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RESUMO DE

PSICOLOGIA E
NECESSIDADES
ESPECIAIS
1. PSICOLOGIA E NECESSIDADES ESPECIAIS

A descrição da deficiência envolve questões de direitos humanos e reflexões


acerca da soberania do modelo biomédico, ao qual precisa ser superada. A questão da
deficiência pode ser observada como intrínseca à natureza humana, considerando que
quase todas as pessoas terão uma deficiência de ordem temporária ou permanente em
alguma etapa de seu desenvolvimento.

Ainda há um longo caminho para percorrer na busca por uma equidade social na inclusão,
por meio da educação ou do trabalho.

DECORRER DA HISTÓRIA E CONCEITOS DA DEFICIÊNCIA

→ Na Grécia Antiga, a deficiência (de ordem intelectual) foi tida como um status
de “privilégio”, por se caracterizar como certa liberdade presente nos indivíduos que a
manifestavam, sob a forma de delírios.
→ Hipócrates (460-377 a.C) – filosofo considerado o “pai da medicina” conectou a
“loucura” como denominou com causas orgânicas. Assim, foi o pioneiro a propor uma
interpretação conectada a doenças ou deficiências baseadas em origens e manifestações
biológicas (PESSOTI, 1997)
→ No séc. XVI surgiram maneiras de tratar os diferentes os que não se encaixavam
no cumprimento das regras, ao mesmo tempo em que eles foram removidos do convívio
social. Além de pensões e hospedarias específicas para esse público, cujo intuito era
retirá-los da circulação das ruas e ainda usá-los como objetos de estudo, havia a chamada
Nau dos Loucos.
→ Nau dos Loucos - Tratava-se de uma embarcação que se propunha a navegar
pelas águas calmas de rios e canais da Europa como um depósito para “loucos” e
“leprosos” (FOUCAULT, 1978, p. 12)
→ Inicio do séc. XIX – depois de muita barbárie no tratamento de pessoas com
algum tipo de tipo de deficiência que Philippe Pinel (considerado fundador da psiquiatria)
conseguiu inserir uma evolução do conceito de loucura, ao caracterizá-la como doença
mental e, em seguida, como deficiência mental. Ele estabeleceu a necessidade de permitir
que o modo de ser dos sujeitos pudesse se expressar, determinando o
desencarceramento dessas pessoas com deficiências intelectuais e indicando a criação
de lugares específicos para tratamento com estímulos adequados.
→ Ainda no séc. XIX foram criados inúmeros asilos, o quais acabaram sendo
concebidos como manicômios. (visava a cura ou pelo menos moldar comportamentos de
deficientes a qualquer esforço).
→ Na passagem do séc XIX para XX que surgiu a preocupação com a linearidade
das manifestações das deficiências e também em contabilizar e categorizar as deficiências
intelectuais sob o ângulo de suas funcionalidades.
→ 1880 na América do Norte uma espécie de censo com o primeiro esboço de
um manual diagnóstico, no qual as deficiências intelectuais foram organizadas em sete
categorias: mania, melancolia, monomania, paresia, demência, dipsomania e
epilepsia (BLACK; GRANT, 2015). Assim como o primeiro esboço da formulação da
declaração dos direitos humanos
→ Declaração dos Direitos Humanos - alertava para a necessidade de fiscalizar
e orientar as instituições que ofereciam tratamento às pessoas com deficiências
intelectuais, buscando inibir internações arbitrárias e maus tratos que poderiam estar
disfarçados sob a forma de tratamento.
→ No Brasil até a construção da Constituição Federal de 1988, eram utilizados os
termos “excepcional” e “deficiente” ao se referir a PcD.
→ Por se tratar de uma definição limitada e por vezes pejorativas foi adotado
“atenção às pessoas com deficiências” em algumas partes da CF-88.
→ “Pessoa portadora de deficiência”.
→ 1990 – Com a assinatura da Declaração de Caracas, documento que buscou
propor uma reestruturação da assistência psiquiátrica, os direitos das pessoas com
deficiência começaram a ser constituídos enquanto política pública (OPAS/OMS, 1990). a
necessidade de criação de políticas públicas no Brasil levou à criação do Estatuto da
Pessoa com Deficiência, que se estabeleceu a partir da Convenção sobre os Direitos das
Pessoas com Deficiência da ONU e o seu Protocolo Facultativo, ratificados na forma do
Artigo 5o da Constituição Federal.
→ A partir dos anos 2000, o conceito de deficiência passou a ser percebido de
maneira ampliada, buscando compreender o sujeito de maneira integrada ao seu
contexto.

