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DE MORAIS
PROFo: MORAIS
TEMÁTICA:
3a SÉRIE – ENSINO MÉDIO 3o BIMESTRE
Sagrado (do latim, sacratus), de acordo com Dicionário Aurélio, é venerável, divino, santo,
inviolável, puríssimo.
Nas palavras da filósofa Marilena Chauí, sagrado é
a experiência que o ser humano possui da presença de
uma potência (força ou poder) sobrenatural que habita
algum ser – plantas, animais, seres humanos, coisas ou
fenômenos da natureza. Essa potência (poder) pode
tanto pertencer a um ser quanto algo que ele pode
possuir e perder. O sagrado é a experiência simbólica da
diferença entre os seres, da superioridade de alguns
sobre outros.
O sagrado introduz uma ruptura (separação) entre o
natural e o sobrenatural. Os seres ou objetos sagrados são dotados de uma força ou poder
sobrenaturais para realizar aquilo que os seres humanos julgam impossível realizar contando apenas
com as forças e a capacidade humanas.
O sagrado é, pois, a qualidade excepcional que um ser
possui e que o separa e distingue de todos os outros, embora,
em muitas culturas, todos os seres possuam algo sagrado, fato que
os diferenciam uns dos outros.
O sagrado pode despertar devoção e amor, repulsa e ódio; e
esses sentimentos despertam outro: o respeito baseado em temor.
A religião surge com o objetivo de resgatar, reunificar os laços rompidos pela sacralidade. A
religião busca religar o mundo humano (profano) ao mundo divino (sagrado).
A religião se realiza num espaço denominado santuário (templum), um espaço consagrado por
gestos e palavras. Os laços (alianças) estabelecidos nesse espaço duram indefinidamente e
representam os laços feitos com o sagrado – a ligação feita entre
homens e Deus.
O templo como espaço sagrado diferencia-se dos demais
espaços humanos, tidos como mundanos. Ao se adentrar o santuário
os seres humanos adotam outra atitude, visto que certas atitudes
praticadas fora desse espaço não são aceitas ou bem vistas por
aqueles que ali congregam. Ao entrar no templo os fiéis devem
adotar novas posturas e
abandonar antigas atitudes,
pois o templo (espaço
sagrado) é totalmente
diferente do espaço da vida
comum humana.
As explicações da religião (as narrativas sobre a criação
do mundo e dos seres) não se dirigem à mente (ao intelecto),
mas ao coração dos fiéis (crentes). E por se dirigirem ao
coração (às paixões) a religião exige apenas uma coisa: fé,
que é confiança e adesão plena ao que lhe é revelado e
manifestado.
A atitude fundamental daquele que crê (tem fé) é a piedade, o respeito e o serviço a Deus.
Manifestação e revelação divinas
FONTE:
CHAUÍ, Marilena. Iniciação à Filosofia. São Paulo: Ática, 2010. vol. único. (Série Ensino Médio) p. 230-233.
BRUGGER, Walter. Dicionário de Filosofia. Trad.: Antônio Pinto de Carvalho. 4. ed., São Paulo: EPU, 1987.
FERREIRA, Aurélio B. de H.. Miniaurélio: o dicionário da língua portuguesa. 6. ed., Curitiba: Positivo, 2005.
ATIVIDADE 1
1) O que é religiosidade?
2) Por que pode-se afirmar que a religiosidade é anterior à religião?
3) Qual o pilar central de toda religião?
4) Por que o sagrado provoca uma ruptura (separação) entre o mundo natural e o mundo divino?
5) Por que a religião se dirige às emoções humanas?
Especialmente para as novas gerações, a imagem de Deus é muito diversificada. Há quem prefira
concebê-lo como uma energia superior ou força espiritual. Muitos se relacionam com o mundo religioso de
acordo com suas preferências. Inclusive Jesus Cristo é interpretado mais a partir da emoção, da
afetividade e das questões existenciais. Pouco se fala de compromisso, comunidade e seguimento.
Romper com o passado
Encontram-se famílias cujos filhos não seguem a
religião que herdaram dos pais. Praticam uma
espiritualidade diferente, questionam e conflitam com a
crença tradicional. Alguns jovens preferem religiosidades
que sejam capazes de responder melhor aos seus
interesses, aos seus desejos e às suas necessidades.
Esse é um fenômeno moderno. Nas sociedades
pré-modernas, o passado determinava o futuro. Assim
cada nova geração integrava-se na tradição e na religião
dos antepassados. Não havia muito espaço para
decisões individuais. Já nas sociedades modernas,
rompe-se com o passado para viver o presente. Investe-
se no valor da liberdade pessoal. [...]
Não é fácil identificar os motivos dessa mudança.
Pode ocorrer pela atual facilidade de acesso à
informação. [...] Além disso, a persuasão dos amigos, o
rompimento com a cultura dos pais, a crise de identidade,
a atração pelo diferente e a carência de respostas para
questões profundas intensificam a busca de alternativas
para crer.
Diálogo e novos caminhos
A passagem do monólogo para o diálogo é extremamente importante, pois o diálogo exige escutar
o outro, descobrir e reconhecer seus valores. Isso só é possível quando se reconhecem, mutuamente,
valores na crença do outro. [...] [...] diálogo inter-religioso não é só debate, mas todo o conjunto das
relações inter-religiosas com pessoas e comunidades de outros credos para o mútuo conhecimento e
enriquecimento.
FONTE:
In: Mundo Jovem. Porto Alegre: EDIPUCRS, ano 49, nº 420, set. 2011. p. 08.
Os ritos religiosos são criados para garantir que a ligação e a organização – realizadas através
da instituição da religião no templum – se
mantenham e sejam sempre propícias
(favoráveis) aos fiéis (pessoas humanas). Ora,
os ritos têm a função de manter unidos o
mundo humano e o mundo divino.
O rito é uma cerimônia na qual gestos,
palavras, objetos, pessoas e sentimentos
determinados adquirem o poder misterioso de
tornar presente (presentificar) os laços entre os
humanos e a divindade. Os ritos servem para
agradecer dons e benefícios, suplicar novos
dons ou benefícios, lembrar a bondade das
divindades ou exorcizar (afastar) sua cólera.
As cerimônias ritualísticas são de grande variedade, e, uma vez fixados os símbolos que
constituirão o ritual, a sua eficácia dependerá fortemente da repetição minuciosa (cuidadosa) e
perfeita do rito, tal como foi praticado pela primeira vez.
Um rito religioso é repetido em dois sentidos fundamentais:
a) a cerimônia deve repetir um acontecimento essencial da história sagrada. No segmento
católico do cristianismo, por exemplo, a eucaristia e a comunhão buscam repetir a Santa Ceia;
b) os atos, gestos, palavras, objetos devem ser sempre os mesmos, porque foram, na primeira
vez, consagrados pela própria divindade.
O rito, portanto, é a rememoração perene do que aconteceu numa primeira vez e que volta a
acontecer, graças ao ritual que elimina a distância entre o ocorrido no passado e o acontecimento
presente.
“[...] é pelo rito, ou seja, pela repetição de histórias sagradas e pelo uso de
símbolos que o evento sagrado poderá tornar-se atual, permitindo aos seus
participantes estabelecer uma comunicação, um verdadeiro beijo, entre o tempo
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APOSTILA DE FILOSOFIA – 3ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO – PROF. JOSSIVALDO MORAIS
sagrado, extraordinário e infinito, e o tempo comum, finito, cotidiano e
profano.” (MOITEIRO: 2011, p.16)
Os seres e objetos simbólicos são retirados de seu
lugar costumeiro, assumindo um sentido novo para toda a
comunidade religiosa. Esses objetos ou seres podem tanto
simbolizarem algo que contribui para o bem ou mesmo
para o mal, por isso eles podem ser vistos como protetores,
benfeitores, perseguidores, malfeitores etc. Sobre tais
objetos recai a noção de tabu, algo que não pode ser
tocado nem manipulado por ninguém que não esteja
religiosamente autorizado para isso.
Assim, seres se tornam sagrados ou tabus, como a
vaca para os hindus ou mesmo o cordeiro perfeito na
Páscoa para os judeus. O pão e o vinho na eucaristia, as pedras usadas pelos chefes religiosos
africanos etc.
FONTE:
CHAUÍ, Marilena. Iniciação à Filosofia. São Paulo: Ática, 2010. vol. único. (Série Ensino Médio) p. 233-236.
MOITEIRO, Carlos Renato. Símbolos e ritos nas religiões. Mundo Jovem. Porto Alegre: EDIPUCRS, ano 49, nº 419,
ago. 2011.
ATIVIDADE 2
Compadre da Morte
João Monteiro
Diz que era uma vez um homem que tinha tantos filhos
que não achava mais quem fosse seu compadre. Nascendo
mais um filhinho, saiu para procurar quem o apadrinhasse e
depois de muito andar encontrou a Morte a quem convidou. A
Morte aceitou e foi a madrinha da criança. Quando acabou o
batizado voltaram para casa e a madrinha disse ao compadre:
- Compadre! Quero fazer um presente ao meu afilhado e
penso que é melhor enriquecer o pai. Você vai ser médico de
hoje em diante e nunca errará no que disser. Quando for
visitar um doente me verá sempre. Se eu estiver na cabeceira
do enfermo, receite até água pura que ele ficará bom. Se eu
estiver nos pés, não faça nada porque é um caso perdido.
O homem assim fez. Botou aviso que era médico e ficou
rico do dia para a noite porque não errava. Olhava o doente e ia logo dizendo: - Este escapa!
Ou então: - Tratem do caixão dele!
Quem ele tratava, ficava bom. O homem nadava em dinheiro.
Vai um dia adoeceu o filho do rei e este mandou buscar o médico, oferecendo uma riqueza pela vida do
príncipe. O homem foi e viu a Morte sentada nos pés da cama. Como não queria perder a fama, resolveu
enganar a comadre, e mandou que os criados virassem a cama, os pés passaram para a cabeceira e a
cabeceira para os pés. A Morte, muito contrariada, foi-se embora, resmungando.
O médico estava em casa um dia quando apareceu sua comadre e o convidou para visitá-la.
- Eu vou, disse o médico - se você jurar que voltarei!
- Prometo! - disse a Morte. E levou o homem num relâmpago até sua casa. Tratou muito bem e mostrou a
casa toda. O médico viu um salão cheio de velas acesas, de todos os tamanhos, uma já se apagando, outras
vivas, outras esmorecendo. Perguntou o que era:
- É a vida do homem. Cada homem tem uma vela acesa. Quando a vela acaba, o homem morre.
O médico foi perguntando pela vida dos amigos e conhecidos e vendo o estado das vidas. Até que lhe
palpitou perguntar pela sua. A Morte mostrou um cotoquinho no fim.
- Virgem Maria! Essa é que é a minha? Então eu estou, morre-não-morre!
A Morte disse:
- Está com horas de vida e por isso eu trouxe você aqui como amigo, mas você me fez jurar que voltaria e
eu vou levá-lo para você morrer em casa.
O médico quando deu acordo de si estava na sua cama rodeado pela
família. Chamou a comadre e pediu:
- Comadre, me faça o último favor. Deixe eu rezar um Padre-Nosso. Não
me leves antes. Jura?
- Juro, prometeu a Morte.
O homem começou a rezar: - Padre-Nosso que estás no céu... E calou-
se. Vai a Morte e diz:
- Vamos, compadre, reze o resto da oração!
- Nem pense nisso, comadre! Você jurou que me dava tempo de rezar o
Padre-Nosso, mas eu não expliquei quanto tempo vai durar minha reza.
Vai durar anos e anos...
A Morte foi-se embora, zangada pela sabedoria do compadre.
Anos e anos depois, o médico, velhinho e engelhado, ia passeando nas
suas grandes propriedades quando reparou que os animais tinham furado
FONTE:
CHAUÍ, Marilena. Iniciação à Filosofia. São Paulo: Ática, 2010. vol. único. (Série Ensino Médio) p. 233-236.
MOITEIRO, Carlos Renato. Símbolos e ritos nas religiões. Mundo Jovem. Porto Alegre: EDIPUCRS, ano 49, nº 419,
ago. 2011.
As religiões ordenam a realidade segundo dois princípios fundamentais: o bem e o mal (ou a
luz e a treva, o puro e o impuro).
Sob esse aspecto, há três tipos de
religiões: as politeístas, em que há
inúmeros deuses, alguns bons, outros
maus, ou até mesmo cada deus
podendo ser ora bom, ora mau; as
dualistas, nas quais a dualidade do
bem e do mal está encarnada e
figurada em duas divindades
antagônicas que não cessam de
combater-se; e as monoteístas, em
que o mesmo deus é tanto bom quanto
mau, ou, como no caso do judaísmo,
do cristianismo e do islamismo, a
divindade é o bem e o mal provém de
entidades demoníacas, inferiores à divindade e em luta contra ela.
No caso do politeísmo e do dualismo, a divisão bem-mal não é
problemática, assim como não o é nas religiões monoteístas que
não exigem da divindade comportamentos sempre bons, uniformes
e homogêneos, pois a ação do deus é insondável e incompreensível.
O problema, porém, existe no monoteísmo judaico-cristão e
islâmico.
De fato, a divindade judaico-cristã e islâmica é definida
teologicamente como um ser positivo ou afirmativo: Deus é bom,
justo, misericordioso, clemente, criador único de todas as coisas,
onipotente e onisciente, mas, sobretudo, eterno e infinito. Deus é o
ser perfeito por excelência, é o próprio bem e este é eterno como
Ele. Se o bem é eterno e infinito, como surgiu sua negação, o mal?
Admitir um princípio eterno e infinito para o mal seria admitir dois deuses, incorrendo no
primeiro e mais grave dos pecados, pois tanto os Dez Mandamentos quanto o Credo (a crença do)
cristão afirmam haver um só e único Deus.
Além disso, Deus criou todas as coisas do nada; tudo o que existe é, portanto, obra de Deus. Se
o mal existe, seria obra de Deus? Porém, Deus sendo o próprio bem, poderia criar o mal? Como o
ATIVIDADE 3
LIVROS:
ALVES, Rubem. O que é religião. São Paulo: Brasiliense, 2004. (Coleção Primeiros Passos)
GAARDEN, Jostein; HELLERN, Victor; NOTAKER, Henry. O livro das religiões. Editora Companhia das Letras
Disponível em: http://megaupload.com/?d=12TFMXVX
PATIAS, Jaime Carlos. O sagrado e o profano: do rito religioso ao espetáculo midiático. Disponível em:
<http://www.pluricom.com.br/forum/o-sagrado-e-o-profano-do-rito-religioso-ao> Acesso em 20 ago 2011.
PEREIRA. José Carlos. O poder simbólico da religião. In: A questão social no novo milênio. VIII CongressoLuso-
afro-brasileiro de Ciências Sociais. Coimbra, Set. 2004.
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