Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O símbolo | — significa: estabeleço, afirmo. Para a É um modo, ou uma forma, de pensamento pelo qual,
conclusão, basta simpli ficar o M em cima e embaixo. de alguns casos parti culares, se conclui um proceder
Simples inferências. Na vida diária, fazemos muitas geral. É a operação criadora da Ciência, por excelência.
Ligado à indução está o hábito mental de generalizar. A é B, ou melhor, se A então B”. Esta última formulação
A indução parece se basear no mecanismo dos reflexos recebe a designação de condicional contrafato.
condicionados. Quando se vê que vem A sempre A lei da gravitação de Newton pode ser assim
seguido de B, basta aparecer A para se esperar B. enunciada: “Se tivermos uma porção de matéria em face
Aristóteles distinguia dois tipos de indução: a de outra, então teremos uma atração entre ambas, na
amplificante e a incompleta. Chama-se amplificante razão direta das massas e na razão inversa do quadrado
quando se tem conhecimento de todos os casos particu das distâncias”. A indução:
lares. Nesta modalidade, não é uma marcha do 1) é uma generalização;
conhecido para o desconheci do. Depois de sentir calor 2) baseia-se no princípio de que a natureza age
de segunda a domingo, eu afirmo: esta semana foi sempre da mesma manei ra;
quente. É uma indução amplificante. 3) prende-se, de certa maneira, aos nossos hábitos de
No entanto, a verdadeira indução da Ciência é a pensamento. Até o século XIX, por força da indução, se
incompleta. Baseados no exame de alguns casos dizia: “todos os gansos são brancos”. Dever-se-ia dizer:
particulares, concluímos para todos os elementos da “em 90% dos casos, ou em X% dos casos, os gansos
classe. Digamos: “Conheço vários A que são B. Há são brancos”. Na Austrália, descobriram-se gansos
vários A que não conheço, mas deles afirmo que são inteiramente negros. A indução é uma inferência cuja
também B, baseando-me na crença de que a natureza verdade é sempre provável. A probabilida de desta
age sempre da mesma maneira”. verdade tende para a certeza como a um limite e muitas
Uma lei natural é geralmente redutível à forma: “todo vezes se
11 12
identifica com ela. Assim, a probabilidade de uma generalização aumenta com n
exemplos que a confirmem e desaparece totalmente quando surge um único
exemplo que a contradiga.
Signos e ideias
V
Conectivos lógicos: F
p . qV
F
F F F
e (•); ou (v); se . . ., então (x); não (~). i: “Pedro estuda Filosofia”.
j: “Pedro joga xadrez”.
F
O conectivo e serve de elemento de
Para estabelecermos se uma proposição composta é quando as duas sen tenças elementares que a
verdadeira, devemos observar se as proposições simples compõem são ambas verdadeiras. As quatro combi
são ambas verdadeiras. Se por acaso uma delas for nações possíveis dão apenas uma única resultante
falsa, então a proposição composta será falsa. verdadeira.
Exemplo:
i: “O Brasil construiu a Transamazônica”. II — Alternação. Nesta operação, o conectivo lógico
j: “O Brasil não gastou dinheiro na construção que liga as sentenças é ou, tomado no sentido inclusivo,
da Transamazônica”. A proposição i é como na frase abaixo. Suponhamos que alguém tenha
verdadeira. A proposição j é falsa. dúvida de em que países do continente americano se
Na operação Conjunção, a resultante só é verdadeira fala francês
21 22
e, ao sair da hesitação, diga: “Em duas regiões se fala por dois produtores de aço na América Latina, a resposta
francês: no Canadá ou no Haiti”. Se alguém perguntasse poderia ser: “Deve ser o Brasil ou o México”. Nestes
casos o ou aparece no seu sentido inclusivo, isto é, um primeira ser verdadeira (V) e a segunda ser falsa (F). Se
elemento não exclui o outro. Empre guemos, aqui, os digo: Se fulano resolver este problema, então engulo o
dois exemplos anteriores. Simbolizemos ou por v. guarda-chu va. Supondo F para as duas elementares,
Recorren do ao sentido intuitivo das duas sentenças, como será a resultante?
podemos construir a:
Tabela III — Implicação
Tabela II — Alternação Tenho as sentenças p e q associadas na condicional.
resolver o problema, eu engulo o guarda-chuva”, quando Se p, então q: Repre sentamos “se . . . , então” por ()
é que esta resultante é falsa? Examine o caso de a
p F pvqV p F pqV
VVFF V VVFF F
V V
q V q V
V F V V
F F
A alternação ou tem dois sentidos: no sentido verdadeira (V) e a consequente ser falsa (F).
inclusivo o significado de ou é: ou p ou q ou ambos. Por estes exemplos vemos que a verdade de uma
Exemplo: “Ou João ou Pedro têm dinheiro”. Isto é, João sentença complexa (molecular ou resultante) é função da
pode ter dinheiro e Pedro não. Pedro pode ter dinheiro e verdade das sentenças elementares (atô micas) que a
João não ou ambos podem ter dinheiro. compõem.
