Você está na página 1de 4

FICHAMENTO – KARNAL, Leandro (Org).

Histórias na sala de aula:


conceitos práticas e propostas. (p. 17-36).66

“As grandes mudanças políticas e econômicas ocorridas no final do século XX


causaram muita perplexidade entre professores e estudantes de História em geral,
criando, em certos círculos, atitudes de ceticismo com relação ao próprio
conhecimento histórico, o valor do ensino de História nas escolas e seu potencial
transformador.” Pg 17.

“Procurando acompanhar as mudanças, os novos tempos, muitos professores


acabam comprando a ideia de que tudo que não é muito veloz é chato. Na sala de
aula, o pensamento analítico é substituído por “achismos”, alunos trocam a
investigação bibliográfica por informações superficiais dos sites “de pesquisa”
pasteurizados, vídeos são usados para substituir (e não complementar) livros.” Pg 17.

“... o conteúdo da disciplina foi deixado de lado, a erudição foi considerada


coisa de esnobes e a leitura da História foi duramente prejudicada por tal simplismo.”
Pg 18.

“O grande desafio que se apresenta neste novo milêNio é adequar nosso


olhar às exigências do mundo real sem sermos sugados pela onda neoliberal que
parece estar empolgando corações e mentes. É preciso, nesse momento, mostrar que
é possível desenvolver uma prática de ensino de História adequada aos novos tempos
(e alunos): rica de conteúdo, socialmente responsável e sem ingenuidade ou
nostalgia.” Pg 19.

“Ser membro da comunidade humana é situar-se com relação a seu


passado”, passado este que “ é uma dimensão permanente da consciência humana,
um componente inevitável das instituições, valores e padrões da sociedade”. A
História é referência. É preciso, portanto, que seja bem ensinada.” Pg 19.

“E, mais grave, desistimos de, ao menos, nos aproximar do patrimônio


cultural da humanidade. E qual é o papel do professor senão estabelecer uma
articulação entre o patrimônio cultural da humananidade e o universo cultural do
aluno?” Pg 20.

“O professor de História não pode ficar preso apenas a modos de produção e


de opressão (embora isso seja fundamental), mas pode e deve mostrar que, graças à
cultura que nós, membros da espécie humana, produzimos, temos tido talento para
nos vestir mais adequadamente que os ursos, construir casas melhores que o joão-de-
barro, combater com mais eficiência que o tigre, embora cada um de nós, seres
humanos, tenha vindo ao mundo desprovido de pelos espessos, bicos diligentes ou
garras poderosas. Cada estudante precisa se perceber, de fato, como sujeito
histórico...” Pg 21

“Humanizar o homem é percebê-lo em sua organização social de produção,


mas também no conteúdo específico dessa produção. E, para o momento específico
em que vivemos, no começo do século XXI, isso é particularmente importante.” Pg 21.

“No Brasil, diante do paronama atual, só uma educação de qualidade, que


tenha o ser humano e suas realizações como eixo central, pode nos fazer, como
nação, dar o salto qualitativo a que tanto aspiramos, por meio da qualificação de
nossos jovens.” Pg 21

“Os países que não agirem a favor da história ficarão fadados a distanciar
cada vez mais daqueles outros, ricos ou não, que colocam a educação e a cultura
(incluindo a histórica) como propriedade real.” Pg 22.

“É necessário, portanto, que o ensino de História seja revalorizado e que os


professores dessa disciplina se conscientizem de sua responsabilidade social perante
os alunos, preocupando-se em ajudá-los a compreender e – esperamos – a melhorar
o mundo que vivem.” Pg 22.

“...Sem dúvida que a informação chega pela mídia, mas só se transforma em


conhecimento quando devidamente organizada. E confundir informação com
conhecimento tem sido um dos grandes problemas de nosa educação...” Pg 22.

“Mais do que o livro, o professor precisa ter conteúdo. Cultura. Até um pouco
de erudição naõ faz mal algum. Sem estudar e saber a matéria não pode haver
ensino. É inadmissível um professor que quase não lê.” Pg 22.

“Afinal, se o professor é o elemento que se estabelece a intermediação entre


o patrimônio cultural da humanidade e a cultura do educando, é necessário que ele
conheça, da melhor forma possível, tanto um quanto outro... Por outro lado, isso não
terá nenhum valor operacional se ele não conhecer o universo sociocultural específico
do seu educando, sua maneira de falar, seus valores, suas aspirações.” Pg 23

“Portanto as aulas de História serão muito melhores se conseguirem


estabelecer um duplo compromisso: com o passado e o presente.” Pg 24.
“Além dessas questões estruturais, há alguns vícios muito disseminados que
contribuem para a queda da qualidade do ensino em geral, mas que afetam de forma
particular as aulas de História.” Pg 24.

“Um deles é o hábito frequente em nossas universidades, mas já popular em


muitas escolas de ensino médio, da crítica sem base. Pg 24.

“Outra tendencia é a supervalorização do desconstrutivismo... O


entendimento das motivações dos discursos e de seu papel instaurador, a
compreensão dos jogos de poder envolvidos na elaboração das versões em torno dos
fatos históricos, a análise dos discursos, o desmonte dos argumentos podem ser
perfeitamente utilizados como instrumento de análise histórica e ocupal hoje boa parte
das pesquisas acadêmicas.” Pg 26

“Tendo como paradigma o ensino de História simplificador e esquemático de


algumas décadas atrás, criou-se um certo mal-estar com relação à História Social,
apoiada na concepção materialista da História.” Pg 26.

“Assim, não vemos uma incompatibilidade entre a História Social e a História


das Mentalidades e do Cotidiano. Na verdade, as duas abordagens não apenas não
se opõem necessariamente, como se complementam. A abordagem da corrente da
História Social busca a percepção das relações sociais, do papel histórico dos
indivíduos e dos limites e possibilidades de cada contexto e processo histórico. A das
Mentalidades privilegia cortes temáticos... Além disso, por meio desses olhares,
poderá o professor (re)aproximar o aluno do estudo da História. E, quem sabe,
explorar muitas das possibilidades que o contato com nossa disciplina permite,
inclusive a de nos percebemos, de fato, como sujetitos da História, por mais batida
que a fórmula se apresente.” Pg 27

“O conhecimento histórico, por si próprio, carrega profundo potencial


transformador, dispensando interpretações apressadas, feitas sob o impacto de
circunstâncias acaloradas.”Pg 28

“Nosso aluno, cada aluno, tem de se perceber como um ser social, alguém
que vive numa determinada época, num determinado país ou região, oriundo de
determinada classe social, contemporâneo de determinados acontecimentos. Ele
precisa saber que não poderá nunca se tornar um guerreiro medieval ou um faraó
egípcio. Ele é um homem de seu tempo, e isso é uma determinação histórica. Porém,
dentro do seu tempo, dentro das limitações que lhe são determinadas, ele possui a
liberdade de optar.” Pg 28
“Quanto mais o aluno sentir a História como algo próximo dele, mais terá
vontade de interagir com ela, não como uma coisa externa, distante, mas como uma
prática que ele se sentirá qualificado e inclinado a exercer. O verdadeiro potencial
transformador da História é a oportunidade que ela oferece de praticar a “inclusão
histórica”...” Pg 28.

“Como se vê, diferentes recortes da História permitem que o aluno abra


enormes horizontes que podem acolher, inicialmente, sua curiosidade, depois, sua
análise e, finalmente, sua identificação com essa “gente como a gente” que construiu o
processo histórico do qual ele mesmo faz parte.” Pg 35

“A condição da mulher na Idade média comparada com a das ocidentais ou


das islâmicas dos dias de hoje perde o sentido se vista fora de seu tempo. Da mesma
forma, identificar certos tipos de exploração de trabalho no capitalismo ao escravismo
(qual? O colonial? O dos povos do deserto? Impede que se tenha uma dimensão
exata do caráter de cada tipo de relação de produção, historicamente determinada.”
Pg 35.

“O pensamento crítico não se sustenta sem leitura, vício silencioso, lento e


profundo. Só depois de ter a mente e o espiríto alimentados pela leitura é que
ilustrações computadorizadas ou filmadas podem fazer algum sentido.” Pg 35

Você também pode gostar