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“O que há são escolhas - e o poder daqueles que as fazem. Literatura não é apenas
uma questão de gosto: é uma questão de política.” P. 70
“No entanto, o estabelecimento dos juízos estéticos não cabe numa pesquisa
histórica. É facultado ao historiador, isso sim, procurar compreender como tais avaliações
são constituídas no interior das sociedades, de que maneira se formam e disseminam os
gostos, como repercutem no coletivo e permanecem ou não historicamente.” P. 71
“Creio que é essa força da literatura a razão de sua singularidade como fonte
histórica.” p. 85
“Se, no século XIX, Clio fora guindada ao posto de rainha das ciências,
definindo seus auxiliares e hierarquizando os saberes, cabendo à Literatura ser o sorriso
da sociedade, a História se valia da Literatura corno um recurso ilustrativo de urna
afirmação sobre o passado, para confirmação de um fato ou ideia.” p. 32
“O escritor constrói uma intriga cuja ação tem lugar no passado, para o que ele
lança mão de elementos extra romanescos, de um referencial de contingência datado, de
molde a compor sua intriga de forma convincente. Seus leitores terão uma noção desta
temporalidade transcorrida, que poderão pôr em correspondência com um saber histórico
previamente adquirido. Esta coerência de sentido, construído pela escrita e percebida na
leitura deve ser apreendida pelo leitor, sem que seja necessário que se ponha em evidência
um expressivo conhecimento de bibliografia, copiosas fontes ou uma alentada pesquisa
já feita.” p. 38
“Leitores de História, em princípio, busca saber como foi, ou mais ainda, a
verdade do que foi.” p. 38
“Por outro lado, neste uso que a História faz da Literatura como fonte, há que
considerar que o texto literário, tal como a pintura, por exemplo, fala das verdades do
simbólico, ou seja, da realidade do imaginário de um determinado tempo, deste real
construído pela percepção dos homens, e que toma o lugar do real concreto.” p. 40
“Mila reconhece o seu cabelo crespo e sua pele negra como principais
marcadores da diferença que a distingue no seio da sua família portuguesa, pela qual foi
criada. Nessa toada, a narradora-protagonista empreende uma longa discussão acerca da
construção da sua identidade, em um contexto no qual fica evidente o caráter fragmentário
de uma cultura pós-colonial, que reverbera todas as consequências da diáspora africana.”
p. 169
“Consideramos que Mila está inserida em uma situação de violência ética. Butler
(2015) explica que essa violência ocorre quando a moral dominante, tencionando
continuar sendo compreendida como “universal”, sufoca as dimensões individuais e
mascara os anacronismos” p. 173
“Nesse ponto, percebemos que o corpo, ao ser parametrizado por meio de uma
determinada estética, pode ser objeto da violência ética, à medida em que a estética se
converte em moral com pretensões universalizantes.” p. 174
“Esse cabelo é, no entanto, diferente da maioria da escrita que até agora tem
saído em Portugal sobre questões coloniais e pós-coloniais, não apenas pela razão de ser
uma obra de difícil catalogação – romance, ensaio, memória, autobiografia –, mas pela
forma como a história entre Portugal e África nos é contada.” p. 58
“Já na primeira frase de seu prólogo, o livro de Djamilia estabelece uma relação
íntima entre a questão política e identitária de pertencimento nacional e a corporalidade
contida na noção de nacionalidade. É uma afirmação aparentemente simples: “Estar grato
por ter um país assemelha-se a estar grato por ter um braço” (ALMEIDA, 2015, s/p.).” p.
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“Já na primeira frase de seu prólogo, o livro de Djamilia estabelece uma relação
íntima entre a questão política e identitária de pertencimento nacional e a corporalidade
contida na noção de nacionalidade. É uma afirmação aparentemente simples: “Estar grato
por ter um país assemelha-se a estar grato por ter um braço” (ALMEIDA, 2015, s/p.).” p.
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