No sentido exclusivo significa de duas uma: ou p ou q;
de outro modo: p ou q, nunca os dois. IV — A negação. A negação, evidentemente, tem
íntima relação com o valor lógico da sentença. Opera,
III — Implicação. Estudemos agora o que se entende contudo, com uma única sentença. Representemos a
por implicação, isto é, uma proposição composta cujo negação por um ~:
elemento de ligação é o condicional; “se p, então q”. A
indicação de uma implicação se faz da seguinte forma: Tabela IV
“p q” — significando que uma decorre da outra.
p: “Paulo foi ao jogo”. ~p
A resultante só é falsa no caso de a antecedente ser
p
q: “Paulo foi ao Maracanã”.
V
F
p q: Se “Paulo foi ao jogo” então “Paulo foi ao Maracanã”. Portanto:
Paulo foi ao jogo implica Paulo foi ao Maracanã.
V
V
Esta operação lógica se faz em função de: Se ..., então. Se associo: “Se ele
23 24
Se p é igual a “a terra é imóvel”, esta expressão ~ (a O princípio do terceiro excluído é uma sentença
terra é imóvel) pode ser lida como: é falso que “a terra é logicamente verdadeira, porque, quaisquer que sejam os
imóvel”, pode-se ler também à maneira tradici onal: “a valores dos seus componentes, a resultante é sempre
terra não é imóvel”. A expressão ~ p pode ser lida, pois, verdadeira.
como: a) é falso que p Equivalência, princípio de identidade. Chamamos de
b) não p equivalência a con dicional que se indica da seguinte
forma: i j.
Princípios lógicos Pela representação de equivalência, constatamos
a) Principio de contradição. Comumente enuncia-se imediatamente a existên cia de uma dupla implicação. Se
este princípio da se guinte maneira: i indica j, então j indica i. Exemplo: “Se Pedro é o único
— Uma coisa não pode ser e não ser ao mesmo que tem duas canetas, o único que tem duas canetas é
tempo. Por exemplo: O objeto A não poderia ser ao Pedro”.
mesmo tempo B e não-B. Poderíamos expres sar as i: “Pedro tem duas canetas”.
duas sentenças simples do princípio como p e ~p. De j: “As duas canetas pertencem a Pedro”.
acordo com a i j: “Pedro tem duas canetas” indica “As duas canetas
pertencem a Pedro”.
tabela anterior, seria: p F condicional se i, então j é
j i: “As duas canetas verdadeiro e o condicional se
V V pertencem a Pedro” indica j, então i também é
“Pedro tem duas cane tas”. verdadeiro; caso contrário,
F .
p ~p F Como Pedro é o único que diremos que a equivalência é
~p tem duas canetas, então: i falsa.
j. Uma equivalência é A equivalência pode ser
F dita verdadeira quando o chamada de Princípio da
Identidade. Exprime a
Assim, teríamos: p • ~p = 0, lendo-se “p e não p igual falsa.
a nada”, isto é, uma coisa não pode ser e não ser ao b) Princípio do terceiro excluído. Este princípio quer
mesmo tempo e sob o mesmo ponto de vista, digamos, afirmar a impossibili dade de um meio-termo entre a
branca e preta. afirmação e a negação. “Qualquer coisa é ou não é.”
Como vemos, este princípio é uma sentença Seja a qualidade B e sua contraditória não-B. Uma coisa
logicamente falsa porque, quaisquer que sejam os qualquer A é necessariamente B ou não-B. Sua
valores dos seus componentes, a resultante é sempre simbolização seria de acordo com a tabela da
alternação: também, de leis gerais do pensamento. Em todos os
impossibilidade em que se acha o espírito humano de nossos juízos estamos sempre utilizando-os incons
pensar uma noção e seus caracteres íntimos ou cientemente. Quando afirmo: “Isto é um colégio”, estou
constitutivos como opostos e dessemelhantes. Uma empregando os três princípios:
coisa é o conjunto de seus caracteres. Uma coisa é ela 1) Afirmo a identidade do colégio com ele mesmo, ao
própria: “O que é, é”. Em notação, a a, onde lemos a é fazer a assertiva. 2) Excluo a sua contraditória de que
equivalente a a. ele não seja colégio (princípio do tercei ro excluído).
Conclusão: Estes três princípios são chamados,
Uma função proposicional torna-se uma proposição quantificadores. Os quantificadores determinam valores em
quando substituímos sua variável por um elemento termos de universalidade ou em termos de existência.
determinado ou por um quantificador. Vejamos, quando Vejamos a função proposicional: “X estuda”. Torna-se uma
afirmo: “A liberdade é um dom precioso”, a palavra proposição quando afirmo:
liberdade tem tan tos significados, que significa “X é um 1. Pedro estuda.
dom precioso”. Esta é uma função proposicional ou uma 2. Para todo X, X estuda, ou para todo X, X significando
sentença aberta. Torna-se uma proposição quando X é uma pessoa (Pedro),
substituído por um elemento determinado. Outro exemplo,
a expressão X + 4 = 5 é uma função proposicional por Sistema dedutivo
causa de sua variável e, como vimos ante riormente, esta
expressão somente poderá ser definida como uma
proposição simples se definirmos um valor qualquer para Aristóteles apresenta seu silogismo em letras (stoiquéia) a
X. Há duas maneiras de se trans formar estas sentenças fim de mostrar que chegamos à con clusão não por força
abertas em proposições simples: da matéria das premissas e sim por consequência de sua
1. Atribuindo-se um valor à variável. forma e combina ção.
2. Fazendo-se uso de elementos chamados Alexandre (antigo lógico grego)
ADeduzir consiste em tirar uma consequência de antecedentes mediante re gras ou mediante a evidência. A primeira
estrutura dedutiva cabalmente estuda
X estuda. Este é o quantificador universal e é representado pelo símbolo V.
Portanto, a proposição acima será representada por X, X que consiste em inferir B de A e C. É um argumento
estuda. O segundo tipo de quantificador é o existencial, mínimo ou miniatura dedutiva. Aristóteles, o criador da
cujo símbolo é: E e significa existe. teoria silogística, dá o seguinte exemplo de silogismo:
Por exemplo: E X | X + 3 = 4, e lê-se: “existe um valor
de X, tal que X + 3 = 4”, ou então, “existe pelo menos um
valor de X, tal que X + 3 = 4”. Há ainda um quantificador
chamado quantificador existencial particular. É
representado pelo símbolo E | e significa “existe
unicamente”, “existe somente um”. CBA
Por exemplo: E | X | X + 3= 5, significando portanto: Se A é predicado de todo B
“existe um único valor de X, tal que X + 3 = 5”. e B é predicado de todo C
da foi o silogismo. O silogismo é um argumento dedutivo Logo: A é predicado de todo C
27 28
Isto pode ser simbolizado graficamente por três Como se vê, todo silogismo deve ter três termos: o
círculos inscritos de acordo com a inclusão de cada maior, o menor e o médio.
termo no seguinte. Qualquer silogismo, em essência, se a) Termo maior é aquele que na conclusão exerce
reduz a este esquema da figura anterior. unicamente as funções de predicado, tendo, por sua vez,
No silogismo, queremos saber qual a relação entre A maior extensão.
e C. Como caminho de solução, valemo-nos do termo b) Termo menor é o sujeito da conclusão e o que
intermediário B, no qual A e C estão, de certa maneira, tem menor extensão. c) Termo médio é o que
incluídos. nunca está na conclusão.
S P se p, então q (5)
Há uma forma silogística da indução que
presta muitos e bons serviços à Ciência,
como a Medicina, a Sociologia, a Economia.
Vejamos este exemplo: Premissa maior: “As
substâncias A, B e C possuem uma
propriedade idên tica (por exemplo, matam
micróbios)”.
Premissa menor: “Uma substância X,
desconhecida, verifica-se ser seme lhante a
A, B e C, por exemplo, na cor, ou pelo fato
de ser produzida por certo cogumelo”.
Conclusão: “X tem a propriedade de A, B e C”.
Este segundo tipo de dedução aplica-se
frequentemente na pes-quisa farmacológica,
química, e em outros campos. Com esta
indução chega-se a uma conclusão nova,
não implícita na premissa maior, por meio de
uma analo
31 32
formas lógicas. Eis o esquema das estruturas ou formas lógicas dos dois primei
ros exemplos:
“É pelo fato de a Lógica se interessar apenas Os lugares vazios podem ser preenchidos por
pela forma, que a denominamos formal.” qualquer matéria. Em 1., tenho uma estrutura ou forma
lógica predicativa, onde afirmo uma qualidade de um
sujeito. Em 2., tenho uma estrutura de relação, onde
ponho os dois termos João e Pedro numa relação de
grandeza (maior do que).
