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AULA 8 – PLATÃO

1) Vida:
- Nascimento: Atenas, 428 a.C./ Morte: Atenas, 348 a.C.;
- Foi discípulo de Sócrates;
- Filósofo e matemático;
- Fundador da Academia, sua escola em Atenas.

2) Obras:
A maioria de suas obras são escritas em forma (literária) de diálogos. Temos uma divisão
dos diálogos platônicos em três grandes grupos:
1) Diálogos de juventude (ou de primeira fase): textos nos quais Platão somente
reproduziria os ensinamentos próximos aos do Sócrates histórico. (Apologia, Criton,
Laques, Lísis, Cármides, Eutífron, Hipias Menor e (?) Maior, Protágoras, Górgias, Íon);
2) Diálogos de maturidade (ou de segunda fase): os diálogos dessa fase corresponderia a
um afastamento intelectual de Platão da influência do Sócrates histórico. Neste grupo de
diálogos da maturidade, Platão estrutura e apresenta plenamente seu sistema metafísico-
filosófico apresentando sua tão famosa Teoria das Ideias. (Mênon, Fédon, República,
Banquete, Fedro, Eutidemo, Menexeno, Crátilo);
3) Diálogos de velhice (ou de terceira fase): é a fase que os diálogos apresentam uma
postura revisional de sua Teoria das Ideias. (Parmênides, Teeteto, Sofista, Político, Timeu,
Crítias, Filebo, Leis).

3) Teoria das Ideias:


Apesar da expressão “Teoria das Ideias” não ser encontrada em nenhum diálogo
platônico, ela é utilizada frequentemente pelos comentadores de Platão para expressar o
núcleo do que foi estabelecido como pensamento platônico por excelência. A Teoria das
Ideias é uma visão de mundo ou um conjunto de teses/hipóteses que constituem uma visão
de mundo platônica, no qual a realidade é dividida em dois âmbitos: o âmbito inteligível
(que abarca a totalidade dos seres inteligíveis: Ideias ou Formas) e o âmbito sensível (que
abarca a totalidade dos seres apreendidos pelos sentidos).
Nos diálogos Banquete, Fédon, Fedro e, sobretudo, República, nós podemos identificar
com mais facilidade algumas das principais teses que constituem essa Teoria das Ideias:
1) as Ideias são unidades;
2) as Ideias são causas dos seres sensíveis e/ou de suas propriedades;
3) as Ideias possuem uma relação de modelo-imagem ou participação com a realidade
sensível;
4) somente as Ideias garantem conhecimento seguro.

República 509d-511e: A Representação da Realidade na Linha Dividida


[Sócrates]: “Toma uma linha dividida em duas seções desiguais e, de novo, corta cada
seção segundo a mesma proporção, a do gênero visível e a do inteligível.”
1ª seção (visível): “De acordo com a relação de nitidez ou ausência de nitidez que tenham
entre si, no mundo visível terás uma das seções, as imagens. Chamo de imagens, em
primeiro lugar, as sombras, depois as aparições refletidas nas águas e nas superfícies
opacas, lisas e brilhantes e tudo o mais que seja assim.”
2ª seção (visível): “Supõe como outra seção a que se assemelha a essa, os seres vivos que
nos rodeiam, todas as plantas e todo gênero de artefatos.”
“Será que aceitarias afirmar, disse eu, que o gênero visível está dividido em verdade e
não verdade e que como a opinável está para o cognoscível assim também a imagem está
para o modelo?”
3ª seção (inteligível): “Creio que tu sabes que aqueles que se ocupam com a geometria,
com cálculos e assuntos como esses põem como hipóteses o par e o ímpar, as figuras, três
espécies de ângulos e outras coisas afins [...]. Então sabes também que ainda se servem
de figuras visíveis, que discutem sobre elas, ainda que não estejam pensando nelas, mas
naquelas com as quais elas têm semelhança.”
4ª seção (inteligível): “Fica sabendo agora que eu digo que a seção das coisas inteligíveis
[i.e. Ideias] é aquela em que a própria razão que as apreende com a força da dialética,
considerando as hipóteses não como princípios, mas realmente como hipóteses, como
degraus e pontos de apoio, para chegar ao princípio de tudo [i.e. o Bem], aquele que não
admite hipóteses.”
“Agora, às quatro seções aplica os quatro estados da alma: inteligência à seção mais
elevada, pensamento à segunda, atribui à terceira o nome de crença e à última o de
verossimilhança [ilusão, conjectura] e coloca-as numa ordem em que teu critério seja que
quanto mais os objetos participarem da verdade tanto mais clareza terão.”
Quanto mais distante do modelo primeiro a imagem estiver, menos verdadeira ela
será e produzirá uma forma de conhecimento menos segura.

4) A aquisição do conhecimento:
(Menôn, 85d – 86b)
“SÓCRATES: E não é verdade ainda que a ciência que ele tem agora, ou bem ele
adquiriu em algum momento ou bem sempre teve?
MENÔN: Sim.
SO.: Ora, se sempre teve, ele sempre foi alguém que sabe; mas, se adquiriu em algum
momento, não seria pelo menos na vida atual que adquiriu, não é? Ou alguém lhe ensinou
a geometria? <Pergunto> porque ele fará estas mesmas <descobertas> a respeito de toda
a geometria e mesmo de todos os outros conhecimentos sem exceção. Ora, há quem lhe
tenha ensinado todas estas coisas? <Pergunto-te> porque estás, penso, em condição de
saber, quanto mais não seja porque ele nasceu e foi criado na tua casa.
MEN.: Mas eu bem sei que ninguém jamais <lhe> ensinou.
SO.: Mas ele tem ou não essas opiniões?
MEN.: Necessariamente <tem>, Sócrates, é evidente.
SO.: Mas se não é por ter adquirido na vida atual <que as tem>, não é evidente, a partir
daí, que em outro tempo as possuía e as tinha aprendido?
MEN.: É evidente.
SO.: E não é verdade que esse tempo é quando ele não era um ser humano?
MEN.: Sim.
SO.: Se, então, tanto durante o tempo em que ele for quanto durante o tempo em que não
for um ser humano, deve haver nele opiniões verdadeiras, que, sendo despertadas pelo
questionamento, se tornam ciências, não é por todo o sempre que sua alma será <uma
alma> que <já> tinha aprendido? Pois é evidente que é por todo o tempo que ele existe
ou não existe como ser humano.
MEN.: É evidente.
SO.: E se a verdade das coisas que são está sempre na nossa alma, a alma deve ser imortal,
não é?, de modo que aquilo que acontece não saberes agora - e isto é aquilo de que não te
lembras- é necessário, tomando coragem, tratares de procurar e de rememorar.”

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