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o

Ativismo
Quântico
Apostila
Amit Goswami, Ph.D.
o
Ativismo
Quântico
Apostila Amit Goswami, Ph.D.
Ilustrações de Ri Stewart

Esta apostila de exercícios foi preparada para auxiliar os entusiasmados espectadores do docu-
mentário O ativista quântico a se aprofundarem no estudo do ativismo quântico. É dedicada a
todos os ativistas quânticos presentes e futuros, um grupo especial de pessoas que se transforma-
rão e transformarão o mundo, usando com habilidade os princípios quânticos. Para oferecer seus
melhores resultados, esta apostila deve ser estudada em grupo sob a orientação de um líder que
coordene a dinâmica.
Assim, realize sessões de estudos durante, pelo menos, algumas semanas. Também incluímos refe-
rências para mais leituras e estudos individuais ou em grupo, além de alguns exercícios.

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Física quântica e princípios quânticos

Qual é o veículo do ativista? É melhor que seja a física quântica, que oferece ao
ativista um poder causal: a causação descendente. Na física newtoniana, os objetos
são coisas determinadas, feitas de matéria; seus movimentos são determinados
por interações materiais entre objetos de nível básico, chamados partículas ele-
mentares, que constituem o mundo de baixo até em cima – a causação ascendente.
Mas, na física quântica, os objetos não são coisas determinadas: são possibilidades
quânticas dentre as quais a consciência faz a escolha. Essa escolha consciente é a
causação descendente.
Certo, estes são fragmentos sonoros importantes; há muito ainda que se exa-
minar em nossa busca da compreensão. Sendo assim, as primeiras perguntas são
as seguintes:

O que é o quantum?
O que é a possibilidade quântica?
O que é a consciência? ?
O que é o quantum?

O quantum é uma quantidade discreta, usada pela


primeira vez pelo físico Max Planck para denotar a
ideia de que a troca de energia entre os corpos só
pode ocorrer em termos de quanta discretos – um
quantum, dois quanta etc., mas nunca meio quantum.
Um fóton é um quantum de luz. Podemos conceber a
partícula elementar como um quantum de matéria.
Em nossas atividades diárias, o dinheiro é quan-
tificado. Não podemos trocar dinheiro numa denomi-
nação menor que um centavo. Evidentemente, essa
quantificação do dinheiro é arbitrária, não é uma lei
física. Os bancos, na prática, utilizam frações de centavo!

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O termo quantum concentra muito mais força desde que passou a ser usado
para denotar um movimento descontínuo. O físico Niels Bohr defendeu a tese de
que, quando um elétron salta de uma órbita atômica para outra, ele não atravessa
o espaço entre elas. O movimento do elétron é descontínuo, e Bohr denominou-o
“salto quântico”.

O que é uma possibilidade quântica?

“Possibilidade quântica” é uma forma abreviada de falar de uma “onda de possibili-


dade quântica”. Para compreender essa ideia, pense em como o elétron se com-
porta quando fica livre no meio de uma sala.
Quando você lança uma pedrinha numa massa de água, a água se espalha a
partir do ponto em que a pedrinha a atinge, certo? O elétron também se espalha
de maneira semelhante, mas em três dimensões, de acordo com o que diz a mate-
mática quântica. No entanto, vamos supor que instalamos na sala uma grade de
contadores Geiger (um equipa-
mento que faz tique-tique-tique
quando os elétrons incidem nele).
Será que todos esses contadores co-
meçam a fazer o tique-tique? Não.
Num experimento, somente um dos
contadores Geiger emitirá som. Em
outro experimento idêntico, outro contador soará, e assim por diante. Então o elé-
tron está esfarelado pela sala toda? Sim, como dizem os matemáticos. Mas, para
captarmos o sentido disso, devemos concordar que o elétron está em muitos luga-
res ao mesmo tempo somente como possibilidade. Por isso a denominação “onda
de possibilidade”.

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Probabilidade

As possibilidades vêm com a pro- Posição com a mais


alta probabilidade
babilidade. No experimento ao
lado, se você marcar todos os da-
dos obtidos em diferentes men-
surações, chegará a uma curva

Probabilidade
de probabilidade em forma de
sino. O poder preditivo da física
quântica decorre dessas curvas
em sino, que podemos calcular a
partir da física quântica em res-
posta à indagação de onde o elé-
tron estará em média, para um
grande número de mensurações. Posição no espaço

Com base na curva acima, pode-


mos dizer que há uma probabili-
dade desse tamanho de que o elétron esteja em alguma parte da sala. Na física e
na química, estamos sempre lidando com zilhões de objetos quânticos; portanto,
a predição dessa probabilidade é tudo de que precisamos. Porém, no caso de um
objeto ou de um evento isolado, as probabilidades não ajudam muito. A matemá-
tica quântica não tem resposta. Então, postulamos o seguinte: é a consciência que
escolhe – e isso explica o efeito do observador, que é um fato.

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Corolários para discussão

Efeito do observador

Quando um observador observa, a onda de possibilidade torna-se uma realidade.


Em termos coloquiais, dizemos que a onda se transforma numa partícula. Observa-
ção: o jargão do físico para essa mudança é “colapso”. Mas não se confunda.

O que é consciência?

Essa é a questão fundamental para discutirmos. O efeito


do observador leva à conclusão de que o ato de o ob-
servador olhar deve ter alguma interação envolvendo
a não matéria, pois as interações materiais, de acordo
com o famoso teorema do matemático John von Neu-
mann, somente podem converter ondas de possibili-
dade em outras ondas de possibilidade, nunca em
realidades. Então, essa não matéria é a consciência do
observador, mas o que é isso? Se você disser que é
aquilo que observa, que convencionalmente chama-
mos de “o sujeito”, criamos um paradoxo. Evidentemente, o sujeito não existe sem
seu cérebro, mas sem o colapso temos apenas um cérebro possível.

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O cérebro exige o colapso e o colapso exige o cérebro. Estamos aqui diante de
uma circularidade, de um paradoxo lógico, conhecido como o paradoxo da mensu-
ração quântica.
Em sua análise do paradoxo da mensuração quântica, a física quântica nos diz o
que a consciência deve ser a fim de evitar todos os paradoxos de pensar a respeito.

A consciência é a base de todo o ser; a matéria consiste de possibilidades da

1 própria consciência. Uma vez que a consciência está escolhendo a partir de


si mesma, essa asserção evita o paradoxo do dualismo: como a consciência
interage com a matéria sem um sinal? A física quântica dá uma resposta
radical: não há sinal. Essa comunicação sem sinal é chamada de “não locali-
dade quântica”.

Outra tendência é pensar que escolhemos com nossa consciência individual.

2 Isso também desemboca num paradoxo: a quem cabe a escolha, no caso de


um sinal de trânsito dicotômico, discutido no filme? A solução leva à mesma
ideia acima: a consciência original, fonte de nossa causação descendente, é
não local. Essa fonte pode ser chamada de Deus, conforme as tradições mais
antigas; mas ela é objetiva e podem chamá-la igualmente de consciência
quântica.

Não há matemática para o colapso; não existe um algoritmo contínuo que

3 possa ser atribuído ao colapso. Este é descontínuo. O que é a descontinui-


dade? Quando um elétron salta de uma órbita atômica para outra, ele o faz
sem atravessar o espaço intermediário. O salto quântico do elétron é um
exemplo de descontinuidade.

A mensuração quântica no cérebro é uma hierarquia entrelaçada, o que

4 significa que existe um relacionamento circular entre os componentes do


cérebro. Isso nos dá a autorreferência. No processo da mensuração quântica
envolvendo o cérebro com sua hierarquia entrelaçada, a consciência se
divide em sujeito (o que experimenta) e objeto (o experimentado). Nesse
processo, a consciência se identifica com o cérebro.

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No filme, isso é discutido em partes, mas não tudo ao mesmo
tempo. Colocar todas elas juntas deve favorecer a discussão
sobre a natureza da consciência. Leia meu livro O universo au-
toconsciente se quiser saber mais sobre os paradoxos quânti-
cos e sua resolução, com base na filosofia do primado da
consciência. A causação descendente e seus três atributos –
não localidade, descontinuidade e hierarquia entrelaçada
– são os princípios da física quântica que podem nos transfor-
mar quando aprendemos a aplicá-los adequadamente em
nossas vidas. São essas as ferramentas com que trabalha o ativista quântico.
Mais para a frente, iremos tornar cada um desses atributos da causação des-
cendente um tópico de discussão, obedecendo à seguinte ordem:

Como exploramos a não localidade?


Como nos envolvemos com a descontinuidade?
O que é a hierarquia entrelaçada?
Como nos envolvemos com ela?

(Todavia, essa discussão deve esperar até termos definido


?
adequadamente o âmbito de aplicação de tais princípios.)

A física quântica é a física das possibilidades, que são o produto da causação


ascendente. Escolhemos os acontecimentos reais da nossa experiência a partir
dessas possibilidades, o que é a causação descendente. E não escolhemos em
nosso ego individual e condicionado, uma ideia que foi bastante enfatizada
no filme. Observe também
que nossa escolha é muito
limitada no âmbito físico,
mas bastante ilimitada no
que é chamado de âmbito
sutil nas tradições espiri-
tuais. Para tanto, agora nos
voltamos para...

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O corpo denso e o corpo sutil

Quando nos damos conta de que a matéria existe


como possibilidades dentro da consciência, pode-
mos resolver o problema da assim chamada dua-
lidade mente-corpo ou interno-externo. Como?
As tradições espirituais falam de cinco cor-
pos de consciência: o físico, o vital, o mental, o
supramental e o sublime. O corpo supramental
(que consiste de arquétipos como o amor, a be-
leza, a verdade, a justiça e a bondade) está inse-
rido na totalidade da consciência, vista como a
base do ser.
Na era moderna, o psiquiatra Carl Jung codificou quatro categorias de traços
de personalidade: o tipo sensorial, o tipo sentimento, o tipo pensamento e o tipo
intuitivo. Reunindo os dois sistemas no âmbito da
consciência, obtemos quatro mundos diferentes de
possibilidades: as possibilidades materiais que senti-
mos (sensorialmente) quando elas colapsam; as possi-
bilidades vitais que sentimos (emocionalmente); as
possibilidades mentais que pensamos; as possibilida-
des supramentais que intuímos. Em cada um desses
mundos, temos uma existência e um corpo. Os corpos
não interagem diretamente; em vez disso, é a consci-
ência que medeia não localmente a interação entre
eles. Desse modo, o dualismo mente-corpo é evitado,
criando uma nova concepção filosófica. Vamos agora retomar a discussão daque-
les tópicos.

O que o corpo vital faz que o corpo físico não pode fazer? O que a mente faz
que o cérebro não pode fazer?
Dos nossos quatro corpos, o físico é público e vivenciado como externo; é o
chamado corpo denso. Os outros três – o vital, o mental e o supramental – são pri-
vados, internos e chamados de sutis. Isso levanta a seguinte questão:

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Qual é a explicação para a dicotomia interno-externo?
Já mencionei anteriormente o conceito de ego. Com os corpos sutis em cena,
podemos indagar mais sobre o ego nos seguintes termos:

O que é o ego?
De onde vem a individualidade?

O que o corpo vital faz que o corpo físico não pode fazer?
Toda pessoa sensível sabe que, quando vivenciamos emoções, sentimos ener-
gias. Tradicionalmente, essa energia é chamada de prana (na Índia), chi (na China)
ou simplesmente energia vital (no Ocidente). O conceito de energia vital foi des-
cartado da biologia e da medicina devido ao dualismo implícito (se sentimos as
energias do movimento do corpo vital, como é que o corpo vital interage com o
corpo físico?), e devido ao advento da biologia molecular, por meio da qual pare-
ceu que poderíamos entender tudo sobre o corpo por meio da química do DNA etc.
Mas o DNA sozinho não pode explicar tudo sobre o nosso corpo como, por exemplo,
alguns aspectos do processo de cura. Como sabem todos os médicos e todos os
pacientes, frequentemente a cura precisa de vitalidade ou da energia vital. A ener-
gia vital não é produzida pela química do corpo. A química é local, mas a sensação
da energia vital, a sensação de estar vivo, é altamente não local. Mas, então, de
onde vem a energia vital se não do movimento de um corpo vital não material?
As moléculas obedecem a leis físicas, mas estas nada sabem dos contextos da
vida que tanto nos ocupam o tempo, como nossa manutenção e nossa sobrevivên-
cia, para nem mencionar o amor e o ciúme. O corpo vital pertence a um mundo
sutil separado e contém os moldes para a geração de formas, formas estas que
executam as funções vitais fundamentais – os contextos da vida. Em outras pala-
vras, o corpo vital fornece os projetos corporais para que os órgãos do corpo físico
executem as funções vitais no espaço-tempo.
O ponto é este: objetos físicos obedecem
a leis causais, e isso é tudo que precisamos
saber para que possamos analisar o compor-
tamento deles. Podemos dizer que seu com-
portamento é como uma lei. Os sistemas
biológicos obedecem a leis da física, mas

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também realizam algumas funções com propósito, como a autorreprodução, a
sobrevivência, a manutenção da integridade do self no ambiente, o amor, a auto-
expressão, a evolução e o autoconhecimento. Vocês irão perceber que algumas
dessas funções são comuns aos humanos e aos animais. Por exemplo, o medo é
um sentimento ligado ao nosso instinto de sobrevivência, mas será que você
pode imaginar um grupo de moléculas sentindo medo? O comportamento mole-
cular pode ser completamente explicado no âmbito das leis físicas, sem agregar-
-lhe o atributo do medo. O medo é um movimento corporal vital que sentimos e,
ao mesmo tempo, é um programa vital que ajuda a consciência a direcionar as
células de um órgão físico a executar as funções vitais apropriadas em resposta ao
estímulo que produz o medo.
O comportamento dos sistemas biológicos é interessante porque esses pro-
gramas que comandam suas funções não estão relacionados às leis físicas causais
que governam o movimento do substrato molecular. Vamos chamar esse compor-
tamento de programado.
A grande contribuição de Rupert Sheldrake para a
biologia (veja seu livro A ressonância mórfica e os hábi-
tos da natureza) foi ter reconhecido a fonte deste com-
portamento programado. Sheldrake introduziu os
campos morfogenéticos não locais e não físicos na
biologia a fim de explicar os programas que coman-
dam a morfogênese biológica, ou seja, a constituição
das formas físicas para os seres biológicos.
Isso quer dizer que todos nós nascemos como em-
briões unicelulares que depois se dividem e criam ré-
plicas idênticas, dotadas de DNA e genes igualmente idênticos. Mas o funcionamento
celular depende das proteínas feitas nas células. Potencialmente, todas as células
podem fazer todas as proteínas, mas não é assim. Em vez disso, as células se tor-
nam diferenciadas e, dependendo do órgão ao qual a célula pertence, somente
alguns genes são ativados para fabricar determinadas proteínas, associadas ao
funcionamento daquele órgão em particular. Se é assim, devem existir programas
que ativam os genes adequados.
Como é que a célula sabe onde está no corpo ou a que órgão pertence? Essa
resposta exsuda não localidade. Audaciosamente, Sheldrake sugeriu que os pro-

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gramas de diferenciação do funcionamento dos órgãos exigem campos morfoge-
néticos não locais (portanto, não físicos).
Com isso, mais uma vez o corpo vital é o repositório dos campos morfogenéti-
cos, os moldes para a constituição da forma. Como dissemos no filme, a tarefa do
corpo físico é criar representações dos campos morfogenéticos do corpo vital. A
tarefa das representações é executar as funções de viver, manter a vida, reproduzi-
-la etc.; a tarefa dos moldes vitais é ajudar a programar o corpo físico para que
execute suas funções biológicas. Faz sentido. Se as formas vivas são comandadas
por programas de computador, então os programas devem ter sido gerados por
algum molde, em algum lugar, por algum programador. Como os moldes agora
estão embutidos no hardware como formas e o comportamento programado da
forma biológica é automático, é fácil esquecer a origem do comportamento pro-
gramado e o programador.
Assim, o corpo vital é necessário. Ele tem os moldes originais, os campos mor-
fogenéticos que os órgãos do corpo físico representam. Assim que as representa-
ções são feitas, os moldes ajudam a rodar os programas que executam as funções
das representações dos órgãos. Quem faz as representações, o programador, é a
consciência. A consciência usa os moldes vitais para fazer as representações físicas
de suas funções vitais, codificadas em seu corpo supramental: um corpo de leis e
arquétipos. Quando a consciência colapsa um órgão físico para que execute uma
função biológica, ela também colapsa o molde vital: é o movimento do molde vital
que sentimos como a energia vital de um sentimento.

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Esse modo quântico de movi-
mento do molde do corpo vital é
prana, chi ou energia vital. Quando
estamos passando pela experiência
interna de ter uma emoção, existe
um pensamento, mas também exis-
te um movimento extra, sutil, vital
que a consciência colapsa na esfera
de sua percepção interior; este é o
prana manifesto. As emoções envol-
vem movimentos do corpo vital
além do movimento do corpo men-
tal. Apenas preste atenção no que
acontece em você na próxima vez
que sentir raiva. Surgem pensamen-
tos enraivecidos do tipo “Vou te
mostrar uma coisa”. Mas veja bem:
existe alguma outra coisa, mais sutil,
que você também registra interna-
mente. Isso é o prana, a energia vital.

Os campos morfogenéticos nos oferecem uma explicação profunda dos senti-


mentos: o que sentimos, como sentimos e onde sentimos. Sem dúvida, tudo isso é
vivencial, mas uma evidência mais objetiva do corpo vital decorre de sua impor-
tância na medicina alternativa. Às vezes, é defendida a hipótese de que os senti-
mentos e as emoções são território da neuroquímica do sistema límbico. Para
tanto, a pesquisadora Candace Pert (Molecules of emotion) criou importantes expe-
rimentos com as “moléculas da emoção” (um exemplo disso são as endorfinas as-
sociadas ao prazer). Sem dúvida, as moléculas estão nos dizendo alguma coisa,
mas deveria ser óbvio que as moléculas são os correlatos materiais dos sentimen-
tos mais do que a causa dos sentimentos. Apenas porque duas coisas acontecem
juntas não está garantido que uma é a causa da outra.
Felizmente, na psicologia oriental reconhece-se que os sentimentos estão as-
sociados aos órgãos fisiológicos, e as emoções são nitidamente consideradas efei-

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tos dos sentimentos na mente. De acordo com os orientais, há sete centros
principais em nosso corpo – os chacras – por meio dos quais percebemos e viven-
ciamos nossos sentimentos. Mas, através dos séculos, embora a ideia dos chacras
tenha recebido ampla validação empírica pelas disciplinas espirituais, não se cons-
truiu um conhecimento teórico significativo a respeito. Agora, finalmente, com o
conceito de campo morfogenético de Sheldrake, podemos contar com uma expli-
cação dos chacras, onde se originam os sentimentos e por que eles acontecem.
Você pode descobrir por si mesmo o que um pouco de pensamento quântico nos
permite teorizar cientificamente. Em primeiro lugar, observe que os chacras princi-
pais estão situados perto dos órgãos mais importantes do nosso corpo, consi-
derando o funcionamento biológico. Depois, repare no sentimento que você
vivencia em cada um desses chacras;
você pode recorrer à lembrança de sen-
timentos passados. Em terceiro lugar,
perceba que os sentimentos são suas
experiências da energia vital – os mo-
vimentos de seus campos morfoge-
néticos, e que os mesmos campos
morfogenéticos estão correlacionados
com o órgão do qual são a fonte, o molde. Agora, podemos chegar à conclusão
inevitável: os chacras são os pontos do corpo físico em que a consciência simultanea-
mente colapsa os movimentos de importantes campos morfogenéticos, e os órgãos do
nosso corpo que representam esses campos morfogenéticos.

Isso foi muito complicado?


Para os materialistas, é tudo ao contrário. Eles acham que sentimos emoções no
cérebro, ou seja, que as emoções constituem um epi-
fenômeno cerebral. E, então, atingem o corpo por
meio do sistema nervoso e das assim chamadas molé-
culas da emoção. Mas, na realidade, é justamente o
inverso. Sentimos os sentimentos nos chacras, só que
o controle é transferido para o mesencéfalo e, em se-
guida, o neocórtex entra em ação quando a mente
confere significado aos sentimentos.

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O filme dá grande atenção ao chacra cardíaco.
Ótimo. Mas, em nossas sessões de discussão, vo-
cês devem dar grande atenção a todos os cha-
cras. Usem meu livro O médico quântico, e
também o de Christine Page, Frontiers of health,
para se orientar.

O que a mente faz e o cérebro não consegue


fazer?
A parte neocortical do cérebro envolvida com
fenômenos mentais como o pensamento é uma
espécie de computador. Sendo assim, os mate-
rialistas perguntam: podemos construir um computador que tenha mente? Se pu-
dermos, isso provará que nossa mente pertence ao cérebro, que é um epifenômeno
do cérebro.
Essa questão deu origem a um campo novo de estudos
chamado de inteligência artificial, nos idos da década de
1950. O matemático Alan Turing afirmou que, se um compu-
tador puder simular uma conversa inteligente o suficiente
para enganar um ser humano e levá-lo a crer que está falando
com outra pessoa, então não poderemos negar a inteligência
mental do computador.
Quer dizer que os computadores passaram no teste de
Turing? Um computador derrotou um dos maiores mestres de xadrez ao final de
uma partida; muito bem, então o
computador é inclusive mais in-
teligente do que o ser humano?
Não só parece que construímos
um computador com mente,
como parece que construímos
um computador dotado de uma
mente com melhores condições
de raciocinar do que uma das
nossas melhores cabeças.

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Contudo, surgiu em cena o filósofo John Searle. Em seu livro
habilmente intitulado The rediscovery of the mind [A redesco-
berta da mente], ele salientou que o computador, sendo uma
máquina que processa símbolos, não consegue processar signi-
ficados. Você pode experimentar. Pode reservar alguns símbo-
los para que denotem significados; vamos chamá-los de
símbolos significantes. Mas, em seguida, você se dá conta de
que precisa de outros símbolos que lhe digam qual é o significado dos símbolos
significantes, e assim indefinidamente. Para processar significados, é preciso um nú-
mero infinito de símbolos e de máquinas que os processem. Tarefa impossível!
O físico e matemático Roger Penrose ofereceu uma prova matemática de que
os computadores não podem processar significados.
Dando ao seu livro o provocativo título de The emperor’s
new mind [A nova mente de imperador], Penrose nos
alertou a respeito de que, apesar de toda a badalação em
torno da questão, a suposta “mente” dos computadores é
tão falsa quanto as novas roupas do imperador da fa-
mosa fábula.
Para corroborar sua afirmação, Penrose usou o impor-
tante teorema de Goedel, segundo o qual um elaborado
sistema matemático é inconsistente ou incompleto. Vale
notar que o teorema de Goedel é fundamental para se re-
conhecer a irrefutabilidade da hierarquia entrelaçada.
Os biólogos materialistas alegam que o significado pode realmente ser uma
qualidade adaptativa evolutiva da matéria. Os trabalhos de Searle e Penrose ex-
põem de modo convincente a natureza vazia dessa alegação. Se a matéria não pode
nem processar significados, como poderá ela alguma
vez apresentar a capacidade de processar significa-
dos para a natureza selecionar? Pelo bem da sobrevi-
vência ou não?
Decorre que a lição a tirarmos disso tudo é que,
embora a mente esteja claramente associada ao cé-
rebro, ela não pertence a ele, não é um epifenômeno do cérebro. Em vez disso, a
mente é independente do cérebro: ela é que dá significado a nossas experiências.

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Os computadores não podem processar significa-
dos, mas podem fazer (em softwares) representa-
ções dos significados que lhes damos. Da mesma
maneira, a consciência usa o cérebro para criar re-
presentações de significados mentais.
Você ainda pode argumentar que tudo isso é
teoria. Onde estão os dados experimentais? O que
temos aqui é um teste experimental negativo; se
essa teoria está certa, então é impossível construir um
computador capaz de processar significados. É fato que
até o momento nenhum cientista da computação foi ca-
paz de construir um computador que processe significa-
dos para refutar nossa teoria. Em outras palavras, a teoria
está passando o teste.
A natureza da memória cerebral, a julgar por sua repetição, é uma denúncia
morta de que a mente é uma entidade dual diferente do cérebro. O neurofisiologista
Wilder Penfield foi o primeiro a observar – em seu trabalho com pacientes epilépticos
cujos “engramas” da memória ele estimulava com eletrodos – que essa estimulação
produzia um fluxo inteiro de lembranças mentais. O significado mental está repre-
sentado no cérebro, mas somente como gatilhos para que a mente correlata execute
o significado correlato. Isso também explica por que a memória é associativa.
Na realidade, há muitas evidências positivas a favor da dimensão causal da prá-
tica do processamento de significados, que é a tarefa da mente. O filme já discutiu
uma dessas questões práticas: a criatividade. Minha sugestão é que uma sessão de
discussão seja a respeito da criatividade. Leiam o livro de John Briggs, Fire in the
crucible [Fogo no cadinho], e também o capítulo 17 de Deus não está morto, que lhe
servirão de âncoras complementares para a discussão.
Mencionarei três exemplos adicionais da dimensão
prática causal do processamento de significados. Primeiro,
a sincronicidade, conceito introduzido por Carl Jung. A
sincronicidade refere-se a dois eventos correlacionados,
um no mundo físico e outro no mental, por meio do signi-
ficado que a mente percebe. Temos aqui um exemplo da
não localidade quântica. Eventos sincrônicos são balizas

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úteis para a jornada criativa. Como vocês podem ver pelo filme, eu mesmo usei
essa orientação muitas vezes.
Depois, os sonhos. A explicação neurofisiológica dos sonhos – de que eles são
o resultado de colocar imagens perceptivas no som branco do cérebro – é somente
o início de uma explicação. A explicação completa é que
a mente injeta significado no “Rorschach” do som branco
do cérebro, criando, às vezes, audiovisuais bastante es-
petaculares. Então, os sonhos são o enredo contínuo de
nossa vida de significados, uma vez que nos ajudam a
enxergar como os significados se desdobram em nossas
vidas (Deus não está morto, capítulo 14). Isso explica por
que a análise de sonhos, segundo o referencial junguiano
– em que você supõe que todos os personagens do sonho têm o significado que
cada indivíduo atribui a essa imagem onírica –, é tão útil na psicoterapia. Um sonho
pode curar quando você trabalha com ele e assimila seu significado.

Houve sonhos criativos que “abala-


ram o Universo”, como o de Niels Bohr, por
exemplo, que sonhou com as órbitas dis-
cretas dos elétrons atômicos. O inventor
da máquina de costura, Elias Howe, tirou
sua ideia crucial de um sonho em que era
capturado por selvagens e o chefe deles
lhe ordenava que consertasse a máquina

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que tinham, senão... De algum modo, Howe perce-
beu que seus captores estavam carregando lanças
com furos perto das extremidades pontiagudas.
Quando acordou, Howe, no mesmo movimento,
entendeu que a chave para sua máquina estava
em usar uma agulha com um furo perto da ponta.
A descoberta do farmacologista Otto Loewi
da demonstração experimental da mediação quí-
mica dos impulsos neuronais deveria ser vene-
rada por todo neurocientista. Loewi tirou essa
ideia de um sonho, quer dizer, de dois, na reali-
dade. Na primeira vez, ele sonhou com a ideia e a
anotou no meio da noite, mas não conseguiu decifrar sua própria caligrafia no dia
seguinte. Felizmente, sua intenção lhe trouxe o sonho de volta na noite posterior
também. Dessa vez, Loewi tomou o cuidado de anotar os detalhes de maneira
bem legível.
Um terceiro exemplo é o importante cam-
po da doença psicossomática. Equívocos no
processamento de significados podem nos le-
var a doenças graves (O médico quântico). Vou
citar um exemplo disto: como a supressão das
emoções no chacra cardíaco pode nos provo-
car um câncer.
Os cânceres podem resultar de um mau
funcionamento do sistema imunológico. Sempre existem células funcionando mal
em nosso organismo, e elas se dividem de maneira incontrolável. Com um sistema
imunológico saudável, isso não causa proble-
mas, já que a glândula timo garante que essas
células anormais sejam regularmente abolidas.
No Ocidente, as pessoas – os homens em
especial – são culturalmente condicionadas a
suprimir suas emoções. Por exemplo, um ho-
mem pode achar desvantajoso para ele abrir
seu chacra cardíaco na presença de uma mulher

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de quem gosta porque o coração aberto torna-o vul-
nerável. Ela, de repente, pode pedir um BMW e ele
concordar em lhe dar, quem sabe? Naturalmente, ele
adquire o hábito de suprimir a energia vital no cora-
ção, o que causa um bloqueio energético. Um blo-
queio prolongado como esse provoca a supressão
da atividade do sistema imunológico da glândula
timo, e isso pode levar à supressão da capacidade
que o corpo tem de abolir células com crescimento
anormal; estas, então, tornam-se cancerosas. Aliás,
certos tipos de câncer têm sido associados ao fato de
pessoas suprimirem suas emoções, em particular a
energia do amor no chacra cardíaco. É importante mencionar que, quando as emo-
ções se desanuviam mediante um salto quântico nos significados mentais, desblo-
queando a energia vital no chacra apropriado, existem agora evidências muito
boas de pacientes passando por curas espontâneas – dando um salto quântico da
doença para a cura, ao usarem a escolha criativa.
Então, meu ponto é este: se o processamento desequilibrado de significados
pode produzir uma doença séria como o câncer e se, além disso, um significado
correto recupera a saúde, é melhor levarmos a mente e os significados bem a sério.
Esses não são meros epifenômenos!

Qual é a explicação da dicotomia interno/externo?


Qual é a razão para a distinção entre uma dimensão interior e uma dimensão
exterior da nossa consciência? Os materialistas não têm explicação possível para a
experiência interior, de modo que se resumem a querer que seja apenas um epife-
nômeno subjetivo que não pede explicação. Mas os filósofos idealistas, que valori-
zam a experiência interior, também não se saem muito melhor a esse respeito. Eles
postulam a consciência como a base de todo ser e consideram a natureza interior
da psique uma questão de verdade metafísica. Mas, de acordo com a filosofia ide-
alista, todas as coisas estão dentro da consciência, incluindo a matéria e a psique.
Assim, por que vivenciamos uma de fora e a outra de dentro?
A natureza quântica da substância da psique, a mente, o corpo vital, o supra-
mental, nos dá a resposta em relação ao porquê de essas experiências serem vivên-

20
cias interiores. Os objetos quânticos são Distribuição da probabilidade quântica

ondas de possibilidade, potencialmente Posição com a mais


expansíveis sempre que não as estamos alta probabilidade

colapsando. Quando colapsamos uma


onda mental de significados, é escolhido

Probabilidade
um significado em particular e nasce um
pensamento. Mas, assim que eu não es-
teja pensando, a onda de possibilidade
começa novamente a se expandir. Logo,
entre o meu pensamento e o seu pensa-
mento, a onda de significado se expande
tanto, tornando-se tantas possibilida- Posição no espaço

des, que faz com que seja altamente im-


provável você colapsar o mesmo pensamento que eu. (Ocorre uma exceção
quando estamos correlacionados, como na telepatia mental; outra exceção acon-
tece, às vezes, quando duas pessoas de condicionamento semelhante conversam.)
Em termos gerais, portanto, os pensamentos são viven-
ciados como matéria particular, vale dizer, interior.
Agora, compare a situação com objetos materiais. Há
uma diferença fundamental entre os mundos sutis e o
mundo denso, razão pela qual são usadas essas designa-
ções. Os mundos sutis – o vital, o mental e o supramental
– são todos uma coisa só: são oceanos indivisíveis de possi-
bilidade. Mas, como reconheceu Descartes, a matéria é res
extensa, ou seja, corpo com extensão.
A matéria pode ser subdividida. No âmbito material, a
micromatéria constrói conglomerados de macromatéria.
Assim, embora a física quântica governe os dois âmbitos da matéria, o micro e o
macro, existe uma diferença espetacular quando se considera a macromatéria um
grande conglomerado de micromatérias. Uma onda de possibilidades num grande
macrocorpo torna-se muito lerda.
Vamos supor que você e seu amigo estejam olhando para uma cadeira. Se você
colapsar a onda de possibilidade da cadeira de modo a olhar para ela, ótimo. Você
faz isso e enxerga a cadeira ali adiante, perto da janela. Logo depois, seu amigo

21
também vem olhar. Entre o seu colapso e o de seu amigo, a onda de possibilidade
da cadeira sem dúvida se expande, mas bem pouco. Antes de mais nada, as molé-
culas da cadeira estão aglutinadas por forças coesivas; sendo assim, a “cadeiridade”
da cadeira permanece até como possibilidade. Somente o centro de massa da ca-
deira pode se mover devido à expansão da onda de possibilidade da cadeira, mas
esse movimento é minúsculo. Como resultado, quando seu amigo a colapsa, a
nova posição da cadeira só é diferente daquela que você observou num teor dimi-
nuto, imperceptível sem a ajuda de um aparelho de laser. Naturalmente, vocês dois
acham que estão olhando para a mesma cadeira, no mesmo lugar. Vocês têm uma
experiência compartilhada, de modo que a cadeira deve estar fora de ambos.
O mundo macromaterial é constituído desse modo. E isso é bom porque, de ou-
tro modo, não poderíamos usá-lo como ponto de referência. Se seu corpo físico esti-
vesse sempre retratando as incertezas do movimento quântico, quem você seria?
Além disso, se a natureza quântica da macromatéria não fosse subjugada, como
poderíamos usar a matéria para criar representações do sutil? Imagine anotar seus
pensamentos num quadro branco, com um pincel, e logo em seguida enxergar os
sinais sendo modificados por eventos seguintes que os colapsam. Para apreciar devi-
damente esse processo, considere que, desde que René Descartes reconfigurou a
realidade como um dualismo interior/exterior, mente/corpo, a filosofia ocidental
tem-se visto dominada por ele. Mesmo grandes pensadores, como Immanuel Kant e
Ken Wilber, pareceram incapazes de sair desse quadrado filosófico.
Ken Wilber (leia seu livro Psicologia integral)
exerce hoje em dia uma grande influência em ter-
mos de moldar o futuro dos estudos sobre a cons-
ciência. Por isso, vamos analisar seu trabalho mais
detalhadamente. A carreira filosófica de Wilber
começou bem. Ele defendeu a filosofia perene
(que é outro nome para a metafísica do primado
da consciência) e a traduziu com muita habilidade,
esclarecendo a mensagem dessa filosofia para
desenvolver uma psicologia transpessoal para os
nossos tempos. As primeiras apresentações de
suas ideias foram tão impressionantes que alguns o chamaram de “Einstein da
psicologia moderna”.

22
Não obstante, quando Wilber direcionou suas pesquisas para o desenvolvi-
mento de uma psicologia integral, assumiu como ponto de partida a dicotomia
cartesiana entre interior e exterior. A abordagem materialista da psicologia – na
psicologia cognitiva, no behaviorismo e na neurofisiologia – é uma abordagem
objetiva, um estudo da consciência na terceira pessoa, como algo “exterior” com
determinados atributos. A abordagem transpessoal baseada na filosofia perene
volta-se para descobrir a natureza do self/eu e, nessa medida, é um estudo da cons-
ciência primariamente na primeira pessoa e, secundariamente, na segunda pessoa
quando a não localidade da consciência é reconhecida. O estudo objetivo da cons-
ciência como algo “exterior” com determinados atributos é feito na consciência
externa. A consciência na primeira e na segunda pessoas (eu/você, nós) só pode
ser estudada de um ponto de vista interior. Disso decorreu o famoso modelo de
quadrantes de Wilber para os estudos da consciência:

(ondas transpessoais) EU ELE


self e cérebro e
2 a
consciência organismo
ca
m
8 ad
a
8
turquesa:
integral 7 também 7
verde-água: estados
tc
xe

holístico 6 alterados 6
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verde:
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sensitivo 5 5
co

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laranja: m
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realizador 4 a
te
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s,

âmbar:
co

3
ni

mítico 3

or

vermelho:
os
tad

egocêntrico 2 2
es

magenta: mágico
1 1
infravermelho: instintivo

arcaico Clãs de sobrevivência


1 1
animístico/mágico ca Tribos étnicas
ça
2 ec
ol 2
deuses do poder eta Impérios feudais
ho
3 rti
cu 3
o

ordem mítica Primeiras nações


rn

ltu ag
e
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é-m

4
científico/racional
pr

Estados corporativos
5 in 5
pluralista no du Comunidades de valor
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m 6
holístico Comunas
in
7 o
fo
rm 7 holísticas
n
integral er ac Redes
od io
n
8 s-m al
8 integrais
pó NÓS ELES
cultura e visão ambiente e
do mundo sistema social

Figura 1. Alguns aspectos dos quatro quadrantes como aparecem nos humanos

23
Mas ainda não há integração. Há a mente e há o corpo em nosso estudo da
consciência, do ponto de vista da interioridade; mas o corpo agora está relegado a
epifenômeno da mente. No mesmo sentido, existem mente e corpo do ponto de
vista da exterioridade. Só que, agora, a mente é considerada epifenômeno do
corpo. Não parece que nenhum desses pontos de vista venha a ser algum dia ca-
paz de fazer justiça igualmente ao corpo e à mente.
Qual foi a solução de Wilber, então? Ele disse que, para podermos resolver o
dualismo mente-corpo, temos de desenvolver nossa consciência a fim de adquirir-
mos a capacidade de vivenciar estados não ordinários, “se você quiser desenvolver
ainda mais a sua consciência, se quiser conhecer todas as suas dimensões”. So-
mente do ponto de vista não racional dos estados “superiores” de consciência não
ordinários é que, de acordo com Wilber, o dualismo mente-corpo pode ser solucio-
nado. Wilber afirmou com todas as letras que não existe uma solução racional para
o problema mente-corpo.
Menciono a teoria de Wilber apenas para salientar como é extraordinário o fato
de que a abordagem quântica de fato proporciona uma solução racional ao pro-
blema mente-corpo e à dicotomia interioridade/exterioridade que o perpetua. A
física quântica nos permite ver que, assim como a fixidez newtoniana da realidade
macrofísica e a natureza comportamental do ego condicionado, a dicotomia inte-
rioridade/exterioridade também não passa de camuflagem. Conforme atravessa-
mos a camuflagem, estendemos a ciência até o mundo das experiências subjetivas,
interiores. Estava na hora.

De onde vem nosso ego-individualidade?


Como é que a consciência cósmica, quân-
tica, não local, identificada com Deus se torna
individualizada? Como é que a continuidade
obscurece a descontinuidade? A resposta é
simples: em primeiro lugar, pela capacidade
de observação e, em segundo, pelo condicio-
namento. Antes que a capacidade de observa-
ção surja, a consciência quântica é una e não
separada de suas possibilidades físicas, men-
tais, vitais e supramentais. A capacidade de

24
observação implica uma cisão entre sujeito e objeto, uma cisão entre o self e o
mundo. Entretanto, antes do condicionamento, o sujeito ou o self que vivencia o
mundo é unitário e cósmico. Quando a consciência escolhe sua resposta ao estí-
mulo em meio às possibilidades quânticas oferecidas a ela pelo estímulo, com total
liberdade criativa (sujeita apenas às limitações das leis da dinâmica quântica da
situação. Deus é objetivo e regido por leis; são as leis Dele, afinal de
contas!), o resultado é o que pode ser chamado de experi-
xperi-
ência primária do estímulo em sua natureza (tal como é
vivenciado num estado de superconsciência que oss
orientais chamam de samadhi). Quando a consciênciaa
se identifica com o estado superconsciente, cha--
mamo-lo de self quântico (o Espírito Santo, no cristia-
a-
nismo). Com mais experiências do mesmo estímulo levando
vando
a um aprendizado, as respostas ficam enviesadas a favor
avor das
respostas passadas ao estímulo. É isso que os psicólogos
ogos cha-
mam de condicionamento. Identificando-se com o padrão
drão con-
dicionado de respostas a estímulos (hábitos de caráter)
er) e com a
história das lembranças de respostas passadas, o sujeito/self
ito/selff tem
uma aparente individualidade local que chamamos de ego (para
maiores detalhes, leia meu livro A física da alma). Quando estamos funcionando
com base no ego, nossos padrões individuais de condicionamento, nossas experi-
ências, sendo previsíveis, adquirem uma continuidade causal aparente. Sentimo-
-nos separados de nosso self quântico unitário e inteiro e de Deus.

De onde vem nossa individualidade?


A individualidade física é estrutural e óbvia. A individualidade vital e mental é
sutil, é funcional. Potencialmente, somos capazes de acessar todas as possibilida-
des dos mundos vital e mental, mas, como adultos, geralmente não o fazemos. Em

25
vez disso, nos identificamos com um conjunto condicionado de padrões com os
quais exploramos os mundos vital e mental. Esses padrões funcionais individuais
são os que chamamos, respectivamente, de nosso corpo vital e nosso corpo men-
tal. A identidade consciente que vivemos com nossos corpos físico, vital e mental
mais o conteúdo de suas lembranças correlatas é o nosso ego.

Mas nunca tema. Em momento algum chegamos tão longe no auge do condi-
cionamento. Não vivemos tanto. Mesmo no nosso ego, conservamos uma relativa
liberdade. Um aspecto muito importante da liberdade que preservamos é a possi-
bilidade de dizer “não” ao condi-
cionamento, e isso nos permite ser
criativos de vez em quando.
Existem dados experimentais
corroborando o que estou dizendo.
Nos anos 1960, os neurofisiologis-
tas descobriram o assim denomi-
nado P300 (um evento com potencial relacionado), que sugere nossa natureza
condicionada. Vamos supor, como demonstração de seu livre-arbítrio, que você
declara sua liberdade de erguer o braço direito e o faz em seguida. Quer saber?
Olhando para o maquinário ligado ao seu cérebro, um neurofisiologista pode facil-
mente predizer, com base na aparência da onda P300, que você está prestes a er-
guer o braço. Os atos de “livre-arbítrio” que podem ser previstos não são exemplos
de uma verdadeira liberdade.
Então, o behaviorista está correto ao afirmar que não existe livre-arbítrio para
o ego? Talvez os místicos tenham razão quando dizem que o único livre-arbítrio
é a vontade de Deus, à qual devemos nos submeter. Mas, então, temos um
paradoxo: como nos rendemos à
vontade de Deus se não tivermos li-
berdade para isso?
Mais uma vez, não tema. O neu-
rofisiologista Benjamin Libet realizou
um experimento que resgata um
montante de livre-arbítrio, inclusive
para o nosso ego. Libet pediu aos

26
seus sujeitos experimentais que erguessem o braço assim
que se tornassem cientes do uso de seu livre-arbítrio er-
guendo o braço, aproveitando uma vantagem de 200 mi-
lissegundos entre os dois eventos. Os neurofisiologistas
ainda foram capazes de predizer, com base na P300, que os
braços seriam erguidos, mas, na maior parte das vezes, os
sujeitos de Libet conseguiram resistir à sua vontade e não
ergueram o braço, demonstrando que tinham conservado seu livre-arbítrio para
dizer “não” ao ato condicionado de erguer o braço.

As ferramentas quânticas de transformação

Nosso objetivo deve estar claro. Queremos acessar a consciência não local para
podermos usar a causação descendente a fim de criar nossa realidade sempre em
harmonia com o movimento evolutivo da consciência. Os ativistas quânticos con-
tam com três ferramentas: a não localidade, a descontinuidade e a hierarquia en-
trelaçada. O uso habilidoso dessas ferramentas levará ao fim desejado, que é a
inteligência supramental – a capacidade de o indivíduo acessar o supramental,
quando necessário, para a solução dos seus problemas.

Como exploramos a não localidade?


Comecemos definindo “localidade”. Localidade é a ideia de que todas as influências
que causam movimento ou mudança trafegam pelo espaço e no tempo continua-
mente, um pouquinho de cada vez. Sendo assim, as influências que se encontram
mais próximas localmente são mais efetivas; as influências mais remotas têm me-
nos efeito. Um exemplo seria como uma onda afeta um
objeto. Quando o objeto está próximo, o poder da onda
que alcança o objeto é forte. Mas, no dobro da distân-
cia, esse poder se dilui a apenas um quarto da potência
original. Além disso, Einstein provou, com a sua teoria
da relatividade (e alguns experimentos comprovaram
várias vezes seguidas a relatividade de Einstein), que as
influências podem se propagar no tempo e no espaço

27
somente sujeitas a um limite de velocidade, a velocidade da luz (300 mil quilôme-
tros/seg). Entretanto, isso também faz parte do princípio da localidade.
Na física quântica, o princípio da localidade não se sustenta e cede lugar à não
localidade. Ironicamente, o próprio Einstein, cuja teoria da relatividade foi indis-
pensável para consolidar o princípio da localidade, juntamente com outros dois
colaboradores, Nathan Rosen e Boris Podolsky, foi o primeiro a perceber a viabili-
dade da não localidade quântica. Se dois objetos quânticos interagem, eles se tor-
nam tão correlacionados que sua influência mútua persiste com igual potência
ainda que a distância, mesmo quando não estão interagindo por meio de nenhuma
força local, nem trocando sinais locais. Mais tarde, os físicos John Bell e David Bohm
desenvolveram alguns conceitos que tornaram a não localidade quântica experi-
mentalmente verificável. A comprovação experi-
mental dessas ideias veio por meio do trabalho do
físico Alain Aspect e de seus colaboradores. Eles ob-
servaram dois fótons emitidos com correlação quân-
tica pelo mesmo átomo de cálcio, continuando sua
dança correlacionada apesar de, posteriormente,
estarem distantes e sem nenhuma troca discernível
de sinais entre eles.
Como discutimos no filme, a não localidade quântica agora tem sido direta-
mente verificada inclusive para sujeitos humanos, demonstrando a correlação en-
tre cérebros, o que não deixa nenhuma dúvida de que a física quântica certamente
se aplica a nós e ao macromundo em geral, sob situações sutis adequadas.
Sabe-se, há milênios, que existem conexões não locais entre seres humanos
em fenômenos tais como a telepatia mental. Deus não está morto (capítulo 16) faz
uma análise de alguns experimentos de telepatia mental. Naturalmente, o que é
especial a respeito dos novos experimentos, que tiveram em Jacobo Grinberg seu
pioneiro, é o fato de serem objetivos e de os papéis da meditação e da intenção
estarem claramente definidos no desenho experimental.
Nossa consciência trabalha normalmente com estímulos locais, tanto oriundos
do ambiente físico como da memória; esse é o modo do ego. Na comunicação não
local, transcendemos a mente-ego local e, momentaneamente, usamos a consci-
ência quântica. Como os criativos que (de modo até parcialmente inconsciente)
recorrem a incursões momentâneas na consciência quântica para processar novas

28
ideias em sua atuação profissional, os paranormais são pessoas
que têm acesso (novamente de modo, em parte, inconsciente) à
consciência quântica na área da comunicação não local.
A física quântica torna cientificamente viável o conceito da
comunicação não local de informações. Seguem-se dois exercí-
cios para você acessar a consciência quântica por meio de uma
experiência de não localidade quântica. Eles devem abrir ainda mais sua porta para
processar a causação descendente.
Uma palavra de cautela. A comunicação não local é o ponto de entrada mais
fácil ao âmbito da consciência não local. Pode ser usada para acessar Deus, mas
também pode ser – e é – frequentemente utilizada para os que buscam o poder. O
sábio Patanjali nos alertou quanto a esse perigo, e o ativista quântico fará bem em
não se deixar seduzir por essa tendência.

Exercícios
Exercício de visualização a distância

1 Sente-se com um amigo que esteja segurando um objeto dentro de uma


caixa fechada e cujo conteúdo você desconheça, mas seu amigo não. Me-
ditem juntos com a intenção de uma comunicação direta, por 20 minutos
aproximadamente, e mantenham essa intenção meditativa durante todo
o restante do exercício. Você tentará “ver” não localmente, em sinais visu-
ais, o que está dentro da caixa, enquanto seu amigo visualiza esse objeto.
Para obter melhores resultados, anote e desenhe imagens do que parece
“pintar” na mente e seja diferente do fluxo consciente de pensamentos.
Após o exercício, compare suas anotações e seus desenhos com o objeto
físico. Agora, invertam os papéis.

Medite com um grupo de praticantes de meditação

2 Para começar, crie um ponto de referência, meditando sozinho durante


cerca de dez minutos. Depois, medite durante mais dez minutos com um
grupo de outros praticantes de meditação. Observe se a qualidade da

29
meditação é mais profunda. Repita por alguns dias. Se um grupo de medi-
tação for consistentemente melhor para você do que meditar individual-
mente, então você está “pegando o jeito” da não localidade quântica. Sua
inteligência supramental está sendo aprimorada. A propósito, esse apri-
moramento da qualidade da meditação é o que Jesus queria dizer quando
declarou: “Quando dois ou mais se reunirem em meu nome, então estarei
entre eles”.

Brainstorming ou diálogos quânticos

3 Você já pode ter ouvido falar de brainstorming. Esse procedimento con-


siste em comunicar ideias com plena liberdade num clima de diálogo,
ouvindo sem julgar, com atenção e respeito. No diálogo quântico, você
também inclui o que for dito pelo silêncio, dando à não localidade uma
chance para fazer sua magia.
Pegue algum tópico, por exemplo, transformação. Crie um diálogo
quântico com um amigo sobre isso. Anote os resultados. Se esse processo
começa a produzir novas percepções sobre o pensamento descontínuo,
temos um sinal inconfundível do crescimento da inteligência supramental.

Como nos envolvemos com a descontinuidade?


As descontinuidades aparecem em nossos próprios processos criativos, na ma-
croevolução biológica e nos episódios de cura espontânea vividos por muitas pes-
soas. Todos esses são exemplos de eventos descontínuos de colapsos quânticos.
O filme apresentou diversas discussões sobre o processo criativo e sobre os
saltos quânticos que fazem parte do referido processo. Podemos comparar os qua-
tro estágios deste processo criativo – preparação, incubação, insight e manifestação
– com o método científico: criar uma teoria (que resolve o problema), deduzir uma
consequência experimentalmente comprovável da teoria, realizar o experimento e
ver se a teoria funciona. Se ela não funciona, voltamos para o começo. Qual a dife-
rença entre esses dois métodos? No método científico, podemos testar apenas
uma ideia teórica por vez. No processo criativo, por outro lado, quando incubamos,

30
muitas teorias podem ser processadas Elétron

simultaneamente como possibilidades


quânticas... por isso, o processo criativo é Luz
Órbitas
muito mais eficiente.
Em Evolução criativa das espécies
(capítulos 10 e 11), a criatividade bioló- Núcleo

gica é examinada em termos da evolu-


ção, de modo que chegamos à conclusão
de que o mecanismo darwiniano de va-
riações genéticas ao acaso e de seleção
natural baseada na necessidade de so- Salto quântico na percepção de Niels Bohr.
Segundo Bohr, quando os elétrons saltam de uma
brevivência (abreviado como acaso e órbita para outra, eles nunca atravessam
necessidade) é ineficaz demais para a o espaço intermediário.

macroevolução ou a evolução em larga


escala (por exemplo, a evolução que en-
volve o aparecimento de um novo traço). Em suma, isso ocorre assim porque a
natureza concebida pelo darwinismo só pode selecionar uma mutação genética
por vez: conserve-a ou deixe-a. É difícil imaginar como milhares e milhares de
mutações genéticas necessárias para um novo órgão poderiam se acumular dessa
maneira. A seguir, o texto citado conclui que a criatividade biológica pode acele-
rar apropriadamente o processo porque as mutações podem se acumular e ser
processadas como possibilidades. A vantagem objetiva da criatividade biológica
é que dados como as lacunas fósseis a corroboram.
O médico quântico (capítulo 16) tem outro exemplo objetivo da descontinui-
dade no processo criativo e explica por que episódios de cura espontânea são
exemplos de cura quântica, termo usado pela primeira
vez por Deepak Chopra (leia o livro de Chopra A cura
quântica).
Quanto à sua falta de experiência pessoal com o
movimento descontínuo da consciência, relaxe. Isso não
é tão esquisito quanto parece. Você conhece o qua-
drinho desenhado por Sidney Harris intitulado The phy-
sics teacher (O professor de física)? Einstein está diante
de um quadro-negro, tentando descobrir sua lei E=mc2.

31
Ele escreve E=ma2 e risca. Depois,
tenta E=mb2 e risca também. A le-
genda diz “O momento criativo”.
Por que você ri quando vê esse dese-
nho? Porque, intuitivamente, você
sabe que as descobertas criativas não
implicam a continuidade passo a
passo. Em vez disso, são produtos de
insights descontínuos.
A verdade é que, quando criança,
você costumava dar saltos quânticos
descontínuos no pensamento com
The creative moment bastante regularidade. É assim que
aprendemos coisas que exigem novos
contextos de pensamento, como um
novo conceito matemático, por exemplo, ou a identificar o significado de uma his-
tória, a reconhecer pela primeira vez o pensamento abstrato etc.
E, se a infância está longe demais, pense naqueles momentos em que você in-
tui alguma coisa. O que acontece? O que é a intuição? Por que você chama de in-
tuição determinados pensamentos? Porque não existe uma explicação contínua e
racional para esses pensamentos; não existe um precedente contextual para eles.
Uma intuição é um vislumbre que você tem de um futuro salto quântico.
Atualmente, você também pode seguir por outro rumo. Você pode ir assistir ao
filme O segredo e se sentir inspirado por sua mensagem a ponto de achar que pode
manifestar alguma coisa. Quando não o consegue, após algumas tentativas, faria
bem lembrar-se de uma lição da física quântica: a intenção de uma manifestação
deve se sintonizar com a consciência não local. Tendo essa revelação em mente, pas-
semos aos próximos exercícios.

32
Exercício
Intenção criativa e transformadora
Sente-se confortavelmente, em silêncio. A intenção deve começar no
ego, pois é aí que você está. Assim, no primeiro estágio, a intenção é
sobre você mesmo. Seja insistente. Tente manifestar sua intenção. No
segundo estágio, reconheça que você pode ter o que quer de duas ma-
neiras: conseguindo apenas por si mesmo, ou porque todos (inclusive
você) conseguem. Então, agora, sua intenção deve ser por todos, pelo
bem geral. Comece expandindo sua consciência para incluir todas as
pessoas ao seu redor; depois, inclua em sua consciência todas as pes-
soas de sua cidade, de seu Estado, de seu país e, por fim, do mundo in-
teiro. No terceiro estágio, sua intenção deve começar como uma prece;
se a minha intenção ecoar com o movimento que está na intenção do
todo, então que ela possa vir a ser. No quarto estágio, a prece deve se
transformar em silêncio, deve se tornar uma meditação. Permaneça
nessa meditação por alguns minutos.
Naturalmente, com este exercício, no começo, você talvez tente mani-
festar coisas físicas: um helicóptero seria ótimo! Você quer voar. Se conti-
nuar com isso, poderá vir uma fase em que você tem muitos sonhos com
voos, e essa experiência torna-se frustrante. No sonho, você voa tão bem!
Contudo, toda vez que acorda, percebe que está preso ao chão, não con-
segue voar, seu helicóptero não se manifestou. Daí, um dia você acorda e
lhe ocorre uma ideia diferente. Vamos supor que o sonho esteja tentando
chamar sua atenção para o fato de que você pode voar no sonho embora
não possa fazê-lo na realidade física. Em outras palavras, você pode ser
criativo no âmbito sutil e é nele que aperfeiçoa seus poderes de criação e
manifestação.
A transformação envolve o mesmo tipo de saltos quânticos descontí-
nuos no movimento da consciência que os atos de criatividade na ciência,
na matemática, na arte, na música. Chamo estes de atos de criatividade
externa e os primeiros, de exercícios de salto quântico.

33
Primeiro exercício:

1 explorar lacunas no fluxo do pensamento consciente


Sente-se confortavelmente, em silêncio, com as costas retas. Feche
os olhos e acompanhe seus pensamentos conforme forem entrando e
saindo do seu campo de consciência. Tente não ser parcial e privilegiar
algum pensamento. Observe-os todos como nuvens que passam no céu.
Quando você começa essa meditação, percebe como um pensa-
mento rapidamente substitui outro. Sua mente funciona em modo acele-
rado. Depois de algum tempo, especialmente com mais prática, você verá
sua mente desacelerando, e os pensamentos sucessivos parecerão surgir
com intervalos entre um e outro. Não se empolgue muito. Você não des-
cobriu o vazio da mente, ou o estado de “não pensamentos” porque, até
mesmo nas lacunas, continua ativa a cisão entre sujeito e objeto no âm-
bito de sua consciência. Todavia, esse é um bom lugar para estar porque
o salto quântico é muito favorecido num contexto assim.

Segundo exercício:

2 explorar fenômenos repentinos e involuntários


Quando estiver em meio a fenômenos aparentemente repentinos e
involuntários, como um espirro ou um orgasmo, mantenha-se intensa-
mente alerta. Pratique para tentar se deter imediatamente antes de espir-
rar ou de chegar ao orgasmo. Mais uma vez, um espirro ou até um orgasmo
sexual não é um salto quântico nem uma verdadeira descontinuidade,
mas manter-se consciente nesses momentos é uma receita comprovada
para facilitar saltos quânticos.

Terceiro exercício: explorar a lacuna entre o sono e a vigília

3 Observe cuidadosamente e veja se consegue permanecer alerta até


o último momento da fronteira entre o sono e a vigília. Nesse estado
de consciência, o salto quântico é uma nítida possibilidade. Você já deve
ter ouvido que muitas pessoas criativas tiveram suas ideias durante um
devaneio. Seu objetivo é justamente esse.

34
Se você quiser mais exercícios assim, com o mesmo objetivo de reali-
zar um salto quântico, leia o apêndice do livro de Paul Reps sobre o zen,
Zen flesh, zen bones; são as chamadas 112 técnicas de meditação de Shiva.

O que é a hierarquia entrelaçada? Como podemos ativá-la?


A hierarquia simples você conhece: quando é o chefão de
algum principiante, você está no nível causal de uma hierar-
quia simples. É interessante nos lembrarmos da história de
um filme de Hollywood em que a mulher encontra uma
amiga de longa data: “Vamos tomar um café e pôr o assunto
em dia”. Ambas vão para um café e a mulher começa a falar.
Depois de mais ou menos meia hora, ela cai em si: “Oh, estou
falando de mim esse tempo todo. Vamos falar de você. O que você acha de mim?”

Essa é a tendência do nosso ego no nível do ser: estar no nível causal de uma hie-
rarquia simples.
O relacionamento é uma hierarquia entrelaçada
quando a causalidade flutua, indo e vindo infinita-
mente entre os níveis. E, sobretudo, a eficácia causal
dos níveis de uma hierarquia entrelaçada é apenas apa-
rente. A verdadeira eficácia causal reside num domínio
que transcende todos os níveis.

35
Como exemplo, analise o desenho de Escher intitulado Desenhando. Parece
que a mão esquerda está desenhando a direita e que esta desenha a esquerda,
mas, na realidade, Escher está desenhando as duas, de um nível transcendente.
A hierarquia entrelaçada entre os componentes do cérebro nos proporciona a
autorreferência. Ela nos confere nossa cisão sujeito-objeto e nossa capacidade de
experimentar como sujeito o mundo dos objetos. Para perceber isso, examinemos
a seguinte sentença:

“Eu sou mentiroso”.

Observe a hierarquia entrelaçada que advém dessa oscilação infinita. Se sou


mentiroso, estou dizendo a verdade e, se estou dizendo a verdade, sou mentiroso.
Não conseguimos sair dessa armadilha circular assim que concordamos com as
regras da gramática. Assim, suas regras fizeram com que você se separasse do resto
do universo das sentenças. Claro que as regras gramaticais são arbitrárias: quem
diz que você deve obrigatoriamente se curvar a elas? Mas a hierarquia entrelaçada
no cérebro é compulsória, é uma parte das leis do Universo, um aspecto impor-
tante das leis destinadas a gerar experiências manifestas. Desse modo, a experiên-
cia manifesta só ocorre ao custo de uma aparente cisão entre sujeito e objeto.
Anteriormente, mencionei que o ego estabelece um relacionamento de hierar-
quia simples com o mundo. Para recuperar a hierarquia entrelaçada da experiência
do self quântico, usamos os relacionamentos íntimos nos quais acontecem confli-
tos. Falamos sobre isso no filme. Conflitos não resolvidos dão origem a novas pos-
sibilidades para a consciência processar, mas somente a consciência quântica – Deus
– pode processar o novo. Quando um novo insight criativo advém desse tipo de
processamento, em geral o insight também é a descoberta da “outridade” do outro

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(para usar palavras de Carol Gilligan em seu livro In a different voice). Com base
nessa descoberta, podemos amar o “outro” incondicionalmente, podemos criar cir-
cuitos emocionais positivos no cérebro, tantas vezes citados no filme.

Reencarnação e evolução

O filme aborda também dois outros temas importantes: a reencarnação e a evolu-


ção. Estes são temas de discussão relevantes para o ativista quântico porque forne-
cem motivação para a transformação.

Formulemos duas questões para discussão:


Alguém pode se transformar? Alguém pode ser criativo como pré-requi-
sito para a transformação?
Qual é o próximo estágio da nossa evolução e como posso ajudar a cons-
ciência a chegar lá?

Nossa tendência é dizer “sim” quando ouvimos a primeira pergunta, mas evi-
dentemente deve existir mais sutileza aqui. Em toda iniciativa, o sucesso depende
da nossa motivação e da força da nossa intenção. Seremos mais ou menos criativos
em nossa jornada de transformação, dependendo do quanto estivermos motiva-
dos por nossa criatividade para encontrar respostas às indagações que satisfaçam
nossa alma, nossa sede de saber. E a força da nossa motivação depende de nossa
história de reencarnações.
Agora, vejamos a questão da evolução. Não pelas
lentes de Darwin, porém. Vocês ficarão perdidos em
meio à névoa e ao espelho de ideias inúteis, como o
acaso e a necessidade, que não oferecem nenhuma no-
ção nem da natureza proposital da evolução, nem da
criatividade nela envolvida. Dois filósofos, Sri Auro-
bindo (leiam o livro dele The life divine) e Teilhard de
Chardin (leiam seu livro O fenômeno humano), nos ensi-
naram como apreciar a evolução como evolução da
consciência. As teorias desses dois pensadores, quando

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interpretadas e ampliadas pelo uso das noções quânticas,
permitem-nos formular a questão sobre o estágio seguinte
da nossa evolução. Leiam os dois livros acima quando fo-
rem discutir este tópico, incluindo o livro de Wilber, Up from
Eden, e o meu, Evolução criativa das espécies.

Alguém pode se transformar? Alguém pode ser criativo


como pré-requisito para a transformação?
É fato que existe uma ampla gama de pessoas criativas. Qualquer um pode ser
criativo, mas quais fatores determinam nosso posicionamento no espectro cria-
tivo? E essa é uma questão importante tanto para a criatividade interna como para
a externa.
A resposta materialista está baseada no que é chamado de determinismo ge-
nético: quem somos depende inteiramente de nossos genes. Mas essa maneira de
olharmos para nós mesmos é um beco
sem saída. A resposta que diz que o am-
biente determina como nos tornamos
criativos não conta com muitas evidên-
cias comprobatórias.
Então, o que determina o nosso lugar no espectro da criatividade? Sem dúvida
que o condicionamento ambiental tem um papel, e até mesmo o condicionamento
genético pode desempenhar um papel limitado
(por exemplo, como um fator que caracteriza nosso
vigor físico); também o acaso pode contribuir em
alguma medida. Todavia, há algum fator que seja
primordial? Penso que esse fator primordial existe
sim, e ele é determinado pela história das nossas
reencarnações, pelo aprendizado que acumulamos
ao longo de muitas vidas passadas.
Os materialistas não gostam da ideia da reen-
carnação; para eles, existe somente o corpo mate-
rial, e a morte deste é o fim para nós. No entanto,
temos agora uma grande quantidade de evidências
empíricas a favor da reencarnação e, além disso, há

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uma boa e minuciosa teoria que explica todos os dados
(A física da alma). A teoria e os dados sobre a reencarnação
sugerem que esse é o fator primordial para determinar nosso
lugar no espectro da criatividade.
As evidências empíricas para a reencarnação podem ser
vistas nos dados de um bom punhado de gênios. O matemá-
tico indiano Ramanujan e o músico virtuoso alemão Wolf-
gang Amadeus Mozart são dois exemplos notáveis. Ambos
nasceram em famílias sem talentos observáveis e exibiram
sinais de criatividade desde a mais tenra idade.
Sem sombra de dúvida, esses gênios desafiaram todas as
explicações em termos de condicionamentos genéticos ou
ambientais. O fato é que Ramanujan nasceu numa família in-
teiramente avessa à matemática. Entretanto, ele era capaz de
realizar somas de séries matemáticas infinitas com a mesma
facilidade com que bebemos água. E, embora a família de Mozart fosse relativa-
mente musical, isso não consegue de fato explicar como uma criança de três anos
seria capaz de escrever partituras originais. Assim, esses tipos de fatos devem ser
considerados evidências de que, às vezes, os gênios nascem com uma criatividade
inata, que lhes foi transmitida por suas encarnações anteriores.

Além disso, a ideia da reencarnação nos ajuda a resolver a questão da motiva-


ção. Considerações teóricas baseadas na nova ciência nos proporcionam uma cla-
reza adicional sobre a importância do nosso passado encarnacional para a
motivação associada à criatividade. Costumo classificar os atos criativos em dois
tipos: os atos de descoberta (que oferecem novos contextos de significação) deno-
mino de criatividade fundamental; e os atos de invenção denomino de criatividade
situacional (quando trabalhamos no âmbito de contextos já conhecidos). Valendo-
-nos da terminologia da psicologia iogue, vamos denotar a propensão para a cria-
tividade fundamental por meio do termo sânscrito sattva, e a propensão para a
criatividade situacional por meio de outro termo sânscrito: rajas. Mas também
existe a propensão para a ausência de criatividade, quer dizer, a tendência para
exibir em nossos atos somente nossos condicionamentos. Essa propensão será de-
signada pelo termo sânscrito tamas.

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Nossa teoria das reencarnações sugere que as propensões mentais que nos
acompanham desde nossas encarnações passadas incluem as três propensões de
sattva, rajas e tamas. Agora, lembremos que o condicionamento sempre está pre-
sente; este é o preço que pagamos por crescer e atulhar nosso cérebro com recor-
dações. Sendo assim, tamas domina quando começamos nossa jornada
encarnacional e só aos poucos, e com muitas encarnações, é que ela cede espaço
para as tendências criativas de rajas e sattva.
Sem dúvida, nossa posição no espectro de
criatividade depende de quanta sattva traze-
mos conosco a cada encarnação. O teor de sat-
tva influi em nossa capacidade para fazer
descobertas, que é o ato mais transformador
de criatividade. Quanto mais sattva tivermos,
maior será nossa tendência para mergulhar-
mos na criatividade fundamental. Do mesmo
modo, a herança encarnacional de rajas deter-
mina nossa medida de sucesso no tipo de cria-
tividade envolvido na construção de um império – a criatividade situacional.
Acontece que o propósito de nossa jornada encarnacional é descobrir os ar-
quétipos, tarefa que leva muitas vidas para ser realizada. O montante de sattva que
trazemos nos dota com a motivação pessoal necessária para explorar criativa-
mente os arquétipos. No filme O feitiço do
tempo, o protagonista (Bill Murray) é domi-
nado pelo arquétipo do amor, uma vida após
a outra, até que aprende a essência de desa-
pego do amor. Todos estamos fazendo a
mesma espécie de coisa, enquanto persegui-
mos um arquétipo ou outro. Assim como
nosso herói, nos mantemos inconscientes do
que estamos fazendo quando começamos
nossa jornada pelas encarnações, e somente quando amadurecemos é que passa-
mos a perceber melhor esse jogo.
A descoberta dos arquétipos exige a criatividade fundamental. A criatividade
situacional então nos permite muitos atos secundários de elaboração, baseados

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em nossas descobertas. Quando mais
sattva tivermos numa determinada vida,
mais poderemos nos envolver com a des-
coberta direta dos arquétipos. Então, es-
tamos usando a criatividade “em busca
da alma”. Se nosso sattva for contami-
nado por rajas, nossa busca da alma será
prejudicada pela construção do império
e por trocarmos por dinheiro a nossa
busca da alma.
Como podemos aumentar nossa motivação para nos tornarmos criativos? Pu-
rificando nosso sattva. Mas este também é um objetivo limitado. Em última análise,
o que estamos buscando é o equilíbrio entre as três propensões: sattva, rajas e ta-
mas.
É um fato que, independentemente de nossa criatividade pessoal, as socieda-
des também progridem, tornando-se cada vez mais criativas num processo que
chamamos de construção da civilização. Sem a civilização, ainda estaríamos “inven-
tando a roda”, uma vez atrás da outra. E, para construir a civilização, é preciso rajas.

“Qual é o estágio seguinte da nossa evolução e


como posso ajudar a chegarmos lá?”

Um dos aspectos mais surpreendentes que emerge da criatividade quântica é


que a evolução biológica em si implica uma série progressiva de saltos quânticos
que criam níveis de complexidade deliberada cada vez maiores, como os degraus
de uma escada, para que possam ser manifestados aspectos gradualmente mais
deliberados de nossa existência. As evidências empíricas para esses saltos quânti-
cos são as famosas lacunas fósseis que a teoria de Darwin não consegue explicar.
Quem dá os saltos quânticos? As lacunas fósseis envolvem pelo menos uma mu-
dança da espécie; com isso, a criatividade em questão é, pelo menos, a criatividade
da consciência de toda a espécie.
No livro Criatividade quântica escrevi uma seção intitulada “Criatividade e a
preparação para o novo século”. Ali fui por demais conservador. A criatividade é a
nossa preparação não apenas para o nosso século ou o novo milênio, mas também

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para o próximo estágio da nossa evolução, nada me-
nos do que isso. Qual é o próximo estágio? Como
chegamos ao próximo salto quântico da evolução?
Como posso ajudar pessoalmente o processo evolu-
tivo? Atualmente, essas são as perguntas mais im-
portantes.
A verdade é que, no curso da evolução de nossa
consciência, ficamos empacados. Vivemos numa era
em que ainda predomina a ciência materialista, em
que forças de separação e mentalidades mecânicas
têm supremacia. Essa mentalidade é a mãe da me-
diocridade e do consumismo, mesmo no âmbito da criatividade tradicional. O tre-
cho seguinte é o excerto de um diálogo do trabalho de George Bernard Shaw,
Heartbreak house, mas poderia muito bem ter ocorrido no século XXI:

Ellie: A alma é uma coisa muito cara de se manter. Muito mais do que um automóvel.
Shotover: É? Quanto a sua alma come?
Ellie: Ah, um monte. Ela come música e telas e livros e montanhas e lagos e coisas
lindas de vestir e boas pessoas com quem estar. Neste país, não se pode ter nada disso
sem muito dinheiro; por isso, nossas almas estão tão terrivelmente mortas de fome.

Mas, como Ellie, o que a maioria não percebe é que aquilo que mata nossa alma
de fome não é a falta de dinheiro para consumir alimento para a alma, mas a falta
de criatividade para produzir alimentos para a alma. E quando a mediocridade e o

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consumismo produzem fome para a alma em massa, as pessoas criativas em nossa
sociedade, em vez de serem os heróis que seguiríamos rumo à evolução da consci-
ência, passam a ser os “forasteiros” de quem desconfiamos por serem “muito peri-
gosos” como exemplos a serem seguidos.
Não podemos respeitar as pessoas criativas a menos que nós mesmos dermos
à criatividade valor suficiente para, então, nos tornarmos produtores tanto quanto
consumidores de alimentos para a alma.
Não importa, porém. No meu modo de ver, o movimento evolutivo da cons-
ciência está em andamento, e muitos de nós já ouviram seu chamado. Sua disponi-
bilidade e sua prontidão estão em sua história de encarnações. Se você está lendo
isto, então já começou a compreender os componentes essenciais de sua jornada
criativa, e esta apostila de exercícios e seu grupo de estudos estão funcionando
como guias para aprofundar sua viagem.
Estamos na idade mental da evolução da consciência; a tarefa consiste em criar
melhores representações dos significados mentais. O exame de dados antropoló-
gicos nos diz que, quando éramos caçadores e coletores, usávamos nossas mentes
para dar sentido ao mundo físico à nossa volta. Desenvolvemos a mente física. Al-
gumas pessoas, os materialistas entre nós, por exemplo, ainda são dominadas pela
mente física. Na era horticultural seguinte, marcada pela agricultura de pequeno
porte (por exemplo, baseada no uso da enxada), fixamo-nos à terra; os homens e
as mulheres trabalhavam juntos e aprendemos a dar sentido a nossos sentimentos.
Isso nos deu a mente vital. Criamos alguns circuitos dominantes de emoções nega-
tivas, mas nunca terminamos a tarefa, nunca criamos boas representações do sen-
tido de sentimentos positivos como o amor. Em seguida, veio (prematuramente) o
estágio da mente racional com a descoberta do pesado maquinário agrícola. Este
é o nosso atual estágio.

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E qual é o próximo estágio da evolução mental?

Claramente, a mente racional está dando sentido ao sentido ou à mente em si (que


é o pensamento abstrato), e o estágio seguinte deve ser usar a mente para dar
sentido às nossas intuições. Vamos chamá-la de mente intuitiva.
Muitos de nós estão prontos para prestar atenção às intuições. Enxergamos
com total clareza a falibilidade da mente racional. Neste exato momento, estamos
numa situação de crise – aquecimento global, terrorismo, falências econômicas,
desmantelamento das democracias, educação liberal descaracterizada como trei-
namento para empregos, custos astronômicos dos serviços de saúde; eis os indica-
dores da crise. Esses problemas foram causados pela mente racional com muita
ajuda da visão de mundo deficiente defendida, patrocinada e divulgada pelo ma-
terialismo científico e por nossas emoções negativas. As soluções só virão da mente
intuitiva que otimiza nossa capacidade de explorar a criatividade.
Mas o gênio da nossa criatividade está preso dentro da garrafa no caso da
maioria das pessoas. Libertar o gênio é o mesmo que lidar com as nossas emoções
negativas. Vivemos numa era em que interagimos com máquinas mais do que com
outros seres humanos. Nessa era, é um tremendo desafio abrir mão dos condicio-
namentos e das certezas mecânicas, adotando a incerteza das emoções, em busca
de uma vida criativa.
Isso é o que temos de fazer, porém. Temos de desenvolver circuitos cerebrais
emocionais positivos e fazer com que evoluam em escala coletiva. Quando fizer-
mos isso, nossas propensões vitais e mentais serão herdadas pelas futuras gera-
ções por meio da memória não local de nossos campos morfogenéticos.
Alguns de nós adoram datas-limite. Algumas pessoas, inclusive, criaram uma,
chamada 2012. Trata-se de uma metáfora. Mas a ideia é útil.
Qual é a data-limite de sua transformação?

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Bibliografia

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Assistentes de edição: Ted Golder, Harvery the Rabbit, Mr. Hobbs e Michael D. Austin.
As imagens do filme são cortesia da Blue Dot Productions.

A apostila “O Ativismo Quântico” do Centro de Ativismo Quântico está sob a licença


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