Em 3., se retirarmos a matéria (palavras que
A interpretação do mundo cria determinadas designam objetos ou fatos do mundo exterior) do
estruturas mentais: estruturas de relação entre as coisas, silogismo, teremos:
de propriedades: de pertence a; relação de
quantificação: todos, alguns, nenhum; relação de
igualdade: maior, menor.
Assim, uma parte do mundo é composta de coisas
(objetiva), outra de rela ções entre as coisas (subjetiva).
Que é, pois, estrutura ou formal Quer nas nossas Nem todos os silogismos se apresentam de acordo
sentenças, quer nos nossos raciocínios, podemos com a forma regular que conhecemos — três
sempre distinguir a forma do conteúdo objetivo. Vejamos proposições bem definidas: duas premissas e uma
um exemplo. Qual seria a forma lógica de: conclu são.
1. Pedro é estudioso. Os tipos que vamos estudar, se bem que diversos,
guardam certa analogia com o silogismo regular.
{
Todos os homens são mortais. Também conhecido pelo nome de
Sócrates é homem. modus ponens. É constituído de duas
3. Logo: Sócrates é mortal. premissas ligadas entre si pelas
constantes se . . ., então . . . Este
Silogismo hipotético silogismo vale
Nenhuma palavra que denote coisa ou fato da da Lógi ca.
experiência faz parte da estru tura lógica. Que resta, então, das sentenças dadas? Restam apenas
Não lhe pertence também o significado semântico das suas estruturas ou
palavras. Nos dois primeiros exemplos, as palavras por uma regra dedutiva.
Pedro, estudioso, João, como denotam coi sas, pessoas, Se p, então q.
propriedades do mundo exterior, não fazem parte, pois, Dá-se p.
Logo q. Se Pitágoras inventou o teorema que tem o seu nome,
Exemplificando: então foi um bom matemático.
33 34
É certo que ele inventou. Logo: Foi um bom matemático. espécie humana não poderia sobreviver. Ora, eu quero
O modus ponens é um silogismo hipotético positivo que todos vivam e sobrevivam em paz; logo, não devo
ou condicional. Quan do aparece em forma negativa fazer isto”.
chama-se modus tollens. Há outros imperativos chamados por ele de
Se p, então q. heterônomos: “Se fizer isto, papai briga ou irei para o
Não se dá p. inferno” etc. A força de decisão lógico-moral está fora da
Logo: Não se dá q. pessoa. Os outros imperativos baseados em princípios
Ex.: pessoais individuais chamam-se autônomos. Por
Se a riqueza fosse uma condição para a felicidade, exemplo: “Se todos fizessem como eu quero fazer
então os homens viveriam tanto mais felizes quanto mais agora, a sociedade não poderia subsistir, não devo fazer
ricos fossem. aos outros o que não quero que façam a mim”.
É falso que os homens sejam tanto mais felizes
quanto mais ricos. Logo: É falso que a riqueza seja a Dilema
condição essencial à felicidade. O modus ponens se
constitui numa regra geral de demonstração matemáti Neste silogismo, enuncia-se uma alternativa e mostra-
ca. se depois que, quais quer que sejam os termos de uma
ou de outra das alternativas, a conclusão será sempre a
Entimema mesma, como no exemplo citado de Protá-goras e seu
discípulo. O dilema é um argumento válido e tem esta
(Deriva-se do grego: en timo ménei, “fica na alma”.) forma ou estrutura:
Neste silogismo falta uma premissa ou até mesmo as
duas. Ou p ou q.
Ex.: “Penso, logo existo”. Se p, então r.
(Falta: Todo o que pensa existe.) Se q, então s.
Logo: ou r ou s.
Podemos reduzir nossas conclusões morais a
entimemas. Quando algum de nós chega à conclusão: O dilema é um tipo de argumento muito eficaz porque
“Não devo fazer isto”; “Tenho que fazer aquilo” etc, esta fornece duas saídas ao problema e, em ambas, o efeito
decisão moral é apenas uma conclusão silogística cujas da ação é o mesmo. Assim, r ou s se equivalem. Analise
premissas ficam ocultas. As premissas poderiam ser: “Se este dilema clássico, cuja estrutura seria a seguinte:
fizer isto ficarei mal visto; ora, não quero ser mal visto;
logo, não devo fazer isto”. Kant chamava as premissas Ou p ou não p.
morais de imperativos categóricos, podendo pertencer a Se p, então r.
várias categorias morais. Os mais válidos seriam os mais Se não-p, então r.
universais. Por exemplo: “Se todos praticassem isto, a
Logo r? o. O jovem defendeu-se com este argumento: