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CAROLINA

A ampliação do repertório das fontes históricas e a mudança do conceito de


fonte, introduziam-se no crescente movimento de renovação da historiografia no século
XX. Opondo-se à historiografia da Escola Metódica, pesquisadores colocaram em pauta
a compreensão da complexidade e da totalidade das experiencias humanas, passando a
dar destaque aos processos sociais e econômicos, e também, nas décadas seguintes, aos
aspectos mentais das civilizações. Outra decorrência dessa mudança foi a utilização de
novas fontes de pesquisas – necessárias para o conhecimento do clima, do solo, das
espécies naturais, da agricultura, do artesanato, das formas de trabalho, do comércio, das
crenças, ideologias etc. – portanto, não mais fiéis aos documentos políticos oficiais, onde
esses deixaram de ser sinônimos da verdade para ser analisados como um monumento.

O trabalho com fontes literárias nas pesquisa histórica, era realizado por ingleses
preocupados em renovar a historiografia marxista, que enfatizava os estudos das
estruturas econômicas e sociais, assim dedicando-se à cultura para a compreensão das
relações sociais, eles encontraram na produção literária uma das fontes mais
significativas. No Brasil, a importância da literatura nas ciências sociais já era bastante
discutida, principalmente na sociocologia, Antônio Candido afirma em 1950 que
“diferentemente do que sucede em outro países, a literatura tem sido aqui, mais do que a
filosofia e as ciências humanas, o fenômeno central da vida do espírito”.

GUSTAVO

Para interpretar o texto literário é essencial compreender o que particulariza essa


fonte, seja ela à própria narrativa histórica seja na comparação a outros tipos de textos.
Para Pesavento a História uma quase Literatura: historiadores fazem ficção, pois não
recolhem simplesmente o passado dos arquivos. Eles constroem uma experiência do
vivido, reconstituem uma temporalidade que só pode existir pelo esforço da imaginação,
e transpõem esta representação do passado para uma narrativa. A Literatura, como se
sabe, é sempre fonte de si mesma, ou seja, diz sobre o presente da sua escrita e não sobre
a temporalidade do narrado. Assim, o historiador não pode pegar Walter Scort, com
Ivanhoé, ou Érico Veríssimo, com O Tempo e o Vento, para buscar saber como era a
Idade Média ou como foi a formação histórica do Rio Grande do Sul. Neste tipo de
romance histórico, o que poderá ser analisado é como os homens do século XIX
representavam e criavam para si a época medieval, ou como nas décadas de 40 e 50 o Rio
Grande do Sul buscava o seu passado para explicar o seu presente. O historiador deve
também estar atento à diversidade das formas literárias no tempo e às circunstâncias em
que se constituíram, perpetuaram ou mudaram suas convenções.

CAROLINA

O livro O Diário de Anne Frank, ela começou a escrever o diário quando tinha
13 anos em 1942 até 1944. Anne era alemã e judia e vivia com seu pai Otto, sua mãe
Edith e sua irmã Margot. Na metade da segunda guerra ela e sua família precisaram fugir
e esconderam-se em um anexo de três andares no interior da fábrica que seu pai
trabalhava. No diário ela conta sobre os nazistas, a situação cada vez pior dos judeus, os
bombardeios, o sofrimento da guerra e a possibilidade do anexo ser descoberto. Eles
ficaram escondidos por 2 anos até que foram descobertos pelo Gestapo, a polícia secreta
que trabalhava para a Alemanha nazista. Eles foram separados e Anne, sua mãe e sua
irmã para Auschwitz. Otto foi o único sobrevivente, que achou o diário da filha, e decidiu
publicá-lo.

GUSTAVO

Falar como pode ser usado o livro em sala de aula

CAROLINA

Neste uso que a História faz da Literatura como fonte, há que considerar que o
texto literário, tal como a pintura, por exemplo, fala das verdades do simbólico, ou seja,
da realidade do imaginário de um determinado tempo, deste real construído pela
percepção dos homens, e que toma o lugar do real concreto. A literatura diz muito mais
do que outra marca ou registro do passado. Ela fala do invisível, do imperceptível, do
apenas entrevisto na realidade da vida, ela é capaz de ir além dos dados da realidade
sensível, enunciando conceitos e valores. A Literatura é o domínio da metáfora da escrita,
da forma alegórica da narrativa que diz sobre a realidade de uma outra forma, para dizer
além.

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