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1. INTRODUÇÃO
2. DESENVOLVIMENTO
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Graduado em Licenciatura Plena em História pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná
(UNIOESTE), campus de Marechal Cândido Rondon. Desenvolve pesquisa no âmbito do Ensino de
História, com enfoque em Currículos e Projetos Pedagógicos de História. E-mail:
victorantoniomelosilva@hotmail.com.
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Devido impossibilidade de discussão do conceito de autonomia que seria realizado a partir do texto de
Paulo Freire, Pedagogia da Autonomia (1996), o mesmo não foi incorporado a discussão do presente texto.
natureza e as modificações do ser humano resultantes do processo de transformação do
seu meio. Ou seja, a cultura é um processo produtivo que cria (1) produtos a partir da
transformação da natureza (bens de consumo) e recria o próprio ser humano (bem de
produção) através dos conhecimentos que ele adquire e acumula nesse processo (PINTO,
1979, p.124).
Nessa direção, a cultura passa por um problema histórico durante seu processo de
evolução. Ela deixa de ser um bem geral consumível por todos e passa a ser um privilégio
de alguns.
Tanto a cultura material (os bens de consumo) quanto a intelectual (os bens de
produção) são apropriadas por grupos minoritários que passam a monopolizar o consumo
dos bens culturais. Isso que resulta na divisão de classes no interior da sociedade e a
transformação do ser humano em bem produção para outros (ibid., p.127-128).
Na visão de Vieira, a classe dominante que se apropria da cultura cria uma cisão
entre grupos antagônicos na sociedade, aqueles que produzem os bens de consumo
transformando diretamente a natureza, os trabalhadores manuais, e aqueles que criam os
bens de produção ideias, técnicas e instrumentos através das quais os trabalhadores
manuais irão exercer as suas funções, os trabalhadores intelectuais (p.128).
Isso impõe na sociedade de classes a noção de sujeitos cultos detentores das
capacidades intelectuais de criação bens e aqueles incultos, relegados somente a operar
os instrumentos e as técnicas produzidas idealmente pela classe dominante (p.129);
A partir dessa concepção geral de cultura, seria possível enxergar o fenômeno da
escola como um dos instrumentos criados idealmente para dominar e doutrinar as classes
inferiores a mantê-las restritas ao processo de produção de bens de consumo.
Nessa lógica, a escola seria o local de introjeção das ideias, instrumentos e
técnicas elaboradas pelas classes dominantes nas mentes dos dominados. O momento de
alienação da capacidade dos trabalhadores de refletir sobre o processo produtivo e a
negação das suas habilidades para criar bens de produção, impedindo-os de se
reconhecerem como produtores de cultura e atingirem objetivo final de toda produção
cultural que é a produção de si mesmo.
Contudo, a escola, segundo Rockwell e Ezpeleta (1989, p.134), não pode ser
enxergada somente como um instrumento de transmissão de conhecimentos ou
dominação ideológica das classes dominantes. Ela é um espaço mais complexo do que
isso e só pode ser compreendida a partir da sua realidade não documentada. A escola só
faz sentido quando analisada sua existência cotidiana enquanto história acumulada,
observando os “elementos civis e estatais” que constituem o seu espaço (ibid.).
Através do olhar dessas autoras é possível afirmar que o cotidiano da escola revela
elementos dominantes (estatais) e dominados (civis) em constante contradição e conflito,
onde um se mistura com o outro. Ela é, ao mesmo tempo, a tentativa de apropriação da
cultura dos trabalhadores por parte das classes dominantes e o esforço de resistência dos
mesmos em criar bens de produção de cultura; é a tentativa de introjeção das ideias
dominantes que busca aliena-los e a reafirmação da capacidade dos dominados de
produzirem a si mesmos.
Em suma, a escola é um espaço de contradições. As grandes categorias não são
suficientes para explicar a complexidade de relações entre os sujeitos que a constituem,
ela não pode ser enxergada apenas pela ótica de dominação e submissão. A escola é, antes
de tudo, um processo inacabado de construção, ou, algo a vir a ser. É um fenômeno que
está em transformação constante e se insere no problema histórico do processo de
evolução da cultura humana. A escola é um espaço de disputa entre as classes antagônicos
na sociedade, mas, também pode ser um lugar para a resolução desse conflito.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS