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Versão portuguesa do Guia do Grupo de Discussão Arco-Íris da Associação

Americana de Bibliotecas (American Library Association Rainbow Round Table)

As pessoas
fazem a biblioteca
Temos como slogan “As pessoas fazem a

Boas
Biblioteca” e defendemos, nos nossos valores,
a promoção da diversidade, a integração e o
respeito pelo outro e é nesse sentido que

vindas
trabalhamos, desde 2017, numa programação
mais inclusiva.
Mas foi em 2019, ano em que se celebraram
os 50 Anos da Revolta de Stonewall, marco
histórico para o movimento LGBTI, que
decidimos consolidar a nossa ação em prol
Portugal é um dos países mais progressistas
da promoção da igualdade de género e da
do mundo em termos de enquadramento e
visibilidade das pessoas LGBTI.
proteção dos direitos individuais. No que
respeita às questões específicas das pessoas Procurámos o apoio da Associação ILGA
lésbicas, gays, bissexuais, trans e intersexo Portugal e arrancámos com um programa de
(LGBTI), o casamento homossexual é legal atividades pioneiro e inédito nas
desde 2010, a mudança de sexo e nome Bibliotecas Públicas portuguesas. É disso
próprio, no registo civil, desde 2011 e a exemplo a nossa participação no Arraial
adoção por casais do mesmo sexo desde Lisboa Pride, a aposta na diversidade patente
2016. Contudo, a discriminação continua a na programação da 89ª Feira do Livro de
existir e todos os dias temos evidências disso. Lisboa, ou o acolhimento de diversas
palestras e debates em torno de temas
É por isso necessário continuar a trabalhar.
relacionados com o universo LGBTI.
A Rede de Bibliotecas de Lisboa tenta, nos
Simultaneamente, e sempre com a
seus projetos e nas suas práticas diárias,
Associação ILGA Portugal, iniciámos um
responder ao apelo do Secretário-Geral das
processo de reflexão e formação de equipas,
Nações Unidas, António Guterres, que pediu
caminhando para uma Rede ainda mais
que se construa um mundo “no qual ninguém
acessível e segura para todas as pessoas.
precise ter medo por conta da sua orientação
sexual ou identidade de género”. O ano ficou também marcado pela obtenção
da autorização, concedida pela Associação
Esta Rede de Bibliotecas com mais de 135
Americana de Bibliotecas, para a tradução
anos tem o conhecimento e a experiência que
portuguesa do seu guia Open to ALL: Serving
lhe vem da participação na construção da
the GLBT Community in Your Library, que aqui
Democracia em Portugal. Nascemos com a
apresentamos.
Monarquia, passámos pela Implementação
da República, pela Revolução de 25 de abril E é com muito orgulho que partilhamos este
de 1974 e pela adesão de Portugal à Europa guia com todas as pessoas que queiram
e sempre nos assumimos como espaços construir um mundo onde ninguém precise de
abertos a todas as pessoas, sem exceções. ter medo de ser quem é.
Recorremos a processos de participação
através da auscultação e da escuta ativa, A Chefe da Divisão da Rede de Bibliotecas
por ser essa a melhor estratégia para servir
a comunidade.

(Susana Silvestre)

