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BIMESTRE: 4º (X) ATIVIDADE ( ) AVALIAÇÃO ( ) TRABALHO VALOR:

DATA: PROFESSOR (A): Tiago Everaldo da Silva DISCIPLINA: Filosofia


NOME DO(A) ALUNO(A): TURMA: 2ºEMTI_______

INSTRUÇÕES:
i) Esta atividade contém um estudo dirigido na última página, com 12 questões.
ii) O presente trabalho será aplicado pelo (a) professor(a) substituto (a) e realizado pelos alunos em
2 aulas.
iii) Será feito, apenas no caderno, para avaliações posteriores (não é para ser entregue).

O PARADIGMA FILOSÓFICO: CLÁSSICOS

É consenso entre os historiadores da filosofia que, na antiguidade clássica, o principal e o modelo de


filósofo foi Sócrates. Nesta, veremos o segundo na lista cronológica dos clássicos: Platão. Este fora
discípulo e um dos mais entusiastas defensores das ideias e do método de Sócrates. Sua estima, respeito
e admiração pelo mestre levaram-no a tomar Sócrates como modelo ideal de filósofo, transformando-o no
seu principal personagem que expunha, na maioria dos casos, suas ideias filosóficas acerca de quaisquer
problemas epistêmicos, éticos, políticos, estéticos, existenciais e outros que lhe viessem à tona.

O zelo de Platão ao mestre é tal que nos apresenta certa relação simbiótica, entre os pensamentos de
ambos, da qual podemos dizer que os mesmos se confundem. Isto é, o que sabemos da filosofia de
Sócrates é estruturada, organizada e concatenada pela mente e pena de Platão que, por sua fez, dá vida
e verbaliza suas ideias por meio da boca do personagem/mestre Sócrates.

Disso, podemos concluir que, conforme já acenamos em outras ocasiões, não há como tratarmos de um
sem nos referirmos ao outro.

SÓCRATES (470 – 399 a. C.)

• BREVE HISTÓRICO:
• Nasceu e morreu em Atenas entre os séculos V e IV a. C.
• Filho de escultor e uma obstetriz.
• Não fundou uma escola como seus sucessores Platão e Aristóteles. Ensinava nos locais públicos
(praças, ginásios, etc.) de Atenas.
• Exercia grande fascínio nos jovens e adultos. Isso lhe rendeu muitos inimigos.
• Os historiadores afirmam que há 2 fases no filosofar de Sócrates: i) a da juventude e a da ii) velhice.
Na primeira, Sócrates está mais próximos dos físicos [Arquelau, que professava a doutrina de Diógenes
de Apolônia cujo pensamento era uma mistura de Anaxímenes (monista jônico) e Anaxágoras
(pluralista – arché = sementes)], bem como sofre a influência dos sofistas, mas também polemiza com
eles. A segunda é a da velhice, na qual ele adquire identidade própria, digamos assim.
• Posto isso, temos que a primeira fase é representada pelo comediante Atistófanes (em “As nuvens”) e
segunda por Platão e Xenofonte.
• Fontes clássicas da vida e obra de Sócrates:
• Aristófanes, Xenofonte e Platão.
• Dentre estes, as que são usadas, neste trabalho, são retiradas de Platão.
• Tetralogia ou diálogos socráticos:
• Eutifron: reflexão e análise acerca da PIEDADE um pouco antes do julgamento. Isso quando Sócrates
vai ao tribunal tomar ciência da moção contra ele protocolada por Anito, Lícon e Meleto.
• Apologia de Sócrates: esta relata a defesa de Sócrates diante do tribunal.
• Críton: nesta, estão algumas ponderações acerca do dever na véspera da execução, na qual Sócrates
considera mais justo e coerente ser executado respeitando as leis da cidade do que fugir da prisão.
• Fédon: Reflexão sobre a vida boa, a imortalidade da alma e aceitação da morte como condição
humana.
• Segundo os historiadores, por não ter escrito nada, é muito difícil apresentar a doutrina socrática de
forma pura e integral, ou seja, sem os vieses daqueles que se puseram a nos apresentar a sua doutrina.
Cada qual que se pôs a falar de Sócrates nos deu a sua própria versão. Aristófanes o ridicularizava;
Platão o exaltava elevadamente, colocando-o como voz do filósofo ideal que expunha a doutrina
platônica; Xenofonte de forma mais comedida e histórica; já Aristóteles o faz de maneira mais objetiva,
mas além de pouco mencioná-lo, o fez de modo documental, pois não conviveu pessoalmente com
Sócrates, o que, de fato, não é o recomendável para uma devida fonte primário para tal.
• Devido a esses desencontros e até contradições entre as fontes primárias, alguns até aventaram a
hipótese da não existência da figura histórica de Sócrates. No entanto, há um consenso entre o modo
de pensar antes e depois de Sócrates que é caracterizado como uma revolução espiritual inegável e
verdadeira creditada ao modo socrático de pensar: antes de analisar o mundo externo o homem deve
analisar a si mesmo.

• Por que Sócrates desloca o eixo da investigação filosófica da PHYSIS para o ANTROPOS?
• Porque as soluções dos naturalistas para o fundamento (arché) das coisas se contradiziam (uns diziam
que o fundamento é múltipo, outros o uno; uns que não se cria, nem se destrói, outros que tudo se cria
e se destrói, etc.). Percebe-se que o problema do conhecimento não está fora, mas dentro do homem.
• Daí, ao invés de perguntar “O QUE É A NATUREZA OU REALIDADE ÚLTIMA DAS COISAS?”,
Sócrates pergunta: “O QUE É A NATUREZA OU REALIDADE ÚLTIMAS DO HOMEM?”. Isto é, “QUAL
É A ESSÊNCIA DO HOMEM?”.
• A resposta de Sócrates para essa questão é bastante direta: A ESSÊNCIA DO HOMEM É A SUA
ALMA. É por ela que o homem se distingue das coisas e dos outros animais. É por ela que o homem é
capaz de tomar consciência de si e de tudo o que o cerca.
• Método socrático:
• O método socrático é dialógico. Isto é, através do diálogo e do debate com seus discípulos e
interlocutores, Sócrates conduz a sua investigação em busca da verdade.
• Seu método consiste em dois momentos: i) a ironia e ii) a maiêutica.
• A ironia, um pouco diferente do sentido vulgar, consiste no ato de perguntar, questionar.
• A maiêutica (parição e/ou clareamento das ideias) consiste no resultado da sequência questionadora
que fará o indivíduo chegar à luz da verdade.

• A DESCOBERTA DA ESSÊNCIA DO HOMEM


• Mas o que é a ALMA para Sócrates?
• “É a razão (...). A alma é o seu consciente, ou seja, a consciência e a personalidade intelectual e moral”
(REALE, 1990, p. 87).
• Ora, “Se a essência do homem é a alma, cuidar de si mesmo significa cuidar da própria alma mais do
que do corpo”. Logo, “ensinar os homens a cuidarem da própria alma é a tarefa suprema do educador”
(Ibidem).
• Disso decorre que, se a essência do homem é alma, então o corpo é apenas um instrumento a serviço
da alma. Assim, a resposta à pergunta “O QUE É HOMEM?” não é o corpo, mas a alma. Ou seja,
conhecer a si mesmo é conhecer a sua parte mais nobre, que é a sua alma. Quem chega a esse nível,
entende o princípio do “CONHECE-TE A TI MESMO!”.

• RESSIGNIFICANDO O CONCEITO DE ARETÉ (VIRTUDE).


• Virtude, segundo a tradição grega do tempo de Sócrates, é o bom desempenho da função de cada
coisa. Ex.: A virtude de um bom cavalo é correr bem e obedecer aos comandos do cavaleiro; o bom
aluno é aquele que estuda e tem boa disciplina; a de um bom guerreiro é matar com eficiência e
parcimônia e assim por diante.
• Sócrates dá um novo significado para virtude, considerando-a como aquilo que leva o homem a viver
segundo os desígnios da alma, os quais são a bondade e a perfeição.
• A tradição da época apresentava como valores aqueles ligados ao CORPO: vida, vigor, saúde física e
a beleza. Contudo, esses são perecíveis e finitos, já os da alma são nobres e perenes (duradouros).
• Mas o que faz o homem ir além das “virtudes” corporais? O conhecimento.
• Os valores do corpo não são DESVALORES, mas não são por si mesmos. Sem o crivo e a avaliação
do conhecimento os “valores” e/ou prezeses físicos podem se tornarem perniciosos (maus). Assim,
balizados pelas FACULDADES DA ALMA (sabedoria, justiça, fortaleza, racionalidade, análise e
temperança), todos aqueles valores se tornam virtuosos. Virtudes cardeais: prudência
(razoabilidade/sabedoria), justiça, fortaleza e temperança. Teologais: fé, esperança e caridade.
• O contrário de tudo isso é o VÍCIO (ignorância).

PLATÃO (428-347 a.C.)

Diferentemente de seu mestre que era pobre, analfabeto e ensinava na rua, Platão era um aristocrata,
escreveu uma vasta bibliografia e criou uma escola chamada ACADEMIA. Ou seja, um local físico e
privado (um edifício), com critérios de acesso aos seus aspirantes. Conta-se que nos umbrais de sua
academia havia uma placa com os seguintes dizeres: “Quem não é geômetra não entre!”(Cf. LEÃO;
CORNELLI & PEIXOTO, 2007, p. 417-435). Grosso modo, podemos dizer que esse tipo de critério é uma
espécie de protótipo do que hoje conhecemos por vestibular.

O seu nome original ou de registro, digamos assim, era Arístocles de Atenas. Segundo a tradição, a
alcunha ou apelido Platão pode ser devido ao fato de ele ter a cabeça grande e o peito largo, meio
quadrado (Cf. ARANHA e MARTINS, 2016, 108).

Após a morte de seu mestre Sócrates, Platão saiu de Atenas e circulou pela Grécia tentando aplicar seus
ideais filosóficos na prática política de seu tempo. Um exemplo foi sua tentativa de interferência no governo
de Siracusa (cidade da Sicília, Itália) (Idem). Ao “fracassar” em constituir uma organização política liderada
por filósofos, na prática, retornou à Atenas e passou o resto da sua vida escrevendo, discutindo e
ensinando filosofia em sua academia, que recebeu esse nome por situar-se ao lado do templo do deus
Academos.

A obra

O gênero textual adotado por Platão a fim de expor suas ideias é o diálogo. Isso faz parte da estratégia
platônica, certamente aprendida mediante a prática de seu mestre Sócrates, que levou a dinâmica do
diálogo fático, comum, concreto e real para seu fazer literário-filosófico. Com isso, a partir de algumas
ideias convencionalmente aceitas pôde problematizar o conhecimento estabelecido sem negá-lo, mas, ao
mesmo tempo, manter a sua investigação em curso na busca de um conhecimento seguro, coerente,
lógico e verdadeiro. E, para Platão, o conhecimento verdadeiro da realidade existe, mas não no mundo
sensível, mas no mundo inteligível ou das ideias. O primeiro passo do conhecimento é o físico, porém o
mais sublime e verdadeiro é metafísico. Por isso, em Platão, o espírito ou a alma tem prevalência sobre o
corpo.

Segundo Rodolfo Lopes (2013, p. 125ss), Diógenes Laércio fez uma classificação das 36 obras platônicas
em 9 grupos de 4 (ou assim chamadas tetralogias) que se tornaram canônicas. O próprio Rodolfo
problematiza isso, apontando classificações alternativas, em trilogias, mas, em nosso entendimento, a
tetralogia é lógica e, por ser mais antiga, ficaremos com ela, como segue:

I – Eutífron; Apologia de Sócrates (monólogo); Críton; Fédon

II – Crátilo; Teeteto; Sofista; Político

III – Parmênides; Filebo; O banquete; Fedro

IV – Primeiro Alcebíades; Segundo Alcebíades; Hiparco; Amantes rivais


V – Teages; Cármides; Laques; Lísis

VI – Eutidemo; Potágoras; Górgias; Mênon

VII – Hípias maior; Hípias menor; Íon; Menexeno

VIII – Clitofon; A república; Timeu; Crítias

IX – Minos; Leis; Epínomis; Epístolas.

A obra de Platão, podemos dizer, é um grande sistema, que perpassa por todos os segmentos do
conhecimento, que o entendimento humano e a tecnologia da época podia alcançar. Em geral, podemos
encontrar, na sua obra, reflexões sobre política, ética, epistemologia, retórica, arte e religião. Sem
exageros e pieguices, dentro dos limites de seu tempo, podemos dizer que Platão foi um pensador
completo.

De todos os segmentos do conhecimento apontados acima, destacamos dois: o político e o


epistemológico. É claro que podemos encontrar sinais desses segmentos em quase toda a sua obra,
contudo, destacamos um dos seus diálogos mais extenso, chamada A república, na qual tais questões
são desenvolvidas sob vários aspectos.

Todavia, podemos encontrar os dois aspectos aventados acima, de forma clara, numa pequena
historinha contada por Platão, no Livro VII da então referida obra. Este relato entrou para tradição como
o famoso Mito da caverna.

Com relação ao uso mito na obra platônica, vale notarmos que tem apenas uma função pedagógica, uma
vez que tal recurso ainda estava muito vivo no inconsciente coletivo do grego médio. Ou seja, era a
linguagem que o grego comum entendia para traduzir ideias de caráter metafísico. Qual é a razão desta
observação? Quem conhece um pouco da biografia e da obra platônica sabe que esse ilustre filósofo não
tinha muita simpatia pelos poetas que declamavam as façanhas extraordinárias de deuses, semideuses
e heróis gregos, pois, no seu entender, passava um pseudoconhecimento da realidade. A saber, o
conhecimento mítico passado pela poesia declamada nos parece bela e agradável, mas é fantasiosa e
ilusória. Apesar dessa crítica e, às vezes, até ojeriza dos relatos míticos dos poetas (Homero e Hesíodo),
encontramos vários mitos na obra Platão com o fito ilustrativo, em grande parte, para questões
epistemológicas.

O mito da caverna

O cenário de Platão é uma caverna, pois é um fenômeno natural que intrigou o imaginário grego desde
as narrativas míticas.

O relato nos sugere pessoas amarradas desde criança – antes que tenham alcançado o exercício da razão
ou consciência – de frente para o fundo de uma caverna. Atrás destas pessoas ergue-se uma parede de
tal forma que impeça as mesmas de ter acesso visual direto com a parte exterior da caverna. Todavia, a
parede não se ergue até o teto a fim de que haja um espaço para a passagem da luz que, por sua vez,
projeta seus raios no fundo da caverna.

Vamos supor que a certa distância, atrás da parte externa dessa parede haja uma grande tocha acesa e
entre esta e a parede pessoas (artistas, por exemplo) simulem vozes e movimentos de objetos que
representem pessoas e animais de tal forma que, ao mesmo tempo, suas sombras são projetadas no
fundo caverna as quais possam ser vistas pelas
ditas pessoas amarradas do lado de dentro da parede. Assim, para esses cativos, que têm como visão
apenas as imagens projetadas na parede de fundo da caverna, isso é o mundo (“real”) que eles
conhecem.

Agora, vamos supor também que, por acaso, um dos cativos consiga escapar dos grilhões e transponha
a parede que divide o interior da caverna com a parte meio-exterior, onde situa a tocha e os objetos de
encenação. Esse indivíduo verá que, apesar de serem estátuas de cavalos, vaso de barro decorado, etc.,
esses objetos são mais consistentes, mais claros e mais reais, digamos assim, do que as sombras vistas
por ele no fundo da caverna. Não obstante, ao sair do meio-exterior da caverna e totalmente da mesma,
bem como contemplar as coisas (terra, pedras, árvores, cavalos, cães, capim, etc.) iluminadas pelo sol,
verá que esta é a VERDADEIRA REALIDADE e não somente as representações dela como antes. Mas,
ao regressar para a caverna e contar para seus compatriotas cativos suas visões do MUNDO REAL será
certamente tomado, por eles, por louco, podendo assim expulsá-lo de seu grupo. E, se não estivessem
amarrados, poderiam julgá-lo, condená-lo e executá-lo.

Dessa forma, sumariamente, na visão de Platão, esse é o caminho árduo para o conhecimento do REAL
e VERDADEIRO. Além de todas as barreiras naturais, que temos de enfrentá-las, somos
incompreendidos por nossos próprios pares.

Interpretações do mito

Há várias interpretações para este mito ou alegoria, mas as mais comuns e importantes são a política e
epistemológica.

Sob esse aspecto, podemos dizer que Platão quer nos mostrar as etapas da EDUCAÇÃO do filósofo e/ou
de qualquer estudante. Ele começa pelo conhecimento mais simples ou sombrio, que é o sensível
(empírico), e depois escala um mais árduo (difícil), porém mais instigante e verdadeiro, que é o
suprassensível/abstrato ou metafísico.

Político: o retorno do filósofo-político que, após percorrer os caminhos da reflexão, investigação, análise
e assim contemplar a verdade, volta para a sua comunidade a fim de conscientizar os seus para a busca
da melhor forma de viver, conviver e, sobretudo, governar com justiça.

Epistemológico: a volta do filósofo que procura despertar nos seus compatriotas a consciência de que
estão sob o domínio de um pseudoconhecimento, aparente, obscuro e sombrio. Assim, Platão atua
pedagogicamente exortando os seus concidadãos a buscar o conhecimento verdadeiro no mundo do
espírito ou das ideias.

Aranha e Martins (2016, p. 109) apontam 4 formas da realidade “alegorizadas” no referido mito:

i) AS SOMBRAS: a aparência sensível das coisas;

ii) AS MARIONETES: a representação de animais, plantas etc., ou seja, das

próprias coisas sensíveis;

iii) O EXTERIOR DA CAVERNA: a realidade das ideias;

iv) O SOL: a suprema ideia do bem.

Assim, temos que o MURO representa a separação entre o conhecimento sensível (as 2 primeiras
formas de realidade) e o inteligível (as 2 últimas).

Dialética platônica

O mundo sensível é múltiplo, mutável, ambíguo e confuso, porque é aquele percebido pelos sentidos e
estes volúveis, variáveis e enganosos. Então, não é o verdadeiro em si, mas apenas a aparência
(φαινóμενον) ou a sombra do verdadeiro em si. Podemos, por exemplo, ver bois pintados, grandes,
pequenos, gordos, magros, com chifres, mochos, baios, castanhos, pretos, brancos, etc., mas a IDEIA de
boi deve ser UNA e IMUTÁVEL, isto é, a VERDADEIRA REALIDADE.
Já o mundo inteligível é alcançado por um árduo exercício dialético da alma na busca pela ascensão do
físico ao metafísico, ou seja, do múltiplo e do mutável às coisas UNAS e IMUTÁVEIS. Além da hierarquia
entre o sensível e o inteligível, no mundo das ideias, também há hierarquia. Com efeito, no topo das ideias
está a do BEM SUPREMO. Esta é a mais perfeita e geral de todas de onde deriva tudo que é BOM e
BELO. Aqui, entra a ideia de Deus em Platão, que, mais tarde, os cristãos incorporaria em sua filosofia.
Dentre os cristãos, destacamos Agostinho de Hipona (354-430).

Dado que as ideias é que são REAIS e VERDADEIRAS, então o mundo sensível ou dos fenômenos é
falso ou não existe? Não. O mundo sensível existe e ele é o nosso ponto de partida. Porém, ele não existe
em si e por si, ele existe como cópia de um mundo ideal. Ou seja, ele apenas PARTICIPA de uma
realidade ideal como reflexo dela. Esta é chamada de TEORIA DA PARTICIPAÇÃO, que, mais tarde fora
criticada por seu discípulo Aristóteles.

Ascensão dialética na ótica platônica.

Imagens do sensível.
OPINIÃO
(doxa)

Realidades sensíveis, crença.

Conhecimento matemático, raciocínio hipotético.

CIÊNCIA (episteme)

Conhecimento filosófico, intuição intelectiva.

Teoria da reminiscência (Cf. Ibidem, p. 112)

Segundo Platão, alma ou espírito puro tem acesso direto à verdadeira realidade, porque veio e tem uma
relação intrínseca, enquanto origem, com o suprassensível, o inteligível ou mundo das ideias originárias.
Mas, como para atuar no mundo, a alma tem que encarnar num corpo, ela acaba por se corromper e
tomar para si os vícios dele. Assim, ao estar sob influência e os limites do corpo, acaba por ESQUECER-
SE de suas qualidades originárias e/ou imateriais. Por isso, na perspectiva platônica, é preciso fazer um
exercício intelectivo constante para que a alma ou espírito RELEMBRE de suas capacidades e faculdades
cognitivas originais adormecidas no “cárcere corporal”. A isso, chamou-se de teoria da reminiscência ou
lembrança. Dessa maneira, para Platão, CONHECER É LEMBRAR.

Platão trata dessa teoria em seu diálogo Mênon, no qual Sócrates instiga um escravo a se lembrar de
figuras geométricas a partir da análise de objetos sensíveis e empíricos como mesas, cadeiras, edifícios,
pedras, árvores, montanhas, etc..

Posto isso, podemos inferir que, com sua dialética, Platão tenta resolver ou superar a OPOSIÇÃO entre
Heráclito e Parmênides concernente à interpretação e/ou ao conhecimento da REALIDADE. Dessa forma,
quando Platão problematiza o mundo sensível, devido à sua MUTABILIDADE, está a olhar para Heráclito;
mas quando se empenha em superar o sensível em vista do suprassensível, inteligível e IMUTÁVEL está
a olhar para Parmênides. Apesar de manter o dualismo, Platão estabelece uma relação de
complementaridade entre o sensível e o suprassensível, trazendo à tona e mantendo a disputa heraclitiana
e parmenidiana no debate epistemológico que se seguiu daí.

EXERCÍCIOS

1) A partir do que você já estudou de Sócrates e o que o texto de apoio acima fala de Platão, por
que, às vezes, a filosofia socrática se confunde com a platônica?
2) Qual é a diferença fundamental entre o paradigma socrático e o cosmológico ou pré-socrático?
3) Quais são as etapas do método socrático? Se possível, exemplificá-las.
4) Para Sócrates e Platão o que é fundamentalmente o homem?
5) Explique e exemplifique, com suas palavras, o que é virtude para Sócrates e Platão.
6) Qual é posicionamento de Platão em relação ao mito? Crítica ou elogiosa? Por quê?
7) Na ótica de Platão, qual é a diferença entre conhecimento sensível e suprassensível ou
inteligível?
8) Qual é ideia de Platão serviu para a filosofia judaico-cristã fundamentar seu monoteísmo?
9) Explique em que consiste a teoria da PARTICIPAÇÃO de Platão.
10) Para que Platão criou a teoria da reminiscência?
11) Como Platão supera as doutrinas dos pré-socráticos Heráclito e Parmênides?
12) Disserte sobre o seguinte enunciado socrático: “Sábio é aquele que sabe o que não sabe!”.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à filosofia. 6ª
ed. São Paulo: Moderna, 2016. 520 p.

LOPES, Rodolfo. A organização tetralógica do corpus platonicum (3.56-62): uma revisão do problema.
In. LEÃO, Delfim; CORNELLI, Gabriele; PEIXOTO, Miriam C. (Org.). Dos homens e suas ideias:
estudos sobre as Vidas de Diógenes Laércio. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2013. P.
125-138. disponível em: <URI:http://hdl.handle.net/10316.2/34709> . Acesso em 10/07/2020.

BONS ESTUDOS!!!

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