdes). As árvores são mais ou
menos espaçadas entre si, que permitem o desenvolvimento de um
estrato arbustivo constante.
O estrato herbáceo é de baixo porte, devido a grandes períodos
de seca do verão. As espécies mais comuns são o sobreiro, azinheira,
oliveira-brava, alfarrobeiras, medronheiros, zambujeiros, pinheiros

Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa 157

:17 CG_8ºano_05.indd 157 16/05/2018 09:31:17


157

ME_CG_8ºano_05.indd 157 16/05/2018 12:18:55


(pinheiro-manso e pinheiro-de-alepo), o cedro e o cipreste. Encon-
tra-se em países como Portugal, Itália, Espanha e Grécia.
As extensas pastagens do sudeste da Europa caracterizam-se
nas pradarias e estepes. As herbáceas e gramíneas dessa região cres-
cem sob um dos solos mais férteis da Europa. As estepes e pradarias
ocorrem na Bulgária, Sérvia, Romênia e Hungria.
As florestas ao norte são chamadas de taiga, floresta de conífe-
ras ou floresta boreal, e podem ser observadas nas partes setentrio-
nais da Noruega, Dinamarca, Finlândia e Suécia, onde predomina
o clima subpolar. Os principais espécimes desse tipo de vegetação
são as coníferas, como os pinheiros, abetos, larícios e espruces.
São bem adaptadas para sobreviver em regiões frias, pois as folhas
permanecem vivas durante todo o ano e não caem, assim podem
realizar fotossíntese quando a luz solar ficar mais incidente na pri-
mavera e no verão. Essa estratégia permite que não haja gasto de
energia para produzir novas folhas. Em regiões de climas mediter-
râneos, aparecem coníferas caducifólias, como os larícios.
A floresta temperada predomina em toda Europa, com exceção
do norte, sudeste e do extremo litoral sul mediterrâneo. Os climas
com estações do ano bem definidas, inverno frio e verão quente, são
típicos temperados, nos quais é possível observar as árvores caduci-
fólias, que perdem suas folhas no outono para se proteger durante
períodos de neve.
A tundra é encontrada na Rússia e no extremo norte da pe-
nínsula Escandinávia, onde predominam os climas polares e sub-
polares. As baixas temperaturas permanecem por períodos de 7 a
9 meses e, somente no verão, as condições ficam menos adversas,
permitindo o descongelamento do solo permafrost e o apareci-
mento de musgos, liquens e gramíneas. As mesmas condições são
encontradas em maiores altitudes comuns às cordilheiras e maciços
europeus.

Nordroden/Shutterstock.com
CG

Permafrost é um tipo de solo caracterís-


tico de regiões polares. Permanece con-
gelado por pelo menos dois anos consecutivos.

158 Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa

CG_8ºano_05.indd 158 16/05/2018 09:31:17


158

ME_CG_8ºano_05.indd 158 16/05/2018 12:18:56


Sugestão de

Cenário 2
abordagem

A ocupação Ao tratar da regionalização do continen-


te asiático, complemente as informações do
humana e a cultura livro-texto. Escolha um dos conjuntos regio-
nais ou, se preferir, ponha em destaque um
na Ásia, Oceania e país de cada conjunto regional comentando

Europa suas características de forma mais detalhada.


Muitos deles aparecem constantemente na
mídia, especialmente por motivo de conflitos.
Ásia Discuta esse fato e leve para a sala de aula no-
A Ásia é o continente mais populoso do mundo, com destaque tícias a respeito.
para a China, Índia, Indonésia, Paquistão, Bangladesh, Rússia asiá-
tica e Japão. Apesar de contar com mais da metade da população
mundial, que se desenvolveu em regiões propícias, como nas gran-
des planícies chinesas, no delta do Mekong, no Japão, ou na ilha Diálogo com o
de Java, na Indonésia, o continente também possui áreas de vazios
demográficos, como desertos e montanhas de climas polar e subpo- professor
lar. Se nas áreas mais povoadas a densidade passa de 800 hab/km²,
nas regiões menos povoadas a densidade está abaixo de 4 hab/km².
No total, a sua população absoluta é de 4,436 bilhões de habitantes.
Professor, mostre que a Ásia apresenta
O crescimento demográfico tem sido tratado pelas autorida-
des dos países mais importantes da Ásia como política pública de contrastes econômicos extremos e que a por-
grande prioridade. No entanto, a taxa de natalidade ainda é grande ção mais desenvolvida — referente ao Japão e
em países mais pobres e subdesenvolvidos como Bangladesh, Pa-
quistão, Afeganistão. A Índia, país emergente entre as sete maiores
à parte dos países do sudeste — registra ren-
economias do mundo, sofre com as taxas de natalidade de 2,4 por da per capita quase 100 vezes maior que a das
mulher em idade fértil e taxa de crescimento de 1,2%. Essa taxa de regiões pobres. Nos últimos anos, a China e
crescimento resulta em 15,6 milhões de crianças anualmente que,
em geral, nascem nos lugares mais povoados e com sérios proble-
a Índia vêm apresentando aceleradas taxas de
mas sociais, reproduzindo o ciclo de pobreza e miséria, pois não são crescimento. No sul do continente, a pobreza
feitos investimentos suficientes em educação e saúde. atinge proporções alarmantes: mais de 30% da
população vive com menos de 1 dólar por dia.

Anotações
YKKStudio/Shutterstock.com

A China tornou-se uma das economias


de mais rápido crescimento no mundo,
sendo a maior exportadora de mercadorias do
Planeta.

Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa 159

CG_8ºano_05.indd 159 16/05/2018 09:31:17

:17
159

ME_CG_8ºano_05.indd 159 16/05/2018 12:18:57


Anotações
A população da Ásia ainda é predominantemente rural, mas
o crescimento urbano tem tomado proporções assustadoras, em
países como Índia, China e Japão. O êxodo rural tem sido o princi-
pal fator migratório, mas os movimentos de refugiados das guerras
também têm contribuído para o afluxo de pessoas para os países ao
sul ou ao oeste, que já são regiões densamente urbanizadas.
Os tipos humanos na Ásia são muito diversos e se dividem em
centenas de grupos como resultado das miscigenações ao longo da
história do continente. De maneira simplificada, podemos classi-
ficar a composição étnica em três tipos que são o caucasiano (pele
branca); o mongólico (pele amarelada); o melanoide e o negroide
(pele escura). A população negroide é minoria na Ásia e fica diluída
com outros tipos humanos no sudeste asiático e ao sul da Índia.
Na parte central e oriental da Ásia, predomina a etnia mongólica.
Os caucasianos predominam no Oriente Médio, Ásia centro-leste
e meridional.
No aspecto religioso, encontramos uma grande diversidade,
mas podemos considerar o budismo como a religião de maior in-
fluência no extremo Oriente; o cristianismo, da Igreja Católica Or-
todoxa, na Rússia; o hinduísmo, na Índia; e o islamismo, no Orien-
te Médio e centro da Ásia. Além do judaísmo, em Israel.
Os grupos linguísticos asiáticos são variados em razão da extre-
ma divisão étnica e dos processos históricos submetidos ao conti-
nente. Destacamos, porém, alguns mais expressivos por sua exten-
são geográfica.

Perekotypole/Shutterstock.com
Ao longo do século XX, a superpopu-
lação e as guerras provocaram grandes
migrações da Ásia para os demais continentes,
mas, ainda sim é o continente mais povoado.

Línguas indo-arianas
As línguas do subgrupo são as mais faladas em todo o sudoes-
te da Ásia, em países como Irã, Afeganistão, Turquia, Tadjiquis-
tão.

160 Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa

CG_8ºano_05.indd 160 16/05/2018 09:31:18 CG

Leitura
complementar

Língua nunca antes


documentada é descoberta na
Ásia

Apesar de a tribo não ser desconhecida, é a


primeira vez que a língua é estudada e observada.
Entre as aldeias distantes da península de
Malay, no sudeste da Ásia, os linguistas desco-

160

ME_CG_8ºano_05.indd 160 16/05/2018 12:18:57


“Nós percebemos que uma grande parte da
aldeia falava uma língua diferente”, explicou Ya-
Na Ásia meridional, predominam a línguas do subgrupo ín- Geografia em cena ger, em um comunicado. “Eles usaram palavras,
dico, que é composto por uma grande diversidade de influências
como o sânscrito, tronco comum para todas essas línguas; o prá- O idioma jedek, com fonemas e estruturas gramaticais que não são
crito, que deu origem a cerca de vinte línguas atuais (o bengali; o cerca de 280 usuários, foi usados nas demais tribos. Algumas dessas pala-
nepali; e o romani falados no Afeganistão); o urdu, idioma oficial descoberto pelos linguistas
do Paquistão; e o hindi, idioma oficial da Índia. suecos Niclas Burenhult e
vras sugeriram uma ligação com outras línguas
O armênio, é o idioma indo-europeu falado no Azerbaijão, Joanne Yager. Eles realiza- faladas em outras partes da península malaiense”.
nordeste da Rússia, na Síria, Irã, Líbano e Turquia. ram pesquisas na região do À medida que a globalização continua a
rio Pergau, em Sungai Ruan,
atravessar o mundo, línguas menos conheci-
Línguas dravídicas Malásia, onde encontraram
uma das poucas tribos falan- das como Jedek estão morrendo rapidamente.
Na Índia, predominam ao sul, os povos melano-indianos, com tes do jedek. Mesmo visitada
cerca de 25% da população indiana falantes das línguas da família
Existem mais de 6.000 idiomas atualmente fa-
e estudada outras vezes, até
dravídica: o télugo, falado nos estados indianos de Misore e Andra agora ninguém havia perce- lados em todo o mundo, mais de 40% dos quais
Pradesh; o tâmil, falado na região de Misore e Madras; e, por fim, o bido o uso da linguagem, pois estão em risco de extinção, de acordo com o
malaiala e o canará, no Sri lanka. é totalmente desconhecido e Projeto de Idiomas em Risco. Na verdade, den-
ainda não documentado.
Línguas uralo-altaicas Uma análise social da lín- tro de 100 anos, é provável que mais de metade
gua permitiu que os linguistas dessas línguas estejam mortas. Ao documentar
As línguas uralo-altaicas ou turanianas são divididas em duas descobrissem também que
grandes famílias: a uraliana e a altaica, ou turco-tártara. As uralia- e apreciar essas línguas minoritárias, os linguis-
essa região malaia é mais equi-
nas estão quase extintas e as línguas altaicas, ou turco-tártaras, são librada em termos de equida- tas esperam poder ajudar a preservar algumas
dos grupos tungúsicos, turco e mongol (faladas por povos da Ásia de de gênero do que as socie-
central e na Turquia), o japonês e o coreano.
dessas culturas menos conhecidas, além de for-
dades ocidentais.
Segundo os cientistas,
necer mais informações sobre a cognição, a his-
Línguas sino-tibetanas infelizmente, o destino de tória e a cultura humanas.
línguas com tão poucos fa- “Há tantas maneiras de ser humano, mas
A família sino-tibetana forma o conjunto linguístico mais
lantes, como o jedek, é desa-
completo da Ásia, no qual se distinguem dois grandes troncos:
parecer com o tempo — das muitas vezes nossas próprias sociedades moder-
o tibeto-birmanês e o chinês. É a segunda família mais falada no
mundo atrás apenas da indo-europeia.
mais de 6 mil línguas faladas nas e principalmente urbanas são usadas como
em todo o Planeta, 40% cor- critério para o que é universalmente humano.
São dezenas de idiomas e dialetos chineses. O mandarim é a
rem o risco de extinguir.
variante mais falada, língua materna de 75% da população chinesa, Nós temos tanto a aprender, até sobre nós mes-
Sallehudin Ahmad/Shutterstock.com

e no qual se baseia o chinês convencional moderno. O mandarim é


língua oficial na China, Taiwan, Hong Kong, Macau e Cingapura. mos, das riquezas linguísticas e culturais em
Também são faladas as línguas vernáculas como o wu, pratica- grande parte indocumentadas e ameaçadas que
do em Kiangsu e Chekiang; o cantonês de Macau, Hong Kong e estão por aí”, acrescentou Burenhult.
Cantão; e o min, proveniente da região de Fukien.

Línguas tibeto-birmanesas Mah Mari, uma das poucas tribos


Disponível em: https://osabio.com.br/lingua-nunca-
malaia que utilizam o idioma jedek. antes-documentada-e-descoberta-na-asia-/. Acessado
As línguas tibeto-birmanesas surgiram a partir de uma origem
comum. Os movimentos populacionais ocorridos na Ásia central e Disponível em: https://www. em: 27/02/2018.
npr.org/sections/thetwo-
meridional, ao longo dos últimos mil anos, ajudam a explicar essa
-way/2018/02/07/583931629/
origem comum. As línguas tibeto-birmanesas ocupam uma área que
se estende de Caxemira ao Vietnã e são praticadas também no Tibet,
linguists-discover-previously-
-unidentified-language-in-malaysia.
Anotações
em Myanmar (ex-Birmânia) e em outras regiões do Himalaia. Acesso em: 05/04/2018. Adaptado.

Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa 161

1:18 CG_8ºano_05.indd 161 16/05/2018 09:31:18

briram um idioma anteriormente desconheci- bar, comprar ou vender —, mas há muitas pa-
do para eles e para o mundo científico. lavras para descrever atos que envolvem troca,
O idioma, chamado Jedek, é falado por cer- cooperação e compartilhamento.
ca de 280 pessoas que vivem ao longo do rio Per- Niclas Burenhult e Joanne Yager, ambos
gau, em Sungai Rual. Fora da área local, acredita- linguistas da Universidade de Lund, na Sué-
-se que a língua seja totalmente indocumentada. cia, descobriram o idioma enquanto estuda-
A sociedade é consideravelmente mais vam a língua Jahai na mesma área. “Muitas
igualitária que as sociedades ocidentais. Tam- pessoas já haviam visitado e estudado ante-
bém não há violência interpessoal e a com- riormente esta sociedade, esta não é uma tribo
petição entre crianças é desencorajada. Por não contactada, mas a língua diferente não ha-
sua vez, isso se reflete em sua linguagem. Por via sido observada anteriormente”, disse o pes-
exemplo, não há verbos indígenas para deno- quisador. O estudo da língua foi publicado na
tar a propriedade — seja para emprestar, rou- revista Linguistic Typology.

161

ME_CG_8ºano_05.indd 161 16/05/2018 12:18:58


Diálogo com o
professor Língua austro-asiática
Pertence aos grupos Munda, como a língua khmer (que é a lín-
• Ao apresentar o espaço geográfico da Aus- gua oficial do Camboja) e o vietnamita (Vietnã).

trália e da Nova Zelândia, auxilie os alunos na


Línguas eslavas
compreensão e identificação das principais ca-
Pertencem à família indo-europeia, sendo línguas maternas na
racterísticas econômicas e sociais desses países Rússia, Cazaquistão e Quirguistão, e faladas em outros países por
e como eles estão inseridos no espaço global influência dos russos durante a existência da União Soviética, como
como países desenvolvidos. Azerbaijão, Uzbequistão, Turcomenistão.

• Com um mapa-múndi em mãos, introdu- Línguas semíticas


za a análise do espaço geográfico da Oceania,
Atualmente o árabe é a mais falada das línguas semíticas e
comentando que a distância entre esse conti- sua abrangência ocupa uma faixa que vai do Marrocos ao Iraque,
nente e a Europa contribuiu para retardar a estendendo-se ainda a outros países. Na Ásia, é falada no Oriente
sua integração ao processo de expansão colo- Médio, sendo a língua oficial do Iraque, Jordânia, Kuwait, Líbano,
Omã, Catar, Arábia Saudita, Síria, Emirados Árabes Unidos e Iê-
nial europeu. men. O hebraico é a língua oficial falada em Israel.
• Ressalte que, em diversas ilhas da Oceania,
ainda há povos vivendo como seus antepassa- Línguas malaio-polinésias
dos e que, na Austrália e na Nova Zelândia — Têm como origem os povos da Oceania e são faladas pelos ma-
onde a ocupação europeia foi mais intensa, em laios, no sul da Tailândia, Filipinas, Cingapura, na parte centro-
-oriental da ilha de Sumatra e em faixas do litoral de Bornéu. O
virtude de essas áreas oferecerem mais possi- malaio é a língua oficial da Malásia, Brunei, Cingapura.
bilidades de aproveitamento econômico —, o
choque com os colonizadores provocou uma Línguas indo-europeias
redução acentuada da população nativa. O inglês é falado nas Filipinas, Índia, Paquistão e Cingapura,
tendo status de língua oficial.
Geografia em cena
Anotações
Os dravidianos – O povo negro da Índia
Ao sul e sudeste da Índia, a população é fortemente marcada pela presença de pessoas de pele
escura e cabelos lisos, e possuidoras de uma riqueza cultural ímpar. São os dravidianos.
Esse povo habita a Índia há cerca de 2.000 anos e utilizava a agricultura como base da sua eco-
nomia. Com a invasão dos arianos, povo de origem indo-europeia, a cultura dos dravidianos foi
influenciada, levando ao surgimento da cultura hindu, que passou a dividir as pessoas por castas
segundo sua origem.
Os dravidianos deram origem aos sudras, casta mais inferior da Índia, denominados servos, que
trabalhavam para os superiores, e era composta por todo tipo de trabalhador, como camponeses,
operários e artesãos. O sistema de castas é atualmente proibido pela constituição indiana, mas a
cultura persiste.

162 Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa

CG_8ºano_05.indd 162 16/05/2018 09:31:18 CG

162

ME_CG_8ºano_05.indd 162 16/05/2018 12:18:59


Sugestão de

Oceania abordagem
A população da Oceania gira em torno de 38 milhões de habi-
tantes e é o continente menos povoado do Planeta. São 14 países, Produção de painel
mas a maior parte da população está em três países: Austrália (24,13
milhões) Papua Nova-Guiné (8,08 milhões) e Nova Zelândia (4,69
milhões). Os tipos étnicos da Oceania são os brancos e aborígenes. Peça aos alunos que coletem imagens
A maioria da população, das 10 mil ilhas, incluindo a maior delas, que mostrem a grande diversidade natural da
Papua Nova-Guiné, tem o predomínio de tipos aborígenes como
malaios e polinésios.
Oceania. Sugira a eles que procurem fotogra-
Os povos originais da Oceania têm uma grande capacidade de fias em revistas e jornais ou consigam cartões-
navegação entre as ilhas. Dessa maneira, os melanésios, micronésios e -postais em agências de viagens.
polinésios têm como origem comum os aborígenes, pois migram de
ilha para ilha em busca de melhores condições de vida, contribuindo
Com as imagens pesquisadas, oriente-os
para a miscigenação da população. A Austrália e Nova Zelândia têm a produzirem painéis com o mapa da Oceania
como tipos humanos predominantes os brancos de origem britâni- ao fundo, setas de localização e legendas ex-
ca, pois dominaram e dizimaram os povos originais do continente,
como os maoris, na Nova Zelândia; e os aborígenes, na Austrália. A plicativas. Para produzir um mapa ampliado,
população, relativa da Oceania é geralmente bastante baixa como na oriente-os no uso da técnica do quadricula-
Austrália com 3,1 hab/km². Em alguma das ilhas, a densidade demo- do. A atividade pode ser realizada em grupos,
gráfica é alta, ultrapassando os 100 hab/km². Nauru, com um pouco
mais de 330 hab/km2, e Tovalu, com cerca de 330 hab/km², são as os quais podem produzir painéis semelhantes.
mais povoadas. Outra opção é que cada grupo apresente um
dos aspectos naturais desse continente, haven-
Fotos593/Shutterstock.com

do, assim, a produção de diferentes painéis.

Anotações

A Haka é uma dança típica do povo Mao-


ri, da Nova Zelândia, demonstra paixão e
vigor masculino.

As principais línguas faladas são o inglês e as de origem ma-


laio-polinésias. Em Vanuatu, o francês é a língua oficial.
O desenvolvimento econômico e a qualidade de vida estão li-
gados a um menor ou maior grau de urbanização, por isso, nos dois
países mais ricos, Austrália e Nova Zelândia a população rural é mi-
noria, em torno de 12%, o que indica uma industrialização desen-
volvida e a população dedicada ao setor terciário, como a prestação
de serviços. Nos outros países, o predomínio da agricultura e o ex-
trativismo, que constituem a base de suas economias, indicam um

Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa 163

1:18 CG_8ºano_05.indd 163 16/05/2018 09:31:18

163

ME_CG_8ºano_05.indd 163 16/05/2018 12:18:59


menor desenvolvimento sócioeconômico que reflete na sua baixa
taxa de urbanização.
Mesmo a Austrália estando em 13º lugar entre os 15 maiores
PIBs do mundo (2016), a economia da Oceania é predominante-
mente primária, pois a maioria dos países é subdesenvolvida.

Agricultura
A Austrália é exportadora de trigo e tem como fonte de divi-
sas fortes os rebanhos bovinos e ovinos como pauta de exportação
de lã e carne. A economia neozelandesa é bastante concentrada no
mercado interno, mas tem na agroindústria de laticínios seu maior
forte na exportação.
Em Papua Nova-Guiné, as colheitas de café, cacau e chá res-
pondem pela maior parte da sua produção agrícola, enquanto em
Samoa, as frutas cítricas, cacau, coco, banana e abacaxi são os pro-
dutos cultivados. Tonga, que exporta bananas e sementes oleagi-
nosas, faz comércio internacional com outros países da Oceania
e países da América do Norte, como os Estados Unidos. Mas, em
geral, o solo pobre dificulta a atividade agrícola numa escala maior,
e a produção é voltada ao mercado interno. Nas pequenas ilhas, a
pouca disponibilidade de terra não é propícia à criação de gado ou
outro rebanho.

gary yim/Shutterstock.com
Pela falta de chuva, a produção de grãos
na Austrália vem caindo, o que trás gran-
des impactos para a economia do país.

Recursos minerais e
Extrativismo
CG

As jazidas de minerais não ferrosos, cobre e ouro, de Papua


Nova-Guiné são exploradas pela indústria mineradora da Austrália
com forte presença no país. Os australianos também têm grandes
reservas de minérios e uma indústria extrativa potente que exporta
minério de ferro, além de produzir a maior parte do petróleo para
consumo próprio. As Ilhas Salomão são um dos países mais pobres
do Pacífico, apesar de possuirem grandes reservas de ouro, prata,
cobre, fosfato, asbesto e bauxita.

164 Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa

CG_8ºano_05.indd 164 16/05/2018 09:31:18


164

ME_CG_8ºano_05.indd 164 16/05/2018 12:19:00


Sugestão de
STRINGER Image/Shutterstock.com

abordagem

Professor, para complementar a aborda-


gem, achamos bastante oportuno solicitar aos
alunos que comparem as colonizações da Aus-
trália e da Nova Zelândia com a da América,
em particular com a do Brasil, ampliando, por
conseguinte, a compreensão do processo his-
tórico que marcou essas colonizações. Reite-
A mina de ferro, Pilbara, região oeste da
Austrália, chega a exportar 75,2 milhões
ramos, mais uma vez, a necessidade de rom-
de toneladas por ano, segundo dados do Escri-
tório de Estatísticas da Austrália.
per com clichês, impressos no senso comum,
Nauru é uma ilha dependente do fosfato como principal pro- de que, se o Brasil tivesse sido colonizado por
duto de exportação, pois este é fonte de moeda forte conseguida no ingleses, a realidade seria outra. É uma ideia
mercado internacional que assegura uma boa qualidade vida para
seus habitantes, pois o pequeno país tem o seu PIB per capita entre falsa que tem servido somente para ocultar as
os cinquenta mais elevados do mundo, ocupando a 47ª posição, no reais causas de nossos índices econômicos e
valor de 17,857 em dólares americanos. Países subdesenvolvidos desigualdades.
são geralmente dependentes da exportação de produtos primários
e o fosfato tende a acabar em aproximadamente 30 anos na ilha de Essa situação não decorreu do fato de
Nauru, pois, como sabemos, não é um recurso renovável. o País ter sido colonizado por este ou aque-
A copra é um dos produtos mais importantes para as ilhas da le povo. A questão, entre outras, está no tipo
Oceania, pois quase todos os países insulares são exportadores des-
sa amêndoa do coco que produz óleo utilizado na indústria cosmé- de colonização implantado, no sentido da co-
tica e alimentícia. lonização. Enquanto no Brasil a colonização
Kiribati, Fiji e Ilhas Salomão destacam-se pela produção de
portuguesa teve por base a exploração de tudo
pescado, tanto para consumo interno quanto para a exportação. O
fosfato do guano, excrementos de antas e morcegos é outro recurso o que a terra pudesse fornecer para a acumu-
importante para a ilha de Kiribati. lação capitalista metropolitana (a colonização
Comércio de exploração), na Austrália e na Nova Zelân-
dia o sentido da colonização inglesa foi ou-
O país da Oceania com maior participação no comércio mun- tro: teve por base o povoamento (coloniza-
dial é a Austrália, por ser uma potência econômica que muito se
beneficiou da proximidade com o Japão. Recentemente, estreitou ção de povoamento). A Índia e a Birmânia
também relações com a China, onde pôde escoar seus produtos pri- (atual Mianmar), na Ásia, e o Sudão e a Nigé-
mários, principalmente minérios e carne bovina.
ria, na África, foram colonizados por ingleses.
Indústria O Senegal, o Mali e a Mauritânia, na África,
e o Vietnã, o Laos e o Camboja, na Ásia, fo-
Os parques industriais da Austrália e Nova Zelândia são res- ram colonizados por franceses. A Indonésia,
ponsáveis por atender às suas necessidades em produtos de base e
de bens de consumo duráveis e não duráveis, uma vez que são di- na Ásia, e o Suriname, na América, por holan-
deses. No entanto, esses países continuam en-
Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa 165 frentando os reflexos desse processo.

Anotações
CG_8ºano_05.indd 165 16/05/2018 09:31:19

:18
165

ME_CG_8ºano_05.indd 165 16/05/2018 12:19:02


Diálogo com o
professor recionados principalmente ao mercado interno. Por isso, ocupam
papel de destaque na Oceania e integram o seleto grupo dos 15 me-
lhores do mundo com status de países desenvolvidos. A Austrália,
• Professor, estudar os contrastes do conti- principalmente, destaca-se pelas refinarias de petróleo, indústrias
de aço e produtos químicos, indústrias automobilísticas e mecâni-
nente europeu é um assunto muito interessan- cas, que respondem, por 1/4 do PIB.
te e rico, especialmente porque tais contrastes A Nova Zelândia não é tão industrializada quanto a Austrália,
se manifestam em vários aspectos. Procure ex- mas a sua atividade industrial é em torno de 25% na produção de
alimentos, dos setores têxteis e de construção, além dos siderúrgi-
plorar bastante essa diversidade, que é natu- cos, entre outros.
ral e também cultural, através de ilustrações, Nos países subdesenvolvidos do continente, nas pequenas ilhas
exemplos e comparações. e em Papua Nova-Guiné, as indústrias são de baixa tecnologia e, em
geral, estão associadas ao extrativismo mineral ou agrícola para bene-
• É necessário chamar a atenção dos alunos ficiamento de azeite de dendê ou borracha em Papua Nova-Guiné, e
para o tema orientação. Lembre a eles que os açúcar e pescado em conserva em Fiji.
termos norte, ou setentrional; sul, ou meri-
dional; leste, ou oriental; e oeste, ou ociden- Europa
tal, respectivamente, são sinônimos. Expli-
O contingente populacional europeu gira em torno de 750
que-lhes, também, que o continente europeu milhões de habitantes e é muito influenciado pelas correntes mi-
está inteiramente localizado no Hemisfério gratórias externas e internas. As migrações externas causam muitas
Norte e que apenas Portugal (no continen- tensões, pois, na sua maioria, são habitantes de países subdesenvol-
vidos, com baixos níveis de IDH ou em guerra, que desejam encon-
te), Irlanda e Islândia (ilhas oceânicas) se lo- trar melhores condições de vida no rico continente. No entanto, os
calizam no Hemisfério Ocidental. Parte des- europeus são dependentes das migrações devido à baixa natalidade
ses países se situa em alta latitude, pois são ao envelhecimento da população, e à diminuição da população de
alguns países como a Alemanha, Suécia e Rússia.
“cortados” pelo Círculo Polar Ártico, mas a Formada por 50 países, é o segundo menor continente. Só é
maior parte da Europa localiza-se em média maior que a Oceania, que tem 14 países. A grande quantidade de
países encontra explicação por meio das relações de instabilidade
latitude. que marcaram a história da região desde a expansão do Império Ro-
mano. Com o advento da burguesia, a formação dos Estados e a dis-
solução do feudalismo, estabeleceu-se a ideia de Estado moderno,
fazendo com que as diferentes nações começassem a lutar pela for-
Leitura mação de seus próprios Estados. Atualmente, observam-se muitas
complementar movimentações de grupos separatistas, como na Catalunha, Países
Bascos, na Ucrânia, entre outras regiões. Com o fim do socialismo,
vimos, nos Bálcãs, guerras e disputas por hegemonia territorial e
independência, como o fim da Iugoslávia e da Tchecoslováquia. A
Com população cada vez mais partir do funcionamento do bloco União Europeia, a ideia de co-
idosa, Europa precisa dos munidade ganhou força, pois a circulação de cidadãos dos Estados
membros passou a ser livre, bem como de produtos e autorizações
imigrantes que muitos não de trabalho. No entanto, são 28 países membros e mais de duas de-
zenas de países fora desse círculo privilegiado.
querem Quase 75% da população europeia reside na zona urbana, num
total de 551 milhões de habitantes com uma população relativa de

UE precisará atrair uma quantidade sig- 166 Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa
nificativa de trabalhadores estrangeiros a lon-
go prazo.
CG_8ºano_05.indd 166 16/05/2018 09:31:19 CG

A Europa está envelhecendo mais rápido Mas, entre o médio e o longo prazo, a No longo prazo, não se tratará só de adaptar ha-
do que qualquer outra região do mundo e pre- UE irá precisar atrair uma quantidade signi- bilidades, será também uma questão numérica.”
cisa muito de imigrantes. Mas muitos euro- ficativa de trabalhadores qualificados de fora Mantendo-se a tendência atual, a Alema-
peus não os querem. de suas fronteiras e superar a oposição públi- nha, grande potência europeia, assim como a
O “velho continente” pode conseguir ca crescente enfatizada pelo crescimento dos Espanha e a Polônia, verá sua população enco-
compensar o impacto de uma mão de obra partidos anti-imigração. lher daqui em diante, o que irá desacelerar o
cada vez mais velha até 2050 acolhendo mais “Se fecharem as portas, vão pagar um pre- crescimento econômico em potencial.
mulheres e idosos no mercado de trabalho, in- ço econômico”, disse Jean-Christophe Dumont, Os 82 milhões de habitantes da Alema-
centivando a mobilidade dentro da Europa especialista em imigração da OCDE, um centro nha serão reduzidos para 74,7 milhões até
e fazendo melhor uso dos imigrantes já exis- de estudos intergovernamental sediado em Pa- 2080, e sua idade média subirá para quase 50,
tentes, afirmaram especialistas da União Eu- ris. “Por ora, podemos aproveitar melhor os imi- caso os níveis de imigração se mantenham, de
ropeia e da Organização para a Cooperação e grantes que já estão aqui, adaptando suas habi- acordo com a Eurostat, agência de estatísticas
Desenvolvimento Econômico (OCDE). lidades às necessidades do mercado de trabalho. da União Europeia. Algumas projeções são

166

ME_CG_8ºano_05.indd 166 16/05/2018 12:19:02


Anotações
72,03 hab/km², uma das maiores populações urbanas do Planeta.
O PIB dos 28 membros da União Europeia só perde para o PIB
dos Estados Unidos, com quase 16,5 trilhões de dólares no ano de
2015.

MPanchenko/Shutterstock.com
Os tipos humanos da Europa são predominantemente bran-
cos, algo em torno de 85% da população, e são divididos em três
grandes grupos étnicos e linguísticos: latinos, germânicos e eslavos.
O maior grupo étnico é a Rússia, que tem aproximadamente 90
milhões de habitantes com essas características. Os gregos, com 13
milhões de pessoas e os finlandeses, estonianos e húngaros com 23
milhões, não fazem parte desses grupos majoritários.
A economia europeia é uma das mais importantes do mundo. Euro, moeda oficial dos países da Zona do
Euro. Entre as mais valorizadas do mundo.
A União Europeia é responsável por 20% das trocas comerciais do
mundo, possuindo apenas 6,9% da população mundial. Entre os
fatores que permitem a Europa manter seu poder econômico está
a sua infraestrutura de transportes, que é uma das melhores e mais
modernas do Planeta.
As rodovias europeias interligam não só as infraestruturas na-
cionais, como também se interligam regionalmente com todos os
países da Europa com um altíssimo grau de qualidade, conforto e
segurança para os seus usuários. Os rios de planície europeus são
intensamente aproveitados para a navegação, justificando a exis-
tência de hidrovias com infraestruturas portuárias fluviais de 230
portos na movimentação de 140 milhões de toneladas-quilômetro.
Os portos marítimos de Roterdão (o maior da Europa), Londres,
Antuérpia, São Petersburgo, Lisboa e Hamburgo estão entre os
mais movimentados do mundo. O transporte de cargas e passagei-
ros por ferrovias também é um dos mais desenvolvidos do mundo,
com circulação dos trens na grande maioria dos países europeus,
pois é constante o investimento que moderniza e padroniza a ges-
tão em todo o continente.
Val Thoermer/Shutterstock.com

Autobahn, estradas da Alemanha sem limite de velocidade. São consideradas as melhores do


mundo.

Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa 167

1:19 CG_8ºano_05.indd 167 16/05/2018 09:31:19

ainda mais dramáticas, estimando a popula- como nação mais populosa do bloco, com 77,2
ção alemã em 65 milhões até 2100. milhões de habitantes, e a França terá empatado
Isso significará “sérias limitações de mão de com os alemães com 74,3 milhões de habitantes.
obra” em algumas das economias mais robustas Independentemente de seu lugar na esca-
da UE — Áustria, Holanda e Finlândia, além da la, muitos países europeus, ainda se recuperan-
Alemanha —, segundo um estudo da Comissão do de seis anos de crise econômica, estão tenta-
Europeia feito por Joerg Peschner e Constanti- dos a ignorar a realidade demográfica por uma
nos Fotakis tomando como referência uma recu- onda de retórica política anti-imigração.
peração econômica de somente 1%.
Em contraste, Grã-Bretanha, França, Irlan- Disponível em: http://noticias. r7.com/internacional/
da e, em menor grau, Itália podem contar com com-populacao-cada-vez-mais-idosa-europa-precisa-dos-
uma boa expansão. Caso permaneça na UE, a imigrantes-que-muitos-nao-querem-01122014. Acesso:
Grã-Bretanha irá superar a Alemanha até 2050 24/06/2016. Adaptado.

167

ME_CG_8ºano_05.indd 167 16/05/2018 12:19:03


Diálogo com o
professor
Agropecuária
Os europeus utilizam na agricultura uma política de segu-
Levante questionamentos quanto à di- rança alimentar e comercial que tem no apoio aos produtores o
versidade étnica e cultural no continente eu- seu maior trunfo, pois ajudam financeiramente o agricultor para
ropeu. Pergunte aos alunos que implicações a garantia da sua produção. Essa ajuda se chama subsídio e é
aplicada de maneiras diferentes em cada país, com reflexo direto
ela traz. Após suas respostas, comente que se, na manutenção do produtor na terra, pois muitos deixariam de
por um lado, a Europa apresenta uma grande produzir se não fosse a ajuda de seu país. Os subsídios são muito
riqueza cultural, por outro, essa diversidade criticados por países como Brasil e África do Sul porque são ti-
dos como concorrência desleal, em que os produtores europeus
é uma das principais causas de conflitos ét- teriam vantagens indevidas sobre os brasileiros e sul-africanos na
nicos entre os países que lutam por se tornar disputa pelo mercado mundial.
As propriedades agropecuárias europeias são quase na sua tota-

Marco Paulo Bahia Diniz/Shutterstock.com


Estados independentes.
lidade de origem familiar, em torno de 90%. O espaço rural europeu
não possui os contrastes sociais que tanto caracterizam a desigual-
dade social no campo dos países subdesenvolvidos. O setor primá-
Anotações rio europeu ocupa no máximo 5% da População Economicamente
Ativa (PEA) do continente e mesmo assim está entre os maiores
produtores de alimentos do mundo, pelo fato de utilizar processos
intensivos de produção em que o investimento financeiro, a tec-
nologia e a ciência são fatores preponderantes para o aumento da
produtividade. A mecanização, sistemas de irrigação, mão de obra
especializada e utilização de insumos (fertilizantes, corretivos, de-
fensivos agrícolas) em larga escala, garantem aos europeus grande
produtividade por hectare.
Gado leiteiro na Europa. A Europa está
entre as maiores produtoras de laticínios O produto mais importante na agricultura europeia é o trigo,
do mundo. cultivado nas grandes planícies de solos férteis, como na Rússia,
França, Alemanha, Ucrânia e Reino Unido. O centeio, a aveia e
a cevada também são produtos importantes na cultura alimentar
europeia, colocando-a entre os maiores produtores mundiais. A
batata é cultivada em amplas áreas da Rússia, Ucrânia, Belarus e
Polônia, colocando esses países entre os maiores produtores mun-
diais. Outros destaques na Europa são a produção de uvas, vinhos,
azeitonas e azeite por países ao sul como Portugal, Espanha, Fran-
ça, Itália e Grécia.
Leitura
Na pecuária, a produção de leite e laticínios (manteiga e queijo)
complementar está entre os dez primeiros lugares na produção mundial. Apesar de
ter uma área menor para pastagens do que a América, Ásia e África, a
Europa possui quatro países entre os dez maiores produtores de carne
Um quarto da população da do mundo, a Rússia, Alemanha, França e Espanha.
União Europeia vive em risco Extrativismo
de pobreza
Os produtos de maior produção da Europa são o petróleo e o
carvão, enquanto recursos energéticos; e o ferro e manganês, en-
A Europa registrou níveis “inaceitáveis”
de desigualdade em 2015, com um quarto da 168 Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa
população da União Europeia (UE) viven-
do em risco de pobreza e de exclusão social.
A conclusão está em um relatório da organi- CG_8ºano_05.indd 168 16/05/2018 09:31:19

zação não governamental Oxfam, apresenta- medidas de austeridades, são inaceitáveis. É no bloco europeu não conseguiam satisfazer
do em Madri. hora de se adotarem medidas com o objetivo suas necessidades materiais básicas, o que re-
Segundo os dados do estudo intitulado de promover a recuperação do investimento e presentou aumento de 7,5 milhões de pessoas.
Europa para a maioria, não para as elites, 123 do emprego, bem como para cicatrizar as feri- Este cenário atingia então 19 dos 28 Estados-
milhões de pessoas vivem atualmente em ris- das abertas pela perda em massa de postos de -membros, incluindo Portugal, Espanha, Gré-
co de pobreza na região, enquanto 342 cida- trabalho, pela redução dos salários reais e pe- cia, Irlanda e Itália.
dãos europeus são considerados bilionários. los cortes nos serviços públicos, especialmen-
O estudo da Oxfam qualificou os atuais níveis te em países como a Grécia, Espanha e Portu- Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/
de desigualdade na UE como uma “injustiça gal, mas também em toda a Europa”, escreveu internacional/noticia/2015-09/um-quarto-da-
inaceitável”. Stephany Griffith-Jones, conceituada especia- populacao-da-uniao-europeia-vive-em-risco-de-pobreza-
“O diagnóstico da Oxfam está correto: lista da universidade norte-americana de Co- diz. Acesso: 27/02/2018.
os níveis de pobreza e de desigualdade na Eu- lumbia, no preâmbulo do relatório.
ropa, agravados pela crise econômica e pelas Em 2013, cerca de 50 milhões de pessoas
C
168

ME_CG_8ºano_05.indd 168 16/05/2018 12:19:04


quanto minerais metálicos. Rússia, Reino Unido e Noruega são
grandes produtores de petróleo. A Rússia figura entre os três maio-
res produtores desde, pelo menos, 1995 e tem na exportação do
óleo bruto uma de suas maiores fontes de divisas internacionais. A
Rússia, por ter parte de seu território na Ásia, com a maior extensão
no mundo, é rica em recursos minerais, destacando-se na Europa
entre os demais países.
O carvão foi importante para a eclosão da Revolução Indus-
trial na Inglaterra e para o desenvolvimento siderúrgico e metalúr-
gico que elevou os países europeus a grandes potências industriais
nos séculos XIX e XX. Hoje, temos a Rússia como 6º maior pro-
dutora, Ucrânia e Polônia como 10º e 11º, respectivamente, mas a
Europa é dependente da importação do carvão, pois suas necessi-
dades são gigantescas devido ao seu alto grau de industrialização.
O minério de ferro teve a mesma importância e está atualmente na
mesma situação que o carvão no desenvolvimento econômico da
Europa desde o século XVIII, embora a produção europeia hoje
seja baixa perto de gigantes como Austrália, China, Brasil.
O extrativismo animal tem, na Rússia, seu grande represen-
tante, em nível mundial, na produção pesqueira com mais de 5,5
milhões de toneladas, além da Noruega, com cerca de 3,7 milhões
de toneladas.
A Europa, apesar de ter alta produtividade, sofre com a limita-
ção para áreas de cultivo e acaba por depender das importações para
atender a maior parte das suas necessidades em produtos agropecuá-
rios. O alto poder aquisitivo do povo europeu e o elevado grau de
industrialização no continente acabam por colocar o setor primário
em segundo plano, pois podem produzir produtos com alto valor
agregado e obter vantagens na troca por produtos primários.

Indústria
A geografia das indústrias na Europa tem como seu ponto forte
a infraestrutura que foi criada, principalmente na Europa Ociden-
tal, para atender às suas necessidades. A disponibilidade de fontes
energéticas e centros de pesquisa e inovação universitários associa-
dos às indústrias, portos, aeroportos, hidrovias e ferrovias que pro-
1:19
porcionam um ambiente adequado ao desenvolvimento industrial
desde a Revolução Industrial, ganhou maior impulso no pós-guer-
ra. A Europa tem grande importância no mundo devido à força da
União Europeia por ter um alto nível de desenvolvimento humano
e por seu peso na tomada de decisões na geopolítica internacional.
Coloca-se como um dos continentes centrais do mundo, tanto pela
força econômica como pela força política. Entre os países do G7,
grupo dos países mais desenvolvidos do mundo, destacam-se qua-
tro europeus: Alemanha, Reino Unido, França e Itália.

Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa 169

CG_8ºano_05.indd 169 16/05/2018 09:31:19


169

ME_CG_8ºano_05.indd 169 16/05/2018 12:19:04


Anotações
Alemanha
É um dos países mais industrializados do mundo, com partici-
pação de 8,4% do comércio mundial. A indústria automobilística
é a 2a maior do mundo, com 5,6 milhões de unidades produzidas
em 2016, e coloca a Alemanha como um dos principais centros de
inovação e tecnologia na Europa, superando todos os seus parceiros
da União Europeia. As indústrias química, siderúrgica, eletrotéc-
nica e alimentícia da Alemanha são destaques em nível mundial,
colocando o país na 4a colocação dos países de maior produção de
riqueza no mundo.

Reino Unido
O Reino Unido é uma das maiores forças da Europa e uma po-
tência com o 5o maior PIB no mundo, e figura como o 10o maior
exportador no comércio internacional. Foi o berço da Revolução
Industrial a partir da indústria têxtil e siderúrgica, que foi, em gran-
de parte, responsável pelo domínio do comércio mundial no século
XIX e primeira metade do século XX pela Inglaterra. Atualmente,
destaca-se nas indústrias química, petroquímica, automobilística,
eletroeletrônica e alimentícia. A pauta de exportação do Reino
Leitura Unido tem como principais produtos os automóveis, remédios e
complementar as turbinas a gás totalizando 404 bilhões de dólares.

França
A produção industrial da França ganhou fôlego após a Segunda
População alemã cai apesar da Guerra Mundial e chegou a figurar entre as cinco maiores potências
econômicas do mundo, no fim da década de 1990. Os principais
imigração produtos da indústria francesa são aviões, helicópteros e tecnologia
espacial, totalizando 9,3% das exportações francesas. Medicamentos
embalados, carros e turbinas a gás, além de dezenas de produtos indus-
Aumento do número de imigrantes freia
trializados, colocam a França como um dos maiores parques indus-
queda da população, mas ainda assim Alema- triais, com 2,4 trilhões de dólares do PIB, ocupando 6a colocação do
nha terá, em 2060, entre 7 milhões e 13 milhões FMI em 2015. O total das exportações francesas em 2016 foi de 580
bilhões de dólares, totalizando 3,1% do comércio mundial.
de habitantes a menos, segundo estatísticos.

VanderWolf Images/Shutterstock.com
A população da Alemanha vai continuar
diminuindo nas próximas décadas, mas, graças
à imigração, menos do que se esperava, segun-
do cálculos divulgados pelo Departamento Fe-
deral de Estatísticas (Destatis), em Berlim. Dassault Aviation é uma empresa fabri-
cante de aviões civis e militares, sediada
Pela nova projeção, a população deverá na França. Em 2016, a empresa lucrou mais de
3 bilhões de dólares.
cair dos atuais 80,8 milhões para um número
entre 67,6 milhões e 73,1 milhões até 2060, 170 Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa
dependendo do tamanho da imigração. Há
seis anos, data da projeção anterior, os estatís-
ticos calculavam que haveria entre 65 milhões CG_8ºano_05.indd 170 16/05/2018 09:31:19 CG

e 70 milhões de pessoas na Alemanha daqui ativa (entre 20 e 65 anos) cairá de cerca de 50 mi- imigrantes, para que possam encontrar logo
a 45 anos. lhões para 34 milhões ou 38 milhões. trabalho ou cursos profissionalizantes.
Desde 2011 a imigração cresce na Alema- Segundo os estatísticos, a Alemanha não Em 2060, a expectativa de vida das mu-
nha, com fluxos migratórios oriundos princi- pode esperar que vá compensar esses números lheres deverá estar em 89 anos, e a dos ho-
palmente do Leste Europeu e dos países em apenas com a imigração do sul e do leste da mens, em 85. A taxa de fecundidade deverá
crise do sul da Europa. Os especialistas cita- Europa, pois também nessas regiões a popu- se manter em 1,4 filho para cada mulher, pro-
ram a Polônia como exemplo de país que en- lação envelhece e a força de trabalho diminui. porção considerada insuficiente para que uma
via pessoas para a Alemanha. Para manter a população nos níveis atuais população se mantenha constante.
As novas informações comprovam o acele- até 2060, seriam necessários 450 mil imigran-
rado envelhecimento da população alemã. Hoje, tes por ano, afirma o Destatis. A média espe- Disponível em: http://www. dw.com/pt/
um em cada cinco alemães tem mais de 65 anos. rada para os próximos anos é de 130 mil. A popula%C3%A7%C3%A3o-alem%C3%A3-cai-apesar-
Em 2060, a proporção será um em cada três. Ao encarregada de imigração do governo alemão, da-imigra%C3%A7%C3%A3o/a-18413278. Acesso:
mesmo tempo, a população economicamente Aydan Özoguz, defendeu maior apoio aos 24/06/2016.

170

ME_CG_8ºano_05.indd 170 16/05/2018 12:19:05


Sugestão de

Itália
leitura
A Itália tem uma economia entre as mais importantes do mun-
do devido ao tamanho do seu parque industrial. Os principais pro- MAGNOLI, Demétrio. União Europeia:
dutos são máquinas, equipamentos, aço, ferro, tecidos, automóveis,
alimentos processados, cerâmica e calçados. A pauta de exporta- história e geopolítica. São Paulo: Moderna,
ções é diversificada em produtos farmacêuticos, unidades de discos 1994.
digitais, equipamentos de transmissão, nitrogênio, etc. Devido à
tradição italiana na indústria automobilística, por possuir marcas
de alcance mundial como Fiat, Ferrari, Maserati, Alfa Romeo, Bu- ROUGERIE, G. Geografia das paisagens.
gatti e outras marcas, os produtos que a Itália mais exportou em São Paulo: Difel, 1971.
2016 foram carros, caminhões de entrega e peças de veículos, com
7,1% das exportações equivalentes a 32,77 bilhões de um total de
518 bilhões de dólares. SANTOS, Milton. O novo mapa do
mundo: fim de século e globalização. 3. ed.
Mario Savoia/Shutterstock.com

São Paulo: Hucitec-Anpur, 1997.

TRICART, Jean. A Terra, planeta vivo.


Lisboa: Presença/Martins Fontes, 1978.

TROPPMAIR, Helmut. Biogeografia e


meio ambiente. Rio Claro: Graff Set, 1987.

A Scuderia Ferrari patrocina pilotos de

Anotações
Fórmula 1 com seus carros de corrida
famosos pela qualidade e alto valor comercial
agregado.

Setor terciário: comércio e


Reprodução

serviços
É o setor que mais emprega e paga os melhores salários nas
economias mais desenvolvidas. O continente europeu tem na tec-
nologia, com pesados investimentos em centros de pesquisa e de-
senvolvimento, o seu maior produto de exportação e produção de
riqueza. A População Economicamente Ativa (PEA) da Europa
está mais predominantemente ocupada no setor terciário. Alguns
países como Andorra, Mônaco, Holanda e Reino Unido ultrapas-
sam 82% da PEA dedicada ao setor terciário.
Temos na Europa alguns países de baixo desenvolvimento eco-
nômico, como Albânia e Romênia com, respectivamente, 39,9% e
42,2% da PEA dedicada ao setor terciário. Isso revela, em grande
parte, que esses países têm uma economia voltada ao setor primá- Pesquisa e desenvolvimento na Europa é
prioridade. Centro da Agência espacial
rio, pois não é possível ter uma indústria e agropecuária desenvol- europeia em Paris, França.

Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa 171

1:19 CG_8ºano_05.indd 171 16/05/2018 09:31:20

171

ME_CG_8ºano_05.indd 171 16/05/2018 12:19:05


vida, uma vez que a produtividade no setor primário e secundário
depende dos serviços e do comércio para serem produtivos. A Al-
bânia tem sua economia voltada para a agricultura, com 41,3% da
PEA, e possui baixo nível de investimento em pesquisa e desenvol-
vimento, saúde e educação, o que a classifica como um dos países
mais pobres da Europa.
Os países mais desenvolvidos passaram a dedicar maior parte
de sua PEA ao setor de serviços, pelo fato de que seus grupos indus-
triais saíram em busca de maiores vantagens e lucro, como mão de
obra barata, isenção de impostos, energia barata, etc., com o obje-
tivo de atender aos mercados consumidores desses mesmos países.
Na Europa, ficaram unidades industriais que exigem mais mão de
obra qualificada e mais tecnologia baseada em pesquisa e desenvol-
vimento, como produtos de química fina, farmacêuticos, compo-
nentes elétricos e eletrônicos, e que utilizam a biotecnologia ou a
robótica. Toda essa cadeia de integração entre o setor terciário e a
indústria reforça a importância do papel do terciário no desenvol-
vimento de profissionais qualificados e de tecnologias inovadoras.
O setor terciário produz em torno de 50% da riqueza da Eu-
ropa, tanto na prestação de serviços especializados quanto na reali-
zação de transações comerciais dentro e fora do continente, como
os transportes ou vendas de produtos químico-farmacêuticos com
alto grau de tecnologia.
O turismo é uma das atividades que mais produzem riqueza no
continente. A França recebeu, em 2015, 84,5 milhões de turistas,
gerando uma receita de 45,9 bilhões de dólares. Essa receita é maior
do que o PIB de 85 países. Outros países europeus, como Espanha,
Itália, Turquia, Alemanha, Reino Unido e Rússia, receberam cerca
de 258 milhões de turistas que deixaram na Europa uma renda total
de 213,5 bilhões de dólares. O continente europeu arrecadou, ao
todo, 450 bilhões com o turismo em 2015.

TTstudio/Shutterstock.com

Basílica papal no Vaticano, Roma. O pe-


queno país católico recebe em torno de
4,5 milhões de turistas anualmente.

172 Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa

CG_8ºano_05.indd 172 16/05/2018 09:31:20 C


172

ME_CG_8ºano_05.indd 172 16/05/2018 12:19:06


Ensaio geográfico
1 Qual(is) característica(s) marca(m) fortemente o relevo asiático?
A formação de extensas cordilheiras e a presença das maiores montanhas do mundo. O Everest é a

maior montanha do mundo com 8.848 metros de altitude.

2 Qual a razão de haver grande diversidade de climas na Ásia?


A sua grande extensão latitudinal, que começa em 10º ao sul e vai até as mais altas latitudes na Rússia

asiática.

3 Na Oceania, temos milhares de ilhas que formam vários países de pequena extensão. Observe o
mapa da Oceania na página 144 e aponte quais os três maiores países desse pequeno continente.

Austrália, Papua Nova-Guiné e Nova Zelândia.

4 Explique a predominância da vegetação hiperxerófila na Austrália.

Na Austrália, predominam desertos e vegetação adaptados a climas extremamente secos, como as hi-

perxerófilas, que predominam na região centro-leste da Austrália, pois essa área é composta por deser-

tos. As hiperxerófilas têm como principal representante as cactáceas de caule suculento.

5 A Ásia tem muitos climas diferentes. Alguns chuvosos, outros desérticos, além de climas polares.
Dentro da diversidade asiática, aponte a sua maior floresta e suas características principais.
As florestas de coníferas da Ásia são consideradas as maiores florestas do mundo, pois a sua extensão
vai de oeste para leste desde a Rússia, passando pelo norte da China, até o Japão, na presença do clima
subpolar, onde enfrentam um clima árido e com médias térmicas abaixo de zero na maior parte do ano.
São chamadas de coníferas porque predominam os pinheiros com forma de cone e as folhas em for-
ma de agulhas adaptadas ao clima com pouca água disponível, e com aspecto de homogeneidade sem
maior diversidade de espécies vegetais e animais.

6 Quais os tipos de vegetação predominante na região central da Ásia? Dê as suas características.


As estepes ocupam a parte central da Ásia e não possuem espécies de porte arbóreo, sendo compostas
principalmente por herbáceas de porte pequeno devido ao baixo índice de pluviosidade, pois os climas
predominantes são áridos e frios. As pradarias são formações vegetais em que predominam gramíneas,
que formam vastas pastagens influenciadas pelo clima com baixas temperaturas das regiões ao centro
sul da Rússia, sul da China, norte da Coreia do Norte, e também no noroeste da Mongólia. As her-
báceas, nas pradarias, podem alcançar pouco mais de 1,5 metro, mas não aparecem espécies arbóreas.

7 Apresente os contrastes que marcam o relevo europeu.


A organização de seu relevo mostra contrastes entre o sul, elevado com cadeias montanhosas; o norte,

desgastado com planaltos elevados de médias altitudes; e a região central, onde se encontram as planícies.

Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa 173

:20 CG_8ºano_05.indd 173 16/05/2018 09:31:20


173

ME_CG_8ºano_05.indd 173 16/05/2018 12:19:06


8 Qual a importância das planícies para a economia europeia?
O relevo europeu tem bastante influência na hidrografia do continente em razão de ter 2/3 de seu

território formado por planícies. As planícies fluviais com rios navegáveis proporcionaram um aprovei-

tamento econômico com o transporte de mercadorias com custos muito reduzidos.

9 Qual seria basicamente a diferença entre o clima da Europa influenciado pela corrente do Golfo e
sem a corrente do Golfo?
A corrente do Golfo simplesmente faz a diferença entre uma Europa toda congelada e uma Europa com

a presença de diferentes variações de climas, como os temperados ao centro, frio continental a leste,

mediterrâneos ao sul, e os polares e subpolares ao norte.

10 O continente asiático é o mais populoso do Planeta. Quais são os países mais populosos? Faça a
relação entre a população asiática e a população mundial.
A Ásia é o continente mais populoso do mundo, com destaque para a China, Índia, Indonésia, Paquis-

tão, Bangladesh, Rússia asiática e Japão. Conta com mais da metade da população mundial. No total, a

sua população absoluta é de 4.436 bilhões de habitantes.

11 Como podemos classificar de maneira simplificada a composição étnica e localização da população


asiática?
De maneira simplificada, podemos classificar a composição étnica dividindo-a em três grandes tipos

humanos, que são o caucasiano (de pele branca), os mongólicos (pele amarelada) e os melanoide e ne-

groide (pele escura). A população negroide é minoria na Ásia e fica diluída com outros tipos humanos

no sudeste asiático e ao sul da Índia. Na parte central e oriental da Ásia, predomina o tipo humano

mongólico. Os caucasianos predominam no Oriente Médio, Ásia centro-leste e meridional.

12 Como podemos explicar a composição étnica da população da Oceania atualmente?


Os tipos étnicos da Oceania são os brancos caucasianos e aborígenes. A maioria da população das 10

mil ilhas, incluindo a maior delas, Papua Nova-Guiné, tem o predomínio de tipos aborígenes, como

malaios e polinésios. A Austrália e Nova Zelândia têm como tipos humanos predominantes os brancos

de origem britânica, que dominaram e dizimaram os povos originais do continente, como os maoris na

Nova Zelândia e os aborígenes na Austrália.

174 Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa

CG_8ºano_05.indd 174 16/05/2018 09:31:20 C


174

ME_CG_8ºano_05.indd 174 16/05/2018 12:19:07


13 De maneira geral, explique as condições para o desenvolvimento das atividades industriais na Europa.
A geografia das indústrias na Europa tem como seu ponto forte a infraestrutura que foi criada, principal-

mente na Europa ocidental, para atender às suas necessidades. A disponibilidade de fontes energéticas e cen-

tros de pesquisa e inovação universitários associados às indústrias, portos, aeroportos, hidrovias e ferrovias,

proporcionam um ambiente adequado ao desenvolvimento industrial desde a Revolução Industrial.

14 Por que a agricultura europeia tem grande produtividade, mas não atende às suas necessidades de
abastecimento de produtos agropecuários.
A Europa, apesar de ter alta produtividade, sofre com a limitação para áreas de cultivo, dependendo as-

sim, das importações, pois, devido ao elevado grau de industrialização no continente, o setor primário

fica em segundo plano, já que pode produzir produtos com alto valor agregado e obter vantagens na

troca de produtos primários.

15 Tomando como exemplo os europeus, explique a importância da pesquisa e desenvolvimento.


É o setor que mais emprega e paga os melhores salários nas economias mais desenvolvidas e o continen-

te europeu tem na tecnologia, com pesados investimentos em centros de pesquisa e desenvolvimento, o

seu maior produto de exportação e produção de riqueza.

Cenário 3

As fontes de
energia: usos e
consequências na
Ásia, Oceania e
Europa
As fontes de energia são responsáveis pelo desenvolvimento e
manutenção do modo de vida da sociedade. Desde a Pré-História,
com a descoberta e utilização do fogo, o ser humano passou a se
diferenciar das outras espécies animais pela sua capacidade de ma-

Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa 175

:20 CG_8ºano_05.indd 175 16/05/2018 09:31:20


175

ME_CG_8ºano_05.indd 175 16/05/2018 12:19:07


Leitura
complementar nipular, em seu favor, os recursos naturais, acumulando conheci-
mento e levando ao surgimento de civilizações com um poder cada
vez maior de intervenção na natureza.
Metade dos rios da Europa Com o advento da Revolução Industrial, a escala de interven-
ção nos ambientes naturais aumentou exponencialmente e as con-
ameaçada por poluição sequências têm sido perdas ambientais incalculáveis, em especial de
química biodiversidade, escassez de recursos naturais e mudanças climáti-
cas, que colocam em risco a civilização.

Songquan Deng/Shutterstock.com
Cerca de metade dos rios e outros cursos
de água da Europa continental está ameaçada
por poluentes químicos, como pesticidas e outras
substâncias industriais, revelou um estudo pu-
blicado nos EUA.

Esta investigação baseou-se na análise de Usina termoelétrica, desativada em Bat-


tersea, sudoeste de Londres. Utilizava car-
dados dos serviços governamentais de acompa- vão mineral como combustível.

A diferença no uso das fontes energéticas fica bem evidente quan-


nhamento das linhas de água, provenientes de do relacionamos o grau de desenvolvimento econômico e tecnológico
quatro mil locais na União Europeia, adianta- entre os diferentes países. Na Ásia, Oceania e Europa existe muita hete-
ram os investigadores, cujo trabalho foi divul- rogeneidade entre os países, em que alguns são desenvolvidos e a gran-
de maioria é emergente, principalmente na Ásia e Oceania. Os países
gado nos Anais da Academia Norte-americana ricos e desenvolvidos, em geral, como Japão, Alemanha, França, Reino
de Ciências (PNAS, na sigla em inglês). Unido, Austrália, ou os países ricos e emergentes como China, Índia,
Sublinharam também que os riscos reais es- Rússia e Coreia do Sul, estão entre os maiores produtores e consumi-
dores de recursos naturais energéticos do mundo como carvão, petró-
tão “provavelmente subestimados”, dadas as limi- leo, gás natural, urânio, entre outros.
tações dos programas de acompanhamento das
agências governamentais nos diferentes países. Fontes de energia hidrelétrica
“A maioria dos cursos de água está eco-
A construção de hidrelétricas necessita de vultosos investi-
logicamente afetada ou ameaçada por uma mentos, pois exigem obras de engenharia de dimensões gigan-
grande perda de biodiversidade”, preveniram tescas, aquisição de turbinas geradoras e montagem das linhas de
os autores, por intermédio de Egina Malaj, do transmissão até os centros consumidores que, em geral, são muito
distantes. No entanto, depois que a infraestrutura está pronta, ela
Centre Helmholtz de investigação ambiental, produz ininterruptamente por décadas, com um custo de manu-
em Leipzig, na Alemanha. tenção baixo, se comparado com outras fontes de energia como a
nuclear e termoelétrica. A inundação para a formação do reserva-
Nos quatro mil locais estudados, os investi-
tório das usinas hidrelétricas causa danos ambientais, com perda
gadores detectaram 223 substâncias químicas. de biodiversidade e produção de gás metano e sulfídrico, perdas de
sítios históricos, deslocamento de populações indígenas, quilom-
bolas, produtores rurais e comunidades extrativistas, gerando dis-
Disponível em: http://www.jn.pt/sociedade/interior/
torções sociais e antropológicas com impactos em várias gerações.
metade-dos-rios-da-europa-ameacada-por-poluicao-
quimica-3975616. Acesso: 24/06/2016. 176 Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa

Anotações CG_8ºano_05.indd 176 16/05/2018 09:31:21

C
176

ME_CG_8ºano_05.indd 176 16/05/2018 12:19:08


Rehman

Foram necessários 40.000 trabalhadores


para construí a hidrelétrica Três Gargan-
tas, na China, ao longo de 17 anos, a um custo,
aproximado, de 28 bilhões de dólares.

Vantagens e desvantagens da energia hidrelétrica


Vantagens Desvantagens

É fonte de energia renovável.


Variações na produção de energia por causa
da pluviosidade. Em épocas de estio, os
O processo de produção da energia não emite reservatórios produzem menor quantidade.
gases de efeito estufa.

Deslocamento de populações para a formação


O reservatório da usina pode ser utilizado para
dos reservatórios.
diversos fins, como o consumo humano ou para
irrigação agrícola: produção de peixes, camarões
ou moluscos; implantação de áreas de lazer e
pousadas. Perda de biodiversidade animal e vegetal.

Regulariza a vazão dos rios. Assoreamento das barragens.

Baixos custos de manutenção e de operação. Diminuição do volume de água dos rios.

Redução das espécies de peixes, tendo em vista


Não sofre com variação do preço do petróleo no
que as barreiras dos reservatórios impedem a
mercado internacional.
piracema.

1:21
A produção de energia hidrelétrica na Ásia é facilitada pela dis-
ponibilidade de grandes rios de planalto, como o Amarelo (Huang
Ho) e o Azul (Yang-Tsé) da China; ou o Ganges, o Bramaputra e o
Indo, na Índia. A China tem a maior geração do continente, segui-
da pela Rússia, Índia, Japão, Vietnã, Turquia e Paquistão.
Na Europa, os países que mais produzem energia hidrelétrica
são aqueles que possuem relevo acidentado, como os planaltos ao
norte e as montanhas ao sul, com destaque para Rússia, Noruega,
Suécia, França, Itália, Áustria, Espanha e Suíça.

Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa 177

CG_8ºano_05.indd 177 16/05/2018 09:31:21


177

ME_CG_8ºano_05.indd 177 16/05/2018 12:19:08


A Oceania possui poucos rios caudalosos devido à reduzida ex-
tensão das ilhas, e a Austrália, apesar de extensa, possui um deserto
central e poucas cadeias montanhosas que sirvam como dispersores
de água. Portanto, as condições para a construção de grandes reser-
vatórios visando à implantação de uma usina hidrelétrica são limi-
tadas. No entanto, a produção de hidroeletricidade da Nova Zelân-
dia e Austrália supera o da maioria dos países europeus e asiáticos,
com destaque para o reduzido território neozelandês, que produz
25% mais energia hidrelétrica do que a gigante Austrália.

Produção mundial de energia hidrelétrica – 2014

Países Geração de energia em kWh


1 - China 1.042.000
2 - Brasil 384.000
3 - Canadá 375.000
4 - Estados Unidos 259.000
5 - Rússia 169.000
6 - Noruega 135.000
7 - Índia 128.000
8 - Venezuela 82.000
9 - Japão 81.000
10 - Suécia 64.000
11 - França 60.000
12 - Itália 59.575
13 - Paraguai 55.000
14 - Vietnã 54.000
15 - Colômbia 44.000
16 - Áustria 41.000
17 - Turquia 40.000
18 - México 39.000
19 - Espanha 39.000
20 - Suíça 38.000
21 - Argentina 33.000 CG

22 - Paquistão 32.000
23 - Chile 24.000
24 - Nova Zelândia 24.000
25 - Peru 21.000
Disponível em: http://www.deagos-
tinigeografia.com/wing/confmondo/ 26 - Alemanha 19.000
confronti.jsp?goal=100077&section 27 - Romênia 19.000
=2&year=2017&title=PIL%20tota-
le. Acesso em: 05/11/2017. 28 - Austrália 18.000

178 Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa

CG_8ºano_05.indd 178 16/05/2018 09:31:21


178

ME_CG_8ºano_05.indd 178 16/05/2018 12:19:09


• O surgimento do protesto tecnológico, di-
rigido principalmente contra a energia nu-
Fontes de energia termonuclear clear e outras megatecnologias, como nova
A energia nuclear é uma das fontes de energia mais caras de ser
forma de protesto político.
obtida e produz os maiores riscos de prejuízos ambientais, econô- • A ascensão do Partido Verde e o seu êxito
micos e humanos entre todas as fontes, pois o perigo da explosão em introduzir temas ecológicos críticos no
de um reator é sempre uma preocupação, gerando custos elevados
com a implantação, manutenção da estrutura de produção e com o diálogo político e no processo legislativo.
estoque ou descarte do lixo radioativo. As termonucleares exigem A convergência dessas três vertentes criou
alto grau de desenvolvimento tecnológico para o enriquecimento um clima de negócios em que as percepções
do urânio, a construção e resfriamento do reator, a locação da usi-
na, entre outras exigências que são acessíveis apenas aos países ricos da dimensão ambiental das práticas empresa-
e desenvolvidos ou aos emergentes, como Estados Unidos, França, riais mudaram significativamente em muitas
China, Rússia, Brasil.
firmas alemãs (Dyllik, 1989).
A energia termonuclear é obtida a partir de minerais radioati-
vos não renováveis como o urânio que, após passar por um proces- Antes da década de 1980, a proteção am-
so de enriquecimento, é utilizado em reatores nucleares com alto biental era vista como uma questão marginal,
nível de produtividade por longos períodos. A alta produtividade
das fontes nucleares compensa os elevados custos de prevenção,
custosa e muito indesejável, a ser evitada; em ge-
manutenção e desenvolvimento de todo o processo, pois o urânio ral, seus opositores argumentavam que ela dimi-
é milhares de vezes superior ao carvão mineral. Alguns países são nuía a vantagem competitiva da empresa. Essa
tão dependentes da energia nuclear que abrir mão da sua utilização
pode prejudicar a sua economia, pois as fontes substitutas imedia-
era uma reação defensiva, que tinha por objetivo
tas são caras e poluentes. diminuir, rechaçar, combater ou evitar todos os
pedidos de indenização por danos ambientais.
CVancoillie/Shutterstock.com

Nos anos de 1980, contudo, os gastos


com proteção ambiental começaram a ser vis-
tos pelas empresas líderes não primordialmen-
te como custos, mas, sim, como investimentos
no futuro e, paradoxalmente, como vantagem
competitiva. A atitude passou de defensiva e
reativa para ativa e criativa. [...] “Administrar
A usina nuclear de Gravelines, norte da França, está entre as cinco maiores usinas nucleares do
mundo. com consciência ecológica” passou a ser o lema
As fontes radioativas não fazem emissão de gases poluentes, dos empresários voltados para o futuro (Lutz,
como o dióxido de carbono, o metano, o óxido de enxofre ou o ni- 1990). Com essa guinada radical, formou-se
trogênio, e não são utilizados recursos das bacias hidrográficas para
resfriar os reatores, e sim a água do mar, por isso são consideradas uma insólita aliança entre algumas empresas
fontes de energia de baixo impacto ambiental. A grande preocupa- alemãs e o movimento ecológico daquele país.
ção da humanidade, no entanto, é o lixo radioativo que é descarta- Graças a especialistas, ao acesso à mídia
do nos oceanos ou colocado em depósitos subterrâneos, pois ain-
da pode conter radioatividade por até 250 mil anos. Os acidentes local e nacional e aos recursos financeiros de
nucleares ocorridos em 1986, com a explosão do reator da usina que dispunham, as indústrias tiveram condi-
de Chernobyl, na Ucrânia, antiga União Soviética, e em 2011, na
ções de colocar em prática muitos projetos
Usina de Fukushima, no Japão, decorrente de um terremoto de 8,9
de “ecotecnologia” que haviam sido concebi-
Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa 179 dos por grupos ambientalistas. Assim, o anta-
gonismo inicial entre o movimento ecológico
popular e o mundo empresarial transformou-
CG_8ºano_05.indd 179 16/05/2018 09:31:21 -se, em muitos casos, numa cooperação alta-
Leitura em particular, testemunhou uma explosão de mente produtiva. [...]
complementar produtos e serviços “ecofavoráveis”.
A vigorosa reação de muitos elemen- Fonte: CALLENBACH, Ernest. Gerenciamento
tos da comunidade empresarial da Alemanha ecológico (ecomanagement) 10. ed. São Paulo: Cultrix,
Aumento da preocupação com Ocidental ao destino ambiental precisa ser en- 2001, p. 24–25.
o meio ambiente tendida contra o pano de fundo de três ver-
tentes que moldaram o panorama político ale-
A partir da década de 1980, difundiu- mão na década de 1980. São elas: Anotações
-se rapidamente em muitos países europeus • O rápido aumento da conscientização am-
a consciência de que os danos “cotidianos” ao biental entre a população em geral, o que teve
ambiente poderiam ser substancialmente re- um efeito significativo sobre as preferências
duzidos por meio de práticas de negócios eco- do consumidor, juntamente com a ascensão
logicamente corretas. A Alemanha Ocidental, de um vigoroso movimento ecológico.
:21
179

ME_CG_8ºano_05.indd 179 16/05/2018 12:19:09


graus da escala Ritcher e de um tsunami que causaram vazamen-
to radioativo dos reatores, são exemplos das tragédias ambientais
e humanas que podem ser causadas pela manipulação de materiais
radioativos, pois milhares de pessoas foram contaminadas em áreas
gigantescas do território japonês e ucraniano.
Vantagens e desvantagens da produção de energia
nuclear
Vantagens Desvantagens
Não contribui para o efeito
estufa e outros fenômenos Os resíduos radioativos
climáticos, pois não emite necessitam de depósitos
gases como enxofre, por períodos prolongados e
nitrogênio, cinzas, dióxido de profundos na terra.
carbono, entre outros.
Pode ser instalada em áreas Altos custos para isolamento
reduzidas, quando comparadas das usinas nucleares
com as usinas hidrelétricas. desativadas.
Em condições normais de
Processo de produção de
funcionamento, não causam
energia mais caro já conhecido.
maiores prejuízos ao ambiente.
Emissão de radioatividade por
O urânio é um dos minerais
milhares de anos de resíduos,
mais abundantes entre os
classificados como de média ou
recursos energéticos da Terra.
de alta periculosidade.
Escassez de locais apropriados
O urânio é altamente para o armazenamento das
energético. grandes toneladas de rejeitos
Vitaliy Holovin/Shutterstock.com

radioativos.
Quando ocorrem
desequilíbrios nos processos
Facilidade de transporte e
de funcionamento e produção,
manipulação do urânio e dos
pode causar acidentes que
resíduos radioativos, devido ao
interferem em toda a cadeia
seu tamanho reduzido.
humana e natural, com graves
prejuízos.

A Ásia tem na China e na Rússia duas grandes potências nu-


cleares detentoras de tecnologias para todos os usos mais avança-
dos, e estão entre os principais consumidores da energia nuclear do
Planeta, mesmo tendo ao seu dispor outros recursos energéticos
em seus territórios, como gigantescas reservas de carvão mineral,
Usina Nuclear de Chernobyl, Ucrânia. petróleo, grandes rios caudalosos em planaltos, compreendendo
Abandonada desde 1986 após o maior
acidente nuclear da história. matrizes energéticas bem diversificadas.

180 Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa

CG_8ºano_05.indd 180 16/05/2018 09:31:22 C


180

ME_CG_8ºano_05.indd 180 16/05/2018 12:19:10


A Oceania não produz energia nuclear, pois a sua população
reduzida, que não passa de 40 milhões de habitantes, utiliza fontes
termoelétricas, hidrelétricas e outras fontes renováveis.

Maiores produtores de energia nuclear no mundo –


2014
Países Geração em KmHw
1 - Estados Unidos 797.000
2 - França 416.000
3 - Rússia 169.000
4 - Coreia do Sul 149.000
5 - China 124.000
6 - Canadá 99.000
7 - Alemanha 92.000
8 - Ucrânia 83.000
9 - Suécia 62.000
10 - Reino Unido 58.000
11 - Espanha 55.000
12 - Taiwan 41.000
13 - Índia 33.000
14 - Bélgica 32.000
15 - República Checa 29.000
16 - Suíça 26.000
17 - Finlândia 23.000
18 - Bulgária 15.000
19 - Hungria 15.000
20 - África do Sul 15.000
21 - Brasil 14.000
22 - Japão (2013) 14.000
23 - Eslováquia 14.000
24 - Romênia 11.000
25 - México 9.300
26 - Eslovênia 6.100
27 - Argentina 5.300
28 - Paquistão 4.600 Disponível em: http://www.deagos-
tinigeografia.com/wing/confmondo/
29 - Holanda 3.900 confronti.jsp?goal=100077&section
30 - Irã 3.700 =2&year=2017&title=PIL%20tota-
le. Acesso em: 05/11/2017.
31 - Armênia 2.300

Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa 181

:22 CG_8ºano_05.indd 181 16/05/2018 09:31:22


181

ME_CG_8ºano_05.indd 181 16/05/2018 12:19:10


Anotações
A Europa tem na França a sua grande potência nuclear, com
mais de 75% da sua matriz energética de origem termonuclear, pois
mesmo que a sua matriz energética seja diversificada, as suas neces-
sidades são extremas devido ao grande nível de desenvolvimento
industrial e urbano. Outros países da Europa, como Alemanha,
Itália, Holanda, Ucrânia, Reino Unido, Suécia, Espanha, têm no
fornecimento nuclear grande percentual da sua matriz. A Alema-
nha começou em 2012, após o acidente de Fukushima, no Japão,
um programa com o objetivo de desligar todas as suas 17 usinas
nucleares até o ano de 2022.

Fontes de energia termoelétrica


A energia térmica, necessária para obtenção de energia elétrica,
exige a queima de recursos de origem fóssil (não renováveis), vege-
tal ou animal (biomassa/renovável) para o aquecimento de água em
caldeiras para a geração de vapor. No entanto, são mais utilizadas as
fontes fósseis como o carvão mineral, os derivados do petróleo e o gás
natural. A geração de energia elétrica por centrais térmicas é muito
barata nos países que dispõem de grandes reservas de carvão mineral,
petróleo ou gás natural, mas, para países dependentes da importação
ou que não têm capacidade de refino do seu petróleo, pois os custos
são excessivos, as termoelétricas causam elevação dos custos da ener-
gia elétrica dos países e consequentemente impactos sócioeconômi-
cos, como inflação ou aumento nos custos da produção nacional.

Malcolm Paterson, CSIRO


Leitura
complementar
Aquecimento nas alturas Alta pressão movimente as gigantescas
pás, acionando as turbinas, gerando
energia elétrica. Assim, funcionam as ter-
moelétricas.
O encolhimento das geleiras do Himalaia
Nas centrais termoelétricas, mesmo quando são mais baratas,
põe em risco a população de cinco países da Ásia. como na China, onde o carvão mineral é abundante, os efeitos co-
laterais da poluição atmosférica causam milhares de mortes por
A Cordilheira do Himalaia, que se estende ano e aumentam os gastos no setor público de saúde. Portanto, a
aparente vantagem do preço mais baixo é enganosa, pois a queima
por 2,5 mil km em cinco países asiáticos, pro- dos combustíveis fósseis e até da biomassa (lenha, bagaço de cana,
duz cartões-postais deslumbrantes com seus
paredões de gelo e suas montanhas cobertas 182 Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa
de neve, entre elas o Monte Everest, a mais alta
do mundo. Para 1,3 bilhão de pessoas — um
em cada seis habitantes do Planeta — que vi- CG_8ºano_05.indd 182 16/05/2018 09:31:22 CG

vem nas regiões próximas ao Himalaia, a cordi- cidade acelerada — entre 10 e 60 metros por cipalmente, nas décadas mais recentes”, disse
lheira também representa garantia de água far- ano. Na China, 5,5% deles já desapareceram o geólogo Richard Alley, da Universidade do
ta para abastecer cidades e irrigar plantações. ao longo das últimas quatro décadas. O rela- Estado da Pensilvânia, nos EUA, especialis-
Nas estações quentes, parte do gelo de seus 15 tório se baseou em dados obtidos recentemen- ta em glaciares.
mil glaciares se derrete e corre para uma malha te por satélite e em pesquisas feitas nos últimos Caso as geleiras do Himalaia continuem
de pequenos afluentes de grandes rios, como quarenta anos. Calcula-se que grande parte a encolher no ritmo atual, dois tipos de ca-
o Ganges, na Índia, e o Yang-Tsé, na China. dos glaciares do Himalaia poderá desaparecer tástrofe poderão ocorrer. Primeiro, o grande
No inverno, as nevascas repõem o gelo que se até 2035. Como no caso dos glaciares do Alas- volume de água que chegará aos grandes rios
foi. Esse caprichoso ciclo das águas vem se al- ca, dos Andes e de outras regiões do Planeta, asiáticos causará inundações em série, mui-
terando. Um relatório divulgado pelo Icimod, acredita-se que o culpado pelo fenômeno seja tas delas súbitas, como um pequeno tsunami.
um centro de pesquisas dos países da região, o aquecimento global. “A neve que cai durante Quando um glaciar se derrete, nem sempre a
em parceria com a ONU, mostra que os gla- o inverno não tem sido suficiente para repor o água corre diretamente para o rio mais próxi-
ciares do Himalaia vêm encolhendo em velo- gelo que desapareceu no último século e, prin- mo. Dependendo do relevo à sua volta, a água

182

ME_CG_8ºano_05.indd 182 16/05/2018 12:19:11


cimento global tem atingido as regiões mais
elevadas do Planeta com a mesma intensidade
cascas de cereais, gordura animal, etc.) tem como resultado o lança-
com que se abate sobre os polos. Um exemplo
mento na atmosfera de resíduos químicos que são tóxicos como o
gás carbônico, o metano, o dióxido de enxofre e o dióxido de nitro- disso é a diminuição da neve no topo do céle-
gênio, que, em concentrações elevadas na atmosfera, podem causar bre Monte Kilimanjaro, na Tanzânia.
ou agravar fenômenos como chuvas ácidas, inversão térmica, ilhas
de calor, efeito estufa, e o aquecimento global, acarretando imensos
O crescente calor emanado pelos ocea-
prejuízos à manutenção da qualidade de vida nas cidades e colocan- nos alcançaria a troposfera, justamente onde
do em risco a população. se encontram os picos gelados. Pesquisas mos-
tram também que as temperaturas sobem
Energia termoelétrica: vantagens e desvantagens
mais nos trechos mais altos das montanhas do
Vantagens Desvantagens que em sua base. É justamente esse fenômeno
É produzida a partir de
que torna o derretimento da Cordilheira do
Rápido processo de montagem recursos não renováveis. Himalaia uma ameaça às populações que hoje
e desmontagem, podendo ser

Anticiclo/Shutterstock.com
deslocada para qualquer lugar Poluição atmosférica por gases se beneficiam de suas águas.
em que haja a necessidade. do efeito estufa e causadores de
chuvas ácidas. Fonte: Extraído de Leoleli Camargo. In: revista Veja,
Pela facilidade de construção, edição 2019 de 1º de agosto de 2007. Disponível em:
é instalada próxima aos centros O descarte da água utilizada
de consumo, sejam urbanos ou no resfriamento das turbinas http://veja.abril.com.br/010807/p.116.shtml. Acessado
industriais. causa desequilíbrios na fauna e em: 11 maio 2010. (Adaptado).
Atende bem aos países que na flora de rios e oceanos, com
não possuem diversidade de perdas de biodiversidade.
recursos energéticos.

Não depende de estruturas Altos custos na produção para Anotações


gigantescas e caras e não países que não são ricos em
consome recursos hídricos. combustíveis fósseis. Efeitos da chuva ácida em floresta, Plöc-
kenstein, Alemanha. Localizado entre a
Áustria e a República Tcheca.
O consumo de energia por fontes térmicas é muito elevado no
mundo todo, pois apresenta muitas vantagens em termos locacio-
nais e de baixo custo para muitos países, principalmente aqueles
que possuem reservas de combustível com preço acessível, resultan-
do numa boa relação custo-benefício.
Na Ásia, a China é a maior geradora e consumidora desse
tipo de energia superando todos os países do continente africano
juntos ou todos da América do Sul. A China é a maior produtora
de carvão mineral e a quinta maior de petróleo no mundo, é a
maior consumidora de energia do Planeta, e seu único rival em
nível mundial são os Estados Unidos, que são o segundo no ran-
king, de acordo com o Departamento de Informação de Energia
dos EUA. Como esses dois países estão entre os maiores produ-
tores do mundo do combustível que move as termoelétricas, o
preço é relativamente barato.

Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa 183

1:22 CG_8ºano_05.indd 183 16/05/2018 09:31:22

fica represada em gigantescos lagos. Se as mar- Índia, Nepal, Butão e Paquistão. Num prazo
gens desses lagos se rompem em consequên- mais longo, o desaparecimento dos glaciares
cia de uma avalanche, por exemplo, as águas se do Himalaia e, consequentemente, das águas
espalham com violência e carregam tudo pelo que descem das montanhas vai diminuir dras-
caminho. Foi o que ocorreu em 1985, no Ne- ticamente o volume dos rios asiáticos, provo-
pal, quando o colapso de um lago inundou o cando secas. Cerca de 70% das águas do Rio
Vale Langmoche, matou vinte pessoas, des- Ganges vêm de afluentes alimentados pelos
truiu uma usina hidroelétrica recém-construí- glaciares do Nepal. Uma queda drástica do ní-
da, catorze pontes, trinta casas e vastas áreas vel do Ganges afetaria 37% do território culti-
de terra cultivada. Segundo o relatório do Ici- vado da Índia e deixaria 500 milhões de habi-
mod e da ONU, existem no mínimo 9 mil la- tantes expostos à falta de água.
gos glaciais espalhados pelos cinco países pe- O estudo sobre os glaciares do Himalaia
los quais se estende o Himalaia — China, confirma a teoria dos cientistas de que o aque-

183

ME_CG_8ºano_05.indd 183 16/05/2018 12:19:11


Anotações
Outros países que são grandes geradores e consumidores de
energia térmica na Ásia são a Índia, o Japão e a Coreia do Sul, mas
não são grandes produtores de petróleo. A Índia é grande produ-
tora de carvão, porém a Coreia do Sul e o Japão são pobres desses
recursos, logo, esse tipo de energia torna-se mais cara para estes úl-
timos. Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes Unidos e Iraque são
grandes produtores de petróleo, mas não estão no topo da lista dos
maiores consumidores de energia de origem térmica porque suas
economias não têm o mesmo desenvolvimento econômico do Ja-
pão, Índia e Coreia do Sul.
Na Oceania, apesar de reduzido contingente populacional,
a produção termoelétrica da Austrália está entre as maiores do
mundo, em 11o no ranking. Isso se explica porque o país é um dos
maiores produtores de carvão do mundo, já que as termoelétricas a
carvão são as geradoras mais baratas desse tipo de energia. A Nova
Zelândia tem uma produção baixa comparada aos maiores consu-
midores mundiais, pois atende a suas necessidades, na maior parte,
pelos recursos hidráulicos.
Rússia, Alemanha, Reino Unido, Itália, Polônia e Espanha são
os destaques na Europa na geração e consumo de energia termoe-
létrica. A Rússia está bem à frente dos seus vizinhos europeus, pois
é uma das maiores produtoras de recursos energéticos do mundo,
como petróleo, carvão mineral e gás natural. A Alemanha é grande
produtora de carvão, mas procura diversificar a sua matriz energé-
Atualmente, a Rússia tem 10 usinas nu-
cleares em funcionamento. Elas operam
tica com fontes renováveis, pois já tem sérios problemas com polui-
Leitura em 31 reatores nucleares. ção atmosférica e as suas consequências, como chuva ácida.

complementar

Sergei Butorin/Shutterstock.com
Desregulamentação do setor 341026853
energético
Durante os últimos anos, foi produzido
um relaxamento continuado das normativas
do setor energético no Japão. No caso dos ne-
gócios relacionados com o petróleo cru, a im-
portação dessa matéria com a finalidade de ser
refinada e convertida em gasolina, óleo leve e
pesado, era monopólio das refinarias de petró-
leo. Entretanto, desde abril de 1996, tais im-
portações podem ser realizadas por qualquer
empresa sempre que esta cumpra certas nor-
mas de armazenamento seguro e apresente 184 Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa
controle de qualidade. Em abril de 1998, foi
eliminada a proibição de se ter bombas de au-
tosserviço nos postos de combustíveis. Como CG_8ºano_05.indd 184 16/05/2018 09:31:23

parte de uma série de medidas desregulado- Elétricas, desde dezembro de 1995 a compe- tidade de eletricidade vendida por provedores
ras, em janeiro de 2002 se eliminaram as re- tição tem sido incentivada ao mercado para além das companhias elétricas.
gulamentações que controlavam o equilíbrio a geração e suprimento de eletricidade. A in- Em resposta ao acidente da Central Nu-
do fornecimento e da demanda, e se colocou trodução de um sistema de oferta de energia clear de Fukushima Dai-ichi da Companhia
em prática um novo sistema para reunir infor- elétrica em 1996 permitiu que outras compa- Elétrica de Tóquio, causado pelo Grande Ter-
mação para se utilizar em casos de emergência. nhias vendessem a eletricidade que elas gera- remoto do Leste do Japão e o tsunami de mar-
Essas medidas desreguladoras estão ajudando vam para as companhias elétricas. A partir de ço de 2011, o governo começou a revisar o seu
a acelerar a reorganização da indústria nacio- março de 2000, a venda de eletricidade com Plano de Energia Básico e tem considerado a
nal do petróleo no Japão por meio de fusões e o objetivo de garantir a oferta estável e ajudar possibilidade de futuras desregulamentações
alianças corporativas. a reduzir o aquecimento global foi liberada. no setor da indústria energética.
A regulamentação também está sendo Posteriormente também se aplicaram refor-
aplicada no setor elétrico. De acordo com mas estruturais no setor elétrico, o que con- Disponível em: http://www.br.emb-japan.go.jp/cultura/
uma revisão da Lei da Indústria de Instalações tribuiu para um aumento constante da quan- energia.html. Acesso em: 27/02/2018.

C
184

ME_CG_8ºano_05.indd 184 16/05/2018 12:19:13


Maiores produtores de energia termoelétricas no
mundo – 2014
Países Produção em kWh
1 – China 3.980.000
2 – Estados Unidos 2.751.000
3 – Índia 982.000
4 – Japão 812.000
5 – Rússia 661.000
6 – Coreia do Sul 353.000
7 – Alemanha 322.000
8 – Arábia Saudita 286.000
9 – Irã 234.000
10 – México 224.000
11 – África do Sul 221.000
12 – Austrália 199.000
13 – Taiwan 192.000
14 – Reino Unido 189.000
15 – Indonésia 188.000
16 – Turquia 186.000
17 – Itália 167.080
18 – Tailândia 150.000
19 – Egito 147.000
20 – Polônia 130.000
21 – Canadá 128.000
22 – Malásia 126.000
23 – Emirados Árabes Unidos 111.000
24 – Brasil 108.000
1:23
25 – Espanha 100.000
26 – Argentina 93.000
27 – Cazaquistão 82.000
28 – Iraque 81.000
29 – Países Baixos 80.000 Disponível em: http://www.deagos-
tinigeografia.com/wing/confmondo/
30 – Ucrânia 79.000 confronti.jsp?goal=100077&section
=2&year=2017&title=PIL%20tota-
31 – Vietnã 72.000 le. Acesso em: 05/11/2017.

Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa 185

CG_8ºano_05.indd 185 16/05/2018 09:31:23


185

ME_CG_8ºano_05.indd 185 16/05/2018 12:19:13


Anotações
Fontes de energias renováveis
alternativas
As fontes energéticas tradicionais como as hidrelétricas, ter-
monucleares e termoelétricas mostram-se inconvenientes como
apontados nas desvantagens de cada uma delas. As fontes reno-
váveis alternativas são uma excelente opção, pois em geral têm o
fornecimento ilimitado de energia, como a energia eólica, solar,
geotérmica, maremotriz, e hidrogênio e biomassa (obtida a partir
de material orgânico vegetal ou animal).

Reprodução
Leitura
complementar

Japão busca fontes mais Energia geotérmica é a energia obtida a


partir do calor do interior da Terra. Ela

seguras é considerada uma das energias mais limpas e


confiáveis.

O Japão tem a terceira maior capacida- As energias renováveis têm um apelo ambiental muito gran-
de, pois têm baixos impactos quando comparada às fontes mais
de instalada de geração de energia elétrica do utilizadas nas matrizes energéticas da maioria dos países. A Euro-
mundo. O pequeno arquipélago que capta pa e a Ásia são potências mundiais no aproveitamento das ener-
gias renováveis.
energia solar do Pacífico Norte está atrás ape-
nas da China e dos Estados Unidos.

anyaivanova/Shutterstock.com
Entretanto, a produção de energia para
manter a poderosa indústria japonesa preocu-
pa seus governantes, pois o país carece de re-
cursos naturais. De acordo com a U.S. Energy
Information Administration, o Japão é o maior
importador de gás natural do mundo, o se-
gundo maior de carvão e o terceiro de petró-
leo e derivados.
Para driblar a falta de insumos, o país in- Usina de energia solar na Saxônia, Ale-
vestiu em energia nuclear a partir de 1954. manha. A Alemanha é a maior geradora
de energia solar no mundo.
Antes do acidente de Fukushima, em 2011, o Outras potências asiáticas em energias renováveis são o Japão e
Japão era o terceiro maior produtor de energia a Índia. O Japão tem destaque para a produção de energia solar, e
energia eólica. A matriz renovável da Índia é mais diversificada do
nuclear. As usinas atômicas geravam um terço que a japonesa, com capacidade para energia eólica, energia solar,
da energia consumida no país e a intenção do
governo era elevar o índice a 50%. 186 Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa
O tsunami que atingiu a Central Nuclear
de Fukushima forçou uma revisão dos pla-
nos. A contaminação radioativa de territórios CG_8ºano_05.indd 186 16/05/2018 09:31:23

ao norte de Tóquio tirou de suas casas mais sídios governamentais para cobrir parte dos Com a desativação dos reatores de Fukushi-
de 160 mil pessoas. Foi o pior acidente desde altos custos do empreendimento. ma, o país passou a importar mais combustíveis
Chernobil, na Ucrânia, em 1986. Com o nome de Kagoshima Nanatsujima fósseis. Foram gastos US$ 270 bilhões, ou 58%
Mega Solar Power Plant, a usina tem capacida- a mais.
Alternativa de de gerar 70 MW, o suficiente para abastecer Hoje o Japão tenta diversificar fornece-
22 mil residências. São 290 mil painéis solares, dores. Aos tradicionais parceiros do Oriente
Após o desastre, o governo japonês deter- que formam ilhas em uma baía, ocupando área Médio, estão sendo acrescidos a Rússia e paí-
minou a desativação dos 50 reatores nuclea- de mais de 1,2 milhão de metros quadrados. ses do Sudeste Asiático e do oeste da África.
res então existentes e anunciou um projeto de Apesar do avanço no campo das re-
longo prazo de investimento em fontes alter- nováveis — em 2013, apenas 1% da ener- Disponível em: https://www12.senado.leg.br/
nativas. Em 2013, foi inaugurada a maior usi- gia consumida veio de fontes nucleares —, emdiscussao/edicoes/o-desafio-da-energia/ mundo/
na de energia solar do país, de propriedade da o governo japonês concluiu que não pode japao- busca-fontes-mais-seguras. Acessado em:
indústria eletrônica Kyocera, que recebeu sub- abrir mão da fonte nuclear. 27/02/2018.

C
186

ME_CG_8ºano_05.indd 186 16/05/2018 12:19:14


de outras renováveis e de biocombustíveis. Coreia do Sul, Turquia
e Indonésia são outras nações que investem em energias renováveis
na Ásia.
Na Oceania, a Austrália aparece no ranking como décima na-
ção que mais investe em energias renováveis alternativas. A sua ca-
pacidade está concentrada na energia solar e na energia eólica.
A Europa tem na Alemanha, Itália, Espanha, Reino Unido e
França as maiores produtoras de energias alternativas, com des-
taque para a Alemanha, Espanha e Itália. A Alemanha é a grande
líder europeia em energias alternativas; é a terceira potência mun-
dial, depois de China e EUA. Os germânicos lideram a geração
mundial com toda sua matriz de renováveis, com a produção de
energia eólica, de biocombustíveis de outras fontes renováveis.
Iryna Hromotska/Shutterstock.com

Parque eólico na China, região autônoma de Xinjiang-Uigur, é o maior gerador de energia eó-
lica do mundo.

A Espanha, apesar de ter diminuído os investimentos nos últi-


mos anos, é um dos países que tem uma das maiores matrizes reno-
váveis do mundo, para energia solar e eólica. No mesmo patamar
da Espanha está a Itália, que tem uma capacidade para energia solar,
eólica, biocombustíveis e outras fontes.
Antoine2K/Shutterstock.com

1:23

Usina Maremotriz de La Rance, na Fran-


ça. A primeira do mundo, construída em
1966.

Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa 187

CG_8ºano_05.indd 187 16/05/2018 09:31:24


187

ME_CG_8ºano_05.indd 187 16/05/2018 12:19:14


Os dez maiores investidores em energia limpa (em bilhões de dólares)
Evolução entre 2012-2013

Capacidade
Ranking Ranking
Países instalada 2012 2013
2012 2013
(GW)

China 191 57.9 54.2 1 1


Estados Unidos 138 40.3 36.7 2 2
Japão 34 15.9 28.6 5 3
Reino Unido 18.7 11.0 12.4 7 4
Restante da União Europeia 38.1 22.0 11.5 4 5
Alemanha 77.4 22.4 10.1 3 6
Canadá 13.5 4.5 6.5 12 7
Índia 30 7.1 6.0 8 8
África do Sul 0.295 5.7 4.9 10 9
Austrália 8.2 4.4 4.4 13 10
Organização da tabela baseada no documento Quem está ganhando a corrida da energia limpa?, Da ONG The Pew Chari-
table Trust. Disponível em: http://www.pewtrusts.org/~/media/assets/2014/04/01/clenwhoswinningthecleanenergyra-
ce2013pdf.pdf. Acesso em: 07/11/2017.

Aprenda com arte

Passagem para a Índia


Direção: David Lean.
Ano: 1984.

Sinopse: No final dos anos 1920, Adela Quested, uma rica inglesa de ideias liberais, viaja para fora
do país pela primeira vez, indo à Índia para encontrar seu noivo. O choque cultural acontece, mas
quando tudo parecia facilitar sua integração, Adela acusa o jovem Dr. Aziz de tentativa de estupro
durante um passeio até as cavernas de Marabar.

Geração roubada
Direção: Phillip Noyce.
Ano: 2003.

188 Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa

CG_8ºano_05.indd 188 16/05/2018 09:31:24 C


188

ME_CG_8ºano_05.indd 188 16/05/2018 12:19:15


Sinopse: Molly Craig é uma jovem australiana de 14 anos que, em 1931, ao lado de sua irmã Daisy, de
10 anos, e sua prima Gracie, de 8 anos, foge de um campo do governo britânico da Austrália, criado
com o intuito de treinar mulheres aborígenes para serem empregadas domésticas. Molly guia as me-
ninas por quase três mil km pelo interior do país, em busca da cerca que o divide e que a permitiria
voltar para sua aldeia de origem, de onde foram tiradas dos braços de suas mães. Na jornada, elas são
perseguidas pelos homens do terrível governador A. O. Neville, o qual não admite que as meninas não
estejam de acordo com o que era imposto pela sabedoria branca e cristã.

Pequeno dicionário geográfico e cultural


Amplitude térmica: Utilizada para indicar ter xerófilo (típico de regiões secas).
a diferença entre as temperaturas máxima e Monções: É a alternancia entre a massa de
mínima registradas em um mesmo lugar, ao vento nas áreas costeiras das regiões tropiçais e
longo de um determinado tempo. subtropicais na qual alterna entre chuvas e seca.
Árvore perene: Planta que possui folhas du- Piracema: Fenômeno em que os peixes nadam
rante o ano todo, cujo tempo médio de vida contra a correnteza, para realizar a desova.
pode chegar a três anos ou mais. Setentrional: relativo ao norte ou boreal.
Assoreamento: Obstrução causada pela de- Subsídio: Concessão de dinheiro feita pelo
posição de sedimentos (areia, detritos, etc.). governo a determinadas atividades (indústria,
Atol: Ilha em forma de anel ou ferradura cons- agricultura, etc.), a fim de possibilitar melho-
tituída por recifes de coral localizados em torno res valores para seus produtos ou para estimu-
de uma lagoa, que pode alcançar mais de 60 km lar as exportações do país.
de diâmetro e profundidade de até 300 metros. Vulcanismo: Fenômeno geológico que ocor-
Hiperxerófila: Vegetação dominante em área re do interior da Terra para a superfície, quan-
de solos relativamente rasos, constituída por do há o extravasamento do magma em forma
uma vegetação de baixo a médio porte, e clas- de lava, além de gases e fumaça.
sificada como sendo caducifólia, a folhas caem Xerófilas: Plantas adaptadas a viverem em
nas épocas de estiagem, e apresentam um cará- climas semiáridos e desérticos.

Encerramento
1 (UEPB) “Se você cruzasse, a pé, o Alasca e o Canadá, a Escandinávia e a Sibéria, estaria sempre na
‘mesma floresta’, diz o ativista Dom Sullivan.” Essa floresta descrita, que representa 1/3 das matas exis-
tentes na Terra e está representada no cartograma, é:

a. a floresta galeria.
b. a floresta tropical.
c. a floresta temperada. Oceano
Pacífico
d. a floresta amazônica. Oceano
Pacífico Oceano
Índico
e. X a floresta boreal. N
Oceano
Atlântico
O L
0 2.000 km 4.000 km
S

Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa 189

:24 CG_8ºano_05.indd 189 16/05/2018 09:31:24


189

ME_CG_8ºano_05.indd 189 16/05/2018 12:19:15


2 (FGV) A formação vegetal representada na figura abaixo corresponde à:

Sinelev/Shutterstock.com
a. floresta tropical úmida, típica das baixas latitudes, com predomínio de abetos, pinheiros, e a
presença de arbustos e manchas de campo.
b. tundra, encontrada em áreas de clima frio, como no Canadá, sul da Groenlândia, Noruega,
Suécia, Finlândia e Sibéria.
c. X taiga, associada aos climas das altas latitudes, também conhecida como floresta boreal ou de
coníferas, que apresenta folhas finas, em forma de agulhas.
d. tundra, geralmente associada aos climas das altas latitudes, com predominância de massas pola-
res e grandes turbulências atmosféricas.
e. taiga, um dos biomas menos explorados da Terra para a produção de energia, cuja preservação é
também explicada pela rara ocorrência de incêndios, em áreas de clima frio.

3 (UEPB) Em matéria exibida no dia 27 de maio de 2005, com o título “Sibéria, o inferno gelado”, o
Globo Repórter mostrou a vida dos nômades criadores de renas, que “moram e viajam em casas sobre ro-
das, cobertas de peles”. Esse “gênero de vida” é também uma forma de preservar o frágil ecossistema, cuja
vegetação de liquens e musgos cresce apenas no curto verão do Ártico. Trata-se, portanto, do domínio:
a. da floresta decídua. b. da taiga. c. da floresta boreal.
d. X da tundra. e. da estepe.

4 (Vunesp) O gráfico representa a distribuição da temperatura e da pluviosidade em Mumbai, antiga


Bombaim, Índia.
Pluviosidade (mm) Temperatura (ºC) Assinale a alternativa que indica o tipo climático caracte-
700 35 rístico da área onde se localiza a referida cidade.
600 30
500 25 a. X Monçônico.
400 20
b. Semiárido.
300 15
200 10 c. Temperado.
100 5 d. Mediterrâneo.
J F MA MJ J A S ON D
0 0
e. Equatorial.
Fonte: Estienne, Pierre et Godard Climatologie - Paris - 1970

190 Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa

CG_8ºano_05.indd 190 16/05/2018 09:31:24 C


190

ME_CG_8ºano_05.indd 190 16/05/2018 12:19:16


5 (Unirio) Assinale a afirmação incorreta sobre a Oceania e os países que formam esse continente:

a. O setor agropecuário na Austrália apresenta uma elevada participação nas exportações e a pe-
cuária constitui uma das principais fontes de riqueza.
b. A Austrália possui uma das mais baixas densidades demográficas do mundo e sua população
concentra-se no litoral e nas regiões mais úmidas.
c. A agropecuária na Nova Zelândia ocupa grande parte de seu território; é uma atividade muito im-
portante economicamente, responsável por grande parte das exportações de produtos industriais.
d. X Ao todo, a Oceania é formada por 4 grandes ilhas; a maior que representa o território australia-
no, e 3 ilhas menores, que formam o arquipélago da Nova Zelândia e a Ilha da Tasmânia, que
constitui um país independente.
e. Durante o processo de ocupação da Nova Zelândia pelos ingleses, a população nativa teve suas terras
usurpadas e grande parte de sua população dizimada. Hoje, a população é predominantemente branca.

6 (UEM – Adaptada) A Austrália e a Nova Zelândia são países da Oceania. Marque V para verda-
deiro ou F para falso.
a. V Ambas foram objeto da colonização britânica.
b. F Essas nações não são classificadas como pertencentes economicamente ao Primeiro Mundo, por
se localizarem no hemisfério sul.
c. F A Nova Zelândia fica ao norte do Trópico de Capricórnio e, quanto mais se avança para o sul,
mais frio o clima fica.
d. V A Austrália possui grande diversidade de paisagens naturais, como desertos, estepes, savanas,
florestas tropicais e subtropicais.
e. V O Trópico de Capricórnio passa pela região central da Austrália. Logo, sua porção norte situa-se
na zona intertropical, e a sul, na zona temperada do hemisfério sul.

7 (PUC–Campinas) Gerar energia é, atualmente, uma das necessidades fundamentais do mundo


contemporâneo. Observe o gráfico a seguir.

Consumo de energia
Mtep
3.000
China
2.500
Estados
2.000 Unidos
União
1.500 Europeia

1.000

500 Japão
2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

(http://sciences blogs.liberation.fr)

Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa 191

:24 CG_8ºano_05.indd 191 16/05/2018 09:31:25


191

ME_CG_8ºano_05.indd 191 16/05/2018 12:19:17


Considerando-se o atual contexto econômico mundial e a leitura do gráfico, é correto afirmar que o
consumo de energia:
a. X da China apresentou forte crescimento, pois apesar de baseado no carvão mineral, tem sido
impulsionado pela expansão da indústria e diversificação das fontes de energia utilizadas.
b. dos Estados Unidos tem apresentado ligeiro declínio devido ao compromisso do governo esta-
dunidense em cumprir as metas do Protocolo de Kyoto de redução da poluição.
c. da União Europeia manteve-se estável no período porque vários membros do bloco têm encon-
trado dificuldades de importar o gás natural da Rússia.
d. dos Estados Unidos e da União Europeia tem se mantido em queda devido às constantes crises
geopolíticas que ocorrem no Oriente Médio, principal fornecedor de petróleo.
e. do Japão está em declínio desde o início do século XXI porque o país tem fechado sistematica-
mente as usinas nucleares, optando pelas termelétricas.
8 (Fuvest) O gráfico, abaixo, exibe a distribuição percentual do consumo de energia mundial por tipo
de fonte.
%
50
45
40 Petróleo

35
Carvão mineral
30
25
Gás natural
Outras fontes
20
15 renováveis
de energia
10
Hidreletricidade Energia nuclear
5
0
1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010
Com base no gráfico e em seus conhecimentos, identifique, na escala mundial, a afirmação correta.
a. A queda no consumo de petróleo, após a década de 1970, é devida à acentuada diminuição de
sua utilização no setor aeroviário e, também, à sua substituição pela energia das marés.
b. X O aumento relativo do consumo de carvão mineral, a partir da década de 2000, está relacionado
ao fato de China e Índia estarem entre os grandes produtores e consumidores de carvão mineral,
produto que esses países utilizam em sua crescente industrialização.
c. A participação da hidroeletricidade se manteve constante, em todo o período, em função da
regulamentação ambiental proposta pela ONU, que proíbe a implantação de novas usinas.
d. O aumento da participação das fontes renováveis de energia, após a década de 1980, explica-se
pelo crescente aproveitamento de energia solar, proposto nos planos governamentais, em países
desenvolvidos de alta latitude.
e. O aumento do consumo do gás natural, ao longo de todo o período coberto pelo gráfico, é explicado
por sua utilização crescente nos meios de transporte, conforme estabelecido no Protocolo de Cartagena.

192 Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa

CG_8ºano_05.indd 192 16/05/2018 09:31:25 C


192

ME_CG_8ºano_05.indd 192 16/05/2018 12:19:17


9 (UFRN) O Oriente Médio, foco de conflitos geopolíticos, nacionalistas e religiosos que geram
preocupações em diferentes países, é considerado uma das principais áreas estratégicas do mundo:

a. por ter o seu território banhado pelos oceanos Pacífico e Índico, e por sua importância no mer-
cado mundial, devido ao elevado consumo de carvão mineral.
b. devido à sua localização próxima à China e à Índia e à sua importância econômica como princi-
pal produtora de carvão mineral em escala mundial.
c. X devido à sua localização entre Ásia, Europa e África e à sua importância econômica como deten-
tor das maiores reservas mundiais de petróleo em terra.
d. por ter o seu território banhado pelo Mar Mediterrâneo e Mar Vermelho e por sua importância
no mercado mundial como principal consumidor de petróleo.

10 (UFPE – Adaptada) “Os recursos energéticos constituem um importante subsídio à expansão do


capital, integrando o capital constante circulante. Nesse sentido, constituem ingredientes centrais da
geoeconomia e da geopolítica do capitalismo contemporâneo. O petróleo representa papel proeminente
dentro dessa matriz energética mundial, estando sempre em questão a ampliação do consumo e a capaci-
dade de suporte das reservas petrolíferas existentes. A localização das suas principais reservas e estruturas
de escoamento em áreas de instabilidade política, bem como o fator concorrencial desafiam pesquisas e
estudos acerca do descobrimento e ou desenvolvimento de outras fontes alternativas de energia”.

LINS, Hoyêdo N. Geoeconomia e geopolítica dos recursos energéticos na primeira década do século XXI.

Sobre as questões tratadas no texto, é correto afirmar que:

a. V as principais reservas de petróleo se encontram localizadas no Oriente Médio, em especial no


Golfo Pérsico. Esse fato vincula a Guerra do Golfo, em 1990, com a energia, a geoeconomia, a
geopolítica e a guerra no cenário mundial.
b. V a atualidade registra mudanças na espacialidade da acumulação de riqueza global, especialmente
com o desempenho econômico da Índia e da China; isso repercute no aumento e na intensifica-
ção de consumo de recursos energéticos.
c. V a justificativa para o predomínio da matriz energética contemporânea remete ao fato de que ela
não exige uma ampla e complexa infraestrutura, tampouco articulações de interesses diversos.
d. F a Rússia exerce historicamente grande controle sobre as rotas de exportação dos recursos ener-
géticos produzidos na Eurásia (Região do Cáucaso e Ásia Central), uma vez que partes do seu
território funcionam como corredores em relação a ex-repúblicas soviéticas, tradicionais espa-
ços de influência russa.

11 (Unimontes) O acidente em Fukushima reaviva o trauma nuclear no Japão e leva o mundo a de-
bater se essa fonte de energia é realmente segura e imprescindível. Países cancelam ou reavaliam seus
planos atômicos.
Revista Veja, 23/3/2011.

Considerando o texto e seus conhecimentos referentes à produção, uso e consumo da energia nuclear,
é incorreto afirmar que:

Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa 193

:25 CG_8ºano_05.indd 193 16/05/2018 09:31:25


193

ME_CG_8ºano_05.indd 193 16/05/2018 12:19:18


a. a alta do petróleo é um fator favorável para que haja investimentos em energia nuclear, conside-
rando o custo-benefício.
b. o acidente de Chernobyl, assim como o de Fukushima, desencadeiam movimentos sociais antie-
nergia nuclear.
c. a produção de energia nuclear torna-se uma medida viável para os países com limitação de po-
tencial hidroelétrico.
d. X a produção de energia nuclear japonesa é sabidamente ineficiente por sua origem em tecnologia
alemã, com baixos padrões de exigência para o funcionamento que geraram o acidente em Fu-
kushima.

12 (Vunesp – Adaptada) Pelas características geográficas, o Japão tem sérias dificuldades para suprir
suas necessidades de energia e matérias-primas industriais. Essa realidade fez com que o país procurasse
desenvolver, sobretudo:

a. produção de carvão vegetal junto às usinas siderúrgicas.


b. agroindústrias localizadas na zona rural.
c. grandes usinas siderúrgicas localizadas próximas às jazidas minerais.
d. grandes reservatórios para produção de energia hidroelétrica nas proximidades dos centros in-
dustriais.
e. X usinas nucleares colocando-se entre os maiores produtores da Ásia deste tipo de energia e apos-
tou em indústrias de tecnologia avançada, como eletrônica, óptica e informática, em novos po-
los industriais.

13 (Enem – Adaptada) Em usinas hidroelétricas, a queda d’água move turbinas que acionam gerado-
res. Em usinas eólicas, os geradores são acionados por hélices movidas pelo vento. Na conversão direta
solar-elétrica são células fotovoltaicas que produzem tensão elétrica. Os países mais ricos da Europa e
da Ásia têm investido nesses novos tipos de energia, pois além de todos produzirem eletricidade, esses
processos têm em comum o fato de:

a. não provocarem impacto ambiental.


b. independerem de condições climáticas.
c. a energia gerada poder ser armazenada.
d. X utilizarem fontes de energia renováveis.
e. dependerem das reservas de combustíveis fósseis.

14 (UEA) No contexto da revolução técnico-científica, governantes e empresas de países desenvolvi-


dos, como Estados Unidos, Canadá, Alemanha, França e Japão, têm estimulado a criação de arranjos
territoriais chamados tecnopolos, caracterizados por:

a. X centros tecnológicos de pesquisa e desenvolvimento que apresentam concentração de mão de


obra qualificada capaz de gerar novos produtos de alta tecnologia que poderão ser absorvidos
pelas indústrias.

194 Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa

CG_8ºano_05.indd 194 16/05/2018 09:31:25 C


194

ME_CG_8ºano_05.indd 194 16/05/2018 12:19:18


b. centros tecnológicos de pesquisa e desenvolvimento instalados em fazendas que utilizam ferra-
mentas tradicionais e mão de obra intensiva para realizar estudos que aumentem a produtividade.
c. áreas centrais das grandes cidades que apresentam alta concentração de compra e venda de pro-
dutos tecnológicos e serviços de manutenção com mão de obra pouco qualificada.
d. conjuntos empresariais voltados para a prestação de serviços avançados a distância, com o em-
prego de mão de obra barata adaptada ao uso de sistemas de comunicação e informação.
e. áreas centrais das grandes metrópoles que apresentam elevado dinamismo para a recepção de
eventos e congressos especializados em biotecnologia e saúde para soluções de demandas em
mercados emergentes.

15 (UEPB – Adaptada) Observe a área destacada pelas hachuras no mapa. Ela representa uma região
de grande importância geopolítica pela sua localização na confluência entre Europa, Ásia e África; por
ser o berço do judaísmo, do cristianismo e do islamismo, das línguas semíticas e por ser detentora das
maiores reservas de petróleo do mundo.
N Esta conflituosa região é denominada de:
Mar Neg
ro
Mar

O L
a. Extremo Oriente.
C

S
áspi

Turquia
b. Leste Europeu.
o

Chipre
tão
Síria is
Líbano n c. X Oriente Médio.
Iraque Irã ega
Israel Af
Egito Jordânia d. Bálcãs.
(parte Kuwait
asiática) e. Cáucaso.
Bahrein
Catar Câncer
Trópico de
Arábia Saudita Emirados
Árabes Unidos
Ma
r Ve

ã
Om
rm e

Iêmen Oceano
lho

0 241 km 482 km
Índico

16 (UFRR) A China ocupa o centro das atenções no noticiário econômico e político mundial. O
seu rápido crescimento industrial permite, por exemplo, que seja responsável pela produção de mais
de 50% dos brinquedos, relógios e calçados no mundo. Esse rápido crescimento poderá levar a várias
consequências, exceto:

a. a busca de fontes de energia e de matéria prima.


b. X diminuição da dependência de fontes de energia oriundas de combustíveis fósseis.
c. a parcela da população cujo padrão de vida melhorou começa a comprar carros e a poluir ainda
mais as áreas urbanas.
d. alterações no campo causando êxodo rural.
e. maior participação no comércio internacional de produtos industrializados.

Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa 195

:25 CG_8ºano_05.indd 195 16/05/2018 09:31:26


195

ME_CG_8ºano_05.indd 195 16/05/2018 12:19:19


17 (PUC – RS)Atualmente podemos dizer que ocorre uma descentralização industrial em escala
mundial, mas também em escala nacional e local, graças ao desenvolvimento dos setores de transpor-
tes, telecomunicações e informações. Quais outros fatores podemos considerar na atividade industrial?

1. Fontes de energia.
2. Mercado consumidor.
3. Matérias-primas.
4. Mão de obra.

Estão corretamente identificados os fatores:

a. 1 e 3, apenas. b. 2 e 4, apenas. c. 1, 2 e 4, apenas.


d. 2, 3 e 4, apenas. e. X 1, 2, 3 e 4.

18 (Unicam – Adaptada) Considerando a geopolítica do petróleo e os dados da figura abaixo, em que


se observam os grandes fluxos de importação e exportação desse recurso energético de origem mineral,
pode-se afirmar que:
113,2 290,8
0 1.000 km 2.000 km

16,4 209,1
113,6 54
39,7
95,2 73,9
159,3
22,8
36,3 96,4
84,4
329,1
133,1
20,3
37,4
23 37

20,4

27,5

O L

S Fluxos de intercâmbio petrolífero (em milhões de toneladas, 2006)

(Adaptado de Yves Lacoste, Geopolítica: la larga história del presente. Madrid, Editorial Sintesis, 2008.)

a. a porção do globo que mais importa petróleo é o Oriente Médio, região carente desse recurso.
b. o Japão consome petróleo principalmente da Rússia, em função da proximidade geográfica.
c. a Europa é importante exportadora de petróleo em função da grande quantidade de países pro-
dutores.
d. X o Oriente médio é um importante exportador de petróleo para o Japão.

196 Capítulo 5 – Natureza, ambientes e qualidade de vida: Ásia, Oceania e Europa

CG_8ºano_05.indd 196 16/05/2018 09:31:26


196

ME_CG_8ºano_05.indd 196 16/05/2018 12:19:19


BNCC
Habilidades trabalhadas
no capítulo

Capítulo 6 (EF08GE03) Analisar aspectos representati-


vos da dinâmica demográfica, considerando as
A diversidade natural da características da população (perfil etário, cres-
cimento vegetativo e mobilidade espacial).
América A diversidade natural do continente america-
no é abundante. Por exemplo, temos as Flores-
tas Equatoriais que, devido à largura das folhas (EF08GE04) Compreender os fluxos de mi-
comuns em árvores, permanecem verdes o ano
todo por conta da estabilidade climática. gração na América Latina (movimentos vo-
luntários e forçados, assim como fatores e
áreas de expulsão e atração) e as principais po-
líticas migratórias da região.
(EF08GE15) Analisar a importância dos
principais recursos hídricos da América Lati-
na (Aquífero Guarani, Bacias do rio da Prata,
do Amazonas e do Orinoco, sistemas de nu-
vens na Amazônia e nos Andes, entre outros)
e discutir os desafios relacionados à gestão e
comercialização da água.
(EF08GE19) Interpretar cartogramas, mapas
esquemáticos (croquis) e anamorfoses geográ-
ficas com informações geográficas acerca da
África e América.

Anotações

Estudaremos a partir de agora


o continente americano: sua
localização com respectivas divisões e
riquezas naturais. Dessa forma, teremos
a oportunidade de conhecer aspectos que
o faz ser único no Planeta. Vamos viajar
nesse tão diversificado continente
chamado América.

utterstock.com
Gustavo Frazao/Sh

Capítulo 6 – A diversidade natural da América 197

CG_8ºano_06.indd 197 30/04/2018 09:43:27

Objetivos
pedagógicos • Apresentar as vertentes hidrográficas
americanas.
• Valorizar a água como um recurso natural
• Conhecer e caracterizar as paisagens natu- de extrema importância para a manutenção
rais do continente americano. da vida.
• Reconhecer as características das principais • Perceber elementos da dinâmica das corren-
formas do relevo americano. tes marinhas.
• Estudar a constituição do relevo em monta- • Tratar da diversidade climática na América.
nhas, planaltos, planícies e depressões, explican- • Apontar e caracterizar os principais biomas
do sua diversidade e divisão em áreas específicas. presentes no continente americano.
• Identificar as características dos principais • Discutir os problemas ambientais em esca-
rios e bacias hidrográficas da América. la local e global.

197

ME_CG_8ºano_06.indd 197 16/05/2018 12:20:27


Diálogo com o
professor Cenário 1

• Trabalhe inicialmente a denominação con- Regionalização


tinente americano e as possibilidades de uso do
seu sinônimo América. (Você, professor, po- espacial do
derá fazer alusão à questão do descobrimen-
to. Fale que a América é também conheci- Geografia em cena continente
da como Novo Mundo, em oposição ao Velho
Mundo (a Europa). americano
• Comente que os três maiores países da
América — Estados Unidos, Canadá e Bra-
Geografia em cena Unificando o norte e o sul
sil — são também as três economias mais de- O continente ameri- Segundo maior continente em extensão territorial, a Amé-
cano é considerado o mais rica possui 42.550.000 km2, superada apenas pela Ásia, que
senvolvidas do continente, figurando ainda extenso no sentido norte-sul apresenta mais de 44.580.000 de km2. A massa continental
entre as dez do mundo. Aproveite para con- do Planeta. Por isso, ocu- americana se estende por todas as latitudes, de sul a norte, em
trastar esse fato com o do item anterior, já pa todas as fases climáticas aproximadamente 15 mil km de extensão. Alonga-se desde o pa-
existentes, sendo cortado ralelo 56° S, na proximidade da região antártida, até o paralelo
que o Brasil — que ainda é um país em de- pela Linha do Equador pelo 71° N, na Ártica.
senvolvimento, mas poderia ser a maior po- Trópico de Câncer e Capri- O continente está localizado totalmente no hemisfério oci-
tência do mundo — chegou até esse patamar córnio. dental, cujas terras se alargam da Ponta do Seixas, na Paraíba (30°
O), até a linha do meridiano 165° O, no Alasca. Por toda essa ex-
por meio de um lento processo de crescimen- tensão, suas terras são banhadas pelo Oceano Pacífico, a oeste, e
to socioeconômico. pelo Oceano Atlântico, a leste.
• Utilize bastante os mapas para explorar as Podemos dividir o continente americano em três conjuntos
diferentes:
especificidades do continente americano: sua
América do Norte: Porção do espaço americano composta
significativa extensão territorial, sua localiza- por Canadá, Estados Unidos e México.
ção geográfica (cercada por oceanos e afastada América Central: O menor dos três conjuntos regionais da
dos outros continentes) e sua divisão segundo América, é subdividido em duas porções distintas: uma porção
continental, ou ístmica, constituída por sete países, e outra in-
os critérios de ordem natural (física). sular, composta por um conjunto de ilhas. Essa porção também
pode ser denominada Antilhas, ou Caribe; de acordo com o
seu tamanho, as ilhas são chamadas de Pequenas Antilhas ou
Anotações Grandes Antilhas. Por sua posição geográfica entre a América
do Norte e a América do Sul, constitui-se numa espécie de elo
entre elas.
América do Sul: Porção da América que começa em terras
colombianas e compreende territorialmente doze países sobe-
ranos e um departamento de ultramar da França (a Guiana
Francesa), além das Ilhas Malvinas, arquipélago localizado no
Oceano Atlântico, próximo da Argentina, mas ocupado pela
Inglaterra, que o transformou em território de ultramar.

198 Capítulo 6 – A diversidade natural da América

CG_8ºano_06.indd 198 30/04/2018 09:43:28

C
198

ME_CG_8ºano_06.indd 198 16/05/2018 12:20:28


América do Norte, Central e do Sul

O L

Alasca Groenlândia
(EUA) (DIN)
Canadá

Estados Unidos
Oceano
Tróp
ic
Atlântico
o de
Cânce
r

Haiti
México Cuba
Rep. Dominicana
Porto Rico
Belize Jamaica
Honduras
Guatemala
Nicarágua Guiana
El Salvador Suriname
Guiana Francesa
Costa Rica Venezuela
Panamá
Colômbia

Equador

Oceano Peru Brasil


Pacífico
Bolívia
Trópico de Capri
córnio
Paraguai

Chile

América do Norte Uruguai

3:28
América Central Argentina
América do Sul

0 375 km 751 km

A América do Norte é formada por três países independentes — o Canadá, os Estados Unidos e o México — e pela Groenlândia, uma possessão da
Dinamarca. A América Central é constituída por sete países na parte ístmica e pelas Antilhas ou Caribe, na insular. Já a América do Sul é formada
por catorze países, sendo treze continentais e um insular (Trinidad e Tobago).

Capítulo 6 – A diversidade natural da América 199

CG_8ºano_06.indd 199 30/04/2018 09:43:28


199

ME_CG_8ºano_06.indd 199 16/05/2018 12:20:29


Leitura
complementar Cenário 2

Como é dividida a América O relevo e a


O continente americano é dividido geo- civilização da
graficamente em América do Norte, América
Central (incluindo Caribe) e América do Sul. América
Banhado a oeste pelo Oceano Pacífico e a leste
pelo Atlântico, é o segundo maior continente A diversidade do relevo
do mundo, com 42.560.270 km2.
Há também uma divisão socioeconômi-
americano
ca, que difere da geográfica, e reparte o conti- Em virtude de sua dimensão territorial, o continente america-
nente em dois blocos: Canadá e Estados Uni- no apresenta uma elevada diversidade de formas de relevo. Fruto da
ação complementar entre os fatores internos e os fatores externos,
dos ao norte e a chamada América Latina (que a América apresenta porções onde as altitudes são bastante modes-
inclui o México, país geograficamente locali- tas, facilitando a ocupação e o desenvolvimento de várias socieda-
zado na América do Norte, e os demais países des. Em oposição, em outras áreas do continente, as altitudes são
bastante elevadas, servindo de refúgio para os grupos que desenvol-
da América Central e do Sul). veram formas sociais diferentes.
Esta última divisão mostra a gritante di- De maneira geral, podemos dividir o relevo americano em três
grandes conjuntos: oriental, ou leste; ocidental, ou oeste; e central.
ferença econômica que existe entre as duas
áreas. Enquanto Estados Unidos e Canadá
apresentam um Produto Interno Bruto (PIB)
Relevo da porção oriental, ou
leste
dos mais altos no mundo, a maioria dos ou-
Essa região é constituída pela diversidade de relevo e altitu-
tros 33 países que compõem a parte latina vi-
des diversas que misturam extensos planaltos, conjuntos monta-
vem problemas sociais graves por conta da nhosos de formação muito antiga e uma vasta área de planícies ao
pobreza. longo do litoral.
Para se ter uma ideia, a renda per capita dos
Planaltos
Estados Unidos é de 29.240 dólares por ano. Já
no Haiti, não passa de 410 dólares anuais. Destacam-se, nessa região, os planaltos cristalinos de origem anti-
ga, com altitudes modestas, resultantes de intenso trabalho de erosão.
Um dos principais exemplos é o planalto Laurenciano, de
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística grande extensão territorial, que, por sua localização, também rece-
be a denominação de planalto Canadense. Suas maiores altitudes
(IBGE). Disponível em: http://www.ibge.gov.br/
estão na Península do Labrador. Nesse planalto, pela existência de
ibgeteen/datas/descobrimentodaamerica/america.html. diversos rios de planalto, o potencial hidráulico é intensamente uti-
Acessado em: 13/04/2016. lizado na produção de energia.
Na América do Sul, destacamos a vastidão do Planalto das

Anotações Guianas e o Planalto Brasileiro.

200 Capítulo 6 – A diversidade natural da América

CG_8ºano_06.indd 200 30/04/2018 09:43:28

C
200

ME_CG_8ºano_06.indd 200 16/05/2018 12:20:30


América: mapa físico
0 0
0 60 Estr. de Behring 70 800

CÍRC
50
Oceano
I. Aleutas

UL O
Glacial Ártico Mte. Gunnbjorn

PO
Yukon
3.780m
400

LA
Islândia
Mte Mckinley

R
ÁR
6.187M 2.0
Mte. Logan 00

TI
m
6.050M

C
O
Golfo
Ilha
Baía 1.0
00
Europa
Vitória

Mackenzie
do Alasca de Baffin m

50
0m
Terra de
Baffin
Gde. Lago
do Escravo
Estr. de
Hu
d s on
Baía
0
de Hudson
30 Península
tas

Nelson do Labrador
ca
as
sta
sC
Co

L. Winnipeg
da
. da
ia
Ca
de

Terra Nova
Ca

G. do
Mis

L. Superior ço
L. Salgado ren São lourenço
s

ou
ou

D. Grande Bacia L. Huron L


Mte. Whitney S.
ri

Tr 4.418m
L. Michigan
óp
L. Ontário
ic
o
Ar
de
Colorado L. Erie
Planalto
0 ka
Câ P. Blanca
20 ns
nc do Colorado 4.373M
as Ohio
er
SA. MA

Planí l
cie Centra
DRE a Califórn

Pen. da
SA
G. d

Califórnia
.

I. Bermudas
OCID

Gra
M

Mississipi
AD

nde
R
EN

EO

Pen. de
TA

RIENTA

Flórida
o do México
L

Golf
ia

Is. Bahamas
Planalto
L

do México
0
10 Mte. Citlaltépetl
Popocatépel 5 700M
5 452M
Pen. do Grandes Antilhas
Iucatã

Mar das Antilhas Oceano


Atlântico
Pequenas
L. de Antilhas
Maracaibo
00 I. Trinidad
Orinoco
Equ
ad or

P.Neblina
Cotopaxi 6.768M Planalto
I. Galápagos 5.896M das Guianas
Neg I. de Marajó
Chimborazo
ro

Oceano
s
azona
6.272m Solimões R. Am
ós
aj

Planície Amazônica
p

I. Fernando

Pacífico
Ta
ra
ei

de Noronha
Uca

ad

ntins
M
yali

São Francisco
Toca

Ruascaram
6.768m
Planalto
Brasileiro
0
10
N
Altiplanos
Paraguai

O L
D. Atacama


ra
Pa

S
io
ricórn
Planície
Cap
Latina
de
i

pico
ua

3:28
Tró
ug
Ur

Mte. Aconcágua
Altitudes
R. da

7.000M
Prata

1.000 m
0
20 Colo
rado
500 m I. de Páscoa

Chubut
200 m
D. Patagônia

0m 0 357 km 714 km
I. Falkland

Oeste de Greenwich
Estr.0 de Magalhães Terra do Fogo I. Geórgia
0 0 0 0 0 0 0 0 0 do Sul 300 0 0 0
180 120 110 100 90 80 70 60 50 40 20 10 0

Capítulo 6 – A diversidade natural da América 201

CG_8ºano_06.indd 201 30/04/2018 09:43:28


201

ME_CG_8ºano_06.indd 201 16/05/2018 12:20:31


Leitura
complementar Conjuntos montanhosos
Dentre os grandes conjuntos montanhosos existentes nessa
porção, os maiores são os Montes Apalaches, conjunto alinhado
Geleiras dos Andes derretem de montanhas antigas, bastante desgastadas pela erosão e, por isso,
a ritmo mais rápido em 300 de baixa altitude. Apresentam-se recobertos por rochas sedimen-
tares, onde existem grandes jazidas de carvão mineral. Seu ponto
anos mais alto, 2.037 metros de altitude, localiza-se no Monte Mitchell,
nos Estados Unidos, cuja ampliação para o sudoeste forma o Pla-
nalto Cumberland. Já em direção ao noroeste, na altura dos Gran-
As geleiras na região dos Andes sofreram des Lagos, forma-se o Planalto da Península.
uma redução média de 30% a 50% desde a dé-

jo Crebbin/Shutterstock.com
cada de 1970 e estão diminuindo ao ritmo mais
rápido nos últimos 300 anos, afirma um estudo
divulgado na revista especializada Cryosphere.
Realizada pelo Laboratório de Glacio-
logia e Geofísica Ambiental de Grenoble, na
França, a pesquisa estudou dados de cerca de O comprimento das montanhas é de
aproximadamente 2.400 km e altitude
metade das geleiras da região andina, que for- média de 1.000 metros.

necem toneladas de água para milhões de pes- Na América do Sul, podemos destacar as serras do Mar e da Man-
tiqueira, que atingem 2.890 metros de altitude, além da Serra Geral.
soas na América do Sul.
Segundo a pesquisa, o derretimento se Baixas altitudes
deve a um aumento médio de temperatura de A porção de relevo com altitudes mais baixas dessa região está no
cerca de 0,7 ºC entre 1950 e 1994. extremo leste dos conjuntos montanhosos e de planaltos. Exemplo tí-
pico é a grande planície que se abre a leste dos Apalaches e se amplia
De acordo com a pesquisa, o degelo está em direção ao Oceano Atlântico e a longa planície litorânea brasileira.
ocorrendo em toda a região tropical dos An- Essas são as áreas mais povoadas do continente, nas quais fo-
des, mas tem sido mais acentuado nas peque- ram construídas grandes cidades, como Nova York, Washington,
Boston e Filadélfia, nos Estados Unidos; e Recife, Salvador e Rio
nas geleiras situadas a baixas altitudes. de Janeiro, no Brasil.
Geleiras situadas abaixo de 5.400 metros

Gustavo Frazao/Shutterstock.com
perderam cerca de 1,35 metro de espessura de
gelo por ano desde a década de 1970, o dobro
do índice das situadas a altitudes mais elevadas.

Escassez de água

“Como a espessura destas geleiras de bai- Assim como Rio de Janeiro e Nova York,
xa altitude raramente supera 40 metros, com Recife é uma cidade litorânea interligada
ao Oceano Atlântico.
tamanha perda anual elas provavelmente irão
desaparecer por completo nas próximas dé- 202 Capítulo 6 – A diversidade natural da América
cadas”, afirma Antoine Rabatel, do instituto
francês responsável pelo estudo.
Os pesquisadores disseram ter havido CG_8ºano_06.indd 202 30/04/2018 09:43:29 CG

pouca mudança no que diz respeito à quanti- lívia, também poderão enfrentar problemas. do desde o início do século XX, com poucas
dade de chuva na região ao longo das últimas “Geleiras respondem por até 15% do abaste- exceções. As geleiras do Himalaia que ainda
décadas e que, portanto, isso não poderia estar cimento de água de La Paz ao longo do ano. são relativamente pouco estudadas estariam,
por trás na redução das geleiras. E, na temporada seca, essa proporção sobe segundo indícios, acumulando massa, em vez
Se não ocorrerem mudanças na regularida- para 27%”, afirma Álvaro Soruco, do Insti- de estarem sofrendo degelo.
de das chuvas na região, esta poderá enfrentar es- tuto de Investigações Geológicas e Ambien- Cientistas afirmam que a geleira de Cha-
cassez de águas no futuro, afirmaram os cientistas. tais da Bolívia. O Painel Intergovernamental caltaya, na Bolívia, que costumava contar com
O vale do Rio Santa, no Peru, poderá ser sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na si- a mais elevada pista de esqui do mundo, já
o mais afetado; centenas de milhares de habi- gla em inglês) tem apontado para a impor- quase desapareceu.
tantes se valem das águas glaciais para o uso na tância das geleiras de montanhas como sensí-
agricultura, para o consumo doméstico e para veis indicadores da ocorrência de mudanças Disponível em: http://www.bbc.com/portuguese/
a energia hídrica. climáticas. noticias/2013/01/130123_geleira_andes_bg.shtml.
Grandes cidades, como La Paz, na Bo- Em todo o mundo, as geleiras têm recua- Adaptado. Acessado em: 11/06/2016.

202

ME_CG_8ºano_06.indd 202 16/05/2018 12:20:32


Sugestão de

Relevo da porção ocidental, ou oeste


abordagem
Nessa região, predominam grandes cadeias de montanhas re-
centes formadas por dobramentos, além de planaltos de altitudes Professor, faça com que os seus alunos
elevadas e, com menor presença, planícies.
compreendam a América como um todo. Mos-
Cadeias de montanhas por dobramentos recentes tre, por meio de mapas, que todo o território
São elevações jovens, de formação geológica recente, origina- americano pertence a um único continente.
das pela colisão de placas tectônicas.
Na América do Norte, o grande destaque é o gigantesco con-
junto montanhoso denominado Montanhas Rochosas, que se es-
tende do norte dos Estados Unidos ao sul do México e cujo ponto Anotações
mais alto é o Monte Mckinley (6.187 metros de altitude), nos Es-
tados Unidos.
bcampbell65/Shutterstock.com

O Monte Mckinley faz parte de um gru-


po restrito de sete cumes, cuja escalada é
bem mais complicada devido à altitude muito
elevada.

Regionalmente, esse vasto conjunto montanhoso recebe de-


nominações específicas: ao longo da costa do Oceano Pacífico, é
chamado de Cadeia da Costa; no Canadá e nos Estados Unidos,
Montanhas Rochosas.
Mais para o interior do continente, ergue-se a Cadeia da Cas-
cata, que se estende em direção ao sul com o nome de Serra Neva-
da. Seu prolongamento vai até o México, onde recebe os nomes de
Sierra Madre Ocidental e Sierra Madre Oriental.
Johnny Adolphson/Shutterstock.com

O Grand Canyon é um desfiladeiro íngreme esculpido pela natureza, no estado do Arizona, nos Estados Unidos.

Capítulo 6 – A diversidade natural da América 203

3:29 CG_8ºano_06.indd 203 30/04/2018 09:43:29

203

ME_CG_8ºano_06.indd 203 16/05/2018 12:20:32


Leitura
complementar Na América do Sul, o relevo formado por dobramentos mo-
dernos aparece na forma de uma extensa cadeia montanhosa que
começa na Colômbia e vai até o extremo sul do Chile: a Cordilhei-
Mudanças na Corrente do ra dos Andes. Seu processo de formação se deu por meio de gran-
des ações orogênicas na Era Cenozoica Terciária, quando a Placa
Golfo de Nazca colidiu com a Placa Sul-Americana. Seu ponto mais alto,
com 6.959 metros de altitude, está no Monte Aconcágua, no Chile,
Em 2005, depois de cinquenta anos de ob- próximo à fronteira com a Argentina.
servação, pesquisadores do Centro Nacional de

Hugo Brizard - YouGoPhoto


Oceanografia da Grã-Bretanha concluíram que
as correntes derivadas da Corrente do Golfo es-
tão enfraquecendo.

A Corrente do Golfo se origina no Mar das


Antilhas e, ao se dirigir para latitudes mais altas,
divide-se. Um ramo chega ao nordeste da Euro-
O Aconcágua está localizado na Cordi-
pa, aquecendo a atmosfera e o continente. A ou- lheira dos Andes, e está situado a 112 qui-
lômetros de sua capital, a cidade de Mendoza.
tra parte da corrente retorna pelo Atlântico.
Quando alcança a Islândia e a Groenlân- Por ser um relevo de formação jovem, está sujeito a instabilida-
des geológicas. Assim, é comum a existência de terremotos e vulcões
dia, a água já esfriou, tornando-se mais densa em atividade, gerando medo e insegurança, mas também servindo
e indo para as regiões mais profundas do ocea- como atração turística e de produção de energia geotérmica.
no. Em profundidade, a água fria forma a cor-
Pequenas planícies e elevados altiplanos
rente de retorno, que se dirige para o sul. A
Nessa porção do relevo americano, as planícies se encontram
partir daí, o ciclo se repete. entre as grandes cadeias de montanhas e o Oceano Pacífico. Houve,
Os cientistas constataram mudanças na nessas planícies, o desenvolvimento de grandiosas cidades, princi-
corrente nos últimos cinquenta anos. A corren- palmente na América do Norte, onde aglomerados urbanos evo-
luíram entre a Cadeia da Costa e o Pacífico, como Vancouver, no
te fria de profundidade está perdendo intensi- Canadá, e San Diego, nos Estados Unidos.
dade. Esse fenômeno pode estar ocorrendo em

Andrew Zarivny/Shutterstock.com
função de variações naturais ou por causas an-
tropogênicas, ou seja, provocadas pelo homem.
O fato é que provocará mudanças na costa oes-
te da Europa nas próximas décadas.
O motor que impele a Corrente do Gol-
fo está enfraquecendo e desacelerando o mo-
vimento circular das águas. Esse fluxo é manti- Com a sua localização no Círculo do
do e impulsionado por um redemoinho que se Pacífico, Vancouver é um dos maiores
centros industriais do país.
forma pela mistura de água gelada provenien-
te do Ártico com água quente trazida de áreas 204 Capítulo 6 – A diversidade natural da América
tropicais.

Fonte: TERRA, Lygia; ARAUJO, Regina; CG_8ºano_06.indd 204 30/04/2018 09:43:29

GUIMARÃES, Raul Borges. Conexões: estudos de Anotações


Geografia Geral e do Brasil. São Paulo: Moderna, 2008.

C
204

ME_CG_8ºano_06.indd 204 16/05/2018 12:20:33


oP

nte da G
ol a

rti
co
Baía de
Baffin

r oe
nl
nd
Oceano

â
Co ia

rr
Pacífico
Baía de

en
Hudson

t ed
o Lab
a
Na América do Sul, as planícies são bastante estreitas e, por

ente da Califórni

ra
vezes, desaparecem em virtude do alongamento dos Andes, que do
co
r
chegam até o Oceano Pacífico. A maioria dessas planícies apresentado Méxi
Tr

ic
óp

o
de

o Go l f o
climas áridos, principalmente no litoral do Peru e do Chile,
nc
er
e d como
nt
consequência da passagem da corrente marítima fria de Humboldt,

rr e
Co
que não permite a penetração de massas de ar úmidas no litoral.
orr
Como decorrênciaC desses fenômenos naturais, é bastante escasso o Cor do México
rent Go
lfo
e Norte-
povoamento dessas regiões. Equatorial

0 375 km 750 km
Mar das Antilhas

Equ
ador

O L

S
nio
i cór
apr
dt

eC
od
ol

pic
ró b
um
T
Corre
nte de H
Corrente marítima Oceano
Atlântico
Quente
das Falklan
Corrente ds
Fria

Um relevo bastante singular aparece onde a Cordilheira dos


Andes apresenta dois alinhamentos afastados. Os Andes Orientais
e os Andes Ocidentais são os vales e planaltos bolivianos e perua-
nos, vastas áreas planas com altitudes em torno de 4.000 metros,
que outrora assistiram ao nascimento do povo inca e, atualmente,
apresentam algumas áreas intensamente povoadas.
Vadim Petrakov/Shutterstock.com

3:29

O altiplano é um mosaico de paisagens e culturas.

Capítulo 6 – A diversidade natural da América 205

CG_8ºano_06.indd 205 30/04/2018 09:43:29


205

ME_CG_8ºano_06.indd 205 16/05/2018 12:20:33


Anotações
Planaltos elevados
São áreas de altitudes mais baixas que as das grandes cadeias de
montanhas. Na América do Norte, destacam-se os planaltos de Co-
lúmbia e do Colorado. Neste último se localiza o Grand Canyon, for-
mado pela ação erosiva do Rio Colorado e da Grande Bacia, na qual se
encontra a grande depressão do Vale da Morte e o Grande Lago Salga-
do. Todos apresentam altitudes que variam de 1.600 a 3.000 metros.

Martina Roth/Shutterstock.com
1

Leitura
complementar

Galyna Andrushko/Shutterstock.com
2

Cientistas escavam cratera


formada por asteroide que
“dizimou dinossauros”
1 – Vale da morte e 2 – Grand Canyon.
Famosos parques nacionais que, por se-
rem esculpidos pela natureza, são a atração de
visitantes o ano inteiro.
Uma expedição deu a largada para explorar
A barreira orográfica da Serra Nevada impede a penetração de
uma cratera no Golfo do México que traz pistas ventos úmidos vindos do litoral nessas regiões. A aridez do clima,
sobre o fenômeno que dizimou os dinossauros. muito forte, origina vastas áreas desérticas, como os desertos do
Com 100 km de comprimento e 30 km de Colorado e do Arizona. Esse fato está diretamente associado às pe-
quenas densidades demográficas regionais.
largura, a cratera de Chicxulub se formou há 66

welcomia/Shutterstock.com
milhões de anos, pela ação de um asteroide. Geografia em cena
Hoje, as principais partes dessa enorme
Com índices pluvio-
cicatriz na superfície da Terra estão enterradas métricos de aproximada-
no fundo do mar, sob uma camada de 600 me- mente 40 cm de chuva ao
tros de sedimentos oceânicos. ano, o Arizona (estado do
cobre) é um dos 50 estados
Os cientistas acreditam que acessar as ro- caracterizado pela presença
O território do estado do Arizona é, em grande parte, árido e semi-desértico e tem uma grande
variedade de paisagens.
chas por meio de perfurações pode revelar do deserto. Todavia, apesar
No México, destacam-se os planaltos elevados, entre as Sierras
mais informações sobre a escala do impacto e das dificuldades pluvio-
Madre Ocidental e Oriental, cujos principais compartimentos são
métricas, possui uma das
a catástrofe ambiental que se seguiu. maiores taxas de crescimen-
o Planalto de Chihuahua, ao norte, e o Planalto de Anahuac, ao sul.
Essas regiões são densamente povoadas. Foram nelas que se desen-
O alvo preferencial do estudo são os cha- to populacional do país.
volveu a civilização asteca.
mados “anéis de pico”, formações típicas de
grandes crateras de impacto, criadas pela ele- 206 Capítulo 6 – A diversidade natural da América
vação do solo após as colisões.
A Chicxulub é a única estrutura com anéis
de pico intactos no Planeta. As outras estão lo- CG_8ºano_06.indd 206 30/04/2018 09:43:30

calizadas em outros planetas ou se erodiram. tal de energia no impacto, e o volume total de Como o asteroide atingiu uma área que
Sondagens da área abaixo do leito do rochas que foi escavado e lançado na estratos- era um mar raso, é provável que a cratera cria-
oceano mostram que o anel lembra uma ca- fera para causar o dano ambiental.” da tenha rapidamente se enchido de água.
deia de montanhas em forma de arco. O cataclismo registrado ao final do Pe- Essa água pode ter se infiltrado pelas ro-
ríodo Cretáceo dizimou muitas espécies, não chas quentes e fraturadas, liberando compos-
Em busca de pistas apenas os dinossauros. Todo o material lança- tos químicos que poderiam ter sustentado mi-
do na atmosfera teria escurecido o céu e con- cro-organismos. Condições semelhantes são
“Queremos saber a origem das rochas que gelado o Planeta por meses. observadas hoje ao longo da fossa que atraves-
formaram esse anel de pico”, diz Joanna Mor- Mas, mesmo tendo acabado com boa par- sa o centro do oceano Atlântico.
gan, do Imperial College de Londres, uma das te da vida no Planeta, o episódio abriu oportu-
coordenadoras do estudo. “Saber isso ajudará nidades para as espécies que sobreviveram. Os Disponível em: http://www.bbc.com/portuguese/
a entender como grandes crateras são forma- pesquisadores querem saber se a região do im- noticias/2016/04/160406_cratera_dinossauros_tg.
das, e como é importante poder estimar o to- pacto se tornou uma espécie de berço de vida. Acessado em: 27/02/2018.

C
206

ME_CG_8ºano_06.indd 206 16/05/2018 12:20:34


Relevo da porção central
Nessa porção do relevo americano, surgem vastas áreas de
planícies. Elas são formadas por deposição de sedimentos trans-
portados pelos diversos rios — que, em épocas geológicas antigas,
atravessaram a região —, bem como pelo trabalho de desgaste e de-
posição de sedimentos das geleiras antigas.
Na América do Norte,

rsooll/Shutterstock.com
essa área, que recebe o nome de
Planície Central, ocupa uma
vasta extensão: do norte do
Canadá até o Golfo do Méxi-
co. Destacam-se, nessa região:

A Planície Canadense,
que encontra a Baía de
Hudson, unindo-se ao sul
com a Planície dos Gran-
des Lagos.
A Planície do São Lou-
renço, drenada pelo rio de
mesmo nome.
A Planície do Missis-
sipi, que se alarga ao sul,
onde é chamada de Planí-
cie do Golfo.

Campo agrícola em Montana, Estados


Geografia em cena Unidos.

A região dos Grandes Lagos se destaca pela maior junção de


água doce do Planeta, com mais de 216 km2 entre o Canadá e os Es-
tados Unidos. São eles: Superior, Michigan, Huron, Erie e Ontário.

Essas áreas de planícies, em virtude da grande deposição de se-


dimentos, têm elevada fertilidade e são largamente utilizadas para a
agropecuária, tanto nos Estados Unidos quanto no Canadá.
Na América do Sul, citamos a Planície Amazônica, Planície do Pan-
3:30
tanal e dos Pampas, no Brasil; a Planície do Orinoco, entre a Colômbia
e Venezuela; a Planície do Chaco, no Paraguai; e a Planície Platina, entre
Argentina, Uruguai e Brasil. São áreas com baixa densidade demográfica,
e algumas são utilizadas para a prática da pecuária extensiva.
É importante destacar que a espacialização do relevo america-
no interfere sobremaneira na distribuição populacional, fazendo
com que as áreas menos elevadas apresentem uma densidade po-
pulacional maior do que as áreas de grandes cadeias montanhosas,
como mostra o mapa a seguir.

Capítulo 6 – A diversidade natural da América 207

CG_8ºano_06.indd 207 30/04/2018 09:43:31


207

ME_CG_8ºano_06.indd 207 16/05/2018 12:20:35


Distribuição da população no continente americano

O L

Juneau

Vancouver

Montreal
Ottawa
Boston
San Francisco Detroit
Nova York
Chicago Filadélfia
Pittsburgh
Washington
Oceano
Saint Louis
Los Angeles Norfolk
Memphis

Atlântico
Atlanta
Dallas Nova Orleans
Tróp
ic o de
Cânce
r Houston Miami
Havana

São Domingos
Cidade do México San Juan
Kingston
Belmopan Porto
Príncipe
Cidade de Guatemala Tegucigalpa
São Salvador Manágua Porto de Espanha
Caracas Georgetown
São José Medellín
Paramaribo
Cidade
do Panamá Bogotá

Quito

Recife

Oceano
Lima
Pacífico
Capitais
Brasília
Cidades principais La Paz

Densidade demográfica
Trópico de Capri Rio de Janeiro
córnio
2
(habitantes por km )

Menos de 1 Assunción São Paulo

1 a 10
10 a 50 Santiago Montevidéu

50 a 100 Buenos Aires

100 a 200
Mais de 200

0 357 km 714 km

Conforme retratado no mapa, o continente americano contrasta grandes vazios demográficos e áreas de intensa concentração populacional, justifi-
cada pelas condições naturais e por razões históricas e econômicas.

208 Capítulo 6 – A diversidade natural da América

CG_8ºano_06.indd 208 30/04/2018 09:43:31 C


208

ME_CG_8ºano_06.indd 208 16/05/2018 12:20:35


Cenário 3

Rede hidrográfica
da América
Águas americanas
Em virtude de suas características ambientais, sobretudo o clima
variado e a disposição do relevo, o continente americano possui uma
vasta rede hidrográfica. A maioria dos rios foi intensamente utilizada
ao longo da construção do espaço geográfico do continente.
Dividimos a rede hidrográfica da América em quatro verten-
tes: a vertente do Ártico, a vertente do Pacífico, a vertente do
Golfo do México e a vertente do Atlântico. Essa classificação é
feita levando-se em consideração as áreas elevadas e que se consti-
tuem em dispersores de água, onde nascem diversos rios.

Vertente do Ártico Geografia em cena

Tipicamente canadense, essa vertente tem como representan- O rio Mackenzie nasce
te principal o Rio Mackenzie (4.100 km de extensão). Ele possui no centro-leste da Colúm-
uma grande importância econômica, pois é intensamente utilizado bia Britânica, no Canadá.
como via de transporte para as toras de madeira extraídas das flo- Considerado a maior bacia
restas boreais. hidrográfica do Canadá, ele
Os rios que fazem parte dessa vertente, em virtude do clima foi descoberto no ano de
muito frio, permanecem congelados durante grande parte do ano, 1789 pelo explorador Ale-
fato que limita a sua navegação aos meses de primavera e verão. xander Mackenzie.

Vertente do Pacífico
Anton Foltin/Shutterstock.com

Na América do Norte, destaca-se o Rio Colorado. Ele apre-


senta 2.800 km de extensão desde a sua nascente, nas Montanhas
Rochosas dos Estados Unidos, até a sua foz, no Golfo da Califór-
nia, no México. Responsável pela modelagem do Grand Canyon,
é pouco utilizado para navegação em virtude da irregularidade do
seu leito. No entanto, é aproveitado intensamente para a irrigação e
geração de hidroeletricidade.
Já na América do Sul, devido à elevada inclinação do relevo e
à inexistência de grandes planícies, os rios possuem pequena ex-
tensão. Os principais exemplos são os rios San Juan, na Colôm-
Trecho do Rio Colorado, no Arizona (Es-
bia; Guayas e Babahoyo, no Equador; Biobío, no Chile; e Majes, tados Unidos), que nasce nas Montanhas
no Peru. Rochosas e deságua no Oceano Pacífico.

Capítulo 6 – A diversidade natural da América 209

:31 CG_8ºano_06.indd 209 30/04/2018 09:43:31


209

ME_CG_8ºano_06.indd 209 16/05/2018 12:20:36


As vertentes da América
0 0 0
0 60 70 80

CÍRC
50

UL O
PO
Yukon
0

LA
40

R
ÁR
Oceano

TI
N

C
O
O L Glacial
S Ártico
0
30

ço
en
ur
Lo
S.

0
20

er
10
0
Trópico de Cânc

Oceano
0
0
Atlântico
Equa
dor

Oceano
Pacífico
0
10

Vertente do Ártico

i
ua
Vertente do Atlântico

ug
Ur
R. da
Vertente do Golfo do México

Prata
Colo
Vertente do Pacífico rado

Chubut

0 510 km 1.020 km

Estr.0 de Magalhães
1800 1200 1100 1000 900 80 70 0
600 500 400 300 200 100 00

Vertente do Golfo do México


Essa vertente é constituída por uma diversidade de rios. Os
rios Missouri, Ohio, Illinois, Arkansas, Vermelho e Wisconsin pos-
suem suas nascentes nas montanhas rochosas a oeste, ou nos Mon- CG

tes Apalaches, e descem dessas áreas elevadas drenando a grande


Planície Central dos Estados Unidos para formar o maior rio da
América do Norte, o Mississipi, que deságua no Golfo do México.
O Rio Mississipi foi muito importante na ocupação territorial
da região central dos Estados Unidos, principalmente por ser um
rio de planície e servir como via de circulação e transporte de pro-
dutos agrícolas entre o interior e os portos localizados no Golfo do
México e na cidade de Nova Orleans, na Louisiana.

210 Capítulo 6 – A diversidade natural da América

CG_8ºano_06.indd 210 30/04/2018 09:43:31


210

ME_CG_8ºano_06.indd 210 16/05/2018 12:20:37


Diálogo com o
professor

donvictorio/Shutterstock.com
Explique aos alunos que a colonização da
América pelos europeus resultou da procura de
uma rota marítima para as Índias, local onde
O rio Mississipi nasce no estado de
Minnnessota e deságua no Golfo do Mé- se achava a fonte da seda e das especiarias, pro-
xico. Possui a a terceira maior bacia hidrográfi-
ca do mundo, e é superado, em tamanho, pelas
bacias do Amazonas e do Congo.
dutos que tinham um grande valor comercial
no Velho Continente, ou Velho Mundo. Nes-
Vertente do Atlântico sa busca, no entanto, ao navegarem para oes-
Nessa região, os rios têm extensões relativamente grandes e são te, acabaram chegando ao que ficou conhecido
bastante aproveitados para geração de energia, transporte e irrigação. como o Novo Mundo.
Na América do Norte, o principal representante é o Rio São
Lourenço, situado na fronteira entre o Canadá e os Estados Uni-
dos. Esse rio foi de suma importância por se constituir em via de Anotações
penetração da civilização desses dois países para o interior e os
Grandes Lagos. Via de transporte de pessoas, minérios e produtos
agropecuários e industriais, o São Lourenço se tornou rota de inte-
gração e desenvolvimento econômico e foi o principal motor para
o surgimento de diversas cidades importantes. Entre elas, Que-
bec, Toronto, Montreal e Ottawa, no Canadá; e Detroit, Buffalo,
Milwaukee e Chicago, nos Estados Unidos. Para que esse desen-
volvimento fosse possível, o governo dos dois países investiu pe-
sadamente em obras de infraestrutura para a criação de uma vasta
hidrovia lacustre, fluvial e marítima.
Na América do Sul, grande parte dos rios é utilizada para ge-
ração de hidroeletricidade. Desse grupo, podemos destacar o São
Francisco e o Paraná. Outros, por serem de planície, pela dificulda-
de de acesso ou pela forte inclinação, ainda são pouco aproveitados.
Dentre eles, o Parnaíba, o Amazonas, o Paraguai e o Uruguai, no
Brasil; o Orinoco, na Venezuela; e o Salado-Colorado, na Argen-
tina. Todos esses rios são usados para pesca, irrigação e navegação.
Vladimir Melnik/Shutterstock.com

Vista aérea do Rio Orinoco na vertente


do Atlântico da América do Sul. Nasce
nas terras altas a oeste da Venezuela.

Capítulo 6 – A diversidade natural da América 211

CG_8ºano_06.indd 211 30/04/2018 09:43:32

:31
211

ME_CG_8ºano_06.indd 211 16/05/2018 12:20:37


Cenário 4

Diversidade
climatológica e
botânica
O alongamento
territorial em sentido
norte-sul
Essa característica do território americano faz com que, a par-
tir da Linha do Equador, em direção aos polos, desenvolvam-se cli-
mas em que as temperaturas são cada vez menores.
Pois, entre latitude e temperatura, há uma relação inversa: quan-
to maior a latitude, menor a temperatura, e vice-versa. Isso ocorre por
causa da curvatura da Terra, que implica uma menor perpendicula-
ridade no toque da luz solar sobre o solo, à medida que nos afastamos
do Equador, e pela maior reflexão da luz próximo aos polos, em virtu-
de da ampliação da superfície branca (gelo, neve, icebergs, etc.). Assim,
sucedem-se climas tropicais, temperados e o glacial.

Diversidade de altitudes e
disposição do relevo
Lembremos, em primeiro lugar, que altitude é a distância em
metros de qualquer ponto da superfície da Terra em relação ao nível
médio dos oceanos. Em condições ambientais normais, a tempe-
ratura diminui, em média, 1 ºC para cada 180 metros de altitude.

Influência do relevo no clima.


Fonte: Atkinson, B. W. e Gadd, Alan. O Tempo. p. 32.

212 Capítulo 6 – A diversidade natural da América

CG_8ºano_06.indd 212 30/04/2018 09:43:32 C


212

ME_CG_8ºano_06.indd 212 16/05/2018 12:20:38


Em todo o continente americano, há presença abundante de
elevadas cadeias de montanhas. Na América do Norte — no topo
de cadeias montanhosas, como as Montanhas Rochosas e os Mon-
tes Apalaches — e na América do Sul — na Cordilheira dos Andes
—, é eterna a cobertura branca criada pela neve e por geleiras em
razão de temperaturas bem abaixo de 0 ºC.
Essas elevações montanhosas servem como uma barreira que
impede a passagem dos ventos úmidos vindos do oceano, o que dimi-
nui a umidade em áreas internas de diversas porções do continente.
Na porção oriental do relevo americano, não se constatam
grandes barreiras que impeçam a penetração do ar úmido vindo
do Atlântico, o que formaria grandes manchas desérticas; apenas o
Planalto da Borborema constitui-se um obstáculo orográfico que
cria uma mancha semiárida no Sertão do Brasil.

3.000 m Escarpa
Planaltos e Planalto da
chapadas da (ex-serra) Tabuleiros
do Ibiapaba Borborema
2.000 m bacia do rio litorâneos
Parnaíba Depressão Oceano
Rio Parnaíba Sertaneja Atlântico
1.000 m

0m
O Nordeste possui quase 1,5 mil km de extensão territorial. A figura acima apresenta o relevo da região, com destaque para os dois planaltos (o da
bacia do Parnaíba e o da Borborema) cercando a Depressão Sertaneja (Planalto Nordestino).
Vitoriano Júnior

Os períodos de longa estiagem no Nor-


deste são causados, em parte, por obstá-
culos orográficos que impedem a chegada das
chuvas.

Na porção oeste dos Estados Unidos, porém, a Serra Nevada


impede a passagem dos ventos úmidos vindos do Pacífico, criando
concentração de chuvas nas vertentes ocidentais e uma vasta área
desértica no interior do continente, o Deserto da Grande Bacia.
Ao longo da superfície terrestre, podem ser criados canais por onde
as massas de ar se deslocam levando suas características meteorológicas
para áreas distantes da sua origem. Esse fato pode ser constatado na
América do Norte, a partir da penetração de massas de ar frias vindas
do polo e que se deslocam durante o inverno pelo vasto canal criado pe-
las Planícies Centrais, região rebaixada localizada entre as Montanhas
Rochosas, os planaltos e as montanhas antigas da porção leste.

Capítulo 6 – A diversidade natural da América 213

:32 CG_8ºano_06.indd 213 30/04/2018 09:43:33


213

ME_CG_8ºano_06.indd 213 16/05/2018 12:20:38


América do Norte: mapa físico

0 396 km 792 km
140º 160º 180º 160º 140º

Oceano Glacial Ártico


Gr
oe
n
m lâ
Ba 2.
ía
n
00
de 0
Ba
Gunnbjorns

di 1.000 m
ffin
3.700 m
Ilha Vitória

a
Ásia

g
rin
Be

Ma
Círculo Polar Ártico Terra

cke
e
n
Grande Lago
ko
Yu
d de Baffin

nzie
tr. do Urso Islândia
Es Logan
McKinley
Estr.
6.050 m de
6.194 m Grande lago Hu 50
do Escravo dson 0m
60º Baía de

Ca d

Mon
Golfo Hudson

eia
do Alasca L. Athabasca
n
so
el

da C o
N

tan
Pen. do
Alasca Península

sta
Europa

h
do Labrador

as
Terra Nova
Oceano
s

Ro
ata
L. Superior G. do
as C ta

ço
asc
São Lourenço
n

Pacífico
os

ch
re
M ou
aC

L
L. Huron

S.
osa

ss
.d

is
L. Michigan
Cadeia d

s
L. Ontário
Ca

ipi

s
is
L. Salgado

so

he
s

uri
L.Eriê Long Island
40º

lac
Grande Bacia
Ark
do Blanca an
Whitney ra

a
lo 4.372 m s
Co

sa

Ap
4.448 m

Planalto do

Oceano
l
Colorado
Pl tr a

i
an

Mississip
íc n
ie Ce
Serra M

Atlântico
G

Se
G.

ra

rra M
nd

a
da

d
e
ad

Pen. da
Ca

re

México
re

o
Pen. da Flórida

lfo d
lifó

Planalto
O

Go
rn

ci

Califórnia do
rienta
ia

de

México
Trópico de Câncer
nt
al

N
l

20º
Pen. do

O L
Iucatã
Is. Revillagigedo Popocatepetl
5.452 m Citlaltepetl (Orizaba)
5.700 m

Fonte: Atlas Geográfico Escolar. 6. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. p.36.

Essas massas de ar provocam diminuição da temperatura, que-


da de neve e congelamento de alguns lagos e rios, chegando, nos
invernos mais rigorosos, a alcançar o Golfo do México.

Ação das correntes marinhas


Como já sabemos, as correntes marítimas são como rios de
água salgada que circulam pelos oceanos que, de acordo com as suas
características, modificam a temperatura e a umidade dos lugares
por onde passam.
As correntes quentes se originam nas áreas próximas à Linha
do Equador e se deslocam em direção aos polos. Por onde passam,
aquecem e fornecem umidade para as áreas litorâneas e, em certos
casos, possibilitam atividades em regiões que, sem elas, seriam gela-
das. Por exemplo, a corrente quente do Golfo do México transpor-
ta o seu calor até o litoral da Flórida e do Golfo do México.
As correntes frias, por seu turno, deslocam-se dos polos em dire-
ção à Linha do Equador, acarretando resfriamento do ar e diminuição
da temperatura próximo aos litorais. Isso acarreta a condensação das
massas de ar quente e úmido e a formação de nuvens pesadas, precipi-
tação e neblinas sobre o oceano. Ao penetrarem pelo continente, estão
totalmente secas, o que provoca a formação de regiões desérticas.

214 Capítulo 6 – A diversidade natural da América

CG_8ºano_06.indd 214 30/04/2018 09:43:33 C


214

ME_CG_8ºano_06.indd 214 16/05/2018 12:20:39


Correntes marinhas da América

Cor
Círc
0 595 km 1.190 km

ulo
Po

rente d
lar
Á
rti
co
Co
rr e

aG
Oceano nt
en

ro
e
Pacífico lân

do
di a

Labrador
te da Califórnia

c o
éxi
o do M
Golf
do
te

cer
r en

Cân
ren

Cor o de
Trópic
Co
Cor

en
rr te
Norte-E atorial
qu
Corren l
te ia
No a tor Corr
ent
r te-Equ e S
ul

Linha do Equador
-E

ial ua
tor
q

to r
ua ial
q
l-E
Su

e Corrente marítima
nt
Corre
Brasil

Quente

te d
o

Fria
en
rnio
ldt

icó
rr

r
Co

p
bo

Ca Cor m
de rente de Hu
ico
ó p
Tr
N
Oceano
Atlântico
O L
nte das Falklands
S Corre

Esse fenômeno é típico da costa do Pacífico. Nessa região, a


corrente fria da Califórnia é fundamental para a existência dos de-
sertos de Sonora e do Colorado, na América do Norte. Já a Corren-
te de Humboldt esfria a costa oeste da América do Sul, impedindo
que a umidade vinda do Oceano Pacífico atinja o litoral peruano,
contribuindo para a aridez do Deserto do Atacama.
Adwo/Shutterstock.com

O terreno equivalente à região do Ataca-


ma, é bastante diversificado, variando de
altitudes quase ao nível do mar, até 6.885 me-
tros, como no caso do vulcão Ojos del Salado.

Capítulo 6 – A diversidade natural da América 215

:33 CG_8ºano_06.indd 215 30/04/2018 09:43:33


215

ME_CG_8ºano_06.indd 215 16/05/2018 12:20:39


Anotações
Existem correntes marinhas cuja temperatura é semelhante à das
áreas pelas quais passam. Nesse caso, não provocam alterações no cli-
ma regional, quando muito intensas, aprofundam as características
da temperatura existente. Nesse contexto, está incluída a corrente fria
do Labrador, que vem do Ártico e congela o porto de Nova York du-
rante o inverno, e as correntes quentes das Guianas e do Brasil.

photosounds/Shutterstock.com
Leitura
complementar
Rio de Hudson, em Nova York, congela-
do no inverno, devido à chegada da cor-
rente fria polar que vem do Ártico.

Proximidade e distância
A natureza é formada por do mar (maritimidade e
continentalidade)
um conjunto de elementos
O mar e a terra se aquecem de forma desigual. As águas se
interdependentes aquecem e se resfriam mais lentamente que a superfície sólida.
As áreas afastadas dos oceanos sofrem o efeito da continenta-
lidade, isto é, absorvem e perdem calor muito rapidamente, sofren-
Todos os elementos naturais — clima, ve- do grande variação de temperatura.
getação, solo, hidrografia, relevo, estrutura geo- Já as áreas próximas ao oceano possuem temperaturas menos
lógica, fauna — apresentam entre si uma rela- contrastantes, aquecem-se e se resfriam mais lentamente. É o fenô-
meno chamado de maritimidade.
ção de interdependência, ou seja, um depende Por esse motivo, áreas centrais do continente americano apre-
do outro. Combinam-se entre si, num lugar e sentam verões muito quentes e invernos muito frios.
numa região assim como em todo o globo terres-
Formações vegetais
tre, formando uma estrutura espacial. Se ocor-
rer modificação em um deles, todo o conjunto Podemos dizer que a vegetação é o espelho do clima. A dis-
tribuição de características das vegetações originais depende do
será alterado, surgindo, então, entre eles, uma
clima de cada região. As formações vegetais, por sua vez, também
nova combinação. As forças naturais, como, por influenciam algumas das características climáticas regionais, prin-
exemplo, o terremoto, a ação erosiva das águas, cipalmente no que diz respeito à umidade, pois a evapotranspira-
ção libera para a atmosfera o vapor que torna o clima mais úmido,
causam modificações nas combinações. provocando as chuvas.
Entretanto, os maiores responsáveis pe-
las modificações das combinações entre os ele- 216 Capítulo 6 – A diversidade natural da América
mentos naturais têm sido as sociedades hu-
manas, que, como sabemos, interpretam a
natureza como fonte de lucro, e não como fon- CG_8ºano_06.indd 216 30/04/2018 09:43:34

te de vida. No decorrer da História, a natureza cesso transpiração-evaporação e chuva e, conse- das e pelo vento. Estes, por sua vez, transpor-
foi explorada impiedosamente, sem a preocu- quentemente, a quantidade de chuva se altera, tam os detritos, ou sedimentos, para as partes
pação com o equilíbrio que nela existe entre to- modificando não só o clima local, mas também mais baixas do relevo, como, por exemplo,
dos os seus elementos — o equilíbrio ecológico. repercutindo em todo o Planeta. um vale ou um rio, provocando o seu entu-
Um exemplo bastante esclarecedor é o do Atente para o seguinte: o desmatamen- lhamento ou assoreamento.
desmatamento. Sabe-se que os vegetais retiram to não irá alterar somente o clima, provocará Perceba, então, que, a partir da modifica-
água do solo pelas raízes e realizam a transpira- também alterações em outros elementos na- ção de um dos elementos naturais, ocorre alte-
ção pelas folhas. Pela transpiração e pela evapo- turais. Os animais, tendo o seu hábitat modi- ração de todo o conjunto, podendo-se assim
ração causada pelo vento ou pelo calor, o vapor ficado ou destruído pelo desmatamento, des- dizer que há rompimento da estrutura espa-
de água sobe à atmosfera, onde fica em suspen- locam-se ou migram em busca de outro lugar, cial ou do equilíbrio climático e ecológico.
são. O vapor de água forma as nuvens; e estas, as sem contar com aqueles que morrem. O solo
chuvas. Se ocorrer um desmatamento num cer- e as rochas, sem a cobertura vegetal, tornam- Fonte: ADAS, Melhem. Geografia do mundo
to lugar ou numa área, tal fato romperá o pro- -se mais facilmente erodidos pelas enxurra- subdesenvolvido. São Paulo: Moderna, 2003.

C
216

ME_CG_8ºano_06.indd 216 16/05/2018 12:20:40


Egon Zitter/Shutterstock.com
Devido à proximidade da Linha do
Equador, o clima na floresta Amazôni-
ca é equatorial, quente e úmido, com chuvas
abundantes.

Ação antrópica
Os seres humanos são os principais responsáveis pela condição
climática atual. Quando atuam na preservação das grandes áreas
florestais e de mananciais e praticam o desenvolvimento sustentá-
vel, os seres humanos intervêm na estabilização e manutenção da
atmosfera. Por outro lado, ao atuarem de forma predatória, derru-
bando grandes trechos de florestas primitivas, poluindo rios, etc.,
contribuem para ampliar o aquecimento global e produzir graves
alterações climáticas.
No continente americano, ao longo do processo de construção
do espaço geográfico, a natureza foi sendo devastada. Florestas de-
sapareceram na América do Norte para dar lugar a cidades e fábri-
cas que poluem o meio ambiente. Na América do Sul, caminhou-se
no mesmo sentido, contudo, ainda restam alguns santuários natu-
rais, como a Amazônia.
guentermanaus/Shutterstock.com

3:34

Desde 1970, o corte de árvores na Ama-


zônia já desmatou milhares de hectares
de terras. Nos dias atuais, as regiões Sudeste e
Nordeste sofrem uma diminuição do regime de
chuvas provocada pelo desmatamento.

Capítulo 6 – A diversidade natural da América 217

CG_8ºano_06.indd 217 30/04/2018 09:43:34


217

ME_CG_8ºano_06.indd 217 16/05/2018 12:20:40


Anotações
Cenário 5

Geografia em cena
As condições
Vale da Morte,
ao lugar que climáticas na
especialistas
dizem ser o mais América
quente de nosso A diversidade dos tipos climáticos do continente americano
planeta corresponde à combinação de uma série de fatores que condicio-
nam a temperatura, a distribuição das precipitações, a pressão at-
[...] Habitado há, apro-
mosférica e a umidade dos ventos.
ximadamente, mil anos pela
A temperatura média do continente diminui de forma pro-
tribo dos Timbisha, o Vale
Leitura gressiva desde o Equador (onde os raios solares incidem diretamen-
da Morte ganhou o nome
complementar dos aventureiros que se atre-
veram a cruzá-lo no início
te duas vezes no ano) até os polos. Devido à latitude, a América
apresenta três grandes zonas climáticas: a zona quente, formada
pela zona intertropical; a zona temperada, nas latitudes médias
do século XIX, atraídos pela
dos dois hemisférios, e a zona fria, faixa que se estende desde os
A primavera virou verão na corrida de ouro.
Em 1994, o local foi
60° de latitude norte e sul até os polos. Além disso, outros fatores
América do Norte declarado parque nacional.
colaboram para dar lugar a climas quentes, temperados e frios em
diferentes latitudes.
Atualmente, cerca de 1 mi-
A proximidade do mar beneficia as zonas costeiras, pois os
lhão de pessoas visitam o
O clima está estranho nos Estados Uni- oceanos atuam moderando a temperatura e reduzindo a amplitude
Vale da Morte a cada ano
térmica (diferença entre a temperatura máxima e a mínima) dos
dos e no Canadá, incluindo o Ártico. O inver- para desfrutar de sua espeta-
climas oceânicos. A distância do mar (continentalidade) provoca
cular paisagem desértica. [...]
no está mais ameno do que o normal. E a pri- oscilações mais acentuadas na temperatura média anual, e, em con-

Siba’s/Shutterstock.com
mavera está com temperaturas de verão. Um sequência, climas de grande amplitude térmica, como o rigoroso
frio continental da América do Norte.
levantamento feito pela Nasa, agência espacial A altitude é outro fator que influi na temperatura: quanto
americana, mostra a dimensão da anomalia. maior a altitude, menor é a temperatura. À medida que a altitu-
de aumenta 180 metros, diminui-se aproximadamente 1 grau. Em
Em dois terços dos Estados Unidos e nas
consequência disso, toda a cordilheira andina apresenta um esca-
províncias de Manitoba, Quebec e Ontário, no lonamento de temperatura, sendo esta muito baixa nas zonas que
Canadá, a temperatura média ficou 10o acima se encontram em grande altitude, independentemente da latitude.
As correntes marinhas quentes, que se originam nas águas
do considerado normal para a primavera. Um equatoriais (corrente do Brasil e do Golfo), suavizam a tempera-
calor anormal também marcou a primavera ao No Vale da Morte, leste da Califór- tura da costa por onde percorrem, contribuindo para o aumento
norte da Escandinávia e no mar de Barents. nia, no dia 10 de julho de 1913, o da evaporação, proporcionando umidade e chuvas nas zonas li-
termômetro marcou a temperatura mais
alta já registrada na história: 56,7 °C. torâneas. No entanto, as correntes frias (de Labrador, de Hum-
Nos EUA, segundo a NOAA, agência boldt, da Califórnia), originadas nos polos, provocam uma baixa
Disponível em: http://www.bbc.
responsável por oceanos e atmosfera, a mé- com/portuguese/noticias/2013 na temperatura, causando a formação de gelo na costa e contri-
dia registrada foi de 10,6o em 48 estados. Isso /07/130702_vale_da_mor- buindo para a formação de desertos costeiros (o Atacama, no
te_bg. Acesso em: 05/04/2018. Chile), pois o movimento ascendente do ar frio impede que o ar
é 4,8o acima da média para a estação ao longo Adaptado.
úmido oceânico alcance a costa.
de todo o século XX. “Dos 1.400 meses que já
passaram desde que o monitoramento come- 218 Capítulo 6 – A diversidade natural da América
çou nos EUA, só um deles mostrou um desvio
tão grande do padrão”, dizem os climatologis-
tas da NOAA. CG_8ºano_06.indd 218 30/04/2018 09:43:35

No leste dos EUA, 25 estados tiveram o Anotações


março (o mês da primavera) mais quente da
história. Mais de 15 mil recordes de calor fo-
ram quebrados nas cidades da região. Em 21
delas, as temperaturas mais frias no meio da
noite ainda estiveram este ano mais altas do que
o recorde histórico para as temperaturas do dia,
topicalizaram os EUA.

Fonte: Alexandre Mansur, Revista Época. Disponível


em: http://colunas.revistaepoca.globo.com/
planeta/2012/04/17/a-primavera-virou-verao-na-
america-do-norte/. Acessado em: 11/06/2016.

C
218

ME_CG_8ºano_06.indd 218 16/05/2018 12:20:41


O predomínio de climas áridos e semiáridos na borda oci-
dental do continente e de climas mais úmidos no leste não se deve
somente à influência das correntes marinhas, mas também à dis-
posição paralela da costa dos relevos de maior altura (sentido dos
meridianos). Essa disposição impede a entrada, na porção ocidental
do continente, de ventos úmidos provenientes do Oceano Pacífico.

Tipos de clima no continente americano

Co
N Oceano
Círc

rren
Glacial Ártico
lou

O L
P

te da
ol a

Equatorial

S
rti

Tropical
co

Baía de
Baffin Subtropical

Gro
Desértico

e
Semiárido

nl
nd
Oceano

â
Co
Mediterrâneo
ia Temperado

rr
Pacífico
Frio
Baía de

en
Hudson Polar

t ed
Frio de Montanha

o Lab
a
ente da Califórni

ra
do
o
xic
r
Tr


ic
óp

o
fo do
de

do G o l

nc
er
e
nt
e
rr
Co
orr

C Co
Go
lfo do México
rren
te Nort
e-Equatorial

Mar das Antilhas

Equ
ador

3:35 0 396 km 792 km

io
órn
pric
dt

Ca
o de
ol

c
Tró
pi
b
Corre um
nte de H
Corrente marítima Oceano
Atlântico
Quente
das Falklan
Corrente ds
Fria

Capítulo 6 – A diversidade natural da América 219

CG_8ºano_06.indd 219 30/04/2018 09:43:35


219

ME_CG_8ºano_06.indd 219 16/05/2018 12:20:42


Por outro lado, no resto do continente, realiza-se uma importan-
te troca de massas de ar úmido, vindas do Oceano Atlântico, já que os
ventos carregados de umidade não encontram obstáculos orográficos
para impedir sua passagem. Assim, as precipitações são muito mais
abundantes no leste e diminuem progressivamente para oeste, onde
se encontram climas com estações secas e climas semiáridos.

Clima Os tipos de clima


frio
400 40 encontrados na América
Clima frio
300 30

200 20

Encontrado na região localizada entre os 50o e 60o de latitude


norte, ao sul do clima polar. Apresenta temperaturas muito baixas
100 10

0 0
o ano inteiro. Nessa região, desenvolveu-se a grandiosa formação
10 vegetal das florestas de coníferas (aciculifoliadas), ou taiga.

Oleg Golikov/Shutterstock.com
20
J F M A M J J A S O N D
Temperatura (ºC)
Precipitações (mm)

Clima
frio de montanha
40
No Alaska, apesar de possuir um clima predominantemente frio, pode haver variações de tem-
400

300 30 pratura de região para região.

200 20 Clima frio de montanha


100 10 Comum nas altas cadeias de montanhas, onde é frio durante
todo o ano em razão das elevadas altitudes. Nas áreas mais altas, as
médias anuais giram em torno de 0 ºC e há constante queda de neve.
0 0

10
Normalmente, nas áreas de picos, não existe a presença de vegetação.
20 O clima de montanha na América é próprio das áreas de re-
J F M A M J J A S O N D
levo montanhoso com altitudes elevadas, desde a Cordilheira dos
Andes mais ao sul da América por toda a borda, indo a oeste do
Temperatura (ºC)

continente até as montanhas rochosas ao norte.


Precipitações (mm)
Gorgo/Wikimedia.com

As Montanhas Rochosas seguem por


mais de 4.800 metros cruzando os Esta-
dos Unidos e o Canadá.

220 Capítulo 6 – A diversidade natural da América

CG_8ºano_06.indd 220 30/04/2018 09:43:36 C


220

ME_CG_8ºano_06.indd 220 16/05/2018 12:20:42


Clima temperado
Os climas temperados ocorrem nas regiões de médias latitudes
Clima
e se diferenciam em oceânicos e continentais. No primeiro, a in-
fluência do oceano, em geral, regula as temperaturas, amenizando o Temperado
clima e evitando maiores diferenças entre as temperaturas máximas 120

e mínimas. 100

O clima temperado continental, por estar distante do oceano, 80

sofre com amplitudes térmicas elevadas, com temperaturas mais 30 60


altas durante o dia e temperaturas baixíssimas durante a noite. É
causado pelo fator continentalidade.
20 40

10 20

Clima temperado oceânico 0


J F M A M J J A S O N D
0

Típico da costa leste e oeste do Canadá e dos Estados Unidos, Temperatura (ºC)

esse clima apresenta chuvas bem distribuídas ao longo do ano. Os


Precipitações (mm)

invernos são frios, e os verões são brandos.


Essa região climática tem como vegetação primitiva a flores-
ta temperada, particularmente nos Apalaches e na Califórnia. As
Clima temperado
principais espécies dessa vegetação são o carvalho, a faia, a bétula e oceânico
alguns tipos de pinheiro. 100 200
180
Lane V. Erickson/Shutterstock.com

80 160
140
60 120
100
40 80
60
20 40
20
0 0
J F M A M J J A S O N D

Temperatura (ºC)
Precipitações (mm)

Clima temperado
continental
80

60

20 40
Bétulas são árvores pequenas, características de climas temperados no Hemisfério Norte.
10 20

Clima temperado continental 0 0

Clima ligado às planícies centrais, caracteriza-se por verões 10

muito quentes e invernos bastante frios, nos quais as chuvas são es- 20
cassas e ocorrem fortes precipitações de neve. J F M A M J J A S O N D

Esse ambiente climático é dominado pelas grandes pradarias


Temperatura (ºC)

(vegetação herbácea).
Precipitações (mm)

Capítulo 6 – A diversidade natural da América 221

:36 CG_8ºano_06.indd 221 30/04/2018 09:43:36


221

ME_CG_8ºano_06.indd 221 16/05/2018 12:20:43


Galyna Andrushko/Shutterstock.com
Clima
continental
50 100

40 80

30 60

20 40

10 20

Na vegetação típica das pradarias é comum ver planícies abertas, onde não há sinal de árvores
0 0
J F M A M J J A S O N D
nem arbustos, com capim baixo em abundância.
Temperatura (ºC)
Precipitações (mm)
Clima subtropical
Presente nas áreas localizadas ao longo do Golfo do México,
Clima na Região Sul do Brasil (Rio Grande do Sul), Argentina e Uruguai.
subtropical Caracteriza-se por apresentar invernos brandos e verões bastante
quentes. Também apresenta chuvas bem distribuídas ao longo do
ano e temperaturas amenas. Nessa região, identificamos trechos de
50 100

40 80 pradarias, estepes e florestas de coníferas.

Iuliia Timofeeva/Shutterstock.com
30 60

20 40

10 20

0 0
J F M A M J J A S O N D

Temperatura (ºC)
Precipitações (mm)

Nas florestas subtropicais, as araucárias ganham a vez. Com um tronco que pode chegar a 50 m
de altura e 2,5 m de diâmetro.

Clima árido
Photography by Adri/Shutterstock.com

Clima que apresenta precipitação anual bastante baixa, típico


do oeste da América do Norte, das regiões dos planaltos e monta-
nhas ocidentais, como o Planalto do Colorado e da Grande Bacia,
bem como das regiões de Utah, Nevada, do Arizona e norte do
México. Nesse ambiente, a vegetação é xerófila. Também ocorre no
Deserto do Atacama (Chile), em trechos do litoral peruano e na
Patagônia (Argentina), Os climas áridos se caracterizam pela baixa
disponibilidade de água na forma líquida, seja em climas quentes
ou em climas frios, podendo ser desertos frios (água congelada) ou
Deserto de Nevada, nos Estados Unidos. quentes (pouca ou ausência de chuva).

222 Capítulo 6 – A diversidade natural da América

CG_8ºano_06.indd 222 30/04/2018 09:43:37 C


222

ME_CG_8ºano_06.indd 222 16/05/2018 12:20:43


Clima semiárido
Típico do Sertão nordestino brasileiro, é marcado pela escas-
sez e irregularidade de chuvas, além das temperaturas elevadas. Clima
Nessa área, está localizada a singular formação vegetal de caatinga, semiárido
e inselberg. 425 31

Pedro Helder Pinheiro/Shutterstock.com


400 30
375 29
350 28
325 27
300 26
275 25
250 24
225 23
22
200
21
175
20
150
19
125
18
100
17
75
16
50 15
Relevo característico na depressão nordestina, o inselberg é um bloco rochoso sobrevivente ao 25 14
desgaste natural. 0
J F M A M J J A S O N D

Clima tropical Temperatura (ºC)


Precipitações (mm)

Encontrado nas regiões de latitudes mais baixas, em terras mexi-


canas, onde apresenta média temperatura e umidade elevada. A vege-
tação característica é a floresta tropical, como a da Península de Iucatã.
Floresta tropical cercando as ruínas da
Elis Blanca/Shutterstock.com

cidade maia de Palenque, na Península


de Iucatã, México.

Clima
equatorial
260
240
220
200
180
Nessa mesma região, a altitude mais elevada do Planalto Cen- 160

tral mexicano, onde está localizada a Cidade do México, produz 140

um clima mais ameno, temperado. 120


100

Clima equatorial
80
30 60
20 40
Próprio da região amazônica, esse clima tem como aspectos 10 20

fundamentais as elevadas temperaturas e chuvas abundantes ao 0


J F M A M J J A S O N D
0

longo do ano. Essa região abriga a maior floresta tropical do Plane-


ta, a Amazônica. Em virtude disso, essa região possui um dos maio- Temperatura (ºC)

res índices pluviométricos do continente.


Precipitações (mm)

Capítulo 6 – A diversidade natural da América 223

:37 CG_8ºano_06.indd 223 30/04/2018 09:43:37


223

ME_CG_8ºano_06.indd 223 16/05/2018 12:20:44


A Amazônia é uma floresta latifoliada

Bram Smits/Shutterstock.com
úmida, que representa mais da metade
das florestas tropicais do Planeta e tem a maior
biodiversidade tropical do mundo.

Clima Clima tropical


tropical Predominante na Bacia do Orinoco e no Brasil, desde o lito-
35 350
ral à região central, apresenta temperaturas elevadas e duas estações
30 300
bem distintas: uma seca (o verão) e outra chuvosa (o inverno).
25 250
Na região litorânea do Brasil, esse clima é denominado tro-
20 200
pical úmido, ou litorâneo úmido, com chuvas bem distribuídas.
15 150
Nas regiões mais úmidas próximas ao litoral, surgem trechos de flo-
10 100
restas tropicais. Já nas porções centrais do Brasil, encontramos a
5 50
savana (cerrado).
0 0
J F M A M J J A S O N D

Vitoriano Júnior
Temperatura (ºC)
Precipitações (mm)

Um dos seis grandes biomas do Brasil, o


cerrado é predominante principalmente
na região de Tocantins, Goiás, Mato Grosso do
Sul, Mato Grosso e em Minas Gerais.

Cenário 6

Os biomas das
Américas
O relevo e o clima definem, junto a outros fatores, as caracterís-
ticas da vegetação e a fauna de um determinado lugar. Nesses gran-
des conjuntos, predominam certas espécies que interagem com

224 Capítulo 6 – A diversidade natural da América

CG_8ºano_06.indd 224 30/04/2018 09:43:38 C


224

ME_CG_8ºano_06.indd 224 16/05/2018 12:20:45


o meio ambiente físico: solo, ar e água, e com a própria espécie,
formando o que denominamos biomas. No continente americano,
desenvolvem-se todos os grandes biomas do mundo, por exemplo:

Vegetação no continente americano


N

tico
O L

Ár
ar
S

ol
P
lo
cu
Cír

Tr
óp
ico
de Oceano
C ân c
er Atlântico
Oceano
Pacífico
Linha
do Equa
do r

Tundra
Floresta Boreal (Taiga)
Floresta Temperada e Subtropical
Vegetação Mediterrânea

elnavegante/Shutterstock.com
Estepes e Pradarias
Deserto
Savanas, Cerrado e Caatinga
0 510 km 1.020 km
Floresta Tropical e Equatorial
Vegetação de Altitude

Deserto
Esse bioma se desenvolve onde a falta de umidade torna difícil
a vida de animais e vegetais. Por suas características climáticas ex-
tremas, as espécies que o habitam desenvolveram mecanismos de
adaptação para poder subsistir com pouca disponibilidade de água.
Por exemplo, a grande variedade de cactos que existe nesse bioma
Apesar de 92% de sua estrutura ser com-
armazena água em seus troncos e possui folhas muito pequenas e posta por água, a presença do cacto indi-
secas, chamadas de espinhos. ca sempre um solo pobre e seco.

Capítulo 6 – A diversidade natural da América 225

:38 CG_8ºano_06.indd 225 30/04/2018 09:43:38


225

ME_CG_8ºano_06.indd 225 16/05/2018 12:20:45


Sugestão de
abordagem Savana
Bioma característico das zonas que têm clima tropical semiúmi-
Separe a turma em grupos e peça para que do, com uma estação chuvosa e outra seca. Como resultado da adap-
tação às bruscas mudanças climáticas entre as estações, as formações
eles pesquisem dados estatísticos sobre as Flo- vegetais apresentam campos com arbustos, plantas rasteiras e árvores
restas Tropicais e Equatoriais no continente espalhadas, de troncos retorcidos e casca grossa. O cerrado, como é
chamada a savana brasileira, é característico do Brasil Central, apre-
americano. Com informações sobre tamanho,
sentando solos muito precários, ácidos e muito porosos. A expansão
vegetação, reservas indígenas e desmatamen- da agricultura e a mecanização do campo no Centro-Oeste brasileiro
to, os alunos poderão saber mais sobre os ti- têm aumentado os impactos ambientais no solo da região.
pos de biomas existentes no nosso continen-
te e construir uma relação de responsabilidade Vegetação do cerrado
para com o ecossistema.

Anotações

Florestas Tropicais e Equatoriais


Bioma possuidor da maior diversidade de espécies animais e
vegetais. São características: as baixas latitudes, com altas tempe-
raturas e forte umidade. Sua vegetação é denominada latifoliada
(folhas grandes e largas) e higrófita (vegetação adaptada ao am-
biente chuvoso). Algumas árvores chegam a ter de 20 a 40 metros
de altura, na região da Amazônia brasileira. A diversidade dos tipos
climáticos do continente americano corresponde à combinação de
uma série de fatores que condicionam a temperatura, a distribuição
das precipitações, a pressão atmosférica e a umidade dos ventos.
kavram/Shutterstock.com

Pradarias
São formadas basicamente por gramíneas, podendo ocorrer
alguns arbustos. Trata-se de uma vegetação típica do clima tempe-
rado continental, com verões quentes, invernos frios e baixa plu-
viosidade. Esse bioma tem sofrido uma intensa intervenção da so-
ciedade. Em algumas zonas, o bioma original foi quase modificado
por completo. Nas pradarias da América do Norte, por exemplo,
Pradaria no Colorado, Estados Unidos.
não sobreviveu nenhuma das espécies originais.

226 Capítulo 6 – A diversidade natural da América

CG_8ºano_06.indd 226 30/04/2018 09:43:38 CG

226

ME_CG_8ºano_06.indd 226 16/05/2018 12:20:46


Diálogo com o

Estepe desértica e vegetação professor

Alexey Stiop/Shutterstock.com
arbustiva
Ocorrência de clima semiárido de verões quentes e invernos Professor, fale da imensa riqueza natu-
frios e secos. A época de precipitação é no verão e pode variar entre
250–650 mm. Essas condições permitem o surgimento de gramí-
ral de nosso continente e de como se tem ex-
neas baixas de distribuição esparsa, árvores baixas e arbustos dis- traído dela as matérias-primas necessárias
persos em solo descoberto. ao progresso socioeconômico. Explique que
a exploração dos recursos pode ocorrer por
Tundra Vegetação rasteira, apresenta pequenas
árvores, arbustos espinhosos e cactos. Na meio da agricultura, da pecuária, da pesca e
Bioma característico das zonas onde o solo permanece con- foto, estepes no deserto do Arizona, Estados

gelado a maior parte do ano, consequência das baixas tempera-


Unidos. da vegetação e que é diferenciada em cada
turas. É encontrada no extremo norte da América, onde predo- uma das Américas.

Galyna Andrushko/Shutterstock.com
mina o clima polar. Devido às condições climáticas extremas, Crie uma tabela comparativa com uma
na tundra vivem poucas espécies vegetais e animais. Musgos,
liquens e plantas herbáceas, como o capim, são mais característi- coluna para cada América e a preencha com
cos. Na fauna, as renas, caribus e algumas raposas, aves e insetos as respectivas formas de exploração mais re-
são os mais presentes. correntes. Assim, será possível verificar que
Floresta boreal tipos dessa atividade se repetem e que tipos
são próprios apenas de uma ou outra região.
Também conhecida como taiga, possui uma vegetação caracte-
rística, composta de árvores em forma de cone, como os pinheiros. Fazendo com que os alunos percebam que é
A palavra tundra tem origem finlandesa
Essas árvores possuem folhas perenes, isto é, não caem nas outras es- (tunturia) e significa terra despida de
árvores.
possível a elaboração da agricultura susten-
tações. Localizam-se em áreas de clima frio com baixas temperaturas
tável com técnicas de exploração consciente.
e invernos longos e rigorosos. É uma vegetação bastante explorada

Studiotouch/Shutterstock.com
devido à intensa utilização na produção de papel e papelão.

Geografia em cena
Anotações
América pré-histórica
Já não é de hoje que o Brasil está na mira de arqueólogos do
mundo inteiro. Em solo brasileiro, encontram-se pinturas e outros Floresta Boreal, ou Taiga, no Canadá.
vestígios da Pré-História fundamentais para entender não somente
a chegada do homem primitivo às Américas, mas também a ma-
neira como ele vivia e se organizava em sociedade. Os sinais mais
exuberantes desse passado estão na serra da Capivara, a cerca de
500 km de Teresina, no Piauí. Trata-se de um dos maiores “mu-
seus” a céu aberto do Planeta. Com uma área equivalente a mais de
300 campos de futebol, seu “acervo” inclui aproximadamente 25
mil pinturas rupestres distribuídas em 912 sítios. Elas retratam o
dia a dia dos primeiros brasileiros em [...] guerras, situações domés-
ticas, rituais e cerimônias.
http://super.abril.com.br/historia/america-pre-historica.

Capítulo 6 – A diversidade natural da América 227

3:38 CG_8ºano_06.indd 227 30/04/2018 09:43:39

227

ME_CG_8ºano_06.indd 227 16/05/2018 12:20:47


Aprenda com arte

O conflito das águas


Direção: Icíar Bollain.
Ano: 2010.

Sinopse: Costa, um cético e pragmático produtor de cinema, e Sebastián, jovem e idealista diretor,
trabalham juntos em um projeto ambicioso: querem filmar a aventura de Cristóvão Colombo e a
chegada dos espanhóis na América. Mas, enquanto Sebastián, com algo a dizer, pretende recontar a
história do mito Colombo, apresentando-o como um homem obcecado pelo ouro, caçador de escra-
vos e repressor dos indígenas, para Costa importa somente rodar o filme com o modesto orçamen-
to de que dispõe, nem que para isso seja necessário filmar na Bolívia, um dos países mais baratos e
com uma grande população indígena. A equipe segue então para Cochabamba, onde a privatização
e venda de todo o sistema hídrico a uma multinacional provocou o descontentamento da população.
As filmagens seguem com dificuldade, ao mesmo tempo que cresce a violência na cidade. É quando
explode a Guerra Boliviana da Água.

Diários de Motocicleta
Direção: Walter Salles.
Ano: 2004.

Sinopse: Che Guevara era um jovem estudante de Me-

taniavolobueva/Shutterstock.com
dicina que, em 1952, decide viajar pela América do Sul
com seu amigo Alberto Granado. A viagem é realizada
em uma moto, que acaba quebrando após 8 meses. Eles
passam a seguir viagem através de caronas e caminhadas,
conhecendo novos lugares e pessoas. Em Machu Pichu,
a dupla conhece uma colônia de leprosos e questiona a
validade do progresso econômico da região, que privile-
gia apenas uma pequena parte da população. Walter Salles.

Pequeno dicionário geográfico e cultural


Aciculifoliadas: Tipo de vegetação com fo- Instabilidades geológicas: Movimentação
lhas em forma de agulha. Ex.: Pinheiros. de terra em zonas de atividade sísmicas.
Departamento de ultramar: Coletivo terri- Ístmica: Que tem forma de istmo.
torial ligado a um país. Lacustre: Referente a lago.
Dispersores de água: Áreas de relevo eleva- Orogênicos: Ocorre no interior da Terra e
do como montanhas ou planaltos que fun- provoca dobramentos.
cionam como nascentes de córregos e rios.

228 Capítulo 6 – A diversidade natural da América

CG_8ºano_06.indd 228 30/04/2018 09:43:39 C


228

ME_CG_8ºano_06.indd 228 16/05/2018 12:20:47


Ensaio geográfico
1 Como se chama o conjunto de cadeias montanhosas localizado na parte ocidental da América do
Norte?
Montanhas Rochosas.

2 Como é chamada a vertente que se destaca por localizar o rio Amazonas, considerado o maior do
Planeta?
Vertente do Atlântico.

3 (Unicamp) O mapa abaixo indica a ocorrência de queda de neve na América do Sul. Observe o
mapa e responda à questão.
Que fatores climáticos determinam a distribuição geográfica da
N
ocorrência de queda de neve na América do Sul?
O L

S A ocorrência de precipitação de neve na América do Sul está as-

Equador sociada especialmente às elevadas altitude e latitude, o que expli-

ca a sua ocorrência na porção mais sul da América do Sul e mais

Trópi
co de Capri
córnio a oeste, associada à Cordilheira dos Andes.

Área de ocorrência de
precipitação de neve

0 714 km 1.428 km

4 Observe os climogramas e aponte quais tipos de clima eles caracterizam.

Clima A Clima B
Chuva (mm)

Chuva (mm)
Temperatura (ºC)

Temperatura (ºC)

700 500
32 40
600 28 35
400
500 24 30
400 20 300 25
16 20
300 200
12 15
200
8 100 10
100 4 5

J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D
0 0 0 0

Meses do ano Meses do ano

Clima Equatorial. Clima Tropical.

Capítulo 6 – A diversidade natural da América 229

:39 CG_8ºano_06.indd 229 30/04/2018 09:43:39


229

ME_CG_8ºano_06.indd 229 16/05/2018 12:20:48


5 Responda que parte do continente o mapa abaixo se refere, e depois escreva o nome de seus respec-
tivos países:

0 408 km 816 km

América do Norte: Canadá, Esta-

dos Unidos e México.

Tróp
ic o de
Cânce
r

O L

Encerramento
1 Sobre a espacialidade geográfica do continente americano, marque V para verdadeiro e F para falso.
a. V É o maior continente em extensão norte-sul.
Trópico de Capric
órnio
b. F Dentre as massas continentais, destaca-se por apresentar a terceira maior área territorial.
c. V As suas maiores altitudes estão localizadas na parte ocidental ou próximo do Pacífico.
d. D Os rios que fazem parte da vertente do Pacífico são muito extensos e, em sua maioria, são de
planícies.

2 (UCPEL) Um dos biomas terrestres que caracteriza pelo clima muito frio, ambiente seco e preci-
pitação baixa, geralmente, em forma de neve. O solo permanece congelado durante a maior parte do
ano, degelando só na camada superficial nos 3 meses de verão. É habitado por plantas herbáceas, como
o capim e o junco, e por animais, como as renas, raposas, lebres e lobos, que, no inverno, migram para
regiões mais quentes ou se refugiam em túneis e tocas. Esse tipo de bioma recebe o nome de:
a. deserto.
b. taiga.
c. X tundra.
d. campos.
e. floresta tropical.

230 Capítulo 6 – A diversidade natural da América

CG_8ºano_06.indd 230 30/04/2018 09:43:40 C


230

ME_CG_8ºano_06.indd 230 16/05/2018 12:20:48


3 Sobre os rios da América, numere a segunda coluna de acordo com a primeira.
Coluna 1
1 Amazonas.
2 Orinoco.
3 Mississipi.
4 São Lourenço.

Coluna 2
2 Nasce na Venezuela, drena uma extensa área dominada por planícies, sendo navegável até por
navios de grande porte.
4 Localiza-se na fronteira do Canadá com os Estados Unidos e liga os Grandes Lagos ao Oceano
Atlântico.
1 É o maior rio brasileiro e é formado a partir das águas dos rios Solimões e Negro.
3 Segundo maior rio em extensão da América do Norte. Sua formação se dá pelo encontro das águas
de vários rios que descem dos Apalaches e das Montanhas Rochosas.

4 Leia o texto abaixo e indique a alternativa que apresenta corretamente os nomes dos rios indicados
por I e II.
“Na América Anglo-Saxônica, deve ser dado um destaque especial ao complexo lacustre dos Grandes
Lagos, na divisa entre Estados Unidos e Canadá, que por meio da navegação fluvial do rio …… (I) ……
interliga o Oceano Atlântico a essa importante área industrial dos dois países. Ainda nos Estados Uni-
dos, na vertente do Golfo do México, um outro importante curso fluvial deve ser destacado, o rio ……
(II) …… Ao atravessar uma rica planície fértil, intensamente aproveitada para a exploração agrícola, este
rio se transformou, historicamente, na mais importante opção de transporte de mercadorias voltadas
para o abastecimento das agroindústrias instaladas ao longo do seu vale”.
a. (I) Missouri; (II) Mississipi.
b. X (I) São Lourenço; (II) Mississipi.
c. (I) Hudson; (II) São Lourenço.
d. (I) Columbia; (II) Colorado.
e. (I) Colorado; (II) Hudson.

5 Associe a formação vegetal ao clima correspondente.


1 Clima polar. 3 Floresta Amazônica.
2 Clima temperado continental. 4 Caatinga.
3 Clima equatorial. 2 Pradaria.
4 Clima semiárido. 1 Tundra.

Capítulo 6 – A diversidade natural da América 231

:40 CG_8ºano_06.indd 231 30/04/2018 09:43:40


231

ME_CG_8ºano_06.indd 231 16/05/2018 12:20:49


6 No Oceano Pacífico, na região norte do Chile, encontra-se o Deserto do Atacama, considerado a
região mais seca do mundo. A sua existência pode ser atribuída, entre outros fatores, à seguinte corren-
te marítima:
a. Humboldt, que é uma corrente quente.
b. Malvinas, corrente fria.
c. X Corrente fria Humboldt.
d. Malvinas, que é uma corrente quente.
e. Labrador, corrente fria.

7 (Urca) Marque a única assertiva que traz somente fatores climáticos, isto é, aqueles que contribuem
para determinar as condições climáticas de uma região do globo.

a. Correntes marítimas, temperatura do ar, umidade relativa do ar e amplitude térmica.


b. Latitude, pressão altitude, hidrografia e massas de ar.
c. X Altitude, massas de ar, maritimidade e latitude.
d. Hidrografia, correntes marítimas, latitude e pressão.
e. Temperatura do ar, umidade relativa do ar, insolação e média térmica.

8 (Mackenzie) Na costa pacífica sul-americana, observamos países, como o Peru, que possuem uma
economia fortemente influenciada por intensa piscosidade. Isso se deve à riqueza de nutrientes encon-
trados no litoral, especialmente o plâncton, que se prolifera por meio do fenômeno da ressurgência.
Escolha abaixo a alternativa que revele a corrente marítima que, nessa região, é responsável pelo fenô-
meno citado.
a. Corrente do Golfo do México.
b. Corrente do Pacífico Norte.
c. X Corrente de Humboldt.
d. Corrente de Falklands.
e. Corrente do Pacífico Sul.

9 (PUC–RJ) Em relação às florestas tropicais úmidas, é correto afirmar que:


a. localizam-se nas mais altas latitudes do Planeta.
b. são constituídas de baixa a média biodiversidade.
c. são os ecossistemas mais bem preservados da Terra.
d. X têm uma composição de flora predominantemente latifoliada.
e. reduzem a umidade do ar por meio da evapotranspiração.

232 Capítulo 6 – A diversidade natural da América

CG_8ºano_06.indd 232 30/04/2018 09:43:40 C


232

ME_CG_8ºano_06.indd 232 16/05/2018 12:20:49


10 (FMJ) “É um mosaico de coberturas vegetais que formam uma diagonal que separa as duas florestas
tropicais do Brasil: a noroeste, a Floresta Amazônica e a leste, a Mata Atlântica. Esse mosaico se desen-
volve numa área de baixas pluviosidades. As causas da pouca chuva e sua distribuição irregular estão
associadas aos fortes ventos alísios, que não trazem umidade para a região.”
José Bueno Conti e Sueli Angelo Furlan. Geografia do Brasil, 2005. Adaptado.

O domínio morfoclimático tratado pelo texto é o:


a. das pradarias.
b. X das caatingas.
c. das araucárias.
d. dos cerrados.
e. dos mares de morros.

11 (Fuvest) Quanto às formas de relevo, as Américas do Norte e do Sul apresentam, em comum, a


predominância de:

a. cadeias montanhosas do Terciário a oeste e planícies sedimentares a leste.


b. grandes planícies sedimentares na porção central e dobramentos recentes na porção oriental.
c. X cadeias montanhosas do Terciário a oeste e planaltos antigos a leste.
d. grandes planícies sedimentares na porção central e planaltos erodidos na porção ocidental.
e. escudos cristalinos a oeste e planaltos antigos a leste.

12 (Vunesp) A Amazônia se estende desde a cordilheira andina até o Norte brasileiro, recoberta por
um mosaico de formações florestais. Fora do território brasileiro, a Floresta Amazônica é encontrada
nos países:

a. Suriname, Colômbia, Venezuela, Peru, Bolívia e Paraguai.


b. Equador, Suriname, Venezuela, Colômbia, Peru e Bolívia.
c. X Guiana Francesa, Suriname, Venezuela, Colômbia, Peru e Bolívia.
d. Venezuela, Guiana Francesa, Colômbia, Peru, Bolívia e Paraguai.
e. Guiana Francesa, Suriname, Venezuela, Equador, Peru e Bolívia.

13 (PUC–SP) Considere o texto e as afirmações apresentadas. “Na Colômbia, no Equador, no Peru e


na Bolívia, os Andes dominam tudo... A influência dos Andes reflete-se na flora, na fauna, na economia
e na civilização de seus habitantes...” (CUNILL, Pedro. A América andina, p. 7)

I. Como um sistema montanhoso, os Andes constituem territórios de diversas altitudes, com pre-
domínio de vastos altiplanos que chegam a superar os 4.000 metros. Esse fator explica a baixa
biodiversidade dos países andinos, pois apenas poucas espécies adaptam-se a essa diversidade de
altitudes.

Capítulo 6 – A diversidade natural da América 233

:40 CG_8ºano_06.indd 233 30/04/2018 09:43:40


233

ME_CG_8ºano_06.indd 233 16/05/2018 12:20:50


II. A diversidade de altitudes nas regiões andinas implica contrastes climáticos significativos. Inclusi-
ve os segmentos da cordilheira situados na zona equatorial estão sob o domínio de climas tempe-
rados e frios nos seus planaltos elevados.
III. A distribuição vegetal no domínio andino obedece a um zoneamento vertical: até 1.100 m, flores-
tas tropicais; de 1.100 m a 2.200 m, mata heterogênea com diminuição de espécies tropicais; de
2.200 m a 3.300 m, mata heterogênea com diminuição do porte; superior a 3.300 m, ausência da
vegetação arbórea.
Somente corresponde ao quadro físico da região andina o que se afirma em:

a. I.
b. II.
c. III.
d. X II e III.
e. I e III.

14 (UFSCar) A Cordilheira dos Andes e o planalto meridional brasileiro representam duas das mais
importantes estruturas de relevo da América do Sul. A origem geológico-geomorfológica de cada uma
dessas estruturas, pela ordem, é:

a. X cadeia orogênica do Terciário, com formação ligada à tectônica das placas e área de sedimenta-
ção Paleozoica e Mezosoica.
b. cadeia orogênica do Arqueozoico, com formação ligada à ação vulcânica / área de fraturas e
falhas, ligada à formação do Oceano Atlântico.
c. cadeia sedimentar Quaternária, com formação ligada à tectônica das placas / área sedimentar
Cenozoica, com predomínio de depósitos fluvio-eólicos.
d. cadeia do Terciário, com formação ligada aos movimentos epirogenéticos / área cristalina Ar-
queozoica, com presença de depósitos aluvionais recentes.
e. cadeia orogênica do Arqueano, com formação ligada à atividade vulcânica / área cratônica Pa-
leozoica, com predomínio de depósitos metamórficos e magmáticos.

15 (Fuvest) A existência de extensas áreas secas localizadas nas costas ocidentais dos continentes em
latitudes vizinhas a ambos os trópicos é determinada, essencialmente, pela:

a. dinâmica atmosférica controlada pela zona de convergência intertropical.


b. presença de áreas de baixa pressão atmosférica.
c. alternância entre massas polares e equatoriais em tais latitudes.
d. presença de correntes marítimas quentes ao longo dos litorais.
e. X presença de correntes marítimas frias ao longo dos litorais.

234 Capítulo 6 – A diversidade natural da América

CG_8ºano_06.indd 234 30/04/2018 09:43:40


234

ME_CG_8ºano_06.indd 234 16/05/2018 12:20:50


(EF08GE22) Identificar os principais recur-
sos naturais dos países da América Latina,

Capítulo 7
analisando seu uso para a produção de maté-
ria-prima e energia e sua relevância para a coo-
peração entre os países do Mercosul.
(EF08GE23) Identificar paisagens da Améri-
América: regionalização e ca Latina e associá-las, por meio da cartogra-
fia, aos diferentes povos da região, com base
integração A escassez de alimentos, a desvalorização da
moeda e a crise econômica fazem crescer ain- em aspectos da geomorfologia, da biogeogra-
da mais as desigualdades sociais em Caracas,
capital da Venezuela. fia e da climatologia.

Objetivos
pedagógicos

• Estudar e analisar a América Latina, traçan-


do um perfil dos países que a compõem.
• Caracterizar e comparar a urbanização na
América Latina e na América Anglo-Saxônica.
• Compreender como tais conceitos retra-
tam a realidade social, política, cultural e eco-
nômica da atual condição de urbanização e de
desenvolvimento industrial em que vivemos.
• Estudar a exploração dos recursos naturais
na América, como mineração, agricultura, pe-
cuária, pesca e exploração florestal.
• Abordar a mecanização agrícola, enfatizan-
do vantagens e desvantagens de ordem social
e econômica.
• Estudar e compreender as formas de coloni-
Veremos, neste capítulo, que o conti- zação ocorridas na América (exploração e po-
nente americano é dividido por regiões
de diferentes aspectos socioeconômicos. voamento), relacionando-as às condições de
Analisaremos algumas causas dessa desenvolvimento.
desigualdade e medidas já tomadas
para minimizá-la, principalmente, na
América Latina.

stock.com
Anotações
testing/Shutter
Capítulo 7 – América: regionalização e integração 235

CG_8ºano_07.indd 235 26/04/2018 17:46:34

BNCC (EF08GE15) Analisar a importância dos


Habilidades trabalhadas principais recursos hídricos da América Lati-
no capítulo
na (Aquífero Guarani, Bacias dos rios da Pra-
ta, do Amazonas e do Orinoco, sistemas de
(EF08GE03) Analisar aspectos representati- nuvens na Amazônia e nos Andes, entre ou-
vos da dinâmica demográfica, considerando ca- tros) e discutir os desafios relacionados à ges-
racterísticas da população (perfil etário, cresci- tão e comercialização da água.
mento vegetativo e mobilidade espacial). (EF08GE16) Analisar as principais pro-
(EF08GE12) Compreender os objetivos e blemáticas comuns às grandes cidades la-
analisar a importância dos organismos de in- tino-americanas, particularmente aque-
tegração do território americano (Mercosul, las relacionadas à distribuição, estrutura e
OEA, OEI, Nafta, Unasul, Alba, Comunida- dinâmica da população e às condições de
de Andina, Aladi, entre outros). vida e trabalho.

235

ME_CG_8ºano_07.indd 235 16/05/2018 12:21:42


Diálogo com o
professor Cenário 1

• Prefessor, fale para os alunos que o que nos Regionalização


caracteriza como país hoje está profundamen-
te ligado às nossas origens, à forma como fo- segundo a língua e
mos colonizados. Comente com eles que os
primeiros habitantes não eram povos desor- Geografia em cena a economia
ganizados socialmente, como o conceito de
“selvagens” a eles atribuído pôde sugerir. Ao População nativa versus
contrário, os indígenas possuíam uma inte- dominadores
ressante e respeitada forma de organização
No século XVI, a América começou a ser habitada por povos
social, com lideranças estabelecidas e papéis europeus que, em função das divergências, desestruturaram as so-
sociais definidos, tarefas bem distribuídas e ciedades existentes e, progressivamente, invadiram as terras e domi-
naram as riquezas desse continente.
traços culturais e religiosos muito marcantes.
• Comente que, há cerca de 20 mil anos, po-

Wilhelm Lamprecht
vos de origem asiática fixaram-se na América.
• Demonstre que todos esses aspectos são
profundamente afetados quando ocorrem do-
minações de um povo sobre outro, já que o
dominador impõe sobre o dominado os traços
peculiares de sua própria cultura e de sua or-
ganização política, social e econômica. Apro-
veite essa explicação para ilustrar as principais
características das civilizações (maia, asteca e Entre os motivos que levaram os euro-
peus a lançarem-se ao mar, estava o fator
inca) que existiam na América antes da chega- religioso, pois o cristianismo desejava conquis-
tar novos fiéis.
da dos europeus e como elas foram dizimadas De forma acelerada, as culturas nativas foram sendo substituí-
ao longo do tempo. das pelo modo de vida dos europeus. Parte dos nativos foram con-
• Ressalte que os povos pré-colombianos cos- vertidos à religião cristã. Além disso, aprendeu a língua do coloni-
zador, e essa imposição serviu de base para uma das regionalizações
tumam ser diferenciados por seu conhecimen- Geografia em cena da América, que hoje pode ser dividida em dois grupos distintos: os
to técnico: comunidades nativas, existência da falantes das línguas neolatinas e os falantes do inglês.
Baseados apenas nesse critério, poderíamos agrupar os países
ideia de Estado, construção de obras públicas
que possuem o idioma descendente do latim como os formadores
e elaborados conjuntos arquitetônicos. da América Latina e os falantes do inglês fariam parte da Améri-
ca Anglo-Saxônica. Mas esse não é o único aspecto utilizado nessa
forma de regionalização. Vejamos a seguir o que caracteriza os paí-

Anotações ses que compõem a América Latina e a América Anglo-Saxônica.

236 Capítulo 7 – América: regionalização e integração

CG_8ºano_07.indd 236 26/04/2018 17:46:34

C
236

ME_CG_8ºano_07.indd 236 16/05/2018 12:21:43


América Latina
O fator socioeconômico é muito importante nessa classificação. Por
Geografia em cena
isso, embora a maior parte dos latino-americanos seja falante de línguas
neolatinas, como o espanhol e o português, também vamos encontrar, Durante o processo de
nessa delimitação, nações que têm o idioma inglês como oficial (Jamai- ocupação europeia na Amé-
Alasca Groenlândia
ca, Granada, etc.) e outras que têm(DIN)
o holandês como língua materna, o rica, o modelo de coloniza-
(EUA)
Suriname, por exemplo. ção caracterizado por ser de
Dessa forma, os países que compõem a América Latina são: exploração foi o grande res-
Brasil, México, Guatemala, Belize, El Salvador, Bahamas, Cuba, Ja- ponsável pelo nível socioe-
maica, Honduras, Costa Rica, Nicarágua, Haiti, República Domi- conômico existente hoje.
Canadá
nicana, Panamá, Colômbia, Venezuela, Equador, Guiana, Surina-
me, Peru, Chile, Bolívia, Paraguai, Argentina, Uruguai, Granada,
Santa Lúcia e Trinidad e Tobago.

América Latina
Oceano
Cuba Haiti
Atlântico
México Jamaica
Rep. Dominicana
Porto Rico
Belize Sta. Lúcia
Guatemala Honduras Trinidad e Tobago

Nicarágua Guiana
El Salvador
Suriname
Venezuela Guiana Francesa
Costa Rica
Panamá
Colômbia

Oceano Equador

Pacífico Peru Brasil

Bolívia

Paraguai

Chile Uruguai

Argentina

0 446 km 892 km O L
6:34

América Anglo-Saxônica
Os povos anglos foram colonizadores da região central e norte
da atual Inglaterra; e os saxões, povos habitantes da Saxônia, região
da antiga Alemanha, que, entre os séculos V e VI da era cristã, inva-
diram a Inglaterra. Daí o termo anglo-saxão.

Capítulo 7 – América: regionalização e integração 237

CG_8ºano_07.indd 237 26/04/2018 17:46:34


237

ME_CG_8ºano_07.indd 237 16/05/2018 12:21:43


Geografia em cena A América Anglo-Saxônica é composta pelos Estados Unidos
da América e pelo Canadá. Assim como a América Latina, ela não é
É fácil perceber que delimitada exclusivamente pelo idioma. O Canadá possui o francês
nessa parte da América es- e o inglês como línguas oficiais.
tão presentes os países mais
desenvolvidos do continen- América Anglo-saxônica
te. Todavia, é necessário
compreender que o proces- Alasca Groenlândia
so de colonização no conti- (EUA) (DIN)
nente não foi homogêneo.
A América Anglo-Saxônica
teve seu processo de ocupa-
ção fincado no modelo de Oceano Canadá
povoamento, diferente da Pacífico
outra parte.
N

O L
Estados Unidos
S
Oceano
0 425 km 850 km
Atlântico

Haiti
México Cuba Rep. Dominicana
Porto Rico

Cenário 2 Guatemala
Belize Jamaica
Honduras

El Salvador Nicarágua Guiana


Suriname

Regionalização
Costa Rica Guiana Francesa
Panamá Venezuela

Colômbia

segundo o modelo
Equador

Peru Brasil

colonial Bolívia

América desenvolvida
Paraguai

Chile

Porção do continente cuja ocupação se deu na forma de colo-


Uruguai

nização de povoamento. Nesse sistema, a exploração Argentina —


da terra
com o trabalho livre, familiar e nas pequenas propriedades — tinha
como objetivo atender às necessidades internas, ou seja, dos colo-
nos. Nesse grupo, estão incluídos os Estados Unidos e o Canadá.

América em
desenvolvimento
Parte da América que foi submetida à colonização de explo-
ração: a economia atendia às necessidades externas das metrópo-

238 Capítulo 7 – América: regionalização e integração

CG_8ºano_07.indd 238 26/04/2018 17:46:35 C


238

ME_CG_8ºano_07.indd 238 16/05/2018 12:21:44


les. Estruturou-se nos seguintes pilares: latifúndio, monocultura,
escravidão e exportação. Nesse sistema, todas as riquezas eram en-
viadas para os países da Europa. Nesse conjunto, estão os países da
América Latina.

Reprodução
O caráter exploratório dos europeus co-
meçou com a tentativa de escravização
dos nativos e, posteriormente, com o tráfico
de escravizados, oriundos da África, para serem
utilizados como mão de obra barata.

América: divisão socioeconômica


N

O L

América
Anglo-Saxônica

Oceano
Atlântico

América
Latina
Oceano
Pacífico

0 595 km 1.190 km

Capítulo 7 – América: regionalização e integração 239

:35 CG_8ºano_07.indd 239 26/04/2018 17:46:35


239

ME_CG_8ºano_07.indd 239 16/05/2018 12:21:46


Diálogo com o
professor Cenário 3

• Fale que a ocupação do continente se Diferentes


deu às custas de um grande massacre dos
povos indígenas. níveis de
• Explore o objetivo da colonização europeia
na América, dado pelo mercantilismo, perío- desenvolvimento
do do capitalismo em que o comércio era a
principal atividade econômica, quando foram As causas do
estabelecidas colônias de exploração (grande
propriedade monocultora de exportação com
crescimento desigual
utilização de mão de obra escrava) e povoa- Como vimos, a dominação do continente americano impôs
mento (pequenas e médias propriedades, pre- novas formas de organização sócio-político-econômicas, de acordo
com os interesses dos colonizadores.
domínio de mão de obra familiar e produção Assim, desenvolveram-se na América, formas de exploração da
voltada para o mercado interno). natureza que acarretaram riqueza e desenvolvimento para alguns e
pobreza e subdesenvolvimento para outros.
A porção que hoje compreende os Estados Unidos e o Canadá,
pobres de riquezas minerais no momento do contato com o euro-
peu, foi deixada à parte nos projetos de exploração. Somente com a
Anotações chegada dos puritanos é que se tornou área de colonização voltada
ao consumo interno.
A implantação de uma colonização de povoamento fez com
que as riquezas geradas circulassem internamente, promovendo o
desenvolvimento econômico e social.

Reprodução
O puritanismo refere-se a uma concep-
ção de fé cristã desenvolvida na Inglaterra
por uma comunidade de protestantes radicais
depois da Reforma.

240 Capítulo 7 – América: regionalização e integração

CG_8ºano_07.indd 240 26/04/2018 17:46:35

C
240

ME_CG_8ºano_07.indd 240 16/05/2018 12:21:47


Já na América Latina, por conta de suas riquezas naturais, o
tipo de colonização estabelecida foi a de exploração. Parte dos na-
tivos foi escravizada, e suas terras foram submetidas a saques contí-
nuos, instituindo o repasse permanente dos seus recursos às metró-
poles europeias.
A América subdesenvolvida se especializou em produzir riqueza
para exportação. Pouco ou quase nada sobrou para que os povos des-
sa região pudessem promover um crescimento econômico próprio.
Nem mesmo a independência política das nações latino-americanas
acarretou uma independência financeira, pois as elites internas liga-
das ao capital internacional mantiveram a velha estrutura econômica.
Somente após a Segunda Guerra Mundial, alguns países —
como Brasil, México e Argentina — iniciaram um processo de
atualização de sua economia, com um desenvolvimento industrial
acelerado. Esse fato coloca essas nações em uma situação econômica
mais confortável em relação aos demais países da América Latina.
Dessa forma, atualmente, podemos dividir os países da Améri-
ca em três grupos distintos:

Continente Americano: níveis de desenvolvimento

O L

Oceano
Pacífico

Tróp
ico d
e C ân
cer

Oceano
Atlântico

Países desenvolvidos

Países emergentes

Países subdesenvolvidos
extrativistas e agropecuaristas
6:35

Trópico de Capric
órnio

0 595 km 1.190 km

Capítulo 7 – América: regionalização e integração 241

CG_8ºano_07.indd 241 26/04/2018 17:46:36


241

ME_CG_8ºano_07.indd 241 16/05/2018 12:21:47


Leitura
complementar Países desenvolvidos
Canadá e Estados Unidos destacam-se do ponto de vista eco-
Urbanização na América nômico e social e apresentam elevados PIB e IDH, bem como de-
Latina é “decepcionante”, diz senvolvimento de tecnologias modernas e sofisticadas.

Sorbis/Shutterstock.com
estudo da ONU

Um relatório preliminar sobre o estado


das cidades da América Latina e do Caribe,
divulgado durante o Fórum Urbano Mundial,
no Rio, mostra duas tendências dissonantes
na região. De um lado, uma urbanização cres-
cente que tem permitido aumento na qualida-
de de vida; maior acesso à infraestrutura, ser-
A cidade de Nova York, muitas vezes
viços e emprego; melhoria na expectativa de chamada de “the big apple”, é a cidade
mais populosa dos Estados Unidos.
vida; maior igualdade de gênero; e avanço
na democracia. Do outro lado, concentração
econômica em poucas e grandes cidades, altos Países emergentes
níveis de pobreza e desigualdade e cidades do- Também denominados países em desenvolvimento, México,
tadas de valores agregados per capita em pata- Argentina e Brasil foram as primeiras nações da América Latina
mar menor do que outras regiões do Planeta. a apresentar crescimento econômico-industrial acelerado. Têm
como característica principal o desenvolvimento industrial tardio
A preocupação é maior na América La- e dependente, pois ocorreu após ao dos países ricos, de cuja tec-
tina do que nas cidades caribenhas, diz o do- nologia dependiam. Hoje, apresentam um relativo dinamismo no
aspecto industrial, intensa exportação e sucessivos aumentos nos
cumento. “A rápida urbanização aliada à tec-
índices sociais em relação aos outros países periféricos.
nologia e aos meios de transporte deu às

bibiphoto/Shutterstock.com
cidades latino-americanas conformações e
escalas nunca antes vistas na história da hu-
manidade, e essas formas são replicadas em
outras regiões da Ásia e da África, daí a im-
portância de conhecer melhor os processos e
suas consequências”, explicou a coordenado-
ra do estudo, Cecilia Martínez Leal, durante
a apresentação.
Latino-americanos e caribenhos emer- A indústria automotiva atua no Brasil de
forma direta desde a década de 1950.
gem como os mais urbanizados e mais desi-
guais do Planeta. Quatro em cada cinco pes- 242 Capítulo 7 – América: regionalização e integração
soas vivem em cidades na região, mas o estudo
identifica grandes diferenças entre os países
e também entre os espaços urbanos. “O pro- CG_8ºano_07.indd 242 26/04/2018 17:46:36 CG

gresso tem sido muito mais rápido nas gran- relação de 3,2. Empata com Bogotá, na Co- Baixo valor agregado
des cidades do que nos centros menores e nas lômbia, mas perde para a também colombia-
áreas rurais”, afirma o estudo. na Medellín (3,4) e a equatoriana Guayaquil As cidades da região apresentam ainda
As primeiras foram beneficiadas nos últi- (3,5). A relação, no entanto, às vezes pode ser outro dado preocupante para a ONU. Con-
mos anos por pesados investimentos em infraes- enganosa: Brasília chega a 4,7, mas produz centram atividades de baixo valor agregado e
trutura e serviços, muitos dos quais por meio de apenas 6% do PIB para uma população que com baixo estoque de capital. A isso se soma
empréstimos do Banco Mundial e do Banco In- chega a 1,3% do total do País. uma concentração populacional com pouco
teramericano de Desenvolvimento (BID). Outros países exibem cidades das quais capital humano (em outras palavras: muita
Daí resulta um grande predomínio eco- são ainda mais dependentes. gente pouco qualificada).
nômico das cidades. São Paulo é citada como É o caso do Panamá, onde a capital, Ci- Resultado: se Nova York tem um PIB
um exemplo dessa força. Conta com cerca de dade do Panamá, produz 82,8% do PIB; e do per capita de mais de US$ 60 mil e Tóquio,
10% da população e produz 33,7% do Pro- Chile, onde a capital, Santiago, gera 80,9% US$ 33 mil, cidades como Buenos Aires, Cida-
duto Interno Bruto (PIB) brasileiro — uma das riquezas do país. de do México e Santiago do Chile apresentam

242

ME_CG_8ºano_07.indd 242 16/05/2018 12:21:48


de trabalho das cidades, mas critica a legisla-
ção trabalhista, que, “na maioria dos países,
Países subdesenvolvidos está muito regulada, não conta com mecanis-
mos que garantem sua aplicação”.
Conjunto bastante amplo e diversificado, constituído apenas
por nações latino-americanas de economia primária. Há, no en-
tanto, certa especialização produtiva, o que torna necessária uma Fonte: Artigo de Rodrigo de Almeida, IG Rio de Janeiro.
subdivisão: Site Último Segundo Brasil. Disponível em:http://
ZoranOrcik/Shutterstock.com

ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2010/03/25/urbaniza
Economia baseada no
cao+na+america+latina+e+decepcionante+diz+estudo
extrativismo mineral
+da+onu+9439556.html. Acessado em: 22/04/2018.
Esse grupo é composto por: Venezuela, Equador e Trinidad e
Tobago, cujo setor econômico está assentado no extrativismo do
Petróleo; Bolívia, que se concentra na exploração do gás natural e
do estanho; Peru, que possui uma atividade extrativa bastante di- Anotações
versificada, uma vez que em seu território são encontrados ouro,
cobre, prata, zinco, etc.; Chile, cuja economia é sustentada pelo A economia boliviana é baseada na expor-
cobre; e Guiana, Jamaica e Suriname, países produtores de bauxita. tação de gás natural, e o Brasil é um dos
principais consumidores deste gás.

Economia direcionada para a


agropecuária
Ocorre no Haiti, cuja economia está ancorada na produção de
açúcar e café; na República Dominicana, que se sustenta a partir da
produção do açúcar; na Colômbia, que se destaca pela produção de
café e pelo extrativismo do carvão mineral; no Uruguai, país cuja
base econômica é a produção de lã e carne; em Cuba, cuja econo-
mia se equilibra na produção de açúcar e fumo; no Paraguai, dire-
cionado para a produção de algodão e soja; e em outros países da
América Central com economia ligada à produção de açúcar, café e
frutas tropicais, como banana, laranja e abacaxi.
Paulo Vilela/Shutterstock.com

A Colômbia é uma das maiores produ-


toras de café da América Latina, ficando
atrás apenas do Brasil. Com seu solo favorável ao
plantio, sua economia é baseada em seu cultivo.

Capítulo 7 – América: regionalização e integração 243

6:36 CG_8ºano_07.indd 243 26/04/2018 17:46:36

resultados bem mais modestos (US$ 18 mil, região a “enormes dificuldades para o desen-
US$ 16 mil e US$ 15,9 mil, respectivamente). volvimento humano e a democracia”, além de
“O decepcionante sobre a urbanização na reduzir “o impacto que o crescimento econô-
região é que a pobreza continua sendo muito mico pode ter sobre a pobreza”. Na apresen-
comum”, diz o relatório. Em outro trecho, os tação, Jorge Torres, um dos autores, afirmou
autores afirmam que “a desigualdade na Amé- que boa parte da redução da pobreza nos úl-
rica Latina é preocupante”. Segundo o docu- timos anos na região tem sido favorecida por
mento, “o país com menor desigualdade na aspectos macroeconômicos, e não estruturais.
América tem maior desigualdade que qual- “Nossa urbanização é excludente”, ressaltou.
quer país da Organização para a Cooperação Com tamanha exclusão, o documento re-
e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), vela preocupação com o futuro da democra-
incluindo qualquer país do Leste da Europa”. cia na região. Os autores reconhecem o recen-
Essa desigualdade, afirma o estudo, leva a te avanço na participação da mulher na força

243

ME_CG_8ºano_07.indd 243 16/05/2018 12:21:48


Anotações
Economia voltada para
atividades turísticas e
financeiras
Esse conjunto é bastante heterogêneo e inclui Bahamas, Ilhas

Anilah/Shutterstock.com
Cayman e Ilhas Turcas e Caicos, situadas nas Antilhas.
Devido às características do Mar do Caribe com águas claras,
de flora e fauna riquíssimas, fazem do turismo uma grande fonte
de riquezas que atraem em torno de 15,5 milhões de turistas por
ano. A receita desses países depende dos milhões de dólares que
são deixados anualmente pelos turistas, que caracteriza a econo-
mia da maioria dos países da região. Só nas Bahamas a chegada de
turistas é na ordem de um milhão e quatrocentos mil anualmente,
que deixam uma média de 357 dólares, totalizando a quase 500
milhões de dólares.
A prestação de serviços financeiros por bancos internacionais
presentes nesse grupo de países também é muito importante para a
economia da região. Esses países são conhecidos como paraísos fis-
cais e recebem depósitos de milhões de correntistas no mundo que
As Ilhas Cayman são um território britâni-
co ultramarino formado por três ilhas com, colocam seu dinheiro nesses bancos em busca de benefícios fiscais e
aproximadamente, 50 mil habitantes. pagar menos impostos nos seus países de origem. No ano de 2016,
dados da pesquisa feita pelo Bank of Boston mostraram que no Ca-
ribe e Panamá havia depósitos de 1,3 trilhão de dólares.

Cenário 4

Integração
Leitura
político-econômica
complementar
na América Latina
Nem socialismo, nem pós- Aprimorando relações
-capitalismo: América Latina
Os países da América Latina viveram séculos de dominação po-
vive transição e revoluções, diz lítica e econômica, nos quais suas economias foram organizadas para
embaixador equatoriano atender aos centros de poder europeu e norte-americano. Essa reali-
dade inibiu as relações comerciais e até políticas entre os países lati-
no-americanos. Mas elas vêm sendo aprimoradas por meio da criação
Região precisa se posicionar competitiva- de organismos multilaterais e outros modelos de desenvolvimento e
integração que não envolvem apenas trocas comerciais. A Venezuela,
mente em uma nova economia que não subordi- o Brasil e a Argentina são protagonistas nessa mudança.
ne os direitos do capital sobre os direitos dos seres
humanos, diz Galarza. 244 Capítulo 7 – América: regionalização e integração

Para o professor de relações internacio-


nais da UFABC e ex-candidato a governador CG_8ºano_07.indd 244 26/04/2018 17:46:36 CG

do Estado de São Paulo pelo PSOL, Gilber- No mesmo sentido, o professor do depar- mos sociais perdem essa capacidade, sobretu-
to Maringoni, “por mais que, ao longo desses tamento de Ciência Política da Universida- do a Venezuela”.
16 anos — desde a eleição do ex-presidente ve- de Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pes- Já o embaixador itinerante do Equador
nezuelano Hugo Chávez (1999–2012) —, es- quisador do Conselho Latino-Americano de para assuntos estragégicos, Ramón Torres Ga-
ses governos tenham tentado colocar a ques- Ciências Sociais (Clacso), Carlos Eduardo larza, apontou como desafio regional o fato de
tão social no centro da agenda e por mais que Martins, avalia que a conjuntura favorável aos que a “América Latina precisa gerar uma capa-
Equador, Bolívia e Venezuela tenham até mes- governos progressistas, que “apareceu no co- cidade soberana na indústria local”. Isso para
mo feito novas constituições, não mudamos meço do século XXI, começa a desaparecer que a região se “posicione competitivamente,
nossa estrutura produtiva. A Venezuela segue em grande parte por estratégias dos Estados em uma nova economia não extrativista, mas
vendendo petróleo, e o Brasil, commodities”. Unidos, que fizeram uma política de expansão que relacione capital, trabalho e natureza e
Além disso, ele ressalta que a região, e princi- da produção de petróleo. O resultado é que os que não subordine os direitos do capital sobre
palmente o Brasil, viveu um forte processo de países que usavam esses recursos estratégicos os direitos dos seres humanos, nem os direi-
desindustrialização nos últimos anos. para fazer uma política mais avançada em ter- tos do trabalho sobre os direitos da natureza”.

244

ME_CG_8ºano_07.indd 244 16/05/2018 12:21:49


ses de mestrado ou doutorado em espanhol
porque o único idioma aceito, na maior parte
O socialismo bolivariano Geografia em cena das universidades brasileiras, é o inglês.

Na Venezuela, no governo de Hugo Chávez, houve uma série A Era Chávez foi mar-
de mudanças sociais radicais. O ex-presidente nacionalizou em- cada por avanços significa- Brasil
presas transnacionais, quebrou o monopólio da imprensa e criou e tivos nos índices venezue-
estimulou projetos de transferência de renda. A Venezuela chegou lanos, principalmente, em
decorrência dos royalties
A peculiaridade do Brasil na América Lati-
a apresentar a distribuição de renda mais justa da América Latina.
A partir do seu segundo mandato presidencial, Hugo Chá- do petróleo. No ano de na, que tem como principal fator distanciador
vez passou a estruturar a Aliança Bolivariana para os Povos da 2006, a Venezuela foi con- dos demais países o idioma, além de aspectos
Nossa América – Tratado de Comércio dos Povos (Alba-TCP), siderada um país livre do
analfabetismo e com um culturais e econômicos, também foi apontado
que atualmente congrega Venezuela, Bolívia, Nicarágua, Equador,
Antígua e Barbuda, Dominica, São Vicente e Granadinas, Cuba e IDH que superou o Brasil. como um desafio à integração regional.
Honduras. Mas, para o diplomata equatoriano, esse
Com forte orientação socialista, a Alba-TCP tem como prin-
cipal objetivo criar uma aliança econômica e política entre os povos
não é um entrave. “Habitualmente pensamos
mestiços, latinos e indígenas da América. Esse projeto começou a que a diversidade é uma ameaça aos processos
ser formado quando, em 2004, Fidel Castro, então presidente de de integração, mas ela é uma oportunidade.
Cuba, enviou para a Venezuela uma equipe médica com o objetivo
de auxiliar no combate a doenças e, em troca, Hugo Chávez desti-
Não falo só da diversidade linguística, como
nou petróleo à ilha caribenha, sempre carente de combustíveis. também da pluralidade e diversidade de pensa-
O ex-presidente boliviano Evo Morales, incluiu, em 2006, seu mento, economia, instituições, tudo o que nos
país no grupo.
Dentro do projeto da Alba-TCP, Hugo Chávez assinou o acor- caracteriza como latino-americanos é essa di-
do do Petrocaribe, pelo qual a Venezuela vende, aos membros da versidade. Não há um sistema ideológico e polí-
aliança, petróleo e derivados abaixo do preço de mercado. tico alheio à condição de ser latino-americano.”
Northfoto/Shutterstock.com

Fuser, no entanto, cravou que “o desafio


da integração para o Brasil é duplo: antes de
avaliarmos a integração, temos que ver a iden-
tidade latino-americana. O Brasil não se iden-
tifica com a América Latina. A identificação
sempre é com o opressor”, observou.
Geografia em cena “Os brasileiros se sentem latino-america-
Composto, geopolitica- nos? Se não somos capazes de responder a essa
mente falando, por Argen- pergunta, se a maior parte do povo brasileiro
Hugo Chávez foi o presidente, na América Latina, que ficou mais tempo no cargo: foram qua- tina, Chile e Uruguai, cujo
tro mandatos consecutivos. Seu legado combinou avanços na área social e alguns fracasso na formato é um triângulo, o
não sabe a importância e o valor de ser latino-
economia, além do enfraquecimento das instituições democráticas.
Cone Sul é uma região abai- -americano, e isso não pode ser tema de discur-
O Brasil, um dos líderes do bloco sul-americano, vem empe- xo do Trópico de Capricór- sos, de utopia, deve ser pragmático servir para a
nhando esforços para consolidar o bloco do Cone Sul e a dinamiza- nio, onde o padrão de vida
ção de uma zona de livre-comércio sul-americano, bem como tem é relativamente elevado e o qualidade de vida do brasileiro, na melhoria de
estimulado o desenvolvimento das chamadas Relações Sul–Sul, idioma predominante é o suas condições de trabalho. Então será impor-
que abarcam os países da América do Sul, a China, o Irã, a Índia e espanhol.
a Rússia.
tante para o brasileiro ser latino-americano. Se
não for assim, teremos uma utopia que não nos
Capítulo 7 – América: regionalização e integração 245 serve para caminhar, mas uma utopia que nos
condena ao labirinto”, concluiu Galarza.

6:36 CG_8ºano_07.indd 245 26/04/2018 17:46:36 Disponível em: http://operamundi.uol.com.br/


Cúpulas e governos guerra civil, ou quando o Equador viveu a ten- conteudo/reportagens/40388/nem+socialismo+nem+
tativa de um golpe de Estado ou ainda durante pocapitalismo+america+latina+vive+transicao+e+revo
Tratando do avanço dos países em dire- a intermediação, no ano passado, dos conflitos lucoes+diz+embaixador+equatoriano.shtml. Adaptado.
ção a uma resposta comum, integrada, o pro- ocorridos na Venezuela. A Comunidade de Es- Acessado em: 14/06/2017.
fessor de Relações Internacionais da UFABC tados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac)
Igor Fuser aponta que, apesar de a integra- também representa um avanço”, aponta Fuser.
ção regional estar entre as cláusulas pétreas de O professor, entretanto, ressalta que mui- Anotações
Constituição brasileira, no âmbito popular tas vezes o tema serve para a realização de cú-
não há informação a esse respeito. pulas e mais cúpulas, mas não afeta o coti-
“Avançamos muito. Temos a União das Na- diano das pessoas que seguem precisando de
ções Sul-Americanas (Unasul), que já se mos- passaporte para entrar em determinados paí-
trou muito importante em vários momentos, ses, ou ainda no caso de estudantes latino-
como quando a Bolívia esteve à beira de uma -americanos que não podem defender suas te-

245

ME_CG_8ºano_07.indd 245 16/05/2018 12:21:49


Geografia em cena Essa integração evidenciou alguns resultados positivos. Venezue-
la, Cuba, Equador e Nicarágua, por exemplo, conseguiram, segundo
O termo bolivariano se dados da Unesco, livrar-se do analfabetismo. E a Venezuela destinou
refere a Simón Bolívar, mi- os lucros do petróleo para o desenvolvimento social e pôs a popula-
litar e estadista venezuelano ção no centro das ações políticas e econômicas com a finalidade de
do século XIX, considerado reduzir a pobreza, a fome, o analfabetismo e as disparidades sociais.
por muitos na América La-
tina como herói e revolucio- Unasul
nário, pois foi peça-chave Guiana *
no processo de independên- Venezuela
752.940 Suriname
481.267 0 420 km 840 km

cia de algumas nações da


26.814.843
Guiana Francesa

América que viviam sob o Equador Colômbia

domínio espanhol.
14.790.608 45.586.233

Reprodução
Brasil
191.796.000

Peru Bolívia
29.496.000 10.907.778 União de Nações
Sul-Americanas
Paraguai Membro da Unasul e
6.349.000 Mercosul
Membro da Unasul e
Chile Comunidade Andina
17.094.270
Uruguai
Membro da Unasul
Território da Ultramar
Argentina
3.494.382
(não é um membro)
40.134.425
Cidades importantes
Atual Presidente Pro
Tempore da Unasul
N
Estrada Pan-Americana
O L Estrada Internacional

S
*
População
Símon Bolívar. (estimativa em 2010)
Fonte: Elaborado pelo autor.

Em 8 de dezembro de 2004, na cidade peruana de Cuzco,


ocorreu a III Reunião de Presidentes da América do Sul.
Nesse evento, foi assinada a Declaração de Cuzco, documento
pelo qual foi criada a Comunidade Sul-Americana de Nações
(CSN), “embrião” da Unasul. Em 2007, quando aconteceu a
Primeira Reunião Energética da América do Sul na Venezue-
la, os países-membros da CSN decidiram mudar o nome para
Unasul.
No dia 23 de maio de 2008, em Brasília, doze países (Brasil,
Argentina, Chile, Uruguai, Paraguai, Bolívia, Equador, Colômbia,
Peru, Guiana, Suriname e Venezuela) assinaram o tratado para a CG

criação da União das Nações Sul-Americanas (Unasul). Assim, a


Unasul deixa de ser um simples fórum de debates para se tornar um
organismo internacional.
Os objetivos da Unasul são a promoção de relações de igual-
dade e ajuda mútua entre os membros, com integração nas áreas
econômica, política e social; e a partilha de projetos e recursos cul-
turais, energéticos, educacionais, tecnológicos, financeiros, de in-
fraestrutura, etc.

246 Capítulo 7 – América: regionalização e integração

CG_8ºano_07.indd 246 26/04/2018 17:46:37


246

ME_CG_8ºano_07.indd 246 16/05/2018 12:21:50


gras comuns sobre requisitos e procedimentos
a serem adotados pelas administrações públi-
Vários acordos bilaterais entre países da América do Sul foram
cas na aquisição de bens e serviços. Os regu-
realizados, dinamizando o comércio intrarregional.
Ademais, a criação do Banco do Sul promoveu a tentativa lamentos também devem tratar de quais em-
de diminuir a dependência dos países sul-americanos em relação presas podem concorrer e em que condições.
ao FMI. O projeto desse banco foi elaborado em 2006 pelo então
presidente venezuelano Hugo Chávez e assumido em outubro de
Segundo o ministro das Relações Exterio-
2008 por Brasil, Equador, Venezuela, Bolívia, Argentina, Paraguai res do Brasil, Aloysio Nunes, para chegar a um
e Uruguai. Essa instituição tem como objetivo financiar o desenvol- acordo os membros ainda precisam resolver
vimento dos países-membros e reduzir a exclusão social por inter-
médio das reservas existentes na América do Sul. Até os dias atuais, como lidar com algumas especificidades e citou
o projeto não entrou em operação. como exemplo a forma de governo do Paraguai,
país organizado de maneira mais centralizada e

Marcello Casal Jr/ABr


não federativa, como Brasil e Argentina.
“Há uma distância entre a posição do Pa-
raguai e a dos demais membros do bloco. Há
discrepâncias de estruturas institucionais en-
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Sil-
va durante foto oficial da 2ª Reunião de
tre os países e isso leva a uma falta de enten-
Chefes de Estado e de Governo da Comunida-
de Sul-americana de Nações (Casa), no Centro
dimento, mas que pode ser resolvida no re-
Patiño, Bolívia, em 2006.
conhecimento das especificidades”, disse o
Mercosul ministro brasileiro.

Uma das primeiras tentativas latino-americanas de integração


foi o Mercado Comum do Sul (Mercosul), criado em 1991, com-
União Europeia
posto por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Esse bloco co-
meçou a ser projetado no momento em que o Brasil e a Argentina Os chanceleres voltaram a falar sobre
passaram a fortalecer suas bases industriais, período de término da o acordo com a União Europeia, maior nego-
Guerra Fria e, de intensa influência estadunidense.
Em 1985, ao final da era das ditaduras apoiadas pelos Estados ciação em curso do bloco com outras regiões.
Unidos, os governos que cuidavam naquele momento da redemocra- Aloysio Nunes informou que os responsáveis
tização do Brasil e da Argentina (José Sarney e Raúl Alfonsín, respec- pelas tratativas já chegaram a 90% da cobertu-
tivamente) assinaram, no estado do Paraná, a Declaração de Iguaçu,
iniciando novas relações na política externa dos outrora inimigos. ra e que há grande expectativa de alcançar um
A finalidade desse acordo era dinamizar a economia do bloco termo comum.
a partir de uma abertura econômica gradual e da atração de capital
“As negociações vêm sendo intensas no
externo, para que este, rapidamente, conseguisse se adaptar a uma
economia mundial mais competitiva em tempos de globalização. último mês. Esse é um acordo que pode ter
Convém salientar que o bloco visava apenas à integração econô- significado extraordinário para os dois blo-
mica dos países (circulação de mercadorias), cujas orientações insti-
tucionais foram definidas pelo Protocolo de Ouro Preto, assinado
cos”, acrescentou o ministro das relações exte-
na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, em 1997, por meio de órgãos riores da Argentina, Jorge Faurie.
decisórios constituídos por representantes de cada país integrante.
Em 1991, com o Tratado de Assunção, o bloco foi ampliado
para a Bacia Platina, com a inclusão oficial do Paraguai e Uruguai, Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/
internacional/noticia/2017-12/mercosul-vai-criar-
Capítulo 7 – América: regionalização e integração 247 grupo-para-tratar-de-economia-digital. Acessado em:
01/03/2018.

CG_8ºano_07.indd 247 26/04/2018 17:46:37

Leitura A decisão foi um dos resultados anunciados Anotações


complementar da reunião do Conselho do Mercado Comum
do Mercosul. O órgão é uma das maiores instân-
cias do bloco e a reunião serve como etapa pre-
Mercosul vai criar grupo para paratória para a Cúpula dos Chefes de Estado.
tratar de economia digital A instância que ficará responsável pelas ques-
tões relativas à Internet, tecnologias da informa-
O Mercosul vai criar um grupo para discutir ção e da comunicação e ao comércio eletrônico re-
possibilidades de acordos e ações conjuntas relati- cebeu o nome de Grupo Agenda Digital.
vas à economia digital e ao comércio eletrônico. O Conselho do Mercado Comum tam-
O anúncio foi feito pelos ministros das relações bém analisa a possibilidade de implantação
exteriores do Brasil, da Argentina, do Paraguai e de um acordo sobre compras governamentais
do Uruguai, no Palácio Itamaraty, em Brasília. dentro do bloco. A intenção é determinar re-
:37
247

ME_CG_8ºano_07.indd 247 16/05/2018 12:21:50


assim constituindo-se, formal e juridicamente, o Mercosul. Por esse
tratado, ficaram estabelecidas as metas para o processo de integra-
ção: criação de uma zona de livre-comércio, por meio da eliminação
das barreiras para a circulação de mercadorias no interior do bloco e
construção de uma união alfandegária. Além do estabelecimento de
uma tarifa externa comum (TEC), adotada pelos países-membros.
Em abril de 1998, o bloco firmou acordo com o Pacto Andi-
no, para criar, em 2000, a Área de Livre Comércio Sul-Americana
(ALCSA), como forma de dinamizar as suas economias e fazer
frente à criação da Área de Livre-Comércio das Américas (Alca),
além de estabelecer acordos de cooperação com a União Europeia.
Porém, a crise argentina e a desvalorização do real provocaram uma
drástica redução no volume comercial interno do bloco.
Estimulou-se, então, uma maior aproximação entre a Alba e a
Unasul a partir da inclusão da Venezuela, por aprovação dos parla-
mentos de todos os membros. A única exceção foi o Paraguai, que
— suspenso do bloco depois da deposição do presidente Fernando
Lugo — passou a buscar novos parceiros internacionais, principal-
mente países de economia emergente.
O órgão superior do Mercosul é o Conselho do Mercado Comum
Alasca Groenlândia
(CMC), constituído
(EUA) pelos ministros das Relações
(DIN) Exteriores e da Eco-
nomia de cada um dos membros. Existe ainda o Parlamento do Merco-
sul (Parlasul), integrado por parlamentares das cinco nações, em número
proporcional à população de seu país, que estão encarregados de imple-
Canadá
mentar a transformação dos acordos em leis nacionais.

Mercosul: países membros


Estados Unidos

Trópi
c o de C
âncer
Oceano
México Atlântico
0 549 km 1.098 km
Guiana
Suriname
Venezuela
Colômbia

Equador

Oceano Peru Brasil


Pacífico
Bolívia
Trópico de Capricórnio
Paraguai
Chile
Membros permanentes Uruguai
Argentina
Membros associados
N
Pedido de associação O L

248 Capítulo 7 – América: regionalização e integração

CG_8ºano_07.indd 248 26/04/2018 17:46:37 C


248

ME_CG_8ºano_07.indd 248 16/05/2018 12:21:51


Geografia em cena

Aquífero Guarani une o Mercosul


Ele está escondido no subsolo de oito estados brasileiros e
se estende até a Argentina, o Uruguai e o Paraguai. Chamado
de aquífero Guarani, é um gigantesco reservatório com 45.000
km3 de água potável. “Essa quantidade daria para encher 7,5 mi-
lhões de vezes o estádio do Maracanã até a borda e abastecer a
população do Planeta durante 10 anos”, diz o geólogo Heraldo
Campos, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos),
em São Leopoldo, RS. Esse tesouro natural armazena cinco vezes
mais água que o segundo maior reservatório do mundo, a Gran-
de Bacia Artesiana, na Austrália. Nosso aquífero foi descoberto
pela Petrobras durante a década de 1950, quando a empresa fazia
explorações em busca de petróleo. Mas foi só em 1995 que geólo-
gos do Brasil, da Argentina, do Paraguai e do Uruguai chegaram
a um acordo sobre suas verdadeiras dimensões.
A princípio, ele foi batizado de Aquífero Gigante do Mer-
cosul, mas o nome não pegou, e acabou mudando para Guara-
ni, em homenagem às populações indígenas que viviam antiga-
mente na região.
75º 65º 55º 35º

Fonte: http://mundoestranho.abril.com.br/materia/qual-e-o-maior-reser-
vatorio-subterraneo-de-agua-do-mundo.
10º

0 276 km 552 km

Oceano
Atlântico
Equador

10º

20º

Trópico
de Cap
ricórni
o

Área de afloramento
N

O30º L

A reserva do Guarani é uma das maiores reservas de água doce do Planeta. Em sua capa-
cidade total é capaz de sustentar todo o mundo por 10 anos.
40º

Capítulo 7 – América: regionalização e integração 249

:37 CG_8ºano_07.indd 249 26/04/2018 17:46:38


249

ME_CG_8ºano_07.indd 249 16/05/2018 12:21:52


Aprenda com arte

Hábito negro
Direção: Bruce Beresford.
Ano: 1991.

Sinopse: Em 1734, um padre jesuíta sai da Europa em direção ao Novo Mundo para catequizar os
indígenas de uma inóspita região canadense. Seu austero hábito negro e a celebração dos ritos cristãos
são mal compreendidos pelos selvagens, que passam a vê-lo como uma entidade do mal, abandonan-
do-o à sua própria sorte.

Ao sul da fronteira
Direção: Oliver Stone.
Ano: 2009.

Sinopse: O diretor Oliver Stone viaja por seis países da América do Sul e ainda Cuba, em uma ten-
tativa de compreender o fenômeno que os levou a ter governos de esquerda na primeira década do
século XXI. Por meio de conversas com Hugo Chávez (Venezuela), Cristina Kirchner (Argentina),
Evo Morales (Bolívia), Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil), Fernando Lugo (Paraguai), Rafael Correa
(Equador) e Raul Castro (Cuba), é analisado o modo como a mídia acompanha cada governo e a
maneira como lidam com os Estados Unidos e órgãos mundiais, como o FMI.

Pequeno dicionário geográfico e cultural


Especialização produtiva: Divisão das ativi- Relações sul-sul: Política adotada por países
dades econômicas em vários ramos visando emergentes e subdesenvolvidos como reação
maior produtividade. ao comércio desigual da relação norte-sul.
Organismos multilaterais: Entidades que tra- Royalties: Remuneração paga para ter o direi-
balham para o bem comum de várias nações. to de uso de bens de um proprietário.
Puritanos: Protestantes radicais ingleses.

Ensaio geográfico
1 Diferencie a colonização de exploração da colonização de povoamento.

A colonização de exploração foi realizada com a única intenção de explorar as novas terras e retornar
com a riqueza produzida para Europa. A colonização de povoamento objetivava residir e tornar desen-
volvida a nova terra produtiva, atendendo às necessidades dos colonos.

250 Capítulo 7 – América: regionalização e integração

CG_8ºano_07.indd 250 26/04/2018 17:46:38 C


250

ME_CG_8ºano_07.indd 250 16/05/2018 12:21:52


Alasca Groenlândia
(EUA) (DIN)

Canadá

2 Observe o mapa abaixo e responda, qual o nome do bloco econômico sul-americano que está sendo
Estados Unidos
representado pelos respectivos países?

Trópico de Câncer Oceano


Atlântico

Venezuela

Brasil Mercosul.

Trópico de Capricórnio Paraguai

Oceano Uruguai
Pacífico Argentina
N

O L
0 510 km 1.020 km
S

3 Quais as principais características da América Latina?


São países que falam predominantemente idiomas de origem neolatinos, como também, se asseme-

lham pelo seu aspecto socioeconômico, visto que, a colonização de exploração foi marca do seu pro-

cesso de formação.

4 Descreva a importância da colonização de povoamento no processo de desenvolvimento da Amé-


rica Anglo-Saxônica.
A colonização de povoamento permitiu um intenso desenvolvimento econômico da colônia. A razão

de países como Estados Unidos e Canadá serem desenvolvidos está, em sua grande maioria, explicado

em seu modelo de colonização.

Capítulo 7 – América: regionalização e integração 251

:38 CG_8ºano_07.indd 251 26/04/2018 17:46:38


251

ME_CG_8ºano_07.indd 251 16/05/2018 12:21:53


5 Cite o nome de:

a. dois países subdesenvolvidos de economia extrativista da América.


Venezuela e Equador.

b. o país emergente da América do Norte.


México.

c. dois países subdesenvolvidos de economia agropecuária da América Central.


Haiti e República Dominicana.

Encerramento
1 (Unesp) Na Idade Moderna, o processo de colonização europeia das regiões do continente ameri-
cano não foi uniforme. Pode-se distingui-las em áreas de:
a. colônia de povoamento ocupada por contingentes de escravos africanos e de colônia de explo-
ração indígena.
b. X colônia de exploração baseada na escravidão e na grande propriedade agrícola e de colônia de
povoamento.
c. produção e exportação de mercadorias manufaturadas e de importação de matérias-primas eu-
ropeias.
d. domínios políticos com a submissão da população local e de domínio econômico, sendo garan-
tida a liberdade indígena.
e. exploração econômica de recursos naturais e de catequese das populações nativas por missioná-
rios cristãos.

2 (UFPE) A história dos países latino-americanos, apesar de distinta, tem muito em comum. Assina-
le a alternativa que confirma esse enunciado.
a. X O atraso na industrialização tornou essa região dependente dos fornecedores externos de bens
de produção, o que conduziu a um crescente endividamento externo.
b. A industrialização da América Latina se deu de forma homogênea, acompanhando as conjuntu-
ras de crescimento econômico dos Estados Unidos.
c. As migrações internas entre países da América Latina têm contribuído para uma história co-
mum de desenvolvimento tecnológico.
d. As guerras de independência na América Latina foram simultâneas contra as metrópoles, e, na
metade do século XIX, todas as nações haviam se transformado em repúblicas livres da escravidão.
e. A economia dos países da América Latina está voltada para o seu próprio mercado interno.

252 Capítulo 7 – América: regionalização e integração

CG_8ºano_07.indd 252 26/04/2018 17:46:38 C


252

ME_CG_8ºano_07.indd 252 16/05/2018 12:21:53


3 (IFCE) Na América Latina, predominam os idiomas espanhol e português, mas são faladas tam-
bém outras línguas que não têm origem latina. Com base nessas informações, assinale a alternativa
incorreta:
a. Na América Latina, existe uma infinidade de idiomas indígenas. Por exemplo, o maia, o guarani,
o quíchua e o aimara.
b. Inúmeras línguas de origem pré-colombiana são praticadas por pequenos grupos em vários paí-
ses da América Latina.
c. É marcante a presença dos idiomas holandês, francês e inglês mesclados com línguas africanas
ou indígenas na América Latina.
d. X Como exemplo de língua praticada na América Latina de origem não latina, temos o holandês,
que é o idioma oficial da Guiana.
e. No Haiti e na Guiana Francesa, o idioma oficial é o francês.

4 (IFMG) Analise a charge.

(Disponível em: http://migre.me/ag6O5. Acesso em: 21/11/2012. Adaptado.)

O Paraguai faz parte do bloco econômico Mercado Comum do Sul (Mercosul), entretanto a charge
brinca com uma “situação de castigo” com o país, ocorrida em 2012. A decisão adveio porque os demais
integrantes do mercado comum sul-americano consideraram a destituição do presidente paraguaio
uma ruptura da ordem democrática.

O fato destacado promoveu uma alteração significativa no bloco em função:


a. X da entrada da Venezuela, a qual dependia apenas da aprovação paraguaia.
b. da saída do Paraguai, que agora se tornará apenas um membro associado.
c. do enfraquecimento nas relações comerciais, dada a importância paraguaia.
d. do aumento das tensões e da possibilidade de conflitos armados entre os países.

Capítulo 7 – América: regionalização e integração 253

:38 CG_8ºano_07.indd 253 26/04/2018 17:46:38


253

ME_CG_8ºano_07.indd 253 16/05/2018 12:21:54


5 O mais importante setor industrial mexicano é:
a. X o petroquímico.
b. a exploração carbonífera.
c. o de alimentos.
d. o extrativismo vegetal.
e. o mecânico.

6 O país destaca-se por dois motivos: um positivamente, por estar entre os cinco países com a maior
produção mundial de café; o outro, negativamente, pelo primeiro lugar na produção de cocaína, o que
sustenta o narcotráfico internacional e financia diferentes grupos guerrilheiros. É um país da América
Latina banhado ao mesmo tempo pelos Oceanos Atlântico e Pacífico. Qual das alternativas abaixo
indica o país que apresenta essas características?
a. Bolívia.
b. Uruguai.
c. Venezuela.
d. X Colômbia.

7 A América Anglo-Saxônica abrange os Estados Unidos e o Canadá, países onde predomina o in-
glês, língua de origem anglo-saxônica. Marque a alternativa incorreta sobre a América Latina.
a. A América Latina é uma região do continente americano de países que falam línguas latinas.
b. X A América Latina é uma porção da América Anglo-Saxônica que reúne países que falam o inglês.
c. A América Latina é formada por uma maior quantidade de países do que a América Anglo-
-Saxônica.
d. A América Latina tem o Brasil como seu maior país, tanto em tamanho como em população.
e. Na América Latina predominam os idiomas espanhol e o português, línguas derivadas do latim.

8 Por que no Brasil se fala o português enquanto que na quase totalidade dos países vizinhos se fala
o espanhol?
a. Porque os países à nossa volta escolheram falar a língua espanhola e no Brasil preferimos o inglês.
b. Porque o Brasil dominou Portugal, e os países vizinhos dominaram outros lugares.
c. Porque isso na verdade não tem explicação; é algo parecido como o ar que respiramos.
d. X Porque a colonização do Brasil foi realizada pelos portugueses, e nos países vizinhos foram os
espanhóis que dominaram.
e. Porque a colonização do Brasil foi realizada pelos espanhóis, e nos países vizinhos, os portugue-
ses dominaram.

254 Capítulo 7 – América: regionalização e integração

CG_8ºano_07.indd 254 26/04/2018 17:46:38 C


254

ME_CG_8ºano_07.indd 254 16/05/2018 12:21:54


9 O México, oficialmente Estados Unidos Mexicanos, é uma república constitucional federal. É o
quinto maior país das Américas em extensão. O México, dentro dos critérios de regionalização físicos
e socioeconômicos, está localizado:
a. X na América do Norte e na América Latina.
b. na América do Sul e na América Anglo-Saxônica.
c. na América Central e na América Latina.
d. na América do Norte e na América Anglo-Saxônica.

10 A regionalização histórico-social da América divide o continente em:


a. Três regiões: América do Norte, América Central e América do Sul.
b. X Duas regiões: América Latina e América Anglo-saxônica.
c. Cinco regiões: países que falam língua inglesa, países que falam língua espanhola, países que
falam francês, países que falam holandês e países que falam português.
d. Quatro regiões: Países Platinos, Países Andinos, Guianas e o Brasil.

11 (UFSC) Do ponto de vista histórico-social, o continente americano divide-se em América Anglo-


-Saxônica e América Latina. Identifique a(s) proposição(ões) que caracteriza(m) corretamente a Amé-
rica Latina.

01. A colonização por exploração deixou marcas profundas nessa parte da América, entre as quais a
excessiva concentração de terras.
02. Países como o México, o Brasil e a Argentina podem ser caracterizados como uma periferia indus-
trializada.
04. A dependência, em relação aos países centrais, é estrutural, muito embora as forças endógenas
também atuem na formação econômico-social.
08. O colonizador fixou-se de imediato na terra, criando um mercado interno responsável por um
precoce desenvolvimento industrial.
16. O inglês e o francês são línguas oficiais dominantes, excetuando-se o Brasil, onde se fala o português.

2 + 4 + 8 = 11

12 (PUC–RS) Com relação à América Latina, não é correto afirmar que:


a. a estrutura agrária é caracterizada pelo predomínio da grande propriedade, embora já tenham
sido feitas reformas agrárias em alguns países.
b. o crescimento industrial tem ocorrido à custa de capital e tecnologia estrangeira.
c. entre os principais produtos exportados neste final de século se encontram muitos dos que for-
mavam a lista de exportações na fase pré-industrial.

Capítulo 7 – América: regionalização e integração 255

:38 CG_8ºano_07.indd 255 26/04/2018 17:46:39


255

ME_CG_8ºano_07.indd 255 16/05/2018 12:21:55


d. a importação de produtos manufaturados e de tecnologia de ponta continua a ocorrer mesmo
em países que já possuem um diversificado parque industrial.
e. X a instalação de sistemas abertos à concorrência internacional, a opção pelas importações e in-
centivos às privatizações têm diminuído as desigualdades sociais existentes.

13 (UFSE–Adaptada) Na tentativa de se libertar do subdesenvolvimento e da dependência estrangei-


ra, herança do seu passado colonial comum, esses países têm promovido a integração econômica, por
meio de organizações e associações como o Pacto Andino, a Aladi e o Mercosul.
O texto refere-se aos países:
a. andinos.
b. sul-americanos.
c. caribenhos.
d. platinos.
e. X latino-americanos.

14 (FIV) Leia o texto a seguir.

“Atrelado à locomotiva americana, que não para de crescer, o país passou a produzir, vender e se
desenvolver, enquanto outras nações da América Latina andavam de lado. Existem problemas também.
Muitas áreas rurais não dispõem de água potável, a produção agrícola é medíocre. [...] Além disso, de tudo
o que vende para o exterior, cerca de 80% vão para os Estados Unidos. Uma dependência exagerada.”
Veja. 26/04/2000.

Identifique o país e o bloco econômico que o une aos Estados Unidos.


a. México – Alca.
b. X México – Nafta.
c. Chile – Apec.
d. Chile – Nafta.
e. Canadá – Alca.

15 (Unifenas) Num momento de intensa internacionalização financeira, ocorre, por outro lado, um
fortalecimento de blocos regionais. Na América, podemos destacar dois grandes blocos regionais em
pleno funcionamento, que são:
a. Pacto Andino e Alca.
b. Mercosul e Alca.
c. Alca e Nafta.
d. X Nafta e Mercosul.
e. Mercado Comum Europeu e Mercosul.

256 Capítulo 7 – América: regionalização e integração

CG_8ºano_07.indd 256 26/04/2018 17:46:39


256

ME_CG_8ºano_07.indd 256 16/05/2018 12:21:55


Objetivos
pedagógicos
Capítulo 8 • Discutir a geopolítica da América Latina,
enfatizando as atuais condições das econo-
As nações emergentes da mias em destaque: Brasil, México, Argentina,
Venezuela e Bolívia.
América Latina Escultura do arquiteto Oscar Niemeyer que
compõe o Memorial da América Latina, lo-
calizado em São Paulo. Esse conjunto arqui- • Caracterizar e relacionar os conjuntos re-
tetônico visa à integração cultural, política,
econômica e social da América Latina. gionais da América Latina.
• Analisar o processo de diversificação indus-
trial dos principais países latino-americanos.
• Reconhecer semelhanças entre as econo-
mias dos países latino-americanos com ativi-
dade industrial diversificada — Brasil, Argen-
tina e México.
• Identificar características socioeconômicas
e espaciais do México, da Argentina, da Vene-
zuela e da Bolívia.
• Perceber algumas características do desen-
volvimento dependente latino-americano.

Anotações

A América Latina é
uma região de extremos. Sua
diversidade é observada em todos
os aspectos: ambiental, econômico,
político e social. Nela encontramos a
riqueza e a pobreza lado a lado. Nessa
porção do continente americano,
Brasil, México e Argentina se
destacam atualmente pelo elevado
desempenho de sua economia.

tterstock.com
Vitoriano Junior/Shu

Capítulo 8 – As nações emergentes da América Latina 257

CG_8ºano_08.indd 257 30/04/2018 09:44:21

BNCC ria-prima e energia e sua relevância para a coo-


Habilidades trabalhadas peração entre os países do Mercosul.
no capítulo (EF08GE23) Identificar paisagens da Améri-
ca Latina e associá-las, por meio da cartogra-
(EF08GE16) Analisar as principais proble- fia, aos diferentes povos da região, com base
máticas comuns às grandes cidades latino- em aspectos da geomorfologia, da biogeogra-
-americanas, particularmente aquelas relacio- fia e da climatologia.
nadas à distribuição, estrutura e dinâmica da (EF08GE09) Analisar os padrões econômi-
população e às condições de vida e trabalho. cos mundiais de produção, distribuição e inter-
câmbio dos produtos agrícolas e industrializa-
(EF08GE22) Identificar os principais recur- dos, tendo como referência os Estados Unidos
sos naturais dos países da América Latina, da América e os países denominados de Brics
analisando seu uso para a produção de maté- (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

257

ME_CG_8ºano_08.indd 257 16/05/2018 12:22:56


Diálogo com o
professor Cenário 1

• Explique que não podemos avaliar o nível As principais


de desenvolvimento socioeconômico de um
país pelo seu nível de industrialização, pois economias latino-
nem todo país industrializado é desenvolvido.
• Comente com os alunos que, nos países lati- -americanas
nos, apesar da globalização, existe uma peque-
na integração internacional, presente especial- Construção da
mente no bloco econômico criado em 1991, espacialidade industrial
chamado de Mercosul. Este é composto por
Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Vene- emergente
zuela, além do Chile e da Bolívia, que partici- Durante pelo menos quatrocentos anos, a América Latina so-
breviveu da produção e exportação de produtos primários. A colo-
pam como membros associados. nização de exploração delegou essa região a um papel secundário
no sistema econômico mundial: o de mera fornecedora de maté-
rias-primas e bens tropicais destinados às metrópoles europeias. No
Anotações entanto, no início do século XX, dois fenômenos abalaram a con-
juntura política e econômica do mundo: a Primeira Guerra Mun-
dial e a Crise da Bolsa de Valores de Nova York.
Ao longo da Primeira Guerra Mundial, os Estados Unidos
ampliaram a produção de bens agrícolas, matérias-primas benefi-
ciadas e produtos industriais para atender às necessidades da Eu-
ropa em guerra.
Terminado o conflito, os estadunidenses emprestaram capital
para a reconstrução de muitos países europeus. Estes, quando já
reconstruídos, além de não precisarem mais das importações dos
Estados Unidos, suspenderam o pagamento dos empréstimos.
Nesse momento, a gigantesca produção estadunidense se voltou
para o mercado interno, acarretando uma acelerada queda de
preços e desvalorização das ações das empresas na Bolsa de Nova
York. O caos econômico provocou demissões em massa e falên-
cias, além de afetar diretamente países cuja economia dependia
das importações da potência norte-americana. Entre eles, Brasil,
México e Argentina.

Geografia em cena

Esse episódio que causou um verdadeiro abalo na econo-


mia dos países capitalistas no mundo foi denominado de Crise
de 1929, ou a Grande Depressão.

258 Capítulo 8 – As nações emergentes da América Latina

CG_8ºano_08.indd 258 30/04/2018 09:44:21

C
258

ME_CG_8ºano_08.indd 258 16/05/2018 12:22:56


Everett Historical/Shutterstock.com
Em outubro de 1929, houve a maior
crise do capitalismo antes da economia
globalizada. Aquele ano tornou-se o mais de-
vastador para o mercado acionário na história
dos Estados Unidos, levando em consideração
a dimensão total e a longevidade dos seus acon-
tecimentos. Milhares de investidores, bancos e
indústrias foram à falência, provocando uma
crise mundial.

Os países da Europa Ocidental envolvidos no conflito focaram


seus esforços produtivos no mercado interno, principalmente na
indústria bélica e de campanha. Com isso, os fluxos de mercadorias,
que se destinavam a nações da América Latina, diminuíram drasti-
camente. Observando esse cenário, membros da elite agropecuária
e empresários da exportação do México, do Brasil, da Argentina e
de outros países latino-americanos passaram a investir no desenvol-
vimento de indústrias para substituição desses produtos, até então
importados. Essa industrialização contou com a ajuda dos governos
locais, que criaram obras estruturadoras, bem como incentivaram o
trabalho qualificado de diversos imigrantes.
Nesses países, começou a se formar uma nova paisagem,
com fábricas produzindo para atender ao mercado interno. In-
dústrias alimentícias, de calçados, de vestuário, de bebidas se
multiplicaram, e o espaço geográfico da Argentina, do Brasil
e do México, antes rural e agrário, começou a assumir feição
urbano-industrial.
4:21

Geografia em cena

Os imigrantes inicialmente vieram ao Brasil com a fi-


nalidade de exercer sua mão de obra nas atividades ligadas
ao campo. Mas, devido à intensificação das atividades indus-
triais, os imigrantes passaram também a dar origem à classe
de operários.

Capítulo 8 – As nações emergentes da América Latina 259

CG_8ºano_08.indd 259 30/04/2018 09:44:21


259

ME_CG_8ºano_08.indd 259 16/05/2018 12:22:58


Reprodução
As transnacionais (empresas de outros
países com filiais em várias nações) eram
atraídas pela mão de obra barata e pela abun-
dância de matérias-primas oferecidas no Brasil.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, as empresas transna-


cionais se tornaram as protagonistas do mercado internacional. Vá-
rias empresas industriais da Europa e, principalmente, dos Estados
Unidos ocuparam os espaços de países subdesenvolvidos, levando-
-se em conta requisitos como: incentivos fiscais, infraestrutura, dis-
ponibilidade de mão de obra barata e mercado consumidor.
Na América Latina, Brasil, México e Argentina preenchiam
esses critérios. Nas décadas seguintes, ocorreu, nesses países, uma
invasão de empresas estrangeiras, as quais souberam utilizar a mídia
(televisão, rádio, jornal, etc.) para cativar os consumidores locais e
ampliar cada vez mais o seu lucro.
Era a época do capitalismo global intensificado nas décadas de
1980 e 1990. Com a adoção do neoliberalismo, essas três nações
abriram o capital com parte de sua economia, promovendo uma
competição desleal, na qual empresas da América Latina foram der-
rotadas por gigantescas corporações transnacionais de outras partes
do mundo. As que não desapareceram passaram por um processo
de fusão e requalificação produtiva.

Geografia em cena

O neoliberalismo é uma vertente da atual fase do sistema


capitalista, que prega a não participação do Estado na dinâmi-
ca econômica do país. Dessa forma, as privatizações passam a
ocorrer livremente.

260 Capítulo 8 – As nações emergentes da América Latina

CG_8ºano_08.indd 260 30/04/2018 09:44:22 C


260

ME_CG_8ºano_08.indd 260 16/05/2018 12:22:59


No século XXI, com a ascensão de governos mais comprome-
tidos com o espaço nacional, principalmente no Brasil e na Argen-
tina, começou a ter lugar na América Latina a ideia de integração
interna e busca de novos parceiros comerciais fora da antiga estru-
tura Sul–Norte.
O Brasil realizou parcerias comerciais com a Rússia, a Índia, a
China e a África do Sul, originando o grupo chamado Brics. Essas
nações objetivam ampliar seu volume de capital, investir no desen-
volvimento de novas tecnologias, diversificar suas áreas produtivas
e acelerar a economia. Porém, a desigualdade provocada pela má
distribuição de renda ainda persiste nesses países.

Geografia em cena

A sigla Brics possui as iniciais dos países que fazem par-


te de um grupo de cooperação (Brasil, Rússia, Índia, China e
África do Sul). Esse colegiado não chega a formar um bloco
econômico. São países de economia emergente que estabelece-
ram uma aliança com a finalidade de intensificar seus negócios.

Brics – contexto global

Brasil Índia China Rússia África do Sul Os principais interesses


PIB PIB PIB PIB do Brasil nos Brics
US$ 1,746 tri* US$ 2,263 tri* US$ 1,283 tri* US$ 294,840 bi*
PIB
US$ 11,199 China
tri*
Venda de 60 aeronaves, o fim do
embargo à carne bovina e mais
9ª economia 7ª economia 2ª economia 12ª economia 33ª economia investimentos chineses em
mundial mundial mundial mundial mundial
estrutura e logística.

Crescimento Crescimento Crescimento Crescimento Crescimento

Rússia
do PIB em 2013 do PIB em 2013 do PIB em 2013 do PIB em 2013 do PIB em 2013
2,5% 3,2% 7,7% 1,3% 2%
População População População População População
202 1,236 1,355 142,2 48,375
Plano de ação com
investimentos em ferrovias,
milhões bilhão bilhão milhões milhões portos, energia nuclear, petróleo
e gás até o fim de 2015.

Índia
N

O L Expansão do comércio bilateral


de US$ 9,5 bilhões para US$ 15
S bilhões até o fim de 2015,
ampliando o livre-comércio de
200 para 400 produtos.
* Em 2013, em paridade de

África do
poder de compra. Esse cálculo
do dólar leva em consideração
Sul
o poder de compra de cada
país, ou seja, torna as moedas
comparáveis e impede
distorções ligadas ao câmbio. Liberação do ingresso de vinho
0 1.168 km 2.337 km
sul-africano para o Brasil e fim
dos entraves à carne brasileira.

Observe como os Brics se tornaram importantes economias no contexto global e passaram a ameaçar as posições de economias tradicionais, como
Inglaterra, França, Itália e Alemanha.

Capítulo 8 – As nações emergentes da América Latina 261

:22 CG_8ºano_08.indd 261 30/04/2018 09:44:22


261

ME_CG_8ºano_08.indd 261 16/05/2018 12:22:59


Leitura
complementar Cenário 2

Colômbia se desponta como


polo tecnológico da América
O desenvolvimento
Latina tecnológico na
Quando se pensa em países com bom de- América Latina
senvolvimento tecnológico na América Lati-
Ciência e tecnologia nos países
na, talvez os primeiros que vêm à mente se-
emergentes da América Latina
jam Brasil e Argentina. Mas a Colômbia vem
se tornando, cada vez mais, um polo tecnoló- O processo histórico de formação da América Latina se deu de
acordo com os interesses de outras nações, principalmente da Eu-
gico no noroeste do continente. ropa, e mais tarde dos nossos vizinhos norte-americanos. A inde-
A SAP está comemorando mais de 20 pendência de um país passa necessariamente por sua capacidade de
anos de presença na Colômbia e conta com desenvolver tecnologia, pois esta é uma ferramenta para o desenvolvi-
mento econômico e social. Entre as características dos países em de-
2.400 clientes de várias indústrias no país. senvolvimento ou emergentes, está a baixa autonomia tecnológica, e,
No início, oferecia software para CRM e ERP, dessa maneira, precisam importar os produtos e serviços necessários
mas, com a digitalização, ampliou seu portfó- para a manutenção e o desenvolvimento de seu país, pagando com
divisa forte (moeda estrangeira como dólar ou euro). Para garantir
lio e adequou seus serviços, permitindo que os vantagens e competitividade no cenário de disputa global e a melho-
tomadores de decisão tenham uma visão 360° ria na qualidade de vida do povo, com oferta de emprego qualificado
e consequentemente maior renda, a ciência e tecnologia devem ter
de seus negócios de maneira fácil, ágil, eficien-
um papel primordial nas políticas de desenvolvimento de um país.
te e competitiva. Hoje, a SAP oferece ferra- O progresso tecnológico passa, obrigatoriamente, por investi-
mentas que rodam na nuvem, acessíveis para mento em pesquisa e desenvolvimento, seja por iniciativa do po-
der público, privado ou na parceria público-privada. Nos países
todo tipo e tamanho de empresa. emergentes, como Brasil, Argentina e México, as barreiras para o
Um dos exemplos que casam bem com desenvolvimento de tecnologias próprias são os problemas com
essa oferta 360° é a rede Donucol, companhia qualidade da educação, saúde e renda porque estão necessariamen-
te relacionados ao desenvolvimento humano.
com mais de três décadas de história e que re- A matéria-prima para a pesquisa e o desenvolvimento é o fator
presenta a americana Dunkin’ Donuts no país humano, e países como Brasil e México têm índices educacionais
latino-americano. muito baixos se comparados aos países desenvolvidos e até com ou-
tros emergentes como a China, o Uruguai ou Cuba. A Argentina
O crescimento da Dunkin’ Donuts na Co- está muitos passos à frente do Brasil e do México. O Programa In-
lômbia gerou desafios relacionados a alguns ternacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) avalia estudantes de
dezenas de países em leitura, Matemática e Ciências para mostrar
processos internos. A empresa tem mais de
um panorama de como está a educação nesses países e indicar me-
110 lojas só em Bogotá, e gerenciar uma opera- lhorias a médio e longo prazo que refletem no crescimento econô-
ção que precisa ser feita todos os dias para que mico e social.
No Pisa de 2015, o Brasil ficou na posição 63o entre 70 países
os produtos perecíveis sejam ofertados frescos avaliados. O México ficou em 58o e a Argentina em 38o. De acordo
para o cliente é uma questão complicada.
A empresa está, no momento, implemen- 262 Capítulo 8 – As nações emergentes da América Latina
tando o SAP Business One Cloud para simpli-
ficar os negócios, acelerar o crescimento, fazer
a operação de forma mais eficiente, minimi- CG_8ºano_08.indd 262 30/04/2018 09:44:22 CG

zar desperdícios e, principalmente, tomar de- ba, Curaçao, Guatemala, Costa Rica, Pana- informações em tempo real sobre inventá-
cisões em tempo real. “Os processos mudaram má, Equador e Peru. Há apenas dois anos, a rio, preços e opções que fazem da venda um
e os volumes aumentaram muito rapidamen- empresa tinha 30 lojas e o crescimento expo- processo mais assertivo.
te, e sem uma ferramenta tecnológica é impos- nencial fez com que ela demandasse tecnolo- Entre as grandes empresas, vemos a rea-
sível se manter eficiente. Depois de 34 anos de gia para gerenciar toda a operação. lidade da Empresa de Energia de Bogotá
operações, era fundamental mudar a mentali- A Vélez é um exemplo perfeito de como (EEB), que tem 120 anos de trajetória e ope-
dade da companhia e ter a capacidade de nos aproveitar o conceito de TI em vários as- ração em quatro países. Cliente SAP desde
digitalizar”, diz Maria Lucia Merino, gerente pectos. Por um lado, implementou solu- 2001, a EEB foi a primeira da América La-
geral do Dunkin’ Donuts Colômbia. ções para otimizar muitos dos processos es- tina a construir um Digital Boardroom com
No meio do caminho, entre as médias pecializados da indústria da moda com o três telas exibindo informações em tempo
empresas, conhecemos a Vélez, uma rede de AFS (Apparel and Footwear Solution – SAP real para que o conselho da empresa consiga
lojas que vende produtos em couro expostos ECC). Do outro lado, pôde usar soluções tomar decisões baseadas em dados de todas
em 230 pontos de venda na Colômbia, Aru- SAP para otimizar processos de venda, com as áreas da empresa.

262

ME_CG_8ºano_08.indd 262 16/05/2018 12:23:00


Anotações
com o relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvi-
mento Econômico (OCDE), órgão organizador do exame inter-
nacional, a importância da educação é tão grande para o desenvol-
vimento de um país que, se todos os alunos de 15 anos estiverem
escolarizados e com um nível adequado de conhecimentos básicos,
até 2030 o PIB desses países teria um crescimento de 3,5%. No en-
tanto, no Brasil, temos ainda problemas com analfabetismo, pois
7,4 % dos adultos são analfabetos, enquanto no México são 5,5% e,
na Argentina, apenas 1,9%. Uma das formas de melhorar os índices
educacionais de um país e preparar as bases para atingir um grau
de desenvolvimento tecnológico que beneficie o seu crescimento
socioeconômico é o investimento em educação e, dentro dos três
países emergentes da América Latina, o Brasil tem o maior inves-
timento, com 5,9% do PIB, seguido por Argentina, com 5,3%, e
México, com 5,2%. É preciso ressaltar que o investimento em edu-
cação no Brasil em relação ao PIB é maior que todos os países do
G7 (Estados Unidos, Canadá, França, Reino Unido, Alemanha,
Itália e Japão), mas, como nosso nível de atraso é muito grande em
relação aos países desenvolvidos, os resultados positivos ocorrem
com avanços lentos e, por vezes, há retrocessos tanto pela corrup-
ção quanto pela má gestão dos sistemas educacionais. Shawn Talbot/Shutterstock.com

Na década de 1970, o México estabele-


ceu um sistema de ensino a distância por
meio de comunicações de satélite.

O investimento em pesquisa e tecnologia nos países latino-


-americanos é muito baixo, com exceção do Brasil. O México e a
Argentina investem cerca de 0,5% do seu produto interno bruto
em pesquisa e desenvolvimento, e o Brasil investiu, em 2016, em
torno de 1,21%, sem contar que o PIB do Brasil é maior do que
seus conterrâneos latinos, pois, no mesmo ano, foi de 1,7 trilhão
de dólares, o do México 1,14 trilhão, e o da Argentina 588 bilhões,
fazendo do Brasil a grande potência econômica, tecnológica e in-
dustrial da América Latina. Podemos perceber a relação entre in-
vestimento em pesquisa e desenvolvimento socioeconômico. No
entanto, nosso país ainda se encontra numa posição de dependên-

Capítulo 8 – As nações emergentes da América Latina 263

4:22 CG_8ºano_08.indd 263 30/04/2018 09:44:23

Sem dúvida, a transformação digital, mais


do que uma tendência, é uma realidade para as
organizações. Por isso, para a SAP é muito im-
portante apoiar as companhias nesse processo
de disrupção digital, por meio de ferramentas
que lhes deem a possibilidade de crescer de ma-
neira significativa em um mercado que está sen-
do regido pela tecnologia, conclui Simbad Ce-
ballos, gerente geral da SAP Colômbia.

Disponível em : https://www.tecmundo.com.br/
mercado/120452-colombia-desponta-polo-tecnologico-
america-latina.htm. Acessado em: 01/03/2018.

263

ME_CG_8ºano_08.indd 263 16/05/2018 12:23:01


Leitura
complementar cia tecnológica e financeira em relação aos países mais ricos, como
Estados, Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, China, etc. São
esses países que dominam o comércio mundial com produtos e ser-
Desemprego urbano na viços de alto nível tecnológico.
Os países latinos, cuja tecnologia está voltada para a economia
América Latina e no Caribe agrícola em relação aos países desenvolvidos, têm possibilidades de
deve subir para 9,4% crescimento nas próximas décadas, pois possuem população nume-
rosa e com alto percentual de crianças e jovens. Se para os próximos
anos forem feitos investimentos adequados em educação, saúde, pes-
O baixo crescimento econômico apre- quisa e tecnologia, os povos latinos serão mais produtivos e conse-
sentado pelos países da América Latina e do quentemente ampliarão o bem-estar social que ainda está longe de
Caribe nos últimos anos continuará afetan- ser uma realidade para todos.
As 150 melhores universidades da América Latina têm pre-
do o desempenho dos mercados de trabalho sença marcante do Brasil, sendo 50 brasileiras, 26 mexicanas, 21
da região, apontou novo relatório da Comis- argentinas e 15 chilenas, colocando novamente os três emergentes
da região como líderes em conhecimento. Isso resulta também em
são Econômica para a América Latina e o Ca-
crescimento econômico, pois o Brasil tem 12 das 30 maiores em-
ribe (Cepal) e da Organização Internacional presas latinas, seguido pelo México com 8, e Chile com 5. A conju-
do Trabalho (OIT). gação do setor público com o privado na produção de conhecimen-
to é responsável pelo abastecimento do mercado de trabalho com
Segundo as últimas estimativas das agên- mão de obra altamente qualificada e que coloca algumas empresas
cias da ONU, a taxa de desemprego urbano brasileiras entre as maiores do mundo, pois empresas desenvolvem
regional deve ficar em 9,4% na média do ano, tecnologias no setor petrolífero, bancário, de alimentos, mineração
e telecomunicações. Algumas dessas empresas estão entre as 500
alta de 0,5 ponto percentual. maiores do mundo segundo o ranking da revista Fortune, de 2014,
A tendência da região está sendo influen- como a Petrobrás (petrolífera), em 58º; JBS (alimentos), na posição
ciada pelo fraco desempenho do mercado de 185º; a Vale (mineração) em 417º; Ultrapar (químicos) em 474º
lugar; e, do setor bancário, temos Itaú-Unibanco (159º), Banco do
trabalho brasileiro, mesmo diante da projeção Brasil (115º) e Bradesco (209º). Do México, destacam-se entre as
de leve crescimento econômico para o País e 500 maiores a Pemex do setor petrolífero em 98º a America Movil
do setor de telecomunicações (154º).
de início de estabilização de seus indicadores
Essa relação entre setor público e setor privado fica mais evi-
laborais, apontou o documento. dente quando falamos em polos tecnológicos ou tecnopolos. Nos
De acordo com as projeções, o Brasil re- polos tecnológicos, são agregados todos os interessados em desen-
volvimento tecnológico, como cientistas, estudantes, empresas,
gistrou taxa de desemprego urbano de 14,9%. universidades, poder público, formando centros de pesquisa que
Nos demais países latino-americanos e caribe- produzem soluções e inovações técnicas para as indústrias e a so-
nhos, o desempenho dos mercados de traba- ciedade em geral. Os novos conhecimentos são construídos a partir
de uma mão de obra altamente qualificada, num círculo virtuoso
lho deve ser mais favorável, especialmente na de crescimento socioeconômico que pode diminuir a dependência
América Central. Na Costa Rica, a expectati- tecnológica que caracteriza os países em desenvolvimento.
va é de que a taxa de desemprego do primeiro Os principais polos tecnológicos do Brasil estão em Campinas
(desenvolvimento de start-ups “empresas emergentes”) e São José
semestre tenha passado de 9,5% para 8,6%, e dos Campos (tecnologia e Aeronáutica), ambas cidades do Estado
no Panamá, de 6,5% para 6,4%. de São Paulo. É preciso salientar que, na cidade de São José dos
Campos, está a sede do Instituto de Tecnologia da Aeronáutica
Os dados fazem parte da “Conjuntura
(ITA) e da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer). Outros
Laboral na América Latina e no Caribe”, na
qual Cepal e OIT resumem o comportamen- 264 Capítulo 8 – As nações emergentes da América Latina
to do mercado de trabalho da região e anali-
sam a transição dos jovens — um dos grupos
mais afetados pela deterioração econômica CG_8ºano_08.indd 264 30/04/2018 09:44:23

— do sistema educativo para o mercado de ponto percentual e um aumento da taxa de esta variável mostrou maior dinamismo. Fi-
trabalho. desemprego urbano de 0,9 ponto percentual. nalmente, os salários reais do emprego formal
Segundo os dois organismos da ONU, De acordo com as agências das Nações aumentaram em cinco países (Chile, Colôm-
foram registradas duas tendências: apesar de Unidas, a fragilidade dos mercados de traba- bia, Costa Rica, Nicarágua e Uruguai), en-
ter se mantido a piora de alguns indicadores lho da região também se reflete na qualidade quanto caíram em três (Brasil, México e Peru).
laborais, como as taxas de ocupação e de de- do emprego. Em seis de oito países com infor-
semprego, constatou-se um menor ritmo de mação disponível, a criação de emprego por Disponível em: http://www.ilo.org/brasilia/noticias/
deterioração, o que pode indicar uma “luz no conta própria foi mais dinâmica que a criação WCMS_586115/lang--pt/index.htm. Acessado em:
fim do túnel”. de emprego assalariado. 02/03/2018.
As cifras apresentadas pelo relatório mos- Também se constata um estancamento da
tram uma diminuição da taxa de ocupação ur- criação de emprego em vários países da Amé-
bana (proporção da população em idade de rica do Sul (Argentina, Chile, Peru, Uruguai),
trabalhar que se encontra ocupada) de 0,3 enquanto na América Central e no México
C
264

ME_CG_8ºano_08.indd 264 16/05/2018 12:23:01


tecnopolos brasileiros importantes são o Porto Digital, no Recife,
e São Pedro Valley, em Belo Horizonte e Florianópolis, que estão
ligados à tecnologia da computação.
No México, um dos mais importantes tecnopolos, ou tecno-
parques como são chamados no México, é a Silicon Border Holding
Company, em Mexicali, Capital do estado da Baixa Califórnia, ao
norte do México. Esse polo desenvolve alta tecnologia de semicon-
dutores baseados em engenharia de microeletrônica. Outro polo
importante é o Parque de Investigação e Inovação Tecnológica,
ligado à Universidade de Monterrey, localizado no município de
Apodaca, no estado de Nuevo León que procura desenvolver ciên-
cia e tecnologia com ênfase em biotecnologia, mecatrônica, nano-
tecnologia, entre outros ramos de pesquisa.
Na Argentina, temos o Pallermo Valley, na capital Buenos Ai-
res, que desenvolve soluções em alta tecnologia ligadas às indústrias
de Internet. E na cidade de Santiago, capital do Chile, encontra-se o
Polo Tecnológico de Santiago, que trabalha desenvolvendo start-ups.

Junior Braz/Shutterstock.com

Instituto Butantã, em São Paulo. Princi-


pal centro de pesquisas produtor de imu-
nobiológicos do Brasil.

O lado perverso da tecnologia:


desemprego estrutural
O crescimento socioeconômico e a melhoria do bem-estar so-
cial estão diretamente associados ao desenvolvimento tecnológico,
pois a tecnologia aumenta a produtividade, a qualidade dos pro-
4:23
dutos e serviços e consequentemente gera acumulação de riqueza
para um país com mais empregos e renda. No entanto, a tecnologia
que as máquinas e novos processos produtivos trazem pode deixar
grandes parcelas da população desempregadas no setor industrial
ou de prestação de serviços e comércio. Desde a primeira revolução
industrial do século XVIII, as máquinas desempenham papel im-
portantíssimo na produção de riquezas, mas, a partir da terceira re-
volução industrial, ou revolução técnico-científico-informacional,
com o desenvolvimento da informática, telecomunicações, trans-

Capítulo 8 – As nações emergentes da América Latina 265

CG_8ºano_08.indd 265 30/04/2018 09:44:23


265

ME_CG_8ºano_08.indd 265 16/05/2018 12:23:01


Diálogo com o
professor portes, robótica, químico-farmacêuticos, biotecnologia e engenha-
ria genética, entre outros ramos da ciência aplicada, a dependência
de mão de obra humana foi diminuindo.
Professor, você pode abordar a razão da A adoção de sistemas automatizados por robôs e GPS (sistema
de posicionamento global) na indústria e agricultura, substituin-
dependência que os países da América Lati- do trabalhadores braçais; as máquinas de atendimento eletrônico
na mantêm em relação à América do Norte, e em caixas de banco, cinemas, estações de metrô, estacionamentos
como os Estados Unidos patrocinam essa de- substituindo atendentes presenciais, e o uso da IA (Inteligência Ar-
tificial) para atendimento via telefone ou por chats virtuais substi-
pendência. Explique também os golpes mili- tuindo as atendentes de telemarketing são exemplos de como a tec-
tares nos países da América Latina que foram nologia pode substituir o ser humano no trabalho. E o desemprego
incentivados pelos EUA, para assim mostrar o só aumenta, pois a tecnologia traz muitas vantagens para os donos
de empresas por que não depende de obrigações trabalhistas, ações
poder que essa nação exerce sobre vários países. na justiça, trabalha 24 horas, etc., e aumenta seus lucros por pro-
porcionar menos custos com treinamento, fiscalização e manuten-
ção de recursos humanos.
Anotações O desemprego estrutural tem atingido fortemente os países
em desenvolvimento, principalmente os emergentes como Brasil,
México e Argentina, aumentando o desemprego nos setores indus-
trial, agrícola e mais recentemente no setor de comércio e serviços.
Os emergentes americanos são mercados consumidores importan-
tes no comércio global, com a atuação das maiores empresas do
mundo que passam a utilizar táticas globais de aumento dos lucros
e resistir a crises, como a demissão de mão de obra humana e ado-
ção de sistemas automatizados. Como a escolaridade nesses países
é suficiente para a operação de máquinas de autoatendimento, por
exemplo, as empresas latinas cada vez mais fazem essa opção.
Os países desenvolvidos passaram por essa transição entre as
décadas de 1970 e 1990, mas a estratégia deles de melhorar o ní-
vel educacional com especialização de mão de obra foi crucial para
se adaptarem mais facilmente às mudanças estruturais, pois, além
da adoção de novos sistemas nas indústrias, eles também sofreram
com a desindustrialização, num processo em que suas fábricas mi-
graram para os países emergentes em busca de vantagens, como
mão de obra, energia e transportes mais baratos, além de incentivos
fiscais. Assim, os países do G7 passaram a incentivar tecnopolos
de alta tecnologia e sua economia passou a ser dedicada mais ao
setor terciário, com desenvolvimento de tecnologia. Ou seja, nos
países desenvolvidos ficaram os cérebros e para os países emergen-
tes foram os braços. Claro que as vantagens comerciais são muito
maiores para quem desenvolve os produtos e lucra com eles, e não
para aqueles que produzem com força braçal. No entanto, a partir
dos anos 2000, os países emergentes passaram a melhorar as suas es-
truturas, aumentando o nível de desemprego, devido às mudanças
técnicas e científicas decorrentes do processo de industrialização e
trabalho com vistas ao lucro.

266 Capítulo 8 – As nações emergentes da América Latina

CG_8ºano_08.indd 266 30/04/2018 09:44:23

C
266

ME_CG_8ºano_08.indd 266 16/05/2018 12:23:02


Cenário 3

A Argentina
Território e população
Atualmente, a Argentina possui mais de 49 milhões de habi-
tantes, distribuídos de forma irregular sobre uma área territorial
de 2.791.810 km2 de extensão, o que lhe confere uma densidade
demográfica de 15,76 hab./km2.

Argentina: mapa político


Bolívia

Jujuy Paraguai
Formosa
24º
Salta
Brasil
Ca Tucumán
ta Chaco Misiones
Santiago
m
ar

del Estero Corrientes


ca

La Rioja Santa
San Fe
Juan
76º
Córdoba Entre
Rios
32º
Chile San Uruguai
Luis
Mendoza

Buenos Aires
La Pampa

Neuquén

Rio Negro
40º
no

Chubut 0 124 km 248 km


ti
gen

Oceano
Mar Ar

Santa Cruz
4:23
48º Atlântico
Ilhas Falkland
(G.B.)

Oceano Terra do Fogo N

Pacífico O L

S
56º 76º 68º 60º 52º 44º

Capítulo 8 – As nações emergentes da América Latina 267

CG_8ºano_08.indd 267 30/04/2018 09:44:23


267

ME_CG_8ºano_08.indd 267 16/05/2018 12:23:02


Anotações
Segundo país em área territorial da América do Sul (atrás ape-
nas do Brasil), a Argentina faz fronteira com o Paraguai e a Bolívia
ao norte, Brasil e Uruguai a nordeste e Chile a oeste e a sul.
O espaço argentino é constituído por 23 províncias e uma ci-
dade autônoma — Buenos Aires.

T photography/Shutterstock.com
Em 1880, depois de décadas de luta polí-
tica, Buenos Aires foi federalizada e rece-
beu o título de província autônoma.

Áreas naturais da Argentina


O território argentino é composto por cinco grandes áreas na-
Diálogo com o turais: Andes, Patagônia, Grande Chaco, Mesopotâmia e Pampas.

professor Cordilheira dos Andes


Fronteira natural com o Chile, a região dos Andes se estende
Professor, mostre no mapa-múndi que de norte a sul da Argentina no limite extremo oeste. Suas altitudes
a localização da Argentina e do Rio Grande superam em média os 6 mil metros, tendo como ponto mais alto o
Pico do Aconcágua (6.959 metros de altitude), a segunda região
do Sul favoreceu a relação de troca de culturas mais alta do Planeta (o Monte Everest, entre a China e o Nepal,
entre si. Exemplifique com pontos em comum possui 8.848 metros de altitude).
entre elas, como o chimarrão, as roupas típicas

Fernando Samaan Granzote/Shutterstock.com


e a vegetação local.

Leitura
complementar
Vista de uma porção dos Andes, entre a
Argentina e o Chile.

Por que desprendimento de


268 Capítulo 8 – As nações emergentes da América Latina
iceberg gigante na Patagônia
intriga cientistas?
CG_8ºano_08.indd 268 30/04/2018 09:44:24 CG

O glaciar é uma das formações de gelo do O especialista detalhou quais característi- E isso se acelerou na última década”, observa
Parque Nacional Torres del Paine, uma área cas tornam esse iceberg tão inusitado: Rivera.
formada por montanhas, lagos e geleiras na No caso do glaciar Grey, o especialista
Patagônia chilena. • Seu tamanho atribui esse grande desprendimento à perda
Encontrar blocos de gelo soltos na região Análises preliminares indicam que o ice- de massa do gelo originado recentemente.
não é incomum, mas esse caso foi classificado berg tem cerca de 350 m de comprimento por
como “especial”. 300 m de largura, o que significa uma área de • Seu formato incomum
De acordo com o glaciologista Andrés aproximadamente 100 mil m2. É muito comum a formação de grandes
Rivera, há algum tempo não era visto um ice- Para efeito de comparação, seria algo equi- blocos de gelo ou icebergs, mas não como o vis-
berg com características tão particulares. valente a 16 campos de futebol profissional. to nesta semana.
“É um iceberg muito grande, por sua for- “Sempre há a liberação de icebergs, mas Ele tem uma forma muito retangular, ao
ma e dimensão”, disse ele, especialista do Cen- essa geleira tem sofrido recuos e perdido mas- contrário da maioria dos icebergs, que são mui-
tro de Investigações Científicas chileno. sa praticamente durante todo o século XX. to irregulares.

268

ME_CG_8ºano_08.indd 268 16/05/2018 12:23:03


O glaciologista Ricardo Jaña, do Insti-
tuto Antártico Chileno, concorda que o ice-
As paisagens dos Andes variam de acordo com a altitude. Na

sunsinger/Shutterstock.com
berg pode ser uma ameaça quando houver a
extremidade norte, onde a cordilheira se divide, está o Planalto da
Puna de Atacama, cujo clima árido impôs grandes desafios à sobre- desfragmentação, segundo apontou em um
vivência. Para superar a quase inexistência de água, foi necessário comunicado.
desenvolver um amplo sistema de irrigação para alimentar a agri-
cultura de cana-de-açúcar nos quase 4 mil metros de altitude. Na
De 1945 até hoje, foram perdidos cerca
base do planalto, há grandes salinas que são exploradas, como as de de 500 km2 na área de gelo da América do Sul,
Antofalla e Arizaro. segundo Rivera, o que tem efeitos colaterais
Na base da grande cadeia montanhosa, desenvolveu-se, apesar
do clima semiárido, uma das mais qualificadas produções de uva e nas encostas de terra que estão descobertas.
vinho. Próximo às populosas cidades de Mendoza e San Juan, foi
criado um sistema de canais que captam água do degelo da cor- Disponível em: http://www.bbc.com/portuguese/
dilheira para abastecer as cidades e irrigar os vinhais e campos de
frutas. Nessa região também encontramos cavalos hidráulicos ex- geral-42179334. Acessado em: 02/03/2018.
plorando o petróleo abundante na região.

Patagônia Devido à aridez do local, o terreno de


Puna atacamenha é bastante salinizado,
Anotações
A Patagônia é caracterizada pelo clima frio e semiárido. denominado também de salinas do Atacama.

Apresenta uma diversidade de paisagens naturais numa sucessão


de montanhas na porção ocidental, pequenas planícies ao centro
e penhascos na região costeira ao leste. Com seus 930.731 km2
de extensão, essa região sofreu ao longo de sua história o assen-
tamento da pecuária bovina e, principalmente, ovina, favorecido
pelo clima frio.
Na Patagônia, a sustentabilidade e a exploração predatória an-
dam lado a lado. São visíveis, na paisagem, grandes áreas de geração
de energia eólica e de exploração de recursos minerais, como petró-
leo, gás natural, carvão mineral, cobre e ouro.
Anton_Ivanov/Shutterstock.com

Parque Nacional Torres del Paine, Pata-


gônia, Chile.

Grande Chaco
Fazendo fronteira com o Paraguai, o Grande Chaco é uma vasta
planície composta por pântanos e salinas (onde, no passado, existi-
ram grandes lagos que, com o passar do tempo, foram secando).
Podemos dividir essa região em duas porções com característi-
cas ambientais completamente diferentes:

Capítulo 8 – As nações emergentes da América Latina 269

4:24 CG_8ºano_08.indd 269 30/04/2018 09:44:24

“Em geral, os icebergs são menores e têm um bloco grande de gelo, ele não representa
características complexas, mas não um forma- perigo.
to de mesa. O nome desse tipo de iceberg é ta- Mas os especialistas acreditam que, ao fi-
bular. Não há muitos vistos com esse forma- car à deriva e sujeito a um derretimento natu-
to. É um fenômeno incomum”, explica Rivera. ral, ele se fragmentará nas próximas semanas
Já foram registrados desprendimentos — e isso traz riscos.
maiores que este na geleira Grey, especifica- Um deles é à navegação de embarcações
mente em 1997 e 2011. A diferença é que nes- turísticas, que representam uma das principais
ses dois casos foram produzidas dezenas de fontes de renda para a economia local.
icebergs, e não apenas um com esse formato. “Esses lagos são visitados por milhares de
turistas, e a presença de icebergs pode impedir
• O risco de fragmentação e dificultar o deslocamento dessas embarca-
Enquanto esse iceberg permanecer como ções”, disse Rivera.

269

ME_CG_8ºano_08.indd 269 16/05/2018 12:23:04


O Chaco úmido, voltado para a porção atlântica e que, em
virtude da maior umidade, apresenta uma vegetação de floresta
tropical. Essa área se conjuga com o Chaco Paraguaio e o Pan-
tanal brasileiro, formando um verdadeiro santuário de águas
onde a fauna é deslumbrante e diversificada.
O Chaco seco, localizado nas proximidades da Cordilheira
dos Andes, onde a menor umidade desenvolveu uma vegetação
predominantemente de savana.
Apesar da natureza rude, no Grande Chaco são realizadas di-
versas atividades agropecuárias, como plantio de feijão, soja, arroz,
algodão e criação de gado bovino; além do extrativismo do quebra-
cho e da erva-mate, de que se faz a mais tradicional bebida argen-
tina, consumida todos os dias por praticamente toda a população:
o chá-mate.

Mesopotâmia
Guardadas as devidas proporções, essa região argentina se asse-
melha à área entre os rios Tigre e Eufrates. Está situada ao oriente
do Grande Chaco, entre os dois principais rios da Argentina: o Pa-
raná e o Uruguai, que, ao se juntarem ao Paraguai, formam o Rio
da Prata, o qual desemboca num amplo delta com 14 mil km2 na
costa atlântica.
Devido à fertilidade natural do solo, a Mesopotâmia argentina
contém uma diversificada agricultura, na qual se destacam o algo-
dão, o milho e a erva-mate (na região do delta); bem como cultu-
ras de exportação de frutas cítricas e arroz (entre rios), exportados
para Europa, Estados Unidos e Brasil. Na região também há uma
das maiores criações de aves do país, além da pecuária bovina.

Wikimedia.com

A represa de Yacyretá foi inaugurada em


7 de julho de 1998 pelo então presidente
da Argentina, Carlos Menem, e do Paraguai,
Juan Carlos Wasmosy.

270 Capítulo 8 – As nações emergentes da América Latina

CG_8ºano_08.indd 270 30/04/2018 09:44:25 C


270

ME_CG_8ºano_08.indd 270 16/05/2018 12:23:04


Pampas
Os pampas são bem conhecidos no mundo todo. Trata-se de
uma vasta planície recoberta por uma vegetação campestre. Em
formato de semicírculo, ocupam amplamente a porção central da
Argentina e a área do Rio da Prata. Nos pampas se encontram as
principais províncias e cidades argentinas, como Rosário, Bahía
Blanca, Santa Fé e Buenos Aires, capital do país.
O clima da região é temperado. O solo, de coloração escu-
ra, devido à riqueza de minerais e nutrientes, apresenta elevada
fertilidade e tem grande importância econômica. Estão con-
centrados nos pampas 50% do rebanho de ovelhas do país; do
rebanho bovino, 66% do total, cuja carne é exportada para os
Estados Unidos e a Europa.

Sebastian Knight/Shutterstock.com
Os pampas abrangem a metade meridional do estado brasileiro do Rio Grande do Sul, o Uru-
guai e algumas províncias argentinas.

Geografia em cena

Fósseis do maior dinossauro do mundo


foram encontrados na Argentina
Da cabeça até a ponta do rabo, ele tinha 85 metros. E pesa-
va 59 toneladas, o mesmo que 16 elefantes africanos. Do alto de
seus 30 metros, o Deadnoughtus é o maior dinossauro de que se
tem notícia até hoje. Ele foi encontrado em 2005 numa escava-
ção ao Sul da Argentina, na Patagônia. Mas só agora, em setem-
bro de 2014, a equipe de paleontólogos divulgou informações
sobre o gigante pré-histórico.
A ossada do Deadnoughtus — algo como “O que não tem
medo de nada”, em tradução livre — estava bastante completa
e muito bem conservada, o que facilitou bastante os estudos.
Um osso de 6 metros da sua coxa tornou possível o cálculo de
seu peso.

Capítulo 8 – As nações emergentes da América Latina 271

:25 CG_8ºano_08.indd 271 30/04/2018 09:44:25


271

ME_CG_8ºano_08.indd 271 16/05/2018 12:23:05


Sociedade e indústria
A Argentina é um país altamente urbanizado. Mais de 90% da
sua população vive em cidades, onde gozam de um bom padrão de
desenvolvimento social:

Alta expectativa de vida: 74 anos.


Taxa média de mortalidade infantil: 13,4/mil nascidos.
Elevado IDH: 0,827 em 2016.
Taxa de alfabetização elevada para padrões da América La-
tina: 98,17%.
Taxa de crescimento médio da população: 1,031%.

Sua população é de maioria branca, por causa da grande imigração


de italianos, espanhóis, alemães e outros grupos europeus. Grande par-
te da população indígena foi exterminada nas guerras regionais.

Pirâmide etária da população da Argentina – Censo 2008

Mais de 80
75 a 79
70 a 74
65 a 69
60 a 64
55 a 59
50 a 54
45 a 49
40 a 44
35 a 39
30 a 39
25 a 29
15 a 19
10 a 14
5a9
0a4
5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5
Porcentagem

Homens Mulheres

Com elevada taxa de industrialização, a Argentina apresenta uma


forte concentração dessa atividade numa vasta área que compreende a
Região Metropolitana de Buenos Aires — onde são encontrados vá-
rios ramos, como o metalúrgico, petroquímico, siderúrgico, mecânico,

272 Capítulo 8 – As nações emergentes da América Latina

CG_8ºano_08.indd 272 30/04/2018 09:44:25 C


272

ME_CG_8ºano_08.indd 272 16/05/2018 12:23:05


alimentício, naval e têxtil — e se amplia para as cidades de Santa Fé,
Rosário e Córdoba, localizadas a noroeste da capital.

JopsStock/Shutterstock.com
Nascida nas margens do rio Paraná, a ci-
dade de Rosário é o centro comercial de
grande relevância para a atividade produtiva da
Argentina.

Argentina: indústria e energia


Campo Durán
N
Salta
O L
Oceano Pacífico

S
Tucumán

Yacyretá
Córdoba
Santa Fe
Salto Grande
Atucha
Rosario
San Nicolás
Mendoza Buenos Aires

La Plata Oceano
Atlântico

Neuquén Bahía Blanca


Jazida de petróleo
Jazida de gás
El Chocón Oleoduto
Gasoduto
Refinaria de petróleo
Urânio
Beneficiamento de Urânio
Central nuclear
Comodoro Central hidrelétrica
Rivadavia Siderurgia
Metalurgia
Indústria mecânica
Indústria química
Indústria têxtil

El Cóndor
Grande concentração
S. Sebastián de indústrias alimentícias

Río Chico
0 138 km 277 km

O mapa representa a distribuição espacial da atividade industrial e as fontes de energia da


Argentina.

Capítulo 8 – As nações emergentes da América Latina 273

:25 CG_8ºano_08.indd 273 30/04/2018 09:44:25


273

ME_CG_8ºano_08.indd 273 16/05/2018 12:23:06


Geografia em cena

Para os argentinos, Malvinas; para os ingleses, Falklands.


Esse pequeno arquipélago foi palco de um acirrado conflito
que também envolveu as atuais Ilhas Sandwich e a Geórgia do
Sul entre os dias 2 e 14 de junho de 1982.
Inglaterra e Argentina partiram para o confronto armado
pela posse dessas ilhas. Entre 1820 e 1883, esse território esteve
ocupado pelos argentinos, os quais foram expulsos pelos súdi-
tos da Coroa inglesa, que passaram a ocupá-lo.
No ano de 1982, o presidente argentino Jorge Rafael Vide-
la invadiu as Ilhas Malvinas. Como resposta, a Inglaterra deslo-
cou um grande efetivo militar para a região e reouve a posse do
território.
Atualmente, as Malvinas estão sob posse dos ingleses, e sua
população é majoritariamente descendente de anglo-saxões e
denominada kelpers.

O L Oceano Atlântico
S

Gran Ilha
Malvina Stanley
Soledad
Darwin
Goose
Green

Arquipélago Área
Reino 2
Unido 740 ilhas 12.173 km

Capital Idioma
Stanley Inglês
Sob domínio britânico desde 1883
População: 3.000 habitantes
Moeda: Libra das Malvinas
Economia: Pesca, indústria de lã e turismo
População de ovelhas: 500.000
Argentina
Potencial econômico:
Área costeira pode ter reservas substanciais
Ilhas Malvinas de petróleo. Exploração, porém, ainda
não começou.

Distâncias (km)
Argentina 550
Reino Unido 12.800
0 3 mil 6 mil 9 mil 12 mil 15 mil

274 Capítulo 8 – As nações emergentes da América Latina

CG_8ºano_08.indd 274 30/04/2018 09:44:26 C


274

ME_CG_8ºano_08.indd 274 16/05/2018 12:23:07


Cenário 4

O México Geografia em cena

Espaço geográfico Considerados a civi-


lização mais poderosa da
mexicano América pré-colombiana, os
astecas ocuparam a região do
Vale do México, onde viviam
O México, onde se desenvolveu a grande civilização asteca, é o ter-
como tribos guerreiras. Des-
ceiro país em área territorial da América Latina. Seus 1.964.380 km² tacaram-se pela formação das
de extensão são o resultado de um passado histórico de perdas, uma cidades-estados, o que indica
vez que uma parte significativa do seu território foi transferida para forte conhecimento político
os Estados Unidos ao longo do século XIX. e econômico.

México: político

0 147 km 294 km N

O L

S
Estados Unidos
30º N Baja
California Sonora
Chihuahua
Hermosillo
Chihuahua
Go

Coahila éxico
de Zaragoza do M
lf o

lf o
Go
da

Baja Monterrey
California Sinaloa Saltillo
Ca

Durango Nuevo Oceano


Sur
Culiacán Leon
li

Zacatecas

La Paz Durango Ciudad Atlântico


San Luis Vitória
Cuba
rn ia

Zacatecas Potosí Tamaulipas


San Luis Potosi
Nayarit 1
Ilhas Mérida
Três Tepic Guanajuato
Marias Querétaro Baía de CampecheYucatán
Ilhas 3 7 4 Pachuca Quintana
Revillagigedo Jalisco Morelia 5 Jalapa Campeche Roo
México 8Tlaxcala
Colima
Toluca 2 Champeche Chetumal
Colima Puebla Tabasco
Cuernavaca
Michoacán
6 Puebla Veracruz Villahermosa
1 – Aguascalientes de Ocampo
Chilpacingo Llave
2 – Distrito Federal Guerrero
Oaxaca
Taxtla Gutiérrez Belize
3 – Guanajuato Oxaca
4 – Hidalgo Chiapas
15º N 5 – México Oceano Honduras
6 – Morelos Golfo de Guatemala
7 – Querétaro de Arteaga Pacífico
8 – Tlaxcala
Tehuantepec
115º O 100º O
El Salvador 85º O

Estimulados pelo governo estadunidense, centenas de colonos


fundaram povoados em território mexicano, criando posterior-
mente o Texas. Com o passar do tempo, criaram uma república
independente e passaram a defender a sua anexação aos Estados

Capítulo 8 – As nações emergentes da América Latina 275

:26 CG_8ºano_08.indd 275 30/04/2018 09:44:27


275

ME_CG_8ºano_08.indd 275 16/05/2018 12:23:07


Unidos. Sabia-se da existência de petróleo na região. Por isso, o
Congresso norte-americano aprovou a incorporação do Texas aos
Estados Unidos, em 1845. O México, então, entrou em guerra con-
Grande Lago

tra os EUA para defender a sua nova bandeira.


Baía de do Urso
Hudson
Grande lago
do Escravo

0 340 km 680 km 1845 – anexação do Texas Terra Nova


Círculo Polar Ártico (ex-República do Texas)
Canadá
1848 – área incorporada aos
EUA ao fim de dois anos
de guerra

Nevada Estados Unidos


Oceano

Calif
Utah
Pacífico Colorado

ór n
ia
Kansas

Arizona
Novo Oklahoma
México

Oceano
Texas
Atlântico
N
Tróp
O L
ic o de Pen. da
México
Cânc
do México
er
lfo
Califórnia
Go S

Perdas do território mexicano para os Estados Unidos.

Ao final da guerra pela posse do Texas, México e Estados Uni-


dos assinaram um tratado, em 1848, por meio do qual o México
aceitou ceder aos Estados Unidos, por uma quantia de 15 milhões
de dólares, os atuais territórios do Texas, de Utah, Nevada e da Ca-
lifórnia e parte do Novo México e Colorado. Passados cinco anos
da assinatura desse tratado, o México negociou e vendeu aos Esta-
dos Unidos, por 10 milhões de dólares, a totalidade dos territórios
dos atuais Arizona e Novo México.

f11photo/Shutterstock.com

Situada na Terra das Colinas (Hill


Country), na região central do Texas,
Austin é a 4ª cidade mais populosa do estado e
a capital do Texas, Estados Unidos.

276 Capítulo 8 – As nações emergentes da América Latina

CG_8ºano_08.indd 276 30/04/2018 09:44:27 C


276

ME_CG_8ºano_08.indd 276 16/05/2018 12:23:08


O espaço natural do
México
Território mexicano
Mesmo com muitas perdas, o território mexicano apresenta uma
grande diversidade ambiental, em virtude da sua posição geográfica
— o Mar do Caribe a leste e o Pacífico a oeste — e das diferenças de
altitudes, produzindo um clima variado. Em virtude disso, podemos
dividir o espaço natural mexicano em três grandes porções: Costa
oriental; Meseta ou Planalto do México; e Costa ocidental.

México: mapa físico


Tijuana
Deserto de N
Sonora Estados Unidos
O L
Ciudad
Juárez S
Hermosillo
Chihuahua
Pl a
Ser

Se
Go

na

Península da
ra

o Golfo do
r ra
lf

lt

Califórnia do Torreón
od

Matamoros
Ma

México
a

Madre d

cer
dr

Culiacán Monterrey de Cân


M

Trópico
e

éx

La Paz ci
O
Ca

de
ico
lifó

n tal
rn

oO
ia

Tampico Cancún
rie

Altitudes (metros)
León nt Mérida
al
Oceano
Popocatepetl
Península
3.000 5.452 m
Guadalajara
de Iucatã
2.500
Baía de
Pacífico
2.000
Campeche
Cidade do México Mar do
1.500
1.000 Veracruz
Caribe
Se
600 Citlaltepetl

rra Belize
400 5.610 m
200 Madre do Sul
100 Acapulco
50
Salina Cruz Honduras
0 0 188 km 376 km Guatemala
Golfo de
Tehuantepec Nicarágua
Pico
100º O El Salvador

Costa oriental
Constitui a área do Golfo do México até a Península de Iucatã.
Nessa região de vastas planícies banhadas pelas águas calientes do
Golfo do México e atingidas pelos ventos úmidos vindos do Atlân-
tico, o clima é tropical úmido, e as chuvas, abundantes.
A Península de Iucatã é um cenário paradisíaco com mansões e
balneários construídos sobre uma planície encaixada entre um sua-
ve planalto calcário e o verde Mar das Antilhas. Sua vegetação de
floresta tropical antiga guarda segredos da civilização maia, pois foi
nessa região que ela floresceu, evoluiu e declinou. Entre o fim do
verão e início do outono do Hemisfério Norte (setembro), quando
as águas do Caribe estão se aquecendo, é comum o surgimento de
furacões nessa área.

Capítulo 8 – As nações emergentes da América Latina 277

:27 CG_8ºano_08.indd 277 30/04/2018 09:44:27


277

ME_CG_8ºano_08.indd 277 16/05/2018 12:23:08


Cenote, derivado do espanhol, ts’onot,

Emil Kehnel/Wikimedia.com
refere-se a qualquer local com águas sub-
terrâneas acessíveis. São formações geológicas
comuns em regiões de baixas latitudes, particu-
larmente em ilhas, regiões costeiras e platafor-
mas com recentes formações calcárias em solos
pouco desenvolvidos.

Geografia em cena Meseta, ou Planalto do México


A civilização maia é Localizada na porção central do território mexicano, essa re-
um templo de povos desen- gião é circundada por duas cadeias montanhosas paralelas à linha
volvidos que aqui já esta- da costa com denominações específicas: Sierra Madre Ocidental, a
vam, antes da chegada dos oeste, e Sierra Madre Oriental, a leste. Ambas são prolongamentos
europeus. Os maias se des- das cordilheiras e Montanhas Rochosas, dos Estados Unidos.
tacaram por sua complexa
língua escrita, pelo forte N
conhecimento da arquite- O L
tura, da Matemática e da S
Astronomia.
Sie
rr

S
aM

éxico
do M
ie
fo
Gol
r
ad

ra
re

Ma
Oceano
Oc

dre

Atlântico
ci de

Orie
nta

n ta
l

Sie
l

rra
Oceano
Ma
dre d l Sur
e
Pacífico

O Planalto Mexicano é uma região que se


estende desde a fronteira desse país com 0 224 km 448 km
os Estados Unidos, a norte, até ao Eixo Neovul-
cânico, ao sul.

Em virtude das elevadas altitudes que se estendem de norte a


sul do país, esse altiplano tem climas amenos e temperaturas refres-
cantes, que variam em torno dos 20 ºC. O efeito da altitude impede
a passagem dos ventos úmidos vindos tanto do Pacífico como do
Caribe, fazendo com que as chuvas sejam escassas, o que desenvolve
uma vegetação estepe, seca e povoada de vegetais espinhosos.

278 Capítulo 8 – As nações emergentes da América Latina

CG_8ºano_08.indd 278 30/04/2018 09:44:29 C


278

ME_CG_8ºano_08.indd 278 16/05/2018 12:23:09


Ao sul da Meseta, há um parque vulcânico em que as altitudes
são as mais elevadas de todo o país. A ocorrência de vulcões ativos
é frequente ao longo do alinhamento que une o Golfo do México
ao Oceano Pacífico.

Costa ocidental
Banhada pelo Oceano Pacífico, a Costa ocidental apresenta
um relevo com pequenas planícies que, em alguns trechos, desa-
parecem em virtude das áreas montanhosas, que chegam até as
águas do mar.
Essa porção do território mexicano, próxima à passagem da
corrente marinha fria da Califórnia, apresenta um clima árido, so-
bretudo na Baixa Califórnia, região da Península de mesmo nome,
que abriga uma grande parte do Deserto de Sonora.
Andrea Izzotti/Shutterstock.com

A Baixa Califórnia é o estado mais seten-


trional do México. Muitos mexicanos o
atravessam para entrar, ilegalmente, nos Esta-
dos Unidos.

Geografia em cena

Um pedaço do Texas ficou na Argentina

O Texas e a Patagônia ficam a 5.570 quilômetros um do outro. Essa é a distância atual.


Há meio bilhão de anos, os terrenos que agora são parte do Estado americano ficavam colados
às terras do sul da Argentina. Só que, desde aquela época, os continentes mudaram muito de
lugar, movidos pela ebulição das rochas derretidas no interior da Terra. O Texas correu para o
norte, mas deixou para trás um pedaço de quase 1.300 km2, que virou uma ilha e foi grudar na
Patagônia. “Encontramos vários sinais disso”, contou à Super o geólogo William Thomas, da
Universidade do Kentucky. “Um deles são os fósseis da área conquistada pela Argentina”, diz o
cientista. “Por um lado, eles são diferentes dos fósseis do resto do país e, por outro, são similares
aos fósseis texanos.”
http://super.abril.com.br/historia/um-pedaco-do-texas-ficou-na-argentina.

Capítulo 8 – As nações emergentes da América Latina 279

:29 CG_8ºano_08.indd 279 30/04/2018 09:44:29


279

ME_CG_8ºano_08.indd 279 16/05/2018 12:23:09


O espaço social
mexicano
População
Em 2016, a população absoluta mexicana era de 127 milhões
de habitantes, e a densidade demográfica, 65,3 hab./km². Essa po-
pulação está mais concentrada na porção central do país, no Planal-
to do México.
O México possui indicadores sociais relativamente elevados:
IDH de 0,762 (em 2016), expectativa de vida de 76,8 anos, mor-
talidade infantil de 12,23/mil nascidos e taxa de alfabetização de
94,5%. A taxa de urbanização é de 78,97%.
A população mexicana é marcada pela miscigenação de euro-
peus e ameríndios (euroameríndios) — 60% da população total.
Já os ameríndios: 30% são brancos descendentes de espanhóis, 9%
representam os portugueses e 1% os brancos de outras etnias.

Marcelo Rodriguez/Shutterstock.com

No Planalto do México, as negras terras vulcânicas são extre-


mamente férteis. Também favoreceram a prática da agricultura às
áreas mais populosas das costas oriental do Pacífico, do Golfo do
México e da Península de Iucatã. Já as áreas de fronteira com os
Estados Unidos e a Baixa Califórnia, em razão das manchas de de-
serto, apresentam as menores densidades demográficas do país.

280 Capítulo 8 – As nações emergentes da América Latina

CG_8ºano_08.indd 280 30/04/2018 09:44:30 C


280

ME_CG_8ºano_08.indd 280 16/05/2018 12:23:10


Densidade demográfica do México

Tijuana N
Mexicali Estados Unidos
O L

Ciudad S
Juárez
Oceano Hermosillo
Pacífico Chihuahua

Península da
Torreón Golfo do
Califórnia Culiacán Monterrey México
Saltillo
Guadalupe r
Durango Trópico de Cânce
Habitantes/km2
Menos de 1 Aguascalientes San Luis Potosí

Zapopán León
Querétaro
Entre 1 e 10
Tlalnepantla Mérida
Entre 11 e 50 Guadalajara Ecatepec Baía de
Morelia
Entre 51 e 100 Cidade do México Peubla Campeche Mar do
Netzahualcóyotl Caribe
Entre 101 e 200
Villahermosa Belize
Mais de 200 Acapulco
Cidades mais povoadas Guatemala
Golfo de
Mais de 8.000.000 Tehuantepec El Salvador
100º O

Entre 1.500.001 e 2.000.000


0 162 km 324 km

Entre 1.000.001 e 1.500.000


Entre 750.001 e 1.000.000
Entre 500.000 e 750.000

O processo de colonização cultural castelhana transformou o


México em um país extremamente católico. As línguas e os dialetos
locais praticamente desapareceram, e o país hoje tem o maior nú-
mero de falantes do espanhol do mundo.

Espacialidade econômica
Diversificação
O México é o único país latino-americano a fazer parte direta-
mente de um bloco econômico com os Estados Unidos — o Trata-
do Norte-Americano de Livre-Comércio (Nafta).
A economia do país é diversificada, com base na exportação
de produtos primários, principalmente minerais e petróleo, além
de uma forte industrialização fundamentada com investimentos
transnacionais. Mais de 85% do comércio externo mexicano é feito
com os Estados Unidos, cujos interesses direcionam a produção de
exportação do México.

Capítulo 8 – As nações emergentes da América Latina 281

:30 CG_8ºano_08.indd 281 30/04/2018 09:44:30


281

ME_CG_8ºano_08.indd 281 16/05/2018 12:23:10


Evolução das exportações mexicanas

5.200.000.000
4.800.000.000
4.400.000.000 Outros
4.000.000.000 Japão

3.600.000.000 França
Venezuela
FOB USD

3.200.000.000
Reino Unido
2.800.000.000
China
2.400.000.000
Alemanha
2.000.000.000
Brasil
1.600.000.000 Colômbia
1.200.000.000 Canadá
800.000.000 Estados Unidos

400.000.000

0
Mar. Abr. Maio Jun. Jul. Ago.

2012
Data
Disponível em : https://trade.nosis.com/pt/Comex/Importacao-Exportacao/Mexico/reatores-nucleares-caldeiras-
maquinas-aparelhos-e-instrumentos-mecanicos-e-suas-partes/MX/84. 28/04/2018.

Agropecuária mexicana
O espaço territorial mexicano impõe algumas limitações para
a prática da agropecuária: terrenos montanhosos e irregulares, solos
geralmente com baixa fertilidade e existência de uma vasta área onde
os climas são desérticos e semiáridos. A atividade agrícola se limita a
58% de todo o território do país e é realizada principalmente na área
do planalto, onde as terras vulcânicas são extremamente férteis.

Jose de Jesus Churion Del/Shutterstock.com

Plantação de Agave para a produção da


tequila, bebida típica do México.

282 Capítulo 8 – As nações emergentes da América Latina

CG_8ºano_08.indd 282 30/04/2018 09:44:30 C


282

ME_CG_8ºano_08.indd 282 16/05/2018 12:23:11


México: agropecuária

Ciudad Legenda
Juárez EUA Café
Café
Arroz
Milho
Algodão
Cana-de-açúcar
Monterrey
Torreón
Criação extensiva
Golfo do N
México
San Luis O L

Café Potosí Tampico S


León Mérida
Oceano Guadalajara Cidade do
Pacífico Café
México
Café Veracruz
Oceano
Café
Café

Puebla Atlântico
0 174 km 348 km Acapulco Café

Café

Café

Apesar do processo de reforma agrária ocorrido após a Revolução Mexicana (1910–1917), ainda persiste no México uma grande concentração de
terras nas mãos de poucas pessoas, principalmente no norte do país. Como podemos analisar no mapa, a agricultura mexicana é desenvolvida con-
forme o tipo climático determinado pela altitude.

Mesmo com toda limitação natural, a agricultura mexicana de


exportação é bastante produtiva e diversificada. Destacam-se: o café,
nas regiões sudoeste e sul do país, banhadas pelo Pacífico; o algodão,
cultivado nas áreas próximas à fronteira, de clima mais seco; a cana-
-de-açúcar, na costa do Caribe, de clima tropical; e o sisal, cujo culti-
vo se concentra na região próxima à cidade de Guadalajara.
bayazed/Shutterstock.com

O sisal é uma planta resistente à aridez e


ao sol intenso, além de ser a fibra vegetal
mais dura que existe.

Capítulo 8 – As nações emergentes da América Latina 283

:30 CG_8ºano_08.indd 283 30/04/2018 09:44:30


283

ME_CG_8ºano_08.indd 283 16/05/2018 12:23:12


Como em qualquer país de economia exportadora, a agrope-
cuária alimentar recebe poucos incentivos governamentais e é rea-
lizada em pequenas dimensões e nas terras menos férteis. E, a partir
da adesão mexicana ao Nafta, a situação piorou, pois, para ampliar a
produção de exportação, houve uma redução das áreas produtoras
para que, em seu lugar, surgissem novas áreas agroexportadoras.
Mesmo assim, destaca-se a grande produção de milho, base da
alimentação mexicana, que se espalha por todo o território, mas
tem maior concentração na região do Planalto do México, onde
vive a maior parcela da população do país. Outros produtos agríco-
las de base alimentar fartamente plantados no território mexicano
são a batata, o arroz, a soja e o trigo.

Nikolay Gyngazov/Shutterstock.com
A plantação de milho é muito forte no agronegócio mexicano.

Pelo menos 20% de toda a carne bovina consumida nos Es-


tados Unidos é proveniente do México, que faz da pecuária uma
atividade econômica extremamente lucrativa. Essa prática está con-
centrada nas porções central e norte do país, principalmente na
proximidade da fronteira com os Estados Unidos.

Extrativismo mineral
O México é o sexto maior produtor de petróleo do Planeta de-
vido ao subsolo extremamente rico. A maior parte dessa produção
é exportada para os Estados Unidos. O petróleo é encontrado em
grandes jazidas no Golfo do México e em grande parte da Costa
Oriental, principalmente nas regiões próximas às cidades de Vera
Cruz e Tampico, onde grandes refinarias estão instaladas.
O país é o décimo produtor mundial de prata, zinco e chumbo.
Também produz abundantemente ouro, manganês, níquel, cobre,
ferro e diversos outros minerais, destinados, prioritariamente, à ex-
portação, sobretudo para os estadunidenses.

284 Capítulo 8 – As nações emergentes da América Latina

CG_8ºano_08.indd 284 30/04/2018 09:44:31 C


284

ME_CG_8ºano_08.indd 284 16/05/2018 12:23:12


México: economia
San Diego Calexico
Tijuana Mexicali N
Nogales Douglas
El Paso O L
Heróica
S
Agua Ciudad
Nogales
Prieta Juárez
Del Rio
Acuna
Eagle Pass
Chihuahua Pledras Negras
Laredo
Monclova Nuevo Laredo
Reynosa Mac Allen
Torreón Brownsville
Matamoros
Golfo do
Monterrey

Mazatlán
Aguascalientes Tampico
México
San Luis Potosí

Oceano Guadalajara
Tuxpan

Pacífico
Heroica
Cidade do México Veracruz Tabasco

0 157 km 314 km Tonale


Lázaro Cárdenas

Produção de gás natural Minatitlán


Zonas petrolíferas
Refinaria e centro
Carvão petroquímico
Minério de ferro Siderurgia

Região industrial Indústria química

O mapa representa a distribuição espacial da atividade indus-


Zona Franca Metalurgia

Cobre Indústria automobilística trial e as fontes de energia no México.

Zinco Indústria têxtil


Indústria maquiladora
Hidreletricidade de fronteira
Wikimedia.com

A Pemex é uma das maiores e mais importantes empresas do México, sendo uma referência
internacional em matéria de combustíveis fósseis.

Capítulo 8 – As nações emergentes da América Latina 285

:31 CG_8ºano_08.indd 285 30/04/2018 09:44:31


285

ME_CG_8ºano_08.indd 285 16/05/2018 12:23:13


O maior complexo industrial do México está estabelecido na
Cidade do México e em sua periferia. Além dele, há um grande e
diversificado parque industrial distribuído pelas cidades de Lázaro,
Cárdenas, Monclova, Guadalajara e Monterrey. A produção englo-
ba os setores têxtil, siderúrgico, metalúrgico, automobilístico, pe-
troquímico, carboquímico e alimentício.

O efeito Nafta sobre a


economia mexicana
O Nafta, quando entrou em operação, em 1994, criou uma
zona de livre circulação de mercadorias, serviços e capitais entre
Canadá, Estados Unidos e México, ou seja, impulsionou as expor-
tações entre os países, mas também facilitou a atuação de diversas
empresas estadunidenses em território mexicano, atraídas pela mão
de obra farta, barata e desorganizada e por incentivos fiscais e legis-
lações trabalhista e ambiental frágeis.
Muitas dessas indústrias são chamadas de maquiladoras. Sua
prática produtiva consiste em realizar operações superficiais, dando
uma aparência nacional (uma “maquiagem”) a seus produtos. Ao
longo da fronteira com os Estados Unidos, existem mais de três mil
empresas desse tipo, empregando mais de um milhão de mexicanos,
na maioria mulheres, que recebem salários abaixo da média salarial.
Outro fenômeno que vem ocorrendo aceleradamente após
o Nafta é a multiplicação de complexos agroindustriais estaduni-
denses em território mexicano. As facilidades criadas pelo acordo
econômico provocaram uma invasão de empresas transnacionais
de alimentos, que passaram a adquirir vastas áreas de terra, não por
acaso as melhores e mais férteis, para fabricar produtos para expor-
tação in natura ou para sua transformação em sucos, doces, compo-
tas, conservas, etc. Essas empresas controlam atualmente a maior
parte da produção de alguns gêneros agrícolas, como algodão, mo-
rango, hortaliças, cítricos, cebola, etc., além de estarem provocando
a redução da área destinada à agricultura alimentar e a perda da
terra pelo pequeno agricultor.

Andrij Vatsyk/Shutterstock.com

Empresas agroindustriais avançam em


crescimento na região fronteiriça do Mé-
xico devido às facilidades criadas pelo acordo
econômico, o Nafta.

286 Capítulo 8 – As nações emergentes da América Latina

CG_8ºano_08.indd 286 30/04/2018 09:44:31 C


286

ME_CG_8ºano_08.indd 286 16/05/2018 12:23:14


Cenário 5

O Brasil
Do imperialismo
regional à integração
Nem sempre a relação política brasileira com os nossos vizinhos
foi amigável, principalmente quando a América estava dividida pelo
império português e espanhol. Cada um desses impérios disputava,
desde a época dos descobrimentos, os espaços da América.
Na América do Sul colonial, onde o Tratado de Tordesilhas
dividia o continente em duas porções — uma a leste sob domínio
75º 65º 55º 35º

português e outra a oeste sob domínio espanhol —, os impérios


rivais lutavam pelo poder.
10º

0 233 km 466 km N

O L

Equador S

Meridiano de Tordesilhas

10º

20º

Terras pertencentes
Trópico
de Capr
à Espanha icórnio

Terras pertencentes Oceano


a Portugal Atlântico
30º

De um lado, os atuais Estados da Argentina, do Paraguai e


Uruguai, pertencentes ao Vice-Reino do Rio da Prata; a Venezue-
40º

la, integrante da Capitania Geral da Venezuela; o Peru e a Bolívia


como partes do Vice-Reino do Peru; e o Chile, como a Capitania
Geral do Chile. Todos como áreas de domínio espanhol.
Do outro lado, o Brasil, pertencente à Coroa portuguesa.

Capítulo 8 – As nações emergentes da América Latina 287

:31 CG_8ºano_08.indd 287 30/04/2018 09:44:31


287

ME_CG_8ºano_08.indd 287 16/05/2018 12:23:14


América espanhola – administração
N

O L

Tró
pic
od
Vice-reino
eC da Nova
ânc
er Espanha

Capitania-geral
de Cuba
Oceano
Capitania-geral
da Guatemala
Atlântico
Capitania-geral
Equa
dor da Venezuela

Vice-reino de
Nova Granada

América
Oceano Portuguesa
Vice-reino
Pacífico do Peru

Vice-reino
do Rio
da
Capitania-geral Prata
do Chile

0 553 km 1.106 km

Essa conjuntura espacial e os interesses de ampliação de domí-


nios geraram uma série de conflitos territoriais entre as duas po-
tências e, posteriormente, uma grande desconfiança entre as nações
sul-americanas independentes.
O primeiro passo expansionista foi dado por Portugal, quan-
do, em 1679, uma expedição comandada por D. Manuel Lobo che-
gou à margem esquerda do Rio da Prata, em frente à atual Buenos
Aires, na Colônia do Santíssimo Sacramento, e daí estendeu o do-
mínio português sobre as atuais terras do Rio Grande do Sul.
Nessa mesma região, que, pelo Tratado de Tordesilhas, perten-
cia à Espanha, padres jesuítas implantaram missões com o objetivo
de catequizar os nativos. Mas bandeirantes paulistas, continuamen-
te, rompiam a linha demarcatória e invadiam terras espanholas para
roubar indígenas das missões, que seriam transformados em escravos.
Face às incursões portuguesas ao seu território, a Espanha rea-
giu por meio de diversos conflitos. Até que, em 1801, com a assi-
natura do Tratado de Badajoz, os dois países ibéricos estabeleceram
definitivamente os limites territoriais da região.

288 Capítulo 8 – As nações emergentes da América Latina

CG_8ºano_08.indd 288 30/04/2018 09:44:32 C


288

ME_CG_8ºano_08.indd 288 16/05/2018 12:23:15


Foi quando surgiram a Argentina, o Uruguai e o Paraguai —
na área correspondente ao Vice-Reinado Espanhol do Rio da Pra-
ta — e o Rio Grande do Sul, em terras portuguesas. Observe, no
mapa a seguir, a evolução dos conflitos e dos acordos realizados ao
longo dos anos.

Acordos dividindo o Brasil

O L

S
Equador

Belém
São José do Rio Negro
(Manaus) São Luís

Estado do
Grão-Pará
Olinda
Recife

Estado
0 165 km 330 km

do Brasil Salvador
(capital até 1763)
Vila Real
(Cuiabá)

Vila Boa Porto Seguro


Pacífico
Oceano

Sabará
Vila Rica (Ouro Preto) Vitória
São João del Rei
São Paulo Rio de Janeiro
(capital a partir de 1763)
São Vicente
Curitiba
Tratado de Tordesilhas, 1494
2 Tratado de Utrecht, 1713-1715
3 Vila do Desterro
Oceano
Tratado de Madri, 1750
4 Porto
42
Tratado de Santo Idelfonso, 1777
5 Tratado de Badajós, 1801
5
Alegre
Atlântico
Área disputada por Portugal e Espanha
Áreas em litígio com os países
3 Vila de São Pedro
vizinhos no decorrer do séc. XIX
Colônia do Sacramento

Em 1816, tropas luso-brasileiras invadiram o atual Uruguai, na


época chamado Banda Oriental do Uruguai. Depois de diversas
batalhas, a região foi incorporada, em 1821, ao Brasil com o nome
de Província Cisplatina.
Como consequência, houve forte reação da população local,
constituída na maioria por espanhóis e descendentes. Liderados
pelo general Juan Antonio Lavalleja, conseguiram, em 1825, re-
conquistar o Uruguai.
Com a independência do Brasil, o jovem imperador D. Pedro
I declarou guerra aos uruguaios. Mas o Brasil foi derrotado em

Capítulo 8 – As nações emergentes da América Latina 289

:32 CG_8ºano_08.indd 289 30/04/2018 09:44:32


289

ME_CG_8ºano_08.indd 289 16/05/2018 12:23:15


1828, e os cidadãos da Banda Oriental fundaram a atual República
Oriental do Uruguai.
Menos de vinte anos depois, já no Segundo Reinado, o Brasil
se envolveu num conflito com a Argentina pela disputa de uma área
de fronteira localizada no extremo ocidente dos atuais estados de
Santa Catarina e do Paraná. A disputa, chamada Questão de Pal-
mas, só acabou em 1895 com a arbitragem internacional do pre-
sidente dos Estados Unidos Grover Cleveland, que deu sentença
favorável aos brasileiros. O território foi incorporado ao nosso país
e passou a ser o limite entre o Brasil e a Argentina ao longo do Rio
Peperi-Guaçu.

Questão de Palmas (1895)


Paraná
Lapa

Argentina
Palmas Porto União
Joinville

Itajaí
Território disputado pela Argentina Blumenau
incorporado ao Brasil

Santa
0 41 km 82 km
Catarina
Florianópolis
Erechim

N
Rio Grande
O L
do Sul
Oceano
S Atlântico

Após esse período, o Brasil ainda fez parte de outras disputas


regionais, dentre as quais podemos destacar a Questão do Amapá,
com a França; a Questão do Pirara, com a Inglaterra; e a Questão
do Acre, com a Bolívia. Todas foram resolvidas a partir da diplo-
macia direta ou com a intervenção de tribunais internacionais.

Marzolino/Shutterstock.com

Ilustração do campo de batalha no Para-


guai durante a guerra da Tríplice Aliança.

290 Capítulo 8 – As nações emergentes da América Latina

CG_8ºano_08.indd 290 30/04/2018 09:44:32 C


290

ME_CG_8ºano_08.indd 290 16/05/2018 12:23:16


Disputas pela
hegemonia regional:
Brasil e Argentina
No século XX, em especial a partir dos anos 1930, teve início
um acirrado embate entre os estrategistas militares brasileiros e ar-
gentinos pela hegemonia regional.
Ambos os lados desconfiavam um do outro em virtude do pas-
sado colonial marcado por conflitos. Na Argentina, a tensão se dava
porque, ao longo dos séculos, os acordos internacionais beneficia-
ram tão somente o Brasil, que ampliou consideravelmente o seu
território. Já do lado brasileiro, a desconfiança e o ressentimento se
fundamentavam na suposição de que os argentinos tinham como
projeto invadir o Sul do Brasil e isolá-lo com o apoio do Uruguai,
da Bolívia e do Paraguai.
Em 1958, o presidente Juscelino Kubitschek lançou o projeto
Operação Pan-Americana (OPA), com a finalidade de estreitar re-
lações entre as nações da América e pressionar os Estados Unidos a
tomar iniciativas na cooperação para o desenvolvimento econômi-
co do continente.
Reprodução

Reunião de grupo de trabalho da Operação Pan-Americana (OPA).

Com isso, o governo brasileiro de JK e o argentino de Arturo


Frondizi sentaram-se à mesa e negociaram uma maior aproximação
e integração entre os países da América do Sul. Em 1960, foi criada
a Associação Latino-Americana de Livre-Comércio (Alalc). No
ano seguinte, o Brasil e a Argentina resolveram pôr um fim às diver-
gências históricas e ampliar a cooperação entre ambos.
Entretanto, a partir da segunda metade da década de 1960,
multiplicaram-se as ditaduras financiadas pelos Estados Unidos na

Capítulo 8 – As nações emergentes da América Latina 291

:32 CG_8ºano_08.indd 291 30/04/2018 09:44:32


291

ME_CG_8ºano_08.indd 291 16/05/2018 12:23:16


América do Sul. Esses governos ditatoriais, tanto no Brasil como
na Argentina, buscavam consolidar a sua hegemonia regional e au-
mentar a afinidade com os estadunidenses.
O Brasil saiu na frente firmando acordos com a Bolívia e o Para-
guai, antigos parceiro da Argentina. Em 1967, começou a construir a
rodovia BR-277, ligando Assunção e Cidade do Leste, no Paraguai,
ao litoral do Paraná. O objetivo era bastante claro: criar uma rota de
escoamento para que os produtos paraguaios não precisassem utili-
zar o porto de Buenos Aires. No ano de 1973, a partir de um acordo
entre os ditadores Garrastazu Médici, do Brasil, e Alfredo Stroessner,
do Paraguai, teve início a construção da Itaipu Binacional. Essa hi-
drelétrica tornou o nosso país autossuficiente em energia. Alguns mi-
litares argentinos chegaram a pensar que se tratava de uma bomba de
água para destruir Buenos Aires com uma inundação.

Mykola Gomeniuk/Shutterstock.com

A Usina de Itaipu é a líder mundial em O fim dessas instabilidades só se daria a partir da metade da
produção de energia limpa e renovável,
tendo produzido mais de 2,5 bilhões MWh década de 1980, no período de redemocratização dos dois países.
desde o início de sua operação. Em 1991, os novos governos civis se reaproximaram e selaram de-
finitivamente a paz, com o Tratado de Assunção, por intermédio
do qual se estabeleceu a criação do Mercosul.
Atualmente, a despeito das crises que atingiram o mundo, os
países da América do Sul apresentam relações comerciais e políticas
volumosas e estáveis.

292 Capítulo 8 – As nações emergentes da América Latina

CG_8ºano_08.indd 292 30/04/2018 09:44:33 C


292

ME_CG_8ºano_08.indd 292 16/05/2018 12:23:17


Geografia em cena

É verdade que o Brasil pode inundar a Argentina usando a


hidrelétrica de Itaipu?

Em tese, dá sim para encher de água algumas regiões do nosso país vizinho. Mas, na reali-
dade, a possibilidade é remotíssima, porque provavelmente a tromba-d’água seria contida ou
se dissiparia no meio do caminho. De início, é preciso deixar claro que só mesmo um mega-
-acidente ou um atentado destruidor seria capaz de arrebentar a barragem do lago de Itaipu.
Mesmo assim, essa situação é bastante improvável, porque, além de possuir diversos sistemas
de segurança, a hidrelétrica foi construída em módulos independentes. Ou seja, ainda que
algumas comportas sejam rompidas, as outras continuam funcionando normalmente. Além
disso, a água liberada pela represa não seria suficiente para inundar todo o território argentino.
“O efeito seria parecido com o de uma grande enchente de causas naturais”, diz o engenheiro
eletricista Júlio Meirelles, da hidrelétrica de Itaipu.
http://mundoestranho.abril.com.br/materia/e-verdade-que-o-brasil-pode-inundar-a-argentina-usando-a-hidreletrica-de-itaipu.

Aprenda com arte

A cidade perdida
Direção: Andy Garcia.
Ano: 2005.

Sinopse: Havana (Cuba), década de 1950. O dono de um clube noturno é flagrado no meio de uma
transação turbulenta durante a Revolução Cubana, quando o opressivo governo de Batista passa o
poder para as mãos de Fidel Castro. A entrada do governante marxista na presidênci faz com que o
dono do clube se mude para Nova York.

No
Direção: Pablo Larraín.
Ano: 2012.

Sinopse: Depois de quinze anos de uma ditadura militar, o povo é chamado para votar se o Ge-
neral Augusto Pinochet fica no poder por meio de um plebiscito nacional. René trabalha em uma
equipe que cria filmes e materiais promocionais na esperança de fazer o povo votar no “Não”, para
que Pinochet não continue no poder por mais oito anos. Enquanto isso, seu chefe está trabalhando
na campanha do “Sim”.

Capítulo 8 – As nações emergentes da América Latina 293

:33 CG_8ºano_08.indd 293 30/04/2018 09:44:33


293

ME_CG_8ºano_08.indd 293 16/05/2018 12:23:17


Pequeno dicionário geográfico e cultural
Castelhana: Espanhola.
Cítricas: Frutas das plantas do gênero Citrus, como limão e laranja.
Expansionista: Ampliador, como o objetivo de expansão.
Incursões: Invasões, penetrações.
Quebracho: Árvore nativa do Paraguai, sul do Brasil e Argentina.

Ensaio geográfico
1 Observe o mapa abaixo e responda às questões a, b e c:
N

O L
30º N

0 235 km 470 km

15º N

115º O 100º O 85º O

a. Qual país está sendo representado pelo mapa?

México.

b. A área em destaque representa uma importante península. Qual?


Península do Iucatã.

c. Que importante civilização pré-colombiana viveu nessa península?

Maias.

2 Analisando as questões naturais da Argentina, percebe-se a presença de uma variedade de regiões.


Quais são elas?

Chaco, Patagônia, Pampas e Cordilheira dos Andes.

294 Capítulo 8 – As nações emergentes da América Latina

CG_8ºano_08.indd 294 30/04/2018 09:44:33 C


294

ME_CG_8ºano_08.indd 294 16/05/2018 12:23:18


3 A Cordilheira dos Andes é um conjunto de cadeias de montanhas situadas na América do Sul, também
chamada de dobramentos modernos. Como se chama o ponto mais alto, e em qual país está situado?
Pico do Aconcágua, na Argentina.

4 O Mercosul é um bloco econômico criado nos anos 1990 com a finalidade de estabelecer fortes
laços econômicos entre países da América do Sul, como Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Dessa
forma, escreva o nome do tratado que oficializou o bloco e deu início às suas atividades.
Tratado de Assunção.

Encerramento
1 Leia o texto abaixo e, em seguida, faça o que se pede.

Por que as terras da Espanha na América viraram vários países?

Por causa de diferenças nos processos de colonização e de independência. “Ao contrário da Amé-
rica portuguesa, não existiu unidade administrativa na América espanhola”, diz a historiadora Liber-
tad Borges Bittencourt, da Universidade Federal de Goiás (UFG). Isso aconteceu porque a Espanha
dividiu seus territórios na América em quatro grandes vice-reinados, além de outras capitanias gerais
e intendências. No Brasil, a criação das capitanias hereditárias foi uma experiência parecida. Mas esse
sistema não deu certo por aqui, e a Coroa portuguesa acabou assumindo diretamente o controle da sua
colônia. Já nas terras espanholas, a divisão administrativa funcionou tão bem que se tornou difícil de
ser revertida após o início dos processos de independência.
As áreas sob domínio espanhol eram administradas por vice-reis, que estabeleceram suas próprias
estruturas locais de governo, embora mantivessem a fidelidade ao rei da Espanha. Outro fator impor-
tante para a fragmentação dos países foi a maneira como aconteceram as independências nas colônias.
“Na América espanhola, elas ocorreram em contextos de guerra. As classes governantes locais impu-
seram a fragmentação, num loteamento de espaço e poder”, diz Libertad. Após a independência dos
vários países, ocorreram tentativas frustradas de unir as nações recém-nascidas. Esse era um dos ideais
do líder revolucionário venezuelano Simón Bolívar (1783–1830).
Fonte: http://mundoestranho.abril.com.br/materia/por-que-as-terras-da-espanha-na-america-viraram-varios-paises.
Acessado em: 13/08/2013.

a. Com base no texto, estabeleça uma comparação entre o sistema de capitanias hereditárias nas colô-
nias espanholas e na colônia portuguesa na América.
A Espanha dividiu seu território na América em quatro grandes vice-reinados, além de outras capita-

nias. Já com a Coroa portuguesa, o projeto das capitanias não deu certo, o que a levou a assumir dire-

tamente o controle do território.

Capítulo 8 – As nações emergentes da América Latina 295

:33 CG_8ºano_08.indd 295 30/04/2018 09:44:33


295

ME_CG_8ºano_08.indd 295 16/05/2018 12:23:18


b. Explique a diferença entre o processo de independência das colônias espanholas e da portuguesa na
América.
A grande fragmentação ocorrida por parte das colônias espanholas está associada às guerras que im-

pulsionaram o processo de independência. Já no Brasil, o processo de independência foi marcado por

ações gradativas.

2 (UFPB) Em 1982, ocorreu um fato histórico envolvendo um país sul-americano e uma potência
econômica e bélica europeia, relacionado à posse de uma ilha no Atlântico Sul. As tentativas para um
acordo pacífico foram em vão, e esse fato acabou resultando em um conflito armado, com consequên-
cias para a geopolítica da região.
Em relação a esse fato histórico, é correto afirmar que se trata da:
a. Guerra das Malvinas, envolvendo a Argentina e a França, com a vitória dos franceses e o conse-
quente agravamento da crise política argentina.
b. X Guerra das Falklands, envolvendo a Argentina e a Inglaterra, com a derrota dos argentinos, que
até hoje reivindicam a posse dessa ilha.
c. Guerra das Malvinas, envolvendo o Chile e a Inglaterra, com a vitória dos ingleses e a expulsão
dos chilenos, que, apesar da derrota, não sofreram consequências econômicas graves.
d. Guerra das Falklands, envolvendo o Chile e a França, com a vitória da França, que passou a ter
uma possessão estrategicamente localizada no Atlântico Sul.
e. Guerra das Malvinas, envolvendo o Chile e a Inglaterra, com a vitória dos chilenos, que se apo-
deraram de um arquipélago rico em recursos energéticos.

3 (PUC) A Usina de Itaipu é um empreendimento conjunto:


a. X Brasil – Paraguai.
b. Brasil – Uruguai.
c. Brasil – Paraguai – Argentina.
d. Brasil – Argentina.

4 (UFRRJ – Adaptada) A Argentina, o Brasil, o Paraguai, o Uruguai e a Venezuela (suspensa) for-


mam o Mercosul (Mercado Comum do Sul), organismo que estabelece as regras e os procedimentos
para a integração econômica entre os quatro países. Sobre esse bloco econômico, é correto afirmar que:
a. X integra países com povoamento, dinâmica econômica e nível de renda muito diferentes.
b. estabelece “fronteiras abertas” para o livre deslocamento de pessoas, produtos e capitais.
c. permite a livre circulação dos bens industriais sem restrições e barreiras alfandegárias.
d. restringe os fluxos migratórios devido às rivalidades históricas existentes dentro do bloco.

296 Capítulo 8 – As nações emergentes da América Latina

CG_8ºano_08.indd 296 30/04/2018 09:44:34 C


296

ME_CG_8ºano_08.indd 296 16/05/2018 12:23:19


5 Os blocos econômicos têm por objetivo a redução e/ou eliminação das tarifas alfandegárias. Sua
formação proporciona maior dinamismo nas relações comerciais entre os países integrantes. Nesse sen-
tido, os países da América Platina, juntamente com o Brasil e a Venezuela (atualmente suspensa), in-
tegram um bloco econômico visando maior flexibilidade nas importações e exportações de produtos.
Esse bloco é:
a. Apec – Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico.
b. CAN – Comunidade Andina.
c. X Mercosul – Mercado Comum do Sul.
d. Nafta – Acordo de Livre Comércio da América do Norte.
e. Caricom – Mercado Comum e Comunidade do Caribe.

6 (UFRN–Adaptada) No contexto da globalização, uma tendência crescente é a formação de blocos


econômicos regionais. Esses blocos apresentam diferentes níveis de integração. Um desses níveis é a
zona de livre-comércio que se caracteriza pela:
a. criação de uma moeda única a ser adotada pelos países-membros.
b. X livre circulação de mercadorias provenientes dos países-membros.
c. unificação de políticas de relações internacionais entre os países-membros.
d. livre circulação de pessoas, serviços e capitais entre os países-membros.

7 (UFPE) Dentre os estágios de integração entre membros de um mesmo bloco econômico abaixo
elencados, assinale aquele que corresponde ao Mercosul:
a. X Zona de livre-comércio.
b. Área de livre-comércio.
c. União Aduaneira.
d. Mercado Comum.
e. Região Alfandegária.

8 (UFMS–Adaptada) O México, apesar de ser um país agrícola, destaca-se no crescimento indus-


trial. Em especial, no setor petroquímico, ligado à exploração de petróleo extraído do Golfo do Mé-
xico. Assinale a alternativa que aponta corretamente suas características físicas ou socioeconômicas.
a. Tem predomínio de relevo de planície, apresentando clima árido em sua porção setentrional.
b. Sua população apresenta predomínio de indígenas e negros, concentrando-se no centro-sul do país.
c. X Seu território é rico em recursos minerais, despontando-se o petróleo.
d. Sua região norte é fracamente povoada, tendo como base o cultivo da cana-de-açúcar, no Rio
Salado.
e. Monterrey, Corrientes e Transbaal são os principais centros industriais do país.

Capítulo 8 – As nações emergentes da América Latina 297

:34 CG_8ºano_08.indd 297 30/04/2018 09:44:34


297

ME_CG_8ºano_08.indd 297 16/05/2018 12:23:19


9 (Mackenzie) “Além da perda de territórios, as interferências políticas e militares e a influência eco-
nômica dos Estados Unidos motivaram um antigo dirigente desse país a exclamar: ‘Pobre _______, tão
longe de Deus e tão perto dos Estados Unidos’.”
O nome do país que completa corretamente a citação é:
a. X México. b. Porto Rico. c. Panamá.
d. Cuba. e. Canadá.

10 No relevo do continente americano, a costa ocidental sul possui uma cadeia montanhosa de formação geo-
lógica recente cujo pico é o mais alto do Ocidente. O nome da cadeia bem como do pico é, respectivamente:
a. Pico da Neblina – Cordilheira dos Andes.
b. Pico do Aconcágua – Cordilheira dos Andes.
c. Monte Mackinley – Montanhas Rochosas.
d. Cordilheira dos Andes – Pico do Labrador.
e. X Cordilheira dos Andes – Monte Aconcágua.

11 (UFPR) A fronteira do México com os Estados Unidos tem protagonizado distintos processos de
natureza social, econômica e espacial. Sobre essa realidade, considere as seguintes afirmativas:
1. Observa-se um intenso processo migratório ilegal do México com destino aos Estados Unidos,
desencadeando ações radicais por parte do governo americano, como a construção de um muro
para marcar a fronteira e dificultar o ingresso de migrantes clandestinos nos EUA.
2. Há uma importante relação industrial entre os dois países, sobretudo por meio da ação das maqui-
ladoras, indústrias americanas instaladas do lado mexicano que se aproveitam de isenções tarifárias,
importam componentes dos Estados Unidos, executam a montagem dos produtos, utilizando-se do
baixo custo da mão de obra mexicana e exportam os produtos acabados para os EUA, com preços
normalmente abaixo daqueles praticados pelas indústrias que produzem em território americano.
3. Os problemas existentes entre ambos os países podem ser atribuídos à separação física estabelecida
por essa fronteira: o México compõe a América Central e os Estados Unidos a América do Norte.
4. A importância da fronteira entre EUA e México em relação à migração e ao processo de localiza-
ção das maquiladoras se justifica pelo fato de as maiores cidades mexicanas estarem localizadas na
região de fronteira, inclusive a capital, Cidade do México.
5. As remessas de dólares que os imigrantes fazem para suas famílias no país de origem contribuem
com expressiva parcela da economia mexicana.
Assinale a alternativa correta.
a. Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras.
b. Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras.
c. Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras.
d. Somente as afirmativas 2, 3 e 5 são verdadeiras.
e. X Somente as afirmativas 1, 2 e 5 são verdadeiras.

298 Capítulo 8 – As nações emergentes da América Latina

CG_8ºano_08.indd 298 30/04/2018 09:44:34


298

ME_CG_8ºano_08.indd 298 16/05/2018 12:23:20


BNCC
Habilidades trabalhadas
no capítulo

Capítulo 9 (EF08GE22) Identificar os principais recur-


sos naturais dos países da América Latina,
Tranformações socioeconômicas analisando seu uso para a produção de maté-
ria-prima e energia e sua relevância para a coo-
da América Latina Muitos dos países da América Latina são
responsáveis pela exportação de carne, em peração entre os países do Mercosul.
especial a bovina, que abastece mercados da
Europa e de vários outros continentes. (EF08GE24) Analisar as principais caracterís-
ticas produtivas dos países latino-americanos
(como exploração mineral na Venezuela; agri-
cultura de alta especialização e exploração mi-
neira no Chile; circuito da carne nos pampas
argentinos e no Brasil; circuito da cana-de-açú-
car em Cuba; polígono industrial do sudeste
brasileiro e plantações de soja no centro-oeste;
maquiladoras mexicanas, entre outros).
(EF08GE10) Distinguir e analisar conflitos
e ações dos movimentos sociais brasileiros,
no campo e na cidade, comparando com ou-
tros movimentos sociais existentes nos países
latino-americanos.
(EF08GE11) Analisar áreas de conflito e ten-
sões nas regiões de fronteira do continente lati-
no-americano e o papel de organismos interna-
cionais e regionais de cooperação nesses cenários.

Objetivos
Neste capítulo, vamos conhecer
um pouco mais sobre o Paraguai, o
pedagógicos
Uruguai e a Colômbia, além da América
Central. Esses países americanos têm a
agropecuária como base de sua economia,
destacando-se o plantio de cana-de-
• Analisar a organização sociopolítica dos
açúcar, milho, banana e algodão. países latino-americanos.
• Compreender a centralização e a descentra-
utterstock.com
lização de poder e como influenciam no pro-
Diego Cervo/Sh

Capítulo 9 – Tranformações socioeconômicas da América Latina 299 cesso político.


• Analisar os golpes militares e os novos ca-
minhos da democracia.
CG_8ºano_09.indd 299 30/04/2018 09:44:58 • Compreender como se deu o processo de
desenvolvimento econômico nos países lati-
Anotações no-americanos.

299

ME_CG_8ºano_09.indd 299 16/05/2018 12:51:18


Cenário 1

Cuba
Território, população e
clima
Essa pequena ilha do Mar do Caribe é conhecida no mundo
inteiro por três aspectos: fabricação do melhor charuto do mundo;
produção dos melhores runs; e por ter sido a pátria do socialismo
na América. Localizada a apenas 170 km dos Estados Unidos, Cuba
é um arquipélago formado por diversas ilhas, a mais importante é
a da Juventude.
O território cubano tem 109.890 km². Nele predomina o rele-
vo plano, em que se alternam planaltos de altitude modesta e planí-
cies aluvionais de solo extremamente fértil, utilizado para o plantio
de cana-de-açúcar e fumo.

Cuba: mapa político


24º N

0 34 km 68 km
Oceano Atlântico Ba
N

O L
ha
Havana
Matanças

ma S
Reinor do Rio Havana Matanças
Vila Clara s
Pinar del Río Cienfuegos
Santa Clara
Cienfuegos Cego de Ávila
Nova Gerona
Cego de Ávila
Sancti Spíritus
Ilha da Juventude Sacti Spíritus
Camagüey

Camagüey Las Lunas


Las Lunas
Holguín
21º N

Holguín
Mar
das Antilhas
Bayamo
Santiago
Guantánamo
Granma de Cuba
Guantánamo
Santiago
de Cuba

83ºO 80ºO 77ºO 74ºO

As maiores altitudes de Cuba estão na região sudoeste, onde


domina, imponente na paisagem, a Sierra Maestra, cujo ponto mais
alto é o Pico Real Del Turquino (2.005 metros de altitude). No
passado, essa área elevada foi base de operações dos guerrilheiros
seguidores de Fidel Castro.
Por estar numa área de tormentas e furacões, a ilha está sujeita a
instabilidades meteorológicas constantes, principalmente no final
do outono. No geral, seu clima é quente e úmido, do tipo tropical,
com chuvas abundantes, em torno de 1.500 mm, e temperaturas
com médias anuais em torno de 25 ºC. O clima favorece a prática
da agricultura da cana-de-açúcar e de outros gêneros tropicais.

300 Capítulo 9 – Tranformações socioeconômicas da América Latina

CG_8ºano_09.indd 300 30/04/2018 09:44:58 C


300

ME_CG_8ºano_09.indd 300 16/05/2018 12:51:19


A ilha não possui grandes rios, e sua vegetação, mesmo que

wanvinai samsee/Shutterstock.com
intensamente devastada, é constituída originalmente por densas
florestas tropicais.

Sociedade e revolução
Cuba hoje
Na atualidade, Cuba apresenta alguns dos melhores indicado-
res sociais da América Latina: elevado IDH (0,769); inexistência
de analfabetismo; expectativa de vida em torno de 79,4 anos; e
mortalidade infantil de 4,63/mil nascidos. Entretanto, nem sem-
pre foi assim. O país viveu mais de quatrocentos anos de domina-
ção e exploração. Esse período começou quando o espanhol Diego
Velázquez, em 1510, desembarcou na ilha e prolongou-se com as
Plantação de tabaco para produção de charu-
diferentes ditaduras apoiadas pelos Estados Unidos ao longo da tos em Cuba, produto de particular impor-
primeira metade do século XX. tância para a economia e a identidade da nação.

A Revolução Cubana
A ilha de Cuba teve seus laços coloniais rompidos em 1898,
como resultado da Guerra Hispano-americana — entre a Espanha
(metrópole) e os Estados Unidos.
Já em 1895, a luta pela independência cubana, liderada pelo poeta
José Martí, combateu as tropas espanholas. Os Estados Unidos, com
interesses específicos em Cuba, interviram no conflito. Rapidamente,
o movimento de independência cubana perdeu força e instalou-se uma
guerra entre a Espanha, que insistiu no decadente sistema colonial, e os
Estados Unidos, que almeja expansão territorial. Em 12 de agosto de
1898, com a derrota espanhola, Estados Unidos e os estadunidenses
assinaram um armistício em que esta abre mão do domínio de Cuba.
Excluída de todas as negociações, a ilha foi ainda submetida à Emen-
da Platt, pela qual se tornava protetorado norte-americano, ou seja, os
Estados Unidos tinham, a partir de então, o direito de intervir mili-
tarmente em solo cubano. Ademais, os estadunidenses receberam de
Cuba uma área de 117 km2, na Baía de Guantánamo, onde foi cons-
truída a base com o mesmo nome e que até hoje existe.
Com uma economia agroexportadora — cujos principais pro-
dutos eram, e ainda são, o fumo e a cana-de-açúcar —, Cuba viveu,
durante toda a primeira metade do século XX, uma aparente tran-
quilidade, em que desfilavam no poder ditadores apadrinhados e
sustentados pelos Estados Unidos. Praticamente todos os imóveis,
as terras, fábricas, etc. pertenciam a cidadãos norte-americanos.
Dentre os diversos ditadores, destacou-se Fulgencio Batista,
que governou Cuba em dois períodos diferentes: de 1940 a 1944 e
de 1952 a 1959, até ser deposto pela Revolução. Ele governava com
poderes absolutos e brutal repressão, o que gerava grande descon-
tentamento entre o povo.

Capítulo 9 – Tranformações socioeconômicas da América Latina 301

:58 CG_8ºano_09.indd 301 30/04/2018 09:44:58


301

ME_CG_8ºano_09.indd 301 16/05/2018 12:51:19


Diálogo com o
professor Aproveitando-se da insatisfação popular, que já se difundia em

Alberto Korda
parte do exército cubano, o jovem advogado Fidel Castro tentou,
junto a outros insurretos, tomar o Quartel Moncada, em Santiago
Comente com sua turma que, em boa de Cuba. A tentativa foi um fracasso. Fidel foi preso e posterior-
mente exilado para o México. De lá, o líder guerrilheiro passou a
parte dos golpes militares ocorridos nos paí- organizar, com outros exilados, o movimento que derrubaria o Sar-
ses latino-americanos, houve investimento do gento Batista e sua ditadura.
governo estadunidense, cujo objetivo era de- No dia 25 de novembro de 1956, teve início a histórica Revo-
lução Cubana, com a saída de Fidel Castro e um pequeno exército
sestabilizar esses países de modo político e de 83 homens do Porto de Tuxpan, no México. Entre eles, Ernesto
econômico. “Che” Guevara e Camilo Cienfuegos.
Vitoriosos, Fidel e seus companheiros definiram um programa
Che Guevara foi um dos revolucioná-
de reformas que se chocou diretamente com os interesses norte-
-americanos. As mudanças envolviam reforma agrária, nacionali-
Anotações rios que derrubou o regime autoritário
de Fulgencio Batista, juntamente com Fidel e
Raúl Castro, e que, posteriormente, saiu com
zação das refinarias de açúcar e álcool e, posteriormente, das indús-
um grupo de voluntários de países latino-ame- trias — todas pertencentes a grupos estadunidenses. Os Estados
ricanos para propagar os ideais da Revolução
Cubana. Sua imagem é mítica em toda a Amé-
Unidos, por sua vez, suspenderam a importação do principal pro-
rica Latina. duto cubano, o açúcar.

Apoio soviético
Alternativa ao embargo norte-americano

Impedido de comercializar sua principal fonte de divisas, o


governo cubano se tornou aliado da União Soviética (URSS). No
contexto da Guerra Fria, Cuba passou a ser vista pelos Estados Uni-

Library of Congress
dos como um foco de disseminação do socialismo para o restante
do continente americano. Isso serviu de justificativa para que o pre-
sidente John Kennedy tomasse medidas extremamente duras.
Em janeiro de 1961, os Estados Unidos romperam relações
com Cuba e, a partir daí, elaboraram planos de ação para promover
a queda dos revolucionários de Fidel. O primeiro deles foi a Inva-
são à Baía dos Porcos, em abril de 1961. Um grupo de exilados
cubanos e mercenários norte-americanos, sob a orientação da CIA,
desembarcou na baía, recebendo auxílio de grupos de aviação, mas
foram rechaçados pelo povo com armas.
A operação foi um fracasso e serviu para aumentar o prestígio
pessoal de Fidel Castro e dos revolucionários, também chamados
de barbudos. Aproveitando-se do episódio, o líder revolucionário
fez um discurso anunciando ao mundo que Cuba assumiria o socia-
lismo, sendo o primeiro dos países latino-americanos a trilhar esse
caminho para superar suas dificuldades provenientes do imperialis-
Fidel Castro, por mais de 40 anos, foi o co-
mo estadunidense.
mandante em chefe da República de Cuba Os Estados Unidos, então, articularam um forte bloqueio a
e conduziu o país, apesar do embargo econômi-
co, comercial e financeiro imposto pelos Estados
Cuba, principalmente quando as relações cubanas com a URSS
Unidos. pretendiam transformar a ilha em ponto estratégico, com a insta-

302 Capítulo 9 – Tranformações socioeconômicas da América Latina

CG_8ºano_09.indd 302 30/04/2018 09:44:59

C
302

ME_CG_8ºano_09.indd 302 16/05/2018 12:51:20


lação de uma base de mísseis em solo cubano, o que gerou a Crise
dos Mísseis. As tensões entre os EUA e a URSS chegaram ao pon-
to de manter o mundo sob a apreensão de um possível confronto
nuclear, que só foi resolvido após um forte cerco norte-americano
e a retirada dos mísseis.

Cecil William/National Archives and Records Administration A iminência de uma guerra nuclear com
a Crise dos Mísseis deixou o mundo sob
forte tensão. Uma decisão errada de Kennedy
poderia resultar na extinção da humanidade. Na
foto, Kennedy e o secretário de defesa Robert
McNamara.

Esse episódio fez com que os Estados Unidos forçassem a ex-


pulsão de Cuba da Organização dos Estados Americanos (OEA),
sob a acusação de que os cubanos disseminavam a rebelião no con-
tinente. Apesar das boas relações de Cuba com diversos países lati-
no-americanos, os estadunidenses garantiram o apoio de todos os
países da América ao seu plano de isolamento de Cuba, lançando a
Aliança para o Progresso, grande programa de ajuda econômica
que teve a adesão de todas as nações da América Latina.

Relações internacionais e a
exportação da guerrilha
4:59
Com o auxílio soviético e do bloco socialista, as exportações de
Cuba gozavam de privilégios. O governo cubano passou a incentivar
e sustentar diversos movimentos revolucionários no continente como
forma de subverter os governos aliados dos Estados Unidos. Em 1967,
foi fundada, em Havana, a Organização Latino-Americana de Solida-
riedade (Olas), que tinha como objetivo apoiar as guerrilhas da Améri-
ca Latina. Em retaliação à Olas, os Estados Unidos apoiaram os golpes
militares do continente, em uma clara política de implantação de go-
vernos ditatoriais para afastar o perigo comunista cubano.

Capítulo 9 – Tranformações socioeconômicas da América Latina 303

CG_8ºano_09.indd 303 30/04/2018 09:44:59


303

ME_CG_8ºano_09.indd 303 16/05/2018 12:51:20


Leitura
complementar Geografia em cena A relação entre os Estados Unidos e Cuba se deteriorava pro-
gressivamente. Porém, com o surgimento de governos menos ali-
Os sandinistas faziam nhados aos Estados Unidos na América Latina, no final da década
O modelo econômico de parte de um grupo revolu- de 1970, muitos países reataram relações com a nação cubana. O
Cuba é visto como o começo cionário que objetivavam a
retirada da família Somoza
período era de distensão, e, durante os governos norte-americanos
de Gerald Ford e Jimmy Carter, a relação entre Havana e Washing-
do fim ou como uma solução do poder, nos anos 1970 ton tornou-se mais amena, inclusive criando-se escritórios de re-
presentação diplomática nos dois países.
na Nicarágua. Recebiam
adequada e necessária para essa denominação devido No entanto, a chegada de Ronald Reagan à presidência dos EUA
(1981–1989) afetou negativamente o vínculo entre os dois países.
um socialismo próspero e à influência de um revolu-
cionário chamado Sandino, Reagan militarizou Honduras e El Salvador para pressionar os sandi-
sustentável? que iniciou a luta quarenta
anos antes.
nistas nicaraguenses (revolucionários), visto que estes eram apoiados
pelos cubanos. Multiplicaram-se guerrilhas por todo o continente, e
a América Latina novamente se tornou foco de tensões.
O poderoso polo econômico e político

Tiomono
do socialismo nos assuntos mundiais foi per-
dido em 1989/1990 com o colapso da União
Soviética. A época bipolar do mundo está, por
enquanto, desaparecendo. Nem a construção
mundial do socialismo nem a realização do
comunismo são metas realistas para os pró-
ximos anos, mas o desenvolvimento de Cuba O sandinismo, baseia-se na ideologia de
Augusto César Sandino, o chamado ge-
em direção ao socialismo não poderia ser do- neral de hombres libres, que leva seu nome.

minado à luz da situação mundial atual. A


agressão contrarrevolucionária estrangeira e a
Crise e novos rumos
fraqueza econômica deixam duas possibilida- A decadência do regime
des modestas para a revolução cubana: socialista pós-Guerra Fria
1. Um completo isolamento com apoio Com o fim do bloco socialista, em 1989, a situação socioeco-
simultâneo de princípios socialistas — que a nômica cubana começou a se deteriorar rapidamente. Sem os seus
parceiros comerciais e com a intensificação do bloqueio norte-ame-
economia cubana não suportaria. ricano, por meio da Lei Torricelli — segundo a qual as empresas
2. Uma integração no mercado mundial dos EUA eram proibidas de comercializar com Cuba —, amplia-
ram-se as dificuldades da população cubana e do próprio regime
capitalista para participar da divisão interna-
comunista.
cional do trabalho, com a introdução simul- Em 2006, o líder Fidel Castro deixou o governo em virtude de
tânea de elementos de mercado na economia problemas de saúde. Em seu lugar, assumiu seu irmão, Raúl Castro,
que, apesar do forte isolamento, deu continuidade às políticas inicia-
doméstica. No entanto, isso acarreta o perigo das com a revolução e alcançou avanços na medicina e na educação.
da infiltração ideológica, da desigualdade so- O governo cubano adotou uma política de incentivo ao turis-
cial e da formação de uma burguesia com inte- mo como fonte de geração de divisas, juntamente com uma espe-
cialização de seus principais produtos de exportação, como o açú-
resses opostos aos trabalhadores. car, o rum e os charutos.
Cuba escolheu o segundo caminho, mas
não o capitalismo, mas com o objetivo de cons- 304 Capítulo 9 – Tranformações socioeconômicas da América Latina
truir um socialismo próspero e sustentável em
longo prazo. O planejamento continuará sen-
do o princípio dominante da economia no fu- CG_8ºano_09.indd 304 30/04/2018 09:45:00

turo. Ele busca um meio termo que preserve o por alguns aspectos muito mais concretos. [...] tegração de Cuba na divisão internacional do
papel central do planejamento para a economia, Para estabelecer o socialismo desejado trabalho pode, assim, trazer uma economia
deixando espaço para as relações de mercado e em longo prazo, às vezes é preciso recorrer cubana mais forte [...]. Nesse sentido, para
reconhecendo o próprio mercado. É importante a meios não ortodoxos, o que também pode Cuba, a teoria marxista-leninista e seus efei-
ressaltar que, apesar do reconhecimento do pa- significar que um passo temporário para trás tos desejados não são atualmente congruen-
pel complementar da propriedade privada so- deve ser tomado para depois ter uma base para tes. No entanto, quão realista o renovado pas-
bre certos meios de produção e formas de admi- o progresso renovado. Em vista do contex- so em frente, na direção da apropriação social,
nistração dentro dessa chamada propiedad mixta to global em que se localiza Cuba, a adapta- dependerá da estrutura em que a pequena bur-
(ou seja, “propriedade mista”), a ênfase deve con- ção ao mercado capitalista mundial é, portan- guesia emergente possa se desenvolver.
tinuar sendo a propriedade estatal. to, necessária, sobretudo, na política externa,
Em Cuba, no entanto, o socialismo não é vis- já que muitos bens importantes não podem Disponível em: https://berichteaushavanna.
to apenas como uma construção de grandes con- ser produzidos em Cuba, o que significa que de/2016/11/15/sozialismus-und-eigentum-welchen-
ceitos e teorias difíceis. O socialismo é formado dependem das importações do exterior. A in- weg-geht-kuba/. Acessado em 04/04/2018.

C
304

ME_CG_8ºano_09.indd 304 16/05/2018 12:51:21


Golden Brown/Shutterstock.com
Raúl Castro é ministro e general máxi-
mo das Forças Armadas Revolucionárias
desde 1959.
Ademais, o governo passou a desenvolver uma política de leve
implemento a uma nova economia:
Liberação de entrada de investimentos estrangeiros em al-
guns setores da economia, de forma regulada.
Criação de mecanismos para que alguns agricultores possam
ter propriedades privadas.
Extinção de parte das fazendas coletivas.
Quebra do monopólio estatal sobre a atividade comercial,
concedendo autonomia para empresas estatais e privadas.
Fim dos subsídios agrícolas para diversos agricultores que
não têm condições de competir no mercado.

Em 2014, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, deu


início ao fim do embargo econômico, comercial e financeiro a Cuba.
Dentre as medidas de normalização das relações entre os países, estão
a reabertura das embaixadas de ambos os países nas capitais, restabe-
lecimento das relações comerciais e a troca de prisioneiros.
Ververidis Vasilis/Shutterstock.com

5:00

O ex-presidente dos Estados Unidos,


Barack Obama, em seu discurso afirmou
que o embargo econômico “fere os cubanos, ao
invés de ajudá-los”.

Capítulo 9 – Tranformações socioeconômicas da América Latina 305

CG_8ºano_09.indd 305 30/04/2018 09:45:00


305

ME_CG_8ºano_09.indd 305 16/05/2018 12:51:21


Geografia em cena

O outro dia em que o presidente dos


EUA visitou Cuba
O papa foi, os Rolling Stones já chegaram e Barack Obama
também foi pra Cuba. Um momento histórico, porque foi a
primeira vez em 88 anos que um presidente americano pisou
na ilha em caráter oficial. Na última vez, em janeiro de 1928, o
mundo era outro.
O líder dos Estados Unidos se chamava Calvin Coolidge.
A Revolução Cubana pertencia a um futuro distante e nem a
revolução predecessora, de Fulgêncio Batista, que seria derru-
bada por Fidel Castro e Che Guevara, havia acontecido. Cuba
conquistara a independência dos espanhóis em 1902, mas, na
prática, ela era governada pelos EUA. E foi justamente para dis-
cutir isso que Coolidge embarcou no USS Texas em Key West,
na Flórida, em direção à Havana. Não só Cuba como outras na-
ções latino-americanas queriam mudanças na política externa
americana. Essa era a pauta da Conferência Pan-americana de
1928, realizada na capital cubana.
http://super.abril.com.br/blogs/contaoutra/2016/03/24/o-outro-dia-
em-que-o-presidente-dos-eua-visitou-cuba/.

The White House


Cenário 2

Paraguai
Território
O atual território paraguaio tem 406.752 km2 e está localizado
na porção centro-sul do continente americano. Assim como a Bolí-
via, não possui saída para o mar.

306 Capítulo 9 – Tranformações socioeconômicas da América Latina

CG_8ºano_09.indd 306 30/04/2018 09:45:01 C


306

ME_CG_8ºano_09.indd 306 16/05/2018 12:51:22


Paraguai político
Bolívia 0 36 km 72 km

20º S

Alto Paraguai
Brasil
Forte olimpo

Boqueron
Pedro João
Cavaleiro
Filadelfia

Am
Concepcion

am
bay
Concepción
Poço Colorado
San Pedro
Presidente Hayes Salto del Guaria
San Pedro Canindeyu

Alto
Cordilleira Caaguazu Parana 25º S
Assunção
Argentina Aregua
Caacupe Coronel
Oviedo
Cidade
Central Paraguari
do Leste
Villarica
Guairá
Paraguari Caazapa
Neembucu
Caazapa
Capital
Itapua
São João
Capital do país
Batista
Pilar Missões

N Encarnação

O L

65º O S 60º O 55º O

Espacialidade natural
O Rio Paraguai divide o país em dois ambientes naturais: Geografia em cena

Região oriental O solo de terra roxa foi


Essa porção do espaço paraguaio é apenas uma continuação responsável pela prática da
dos planaltos e das chapadas da Bacia do Rio Paraná. Os planaltos e produção de café na Região
as chapadas têm composição basáltica (rocha vulcânica), o que re- Sudeste. Muitos imigrantes
sultou num solo fértil de coloração escura, denominado, no Brasil, no final do século XIX fo-
de terra roxa. ram para a região para tra-
A região é recoberta por uma floresta tropical que se desenvol- balhar no cultivo do grão.
veu como decorrência do clima quente e úmido, do tipo tropical.

Capítulo 9 – Tranformações socioeconômicas da América Latina 307

:01 CG_8ºano_09.indd 307 30/04/2018 09:45:01


307

ME_CG_8ºano_09.indd 307 16/05/2018 12:51:23


Região ocidental
Denominada de Grande Chaco, essa porção do espaço guara-
ni é uma vasta planície inundável, onde o clima tropical, influencia-
do pela massa equatorial continental, apresenta um período quente
e chuvoso no verão e seco no inverno. Extensão do Pantanal, cons-
titui-se em uma das reservas de maior biodiversidade do Planeta,
onde encontramos uma infinidade de peixes, além de jacarés, onças,
jaburus, capivaras e outros animais.

Filipefrazao
Chaco é uma palavra de origem quéchua,
que significa lugar de caça, por causa da
riqueza da flora e da fauna que possuía nos tem-
pos pré-colombianos

Espacialidade comercial
Logística
O Paraguai faz fronteira com o Brasil ao leste e nordeste; com
a Bolívia ao sul e sudoeste; e com a Argentina, que envolve o seu
território do sudoeste ao sudeste. Essa posição geográfica faz com
que o país seja totalmente dependente do Brasil e da Argentina
para escoar a sua produção para o exterior. E, nesse caso, só há duas
alternativas: utilizar a Bacia Platina a partir do Rio Paraguai, que,
próximo à cidade de Corrientes, na Argentina, se encontra com o
Rio Paraná, e seguem em direção à sua foz no Atlântico; ou utilizar
o território brasileiro, atravessando a Ponte da Amizade — inau-
gurada em 1965 —, sobre o Rio Paraná, e seguindo em direção ao
Porto de Paranaguá, no Paraná (onde existe um píer/terminal de
cargas exclusivo para o Paraguai), pela rodovia BR–277. Essa al-
ternativa foi criada durante o período em que o governo militar
brasileiro tentava atrair o país guarani e outros países do cone sul
para sua esfera de influência.

308 Capítulo 9 – Tranformações socioeconômicas da América Latina

CG_8ºano_09.indd 308 30/04/2018 09:45:01 C


308

ME_CG_8ºano_09.indd 308 16/05/2018 12:51:23


Espaço social
População
A população paraguaia, em 2016, era de 6,725 milhões de ha-
bitantes, que se apresentavam mais concentrados na região do Rio
Paraná. Sua composição étnica é constituída de uma maioria de
descendentes de guaranis e elementos europeus miscigenados com
o nativo da terra. Além desses grupos, podemos encontrar descen-
dentes de imigrantes asiáticos e europeus, que foram atraídos após
o genocídio paraguaio com o objetivo de repovoar o país.

Densidade demográfica do Paraguai

0 41 km 82 km

20º S
Bolívia
Brasil
Forte olimpo

2
Habitantes/km
1.000
Pedro João
800
Cavaleiro
600 Filadelfia

400
200
Concepcion
100 Poço Colorado
50
25 Salto del Guaria
10 São Pedro
5
2
1 25º S
Assunção
0
Argentina Aregua
Caacupe Coronel
Oviedo
Cidade
do
N Paraguari Villarica Leste

O L
Caazapa
S
São João
Batista
Pilar

Encarnação

65º O 60º O 55º O

País cuja região foi disputada por Portugal e Espanha ao longo


do período colonial, cabendo aos espanhóis ocupar e povoar essa
porção do espaço sul-americano, o Paraguai atual apresenta alguns
dos piores indicadores sociais da América. A mortalidade infantil
paraguaia é de 20/mil nascidos, e o seu IDH é de apenas 0,673.

Capítulo 9 – Tranformações socioeconômicas da América Latina 309

:01 CG_8ºano_09.indd 309 30/04/2018 09:45:01


309

ME_CG_8ºano_09.indd 309 16/05/2018 12:51:24


Anotações
Esses indicadores, contudo, devem ser analisados como consequên-
cia dos fatos históricos que devastaram o Paraguai e resultaram em
morte, destruição e dor.

Reprodução
Detalhe da pintura de Juan Manuel Blanes,
na qual a paraguaia chora a desolação e a
tragédia de ver os homens que jaziam no campo
de batalha. La paraguaya, 1879.

A construção do espaço
geográfico paraguaio
Independência
A história da construção do espaço geográfico paraguaio após a
dominação da América começa quando os espanhóis, em 1537, fun-
daram a cidade de Assunção e passaram a atrair colonos para povoar
a região. Integrados à região do Vice-Reino do Rio da Prata, os espa-
nhóis passam a miscigenar-se com os guaranis, fato que atraiu para a
região várias ordens religiosas católicas, principalmente os jesuítas,
com o objetivo de converter os nativos ao cristianismo.
Como resultado dessa “invasão” da cristandade, começaram a
surgir na região diversas missões religiosas, que, sistematicamente,
eram invadidas e destruídas por soldados espanhóis e bandeirantes
portugueses, que tinham como principal objetivo capturar os indí-
genas para transformá-los em escravos.
Em terras paraguaias não se desenvolveram grandes latifúndios
monocultores. Isso é decorrente da distância do mar e, principalmen-
te, da resistência dos camponeses mestiços, que, ao longo do século
XVII, protagonizaram diversas rebeliões contra os jesuítas, as autori-
dades espanholas ligadas aos religiosos e as oligarquias internas.

Leitura 310 Capítulo 9 – Tranformações socioeconômicas da América Latina

complementar
História de um silêncio: a
CG_8ºano_09.indd 310 30/04/2018 09:45:01 CG

resistiram ao estabelecimento dos brancos de turais, socioeconômicas e diplomáticas para a


guerra contra o Paraguai forma efetiva, em larga medida graças à orga- região e para as nações envolvidas, façamos
(1864–1870) 130 anos depois nização jesuíta anterior. notar primeiramente que, para o Brasil, ela
Carlos Guilherme Mota Com efeito, as nações da região organi- produziu fortes efeitos. A única monarquia
zaram-se dentro de parâmetros das potên- americana mergulharia depois no processo
A historiografia mais recente já conso- cias hegemônicas. Não se pode saber o que te- que desembocará na abolição da escravatura
lidou a ideia de que a Guerra marca um mo- ria acontecido por seus meios próprios, mas o (1888) e na instalação da República (1889).
mento de integração da bacia do rio da Pra- fato é que, ainda quem nota é Hobsbawn, o Mas também transformou a Argentina, que fi-
ta na economia mundial sob a preeminência Paraguai, quando por uma vez tentou cair fora nalmente se unificou sob o general Bartolomé
inglesa. A Argentina, o Brasil e o Uruguai da esfera do mercado foi massacrado e obriga- Mitre, o primeiro presidente (1862–1868) e
opuseram-se à autossuficiência do Paraguai. do a nele reingressar. pai da Argentina moderna, em cuja obra de
Como analisou Hobsbawn, o Paraguai foi a Ao examinarmos — ainda que por alto historiador a Nação — la Nación Argentina
única área da América Latina onde os índios — a Guerra em suas repercussões político-cul- — é elevada a protagonista única do processo

310

ME_CG_8ºano_09.indd 310 16/05/2018 12:51:24


deu-se quase todo seu contingente masculino.
Mas não se atribua tudo apenas à resistên-
As Rebeliões Comuneras do século XVII, das quais não só
cia paraguaia. Também devem ser consideradas
participavam colonos como também a população pobre, foram
fundamentais para que em 15 de maio de 1811, sem guerra aparen- a fraqueza e a desorganização das tropas inimi-
te, os paraguaios proclamassem a sua independência da Espanha, gas. Além disso, a unidade interna argentina,
deixando o Vice-Reino do Rio da Prata.
devida a Mitre, era mais aparente do que efe-
tiva (o levante federalista de 1866–1867 aba-
Genocídio paraguaio
lou o interior). O Império brasileiro, com sua
Com a independência, o governo paraguaio passou a ser admi- máquina pesada e custosa, agia lenta e pruden-
nistrado pelo caudilho José Gaspar Rodriguez de Francia, ou “O
temente. Os paraguaios, em compensação, ti-
Supremo”, que, com mão de ferro, passou a realizar uma série de
reformas com o objetivo de criar no país um desenvolvimento eco- nham sido expulsos na primeira fase da guerra
nômico autônomo e sustentável. Para isso, esmagou as oligarquias das terras conquistadas na Argentina e no Rio
internas, centralizou a economia na mão do Estado, promoveu ex-
propriações de bens e criou leis que visavam proteger camponeses e
Grande do Sul: defenderiam na segunda fase,
comerciantes locais. com todo vigor, Humaitá, a fortaleza construí-
da por López no rio Paraguai. De derrota em
derrota, e até mesmo após o final da guerra, os
paraguaios conseguiram lidar com as contradi-
ções e divisões entre seus vencedores.

Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ea/v9n24/


v9n24a12.pdf. Acessado em: 04/04/2018. Adaptado.

Anotações
Reprodução

José Gaspar de Francia ocupou vários cargos no governo independente, sendo primeiramente
Secretário da Junta, depois Cônsul, juntamente com o comandante militar Fulgencio Yegros.
Pela Assembleia, foi nomeado Ditador Temporário e finalmente, em 1816, Ditador Perpétuo da
República do Paraguai.

Os governos sucessores de Carlos Antonio López e de seu filho


Francisco Solano López ampliaram o desenvolvimento econômico
e social a ponto de, no início do século XIX, o Paraguai ser consi-
derado, por muitos historiadores e políticos, um oásis dentro de
uma América Latina de conflitos e exploração.

Capítulo 9 – Tranformações socioeconômicas da América Latina 311

5:01 CG_8ºano_09.indd 311 30/04/2018 09:45:02

histórico. Mas também é de se notar, em con- Exército de Vanguarda, de soldados de Entre


trapartida, que a impopularidade da guerra foi Rios, açulados por inimigos de Mitre. A guer-
alta na Argentina: as simpatias das províncias ra teve seu fim durante a presidência de Do-
estavam com os paraguaios. O recrutamento mingo Faustino Sarmiento, sucessor de Mitre.
das tropas foi difícil, quando se constatava que [...]
se combateria a favor do Brasil. Além disso, os Para o Paraguai (e contra o Paraguai), a
federalistas sempre esperaram que o brigadei- guerra articulou as forças do Império brasi-
ro José Urquiza, primeiro presidente consti- leiro, da Argentina e do Uruguai. Um acor-
tucional da Confederação Argentina (1854– do secreto entre o Brasil e a Argentina previa
1860), se sublevasse contra Mitre, o que não a distribuição de territórios em litígio que cor-
ocorreu. A impopularidade da guerra tam- respondiam a mais da metade do Paraguai. O
bém provocou levantes no interior, como o de surpreendente foi a reação heroica da popula-
Felipe Varela, e deserções pesadas, como a do ção paraguaia. Em cinco anos de guerra, per-

311

ME_CG_8ºano_09.indd 311 16/05/2018 12:51:25


O espaço paraguaio em pleno século XIX já contava com par-
ques industriais onde fábricas produziam pólvora, materiais de
construção, tecidos, roupas, ponchos, lenços, papel e tinta; a comu-
nicação era feita por telégrafo e uma ferrovia cortava o país. Todas
as atividades econômicas estavam nas mãos do Estado, que, para
distribuir os bens produzidos, construiu uma frota mercante que
circulava pela Bacia do Prata e pelos oceanos Atlântico e Pacífico.

Geopolítica da Guerra do
Paraguai
Socialmente, a população do Paraguai gozava de uma vida
tranquila e produtiva. Trabalhavam em terras que pertenciam ao
Estado (98% das terras pertenciam ao governo) por um sistema
em que os camponeses recebiam as terras com a obrigação de po-
voá-las e explorá-las e o governo se encarregava de criar obras de
infraestrutura, como construção de pontes, canais de irrigação e
estradas. Para melhorar o nível técnico da sua população, o gover-
no paraguaio criou o sistema público de educação básica e finan-
ciava os estudos de sua juventude em universidades da Europa e
dos Estados Unidos.
Acontece que o crescimento econômico paraguaio interferia
diretamente nos interesses comerciais da Inglaterra, na América do
Sul. Os produtos manufaturados do Paraguai eram mais baratos
que os ingleses, além da política protecionista praticada por Fran-
cisco Solano López.
O Paraguai crescia independente de auxílio externo, sem a
dominação, e esse crescimento forçava um avanço do comércio ex-
terno. Incentivados pelos ingleses, os governos do Brasil e da Ar-
gentina passaram a cobrar pedágios e a bloquear a circulação de
navios guaranis na bacia do Rio da Prata. A situação tornou-se crí-
tica quando Venâncio Flores tomou o poder no Uruguai, fechando
definitivamente a saída dos navios paraguaios, e assinou um acordo
com o Brasil pelo qual se comprometeu a entrar, ao lado deste e da
Argentina, em uma eventual guerra desses países contra o Paraguai.
A reação de Solano López foi rápida e radical. Buscando o con-
trole da Bacia do Rio da Prata, invadiu as terras brasileiras que hoje
constituem o Mato Grosso do Sul e a região de Corrientes, na Ar-
gentina. Em resposta, a Argentina, o Brasil e o Uruguai formaram a
Tríplice Aliança e decretaram Guerra ao Paraguai.
“Morro com minha pátria.” Esta foi a última frase de Francisco
Solano López antes de morrer, cercado de crianças guaranis, que,
disfarçados de adultos com barbas postiças, lutavam ao seu lado.
E a frase era verdadeira. A guerra durou seis anos (1864–1870),
e o final do conflito deixou um saldo de morte assombroso: 94%
da população adulta masculina foi exterminada; cerca de 60% da

312 Capítulo 9 – Tranformações socioeconômicas da América Latina

CG_8ºano_09.indd 312 30/04/2018 09:45:02 C


312

ME_CG_8ºano_09.indd 312 16/05/2018 12:51:26


população adulta feminina morreu; e o patrimônio material que
resistiu à destruição foi vendido para empresários ingleses, brasilei-
ros e argentinos.

Geopolítica da Guerra do Paraguai

Bolívia Coxim 0 96 km 192 km


Corumbá
Albuquerque
Forte Coimbra
Miranda
Chaco
Território
Brasil
Nioaque
declarado
argentino pelo
Tratado Laguna Dourados Batalha
da Tríplice Aliança
i
ua

Máxima extensão do
Rio Parag

Cerro Corá controle paraguaio

Paraguai Avanço das tropas


Assunção paraguaias
Itararé
Avaí Área litigiosa entre
Humaitá
es

on
Argentina e Paraguai
Corrientes issi
M
Riachuelo
Área litigiosa entre
São Borja Brasil e Paraguai
Jataí Itaqui
Uruguaiana N
Porto Alegre
O L

a S
Rio Par

Argentina Uruguai Oceano


Buenos Aires
Atlântico
Montevidéu

Proféticas palavras de Solano López: o Paraguai livre, indepen-


dente e autônomo morreu, e em seu lugar surgiu um Paraguai domi-
nado pelo capital inglês e estrangeiro, o que transformou o país numa
economia que até o presente momento não conseguiu se reerguer.
R.M. Nunes/Shutterstock.com

Dono de uma das economias mais fracas


da América do Sul, o Paraguai é depen-
dente do comércio informal com milhares de
microempresários e trabalhadores ambulantes
de rua, principalmente na Ciudad del Leste.

Capítulo 9 – Tranformações socioeconômicas da América Latina 313

:02 CG_8ºano_09.indd 313 30/04/2018 09:45:02


313

ME_CG_8ºano_09.indd 313 16/05/2018 12:51:26


Espaço econômico atual
Divisas paraguaias
Até hoje, a economia paraguaia ainda depende da produção
de gêneros agropecuários, como o algodão, o café, o milho e a soja,
cultivados principalmente na região oriental, além do extrativismo
do quebracho e da pecuária extensiva realizada na região do Gran-
de Chaco. Outra fonte de divisas é a comercialização de produtos
industriais de baixa qualidade contrabandeados para diversos paí-
ses do Mercosul. Atividade ilegal, mas que gera diversos empregos
para a população local.
Atualmente, grande parte de sua produção agropecuária é ex-
portada para os países do Mercosul, fato que vem incentivando um
leve crescimento da economia paraguaia, que também tem no co-
mércio a energia gerada pela hidrelétrica de Itaipu, grande fonte de
rendimentos entre Paraguai e Brasil.

Samuel Kochhan/Shutterstock.com
Hidrelétrica Itaipu Binacional, empresa
localizada na fronteira do Brasil com o
Paraguai, no rio Paraná, Foz do Iguaçu.

Geografia em cena

Guerra no Mercosul

O dia 24 de maio de 1866 amanheceu lindo. Céu azul com uma fina faixa de nuvens cortando
o sol que se levantava sobre as palmeiras do extremo sul do Paraguai. O acampamento do exército
unido de 35.000 brasileiros, uruguaios e argentinos iniciava mais um dia. Soldados buscavam le-
nha, cornetas davam ordens. Mas havia algo no ar. Cinco minutos antes do meio-dia, um foguete
subiu aos ares. Em seguida, ouviu-se um disparo de canhão: era o sinal. Cerca de 24.000 paraguaios
saíram das matas como um furacão. Tuiuti, a maior batalha campal da história da América do Sul,
estava começando. Quatro horas depois seu saldo era aterrador. Os aliados perderam 1.000 ho-
mens e 3.000 ficaram feridos. O desastre paraguaio foi ainda maior: 6.000 mortes e 7.000 feridos.
Mas a mortandade estava longe de acabar. A guerra, que se prolongaria por mais quatro anos, no
final vitimaria 100 mil.

http://super.abril.com.br/historia/guerra-no-mercosul.

314 Capítulo 9 – Tranformações socioeconômicas da América Latina

CG_8ºano_09.indd 314 30/04/2018 09:45:02 C


314

ME_CG_8ºano_09.indd 314 16/05/2018 12:51:27


Cenário 3

Uruguai
Espaço uruguaio
O Uruguai é o menor dos países que compõem o Mercosul
e está localizado a sudeste da América do Sul. Possui atualmente
176.220 km2 de área territorial e faz fronteira ao norte e nordeste
com o Brasil; a sudoeste e oeste com a Argentina; e ao sudeste com
o Oceano Atlântico.

Uruguai: político
N
30º S

Artigas

Artigas Brasil O L

S
Rivera

Salto Salto
Rivera

Tacuarembo

32º S Paisandu
Tacuarembo Melo
Paisandu
Argentina

Cerro Largo
Rio Negro
Fray Bentos Durazno Trinta e três
Mercedes
Durazno
Trindade
Soriano
Flores Flórida
Lavalleja Rocha
São Florida
34º S Colonia José Minas

Colonia del
São JoséCanelones
de Maio Canelones Maldonado
Rocha Oceano
Sacramento
Montevidéu Maldonado
Atlântico
Montevidéu

58º O 56º O 54º O 52º O

Sua natureza é marcada por um relevo de ondulações suaves


cuja denominação local é chamada de cuchillas (colinas, no Bra-
sil), onde se podem encontrar alguns planaltos rebaixados com al-
titudes que não superam os 300 metros.

Relevo uruguaio
Território recoberto por uma ampla área de campos, que são
uma continuidade dos pampas gaúchos, o ambiente uruguaio é
abraçado pelo clima subtropical na área limítrofe com o Brasil e
pelo clima temperado no restante do seu território, cujas tempera-
turas são baixas no inverno e com chuvas bem distribuídas ao longo

Capítulo 9 – Tranformações socioeconômicas da América Latina 315

:02 CG_8ºano_09.indd 315 30/04/2018 09:45:03


315

ME_CG_8ºano_09.indd 315 16/05/2018 12:51:27


do ano, que alimentam uma rede de drenagem, cujos principais rios
são o Uruguai, fronteira natural com a Argentina, e o Negro, que
corta o território nacional em sentido nordeste-sudeste.

Uruguai: relevo

0 17 km 34 km Brasil Altitude (metros)

Artigas Mais de 400


300
200
100
Rivera Nível do mar

Salto

o
ed
Ha
Tacuarembó

de
ra
Paisandú lh ei Melo
rdi
Co

e
nd
Lagoa
Cordilheira Grande de Durazno Merín

Cordilheira Gra
Fray Bentos Trinta e Três

Mercedes Trinidad
Durazno
Cordi
lheira Grande Inferior

Florida

São José
Rio

Rocha N
Colonia del de Maio
Minas
da

Sacramento O L
ra Canelones
P

ta S

Montevidéu Maldonado Oceano


Argentina Atlântico

Colonização e tradicionalismo
A Banda Oriental do Rio da Prata, nome da região na época
colonial, era ocupada antes da chegada dos europeus pelos índios
guaranis e charruas, único grupo a dominar a arte da montaria em
cavalos.
Os espanhóis, percebendo a aptidão natural da região, introdu-
ziram a criação do gado bovino para ocupá-la efetivamente. Progres-
sivamente, vários ranchos e estâncias foram surgindo na paisagem.
Porém a área também era cobiçada pelos portugueses, que, em 1680,
fundaram, na margem oposta do Rio da Prata, a colônia de Sacra-
mento, de onde atravessavam o rio para promover saques e captura
do gado. Percebendo que podiam perder suas terras, os espanhóis
atacaram Sacramento, gerando o primeiro conflito da região.

316 Capítulo 9 – Tranformações socioeconômicas da América Latina

CG_8ºano_09.indd 316 30/04/2018 09:45:03 C


316

ME_CG_8ºano_09.indd 316 16/05/2018 12:51:28


Reprodução
Entre os rituais charrua, a temática da
guerra era bastante recorrente.

A fundação de Montevidéu, em 1726, assegurou certa tran-


quilidade aos espanhóis, visto que essa cidade passou a incorporar
o Vice-Reino do Rio da Prata, com sede em Buenos Aires. Porém,
com a independência da Argentina, em 1816, os habitantes da Ban-
da Oriental do Rio da Prata, liderados por José Artigas, começam
um movimento de independência. Percebendo a instabilidade que se
instalara na região, tropas luso-brasileiras a invadiram, em 1817, in-
corporando-a ao espaço brasileiro com o nome de Província Cispla-
tina. Em resposta quase que imediata, tropas nacionalistas apoiadas
pela Argentina e lideradas por Juan Antonio Lavalleja expulsaram,
em 1827, os brasileiros, declarando a independência do Uruguai.
Reprodução

O juramento dos trinta e três orientais. O movimento liderado por Juan Antonio Lavalleja foi decisivo para a independência da província Cisplatina
do Brasil que se tornou o Uruguai.

Capítulo 9 – Tranformações socioeconômicas da América Latina 317

:03 CG_8ºano_09.indd 317 30/04/2018 09:45:03


317

ME_CG_8ºano_09.indd 317 16/05/2018 12:51:28


Leitura
complementar O mais europeu país da América
Latina
Economia do Uruguai A atual população uruguaia é de aproximadamente 3.431.555
habitantes. Apresenta um crescimento populacional extremamente
O Uruguai tem uma economia baseada baixo e uma distribuição desequilibrada, uma vez que a maior parte
da população se concentra na capital. O norte do país possui um
nos serviços, na indústria, na agricultura e na povoamento muito baixo, composto principalmente por fazendei-
pecuária. As culturas dominantes são o arroz, ros (estancieiros) e seus rebanhos; e a região localizada no vale dos
rios Uruguai e da Prata apresentam densidades médias e elevadas,
a cana-de-açúcar, a cevada, a beterraba, a bata-
aproximadamente 60 hab./km2.
ta, o milho e o trigo. A pecuária, em especial a

Matyas Rehak/Shutterstock.com
criação de ovinos e bovinos, tem um peso sig-
nificativo nas exportações. As importações
nacionais são constituídas, quase exclusiva-
mente, por combustíveis e metais. A indús-
tria produz bens alimentares, bebidas, produ-
tos químicos, produtos petrolíferos, têxteis,
calçado, equipamento para os transportes, ta-
baco, produtos de couro e derivados de papel.
Os maiores parceiros comerciais do Uru-
guai são o Brasil, a Argentina, os Estados Uni- Montevidéu, capital do Uruguai. Vista
da Praça da Independência no centro de
dos da América e a Itália. Indicador ambiental: Montevidéu. A cidade é também sede adminis-
trativa do Mercosul e da Aladi.
o valor das emissões de dióxido de carbono, per Com população majoritariamente branca, descendentes de es-
capita é de 2,0. panhóis e italianos, que no conjunto somam 90% do total (6% de
A criação constitui a principal atividade eurameríndios e 4% de afrodescendentes compõem o restante da
população), o Uruguai goza de um padrão de vida semelhante ao
agrícola do Uruguai e representa uma parte dos países europeus: IDH 0,799, expectativa de vida de 77,2 anos,
importante das suas exportações anuais, sob a mortalidade infantil de 8,74/mil nascidos e uma taxa de alfabetiza-
forma de carne, lã e peles. O efetivo é compos- ção que supera os 98%.
to essencialmente de ovinos e bovinos e o país
é um dos primeiros produtores de lã do mun-
Espaço econômico e
do. As principais culturas são as de açúcar, be- tradição
terraba, trigo, arroz, tomates, sorgo e milho.
[...] Pecuária
A produção uruguaia de minérios é rela- A base da economia do Uruguai é a mesma desde o período
tivamente modesta. A principal atividade mi- colonial: a criação de gado na forma extensiva, de onde, além da
carne, exporta-se couro e lã de ovelha. As exportações de carne e lã
neira é a exploração de carreiras de areia e ar- fizeram, ao longo dos anos, o Uruguai atingir o elevado padrão de
gila e das produções de granito, de mármore e
de ouro. Os principais setores industriais são 318 Capítulo 9 – Tranformações socioeconômicas da América Latina
os de lã, algodão, a fibra de seda artificial e so-
bretudo a agro-alimentar, nomeadamente a
carne. Do mesmo modo, a refinação de petró- CG_8ºano_09.indd 318 30/04/2018 09:45:04

leo, o fabrico de cimento, a produção de ves- cipais parceiros comerciais são o Brasil, a Ar- troviária compreende cerca de 3.003 km de
tuários, de aço, de alumínio, de equipamentos gentina, a Alemanha e os Estados Unidos. Os ferrovias. Várias companhias aéreas servem o
elétricos e de produtos químicos são setores têxteis e os seus derivados, a carne, o peixe, o Uruguai, e uma companhia pública assegu-
importantes na economia do país. arroz, e as peles são os seus principais produ- ra voos internos. O transporte fluvial é mui-
A unidade monetária do Uruguai é o tos de exportação. O turismo, nomeadamen- to importante; as vias navegáveis são nume-
peso uruguaio. O sistema bancário do Uru- te proveniente da Argentina, é igualmente rosas. Existem mais de 100 estações de rádio
guai é desenvolvido bem, e compreende nu- uma fonte importante de divisas. O Uruguai e 20 redes de televisão, e cerca de 36 jornais
merosos bancos privados, controlados pelo importa produtos alimentares, produtos quí- são publicados diariamente, a maioria em
Banco Central do Uruguai, que é o único ban- micos e farmacêuticos, materiais de constru- Montevidéu.
co de emissão. ção, matérias plásticas e resinas sintéticas, bem
O comércio externo joga um papel im- como equipamentos de transporte. Disponível em: http://www.voyagesphotosmanu.
portante na economia do País. Além de o O sistema de comunicações uruguaio com/economia_do_uruguai.html. Acesso em :
Uruguai ser membro do Mercosul, seus prin- está em fase de modernização. A rede me- 02/03/2018. Adaptado.

C
318

ME_CG_8ºano_09.indd 318 16/05/2018 12:51:29


desenvolvimento social, visto que os lucros conseguidos com essas
atividades foram investidos na saúde e educação, criando uma pe-
quena Europa dentro da América.

Stefano Ember/Shutterstock.com
O Uruguai é um dos poucos países que
têm o rastreamento do rebanho bovino
e assim tem conseguido colocação de sua carne
nos mercados mais exigentes do mundo.
Devemos salientar também que fazem parte das exportações
uruguaias o trigo, a soja, o arroz e o milho.
Possuidor do maior rebanho bovino até a década de 1950, o
Uruguai perdeu fôlego econômico quando os preços da carne e da
lã começaram a cair, em virtude da concorrência de outros países.
Atualmente, a já chamada Suíça da América do Sul resiste ao
tempo e vem encontrando no comércio, com os membros do Mer-
cosul, uma alternativa para reviver os tempos de outrora.

Cenário 4

Colômbia
Território
A descoberta das terras da atual Colômbia aconteceu em 1499,
5:04
quando o navegante italiano Américo Vespúcio, a serviço da Espa-
nha, aportou junto com os castelhanos Alonso de Ojeda e Juan de
la Cosa na Península de Guajira, no Mar do Caribe. Dessa região,
penetrou o Golfo da Venezuela, chegando até o Lago Maracaíbo.
Nessa época, a região fazia parte da Venezuela atual. Hoje, as
terras colombianas possuem 1.141.750 km² de extensão. País andi-
no, a Colômbia limita-se com a Venezuela; a oeste com o Oceano
Pacífico; ao sul com o Equador e o Peru; e, ao norte, com o Mar do
Caribe e com o Brasil a sudeste.

Capítulo 9 – Tranformações socioeconômicas da América Latina 319

CG_8ºano_09.indd 319 30/04/2018 09:45:04


319

ME_CG_8ºano_09.indd 319 16/05/2018 12:51:29


Colômbia: político
e Oceano
Nicarágua arib Nica
d oC Santa Maria Atlântico
r Riohacha
Ma Barranquilla
Cartagena
Costa Rica Valledupar 10º N C
Sincelejo
Panamá
Monteria
Cucuta
Bucaramanga Venezuela
Medelin Arauca
Turija Puerto Carteno
Quibdo
Manizales Yopal
Pereira Bogotá
Armênia Porto Ininda
Ibaque Villavicencio
Oceano Cali
Neiva
Pacífico São Jose
Popayan del Guaviare
Florencia
Pasto Mitu
Mocoa

Equador

Brasil
N
Peru
Leticia
O L
0 46 km 92 km
S
80º O 70º O

Espaço social
População
Com aproximadamente 49 milhões de habitantes, a Colômbia
apresenta a segunda maior população da América do Sul, que está mais
concentrada na sua porção litorânea e na Cordilheira dos Andes, prin-
cipalmente nas grandes cidades de Bogotá, que atualmente possui 7,6
milhões de habitantes; Cali, com atuais 2,7 milhões de pessoas; e Me-
dellín, que conta com 2,4 milhões de habitantes. A região das planícies
orientais, que compreende mais da metade da área territorial do país,
possui apenas 3% do total da população colombiana.
Como normalmente ocorre em outros países andinos, a maior
parte da população colombiana é constituída de eurameríndios, que
constituem cerca de 58% do total de habitantes. Abaixo, em quanti-
tativo, encontramos os descendentes de espanhóis, com 20%; eura-
fricanos, com 14%; ameríndios, 1%; e 3% de outras etnias.

320 Capítulo 9 – Tranformações socioeconômicas da América Latina

CG_8ºano_09.indd 320 30/04/2018 09:45:04 C


320

ME_CG_8ºano_09.indd 320 16/05/2018 12:51:30


Colômbia: densidade demográfica
Nicarágua ribe Oceano
o Ca 0 46 km 92 km
Atlântico
rd
Ma

Costa Rica 10º N

Panamá

Venezuela

Oceano
Pacífico
Equador 0º
Brasil
Densidade demográfica
39.574 a 253.565
253.565 a 874.532
Peru
874.532 a 1.271.113
N
1.271.113 a 2.025.573
O L
2.025.573 a 7.571.345
80º O 70º O S

Espaço econômico
Principais produtos
País de economia agroindustrial, a Colômbia tem no petróleo
e no carvão mineral, além de outros minerais, seus principais pro-
dutos de exportação. Junto com a agricultura tropical em grandes
latifúndios, constituem mais de 50% do PIB nacional.
Dentre os produtos agrícolas, podemos destacar o cacau, o
café, a cana-de-açúcar, a banana e o algodão, além do milho, cuja
maior parte da produção é voltada para atender às necessidades do
mercado interno.
Quanto à atividade industrial, a Colômbia está ainda aquém
de outras economias da América Latina, apesar de apresentar certo
desenvolvimento, principalmente nos ramos petrolífero, carboquí-
mico, de alimentos e beneficiamento de minerais.

Capítulo 9 – Tranformações socioeconômicas da América Latina 321

:04 CG_8ºano_09.indd 321 30/04/2018 09:45:04


321

ME_CG_8ºano_09.indd 321 16/05/2018 12:51:31


Espaço natural
Relevo colombiano

N
arib
e Oceano
oC
O L
Ma
rd Atlântico
S

Panamá
Venezuela

Oceano
Pacífico
5º N

Altitudes
Equador
2.000 m Brasil
1.000 m
0 50 km 100 km
500 m Peru
250 m
0 5º S
80º O 70º O

Principais regiões
Banhado pelo Pacífico e pelo Caribe, o território da Colômbia
é marcado em seus ambientes naturais pela presença imponente da
Cordilheira dos Andes, que cria uma espacialização natural, subdi-
vidida em três regiões:

La Costa
Este ambiente natural é subdividido em duas planícies costeiras:

As Costas Caribenhas: Constituídas por largas planícies


onde o clima é tropical subúmido, esta região é uma das mais
populosas do país e apresenta algumas das cidades turísticas

322 Capítulo 9 – Tranformações socioeconômicas da América Latina

CG_8ºano_09.indd 322 30/04/2018 09:45:05 C


322

ME_CG_8ºano_09.indd 322 16/05/2018 12:51:31


mais importantes, em virtude das belas praias e do seu patri-
mônio histórico colonial. Barranquilla, Richacha, Santa Marta
e Cartagena, transformada em patrimônio histórico da Huma-
nidade pela Unesco, estão entre as cidades mais importantes e
que mais atraem turistas ao longo do ano para o país, consti-
tuindo-se uma grande fonte de divisas. Nesta região, encontra-
mos algumas áreas de savana e trechos da Floresta Amazônica,
principalmente na fronteira venezuelana.

posztos/Shutterstock.com
Vista do centro da cidade de Cartagena.
É a quinta maior cidade da Colômbia e
a segunda maior da região, depois de Barran-
quilla.

As Costas do Pacífico: Apresentam pequena largura em vir-


tude da forte presença dos Andes, que, por vezes, chega até o
mar. Possuem clima tropical quente e úmido, com precipita-
ções que chegam a atingir 2.000 mm em média, o que propi-
ciou a formação de uma vegetação de floresta do tipo tropical.

Região andina
Cordilheira Ocidental: Localizada nas proximidades do
Oceano Pacífico e com altitudes que superam os 3.000 m de
altitude. e
Nicarágua
arib
Cordilheira Central: Localizada entre os vales dos rios Cau- oC
rd
Ma
ca e Magdalena, principais rios do país. Apresenta um clima
Costa Rica 10º N

Panamá
frio e algumas das principais cidades do país, como Medellín, Venezuela

Manizales, Pereira e Armênia.


Pacífico
Oceano

Bogotá
Edgar

Brasil 0º

Equador

0
Peru 100 km 200 km

80º O 70º O

O vulcão Nevado del Ruiz, na cordilheira Central, é composto por várias camadas de lava que se Delimitação da cordilheira dos Andes na
alternam com cinza vulcânica endurecida, e também é originário do Período Terciário. Colômbia.

Capítulo 9 – Tranformações socioeconômicas da América Latina 323

:05 CG_8ºano_09.indd 323 30/04/2018 09:45:05


323

ME_CG_8ºano_09.indd 323 16/05/2018 12:51:32


Cordilheira Oriental: Região onde está localizada a capital
Bogotá e que se estende a nordeste da Península de Guajira
com altitudes que superam os 5.000 m. Nestas áreas encon-
tramos, de acordo com a altitude, climas que vão desde o sub-
tropical até o frio de montanha, passando pelo temperado, e
a presença de geleiras nos picos das montanhas mais elevadas.

Lhanos
Ambiente úmido formado principalmente pelos rios que des-
cem da região oriental dos Andes, os lhanos constituem-se, am-
bientalmente, numa vasta planície localizada a leste da Cordilheira
Oriental e se apresentam recobertos por savanas nas áreas menos
úmidas e pela Floresta Equatorial nos ambientes superúmidos.
Compreendem mais de 50% de todo o território nacional, porém
apresentam uma baixa densidade demográfica.

Alejo Rendón (David)


O clima dos llanos caracteriza-se pela existência de duas estações bem marcadas: a estação das chuvas, e a estação seca.

Conquista do espaço
Após a chegada em terras colombianas, os conquistadores
espanhóis tiveram que vencer a forte resistência dos índios caraí-
bas, verdadeiros donos da terra litorânea. Dominados os nativos,
os espanhóis fundaram Cartagena e passaram a incursionar pelas
regiões dos Andes, onde se depararam com os chibchas, habitan-
tes nativos que também opuseram uma ferrenha resistência. Com a
força das armas, os espanhóis dominaram os nativos e fundaram a
cidade de Santa Fé de Bogotá, atual capital do país.
Foram anos de miscigenação e introdução de várias culturas do

324 Capítulo 9 – Tranformações socioeconômicas da América Latina

CG_8ºano_09.indd 324 30/04/2018 09:45:05 C


324

ME_CG_8ºano_09.indd 324 16/05/2018 12:51:33


tipo plantation, por meio da qual plantavam fumo e algodão com

Reprodução
o objetivo de exportar. Poucos anos depois, foram encontradas na
região jazidas de minerais preciosos, como esmeralda, ouro e pra-
ta, tornando-se uma das mais promissoras do império espanhol na
América. Essas riquezas produziram na Coroa uma crescente sede
de lucros, o que acarretou em elevação de impostos e em conse-
quente insatisfação, fazendo os próprios colonos espanhóis se re-
belarem e, em 1781, detonarem um movimento de independência,
que foi fortalecido pela ajuda de Simón Bolívar, em 1819.
Com a independência, foi criada a Grande Colômbia, que
era constituída dos atuais territórios da Colômbia, do Equador, da
Venezuela e do Panamá. A Grande Colômbia já estava, entretanto,
fadada ao esfacelamento em virtude das disputas regionais internas
e dos interesses estratégicos dos Estados Unidos — que incentiva-
ram uma revolta na região norte para criar um novo país, o Panamá,
e assim construir um canal ligando o Pacífico ao Caribe — e da
Inglaterra, que incentivou o separatismo, criando o Equador.
Família indígena caraíba pintada por
John Gabriel Stedman, 1818.
N
Oceano Atlântico
O L Santa Marta
Barranquilla
S
Cartagena Maracaibo Valencia
Colón Cumaná
Caracas
Panamá
Venezuela
Medellín
Tunja

Oceano Buenaventura Bogotá


Pacífico
Cali Grande
Pasto
Colômbia
Quito

Império do Brasil
Guayaquil

Equador
Capital
0 124 km 248 km
Capital do país

Mapa da Grande Colômbia — anterior à separação da Venezuela, do Equador e do Panamá.

Espaço dividido
Acontece que o histórico de perdas territoriais colombianas
não ocorreu apenas por interesses políticos internos e externos,
que, como vimos, acarretaram a criação de outros países.
Internamente, narcotraficantes e guerrilheiros controlam, des-
de a década de 1970, pelo menos 25% do território da Colômbia e,
por meio da violência, de sequestros e do terror, impõem a sua lei
e a sua ordem.

Capítulo 9 – Tranformações socioeconômicas da América Latina 325

:05 CG_8ºano_09.indd 325 30/04/2018 09:45:05


325

ME_CG_8ºano_09.indd 325 16/05/2018 12:51:33


Narcotráfico
O narcotráfico colombiano evoluiu como consequência do con-
sumo de drogas no mundo, a partir dos anos 50 do século XX.
Utilizando pequenos agricultores insatisfeitos com os gover-
nos e as oligarquias, algumas organizações ilegais passaram a esti-
mular o plantio de um vegetal nativo da Colômbia e do Peru, des-
coberto pelos incas e largamente consumido em virtude das suas
características terapêuticas e nutritivas. A coca é uma planta arbus-
tiva que era considerada sagrada pelos nativos dos Andes e tradicio-
nalmente é mastigada ou consumida na forma de chá. Contudo, a
partir do século XVIII, quando foi desvendado o seu princípio ati-
vo, criou-se a possibilidade de transformá-la em uma potente droga
estimulante, e o seu cultivo multiplicou-se, já que era um produto
extremamente lucrativo.

Rafal Cichawa/Shutterstock.com
A coca possui benefícios para o organis-
mo humano, como a formação de células
musculares, previne úlceras e gastrite, além de
impedir o mal-estar proveniente das altitudes.

Rapidamente, ao longo da segunda metade do século XX,


algumas organizações ilegais passaram a estimular a produção de
coca, fazendo com que uma parte significativa dos pequenos agri-
cultores colombianos e de outros países, como o Peru e a Bolívia,
abandonassem os cultivos tradicionais de feijão, milho e laranja
para se dedicar à plantação desse vegetal.
De planta andina sagrada, a coca virou cocaína, uma das drogas
mais potentes e consumidas pelo mundo contemporâneo. Atualmen-
te, estima-se que pelo menos 90% do cultivo desse arbusto seja desti-
nado para produção da cocaína e que, aproximadamente, 1.300.000
pessoas estejam envolvidas diretamente no seu plantio.
Para proteger o plantio e organizar a produção e comercializa-
ção da cocaína, surgiram gigantescos cartéis, cujos mais importan-
tes são os de Medellín e Cali, que repartiram o espaço colombiano
de acordo com seus interesses.

326 Capítulo 9 – Tranformações socioeconômicas da América Latina

CG_8ºano_09.indd 326 30/04/2018 09:45:06 C


326

ME_CG_8ºano_09.indd 326 16/05/2018 12:51:34


koh sze kiat/Shutterstock.com
Depois do Iraque, a Colômbia chegou a
ser o país que mais tinha tropas militares
norte-americanas em seu território.
Hoje, a produção e os cartéis da coca são combatidos não só
pelo governo colombiano, mas por várias instituições e países que
têm como objetivo livrar o Planeta de um dos seus principais males.

Guerrilhas
Áreas dominadas pela guerrilha na Colômbia
Nicarágua Oceano
80º O
rib e
Ca 0 65 km 130 km Atlântico
o
rd
Ma Barranquilla
Costa Rica 10º N

Panamá
Venezuela

Medellin
Bellavista
Colômbia
Território Bogotá
controlado Mesetas
pelas Farc Cáli Uribe
Vista Hermosa
San Vicente
del Caguan La Macarena
Oceano
Pacífico
Quito

Equador
Brasil
Peru
N
Ações militares das Refugiados das áreas
Farc ou contra elas de conflito O L
em países vizinhos na Colômbia 70º O
S

A história política da Colômbia, como a dos demais países da


América Latina, sempre foi muito conturbada. Da independência,

Capítulo 9 – Tranformações socioeconômicas da América Latina 327

:06 CG_8ºano_09.indd 327 30/04/2018 09:45:06


327

ME_CG_8ºano_09.indd 327 16/05/2018 12:51:34


Diálogo com o
professor em 1819, ao fim da Grande Colômbia, em 1830, aconteceram pe-
quenos conflitos internos entre as oligarquias que disputavam o
poder político. Nesse contexto, dois partidos políticos são criados:
• Esaclareça que um dos maiores problemas o liberal, em 1848, e o conservador, 1849. Rivais politicamente, es-
ses partidos se revezaram no poder entre 1849 e 1954. Contudo,
enfrentados na América do Sul é o narcotráfi- as disputas entre ambos sempre resultavam em violência. Os casos
co, que corresponde ao segundo ramo comer- mais extremos ocorreram na Guerra dos Mil Dias, entre 1899 e
cial do mundo, cujos principais produtores 1902, e na chamada La Violencia, conflito sangrento motivado
pelo assassinato do líder liberal Eliécer Gaitán, em que aproxima-
são latinos, como Peru, Bolívia e Colômbia. damente 700 mil pessoas morreram.
Nesses países, são realizados o cultivo (prin- Insatisfeita, uma parte da população colombiana, principal-
cipalmente da coca) e o processamento (fabri- mente a camponesa, começou a organizar-se em torno de ideais
comunistas inspirados pela Revolução Cubana.
cação da cocaína), e, em seguida, é feita a dis- Na região de Marquetalia, o camponês Manuel Marulanda li-
tribuição pelo mundo pela rota do tráfico, da derava um pequeno grupo de camponeses que confrontava o poder
qual o Brasil já faz parte como uma das rotas das oligarquias liberal e conservadora.
Essa crescente onda esquerdista acabou unindo os antigos ri-
de escoamento da produção. vais liberais e conservadores, o que resultou num acordo, em 1954,
• Explique que, por sua posição de fronteira cujo objetivo era combater a organização dos camponeses pobres e
operários.
com os Estados Unidos, o México obteve des-
O perigo comunista fez com que os Estados Unidos se asso-
taque no narcotráfico: por meio de alianças ciassem aos liberais e conservadores colombianos por meio da im-
com os colombianos, os cartéis locais consoli- plantação do Plano Laso (Latin America Security Operation), um
projeto estadunidense com o objetivo de barrar o crescimento dos
daram seu poder na América Latina, manten- movimentos esquerdistas na América.
do a hegemonia sobre as rotas de comércio. Rapidamente, os mariners norte-americanos, a Força de Fu-
Ressalte que o crescimento do tráfico provoca zileiros Navais dos Estados Unidos, invadiram o território da
Colômbia e passaram a caçar o grupo de Marulanda e todos que
índices alarmantes de criminalidade. manifestassem ideias comunistas. O nível de insatisfação popular
foi se ampliando de tal forma que, já na década de 1960, havia no
território da Colômbia dois grupos de guerrilheiros lutando pelos
mesmos ideais: defender os camponeses das agressões dos mariners
e da opressão oligárquica e implantar o socialismo.
Anotações O maior deles, as Farc-EP (Fuerzas Armadas Revoluciona-
rias de Colombia – Ejército del Pueblo), surgiu após o massacre
de Marquetalia, quando liberais e conservadores utilizaram os ma-
riners estadunidenses para massacrar o pequeno grupo de Maru-
landa. Quarenta e oito guerrilheiros sobreviveram e fugiram para
as selvas, onde criaram o grupo. Ao longo de vinte anos, as Farc,
com apoio de movimentos esquerdistas da América, dominaram
um vasto território onde a lei e a ordem eram as da guerrilha. Dessa
região, os guerrilheiros praticavam ataques contra alvos estaduni-
denses e governamentais, bem como assassinatos e sequestros de
políticos e empresários, com o objetivo de forçar o governo a lhes
fazer concessões.
Com o fim do Bloco Socialista, no final da década de 1980,
as Farc veem a ajuda que recebiam minguar. A União Soviética já

328 Capítulo 9 – Tranformações socioeconômicas da América Latina

CG_8ºano_09.indd 328 30/04/2018 09:45:06

C
328

ME_CG_8ºano_09.indd 328 16/05/2018 12:51:35


não existia, e Cuba cambaleava sem sua ajuda. Nessa nova realida-
de, surge um fato inusitado: as Farc unem-se aos traficantes de coca,
criando o termo narcoguerrilheiros.
O segundo maior grupo de guerrilheiros da Colômbia é o Ejérci-
to de Liberación Nacional (ELN), criado em 7 de janeiro de 1965 por
Fábio Vasquez Castaño, que se inspirou na experiência revolucionária
cubana e no exemplo de Che Guevara. Em suas fileiras, militavam vá-
Bandeira do grupo guerrilheiro Ejército de
rios religiosos católicos ligados à Teologia da Libertação. Ao longo das Liberación Nacional.
décadas de 1970, 1980, 1990 e do início do século XX, o ELN prati-
cou várias ações armadas, atos de sabotagem e sequestros, cujos objetivos
eram a sua manutenção, uma vez que trocavam os reféns por dinheiro e
materiais, e forçavam o governo a promover reformas sociais.
Ao contrário das Farc, o ELN não se envolve com o narcotráfi-
co e, na atualidade, os seus 20 mil homens dividem suas ações entre
obras sociais e atividades militares.
Atualmente, caçados por grupos paramilitares e soldados dos
Estados Unidos e praticamente sem a simpatia do povo colombia-
no, grupos guerrilheiros tendem à paz negociada, e à desmilitariza-
ção ou incorporação de seus quadros ao exército regular.
Marulanda, cujo nome verdadeiro era Pedro Antonio Marín,
fundador e comandante-chefe das Farc, foi morto em 2008. Seu
porta-voz, Raúl Reyes, morreu também em 2008. Alfonso Cano, o
ideólogo das Farc, foi morto em 2011.

Cpl Brian J. Slaght; U.S. Marine Corps

5:06

O exército norte-americano treinava soldados colombianos para combater as Farc.

Capítulo 9 – Tranformações socioeconômicas da América Latina 329

CG_8ºano_09.indd 329 30/04/2018 09:45:08


329

ME_CG_8ºano_09.indd 329 16/05/2018 12:51:35


Cenário 5

América Central
Continental e insular
A América Central é o elo de ligação entre as Américas do Sul
e do Norte. Podemos, geograficamente, subdividi-la em dois blocos
distintos:

América Central Continental


Esta porção da América Central constitui-se num istmo cos-
teado pelo Mar do Caribe a leste e pelo Oceano Pacífico a oeste e
que une as duas outras Américas.
Atualmente é constituída por sete países: Nicarágua, Costa
Rica, El Salvador, Belize (colônia inglesa até 1981, quando se tor-
nou independente e trocou o nome Honduras Britânicas), Hondu-
ras, Guatemala e Panamá.
Seus 523.780 km² de extensão começaram a ser formados ao
longo da Era Cenozoica, quando as placas tectônicas dos Cocos e
das Caraíbas chocaram-se (daí a enorme quantidade de terremotos
em toda a América Central), criando uma infinidade de montanhas
e vulcões que ainda hoje estão em atividade. Dentre os modelados
de relevo, destacam-se as cordilheiras, denominação regional para
identificar um alinhamento de montanhas e planaltos que começa
no norte do continente e se estende até o sul da Guatemala, e um
alinhamento montanhoso intercalado por vales que facilita a comu-
nicação do interior com o Pacífico e as Antilhas. Esse compartimento
de relevo começa no sul da Nicarágua e se amplia até o norte da Co-
lômbia, passando pelos territórios da Costa Rica e do Panamá.
Ladeando esses conjuntos montanhosos, encontramos planí-
cies litorâneas, porém com características diferentes: as da vertente
pacífica são estreitas, enquanto as caribenhas são largas e úmidas,
apresentando pântanos, contudo ambas servem de desaguadouros
para rios, como o Motagua e o San Juan, que descem das áreas mon-
tanhosas e escoam pelos vales.
O clima dessa região é tropical úmido, com chuvas abundantes
e temperatura elevada, porém, nas regiões de montanhas das cor-
dilheiras e dos planaltos, o clima torna-se frio e subtropical. Essa
configuração climática estimulou o predomínio de densas florestas
tropicais, que, em grande parte, foram devastadas ao longo dos sé-
culos de colonização e pelo imperialismo dos Estados Unidos, po-
rém, também podemos encontrar trechos de estepes e até florestas
de pinheiros localizadas nas áreas de relevo mais elevado.

330 Capítulo 9 – Tranformações socioeconômicas da América Latina

CG_8ºano_09.indd 330 30/04/2018 09:45:08 C


330

ME_CG_8ºano_09.indd 330 16/05/2018 12:51:36


:08
CG_8ºano_09.indd 331

ME_CG_8ºano_09.indd 331
América Central: político
0 138 km 276 km
América Capital
250 do Norte
Nassau Cidade muito importante
Golfo do Est I. Andros Cidade importante

B
reito da Flórida
México
Trópico de Câ
ncer Outras cidades

a
Havana Matanzás

E
Rodovia
Cardenas h

str
Oceano

e
Pinar del Rio Sta. Clara

ito
Cienfuegos a Ferrovia
Ciego de Avila I. Caicos Atlântico

de
m (RUN)
Sancti Spiritus I. Turks

Yu
Golfo de I. de Pinos Camagüey

c
a (RUN) N

at
Campeche
0
s
Cuba Holguín I. Grande Inágua

án
20 G O L
r Bayanio Guantánamo
a Manzanillo Puerto Plata
I. Cayman Cap-Haitien S
s

América do Norte Base Naval de Gonaives


(RUN)
n
en

Georgetown Guantánamo Rep Santiago


São Francisco de Macoris
Porto
rg

(México) d
Vi

Corozal (EUA) (RUN) I. Anguilla (RUN)


Is.

e Haiti DominicanaSão Pedro Rico


Montego Bay Porto Príncipe San Juan de Macoris I. Martin
Jamaica
s São Mayagües
Ponce
San (EUA) (FRA e PBS) Antígua
Belize City Kingston Les Cayes
Spanish Town Domingo Juan e Barbuda
Flores Belmopán São Cristóvão
I. de Los Cisnes A I. Guadalupe
Stann Creek (NON) n e Neves
s (FRA)

Belize
Guatemala
t i l h a
Dominica
Cobán
Puerto Barrios Puerto I. de Aves Pointe-à-Pitre
0
Cortés
La Ceiba
Trujillo (VEN) Roseau
Quezaltenango Antígua
15 São Pedro Sula I. Martinica(FRA)
l h a s

Mazatenango Guatemala Fort-de-France


Zacapa Honduras
Escuintla Sta. Lúcia
Puerto de Santanna Tegucigalpa
t i

San José
Puerto Cabezas M a r d a s A n t i l h a s Castries
Sonsonate
El Salvador
São Miguel Choluteca (Mar do Caribe) n Kingstown Barbados
El Salvador La Unión I. Providência
Esteli Nicarágua
P e q u e n a s A São Vicente Bridgetown
Matagalpa (COL) e Granadinas
Chinandega
León I. Aruba
I. de San Andrés (PBS) Granada
Manágua Granada Bluefields (COL) I. Orchila I. Blanquilla St. Georges
I. Curaçau I. Bonaire (VEN)
Masaya (PBS) (VEN)
Rivas (PBS) I. MargaritaPort of
São Carlos I. La Tortuga (VEN) Spain Trinidad
(VEN)
e Tobago
0 Costa Rica
10 Puntaranas Alajuela
Limón

Oceano San José Cartago Colón


Puerto
Panamá
Almirante
Pacífico Cortês

Capítulo 9 – Tranformações socioeconômicas da América Latina


David Panamá La Palma
Puerto Armuelles
Santiago América do Sul
Las Tablas

0 0
Oeste de Greenwich 0
75 65 60

331
900 850 800 700

30/04/2018 09:45:08
331

16/05/2018 12:51:37
República das Bananas I
Centro da civilização maia — povo extremamente avançado e
sofisticado —, foi deixada à margem durante muitos anos, visto que
as ilhas caribenhas eram mais produtivas, principalmente no que diz
respeito à produção de açúcar, implantado no início do século XVI.
Esta região serviu de palco para incursos de piratas ingleses e
franceses, que extraíam pau-brasil e outros produtos tropicais para
comercializar na Europa.
Com o passar do tempo, uma empresa estadunidense, a United
Fruit Company, passou a adquirir diversas áreas, onde implantou
gigantescas plantations de açúcar, café, algodão e frutas tropicais,
como abacaxi, laranja e principalmente banana, para exportá-los
aos Estados Unidos e à Europa. Para garantir a compra de terras a
preço baixo e vantagens fiscais, a United Fruit manipulou a política
regional, colocando e tirando ditadores do poder de acordo com os
seus interesses, por isso a denominação pejorativa República das
Bananas. Esta ainda é a base da economia desses países, que, não
por acaso, têm como seu principal parceiro econômico os Estados
Unidos, que absorvem cerca de 50% das suas exportações.
O processo de independência começou no início do século
XIX — quando Nicarágua, Costa Rica, El Salvador, Honduras e
Guatemala se libertaram do domínio espanhol —, penetrou pelo
século XX — quando, em 1903, com auxílio dos Estados Unidos,
uma parte da Colômbia se separou, formando o Panamá — e só
findou em 1981 — quando Honduras Britânicas se libertaram da
Inglaterra, criando o atual Belize. Contudo, esses países passaram
para a esfera de dominação dos Estados Unidos, que instalaram no
poder diversas ditaduras, que só começaram a desaparecer com a
Revolução Sandinista na Nicarágua, em 1979.

América Central Insular


Conjunto de ilhas localizadas ao largo do Mar do Caribe, esta re-
gião foi formada, geologicamente, por intensa atividade vulcânica, que
criou diversas cadeias de montanhas submarinas, suas atuais ilhas.
Apresentando uma área de aproximadamente 225.000 km², a
América Central Insular pode ser dividida em duas porções:

Grandes Antilhas
Conjunto constituído por ilhas de grande dimensão — Cuba,
Jamaica, Ilha Hispaniola (Haiti e República Dominicana) e Porto
Rico —, que abarcam 207.022 km2 do total do Caribe.

Pequenas Antilhas
Porção das Antilhas constituída por várias ilhas minúsculas
que se espalham a leste das Grandes Antilhas.

332 Capítulo 9 – Tranformações socioeconômicas da América Latina

CG_8ºano_09.indd 332 30/04/2018 09:45:08 C


332

ME_CG_8ºano_09.indd 332 16/05/2018 12:51:37


Nesnad/Wikimedia.com
As ilhas de São Cristóvão e Névis foram
descobertas e nomeadas por Cristóvão
Colombo, em sua segunda viagem à América,
em 1493.

Natureza agressiva
Formado por vulcanismo e tectonismo durante a Era Ceno-
zoica, Período Terciário, o relevo é bastante montanhoso, compos-
to principalmente por dobramentos modernos. O clima tropical
quente e úmido sofre a influência dos ventos alísios e da passagem
de correntes marinhas quentes, que, juntamente com a disposição
do relevo de cada ilha e de cada região, criam áreas muito úmidas,
geralmente recobertas por densas florestas e áreas de baixa umida-
de, onde surgem trechos de estepes e savanas.

República de Bananas II

Nesta porção do mundo, ocorreram fatos significativos para


a história da humanidade: foi nas Antilhas, mais precisamente na
Ilha Hispaniola, no ano de 1496, que o veneziano Cristovão Co-
lombo descobriu o “Novo Mundo”; foi nesta porção da América
que, por um equívoco de Colombo, surgiu o termo índio, uma vez
que o veneziano a serviço da Espanha pensava ter chegado às Ín-
dias; foi nesta parte da América que pela primeira vez um índio
morreu pelas mãos de um europeu; e foi nesta região da América
que foi implantada a primeira experiência socialista da América.
Com a chegada de Colombo, os espanhóis implantaram algu-
mas colônias nas diversas ilhas, com o objetivo de explorar as rique-
zas naturais do subsolo e as potencialidades produtivas do solo e do
clima. Rapidamente, outras nações europeias também incursiona-
ram pela região, tomando posse de várias ilhas e implementando uma
lucrativa forma de exploração a partir da introdução das plantations.

Capítulo 9 – Tranformações socioeconômicas da América Latina 333

:08 CG_8ºano_09.indd 333 30/04/2018 09:45:08


333

ME_CG_8ºano_09.indd 333 16/05/2018 12:51:38


Reprodução
Pintura de John Vanderlyn mostra Co-
lombo desembarcando em San Salvador,
em 1492.

Para tornar estas áreas produtivas, nações europeias, como a In-


glaterra, Holanda e França, passaram a exterminar os nativos da terra
e substituí-los por mão de obra escravizada africana. Assim, caraíbas,
tainos, aruaques foram sendo exterminados. Contudo, para os na-
tivos da terra sobreviventes estava destinado o trabalho nas minas,
onde exploravam riquezas minerais. . Poucos sobreviveram. Para os
africanos, restou a escravidão nas plantações de açúcar, café e algodão.
Esse processo gerou uma sociedade com uma população de
maioria afrodescendente, principalmente em países como Haiti,
Trinidad e Tobago e Jamaica, onde o quantitativo de negros su-
pera os 70%.
Atualmente as Antilhas possuem população que supera os
42.000.000 habitantes, cujas maiores concentrações estão em Cuba,
na República Dominicana e no Haiti.
Depois de um passado de exploração colonial e ingerência dos
Estados Unidos, que exploraram as riquezas e o povo, essa parte da
América, com exceção de Cuba, apresenta péssimos indicadores so-
ciais. Por exemplo, a mortalidade infantil no Haiti é de 47,98/mil
nascidos, o IDH é 0,493 e a expectativa de vida é de apenas 62,8 anos.

Daniel-Alvarez/Shutterstock.com

Haiti é o país mais pobre das Américas.


Em janeiro de 2010, o país sofreu um
terremoto devastador que praticamente o des-
truiu. Desde então, o Haiti recebe ajuda inter-
nacional, incluindo do Brasil.

334 Capítulo 9 – Tranformações socioeconômicas da América Latina

CG_8ºano_09.indd 334 30/04/2018 09:45:09 C


334

ME_CG_8ºano_09.indd 334 16/05/2018 12:51:38


Suas economias estão voltadas para a agricultura de exportação
e o turismo, as únicas exceções são a Jamaica e Trinidad e Tobago,
produtores e exportadores de bauxita e petróleo, e os arquipélagos
das Ilhas Virgens, Cayman e Bahamas, que são paraísos fiscais, re-
giões que não cobram tarifas bancárias para guardar dinheiro de
qualquer atividade, legal ou ilegal.
O processo de independência da maioria dos países dessa por-
ção da América começou no século XIX, quando o Haiti, por meio
de uma revolta de escravos, em 1794, tornou-se o primeiro país
independente da América Latina. Entretanto, vários povos dessa
região ainda não alcançaram a sua independência e seguem como
protetorados ou departamentos da Inglaterra, França, dos Estados
Unidos e da Holanda.

Geografia em cena

Norte-americanos reciclam celular


para ajudar o Haiti

Com a mania que a maioria de nós adquiriu de trocar


o celular por um modelo mais novo todo ano — ou em até
menos tempo — o que não faltam são celulares em bom
estado indo para o lixo ou sendo esquecidos em alguma
gaveta que se abra pouco. Só nos Estados Unidos, a estima-
tiva é de que 130 milhões de aparelhos sejam descartados
todos os anos.
Essa imensa quantidade de resíduos eletrônicos pode ter
um fim mais nobre. A empresa ReCellular lançou o progra-
ma Phones for Haiti, que recebe celulares usados de todo o
mundo e os revende a países em desenvolvimento. O valor
tem sido repassado integralmente para que a Cruz Vermelha
americana ajude os haitianos vítimas do terremoto do dia 12
de janeiro de 2010.
Se o celular que o usuário tem em casa já não funciona
mais, tudo bem. A ReCellular o envia para a reciclagem e re-
passa o dinheiro do mesmo jeito. Baterias, carregadores e aces-
sórios também são aceitos.
Não há mais desculpas para descartar lixo eletrônico no
meio ambiente ou deixar um monte de entulho em casa ape-
nas ocupando espaço e acumulando poeira. Pelo menos para
os norte-americanos, pois a ReCellular só recebe aparelhos dos
Estados Unidos. Para eles, até os gastos com correio são pagos
pela empresa.
http://super.abril.com.br/blogs/planeta/norteamericanos-reciclam-celu-
lar-para-ajudar-o-haiti/.

Capítulo 9 – Tranformações socioeconômicas da América Latina 335

:09 CG_8ºano_09.indd 335 30/04/2018 09:45:09


335

ME_CG_8ºano_09.indd 335 16/05/2018 12:51:39


Cenário 6

Produção
agropecuária e
fome nos países
latinos
Os países não industrializados da América Latina sofrem com
o abastecimento e acesso aos recursos alimentares, mesmo que suas
economias sejam de base agropecuária. A produção agropecuária
nesses países segue dois modelos básicos: agricultura de subsistência;
e plantation, para exportação de gêneros tropicais ou de matérias-pri-
mas como algodão. Esses dois modelos não são capazes de atender
às necessidades básicas de uma população, levando parte dela a ser
submetida à fome absoluta e à desnutrição.
O problema da fome do mundo não é causado pela falta de ali-
mentos, mas pelo baixo nível de renda de grande parte da popula-
ção mundial. Estima-se que pouco mais de 800 milhões de pessoas
no mundo vivam abaixo da linha da pobreza, ou seja, na miséria
total, porque sua renda está abaixo de um dólar e vinte e cinco cen-
tavos por dia. Apesar de ser um número absurdo de pessoas nessa
situação, houve melhorias, pois, no começo da década de 2000,
eram quase 2 bilhões de pessoas em extrema pobreza, sobretudo na
África, sul da Ásia e América Latina.
Outra variável importante que pode nos ajudar a compreender
o fenômeno da fome é a lei da oferta e da procura. A maior oferta
de produtos agrícolas no mercado ajuda a regular o preço e tornar
os alimentos mais baratos para a população. Em geral, os países
menos industrializados tem capacidade produtiva reduzida, devido
à baixa disponibilidade de capital, para adquirir os recursos técni-
cos exigidos para o aumento da produtividade como mão de obra
especializada, máquinas e equipamentos, sistemas de irrigação, in-
sumos agrícolas (fertilizantes, corretivos, pesticidas, etc.) próprios
dos sistemas intensivos de alta produtividade. Brasil, México, Ar-
gentina e Chile são potências agrícolas na América Latina basea-
dos em agricultura empresarial de exportação e agricultura familiar
para atendimento do mercado interno, onde a presença do capital
industrial e de crédito proporciona grande produtividade e maior
oferta dos gêneros agropecuários. Com exceção dessas potências,
todos os outros países latino-americanos sofrem em maior ou me-
nor grau com a situação de baixa produtividade.

336 Capítulo 9 – Tranformações socioeconômicas da América Latina

CG_8ºano_09.indd 336 30/04/2018 09:45:09 C


336

ME_CG_8ºano_09.indd 336 16/05/2018 12:51:39


A agricultura de subsistência praticada por parcelas mais po-
bres da população latina, em geral, não produz excedentes para ge-
rar uma renda suficiente para que todos da família do agricultor
tenham acesso aos recursos alimentares básicos, como as necessida-
des mínimas de calorias e proteínas. A produção obtida duramente
pelo trabalhador é usada, na maior parte das vezes, para alimen-
tação da família. As roças de subsistência de milho, feijão, man-
dioca ou batatas só têm como recursos terras inférteis, o conheci-
mento tradicional do agricultor, sementes pouco produtivas e as
ferramentas rudimentares como enxada e foice. Dessa maneira, por
não ter recursos técnicos, este agricultor depende das condições da
natureza e não pode controlar as variáveis que podem acometer a
sua produtividade como ataque de pragas, secas, enchentes, geadas,
ventanias, etc.
A agricultura de plantation para exportação fica com as me-
lhores terras, pagam baixos salários e devastam áreas naturais para
a produção monocultora de gêneros tropicais ou para a produção
de matéria-prima. Esse tipo de produção, geralmente, não é a base
alimentar do povo latino, como feijão, milho, mandioca ou batata,
e não são produzidas para atender ao mercado interno desses paí-
ses. Culturas como algodão, soja, sorgo, cana-de-açúcar, fumo ou
café, utilizam a maior parte das terras para exportar para os países
mais ricos que pagam em moeda forte, gerando mais lucros para
essa pequena parcela de agricultores e causando uma baixa oferta
de gêneros alimentícios nos mercados nacionais com altas nos pre-
ços. Como a população tem uma renda baixa, não tem condições
de comprar alimentos em quantidade e variedade suficientes para
atender às suas necessidades, perpetuando o ciclo da fome e desnu-
trição na América Latina. Dessa maneira, as terras nunca vão ser
utilizadas para plantar feijão, milho, mandioca ou batata, porque
os preços são mais baixos do que aqueles dos produtos tropicais de
exportação.
Segundo o documento Panorama da Segurança Alimentar e
Nutricional para a América Latina e o Caribe de 2016, com dados de
2015 da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agri-
cultura (FAO), 5,5% da população latina, cerca de 37,5 milhões de
pessoas, não conseguiam satisfazer suas necessidades diárias de calo-
rias. O documento de 2017, a partir dos dados de 2016, registra que
6,6% dos latinos sofrem com a fome nutricional, com 42,5 milhões
de pessoas em situação de vulnerabilidade alimentar. As crises latino-
-americanas e a desaceleração do crescimento diminuíram a renda,
causando pioras nos índices nutricionais da população.
O que mais assusta no processo de desnutrição atualmente na
América Latina é o aumento do problema do sobrepeso e da obesi-
dade que acomete populações de baixa renda, pois tais problemas
não estão ligados à boa alimentação, mas ao abuso de alimentos não
saudáveis que podem agravar o estado de saúde dessas populações.

Capítulo 9 – Tranformações socioeconômicas da América Latina 337

:09 CG_8ºano_09.indd 337 30/04/2018 09:45:09


337

ME_CG_8ºano_09.indd 337 16/05/2018 12:51:40


É comum encontrar nas populações de baixa renda adultos com so-
brepeso e crianças desnutridas. Independente de sobrepeso ou não,
essas populações são desnutridas devido a deficiências de proteínas
e vitaminas. De acordo com a FAO, na América Latina e no Caribe,
o sobrepeso das crianças menores de 5 anos aumentou de 6,8% em
2005 para 7% em 2016, taxa que supera as da Ásia, da África e a
média mundial (6%).

Pequeno dicionário geográfico e cultural


Aluvionais: Inundados, encharcados (diz-se Princípio ativo: Substância presente na com-
de solo, terreno, etc.). posição de medicamento, planta ou alimento
Armistício: Acordo de paz entre partes en- que produz um efeito específico.
volvidas num conflito. Sandinismo: Conjunto de ideias nacionalistas e
Ianque: Relativo aos Estados Unidos. anti-imperialistas inspiradas na ação do líder revo-
Insurretos: Que se rebelaram. lucionário nicaraguense Augusto César Sandino.

Aprenda com arte

Haiti, 12 de janeiro
Direção: Cleonildo Cruz.
Ano: 2012.

Sinopse: O filme mostra a realidade do país dois anos após uma das maiores catástrofes naturais já
vistas nas Américas — mais de 250 mil haitianos morreram e 1,5 milhão ficaram desabrigados depois
que um terremoto de intensidade sísmica 7 graus atingiu a capital do país, Porto Príncipe, e redon-
dezas. O longa desnuda a realidade social do Haiti, onde 80% das pessoas vivem abaixo da linha da
pobreza, sobrevivendo com menos de US$ 2 por dia, o desemprego atinge mais de 70% da população
e não existe saneamento básico.

Netto Perde Sua Alma


Direção: Beto Souza, Tabajara Ruas.
Ano: 2001.

Sinopse: Os personagens da minissérie A Casa das Sete Mulheres estão de volta nessa história de he-
roísmo e paixão. Ferido durante a Guerra do Paraguai (1861–1866), o general brasileiro Antônio de
Souza Netto é recolhido ao hospital. Ali, percebe coisas estranhas acontecendo com outros pacientes
ao seu redor. Numa noite, recebe a visita de um antigo companheiro, sargento Caldeira, ex-escravo.
Juntos, rememoram o passado comum durante Guerra dos Farrapos (1835–1845).

338 Capítulo 9 – Tranformações socioeconômicas da América Latina

CG_8ºano_09.indd 338 30/04/2018 09:45:10 C


338

ME_CG_8ºano_09.indd 338 16/05/2018 12:51:40


Ensaio geográfico
1 O jovem Fidel Castro chegou ao poder da ilha de Cuba num momento que se fazia oposição a um
ditador que governava com poderes absolutos, brutal e de forte repressão. Quem era esse ditador?
Fulgencio Batista.

2 O processo de independência dos países de colônia espanhola na América foi protagonizado pela
própria metrópole, Espanha, e suas respectivas colônias. No entanto, Cuba recebeu intervenção de um
país de origem não hispânica na luta contra o domínio espanhol. Qual foi este país e qual foi o motivo
da intervenção?
O país que protagonizou a favor da independência cubana foi os Estados Unidos, em decorrência de

interesses econômicos.

3 (Vunesp) Entre 1864 e 1870, a chamada Tríplice Aliança enfrentou o Paraguai em um conflito que
ficou conhecido como Grande Guerra ou Guerra do Paraguai.

a. Quais os países que formavam a Tríplice Aliança?


Brasil, Argentina e Uruguai uniram suas forças para a formação da chamada Tríplice Aliança.

b. Como se deu o início do conflito entre o Brasil e o Paraguai?

O conflito entre Brasil e Paraguai aconteceu enquanto resultado de uma antiga disputa envolvendo
a livre navegação no Rio da Prata. Possuindo um projeto de orientação expansionista, o governo de
Solano Lopez se transformou em uma séria ameaça aos interesses econômicos que o governo brasileiro
tinha na região.

4 (Unifor – Adaptada)
Observe o gráfico:

Composição do PIB do Mercosul

2%
2%
20%

Argentina
Quais países possuem as menores partici-
76%
Brasil
Paraguai pações no PIB do Mercosul?
Uruguai
Uruguai e Paraguai.

Capítulo 9 – Tranformações socioeconômicas da América Latina 339

:10 CG_8ºano_09.indd 339 30/04/2018 09:45:10


339

ME_CG_8ºano_09.indd 339 16/05/2018 12:51:41


5 Depois desse resumido estudo da América Central, responda o nome de qual país você gostaria de
conhecer. Depois faça uma breve análise sobre a economia do continente.
Resposta pessoal. Sugestão de resposta sobre a economia:

A economia da América Central baseia-se nas atividades agrícolas e turísticas. Os produ-

tos agrícolas com grandes cultivos e destinados à exportação são: banana, cana-de-açúcar, al-

godão e tabaco. Outros produtos de destaque são milho, café, feijão e frutas. A minera-

ção é uma atividade de fundamental importância para alguns países da América Central.

A indústria é pouco desenvolvida, atuando nos segmentos de processamento de produtos agrícolas.

Encerramento
1 (PUC–SP) Para o reconhecimento da independência cubana, a Emenda Platt, de 1901, definindo
as relações entre os Estados Unidos e Cuba, permitia:
a. a intervenção direta dos EUA na organização do exército cubano.
b. a ocupação militar da ilha de Cuba pelos americanos por quarenta anos.
c. X a intervenção americana nos assuntos internos e o estabelecimento de bases na ilha.
d. a arrecadação de 1/3 das rendas da produção açucareira durante trinta anos.
e. a intervenção direta dos EUA na organização das alfândegas cubanas.

2 O canal do Panamá encontra-se localizado no istmo do Panamá, que é um país com território situa-
do ao sul da América Central, esse canal tem como objetivo:
a. X unir o Oceano Atlântico ao Oceano Pacífico.
b. unir a América do Norte a América do Sul.
c. dificultar a navegação dos Estados Unidos.
d. cobrar altos impostos sobre as mercadorias.

3 (Vunesp) “A Guerra chegara ao fim. As cidades, as vilas, as aldeias estavam despovoadas. Sobrevive-
ra um quarto da população — cerca de duzentas mil pessoas — noventa por cento do sexo feminino.
Dos vinte mil homens ainda com vida, setenta e cinco por cento eram velhos acima de sessenta anos ou
garotos menores de dez anos. Os próprios aliados ficaram abismados com a enormidade da catástrofe,
a maior sucedida num país americano”, Mânlio Gancogni e Ivan Boris.
O texto refere-se ao conflito externo em que se envolveu o Império Brasileiro, conhecido como a Guerra:
a. da Cisplatina. b. do Chaco. c. de Canudos.
d. X do Paraguai. e. dos Farrapos.

340 Capítulo 9 – Tranformações socioeconômicas da América Latina

CG_8ºano_09.indd 340 30/04/2018 09:45:10 C


340

ME_CG_8ºano_09.indd 340 16/05/2018 12:51:41


4 Leia o seguinte trecho: “A guerra exterminou quase uma geração de paraguaios, arrasou povoados,
fortificações e hipotecou o futuro da arruinada nação”, escreveu o argentino Alejandro Maciel em “O
Livro da Guerra Grande”.
Assinale a alternativa incorreta:
a. Após a vitória sobre o Paraguai, o Exército brasileiro ficou fortalecido, e a monarquia, enfraquecida.
b. A guerra impôs ao Paraguai uma forte retração demográfica.
c. O Exército brasileiro precisou formar o corpo de “Voluntários da Pátria” para a Guerra do Paraguai.
d. O então presidente da Argentina, Bartolomeu Mitre, apoiou a intervenção brasileira no Uruguai.
e. X O Paraguai possuía indústrias e ferrovias, havia estatizado a economia e não dependia de recur-
sos estrangeiros.

5 O forte e bem treinado exército paraguaio venceu as primeiras batalhas durante a Guerra do Pa-
raguai, impondo baixas e conquistando territórios. Porém, a partir de certo momento, passou a sofrer
sérias derrotas, que comprometeram suas defesas. A primeira derrota dos paraguaios que ficou célebre
foi a Batalha:
a. X de Riachuelo.
b. de Uruguaiana.
c. de Tuiuti.
d. Humaitá.

6 É comum referir-se ao Uruguai como país:


a. X do Cone do Sul.
b. do Triângulo do Sul.
c. do Trial do Sul.
d. dos Poderosos do Sul.
e. dos Emergentes do Sul.

7 Sobre os aspectos físicos da América Central, marque a alternativa incorreta.


a. A América Central Continental corresponde ao istmo que liga a América do Norte à América
do Sul.
b. A América Central possui relevo montanhoso e vários vulcões ativos, além de frequentes terre-
motos.
c. Na América Central o clima predominante é o tropical úmido.
d. X A Costa Rica é o país responsável por proporcionar acesso terrestre entre a América Central e a
América do Sul.
e. Localizada ao norte da linha do Equador, a América Central pertence ao Hemisfério setentrional.

Capítulo 9 – Tranformações socioeconômicas da América Latina 341

:10 CG_8ºano_09.indd 341 30/04/2018 09:45:10


341

ME_CG_8ºano_09.indd 341 16/05/2018 12:51:42


8 Leia:
I. No Uruguai, cerca de 3,4 milhões de habitantes encontram irregularmente distribuídos no território.
O norte, ocupado por grandes estâncias, é escassamente povoado.
II. A cidade de Montevidéu, capital do Uruguai, apresenta cerca de 44% da população total do país,
que é predominantemente urbana.
III. Em sua maior parte, a população uruguaia é formada por descendentes de franceses e portugueses,
cerca de 90%.
Assinale a alternativa correta:
a. Apenas a I está correta.
b. X A I e a II estão corretas.
c. A I, a II e a III estão corretas.
d. A II e a III estão corretas.
e. Nenhuma está correta.

9 Para fazer o seu comércio com o exterior, no caso dos produtos que não podem ser transportados
pela aviação comercial, o Paraguai depende:
a. do Chile e da Colômbia.
b. do Chile e do Uruguai.
c. da Colômbia e do Uruguai.
d. da Bolívia e do Chile.
e. X da Argentina e do Brasil.

10 A imagem a seguir enfoca uma associação entre dois aspectos recentes da realidade haitiana,
que são:
arindambanerjee/Shutterstock.com

a. educação e meio ambiente.


b. governo e crise ecológica.
c. planejamento e segurança pública.
d. X miséria e caos urbano.

342 Capítulo 9 – Tranformações socioeconômicas da América Latina

CG_8ºano_09.indd 342 30/04/2018 09:45:10


342

ME_CG_8ºano_09.indd 342 16/05/2018 12:51:42


BNCC
Habilidades trabalhadas
no capítulo

Capítulo 10 (EF08GE22) Identificar os principais recur-


sos naturais dos países da América Latina,
Economias latino-americanas analisando seu uso para a produção de maté-
ria-prima e energia e sua relevância para a coo-
de base mineral Atualmente, a Venezuela detém as maiores
reservas de petróleo do mundo. De acordo
com a Organização dos Países Exportadores peração entre os países do Mercosul.
de Petróleo (OPEP), estima-se que há 297,7
bilhões de barris de petróleo. (EF08GE24) Analisar as principais caracterís-
ticas produtivas dos países latino-americanos
(como exploração mineral na Venezuela; agri-
cultura de alta especialização e exploração mi-
neira no Chile; circuito da carne nos pampas
argentinos e no Brasil; circuito da cana-de-açú-
car em Cuba; polígono industrial do sudeste
brasileiro e plantações de soja no centro-oeste;
maquiladoras mexicanas, entre outros).

Objetivos
pedagógicos

• Apresentar as principais atividades primá-


rias desenvolvidas na América Latina.
• Estudar a exploração dos recursos naturais
na América, como mineração e petróleo.
• Tratar a questão da produção e do consumo
de petróleo, discutindo seu caráter não reno-
vável e a busca por um recurso com potencial
Neste capítulo, viajaremos pela para substituí-lo.
Venezuela, Bolívia, Equador, Chile
e Peru, além de visitarmos as Guianas • Abordar a mecanização agrícola, enfatizan-
e o Suriname — países da América do do vantagens e desvantagens de ordem social
Sul não colonizados por Portugal ou
Espanha. e econômica.
• Debater a questão ambiental quanto às prá-
Shutterstock.com
ticas agrícolas que realizam queimadas e der-
Alejandro Solo/

Capítulo 10 – Economias latino-americanas de base mineral 343 rubadas de árvores, afetando a biodiversidade
e destruindo os recursos naturais do Planeta.

CG_8ºano_10.indd 343 26/04/2018 17:51:45

Anotações

343

ME_CG_8ºano_10.indd 343 16/05/2018 12:56:48


Cenário 1

Venezuela
Panorama atual da
Venezuela
A Venezuela, está localizada no extremo norte da América do
Sul, banhada pelo Mar do Caribe.

Venezuela: político

0 72 km 344 km

ar
Mar do C ibe
Oceano
Atlântico Granada
Golfo da
Venezuela Coro Distrito
Falcón Federal Trinidad e
Maracaibo São Felipe Caracas Sucre Tobago
Maracay
6 4 Cumana
Zulia 1 2 3 Los Teques 10º N
Barquisimeto Valencia Barcelona Maturin
Lago de
7 São Juan
Maracaibo
9
São
de los Morros
Monagas Tucupita
Valera Carlos
8 Guanare 5 Delta
Mérida Guárico Anzoátegui
Barinas Amacuro
Táchira Barinas Cidade Bolívar
São Cristóvão São Fernando

N Apure
O L
Colômbia Bolívar Guiana
S
Puerto Ayacucho

Caracas: áreas unidas


1. Yaracuy
2. Carabobo
3. Aragua Amazonas
4. Miranda
5. Cojedes Brasil
6. Lara
7. Trujillo
8. Merida
9. Portuguesa


70º O 60º O

Desde 1999, quando assumiu o poder por via eleitoral, o então


presidente Hugo Chávez vinha promovendo um intenso processo
de reformas políticas, econômicas e sociais para solucionar proble-
mas urgentes do país. Dentre as principais:

344 Capítulo 10 – Economias latino-americanas de base mineral

CG_8ºano_10.indd 344 26/04/2018 17:51:45 C


344

ME_CG_8ºano_10.indd 344 16/05/2018 12:56:49


Estatização de empresas privadas de diversos setores, como
bancos, indústrias de cimento, siderurgia, etc.
Reforma agrária.
Redução da jornada de trabalho para 44 horas semanais.
Construção de casas populares.
Ampliação da participação do Estado na exploração de pe-
tróleo pela Petróleos de Venezuela, S.A. (PDVSA).

Hugo Chávez também buscou aproximação com países como


Irã, Cuba e Coreia do Norte.
Essas reformas provocaram uma forte reação das empresas
privadas, sobretudo das grandes corporações internacionais, bem
como da elite empresarial interna, que passou a confrontar o gover-
no com passeatas populares e tentativas de tirar Chávez do poder.

Geografia em cena

Hugo Chávez faleceu em 5 de março de 2013, na cidade de


Caracas, vítima de câncer. Ele exerceu o cargo de 2 de fevereiro
de 1999 até o dia de sua morte.
Em 14 de abril de 2013, Nicolás Maduro, que fora vice-
-presidente no mandato de Chávez, foi eleito para um mandato
de seis anos.
Golden Brown/Shutterstock.com

Como vice-presidente, Nicolás Maduro assumiu a presidência da Venezuela após a mor-


te de Hugo Chávez. Foi eleito em 2013 para mandato integral como 57º presidente da
Venezuela.

Economia
Petróleo
Extremamente dependente do petróleo, a Venezuela está entre
os maiores produtores desse recurso. Contudo, o país só explora
40% de suas reservas, que, atualmente, são consideradas as maiores
do mundo. Hoje, o petróleo constitui 80% de todas as exportações

Capítulo 10 – Economias latino-americanas de base mineral 345

:45 CG_8ºano_10.indd 345 26/04/2018 17:51:45


345

ME_CG_8ºano_10.indd 345 16/05/2018 12:56:49


venezuelanas e é responsável por 1/3 do Produto Interno Bruto. As
grandes jazidas do território venezuelano estão situadas ao longo
da costa caribenha.
A Venezuela é membro da Organização dos Países Produto-
res e Exportadores de Petróleo (Opep), criada em 1960, na Con-
ferência de Bagdá, com o objetivo de proteger os seus integrantes
da concorrência desleal do Cartel das Sete Irmãs — formado pelas
grandes corporações petrolíferas dos países ricos.
Em seu subsolo, também são encontradas outras riquezas mi-
nerais, como ouro, bauxita, minério de ferro, diamantes, manga-
nês e gás natural, associado ao petróleo. Essas riquezas naturais,
que já foram exploradas, atualmente servem de base para uma
crescente industrialização.

Agropecuária
Na região andina, principalmente, é possível encontrar plan-
tios de café, cana-de-açúcar, algodão, arroz e milho. No entanto,
mesmo com a produção interna diversificada, a Venezuela não é
autossuficiente e importa aproximadamente 30% dos bens necessá-
rios para o consumo da sua população. Já o setor da pecuária é mais
do que suficiente para alimentar sua população, visto que existem
aproximadamente 17 milhões de cabeças de gado bovino pastorea-
das principalmente na vasta região dos Lhanos.

Alice Nerr/Shutterstock.com
Em 2016, a empresa Coca-Cola suspen-
deu grande parte de sua produção na Ve-
nezuela devido à falta de açúcar.

Indústria
A Venezuela possui um vasto parque industrial, que foi financia-
do em grande parte pelos lucros do petróleo. Portanto, a maioria das
indústrias encontradas no país é de derivados de petróleo. Existem
também siderúrgicas, metalúrgicas e indústrias alimentícias, que uti-
lizam as diversas riquezas produzidas no espaço venezuelano, o que
transforma o país no 4º mais industrializado da América Latina.

346 Capítulo 10 – Economias latino-americanas de base mineral

CG_8ºano_10.indd 346 26/04/2018 17:51:45 C


346

ME_CG_8ºano_10.indd 346 16/05/2018 12:56:50


Atividades econômicas da Venezuela
Oceano N
Granada
Punto Fijo
Atlântico O L

Golfo da S
Venezuela Coro Puerto
Cabello Caracas
La Asunción Trinidad e
Carupano
Cumaná
Puerto
Tobago
Barquisimeto (2) La Cruz
Maracaibo San
10º N
Maracay
Felipe Barcelona C
La Arriaga
San Carlos
Guanare Tucupita
Calabouzo
Mérida
Fe
Barinas
Valencia
Fe Ciudad Guayana
San Cristobal CiudadFe El Pao
San Fernando Bolívar D
Fe Au
Ciudad Au
Piar D Au
Colômbia Au

Guiana
D Au
Atividade econômica
D D
Au
Agricultura
Milho Cacau
Arroz Café
Algodão
Pesca
Cana-de-açúcar
Área de pescados
Gado

Mineração Fabricação e
C Carvão Au Ouro processamento de alimentos
Fe Minério de ferro D Diamantes Têxteis Refinaria de açúcar
Químicos Moinhos de farinha de trigo
Energia elétrica
Cimento Processamento de frutos
0 64 km 128 km
Usina hidrelétrica do mar
Brasil
Aço
Usina termelétrica Alumínio

70º O 0º
60º O
Alejandro Solo/Shutterstock.com

Plataforma de extração de petróleo e gás


natural na Venezuela. Atualmente tem as
maiores reservas de petróleo do mundo, alcan-
çando um total de 3,1 bilhões de barris.

Espaço natural
Principais regiões
Totalizando uma área territorial de 912.050 km2, a Venezue-
la apresenta quatro regiões naturais marcadas principalmente pelo
seu relevo.

Capítulo 10 – Economias latino-americanas de base mineral 347

:45 CG_8ºano_10.indd 347 26/04/2018 17:51:46


347

ME_CG_8ºano_10.indd 347 16/05/2018 12:56:50


Venezuela: relevo e hidrografia

e
do Carib
are
Coro
u yo
Mar La Asunción

as Toc
Gu
Maracaibo
R.
San Felipe Maracay Caracas
Cumaná
Oceano
Atlântico
Barquisimeto Los Teques
Valencia Barcelona
Trujillo San Juan de Los Morros

Unare
San Carlos Maturin
Tucupita

R.
Guanare

Po
R.

R. Manapire
rtu
gu
Mérida R.
Guanare

es
Barinas

a
R.
Apure
San Cristóbal Ciudad Bolívar
San Fernando o
rauca oc
R. A rin
.O Cuyun

R. Cochivero
p a ro R R. i
apana
R. C
R.
S Guayane

R.
R. Meta C
Esequiba

ua

ua
au
pu
Zona

R. Parag
ra
r

R. Caron
e
en
Pto. Ayacucho
reclamación

i
Ventuar
0 53 km 106 km R. i

5.000
2.000
1.000 R.
O
rin
500 oc
o
250
N
100
O L
0
Metros acima do nível do mar S

Litoral
Região plana onde a extração petrolífera está concentrada e
que pode ser subdividida em duas sub-regiões:

Litoral Atlântico, a leste, em que estão localizados o delta do


Rio Orinoco e o Golfo de Paria.
Litoral Norte, banhado pelas águas do Mar do Caribe.

Nessa região, encontraremos o Golfo da Venezuela, o grandio-


so Lago de Maracaibo e a Península de Araya, local onde Cristovão
Colombo desembarcou em 1498.

Região dos Lhanos


Localizada na porção central do país, apresenta uma grande
planície drenada pelos afluentes da margem esquerda do Rio Ori-
noco e recoberta por uma vasta vegetação de savana, que é parcial-
mente ocupada pela pecuária extensiva e por campos de plantio de
algodão, arroz e milho, devido à fertilidade natural do solo.

348 Capítulo 10 – Economias latino-americanas de base mineral

CG_8ºano_10.indd 348 26/04/2018 17:51:46 C


348

ME_CG_8ºano_10.indd 348 16/05/2018 12:56:51


Região montanhosa
Localizada na porção noroeste da Cordilheira de Mérida (uma
extensão dos Andes), essa região é um maciço natural que separa
as vastas planícies dos Lhanos da área onde está localizado o Lago
de Maracaibo. A exploração mineral divide o espaço com culturas
de milho, cana-de-açúcar, algodão e café. Em virtude da altitude,
apresenta clima de temperaturas amenas.

Andry Rodriguez/Shutterstock.com
Ponte General Rafael Urdaneta, sobre o
Lago Maracaibo. Sua construção come-
çou em 1958 e foi inaugurada em 24 de agosto
de 1962, pelo então presidente da Venezuela,
Rómulo Betancourt.

Maciço das Guianas


Relevo formado na era geológica pré-cambriana, o Planalto
das Guianas venezuelano está localizado no extremo sul e sudeste
do país. É a maior região natural da Venezuela e serve como sepa-
ração natural entre esse país e o Brasil. É nessa área que se encon-
tra a maior queda-d’água do mundo: o Salto Ángel (979 metros),
na região de planaltos e montanhas cujas altitudes superam os 900
metros. Por conta do clima tropical, vastas florestas tropicais são
predominantes na paisagem. Na porção sul, onde a umidade é um
pouco menor, existem manchas de savana.
Jhonny Catanho

Salto Ángel: a maior queda d’água do mundo.

Capítulo 10 – Economias latino-americanas de base mineral 349

:46 CG_8ºano_10.indd 349 26/04/2018 17:51:46


349

ME_CG_8ºano_10.indd 349 16/05/2018 12:56:52


Espaço social

testing/Shutterstock.com
Urbanização
Atualmente, a Venezuela está entre os países mais urbanizados
da América Latina. A despeito das disparidades ainda existentes na
sua sociedade, apresenta os melhores indicadores sociais de toda
essa porção do continente americano. Sua população, de aproxima-
damente 30 milhões de habitantes, não sofre mais com altos ín-
dices de mortalidade infantil, analfabetismo e falta de moradia, a
qual vem sendo superada por iniciativa estatal.
As conquistas sociais obtidas pela melhor distribuição de ri-
queza passaram a ser ameaçadas após a persistente crise gerada pela
Vista parcial de Caracas, maior cidade da queda no preço do barril do petróleo no mercado internacional e
Venezuela. É também o centro político e pela desastrosa atuação do governo de Nicolás Maduro, devido ao
financeiro do país, bem como seu conglome-
rado urbano mais importante, com uma po- excesso de intervencionismo estatal. O barril de petróleo que, em
pulação total de mais ou menos 4 milhões de 2008, chegou a 140 dólares despencou, em 2015, para 37 dólares.
habitantes.
Não é difícil entender a crise quando sabemos que a Venezuela ex-
portava, em 2016, em torno de um milhão e setecentos mil barris.
Se fizermos um exercício matemático poderemos imaginar qual a
diferença de receita no ano de 2008 para o ano de 2016. A princi-
pal fonte de divisa em moeda forte caiu em quase 400%, causando
convulsões sociais devido à perda de poder aquisitivo pela popu-
lação e pelo desabastecimento de produtos básicos agrícolas e in-
dustriais, pois a Venezuela nunca se preocupou tanto em produzir
no mercado interno porque os petrodólares podiam comprar dos
mercados estrangeiros sem maiores problemas. No entanto, com a
queda das receitas, o governo do país não conseguiu administrar a
falta de produtos básicos, como papel higiênico.
Atualmente, com a grave crise, milhões de pessoas estão desem-
pregadas e passando fome. Muitas fogem da Venezuela para países
vizinhos como Brasil, Colômbia ou Guiana. A situação política no
país também é tensa, devido aos constantes protestos de milhões de
venezuelanos e da atuação dos partidos de oposição, aumentando o
número de mortes em protestos cada vez mais. Até Julho de 2017
foram cem mortos.
Como país urbano, as maiores concentrações populacionais
estão nas grandes cidades, como Caracas, Valencia, Maracay e Ma-
racaibo, todas localizadas ao longo do litoral. As demais regiões são
pouco povoadas, porém a densidade demográfica é de 30 hab./km2.
A população venezuelana é intensamente miscigenada, como
resultado de seu passado colonial, que juntou brancos europeus e
negros africanos aos nativos da terra. Os mestiços compõem 75%
da população; os europeus, 18% (espanhóis, italianos e alemães que
imigraram após a Segunda Guerra Mundial); os afrodescendentes,
4%; e os ameríndios, apenas 3%.

350 Capítulo 10 – Economias latino-americanas de base mineral

CG_8ºano_10.indd 350 26/04/2018 17:51:46 C


350

ME_CG_8ºano_10.indd 350 16/05/2018 12:56:52


Cenário 2

Bolívia
Formação do território
A Bolívia, assim como o Paraguai, é um país sul-americano
sem saída para o mar. O território boliviano, localizado na porção
centro-leste da América do Sul, é de 1.098.580 km2.

Bolívia: mapa político


10º S

Pando 0 87 km 174 km
Cobija

Beni
Santa Ana
Peru Brasil
San Borja
La Paz
Trinidad

La Paz Santa Cruz


Cochabamba Santa Rosa del Sara
Montero San José de Chiquitos
Oruro Cochabamba
Santa Cruz
Roboré
Oceano Pacífico

Aiquile
Oruro Sucre Puerto Suárez
Potosi
20º S
Uyuni Chuquisaca
Potosí Tarija
Paraguai
Villazon
Tarija
Chile N

Argentina O L

70º O 60º O S

Essa dimensão atual é resultante de perdas territoriais histó-


ricas devido a conflitos. O primeiro deles, entre 1879 e 1883, foi
a Guerra do Pacífico: a Bolívia perdeu para o Chile e para o Peru
as terras do Deserto de Atacama, ricas em nitrato (salitre), e a sua
saída para o Oceano Pacífico, que na época era a Província de Anto-
fagasta. Ainda hoje, a perda dessa área, pela sua posição estratégica,
faz parte das pautas de discussão de encontros diplomáticos de na-
ções da América do Sul.
Em 1889, a Bolívia, forçada pela Argentina, assinou um trata-
do pelo qual cedeu parte da região do Chaco. Quatro anos depois,
foi forçada a vender para o Brasil as terras que hoje constituem o
Estado do Acre.
Entre 1920 e 1935, os bolivianos se envolveram em uma guerra
contra o Paraguai, cuja questão ultrapassou o final do conflito e só

Capítulo 10 – Economias latino-americanas de base mineral 351

:46 CG_8ºano_10.indd 351 26/04/2018 17:51:46


351

ME_CG_8ºano_10.indd 351 16/05/2018 12:56:53


foi solucionada em 1938, por meio de arbitragem internacional.
Foi decidido que 75% do território em disputa passaria a pertencer
aos paraguaios, e a Bolívia teria o direito de transitar ao longo de
um trecho do Rio Paraguai.

Territórios perdidos pela Bolívia

N Território da Bolívia
em 1880
O L
Perdas para:
S
o Chile
o Brasil

Acre o Paraguai 10º S

0 124 km 248 km

Peru

Território
atual da
Bolívia Brasil

Tarapacá
20º S

Chaco

Antofagasta
Paraguai
Oceano
Pacífico
Argentina
Chile
80º O 70º O 60º O

Espaço social e cultural


Miscigenação
Na Bolívia, que foi um dos maiores centros da civilização inca,
a cultura ameríndia se faz bastante presente. A população, de apro-
ximadamente 10 milhões de habitantes, é constituída por aimarás e
quéchuas (68%), descendentes de europeus (13%), europeus (10%)
e outras etnias (9%).
Existem quatro línguas oficiais no país: o espanhol, dos antigos
colonizadores; o quéchua; o aimará; e o guarani, dos filhos da terra.
Dominados no século XVI, os nativos e seus descendentes fo-
ram superexplorados e ainda vivem em precárias condições.
A mortalidade infantil na Bolívia é de aproximadamente 37/
por mil nascidos, o IDH é de apenas 0,674, e a expectativa de vida
é de 68,3 anos.

352 Capítulo 10 – Economias latino-americanas de base mineral

CG_8ºano_10.indd 352 26/04/2018 17:51:46 C


352

ME_CG_8ºano_10.indd 352 16/05/2018 12:56:54


O país é marcado pela baixa densidade demográfica — 9 hab./

mundosemfim/Shutterstock.com
km² — e uma pequena taxa de urbanização, concentrada nas gran-
des cidades, como El Alto, La Paz e Santa Cruz de La Sierra, atual-
mente principal centro econômico boliviano em virtude da cultura
de soja e da exploração de gás e petróleo.
A Bolívia sofreu séculos de dominação espanhola e, a partir de
1966, ferozes ditaduras. O direito de votar só foi conseguido no
final da década de 1950 e assumiu um papel decisivo na política
da nação. Em 2005, a população, organizada em sindicatos e gru-
pos indígenas, elegeu o primeiro presidente de origem indígena do
país: Evo Morales. Nesse governo, teve início uma série de reformas
sociais e a nacionalização dos recursos minerais.

Espacialidade A marca indígena está na face dos boli-


vianos.

econômica
A exploração mineral

Recursos minerais e indústrias da Bolívia


N 10ºRecursos
S minerais
O L G Gás natural

S Cobija
Zn
Brasil Petróleo
Sb Antimônio Ag Prata
0 78 km 156 km Bi Bismuto Fe Ferro
Cu Cobre Au Ouro
Sn
Pb Chumbo, W Tungstênio
Peru prata e zinco Zn Zinco
S Enxofre Oleoduto
Zn Trinidad
Sn Estanho Gasoduto
Au
Pb
Sn Indústria
Ag
C La Paz
G C
Petroquímica e
W
Santa Cruz de refinaria de petróleo
Cu Sn Cochabamba la Sierra Sn
Au Roboré
Oruro Mineração
Sb
Sn Pb

Fe
Siderurgia
Pb
Sucre Puerto
Potosi
Pacífico
Oceano

S
Suárez Química
Sn
Zn
20º S
Cu
S Zn Pb Sb
Alimentícia
C
Sn
Bi
Tarija C Cimento
S
Zn
Sb
Pb Paraguai
Chile S
Têxtil

70º O 60º O Farmacêutica Tabaco

Desde que os espanhóis pisaram em solo boliviano, a economia


Argentina
da Bolívia se tornou refém da produção mineral, em virtude da rique-
za do seu subsolo. No início, a prata era intensamente explorada nas
minas, principalmente em Potosí, denominada Montanha de Prata.

Capítulo 10 – Economias latino-americanas de base mineral 353

:46 CG_8ºano_10.indd 353 26/04/2018 17:51:47


353

ME_CG_8ºano_10.indd 353 16/05/2018 12:56:54


Reprodução
Trabalho escravo nas minas de Potosí. A
importância dessas minas foi tão relevan-
te, que elas eliminaram do mercado as minas de
prata alemãs.

Os interesses minerais mudaram, e atualmente outras riquezas


são retiradas do subsolo boliviano. A Bolívia possui a maior mina
de lítio do mundo (mineral que está entre os componentes fun-
damentais da produção de baterias de celular e computador) e é o
terceiro maior produtor mundial de estanho, tungstênio e antimô-
nio. Além disso, destaca-se a exploração de petróleo e gás natural,
exportado principalmente para o Brasil. Atualmente, a maior parte
desses recursos está sob monopólio estatal, devido às reivindicações
populares e a iniciativas do governo de Evo Morales.

Jess Kraft/Shutterstock.com

Vista do centro histórico de Potosí, na


Bolívia com vista para a praça 10 de No-
vembro.

A soja — principal produto agrícola de exportação da Bolívia


—, o milho e o açúcar são os principais produtos da fraca agrope-
cuária do país. Como o território não possui saída para o mar, a
produção é exportada pelo Porto de Santos (SP), no Brasil, ao qual
está ligado por ferrovia.

354 Capítulo 10 – Economias latino-americanas de base mineral

CG_8ºano_10.indd 354 26/04/2018 17:51:47 C


354

ME_CG_8ºano_10.indd 354 16/05/2018 12:56:55


Espaço natural
Principais regiões
O espaço territorial boliviano faz fronteira com o Brasil a leste,
norte e nordeste; com o Peru a oeste e noroeste; com o Chile a sudoes-
te; com o Paraguai a sudeste; e com a Argentina ao sul. Essa distribuição
espacial faz com que o território da Bolívia apresente dois conjuntos
de ambientes naturais caracterizados, principalmente, pelas altitudes e
feições do relevo: os Lhanos, também denominados Região das Pla-
nícies, ou Região Oriental; e a Região Ocidental, ou Andina.

Bolívia: mapa físico


70 ºO 60 ºO
10 ºS

N
Pando
Altitude (metros)
O L
Riberalta 3.000
S Asunción
1.500
600
Puerto Health
Nível do mar

Beni Magdalena

Peru
San Borja Trinidad Lhanos Brasil
La Paz
Puerto Acosta
Re g

Lago
Titicaca Concepción
i ão

Cochabamba
A nd

La Paz
Santa Cruz
ina ou

Cochabamba Re
gi
ã
Santa Cruz
o

Oruro
Ocid

do
Oriente

Oruro
ent

Sucre Puerto Suárez


al

Potosí
Camiel 20 ºS

Oceano Potosí Chuquisaca 0 55 km 110 km

Pacífico
Tarija Tarija
Chile Yaculba Paraguai

Argentina

Região dos Lhanos


É o domínio natural predominante na Bolívia, ampliando-se
por aproximadamente 73% de seu território. Abrange toda a área
central do país e se expande aos limites sul e sudeste nas divisas com

Capítulo 10 – Economias latino-americanas de base mineral 355

:47 CG_8ºano_10.indd 355 26/04/2018 17:51:47


355

ME_CG_8ºano_10.indd 355 16/05/2018 12:56:55


a Argentina e o Paraguai e, em sentido norte e leste, até entrar em
contato com as terras brasileiras.
Essa região é uma vasta e baixa planície onde o clima tropical
desenvolveu, de acordo com as características regionais de pluviosi-
dade, três formações vegetais diferentes: o Chaco; ao sul, vegetação
de savana, baixa e pouco densa; e, ao norte, onde a umidade é mais
elevada, aparece a portentosa Floresta Amazônica.

MP cz/Shutterstock.com
Lhanos de Moxos é uma área de savanas
tropicais na Amazônia Boliviana. Com
6,9 milhões de hectares é mais extensa do que
o Estado da Paraíba.

Região dos Andes

Localizado a oeste-sudoeste, nas divisas com o Peru e o Chile,


essa porção do espaço boliviano é constituída por dois conjuntos
de cordilheiras: a Cordilheira Ocidental, onde se encontra o pon-
to culminante do país, o Pico Samaja (6.542 m de altitude); e a
Cordilheira Oriental, ou Real, região em que estão localizadas as
maiores jazidas minerais da Bolívia.

Dmitry Pichugin/Shutterstock.com

O planalto boliviano tem uma altura mé-


dia de 3.700 metros e é cercado em uma
parte pela Cordilheira Ocidental e em outra
pela Cordilheira Oriental.

Entre as duas cordilheiras, encontramos o Altiplano, área pla-


na na qual os nativos praticam uma agricultura para consumo local.
Destacam-se os cultivos de milho, batata, frutas e coca. Nessa re-
gião está a cidade de Sucre, capital constitucional e judicial do país.

356 Capítulo 10 – Economias latino-americanas de base mineral

CG_8ºano_10.indd 356 26/04/2018 17:51:48 C


356

ME_CG_8ºano_10.indd 356 16/05/2018 12:56:56


Cenário 3

Equador
Território
Equador: mapa político

Esmeraldas Colômbia
Tulcán
Esmeraldas
Carchi
Ibarra
Imbabura
Equador Nueva Loja
0º Pichincha
Quito Sucumbios

Manabí Cotopaxi Tena


Napo
La
Port Viejo Los Tacunga
Ambato
Ríos
Tungurahua
Puyo
Oceano Babahoyo
Bolívar
Rio Bamba Pastaza

Pacífico Guayas
Guayaquil
Chimborazo
Macas
Canar
Azogues Morona-Santiago
Cuenca
Azuay
Machala 0 43 km 86 km
Fonte: Elaborado pelo autor.

El Oro
Loja

Peru
N
Loja
Zamora
O L
Zamora-Chinchipe
S 80 ºC

O Equador é o menor país em área territorial da América do


Sul andina, com seus modestos 256.370 km2. Limita-se com a
Colômbia ao norte, com o Peru a leste e ao sul e com o Oceano
Pacífico a oeste. Observe no mapa que ele é um dos dois países sul-
-americanos que não fazem fronteira com o Brasil.
Seu nome está diretamente ligado à linha imaginária — Linha
do Equador — que corta o Planeta, dividindo-o em dois hemisfé-
rios: Norte e Sul.

Espaço natural
O espaço natural do Equador é fortemente marcado pela presen-
ça da Cordilheira dos Andes, que atravessa o país de norte a sul pela
porção central do território, dividindo-o em duas planícies, uma lo-
calizada a oeste e outra localizada a leste. Dessa forma, o espaço equa-
toriano apresenta três ambientes naturais completamente distintos e
que podem ser destacados de acordo com a seguinte disposição:

Capítulo 10 – Economias latino-americanas de base mineral 357

:48 CG_8ºano_10.indd 357 26/04/2018 17:51:48


357

ME_CG_8ºano_10.indd 357 16/05/2018 12:56:56


Equador: demográfico e físico

N 0 33 km 66 km
Altitude (metros) L
O

S Colômbia
San Lorenzo
4.000
Esmeraldas
2.000
Tulcán
500
San
Migu
Nível do mar el Puerto El Carmen
Ibarra de Putumayo
Otavalo

sta
Equador Santo Domingo Cayambe Nueva Loja

Co
0º de los Colorados Aguarico
Quito

La
Chode
Napo
Caráquez

Nuevo Rocafuerte
Ilhas Galápagos Manta Calceta Velasco
Ibarra
Latacunga
Tena
Cu
I. Wolf Portoviejo Ambato rar
ay te

n
Jipijapa
I. Darwin

ie
Baños Puyo
Balzar

Or
Guaranda Riobamba
I. Pinta

o
Vinces Babahoyo

od
Daule
I. Genovesca
I. Marchena Salinas

gi ã
Milagro Pa
sta
Alausi za

Re
Macas

I. Santiago Guavaquil Elby Alfaro
La Libertad
I. Santa Cruz Equador
I. Fernandina Azogues
Superfície total: 283.561 km
2

Cuenca
I. Isabela
I. São Cristóvão Pasage
Sigsig População
I. Santa Maria Machala
I. Española Santa Rosa Mais de 1.000.000
90º O
Loja

Zamora Mais de 500.000


Macará
Oceano Peru Mais de 100.000
Pacífico Mais de 50.000
Mais de 10.000
Menos de 10.000
80 ºC

La Costa
Trata-se da região localizada a sotavento da Cordilheira dos
Andes. Tem como principal característica uma pequena planície
que varia de 30 km a 200 km de largura do sopé da cordilheira até
o Pacífico.
Por estar próxima da cordilheira, apresenta elevada umidade.
Grande parte das nuvens despeja nessa área chuvas abundantes, que
vão diminuindo em direção aos contrafortes dos Andes, criando
uma variedade de climas que vai do equatorial ao subtropical úmi-
do (na subida dos Andes), passando pelo tropical.
A posição geográfica de La Costa faz com que os raios solares
incidam perpendicularmente sobre o solo, por isso as temperaturas
desse espaço são elevadas.

358 Capítulo 10 – Economias latino-americanas de base mineral

CG_8ºano_10.indd 358 26/04/2018 17:51:48 C


358

ME_CG_8ºano_10.indd 358 16/05/2018 12:56:57


Sierra ou cordilheira
É constituída por uma sucessão de planaltos e vales encaixados
entre as duas cadeias paralelas — Cordilheira Oriental e Cordilhei-
ra Ocidental — criadas pela divisão da Cordilheira dos Andes, as
quais seguem paralelas e se estendem de norte a sul pela região cen-
tral do país. A Sierra é uma região de intensa instabilidade vulcâni-
ca. O vulcão de maior destaque é o Chimborazo (6.310 metros de
altitude), o ponto mais alto do país.
Na Sierra, estão concentrados 60% da população equatoriana.
É nessa região que está localizada Quito, capital do país, onde a
prática agrícola é muito intensa. Os cultivos de milho, cevada, trigo
e batata são voltados principalmente para o consumo interno.

Uwe Bergwitz/Shutterstock.com

O Monte Chimborazo é o ponto mais


alto da Terra quando medido pela distân-
cia entre sua base e a seu topo e não do Monte
Everest.

Região Oriental
Localizada a sotavento, ou a leste da cordilheira, a Região
Oriental é formada de baixos planaltos e planícies recobertas pela
Floresta Amazônica, onde domina o clima equatorial superúmido.
Área integrante da Amazônia Legal, abarca mais de 50% do
território do Equador. Em virtude da pluviosidade, apresenta uma
rica hidrografia constituída por rios caudalosos e perenes. No en-
tanto, a natureza agressiva faz com que essa região se constitua num
verdadeiro vazio demográfico, onde menos de 10% da população
consegue sobreviver.

Galápagos
Localizado no meio do Oceano Pacífico, a 1.000 km de distân-
cia do litoral do Equador, o arquipélago de Galápagos é composto
por várias ilhas de origem vulcânica. Ele serve de habitat para uma

Capítulo 10 – Economias latino-americanas de base mineral 359

:48 CG_8ºano_10.indd 359 26/04/2018 17:51:48


359

ME_CG_8ºano_10.indd 359 16/05/2018 12:56:58


impressionante fauna marinha, que compreende tartarugas-gigan-
tes, uma infinidade de peixes e a famosa iguana-marinha.

Jess Kraft/Shutterstock.com
Estudos indicam que o Arquipelágo de Galápagos surgiu há pelo menos 5 milhões de anos, em
Geografia em cena consequência de erupções de vulcões localizados sob o mar.

Galápagos significa “tar- Foi nessas remotas ilhas que o naturalista inglês Charles Darwin
tarugas”, em espanhol, e dá começou a elaborar a teoria da origem e evolução das espécies. Ele
nome a essas gigantes, que as visitou a bordo do veleiro Beagle, em 1835, e durante alguns dias
são um símbolo das ilhas. observou a exótica fauna. Hoje, Galápagos é um parque nacional
Elas chegam aos 270 quilos e protegido pela Unesco.
a 1,5 metro de ponta a pon-
ta (passando sobre o casco).
Sua digestão demora três Espaço econômico
semanas.
Principais atividades
A economia do Equador é tipicamente primária. O petróleo,
seu maior produto (cerca de 40% das exportações do país), é explo-
rado principalmente no Golfo de Guayaquil.
A nação também apresenta uma elevada produção de café, ba-
nana, açúcar e cacau, principais produtos agrícolas de exportação,
além do arroz, cujas plantações se espalham ao longo da região de
La Costa.
Do litoral, de intensa piscosidade, são extraídos grandes volu-
mes de atum e camarão, destinados tanto à exportação quanto ao
consumo interno.
O Equador tem uma industrialização pouco desenvolvida,

360 Capítulo 10 – Economias latino-americanas de base mineral

CG_8ºano_10.indd 360 26/04/2018 17:51:49 C


360

ME_CG_8ºano_10.indd 360 16/05/2018 12:56:58


travada pela ineficiente geração e disponibilidade de energia, com
uma pequena produção de bens manufaturados. Podemos destacar
as indústrias têxteis, alimentícias, moveleiras e de vestuário.

Atividades econômicas do Equador


N
Esmeraldas
Colômbia
O L
Oceano
Tulcán
Pacífico
S
Ibarra
Nueva Loja
$
Equador
0º G
Quito
Energia
G Gás natural

Central hidrelétrica Latacunga Tena

Petróleo Portoviejo
C Puyo
Oleoduto Guaranda
$ Riobamba
Indústria
C Babahoyo
Petroquímica Salinas Macas
Guayaquil
Química
Azogues
Cuenca
Papel
G
Têxtil
Machala
Alimentícia 0 37 km 74 km
G
C Cimento
Loja
Peru
Tabaco
Zamora
$ Centro financeiro
Pesca

Sociedade e espaço 80 ºC

O Equador conseguiu recentemente erradicar o analfabetismo,


segundo a Unesco. Em 2015, a nação contava com uma população
em torno de 16 milhões de habitantes, concentrada nas grandes ci-
dades das regiões de La Costa e da Sierra.
Observa-se uma elevação progressiva dos indicadores so-
ciais equatorianos: o IDH atualmente é de 0,739; a expectati-
va de vida ao nascer, de 75,9 anos; e a mortalidade infantil, de
21,1/mil nascidos.
Esses padrões, que são elevados para a América Latina, são re-
sultantes de séculos de luta e dominação do povo índio e mestiço,
denominado criollo. Desde a destruição da civilização inca, esse
povo lutou contra a opressão e a exploração espanhola para alcan-
çar a independência, ocorrida em 1822 com o final da Revolta dos
Criollos (iniciada em 1809).
Em 2008, a população do Equador era formada por 64,6% de
contribuição indígena, 31% de contribuição europeia e 4,4% de
contribuição africana.

Capítulo 10 – Economias latino-americanas de base mineral 361

:49 CG_8ºano_10.indd 361 26/04/2018 17:51:49


361

ME_CG_8ºano_10.indd 361 16/05/2018 12:56:59


Cenário 4

Chile
O território chileno
O Chile na América do Sul
Arica
Iquique
Calama

Guiana Atacama
Antofagasta
Venezuela Suriname
Guiana Francesa
Colômbia
Equador Copiapo
Equador
La Serena
Coquimbo
Viña del Mar
Peru Brasil Valparaíso Santiago
Oceano
Rancagua
Pacífico Bolívia
Talca

Concepcion Chillian

Paraguai Pucon
nio
apricór
o de C
Trópic Puerto Veras
Chile Puerto Montt

Argentina
Oceano Isla de Chiloe
Uruguai Atlântico
Puerto Chacabucco
Coihalque

Torres del Paine


N Puerto Natales
O L
0 383 km 766 km Punta Arenas
S

País de maior extensão norte-sul do planeta, com 4.300 km


desde a fronteira com o Peru ao norte até a Terra do Fogo no extre-
mo sul da América, o Chile abarca 756.096 km² de área territorial,
com uma largura de apenas 177 km do Oceano Pacífico até a sua
fronteira a leste com a Argentina e nordeste com a Bolívia.
Um dos dois países da América do Sul que não fazem fronteira
com o Brasil, o Chile começou a construção do seu espaço atual em
1535, quando os espanhóis, comandados por Fernão de Magalhães, pi-
saram as terras dos antigos incas, que viviam na porção norte, e arauca-
nos, que habitavam o centro-sul. Contudo, foi somente em 1540 que o
espanhol Pedro Valdivia, vindo do Peru, fundou a cidade de Santiago
e, posteriormente, Concepción. Dessa forma, estavam assentadas as
bases para a dominação espanhola nessa porção da América do Sul.

362 Capítulo 10 – Economias latino-americanas de base mineral

CG_8ºano_10.indd 362 26/04/2018 17:51:49 C


362

ME_CG_8ºano_10.indd 362 16/05/2018 12:57:00


Conquista e construção
espacial
Ocupação não tão tranquila, os colonizadores quase sempre
tinham que se defender dos ataques dos araucanos. Contudo, de-
senvolveram uma estável atividade agropecuária, principalmente
voltada para o consumo interno e centralizada na figura das gran-
des haciendas (fazendas).
Depois de quase três séculos de dominação, o Chile se procla-
ma independente como resultado de um esforço nativista da elite
criolla (mestiça de indígena e espanhóis), liderada por Bernardo
O’Higgins, que, com o apoio do general argentino José de San
Martín, venceu as tropas enviadas pelo administrador do Chile, o
Vice-Rei do Peru, para abafar movimentos de autonomia.

Espacialidade social
Chilenidade
A população absoluta do Chile em 2016 ultrapassou os 18 mi-
lhões de habitantes. Sua maioria é branca europeia e indígena. Foi
o que revelou uma pesquisa de opinião realizada pela organização
chilena Latinobarómetro. Segundo o estudo, 59% dos chilenos se
declararam brancos; 25%, mestiços; 8%, indígenas; 1%, mulatos;
e 2%, “outra raça”. Esse predomínio de brancos é resultado da cul-
tura espanhola e da entrada de vários imigrantes italianos, russos,
alemães que, após a independência, começaram a aportar no país.
Essa realidade torna a população chilena bastante homogênea,
o que serviu para a criação de uma identidade nacional denomina-
da chilenidade.
shipfactory/Shutterstock.com

Santiago, Chile, é um misto da história


vivida com a modernidade e o passado.
Cristãos e árabes passaram por ela, moldando
sua arquitetura.

Capítulo 10 – Economias latino-americanas de base mineral 363

:49 CG_8ºano_10.indd 363 26/04/2018 17:51:49


363

ME_CG_8ºano_10.indd 363 16/05/2018 12:57:00


Anotações
A chilenidade pode ser medida pelos excelentes indicadores
sociais, como o elevadíssimo IDH, 0,847; a alta expectativa de vida,
81,7 anos; a alta taxa de alfabetização, 97%; e a baixa taxa de mor-
talidade infantil, de apenas 7/mil nascidos. Esses índices tornariam
o Chile o melhor país para se viver na América do Sul ao longo
do século XX. Contudo, se essa chilenidade social é soberba, não
se pode dizer o mesmo no sentido político, uma vez que esse país
atravessou uma das mais opressivas ditaduras da América Latina no
século XX, a ditadura de Augusto Pinochet.
As maiores cidades do Chile estão localizadas na porção cen-
tral do país, onde encontramos, além da capital, Santiago, com seus
5,7 milhões de habitantes na área metropolitana, a cidade turística
de Viña del Mar, com 286 mil habitantes, e a cidade portuária de
Valparaíso, com 276 mil habitantes (principal porto do país).

Espacialidade
econômica
Principais atividades
Após a independência, as elites oligárquicas associaram-se ao
capital inglês, que passou a incentivar a prática da agricultura co-
mercial para exportação. Contudo, essa atividade não se tornou
produtiva em virtude da perversidade climática do território, que
é extremamente seco ao norte e rigorosamente frio ao sul. Mas,
mesmo assim, na atualidade encontra-se, em áreas irrigadas, uma
elevada produção de frutas, aveia, centeio, trigo, arroz, beterraba
açucareira, batata e uvas.

Free Wind 2014/Shutterstock.com


Leitura
complementar
Indicadores econômicos do O Chile consagrou-se, nas últimas déca-
das, como um dos melhores produtores
Chile de vinhos do mundo, pois seu clima e solo pro-
piciam o cultivo da uva.

O Chile, ao contrário de outras grandes 364 Capítulo 10 – Economias latino-americanas de base mineral
economias da América Latina, conseguiu se
manter economicamente estável. No entanto,
após anos de crescimento constante, o Chi- CG_8ºano_10.indd 364 26/04/2018 17:51:49 CG

le sofreu uma desaceleração de sua economia, eleições municipais que prenuncia o resulta- sas sociais uma das suas prioridades. As despe-
devido à queda dos preços internacionais do do das eleições presidenciais no final de 2017. sas das famílias aumentaram e, apesar disso, o
cobre, uma vez que é o primeiro exportador A oposição de direita é igualmente impopular. déficit público se agravou (devido a uma dimi-
mundial desse metal. Além disso, registraram protestos públicos ma- nuição nas receitas de mineração).
[...] ciços contra as reformas do trabalho, da educa- Apesar da crise econômica, a taxa de de-
Considerado durante muito tempo um ção e do sistema de pensões. Michelle Bachelet semprego no Chile diminuiu ligeiramente. A
modelo de transparência política e financeira na foi eleita com base em sua promessa de refor- pobreza continua a afetar quase 15% da popu-
América Latina, o país foi abalado por escânda- mar a Constituição e o sistema tributário. Em lação, e o nível das desigualdades permanece
los de corrupção relativos ao financiamento ile- 2016, a inflação caiu ligeiramente para 3,9% e muito elevado (é um dos países mais desiguais
gal de campanhas eleitorais. A taxa de apoio à a queda dos preços mundiais do cobre resultou da Organização para a Cooperação e Desen-
Presidente Michelle Bachelet é atualmente mui- em uma desaceleração no setor de mineração. volvimento Econômico — OCDE).
to baixa. Em outubro de 2016, a coalizão de cen- Por outro lado, o Governo está tentando limi- Reduzir as desigualdades de renda e di-
tro-esquerda no poder sofreu uma derrota nas tar seus gastos, embora tenha feito das despe- minuir a dependência do país em relação às

364

ME_CG_8ºano_10.indd 364 16/05/2018 12:57:01


Os três principais desafios da economia
chilena são: superar sua dependência tradicio-
Atualmente, o Chile tem como principal riqueza econômica o
nal em relação ao preço do cobre (a produção
cobre, que, extraído por diversas empresas privadas, muitas das quais
transnacionais, é exportado para os Estados Unidos, a Europa e o de cobre representa 50% das exportações do
Japão. Além do cobre, outros minerais, como nitrato, ferro, ouro, e país); desenvolver uma produção de alimen-
petróleo também são explorados e fazem parte da pauta de exporta-
ção do país. Uma das maiores nações pesqueiras da América do Sul,
tos autossuficiente (atualmente, a produção
o país também é o quinto maior exportador de vinhos do mundo. agrícola cobre menos da metade das necessi-
Sua industrialização não é muito desenvolvida e predominam dades internas); e aumentar sua produtivida-
no seu espaço indústrias tradicionais, como as de móveis, alimen-
tos, têxteis e pescados, cujo objetivo é abastecer, prioritariamente, de, especialmente no setor da mineração.
o mercado interno. Contudo, a partir de acordo com os Estados A agricultura e a pecuária constituem as
Unidos, o seu parque industrial vem crescendo e se modernizando. principais atividades praticadas no centro e no
A região mais industrializada do país é a porção central do seu
território, onde está Sanhattan, o centro financeiro de Santiago, o sul do país. A exportação de frutas e de legu-
principal polo econômico e político do país. mes alcançou níveis históricos devido a uma es-
A porção norte é a região onde está concentrada a maior par- tratégia deliberada de conquista dos mercados
te da produção agromineral. Em virtude do ambiente natural e do
subsolo, encontra-se na região a extração da madeira de coníferas, estrangeiros na Europa, na América do Norte
manganês, carvão mineral e ferro. e na Ásia, implementada nos anos de 1990. O
Chile aproveita de sua situação no Hemisfério
Espacialidade natural Sul para oferecer frutas que estão fora da esta-
Monotonia ambiental ção nos países do Hemisfério Norte.
Sua natureza ambiental é um tanto monótona. Somente os
tremores de terra e os vulcões ativos modificam temporariamente Disponível em: https://pt.portal.santandertrade.com/
a paisagem, visto que, como o país está localizado no Círculo de analise-os-mercados/chile/economia. Acessado em:
Fogo do Pacífico (região que concentra 90% do vulcanismo e terre- 03/03/2018.
motos do planeta), na região de contato entre as placas tectônicas
da América do Sul e de Nazca, vez por outra sua população é sur-
preendida por um abalo sísmico de grande intensidade ou por uma
erupção vulcânica de grandes proporções.

Anotações
sergej

O vulcão Ojos de Salado teve seu topo escalado, pela primeira vez, em 26 de fevereiro de 1937. Até então, é um posto turístico do deserto do
Atacama.

Capítulo 10 – Economias latino-americanas de base mineral 365

1:49 CG_8ºano_10.indd 365 26/04/2018 17:51:49

exportações de cobre representam, a longo anos. As principais atividades econômicas chile-


prazo, os principais desafios econômicos do nas são a exploração mineira (cobre, carbono e
Chile. Para alcançar esses resultados, o Chile nitrato), os produtos manufaturados (processa-
tem investido fortemente nas energias renová- mento agroalimentar, produtos químicos, ma-
veis, que deverão representar 20% da produ- deira) e a agricultura (pesca, vinhas e frutas).
ção de energia de toda a América Latina. O setor agrícola representa 3,3% do PIB,
o setor industrial mais de 35% e o de serviços
Principais setores econômicos 61,5%. Cerca de 9% da população trabalha
no setor agrícola, 24% na indústria e 67% nos
A economia do Chile é dominada pelos se- serviços. A queda do preço do petróleo impul-
tores industrial e de serviços. Os dois setores re- sionou o Chile a investir em energias renová-
presentam mais de 96% do PIB. A importância veis, as quais deverão representar 20% da pro-
do setor de serviços tem aumentado nos últimos dução de energia.

365

ME_CG_8ºano_10.indd 365 16/05/2018 12:57:01


Nesse ambiente, predominam as cordilheiras, como a dos An-
des, localizada na região leste do país. Seu alinhamento norte-sul
delimita as fronteiras chilenas com a Argentina e a Bolívia. Nessa re-
gião, podem ser encontradas montanhas com altitudes bastante ele-
vadas, que superam os 6.000 metros, como o vulcão Ojos del Salado,
com 6.880 metros. Na proximidade do Pacífico, a oeste, encontra-
mos a Cordilheira da Costa, que também apresenta um alinhamento
norte-sul, porém com altitudes inferiores a 2.000 metros.
Entre os Andes e a Cordilheira da Costa, a natureza produ-
ziu uma área de relevo rebaixado constituído de vales e depressões,
cujo mais destacado é o Vale Central, onde está localizada a maior
cidade do país, Santiago do Chile, a sua capital. Seu ambiente mais
ocidental é uma estreita planície fluvio-marinha semiárida e, em al-
guns trechos, pedregosa.
Por seu grande alongamento norte-sul, podemos encontrar
três ambientes climáticos distintos no Chile:

Ao norte, um ambiente semiárido e árido, proporcionado


pela passagem da corrente marinha fria de Humboldt.
Ao centro, um ambiente dominado por um clima mediter-
râneo e temperado ao longo do litoral.
Ao sul, onde as altitudes são mais elevadas, predomina um
ambiente de clima frio e úmido.

Atualmente, o Chile administra a Ilha de Páscoa e outras ilhas


localizadas no Oceano Pacífico.

Bryan Busovicki/Shutterstock.com

A Ilha de Páscoa é uma ilha vulcânica, cujo território tem a forma triangular e é o pedaço de
terra mais isolado do mundo, no limite da Polinésia Oriental.

Um de seus principais símbolos são, sem dúvida, os moais. Fas-


cinantes e misteriosas, essas esculturas de pedra vulcânica guardam
muitas questões sobre como foram construídas e transportadas
de um lugar a outro, devido ao seu gigantesco tamanho — alguns
moais chegam a ter 10 metros de altura e a pesar 80 toneladas.

366 Capítulo 10 – Economias latino-americanas de base mineral

CG_8ºano_10.indd 366 26/04/2018 17:51:50 C


366

ME_CG_8ºano_10.indd 366 16/05/2018 12:57:02


Cenário 5

Peru
Destruição do Império
Inca
Peru na América do SulColômbia

80º O 70º O
N
0 73 km 146 km

Equador O L

Tumbes
Iquitos
Tumbes
Loreto

Oceano Piura
Piura
Amazonas

Pacífico
Chachapoyas Moyobamba

Lambayeque
Cajamarca Brasil
Chiclayo
Cajamarca San Martin
La Libertad
Trujillo Pucallpa

Ancash

Huaráz Huánuco
Huánuco
Guiana Ucayali
10º S
Pasco
Venezuela Suriname Cerro
Guiana Francesa de Pasco
Colômbia Lima
Equador Junín
Equador Le Callao Huancayo Madre de Dios

Lima Huancavelica
Puerto Maldonado
Huancavelica Cuzco
Peru Brasil
Ayacucho
Cuzco
Bolívia Ica
Abancay

Ayacucho Apurimac
Bolívia
Puno
icórnio Paraguai Ica
co de Capr
Trópi
Chile
Arequipa
Oceano Uruguai Puno
Arequipa
Pacífico Argentina
Oceano Moquegua
Moquegua
Atlântico
Tacna
Tacna

Chile
Por ser o centro do Império Inca, o Peru, mais do que qualquer
outro país sul-americano, sentiu o impacto da invasão espanhola.
Quando o espanhol Francisco Pizarro chegou às terras que
hoje constituem o atual Peru, encontrou o Império Inca no auge do
seu desenvolvimento, mas sofrendo com a disputa pelo trono en-
tre dois irmãos: Atahualpa e Huascar. Com habilidade, o espanhol

Capítulo 10 – Economias latino-americanas de base mineral 367

:50 CG_8ºano_10.indd 367 26/04/2018 17:51:50


367

ME_CG_8ºano_10.indd 367 16/05/2018 12:57:02


soube tirar proveito da realidade e promoveu verdadeiros extermí-
nios sobre a população, constituída principalmente de quéchuas e
aimarás, e em seguida saqueou o rico acervo de peças utilitárias em
ouro, prata e pedras preciosas.
Aos sobreviventes, Pizarro destinou o trabalho escravo nas mi-
nas de prata e nas fazendas agrícolas.
Dessa forma, iniciou-se a saga do desaparecimento de uma das
civilizações mais brilhantes que a humanidade conheceu.

Mapa do extinto Império Inca

0 180 km 360 km Colômbia


Equador
Império Inca
Caminhos dos incas
Atuais limites

Peru Brasil

Oceano Macchu Picchu


Pacífico Cuzco
Bolívia
Nazca
Tiahuanaco

Equador

Paraguai

Chile
córnio
co de Capri
Trópi

Oceano
Pacífico
Argentina
Oceano
Atlântico N

O L

Espacialidade natural
Principais regiões
Outrora sede de um vasto império, cuja área territorial se es-
tendia da atual Colômbia até a porção central do Chile e o norte
da Argentina, o Peru atual apresenta uma área de 1.285.20 km²,
constituindo-se no terceiro maior país da América do Sul (Brasil e
Argentina são respectivamente os dois maiores).
Seus limites atuais são o Equador a noroeste, a Colômbia a
nordeste, o Brasil a leste, a Bolívia a sudeste, o Oceano Pacífico

368 Capítulo 10 – Economias latino-americanas de base mineral

CG_8ºano_10.indd 368 26/04/2018 17:51:50 C


368

ME_CG_8ºano_10.indd 368 16/05/2018 12:57:03


a oeste e o Chile, com quem possui a menor área de fronteira,
ao sul.
Seus ambientes naturais são marcados por três fatores que in-
fluenciam a distribuição climática e, por conseguinte, todos os as-
pectos naturais: a passagem da corrente marinha fria de Humboldt
ao largo do seu litoral; a presença da Cordilheira dos Andes na por-
ção centro-oeste; e a existência da floresta Amazônica ao leste. As-
sim, os espaços naturais peruanos estão divididos em três porções
bem distintas:

La Costa

Região extremamente seca em virtude da atuação da Corrente


de Humboldt, cuja área territorial abarca 2.000 km de extensão,
margeando as águas do Pacífico. Seu relevo é formado por uma pla-
nície que, a leste, é limitada pelas montanhas da Cordilheira dos
Andes. Nesta região, a chuva é um fenômeno raro e às vezes demora
anos para que algumas gotas de água caiam do céu. É aqui que en-
contramos algumas das principais cidades do Peru, como Chincha,
Trujillo, Callao e Lima, a “cidade em que nunca chove”.

Christian Vinces/Shutterstock.com

A cidade de Lima, no Peru, é a terceira maior cidade da América Latina, atrás apenas de São
Paulo e Cidade do México.

La Sierra

Localizada na porção centro-oeste do território peruano, esta


porção do espaço natural divide-se em dois grandes alinhamentos
montanhosos da Cordilheira dos Andes, que, no país, recebem as
denominações de Cordilheira Ocidental e Cordilheira Oriental.
Esta, em sua área central, esconde planaltos elevados que consti-
tuem a área dos altiplanos andinos.
Região de elevadas altitudes que superam facilmente os 6.000
metros, é nesta porção do espaço peruano que está localizado o pon-
to mais alto do país, o pico Huascarán, com 6.768 metros. Outro
fator importante desta região é a existência de um número signifi-
cativamente grande de vulcões, alguns dos quais em plena atividade.
La Sierra esconde duas das mais exuberantes paisagens da Amé-
rica do Sul: o Lago Titicaca, que, com seus 8.340 km2, constitui-se ao

Capítulo 10 – Economias latino-americanas de base mineral 369

:50 CG_8ºano_10.indd 369 26/04/2018 17:51:50


369

ME_CG_8ºano_10.indd 369 16/05/2018 12:57:04


Leitura
complementar mesmo tempo o maior lago desta porção do continente americano e
o lago navegável de maior altitude do mundo (3.812 m). A quanti-
dade de habitantes no seu entorno é bastante elevada; estes vivem
A identidade da América da pesca, da agricultura de subsistência e do extrativismo mineral.
Destacam-se nesta região as cidades de Puno e Cuzco, esta última
Latina a antiga capital do Império Inca, localizada ao sul do altiplano, que
era considerada por esse povo o centro do mundo, ou o umbigo
Na América Latina existe uma unidade (Cuzco, em quéchua) do mundo.
Nesta região, o clima frio de montanha desenvolveu uma co-
linguística e a ela corresponde uma unidade bertura vegetal rasteira de estepes, onde é muito comum a presença
cultural. Mesmo diante do argumento de que de animais como a lhama e a alpaca.
falamos espanhol e português, é convenien-

Shanti Hesse/Shutterstock.com
te recordar que se trata de duas línguas irmãs
capazes de serem mutuamente inteligíveis.
Acho até possível que, dentro de cem anos, fa-
lemos na América Latina um só idioma, hí-
brido, uma espécie de portunhol ou de espa-
nhoguês. Na realidade, essas duas variantes de O lago Titicaca, no Perú, foi berço de culturas riquissimas, como é o caso dos incas. Pela sua
fertilidade, eles desenvolveram-se em torno dele.

uma mesma língua oriunda da Península Ibé-


rica se difundiram aqui com uma profundi- La Selva
dade e uma extensão que não existem em seus Ambiente natural onde está localizado o Rio Amazonas, que,
países de origem. Aqui sobrevivem culturas e na região, recebe as denominações de Ucayali e Marañon, La Selva,
idiomas próprios, onde havia altas civilizações também chamada de Amazônia peruana, ocupa o leste da Cordi-
lheira Oriental. Nesta região, o clima equatorial quente e úmido
e onde existem grupos que guardaram memó- desenvolveu um ambiente de floresta densa e fechada. Esta recobre
ria do passado — México, Guatemala, Planal- uma vasta planície por onde passam rios que descem da vertente
oriental da Cordilheira dos Andes com grande volume de água,
to Andino, os guaranis. Mas a quase totalida-
como o Putomaio, o Napo e os que formam o Amazonas brasileiro.
de da população fala espanhol ou português. La Selva abrange cerca de 60% das terras peruanas, mas apresenta
Fruto da brutalidade com que foi feita a con- um escasso contingente populacional, apenas 1 hab./km2 de densi-
dade demográfica. Nesta região, destaca-se o porto fluvial de Iqui-
quista, é verdade. Mas também gerador de um tos, cidade que é o seu centro regional.
verdadeiro fenômeno de unidade de línguas.
Espacialidade social
Fonte: Darcy Ribeiro. América Latina: chegou a hora
da nossa identidade. In: Maureen Bisilliat (coord.). Diversidade
Memorial da América Latina. São Paulo: Empresa das
Atualmente, a população peruana é de aproximadamente 31
Artes, 1990. milhões de habitantes, o que faz do país o quarto mais populoso
da América do Sul. Entretanto, em virtude da sua diversidade na-
tural, a população está distribuída de forma desigual sobre o seu

Anotações espaço territorial.

370 Capítulo 10 – Economias latino-americanas de base mineral

CG_8ºano_10.indd 370 26/04/2018 17:51:51 CG

Leitura
complementar

Sucesso da civilização inca se


deve a dejetos de lhamas

Segundo pesquisa publicada no periódi-


co Antiquity, especializado em arqueologia, a
civilização inca pode ter crescido e evoluído
graças aos dejetos das lhamas.
Foi a transição da caça e coleta à agricul-

370

ME_CG_8ºano_10.indd 370 16/05/2018 12:57:04


Legado
As lhamas eram e ainda são comumente
A maior concentração populacional do Peru, cerca de 50% do
usadas nos Andes peruanos para carregar pro-
total, vive na região de La Sierra. Nesta região, é predominante a
presença do elemento indígena, que conserva costumes antigos, dutos e prover carne e lã.
vivendo da agricultura de subsistência, principalmente do milho, O lago Marcaccocha se localiza próximo
da batata e de outros cereais, além da criação de lhamas, alpacas e
alguns poucos ovinos e bovinos. Contudo, como precisam de di-
a uma antiga rota de comércio, e lhamas que
nheiro para complementar a renda para a sobrevivência, parte do transportavam bens entre a selva e as monta-
seu tempo é dedicado ao trabalho nas minas de cobre, prata, ouro, nhas costumavam parar ali para beber água e
zinco e chumbo, minerais abundantes na região.
A segunda maior concentração populacional peruana está em “fazer suas necessidades”.
La Costa, que abriga 40% do total. É nesta região que está localizada “Isso proveu fertilizantes, facilmente co-
Lima, capital atual do Peru, que concentra cerca de 30% de toda a letados — como ocorre hoje — pela popula-
população nacional. Na região metropolitana de Lima, vivem aproxi-
madamente 8,5 milhões de pessoas, a maioria em condições subuma- ção local para as plantações ao redor”, afirma
nas nos barriados, comunidades que se multiplicaram nas últimas Chepstow-Lusty.
décadas. Destacam-se também, como grandes contingentes popula- À medida que os incas adotaram o milho
cionais, a cidade de Callao, Chincha, Pisco, San Pedro e Trujillo.
O grande vazio populacional do Peru está na região de La Sel- — rico em calorias — em sua alimentação, sua
va, onde vivem diversos povos indígenas isolados da civilização. sociedade se desenvolveu na região de Cuzco.
No que diz respeito à sua distribuição étnica, um estudo ge-
Cerca de 1,8 mil anos desde o início da
nético, realizado em 2008 pela Universidade de Brasília (UnB),
aponta a população peruana como, majoritariamente, indígena, transição para a agricultura, uma onda pro-
apresentando a seguinte composição: 73% de contribuição indí- longada de clima cálido permitiu que os incas
gena, 15,10% de contribuição europeia e 11,90% de contribuição
africana. Esses dados são semelhantes aos do recenseamento rea-
realmente prosperassem e construíssem gran-
lizado pelo governo peruano, que indica que a população do país des assentamentos de pedra, como Machu
apresenta 50% de indígenas, na sua maioria quéchuas e aimarás; Picchu e Ollantaytambo.
7% de descendentes de espanhóis; 40% de mestiços de nativos e
espanhóis; e os 3% restantes constituídos por afrodescendentes —
Faz muito tempo que a civilização aca-
concentrados na região litorânea, uma vez que seus ancestrais fo- bou, destruída por conquistadores espanhóis
ram trazidos na condição de escravos para trabalhar nas plantations nos anos 1500 d.C. Mas seus descendentes,
exportadoras — e descendentes de asiáticos japoneses e chineses.
Essa população é, em sua maioria, pobre e apresenta indicado- os quéchuas, ainda usam os dejetos de lhama
res sociais baixos. como fertilizantes e como combustível para
aquecimento.
Yory Frenklakh/Shutterstock.com

“O vale está repleto de indígenas que se-


guem esse estilo de vida de 2 mil anos”, relata
Chepstow-Lusty.

Disponível em: http://www.bbc.com/portuguese/


noticias/2011/05/110522_lhama_incas_pai. Acessado
em: 03/03/2018.
Lima possui mais de 1.662 assentamentos
humanos periféricos, habitados em sua
maioria por famílias do interior do país, Peru.

Capítulo 10 – Economias latino-americanas de base mineral 371


Anotações
1:51 CG_8ºano_10.indd 371 26/04/2018 17:51:51

tura, 2,7 mil anos atrás, que permitiu aos in- Sua equipe encontrou uma correlação en-
cas se acomodar e prosperar na área de Cuzco, tre as primeiras aparições de colheitas de mi-
onde fica Machu Picchu, diz o autor do estu- lho entre 7000 a.C. — o que mostra a primei-
do, Alex Chepstow-Lusty. ra vez que o cereal teria sido plantado naquela
O pesquisador do Instituto Francês de altitude — e um aumento vertiginoso no nú-
Estudos dos Andes em Lima afirma que o de- mero de parasitas que se alimentam de excre-
senvolvimento da agricultura e o plantio de mentos animais.
milho é um fator crucial para o crescimento Os pesquisadores concluíram que a tran-
de civilizações. “Cereal faz as civilizações”, diz. sição ampla à agricultura só foi possível com
Chepstow-Lusty passou anos analisando um ingrediente extra: fertilizantes orgânicos
os depósitos orgânicos na lama de um peque- usados em grande escala. Em outras palavras,
no lago chamado Marcaccocha, que fica loca- muitos dejetos de lhamas.
lizada entre uma selva e Machu Picchu.

371

ME_CG_8ºano_10.indd 371 16/05/2018 12:57:05


Espacialidade econômica
Economia primária
Após a sua independência, em 1821, quando grandes proprie-
tários rurais e comerciantes, com o apoio de Sucre, Bolívar e San
Martín, venceram os dominadores espanhóis, a economia peruana
já era dominantemente primária, principalmente voltada para a ex-
ploração do seu rico subsolo, que apresenta ainda hoje uma vasta
abundância de recursos minerais. Confirmando essa verdade atual-
mente, apesar de séculos de exploração, o Peru é o maior produtor
de prata do mundo e um dos cinco maiores produtores mundiais
de cobre, estanho, molibdênio, ouro, chumbo e zinco. Nas áreas
ao norte do seu território e na região amazônica, são encontradas
jazidas de petróleo.

cesar loayza acero/Shutterstock.com


Em pouco menos de vinte anos, a atividade da mineração no Peru de 2 milhões de hectares passou a ocupar 20 milhões, com uma produção voltada
exclusivamente à exportação.

A atividade agrícola é pouco desenvolvida em virtude das ca-


racterísticas naturais do país. Porém, podemos destacar as produ-
ções de exportação do algodão e do café, que se juntam a uma varia-
da cultura alimentar, como milho, batata, cevada e outros cereais.
Como dissemos anteriormente, não existe nada que seja de
todo ruim, e a Corrente de Humboldt, que torna a região lito-
rânea extremamente seca, favorece a piscosidade das águas do Pa-
cífico peruano, o que torna o país um dos maiores produtores de
pescados do mundo, sendo nesta região que se produz um dos prin-
cipais produtos da exportação peruana: a farinha (o país é o maior
exportador mundial), utilizada para produção de ração animal.

372 Capítulo 10 – Economias latino-americanas de base mineral

CG_8ºano_10.indd 372 26/04/2018 17:51:51 C


372

ME_CG_8ºano_10.indd 372 16/05/2018 12:57:06


Cenário 6

América do Sul
não ibérica
Guianas e Suriname
Esta porção do espaço geográfico da América do Sul foi a única
a não ter sido colonizada por ibéricos (espanhóis e portugueses),
apesar de Cristovão Colombo e outros navegantes a serviço da Es-
panha terem costeado e até incursionado neste território durante o
final do século XVI. Coube aos holandeses, a partir de 1621, fincar
as raízes da colonização de exploração. Posteriormente, os france-
ses, em 1626, e os ingleses, em 1651, ocuparam a região, introdu-
zindo, da mesma forma que os holandeses, grandes plantations
açucareiras.
Entretanto, entre o século XVII e o início do século XIX,
tanto a Guiana como o Suriname ficaram nas mãos de diferentes
colonizadores: holandeses, ingleses e franceses. Apenas em 1814,
Holanda, França e Inglaterra dividiram a região entre si.

0 53 km 106 km N

O L

8º N
Mabaruma Oceano
Matthews Ridge
Anna Regna Atlântico
Georgetown
Venezuela
Guiana New Amsterdam
Paramaribo
Totness
Linden
Moengo
Issano St.-Larent du Maroni
Leydoro
Mahdia Apoera
Brownsweg Kourou
Saint-Ele Cayenne
Matoury
Orinduik
Citron Cacao

Goddo Regina
Patience
Apoteri

Pirara Kumaka Suriname Guiana St. Georges


Lethem Francesa
Camopi
Kawatoo Bienvenue
Dadanawa
Oronéque Sikima Magal
2º N

Bioku
Brasil
62º O 58º O 54º O

Capítulo 10 – Economias latino-americanas de base mineral 373

:51 CG_8ºano_10.indd 373 26/04/2018 17:51:51


373

ME_CG_8ºano_10.indd 373 16/05/2018 12:57:06


Guiana Inglesa
A Guiana Inglesa foi criada em 1814, quando a Holanda cedeu
parte do que eram denominadas terras guianenses à Inglaterra.
Em 1831, foi oficialmente batizada de Guiana Inglesa e passou a
ser uma colônia da Grã-Bretanha. Sua exploração voltou-se direta-
mente à produção de açúcar de cana para a exportação fundamen-
tada na monocultura, no latifúndio e na escravidão de africanos,
introduzidos na região em virtude da dificuldade de apresamento
do indígena, extremamente rebelde. Com a abolição da escravidão,
em 1837, os africanos passaram a ser substituídos por indianos,
principalmente nas áreas do centro e sul.
A vida seguiu assim até a década de 1960, quando o Partido Pro-
gressista do Povo, cuja principal pauta da plataforma era a independên-
cia, venceu seguidamente três eleições (1953, 1957 e 1961) e negociou
a autonomia junto à Inglaterra, fato que ocorreu no ano de 1966.
Autodenominada República Cooperativa da Guiana, atual-
mente é um país independente e faz parte da Comunidade Britânica
de Nações (Commonwealth) e da Comunidade do Caribe (Caricom).
Com capital em Georgetown, a República Cooperativa da
Guiana possui uma área territorial de 214.970 km2.
Com cerca 767.085 habitantes, sua população atual apresen-
ta, aproximadamente, 51% de descendentes de indígenas, além de
uma grande proporção de afrodescendentes, mestiços e uma quan-
tidade muito pequena de indígenas.
Sua economia é fundamentalmente baseada no setor primá-
rio. Assim, podemos destacar o extrativismo mineral, principal-
mente da bauxita, a exploração madeireira e a agricultura, sobres-
saindo a grande lavoura de cana-de-açúcar e, em menor escala,
milho, mandioca, arroz e de algumas frutas, além da criação de
gado bovino e da pesca.

tateyama/Shutterstock.com
CG

A cidade foi batizada Georgetown em


1812, depois que os britânicos ocuparam
a colônia durante as guerras napoleônicas.

374 Capítulo 10 – Economias latino-americanas de base mineral

CG_8ºano_10.indd 374 26/04/2018 17:51:51


374

ME_CG_8ºano_10.indd 374 16/05/2018 12:57:07


Diálogo com o

Suriname professor
A República do Suriname tornou-se colônia holandesa em Professor, comente com seus alunos que
1667, quando da assinatura do Tratado de Breda, entre a Inglaterra
e os Países Baixos, através do qual os primeiros cederam a região. a Guiana Francesa, antes de ser francesa, era
Em 1954, o Suriname tornou-se uma região autônoma do Rei- província da Coroa espanhola e, logo que os
no dos Países Baixos e alcançou a independência em 1975, quando franceses saíram do Brasil, eles se instauraram
passou a ser governada pelo ditador Desi Bouterse, que só deixou o
poder no final da década de 1980, sendo restabelecida a democracia. na Guiana e tomaram posse do local.
Atualmente, seu espaço territorial é de 163.820 km2, onde se
distribui uma população de aproximadamente 542.975 habitantes,
que na maioria são descendentes de indianos e javaneses (nativos da Anotações
Ilha de Java), trazidos para substituir a mão de obra africana após a
abolição da escravidão, em 1873.

tateyama/Shutterstock.com

Paramaribo, no Suriname, tem cerca de


250 mil habitantes e exporta bauxita,
arroz, cacau, café, entre outros. A indústria é
abastecida por cimento, tinta e cerveja.

País totalmente dependente da economia primária, tem na


bauxita o seu principal produto de exportação. Além desse produ-
to, a acanhada economia do Suriname também é baseada na agri-
cultura, exploração de madeira na região amazônica e produção de
açúcar e arroz.

Guiana Francesa
Embora esteja em território sul-americano, esta região, que foi co-
lônia francesa até 1946, é atualmente um departamento de ultramar
da França, portanto econômica e politicamente integrada a este país.
Nesta porção da América do Sul, as altitudes são relativamente
baixas, predominando planícies ao norte e baixos planaltos ao sul.
Contudo, no oeste da Guiana, fronteira com o Brasil, está localiza-
da uma região montanhosa, onde sobressai a Serra da Pacaraima,
e o seu ponto mais elevado, o Monte Roraima, com 2.870 metros.
Nas áreas litorâneas, surgem planícies em cujas margens desenvol-
veram-se densos manguezais, onde a pesca é bastante praticada.

Capítulo 10 – Economias latino-americanas de base mineral 375

CG_8ºano_10.indd 375 26/04/2018 17:51:52

:51
375

ME_CG_8ºano_10.indd 375 16/05/2018 12:57:07


O clima regional é o equatorial quente e úmido, e a vegetação
predominante é a Floresta Amazônica, porém nas regiões mais ele-
vadas aparecem manchas de savanas e campos.

Curioso/Shutterstock.com
O monte Roraima (acima) é uma montanha localizada na América do Sul, na tríplice fronteira entre Brasil, Venezuela e Guiana. Constitui um tepui,
um tipo de monte em formato de mesa bastante característico do planalto das Guianas.

Geografia em cena

Fronteiras extremas
Brasil / França – Paris, Amapá
Sim, o Brasil faz fronteira com a França – e é a maior que
eles têm, com quase 700 quilômetros, na Guiana Francesa,
um departamento ultramarino da França que faz divisa com o
Amapá. Lá, a moeda corrente é o euro, o que há anos atrai ama-
paenses em busca de trabalho. Tanto que há muitos brasileiros
francófonos na fronteira. Mesmo assim, a única ponte que liga
o Brasil à Guiana Francesa, sobre o rio Oiapoque, ainda não foi
inaugurada. Ela está pronta desde 2011.

Disponível em: http://super.abril.com.br/comportamento/fronteiras-


-extremas. acesso em 28/03/2017.

376 Capítulo 10 – Economias latino-americanas de base mineral

CG_8ºano_10.indd 376 26/04/2018 17:51:52 C


376

ME_CG_8ºano_10.indd 376 16/05/2018 12:57:08


Aprenda com arte

Machuca
Direção: Andrés Wood.
Ano: 2005.

Sinopse: A história transcorre em Santiago, em 1973, e tem como base uma ideia real da época do
governo socialista de Salvador Allende. Gonzalo, um menino de 11 anos, estuda no colégio Saint
Patrick’s, instituição religiosa onde estudam crianças de classe média e alta de Santiago. O sacerdote
McEnroe traz a este colégio um novo grupo de crianças, todas de classe baixa, com o fim de educá-las
sem discriminação e para que aprendam a respeitar-se mutuamente entre eles. Após alguns fatos nas-
ce uma amizade entre Gonzalo e Machuca, mas o enfrentamento social naquela época faz impossível
o sucesso dessa ideia.

El Libertador
Direção: Alberto Arvelo.
Ano: 2014.

Sinopse: Filme venezuelano

Denis Makarenko/Shutterstock.com
que conta a história de Simón
Bolívar, um militar que é con-
siderado herói e libertador na
América Latina por ter lidera-
do a independência de vários
países (Colômbia, Venezuela,
Bolívia, Peru, Equador e Pana-
má) e por ter lutado pelo direi-
to dos índios durante seu curto
período de vida.

Pequeno dicionário geográfico e cultural


Apresamento: Captura, aprisionamento.
Corrente de Humboldt: Também conhecida de corrente do Peru, corresponde a uma corrente
oceânica que se desloca pela extensão do oceano Pacífico. A denominação desse fenômeno foi em
homenagem ao naturalista alemão Alexander Von Humboldt, que realizou a descoberta.
Plantations: Tipo de sistema agrícola baseado em uma monocultura de exportação mediante a
utilização de latifúndios e mão de obra escrava.
Unesco: Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Criada em 1946,
em Paris, com o objetivo de assegurar a paz mundial.

Capítulo 10 – Economias latino-americanas de base mineral 377

:52 CG_8ºano_10.indd 377 26/04/2018 17:51:52


377

ME_CG_8ºano_10.indd 377 16/05/2018 12:57:09


Ensaio geográfico
1 Relacione as características com os países da América Latina:
a Bloco de países industrializados da América Latina.
b Países dependentes de exportação de mercadorias tropicais.
c Países que se tornaram base do narcotráfico.
d Países que são “paraísos fiscais”, onde é grande o fluxo de capitais clandestinos.
e País cuja economia se baseia na extração, comercialização e exportação do petróleo.

b Colômbia, Peru, Bolívia e Panamá.


a Brasil, Argentina, México e Chile.
c Colômbia, Peru, Bolívia e países do istmo centro-americano.
e Venezuela.
d Panamá, Bahamas e Caymam.

2 Observe o mapa abaixo e, de acordo com a divisão histórico-cultural, apresente a divisão da Amé-
rica e crie uma legenda:

Sugestão de legenda: A divisão histórico-


-cultural apresenta o continente americano
dividido em duas partes: América anglo-
-saxônica e América latina. O estudante
deverá criar uma legenda, indicando as
duas com cores ou símbolos diferentes.

378 Capítulo 10 – Economias latino-americanas de base mineral

CG_8ºano_10.indd 378 26/04/2018 17:51:52 C


378

ME_CG_8ºano_10.indd 378 16/05/2018 12:57:09


3 Na América do Sul, a maioria dos países foi colonizada por Portugal e Espanha, no entanto há uma
porção desse território americano que foi explorada por outros países, cujo idioma oficial não é portu-
guês nem espanhol. Quais foram essas áreas e como se deu a colonização de cada um delas:

A Guiana Francesa: Colônia francesa até 1947, desde então a Guiana Francesa é um departamento
ultramarino francês. Como parte integral da República Francesa, a Guiana Francesa é representada no
senado e na assembleia nacional da França. Seus cidadãos participam das eleições para presidente da
República Francesa.
Guiana Inglesa: A área foi reivindicada inicialmente pelos espanhóis, e logo após pelos neerlandeses,
que organizaram as colônias do Essequibo, Demerara e Berbice. Estas três colônias foram tomadas
pelos ingleses em 1796, oficialmente cedidas ao Reino Unido em 1814, e fundidas numa só colônia
em 1831, passando a chamar-se Guiana Inglesa, cuja capital era Georgetown(conhecida como Sta-
broek antes de 1812). A Guiana tornou-se uma república independente do Reino Unido em 26 de
maio de1966.
Suriname: O Suriname foi primariamente dominado por espanhóis no século XVI e em meados do
século XVII os ingleses estabeleceram-se lá. Embora mercadores neerlandeses tivessem estabelecido
várias colônias na região da Guiana antes, os neerlandeses não tomaram posse do que é hoje o Suriname
até ao Tratado de Breda, em 1667, que marcou o fim da Segunda Guerra Anglo-Holandesa. Depois de
se tornar uma parte autônoma do Reino dos Países Baixos, em 1954, o Suriname conseguiu a indepen-
dência em 1975, quando deixou de ser chamado de Guiana Holandesa.

4 Escreva sobre as quatro regiões naturais da Venezuela, caracterizando cada uma delas:

Litoral – Região plana onde a extração petrolífera está concentrada e que pode ser subdividida em duas
sub-regiões: Litoral Atlântico, a leste, em que estão localizados o delta do Rio Orinoco e o Golfo de
Paria; Litoral Norte, banhado pelas águas do Mar do Caribe.
Região dos Lhanos – Localizada na porção central do país, apresenta uma grande planície drenada
pelos afluentes da margem esquerda do Rio Orinoco e recoberta por uma vasta vegetação de savana,
que é parcialmente ocupada pela pecuária extensiva e por campos de plantio de algodão, arroz, milho,
devido à fertilidade natural do solo.
Região montanhosa – Localizada na porção noroeste da Cordilheira de Mérida (uma extensão dos
Andes), essa região é um maciço natural que separa as vastas planícies dos Lhanos da área onde está
localizado o Lago de Maracaibo. A exploração mineral divide o espaço com culturas de milho, cana-de-
-açúcar, algodão e café. Em virtude da altitude, apresenta clima de temperaturas amenas.
Maciço das Guianas – É a maior região natural da Venezuela e serve como separação natural entre esse
país e o Brasil. É nessa área que se encontra a maior queda-d’água do mundo: o Salto Ángel (979 me-
tros), na região de planaltos e montanhas cujas altitudes superam os 900 metros.

5 Explique o que foi o Império Inca e como se deu a sua destruição:

Os incas foram os povos que habitaram uma determinada parte da América do Sul, em especial, a
região da Cordilheira dos Andes. Os países habitados por esses povos foram: Chile, Bolívia, Peru e
Equador. No século XIII foi fundada a própria capital do império desses povos: a sagrada cidade de
Cusco, que hoje, é a capital arqueológica de toda a América Latina. Tais povos foram extintos quando
os espanhóis os dominaram, no ano de 1532.

Capítulo 10 – Economias latino-americanas de base mineral 379

:52 CG_8ºano_10.indd 379 26/04/2018 17:51:52


379

ME_CG_8ºano_10.indd 379 16/05/2018 12:57:10


Encerramento
1 (PUC–CAMP) “Esse país já teve um território bem maior que o atual. Nos séculos XIX e XX, perdeu
o Atacama; na Guerra do Pacífico, perdeu importante região, o que repercute até hoje no seu comércio. No
início do século XX, perdeu o Acre para o Brasil e, na década de 1930, parte do território do Chaco.”
O país referido no texto, que, ao longo de sua história, perdeu território para os seus vizinhos, é:
a. X a Bolívia, país andino com parte do território na Amazônia.
b. a Colômbia, país andino com parcela do território na Amazônia.
c. o Peru, país andino com parcela do território na Amazônia.
d. o Paraguai, país platino entre Brasil e Argentina.
e. o Uruguai, país platino e “tampão” entre o Brasil e a Argentina.

2 (Mackenzie) Assinale a alternativa incorreta.


a. A Venezuela apresenta uma das maiores taxas de urbanização da América, e seu maior polo
industrial e agrícola está localizado no norte do país.
b. O café é produto de grande exportação na Colômbia, destacando-se, também, as plantations de
banana e cacau.
c. O litoral norte do Chile apresenta uma paisagem árida, reflexo da Corrente de Humboldt, res-
ponsável pelo resfriamento das massas de ar.
d. A Bolívia se destaca na produção de estanho, prata e zinco, que são exportados por estradas de
ferro até os portos chilenos.
e. X A Patagônia é, na Argentina, uma região com características tropicais, onde se concentra a pro-
dução de cana-de-açúcar.

3 (Vunesp) Mais importante centro de exploração petrolífera da América Latina; renda anual per
capita superior a U$$ 4.700; localizada na parte setentrional da América do Sul; tem em seu território
o Lago Maracaibo. Todas essas referências identificam o(a):
a. X Venezuela. b. Colômbia.
c. Bolívia. d. Suriname.
e. Peru.

4 A América Andina é uma subdivisão da América do Sul. Os países integrantes dessa região apre-
sentam seus territórios cortados pela Cordilheira dos Andes. Todos esses países integram a América
Andina, exceto:
a. X Paraguai. b. Chile.
c. Bolívia. d. Colômbia.
e. Venezuela.

380 Capítulo 10 – Economias latino-americanas de base mineral

CG_8ºano_10.indd 380 26/04/2018 17:51:53 C


380

ME_CG_8ºano_10.indd 380 16/05/2018 12:57:11


5 (UFPE) Em relação aos Países Andinos, assinale a alternativa incorreta.
a. A exploração de recursos minerais constitui a principal atividade econômica dos Países Andinos.
b. A Venezuela é um dos grandes produtores e exportadores mundiais de petróleo.
c. Dentre os produtos agrícolas de exportação, destacam-se: o café, o cacau, a banana e o algodão.
d. X A falta de saída para o mar é um dos grandes problemas do Peru.
e. A presença dos Andes provoca a existência de paisagens diferentes das que encontramos em
outras regiões do mundo tropical.

6 (CFTMG)

“Por qué no te callas?”


Do rei para Chávez vira ringtone na Espanha

“Muitos espanhóis acharam tão divertido o pedido do rei Juan Carlos para que o presidente ve-
nezuelano, Hugo Chávez, se calasse que resolveram ouvir as palavras do soberano várias vezes ao dia.
Quase 500 mil pessoas já baixaram o toque para celulares em que se escuta o rei espanhol dizendo
“Por qué no te callas?”. A frase foi dita durante uma discussão com o presidente Chávez na XVII Cúpula
ibero-americana, realizada no Chile.
O novo ringtone já teria gerado uma renda de 2,2 milhões de dólares para as companhias que o
distribuem, segundo o jornal El País. Aproveitando a febre, empresários já estão criando camisetas e
outros produtos com a frase que virou hit. No YouTube, vídeos da discussão também receberam milha-
res de acessos.”

A reportagem acima tem como tema central um fenômeno da sociedade contemporânea, que explicita a:
a. disseminação da ideia de superioridade europeia em relação às suas ex-colônias.
b. manipulação midiática com o objetivo de fortalecer as ações políticas de governos populistas.
c. X apropriação frequente de acontecimentos sociais e políticos pelo mercado da mídia eletrônica.
d. discussão política, deflagradora de sérias crises diplomáticas, como alvo de ridicularização por
pessoas não politizadas.

7 À época da colonização europeia na América, um sistema agrícola amplamente utilizado era basea-
do na grande propriedade monocultora, com produção de gêneros tropicais, voltada para a exportação.
Esse sistema, na atualidade, persiste em países como Brasil, Colômbia, Costa do Marfim, Índia e Malá-
sia, dentre outros. O sistema agrícola descrito acima se refere à:
a. agricultura de subsistência.
b. agricultura de jardinagem.
c. X plantation.
d. agroecologia.
e. permacultura.

Capítulo 10 – Economias latino-americanas de base mineral 381

:53 CG_8ºano_10.indd 381 26/04/2018 17:51:53


381

ME_CG_8ºano_10.indd 381 16/05/2018 12:57:11


8 Além das exportações de minerais, frutas, vinhos e pescados, o Chile tem como principal fonte de
divisas a exportação de :
a. ferro.
b. ouro.
c. X cobre.
d. bronze.
e. manganês.

9 Quais os países correspondentes aos números 1, 2, 3, e 4, respectivamente?

3
1
Equador

2
a. X Venezuela, Equador, Trinidad e Toba-
go e Chile.
N

O L b. Chile, Bolívia, Equador e Uruguai.


S c. Equador, Chile, Peru e Paraguai.
icórnio
Tró pico d
e Capr d. Trinidad e Tobago, Chile, Equador e
Peru.
Oceano 4 e. Colômbia, Uruguai, Chile e Equador.
Pacífico
Oceano
0 460 km 920 km Atlântico

10 Quando chegaram à América, os europeus encontraram inúmeros povos que ocupavam o conti-
nente há milhares de anos. Estes povos posteriormente foram denominados povos pré-colombianos.
Dentre os vários povos pré-colombianos, três se destacaram por terem, de certa forma, encontrado um
desenvolvimento social bem avançado, formando verdadeiros Impérios. Estes povos eram:
a. os Portugueses, Astecas e Jês.
b. X os Astecas, Maias e Incas.
c. os Maias, Astecas e Espanhóis.
d. os Astecas, Tupis e Esquimós.

382 Capítulo 10 – Economias latino-americanas de base mineral

CG_8ºano_10.indd 382 26/04/2018 17:51:53


382

ME_CG_8ºano_10.indd 382 16/05/2018 12:57:11


BNCC
Habilidades trabalhadas
no capítulo

Capítulo 11 (EF08GE07) Analisar os impactos geoeco-


nômicos, geoestratégicos e geopolíticos da
América desenvolvida: ascensão dos Estados Unidos da América no
cenário internacional em sua posição de lide-
Estados Unidos Chicago é segunda cidade mais populosa
dos Estados Unidos é um importante centro rança global.
econômico, político e social dos Estados Unidos.

Objetivos
pedagógicos

• Traçar o perfil da maior potência mundial


da atualidade: os Estados Unidos da América.
• Apresentar e discutir as características desse
país quanto à sua formação territorial e às suas
condições naturais.
• Explicar a organização do espaço geográfi-
co americano.
• Identificar aspectos relevantes da popula-
ção norte-americana: crescimento popula-
cional reduzido, relação entre o racismo e o
aumento do índice de pobreza, distribuição
territorial.
• Debater as contradições dessa superpotên-
cia quanto a aspectos como a condição de
vida da população, marcadas tanto pelas boas
oportunidades quanto pelas desigualdades
sociais.
Neste capítulo, estudaremos o espaço
geográfico dos Estados Unidos, para • Demonstrar e discutir os aspectos que favo-
compreender as suas contradições recem a hegemonia americana.
internas e seu imperialismo externo.
• Estudar a independência dos EUA e o pro-
cesso que fez desse país uma potência econô-
ock.com
mica, político-militar e cultural.
• Destacar como ocorrem as influências cul-
TRphotos/Shutterst

Capítulo 11 – América desenvolvida: Estados Unidos 383


turais dos Estados Unidos sobre as demais cul-
turas do mundo.
CG_8ºano_11.indd 383 26/04/2018 17:54:10 • Caracterizar as atividades econômicas pre-
Anotações dominantes em cada região americana.

383

ME_CG_8ºano_11.indd 383 16/05/2018 12:58:23


Cenário 1

América
desenvolvida
Construção e apropriação
A principal teoria sobre o povoamento da América defende
que os primeiros habitantes dessa região chegaram entre 50 mil e
12 mil anos atrás e eram grupos de caçadores que saíram da região
da Ásia oriental e atravessaram o Estreito de Bering durante a últi-
ma grande glaciação.

O ser humano na América


Oceano Glacial Ártico

ing
N

ito de Ber
Alasca O L
Sibéria
Europa Ásia
S

Estre
América
do Norte Oceano
Atlântico
Deserto do Saara

Filipinas
África Terra de Sunda
Nova Guiné
América
Oceano do Sul
Polinésia
Índico Oceania
Oceano
Pacífico
Prováveis rotas do ser humano para a América

Posteriormente, espalharam-se pelo território, passando a vi-


ver como seminômades, praticando uma agricultura rudimentar
associada à caça e à pesca.

Cenário 2

Estados Unidos
O berço das liberdades
democráticas
Considerados o berço das liberdades democráticas, os Estados
Unidos estão localizados na América do Norte, entre o Canadá, ao

384 Capítulo 11 – América desenvolvida: Estados Unidos

CG_8ºano_11.indd 384 26/04/2018 17:54:11 C


384

ME_CG_8ºano_11.indd 384 16/05/2018 12:58:24


:11
CG_8ºano_11.indd 385

ME_CG_8ºano_11.indd 385
Estados Unidos: mapa político
N
Olympia
45º O L
Washington L. Superior
Helena Dakota S
Grandes Lagos Maine
do Norte Augusta
Salem Montana L. Huron Vermont
Boise Bismarck Minnesota New Hampshire
Oregon Montpelier
St. Paul Concord
Pierre Wisconsin L. Ontário Albany Boston
Idaho Michigan Massachusetts
Dakota Madison Nova York Providence
Wyoming L. Eriê Hartford Rhode Island
do Sul Lansing Connecticut
Iowa L. Michigan Pensilvânia Trenton
Sacramento Cheyenne Nebraska Harrisburg Nova Jersey
Carson City Des Moines
Ohio
Washington DC Dover
Salt Lake Lincoln
Illinois Indiana
Nevada City Denver Springfield Delaware
Columbus Virgínia Maryland
Jefferson Indianapolis Ocidental Annapolis
Utah Topeka City
Califórnia Colorado Charleston Richmond
Kansas Frankfort Virgínia
Missouri Kentucky Raleigh
Oceano Santa Fé Nashville Carolina
Arizona Oklahoma Tennessee Norte
Pacífico Colúmbia do
Arkansas Atlanta
Novo México Oklahoma City
Alabama Carolina
Phoenix Little
30º Mississípi Geórgia do Sul
Rock Montgomery Oceano
120º Texas Atlântico
Jackson
Louisiana 75º
Austin Tallahassee
Baton Rouge
Flórida

Golfo do México

90º Oeste de Greenwich


Havaí
Honolulu
0 133 km 266 km
20º

160º Alasca
Canadá
60º
Capital do País
Oceano Pacífico
Capital do Estado

Capítulo 11 – América desenvolvida: Estados Unidos


Limite do Estado
180º 160º 140º

385

26/04/2018 17:54:11
385

16/05/2018 12:58:24
norte, e o México, ao sul. Atualmente, incluindo as terras do Alas-
ca, o território estadunidense totaliza uma área de 9.831.510 km2,
o que o torna o quarto maior país do mundo em área territorial.
Esse território está dividido, politicamente, em cinquenta esta-
dos autônomos, dos quais 49 são continentais, incluindo o Alasca,
na fronteira entre a América e a Ásia, no Estreito de Bering, e o
Havaí, no Pacífico; e o Distrito de Colúmbia, distrito federal onde
está localizada a capital, Washington.
Além dos cinquenta estados, os Estados Unidos também pos-
suem cinco territórios de ultramar: Samoa Americana, Guam e as
Ilhas Marianas do Norte, no Pacífico, e Porto Rico e Ilhas Virgens
Americanas, no Caribe. Entretanto, os habitantes nascidos nessas
áreas (exceto na Samoa Americana), mesmo possuindo cidadania
estadunidense, não podem eleger um presidente e têm apenas uma
representação, sem direito a voto, no Congresso.

Cenário 3

As Treze Colônias
A conquista do espaço
Os primeiros colonizadores europeus chegaram ao atual territó-
rio dos Estados Unidos no século XVI. A área de contato inicial foi a
região nordeste, onde viviam numerosos povos indígenas, que, rapi-
damente, passaram a ser exterminados pelas armas de fogo, doenças e
bebidas alcoólicas dos europeus. Contudo, como não havia riquezas
minerais, o território foi pouco explorado e deixado de lado.
Entretanto, na metade do século XVI, a rainha Elizabete I da
Inglaterra, interessada pela colonização da América do Norte, esta-
belece um acordo com duas companhias de comércio para colonizar
essa porção do seu império de ultramar: a Companhia de Plymouth,
que ficou encarregada das terras localizadas no sul, e a Companhia de
Londres, cuja tarefa era desenvolver as terras do norte.
Fechado o acordo, as duas companhias passam a enviar para a
América do Norte levas enormes de colonos.
Rapidamente, uma “maré humana”, constituída de aventu-
reiros de diversas origens, agricultores sem terras, degredados,
órfãos e crianças raptadas, mulheres (na maioria prostitutas), di-
versos grupos protestantes — puritanos, quakers, calvinistas e ba-
tistas —, fugitivos da perseguição imposta pela monarquia ingle-
sa a todos que eram contrários ao anglicanismo e ao absolutismo,
chegou à América.
Tudo começou quando, em 1620, um grupo de aproximada-
mente cem puritanos, os Pais Peregrinos (Pilgrim Fathers), deixou

386 Capítulo 11 – América desenvolvida: Estados Unidos

CG_8ºano_11.indd 386 26/04/2018 17:54:11 C


386

ME_CG_8ºano_11.indd 386 16/05/2018 12:58:25


a Inglaterra a bordo do Mayflower e, depois de vários dias, aportou

Reprodução
na costa de Massachusetts, onde rapidamente fundou um próspero
núcleo de colonização chamado New Plymouth.
Contudo, uma coisa deve ser ressaltada: esse núcleo pioneiro,
que possuía formação escolar elevada, tinha enraizado no seu es-
pírito a forte crença de que eram os eleitos de Deus para coloni-
zar a América. Para o bem e para o mal, esse pensamento religioso
marcará de forma vertiginosa a ideologia futura de dominação do
continente americano pelos estadunidenses.
No início da colonização, eram apenas ingleses, porém, com o
passar do tempo, pessoas de outras nacionalidades, como irlandeses,
escoceses, franceses e alemães, perseguidos políticos ou religiosos,
aportaram na América do Norte em busca de paz ou de fortuna.
A Era Elisabetana, no campo político, é
Além destes, milhares de homens negros africanos foram trazidos associada à estabilidade do reino e fortale-
para o trabalho escravo, principalmente nas terras do sul. Isso fez cimento do sentimento de identidade nacional.
com que a população não nativa crescesse rapidamente e já no final
do século XVII ultrapassasse a casa de 3 milhões de pessoas.
As duas primeiras colônias criadas foram Jamestown (atual
Virgínia), em 1607, e Nova Amsterdã, atual Nova York, funda-
da em 1614 por holandeses na maioria saídos do Recife, mas, em
1664, foi dominada pela Inglaterra, que a rebatizou. Com o passar
dos anos, surgiram outras onze colônias, que constituíram as Treze
Colônias pioneiras.

As Treze Colônias

a
n ço
ç

ure

Lago Superior
husetts
an

Lo

o

io New
R

Hampshire
Fr

Lago Huron
ac

Lago
n

Nova York
a
Lago Michiga

Ontário ss
Ma
v
o

Rhode Island
N
Lago Erie Connecticut
Pensilvânia
Nova Jersey
N
Maryland
O L Delaware
a

hio
Rio O Virgínia
S
Oceano
n
i a

Atlântico
pi
sissi

i s

Carolina do Norte
Mis

L o u
Ri o

Carolina do Sul
e
he
attahooc

Geórgia
0 115 km 230 km
Ch
Rio

Territórios
Espanhóis Capítulo 11 – América desenvolvida: Estados Unidos 387
Golfo do México

:11 CG_8ºano_11.indd 387 26/04/2018 17:54:11


387

ME_CG_8ºano_11.indd 387 16/05/2018 12:58:25


Sugestão de
abordagem Movidas pela força do trabalho — uma vez que, para os purita-
nos, principalmente os mais doutrinados pelo calvinismo, o trabalho
é algo edificante, enquanto o ócio é considerado um dos maiores pe-
Construa com os alunos um quadro ilus- cados, portanto, para ser salvo do inferno, era necessário enriquecer a
partir do trabalho —, as colônias prosperaram rapidamente.
trativo dos aspectos que fazem dos Estados Contudo, apesar da prosperidade coletiva, as colônias apresen-
Unidos uma potência econômica (1ª coluna), tavam grandes diferenças econômicas e sociais entre si.
político-militar (2ª coluna) e cultural (3ª co- Nas colônias do norte e centro (Maine, New Hampshire, Mas-
sachusetts, Rhode Island, Nova York, Connecticut, Pensilvânia,
luna). Cada uma das colunas deve conter o Nova Jersey e Delaware), onde o ambiente climático era semelhante
maior número possível de elementos que jus- ao europeu, a economia desenvolveu uma colonização tipicamente
tifiquem esses títulos. de povoamento, com base na policultura de milho, maçã, batata e
trigo, realizada em pequenas propriedades e com o suporte da mão
de obra familiar ou servil. Paralelamente, desenvolveram-se diversas
manufaturas que trabalhavam o couro, a madeira, a lã e o ferro.

oãçudorpeR
Anotações

O formato de povoamento ocorrido nas


colônias americanas permitiu rapida-
mente o surgimento de um sentimento afetivo
pela terra. As pessoas que para lá migraram pas-
saram a morar e constituir suas famílias.

Essa volumosa produção serviu como base de um próspero


comércio de exportação, denominado comércio triangular, que
consistia na compra de melaço nas Antilhas e sua transformação
em rum. Posteriormente, esse rum era levado para a costa atlântica
da África e trocado por escravos, que eram trazidos para a América
do Norte e vendidos para as colônias do sul e para as Antilhas, de
onde os navios voltavam carregados de melaço.
Nas colônias sulinas (Virgínia, Carolina do Norte, Carolina
do Sul, Maryland e Geórgia), onde o ambiente morfoclimático era
completamente diferente do europeu (clima quente e relevo de pla-
nície), a economia caminhou em sentido contrário ao do norte: co-
lonização de exploração fundamentada na agricultura de gêneros
tropicais, como o fumo e o algodão, em grandes propriedades mo-
nocultoras (latifúndios), com a utilização do trabalho de escravos
trazidos da África. As plantations passam rapidamente a dominar a
paisagem sulina.

388 Capítulo 11 – América desenvolvida: Estados Unidos

CG_8ºano_11.indd 388 26/04/2018 17:54:12

C
388

ME_CG_8ºano_11.indd 388 16/05/2018 12:58:26


Comércio triangular das Treze Colônias
rados Inglaterra
ufatu
0 409 km 818 km ma n
Europa
o s
ut ns
od ag e
Pr ferr
se
Boston i do Sal, frutas
Tec os
r ad e vinho
Nova York u fatu
Espanha
n
Ma
América Filadélfia Portugal
ca r ar
açú çúc
ea
do Norte Charleston laç
oe r um

Peixe,
e o,
M laç
Me
As Treze Colônias Peixe, c
ereais e madeira ser
rada

mad

Esc
e
Alimentos,

ira
madeira, etc.

ravo
eg
Ru
N
ad

s
m
+r
o um
da O L
Jamaica s An
tilh
Pequenas as
S
Antilhas Escr
avos
Costa
Costa do
do Ouro
Marfim
Oceano
Pacífico Oceano
América
Atlântico
do Sul

Dessa forma, o espaço produzido passou a apresentar um


grande abismo econômico, político e social: as colônias do sul
construíram uma sociedade aristocrática e marcada por uma gran-
de desigualdade social, fundamentada economicamente no pilar
monocultura-latifúndio-escravidão-exportação. Por outro lado, as
colônias do centro e do norte alicerçaram uma sociedade empreen-
dedora, com certa mobilidade social, com uma economia funda-
mentada na policultura, na manufatura e num fluente e lucrativo
comércio exterior. Essa diferença econômica e social propicia às
colônias do norte, também chamadas de Nova Inglaterra, certa
autonomia política em face da Inglaterra.
Mesmo que apresentassem profundas diferenças nos campos
econômico, social e na sua autonomia em relação à metrópole, as
Treze Colônias apresentavam semelhanças na sua organização polí-
tico-administrativa. Todas criaram assembleias que possuíam auto-
nomia para criar impostos locais, elaborar leis que eram submetidas
ao governador e votar o orçamento do governo colonial.

4:12
A caminho da
independência
No início, as relações entre a Inglaterra e as Treze Colônias
foram relativamente amistosas, visto que, entre os séculos XVII e
XVIII, o Parlamento, em acordo com o monarca inglês, assumiu
uma atitude de não interferência nos assuntos internos das colô-
nias. Contudo, a relação começa a declinar no exato momento em

Capítulo 11 – América desenvolvida: Estados Unidos 389

CG_8ºano_11.indd 389 26/04/2018 17:54:12


389

ME_CG_8ºano_11.indd 389 16/05/2018 12:58:26


Leitura
complementar que a Inglaterra percebe que vários produtos provenientes da Amé-

Reprodução
rica do Norte estão competindo e tomando seu espaço no mercado
externo. A explosão de animosidades ocorre após a Guerra dos Sete
O nascimento de uma Anos (1756 a 1763), entre a França e a Inglaterra.
superpotência

Reprodução
O território atual dos Estados Unidos
foi colonizado por britânicos, franceses e es-
panhóis; no entanto, foram os britânicos que
mais influenciaram e, por fim, se tornaram he-
gemônicos na formação da sociedade estadu-
O movimento de independência das Tre-
nidense. Desde quando foi fundada a primei- ze Colônias foi influenciado pelas ideias
iluministas, como direito à liberdade e maior
ra colônia na América do Norte, Jamestown, participação popular nas decisões políticas.

na Virgínia, em 1607, outras surgiriam ao


longo do século XVII, sempre na estreita faixa
A morte do General Wolfe na Batalha das Planícies de Abraão, fundamental no cenário norte-ame-
que se estende do Oceano Atlântico aos Mon- ricano da Guerra dos Sete Anos.

tes Apalaches, formando treze colônias. A Guerra dos Sete Anos foi motivada pela posse de territórios
na América do Norte. O campo de luta colocou de lados opostos,
além dos dois países envolvidos diretamente, uma complexa trama
Formação territorial, de aliados na Europa e na América. Ao final do conflito, a vitorio-
independência, expansão e projeto sa Inglaterra obrigou a França a entregar várias de suas possessões
nas Antilhas e na América do Norte. Contudo, a guerra foi muito
imperial dos Estados Unidos da dispendiosa, e os ingleses decidem equilibrar suas contas criando
América uma série de novas leis e impostos sobre os colonos que habitavam
principalmente as colônias do norte.
A conquista e a colonização dos Estados A primeira lei imposta pela Inglaterra contra os colonos foi a Lei
do Açúcar (1764), que elevava os impostos cobrados sobre o açúcar e
Unidos da América foram obras do “expansio- derivados de cana, vinho, artigos de luxo e café importados, além de
nismo europeu”, assim como a Guerra de Inde- obrigá-los a comprarem melaço apenas das Antilhas inglesas.
pendência, que, em 4 de julho de 1776, marcaria

Reprodução
o rompimento dos laços dos colonos americanos
com a metrópole, que resultou na independência
política do primeiro Estado Nacional fora da Eu-
ropa. O nascimento dos Estados Unidos da Amé-
rica seria o primeiro passo para a universalização
do sistema político interestatal inventado pelos
europeus, que se completaria apenas no final do A lei do açúcar está na raiz da insatisfação
século XX. Após sua independência, impulsiona- das Ttreze Colônias, que culminou no
processo de independência, no século XVIII.
dos pela ideologia do Destino Manifesto, os esta-
dunidenses dariam início à sua expansão territo- 390 Capítulo 11 – América desenvolvida: Estados Unidos
rial, conquistando terras que se estenderiam do
Oceano Atlântico, a leste, até o Oceano Pacífico,
a oeste. Essa fase seria denominada de imperialis- CG_8ºano_11.indd 390 26/04/2018 17:54:13

mo interno, marcada pelo genocídio das socieda- Paz com a Grã-Bretanha, em 1784, os estadu- o Novo México; e a Califórnia, em 1848. Em
des indígenas e por conquistas territoriais aos me- nidenses mandavam seus primeiros navios co- 1823, o Presidente James Monroe declarava “a
xicanos. Essa expansão se deu de forma contínua, merciais aos portos asiáticos e, meio século de- América para os americanos” e inaugurava, as-
como aconteceu com os Estados Nacionais que já pois, em 1844, ao lado das grandes potências sim, mais uma doutrina no pretensioso projeto
haviam se transformado em impérios coloniais e europeias, impunham tratados comerciais à de conquista e dominação hegemônica sobre o
em grandes potências. China e posteriormente ao Japão, em 1854. restante dos territórios do continente.
Nesse processo expansionista, muitos ter- No início do século XIX, o governo esta-
ritórios foram anexados após várias vitórias es- dunidense ordenava expedições punitivas do Fonte: LINHARES, Francisco. Neo-hegemonia
tadunidenses nas guerras de conquistas. Outros tipo colonial, ambas no norte da África, onde americana ou multipolaridade anárquica: de
foram comprados ou cedidos como resultado seus navios bombardearam as cidades de Trí- Whestphalia a Globalização do século XXI. Monografia
de acordos. A ideia de expansão era tão forte na poli (capital da Líbia), em 1801, e Argel (capi- de término de curso de Pós-graduação em Relações
formação do Estado norte-americano que, ape- tal da Argélia), em 1815. Em 1819, anexaram a Internacionais pela Faculdade Católica do Ceará, 2007.
nas um ano depois da assinatura do Tratado de Flórida; o Texas, em 1935; o Oregon, em 1846; p. 22 e 23.

C
390

ME_CG_8ºano_11.indd 390 16/05/2018 12:58:27


Essa lei gerou vários protestos por parte dos colonos, porém a

Reprodução
metrópole não se intimidou.
O termômetro das animosidades dispara quando, em 1765,
a metrópole impõe às colônias a Lei do Selo, obrigando todos os
jornais, cartas, contratos e documentos públicos a receber um selo
real. O problema, entretanto, não estava na selagem em si, mas no
fato de que o dinheiro arrecadado com a venda dos selos ia direta-
mente para os cofres da Coroa inglesa.
Dessa vez a reação não ficou apenas em protestos pacíficos. Os
colonos invadiram e depredaram agências postais, queimaram selos
e passaram a boicotar os produtos ingleses. Para eles, a prática da
participação nas decisões administrativas era uma questão de hon-
ra e por esse motivo negavam-se a pagar impostos criados por um
Parlamento (o inglês) no qual não possuíam representantes. Um A Lei estabeleceu que todos os documen-
ano de embates fez com que a Inglaterra suspendesse a Lei do Selo, tos oficiais em circulação na América in-
mas no ano seguinte impôs aos colonos uma nova carga de impos- glesa, além de jornais e livros, eram obrigados a
portar selos comprados.
tos. Agora eram as importações de vidro, corante, papel e chá que
deviam pagar elevadas taxas alfandegárias.

O massacre de Boston
A reação dos colonos a essas novas imposições tinha todos os
ingredientes para ficar na história como uma das manifestações de
protestos mais banais de que se tem conhecimento: os colonos lan-
çaram contra uma sentinela britânica, bolas de neve e pedras. Mas a
reação dos soldados foi brutal: abriram fogo contra os manifestan-
tes, matando cinco de seus participantes.
O fato é que o chamado Massacre de Boston serviu de com-
bustível para alimentar a propaganda a favor da independência.
Muitas insatisfações ainda estavam por vir e as revoltas começam
a tornar-se cada vez mais frequentes. Foi quando, em 1773, a Coroa
inglesa impõe a Lei do Chá, concedendo à Companhia das Índias
Orientais o monopólio da venda de chá para as Treze Colônias.
Reprodução

4:13

Os colonos se revoltaram contra as ta-


xações excessivas e, num protesto que
deveria ter sido pacífico, foram alvejados por
soldados ingleses.

Capítulo 11 – América desenvolvida: Estados Unidos 391

CG_8ºano_11.indd 391 26/04/2018 17:54:14


391

ME_CG_8ºano_11.indd 391 16/05/2018 12:58:28


A Festa do Chá de
Boston (Boston Tea Party)
Houve novamente uma reação pacífica dos colonos contra uma lei
dura imposta pela Inglaterra: disfarçados de índios, 150 colonos inva-
dem três navios ingleses ancorados no porto de Boston e atiram todo o
carregamento de chá ao mar. A reação inglesa é, mais uma vez, severa:
impôs as chamadas Leis Intoleráveis, reduzindo o direito de reunião
dos colonos, determinando que qualquer ato de rebeldia deles seria jul-
gado por tribunais ingleses, e fechando o porto de Boston até que os
prejuízos causados pelo derramamento do chá fossem pagos.
A partir desse momento, o sentimento antimetrópole tornou-se
agudo, e nem mesmo a proibição do direito de reunião impediu que
várias sociedades secretas fossem criadas com o objetivo de unir os
colonos em torno de um projeto de independência.
Dentre essas sociedades secretas que surgiram, uma ganhou desta-
que: Os Filhos da Liberdade, que contava com a ativa participação de
artistas e intelectuais adeptos dos ideais iluministas. Entre os seus mem-
bros estavam Benjamim Franklin, Thomas Jefferson e Samuel Adams,
que desempenharam papéis decisivos no processo de independência.

Reprodução
A Lei do Chá, em 1773, gerou forte rea-
ção dos colonos, que destruíram carrega-
mentos de chá no episódio que ficou conhecido
como Festa do Chá de Boston.

O Congresso da
Filadélfia
Liderados por Franklin, Adams e Jefferson, os colonos resolve-
ram organizar, no ano de 1774, um congresso para tomarem medi-
das diante de tudo que estava acontecendo (apenas a Geórgia não
enviou representante). Como não existiu consenso em torno da in-
dependência, o congresso não assumiu um caráter separatista, ape-
nas foi elaborada uma petição, que foi enviada ao rei da Inglaterra,
protestando contra as medidas impostas contra as Treze Colônias e
exigindo o fim das mesmas, bem como uma maior participação dos
norte-americanos na vida política da colônia.

392 Capítulo 11 – América desenvolvida: Estados Unidos

CG_8ºano_11.indd 392 26/04/2018 17:54:14 C


392

ME_CG_8ºano_11.indd 392 16/05/2018 12:58:29


O Segundo Congresso
da Filadélfia
A reação de George III, rei da Inglaterra, não foi boa. A re-
pressão aos habitantes das colônias passou a ser ainda maior, e os
conflitos armados se multiplicaram como um rastilho de pólvora.
Nesse momento, os representantes da aristocracia sulista conserva-
dora aderiram às ideias de independência. Era o fermento que fal-
tava para que os revoltosos, em 4 de julho de 1776, organizassem o
Segundo Congresso Continental da Filadélfia. Porém, antes mesmo
desse congresso, um novo capítulo foi escrito na trajetória da luta
pela liberdade: no dia 12 de junho de 1776, foi escrito, na Virgínia,
um documento de pura rebeldia libertária: a Declaração de Direi-
tos do Bom Povo da Virgínia, que entraria para a história como a
Declaração dos Direitos do Homem.
Em seguida, já unificadas por um mesmo ideal, as Treze Colô-
nias se declaram livres da Inglaterra e proclamam a Declaração da
Independência, escrita por Thomas Jefferson. A Inglaterra, entre-
tanto, não aceitaria de braços cruzados perder a posse de tão pro-
missoras colônias e, literalmente, rasgou a Declaração e atacou os
colonos insistentemente. Contando com o apoio militar da Fran-
ça, os colonos estadunidenses impõem sucessivas derrotas à Coroa
inglesa, que, em 1781, depõem as armas na Batalha de Yorktown.
Finalizando o doloroso processo de independência em 1783, a In-
glaterra assina o Tratado de Paris, reconhecendo a independência
dos Estados Unidos.
Reprodução

Baseada nos ideais iluministas, a De-


claração de Independência dos Estados
Unidos foi assinada em 4 de julho de 1776.

Originalmente escrito por George Naron, o documento é favo-


rável ao regime democrático e aos princípios da igualdade de todos
perante a lei e a liberdade. A Declaração dos Direitos do Homem
foi fundamental para nortear não só a independência dos Estados
Unidos, mas também a de diversos países da América Latina.

Capítulo 11 – América desenvolvida: Estados Unidos 393

:14 CG_8ºano_11.indd 393 26/04/2018 17:54:14


393

ME_CG_8ºano_11.indd 393 16/05/2018 12:58:29


Guerra da Secessão
Com a concretização do processo de independência, os Esta-
dos Unidos voltaram-se para a resolução dos seus problemas in-
ternos e a sua organização política. Republicanos, liderados por
Thomas Jefferson, desejavam maior autonomia para os estados, e
o Partido Federalista desejava um governo forte e centralizado (o
primeiro deu origem ao atual Partido Democrata, e o segundo ori-
ginou o atual Partido Republicano).
A elaboração da Constituição, realizada por deputados dos treze
estados, conseguiu conciliar as duas tendências, criando uma repúbli-
ca federativa presidencialista em que cada estado assegurava o direito
de elaborar a sua própria constituição e o poder central ficaria nas
mãos de um presidente eleito para ocupar o cargo durante seis anos,
sendo por sua vez, assessorado pelo senado e pela corte suprema.
Contudo, a independência não foi suficiente para acalmar os
ânimos internos que opunham as colônias do norte industrializado
e comercial às colônias do sul, cuja economia estava baseada nas
grandes lavouras exportadoras.
Dentro do Congresso, as disputas entre as elites industriais e
comerciais do norte, que detinham o poder econômico, e os gran-
des latifundiários do sul, que monopolizavam o poder político,
eram cada vez mais acirradas.
A situação se torna insustentável quando o representante do
Partido Democrata, Abraham Lincoln, é eleito, em 1870. Ligado
aos interesses nortistas, como abolição da escravidão, chocava-se
diretamente com a estrutura produtiva do sul. Percebendo a perda
do controle político, os fazendeiros do sul decidem se separar da
União, com o objetivo de defender os seus interesses e caminhar
sem a interferência e o controle do norte.

Reprodução

A eleição do republicano Abraham Lin-


coln (1809–1865) para presidente acir-
rou as divergências políticas entre o norte e o
sul dos Estados Unidos.

394 Capítulo 11 – América desenvolvida: Estados Unidos

CG_8ºano_11.indd 394 26/04/2018 17:54:15 C


394

ME_CG_8ºano_11.indd 394 16/05/2018 12:58:30


Grande Lago
Dos treze estados, onze se agruparamdo Urso
em torno dos ideais
Baía de
sepa-
ratistas, criando, em 1861, os Estados
Grande lago Confederados da América.
Hudson
Península
O fato não foi aceito pelo norte, cujos industriais dependiam das
do Escravo
do Labrador

matérias-primas produzidas pelos estados do sul, além do esfacela- Terra Nova


mento territorial que já havia se expandindo até a costa do Pacífico. G. do
São Lourenço

New Hampshire
Território de
Washington Vermont
Massachussetts Maine

Minnesota
Oregon Território de M
ic
Nebraska

hi
os Rhode Island
stad Winconsin

ga
emE Nova York Connecticut

n
o s
ad New Jersey
rm Maryland
Nevada fo Iowa Pensilvânia
ns

Indiana
Delaware
tra Ohio
Cal

Illinois Virgínia
Território
o
ifó

Ocidental
de Utah
rni

da

Kansas Virgínia
ain
a

Missouri Kentucky
os

Território
Carolina do Norte
Arkansas Tennessee
i

indígena
tór

Território do (Oklahoma)
ri

Novo México Carolina do Sul

Alabama
Mississipi
Ter

Oceano Geórgia
Pacífico
Texas
Louisiana
Flórida
Oceano
G.

Estados da União
da

Atlântico
Pen. da
Ca

do México
lifó

N
Califórnia
lfo
rn

Estados Confederados
Go
ia

O L
Estados escravagistas que 0 168 km 336 km
S
permaneceram na União

O estopim ocorreu em 12 de abril de 1861, quando começou


Pen. do
Iucatã

a Guerra da Secessão, ou Guerra Civil.


De forma inteligente, Lincoln, ao longo do conflito, com o obje-
tivo de fortalecer os Estados Nortistas, aboliu a escravidão e promul-
gou a Lei de Terras (Homestead Act, 1862), o que garantiu o apoio de
granjeiros e pioneiros sem terras interessados nas terras livres do oeste.
Em gratidão, escravos libertos, colonos e operários se incorporaram ao
Exército da União, que, apesar das derrotas iniciais, começou a reverter
a guerra em seu favor. Até que em 6 de abril de 1865, o general Robert
E. Lee, comandante das tropas sulistas, pede os termos de rendição.

Avanço para o oeste


A conquista do espaço interno teve início com a corrida para o
oeste. Partindo das Treze Colônias, localizadas no litoral atlântico,
os pioneiros avançaram para o interior até alcançar a costa pacífica
(oeste). Matando nativos, expropriando à força territórios vizinhos
ou comprando áreas coloniais pertencentes a potências europeias,
os Estados Unidos, na metade do século XIX, haviam alcançado
dimensões verdadeiramente continentais. Observe a construção do
espaço estadunidense:

Capítulo 11 – América desenvolvida: Estados Unidos 395

:15 CG_8ºano_11.indd 395 26/04/2018 17:54:15


395

ME_CG_8ºano_11.indd 395 16/05/2018 12:58:30


Compra da Louisiana à França em 1803.
Compra da Flórida à Espanha em 1819 (região estratégica
que deu acesso às Antilhas).
Conquista de 2.000.000 km2 do México. Após uma guerra,
os Estados Unidos, em 1848, forçaram o México a assinar o
Tratado de Guadalupe-Hidalgo. Esse pequeno território to-
mado da pátria dos astecas originou os estados do Texas, da
Califórnia, do Novo México, de Utah, do Arizona e de Neva-
da, permitindo aos Estados Unidos atingir o Oceano Pacífico.
Compra do território do Alasca, em 1867, à Rússia.

Estados Unidos – Expansão territorial


Canadá N

O L

Mis
sou
ri
do
ra 0 188 km 376 km
lo
Co

i
sip Limites atuais dos estados
Missis

As antigas Treze Colônias

Território obtido da Inglaterra - 1783


Gr
an

Território comprado da França - 1803


de

Território cedido pela Inglaterra - 1818

Alasca
Flórida, comprada da Espanha - 1819

Anexado em 1845

Oceano Território cedido pela Inglaterra - 1846

Atlântico
México Território comprado do México - 1848

EUA Território comprado do México - 1853

Alasca, comprado da Rússia - 1867

A Homestead Act, decretada durante a guerra por Abraham


Lincoln, concedia a posse de 160 acres de terra para que fossem
ocupados e cultivados por, no mínimo, cinco anos.
Essa liberdade de posse de terras numa região sem propriedades
privadas acarretou uma avassaladora corrida de pessoas para o oeste
americano. De repente, levas de imigrantes europeus, escravos livres e
estadunidenses sem terras deslocaram-se para as terras dos valorosos CG

indígenas. Contudo, a nação que lutou por liberdade e união passou


a negá-las aos povos que dominou, humilhando-os e impondo a sua
soberania. As diversas nações indígenas da América do Norte, como
sioux, navajos, comanches e apaches, foram quase totalmente exter-
minadas ao longo desse processo de expansão territorial.
Com o crescimento econômico, a “América” passou a ser um
grande polo de atração populacional, principalmente de imigrantes
europeus em busca de fortuna e destaque social. Era o começo do

396 Capítulo 11 – América desenvolvida: Estados Unidos

CG_8ºano_11.indd 396 26/04/2018 17:54:15


396

ME_CG_8ºano_11.indd 396 16/05/2018 12:58:31


Diálogo com o
chamado “sonho americano”. O grandioso desenvolvimento agre- professor
gado ao crescimento populacional acendeu a centelha das invasões
territoriais. Em primeiro lugar, os territórios na América do Norte
(expansão interior); posteriormente, a ampliação para a dominação Estabeleça uma relação entre o patriotis-
de todo o continente americano (expansão exterior).
mo americano e a frase “América para os ame-

Reprodução
ricanos”. Explique que essa frase resumia a dou-
trina implantada pelo presidente dos Estados
Unidos, James Monroe, cujos pontos princi-
pais eram: a não criação de novas colônias nas
Américas, a não intervenção de outros povos
(especialmente europeus) em assuntos inter-
nos dos países americanos e a mesma postu-
Os indígenas da América do Norte vi- ra de não intervenção da nação americana em
viam em sociedades de subsistência,
divididos em tribos distintas, estados e grupos conflitos ou guerras dos países europeus com
étnicos. A maioria foi removida de suas terras
para acomodar a expansão estadunidense. suas colônias ou entre si mesmos.

Avanço para a América


Latina Diálogo com o

O projeto de expansão napoleônica e o bloqueio continental


professor
prejudicaram sobremaneira o crescente comércio com as recém-
-libertas nações da América Latina e com a França, uma vez que
a Inglaterra tentava, por meio de pressão, estancar essa relação co- Mostre que a expressão norte-america-
mercial dos Estados Unidos. no, ou apenas americano (utilizada para desig-
O crescente acirramento das relações anglo-americanas e a
cobiça estadunidense em anexar as terras do atual Canadá desen- nar quem nasce nos Estados Unidos), deriva
cadearam a Segunda Guerra de Independência (1812–1814), que do nome completo do país: Estados Unidos
cessou rapidamente com a assinatura da Paz Eterna de Gand — da América do Norte. É um termo que suge-
confirmando a região dos Grandes Lagos como zona neutra e limi-
te entre o Canadá e os Estados Unidos. re que são americanos apenas aqueles que nas-
A guerra acabou por fortalecer o nacionalismo estadunidense cem nos Estados Unidos. Num sentido amplo,
com relação à sua unidade territorial e fez atentar para a ameaça das norte-americano é também todo cidadão ca-
potências europeias aos interesses norte-americanos, especificamen-
te com relação ao comércio com a América Latina independente, nadense e mexicano, e americano é todo aque-
constantemente ameaçada por tentativas de recolonização. O sinal le que nasce no continente americano. Sugira
de alerta dos Estados Unidos para as potências europeias foi expresso
aos alunos trocar os termos norte-americano e
pela Doutrina Monroe, que podia ser sintetizada na seguinte frase:
“A América para os americanos”, praticamente proibindo os países da americano como designação para quem nas-
Europa de intervirem em assuntos internos do continente america- ce nos Estados Unidos por estadunidense. Per-
no, preservando a região latino-americana para o domínio que viria a
efetivar em um futuro não muito distante.
gunte aos seus alunos o que eles acham.

Capítulo 11 – América desenvolvida: Estados Unidos 397


Anotações
CG_8ºano_11.indd 397 26/04/2018 17:54:15

:15
397

ME_CG_8ºano_11.indd 397 16/05/2018 12:58:32


Diálogo com o
professor O expansionismo norte-americano desloca-se, em fins do século
XIX, da América do Norte para praticamente toda a América Latina,
movimento expresso pelo presidente Theodore Roosevelt (período
Aborde dois temas polêmicos para os es- de mandato 1901–1909) por meio da base ideológica da teoria do
Destino Manifesto, conjunto de ideias escrito em 1845 pelo jorna-
tadunidenses: o aumento da pobreza e o ra- lista John L. O’Sullivan, em que defendia que “aos puritanos e bran-
cismo, na sua forma mais “nova”, isto é, não cos, a quem Deus havia eleito como responsáveis para desenvolver o
é um racismo de cor de pele, mas de lugar de país, estava confiada a missão divina de criar uma sociedade-modelo
na América”. Dessa forma, justificava-se o extermínio dos índios, con-
origem. Por exemplo, a maioria dos estadu- siderados inferiores e responsáveis pelo não desenvolvimento do ter-
nidenses elegeu um presidente negro, Barack ritório, e, posteriormente, a colonização das terras de toda a América.
Obama, mas boa parte não consegue aceitar

Reprodução
a entrada em seu país de pessoas provenien-
tes da América Latina, da África ou de regiões
pobres da Ásia.

Anotações
Os americanos estavam convictos de que
eram o “povo eleito” para colonizar a
América e, aos poucos, foram anexando, com
ou sem guerras, territórios ingleses, franceses e
mexicanos (ao lado).

Assim, a prática do Big Stick (grande porrete) foi a forma con-


creta de preservar, por meio da força, seus interesses econômicos e
políticos em qualquer país do continente — os fundamentos dessa
doutrina passaram a ser conhecidos como Corolário Roosevelt. O
princípio desse desejo imperialista manifestou-se inicialmente com
a interferência estadunidense na independência da ilha de Cuba.

Reprodução
A Política do Big Stick foi a justificati-
va dos Estados Unidos para expandir e
anexar territórios como forma de defender sua
soberania.

398 Capítulo 11 – América desenvolvida: Estados Unidos

CG_8ºano_11.indd 398 26/04/2018 17:54:16

C
398

ME_CG_8ºano_11.indd 398 16/05/2018 12:58:33


Por sua posição estratégica, Cuba sempre foi bastante cobiçada

Reprodução
pelos Estados Unidos, que já haviam tentado comprá-la dos espanhóis.
No final do século XIX, a ilha tornou-se a maior produtora de açúcar
do mundo e, por esse motivo, passou a atrair para suas fronteiras gran-
de volume de investimentos de capital norte-americano. Mais do que
nunca, interessado nos lucros que podiam ser repatriados de Cuba para
os cofres estadunidenses, o “Big Brother” passa a ajudar o movimento
de independência cubana (1895), liderado por José Martí, derrotando
militarmente a Espanha. O butim da Guerra Hispano-Americana foi
muito valioso: Porto Rico, no Caribe, e as Filipinas, no Pacífico, são
anexados pelos Estados Unidos. Além disso, os Estados Unidos im-
põem a inclusão da Emenda Platt na Constituição cubana de 1901, Com a Emenda Platt, que foi adicionada
à constituição de Cuba, o governo cubano
que instituía o direito de intervenção dos Estados Unidos no país, bem foi obrigado a entregar uma faixa de terra para
como a concessão de uma área de 117 km2, a Baía de Guantánamo, que que os norte-americanos montassem uma base
militar na Baía de Guantánamo.
ainda hoje é uma base militar norte-americana em território cubano.
Posteriormente, essa política imperialista estende-se para o Pa-
namá — região que nessa época pertencia à Colômbia —, onde
os Estados Unidos, por interesses estratégicos e comerciais, preten-
diam estabelecer a ligação entre os oceanos Atlântico e Pacífico por
meio da construção de um canal.
Acontece que não eram só os Estados Unidos que tinham tal in-
teresse; a França e a Inglaterra eram outras potências que cobiçavam
a região. Numa jogada de mestre, os Estados Unidos conseguem, em
1901, comprar as ações da companhia francesa de Ferdinand Lesseps,
que havia projetado o canal do Panamá, mas falido oito anos antes, pa-
ralisando o projeto. Ainda havia, entretanto, um problema: convencer
a Colômbia, onde estava localizado o Panamá, que não aceitava, sob
hipótese alguma, intervenção estrangeira no seu território.
Como é comum das grandes potências, os Estados Unidos pas-
sam a incentivar o nascente movimento panamenho de independên-
cia, que acontece em 1903. Em retribuição aos “bons” serviços pres-
tados à causa panamenha, os Estados Unidos recebem, na forma de
posse perpétua, a zona do canal e áreas limítrofes e efetivam a cons-
trução do canal, conquistando a hegemonia na América Central, que
se amplia, posteriormente, para toda a América Latina.

0 62 km 124 km Canal do
Panamá Oceano
4:16

Costa
Atlântico
Ma
Rica r do Caribe

Panamá
N

O L
Colômbia
S

Oceano
Pacífico Capítulo 11 – América desenvolvida: Estados Unidos 399

CG_8ºano_11.indd 399 26/04/2018 17:54:16


399

ME_CG_8ºano_11.indd 399 16/05/2018 12:58:33


Diálogo com o
professor Em 1909, os Estados Unidos invadem a Nicarágua, ocupando-
-a com o intuito de estabilizar o país, onde eclodiam constantemen-
te lutas camponesas. Essa dominação estende-se até 1933, quando
Pergunte aos alunos o que eles entendem se projeta a atuação de grupos que passam a lutar contra a presença
estadunidense no país.
por superpotência e por que é possível asso-
ciar esse termo aos Estados Unidos. Explique,
após as respostas dadas, que uma superpotên- Cenário 4
cia é um Estado com a capacidade de influir
eventos em escala mundial. Diga-lhes que já
houve várias outras superpotências ao longo Os Estados Unidos
da história (como Egito, Império Romano,
Império Árabe, Império Português, Espanha, no século XX
Holanda, Império Britânico, União Sovié-
tica), que eram assim consideradas à medida
A maior potência
que uma ou mais nações cresciam em poder econômica do século XX
e subordinavam as outras. Comente, inclusi- Como afirmou Eduardo Galeano no seu livro fundamental,
ve, que muitos estudiosos estabelecem certos As veias abertas da américa latina, por não possuir no momento
da conquista riquezas minerais e possuir um ambiente climático
critérios, ligados à condição de poder, para se semelhante ao europeu, que não se prestava para a produção de gê-
classificar uma superpotência. Fala-se em ele- neros tropicais, o território dos Estados Unidos não despertou tan-
mentos de poder real (enquanto capacidades to interesse para os dominadores. Quando os pioneiros passaram
a povoar a região, o fizeram com o interesse de desenvolver uma
de uso imeditato, geralmente a força militar) sociedade cujo espaço estivesse voltado para atender as suas necessi-
e elementos de poder potencial (como a econo- dades internas. Esse fato acarretou a permanência do capital dentro
mia, a demografia e a geografia). do seu espaço, passando a ser investido internamente em setores
produtivos, acarretando um forte crescimento econômico. Desde a
sua unificação, os Estados Unidos passaram a ocupar as vastas áreas
livres do oeste, o que lhes garantiu terras disponíveis para a produ-
Anotações ção agropecuária, bem como fonte de matérias-primas, minerais e
recursos energéticos indispensáveis para o crescimento e o desen-
volvimento econômico.
Em virtude de tais procedimentos agregados a uma política
imperialista, os Estados Unidos se aproxima do final da segunda
década do século XXI, mesmo abalados por uma forte crise eco-
nômica, como a maior economia planetária. Em sua economia
interna e externa, tudo é lato, amplo, gigantesco. Apresentam
o maior PIB do Planeta; são o maior consumidor mundial de
produtos e serviços; apresentam a maior importação de merca-
dorias; são os maiores investidores de capital em outros países;
apresentam o maior efetivo militar espalhado pelo mundo; pos-
suem a maior área agropecuarista do planeta e o maior parque
industrial do mundo.

400 Capítulo 11 – América desenvolvida: Estados Unidos

CG_8ºano_11.indd 400 26/04/2018 17:54:16

C
400

ME_CG_8ºano_11.indd 400 16/05/2018 12:58:34


Valerii Iavtushenko/Shutterstock.com
Times Square é uma intersecção comercial entre duas grandes avenidas em Manhattan,
Nova York.

Cenário 5

A maior potência
industrial do
mundo
Industrialização precoce
Estados Unidos: concentração industrial precoce e contínua expansão urbana
Canadá 0 235 km 470 km
Região industrial antiga
(Manufacturing Belt)
Seattle
Região industrial nova
Portland
e de alta tecnologia
Cidades onde estão instaladas
Buffalo
montadoras norte-americanas
Boston
Minneapolis Detroit
Gary
Cidades fronteiriças onde
estão implantadas várias
Nova York indústrias “maquiladoras”
Salt Lake City Chicago
4:16 Filadélfia
São Francisco
Minério de ferro
Denver Cleveland Pittsburg
Vale do Baltimore
Silício
Bases da Nasa
Kansas Oceano Limite entre Snow Belt e Sun Belt
Wichita City St. Louis
Atlântico Siderúrgica
Petroquímica
Los Angeles Huntsville
São Diego
Automobilística
Atlanta
Birmingham
Tijuana Mexicali Tucson
Têxtil
Nogales Dallas
Cabo
Têxtil – implantação recente de
El Paso
Oceano Ciudad Canaveral indústrias de ponta
Juarez Austin Nova Orleans N
Pacífico Houston
Aeronáutica
Leredo
México
Novo Laredo Golfo do Cabo Kennedy
Miami
O L Aeroespacial (Nasa)
Brownsville
México Tecnopolos
Matamoros S

Capítulo 11 – América desenvolvida: Estados Unidos 401

CG_8ºano_11.indd 401 26/04/2018 17:54:17


401

ME_CG_8ºano_11.indd 401 16/05/2018 12:58:34


Manufacturing belt
A origem do processo de industrialização estadunidense se deu
no nordeste do seu território, na região da Nova Inglaterra, onde
indústrias de consumo foram impulsionadas por Nova York e Bos-
ton, grandes centros comerciais do século XVII.
Contudo, a partir do final da Guerra da Secessão, com a des-
coberta de grandes jazidas de carvão mineral nos Apalaches e a
utilização da hidreletricidade, o eixo de industrialização passou a
penetrar pelo continente em direção aos Grandes Lagos, criando,
no final do século XIX, o gigantesco polo industrial denominado
manufacturing belt, ou seja, cinturão fabril.
Nessa região, desenvolveram-se indústrias de bens de consumo,
como a metalurgia, a siderurgia, a indústria química e a indústria
mecânica, mas o destaque fica por conta da indústria automobilís-
tica (Detroit é conhecida como a “cidade do automóvel”).

Andrey Bayda/Shutterstock.com
A indústria automobilística é a principal
fonte de renda de Detroit. A cidade abri-
ga a sede da General Motors e a sede da Ford
Motor Company, em Dearborn, na região me-
tropolitana.
Ao longo da primeira metade do século XX, diversas obras
de infraestrutura foram desenvolvidas com o objetivo de tornar a
região mais dinâmica e produtiva, dentre as quais se destacam a in-
terligação do Rio São Lourenço aos Grandes Lagos pelos canais e
eclusas — criando um canal de escoamento até o Oceano Atlân-
tico e facilitando tanto a chegada de matérias-primas e máquinas
industriais como o escoamento da produção — e a construção de
ferrovias interligando os principais centros industriais.

Descentralização
industrial
Até a Segunda Grande Guerra, a região do manufacturing belt
foi a grande responsável pela produção industrial dos Estados Uni-
dos, porém, em virtude de alterações na conjuntura interna e inter-
nacional, podemos dizer que o período pós-Segunda Guerra marca
o início do processo de descentralização industrial estadunidense.

402 Capítulo 11 – América desenvolvida: Estados Unidos

CG_8ºano_11.indd 402 26/04/2018 17:54:17 C


402

ME_CG_8ºano_11.indd 402 16/05/2018 12:58:35


Dinâmica regional dos Estados Unidos

Metrópoles Densidades
Grande lago Migrações
do Escravo
Península
2 do Labrador
2 a 4 milhões de habitantes 15 a 50 hab./km Zonas de crescimento
2
Mais de 4 milhões de habitantes Mais de 50 hab./km Zonas de estagnação ou declínio

Seattle Círculo Polar Ártico

Minneapolis
Detroit Buffalo Boston
Milwaukee
Nova York
Chicago
S. Francisco Cleveland Filadélfia
Denver
Indianápolis Pittsburgh Baltimore
Cincinatti Washington
Los Angeles Kansas City
St. Louis

San Diego

Atlanta
N Dallas Oceano
O L
Houston Nova Orleans
Atlântico
S Tampa
Miami
lfo do México
Trópic
Go
o de Câ
ncer

Oceano 0 175 km 350 km


Pacífico Pen. do
Iucatã

Fatores da descentralização industrial ao longo do século XX:

Descoberta de grandes jazidas petrolíferas no Golfo do Mé-


xico e na Califórnia, facilitando investimentos econômicos na
região sul.
Política de investimentos pesados na ampliação da malha ro-
doviária, ao mesmo tempo facilitando a interligação entre es-
paços longos e estimulando a produção industrial automotiva.
Ampliação da política de desenvolvimento hidráulico para
bacias como as do Tennessee e do Colúmbia, facilitando o de-
senvolvimento industrial dessas regiões.
Estratégia de desconcentração da produção bélica, aeronáu-
tica e espacial em virtude da Guerra Fria.
Reconstrução japonesa, reativando o interesse comercial
dos Estados Unidos pela Bacia do Pacífico e, consequentemen-
te, pela industrialização da Costa Oeste.
O forte sindicalismo na região nordeste estimulou a migra-
ção do empresariado da indústria mecânica para a região sul e
oeste, onde a classe operária ainda não estava organizada.

Capítulo 11 – América desenvolvida: Estados Unidos 403

:17 CG_8ºano_11.indd 403 26/04/2018 17:54:17


403

ME_CG_8ºano_11.indd 403 16/05/2018 12:58:36


Descoberta de grandes jazidas de ferro e carvão no Alabama,
região sudeste, e em Los Angeles, na Costa Oeste, onde se de-
senvolveram novos centros siderúrgicos.
Descoberta de jazidas de chumbo, cobre, níquel, estanho e
outros minerais nas Montanhas Rochosas, próximo a Salt Lake
City, no Estado de Utah, gerando novas áreas metalúrgicas.

Sun Belt
Surge, dessa forma, o sun belt, ou cinturão do sol, denomi-
nação para uma nova espacialização industrial que se espalha por
diversas novas e emergentes áreas do sul e do oeste. Contudo, o
Cinturão do Sol não apresenta áreas quentes; a área industrial, lo-
calizada em Seattle, na costa sudoeste, na fronteira com o Canadá,
apresenta climas frios, inclusive com invernos bastante rigorosos,
com temperaturas abaixo de 0 ºC.

Indústria e agropecuária americanas na viragem do século

N
Baía de
Manufacturing belt (40% da produção industrial) Fábricas
Hudson americanas no México (Maquiadoras)

O L Grande lago
Grande centroindustrial em reconversão Principais tecnopolos Península
do Escravo
O Velho Sul revitalizado pela indústria do automóvel Deslocalizações interiores do Labrador
S
Regiões de alta tecnologia do Sun Belt Deslocalizações para o exterior
Terra Nova
Limite do Sun Belt (50% da produção industrial) Feedlots (criação intensiva de bovinos)
G. do
Região fronteiriça utilizando mão de obra barata Agroindústria poderosa São Lourenço

Seattle
Canadá

Para a Ásia
e Pacífico
Minneapolis
Boston
St. Paul
Nova York
São Detroit
Francisco Filadélfia
Cleveland
Salt Lake City Denver Chicago
Pittsburgh Washington
Silicon
Valley
St. Louis
Califórnia
Santa Fé
Phoenix
Los Angeles

Oceano Atlanta

Pacífico
Dallas Oceano
Texas
Nova Orleans
Atlântico
San Antônio
Tampa
México Houston
CG
G.

Flórida
da

0 195 km 390 km
do México
Pen. da
Ca

lfo
Go
lifó

Para o México
Califórnia
Miami
rn

e América Latina
ia

A partir da segunda metade do século XX, desenvolveu-se, na


costa do Pacífico, uma nova região industrial. Área de ampliação
do Sun Belt, essa região caracteriza-se pela elevada qualificação
Pen. do
Iucatã

tecnológica, pela sua pequena dependência de fontes de energia


e matérias-primas pesadas, pelo pequeno custo com transportes,
além da alta qualificação técnico-científica da mão de obra.

404 Capítulo 11 – América desenvolvida: Estados Unidos

CG_8ºano_11.indd 404 26/04/2018 17:54:17


404

ME_CG_8ºano_11.indd 404 16/05/2018 12:58:37


Diálogo com o
professor

Dreamframer/Shutterstock.com
Comente que a população estaduni-
dense é superada em número pela popula-
ção da China (país mais populoso do mun-
do) e da Índia e que há uma grande corrida
tecnológica do Japão com os Estados Uni-
dos, duas potências tecnológicas.
O motor dos Estados Unidos é a inova-
ção tecnológica, o modelo do Vale do

Anotações
Silício.
Rapidamente começaram a surgir, à sombra de diversas univer-
sidades, grandes centros industriais de alta qualificação tecnológica.
Boston, onde atualmente está sedimentado um amplo complexo
informático, é um bom exemplo dessa nova forma produtiva, uma
vez que absorve o fabuloso trabalho de diversos cientistas do MIT
(Massachusetts Institute of Technology), agregando-o ao processo
produtivo. O centro efervescente da região industrial da Costa do
Pacífico é o Vale do Silício, grande parque industrial eletrônico
e de informática estruturado em torno na Baía de São Francisco,
na Califórnia, onde empresas como a Packard, Apple e Hewlett
produzem computadores, softwares e programas, “embalados” pelas
mãos e mentes de cientistas e técnicos da Universidade de Stanford. Geografia em cena
Nessa região também podemos encontrar outros parques in-
dustriais, principalmente em virtude da atuação militar dos Estados Impulsionado pela Se-
Unidos na Bacia do Pacífico durante a Segunda Guerra Mundial e a gunda Guerra Mundial e
Guerra Fria, especificamente as Guerras da Coreia (1950–1953) e pela Guerra Fria, O Vale do
do Vietnã (1960–1976). Na maioria, são indústrias bélicas, aeroes- Silício, localizado na Cali-
paciais e náuticas, mas também são encontradas indústrias de tecidos, fórnia, concentra um con-
alimentícias e de aparelhos eletroeletrônicos, que estão espalhadas junto de indústrias de forte
pelas cidades de Portland, no Estado de Oregon, Los Angeles e San potencial tecnológico.
Francisco, na Califórnia, além de Seattle, no Estado de Washington.
ESB Professional/Shutterstock.com

Washington foi um dos lugares que mais


se vendeu armas no mundo.

Capítulo 11 – América desenvolvida: Estados Unidos 405

CG_8ºano_11.indd 405 26/04/2018 17:54:17

:17
405

ME_CG_8ºano_11.indd 405 16/05/2018 12:58:37


Anotações
Cenário 6

Sul e sudeste
Tradicionalismo
A região sudeste, que esteve grande parte da história dos Estados
Unidos voltada para a produção agropecuária, passou a desenvolver
uma variada série de indústrias de base ao longo do século XX. Nes-
se contexto de industrialização encontramos os grandes complexos
petroquímicos, sediados em Dallas e Houston, no Texas; as grandes
exploradoras de petróleo e gás, no Mississipi e na Louisiana; e o gran-
de centro industrial localizado ao redor da cidade de Birmingham,
no Estado da Geórgia, onde as abundantes jazidas carboníferas e
de minério de ferro, encontradas nos Montes Apalaches, fornecem
abundante matéria-prima para a produção de diversos bens.
Contudo, ao longo da segunda metade do século passado, essa
região, em virtude da Guerra Fria, passou por um processo de ino-
vação tecnológica, em que se destacam:

A cidade de Huntsville, no Estado do Alabama, onde foi er-


guido um grande polo bioindustrial e de engenharia genética.
Os centros de pesquisa e produção espacial, com suas ba-
ses de lançamento de foguetes da NASA (national aeronautics
and space administration), em Cabo Kennedy e Cabo Canave-
ral, ambos na Flórida.

Peter Etchells/Shutterstock.com
Leitura
complementar
Os cinturões

Na região das grandes planícies e próxima


aos Grandes Lagos, aparecem com eficientes Foguete Orion no Centro Espacial Ken-
nedy. Cabo Canaveral, Flórida, Estados
agriculturas monocultoras conhecidas como Unidos.

Cinturão do Milho (Corn Belt), Cinturão Ao longo do tempo, os Estados Unidos foram vivenciando
do Trigo (Wheat Belt) e o Cinturão Verde, uma retração da importância do manufacturing belt e uma ascensão
do sun belt e da Costa Oeste. O tradicionalismo fordista cede lugar
onde se cultivam hortaliças e se pratica a cria- a um modelo produtivo mais dinâmico, ancorado na flexibilidade,
ção extensiva de gado leiteiro.
Essa região vem passando por transfor- 406 Capítulo 11 – América desenvolvida: Estados Unidos
mações significativas na medida em que áreas
monocultoras vão cedendo espaço a novas
culturas, como a do sorgo e a da pecuária, esta CG_8ºano_11.indd 406 26/04/2018 17:54:17

última visando ao abastecimento das agroin- A cultura de frutas e cítricos espalha-se Hoje, o setor agrário contribui com me-
dústrias que processam a carne. pelas áreas costeiras do país, do Golfo do Mé- nos de 3% do PIB, e o setor de agronegócios
Na região dos Apalaches, encontramos xico até a porção central da costa leste, na cha- responde por 20% dele. O dinamismo da agri-
áreas que produzem hortifrutigranjeiros mada agricultura do Sol. cultura norte-americana apresenta algumas
para abastecer a região mais urbanizada do Na Costa Oeste desenvolve-se uma agri- fragilidades, entre elas o problema dos sub-
país, juntamente com a criação de gado lei- cultura irrigada nas áreas áridas, onde se cul- sídios aos produtores das regiões menos de-
teiro e avicultura. tivam frutas, além de ser uma importante re- senvolvidas, como o Velho Sul e a Nova In-
Do Texas até a Virgínia predomina o Cotton gião vinícola. No sul da Califórnia aparecem glaterra, no nordeste do país, e forte erosão e
Belt (Cinturão do Algodão), onde as áreas áridas as dry farmings, uma forma de explorar o solo salinização do solo pelo cultivo incessante e
texanas são irrigadas. Também se destaca a pe- revolvendo-o com o uso de máquinas agrí- com os cuidados necessários.
cuária. Áreas anteriormente ocupadas pelo al- colas, trazendo para a superfície as camadas
godão vão sendo substituídas principalmente mais úmidas e mais fáceis de serem trabalha- Fonte: MORAES, Paulo Roberto. Geografia geral e do
pela avicultura. das, aliada à irrigação. Brasil. 3. ed. São Paulo: Harbra, 2006. p. 691–692.

C
406

ME_CG_8ºano_11.indd 406 16/05/2018 12:58:38


na automatização, na qualidade do conhecimento científico e da
mão de obra, além de novos modelos de gestão empresarial, em que
se evita o desperdício e se descarta parte do processo, terceirizando
tarefas menos importantes para prestadoras de serviços que gravi-
tam em sua volta. Entretanto, esse modelo acarreta problemas so-
ciais graves, como a pouca penetração de sindicatos classistas tradi-
cionais, a utilização marginal de mão de obra de baixa qualificação
para tarefas simples e, principalmente, uma elevação constante dos
índices de desemprego estrutural.

A maior agropecuária
do Planeta
Os Estados Unidos apresentam uma das mais fortes, moder-
nas e produtivas agropecuárias do mundo atual. Seus aproximados
42% de área territorial ocupada por essa atividade são divididos de
forma igualitária entre pastagens (criação de gado) e gêneros agrí-
colas, o que faz com que esse país seja o maior produtor de soja e
milho do mundo, bem como um dos cinco maiores produtores de
algodão, carne, trigo, frango e açúcar.
A conjugação de fatores históricos e o desenvolvimento de mo-
dernas tecnologias contribuíram para essa condição. Em primeiro
lugar, o fácil acesso à terra criado pela Homestead Act acarretou uma
ampliação da área produtiva. Em segundo, os crescimentos indus-
triais e populacionais acarretaram o desenvolvimento de tecno-
logias que, a partir de práticas intensivas, tornaram essa atividade
cada vez mais produtiva.
Com o passar do tempo, essa modernização fez surgir na pai-
sagem uma cadeia produtiva agroindustrial, onde empresas rurais
passaram a produzir bens para as indústrias de alimentos e a consu-
mir máquinas e insumos de várias indústrias. Esse processo de me-
canização progressiva foi aos poucos reduzindo a oferta de serviços
e provocando um direcionamento de trabalhadores da agropecuá-
ria para outras atividades, principalmente urbanas.
B Brown/Shutterstock.com

4:17

Mesmo com uma elevada produtividade,


a participação da atividade agrícola na
composição do PIB americano é modesta, com
apenas 2%.

Capítulo 11 – América desenvolvida: Estados Unidos 407

CG_8ºano_11.indd 407 26/04/2018 17:54:18


407

ME_CG_8ºano_11.indd 407 16/05/2018 12:58:39


Atualmente, o setor agropecuário ocupa menos de 3% da popu-
lação economicamente ativa, e a quantidade de estabelecimentos ru-
rais diminuiu ao longo da segunda metade do século XX. Contudo,
a área dos imóveis rurais foi ampliada, visto que os proprietários agrí-
colas que não conseguiram adquirir as inovações tecnológicas foram
forçados a vender suas terras para os mais produtivos.

Organização espacial da
agropecuária
Ao longo do tempo, os Estados Unidos produziram uma or-
ganização espacial da prática agropecuária em extensas e especia-
lizadas zonas chamadas belts (cinturões), onde em cada cinturão,
predomina a produção de um produto por meio da utilização de
técnicas modernas, voltadas, principalmente, para o mercado.
Grande Lago
do Urso Baía de

Cinturões agrícolas nos Estados


Grande lago
Hudson
Unidos Península
do Escravo
do Labrador

Terra Nova
G. do

Canadá
Oceano
São Lourenço

Pacífico

Nebraska
Chicago
Colorado
N
Oceano
Califórnia
O L
Arizona
Kansas City
St. Louis Atlântico
S

Novo México
Cinturão do trigo (wheat belt)
Cinturão do milhoOceano
(corn belt) Texas
Pacífico
Cinturão do algodão (cotton belt)
Cinturão dos laticínios (dairy belt) Flórida
G.
da

Pen. da
Ca

Produtos subtropicais
do México
lifó

Califórnia
lfo
rn

Go
ia

Agricultura irrigada
0 213 km 426 km
México
Criação extensiva
Grandes centros abatedores de gado

Pen. do
Iucatã

Principais cinturões
Cotton belt (cinturão do algodão): Esta área agropecuária,
onde o clima é quente, está voltada, desde o século XIX, prin-
cipalmente para a produção de algodão.
Dairy belt (cinturão dos laticínios): Área agropecuarista
cujo principal objetivo é atender às necessidades de consumo
dos grandes centros urbanos. Apresenta uma diversificação

408 Capítulo 11 – América desenvolvida: Estados Unidos

CG_8ºano_11.indd 408 26/04/2018 17:54:18 C


408

ME_CG_8ºano_11.indd 408 16/05/2018 12:58:40


produtiva, cuja base é a pecuária leiteira, mas também encon-
traremos uma área de policultura intensiva, onde são plantadas
leguminosas, frutas e verduras, além de uma moderna e quali-
ficada avicultura.
Wheat belt (cinturão do trigo): Área do espaço agropecua-
rista dos Estados Unidos constituída por extensas planícies de
clima temperado continental, onde predominam grandes mo-
noculturas de trigo. Essas grandes áreas agrícolas, entretanto,
nem de longe se parecem com as que encontramos em países
subdesenvolvidos, já que são altamente mecanizadas, empre-
gando pequena quantidade de mão de obra. Ao longo do sé-
culo XX, recebeu um grande apoio governamental, que dispo-
nibilizou incentivos fiscais e apoio científico e tecnológico de
diversas instituições de pesquisa.
Corn belt (o cinturão do milho): Região agrícola dos Es-
tados Unidos destinada ao mais tradicional gênero agrícola
do continente, o milho. Nesta região, encontraremos o pre-
domínio de médias propriedades emolduradas por vastos
milharais. Contudo, reparte a ocupação do espaço territorial
com a criação de suínos e outras culturas complementares,
como a soja.
Ranching belt (o cinturão da pecuária para corte ou exten-
siva): Paisagem típica do oeste, esta porção do espaço estadu-
nidense é especializada na criação intensiva de gado bovino
de corte, principalmente em grandes propriedades, porém
com grande investimento de capital, utilização de modernas
tecnologias e emprego de pequena quantidade de mão de
obra.
Cinturão da policultura: Nesta região, não existe uma
especialização produtiva em que um gênero agrícola seja pre-
dominante. Espalham-se pela paisagem áreas de cultivo de
amendoim, milho, tabaco e trigo, além da prática da pecuária
intensiva realizada em médias propriedades.
Fruit belt (cinturão da fruticultura): Área circunscrita a
duas porções distintas do espaço geográfico dos Estados Uni-
dos: a Califórnia, na costa do Pacífico, onde o clima é subtropi-
cal, e a Flórida, na costa voltada para o Golfo do México, cujo
clima também é subtropical. Nessas regiões, são encontradas
grandes áreas de produção de laranjas e uvas.

Espacialmente, o conjunto formado pelos cinturões do trigo e


do milho contribui para que as planícies centrais sejam considera-
das o “celeiro agrícola” dos Estados Unidos.
A força da agropecuária dos Estados Unidos também conta
com políticas protecionistas estatais, cujo objetivo é impedir que
os produtos importados sejam mais competitivos que os produtos
nacionais.

Capítulo 11 – América desenvolvida: Estados Unidos 409

:18 CG_8ºano_11.indd 409 26/04/2018 17:54:18


409

ME_CG_8ºano_11.indd 409 16/05/2018 12:58:42


Cenário 7

Espaço social
Densidade demográfica
Segundo o United States Census Bureau, a população dos Estados
Unidos foi estimada, em novembro de 2017, em 326.273.687 habitan-
tes. Nesse conjunto, estão incluídos 12 milhões de imigrantes ilegais, o
que torna o país o terceiro mais populoso do mundo, superado apenas
pela China e pela Índia. Seu crescimento populacional, de 0,98% ao
ano, faz com que os Estados Unidos sejam o único país do conjunto
dos desenvolvidos com esse ritmo de crescimento populacional.

Os países mais populosos do mundo


países população
1 China 1.376.048.943
2 Índia 1.311.050.527
3 Estados Unidos 326.273.687
4 Indonésia 257.563.815
5 Brasil 204.450.649
Fonte: IBGE. Acesso: Novembro 2017. Exceto Estados Unidos.
Sua densidade demográfica não é das mais elevadas, e a maior
parte da sua população está concentrada na porção nordeste do terri-
tório, uma vez que, como vimos, foi nessa região que ocorreu o início
do povoamento. Por esse fator, a região tornou-se polo de atração
populacional, urbanizando-se rapidamente, a ponto de hoje apresen-
tar os maiores centros urbanos do país, como Nova York e Boston.
Aproximadamente 82% dos estadunidenses vivem em áreas urbanas:
metade em cidades com populações superiores a 50.000 habitantes.

UTBP/Shutterstock.com

Nova York é a cidade mais populosa dos


Estados Unidos. Localizada em um dos
maiores portos naturais do mundo, ela é com-
posta por cinco polos: Bronx, Brooklyn, Ma-
nhattan, Queens e Staten Island.

410 Capítulo 11 – América desenvolvida: Estados Unidos

CG_8ºano_11.indd 410 26/04/2018 17:54:18 C


410

ME_CG_8ºano_11.indd 410 16/05/2018 12:58:42


Se a região nordeste e sua extensão até os Grandes Lagos apre-
sentam a maior concentração populacional, as regiões oeste e su-
doeste apresentam densidades demográficas relativamente baixas,
em virtude de sua espacialidade econômica estar voltada para a
agropecuária moderna, que não oferece elevada oferta de empre-
gos, e da sua natureza montanhosa e de climas rigorosos. Baía de
Grande Lago
do Urso
Hudson
Grande lago

Estados Unidos: densidade demográfica e maiores áreas metropolitanas


do Escravo
Península
do Labrador

G. do
São Lourenço

Oceano
Pacífico

O L

S Oceano
Hab./km
2
Atlântico
G.

menos de 2
da

de 2,1 a17 Pen. da


Ca

do México
lifó

Califórnia
lfo
rn

Go
de 17,1 a 35
ia

0 182 km 364 km
mais de 35,1

As áreas de climas extremos apresentam densidades demográ-Pen. do


Iucatã

ficas inexpressivas. As áreas do sudoeste do país, nas regiões dos


estados de Utah, Arizona e Nevada, onde o clima é desértico, e o
território do Alasca, onde as temperaturas, na maior parte do ano,
são abaixo de 0 ºC, apresetam-se como verdadeiros vazios demo-
gráficos, com densidades abaixo de 1 hab./km2.
Linda Brotkorb/Shutterstock.com

Kichigin/Shutterstock.com

O Alasca é o maior dos estados norte-americanos em extensão terri-


Vale do Fogo, Nevada. Por causa de seu clima desértico, o estado regis- torial e também o mais escassamente povoado, com uma densidade
tra grandes variações de temperatura entre o dia e a noite. populacional de 0,42 hab/km².

Capítulo 11 – América desenvolvida: Estados Unidos 411

:18 CG_8ºano_11.indd 411 26/04/2018 17:54:18


411

ME_CG_8ºano_11.indd 411 16/05/2018 12:58:43


A partir da década de 1950, uma nova região passou a apre-
sentar um crescimento populacional vertiginoso, formando uma
segunda área de grande concentração populacional: a Costa Oeste,
onde grandes contingentes humanos se aglomeram nas regiões de
cidades como Seattle, San Diego, San Francisco e Los Angeles.

Principais
concentrações urbanas
dos Estados Unidos
Um dos países mais urbanizados do Planeta, os Estados Uni-
dos apresentam, como vimos, a maioria da sua população vivendo
em zonas urbanas, das quais despontam nove cidades com popula- Cí

ções superiores a 1 milhão de habitantes, como se pode observar na


tabela abaixo.
Cidades mais populosas dos Estados Unidos
(Censo 2010 do United States Census Bureau)
Posição Cidade Estado População
1 Nova York Nova York 8.175.133
2 Los Angeles Califórnia 3.792.621
3 Chicago Illinóis 2.695.598
4 Houston Texas 2.099.451
5 Filadélfia Pensilvânia 1.526.006
6 Phoenix Arizona 1.445.632
7 San Antonio Texas 1.327.407
8 San Diego Califórnia 1.307.402
Tró
9 Dallas Texas 1.197.816
10 São José Califórnia 945.942
11 Jacksonville Flórida 821.784
12 Indianápolis Indiana 820.445
13 São Francisco Califórnia 805.235
14 Austin Texas 790.390
15 Columbus Ohio 787.033
16 Fort Worth Texas 741.206
17 Charlotte Carolina do Norte 731.424
18 Detroit Michigan 713.777
19 El Paso Texas 649.121
20 Memphis Tennessee 646.889

412 Capítulo 11 – América desenvolvida: Estados Unidos

CG_8ºano_11.indd 412 26/04/2018 17:54:18 C


412

ME_CG_8ºano_11.indd 412 16/05/2018 12:58:44


Ao longo do processo de desenvolvimento econômico e indus-
trial, a maioria dessas cidades foi se incorporando aos eixos de inte-
gração viários, que foram construídos para interligar espaços produ-
tivos e mercados consumidores, produzindo por conurbação amplas
malhas urbanas que, ao ligarem várias metrópoles e cidades menores
da sua região metropolitana, produziram gigantescas megalópoles.

Geografia em cena

Responsável pela criação das Regiões Metropolitanas, a


conurbação é o fenômeno de ligação de duas ou mais cidades
em virtude do crescimento populacional
do Ursoe urbanístico. Baía de
Grande Lago

Hudson
Grande lago
do Escravo
Península
do Labrador
Principais megalópoles dos Estados Unidos na virada do século XX para o XXI Terra Nova
Círculo Polar Ártico
G. do
São Lourenço

Seattle Tacoma

Portland Minneapolis
Boston
Detroit
Sacramento Milwaukee Nova York
Cleveland
Denver Chicago Filadélfia
Pittsburgh Baltimore
San Francisco
Kansas City Washington
Cincinatti
Los Angeles St. Louis Norfolk

Phoenix Atlanta
San Diego Dallas Oceano
Megalópole
Houston
Nova Orleans Atlântico
Tampa
Aglomerações urbanas
Miami
G.

Tróp
da

ic o de Pen. da
Ca

Cân Milhões de hab.


lifó

México
cer
o
lfo d
Califórnia
rn

Go
15
ia

Oceano 10
N

Pacífico
5
3
2 0 174 km 348 km O L
1
Pen. do
S
Iucatã

Boswash
Esta região, que vai de Boston a Washington, apresenta um
comprimento de aproximadamente 700 km e está localizada no
nordeste dos Estados Unidos, onde habitam aproximadamente 50
milhões de pessoas, espalhadas pela região metropolitana de Bos-
ton, Filadélfia, Baltimore, Washington D.C. e Nova York, metró-
pole central desta gigantesca megalópole.

Capítulo 11 – América desenvolvida: Estados Unidos 413

:18 CG_8ºano_11.indd 413 26/04/2018 17:54:19


413

ME_CG_8ºano_11.indd 413 16/05/2018 12:58:45


Nesta vasta e antiga megalópole, os maiores destaques são Bos-
ton, com seu polo de tecnologias sofisticadas, como a robótica, bio-
tecnologia, informática, e dois grandes centros de produção e difu-
são de conhecimento científico: o MIT (Instituto de Tecnologia de
Massachusetts) e a Universidade de Harvard; Nova York, principal
centro das decisões econômicas, financeiras e políticas do Planeta,
já que, na Grande Maçã (Big Apple), estão as sedes dos principais
bancos e empresas transnacionais dos Estados Unidos, além da sede
da ONU; e Washington D.C., capital política do país, onde está
localizada a Casa Branca, sede do Governo.

Boswash

Boston

Springfield
Providence
Cranston
Hartford New Bedford
Middletown
Meriden
N New Haven
Bridgeport
O L

S
Levittown
Nova York

Trenton

Filadélfia

km
00
–+7
Baltimore Oceano
Washington
Atlântico

0 49 km 98 km
Cidade central
Cidade secundária

Jannis Tobias Werner/Shutterstock.com

Fundada no ano de 1636 em Massachus-


sets, Harvard, é a Universidade mais fa-
mosa do mundo. Nela estudaram 8 presidentes
dos Estados Unidos, além de diversos ganhado-
res do prêmio Nobel.

414 Capítulo 11 – América desenvolvida: Estados Unidos

CG_8ºano_11.indd 414 26/04/2018 17:54:19 C


414

ME_CG_8ºano_11.indd 414 16/05/2018 12:58:45


Megalópole dos Grandes
Lagos ou ChiPitts
Localizada na região dos Grandes Lagos, esta megalópole, que
também apresenta mais de 50 milhões de habitantes, começou a se
formar no final do século XIX, quando Chicago, que atualmente
possui mais de 205 milhões de habitantes, começou a se transfor-
mar em um vigoroso polo industrial.
Atualmente, esta megalópole inclui, além de Chicago e sua re-
gião metropolitana, as cidades de Cleveland, Detroit e Pittsburgh.

Sansan
A mais recente megalópole formada nos Estados Unidos uni-
fica os espaços metropolitanos das cidades de San Francisco, Sacra-
mento, Los Angeles e San Diego. Recebe esse nome em decorrência
de possuírem iniciais com nomes de santos. Região de crescimento
acelerado, a Sansan apresenta atualmente mais de 23 milhões de
habitantes, cuja maioria se concentra na região metropolitana de
Los Angeles, segunda maior metrópole do país, com mais de 3,5
milhões de habitantes e com uma região metropolitana de popula-
ção superior a 19 milhões de pessoas.

A megalópole californiana
N 0 59 km 118 km

O L

S Sacramento

San
Francisco
Nevada
Oceano San José
Pacífico

Habitantes por km2 Califórnia


Menos de 10
De 10 a 50
De 50 a 100
De 100 a 200
200 ou mais
Los Angeles
Aglomeração (habitantes) Long Beach Santa Ana

5 milhões ou mais

1 a 5 milhões
500 mil a 1 milhão San
250 a 500 mil Diego
10 a 250 mil

Capítulo 11 – América desenvolvida: Estados Unidos 415

:19 CG_8ºano_11.indd 415 26/04/2018 17:54:19


415

ME_CG_8ºano_11.indd 415 16/05/2018 12:58:46


Jeremy Mester/Shutterstock.com
Visão aérea da cidade de São Francisco.
Em primeiro plano, a Golden Gate, uma
das mais conhecidas construções dos Estados
Unidos.

Destacam-se nesta megalópole, o grande centro cultural locali-


zado em Los Angeles, com uma grande diversidade de gravadoras;
a deslumbrante e mundialmente conhecida Hollywood; e o Vale
do Silício, onde estão concentradas as gigantescas transnacionais
estadunidenses da informática e microeletrônica.

Cenário 8

Espaço das lutas


sociais
A luta negra pela
dignidade
A sociedade estadunidense goza de um padrão de qualidade
de vida extremamente elevado, que pode ser traduzido pelos seus
indicadores sociais: IDH 0,920; expectativa de vida ao nascer de
79,1 anos; taxa de alfabetização de 99%; e mortalidade infantil de CG

6,3/mil nascidos.
Esses indicadores sociais, entretanto, nem sempre abrangeram
toda a sociedade estadunidense ao longo da história. A parcela de
não brancos, constituída por indígenas, negros e latino-america-
nos, vive ainda vítima do preconceito e da discriminação racial, sem
gozar plenamente dessa qualidade de vida.
Constituída por uma população majoritariamente branca,
79,8%, de origem europeia e protestante, (hispânicos, que somam

416 Capítulo 11 – América desenvolvida: Estados Unidos

CG_8ºano_11.indd 416 26/04/2018 17:54:19


416

ME_CG_8ºano_11.indd 416 16/05/2018 12:58:47


Sugestão de
15,4% da sua população; afro-americanos, 12,8%; americano-asiá- Geografia em cena
filme
ticos, 4,5%; nativos americanos, 1%, etc.) é o país mais populoso da
América. Destino do Manifesto
A história da construção do espaço estadunidense está repleta é um a filosofia existente Professor, sugerimos, no link a seguir,
de fatos que mostram a negação do direito à vida àqueles que não nos Estados Unidos onde
têm a pele branca. Por esse fútil motivo, os indígenas (peles verme-
um documentário feito pelo canal america-
acredita-se que o povo
lhas) americanos foram praticamente exterminados e seus sobrevi- norte-americano foi eleito no BBC que trata da história do racismo no
ventes jogados em reservas, para, aos poucos, morrerem; hispânicos por Deus para comandar o mundo e sua trajetória nos Estados Unidos.
de pele “morena”, que migraram legal ou ilegalmente são persegui- mundo.
dos e jogados em bairros étnicos; e os negros (black man), mesmo
tendo conseguido a abolição da escravidão, em 1863, tiveram que Link: https://www.youtube.com/
lutar por vários anos para conseguir os direitos democráticos que watch?v=jtg9xH2kum8. Acessado em : 03/03/2018.
gozam todos os cidadãos nascidos nos Estados Unidos da América.
Ainda assim, a luta não lhes garante, hoje, o mesmo padrão de vida
e um tratamento justo quando a questão envolve, do outro lado, um
branco, principalmente nos estados do sul.
Anotações
A luta dos negros pelos
direitos sociais
Com o fim da escravidão, em 1863, os negros estadunidenses
passaram a ser perseguidos em todo o território, sofrendo com a
criação de leis discriminatórias e preconceituosas, bem como com
os assassinatos patrocinados por organizações que viam as pessoas
negras como verdadeiros marginais, seres inferiores, preguiçosos,
incapazes economicamente, consumidores de drogas, etc.
A maior dessas organizações é a Ku Klux Klan, que foi criada
em 1863, mesmo ano em que a escravidão foi abolida, por Calvin
Jones, Frank McCord, Richard Reed, John Kennedy, John Lester e
James Crowe, jovens veteranos da Confederação Sulista.
Reprodução

O principal objetivo da Ku Klux Klan era


impedir que os negros recém-libertados
pudessem adquirir terras e ter direitos civis,
como votar. Para isso, eles não hesitavam em
matar.

Capítulo 11 – América desenvolvida: Estados Unidos 417

CG_8ºano_11.indd 417 26/04/2018 17:54:19

:19
417

ME_CG_8ºano_11.indd 417 16/05/2018 12:58:47


Anotações
Vestidos com seus capuzes e roupas brancas, os membros da
Ku Klux Klan patrocinaram verdadeiros massacres contra a popu-
lação negra no sul do país, entre o final do século XIX e a década
de 1970, quando a organização foi perdendo força. Atualmente,
jovens sulistas se reúnem para pregar a superioridade ariana em dis-
cursos e passeatas, mas sem muita força.
Em grande parte do país, as leis discriminatórias impediam a
ascensão social dos negros e o pleno gozo de seus direitos civis. Até
1965, existiam as Leis de Jim Crow, que negavam aos não brancos
dos Estados Unidos a maioria dos direitos civis. Também existiam
leis proibindo casamentos inter-raciais, segregando as raças em
transporte público e banheiros públicos, impedindo negros de fre-
quentar as mesmas escolas e universidades que os brancos, etc.

Library of Congress
Os aristocratas latifundiários e escravistas Alguns, como o pastor Martin Luther King, pregavam a de-
do Sul, após a Guerra de Secessão, esti-
mulavam os grupos racistas de perseguição aos sobediência pacífica e a resistência não violenta como forma de
negros, como o Ku Klux Klan, que os matava alcançar os direitos civis. É célebre o seu discurso de 28 de agos-
enforcados ou queimados na fogueira. Acima,
passeata do Ku Klux Klan, em Washington, Es- to de 1963, ao final da Marcha sobre Washington por Trabalho e
tados Unidos, nos anos 1920. Liberdade, que reuniu mais de 250 mil pessoas no Memorial Lin-
coln. Outros lutavam de forma mais radical, como o afro-ameri-
cano convertido ao islamismo Malcolm X, assassinado em 21 de
fevereiro de 1965 durante um comício no bairro do Harlem. Ou
através de organizações de luta, como os Panteras Negras (Black
Panther Party), partido negro revolucionário estadunidense, fun-
dado em 1966, em Oakland, Califórnia, e que originalmente era
chamado Partido Pantera Negra para Autodefesa (Black Pan-
ther Party for Self-Defense). Sua finalidade original era patrulhar
guetos negros para proteger os residentes dos atos de brutalidade
da polícia. De orientação marxista e revolucionária, defendiam
o armamento de todos os negros, a isenção do pagamento de im-
postos, a libertação de todos os negros da cadeia e o pagamento de
compensação por séculos de exploração branca.

418 Capítulo 11 – América desenvolvida: Estados Unidos

CG_8ºano_11.indd 418 26/04/2018 17:54:20 CG

Leitura siderasse a participação de negócios fundados


complementar por imigrantes ou por sua segunda geração.
O ranking, nesse caso, teria de se chamar
Fortune 284, aponta estudo do Center for Ame-
Diálogo com o
Levantamento mostra rican Entrepreneurship (CAE) (Centro para
professor que, sem imigrantes, EUA Empreendedorismo Americano, em tradução li-
perderiam quase metade de teral), um think-tank sediado em Washington.
O estudo estima que 216 das companhias
Professor, dialogue com seus alunos so-
suas 500 maiores empresas listadas do ranking da revista de negócios For-
bre a luta de classes , com resistência e desobe- tune foram implantadas por imigrantes ou
diência pacíficas, iniciada por Martin Luther A Fortune 500, famosa seleção das maio- seus descendentes. Isso inclui pesos pesados,
King nos Estados Unidos e os seus ganhos res companhias nos Estados Unidos por recei- como Google e IBM.
para a comunidade negra. ta total, teria que mudar de nome se descon- De acordo com os pesquisadores do

418

ME_CG_8ºano_11.indd 418 16/05/2018 12:58:48


não devem ser uma surpresa. Há boas evidên-
cias em muitos países de que imigrantes iniciam

www.marines.mi
empresas numa taxa maior do que os residentes
nativos. Alguns economistas argumentam que
também é mais provável que aqueles que se mu-
dam para outro país assumam o risco de come-
çar seu próprio negócio, disse Ian Hathaway,
diretor de pesquisa do CAE.
“Em segundo lugar, a experiência de ser
Martin Luther King Jr. era pastor protes- imigrante ensina a ser criativo e a lidar com a
tante. Ele liderou uma grande marcha con-
tra o racismo com mais de um milhão de pessoas, ambiguidade e a adversidade. O terceiro pon-
em Washington. Era adepto das estratégias paci-
fistas de Gandhi, não agia com violência e prega- to é que os imigrantes não têm conexões so-
va o boicote contra os produtos provenientes das
empresas racistas. ciais importantes para encontrar trabalho – o
Cansados de toda essa opressão, os afro-americanos começa- que é, de longe, como a maioria das pessoas
ram a lutar de diversas formas para conquistar os direitos que lhes consegue emprego”, acrescentou.
eram negados.
Após vários anos de luta, em 1965 foi proclamada a Lei dos Hathaway não hesita em ressaltar que a
Direitos Civis, ampliando para os Direitos Democráticos todos manutenção do programa Dreamers e medi-
aqueles nascidos em solo dos Estados Unidos. Contudo, ainda hoje
das como a criação de vistos especiais para em-
existe uma forte discriminação contra o negro no país e é visível na
paisagem de cidades como Nova York a segregação socioespacial, preendedores imigrantes têm mais do que um
em que os negros estão jogados em guetos, onde a violência e a falta aspecto simplesmente humanitário.
de serviços sociais são flagrantes.
“A partir de uma perspectiva humanitá-
ria, o dano é óbvio — nós podemos estar des-
Cenário 9 truindo famílias e enviando crianças e jovens
adultos para países com os quais eles têm pou-
Imigração ca ou nenhuma conexão. Mas há certamente
um impacto econômico. É provável que em
duas ou três décadas, essas 800 mil crianças
Os hispânicos e jovens adultos fundem dezenas de milhares
Como maior potência econômica do mundo, os Estados Uni- de companhias americanas — alguns poderão
dos são o destino de milhares de habitantes de outros países do até ir parar na Fortune 500.”
mundo, que diariamente tentam entrar em seu território de forma
legal ou ilegal, o que o torna o país que mais recebeu imigrantes ao
longo da sua história recente. Disponível em: http://www.bbc.com/portuguese/
A relação, porém, dos Estados Unidos com os que tentam en-
internacional-42392649. Acessado: 03/03/2018.
trar no país nem sempre foi, ou é, amistosa. Apenas em alguns mo-
mentos na história, como durante a conquista do oeste e até o final
da Guerra da Secessão, quando aproximadamente 4 milhões de
imigrantes europeus, principalmente ingleses, irlandeses, italianos
e alemães, desembarcaram em Nova York e passaram a incorporar
Anotações
Capítulo 11 – América desenvolvida: Estados Unidos 419

4:20 CG_8ºano_11.indd 419 26/04/2018 17:54:20

CAE, a incidência de fundadores de empre- do Japão, terceira maior economia do mundo.


sas que são imigrantes de primeira ou segun- As conclusões foram apresentadas a vários
da geração é consideravelmente maior entre congressistas americanos dos dois lados da Câ-
as maiores companhias da Fortune 500 — re- mara (Republicanos e Democratas) numa ten-
presentando 52% das 25 principais empresas e tativa de combater uma série de medidas com
57% das 35 maiores. restrições à imigração implementadas pelo pre-
sidente Donald Trump, especialmente a deci-
Predominância são de acabar com o programa Dreamers.
O programa foi criado para evitar a de-
Esses negócios empregaram 12,8 milhões portação de cerca de 800 mil imigrantes sem
de pessoas ao redor do mundo e acumularam documentação que foram levados ilegalmen-
uma receita global de US$ 5,3 trilhões, valor te para os EUA quando crianças.
que equivale a R$ 17,53 trilhões e supera o PIB “Os resultados são impressionantes, mas

419

ME_CG_8ºano_11.indd 419 16/05/2018 12:58:49


a população estadunidense, o comportamento do governo foi tran-
quilo. Da mesma forma ocorreu com os 20 milhões de europeus
que aportaram em território estadunidense, entre 1870 e 1920,
para trabalhar nas crescentes indústrias do leste.
Não gozaram dos mesmos privilégios os milhares de chineses
que se deslocaram para trabalhar no oeste, entre o final do século
XIX e início do século XX, e os milhares de latino-americanos e
asiáticos que deixaram seus países após a grande recessão da década
de 1930 e da Segunda Guerra Mundial e foram tentar melhorar de
vida nos Estados Unidos.

Imigrantes admitidos legalmente nos Estados Unidos 1900–2008


12.000.000

10.000.000

8.000.000

6.000.000

4.000.000

2.000.000

200
190

191

192

193

194

195

196

197

198

199

0–
0–

0–

0–

0–

0–

0–

0–

0–

0–

0–

200
190

191

192

193

194

195

196

197

198

199

8
9

9
Como mostra o gráfico acima, a partir da segunda metade do sé-
culo XX a imigração para os Estados Unidos cresceu continuamente,
chegando a atingir o quantitativo de aproximadamente 9 milhões en-
tre os anos de 1990 e 2000, quando começa a decrescer, principalmen-
te pela dura política de imigração implantada após o episódio do 11 de
Setembro, quando imigrantes muçulmanos legais sequestraram aviões
e os jogaram contra as torres gêmeas do World Trade Center.

Ryan M Bolton/Shutterstock.com

Cerca que separa o México (à direita) dos


Estados Unidos, que estão construindo
um segundo muro até o Oceano Pacífico.

420 Capítulo 11 – América desenvolvida: Estados Unidos

CG_8ºano_11.indd 420 26/04/2018 17:54:20 C


420

ME_CG_8ºano_11.indd 420 16/05/2018 12:58:49


De acordo com estudos realizados pelo governo, o número de
imigrantes, legais e ilegais, que vivem nos Estados Unidos atual-
mente é de 28 milhões de pessoas, cerca de 17% da população total
do país. Segundo o Centro para Estudos de Imigração dos Estados
Unidos, por ano, cerca de 1,2 milhão de pessoas chegam ao territó-
rio norte-americano, a maioria ilegalmente.

Cerca na fronteira EUA-México


Os EUA já construíram 121 quilômetros Câmeras e
de cerca para barrar os
Cerca aramada
sensores
de 5 metros
mexicanos ilegais de altura

Painéis metálicos
4,5 metros Concreto até
de altura 1,2 metro
de profundidade
Entrada entre as cercas
serve para veículos da
patrulha da polícia de
fronteira

Como maneira de coibir a imigração clandestina, o governo norte-americano adotou uma política de intensificação da vigilância nas áreas limítrofes
e sancionou, em 2006, uma lei que autorizou a construção de uma barreira dupla de 1.100 km ao longo da fronteira com o México, que se estende
por 3.300 km. O governo mexicano repudiou a decisão unilateral de seu aliado do Nafta.

Da mesma forma que a de negros e indígenas, a realidade dos


mexicanos que imigram para os Estados Unidos é degradante. Eles
vivem, em sua maioria, em bairros periféricos, não gozam de servi-
ços sociais, trabalham em empregos precários e aproximadamente
30% das pessoas não possuem sequer o Ensino Médio.
Joseph Sohm/Shutterstock.com

“Chicano” é a palavra empregada para


designar os cidadãos norte-americanos
de origem mexicana. Judicialmente, são cida-
dãos norte-americanos, mas não têm acesso,
aos mesmos direitos.

Capítulo 11 – América desenvolvida: Estados Unidos 421

:20 CG_8ºano_11.indd 421 26/04/2018 17:54:21


421

ME_CG_8ºano_11.indd 421 16/05/2018 12:58:50


Geografia em cena

Trump promete uma América para os


americanos em primeiro lugar
Ao tomar posse como o 45º presidente dos Estados Uni-
dos, Donald Trump prometeu que, tanto nos EUA quanto no
exterior, buscará sempre o interesse dos norte-americanos em
primeiro lugar. “Estamos transferindo o poder de Washington,
e dando de volta para vocês”, disse ele na ocasião ao grande pú-
blico presente ao evento, frisando que a partir de agora “uma
nova visão governará” o país.
“A partir deste dia, uma nova visão
Evan El-Amin/Shutterstock.com

governará nossa terra. A partir deste


dia, vai ser apenas a América primeiro.
América primeiro!”, disse Trump. Se-
gundo ele, a partir de agora, todas “as
decisões sobre o comércio, sobre im-
postos, sobre imigração, sobre assuntos
externos, serão feitas para beneficiar
trabalhadores americanos e fábricas
americanas”.
Ele é o presidente mais velho na
história a assumir a presidência do país
Polêmico em sua declarações, Donald e tomou posse erguendo a mão direita e colocando a esquerda
Trump propôs, como promessas de campa-
nha política, a aplicação rígida das leis de imigra- sobre uma Bíblia usada por Abraham Lincoln, para repetir o
ção juntamente com a construção de um muro juramento previsto na Constituição dos EUA. O juramento foi
ao longo da fronteira Estados Unidos-México
dirigido pelo presidente da Suprema Corte dos Estados Uni-
dos, John Roberts. Em seguida, Trump abraçou a esposa, Me-
lania, e outros membros de sua família e logo após iniciou seu
discurso de posse.
“Este momento é o seu momento, ele pertence a você”,
disse Trump à multidão estimada em cerca de um milhão de
pessoas. Ele enumerou alguns dos temas da campanha eleitoral
e disse que, na presidência ajudará as famílias de classe média
em dificuldades. Falou ainda que vai fortalecer as fronteiras dos
Estados Unidos.
A transição de um presidente democrata para um re-
publicano ocorreu no Capitólio, o prédio do Congresso dos
Estados Unidos. Ex-presidentes, parlamentares e centenas de
representantes do Corpo Diplomático estavam presentes. Pela
tradição, chefes de governo e de Estados estrangeiros não são
convidados para a posse de presidentes americanos. [...]
Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noti-
cia/2017-01/trump-promete-uma-america-para-os-americanos-em-pri-
meiro-lugar. Acesso em: 29/03/2017.

422 Capítulo 11 – América desenvolvida: Estados Unidos

CG_8ºano_11.indd 422 26/04/2018 17:54:21 C


422

ME_CG_8ºano_11.indd 422 16/05/2018 12:58:51


Aprenda com arte

Fahrenheit 11 de Setembro
Direção: Michael Moore.
Ano: 2004.

Sinopse: O diretor Michael

JStone/Shutterstock.com
Moore investiga como os
Estados Unidos se tornaram
alvo de terroristas, a partir
dos eventos ocorridos no
atentado de 11 de setembro
de 2001. Os paralelos entre
as duas gerações da família
Bush que já comandaram o
país e ainda as relações entre
o ex-presidente americano,
George W. Bush, e Osama
Apesar de ser diretor de cinema, Michael Moore também ficou conhecido como ativista político.
Bin Laden.

Selma: uma luta pela igualdade


Direção: Ava DuVernay.
Ano: 2015.

Sinopse: Cinebiografia do pastor protestante e ativista social Martin Luther King Jr., que acompa-
nha as históricas marchas realizadas por ele e manifestantes pacifistas em 1965, entre a cidade de
Selma, no interior do Alabama, até a capital do estado, Montgomery, em busca de direitos eleitorais
iguais para a comunidade afro-americana.

Pequeno dicionário geográfico e cultural


Acre: Antiga unidade de medida usada para de Nova York por sua população.
medir terras. Equivalente à 4042 metros Butim: Espólio, ganho, herança.
quadrados. Costa Oeste: Designação para os estados
Assembleias: Conjunto de representantes mais ao ocidente dos Estados Unidos: Cali-
de uma comunidade que possui poderes de fórnia, Oregon e Washington.
legislação. É sinônimo de democracia parti- Eclusas: Canal que possibilita subida e desci-
cipativa, haja vista que toda a comunidade da de embarcações.
tem possibilidade de participação. Promulgou: Ordenou oficialmente a publi-
Big Apple: Apelido carinhoso dado à cidade cação de uma lei.

Capítulo 11 – América desenvolvida: Estados Unidos 423

:21 CG_8ºano_11.indd 423 26/04/2018 17:54:21


423

ME_CG_8ºano_11.indd 423 16/05/2018 12:58:51


Ensaio geográfico
1 Análise a imagem e responda do que se trata.
Do terrorismo atual, também chamado de pós-

WTC/Shutterstock.com
-moderno ou global. O atentado que destruiu as

duas torres do World Trade Center, em Nova York

representa bem o “novo terrorismo”.

2 Explique a razão pela qual mexicanos vivem o constante desejo de migrar para os Estados Unidos.
Atraídos pelas possibilidades de trabalho e enriquecimento nos EUA, milhares de pessoas tentam cru-

zar sua fronteira com o México, onde muitas fábricas norte-americanas, conhecidas como “maqui-

ladoras”, instalaram-se nos últimos anos na fronteira com o objetivo de utilizar a mão de obra barata

oferecida pelos mexicanos.

3
“Seja você negro, branco, índio ou oriental
Não importa a pele ou nacionalidade
Somos todos iguais, todos sentimos dor
Todos podemos amar, somos todos humanos
Somos todos, todos iguais...”
Banda Deserdados

Com base no trecho da letra da música O racismo não deve existir, responda se existe alguma relação
com o contexto social vivido nos Estados Unidos durante a segunda parte do século XX.
Sim. A população norte-americana viveu uma intensa luta pela igualdade. Muitos lugares da cidade

foram divididos entre brancos e negros, gerando uma verdadeira segregação racial.

424 Capítulo 11 – América desenvolvida: Estados Unidos

CG_8ºano_11.indd 424 26/04/2018 17:54:21 C


424

ME_CG_8ºano_11.indd 424 16/05/2018 12:58:52


4 Analise a imagem abaixo.

Library of Congress
Ela retrata o episódio mais importante da história dos Estados Unidos, a Guerra da Secessão. Sobre esse
conflito, aponte as causas que o motivaram.
As colônias do Sul tinham uma economia agrária, tendo como base a mão de obra escrava, enquanto

isso as do norte eram industrializadas e pregavam a abolição da escravidão.

5 Após as definições das Trezes Colônias, os americanos continuaram com seu projeto de povoa-
mento. Logo em seguida houve a Marcha para o Oeste. O que foi esse episódio e quais foram as suas
principais consequências?
A Marcha para o Oeste foi a continuação do projeto de povoamento norte-americano, que levou à ocu-

pação de novas terras a partir das Trezes Colônias. Em pouco tempo, os americanos se aproximaram

da costa pacífica. No entanto, além da ocupação de novos espaços, o extermínio da população indígena

formou consequências catastróficas.

Encerramento
1 (Mackenzie) “É o centro da polarização econômica dos Estados Unidos. Concentra metade da
população do país e 80% do seu parque industrial. Essa população basicamente urbana forma o maior
mercado consumidor mundial e constitui a maior concentração urbano-industrial do mundo.”
O trecho se refere:
a. à região de Los Angeles.
b. à grande região das Planícies Centrais.
c. ao Sun belt.
d. à planície dos Grandes Lagos.
e. X ao nordeste do país.

Capítulo 11 – América desenvolvida: Estados Unidos 425

:21 CG_8ºano_11.indd 425 26/04/2018 17:54:22


425

ME_CG_8ºano_11.indd 425 16/05/2018 12:58:52


2 (Unitau) Os Estados Unidos receberam, ao longo do século XIX e início do século XX, cerca de 45
milhões de imigrantes. Em relação às correntes imigratórias para os Estados Unidos, podemos afirmar que:
a. ao longo do século XIX, entre os grupos imigratórios mais numerosos estão os mexicanos.
b. X ao longo do século XIX, entre os grupos imigratórios mais numerosos estão os ingleses, os esco-
ceses, os irlandeses e os alemães.
c. na década de 1930, aumentou a imigração para os Estados Unidos, em consequência do forte
crescimento econômico americano.
d. durante a primeira guerra mundial, a imigração americana aumentou em consequência da en-
trada dos argentinos.
e. no início do século XX, quanto à imigração nos Estados Unidos, entre os grupos mais numero-
sos está o dos brasileiros, em especial os mineiros de Juiz de Fora.

3 (Fatec) No caso da história americana, um dos eventos mais retratados pela memória social é, sem dúvi-
da, a chamada Marcha para o Oeste. Mesmo antes do surgimento do cinema, esses temas já faziam parte das
imagens da história americana. A fronteira foi um tema constante dos pintores do século XIX. A imagem
das caravanas de colonos e peregrinos, da corrida do ouro, dos cowboys, das estradas de ferro cruzando os
desertos, dos ataques dos índios marcam a arte, a fotografia e também a cinematografia americana.
CARVALHO, Mariza Soares de. In: http://www.historia.uff.br/primeirosescritos/files/pe02-2.pdf. Acessado em:
29.08.2009.

Entre os fatores que motivaram e favoreceram a Marcha para o Oeste está:


a. X a possibilidade de as famílias de colonos tornarem-se proprietárias, o que também atraiu imi-
grantes europeus.
b. o desejo de fugir da região litorânea afundada em guerras, com tribos indígenas fixadas ali desde
o período da colonização.
c. a beleza das paisagens americanas, o que atraiu muitos pintores e fotógrafos para aquela região.
d. o avanço da indústria cinematográfica, que encontrou no Oeste o lugar perfeito para a realiza-
ção de seus filmes.
e. a existência de terras férteis que incentivaram a ida, para o Oeste, de agricultores que buscavam
ampliar suas plantações de algodão.

4 (PUC–SP) A expansão dos Estados Unidos em direção ao oeste, na primeira metade do século
XIX, envolveu, entre outros fatores, a:
a. intervenção norte-americana na guerra de independência do México, da América Central e de Cuba.
b. anexação militar do Alasca, resultado de longo conflito armado com a Rússia.
c. Guerra de Secessão, que opôs os escravistas dos estados do sul aos abolicionistas do norte.
d. implantação de um sistema legal rigoroso nas áreas ocupadas, evitando conflitos armados na
região.
e. X remoção indígena, transferindo comunidades indígenas que viviam a leste do rio Mississipi para
outras regiões.

426 Capítulo 11 – América desenvolvida: Estados Unidos

CG_8ºano_11.indd 426 26/04/2018 17:54:22 C


426

ME_CG_8ºano_11.indd 426 16/05/2018 12:58:53


5 (Mackenzie) Neste país, aproximadamente 30% dos filhos de estrangeiros são descendentes de um
determinado grupo de imigrantes, somando mais de sete milhões de pessoas. Eles já são a metade de
todos os imigrantes constantes deste país e também a maior parcela dos imigrantes ilegais. Talvez por
isso, a violência, o abandono e a perseguição aguardam os que ainda tentam entrar pelos quase 4 mil
quilômetros de fronteiras.
Disponível em: www.adital.com.br. Adaptado.

O texto aborda a situação atual dos imigrantes:


a. turcos na Alemanha.
b. X mexicanos nos Estados Unidos.
c. brasileiros em Portugal.
d. argelinos na França.
e. paquistaneses na Inglaterra.

6 Julgue as afirmativas a seguir em V, para verdadeiro, ou F, para falso, sobre a Guerra de Secessão
(1861–1865).
A guerra civil norte-americana envolveu duas sociedades distintas: a do sul, baseada nas manufa-
turas, e a do norte, baseada na economia agrária de exportação.
Ao final da guerra civil norte-americana, aprovou-se, através de uma Emenda à Constituição, a
abolição da escravidão em todo o território americano, em 1865.
A população escrava dos estados do sul foi declarada livre, em 1863, por Lincoln, em função de
uma necessidade militar.
Descontentes com a eleição de Lincoln para presidente, os estados do sul, liderados pela Carolina
do Sul, separaram-se dos estados do norte e autodenominaram-se Estados Confederados.
A sequência correta de respostas encontra-se na alternativa

a. F, F, V, V. b. X F, V, V, V.
c. V, F, V, F. d. V, V, F, F.

7 (PUC–SP) As lutas por direitos civis nos Estados Unidos na década de 60 (século XX) tiveram,
entre suas características centrais, a:
a. ausência de mulheres e a manutenção do caráter patriarcal da sociedade norte-americana.
b. defesa dos interesses das grandes corporações industriais e o questionamento da legislação tra-
balhista.
c. união entre os movimentos ambientalista e gay e a escolha do arco-íris como símbolo comum
desses dois grupos.
d. proposta de saídas pacíficas para os conflitos internos americanos e a insistência numa política
internacional belicosa.
e. X mobilização dos negros norte-americanos pela busca da ampliação de seus direitos e pelo fim
das leis raciais segregacionistas.

Capítulo 11 – América desenvolvida: Estados Unidos 427

:22 CG_8ºano_11.indd 427 26/04/2018 17:54:22


427

ME_CG_8ºano_11.indd 427 16/05/2018 12:58:54


8 (Fuvest) As regiões delimitadas no mapa constituem as principais áreas agrícolas dos Estados Uni-
dos da América. As culturas que se destacam nas regiões numeradas são:

1
2

3
N

0 276 km 552 km O L

a. X 1 – trigo de primavera; 2 – milho; 3 – algodão.


b. 1 – cana-de-açúcar; 2 – trigo de primavera; 3 – milho.
c. 1 – trigo de inverno; 2 – trigo de primavera; 3 – cana-de-açúcar.
d. 1 – fumo; 2 – cana-de-açúcar; 3 – trigo de inverno.
e. 1 – trigo de inverno; 2 – arroz; 3 – algodão.
Grande Lago
do Urso Baía de
Hudson

9 Observe o mapa:
Grande lago
do Escravo
Península
do Labrador

O L

IV

III

0 276 km 552 km
II I

No mapa dado, a área demarcada e as cidades assinaladas I, II, III e IV, de grande importância econô-
mica, são, respectivamente,
a. Ranching belt – Miami, Dallas, São Francisco e Los Angeles.
b. Dry farming – Nova Orleans, Miami, São Francisco e Seattle.
c. Manufacturing belt – Miami, Nova Orleans, Los Angeles e São Francisco.
d. X Sun belt – Miami, Houston, Los Angeles e São Francisco.
e. Green belt – Miami, Dallas, Seattle e São Francisco.

428 Capítulo 11 – América desenvolvida: Estados Unidos

CG_8ºano_11.indd 428 26/04/2018 17:54:22


428

ME_CG_8ºano_11.indd 428 16/05/2018 12:58:54


BNCC
Habilidades trabalhadas
no capítulo

Capítulo 12 (EF08GE03) Analisar aspectos representati-


vos da dinâmica demográfica, considerando ca-
América desenvolvida: Canadá racterísticas da população (perfil etário, cresci-
Atualmente o Canadá é um dos países mais
tolerantes do mundo e um dos mais receptivos
mento vegetativo e mobilidade espacial).
à imigração.

Objetivos
pedagógicos

• Estudar e compreender as principais carac-


terísticas da diversidade natural e cultural do
Canadá que o colocam como segunda maior
potência americana.
• Explicar a contradição entre a imensa ex-
tensão territorial e a baixa densidade demo-
gráfica do país.
• Identificar os fatores que fazem do Canadá
o país com um dos maiores IDHs do mundo:
ação efetiva do Estado na educação e na saú-
de, uma política de crescimento econômico
eficiente e um amplo aproveitamento dos re-
cursos naturais.
• Caracterizar a população canadense, expli-
cando as razões de sua diversidade e a situação
dos imigrantes no país.
Neste capítulo, estudaremos o
• Estudar as principais atividades da econo-
processo de formação territorial e mia canadense: exploração dos recursos natu-
populacional do Canadá, assim como
sua ascensão até a chegada no elevado rais, intensa atividade florestal, extração mine-
patamar reconhecido como um dos ral, agropecuária e indústria.
melhores países do mundo para viver.
Suas belezas naturais, economia • Identificar as relações existentes entre o Ca-
e política fazem parte desse
interessante episódio. nadá e os Estados Unidos.
com
Frank Fell/Shutterstock.
Capítulo 12 – América desenvolvida: Canadá 429
Anotações
CG_8ºano_12.indd 429 26/04/2018 17:55:08

429

ME_CG_8ºano_12.indd 429 16/05/2018 12:59:44


Cenário 1

Imensidão
territorial
Espaço natural
Com uma área territorial de 9.984.610 km2, o país é o segundo
maior do Planeta, sendo superado apenas pela Rússia, que possui
17.098.240 km2.

Canadá: político

0 183 km 366 km Oceano


Glacial
Ártico

Groenlândia (Dinamarca) Islândia


Mar de Beaufort
Alasca
(EUA)

Baía de Baffin
Território
de Yukon
Terr
it

Whitehorse
ór

os
Pacífico
Oceano

Estreito
i

do Território de Nunavut de Davis


N oro
este
Iqaluit

Yellowknife

Colúmbia Território Nova


Britânica
Alberta Baía de
Hudson
Labrador
Saskatchewan Manitoba St. John s
Edmonton

Victoria Quebec
Regina
Ontário Charlottetown
Winnipeg
Nova
Escócia
Quebec Fredericton

Grandes Ottawa New


Halifax
Lagos
Brunswick
N
Oceano
L Estados Unidos Atlântico
Toronto
O

A maior parte desse imenso território apresenta climas frios


com invernos bastante rigorosos e temperaturas abaixo de 0 ºC.
Na região das pradarias canadenses, as temperaturas ficam, a maior

430 Capítulo 12 – América desenvolvida: Canadá

CG_8ºano_12.indd 430 26/04/2018 17:55:09 C


430

ME_CG_8ºano_12.indd 430 16/05/2018 12:59:45


parte do ano, entre –15 ºC e –40 ºC. Nas regiões mais ao norte, Geografia em cena
a queda de neve é constante e o solo pode permanecer recoberto
por longos sete meses. Na região do litoral da Colúmbia Britâni- Localizada no Oes-
ca, onde o clima é temperado continental, o inverno se apresenta te canadense, a Colúmbia
mais ameno, com períodos chuvosos. Apenas nas áreas litorâneas Britânica é banhada pelo
do Atlântico e do Pacífico, o clima apresenta temperaturas mais ele- oceano Pacífico e é bastan-
vadas, chegando a atingir, no auge do verão, 25 ºC em média. te famosa por suas belezas
Assim, podemos classificar o clima canadense em três grandes naturais.
grupos: temperado continental, na região central do país; subpolar,
ao norte; e frio de montanha na região das Rochosas, a oeste.

Canadá: mapa físico


Mar de

G
N Beaufort

ro
e
Baía Islândia

nl
O L

ân
de Baffin
M

dia
S Grande Ilha Vitória
te

o
tic
s.

Lago do Urso Ter


r Ár
Ma

ad lar
e Po
ckenzie

ulo
Círc

Ba
ffi
Grande Lago
steira

n
do Escravo
ia Co

Es
tr. d
Oceano e
Canadá
Mo cho

Hudson
Cade
Ro

Pen.
Pacífico
nta sas

L. Athabasca
Baía
de Oceano
nh

Ungaya
de Hudson Atlântico
as

Edmonton Península
Vancouver do Labrador

Planalto
Altitudes Winnipeg Laurenciano
Terra Nova
2.000
1.000
Grandes Lagos Nova Escócia
500
200 0 148 km 296 km Halifax
0

80º

De acordo com o relevo, o espaço canadense apresenta seis


grandes regiões ambientais:

Escudo Canadense – Localizada em torno da Baía de Hud-


son, esta região apresenta relevo montanhoso, onde o clima é frio
e a vegetação é de floresta boreal, com predomínio de coníferas.

Montanhas Rochosas – Conjunto montanhoso formado


por dobramentos modernos que, em território canadense, se
estendem do centro-oeste da Colúmbia Britânica até o leste
de Alberta. Formada por montanhas bastante elevadas, com
escarpas muito íngremes, esta região apresenta temperaturas
muito baixas em virtude da sua altitude e uma vegetação pre-
dominante de florestas de coníferas.

Capítulo 12 – América desenvolvida: Canadá 431

:09 CG_8ºano_12.indd 431 26/04/2018 17:55:09


431

ME_CG_8ºano_12.indd 431 16/05/2018 12:59:45


Grandes Lagos – Localizada na fronteira sudeste, é a área

Lindsay Nicole Terry


de domínio do Rio São Lourenço. Apresenta relevo suavemen-
te acidentado, onde encontramos trechos encachoeirados. Seu
clima temperado favoreceu o surgimento de uma floresta de
árvores altas. Nesta região, dominam na paisagem os lagos On-
tário, Superior, Hurón e Erie. Nesta região estão localizadas as
duas cidades mais populosas do país, Montreal e Vancouver.
Apalaches – A região “apalacheana” apresenta relevo de mon-
tanhas rebaixadas entrecortadas por baixos planaltos, colinas
suaves e planícies, que são utilizadas para a prática da agricultura.

Região do Ártico – Região mais inóspita do território


canadense. Domina aproximadamente 50% de todo o país.
Amplia-se da região central até o extremo norte. O clima do-
Formação vegetal típica de ambientes minante é o subpolar, com invernos longos e frios, que podem
compostos por baixíssimas temperaturas.
Muitas vezes a Tundra só pode ser visualizada
durar até nove meses, e sua vegetação é a tundra.
após o período de degelo. Na foto, tundra em Pradarias Centrais – Esta região de altitudes baixas e relevo
Nunavut, Canadá.
plano domina a porção noroeste do país. Seu clima tempera-
do continental favoreceu o desenvolvimento de uma vegetação
de gramíneas. Pelo relevo plano, esta região apresenta uma das
maiores produções de cereais do mundo.

Cenário 2

Qualidade de vida
Espaço social
Atualmente, o Canadá tem, aproximadamente, 36,5 milhões
de habitantes. Com uma taxa de crescimento anual de apenas 1,2%
ao ano, sua população é considerada estagnada. Por conta da natu-
reza inóspita do seu território, encontra-se muito mal distribuída
e extremamente concentrada, apresentando uma densidade demo-
gráfica de apenas 4 hab./km2. Aproximadamente 80% dos habitan-
tes aglomeram-se na região dos Grandes Lagos, numa faixa de apro-
ximadamente, 150 km, junto à fronteira com os Estados Unidos,
em três grandes áreas urbanas:

Grande Golden Horseshoe, o amplo corredor entre as re-


giões de Quebec-Windsor, que também inclui Toronto, Mon-
treal e Ottawa.
Lower Mainland, região do entorno de Vancouver.
Corredor urbano, que vai de Calgary a Edmonton, em Alberta.

As demais regiões são verdadeiros vazios populacionais.

432 Capítulo 12 – América desenvolvida: Canadá

CG_8ºano_12.indd 432 26/04/2018 17:55:09 C


432

ME_CG_8ºano_12.indd 432 16/05/2018 12:59:46


Canadá: densidade populacional

Menos de 0,1 habitante


de 0,1 a 0,9 habitante
de 1 a 4,9 habitantes
de 5 a 19,9 habitantes
de 20 a 49,9 habitantes
Território de 50 a 150 habitantes
de Yukon Mais de 150 habitantes
Territórios
do Noroeste

Colúmbia
Britânica
Alberta
Saskatchewan Labrador
Manitoba Quebec

Ontário
L. Príncipe
Eduardo

Nova
Escócia
N

O L 0 148 km 296 km

Devido à sua posição no globo terrestre, situado em altas latitudes, nem todo espaço territorial pode ser utilizado pela agricultura no Canadá. Como
podemos observar no mapa, em direção ao norte, o rigor do clima diminui acentuadamente a densidade populacional. Observe também que, ao
longo da fronteira com os Estados Unidos e não distante desta, existem no Canadá áreas mais e menos povoadas.

A população canadense goza de um dos mais elevados padrões


de qualidade de vida do planeta: IDH, 0,908; expectativa de vida
ao nascer de 82 anos; mortalidade infantil de 4,8/mil nascidos; e
taxa de alfabetização de 99%.
EQRoy/Shutterstock.com

A educação no Canadá é formada por


10 sistemas provinciais e 2 territoriais,
incluindo as escolas públicas e escolas particu-
lares. Ao construírem o seu país, os canadenses
de várias formações culturais descobriram que
a compreensão era fundamental para unir tão
diferentes elementos históricos, geográficos e
étnicos. Os sistemas de ensino desenvolvidos
destinavam-se a acomodar tal diversidade.

Capítulo 12 – América desenvolvida: Canadá 433

:09 CG_8ºano_12.indd 433 26/04/2018 17:55:09


433

ME_CG_8ºano_12.indd 433 16/05/2018 12:59:47


A população canadense tem nos franceses e britânicos o iní-
cio da sua formação étnica devido à colonização. Desde 1871, o
Canadá coleta estatísticas da população com o relato de cerca de
20 origens na população canadense, sendo, naquela época, os prin-
cipais advindo das ilhas britânicas, com 60,5 %, 31,1% de origem
francesa, mas somente 1% relataram origem indígena. A partir do
censo de 1981, os canadenses passaram a relatar com propriedade a
identificação de suas origens.
A evolução da população contou fortemente com as imigra-
ções e os dados de 2016 revelam, de acordo com a etnia, a presença
de tipos de origem inglesa (6,3 milhões), escocesa (4,8 milhões),
francesa (4,7 milhões) e irlandesa (4,6 milhões). Nota-se a dimi-
nuição dos tipos de origem francesa. O censo de 2016, baseado na
resposta dos cidadãos contabiliza 32,5% da população canadense,
que relataram pelo menos uma origem das ilhas britânicas, e 13,6%
pelo menos uma de origem francesa.
Os indígenas, atualmente, reconhecem as suas origens em 6,2%
da população, formando um contingente de 2,1 milhões de pes-
soas. Entre as 20 linhagens mais comuns relatadas pela população
canadense, temos a ascendência chinesa (1,8 milhão de pessoas),
ascendência indiana (cerca de 1,4 milhão de pessoas) e ascendência
filipina (837,130 pessoas).

Distribuição de etnias e de culturas de acordo com a origem da população por


geração – Canadá, 2016.

Primeira Segunda Terceira geração ou


Origem geração geração superior
Porcento ( % )
Asiática 69.4 26.5 4.1
Africana 62.5 31.0 6.5
Latina, Central e da América do
58.1 35.4 6.5
Sul
Caribenha 47.9 41.5 10.6
Oceânica 36.6 39.8 23.5
População total 23.9 17.7 58.4
Europeia 15.1 19.9 65.1
Outros norte-americanos 2.0 10.0 88.0
Norte-americanos ameríncolas 1.3 5.7 93.0
Fonte: Statistics Canada, Census of Population, 2016.

434 Capítulo 12 – América desenvolvida: Canadá

CG_8ºano_12.indd 434 26/04/2018 17:55:10 C


434

ME_CG_8ºano_12.indd 434 16/05/2018 12:59:48


Canadá: províncias e línguas

0 178 km 356 km

Oceano
Glacial Baía
Ártico de Baffin

Alasca
(EUA)
Território
Círculo Polar Ártico Oceano
Terr
de Yukon Iqaluit
Território de Nunavut Atlântico
it
ór os
Whitehorse

i do Yellowknife
Oceano Nor Território Nova
Pacífico oeste
Baía de Nunavik
Hudson
Labrador
Colúmbia
Britânica Alberta Manitoba
Saskatchewan Quebec St. John s
Edmonton
Ontário
1
2
Charlottetown
Victoria
Regina Halifax
Winnipeg Fredericton
Nova
Quebec

Ottawa Escócia
Estados Unidos Grandes
Lagos Toronto

Línguas
Porcentagem da população
cuja língua materna é:
Inglês
100
Outras Capital de país
de 50 a 80 24 % Francês Capital de
província
mais de 80
ou território
Francês
61 % Inglês Limite de
1 – Ilha Príncipe Eduardo N
menos de 80
província
80 e mais %0 ou território 2 – Nova Brunswick
O L

Mesmo que exista essa diversidade cultural no interior da po-


pulação canadense, observe que duas são predominantes: a inglesa
e a francesa. A inglesa mais abrangente e a cultura francesa restrita
ao Quebec. Esse fato faz com que, atualmente, o Canadá tenha dois
idiomas oficiais: o inglês e o francês. Após vários anos de reivindica-
ção da população de origem francesa e do governo quebequense, o
francês passou, a partir de 1969, a ser a língua oficial dessa província.
meunierd/Shutterstock.com

Vista da velha Quebec e do Château


Frontenac, Quebec, Canadá. Foi desig-
nado um local histórico nacional do Canadá
durante 1980. O local era a residência dos go-
vernadores britânicos do Baixo Canadá.

Capítulo 12 – América desenvolvida: Canadá 435

:10 CG_8ºano_12.indd 435 26/04/2018 17:55:10


435

ME_CG_8ºano_12.indd 435 16/05/2018 12:59:48


Leitura
complementar Cenário 3

Bonjour, Quebec Separatismo


Com escassez de mão de obra e baixa taxa A questão do Quebec
de natalidade, a província canadense lança um
Quebec e Montreal são regiões que, ao longo do período colo-
programa para atrair ainda mais imigrantes nial, foram disputadas pela Inglaterra e França. Cidades fundadas ao
brasileiros. longo do Vale do Rio São Lourenço pelos franceses. Passaram para o
domínio britânico após o final da Guerra dos Sete Anos (entre 1756
e 1763), quando foi assinado o Tratado de Paris, instrumento pelo
Ao menos em alguns aspectos, é cer- qual a França foi forçada a ceder alguns territórios por ela ocupados,
to dizer que Brasil e Canadá guardam mui- até então pela Inglaterra. A partir desse momento histórico, parte
da população dessas províncias alimenta um forte desejo de sepa-
to pouco em comum. O segundo maior país ração, com o objetivo de transformá-las em um país independente.
do mundo em extensão territorial tem inver- Atualmente, esse desejo e luta tem diminuído. A última manifesta-
nos de temperaturas glaciais, um esporte na- ção ocorreu através de um plebiscito em 1995, cujo resultado foi a
permanência da região no estado canadense.
cional que não poderia parecer mais exótico

Maurizio De Mattei/Shutterstock.com
aos brasileiros (o hóquei no gelo) e tão pou-
cos problemas, que a escapada de um urso da
floresta costuma ser considerada uma notícia
eletrizante por lá. Pois nenhum desses fatores
têm impedido que brasileiros, que emigram
para ele, se adaptem muito bem. Prova disso Quebec é considerada patrimônio mun-
dial pela Unesco. Berço da civilização
é que só no Quebec, a parte francesa do terri- francesa na América do Norte, é um símbolo de
história viva, com uma mistura de arquitetura,
tório canadense, o número de brasileiros com herança, arte e cultura.

status de residente permanente aumentou cin- Cenário 4


co vezes desde 2004.
Em todo o Canadá, eles são 11 mil. Já
formam a quarta comunidade latino-ameri-
Economia
cana, depois dos colombianos, mexicanos e
jamaicanos. E esse contingente vai crescer. O
Espaço econômico
recém-aberto escritório do governo do Que- industrial
bec em São Paulo prepara o lançamento de Desde 1994, o Canadá faz parte do Nafta (Tratado Norte-
uma campanha com o objetivo de divulgar -americano de livre comércio), junto com os Estados Unidos
os encantos da província francófona e con- e o México, cujo principal objetivo é eliminar as barreiras co-
merciais, promovendo a livre circulação de mercadorias, servi-
vencer brasileiros das vantagens de trocar os ços e capitais.
ares tropicais por uma paisagem de geleiras
— mais a possibilidade de viver e aposentar- 436 Capítulo 12 – América desenvolvida: Canadá
-se em um país cuja renda per capita é de 41
mil dólares e cujos indicadores de criminali-
dade são de dar inveja até a finlandês (a taxa CG_8ºano_12.indd 436 26/04/2018 17:55:10

de homicídios foi de 1,8 por 100 mil habi- que a província colonizada por franceses to- Anotações
tantes, em 2006). mou a dianteira no trato do problema. “Foi a
Sim, Quebec quer os brasileiros, mas não primeira a escolher seus imigrantes, mas ago-
qualquer um. Basicamente, interessa à provín- ra as outras já estão seguindo o seu exemplo
cia recrutar homens e mulheres capazes de aju- e aumentando o investimento nos programas
dá-la a resolver dois problemas: o risco de enco- de recrutamento”, diz David Foot, professor
lhimento da população (a taxa de fecundidade de economia da Universidade de Toronto, ele
no Quebec é de 1,7 por mulher, abaixo, portan- mesmo um imigrante britânico.
to, do nível mínimo de reposição, de 2,1) e a es-
cassez de mão de obra qualificada em áreas es- Fonte: Extraído de Thiago Mattos. In: revista Veja.
tratégicas, como tecnologia e química. Edição 2154 de 3 de mar. de 2010. Disponível
São problemas que atingem não apenas em: http://veja.abril.com.br/030310/bonjour-
Quebec, mas todo o Canadá. A diferença é quebec-p-098. shtml. Acessado em: 14 abr. 2016.

C
436

ME_CG_8ºano_12.indd 436 16/05/2018 12:59:50


Dessa forma, a economia canadense, que já era integrada aos
Estados Unidos, passa a ser quase que totalmente ligada a este país.
Hoje, mais de 80% das exportações canadenses, principalmente
matérias-primas minerais e vegetais, se destinam aos Estados Uni-
dos, de quem importam quase 70% de produtos, na maioria indus-
triais, tecnologias e serviços.

Regiões econômicas estratégicas


N % Exportação % Importação
100 100

O L
Oceano
75 75

S Glacial Baía 50 50
de
Ártico Baffin
25 25

0 0

Alasca
2000 2005 2010 2000 2005 2010

(EUA)
Círculo Polar Ártico
Lim
i te
do
Pe

Oceano
r

m
af
Pacífico
ro
st
Baía de
Hudson

Chumbo e zinco
Cobre
Ferro Edmonton

Vancouver
Níquel

Calgary
Ouro
Petróleo e gás
Urânio Winnipeg
Montreal
Oceano
Estados Unidos Grandes
Atlântico
Região industrial
Policultura e pecuária leiteira Lagos Toronto
Cultivo de cereais (trigo)
Fachada marítima ativa
Cereais e pecuária
Fluxos transfronteira
Exploração florestal Hidrelétrica
0 187 km 374 km
Fluxo marítimo
Terras não cultivadas São Lourenço, Grandes Lagos Indústrias de papel

Seu gigantesco e quase inexplorado território é fonte de


enormes volumes de riquezas naturais. Podemos encontrar
grandes jazidas de petróleo e gás natural na região de Alberta e
na sua plataforma continental, além das areias betuminosas do
Athabasca, outra fonte de retirada do óleo. O Canadá é o maior
produtor mundial de zinco e urânio, explorados na região apa-
lacheana, além de estar entre os maiores produtores mundiais de
ouro, níquel, alumínio e chumbo, que são encontrados espalha-
5:10
dos pelas regiões norte, nordeste e noroeste.
Bryan Sikora/Shutterstock.com

Na província de Alberta, se desenvolve


uma das agriculturas mais produtivas do
mundo, onde também se concentram aproxi-
madamente 65% das reservas de petróleo do
Canadá e 80% de gás natural.

Capítulo 12 – América desenvolvida: Canadá 437

CG_8ºano_12.indd 437 26/04/2018 17:55:10


437

ME_CG_8ºano_12.indd 437 16/05/2018 12:59:51


Nas áreas das planícies centrais, encontraremos uma região de
relevo plano, solos naturalmente férteis, cujo clima permite sua vas-
ta utilização.
Além dessas riquezas minerais, encontramos em território cana-
dense uma das maiores áreas de florestas boreais, ou de coníferas, do
Planeta, que até a década de 1950 permanecia praticamente intocada.

Canadá: recursos naturais e indústria


0 154 km 308 km
Alasca
(EUA) Oceano Glacial
Ártico
Oceano Pacífico

Baía de
Hudson

Edmonton
Vancouver
Calgary Winnipeg
Regina

EUA
Chumbo e zinco
Cobre Montreal
Ferro
Toronto
Oceano
N
Atlântico
Níquel Região industrial
Outro Zona de pesca
Petróleo e gás Hidrelétrica O L
Urânio Indústrias de papel S

Como podemos observar no mapa, Toronto, Montreal e o Vale do Rio São Lourenço são as principais áreas industriais do Canadá. No oeste,
destaca-se a região de Vancouver, importante centro industrial.

Principais áreas
industriais
Com essa abundância de recursos naturais, o território cana-
dense passou a ser palco da intervenção de diversas empresas in-
dustriais, nacionais e transnacionais, com o objetivo principal de
transformar esse imenso volume de matérias-primas em produtos
industriais e semibeneficiados para atender às necessidades inter- CG

nas, mas prioritariamente internacionais.


Um dos primeiros complexos industriais a serem erguidos no
Canadá foi o de produção de papel e celulose. Instaladas na pro-
víncia da Colúmbia Britânica, no extremo oeste do país, várias in-
dústrias retiram da floresta de conífera um volume gigantesco de
madeira, onde produzem, aproximadamente, 50% do papel-jornal
que o mundo atual consome, além de 1/3 da polpa de celulose con-
sumida dentro dos Estados Unidos.

438 Capítulo 12 – América desenvolvida: Canadá

CG_8ºano_12.indd 438 26/04/2018 17:55:11


438

ME_CG_8ºano_12.indd 438 16/05/2018 12:59:52


Diálogo com o
professor

GoodMood Photo/Shutterstock.com
• Comente que o espaço econômico do Ca-
nadá está caracterizado pela existência de um
diversificado parque industrial e de áreas res-
tritas, porém intensamente exploradas, em
que se desenvolvem atividades agropecuárias.
O quadro natural canadense impõe uma série
de limitações à expansão das atividades eco-
nômicas pelo território. O norte canadense,
por exemplo, especificamente as áreas domi-
nadas pelo clima polar, é coberto por gelo, o
que não favorece o desenvolvimento de ativi-
dades econômicas.
Casa de toras de madeiras, típica da região da Colúmbia Britânica.
• Desperte seus alunos para o fato de o Canadá
deter o domínio de tecnologias bastante avança-
Percebendo a redução continuada da floresta, que desde a dé-
das, condição que o coloca entre os países mais
cada de 1970 perdeu 25% da sua área original, o governo canadense
vem criando normas ambientais rígidas, como a obrigatoriedade de desenvolvidos do mundo. Por isso, o Canadá se
reflorestamento, além do estabelecimento de parques ambientais enquadra entre os países que investem em tecno-
como forma de preservar esse ambiente natural.
A grande área industrial canadense está localizada na região
logias para obter mais recursos financeiros e rea-
dos Grandes Lagos e no Vale do Rio São Lourenço, território con- plicá-los na geração de novas tecnologias.
junto com os Estados Unidos. Ambos os governos, ao longo do
século XX, firmaram parceria para criar um rol de infraestrutura
necessária para promover o desenvolvimento regional. Dessa for-
ma, surgiram rodovias e ferrovias; um grandioso parque de geração
de energia hidrelétrica, a partir da exploração das águas dos lagos; e Anotações
o Rio São Lourenço foi transformado numa vigorosa hidrovia que
interliga os Grandes Lagos ao Atlântico.
Ao longo dessa região, foram-se desenvolvendo cidades indus-
triais, como as francesas Montreal e Quebec, localizadas na mar-
gem direita do Rio São Lourenço, e Toronto e Ottawa, na margem
oposta, onde estão instaladas grandes indústrias automobilísticas,
elétricas, eletrônicas, de papel e celulose, de tecnologia sofisticada
(informática), química e siderúrgica, além de um diversificado par-
que de indústrias de bens de consumo.
Além dessa região, podemos destacar Vancouver, na porção
oeste do país, com seu parque de indústrias pesadas (siderúrgicas
e metalúrgicas) e de celulose, além de uma quantidade de centros
industriais menores, espalhados pela região central e norte do país.

Capítulo 12 – América desenvolvida: Canadá 439

CG_8ºano_12.indd 439 26/04/2018 17:55:11

:11
439

ME_CG_8ºano_12.indd 439 16/05/2018 12:59:52


Cenário 5

Agropecuária
Centralização
agropecuária
Geografia em cena A agropecuária canadense apresenta um elevado grau de quali-
ficação. Altamente intensiva, apresenta grandes volumes de capital
Podem ser compreen- investidos em mecanização, adubos industriais, sementes selecio-
didas como Agricultura Fa- nadas e mão de obra qualificada, o que lhe garante grande produti-
miliar, as atividades agrárias vidade e retorno de capital.
cuja mão de obra é predomi- A grande área de produção agropecuária canadense pode ser
nantemente composta por dividida em três porções:
integrantes da família. Na
maioria dos casos, o agricul- Região dos Grandes Lagos e Vale do Rio São Lourenço – Nes-
tor não é o proprietário das ta região, são cultivados diversos gêneros agrícolas, como cereais, be-
terras e sua produção não terraba açucareira, frutas, legumes e verduras, portanto uma prática
consegue competir com a policultora, espacialmente centralizada nas províncias de Quebec
agricultura comercial. e Ontário, onde é praticada na forma de agricultura familiar; além
dessa atividade, destaca-se a pecuária leiteira, praticada na forma in-
tensiva e com o objetivo de atender ao mercado interno.

Região das Planícies Centrais – Região mais produtiva


do país. Isso se deve, em grande parte, às suas características
naturais, de solos férteis e relevo plano. Esta região produz,
atualmente, mais de 10% de todos os cereais consumidos no
mundo, fazendo com que o Canadá seja um dos maiores ex-
portadores de trigo, cevada, aveia, canola e outros cereais.

Província da Colúmbia Britânica – Região do extremo


oeste onde se pratica uma agricultura de frutas e cereais com o
objetivo de atender as necessidades do mercado interno.

Trevor Reeves/Shutterstock.com

As planícies da região das Pradarias concentram 75% da área de cultivo do Canadá.

440 Capítulo 12 – América desenvolvida: Canadá

CG_8ºano_12.indd 440 26/04/2018 17:55:11 C


440

ME_CG_8ºano_12.indd 440 16/05/2018 12:59:53


Canadá: uso da terra
N
Alasca L
O
(EUA) S
Mad
eira,

ereais
Cerea

pasta

,c
is (para

ira
)
rão
(ve

de

cado
de pap

ais a
re M

Pes
Ce Baía de
o Japão)

el, cereais

Churchill Hudson
Kitimat
Terra Nova

Vancouver Sept-Iles
)
pão

Ma
Halifax
o Ja

deira
Montreal
(para

Cere
Pescado

ais
(tri
go)
Estados Unidos
0 187 km 374 km

Policultura e criação Pastagens de altitude com


intensiva de gado leiteiro criação nômade de gado Portos principais
Cultura extensiva de cereais Extração de madeiras, caça
(trigo) a animais de pele rara Principais
correntes
Florestas e pastagens com Áreas não utilizadas pela comerciais
criação extensiva de gado agropecuária

Contudo, convém sa-


oculo/Shutterstock.com

lientar que, ao lado destas


regiões, surgiram complexos
industriais com o objetivo de
beneficiar a grande produção
agrícola gerada pelos campos
canadenses. Em grande parte,
filiais de indústrias estaduni-
denses beneficiadas pelo Nafta,
ergueram-se em solo canaden-
se para enlatar vegetais, trans-
formá-los em sucos, doces e
polpas, ou para produzir ração
e farelo, leite, queijos e deriva-
Nafta. Os Estados Unidos usam sua força
dos, que exportam para o mun- para capitanear o bloco econômico da
do inteiro. América do Norte.

Capítulo 12 – América desenvolvida: Canadá 441

:11 CG_8ºano_12.indd 441 26/04/2018 17:55:11


441

ME_CG_8ºano_12.indd 441 16/05/2018 12:59:54


Anotações
Geografia em cena

Petróleo faz do Canadá novo vilão do


clima

No norte de Alberta, em Fort Mackay, encontra-se a pro-


víncia do Canadá que está ganhando todo tipo de fama por
Leitura abrigar o maior projeto energético do mundo. [...]
complementar Por ali, enterrado sob a bela floresta boreal, há um enor-
me campo de areias petrolíferas. É uma mistura de areia, argi-
la, água e um petróleo bruto muito pesado conhecido por be-
tume. O problema começa em como tirar o betume do solo
Canadá e EUA divulgam e como separá-lo do resto; sem mencionar que se trata de um
plano para reduzir emissões de combustível fóssil dos mais sujos.
Existem dois métodos de extração, dependendo da profun-
metano didade da jazida. Cerca de 20% dos campos estão próximos da
superfície, e o betume é extraído em mineração aberta. É pre-
ciso arrancar a floresta, remexer a terra, retirar água do rio e
formar imensas lagoas. No outro caso, o betume é retirado com
Plano conjunto para alcançar metas do o bombeamento de muito vapor. A extração é cara, exige alto
acordo climático de Paris é valorizado por gru- consumo de água e de energia, e o resultado final não é um pe-
pos ambientais, mas o drilling no Ártico ainda tróleo de grande qualidade. Mas a questão não é essa: as jazidas
de betume de Alberta são imensas.
preocupa. A primeira petroleira a chegar, nos anos 1960, foi a cana-
dense Sincor. Uma década depois veio outra canadense, a Syn-
crude. Por muitos anos, a operação ficou nisso, restrita a essas
O Canadá e os Estados Unidos anuncia-
duas. Era muito caro separar o óleo da areia. Mas o preço do
ram planos conjuntos para discutir a mudan- petróleo subiu, a tecnologia avançou e a extração do betume
ça climática, incluindo reduzir as emissões de explodiu em Alberta. Em abril de 2008, havia 91 projetos ati-
vos na região. A produção diária atual é de 1,3 milhão de barris
metano — uma decisão bem-vinda pelos gru- e deve saltar para 3,3 milhões em 2025.
pos ambientais que cobram que o presidente Os números da indústria são gigantescos. Em 25 anos, segundo
Barack Obama ainda tem mais degraus a subir estimativa do Instituto de Pesquisa Energética do Canadá, as areias
betuminosas podem agregar US$ 1,8 trilhão ao PIB do Canadá e
para proteger comunidades e assegurar um le- criar 456 mil empregos. Esse petróleo do solo já torna o país o se-
gado como líder climático. gundo maior produtor do mundo, perdendo apenas para a Arábia
A declaração conjunta das duas nações Saudita. Desde 2001, o país é o maior fornecedor de petróleo aos
EUA, desbancando os sauditas. No site da Syncrude, há dados im-
diz que Obama e o primeiro-ministro Justin pressionantes: os três depósitos de petróleo de Alberta (Athabasca,
Trudeau “consideram o Acordo de Paris como Cold Lake e Peace River) poderiam suprir a necessidade energética
um momento-chave em esforços globais para do Canadá por 475 anos ou toda a demanda mundial por 15 anos.
O potencial pode ser cinco vezes maior que as reservas sauditas.
combater a mudança climática e ancorar o cresci- “As areias de petróleo são uma das pedras fundamentais da eco-
mento econômico em desenvolvimento limpo”. nomia de Alberta e do Canadá”, diz Don Thompson, presidente
O plano inclui cortar as emissões de me- da Oil Sands Developers Group, entidade que reúne as petroleiras.

tano — um gás de efeito estufa mais poten-


te que o dióxido de carbono — do setor de 442 Capítulo 12 – América desenvolvida: Canadá
gás e petróleo em 40-45% abaixo dos níveis
de 2012 até 2025. Essas emissões “são a maior
fonte industrial de metano do mundo”, segun- CG_8ºano_12.indd 442 26/04/2018 17:55:11 CG

do a declaração. cluindo o uso de valores similares para o custo rigosa mudança climática e para a chegada de
Também defende usar uma aproximação social do carbono e outros gases para acessar uma economia mais próspera e limpa”.
científica para realizar decisões sobre futuras os benefícios das medidas regulatórias. A Agência de Proteção Ambiental (EPA)
extrações no Ártico, fomentando o avanço de Muitos grupos ambientais comemo- dos EUA admitiu mês passado o que estudos
tecnologia de energia limpa, e “adotar em 2016 raram as medidas destacadas pelos líderes. anteriores já haviam apontado — que as in-
uma medida ‘fora da curva’ que irá permitir o Michael Levine, conselheiro sênior do Pacífi- dústrias de combustível fóssil estão emitindo
crescimento neutro de carbono da aviação civil co para o Oceana, por exemplo, deu boas-vin- mais metano do que era pensado. E como o
internacional”. A declaração adiciona: das ao que ele viu como “passos vitais em di- metano é o componente principal do gás na-
O Canadá e os EUA irão alinhar aproxi- reção a um futuro sustentável para a região do tural, o anúncio mira no boom do fracking —
mações, refletindo sobre a melhor ciência dis- Ártico”, enquanto a presidente do conselho de um ponto notado pelo poderoso Instituto
ponível para contabilizar os maiores custos à defesa dos recursos naturais, Rhea Suh, dis- Americano de Petróleo (API).
sociedade das emissões de gases do efeito es- se que eles “proclamam um novo dia na nossa “Regulações adicionais ao metano pela
tufa que serão evitadas cortando medidas, in- parceria entre fronteiras para combater a pe- administração poderiam desencorajar a revo-

442

ME_CG_8ºano_12.indd 442 16/05/2018 12:59:54


Anotações

Acontece que o outro lado desta moeda é muito sinis-


tro. O Canadá está na contramão de todos os esforços inter-
nacionais de reduzir os gases de efeito estufa e combater o
aquecimento global. O país assinou o Protocolo de Kyoto,
mas não só não cumpriu o corte que havia prometido fa-
zer como aumentou as suas emissões. Segundo o relatório
energy [r]evolution, do Greenpeace, Canadá, as emissões de
gases estufa do país eram 592 milhões de toneladas em 1990
e viraram 721 milhões em 2006 — um aumento de 21,7%
sobre os níveis de 1990 e de 29,1% sobre as metas do país
em Kyoto. “O Canadá é um fora da lei internacional”, diz o
jornalista canadense Andrew Nikiforuk, autor do livro Tar
Sands. Segundo ele, cada barril de betume produz três vezes
mais gases estufa que um barril de petróleo convencional.
“As tar sands explicam por que o governo do Canadá gastou
mais de US$ 6 bilhões em programas de mudança climáti-
ca nos últimos 15 anos e não conseguiu cumprir nenhuma
meta”, diz ele.
Nas contas da ONG Global Forest Watch Canada, os mo-
radores da província de Alberta emitiam 71 toneladas de CO2
equivalente (uma medida-padrão para os gases estufa) per capi-
ta em 2005, ou quatro vezes a emissão do resto dos canadenses.
As emissões per capita ali só perdem para as dos moradores do
Catar. A região tem 10% da população do país e responde por
32% de suas emissões.
Há outras prováveis consequências da extração das areias
betuminosas que arrepiam ambientalistas. Peter Lee, diretor
da Global Forest, diz que as reservas de gás natural do Canadá
só dão para a extração de 29% do betume. “Serão necessárias
14 usinas nucleares para substituir o gás”, estima. “O Canadá
será o único país do mundo a usar energia nuclear para produ-
zir combustíveis fósseis”, ironiza Melina Laboucan-Massimo,
a Tar Sands campaigner do Greenpeace. “Esta atividade não
é sustentável para o ar, a água, a saúde, o clima, o direito dos
povos indígenas”, prossegue. Segundo ela, as indústrias lan-
çam no rio Athabasca 11 milhões de litros de efluentes com
mercúrio, amônia, cobre e outros metais pesados. Há risco de
contaminação dos aquíferos. Para produzir um barril de pe-
tróleo, usam três a quatro vezes a mesma quantidade de água.
“Afinal, que tipo de legado estamos deixando às futuras gera-
ções?” questiona.
Fonte: Valor Econômico/Daniela Chiaretti, de Wood Buffalo, Canadá.
Adaptado de: brasilcomex.net/integra.asp?cd=3672. Acesso: 3/4/2016.

Capítulo 12 – América desenvolvida: Canadá 443

5:11 CG_8ºano_12.indd 443 26/04/2018 17:55:11

lução energética do xisto, que tem ajudado a


América do Norte a liderar a redução de emis-
sões mundialmente, enquanto reduz signifi-
cantemente o custo de energia dos consumi-
dores”, relata Kyle Isakowerd, vice-presidente
de políticas regulatórias e econômicas da API,
segundo a Bloomberg.

Disponível em: http://cartamaior.com.br/?/


Editoria/ Meio-Ambiente/Canada-e-EUA-divulgam-
plano-para-reduzir-emissoes-de-metano-mas-e-
o-fracking-/3/35701. Adaptado. Acessado em:
08/05/2018.

443

ME_CG_8ºano_12.indd 443 16/05/2018 12:59:55


Aprenda com arte

As Invasões Bárbaras
Direção: Denys Arcand.
Ano: 2004.

Sinopse: Este filme canadense é uma excelente escolha para quem procura conhecer mais sobre as
influências da cultura francesa no Canadá, pois mostra a vida de Rémi, que busca em sua família e
amigos uma forma de encontrar paz em seus últimos momentos.

Pequeno dicionário geográfico e cultural


Ameríncolas: Mesmo que ameríndios; indí- Íngremes: Inclinadas.
genas americanos. Inóspita: Dura, agreste; que não é hospitaleira.
Corredor urbano: Conjunto de cidades que Plebiscito: Consulta ao povo por meio de vo-
formam uma linha conurbada ou infraestru- tação baseado em perguntas de sim ou não.
turas de transporte urbano. Rol: Enumerar, listar, catalogar, relacionar
Escarpas: Encosta íngreme, acima de 49º. algo.

Ensaio geográfico
1 Com suas palavras, tente explicar o processo pelo qual foi originada e distribuída a população
do Canadá.
Mais de 32,5% dos canadenses são de origem inglesa e se encontram principalmente junto aos Gran-

des Lagos. Aproximadamente 13,6% são de origem francesa, situados em grande parte junto ao Vale

do São Lourenço, na Província de Quebec.

2 O Canadá se destaca por possuir um dos melhores índices de qualidade de vida do mundo. A
partir dessa afirmação, faça uma breve análise de sua economia.
O Canadá possui um forte potencial energético, o que favorece o desenvolvimento de suas indústrias,

dando origem a grandes polos como Toronto e Montreal, além de nas suas planícies desenvolver-se

uma significativa agricultura mecanizada, tendo como destaque a produção de aveia, cevada e trigo.

444 Capítulo 12 – América desenvolvida: Canadá

CG_8ºano_12.indd 444 26/04/2018 17:55:11 C


444

ME_CG_8ºano_12.indd 444 16/05/2018 12:59:55


3 Leia o texto com atenção:

O Canadá segundo os norte-americanos


“Com o Canadá, tudo limpo. Até porque a maioria dos americanos acredita piamente que o Ca-
nadá faz parte dos Estados Unidos. Falam a mesma língua, até, e sem aquele sotaque pernóstico dos
ingleses. E para telefonar você não precisa nem colocar o código na frente do número, só os três dígitos
da cidade, mais o número chamado – um interurbano, enfim. E vejam só as contribuições que o Cana-
dá já deu à cultura americana: Joni Mitchell, Neil Young, Michel J. Fox, John Candy, James Cameron
e hóquei, que maravilha!
Ah, sim, tem aquela história de Quebec e aquele povo que fala francês. Mas Quebec fica na Euro-
pa, não fica?”
(BAHIANA, Ana Maria. América de A a Z – quase tudo o que você precisa saber para sobreviver ao sonho americano. Rio de
janeiro, Objetiva, 1994. p. 19-20.)

O texto caracteriza-se pela ironia, que quando não é bem interpretada, pode parecer uma afirmação.
Apresente os dois problemas canadenses, um econômico e outro político, citados de forma irônica
pela autora.
Falta de mão de obra e região separatista.

4 A abertura de filiais multinacionais americanas no continente asiático tem contribuído para o au-
mento na taxa de desemprego do país. Observe a charge e responda qual sua relação com o Canadá.
A charge demonstra a busca de novas
Reprodução

oportunidades por parte da população

norte-americana em decorrência do au-

mento do desemprego em alguns setores.

Capítulo 12 – América desenvolvida: Canadá 445

:11 CG_8ºano_12.indd 445 26/04/2018 17:55:12


445

ME_CG_8ºano_12.indd 445 16/05/2018 12:59:56


5 Observe o mapa abaixo e identifique a área destacada.

N
Oceano O L
Glacial Baía
C de Baffin
írc Ártico S
ul
oP
ola

rtic
o
Oceano
Atlântico
Península do Labrador.
Baía de
Hudson
Oceano Pacífico

Grandes
Lagos 0 271 km 542 km

Encerramento
1 (ESPM) “País de grande extensão territorial, clima frio e que, apesar de possuir população relativa-
mente pequena, conseguiu consolidar-se como uma das maiores economias do mundo”. O texto acima
caracteriza qual dos países abaixo?
a. Austrália.
b. X Canadá.
c. Brasil.
d. Argentina.
e. Índia.

2 (Cesgranrio) Assinale a opção que não identifica as características da formação geográfica das re-
giões do Canadá.
a. No Vale do São Lourenço e nos Grandes Lagos, encontram-se as grandes metrópoles, que têm
na energia elétrica abundante dos Grandes Lagos, no carvão dos Apalaches e no ferro da Penín-
sula do Labrador os recursos necessários ao seu desenvolvimento.
b. As Províncias Marítimas se destacam por uma policultura e por indústrias de papel; entretanto,
sua mais importante atividade econômica é a indústria pesqueira, favorecida pela Corrente do
Labrador.
c. As Grandes Planícies Centrais são áreas de grandes propriedades, intensa mecanização e bem
servidas de transporte ferroviário, que escoa a importante produção do trigo canadense.
d. X A Colúmbia Britânica, região de alta densidade demográfica e de clima temperado continental,
tem o relevo acidentado, o que permite grande produção de hidroenergia.
e. O Grande Norte, região de mais reduzida densidade demográfica, de climas polar, subpolar e
frio continental, apresenta atividades ligadas ao extrativismo da floresta.

446 Capítulo 12 – América desenvolvida: Canadá

CG_8ºano_12.indd 446 26/04/2018 17:55:12 C


446

ME_CG_8ºano_12.indd 446 16/05/2018 12:59:57


3 No mapa, estão representadas as capitais político-administrativas e as cidades de maior concentra-
ção populacional dos países A, B e C. Assinale a alternativa que apresenta os nomes dos três países, A,
B e C, nesta ordem, e a característica comum às suas capitais político-administrativas.

0 667 km 1.334 km
a. Estados Unidos, México e Canadá; as capi-
A tais são as cidades de maior concentração
populacional desses países.
B Oceano b. Estados Unidos, México e Brasil; as capitais
Atlântico
er
estão situadas à beira de lagos.
o de Cânc
Trópic
c. Brasil, Estados Unidos e Canadá; as capitais
N são as cidades de maior concentração popu-
O L lacional desses países.
S
d. X Canadá, Estados Unidos e Brasil; as capitais
não são as cidades de maior concentração
Oceano populacional desses países.
Pacífico
C
e. Canadá, Estados Unidos e Brasil; todas as
Trópico de Capricórnio
capitais localizam-se na porção ocidental
desses países.

4 Sobre o Canadá, marque a única alternativa correta:


a. É o segundo maior país em extensão territorial, apenas menor do que os Estados Unidos.
b. O Canadá é um dos países de melhor qualidade de vida, sendo considerado um dos melhores da
Europa.
c. X O Canadá é um país rico em recursos minerais, com agricultura moderna e parque industrial
completo.
d. O Canadá é uma possessão dos Estados Unidos, ou seja um território, que embora autônomo ,
está dependente politicamente da maior potência europeia atual.
e. O Canadá é um país rico, com excelente qualidade de vida, porém depende das indústrias dos
Estados Unidos.

5 (UFRS) Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas do texto abaixo.


Atualmente, cresce cada vez mais o número de grupos separatistas que lutam pela independência de
certas regiões dentro de um país. Em virtude de diferentes processos de colonização protagonizados
por _______, as tendências separatistas são atuantes no(a) _______, onde _______, de maioria fran-
cesa, reivindica uma posição especial.
a. X ingleses e franceses – Canadá – Quebec.
b. ingleses e franceses – Canadá – Ontário.
c. espanhóis e bascos – Espanha – o País Basco.
d. ingleses e espanhóis – Espanha – Gibraltar.
e. norte-americanos e franceses – Canadá – Quebec.

Capítulo 12 – América desenvolvida: Canadá 447

:12 CG_8ºano_12.indd 447 26/04/2018 17:55:12


447

ME_CG_8ºano_12.indd 447 16/05/2018 12:59:58


6 (Vunesp) Considerando as características climáticas do Canadá, assinale a alternativa que apresen-
ta, corretamente, a sequência dos tipos de vegetação do norte para o sul, naquele país.
a. Pradarias, taiga e tundra.
b. Tundra, pradarias e taiga.
c. X Tundra, taiga e pradarias.
d. Taiga, pradarias e tundra.
e. Taiga, tundra e pradarias.

7 (UFMT) Os meios de comunicação têm transmitido, constantemente, notícias sobre o desejo da


província de Quebec de separar-se do Canadá. Sobre esse país, julgue os itens a seguir.
a. F O Canadá localiza-se a SE dos EUA e abrange porções de terras geladas, localizadas em baixas
latitudes.
b. V Na província de Quebec, predominou a colonização francesa, que determinou o idioma, a cul-
tura e as tradições. Essa diferença com relação ao restante do país gera a questão da emancipação
dessa província.
c. F As maiores cidades canadenses são: Óregon, Louisiana e Montana, onde a indústria predomi-
nante é a automobilística.
d. V Politicamente, o Canadá é uma federação de dez províncias e dois territórios e adota um regime
de governo parlamentar bicameral (senado e câmaras comuns) do tipo britânico.

8 Sobre a economia do Canadá, podemos afirmar que:


I. É fortemente dependente dos Estados Unidos em relação aos fluxos de capitais, tecnologia e mer-
cadorias.
II. Muito prejudicada pela Segunda Guerra Mundial e fracamente industrializada, equilibra sua ba-
lança comercial com exportações de gêneros alimentícios.
III. Dinâmica e forte, tem na produção de papel e celulose uma posição de destaque que coloca o Ca-
nadá como o maior produtor mundial do gênero.
IV. Tem no alumínio seu grande destaque na área metalúrgica, embora a matéria-prima (a bauxita)
necessite ser quase que totalmente importada da Jamaica e do Suriname.
V. Não utiliza técnicas modernas na agropecuária, o que faz com que essa atividade se torne altamen-
te improdutiva.

São corretas as afirmativas:


a. I, II e IV.
b. X I, III e IV.
c. I, IV e V.
d. II, IV e V.
e. III, IV e V.

448 Capítulo 12 – América desenvolvida: Canadá

CG_8ºano_12.indd 448 26/04/2018 17:55:13


448

ME_CG_8ºano_12.indd 448 16/05/2018 12:59:58

Você também pode gostar