2
Introdução
● As bibliotecas públicas comprometem-se a
Este guia destina-se a ajudar as equipas das servir e a representar toda a comunidade,
bibliotecas a compreender melhor as pessoas incluindo pessoas LGBTI, independentemente
LGBTI (lésbicas, gays, bissexuais, trans e de estas terem ou não “saído do armário”.
intersexo), a servir os seus interesses da melhor ● As bibliotecas escolares são particularmente
forma possível e a lidar com os desafios que importantes; é normal as pessoas jovens
surgem frequentemente. questionarem a sua sexualidade e identidade,
A aceitação de pessoas LGBTI na sociedade daí ser essencial criar um espaço onde se sintam
portuguesa em geral tem vindo a crescer. bem recebidas; as crianças e adolescentes
Todavia, os materiais, programas e mostras precisam de se ver representadas nos livros
bibliográficas relativas à orientação sexual, disponíveis nas escolas e nas bibliotecas
caraterísticas sexuais, identidade e expressão públicas.
de género ainda geram polémica dentro das ● As bibliotecas universitárias devem não só
bibliotecas. O receio de serem contestadas pode permitir o acesso a coleções e oferecer apoio
dissuadir algumas bibliotecas de comprarem académico, mas também criar espaços
materiais ou incluírem serviços para a população acolhedores.
LGBTI como parte das suas funções; a Em qualquer comunidade há pessoas LGBTI que
incapacidade de oferecer estes recursos, não estão preparadas para serem reconhecidas
garantindo que eles são facilmente utilizados como tal. É importante evitar pressupostos e
por populações vulneráveis, constitui uma tratá-las com respeito. Muitas vezes as pessoas
forma de censura e discriminação. que “estão no armário”, ou em questionamento,
Todas as comunidades têm populações e são as que mais precisam de informação, por
famílias LGBTI. O papel das equipas das isso é essencial garantir um acesso seguro e
bibliotecas, quer sirvam pessoas adultas, anónimo, livre de julgamentos. É crucial criar
adolescentes, crianças, estudantes, famílias, um ambiente acolhedor para pessoas LGBTI
ou outras, é tornar as bibliotecas acolhedoras no seio das suas comunidades, universidades e
e abertas a todas as pessoas. escolas.

Responder às “As pessoas LGBTI e suas aliadas querem ter a


sua privacidade protegida de olhares demasiado

Necessidades das
curiosos (o que as bibliotecas já fazem e bem);
a possibilidade de requisitar materiais sem

Pessoas LGBTI
serem alvo de comentários ou julgamentos;
materiais que sejam interessantes,atuais e
adquiridos em pé de igualdade com outros
As pessoas LGBTI não esperam ser tratadas temas; recursos disponíveis em bibliotecas
de maneira diferente das restantes; esperam locais, sem ser preciso solicitá-los de lugares
encontrar informação que seja relevante para si remotos da ‘galáxia das bibliotecas’; uma
e para as suas necessidades e ser tratadas com programação que vá ao encontro das
dignidade e respeito. necessidades das crianças, adolescentes,
pessoas adultas e famílias. Em suma, querem
Symons e Freeman (2015) afirmam que: tudo isto sem ser preciso ter de pedir.”
3
A comunidade LGBTI pode não conhecer os fazer parte da coleção de qualquer biblioteca
materiais que tem à sua disposição nas universitária.
bibliotecas, por isso campanhas de promoção e
É essencial que todos os tipos de bibliotecas
divulgação especializadas permitem sensibilizar
tenham informação na área da saúde, já que a
a população e realçar a diversidade de recursos.
informação tradicionalmente disponível muitas
É fundamental organizar programas e eventos
vezes não tem em conta os riscos ou problemas
para pessoas e famílias LGBTI.
particulares com que a comunidade LGBTI se
As coleções para a população infantil devem confronta. Para além disso, estas pessoas podem
incluir ficção com protagonistas de diversas deparar-se com dificuldades no acesso a
orientações sexuais, identidades e expressões cuidados de saúde — tempos de espera, por
de género e estruturas familiares, assim como exemplo — ficando dependentes de informação
materiais de não-ficção para projetos de gratuita e acessível enquanto aguardam por
investigação escolares. Muitas vezes, as crianças tratamento médico.
estão cientes da sua sexualidade e género desde
As pessoas que frequentam bibliotecas têm
cedo e há cada vez mais famílias com figuras
origens étnico-raciais e nacionalidades diversas,
parentais do mesmo sexo. A representação
pertencem a classes socioeconómicas
destas identidades e famílias é essencial para
diferentes e apresentam graus de capacidade
a construção de perceções salutares junto das
também diferentes. Procure materiais que
pessoas jovens.
incluam e celebrem a diversidade de
Apesar de nem todas as instituições académicas experiências da comunidade LGBTI e promova
integrarem Estudos da Sexualidade ou de uma programação acessível e inclusiva.
Género, informação sobre questões LGBTI deve

A comunidade LGBTI é complexa e tem a sua própria


Terminologia terminologia, que algumas pessoas podem desconhecer.
O seguinte site, da rede ex aequo, pode ajudar à
Relevante compreensão dos termos e conceitos usados por pessoas
LGBTI: https://www.rea.pt/glossario-lgbt/

Conselhos ● Considere políticas que respeitem a liberdade


das pessoas mudarem o seu nome no registo da

Práticos
biblioteca. A mudança de nome em documentos
identificativos emitidos pelo Estado pode ser um
processo demorado; elabore práticas que
● Pense em como se dirige às pessoas que permitam às pessoas ter um maior controlo
entram na sua biblioteca. Usa formas baseadas sobre a sua identidade na biblioteca.
no género, como “Senhor” ou “Senhora”? Tratar ● Quando falar com crianças, pergunte se estão
as pessoas pelo primeiro nome pode ser acompanhadas por uma pessoa adulta. Nem
desconfortável ao princípio, mas isso pode ser todas as crianças (e não só aquelas cujas figuras
decisivo para que uma pessoa trans se sinta parentais são do mesmo sexo) têm uma mãe e
bem-vinda. Este link para o guia “Linguagem um pai. Isso permite às crianças responderem
Neutra do Ponto de Vista do Género no da forma que lhes é mais confortável e mostra às
Parlamento Europeu” contém orientações pessoas adultas que é sensível à diversidade de
que podem ajudar a incorporar linguagem famílias.
não-binária: https://www.europarl.europa.eu/
cmsdata/187108/GNL_Guidelines_PT-original.pdf
4
● Evite incluir questões sobre o sexo da pessoa ● Inclua livros LGBTI na sua coleção (quer
nos formulários ou dividir as atividades de arrumados nas estantes por género, quer
acordo com o sexo. expostos de outra forma), em clubes de leitura
● Por questões de privacidade, muitas pessoas e mostras bibliográficas.
preferem máquinas self-service para a ● No que toca às práticas de contratação
requisição ou levantamento de documentos. laboral, faça um esforço consciente por redigir
Se isto não for uma opção na sua biblioteca, anúncios inclusivos e por entrevistar e acolher
certifique-se que a equipa de profissionais pessoas LGBTI.
respeita o direito à privacidade de todas as ● Se na sua biblioteca a sinalética das casas de
pessoas. banho individuais está dividida com indicadores
● Disponibilize guias bibliográficos ou sugestões de sexo, substitua-a por símbolos neutros ou
de leitura relacionados com temas de interesse inclusivos.
para a população LGBTI.

Abertura ao Exterior As populações LGBTI são muitas vezes retratadas


de forma errónea e/ou estereotipada, por isso é
e Parcerias importante pesquisar e fazer perguntas. Discuta
os seus objetivos e ideias e mostre abertura às
Colaborar é essencial! Todas as comunidades críticas e sugestões apresentadas por pessoas da
são diferentes. Veja se na sua área existem comunidade.
organizações da sociedade civil ou associações
com que possa colaborar. BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS
No contexto das universidades, o diálogo deve
● Numa grande cidade ou área urbana, procure incluir toda a gente, desde estudantes atuais
grupos ou associações que defendam os direitos e potenciais às equipas docentes e de apoio.
da população LGBTI. Por exemplo, a nível Estabeleça parcerias com grupos LGBTI e
nacional: ILGA Portugal, rede ex aequo, departamentos relevantes nesta matéria, no
AMPLOS, TransMissão, It Gets Better, Opus sentido de construir uma coleção e criar um
Diversidades, API – Ação pela Identidade, Casa ambiente que promova a leitura, a curiosidade
Qui, Panteras Rosa; no norte: Centro Gis; no sul: e o pensamento crítico.
Associação Xis. Em comunidades mais rurais,
pode ser difícil encontrar organizações deste BIBLIOTECAS PÚBLICAS
tipo. Algumas cidades de maior dimensão têm
● Nas equipas de profissionais das escolas serviços LGBTI para adolescentes e pessoas
encontrará pessoas solidárias e, adultas. Em regiões mais pequenas ou rurais
possivelmente, Alianças da Diversidade ou pode fazer sentido pedir apoio às bibliotecas
outras iniciativas semelhantes. Para além disso, de cidades vizinhas. Associe-se a negócios
algumas universidades (ou comunidades solidários com a comunidade LGBTI, para assim
envolventes) têm grupos LGBTI. promover os recursos locais. Adicionalmente,
algumas destas comunidades mais pequenas
Marque uma reunião com os grupos locais que podem ter grupos de apoio LGBTI.
sirvam a comunidade LGBTI para discutir a
implementação de programas (por exemplo: BIBLIOTECAS ESCOLARES
programação especializada, exibição de filmes, A título de exemplo, pondere fazer uma
clubes de leitura, etc.). apresentação dirigida às Associações de Pais,
recorrendo à AMPLOS, ou uma apresentação

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ao corpo docente de materiais relacionados com a
comunidade LGBTI, com a participação da rede ex
Leituras
aequo. Certifique-se que as equipas de profissionais da Recomendadas
escola, sobretudo na área da enfermagem e da
psicologia, sabem que a biblioteca tem materiais de
apoio a estudantes LGBTI. Ainda com a ajuda da AGIÉ-CARRÉ, Sophie (dir.) (2017) -
rede ex aequo (ou outras associações) organize clubes Des bibliothèques Gay Friendly?
de leitura para estudantes mais jovens. Conférences sur les questions de
genre en bibliothèque [Em linha].
Villeurbanne : Presses de l’enssib.
151 p. ISBN 978-2-37546-068-9.
Programação [Consult. 11/05/2020]. Disponível em
WWW:<URL:https://www.enssib.fr/
Oferecer uma programação aberta às pessoas LGBTI bibliotheque-numerique/documents/
é uma forma de mostrar à comunidade que a sua 68249-bibliotheques-gay-friendly-des.
biblioteca é acolhedora e aceita a diversidade. Crie pdf>
programas ou mostras que promovam, por exemplo,
os seguintes eventos: ALSA (2015) - Library service to
● Dia da Visibilidade Trans (31 de março) special population children and their
caregivers: a toolkit for librarians
● Dia da Visibilidade Lésbica (26 de abril)
and library workers [Em linha].
● Dia Internacional das Famílias (15 de maio) Chicago: ALA. [Consult. 11/05/2020].
● Dia Internacional contra a Homofobia, a Transfobia e Disponível em WWW:<URL:http://
a Bifobia (17 de maio) www.ala.org/alsc/sites/ala.org.alsc/
● Mês do Orgulho LGBTI (junho) files/content/professional-tools/lsspc-
● Revolta de Stonewall - Marco Histórico para o c-toolkit-2015.pdf>
Movimento LGBTI (28 de junho)
● Dia da Visibilidade Bi (23 setembro) MARTIN Jr., Hillians J.; MURDOCK,
James R. (2007) - Serving lesbian,
● Dia do Coming Out (11 de outubro)
gay, bisexual, transgender and
● Spirit Day - Dia contra o Bullying LGBTI (20 de outubro) questioning teens: a how-to-do-
● Dia da Consciência Intersexo (26 de outubro) -it manual for librarians. Chicago:
● Dia Mundial de Luta contra a Sida (1 de dezembro) Neal-Schuman publishers. 267 p. ISBN
978-1555705664
SUGESTÕES ADICIONAIS DE PROGRAMAÇÃO PODEM
INCLUIR:
RITCHIE, Catherine; FETTKE, David;
● Receber pessoas da comunidade LGBTI que tenham McNEIL, Dale (2008) - GLBT
escrito livros ou representantes de organizações LGBTI. programming at the Dallas Public
Isso mostra que a biblioteca está interessada em servir Library: lessons learned. Public
as pessoas LGBTI. Libraries [Em linha]. Chicago : Public
● Exibir filmes sobre temas LGBTI (respeitando os Library Association. ISSN 0163-5506.
devidos direitos de exibição pública). Vol. 47, n.º 2 (mar./abr. 2008), p. 50-
● Implementar o ritmo certo de mudança; determinar 54. [Consult. 11/05/2020]. Disponível
o que é melhor para a sua comunidade e o ritmo a que em WWW:<URL:http://www.ala.org/
deve incluir programação deste tipo. Consulte a pla/sites/ala.org.pla/files/content/pu-
publicação Martin & Murdock (2007) mencionada blications/publiclibraries/pastissues/
abaixo para informação específica. marapr08.pdf>
● Nas bibliotecas públicas, organizar leituras de
histórias inclusivas e atividades infantis que usem livros
ilustrados sensíveis a questões LGBTI.
6
Gestão ● Uma boa coleção deve incluir ficção e não-
-ficção, materiais informativos e recreativos,
da Coleção romances gráficos, audiolivros, vídeos, etc. para
pessoas LGBTI de todas as idades. Se a sua
A coleção é o coração de qualquer biblioteca biblioteca tem livros ou audiolivros digitais,
e deve representar a diversidade de toda a inclua uma coleção essencial de materiais LGBTI.
comunidade, incluindo materiais para pessoas
● Em Portugal, não existe nenhuma entidade que
LGBTI ou em questionamento.
publique listas sistemáticas de materiais LGBTI.
● Tenha em conta a seguinte diretiva da ALA No entanto, nos Estados Unidos existem várias,
(American Library Association), de 2010, sendo que alguns títulos poderão ter tradução
segundo a qual “A Associação Americana de portuguesa. Bibliografias anuais de materiais
Bibliotecas defende rigorosa e inequivocamente LGBTI estão disponíveis através do Grupo de
que as bibliotecas e as suas equipas de Discussão Arco-Íris da Associação Americana de
profissionais têm a obrigação de resistir a Bibliotecas. A Rainbow Book List de livros LGBTI
tentativas sistemáticas de excluir materiais (para crianças e jovens dos 0 aos 18 anos) e a
respeitantes a qualquer tema, incluindo sexo, Over the Rainbow Books (para pessoas adultas)
identidade de género, expressão de género, destacam alguma da melhor ficção e não-ficção
ou orientação sexual.” do ano. O Stonewall Book Award, o mais antigo
● Todas as bibliotecas devem ter uma política prémio de literatura LGBTI, também reconhece
de gestão da sua coleção. Encontra exemplos ficção e não-ficção para pessoas adultas, jovens
dessas diretrizes no site do Grupo de Discussão e crianças. Há outras organizações que atribuem
Arco-Íris da ALA: http://www.ala.org/rt/rrt/po- prémios literários, como a Lambda Literary e
pularresources/collection. Outra a Publishing Triangle. O tamanho da biblioteca
ferramenta para criar ou atualizar políticas de não é necessariamente um fator determinante
gestão da coleção pode ser encontrada na na criação de uma coleção LGBTI. Nos Estados
seguinte publicação: Intellectual Freedom Unidos, um estudo conduzido por Loverich e
Manual, Trina Magi (ed.), 2015. Degnan (1999) concluiu que muitas bibliotecas
mais pequenas continham mais títulos
vencedores do Stonewall Book Award do que
bibliotecas maiores.

Prémios ● Stonewall Book Awards:


http://www.ala.org/rt/rrt/award/stonewall/honored
Literários e ● Rainbow Book List: http://glbtrt.ala.org/rainbowbooks/
Listas de ● Over the Rainbow Book List:
Livros LGBTI https://www.glbtrt.ala.org/overtherainbow/

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Dez Títulos para Não é uma lista exaustiva, uma vez que muitos
outros títulos de qualidade poderiam ser
uma Coleção Essencial incluídos, mas serve de ponto de partida.
de Não-Ficção LGBTI Esta lista será atualizada à medida que são
publicados novos livros e tentará permanecer
Nas bibliotecas existem muitos profissionais que equilibrada na sua abordagem de temas para
não sabem por onde começar quando se trata de pessoas LGBTI. Ao adquirir materiais, lembre-se
adquirir materiais para a comunidade LGBTI. que ter poucos livros sobre um tema é melhor do
Consulte uma lista de Dez Títulos para uma que não ter nenhum. Pode também juntar uma
Coleção Essencial de Não-Ficção LGBTI em série de títulos populares retirados dos mais
http://www.ala.org/glbtrt/nonfictioncollection. recentes Stonewall Book Award, Rainbow Book
List e Over the Rainbow Book List.

Recursos para o Disponível em WWW:<URL:http://www.ala.org/


rt/rrt/popularresources/utopia>
Desenvolvimento de ● CART, Michael; JENKINS, Christine A. (2006) -
uma Coleção LGBTI The heart has its reasons: young adult
literature with gay/lesbian/queer content
PARA CRIANÇAS 1969-2004. Scarecrow Press. 232 p. ISBN:
● AMERICAN LIBRARY ASSOCIATION (2009) - 978-0810850712
What to do until utopia arrives: guidelines ● CART, Michael; JENKINS, Christine A. (2015)
to evaluate the treatment of gay themes in - Top 250 LGBTQ books for teens: coming out,
children’s and YA literature [Em linha]. being out, and the search for community.
Chicago: ALA. [Consult. 11/05/2020]. Disponível Chicago : Huron Street Press. 184 p. ISBN:
em WWW:<URL:http://www.ala.org/rt/rrt/popu- 978-1937589561
larresources/utopia>
● NAIDOO, Jaime Campbell (2012) - Rainbow PARA PESSOAS ADULTAS
family collections: selecting and using ● MÁXIMO, João; CHAINHO, Luís (coord.) (2018)
children’s books with lesbian, gay, bisexual, - Dicionário de literatura gay: livros, autores e
transgender, and queer content. Libraries referências da literatura lésbica, gay,
Unlimited. 260 p. ISBN 978-1598849608 bissexual, transgénero e queer de Portugal
[Livro eletrónico]. 6.º ed. INDEX ebooks. 582 p.
● SENO, Sofia (2016) - Uma dúzia de livros
infantis com todas as cores do arco-íris. ● BOSMAN, Ellen (2008) - Gay, lesbian,
Dezanove [Em linha]. 12 de out. Oeiras. bisexual, and transgendered literature: a
[Consult. 11/05/2020]. Disponível em genre guide. Libraries Unlimited. 440 p. ISBN:
WWW:<URL:https://dezanove.blogs.sapo. 978-1591581949
pt/uma-duzia-de-livros-infantis-com-to-
Os recursos listados não dispensam a
das-1003751>
pesquisa de outros títulos, nomeadamente
PARA ADOLESCENTES através da consulta de sugestões de leitura
● AMERICAN LIBRARY ASSOCIATION (2009) - em língua portuguesa publicadas em sites
What to do until utopia arrives: guidelines to dirigidos à comunidade LGBTI.
evaluate the treatment of gay themes in
children’s and YA literature [Em linha]. Chicago:
ALA. [Consult. 11/05/2020].

8
Tratamento em categorias como “comportamento sexual
anormal ou desviante”.
Técnico
Os materiais LGBTI devem ser arrumados nos
Ao pesquisarem no catálogo, as pessoas usam sítios apropriados. Inclua os materiais nas zonas
termos com que se sentem confortáveis. Os designadas para o respetivo género literário e
cabeçalhos de assunto e as cotas dos livros nem faixa etária.
sempre têm sido sensíveis às pessoas LGBTI,
embora as equipas de profissionais tenham vindo
a defender uma melhoria da terminologia.
“Pessoas intersexo” e “pessoas transgénero” Etiquetas
foram adicionadas como cabeçalhos de assunto
O “Labeling and Rating Systems: An
na Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos
Interpretation of the Library Bill of Rights”,
em 2007. É essencial rever o catálogo
publicado pela ALA em 2005, desaconselha o
periodicamente para identificar cabeçalhos de
uso de etiquetas nas lombadas. Identificar os
assunto potencialmente ofensivos. A linguagem
livros com uma etiqueta LGBTI — a imagem de
está em constante evolução e os profissionais de
um arco-íris na lombada, por exemplo — pode
biblioteca precisam de se manter ao corrente
dissuadir as pessoas de lhes acederem, por
da nova terminologia.
receio de serem expostas. Por outro lado,
As bibliotecas americanas têm feito um esforço arrumar os materiais LGBTI ao lado dos outros
para rever as suas cotas de forma a arrumar os materiais pode ser um passo positivo para as
materiais LGBTI nas categorias relacionadas com bibliotecas, contribuindo para que também as
saúde, família e relações, em vez de os arrumar pessoas LGBTI se sintam bem-vindas e não
ostracizadas.

Pedidos de devem fornecê-los. Num pedido de


esclarecimento o que importa não é determinar

Esclarecimento
se as bibliotecas estão certas ou erradas — pelo
contrário, os pedidos de esclarecimento são uma

sobre a Coleção
oportunidade para as bibliotecas educarem o
público sobre o seu papel central na satisfação
das necessidades de informação de
As reclamações ou pedidos de esclarecimentos comunidades diversas.
relativamente a materiais das bibliotecas
As respostas a este tipo de pedidos podem
acontecem e os materiais LGBTI podem ser
remeter para as declarações da International
particularmente contestados. Antes de
Federation of Library Associations and
estes acontecerem, certifique-se que as equipas
Institutions (IFLA) sobre esta matéria,
conhecem os procedimentos a seguir. Todas as
nomeadamente a “Declaração da IFLA sobre as
bibliotecas deveriam ter uma política de gestão
Bibliotecas e a Liberdade Intelectual”, disponível
da coleção, assim como uma política de resposta
em https://www.ifla.org/files/assets/faife/sta-
a reclamações ou pedidos de esclarecimento.
tements/iflastat_pt.pdf, e o “Manifesto da IFLA/
Não evite comprar materiais LGBTI como forma
UNESCO sobre Bibliotecas Públicas”, disponível
de prevenir reclamações ou pedidos de
em https://www.ifla.org/files/assets/public-li-
esclarecimento.
braries/publications/PL-manifesto/pl-manifesto-
As pessoas têm direito a materiais que vão ao -pt.pdf.
encontro das suas necessidades e as bibliotecas
9
Pessoas LGBTI Leituras
Recomendadas
nas Equipas das
Bibliotecas ESTRATÉGIA NACIONAL PARA A
IGUALDADE E NÃO DISCRIMINAÇÃO
– PORTUGAL + IGUAL (ENIND)(2018)
Muitas bibliotecas têm pessoas LGBTI nas suas
[Em linha]. D.R. I Série,
equipas. Pode parecer apropriado pedir-lhes
97,(21/05/2018) 2220-2245.
ajuda com iniciativas LGBTI ou atribuir-lhes
[Consult. 11/05/2020]. Disponível em
atividades junto da comunidade. Porém, antes
WWW:<URL:https://dre.pt/web/guest/
de o fazer, pergunte diretamente à pessoa se
home/-/dre/115360036/details/maxi-
está interessada. Algumas pessoas LGBTI
mized>
preferem manter a vida profissional e pessoal
separadas, sobretudo em comunidades mais
NECTOUX, Tracy (2011) - Out behind
pequenas. Num contexto de trabalho, as pessoas
the desk: workplace issues for
LGBTI podem não querer ser tratadas como
LGBTQ librarians. Library Juice Press.
meros símbolos ou de modo diferente das
294 p. ISBN: 978-1936117031
restantes. As bibliotecas devem adotar políticas
de tolerância zero para com a discriminação e
promover uma atmosfera de inclusão.

Conclusão e lhes permitam realizar o seu potencial. As


pessoas LGBTI precisam dos mesmos serviços
que são proporcionados a todas as outras
Courtney Young, presidente da ALA entre 2014 pessoas: acesso a informação e atendimento de
e 2015, declarou em 2015: “Reafirmamos que é excelência. Esperamos que este guia vos ajude a
responsabilidade das equipas das bibliotecas, servi-las bem.
seja onde for, oferecer um acesso igual e livre
a todas as pessoas, de acordo com a Carta de
Direitos das Bibliotecas e os direitos de
liberdade intelectual, mesmo que legalmente
estas se pudessem recusar a prestar esses
serviços.” Para cumprir essa missão, as
bibliotecas têm a responsabilidade de fornecer
informação e servir todas as pessoas da melhor
forma possível.
Convidamos a que se junte a nós no acolhimento
de pessoas LGBTI através da disponibilização de
materiais, serviços e programas que lhes digam
respeito, vão ao encontro das suas necessidades

10
Referências IFLA/UNESCO (1994) - Manifesto da IFLA/
UNESCO sobre bibliotecas públicas 1994 [Em
linha]. The Hague : IFLA. [Consult. 15/05/2020].
AMERICAN LIBRARY ASSOCIATION (2005) -
Disponível em WWW:<URL:https://www.ifla.org/
Labels and rating systems: an interpretation
files/assets/public-libraries/publications/PL-ma-
of the Library Bill of Rights [Em linha].
nifesto/pl-manifesto-pt.pdf>
Chicago: ALA. [Consult. 11/05/2020].
Disponível em WWW:<URL:http://www.ala.org/ LOVERICH, P.; DEGNAN, D. (1999) - Out on the
advocacy/intfreedom/librarybill/interpretations/ shelves? not really: gay, lesbian, bisexual
labelingrating> books in short supply. Library Journal. 124 (11) :
55.
AMERICAN LIBRARY ASSOCIATION (2010) -
B.2.1.16 Access to library resources and SYMONS, A. K.; FREEMAN, J. (2015) - Serving
services regardless of sex, gender identity, everyone: welcoming the LGBT community.
gender expression, or sexual orientation American Libraries [Em linha]. 24 jun. [Consult.
[Em linha]. Chicago: ALA. [Consult. 11/05/2020]. 11/05/2020]. Disponível em WWW:<URL:https://
Disponível em WWW:<URL:http://www.ala.org/ americanlibrariesmagazine.org/2015/06/24/ser-
aboutala/governance/policymanual/updatedpo- ving-everyone/>
licymanual/section2/53intellfreedom>
YOUNG, C. (2015) - ALA President Courtney
IFLA (1999) - Declaração da IFLA sobre as Young releases statement regarding Indiana’s
bibliotecas e a liberdade intelectual [Em linha]. new religious freedom restoration act [Em
The Hague : IFLA. [Consult. 15/05/2020]. linha]. [Consult. 11/05/2020]. Disponível em
Disponível em WWW:<URL:https://www.ifla.org/ WWW:<URL:http://www.ala.org/news/press-re-
files/assets/faife/statements/iflastat_pt.pdf> leases/2015/03/ala-president-courtney-young-
-releases-statement-regarding-indiana-s-new>

Ficha técnica
VERSÃO ORIGINAL VERSÃO PORTUGUESA
OPEN TO ALL: Serving the GLBT Community in ABERTA A TODAS AS PESSOAS: Servir a
Your Library Comunidade LGBTI na Sua Biblioteca
American Library Association Rainbow Round Câmara Municipal de Lisboa, Direção Municipal
Table (RRT), anteriormente conhecido como Gay, de Cultura, Divisão da Rede de Bibliotecas, 2020
Lesbian, Bisexual and Transgender Round Table, A Divisão da Rede de Bibliotecas agradece à
2016. Associação ILGA Portugal e a todas as pessoas
O RRT agradece aos membros da Comissão de que contribuíram para a versão traduzida deste
Ativistas e às outras pessoas que contribuíram guia: Ana Macedo (Tradução), Ana Branco
para a versão original deste guia: Alex Andrasik, (Design), Catarina Alvim, Eduardo Reis,
Mary Gen Davies, Peter Coyl, Tess Goldwasser, Isabel Gaspar, Isabel Monteiro, Marta Ramos,
Samantha Helmick, Lisa Houde, Vanessa Kitzie, Paulo Silva e Sérgio Mangas.
Stephanie Preston, Mark Polger, AJ Robinson,
Deb Sica, Karla Strand, Ann Symons e Julie As pessoas fazem a biblioteca
Winkelstein.
A versão original está disponível em:
http://www.ala.org/rt/rrt/advocacy

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BIBLIOTECAS DE LISBOA | 2020

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