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PREFÁCIO
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Afro-brasileiros e Indígenas), o Estatuto da Igualdade Racial
IDBR_
(Lei nº 12.288/2010) e a Lei de Cotas (Lei 12.711/12).
Material Educativo
provocou e continua provocando um positivo abalo neste país
e está em pleno funcionamento.
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zadas na/com/para a coletividade podem ser mais profícuas
e mais salutares do que aquelas que temos praticado e nos
leva a refletir sobre a possiblidade de unirmos razão e emo-
ção e, assim, construirmos espaços melhores, mais saudá-
veis seja na escola, na universidade ou em qualquer outro
lugar em que estejamos.
Encontraremos nos textos aqui presentes informações/
afirmações que podem nos levar a ponderar sobre nosso
papel social e sobre nossos deveres como cidadãs e cida-
dãos. Essas informações/afirmações nos provocarão refle-
xões, insights, que, certamente, darão lugar a novas ideias e,
dessa forma, isso contribuirá para a construção do desejado
mundo melhor para todos...
Material Educativo
quando se trata de raça e de racismo ...
Aproveite! Curta! Deleite-se!
IDBR_
públicas de natureza afirmativa se consolidaram como
estratégia para garantir em curto, médio e longo prazo a
alteração do contexto racista, dado que, a garantia de direi-
tos por meio de ações afirmativas possibilitaria a presença
das populações negras e indígenas nos diversos espaços,
respondendo com isso a justiça social.
Material Educativo
colonizador, e, consequentemente, estereotipada, visando
com isso enfrentar o epistemicídio (CARNEIRO, 2005).
Trata-se de uma narrativa sobre a contribuição no que diz a:
política, ciência, cultura, tecnologia, inovação, entre outras
dimensões e processos civilizatórios.
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de Educação Antirracista
campo amplo da educação. A partir de um olhar racializado,
para escolas da rede
ou seja, que observa cor e raça para além da classe social,
estadual. Disponível em:
o núcleo de educação trabalha com foco para a distribui- <Governo lança programa
ção igualitária de oportunidades educacionais, buscando de Educação Antirracista
aumentar o ingresso, a manutenção e principalmente a ace- para escolas da rede
estadual - Secretaria da
leração da carreira de profissionais negros e indígenas no
Educação (educacao.
mercado de trabalho. Para isso, o Pilar faz gestão, manuten-
rs.gov.br)>. Acesso em:
ção e desenvolvimento de programas e projetos que visam 20 de Set, 2023.
potencializar a formação e qualificação pessoal e profissio-
nal de pessoas negras e indígenas, além de buscar sensibili-
zar toda a sociedade com relação à pauta racial.
Material Educativo
setores das instituições escolares. Assim, no dia 16 de Março
de 2022, o ID_BR em parceria com a Secretaria de Educação
do Estado do Rio Grande do Sul lançou o Programa de
Educação Antirracista na Jornada Pedagógica.
A participação do ID_BR é fruto de uma articulação iniciada
ainda no final de 2021 com foco em assistir a SEDUC-RS com
um cronograma de ações e formações especializadas, com
foco total na questão étnico racial e suas transversalidades
com a temática da educação. Nas palavras da professora
Raquel Teixeira, secretária estadual de educação:
Criança não nasce racista, ela se torna racista. No Brasil
as crianças se tornam racistas por um contexto. Um país
que tem 522 anos, dos quais viveu 388 sob um regime
escravista. Um país que apagou a história do povo negro
e promoveu uma política intencional de branqueamento
da população. Esse é o contexto que temos. Este pro-
grama que estamos lançando é para que se aprenda não
apenas a não ser racista, mas a ser antirracista. Fazemos
isso pela educação porque acreditamos que a educação é
um dos pilares mais importantes para a equidade no Brasil
(TEIXEIRA, 2022).
15
Com um cronograma e plano de ação organizado e cons-
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(LEITE, 2022).
IDBR_
revelar uma questão interessante: aparentemente, existem
muitos educadores com propostas em execução e/ou com
intencionalidade, no entanto, foi identificado que há ausên-
cia de recursos, sejam técnicos ou estruturais para que
esses projetos ganhem um formato mais tradicional. Ao final,
40 propostas foram selecionadas e 8 reconhecidas como as
mais inovadoras. A ideia dessa fase do Programa era mapear
práticas organizadas de educação antirracista no país, a fim
de entender o contexto de como e onde a temática tem sido
trabalhada.
Material Educativo
O Pilar educação tem a compreensão de que o problema
racial no Brasil não está vinculado apenas à dimensão
individual das relações, mas a questões mais amplas. Há
uma questão não resolvida no país sobre o entendimento
do racismo como parte da estrutura social do território.
Considerar a colonização e suas diversas facetas como ori-
gem sócio histórica que torna a raça um elemento fundante
das sociedades contemporâneas traz a responsabilidade de
compreender o racismo para além dos insultos, desrespei-
tos e atos discriminatórios individuais.
Bullying
Ocorre exclusivamente nas relações interpessoais, sendo
um fenômeno psicológico com desvio de comportamento.
Toda criança está sujeita a sofrer e/ou praticar
Origina-se no espaço escolar e pode ou não expandir, ou
seja, tem um território pré-determinado
Não é crime, embora seja violência escolar
Racismo
É ideológico e estrutural; por isso, existe também o
racismo institucional.
Apenas a criança negra sofre o racismo – embora possa
inclusive praticar. Mas a criança negra pode ser vítima de
Material Educativo
IDBR_
problema racial na escola.
Material Educativo
escolar, ou seja, da sociedade, para dentro do sistema insti-
tucional interno da escola, cabe à escola se munir de ferra-
mentas institucionais de implementação de uma cultura de
igualdade racial.
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sociais e organizações negras e indígenas da região;
- Equipar a biblioteca com uma sessão voltada para as
questões étnico-raciais e questões de regiões ligadas às
culturas negras e indígenas;
- Reuniões de formação e letramento racial para o corpo
docente e técnico-administrativo;
- Pensar uma rede de escolas e profissionais da educação
que troquem experiências e que sirvam de modelos umas
para as outras;
- Elaborar um manual de boas práticas sobre ações antirra-
cistas para promover na escola um espaço mais igualitário e
saudável para as pessoas negras.
Material Educativo
Federais 10.639 e 11.645; atuação dos Núcleos de Estudos
Afro-Brasileiros e Indígenas (NEABIs) das Universidades e
Institutos Superiores no Brasil; portais de informação e con-
teúdos, a fim de auxiliar na construção e planejamento de
aulas e projetos, como, por exemplo, Geledés; Organizações
à disposição para contribuir com a efetivação da pauta da
igualdade racial, como é o caso do Instituto Identidades do
Brasil (ID_BR); e produção acadêmica e didática, oferecendo
insumos teóricos, metodológicos e práticos para atuar nos
espaços de formação, como são os casos da Coleção de
História Geral da África e deste material.
21
Referências
IDBR_
22
GESTÃO E CURRÍCULO
O PAPEL DA GESTÃO
NO CONTEXTO DA
EDUCAÇÃO DAS
RELAÇÕES ÉTNICO
RACIAIS
GESTÃO E CURRÍCULO - O PAPEL DA GESTÃO NO CONTEXTO DA
IDBR_
RESUMO
24
ABSTRACT
IDBR_
Management and curriculum go hand in hand; the idea of
separation and hierarchical management should be left
behind. Intercultural paths that indicate non-Eurocentric
possibilities for thinking about school, curriculum, and racial
relations need to be observed. It is in this sense that it beco-
mes important to familiarize oneself with the guidelines that
have emerged from the struggles of black, indigenous, and
quilombola movements, in conjunction with the laws 10.639
of 2003 and 11.645 of 2008. To achieve this, we also propose
a theoretical repertoire grounded in the problematics of
interculturality and culture, emphasizing the valorization of
traditional expressions of the sacred in relation to nature and
the Well-Being. Envisaging management, curriculum, and
tools for the valorization of identities, cultural diversity, res-
pect, and the appreciation of differences. The concept and
understanding of culture encompass ways of relating to the
sacred and nature in terms of self-perception and unders-
tanding as an integral part, interwoven with the knowledge
Material Educativo
and memories of those who came before. To guide, ins-
truct, and substantiate people’s knowledge in conceiving
and developing collective formats of “School Management”
intertwined with the community. It is of paramount impor-
tance to cultivate a culture of respect for human diversities,
especially in the context of safeguarding rights and fostering
a culture of peace. Hence, it is feasible to create a school
environment that values both thinking and sensitivity, con-
ceiving the school as a space that promotes diversity and
functions as a community cultural center.
KEYWORDS: School Management Practices; Diversity;
Interculturality; Right to Education;
25
INTRODUÇÃO
IDBR_
IDBR_
de gestão altamente nocivos, tanto no sentido de destruir
as formas tradicionais originárias, como no sentido de não
as considerar nas tomadas de decisões, criando estratégias
para incutir que apenas recebessem e obedecessem sem
espaço para questionamentos ou proposições. Para com-
preender e exercitar o sentido de decolonizar ou descoloni-
zar, é necessário relembrar quais são as bases e formas em
que nos incutiram a colonização e estruturaram nossa edu-
cação para a continuidade do modelo colonial. De mesmo
modo, a gestão no Brasil é historicamente moldada para
“barrar” o aprendizado das lutas sociais, sindicais e demais
expressões das buscas por direito.
Material Educativo
educadores. Gestores precisam se ater à legislação vigente
e na garantia de direitos constitucionais de desenvolvimento
de quaisquer identidades relacionadas à existência humana.
sem contrapor.
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singularidades dos corpos divergentes do que é instituído
IDBR_
como normativo na sociedade. Utiliza-se das retóricas, falá-
cias científicas biologizantes e negacionistas das diversida-
des humanas.
Material Educativo
tido colonizador pela alienação e pela imposição religiosa
dos jesuítas católicos de outrora. É importante que a gestão
se autoanalise nesse sentido para se ater à importância de
cumprimento das legislações vigentes, especialmente na
educação no escopo do estado laico.
IDBR_
dratado. Quanto mais melanina, mais escura a cor da pele
para proteger dos raios solares maléficos, dos olhos para
proteger a visão. Por não ficarem rentes à cabeça, quanto
mais crespa e encaracolada a textura dos cabelos, mais
favorecem a circulação de ar. Por isso, ao diminuir a tempe-
ratura, mesmo que minimamente, foi possível a preservação
do cérebro contra o sol e o calor intenso. Por outro lado, o
oposto foi desenvolvido nas regiões frias: o cabelo liso mais
rente à cabeça possibilita um aquecimento, que mesmo
sendo mínimo, ajudava o não congelamento do cérebro. O
nariz largo que, nas regiões quentes, possibilitava uma maior
entrada de oxigênio, dificultada pelo aquecimento que torna
o ar rarefeito e expandido; já nas regiões frias, as gerações
passaram por adaptações milenares, o que resultou o afila-
mento do nariz para que o ar fosse minimamente aquecido,
e não congelasse os pulmões.
Material Educativo
retina ocular humana, além da incidência do vento gelado, a
adaptação ocasiona os olhos puxados dos povos amarelos
do continente asiático, o que possibilita uma curvatura da
retina, proporcionada pela preservação da visão humana
nesse ambiente. A seleção natural acontecia deste modo: à
medida em que os indivíduos que sobreviviam, repassavam
o “gene” responsável por essa capacidade de adaptação
para a geração seguinte.
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vagem de desenvolvimento.
Os povos negros do continente africano foram colocados
como sub-humanos, cuja desenvolvimento e inteligência
estariam mais próximos dos chipanzés do que dos seres
humanos, contrapostas na Declaração das Raças que citamos
novamente:
1 – Os cientistas estão de acordo, de um modo geral, em
reconhecer que a humanidade é uma e que todos os
homens pertencem à mesma espécie, Homo sapiens. Além
disso, admite-se comumente que todos os homens se
originaram, segundo todas as probabilidades, do mesmo
tronco: as diferenças existentes entre os diversos grupos
humanos são devidas ao jogo de fatores evolutivos de dife-
renciação, tais como a modificação na situação respectiva
das partículas que determinam a hereditariedade (gens), a
mudança da estrutura dessas mesmas partículas, a hibri-
dação e a seleção natural. Foi assim que se constituíram
grupos mais ou menos estáveis e mais ou menos diferen-
ciados, que têm sido classificados de diversas maneiras,
Material Educativo
com intenções diferentes.
IDBR_
desse tipo de discriminação, assim como tem papel impor-
tante na perpetuação do racismo estrutural, criando binarida-
des sociais. Um exemplo palpável dessa binaridade construída
dentro do currículo é a restrição dentro do estudo da diversi-
dade cromossômica humana, enquanto somos ensinados que
existem apenas duas variações de combinação dos cromos-
somos X e Y, que ditam as diferenças nas gônadas sexuais,
ou seja, XX para fêmeas (socialmente designados mulheres)
e XY para machos (socialmente designados homens), na ver-
dade, dentro da diversidade humana, são conhecidas mais de
48 variações de pessoas intersexo, ou seja, “o sexo não pode
ser apenas caracterizado pelos cromossomas, pois estas duas
variações cromossomáticas (XX e XY) não são regra para todos
os indivíduos, existindo mesmo uma infinidade de combina-
ções.” (SANTOS, 2012, p. 28)
Material Educativo
tos, isso sem nem mesmo adentrarmos os tópicos sociais
que permeiam a construção de identidade de gênero e
orientação sexual, que pouco tem a ver como essas diferen-
ciações sexuais, como podemos ver:
Por vezes, aquando do nascimento de uma criança, o sexo
genital pode suscitar dúvidas: o órgão eréctil pode ser
demasiado grande para um clitóris “normal” ou dema-
siado pequeno para um pénis “normal”; a genitália pode
ser anatomicamente do sexo feminino, mas os lábios vagi-
nais envolverem testículos, ou pelo contrário, parecer ter
um pénis e apresentar vagina. Mas não só no nascimento
se encontram ambiguidades. O que no início parecia ser
“normal” pode mais tarde revelar discrepâncias, seja nos
próprios órgãos genitais, seja nas características sexuais
secundárias (SANTOS, 2012, p. 04).
IDBR_
rossexual e cisgênero. Tudo que foge dessa norma é então
visto como um corpo não civilizado que deve ser dominado
e reeducado.
Material Educativo
garantir tal distanciamento. Segundo a legislação, é papel da
gestão promover, facilitar e articular para que novas práticas,
sujeitos e conhecimentos sejam contemplados e desenvol-
vidos dentro da escola.
38
REFERENCIAL TEÓRICO
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Queremos iniciar esta outra parte da reflexão, enfatizando
como o perigo de uma história única tem a ver com repro-
dução de narrativas hegemônicas e epistemicidas. Dessa
maneira, podemos pensar, através da escritora nigeriana
Chimamanda Ngozi, com sua fala potente, trazendo à noção
do perigo de uma história única, a importância de se conce-
ber e dar espaço às diferentes histórias advindas das plu-
ralidades de povos e culturas. Não existe apenas a história
do colonizador homem branco, cisgênero, cristão europeu e
demais parâmetros patriarcais asseguradores de seu pode-
rio. O perigo é ficarmos restritos a uma história que possa
nos alienar e restringir.
Material Educativo
senta como ahistórica, de forma que se perde de vista
seu contexto de formação. Ela aparece como algo que
se poderia chamar de “normal-natural” e, dessa maneira,
se equipara com a noção de maioria” [...] “O pensamento
binário é construído a partir de categorias que aparecem
como opostas: de um lado o hegemônico, o socialmente
reconhecido, e, do outro, aquilo que é pensado como seu
oposto (PASSOS, p. 14, 2022)
IDBR_
ciar uma relação mais humanizada e próxima com os alunos
em relação ao engajamento nas lutas por direitos e fortale-
cimentos sindicais, especialmente porque a formação de
professores ainda carrega, em muitas medidas, sentidos da
colonização para a subserviência, para o individualismo e a
não autonomia em relação ao sistema. Uma educação pau-
tada na humanização, no respeito aos diferentes povos, cul-
turas e afeto nas relações de ensino-aprendizagem, não pode
ser confundida com caridade e aceitação de cerceamentos
de direitos. Assim, o educador também destaca a construção
de uma relação de ensino-aprendizagem que valoriza o res-
peito mútuo e a aprendizagem por meio da diversidade.
Material Educativo
e seus sentimentos moldam quem ele é, sem que tenha que
buscar se encaixar no “padrão da norma”. Defender melhores
condições de trabalho para os professores é um exercício de
humanidade, tanto em relação a si mesmos quanto aos alunos
e suas famílias. É importante que o professor receba da ges-
tão apoio e segurança na profunda experiência de se assumir
enquanto agente social, histórico, pensante, transformador,
criador, capaz de realizar sonhos, de sofrer, de se alegrar, de
ter raiva etc., uma vez que é apto para amar.
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foram silenciadas ou marginalizadas.
Material Educativo
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QUADRO I - Valores Civilizatórios Afro-brasileiros
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MEMÓRIA MUSICALIDADE
O povo negro carrega uma memória da A música, a sonoridade, a melodia, o ritmo, a
nossa história que está submersa, escondida canção estão presentes, de modo particular, na
pelo racismo, que precisa ser descortinada, cultura e na história afro-brasileira, de tal modo
desenterrada. que muitos dos referenciais da musicalidade
brasileira são de origem afro.
ORALIDADE
A fala, a palavra dita ou silenciada, ouvida ou ENERGIA VITAL – AXÉ
pronunciada – ou mesmo segregada – tem É uma dimensão interessante, na medida
uma carga de poder muito grande. Pela/Na em que revela a circularidade da vida, bem
oralidade, os saberes, poderes, quereres são como a sua amplidão. Tudo tem energia vital,
transmitidos, compartilhados, legitimados. Se é sagrado e está em interação: Planta, água,
a fala é valorizada, a escuta também. O conto, gente, bicho, ar, tempo. Todos os elementos se
a lenda, a história, a música, o dito, o não-dito, relacionam entre si e sofrem influência uns dos
o fuxico... A palavra carrega uma grande e outros. Aqueles que conhecem o poder dessa
poderosa carga efetiva. energia vital, já compreendiam, bem antes
das pesquisas cientificas de Lavoisier, que “na
natureza tudo se transforma”.
CORPOREIDADE
O corpo é vida, é aqui e agora, é potência,
possibilidade. Com o corpo se afirma a vida, ANCESTRALIDADE
se vive a existência individual e coletivamente. O passado, a história, a sabedoria, os olhos
Ele traz uma história individual e coletiva, dos/das mais velhos/as tomam uma enorme
uma memória a ser preservada, inscrita e dimensão de saber poder, de quem traz o
compartilhada. O corpo conta as histórias. legado, de quem foi e é testemunha da história
Material Educativo
44
O termo valores civilizatórios, como colocado por Azoilda, FONTE: Quadro elaborado
IDBR_
pelos autores a partir dos
tem referências no conceito de civilização na perspectiva
livros do Programa A Cor
de filosofias africanas voltadas ao bem comum, à coletivi- da Cultura: Caderno 1 –
dade e ao bem viver. Pode ser pensado e discutido à luz de Modos de Ver – página 19
a 100; Caderno 3 – Modos
Conceição Evaristo, escritora preta, mãe de uma menina
de Interagir e Caderno de
com deficiência, uma mulher, que se descobre amando Texto, pp. 32-34.
outras mulheres. É filha de quilombola numa família de
mulheres lutadoras, professora e literária desde cedo, pois
ouvia as histórias de sua mãe contadas para enganar a fome.
Conceição cria o conceito de “escrevivências”, em que
envolve os procedimentos de registrar vivências e auto-
biografias a partir da perspectiva do “nós”, dos coletivos e
experiências culturais negras. O conceito abrange as expe-
riências compartilhadas e coletivas, envolvendo a conside-
ração do outro como parte intrínseca de si mesmo, por meio
da identificação e do sentido de coletividade, de partilha, de
compartilhares culturais, de viver em comunidade. Desse
modo, o termo “escrevivências” utiliza elementos da auto-
ficção, conforme Evaristo, 2017 para expressar as experiên-
cias reais vividas por pessoas negras no contexto brasileiro.
Material Educativo
Isso é feito sem romantizar ou ignorar os conflitos e desa-
fios inerentes a esses grupos. O conceito explora como esse
coletivo é percebido, concebido e narrado a partir de suas
próprias perspectivas, baseando-se em suas trajetórias
como membros desse grupo étnico. E assim surge a apre-
ciação por ouvir a “voz do outro”, conectando-se com as
histórias alheias e entrelaçando-as com a própria jornada.
Esse movimento permite um olhar que cria novos significa-
dos, trajetórias e percepções para esse coletivo, oferecendo
uma abordagem inovadora na interpretação da vida.
CONCLUSÃO
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e de relação com a natureza de forma diferenciada.
Material Educativo
cação brasileira. Os/as gestores(as) precisam ter domínio
dos elementos que compõem e geram as Leis 10.639/2003
e 11.645/2008 e estarem atentos para aplicação de suas
diretrizes, exercendo o papel de ponte, de facilitador, de
abertura de caminhos para que os professores se sintam
apoiados e motivados a construírem novas formas de apren-
der, de produzir conhecimentos e de valorizar as diversida-
des de identidades e culturas.
47
Referências
IDBR_
48
EVARISTO, Conceição. Becos da memória. Pallas Editora, 2017.
IDBR_
EVARISTO, Conceição. Entrevista concedida à Revista Conexão
Literatura, n. 24, jun. 2017.
Material Educativo
FREYRE, Gilberto. Casa Grande & Senzala. São Paulo: Global
Editora, 2004.
50
Bibliografias complementares
IDBR_
FANON, Frantz. Os condenados da Terr
a. Rio de Janeiro: Editora civilização brasileira S. A., 1968.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 1987.
Material Educativo
SANTOS, Boaventura de Sousa. Para além do Pensamento
Abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes. In:
SANTOS, Boaventura de Sousa, MENESES, Maria de Paula (org.).
Epistemologia do Sul. Coimbra: Edições Almedina. SA, 2009.
de jun. 2023.
52
LINGUAGENS
POSSIBILIDADES EM LINGUAGENS PARA UMA EDUCAÇÃO
IDBR_
ANTIRRACISTA
MARCELHA QUINTILIANO
Resumo
Resumen
56
Nilma Lino Gomes (2019), Lia Schucman (2012) e bell hooks
IDBR_
(2000).). Al fin, presentamos algunas propuestas de activida-
des para contribuir con una práctica pedagógica antirracista.
Palabras clave: Currículo antirracista. Lenguaje. Lengua
Portuguesa. Arte. Educación Física.
Introdução
Planos de Aula
Boaventura de Sousa Santos, que elas se enquadram como
epistemicídio. Segundo o pesquisador, esse conceito se
refere ao silenciamento da produção intelectual local pelo
poder hegemônico (1998, Apud SANTOS; MENESES, 2009).
57
Dessa maneira, começaremos uma apresentação de alguns
IDBR_
Conceitos básicos
IDBR_
entre as mulheres negras a taxa foi de 5,6 para cada 100 mil
mulheres neste grupo (IPEA, 2019, p.38)
Planos de Aula
fiança são exemplos dessa dimensão.
Imagem 1 - Infográfico
sobre as condições de vida
da população brasileira.
Fonte: IBGE, Diretoria de
Pesquisas, Coordenação
de População e Indicado-
res Sociais, 2019.
IDBR_
racismo brasileiro
que os europeus invadiram e ocuparam o território brasileiro
de forma violenta, massacraram os povos originários que
aqui habitavam e iniciaram um regime de escravização das
pessoas consideradas “de cor”, subalternas à branquitude.
A seguir, apresentaremos uma tabela que faz uma síntese
histórica das políticas e relações raciais no Brasil.
1550 1933
Início do tráfico negreiro. Mito da democracia racial.
1951
1550 a 1850
Lei Afonso Arinos (1ª Lei que proibia a
Mais de 4 milhões de africanos foram trazidos
discriminação racial no Brasil)
de forma forçada para o Brasil para serem
escravizados
1989
Lei Caó (Considerou crime preconceito de raça
1850
ou cor)
Lei Eusébio de Queirós (Proibição do tráfico
negreiro).
2001
Conferência de Durban: Reconhecimento
Planos de Aula
1871
Lei do Ventre Livre (Negros nascidos a partir brasileiro para as ações afirmativas.
1890 2010
Lei dos vadios e capoeiras (Lei de “controle Lei nº 12.288 (Estatuto da Igualdade Racial).
1989 - 1920
Nenhuma política pública fora pensada para a
inclusão dos libertos;
Política de embranquecimento: 4 milhões de
imigrantes brancos entraram no país por meio
das Chamadas Governamentais de anúncio
de trabalho;
Proibição da entrada de imigrantes de cor. Fonte: Os autores, 2023.
61
A população negra no pós-abolição continuou, assim como
IDBR_
IDBR_
que são categorizados em privilégios simbólicos e privilé-
gios materiais. Privilégios simbólicos são aqueles subjetivos
como, por exemplo, a normalização das acusações criminais
contra a pessoa negra ou o espanto social ao ver um men-
digo branco, de olhos claros. E ainda nos noticiários com
manchetes carregadas de racismo, quando há ocorrência de
crime de tráfico de drogas, envolvendo um homem branco, a
manchete sempre caracteriza a situação de forma sutil, mas
quando é um homem negro, a notícia já traz consigo carac-
terísticas ligadas à condenação ou à marginalidade. Já os
privilégios materiais, revelam uma desigualdade imensa em
relação à renda, moradia, emprego e oportunidades entre
brancos e negros. As grandes fortunas e melhores moradias
estão concentradas com os brancos. Além disso, posições
de poder também concentram suas lideranças em pessoas
brancas. Schucman (2012) defende que no Brasil funciona
uma espécie de “Apartheid social”.
Imagem 2 - Fotografia do
Planos de Aula
carnaval de rua da cidade
de Salvador, BA.
Fonte: Geledés, 2014.
IDBR_
experiências educativas que são referência para todo o
país. (BRASIL, 2006, p.167)
Planos de Aula
raciais, os currículos abordam de maneira sutil ou até mesmo
nem abordam a temática. Cruz, sobre a modificação na LDB
9.394/96 trazida pela Lei 10.639/03, aponta que:
É importante observar que não é só a obrigatoriedade da
abordagem temática que ganha relevância a partir desse
momento. A perspectiva, o ponto de vista e o referencial
não são questões secundárias. A título de exemplificação,
o art. 26-A § 1º descreve o conteúdo programático a ser
considerado pelos currículos escolares do país. Ao men-
cionar, por exemplo, “o negro na formação da sociedade
nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas
áreas social, econômica e política pertinentes à História
do Brasil”, é possível perceber que não cabe mais tratar a
presença do negro de forma simplória, caricata e estigma-
tizada. A agência e o protagonismo negros são elementos
fundamentais para a adoção de um novo modelo curricular.
(2022, p. 32-3)
IDBR_
um racismo institucional no âmbito escolar (2012, p.91)
Planos de Aula
permitam ampliar suas capacidades expressivas em mani-
festações artísticas, corporais e linguísticas” (BRASIL, 2018, p.
63). A seguir, poderemos acompanhar uma breve apresenta-
ção dos quatro componentes curriculares dessa área (Língua
Portuguesa, Língua Inglesa, Arte e Educação Física) e na sequ-
ência algumas sugestões de propostas curriculares.
68
Partindo da noção de que imperialismo cultural se estabe-
IDBR_
lece como modelo de organização e dominação que homo-
geneíza um país em relação a outro, Ferreira (2006) faz
críticas ao ensino de língua inglesa como língua estrangeira
na perspectiva ocidental. Devido às necessárias valoriza-
ções das funções social e política no ensino de língua, com-
pete abordar os usos e os efeitos de sentidos construídos
em outros contextos nacionais que não aqueles tradicio-
nalmente contemplados. Ao pensar num currículo e numa
prática pedagógica que se debruce sobre a perspectiva
antirracista, compete abordar elementos presentes no par
cultura/língua de nações africanas e/ou comunidades dias-
póricas anglófonas, por exemplo.
Planos de Aula
ram relegadas a museus históricos, naturais e arqueológicos,
sem o direito do prestígio do artista europeu. Porém, se a arte
é uma experiência inerente a qualquer sociedade, é preciso se
questionar o que consideramos como arte e que linguagem
artística pretendemos apresentar a nossos estudantes.
69
Para fechar a área de linguagens, o componente curricular
IDBR_
70
Área de linguagens – ensino fundamental anos finais
IDBR_
Componentes BNCC Habilidades Possibilidades
Planos de Aula
Praticar a criação, a leitura, (EF69AR01) Pesquisar, Realizar leitura
a produção, a construção, apreciar e analisar comparativa das obras
a exteriorização e reflexão formas distintas das Carnaval nos Arcos da
sobre formas artísticas por artes visuais tradicionais Lapa, de Heitor dos
meio das Artes Visuais, e contemporâneas, Prazeres, Carnaval em
da Dança, da Música e em obras de artistas Madureira, de Tarsila do
do Teatro. brasileiros e estrangeiros Amaral, e Carnaval,
de diferentes épocas e Di Cavalcanti.
em diferentes matrizes
Arte
estéticas e culturais,
de modo a ampliar
a experiência com
diferentes contextos e
práticas artístico-visuais
e cultivar a percepção, o
imaginário, a capacidade
de simbolizar e o
repertório imagético.
72
Referências
IDBR_
AKOTIRENE, Carla. Interseccionalidade. São Paulo: Editora
Jandaíra, 2020.
Planos de Aula
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação
Continuada, Alfabetização e Diversidade. Orientações e Ações
para a Educação das Relações Étnico-Raciais. Brasília: SECAD,
2006. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/
orientacoes_etnicoraciais.pdf>. Acesso em: 25 jul. 2023.
73
educação infantil. In: Revista Fluminense de Educação Física, v. 1,
IDBR_
n. 01, 2020.
74
FERNANDES, Florestan. Racismo e cordialidade. Folha de S.
IDBR_
Paulo, 10 jul. 1995, p. 1.2.
Planos de Aula
(Orgs.). Rio de Janeiro: Zahar, 2020.
76
PLANO DE
AULA 1
TEMA: DIVERSIDADE RACIAL - TONS DE COR DA PELE
IDBR_
Conteúdos
Efeitos de sentido;
Textualização;
Construção de sentidos por meio de inferências e
reconhecimento de implícitos;
Materialidades.
Jogos eletrônicos.
Habilidades da BNCC
78
(EF69AR05) Experimentar e analisar diferentes formas de expressão artística
IDBR_
(desenho, pintura, colagem, quadrinhos, dobradura, escultura, modelagem, insta-
lação, vídeo, fotografia, performance etc.).
Objetivo geral
Objetivo específicos:
Planos de Aula
um mural de cores na escala pantone e apresentar para outras turmas a diversidade
de tons de pele.
Metodologia/cronograma:
Sendo assim, apresentar as duas notícias que apresentam nas manchetes a exis-
tência da desigualdade racial a partir da linguagem utilizada (anexo 1).
apresente ditos populares racistas (denegrir, a coisa tá preta, mulata, criado mudo,
inveja branca, da cor do pecado, cabelo ruim) e suas origens históricas que justifi-
cam a retirada deles de nosso vocabulário. A partir disso, refletir alternativas para
a(s) manchete(s) e registrá-las.
A partir dessas reflexões, o professor deverá levar um caixa de lápis de cor com
vários tons de pele e um espelho ou pedir com que os alunos utilizem seus celulares
e abram suas câmeras frontais para verem sua imagem/reflexo. Recomendamos o
uso do filtro do Instagram, como material complementar, que destaca os tons de
cores presentes em uma imagem (anexo 4). Há aplicativos de paletas de cores que
fazem efeito semelhante.
Planos de Aula
Por fim, na aula de Artes, será pedido para que os estudantes façam um autorre-
trato para a confecção de um mural da turma, baseado na cartela Pantone. O mural
pode ser exposto para outras turmas da escola.
Recursos
80
Avaliação
IDBR_
Análise da participação e desenvolvimento dos estudantes ao longo da realização
das atividades; realização das propostas de manchete, do autorretrato e do mural
Pantone da turma.
Observações
A ideia é que o plano seja realizado de forma interdisciplinar. Para isso, seria inte-
ressante que os professores de linguagem dialogassem e fizessem os ajustes que
julgarem necessários de acordo a sua realidade didático-pedagógica.
Referências bibliográficas
BAKHTIN, Mikhail. Os gêneros do discurso. Paulo Bezerra (Org. e Trad.). São Paulo:
Editora 34, 2016.
Planos de Aula
zes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a
obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. Diário Oficial
da União, Poder Executivo, Brasília. 2008. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11645.htm>. Acesso em: 18 Jun. 2023.
81
Anexos/material complementar:
IDBR_
ANEXO 1
Notícia 1: Empresário é conduzido para a delegacia portando drogas (homem
branco)
https://g1.globo.com/google/amp/sp/santos-regiao/noticia/2019/05/28/pf-pren-
de-empresario-suspeito-de-enviar-mais-de-700-kg-de-cocaina-a-europa.ghtml
Notícia 2: Principal alvo de operação do Bope na Rocinha é traficante do Ceará que
ordenou execuções de esposa e nora de um coronel (homem negro)
https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2023/06/26/principal-alvo-de-ope-
racao-do-bope-na-rocinha-e-traficante-do-ceara-que-ordenou-execucoes-de-
-esposa-e-nora-de-um-coronel.ghtml
ANEXO 2
Planos de Aula
https://twitter.com/VesgoOraculo/sta-
tus/1408097008586575875
https://www.gazetadopovo.com.br/rodrigo-constanti-
no/artigos/tribunal-racial-em-acao-itamaraty-pode-
-excluir-47-candidatos-que-se-declararam-negros/
82
ANEXO 3
IDBR_
https://www.gazetadopovo.com.br/rodrigo-constanti-
no/artigos/tribunal-racial-em-acao-itamaraty-pode-
-excluir-47-candidatos-que-se-declararam-negros/
ANEXO 4
Planos de Aula
https://www.instagram.com/ar/3189156571178591
83
Sugestão de modelo de aula
IDBR_
Notícia 1
Planos de Aula
Notícia 2
Responda oralmente:
IDBR_
DENEGRIR - “A COISA ESTÁ PRETA” – MULATA – CRIADO-MUDO
“INVEJA BRANCA” – “DA COR DO PECADO” – “CABELO RUIM”
A coisa está preta - Termo pejorativo que retrata o “preto” como algo negativo.
Planos de Aula
Cabelo ruim - O cabelo crespo é ligado a algo ruim.
Você conhece a animação Family Guy? Retiramos uma imagem do curta que vira-
lizou como meme na rede social Twiter.
Imagem 1
85
Imagem 2
IDBR_
Discuta com seus colegas e professores sobre a crítica e a ironia presentes no meme.
Agora, crie seu autorretrato para fazermos um mural da cartela pantone da nossa
turma.
86
87
IDBR_ Planos de Aula
Hora de Jogar!
PLANO DE
AULA 2
TEMA: QUILOMBOS NO BRASIL E NO MUNDO
IDBR_
CARGA HORÁRIA: 20H/1 SEMANA
ANO(S) ESCOLARIDADE: 6º AO 9º
ÁREAS DE CONHECIMENTO E COMPONENTES CURRICULARES:
LINGUAGENS: LÍNGUA PORTUGUESA
LINGUAGENS: EDUCAÇÃO FÍSICA
LINGUAGENS: LÍNGUA INGLESA
LINGUAGENS: ARTES
Conteúdos
Habilidades da BNCC
Planos de Aula
(EF69LP35) Planejar textos de divulgação científica, a partir da elaboração de
esquema que considere as pesquisas feitas anteriormente, de notas e sínteses de
leituras ou de registros de experimentos ou de estudo de campo, produzir, revisar
e editar textos voltados para a divulgação do conhecimento e de dados e resul-
tados de pesquisas, tais como artigo de divulgação científica, artigo de opinião,
reportagem científica, verbete de enciclopédia, verbete de enciclopédia digital
colaborativa , infográfico, relatório, relato de experimento científico, relato (mul-
timidiático) de campo, tendo em vista seus contextos de produção, que podem
envolver a disponibilização de informações e conhecimentos em circulação em um
formato mais acessível para um público específico ou a divulgação de conheci-
mentos advindos de pesquisas bibliográficas, experimentos científicos e estudos
de campo realizados.
(EF69AR01) Pesquisar, apreciar e analisar formas distintas das artes visuais tradi-
cionais e contemporâneas, em obras de artistas brasileiros e estrangeiros de dife-
rentes épocas e em diferentes matrizes estéticas e culturais, de modo a ampliar a
experiência com diferentes contextos e práticas artístico-visuais e cultivar a per-
cepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético.
89
(EF67EF11) Experimentar, fruir e recriar danças urbanas, identificando seus elemen-
IDBR_
(EF06LI12) Interessar-se pelo texto lido, compartilhando suas ideias sobre o que o
texto informa/comunica.
Objetivo geral
Objetivo específicos:
Metodologia/cronograma:
Em seguida, apresentar o livro Heroínas negras brasileiras, de Jarid Arraes, e ler o cor-
del sobre a líder quilombola Tereza de Benguela. Analisar o gênero cordel, discutindo
a apresentação do gênero em livro e comparar com o gênero originário. Apresentar a
biografia da líder quilombola e sua relevância histórica, enfatizando o dia 25 de julho
como comemoração nacional dessa heroína, junto com a celebração internacional
das mulheres negras, latinas e caribenhas. Criar nuvem de palavras com nomes de
personalidades de mulheres negras latino-americanas e caribenhas.
90
Abrir uma roda de conversa para discussão do quilombo como patrimônio histórico
IDBR_
e cultural, perguntando aos estudantes o que eles entendem como quilombo. Para
complementar o debate apresentar as diferenças entre quilombos rurais e urbanos,
enfatizando a pluralidade do sentido desse termo como manifestações históricas
e contemporâneas: as irmandades, confrarias, clubes, terreiros, centros, tendas,
afoxés, escola-de-samba, rodas de capoeira, rima, slams e bailes funk.
Para a aula de Artes, além de uma breve discussão sobre escolas de samba como
exemplos de quilombo cultural, apresentar para a turma três gravuras que repro-
duzem as respectivas pinturas: Carnaval nos Arcos da Lapa, de Heitor dos Prazeres,
Carnaval em Madureira, de Tarsila do Amaral, e Carnaval, de Di Cavalcanti.(anexos).
Sugerimos uma breve apresentação sobre os autores e as seguintes perguntas
para uma roda de leitura e análise das imagens:
Planos de Aula
- Quais as diferenças entre elas?
- É possível reconhecer os locais e épocas da manifestação representada?
- Em sua maioria, qual(is) e como a(s) personagem(ns) é(são) retratada(s)?
- É possível identificar seus autores? Por quais pistas? Quem são eles?
- Por que você acha que na pintura de Heitor dos Prazeres as personagens olham
todas para cima?
Depois, propor aos alunos que produzam gravuras com outras manifestações que
também podem ser lidas como aquilombamento.
Já na aula de Educação Física, organizar a turma em roda e pedir para os estudan-
tes reproduzam os movimentos e passos das manifestações culturais que envol-
vam a corporeidade e a musicalidade afro-brasileira, como os passos do samba, a
ginga da capoeira e os passinhos do funk.
Por fim, poderá ser realizada uma culminância e os estudantes irão apresentar seus
verbetes e pesquisas em cartazes ou banners e, caso se sintam à vontade, podem 91
reproduzir os movimentos e performances das manifestações dos quilombos.
IDBR_
Recursos
Avaliação
Observações
Planos de Aula
A ideia é que o plano seja realizado de forma interdisciplinar. Para isso, seria inte-
ressante que os professores de linguagem dialogassem e fizessem os ajustes que
julgarem necessários de acordo a sua realidade didático-pedagógica.
Referências bibliográficas
ARRAES, Jarid. Heroínas negras brasileiras: em 15 cordéis. São Paulo: Pólen, 2017.
BAKHTIN, Mikhail. Os gêneros do discurso. Paulo Bezerra (Org. e Trad.). São Paulo:
Editora 34, 2016.
92
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC/SEF, 2018.
IDBR_
Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versao-
final_sit e.pdf>. Acesso em: 25 Jun 2023.
CAVALCANTI, André. Corporeidades negras e educação física escolar–construindo prá-
ticas antirracistas nos cotidianos da educação infantil. Revista Fluminense de Educação
Física, v. 1, n. 01, 2020.
Planos de Aula
<https://www.researchgate.net/publication/262562966_FERREIRA_Aparecida_de_Jesus_
Formacao_de_professores_de_lingua_inglesa_e_o_prepara_para_o_exercicio_do_letra-
mento_critico_em_sala_de_aula_em_prol_das_praticas_sociais_um_olhar_acerca_de_raca-
etnia_Lingu>. Acesso em: 27 Jul. 2023
KRENAK, Ailton. Futuro Ancestral. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.
LOPES, Nei. Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana. São Paulo: Selo Negro, 2004.
SANTOS, Antonio Bipo dos. A terra dá, a terra quer. São Paulo: UBU Editora, 2023
93
Anexos/material complementar:
IDBR_
ANEXO 1
Heitor dos Prazeres, Carnaval nos Arcos da Lapa, óleo sobre tela.
ANEXO 2
Planos de Aula
ANEXO 2
IDBR_
Você conhece os materiais abaixo?
Exemplo: https://www.dicio.com.br/quilombo/
Planos de Aula
Agora, vamos conhecer o gênero textual Cordel.
Hora da conversa!
Você sabia que o dia 25 de julho é marcado pelo Dia Nacional de Teresa de Benguela
e Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha?
Que tal fazermos uma nuvem de palavras para expor em nossa sala com importan-
tes nomes de mulheres negras latino-americanas e caribenhas?
Podemos fazer de forma manual ou utilizar a ferramenta WordArt.
Disponível em: https://wordart.com/nwl5dq0aletg/nuvem-de-palavras
95
Teresa de Benguela foi uma importante líder quilombola. Na atualidade, como
IDBR_
Agora, faça grupos de 6 estudantes e crie verbetes dos tipos de quilombos suge-
ridos acima.
Um pouco de Arte!
Heitor dos Prazeres, Carnaval nos Arcos da Lapa, óleo sobre tela.
96
IDBR_
Di Cavalcanti, Carnaval, 1965
Planos de Aula
elemento nesse quadro?
Que outras manifestações você conhece que também podem ser lidas como aqui-
lombamento? Criem imagens (a técnica pode ser a de sua escolha) que as retratem.
Hora da diversão!
97
MATEMÁTICA
O ENSINO AFROCÊNTRICO DA MATEMÁTICA E A INCORPORA-
IDBR_
Resumo
Abstract
IDBR_
10.639/03, Ishango Bone e Sona Geometry
Introdução
Planos de Aula
racista imposta, o cientista Molefi Kete Asante (1987) discute
o Afrocentrismo. Ele argumenta que é uma maneira de desa-
fiar as narrativas eurocêntricas que dominaram o pensa-
mento ocidental por séculos. A produção do conhecimento,
estrutura educacional e a existência das pessoas negras tor-
naram-se comprometidas por conta do processo de coloni-
zação. O Afrocentrismo é a centralidade na cultura africana
e a importância da educação. Isso significa destruir com as
narrativas únicas brancocêntrica, trazendo o potencial de
compreender o mundo de várias maneiras. Espera-se que
o educador matemático aprenda a lidar com a lei 10.639/03
para contribuir para educação antirracista. Esse dispositivo
educação brasileiro tem objetivo de reconhecer e valorizar
a história da cultura afro-brasileira e africana; discrimina-
ção racial e combater racismo; Identidade e a autoestima
da população negra brasileira; valorização da diversidade
cultural. Esse texto tem como foco o Ensino de Afrocêntrico
de matemática a partir dos temas números Primos, Osso
Ishango e Geometria Sona e potencial dos jogos. Eles
têm transmitido conhecimentos variados, principalmente,
lógico e matemático. Nesse sentido, os objetivos aqui colo-
cados são: fazer uma discussão do Ensino Afrocêntrico de 101
Matemática no contexto da Lei 10.639/03; propor ativida-
IDBR_
IDBR_
cana. É um currículo que ajuda os estudantes negros a se sen-
tirem orgulhosos de sua herança e a desenvolver uma forte
identidade cultural.” (Asante, 1991, p. 1). O currículo afrocên-
trico promove a compreensão e estimula a curiosidade sobre
os diferentes grupos étnicos. Assim, o autor afirma:
“O currículo afrocêntrico é importante para a promoção da
compreensão e da tolerância entre os diferentes grupos étni-
cos. Ajuda os estudantes a aprender sobre diferentes cultu-
ras e a entender as perspectivas de diferentes grupos étnicos.
Também ajuda os estudantes a desenvolver uma atitude de
respeito por diferentes culturas.” (Asante, 1991,p. 3)
Planos de Aula
matemática. Contudo, ainda há uma limitação na aborda-
gem, uma vez que a África e a contribuição dos africanos não
ocupam o centro das discussões. Isso perpetua a premissa
de que a ciência matemática foi exclusivamente discutida e
desenvolvida por homens brancos, desconsiderando a rica
história de contribuições realizadas por pessoas negras.
104
Neste trabalho, aponta-se o ensino Afrocêntrico de mate-
IDBR_
mática deve ser baseado por princípios:
1)Centralidade no continente Africano a partir do reconhe-
cimento e honra .
2) Artefatos africanos com demarcador que sugere a lógica
e matemática para uso de temas em ensino.
3) Usar materiais e estratégias de ensino que sejam rele-
vantes para ver a matemática como algo que vem conosco
desde a ancestralidade e que pode permanecer na cultura
diaspórica .
Planos de Aula
negros e não negros; validação do impacto do ensino afro-
cêntrico de matemática no desempenho dos alunos negros.
As discussões que sucedem sobre o ensino afrocêntrico de
matemática têm intenção de ser instrumental para os edu-
cadores, porém, aberto a adaptações para cada realidade
dos espaços de aprendizagens.
106
Discussão: A incorporação da Ensino Afro-
IDBR_
cêntrico da Matemática e a de Elementos
Africanos: Números Primos e Ishango nos
currículos escolares.
Planos de Aula
de segundo grau com uma incógnita.( Santiago, 2022, pag 18)
IDBR_
foram encontrados.
Planos de Aula
em sala de aula. O objetivo deste jogo é estimular a pesquisa
e a discussão sobre a Cultura Tchokwe e a Geometria Sona,
ao mesmo tempo em que auxilia os alunos a fazerem asso-
ciações e classificação de quadriláteros e triângulos, com a
Geometria Sona. No artigo do pesquisador angolano Jorge
Veloso, encontra-se a seguinte descrição dos Sona:
Sona (plural de lusona), termo que serve para designar a
escrita em geral (letras, guras e desenhos), são a combina-
ção de pontos e traços feitos na areia. Trata-se de uma cul-
tura dos Cokwe e de povos relacionados como os Luchazi
e Ngangela que vivem no leste de Angola e em zonas vizi-
nhas, na Zâmbia e na República Democrática do Congo. Os
sona são uma forma de manifestação cultural com grande
valor para a Matemática Pura, Aplicada e para Educação
Matemática como consequência do rigor com que essas
escritas são feitas.(Jorge Veloso, 2014).
IDBR_
gem etnomatemática sobre a cultura de trançar cabelos nos
grupos afro-brasileiros. Nessa análise, ela destaca como
essa rica cultura dialoga com elementos geométricos, tais
como quadrados, triângulos, círculos e retas paralelas. Além
disso, a autora sugere que determinados penteados podem
remeter a um código binário.
Planos de Aula
A Lei 10.639/03 como suporte jurídico e político para abor-
dagens de ensinos em uma perspectiva etnico racial.
IDBR_
da matemática deve primeiramente passar pela verifica-
ção dos conteúdos africanos, que já são trabalhados, mas
que foram “enbranquecidos” por esse sistema educacio-
nal racista. Após isso, deve-se proceder para a inserção de
conteúdos propriamente inovadores da matemática africana,
como os citados anteriormente, a saber, a geometria Sona,
os tecidos Kente e o estudo dos artefatos arqueológicos
antigos repletos de operações matemáticas.
Planos de Aula
primos.
3. Construir, resolver, identificar problemas, através de um
jogo que pode ser elaborado por pequenos grupos, envol-
vendo números primos com elementos da cultura Africana.
114
e alcançar a maior pontuação possível. A partir de uma
IDBR_
versão simples do tabuleiro do jogo Sola Monde, adaptada
para incluir os números primos:
| 2 | 1 | 4 | 3 | 6 | 5 | 10 | | 11 | 7 | 8 | 9 | 14 | 15 | 20 | | 19 | 12 |
13 | 18 | 16 | 17 | 30| | 23 | 25 | 21 | 22 | 24 | 26 | 35 | | 31 | 29
| 28 | 27 | 32 | 34 | 40 | | 37 | 39 | 36 | 33 |
38 | 42 | 45 | | 43 | 47 | 46 | 41 | 44 | 48 | 50 |
Regras do jogo:
Planos de Aula
e marcar pontos. Quanto maior o número alcançado, maior a
pontuação do jogador.
5. Os jogadores devem evitar cair em números não primos,
pois eles não podem se mover para esses números.
6. O jogo termina quando todos os jogadores não podem
mais fazer movimentos válidos.
7. O jogador com a maior pontuação é declarado vencedor.
115
Algumas considerações
IDBR_
116
Referências Bibliográficas
IDBR_
Asante, Molefi Kete, Afrocentricidade: A Teoria da Mudança
Social, Trad. Ana Monteiro Ferreira, Ama Mizani e Ana Lucia,
Philadelphia: Afrocentricity International, 2014.
ASANTE, Molefe Kate. Afrocentricidade. Philadelphia: Editora
Afrocentricity Internacional, 2014. Resenha de: PAIM, Márcio.
Escritas – Revista do Curso de História, Araguaína, v.7, n.1,
p.230-235, 2015. Acessar publicação original. [IF]
Planos de Aula
Santos, Eliane Costa, Os Tecidos de Gana como Atividade
Escolar: uma Intervenção Etnomatemática para Sala de Aula,
Dissertação de Mestrado, Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo, São Paulo, 2008.
IDBR_
AFRICANOS: ARITMÉTICA NO OSSO DE ISHANGO E A GEOMETRIA PLANA E SONA
Objetivos
Objetivos Geral
Fazer uma discussão do Ensino Afrocêntrico de Matemática no contexto da Lei
10.639.
Objetivo Específico
Propor atividades para aulas na perspectiva do Ensino Afrocêntrico de Matemática
utilizando artefatos arqueológicos africanos e geometria Sona
Fundamentação Teórica
Planos de Aula
O ensino de matemática tem passado por transformações ao longo do tempo, bus-
cando tornar essa ciência mais acessível para os estudantes. Diversas abordagens
metodológicas surgiram com esse propósito, tais como a educação matemática e
a Etnomatemática.
Afrocentricidade.
Essa metodologia se baseia na ideia de que a matemática assim como várias outras
ciências se inicia na África, a primeira ideia pensamento matemático conhecido
pela humanidade vem desse continente, através de artefatos arqueológicos como
o osso de Lebombo, o osso de Ishango e o ocre de Blombos, podemos evidenciar
essa afirmativa.
O Brasil é o país com a maior população negra fora do continente africano, a maior
parte dos estudantes de escola pública, onde temos os piores índices educacionais,
são pessoas negras, então trazer uma metodologia onde a centralidade é o povo
africano pode mudar significativamente esses índices.
Mazana (2009) destaca que os princípios metodológicos da afrocentricidade são
os seguintes:
- Toda investigação deve ser determinada pela experiência africana;
- O espiritual é importante e deve ser colocado no lugar devido;
- A imersão no sujeito é necessária;
- O holismo é um imperativo;
- Deve-se confiar na intuição;
- Nem tudo é mensurável porque nem tudo que é importante é material;
- O conhecimento gerado pela metodologia Afrocêntrica deve ser libertador.
IDBR_
cana e, ao mesmo tempo, reconhecer as diversas tradições matemáticas presentes
no continente africano desde os primórdios da humanidade.
Planos de Aula
grau, contendo um problema que arma a área de um quadrado de lado 100 é igual à
de dois quadrados menores, o lado de um é 1/2 + 1/4 do lado do outro. A resolução
do problema sugere que os egípcios tinham algum conhecimento do teorema de
“Pitágoras”, embora o papiro mostre apenas uma solução simples para uma única
equação de segundo grau com uma incógnita. (Santiago, 2022, p. 18)
Esse papiro pode ser usado para abordar um dos teoremas mais conhecidos da
história da matemática, que é conhecido como teorema de “Pitágoras”, mas que
podemos observar que o povo de Kemet já conhecia o teorema, problematizando
assim o apagamento das contribuições africanas com os estudantes.
O osso de Lebombo e o osso de Ishango podem ser utilizados para introduzir con-
teúdos de aritmética básica, o de Lebombo por ser considerado um dos mais anti-
gos artefatos matemáticos, o de Ishango por aparecer uma das primeiras ideias de
números primos. Já o Ocre de Blombos pode ser utilizado para ensinar Geometria
plana, a ideia de paralelismo, de proporcionalidade de segmentos.
Além disso, Santiago apresentou um jogo didático baseado numa figura Sona, que
foi aplicado em sala de aula. O objetivo deste jogo é estimular a pesquisa e a dis-
cussão sobre a Cultura Tchokwe e a Geometria Sona, ao mesmo tempo em que
auxilia os alunos a fazerem associações e classificação de quadriláteros e triângu-
Planos de Aula
Eliane Santos (Santos, 2008), traz uma abordagem etnomatemática para os teci-
dos kente, com a ideia de fornecer alternativas para o ensino e aprendizagem de
matemática nas escolas públicas. Sua pesquisa tem como objetivo central res-
ponder a seguinte pergunta: como a cultura africana, por meio da representativi-
dade dos fazeres dos teares africanos kente, pode contribuir com os processos de
ensino e aprendizagem em uma sala de aula de matemática?
122
Ensino de matemática com jogos africanos
IDBR_
No projeto de extensão Jogos Africanos no Ensino de Matemática, desenvolvido
pela professora Simone Moraes na UFBA, a equipe tem desenvolvido atividades
com jogos africanos, com atividades que evidenciam as inúmeras possibilidades
de utilizar a abordagem afrocêntrica no ensino de Matemática. A experiência do
projeto demonstra que é viável criar uma nova metodologia fundamentada em uma
epistemologia afrocêntrica, na qual os conhecimentos do povo africano é colocado
no centro da discussão sobre sua própria história.
Planos de Aula
triângulo isósceles, proporcionalidade através de retas paralelas cortadas por uma
transversal.
Em 2003 o então presidente da república sancionou a lei 10639/03, lei essa que é
uma luta histórica da população negra no brasil para a inclusão do ensino da histó-
ria e cultura africana e afro-brasileira nas escolas. A implementação dessa lei nas
escolas é de extrema importância para a superação da estrutura racista que ainda
está presente na sociedade brasileira.
123
A criação de atividades matemáticas que buscam dialogar com as temáticas da
IDBR_
lei é um grande desafio para a maioria dos professores, pois em sua formação ini-
cial pouco, ou nunca, foi discutido esse assunto. Assim destacamos que a criação
de uma nova metodologia é importante para superarmos os entraves que ainda
encontramos na implementação desta lei.
Metodologia
Discussão
Planos de Aula
Considerações Finais
Recapitulação dos principais pontos abordados no trabalho. 7.2 Contribuições do
estudo para a área da Ensino Matemática 7.3 Limitações do estudo e sugestões
para pesquisas futuras.
IDBR_
MonteiroFerreira, Ama Mizani e Ana Lucia, Philadelphia: Afrocentricity International,
2014.
DEUS, Zélia Amador de, Os desafios da academia frente à Lei nº10.639/03, R. Educ. Públ.
Cuiabá, v. 21, n. 46, p. 229-242, 2012.
Planos de Aula
OLIVEIRA, Carlos César de, Geometria Sona como Proposta Pedagógica para o Ensino
de Matemática, Dissertação de Mestrado, PROFMAT, Universidade Federal Rural do
Semiárido, Mossoró, 2014.
SANTOS, Eliane Costa, Os Tecidos de Gana como Atividade Escolar: uma Intervenção
Etnomatemática para Sala de Aula, Dissertação de Mestrado, Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo, São Paulo, 2008.
SANTOS, Luane Bento, Para além da estética: Uma abordagem Etnomatemática da cul-
tura de trança cabelos nos grupos afro-brasileiros, Dissertação de Mestrado, CEFET/RJ,
Rio deJaneiro, 2013.
VELOSO, Jorge D., Sona, património imaterial: uma abordagem extensionista, Revista
Angolana de Extensão Universitária - RAEU, v. 2, n.1, p. 39-52 Jan-Jun. 2020. 125
PLANO DE
AULA 2
Sinopse:
IDBR_
Nesta atividade a(o) professora(r) explicará conceitos da aritmética dos números
naturais utilizando o Osso de Ishango, artefato arqueológico originário do conti-
nente africano. Após a explicação será aplicada uma dinâmica com a participação
dos alunos.
Objetivo:
Dar conhecimento aos alunos da existência de noções matemáticas na compre-
ensão de nossos antepassados africanos; Apresentar aos alunos um dos primeiros
registros do pensamento matemático em África e no mundo.
Conteúdo:
Aritmética de números naturais e números primos; Osso de Lebombo e osso de
Ishango.
Materiais necessários:
Lápis, borracha e régua.
Planos de Aula
Duração:
1 aula de 50 minutos.
Preparação:
A turma vai ser dividida em duplas.
O(a) professor(a) distribuirá, aos alunos, folha com texto sobre artefatos matemá-
ticos arqueológicos.
Após a Execução – Solicitar aos alunos que façam uma reprodução do osso de
Ishango e que façam marcações com dados do seu dia a dia.
127
Artefatos Arqueológicos Africanos e Matemática
IDBR_
Osso de Lebombo
O osso de 7, 7 cm foi descoberto nos anos 70 do século XX, pelo arqueólogo Peter
Beaumont, em um abrigo rochoso das montanhas Lebombo, perto da fronteira
entre a África do Sul e a Suazilândia (atual Reino de Eswatini).
1 Babuínos são grandes macacos que andam tanto no solo como em árvores, são encon-
trados ao sul do deserto do Saara (na África), na Arábia Saudita e em áreas de conser-
vação do continente africano.
Esse osso é considerado um artefato matemático por possuir uma série de enta-
lhes: |, ||, |||, e por ser um bastão idêntico aos que ainda hoje são utilizados como
calendários por tribos tal como os bosquímanos que habitam o território fronteiriço
sul entre Angola (Cuando Cubango) e norte da Namíbia.
Osso de Ishango
128
Figura 3 - Mapas de África e da região de Ishango no Congo.
IDBR_
Fonte: Livro Africa and Mathematics From Colonial Findings Back to the Ishango Rods,
pag. 128
Planos de Aula
Fonte: https://www.naturalsciences.be/sites/default/files/Discover%20Ishango.pdf
Fonte: https://www.naturalsciences.be/sites/default/files/Discover%20Ishango.pdf
129
O osso de Ishango é um artefato petrificado, possivelmente uma fíbula (perônio)
IDBR_
Fonte: https://journals.openedition.org/bibnum/docannexe/image/889/img-5.jpg
Planos de Aula
Fonte: https://www.matema-
ticaefacil.com.br/2016/07/
matematica-continente-afri-
cano-osso-ishango.html
130
1ª Atividade:
IDBR_
Observar com a participação dos alunos os seguintes cálculos aritméticos que
podem efetuados com os números do osso de Ishango:
Planos de Aula
marcações fazem parte de um jogo aritmético.
2ª Atividade:
Exemplos:2 ,3, 5, 7, 11, 13, 17, 19, 23, 29, 31, 37, 41, 43, 47 são todos números primos
menores do que 50. 4, 6, 8,9 não números primos.
Exercício 1:
Apresentar os números: 3 , 4 , 5, 6, 7, 8 , 9, 10 , 11, 13, 17, 19, 21, que aparecem no osso
de Ishango, e pedir que os alunos indiquem quais deles:
a) Números pares;
b) Números ímpares;
c) Múltiplos de 3;
d) Números primos.
131
IDBR_
Exercício 2:
Na tabela abaixo apresentamos alguns tipos de números primos:
2
São primos p e q, com p = n + 22
83 = 9 + 2 e
Primos Siameses q = n2 − 2
2
79 = 9 − 2
são primos siameses
3ª Atividade:
Exercício 1:
a) Solicitar aos alunos que efetuem as somas das colunas central, da esquerda e da
direita (veja cálculos abaixo).
b) Perguntar o que os resultados das somas têm em comum.
3 + 6 + 4 + 8 + 10 + 5 + 5 + 7 = 48 = 4 x 12,
11 + 13 + 17 + 19 = 60 = 5 x 12,
11 + 21 + 19 + 9 = 60 = 5 x 12.
Comentar que:
- Como 60 dias são dois meses lunares e 48 é um mês e meio alguns estudiosos
defendem que as marcações fazem parte de um calendário lunar.
- Há indícios de esses povos tinham conhecimento dos sistemas de numeração
nas bases 10, 12 e 60.
Exemplos:
Utilização dos sistemas de numeração nas bases 10, 12 e 60:
IDBR_
No osso de Ishango são encontrados números e cálculos que podemos associar
aos sistemas de numeração nas bases 10, 12 e 60, utilizados para descrever ciclos
com esses períodos. A seguir descreva ciclos de eventos que ocorrem:
a) Com período 3;
b) Com período 12;
c) Com período 30.
Finalização:
Planos de Aula
133
PLANO DE
AULA 2
Sinopse:
IDBR_
Nesta atividade vamos analisar as homotetias (ampliação e redução) de polígonos
em sona.
Objetivo:
Ampliar e reduzir figuras planas.
Determinar a proporção de elementos geométricos após uma aplicação ou uma
redução.
Conteúdo:
Homotetia (ampliação e redução) de figuras planas. Proporções geométricas após
uma homotetia.
Pré-requisitos:
Geometria de quadriláteros.
Ler o Anexo - Povo Tchokwe, Sona e Geometria Sona
Planos de Aula
Materiais necessários:
Lápis, borracha e régua.
Duração:
1 aula de 50 minutos.
Preparação:
A turma vai ser dividida em duplas.
O(a) professor(a) distribuirá, aos alunos, folha com os Sona que serão analisadas e
realizadas as homotetias.
Após a Execução – olicitar aos alunos que façam reduções e ampliações de outras
figuras planas.
135
1ª Atividade:
IDBR_
Preliminares:
Dizemos que duas figuras planas F1 e F2 são homotéticas, ou que há um homotetia
entre F1 e F2 , se existem ponto O e um número real k ≠ 0 tal que para todo ponto
Qe F2 existe um ponto Pe F1 temos:
comprimento do segmento OQ = k comprimento do segmento OP
Classificação de homotetias:
- Se k > 0, dizemos que é uma homotetia direta;
- Se k < 0, dizemos que é uma homotetia inversa;
- Se k = 1, dizemos que a homotetia é uma transformação identidade;
- Se − 1 < k < 1 e k ≠ 0, dizemos que a homotetia é uma expansão ou ampliação;
- Se k <− 1 ou k > 1, dizemos que a homotetia é uma contração ou redução.
2ª Atividade:
136
Figura 2 - Ampliação e redução de polígonos no lusona umbate.
IDBR_
1. Em cada par de figuras acima determine:
a) O tipo de homotetia aplicada e a respectiva razão.
b) A área de uma figura em função da área da outra.
c) O que se pode concluir entre as áreas de figuras homotéticas e a razão aplicada?
Planos de Aula
Finalização:
137
1ª Atividade:
IDBR_
Preliminares:
Iniciamos relembrando como calcular área e perímetro de alguns quadriláteros,
indicando por u. c. unidade de comprimento e u. a. unidade de área.
- Se, L é um losango de lado a u.c., de diagonal menor d u.c. e diagonal maior D u.c.,
então:
área (L) = D+d u.2 a. e perímetro (L) = 4a u. c.
Planos de Aula
Figura 4 – Quadriláteros
Sinopse:
Nesta atividade utilizamos os Sona para introduzir conceitos relativos à geometria
de quadriláteros, tais como, área e perímetro, primeiro os alunos serão instruídos
a construir figuras plana nos sona, em seguida deverão identificar as figuras dese-
nhadas e, após serem apresentadas as definições de perímetros e áreas de quadri-
láteros, deverão efetuar os cálculos propostos.
Objetivos:
Construir quadriláteros.
Classificar quadriláteros.
138 Calcular e comparar perímetro e área de quadriláteros.
Conteúdos:
IDBR_
Classificação de quadriláteros.
Perímetro e área de quadriláteros.
Pré-requisitos:
Geometria de quadriláteros.
Ler o Anexo - Povo Tchokwe, Sona e Geometria Sona
Materiais necessários:
Lápis, borracha e régua.
Duração:
aulas de 50 minutos.
Preparação:
A turma será dividida em duplas.
O(a) professor(a) distribuirá, aos alunos, folha com os Sona em que serão traçados
Planos de Aula
quadriláteros e calculadas áreas e perímetros.
1ª Atividade:
1. Observe os sona na figura abaixo, em cada um, partindo de um ponto preto, una
os quatro pontos com segmentos, traçando uma figura geométrica, de maneira
que a intersecção de quaisquer dois segmentos seja um dos pontos pretos.
139
IDBR_
140
Observação:
IDBR_
O(a) professor(a) pode apresentar a fórmula de Pick para cálculo de figuras planas e
propor aos alunos que façam o cálculo das áreas das figuras trabalhadas na atividade.
Fonte:https://educaconbigbang.com/2016/05/calcula-areas-poligonos-teorema-pick/
Planos de Aula
Finalização:
Fazer uma roda de conversa com os alunos estimulando-os a comentar suas
impressões sobre a atividade, que fatos do que foi apresentado e discutido eles
mais gostaram ou que os surpreenderam.
Fontes: https://www.
worldatlas.com/
maps/angola e ht-
tps://1.bp.blogspot.
com/-Ktmn7Zz2uw0/
TcbHyJ5AFWI/AAA-
AAAAAA-g/VcvVAP-
Do3f4/
141
Atualmente o povo Tchokwe habita território angolano e está dividido em três esta-
IDBR_
Os Sona fazem parte da tradição oral dos Tchokwe, são transmitidos de geração a
geração aos mais jovens, aliás é crucial pontuar que esta arte é uma escrita ances-
tral, pois embora historicamente a comunidade acadêmica considere que em África
só se desenvolveu a cultura da oralidade, cultura essa que tem a sua importância,
esta expressão cultural atesta que em África também se desenvolveu a cultura
escrita muito antes dela “surgir” no continente europeu.
Fontes: Dirk Huylebrouck, Africa and Mathematics From Colonial Findings Back to the
Ishango Rods, Springer, 2019, figura 4.2, pag. 57 e Darrah Chavey, Constructing Symmetric
Chokwe Sand Drawings, Symmetry: Culture and Science, Vol. 21, Nos 1?3, 191-206, 2010.
O termo Geometria Sona foi introduzido e difundido pelo mundo pelo matemático
holandês Paulus Gerdes, pesquisador em Etnomatemática, que viveu muitos anos
em Moçambique, em seu livro Geometria Sona de Angola: Matemática duma tradi-
ção africana, o primeiro volume da coleção Geometria Sona de Angola, encontra-
mos a seguinte narrativa logo no início:
Foi no início de 1986 quando, num sábado de manhã, um livro, acabado de chegar
à biblioteca da nossa Universidade Eduardo Mondlane em Maputo (Moçambique),
imediatamente atraiu a minha atenção. O livro chamava-se Desenhos na Areia
142 dos Quiocos do Nordeste de Angola (Fontinha, 1983). Ao folhear as suas páginas,
fiquei com uma forte impressão de que estes desenhos - chamados sona -
IDBR_
tinham a ver com uma geometria que me era desconhecida.
Aquele fim de semana foi para mim o começo duma viagem extremamente inte-
ressante e inspiradora, cheia de descobertas, que ainda não chegou ao fim e, pro-
vavelmente, nunca terminará.
Esta viagem levou-me a uma tentativa de (1) analisar e reconstruir elementos
matemáticos da tradição sona (2) explorar possíveis usos dos sona na educação
matemática (3) explorar mais o potencial matemático dos sona e de (4) estudar
tradições que, tecnicamente, apresentam similaridades com a tradição sona.
Planos de Aula
1 As figuras foram retiradas do livro Geometria Sona de Angola: Matemática duma
Tradição Africana, Paulus Gerdes, 2012 e da página web Rede Angola, A arte contar his-
tória na em desenhos. Sona, os desenhos na areia dos Tchokwe, http://www.redeangola.
info/multimedia/arte-de-contar-historias-em-desenhos/
Figura 4 - Sona: Umbate (alusão a um homem e uma mulher unidos), Sol e lua e
Cabeça de elefante.
143
Figura 5 - Sona: Aranha na teia, Kalunga, o caminho de Deus e Recolher cogumelos.
IDBR_
Figura 7 - Sona: Amizade, Caranguejo, Uma floresta com frutos, Pontos cardeais
Planos de Aula
144
145
IDBR_ Planos de Aula
CIÊNCIAS DA
NATUREZA
CIÊNCIAS DA NATUREZA E ANTIRRACISMO
IDBR_
Introdução
IDBR_
não se encaixe nesses parâmetros está distante de desen-
volver qualquer trabalho intelectual, sobrando somente tra-
balhos braçais como ofício. Sueli Carneiro (2018) relaciona
esses fatores históricos ao conceito de epistemicídio para
denunciar a violência intelectual, cultural e acadêmica que
silencia, menospreza ou nega os conhecimentos e perspec-
tivas, produzidos pelas populações negras.
Planos de Aula
para definir qual conhecimento deverá ser ensinado. A partir
de um olhar fundamentado no objetivo do currículo, é possível
analisar que no Brasil o apagamento das narrativas acerca de
negros e dos indígenas vai muito além de uma herança histó-
rica, da construção desse país e das suas relações, pois esses
fatores seguem caracterizando as práticas no cotidiano esco-
lar. Ao excluir as contribuições desses grupos na construção
do conhecimento, é fortalecida diretamente a estrutura racista
que sustenta os poderes da nossa sociedade.
IDBR_
vida dos alunos negros (GONÇALVES, 2020).
Representatividade
Planos de Aula
ensino-aprendizagem. Ele desempenha um papel crucial na
organização mental dos estudantes, ajudando-os a assimi-
lar e estruturar conhecimentos. No entanto, o texto também
destaca que a leitura de imagens presentes nos livros pode
fortalecer estereótipos criados pela sociedade, influen-
ciando o senso crítico dos alunos (LOPES, 2016).
IDBR_
comunidades. O legado desses cientistas negros é uma ins-
piração para as futuras gerações, destacando a importância
da diversidade e inclusão no avanço do conhecimento cien-
tífico e tecnológico (ELLER, EULÁLIA; 2023).
Eugenia
Planos de Aula
podem apresentar características diferentes ao acaso e
essas características são selecionadas pelo meio propi-
ciando que os mais aptos (e não os mais fortes) sobrevivam
e passem seus genes adiante. Podemos pensar, por exemplo,
numa população de besouros que vive em um gramado. Os
besouros são marrons escuros e, sendo assim, suas cores
contrastam com a cor da grama, tornando-os mais visíveis e
por consequência, mais vulneráveis a predadores. Contudo,
por ventura, se um besouro sofrer uma mutação genética e
nascer com a cor verde, ele irá se camuflar na grama. Assim,
essa característica (ser verde) será o fator responsável para
que o inseto sobreviva mais tempo, reproduzindo-se mais,
para que transmita seus genes adiante. Com o passar das
gerações, é possível que toda a população de besouros
se torne verde. Isso é seleção natural, uma característica
gerada ao caso, sendo selecionada pelo ambiente.
IDBR_
sileiro seria naturalmente “mal-nascido” (STEPAN, 2005).
Entretanto, dentre os eugenistas brasileiros, ainda existia
a vontade e a esperança de transformar a população bra-
sileira em algo mais aceitável, mais eugênico. Daí surgiram
por exemplo determinadas leis de imigração com o objetivo
de dificultar e em alguns casos até impedir que pessoas
vindas de fora da europa entrassem no Brasil numa tenta-
tiva de aumentar a população branca, ou seja, branquear a
população do país ao ponto de não existirem mais negros,
indígenas, amarelos e mestiços (SILVA, 2018).
Planos de Aula
racial, esterilização dos doentes mentais e restrições à imi-
gração. O objetivo era “proteger” a população americana
(das classes mais altas e da “raça branca”) da miscigena-
ção com imigrantes não nórdicos que eram vistos como de
qualidade inferior. (TEIXEIRA; SILVA, 2017, p. 70)
E mais a frente:
Planos de Aula
IDBR_
respaldo genético e como casamentos consanguíneos (dife-
rente do que os eugenistas defendiam) aumentam as chances
de doenças e problemas de saúde. Podem-se abordar tópicos
sobre esterilização forçada, direitos reprodutivos e anticon-
cepcionais, bem como acesso à saúde e ao bem-estar.
Etnoastronomia
Planos de Aula
Cultural, é um campo interdisciplinar que combina conheci-
mentos da Astronomia e da Antropologia para estudar como
diferentes culturas ao redor do mundo interpretam e usam
o céu. Ela se baseia na ideia de que a forma como as pes-
soas percebem, compreendem e interagem com os corpos
celestes é influenciada pela sua cultura, história e ambiente.
IDBR_
nhavam um papel fundamental na regulação das atividades
cotidianas dessas sociedades. Além disso, esses povos atri-
buíam significados mitológicos aos fenômenos celestes, rela-
cionando-os a divindades e a seres míticos presentes em suas
culturas. Assim, corpos celestes eram considerados represen-
tações simbólicas de seres mitológicos. (FERREIRA, et al, 2018)
Planos de Aula
astrônomo, veremos que se refere a um cientista que
tenta entender e interpretar o universo além da Terra e da
Terra dentro do universo. Porém, diversos povos tentam
entender o céu ou o universo como um todo, tanto os da
antiguidade como os de hoje (indígenas, africanos etc.). O
modo pelo qual os diferentes povos procuram entender o
universo, assim como os sistemas que produzem para esse
fim ou a partir de suas observações constituem o objeto da
Astronomia Cultural. (FERREIRA et al, 2018, p. 4)
IDBR_
cimentos sobre o Sol, a Lua e constelações para criar um
calendário. Exemplo disso são os Tupinambás do Maranhão
que, em 1614, entendiam a relação do céu com a terra e uti-
lizavam as estrelas como uma espécie de agenda do clima e
como bússola para orientação.
Os povos indígenas do Brasil - tanto os do passado quanto
os do presente - também desenvolveram sistematica-
mente um conhecimento acerca das relações céu terra,
tendo por referência seus próprios sistemas culturais.
Devido a isso, são encontrados sistemas celestes os mais
variados, de forma que se pode constatar que, em suma,
existem tantos céus quanto forem os olhos que os pers-
crutam. Mesmo com essa variedade, há alguns aspectos
que são comuns a esses sistemas. Nas culturas indígenas,
os astros estão organicamente associados, de uma parte,
a determinados fenômenos naturais e, de outra, a fenôme-
nos sócio-econômicos. (FERREIRA et al, 2018, p. 4)
Planos de Aula
no ensino escolar, em concordância com a Base Nacional
Comum Curricular (BNCC) que contempla a seguinte
habilidade:
(EF09CI15) Relacionar diferentes leituras do céu e explica-
ções sobre a origem da Terra, do Sol ou do Sistema Solar às
necessidades de distintas culturas (agricultura, caça, mito,
orientação espacial e temporal etc.). (BRASIL, 2018)
IDBR_
como aquele resultante de qualquer política, prática ou
diretiva que afete ou prejudique, seja de forma direta ou
não, voluntária ou involuntariamente, a pessoas, grupos ou
comunidades em razão de sua cor ou raça. Você pode se
perguntar: mas todos os indivíduos e países serão afetados
com os problemas ambientais? A resposta é sim, todavia
não da mesma forma. Pessoas marginalizadas sofrerão os
efeitos de forma direta, acentuando ainda mais as diferen-
ças que separam os subcidadãos, dos cidadãos privilegiados
(ARAÚJO, 2021).
Planos de Aula
maioria negros, são eximidos de equipamentos de proteção
individual e direitos básicos.
IDBR_
tais conexões epistemológicas.
Planos de Aula
de saúde pública”, pode ser trabalhado juntamente com a
área de saúde da população negra que visa à promoção da
equidade no sistema de saúde, o que tem relação direta
com os conceitos de igualdade e de justiça social, em meio
a outras possibilidades a serem exploradas em conteúdos
abordados em sala de aula.
166
Referências
IDBR_
ARAÚJO, Bruna Elisa et al. A obra Quarto de Despejo: diário de uma
favelada de Carolina Maria de Jesus como caminho para abordar o
tema Racismo Ambiental na Educação em Ciências. 2021.
Planos de Aula
Acesso em: 10 jul. 2023.
IDBR_
Livros Didáticos de Ciências da Natureza. 2016. 73 f. Dissertação
(Mestrado) - Curso de Programa de Pós-Graduação em Educação
em Ciências: Química da Vida e Saúde, Universidade Federal do
Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2016. Disponível em: <https://
lume.ufrgs.br/handle/10183/143364>. Acesso em: 10 jul. 2023.
Planos de Aula
DA SILVA, Daniela Teles. Eugenia, saúde e trabalho durante a Era
Vargas. Em Tempo de Histórias, v. 1, n. 33, p. 190-213, 2018.
Bibliografia Complementar
170
As dificuldades e as potencialidades que os professores de quími-
IDBR_
ca têm em relacionar o ensino de química e relações étnico raciais.
Revistas Debates em Ensino de Química, v. 6, n. 2, p. 36-64, de-
zembro de 2020.
Planos de Aula
171
Planos de Aula IDBR_
172
AULA 1
PLANO DE
TEMA: DIVERSIDADE DE ECOSSISTEMAS: RACISMO AMBIENTAL E COMUNIDADES
IDBR_
INDÍGENAS.
KANANDA ELLER SOUZA DA PAIXAO, BARBARA RIBEIRO CAETANO DOS SANTOS,
KARINA KETLYN DE OLIVEIRA E YURI VASCONCELOS DE LIMA.
CARGA HORÁRIA: QUATRO AULAS.
ANO(S) ESCOLARIDADE: 7º ANO
Objetivos
Objeto de conhecimento
Unidade temática: Vida e evolução
Objeto de conhecimento: Diversidade de ecossistema.
Planos de Aula
(EF07CI07) Caracterizar os principais ecossistemas brasileiros (quanto à paisagem,
à quantidade de água, ao tipo de solo, à disponibilidade de luz solar e à temperatura,
entre outras), correlacionando essas características à flora e fauna específica.
Conteúdo
Recursos didáticos
173
Breve revisão bibliográfica
IDBR_
Biomas brasileiros
De acordo com o IBGE (2023) um bioma pode ser definido como “um conjunto de
vida vegetal e animal, constituído pelo agrupamento de tipos de vegetação que são
próximos e que podem ser identificados em nível regional, com condições de geo-
logia e clima semelhantes e que, historicamente, sofreram os mesmos processos
de formação da paisagem, resultando em uma diversidade de flora e fauna própria.”
No Brasil podemos encontrar seis grandes áreas com clima e vegetação semelhan-
tes e característicos e cada uma dessas regiões corresponde a um bioma, são elas:
Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, Pantanal e Pampa.
Amazônia
e 26º. Quanto à flora, os principais tipos são a floresta de terra firme, as várzeas e
as matas de igapó. Ainda encontramos arbustos, cipós, trepadeiras, epífitas entre
outros. A fauna possui diversas espécies de vários grupos animais (peixes, aves,
répteis, anfíbios e mamíferos) sendo os mais conhecidos a surucucu, o boto-cor-
-de-rosa e o peixe-boi (AGUILAR, 2012; IBGE, 2023; MICHELAN, ANDRADE, 2022).
Estima-se que cerca de 15% do bioma já foi desmatado ao longo dos anos princi-
palmente para a extração de madeira, criação de gado e plantio de soja. O desma-
tamento além de afetar o equilíbrio ecológico da região também afeta a vida das
populações tradicionais que vivem nesse bioma como os indígenas e os ribeiri-
nhos. Hoje no Brasil existem 235 povos indígenas, desses, cerca de 180 vivem na
região amazônica (aproximadamente 440 mil indígenas), além de remanescentes
de quilombolas e comunidades de seringueiros, ribeirinhos ou babaçueiros (HECK;
LOEBENS; CARVALHO, 2005; ISPN, 2023).
174
Toda essa diversidade étnica e populacional dialoga com o manejo sustentável
IDBR_
para a conservação da biodiversidade. Os povos e comunidades tradicionais da
Amazônia encontram na caça, pesca e no extrativismo fonte de alimentação e
renda. Além disso, alinham a esse modo de vida conhecimentos tradicionais que
contribuem para a conservação do bioma e, assim, para a manutenção dos ser-
viços ecossistêmicos. Essas populações domesticaram diversas espécies frutí-
feras da região o que reforça o potencial dessa atividade para o desenvolvimento
sustentável da Amazônia.
Planos de Aula
lenta pelo projeto colonial que, valendo-se da guerra, da escravidão, da ideolo-
gia religiosa e das doenças, provocou na Amazônia uma das maiores catástrofes
demográficas da história da humanidade, além de um etnocídio sem precedentes.
(HECK; LOEBENS; CARVALHO, 2005 p. 239)
Ao longo dos séculos esses povos e seus territórios sofreram por conta do extra-
tivismo de borracha, abertura de estradas, extração de madeira, doenças trazidas
pelos colonizadores entre muitos outros e “ainda hoje existem povos indígenas
‘livres’, que continuam fugindo dos grandes projetos e das frentes colonizadoras,
e que estão seriamente ameaçados de extinção, principalmente no estado de
Rondônia e no sul do Amazonas” (HECK; LOEBENS; CARVALHO, 2005 p. 239).
Mata Atlântica
Além disso, os dados coletados pela Comissão Pró-Índio de São Paulo - CPISP
(2013) indicam que mesmo com todas as dificuldades enfrentadas, os indígenas
ainda conseguem proteger suas terras: “O estudo das imagens de satélite eviden-
ciou que em seis das nove terras indígenas, as áreas desmatadas representam
Planos de Aula
Cerrado
176
Aproximadamente 45% do território do Cerrado já foi alterado por ações como
IDBR_
exploração de madeira, pecuária e monocultura. Além disso, ao redor dessas ati-
vidades os centros urbanos começam a aumentar, o que se torna também uma
ameaça ao bioma e a suas comunidades tradicionais (AGUILAR, 2012).
Planos de Aula
São muitos anos de ciência do território que contribuem para que o Cerrado, ou
melhor dizendo os cerrados, existam e se construam em paisagens diversas.
(VECCHIONE et al. 2020, p. 1)
Caatinga
177
Esse bioma é um dos que mais sofreram e sofrem com a devastação ambiental.
IDBR_
Quase metade de sua composição original foi modificada por ações antrópicas
como o desmatamento e as queimadas para criação de gado e plantações de
monoculturas e a caça para fins de tráfico de animais (AGUILAR, 2012).
Pantanal
IDBR_
aças à biodiversidade do bioma são a criação de gado, as queimadas e o turismo
(AGUILAR, 2012; IBGE, 2023; MICHELAN, ANDRADE, 2022).
O Pantanal já era habitado por povos indígenas muito antes dos colonizadores
chegarem no bioma. Infelizmente, grande parte das etnias foram extintas após a
colonização (seja por doenças, seja pelas guerras) sendo que algumas delas foram
consideradas extintas por anos até serem identificadas novamente. É o caso dos
indígenas Guató, por exemplo (OBSERVATÓRIO PANTANAL, 2023). O Povo Guató
vive em uma ilha reconhecida como terra indígena, mas não foi sempre assim:
Os Guató, considerados o povo do Pantanal por excelência, ocupavam pratica-
mente toda a região sudoeste do Mato Grosso, abarcando terras que hoje per-
tencem àquele estado, ao estado de Mato Grosso do Sul e à Bolívia. Podiam ser
encontrados nas ilhas e ao longo das margens do rio Paraguai, desde as proxi-
midades de Cáceres até a região do Caracará, passando pelas lagoas Gaíba e
Uberaba e, na direção leste, às margens do rio São Lourenço. No interior deste
vasto território sua presença foi registrada desde o século XVI por viajantes e
cronistas. (ISA, 2023)
Planos de Aula
a guerra do Paraguai (ISA, 2023). Atualmente, um dos fatores que mais ameaça a
biodiversidade do Pantanal e os indígenas são as queimadas:
As queimadas destruíram roças, queimaram casas. O fogo destruiu uma parte
bem grande do nosso território, destruindo muitas árvores, animais, aves, preju-
dicando nossa fauna e flora e a nossa segurança alimentar, porque destruiu nos-
sas roças. Estamos muito preocupados com as nossas matas porque é delas que
retiramos o nosso sustento, as nossas medicações tradicionais. Com a queimada,
tudo isso está comprometido. Não encontramos mais muitas ervas que usamos
para tratar das enfermidades e também a palmeira acuri, que utilizamos para
fazer cobertura das casas tradicionais e alguns utensílios, e pra fazer a chicha,
uma bebida tradicional. Tudo está acabando. (GUATÓ, 2020)
Hoje o Pampa já perdeu mais da metade de sua cobertura vegetal original. Isso se
deu pois o terreno plano e com grama favorece a criação de de gado, atividade que
foi introduzida na região pelos colonizadores. Atualmente também Em determinadas
regiões do Pampa já existiam ocupações indígenas a pelo menos, 2500 anos antes
do presente. Após a colonização, a partir do século XVI a configuração demográfica
e cultural foi fortemente impactada (LEPAARQ, 2023). Hoje ainda existem diversos
povos tradicionais como indígenas, quilombolas e ciganos que resistem no território
e lutam contra sua destruição de seus territórios tradicionais:
Todos esses fatores contribuem para uma piora na qualidade de vida dos povos
tradicionais, afetando sua saúde, alimentação e sua segurança. A devastação e a
poluição ambiental além de ferirem um direito constitucional dos Povos Indígenas,
impede que eles vivam de acordo com suas tradições e cosmovisões (MAZURANA;
DIAS; LAUREANO, 2016).
180
Racismo ambiental e demarcação de território indigena
IDBR_
Racismo ambiental diz respeito às desigualdades ambientais e como elas afetam
determinados grupos sociais em situação de vulnerabilidade como pessoas pobres,
negras e indígenas, por exemplo:
Como foi apresentado, os povos indígenas brasileiros sofreram e ainda sofrem com
o racismo ambiental de diversas maneiras como a perda de suas terras, a poluição
das águas e do solo usado para sua subsistência, e mais recentemente com a dis-
Planos de Aula
seminação da Covid-19:
A Covid-19 mata, mas nós somos vítimas também de uma herança de Covid de
1500. Está na moda falar na necropolítica, mas o que é a necropolítica senão a
invasão de 1500, que deixou como herança a escolha dos povos indígenas como
os corpos a serem exterminados. A necropolítica escolheu o bioma do Cerrado
para ser exterminado, escolheu a Amazônia, escolheu a Mata Atlântica, escolheu
o Pampa, e a cada vez que as pessoas não reativarem o princípio de humanidade
não vai ser somente essa ciência que está sendo pesquisada no laboratório que
vai curar esse momento de guerra respiratória, de guerra civilizatória, de guerra
planetária, mas sim o reativar do princípio de humanidade. Porque a pandemia
mata, a fome mata, o veneno mata, a mineração mata, o veto do presidente tam-
bém mata, mas sobretudo a ausência do Estado mata, e acelera o genocídio indí-
gena no Brasil. (XAKRIABÁ, 2020, p. 1)
181
Metodologia e método
IDBR_
Aula 1
Conteúdos:
Características dos biomas (fauna, flora e clima);
Objetivos:
Identificar os principais Biomas brasileiros.
Descrição da aula:
Iniciar a aula dividindo a sala em 6 (seis) grupos e cada grupo irá representar um
bioma. Após isso, o/a professor/a deverá distribuir uma cartolina para que ao longo
das próximas 3 (três) aulas os/as estudantes desenhem ou até mesmo façam
colagens de jornais e revistas para que eles possam expressar seu lado artístico
destacando às informações sobre os biomas, racismo ambiental e comunidades
indígenas, ou seja, eles deverão desenhar as suas impressões sobre os conteúdos
discutidos nas aulas.
Grupo Bioma
182
O tempo necessário para explicação e divisão dos grupos é de 10 minutos. Em
IDBR_
seguida, o/a professor/a irá explicar o que é um bioma de forma expositiva e dialo-
gada, mostrando as características da fauna, flora e clima dos biomas da Amazônia,
Mata atlântica, Cerrado, Pantanal, Caatinga e Pampa. É importante destacar que
existem outros biomas, mas que esses citados serão os discutidos em sala. O
tempo para explanação deve ser de aproximadamente 30 minutos. Depois disso,
o/a professor/a irá disponibilizar 10 minutos para os grupos iniciarem o desenho
com as informações obtidas na aula.
AULA 2
Conteúdos:
Devastação ambiental e consequências da colonização;
Objetivos:
Discutir a destruição promovida pelo indivíduo homem branco na colonização
Reconhecer as ameaças provocadas pelas populações humanas conceituando o
racismo ambiental
Descrição da aula:
Planos de Aula
O/A professor/a irá mostrar a imagem do desmatamento da Amazônia retirada de
um jornal online. Caso não tenha material para projetar a imagem, poderá imprimi-
-la e distribuir em sala de aula.
têm ao ver a imagem. Falar que assim como a Amazônia, outros biomas estão sendo
desmatados, se possível apresentar dados, podendo ser as discussões explicitadas na
revisão bibliográfica deste plano. Essa discussão deverá acontecer por aproximada-
mente 5 minutos. A discussão do vídeo poderá ter duração de até 5 minutos.
Após isso, serão levadas para sala de aula as seguintes perguntas norteadoras:
- Como era o Brasil antes dos Europeus chegarem?
- Existe relação do desmatamento com a colonização?
- Quem desmata os biomas e quem preserva?
- O que é demarcar território indigena?
- O que é racismo ambiental?
- Quem são as pessoas prejudicadas com o desmatamento?
- Vocês são afetados pelo desmatamento? Se sim, como?
Além disso, o professor irá pedir que cada grupo pesquise sobre uma comunidade
indigena para apresentar na aula seguinte. Pode ser usado a classificação disposta
na tabela abaixo e indicar para os estudantes que retirem as informacoes do site
pib.socioambiental.org/pt/P%C3%A1gina_principal
184
Tabela 2. Trabalho em grupo dividido por biomas e povos indígenas
IDBR_
Grupo Povo indígena Bioma Informações
Planos de Aula
Até a década de 1960, a língua Guató
permaneceu classificada como língua
isolada. Em 1970, o lingüista Aryon D.
Pantanal Rodrigues publicou o texto Línguas
04 Guató
ameríndias propondo, pela primeira vez até
então, sua filiação no grande e altamente
hipotético tronco linguístico Macro-Jê.
Conteúdos:
O papel de povos indígenas na preservação de diferentes biomas;
Objetivos:
dentificar os principais Biomas brasileiros,
Devastação ambiental e consequências da colonização;
Identificar as comunidades indígenas que protegem os biomas brasileiros,
Descrição da aula:
Nesta aula, cada grupo terá 3 minutos para apresentar o que desenhou na cartolina
durante as últimas aulas e sobre a pesquisa que realizou. Ao final de cada apre-
sentação o/a professor/a deverá retomar os conteúdos discutidos em sala de aula,
explicitando conceitos e informações importantes, como as características desses
seis povos indígenas, dos biomas e do racismo ambiental.
Após isso, deverá ser apresentada a avaliação da aula seguinte intitulada “Júri
Simulado” no qual os estudantes irão potencializar sua capacidade de argumenta-
ção que está relacionada ao saber científico. Para a preparação de uma atividade
Planos de Aula
de júri simulado, deverá ter como O Réu – Demarcação de território indigena, o/a
professor/a será o juiz e deve organizar a turma em pelo menos dois grupos: acu-
sação e defesa. O/A professor/a pode e deve orientar essa etapa, recomendando
textos, sites e demais fontes que julgar pertinentes.
Aula 4
Aplicação do Júri Simulado. O/A professor/a deve ser transparente quanto ao vere-
dicto final.
Avaliação
IDBR_
rios. A turma será dividida entre acusação e defesa da demarcação de territórios
indígenas.
Referências
AGUILAR, J. B. Para Viver Juntos: Ciências. 3ª ed. São Paulo: SM, 2012.
BENZEEV, R. et al. Formalizing tenure of Indigenous lands improved forest outcomes in
the Atlantic Forest of Brazil. PNAS Nexus, Vol. 2, Janeiro de 2023.
BONANOMI et al. Protecting forests at the expense of native grasslands: Land-use poli-
cy encourages open-habitat loss in the Brazilian cerrado biome. Perspectives in Ecology
and Conservation, Vol.17, Janeiro–Março de 2019.
Planos de Aula
Ambiental e Territorial das Terras Indígenas. Disponível em: <https://www.gov.br/funai/
pt-br/assuntos/noticias/2018/carta-dos-povos-indigenas-do-cerrado-e-da-caatinga-
-desafios-para-a-gestao-ambiental-e-territorial-das-terras-indigenas>. Acesso em 15
de julho de 2023.
GUATÓ, A. Incêndios já tomam quase metade das terras indígenas no Pantana. Entre-
vista concedida a Bianca Muniz, Bruno Fonseca, Raphaela Ribeiro. Agência Pública, 17
de setembro de 2020.
187
HECK, E; LOEBENS, F; CARVALHO, P. D. Amazônia indígena: conquistas e desafios. ES-
IDBR_
KENT, Michael; SANTOS, Ricardo Ventura. “ Os charruas vivem” nos Gaúchos: a vida
social de uma pesquisa de” resgate” genético de uma etnia indígena extinta no Sul do
Brasil. Horizontes Antropológicos, v. 18, p. 341-372, 2012
IDBR_
de setembro de 2020.
Planos de Aula
Indicações de materiais complementares
189
CIÊNCIAS
HUMANAS
1
RUI, Manuel. “Eu e o ENTRE LUTAS E EDUCAÇÕES - CAMINHOS SOBRE AS CONTRI-
IDBR_
Resumo
IDBR_
desenhando ambas as sociedades de maneiras complexas.
Desde então, os países têm enfrentado desafios como a luta
pela independência e têm compartilhado elementos culturais
em comum. O Brasil foi uma colônia de exploração e produ-
ção de recursos naturais, enquanto Angola foi uma colônia de
exploração e exportação de recursos humanos, com o tráfico
transatlântico de escravizados sendo um dos eventos mais
sombrios e dolorosos de sua história compartilhada.
Planos de Aula
e cultural vivida em África e na diáspora. Expõe a escolha de
“preferir disparar os canhões” ao invés de ouvir e ver as estó-
rias. Esgarça as disparidades entre sociedades pautadas na
oralidade e na escuta e sociedades baseadas na violência e
na dominação. Força-nos, ao mesmo tempo, exercer alteri-
dade e lançar um olhar para o espelho, e assim, ajuda-nos a
entender melhor nossa própria história.
IDBR_
http://revistazcultural.
negras formaram demográfica e culturalmente grandes
pacc.ufrj.br/wp-con-
cidades brasileiras, como é o caso do Rio de Janeiro. Sobre
tent/uploads/2019/08/
isto, o historiador Flávio Gomes observa que: CONSIDERA%C3%87%-
“Sim, o Rio era uma “cidade negra”, a que mais concen- C3%95ES-SOBRE-A-ES-
trava africanos num espaço atlântico e fora da África no CRAVID%C3%83O_-LILIA-
-SCHWARCZ-E-FL%C3%-
século XIX. O termo “cidade negra” foi cunhado analitica-
81VIO-GOMES-%E2%80%-
mente por Sidney Chalhoub, mas depois redimensionado
93-Revista-Z-Cultural.pdf
por várias pesquisas. Investigações têm mostrado outros
espaços semelhantes espalhados em diversas partes do
Brasil. Exemplo: sabemos bastante hoje sobre Porto Alegre
e suas dimensões urbanas, escravistas e africanas – força
dos africanos ocidentais – no século XIX, mas ainda sabe-
mos pouco sobre São Luis. Rio de Janeiro, Salvador, Recife,
Porto Alegre e São Luís eram importantes “cidades negras”
do Brasil oitocentista. Eu destacaria o papel dos forros, pois
Brasil e Cuba foram países escravistas oitocentistas com
incríveis percentuais de negros livres (libertos ou lhos de
libertos) concentrados em áreas escravistas urbanas. Isso
chama atenção para outra pauta dos estudos emergentes:
Planos de Aula
a possibilidade de reescravização, tal a força da escravidão
em todas as áreas e termos daquela sociedade.”2
IDBR_
Movimento Negro e
educação. Segundo Nilma Lino Gomes:
Educação: ressignifican-
“Como discurso e prática social, a raça é ressignificada
do e politizando a raça.
pelos sujeitos nas suas experiências sociais. No caso do Educação & Sociedade.
Brasil, o movimento negro ressignifica e politiza afirmati- Vol. 33, n.120, Campinas,
vamente a ideia de raça, entendendo-a como potência de jul/set. 2012. p.731.
Planos de Aula
educação: Quem escreve essa história?
IDBR_
tas, questões ligadas à educação, buscando principalmente
uma educação não racista e a ampliação da entrada de estu-
dantes negros nas instituições de ensino. Um marco dessa
luta é a Marcha Zumbi dos Palmares contra o racismo, pela
cidadania e pela vida, na qual é entregue o Programa de
Superação do Racismo e da desigualdade racial, em que a
educação é um ponto nevrálgico. Algumas das propostas
são a implementação da Convenção sobre a Eliminação da
Discriminação Racial no Ensino e o monitoramento dos livros
didáticos, manuais escolares e programas educativos, con-
trolados pela União. Alguns desses pontos são atendidos,
como a revisão do material didático.
Planos de Aula
incorporação da diversidade cultural no cotidiano pedagógico
passou a ser debatida tanto em âmbito nacional quanto inter-
nacional, questionando paradigmas teóricos e implicando
mudanças pedagógicas e curriculares, em prol da valorização
da identidade múltipla no ambiente da educação formal.
IDBR_
política pertinentes à História do Brasil.
§ 2o Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-
Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo
escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de
Literatura e História Brasileiras.
§ 3o (VETADO)”
“Art. 79-A. (VETADO)”
“Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de novem-
bro como ‘Dia Nacional da Consciência Negra’.”
Planos de Aula
nos últimos anos, a relação da educação com o ensino de
História da África se caracteriza por um “silêncio perturba-
dor”, uma vez que o continente africano é visto como “ape-
nas o fornecedor dos escravos que vieram pro Brasil”. Hebe
Mattos, historiadora, destaca a distância entre o que versa
nas leis e documentos acerca da questão e o que se pra-
tica nas salas de aula. Outro ponto importante nessa breve
análise acerca do ensino são as imagens produzidas e repro-
duzidas. Ainda não se vê uma simetria ou equivalência no
estudo, por exemplo, da História da Europa com a História
da África, e esta última ainda corre o risco - quando não é
trabalhada de maneira crítica e aprofundada - de ser traba-
lhada de maneira folclorizante ou associando a imagem de
África à escravidão, retratando os negros africanos como
“explorados”, “dominados”. É importante salientar que uma
forma interessante de trabalhar a História da África e da his-
tória e cultura negra no Brasil a partir de uma perspectiva
positiva, emancipadora e que credite os agentes e sujeitos
dessas narrativas. Anderson Oliva, em seu texto “ A História
da África nos bancos escolares. Representações e impre-
cisões na literatura didática”, provoca-nos com a seguinte
pergunta: 201
“Como ensinar o que não se conhece?”
IDBR_
IDBR_
ros, dificilmente, e as estatísticas o mostram sem deixar
dúvidas, romperão o sistema meritocrático que agrava
desigualdades e gera injustiça, ao reger-se por critérios
de exclusão, fundados em preconceitos e manutenção de
privilégios para os sempre privilegiados.” (GONÇALVES E
SILVA, 2004: 11).
Planos de Aula
importantíssimo papel ao propiciar o acesso aos conheci-
mentos científicos e registros culturais que serão indispen-
sáveis na construção de um ambiente escolar e social menos
racista e mais igualitário. Com relação a isso, Gonçalves e
Silva afirma que:
“Para obter êxito, a escola e seus professores não podem
improvisar. Têm que desfazer mentalidade racista e dis-
criminadora secular, superando o etnocentrismo europeu,
reestruturando relações étnico-raciais e sociais, desalie-
nando processos pedagógicos. Isto não pode ficar redu-
zido a palavras e a raciocínios desvinculados da experiência
de ser inferiorizados vivida pelos negros, tampouco das
baixas classificações que lhe são atribuídas nas escalas
de desigualdades sociais, econômicas, educativas e polí-
ticas.”(Idem: 15)
Considerações finais:
204
Referências
IDBR_
ABRAMOWICZ, Anete; RODRIGUES, Tatiane Cosentino; CRUZ,
Ana Cristina Juvenal da. A diferença e a diversidade na educa-
ção. Contemporânea – Revista de Sociologia da UFSCar.
São Carlos, Departamento e Programa de Pós-Graduação em
Sociologia da UFSCar, 2011, n. 2. p. 85- 97.
Planos de Aula
COLLINS, Patricia Hills. Black feminist thought: Knowledge,
consciousness, and the politics of empowerment. London:
Routledge, 2002.
205
LIMA, Mônica. Como os tantãs na floresta: Reflexões sobre o
IDBR_
Materiais necessários:
Objetivos de aprendizagem:
Estrutura / Cronograma:
5) Rodada de Perguntas: Peça para que comentem sobre as formas que as pes-
soas se movem na cidade e se há diferença entre as regiões urbanas e rurais.
208 Pergunte aos estudantes se eles conhecem bairros ou áreas com maior ou menor
infraestrutura, acesso a serviços e oportunidades de transporte. Os questione
IDBR_
sobre as formas que usam para de deslocar em seus trajetos, relacionando com
o filme exibido.
Você pode adaptar o tempo de cada momento, de acordo com seu grupo
e necessidades!
Caso queira, também pode dividir este plano de aula em dois encontros!
Avaliação:
Neste encontro a avaliação será a atividade final “A cidade que eu tenho e a cidade
que eu quero”:
- Após terem feito o primeiro desenho, ofereça uma segunda folha de papel.
Planos de Aula
- Na segunda folha, cada um deve desenhar a cidade/bairro que gostaria de ter.
Quais espaços necessários e desejados? Quais serviços? Como seria o trans-
porte? E os espaços para lazer?
- Ao final, faça uma breve rodada de conversa sobre as percepções, desejos e
importância de reinvidicarmos a cidade que queremos.
- Também é possível montar um mural a partir dos desenhos produzidos.
209
Referências
IDBR_
AZEVEDO, Celia Maria Marinho de. Onda Negra, Medo Branco: O Negro no Imaginário
das Elites - Século XIX. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
BATISTA, Vera Malaguti de Sousa W. O medo na cidade do Rio de Janeiro Dois tempos de
uma história. Rio de Janeiro: Revan, 2003.
GOMES, Flavio dos Santos [et. al] Cidades negras. Africanos, crioulos e espaços urba-
nos no Brasil escravista - Século XIX. Rio de Janeiro: HERSCHMANN, Micael. O funk e o
Planos de Aula
210
PLANO DE
AULA 2
TEMA: DA CAPOEIRA AO PASSINHO - UM CAMINHO PELA HISTÓRIA NEGRA ATRAVÉS DO
IDBR_
CORPO
SÉRIE: SEGUNDO SEGMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL
DISCIPLINA: HUMANIDADES
Materiais necessários:
Objetivos de aprendizagem:
Estrutura / Cronograma:
1) Quebra Gelo: Rodada de conversa, onde todos devem responder a seguinte per-
gunta: “Você acha que a história do Brasil pode ser contada através do corpo?”.
Este momento tem como objetivo gerar reflexão e escuta, criando também um
caminho de reflexão sobre Ciências Humanas e Corporeidades;
212 5) Avaliação.
Você pode adaptar o tempo de cada momento, de acordo com seu grupo
IDBR_
e necessidades!
Também é possível dividir este plano de aula em dois encontros.
Avaliação:
Neste encontro será feita uma “Avaliação de Vivência”, onde cada um deve respon-
der a seguinte pergunta (de forma oral ou escrita): O que você aprendeu sobre a
história do Brasil através do corpo e dos movimentos culturais?
Sugestões de Fotos
Planos de Aula
Imagem 1. Foto Capoeira
213
Referências
IDBR_
DIAS, Luis Sérgio. Capoeira: vida e morte no Rio de Janeiro. Revista do Brasil, Rio de
janeiro, v. 2, n. 4, p. 106 – 115, 1985.
GOMES, Flavio dos Santos [et. al] Cidades negras. Africanos, crioulos e espaços urba-
nos no Brasil escravista - Século XIX. Rio de Janeiro: HERSCHMANN, Micael. O funk e o
hip-hop invadem a cena. Rio de Janeiro, Ed.UFRJ, 2000
Sites: http://www.overmundo.com.br/overblog/vai-no-passinho-do-menor-da-favela -
Acesso em 29 de julho de 2023.
214
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
ISBN 978-65-982063-0-7
23-182651 CDD-306.43
Índices para catálogo sistemático: