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INTRODUÇÃO
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Conforme apresentado por Borges (1936), percebo a necessidade de iniciar
nossa conversa sobre a educação de surdos a partir do resgate histórico de
acontecimentos que permeiam a vida das pessoas com deficiência. Olhar para o passado
nos permite compreender o que vivemos atualmente, ou seja, quais decisões e fatos
geraram a realidade dessas pessoas hoje. Nesse mesmo sentido, conhecer o passado e
entender o presente nos permite planejar o futuro, nossas próximas ações. Por isso, a
minha escrita busca apresentar alguns pontos que considero importantes na construção
histórica que nos contempla com o cenário atual. A escrita se desenvolverá a partir de
três aspectos: apresentação breve do histórico das pessoas com deficiência, focando
mais nas pessoas surdas; a trajetória e os movimentos sociais das pessoas surdas; e os
marcos, conquistas e eventos importantes que culminam na realidade que hoje
vislumbramos.
Art 2º. Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de
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Por uma escolha didática de apresentação de alguns fatos desse resgate
histórico, optei por apresentar algumas condições dessas pessoas antes e depois do
advento do Cristianismo. Isso porque as ideias oriundas do Cristianismo impulsionam
ações mais sensíveis e caridosas das relações em sociedade. E isso teve influência,
também, no agir com as pessoas com deficiência.
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Antes do Cristianismo as pessoas com deficiência eram vistas de forma muito
negativa, como incapazes e, até mesmo, monstruosos. Uma exceção acontecia no Egito,
onde eles eram adorados como deuses. Eles acreditavam que os deficientes eram
intermediários entre o Faraó e os deuses. Na maioria dos outros lugares, porém, eles
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Os efeitos dessa decisão baseada na falta da audição dos surdos e não nas
suas potencialidades foram devastadores. Os professores surdos foram demitidos das
escolas em todo o mundo (que até 1789 eram 21 apenas na Europa), os surdos foram
proibidos totalmente de utilizar a língua de sinais e o único método de ensino permitido
era o oralismo. Com isso, a qualidade no ensino decaiu consideravelmente e vários
surdos desistiram de estudar.
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O método oralista resistiu por, aproximadamente, cem anos como método
exclusivo no ensino de pessoas surdas. O oralismo consiste no treino da fala através da
articulação dos sons, mesmo que desconhecidos por não ter acesso natural a eles por
meio da audição. As pessoas aprendem, também, a reconhecer a leitura labial. A língua
de sinais é completamente proibida nesse método. Durante esse período os educadores
sentiam-se insatisfeitos, pois não viam resultados satisfatórios no método.
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No século XX, os espaços escolares que se destinavam ao ensino de surdos
perceberam que algo precisava ser modificado, a fim de que os surdos pudessem ter um
aproveitamento melhor da escolarização. Assim, alguns educadores começaram a utilizar
alguns gestos e o alfabeto manual atrelados à leitura labial e ao treinamento auditivo.
Deu-se o nome de comunicação total para esse período, visto que todos os esforços para
promover a comunicação eram aceitos. A partir disso, surge o bimodalismo, que consistia
na articulação das palavras e a sinalização simultânea. Esperava-se que as crianças
desenvolvessem habilidades linguísticas por meio da língua oral acompanhada dos
sinais.
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Ao mesmo tempo, mais precisamente na década de 1960, surge nos Estados
Unidos William Stokoe, um linguista que estuda pela primeira vez a língua de sinais
americana. Em 1965 ele publica seu estudo que a reconhece como língua. Tais resultados
deram origem a outros estudos, tanto nos Estados Unidos, quanto em outros países e
REFERÊNCIAS
BORGES, Jorge Luis. História da eternidade. Tradução de Carmen Cirne Lima. Alianza,
1936.
SKLIAR, Carlos. A surdez: um olhar sobre as diferenças. Porto Alegre: Mediação, 1998.