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a finalidade da educação deve ser a de desenvolver a autonomia da

criança, que é indissociavelmente social, moral e intelectual” (p.33).


Capítulo 1- A criança e o número
I. De acordo com Piaget, o conhecimento se dá em três níveis:

 o conhecimento físico (ligado ao mundo concreto, ou observável dos


objetos, por isso o professor deve explorar as atividades matemáticas
que trabalham com as propriedades físicas como o peso e a cor),
 o conhecimento lógico-matemático ( se desenvolve através das relações
mentais com o objeto. As noções de igualdade, comparação,
quantidade, classificação são exemplos de conhecimento lógico
matemático. Assim começa a criança começa a construir
individualmente a noção de número, a partir dos tipos de relações dela
com os objetos.)
 O terceiro é o conhecimento social que é o mesmo conhecimento
cultural.
II. Piaget afirma que a construção do conhecimento se dá através de fontes
externas e internas. Enquanto o conhecimento físico e o conhecimento
social se processam fora do sujeito, o conhecimento lógico-matemático se
dá no interior do individuo, ou seja, na mente.

III. Os números são aprendidos pela abstração reflexiva, á medida que a


criança constrói relações, mas anteriormente a construção do conceito de
numero, a criança necessita desenvolver algumas estruturas mentais:

 a ordem, que se refere à capacidade que a criança desenvolve em


arranjar, ordenar e contar objetos,
 e a inclusão hierárquica, que se dá depois do desenvolvimento da
relação de ordem. Esta última estrutura permite que aos poucos a
criança vá percebendo a sequência dos numerais.
IV. A estruturas lógico-matemático só estarão bem estruturadas por volta
dos setes anos ou oito e a partir desta idade, o pensamento das crianças se
tornam reversíveis, ou seja, capaz de realizar mentalmente ações de duas
coisas opostas simultaneamente.

V. É preciso que o professor tenha em mente que os conceitos de número


não podem ser ensinados, mas construídos pela própria criança, por partes,
ao invés de tudo de uma vez. Deve se também propiciar as crianças o
contato com os materiais concretos como encorajar as crianças a colocar os
objetos em relação, pensar sobre os números e interagir com seus colegas.
Capítulo 2- Objetivos para “ensinar” número
I. O conhecimento de número implica no desenvolvimento da autonomia
intelectual. Para a visão construtivista, a autonomia é a finalidade da
educação desse modo, uma criança não deve ser ensinada através de
métodos tradicionais, como memorização, sinais de aprovação ou
desaprovação do professor, pois tais instruções reforçam a heteronomia que
significa o ato de ser governado pelos outros, que por sua vez é o contrário
da autonomia, que significa o ato de ser governado por si mesmo. A
autonomia é indissociavelmente social, moral e intelectual, isso significa
levar em consideração o pensar autônomo e critico, e o papel do professor
deve ser de desenvolver na criança a atitude consciente e não deve inserir
no educando a dependência, de seguir normas sem contestá-las, uma ação
sistematizada coordenada pelo adulto á repressão.

II. O sucesso escolar depende muito da habilidade de pensar autônomo e


criticamente da perspectiva de vida em grupo. Assim, o objetivo para
ensinar o número é o da construção que a criança faz á sua maneira,
incluindo a quantificação de objetos e inevitavelmente ela consegue
construir o número. O meio ambiente pode indiretamente facilitar o
desenvolvimento do raciocínio-lógico, ou pode retardar, isso se dá nas
diferenças interculturais e socioeconômicas.

III. Para Piaget, há uma diferença entre os símbolos e os signos. Os


símbolos são criados pela criança e mantêm uma semelhança figurativa dos
objetos e os signos parti do conhecimento social. É um erro acreditar que
ensinando as crianças a contar e a escrever os numerais estarão ensinando
conceitos numéricos, o que é um equívoco, pois na verdade está apenas
fazendo com que ela decore os números ao invés de construir a estrutura
mental do número. Não que não seja bom para a criança aprender a contar e
escrever numerais se isto lhe for de seu interesse, mas só isto não basta.

IV. O professor deve conhecer a diferença entre conta de memória e contar


com significado numérico, este último só pode ser proveniente da estrutura
lógico matemático, construída pela criança em sua cabeça. A tarefa do
professor é encorajar a criança a pensar ativamente e de forma autônoma
em todos os tipos de situações, em todos os tipos de relação, pois as
crianças não constroem o número isoladamente.

Capítulo 3- Princípios de Ensino


I. O professor deve priorizar o ato de encorajar as crianças a pensar sobre
os números, relacionar e interagir com autonomia utilizando os conceitos já
trazidos da sua vida para dentro do ambiente escolar e fazendo novas
relações.

II. Kamii escreve sobre os princípios de ensino, que são apresentados em


três títulos:

1)A criação de todos os tipos de relações – a criança que pensa na sua vida
cotidiana, consegue raciocinar sobre muitos outros assuntos ao mesmo
tempo. (o professor têm um papel crucial de indiretamente encorajar a
autonomia de pensamento, principalmente quando há uma situação de
conflitos, onde a criança pode desenvolver a mobilidade e coerência do
pensamento, ou seja, raciocinar logicamente, inventar argumentos que
façam sentido e sejam convincentes, no entanto existem crianças que não
são de alguma forma envolvidas em situação com enorme quantidade de
relações ou situações, agem passivamente, pois são forçadas á se
submeterem a obediência, mas com a intervenção do professor ele pode
assim promover ou impedir o pensamento da criança)

2) A quantificação de objetos – deve-se apoiar a criança a pensar sobre


número e quantidade de objetos, quantificando-os com conhecimento
lógico, comparando conjuntos móveis. (Quando a professora encoraja a
criança a quantificar logicamente, a fazer conjuntos com objetos móveis, há
uma diferença em ter a contagem mecânica e a contagem escolhida pela
criança para resolver um problema real na sua própria maneira, uma vez
que a criança constrói a lógica da correspondência um-a-um por abstração
reflexiva, dessa forma as atividades ou exercícios tradicionais como as
cartilhas, são completamente supérfluas.)

3) Interação social com os colegas e os professores – apoiar a criança a


conversar com seus colegas e imaginar como está desenvolvendo o
raciocínio em sua cabeça. Afirma que o choque de opiniões que surgem e
os esforços para resolver certas situações entre eles envolve a autonomia, a
confiança e habilidades matemáticas.

Capítulo 4- Situações escolares que o professor pode usar para


“ensinar” número
I. O conhecimento matemático é construído pelas crianças dentro do
contexto da criança, então não adianta “ensinar” o conceito matemático se
não for através de situações que conduzam á quantificação de objetos, de
forma lúdica, como os jogos em grupo e a vida diária.

II. Para se ensinar quantificação, é necessário ligá-la à vivência da criança,


distribuindo os materiais, dividindo os objetos em partes iguais, coleta dos
objetos, registro de dados e arrumação da sala de aula e votação. Os jogos
também proporcionam condições de desenvolver o pensamento lógico-
matemático e começa a fazer representações, desenvolve as estruturas
mentais indispensáveis para a construção e conservação de números.

III. O jogo com alvos, como bolinhas de gude e o de boliche, são bons para
a contagem de objetos e a comparação de quantidades, o jogo de esconder
envolve divisão de conjuntos, adição e subtração, as corridas e brincadeiras
de pegar, envolve quantificação e ordenação de objetos, os jogos de
tabuleiros, são usados para trabalhar também a construção de quantificação,
os jogos de baralho, desenvolve o pensamento lógico e numérico.
Trabalhar com jogos precisa também de atenção do professor sobre os
alunos para identificar os objetivos a ser trabalhado e escolher o jogo certo
para cada conceito matemático.

IV. Há inúmeras maneiras naturais e indiretas para o professor estimular a


criação de todos os tipos de relações em ter espécies e eventos, e dentro de
um quadro de referência piagetiana, que pela abstração reflexiva se dá a
construção de uma estrutura numérica pela criança. O ponto central e
essencial da teoria de Piaget é a da abstração reflexiva e da construção de
uma estrutura numérica pela criança, através da abstração reflexiva.
No apêndice:
Texto de Piaget, onde o teórico fala sobre a importância da moralidade na
autonomia. E esclarece a compreensão, em três partes:

a) A Autonomia Moral; b) Autonomia Intelectual; c) Autonomia como


finalidade de educação
a) A AUTONOMIA MORAL onde as crianças adquirem os valores morais,
internalizando-os através do contato com o meio ambiente. Segundo Kamii,
a punição acarreta três tipos de consequências: 1. Cálculo de riscos: a
criança repetirá o mesmo ato que ocasionou a punição, só que dessa vez
tomará cuidado para não ser descoberta. Ou pode decidir que, mesmo
sendo descoberta, o prazer de cometer o ato infracionário compensa a
punição. 2. Conformidade cega: as crianças decidem que é melhor
obedecer os adultos sempre para garantir a sua segurança e
respeitabilidade. 3. Revolta: Algumas crianças, que antes se comportavam
bem, decidem parar de obedecer e começar a viver por si próprias.
Contudo, existe uma grande diferença entre autonomia e revolta. O não-
conformismo ou a revolta não tornam, necessariamente, a pessoa mais
autônoma.
As recompensas reforçam a heteronomia. Para que as crianças
desenvolvam a autonomia moral, os adultos devem incentivá-las a construir
por si próprias, os seus valores morais. Entretanto, é preciso ser realista,
não há como evitar totalmente as punições. É possível, porém trocar as
punições pelo que Piaget chamou de sanções por reciprocidade.
Kamii aborda quatro exemplos de sanção por reciprocidade: 1. Exclusão
temporária ou permanente do grupo: Quando uma criança perturba a
leitura de uma história, por exemplo, a professora pode dizer. – “Você pode
ficar aqui sem nos aborrecer, ou terei que lhe pedir que vá para o canto dos
livros ler sozinha.” 2. Apelar para a consequência direta e material do
ato: A criança que conta uma mentira pode ser confrontada com o fato de
que as pessoas podem não acreditar mais nelas. 3. Privar a criança de
uma coisa que ela usou mal: A criança que usa mal um brinquedo pode
ser impedida de usá-lo até que aprenda a utilizá-lo corretamente.
4. Reparação: A criança que estraga um trabalho de um colega pode ser
convidada a ajudar a consertá-lo. Contudo, para que essas sanções por
reciprocidade não se transformem em punição, é preciso que haja uma
relação de afeto e respeito mútuo entre a criança e o adulto. Enfim, a autora
destaca que os valores morais não são internalizados ou absorvidos de fora
para dentro, mas construídos interiormente, através da interação da criança
com o meio.
b) AUTONOMIA INTELECTUAL, as crianças adquirem o conhecimento
criando e organizando relações. Uma pessoa intelectualmente autônoma
necessita estar realmente convencida do seu erro para aceitar a correção de
outras pessoas, enquanto as heterônomas acreditam em tudo o que lhe
dizem, sem questionar. A criança não adquire conhecimentos
internalizando-os diretamente do seu meio ambiente. Em vez disso, as
crianças constroem o conhecimento criando e coordenando relações entre
objetos, fatos, etc. Se o professor simplesmente marca como erro uma
resposta do tipo “4 + 2 = 5”, sem tentar reconstituir o raciocínio da criança
e convencê-la do seu erro, a tendência é que essa criança acredite que a
verdade advém somente da cabeça do professor. “Quando uma criança diz
que 4 + 2 = 5, a melhor forma de reagir, ao invés de corrigi-la é perguntar-
lhe – ‘Como foi que você conseguiu 5?’ Assim, ao tentar coordenar seu
ponto de vista com o do outro, frequentemente ela se dá conta do seu
próprio erro.” (p.115)
c) AUTONOMIA COMO FINALIDADE DE EDUCAÇÃO, conceituando
novos objetivos.

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