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Escrito por:
Camila Sant’Ana Vieira Ferraz Milek
Revisado por:
Eloyluz de Sousa Moreira
Everton Marcos Grison
Jonas José Berra
Lucas Lipka Pedron
Marcos Antonio de França
Murilo Luiz Milek
ESTÉTICA
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As pinturas rupestres, as mais antigas encontradas, datam do período Paleolítico, 40.000 a.C.
MATERIAL DE ESTUDO
SOBRE ESTÉTICA E FILOSOFIA DA ARTE
JORNADAS FILOSÓFICAS 2018
A BELEZA
OBJETIVISMO E SUBJETIVISMO
Por outro lado, como podemos justificar que tantas pessoas tenham
gostos diferentes? A teoria subjetivista dirá que a beleza depende da sensação
da pessoa ao experienciar algo. Filósofos como Hume e Locke entendiam que,
se ao ouvir ou ver algo a pessoa sente prazer, ela considera o objeto de
apreciação belo. Nesse sentido, a causa da beleza é subjetiva, ou seja, a beleza
“estaria nos olhos de quem vê”. Essa teoria pode responder o que o objetivismo
não respondia, porém, ainda fica uma questão: como podemos identificar alguns
padrões de gosto? Por que algumas coisas parecem feias ou repugnantes para
grande parte das pessoas se o critério é apenas subjetivo?
A ARTE
A estética não se resume a reflexão sobre o belo, mas ela reflete sobre
a percepção humana. Nisso, a arte tem grande valor. Cotidianamente, podemos
considerar que não há muita diferença entre pensar sobre a beleza ou sobre a
arte, pois talvez o objetivo de um artista seja de criar uma obra de arte bela. No
entanto, nem sempre a arte desempenha esse papel e entre nossos próprios
gostos artísticos podemos talvez identificar obras de arte que não são belas, mas
mesmo assim nos fazem sentir algo diferente. Por exemplo, ao vermos um filme,
uma foto, ou uma música sobre uma tragédia ou uma situação dramática. A arte
ultrapassa a beleza e pode trazer consigo outros significados, já que é uma forma
de expressão e que pode se utilizar de símbolos.
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Laocoonte e seus filhos, c. 200 a.C., Museus Vaticanos. As esculturas da Grécia antiga
procuravam retratar os mínimos detalhes do físico. Na arte mimética, elas se relacionam à
teoria de Platão ou Aristóteles?
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Além disso, a arte poderia prestar glórias às criações divinas, sendo utilizada
como um canal de contato entre os homens e suas divindades. Posteriormente,
a arte tem como tema, de um lado, a natureza a partir das leis físicas e de outro,
os costumes frívolos da alta sociedade. As obras de arte maximizavam a fruição
dos participantes das festas galantes. Neste período, surgem os Salões, que
lembram as galerias de arte e permitem uma avaliação da obra de arte. Diderot
foi um dos primeiros a escrever sobre crítica de arte. Com isso, surgem regras
da academia que selecionavam os quadros que seriam condizentes com o que
se considerava belo e tecnicamente adequado. Já no período do romantismo, a
natureza é retratada por sua força e imponência, como ela escaparia aos ditames
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Homem Vitruviano. 1490, Leonardo Da Vinci.
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Não era mais necessária uma representação exata dos objetos retratados, já
que a tecnologia poderia fazer isso com excelência, e ainda mais: a
representação não era considerada suficiente. Disto, surgem, por exemplo, o
impressionismo, que pretendia captar as alterações de movimento e luz no que
era observado e o expressionismo que não procurava captar um momento
externo, mas sim expressar uma experiência que conecta o indivíduo ao objeto,
a percepção do artista, que não se resume apenas ao olhar, por exemplo. Nestes
períodos as normas e as técnicas são deixadas de lado em prol da liberdade do
artista.
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Primeira fotografia.1826, Joseph Nicéphore Niépce.
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Noite estrelada, 1889, Vincent Van Gogh.
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ARTE E SOCIEDADE
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A Fonte, 1917, Marcel Duchamp.
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Grafitte ou pichação? Kissing Coppers. 2004, Banksy.
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que não é valorizado pelo status quo. Estes dois exemplos de arte urbana
relacionam as pessoas e as aproximam da realidade de sua sociedade, elas são
capazes de mover sentimentos, e gerar atitudes.
Não é por acaso que no período da ditadura havia um setor muito bem
equipado de censura, que garantia que nenhuma peça artística que contrariasse
o sistema, que denunciasse a falta de liberdade, os homicídios, as condições
precárias de vida. Pois até os ditadores reconheceram a arte como um veículo
de transformação.
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Avaliação da censura durante a ditadura militar brasileira da música Cálice, de Chico
Buarque.
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Exposição feita com as roupas que vítimas de estupro usavam quando foram atacadas. 2018,
Bélgica.
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ARTE E CULTURA
Se a arte pode ser transformadora ela também pode ser vista como arte
da cultura de um povo e ligar as pessoas a suas tradições e costumes. Por isso
conhecemos exemplos de obras de arte que são próprios de um determinado
povo, como a cerâmica chinesa, as bonecas polonesas, os cestos indígenas, as
carrancas africanas, etc. Mas nesse sentido, a arte não se coaduna com o
conceito de experiência estética de Kant. Como vimos, a experiência estética
para Kant ocorre quando contemplamos algo, sem que isso lhe traga utilidade.
No nosso cotidiano também temos o costume de separar em grupos diferentes
o que consideramos arte e o que consideramos artesanato. Porém, os diversos
povos utilizam técnicas milenares para o desenvolvimento de sua arte que não
é sem função, seja uma função prática e imediata, seja uma função social. A
própria prática artística ou artesanal, que é tão individualizada na sociedade
ocidental, é feita de forma coletiva, proporcionando aprendizado e integração.
A própria palavra arte se origina o termo latim ars, que designa o mesmo
da τέχνη (ou techné) grega. Neste período não havia divisão entre o que hoje
chamamos de arte e o que chamamos de técnica e é o mesmo que ocorre em
outras culturas. Por exemplo, na arte indígena temos os instrumentos de caça
cobertos de adornos, os cestos que possuem um uso das cores e a técnica de
trançar a palha, temos em alguns povos as tatuagens e as perfurações faciais.
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Instrumentos musicais, ornamentos e armas indígenas.
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Nos três exemplos acima, podemos notar que a noção de “belo” destes
povos difere da ocidental. Historicamente, as reflexões sobre o belo apontavam
para a arte como uma ligação com algo imaterial e perfeito, o regramento natural,
etc. Contudo, a arte foi considerada de alguma forma um afastamento do mundo
físico, seja momentâneo, seja pela busca de um ideal. Essa visão da arte
também se relaciona com a negação do corpo em prol do espírito. Nestas
culturas temos uma ligação com este mundo, com os seus semelhantes através
da cultura e com suas crenças, sem saltos. Ela faz partes das práticas cotidianas
e denota a hierarquia os ritos de um povo. Desde os instrumentos, passando
pela ornamentação do corpo e da dança, todos os sentidos são valorizados pela
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Ornamentos das tribos Surma e Mursi no Vale do Omo. 1938, Hans Sylvester.
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arte. Não por acaso essas características estão muito presentes na constituição
do que se entende por ser brasileiro e em nossas produções artísticas.
Os padrões de beleza.
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Alusão à cirurgia plástica em comparação à boneca Barbie.
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A indústria cultural.
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Para eles, a arte – que, como vimos, pode nos aproximar dos que nos
cercam e transformar a realidade – é utilizada desde sua época de forma a
massificar, equalizar e neutralizar os espectadores. Se antes a obra de arte era
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Le Voyage dans la Lune (Viagem à Lua). 1902. Filme de Georges Méliès, um dos pioneiros do cinema
internacional, e primeiro a criar e exibir filmes coloridos. O filme A Invenção de Hugo Cabret (2011) do
diretor Martin Scorsese conta um pouco da ascensão e declínio de Méliès.
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Cartaz de Velozes e Furiosos 8.
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sua vida e assim perde aos poucos sua capacidade reflexiva e crítica da
sociedade.
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Críticos de cinema debatendo a história e construção estética da franquia cinematográfica
Velozes e Furiosos.
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MATERIAL COMPLEMENTAR
Reproduzimos aqui alguns fragmentos de textos que podem ajudar na
fixação de alguns conteúdos trabalhados neste texto.
Griot
[...]
E eles dizem que eu sou louco, ainda acredito em movimento
Mais que gravar, quero semear algo de valor pro tempo
Mas a pista é São Tomé Marecha, a pista é que é exemplo
As batalhas falavam merda, eu fiz a do conhecimento
Porta voz de quem trabalha, Malcolm X nós por nós da
forma que for necessária
Em breve coleta de livros nos evento em várias áreas
Incentivos pra ter mais bibliotecas comunitárias
Depois das bibliotecas um centro de estudo avançado
Substituir as escolas, métodos atrasados
Nos preparam pra ser escravos, não incentivam o raciocínio
Deviam mostrar marcos da história mais parecidos com Plínio
Explicam o domínio de quem fabrica o dinheiro
Faz quem produz seu sonho e suborna seu travesseiro
Faz tu acreditar que só sobreviver já tá maneiro
O jogo é sujo, segundo grau pra ser lixeiro
Geral ta sem dinheiro, eu to bolado
Que volte a época que os MC's eram mais politizados
[...] (MC Marechal)
A REPÚBLICA
LIVRO X
BIBLIOGRAFIA
Adorno. T. Teoria estética. Edições 70, Lisboa, 1970.
Araújo B. S. R. O conceito de aura, de Walter Benjamin, e a indústria cultural.
Pós v.17 n.28, São paulo, 2010
Aranha, M. L. de A.. Filosofando - Introdução À Filosofia - Vol. Único - Ensino
Médio. Ed. Moderna. 2009.
Aristóteles. Poética. São Paulo. Ed. Ars Poética. 1993.
Kant, Immanuel. Crítica da faculdade do juízo. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 1993.
Murcho, D. e Teixeira, C. 50 Lições de Filosofia, 10.º Ano. Didáctica Editora,
Lisboa, 2013. Platão. Hípias Maior. In: Antologia de Textos Filosóficos / Jairo
Marçal, organizador. – Curitiba: SEED – Pr., 2009.
Platão. Livro X, fragmento de A República. In: Antologia de Textos Filosóficos /
Jairo Marçal, organizador. – Curitiba: SEED – Pr., 2009.
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EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
apenas na sua própria dimensão estética. A sua relação com a práxis (ação
política) é inexoravelmente indireta e frustrante. Quanto mais imediatamente
política for a obra de arte, mais reduzidos são seus objetivos de transcendência
e mudança. Nesse sentido, pode haver mais potencial subversivo na poesia de
Baudelaire e Rimbaud que nas peças didáticas de Brecht.(Herbert Marcuse. A
dimensão estética, s/d.)
Segundo o filósofo, a dimensão estética da obra de arte caracteriza-se
por: