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Coach, barras de access, tethahealing, EFT (Terapia Focada

em Emoções - neo-humanista e experiencial, influenciada


pela Gestalt Terapia)… se você vive neste século muito
provavelmente já ouviu falar sobre estas técnicas
terapêuticas, as neo-terapias. Talvez eu seja um tanto
quanto crítica a estas práticas pelo simples motivo de ser
old-school, das antigas mesmo, e acreditar que para alguns
processos não existem atalhos e, portanto, a terapia
convencional, psicologia, psiquiatria, essa coisa toda que
exige anos de estudo e aprofundamento, amparada por
órgãos reguladores etc e tal, bem, que estes sejam caminhos
mais seguros pra tratar de algo tão fundamental quanto a
saúde mental.

Nunca, em tempo algum, houve tanta atenção quanto à


temática das doenças psíquicas. Daí, claro, desde que o
mundo é mundo, acontece a lei da oferta e procura: quanto
mais gente doente, maior o campo das curas ofertadas. Aos
meus olhos, é aí que mora o perigo. Afinal de contas,
quantos destes neo-terapeutas está devidamente embasado
para curar a mente de um indivíduo? Para estar credenciado
com aptidão para conduzir a aplicação das barras de access,
uma técnica que por meio da pressão de diferentes pontos
na cabeça permite “que comecemos a desfazer todos os
pensamentos, ideias, atitudes, decisões e crenças limitadoras
que bloqueiam e atrasam a nossa vida.” – uma promessa e
tanto, não é mesmo? – por exemplo, uma pessoa passa por
um curso de oito horas. Oito horas para estar apto a
promover uma mudança enorme e fundamental para a vida
de pelo menos 99% da população mundial.

Os coaches, por sua vez, têm origem em práticas de


treinamento que são de fato eficazes para questões práticas
e até pontuais, vá lá. Coach, em inglês, é treinamento. Pode
ser minha personalidade dramática, mas eu acho um ultraje
que alguém venha me dizer que é “coach em perdão”, uma
vez que esta temática vem sendo abordada desde os tempos
bíblicos como umad as primordiais para a humanidade. A
impressão que eu tenho é que existe um quê de aproveitar a
necessidade emergencial de todo mundo no contexto atual
pra propor uma cura, um caminho curto, rápido e sei lá se
eficaz, pois essas técnicas têm menos que 10/15 anos em
prática, enfim, tenho resistência em achar que tudo isso é de
fato indolor, que não trará sequelas graves pra esta já
doente sociedade imediatista. Mas pode ser que eu só seja
old-school, das antigas mesmo.

Acho que sou burra/imbecil/idiota, pois me encaminho para a


faculdade de psicologia, economizando centavos e
predispondo pelo menos cinco anos dos meus já passados
trinta para me tornar uma profissional completa e apta a
lidar com a profundidade dos problemas psíquicos da
humanidade, enquanto um pessoal estuda um final de
semana e sai curando quase tudo o que existe de problema
por aqui e acolá, ganhando muito dinheiro, é claro, com tudo
isso. Mas, ainda, seja por intuição, antiguidade ou
credibilidade mesmo, ainda acho caríssimo o valor do curto
caminho longo, como bem exemplifica o rabino Nilton Bonder
em A Alma Imoral: “Há um olhar que sabe discernir o certo
do errado e o errado do certo. Há um olhar que enxerga
quando a obediência significa desrespeito e a desobediência
representa respeito. Há um olhar que reconhece os curtos
caminhos longos e os longos caminhos curtos. Há um olhar
que desnuda, que não hesita em afirmar que existem
fidelidades perversas e traições de grande lealdade. Este
olhar é o da alma.”

EFT - Terapia Focada em Emoções


MENDES, Marco Aurelio. Terapia focada nas emoções e processos de mudança em psicoterapia. Rev. bras.ter.
cogn. [online]. 2015, vol.11, n.2 [citado 2024-03-12], pp. 96-104 . Disponível em:
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-56872015000200005&lng=pt&nrm=iso>.
ISSN 1808-5687. http://dx.doi.org/10.5935/1808-5687.20150014.

A terapia focada na emoção é um modelo de psicoterapia neo-humanista e


experiencial. Ela se baseia na aplicação da empatia no contexto terapêutico e na
utilização de procedimentos vivenciais deflagrados por marcadores específicos
observados durante as sessões. O modelo tem como objetivo central a
reestruturação dos esquemas emocionais apresentados pelo cliente,
possibilitando, assim, a formação de um novo sentido do self e do sistema de
significados pessoais. O presente trabalho faz uma breve revisão sobre o campo
das emoções e sobre o consenso que vem emergindo a partir dos estudos
neurocientíficos das últimas décadas. Os pressupostos teóricos da terapia focada
na emoção também serão apresentados devido à importância crescente do
enfoque emocional nos consultórios e à escassez de literatura sobre o tema em
português. Foi realizada revisão teórica dos principais autores e publicações,
bem como a descrição de algumas intervenções ocorridas no atendimento de um
caso clínico, a partir das concepções propostas pelo modelo. Mesmo sem aderir
totalmente ao modelo da terapia focada na emoção, conhecer as intervenções
específicas pode ser extremamente útil aos terapeutas cognitivos, sobretudo
quando a intervenção tradicional não consegue beneficiar adequadamente o
cliente.

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