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TEMA 2 - O LONGO SÉCULO XIX (1815-1914) ORIENTAÇÕES DE

RESPOSTA ÀS ATIVIDADES
I Parte
Leitura básica: René Rémond, ob. cit., III PARTE (Cap. 1 a 5)

1. Após a derrota de Napoleão, a Europa vive um período, de 1815 a 1830, de


restauração das forças conservadoras e das dinastias tradicionais. Os Habsburgos
restabelecem o seu poder e o chanceler Metternich domina a política externa europeia, de
1815 a 1848. O mapa político da Europa simplifica-se com o desaparecimento de muitos
pequenos estados e a incorporação de cidades livres, de domínios eclesiásticos e de
repúblicas, como Génova e Veneza, nos reinos e grão- ducados. O princípio unitário
também prevaleceu nos Países Baixos, que constituem um reino sob a dinastia de Orange.
As três potências continentais vencedoras cresceram dentro da própria Europa: a Rússia, a
Prússia e a Áustria. Só a Grã- Bretanha cresceu fora da Europa, firmando-se como uma
talassocracia a nível mundial. Veja a pp. 141-142 do manual e confronte com o mapa.

2. A Carta Constitucional é um ato de favor régio aos súbditos, uma


concessão. A Carta não só não afirma o princípio da soberania popular, como concede ao
rei um importantíssimo papel na ordenação constitucional. No caso português, o rei é o
único detentor do poder moderador e o chefe do poder executivo, que exerce através dos
seus ministros. O regime monárquico, hereditário e representativo, a perpetuação da
dinastia de Bragança, e a religião católica mantêm a tradição. A divisão dos poderes, o
sistema representativo bicamarário, Câmara dos Pares e Câmara dos Deputados, a
consagração dos direitos dos cidadãos, agrupados em liberdade, segurança individual e
propriedade, entre outros como o direito de instrução, de socorro público, de igualdade
perante a lei, apesar de garantir a nobreza hereditária e as suas regalias, e a independência
do poder judicial são os aspetos progressivos do constitucionalismo moderado de feição
liberal. Um misto de tradição e de progresso, as Cartas Constitucionais foram um
importante passo na evolução política dos regimes monárquicos.

3. O liberalismo tem como núcleo central da sua ideologia a ideia de


liberdade. Há, pelo menos, quatro condições para o exercício pleno dessa liberdade:
condições de segurança e de proteção dos indivíduos contra a arbitrariedade do poder e a
violência; liberdade de imprensa e de formação da opinião pública; liberdade eleitoral
para escolher os representantes dos cidadãos; liberdade dos representantes eleitos pelo povo
controlarem os atos do poder e deste, por sua vez, também fiscalizar a sua atuação. Os regimes
liberais mantêm os sistemas censitários e a impossibilidade de voto das mulheres, durante o século
XIX.
O pensamento político liberal caracteriza-se pelo individualismo, pela defesa do
poder representativo, da divisão de poderes, da supremacia do poder civil sobre o poder
religioso e do pluralismo religioso. Nas repúblicas liberais este último objetivo é
alcançado através de um Estado laico. Nas monarquias liberais, como a portuguesa após a
revolução de 1820 ou a britânica, a existência de uma confissão oficial do Estado é
associada a uma subordinação ao poder do Estado da confissão oficial e a uma tendência
para um reconhecimento progressivo da liberdade de pertencer a confissões minoritárias.
Os liberais pretendem limitar o poder central e advogam uma não intervenção do
Estado em matérias económicas e sociais. Defendem o Estado de Direito e a sociedade
civil.

4. Para fazer o esquema deve reler com atenção o manual, pp. 155-159. Aí
são sistematizados os aspetos característicos dos regimes políticos liberais:
constitucionalismo, representatividade do poder, sufrágio censitário, igualdade perante a
lei e desigualdade de facto, de acordo com os níveis de riqueza, descentralização,
liberdade e laicidade.

5. Deve mostrar a associação que o pensamento político democrático


estabelece entre liberdade e igualdade, vendo-as como duas faces duma mesma moeda. A
defesa da soberania popular, o sufrágio universal, o alargamento do próprio conceito de
povo, a universalidade dos direitos e a defesa da redução das desigualdades sociais como
condição para o exercício pleno das liberdades dos cidadãos são alguns dos princípios que
distinguem a democracia do liberalismo, no século XIX. O último é individualista e
avesso ao igualitarismo, prefere os mecanismos da concorrência e da seleção dos mais
fortes à regulamentação das sociedades, mesmo se os objetivos são uma maior justiça
social. Contudo, o pensamento liberal evoluiu no sentido do demoliberalismo, aceitando o
sufrágio universal e a necessidade de maior igualdade social. As tremendas desigualdades
sociais geradas pelo desenvolvimento do capitalismo e a constatação da concentração da
riqueza e do poder que acompanha esse processo, contrária aos ideais dos liberais da
primeira metade do século XIX, estiveram na base dessa mudança.

6. Reflita sobre o exercício dos seus direitos e deveres num regime


democrático e com um Estado de Direito seguindo um plano estruturado.
7. Leia a obra de Balzac e procure informar-se sobre o autor que, apesar de
ser um monárquico legitimista, escreveu apaixonadamente sobre a emergência da
sociedade burguesa em França.

8. Procure explicar a conhecida frase de Il Gattopardo «É preciso que algo


mude para que tudo continue na mesma» na perspetiva dos conflitos e alianças entre
aristocracia e burguesa no século XIX.

9 e 10.No manifesto do Partido Comunista, em 1848, Karl Marx lança algumas ideias que
ele próprio procuraria desenvolver na sua obra posterior: o materialismo histórico e a
ideia da luta de classes como um motor da História. A sua frase de remate: «Proletários
de todo o mundo uni-vos!» era um apelo à luta de classes não só contra o capitalismo,
mas também contra o nacionalismo, outra ideologia que se afirmou no século XIX. Na
idade contemporânea as relações entre marxismo e nacionalismo seriam muito mais
complexas do que sugeria o manifesto de 1848.
Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico - convertido pelo Lince.

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