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Estatuto do conhecimento científico

Conhecimento do senso comum


 Corresponde a um primeiro nível de conhecimento baseado na experiência do quotidiano e no valor prático da
experiência
 É um conhecimento superficial (não há aprofundamento nos temas), espontâneo (apreensão imediata da
realidade), sensitivo (apreensão sensorial da realidade), ambíguo (linguagem natural-pode ter duplo sentido),
acrítico, ametódico e assistemático (sem investigação, nem testes ou resultados experimentais), dogmático
(sem fundamentação racional), concreto e subjetivo (experiência de cada ser humano), falível e pouco seguro
(pode basear-se em ideias erradas) e reflete princípios, crenças e valores da sociedade
Conhecimento científico
 Procura descrever e explicar os fenómenos, partindo de hipóteses explicativas e estabelecendo relações de
causalidade entre fenómenos observados
 É um conhecimento mediato (não se pretende uma resposta imediata), teórico e aprofundado (baseia-se em
provas e demonstrações rigorosas), unívoco (evita ambiguidades- precisão da linguagem matemática),
racional, critico e revisível (constantemente revisto de forma a identificar falhas), metódico e sistemático
(investigação metódica e organizada), antidogmático (não é visto como absoluto), objetivo, preditivo (prevê a
ocorrência de novos fenómenos) e provisório
Perspetiva Descontinuísta
 Bachelard
 A ciência deve afastar-se do senso comum e até mesmo destruí-lo
 Considera que o conhecimento do senso comum representa um obstáculo epistemológico (ramo da filosofia
que estuda o conhecimento científico) que impede o pregresso do conhecimento científico
 O senso comum é fonte de erros, não permitindo que se chegue a conclusões fiáveis
Perspetiva Continuísta
 Karl Popper
 O senso comum pode ser o ponto de partida para a ciência embora ainda que seja um ponto de partida
inseguro, desde que seja melhorado, criticado e corrigido
 Ao criticarmos o senso comum ultrapassamos as suas limitações e aprofundamos o conhecimento real
Método científico
 Refere-se a um conjunto de regras básicas dos procedimentos que produzem o conhecimento científico.
Teoria científica
 Conjunto de afirmações consideradas válidas pela comunidade científica para explicar a lei.
Método indutivo (Francis Bacon)
 A descoberta de leis científicas depende da observação e da experimentação reguladas pela indução

Descoberta de relações
entre fenómenos, análise e Generalização das relações
Observação de fenómenos
interpretação dos dados descobertas
observados

 Para que o método seja eficaz, Bacon defende que é preciso eliminar os riscos da indução, tal como as ilusões
da perceção, as inclinações pessoais, as ambiguidades linguísticas e os sistemas filosóficos dogmáticos
Critério da verificabilidade do método indutivo
 Uma teoria só é científica se for empiricamente verificável. O cientista através da experimentação, procura
testar a hipótese com vista à sua confirmação
 De acordo com o método indutivo, o critério de demarcação de um enunciado científico é a verificabilidade de
hipótese
Críticas ao método indutivo
 Observação pode ser influenciada por tendências pessoais, não é neutra e imparcial
 Nem sempre é possível observar o que se pretende explicar (campos eletromagnéticos)
 Problema da indução: é pouco fiável, na medida em que apenas nos permite construir verdades prováveis e
incorre no raciocínio falacioso da circularidade- justifica-se a confiança na indução com base num raciocínio
indutivo
Método hipotético dedutivo (Galileu e Popper)

Formulação de uma Dedução das Testes experimentais


Constatação do
hipótese (ou consequências da de
problema
conjetura) hipótese refutação/falsificação
 Uma teoria é científica se podem ser concebidos testes que provem que a teoria é falsa (uma teoria é científica
se e só se é falsificável)
Hipótese ou Conjetura
 É uma explicação provisória do problema
Importância da critica no pensamento de Popper
 Sem uma atitude critica não estaremos a fazer ciência
 Através da critica, o cientista propõe conjeturas ousadas e tenta refutá-las pela experiência, daí o método de
Popper ser designado por “conjeturas e refutações”
Modus tollens
 Método de Popper baseia-se na regra de dedução modus tollens
 (P→Q) ¬ Q ∴¬P
Refutação/Falsificação de hipóteses
 Confrontá-la com potenciais casos que provem a sua falsidade
Hipótese
 Falsificável- tem condições para ser sujeita a testes experimentais que a possam vir a falsificar
 Corroborada- foi sujeita a testes de falsificação e resistiu a todos eles, é provisoriamente aceite (em vigor, a
prazo)
 Falsificada- foi sujeita a testes de falsificação e não resistiu. Não tem qualquer valor científico
Problema da demarcação
 É impossível verificar a universalidade de qualquer teoria científica
 E, se assim é, a única coisa que podemos fazer é refutar a universalidade das teorias científicas
Critério da Falsificabilidade das hipóteses
 Uma teoria só é científica se for empiricamente verificável
 O cientista através da experimentação procura testar a hipótese com o objetivo de a refutar
Teoria verossímil
 Uma teoria é tanto mais verossímil quando, resistindo aos testes de falsificação está mais próxima da verdade
Graus de verificabilidade
 Quanto mais coisas a teoria proibir, mais conteúdo empírico ela tem e maior é o seu grau de falsificabilidade
 As boas teorias são as que têm um maior grau de falsificabilidade

Críticas a Popper
 O critério da falsificação não corresponde à prática do cientista (os cientistas defendem exaustivamente as
suas teorias e não têm como principal objetivo testá-las por meio da falsificação
 Desvalorização do papel da confirmação das teorias
 Possibilidade de erro humano (uma hipótese pode ser considerada falsa por erro humano) (Popper nunca
afirma que a teoria deve ser abandonada após surgir um caso que a falsifica, logo a crítica não é muito forte)
 O problema da indução: é tão justificado acreditar que amanhã o Sol vai nascer como acreditar que o Sol não
vai nascer?

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