Evolução dos conceitos:

Deficiente e Pessoa portadora Pessoa com Pessoa com


excepcional de deficiência necessidades especiais deficiência

Estatuto da Pessoa com Deficiência

Lei 13.146/2015 – lei brasileira de inclusão das pessoas com deficiência


→ direitos das pessoas com deficiência devem ser assegurados em conformidade com
as suas singularidades. Além disso, devem estar fundamentados nos princípios da
universalidade e da solidariedade. Para isso, o Estado é responsável por propiciar
condições mínimas para que as pessoas com deficiência possam de fato se inserir na
sociedade, com participação plena e efetiva, em que seja possível viver com
independência e dignidade (BRASIL, 2015)
→ as políticas públicas atuais usam o conceito de deficiência de forma feral.
→ O sujeito pode apresentar pequenas ou grandes dificuldades até incapacidade de
locomoção, visual, auditiva ou deficiência intelectual, pessoas ainda podem apresentar
deficiências múltiplas, tais aspectos tornam as pessoas com deficiências um grupo social
extremamente heterogêneo e com uma imensa diversidade de manifestações

De que forma a psicologia pode contribuir para essa construção?


→ A psicologia deve contribuir para o amadurecimento de uma cultura de inclusão
das pessoas com deficiência, nas organizações e na sociedade como um todo. Esse
processo depende de ações profissionais voltadas para transformações políticas,
econômicas e culturais quer representem o fim das barreiras e dos estigmas relacionados
às pessoas com deficiência.

Em Esparta, de acordo com a legislação instaurada, as crianças nascidas com alguma


deformidade ou diferença anatômica não eram consideradas pessoas, e, portanto, eram
levadas e atiradas do alto de montes.

→ Os direitos individuais não eram reconhecidos e, portanto, eram colocados em


segundo plano em relação ao direito público coletivo.
→ O Estado tinha o direito de não tolerar as deformidades ou monstruosidades de
seus cidadãos
→ As religiões contribuíram para o entendimento de que as pessoas com deficiência
deveriam ser vistas como pessoas em uma situação passível de cuidado e atenção, ainda
que essa perspectiva tenha seus aspectos excludentes, por meio da criação de
instituições como asilos e hospitais, onde as pessoas acabavam ficando confinadas sob a
alegação de que deveriam receber assistência .
→ Esses indivíduos foram eliminados por meio de assassinatos, abandonados sem
qualquer cuidado, encarcerados e expostos a experimentos e pesquisas desumanas.

PERIODO ENTRE GUERRAS

→ Durante a primeira metade do séc XX a escassez da mão de obra qualificada


oportunizou a necessidade de educar e desenvolver, de maneira a construir a autonomia
e as competências das pessoas com deficiência. Deste modo, possibilitaram o surgimento
de classes especiais de educação dentro de escolas regulares, bem como o
desenvolvimento de centros de reabilitação para as mais variadas deficiências.
→ A partir da segunda metade do séc. XX que as pessoas com deficiência puderam
escapar da concepção de invalidez e ser vistas como pessoas aptas ou inaptas
→ educação especial começa a ser delineada por meio do ideia que coincidiu com a
assistencialismo de clinicas e locais para desenvolvimento de PcD. expansão do modelo
econômico capitalista
→ era priorizada a necessidade de ajustar, moldar, condicionar e, ainda, almejar a
cura das pessoas com deficiência, para somente depois promover a sua inserção na
sociedade.
→ tinham o intuito de segregar, pois se compreendia, nessa época, que era preciso
preparar a pessoa com deficiência para o convívio social, para, numa fase posterior,
permitir o seu convívio com a sociedade
→ 1981 foi declarado como o Ano Internacional da Pessoa com Deficiente. (como
denominado na época)
→ produziu nas pessoas com deficiência consciência de si e de suas condições e
potencialidades, possibilitando, a partir disso, uma organização política (FIGUEIRA, 2008)
→ 1994 Declaração de Salamanca - sobre princípios, políticas e práticas na área das
necessidades educativas especiais, e as convenções internacionais da Organização das
Nações Unidas (ONU) de 1996 e 1997.
→ as lutas pelos direitos das pessoas com deficiência implicaram fortemente na
construção e no delineamento da educação especial. ainda se contemplava a ideia de
que era a pessoa com deficiência que precisava se adaptar à sociedade, e não a sociedade
que lhe propiciaria meios de acessibilidade
→ As pessoas com deficiência foram percebidas como pessoas somente na história
bem recente, ao fim do século XX e início do século XX.

INTEGRAÇÃO
EXCLUSÃO
A pessoa consegue estar em locais e
Pessoa é direta ou indiretamente serviços onde há pessoas sem
privada de qualquer forma de deficiência, porém ela é tratada
relação e interação, é como se separadamente, sem ter
ela não existisse relacionamento com as demais sem
deficiência

SEGREGAÇÃO INCLUSÃO
A pessoa tem oportunidade de
Os locais tem acessibilidade e os
participar em locais e atividades
serviços são inclusivos, onde a PcD
exclusivas para ela (PcD), sem a
está nos mesmos lugares e participa
presença de pessoas sem
das mesmas atividades que as demais
deficiência.
sem deficiência.
2. TIPOS DE DEFICIÊNCIAS – ETIOLOGIAS

“Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de
natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais
barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de
condições com as demais pessoas.”

→ Necessidade de avaliação da deficiência por uma perspectiva biopsicossocial;


→ Impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo; os fatores socioambientais,
psicológicos e pessoais; a limitação no desempenho de atividades; e a restrição de
participação;
→ Uma possível referência é o ministério do trabalho e previdência, porém não
podem ser esquecidos os parâmetros de especialistas e devem ser observados os
apontamentos e as reflexões de instituições e órgãos representantes, na construção
desse conhecimento.

Alteração completa ou parcial de uma parte ou mais


segmentos do corpo humano, acarretando o
comprometimento da função física. (ex: alterações de
força; ostomia; amputação; deformidade de membro;
Deficiência Física paralisia cerebral; nanismo; alterações permanentes do
aparelho fonatório; gagueira grave; deformidades
estéticas)

Perda bilateral, parcial ou total (de quarenta e um decibéis


Deficiência Auditiva (dB) ou mais). Aferida por audiograma nas frequências de
500 Hz, 1.000 Hz, 2.000 Hz e 3.000 Hz.

Cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que


0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica. •
Baixa visão, que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05
no melhor olho, com a melhor correção óptica. • Casos
Deficiência Visual nos quais a somatória da medida do campo visual em
ambos os olhos for igual ou menor que 60°. • Ocorrência
simultânea de quaisquer das condições anteriores

Funcionamento intelectual significativamente inferior à


média. Manifestação antes dos 18 anos. Limitações
associadas a duas ou mais áreas de habilidades
adaptativas (comunicação, cuidado pessoal, hab. Sociais,
utilização de recursos da comunidade, saúde e
Deficiência Intelectual segurança, hab. Acadêmicas, lazer e trabalho). Pessoas
que sofrem traumatismos cranianos, acidentes
vasculares cerebrais ou outros transtornos que produzem
sequelas cognitivas após 18 anos.
TEA; deficiência persistente e clinicamente significativa da
comunicação e da interação sociais, manifestada por
deficiência marcada de comunicação verbal e não verbal
usada para interação social; ausência de reciprocidade
social; falência em desenvolver e manter relações
Deficiência apropriadas ao seu nível de desenvolvimento. padrões
Mental/Psicossocial restritivos e repetitivos de comportamentos, interesses e
atividades, manifestados por comportamentos motores ou
verbais estereotipados ou por comportamentos sensoriais
incomuns, (ex: esquizofrenia, transtornos psicóticos de
longa duração, epilepsia)

→ DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA: associação de duas ou mais deficiências;


→ REABILITADO: pessoa que passou por processo de reabilitação junto as
Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) e recebeu Certificado de Reabilitação
Profissional.

DECRETO Nº 3.298

→ DEFICIÊNCIA: toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função


psicológica, fisiológica, ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de
atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano.
→ DEFICIÊNCIA PERMANENTE – aquela que ocorreu ou se estabilizou durante
um período de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de
que se altere, apesar de novos tratamentos.
→ INCAPACIDADE – uma redução efetiva e acentuada da capacidade de integração
social, com necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recursos especiais para
que a pessoa portadora de deficiência possa receber ou transmitir informações
necessárias ao seu bem-estar pessoal e ao desempenho de função ou atividade a ser
exercida.

OUTROS CONCEITOS

→ PERSPECTIVA ESTATÍSTICA: temporária ou permanentes; progressivas,


regressivas ou estáticas; intermitentes ou continuas;
→ PRIMÁRIA: Aspectos de base orgânica;
→ SECUNDÁRIA: aspectos relacionados ao desenvolvimento da pessoa com
deficiência no meio.
3. PSICÓLOGO, ESCOLA E PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

→ No Brasil, pessoas com deficiência estiveram distantes do convívio social.


→ A partir do surgimento do conceito de integração social houve a intenção de
“preparar” pessoas com deficiência para o ingresso e convívio em sociedade.
→ “Declaração de Salamanca – Princípios, Políticas e práticas em Educação Especial”
na Conferência Mundial de Educação Especial sobre Necessidades Educacionais
Especiais”.
→ Toda criança tem direito fundamental à educação, e deve ser dada a oportunidade
de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem.
→ Toda criança possui características, interesses, habilidades e necessidades de
aprendizagem que são únicas.
→ Sistemas educacionais deveriam ser designados e programas educacionais
deveriam ser implementados no sentido de se levar em conta a vasta diversidade de tais
características e necessidades.
→ Aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola
regular, que deveria acomodá-los dentro de uma Pedagogia centrada na criança, capaz
de satisfazer a tais necessidades
→ “Lei de Diretrizes e Bases da Educação nacional (LBD)” – define todos os
princípios, diretrizes, estrutura e organização do ensino, abrangendo todas as suas
esferas e setores, Lei nº 9.394/96. ATENÇÃO PARA ATUALIZAÇÕES

A ESCOLA

→ Escola inclusiva: direcionamento para a comunidade; vanguarda; altos padrões;


colaboração e cooperação; mudança de papéis e responsabilidade; estabelecimento de
infraestrutura; parceria com pais; ambientes educacionais flexíveis; estratégia baseadas
em pesquisas; estabelecimento de novas formas de avaliação; acesso; continuidade do
desenvolvimento educacional da equipe.
→ Adquirir conhecimento cursa junto com processo natural de inclusão->
aprendizagem da convivência.
→ O abandono da escola na infância -> matrícula de adultos na alfabetização
→ Canal de mudanças: inclusão de crianças com deficiência -> transformações

VYGOTSKY

→ Desenvolvimento intelectual das crianças ocorre em função das interações sociais


e condições de vida.
→ Deficiência como estímulo para superação.
→ Identidade única (ex. não comparativa com “normal/anormal”, “mais
inteligente/menos inteligente”, “melhor/pior”).
→ Educação social, permite ter potencial para o desenvolvimento normal
→ Foco não orgânico – Foco nos problemas sociais resultantes das deficiências.
→ Educação social – Compensação social para questões físicas (vida satisfatória).
→ Sóciogênese como condição para que a criança passe por transformações
essenciais – desenvolvimento de estruturas humanas fundamentais (linguagem e
pensamento), qualidade das interações sociais
→ Exclusão escolar ou incompreensão comunitária – prejuízos no desenvolvimento
intelectual, afetivo, social e moral
→ Deficiência primária X Deficiência secundária.
→ Estímulos de superação – “efeitos positivos da deficiência”, singularidade do
desenvolvimento (obstáculo/desafio).

(alguns termos de Vygotsky)

nível indicativo do desenvolvimento da criança, mais


indicativo do que o desenvolvimento real, indica o
POTENCIALIDADE desenvolvimento prospectivamente, ou seja, o que
está latente, aquilo que ela está preste a ser capaz
de realizar

mecanismo acionado pelas forças subjetivas do


próprio indivíduo. Forma fundamental de
TEORIA DA COMPENSAÇÃO desenvolvimento da criança com defeito, não se
trata de um mecanismo simplesmente biológico,
mas, essencialmente, social
O PSICÓLOGO

→ Educação inclusiva: provisão de oportunidades equitativas a todos os estudantes.


→ Devem receber:
• serviços educacionais eficazes.
• serviços suplementares de auxílios e apoios.
• classes adequadas à idade em escolas vizinhas.
→ Preparação para uma vida produtiva como membro da sociedade.
→ O psicólogo: “serviço de apoio especializado para atender peculiaridades da
clientela de educação”
→ Trabalha na formação pedagógica ou continuada de professores.
→ Promover reflexão sobre o significa inclusão e o que isso representa na prática.
→ Envolve prévio preparo dos professores e adaptações.
• Adaptações de grande porte = órgãos federais, estaduais e municipais.
• Adaptações de pequeno porte = especialização de professores para
transmitir conhecimentos ao aluno
→ Para estudantes sem deficiência: gama mais ampla de modelos de papel social,
atividades de aprendizagem; em escala crescente, desenvolvem o conforto, a confiança
e a compreensão da diversidade individual deles e de outras pessoas; crescente
responsabilidade e aprendizagem por meio do ensino entre os alunos; mais bem
preparados para a vida adulta em uma sociedade diversificada por meio da educação em
salas de aula diversificadas; apoio instrucional adicional da parte da equipe da educação
comum; aprendizagem sob condições instrucionais diversificadas
→ Alunos com deficiência podem enfrentar desafios na escola, como olhares
discriminatórios e bullying – representa um contato com ameaça, tirania, opressão,
intimidação, humilhação e maus tratos.
→ Dialogo com alunos buscando esclarecer que deficiência não significa “defeito”. A
diferença está em todos, particularidades tornam cada pessoas única. Oportunidade de
experienciar a solidariedade.
→ Supervisão de profissionais especializados para manejo da situação.
→ Atenção para os sinais – não querer ir para a escola.
→ Agressor e agredido – diálogo e acompanhamento terapêutico
→ Promover adaptação, recurso para enfrentar frustrações, rejeição, dificuldades
com repercussão psicológicas.
4. PSICÓLOGA/O, REABILITAÇÃO E PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

REFLEXÕES

→ Possíveis erros por não perceber os detalhes e sua importância.


→ “Cliente” e “Paciente” – Depende da visão do mundo que profissional tem
referente à pessoa com deficiência
→ Inclusão e reintegração – verdadeiro processo tem a perspectiva de uma
harmonização entre pessoas com interesses comuns

PATERNALISMO INSTITUCIONALIZADO

→ No Brasil a reabilitação de pessoas com deficiência começou na década de 50.


→ Entidades criadas na época eram baseadas no assistencialismo; proporcionou certa
“harmonia social”, teve uma função
→ Pessoas envolvidas eram filantropos – formato de voluntariado e paternalista
(sacerdócio).
→ Ultrapassado para a política atual

ATUALMENTE

CARIDADE PROGRESSO PROFISSIONAIS

CIÊNCIA DESCOBERTAS EVOLUÇÃO DA MENTALIDADE


SOBRE OS ASSISTIDOS

Mesmo com os melhores interesses, ainda ocorre:

• Visão retrógrada da reabilitação -> deficiência antes do assistido, não dar


voz ao assistido, determinação do programa somente pelo reabilitador, risco de habituar
- se com a categorização e estereótipos.
• Equívoco -> pessoas com deficiência como um grupo com as mesmas
necessidades e desejos, diferença entre aspirações e o que se espera de pessoa “dita
normal”.
POSSIBILIDADES

→ Alternativas: atividades caseiras com coordenação especializada,


aproveitamento do potencial
→ Inferioridade é um conceito insustentável -> especialmente em relação ao campo
do trabalho.
→ Mercado competitivo -> imagem e aspecto social, aproximação da normalização.
→ Tendências modernas de reabilitação na prestação de serviços -> treinamento
profissional e conscientização da equipe, por demonstração de competência

VISÃO

Processo
brasileiro Avançar e
demanda revisar modernizar
e repensar

Valorização da Novas
pessoa com tendências na
deficiência reabilitação

REABILITAÇÃO

→ Difícil e necessária; Importância no sentido físico e emocional.


→ Dificuldades da interrupção/distorção no processo de desenvolvimento normal
(crianças ou adultos).
→ É preciso preocupação inicial com a preservação e continuação do
desenvolvimento, considerando as possibilidades.
→ Auxílio no desenvolvimento, habilidade e potencial, para a auto independência e
funcionamento máximo.
→ Contemplar desde o início os aspectos físico, intelectual, emocional, social,
pedagógico e psicológico.
→ Função na sociedade que o acolhe.
→ Atrasos da reabilitação por diversas causas (incluindo o abandono)
ASPECTOS PSICOLOGICOS

→ Esperança de melhorar e “ser alguém” (crianças).


→ Significa uma interrupção e possível trauma (adolescentes).
→ Revolta nos instantes iniciais pela perspectiva da caminhada (pais).
→ Forças inesgotáveis para novos impulsos pela felicidade e segurança dos filhos
para que estes sejam conscientes de suas deficiências e cidadãos com função na família
e sociedade (pais).
→ Experiências acumuladas até o momento do confronto com a deficiência ->
esquecimento X adaptação, recomeço e nova realidade.
→ Reações ao trauma -> violência vingança, além da perda.

POSSIBILIDADES

→ Buscar de conhecimento sobre si para lidar com as dificuldades.


→ Descobrir reais potencialidades a partir da libertação do auto preconceito.
→ Recuperar autoestima e confiança a partir da experiência de se sentir apropriado
à vida e exigências do cotidiano, da capacidade de enfrentar desafios e pensar sobre
eles.
→ Se dar o direito de ser feliz e reconhecer seu valor, expressar
vontades/necessidades e desejos, desfrutar dos resultados de seus esforços.
→ Compreender os sonhos como direito e necessidade, o pé na realidade como algo
importante na construção da autoestima/autoimagem

FOCOS

→ Visão realista de si mesmo; Tripé: identificação, fusão e


→ Aquisição e reaquisição de autoestima; respeito.

→ Construção e reconstrução da dignidade; Ajustamento: tensões do


reabilitando
→ Equilíbrio intrapsíquico e pessoa/meio.

DIRECIONAMENTOS

→ Construir um ambiente de confiança.


→ Estabelecer contrato terapêutico.
→ Dados/Avaliação -> plano (psicoterapia e outros modos de intervenção
! Importante: sempre investigar -> quem? Quando? Como e por que? O que ou quais?
REABILITAÇÃO BASEADA NA COMUNIDADE (RBC)

→ Problema sociocultural do pais


→ Local em origem não oferece a vida para a qual a reabilitação preparou
→ Apesar da reabilitação há barreiras e muitas vezes inviabilizam o prosseguimento
e luta.
→ Meios para conviver sem frustrações, sem magoas, ou confinamento
→ Psicologia social promove desenvolvimento de projetos comunitários (inclusão)
→ Melhora na qualidade de vida com reabilitação da própria comunidade

PRINCÍPIOS OMS

→ Promover conscientização, confiança nas próprias habilidades e responsabilidade


pela reabilitação (família e comunidade).
→ Envolver ativamente PcD, família e comunidade em geral no treinamento de
reabilitação. Utilizar organizações e infraestruturas locais existentes para provisão de
serviços, especialmente APS.
→ Delegar tarefas simples aos auxiliares e voluntários sob supervisão profissional.
→ Assegurar entrosamento com serviços mais sofisticados para encaminhar PcD que
não podem resolver suas necessidades em nível comunitário.
→ Considerar recursos econômicos do país e da comunidade

EM RELAÇÃO AOS PAIS

→ Receber a notícia de algum tipo de deficiência – receber alguém fora dos padrões
(carga ideológica).
→ Reações – rejeição, simulação, segregação, superproteção, paternalismo,
exagerado, ou mesmo piedade, sentimentos naturais de medo, dor, desapontamento,
culpa, vergonha, frustrações, sensação geral de incapacidade e impotência.
→ Conotação negativa: sempre dará trabalho, será dependente.
→ Acomodação ao entregar a criança para a instituição.
→ Superproteção prejudica a formação, pode desenvolver possessividade,
egocentrismo, baixa tolerância à frustração, revolta ou apatia
EM RELAÇÃO AOS IRMÃOS

→ Reações, dúvidas, perguntas e problemas.


→ Sentimento: ciúmes, inveja, raiva, superproteção, orgulho, culpa, preocupação,
solidão e negação.
→ Influência/presença dos amigos pode dificultar a relação.
→ Modo de criação é fundamental, quando natural leva a ver o diferente com
indiferença, nas comparações.
→ Aceitação nas brincadeiras, sentimento de orgulho.

5. PSICÓLOGA/O, OUTROS SERVIÇOS E PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

Prevenções e intervenções do psicólogo junto às pessoas com deficiência

→ Campo de atuação e novas possibilidades;


→ Psicologia: promover saúde mental -> valorização da prevenção
→ Prevenção primária, segundaria e terciaria (ONU, 1993)

PREVENÇÃO ÀS DEFICIÊNCIAS

Prevenção primária – diminuição de novos casos com


medidas saneadoras (fatores do meio e fatores dos
hospedeiros), ação dos profissionais de diversas áreas,
ex. vacinação, saneamento básico

Prevenção secundária – diminuição das


consequências de distúrbios ou doenças já instalados,
ação dos profissionais da saúde e educação, ex.
gravidez de risco, diagnóstico precoce, estimulação.

Prevenção terciária – minimização de efeitos e


desvantagens, otimização de potenciais residuais após
instalação de deficiências/distúrbios, reestruturação
psicossocial do indivíduo, processo individual de
reabilitação
AÇÕES PREVENTIVAS

→ Fundamentadas no investimento em saúde, educação, alimentação, habitação,


trabalho e lazer como princípios básicos de exercício da cidadania.
→ Deficiências atingem todas as camadas sociais (agravos em população de baixa
renda, desassistidas, marginalizadas, sem condições mínimas de acesso à atenção
primária de saúde e educação).
→ Promoção no campo da deficiência (conhecimento de causas ou situações de
risco)

PSICÓLOGOS

→ Pesquisa - fundamentais nas questões referentes às pessoas com deficiências, há


pouco conhecimento do lugar que cabe às pessoas com deficiências nas diferentes
culturas, é o conhecimento que determina atitudes e normas de conduta.
→ É importante desenvolver estudos sobre aspectos socioculturais vinculados às
deficiências, sobre questões sociais, econômicas, e outras questões que repercutem na
vida das pessoas com deficiência e famílias, e a sociedade trata estas pessoas.
→ Dados: pesquisa domiciliar direcionada para questões referentes à deficiência
→ Divulgação de informações e campanhas públicas – pesquisa são úteis para
desenvolvimento de campanhas públicas (imagem real/realidade social), preparar e
divulgar informações (multiplicadores) de diferentes formas para prevenir novos casos
de aquisição de deficiências, melhorar situação, estimular todos os meios de informação
cooperem, fomentar a compreensão das necessidades.
→ Combater estereótipo e preconceitos, proporcionar às pessoas com deficiência e
às suas entidades igualdade de acesso, utilização, recursos suficientes e treinamento no
que se refere à informação pública,
→ Formação e treinamento de mão de obra especializada – atuação em recursos
humanos, formação de equipes responsáveis pelo desenvolvimento e pela prestação de
serviços às pessoas com deficiências, ministrar orientação e instrução especiais. -
Treinamento para profissionais de nível médio (supervisionar programas locais, manter
contato com serviços de reabilitação e outros), formação de trabalhadores comunitários
e de pessoas com deficiência, aumentar conhecimentos/capacidades/responsabilidades
dos que já prestam serviços correlatos na comunidade
INTERVENÇOES CLÍNICAS DO PSICÓLOGO

ACONSELHAMENTO

→ Problemas comuns (apoio emocional, início da reabilitação, enfrentamento de


reações emocionais).
→ Desafios (perda dos mecanismos de descarga emocional, das fontes de
recompensa e prazer, da independência física e econômica).
→ Neutralizar e orientar para descoberta de lutas mais efetivas e menos debilitantes,
conquistar equilíbrio emocional

NECESSIDADES DE TREINAMENTO DE HABILIDADES

→ Durante processo de reabilitação, identificar necessidade de atendimento e


treinamento formal em habilidades específicas pessoais e interpessoais.
→ Assertividade, tomada e decisões, estabelecimento dos objetivos, coordenação da
vida

ABORDAGENS INDIVIDUAIS OU EM GRUPOS

→ Identificar em qual terá maiores resultados.


→ Grupo favorece estimulação interrelacional e convivência.
→ Individual favorece reconstrução da capacidade de confiança nos seres humanos
a partir do contato com um profissional habilitado

DEFICIÊNCIA REAL E IMAGINÁRIA

→ Real - limites bem definidos com os quais a pessoa irá conviver.


→ Imaginária - limites são idealizados pela pessoa (imagem de uma realidade
mórbida e dura).
→ Medo do fracasso X deficiência propriamente dita
→ Ampliação das repercussões (por exemplo sociais e funcionais).
→ Distorções da percepção, dificuldades de convivência, administração de
problemas.
→ Condicionantes sociais (preconceitos, estereótipos).
→ Atendimento imediato, busca contato com o mundo verdadeiro (dificuldades e
recursos materiais e humano, possibilidades de fracasso e sucesso), busca por respostas
lógicas (racionalização), motivação por casos bem-sucedidos
DEFICIÊNCIA E QUALIDADE DE VIDA

→ Buscar qualidade de vida -> saúde mental e adaptação em sua realidade.


→ Verificar -> preocupações físicas, habilidades funcionais, bem estar dentro da
família, redes de apoio social, orientação pra o futuro, intimidade e as relações sexuais,
ocupação, espiritualidade e satisfação com o tratamento
→ Orientação sobre possibilidades de autonomia, escolhas de tratamentos e
cuidados -> atenção para os princípios éticos (o que e como).
→ Reflexão sobre o silêncio, a incerteza e as palavras.
→ Considerar o que é essencial para a vida sobre a perspectiva do paciente

A FAMÍLIA NO PROCESSO TERAPÊUTICO

→ Orientar a família para lidar com reações emocionais.


→ Enfrentamento de mudanças e condições.
→ Nova organização (desorganização, rompimento, reorganização, reunião,
fortalecimento).
→ Dinâmicas da família: desunião, dificuldades de comunicação, dificuldades
econômicas, dificuldades para substituir funções do paciente, situações de conflito,
sistema de crenças da família e formas de lidar com a culpa

OUTROS PONTOS IMPORTANTES PARA A PRÁTICA

→ Participar da seleção da equipe multiprofissional.


→ Atenção para a utilização de uma linguagem indicada para uma educação pública
para redução de estereótipos.
→ Evitar termos imprecisos e reducionistas, utilização de “ter” e “ser”, utilizar a
palavra “pessoa” antes da deficiência, não utiliza construções passivas para se referir às
pessoas com deficiência.
→ Compreender a diferença entre “habilitar” e “reabilitar”.
REFERÊNCIAS

BLACK, W., D., GRANT, E., J. Guia para o DSM-5: complemento essencial para o
manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Porto Alegre: Artmed,
2015.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.


Brasília, DF: Senado Federal, 1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.html.

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